i
JULIANA MELO ALTIMARI
IDADE RELATIVA: IMPLICAÇÕES SOBRE CARACTERÍSTICAS
ANTROPOMÉTRICAS E DESEMPENHO MOTOR DE JOVENS
JOGADORES DE FUTEBOL
Campinas
2014
ii
iii
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS
FACULDADE DE EDUCAÇÃO FÍSICA
JULIANA MELO ALTIMARI
IDADE RELATIVA: IMPLICAÇÕES SOBRE CARACTERÍSTICAS
ANTROPOMÉTRICAS E DESEMPENHO MOTOR DE JOVENS
JOGADORES DE FUTEBOL
Tese de Doutorado apresentada ao
Programa de Pós-Graduação da Faculdade
de Educação Física da Universidade
Estadual de Campinas, como parte dos
requisitos exigidos para obtenção do título
de Doutora em Educação Física, na área de
concentração Biodinâmica do Movimento
e do Esporte.
Este exemplar corresponde à versão final da Tese
defendida por Juliana Melo Altimari e orientada
pelo Prof. Dr. Antonio Carlos de Moraes.
______________________________
Campinas
2014
Orientador: Prof. Dr. Antonio Carlos de Moraes
Ficha catalográficaUniversidade Estadual de Campinas
Biblioteca da Faculdade de Educação FísicaDulce Inês Leocádio dos Santos Augusto - CRB 8/4991
Altimari, Juliana Melo, 1981- AL79r AltIdade relativa : implicações sobre características antropométricas e
desempenho motor de jovens jogadores de futebol / Juliana Melo Altimari. –Campinas, SP : [s.n.], 2014.
AltOrientador: Antonio Carlos de Moraes. AltTese (doutorado) – Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de
Educação Física.
Alt1. Futebol. 2. Maturação. 3. Fadiga. 4. Jovens. I. Moraes, Antonio Carlos. II.
Universidade Estadual de Campinas. Faculdade de Educação Física. III. Título.
Informações para Biblioteca Digital
Título em outro idioma: Relative age : implications on anthropometric characteristics andmotor performance of young soccer playersPalavras-chave em inglês:SoccerMaturationFatigueYoungÁrea de concentração: Biodinâmica do Movimento e EsporteTitulação: Doutora em Educação FísicaBanca examinadora:Antonio Carlos de Moraes [Orientador]Claudinei Ferreira dos SantosCharles Ricardo LopesEzequiel Moreira GonçalvesMiguel de ArrudaData de defesa: 25-02-2014Programa de Pós-Graduação: Educação Física
Powered by TCPDF (www.tcpdf.org)
iv
v
COMISSÃO JULGADORA
vi
vii
Altimari, Juliana Melo. Idade relativa: implicações sobre características
antropométricas e desempenho motor de jovens jogadores de futebol. 2014. 109f. Tese
(Doutorado em Educação Física) - Faculdade de Educação Física. Universidade Estadual de
Campinas, Campinas, 2014.
Resumo
Este estudo analisou o efeito da idade relativa (EIR) sobre características antropométricas e
desempenho motor de jovens jogadores de futebol. Para tanto, foram conduzidos dois
estudos. No estudo 1 a amostra foi composta de 400 jogadores de futebol (15,4 ± 0,4 anos)
da categoria Sub-15 que participaram da 10° Copa Brasil de Futebol Sub-15. As datas de
nascimento, bem como as medidas antropométricas massa corporal (MC), estatura (ET),
foram obtidas a partir de dados relatados pelas equipes na ficha de inscrição de cada atleta à
organização do evento e a CBF. No estudo 2 a amostra foi composta de 146 jogadores de
futebol das categorias Sub-13 (n = 50; 13,6 ± 0,3 anos), Sub-15 (n = 50; 15,5 ± 0,4 anos) e
Sub-17 (n = 46; 17,7 ± 0,3 anos). Os sujeitos foram submetidos a diferentes situações
experimentais de forma transversal: 1) mensurações antropométricas MC, ET, massa magra
(MM) e gordura relativa (%G); 2) avaliação da idade óssea (IO); 3) testes motores para
avaliação da resistência aeróbia (RA), velocidade (VL10m e VL30m), força de membros
inferiores a partir de salto vertical (SV, SVCSMS e SVCCMS), resistência de velocidade
(RSA) e índice de fadiga obtido a partir do teste de RSA (IFRSA). Em ambos os estudos os
jogadores foram separados de acordo com a categorização de idade cronológica por
quadrimestres, 1˚ quadrimestre (1˚ QDT), jovens nascidos entre janeiro e abril; 2˚
quadrimestre (2˚ QDT), jovens nascidos entre maio e agosto e 3˚ quadrimestre (3˚ QDT),
jovens nascidos entre setembro e dezembro. Para o tratamento estatístico foram
empregados teste não paramétrico do qui-quadrado (X2), análise de variância (ANOVA)
two-way, seguido pelo teste Post-hoc de Scheffé. As correlações entre os parâmetros
analisados foram estabelecidas pelo coeficiente de correlação de Pearson. O nível de
significância adotado para todas as análises foi de 5%. Os resultados do primeiro estudo
demonstram um maior número jogadores nascidos nos primeiros meses do ano (1˚ QDT >
2˚ QDT > 3º QDT, P<0,05). Da mesma forma, constatou-se valores significativamente
maiores para as variáveis ET e MC dos jogadores nascidos nos primeiros meses do ano (1˚
QDT > 2˚ QDT > 3º QDT, P<0,05). No segundo estudo observou-se que as variáveis MC,
ET e RSA apresentaram diferenças significativas entre o 1˚ QDT e 3˚ QDT, nas categorias
Sub-13 e Sub-15 (P<0,05). Enquanto que para a variável MM diferenças significativas
foram observadas apenas entre 1˚ QDT e 3˚ QDT da categoria Sub-13 (P<0,05). Por outro
lado, nenhuma diferença significativa para a variáveis %G, SV, SVCSMS, SVCCMS, RA,
VL10 m, VL30 m e IFRSA entre o 1˚ QDT, 2˚ QDT e 3˚ QDT foram observadas em todas
as categoria analisadas (P>0,05). Ressalta-se que os valores das variáveis MC, ET, MM,
SV, SVCSMS, SVCCMS, RA, RSA, VL10 m, VL30 m, foram significativamente
diferentes entre os jogadores da categoria Sub-13 e Sub-17 nos diferentes quadrimestres
(P<0,05). Constatou-se também que os jogadores da categoria Sub-13 apresentaram
menores valores de estatura, massa corporal e massa magra, em relação aos jogadores da
categoria Sub-15 e Sub-17 nos diferentes quadrimestres (P<0,05). Observou-se nas três
viii
categorias analisadas, a prevalência de jogadores apresentando estado de maturidade
normal nos três quadrimestres (Sub-13 = 72,0%; Sub-15 = 78,0%; Sub-17 = 95,0%). Os
achados do primeiro estudo sugerem que o ERI exerce influência na seleção de jovens
jogadores brasileiros de elite e que este efeito está associado as características
antropométricas estatura e massa corporal. Corroborando com esses achados, os resultados
do segundo estudo apontam para influência do ERI nas categorias Sub-13 e Sub-15 para as
variáveis massa corporal, estatura e resistência de velocidade, enquanto que para a variável
massa muscular isso ocorreu apenas na categoria Sub-13, possibilitando aos jogadores
nascidos no 1˚ QDT (Jan-Abr) dessas categorias vantagens em relação aos nascidos no 3˚
QDT (Set-Dez).
Palavras-Chave: Futebol, Maturação, Fadiga, Jovens.
ix
Altimari, Juliana Melo. Relative age: implications on anthropometric characteristics
and motor performance of young soccer players. 2014. 109f. Tese (Doutorado em
Educação Física) - Faculdade de Educação Física. Universidade Estadual de Campinas,
Campinas, 2014.
Abstract
This study examined the effect of relative age (ERA) on anthropometric characteristics and
motor performance of young soccer players. To this end, two studies were conducted. In
the study, a sample composed of 400 soccer players (15.4 ± 0.4 years) of the U-15 category
who participated in the 10th World Cup Football Brazil U-15. Dates of birth and
anthropometric measures body mass (BM) and height (H) were obtained from data reported
by the teams on the registration form for each athlete to the event organization and CBF.
The second study sample was composed of 146 soccer players in the categories U-13 (n =
50, 13.6 ± 0.3 years), U-15 (n = 50, 15.5 ± 0.4 years) and U-17 (n = 46, 17.7 ± 0.3 years).
The subjects were submitted to different experimental situations across the board: 1)
anthropometric measurements BM, H, lean mass (LM) and fat percent (BF%), 2)
assessment of bone age (BA) and 3) motor tests to evaluate aerobic endurance (AE), speed
(S10 m and S30 m), lower limb strength from vertical jump (VJ, VJCWUL and VJ
SVCAUL), repeated sprint ability (RSA) and fatigue index obtained from the RSA test
(FIRSA). In both studies the players were separated according to the categorization of
chronological age by four, quarter 1˚ (1˚ QT ), young people born between January and
April; quarter 2˚ (2˚ QT), young people born between May and August and 3˚ quarter (3˚
QT), young people born between September and December. For statistical treatment
nonparametric chi-square (X2) analysis of variance (ANOVA) two-way, followed by post-
hoc Scheffé test were used. Correlations between parameters were established by Pearson's
correlation coefficient. The significance level for all analyzes was 5%. The results of the
first study show a greater number of players born in the first months of the year (1˚ QT > 2˚
QT > 3˚ QT, P<0.05). Likewise, we found significantly higher values for the variables BM
and H players born in the first months of the year (1˚ QT > 2˚ QT > 3˚ QT, P< 0.05). In the
second study, it was observed that the BM, H and RSA variables showed significant
differences between the 1˚ QT and 3˚ QT in categories U-13 and U-15 (P<0.05). While for
the variable LM significant differences were found between 1˚ QT and 3˚ QT category U-
13 (P<0.05). On the other hand, no significant difference for the variables BF%, VJ,
VJCWUL, VJ SVCAUL, AE, S10 m, S30 m and IFRSA me between 1˚ QT, 2˚ QT and 3˚
were observed in every category analyzed (P>0.05). It is noteworthy that the values of BM,
H and RSA LM, VJ, VJCWUL, VJ SVCAUL, AE, RSA, S10 m, S30 m, variables were
significantly different between the players of the category U-13 and U-17 in different
quarters (P< 0.05). It was also found that the players of U-13 category had significantly
lower height, body mass and lean mass in relation to the category of players U-15 and U-17
in different quarters (P< 0.05). Observed in the three categories analyzed, the prevalence of
players showing normal state of maturity in each four (U-13 = 72.0 %, U-15 = 78.0 %, U-
17 = 95.0 %). The findings of the first study suggest that the ERA influences the selection
of young Brazilian elite players and that this effect is associated with anthropometric
x
characteristics height and body mass. Corroborating these findings, the results of the second
study indicate influence of ERA in categories U-13 and U-15 for the variables body mass,
height and repeated sprint ability, while for muscle mass this variable occurred only in the
U-13, allowing players born in 1˚ QDT (Jan-Apr) of these categories advantages compared
to those born at 3˚ QDT (Sep-Dec).
Keywords: Soccer, Maturation, Fatigue, Young.
xi
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................01
2 JUSTIFICATIVA...............................................................................................................04
3 ESTRUTURA DA TESE E OBJETIVOS.........................................................................05
4 REFERENCIAL TEÓRICO..............................................................................................06
4.1 Maturação biológica........................................................................................................06
4.2 Maturação biológica e antropometrica............................................................................07
4.3 Maturação biológica e capacidades motoras...................................................................10
4.4 Maturação biológica e desempenho no futebol...............................................................13
4.5 Efeito relativo da idade...................................................................................................15
4.6 Fadiga muscular, eletromiografia e desempenho no futebol..........................................17
5 MATERIAIS E MÉTODOS..............................................................................................19
5.1 Estudo 1...........................................................................................................................19
5.1.1 Amostra........................................................................................................................19
5.1.2 Delineamento experimental.........................................................................................20
5.1.3 Antropometria e data de nascimento............................................................................20
5.1.4 Tratamento estatístico..................................................................................................20
5.2 Estudo 2...........................................................................................................................21
5.2.1 Amostra........................................................................................................................21
xii
5.2.2 Delineamento experimental.........................................................................................22
5.2.3 Antropometria..............................................................................................................23
5.2.4 Avaliação da idade maturacional.................................................................................23
5.2.5 Teste de Yo-Yo intermitente recovery.........................................................................24
5.2.6 Teste de velocidade......................................................................................................25
5.2.7 Testes de salto..............................................................................................................25
5.2.8 Teste de resistência de velocidade...............................................................................26
5.2.9 Coleta e processamento dos sinais EMG.....................................................................27
5.2.10 Tratamento estatístico................................................................................................31
6 ARTIGO 1: DISTRIBUIÇÃO DO MÊS DE NASCIMENTO E MEDIDAS
ANTROPOMÉTRICAS DE JOGADORES DE FUTEBOL PARTICIPANTES DA COPA
BRASIL DE FUTEBOL SUB-15.........................................................................................31
7 ARTIGO 2: INFLUÊNCIA DO EFEITO RELATIVO DA IDADE SOBRE AS
CARACTERÍSTICAS ANTROPOMÉTRICAS E DESEMPENHO MOTOR DE JOVENS
JOGADORES DE FUTEBOL..............................................................................................44
8 CONSIDERAÇÕES FINAIS.............................................................................................69
REFERÊNCIAS....................................................................................................................70
APÊNDICES.........................................................................................................................80
ANEXOS...............................................................................................................................83
xiii
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho a Deus, pela minha vida,
saúde, proteção e sabedoria. A minha mãe Selma de
Melo, pelo incentivo e esforço realizado para que
eu finalizasse mais esta etapa da vida. Ao meu
esposo Leandro Ricardo Altimari, pela presença
constante em todos os momentos da realização
desse trabalho. E aos meus filhos amados Kauan e
Benjamin Altimari, razão disso tudo.
xiv
xv
AGRADECIMENTOS
Agradeço ao meu orientador Prof. Dr. Antonio Carlos de Moraes por ter me
dado a oportunidade de concretizar mais uma etapa profissional, sendo presente na
realização do meu trabalho e em muitos momentos vividos dentro da instituição. Agradeço
a sua amizade!
Aos professores Dr. Claudinei Ferreira dos Santos, Dr. Charles Ricardo
Lopes, Dr. Ezequiel Moreira Gonçalves e Dr. Miguel de Arruda, por terem aceitado fazer
parte da comissão julgadora, contribuindo fortemente para a execução da Tese.
À Faculdade de Educação Física da Universidade Estadual de Campinas e
Capes, pelo investimento na minha capacitação profissional e a Fapesp pelo apoio
financeiro para que pudéssemos concretizar esse estudo.
Ao corpo docente e aos funcionários da Faculdade de Educação Física da
Unicamp, pelo convívio e pelos auxílios prestados durante a realização do curso.
Aos clubes Junior Team Futebol, Terra Vermelha Futebol Clube, Cincão
Esporte Clube, Paraná Soccer Technical Center, Londrina Esporte Clube, São José
Esporte Clube da cidade de São José dos Campos, a Liga de Futebol de Londrina, a
Federação Paranaense de Futebol e a Confederação Brasileira de Futebol, que
disponibilizaram todo o espaço físico, atletas e informações necessárias para a execução
do experimento.
Aos técnicos, preparadores físicos, dirigentes e em especial aos atletas, que
participaram voluntariamente como indivíduos desse estudo.
xvi
xvii
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 - Desenho esquemático do teste YYIR1................................................................24
Figura 2 - Desenho esquemático do teste de sprints repetidos............................................26
Figura 3 - Exemplo para um indivíduo da obtenção da frequência mediana do músculo
Reto Femoral em um dos 6 sprints do teste de RSA.............................................................29
Figura 4 - Exemplo para um indivíduo da obtenção do sinal EMG do músculo Reto
Femoral nos 6 sprints do teste de RSA.................................................................................29
Figura 1A - Distribuição do mês de nascimento dos jogadores de futebol.........................37
Figura 2A - Valores de estatura dos jogadores de futebol...................................................38
Figura 3A - Valores de peso corporal dos jogadores de futebol..........................................38
Figura 1B - Valores dos parâmetros obtidos a partir da realização dos testes motores para
avaliação da força de membros inferiores.............................................................................56
Figura 2B - Índice de fadiga obtido no teste de resistência de velocidade, realizado pelos
jogadores de futebol..............................................................................................................58
Figura 3B - Valores obtidos a partir da realização dos testes motores de velocidade de 10m
e 30m.....................................................................................................................................59
xviii
xix
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Equipes que participaram da Copa Brasil de Futebol Sub-15............................19
Tabela 2 – Distribuição dos sujeitos estudados em cada categoria, de acordo com o
quadrimestre de nascimento..................................................................................................21
Tabela 1A - Equipes que participaram da Copa Brasil de Futebol Sub-15..........................35
Tabela 1B – Frequência de distribuição dos sujeitos estudados em cada categoria, de
acordo com o quadrimestre de nascimento...........................................................................53
Tabela 2A – Valores dos parâmetros antropométricos e de composição corporal..............54
Tabela 3 – Valores de frequência absoluta e relativa da classificação do estado
maturacional..........................................................................................................................55
Tabela 4 – Valores dos indicadores obtidos a partir da realização dos testes motores
indicadores de resistência aeróbia e resistência de velocidade.............................................57
Tabela 5 - Relação entre a fadiga neuromuscular obtida a partir da taxa de fadiga dos
músculos RF, ST e BF, individualmente e integrados, e o IFRSA dos jogadores de
futebol...................................................................................................................................58
xx
xxi
LISTA DE ABREVIATURAS
ANOVA - Análise de variância
ATP-CP - Adenosina trifosfato/Creatina fosfato
BF - Bíceps femoral de cabeça longa
CBF - Confederação Brasileira de Futebol
DCTR - Dobra cutânea tricipital
DCPM - Dobra cutânea panturrilha média
EDC - Espessura de dobras cutâneas
EMG - Eletromiografia de superfície
ERI - Efeito relativo da idade
ET - Estatura
IC - Idade cronológica
IF - Índice de fadiga
IFRSA - Índice de fadiga no teste de resistência de velocidade
IO - Idade óssea
MC - Massa Corporal
QDT - Quadrimestre
ST - Semitendíneo
SV - Salto vertical máximo semi-agachado, sem auxílio dos membros superiores
SVCCMS - Salto vertical máximo, com contramovimento com auxílio dos membros
superiores
SVCSMS - Salto vertical máximo, com contramovimento sem auxílio dos membros
superiores
RF - Reto Femoral
RSA - teste de resistência de velocidade ou sprints repetidos
VO2max - Consumo máximo de oxigênio
X2 - qui-quadrado
YYIR1 - Teste Yo-Yo intermitente recovery nível 1
xxii
1
1 INTRODUÇÃO
O futebol é um dos esportes mais populares do mundo, apresentando cerca de
240 milhões de praticantes, incluindo homens, mulheres crianças (Stølen et al., 2005; Wong
e Hong, 2005). No Brasil é caracterizado pela grande quantidade de talentos encontrados
nas diversas regiões do país, mas pouco se sabe de onde vem esse talento.
Para alguns autores, nenhum jovem desenvolve seu talento se não for apoiado
por adultos, e é justamente o apoio encontrado nas categorias de base que possibilita tal
oportunidade (Williams e Reilly, 2000; Unnithan et al., 2012).
A categorização de jovens jogadores de futebol utiliza um sistema semelhante
ao utilizado pela maioria das organizações escolares, clubes, federações e confederações,
ou seja, de acordo com a categorização de idade cronológica. Tal categorização visa
permitir a participação adequada e justa oportunidade de formação. Para fins de
categorização, a maioria dos países adotam as regras da FIFA (Federação Internacional de
Futebol Associado), que usa o ano do nascimento como critério de seleção, definindo 1 de
janeiro como a data-limite.
No entanto, esta regra é demasiadamente simplista para jovens, uma vez que
existe variações significativa em vários fatores, como aspectos emocionais, motivação e
experiência entre os jogadores mais jovens nascidos no final do ano de seleção e jogadores
mais velhos nascidos no início do ano de seleção (Ward et al., 2004; Cobley et al., 2009).
Além disso, os meninos mais velhos podem ter maior peso e estatura do que rapazes mais
jovens na mesma faixa etária. Há algum tempo, estudos têm relatado que meninos mais
velhos nascidos no início do ano apresentam estatura e peso significativamente maiores do
que os rapazes mais jovens durante a adolescência no Japão (Onishi, 1961). Essas
diferenças são relacionadas ao efeito relativo da idade (ERI).
O ERI tem sido observado não apenas no futebol, mas também em diversos
esportes (Musch e Grondin, 2001; Cobley et al., 2009). Desse modo, qualquer impacto que
o ERI tenha sobre os resultados da seleção de talentos para o futebol em idades menores,
tende a causar assimetria na distribuição dos meses de nascimento entre jovens jogadores
de futebol amadores e profissionais (Helsen, Van Winckel e Williams, 2005; Carling et al.,
2
2009; Hirose, 2009; Gutierrez Diaz Del Campo et al., 2010; Williams, 2010; Helsen et al.,
2012), independente do sexo (Romann e Fuchslocher, 2013), apesar de alguns estudos
apontarem a existência de diferenças de sexo no ERI (Goldschmied, 2011; Nakata e
Sakamoto, 2012). Para Vincent e Glamser (2006) essas possíveis diferenças entre os sexos
pode ser explicada por uma complexa interação de diferenças biológicas e maturacionais e
influências sociais.
O ERI na seleção de talentos para o futebol brasileiro também tem sido
constatado. Estudo de Altimari et al. (2011) demonstrou que jogadores convocados para as
seleções brasileiras de futebol no ano de 2010 nas categorias Sub-14 à Sub-18,
apresentaram um número significativamente maior de atletas nascidos nos primeiros meses
do ano (Janeiro-Abril) quando comparado aos últimos meses do ano (Setembro-Dezembro).
Corroborando com esses achados, um estudo de grande repercussão que analisou o ERI em
um grupo de 202951 jogadores profissionais registrados na Confederação Brasileira de
Futebol entre os anos de 1921 e 1996, revelou que o ERI está presente na seleção de
jogadores brasileiros e esse efeito apresentou um crescimento progressivo ao longo dos
anos (Costa, Albuquerque e Garganta, 2012).
Assim, considerando que o ERI tem se mostrado como um fator que influencia
na seleção de talentos no futebol, algumas pesquisas avançaram no sentido de entender uma
possível relação entre a distribuição dos meses de nascimento e as dimensões corporais de
atletas jovens.
