UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ SÉRGIO MURILO MARQUETTI FILHO
Monografia O CRESCIMENTO DO BRASIL, RÚSSIA, ÍNDIA E CHINA (BRIC) NO COMÉRCIO
INTERNACIONAL EM TERMOS DE EXPORTAÇÃO.
ITAJAÍ 2008
SÉRGIO MURILO MARQUETTI FILHO
Monografia O CRESCIMENTO DO BRASIL, RÚSSIA, ÍNDIA E CHINA (BRIC) NO COMÉRCIO
INTERNACIONAL EM TERMOS DE EXPORTAÇÃO.
Monografia desenvolvida para o Estágio Supervisionado do Curso de Comércio Exterior do Centro de Ciências Sociais Aplicadas da Universidade do Vale do Itajaí.
Orientador: Prof. José João Reiser
ITAJAÍ 2008
Agradeço aos meus pais, minha irmã e minha namorada pelo apoio,
carinho e compreensão e ao prof. José João Reiser por toda a ajuda
durante a elaboração deste trabalho.
“Seja você quem for, seja qual for a posição social que você tenha na vida, a mais alta ou a mais baixa,
tenha sempre como meta muita força, muita determinação e sempre
faça tudo com muito amor e com muita fé em Deus, que um dia você chega lá. De alguma maneira você
chega lá “(Ayrton Senna)
EQUIPE TÉCNICA
a) Nome do estagiário Sérgio Murilo Marquetti Filho b) Área de estágio Monografia c) Orientador de conteúdo Prof. José João Reiser e) Responsável pelo Estágio Profª. Natali Nascimento
RESUMO
A economia e o comércio internacional vêm crescendo principalmente através da globalização. Países como Brasil, Rússia, Índia e China, que também são conhecidos pelo termo BRIC, estão crescendo em ritmo superior ao dos países já desenvolvidos e isso faz acreditar que nas próximas décadas estes países estarão entre as maiores e principais economias do mundo. Neste sentido, este trabalho tem por objetivo mostrar o aumento da participação destes países no comércio internacional através de suas exportações e para isso é preciso entender como o comércio internacional evoluiu ao longo dos anos, quais as estratégias utilizadas pelos países do BRIC para industrializar as suas economias e quais os seus principais produtos bem como principais parceiros comerciais nas exportações nos últimos anos. Quanto à metodologia, foi utilizado neste trabalho o método qualitativo com a utilização da pesquisa bibliográfica para levantamento dos dados, sendo que as informações coletadas foram apresentadas de forma descritiva. Com este trabalho, foi possível observar que o comércio internacional surgiu como uma necessidade para o desenvolvimento da sociedade que precisava interagir com as demais sociedades através da comercialização de mercadorias que inicialmente era feita através da simples troca e que com o passar dos séculos foi aprimorada através de várias descobertas e inovações tecnológicas que facilitaram e impulsionaram o comércio entre os países, porém sendo prejudicado algumas vezes por guerras e crises econômicas. Ao apresentar a industrialização dos países do BRIC, puderam-se observar várias similaridades neste processo entre estes países, onde inicialmente foi utilizada a estratégia de forte e intensa participação do Estado mantendo a economia fechada e em um segundo momento foi realizado a abertura econômica destas economias aos investimentos estrangeiros. Já analisando as exportações destes países é possível observar peculiaridades e diferenças entre eles, onde o Brasil e Rússia se caracterizam por exportar produtos primários e China e Índia produtos manufaturados. Quanto ao destino destas exportações, verificou-se que os Estados Unidos são os principais importadores dos produtos brasileiros, chineses e indianos, porém não estão nem entre os doze principais compradores dos produtos russos. Além disso, foi possível observar também que os países do BRIC têm como principais compradores, países geograficamente próximos ou com fortes laços históricos. Por fim, concluiu-se que todos os países têm potencial para se tornarem cada vez mais economias importantes no comércio internacional, sendo que a China já se encontra num patamar superior aos demais países que ainda estão muito aquém da sua real capacidade. Palavras-chave: Exportação. Comércio Internacional. BRIC
LISTAS DE ILUSTRAÇÕES
Gráfico 1 - Evolução das Exportações do Brasil........................................................52
Gráfico 2 - Participação das Exportações Brasileiras nas Exportações Mundiais.....52
Gráfico 3 - Evolução das Exportações da China........................................................56
Gráfico 4 - Participação das Exportações Chinesas nas Exportações Mundiais.......57
Gráfico 5 - Evolução das Exportações da Índia ........................................................61
Gráfico 6 - Participação das Exportações Indianas nas Exportações Mundiais........62
Gráfico 7 - Evolução das Exportações da Rússia......................................................66
Gráfico 8 - Participação das Exportações Russas nas Exportações Mundiais..........66
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LISTA DE TABELA
Tabela 1 - Planos Qüinqüeniais de Desenvolvimento na Índia................................. 42
Tabela 2 - Crescimento Econômico da URSS...........................................................47
Tabela 3 - Crescimento do PIB da Rússia.................................................................49
Tabela 4 - Principais Produtos Exportados pelo Brasil em 2007...............................54
Tabela 5 - Principais Países Compradores do Brasil 2007........................................55
Tabela 6 - Principais Produtos Exportados pela China em 2007...............................59
Tabela 7 - Principais Países Compradores da China em 2007.................................60
Tabela 8 - Principais Produtos Exportados pela Índia em 2007................................63
Tabela 9 - Principais Países Compradores da Índia em 2007...................................64
Tabela 10 - Principais Produtos Exportados pela Rússia em 2007...........................68
Tabela 11 - Principais Países Compradores da Rússia em 2007..............................69
LISTA DE SIGLAS
BACEN – Banco Central do Brasil.
BIRD – Banco Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento.
CEE – Comunidade Econômica Européia.
CEI – Comunidade dos Estados Independentes.
FMI – Fundo Monetário Internacional.
GATT – Acordo Geral de Tarifas e Comércio.
GEIA – Grupo Executivo da Indústria Automobilística.
GEICON – Grupo Executivo da Indústria da Construção Naval.
GEIMAP – Grupo Executivo da Indústria Mecânica Pesada.
GEIMAR – Grupo Executivo da Indústria de Máquinas Agrícolas e Rodoviárias.
GEIMF – Grupo Executivo da Indústria de Material Ferroviário.
GEMF – Grupo Executivo de Exportação de Minério de Ferro.
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
IDE – Investimentos Diretos Externos.
MDIC – Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.
OMC – Organização Mundial do Comércio.
OPEP – Organização dos Países Exportadores de Petróleo.
PAEG – Plano de Ação Econômica do Governo.
PCC – Partido Comunista Chinês.
PIB – Produto Interno Bruto.
PNB – Produto Nacional Bruto.
PND – Plano Nacional de Desenvolvimento.
SECEX – Secretaria de Comércio Exterior.
URSS – União das Repúblicas Socialistas Soviéticas.
ZEE – Zonas Econômicas Especiais.
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................11 1.1 Objetivo geral .................................................................................................12 1.2 Objetivos específicos......................................................................................12 1.3 Justificativa .....................................................................................................12 1.4 Abordagem peral do problema .......................................................................13 1.5 Questões específicas .....................................................................................13 1.6 Pressupostos..................................................................................................14 2 METODOLOGIA ................................................................................................15 2.1 Tipo de pesquisa ............................................................................................15 2.2 Área de abrangência ......................................................................................16 2.3 Coleta e tratamento dos dados.......................................................................16 2.4 Apresentação e análise dos dados.................................................................16 3 EVOLUÇÃO DO COMÉRCIO INTERNACIONAL .............................................17 3.1 Do escambo ao mercantilismo .......................................................................18 3.2 Revolução Industrial .......................................................................................19 3.3 A crise de 1929...............................................................................................21 3.4 A Segunda Guerra Mundial, o plano Marshall e o boom do petróleo 1973 ....22 3.5 Expansão do comércio internacional após 1980 ............................................24 3.5.1 Globalização ...............................................................................................25 3.5.2 Surgimento do termo BRIC .........................................................................27 4 A INDUSTRIALIZAÇÃO DO BRIC ....................................................................29 4.1 Brasil...............................................................................................................29 4.1.1 Implementação das indústrias de base.......................................................30 4.1.2 Plano de metas ...........................................................................................30 4.1.3 Projetos de industrialização do regime militar.............................................32 4.1.4 Inflação e plano real....................................................................................34 4.2 China ..............................................................................................................36 4.2.1 A industrialização chinesa no governo Mao Tse-tung.................................36 4.2.2 Abertura econômica....................................................................................37 4.2.3 Indústria chinesa.........................................................................................40 4.3 Índia................................................................................................................41 4.3.1 A economia “fechada” da Índia após sua Independência ...........................41 4.3.2 A liberalização econômica na década de 1990...........................................44 4.3.3 Indústria indiana..........................................................................................45 4.4 Rússia.............................................................................................................46 4.4.1 Industrialização no período da URSS .........................................................46 4.4.2 Industrialização pós URSS .........................................................................48 4.4.3 Indústria russa ............................................................................................49 5 AS EXPORTAÇÕES DO BRIC .........................................................................51 5.1 Exportações brasileiras ..................................................................................51 5.1.1 Principais países importadores do Brasil ....................................................55 5.2 Exportações chinesas.....................................................................................56 5.2.1 Principais países importadores da China....................................................60 5.3 Exportações indianas .....................................................................................61 5.3.1 Principais países importadores da Índia .....................................................64 5.4 Exportações russas ........................................................................................65
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5.4.1 Principais países importadores da Rússia ..................................................68 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...............................................................................70 REFERÊNCIAS.........................................................................................................72 ASSINATURA DOS RESPONSÁVEIS......................................................................77
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1 INTRODUÇÃO
O comércio internacional é a troca de bens e serviços entre países,
estimulada pela necessidade da sociedade e do governo de obterem vantagens ao
exportar aqueles produtos e serviços dos quais se tem uma melhor competitividade
em relação a preço, qualidade e prazo de entrega para outros mercados e ao
importar os produtos no qual essa competitividade não pode ser encontrada dentro
do mercado interno no mesmo grau como a existente no mercado externo.
Assim sendo, caracteriza-se o comércio internacional como uma via de duas
mãos, pois nenhum país dispõe dentro de seu território nacional de todas as
mercadorias e serviços de que necessita, permitindo a existência das exportações e
importações como agentes propulsores do desenvolvimento da sociedade moderna.
O termo BRIC, que foi criado para designar as principais nações emergentes
do século XXI sendo Brasil, Rússia, Índia e China, entrou recentemente para o
mundo dos negócios e daqui para frente será impossível desprezar sua importância
para a economia global. O termo foi concebido por uma equipe de pesquisadores do
banco norte americano Goldman Sachs que realizou um estudo sobre o que deve
ser a mais importante transformação na ordem econômica mundial nesta primeira
metade do século.
Através de estimativas de evolução dos mercados, da produção e da
demografia, os analistas do Goldman Sachs no ano de 2001, identificaram que no
decorrer das próximas décadas, os quatro países deverão ascender ao topo do
ranking das maiores economias do planeta desbancando atuais potências como o
Japão e a Alemanha. Pelo menos um dos quatro, a China, deverá ultrapassar até
mesmo os Estados Unidos e alcançar a liderança econômica do planeta. Se os
pesquisadores estiverem corretos, os países do BRIC deterão em poucas décadas
quatro das seis maiores economias do globo.
Como forma de demonstrar a importância econômica destes países no âmbito
global, este trabalho tem como intuito principal apresentar as estratégias usadas por
cada um dos países do BRIC para se desenvolver, e mostrar seus principais
produtos na exportação bem como seus principais parceiros comerciais neste
segmento.
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1.1 Objetivo Geral
O objetivo geral desse trabalho monográfico é apresentar o aumento da
participação do Brasil, Rússia, Índia e China (BRIC), países emergentes, no
comércio internacional através de suas respectivas exportações.
1.2 Objetivos Específicos
Os objetivos específicos da monografia são:
- Apresentar a evolução do comércio internacional.
- Relatar as principais estratégias utilizadas pelos países do BRIC em busca
da industrialização e do desenvolvimento econômico.
- Mostrar os principais produtos das suas pautas de exportação e quais seus
principais parceiros comerciais durante o período de 2002 a 2007.
1.3 Justificativa
Em um mundo cada vez mais globalizado, integrado e que sofre mudanças
constantes, é possível notar que em breve, países ainda em fase de
desenvolvimento terão importância preponderante nas decisões que definem o rumo
do planeta e afetam a todos de forma direta e indireta.
Sendo assim, percebe-se a possibilidade do surgimento de uma nova
organização geopolítica e econômica, onde as economias com grande população
tendem a se destacar no cenário mundial. Comenta-se muito a situação e influência
do BRIC no futuro, cogitando-se que estes países terão notoriedade mundial no
campo econômico, tecnológico e militar maior do que já tem hoje.
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Neste contexto, pretende-se mostrar através desta monografia algumas
variáveis que possivelmente possibilitarão que estas previsões tornem-se realidade,
através do levantamento de alguns aspectos econômicos com abordagem principal
nas exportações de cada país integrante do BRIC a fim de demonstrar a importância
destes países como motores da economia mundial no presente e no futuro.
1.4 Abordagem geral do problema
Brasil, Rússia, Índia e China, países ainda em fase de desenvolvimento, vêm
crescendo significativamente nos últimos anos, o que gera expectativas sobre a
possibilidade de esses países em futuro próximo adquirirem influência e importância
semelhantes e até mesmo superiores a dos países já desenvolvidos e de se
tornarem juntos a maior força na economia mundial.
China e Índia caminham a passos largos, considerando a taxa de crescimento
do PIB bem mais elevada do que as taxas de crescimento de Rússia e Brasil que
ainda tentam deslanchar e honrar sua inclusão no grupo BRIC.
1.5 Questões específicas
As questões específicas da monografia são:
a) Qual papel teve o comércio internacional para o desenvolvimento da
sociedade e como o comércio exterior possibilitou o surgimento das grandes
economias do mundo?
b) De que forma os países do BRIC conseguiram se desenvolver
possibilitando enquadrá-los como novas potências econômicas?
c) Como as exportações estão permitindo que os países do BRIC continuem
se desenvolvendo, quais seus principais produtos e parceiros comerciais neste
segmento tão importante na economia de um país?
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1.6 Pressupostos
Os pressupostos que respondem às questões específicas são:
- O comércio entre diferentes grupos surgiu como uma necessidade para a
sociedade e foi um dos principais responsáveis pelo seu desenvolvimento até os
dias atuais. Notadamente o comércio internacional propicia uma melhor qualidade de
vida para a população oportunizando uma acessibilidade maior a produtos e
serviços. Os países que dispõem de mão-de-obra e matéria-prima em abundância e
transformam isso em produtos e serviços de boa qualidade visando à satisfação dos
consumidores podem alcançar um elevado grau de desenvolvimento econômico.
- O BRIC vem se desenvolvendo, dentre outros fatores, através de diversas
reformas realizadas pelos seus governos que possibilitaram o ingresso do capital
estrangeiro fomentando a produção, gerando emprego, aumentando a renda da
população, e consequentemente o crescimento econômico destes países.
