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“Linguagem Oral e Escrita e suas múltiplas facetas na
Educação Infantil”
Profª Dra. Jacyene Araújo UFRN
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“Linguagem oral e escrita re suas múltiplas facetas na
Educação Infantil””
Objetivo da nossa conversa:
Discutir como o processo de aprendizado das práticas sociais de
leitura e escrita podem ser inseridas na educação infantil de forma
contextualizada e lúdica, respeitando o tempo, o espaço, o desenvolvimento e
o interesse das crianças pequenas.
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“Brincar com criança não é perder tempo,
É ganhá-lo; se é triste ver meninos sem escola,mais triste ainda é vê-los, sentados
enfileirados, em salas sem ar, com exercícios estéreis,
sem valor para a formação do homem.”
Drummond
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INFÂNCIA...É preciso refletir sobre:
•as lutas sociais pelas conquistas dos direitos;
•a idade da criança para além da idade cronológica;
•as linguagens que constituem a formação dessa infância.
•as culturas infantis;
•o brincar;
•o desenho;
•a identidade;
•a autonomia;
•a interação;
•a pluralidade;
•a linguagem oral;
•a linguagem escrita;
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A INFÂNCIA E SUA SINGULARIDADE
Como trabalhar com as crianças de maneira que sejam considerados seu contexto de origem, seu desenvolvimento e o acesso aos conhecimentos, direito social de todos?
Numa sociedade desigual, as crianças desempenham, nos diversos contextos, papéis diferentes.
Crianças são cidadãs, pessoas detentoras de direitos, que produzem cultura e são nela produzidas.
As crianças não são filhotes, mas sujeitos sociais; nascem no interior de uma classe, de uma etnia, de um grupo social.
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A INFÂNCIA NA ESCOLA E NA VIDA: UMA RELAÇÃO FUNDAMENTAL
Que espaços e tempos estamos criando para que as crianças possam trazer para dentro da escola as muitas questões e inquietudes que envolvem esse período da vida?
Refletir sobre a infância em sua pluralidade dentro da escola é, também, pensar nos espaços que têm sido destinados para que a criança possa viver esse tempo de vida com todos os direitos e deveres assegurados.
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Quem são essas crianças que estão chegando às nossas salas de aula. De onde vêm? Já tiveram experiências escolares anteriores? Que grupos sociais freqüentam?
• Pensar sobre a infância na escola e na sala de aula é um grande desafio para o ensino que, ao longo de sua história, não tem considerado o corpo, o universo lúdico, os jogos e as brincadeiras como prioridade.
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O BRINCAR COMO UM MODO DE SER E ESTAR NO MUNDO
Por que à medida que avançam os segmentos escolares se reduzem os espaços e tempos do brincar e as crianças vão deixando de ser crianças para serem alunos?
É preciso que as rotinas, os horários, a organização dos conteúdos e das atividades abram espaço para que possamos, junto com as crianças, brincar e produzir cultura.
O brincar envolve complexos processos de articulação entre o já dado e o novo, entre a experiência, a memória e a imaginação, entre a realidade e a fantasia.
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•A brincadeira não é algo já dado na vida do ser humano, ou seja, aprende-se a brincar, desde cedo, nas relações que os sujeitos estabelecem com os outros e com a cultura.
•A brincadeira é um lugar de construção de culturas fundado nas interações sociais entre as crianças.
•Ao planejarmos atividades lúdicas, é importante perguntar: a que fins e a quem estão servindo?
•O eixo principal em torno do qual o brincar deve ser incorporado em nossas práticas é o seu significado como experiência de cultura.
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AS DIVERSAS EXPRESSÕES E O DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA NA ESCOLA
O prazer e o domínio do olhar, da escuta e do movimento sensíveis construídos no encontro com a arte potencializam as possibilidades de apropriação e de produção de diferentes linguagens.
Ninguém cria no vazio e sim a partir das experiências vividas, dos conhecimentos e dos valores apropriados.
O criar livremente não significa fazer qualquer coisa, de qualquer forma, em qualquer momento.
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•Mas como trabalhar no contexto escolar com o fazer estético que promove o encontro do homem com a humanidade? O que fazer? Como fazer? O que não fazer? Como podemos aprender com a arte e a cultura a ressignificar nosso trabalho cotidiano e o processo de ensinar e aprender?
