Download - Fanzine - SKATE É SUJO! n. 00
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EDITORIAL
Além da memória afetiva e visual que
todos nós guardamos, ela também deve ser
registrada, documentada, isso é muito
importante para aqueles que não viveram
essas determinadas épocas, venham a ter
contato e conhecer essas histórias.
Esse é o objetivo deste fanzine que
fala sobre o skateboarding e todos os
assuntos que o cercam como vídeos,
músicas, livros, artes, tudo que tenha
ligação com o que nós mais gostamos de
fazer: ANDAR DE SKATE!
O skate da cidade de Suzano é o foco
principal deste fanzine, porque é a nossa
cidade e devemos fazer algo por ela,
mostrar que o skate é real e verdadeiro
por aqui também, como ele é em qualquer
parte do Brasil e do mundo.
Estamos começando esse fanzine do
número 0, se irá sair outras edições no
futuro (who knows), sinceramente nós não
sabemos, mas o que importa mesmo é que o
skate nunca vai acabar e os verdadeiros
skatistas também não. *
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Carlos Eduardo Elidio
* Nota do editor
Diferente dos skatistas bumerangue que vão
e voltam a todo o momento.
Felipe Caetano – f/s grind
Foto – Leandro Almeida
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Foto – Leandro Almeida
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Desenho – Fabricio Figueroa
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03 GERAÇÕES DO SKATE DE SUZANO
Veremos nessas entrevistas, três
skatistas que são muitos importantes para
o skate suzanense, propriamente é o
passado, presente e futuro, que forma a
linha de evolução do que o skate de Suzano
se tornou hoje. Estes skatistas são:
Joaquim Grilo, Rafael Cagão e Gabriel
Fortunato, vejam a seguir um pouco das
histórias desses skatistas, que
consequentemente juntos com muitos outros,
ajudaram a formar o que o skate de Suzano
é hoje.
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Joaquim Grilo
Idade: 35 anos
Tempo de skate: 23 anos
Apoio: Rip Off Army (Portugual)
Considerado como um T.Rex do skate
de Suzano, com sua trajetória de mais 20
anos em cima do skate, é o único skatista
de Suzano que começou a andar nos anos 80
e até hoje continua andando. Mesmo que
atualmente esteja morando em Portugual,
Joaquim Grilo é uns dos responsáveis pelo
skate de Suzano estar vivo hoje.
1 – Quando você começou a andar de skate?
E qual foi motivo?
Bom eu comecei a andar de skate aos 11
anos de idade, na realidade foi em meados
de 1988, eu queria andar de bike, foi uma
febre naquela época em Suzano, mas meu pai
me deu uma grana e eu acabei comprando um
skate usado de um chegado, um Pro Life e
desde lá ando até hoje. O motivo maior
foi pelo skate ser um esporte diferente,
geralmente quem andava de skate era
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associado como um cara que tinha uma
cultura e atitudes diferentes dos outros.
2 – No início você costumava andar de
skate aonde? Sendo que existiam poucos
lugares e pistas nessa época.
Não havia muitos picos naquela época, mas
eu morava no centro da cidade e tinha um
pessoal da TRASHER, que era uma skate shop
da época (os caras da loja eram o Bola, o
Marquinho que hoje atualmente é dono da
Fast Plant em Sertãozinho) e todo mundo
andava no Banco Itaú, também faziamos um
obstáculos para andar, tipo uma rampas
para pular, uns trilhos para dar rock
slides, nós íamos algumas vezes andar na
pista de São Bernardo do Campo, nessa
época existia também a extinta KBS em
Ribeirão Pires, colavamos na Praça
Roosevelt, mas quando inaugurou a pista de
Mogi das Cruzes virei local de lá, foi
então que eu conheci o Dú (Eduardo
Augusto) , Gersoni (Ninho) e toda a Mogi
Crew, mas tudo que era lugar que dava para
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fazer um rolê eu ia andar de skate.