- Os países do BRIC possuem as maiores populações do mundo e os maiores
territórios, fazendo com que mão-de-obra e matéria-prima sejam localizadas
facilmente. Brasil e Rússia são grandes produtores de alimentos e fornecedores de
energia e combustíveis renováveis enquanto China e Índia se concentram nos
setores de serviços e manufaturas em virtude da grande quantidade de
trabalhadores e um custo reduzido dessa mão-de-obra. Desta forma estes países
funcionam como supridores da demanda mundial e conseguem assim estimular o
crescimento de suas economias através das exportações principalmente para os
países desenvolvidos da União Européia, Ásia e Estados Unidos.
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2 METODOLOGIA
Neste capítulo será descrita a metodologia que foi aplicada para o
desenvolvimento desta monografia, enfatizando os aspectos relacionados ao tipo de
pesquisa, área de abrangência, coleta, tratamento, análise e apresentação dos
dados.
2.1 Tipo de Pesquisa
O tipo de pesquisa aplicado no trabalho foi predominantemente o método
qualitativo que tem como objetivo analisar os dados e informações expostos no
trabalho. Conforme Roesch, (1995, p. 145), “[...] argumenta-se que pesquisa
qualitativa e seus métodos de coleta e análise de dados são apropriados para uma
fase exploratória da pesquisa”.
A pesquisa qualitativa é indicada quando o objeto do estudo não tende a
quantificação caracterizando complexidade do assunto devendo ser analisado e
interpretado.
Também se utilizou da pesquisa bibliográfica, pois o tema a ser apresentado
é baseado em livros, revistas, jornais e internet. De acordo com Carvalho, (1989, p.
100), “[...] a pesquisa bibliográfica é a atividade de localização e consulta de fontes
diversas de informação escrita, para coletar dados gerais ou específicos a respeito
de um determinado tema”.
Quanto à finalidade, a monografia foi descritiva e explicativa. Segundo Franz
(1999, p. 71), “[...] a pesquisa descritiva e explicativa tem o interesse de descobrir e
demonstrar fenômenos, procurando descrevê-los, classificá-los e interpretá-los”.
Portanto a linha adota por este trabalho monográfico foi de cunho qualitativo,
bibliográfico e descritivo.
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2.2 Área de abrangência
Esta monografia está situada na área de Comércio Exterior, com ênfase em
Economia Internacional e com enfoque especial de relatar a participação do Brasil,
da Rússia, da Índia e da China no comércio internacional.
2.3 Coleta e tratamento de dados
A coleta de dados se deu através da pesquisa de material em livros, jornais,
revistas, internet com temas relacionados ao assunto desta monografia.
2.4 Apresentação e análise de dados
Os dados foram apresentados através da comparação e análise do conteúdo
apresentado com auxílio de tabelas e gráficos para ilustrar e elucidar de forma
melhor o objetivo proposto.
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3 EVOLUÇÃO DO COMÉRCIO INTERNACIONAL
Neste capítulo pretende-se mostrar quais as etapas percorridas pelo comércio
mundial e de que forma o comércio internacional evoluiu tornando-se um importante
instrumento para fomentar o desenvolvimento da sociedade, permitindo um acesso
maior a bens e serviços e possibilitando também o surgimento das grandes
economias ao redor do planeta. A globalização também será abordada devido às
transformações ocorridas recentemente na economia mundial.
Nos primórdios da história o homem vivia em pequenos bandos. Eles eram
nômades, sendo que caçavam e colhiam apenas o que o grupo precisava e depois
se transferiam de lugar para lugar, escondendo-se e fugindo dos seus piores
temores, o de animais ferozes e a fúria da natureza. Havia uma estagnação social e,
com medo dos animais predadores, eles se escondiam em cavernas e na copa das
árvores, mas estavam sempre se locomovendo e não ficavam fixos em um
determinado lugar por muito tempo. Esta fase é conhecida como subsistência
econômica, pois interessava ao homem e aos pequenos bandos apenas sua
sobrevivência e nada mais. (VICENTINO; DORIGO, 2003).
À medida que estes pequenos bandos foram crescendo em número de
integrantes, as dificuldades de locomoção foram ficando cada vez mais perceptíveis
e houve a necessidade destes bandos se fixarem em algum ponto que fosse grande
o suficiente para abranger todo o contingente e que lhes proporcionasse segurança
contra os perigos ao que o homem se defrontava na época. (MAIA, 1999).
Em conseqüência disto, surgiu a possibilidade de interação entre os bandos
que já não eram mais nômades como antes, e com isso a necessidade de trocar
seus produtos ficou cada vez mais evidenciada, uma vez que cada grupo poderia
ser especializado na produção de determinado alimento ou produto em relação aos
demais grupos.
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3.1 Do escambo ao mercantilismo
A primeira relação comercial foi o escambo que era a simples troca do
excedente de produção de um bando com a do outro. Já neste momento ficou
evidenciado que cada grupo tinha maior facilidade em produzir determinado alimento
ou produto em relação aos demais e a necessidade de interação entre os bandos
que então através do escambo encontraram a primeira forma de troca, possibilitando
que cada bando tivesse acesso a mercadorias que não podia produzir e assim
melhorar a sua qualidade de vida.
Inicialmente o escambo era feito de forma aleatória, porém com o passar do
tempo o homem enxergou a necessidade de haver hora e lugar certos para que as
trocas pudessem ser realizadas culminando com o surgimento de mercados locais e
com a intensificação das trocas percebeu-se a importância de criar um instrumento
de valoração do produto, o que resultou na adoção da moeda. (CAVES; FRANKEL;
JONES, 2001)
Com o passar de milhares de anos, os bandos que haviam evoluído para
civilizações e que estavam espalhados por boa parte do mundo, viram que o
comércio local já não era suficiente para atender todas as suas demandas, portanto
teve-se o início do comércio internacional.
Conforme Maia (1999), já era possível observar a existência do comércio
internacional na Antiguidade entre diversas civilizações. Os egípcios exportavam e
importavam principalmente artigos de luxo, os mesopotâmicos tinham um comércio
internacional mais intenso com postos comerciais estabelecidos fora de seus
domínios, os fenícios com seu grande conhecimento e domínio da navegação
também participavam do comércio internacional com postos de vendas em diversos
pontos da Europa, a Grécia Antiga não produzia alimentos em quantidade suficiente
tendo que recorrer às importações para suprir esta carência e o Império Romano
desenvolveu bastante o comércio exterior negociando até mesmos com países
distantes como China e Índia.
Já na Idade Média, onde a produção era toda artesanal, o comércio
internacional foi principalmente estimulado na época das Cruzadas entre a Europa e
o Oriente e foi também neste período que surgiram as primeiras grandes feiras
internacionais.
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No século XIV, com a peste negra que devastou a população européia em
muitas áreas, houve retração dos mercados consumidores e por conseqüência da
atividade comercial. Isto acabou por forçar a burguesia européia a buscar novas
alternativas para expandir o comércio dando início ao processo de expansão
marítima européia que resultou na era dos descobrimentos. (VICENTINO; DORIGO,
2003).
A partir daí o comércio internacional cresceu de forma que atingiu escala
global com a utilização de navios ao invés de caravanas ligando a Europa ao Oriente
e as Américas. Segundo Maia (1999, p. 63): “A Europa ficou conhecendo e
consumindo produtos até então desconhecidos, como tabaco, milho, batata e tomate
[...]”.
Este período ficou caracterizado também pelo Mercantilismo que vai de 1500
a 1750. Segundo as doutrinas daquela época o Estado deveria se fortalecer
financeiramente através do acúmulo de metais preciosos como o ouro e a prata e
através de uma balança comercial favorável. Para tanto os Estados incentivavam as
exportações e desestimulavam as importações.
Deste entendimento sobre a formação da riqueza nacional, muitos reis adotaram uma série de medidas favoráveis à ampliação das exportações. Por meio do estímulo à produção manufatureira e diminuição das importações, impunhas barreiras tarifárias aos produtos estrangeiros, principalmente às manufaturas que pudessem ser fabricadas dentro das fronteiras de seu Estado (protecionismo). Tais orientações, revelando um alto grau de intromissão do Estado nas atividades produtivas, caracterizaram o mercantilismo como uma política econômica fortemente intervencionista. (VICENTINO; DORIGO, 2003, 177).
Foi assim pela primeira vez que se viu a imposição de barreiras tarifárias a
produtos importados formando um pensamento que seria contrariado pela
Revolução Industrial e o liberalismo econômico empregado posteriormente.
3.2 Revolução Industrial
Após 1760, um novo movimento ganhou força na Europa, principalmente na
Inglaterra. A Revolução Industrial trouxe um impacto profundo no processo
produtivo, suplantando a forma artesanal pela produção em massa graças a
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avanços tecnológicos significativos na indústria têxtil, da mineração, de carvão, da
fundição de ferro e do domínio do vapor.
As indústrias passaram a trabalhar com máquinas que, para a época, eram
muito eficientes. O crescimento da produção industrial estimulou as migrações dos
camponeses para as cidades. Esse fato foi agravado porque a agricultura também
havia sofrido um progresso técnico, tornando necessário menos trabalhadores
rurais. (MAIA, 1999).
Este novo cenário econômico ficou conhecido como liberalismo, cujos traços
eram totalmente diferentes do mercantilismo, ou seja, era defendido o livre mercado,
iniciativa privada e desregulamentação com a menor intervenção do Estado
possível.
A industrialização logo depois, se difundiu rapidamente em países como
Bélgica, França, Estados Unidos, Alemanha, Itália, Japão e Rússia. Com a produção
em massa, os governos viam nas exportações a principal atividade capaz de escoar
o excedente de produção e assim impulsionar o crescimento econômico nacional.
O comércio internacional tem sido chamado, com freqüência, de motor do crescimento do século XIX. Os mercados para os produtos da indústria inglesa em expansão eram, basicamente, externos. Em 1854 a Inglaterra estava exportando mais de 20% de seu produto nacional bruto (PNB) e sua participação nas exportações mundiais de manufaturados era de mais de 40%. As exportações também eram importantes na sustentação da demanda nos países recém-industrializados de meados do século XIX – a Bélgica, a França e os Estados Unidos. Elas foram essenciais à expansão das áreas de colonização recente na segunda metade do século. Sem as políticas de laissez-faire do centro industrial e a impressionante queda dos custos de transporte que se seguiu à difusão das ferrovias após 1860, e à introdução em larga escala dos navios a vapor depois de 1870, o crescimento baseado nas exportações teria sido praticamente impossível. (WILLIAMSON, 1983, p. 5).
Na segunda metade do século XIX, novas invenções técnicas como a
descoberta da eletricidade, a transformação do ferro em aço, o automóvel com motor
a combustão interna, o telégrafo e o telefone acompanhadas a extrema
especialização do trabalho, fizeram com que a produção industrial tivesse um
impulso significante e ao mesmo tempo com um custo mais baixo por unidade
produzida, o que fomentou o comércio internacional entre os países resultando
numa integração mundial até então não vista.
O progresso econômico vivenciado durante o século XIX, foi seriamente
abalado com a eclosão da Primeira Guerra Mundial que devastou o continente
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europeu com uma destruição física e humana jamais observada. Quando a Guerra
acabou em 1919, o objetivo era restaurar a normalidade. Os exportadores
procuraram seus antigos mercados, mas constataram que em virtude da grande
destruição, muitos não existiam mais. (WILLIAMSON, 1983).
Neste contexto, a década de 1920 foi caracterizada pela reconstrução dos
países europeus e pela restauração da economia que havia regredido e apresentava
pela primeira vez em alguns países sinais claros de hiperinflação. Após uma década
toda voltada para esta finalidade, a economia mundial voltaria a sofrer um grande
baque no fim da mesma década.
3.3 A crise de 1929
A crise de 1929, também conhecida como a Grande Depressão, foi uma
recessão econômica que teve seu início no ano de 1929 nos Estados Unidos em
virtude da queda da produção industrial e da queda da Bolsa de Nova Iorque tendo
reflexos mundiais que perduraram por toda a década de 1930.
Este período de recessão trouxe altos índices de desemprego, falência de
vários bancos e empresas. Muitos países promoveram a desvalorização cambial
como forma de incentivar as exportações e o protecionismo para proteger as
empresas nacionais das importações como tentativa de inverter a queda na
produção industrial. (WILLIAMSON, 1983).
O comércio internacional, que ainda estava em franca recuperação dos
abalos sofridos pela Primeira Guerra Mundial, foi mais uma vez seriamente atingido,
pois os Estados Unidos que eram a maior economia do mundo e o principal parceiro
comercial de vários países estava em crise e também teve que adotar medidas
protecionistas afetando as exportações de vários países como o Brasil.
Exemplificando, conforme Maia (1999, p. 68): “O café representava 71% das
exportações brasileiras e os grandes compradores eram os Estados Unidos [...]”.
Desta forma, percebe-se que toda a integração econômica existente entre os
países no século XIX havia desmoronado ante a Primeira Guerra Mundial e a crise
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de 1929, aflorando o nacionalismo em virtude do colapso econômico enfrentado,
eclodindo momentos depois, em uma nova Guerra Mundial.
3.4 A Segunda Guerra Mundial, o plano Marshall e o boom do petróleo em 1973
Durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), o comércio internacional
ficou voltado principalmente para a demanda causada pela Guerra impulsionando a
indústria bélica e o nível de desemprego caiu tanto na Europa quanto nos Estados
Unidos, pois grande parte da população estava empregada em setores ligados direta
ou indiretamente à Guerra ou estava no campo de batalha representando o exército
de seu país.
Ainda durante o período da Guerra, mais precisamente no ano de 1944 os
países aliados se reuniram na cidade de Bretton Woods nos Estados Unidos para
discutir medidas econômicas que pudessem garantir a paz no período pós-guerra e
a reconstrução dos países atingidos pela Guerra. O resultado desta conferência
histórica foi a criação de duas organizações mundiais sendo o Fundo Monetário
Internacional (FMI) e o Banco Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento
(BIRD) mais conhecido como Banco Mundial e também a redução das tarifas
aduaneiras através do Acordo Geral de Tarifas e Comércio (GATT).
Quase um ano antes de a guerra acabar, houve uma conferência histórica em Bretton Woods, New Hampshire, onde se estabeleceu a criação de duas organizações internacionais destinadas a supervisionar o surgimento de uma ordem econômica internacional liberal: o Fundo Monetário Internacional (FMI), destinado a tratar de questões monetárias, e o Banco Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento, ou Banco Mundial, com o objetivo de promover um fluxo de empréstimos a longo prazo para a reconstrução e o desenvolvimento, para substituir o mercado internacional de capitais desaparecido na Grande Depressão. (WILLIAMSON, 1983, p. 8).
Encerrada a Guerra, a Europa estava novamente destruída e os Estados
Unidos surgia definitivamente como a maior potência econômica mundial. Os
objetivos estabelecidos em Bretton Woods deveriam ser postos em prática, porém, a
União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) não ingressou nas instituições
23
criadas neste encontro piorando as relações entre os países da parte leste e oeste
do globo originando a Guerra Fria entre capitalismo e socialismo defendidos por
Estados Unidos e URSS respectivamente.
