Autor: Ênio Resende Machado
E-mail: [email protected]
TODOS OS DIREITOS RESERVADOS, INCLUSIVE AS CARACTERÍSTICAS GRÁFICAS.
2
I N T R O D U Ç Ã O
O presente trabalho tem por escopo estender o alcance da
experiência pessoal,
e ao mesmo tempo colocá-la em xeque;
não a experiência,
mas sua interpretação,
na medida em que é necessário expressá-la em um texto
escrito se pretendo torná-la pública.
No seu bojo, uso mais a palavra para informar sobre o método
que o levará a vivenciar aquela mesma experiência.
E é essa possibilidade que me imprime ânimo para a
publicação desta obra: - O seu ENCONTRO.
Sem ele, esse trabalho será igual a muitos outros,
um risco n’água...
mas se “os seus ouvidos estiverem prontos”, ouça.
4
Nota explicativa:
Esse quadro representa as LINHAS DO TEMPO.
Ao se deparar com essa gravura nas entrelinhas, remeta-se às páginas 108/109 para um confronto de informações
e um auxílio didático à compreensão do texto.
5
MUNDO MENTAL
O tema a ser tratado neste curso é “o nosso mundo mental”. Nele estu-
daremos a mecânica de funcionamento da mente.
Eu não poderia começar sem antes agradecer ao professor Lauro Larrea
de Queiroz.
O professor é o autor dos livros Fonte da Vida, Pesquisa da Mente, Di-
nâmica da Mente e A um passo do EU maior, sendo que este último não foi
editado. Neles você vai se deparar com muito mais, podendo aproveitar a com-
preensão desta síntese pessoal como um catalisador da sua busca individual.
6
Professor,
Se encaminhar o desorientado, fazer feliz o solitário e agradecido o insa-
tisfeito são razões da sua busca, por mim, sinta-se realizado.
O aprendizado através dos seus livros me faz optar diferentemente do
que seria se assim eu não houvesse aprendido. Essas escolhas me possibili-
tam viver momentos cuja intensidade, desde já, me têm prolongado a vida.
Os meus sentidos, o meu corpo e todo o meu ser bradam em uníssono
um claro e sincero:
Muito obrigado!
Que a paz esteja contigo.
7
O MARTELO O martelo é a ferramenta símbolo deste curso. Primeiro por-
que todo conhecimento adquirido é uma ferramenta de transformação. Todo
conhecimento, assim como todas as ferramentas, produzirão melhores resulta-
dos na medida do uso adequado (ferramenta x ofício) e da adequação ao uso
(homem x ferramenta), ou seja, quanto mais se pratica mais se aprende. Quan-
to mais marteladas, menos erramos o prego, menos acertamos o dedo e mais
se constrói.
Portanto, ao final, não espere acertar todos os pregos, pois só a partir de
hoje é que esta ferramenta está sendo colocada à sua disposição.
E lembre-se, o martelo também tem a função de desencravar os pregos
mal fincados ou cravados em lugar indevido, o que é possível usando o lado
oposto ao malho.
Assim também na vida, podemos fazer, errar, corrigir e recomeçar.
O momento é AGORA.
Então, a finalidade deste curso não é modificar você, ou julgar você, é
simplesmente fornecer uma ferramenta, uma técnica, para você encontrar o
seu EU verdadeiro e reconhecer que:
“Onde há perigo, há também salvamento crescente!”
O que é isso?
Ao mudar o nosso foco de atenção e, conseqüentemente, a nossa com-
preensão de determinado acontecimento, o feio pode expressar belezas ocul-
tas, o ruim pode trazer bons resultados e o perigo pode ser transmutado em
salvamento.
8
É que toda situação tem dois lados, e é por isso que você é assim, é por
isso que você está onde está. Foram suas escolhas entre o feio ou bonito, bom
ou ruim, posso ou não posso, que colocaram você aí. Assim, desvencilhar-se
do feio ou do difícil pode ter nos desviado em direção ao bonito e fácil que, no
entanto, não resultou em construção.
Tudo nos faz crer que essas escolhas foram nossas, mas em muitos casos a escolha já estava escrita e o nosso futuro esteve forjado desde a infância.
Mas, como?
Por quê?
Primeiro, nós temos que nos lembrar que a mente é uma só, mas ela se
manifesta sob duas formas:
A primeira forma é a OBJETIVA É o modo de nos relacionarmos
com o mundo externo no nosso dia-a-dia; é quando nos relacionamos com o
mundo material lá fora. É através das nossas ações (e até omissões) que nós
interagimos com esse mundo exterior. Ele é prático, é palpável, visível. Na me-
dida em que você concentra a sua atenção nesse mundo exterior, você acorda
de manhã e já começa a se relacionar com as coisas, com as pessoas, com o
seu mundo material aí fora.
É sobre esse processo que nós vamos tratar aqui. Sem querer esgotar o
rol de forças causais, compreender esse processo pode explicar porque nosso
futuro esteve forjado desde a infância, não olvidando, sobretudo, que outras
forças, ainda mais sutis, desempenham papel também fundamental.
Esse processo de envolvimento e manifestação da mente objetiva com o
mundo exterior obedece, na maioria das pessoas, a uma regra já estabelecida,
a uma norma de conduta mental.
E nós agimos e reagimos obedecendo a impulsos conscientes e incons-
cientes.
9
Daí porque, neste curso, será apresentada a você uma técnica para se
inteirar da mecânica desse processo e se localizar de tal forma, que você pos-
sa atuar na sua vida com AUTONOMIA, ou melhor, com SOBERANIA diante
das situações que, inexoravelmente, se apresentam, sejam objetivas ou subje-
tivas.
Soberania aqui representa liberdade em relação ao que nos foi impreg-
nado (forjado) na infância, pois somente o exercício deste atributo poderá en-
sejar a originalidade e a eficiência indispensáveis à ação responsável e inclusi-
va de que tanto nos afastamos, isto quer dizer educação, desenvolvimento e
paz para nós e os demais.
A outra forma é a SUBJETIVA Essa forma de manifestação da men-
te se dá quando vivenciamos o nosso mundo interno; é quando nós passamos
por um processo de introspecção; é quando nos relacionamos com o mundo
imaterial aqui dentro. Você vivenciando um estado de ser, sutil por natureza.
A nossa essência é sutil, subjetiva.
Mas vivemos no mundo objetivo, nos envolvemos com o mundo material
e estamos apegados às nossas necessidades que têm origem na posse, no
sexo, no dinheiro, no poder material, no poder sobre as pessoas, enfim, no DE-
SEJO.
Por conta disso, vamos trabalhar primeiro com a forma de processamen-
to mental que é “regra”, que é vista como “normal” na conduta diária da maioria
das pessoas ao se relacionarem com o mundo material circundante.
10
FASES DO PROCESSO MENTAL
As gravuras dispostas no cabeçalho representam os nossos sentidos ab-
sorvendo o mundo externo (processo objetivo) e as fases do processo mental
que é regra (processo subjetivo).
Primeiro nós temos o MUNDO MATERIAL que é a natureza, as pessoas
e as coisas, os objetos inventados, produzidos e cultivados pelo homem.
Veja que todo esse mundo material está lá fora e nós vamos nos relacio-
nar com ele diuturnamente.
É através dos SENTIDOS (visão, audição, tato, olfato e paladar) que nós
vamos absorver esse mundo material.
Assim que ele é absorvido, é imediatamente incorporado a nossa
MEMÓRIA, no nosso banco de dados.
Ele é incorporado e arquivado como se fossem chapas fotográficas, tra-
zendo no seu bojo os conceitos e as informações sobre aquelas imagens: feio
ou bonito, bom ou ruim, de perigo, de alegria, de tristeza, de ser moral ou imo-
ral, tudo conforme a crença do lugar e das pessoas que lhe informam e concei-
tuam.
Então, a toda imagem se relaciona um conceito e/ou uma emoção.
11
O MUNDO MATERIAL
OS SENTIDOS
A MEMÓRIA
CONCENTRAÇÃO INTERIORIZADA
O RACIOCÍNIO
A DECISÃO
A AÇÃO
O PENSAMENTO
Esses elementos conjugados, que se traduzem nesse complexo de infor-
mações, ficam arquivados na nossa memória, no nosso banco de dados, que é
composto de uma parte consciente e outra inconsciente.
O complexo conjugado de mundo material, dos sentidos e da nossa me-
mória, já está disponível, existe aqui e agora. Perceba que esse conjunto é, de
certo modo, POTENCIAL.
Em seguida, a partir de uma CONCENTRAÇÃO INTERIORIZADA sobre
a nossa memória, sobre esse potencial, é que o raciocínio passa a funcionar.
O RACIOCÍNIO começa a analisar de acordo com os seus interesses e
objetivos, o que é correto e o que não é, o que pode ser feito ou não e, ao fina-
lizar suas conjeturas, ocorre a decisão. Na medida em que você DECIDE, você
vai AGIR ou então dar seguimento à sua reflexão e imaginação (PENSAMEN-TO).
Vamos trabalhar essas fases individualmente daqui para frente.
12
O MUNDO MATERIAL
OS SENTIDOS
A MEMÓRIA
CONCENTRAÇÃO INTERIORIZADA
O RACIOCÍNIO
A DECISÃO
A AÇÃO
O PENSAMENTO
O MUNDO MATERIAL
De início, identificamos o diversificado mundo material que é o mundo
exterior, que está lá fora: a natureza, as pessoas e as coisas.
Nesse mundo podemos verificar que:
Tudo que o homem construiu, nasceu primeiro em sua MENTE, via da sua vontade e da sua inteligência.
O resto também foi e está sendo criado via da vontade do CRIADOR, da sua inteligência, a saber: a natureza e nós próprios, conforme disposição dessa Mente Maior. Donde decorre que a origem de tudo é MENTAL.
Neste momento, eu quero que você observe tudo que está aí nessa sala
onde você estiver, essa cadeira, essa mesa etc. Tudo que você vê nessa sala,
primeiro, antes de surgir no mundo, aconteceu e nasceu na mente do seu
construtor, e aí, a partir de um processo inteligente e da sua vontade, ele trans-
formou o material disponível na natureza e construiu a sua cadeira, a sua mesa
e todas as coisas que existem aí ao seu redor, exceto alguma planta que exista
por aí etc.
Mas o resto também foi e continua sendo criado via da vontade, da inteli-
gência, vamos dizer assim: do Criador; a saber, a natureza e nós próprios; eis
que permanecemos aqui no decorrer da manifestação da Vida, nós e a nature-
za, ela sempre se transformando e nós também.
13
Entendo que continuamos sendo criados a cada instante, estamos em
evolução constante, não estamos prontos enquanto não somos capazes de re-
conhecer e experimentar o potencial latente em nós.
Imagino, assim, que o nosso Sol é uma forma de energia mais próxima
do início, mas como vida está mais distante do reencontro, porque está mais
próximo da base da existência material e, por isso, mais distante de reconhecer
e experimentar o aludido potencial. Explicando: Antes dos dinossauros, o Sol
já existia, ele existe mais próximo do início desse universo, porém, ele não so-
freu qualquer evolução perceptível ainda que se transforme a cada momento,
porque a escala de tempo que experimentamos como seres humanos não é
apropriada diante de tamanha grandeza; portanto, para nós, ele existe somente
como fonte de energia, desde os primórdios.
A energia do Sol, combinada com os elementos naturais na Terra resul-
tou nas espécies já extintas, mais as espécies sobreviventes; estas, sim, se
apresentam em escala crescente de evolução, despontando o Homem como o
seu apogeu. Ao Homem é dado o reencontro, ao Sol não.
Com isso, quero dizer somente que o Sol, que é responsável como um
pai pela fecundação da vida nesse planeta, é também o ente próximo mais an-
tigo nesse nosso mundo material e que ele experimenta uma realidade de
grandeza diferenciada da nossa, por isso, em nossos estudos, vamos nos limi-
tar à natureza humana.
Voltemos à criação mental.
Veja, a minha inteligência, a minha vontade e o meu pensamento são
impalpáveis (imateriais) e mesmo assim vão dando forma material a este texto
que você lê agora, portanto, o imaterial originou o material e está nele (quando
você, depois de ler o que escrevi, me compreende e os nossos pensamentos
se identificam; quando você vê um exemplar deste livro exposto em qualquer
lugar; ou, no caso da construção mental de uma outra pessoa: quando você vê
prontas a mesa e a cadeira que se originaram no pensamento do construtor).
Da mesma forma, vejo, na criação universal, um ímpeto invisível (uma
inteligência, uma vontade ou um pensamento) que nos instiga à evolução (a
14
nós e à natureza), nos direciona e nos conduz à sua compreensão. Essa com-
preensão se dá na forma de CONSCIÊNCIA; é o corpo denso tomando consci-
ência do corpo sutil instigador e experimentando a sua graça, a sua grandeza,
a sua plenitude. Eu diria: o amor imanente. Esse impulso natural nos impõe
uma responsabilidade e nos identifica como “construtores coadjuvantes do Uni-
verso".
Daí, concluir que o nosso estado atual é de vir a ser.
O ser humano é um ser animal, é matéria, é denso, é de existência tran-
sitória, porém, é capaz de vir a se identificar com o etéreo (imaterial), com a In-
teligência e a Vontade Superior que nele habita, que é o estado almejado na
Busca.
Essa é a nossa Busca. Esse é o encontro que almejamos, e esse desejo
está inserido em cada célula do nosso corpo, nos minerais, nas plantas e nas
amebas também; mas eles estão lá atrás na evolução (na compreensão, no
diálogo com a sua essência, com o amor imanente), por isso a oportunidade é
nossa. Nós estamos mais bem capacitados para a essa conquista, mas nos fal-
ta equilíbrio, harmonia física e mental.
Assim, deduzimos que existe uma Vontade Maior que nos criou e impul-
siona o nosso desenvolvimento, dando direção e sentido à nossa vida e, tam-
bém, à natureza.
Portanto, a origem de tudo é mental.
Daí a importância do estudo e do desenvolvimento desse processo, des-
sa análise pormenorizada.
Até que experimente, apenas reconheça que acima da nossa existe
uma Inteligência, uma Vontade Superior e que esse poder de discernimento, de
alguma forma, se incorporou em nós e que, no entanto, o Seu esplendor per-
manece obstaculizado pela matéria grosseira que nos envolve.
15
Podemos observar que, exceto alguns poucos, a maioria de nós perdeu
o contato com essa Vontade Inteligente e Superior, “essa orientação de condu-
tas ecologicamente corretas”.
Entendendo isso, vamos considerar:
Subtraia o homem da natureza e os rios voltariam a estar limpos, po-
voados de peixes, se regenerariam; todo o nosso planeta poderia voltar a viver
em equilíbrio.
Bastaria subtrair o homem da natureza, porque quem está interferindo
desordenadamente na natureza é o próprio homem, e a sua interferência reper-
cute e prejudica a si mesmo.
Isso é importante dizer por que nós estamos tratando aqui do mundo material lá fora, maltratado, explorado, sugado de forma inconseqüente.
O homem não vê que está plantando no próprio quintal a semente da mi-
séria, da fome, da dor, da violência e da destruição da vida. É a miséria, em ra-
zão da ganância de alguns, que provoca a fome em milhares e a dor em mui-
tos, que se tornam violentos e provocam a morte de qualquer um. Porque a
bala certeira atingiu quem plantou a dor, mas a perdida pode ter matado o ino-
cente que semeou a paz, o amor.
Esse é o nosso mundo material lá fora. E nós interferimos nele. Nós so-
mos a causa dessa transformação desordenada, desse desequilíbrio na nature-
za animal, vegetal e humana.
Mas não precisa ser assim.
Essa prisão em que vivemos tem grades, mas não tem paredes. Se
olharmos na direção correta poderemos experimentar a liberdade.
Infelizmente, nos apegamos às grades, assim como o deficiente já con-
valescido tem medo de soltar as suas muletas porque se acostumou a elas.
16
Nada obstante, podemos reverter esse quadro porque tudo decorre das
nossas escolhas. Nós, como indivíduos, somos um “corpo” que é conduzido
(consciência individual) e experimenta os resultados decorrentes de nossas
ações, de nossas escolhas, e como sociedade (consciência social), também.
Vamos em frente?
17
O MUNDO MATERIAL
OS SENTIDOS
A MEMÓRIA
CONCENTRAÇÃO INTERIORIZADA
O RACIOCÍNIO
A DECISÃO
A AÇÃO
O PENSAMENTO
OS SENTIDOS
Agora nós vamos estudar a participação dos nossos SENTIDOS no pro-
cesso mental.
É através deles que nós vamos apreender esse mundo lá fora.
Para exemplificar, minha filha Isabela, de 7 anos, estava aprendendo
esta fase do processo mental já na escola... e ela me pediu uma orientação.
Naquele momento, eu lhe expliquei como funciona um interruptor de
energia e concluí que havia o perigo de choque se estivesse molhado, ou mes-
mo em razão da “tomada de energia” que normalmente está acoplada ao inter-
ruptor.
Em seguida, questionei sobre quais os sentidos ela havia feito uso para
compreender, apreender o significado, a utilidade e a precaução que se devia
ter com o interruptor e com a tomada de energia.
Então ela percebeu que o sentido da VISÃO a fez distinguir o que era
um interruptor e o que era uma tomada de energia; usando sua AUDIÇÃO ela
compreendeu a finalidade daquelas peças; com o sentido do TATO ela poderia
reconhecer o que é um choque de 220 volts etc.
Revisando em conjunto, nós percebemos que ela tinha incorporado no-
vas imagens (do interruptor e da tomada), novos conhecimentos (a finalidade
de cada um), o nome ou rótulo dado a cada uma das peças e, por fim, um con-
18
ceito de perigo, cuja conseqüência seria levá-la a evitar, pelo receio e atenção,
uma sensação de dor: O CHOQUE. Esse medo do choque é emocional e se
torna inconsciente ou, no mínimo, autônomo, na maioria dos casos. Principal-
mente se a pessoa tem a experiência da descarga elétrica dos 220 volts na pe-
le...
E é sempre assim, juntamente com as imagens incorporamos conceitos,
emoções.
Outro exemplo.
O Estrangeiro:
Nós vamos criar uma situação hipotética de enraizamento do preconcei-
to contra o Estrangeiro. Um estrangeiro qualquer. Essa aversão se denomina
xenofobia.
Certa vez, uma criança visitava um determinado aeroporto. Ela perce-
beu que havia muitas pessoas diferentes na aparência física, no vestir e princi-
palmente no falar. Intrigada com sua observação, perguntou ao pai: – Quem
são essas pessoas?
Respondeu o pai:
– Todas essas pessoas são estrangeiras, nasceram e moram em outro
país. Você deve evitar se aproximar delas, porque todos os estrangeiros estão
aqui no nosso país para nos roubar, roubar as nossas riquezas; eles são per-
vertidos sexualmente; além de maníacos, eles são loucos. Os estrangeiros são
muito perigosos, evite-os. Cuidado!