Estudo conduzido por Carling et al. (2009) sugere que as diferenças no tamanho
corporal causadas pelo ERI exercem influência sobre a assimetria da distribuição dos meses
de nascimento em jovens jogadores de futebol. Considerando uma possível existência desta
relação, Hirose (2009) utilizou exame mais aprofundado para saber se essas alterações
resultavam de alguma interação com a maturação biológica e, após investigar a relação
entre a distribuição dos meses de nascimento, idade esquelética e características
antropométricas em jovens jogadores de futebol com idades entre 9 e 15 anos, constatou
que as assimetrias na distribuição dos meses de nascimento são resultados da relação com a
maturação biológica, o que poderia indicar que os jogadores que amadurecem
precocemente são favorecidos na seleção de jovens jogadores de futebol. Diante disso,
3
Hirose (2009) sugere que a maturação biológica individual deva ser considerada ao
selecionar tais jogadores.
Alguns estudos sugerem que entre os jovens jogadores de futebol, aqueles que
amadurecem fisicamente de maneira precoce podem ser selecionados preferencialmente,
tendo então maiores chances de se tornarem atletas de destaque. Em contradição, aqueles
que amadurecem mais tarde são sistematicamente não selecionados (Côté et al., 2006;
Delorme, Radel e Raspaud, 2013).
Contudo, embora esses estudos tenham apontado para esses indícios, na maioria
das vezes os aspectos abordados se limitam a análises relacionadas aos meses de
nascimento e a estruturas corporais. Ressalta-se, entretanto, que o futebol é caracterizado
por ações motoras intermitentes de curta duração e alta intensidade, que variam com
períodos de ações motoras de maior duração e menor intensidade (Stølen et al., 2005). As
execuções dessas ações motoras exigem força, velocidade e potência, bem como resistência
aeróbia, anaeróbia e resistência a fadiga muscular, as quais têm sido consideradas como
capacidades fisiológicas básicas para o futebol e não podem ser desprezadas em uma
análise mais ampla, que envolva os meses de nascimento e o desempenho físico (Stølen et
al., 2005; Carling et al., 2009).
4
2 JUSTIFICATIVA
Os estudos que tem investigado o ERI em jovens jogadores de futebol têm sido
conduzidos na perspectiva de uma nova reflexão a cerca da utilização do ano do nascimento
como critério de seleção/categorização. Entretanto, esses estudos têm se limitado a análises
da relação entre os meses de nascimento e estruturas corporais (ex. peso, massa corporal,
estatura), alguns poucos analisando o estado maturacional, desconsiderando que o futebol
também é caracterizado por ações que envolvem capacidades motoras (força, velocidade,
potência e resistência) indispensáveis para o desempenho no campo de jogo. Além disso, os
estudos não têm investigado como a fadiga muscular pode ser influenciada pelo ERI. Tais
achados podem servir como argumentos para uma nova forma de categorização como
critério de seleção, bem como para estratégias de organização e otimização de treinamentos
em jovens jogadores de futebol.
5
3 ESTRUTURA DA TESE E OBJETIVOS
Para a presente tese foi adotado o modelo alternativo, pelo qual a
contextualização do problema dá origem ao estabelecimento de diferentes objetivos, que
por sua vez são analisados a partir da redação de artigos. Portanto, está composta por
introdução geral, seguida de um referencial teórico que apresenta de forma geral temas
relacionados a maturação biológica, capacidades motoras, efeito relativo da idade e
desempenho no futebol, bem como da descrição metodológica do trabalho como um todo.
Ao longo da condução desse estudo foram elaborados três artigos originais, um dos quais já
publicado (Anexo 1). Dessa forma, o estudo será composto por dois artigos que guardam
estreita relação entre os temas abordados.
Assim, os objetivos do presente estudo foram analisados a partir da redação
destes dois artigos que estão descritos a seguir como capítulos. Esses trabalhos explanam de
forma progressiva e sistemática a idéia central do tema abordado no presente estudo, e tem
o propósito de embasar e complementar as proposições do tema do projeto.
Artigo 1: Distribuição do mês de nascimento e medidas antropométricas de
jogadores de futebol participantes da Copa Brasil de Futebol Sub-15.
Artigo 2: Influência do efeito relativo da idade sobre as características
antropométricas e desempenho motor de jovens jogadores de futebol.
6
4 REFERENCIAL TEÓRICO
4.1 Maturação biológica
Desde o nascimento até a idade adulta, o organismo jovem passa por uma série
de estágios, o que implica grau crescente de maturação e caracteriza o processo evolutivo
do ser humano. Embora o processo de amadurecimento possa estar associado a evolução do
organismo ainda jovem – diferentemente do que ocorre com o crescimento, quando a
característica principal é a hiperplasia e/ou hipertrofia celular – na maturação são
envolvidos processos de especialização e diferenciação celular (Ré, 2011)
Para Malina, Bouchard e Bar-or (2004) o conceito de maturação está baseado
na relação entre o tempo biológico e o tempo do calendário. Dessa maneira, a duração do
tempo de maturação biológica de uma criança não procede necessariamente em conjunto
com a idade cronológica, sendo que indivíduos variam no nível de maturidade atingida em
um determinado período da vida, em timing (momento em que ocorre um dado evento
maturacional) e tempo (ritmo com que esse evento se manifesta).
Se por um lado, a dinâmica dos diferentes estágios de maturação dos sistemas
biológicos é semelhante em todos os indivíduos jovens, por outro, podem ocorrer variações
individuais significativas quanto à época com que os estágios maturacionais mais
avançados são atingidos. Portanto, a avaliação da maturidade biológica consiste na
ferramenta para determinação do estágio em que se encontra o indivíduo a fim de analisar o
processo maturacional, entendido aqui como a análise do relacionamento entre a
constituição física e a maturação biológica (Malina, 2003).
Os indicadores de maturidade biológica comumente mais utilizados em estudos
do crescimento são os da maturação somática, sexual e esquelética. A maturação somática
fornece o tamanho atingido pelo indivíduo (estatura e massa corporal) segundo os padrões
normativos. Durante muitos anos a escala de Wetzel foi utilizada pela maioria dos pediatras
como meio básico de determinar a idade morfológica de seus pacientes. Embora não seja
tão usada atualmente devido à alterações seculares (mudanças ao longo de gerações) em
7
estatura e massa corporal, a escala Wetzel foi em certa época o método mais popular para
determinar a idade morfológica (Gallahue e Ozmun, 2005).
A maturação sexual, por sua vez, pode ser avaliada por meio de estágios de
desenvolvimento, que de acordo com Tanner (1962) são: a) cinco estágios para
desenvolvimento dos genitais nos meninos; b) cinco estágios de desenvolvimento das
mamas nas meninas; c) cinco estágios de pilosidade pubiana para ambos os sexos. Uma
limitação desta técnica é a dificuldade em realizá-la devido a necessidade da presença de
um médico especializado e um local adequado, além do que pode causar constrangimento
ao adolescente por se colocar seminu diante do observador médico, ao mesmo tempo
causando desconforto ao avaliador. Apesar da alternativa em realizar a auto-avaliação, o
viés da subjetividade pode resultar em avaliações superestimadas ou subestimadas (Martin
et al., 2001).
De acordo com Malina, Bouchard e Bar-or (2009), a maturidade esquelética é,
talvez, o melhor método para a avaliação de idade biológica ou status de maturidade. O
esqueleto é considerado um indicador ideal de maturidade porque seus períodos de
maturidade ocorrem durante todo o período de crescimento. A taxa com que os ossos
progridem a partir do modelo de cartilagem até a formação dos ossos e, eventualmente até a
morfologia adulta, varia entre ossos de um mesmo indivíduo e entre os indivíduos. A
avaliação da maturidade esquelética é baseada em alterações no esqueleto em
desenvolvimento a partir de exames de raios-x da mão e punho, que podem ser visualizadas
e avaliadas em radiografias-padrão identificando o aparecimento dos centros ósseos,
formato dos ossos e fusão epifisal.
4.2 Maturação biológica e antropometria
Um aspecto muito importante no processo de crescimento e desenvolvimento
humano é a determinação da composição corporal, pois serve como um valioso instrumento
para diferenciar e caracterizar populações em seus segmentos específicos e, ainda, para
analisar o processo maturacional, entendido aqui como a análise do relacionamento entre a
constituição física e a maturação biológica (Malina, 2003).
8
A composição corporal é caracterizada pela divisão dos vários componentes
corporais (tecido muscular, tecido ósseo e tecido adiposo). Com o progresso em direção a
maturação biológica, há uma modificação na quantidade e na distribuição desses tecidos
(Mortatti e Arruda, 2007). Durante a puberdade, as modificações hormonais e o rápido
crescimento somático, acarretam mudanças significativas na composição corporal, as quais
são vistas nos componentes corporais, incluindo conteúdo mineral ósseo, gordura relativa e
massa magra (Guedes e Guedes, 1997).
De acordo com Haywood e Getchell (2004), a estatura segue um padrão
sigmóide de crescimento, apresentando um rápido aumento na primeira infância,
diminuindo aos poucos para um crescimento constante na segunda infância, com outro
aumento rápido durante o estirão de crescimento da adolescência e seguido por uma
diminuição gradativa até o final do período de crescimento.
Em média, as meninas atingem pico de velocidade de estatura durante o estirão
de crescimento da adolescência dos 11 anos e meio aos 12 anos. O crescimento em altura
então diminui aos poucos até mais ou menos os 14 anos, com aumento notável em altura
terminando em torno de 16 anos. Os meninos alcançam seus picos de velocidade de
estatura dos 13 anos e meio aos 14; essa velocidade é mais rápida do que a das meninas –
cerca de 9 cm por ano para meninos, comparados a 8 cm por ano para meninas. O
crescimento dos meninos diminui gradativamente aos 17 anos, com aumento notável
terminando por volta dos 18 anos (Guedes e Guedes, 1997; Haywood e Getchell, 2004)
Os eventos intrínsecos ao estirão de crescimento adolescente são
interdependentes. Para meninos, o período de crescimento mais rápido coincide com o
aparecimento de características sexuais secundárias, como pelos pubianos e axilares. Para
meninas, a velocidade pico do crescimento tende a ocorrer antes da menarca (Gallahue e
Ozmun, 2005).
O aumento de peso também segue um padrão sigmóide. O peso, todavia, é
bastante suscetível a fatores extrínsecos e pode refletir variação na quantidade de músculos
mediante exercício, bem como na quantidade de tecido adiposo mediante dieta e atividade
física (Haywood e Getchell, 2004). Em meninos adolescentes, o aumento de peso ocorre
basicamente devido a aumentos na estatura e na massa muscular. Por outro lado, em
9
meninas o ganho de peso adolescente deve-se mais a aumentos na massa adiposa e na
estatura e, em menor grau, a aumentos na massa muscular (Gallahue e Ozmun, 2005).
O pico de velocidade de peso durante o estirão de crescimento na adolescência
em meninos, segue o pico de velocidade de estatura por dois meses e meio a cinco meses.
Já em meninas, por três meses e meio a 10 meses e meio. O crescimento do comprimento e
da largura dos vários segmentos atinge, algumas vezes, o pico de velocidade de peso antes
que o indivíduo atinja o pico de velocidade de estatura e, outras vezes, depois; mas todos
atingem seus picos antes ou junto com o pico de velocidade de peso (Haywood e Getchell,
2004).
Quanto a gordura corpórea nos meninos, observa-se um incremento de cinco
quilos em média, aos oito anos de idade, indo para aproximadamente 11 quilos aos 14 anos.
Aos 16 anos de idade ocorre uma queda de nove quilos em média, e subsequentemente, o
total de gordura corpórea atinge um platô (Siervogel et al., 2003).
Em relação à massa magra, esta é aumentada constantemente dos oito aos 18
anos nos meninos, mas tem sua maior taxa de crescimento entre os 12 e 15 anos de idade
(Siervogel et al., 2003). Nos meninos, a massa muscular média, expressa como percentual
da massa corporal, aumenta de 42% aos cinco anos para 53% aos 17 anos. Essa mudança
não é observada nas meninas, que apresentam valores de 41 e 42% nestas idades (Rowland,
2008).
Quando se associa a atividade física sistemática com o processo de crescimento
e desenvolvimento, verifica-se uma influência nas alterações da composição corporal,
podendo melhorar o desempenho motor do jovem (Mortatti e Arruda, 2007). Essas
influências ficam mais claras quando comparamos indivíduos de mesma faixa etária, mas
com desenvolvimento maturacional diferenciado, ou seja, indivíduos com maturação
avançada ou atrasada. Assim, um adolescente que tenha uma idade biológica avançada vai
possuir maiores valores em tamanho físico, com aumento da massa mineral óssea e da
massa magra, diferindo dos adolescentes que se encontram em idades biológicas mais
atrasadas (Ré, 2011), tendo portanto, uma influência direta no desempenho motor (Mortatti
e Arruda, 2007).
10
4.3 Maturação biológica e capacidades motoras
Os princípios gerais que regem as respostas do organismo ao exercício e ao
treinamento físico são os mesmos para crianças, adolescentes e adultos. Todavia, existem
particularidades da fisiologia do exercício em crianças que decorrem tanto do aumento da
massa corporal quanto da maturação, que se acelera durante a puberdade (Lazzoli et al.,
1998).
Várias são as alterações nas variáveis fisiológicas que acontecem da infância
para a adolescência e desta para a fase adulta. Comparando as características de um
adolescente de 12 anos com as que esse mesmo jovem possuía quando tinha apenas cinco
anos, identifica-se uma evolução no consumo máximo de oxigênio, capacidade anaeróbia,
força muscular, economia de corrida, potencial aeróbio, ventilação minuto, débito cardíaco,
volume sistólico, eficiência ventilatória, dentre outras (Villar e Zühl, 2006).
Além disso, observa-se que crianças não demonstram a mesma taxa de
mudança durante os anos de crescimento e desenvolvimento. Existem aquelas que atingem
a maturação biológica precoce e outras tardiamente, e essas variações na taxa de maturação
biológica são determinadas pelas diferenças hereditárias interindividuais (Rowland, 2008).
De acordo com Rowland (2008), o curso da infância é marcado pelo aumento
progressivo dos componentes do sistema cardiorrespiratório e muscular que determinam o
VO2máx, bem como o aprimoramento no desempenho da resistência. Consequentemente,
valores absolutos de potência aeróbia máxima aumentam conforme o jovem cresce e, entre
as idades de seis a 12 anos, o VO2máx de um menino mais que dobra (1,2 l/min para 2,7
l/min), sendo que os valores médios para meninas são de aproximadamente 200 ml/min
abaixo daqueles dos meninos na mesma idade cronológica. Na puberdade, o aumento do
VO2máx acelera nos meninos como resultado das influências anabólicas da testosterona,
enquanto os valores nas meninas se estabilizam. Malina, Bouchard e Bar-Or (2009) relatam
que a capacidade aeróbia aumenta progressivamente em meninos de oito a 16 anos para
jovens atletas e não-atletas.
Uma forte relação existe entre consumo máximo de oxigênio absoluto e a massa
corporal magra. Na realidade, quando o consumo máximo de oxigênio é expresso em
11
termos relativos ao peso corporal, permanece aproximadamente o mesmo durante a infância
e adolescência em meninos. Ele decai em meninas, provavelmente pelo aumento do tecido
adiposo. Além disso, quando relacionado à massa livre de gordura, os valores de VO2máx
demonstram um leve declínio durante e após a puberdade e pequenas diferenças de gênero
permanecem (Haywood e Getchell, 2004).
Quanto a força muscular, essa está intimamente associado aos hormônios
anabólicos, em especial aos hormônios de crescimento e a testosterona (Malina, Bouchard e
Bar-Or, 2009). O efeito combinado desses hormônios melhora a síntese de proteínas e inibe
a degradação das mesmas, resultando em um aumento da massa muscular e,
consequentemente, da força (Round et al., 1999; Ramos et al., 1998).
Em indivíduos pré- púberes e púberes de ambos os sexos, a maturidade
biológica está associada positivamente à força estática. Similarmente, em púberes do sexo
masculino, a partir dos 13 anos de idade a força explosiva e resistência de força dos
membros superiores e tronco estão correlacionadas positivamente com a maturidade
biológica, mesmo quando controladas pelas variáveis idade cronológica, estatura e peso
corporal. Além disso, a interação entre estatura, peso corporal e maturidade biológica
explica as significantes variações de força na fase da adolescência (Beunen e Thomis,
2000).
Segundo Rowland (2008), conforme a puberdade se aproxima, a massa
muscular cresce marcadamente e o desenvolvimento da força é acelerado. A tendência na
fase pré- púbere é similar nas meninas, mas os valores médios são menores do que aqueles
dos meninos. Essa pequena diferença relativa ao gênero é observada na força de preensão
manual a partir dos três anos de idade. Na puberdade, a curva de força nas meninas
continua a subir lentamente ou até mesmo se estabiliza com o aumento da idade.
Consequentemente, uma significativa lacuna relacionada ao gênero, no que diz respeito à
força muscular, ocorre nos anos de adolescência (Rowland, 2008).
Para Malina, Bouchard e Bar-or (2009), o desempenho médio no salto em
distância aumenta linearmente com a idade em ambos os sexos até os 14 anos de idade, em
meninas, e até os 18 anos em meninos. Valores relativos às diferenças entre os sexos no
salto vertical são similares, no entanto, a inclinação é um pouco mais acentuada, sugerindo
12
uma aceleração na adolescência em meninos. De forma geral, as correlações entre a força
muscular, o desempenho esportivo e os indicadores de maturação esquelética e sexual nos
meninos tendem a ser mais elevadas entre os 13 e 16 anos de idade, sendo que as
evidências mais fortes nesta faixa etária são as diferenças na força muscular entre os mais e
os menos adiantados no processo de maturação (Mazzucco, 2005).
Em um estudo de Seabra, Maia e Garganta (2001), jovens atletas apresentaram
valores significativamente maiores do que jovens não-atletas para três grupos etários (10-12
anos, 13-14 anos, 15-16 anos) em medidas de potência de membros inferiores e potência de
membros superiores. Ao ser removido o efeito da maturação sexual entre os jovens, as
diferenças deixaram de existir para os membros inferiores e permaneceram para os
membros superiores, indicando a influência do estado de maturidade biológica no
desempenho desta capacidade.
Já a velocidade de deslocamento quando relacionada ao tempo, apresenta
resultados decrescentes e contínuos em meninos e meninas até os 13 anos de idade, e na
adolescência, por volta dos 14 anos, os meninos continuam a apresentar evolução nestas
capacidades motoras, mas as meninas tendem a manter ou até mesmo diminuir os seus
níveis (Malina, Bouchard e Bar-Or, 2009). Uma possível explicação consiste no fato dos
meninos ganharem mais força pela ação dos hormônios masculinos, aumentando a massa
muscular e diminuindo o percentual de gordura, enquanto nas meninas parece haver uma
maior ação de hormônios como o estrogênio, que causa maior retenção de líquido e
aumento da gordura corporal com consequente prejuízo do desempenho (Gobbi, Villar e
Zago, 2005)
Segundo Malina, Bouchard e Bar-or (2009), o aumento da massa muscular tem
implicações diretas nas tarefas de desempenho da velocidade e da agilidade como resultado
dos processos de crescimento e desenvolvimento corporal. Ainda segundo esses autores a
velocidade de corrida melhora em ambos os sexos de forma bastante linear dos cinco aos
oito anos de idade e depois a inclinação de melhora é menor.
Diferenças entre os gêneros são pequenas durante a maior parte da infância e
mais aparentes na adolescência, de modo que, a velocidade aumenta dos cinco aos 18 anos
em meninos, com um período de aceleração na adolescência após os 13 anos. A velocidade
13
de corrida de meninas melhora até os 13 ou 14 anos com pequena melhora adicional até os
17 anos de idade. O padrão de variação relacionado à idade e ao sexo na corrida de vai-e-
vem, como indicador de agilidade, é bastante similar àquele do teste de corrida de 30
metros (Malina, Bouchard e Bar-Or, 2009).
Estudo de Ré (2011), que investigou jovens atletas de 10 a 16 anos divididos
em dois grupos (10-13 anos e 14-16 anos) subdivididos de acordo com o estágio
maturacional (pilosidade) de Tanner, não apresentou diferenças significativas no teste de
velocidade de 30 metros para o grupo 10-13 anos. Isso não ocorreu no grupo 14-16 anos,
que apresentou diferenças significativas em todos os estágios de maturação sexual.
4.4. Maturação biológica e desempenho no futebol
Os padrões fisiológicos apresentam um importante papel como preditor de
desempenho e são elementos decisivos na seleção de talentos para o futebol (Stølen et al.,
2005). Malina (2003) sugere que garotos com maturidade biológica avançada prevalecem
no grupo e tendem a ter melhores resultados na performance do futebol.
Recentemente, Malina et al. (2010) ao avaliarem futebolistas portugueses de 11
a 17 anos, constataram que entre os atletas de 13-14 anos, os que estavam no estado
maturacional avançado correspondiam a quatro vezes mais do que os atrasados. Já entre os
atletas de 15-16 anos, 40% estavam avançados em mais de um ano na idade esquelética e
14% já se encontravam em estado maduro na idade esquelética. Do grupo de atletas de 17
anos, 39% já apresentavam estado maduro. Dessa forma, os autores sugerem que o futebol
pode, sistematicamente, excluir jovens que apresentem maturação tardia e favorecer
aqueles em estado maturacional normal ou avançado, na medida em que a idade
cronológica e a especialização precoce progridem.
De fato, o favorecimento aos jovens avançados na maturação biológica se
reflete nas possíveis diferenças antropométricas e de desempenho físico em relação aos
jovens atrasados, conforme apresentadas na literatura.
Investigação conduzida por Figueiredo et al. (2009) constatou que futebolistas
portugueses em estado maturacional avançado eram mais altos e mais pesados que atletas
14
normais e atrasados. Os mesmos concluíram que não houve diferença no desempenho das
habilidades técnicas e capacidades funcionais entre os atletas de diferentes estados
maturacionais.
Estudo de Villar e Zühl (2006), ao analisarem o efeito da idade cronológica e da
maturação sexual sobre variáveis antropométricas, velocidade de corrida no limiar
anaeróbio, potência aeróbia e capacidade anaeróbia em praticantes de futebol de 13 a 17
anos, constataram um aumento das variáveis antropométricas tanto na idade cronológica
como na maturação biológica (pós-púbere > púbere). Além disso, identificaram um
aumento progressivo na potência aeróbia e capacidade anaeróbia entre as idades
cronológicas e entre a puberdade e pós-puberdade. Porém, a velocidade de corrida no limiar
anaeróbio diminuiu com o avanço da idade, após os 15 anos de idade.