•Muitas vezes, à medida que a criança avança nos anos escolares ou séries do ensino fundamental, vê reduzidas suas possibilidades de expressão, leitura e produção com diferentes linguagens.
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Compreender e expressar a realidade por meio da literatura mobiliza nossa sensibilidade, imaginação e criação.
O desenho como forma de linguagem, não se revela nas atividades de cobrir pontilhados, colorir desenhos mimeografados.
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Conhecer, por sua vez, implica sensibilidade, conhecimentos e disponibilidade para observar, indagar, devolver respostas para articular o que as crianças sabem com os objetivos das diferentes áreas do currículo.
Que conhecimentos são fundamentais e indispensáveis à formação das crianças?
É importante a criança vivenciar atividades em que possa ver, reconhecer, sentir, experienciar, imaginar e atuar sobre as diversas manifestações da arte.
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Reconhecemo-nos e diferenciamo-nos a partir do outro, por isso, as atividades devem permitir que todas as crianças possam participar, se divertir e aprender, sejam elas gordas ou magras, altas ou baixas, fortes ou franzinas, rápidas ou menos ágeis.
O desenvolvimento dos conceitos científicos não é fruto de memorização ou de imitação simplesmente.
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Quando trabalhamos um conceito científico, quais têm sido as atividades que o antecedem e as que vão sucedê-lo?
Uma proposta pedagógica que envolva as diferentes áreas do currículo de forma integrada se efetiva em espaços e tempos, por meio de atividades realizadas por crianças e adultos em interação.
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LETRAMENTO E ALFABETIZAÇÃO: PENSANDO A PRÁTICA PEDAGÓGICA
Por meio da oralidade, as crianças participam de diferentes situações de interação social e aprendem sobre elas próprias, sobre a natureza e sobre a sociedade.
A leitura do texto literário é fonte de prazer e precisa, portanto, ser considerada como meio para garantir o direito de lazer das crianças e dos adolescentes
“Alfabetizar letrando” é um desafio permanente
O entendimento sobre como funciona a nossa escrita pressupõe ter familiaridade e se apropriar das diferentes práticas sociais em que os textos circulam.
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A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO PEDAGÓGICO: ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO
COMO EIXOS ORIENTADORES
O modo como organizamos o trabalho pedagógico está ligado aos modos como entendemos a criança; aos sentidos que damos à infância e aos processos de ensino-aprendizagem.
A cada ano vivemos novas experiências e novos modos de viver a prática pedagógica porque trabalhamos com pessoas, com crianças - trabalhamos então com sujeitos vivos e pulsantes, e com conhecimentos em constante ampliação, revisão e transformação.
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• Os planejamentos de ensino, os planos de aula e os projetos de trabalho são, portanto, frutos de reflexões coletivas e individuais cujo objetivo é a aprendizagem das crianças.
• Todo professor, de qualquer nível de ensino, é um professor de linguagem.
• Pensar na organização da escola em função de crianças da Educação Infantil envolve concebê-las no sentido da inserção no mundo letrado.
• É preciso ter espaço para arriscar, em conseqüência, é preciso ter espaço, não só para acertar, mas para expor hipóteses, dúvidas.
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MODALIDADES ORGANIZATIVAS DO TRABALHO PEDAGÓGICO: UMA
POSSIBILIDADE
Linguagem e poder têm andado juntos na história da humanidade.
O currículo escolar é construção da identidade da criança e também espaço de conflito dos interesses da sociedade.
Uma questão fundamental a ser enfrentada no trabalho cotidiano diz respeito ao tempo, que é sempre escasso, por isto, há necessidade de qualificá-lo didaticamente.
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É PRECISO REVISAR OS CURRÍCULOS:
O QUE PROPÕEM OS RCNEI(1998)? Familiarizar-se com a escrita por meio do
manuseio de livros, revistas e outros portadores de texto e da vivência de diversas situações nas quais seu uso se faça necessário;
Escutar textos lidos, apreciando a leitura feita pelo professor;
Interessar-se por escrever palavras e textos ainda que não de forma convencional;
Reconhecer seu nome escrito, sabendo identificá-lo nas diversas situações do cotidiano;
Escolher os livros para ler e apreciar.”