Então, a criança viu lá fora o estrangeiro. Através dos sentidos incorpo-
rou suas imagens mais o conceito do pai e, junto, estabeleceu-se uma emoção
de receio, de aversão, de perigo, de medo.
Retrocedendo, temos a criança antes do conceito paterno, livre para se
relacionar e curiosa a respeito daquela miscelânea de raças; e temos a criança
após a informação recebida... apreensiva, receosa, com medo.
19
Hoje, adulta, aquela criança, ela está impregnada daquele conceito. Pro-
vavelmente tem evitado relacionamentos com os estrangeiros, porque aquela
aversão tornou-se inconsciente diante da força e do poder da opinião paterna.
Ela assimilou a informação sem questionar porque não tinha capacidade
de análise, eis que os pais na nossa infância são o símbolo da sabedoria, do
poder e, como conseqüência, do respeito. Assim, suas idéias e conceitos se
estabelecem no nosso inconsciente com facilidade.
Quanto mais retrocedemos na infância, menos conceito há no nosso
consciente e no nosso inconsciente. Ë por isso que uma criancinha acha graça
quando nos escondemos atrás de uma fralda e, de repente, aparecemos como
num passe de mágica por detrás do pano.
Aquela criança é tão pura, tão original, que não percebe a sua presença
ali atrás da fralda. No seu banco de dados não existe registro de experiências
suficientes para lhe possibilitar compreender aquele mais simples artifício.
Uma criança, ainda no berçário, não lhe julga, não lhe ofende, não lhe
ameaça. À medida que vai crescendo, essa indiferença vai sumindo e os pre-
conceitos vão surgindo. Aí, aí, se você for um estrangeiro...
Mas o que tem a ver isso com os nossos sentidos?
É que você não usa mais os seus olhos somente para ver, como fazia
aquela criancinha no berçário. Tudo com o que você se depara você analisa,
superficial ou profundamente. Você usa sua experiência, as informações rece-
bidas dos seus pais, dos professores, dos livros, dos amigos, da televisão etc.,
para julgar, ofender, ameaçar, ou valorizar, elogiar, declarar-se.
Você analisa por via do raciocínio, que utiliza as informações do seu
banco de dados; por exemplo, aquela informação sobre os estrangeiros. Se
você não se lembra mais dos dados daquela informação, a simples imagem do
estrangeiro evoca do seu inconsciente aquelas emoções: receio e medo. En-
tão você diz: – Não sei por que, mas não consigo me relacionar com pessoas
20
de outros países, eu tenho certo receio, sabe, parece que eu já nasci assim,
com essa aversão...
Portanto, você está olhando com os olhos da memória e não com os
olhos da face, não com o sentido da visão.
Em vez de você ver o indivíduo estrangeiro, você vê a sua idéia precon-
cebida dos estrangeiros e já sente uma emoção específica, mas ela é inconsci-
ente e, mesmo assim, você identifica-se com o resultado daquele processo
mental (seja ele consciente ou inconsciente).
Assim como a idéia desse mundo circundante e que está sendo feita por
você agora, neste momento, ou as lembranças dos momentos próximos passa-
dos, todas elas estão impregnadas de emoções; se o momento lembrado foi fe-
liz lhe faz alegre, se não, triste; daí você conclui que essa sua vida é boa ou
que essa vida sua é ruim.
Estamos assim: Não olhamos mais as coisas na sua originalidade, lá fo-
ra.
Se não vemos a imagem real, mas sim um conceito, nós não vivemos a
imagem real. Nós projetamos um conceito daquela imagem, e aí, tudo já se
perdeu...
Por isso é que nós dizemos que estamos usando os sentidos para me-
morizar: você foi lá na sua memória, lá no seu passado e alcançou um conceito
– ou talvez tenha pressentido somente o eco de uma emoção inconsciente –,
em seguida projetou no momento vivido a sua idéia da coisa ou da pessoa, a
idéia pré-estabelecida.
Isso nunca foi pensar, isso nunca foi VIVER. Se o seu valor é o do outro
que informou aquela idéia, aquele conceito, onde está você?
Veja bem, nós já verificamos que usamos os sentidos para aprender,
mas só aprendemos quando não temos um conceito já formado ou quando,
mediante o desarraigamento de uma velha concepção (consciente), incorpora-
mos uma nova compreensão e conseguimos modificar “racionalmente” aquele
conceito preestabelecido, não obstante, invariavelmente, permaneça a emoção
original e contraditória a respeito. Nesse sentido, não havendo possibilidade de
21
sublimar os conceitos estabelecidos inconscientemente e suas emoções res-
pectivas, resta-nos a malfadada roda-viva. Atente-se para que nessa situação a
modificação isolada do preconceito (sem se aperceber da emoção inerente ao
velho hábito) pode redundar numa situação idêntica àquela em que o professor
pós-graduado em relacionamento infantil, ao ver uma criança se aproximando,
será assolado pelo ímpeto antigo de impingir maus tratos ao menor, o que
pode resultar numa ofensa de fato ou não.
Normalmente, quando o preconceito já está formado, nós o projetamos
no outro. Essa projeção nos impede de ver a realidade oculta sob o manto da
ignorância, das emoções e conceitos arraigados em nós e que sustentamos in-
conscientemente.
Aquele adulto não se recorda dos dados informados pelo pai e que o le-
varam ao preconceito sobre estrangeiros, mas a emoção que se estabeleceu lá
na infância e está inconscientizada é o bastante para impedir seus relaciona-
mentos.
A emoção é um sentimento, você a sente, não a define. Na verdade, ela é a rota estabelecida pela sua fisiologia nas experiências mais infan-tis, os primeiros passos de sua fisiologia neural, determinada pelo con-ceito externo então experimentado, absorvido incontinenti e perpetuado vida afora.
Mas ela – a emoção - se estabelece sutilmente, na calada do seu mundo sensorial.
Por isso ele – o indivíduo - acha que já nasceu “assim”.
O problema é que nós adultos já sabemos, já temos um conhecimento
atual e geral, ou seja, para quase tudo nós já temos um rótulo, um conceito for-
mado para todas essas coisas, e de quebra, já gostamos ou não, já queremos
ou não, já estamos emocionalmente relacionados.
Devido à importância desse tópico, vamos recapitular com exercícios.
Esse é o processo mental a que estamos submetidos. A regra.
Não se desespere, há uma saída.
22
Um exercício:
Para facilitar a compreensão, ao dizer a palavra FUSCA, eu queria que
você buscasse no seu passado as imagens que se relacionam com esse nome,
esse veículo. Perceba como você se relaciona com essa lembrança do seu
passado.
É claro, ao trazer à tona essa idéia, você vai se deparar com uma cena;
por exemplo, o Fusca do seu amigo. Junto com essa imagem vem uma emo-
ção de tristeza porque aquela lembrança é de um episódio onde vocês capota-
ram o Fusca e seu amigo perdeu a vida.
A minha história com o Fusca, particularmente, é alegre, pois me lembro
do Fusca bege, 1500, o Fuscão do meu pai. Aquele momento relembrado foi
motivo de alegria para toda a família.
Mas esse Fusca, com esta minha história, só eu posso acessá-la, pois
existe no meu banco de dados. Faz parte da minha experiência, do meu passa-
do e me expõe às emoções de outrora.
O seu Fusca está no seu passado.
Ao me recordar eu fico alegre. Você, ao se recordar, fica triste.
Mas a palavra é uma só. Ou mesmo um Fusca qualquer que esteja passando
pela rua.
Mas não importa, o seu Fusca é o seu passado, e o meu, o meu.
O que é preciso entender é que ao me recordar eu não deveria me mis-
turar com aquela emoção, muito menos ao ver o Fusca aí na rua... mas não so-
mos assim.
O Fusca passa e eu fico alegre, você, triste.
23
Esse é o método normal de observação e compreensão no estado em
que nos encontramos.
É assim que nós pensamos.
Pois bem, um outro exemplo:
Olhe para a pessoa que está ao seu lado. Esta pessoa está conversan-
do.
Você fecha os olhos e aquela pessoa continua conversando.
Provavelmente, você continua a vê-la mesmo de olhos fechados... conti-
nua a ver aquela pessoa conversando.
Isso acontece porque, ao fechar os olhos, você a vê com os olhos da
mente, com a sua idéia da cena. O que não diferencia muito de vê-la com os
olhos da face, porque, tanto de olhos abertos como de olhos fechados, você
estava “m e m o r i z a n d o”. Olhando com os olhos da memória, da mente.
Então, mesmo com os olhos abertos nós continuamos a ver com os
olhos da mente, analisando, raciocinando, pré-conceituando a imagem que
está lá fora, mas isso não é ver a realidade, é ver a sua idéia da cena.
Portanto, você está vendo a sua imagem das coisas e não a coisa em si.
Muitas vezes um quadro, a foto de uma pessoa querida quer nos dizer
algo, é como se o retratado estivesse nos julgando; se estivermos bem, ele nos
admira; se estivermos mal, ele nos critica.
Mas quem admira e quem critica somos nós mesmos.
Foto é foto. Quadro é quadro.
É o meu estado de espírito que projeto no quadro.
Se é assim com um quadro, imagine com as pessoas.
A infinidade de projeções que alimentamos ser verdade.
24
Veja o trecho de um texto de Herman Hesse:
“Impuro e desfigurante é o olhar do desejo...”
Impuro porque não vê a originalidade, a pureza, mas distorce com a
análise, com o julgamento; desfigurante porque projeta os seus anseios e de-
sejos no que está sendo visto, distorcendo a imagem da coisa...
Porque, se eu olho para uma mata que eu quero comprar, eu não vejo a
mata, mas o meu interesse por ela, o meu lucro, ... e a realidade, mais uma vez
se perdeu.
Então, é através dos sentidos que eu apreendo o mundo (suas
imagens) e conceituo o mundo (suas emoções).
No caso do estrangeiro, eu aprendi que ele foi nascido e é proveniente
de outro país (conhecimento); veste-se, fala e têm as feições um pouco diferen-
te (imagem); e representa ameaça, perigo (conceito).
Esse é um processo inconsciente de valores, incorporados às imagens e
aos conhecimentos adquiridos através dos nossos sentidos.
25
O MUNDO MATERIAL
OS SENTIDOS
A MEMÓRIA
CONCENTRAÇÃO INTERIORIZADA
O RACIOCÍNIO
A DECISÃO
A AÇÃO
O PENSAMENTO
A MEMÓRIA
Nesse processo, nessa mecânica de funcionamento da mente, a memó-
ria é o nosso arquivo, nosso banco de dados.
A MEMÓRIA É O REGISTRO DAS NOSSAS EXPERIÊNCIAS.
A NOSSA EXPERIÊNCIA É TODO O NOSSO ACERVO DE APRENDIZADO ADQUIRIDO DESDE A CONCEPÇÃO ATÉ O PRESENTE MOMENTO.
Nossa experiência é tudo o que incorporamos na memória de modo
consciente ou inconsciente, desde a concepção, do dia em que você foi gera-
do, até agora.
Dizem que daquele momento em diante você já passa a absorver as ex-
periências de sua mãe, especialmente as emocionais, durante os nove meses
e depois de nascido, até agora.
Depois de nascido, as imagens que você presenciou foram impregnadas
por conceitos dos pais, professores, amigos, livros, televisão etc.; toda essa ex-
periência de vida é o seu passado e está registrado no seu banco de dados, no
seu arquivo de memória.
26
90%
10%
Só que, nesse banco de dados, pelas pesquisas mais recentes, apenas
10% de suas experiências emocionais estão disponíveis, somente 10% delas
são conscientes.
Estar disponível quer dizer manipulável, aberto a sugestões e que pode-
rá ser modificado.
Então, tudo o que você vai aprendendo vai se incorporando ao seu acer-
vo; por exemplo, o conteúdo deste curso, na proporção da sua compreensão; e
amanhã você poderá adotar esses conceitos juntamente com os exercícios que
serão ministrados, ou não. Por isso dizem: manipulável.
No entanto, 90% daquele acervo total é inconsciente, fechado.
Interfere de forma oculta nas suas decisões e nos seus conceitos.
E esse inconsciente é fantástico por ser inteligente, porém, muitas vezes
prejudicial porque domina o processo de raciocínio e de decisão, nos fazendo
cegos à razão.
E como é fechado, não aceita manipulação.
Ali estão registradas fortemente todas as nossas crenças, as experiênci-
as traumáticas e, também, os momentos felizes. Os conceitos de terceiros,
como os nossos pais, professores, amigos, livros, televisão... as crenças da
nossa sociedade.
São as pessoas e os fatos passados que influenciam fortemente na nos-
sa formação, porque, quando “crianças” estamos sujeitos às suas idéias e con-
ceitos, em virtude de que o “nosso mundo” e as pessoas são o espelho em que
vamos nos identificar. Para eu ser aceito tenho que me igualar ao meu grupo,
ao meu mundo.
Sorrateiramente, as experiências fortes e traumáticas se estabelecem no
mais profundo do inconsciente. Mas estão lá.
27
E é por isso que hoje, aquela criança, já adulta, quando se defronta na
rua com um estrangeiro, o ímpeto imediato é de se desviar, de receio, de me-
do... Ele (o adulto) não entende por quê, até está disposto a se relacionar com
aquela pessoa, mas há uma resistência inconsciente e ele não sabe por quê,
de onde vem...
Claro que ele não sabe, pois está no seu inconsciente. A escolha está
predefinida, um caminho já foi desenhado lá na infância e será sempre percorri-
do diante das situações idênticas ou assemelhadas. O seu corpo será inunda-
do por fluídos que implicarão na rejeição ou aceitação dos fatos, em não querer
ou querer.
Por isso nós falamos que o inconsciente é fechado, ele não está aberto
à compreensão, à manipulação. Porque está oculto, ele não permite questiona-
mentos, embora esteja sempre atuando.
Sem ajuda, nós não temos meios de conhecer o seu conteúdo, muito
menos como vencê-lo, ou, simplesmente, transcendê-lo.
Como primeiro passo, resta-nos compreender as suas implicações no
dia-a-dia.
Por isso, dizemos que o inconsciente é o esconderijo dos acontecimen-
tos e julgamentos insuportáveis, indesejáveis.
Mas este é um processo inteligente que visa a nos proteger, na medida
da estrutura que apresentamos no momento dos fatos, da nossa maturidade.
Se a criança é brutalmente maltratada aos cinco anos, nessa idade a
sua estrutura é tão frágil, que o inconsciente absorve e esconde aquela experi-
ência traumática a fim de manter um mínimo de equilíbrio, embora permaneça
nela uma angústia insondável.
Assim, o inconsciente se fecha para permitir à criança encarar o mundo
com menos desespero, menos indignação, em razão daquele abuso, daquela
dor.
28
O inconsciente e sua força
O grande problema que aquela angústia insondável nos causa é a cha-
mada “inversão”.
Veja:
O fumante sabe que 90% dos casos de câncer no pulmão é causado
pelo uso do cigarro; o alcoólatra sabe que 70% dos acidentes fatais com auto-
móvel são causados por pessoas que beberam antes de dirigir; o viciado em
drogas sabe dos males e do prejuízo de sua dependência.
Mas todos eles, ao fumar, beber ou se drogar, se sentem bem. Experi-
mentam um ”prazer”.
Qual prazer?
O prazer que o alívio daquela angústia lhes causa.
Eles não sabem alcançar alívio sozinhos. Precisam das drogas.
E o que é aquela angústia?
É conseqüência dos traumas, das rejeições, das ofensas, dos aconteci-
mentos e julgamentos insuportáveis que habitam o nosso inconsciente e que
emergem nos relacionamentos com esse mundo lá fora... com o Fusca, com o
estrangeiro... com o mundo material. Tudo nele traz uma recordação, já infecta-
da de emoção danosa que vai gerar aquela angústia, que vai impedir a nossa
realização, de alcançarmos o nosso sonho, e a mediocridade e a violência tor-
na-se a nossa medida.
Eis a instabilidade de ouro, no indivíduo, para a armadilha do vício, das
drogas e dos comportamentos ilícitos se estabelecerem. A droga camufla a an-
gústia, não a resolve. E como a pessoa não consegue ficar vinte e quatro horas
drogada, a angústia sempre volta mais encorpada, pelo desencadeamento das
frustrações em não resolvê-la e pelas conseqüências de ter-se drogado... sen-
29
do estas, na maioria das vezes, prejudiciais. Aí, é a famosa “bola de neve” e o
seu fim trágico. Para ele, para sua família, para sociedade.
Em situações tais de instabilidade, o peso da angústia multiplicada pode
fazer o homicida puxar o gatilho.
Qualquer contrariedade pode se tornar a gota d’água para liberar aquela
angústia acumulada, e fazer que o homicida num ato de “inversão”, puxe o gati-
lho e experimente PRAZER.
E é um prazer, assim como se drogar.
Aqui, prazer é igual a alívio momentâneo.
Quando se visita um presídio o consenso geral é de inocência.
Prevalece essa presunção de inocência.
Por quê?
Porque no momento do crime ele age em inversão.
Qual a inversão no homicídio?
O autor dos fatos fez uma coisa ruim achando que fosse boa porque lhe
dava alívio.
Mas quando ele acha bom matar o outro?
Ao puxar o gatilho ele descarrega toda a angústia acumulada e no mo-
mento que a sente dissipada, sente prazer.
Mas essa descarga não resolve, apenas alivia a angústia que lhe perse-
gue e vem sendo acumulada.
Esse é o efeito e a necessidade de toda ingestão e consumo de drogas,
o alívio de uma angústia insondável, inconsciente, seja rejeição ou maus tratos
etc.
No momento que decidiu puxar o gatilho ele pesou as conseqüências,
mas foi maior a esperança (muitas vezes inconsciente) de que com aquele ato
estaria dando um fim naquela angústia, estaria matando toda aquela angústia
acumulada.
30
Subjacente ao motivo fútil, pode haver angústias profundamente enraiza-
das.
Ele, naquele momento, achou que seria correto, justo, matar.
Assim como achamos justo, correto, matar a fome que nos aflige sacrifi-
cando a vida de outros seres; ou qualquer outro desejo que nos impele à sua
realização.
Razões é que não faltam em qualquer dos casos.
Vamos entender uma coisa: as razões da legítima defesa transmudam o
ato injusto de matar em um ato lícito; as razões e a necessidade do homem se
alimentar transmudam o ato injusto de tirar a vida dos animais no consumo e
no comércio também lícitos.
As razões de quem sofre uma angústia e a dissipa matando ou agredin-
do outras pessoas, são somente dela. O senso de justiça daquele ato é somen-
te dela. A sociedade acha que aquela pessoa deve resolver suas angústias de
outra forma, se tratando, talvez. Por isso, impõe penalidades em cada caso
concreto. O que nos parece justo, se não fizéssemos vista grossa à nossa par-
cela de culpa pelo processo de desenvolvimento e surgimento daquelas angús-
tias. Não é fácil reconhecer essa nossa responsabilidade devido a nossa hipo-
crisia.
