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Faculdade Meridional – IMED
Escola de Saúde
Curso de Psicologia
Relatório de Pesquisa
Trabalho de Conclusão de Curso
Características emocionais de mulheres com Câncer de mama: um estudo com o
Pfister
Lidiane Gross
Passo Fundo
2019
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Lidiane Gross
Características emocionais de mulheres com Câncer de mama: um estudo com o
Pfister
Relatório de Pesquisa apresentado pela
Acadêmica de Psicologia Lidiane Gross, da
Faculdade Meridional – IMED, como requisito
para desenvolver o Trabalho de Conclusão de
Curso, indispensável para a obtenção de grau de
Bacharel em Psicologia.
Orientadora: Professora Dra. Sibeli Carla Garbin Zanin
Passo Fundo
2019
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Resumo
Câncer de mama é uma neoplasia e também uma doença crônica causada no tecido da
mama, requer inúmeros cuidados e tratamentos, gerando também mudança de hábito e quebra
de rotina. Este estudo busca analisar aspectos emocionais de mulheres com câncer de mama
através do Pfister, mais especificamente os indicadores da frequência de cores, e as síndromes
cromáticas e compará-los aos resultados de mulheres sem a doença. È uma pesquisa
quantitativa, transversal e comparativa. Participaram desse estudo 23 mulheres no grupo 1,
com idade a partir de 18 anos, com diagnóstico de câncer de mama e em acompanhamento
médico em um hospital de uma cidade ao norte do Rio Grande do Sul. No grupo 2
participaram 21 mulheres, sem o diagnóstico de câncer de mama e escolhidas por
conveniência. O teste Qui-Quadrado foi usado para comparação entre os grupos. Como
resultados, obteve-se o laranja e a síndrome de estímulo em maiores índices, que predominou
no grupo clínico, já a cor marrom prevaleceu no grupo não clínico. Assim pode-se
compreender que, mulheres com câncer de mama possuem ambição, anseios de produção,
porém, mostram uma tendência ao egocentrismo e a desadaptação efetiva.
Palavras-chave: Teste Projetivo; Doença crônica; Características emocionais.
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Introdução
O câncer de mama (CA) é uma neoplasia maligna causada no tecido da mama, sendo o
mais comum nas mulheres, também possui causas múltiplas, sendo influenciada por fatores
ambientais, culturais e estilos de vida tendo como principal destaque hábitos alimentares,
hábitos de fumar e o próprio envelhecimento (Bray, Grey, Ferlay & Forman, 2012). O câncer
de mama é mais temido pelas mulheres e também considerado uma doença crônica e
complexa, pois gera nessas pessoas a incerteza quanto ao tratamento, quebra da rotina e a
sensação de impotência (Silva et al., 2008).
Estima-se que para os anos de 2018 à 2019 no Brasil terão 59.700 novos casos de
câncer, estimadas para cada 100 mil mulheres 56,33 casos. A incidência aumenta
gradativamente em mulheres acima dos 50 anos de idade, e é raro naquelas com idade a baixo
dos 35 anos, esses índices equivalem tanto para países desenvolvidos como em
desenvolvimento (Inca, 2017). Entretanto, é preciso prevenir e ter um diagnóstico precoce
elevando assim o percentual de cura. Como prevenção são utilizadas medidas simples como,
por exemplo, o autoexame com o qual percebe-se quaisquer alterações. Outra técnica
importante é a mamografia feita por mulheres após 40 anos de idade (Brasil, 2013).
Quando diagnosticado o câncer de mama, as mulheres passam por diversos
tratamentos como, cirurgia, mais conhecida como mastectomia, à quimioterapia e a
radioterapia, tratamentos que deixam tanto a paciente quanto seus familiares abalados e
fragilizados mudando assim a estrutura emocional dos familiares e suas relações sociais.
