PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENTOMOLOGIA URBANA
Manejo integrado,ações educativas e elaboração de manual de procedimento para prevenção e controle de abelhas e vespas no município de São Paulo
Katya Valéria Aparecida Barão Dini
Dissertação apresentada ao Instituto de Biociências do Câmpus de Rio Claro, Universidade Estadual Paulista, como parte dos requisitos para obtenção do título de Especialista em Entomologia Urbana. ................................ .
Julho 2008
1
Agradecimentos:
Aos colegas do Centro de Controle de Zoonoses do
município de São Paulo, em especial, ao biólogo Carlos Alberto Madeira Marques
Filho pelo incentivo, apoio e companheirismo.
Aos meus filhos Carolina e Paulo e ao meu marido
Paulo pela compreensão, apoio e carinho.
Ao meu cachorro “Simba” pela companhia incondicional.
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Introdução
Algumas abelhas e as vespas (Ordem Himenóptera) são insetos aculeados
(que possuem ferrão) capazes de inocular veneno com sua ferroada provocando
agravos à saúde.
A partir de um ancestral comum, os Himenópteros Aculeados se
diversificaram em duas linhas básicas: as abelhas (Apoidea) e as vespas
(Vespoidea). Nas duas superfamílias ocorrem desde insetos solitários (não
sociais) até os mais derivados como os insetos eussociais. Os insetos eussociais
são assim conhecidos por apresentarem viverem em colônias organizadas
socialmente, com castas e divisão de trabalho.
O aparecimento do ferrão nos Himenópteros foi um fato evolutivo
importante tanto na defesa dos indivíduos como na alimentação, particularmente
na predação de outros insetos. Além dos benefícios que alguns grupos trazem
para o homem fornecendo alimento, como as abelhas de mel, o grande benefício
está na agricultura, onde eles atuam tanto na polinização dos vegetais como no
controle dos insetos fitófagos. No ato comportamental de defesa de suas colônias
os Himenópteros Aculeados, podem ser extremamente agressivos ao homem e a
seus animais domésticos. Com o uso do ferrão eles inoculam venenos, que
podem causar desde uma dor local até reações alérgicas profundas.
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Abelhas
As abelhas originaram-se a partir de grupos de vespas parasitas e pertence
á super-família Apoidea.
Atualmente,são conhecidas cerca de 15 espécies de abelhas em todo
mundo, onde 15% são parasitóides, com larvas alimentando-se de hospedeiros e
não transportam pólen. Do restante, 80% são solitárias e sem sobreposição de
gerações. Apenas 5% das abelhas são sociais.
Michener (2000) propõe uma a divisão da super família Apoidea em 7 sub-
familias. Destas a de interesse nesse estudo é a família Apidae. Ainda assim, só
uma pequena parte desse grupo que apresenta aparelho de ferrão e tem
capacidade de ferroar.
Das espécies de abelhas sociais podemos destacar dois grupos
importantes. Os meliponídeos, que apresentam centenas de espécies com ampla
distribuição na região tropical e são conhecidas como abelhas em sem ferrão,
O outro grupo pertence ao gênero Apis, também conhecidas como abelhas
de mel e, é constituída de quatro espécies, com distribuição cosmopolita. Essas
abelhas são as que mais apresentam problemas referentes a acidentes com
ferroadas na zona urbana, por buscarem seu alimento ou construírem seus ninhos
em locais com grande adensamento de pessoas.
Três espécies do gênero, Apis florea, Apis dorsata e Apis cerana ocorrem
no sudoeste do Ásia, enquanto que a espécie Apis melífera ocorre na região sub
ártica, zona temperada e região tropical.
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No Brasil, as abelhas do gênero Apis são conhecidas como abelhas
africanizadas e, é resultante do cruzamento da abelha alemã (A.mellifera
mellifera), italiana (A .mellifera ligustica), introduzidas depois de 1840 e da abelha
africana (A.mellifera scutellata), introduzida em 1956, em Rio Claro, SP.
Atualmente as abelhas africanizadas ocupam toda região tropical da
América.