3 – Você acha que os anos 90 se comparando
com hoje em dia, era mais difícil andar de
skate, ter informações, conhecer outros
lugares?
Bem naquele ano houve mudanças na economia
do país, onde dificultou muito para se
andar de skate, assim tanto em termos de
se comprar as peças, como para se ter
informações na mídia especializada, ou em
qualquer outro meio de informação do skate
naqueles anos, hoje há dificuldades ainda,
mas é muito mais fácil.
4 – Eu sei que você tem uma forte relação
com a Crail Trucks, desde a criação da
marca, conte-nos um pouco dessa parceria
entre atleta e funcionário.
Putz cara a Crail é uma longa história.
Bem quando comecei a andar foi um amigo
meu, que até hoje anda (Marquinho) que me
apresentou para o Serginho que é o dono da
Crail, quando eu o conheci (por volta de
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1992) a marca não era nem Crail ainda, ela
se chamava "Variflex" que faziam os trucks
vertx, I, II, III. Por um tempo tive
patrocínio, depois cheguei a trabalhar na
fabricação dos eixos e por outros motivos
sai da empresa, mas sou muito amigo de
todos que trabalham lá.
5 – Quais as suas influências no skate?
Cite três skatistas brasileiros e gringos?
São várias influências que tive e tenho
até hoje, no início eram Christian Hosoi e
o Mureta, mas citando três brasileiros são
o Fabio Cristiano (Chupeta), Biano
Bianchin e o Rodrigo Gerdal, os gringos
são o Danny Way, Josh Kalis e o Kareem
Campbell.
6 – O que você diria pra um skatista que
está começando agora a andar?
Ande por diversão que o resto das coisas
depende apenas do seu desempenho, tudo é
conseqüência de como vai ser levado à
maneira que você anda de skate.
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7 – Finalizando esta entrevista, você
espera ainda estar andando de skate daqui
a 20 anos?
Sim, hoje em dia me preocupo muito com
minhas condições físicas e a saúde, mas
pretendo se Deus quiser, estar firme e
forte andando de skate, vou fazer muitas
sessions ainda.
8 – Agradecimentos
Eu queria agradecer a todos meus amigos
que são skatistas, e todas as pessoas que
me ajudaram direta e indiretamente que
acreditaram e acreditam em mim, a Crail
Trucks (valeu Serginho), aos skatistas de
Suzano, Rafael Cagão, Davidson Bob,
Gabriel Fortunato, Fê, Henrique, Tk,
Dente, o Jorge, muita saudade de todo
mundo e um agradecimento em especial para
o Carlos Eduardo (Carlão) e a todos que
não foram mencionados nesta entrevista
valeu mesmo galera.
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Joaquim Grilo – b/s crooked
Foto – arquivo pessoal
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Rafael Cagão
Idade: 25 anos
Tempo de skate: 12 anos
Atleta: Space Skateshop
Muitos adjetivos podem ser atribuídos a
esse skatista, como técnica, leveza,
altura, persistência nas manobras, mas por
todos que o conhecem o que fica mais na
memória é sua humildade. Um cara que chega
num pico pra andar e cumprimenta todo
mundo, sem fazer distinção e logo depois
acerta uma manobra muita foda, deixando
todos boquiabertos. Esse é o Rafael Cagão.
1 – Quando você começou a andar de skate?
E qual foi o motivo?
Eu comecei em 1999, no ano que me mudei
pro Parque Maria Helena (Suzano), lá um
amigo meu chamado Manico já andava de
skate, então eu andava com o skate dele
emprestado.
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2 – Fale um pouco sobre a pracinha do
Parque Maria Helena e o corrimão que lá
tinha?
Nós andamos na praçinha nos anos de 2000,
2001, antes disso a galera andou por um
ano só em calçadas. Nessa época andava
muita gente de skate, juntando o Parque
Maria Helena e a Vila Maluf, tinha uns 20,
25 moleques que andavam de skate. Nós
fazíamos vários obstáculos, um corrimão de
um cano, palco, 45º, savana, pra conseguir
madeira, roubávamos das construções pelo
bairro à noite, até campeonatos já fizemos
lá na pracinha.
