Download - LIVRO AUDIÇÃO E VISÃO
São Paulo, 2008 - 1ª Edição
Impresso no Brasil pela Duograf - Gráfica e Editora Ltda.
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Log On Editora Multimídia Ltda.Av. Nove de Julho, 5.966 / 3º andarJardim Paulistano - CEP 01406-200São Paulo - SP - Brasil
Dados Internacionais para Catalogação de Publicação (CIP)
Carlos Estevão Simonka
Assunto(s): 1. Biologia (Ensino Médio) - Estudo e Ensino
Coleção para gostar de ciências - Corpo HumanoO Mundo dos Sentidos - Audição e Visãolivro de 28 páginas + DVD
Inclui capaISBN 978-85-86999-46-8Log On Editora Multimídia - São Paulo, 2008
CDD 574D (19) - 1ra. edição
Log On Editora MultimídiaEditor:
Equipe Editorial:Design Gráfico:
Produção:Edição de Textos:
Revisão:
Eduardo Mace
Lara Silbiger, Cássia Sanz e Bianca Justiniano
Fabrício Casagrande e Eduardo Barletta
Vanessa O'nil, Vanessa Oliveira e Gabriela Pompone
Luciana Tanoue
Martha Costa e Renata Costa
O MUNDO DOS SENTIDOS -AUDIÇÃO E VISÃO
O universo dos sistemas visual e auditivo é desvendado neste Livro+DVD
(DVDBook) sob o ponto de vista de seu funcionamento e de quem perdeu
essas faculdades. Com um enfoque moderno, a inclusão social e a
recuperação dessas pessoas em ambas as situações também é amplamente
explorada em
Ao ver com proximidade como vivem os que perderam estas faculdades e
entender de que maneira a cegueira e a surdez acontecem no corpo
humano, é possível perceber como estamos suscetíveis a enfrentar
problemas como esses.
O livro, elaborado pelo professor de biologia Carlos Estevão Simonka,
apresenta uma revisão geral do funcionamento da visão e da audição, as
principais doenças que acometem esses sistemas e as diversas terapias
para curá-las.
Simonka é biólogo formado pela Universidade de São Paulo, docente,
ilustrador científico e consultor nas áreas de biologia e educação. Autor
de diversos trabalhos na área da zoologia (
, da Holos Editora), leciona nos melhores colégios e
cursinhos de São Paulo.
Os documentários fazem parte da série , uma produção da rede
francesa France 3 adaptada pela Log On e veiculada no programa POP BOX,
da PlayTV. Com modernos recursos audiovisuais e didáticos, eles exploram o
corpo humano de forma interativa e rica em conteúdo.
O DVD é composto por dois episódios:
, sendo que este último foi traduzido à Libras (Língua Brasileira de
Sinais) pela pedagoga e intérprete Rafaella Sessenta.
Não é Mágica – O Mundo dos Sentidos.
Insetos Imaturos: Metamorfose
e Identificação
Não é Mágica
Deficientes Visuais e O Mundo dos
Surdos
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I.ANATOMIADOAPARELHOAUDITIVO HUMANO
O aparelho auditivo humano é composto por três partes: o ouvido externo
(orelha externa), o ouvido médio (orelha média) e o ouvido interno (orelha
interna). Este último é o mais complexo e possui mecanorreceptores, que
são células dotadas de finas cerdas sensíveis responsáveis tanto pela audição
quanto pelo equilíbrio.
AUDIÇÃO
O MUNDO DOS SENTIDOS - AUDIÇÃO E VISÃO
II. O OUVIDO EXTERNO
O ouvido externo (ou orelha externa) é formado
pelo pavilhão auditivo ou auricular (chamado
popularmente de orelha) e pelo conduto
auditivo externo.
A função principal do primeiro é captar e canalizar
as ondas sonoras, agindo como um funil que
direciona os sons para o conduto auditivo.
Já o conduto auditivo externo tem a função de
transmitir os sons captados pela orelha para o
tímpano, além de servir de câmara de ressonância,
ampliando algumas freqüências de ondas sonoras.
Ele é constituído por cartilagem, pele e músculos.