Infelizmente, essa é a norma geral. É assim que se processam as deci-
sões que repercutem nos nossos atos diários, na nossa vida, às vezes constru-
tivos, às vezes não.
Mas nós queremos é ausência de conflitos, de angústias.
Nós queremos é PAZ!
Para isso, precisamos de uma educação libertadora.
De uma educação que liberte a essência latente em nós, que nos possi-
bilite enxergar o mundo a nossa volta com os olhos da infância outra vez, com
uma inocência repleta de sabedoria; que transmude toda nossa experiência em
31
possibilidade de escolhas construtivas para nós e para as outras pessoas, bem
como propicie um relacionamento sustentável com a mãe natureza.
Outras conseqüências de manifestação oculta do inconsciente são:
Falta de persistência: A professora puxa a orelha do aluno e diz a ele:
“Você nunca vai conseguir aprender alguma coisa na vida!!”. Daí, quando
essa criança, já adulta, é convidada a aprender novos métodos, novas tecnolo-
gias, ela desiste antes de começar, e racionaliza, porque para ela, "nunca vai
conseguir aprender nada na vida mesmo” .
Ela se invalida constantemente... E o que é isso? São aqueles traumas,
aqueles julgamentos traumáticos inconscientemente enraizados, mas fortemen-
te atuantes no tempo.
Temos conseqüências radicais como o suicídio que, conforme estudo re-
cente, na maioria das vezes trata-se de uma atitude de fuga e não de vontade
ou de inteligência, aliás, ao contrário, identifica-se totalmente com a ignorância.
O suicida é tomado por uma onda gigante de ignorância, ou melhor, ele se fe-
cha totalmente para a inteligência que, desesperada, diante de impedimentos
de toda ordem, não consegue socorrê-lo.
Nós sabemos que o suicida não quer morrer, ele quer sair de si, do infer-
no mental que lhe atormenta. Sua estrutura psicológica não suporta mais suas
angústias, ele simplesmente não compreende por quê...
Não há compreensão do processo que o levou àquela aflição medonha,
não há esperança, ele está num beco sem saída e o seu último recurso é dar
um fim a si mesmo.
Quando ele reconhece a besteira que fez, já está na altura do terceiro
andar... e ele pulou do décimo quinto...
O objetivo deste curso é exatamente estabelecer e indicar um canto de
onde você possa observar, testemunhar esse processo sem ser atingido por
ele, sem se angustiar, se você quiser. Esse local é acessível quando você con-
segue “desidentificar-se” de suas conclusões a respeito de si, dos outros e das
coisas, dos seus interesses, dos seus desejos, tenham eles origem nos valores
impregnados pela sociedade ou nos prazeres que os sentidos lhe proporcio-
nam.
32
Um exercício para certificar-se dessa influência:
Por se tratar de um curso em livro, eu pediria a você que se lembrasse
do momento em que pegou este exemplar e começou a ler, ou as coisas que
fez meia hora atrás.
Lembrou?
Se você me desenhar a imagem relembrada, provavelmente você (a
imagem que você faz de si mesmo, das suas feições) vai fazer parte daquela
cena revivida, não é?
Mas você estava vendo a si mesmo naquele momento de pegar o livro?
Há 30 minutos atrás?
Não.
Ao lembrar você não reviu a cena, você reconstruiu a cena e inseriu a
sua pessoa.
Já que ela foi recriada, a reprodução é totalmente interna. Sendo interna,
está impregnada dos seus valores conscientes e inconscientes, de emoções.
Algumas emoções você percebe, outras não.
Você vive sob a influência do invisível. Mas, na recordação da cena do Fusca do seu amigo, a emoção que
acompanhava a cena certamente era de tristeza.
Como nos tornar invulneráveis às recordações, às emoções, aos precon-
ceitos, àquela angústia insondável?
Como somos invulneráveis ao leão no zoológico?
Ficando do lado de fora da jaula.
Não é simples?
A técnica a ser explicada também será.
Por enquanto, estamos verificando o processo a que estamos submeti-
dos.
A jaula está fechada, nós estamos lá dentro e o leão também.
33
O MUNDO MATERIAL
OS SENTIDOS
A MEMÓRIA
CONCENTRAÇÃO INTERIORIZADA
O RACIOCÍNIO
A DECISÃO
A AÇÃO
O PENSAMENTO
CONCENTRAÇÃO INTERIORIZADA RACIOCÍNIO DECISÀO PEN-SAMENTO E AÇÃO.
Vamos agora dar início ao estudo do processo de concentração, raciocí-
nio, decisão, pensamento e ação, propriamente dito... e eu gostaria de um pou-
co mais de atenção.
Nesta fase, a atividade se dá com muita rapidez.
Eu estou em frente a um computador e, ao segurar o mouse ou digitar
as palavras, eu percorro todas essas fases. A cada pressão deliberada do meu
dedo no teclado, todo o processo foi percorrido.
Tudo o que fazemos, por mínimo que seja, coçar o braço ou balançar o
pé, essas ações se submetem ao processo de concentração interiorizada,
raciocínio, decisão, ação (ou pensamento).
Todo o processo de escrever ou de falar obedece a essas etapas.
Por isso, a atenção solicitada.
34
O MUNDO MATERIAL
OS SENTIDOS
A MEMÓRIA
CONCENTRAÇÃO INTERIORIZADA
O RACIOCÍNIO
A DECISÃO
A AÇÃO
O PENSAMENTO
CONCENTRAÇÃO INTERIORIZADA
A concentração é o primeiro impulso que emerge impelido por um desejo
constante, por uma necessidade de ser e fazer para ter. A partir da concentra-
ção interiorizada nós vamos começar a raciocinar.
A concentração se dá sob duas formas também.
A primeira forma é a PASSIVA:
Ao amanhecer, quando acordamos, os pensamentos se manifestam de-
sordenados, nós não nos sentimos, é como se estivéssemos sentados na fren-
te de uma locomotiva e ela a nos levar, nós não temos o controle... estamos to-
talmente identificados com o filme que se passa internamente.
Não é assim que se estabelecem os pensamentos matutinos?
De repente você se assusta e diz: – Nossa! Vou chegar atrasado ao ser-
viço, não vai dar tempo, tenho que fazer isso, aquilo etc.
Ao amanhecer os pensamentos vêm e vão e nós somos levados como passageiros sem destino certo, sem qualquer autonomia ou controle.
Percebemos que nesse modo de operar o processo de pensamento,
nossa vontade estava ausente ou, ao menos, o nosso controle sobre a vonta-
de.
Igualmente, de manhã, você fazendo caminhada, quando percebe, já
percorreu dez quadras e se surpreende porque não viu passar pelas quadras...
35
você até se assusta. Isso se dá porque você estava pensando passivamente,
sem autonomia, sem a sua participação consciente.
A outra forma é a ATIVA:
É quando tomamos as rédeas dos pensamentos e os direcionamos aos
nossos interesses diários... por exemplo: naquela mesma manhã, quando você
esteve “voando” em pensamentos, de repente se lembrou das obrigações e,
êpa!, tenho que fazer isso, aquilo, e dá início às atividades pré-determinadas...
escova os dentes, toma café, sai em direção ao serviço etc.
Portanto, você direciona, de forma ativa, o seu pensamento para os seus
objetivos de ser e fazer.
Nós tomamos as rédeas dos pensamentos e os direcionamos aos nos-sos interesses diários. Ainda que sob a pressão do seu “Passado”, da sua dualidade intelecto e emoção, do seu consciente e do seu inconsci-ente.
Assim mesmo, caso você tome as rédeas e não esteja completamente
identificado com os pensamentos, nas suas decisões vão pesar as razões do
inconsciente, suas crenças, seus traumas. Então, ao se deparar com o estran-
geiro, você, inconscientemente, se desvia e toma outro caminho, sem perceber
a influência daquele preconceito. Mesmo percebendo a sua resistência, aque-
las razões poderão pesar mais do que a sua vontade apenas racional e, ao fi-
nal, fazer você decidir em consonância com a emoção, com o preconceito que,
desta forma, mantêm-se no controle.
Esse é um exemplo corriqueiro, mas no dia-a-dia estamos sujeitos às
forças inconscientes em maior ou menor grau.
Você então queria tomar o caminho da direita, mas “resolve” ir pela es-
querda e não sabe por quê!
36
O MUNDO MATERIAL
OS SENTIDOS
A MEMÓRIA
CONCENTRAÇÃO INTERIORIZADA
O RACIOCÍNIO
A DECISÃO
A AÇÃO
O PENSAMENTO
O RACIOCÍNIO
O raciocínio, depois da concentração passiva ou ativa sobre a memória, procura analisar os interesses da pessoa sob o prisma dos seus valores de justiça, lógica e objetividade. BUSCA NO SEU PASSADO, no seu BANCO DE DADOS, as opções com viabilidade de serem exercitadas em forma de pensamento ou ação, a fim de atingir seus objetivos (desejos conscientes e inconscientes).
Verificamos que o raciocínio começa a trabalhar a partir da concentração
interiorizada, ativa ou passiva.
Você vai ao seu passado e analisa as opções, as possibilidades de se-
rem exercitadas conforme seus valores já pré-estabelecidos, decide e faz.
Sua vida é o que você faz.
Tudo o que você faz tem como suporte um pensamento.
Todo pensamento tem como suporte um desejo.
Todo desejo tem suporte e está inculcado no seu banco de dados, na
sua experiência de vida, nos seus valores, no seu consciente, no seu inconsci-
ente, e todo esse emaranhado vai pesar nas suas decisões de fazer ou deixar
de fazer.
Um outro exercício:
Se sua namorada, for flagrada com outro, o que você faz?
37
A. – Você mata um? Mata os dois? Mata-se? Dá uma surra nos dois?
Chora até se esvair em lágrimas? Fica tomado de ira mas vai embo-
ra?
B. – Fica satisfeito?
Depende.
Depende das suas crenças. Depende do que lhe foi ensinado, da forma
que você alivia suas angústias, da sua experiência de vida.
Para nós qualquer das atitudes do item (A) nos parece possível.
Na Groenlândia os esquimós oferecem a suas esposas para os visitan-
tes amigos. Lá é esse o costume deles e a atitude do item (B) é comum.
Mas os dois fatos são iguais:
– Há uma outra pessoa dormindo com sua mulher ou com seu homem.
O que mudou?
As crenças.
Suas crenças são diferentes. O que você pensa do fato é diferente do
que pensa o esquimó. OS FATOS SÃO NEUTROS.
Todos os fatos são neutros.
São os seus conceitos, seus preconceitos, as emoções que emergem
em cada caso é que faz diferente a sua reação. Lembra? A sua estrutura sen-
sorial e os seus hábitos de infância é a sua medida e, sob a batuta de um perfil
acumulado durante anos, fluídos peculiares são disseminados pelo corpo pro-
vocando reações equivalentes, culminando com racionalizações favoráveis ou
não aos acontecimentos e o comportamento em si, a exemplo de coragem ou
medo, amor ou ódio etc.
38
Então, ao raciocinar, antes de se decidir, LEMBRAR-SE DE QUE TODO
FATO É NEUTRO.
DA FORÇA DO RACIOCÍNIO
Até hoje, o raciocínio foi soberano no nosso processo mental. Perceba
que ele converte, imediatamente, as imagens recebidas pelo sentido da visão e
lhe dá uma falsa idéia de realidade. Lembre-se do exemplo em que, ao recor-
dar daquele momento em que você “pegou este livro para ler”, ou do seu pas-
sado próximo, o raciocínio lhe mostrava outra cena.
Esse processo de conversão de imagens é tão rápido que você não usa
mais o sentido da visão, porque você “não vê” a pessoa no aeroporto, mas cer-
tamente o “estrangeiro” que sua imagem recorda lá da infância, juntamente
com as emoções forjadas pelo preconceito paterno, de medo e receio.
Eu diria: cuidado! Atenção com o raciocínio. Essa fase do processo ten-
de a lhe tomar as rédeas e vem dirigindo a sua vida há muito tempo, sem você
perceber.
É ele que lhe dá uma falsa idéia de eu, de mundo. Ele é a fonte do ego,
da sua auto-imagem, da sua ilusão, das suas angústias, dos seus apegos, do
seu sofrimento.
Enfim, todo o processo de análise racional obedece a esses parâmetros,
em maior ou menor grau.
O que você vai fazer com o que você presenciou é que é a questão.
A pessoa pode apenas gozar um prazer, ou evitá-lo por medo de arder
no mármore do inferno...
Como se diz, “cada cabeça uma sentença”.
39
Desde a utilização da visão para observar e apreciar o mundo lá fora, o
raciocínio está inserido, porque como adultos nós já temos um rótulo para to-
das as coisas, inclusive para o estrangeiro. Você vê um estrangeiro, imediata-
mente aquele preconceito se estabelece e você já está impregnado pelo receio,
em razão daquela informação primitiva que seus pais lhe impuseram já na sua
infância.
Ato contínuo, você toma outro caminho e evita o relacionamento, pen-
sando que decidiu, que estava vendo, que não é cego no sentido de decisão, e
portanto, você não sabe que é escravo, e que não é livre como imaginava ser.
No caso, você reage à presença do estrangeiro porque o viu?
Não, porque memorizou e substituiu a imagem trazendo o registro pré-
estabelecido, deixando-se influenciar por ele.
Você não se identifica com a visão ou com o que vê, mas com o raciocí-
nio decorrente de uma emoção que você não controla, não vê. Você decide e
age com base nesse raciocínio e nas emoções que lhe sobrepõem, esteja ele
certo ou errado, seja ele verdadeiro ou falso. Oportunidade em que a inversão
de valores sobre o meio, coisas e as pessoas pode ocorrer. Você não percebe
que projeta no elemento externo o seu rancor, quando a emoção é prejudicial
em si mesmo.
Porque você teria receio de uma pessoa no seu primeiro contato?
Não haveria porque se você estivesse vendo somente com os olhos.
Mas essa soberania do raciocínio é que nos faz bicho, menos humanos.
Isso não deixa de ser triste, mas é assim.
E essa realidade frustra a consecução de muitos projetos de índole
construtiva.
A importância da compreensão desse processo é porque o raciocínio vai
analisar fato após fato, o dia inteiro.
A partir dessa compreensão você poderá modificar atitudes indesejáveis
e, assim, deixar de ser um joguete nas mãos das suas crenças e preconceitos.
40
Mas trabalhar dentro do raciocínio, sob o seu comando e influência, é
muito difícil, confuso, leva mais de uma vida... precisamos sair da jaula, senão
o leão...
Se você não consegue se relacionar com o estrangeiro, será em virtude
de um preconceito; impregnado em função de um fato na infância e talvez não
daquele momento atual.
Mas aquela rejeição, enquanto inconsciente, não é manipulável. Daí a
dificuldade e daí a razão deste curso.
Portanto, observe os fatos e decida-se sempre pelo que for construtivo,
para você e para os outros.
Não deixe a crença dominar suas decisões, os seus atos.
Mas, como?
“Falar é fácil. Fazer é que são elas!”
Então, continuemos.
41
O MUNDO MATERIAL
OS SENTIDOS
A MEMÓRIA
CONCENTRAÇÃO INTERIORIZADA
O RACIOCÍNIO
A DECISÃO
A AÇÃO
O PENSAMENTO
A DECISÃO
Você decide por aquele pensamento ou ação que você compreende ser mais justo, válido, verdadeiro, lógico, depois de sopesar todas as cir-cunstâncias conscientes, mas, ainda, sob o peso das emoções (valores inconscientes).
Embora você não perceba, o seu inconsciente está fortemente inserido na decisão que você “imagina” ser somente sua.
Esta é a decisão que a psicologia define, explica e trata. Ela o contextua-liza tomando como parâmetro os valores da sociedade em que você se encontra, e lhe instrui de modo a adequar o seu comportamento com o que julgam “normal” ou, pelo menos, “aceitável”.
Um desejo lhe impõe a necessidade, que gera o raciocínio, que analisa
as possibilidades. Escolhe-se uma delas e o resultado é o que você faz.
Antes de qualquer decisão há sempre uma viagem.
Uma viagem ao seu passado próximo ou remoto.
Então, depois de um processo de raciocínio mais apurado, mais demora-
do, mais criterioso, ou rápido quando inconseqüente, você chega ao momento
de decidir.
Não antes de contrabalançar todas as circunstâncias conscientes, ainda
que sob o peso do seu inconsciente, dos valores inconscientes, das emoções.
42
Na seqüência, você decide por implementar aquele pensamento ou ação
que você concluiu ser o mais justo, mais verdadeiro ou lógico.
Você imagina que é você sozinho quem está decidindo aqui, mas não é.
Aquele traço inconsciente está influenciando você a decidir.
O traço é seu, mas ele não está necessariamente sob seu comando.
Pode estar atuando na clandestinidade.
Você pensa corretamente, tem objetivos válidos, dentro de uma lógica
justa, mas na hora de decidir e agir, o peso do inconsciente é muito forte e sutil,
às vezes menos, mas ele está sempre ali.
Eu posso deixar de fazer uma viagem, de curtir um passeio que é mere-
cido após anos de trabalho, simplesmente porque no meu inconsciente está in-
culcada uma mensagem do tipo: “Filho, o homem é trabalho. Trabalhe sem
descanso e você alcançará o Céu”. E assim, eu fico só trabalhando e me vejo
como um homem valoroso. Quando me perguntam por quê? Eu digo: “Eu
gosxto!”
Mas observe: a nossa DELIBERAÇÃO não é esporádica, a todo o mo-
mento estamos decidindo, porque a todo o momento estamos pensando ou
agindo. Se continuo neste momento a falar ou a escrever, aquele processo de
decisão e ação está se desenrolando rapidamente, momentaneamente, neste
instante exato, neste outro, neste outro...
Parar de falar ou escrever é uma opção viável, é possível. Mas a minha
convicção em continuar é que me faz perseverar... é o meu desejo sendo reali-
zado, e como resultado do somatório de todas essas decisões tenho a minha
VIDA.
Muitas vezes estaremos contrapondo o prazer à inteligência, e em mui-
tas dessas ocasiões acredite, o prazer vence a inteligência. Fumar é um exem-
plo clássico, comer mais que o corpo pede também.
43
Continuando a analisar a fase de decisão:
A imagem que você faz do amigo, do irmão, de si mesmo (auto-imagem, ego, personalidade) está a todo o momento sendo modificada, você está sempre decidindo “quem é” e o que eles são.
Essas imagens e a sua auto-imagem têm base nos conceitos externos, nos valores externos, crenças, sociedade, na sua experiência de vida.
Tudo o que penso de bom ou de ruim dos fatos e das pessoas, necessa-riamente, provém da minha experiência.
Portanto, só penso no CONHECIDO.
A cada acontecimento eu substituo o conceito de mim mesmo e dos ou-
tros, e essas são conclusões em razão do fato, dos acontecimentos e das mi-
nhas crenças.