3 – Qual foi o motivo que nunca fez você
parar de andar de skate, sendo que muitos
de seus amigos desistiram de andar?
Bom a galera andava mesmo só na pracinha,
mesmo inaugurando a pista de Póa, ninguém
ia lá, depois de um tempo os caras foram
parando de andar de skate, no fim só
restou eu e o Manico, tinha também o
Felipe da Vila Maluf que andava, mas nessa
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época eu não colava muito com ele. Depois
de um tempo o Manico parou de andar, então
eu fiquei andando de skate na pracinha
sozinho por um ano. Andava 02, 03 horas só
no corrimão que lá tinha, dava uma manobra
e já olhava para o lado, pra ver se vinha
alguém, era chato pra caralho andar
sozinho. Então é isso, o motivo mesmo de
eu não ter desistido de andar de skate foi
amar muito esse esporte.
4 – Puxando o gancho de uma pergunta
anterior, qual a sua relação com o
corrimão, é o tipo de obstáculo que você
mais gosta, não?
Sim claro, depois que eu aprendi o ollie,
hellflip, flip, o primeiro obstáculo que
apareceu na rua onde eu morava foi um
corrimão, já tentei um fifty logo de cara,
tomando várias na canela, nem tinha palco
nesse tempo, por isso que quando nós
construímos os obstáculos na pracinha, eu
convenci os caras a fazerem um corrimão de
um cano, na verdade eles queriam de dois
canos por achar mais fácil. Acho que tudo
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isto que eu citei acima, que me fez gostar
tanto de andar de corrimão.
5 – Você filma e edita vídeos de skate,
quando começou esse gosto pela sétima
arte? Tem algum projeto em andamento?
Foi assistindo vídeos de skate, acho que todo skatista se imagina filmando umas manobras, tendo uma parte de video. Um amigo meu o Carlos comprou uma filmadora, nesse tempo à gente ia filmar bastante no Justiniano, uma escola no centro de Suzano, no pão de açúcar, foi nessa fase que eu tive vontade de ter minha filmadora. Um tempo depois eu comecei a trabalhar, a primeira coisa que pensei em comprar foi uma filmadora, depois que eu consegui comprar, precisava de um computador, também juntei dinheiro pra comprar um, depois me aconselharam um editor de video (Vegas da Sony), tive que comprar um, tudo que eu aprendi de filmagem e edição foi fuçando, autodidata mesmo. O projeto que eu tenho é junto com os meus amigos Fê, Dente, Carlos e muitos outros, é o video chamado “Entre Outros Mil”, há vários anos que estamos filmando,
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guardando imagens pra fazer esse video. Eu mesmo já filmo faz uns 07 anos e desde quando eu comprei minha primeira filmadora, já tinha a idéia de fazer um video com meus amigos.
6 – Cite três skatistas brasileiros e
gringos que influenciaram você? E
videomakers também?
Os brasileiros são Bob Burnquist e o
Marcelinho Shibaba, ele tem nível de
profissional e o Rafael Gomes, além dele
andar muito, o cara já veio em Suzano,
muito sangue bom. Os gringos são o Eric
Koston e o Andrew Reynolds. De videomakers
tem os caras que filmaram e editaram o
video da Blueprint, “Lost and Found”, Neil
Chester e Dan Magee e o Ty Evans que já
filmou vários vídeos Transworld e o Lakai.
7 – Pra finalizar, mesmo o skate não sendo
sua fonte de renda, qual o motivo dessa
dedicação tão intensa ao longo dos anos?
O motivo mesmo é a amizade, andar de skate
sozinho não tem a menor graça. Eu ando de
skate mesmo pra estar junto dos meus
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amigos, dando risada, manobra nem importa
se acertar ou não, amizade é o principal.