A porção interna do conduto fica embutida no
crânio e é recoberta por um epitélio (tecido de
revestimento) rico em células secretoras de cera,
cuja função é reter partículas de poeira e
5
AUDIÇÃO
O MUNDO DOS SENTIDOS - AUDIÇÃO E VISÃO
microrganismos e proteger as partes
mais internas do aparelho auditivo.
A presença de pêlos ou hipertricose
au r i cu l a r ne s sa á rea é uma
característica estritamente masculina,
definida pelo cromossomo Y.
• As grandes dimensões do ouvido externo, bem como a complexidade
proporcionada pelas suas dobras, permitem aos animais de ambientes
amplos – como desertos, savanas e estepes – uma capacidade maior
para captar sons dispersos.
• Orelhas grandes, como as dos elefantes, servem também como
radiador e dissipam o excesso de calor do corpo. Outra função é a
filtração do som, que ajuda a localizar a origem das ondas sonoras que
chegam até o indivíduo.
• No caso de homens e mulheres, o processo de filtração seleciona
sons na faixa de freqüência da voz humana, facilitando o
entendimento. Neles, o pavilhão auricular é anatomicamente dividido
em dobramentos (hélice, antihélice, trago e antitrago) e lóbulo.
CURIOSIDADES
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AUDIÇÃO
III. O OUVIDO MÉDIO
O ouvido médio (ou orelha média) está separado do conduto auditivo pelo
tímpano ou membrana timpânica. Enquanto as ondas sonoras fazem este
último vibrar, três ossículos ligados a ele e alinhados em seqüência se
movimentam dentro do ouvido médio: martelo, bigorna e estribo.
Eles recebem este nome por sua
semelhança com esses objetos.
Os mamíferos são os únicos animais
que possuem estes três ossículos,
que compõem os menores ossos do
corpo. Conectados entre si, estão
localizados numa câmara em
forma de ervilha do ouvido médio,
formando uma ponte entre a
membrana timpânica e a janela
oval, para onde é transferida a
energia das ondas sonoras que
seguirão para o ouvido interno.
Outra parte do ouvido médio é a
tuba auditiva ou Trompa de
Eustáquio, um canal flexível
cuja cavidade está conectada
com a nasofaringe (garganta, na
altura do nariz).
O MUNDO DOS SENTIDOS - AUDIÇÃO E VISÃO
A tuba auditiva ajuda a
manter a pressão do ar
equilibrada entre os dois
lados do tímpano.
Por isso, quando subimos ou
descemos uma serra, a
mudança de altitude nos dá a
sensação de pressão nos
o u v i d o s , p o i s h á u m
desequilíbrio deste fator
dentro do ouvido médio.
Bocejar ou abrir a boca
n e s s a s c i r c u n s t â n c i a s
permite que as Trompas de
Eustáquio se abram e as duas
pressões se equalizem.
Assim, o tímpano permanece
numa posição de repouso –
nem compr imido para
dentro, nem para fora.
“PRESSÃO NOS OUVIDOS”
7O MUNDO DOS SENTIDOS - AUDIÇÃO E VISÃO
AUDIÇÃO
IV. O OUVIDO INTERNO
O ouvido interno (ou orelha interna), localizado na cavidade do osso
temporal, também é chamado de sistema vestibular ou labirinto, dada a
complexidade e o número de seus canais. Ele é formado por uma estrutura
complexa e peculiar, que lembra um caracol. O que representaria a “concha
do molusco” é um canal cônico enrolado sobre si denominado cóclea,
repleto de líquido coclear que irriga no seu interior as células
fonorreceptoras responsáveis pela audição.
Acóclea se liga ao labirinto, que é formado por duas bolsas repletas de líquido,
o sáculo e o utrículo. Dali, projetam-se os três canais semicirculares,
vulgarmente denominados de labirintos. Eles são responsáveis pelas sensações
de equilíbrio, movimentoe posicionamentodocorpo.