A fim de promover a reconstrução dos países europeus, os norte-americanos
criaram o plano de reconstrução européia através de um auxílio econômico, que
ficou mais conhecido como Plano Marshall. A ajuda foi oferecida para toda a Europa,
inclusive a Rússia, porém a URSS rejeitou esta oferta agravando ainda mais a
relação entre os dois países.
Com isso, o Plano Marshall ficou limitado aos países da Europa Ocidental e a
Turquia sendo que os maiores beneficiários foram a Grã-Bretanha com 26% e a
França com 20,8% de todo o montante. Entre os anos de 1946 e 1952, todos os
países beneficiados receberam juntos US$ 13 bilhões. (MAIA, 1999).
Obviamente a intenção do governo norte-americano era muito mais do que
simplesmente financiar a recuperação da Europa. O Plano Marshall teve efeitos
muito positivos na economia dos Estados Unidos, principalmente no seu comércio
internacional ao incrementar suas exportações para os países europeus que
estavam com o seu parque fabril praticamente todo destruído obrigando-os desta
forma a recorrer às importações.
Porém, entre o término da Guerra e o ano de 1955 verificou-se um
crescimento lento do comércio internacional, pois vários países haviam adotado
políticas protecionistas dificultando as importações e taxando as exportações para
amenizar a inflação no mercado interno. Já no período entre 1955 e 1973, o
comércio mundial teve seu volume praticamente quadruplicado por diversos fatores
conforme salienta Williamson (1983, p. 10):
O volume de comércio mundial quase quadruplicou de 1955 a 1973. Os componentes mais dinâmicos eram o intercâmbio de produtos manufaturados entre os países desenvolvidos, estimulado pela liberalização do comércio regional, especialmente na CEE, e pela redução geral de tarifas sob os auspícios do Acordo Geral de Tarifas e Comércio (GATT); a exportação de petróleo pelos países abençoados por uma oferta abundante; e, nos últimos anos, exportações de manufaturados relativamente pouco sofisticados por alguns países em desenvolvimento para os países desenvolvidos.
Este período ficou caracterizado como o grande impulso da economia
mundial, pois várias economias cresceram a taxas surpreendentes.
Desafortunadamente este ciclo foi interrompido com o boom do petróleo de 1973
24
quando a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) conseguiu
quadruplicar o preço do mais importante produto primário do comércio internacional
agravando ainda mais a inflação que já dava sinais claros de aceleração desde a
década de 1960.
Com isso, verificou-se nos anos seguintes um período de estagflação em
várias economias trazendo incertezas para todos exceto para os exportadores de
petróleo.
3.5 Expansão do comércio internacional após 1980
Um ciclo de negociações entre vários países e que foi posteriormente liderada
pela Organização Mundial do Comércio (OMC) fez com que os direitos alfandegários
sobre as mercadorias diminuíssem significativamente liberalizando mais as
exportações mundiais resultando em um novo impulso para o comércio internacional
que teve as suas trocas triplicadas entre 1980 e 2001.
O exame das tendências do comércio mundial desde 1980 coloca em evidência, em primeiro lugar, o considerável crescimento das trocas em comparação ao crescimento da produção. Enquanto entre 1980 e 2001, a produção mundial foi multiplicada por 1,6, o valor do comércio mundial foi multiplicado por 3,3. Portanto, as economias nacionais estão cada vez mais abertas aos fluxos comerciais internacionais. (RAINELLI, 2004, p. 17 e 18).
A razão pelo valor do comércio internacional ter crescido duas vezes mais do
que a produção, pode ser explicada em parte pelo fato de que cada vez mais
produtos manufaturados com maior valor unitário estavam fazendo parte da pauta
exportadora dos países, principalmente a dos industrializados.
Verifica-se também um incremento na troca de serviços, que pode ser
considerado como um reflexo da globalização que facilitou e agilizou o fluxo de
informações em todo o mundo. Em face da necessidade de mão-de-obra altamente
qualificada e tecnologia avançada, os países desenvolvidos são os maiores
exportadores de serviços atualmente segundo dados da OMC (2008).
25
3.5.1 Globalização
A globalização é um processo de aprofundamento da integração econômica,
social, cultural e política entre os países e que tem como características básicas uma
volumosa e veloz movimentação de capitais, bem como a formatação de estruturas
integradas de produção de bens e serviços, transcendendo as fronteiras nacionais.
Os efeitos positivos são maiores nos países industrializados, propiciando
crescimento econômico, aumento da produtividade e a criação de empregos, e nos
países em desenvolvimento, particularmente nos chamados emergentes (Brasil,
Rússia, Índia, México, África do Sul, entre outros) a globalização pode propiciar
aumento nas exportações e um caminho mais curto para se tornar um país
desenvolvido assim como fizeram vários países da Ásia, tendo como exemplo
principal o Japão na década de 1970.
A globalização trouxe também mudanças significativas na qualidade de vida
da sociedade que passou a ter acesso a produtos cada vez melhores, com mais
tecnologia e melhores preços em virtude da competição mundial. Segundo Maia
(1999, p. 58): “A Globalização é uma forma das empresas se tornarem mais
competitivas [...]”.
Esse acesso instantâneo de tecnologias, principalmente a novos
medicamentos, novos equipamentos cirúrgicos e técnicas, aumento na produção de
alimentos e barateamento no custo dos mesmos, tem causado nas últimas décadas
um aumento generalizado da longevidade dos países emergentes e desenvolvidos.
Para exemplificar, em 1900 a expectativa de vida da população mundial não
ultrapassava os 50 anos. Em alguns países, a expectativa de vida das mulheres,
sempre maior que a dos homens, já supera os 80 anos. No Brasil, a expectativa de
vida feminina em 2007 estava em 76,5 anos conforme dados do IBGE (2008).
Outra melhoria significativa em decorrência da globalização foi no setor de
comunicação com a internet, a rede mundial de computadores, possível graças a
acordos e protocolos entre diferentes entidades privadas da área de
telecomunicações e governos no mundo. Isto permitiu um fluxo de troca de idéias e
informações sem precedentes na história da humanidade.
26
No aspecto financeiro, a globalização talvez tenha trazido a maior mudança
para a economia, ao promover uma desregulamentação no setor e permitindo uma
veloz circulação de capitais entre os países.
A parte da economia com maior grau de internacionalização é o sistema financeiro. Por essa razão, é o aspecto mais freqüentemente associado à idéia de globalização e significa aumento do volume e/ou da velocidade de circulação dos recursos entre as diversas economias. O aspecto positivo desse processo é a superação das barreiras anteriormente impostas ao movimento internacional dos capitais. (CARVALHO; SILVA, 2004, p. 247).
No campo produtivo, destaca-se a significativa redução de custos que tem
beneficiado as empresas e também os consumidores que têm acesso a produtos
cada vez mais baratos. Isso é possível porque a globalização permite que as
empresas facilmente se estabeleçam em regiões que oferecem maiores vantagens
competitivas, seja no baixo custo da mão-de-obra, na matéria-prima disponível, na
infra-estrutura oferecida, nos benefícios fiscais concedidos pelos governos ou por
uma combinação de todas.
A globalização também pode ser tratada sobre outros enfoques, como o da
governabilidade, pois é possível observar que cada vez mais o mercado estabelece
as regras da economia em detrimento dos Estados nacionais.
A globalização retira graus de liberdade dos governos na condução das políticas fiscal, monetária, cambial, salarial etc., reduzindo a soberania econômica e políticas das nações. Pode-se chegar a uma situação em que os efeitos dos instrumentos convencionais de política econômica sejam neutralizados pela dinâmica do mercado global. Um bom exemplo é a política salarial. Como há menor competitividade onde os salários são comparativamente mais elevados, as empresas instalam-se em locais em que haja mão-de-obra mais barata. Com isso, a capacidade dos governos de proporcionar garantias sociais aos trabalhadores declina, bem como o poder dos sindicatos nas barganhas salariais. (CARVALHO; SILVA, 2004, p. 248).
Todos estes enfoques mostram que as grandes características da
globalização são a liberalização e a facilitação na movimentação de produtos,
empresas, capitais, informações, entre outros, promovendo um aumento no
comércio internacional.
27
3.5.2 Surgimento do termo BRIC
O termo BRIC foi criado pelo banco de investimentos norte-americano
Goldman Sachs em 2001 para designar o surgimento de novas potências
econômicas que mudarão o cenário mundial. Através de análises de dados
econômicos e demográficos, o banco liderado por seu diretor de pesquisa Jim
O´Neill, concluiu que nas próximas décadas países com extensa população
econômica ativa, particularmente Brasil, Rússia, Índia e China, crescerão
significativamente e em 2050 terão quatro das seis maiores economias do mundo.
O estudo realizado pelo banco prevê que até lá, os quatro países juntos
possuirão cerca de 40% da população mundial e um Produto Interno Bruto (PIB)
total de 85 trilhões de dólares. (CAETANO, 2006).
O banco acredita também que estes países dispõem das condições
necessárias para manter o atual ritmo de crescimento durante as próximas décadas
embasando assim sua previsão. Segundo O´Neill (2007, p. 14): “[...] o estudo do Bric
é, de longe, o mais popular sobre os fatores econômicos globais já publicado.”
Após a elaboração do estudo, críticos acusaram o grupo Goldman Sachs de
criar o termo BRIC com o intuito de incentivar os investidores a despejar quantidades
maiores de dinheiro na compra de ações nos países emergentes, entretanto o banco
rebate as acusações apostando que estes países por possuírem uma grande
população irão confirmar as projeções de crescimento.
Um grande número de pessoas subestima e não entende que, mesmo sendo muito diferentes entre si, os países do Bric possuem populações bem grandes, e o mais importante em termos de crescimento econômico é ter uma extensa população economicamente ativa e boa produtividade. Essas são as principais variáveis que utilizamos no cálculo dos Brics. (O´NEILL, 2007, p. 14).
Para o banco, a China é privilegiada pela grande quantidade de mão-de-obra
disponível a um custo reduzido e com certa qualificação o que faz com que receba a
maior parte dos investimentos externos impulsionando o crescimento de sua
economia.
A Índia também conta com mão-de-obra farta, tecnologia avançada e alto
grau de profissionalização de sua população, o que deve fazer com que a maior
28
parte das indústrias se estabeleça neste país assim como na China, tornando estes
países altamente industrializados.
A Rússia, além de possuir trabalhadores qualificados e tecnologia de ponta,
deve cada vez mais participar no comércio internacional como fornecedor de
alimentos e de combustíveis não renováveis como o petróleo que deve continuar
sendo a matriz energética mundial por muitos anos.
Com relação ao Brasil, o banco avalia que o país continuará tendo um papel
importante no mercado internacional sendo um dos principais produtores de grãos,
carne e matéria-prima abastecendo assim os outros países, inclusive os demais
membros do BRIC, que precisam recorrer às importações para não interromper o
seu crescimento.
O Brasil é particularmente rico em produtos primários, as commodities, das quais a China e a Índia tanto precisam. Isso é uma grande vantagem, que o Brasil deveria explorar continuamente. Confesso que não nos demos conta disso quando fizemos nossa análise dos Brics. É um ponto vital. (O´NEILL, 2007, p. 15).
O Brasil desponta também como um potencial exportador de combustíveis
renováveis em virtude das tecnologias desenvolvidas recentemente, principalmente
na produção de etanol obtido através da cultura da cana-de-açúcar, que tem
qualidade e custos melhores do que o etanol produzido através de outras culturas
como o milho nos Estados Unidos.
Todos estes fatores justificam o porquê de o banco acreditar no potencial
destes países embora alguns especialistas achem que a atenção dada ao BRIC é
exagerada. Vale lembrar que a economia mundial já é fortemente influenciada pelas
economias do BRIC. (O´NEILL, 2007).
As estimativas obtidas através do estudo realizado pelo banco indicam que
China, Índia, Brasil e Rússia terão em 2050 a primeira, terceira, quinta e sexta
maiores economias no mundo em termos de Produto Interno Bruto (PIB)
respectivamente.
29
4 A INDUSTRIALIZAÇÃO DO BRIC
Os países do BRIC ainda se encontram num grau de desenvolvimento
econômico e de industrialização inferior aos países considerados já desenvolvidos
como os Estados Unidos, Japão e alguns países da Europa, entretanto verifica-se
uma forte evolução na industrialização destes países principalmente durante o
século XX e início do século XXI seguido também de crescimentos econômicos
expressivos no mesmo período.
Para que isto fosse possível, estes países adotaram durante as últimas
décadas algumas estratégias que possibilitaram o início da industrialização e a
elevação da renda per capita, e em conseqüência disto, a configuração da economia
mundial vem mudando com a inclusão de milhões de novos consumidores a cada
ano na chamada classe média.
O propósito deste capítulo é de mostrar algumas das estratégias utilizadas
pelos países do BRIC para fomentar a industrialização de suas economias após o
término da Segunda Guerra Mundial.
4.1 Brasil
A industrialização brasileira foi basicamente iniciada e utilizada como
estratégia de desenvolvimento econômico a partir do período pós-guerra durante o
governo de Getúlio Vargas na década de 1950 sendo que no ano de 1956 a
produção industrial já superava a produção agrícola e na pauta de exportações esta
superação se daria no início da década de 1970. (LACERDA, 2000).
Desde então o país alternou fases com elevadas taxas de crescimento
econômico e fases com altas taxas inflacionárias, resultado das diversas políticas
adotadas pelos vários governos que estiveram no poder e em virtude também das
oscilações enfrentadas pela economia mundial que acabaram influenciando o
desenvolvimento do país.
30
4.1.1 Implementação das indústrias de base
Após o término da Segunda Guerra Mundial, o crescimento do comércio
mundial encontrava-se estagnado e o Brasil que estava acostumado a importar boa
parte dos produtos de que necessitava, precisou estabelecer um plano para que o
país pudesse se industrializar.
Através de um forte intervencionismo do Estado na economia, o governo
incentivou a criação da indústria de base e investiu fortemente na infra-estrutura do
país. Segundo Leite (2004, p. 30): “[...] foram sendo definidos projetos mais
ambiciosos de intervenção no domínio econômico, por meio de planos setoriais
voltados para o fortalecimento da infra-estrutura e para a instalação de indústrias de
base”.
Em 1941 foi criada a Companhia Siderúrgica Nacional, começando a
funcionar efetivamente em 1946 com a produção de aço que é a base para que
outros tipos de indústrias possam se estabelecer.
Posteriormente foi criada em 1943 a Companhia Vale do Rio Doce para
exploração, extração e distribuição de minerais, ramo importantíssimo para sustentar
o desenvolvimento de qualquer país e completando a estratégia do governo Getúlio
Vargas, tem-se a criação nos anos seguintes, da Companhia Hidrelétrica do São
Francisco para a geração de energia elétrica e da Petrobrás para a exploração,
produção, refino, comercialização e transporte de petróleo e seus derivados.
(GRIECO, 2001).
Isto mostra o projeto nacionalista de Getúlio Vargas de implantar as bases de
uma indústria pesada no país através de investimentos estatais e ao impedir a
participação de empresas estrangeiras neste processo.
4.1.2 Plano de metas
O Plano de Metas, idealizado por Juscelino Kubitschek e adotado durante o
seu governo, foi o planejamento estatal voltado para o desenvolvimento econômico
31
através de investimentos em setores voltados para a criação de bens de produção.