Em uma colônia encontram-se indivíduos morfologicamente,
fisiologicamente e etiologicamente distintos (FREE, 1980), podendo distinguir-se
três tipos de indivíduos:
❖ Rainhas: responsáveis pela postura dos ovos. Vivem em média um ano
❖ Zangões: responsáveis pela fecundação da rainha. Vivem em média 30
dias.
❖ Operárias: fêmeas estéreis, com ferrão e responsáveis pela alimentação
das larvas, limpeza, construção dos favos, defesa, coleta de pólen e néctar.
Vivem em média 30 a 45 dias.
As abelhas africanizadas são mais adaptadas ao clima tropical, apresentam
maior produtividade de mel, são mais defensivas, enxameiam várias vezes ao ano
e constroem seus ninhos em espaços fechados e escuros. Este comportamento
5
proporciona maior contato com a população podendo aumentar os
acidentes(MELO, 2000).
Uma colméia de Apis africanizada contém em média 50 à 60 mil indivíduos,
sendo a maioria composta por operárias, centenas de zangões e uma rainha.
A rainha é a única fêmea fértil e, depois de fecundada por vários zangões
armazena os espermatozóides por toda a vida, podendo ovipor até 2.000 ovos por
dia.
Dos ovos fecundados nascem larvas que irão diferenciar-se em rainhas ou
operárias dependendo da alimentação que recebem até o 3º dia de vida. Os
zangões nascem de óvulos não fecundados.
Em determinada época do ano, as colônias tornam-se muito populosas,
provocam uma subdivisão, soltando enxames chamados viajantes. Para isso, uma
nova rainha é produzida pela colméia e, a rainha antiga acompanhada de milhares
de operárias e alguns zangões deixam o local e procuram um novo lugar para
fundar uma nova colônia.O mesmo processo ocorre quando o local onde está
instalada a colméia torna-se impróprio para a permanência da mesma,como a
diminuição na oferta de alimento ou o local tornar-se muito agitado e barulhento,o
que é comum acontecer nos grandes centros urbanos.
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Esses enxames, geralmente não são agressivos, pois as operárias estão
empenhadas na proteção da rainha e na procura de um novo local para construir a
nova colônia. No entanto, podem se tornar agressivos se, forem molestados ou
ameaçados.
Vespas
A denominação de vespa no Brasil é aplicada a um grupo específico de
insetos do grupo himenóptera, excluindo as abelhas e as formigas, também ,são
denominadas popularmente como marimbondos. Esse grupo de insetos
diversificou-se durante a era mesozóica e, pôr volta do Eoceno (60 milhões de
anos), surgiram os primeiros ancestrais das vespas sociais.
Existe grande número de espécies de vespas. Nosso interesse neste
trabalho é pela família Vespidae, que é composta de cerca de cinco mil espécies e
apresenta grande número de casos de eusociabilidade. No Brasil são conhecidas
cerca de 700 espécies de vespas sociais.
A maioria das espécies de vespas apresenta hábitos solitários. No entanto
algumas espécies vivem em sociedades organizadas com rainha, machos e
operárias (Carreira, 1991). O tamanho destas colônias é variável, dependendo da
espécie. Há espécies que apresentam ninhos com mais de um milhão de
indivíduos.
7
Os vespídeos, termo utilizado para os membros da superfamília Vespoidea
e família Vespidae (CARPENTER e MARQUES, 2001), na maioria dos casos,
apresentam um comportamento de defesa bem eficiente e, sendo sociais, atuam
em grupos, podendo causar sérios acidentes (CARRERA, 1991).
Uma classificação simplificada baseada nos padrões de comportamento de
construção de ninhos pode ser utilizada em vespas sociais. Esse padrão é
caracterizado por colônias que apresentam um único favo exposto, fixado em uma
superfície por um pedúnculo com substâncias repelentes a insetos predadores,
principalmente formigas e está presente nas espécies de Polistes e
Mischocyttarus.
O segundo padrão é característico de colônias que apresentam um ou mais
favos, envolvidos por uma cobertura denominada envelope. Cada favo pode estar
fixado a superfície do envelope por meio de pedúnculos internos ou ligados a
diretamente a superfície do envelope. Nesse grupo incluem-se as vespas do
gênero Polybia.
As vespas do gênero Polybia formam grandes ninhos (1.000 a 5.000
indivíduos), com vários favos, fechados com envelope externo e um único orifício
de acesso.