8 – Agradecimentos
Eu agradeço a minha mãe, Carlos, Felipe
Fê, Dente, Marcelinho Shibaba, Rato,
Amaral, Tk, Alan, Sinho, pra quem eu não
citei já se sinta incluído, todo mundo que
incentiva o rolê.
Rafael Cagão – s/s flip
Foto – Leandro Almeida
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Rafael Cagão – f/s flip
Foto – Alex Arcanjo
Rafael Cagão – b/s nollie flip
Foto – Leandro Almeida
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Gabriel Fortunato
Idade: 14 anos
Tempo de skate: 05 anos
Patrocínio: Element Skateboards
Apoio: Space Skateshop
Uma criança que chegava na pista de
chinelos e atrapalhava a todos, sempre
debaixo da proteção de seu irmão mais
velho Davison Bob, conquistou seu espaço
entre os adultos numa velocidade
assustadora. Mesmo com pouco tempo de
skate, sua habilidade e facilidade pra
andar é incontestável. Esse é Gabriel
Fortunato, um jovem skatista que tem muito
a acrescentar ao skate suzanense.
1 – Pra você foi fácil começar a andar
skate, sendo seu irmão skatista e também
por morar em frente a uma pista? Conte-nos
um pouco sobre esse início?
Eu comecei a andar de skate por causa de
meu irmão (Davidson Bob) em 2007. Ele
comprou uma papete da T & Tigor pra mim,
que veio com um skate de plástico de
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brinde, foi então que eu comecei a andar
de skate, mas não era direto ainda. Um dia
meu irmão foi andar com esse skate e o
quebrou, algum tempo se passou e ele sem
me avisar montou um skate de verdade pra
mim, a partir desse dia eu me tornei
realmente um skatista.
2 – No que a pista pública de Suzano (Max
Feffer), o ajudou a evoluir no skate?
Bom, me ajudou a evoluir nas bordas,
transições, aonde eu ando bastante, a
pista não tem corrimão, mas mesmo assim dá
uma base dahora, fica pertinho de casa,
uns 02 minutos, praticamente eu tenho uma
pista no quintal de casa (risos).
3 – De onde vem essa facilidade de acertar
manobras nos mais variados terrenos. Sendo
que você consegue andar tanto na pista
como na rua?
Ah sei lá, quando eu vou dar uma manobra,
tento acertar ela de uma maneira
diferente, vou fazendo um mix da pista e
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da rua, então acho que é mais ou menos
isso, mesclando as manobras.
4 – Agora que você tem patrocínios que o
mandam para demos e campeonatos. Existe
uma cobrança maior ou menor nos estudos
por parte de sua mãe?
Sempre teve uma cobrança por parte da
minha mãe, só que agora a cobrança é
maior, se eu tiro nota baixa, minha mãe
não me deixa usar o computador, fico uns
dias sem andar de skate, então eu fico em
casa estudando, mas até agora minhas notas
estão boas, estou até fazendo um curso de
inglês.
5 – Falando em campeonatos, conte-nos um
pouco sobre a atmosfera de um, já que
parece que você fica bem tranqüilo quando
corre um?
O primeiro campeonato que eu participei
foi o de Poá (cidade ao lado de Suzano),
eu nem sabia acertar muita manobra. Foi
então que o meu irmão me disse pra eu
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ficar sossegado, como se eu estivesse na
pista de Suzano, eu corri esse campeonato,
acertei minhas manobras tranqüilo, no
final fiquei em 1º lugar. Depois disso
teve vários outros campeonatos, eu fico
normal, sem stress (risos).
6 – Agora que você conhece alguns pros, o
que de positivo já absorveu nessas
conversas?
Toda vez que eu encontro com algum
profissional, eles sempre vão me alertando
pra andar de skate todos os dias,
continuar estudando, fazer as correrias
certas do skate pra um dia poder ir pra
gringa. Manter sempre o foco pra poder ir
cada vez mais longe com o skate, é muito
dahora ouvir isso dos pros.
