BELÉM – PARÁ 2010
2008 - 2009
Instituto de Desenvolvimento Econômico Social e Ambiental do Pará
Relatório Técnico
2008 - 2009
Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Florestais Não-Madeireiros no Estado do Pará
Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Florestais Não-Madeireiros no Estado do Pará
RELATÓRIO TÉCNICO
2008-2009
BELÉM – PARÁ
2010
Governo do Estado do Pará
Ana Júlia de Vasconcelos Carepa
Governadora
Odair Santos Corrêa
Vice-Governador
Edilson Rodrigues de Sousa
Secretário de Estado de Governo
Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará
José Raimundo Barreto Trindade
Presidente Diretoria de Pesquisa e Estudos Ambientais
Jonas Bastos da Veiga Diretor
Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação
Marli Maria de Mattos Coordenadora
Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos
Florestais Não-madeireiros no Estado do Pará
Equipe Técnica Marli Maria de Mattos
Francisco de Assis Costa Sílvio Brienza Júnior
Jorge Alberto Gazel Yared Maricélia Gonçalves Barbosa
José de Alencar Costa Ellen Claudine Cardoso Castro
Daniela Monteiro da Cruz Nelma Santos Amorim dos Santos
Rafael da Silva Moraes Tânia de Sousa Leite
Antônio Marcos da Silva Pereira
Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Florestais Não-Madeireiros no Estado do Pará
RELATÓRIO TÉCNICO
2008-2009
Equipe da pesquisa
Marli Maria de Mattos Agrônoma, MSc - Idesp
Maricélia Gonçalves Barbosa Eng. Florestal, mestranda
José de Alencar Costa Desenvolvedor de Software
Ellen Claudine Cardoso Castro Economista, mestranda
Daniela Monteiro da Cruz Bióloga
Nelma Santos Amorim dos Santos Eng. Agrônoma
Rafael da Silva Moraes Técnico Agropecuária Tânia de Sousa Leite
Técnica Florestal Antônio Marcos Silva Pereira
Técnico Agropecuária
BELÉM – PARÁ
2010
Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará
José Raimundo Barreto Trindade Presidente
Diretoria de Administração, Planejamento e Finanças Fernando Jorge Azevedo
Diretor Diretoria de Estudos e Pesquisas Socioeconômicas e Análise Conjuntural
Cassiano Figueiredo Ribeiro Diretor
Diretoria de Pesquisa e Estudos Ambientais Jonas Bastos da Veiga
Diretor Diretoria de Estatística, Tecnologia e Gestão da Informação
Tarcísio Alves Ribeiro Diretor
Apoio Técnico
Francisco Assis Costa Economista, PhD - UFPA/NAEA
Sílvio Brienza Júnior Eng. Florestal, PhD - Embrapa Amazônia Oriental
Apoio Financeiro
Instituto de Desenvolvimento Florestal do Estado do Pará
Jorge Alberto Gazel Yared Diretor
Colaboradores
Silvia Ferreira Nunes Economista, MSc - Idesp
Cassiano Figueiredo Ribeiro Economista MSc - Idesp
Maria Glaucia Pacheco Moreira Estatística - Idesp
Lívia Maria de Araújo Cavalcanti Economista - Idesp
José Ferreira da Rocha Téc. Processamento Dados - Idesp
__________________________________________________________________ MATTOS, Marli Maria de (Coord.).
Estudo das cadeias de comercialização de produtos florestais não-madeireiros no Estado do Pará: relatório técnico 2008-2009.-Belém: Idesp, 2010.
305 p.
1.Cadeias de comercialização.2.Produtos florestais não-madeireiros.3.Contas sociais ascendentes.4.Economia regional.I.Região de Integração.II.Pará (Estado).III.Titulo.
CDD: 381.098115
__________________________________________________________________
APRESENTAÇÃO
O Estado do Pará necessita de modelos de desenvolvimento com base em
atividades econômicas produtivas que gerem renda às populações locais, que agreguem
valor aos produtos, que evitem o desmatamento, que dinamizem as economias regionais e
que reduzam as desigualdades entre regiões. Em atendimento às demandas da política
estadual do desenvolvimento do extrativismo, capitaneada pelo Ideflor, o Idesp apresenta
este relatório contendo os primeiros resultados do Estudo das Cadeias de Comercialização
de Produtos Florestais Não-Madeireiros no Estado do Pará, para as regiões de integração do
Tocantins e do Baixo Amazonas. Os pesquisadores realizam entrevistas com diferentes
agentes mercantis, como produtores, intermediários, empresas beneficiadoras,
comerciantes, associações e cooperativas registrando dados sobre a comercialização dos
PFNM.