Essas vespas são muito defensivas nas proximidades dos ninhos, mas não
perseguem seus alvos longe deles e são capazes de praticar múltiplas ferroadas
em suas vítimas.(MALASPINA, 2000).
8
Elas ferroam suas vítimas uma única vez e devido sua convivência próxima
ao homem, elas tem sido responsáveis por grande número de acidentes sob o
ponto de vista médico(MALASPINA, 2000).
Apesar de a população em geral confundir vespas com abelhas, as são
diferentes. Com ampla distribuição geográfica, as vespas são diferentes das
abelhas entre alguns aspectos como hábitos alimentares e pilosidade do corpo
(MEDEIROS, 2003). Sua alimentação baseia-se em proteínas obtidas a partir da
predação de outros artrópodes e carboidratos obtidos do néctar das flores
(MALASPINA e col.,1999).
O processo de desmatamento ao redor das cidades, provavelmente tem
uma parcela muito grande de responsabilidade sobre a urbanização e o
crescimento da presença de abelhas e vespa, nidificando nas áreas urbanas. Esse
processo tem aumentado consideravelmente o risco de acidentes da população e
prejuízos a saúde pública devido suas ferroadas.
O número de acidentes provocados por esses insetos tem aumentado
consideravelmente no Brasil, embora não existam dados oficiais, estima-se que
cerca de 500 acidentes/ano sejam provocados por abelhas e vespas
(MALASPINA, 2000). Deve ser levado em conta que a ferroada desses insetos
pode causar apenas acidentes leves com sintomas de dor e inchaço e que não
sendo comunicados aos órgãos oficiais, não são considerados nas estatísticas e
esse número deve estar subestimado.
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Um estudo realizado por pesquisadores da UNESP de Rio Claro e da
Faculdade de Medicina da USP identificou e classificou a ocorrência de acidentes
de ferroadas de Himenópteros sociais no Estado de São Paulo, de acordo com o
tipo de inseto. Os resultados mostraram que as abelhas são responsáveis por
32%, as vespas 37% e as formigas 31% dos acidentes (Escher , 2001).
Em trabalho realizado por biólogos do Centro de Controle de Zoonoses de
São Paulo e da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo foi
feito um estudo dos atendimentos realizados pelo Serviço de Controle de
Himenópteros do CCZ de São Paulo,a fim de identificar os principais locais de
nidificação de abelhas e vespa e sua sazonalidade.Os resultados mostraram que
as colméias ocorrem principalmente em forros de telhados e os vespeiros em
beirais de casas e edifícios e o período de primavera/verão(setembro à março) é
onde ocorrer a maior demanda de solicitações de controle desses
insetos(Melo,MHSH,;Silva,EA.;Natal,D.,2003)
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Serviço de Controle de Himenópteros do Centro de Controle de Zoonoses
do Município de São Paulo.
A Gerência do Centro de Controle de Zoonoses do município de São Paulo
(GCCZ) possui um Serviço de Controle de Himenópteros (abelhas e vespas)
desde 1994, retirando e eliminando colméias, enxames de abelhas e vespas de
logradouros públicos e propriedades privadas minimizando o risco de acidentes.
A Lei Federal de Crimes Ambientais nº 9.605 de 1998 e a Instrução
Normativa do IBAMA nº141 de 19 de dezembro de 2006, que regulamenta o
controle e o manejo ambiental da fauna sinantrópica nociva não permitem a
eliminação desses insetos sem a prévia autorização do IBAMA. No entanto,
tratando-se de Saúde Pública as leis prevêem a eliminação quando existe risco de
agravos à saúde da população.
No município de São Paulo não há associação organizada ou especializada
na remoção desses insetos. As empresas controladoras de pragas não realizam
esse tipo de serviço e o Corpo de Bombeiros da Policia Militar só interage quando
ocorrem vítimas humanas.
Dessa forma, como mostra a figura abaixo desde 1994, o GCCZ recebe
uma demanda crescente de solicitações para remoção de enxames de abelhas e
vespas, chegando a média anual de 4.000 solicitações /ano.
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Fig. 1. Número de solicitações feitas ao GCCZ no município de São Paulo de 1994
a 2007.