7 – Quais são as suas influências no
skate, no Brasil e lá fora?
No Brasil eu curto ver andar o Luan de
Oliveira, Felipe Buchecha e o Alex
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Carolino. E os gringos são o Eric Koston,
Shane O’Neill e o Theotis Beasley.
8 – Mesmo sendo muito jovem, qual conselho
você daria pra quem está começando a andar
de skate?
Pra não jogar bola, porque antes eu ficava
viajando, jogava bola em vez de andar de
skate, pipa também, já empinei tanto que
meus dedos ficavam todos cortados. Meu
conselho é andar de skate sempre, às vezes
chega uns skatistas aqui na pista e falam
que vão parar de andar de skate, por não
conseguir dar umas manobras, mano tem que
ter força de vontade, todo mundo se
esforçou nessa vida pra acertar até um
ollie, por isso nunca desista de tentar.
9 – Agradecimentos.
Eu agradeço todo mundo, minha família,
meus padrinhos, minha mãe, meu irmão,
minha irmã e os meus amigos aqui da pista
do Max Feffer, o Carlão, Rafael Cagão,
Tiago, Fê, Dente, TK, Amaral, meus
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patrocínios, então é isso aí, vamos andar
de skate.
Gabriel Fortunato – b/s flip
Foto – Cristiano Santos
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Gabriel Fortunato – half cab nose slide
Foto – Leandro Almeida
Gabriel Fortunato – crail grab
Foto – Homero Nogueira
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PÓS-SESSÃO
MÚSICAS/VIDEOS/LIVROS
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MÚSICAS
HIEROGLYPHICS
Esse grupo tem uma forte relação com
o skate, na primeira metade dos anos 90,
muitos skatistas colocavam os sons do
Hieroglyphics em suas partes, assim como
dos álbuns solo dos seus integrantes,
prova disso, basta olhar nos créditos do
clássico video da Plan B, “The
Questionable” de 1992 e ver que boa parte
das músicas é do Hiero ou do Souls of
Mischief (um grupo que faz parte do
Hieroglyphics). Vale muito ouvir Casual,
Del, Pep Love, Opio, Tajai, Phesto D,
Souls of Mischief... Quem é skatista tem o
dever de conhecer o Hiero (até mesmo os
pancadão do rock).
Pra ouvir = Hieroglyphics – “Full Circle”
de 2003
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DINOSAUR JR.
O que falar de uma banda que mais
teve suas músicas em videos de skate. Se
você gostou da parte do Anthony Pappalardo
no Mosaic, do Mikey Taylor no Mind Field
ou na clássica parte do Rudy Johnson no
Video Days da Blind, todas essas partes de
videos se consagraram devido também às
músicas do Dinosaur Jr. Esses três caras
que são: J. Mascis, Lou Barlow e Emmett
Murphy, que já passam dos 40 anos, tocaram
com bandas como o Sonic Youth, Nirvana,
Pixies e em contrapartida ficaram anos sem
tocar, por causa de várias brigas entre
eles mesmos. Finalizando,
independente do que aconteceu com o
Dinosaur Jr, é uma banda que fez história
no passado, está na ativa no presente e
tomara que continue assim no futuro.
Pra ouvir = Dinosaur Jr. – “Farm” de 2009
e “You’re Living All Over Me” de 1987.
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*Pra ouvir = Sebadoh – “Bakersale” de 1994
(banda do baixista Lou Barlow)
VIDEO
VISUAL TRAVELING – 10.000 KILOMETERS
Esse é um video de skate diferente
da maioria, por ter a característica de um
documentário do National Geography.