Assim, outros fatores como o estresse, ansiedade e depressão estão presentes em mulheres
com CA, e após o processo cirúrgico acaba gerando um sentimento de perda estando
relacionado com a imagem corporal alterada, ocorrendo a diminuição do bem estar
psicológico e social destas mulheres (Primo et al., 2013).
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Tendo em vista estes aspectos, a avaliação psicológica é fundamental e utilizada em
diversos contextos sendo uma área do profissional de Psicologia. A avaliação psicológica tem
como proposta elaborar diagnósticos e mencionar o funcionamento do sujeito, bem como
descrever funções do indivíduo esclarecendo fatores ligados ao sentimento, comportamento e
pensamentos (Alves, 2009). Assim, a avaliação de personalidade tem por intuito a
investigação, por exemplo, da imagem corporal das mulheres e compreender o estresse gerado
por mudanças trazidas pela doença, compreendendo como as pacientes irão reagir e enfrentar
os tratamentos (Bogaarts et al., 2011). Um dos testes utilizados para realizar as avaliações, é o
teste projetivo das Pirâmides Coloridas de Pfister, instrumento utilizado na clínica e na
pesquisa, sendo uma ferramenta que tem como intuito auxiliar em psicodiagnósticos e avaliar
aspectos de personalidade (Villemor-Amaral, 2012).
Trata-se, de um teste de variadas cores que representam o afeto e as emoções
conforme as várias constatações no campo da psicologia e do psicodiagnóstico. As cores
também são estímulos que desencadeiam os processos fisiológicos, a escolha das mesmas
indica o modo de contato afetivo e de aproximação emocional. Salientando que as cores são
divididas em dois grupos, sendo eles as cores quentes (vermelho, laranja e amarelo) e as frias
(azul, verde e violeta), considerando o primeiro grupo como equivalentes ao estado emocional
de uma excitação aumentada, quando comparada ao segundo grupo. Possuindo também as
cores acromáticas (cinza, preto e branco), onde se pode perceber a contenção de sentimentos,
inibições e negações. Entretanto, o agrupamento das cores mostra significados além dos
componentes representados isoladamente, caracterizando as chamadas síndromes cromáticas,
sendo fundamental para a análise do teste (Villemor-Amaral, Pardini, Tavella, Biasi &
Migoranci, 2012).
Alguns estudos foram realizados com o instrumento no contexto da doença crônica,
porém, não foi encontrados estudos com o Pfister e câncer de mama com a população
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brasileira. Optou-se, portanto, descrever alguns estudos com outros tipos de doenças crônicas
e enfatizar o uso das cores e das síndromes nos diversos contextos da doença.
Villemor-Amaral (2013) realizou um estudo onde participaram 34 idosos com a
doença de Alzheimer, por meio do teste projetivo Pfister, tendo como objetivo avaliar os
aspectos de personalidade desses pacientes. A autora encontrou tapetes furados ou rasgados
na amostra, sugerindo com isso perturbação grave e dissociação do pensamento. O estudo
também mostra um menor grau de desenvolvimento emocional em situações cotidianas destes
pacientes, bem como maior possibilidade de adaptações e uma busca de equilíbrio.
Villemor-Amaral e Franco (2010) realizaram no Brasil e na França um estudo, onde
participaram 20 pessoas que frequentavam clínicas especializadas para a desintoxicação de
drogas, a faixa etária dos participantes era de 21 a 45 anos. O estudo teve como objetivo
compreender em qual contexto contemporâneo a droga está inserida no Brasil e na França,
sendo que, os participantes eram dependentes de álcool e faziam uso de medicamentos
psiquiátricos principalmente para estabilizar o humor. E como resultado encontraram que,
70% dos dependentes químicos produziram suas pirâmides de forma rápida, sem uma ordem e
estratégia, sendo que quatorze participantes utilizaram a cor branca em duas pirâmides, e
quatro sujeitos mostraram um aumento significativo das cores violeta e vermelho,
corroborando para a predição do alcoolismo. Entretanto, as autoras perceberam uma
predominância nas cores acromáticas: preto, cinza e branco indicando angústia, desânimo e
insegurança. Encontraram também aspecto formal, tapete desequilibrado e furado e síndrome
de estímulo aumentada, indicando assim, que esses sujeitos têm uma tendência ao
egocentrismo.