E a remoção/eliminação de abelhas e vespas é a terceira maior demanda
de solicitação feita através da Central de atendimento “156” para o CCZ, como nos
mostra o gráfico abaixo. Ela só é menor do que ratos e cães.
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
8000
9000
1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007
Ano Nº de Solicitações Recebidas
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Fig. 2. Número de solicitações por assunto/animal feitas à Central de Atendimento
156 no município de São Paulo no ano de 2006.
No ano de 2000, o GCCZ optou, apenas, pelo controle químico dos insetos a fim
de conseguir atender a alta demanda. Essa alteração de estratégia certamente
provocou prejuízo ao meio ambiente, devido a eliminação dos insetos e a
exposição da população aos inseticidas utilizados nas operações.
A partir de 2003, passou a ser utilizado o Programa de Manejo Integrado,
onde os solicitantes dos serviços eram orientados verbalmente e/ou por escrito
sobre as formas de evitar novas nidificações em suas propriedades e também
sobre uso correto e restrito do inseticida visando diminuir o impacto ambiental.
O sistema de Manejo Integrado de Pragas é mais abrangente e prevê a
eliminação das infestações já existentes e adoções de medidas preventivas para
evitar a nidificação e instalação de novas colônias. Abrange também manejo
correto das condições ambientais, buscando eliminar os fatores que facilitam o
aumento desses insetos nestas áreas (NETO CARVALHO,1998).
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Objetivos
Avaliar o sistema de manejo integrado implantado pelo GCCZ como ação
preventiva no controle de abelhas e vespas no município de São Paulo e redigir
um manual de procedimentos para orientação da população sobre esses insetos e
de medidas preventivas.
Materiais e Métodos
Os materiais utilizados para a elaboração e desenvolvimento deste trabalho
foram:
1. Ficha de Atendimento de Campo das solicitações para remoção de abelhas e
vespas (anexo 1).
2. Folhetos de Orientações “Aviso de Responsabilidade” e “Aviso de Atendimento”
(anexo 2 e 3). Este folheto contém instruções sobre como prevenir ou impedir
novas instalações de enxames.
Foi feito um levantamento das fichas de campo de atendimentos às
solicitações de controle de abelhas e vespas realizadas pelo Centro de Controle
de Zoonoses do município de São Paulo no período de 2004 à 2005 .
Em seguida, foram separadas as solicitações que o solicitante havia recebido
orientações verbais e/ou escrito..
14
Assim, foram separadas um total de 793 solicitações. Em seguida feito um
sorteio aleatório para obtenção de 80 solicitações da amostra, correspondente a
aproximadamente 10%, dos atendimentos. O município foi dividido em 5 grandes
áreas (norte, leste, centro, oeste e sul) e na distribuição das amostras foi
estabelecido um critério de igualdade entre as áreas.
Após definição da amostra, foram realizadas ligações telefônicas aos solicitantes
para saber se orientações e medidas preventivas foram utilizadas e para avaliação
e verificação da re-infestação de enxames de abelhas e vespas no local.
Essa verificação foi feita com a aplicação do questionário abaixo:
Questionário: Nº_______
Data: ___________________________ SACnº______________________
C A nº _____________________
Não Atende Recusou-se a responder Respondido
Sr. Ou Sra __________ solicitou atendimento à PMSP/Zoonoses para controle
de abelhas e vespas?
Sim Não
Após abordagem do munícipe e solicitação para responder algumas perguntas:
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1- Foram dadas ao Sr ou a Sra orientações verbais e por escrito (falar sobre o
Aviso de Responsabilidade ou de Atendimento) como evitar novas
instalações de colméias e vespeiros em sua propriedade ?
Sim Não
2- Houve reinstalação de colméia ou vespeiro ?
Sim Não
3- O Sr. ou a Sra. realizou as ações preventivas que lhe foram orientadas
através do agente de apoio e dos aviso impressos.
Sim Não
4-Quais?
RESULTADOS
O levantamento dos atendimentos realizados nos anos de 2004 e 2005 pelo
Serviço de Controle de Himenópteros da GCCZ/Covisa/SMS/PMSP mostrou que
foram feitos 8.939 atendimentos, dos quais 793 atendimentos (8,9%) receberam
orientações verbais e por escrito através do aviso de responsabilidade e de
atendimento assinados pelos solicitantes.