Segundo Gremaud; Vasconcellos; Toneto Júnior (2004, p. 378): “O principal objetivo
do plano era estabelecer as bases de uma economia industrial madura no país,
especialmente aprofundando o setor produtor de bens de consumos duráveis [...]”.
Ao contrário da estratégia utilizada por Getúlio Vargas em seu governo, o Plano de
Metas estava predominantemente ligado ao capital externo e as empresas
estrangeiras.
Sob o slogan “50 anos em 5”, o projeto aplicado no período de 1956 a 1960
era composto por 31 metas que beneficiavam setores como o de energia, transporte,
siderurgia e refino de petróleo.
Os setores de energia, transporte, siderurgia e refino de petróleo receberiam maior parte dos investimentos do governo. Subsídios e estímulos seriam concedidos para expansão e diversificação do setor secundário, produtor de equipamentos e insumos com alta intensidade de capital. Para a implementação efetiva do Plano, especialmente nos aspectos de responsabilidade do setor privado, foram criados grupos executivos, colegiados que congregavam representantes públicos e privados, para a formulação conjunta de políticas aplicáveis às atividades industriais. Os grupos mais conhecidos e atuantes foram o grupo executivo da indústria automobilística (GEIA), da construção naval (GEICON), de máquinas agrícolas e rodoviárias (GEIMAR), de indústria mecânica pesada (GEIMAP), de exportação de minério de ferro (GEMF), de armazenagem (Comissão Consultiva de Armazéns e Silos) e de material ferroviário (GEIMF). (LACERDA, 2000, p. 91).
Neste sentido, o crescimento industrial verificado na época estava apoiado
em um tripé formado pelas empresas estatais, pelos investimentos externos e em
menor parte pela iniciativa privada nacional.
Como conseqüência da política de facilitação para a entrada de capital
estrangeiro no Brasil, observa-se que em pouco tempo as empresas multinacionais
começaram a dominar a produção industrial tornando a economia brasileira em uma
das mais abertas para o capital externo na época ao mesmo tempo em que era uma
das mais fechadas em relação às importações.
Um dos resultados do Plano de Metas, além da intensificação da
industrialização do país, foram as altas taxas de crescimento experimentadas no
período. Segundo Lafer (1970) apud Lacerda (2000, p. 91): “No período 1957/1961,
o PIB cresceu à taxa anual de 8,2%, resultando em um aumento de 5,1% ao ano na
renda per capita, superando o próprio objetivo do Plano”.
32
Desta forma, considera-se o plano de metas uma estratégia bem sucedida
uma vez que atingiu a maior parte de seus objetivos.
4.1.3 Projetos de industrialização do regime militar
Passado o período de forte crescimento durante o Plano de Metas de
Juscelino Kubitschek, a economia brasileira vivenciaria uma crise entre 1962 e 1967
com queda no crescimento do PIB, queda na formação bruta de capital fixo e
elevadas taxas anuais de inflação que impactaram negativamente o avanço da
industrialização no Brasil e que resultou em uma grande instabilidade política
culminando com a instauração da ditadura militar.
A estratégia utilizada para solucionar esta crise foi a criação do Plano de Ação
Econômica do Governo (PAEG) em 1964 durante o governo do marechal Castelo
Branco.
O PAEG mantinha objetivos básicos dos discursos desenvolvimentistas: retomada do desenvolvimento, via aumentos dos investimentos; estabilidade de preços; atenuação dos desequilíbrios regionais; e correção dos déficits do balanço de pagamentos, que periodicamente ameaçavam a continuidade do nosso desenvolvimento. As prioridades imediatas eram, internamente, o controle da inflação, e, externamente, a normalização das relações com os organismos financeiros internacionais. (LACERDA, 2000, p.104).
O Plano, além de ter tido êxito na redução das taxas de inflação que tiveram
uma queda substancial, também foi importante pelo conjunto de transformações
institucionais realizadas no país com a reforma bancária em 1965, criando uma
estrutura básica do sistema financeiro nacional com a instituição do Banco Central e
o Conselho Monetário Nacional, e com a reforma tributária de 1967, aumentando a
arrecadação do governo federal. (GREMAUD; VASCONCELLOS; TONETO
JÚNIOR, 2004).
O PAEG criou as bases para um período de grande crescimento econômico e
industrial verificado entre 1968 e 1973 que ficou conhecido como milagre econômico
brasileiro e que também foi positivamente influenciado pelo intenso crescimento do
comércio mundial durante o mesmo período. Novamente o capital estrangeiro estava
33
intrinsecamente ligado a este ciclo de expansão econômica principalmente através
de empréstimos internacionais.
Paralelamente a estes componentes, o governo adotou uma política
monetária expansiva para aumentar a oferta de crédito principalmente ao setor
privado, que aliado à capacidade ociosa que se tinha nas indústrias, foi uma das
principais estratégias adotadas para fomentar o crescimento econômico e para
manter o ritmo de queda das taxas inflacionárias.
O novo ciclo de crescimento foi, mais uma vez, comandado pelos setores produtores de bens de consumo duráveis e de bens de capital. O crescimento médio do PIB no período 1967/1973 atingiu 11,2% ao ano, enquanto a indústria manufatureira cresceu à taxa de 12,6%. O crescimento da produção de bens duráveis alcançou, em média, 23,6%, e a de bens de capital, 18,1%. Manteve-se a mesma matriz de crescimento implantada durante o Plano de Metas, com aumento na abertura estrutural da economia para o exterior. Houve aumento das importações, de 5,4% para 8,6% do PIB, enquanto as exportações mais do que dobraram, resultando em uma balança comercial praticamente equilibrada. (LACERDA, 2000, p.112).
Com a mudança de governo para o general Geisel, o principal desafio era
manter o ritmo do crescimento durante o milagre econômico, porém com um cenário
internacional não tão favorável em virtude do choque do petróleo em 1973 e que deu
novo fôlego as pressões inflacionárias.
Em uma tentativa de fomentar o desenvolvimento da economia, novamente
as indústrias de bens de capital e de bens intermediários foram escolhidas como
prioritárias. O governo cria o II Plano Nacional de Desenvolvimento (II PND)
financiado principalmente com empréstimos internacionais aumentando o
endividamento externo.
Segundo Lacerda (2000), o II PND tinha como objetivo construir uma
estrutura industrial avançada que permitiria ao país sobrepujar a crise e o
subdesenvolvimento, mesmo que esta estrutura fosse possível apenas através do
aumento dos déficits comerciais e da dívida externa, ou seja, o governo acreditava
que valia a pena correr este risco.
Os principais setores que receberam os investimentos provenientes do II PND
foram os setores energético, siderúrgico e petroquímico além das indústrias de bens
de capital e de bens intermediários.
O resultado do II PND foi a manutenção do crescimento econômico, porém
com taxas bem inferiores a do período caracterizado como milagre econômico. Em
34
grande parte, o II PND não conseguiu atingir totalmente seus objetivos por ser um
projeto extremamente ambicioso e que deveria ser implementando em pouco tempo,
além de ter sido prejudicado também pela crise econômica mundial que se
enfrentava.
4.1.4 Inflação e plano real
No início da década de 1980 o país se defronta pela primeira vez no período
pós-guerra com retração de sua economia, o que conseqüentemente também
derrubou a produção industrial de forma significativa. Em 1981, segundo Lacerda
(2000, p. 135): “A produção industrial caiu 10% com uma retração de 26,3% e 19%
nos segmentos de bens de consumo duráveis e de bens de capital,
respectivamente”.
Entre 1984 e 1986 a produção industrial voltou a crescer baseada no
consumo e puxada pela economia que se recuperava, e quando a crise parecia ter
sido já superada, os crescimentos da economia e da indústria ficaram estagnados
até 1993. Ao mesmo tempo, a população brasileira vivenciava taxas inflacionárias
elevadíssimas.
Para conter a aceleração inflacionária verificada entre 1985 e início de 1986,
o governo Sarney (1985-1990) lançou várias medidas através da adoção dos Planos
Cruzado em 1986, Bresser em 1987 e Verão em 1989. Entre as principais medidas
utilizadas, estão o congelamento de salários, congelamento de preços e a
desvalorização cambial. Entretanto, em virtude do grande descontrole das contas
públicas e do crescimento do endividamento interno entre outros fatores, estes
planos não tiveram sucesso no controle da inflação que atingiu a taxa de 80% no
último mês do governo em março de 1990. (GREMAUD; VASCONCELLOS;
TONETO JÚNIOR, 2004).
No começo da década de 1990 o país passou por uma abertura comercial e
sendo assim precisava reestruturar suas indústrias que estavam atrasadas
tecnologicamente em relação aos padrões internacionais.
35
Com isso, o governou lançou uma nova política industrial com o objetivo de
aumentar a eficiência na produção e comercialização de bens e serviços baseados
na reestruturação e modernização do parque fabril. (LACERDA, 2000).
Esta política contemplava a redução progressiva dos níveis de proteção
tarifária, incentivo aos segmentos potencialmente competitivos frente a abertura
comercial, medidas para capacitação tecnológica das empresas nacionais entre
outras. (GRIECO, 2001).
A década de 1990 também foi caracterizada pela diminuição do envolvimento
do Estado em vários segmentos da economia através de uma série de privatizações.
Neste período foram privatizadas companhias como a Usiminas e Companhia
Siderúrgica Nacional do setor de siderurgia, Vale do Rio Doce do setor de
mineração, além de outras companhias nos setores petroquímicos, de energia,
telecomunicações e etc.
No que tange ao problema da inflação, em 1993 foi implementado o Plano
Real idealizado pelo então ministro da fazenda e futuro presidente da república
Fernando Henrique Cardoso e que tinha como objetivo proteger o poder de compra
dos consumidores controlando a inflação. O plano foi bem sucedido e num primeiro
momento a economia respondeu com crescimento significativo do PIB e da
produção industrial no ano de 1994 e início de 1995, entretanto após esse
crescimento inicial, o país cresceu de forma moderada até o fim da década.
(GREMAUD; VASCONCELLOS; TONETO JÚNIOR, 2004).
No início dos anos 2000, assume o poder Luis Inácio Lula da Silva filiado a
um partido de oposição ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, porém a
política econômica é praticamente mantida. Acompanhando o bom desempenho da
economia mundial, o Brasil consegue melhorar seus fundamentos econômicos
aumentando suas reservas cambiais, controlando a inflação, e deixando o período
de estagnação para gozar de novo crescimento econômico e industrial puxado
principalmente pela demanda interna que tem tido cada vez mais acesso a oferta de
crédito com taxas menores.
36
4.2 China
Conforme Brazil Trade Net (2007), a China é um país localizado no continente
asiático possuindo uma superfície de 9,6 milhões de Km² caracterizando o país
como o terceiro maior do mundo em área. A China contava ainda com 1,31 bilhões
de habitantes em 2005, o que lhe garante o posto de país mais populoso do mundo
com um quinto de toda a população mundial.
Atualmente o setor industrial chinês representa 46,2% do PIB do país,
tornando o seu parque industrial no quarto maior do planeta atrás apenas dos
Estados Unidos, Japão e Alemanha conforme a Embaixada do Brasil em Pequim
[200-?], o que demonstra a importância da indústria chinesa para o restante do
mundo como uma das principais economias abastecedoras de produtos.
Pode-se dividir a industrialização chinesa em duas etapas após a
proclamação da República Popular da China em 1949, sendo a primeira durante o
comando de Mao Tse-tung e a segunda quando a China esteve sob o comando de
Deng Xiaoping.
4.2.1 A industrialização chinesa no governo Mao Tse-tung
Após a proclamação da República Popular da China em 1949, assume o
poder Mao Tse-tung através do Partido Comunista Chinês (PCC) e segundo
Monteiro Neto (2005), o Primeiro Plano Qüinqüenal de 1952 tinha como intuito
fomentar a indústria de base e aprimorar a infra-estrutura do país.
Simultaneamente Mao Tse-tung priorizou a reforma agrária para promover a
redistribuição de terras à população que deveria produzir alimentos e vender para o
governo.
Com isso, segundo Brazil Trade Net (2007, p. 17): “Nos primeiros 30 anos
após a fundação da República Popular da China (1949 a 1979), o governo chinês
implantou um sistema de economia planejada, com metas e cotas para as várias
esferas do desenvolvimento econômico [...]”.
37
Durante este período a China permaneceu praticamente fechada a
investimentos estrangeiros com o governo chinês controlando boa parte da
economia através de suas estatais no setor industrial e impondo aos camponeses a
obrigação de vender a produção ao governo.
Prova disso é que, segundo Coggiola (1986), 80% da indústria pesada já
estavam sob controle do Estado em 1952.
Verifica-se, no entanto, que durante este período a indústria chinesa teve
crescimento aquém do esperado e planejado por Mao Tse-Tung.
Apesar de o país ter melhorado, se comparado com o período anterior, o governo de Mao Tsé-tung não conseguiu superar todos os problemas. A indústria cresceu pouco sob o comando centralizado do Estado, e reformas só seriam implementadas após sua morte em setembro de 1976. (MASIERO, 2007, p.117).
A indústria chinesa viria a ser impulsionada de forma exuberante apenas a
partir de 1978 com o governo Deng Xiaoping viabilizando a abertura econômica da
China.
4.2.2 Abertura econômica
A partir de 1978, a China inicia o processo de abertura de sua economia uma
vez que Deng Xiaoping acreditava que a estratégia de adotar uma política de
economia planificada e fechada ao capital estrangeiro havia falhado no propósito de
oportunizar a China altas taxas de crescimento econômico e por ter melhorado em
muito pouco a vida da população chinesa.
Inicialmente o governo chinês permitiu aos camponeses que
comercializassem a produção excedente a fim de incentivar iniciativas locais que
resultassem num aumento da atividade industrial. Segundo a Embaixada do Brasil
em Pequim [200-?], as reformas econômicas foram iniciadas em 1979 com ampla
revisão do sistema coletivista na agricultura, permitindo a acumulação de
excedentes e o surgimento de uma incipiente economia industrial e de serviços nas
zonas rurais.
38
Outra atitude inovadora do governo chinês e que definitivamente impulsionou
a sua industrialização e conseqüentemente o crescimento econômico foi a criação
das primeiras Zonas Econômicas Especiais (ZEE) em 1979. Em um primeiro
momento estas zonas especiais foram estabelecidas em poucas províncias na
região litorânea para que funcionassem como teste e modelo para futuras regiões.
A grande vantagem das ZEE consistia no fato de que os investimentos
estrangeiros tivessem praticamente livre circulação de capital diferentemente do que
era aceito até o momento. Com isso, segundo Masiero (2007, p. 125): “Empresas
privadas individuais, até então proibidas, foram encorajadas a desenvolver
atividades comerciais e industriais [...]”.
A aposta de Deng Xiaoping teve sucesso e rapidamente as ZEE foram
invadidas por empresas estrangeiras o que alavancou o crescimento econômico
destas regiões.
A grande revolução, porém, veio com a criação de zonas especiais em várias províncias litorâneas. As primeiras foram implantadas em Shezen, Zhuhai, Xiamen. Essas zonas econômicas tinham como objetivo atrair investimentos de empresas estrangeiras, que trariam além de capital, tecnologia e experiência de gestão empresarial. Numa tentativa de ampliar suas exportações, a China concedeu quase total liberdade ao capital estrangeiro nessas zonas econômicas, espécie de enclaves capitalistas dentro da China. (ARAÚJO JÚNIOR, 2006).