Já Peres e Santos (2011) realizaram um estudo com 27 participantes, sendo 23
mulheres e 4 homens que apresentavam Transtorno Alimentar (TA), a faixa etária variou de
13 a 23 anos de idade. O estudo teve como objetivo avaliar o funcionamento lógico e afetivo
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de pessoas com TA, sendo utilizada a aplicação do teste projetivo Pfister, segundo os autores
os resultados mostraram que, as cores azul, verde e amarelo foram pouco utilizadas,
entretanto o vermelho, violeta e cinza com uso elevado, constatando assim, uma desregulação
dos mecanismos de controle do afeto e dos impulsos. Notaram também um prejuízo na
capacidade de observação, empatia, uso da intuição e percebendo o quanto pessoas com
transtorno alimentar, em especial anorexia apresentam dificuldades emocionais. Assim sendo,
vale ressaltar que, ocorreu uma elevação da síndrome de estímulo, aliada ao rebaixamento da
síndrome fria, mostrando um prejuízo na sensibilidade emocional dos participantes que
mostraram dificuldade de afeto.
Alguns estudos foram realizados com outros instrumentos psicológicos em mulheres
com câncer de mama, um deles foi o de Fernandes, Alves, Santos, Mota e Fernandes (2013)
no qual realizaram um estudo com mulheres mastectomizadas que tiveram como objetivo
avaliar o nível de autoestima destas mulheres com a aplicação da Escala de Autoestima de
Rosenberg. Participaram do estudo 14 mulheres pertencentes à um Grupo de Apoio.
Concluíram que o grupo de mulheres mastectomizadas apresentou nível de autoestima
elevado, avaliado pela pontuação do coletivo e individual, pois acredita-se que fatores como
participação do grupo de apoio, casamento bem estruturado e religiosidade que está
fortemente ligada a elas são imprescindíveis para que estes resultados fossem significativos.
O estudo de Carvalho et al. (2015), teve o intuito de determinar a prevalência de
depressão maior em mulheres com câncer de mama, através do Inventário de Depressão de
Beck (BDI). Participaram 51 mulheres com diagnóstico de câncer de mama. Obtiveram como
resultado que a grande maioria das mulheres estudadas não apresentaram alterações de
humor, não sendo significativa a associação do câncer de mama com a depressão, entretanto,
os autores concluíram que a prevalência de depressão maior em mulheres com câncer de
mama foi de 5,9%.
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Por fim, uma vez que não há estudos com o Pfister nesta população, é de grande
importância entender as possíveis mudanças emocionais nestas mulheres, a qual pode ser
demostrada pelo uso das cores do Pfister. Sendo que muitas vezes são propensas, devido à
doença, a ter ansiedade e depressão. Partindo do pressuposto de que a avaliação psicológica
com estas mulheres pode ser um meio de compreender os mecanismos psicológicos
envolvidos na manifestação da doença, o objetivo desta pesquisa é analisar as principais
características emocionais de mulheres com câncer de mama através do Pfister,
especificamente a frequência de cores, e as síndromes cromáticas e como objetivo específico
comparar os dados destas variáveis com os dados de uma amostra não clínica. Como hipótese,
suspeita- se que estas mulheres apresentarão cores que refletem um estado emocional mais
intenso, no qual indiquem ansiedade provenientes da cor violeta, possivelmente referente às
expectativas quanto ao tratamento e indicativos de psicopatologia, caraterísticas da cor branca
em altos índices.
Método
Delineamento
Pesquisa de cunho quantitativo, caráter transversal e comparativo.