Mais recentemente, Mujika et al. (2009), ao investigarem as diferenças
relacionadas à idade cronológica no desempenho do teste de sprints repetidos (6 x 30m /
20s recuperação) em jovens futebolistas de elite espanhóis, constataram que o tempo total
dos sprints diminuiu dos 11 aos 15 anos, porém não houve melhoras significativas dos 15
aos 18 anos. Além disso, não houve diferença significativa no percentual de queda entre os
sprints quando comparados os grupos etários e o pico de concentração de lactato aumentou
com o avanço da idade, entretanto, quando ajustado pela massa corporal, não apresentou
diferença significativa. Estes resultados sugerem que o desempenho de jovens futebolistas
no teste de sprints repetidos aumenta consideravelmente com o avanço da idade até os 15
anos e, em menor magnitude, após este período.
Em um estudo semelhante, Abrantes, Maças e Sampaio (2004) compararam a
capacidade de realizar sprints repetidos entre futebolistas de três categorias (sub-12, sub-14
e sub-16) utilizando o teste de 7 x 34,2m intercalados por 40m de recuperação ativa entre
os sprints, com um componente de mudança de direção. Os autores relataram uma redução
significativa no tempo médio de sprints entre as categorias sub-12, sub-14 e sub-16 (7,83 ±
0,07s; 6,86 ± 0,06s e 6,35 ± 0,07s, respectivamente).
Da mesma forma, Pittoli et al. (2010), ao compararem o desempenho no teste
de agilidade e velocidade de futebolistas e não-futebolistas brasileiros entre 11 e 15 anos
baseados na maturação sexual, encontraram melhores resultados por parte dos futebolistas
15
com maturação avançada, embora não tenham identificado diferença entre o desempenho
de futebolistas e não-futebolistas. Da mesma forma, Fernandez-Gonzalo et al. (2010)
constataram que indivíduos em estado de maturidade sexual avançado apresentaram
melhores resultados no VO2 pico absoluto, VO2 em diferentes velocidades, na máxima
contração isométrica voluntária, potência pico de membro inferior e nos testes de salto
vertical quando comparados àqueles em estado de maturidade atrasado.
Estudo de Malina (2003), com o propósito de investigar a contribuição da
experiência, tamanho corporal e estado maturacional nas capacidades funcionais de jovens
futebolistas portugueses com idade entre 13 e 15 anos, verificaram que o estágio de
pilosidade, tamanho corporal e anos de treinamento explicaram de 21 a 50% a variância nas
capacidades de resistência aeróbia, potência de membros inferiores e velocidade de
deslocamento linear.
Similarmente, Figueiredo, Coelho, Silva e Malina (2010), constataram que em
futebolistas de 11 a 14 anos, experiência de prática, tamanho corporal, gordura subcutânea
e estado maturacional explicaram as variâncias nas capacidades funcionais (22-48%) e
habilidades técnicas (<25%). Ainda, as variâncias foram maiores para composto funcional
(11-12 anos; 37%; 13- 14 anos; 58%) do que para habilidades técnicas (11-12 anos; 26%;
13-14 anos; 18%). Verificou-se também que a maturação esquelética foi preditor de
potência de membro inferior nos dois grupos e preditor de capacidades funcionais e
habilidades técnicas no grupo 13-14 anos.
4.5 Efeito relativo da idade
No contexto esportivo, muitos fatores são relevantes para a determinação do
sucesso de um jogador de futebol. Além disso, a exigência para a prática em alto nível
competitivo é multifatorial, justificando a complexidade em predizer o desempenho
esportivo de jovens atletas.
Em esportes nos quais a composição corporal, potência e força são
determinantes para o desempenho, indivíduos precocemente maturados tendem a possuir
vantagem sobre seus pares que apresentam maturação tardia, considerando a mesma idade
16
cronológica (Malina, Bouchard e Bar-Or, 2009). Entre a fase da infância e da adolescência
(9 – 16 anos de idade), indivíduos em estado de maturação biológica avançada apresentam
vantagens na composição corporal, e em uma série de componentes físicos como potência
aeróbia, força, resistência e velocidade (Malina, Bouchard e Bar-Or, 2009; Beunen, 2000).
Concomitantemente, sugere-se ainda que competições baseadas na idade
cronológica envolvendo atletas jovens, não só dão vantagem aos indivíduos precocemente
maturados, mas também àqueles que nascem no início do ano competitivo (Helsen, Van
Winckel e Williams, 2005). Adicionalmente, estudos têm relatado que meninos mais velhos
nascidos no início do ano apresentam estatura e peso significativamente maiores do que os
rapazes mais jovens durante a adolescência no Japão (Onishi, 1961). Essas diferenças são
relacionadas ao efeito relativo da idade (ERI).
O ERI tem sido observado não apenas no futebol, mas também em diversos
esportes (Musch e Grondin, 2001; Cobley et al., 2009). Desse modo, qualquer impacto que
o ERI tenha sobre os resultados da seleção de talentos para o futebol em idades menores,
tende a causar assimetria na distribuição dos meses de nascimento entre jovens jogadores
de futebol amadores e profissionais (Helsen, Van Winckel e Williams, 2005; Carling et al.,
2009; Hirose, 2009; Gutierrez Diaz Del Campo et al., 2010; Williams, 2010; Helsen et al.,
2012).
A ocorrência do ERI é atribuída à enorme variabilidade biológica dentro de um
grupo de mesma idade cronológica, durante a infância e adolescência (Baxter-Jones, 1995;
Baxter-Jones, Eisenmann e Sherar, 2005). Porém, para Vincent and Glamser (2006) essas
possíveis diferenças podem ser explicada por uma complexa interação de diferenças
biológicas e maturacionais e influências sociais.
Sendo assim, se as assimetrias na distribuição da data de nascimento resultam
da variabilidade da maturação biológica, pode-se afirmar que atletas maturados
precocemente são favorecidos na seleção e detecção de talentos (Cobley et al., 2009).
Malina (2003), e Williams e Reilly (2000) sugerem que jovens atletas de futebol, os quais
apresentam maturação biológica precoce, podem ser preferencialmente selecionados,
enquanto aqueles com maturação tardia serão automaticamente excluídos.
17
4.6 Fadiga muscular, eletromiografia e desempenho no futebol
Outro aspecto bastante importante que não tem sido considerado nos estudos do
ERI tem sido a análise da fadiga muscular em jovens jogadores de futebol. De acordo com
Carling et al. (2009), jovens jogadores de futebol que maturam precocemente toleram mais
a fadiga que atletas maturados mais tardiamente, o que poderia ser observado se
considerado a distribuição dos meses de nascimento.
A fadiga muscular pode ser definida como uma diminuição da capacidade do
músculo em produzir força ou torque (Bigland-Ritchie et al., 1995). Dentre os métodos
utilizados para o estudo da fadiga muscular, um dos mais empregados é a eletromiografia
de superfície (EMG), que vem sendo considerada uma técnica de extrema relevância para o
estudo da fisiologia neuromuscular (Basmajian e De Luca, 1985), uma vez que esta registra
o sinal elétrico gerado pelas membranas excitáveis durante a contração muscular (De Luca,
1997).
No futebol, a utilização da EMG tem sido empregada particularmente em
investigações que buscam compreender a atividade dos músculos de membros inferiores
envolvidos nos movimentos realizados na prática do esporte (Rahnama, 2006), bem como
na detecção de lesões musculares (Greig, McNaughton e Lovell, 2006).
O futebol é caracterizado por ações motoras intermitentes de curta duração e
alta intensidade, alternados com períodos de ações motoras de maior duração e menor
intensidade (Stølen et al., 2005), as quais estão intimamente relacionadas com a função
desempenhada pelos músculos Ísquiotibiais (IT) que são denominados músculos bi-
articulares por estarem relacionados com o movimento da articulação do quadril e também
do joelho, característica que os tornam músculos distribuidores de trabalho entre as
articulações durante movimentos dinâmicos (Jacobs, Bobbert e Van Ingen Schenau, 1993).
Este grupamento muscular é formado pelos músculos Semitendíneo (ST),
Semimembranoso (SM), Bíceps Femoral (BF) cabeça longa e cabeça curta, sendo este
último ventre muscular o único uniarticular (Basmajian e De Luca, 1985).
A EMG de superfície apresenta ser um método interessante, pois possibilita a
obtenção de informações sobre atividade muscular em diferentes situações ou tarefas
18
motoras, de forma simultânea e específica às ações motoras realizadas. Além disso, é um
procedimento não-invasivo e de fácil aplicabilidade (Basmajian e De Luca, 1985).
A análise dos sinais EMG para fadiga muscular é comumente realizada através
dos parâmetros espectrais (frequência mediana - FM) ao longo do tempo durante um
esforço fatigante. A porcentagem de fadiga durante o esforço é determinada pelo slope, que
é o produto final da relação FM/Tempo e é conhecido como um índice EMG de fadiga
válido e confiável (Kankaanpaa et al., 1997; Larivière et al., 2002). Ressalta-se ainda que
poucos estudos têm investigado o comportamento deste índice em atividades dinâmicas,
tais como desportos realizados no ambiente natural, como por exemplo, ações motoras
exigidas no futebol (corrida bidirecional em campo de futebol).
19
5 MATERIAIS E MÉTODOS
5.1 Estudo 1
5.1.1 Amostra
A amostra desse estudo foi composta de 400 jogadores de futebol, do sexo
masculino, da categoria Sub-15 (15,4 ± 0,4 anos) que participaram da 10° Copa Brasil de
Futebol Sub-15 (Tabela 1). Todos estavam envolvidos em programa de treinamento de
futebol de campo a pelo menos 6 anos e participavam ativamente de competições. Todos os
responsáveis pelas equipes foram convenientemente informados sobre a proposta do
estudo, e em seguida assinaram declaração de consentimento livre e esclarecido.
Tabela 1 - Equipes que participaram da Copa Brasil de Futebol Sub-15.
Equipes Número Atletas
América Futebol Clube 20
Atlético Clube Goianiense 20
Avaí Futebol Clube 20
Botafogo de Futebol e Regatas 20
Ceará Sporting Club 20
Clube de Regatas Vasco da Gama 20
Clube Atlético Mineiro 20
Clube de Regatas do Flamengo 20
Coritiba Foot Ball Club 20
Cruzeiro Esporte Clube 20
Esporte Clube Bahia 20
Esporte Clube Vitória 20
Figueirense Futebol Clube 20
Fluminense Football Club 20
Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense 20
PSTC - Paraná Soccer Technical Center 20
Santos Futebol Clube 20
São Paulo Futebol Clube 20
Sport Club Corinthians Paulista 20
Sport Club Internacional 20
Total de Atletas 400
20
5.1.2 Delineamento experimental
Foram considerados na análise todos os atletas inscritos na competição e
oficializados pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Os sujeitos foram separados
de acordo com a categorização de idade cronológica em quadrimestres, sendo que o
primeiro quadrimestre (1˚ QDT) foi composto pelos jovens nascido entre janeiro e abril; o
segundo quadrimestre (2˚ QDT) foi composto pelos jovens nascido entre maio e agosto, e o
terceiro 3˚ quadrimestre (3˚ QDT) composto pelos jovens nascido entre setembro e
dezembro.
5.1.3 Antropometria e datas de nascimento
As datas de nascimento, bem como as medidas antropométricas massa corporal
e estatura foram obtidas a partir de dados relatados pelas equipes na ficha de inscrição de
cada atleta à organização do evento e a CBF.
5.1.4 Tratamento estatístico
Todas as informações foram analisadas por meio da estatística descritiva,
utilizando-se do pacote estatístico Statistica™ 7.0®
(STATSOFT INC., TULSA, OK , USA).
Para comparação da distribuição da idade cronológica encontrada nos quadrimestres em cada
variável foi utilizado o teste não paramétrico do qui-quadrado (X2). Para análise comparativa
dos dados referente à estatura e massa corporal utilizou-se análise de variância (ANOVA) one-
way. A significância adotada foi P<0,05.
21
5.2 Estudo 2
5.2.1 Amostra
Após cálculo do tamanho da amostra que indicou a necessidade de um número
entre 15-20 sujeitos voluntários em cada quadrimestre nas três categorias escolhidas,
tiveram início as coleta de dados que totalizou ao seu final 210 jovens jogadores de futebol
avaliados no período de três anos. Dentre esses, apenas 192 realizaram todos as medidas e
testes propostos no projeto inicial. Considerando que as categorias Sub-13, Sub-15 e Sub-
17 são compostas por jogadores com idades entre 12 e 13, 14 e 15, e 16 e 17,
respectivamente, optou-se em compor a amostra do presente estudo de atletas nascidos no
último ano da categoria a fim de diminuir qualquer influência da idade nos parâmetros
analisados.
Assim, fizeram parte do presente estudo 146 jovens atletas de futebol do sexo
masculino, das categorias Sub-13 (n = 50; 13,6 ± 0,3 anos), Sub-15 (n = 50; 15,5 ± 0,4
anos) e Sub-17 (n = 46; 17,7 ± 0,3 anos), que foram separados de acordo com a
categorização da idade cronológica em quadrimestres (Tabela 2), sendo que o primeiro
quadrimestre (1˚ QDT) foi composto pelos jovens nascido entre janeiro e abril; o segundo
quadrimestre (2˚ QDT) foi composto pelos jovens nascido entre maio e agosto, e o terceiro
3˚ quadrimestre (3˚ QDT) composto pelos jovens nascido entre setembro e dezembro.
Tabela 2 – Distribuição dos sujeitos estudados em cada categoria, de acordo com o
quadrimestre de nascimento.
1˚ QDT (Jan-
Abr)
2˚ QDT (Mai-
Ago)
3˚ QDT (Set-Dez) Total
Sub-13 16 18 16 50
Sub-15 17 17 16 50
Sub-17 15 16 15 46
22
Os sujeitos estavam envolvidos em programa de treinamento de futebol de
campo a mais de 6 anos e com participação ativa em competições regionais e estatuais. Os
mesmos realizavam pelo menos quatro sessões de treinamento por semana, correspondendo
a oito horas semanais de carga de treino, além dos jogos competitivos oficiais realizados
nos finais de semana. Todos os jovens atletas e responsáveis foram convenientemente
informados sobre a proposta do estudo e os procedimentos aos quais foram submetidos, e
em seguida os responsáveis assinaram declaração de consentimento livre e esclarecido.
Todos os procedimentos descritos a seguir foram desenvolvidos observando a Resolução
196/96 do Conselho Nacional de Saúde/Ministério da Saúde que trata da Ética em Pesquisa.
5.2.2 Delineamento experimental
Na primeira etapa do experimento os jovens e seus responsáveis compareceram
ao laboratório para receber as informações sobre a proposta do estudo e procedimentos aos
quais foram submetidos e assinaram declaração de consentimento livre e esclarecido. Em
seguida, foram realizadas as medidas antropométricas para caracterização da amostra e
avaliação da idade maturacional por meio dos estágios de desenvolvimento genital, pilosidade
pubiana e maturação óssea. Além disso, foram agendados os horários nos quais cada atleta
deveria comparecer ao laboratório nas etapas subsequentes.
Na segunda etapa os sujeitos realizaram testes pré- experimentais semelhantes
aos protocolos que foram utilizados, para a familiarização ao equipamento e protocolo dos
testes motores. Já na terceira etapa, teve início a fase experimental composta pela bateria de
testes motores para avaliar o desempenho motor dos jovens atletas de futebol. Todos os
testes foram realizados em um campo de futebol com os indivíduos realizando os testes
calçando chuteiras, e vestindo calção buscando reproduzir ao máximo a situação real de
treino/jogo.
Os atletas compareceram ao laboratório 48-72 horas após os testes pré-
experimentais para a realização dos testes experimentais propriamente ditos. O intervalo
entre as sessões de testes foi pelo menos de 48 h. Vale ressaltar que os sujeitos foram
orientados para que não realizassem treinamentos nos dias de testes ou qualquer outra
23
atividade física vigorosa. Também foram orientados a não ingerir substâncias cafeinadas
(café, chocolate, mate, pó-de-guaraná, coca-cola e guaraná) ou alcoólicas nas 24 horas
precedentes aos testes, para evitar possíveis interferências.
5.2.3 Antropometria
A massa corporal foi medida em uma balança de plataforma, digital (Urano®,
modelo PS 180™, Brasil), com precisão de 0,1 kg, e a estatura foi determinada em um
estadiômetro de alumínio (Standard Sanny®, Sanny™, Brasil) com precisão de 0,1 cm
(Gordon et al., 1988). Todos os indivíduos foram medidos e pesados descalços, vestindo
apenas sunga.
A avaliação das massas magra foi determinada por medidas de espessuras de
dobras cutâneas (EDC), aferidas nas regiões: triciptal (DCTR) e panturrilha média
(DCPM). As mesmas foram medidas do lado direito do corpo, por um único avaliador com
um adipômetro científico da marca Lange® (Cambridge Scientific Instruments, Cambridge,
MD), de acordo com as técnicas descritas por Heyward e Wagner (2004). O valor mediano
foi obtido a partir de três medidas em cada ponto, realizadas em sequência rotacional. A
gordura corporal relativa (% gordura) foi calculada a partir de equações específicas
propostas Slaughter et. (1988) de acordo com a faixa etária dos avaliados (Heyward e
Wagner, 2004).
5.2.4 Avaliação da idade maturacional
Para avaliação da idade maturacional utilizou-se o método proposto por
Greulich e Pyle (1959), onde foi determinada a idade óssea a partir de radiografias da
região de punho e mão esquerdos de cada jogador. O equipamento utilizado para a
radiografia de punho e mão, visando abranger as falanges e articulação do punho foi o
aparelho Philips Medical, modelo Systems Nederland, e o tempo de exposição aos raios-X
foi de 0,10 segundos. As radiografias foram realizadas por uma equipe de técnicos
especializados e foi avaliada por um médico especialista.
24
Os sujeitos foram agrupados em categorias de maturação avançada, normal e
atrasada com base na diferença entre idade óssea (IO) e idade cronológica (IC). Um sujeito
cuja diferença entre IO e IC estava dentro do intervalo ± 1 ano foi classificado como
normal. Um sujeito cuja idade óssea estava avançada relativamente à sua idade cronológica
em mais de um ano foi classificado como avançado. Um sujeito cuja idade óssea estava
atrasada relativamente à idade cronológica em mais de um ano foi classificado como
atrasado. Os critérios de classificação são semelhantes aos adotados em estudos anteriores
(Malina et al., 2004, Figueiredo et al., 2009).
5.2.5 Teste de Yo-Yo intermitente recovery
A resistência aeróbia dos jovens atletas foi medida por meio do teste Yo-Yo
intermitente recovery nível 1 (YYIR1) (Bangsbo, 2008). O YYIR1 foi realizado com
corridas de ida e volta de 20m (2 x 20m), totalizando 40m, com incrementos de velocidade
controlados pelos sinais sonoros (Figura 1).
Figura 1 - Desenho esquemático do teste YYIR1.
Entre cada corrida de ida e volta os voluntários realizaram 10 segundos de
recuperação ativa consistindo de 2 x 5m de trote. O escore do teste foi determinado pela
distância total percorrida, sendo o final do teste determinado quando o atleta falhasse por
duas vezes na tentativa de alcançar a linha de chegada no tempo determinado pelo estímulo
sonoro. Para a determinação da distância percorrida foi considerada a distância anterior a
última tentativa falha em alcançar a marcação.
25
O teste foi realizado no campo de jogo com linhas demarcadas por cones com
uma distância de 20 metros. Outro cone foi colocado 5 metros atrás da linha de chegada
para que seja delimitada a área de recuperação ativa do atleta. A duração total do teste foi
em média de 5 a 15 minutos. Foi calculado para cada atleta o VO2max, estimado pela
seguinte equação proposta por Bangsbo, Iaia e Krustrup (2008):
VO2max (ml/kg/min) = distância do teste YYIR1 (m) × 0.0084 + 36.4
Previamente ao teste, os sujeitos foram familiarizados com o protocolo de teste
e realizaram aquecimento com cinco minutos de duração constituído de corridas
coordenativas sub-máximas e séries de alongamento ativo. Durante o teste, os sujeitos
foram constantemente estimulados verbalmente.
5.2.6 Teste de velocidade
Para avaliação da velocidade linear, foi aplicado o teste de corrida com
distâncias fixas de 10 e 30 m, como sugerido por Le Gall, Beillot e Rochcongar (2002). O
teste consistiu em realizar o esforço na maior velocidade possível, só diminuindo-a após
transcorrer as distâncias determinadas. Foi utilizada uma célula fotoelétrica (Hidrofit®, Belo
Horizonte-MG, Brasil) com altura aproximadamente de 0,6m, posicionadas na linha de
início (0m) e nos 10 (T10m) e 30m (T30m) para cronometragem dos tempos em segundos
para a aferição da velocidade nos 10 e nos 30 m. Cada atleta realizou duas tentativas em
cada teste, com intervalo de 10 minutos entre as tentativas para ressíntese de ATP-CP. Para
fins de resultado, foi utilizado o melhor tempo entre as duas tentativas. Vale lembrar que, o
intervalo adotado entre os testes T10m e T30m foi de pelo menos 30 minutos.
5.2.7 Testes de salto
Foram realizadas três técnicas diferentes de saltos verticais, propostas por
Bosco et al. (1995): a) Salto vertical máximo partindo da posição de semi-agachamento,
26
sem auxílio dos membros superiores (SV); b) Salto vertical máximo, com contramovimento
sem auxílio dos membros superiores (SVCSMS) e c) Salto vertical máximo, com
contramovimento com auxílio dos membros superiores (SVCCMS).
O procedimento técnico-metodológico para realização do SV consistiu em
efetuar um salto partindo de uma flexão de joelhos de aproximadamente 90° sem contra
movimento prévio, com as mãos fixadas no quadril, na altura da crista ilíaca, e o tronco na
vertical, sem adiantamento excessivo. Esta posição estática foi mantida durante 5 segundos.
No caso do SVCSMS e SVCSMS, foi realizada uma flexão-extensão rápida de pernas com
a mínima parada entre ambas as fases e com as mãos fixadas no quadril e tronco na vertical,
sem adiantamento excessivo do tronco. Para a realização dos testes de salto foi utilizado um
tapete de contato (Multi Sprint™, Hidrofit®), que calcula a altura do salto e potência
relativa à massa corporal de cada atleta, através de um cronômetro digital, capaz de calcular
o tempo de vôo do salto com uma precisão de 0,001 segundo. Todos os sujeitos realizaram
três tentativas em cada tipo de salto. O resultado utilizado foi equivalente à melhor
tentativa.
5.2.8 Teste de resistência de velocidade
O teste de resistência de velocidade (RSA) (ou sprints repetidos) consistiu em
seis sprints de 40m (20m + 20m, ida e volta) separados por 20s de recuperação passiva
como proposto por Impellizzeri et al. (2008) (Figura 2).
Figura 2 - Desenho esquemático do teste de sprints repetidos de Impellizzeri et al. (2008).