Em seguida, foi implementada também uma ZEE em Shantou totalizando
quatro zonas econômicas em 1980. Além da facilitação na circulação de capital, as
ZEE possuíam infra-estrutura diferenciada além de vários benefícios fiscais
concedidos aos potenciais investidores.
O excelente desempenho das primeiras ZEE fez com que o governo chinês
ampliasse sua estratégia de atração de Investimentos Diretos Externos (IDE) para
outras catorze cidades fora das zonas econômicas especiais em 1984 conforme
Masiero (2007).
A Embaixada do Brasil em Pequim [200-?] ainda complementa que o foco da
política econômica voltou-se para incentivos a industrialização a partir de 1984, com
grandes investimentos em infra-estrutura e ferramentas para estimular as
exportações, mesclando o estímulo à iniciativa privada, gradual liberalização de
preços, maior autonomia para as empresas estatais, descentralização fiscal,
estabelecimento de um sistema bancário e um mercado de capitais juntamente com
39
o investimento estrangeiro sendo conceituado como “socialismo de mercado com
características chinesas”.
Nos anos seguintes, várias “zonas especiais” foram sendo criadas no país por
todo o território chinês e atualmente existem mais de 50 zonas exportadoras e de
desenvolvimento tecnológico respondendo por cerca de 60% das exportações de
produtos com alta tecnologia (OLIVEIRA, 1999).
Outra medida recente e que vem rendendo bons frutos à economia chinesa, é
o processo de privatização das estatais iniciado em 1998 principalmente das menos
rentáveis. Entretanto, manteve-se o controle do Estado em áreas estratégicas como
petróleo, geração de energia, produção de alumínio e aço apostando na
reestruturação das estatais destes segmentos.
De acordo com a Embaixada do Brasil em Pequim [200-?], o início das
privatizações contribuiu para a efetiva globalização da indústria chinesa com IDE de
aproximadamente US$ 600 bilhões trazendo consigo tecnologias, know-how e
modernas estratégias de gestão que fomentaram mais ainda a economia chinesa
nos últimos anos.
Masiero (2007, p. 133) ilustra que: “Nos anos 1990, a China cresceu suas
exportações a uma taxa duas vezes maior que a média mundial [...]” e Oliveira
(1999) complementa que durante a gestão de Deng Xiaoping até 2003, a taxa média
de crescimento do PIB chinês ao ano foi de 8% e a exportação teve um aumento
médio de 18% anuais com os investimentos estrangeiros atingindo US$ 900 bilhões
durante 24 anos.
Por fim, a Embaixada do Brasil em Pequim [200-?] finaliza que a economia
chinesa, após uma transição de um sistema de planejamento estatal virtualmente
fechado à economia internacional durante o governo de Mao Tse-tung para um
sistema de mercado e abertura comercial durante a era de Deng Xiaoping vivenciou
um vigoroso crescimento econômico nos últimos vinte e cinco anos.
Como resultado, a China possui hoje um peso internacional considerável e é
cobiçada por várias empresas estrangeiras como mercado alvo em virtude de sua
enorme população, espetacular crescimento econômico e formidável infra-estrutura.
40
4.2.3 Indústria chinesa
Desde a abertura econômica iniciada em 1978 e com a política de atração de
investimentos estrangeiros com as ZEE, a China vem batendo sucessivos recordes
no nível de crescimento industrial e atualmente já é líder mundial em diversos
setores industriais.
Segundo Brazil Trade Net (2007), a produção industrial na China vem
crescendo a uma taxa anual média de 11,6% a partir de 1979, e desde 1996 vários
segmentos como aço, carvão, cimento, fertilizantes químicos e aparelhos de
televisão já são liderados mundialmente pela indústria chinesa.
No setor de energia, as indústrias de energia térmica, hidrelétrica e nuclear
tiveram um rápido crescimento nos últimos anos e atualmente a China detêm o
segundo lugar em termos de geração de energia sendo que o carvão é a maior fonte
delas representando 75% do consumo chinês. A extração de petróleo também é
feita em grande escala, entretanto devido ao ritmo de crescimento da economia
chinesa a importação deste produto se faz necessária.
No que tange a produção de automóveis, pode-se afirmar que a China teve
um grande desenvolvimento nos últimos anos. Conforme Brazil Trade Net (2007), a
produção de automóveis saltou de 1,45 milhões de unidades em 1995 para 5,70
milhões de unidades em 2005.
A indústria de construção também vem crescendo a taxas elevadas, boa parte
em virtude da enxurrada de IDE que aporta na China todo ano com várias fábricas,
prédios, estradas e portos sendo construídos.
Para sustentar esta indústria da construção o território chinês dispõe de
muitos recursos minerais. De acordo com Brazil Trade Net (2007), a China possui a
maior reserva mundial de vários minerais como o titânio, o tungstênio, o antimônio,
as terras-raras, o tântalo e a barita e a segunda maior reserva de outros minerais,
tais como o alumínio, carvão, estanho, nióbio, prata e lítio.
Ainda Brazil Trade Net (2007), a China possui mais de 500 setores industriais
destacando-se o de indústrias de equipamentos metalúrgicos modernos,
equipamentos de mineração, grandes equipamentos para a indústria energética,
aeronaves, instrumentos mecânicos de grande porte e precisão, indústria espacial,
equipamentos eletrônicos, computadores entre outros.
41
4.3 Índia
Outro país asiático que desponta no cenário mundial como potência
econômica juntamente com a China, é a Índia que vem apresentando elevadas
taxas de crescimento do PIB nos últimos anos.
Assim como o seu vizinho asiático, a Índia se caracteriza por possuir a
segunda maior população com 1,045 bilhões de habitantes em 2002 e por ser o
sétimo maior país do mundo em extensão territorial conforme Brazil Trade Net
(2003).
Após sua independência em 1947, a Índia apostou na estratégia de forte
presença e planejamento estatal na economia o que resultou em um desempenho
decepcionante até a década de 1980. Ainda nesta década o governo indiano iniciou
um processo gradual de abertura econômica que vem propiciando o crescimento
econômico desde então.
A composição do PIB indiano em 2000 foi de 24,3% para a agricultura, 27,7%
para a indústria e 48,0% para o setor de serviços o que demonstra a grande
importância em especial destes dois últimos para a sua economia.
4.3.1 A economia “fechada” da Índia após sua Independência
Logo após sua Independência em 1947, o governo indiano adotou um modelo
de política econômica “fechada” fortemente influenciada pelo modelo praticado na
União Soviética.
Nassif (2006, p. 17) confirma que: “A importância conferida pelos governos
indianos à adoção de processos de planejamento econômico remonta ao período
imediatamente subseqüente à independência do país [...]”.
A prioridade do governo era fomentar a base industrial do país através do
setor de bens de capital. Para isso, a Índia fechou sua economia para o mundo
impondo principalmente a política de substituição de importações impedindo
qualquer tipo de concorrência estrangeira.
42
Segundo Brazil Trade Net (2003), o modelo de substituição de importações
indiano incentivou o desenvolvimento da base industrial porém a falta de
competitividade resultou na baixa qualidade e ineficiência da produção que fez com
que as exportações indianas ficassem estagnadas.
Como se pode observar na tabela 1, a política de substituição de importações
e protecionismo comercial foi defendida durante os 7 primeiros Planos Qüinqüeniais
após a independência da Índia.
Tabela 1 – Planos Qüinqüeniais de Desenvolvimento na Índia
Planos Qüinqüeniais
Período Setores prioritários Modelo de desenvolvimento/regime de comércio/ fatos estilizados
1° 1951-1956 Não houve Substituição de importações/ protecionismo comercial
2° 1956-1961 Bens de capital, mineração e metalurgia básica; apoio a pequenas e médias empresas
Substituição de importações/elevado protecionismo comercial
3° 1961-1966 Bens de capital, química e insumos básicos (aço, energia elétrica e combustíveis)
Substituição de importações/protecionismo comercial
4° 1969-1974 Metalurgia básica, metais não-ferrosos (alumínio, cobre e zinco), indústrias de engenharia pesada, química e petroquímica, fertilizantes e construção naval
Substituição de importações/protecionismo comercial
5° 1974-1979 Metalurgia básica, exploração e refino de petróleo, fertilizantes
Substituição de importações/liberalização comercial em 1976 (fracassada) e recrudescimento protecionista logo a seguir
6° 1980-1985 Infra-estrutura (sobretudo carvão, energia elétrica, energia nuclear e transporte), bens de capital (apoio para reestruturação) e eletrônicos
Substituição de importações/protecionismo comercial
7° 1985-1990 Educação, setores intensivos em ciência e tecnologia (energia nuclear e eletrônicos), infra-estrutura e setores intensivos em emprego (agricultura, têxteis, vestuários e outros segmentos para consumo de massa)
Substituição de importações/liberalização comercial gradual/reforma tributária
Nota: Na periodização dos Planos Qüinqüeniais, o governo indiano tradicionalmente exclui o ano-base (por exemplo, 1950, no caso do 1° Plano) e inclui o ano em que será iniciado o Plano subseqüente. Fonte: NASSIF (2006, p. 19).
43
Para viabilizar este processo, a Índia adotou um rígido sistema de
licenciamento de importações limitando a entrada de produtos em seu país por meio
da imposição de cotas.
O sistema de licenciamento de importações, por seu turno, consistia no monitoramento quantitativo das compras externas do país, notadamente dos setores considerados prioritários pelos Planos Qüinqüeniais. Não obstante a Índia operasse com um sistema de tarifas aduaneiras que impunha gravames ad valorem médios bastantes elevados, na prática era o regime de licenciamento de importações que protegia, em última instância, as atividades domésticas (notadamente as industriais) da concorrência externa. (NASSIF, 2006, p. 21).
Alguns poucos produtos não estavam sujeitos a este regime que além de
elevadas tarifas aduaneiras e sistema de cotas, impunha também critérios de
essencialidade e não-disponibilidade doméstica para dificultar ainda mais as
importações independentemente de outros fatores inerentes ao produto como
qualidade, preço e prazo.
Complementando a política econômica e industrial neste período, foi adotado
também o sistema de licenciamento industrial. Novamente o Estado estava
intensamente presente na economia ao controlar os fluxos de investimentos
industriais direcionando-os para setores estratégicos conforme os Planos
Qüinqüeniais.
Em outras palavras, como esse sistema implicava obtenção de permissão para a criação de firmas novas ou mesmo a expansão de capacidade produtiva das empresas existentes no âmbito de todo o sistema industrial, o Estado acabava interferindo indiretamente não apenas na escolha da localização, tecnologias e escalas dos empreendimentos produtivos, como também em seus respectivos conteúdos importados e demais formas de relacionamento dos agentes empresariais indianos com o setor externo [...] (NASSIF, 2006, p. 20).
Estas políticas além de impedirem o avanço das exportações, que foram
prejudicadas pelo fato de os produtos indianos não terem a qualidade necessária
para entrar no mercado internacional uma vez que estes mesmos produtos não
estavam sujeitos a concorrência no mercado interno, também fez com que a
economia indiana tivesse um crescimento moderado com média anual de 3,7% entre
1950 e 1980.
44
4.3.2 A liberalização econômica na década de 1990
A partir da década de 1980 a Índia iniciou seu processo de abertura
econômica para que o país pudesse crescer a taxas mais elevadas do que as
registradas nas décadas anteriores, entretanto os efeitos dessa nova política foram
sentidos apenas a partir da década seguinte.
Conforme Brazil Trade Net (2003), em 1991 a indústria indiana sofreu
grandes reestruturações através de uma significativa redução das licenças
industriais, simplificação na sua burocracia, redução das áreas reservadas
exclusivamente ao setor público, elevação ou eliminação dos limites de participação
de capital estrangeiro nas indústrias indianas, redução das taxas aduaneiras e de
outros impostos e flexibilização das políticas comercial e cambial.
Nassif (2006, p. 6) complementa que: “A partir de 1991, a Índia implementou
um conjunto de reformas econômicas estruturais, com ênfase na liberalização
comercial, na abertura aos investimentos estrangeiros diretos e na modernização do
sistema financeiro e do mercado de capitais”.
O resultado dessas medidas foi o aquecimento da economia indiana que
obteve sucessivos crescimentos significantes em sua economia e na sua produção
industrial.
As taxas médias anuais de crescimento do PIB foram de 5,8% entre 1980 e
1990 e de 5,7% no período entre 1990 e 2000. Recentemente a economia indiana
cresceu a 9,0% no ano de 2003, 7,0% em 2004, e 8,0% em 2005 fazendo com que a
Índia tivesse uma taxa de crescimento semelhante a chinesa nos últimos anos.
(NASSIF, 2006).
Consequentemente houve também uma elevação na renda per capita o que
fez com que uma grande parte da população saísse da linha da pobreza e
incrementa-se a classe média indiana tornando o país muito atrativo para
investimentos externos.
A abertura econômica permitiu a Índia obter crescimento de sua indústria e
também em suas exportações. Isso pode ser explicado pelo fato de as indústrias
nacionais terem ficado sujeitas a competição estrangeira, obrigando-as a
modernizarem suas unidades e buscarem incessamente uma melhor qualidade no
45
seu produto para manter as vendas no mercado interno o que acabou ajudando a
fomentar as vendas externas.
Ao Estado coube a preocupação de priorizar principalmente a educação e a
criação de uma infra-estrutura capaz de suportar o crescimento econômico. Segundo
Brazil Trade Net (2003), a Índia conta atualmente com a terceira maior malha
rodoviária do mundo com quase 3 milhões de quilômetros, a segunda maior rede
ferroviária do mundo com cerca de 63.000 km além de 160 portos espalhados por
todo o seu litoral.
4.3.3 Indústria indiana
Com a liberalização econômica promovida a partir da década de 1980, a
indústria indiana vem obtendo êxito em sua expansão. Conforme relata Brazil Trade
Net (2003) o crescimento da produção industrial na Índia no período de 1999 a 2000
foi de 6,7%.
Segundo Brazil Trade Net (2003), a indústria da transformação representa
77,1% da produção industrial com destaque para o setor têxtil que viu sua produção
crescer 781% entre 1981 e 2001. Nos últimos anos, a taxa de crescimento deste
setor é de 6% ao ano.
No que tange a matéria-prima, as indústrias indianas têm a sua disposição
dentro do próprio território vários minerais como ferro, manganês, mica, bauxita,
calcário, magnésia, cobre, linhita, chumbo, zinco, níquel e fosfato. A Índia também
conta com uma das maiores reservas de carvão do planeta.
A Índia é internacionalmente reconhecida pela sua indústria de software que
vem tendo um rápido crescimento nos últimos anos e sendo um dos principais
setores exportadores do país. Segundo Nassif (2006) os principais fatores que
permitiram o surgimento de uma forte indústria de software no país foram: uma
política de liberalização de importações de equipamento já na década de 1970,
orientação exportadora precoce e investimentos maciços em educação e
treinamento técnico da mão-de-obra com subsídios governamentais.