Participantes
Pesquisa quantitativa, transversal. Participaram desse estudo 23 mulheres, com
diagnóstico de câncer de mama (M=50,56, DP=12.75) e em acompanhamento médico para o
grupo 1. Os dados foram coletados em um hospital de uma cidade ao norte do RS. Quanto a
escolaridade das mulheres com câncer de mama, 51,1% apresentavam o ensino fundamental,
37,11% o ensino médio e 11.1% ensino superior.
No grupo 2 participaram 21 mulheres por conveniência (M= 46.38%, DP= 14,07), sem
diagnóstico de câncer de mama, a coleta foi realizada no próprio domicílio depois de
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combinação prévia, 35% destas mulheres tinham o ensino fundamental, 27.4% o ensino
médio e 37% o ensino superior.
Instrumentos
Questionário Sociodemográfico
O questionário Sociodemográfico (Anexo A) foi o instrumento utilizado para coleta de
informações gerais sobre cada participante tais como, escolaridade, estado civil, nível
socioeconômico, diagnóstico de transtornos mentais pessoais e familiares, diagnóstico de
deficiência intelectual e uso de medicamentos.
Teste das Pirâmides Coloridas de Pfister (TPC) (Villemor-Amaral, 2013):
Dentre as técnicas projetivas, há o Teste das Pirâmides Coloridas (TPC), criado em
1951 pelo suíço Max Pfister. O TPC é uma técnica não verbal, de rápida aplicação e não
possui características escolares, o que diminui as possibilidades de não se envolver com a
tarefa e limitações da impaciência ou das dificuldades em manter a atenção (Cardoso &
Capitão, 2007).
O teste é composto por um jogo com três cartões onde nos mesmos está desenhado um
conjunto de pirâmides, bem como um conjunto de quadrículos coloridos com 10 cores
distribuídas em 24 tonalidades diferentes e a folha de aplicação. O teste se inicia pedindo ao
participante para que preencha ao seu gosto a primeira pirâmide, em seguida a segunda e por
final a terceira. Ao término da terceira pirâmide preenchida é realizado um inquérito para
verificar a preferência do examinando pelas pirâmides (Villemor-Amaral, 2005).
Procedimentos
Após aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da IMED
(CAEE85639618.8.0000.5319) foi realizada a aplicação do instrumento de acordo com os
objetivos propostos.
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Primeiramente, foram coletados dados das pacientes com câncer no próprio hospital de
uma cidade ao norte do RS, depois de todos os aspectos éticos aceitos e do primeiro contato
com a equipe de enfermagem do setor de oncologia que orientou os dias de atendimento
médicos destas mulheres. No dia do atendimento médico no hospital, foi realizado o encontro
com as pacientes e o convite para as mesmas participarem da pesquisa. A escolha das
mulheres do grupo não clínico foi feito por conveniência e a aplicação do Pfister ocorreu no
próprio domicílio depois de combinação prévia por telefone, com tempo estimado de 10 a 30
minutos para a aplicação do instrumento. Para todas as participantes foram esclarecido os
aspectos quanto ao sigilo. Outros esclarecimentos se deu quanto à metodologia utilizada e
quanto aos objetivos do estudo, conforme descrito no termo de Consentimento Livre e
Esclarecido (TCLE), (Anexo II) que cada uma assinou antes de integrar os grupos de
participantes.
A aplicação do instrumento, assim como da ficha sociodemográfica para o público
clinico foi realizada em uma sala individual do próprio hospital, cedido pela equipe de
enfermagem, com tempo estimado de 10 a 30 minutos para o instrumento, sendo
indispensável neste caso o silêncio e luminosidade adequada.