Os atletas se posicionaram atrás de uma linha imaginária demarcada por uma
célula fotoelétrica (Multi Sprint™, Hidrofit®) ligada a um computador, e um cone, ao sinal
27
do avaliador os indivíduos realizaram um sprint de 20m onde deveriam tocar com os pés
sobre a linha demarcada e voltar para o início o mais rápido possível. Após 20s de
recuperação passiva um novo sprint foi iniciado até que se completasse 6 sprints. Antes do
início dos sprints cada sujeito realizou um aquecimento de 5 minutos com corridas de baixa
intensidade e três sprints submáximos de 40m (20m + 20m, ida e volta). Cinco minutos
depois do aquecimento os sujeitos começaram o teste que teve início após uma contagem
regressiva de 5s, após cada sprint essa contagem foi realizada para que o indivíduo
estivesse preparado na linha inicial e respeitasse o intervalo de 20s corretamente.
As variáveis analisadas foram a média de tempo dos sprints (RSA médio), e a
queda de desempenho ao longo dos sprints (índice de fadiga/IF) (Abrantes, Maçãs,
Sampaio, 2004; Impellizzeri et al., 2008). O IF foi calculado a partir da divisão do RSA
médio pelo RSA best, que foi expresso em porcentagem. Todos os testes foram realizados
no campo de futebol onde os atletas treinam habitualmente, sendo que os atletas realizaram
o teste aproximadamente 3 horas após a última refeição. O consumo de água antes do teste
foi ad libitum.
Durante a realização do teste RSA os sinais EMG dos músculos Reto Femoral
(RF), Semitendíneo (ST) e Bíceps Femoral de cabeça longa (BF) do lado dominante dos
atletas foram monitorados. O sistema de telemetria permitiu a realização das atividades
dinâmicas realizadas no ambiente natural, permitindo a manifestação das ações motoras
exigidas no futebol. A partir dessas medidas foi obtida a taxa de fadiga dos músculos RF,
ST e BF, conforme descrito posteriormente. Vale lembrar que os sinais EMG foram obtidos
de um grupo de 52 jogadores de futebol, dos 146 testados, devido a dificuldade nas coletas
por conta da dinâmica de movimento associada a alta intensidade de corrida por parte dos
jogadores no teste de RSA, o que ocasionou uma enorme perda de dados, ou mesmo da
qualidade desses dados coletados.
5.2.9 Coleta e processamento dos sinais EMG
Para a coleta dos sinais EMG foi utilizado um eletromiógrafo de telemetria,
modelo TeleMyo™ (Noraxon®, AZ, USA), contendo oito canais, o que permitiu a
28
realização de ações motoras exigidas no futebol em ambiente natural. A frequência de
aquisição dos sinais EMG foi estabelecida em 2000 Hz e o filtro passa-banda foi de 20-500
Hz, com limites de entrada dos sinais estabelecidos em ± 5 V. Para a captação e
processamento dos sinais foi utilizado o software MRXP Basic Edition™ (Noraxon®, AZ,
USA).
Inicialmente, foi realizada assepsia dos locais utilizando álcool seguido de
curetagem para reduzir a impedância da pele. Para a coleta dos sinais EMG, foram
utilizados eletrodos ativos da marca Noraxon™ (Noraxon®, AZ, USA) e a relação do modo
comum de rejeição (CMRR) foi > 95 dB.
Os eletrodos foram colocados nos músculos RF, ST e BF sendo à distância
inter-eletrodos fixada previamente pelo fabricante em dois centímetros (centro a centro),
assim como sugerido pela padronização proposta pelo SENIAM (Merletti, 1999). Foi
utilizada uma fita adesiva para a fixação dos eletrodos sobre a pele. O eletrodo de
referência (terra) foi posicionado na borda anterior da crista ilíaca do membro dominante
do avaliado. A localização dos pontos anatômicos para colocação dos eletrodos nos
músculos analisados obedeceram a padronização proposta por (Hermens et al., 2000).
Para análise dos sinais EMG dos músculos RF, ST e BF foram utilizados
valores médios de frequência mediana (FM) determinada pela técnica de short-time Fourier
transform (STFT), em cada um dos 6 sprints, normalizados pela FM inicial (1 s) que foram
processados no ambiente de simulação matemática Matlab 7.0® (Mathworks™, MA, EUA)
(Figura 3).
29
Figura 3 - Exemplo para um indivíduo da obtenção da frequência mediana (FM) do músculo Reto Femoral
(RF) em um dos 6 sprints do teste de RSA.
A taxa de fadiga muscular dos músculos estudados foi determinada por
procedimento de regressão linear, obtida pela inclinação da reta (slope) entre a FM
normalizada de cada um dos 6 sprints e o número de sprints no teste de RSA, de acordo
com Ng et al. (1996) (Figura 4). A fadiga neuromuscular foi obtida de forma integrada a
partir dos músculos estudados [RF+ST+BF/3].
Figura 4 - Exemplo para um indivíduo da obtenção do sinal EMG do músculo Reto Femoral (RF) nos 6
sprints do teste de RSA.
30
5.2.10 Tratamento estatístico
Para verificar a normalidade da distribuição dos dados foi utilizado o teste de
Shapiro-Wilk. Posteriormente foi utilizada análise de variância (ANOVA) para medidas
repetidas, seguido pelo teste Post-hoc de Scheffé para a localização das diferenças quando
constatadas. As correlações entre os parâmetros analisados foram estabelecidas pelo
coeficiente de correlação de Pearson. O nível de significância adotado para todas as
análises será 5%.
31
6 ARTIGO 1
DISTRIBUIÇÃO DO MÊS DE NASCIMENTO E MEDIDAS
ANTROPOMÉTRICAS DE JOGADORES DE FUTEBOL
PARTICIPANTES DA COPA BRASIL DE FUTEBOL SUB-15
32
6.1 Resumo
O objetivo do presente estudo foi analisar a distribuição das medidas de estatura e massa
corporal em relação ao mês de nascimento, de jogadores de futebol participantes da Copa
Brasil de Futebol Sub-15. A amostra foi composta de 400 jogadores de futebol (15,4 ± 0,4
anos) da categoria Sub-15 que participaram da 10° Copa Brasil de Futebol Sub-15. Todos
estavam envolvidos em programa de treinamento de futebol de campo a pelo menos 6 anos
e participavam ativamente de competições. As datas de nascimento, bem como as medidas
antropométricas estatura e massa corporal foram obtidas a partir de dados relatados pelas
equipes na ficha de inscrição de cada atleta à organização do evento e a CBF. Os indivíduos
foram separados de acordo com a categorização de idade cronológica por quadrimestres, 1˚
quadrimestre (1˚ QDT), jovens nascidos entre janeiro e abril; 2˚ quadrimestre (2˚ QDT),
jovens nascidos entre maio e agosto e 3˚ quadrimestre (3˚ QDT), jovens nascidos entre
setembro e dezembro. Para comparação da distribuição encontrada nos quadrimestres em
cada categoria foi utilizado o teste não paramétrico do qui-quadrado (X2). A significância
adotada foi P<0,05. Os resultados demonstram que o número jogadores nascidos nos meses
correspondentes ao 1˚ QDT foram maiores quando comparado ao 2˚ QDT e 3º QDT
(P<0,05), e maiores quando comparado o 2˚ QDT com o 3º QDT (P<0,05). Para as
variáveis ET e MC observou-se que os jogadores nascidos nos meses correspondentes ao 1˚
QDT apresentaram valores significativamente maiores que os nascidos nos meses
correspondentes ao 2˚ QDT e 3º QDT (P<0,05). Constatou-se também que os valores de
estatura e massa corporal dos jogadores nascidos nos meses correspondentes ao 2˚ QDT
apresentaram valores significativamente maiores que os nascidos nos meses
correspondentes ao 3º QDT (P<0,05). A partir dos achados pode-se concluir que o ERI
exerce influência na seleção de jogadores Brasileiros de futebol da categoria Sub-15 por
estar associado às diferenças nas características antropométricas desses jovens jogadores, o
que pode estar relacionado a uma maturação biológica precoce.
Palavras-Chave: Futebol, Data de Nascimento, Antropometria, Jovens.
33
6.2 Introdução
No contexto esportivo, muitos fatores são relevantes para determinação do
sucesso de um jogador de futebol e a exigência para a prática em alto nível competitivo é
multifatorial, justificando a complexidade em predizer o desempenho esportivo de jovens
atletas (Williams e Reilly, 2000).
Além disso, deve-se considerar o fato de que muitos profissionais responsáveis
pelo processo de formação do jovem atleta, desconhecendo as diversas transformações
corporais que ocorrem durante a puberdade, submetem os jovens atletas à cargas de
treinamento incompatíveis com sua capacidade de suportá-las devido a um possível atraso
em seu desenvolvimento biológico, o que pode comprometer o desenvolvimento esportivo
dos jovens atletas (Musch e Grondin, 2001).
Em algumas situações da prática esportiva, encontramos jovens em diferentes
estágios maturacionais dentro de um mesmo grupo de treinamento ou categoria competitiva
(Hirose, 2009). Situações que, pela diferença interindividual no componente físico, podem
favorecer os mais adiantados no processo de desenvolvimento biológico e, que podem
desmotivar e automaticamente excluir outros mais tardios, com possibilidades reais de se
tornarem excelentes atletas no futuro (Malina, 2003).
Evidências científicas demonstram que, jovens em estágios maturacionais
avançados em relação a indivíduos com maturação atrasada de um mesmo grupo de
treinamento, apresentam vantagens no desempenho esportivo (Helsen, Winckel e Williams,
2005; Malina, Bouchard e Bar-Or, 2009). Para Rogel et al. (2006) muitas dessas diferenças
podem ser atribuídas ao efeito relativo da idade. O ERI tem sido observado não apenas no
futebol, mas também em diversos esportes (Musch e Grondin, 2001; Cobley, Wattie e
McKenna, 2009).
Algumas pesquisas têm analisado a relação entre a distribuição dos meses de
nascimento e dimensões corporais de atletas jovens (Malina et al., 2007; Sherar et al.,
2007). Mais recentemente, Carling et al. (2009) sugeriram que as diferenças no tamanho do
corpo causadas pelo ERI exercem influência sobre a assimetria da distribuição dos meses
de nascimento em jovens jogadores de futebol. No entanto, ainda são escassos os estudos
34
que envolveram amostras de jovens jogadores de futebol brasileiros, que procuraram
analisar a relação entre indicadores somáticos, como estatura e massa corporal e o ERI.
Assim, o presente estudo teve por objetivo analisar a distribuição das medidas
de estatura e massa corporal em relação ao mês de nascimento, de jogadores de futebol
participantes da Copa Brasil de Futebol Sub-15.
35
6.3 Materiais e métodos
6.3.1 Amostra
A amostra foi composta de 400 jogadores de futebol, do sexo masculino, da
categoria Sub-15 (15,4 ± 0,4 anos) que participaram da 10° Copa Brasil de Futebol Sub-15
(Tabela 1A). Todos estavam envolvidos em programa de treinamento de futebol de campo
a pelo menos 6 anos e participavam ativamente de competições.
Tabela 1A - Equipes que participaram da Copa Brasil de Futebol Sub-15.
Equipes Número Atletas
América Futebol Clube 20
Atlético Clube Goianiense 20
Avaí Futebol Clube 20
Botafogo de Futebol e Regatas 20
Ceará Sporting Club 20
Clube de Regatas Vasco da Gama 20
Clube Atlético Mineiro 20
Clube de Regatas do Flamengo 20
Coritiba Foot Ball Club 20
Cruzeiro Esporte Clube 20
Esporte Clube Bahia 20
Esporte Clube Vitória 20
Figueirense Futebol Clube 20
Fluminense Football Club 20
Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense 20
PSTC - Paraná Soccer Technical Center 20
Santos Futebol Clube 20
São Paulo Futebol Clube 20
Sport Club Corinthians Paulista 20
Sport Club Internacional 20
Total de Atletas 400
Foram considerados na análise todos os atletas inscritos na competição e
oficializados pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF). As datas de nascimento, bem
como as medidas antropométricas Estatura e Massa Corporal foram obtidas a partir de
36
dados relatados pelas equipes na ficha de inscrição de cada atleta à organização do evento e
a CBF. Todos os responsáveis pelas equipes foram convenientemente informados sobre a
proposta do estudo, e em seguida assinaram declaração de consentimento livre e
esclarecido.
Os sujeitos foram separados de acordo com a categorização de idade
cronológica em quadrimestres, sendo que o primeiro quadrimestre (1˚ QDT) foi composto
pelos jovens nascido entre janeiro e abril; o segundo quadrimestre (2˚ QDT) foi composto
pelos jovens nascido entre maio e agosto, e o terceiro 3˚ quadrimestre (3˚ QDT) composto
pelos jovens nascido entre setembro e dezembro.
6.3.2 Análise estatística
Todas as informações foram analisadas por meio da estatística descritiva,
utilizando-se do pacote estatístico Statistica™ 7.0®
(STATSOFT INC., TULSA, OK , USA).
Para comparação da distribuição da idade cronológica encontrada nos quadrimestres em cada
variável foi utilizado o teste não paramétrico do qui-quadrado (X2). Para análise comparativa
dos dados referente à estatura e massa corporal utilizou-se análise de variância (ANOVA) one-
way. A significância adotada foi P<0,05.
37
6.4 Resultados
Os resultados referente a distribuição do número dos jogadores de futebol em
relação ao mês de nascimento, são apresentados na Figura 1A.
Os resultados demonstram que o número jogadores nascidos nos meses
correspondentes ao 1˚ QDT foram maiores quando comparado ao 2˚ QDT e 3º QDT
(P<0,05), e maiores quando comparado o 2˚ QDT com o 3º QDT (P<0,05).
Figura 1A - Distribuição do mês de nascimento dos jogadores de futebol. Nota: QDT = quadrimestre; *Diferenças significantes do 3˚QDT (P<0,05);
†Diferenças significantes do 2˚QDT (P<0,05).
Para as variáveis estatura e massa corporal observou-se que os jogadores
nascidos nos meses correspondentes ao 1˚ QDT apresentaram valores significativamente
maiores que os nascidos nos meses correspondentes ao 2˚ QDT e 3º QDT (P<0,05).
Constatou-se também que os valores de estatura e massa corporal dos jogadores nascidos
nos meses correspondentes ao 2˚ QDT apresentaram valores significativamente maiores
que os nascidos nos meses correspondentes ao 3º QDT (P<0,05) (Figura 2A e 3A,
respectivamente).
38
Figura 2A – Valores (média ± DP) de estatura dos jogadores de futebol. Nota: QDT = quadrimestre; *Diferenças significantes do 3˚QDT (P<0,05);
†Diferenças significantes do 2˚QDT (P<0,05).
Figura 3A – Valores (média ± DP) de peso corporal dos jogadores de futebol. Nota: QDT = quadrimestre; *Diferenças significantes do 3˚QDT (P<0,05);
†Diferenças significantes do 2˚QDT (P<0,05).
39
6.5 Discussão
Considerando a atual categorização das competições de jovens futebolistas em
períodos bianuais, baseada na idade cronológica, não é difícil observar desvantagens
físicas, cognitivas e menor experiência de jogo para aqueles que apresentam idade
biológica inferior à idade cronológica, principalmente, aqueles que compõem o grupo de
novatos da categoria (Côté et al., 2006; Figueiredo et al., 2009). Adicionalmente, nos
deparamos com um processo de detecção e seleção de talentos bastante contestável nos
clubes brasileiros - “peneiras” - que favorece àqueles fisicamente superiores,
principalmente nos quesitos tamanho corporal (Helsen, Winckel e Williams, 2005).
Poucos são os estudos nacionais que analisaram os efeitos da idade
(cronológica ou biológica) em indicadores somáticos em grupos com prática esportiva
sistemática. É importante destacar que, em nosso país, o futebol apresenta uma grande
importância sócio-econômica-cultural, sendo muito praticado pela população mais jovem,
indicando a necessidade de estudos que analisem as possíveis influências da sua prática em
crianças e adolescentes (Villar e Zühl, 2006).
Desse modo, o presente estudo procurou investigar a distribuição das medidas
de estatura e massa corporal em relação ao mês de nascimento, de jogadores de futebol
participantes da Copa Brasil de Futebol Sub-15, a fim de observar se os clubes brasileiros,
em suas categorias de base, apresentam tais características, na perspectiva de auxiliar na
escolha de métodos e conteúdos de treinamento, adaptados à realidade fisiológica da idade.
Inicialmente foi possível observar que a maioria dos jogadores são nascidos no
1˚ QDT (~60%), ou seja, entre janeiro e abril, seguido de ~30% nascidos no 2˚ QDT, entre
maio e agosto. Achados semelhantes foram observados por Altimari et al. (2011), onde o
número de atletas selecionados para integrar a Seleção Brasileira de Futebol na categoria
Sub-15, nascidos nos meses correspondentes ao 1˚ QDT (65%) foram significativamente
maiores que o 2˚ QDT (30%) sugerindo que o ERI influencia a seleção de talentos no
futebol Brasileiro em idades menores, sendo os indivíduos nascidos no 1˚ QDT preferidos
na seleção de atletas para compor seus times.
40
Adicionalmente, o presente estudo apresentou dados consistentes com a
literatura científica acerca do fenômeno ERI. Estudos de Brewer, Balsom e Davis (1995), e
Musch e Hay (1999) já demonstravam uma distribuição assimétrica de datas de nascimento
de jogadores de futebol profissional da Suécia, Alemanha, Japão e Austrália, com tendência
para nascimentos no primeiro semestre, mais especificamente no primeiro quarto do ano
competitivo.
Um importante estudo de Helsen, Winckel e Williams (2005), envolvendo
jogadores de futebol europeus das categorias sub-15 a sub-18, apresentou uma prevalência
de nascidos no primeiro trimestre do ano competitivo. Da mesma maneira, dados recentes
de Mujika et al. (2009) e Wiium et al. (2010), demonstraram a existência do EIR em
jogadores espanhóis de futebol profissional e das categorias de base e jogadores
profissionais noruegueses, respectivamente.
Corroborando com a hipótese de que as diferenças no tamanho do corpo
causadas pelo ERI exercem influência sobre a assimetria da distribuição dos meses de
nascimento em jovens jogadores de futebol (Carling et al., 2009), nosso achados
demonstraram diferenças significantes, onde que a maioria dos jogadores nascidos no 1˚
QDT (entre janeiro e abril), apresentaram maior estatura e massa corporal, seguido dos
jogadores nascidos no 2˚ QDT (entre maio e agosto).
Estudo de Helsen, Van Winckel e Williams, (2005) já relatava que jogadores
em vantagem na idade relativa, quando comparados aos semelhantes, possuíam
consideráveis vantagens físicas (estatura, peso corporal e força), as quais poderiam afetar a
percepção de potencial talento e predição de sucesso esportivo. Da mesma forma, Hirose et
al. (2009), após investigar a relação entre a distribuição dos meses de nascimento,
maturação e características antropométricas em jovens jogadores de futebol com idades
entre 9 e 15 anos, constataram que as assimetrias na distribuição dos meses de nascimento
são resultados da relação com a maturação biológica, o que poderia indicar que os
jogadores que amadurecem precocemente são favorecidos na seleção de jovens jogadores
de futebol.
Por fim, diante do exposto, muitos jovens talentosos podem ser subestimados
simplesmente por nascerem no final do ano e, por consequência, pelos atributos físicos
41
inferiores. Assim, acreditamos que o entendimento do impacto do ERI sobre jovens
esportistas pode modificar a maneira como os atletas, pais, treinadores e federações
percebem o potencial talento e predizem o sucesso esportivo.
6.6 Conclusão
A partir do presente estudo foi possível concluir que o ERI exerce influência na
seleção de jogadores Brasileiros de futebol da categoria Sub-15 por estar associado às
diferenças nas características antropométricas desses jovens jogadores, o que pode estar
relacionado a uma maturação biológica precoce. A partir desses achados o próximo passo
em nossos estudos será investigar a relação do ERI e a maturação biológica, e a influência
desses sobre parâmetros de desempenho motor em jovens jogadores de futebol.
42
REFERÊNCIAS
ALTIMARI, J.M. et al. Distribuição do mês de nascimento dos jogadores das seleções
brasileiras de futebol. Revista Andaluza de Medicina Del Deporte, v.4, p.13-16, 2011.
BREWER, J.; BALSOM, P.; DAVIS, J. Seasonal birth distribution amongst European
soccer players. Sports, Exercise and Injury, v.1, p.154–157, 1995.
CARLING, C., LE GALL, F., REILLY, T., WILLIAMS, A.M. Do anthropometric and
fitness characteristics vary according to birth date distribution in elite youth acad¬emy
soccer players? Scand J Med Sci Sports. v.19, p.3-9. 2009.
CÔTÉ, J., MACDONALD, D.J., BAKER, J., ABERNETHY, B. When «where» is more
impor¬tant than «when»: birthplace and birthdate effects on the achievement of sporting
expertise. J Sports Sci. v.24, p.1065-73, 2006.
FIGUEIREDO, A. J. et al. Youth soccer players, 11-14 years: maturity, size, function, skill
and goal orientation. Am J Hum Biol. v.36, p.60-73, 2009.
GORDON, C. C.; CHUMLEA, W. C.; ROCHE, A. F. Stature, recumbent length, and
weight In: LOHMAN, T. G.; ROCHE, A. F.; MARTORELL, R. editors. Anthropometric
Standardization Reference Manual. Champaign: Human Kinetics Books, 3-8, 1988.
HIROSE N. Relationships among birth-month distribution, skeletal age and anthropometric
characteristics in adolescent elite soccer players. J Sports Sci. v.31, p.1-8, 2009.
HELSEN, W.F.; WINCKEL, J.V.; WILLIAMS, A.M. The relative age effect in youth
soccer across Europe. J Sports Sci. v.23, p.629-636, 2005.
HELSEN, W.F., STARKES, J.L., VAN WINCKEL, J. Effect of a change in selection year
on success in male soccer players. Am J Hum Biol. v.12, p.729-35, 2000.
HELSEN, W.F., STARKES, J.L., VANWINCKEL, J. The influence of relative age on
suc¬cess and dropout in male soccer players. Am J Hum Biol. v.10, p.791-8, 1998.
MALINA, R. M.; BOUCHARD, C.; BAR-OR, O. Crescimento, maturação e atividade
física. 2 ed. São Paulo: Phorte, 2009. 784 p.
MALINA, R.M., CHAMORRO, M., SERRATOSA, L., MORATE, F. TW3 and Fels
skeletal ages in elite youth soccer players. Ann Hum Bio. 34:265-72, 2007.
MALINA, R.M. Growth and maturity status of young soccer (football) players. En: Reilly
T, Williams AM, editores. Science and soccer. 2nd ed. London: Routledge; p. 287-306,
2003.
43
MUJIKA, I. et al. The relative age effect in a professional football club setting. Journal of
Sports Sciences, v.27, p.1153-1158, 2009.
MUSCH, J., GRONDIN, S. Unequal competition as an impediment to personal
development: A review of the relative age effect in sport. Dev Review. v.21, p.147-67,
2001.