46
4.4 Rússia
Complementando o grupo que forma o BRIC, a Rússia é o único país
europeu, além de também estar localizada em parte da Ásia, que está incluído neste
seleto grupo de nações emergentes que vêm aumentando sua participação na
economia mundial todos os anos.
A Rússia é a maior nação em extensão territorial com mais de 17 milhões de
km², quase duas vezes o tamanho do Brasil, e também se caracteriza por ter uma
grande população que continha mais de 144 milhões de habitantes em 2004
conforme Brazil Trade Net (2005).
A indústria russa representa 36,0% do PIB do país revelando-se um
importante setor para sua economia e que vem obtendo crescimentos significativos
nos últimos anos.
A industrialização da Rússia pode ser dividida entre o período em que o país
compôs a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) e o período
subseqüente quando a mesma foi desintegrada.
4.4.1 Industrialização no período da URSS
Conforme a Câmara Brasil-Rússia de Comércio, Indústria & Turismo [200-?],
após a revolução socialista de 1917, houve a formação da URSS em 1922 com a
união da Rússia e outras nações limítrofes e a adoção do regime comunista.
A exemplo do Brasil, China e Índia, a grande marca do início da
industrialização russa foi o intenso planejamento e participação do Estado neste
processo. A prioridade recaiu sobre a indústria de base e no período de 1928 a 1940
a URSS obteve crescimento econômico médio de 14,3% ao ano conforme a tabela
2.
47
Tabela 2 - Crescimento Econômico da URSS (médias anuais em diferentes períodos)
1928-1940 1941-1950 1951-1960 1961-1970 1971-1975 1976-1980 1981-1985 14,30% 6,30% 10,30% 7,20% 5,70% 4,30% 3,20%
Nota: Taxas médias de crescimento do produto material líquido da URSS, segundo estatística oficiais soviéticas. Fonte: SEGRILLO (2000, p. 247) apud SEGRILLO (2005, p.330)
Na década seguinte, com a eclosão da Segunda Guerra Mundial, as atenções
se voltaram para a indústria bélica com o propósito de suprir a demanda da guerra
uma vez que a URSS participou ativamente dela e com isso houve uma queda no
ritmo de crescimento econômico na década de 1940.
Com o término da Guerra, os soviéticos implementaram o Quarto Plano
Qüinqüenial (1946-1950) que tinha como objetivo fomentar o setor energético, o
transporte ferroviário e a reconstrução das fábricas atingidas pela Guerra e
posteriormente o Quinto Plano Qüinqüenial (1951-1955) que incentivava a indústria
bélica novamente e o progresso tecnológico. (PAZZINATO; SENISE, 2003).
Como resultado a URSS voltou a obter taxas de crescimento na casa de dois
dígitos durante a década de 1950 tendo uma média de 10,3% ao ano. Isso permitiu
a URSS acompanhar os Estados Unidos no que ficou conhecido como mundo
bipolar onde o primeiro defendia o regime socialista e o segundo o regime capitalista
caracterizando a Guerra Fria.
Nas duas décadas seguintes houve novamente uma queda no ritmo de
expansão econômica e a URSS tinha como principal preocupação fomentar os
setores bélicos e de tecnologia o que configurou na corrida armamentista e espacial
com o intuito de se contrapor ao seu maior rival que continuava sendo os Estados
Unidos.
Na década de 1980, o governo soviético lança um plano de reestruturação
econômica conhecido como Perestroika e que pretendia diminuir o controle do
Estado sobre a economia, possibilitar a entrada de empresas privadas, e reduzir os
gastos com defesa nacional. (SEGRILLO, 2005).
O plano se mostrou falho e não conseguiu fomentar a economia soviética que
vinha obtendo taxas de crescimento cada vez menores. Isto ligado ao fato de que o
governo começou a enfrentar oposição de conservadores quanto a abertura
econômica e política, inclusive já se observando alguns movimentos separatistas,
culminou com a desintegração da URSS em 1991.
48
4.4.2 Industrialização pós URSS
Em 1991 com o fim da União Soviética, a Rússia passou por um processo de
mudança do regime socialista para o regime capitalista que fez com que o país
tivesse retração econômica nos cinco primeiros anos deste processo.
O presidente Boris Ieltsin, eleito primeiro presidente da Rússia na era pós-
comunista, determinou que diversas empresas sob controle do Estado fossem
privatizadas.
Segundo a Câmara Brasil-Rússia de Comércio, Indústria & Turismo [200-?], a
partir de então a iniciativa privada começa a controlar diversos setores da economia
como o de produção, comércio, bancos e serviços, entretanto diversas empresas
foram privatizadas com valor muito abaixo do mercado provocando uma grande
desvalorização da moeda local, o rublo.
Outro problema enfrentado pelo país foi o atraso industrial que a Rússia havia
herdado da URSS e da conseqüente falta de bens e serviços. Em virtude disso o
país estava importando muito mais do que exportando, o que causou enorme déficit
da balança comercial e fez com que as reservas de dólares do país caíssem de
forma acentuada.
Para compensar esta falta de moeda, a Rússia emitiu vários títulos contraindo
assim muitos empréstimos e quando percebeu que não tinha como honrar seus
compromissos, se viu obrigada a declarar moratória por 90 dias deflagrando uma
grave crise financeira que comprometeu o crescimento industrial e econômico.
(PINTO; VILELA; LIMA, [200-]).
Em 1998 é eleito o novo presidente Vladimir Putin e com a troca de
governante a Rússia consegue estabilizar sua economia principalmente pelas
grandes quantidades de petróleo e gás exportadas e pela queda no volume de
importações que foram prejudicadas pela criação de algumas barreiras aduaneiras.
A partir deste momento o país vem melhorando diversos indicadores
econômicos. Segundo Brazil Trade Net (2005) a dívida externa diminuiu 90%
representando aproximadamente 28% do PIB e as reservas internacionais saltaram
de US$ 24 bilhões em 2000 para US$ 120,8 bilhões em 2004.
A indústria russa tem se destacado no setor de construção como reflexo do
aumento de investimentos na infra-estrutura e expansão do mercado de habitação e
49
também continua tendo como seu principal destaque o setor energético que
historicamente corresponde a boa parte do PIB russo. Outros segmentos da
indústria que tiveram crescimento desde 1998 foram o de metalurgia, alimentícios,
químicos, petroquímicos, madeira e papel de acordo com Brazil Trade Net (2005).
Estes resultados possibilitaram que o PIB da Rússia tivesse expressivo
crescimento nos últimos anos atingindo uma média anual de 6,71% entre os anos de
2000 e 2007 conforme pode ser observado na tabela 3.
Tabela 3 - Crescimento do PIB da Rússia (médias anuais)
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 7,70% 5,10% 4,50% 7,30% 7,20% 6,40% 7,40% 8,10%
Fonte: Adaptado pelo acadêmico com base em Câmara Brasil-Rússia de Comércio, Indústria & Turismo [200-?]; Brazil Trade Net (2005)
Sobre este bom momento da economia russa, Brunno Braga (2008, p. 34)
complementa e observa que:
A economia russa viveu uma grande transformação nos últimos dez anos, que permitiu ao país reassumir uma posição de destaque no cenário mundial. Entretanto, deve encontrar alternativas para minimizar a sua dependência do petróleo. A economia russa tem crescido a um bom ritmo (8,1% em 2007 e PIB de US$ 1,45 trilhão) – embora a inflação tenha-se elevado do patamar de 9% para o de 12% - e deve-se tornar a sexta do mundo até o fim de 2008. Contudo, há mudanças que devem ser colocadas em prática.
De fato a economia da Rússia continua sendo muito dependente das
atividades relacionadas ao petróleo que compõem boa parte do PIB, fazendo com
que o desempenho da economia seja fortemente influenciado pela variação dos
seus preços no mercado internacional, o que denota a forte dependência
internacional.
4.4.3 Indústria russa
Com o baixo crescimento econômico entre os anos de 1971 e 1985 e pelo
fato de o governo soviético priorizar a indústria bélica, a Rússia estava com seu
parque fabril pouco desenvolvido em 1991, logo após a dissolução da URSS.
50
Esse fato como visto anteriormente, fez com que as importações tivessem
crescimento muito superior as exportações gerando uma grave crise financeira no
país em 1997 e 1998 afastando qualquer tipo de investimento no país prejudicando
o crescimento industrial.
Apenas a partir de 1998 com a troca de presidente, é que a Rússia começou
a apresentar um equilíbrio macroeconômico necessário que permitisse os
investimentos em sua economia.
Atualmente o país continua dependente dos setores industriais ligados a
matérias-primas como petróleo, gás natural, minérios e madeira que respondem por
mais de 80% das exportações russas. A Rússia possui uma indústria madeireira
muito avançada e bem desenvolvida uma vez que o país dispõe do maior estoque
mundial de madeira. O território russo também conta com maior reserva de gás
natural conhecida e a segunda maior reserva do mundo de petróleo respondendo
com 11% e 25% respectivamente da produção mundial conforme Brazil Trade Net
(2005).
51
5 AS EXPORTAÇÕES DO BRIC
Países como Brasil, Rússia, Índia e China vêm sustentando crescimentos
positivos em suas economias nos últimos anos e boa parte deste crescimento pode
ser credenciada pela evolução de suas exportações.
Além de participar do crescimento econômico, a exportação pode ser
considerada um importante segmento para qualquer economia por diversos fatores
como geração de empregos, aumento da rentabilidade das empresas, aumento da
renda per capita, ingresso de divisas estrangeiras entre outros.
Por isso se faz necessário o estudo deste segmento nos países do BRIC para
verificar o ritmo das exportações, os principais parceiros comerciais e suas principais
mercadorias exportadas com o intuito de mostrar a importância das exportações
especificamente para estas economias. Para tanto será abordado um período
recente, entre 2002 e 2007.
5.1 Exportações brasileiras
Como visto anteriormente, o Brasil passou recentemente por um processo de
abertura econômica e desde então vem obtendo sucessivos recordes no volume de
exportações.
Conforme Portal do Exportador (2008), em 2007 as exportações brasileiras
atingiram a cifra recorde de US$ 160,6 bilhões. Isto significa um crescimento de
16,6% com relação ao valor exportado durante o ano de 2006.
Como pode ser visto no gráfico 1, as exportações brasileiras tiveram
crescimento anual médio de 21,6% nos últimos cinco anos. De acordo com os
mesmos dados, pode-se verificar que os valores exportados em 2007 foram 165%
maiores que os valores exportados em 2002.
52
60.44073.202
96.677118.527
137.807
160.649
2002 2003 2004 2005 2006 2007
Gráfico 1 – Evolução das Exportações do Brasil – US$ Milhões Fonte: SECEX/MDIC (2008) apud Portal do Exportador (2008, p. 7).
Apesar deste crescimento expressivo, a participação do país no total das
exportações mundiais pouco avançou conforme o gráfico 2, o que permite dizer que
em grande parte o aumento das vendas brasileiras aos países estrangeiros apenas
acompanhou o ritmo da evolução do comércio mundial e sua liberalização.
0,932 0,9661,050
1,136 1,141 1,164
2002 2003 2004 2005 2006 2007
Gráfico 2 – Participação % das Exportações Brasileiras nas Exportações Mundiais Fonte: SECEX/MDIC (2008) e OMC (2008) apud Portal do Exportador (2008, p. 23).
O principal fato que pode ter impedido um crescimento ainda maior das
exportações brasileiras foi a desvalorização da moeda norte-americana em relação à
moeda brasileira. Segundo dados do Banco Central do Brasil (BACEN) um dólar
53
norte americano representava R$ 3,52 no dia 02/01/2003 contra R$ 1,77 no dia
31/12/2007 significando uma desvalorização do dólar de quase 50% em cinco anos.
Isso fez com que setores como o calçadista, moveleiro, têxtil entre outros que
normalmente são mais dependentes da variação da taxa cambial fossem os mais
prejudicados conforme afirma Sampaio (2006, p. 23): “No ano de 2005, o setor
calçadista não teve uma boa performance. Para esse desempenho, contribuíram a
valorização do real frente ao dólar – que torna o calçado brasileiro menos
competitivo internacionalmente [...]”.
Em contrapartida, o que de fato ajudou a incrementar as exportações
brasileiras foram as commodities que têm seu valor negociado nas bolsas de valores
e são menos prejudicadas pela valorização da moeda brasileira.
[...] a economia caminhou no sentido de exportar relativamente mais matérias-primas brutas, sem qualquer grau de elaboração. Vale lembrar que, nos manufaturados, estão incluídos produtos das cadeias agrícolas, combustíveis e minerais, como sucos de laranja congelados, derivados de petróleo, carnes bovinas, madeiras compensadas, álcool etílico e algumas classes de minério de ferro também consideradas commodities. (BENETTI, 2006, p. 83, itálico da autora).
Com o real valorizado, as pequenas e médias empresas responsáveis por
uma fatia da produção de manufaturas voltaram suas atenções para o mercado
interno por que já não conseguem mais sobreviver no concorrencial mercado
internacional. Mantida a trajetória de apreciação da moeda nacional, a expansão das
exportações brasileiras ficará cada vez mais condicionada ao aumento dos preços
das commodities. (SUZUKI JÚNIOR, 2006).
Isso permite questionar se o Brasil teve algum êxito na sua política de
promoção às exportações, pois o crescimento das exportações tem se concentrado
nas commodities que têm seus volumes atrelados à demanda global, ou seja, parte
das exportações brasileiras é fortemente dependente do avanço da economia
mundial. Felizmente, países como a China precisam cada vez mais das commodities
de que necessitam para manter seu desenvolvimento econômico.
Neste sentido, onde os produtos manufaturados têm perdido espaço na
pauta exportadora do Brasil, Gonçalves (2003) apud Benetti (2006) comenta que a
reprimarização da economia brasileira pode ser observada pela perda de
competitividade internacional dos produtos manufaturados com a diminuição de sua
participação no comércio exterior brasileiro.
54
Verificando-se os principais produtos exportados pelo Brasil no ano de 2007
conforme a tabela 4, é possível notar que apenas produtos primários como petróleo
e combustíveis, minérios, complexo soja e carnes tiveram crescimento superior a
20% em relação a 2006.
Tabela 4 – Principais Produtos Exportados pelo Brasil em 2007
Produto Valor US$
Milhões Var. %
2007/06 Part %
1 Material de transporte 23.865 16,6 14,9 2 Produtos metalúrgicos 16.100 9,6 10,0 3 Petróleo e combustíveis 16.042 23,4 10,0 4 Minérios 12.026 23,3 7,5 5 Complexo soja 11.386 22,3 7,1 6 Carnes 11.095 30,3 6,9 7 Químicos 10.914 19,5 6,8 8 Máquinas e equipamentos 8.724 12,5 5,4 9 Açúcar e Álcool 6.578 -15,4 4,1
10 Equipamentos elétricos 5.712 -2,3 3,6 11 Papel e celulose 4.726 17,9 2,9 12 Calçados e couro 4.389 9,7 2,7
Fonte: SECEX/MDIC (2008) apud Portal do Exportador (2008, p. 16).