A importância deste trabalho é que revela a economia dos produtos da nossa
flora, alguns bem conhecidos e outros ainda invisíveis nas estatísticas oficiais. São produtos
Alimentícios (açaí, cacau, cajuaçú, cupuaçu, castanha-do-brasil, buriti, bacaba, taperebá,
bacuri, muruci, uxi, urucum e palmito); Derivado Animal (mel de abelha com e sem ferrão);
Fármacos e Cosméticos (andiroba, assacu, carapanaúba, mururé, pata de vaca, quinarana,
ipê roxo, sacaca, copaíba, cumarú, óleo de piquiá, murumuru, barbatimão, verônica, unha de
gato, leite de amapá, leite de sucuúba, pau doce); Derivados da madeira (carvão, resina de
breu); Artesanatos e Utensílios (brinquedos de miriti, objetos artesanais e utensílios feitos
com sementes, frutos, cascas, fibras, talas, e diversos outros materiais).
A metodologia adotada permite calcular o valor bruto da produção (VBP), a
agregação de valor (VAB), a margem de comercialização (mark-up), a renda bruta total
gerada (RBT=VBP + VAB), a estrutura de quantidade comercializada, o destino da produção,
a formação do preço de cada produto ao longo da cadeia, o preço praticado e a importância
dos agentes mercantis ou setores envolvidos nas escalas local, estadual e nacional. Estas
informações subsidiarão as políticas voltadas ao fortalecimento das cadeias, à diminuição de
desigualdades entre os agentes envolvidos, a valoração e o beneficiamento para aumentar a
rentabilidade dos produtos, como por exemplo, a ação recém definida pelo Conselho
Estadual de Extrativismo que é lançar o plano safra do extrativismo para o Estado do Pará.
Desta forma o estudo contribuirá para uma melhor gestão da produção pelas populações
locais e iniciativa pública e privada.
Marli Maria de Mattos (coordenadora do estudo)
1
LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Regiões de integração onde já ocorreu coleta de dados sobre as cadeias de comercialização dos produtos florestais não-madeireiros, conforme destaque em vermelho. ........ 31
Figura 2. Municípios pertencentes à região de integração Tocantins ..................................... 33
Figura 3. Delimitação do município de Cametá (linha vermelha) e a localização de pontos georeferenciados dos agentes mercantis entrevistados em diversas regiões do município (pontos numerados). ................................................................................................................ 35
Figura 4. Pontos georeferenciados dos agentes mercantis entrevistados na área urbana de Cametá (pontos numerados). ................................................................................................... 35
Figura 5. Estrutura da quantidade, em termos percentuais (%), da comercialização do açaí identificado em dez municípios da região do Tocantins (Local), que vai para o mercado Estadual e Nacional. ................................................................................................................. 41
Figura 6. Principal fluxo de comercialização do açaí, da produção local (dez municípios da região do Tocantins), passando pelo varejo rural, pelo setor da indústria de beneficiamento em outras regiões do Pará, pelo varejo urbano nacional até chegar aos consumidores finais. ..................................... 42
Figura 7. Preço médio de açaí (R$ correntes/kg de fruto in natura) praticado nas transações entre diversos setores da cadeia de comercialização, no ano de 2008, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará. ...................................................................................... 44
Figura 8. Formação de preço do açaí ao longo da cadeia de comercialização, considerando o valor de R$1,00 como preço base adotado no setor da produção local, que pode variar acima ou abaixo, dependendo da transação realizada. ..................................................................... 45
Figura 9. Valor Bruto da Produção (VBPα), em R$, gerado na comercialização do açaí, pela ótica da oferta, em 2008, em dez municípios da região de integração do Tocantins, Estado do Pará. ........... 46
Figura 10. Valor Transacionado Efetivo (VTE) ≈ Valor Adicionado Bruto (VAB) em R$, gerado na comercialização do açaí, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008). .......... 48
Figura 11. Valor Bruto da Produção (VBP), Valor Transacionado Efetivo (VTE) que equivale ao Valor Adicionado Bruto (VAB), em R$ correntes/kg in natura, e a Margem de Comercialização (%) de cada setor (mark-up) da cadeia de comercialização do açaí, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008). ................................................... 48
Figura 12. Valor da Renda Bruta Total (RBT), em R$, na comercialização do açaí considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008). ........................................................................... 50
Figura 13. Destino do volume (%) de açaí identificado na região de Integração do Tocantins, para atender as demandas de consumo local, estadual e nacional. ....................................... 51
Figura 14. Estrutura da quantidade, em termos percentuais (%), da comercialização do cacau identificado em dez municípios da Região do Tocantins (Local), que vai para o mercado Estadual e Nacional. ................................................................................................................. 58
Figura 15. Variação de preço do cacau no mercado internacional, com base na Bolsa de Nova York, 2008. ................................................................................................................................ 59