MUSCH, J.; HAY, R. The relative age effect in soccer: Cross-cultural evidence for a
systematic discrimination against children born late in the competition year. Sociology of
Sport Journal, v. 6, p.54–64, 1999.
ROGEL T, ALVES I, FRACA H, VILARINHO R, MADUREIRA F. Efeitos da idade
relativa na seleção de talento no futebol. Revista Mackenzie de Educação Fisica e Esporte.
v.6, p.171-8, 2006.
SHERAR, L.B., BAXTER-JONES, A.D., FAULKNER, R.A., RUSSELL, K.W. Do
physical maturity and birth date predict talent in male youth ice hockey players? J Sports
Sci. v.25, p.879-86, 2007.
VILLAR, R.; ZÜHL, C.A. Efeitos da idade cronológica e da maturação biológica sobre a
aptidão física em praticantes de futebol de 13 a 17 anos. Motricidade. v.2, p.69-79, 2006.
WIIUM, M. et al. Does relative age effect exist among norwegian professional soccer
players? International Journal of Applied Sports Sciences, v.22, p.66-76, 2010.
WILLIAMS, A.M., REILLY, T. Talent identification and development in soccer. J Sports
Sci. v.18, p.657-67, 2000.
44
7 ARTIGO 2
INFLUÊNCIA DO EFEITO RELATIVO DA IDADE SOBRE AS
CARACTERÍSTICAS ANTROPOMÉTRICAS E DESEMPENHO
MOTOR DE JOVENS JOGADORES DE FUTEBOL
45
7.1 Resumo
O propósito do presente estudo foi analisar o efeito da idade relativa (EIR) sobre
características antropométricas e desempenho motor de jovens jogadores de futebol. A
amostra foi composta de 146 jogadores de futebol, voluntários, do sexo masculino, das
categorias Sub-13 (n = 50; 13,6 ± 0,3 anos), Sub-15 (n = 50; 15,5 ± 0,4 anos) e Sub-17 (n =
46; 17,7 ± 0,3 anos). Os sujeitos foram separados aleatoriamente de acordo com a
categorização de idade cronológica em quadrimestres: 1˚ QDT (nascido entre janeiro e
abril); 2˚ QDT (nascido entre maio e agosto); e 3˚ QDT (nascido entre setembro e
dezembro), e submetidos a diferentes situações experimentais de forma transversal: 1)
mensurações antropométricas, massa corporal (MC), estatura (ET), massa magra (MM) e
gordura relativa (%G); 2) avaliação da idade óssea (IO); 3) testes motores para avaliação da
resistência aeróbia (RA), velocidade (VL10m e VL30m), força de membros inferiores a
partir de salto vertical (SV, SVCSMS e SVCCMS), resistência de velocidade (RSA) e
índice de fadiga obtido a partir do teste de RSA (IFRSA). Os resultados do presente estudo
demonstraram que as variáveis MC, ET e RSA apresentaram diferenças significativas entre
o 1˚ QDT e 3˚ QDT, nas categorias Sub-13 e Sub-15 (P<0,05). Enquanto que para a
variável MM diferenças significativas foram observadas apenas entre 1˚ QDT e 3˚ QDT da
categoria Sub-13 (P<0,05). Por outro lado, nenhuma diferença significativa para a variáveis
%G, SV, SVCSMS, SVCCMS, RA, VL10 m, VL30 m e IFRSA entre o 1˚ QDT, 2˚ QDT e
3˚ QDT foram observadas em todas as categoria analisadas (P>0,05). Ressalta-se que os
valores das variáveis MC, ET, MM, SV, SVCSMS, SVCCMS, RA, RSA, VL10 m e VL30
m, foram significativamente diferentes entre os jogadores da categoria Sub-13 e Sub-17 nos
diferentes quadrimestres (P<0,05). Observou-se nas três categorias analisadas, a
prevalência de jogadores apresentando estado de maturidade normal nos três quadrimestres
(Sub-13 = 72,0%; Sub-15 = 78,0%; Sub-17 = 95,0%). A partir dos achados do presente
estudo podemos concluir que as categorias Sub-13 e Sub-15 sofreram influência do ERI
apenas para as variáveis massa corporal, estatura e resistência de velocidade, enquanto que
para a variável massa muscular isso ocorreu apenas na categoria Sub-13, o que possibilitou
aos jogadores nascidos no 1˚ QDT (Jan-Abr) dessas categorias vantagens em relação aos
nascidos no 3˚ QDT (Set-Dez).
Palavras-Chave: Futebol, Data de Nascimento, Maturação, Fadiga, Jovens.
46
7.2 Introdução
O processo de formação esportiva pode ter uma interferência decisiva na
geração de futuros talentos no esporte, por isso é importante que as pesquisas ofereçam
subsídios que possam orientá-lo. Publicações recentes têm destacado as limitações da
identificação do talento e a necessidade de maior atenção com a promoção do talento
esportivo (Abbott e Collins, 2004; Martindale, Collins e Daubney, 2005)
Entre as limitações observadas na identificação de talentos, destaca-se,
especialmente durante a puberdade, a interferência do ritmo de desenvolvimento biológico
na capacidade de desempenho do jovem (Ré, 2011). No futebol, a inclusão de jovens do
sexo masculino em equipes de treinamento pode estar relacionada com a maturação física
precoce, a qual influi na estatura, parâmetros fisiológicos e na quantidade de massa
muscular que os meninos apresentam durante a adolescência e, teoricamente, pode facilitar
o desempenho (Gravina et al., 2008; Figueiredo et al., 2009; Wong et al., 2009)
Como o ano de nascimento é utilizado como critério para o agrupamento das
categorias competitivas na maioria dos países que adotam as regras da FIFA (Federação
Internacional de Futebol Associado), os jovens nascidos nos primeiros meses do calendário
podem ser beneficiados, particularmente em países que adotam o mês de Janeiro como o
início da temporada esportiva, como no Brasil, pois apresentam maior idade cronológica e,
consequentemente, maior probabilidade de estarem em estágios mais avançados de
maturação biológica (Altimari et al., 2011; Costa, Albuquerque e Garganta, 2012)
Corroborando com essa hipótese, alguns estudos tem demonstrado que jovens
em estágios maturacionais avançados em relação a indivíduos com maturação atrasada de
um mesmo grupo de treinamento, apresentam vantagens no desempenho esportivo (Malina
et al., 2004; Figueiredo et al., 2009).
Esse aspecto presente no processo de formação esportiva tem sido denominado
pela literatura como ERI, e tem sido observado não apenas no futebol, mas também em
diversos esportes (Musch e Grondin, 2001; Cobley et al., 2009). Ressalta-se que estudos
recentes tem demonstrado que o ERI está presente na seleção de jogadores brasileiros e
47
esse efeito apresenta um crescimento progressivo ao longo das últimas décadas (Altimari et
al., 2011; Costa, Albuquerque e Garganta, 2012).
Alguns estudos sugerem que jovens com maior idade cronológica podem
apresentar vantagens nas características antropométricas, nas capacidades condicionais,
além do conhecimento cognitivo e na capacidade psicológica (Vincent e Glamser, 2006;
Malina et al., 2007; Sherar et al., 2007; Cobley et al., 2009; Delorme, Radel e Raspaud,
2010).
Estudo conduzido por Carling et al. (2009), sugere que as diferenças no
tamanho corporal causadas pelo ERI exercem influência sobre a assimetria da distribuição
dos meses de nascimento em jovens jogadores de futebol. Adicionalmente, Hirose (2009)
constatou que, as assimetrias na distribuição dos meses de nascimento são resultado da
relação com a maturação biológica, o que poderia indicar que os jogadores que
amadurecem precocemente são favorecidos na seleção de jovens jogadores de futebol.
Desconsiderando que o futebol também é caracterizado por ações que envolvem
capacidades motoras (força, velocidade, potência e resistência) indispensáveis para
desempenho no campo de jogo, os estudos tem se limitado a análises apenas da relação
entre os meses de nascimento e estruturas corporais (ex. massa corporal e estatura), alguns
poucos analisando o estado maturacional. Além disso, os estudos não têm investigado como
a fadiga muscular pode ser influenciada pelo ERI.
Assim, o objetivo deste estudo foi analisar o efeito relativo da idade sobre as
características antropométricas e o desempenho motor em jovens jogadores de futebol.
48
7.3 Materiais e métodos
7.3.1 Delineamento experimental
Os estudos mais recentes envolvendo jovens jogadores de futebol que tem
investigado assimetrias pelo ERI, sinalizam para um possível favorecimento na seleção de
jogadores, particularmente os maturados precocemente. Assim, tem-se apontado para
necessidade de estudos mais aprofundados que visem detectar e analisar o período
maturacional no qual o atleta se encontra dentro da categoria específica, bem como as
alterações de aspectos morfológicos e funcionais específicos da modalidade futebol, com o
objetivo de aceitar a variabilidade individual e planejar o treinamento dos jovens atletas
respeitando suas particularidades. Para isso, os sujeitos do presente estudo foram separados
de acordo com a categorização de idade cronológica em quadrimestres, sendo que o
primeiro quadrimestre (1˚ QDT) foi composto pelos jovens nascido entre janeiro e abril; o
segundo quadrimestre (2˚ QDT) foi composto pelos jovens nascido entre maio e agosto, e o
terceiro 3˚ quadrimestre (3˚ QDT) composto pelos jovens nascido entre setembro e
dezembro.
Inicialmente, os sujeitos foram submetidos a avaliação antropométrica (estatura,
massa corporal e medidas de espessuras de dobras cutâneas para estimar a composição
corporal). No dia seguinte, deu-se início a realização dos testes motores. Ressalta-se que os
mesmos foram submetidos anteriormente aos testes utilizados para fim de familiarização
aos protocolos dos testes e equipamentos. Posteriormente foram feitas as radiografias da
região de punho para avaliação da maturação óssea.
7.3.2 Sujeitos
A amostra foi composta de 146 jogadores de futebol, voluntários, do sexo
masculino, das categorias Sub-13 (n = 50; 13,6 ± 0,3 anos), Sub-15 (n = 50; 15,5 ± 0,4
anos) e Sub-17 (n = 46; 17,7 ± 0,3 anos), envolvidos em programa de treinamento de
futebol de campo a mais de 6 anos e com participação ativa em competições regionais e
49
estatuais. Os sujeitos realizavam pelo menos quatro sessões de treinamento por semana,
além dos jogos competitivos oficiais realizados nos finais de semana. As avaliações foram
realizadas no início da fase de preparação da periodização designada para a temporada.
Todos os atletas e responsáveis foram convenientemente informados sobre a
proposta do estudo e os procedimentos aos quais foram submetidos, e em seguida
assinaram declaração de consentimento livre e esclarecido.
7.3.3 Medidas antropométricas e composição corporal
A massa corporal foi medida em uma balança digital modelo PS 180®
(Urano™, RS, Brasil), e a estatura foi determinada em um estadiômetro de alumínio
Standard Sanny® (Sanny™, SP, Brasil) de acordo com padronização de Gordon et al.
(1988). Os valores de massa magra (MM) e gordura corporal relativa (%G) foram
estimados a partir de medidas de espessuras de dobras cutâneas triciptal e panturrilha média
medidas do lado direito do corpo, por um único avaliador com um adipômetro científico da
marca Lange® (Cambridge Scientific Instruments™, MD, USA), de acordo com as técnicas
descritas por Heyward e Stolarczyk (2004). O valor mediano foi obtido a partir de três
medidas em cada ponto, realizadas em sequência rotacional. O %G foi calculado a partir de
equações específicas proposta por Slaughter et. (1988).
7.3.4 Avaliação maturacional
Para avaliação da idade maturacional utilizou-se o método proposto por
Greulich e Pyle (1959), onde foi determinada a idade óssea a partir de radiografias da
região de punho e mão esquerdos de cada jogador, e foi realizada por um médico
especialistas.
Os sujeitos foram agrupados em categorias de maturação avançada, normal e
atrasada com base na diferença entre idade óssea (IO) e idade cronológica (IC). Um sujeito
cuja diferença entre IO e IC estava dentro do intervalo ± 1 ano foi classificado como
50
normal. Um sujeito cuja idade óssea estava avançada relativamente à sua idade cronológica
em mais de um ano foi classificado como avançado. Um sujeito cuja idade óssea estava
atrasada relativamente à idade cronológica em mais de um ano foi classificado como
atrasado. Os critérios de classificação são semelhantes aos adotados em estudos anteriores
(Malina et al., 2004, Figueiredo et al., 2009).
7.3.5 Testes motores
A resistência aeróbia dos jovens atletas foi medida por meio do teste Yo-Yo
intermitente recovery nível 1 (YYIR1), sendo calculado para cada atleta o VO2pico,
estimado pela equação proposta por Bangsbo, Iaia e Krustrup (2008).
Para avaliação da velocidade de deslocamento, foi aplicado o teste de corrida
com distâncias fixas de 10 e 30 m, como sugerido por Le Gall, Beillot e Rochcongar
(2002). O teste consistiu em realizar o esforço na maior velocidade possível. Foi utilizada
célula fotoelétrica Multi Sprint® (Hidrofit™, MG, Brasil) com altura aproximadamente de
0,6m, e nos 10 (T10m) e 30m (T30m) para cronometragem dos tempos em segundos para a
aferição da velocidade nos 10 e nos 30 m. O intervalo adotado entre os testes T10m e T30m
foi de pelo menos 30 minutos, onde os atletas realizaram duas tentativas em cada teste, com
intervalo de 10 minutos entre as tentativas. Como parâmetro de análise foi utilizando o
melhor resultado entre as duas tentativas.
Também foram realizadas três técnicas diferentes de saltos verticais, propostas
por Bosco et al. (1995): Salto vertical máximo partindo da posição de semi-agachamento,
sem auxílio dos membros superiores (SV); Salto vertical máximo, com contramovimento
sem auxílio dos membros superiores (SVCSMS) e o Salto vertical máximo, com
contramovimento com auxílio dos membros superiores (SVCCMS). Para a realização dos
testes de salto foi utilizado um tapete de contato Multi Sprint® (Hidrofit™, MG, Brasil).
Todos os sujeitos realizaram três tentativas em cada tipo de salto, sendo utilizada como
melhor resultado o equivalente à melhor tentativa.
O teste de resistência de velocidade (RSA) consistiu em seis sprints de 40m
(20m + 20m, ida e volta) utilizando-se de uma célula fotoelétrica Multi Sprint® (Hidrofit™,
51
MG, Brasil), e separados por 20s de recuperação passiva como proposto por Impellizzeri et
al. (2008). As variáveis analisadas foram a média de tempo dos sprints (RSA médio) e a
queda de desempenho ao longo dos sprints (índice de fadiga/IF) (Impellizzeri et al., 2008).
O IF foi calculado pela divisão do RSA médio pelo RSA best, expresso em porcentagem.
Vale ressaltar que, o intervalo entre as sessões de testes foi de 48 h. Todos os
testes foram realizados em um campo de futebol com os indivíduos realizando os testes
calçando chuteiras, e vestindo calção buscando reproduzir ao máximo a situação real de
treino/jogo. Além disso, os sujeitos foram orientados a não realizarem treinamentos nos
dias de testes antes desses ou qualquer outra atividade física vigorosa, bem como, ingerir
substâncias cafeinadas (café, chocolate, mate, pó-de-guaraná, coca-cola e guaraná) ou
alcoólicas nas 24 horas precedentes ao teste, para evitar possíveis interferências.
7.3.6 Fadiga neuromuscular
Durante teste de resistência de velocidade (RSA) os sinais eletromiográficos
(EMG) dos músculos Reto Femoral (RF), Semitendíneo (ST) e Bíceps Femoral de cabeça
longa (BF) do lado dominante dos atletas foram monitorados por eletromiógrafo de oito
canais com sistema de telemetria (modelo TeleMyo®, Noraxon™, AZ, USA), o que
permitiu a realização de ações motoras exigidas no futebol em ambiente natural. A
frequência de aquisição dos sinais EMG foi estabelecida em 2000 Hz e o filtro passa-banda
foi de 20-500 Hz, com limites de entrada dos sinais estabelecidos em ± 5 V. Para a
captação dos sinais foi utilizado o software MRXP Basic Edition® (Noraxon™, AZ, USA).
Para a coleta dos sinais EMG, foram utilizados eletrodos ativos (Noraxon™,
AZ, USA) e a relação do modo comum de rejeição (CMRR) foi > 95 dB. Após realização
de assepsia dos locais com álcool seguido de curetagem para reduzir a impedância da pele,
os eletrodos foram colocados nos músculos RF, ST e BF sendo à distância inter-eletrodos
fixada previamente pelo fabricante em dois centímetros (centro a centro) (Merletti, 1999).
Foi utilizada uma fita adesiva para a fixação dos eletrodos sobre a pele. O eletrodo de
referência (terra) foi posicionado na borda anterior da crista ilíaca do membro dominante
52
do avaliado. A localização dos pontos anatômicos para colocação dos eletrodos nos
músculos analisados obedeceram a padronização proposta por (Hermens et al., 2000).
Para análise dos sinais EMG dos músculos RF, ST e BF foram utilizados
valores médios de frequência mediana (FM) determinada pela técnica de short-time Fourier
transform (STFT), em cada um dos 6 sprints, normalizados pela FM inicial (1 s) que foram
processados no ambiente de simulação matemática Matlab 7.0® (Mathworks™, MA, EUA).
A taxa de fadiga dos músculos estudados foi determinada por procedimento de regressão
linear, obtida pela inclinação da reta (slope) entre a FM normalizada de cada um dos 6
sprints e a duração do teste de RSA de acordo com Ng et al. (1996). A fadiga
neuromuscular foi obtida de forma integrada a partir dos músculos estudados
[RF+ST+BF/3].
7.3.7 Análises estatísticas
Os dados obtidos foram tratados inicialmente a partir de estatística descritiva e
apresentados em valores de média (desvio-padrão). Posteriormente os dados
antropométricos, de composição corporal e os parâmetros de desempenho motor foram
tratados a partir de análise de variância (ANOVA) two-way, seguido pelo teste Post-hoc de
scheffé. As correlações entre os parâmetros analisados foram estabelecidas pelo coeficiente
de correlação de Pearson. O nível de significância adotado para todas as análises foi de 5%.
53
7.4 Resultados
Na tabela 1B é apresentada a distribuição dos jogadores de futebol das
categorias Sub-13, Sub-15 e Sub-17, de acordo com o quadrimestre de nascimento.
Tabela 1B - Frequência de distribuição dos sujeitos estudados em cada categoria, de acordo
com o quadrimestre de nascimento.
1˚ QDT (Jan-
Abr)
2˚ QDT (Mai-
Ago)
3˚ QDT (Set-Dez) Total
Sub-13 16 18 16 50
Sub-15 17 17 16 50
Sub-17 15 16 15 46
Na tabela 2A estão descritos os valores das variáveis antropométricas e de
composição corporal das categorias Sub-13, Sub-15 e Sub-17 agrupados nos 1˚ QDT, 2˚
QDT e 3˚ QDT. Diferenças significativas foram observadas para as variáveis estatura e
massa corporal entre 1˚ QDT e 3˚ QDT, nas categorias Sub-13 e Sub-15 (P<0,05).
Para a variável massa magra diferenças significativas foram observadas apenas
entre 1˚ QDT e 3˚ QDT da categoria Sub-13 (P<0,05). Por outro lado, não se observou
diferenças significativas para a variável gordura relativa (%) entre os QDT, em todas as
categoria analisadas (P>0,05).
Constatou-se também que os jogadores da categoria Sub-13 apresentaram
menores valores de estatura, massa corporal e massa magra, em relação aos jogadores da
categoria Sub-15 e Sub-17 nos diferentes quadrimestres (P<0,05). No entanto, não se
constatou diferenças significativas para a variável gordura relativa (%) entre as categoria
analisadas (P>0,05).
54
Tabela 2A – Valores (média ± DP) dos parâmetros antropométricos e de composição
corporal.
Variáveis Sub-13 Sub-15 Sub-17
Estatura (cm)
1˚ QDT (Jan-Abr) 165,9 ± 4,3* † 171,9 ± 4,9
† 176,0 ± 5,2
2˚ QDT (Mai-Ago) 163,6 ± 4,6* 168,7 ± 5.0 173,6 ± 5,1
3˚ QDT (Set-Dez) 161,2 ± 4,6* 166,9 ± 4,9 172,1 ± 5,2
Massa Corporal (kg)
1˚ QDT (Jan-Abr) 57,5 ± 3,7*† 61,8 ± 4.0
† 65,4 ± 3,9
2˚ QDT (Mai-Ago) 56,2 ± 3,5* 60,6 ± 4,0 64,2 ± 4,0
3˚ QDT (Set-Dez) 53,7 ± 3,5* 57,8 ± 3,9 62,0 ± 4,2
Gordura relativa (%)
1˚ QDT (Jan-Abr) 15,3 ± 2,6 14,4 ± 2,2 13,4 ± 3,0
2˚ QDT (Mai-Ago) 14,7 ± 2,5 14,2 ± 2,3 13,0 ± 2,5
3˚ QDT (Set-Dez) 14,1 ± 3,0 13,9 ± 2,9 12,9 ± 2,7
Massas magra (kg)
1˚ QDT (Jan-Abr) 49,4 ± 2,8* † 52,8 ± 2,9 56,3 ± 3,1
2˚ QDT (Mai-Ago) 48,1 ± 2,9* 52,2 ± 3,0 55,1 ± 3,1
3˚ QDT (Set-Dez) 46,3 ± 3,0* 50,4 ± 2,9 53,2 ± 3,0
Nota: *Diferenças estatisticamente significativas entre a categoria Sub-13 e as categorias Sub-15 e Sub-17
(P<0,05). †Diferenças estatisticamente significativas entre o 1˚ QDT e o 3˚ QDT na mesma categoria
(P<0,05).
Na tabela 3 são apresentados os valores de frequência absoluta e relativa
referente a classificação do estado maturacional dos jogadores das categorias Sub-13, Sub-
15 e Sub-17 agrupados nos quadrimestres 1˚ QDT, 2˚ QDT e 3˚ QDT. Observou-se nas três
categorias analisadas, a prevalência de jogadores apresentando estado de maturidade
normal nos três quadrimestres (Sub-13 = 72,0%; Sub-15 = 78,0%; Sub-17 = 95,0%).
55
Tabela 3 – Valores de frequência absoluta (F) e relativa (FR) da classificação do estado
maturacional.