8 O MUNDO DOS SENTIDOS - AUDIÇÃO E VISÃO
AUDIÇÃO
Os três ossículos do ouvido médio recebem e amplificam as vibrações do
tímpano, transmitindo-as a uma membrana na cóclea, a janela oval, que
comunica essas oscilações ao líquido coclear. Estes movimentos
sensibilizam o órgão espiral ou órgão de Corti no interior da cóclea, que
contém as células fonossensíveis. Elas entram em contato com uma
estrutura chamada de membrana tectórica que se apóia sobre os
inúmeroscíliosdascélulassensoriais.
Estes pequenos “pêlos”
convertem as vibrações
em sinais nervosos
enviados ao nervo
auditivo, conectado ao
córtex cerebral ou
córtex auditivo.
Nesta região, é onde
serão processadas a
sensação de audição e a
intensidade do som.
Os três canais semicirculares, cada um posicionado de acordo com as
três dimensões do espaço, estão relacionados com a percepção dos
movimentos do corpo. Quando a cabeça se movimenta, o líquido
contido nestes canais exerce pressão sobre as células sensitivas
localizadas em sua base. Estas, por sua vez, transmitem impulsos ao
encéfalo. O sistema nervoso interpreta esses sinais, o que permite a
pessoa identificar a direção e o sentido do movimento.
DIREÇÃO E SENTIDO DO MOVIMENTO
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As células do sáculo e do utrículo
informam ao encéfalo a posição da
cabeça em relação ao nosso planeta
e estão relacionadas com o sentido
de equilíbrio.
Denominadas mecanorreceptoras,
também têm cílios e se agrupam em
estruturas chamadas máculas. Estas são
recobertas por uma camada sobre a qual
se apóiam pequenas pedrinhas de
carbonatode cálcio, os otólitos.
As máculas ficam posicionadas em
diferentes graus de inclinação em
relação ao corpo. Dessa forma, a
influência da gravidade modifica a
localização dos otólitos de acordo com a
posição da cabeça, estimulando em
cada uma máculas distintas. Os impulsos
nervosos produzidos pelas células destas
estruturas permitem ao sistema nervoso central calcular a posição espacial da
pessoa, assim como a sua velocidade, e adequar a musculatura para que se
mantenha em equilíbrio.
O MUNDO DOS SENTIDOS - AUDIÇÃO E VISÃO
AUDIÇÃO
Por exemplo, quando uma
criança gira em torno de
si, o líquido no interior dos
canais semicirculares
também passa a se
movimentar. No entanto,
diante de uma parada
brusca, ele continua a se
mover por inércia gerando
a falsa sensação de que o
corpo ainda rodopia. Isso
explica a tontura, pois há
um conflito entre as
informações transmitidas
pelos olhos e as geradas no
ouvido interno.
VOCÊ SABIA?
V. DISTÚRBIOS DO APARELHO AUDITIVO
Denomina-se Otologia a especialidade médica que estuda o aparelho
auditivo, bem como seus distúrbios e terapias. Já a Otorrinolaringologia é
um campo mais vasto, dedicado ao estudo do ouvido (oto), nariz (rino) e
garganta (laringo).As principais patologias do ouvido humano estão ligadas à
membrana timpânica, como a timpanosclerose e a
deficiência de transmissão sonora pelos três
ossículos. Esta pode ser ocasionada pela rigidez de
seus ligamentos ou danos nos nervos de seus
pequenos músculos.
Há ainda as patologias ligadas a Trompa de Eustáquio,
geradas quando este canal se apresenta muito aberto
ou obstruído. Nestes casos, um dos sintomas é a
autofonia(ouvirdeformaamplificadaaprópriavoz).
A surdez se manifesta em diversos níveis. A rigor, poderíamos classificá-la
como mecânica ou por transmissão, quando envolve o ouvido externo ou o
médio, e afeta o tímpano, a mobilidade dos três ossículos ou gera
obstruções. Mas há também a surdez de percepção ou sensorial, causada por
alterações no ouvido interno, lesões neurológicas dos nervos auditivos ou no
córtex cerebral (córtex auditivo).
Esses níveis podem ser detectados pelaTimpanometria, um exame que avalia o
funcionamento da orelha média, mede o nível de pressão sonora no canal do
ouvido internoe determina a causa da perda condutiva.