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A baixa porcentagem de recebimento do Aviso de Responsabilidade e de
Atendimento deve-se a situação encontrada pela equipe de atendimento ao
chegar ao local.
Normalmente nesse momento as pessoas estão tumultuadas e ansiosas
pela situação de perigo iminente ou presença de vítimas e acabam dificultando a
orientação.
Tabela 1. Número de atendimentos com orientação/ prevenção para controle de
abelhas e vespas na cidade de São Paulo em 2004 e 2005, por área .
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Total
Abelha Vespa Abelha Vespa Abelha Vespa Abelha Vespa Abelha Vespa
Jan\04 2 0 4 0 2 0 0 0 8 1 17
Fev\04 0 1 4 3 0 0 1 0 7 1 17
Mar\04 7 9 9 10 0 0 1 0 9 9 54
Abr\04 9 0 9 1 0 0 5 4 18 5 51
Mai\04 1 0 4 0 0 0 3 0 5 1 14
Jun\04 6 1 4 3 1 0 2 0 3 1 21
Jul\04 3 0 2 0 0 0 3 2 0 1 11
Ago\04 3 1 2 1 0 0 4 0 4 1 16
Set\04 8 4 11 4 3 0 6 2 12 1 51
Out|04 7 2 6 1 0 0 3 0 4 o 23
Nov\04 1 0 16 1 2 0 8 o 4 0 32
Dez\04 4 1 9 0 0 0 10 0 8 2 34
Sub Total 51 19 80 24 8 0 46 8 82 23 341
Jan\05 8 6 3 2 2 1 3 2 11 7 45
Fev\05 11 6 8 10 0 0 3 1 8 7 54
Mar\05 12 7 18 6 5 0 4 1 8 1 62
Abr\05 10 1 20 1 1 0 4 0 23 3 63
Mai\05 10 3 9 1 1 0 3 1 10 3 41
Jun\05 4 0 13 0 0 0 4 0 7 0 28
Jul\05 5 1 8 2 0 0 0 1 9 3 29
Ago\05 6 5 6 3 1 0 3 2 21 10 57
Set\05 8 4 1 2 0 0 3 0 4 6 28
Out\05 2 0 6 0 2 0 4 1 5 2 22
Nov\05 5 0 2 0 0 0 4 0 3 0 14
Dez\05 0 0 3 0 1 0 1 2 2 0 9
Sub Total 81 33 97 27 13 1 36 11 111 42 452
Total 132 52 177 51 21 1 82 19 193 65 793
Norte Leste Centro Oeste Sul
Os resultados obtidos na amostragem após contato telefônicos encontram-se na
tabela 2 .
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Tabela 2. Resultados obtidos a partir da aplicação do questionário correspondente
a 80 solicitações com orientações das ações preventivas em 2004/2005.
Os resultados podem ser assim resumidos:
24 atendimentos (30%) seguiram as orientações preventivas e tiveram 02 locais
com reinstalação dos enxames.
22 atendimentos (27,5%) não seguiram as orientações preventivas e tiveram 05
locais com reinstalação de enxames.
21 ligações (26,2%) não foram obtidas respostas pela inexistência do nº telefônico
ou do solicitante.
12 ligações (15%) não foram obtidas pelo não atendimento do telefone em 03
tentativas em horários diferentes.
01 ligação (1,2%) o solicitante recusou-se a responder.
Nº de Solicitantes
que seguiram as
orientações
preventivas
Nº de Solicitantes
que não seguiram
as orientações
preventivas
N° de solicitantes
com telefone
inexistente
N° de solicitantes
sem atendimento
do telefone
N° de solicitantes
que recusou
responder o
questionário
Reinstalação
de enxames 2 5 0 0 0
Não houve
reinstalação
enxames
22 17 0 0 0
Totais 24 22 21 12 1 80
19
Embora os dados não permitam uma análise estatística adequada, os
resultados sugerem um avanço potencial na avaliação do Sistema de Manejo
Integrado pelo GCCZ, uma vez que, ocorreu uma diminuição no número de
reinstalação dos enxames de abelhas e vespas nos locais atendidos
anteriormente com remoção dos ninhos. Este resultado é importante e aponta um
direcionamento a ser seguido, com a implantação de uma nova metodologia de
ação, com diminuição no número de enxames e/ou colônias eliminadas e com
redução na quantidade de inseticida aplicado, diminuindo conseqüentemente a
contaminação do ambiente causado por essas ações.