Categorias Atrasado Normal Avançado Total
F FR (%) F FR (%) F FR (%)
Sub-13
1˚ QDT (Jan-Abr) 1 6,0 11 69,0 4 25,0 16
2˚ QDT (Mai-Ago) 3 17,0 13 72,0 2 11,0 18
3˚ QDT (Set-Dez) 3 19,0 12 75,0 1 6,0 16
Total 7 36 7 50
Sub-15
1˚ QDT (Jan-Abr) 0 0,0 14 82,0 3 18,0 17
2˚ QDT (Mai-Ago) 3 17,0 13 77,0 1 6,0 17
3˚ QDT (Set-Dez) 2 12,0 12 76,0 2 12,0 16
Total 5 39 7 50
Sub-17
1˚ QDT (Jan-Abr) 0 0,0 15 100,0 0 0,0 15
2˚ QDT (Mai-Ago) 1 6,0 15 94,0 0 0,0 16
3˚ QDT (Set-Dez) 1 7,0 14 93,0 0 0,0 15
Total 2 44 46
Os dados dos indicadores de força de membros inferiores obtidos a partir dos
testes SV, SVCSMS e SVCCMS são apresentados na figura 1B. Nenhuma diferença
significativa entre o 1˚ QDT, 2˚ QDT e 3˚ QDT foi observada para as categorias Sub-13,
Sub-15 e Sub-17 (P>0,05). No entanto, os jogadores da categoria Sub-13 apresentaram
menores valores de SV, SVCSMS e SVCCMS em relação aos jogadores da categoria Sub-
15 e Sub-17 nos diferentes quadrimestres (P<0,05), demonstrando um menor desempenho
nos indicadores de força de membros inferiores.
56
Figura 1B - Valores (média ± DP) dos parâmetros obtidos a partir da realização dos testes
motores para avaliação da força de membros inferiores. Nota: 1˚ QDT (Jan-Abr), 2˚ QDT (Mai-
Ago), 3˚ QDT (Set-Dez). SV = Salto vertical sem auxílio dos membros superiores, SVCSMS = Salto vertical
com contramovimento sem auxílio dos membros superiores, SVCCMS = Salto vertical com contramovimento
com auxílio dos membros superiores. *Diferenças estatisticamente significativas entre as categorias Sub-13 e
Sub-17 (P<0,05).
57
Na tabela 4 são apresentados os indicadores obtidos a partir dos testes motores
para avaliação da resistência aeróbia e resistência de velocidade das categorias Sub-13,
Sub-15 e Sub-17, agrupados nos quadrimestres 1˚ QDT, 2˚ QDT e 3˚ QDT.
Em relação a resistência aeróbia, nenhuma diferença significativa entre o 1˚
QDT, 2˚ QDT e 3˚ QDT foi observada para as categorias Sub-13, Sub-15 e Sub-17
(P>0,05). No entanto, os jogadores da categoria Sub-13 apresentaram menor resistência
aeróbia em relação aos jogadores da categoria Sub-17 nos diferentes quadrimestres
(P<0,05).
Por outro lado, para a resistência de velocidade foi constatado diferenças
significativas entre 1˚ QDT e 3˚ QDT das categorias Sub-13 e Sub-15 (P<0,05). Além
disso, os valores de resistência de velocidade apresentados pelos jogadores Sub-17 se
mostraram significativamente menores quando comparada aos jogadores da categoria Sub-
13 e Sub-15 nos diferentes quadrimestres (P<0,05).
Tabela 4 – Valores (média ± DP) dos indicadores obtidos a partir da realização dos testes
motores indicadores de resistência aeróbia (RA) e resistência de velocidade (RSA).
Variáveis Sub-13 Sub-15 Sub-17
RA (ml.kg.min-1
)
1˚ QDT (Jan-Abr) 43,1 ± 3,3* 46,9 ± 3,9 51,0 ± 4,0
2˚ QDT (Mai-Ago) 41,9 ± 3,6* 45,9 ± 3,8 50,0 ± 3,7
3˚ QDT (Set-Dez) 40,4 ± 4,0* 44,0 ± 4,9 49,1 ± 4,2
RSA (s)
1˚ QDT (Jan-Abr) 7,80 ± 0,25 † 7,38 ± 0,27 † 7,08 ± 0,27‡
2˚ QDT (Mai-Ago) 7,92 ± 0,25 7,67 ± 0,28 7,16 ± 0,25‡
3˚ QDT (Set-Dez) 8,09 ± 0,26 7,79 ± 0,26 7,34 ± 0,28‡
Nota: *Diferenças estatisticamente significativas entre as categorias Sub-13 e Sub-17 (P<0,05). †Diferenças
estatisticamente significativas entre o 1˚ QDT e o 3˚ QDT na mesma categoria (P<0,05). ‡Diferenças
estatisticamente significativas entre a categoria Sub-17 e as categorias Sub-13 e Sub-15 (P<0,05).
Na tabela 5 é apresentada a relação entre a fadiga neuromuscular obtida a partir
da taxa de fadiga dos músculos RF, ST e BF, individualmente e integrados [RF+ST+BF/3],
e o IFRSA de jogadores de futebol. Os resultados da análise de correlação entre a taxa de
58
fadiga dos músculos RF, ST e BF, individualmente e integrados, e o IFRSA apresentaram
altos e significantes valores de correlação que variaram entre r=0,85 a r=0,90 (P<0,05).
Tabela 5 - Relação (r) entre a fadiga neuromuscular obtida a
partir da taxa de fadiga dos músculos RF, ST e BF,
individualmente e integrados, e o IFRSA dos jogadores de futebol
(n=52).
Músculos IFRSA (%)
RF (slope) r=0.90; P<0,05
ST (slope) r=0.85; P <0,05
BF (slope) r=0.86; P <0,05
Integrados (slope) r=0.87; P <0,05
Ao analisar o índice de fadiga obtido no teste de resistência de velocidade -
RSA (IFRSA), não foram constatadas diferenças significativas entre os quadrimestres nas
três categorias investigadas (P>0,05) (Figura 2B). Da mesma forma, não foram observadas
diferenças significantes para o IFRSA entre os jogadores da categoria Sub-13, Sub-15 e
Sub-17, nos diferentes quadrimestres (P<0,05).
Figura 2B - Índice de fadiga (média ± DP) obtido no teste de resistência de velocidade (IFRSA), realizado
pelos jogadores de futebol. Nota: 1˚ QDT (Jan-Abr), 2˚ QDT (Mai-Ago), 3˚ QDT (Set-Dez).
59
Na figura 3B são apresentados os dados obtidos a partir dos testes motores de
velocidade das categorias Sub-13, Sub-15 e Sub-17, agrupados nos quadrimestres 1˚ QDT,
2˚ QDT e 3˚ QDT. Nenhuma diferença significativa foi observada nos valores de VL10 m e
VL30 m, entre os 1˚ QDT, 2˚ QDT e 3˚ QDT em todas as categorias (P>0,05). Observou-se
ainda que, os jogadores da categoria Sub-13 apresentaram tempos maiores nos testes de
velocidade que os jogadores das categorias Sub-15 e Sub-17, em todos os quadrimestres
(P<0,05).
Figura 3B - Valores (média ± DP) obtidos a partir da realização dos testes motores de velocidade de 10 m
(VL10 m) e 30 m (VL30 m). Nota: 1˚ QDT (Jan-Abr), 2˚ QDT (Mai-Ago), 3˚ QDT (Set-Dez). *Diferenças
estatisticamente significativas entre as categorias Sub-13 e Sub-17 (P<0,05).
60
7.5 Discussão
Considerando que alguns estudos têm indicado que o ERI parecem exercer
influência na seleção de jovens atletas, podendo influenciar até mesmo a composição de
equipes na idade adulta (Musch e Grondin, 2001; Cobley et al., 2009), bem como da
necessidade de se entender possíveis implicações da maturação biológica nesse processo
(Malina et al., 2004) o objetivo da presente investigação foi o efeito relativo da idade sobre
as características antropométricas e o desempenho motor em jovens jogadores de futebol.
Um importante estudo de Helsen, Van Winckel e Williams (2005), envolvendo
jogadores de futebol europeus das categorias sub-15 a sub-18, apresentou uma prevalência
de nascidos no primeiro trimestre do ano competitivo. Adicionalmente, estudos mais
recentes tem confirmado esses achados em jovens jogadores de futebol amadores e
profissionais que disputam campeonatos Europeus (Williams, 2010; Helsen et al., 2012).
Estudos recentes tem constatado o ERI na seleção de talentos para o futebol
brasileiro. Altimari et al. (2011) demonstraram que jogadores convocados para as seleções
brasileiras de futebol das categorias Sub-14 à Sub-18, apresentaram um maior número de
atletas nascidos no primeiro quadrimestre. Essa tendência também foi observada quando
analisada um amostra (202.951 jogadores) significativa de jogadores profissionais
brasileiros (Costa, Albuquerque e Garganta et al., 2012).
No presente estudo pode-se constatar que as variáveis morfológicas massa
corporal e estatura, apresentaram diferenças entre o 1˚ QDT e 3˚ QDT, nas categorias Sub-
13 e Sub-15 (P<0,05). Enquanto que para a variável massa magra as diferenças entre 1˚
QDT e 3˚ QDT foram apenas na categoria Sub-13 (P<0,05). Segundo Baxter-Jones,
Eisenmann e Sherar (2005), essa assimetria pode ser atribuída à enorme variabilidade
biológica dentro do grupo de mesma idade cronológica, durante a infância e adolescência.
Por outro lado, Vincent and Glamser (2006) sugerem que essas diferenças podem ser
explicada por uma complexa interação de diferenças biológicas e maturacionais e
influências sociais. Adicionalmente, Côté et al. (2006) sugerem que fatores contextuais
associados com lugar de nascimento contribui de forma mais decisiva contribuição para
61
alcançar um nível desempenho esportivo elevado do que a idade relativa, e que estes fatores
são essencialmente independentes em suas influências sobre o desenvolvimento atlético.
No entanto, nosso estudo identificou nas três categorias analisadas, a
prevalência de jogadores apresentando estado de maturidade normal nos três quadrimestres
(Sub-13 = 72,0%; Sub-15 = 78,0%; Sub-17 = 95,0%), indicando não haver influência
determinante do estado maturacional a partir da distribuição do mês de nascimento nas
categorias.
Estudos de Helsen, Starkes e Van Winckel (1998 e 2000), já relatavam que
jogadores em vantagem na idade relativa, quando comparados aos semelhantes, possuíam
consideráveis vantagens físicas (estatura e peso corporal), as quais poderiam afetar a
percepção de potencial talento e predição de sucesso esportivo. Adicionalmente, os achados
do presente estudo corroboram com investigações mais recentes como de Carling et al.
(2009) e Hirose (2009) que pesquisaram a influência da maturação biológica e o ERI, a
partir da relação entre distribuição de data de nascimento, variáveis antropométricas e
capacidades motoras relacionadas ao desempenho no futebol.
Estudo de Hirose (2009) constatou que a estatura de jovens futebolistas
japoneses nascidos nos últimos três meses do ano era menor do que os nascidos no primeiro
trimestre, para as categorias sub-11, sub-13 e sub-14. Apesar destes resultados, não houve
diferença entre estado maturacional e distribuição do mês de nascimento das categorias.
Da mesma forma, Carling et al. (2009) analisando diferenças antropométricas e
de aptidão física entre futebolistas franceses nascidos em diferentes períodos do ano,
encontraram diferença significativa na estatura entre os sujeitos nascidos nos primeiros
meses do ano em comparação aos nascidos nos meses finais. Entretanto não houve
diferença nas variáveis de aptidão física apesar de uma tendência de melhor desempenho
dos futebolistas nascidos no primeiro quarto.
Esses resultados se assemelham em parte aos encontrados no nosso estudo,
onde não se observou diferenças significativa para a maioria das variáveis de desempenho,
SV, SVCSMS, SVCCMS, RA, VL10 m, VL30 m e IFRSA entre os quadrimestres, em
todas as categorias analisadas (P>0,05). Apenas o desempenho no teste de resistência de
62
velocidade, apresentou diferenças significantes entre o primeiro e terceiro quadrimestres
dos jogadores da categoria Sub-13 e Sub-15 (P<0,05).
Contrapondo nossos achados, Deprez et al. (2012) não encontraram diferenças
significativas no desempenho do teste de RSA entre os quatro trimestres de nascimento de
jovens jogadores de futebol de idade entre 11 e 19 anos. No entanto, foi possível verificar
uma tendência para jogadores nascidos no primeiro trimestre de terem melhor desempenho
no teste de RSA do que jogadores nascidos no quarto trimestre.
Quando analisadas as variáveis antropométricas (MC, ET e MM) e de
desempenho motor (SV, SVCSMS, SVCCMS, RA, RSA, VL10 m e VL30 m), verificou-se
que os jogadores da categoria Sub-17 apresentaram melhor desempenho em comparação
aos jogadores da categoria Sub-13 nos diferentes quadrimestres.
Resultados semelhantes são relatados em estudos anteriores, onde jovens
jogadores de futebol em estado maturacional avançado são mais altos, mais pesados e
apresentam melhor desempenho motor que atletas normais e atrasados (Malina et al., 2007;
Sherar et al., 2007; Fernandez-Gonzalo et al., 2010; Pittoli et al., 2010). Além disso, Villar
e Zühl (2006) constataram melhor desempenho na velocidade de corrida, potência aeróbia e
capacidade anaeróbia em praticantes de futebol de 13 a 17 anos, mais altos e com idade
cronológica e maturação biológica tardia. Adicionalmente, Malina, Bouchard e Bar-Or
(2009) relatam que a capacidade aeróbia aumenta progressivamente em meninos de oito a
16 anos, para jovens atletas e não-atletas.
Apesar de melhor desempenho no teste de RSA apresentado pelos jogadores da
categoria Sub-17 em relação aos jogadores da categoria Sub-13, nenhuma diferença foi
constatada para o índice de fadiga obtido no teste de resistência de velocidade (IFRSA).
Essa diferenças pode ser explicado pela maior massa muscular apresentada pelos jogadores
da categoria Sub-17 e pelas diferenças nas taxas de ressíntese de alguns substratos
energéticos e as taxas de remoção de vários metabólitos musculares (Ratel et al., 2003). No
entanto, isso não representou modificações significativas nos indicadores de resistência à
fadiga.
Diferente do que observamos em nosso estudo, Mujika et al. (2009)
constataram em estudo envolvendo jovens futebolistas de elite entre 11 e 18 anos que
63
jogadores mais jovem tiveram menor percentual de queda entre os sprints, ou seja, foram
mais resistentes a fadiga muscular, bem como apresentaram melhor desempenho no teste de
RSA comparados aos atletas mais velhos.
Por outro lado, os resultados da relação entre taxa de fadiga dos músculos do
quadríceps e o IFRSA (=0,85 a r=0,90; P<0,05), sugerem que o IFRSA pode ser utilizado
como um bom indicador de fadiga muscular, reforçando o que sugere Impellizzeri et al.
(2008) no que se refere ao índice de fadiga do teste de RSA.
7.6 Conclusão
A partir dos achados do presente estudo podemos concluir que as categorias
Sub-13 e Sub-15 sofreram influência do ERI apenas para as variáveis massa corporal,
estatura e resistência de velocidade, enquanto que para a variável massa muscular isso
ocorreu apenas na categoria Sub-13, o que possibilitou aos jogadores nascidos no 1˚ QDT
(Jan-Abr) dessas categorias vantagens em relação aos nascidos no 3˚ QDT (Set-Dez).
Por fim, podemos ressaltar alguns pontos que nos ajudam a explicar o ERI
constatado no presente estudo, como o atual processo de seleção de talentos, onde os
atributos morfológicos do jovem possuem maior relevância do que suas habilidades
técnicas e a idade precoce em que se iniciam as competições de alto nível no futebol
quando comparada a de outros esportes. Diante do exposto, muitos jovens talentosos podem
ser subestimados simplesmente por nascerem no final do ano e, por consequência, pelos
atributos morfológicos inferiores.
64
REFERÊNCIAS
ABBOTT, A.; COLLINS, D.A. Eliminating the dichotomy between theory and practice in
talent identification model. Journal of Sports Sciences, v.22, p.395-408, 2004.
ALTIMARI, J. M. et al. Distribución de los meses de nacimiento de los futbolistas
seleccionados al equipo nacional de Brasil. Revista Andaluza de Medicina del Deporte,
v. 4, p. 2-7, 2011.
BANGSBO, J.; IAIA, F.; KRUSTRUP, P. The yo-yo intermittent recovery test: a useful
tool for evaluation of physical performance in intermittent sports. Sports Medicine, v.38,
p.37-51, 2008.
BAXTER-JONES, A. D. G.; EISENMANN, J. C.; SHERAR, L. B. Controlling for
maturation in pediatric exercise science. Pediatric Exercise Science, v.17, p.18-30, 2005.
BOSCO, C. et al. A dynamometer for evaluation of dynamic muscle work. European
Journal of Applied Physiology, v.70, p.379-386, 1995.
CARLING, C. et al. Do anthropometric and fitness characteristics vary according to birth
date distribution in elite youth academy soccer players? Scandinavian Journal of
Medicine and Science in Sports, v.19, p.3-9. 2009.
COBLEY, S. et al. Annual age-grouping and athlete development: a meta-analytical review
of relative age effects in sport. Sports Medicine, v.39, p.235-56, 2009
COSTA, I. T. D.; ALBUQUERQUE, M. R.; GARGANTA, J. Relative age effect in
Brazilian soccer players: a historical analysis. International Journal of Performance
Analysis in Sport, v.12, p.563-257, 2012.
65
CÔTÉ, J. et al. When "where" is more important than "when": birthplace and birthdate
effects on the achievement of sporting expertise. Journal of Sports Sciences, p.24, p.1065-
1073, 2006.
DELORME, N.; RADEL, R.; RASPAUD, M. Relative age effect and soccer refereeing: a
'strategic adaptation' of relatively younger children? European Journal of Applied
Physiology, v.13, p.400-6, 2013.
DEPREZ, D. et al. Relative age effect and Yo-Yo IR1 in youth soccer. International
Journal of Sports Medicine, v.33, p.987-93, 2012.
FERNANDEZ-GONZALO, R. et al. Comparison of technical and physiological
characteristics of prepubescent soccer players of different ages. Journal of Strength and
Conditioning Research. v.24, p.1790-8, 2010.
FIGUEIREDO, A. J. et al. Youth soccer players, 11-14 years: maturity, size, function, skill
and goal orientation. Annals of Human Biology, v.36, p.60-73, 2009.
GORDON, C. C.; CHUMLEA, W. C.; ROCHE, A. F. Stature, recumbent length, and
weight. In: LOHMAN, T. G.; ROCHE, A. F.; MARTORELL, R. editors. Anthropometric
Standardization Reference Manual. Champaign: Human Kinetics Books, 1988:3-8.
GRAVINA, L. et al. Anthropometric and physiological differences between first team and
reserve soccer players aged 10-14 years at the beginning and end of the season. Journal of
Strength and Conditioning Research. v.22, p.1308-14, 2008.
HELSEN, W.F.; STARKES, J.L.; VAN WINCKEL, J. The influence of relative age on
success and dropout in male soccer players. American Journal of Human Biology, v.10,
p.791–798, 1998.
66
_______. Effect of a change in selection year on success in male soccer players. American
Journal of Human Biology, v.12, p.729–735, 2000.
HELSEN, W. F.; VAN WINCKEL, J.; WILLIAMS, A. M. The relative age effect in youth
soccer across. European Journal of Applied Physiology, v.23, p.629–636, 2005.
HELSEN, W. F.et al. The relative age effect in European professional soccer: did ten years
of research make any difference? Journal of Sports Sciences, v.30, p.1665-71, 2012.
HERMENS, H. J. et al. Development of recommendations for SEMG sensors and sensor
placement procedures. Journal Electromyography Kinesiology, v.10, p.361-374, 2000.
HEYWARD, V. H.; WAGNER, D. R. Applied Body Composition Assesment.
Champaign IL, Human Kinetcs, 2004.
HIROSE N. Relationships among birth-month distribution, skeletal age and anthropometric
characteristics in adolescent elite soccer players. Journal of Sports Sciences, v.31, p.1-8,
2009.
IMPELLIZZERI, F. M. et al. Validity of a repeated-sprint test for football. International
Journal of Sports Medicine, v.29, p.899-905, 2008.
LE GALL, F.; BEILLOT, J.; ROCHCONGAR, P. The improvement in maximal anaerobic
power of soccer players during growth. Science Sports, v.17, p.177–188, 2002.
MALINA, R. M.; BOUCHARD, C.; BAR-OR, O. Growth, maturation, and physical
activity. 3 ed. Champaign: Human Kinetics, 2009.
67
MALINA, R. M. et al. Maturity-associated variation in the growth and functional capacities
of youth football (soccer) players 13-15 years. European Journal of Applied Physiology,
v. 91, p.555-562, 2004.
MALINA R. M. et al. TW3 and Fels skeletal ages in elite youth soccer players. Annals of
Human Biology, v.34, p.265-272, 2007.
MARTINDALE, R. J. J.; COLLINS, D.; DAUBNEY, J. Talent development: a guide for
practice and research within sport. Quest, v.57, p.353-375, 2005.
MERLETTI, R. Standards for reporting EMG data (ISEK/1999). Journal
Electromyography Kinesiology, 9:III-IV, 1999.
MUJIKA, I. et al. The relative age effect in a professional football club setting. Journal of
Sports Sciences, v.27, p.1153-1158, 2009.
MUSCH, J.; GRONDIN, S. Unequal competition as an impediment to personal
development: A review of the relative age effect in sport. Developmental Review, v.21,
p.147–167, 2001.
NG, J. K. et al. Clinical applications of power spectral analysis of electromyographic
investigations in muscle function. Manual Therapy, v.1, p.99-103, 1996.
ONISHI, Y. The study of month of birth: The maturity, physical fitness and motor ability of
children born in May. Japan Journal of Physical Education, Health and Sports
Sciences, v.6, p.199-202, 1961.
PITTOLI, T. E. M. et al. Brazilian soccer players and no-players adolescents: effect of the
maturity status on the physical capacity components performance. Journal Human Sports
Exercise, v.5, p.280-287, 2010.
68
RATEL, S. et al. Age differences in human skeletal muscle fatigue during high-intensity
intermittent exercise. Acta Paediatrica. v.92, p.1248-54, 2003.
RÉ, A. H. N. Crescimento, maturação e desenvolvimento na infância e adolescência:
Implicações para o esporte. Motricidade, v.7, p.55-67, 2011.
SHERAR, L. B. et al. Do physical maturity and birth date predict talent in male youth ice
hockey players? Journal of Sports Sciences, v.25, p.879–886, 2007.
VILLAR, R.; ZÜHL, C. A. Efeitos da idade cronológica e da maturação biológica sobre a
aptidão física em praticantes de futebol de 13 a 17 anos. Motricidade, v.2, p.69-79, 2006.
VINCENT, J.; GLAMSER, F.D. Gender differences in the relative age effect among US
olympic development program youth soccer players. Journal of Sports Sciences, v.24,
p.405–413, 2006.
