II Congresso Nacional de Formação de Professores XII Congresso Estadual Paulista sobre Formação de Educadores
METODOLOGIAS ALTERNATIVAS PARA O ENSINO DE EVOLUÇÃO E ECOLOGIA: UMA EXPERIÊNCIA DE BOLSISTAS DO PROGRAMA DE BOLSAS DE INICIAÇÃO À
DOCÊNCIA (PIBID) DA FECLI/UECE
Jones Baroni Ferreira De Menezes, Adna Ferreira De Lemos, Fernando Roberto Ferreira Silva, Josefa Bento Da Sil, Maria Márcia Melo De Castro Martins, Mirtes Mara Rodrigues
Alencar, Ricardo Rodrigues Da Silva
Eixo 1 - Formação inicial de professores para a educação básica
- Relato de Experiência - Apresentação Pôster
Diversos fatores ainda prejudicam a aprendizagem dos conteúdos biológicos, dentre elas, as formas como são guiadas as aulas de Biologia, especialmente no que refere-se à escolha dos recursos didático-pedagógicos a serem utilizados. Esse fator, deve-se à lacunas existentes na formação profissional dos futuros professores de Ciências/Biologia, predomina um esvaziamento de saberes necessários ao exercício da docência. Neste sentido, o Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID/FECLI é uma iniciativa para o aperfeiçoamento e a valorização da formação de professores para a Educação Básica, proposta da CAPES. Esse trabalho objetiva a utilização de metodologias diferenciadas como forma de potencialização da aprendizagem dos alunos. O trabalho foi desenvolvido, pelos bolsistas do PIBID-Ciências Biológicas/FECLI, tendo como público alvo os discentes do 3º ano do Ensino Médio da E.E.M. Filgueiras Lima, Iguatu-CE. As atividades foram divididas em dois momentos: no primeiro momento, foram utilizados equipamentos multimídia para a realização da aula expositiva dialogada do conteúdo teórico de ambas as disciplinas e, posteriormente, foram vivenciadas as práticas intituladas: Seleção natural x Camuflagem, na aula de Evolução e Teia Alimentar, na aula de Ecologia. Através dessas aulas, evidenciou-se que metodologias pedagógicas alternativas tornam os conteúdos mais dinâmicos e atrativos e fazem com que os alunos construam passo a passo seu próprio entendimento sobre o assunto. Dessa forma, é preciso que haja uma mudança de atitude por parte da escola e dos professores de Biologia na utilização de metodologias dinâmicas que auxiliem na aprendizagem dos conteúdos, de forma que possa exercer uma docência de melhor qualidade na Educação Básica.
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METODOLOGIAS ALTERNATIVAS PARA O ENSINO DE EVOLUÇÃO E ECOLOGIA: UMA EXPERIÊNCIA DE BOLSISTAS DO PROGRAMA DE BOLSAS DE INICIAÇÃO À DOCÊNCIA (PIBID) DA
FECLI/UECE
Jones Baroni Ferreira de Menezes2; Josefa Bento da Silva1;
Mirtes Mara Rodrigues Alencar1; Adna Ferreira de Lemos1; Maria
Márcia Melo de Castro Martins2; Ricardo Rodrigues da Silva2; Fernando
Roberto Ferreira Silva2. FECLI/UECE. CAPES/PIBID
Introdução/Justificativa/Objetivo;
A maioria dos alunos vê a biologia apresentada em sala, como uma
disciplina cheia de nomes, ciclos e tabelas a serem decorados. Assim, a
questão que se coloca é: como atrair os alunos ao estudo e como estimular
seu interesse e participação? Acredita-se, então, que é necessário buscar
soluções, refletir sobre o assunto e trocar experiências.
Nesse sentindo, o ensino de Biologia vem passando por diversas
transformações durante as últimas décadas.
Até meados da década de 30, o ensino era centrado na figura do
professor, sendo o aluno passivo do referido processo, dessa forma, iniciou-
se no Brasil, um movimento denominado de Escola Nova, fomentando
discussões em torno desse papel do aluno e do professor no processo
educativo. (KRASILCHIK, 2008).