Analisando os principais produtos exportados em 2007, pode-se identificar
também que as exportações brasileiras estão extremamente concentradas em
poucas mercadorias, característica esta que é possível de se observar já há muitos
anos. Conforme Benetti (2006, p. 84) “Em 2005, 5% dos produtos exportados pelo
Brasil (362 itens de uma lista de 7.243) detinham 85,15% do valor total exportado, e
os demais 95% participavam com apenas 14,85% desse agregado”.
Além disso, é possível constatar que as exportações brasileiras, além de se
concentrarem em poucos itens, também estão nas mãos de poucos exportadores,
haja visto que o volume das exportações entre 2004 e 2007 teve crescimento de
66% enquanto o número de empresas exportadoras segundo o Portal do Exportador
(2008) foi reduzido em quase 5% no mesmo período, ou seja, em 2007 menos
empresas exportaram muito mais do que se comparado ao ano de 2004.
Isto indica que o governo brasileiro deve adotar políticas que realmente
incentivem as pequenas e médias empresas a participarem das exportações
brasileiras para que a economia fique cada vez menos sujeita as oscilações da
economia mundial.
55
5.1.1 Principais países importadores do Brasil
Atualmente os principais países compradores dos produtos brasileiros são
Estados Unidos, Argentina e China que juntos representam cerca de 31,50% dos
destinos das exportações brasileiras conforme a tabela 5.
Os Estados Unidos já há muito tempo ocupam o primeiro posto, entretanto é
possível perceber que as vendas para este país não têm tido crescimento
considerável nos últimos anos em virtude principalmente do recente desaquecimento
da economia norte-americana.
O segundo maior país importador brasileiro também continua sendo a
Argentina, que é beneficiada pelo Mercosul não sendo sujeito ao pagamento de
imposto de importação, o que definitivamente fomentou o comércio entre os dois
países.
Completando a lista dos três maiores parceiros comerciais do Brasil na
exportação, encontra-se a China que importou 27,9% a mais no ano de 2007 em
relação ao ano de 2006, comprando principalmente matéria-prima e produtos
agrícolas para abastecer sua economia e seu mercado interno.
Tabela 5 – Principais Países Compradores do Brasil 2007
País Valor US$
Milhões Var. %
2007/06 Part %
1 Estados Unidos 25.314 2,2 15,8 2 Argentina 14.417 22,8 9,0 3 China 10.749 27,9 6,7 4 Países Baixos 8.841 53,8 5,5 5 Alemanha 7.211 26,7 4,5 6 Venezuela 4.724 32,5 2,9 7 Itália 4.464 16,4 2,8 8 Japão 4.321 11,0 2,7 9 Chile 4.264 9,0 2,7
10 México 4.260 -4,4 2,7 11 Bélgica 3.886 29,7 2,4 12 Rússia 3.741 8,7 2,3
Fonte: SECEX/MDIC (2008) apud Portal do Exportador (2008, p. 18).
Segundo o Portal do Exportador (2008), o Brasil vem adotando um processo
de diversificação dos destinos de suas vendas e em 2007 houve crescimentos
expressivos nas vendas a países da Ásia, África, Oriente Médio e Europa Oriental.
56
5.2 Exportações chinesas
A China é o país que tem tido maior crescimento do seu PIB nos últimos anos
entre os países do BRIC e como reflexo disto as suas exportações também vêm
crescendo a taxas impressionantes ano após ano. Consequentemente, a China
tornou-se em 2007 o segundo país que mais exportou em termos de valores
ultrapassando os Estados Unidos e ficando logo atrás da Alemanha conforme
informações da Organização Mundial do Comércio (OMC).
Segundo o Ministério do Comércio da China, as exportações chinesas
totalizaram em 2007 o valor de US$ 1.218,01 bilhões representando um crescimento
de 25,66% em relação ao valor exportado em 2006.
Ao analisar o gráfico 3, pode-se perceber que as vendas chinesas para outros
países tiveram crescimento anual médio de 30,2% nos últimos cincos anos. É
possível observar também que entre os anos de 2002 e 2007 as exportações da
China quase quadruplicaram com um aumento de 273,9%.
325.744438.364
593.358
762.337
969.284
1.218.010
2002 2003 2004 2005 2006 2007
Gráfico 3 – Evolução das Exportações da China – US$ Milhões Fonte: Adaptado pelo acadêmico com base em Ministério do Comércio da China (2008)
Acompanhando este crescimento, a China também tem aumentado sua
participação no total exportado por todos os países. Em 2002 as exportações
chinesas representavam 5,023% das exportações mundiais e cinco anos depois sua
57
participação saltou para 8,825% comprovando que o ritmo das vendas chinesas a
outros países vem crescendo bem acima da média mundial como pode ser
observador no gráfico 4.
5,0235,784
6,4447,306
8,0258,825
2002 2003 2004 2005 2006 2007
Gráfico 4 – Participação % das Exportações Chinesas nas Exportações Mundiais Fonte: Adaptado pelo acadêmico com base em OMC (2008)
Sobre o crescimento das exportações chinesas ante o comércio internacional,
Nonnenberg et al. (2008 p. 11) complementa que:
O crescimento da participação chinesa no comércio mundial é um fenômeno que já vem ocorrendo há mais de uma década, mas que se intensificou fortemente nos últimos anos. Um dos marcos recentes na evolução dos fluxos comerciais chineses com o resto do mundo foi o ingresso do país na Organização Mundial do Comércio (OMC), em 2001, quando o comércio chinês deu um salto expressivo.
De fato a entrada da China na OMC em 2001 permitiu ao país ampliar sua
participação no comércio mundial, sobretudo nas exportações, entretanto existem
outros fatores que também explicam a continuidade dessa expansão dos produtos
exportados pelos chineses.
As exportações constituem boa parte do crescimento do PIB chinês e
representam uma grande ferramenta para garantir empregos a grande população da
China, principalmente com o êxodo rural presenciado nos últimos anos e por isso o
governo chinês, desde a abertura econômica do país em 1978, tem adotado
estratégias voltadas especificamente para o setor exportador.
58
Entre as principais estratégias, segundo Oliveira (2004), destacam-se um
conjunto de medidas voltadas para a atração de investimentos estrangeiros
especificamente para os setores potencialmente exportadores, a isenção de tributos
aos produtos exportados e a autorização para que as empresas de capital externo
pudessem imediatamente remeter lucros e dividendos para fora do país desde que
essas se comprometessem a exportar parte de sua produção.
Outro fator que confere à China vantagem competitiva em relação aos demais
países e impulsiona seus investimentos voltados às exportações, está diretamente
relacionado com o baixo custo da mão-de-obra de sua população que
consequentemente torna o preço dos produtos lá fabricados muito mais competitivo
no mercado internacional.
O governo chinês também teve o cuidado de se preocupar com a infra-
estrutura do país estabelecendo regras para que o capital estrangeiro pudesse
investir em portos, aeroportos, rodovias e ferrovias.
Com a abertura para o capital estrangeiro, inúmeros terminais privativos foram criados em cerca de mil portos fluviais e marítimos, novos e renovados. Os empreendimentos do setor portuário, inclusive para importação de equipamentos e financiamentos, gozam das mesmas vantagens concedidas à exportação. As dragagens são por conta do governo e não há licitações para arrendamento de áreas. Ao contrário do Brasil, onde os empresários despendem altas somas (que acabam onerando as exportações) nas licitações para terminais, na China, o governo oferece incentivos para redução do custo dos serviços. [...] Com todas essas vantagens, o custo da movimentação de embarque de um contêiner caiu para cerca de US$ 60, a metade da medida internacional e a terça parte do preço brasileiro. (OLIVEIRA, 2004, p. 69 e 70)
Completando o leque de estratégias adotadas pela China, está a
desvalorização da moeda local a partir de 1994 perante outras moedas e
principalmente em relação ao dólar barateando ainda mais os produtos chineses e
mesmo com a recente inversão e valorização da moeda chinesa, as exportações do
país não parecem ter sido afetadas.
Com relação as mercadorias exportadas pela China, é possível observar que
os chineses estão cada vez mais se especializando na produção e exportação de
bens industrializados, melhorando a qualidade e durabilidade de seus produtos com
a utilização de alta tecnologia.
59
Isto pode ser evidenciado conforme a tabela 6 onde os produtos da categoria
máquinas e equipamentos de transporte lideram a pauta de exportações chinesas
com 47,4% de participação no total exportado.
Tabela 6 – Principais Produtos Exportados pela China em 2007
Produto Valor US$
Milhões Part %
1 Máquinas e equipamentos de transporte 577.100 47,4 2 Outros bens manufaturados 183.700 15,1 3 Vestuário 115.200 9,5 4 Outros produtos semimanufaturados 93.100 7,6 5 Produtos Químicos 60.300 5,0 6 Têxteis 55.900 4,6 7 Aço 51.500 4,2 8 Alimentos 33.100 2,7 9 Minerais 22.600 1,9
10 Metais não-ferrosos 19.200 1,6 11 Matérias-primas 5.700 0,5
Fonte: Adaptado pelo acadêmico com base em Ministério do Comércio da China (2008) apud MDIC (2008, p. 12).
Em contrapartida, pode-se verificar que os itens aço, alimentos, minerais,
metais não-ferrosos e matérias primas ocupam respectivamente as últimas posições
da tabela 6 representando apenas 10,9% dos produtos vendidos no mercado
internacional pelos chineses em termos de valores.
Segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior
(MDIC) do Brasil (2008, p. 12):
Em 2007, bens manufaturados predominaram na pauta de exportação [...] chinesa, totalizando US$ 1,1 trilhão [...]. Máquinas e equipamentos de transporte foram os produtos mais [...] vendidos pela China, contrariando a premissa de que o país asiático é essencialmente [...] exportador de bens para consumo final.
Acrescentando sobre o perfil das exportações chinesas, Nonnenberg et al.
(2008) diz que é possível verificar uma mudança expressiva da especialização
chinesa no comércio mundial, pois tradicionalmente a China sempre foi
caracterizada como exportadora competitiva exclusivamente em produtos intensivos
em mão-de-obra, porém nos últimos anos a sua pauta de exportação vem se
alterando substancialmente com uma especialização muito mais semelhante a dos
países desenvolvidos.
60
5.2.1 Principais países importadores da China
Enquanto no Brasil os três principais países compradores representam 31,5%
das exportações brasileiras, as exportações chinesas para os Estados Unidos, Hong
Kong e Japão, que são os três principais destinos do produto chinês
respectivamente, representam 42,6% do total exportado pela China conforme pode
ser visto na tabela 7.
Os Estados Unidos, que conforme os dados OMC são os maiores
importadores mundiais com quase o dobro de importações do que o segundo
colocado, também é o principal parceiro comercial comprando 19,1% das
exportações da China.
Em seguida tem-se Hong Kong e Japão participando com 15,1% e 8,4%
respectivamente do total comercializado pela China. Estes países, por serem seus
vizinhos, transferiram muitas de suas empresas para o território chinês buscando
reduzir o preço unitário de seus produtos e posteriormente os enviando para os seus
países de origem.
Tabela 7 – Principais Países Compradores da China em 2007
País Valor US$
Milhões Var. %
2007/06 Part %
1 Estados Unidos 232.703 14,4 19,1 2 Hong Kong 184.432 18,8 15,1 3 Japão 102.071 11,4 8,4 4 Coréia do Sul 56.141 26,1 4,6 5 Alemanha 48.718 20,8 4,0 6 Países Baixos 41.413 34,2 3,4 7 Reino Unido 31.658 31,0 2,6 8 Cingapura 29.638 27,8 2,4 9 Rússia 28.488 79,9 2,3
10 Índia 24.015 64,7 2,0 11 Taiwan 23.458 13,1 1,9 12 Itália 21.172 32,6 1,7
Fonte: Adaptado pelo acadêmico com base em Ministério do Comércio da China (2008).
Segundo a revista Fator (2008) a China tem buscado diversificar seus
parceiros comerciais com o objetivo de reduzir sua dependência de um grupo
pequeno de consumidores para os seus produtos.
61
Como exemplo disto, pode-se observar na tabela 7 que as exportações para
países em desenvolvimento como Rússia e Índia estão crescendo em um ritmo bem
mais elevado do que o crescimento verificado nos mercados tradicionais da China.
5.3 Exportações indianas
Assim como Brasil e China, as exportações indianas também vêm obtendo
crescimentos significativos nos últimos anos, principalmente após a liberalização
econômica vivenciada na década de 1990, entretanto o país ainda exporta muito
pouco se considerando que a Índia possui a segunda maior população do mundo e
figura apenas na 26ª posição dos maiores países exportadores segundo a OMC
ficando atrás de todos os demais países do BRIC.
Conforme dados do Ministério do Comércio e Indústria da Índia (2008), as
exportações indianas somaram em 2007 o valor de US$ 148,2 bilhões,
apresentando um crescimento de 20,5% frente ao valor das mercadorias exportadas
em 2006.
50.49661.119
75.385
97.918
122.897
148.153
2002 2003 2004 2005 2006 2007
Gráfico 5 – Evolução das Exportações da Índia – US$ Milhões
Fonte: Adaptado pelo acadêmico com base em Ministério do Comércio e Indústria da Índia (2008)
62
Como pode ser visto no gráfico 5, as vendas externas indianas tiveram
crescimento anual médio de 24% nos últimos cinco anos, e analisando o
crescimento das exportações em 2007 em relação ao ano de 2002 é possível
constatar que as exportações da Índia praticamente triplicaram com um aumento de
193,4% durante este período.
Comparativamente ao crescimento das exportações mundiais, verifica-se que
a participação da Índia no total exportado por todos os países avançou apenas 0,3
pontos percentuais ao longo dos últimos cinco anos, sendo que apenas em 2006
sua participação atingiu 1% de tudo exportado conforme pode ser observado no
gráfico 6.
0,779 0,807 0,819
0,9381,018
1,073
2002 2003 2004 2005 2006 2007
Gráfico 6 – Participação % das Exportações Indianas nas Exportações Mundiais Fonte: Adaptado pelo acadêmico com base em OMC (2008)
Desde as reformas econômicas promovidas na década de 1990, a Índia tem
buscado incrementar suas exportações apesar de ter tido nos últimos anos um
crescimento parecido com a evolução do comércio mundial.
O país, já há alguns anos antes, vinha desenvolvendo a consciência de que
as exportações poderiam se tornar um segmento importante na economia da Índia e
entre os anos de 1985 e 1990 havia adotado medidas importantes e específicas
para este setor, como por exemplo, permitindo que as empresas aumentassem o
valor das suas importações desde que utilizadas para a produção de mercadorias
voltadas a exportação, reduzindo as taxas de juros nos financiamentos às
63
exportações e concedendo alguns incentivos à exportação por período mínimo de
três anos.
Nos anos de 1990, a economia da Índia passou por um período de profundas
reformas econômicas e novamente o governo indiano procurou desenvolver as
exportações do país ao promover segundo Silber (2007, p. 34): “[...] desvalorização
cambial e abertura para investimento direto estrangeiro”, com o objetivo de deixar os
seus produtos mais competitivos no mercado internacional.
Outra medida importante e que permitiu o crescimento das exportações
indianas, foi o incentivo à criação de Zonas Especiais de Exportação e Zonas de
Processamento de Exportações que concediam benefícios fiscais as empresas
interessadas em exportar. (NASSIF, 2006).