2
Figura 16. Preço médio do cacau (R$ correntes/kg de amêndoas secas) praticado nas transações entre diversos setores da cadeia de comercialização, no ano de 2008, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará. ............................................................... 60
Figura 17. Formação de preço do cacau ao longo da cadeia de comercialização, considerando o valor de R$1,00 como preço base adotado no setor da produção local, que pode variar acima ou abaixo, dependendo da transação realizada. ....................................... 61
Figura 18. Valor Bruto da Produção (VBPα), em R$, gerado na comercialização do cacau, pela ótica da oferta, em 2008, em dez municípios da região de integração do Tocantins, Estado do Pará. ....... 62
Figura 19. Valor Transacionado Efetivo (VTE) ≈ Valor Adicionado Bruto (VAB) em R$, gerado na comercialização do cacau, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008). ....... 63
Figura 20. Valor Bruto da Produção (VBP), Valor Transacionado Efetivo (VTE) que equivale ao Valor Adicionado Bruto (VAB), em R$ correntes/kg in natura, e a Margem de Comercialização (%) de cada setor (Mark-up) da cadeia de comercialização do cacau, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008). ................................................... 63
Figura 21. Valor da Renda Bruta Total (RBT), em R$, na comercialização do cacau considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008). ........................................................................... 65
Figura 22. Estrutura da quantidade, em termos percentuais (%), da comercialização do palmito identificado em dez municípios da região do Tocantins (Local), que vai para o mercado Estadual e Nacional. .................................................................................................. 69
Figura 24. Preço médio de palmito (R$ correntes/kg in natura), praticado nas transações entre diversos setores da cadeia de comercialização, no ano de 2008, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará. ...................................................................................... 70
Figura 24. Formação de preço do palmito ao longo da cadeia de comercialização, considerando o valor de R$1,00 como preço base adotado no setor da produção local, que pode variar acima ou abaixo, dependendo da transação realizada. ....................................... 71
Figura 25. Valor Bruto da Produção (VBPα) gerado na comercialização do palmito, pela ótica da oferta, em 2008, em dez municípios da região de integração do Tocantins, Estado do Pará. ........... 72
Figura 26. Valor Transacionado Efetivo (VTE) ≈ Valor Adicionado Bruto (VAB) em R$, gerado na comercialização do palmito, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008). ..... 73
Figura 27. Valor Bruto da Produção (VBP), Valor Transacionado Efetivo (VTE) que equivale ao Valor Adicionado Bruto (VAB), em R$ correntes/kg in natura) e a Margem de Comercialização (%) de cada setor (Mark-up) da cadeia de comercialização do palmito, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008). ............................................. 73
Figura 28. Valor da Renda Bruta Total (RBT), em R$, na comercialização do palmito considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008). ........................................................................... 74
Figura 29. Estrutura (%) da quantidade em termos percentuais (%), da comercialização de Carvão identificado em dez municípios da região do Tocantins (Local), que vai para o mercado Estadual. .................................................................................................................... 77
3
Figura 30. Preço médio de carvão (R$ correntes/kg) praticado nas transações entre diversos setores da cadeia de comercialização, no ano de 2008, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará. ....................................................................................................... 78
Figura 31. Formação de preço do carvão ao longo da cadeia de comercialização, considerando o valor de R$1,00 como preço base adotado no setor da produção local, que pode variar acima ou abaixo, dependendo da transação realizada. ....................................... 79
Figura 32. Valor Bruto da Produção (VBPα), em R$, gerado na comercialização do carvão, pela ótica da oferta, em 2008, em dez municípios da região de integração do Tocantins, Estado do Pará. ......................................................................................................................... 80
Figura 33. Valor Transacionado Efetivo (VTE) ≈ Valor Adicionado Bruto (VAB) em R$, gerado na comercialização de carvão, em 2008, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará. .. 81
Figura 34. Valor Bruto da Produção (VBP), Valor Transacionado Efetivo (VTE) que equivale ao Valor Adicionado Bruto (VAB), em R$ correntes/kg, e a Margem de Comercialização (%) de cada setor (Mark-up) da cadeia de comercialização de carvão, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008). ....................................................................................... 81
Figura 35. Valor da Renda Bruta Total (RBT), em R$, na comercialização do carvão considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008). ........................................................................... 82