(MEC, 1998)
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RCNEI...“O PROFESSOR, ALÉM DE LER PARA AS CRIANÇAS, PODE ORGANIZAR AS SEGUINTES SITUAÇÕES DE LEITURA PARA QUE ELAS PRÓPRIAS LEIAM:
Situações em que as crianças estabeleçam uma relação entre o que é falado e o que está escrito (embora ainda não saibam ler convencionalmente). Nessas atividades de “leitura”, as crianças devem saber o texto de cor e tentar localizar onde estão escritas determinadas palavras. Para isso, as crianças precisam buscar todos os indicadores disponíveis no texto escrito. Não é qualquer texto que garante que o esforço de atribuir significado às partes escritas coloque problemas que ajudem a criança a refletir e a aprender. Nesse caso, os textos mais adequados são as quadrinhas, parlendas e canções porque focalizam a sonoridade da linguagem (ritmos, rimas e repetições etc. ), permitindo localizar o que o texto diz em cada linha;
Situações em que as crianças precisam descobrir o sentido do texto, apoiando-se nos mais diversos elementos, como nas figuras que o acompanham, na diagramação, em seus conhecimentos prévios sobre o assunto, no conhecimento que têm sobre algumas características próprias do gênero etc.”.
(MEC, 1998)
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MINHA PROPOSTA PARA O ATENDIMENTO AOS PEQUENOS:
É necessário: Lutar para ampliar o acesso universalizado à
educação infantil;
Garantir, desde a Educação Infantil, uma imersão na cultura escrita e a vivência de reflexão sobre a linguagem escrita.
( LETRAMENTO + ALFABETIZAÇÃO “COM VIDA”, ISTO É, SEM QUE PRA ISSO SE TENHA QUE SER INFELIZ OU DEIXAR DE BRINCAR !!!)
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E A INSERÇÃO NO MUNDO DA ESCRITA (OU LETRAMENTO)? “alfabetizar e letrar são duas ações
distintas, mas inseparáveis. O ideal é alfabetizar letrando, ou seja: ensinar a ler e escrever no contexto das práticas sociais da leitura e da escrita.” (Soares, 1998)
Precisamos investir nas duas dimensões de modo contínuo e cotidiano, aproveitando o tempo, em lugar de retirar da criança a possibilidade de participar de diferentes situações de REFLEXÃO sobre as palavras e textos, leitura e produção de textos.
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De acordo com os pressupostos teóricos da concepção de letramento, a criança, desde o momento em que entra em contato com a linguagem escrita e oral e percebe sua função, que é, para a primeira, o registro da fala e, para a segunda, ler o que está registrado, afirmando para a criança que ela faz parte de um mundo letrado, mundo que na verdade já faz parte desde o seu nascimento, pois desde este momento já interage com os signos, fguras, letras, números e tudo que possa ter um signifcado para a linguagem escrita – essa criança é considerada letrada, como diz Soares (2001), “já penetrou no mundo do letramento”.
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Letramento é, portanto, a condição de ensinar e aprender as práticas sociais da leitura e da escrita. É o trabalho que o educador infantil realiza na sua sala de aula, oportunizando às suas crianças todo tipo ou vários tipos de linguagens escritas e orais, tais como: livros infantis, receita culinária, bula de remédio, jornais, revistas, cartas, bilhetes, rótulos e tudo que lemos e escrevemos da nossa realidade. Desse modo, podemos resgatar a concepção de Vigotsky sobre os simbolismos da escrita e identifcá-los com a primeira etapa do letramento.
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O desenvolvimento da educação infantil com relação à linguagem escrita e oral parte do princípio do que a criança sabe, o que faz parte do seu meio sociocultural, trabalhando com as práticas sociais da leitura e da escrita. Identificando toda manifestação de leitura e de escrita da criança como algo singular e mediado de significado.
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Na educação infantil é um dever trabalhar com a concepção de letramento com as crianças desde o momento em que esta chega na instituição infantil, estimulando-a a participar ativamente do processo de construção da leitura e da escrita do seu mundo e não do mundo do educador ou dos autores de cartilhas e livros didáticos.