Tendo em vista, a potencialidade do funcionamento do sistema, o manual
de procedimento (anexo 4) para a prevenção e controle de abelhas e vespas
pode ser utilizado no Programa Manejo Integrado no município de São Paulo.
Esse manual tem como objetivo orientar as ações das pessoas que se
encontram em locais onde há presença de enxames instalados com risco de
provocação de acidentes e prejuízos a saúde pública e também ações preventivas
na tentativa de se evitar a instalação de novas colônias.
Referências Bibliográficas
20
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JE, Castro FMF. Estudos dos métodos laboratoriais utilizados no diagnóstico de
alergia a Hymenoptera: análise critica. Revista Brasileira de Alergia e
Imunopatologia, 2001, 96-103
Michener CD, The bees of the word. Univ. Johns Hopkins, 2000.
Melo,MHSH,;Silva,EA.;Natal,D. Abelha africanizadas em área metropolitana no
Brasil:abrigos e Influências climáticas. Rev. Saúde Pública, 37: 237-241, 2003.
Melo,MHSH, Abelhas africanizadas na cidade de São Paulo: uma abordagem
epidemiológica.
São Paulo; 2000. Tese de Mestrado – Faculdade de Saúde Pública da USP}.
Malaspina,O. Himenópteros aculeados. Biológico, 62(1):75-78, 2000.
Carvalho Neto,C. Controle de pragas em hospitais. São Paulo:Novartis; 1998.
(Guia Técnico Operacional),
Oliveira,AM,Distribuição espacial e temporal de abelhas melíferas africanizadas e
vespídeos (Hymenoptera)na cidade de São Paulo.
São Paulo,2007.(Tese de Mestrado-Faculdade de Saúde Pública da USP).
Centro de Controle de Zoonoses.Animais Sinantrópicos-Abelhas e
Vespas.Disponível em:
<http//portal.prefeitura.sp.gov.br/secretarias/vigilancia_saude/CCZ/0008>
Acesso em 02.agosto.2008.
21
Anexo-04
Manual de procedimentos para a prevenção e controle de
abelhas e vespas
Algumas espécies de abelhas e as vespas são insetos sociais que apresentam
ferrão e inoculam veneno durante ferroada , podendo provocar reações alérgicas e
inflamação nas pessoas ou em alguns casos mais graves, choque anafilático.
Abelhas
Existem cerca de 20 mil espécies de abelhas. Essas espécies apresentam uma
ampla variação no seu sistema de organização social, indo desde espécies
solitárias até espécies que vivem em colônias com até 180 mil indivíduos e com
uma organização social bastante complexa.
Outro aspecto interessante no grupo das abelhas é sua diferenciação em espécies
que não apresentam ferrão como instrumento de defesa e espécies dotadas de
ferrão, utilizados como defesa contra predadores.
Dentre as abelhas sem ferrão podemos destacar a jataí (Tetragonistica angustula)
(Figura 1), a mandaçaia (Melípona quadrifasciata) e a irapuá (Scaptotrigona
spinipes). Essas abelhas quando importunadas utilizam outros mecanismos de
defesa como as mandíbulas e o enrolamento nos cabelos e pêlos dos inimigos.
Abelha Jataí Fonte:w.w.w.abelhajatai.com/galeria.
22
Outro grupo interessante é o grupo das abelhas conhecidas como mamangavas.
São abelhas grandes, com grande diversidade de cores, com espécies solitárias
(Xilocopas) ou semi sociais (Bombus). Apresentam ferrão, nidificam no solo ou em
buracos de madeira e são eficientes polinizadores do maracujá (Figura 2). Podem
provocar acidentes com sua ferroada, mas são muito raros.
Um terceiro grupo e o mais importante deles é o grupo das abelhas do gênero
Apis ( Apis mellifera) (Figura 3).