Figura 36. Estrutura da quantidade, em termos percentuais (%), da comercialização do cupuaçu identificado em dez municípios da região do Tocantins (Local), que vai para o mercado Estadual e Nacional. .................................................................................................. 87
Figura 37. Preço médio de cupuaçu (R$ correntes/kg de polpa), praticado nas transações entre diversos setores da cadeia de comercialização, no ano de 2008, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará. ...................................................................................... 88
Figura 38. Formação de preço do cupuaçu ao longo da cadeia de comercialização, considerando o valor de R$1,00 como preço base adotado no setor da produção local, que pode variar acima ou abaixo, dependendo da transação realizada. ....................................... 89
Figura 39. Valor Bruto da Produção (VBPα), em R$, gerado na comercialização do cupuaçu, pela ótica da oferta, em 2008, em dez municípios da região de integração do Tocantins, Estado do Pará. ......................................................................................................................... 90
Figura 40. Valor Transacionado Efetivo (VTE) ≈ Valor Adicionado Bruto (VAB) em R$, gerado na comercialização do cupuaçu, em 2008, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará. ..................................................................................................................................... 91
Figura 41. Valor Bruto da Produção (VBP), Valor Transacionado Efetivo (VTE) que equivale ao Valor Adicionado Bruto (VAB), em R$ correntes/kg polpa, e a Margem de Comercialização (%) de cada setor (Mark-up) da cadeia de comercialização do cupuaçu, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008). ........................................................................... 91
Figura 42. Valor da Renda Bruta Total (RBT), em R$, na comercialização do cupuaçu considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008). ........................................................................... 93
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Figura 43. Estrutura da quantidade, em termos percentuais (%), da comercialização da castanha do brasil identificada em dez municípios da região do Tocantins (Local), que vai para o mercado Estadual e Nacional. ....................................................................................... 96
Figura 44. Preço médio da castanha do brasil (R$ correntes/kg amêndoa seca), praticado nas transações entre diversos setores da cadeia de comercialização, no ano de 2008, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará. ............................................................... 97
Figura 45. Formação de preço da castanha do brasil ao longo da cadeia de comercialização, considerando o valor de R$1,00 como preço base adotado no setor da produção local, que pode variar acima ou abaixo, dependendo da transação realizada. ....................................... 98
Figura 46. Valor Bruto da Produção (VBPα), em R$, gerado na comercialização da castanha do brasil, pela ótica da oferta, em 2008, em dez municípios da região de integração do Tocantins, Estado do Pará. ....................................................................................................... 98
Figura 47. Valor Transacionado Efetivo (VTE) ≈ Valor Adicionado Bruto (VAB) em R$, gerado na comercialização da castanha do brasil, em 2008, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará. ....................................................................................................... 99
Figura 48. Valor Bruto da Produção (VBP), Valor Transacionado Efetivo (VTE) que equivale ao Valor Adicionado Bruto (VAB), em R$ correntes/kg amêndoa, e a Margem de Comercialização (%) de cada setor (Mark-up) da cadeia de comercialização da castanha do brasil, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008). .......................... 100
Figura 49. Valor da Renda Bruta Total (RBT), em R$, na comercialização da castanha do brasil considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008). ......................................................................... 101
Figura 50. Estrutura da quantidade, em termos percentuais (%), da comercialização do buriti identificado em dez municípios da região do Tocantins (Local), que vai para o mercado Estadual. ................................................................................................................................. 104
Figura 51. Preço médio de buriti (R$ correntes/kg de polpa) praticado nas transações entre diversos setores da cadeia de comercialização, no ano de 2008, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará. ................................................................................................ 105
Figura 52. Formação de preço do buriti ao longo da cadeia de comercialização, considerando o valor de R$1,00 como preço base adotado no setor da produção local, que pode variar acima ou abaixo, dependendo da transação realizada. ......................................................... 106
Figura 53. Valor Bruto da Produção (VBPα), em R$, gerado na comercialização do buriti, pela ótica da oferta, em 2008, em dez municípios da região de integração do Tocantins, Estado do Pará. ..... 107