O estudo está de acordo com as Diretrizes e Normas Regulamentadoras de Pesquisas
Envolvendo Seres Humanos (Resolução n.º 466/2012) e Conselho Nacional de Saúde
510/2016 e foi submetido ao Comitê de Ética da Faculdade Meridional - IMED. Todos as
participantes obtiveram os esclarecimentos necessários, sobre os objetivos do projeto. É
garantida sua confidencialidade, assim como a possibilidade de recusa ou abandono da
pesquisa em qualquer momento da aplicação. As participantes foram incluídas na pesquisa
mediante o preenchimento do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido - TCLE, em duas
vias, e, somente após concordância individualizada dos envolvidos, o estudo foi realizado. As
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participantes ficaram com uma via, em que consta o telefone da pesquisadora principal e da
acadêmica, para futuros esclarecimentos ou retirada de seu consentimento, se assim desejar.
Análise de dados
O Pfister foi incluído no sistema de análise oferecido pela editora, que disponibilizou
o recurso de correção gratuitamente para aos profissionais que adquirirem os protocolos de
respostas nas revendas autorizadas. Análises descritivas foram feitas com base nos resultados
da ficha sócio demográfica, e dos resultados do teste, considerando principalmente idade e
nível de escolaridade. Logo após foi utilizado o teste Qui-Quadrado para comparação dos
grupos.
Resultados
De acordo com a tabela 1, a cor laranja apareceu acima da média no grupo clinico,
sendo que a cor marrom apareceu acima da média no grupo não clinico.
Tabela 1
Diferença de média das cores entre os grupos
Cores Grupo clínico Grupo não clínico P
Abaixo Média Acima Abaixo Média Acima
Azul 45 45 0 36 30 7 0,260
Amarelo 16 36 38 16 36 31 0,774
Verde 48 42 - 36 37 - 0,611
Branco 4 79 7 0 73 0 0,416
Vermelho 11 45 34 10 47 16 0,084
Violeta - 69 21 - 62 11 0,188
Preto - 50 40 - 44 29 0,546
Laranja 11 70 9 20 53 0 0,001
Cinza - 40 50 - 26 47 0,255
Marrom - 72 18 - 31 42 0,000
P*<0,005
Tabela 2
Diferença de média das síndromes entre os grupos
Síndromes Grupo clínico Grupo não clínico P
Abaixo Média Acima Abaixo Média Acima
S. Normal 50 40 0 44 22 7 0,594
S. Estímulo 9 51 30 6 62 5 0,004
S. Fria 38 52 - 46 27 - 0,008
S. Incolor 9 41 40 7 20 46 0,071
P*<0,05
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Na tabela 2, observou-se que no grupo clínico a síndrome de estímulo apareceu acima
da média, ou seja, 30 pessoas ficaram acima da média nas cores estimulantes, que aumentam
em sujeitos sob efeitos de drogas que propiciam estímulos, também chamadas de cores
quentes.
Discussão
As mulheres com câncer de mama possuem muito medo quando é descoberto o
diagnóstico, ficam inseguras em relação ao seu destino, às reações do seu corpo e a eminência
da morte. Sendo assim, a maneira como cada uma irá lidar com tudo isso dependerá de seus
recursos internos e do seu desenvolvimento cognitivo e emocional até o momento (Brito,
Portela & Vasconcellos, 2014).
O presente trabalho teve como objetivo analisar as principais características
emocionais de mulheres com câncer de mama através do Pfister, sendo assim, laranja e
marrom foram as cores que mostraram diferença significativa entre os grupos. O laranja
apareceu com índices acima da média no grupo clínico e o marrom acima da média no grupo
não clínico.
Conforme Villemor-Amaral (1978) a cor laranja representa a ambição, anseios de
produção bem como o desejo de fazer-se valer pela produtividade. O rebaixamento dessa cor
se refere a repressões, inibições, influenciabilidade, passividade ou submissão, quando não
compensada por outros indicadores. Sendo assim, o laranja apareceu acima da média no
grupo de mulheres com câncer de mama, significando que estas mulheres possuem um
aumento na sua criatividade e produtividade.