WILLIAMS, J. H. Relative age effect in youth soccer: analysis of the FIFA U17 World
Cup competition. Scandinavian Journal of Medicine and Science in Sports, v.20, p.502-
8. 2010
WONG, P. L. et al. Relationship between anthropometric and physiological characteristics
in youth soccer players. Journal of Strength and Conditioning Research, v.23, p.1204-
10, 2009.
69
8 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir da forma progressiva e sistemática adotada na condução deste estudo,
bem como da sua apresentação, foi possível contextualizar e constatar a partir do primeiro
estudo que o ERI exerce influência na seleção de jovens jogadores brasileiros de elite e que
este efeito está associado as características antropométricas estatura e massa corporal.
Corroborando com esses achados, os resultados do segundo estudo apontam
para influência do ERI nas categorias Sub-13 e Sub-15 para as variáveis massa corporal,
estatura e resistência de velocidade, enquanto que para a variável massa muscular isso
ocorreu apenas na categoria Sub-13, possibilitando aos jogadores nascidos no 1˚ QDT (Jan-
Abr) dessas categorias vantagens em relação aos nascidos no 3˚ QDT (Set-Dez).
Por fim, sugerimos novos estudos longitudinais em que haja o
acompanhamento de jogadores em formação, considerando seus atributos morfológicos,
físicos, maturacionais e técnicos relacionados ao desempenho no ambiente real de jogo,
bem como, estudos que quantifiquem o número de jovens jogadores, identificados como
potenciais talentos, que se tornaram atletas profissionais em equipes de alto nível
competitivo.
70
REFERÊNCIAS
ABBOTT, A.; COLLINS, D.A. Eliminating the dichotomy between theory and practice in
talent identification model. Journal of Sports Sciences, v.22, p.395-408, 2004.
ABRANTES, C.; MAÇÃS, V.; SAMPAIO, J. Variation in football players’ sprint test
performance across different ages and levels of competition. Journal of Sports Science
and Medicine, v.3, p.44-49, 2004.
ALTIMARI, J. M. et al. Distribución de los meses de nacimiento de los futbolistas
seleccionados al equipo nacional de Brasil. Revista Andaluza de Medicina del Deporte,
v. 4, p. 2-7, 2011.
BANGSBO, J. Entrenamiento de la condición física en el fútbol. Badalona: Paidotribo
S.L, 2008.
BANGSBO, J.; IAIA, F.; KRUSTRUP, P. The yo-yo intermittent recovery test: a useful
tool for evaluation of physical performance in intermittent sports. Sports Medicine, v.38,
p.37-51, 2008.
BASMAJIAN, J. V.; DE LUCA, C.J. Muscles alive - their functions revealed by
electromyography. Baltimore: Willians & Wilkins. 1985. 555 p.
BAXTER-JONES, A. D. G.; EISENMANN, J. C.; SHERAR, L. B. Controlling for
maturation in pediatric exercise science. Pediatric Exercise Science, v.17, p.18-30, 2005.
BAXTER-JONES, A. D. G. Growth and development of young athletes: Should
competition levels be age related? Sports Medicine, v.20, p.59–64, 1995.
71
BEUNEN, G.; THOMIS, M. Muscular strength development in children and adolescents.
Pediatric Exercise Science, v. 12, p. 174-197, 2000.
BIGLAND-RITCHIE, B. et al. Task-dependent factors in fatigue of human voluntary
contractions. In: Fatigue. Neural and muscular mechanisms, edited by GANDEVIA, S. C.;
MCCOMAS, A. J.; STUART, D. G.; THOMAS, C. K.; New York:Plenum Press, 1995, p.
361-380.
BOSCO, C. et al. A dynamometer for evaluation of dynamic muscle work. European
Journal of Applied Physiology, v.70, p.379-386, 1995.
BREWER, J.; BALSOM, P.; DAVIS, J. Seasonal birth distribution amongst European
soccer players. Sports, Exercise and Injury, v.1, p.154–157, 1995.
CARLING, C. et al. Do anthropometric and fitness characteristics vary according to birth
date distribution in elite youth acad¬emy soccer players? Scandinavian Journal of
Medicine and Science in Sports, v.19, p.3-9. 2009.
COBLEY, S. et al. Annual age-grouping and athlete development: a meta-analytical review
of relative age effects in sport. Sports Medicine, v.39, p.235-56, 2009
COSTA, I. T. D.; ALBUQUERQUE, M. R.; GARGANTA, J. Relative age effect in
Brazilian soccer players: a historical analysis. International Journal of Performance
Analysis in Sport, v.12, p.563-257, 2012.
CÔTÉ, J. et al. When "where" is more important than "when": birthplace and birthdate
effects on the achievement of sporting expertise. Journal of Sports Sciences, p.24, p.1065-
1073, 2006.
72
DE LUCA, C. J. The use of surface electromyography in biomechanics. Journal Applied
Biomechanics, v.13, p.135-163, 1997.
DELORME, N.; RADEL, R.; RASPAUD, M. Relative age effect and soccer refereeing: a
'strategic adaptation' of relatively younger children? European Journal of Applied
Physiology, v.13, p.400-6, 2013.
DEPREZ, D. et al. Relative age effect and Yo-Yo IR1 in youth soccer. International
Journal of Sports Medicine, v.33, p.987-93, 2012.
FERNANDEZ-GONZALO, R. et al. Comparison of technical and physiological
characteristics of prepubescent soccer players of different ages. Journal of Strength and
Conditioning Research. v.24, p.1790-8, 2010.
FIGUEIREDO, A. J. et al. Youth soccer players, 11-14 years: maturity, size, function, skill
and goal orientation. Annals of Human Biology, v.36, p.60-73, 2009.
GALLAHUE, D. L.; OZMUN, J. C. Compreendendo o desenvolvimento motor: bebês,
crianças, adolescentes e adultos. 3ed. São Paulo: Phorte, 2005. 600p.
GOBBI, S.; VILLAR, R.; ZAGO, A. S. Bases teórico-práticas do condicionamento
físico. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005.
GOLDSCHMIED, N. No evidence for the relative age effect in professional women's
sports. Sports Medicine, v.41, p.87-8, 2011;
GORDON, C. C.; CHUMLEA, W. C.; ROCHE, A. F. Stature, recumbent length, and
weight. In: LOHMAN, T. G.; ROCHE, A. F.; MARTORELL, R. editors. Anthropometric
Standardization Reference Manual. Champaign: Human Kinetics Books, 1988:3-8.
73
GRAVINA, L. et al. Anthropometric and physiological differences between first team and
reserve soccer players aged 10-14 years at the beginning and end of the season. Journal of
Strength and Conditioning Research. v.22, p.1308-14, 2008.
GREIG, M. P.; MCNAUGHTON, L. R.; LOVELL, R. J. Physiological and mechanical
response to soccer-specific intermittent activity and steady-state activity. Research Sports
Medicine, v.14, p.29-52, 2006.
GUEDES, D. P.; GUEDES, J. E. R. P. Crescimento, composição corporal e desempenho
motor de crianças e adolescentes. 1ed. São Paulo: Ed. Balieiro, 1997.
GUTIERREZ DIAZ DEL CAMPO, D. et al. The relative age effect in youth soccer players
from Spain. Journal of Sports Sciences Medicine, v.9, p.190-8, 2010.
HAYWOOD, K. M.; GETCHELL, N. Desenvolvimento motor ao longo da vida. Porto
Alegre: Artmed, 2004. 344p.
HELSEN, W.F.; STARKES, J.L.; VAN WINCKEL, J. The influence of relative age on
success and dropout in male soccer players. American Journal of Human Biology, v.10,
p.791–798, 1998.
_______. Effect of a change in selection year on success in male soccer players. American
Journal of Human Biology, v.12, p.729–735, 2000.
HELSEN, W. F.; VAN WINCKEL, J.; WILLIAMS, A. M. The relative age effect in youth
soccer across. European Journal of Applied Physiology, v.23, p.629–636, 2005.
HELSEN, W. F.et al. The relative age effect in European professional soccer: did ten years
of research make any difference? Journal of Sports Sciences, v.30, p.1665-71, 2012.
74
HERMENS, H. J. et al. Development of recommendations for SEMG sensors and sensor
placement procedures. Journal Electromyography Kinesiology, v.10, p.361-374, 2000.
HEYWARD, V. H.; WAGNER, D. R. Applied Body Composition Assesment.
Champaign IL, Human Kinetcs, 2004.
HIROSE N. Relationships among birth-month distribution, skeletal age and anthropometric
characteristics in adolescent elite soccer players. Journal of Sports Sciences, v.31, p.1-8,
2009.
IMPELLIZZERI, F. M. et al. Validity of a repeated-sprint test for football. International
Journal of Sports Medicine, v.29, p.899-905, 2008.
JACOBS, R.; BOBBERT, M. F.; VAN INGEN SCHENAU, G. J. Function of mono- and
biarticular muscles in running. Medicine and Science in Sports Exercise, v.25, p.1163-
1173, 1993.
KANKAANPAA, M. et al. Lumbar paraspinal muscle fatigability in repetitive isoinertial
loading: EMG spectral indices, Borg scale and endurance time. European Journal of
Applied Physiology, v.76, p.236-242, 1997.
LARIVIERE, C. et al. Evaluation of measurement strategies to increase the reliability of
EMG indices to assess back muscle fatigue and recovery. Journal Electromyography
Kinesiology, v.12, p.91-102, 2002.
LAZZOLI, J.K. et al. Atividade física e saúde na infância e adolescência. Revista
Brasileira de Medicina do Esporte, v.4, p.107-109, 1998.
LE GALL, F.; BEILLOT, J.; ROCHCONGAR, P. The improvement in maximal anaerobic
power of soccer players during growth. Science Sports, v.17, p.177–188, 2002.
75
MALINA, R. M. Growth and maturity status of young soccer (football) players. In:
REILLY, T.; WILLIAMS, A.M. eds. Science and soccer, 2nd edn (pp. 287- 306). London:
Routledge, 2003.
MALINA, R. M.; BOUCHARD, C.; BAR-OR, O. Growth, maturation, and physical
activity. 3 ed. Champaign: Human Kinetics, 2009.
MALINA, R. M. et al. Maturity-associated variation in the growth and functional capacities
of youth football (soccer) players 13-15 years. European Journal of Applied Physiology,
v. 91, p.555-562, 2004.
MALINA R. M. et al. TW3 and Fels skeletal ages in elite youth soccer players. Annals of
Human Biology, v.34, p.265-272, 2007.
MALINA, R.M. et al. Skeletal age in youth soccer players: implication for age verification.
Clinical Journal of Sport Medicine, v.20, p.212-18, 2010.
MARTIN, R. H. et al. Auto-avaliação da maturação sexual masculina por meio da
utilização de desenhos e fotos. Revista Paulista de Educação Física, v.15, p.212-22, 2001.
MARTINDALE, R. J. J.; COLLINS, D.; DAUBNEY, J. Talent development: a guide for
practice and research within sport. Quest, v.57, p.353-375, 2005.
MAZZUCCO, M. A. Relação entre maturação e variáveis antropométricas, fisiológicas e
motoras em atletas de futebol de 12 a 16 anos. 2007. 76f. Dissertação de Mestrado –
Universidade Federal do Paraná, Curitiba-PR.
MERLETTI, R. Standards for reporting EMG data (ISEK/1999). Journal
Electromyography Kinesiology, 9:III-IV, 1999.
76
MORTATTI, A. L.; ARRUDA, M. Análise do efeito do treinamento e da maturação sexual
sobre o somatotipo de jovens futebolistas. Revista Brasileira de Cineantropometria e
Desempenho Humano, v.9, p.84-91, 2007.
MUJIKA, I. et al. The relative age effect in a professional football club setting. Journal of
Sports Sciences, v.27, p.1153-1158, 2009.
MUSCH, J.; HAY, R. The relative age effect in soccer: Cross-cultural evidence for a
systematic discrimination against children born late in the competition year. Social Sports
Journal, v.6, p.54–64, 1999.
MUSCH, J.; GRONDIN, S. Unequal competition as an impediment to personal
development: A review of the relative age effect in sport. Developmental Review, v.21,
p.147–167, 2001.
NAKATA, H.; SAKAMOTO, K. Sex differences in relative age effects among Japanese
athletes. Perceptual Motor Skills, v.115, p.179-86, 2012.
NG, J. K. et al. Clinical applications of power spectral analysis of electromyographic
investigations in muscle function. Manual Therapy, v.1, p.99-103, 1996.
ONISHI, Y. The study of month of birth: The maturity, physical fitness and motor ability of
children born in May. Japan Journal of Physical Education, Health and Sports
Sciences, v.6, p.199-202, 1961.
PITTOLI, T. E. M. et al. Brazilian soccer players and no-players adolescents: effect of the
maturity status on the physical capacity components performance. Journal Human Sports
Exercise, v.5, p.280-287, 2010.
77
RAHNAMA, N.; LEES, A.; REILLY, T. Electromyography of selected lower-limb
muscles fatigued by exercise at the intensity of soccer match-play. Journal
Electromyography Kinesiology, v.16, p.257-263, 2006.
RAMOS, E. et al. Muscle strength and hormonal levels in adolescents: gender related
differences. International Journal of Sports Medicine, v.16, p.526-31, 1998.
RATEL, S. et al. Age differences in human skeletal muscle fatigue during high-intensity
intermittent exercise. Acta Paediatrica. v.92, p.1248-54, 2003.
RÉ, A. H. N. Crescimento, maturação e desenvolvimento na infância e adolescência:
Implicações para o esporte. Motricidade, v.7, p.55-67, 2011.
ROGEL, T. et al. Efeitos da idade relativa na selecao de talento no futebol. Revista
Mackenzie de Educacão Fisica e Esporte, v.6, p.171-178, 2006.
ROMANN, M.; FUCHSLOCHER, J. Influences of player nationality, playing position, and
height on relative age effects at women's under-17 FIFA World Cup. Journal of Sports
Sciences, v.31, p.32-40, 2013.
ROUND, J. M. et al. Hormonal factors in the development of differences in strength
between boys and girls during adolescence: a longitudinal study. Annals of Human
Biology, v.26, p.49-62, 1999.
ROWLAND, T.W. Fisiologia do exercício na criança. 2ed. São Paulo: Manole, 2008.
295p.
SIERVOGEL, R. M. et al. Puberty and body composition. Hormone Research, v.60, p.36-
45, 2003.
78
SEABRA, A.; MAIA, J. A.; GARGANTA, R. Crescimento, Maturação, Aptidão Física,
Força Explosiva e Habilidades Motoras Específicas: estudo em jovens futebolistas e não
futebolistas do sexo masculino dos 12 aos 16 anos de idade. Revista Portuguesa de
Ciências do Desporto, v.1, p.22-35, 2001.
SHERAR, L. B. et al. Do physical maturity and birth date predict talent in male youth ice
hockey players? Journal of Sports Sciences, v.25, p.879–886, 2007.
STØLEN, T. et al. Physiology of soccer: an update. Sports Medicine, v.35, p.501-536,
2005.
TANNER, J. M. Growth at Adolescence. Oxford: Blackwell Scientific Publications; 1962.
UNNITHAN, V. et al. Talent identification in youth soccer. Journal of Sports Sciences,
v.30, p.1719-26, 2012.
VILLAR, R.; ZÜHL, C. A. Efeitos da idade cronológica e da maturação biológica sobre a
aptidão física em praticantes de futebol de 13 a 17 anos. Motricidade, v.2, p.69-79, 2006.
VINCENT, J.; GLAMSER, F.D. Gender differences in the relative age effect among US
olympic development program youth soccer players. Journal of Sports Sciences, v.24,
p.405–413, 2006.
WARD, P. et al. Deliberate practice and expert performance: Defining the path to
excellence. IN A. M. WILLIAMS & N. HODGES (Eds.), Skill acquisition in sport:
Research, theory and practice (pp. 231–258).London: Routledge, 2004.
WIIUM, M. et al. Does relative age effect exist among norwegian professional soccer
players? International Journal of Applied Sports Sciences, v.22, p.66-76, 2010.
79
WILLIAMS, A. M.; REILLY, T. Talent identification and development in soccer. Journal
of Sports Sciences, v.18, p.657–667, 2000.
WILLIAMS, J. H. Relative age effect in youth soccer: analysis of the FIFA U17 World
Cup competition. Scandinavian Journal of Medicine and Science in Sports, v.20, p.502-
8. 2010
WONG, P.; HONG, Y. Soccer injury in the lower extremities. British Journal of Sports
Medicine, v.39, p.473-482, 2005.
WONG, P. L. et al. Relationship between anthropometric and physiological characteristics
in youth soccer players. Journal of Strength and Conditioning Research, v.23, p.1204-
10, 2009.
80
APÊNDICES
81
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Prezado Senhor:
Gostaríamos de convidá-lo a participar da pesquisa “IDADE RELATIVA:
EFEITO SOBRE A PERFORMANCE DE JOVENS JOGADORES DE FUTEBOL”.
O objetivo da pesquisa é investigar possíveis relações entre a distribuição dos meses de
nascimento, características antropométricas e desempenho motor de jovens jogadores
de futebol.
A sua participação é muito importante e ela se daria da seguinte forma: antes de
iniciar o experimento os voluntários serão informados sobre a proposta do estudo e
procedimentos aos quais serão submetidos, e assinarão declaração de consentimento livre e
esclarecido.
Todos os voluntários realizarão medidas de peso corporal e estatura para
caracterização da amostra e avaliação da idade maturacional por meio dos estágios de
desenvolvimento genital, pilosidade pubiana e idade óssea.
A avaliação da idade maturacional por meio dos estágios de desenvolvimento genital e
pilosidade pubiana será feita por um profissional treinado previamente a partir de auto-
avaliação, utilizando “pranchas com fotos” onde os indivíduos deverão identificar os estágios
de desenvolvimento maturacional dos quais mais se aproximaram. Para a avaliação da idade
óssea será realizada radiografias (Raio X) da região de punho e mão esquerda por uma
equipe de técnicos especializados, que posteriormente será avaliada por um médico
especialista.
Além disso, serão agendados os horários nos quais cada jogador deverá comparecer
ao campo de futebol para realização dos testes motores com o propósito de avaliar a
performance física:
1) Teste de corrida com distâncias fixas de 10 e 30 m para avaliação da velocidade linear;
2) Testes de salto vertical (três) para verificar a força explosiva de membros inferiores;
a) Salto vertical máximo na posição de semi-agachamento, sem auxílio dos membros
superiores;
b) Salto vertical máximo, com contramovimento sem auxílio dos membros superiores;
c) Salto vertical máximo, com contramovimento com auxílio dos membros superiores;
3) Teste de corrida de ida e volta de 20m para avaliação da resistência aeróbia;
4) Teste de resistência de velocidade (RSA) com seis sprints de 40m (20m + 20m, ida e
volta) separados por 20s de recuperação passiva.
82
Os testes motores serão realizados em três sessões, sendo que na primeira sessão
serão realizados os testes para avaliação da velocidade e força explosiva de membros
inferiores; na segunda sessão teste para avaliação da resistência aeróbia; e na terceira sessão
teste para avaliação da resistência de velocidade (RSA). Vale ressaltar que o intervalo entre
as sessões de testes será de 48 h. Todos os testes serão realizados em um campo de futebol
com os indivíduos realizando os testes calçando chuteiras, e vestindo calção buscando
reproduzir ao máximo a situação real de treino/jogo.
Gostaríamos de esclarecer ao Sr. que sua participação é totalmente voluntária,
podendo você: recusar-se a participar, ou mesmo desistir a qualquer momento sem que isto
acarrete qualquer ônus ou prejuízo à sua pessoa. Informamos ainda que as informações
serão utilizadas somente para os fins desta pesquisa e serão tratadas com o mais absoluto
sigilo e confidencialidade, de modo a preservar a sua identidade.
Os dados gravados serão armazenados em um computador para análise futura.
Os dados serão apresentados como média do grupo e a identidade dos indivíduos
sempre será preservada.
O presente estudo não apresenta riscos aos seus participantes em nenhuma das
etapas do experimento. Não existe relato na literatura indicando que os testes que serão
aplicados acarretam algum prejuízo/risco aos sujeitos testados. Como benefícios dos
achados do estudo esperamos entender melhor os fatores associados ao EIR e a
performance de jovens jogadores de futebol, bem como, acreditamos que esse estudo possa
contribuir para novas estratégias de organização e otimização de treinamentos em jovens
jogadores de futebol.
Informamos que o Sr. não pagará nem será remunerado por sua participação.
Garantimos, no entanto, que todas as despesas decorrentes da pesquisa serão ressarcidas,
quando devidas e decorrentes especificamente de sua participação na pesquisa. Este termo
deverá ser preenchido em duas vias de igual teor, sendo uma delas, devidamente preenchida
e assinada entregue a você.
Campinas, ___ de ________de 2012.
Juliana Melo Altimari
RG: 33306797-6
_____________________________________, tendo sido devidamente esclarecido sobre os
procedimentos da pesquisa, concordo em participar voluntariamente da pesquisa descrita
acima.
Assinatura (ou impressão dactiloscópica):____________________________
Data:___________________
83
ANEXOS
Rev Andal Med Deporte. 2011;4(1):13-16
R e v i s t a A n d a l u z a d e
Medicina del DeporteRev Andal Med Deporte. 2011;4(1):13-16
www.elsevier.es/ramd
R e v i s t a A n d a l u z a d e
Medicina del Deporte
C A M d
Volumen. 4 Número. 1 Marzo 2011
ISSN: 1888-7546RAM
D OriginalesTemporal changes in the myoelectric activity between the dominant and non dominant arms in a simple manual task
Lesiones y características psicológicas en jugadores de balonmano
Distribución de los meses de nacimiento de los futbolistas seleccionados para el equipo nacional de Brasil (artículo en portugués)
RevisionesLa electromiografía de superficie: ¿qué es, qué se busca con ella y cómo usarla?
Revisión de las relaciones entre la dosis y respuesta del entrenamiento con vibraciones sobre la fuerza y la potencia muscular
Los dermatoglifos como indicadores biológicos del rendimiento deportivo (artículo en portugués)
A B S T R A C T
Distribution of soccer players of the Brazilian teams by month of birth
Objective. The aim of this study was to analyze the distribution of birth month of players invited to the Brazilian soccer team in all categories. Method. Therefore, the sample consisted of 167 football players invited to the Brazilian team categories of Sub-14, Sub-15, Sub-16, Sub-17, Sub-18, Sub-19, Sub-20 and main team. Only the athletes who took part in the latest convening list of each category and listed on the official public domain website of the Brazilian Football Confederation (CBF) in June 2010 were considered. The subjects were separated according to the categorization of chronological age periods, 1st quarter (1st QDT), young people born between January and April; 2nd quarter (2nd QDT), young people born between May and August and 3rd quarter (3rd QDT), young people born between September and December. To compare the distribution found in the four-month period of each category, a nonparametric chi-square (X2) test was used . The level of significance adopted was P<0.05. Results. The results demonstrate that in all categories up to the Sub-18 show a greater number of athletes were selected who were born in 1st QDT, compared to 2nd QDT (P<0.05). In the Sub-18 category, the number of selected among those born in the 1st QDT and 2nd QDT was similar (P>0.05). It should be emphasized, however, that a smaller number of athletes selected were found for those born on the 3rd QDT compared 1st QDT and 2nd QDT in all base categories (P<0.05). Regarding the athletes of the main team, it was found that there were no significant differences between the number of athletes selected in the 1st QDT, 2nd QDT and 3rd QDT (P>0.05). Conclusion. A possible explanation for the largest number of athletes born in the 1st QDT selected to compose all the basic categories until the Sub-18, is probably a greater physical maturation of these, which may increase their chances in becoming outstanding athletes while those that mature later are not systematically selected.