Figura 54. Valor Transacionado Efetivo (VTE) ≈ Valor Adicionado Bruto (VTB) em R$, gerado na comercialização do buriti, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008). ...... 107
Figura 55. Valor Bruto da Produção (VBP), Valor Transacionado Efetivo (VTE) que equivale ao Valor Adicionado Bruto (VAB), em R$ correntes/kg polpa, e a Margem de Comercialização (%) de cada setor (Mark-up) da cadeia de comercialização do buriti, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008). ......................................................................... 108
Figura 56. Valor da Renda Bruta Total (RBT), em R$, na comercialização do buriti considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008). ......................................................................... 109
5
Figura 57. Estrutura da quantidade, em termos percentuais (%), da comercialização da bacaba identificada em dez municípios da região do Tocantins (Local), que vai para o mercado Estadual e Nacional. ................................................................................................ 112
Figura 58. Preço médio da bacaba (R$ correntes/kg de polpa) praticado nas transações entre diversos setores da cadeia de comercialização, no ano de 2008, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará. ................................................................................................ 113
Figura 59. Formação de preço da bacaba ao longo da cadeia de comercialização, considerando o valor de R$1,00 como preço base adotado no setor da produção local, que pode variar acima ou abaixo, dependendo da transação realizada. ..................................... 114
Figura 60. Valor Bruto da Produção (VBPα), em R$, gerado na comercialização da bacaba, pela ótica da oferta, em 2008, em dez municípios da região de integração do Tocantins, Estado do Pará. ....................................................................................................................... 114
Figura 61. Valor Transacionado Efetivo (VTE) ≈ Valor Adicionado Bruto (VAB) em R$, gerado na comercialização da bacaba, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008)..... 115
Figura 62. Valor Bruto da Produção (VBP), Valor Transacionado Efetivo (VTE) que equivale ao Valor Adicionado Bruto (VAB), em R$ correntes/kg, e a Margem de Comercialização (%) de cada setor (Mark-up) da cadeia de comercialização da bacaba, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008). ..................................................................................... 116
Figura 63. Valor da Renda Bruta Total (RBT), em R$, na comercialização da bacaba considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008). ......................................................................... 117
Figura 64. Estrutura da quantidade, em termos percentuais (%), da comercialização do mel identificado em dez municípios da região do Tocantins (Local), que vai para o mercado Estadual. ................................................................................................................................. 119
Figura 65. Preço médio do mel (R$ correntes/kg in natura) praticado nas transações entre diversos setores da cadeia de comercialização, no ano de 2008, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará. ................................................................................................ 120
Figura 66. Formação de preço do mel ao longo da cadeia de comercialização, considerando o valor de R$1,00 como preço base adotado no setor da produção local, que pode variar acima ou abaixo, dependendo da transação realizada. ................................................................... 121
Figura 67. Valor Bruto da Produção (VBPα), em R$, gerado na comercialização do mel, pela ótica da oferta, em 2008, em dez municípios da região de integração do Tocantins, Estado do Pará. ......... 121
Figura 68. Valor Transacionado Efetivo (VTE) ≈ Valor Adicionado Bruto (VAB) em R$, gerado na comercialização do mel, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008). ........ 122
Figura 69. Valor Bruto da Produção (VBP), Valor Transacionado Efetivo (VTE) que equivale ao Valor Adicionado Bruto (VAB), em R$ correntes/kg, e a Margem de Comercialização (%) de cada setor (Mark-up) da cadeia de comercialização do mel, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008). .......................................................................................... 122
Figura 70. Valor da Renda Bruta Total (RBT), em R$, na comercialização do mel considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008). .......................................................................................... 123
6
Figura 71. Estrutura da quantidade, em termos percentuais (%), da comercialização do artesanato de miriti identificado em dez municípios da região do Tocantins (Local), que vai para o mercado Estadual e Nacional. ..................................................................................... 126
Figura 72. Preço médio do artesanato de miriti (R$ correntes/braça) praticado nas transações entre diversos setores da cadeia de comercialização, no ano de 2008, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará. ............................................................. 127