Porém nada foi devidamente aplicado até os anos 80, período em que
uma nova concepção educacional, denominada de concepção construtivista
de Piaget, na qual o aluno passar a ser o centro do fenômeno educativo,
pressupõe uma a participação ativa da própria criança ou adolescente no
processo de aprendizagem, passou a ser divulgada no meio educativo.
(CASTRO; CARVALHO, 2001). Esse modo de se apropriar dos conteúdos
contribui para o desenvolvimento cognitivo, na medida em que aprender não
é copiar ou reproduzir a realidade.
Porém, diversos fatores ainda prejudicam a aprendizagem dos
conteúdos biológicos, dentre elas, as formas como são guiadas as aulas de
Biologia, especialmente no que refere-se à escolha dos recursos didático-
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pedagógicos a serem utilizados, já que, ainda, em muitos locais, o sistema de
ensino disponibiliza ao professor, basicamente, uma sala de aula, quadro
negro, giz e livro didático, limitando o modelo de ensino.
A diversificação de atividades e de recursos didáticos contribui para
motivar os estudantes, possibilitando atender a distintas necessidades e
interesses dos alunos, assim uma das “novas” modalidades didáticas
apresentadas para o professor aplicar em sala é a experimentação, que é
essencial para o processo de ensino-aprendizagem quando, além do seu
envolvimento em atividades e experiências de ensino e aprendizagem, o
aluno se sente desafiado e perturbado com situações presentes no seu
cotidiano e, consequentemente, instigado em buscar na literatura e com os
seus colegas, usando-se de discussões e críticas, as possíveis soluções para
o problema formulado.
Porém, segundo Hennig (1998), uma das causas frequentemente
apontadas como responsáveis por esta situação aflitiva (e humilhante) do
ensino de Ciências/Biologia, não havendo uma diversificação das
metodologias aplicadas são, quase sempre, o deficiente preparo profissional
do professor, falta de oportunidade e meios para o professor atualizar-se e
precárias condições materiais da maioria das escolas.
Assim, devido a lacunas existentes na formação profissional dos
futuros professores de Ciências/Biologia, predomina um esvaziamento de
saberes necessários ao exercício da docência, sobretudo os saberes
pedagógicos, inviabilizando o enfrentamento das dificuldades surgidas
durante o ensino dos conteúdos de Biologia, refletindo na pouca utilização
e/ou desconhecimento de novos métodos educacionais. Estes, sabemos, que
constituem-se em ricos instrumentos na construção do conhecimento, pois
permite relacionar teoria e prática, o que faz com que professores e alunos
sejam beneficiados com uma aprendizagem significativa e satisfatória, uma
vez que os alunos ficam mais entusiasmados com a atividade diferente da
que eles estão habituados a terem e assim o conhecimento flui de maneira
mais interativa (KISHIMOTO, 1996; MARLUCELLI, 2007).
Neste sentido, o Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à
Docência – PIBID/FECLI é uma iniciativa para o aperfeiçoamento e a
valorização da formação de professores para a Educação Básica, proposta da
CAPES. Em parceria com escolas da rede pública de ensino, insere os
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licenciandos em seu futuro espaço de atuação profissional, desde o inicio da
sua formação acadêmica, para que desenvolvem atividades didático-
pedagógicas sob a orientação de um docente do curso de licenciatura e de
um professor da escola.
O Subprojeto de Ciências Biológicas da Faculdade de Educação,
Ciências e Letras de Iguatu, campus da Universidade Estadual do Ceará, tem
como propósito de contribuir para a melhoria da formação de professores,
tem desenvolvido ações para promover o fortalecimento da formação do
docente durante a vida acadêmica, através de pesquisa e prática nas ações
didáticas e pedagógicas.