Um fato qualquer é a minha conquista. A crença é o valor que eu e as
pessoas damos a essa conquista.
O que você faz torna-se valoroso na minha concepção na medida em
que os outros a valoram.
Aqui (ou em outro lugar), a mulher adúltera, dizem (ou diziam), vai arder
no mármore do inferno...
Na Groenlândia, ela, aquela que deu boas-vindas à visita, é respeitada
porque age de acordo com os costumes locais.
Então, a todo o momento, agimos esteados nos fatos passados, nas
nossas crenças, na nossa experiência de vida.
A todo o momento você está decidindo quem é, quem são, se são gente
boa... se são inteligentes, um bom filho, um bom pai... etc.
44
Nesse processo de apreciação individual, nos colocamos como alvo dos
valores da sociedade em que estamos estabelecidos; se ela é machista, meus
atos machistas me dão um certo status nela... se ela é religiosa, minha atua-
ção junto à igreja me confere um status também, e assim por diante. Daí a mi-
nha auto-imagem construtiva e a minha auto-estima.
Mas esses valores não são meus.
No entanto, como estou inserido naquela sociedade, eu também tenho
estes valores para com os outros... se meu amigo não é tão machista, nem
muito religioso, eu também vejo-o com preconceito; porque me deixo influenci-
ar pela sociedade e seus valores, e nela quem faz é, quem não faz não é.
É assim o nosso sistema social.
A todo o momento você está decidindo quem é, quem eles são, o que é
válido, o que não é...
Mas esses valores não são seus!
Vamos entender.
Isso acontece por que: NINGUÉM DÁ MAIS DO QUE POSSUI.
Vamos exemplificar:
Com este curso você pode melhorar o seu poder de decisão, incorporan-
do conhecimentos que vão lhe ajudar a decidir melhor amanhã.
Na proporção da compreensão, dos exercícios e práticas recomendadas
aqui, o domínio sobre as suas ações aumentará, a sua independência será
maior.
Sem conhecer o processo você será eternamente um joguete nas mãos
do inconsciente e de suas crenças. Daí conclui-se que: sem a informação você
não modifica a ação. Você só dá o que possui.
Mesma coisa com os sentimentos, se você não se ama, como dar amor?
Se você não perdoa ou não se tolera, como viver em paz, como exercer a ne-
45
cessária tolerância com as pessoas de seu convívio e do resto do mundo, tão
diferentes, tão únicas?
Sendo assim, todo o acervo inconsciente é que estaria determinando os
rumos na sua vida. Por isso acreditam no destino, no carma. Se você não se li-
bertar do jugo do seu passado você continuará sempre o mesmo e o seu desti-
no estará mais ou menos traçado, porque na hora H, você desvia do estrangei-
ro, não consegue se relacionar.
Eu não posso escrever esse texto em inglês porque não sei o idioma.
Não posso dar de mim o que não possuo. Conhecimento ou sentimento. Isto é,
não posso pensar no que não está assentado na minha memória, no meu ban-
co de dados.
Minhas decisões correspondem à minha experiência de vida. Minha ex-
periência me conduz, portanto, eu só penso no conhecido.
Então é isso, eu só posso pensar sobre as pessoas, sobre eu mesmo,
sobre os fatos e todas as coisas que me rodeiam, somente com base naquilo
que eu experimentei, que é o meu passado.
Por que só conheço aquilo que vivi.
Somente a minha história com o Fusca está disponível no meu banco de
dados.
Você não pode lembrar daqueles dias que somente eu vivenciei e guar-
do na minha lembrança; e nem eu dos seus.
Vá, lembre-se aí do Fuscão do meu pai! (...) Não há como. Ele faz parte
da minha experiência, do meu passado.
Mais uma vez: Eu só penso no conhecido.
Mas, de certo modo, nas decisões, não.
Nas decisões sempre pesam o conhecido e mais algo que não percebo,
o consciente e o inconsciente.
46
Eu estou numa reunião e quero sugerir uma idéia, mas não consigo.
(Se eu falar, ... se eu errar ... o que vão pensar de mim?)
Mas, quem me segura?
Quem não me deixa?
Pois é, a reunião termina e eu não falo. Minha idéia era construtiva. Mas
eu não falei.
O problema é que você se coloca como alvo.
Veja uma ilustração que exemplifica bem esses comentários:
Você se coloca como alvo das críticas das pessoas; das suas intenções,
dos seus valores, do que elas acham que você deve ser e fazer... do que é mo-
ral ou imoral; do que é certo ou errado.
Por quê?
Porque você sempre se mediu pelos valores alheios, especialmente das
pessoas do seu grupo de relacionamento. Até com aquele estrangeiro que pa-
rece ser gente boa você não consegue se relacionar.
Cadê você??? Onde é que está você aqui neste mundo?
Conforme a representação acima você é um cego, temeroso da opinião
alheia, um ser perdido ou preso à sociedade porque amarrado às suas conven-
ções... O que está inconscientizado em si mesmo é você também, mas você
não se acha. Aquelas razões não são suas, mas determinam parte de suas de-
cisões.
Mas você mesmo, onde está?
É esse encontro que almejamos com este curso. É fornecer o caminho,
a ferramenta para você experimentar o seu EU verdadeiro... seus próprios va-lores, que são valores universais e que, infelizmente, estão segregados por
muros mentais invisíveis.
47
O MUNDO MATERIAL
OS SENTIDOS
A MEMÓRIA
CONCENTRAÇÃO INTERIORIZADA
O RACIOCÍNIO
A DECISÃO
A AÇÃO
O PENSAMENTO
O PENSAMENTO E A AÇÃO
Você pensa e age o dia inteiro.
Todo o processo interior culmina nas suas ações diárias, que, ao final, é a SUA VIDA.
Desde cedo você começa a concentrar-se de forma passiva ou ativa, a
raciocinar, a decidir, a pensar e fazer.
À tarde você olha para o seu dia e analisa: o que você fez e pensou du-
rante o dia? Sua conclusão é sobre o seu dia, boa ou ruim, foi o seu dia. À tar-
de de um único dia é o seu dia.
Mas à tarde do dia de ontem, mais a soma dos seus dias passados é a sua vida.
Então, todo esse processo interno de decisão, de fazer e pensar, vai cul-
minar nas suas ações diárias, que ao final, é sua vida toda até agora. Que é
feita de um dia atrás do outro, de um momento atrás do outro, de uma decisão
atrás da outra.
Então, estamos tratando aqui da coisa mais importante da sua vida que
é ela mesma. A SUA VIDA.
48
EXERCÍCIO:
Esse é um exercício que eu quero que vocês façam, mesmo estando aí
do outro lado, lendo ou ouvindo...
Por um momento você vai pensar nas coisas que você possui.
Enquanto você pensa quero que você perceba o sentimento que acompanha
esses pensamentos; se o pensamento se desenrola na cabeça; o sentimento,
temos a impressão de senti-lo no peito; então, eu quero que você se aperceba
das emoções que essas imagens lhe proporcionarão.
Enquanto você começa a pensar, eu vou sugerindo algumas idéias, por
exemplo: pense na sua família, seus filhos, pais, irmãos, amigos; o grau de es-
tudo que possa ter, sua casa, o seu carro, sua bicicleta, sua pernas, seus bra-
ços, todos os seus sentidos funcionando, ou os que lhe restam... o ar que você respira.
E nesse processo de pensamento tente perceber a emoção que lhe
acompanha.
Saber observar separadamente o pensamento e a emoção será de gran-
de valia daqui por diante, portanto pense nas coisas que possui e sinta a emo-
ção inerente... (Pausa). ...
Agora, pense nas coisas que você queria ter. Da mesma forma, se aper-
ceba da emoção provocada e que lhe envolve... (Pausa).
...
A pergunta seguinte é: o que você sentiu em cada um dos exercícios,
quais as emoções que acompanharam aqueles pensamentos? ... (Pausa).
...
Adiantando, o sentimento de prazer, alegria, agradecimento, no primeiro
exercício, e tristeza, angústia, ansiedade no segundo, é a norma, tem sido uma
resposta unânime.
Esse é um processo simples, matemático, mas é o que acontece conos-
co o dia todo. Mais ou menos os mesmos fluidos são derramados na nossa
corrente sanguínea quando a situação se repete, com as variações inerentes
ao perfil de cada um de nós.
49
Normalmente, em toda base de pensamento há um desejo, e todo dese-
jo provém de uma necessidade (útil ou supérflua) daquilo que não temos; por
conseguinte, vivemos um dia atrás do outro pensando quase sempre no que
não temos, naquilo que gostaríamos de ter, e daí nossa angústia, ansiedade,
tristeza, e um dia não muito agradável.
Assim como esse processo é simples, infantil é o nosso comportamento
em continuarmos agindo assim, e sofrer ao pensar só no que não temos.
Contudo, não se preocupem, lembre-se que estamos decifrando, des-
mantelando o processo mental que é a norma, mas não se trata de uma lei
seca, ela não é obrigatória, tanto é assim que este curso tenta disponibilizar
uma nova opção.
Há uma saída.
Veja. Nós nos colocamos no centro desses pensamentos e recebemos
todo o seu impacto emocional, na maioria das vezes angustiantes... Nós esta-
mos aqui e agora, sob o impulso de desejos de consumo, de conquista, nos
submetendo aos anseios impregnados por nossas crenças e, assim, começa-
mos o dia mal.
Pior é quando o medo de situações passadas nos faz prever um futuro
temeroso. São as chamadas “expectativas catastróficas”.
Com os dados do seu passado você imagina desastres acontecendo lá
no seu futuro, mas é naquele agora, naquele momento que você sofre, porque
só existe o agora da sua existência.
Por isso se você se coloca no passado você sente medo AGORA, se
você se coloca no futuro, você sente ansiedade AGORA.
50
Só existe o AGORA, este é o eterno presente. Um minuto atrás, dez mi-
nutos, duas horas, dez anos, não existem mais; assim como um minuto à fren-
te, dois minutos, dez anos, não existem. Só existe o AGORA.
Todo pensamento traz um sentimento que lhe envolve no AGORA de
sua existência. Se o pensamento é alegre, a alegria lhe invade, se de tristeza,
a infelicidade se apresenta, portanto:
Se as minhas ações diárias estão esteadas no construtivo, minha vida será construtiva. Se não, NÃO!
Se, ao trazer o meu passado, e durante o raciocínio eu puder escolher
somente o que for construtivo para mim e para os outros, ao final do dia todas
as minhas ações serão construtivas e como conseqüência eu tenho um dia
construtivo, e assim procedendo, ao final de anos, eu terei uma vida construti-
va.
Se eu começar hoje a mudar os meus atos, daqui a algum tempo minha
vida apresentará um resultado diferente. Isso é matemática.
Se não, não. Será a mesma vidinha repetida, repetida...
Se suas ações são às vezes construtivas e às vezes anticonstrutivas ou
destrutivas, ao final de algum tempo, provavelmente as más ações sublimarão
em efeito as boas ações e, conseqüentemente, sua vida será pior do que pode-
ria ser.
Toda vez que você direcionou seus pensamentos ou suas ações para o
não construtivo, algum prejuízo se desenhou lá no futuro, embora muitas vezes
essa opção tenha lhe proporcionado “prazer” (Por exemplo, o uso de drogas ou
outro comportamento forjado no seu passado e que se traduziu, efetivamente,
em fuga do enfrentamento necessário). Com efeito, aquela sensação de prazer
funciona como uma armadilha, na medida em que recrudesce o que há de hu-
mano em nós e porque provém do não construtivo, de valores alheios e arrai-
gados em nós, que no futuro próximo ou distante, vão servir de alimento à se-
mente da ira, da ignorância, da violência e da dor, isto é, do prejuízo próprio e
alheio.
51
Quem, por força do hábito, da sua experiência, educação, pais, livros etc. planta o BEM, colhe o BEM.
QUEM PLANTA, COLHE!
Esta é uma lei inexorável do Universo.
Não se colhe “figos de abrolhos”.
A pessoa pode virar um “santo” hoje, mas se estiver recluso numa peni-
tenciária pagando pelos erros do seu passado, como aquele que puxou o gati-
lho pelo prazer do alívio da angústia, ou aquele que atropelou e matou porque
bebeu, ou aquele que agrediu porque se drogou, mesmo assim, “Vossa Santi-
dade” terá de cumprir o restante da pena.
A safra do que você plantou vai além da sua mudança de comportamen-
to.
Esse é o perigo da demora em começar a mudar sua visão das coi-sas.
Veja que todos nós somos capazes de praticar atos impensados, basta
estarmos no lugar errado, na hora errada, com a pessoa errada e puf... olha aí
os seus complexos, fracassos e angústias lhe dando um empurrãozinho na
hora de se decidir.
QUEM PLANTA, COLHE.
52
NOSSOS PENSAMENTOS
Afinal, quais são os tipos de pensamentos que habitam nossa mente no
nosso dia-a-dia?
Uma radiografia da mente vai possibilitar o reconhecimento de três ori-
gens distintas para cada pensamento, vejamos:
OS PENSAMENTOS DE TERCEIROS Em razão da sua importância,
vou reproduzir a definição do próprio Professor Lauro Larrea:
P.T. “São os chegados até nós, gerados na mente dos outros".
Esta forma envolve, altamente, o nosso mundo pessoal, sabido que nós
somos o fruto do ambiente doméstico e da sociedade.
Portanto, o percentual de influência do meio-ambiente é altíssimo no
nosso aprendizado terreno, pois, desde tenra idade, já começamos a arquivar
em nossas memórias normas convencionais da sociedade.
Aí inicia a enorme seqüência dos “rótulos” e dos “significados”.
Ora, naquela idade, nada sabemos; somos, apenas, por nada saber,
inocentes, ainda não contagiados pelo impiedoso mundo que divide os ho-
mens.
Então, tudo o que nos transmitem é verdadeiro para nós.
Começamos a tomar a cor e o tom do papel que vamos desempenhar
no palco do teatro da vida.
53
Nosso futuro será aquilo que nos impuseram, já como vítimas, ou não,
das classes sociais divididas ou convencionadas pelo homem.
"Quando crianças, depositamos a mais absoluta fé nas pessoas e o sen-
tido de proteção fala ao nosso íntimo muito alto, daí o meio e o ambiente em
que fomos criados fazerem, em grande parte, o nosso futuro.”
Um exemplo:
O pai é médico, adora a profissão, demonstra interesse em que o filho
siga os seus passos. O filho ama o pai, mas seu talento é para a música; nada
obstante, ainda jovem recebe seu diploma de médico. O pai está super feliz, o
filho nem tanto. Aos oitenta anos o filho se liberta, monta uma banda e lança o
seu primeiro CD. A música da primeira faixa, EPITÁFIO, faz o maior sucesso.
O filho finalmente se realiza e vive até os oitenta e um anos.
Outro exemplo:
Três jovens de dezoito anos cada, um inglês, um boliviano e um iraquia-
no... cada um com suas peculiaridades de família e de sua pátria.
OS PENSAMENTOS VAGOS Transcrição da definição do Professor Larrea,
em “Fonte da Vida”:
P.V. “Esses tipos de pensamentos são aqueles que nada constroem".
“Neles encontramos o lado mais sórdido, os quais, também, infelizmen-
te, contribuem para deprimir-nos, pois, em razão desses tipos de pensamen-
tos, é que, geralmente, enquadramos, no julgamento que fazemos do nosso
semelhante, a miséria que reside em nós.
Participam de tais pensamentos vagos (P.V.) as trevas que personificam
a nossa insignificância, os nossos complexos e, também, as nossas frustra-
ções.
54
É nessa categoria de pensamentos que se encontram, como fruto da
nossa pequenez, aliado aos nossos insucessos, o ódio, a vingança, o ciúme, a
inveja e a maledicência, enfim, a síntese do nosso obscuro mundo e, através
deles, julgamos e atribuímos ao nosso semelhante toda soma de miséria que
reside em nós.”
Um exemplo:
Você tem um Fusquinha.
Passa uma pessoa dirigindo o Vectra dos seus sonhos.
Você não conhece o motorista.
Quando ele desce, ele fala algumas palavras incompreensíveis com ou-
tra pessoa e você percebe que ele é um estrangeiro.
Você sorri sarcasticamente.
O que se passou?
Você sentiu inveja.
In-veja quer dizer “não querer ver”.
Outra pessoa possuir o carro que você queria ter, faz você reconhecer
que você não conseguiu tê-lo e o sentimento de fracasso lhe invade; mas você
não quer ver isso, não quer reconhecer sua deficiência, sua frustração ou sua
mediocridade.
Para contrabalançar o sentimento de inferioridade sentido, internamente
você diminuiu o estrangeiro com aquele seu preconceito, com a pecha de ma-
níaco, pervertido... ou outro preconceito, e assim, sorri sarcasticamente... na
tentativa de expô-lo ao ridículo ou menosprezo. Ainda que só no seu mundo
mental.
Há um detalhe. Esse processo é individual e o seu desdém não atinge o
estrangeiro, somente você ficou desestabilizado.
O equilíbrio momentâneo que o sarcasmo propiciou não suporta o senti-
mento de frustração. E se você não se der conta desse processo, não colocar
uma atenção especial nos fatos e no seu processo interno, pode ser a oportuni-
dade perfeita para um cigarrinho, o primeiro gole, um baseado, uma carreiri-
55
nha... eis que uma angústia não resolvida cutuca a outra, que desterra outra,
que... Entendeu?
Isso é o tempo todo, nós desmerecemos o nosso próximo quando ele
nos faz perceber os nossos fracassos, nossa frustrações, nossos complexos.
Estamos projetando nossas misérias a todo o momento em que nos
comparamos com os outros.
“Se você a vê bonita porque se enxerga feia, ela é bonita MAS é burra,
se você se acha inteligente. “Sou feia mas sou inteligente”. Ser inteligente é ser
MAIS que ser só bonita”.
Esse jogo lhe oferece um pseudo-equilíbrio. Um equilíbrio frágil e efême-
ro.
Dou-lhe um exemplo simples de projeção:
Se uma criança bater no canto da mesa, ela dirá: Mesa feia!
Essa é uma projeção no sentido mais simples.
A mesa está lá. Ela é que não prestou atenção e topou na mesa. Não
quis reconhecer que é desatenciosa, mas sentiu com desagrado essa realida-
de.
Em vez de se conscientizar que precisa ser mais atenciosa, xingou a
mesa e pronto. Aliviou. Não resolveu.
Há muitas projeções.
OS PENSAMENTOS PRÓPRIOS São os pensamentos alinhados
com aquela orientação superior que embebe a natureza e permite o seu equilí-
brio. Todos são sempre construtivos. Infelizmente são raros, enquanto você
não se der conta do seu Eu verdadeiro ou for naturalmente orientado para o
construtivo.
Daqui para a frente, se você colocar uma atenção especial nos seus
atos diários, você vai identificar que 75% deles são de terceiros, têm origem
no conceito alheio, nas crenças, nos...; 20% deles são vagos, têm origem nos
seus complexos, frustrações, fracassos; e somente 5% são próprios, são
aqueles que têm origem no seu livre-arbítrio, na sua essência, que é livre.