SURDEZ
10 O MUNDO DOS SENTIDOS - AUDIÇÃO E VISÃO
AUDIÇÃO
11O MUNDO DOS SENTIDOS - AUDIÇÃO E VISÃO
AUDIÇÃO
Amplamente utilizada no diálogo com deficientes auditivos, pode ser
feita pela mímica e por sinais, envolvendo a extremidade dos
membros superiores, o tronco e as expressões faciais ou alfabéticas,
na qual as posições das mãos e dedos correspondem às letras.
Há várias línguas de sinais em uso por todo o mundo, mas a mais
comum é a americana. Algumas delas receberam reconhecimento
oficial em vários países, o que permite que pessoas usando códigos
diferentes possam se entender num nível básico.
A LINGUAGEM DE SINAIS
12 O MUNDO DOS SENTIDOS - AUDIÇÃO E VISÃO
AUDIÇÃO
OTITE MÉDIA AGUDA
TIMPANOSCLEROSE
Geralmente chamada simplesmente de otite, é uma inflamação do ouvido
médio. Muito comum na infância, é também conhecida como infecção do
ouvido. Possui condições
agudas e crônicas, todas
envolvendo inflamação da
m e m b r a n a t i m p â n i c a ,
normalmente associada ao
aparecimento de fluído no
espaçoatrás do tímpano.
O tratamento é realizado com
antibióticos e analgésicos.Após seu término, a audição
volta ao normal e o líquido da
infecçãoé absorvido.
Caso ele permaneça por mais
de três meses no ouvido
médio, é necessário um procedimento cirúrgico, no qual é feita uma
pequena incisão no tímpano para retirá-lo. Se não for tratada em tempo,
pode levar à timpanosclerose, perfuração do tímpano e até mesmo à surdez.
É uma doença em que o tecido timpânico interno se degenera e endurece em
decorrência da formação de um tecido duro e calcificado, o que reduz a
flexibilidade do tímpano. É comum em pessoas que apresentam otite
crônica ou aguda recorrente.
Pode levar à perda gradual da capacidade auditiva e até surdez total em
casos extremos. Cirurgias reparatórias e reconstrutoras da membrana
timpânica podem resolver o problema.
Os principais sintomas são dor
intensa, diminuição da audição,
febre, choro constante nos bebês,
irritabilidade, desconforto, perda de
apetite e secreção se houver
perfuração do ouvido ou ruptura
timpânica. O diagnóstico é feito pelo
médicocomoauxíliodo .otoscópio
PRINCIPAIS SINTOMAS
OTOSCLEROSEDescobriu-se recentemente que a causa a otosclerose é hereditária. A doença
acarreta na formação anormal de ossos que imobilizam progressivamente o
estribo, o ossículo mais interno do ouvido médio, impedindo a passagem das
vibraçõessonorasparaajanelaovaldoouvido interno(surdezmecânica).
MASTOIDITEA mastoidite aguda é uma infecção bacteriana localizada no processo
mastóide, oossoproeminente situadoatrás da orelha.
Os sintomas geralmente se manifestam duas ou mais semanas após uma otite
média aguda, à medida que a infecção se dissemina e destrói a parte interna
do osso. A pele que recobre o local pode se tornar avermelhada, inflamada e
dolorida, podendo até deslocar ligeiramente a posição da orelha. Outros
sintomas são febre, dor ao redor e no interior do ouvido e eliminação de uma
secreção viscosa e abundante.
13O MUNDO DOS SENTIDOS - AUDIÇÃO E VISÃO
AUDIÇÃO
Na Otoscleorose, a perda auditiva progride lentamente durante um
período de 10 a 15 anos, sendo, muitas vezes, acompanhada por
zumbidos. O uso de aparelho auditivo pode ajudar, mas a solução mais
adequada é a estapedectomia - substituição do estribo por uma
prótese de plástico ou de aço.
ESTAPEDECTOMIA
14 O MUNDO DOS SENTIDOS - AUDIÇÃO E VISÃO
VI. INCLUSÃO E QUALIDADE DE VIDA
Atualmente, graças ao desenvolvimento da tecnologia digital e aos avanços
em design, é possível encontrar aparelhos auditivos tão pequenos que
podem ser colocados no fundo do canal auditivo.