© 2010 Revista Andaluza de Medicina del Deporte.
Conctacto: J. Melo Altimari. Faculdade de Educação Física. Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). E-mail: [email protected]
Key words:Soccer. Brazilian team. Month of birth. Maturation. Young.
Historia del artículo:Recibido el 27 de junio de 2010Aceptado el 22 de septiembre de 2010
Palabras clave:Fútbol. Equipo brasileño. Mes de nacimiento. Maduración. Joven.
R E S U M E N
Objetivo. Analizar la distribución de los meses de nacimiento de los jugadores seleccionados para el equipo nacional de fútbol de Brasil en todas las edades. Método. La muestra fue de 167 futbolistas seleccionados para el equipo nacional de fútbol de Brasil: Sub-14, Sub-15, Sub-16, Sub-17, Sub-18, Sub-19, Sub-20 y principal. Se tomaron en consideración únicamente los atletas que participaron de la última convocatoria de cada edad y que figuraban en la página web oficial de la Confederación Brasileña de Fútbol (CBF) en junio de 2010. Los sujetos fueron separados de acuerdo con el mes de la fecha de nacimiento: en el 1.er cuatrimestre (1 QDT), los jóvenes nacidos entre enero y abril, 2º cuatrimestre (2 QDT), los jóvenes nacidos entre mayo y agosto y 3er cuatrimestre (3 QDT), los jóvenes naci-dos entre septiembre y diciembre. Para comparar la distribución encontrada entre los cuatrimestres se utilizó el análisis no paramétrico de Chi-cuadrado (X2) y la significación adoptada fue de p < 0,05. Resultados. Tras los análisis, se observó que hasta la categoría Sub-18 un mayor número de futbolistas se-leccionados nacieron en el 1 QDT, en comparación con 2 QDT (p < 0,05). En el Sub-18, no encontramos dife-rencias en el número de seleccionados entre el 1 QDT y el 2 QDT (p > 0,05). Se encontró un menor número de atletas seleccionados nacidos en el 3 QDT en comparación con el 1 QDT y el 2 QDT en todas las edades (p < 0,05). Para los atletas seleccionados para el equipo principal no hubo diferencias significativas entre el número de atletas seleccionados en el 1 QDT, 2 QDT y 3 QDT (p > 0,05).Conclusión. Una posible explicación para el mayor número de atletas nacidos en el 1 QDT seleccionados para componer los equipos de las categorías Sub-14 hasta Sub-18 es probablemente que estos futbolistas presentan una maduración física adelantada, lo que aumenta las posibilidades de que estos atletas se conviertan en futbo-listas destacados, mientras que los que maduran más tarde no son sistemáticamente seleccionados.
© 2010 Revista Andaluza de Medicina del Deporte.
Original
Distribuição do mês de nascimento dos jogadores das seleções brasileiras de futebol
J.M. Altimari a, L.R. Altimari b, L. Paula b, H. Bortolotti b, B.N. Pasquarelli b, E.R. Ronque b y A.C. Moraes a
a Faculdade de Educação Física. Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Campinas. São Paulo, Brasil.b Centro de Educação Física e Esporte. Universidade Estadual de Londrina (UEL). Londrina, Paraná. Brasil.
A R T Í C U L O E N P O R T U G U É S
04 ORIGINAL 4( 13-16).indd 13 6/5/11 12:07:15
Documento descarregado de http://zl.elsevier.es el 02/12/2014. Cópia para uso pessoal, está totalmente proibida a transmissão deste documento por qualquer meio ou forma.
J.M. Altimari et al. / Rev Andal Med Deporte. 2011;4(1):13-1614
Introdução
O futebol é um dos esportes mais populares do mundo, apresentando mais de 240 milhões de praticantes em 20041. O esporte passou por grandes evoluções com o passar dos anos, ganhou ainda mais adeptos, tornou-se uma modalidade com grandes investidores atraindo inúme-ros jovens que buscam brilhar nos gramados mais famosos do mun-do.
No Brasil, além do grande número de praticantes, é comum a apa-rição de jovens com um talento motor para a modalidade. Esses talentos são encontrados nas diversas regiões do país, mas pouco se sabe da ori-gem e do processo que esses jovens talentos passam até chegarem aos níveis competitivos mais altos. Para Rogel et al2, nenhum jovem desen-volve seu talento se não for apoiado por adultos, e é justamente essa influência do meio, encontrado nas categorias antecedentes ao profis-sionalismo (categorias de base), que possibilita tal oportunidade do aprimoramento do jovem considerado com um talento motor.
A categorização de jovens jogadores de futebol utiliza um sistema semelhante ao utilizado pela maioria das organizações escolares, clubes, federações e confederações, ou seja, por faixa etária de acordo com a idade cronológica. Tal categorização visa permitir a participação ade-quada e equitativa oportunidade de formação. Para fins de categori-zação, a maioria dos países adotam as regras da FIFA (Federação Interna-cional de Futebol Associado), que usa o ano do nascimento, como critério de seleção, definindo 1º de janeiro como a data-limite do ano de se-leção3.
No entanto, esta norma pode ser arbitrária quando se trabalha com jovens, uma vez que existe variação significativa em diversas variáveis, como aspectos emocionais, motivacionais e experiência4-6, entre os joga-dores mais jovens nascidos no final do ano de seleção e jogadores mais velhos nascidos no início do ano de seleção. Já há algum tempo, estudos tem relatado que meninos mais velhos, nascidos no início do ano, são significativamente mais altos e mais pesados do que os rapazes mais jovens durante a adolescência7-9. A essas diferenças tem-se referido como o efeito relativo da idade (ERI)2,10.
Em contrapartida, qualquer impacto que o ERI tenha sobre os resul-tados da seleção de talentos para o futebol em idades menores, tenderia a causar assimetria na distribuição dos meses de nascimento entre os jovens jogadores de futebol11,12 e jogadores sênior de futebol10,13. Neste sentido, algumas pesquisas têm encontrado forte relação entre a distri-buição dos meses de nascimento e dimensões corporais de atletas jo-vens9,14.
Apesar desse achado, ainda não é claro qual o verdadeiro impacto do ERI sobre a seleção de talentos. Nossa hipótese inicial é que o ERI pode influenciar na seleção de talentos no futebol em idades menores propor-cionando aos atletas nascido nos primeiros meses do ano maior possibi-lidade de serem selecionados. Sendo assim, o objetivo do presente estu-do foi analisar a distribuição do mês de nascimento dos jogadores de futebol convocados para as seleções brasileiras Sub-14, Sub-15, Sub-16, Sub-17, Sub-18, Sub-19, Sub-20 e principal.
Métodos
A amostra foi composta de 167 jogadores de futebol convocados para a seleção brasileira das categorias Sub-14, Sub-15, Sub-16, Sub-17, Sub-18, Sub-19, Sub-20 e principal. Foram considerados na análise apenas os atletas que fizeram parte da última lista de convocação para participar da preparação ou das competições em cada categoria, e listados no en-
dereço eletrônico oficial de domínio público da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) no mês de Junho de 2010 (tabela 1).
Os sujeitos foram separados de acordo com a categorização de idade cronológica em quadrimestres, 1˚ quadrimestre (1 QDT), jovens nascidos entre janeiro e abril; 2˚ quadrimestre (2 QDT), jovens nascidos entre maio e agosto e 3˚ quadrimestre (3 QDT), jovens nascidos entre setembro e dezembro.
Tratamento estatístico
Todas as informações foram analisadas por meio da estatística descriti-va, utilizando-se do pacote estatístico StatisticaTM 7.0® (Statsoft Inc., Tul-sa, OK , USA). Os dados são apresentados em termos de distribuição de frequências absoluta (F) e relativa (FR). Para comparação da distribuição encontrada nos quadrimestres em cada categoria foi utilizado o teste não paramétrico do qui-quadrado (X2). A significância adotada foi P<0,05.
Resultados
Na tabela 2 são apresentados os resultados da análise da distribuição do mês de nascimento dos jogadores de futebol da seleção brasileira em todas as categorias.
Os resultados demonstram que até a categoria Sub-18, o número de atletas selecionados, nascidos nos meses correspondentes ao 1 QDT fo-ram maiores quando comparado ao 2 QDT e 3 QDT (P<0,05). Nas catego-rias Sub-19 e Sub-20, o número de selecionados foi semelhante entre os nascidos no 1 QDT e 2 QDT. Entretanto, um menor número de atletas selecionados foi encontrado para os nascidos no 3º QDT comparado 1 QDT e 2 QDT em todas as categorias de base (P<0,05). E, com relação aos atletas da seleção principal, verificou-se que não houve diferenças significantes entre o número de atletas selecionados nos 1 QDT, 2 QDT e 3 QDT.
Discussão
Considerando que o ERI pode influenciar na seleção de talentos no fute-bol em idades menores, e pode causar assimetria na distribuição dos meses de nascimento entre os jovens jogadores o objetivo do presente estudo foi analisar a distribuição do mês de nascimento dos jogadores de futebol convocados para as seleções brasileiras Sub-14, Sub-15, Sub-16, Sub-17, Sub-18, Sub-19, Sub-20 e principal.
Nossos achados mostraram que os atletas selecionados para compor as seleções brasileiras das categorias de base até a Sub-18, na sua maio-
Tabela 1Competições que deram origem a convocação dos jogadores de futebol da se-leção brasileira nas diferentes categorias
Seleções Competição Local
Sub-14 Sul-Americano 2011 IndefinidoSub-15 Sul-Americano 2009 BolíviaSub-16 Copa Internacional do Mediterrâneo 2010 EspanhaSub-17 Mundial 2009 NigériaSub-18 Torneio Internacional 4 Nações 2010 África do SulSub-19 Copa Internacional do Mediterrâneo 2010 EspanhaSub-20 Mundial 2009 EgitoPrincipal Mundial 2010 África do Sul
04 ORIGINAL 4( 13-16).indd 14 6/5/11 12:07:15
Documento descarregado de http://zl.elsevier.es el 02/12/2014. Cópia para uso pessoal, está totalmente proibida a transmissão deste documento por qualquer meio ou forma.
J.M. Altimari et al. / Rev Andal Med Deporte. 2011;4(1):13-16 15
tria da distribuição dos meses de nascimento em jovens jogadores de futebol. Considerando uma possível existência desta relação, Hirose17 utilizou exame mais aprofundado para saber se essas alterações resulta-vam de alguma interação com a maturação biológica e, após investigar a relação entre a distribuição dos meses de nascimento, idade esquelética e características antropométricas em jovens jogadores de futebol com idades entre 9 e 15 anos, constatou que as assimetrias na distribuição dos meses de nascimento são resultados da relação com a maturação biológica, o que poderia indicar que os jogadores que amadurecem pre-cocemente são favorecidos na seleção de jovens jogadores de futebol. Diante disso, o autor sugere que a maturação biológica individual deva ser considerada ao selecionar jovens jogadores de futebol.
Estudos recentes sugerem que entre os jovens jogadores de futebol, os que amadurecem fisicamente de forma precoce podem ser seleciona-dos, preferencialmente, sendo que esses terão maiores chances de se tornarem atletas de destaque15,18. Este fator tem levado a profissionali-zação antecipada dos atletas de futebol nos dias de hoje no Brasil. Em contrapartida, aqueles que amadurecem mais tarde são sistematica-mente não selecionados8,19.
Contudo, isso não foi confirmado em nosso estudo quando analisada a distribuição dos meses de nascimento da seleção principal, uma vez que esta se mostrou semelhante entre os quadrimestres, demonstrando que o ERI parece não exercer influencia na seleção de jogadores de fute-bol em idades maiores, pelo menos quando esta for formada por jogado-res profissionais. Acreditamos que esses resultados possam ser explica-dos pelo menos em parte pelo fato dos atletas já se encontrarem maturados.
A partir dos resultados deste estudo foi possível concluir que o ERI influencia na seleção de talentos no futebol em idades menores, uma vez que os jogadores escolhidos para compor as seleções brasileiras até a categoria Sub-18, na sua maioria são atletas nascidos no 1 QDT. Além disso, constata-se que o ERI diminui conforme o avanço das categorias. Em contra partida o ERI parece não influenciar na seleção de jogadores de futebol em idades maiores, pelo menos quando esta for formada por jogadores de alto nível.
R E S U M O
Objetivo. Analisar a distribuição do mês do nascimento de jogadores convoca-dos para a seleção brasileira de futebol em todas as categorias.Métodos. Amostra foi constituída por 167 jogadores de futebol convocados para a seleção brasileira de futebol nas categorias Sub-14, Sub-15, Sub-16, Sub-17, Sub-18, Sub-19, Sub-20 e a equipe principal. Apenas os atletas que partici-param da última lista de convocação de cada categoria listados no website ofi-cial e de domínio público da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) em junho de 2010 foram considerados. Os indivíduos foram separados de acordo com a categorização de idade cronológicaem por quadrimestres, 1o quadrimestre (1o QDT), jovens nascidos entre janeiro e abril; 2o quadrimestre (2o QDT), jovens nascidos entre maio e agosto e 3o quadrimestre (3˚ QDT), jovens nascidos entre setembro e dezembro. Para comparação da distribuição encontrada nos quadri-mestres em cada categoria foi utilizado o teste não paramétrico do qui-quadra-do (X2). A significância adotada foi P<0,05.Resultados. Os resultados demonstraram que em todas as categorias até o Sub-18 observou-se maior número de atletas nascido no 1o QDT, comparado ao 2o QDT (P<0,05). Na categoria Sub-18, o número de atletas nascidos no 1o QDT e 2o QDT foram semelhantes (P>0,05). Deve-se ressaltar, entretanto, que um pequeno número de atletas selecionados foram nascidos no 3o QDT quando comparado ao 1o QDT e 2o QDT em todas as categorias de base (P<0,05). Quanto aos atletas da equipe principal, verificou-se que não houve diferença significa-tiva entre o número de atletas nascidos no 1o QDT, 2o QDT e 3o QDT (P>0,05).Conclusão. Uma possível explicação para o maior número de atletas seleciona-dos nascidos no 1˚ QDT para todas as categorias de base até o Sub-18 esta rela-cionada provavelmente a maior maturação física desses, o que poderia aumen-
ria são atletas nascidos no 1 QDT (∼62%), ou seja, janeiro a abril. Seguido de uma grande proporção de nascidos no 2 QDT ∼30%), de junho a set-embro. Curiosamente, observasse que o ERI diminui conforme o atleta é selecionado para uma categoria maior. Sugere-se que isso possa ser atri-buído possivelmente ao fato desses atletas apresentarem maturação fí-sica superior o que leva os mesmos a serem preferidos pelos técnicos.
Helsen et al13 demonstraram forte relação entre o mês de nascimento e a proporção de jogadores de futebol que se profissionalizam na Bélgi-ca. O estudo contou com 1.200 datas de nascimentos, de três grupos de jogadores de futebol: jogadores profissionais, jogadores de 10 a 16 anos selecionados para times nacionais, e jogadores menores de 16 anos transferidos para a primeira divisão. Os resultados indicaram que jovens jogadores nascidos entre agosto e outubro, período considerado o co-meço do ano do esporte (janeiro a março no Brasil) teriam maior proba-bilidade de serem identificados como talentos, e com mais chance de serem transferidos para times nacionais e se tornarem profissionais. Em contraste, jogadores nascidos mais tarde (de acordo com o ano de se-leção) acabariam sua carreira antes dos doze anos de idade.
Para confirmar essa afirmação, foi invertido o início do ano de com-petição na Bélgica, passando a ser em janeiro, semelhantemente como é feito no Brasil. Dessa forma, jogadores nascidos de janeiro a março, pas-saram a ter maior probabilidade de serem selecionados2. Esse ERI pode ser explicado pelo fato de que um atleta nascido em janeiro no Brasil, por exemplo, tem 11 meses de diferença quando comparado a outro jo-vem talento nascido em novembro, sendo assim ele pode apresentar uma maturação física superior quando nascido em um mês suposta-mente «favorável» a seleção de talentos no futebol15.
Outro fator interessante é relacionado com a teoria da prática delibe-rada. Se duas crianças apresentam 300 dias de diferença entre seus nas-cimentos, o nascido no começo do ano praticando quatro horas por dia irá somar ao final do ano 1.200 horas a mais do que o jovem nascido ao final do ano, podendo gerar uma vantagem também na maturação cog-nitiva e no desempenho da modalidade, assim tem sido dadas maiores oportunidade aos garotos nascidos no início do ano e talvez muitos ta-lentos estejam sendo desperdiçados2,15. Adicionalmente, Carling et al11, afirmam que jovens jogadores de futebol que maturam precocemente toleram mais a fadiga que atletas maturados mais tardiamente. Todavia, um estudo semelhante realizado no futebol feminino americano, com 1.344 garotas, não apresentou nenhuma diferença entre os meses de nascimento16.
Mais recentemente, Carling et al11 sugeriram que as diferenças no ta-manho do corpo causadas pelo ERI exercem influência sobre a assime-
Tabela 2Distribuição do mês de nascimento dos jogadores da seleção brasileira em todas as categorias
Seleções brasileiras N 1 QDT 2 QDT 3 QDT
F FR (%) F FR (%) F FR (%)
Sub-14 26 21 81 * 4 15 ‡ 1 3Sub-15 20 13 65 * 6 30 ‡ 1 5Sub-16 18 11 61 * 7 39 ‡ 0 0Sub-17 21 12 57 * 6 29 ‡ 3 14Sub-18 20 9 45 * 7 35 ‡ 4 20Sub-19 18 8 44 † 8 44 ‡ 2 12Sub-20 21 9 43 † 8 38 ‡ 4 19Principal 23 8 34 9 35 7 31
F = frequência absoluta; FR = frequência relativa; QDT = quadrimestre.* Diferenças significantes entre o 1˚QDT e os 2˚ e 3˚QDT (P<0,05).† Diferenças significantes entre o 1˚QDT e o 3˚QDT (P<0,05).‡ Diferenças significantes entre o 2˚QDT e o 3˚QDT (P<0,05).
04 ORIGINAL 4( 13-16).indd 15 6/5/11 12:07:16
Documento descarregado de http://zl.elsevier.es el 02/12/2014. Cópia para uso pessoal, está totalmente proibida a transmissão deste documento por qualquer meio ou forma.
J.M. Altimari et al. / Rev Andal Med Deporte. 2011;4(1):13-1616
8. Malina RM. Growth and maturity status of young soccer (football) players. En: Reilly T, Williams AM, editores. Science and soccer. 2nd ed. London: Routledge; 2003. pp. 287-306.
9. Sherar LB, Baxter-Jones AD, Faulkner RA, Russell KW. Do physical maturity and birth date predict talent in male youth ice hockey players? J Sports Sci. 2007;25:879-86.
10. Helsen WF, Van Winckel J, Williams AM. The relative age effect in youth soccer across. Europe. J Sports Sci. 2005;23:629-36.
11. Carling C, Le Gall F, Reilly T, Williams AM. Do anthropometric and fitness characteristics vary according to birth date distribution in elite youth acad-emy soccer players? Scand J Med Sci Sports. 2009;19:3-9.
12. Helsen WF, Starkes JL, VanWinckel J. The influence of relative age on suc-cess and dropout in male soccer players. Am J Hum Biol. 1998;10:791-8.
13. Helsen WF, Starkes JL, Van Winckel J. Effect of a change in selection year on success in male soccer players. Am J Hum Biol. 2000;12:729-35.
14. Malina RM, Chamorro M, Serratosa L, Morate F. TW3 and Fels skeletal ages in elite youth soccer players. Ann Hum Bio. 2007;34:265-72.
15. Paoli PB, Silva CD, Soares AJ. Tendência atual da detecção, seleção e for-mação de talentos no futebol brasileiro. Rev Bras Futebol. 2008;1:38-52.
16. Vincent J, Glamser FD. Gender differences in the relative age effect among US olympic development program youth soccer players. J Sports Sci. 2006;24:405-13.
17. Hirose N. Relationships among birth-month distribution, skeletal age and anthropometric characteristics in adolescent elite soccer players. J Sports Sci. 2009;31:1-8.
18. Côté J, Macdonald DJ, Baker J, Abernethy B. When «where» is more impor-tant than «when»: birthplace and birthdate effects on the achievement of sporting expertise. J Sports Sci. 2006;24:1065-73.
19. Williams AM, Reilly T. Talent identification and development in soccer. J Sports Sci. 2000;18:657-67.
tar sua chances de se tornar atletas selecináveis, enquanto aqueles que amadurecem mais tarde não são sistematicamente selecionados.
Palavras-chave:Futebol. Seleção Brasileira. Mês de nascimento. Maturação. Jovens.
Referências
1. Wong P, Hong Y. Soccer injury in the lower extremities. Br J Sports Med. 2005;39:473-82.
2. Rogel T, Alves I, Fraca H, Vilarinho R, Madureira F. Efeitos da idade relativa na seleção de talento no futebol. Revista Mackenzie de Educação Fisica e Esporte. 2006;6:171-8.
3. FIFA - Fédération Internationale de Football Association [Internet]. Gene-Gene-bra: The Association; [actualizado 20 Jun 2010; consultado 23 Jun 2100]. Disponible en: http://pt.fifa.com/
4. Musch J, Grondin S. Unequal competition as an impediment to personal development: A review of the relative age effect in sport. Dev Review. 2001;21:147-67.
5. Morris T. Psychological characteristics and talent identification in soccer. J Sports Sci. 2000;18:715-26.
6. Ward P, Hodges NJ, Williams AM, Starks J. Deliberate practice and expert performance: Defining the path to excellence. En: Williams AM, Hodges N, editores. Skill acquisition in sport: research, theory and practice. 2nd ed. London: Routledge; 2004. pp. 231-58.
7. Onishi Y. The study of month of birth: The maturity, physical fitness and motor ability of children born in May. Japan Journal of Physical Education, Health and Sports Sci. 1961;6:199-200.
04 ORIGINAL 4( 13-16).indd 16 6/5/11 12:07:16
Documento descarregado de http://zl.elsevier.es el 02/12/2014. Cópia para uso pessoal, está totalmente proibida a transmissão deste documento por qualquer meio ou forma.