Fazer com que a crianças tenham liberdade de expressão e que possam experimentar a múltiplas linguagens, como a música, dança, artes, leituras da literatura infantil clássica e brasileira,histórias em quadrinhos, jogos, brinquedo e brincadeiras e tantas outras.
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Não é esse tipo de aluno que a escola necessita, ela deverá buscar capacidade em seus educandos, capacidade de retórica, de critica e de reflexão. Ora, na modernidade a criança deixa de ser criança muito cedo, ela não faz o que gostaria de fazer, que é brincar e sim o que os pais querem e o que a escola possibilita. Então, deixá-la brincar é possibilitar-lhe que solte o imaginário, que brinque de faz de conta, sinta prazer, se expresse, tanto corporal e verbal quanto artisticamente.
Atividades estas, que segundo Mello (2005, p.24):
“são essenciais para a formação da identidade, da inteligência e da personalidade da criança, além de constituírem as bases para a aquisição da escrita como um instrumento cultural complexo”.
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Brincar, na maioria das vezes é visto como algo improdutivo, não se acredita que no brincar é possível aprender. Brincar possibilita à criança vivenciar coisas que muitas vezes não lhe é possível. Permite que ela crie formas de expressão, hipóteses a respeito da vida, socialização entre várias crianças e compartilhamento de experiências vividas. Segundo Vygotsky (1994) para compreender a passagem de um estágio do desenvolvimento da criança para outro, somente é perceptível através das brincadeiras que ela realiza, uma vez que o brincar emerge de uma necessidade infantil.
[...]aquilo que é de grande interesse para um bebê deixa de interessar uma criança um pouco maior. A maturação das necessidades é um tópico predominante nessa discussão, pois é impossível ignorar que a criança satisfaz certas necessidades no brinquedo [...] (Idem, p.122).
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Portanto, o brinquedo é de extrema importância para o desenvolvimento do aluno, pois, além de ser uma necessidade para a criança, se utilizar desse brincar para vivenciar diversas situações, por exemplo, de socialização, apropriação de valores e costumes, vivenciando situações não somente de prazer, mas também conflituosas. Como afirma o mesmo autor: Definir o brinquedo como uma atividade que dá prazer à criança é incorreto por duas razões.
Primeiro, muitas atividades dão à criança experiências de prazer muito mais intensas do que o brinquedo, como, por exemplo, chupar chupeta, mesmo que a criança não se sacie. E, segundo, existem jogos nos quais a própria atividade não é agradável, como, por exemplo, predominantemente no fim da idade pré-escolar, jogos que só dão prazer à criança se ela considera o resultado interessante.[...](VIGOTSKI, 1994, p. 121).
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Só a criança que entende o objetivo do que lhe é proposto e que atua motivada por esse objetivo é capaz de atribuir um sentido que a envolva na atividade. Os fazeres propostos para as crianças na escola têm mais possibilidades de se estabelecer como atividade quanto maior for a participação da criança na escola dando a conhecer suas necessidades de conhecimento
(...)A informação vai ser apropriada apenas se a criança puder interpretá-la e expressá-la na forma de uma linguagem – que pode ser a fala, um texto escrito, um desenho, uma maquete, uma escultura, um jogo de faz-de-conta, uma dança – que torne objetiva essa sua compreensão. (MELLO, 2005, p.32 e 33).
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Segundo Faria (2005) a criança se expressa sem usar palavras, sem a escrita, e a nós, educadores, cabe a tarefa de potencializar as diferentes formas de expressão da criança, sendo a escrita uma delas. Esta autora, partindo dos estudos vygotskianos enfatiza a importância de explorar os desenhos, as brincadeiras de faz de conta, entre outras. Segundo a autora: o desenho e o faz-de-conta são atividades essenciais para o desenvolvimento das formas superiores de comunicação humana, e se desejamos que as crianças se apropriem da escrita com uma forma de linguagem expressiva, é necessário que elas se utilizem profundamente do faz-de-conta e do desenho livre, vividos ambos como formas de expressão e de atribuição pessoal de significado àquilo que a criança vai conhecendo no mundo da cultura e da natureza. (MELLO, 2005, p. 28-29).
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É importante perceber que a criança ao desenhar, os traços assemelham-se aos traços do objeto desenhado, já na escrita, isso não acontece. No desenho ela é capaz de elaborar diversas formas de representação.