Nos anos de 2000, o governo da Índia continuou tomando ações que
pudessem impulsionar as exportações aumentando a liberalização do seu comércio
exterior, simplificando os procedimentos de exportação, reduzindo custos de
transações para os exportadores e apoiando setores com maior vocação
exportadora e vantagem competitiva no mercado internacional conforme Brazil Trade
Net (2003).
Com relação aos produtos exportados pela Índia, Silber (2007) afirma que as
exportações da Índia são preponderantemente de produtos manufaturados,
entretanto pode se verificar na tabela 8 que o principal item da pauta de exportação
indiana em 2007 foi o grupo de petróleo e seus produtos representando cerca de
16,1% das vendas indianas ao exterior.
Tabela 8 – Principais Produtos Exportados pela Índia em 2007
Produto Valor US$
Milhões Part %
1 Petróleo e seus produtos 23.836 16,1 2 Pérolas, pedras preciosas, semipreciosas 18.930 12,8 3 Máquinas e aparelhos 8.268 5,6 4 Vestuário e seus acessórios de algodão 7.280 4,9 5 Produtos farmacêuticos, remédios 7.112 4,8 6 Equipamentos de transporte 6.283 4,2 7 Artigos de metal 6.249 4,2 8 Minério de ferro 4.619 3,1 9 Algodão 4.451 3,0
Fonte: Adaptado pelo acadêmico com base em Ministério do Comércio e Indústria da Índia (2008)
64
Analisando a tabela 8, percebe-se que os três principais itens exportados pela
Índia constituem pouco mais de um terço de tudo vendido pelo país no mercado
internacional, e com isso pode-se afirmar que as exportações indianas são bem
diversificadas uma vez que grande parte das exportações do país está distribuída
entre setores como máquinas, vestuário, produtos farmacêuticos, equipamentos de
transporte, artigos de metal, minério de ferro, algodão e outros.
5.3.1 Principais países importadores da Índia
Assim como acontece com o Brasil e a China, os Estados Unidos tem sido os
maiores compradores dos produtos indianos nos últimos anos, sendo que em 2007
as exportações da Índia para este destino significaram 13,6% do total enviado pelo
país ao exterior segundo o Ministério do Comércio e Indústria da Índia (2008).
Outros importantes parceiros comerciais da Índia em suas exportações são os
Emirados Árabes Unidos e a China que ocuparam em 2007 a segunda e terceira
posições respectivamente como maiores compradores da Índia. Estes dois países
juntos com os Estados Unidos foram o destino de 29,7% dos produtos fabricados e
exportados pelos indianos.
Tabela 9 – Principais Países Compradores da Índia em 2007
País Valor US$
Milhões Var. %
2007/06 Part %
1 Estados Unidos 20.134 7,5 13,6 2 Emirados Árabes Unidos 14.449 25,2 9,8 3 China 9.489 20,8 6,4 4 Cingapura 6.425 4,7 4,3 5 Reino Unido 6.336 17,4 4,3 6 Hong Kong 5.862 30,5 4,0 7 Alemanha 4.785 23,9 3,2 8 Holanda 4.371 76,6 3,0 9 Bélgica 4.036 20,9 2,7
10 Itália 3.770 11,1 2,5 11 Japão 3.292 17,0 2,2 12 Arábia Saudita 3.242 38,9 2,2
Fonte: Adaptado pelo acadêmico com base em Ministério do Comércio e Indústria da Índia (2008)
65
Conforme a tabela 9 é possível perceber que o incremento das exportações
destinadas aos Estados Unidos entre os anos de 2006 e 2007 foi de apenas 7,5%,
bem abaixo do aumento de todas as exportações da Índia no mesmo período,
fenômeno que também é observado no caso do Brasil e que pode ser explicado pelo
recente desaquecimento da economia norte-americana e conseqüente redução da
demanda por produtos.
Ao mesmo tempo, constata-se que países localizados geograficamente mais
próximos da Índia como Hong Kong, China, Emirados Árabes Unidos e Arábia
Saudita têm elevado suas importações a taxas superiores a 20%, o que mostra que
uma das principais estratégias do governo indiano está em estreitar as relações com
países vizinhos.
Com o objetivo de fomentar outros mercados, a Índia estabeleceu nos últimos
anos, acordos comerciais com diversos países asiáticos como Bangladesh, Bhutão,
Brunei, Cambodia, Darussalam, Filipinas, Indonésia, Malásia, Maldivas, Mianmar,
Nepal, Paquistão, República Democrática do Laos, Cingapura, Sri Lanka, Tailândia e
Vietnam que visam à redução de tarifas aduaneiras e em alguns casos até a adoção
de livre comércio além de ter em andamento negociações com alguns países
africanos. (SILBER, 2007).
5.4 Exportações russas
Seguindo o exemplo dos demais países do BRIC, a Rússia também tem
aumentado as suas exportações em um ritmo acelerado nos últimos anos, após ter
experimentado um período recessivo durante os anos de 1990 com a transição de
uma economia estatal e planificada para uma economia de mercado com a queda
da URSS.
Conforme o Serviço de Estatísticas do Estado Federal da Rússia, as
exportações russas em 2007 somaram US$ 355,2 bilhões, representando um
crescimento de 16,9% frente ao valor de US$ 303,9 bilhões exportados durante o
ano de 2006.
66
Analisando a evolução das exportações entre os anos de 2002 e 2007 como
pode ser visto no gráfico 7, percebe-se que as vendas russas mais que triplicaram
neste período com um incremento de 231%, sendo que o crescimento médio anual
foi de 27%.
107.300135.900
183.200
243.800
303.900
355.200
2002 2003 2004 2005 2006 2007
Gráfico 7 – Evolução das Exportações da Rússia – US$ Milhões
Fonte: Adaptado pelo acadêmico com base em Serviço de Estatísticas do Estado Federal da Rússia (2008)
Segundo os dados da OMC (2008), a Rússia figurou em 2007 na 12° posição
dos maiores países exportadores ficando à frente de Brasil e Índia, e perdendo
apenas para a China dentro do BRIC neste ranking.
1,6551,793
1,990
2,3372,516 2,574
2002 2003 2004 2005 2006 2007
Gráfico 8 – Participação % das Exportações Russas nas Exportações Mundiais Fonte: Adaptado pelo acadêmico com base em Serviço de Estatísticas do Estado Federal da Rússia
(2008)
67
Com relação a participação da Rússia no total exportado por todos os países,
verifica-se que o país vem aumentando sua participação no comércio internacional
ano após ano, uma vez que em 2002 colaborava com 1,655% de todas as
exportações e em 2007 esse número havia saltado para 2,574% como pode ser
observado no gráfico 8.
Após a dissolução da URSS, a Rússia estava claramente em desvantagem no
mercado internacional com um parque fabril atrasado, e desde então o governo
russo vem adotando algumas medidas para tornar os produtos russos mais
competitivos reduzindo a carga tributária e diminuindo a burocracia para as
empresas.
O período socialista, apesar de ter deixado o país atrasado no setor industrial,
sempre priorizou o setor do ensino e com isso, a Rússia dispõe atualmente de mão-
de-obra altamente qualificada.
Uma das vantagens comparativas da Rússia é, sem dúvida, o elevado nível de educação de sua população. Essa vantagem ganha especial relevo em comparação com seu nível econômico e torna-se muito mais significativo não só porque a população russa possui mesmo um elevado nível de educação como também porque se manifesta disposta a investir no setor de ensino grandes recursos pessoais. Em outras palavras, as questões de desenvolvimento do sistema de ensino deverão estar sempre no centro das atenções do Estado, tanto em termos de verbas orçamentárias quanto em termos de criação de instituições modernas e de atração de investimentos, e poderão vir a implicar, proximamente, a consolidação dos esforços a nível nacional. (MAU, 2005, p. 259).
Como a Rússia está ainda em fase de reestruturação e modernização de
suas indústrias, as suas exportações são extremamente concentradas em produtos
primários, principalmente nas exportações de petróleo e gás natural que
representam mais de 60% das vendas externas russas conforme pode ser
observado na tabela 10.
O país tem sido muito beneficiado nos últimos anos pelo aumento do preço
dos produtos primários, em especial do petróleo, pois conforme informações da
Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), no dia 02/01/2003 o
barril de petróleo custava cerca de US$ 30,05, tendo o seu valor triplicado até 2007,
onde no dia 31/12/2007 já custava cerca de US$ 90,70.
Com base nestas informações, é possível afirmar que o crescimento das
exportações russas está ligado muito mais ao aumento do preço dos seus produtos
68
no mercado internacional do que efetivamente em qualquer tipo de êxito na
promoção comercial e na política externa.
As exportações de petróleo também tem sido importante para a economia da
Rússia, pois segundo Ferrari Filho; Paula (2006, p. 19): “[...] o crescimento do País
tem sido puxado, em parte, pelo crescimento do preço do petróleo, que é o principal
item na pauta de exportações da Rússia”.
Tabela 10 – Principais Produtos Exportados pela Rússia em 2007
Produto Valor US$
Milhões Part %
1 Produtos minerais 228.000 64,2 2 Metais, pedras preciosas e artigos 56.900 16,0 3 Produtos químicos, borracha 20.800 5,9 4 Equipamentos de transportes e máquinas 19.700 5,5 5 Madeira e produtos de papel 12.300 3,5 6 Produtos alimentícios e matéria-prima agrícola 9.100 2,6 7 Vestuário e calçados 900 0,3 8 Couro e seus artigos 300 0,1
Nota: Em preços atuais Fonte: Adaptado pelo acadêmico com base em Serviço de Estatísticas do .Estado Federal da Rússia (2008)
Como os produtos minerais respondem por boa fatia das exportações russas,
o desempenho deste segmento da economia é fortemente dependente do mercado
internacional e da variação dos preços das commodities. Felizmente para a Rússia,
a escalada dos preços tem sido favorável ao país garantindo recordes em suas
exportações, entretanto o governo russo deve adotar medidas mais robustas para
incentivar também as exportações de produtos manufaturados e assim diminuir a
vulnerabilidade externa do país.
5.4.1 Principais países importadores da Rússia
Diferentemente da grande concentração das exportações russas em poucas
mercadorias, pode-se observar que a Rússia tem suas vendas externas
diversificadas entre vários países.
69
Em 2007, os três principais países importadores dos produtos russos foram a
Holanda, Itália e Alemanha, que juntos representaram neste mesmo ano o destino
de 27,2% do total exportado pela Rússia, menor índice entre todos os países do
BRIC.
Através da tabela 11, nota-se que pequenos países como a Bielorrúsia,
Ucrânia e Cazaquistão, que são membros da Comunidade do Estados
Independentes (CEI) e portanto possuem um laço histórico maior com os russos,
estão entre os dez maiores compradores do país e também apresentaram o maior
crescimento do volume importado perante o ano de 2006, destacando-se a
Bielorrúsia e o Cazaquistão que importaram 31,2% e 33,4% mais em 2007 da
Rússia respectivamente.
Tabela 11 – Principais Países Compradores da Rússia em 2007
País Valor US$
Milhões Var. %
2007/06 Part %
1 Holanda 42.786 19,2 12,0 2 Itália 27.518 9,7 7,7 3 Alemanha 26.290 7,3 7,4 4 Turquia 18.332 28,3 5,2 5 Bielorrússia 17.187 31,2 4,8 6 Ucrânia 16.323 8,9 4,6 7 China 15.893 0,9 4,5 8 Suíça 14.201 16,7 4,0 9 Polônia 13.298 15,8 3,7
10 Cazaquistão 11.963 33,4 3,4 11 Reino Unido 11.024 6,0 3,1 12 Finlândia 10.722 16,6 3,0
Nota: Em preços atuais Fonte: Adaptado pelo acadêmico com base em Serviço de Estatísticas do Estado Federal da Rússia (2008)
Os Estados Unidos que em 2007 foram os maiores importadores do Brasil, da
China e da Índia, não figuram nem mesmo entre os doze principais importadores da
Rússia, e isto ocorre talvez pela histórica rivalidade entre estes países que impede
um fluxo maior de exportações russas aos norte-americanos.
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6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este trabalho teve como objetivo geral apresentar a participação e o
crescimento de países como o Brasil, Rússia, Índia e China, que também são
conhecidos pelo termo BRIC, no comércio internacional analisando-se as suas
exportações.
Para isso, o trabalho teve como objetivos específicos, entender como se deu
a evolução do comércio internacional, de que forma e quais as estratégias que foram
utilizadas para a industrialização e desenvolvimento econômico dos países do BRIC,
e como é o perfil de exportação destes países no que tange aos produtos e
parceiros comerciais.
Com relação ao primeiro objetivo específico, foi possível compreender que o
comércio internacional surgiu como uma necessidade para a evolução do ser
humano, e que com o passar dos séculos, através de novas descobertas, invenções
tecnológicas e organização do trabalho, o comércio internacional tornou-se
indispensável para qualquer país e sociedade tanto na qualidade de vida para a
população quanto na questão econômica, pois as exportações bem como as
importações propiciam uma integração entre os povos, troca de informações,
oportunidade de trabalho, crescimento econômico, etc.
Como resultado do segundo objetivo específico, verificou-se que os países do
BRIC tiveram grandes semelhanças durante seu processo de industrialização ao
longo do século XX. Numa primeira fase, a estratégia utilizada foi de forte presença
do Estado que era o principal responsável pelos investimentos na economia destes
países, impedindo muitas vezes investimentos externos. Em um segundo momento,
estes países adotaram a estratégia de liberalização de sua economia para os
investimentos estrangeiros e também para intensificar o comércio com outros países
e assim obter um crescimento e desenvolvimento econômico mais robusto.
Quanto ao último objetivo específico, constatou-se que todos os países
tiveram crescimento em suas exportações nos últimos cinco anos, mais
precisamente no período entre 2002 e 2007, porém cada um com a sua
particularidade.
O Brasil conta muito com as exportações de produtos primários e o
crescimento de suas exportações apenas acompanhou o ritmo da evolução do
71
comércio internacional. A Rússia é o país que mais depende dos produtos primários
em suas exportações e que tem incrementado sua participação no comércio mundial
em virtude principalmente das altas históricas dos preços das commodities que
exporta. A Índia por sua vez vende tanto produtos primários quanto produtos
manufaturados e não vem conseguindo aumentar sua participação no mercado
internacional de forma significativa apesar de possuir mão-de-obra farta, e ao
contrário dos demais. A China exporta basicamente produtos manufaturados e tem
aumentado sua participação no comércio internacional de forma expressiva ano
após ano.
Com isso, pode-se concluir que estes países realmente têm capacidade de
tornarem suas economias cada vez mais importantes perante o comércio
internacional, pois possuem os dois componentes básicos para isso, as matérias-
primas e a mão-de-obra em abundância. A China se encontra em um patamar
superior aos demais países que ainda estão muito aquém do que se esperam e do
que se pode ser alcançado por eles.
Ao término deste trabalho, o acadêmico pode compreender melhor a
importância das exportações para o crescimento dos países e para o
desenvolvimento da sociedade.
Para a Universidade o trabalho se configura como uma importante e valiosa
fonte de consulta aos professores, acadêmicos e demais interessados, que
procuram informação sobre o comércio internacional e importantes países como o
Brasil, a Rússia, a Índia e a China.
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