Eles funcionam à pilha, possuem longa vida útil e uma excelente reprodução
sonora.Além disso, são capazes de reduzir os ruídos e realçar os sons, aspectos
importantes para compreender a fala.
• Quando a infecção é tratada inadequadamente pode acarretar
surdez, meningite, abcesso cerebral, infecção do sangue (septicemia
ou infecção generalizada) ou levar à morte.
• O tratamento normalmente é iniciado com a administração intrave-
nosa de antibióticos e antiinflamatórios. Se houver a formação de um
abcesso no osso, ele é drenado cirurgicamente.
TRATAMENTO DA MASTOIDITE
AUDIÇÃO
O implante coclear gerou
grande polêmica entre a
comunidade surda mundial,
levantando questões acerca
da cultura surda e sua
linguagem gestual.
Muitos daqueles que têm uma
língua de sinais como língua
materna não concordam que
a capacidade de ouvir e falar
tenha valor para as comuni-
dades surdas. Em contrapar-
tida, pessoas surdo-cegas,
por exemplo, encontram no
implante coclear uma opção
positiva que lhes fornece
mais informação para se
comunicarem.
De maneira geral, há quem
critique o método em função da
grande agressão cirúrgica: o
carregador é encaixado no osso
mastóide, atrás da orelha, que
deve ser perfurado.Além disso,
por ser fixo, compromete o
visual estéticoda pessoa.
POLÊMICA
15O MUNDO DOS SENTIDOS - AUDIÇÃO E VISÃO
AUDIÇÃO
Outra opção é o implante coclear,
também conhecido como ouvido
biônico. Ele é um dispositivo
eletrônico computadorizado que
substitui totalmente o ouvido de
pessoas com surdez profunda. Inclui
uma esp i ra l ex terna , um
processador de palavras e um
microfone localizado fora docorpo.
Dessa forma, através de pequenos
eletrodos que são colocados
dentro da cóclea, os nervos
auditivos remanescentes são
estimulados diretamente, que
levam então os sinais para o
cérebro, onde são decodificados.
O implante coclear não consegue
transmitir os sons tão bem quanto
o ouvido normal, embora sua
eficácia varie de pessoa para
pessoa. Em algumas, ajuda a ler
lábios, em outras, auxilia a
distinguir palavras sem leitura
labial ou a manter uma conversa
por telefone.
I. VER E ENXERGAR SÃOAMESMACOISA?
O olho humano funciona graças a uma complexa integração
neurológica que envolve os estímulos captados e a interpretação
mental de cada pessoa. Por isso, nem todos os indivíduos são
capazes de decodificar, da mesma maneira, as imagens contidas
numa simples foto. Tudo vai depender de seu repertório visual
prévio, que funciona como uma espécie de alfabeto visual do
coletivo onde está inserido.
Portanto, “ver” está relacionado ao entendimento de
umaimagem,nãosendoestaumaquestãomeramente
oftalmológica,masneurológicaemental.
Já “enxergar bem” está relacionado à saúde do
aparelho visual, objetivo perseguido pelos
estudiosos da área de oftalmologia há séculos.
VISÃO
16 O MUNDO DOS SENTIDOS - AUDIÇÃO E VISÃO
II. POR DENTRO DO OLHO HUMANO
O olho ou globo ocular é um órgão ótico, ou seja,
utiliza a luz para cumprir suas funções. Formado por
uma bolsa membranosa com três camadas
concêntricas (com mesmo centro), ele se encaixa
em cavidades ósseas do crânio chamadas órbitas
oculares. Esse conjunto é protegido pelas pálpebras,
que são finas dobras de pele e músculos, e os cílios,
que evitam a contaminaçãoporpoeira.
17O MUNDO DOS SENTIDOS - AUDIÇÃO E VISÃO
VISÃO
CAMADAS DO GLOBO OCULARA mais superficial das camadas do globo ocular, também responsável pela
proteção, é composta pela esclerótica ou tecido conjuntivo ocular
(popularmente conhecido como “branco dos olhos”). Nele se encontra a
córnea, que atua como se fosse o vidro de um relógio.