Figura 73. Formação de preço do artesanato de miriti ao longo da cadeia de comercialização, considerando o valor de R$1,00 como preço base adotado no setor da produção local, que pode variar acima ou abaixo, dependendo da transação realizada. ..................................... 128
Figura 74. Valor Bruto da Produção (VBPα), em R$, gerado na comercialização do artesanato de miriti, pela ótica da oferta, em 2008, em dez municípios da região de integração do Tocantins, Estado do Pará. ..................................................................................................... 129
Figura 75. Valor Transacionado Efetivo (VTE) ≈ Valor Adicionado Bruto (VAB) em R$, gerado na comercialização do artesanato de miriti, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008). ........................................................................................................... 129
Figura 76. Valor Bruto da Produção (VBP), Valor Transacionado Efetivo (VTE) que equivale ao Valor Adicionado Bruto (VAB), em R$ correntes/braça, e a Margem de Comercialização (%) de cada setor (Mark-up) da cadeia de comercialização do artesanato de miriti, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008). ................................................. 130
Figura 77. Valor da Renda Bruta Total (RBT), em R$, na comercialização do artesanato de miriti considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008). .................................................................... 131
Figura 78. Estrutura da quantidade, em termos percentuais (%), da comercialização do murumuru identificado em dez municípios da região do Tocantins (Local), que vai para o mercado Estadual e Nacional. ................................................................................................ 134
Figura 79. Preço médio do murumuru (R$ correntes/kg semente) praticado nas transações entre diversos setores da cadeia de comercialização, no ano de 2008, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará. .................................................................................... 135
Figura 80. Formação de preço do murumuru ao longo da cadeia de comercialização, considerando o valor de R$1,00 como preço base adotado no setor da produção local, que pode variar acima ou abaixo, dependendo da transação realizada. ..................................... 136
Figura 81. Valor Bruto da Produção (VBPα), em R$, gerado na comercialização do murumuru, pela ótica da oferta, em 2008, em dez municípios da região de integração do Tocantins, Estado do Pará. ....................................................................................................................... 137
Figura 82. Valor Transacionado Efetivo (VTE) ≈ Valor Adicionado Bruto (VAB) em R$, gerado na comercialização do murumuru, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008). . 138
Figura 83. Valor Bruto da Produção (VBP), Valor Transacionado Efetivo (VTE) que equivale ao Valor Adicionado Bruto (VAB), em R$ correntes/kg semente, e a margem de Comercialização (%) de cada setor (Mark-up) da cadeia de comercialização do murumuru, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008). .................................................................... 138
7
Figura 84. Valor da Renda Bruta Total (RBT), em R$, na comercialização do murumuru considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008). ......................................................................... 139
Figura 85. Estrutura da quantidade, em termos percentuais (%), da comercialização de andiroba identificada em dez municípios da região do Tocantins (Local), que vai para o mercado Estadual. .................................................................................................................. 141
Figura 86. Preço médio da andiroba (R$ correntes/l óleo) praticado nas transações entre diversos setores da cadeia de comercialização, no ano de 2008, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará. ................................................................................................ 142
Figura 87. Formação de preço da andiroba ao longo da cadeia de comercialização, considerando o valor de R$1,00 como preço base adotado no setor da produção local, que pode variar acima ou abaixo, dependendo da transação realizada. ..................................... 143
Figura 88. Valor Bruto da Produção (VBPα), em R$, gerado na comercialização da andiroba, pela ótica da oferta, em 2008, em dez municípios da região de integração do Tocantins, Estado do Pará. ....................................................................................................................... 144
Figura 89. Valor Transacionado Efetivo (VTE) ≈ Valor Adicionado Bruto (VAB) em R$, gerado na comercialização da andiroba, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008). . 144
Figura 90. Valor Bruto da Produção (VBP), Valor Transacionado Efetivo (VTE) que equivale ao Valor Adicionado Bruto (VAB), em R$ correntes/l óleo, e a Margem de Comercialização (%) de cada setor (Mark-up) da cadeia de comercialização da andiroba, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008). ......................................................................... 145
Figura 91. Valor da Renda Bruta Total (RBT), em R$, na comercialização da andiroba considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008). ......................................................................... 146