Então, possibilitar que a criança desenhe bastante no período em que se encontra na escola e possibilitar a ela o contato com livros de histórias, reportagens de jornais, ler textos para eles é de fundamental importância, pois a partir disso, a criança vai criando as suas hipóteses a respeito da leitura e da escrita, percebendo-a não como um emaranhado de símbolos mas, como uma possibilidade de expressar sentimentos, emoções, idéias, algo que informa, que permite a interação entre pessoas, etc.
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É possível afirmar que na escola, isso é possível através da brincadeira com as palavras, deixando a criança escrever, desenhar, oferecer livros com ilustrações. Pedir que leia o livro para você é uma forma gostosa de brincar com a imaginação. Mesmo que a leitura que ela faça não condiga com o que realmente está escrito, não quer dizer que está errado, é apenas uma forma como ela imagina que está escrito. E, o professor como mediador da aprendizagem, necessita ter a consciência de que essa forma de interpretação precisa ser valorizada e estimulada mesmo que não se aproxime do saber convencionado socialmente.
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Nesse sentido, é de fundamental importância valorizar essa fase na qual a criança se encontra e fazer uso dessa etapa, aceitar a criança e o momento que ela está vivenciando, é uma das melhores formas para ensinar, visto que, no mundo dela, tudo é brincadeira e a aprendizagem também deve ser entendida como uma brincadeira.
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INTERVENÇÃO:
planejamento e encaminhamento das atividades
a organização dos alunos (agrupamentos produtivos)
a organização da rotina semanal de trabalho
a intervenção propriamente dita (alguns alunos)
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Tratamento dos conteúdos
Para favorecer a conquista da capacidade de uso da linguagem, objetivo central do ensino da língua, é preciso tratar os conteúdos de forma coerente com o que se pretende alcançar: será necessário, então, organizá-los e seqüenciá-los de acordo com critérios metodológicos. O critério de organização dos conteúdos é o “movimento” uso-reflexão-uso, o que indica que a utilização da linguagem está tanto no ponto de partida quanto no ponto de chegada do trabalho com a Língua Oral e Escrita. E o critério de seqüenciação – “considerar, ao mesmo tempo, o nível de conhecimento prévio do aluno e o grau de complexidade do conteúdo” – revela que não é possível determinar, a priori, uma seqüência completa de conteúdos.
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A seqüência depende da análise do professor em relação ao conhecimento que seus alunos possuem.
Trabalhar com a diversidade de textos, portanto,, têm por trás uma série de questões, e há outras tantas como desdobramento.
Após selecionar os conteúdos e definir os critérios gerais de seqüenciação e organização, há várias alternativas para organizar os conteúdos. Por exemplo, eles podem ser trabalhados em atividades permanentes, em atividades seqüenciadas, em atividades de sistematização ou em projetos.
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Atividades permanentes são as que acontecem ao longo de um determinado período de tempo, porque são importantes para o desenvolvimento de procedimentos, de hábitos ou de atitudes. É o caso de atividades como: leitura diária feita pelo professor; roda semanal de leitura; oficina de produção de textos; hora das curiosidades científicas; hora das notícias; discussão semanal dos conhecimentos adquiridos naquela semana.
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Atividades seqüenciadas são as planejadas em uma seqüência encadeada: o que vem a seguir depende do que já foi realizado (e aprendido) anteriormente.
As atividades de sistematização, embora não decorram de propósitos imediatos, têm relação direta com os objetivos didáticos e com os conteúdos: são atividades que se destinam à sistematização de conhecimentos lingüísticos já trabalhados.
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Os projetos são situações didáticas em que o professor e os alunos se comprometem com um propósito e com um produto final: em um projeto, as ações propostas ao longo do tempo têm relação entre si e fazem sentido em função do produto que se deseja alcançar. É o caso de atividades como jogral, dramatização, apresentação pública de leitura, produção de livro, de jornal, de texto informativo e outras similares.