A cor marrom predominou no grupo não clínico, é uma cor menos utilizada, que se
relaciona a extroversão, vinculando à esfera mais primitiva dos impulsos e a uma disposição
para descargas mais intensas ou violentas. O marrom também possui o significado
relacionado à obsessão e à compulsão, entretanto algumas normas e costumes são
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características dessa cor, como, dificuldade de adaptação, fixações, insegurança e tendência
ao apego. Em pessoas com o marrom aumentado aparentam firmeza, determinação e
independência, por fim, sua presença dentro do esperado, pode mostrar aspectos positivos
bem como a perseverança e a produtividade, já na falta de indicadores de controle, a presença
da cor pode indicar possibilidade de adaptação, com sua diminuição pode-se obter um caráter
negativo sob a falta de energia, menor resistência e baixa produtividade (Villemor-Amaral,
2005). Pressupõe-se portanto que nas mulheres sem a doença aspectos de adaptação
emocional foram encontrados.
No Pfister, as mulheres com câncer de mama apresentaram maiores índices da
síndrome de estímulos, que é constituída por cores mais estimulantes, chamadas de cores
quentes, indicando assim a capacidade de extroversão e de contato afetivo e social, porém,
quando aumentada mostra a tendência ao egocentrismo e de desadaptação. O aumento desta
síndrome está relacionado a pessoas que estão sob efeitos de drogas estimulantes e
euforizantes, bem como, observa-se o aumento significativo em casos de drogadição
(Villemor-Amaral, 2012). Relaciona-se com isso o quanto as mulheres com a doença
apresentam aspectos relacionados a desadaptação emocional, e com isso, possivelmente
preocupações mais voltadas a suas necessidades, caraterísticas estas de maior egocentrismo.
Porém, estes dados precisam ser novamente estudados em novas pesquisas com uma amostra
mais significativa.
Ainda com relação à síndrome de estimulo, ela se mostrou acima da média no estudo
realizado pelos autores Peres e Santos (2011), onde participaram sujeitos com Transtorno
Alimentar. Os autores concluíram que em pessoas com TA, a síndrome de estímulos está
relacionada com a diminuição da síndrome de normalidade e da fria, que mostra que estes
sujeitos tem maior dificuldade de adaptação social. Percebe-se que os resultados de Peres e
Santos (2011) que encontraram a síndrome de estímulo em maior frequência corrobora com
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os resultados da presente pesquisa, no qual percebe-se estes mesmos achados com mulheres
com CA mama. Isso mostra que nestas mulheres com CA, assim como em pessoas com TA
há uma tendência ao egocentrismo e à desadaptação efetiva, possivelmente em função das
dificuldades emocionais frente à doença e ao tratamento.
Nota-se que, indicadores de psicopatologia e de caraterísticas relacionadas a
autoimagem prejudicada não foram evidentes neste estudo com mulheres com câncer através
do uso do Pfister, o que confere com os estudos de Fernandes et al.(2013), que tiveram o
intuito de avaliar a autoestima de mulheres mastectomizadas e que puderam concluir que o
nível de autoestima das mesmas é elevado, pois possuem um suporte significativo de seus
familiares. Constatou-se isso nas falas destas mulheres, ou seja, que nesta amostra de
mulheres com CA, muitas relataram no momento da aplicação do instrumento, a importância
da família ao acompanhá-las no tratamento contra a doença. Já com relação a sintomas
psicopatológicos, como mencionado acima, os resultados do uso das cores no Pfister nestas
mulheres com câncer conferem com os resultados encontrados na pesquisa mencionada
acima, ou seja, não há indícios de funcionamento psicopatológico presente, assim como,
também corrobora com os achados de Carvalho et al.(2015) que não encontraram
sintomatologia depressiva neste mesmo publico pesquisado.
Contudo, frente aos dados, percebe-se que a hipótese central do estudo não foi
confirmada, pois o intuito era encontrar as cores violeta e branca, associado as características
de personalidade destas mulheres. Nesse sentindo, constata-se que a hipótese lançada não foi
encontrada, pois, por mais que nestas mulheres o diagnóstico e a adaptação a uma nova vida
decorrente de uma doença crônica como o câncer pode causar impacto significativo em suas
vidas, isso necessariamente não prediz sintomas de ansiedade ou de depressão.