Idealizado por Patrick Wallner, que juntou
um grupo de skatistas, a maioria
desconhecidos por nós aqui do Brasil
(menos o Kenny Reed) em uma viagem de trem
que saiu de Moscou na Rússia com destino a
Hong-Kong na China, milhares de
quilômetros percorridos nas linhas
Transiberianas, que percorrem uma extensão
gigantesca, indo da Europa e chegando até
a Ásia, que foram criadas a mais de 100
anos. Um video totalmente diferente
mostrando o dia a dia dentro desses trens,
as paisagens e claro que vários lugares
para se andar de skate, até na Muralha da
China os caras andaram.
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10.000 Kilometers é um video que
realmente nos transporta para outro lugar,
deixando a todos que assistem com uma
vontade imensa de andar de skate e viajar.
De um jeito de baixar, eu mesmo já fiz o
download e estou em projeto de comprar o
DVD original, a escolha é sua. Have fun.
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LIVROS
CHARLES BUKWOSKI
Todo mundo sabe que a maioria dos
skatistas não tem o hábito de ler livros,
mas e se fosse uma história parecida com a
de muitos skatistas que têm uma vivência
nas ruas já conhecem. Histórias que
ambientam o submundo dos grandes centros
urbanos, no caso destes livros, a cidade
de Los Angeles, protagonizado por Henry
Chinaski e seus alteregos, histórias que
contam a sua vida em meio a várias
bebedeiras, resssacas, sua relação com
mulheres problemáticas, prostitutas, seus
empregos que não duram mais de um mês.
Bukwoski nos conta um mundo que sempre
existiu, mas que todos fingem não existir.
Por isso que nós skatistas devemos
ler esses livros, por que se você já ficou
andando de skate até altas horas da
madrugada em sua cidade, tomando uns
drinks, com certeza irá se identificar com
essas histórias. Agora se você é um
skatista que só anda de dia e não conhece
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o que a noite tem a oferecer, talvez sua
compreensão dessas leituras fique um pouco
mais difícil, mas isso não o impede de
tentar ler esses livros.
A única coisa que eu posso garantir
para quem ler esses livros, você dará
muitas risadas, pode acreditar. BOA
LEITURA.
Para ler:
Charles Bukwoski – “A mulher mais linda da
cidade” e “Factotum”
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Entrevista Leandro de Almeida:
Toda cidade que tem skatistas que além de
andar de skate, contribuem também
fotografando, filmando, editando ou que
trabalhem em prol do skate, já pode se
considerar um lugar privilegiado.
Felizmente em Suzano, existem várias
pessoas que ajudam a levantar o cenário do
skate da cidade. Nessa entrevista,
falaremos com Leandro Almeida, um
promissor fotógrafo, que está ajudando a
divulgar os skatistas da cidade de Suzano
e consequentemente com este trabalho,
divulgando suas fotos pelo Brasil e quem
sabe até pelo mundo.
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1 - Conte-nos um pouco sua história.
Quando você começou a andar de skate?
Bom, eu comecei a andar de skate em 1994,
quando eu tinha 11 anos, andei por dois
anos com uns caras da minha rua, logo
depois eu parei porque meu pai escondeu
meu skate e nessa época devido às
condições financeiras não pude continuar a
andar. Voltei a andar em 1999 na pracinha
do Parque Maria Helena e Maria Maggi com o
Rafael Cagão, Felipe, Boca, Danilo, andei
por um ano e parei, porque comecei a
trabalhar e tive outros interesses além do
skate. Passaram-se uns quatro, cinco anos,
quando eu já estava melhor de grana,
resolvi voltar a andar de skate, isso foi
em 2006, retomei as amizades com os caras,
foi uma fase ótima, andava de skate
direto, viajava de vez em quando. Em 2008
novamente eu parei de andar por dois anos,
porque eu casei, a mulher era brava
(risos). Felizmente eu me separei e voltei
pro skate em 2010 e continuo andando até
hoje. Mesmo parando de andar inúmeras
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vezes, o skate sempre esteve presente em
minha vida de alguma forma.
Alexandre Amaral – f/s nollie
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2 – Quando surgiu seu interesse pela
fotografia?