No Brasil elas são popularmente conhecidas como abelhas africanizadas ou
abelhas de mel. Essas abelhas resultaram do cruzamento de abelhas italianas,
alemãs e africanas que foram aqui introduzidas.
Vivem em sociedades organizadas formando colônias com mais de 50 mil
indivíduos. Apresentam ferrão e uma grande capacidade de defesa em grupo,
deixando múltiplos ferrões em seus predadores. O veneno injetado pode provocar
processos alérgicos de baixa intensidade ou mesmo choque anafilático,
dependendo da sensibilidade da pessoa.
Mamangava Fonte:http//olhares.aeiou.pt/mamangava ii/foto 1087268.html
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Em uma colônia de abelha africanizada existem 03 tipos de indivíduos:
❖ Rainha - fêmea fértil responsável pela postura dos ovos e organização da
colônia. Vive em média 1 ano.
❖ Zangões - machos responsáveis pela fecundação das rainhas . Nascem de
ovos não fecundados e vivem em média 30 dias.
❖ Operárias – fêmeas estéreis responsáveis pelas atividades diárias da
colônia, como alimentação das larvas, limpeza e construção de favos,
defesa , coleta de alimento. Vivem em média 45 dias.
Uma colméia de abelha africanizada contém em média 50 a 60 mil
indivíduos,sendo uma única rainha, alguns zangões e milhares de operárias.
Abelha (Apis sp.) Fonte:portal.prefeitura.sp.gov.br/secretarias/vigilância_saude/CCZ/0008
24
Enxames viajantes-
Os enxames viajantes ocorrem quando a colméia com uma grande população e
há necessidade de subdivisão ou quando o local onde a coméia está instalada
torna-se impróprio para a manutenção da mesma,como falta de alimento . Assim,
uma nova rainha é produzida pela colônia e a rainha antiga acompanhada de
milhares de operárias e alguns zangões deixam o local e procuram um local para
fundar uma nova colônia.
Colméia de abelhas africanizadas em tampa de bueiro. Fonte-CCZ/Coviza/PMSP
Colméia de abelhas africanizadas em forro. Fonte:CCZ/Covisa/PMSP Fonte:CCZ/Covisa/PMSP
Colméia de abelha arapuá. Fonte:CCZ/Covisa/PMSP
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Esses enxames, geralmente não são agressivos, uma vez que, a estrutura da
colônia está momentaneamente desorganizada e as operárias estão empenhadas
na proteção da rainha. No entanto podem, se tornarem agressivos, se forem
molestados ou agredidos.
Como é possível observar na foto abaixo, os enxames viajantes costumam pousar
para descansar, formando um aglomerado de abelhas sobre a rainha. Enquanto
isso, algumas operárias procuram um abrigo definitivo buracos de árvore,
rachaduras nos muros e paredes, forros de telhado, caixotes, móveis vazios para
a nidificação da nova colônia.
Enxame de abelhas Fonte:w.w.w..apiguarda.com/images/g/8/jpg.
26
Vespas
As vespas são popularmente também conhecidas como marimbondos . Assim
como as abelhas, algumas espécies tem hábitos solitários, enquanto outras
vivem em sociedades com organização complexa. Apresentam corpo mais
delgado, cintura de vespa, menos pêlos do que as abelhas e hábitos
alimentares diferenciados baseados em proteínas (artrópodes), carboidratos
(néctar) e água.
As espécies sociais constroem ninhos com madeira raspada obtida a partir de
fibras madeira decomposta, sendo essas fibras intensamente mastigadas e
misturada com saliva.
A forma dos ninhos é muito variável, podendo constituir-se de um único favo
aberto e sem envelope fixado por um pedúnculo ou vários favos envolvidos por
uma cobertura denominada envelope.
Vespa Fonte:http//pt.treknature.com/gallery/photo 11.926 htm
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Em uma colônia de vespa existe uma ou mais rainhas que protegem seu território
com dominância física e atitudes ameaçadoras, machos e várias operárias que
formam castas estéreis. Apresentam divisão de trabalho como cuidados com as
crias, defesa da colônia e coleta de alimento.
Normalmente um novo ninho é iniciado por 1 ou 2 rainhas, dependendo da
espécie.
Medidas preventivas contra acidentes com abelhas e vespas.