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Considerações Finais
Esta pesquisa teve como resultado a cor laranja que apareceu acima da média no grupo
clínico, indicando que estas mulheres possuem sua produtividade aumentada e mais
características relacionadas à ambição. Entretanto, em decorrência da síndrome de estímulo
aumentada, nestas mesmas mulheres percebe-se uma certa desadaptação e uma tendência a
voltar-se às suas próprias necessidades, atributos provavelmente do momento que estão
passando e das condutas referentes ao tratamento contra a doença.
Os resultados desta pesquisa contrariam as hipóteses esperadas. Esperava-se encontrar
nas características de personalidade de mulheres com câncer de mama, indicadores do Pfister
que representassem ansiedade e sintomatologia depressiva, aspectos estes representativos do
aumento da cor violeta e branca, o que, por sua vez, não encontrou-se,
Acredita-se que o número restrito das amostras, tanto no grupo clínico, como no não
clínico limitou a pesquisa, sugere-se com isso novos estudos que possam confrontar com estes
achados com uma população mais representativa. O fácil acesso às mulheres de ambos os
grupos, foi importante para a aplicação do instrumento, pois elas mostraram-se dispostas em
participar da pesquisa, bem como interessadas. Enfatiza-se também a dificuldade de achar
estudos com o instrumento projetivo Pfister na avaliação de pessoas com doença crônica,
especialmente câncer.
Entretanto é necessário ser estudado outros indicadores com o teste Pfister
relacionado aos aspectos da personalidade, espera cognitiva bem como estas mulheres se
relacionam com as demais pessoas após o diagnóstico de CA. Ressaltando que estudos atuais
não foram encontrados com esta doença crônica e o instrumento projetivo das pirâmides
coloridas.
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Referências
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psicólogo. Avanços e polêmicas em avaliação psicológica. São Paulo SP: Casa do
Psicólogo.
Bogaarts, M. P. J. et al., (2011) Development of the Psychosocial Distress Question
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Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. (2013). Departamento de Atenção
Básica. Controle dos cânceres do colo do útero e da mama 2.ed. Brasília.
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Brito, C., Portela, M. C., & Vasconcellos, M. T. L. de. (2014). Fatores associados à
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doi:10.7322/jhgd.96770
Fernandes, M. M. J, Alves P. C, Santos M. C. L, Mota E. M & Fernandes A. F. C. (2013).
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B. M, Leite, F.M.C. (2013); Stress in mastectomized women. Invest Educ Enferm.
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Villemor-Amaral, A. E. & Franco, R. R. C. (2010). A psicopatologia fenômeno-estrutural e o
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Villemor-Amaral, A.E As. ( 2013) Pirâmides Coloridas de Pfister. São Paulo: Centro Editor
2ª ed. de Testes e Pesquisas em Psicologia.
Villemor-Amaral, A.E. (1978 ). As pirâmides coloridas de Pfister. São Paulo: Casa do
Psicólogo.
Villemor-Amaral, A.E. (2012). As pirâmides coloridas de Pfister. São Paulo: Casa do
Psicólogo.
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ANEXO A
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Nome: _______________________________
CPF: ________________________________
Data de nascimento: ____/ _______/_______ Local de nascimento ________________
Idade: _______ Sexo: M ( ) F ( ) Escolaridade: ___________ Cidade _______________
Quanto tempo de diagnóstico de doença:
___________________________________________________________________________
_________________________________________________________________
Tratamentos utilizados:
___________________________________________________________________________
_________________________________________________________________
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Anexo B
TERMO DE CONSENTIMETO LIVRE E ESCLARECIDO
I. Justificativa e objetivos da pesquisa
O objetivo desse estudo é: Características emocionais de mulheres com câncer de
mama: um estudo com Pfister.