Dessa forma, o objetivo do presente trabalho foi potencializar o
aprendizado de conteúdos nas áreas de ecologia e evolução, de forma
criativa e dinâmica, por meio de metodologias de ensino de Biologia
alternativas. A proposta do PIBID caminha nessa direção, permitindo a
disponibilização de novas metodologias alternativas para o ensino de biologia.
Desenvolvimento do Trabalho;
O trabalho foi desenvolvido, pelos bolsistas do Programa Institucional
de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID), da Universidade Estadual do Ceará
(UECE) / Subprojeto Ciências Biológicas – Faculdade de Educação, Ciências
e Letras de Iguatu (FECLI), tendo como público alvo os discentes da E.E.M.
Filgueiras Lima.
As atividades aconteceram em todas as turmas do 3º ano do Ensino
Médio e foram divididas em dois momentos: no primeiro momento, foram
utilizados equipamentos multimídia para a realização da aula expositiva
dialogada do conteúdo teórico de ambas as disciplinas (Figura 1) e,
posteriormente, foram vivenciadas as práticas intituladas: Seleção natural x
Camuflagem, na aula de Evolução e Teia Alimentar, na aula de Ecologia.
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Fig.1 – Aula expositiva-dialogada utilizando recursos audiovisuais.
Para a realização da prática Seleção natural x Camuflagem foram
utilizados materiais de baixo custo tais como: uma folha de papel de presente
com motivos florais, papéis coloridos de diversas cores, tesoura e lápis. Com
eles foram produzidos uma tabela na qual o papel de presente representava o
ambiente natural e 50 borboletas, confeccionadas com os papeis coloridos,
representavam as presas. Em seguida, foram selecionados 10 alunos para
representarem os predadores. Eles deveriam abrir os olhos por 3 segundos,
fechá-los logo em seguida e colocar a ponta do dedo indicador sobre uma das
presas que enxergou, no caso, uma borboleta. Ao final das 10 tentativas de
cada participante, obteve-se uma tabela contendo a quantidade de borboletas
predadas de cada cor.
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Fig. 2 – Materiais utilizados na confecção da atividade prática de Evolução.
Para a realização da prática Teia Alimentar foram utilizados papel
duplex verde, pincel, cordão, tesoura e novelo de linha de crochê. Com estes
materiais foram produzidos 16 crachás contendo o nome dos organismos da
teia alimentar. Cada aluno recebeu um crachá simbolizando um organismo.
Apenas o participante que simbolizava o Sol ficou no centro do círculo e
iniciou a atividade, este enrolou o fio no pulso e jogou o novelo para um dos
participantes que representava seres fotossintetizantes, passando em
seguida para um herbívoro e depois a um carnívoro e por último a um
decompositor, e este retornou o novelo ao Sol para reiniciar o ciclo. Porém,
qualquer organismo vivo poderia passá-lo a um decompositor. Nesse
momento, foram apresentadas as devidas explicações. Quando todos os
alunos estavam interligados, um dos organismos deveria puxar o cordão,
simbolizando sua morte, demonstrando, dessa forma, que todos os
organismos são interdependentes e que se um for afetado isso poderá causar
um desequilíbrio na teia alimentar em que está inserido.
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Fig. 3 – Materiais utilizados na confecção da atividade prática de Ecologia.
Os resultados foram obtidos através da análise observacional do
interesse e participação dos alunos nas atividades propostas.
Resultados
O desinteresse dos alunos não está associado apenas a fatores
externos à escola. A prática docente e as metodologias utilizadas no ensino
dos conteúdos também podem ser apontadas como fatores que inviabilizam
a participação e o envolvimento dos alunos no processo de ensino-
aprendizagem.
De acordo com Rezende (2007), “os professores de biologia devem
recorrer a aulas práticas na intenção de dinamizar o ensino dessa disciplina”,
já que as práticas podem ajudar no desenvolvimento de conceitos científicos,
contextualizando-os com seu cotidiano.
Esse pensamento, juntamente com o descrito por Hodson (1998), no
qual afirma que “[...] a própria sala de aula se torna um ambiente de prática,
através do deslocamento de materiais para a mesma. Isso faz, muitas vezes,
com que o monitor-professor considere dispensável o uso do laboratório”.