56
Nós temos que incrementar as atividades próprias, filtrar os pensamen-
tos de terceiros e exterminar os pensamentos vagos. A compreensão é a cha-
ve.
NORMA X TÉCNICA
Até agora nós vimos somente a regra seguida por nós e que governa o
nosso processo de aprender, pensar e vir a ser.
Daqui por diante passaremos a informar-lhe a técnica que possibilitará o
encontro com o seu Eu verdadeiro na medida em que poderá proporcionar-lhe
a experiência, mínima e suficiente, do calor que emana da fagulha.
Ainda que efêmera, uma fagulha tem todas as propriedades do fo-
go. Para conseguir o vislumbre do seu potencial (do fogo), basta experi-
mentar o calor que dela emana (da fagulha).
Isso quer dizer que a mera aproximação do Eu verdadeiro possibili-ta o vislumbre do EU total e o seu atingimento passará a ser a meta, que é se deixar consumir pelo fogo, no nosso caso, a VIDA.
Registre-se que a intensidade desse fogo, dessa Vida, se mostra infinita-
mente crescente, por isso não há limite para a evolução e o preconizado en-contro se assemelha mais ao caminhar do que ao porto de chegada. O apro-
fundamento na experiência é um constante viajar fogo adentro, é a viagem de
volta à Vida, à Casa Paterna.
Vamos adiante.
57
O MUNDO MATERIAL
OS SENTIDOS
A MEMÓRIA
CONCENTRAÇÃO INTERIORIZADA
O RACIOCÍNIO
A DECISÃO
A AÇÃO
O PENSAMENTO
O ENCONTRO
Para iniciar voltaremos ao tópico que trata da Decisão.
Atenção total, por favor.
Você faz uma imagem do José.
A Maria faz uma imagem diferente do José.
Mas o José é ele mesmo. Não é a sua imagem, nem a imagem que a
Maria faz.
Matemática. Óbvio.
Cada imagem de pessoa, das coisas, de tudo que há no mundo é como
uma bolha personalíssima. Cada um com a sua bolha por aí. Nela está inseri-
da, inclusive, a imagem que você faz de si mesmo.
Pois bem. Você faz uma imagem de você mesmo.
Porém, você não é esta imagem. Ela é só uma imagem. Isso também é
óbvio, mas você está agarrado, apegado e INDENTIFICADO com essa ima-
gem.
Nós vimos que a todo o momento estamos modificando a imagem que
temos de nós mesmos e dos outros, na proporção dos acontecimentos, dos
nossos sucessos, insucessos... etc. ... sempre com base na nossa experiência
de vida, com base nas nossas crenças, nos preconceitos da sociedade etc.
Se você é a pessoa que flagrou a própria mulher ou marido com o outro,
lhe dói a pecha de “corno” porque essa é a imagem que você faz de si mesmo,
de um “coitado”, conforme definição da sociedade em que se encontra estabe-
58
lecido. Uma imagem impregnada de preconceitos e machismo. Nada obstante,
trata-se simplesmente de uma imagem, de um conceito mental.
Se você é o esquimó que ofereceu a esposa ao visitante amigo, a sua
imagem é a de uma pessoa cordial. Esta, ao final, também não passa de uma
imagem mental e que corresponde a sua identificação pessoal naquele episó-
dio.
Então, a imagem que você faz de si mesmo é resultado da sua crença,
mas não é você. Essa imagem de hoje pode não ser a de amanhã e, provavel-
mente, se diferencia daquela de ontem ou de cinco anos atrás.
Esse é o seu ego, sua personalidade, que você está construindo a todo
o momento. Você a define em razão das crenças e preconceitos da sociedade
em que se encontra.
Por exemplo, após quinze anos de existência eu olho para o meu passa-
do e concluo que sou uma cara machista... eu chego a essa conclusão com su-
porte na apreciação do que é ser machista na sociedade em que estou inseri-
do.
Isto se dá porque até agora nós nos colocamos como alvo das opiniões
alheias, pensamos e agimos conforme aqueles preceitos. Então, a todo o mo-
mento estou decidindo quem eu sou, com base nessa imagem que faço de
mim mesmo.
Mas é só uma idéia. Eu me estimo por ter esse comportamento ou não,
na medida em que vou ser acolhido ou excomungado, dependendo da comuni-
dade onde eu estiver vivendo. Por isso ela não é REAL, ela só é adequada ou
não, é só uma idéia. Uma ilusão.
A imagem que você faz do amigo, do irmão, de si mesmo (auto-imagem, ego, personalidade) está a todo o momento sendo modificada, você está sempre decidindo “quem é” e o que eles são.
Essas imagens e a sua auto-imagem têm base nos conceitos externos, nos valores externos, crenças, sociedade, na sua experiência de vida.
59
Tudo o que penso de bom ou de ruim dos fatos e das pessoas, necessa-riamente, provém da minha experiência.
Portanto, só penso no conhecido.
Para me expressar não posso usar o vocabulário do meu professor,
aquele acervo de palavras faz parte do seu banco de dados.
Só posso dizer com as palavras que tenho na minha memória.
A minha compreensão do mundo se reduz à minha experiência de vida.
Se eu pensar no Desconhecido, eu vou pensar no que não conheço, vou
pensar no “nada”, aliás, não vou pensar, não vou conceituar ou analisar!
Vou paralisar a mente e me transformo num simples observador do quê sou! Quem sou testemunha o quê sou, não o que penso de mim.
Ora, eu só penso no que está registrado no meu banco de dados...
Então, por um momento, eu quero que você pense no
DESCONHECIDO, no que você não conhece... faça esse exercício, e ao mes-
mo tempo, perceba a sensação, as emoções que lhe invadem o Ser.
Esse exercício vai levá-lo à paralisação da mente e, conseqüentemente,
a experimentar uma realidade diferente, um estado de paz lhe invadindo, sua
atenção está livre, não há qualquer análise em andamento embora a inteligên-
cia, a criatividade e a compreensão permaneçam ativas, porém, o processo de
conceituação (análise) da “mente” por um momento pára...
Se você só pensa no conhecido, ao pensar no Desconhecido, sua mente
tem de parar. Ela é movida pela análise de fatos conhecidos, não os havendo,
ela cessa o movimento. Pára.
60
CONHECIDO DESCONHECIDO
Perceba que, mesmo com sua mente paralisada, você continua existin-
do, existindo como testemunha daquele estado de ser imanente. Nesse estado
você existe não “pensando em você”, mas “sentindo você”! A VIDA flui através
de você. Você é esse próprio FLUIR. Sinta-O, sinta-A.
Procure lembrar-se daquele exercício em que pedimos para você pensar
nas coisas que possuímos e nas coisas que queremos ter... para recordar que
todo pensamento traz junto uma emoção.
Nesse exercício de paralisação da mente, você não pensa, por conse-
guinte nenhuma emoção se manifesta, apenas o sentimento de existir, de estar
presente, como ser, como consciência, como testemunha. Daí se conclui que:
EU SOU EU, MEUS PENSAMENTOS NÃO.
Prosseguindo.
A mecânica de funcionamento da mente se desenvolve assim:
Todas as imagens colhidas no mundo material lá fora são parte do meu
banco de dados, da minha memória.
Ao pensar e me identificar com as imagens que presenciei, envolvidas
nelas emergem as emoções correspondentes, minhas alegrias, minhas triste-
zas, conforme minhas crenças e preconceitos já estabelecidos. Até agora, eu
sempre dei crédito àquelas imagens, sofrendo toda sorte de impactos, alegres
ou tristes.
Nesse processo, para eu explicar que só penso no conhecido, eu me co-
loco no aqui e agora, e vou buscar imagens lá no meu passado mais antigo,
quando eu era um rapaz bonitinho....
depois engordei, perdi os cabelos...
61
Ao me recordar de um passado mais próximo, percebo que eu me apre-
sentava muito alegre, um animador de rodadas em bar, um contador de piadas,
era um... palhaço.
E hoje, neste momento, a idéia que faço de mim é a de um palestrante,
de um aluno ensinando a outros, a vocês...
mas vejam que eu só pude pensar naquele bonitinho ou naquele palhaço por-
que a imagem e a história deles estão registradas no meu passado, na minha
memória, por isso eu só penso no conhecido.
Agora eu vou pensar no Desconhecido.
Ao pensar no que não conheço, minha mente pára.
Não estou pensando.
Mas eu continuo a existir?
Sim! Eu continuo a existir.
Eu existo como consciência, como um mero observador do que real-mente sou. Quem sou, observa o quê sou, não o que penso a meu respeito,
não a imagem que faço de mim.
Eu tenho consciência de mim mesmo, de estar aqui e agora. Eu sou
uma testemunha deste momento. Não estou pensando em nada, só existo. Eu
me percebo como sendo a minha própria consciência, consciência do fluir da
vida em mim.
62
Essa entidade em mim sou Eu.
Essa consciência sou Eu.
Este é um estado de ser.
O meu estado de consciência e a vida que flui em mim sou Eu.
Por isso, essa representação do Eu nas fases do pensamento ainda não
havia sido identificada. Aquela presença acima do processo sou Eu.
Durante todo o processo de pensamento eu estava presente, imanente,
porém acima do processo, como testemunha. Porque aquele sou Eu e não
meus pensamentos, sou eu só existindo, só sentindo.
Durante toda a minha vida eu estive ali e não percebia o meu existir, por-
que o raciocínio e os pensamentos sempre impuseram uma imagem, uma con-
clusão sobre o meu eu, como resultado de uma análise em conjunto com meu
passado, com minhas crenças, traumas e conceitos já estabelecidos.
Mas aquela forma de me reconhecer é somente um processo de identifi-
cação, de individualização, é fazer uma idéia de mim mesmo. É só um concei-
to. É um processo que inclui a escolha de adjetivos. É uma ilusão.
Eu tenho consciência da vida fluindo em mim e embora não seja palpá-
vel ela tem substância, essa substância sem um rótulo mental específico é o
nada que percebo ao paralisar a mente, ao pensar no desconhecido. O que eu
sinto é real, o que eu penso não.
Rotular de alegria ou tristeza a vida que flui é fragmentá-la, é dividir a
unidade substancial em certo e errado, bonito e feio, adultério e cortesia, dor,
prazer, pode, não pode... etc.
O processo mental é uma fragmentação complexa do Um. Essa frag-
mentação gera a multiplicidade em que nos inserimos. No processo de criar é
imprescindível o exercício prévio de escolha (o Verbo – faça-se isso ou aquilo)
e escolher é, pois, o processo inteligente e criativo inerente ao próprio ato de
criar.
É como se a laranja num ato de criação escolhesse ser o lado direito de
si mesma, pois assim existiria como individualidade. No entanto essa escolha
63
não altera o seu estado de laranja inteira (a não ser na mente da latanja-meta-
de), nem o estado de oceano em relação à gota que se intitulou individual.
No caso da gota, ela sempre é água, ainda que se adjetive linda, hones-
ta, assassina, rica etc, por isso, o conceito que fragmenta é irreal, é uma ilusão
se confrontada com a sua natureza real de ÁGUA.
Substancialmente nós somos VIDA, assim como a gota é água, o resto é
uma ilusão, conceitos, criações mentais.
Porém, só se vê água a gota que experimentou essa qualidade intrínse-
ca, e no nosso caso, quem percebeu o fluir da vida em si mesmo no momento
que alijou os julgamentos mentais e percebeu o que antes era desconhecido:
VOCÊ, ou como queira, a VIDA.
Assim também, é uma ilusão imaginar o sabor do mel se nunca o expe-
rimentamos. Só a experiência é real. E Eu sou o real que há em mim, minha
experiência. Minha idéia, NÃO!
Minha idéia de mel não tem sabor, a experiência SIM.
Ao me encontrar, sentindo-me como realmente sou, regozijo-me em ver-
dadeira liberdade, porque eu me percebo sem julgamentos, sem preconceitos,
e também aos outros... e às coisas. Vejo o mundo sem preconceitos. D e s a p
e g a d o.
Essa é a busca. A busca de quem eu sou realmente, a minha verdade.
Então, agora que eu me encontrei, eu sei que eu mesmo sou uma ex-
periência, um estado de ser. Eu sou a testemunha, o observador e vida que flui em mim.
O meu pensamento sobre o que eu sou é diferente, obedece a um pro-
cesso de análise e de identificação com o meu passado, sofro o crivo da cren-
ça e valores alheios. Sou bom ou ruim, moral ou imoral.
Mas o meu Eu verdadeiro só existe enquanto experiência. No aqui e
agora. No momento Presente. Não no passado. Não no futuro.
64
Eu sou a minha consciência e sou esse ser que habita em mim, essa es-
sência.
E esse ser é um estado de paz, porque ele não pensa e não tem apegos, é desapegado, um verdadeiro estado de paz. Não é feio nem bo-nito, está em paz. Não é se sentir alegre, é se sentir em êxtase. A alegria é de fora para dentro, alguma coisa lá fora me alegrou, partiu da periferia. O êxtase é uma experiência íntima e personalíssima. Central.
Essa localização, esse encontro e a compreensão dessa realidade, será fundamental para o entendimento e aproveitamento das técnicas que apresentaremos adiante.
65
O MUNDO MATERIAL
OS SENTIDOS
A MEMÓRIA
CONCENTRAÇÃO INTERIORIZADA
O RACIOCÍNIO
A DECISÃO
A AÇÃO
O PENSAMENTO
A TÉCNICA DO PENSAMENTO
Agora que Eu me encontrei, vamos acompanhar novamente o proces-
so mental, sua mecânica, com um diferencial: Eu sou eu, meus pensamentos
não.
Repita comigo: Eu não sou eu.
Eu não sou aquela imagem que o raciocínio fazia de mim. Eu sou um es-
tado de ser e eu sou a testemunha desse acontecimento.
O quê sou eu? A substância imanente.
Quem sou eu? A consciência dessa substância.
Só as formas estão sob metamorfose, em obediência às leis naturais e
imutáveis. O estado absoluto da substância e da consciência são eternamente
puras e originais.
Veja:
OS MEUS PENSAMENTOS ME COLOCAM NO PASSADO;
OS MEUS SENTIDOS ME COLOCAM NO PRESENTE, NO AQUI E AGO-RA.
O pensamento me coloca no passado. Qualquer pensamento me joga
naquele passado, porque o combustível do pensamento são os fatos, os con-
ceitos, os valores e interesses já estabelecidos desde a infância, adquiridos du-
rante nossa experiência de vida.
66
Ao pensar (memorizar) eu trago o passado ao Presente, e o verdadeiro
sofrimento está em me misturar, me deixar influenciar pelo passado e me iden-
tificar com ele, mesmo sendo lembranças e emoções agradáveis, pois, ainda
assim, essa identificação se convola em obstáculo à manifestação genuína da
VIDA.
Os meus sentidos me colocam no presente, neste momento estou no
aqui e agora.
Não há uma maneira de descrever as sensações que envolvem os meus
sentidos se não forem estas daqui, do agora. Escrever, falar, estar sentado, em
pé, o frio que faz, ou calor, o cheiro que permeia este ambiente etc...
Este é o primeiro passo, sem ele não se chega a lugar nenhum.
Então, localize-se através dos sentidos.
Veja as coisas ao seu redor; ouça os sons do ambiente; sinta o cheiro
que impregna o ar que você respira; sinta o seu corpo, os seus movimentos, o
ar, o calor; ao se alimentar, perceba e concentre-se no sabor do alimento. AL-
GUÉM está aí testemunhando, percebendo o mundo material por seus senti-
dos, ele é uma consciência viva, você é o canal da experiência e é a própria
experiência.
A partir dessa nova ótica, desse encontro, nosso próximo passo será
nos situar diante de cada uma das fases do processo metal para analisar o seu
alcance, visando compreender como o processo mental se desenvolverá sob a
visão de um mero espectador, de uma simples e formidável testemunha.
67
O MUNDO MATERIAL
OS SENTIDOS
A MEMÓRIA
CONCENTRAÇÃO INTERIORIZADA
O RACIOCÍNIO
A DECISÃO
A AÇÃO
O PENSAMENTO
1 – O mundo material Quase todas as coisas existentes no mundo ma-terial já são do nosso conhecimento, já temos uma opinião formada (ró-tulo).
O mundo exterior é o que é, não é o que pensamos dele.
O que penso dele, de cada uma de suas múltiplas formas, o rótulo que
lhe dou, concerne à sua utilidade específica, mas em termos de conceito e opi-
nião trata-se de uma ilusão, assim como aquela idéia que fazemos de nós ao
nos individualizarmos (gota, laranja-metade) ou a de nossos amigos. A realida-
de das coisas e das outras pessoas é aquela inerente à consciência momentâ-
nea delas mesmas, assim como a nossa nesse momento nos é peculiar e co-
nhecida.
Os nossos sentidos nos colocam no AGORA, em contato com o mundo
exterior. No mundo interior é o nosso SENTIR que representa a experiência no
momento presente. Com os sentidos eu percebo o mundo exterior, o meu mun-
do interior eu SINTO.
Se, conforme a analogia feita, no mar toda gota ao final se resume em
água, no nosso mundo material, exceto a forma que dá o contorno aos elemen-
tos básicos na natureza, há também uma substância única que os permeia.
68
Porém, essa realidade não prejudica a utilidade que caracteriza e perso-
nifica cada um desses elementos básicos ou os seus ajuntamentos complexos
e que resulta nas pessoas, minerais, plantas, outros animais etc.
2 – Os sentidos Eu só existo aqui e AGORA. Olhos para ver, ouvidos para ouvir. Não analise, veja as coisas na sua originalidade.
Concentração dos sentidos:
Se formos analisar quadro a quadro o uso dos sentidos, sob a ótica anti-
ga (identificação), teríamos a seguinte surpresa:
Ao observar o mundo exterior com o sentido da visão: O Fusca está lá
fora e eu o vejo lá onde ele se encontra; aquela imagem penetra a minha reti-
na; sensibiliza o meu arquivo de dados; excita minha lembrança, o meu passa-
do; o meu raciocínio começa a analisar e me faz recordar aquelas imagens an-
tigas, e, de imediato, me leva a sentir a emoção daquele momento; e eu, como
repositório daquelas cenas e emoções, sofro ou me alegro.
Com os outros sentidos o processo é o mesmo, eu ouço um som que
está lá fora, ele penetra meus ouvidos, o raciocínio analisa... eu sofro ou me
alegro;
Eu sinto o contato de um vento frio, analiso, raciocino, me recordo, e so-
fro ou me alegro;
Aquele sabor que experimento me leva a analisar, recordar, raciocinar,
ficar alegre ou triste.
Eu sinto um cheiro peculiar, analiso, raciocino, recordo, uma emoção me invade, eu sofro ou me alegro.
O que fazer?
Atenção!
Seja em todos os aspectos da vida um observador do mundo exterior: NÃO ANALISE NADA.