Entre ela e a íris (disco colorido do olho), existe uma câmara preenchida
pelo humor aquoso, um líquido transparente que deve estar a uma pressão
ideal para garantir que a córnea mantenha-se ligeiramente saliente e
mais encurvada que o resto do olho.
Escalera
Córnea
Câmara anterior(humor aquoso)
Pupila
Cristalino
Íris
Músculoextra-oculares
humorvítreo
Coróide
Retina
Fóvea centralna mácula lútea
Nervo óptico
Artéria e veiascentrais da retina
Músculociliar
18 O MUNDO DOS SENTIDOS - AUDIÇÃO E VISÃO
VISÃO
Em situações em que uma pessoa está desacordada, esta é submetida a
um teste de reflexo feito com a ajuda de uma pequena lanterna, cujo
foco luminoso é apontado para a pupila. Tal exame é capaz de indicar a
possível ocorrência de lesãoneurológica.
Outra situação que causa reações na pupila é a de perigo iminente.
Quando o organismo se prepara para a fuga ou combate, a elevação da
adrenalina no sangue faz com que a pupila se dilate, aumentando a
captação de luz e garantindo a visão até mesmo no escuro.
REAÇÕES NA PUPILA
Abaixo da esclerótica, encontramos a segunda
camada do globo ocular: uma película
extremamente pigmentada denominada coróide.
Situada no fundo do olho, ela é repleta de capilares
sanguíneos que abastecem os tecidos oculares com
oxigênio e nutrientes. Seus pigmentos absorvem a
luz que chega à retina, evitando a reflexão até sua
chegada na íris.
Aíris sedilatae secontrai, comoodiafragmaregulável
de uma máquina fotográfica, para controlar a
intensidadedeluzquechegadentrodoolho.
Delicados músculos regem esses movimentos,
adaptando-o para a luminosidade do ambiente:
quanto menor a intensidade, maior será a
dilatação da pupila e vice-versa. Esse processo
automático, controlado pelo sistema nervoso
autônomo, é denominado reflexo pupilar.
19O MUNDO DOS SENTIDOS - AUDIÇÃO E VISÃO
VISÃO
O cristalino, localizado atrás da pupila, é uma lente que não tem curvatura fixa e
permiteoajustedaimagemnofundoreceptordoolho.
Essa propriedade, denominada acomodação visual ou focalização, torna
mais fácil a visualização de imagens nítidas de objetos que estão em
diferentes distâncias.
Essa mudança de formato do cristalino é realizada pela contração e
relaxamento de finos músculos ligados a ele, chamados de músculos ciliares.
20 O MUNDO DOS SENTIDOS - AUDIÇÃO E VISÃO
VISÃO
Na retina existem dois tipos de células
sensíveis (ou células fotossensíveis): os
coneseosbastonetes.Estesúltimossão
extremamente sensíveis à luz, mas não
às cores. Já os primeiros se comportam
deformainversa,sendopoucosensíveis
à luz, mas capazes de discriminar
minuciosamente diversas cores,
contornosetexturas.
Vale ressaltar que a distribuição
dessas células não é uniforme: os
cones se reúnem no centro do campo
visual, numa área denominada
fóvea, enquanto os bastonetes ficam
distribuídos ao longo dela.
Como há poucos cones nas regiões
laterais do olho, nossa visão periférica
(mesmo sendo pouco definida) é
importante à noite, quando
enxergamos melhor pelo canto dos
olhos. No fundo do olho, há uma região
daretinachamadadepontocego.
Nesse local, os neurônios se
concentram, não há nem cones nem
bastonetes e as imagens nele
focalizadas não são visíveis.
CONES E BASTONETESLogo atrás do cristalino,
encontra-se a maior câmara
do globo ocular, que está
repleta de um fluido
transparente e viscoso
chamado de humor vítreo.
Ferimentos oculares podem
levar à hemorragia desse
fluido, comprometendo sua
transparência.