II. Procedimentos a serem utilizados
Você irá responder individualmente a um instrumento que é: o Pfister que avalia
características de personalidade e perguntas sobre a sua escolaridade, nível socioeconômico,
dentre outros. A administração do instrumento será realizada em um encontro de
aproximadamente 30 a 60 minutos em uma sala do hospital ou em sua casa, caso assim
prefira.
III. Desconfortos ou riscos esperados
A pesquisa apresenta risco mínimo em relação a danos nas dimensões física, psíquica,
moral, intelectual, social, cultural ou espiritual dos participantes. Contudo, é possível que as
perguntas dos instrumentos utilizados possam causar a você algum desconforto emocional,
como tristeza ou ansiedade. Nesses casos, você será orientado(a) a buscar o Serviço Integrado
de Atendimento em Psicologia – SINAPSI, da Faculdade Meridional – IMED, ou demais
locais de atendimento psicológico ou psiquiátrico da rede pública da região.
IV. Benefícios obtidos com essa pesquisa
Os benefícios advindos da participação do sujeito nesta pesquisa referem-se a
contribuição de dados e informações que irão servir para a construção do conhecimento
científico, a fim de proporcionar conhecimento acadêmico a respeito dos aspectos
encontrados no caso, que possam auxiliar na avaliação e intervenção de outros casos;
V. Garantia de resposta a qualquer pergunta
Durante todo o processo de participação nessa pesquisa você terá o direito de realizar
qualquer pergunta a fim de esclarecer dúvidas que possam vir a surgir.
VI. Liberdade de abandonar a pesquisa sem prejuízo para si
Você terá o direito de desistir de participar dessa pesquisa, em qualquer momento, sem
que haja quaisquer prejuízos, de qualquer espécie, a sua pessoa.
VII. Garantia de privacidade
Todos os dados coletados serão considerados sigilosos e as suas respostas serão
identificadas através de números em um banco de dados, não sendo associadas ao seu nome
para manter a sua privacidade.
VIII. Garantia de que os custos adicionais serão absorvidos pelo orçamento da pesquisa
Possíveis gastos adicionais referentes à pesquisa que possam ocorrer serão absorvidos
pelo orçamento do projeto.
Eu, ....................................................................................., fui informado(a) dos
objetivos da pesquisa de maneira clara e detalhada. Recebi informações a respeito dos
procedimentos e esclareci minhas dúvidas. Sei que em qualquer momento poderei solicitar
novas informações e modificar minha decisão se assim o desejar. Fui informado(a) de que
caso existirem danos à minha saúde, causados diretamente pela pesquisa, terei direito a
tratamento médico e indenização conforme estabelece a lei. Também sei que caso existam
gastos adicionais, estes serão absorvidos pelo orçamento da pesquisa. Caso tiver novas
perguntas sobre este estudo, posso procurar pela pesquisadora responsável Prof.ª Ms Sibeli
Carla Garbin Zanin no endereço Rua Senador Pinheiro, 304, Passo Fundo/RS, ou pelo
telefone 54-30456100. Para qualquer pergunta sobre os meus direitos como participante desse
estudo ou se penso que fui prejudicado(a) pela minha participação, posso contatar o Comitê
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de Ética em Pesquisa da Faculdade Meridional – IMED no endereço Rua Senador Pinheiro,
304, Passo Fundo/RS, ou pelo telefone 54-30459081.
Declaro que recebi cópia do presente Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.
O(a) pesquisador(a) ............................................................ certificou-me de que todos os
dados dessa pesquisa serão confidenciais, bem como os possíveis atendimentos que viria a
receber nessa instituição não serão modificados em razão desta pesquisa e terei liberdade de
retirar meu consentimento de participação na pesquisa, em face dessas informações.
________________________
Assinatura do participante
________________________
Nome do participante
____/____/20_____
Data
________________________
Assinatura do pesquisador
________________________
Nome do pesquisador
____/____/20_____
Data
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Anexo C
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