Eu sempre gostei de ver na sessão de skate
os caras tirando fotos, mas nunca passou
pela minha cabeça querer ser fotógrafo.
Depois de um tempo eu comecei a prestar
atenção nas fotos de um amigo meu (Raul
Motta), por influência dele eu me
interessei pela fotografia, isso foi em
2010. Nessa época eu sai de meu antigo
trabalho, peguei todo dinheiro de rescisão
e me dediquei integralmente a fotografia,
fazendo cursos, comprando equipamentos,
fotografando bastante para adquirir
conhecimento.
3 – Quais equipamentos fotográficos você
usa?
Eu uso duas câmeras da Nikon, uma D-90 e
uma 3100, cinco lentes que são uma fisheye
10.5 mm, 55 200, 50 mm fixa, 28 85, 55 18
e um flash SB 900. Todo meu equipamento é
da Nikon.
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4 – Existem muitos fotógrafos de skate
hoje em dia. O que é necessário fazer para
conseguir o seu espaço?
Marcelo Shibaba – tail block
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Pra você conseguir entrar na cena do skate
é um pouco complicado, eu mesmo no momento
ainda não estou fazendo fotos pra nenhum
site ou revista de skate. O que é preciso
fazer é se empenhar bastante em fotografar
melhor, visualizar seus objetivos, correr
atrás e não esperar por ninguém.
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5 – Você se interessa por outras áreas da
fotografia? Já fez algum trabalho que não
seja relacionado com o skate? Já fiz
alguns books, me interesso bastante na
área da moda, por isso que eu gosto muito
de fotografar pessoas. Um dia eu quero
poder trabalhar com isso, meu objetivo é
associar o skate que é o que me dá mais
prazer na fotografia com a moda, visando
sempre o lado profissional dessas áreas.
6 – Para finalizar, você pretende num
futuro próximo viver apenas da fotografia,
ou para você é apenas um hobby?
Sim eu pretendo viver da fotografia, quem
sabe eu possa ganhar algum dinheiro no
futuro. Eu não tenho a convicção de ser o
melhor fotógrafo, o cara mais famoso. Eu
quero trabalhar com a fotografia e ter
prazer em fazer esse trabalho, ganhando o
suficiente para viver dignamente pra mim
está bom.
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7 – Agradecimentos.
Eu agradeço a Deus por abrir várias
portas, a minha família que apesar de não
ter me apoiado muito nas coisas que eu
quis fazer, sempre esteve comigo nos bons
e maus momentos e meus amigos que sempre
estão comigo, me oferecem a oportunidade
de mostrar meu trabalho, eles são o Rafael
Cagão, Carlos Eduardo, Gabriel Fortunato,
Felipe Caetano, todo mundo que faz parte
do skate de Suzano, sempre estou tirando
fotos do pessoal, que gosta de andar de
skate, é isso então, valeu.
Filipi Rato – b/s ollie
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Thiago Ribeiro – nollie nose slide
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ARTE SUBVERSIVA
Uma homenagem ao BLZ. Descanse em paz.
(Fotos feitas por Carlos Eduardo)
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Poema – “A brincadeira mais séria de nossas vidas”
Acho que todo mundo
Começa sem nenhum compromisso
Alguns foram apresentados por amigos
Outros o viram na rua
Igual a um tesouro perdido
Mas quem é de verdade, sabe
Que desde o primeiro dia que o viu
Foi um choque de realidade
A mudança de suas vidas
Que até hoje, seus pais e parentes
Não entendem o valor dessa alegria
Não importa quem você é
De onde veio
Se é play ou do gueto
Na comunhão da união
Todos seguimos o mesmo preceito
Ande como se fosse
O último dia de sua vida
Porque nós temos o orgulho
De estufar o peito ao máximo
E gritar pra todo mundo ouvir
Que fazemos parte de uma família
Chamada de skatistas
Para hoje e para o sempre
Por todas as nossas vidas.
46
Foto
– L
uca
s M
asso
ni
47
48