A terceira e última camada
do olho é a retina que, sob o
ponto de vista da captação
de luz, é a mais importante
de todas. Nela, estão as
células fotoreceptoras, que
transformam os estímulos
l um ino so s em s i na i s
nervosos, que, por sua vez,
são enviados aos neurônios
do nervo ótico. Só então,
chegam ao cérebro (córtex
visual), onde a imagem é
decifrada.
21O MUNDO DOS SENTIDOS - AUDIÇÃO E VISÃO
VISÃO
Acredita-se que a visão em cores está presente na maioria dos animais,
no entanto, eles não são capazes de distingui-las como os humanos.
Em mamíferos de hábitos noturnos, por exemplo, os bastonetes
(sensíveis à luz) são mais funcionais do que os cones (sensíveis às
cores). Isso faz com que sua visão noturna seja mais aguçada. Afinal,
durante a noite é mais importante ver a forma de seus predadores do
que suas cores.
O sistema de visão dos humanos e de alguns primatas é mais sofisticado
graças à presença de três tipos de cones específicos para luz vermelha,
verde e azul, que se assemelha ao processo de emissão de cores no modo
RGB da maioria de monitores e aparelhosdeTV.(red, green, blue)
A VISÃO EM CORES
22 O MUNDO DOS SENTIDOS - AUDIÇÃO E VISÃO
VISÃO
III. DISTÚRBIOS OFTALMOLÓGICOS
MIOPIAÉ um dos erros mais freqüentes de refração do olho, que prejudica a
focalização da imagem antes de chegar à retina. Isso pode acontecer por dois
motivos: porque as lentes do olho (córnea e cristalino) têm alto poder refrativo
ou porque oolhoé mais compridoque onormal (casomais freqüente).
Este último defeito desenvolve-se entre a infância e a adolescência, quando o
olho cresce cerca de três vezes em tamanho, em paralelo com o crescimento
docorpo, masmuitas vezesnãomantém a esfericidade perfeita.
Pessoas com miopia geralmente vêem os
objetos próximos com nitidez, porém os
distantes aparecem borrados. Esse problema
pode ser corrigido pelo uso de óculos, lentes de
contatoou por técnicas cirúrgicas.
OBJETOS DISTANTES DESFOCADOS
23O MUNDO DOS SENTIDOS - AUDIÇÃO E VISÃO
VISÃO
HIPERMETROPIA
ASTIGMATISMO
É a dificuldade de enxergar objetos à curta distância. Nesse caso, o globo
ocular é mais curto, fazendo com que o foco das imagens projetadas pelo
cristalino se forme atrás da retina. Assim como a miopia, tem tratamento
eficaz com lentes corretivas ou cirurgia.
É uma deficiência
causada pelo formato
irregular da córnea ou
do cristalino.
O astigmatismo é
hereditário e pode
ocorrer em conjunto
com a miopia ou
hipermetropia. Existe a possibilidade de corrigi-lo mediante o uso de óculos
com lentes cilíndricas, lentes de contato ou cirurgia.
É um distúrbio causado pelo envelhecimento, que origina a falta de nitidez
para as imagens vistas de perto. Pode ser provocada por vários fatores, entre
eles, o aumento contínuo do cristalino e a perda de elasticidade de sua
cápsula.Acorreção é feita pelo uso de óculos para leitura.
É um tipo de alteração ocular que desalinha os olhos para direções
diferentes, causando a perda do seu paralelismo. Pode ser totalmente
corrigido comousode lentesdiferentesparaosdois olhos, fisioterapia comouso
de“tapa-olho”e,atémesmo,cirurgianosmúsculosoculares.
PRESBIOPIAOU VISTACANSADA
ESTRABISMO
As pessoas que sofrem com astigmatismo
vêem todos os objetos - próximos ou
distantes - distorcidos. Isso ocorre
porque alguns raios de luz são focaliza-
dos e outros não.
TODOS OS OBJETOS DISTORCIDOS
24 O MUNDO DOS SENTIDOS - AUDIÇÃO E VISÃO
VISÃO
DALTONISMOÉ uma perturbação da percepção visual
caracterizada pela incapacidade de diferenciar
todas ou algumas cores.
Geralmente, ao invés de enxergar o verde e o
vermelho, o daltônico vê as cores cinza,
amarela ou azul.