69
“Espere sempre que as coisas, os objetos, identifiquem a sua natureza e
a razão do seu existir, porquanto, de quase tudo que existe, neste mundo con-
vencional, já possuímos a sua rotulagem, registrado na nossa MEMÓRIA e,
como tal, apenas estamos observando um fato presente, do qual já tínhamos
tomado conhecimento no PASSADO”.
A chave compreende a concentração e utilização correta dos sentidos, e
a consciência de que a utilização de todo o aparato mental obedece a uma
vontade que é sua, que o controle é seu.
Interrompa aquele longo processo de análise e raciocínio no início.
Veja o mundo exterior lá onde está e, ao desidentificar-se, antecipe-se e
não deixe seus preconceitos agirem ou manifestarem-se sem autorização, sem
o seu crivo de identificação construtiva.
Agora que você se encontrou, adiante-se ao raciocínio e deixe as coi-
sas, os objetos e as pessoas lá fora. Não é lá que elas estão? Deixe-as lá!
“Quando dizemos “vejam” ou “olhem”, não estamos mandando analisar
ou comparar. VEJAM: isto é tudo.”
Se eu me concentrar nos sentidos, eu experimento o AGORA da minha
existência. É o lugar onde estou, o cheiro aqui presente, o sabor do momento,
a minha sensação corporal, todos eles me colocam no AGORA.
Ao me localizar no momento presente eu tenho consciência da substân-
cia que sou eu. Qualquer pensamento me desloca dessa realidade presente e
me submete às emoções e imagens afloradas na minha tela mental, e aí eu já
estou lá no meu passado. Perdi o meu contato com o presente.
Como podemos ver as coisas ou pessoas na sua originalidade?
O Fusca é um veículo e o Estrangeiro é uma pessoa ali, neste momento,
não a sua idéia sobre fusca ou estrangeiros. Você tem que vê-los onde estão e
não fazer uma idéia sobre eles... você deve olhar sem analisar... e só assim po-
derá, realmente, ver.
70
Mesmo concentrado na substância que você é, os sentidos continuam
atuando, pois trata-se de um processo independente de você que tornou-se um
mero espectador. Na verdade, antes, também era assim, mas você se identifi-
cava com o resultado do processo mental e achava que estava escolhendo e
fazendo as coisas que, na verdade, acontecem por si mesmas. Agora, você
apenas observa o funcionamento da máquina humana, morada atual da consci-
ência que você é.
3 – A memória É a nossa base de dados, já está formada e é acres-centada a todo o momento, na medida em que vamos vivendo.
A memória é experiência, conhecimento em potencial.
Desde a concepção ela está sendo impregnada de dados, sensações,
visões, sons, cheiros, sabores, emoções... É esse repertório de memórias con-
jugado às emoções respectivas que atua de modo a perpetuar as experiências
agradáveis e a evitar experiências como o “choque”, o “relacionamento com es-
trangeiros” etc., por meio da sensação de receio, medo etc, que invadem o indi-
víduo em função da diluição de fluídos específicos na corrente sanguínea.
Hoje em especial, com a presente leitura, ela está adquirindo novas in-
formações que podem estar entrando em conflito com as suas crenças já esta-
belecidas, ou não, portanto poderá haver rejeição do presente texto e in-terrupção da leitura, ou não.
O teste aqui é o seguinte, se você está embebido da mesma orientação
deste que vai escrevendo, haverá harmonia na compreensão e uma con-
seqüente validação do texto porque partimos do mesmo pressuposto, da mes-
ma experiência, caso contrário haverá conflito entre o que escrevo e suas cren-
ças, sejam elas lado esquerdo ou lado direito da laranja, pois qualquer dos la-
dos não vê ou não compreende a laranja como um todo, como unidade.
A experiência do Um não admite julgamentos, e por conseguinte, não
valida um pensamento sequer, embora os reconheça como rotulações neces-
sárias à comunicação que, ao final, levará a consciência individual (a minha e a
71
sua) ao reconhecimento desta unidade, assim como a substância (etérea) se
contrapõe à forma (matéria ou mero contorno) e sem a qual não haveria possi-
bilidade de manifestar-se ou de ver-se reconhecida.
4 – A Concentração O ideal é mantê-la sempre ATIVA.
O nosso trabalho começa aqui. Para nos relacionar e viver no mundo
manifesto, no mundo das formas, vamos aprender a utilizar a mecânica da
mente sem perder o foco na substância que somos nós. Partimos sempre do
que é real e nos mantemos apartados, não identificados com os nossos pensa-
mentos, sabendo que eles são apenas instrumentos a nossa disposição, para
utilizarmos na construção de dias melhores.
A concentração é um estado de alerta, de atenção focada. Esse é o ide-
al. Mantê-la sempre ativa. Principalmente porque agora que você se encon-trou, é possível uma concentração livre, onde a escolha não esteja atrelada a
preconceitos ou de outra forma predeterminada, mas em harmonia com a criati-
vidade e inteligência imanente à vida.
Encontrar-se é estabelecer-se acima do processo mental, é manter-se
concentrado a fim de impedir a identificação com qualquer forma de imagens
ou pensamentos, mantendo-os à distância, sabendo que se trata de águas que
se foram e corresponde, simplesmente, a um processo mental do qual você de-
tém o comando.
Resta-nos o domínio sobre o raciocínio, nosso ex-vilão.
Vamos lá!
5 – O raciocínio passa a funcionar, e ao buscar as imagens nós vamos projetá-las para fora, vê-las como ORIGINALMENTE as vimos Lá fora! ...
É trazer o Passado ao Presente sabendo que é PASSADO e não se dei-xar influenciar por ele. É ficar à distância.
72
Quando eu presenciei a cena do Fusca do meu pai, o Fuscão 1500, eu
me encontrava na janela da casa onde morava e o fusca estava lá... lá fora.
Lembro-me como se fosse hoje.
Essa lembrança está armazenada aqui no meu arquivo de dados, na mi-
nha memória. Esse fato ocorreu em 1970. Até hoje eu me recordo e sempre
me vem uma sensação alegre, como fora antes, naquela data, em 1970.
Mas lembrar dessa cena aqui dentro da minha cachola não é lembrar
como originalmente eu vi.
Quando eu vi pela primeira vez, o Fusca estava lá fora.
E agora, o exercício é este:
Colocar a imagem lá fora, como originalmente eu presenciei;
então eu projeto a imagem para fora, como se fosse numa tela, mas lá fora.
Vocês já perceberam que quando eu elaboro os pensamentos interna-mente, as emoções e os sentimentos da época também se manifestam e eu
fico alegre ou triste, dependendo da recordação.
73
ORIGINALMENTE
1970
HOJE
EXERCÍCIO
COLOCAR AS IMA-GENS COMO ORIGI-NALMENTE CAPTA-
MOS
LÁ FORA!
Mas quando eu projeto as imagens para fora, como se elas emanassem
do centro de minha testa, as emoções não acompanham, os conceitos e os
preconceitos não interferem na minha recordação, no meu pensamento.
Aquela força inconsciente que direcionava de forma oculta as minhas
decisões, não acompanha a exposição lá fora.
Dessa forma, você se desvincula da emoção e o pensamento se apre-
senta livre das crenças e forças inconscientes, de aceitação ou negação – não
há produção ou derramamento de fluidos.
É só projetar o pensamento lá fora, como originalmente você viu.
Então eu quero que você pratique este exercício:
Lembre-se de uma cena comovente de sua vida, de preferência muito
triste ou muito angustiante, e perceba o sentimento que lhe invade o ser (...).
Depois se lembre da mesma cena, mas como originalmente você a viu,
ou seja, acontecendo lá fora... como se estivesse sendo projetada numa tela à
sua frente, a um metro ou mais, e perceba que as cenas estando lá fora não
evocam as emoções de outrora.
Estando lá fora, a cena pode ser a real ou aquela construída, aquela em que
você participa de corpo inteiro... lembra?
Veja que o sentimento se apartou das imagens e você não sofre com a
lembrança ruim, nem tampouco se alegra com a lembrança feliz, se você não
quiser.
Para complementar, lembre-se do seu último domingo, mas projete as
imagens lá fora, como originalmente você viu e presenciou aquelas cenas.
Todas elas se desenrolaram fora de você, nenhuma delas poderia se re-
alizar dentro da sua cabeça.
74
Então, ao buscar as imagens no seu passado próximo e projetá-las lá
fora, você saberá que é passado, você não mais se mistura com aquelas ima-
gens, nem se deixa influenciar pelas emoções que essas imagens faziam aflo-
rar e esses sentimentos agora não vão mais envolver seus pensamentos ou di-
recionar suas decisões, enquanto estiverem lá fora.
Eis aqui o seu primeiro progresso e que corresponde a se colocar do
lado de fora da jaula, estrategicamente inacessível ao leão.
Os seus preconceitos e traumas não vão mais influenciar na análise das imagens mentais. Você se coloca fora das suas imposições e influên-cias...
ANTES AGORA
LÁ FORA!!!!!
6 – Com as imagens lá fora, eu consigo DECIDIR sem o peso do precon-ceito, eu me desapego e posso perceber o que é construtivo ou não.
Sendo CONSTRUTIVO, eu dou CRÉDITO e deixo a imagem rolar;
não sendo NÃO DOU CRÉDITO e a imagem SE ESVAI...
Se for construtivo continuar aquele curso de informática, eu poderei deci-
dir por continuar sem dar ouvidos àquele eco da voz professoral “Você nunca
vai conseguir aprender alguma coisa na vida!!", esse eco em forma de emoção
inconsciente que sempre me fazia “optar” por desistir.
Lá fora o estrangeiro é só um Estrangeiro, uma pessoa de outro país, di-
ferente, e exatamente nas suas diferenças podem estar suas qualidades.
O Fusca é só um veículo antigo...
75
Eu não me envolvo emocionalmente com nenhum deles... nem com
aquele que me trazia alegria ou com aquele que me trazia tristeza.
Esse desvinculamento é fundamental para você conseguir discernir o
que é construtivo do que não é, porque vimos que sob os efeitos da emoção
pode-se até justificar o ato de matar alguém numa inversão, e continuarmos a
nos ver como inocentes.
Mas agora que nos encontramos, nós ocupamos um espaço acima de
todo esse processo, vamos ver o processamento mental com controle, de ca-
marote, intactos.
Existimos como testemunha desse processo e agora temos o comando
sobre os pensamentos, então, na medida em que esses pensamentos, essas
imagens emergem eu as coloco lá fora... e sou capaz de reconhecê-lo como
construtivo ou não, porque está assentado em um desejo que é identificado e
avaliado tomando como parâmetro a substância de que agora sou teste-munha... sendo CONSTRUTIVO eu deixo a imagem rolar, o raciocínio, a deci-
são, o pensamento e a ação.
Se não for construtivo eu não dou crédito para aquela imagem e ela se
esvai...
O que é “não dar crédito”?
É não dar força, é tirar a energia, o interesse, não se envolver, desacre-
ditar... e a imagem perde sua força, sua razão de existir, que era a sua pró-
pria aceitação e identificação.
Sua vontade é que permite, ao final, a sua ação... e fazer será um exer-
cício de liberdade somente se as imagens estiverem lá fora sem influência das
emoções, das suas crenças... porque se você cair no raciocínio antigo, se colo-
cando no meio dos pensamentos, você deixa de ser você, a sua consciência,
de reconhecer-se como essência e passa a ser o próprio raciocínio... você vai
ser o resultado de uma análise... a conclusão que o raciocínio fizer de você na-
76
quele momento, mas lembre-se, nesse caso, suas conclusões estarão impreg-
nadas de valores inconscientes... o machismo, a religião, as crenças.
No entanto, com essa técnica de colocar as imagens lá fora, você se lo-
caliza e está acima de todo o processo de formação das imagens, observando,
controlando, dando energia ou não aos novos pensamentos que se formam...
essa deliberação é sua.
Esse é o nosso poder.
Nossa força.
Nossa vontade.
Nossa liberdade.
O pensamento vem vindo e você se pergunta... ôpa, ôpa!
É construtivo para mim e para os outros ou não?
Se você estiver atento e concentrado poderá perceber aquela orientação
superior que dá equilíbrio na natureza, poderá se intuir daquela compreensão,
daquela sabedoria, nesse estado sabemos o que é construtivo, quando isola-
mos o interesse e estamos desapegados, nós sabemos, nossa consciência li-vre sabe porque está entremeada à substância, à vida.
Se a imagem estiver desvinculada dos preconceitos, das emoções, lá
fora (porque lá dentro sou inconsciente, já tenho opinião formada, opinião que
não é minha), e se for construtiva eu deixo rolar... se não, não dou crédito, não
demonstro interesse e esses pensamentos indesejáveis se desvanecem.
Com as crenças atuando não há livre-arbítrio. Livre-se delas e experi-
mentará a liberdade de decisão, de pensar, de fazer, de ser e poderá viver em
liberdade.
Então :
EIS AÍ O PODER! EIS AÍ A SUA LIBERDADE! EIS AÍ O LIVRE ARBÍTRIO!
77
EIS AÍ O PENSAMENTO PRÓPRIO!!!!
Agora é você quem escolhe.
Antes eram as crenças e os preconceitos que determinavam o seu rela-
cionamento com o Estrangeiro e com as demais pessoas...
Antes você era feliz, ou triste, com qualquer lembrança... agora você fil-
tra os pensamentos que você quer recordar ou não... os desejos que você quer
ver realizados ou não...
Então agora, ao ser perguntado sobre o Estrangeiro, você dirá... não sei!
Não tenho um conceito formado, sei apenas que é humano e por isso
deve haver uma contraparte minha, do que sou, nele; é do sexo masculino ou
feminino; branco ou negro... e somente depois de um relacionamento é que te-
rei uma opinião específica sobre aquela pessoa.
É claro, nesse mundo cão, a fé cega não é melhor companhia que o
olho desconfiado. Quer dizer, os registros no meu banco de dados podem e de-
vem ser utilizados também como parâmetro, mas não como diretriz irrefutável
nas decisões que devo tomar. Há uma grande diferença em utilizar com inteli-
gência os conhecimentos e experiências do meu passado e ser manipulado por
aquelas emoções, conceitos e preconceitos.
Então agora eu decido.
E ao me aproximar do Estrangeiro pode acontecer que ele venha a se
tornar o meu melhor amigo e ser o trampolim para minha felicidade, meu su-
cesso... porque poderemos crescer juntos, construindo um mundo melhor para
nós e para os outros.
• O que aconteceu?
• Eu mudei minha vida. Então, poder escolher o que quero fazer, direcionar
minha vida para o construtivo é uma liberdade que eu posso experimentar.
Qual a finalidade deste curso?
78
Colocar você em contato com essa consciência, esse estado de ser, essa
testemunha que é você mesmo, o seu EU SUPERIOR.
E como você se coloca ali, acima do processo de pensamento?
Com o exercício do DESCONHECIDO, mantendo as coisas lá fora e pro-jetando a sua frente todas as imagens (concentração externa) você se en-
contra, você se percebe ali no agora da sua existência.
E qual é mesmo a técnica para pensar, trazendo o passado ao presente
sem se misturar com ele, se desvinculando dos preconceitos, emoções e trau-
mas?
Colocando as imagens lá fora, como originalmente as captamos, ou, sendo
percebidas se desenvolvendo numa tela lá fora, como se fossem projetadas a
partir do centro da nossa testa.
Qual o resultado?
Você, do seu canto de paz, dá crédito somente aos pensamentos que fo-
rem construtivos para você e para as outras pessoas; você adquire esse poder
de escolha e tem domínio sobre a sua vida.
Por que isso é possível?
Porque eu sou eu, os meus pensamentos não.
Eu existo apartado deles, lá no meu canto, acima do processo de pensa-
mento, ocupando o trono que é meu e não do raciocínio.
Porque o meu trono me foi restabelecido e agora eu exerço o meu reina-
do.
Eu sou eu, meus pensamentos não!
Essa é a parte essencial da técnica que você deve utilizar, aprender,
compreender, realizar...
79
7 - Escolhendo somente o que for construtivo para mim e para os ou-tros, eu transformo a minha vida, eu me transformo. Esse é o meu reina-do e assumo o trono que é meu.
Fazendo o que for construtivo para mim e para os outros o dia inteiro, ao
final do dia terei um dia construtivo, ao final dos meus dias, uma vida construti-
va. Essa relação também é direta, matemática.
Quando me encontro e me coloco acima desse processo de pensamen-
to, eu assumo o meu trono.
Por isso, agora sou livre.
Agora, e somente agora, eu sou uma realidade nesse processo de exis-
tir, de ser e fazer.
Antes, eu estava eclipsado pelo raciocínio que vivia fazendo uma ima-
gem de mim com os conceitos dos outros, quando eu mesmo estava ausente
nas decisões, mas sofrendo as conseqüências de todos os atos... de todas as
lembranças.
Agora não, com as imagens lá fora, o pensamento se desenrola sob o
meu critério, sob o meu comando, ele é meu escravo, eu sou o senhor.
O RACIOCÍNIO PASSA A SER O MEU SUBORDINADO SUA FUNÇÃO: SERVIR.
Veja que a técnica acima permite você identificar os fatos na sua origina-
lidade, na sua neutralidade e daí, desencadear um processo de escolha sem
as crenças de outrora.
TODO FATO É NEUTRO. Lembra?
80
Se aquela pessoa foi flagrada com outro, a colheita dos frutos daquele
ato, enquanto traição da confiança, será dela e repercutirá diretamente na vida
dela também.
Uma conseqüência de experimentar o seu Eu verdadeiro é o amor-pró-
prio. Você reconhece em você uma consciência amorosa. Aquela testemunha é
um ser amoroso. É o próprio amor.
Ser amado não é mais uma necessidade. Você experimenta o amor em si mesmo. Você se ama.
Se aquela pessoa o traiu, ela não merece a sua confiança. Só isso.
No mundo há outras pessoas que vão te respeitar e merecer o seu
amor.
Você se respeita. Esse é o seu prêmio.
Ninguém rouba um amor que é seu, que vive em você. Esse é, sem dúvida, fiel.
O cigarro não precisa ser fumado, o copo não precisa ser entornado, a
droga não precisa ser consumida, o gatilho não precisa ser puxado... todas são
opções não construtivas. Antes daquele impulso se converter em ação, já se
desvaneceu porque eu não dei crédito.
Minha angústia, eu procuro resolver encarando os fatos passados como
águas que se foram, modificando a sua compreensão porque eu reconheço em
mim a existência de um ser totalmente em paz, amoroso e capaz de perdoar,
se for necessário.
Agora eu não preciso de uma superestrutura psicológica porque reco-
nheço que todas aquelas lembranças são “passado”, são águas que não vol-
tam mais. Ao me recordar delas colocando as imagens lá fora elas não me le-
vam ao desespero nem me fazem sofrer, eis que a possibilidade de dias ventu-
rosos é real e o controle está em minhas mãos.