Figura 92. Formação de preço da copaíba ao longo da cadeia de comercialização, considerando o valor de R$1,00 como preço base adotado no setor da produção local, que pode variar acima ou abaixo, dependendo da transação realizada. ..................................... 149
Figura 93. Preço médio da copaíba (R$ correntes/l de óleo) praticado nas transações entre diversos setores da cadeia de comercialização, no ano de 2008, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará. ................................................................................................ 149
Figura 94. Valor Bruto da Produção (VBPα), em R$, gerado na comercialização da copaíba, pela ótica da oferta, em 2008, em dez municípios da região de integração do Tocantins, Estado do Pará. ....................................................................................................................... 150
Figura 95. Valor Transacionado Efetivo (VTE) ≈ Valor Adicionado Bruto (VAB) em R$, gerado na comercialização da copaíba, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008). .. 151
Figura 96. Valor Bruto da Produção (VBP), Valor Transacionado Efetivo (VTE) que equivale ao Valor Adicionado Bruto (VAB), em R$ correntes/l óleo, e a Margem de Comercialização (%) de cada setor (Mark-up) da cadeia de comercialização da copaíba, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008). ......................................................................... 151
Figura 97. Valor da Renda Bruta Total (RBT), em R$, na comercialização da copaíba considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008). ......................................................................... 152
8
Figura 98. Estrutura da quantidade, em termos percentuais (%), da comercialização dos leites (amapá, sucuúba e jatobá) identificados em dez municípios da região do Tocantins (Local), Estado do Pará. .......................................................................................................... 153
Figura 99. Preço médio dos leites (amapá, sucuúba e jatobá) (R$ correntes/l de leite) praticado nas transações entre diversos setores da cadeia de comercialização, no ano de 2008, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará. ...................................... 154
Figura 100. Formação de preço dos leites (amapá, sucuúba e jatobá) ao longo da cadeia de comercialização, considerando o valor de R$1,00 como preço base adotado no setor da produção local, que pode variar acima ou abaixo, dependendo da transação realizada. .... 154
Figura 101. Valor Bruto da Produção (VBPα), em R$, gerado na comercialização dos leites (amapá, sucuúba e jatobá), pela ótica da oferta, em 2008, em dez municípios da região de integração do Tocantins, Estado do Pará. .............................................................................. 155
Figura 102. Valor Transacionado Efetivo (VTE) ≈ Valor Adicionado Bruto (VAB) em R$, gerado na comercialização dos leites (amapá, sucuúba e jatobá), em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008). .......................................................................................... 156
Figura 103. Valor Bruto da Produção (VBP), Valor Transacionado Efetivo (VTE) que equivale ao Valor Adicionado Bruto (VAB), em R$ correntes/l leite, e a Margem de Comercialização (%) de cada setor (Mark-up) da cadeia de comercialização dos leites (amapá, sucuúba e jatobá), em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008). ....................... 156
Figura 104. Valor da Renda Bruta Total (RBT), em R$, na comercialização dos leites (amapá, sucuúba e jatobá) considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008). ................................................. 157
Figura 105. Estrutura da quantidade, em termos percentuais (%), da comercialização do taperebá identificado em dez municípios da região do Tocantins (Local), que vai para o mercado Estadual. .................................................................................................................. 158
Figura 106. Preço médio do taperebá (R$ correntes/kg polpa) praticado nas transações entre diversos setores da cadeia de comercialização, no ano de 2008, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará. ................................................................................................ 159
Figura 107. Formação de preço do taperebá ao longo da cadeia de comercialização, considerando o valor de R$1,00 como preço base adotado no setor da produção local, que pode variar acima ou abaixo, dependendo da transação realizada. ..................................... 160
Figura 108. Valor Bruto da Produção (VBPα), em R$, gerado na comercialização do taperebá, pela ótica da oferta, em 2008, em dez municípios da região de integração do Tocantins, Estado do Pará. ....................................................................................................................... 160
Figura 109. Valor Transacionado Efetivo (VTE) ≈ Valor Adicionado Bruto (VAB) em R$, gerado na comercialização do taperebá, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008). 161
Figura 110. Valor Bruto da Produção (VBP), Valor Transacionado Efetivo (VTE) que equivale ao Valor Adicionado Bruto (VAB), em R$ correntes/kg polpa, e a Margem de Comercialização (%) de cada setor (Mark-up) da cadeia de comercialização do taperebá, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008). .................................................................... 162
9