Tal distúrbio é uma doença genética, mais freqüente
em homens. Entretanto, sua origem também pode
ser resultado de lesões neurológicas ou danos na
retina provocados pelo mau funcionamento dos
cones, que não formam os pigmentos necessários
para a percepçãode determinadas cores.
Não se sabe ao certo quem inventou os óculos, mas os primeiros registros
de objetos transparentes usados para melhorar a visão foram
encontradosem textosdo filósofo chinêsConfúcio, datados de 500 a. C.
O uso de lentes próximas aos olhos, com um aspecto semelhante ao
que conhecemos hoje, no entanto, foi visto pela primeira vez somente
no fim do século 13. Foi o vidraceiro italiano Salvino degli Armati
quem, em 1285, percebeu que duas lentes com espessura e curvatura
específicas tinham o poder de “aumentar” os objetos.
Esses primeiros óculos, feitos a partir de lentes convexas, atendiam
aos problemas de hipermetropia (dificuldade de focar objetos
próximos). Já as lentes côncavas, para míopes (dificuldade de focar
objetos distantes), apareceram apenas no final do século 15.
COMO NASCERAM OS ÓCULOS?
25O MUNDO DOS SENTIDOS - AUDIÇÃO E VISÃO
VISÃO
CATARATAÉ uma lesão que atinge o cristalino, tornando-o opaco e comprometendo a
visão. Como os raios luminosos não conseguem atingir plenamente a retina,
o portador de catarata tem dificuldade para enxergar com nitidez.
O distúrbio pode ser desencadeado por vários
fatores, como traumatismo, diabetes ou uso
de medicamentos, mas a principal causa da
doença é o envelhecimento.
CAUSAS DA CATARATA
GLAUCOMAÉ um conjunto de enfermidades que atinge as
células do nervo óptico, provocando o aumento da
pressão intra-ocular.
A perda visual causada pelo glaucoma afeta
primeiro a visão periférica, sendo que, no começo,
ela é sutil e pode não ser percebida pelo paciente.
Se o distúrbio não for tratado, o campo visual se
estreita cada vez mais, obscurecendo a visão central
e progredindopara a cegueira doolhoafetado.
IV. SER DEFICIENTE VISUALHOJE É...
26 O MUNDO DOS SENTIDOS - AUDIÇÃO E VISÃO
VISÃO
Atualmente, a inclusão social dos deficientes visuais
evoluiu para diversos campos.Avisos sonoros nos sinais
de trânsito, rodoviárias, aeroportos e demais locais
públicos, além da implantação de cardápios em
Braille,estãosetornandomais freqüentes.
Até mesmo algumas
modalidades esportivas
se adaptaram aos
deficientes e, graças
aos Jogos Paraolímpicos
e Parapan-americanos,
e s t ã o g a n h a n d o
popularidade. Bons
exemplos de sucesso
são as lutas marciais, a
natação e o futebol
para cegos.
Nessa modalidade, os jogadores se
beneficiam de seu grande poder auditivo
para identificar os demais competidores
pela respiração e movimentos dos corpos.
Eles também recebem orientação de
profissionais não-cegos, por exemplo o
técnico, e de sinais sonoros.
FUTEBOL PARA CEGOS
27O MUNDO DOS SENTIDOS - AUDIÇÃO E VISÃO
VISÃO
Graças a Louis Braille (1809 -1852), um francês que perdeu a visão aos
três anos de idade, os cegos de todo o mundo conseguem ler, escrever
e estudar, utilizando o famoso sistema Braille. Trata-se de um alfabeto
cujos caracteres indicam pontos em relevo, possibilitando que pessoas
cegas ou com um grau importante de deficiência visual possam
distinguir as letras por meio do tato.
Composto por 63 caracteres resultantes da combinação de pontos
dispostos em 2 colunas e 3 linhas, o sistema representa letras,
números, sinais de pontuação e notas musicais. Um cego experiente
pode ler até duzentas palavras por minuto e os monitores de PC em
Braille fazem com que eles não se intimidem diante do desenvolvi-
mento da informática.
ENXERGANDO COM AS MÃOS