E se agora, ao perceber efetiva participação no contexto da minha pró-
pria vida, eu me valorizo, experimento aceitação em mim mesmo e só vou es-
81
colher o construtivo para mim e para os outros, uma vez que a Vida é uma rea-
lidade intrínseca a todos nós.
Dessa perspectiva prevejo que o maior ato do ser humano, o estágio
mais avançado da evolução humana, o seu ápice, será o exercício contínuo do
PERDÃO, a si mesmo e aos outros. Pois é sabedoria também.
Quer fazer justiça? Primeiro, perdoe. Depois resolva o que fazer. Só assim seus atos poderão ser inteligentes porque isentos da ira.
O que está feito está feito, é passado, você escolhe sofrer com ele ou
não... plantar somente o construtivo ou arriscar uma pequena miséria... é nessa
encruzilhada que você agora se encontra.
A pergunta que se faz é:
Para quê então o raciocínio, essa idéia de eu, do ego, minha auto-ima-
gem, a construção dessa personalidade moldada a trancos e barrancos?
É para que Eu, o meu Ser verdadeiro, possa fazer uso desse raciocínio
e não o contrário, quando me submetia aos seus caprichos, a todos os seus
desejos e preconceitos.
Agora Eu uso a minha sexualidade, os meus instintos, a minha arte, o
meu trabalho, os meus sentimentos, a minha experiência e não sou usado pe-
los desejos materiais, do corpo ou suas derivações conhecidas como “peca-
dos”.
Essas são leis que regem o mundo material e a busca do homem. O
nosso trabalho, portanto, é desvencilhar-nos dos efeitos dessas leis usando as
superiores contra as inferiores.
O princípio de causa e efeito é facilmente compreendido, inclusive seus
reflexos no nosso dia-a-dia, cuja notoriedade é cantada em versos e prosa:
“quem semeia vento, colhe sempre tempestade”. Contudo, parece-nos difícil
respeitar o próximo e a nós mesmos quando não avistamos tempestades no
horizonte. Mas ela virá se não houve respeito. É a Lei. E as tempestades al-
82
cançarão outros, além daqueles que a produziram. Converter, pois, as tem-pestades que nos alcançam em salvamento é o início de uma transmuta-ção pessoal que nos trará compreensão e abrigo seguro.
Preciso, de verdade, é voltar a ser livre, porque a liberdade é o objetivo
do homem e o fim buscado pela própria evolução da natureza, ou seja, voltar à
liberdade que a tudo deu início.
O ego, a personalidade imaginada, terá que ceder lugar a esse novo ser.
Ao Rei. Por isso dizemos que o raciocínio passa a ser o meu subordinado. Ele
está aí e é muito esperto, é inteligente, ele usa os desejos do corpo, dos instin-
tos, para submeter-nos aos seus caprichos e voltar ao domínio. Cuidado!
Ele é muito sutil. Ele que exercia uma autonomia no processo de pensa-
mento, desde a visão dos fatos; ele que era soberano nas conclusões, agora
terá que se submeter à minha vontade. Porque agora Eu me encontrei.
Eu estive oculto por muito tempo, com uma participação apenas intuitiva,
mas agora não, eu exerço o meu domínio.
Eu existo, eu me sinto e me experimento como uma realidade, como
uma consciência e me estabeleço no eterno presente. AQUI e AGORA.
Agora, essas novas ações partem de uma deliberação que é somen-te minha, permitindo que eu viva uma nova vida, e essa minha nova vida SOU EU.
Eu sou eu, sou minha vida, meus pensamentos não.
SÃO MINHAS AÇÕES CONSTRUTIVAS QUE PERMITEM MINHA NOVA VIDA, QUE SOU EU, PORQUE AO ESCOLHER EU NÃO SOFRO mais a INFLUÊNCIA DA MINHA EMOÇÃO.
Perceba que em razão da rapidez do processamento, com a técnica
apresentada, você só não experimenta emoção nenhuma por um breve instan-
83
te, porque ao decidir pelo construtivo, aí sim, a emoção se justifica e você pode
ser feliz.
A emoção continua e permanecerá atuante nos seus pensamentos e
suas ações, mas somente depois da filtragem que você controla e que você
agora domina.
Ao exercitar minhas ações, ao permitir que o construtivo se desenvolva no meu dia-a-dia, aí sim, JUSTIFICA-SE A MINHA EMOÇÃO, A MINHA ENERGIA E, ASSIM, posso ser verdadeiramente FELIZ.
Por isso, vale a pena fornecer energia minha nesse processo, pois o
construtivo começa a trazer frutos proporcionais.
E só me farão feliz as ações que forem construtivas para mim e para os
outros, senão estarei plantando a semente do medo, da violência, da miséria,
da fome e da dor no meu próprio quintal... se eu e todos os demais estivermos
bem, tudo estará bem, a felicidade será coletiva também... se não posso mudar
o mundo inteiro, mudando o meu mundo, o mundo ao meu redor será melhor...
a coletividade mais próxima será contagiada pela minha realização e alegria.
“Se queres mudar o mundo, mude você primeiro.”
TUDO PARTE DE MIM!
O sim e o não partem de mim.
Eu permito, ou não.
Esse é o meu poder, essa é a minha vontade.
Minha vontade é uma comporta de energia, cujo comando está sob o
meu domínio.
Esse domínio é que permite o meu equilíbrio.
84
Pensamento é energia, nasce de uma vontade, de um desejo.
De cima, de onde me encontro agora, eu controlo a comporta que libera
a energia que promove e possibilita a formação de pensamentos. Ao primeiro
sinal de um desejo, de um pensamento, eu estarei atento (concentrado) para
filtrar o que é construtivo do que não é.
Se o meu desejo se esteia no construtivo eu dou energia, eu abro as
comportas e permito o desenrolar do raciocínio, dos pensamentos; se não, eu
não libero a comporta, eu estanco a energia, o meu interesse, não dou crédito
e aquele desejo se esvai...
Ora, ou eu desejo ou não desejo.
Mas o processo de desejar, pensar, raciocinar, é tão rápido que exige
uma atenção constante, até nos habituarmos, até sobrepormos esse novo hábi-
to àquele de 20, 30, 40 anos.
Antes de se decidir, dedique maior atenção à fase preliminar. Localize e
filtre o desejo e o pensamento na sua origem.
A VONTADE é uma energia que gera os pensamentos que Eu prendo e solto.
Qualquer outro pensamento que não se origina na minha vontade, EU NEGO!
O desejo é inerente ao Ser e é energia também. Energia criativa. A von-
tade é o controle dessa energia. O meu domínio está no exercício da vontade,
no controle da energia.
Quando o pensamento se inicia, eu imediatamente questiono:
– É meu este pensamento, é um pensamento próprio ou de terceiros?
Se for próprio, é construtivo.
Se for de terceiro, tem razão de ser?
É construtivo?
85
Não é um pensamento vago querendo vazar ao meu crivo?
Filtrado o pensamento, eu dou energia ou não, aceito ou nego.
Preste atenção em que “estar vivo”, é estar alerta, CONCENTRADO.
Temos de estar atentos aos nossos pensamentos e sentimentos.
Os pensamentos destrutivos estão à nossa volta, pois o impulso para
empreendê-los existe na proporção dos acontecimentos mal resolvidos da nos-
sa experiência passada, do nosso passado mais próximo ou mais distante. Te-
mos de interceptá-los antes de se convolarem em ação.
Assim que você perceba algum pensamento que lhe impregna de um
sentimento indesejável, desvencilhe-se colocando-o lá fora, decifre-o, procu-
re compreender a sua base de existência, suas razões, e daí... primeiro, reco-
nheça que eles são águas passadas, eles não são você, e depois, que eles es-
tão sob o seu comando já que convertê-los em ação é um critério seu, é uma
decisão sua, e assim, decida-se pelo CONSTRUTIVO, ou seja, por aquela mi-
séria, por aquela semente de abrolhos, NÃO!
Não dê crédito, despreze-o, desenergize-o e... adeus sementinha, adeus
plantinha, ADEUS FRUTOS MAUS.
DAÍ POR DIANTE EU PASSO A CRIAR MEU DIA-A-DIA, a ter confiança, E A CRIAR O MEU SUCESSO!
O meu dia-a-dia agora será 100% (cem por cento) construtivo se eu con-
seguir me estabelecer naquele espaço de paz, na pedra de canto, naquele es-
tado de consciência, percebendo o fluir incessante da vida em primeiro lugar.
Realmente, não é fácil estar ali 24 horas, mas se estabeleça ao menos
nos momentos importantes de sua vida, de cada dia. Só vivemos um momento
de cada vez.
86
Concentre-se nos momentos das decisões importantes, se você fizer o
exercício recomendado e principalmente depois de certa prática, tudo será
mais fácil e você vai se estabelecendo com o tempo.
Então, paciência!
O primeiro passo você já conhece, não precisa se desesperar, há uma
saída, por maior que seja o conflito.
Quem virá ao seu encontro, em seu auxílio, é você mesmo, o seu EU
VERDADEIRO.
“Você é aquele a quem você sempre rezou.”
Ao exercitar o seu poder, colocando-se acima desse processo de pensa-
mento, você passa a identificar melhor o que quer, que decisões tomar, e pas-
sa a criar construtivamente os seus afazeres, passando a ter mais confiança
em si mesmo, porque mesmo não alcançando o objetivo naquela ocasião, o
passo foi dado, e como foi construtivo, não haverá conseqüência indesejável, e
você não se preocupa mais com a opinião alheia, com as crenças da socieda-
de e seus preconceitos.
Você vai procurar sintonizar-se com aquela orientação que a tudo se im-
pregna, que dá equilíbrio à natureza e, sendo você parte dela, também viverá
em equilíbrio. É só isso.
Por isso, agora você tem sucesso pessoal, experimenta uma paz de
espírito e é feliz.
Mas para o sucesso material, qual é o primeiro passo?
Assim como aquela semente de feijão que foi jogada à terra e logo co-
meçará a germinar, os seus atos construtivos também.
Lembra?
87
Quem planta, colhe.
Veja bem, o sucesso é uma conseqüência dos seus atos. Quanto mais
estratégias, mais você tem possibilidades de alcançar seus objetivos e de ter
sucesso. Por isso, não despreze suas experiências, renove-as, diversifique-as
e utilize-as com a inteligência que é inerente à Vida e peculiar a todos nós.
Outrora, muitas vezes as estratégias não puderam ser implementadas
na sua vida em razão das suas crenças pré-estabelecidas, das suas emoções
inconscientes.
Aquele Estrangeiro que lhe causava receio, em razão da emoção que
lhe impedia de manter um relacionamento, agora pode ser o trampolim para o
seu sucesso.
A sua oportunidade.
Pois ele poderá ser a pessoa que influenciará uma série de aconteci-
mentos que virão a impulsionar o seu negócio.
Mas, antes, as suas emoções eram contraditórias, lhe fez cego, embora
de olhos abertos.
O coração tinha razões que a mente desconhecia.
E agora?
Agora, com a sua liberdade de escolha, sem dar ouvidos às razões des-
conhecidas, você vai poder implementar as estratégias disponíveis e alcançar o
sucesso que é seu.
88
QUADRO RESUMO
Como começamos?
Você se coloca no meio.
Sofre as influências dos pensamentos, das recordações, da emoções in-
conscientes... alegria ... tristeza...alegria... tristeza... tristeza...
Agora, eu fico acima desse processo e não no meio.
89
DESCONHECIDO
CONCENTRAÇÃO EXTERIORCONCENTRAÇÃO EXTERIOR
Projetar lá fora!Projetar lá fora!
Como originalmente captamos.Como originalmente captamos.
Tudo está fora de nós.Tudo está fora de nós.
Estado de desapego.Estado de desapego.
Silêncio absoluto.Silêncio absoluto.
EU IMPESSOAL!EU IMPESSOAL!
SUA CONSCIÊNCIA!!!SUA CONSCIÊNCIA!!!
V O C Ê !V O C Ê !
DiaDia--aa--dia dia –– toda hora...toda hora...
Lugar reservado.Lugar reservado.
Antes...Antes...
Agora, eu filtro os pensamentos na sua origem, porque estou fora do
processo, imune às emoções porque coloquei as imagens lá fora. Só deixo va-
zar a energia geradora de desejos e de pensamentos, que representam a mi-
nha vontade, se aquele desejo, que pode desencadear pensamentos e ações,
for CONSTRUTIVO.
Se não for construtivo eu não dou energia, eu exerço minha vontade blo-
queando aquela energia, não me interessando, não dou crédito e o desejo se
esvai, o pensamento também.
POR ISSO DISSEMOS NO INÍCIO: “Onde há perigo, há também sal-
vamento crescente.” Qualquer que seja o acontecimento ou tragédia, sempre
será uma oportunidade de construção, pois se tudo está muito bem, pouco se
pode fazer, mais se as coisas vão mal, é grande a possibilidade de o construti-
vo ser implementado.
Toda situação apresenta uma opção construtiva se você não estiver
apegado. Sem desejo não há miséria, o que oportuniza o exercício da razão.
Você vivia com medo, com ansiedade.
Agora você vive em paz, sem alegria, sem tristeza, mas somente até de-
cidir por aquilo que lhe fará feliz... a você e aos outros. Depois, é curtir essa vida material também.
Basta você paralisar a mente pensando no Desconhecido, ou ignorando
todos os desejos e seus pensamentos correspondentes, que você entra num
mundo de paz.
Paz é uma experiência interna, é um êxtase.
Alegria, felicidade, são conseqüências dos acontecimentos no mundo
exterior.
Decidindo-se pelo construtivo e realizando o construtivo, você está ge-
rando harmonia e colherá belos frutos no seu quintal.
90
Uma palavrinha sobre a CONCENTRAÇÃO EXTERIOR:
Qual é a técnica de concentração correta?
Seja em todos os aspectos da vida um observador do mundo exterior.
NÃO ANALISE NADA.
“Espere sempre que as coisas, os objetos, identifiquem a sua natureza e a razão do seu existir, porquanto, de quase tudo que existe, neste mundo con-vencional, já possuímos a sua rotulagem, registrado na nossa MEMÓRIA e, como tal, apenas estamos observando um fato presente, do qual já tínhamos tomado conhecimento no PASSADO”.
TUDO ESTÁ FORA DE NÓS!
Onde você estiver, veja (sinta, ouça...) as coisas ao seu redor na sua ori-
ginalidade, lá onde estão!
Onde você estiver, ao buscar imagens no seu passado projete-as lá fora,
não se misture. Cuidado!
O que é estar no Agora da sua existência?
É não estar no passado, é não estar no futuro.
Os sentidos lhe colocam no presente. No agora.
O verbo do presente é “SENTIR”, e não “PENSAR”.
A compreensão do AGORA é como a experiência do mel, só conhece o
sabor quem experimentou.
Não analise e esteja concentrado. Paralise a mente. Entre no Desconhe-
cido. Se algo inusitado lhe permeia o Ser, provavelmente é o novo batendo à
sua porta.
Tudo bem que você é somente uma gota no oceano. Mas estar no agora
é experimentar e compreender o que o oceano é, ainda que seu contorno indi-
vidual (forma) pareça reduzi-lo a uma pequena gota.
91
Isso é muito bonito, mas, e amanhã?
O que devo fazer?
Primeiro, calma! Concentração e percepção da sua realidade interna é
fundamental.
Compreenda as exposições, faça os exercícios. Principalmente, coloque
uma atenção especial nos seus pensamentos diários, aperceba-se dos senti-
mentos que o acompanham.
Procure identificá-los: P.P.?, P.T.? ou P.V.? e aí, filtre!
Não tenha medo. Deparamo-nos a todo o momento com sentimentos
mesquinhos, nossos e das outras pessoas.
Seu poder é limitado. Mágica não existe. Você pode controlar somente
os seus desejos. Mas é o que importa. O mundo é o que você pensa dele.
Ser humilde quer dizer ter coragem de reconhecer suas misérias e estu-
pidez.
Nos momentos apropriados, concentre-se no Agora, entre no Desconhe-
cido. Bastam as emanações de calor da fagulha do amor, da VIDA.
Apenas o seu vislumbre já lhe dá a certeza, a convicção de que o cami-
nho é este, a conquista da alma. Do seu Eu verdadeiro.
“De que adianta ganhar o mundo inteiro se vieres a perder a sua alma?”
Uma outra técnica para paralisar a mente:
Tudo está fora de nós. Qualquer pensamento que vier, construtivo ou não, será colocado lá fora, nós não vamos dar crédito, vem outro e não da-
mos crédito, logo vem outro e nós não damos crédito... até que eles cessam e
entramos naquele estado de ser, de consciência, de desapego, estabelecidos
ali no momento presente.
Agora que você se encontrou e sabe o seu lugar, você é indiferente
aos reclames dos desejos desequilibrados e as emoções não lhe atingem, você
está em paz.
92
Vivencia um estado superior, no “andar de cima”.
Ao se estabelecer ali por um instante só, e agora falo por mim: quando
tenho uma experiência de aproximação da fagulha, ou apenas lembro como
foi... é só lembrar e volto à situação novamente, não é tão forte mas é suficien-
te...
Ao se estabelecer ali por um instante só, será o bastante para acreditar
naquela luz que se vê ao final do túnel (essa luz traduz-se mais em presença
do que em claridade)... Ela é o seu Eu verdadeiro. Ainda que caminhe no escu-
ro, agora uma luz tênue lhe indica o caminho, a direção, o seu Norte, e você
não vive mais “desnorteado”.
Nós estamos tão habituados a ficar no meio, sofrendo o impacto de toda
sorte de emoções, que até nos parece agradável aquela situação.
Por comodidade, às vezes, as pessoas optam por permanecer em suas
misérias, ao invés de se desinstalarem e a buscarem sua liberdade, um estado
superior de existência... onde você é alguém realmente, onde você se encontra
com a realidade mais fundamental, com a sua essência, com o eterno presen-
te.
Porém, mesmo tendo a experiência, muito provavelmente nós não va-
mos estar estabelecidos ali indefinidamente (ainda que seja o ideal), por isso
temos de ir nos moldando por semelhança àquele ser, àquele estado de ser
alcançado com a experiência no Desconhecido; então, passamos a atuar no
cotidiano por imitação, e nesse caso, a orientação mais prática e objetiva é: Fa-zer somente o que for construtivo, para nós e para os outros.
“Nada é mais simples e nada é mais difícil. Tudo está dentro de você, se
você olhar e não tiver medo.”
A dificuldade está em que na lógica também há interesse e o interesse
mascara a identificação do puramente construtivo. Se eu “quero”, tudo se justi-
fica.
93
Portanto, adentre-se ao estado de desapego: - Não analise o mundo exterior, projete seus pensamentos lá fora, não se envolva e decida-se pelo que você, naquele estado, identificar como construtivo.
Mas é preciso persistir na atenção, na concentração, porque continuar
onde se está é muito mais fácil.
Só não podemos reclamar depois...