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PROJETOS PORQUE...Uma proposta pedagógica que privilegia o trabalho com
projetos se justifica por princípios que se expressam nas seguintes necessidades de natureza didática:
a compreensão do aluno como sujeito da própria aprendizagem;
a elaboração, junto com os alunos, de propostas a serem implementadas na classe;
a construção de algumas certezas compartilhadas e a discussão de muitas incertezas, o que permite maior compreensão da natureza de um empreendimento coletivo e melhor relacionamento entre o grupo;
a contextualização das propostas de ensino, considerando que a aquisição de conhecimento é sempre mediada pelo modo de aprender dos alunos e pelo modo de ensinar dos professores;
a máxima aproximação entre “versão escolar” e “versão social”do conhecimento, o que requer o planejamento de situações escolares à semelhança das práticas sociais, com o cuidado de não produzir simplificações ou distorções nos conhecimentos a serem trabalhados;
o fato de a ação educativa ter que responder, ao mesmo tempo, a objetivos de ensino e objetivos de realização do aluno – nem sempre coincidentes.
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Os objetivos de ensino representam capacidades que se pretende que os alunos desenvolvam, e os objetivos do aluno relacionam-se a necessidades pessoais, quase sempre de realização imediata. Por exemplo, quando o professor lê diferentes (e bons) textos para os alunos todos os dias, certamente pretende que eles tenham contato com a diversidade textual, que se familiarizem com a linguagem, que se interessem pela leitura em função do que se pode “ganhar” por meio dela, que compreendam algumas características dos diferentes gêneros...
Para o aluno, os objetivos já são de outra natureza: ele com certeza busca emoções provocadas pelo conteúdo dos textos (se forem literários) ou novos conhecimentos (se forem informativos).
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Não, não tenho caminho
novo. O que eu tenho de novo
é o jeito de caminhar.
Thiago de Mello: A vida verdadeira
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...Ao conviver com uma sociedade que usa a escrita em
outdoors, fachadas, livros, jornais, revistas, embalagens, placas, e quando os adultos ao redor utilizam a escrita para se
comunicar com pessoas distantes, para escrever lembretes, para expressar sentimentos, para registrar situações vivídas,
para se comunicar com os pais, para registrar combinados feitos com o grupo de crianças, - a criança cria para si a necessidade de escrever bilhetes, registrar vivencias.... Esse é o ponto de
partida para a aquisição da escrita... ( Sueli Amaral – Um mergulho no letramento a
partir da educação infantil )
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... Da mesma forma, se na escola, lemos histórias, buscamos informações necessárias em livros,
dicionários e revistas, revelamos coletivamente os combinados registrados na parede, lemos poemas,
notícias de jornal, gibis ou cartas, criamos nas crianças o desejo e a necessidade de ler
histórias, gibis, livros e poemas... ( Sueli Amaral – Um mergulho no
letramento a partir da educação infantil )
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Práticas recorrentes
romper com a idéia de prontidão, necessidade de desenvolver algumas habilidades motoras e intelectuais (pré-requisito): coordenação motora, memória auditiva, discriminação visual)
investimento em exercícios de coordenação atividades de leitura e escrita baseado na cópia de
vogais e depois consoantes, ensinando uma de cada vez.
crença de que a escrita das letras está associada a vivência corporal e motora interiorização de movimentos para reproduzi-los (andar sobre contornar na areia)
essa concepção considera a aprendizagem da leitura e escrita exclusivamente como aquisição de um sistema de codificação que transforma unidade sonora em gráfica.
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Procedimentos que devem ser enfatizados
Leitura
participar de situação em que os adultos leem para ela textos de diferentes gêneros
participar de situações que ainda não leiam convencionalmente ( indicadores ou memória ajustando o falado ao escrito)
reconhecer o nome em situações reais
observar e manusear material impresso
valorizar a leitura como fonte de prazer e entreterimento
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Escrita
participar de situações que se faz necessário o uso da escrita
escrita do nome em situações reais
produção de texto coletivo
escrita de próprio punho utilizando o conhecimento que dispõe
respeito pela própria produção e, alheia
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Desafios para os alunos não alfabetizados:
escrever e tentar ler a própria escrita representam um bom desafio para alguém que ainda não sabe ler envolve tomar decisões em relação a quantas e quais letras utilizar e justificar as escolhas feitas.
ficar constantemente exposto a situações de uso social da escrita: ouvindo o professor ler uma história ou notícia de jornal, participando da produção escrita de um bilhete para os pais ou de um texto produzido oralmente pelo classe e escrito pelo professor.