Existem orientações importantes a fim de evitar ou minimizar acidentes
provocados por esses insetos ou mesmo evitar a nidificação de abelhas e/ou
vespas.
Assim ,dividiremos esse manual em três situações distintas:
1. Quando há presença de enxames, colméias de abelhas ou ninhos de vespas instalados ou chegada de um enxame em logradouros públicos, próprios públicos ou propriedades particulares:
❖ evitar irritar os insetos com movimentação de pessoas ou animais ou
trepidações próximas ao enxame, a colméia ou ao vespeiro,
Vespeiro com cobertura envelope Fonte:CCZ/Covisa/PMSP
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❖ evitar aproximar-se de enxames, colméias ou ninhos, principalmente
durante o dia e em horários com alta temperatura,
❖ não jogue água, pedra, objetos ou produtos químicos no enxame, na
colméia ou no ninho
❖ retirar do local ou das proximidades pessoas apavoradas, alérgicas à
ferroadas de insetos, criança e idosos,
Essas medidas visam minimizar a possibilidade dos insetos se irritarem e
agredirem com ferroadas.
2. Quando há a presença de enxames, colméias e ninhos de vespas
agitados:
❖ Isolar a área com cordas ou fitas zebradas e sinalizar com cartazes,
❖ Não bater, tocar ou fazer movimentos bruscos e ruidosos próximos ao
enxame, a colméia ou ao ninho,
❖ Evitar matar abelhas ou vespas, pois as mesmas deixam no local da
ferroada um odor característico indicando para as outras o inimigo a ser
atacado
❖ Não utilize produtos químicos ou de limpeza com odor forte, doce ou cítrico
no local
❖ Não usar substâncias açucaradas nas proximidades
❖ Caso haja pessoas ferroadas, procure a unidade de saúde mais
próxima para atendimento adequado.
Na cidade de São Paulo no Instituto Butantã, o Hospital Vital
Brasil, realiza plantão de 24 horas, incluindo finais de semana
e feriados.
Telefone: 3726-7962,3762-7222 Ramais: 2002 ou 2000.
No caso de animais, procurar serviços veterinários.
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❖ Não permitir que pessoas não habilitadas tentem resolver a situação.
Procure um serviço especializado como o Corpo de Bombeiros, Centro de
Controle de Zoonoses ou Secretária de Saúde de sua localidade.
3. Para evitar a instalação de colméias ou ninhos de vespas:
❖ Inspecionar periodicamente beirais e forros para detectar o início de
uma colméia ou ninhos de vespas ,
❖ Realizar reparos no telhado, ficando atento pois colméias podem estar
instaladas entre o forro e o telhado e ninhos de vespas nos beirais,
❖ Eliminar materiais inservíveis como caixotes, móveis, pneus, sofás,
armários, etc.. que possam abrigar enxames viajantes ou colméias e
ninhos de vespas,
❖ Vedar frestas ou buracos em paredes muros, beirais, juntas de
dilatação, tubulações e quadros de eletricidade, totens de sinalização,
❖ Telar saídas de tubulação de exaustão, janelas em edificações como
hospitais, creches, escolas, padarias, doceiras e afins, evitando a
entrada e acidentes com abelhas e vespa,
❖ Nos casos de reincidência de instalação de colméia ou ninhos de
vespas, deve-se eliminar o local de abrigo colocando obstáculos para o
acesso, vedando frestas ou buracos, removendo materiais inservíveis
do quintal, renovando a pintura, verniz ou caiação das paredes e beirais,
entre outras ações.
❖ A manipulação de colônias de himenópteros somente deve ser realizada
por pessoas que conheçam os riscos a que estão sujeitas e/ou que
possam provocar em outras pessoas e animais.
❖ Para isso, o operador deve estar devidamente protegido com vestimenta
de apicultor completa (botas, macacão, luvas e véu ou máscara) para o
caso de abelhas e vespas.
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❖ Quando possível, as colônias devem ser manipuladas a noite. Elas
devem ser removidas com sacos plásticos grossos. O operador deverá
envolver totalmente a colônia com o saco e posteriormente transporta-la
para um outro local mais adequado (florestas por exemplo). Deve ser
lembrado que a legislação de proteção ambiental não permite a
eliminação pura e simples desses animais.