Outro exercício:
Procure um lugar reservado e prolongue o exercício de entrar no Desco-
nhecido. Assim, você estabelece contato com esse ser livre, essa paz, esse ser
desapegado e se reabastece de convicções construtivas, eliminando os ele-
mentos indesejáveis.
Ao pensar no Desconhecido, sua mente paralisa, e o que restou?
Resta você!
O estado de consciência de um fluir ininterrupto.
Ali não se pensa.
Experimenta-se a existência em si, como ela é.
E ela é a sua vida.
Naquele momento, você apenas É. Não há conceito, opiniões alheias, pensamentos de terceiros ou vagos,
só há o silêncio absoluto.
Um nada substancioso, que apesar de não existir no mundo material, É.
E é um estado de paz.
Uma consciência de paz.
94
Quando você estava no meio das emoções, sofrendo as descargas dos
mais variados tipos de pensamento, a todo o momento você se definia e con-
cluía ser às vezes bom, às vezes ruim, às vezes alegre, às vezes triste.
Mas agora você não chega a conclusão nenhuma, você apenas É.
A sensação que você experimenta é a de um EU IMPESSOAL. Aquele
outro era resultado de uma análise, do raciocínio, com base no seu passado,
este agora é o Infundado. O qual não tem conceito ou fundamento, é apenas
uma experiência. Um sentir. Mas ele é super, supersubstancioso.
Tente, experimente, tente mais uma vez, você consegue.
Tendo ouvido sempre, nunca entendi, mas ali você vai sentir e compre-
ender porque todos nós somos irmãos.
Aquela é a nossa metade igual, a nossa essência.
Ali não sou eu, é uma união com o todo. Deixo de me ver como indiví-
duo, como gomo daquela metade da laranja, para me perceber laranja inteira,
deixo de me ver gota, para me sentir oceano. Eu sou, você é, o todo somos
nós.
Esse todo é você. A minha metade igual em você sou eu também.
É a vida.
É a sua vida.
A nossa vida.
É o momento presente sendo reconhecido, vivenciado.
95
MEDITAÇÃO
Até agora estudamos os métodos de nos relacionarmos com o mundo
material, com o mundo objetivo.
Nos momentos mais tranqüilos em que estamos a sós, poderemos apro-
fundar nessa experiência de meditação com os exercícios recomendados.
Vamos paralisar a mente e vamos nos estabelecer naquele mundo de
paz por um período mais prolongado e colher seus frutos. A compreensão que
o referido estado nos proporciona.
O exercício é o mesmo do quadro resumo apresentado em linhas volvi-
das. A oportunidade é que é outra e será mais bem aproveitada porquanto os
benefícios serão mais intensos, com um aprofundamento da experiência.
Essa é a manifestação subjetiva da mente.
É a nossa introspecção no mundo de paz e a nossa experiência do mo-
mento presente.
96
DESCONHECIDOEU IMPESSOAL
É a experiência no mundo imaterial.
Mundo autônomo e diverso do material.
Um é apegado e tem base no desejo, no raciocínio; o outro é desapega-
do e tem base na paz, no silêncio.
Eu existo naquele estado imaterial e me manifesto nesse material.
Viver é ter 50% de presença em cada estado, uma existência mes-clada e em perfeita harmonia onde, nada obstante, prevaleçam como ori-entação os mais altos ideais de construção, inteligência e criatividade.
Os dois estados, esse e aquele – imaterial e material, só existem no mo-
mento presente, no eterno presente.
Meditar é vivenciar esse silêncio absoluto que habita o nosso mais ínti-
mo ser.
Mas, vejam bem, no momento de decidir para a ação verifico que aquilo
que é construtivo para mim pode não ser para o outro.
Assim, o respeito ao próximo ainda continua sendo a máxima indecliná-
vel do ser.
Veja que a orientação inerente ao ser e à natureza é o amor e só o amor
constrói. Então, sem medo de errar, eu repetiria as palavras do professor Lar-
rea: “A CURA É UM ATO DE AMOR”.
Mas,o que é o amor?
Amor é o que você experimenta naquele estado de ser, aquela consciên-
cia testemunha o ser amoroso que você é, por isso ao ouvi-la, ao se intuir des-
se sentimento e seguir afinado com ele seus atos serão, sem dúvida,
CONSTRUTIVOS, completamente amorosos.
Eis aí uma vida dedicada ao amor: VOCÊ!
Então, qual o objetivo deste curso?
É que você comece a pensar e agir com amor.
97
Que você seja amoroso.
Assim como reclamaram todos os santos, em especial o profeta do
amor: Jesus.
Moral da história: tudo isso nós já sabíamos, exceto a técnica, talvez.
É por isso que adotamos o martelo como símbolo da técnica apresenta-
da neste curso. O curso é uma ferramenta para alcançarmos o que já sabe-
mos, visa a revelação do que já está em nós e que pode ser utilizado para a
construção de um mundo melhor. O martelo é uma ferramenta de construção,
transformação, o nosso curso também. Como se diz: “Você está com o martelo
e o prego nas mãos”.
E lembrar que, mesmo sendo simples o uso dessa ferramenta, nós tere-
mos que praticar, persistir, para aprender a manuseá-lo. Basta você querer.
Então, mexa-se. DESINSTALE-SE!
Mais um exercício para firmar o entendimento:
Colocar todas as imagens lá fora, que são o resultado das análises que
o raciocínio faz sobre as chapas fotográficas, sobre o seu passado, colocando
lá fora.
Sendo construtivas ou não, você não dá crédito.
98
DESCONHECIDOEU IMPESSOAL
Na seqüência de imagens que vão aparecendo, você não dá crédito, não
dá crédito, não dá crédito... até que a mente paralisa e você entra no Desco-
nhecido.
O que é o Desconhecido?
É o estado da mente em que não há pensamentos.
Nesse estado sua consciência se expande e se manifesta naquele Eu
Testemunha, no Eu impessoal.
Essa é uma experiência total e não individual. Você se identifica com um
mundo que flui em você e ao seu redor, expande sua consciência de meia la-
ranja à laranja inteira, de gota à oceano, é a consciência do Um.
Nesse silêncio absoluto provocado pela ausência de pensamentos, há
uma presença. Ele, o seu Eu impessoal. O Infundado.
99
UMA SINOPSE PARA USO DIÁRIO
Primeiro, no dia-a-dia deve-se viver concentrado, usando os sentidos e
se relacionando com o mundo material na sua originalidade, sem analisar as
coisas ao seu redor. Os pensamentos devem ser colocados lá fora, projetados
a partir do centro de sua testa, porque só assim vai ser possível você exercer o
domínio necessário para que, a todo o momento, esteja escolhendo somente o
que for construtivo para você e para as outras pessoas.
Este é o uso correto da mente objetiva, o raciocínio não pode interferir
na experiência e apreciação do mundo exterior pelos sentidos. Já que agora
ele (o raciocínio) é um subordinado, estará sempre ao nosso dispor, nós é que
o controlamos, nós é que escolhemos, nós somos livres e, por isso, responsá-
veis.
Segundo, acostume-se à introspecção recomendada, procure infundir-se
no “Desconhecido” sempre que possível, em qualquer oportunidade, quando a
atenção ou a concentração exterior não esteja sendo solicitada para as ativida-
des profissionais diárias. Ali naquele canto é a nossa morada. Nós somos um
corpo anímico vivendo e se experimentando no mundo material, e não, o con-
trário.
Há um detalhe. O nosso dia de 24 horas está dividido em grupos de oito
horas, em três grupos. Em um desses nós estaremos dormindo, no outro traba-
lhando e o último é distribuído de forma irregular durante o dia, são os nossos
afazeres matutinos, vespertinos e noturnos, no lar, de lazer etc., e que nos fi-
nais de semana se amplia para dezesseis horas, pois se incorporam a este últi-
100
mo grupo as horas de descanso em razão das horas trabalhadas durante a se-
mana.
Perceba que durante as horas de sono nós ainda não temos controle so-
bre a nossa atividade mental, ficamos submetidos às forças do inconsciente...
durante as horas de trabalho estamos fortemente concentrados nas atividades
obrigatórias... então, é nos momentos do relacionamento familiar, social, de la-
zer e das outras atividades intercaladas às horas de trabalho, e nos dias de
descanso, que melhor podemos exercitar e experimentar esse novo Ser que
agora se apresenta, que começa a exercer o domínio e a ocupar o trono que é
seu: o nosso Eu verdadeiro.
A meta é expandir o nosso território de ocupação, de domínio, até estar-
mos 100% estabelecidos, inclusive nas horas de sono.
Prevejo, assim, um estado em que a mente esteja em descanso e Eu
continue vigilante. Porque, para o meu restabelecimento, basta a paralisação
da mente, o estancamento de energia, ou melhor, do seu uso, pois o fluxo de
energia é constante e tem o poder de recarregar nossas baterias, ainda que o
nosso Eu impessoal esteja ali, concentrado e completamente alerta.
Contudo, lembre-se:
EU NÃO SOU EU, como resultado de um pensamento, de uma conclu-
são do raciocino.
Eu sou Eu, como resultado de uma experiência no momento presente.
Eu sou o infundado porque não tenho fundamento na lógica, mas na experiên-
cia. Não no tempo, mas no momento exato, no AQUI e AGORA.
O Agora é um resultado, nele não há expectativa.
SEM DESEJO NÃO HÁ MISÉRIA.
Ë o desejo que nos faz sofrer.
“Querer” ou “não querer” são os dois únicos desejos.
101
Nós queremos a liberdade, nós não queremos estar presos ou “vincula-
dos”.
O que nos imprime ânimo para a conquista é a busca da liberdade, não
a conquista ou a posse em si. A posse é uma ilusão, não liberta. A libertação é
permitir que algo maior que nós mesmos se manifeste e que seja feita a sua
vontade. O resto será sempre acessório.
É muito bom ter as coisas, conforto, dinheiro, poder, o outro etc.
Mas é angustiante depender delas. Você tem que se bastar, senão você
estará ferrado, mesmo em cima de uma montanha de dinheiro, de... A cada de-
sejo saciado outro se aponta, o saco não tem fundo.
Como dominar e resolver essa obsessão?
Você tem que encontrar razão em si mesmo, você tem que se amar pri-
meiro, e para isso VOCÊ tem de se localizar, e é por essa razão que você tem
de abandonar os desejos que lhe são impostos involuntariamente. Mas não é necessário abandonar as coisas em si. Abandonam-se os desejos, os ape-
gos, os “quero” e os “não quero”. Tudo que não é você, tudo que foi forjado em
você pelo julgamento extrínseco de outras pessoas.
Você busca saciar um desejo para se ver livre dele, não é?
Você quer libertar-se daquele desejo, mas, depois de saciado, outro sur-
ge com mais ímpeto, mais força e você se apega ainda mais à sua grade, à
sua muleta... você “quer” muito mais ou “não quer” de jeito nenhum, às vezes
até prefere morrer.
Sendo construtivo, você pode desejar e ter o que quiser, a prisão é o seu apego.
Portanto, LOCALIZE-SE, liberte-se primeiro, perdoe e aí, ESCOLHA,
sempre alinhado com a intuição imanente que agora lhe é peculiar.
Depois, curta a sua vida material, o seu conforto, as suas conquistas,
mas não sofra por não ter chegado, aprenda a apreciar a viagem de ida, a via-
gem de volta... A VIAGEM, o momento. A sua direção é o inusitado.
Problemas, todos nós temos, é a forma de encará-los que conta.
Se você se prevenir escolhendo só o construtivo, não terá por que cho-
rar, se arrepender.
102
Se a fatalidade lhe assombra e revolta, por maior que seja a tragédia, o
construtivo ainda será a melhor opção.
Sendo construtiva a opção, o momento também será e, na seqüência, o
seu dia será, a sua vida será, a vida dos seus filhos, da sua mulher, da sua fa-
mília, dos seus amigos...
Às vezes, será necessário perdoar. O perdão é uma capacidade huma-
na. O que perdoa está mais próximo do que é eterno porque se liberta. Se você
tem restrições em perdoar por medo de que algo se perca, lembre-se de que
na eternidade não há perda. Nada se perde. Então, para quê o medo?
Evidentemente, o que é Eterno mora no momento presente.
Porque só existe ele: - O Aqui e Agora.
E onde você se experimenta, onde você se encontra, quando você tem
consciência de si mesmo, da sua existência?
Não é no Aqui, no Agora, neste momento presente?
No Aqui e no Agora não existem DOIS. Só UM.
Qual a conclusão?
Você é eterno.
Não o “você” resultado de um raciocínio, de uma conclusão lógica. Você,
o “eu impessoal”. Você, “a experiência”. Você, “a vida”.
Você é a vida.
A vida é eterna.A busca é de vir a SER você de novo.
Na maternidade você era 100% VOCÊ, laranja inteira, consciência oceâ-
nica. Recupere-se. Reencontre-se.
Veja uma última recapitulação:
Basicamente, os exercícios sugeridos neste curso resumem-se a dois,
pois me relaciono com o mundo material através dos meus sentidos, especial-
mente o da VISÃO e, ato contínuo, o processo mental estudado se desenvolve
rapidamente, incorporando as imagens, daí concentramo-nos passiva ou ativa-
mente, raciocinamos, decidimos, pensamos ou agimos.
103
Assim, depois de se localizar no momento presente através dos senti-
dos, procure não se identificar com as sensações que as imagens, cheiros,
sabores, sons e contatos lhe impregnam no dia-a-dia, a todo o momento.
O Fusca é um carro, não é a emoção que me proporciona.
Veja as coisas na sua originalidade. Lá fora.
Também não se identifique com os pensamentos. Eles não são você.
Projete-os a uma certa distância. Centralizando-os à sua frente não será preci-
so selecioná-los, a ordem natural é construtiva se você apenas PERMITIR
que a VIDA, ao fluir, decida.
Nesse sentido, INSTRUIR-SE ou promover a EDUCAÇÃO é sinônimo de
“construtivo”. Por isso, o construtivo, provavelmente, será sempre um desafio.
Vencer esses desafios e compartilhar a experiência será o nosso aprendizado.
Estes momentos estarão sempre permeados de uma alegria criativa e in-teligente, de VIDA, de AMOR.
104
180º
PROJETANDO-VENDO AS IMAGENS LÁ FORA
COMO ORIGINALMENTE!
VENDO AS COISASLLÁÁ FORAFORA
NA SUA ORIGINALIDADE!
SEM ANALISAR!SEM ANALISAR!
CONCENTRAÇÃO no Momento PRESENTE
Qual a minha autoridade para tratar desses assuntos?
A minha experiência, o meu reencontro.
Conhecer esta possibilidade é um direito de todos.
O MEU PENSAMENTO EU SEI QUE NÃO SOU.
EU NÃO PRECISO SER ALGUÉM, mas posso ser.
AO ME RELACIONAR,
O RESPEITO AO PRÓXIMO É FUNDAMENTAL.
PESSOALMENTE, BASTA ESSA CONSCIÊNCIA DE EXISTIR.
SE AQUELE “SER IMPESSOAL” NÃO FOSSE O MEU SER VERDADEI-
RO, EU SIMPLESMENTE NÃO EXISTIRIA.
PORQUE, SEM A VIDA, EU NÃO EXISTO, E ELE É A VIDA.
MAS AGORA QUE ME ENCONTREI,
VOU SER E FAZER O QUE EU ESCOLHER.
ESSA RESPONSABILIDADE É MINHA, É UM PRAZER RECONHECÊ-
LA. JÁ NÃO TENHO MEDO PORQUE O INFUNDADO SE FAZ PRE-
SENTE!
105
Mais uma vez, obrigado, Professor!
E obrigado a vocês, também.
Quanto mais explico, melhor compreendo.
106
COISAS QUE EU NÃO DISSE, NÃO ESCREVI:
- “Isto” é certo.
- “Isto” é errado.
O QUE EU DISSE E ESCREVI, SUGERINDO:
Drogas, não!
Desenvolva esta técnica.
Seja amoroso, CONSTRUTIVO.
Você consegue sozinho!
107
L I N H A S D O T E M P O
X Meu Passado distante;
Y Meu passado próximo;
O momento presente;
Z Meu futuro incerto.
- Todos os fatos do meu passado (X, Y) estão arquivados na minha me-mória, no meu PASSADO; eles são a minha experiência de vida;
- A minha expectativa para o futuro (Z), é concebida no momento presen-te ( );
- Um minuto atrás, 20 minutos,10 anos, não existem mais – O PASSADO NÃO EXISTE. São águas que se foram;
- Um minuto à frente, 20 minutos, 10 anos, não existem – O FUTURO NÃO EXISTE;
- Só existe o momento presente ( ), o AGORA;
- Eu não existo ontem, eu não existo amanhã, eu só existo no momento PRESENTE;
- Esse agora é diminuto; quanto menor, mais verdadeiro;
- Nós nos localizamos na intersecção das linhas do tempo, que segue rumo ao futuro incerto... não sabemos até onde.
- Eu só penso no conhecido, por isso só penso em ( X ) ou ( Y), ou algum outro fato do meu passado;
- Todo pensamento evoca uma emoção que pode ser alegre ou triste;
X
Y Z
108
- Essas emoções me atingem no momento presente ( ), e me fa-zem feliz ou infeliz;
- Quando eu crio a expectativa de um futuro, eu vou ao meu passado para buscar imagens que concebo se realizando no futuro incerto; esses pen-samentos também evocam emoções que me atingem no momento pre-sente;
- O medo é a emoção que acompanha as lembranças do meu passado; a ansiedade é a emoção que acompanha a expectativa de acontecimentos no futuro;
- Eu posso me tornar um santo no meu AGORA, mas as conseqüências dos atos no meu passado podem continuar infernizando esse momento;
- Antes que isso aconteça, permita somente que o construtivo se desen-volva no seu presente;
- Não se misture com o seu passado, com as suas emoções, LIBERTE-SE.
- Para se libertar, primeiro você tem de se localizar.
- Para tanto, siga as instruções deste manual, deste curso, deste li-vro, você consegue e é mais simples do que possa imaginar.
109
METADE IGUALMETADE IGUAL
Como posso fazê-la entender
Que uma metade em mim é você
E em você existe também
Uma parte minha, meu bem?
Porque não entendem a paixão
Todos vivem uma dupla vida:
Uma se expõe clamando razão,
A outra impulsiona e vive escondida.
E é essa que não se identifica,
A vida mais bela, a vida mais rica;
É essa que se esconde da visão,
A que faz pulsar de verdade o coração.
É essa metade igual
Somada à outra aparente
Que resulta nesse ser brutal
Porque uma paixão ardente
Se oculta no fundo, afinal.
Meu bem, você precisa entender
Que uma metade em mim
Precisa de você inteirinha
Pra outra sobreviver.
Ênio R. Machado
110
A 2ª Edição foi corrigida por Aglaia Souza, em 24/5/2006, a quem sou muito grato.
A vida é um ovo.
O ovo é um mundo.
Quem quiser nascer,
Terá que destruir esse mundo.
H. Hesse
111