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serem colocados no papel de “leitores” – propor atividades de leitura de textos que sabem de cor, acompanham com o dedo e localizam palavras, localizar palavras em uma lista...O esforço para descobrir o que está escrito, exige que as crianças utilizem algumas estratégias de leitura e o conhecimento do valor sonoro das letras. Fazer questões para que justifiquem a leitura. Quando justifica, explicita o que pensa, abre possibilidades de intervenção pelo professor e ainda possibilita que colegas façam uso do seu conhecimento: Onde está escrito determinada palavra, em que índices se apoiaram, etc.
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•confrontar sua escrita com a de outro colega ou escrever determinada palavra em parceria.
•oferecer informações úteis paras ajudá-los a avançar em suas aprendizagens. Importância da utilização das referências escritas na classe, para ajudar as crianças nesse processo de descoberta do que está escrito, por ex: lista de nomes e outras listas.
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Algumas Propostas: leitura e escrita dos nomes, rótulos de
produtos conhecidos leitura do alfabeto exposto na sala leitura e escrita de textos conhecidos de
memória ( cantigas, parlendas, quadrinhas, etc.)
leitura e escrita de listas diversas leitura e escrita de títulos de história leitura de adivinhas cruzadinha, caça palavras, jogo da forca,
formação de palavras, etc.
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Nessas situações os alunos conseguem, guiados pelo contexto, antecipar o que está escrito e refletir sobre as partes do escrito ( quais letras, quantas e em que ordem elas aparecem).
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O que se espera que os alunos aprendam nessas
situações :
refletir sobre o sistema buscando fazer a correspondência entre os segmentos da fala e os da escrita.
conhecer as letras do alfabeto, sua ordem, seus valores sonoros,
observar e analisar o valor e posição das letras nas palavras
compreender as regras do funcionamento do sistema
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Participação em situações de leitura envolvendo (aprender a ler lendo):
ouvir histórias (diariamente) textos de memória (relação entre o falado e o
escrito)- parlendas, canções, quadrinhas... descoberta do sentido do texto apoiando-se
em indicadores: diagramação, palavras, letras, imagem... ler capas de revista e livros de literatura, rótulo e embalagens, histórias em quadrinhos...
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Convide os alunos a ler todos os dias: nome dos colegas, listas de histórias, alfabeto, atividades do dia, etc.
Proponha também momentos de exploração de livros, revistas, jornais, etc.
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Escrita: participação de situações de escrita envolvendo: escrita do nome – crachá, lista escrita espontânea – hipóteses de escrita –
escrita de palavras, formação de palavras( jogo de letras e sílabas, organização de listas contextualizadas...)
estudado de aspectos da escrita (análise e reflexão da língua) - alfabeto, regularidades em listas, formação de palavras, construção da família silábica, cruzadinha, caça palavras...
produção de textos coletivos- reescritas de histórias ouvidas, a partir de histórias em quadrinhos, bilhete...
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Comunicação oral
Recontar histórias ouvidas
Participar de situações que permitam emitir opiniões, sentimentos, etc.
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“ A leitura do mundo precede a leitura da palavra.” PAULO FREIRE
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Portanto, a mudança nas formas de compreender o processo de aquisição da leitura e da escrita, e de suas metodologias, é de suma importância. Pois, a utilização de atividades que envolvem a expressão, desenhos, brincadeiras, muitas vezes vistas como algo improdutivo dentro da sala de aula, possuem grande relevância, pois possibilitam que a criança compreenda a escrita como um instrumento cultural complexo, além de, contribuírem para a formação da identidade, da inteligência e personalidade da criança.
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Algumas referências
FARIA, A.L.G., MELLO, S.A.O Mundo da Escrita na Pequena Infância. Campinas, SP: Autores Associados, 2005.
FARIA, A. L.G., MELLO, S. A. Linguagens infantis: outras formas de leitura. Campinas, SP: Autores Associados, 2005.
TEBEROSKY, Ana; COLOMER, Teresa. Aprender a ler e a escrever: uma proposta construtivista. Trad. Ana Maria Neto Machado. Porto Alegre: Artmed, 2003.