Nessa direção, Brasil (2006) afirma que o professor pode adotar
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procedimentos bastante simples, mas que exijam a participação efetiva do
aluno.
Desse modo, os referidos autores corroboram com o que foi
desenvolvido e verificado no decorrer das aulas teóricas e práticas, cuja
utilização de aulas alternativas e diferenciadas, inseridas num processo de
interdisciplinaridade e contextualização, no ensino de biologia, permitiu aos
alunos a construção de sua própria aprendizagem possibilitando um maior
envolvimento e participação dos mesmos na atividade.
Fig. 4 – Participação dos alunos nas atividades práticas propostas.
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As metodologias alternativas de ensino permitiram o envolvimento dos
alunos nas atividades desenvolvidas em sala, ao mesmo tempo em que
propiciaram espaço para discussão e esclarecimentos de informações
importantes para uma melhor aprendizagem de conceitos estudados tanto em
Evolução quanto em Ecologia.
Além disso, despertaram a criticidade dos alunos. Na prática Teia
alimentar, os alunos refletiram sobre a interação dos organismos numa teia
alimentar e a importância de cada ser vivo num ecossistema e os impactos
que podem surgir, se houver um comprometimento dessa relação. E a
prática da seleção natural x camuflagem permitiu a visualização do processo
de camuflagem dos organismos no ambiente natural e quais os benefícios
adquiridos por eles nessa seleção.
Além do entusiasmo dos alunos com as práticas realizadas, facilitando
dessa forma a compreensão sobre o assunto, essas atividades possibilitaram
também, uma maior desenvoltura e facilidade ao repassar o conteúdo por
parte dos bolsistas regentes. A experiência vivenciada reflete o pensamento
de Hennig (1998), quando sugere “renovar, reformular, aperfeiçoar e
dinamizar o ensino de Ciências. [...] atualizar os professores em exercício e
prover os futuros professores de uma orientação segura quanto ao ensino de
Ciências”.
Conclusão
Evidencia-se, portanto, que metodologias pedagógicas alternativas
tornam os conteúdos mais dinâmicos e atrativos, pois saem do modelo
tradicional de ensino e fazem com que os alunos construam passo a passo
seu próprio entendimento sobre o assunto. Além disso, essas metodologias
direcionam para uma formação diferenciada no ensino de biologia na
perspectiva de que os alunos compreendam o significado do conhecimento
teórico relacionando-o com o seu cotidiano.
Dessa forma, é preciso que haja uma mudança de atitude por parte da
escola e dos professores de Biologia na utilização de metodologias dinâmicas
que auxiliem na aprendizagem dos conteúdos, de forma que possa exercer
uma docência de melhor qualidade na Educação Básica, um dos objetivos do
PIBID.
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Referências Bibliográficas.
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KISHIMOTO, T. M. Jogo, brinquedo, brincadeira e a educação.
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KRASILCHIK, M. Prática de ensino de biologia. São Paulo: Editora
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MARLUCELLI, V. M. B. Formação dos Professores de Ciências e
Ciologia: reflexões sobre os conhecimentos necessários a uma prática de
qualidade. Estud. Biol.; V. 29(66):113-116, 2007.
REZENDE, Roberta Conceição Santana; SILVA Miríades Augusto da.
Diagnóstico do ensino de biologia em escolas públicas de Ilhéus e Itabuna (BA). In. XIII Seminário de Iniciação Científica e 9ª Semana de
pesquisa e Pós-Graduação da UESC Ciências Humanas, 2007 Disponível
em: <www.uesc.br/seminarioic/sistema/resumos/2007262.pdf> Acesso em: 02
out. 2009.
Notas
1 Graduanda do Curso de Ciências Biológicas – FECLI/UECE e Bolsista do
PIBID-CAPES.
2 Professor do Curso de Ciências Biológicas – FECLI/UECE.
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