Figura 111. Valor da Renda Bruta Total (RBT), em R$, na comercialização do taperebá considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008). ......................................................................... 162
Figura 112. Formação de preço de breu branco ao longo da cadeia de comercialização, considerando o valor de R$1,00 como preço base adotado no setor da produção local, que pode variar acima ou abaixo, dependendo da transação realizada. ..................................... 164
Figura 113. Preço médio de breu branco (R$ correntes/kg resina) praticado nas transações entre diversos setores da cadeia de comercialização, no ano de 2008, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará. .................................................................................... 164
Figura 114. Valor Bruto da Produção (VBPα), em R$, gerado na comercialização de breu branco, pela ótica da oferta, em 2008, em dez municípios da região de integração do Tocantins, Estado do Pará. ..................................................................................................... 165
Figura 115. Valor Transacionado Efetivo (VTE) ≈ Valor Adicionado Bruto (VAB) em R$, gerado na comercialização de breu branco, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008). ............................................................................................................................ 166
Figura 116. Valor Bruto da Produção (VBP), Valor Transacionado Efetivo (VTE) que equivale ao Valor Adicionado Bruto (VAB), em R$ correntes/kg resina, e a Margem de Comercialização (%) de cada setor (Mark-up) da cadeia de comercialização de breu branco, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008). ..................................... 166
Figura 117. Valor da Renda Bruta Total (RBT), em R$, na comercialização do breu branco considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008). ......................................................................... 167
Figura 118. Estrutura da quantidade, em termos percentuais (%), da comercialização do urucum identificado em dez municípios da região do Tocantins (Local), que vai para o mercado Estadual. .................................................................................................................. 168
Figura 119. Formação de preço de urucum ao longo da cadeia de comercialização, considerando o valor de R$1,00 como preço base adotado no setor da produção local, que pode variar acima ou abaixo, dependendo da transação realizada. ..................................... 169
Figura 120. Preço médio de urucum (R$ correntes/l de concentrado) praticado nas transações entre diversos setores da cadeia de comercialização, no ano de 2008, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará. ............................................................. 169
Figura 121. Valor Bruto da Produção (VBPα), em R$, gerado na comercialização de urucum, pela ótica da oferta, em 2008, em dez municípios da região de integração do Tocantins, Estado do Pará. ....................................................................................................................... 170
Figura 122. Valor Transacionado Efetivo (VTE) ≈ Valor Adicionado Bruto (VAB) em R$, gerado na comercialização de urucum, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008). ... 171
Figura 123. Valor Bruto da Produção (VBP), Valor Transacionado Efetivo (VTE) que equivale ao Valor Adicionado Bruto (VAB), em R$ correntes/l concentrado, e a Margem de Comercialização (%) de cada setor (Mark-up) da cadeia de comercialização de urucum, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008). ........................................... 171
10
Figura 124. Valor da Renda Bruta Total (RBT), em R$, na comercialização do urucum considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008). ......................................................................... 172
Figura 125. Estrutura da quantidade, em termos percentuais (%), da comercialização de bacuri identificado em dez municípios da região do Tocantins (Local), que vai para o mercado Estadual. ................................................................................................................................. 173
Figura 126. Preço médio de bacuri (R$ correntes/kg polpa) praticado nas transações entre diversos setores da cadeia de comercialização, no ano de 2008, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará. ................................................................................................ 174
Figura 127. Formação de preço do bacuri ao longo da cadeia de comercialização, considerando o valor de R$1,00 como preço base adotado no setor da produção local, que pode variar acima ou abaixo, dependendo da transação realizada. ..................................... 175
Figura 128. Valor Bruto da Produção (VBPα), em R$, gerado na comercialização de bacuri, pela ótica da oferta, em 2008, em dez municípios da região de integração do Tocantins, Estado do Pará. ....................................................................................................................... 175
Figura 129. Valor Transacionado Efetivo (VTE) ≈ Valor Adicionado Bruto (VAB) em R$, gerado na comercialização de bacuri, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008). ..... 176
Figura 130. Valor Bruto da Produção (VBP), Valor Transacionado Efetivo (VTE) que equivale ao Valor Adicionado Bruto (VAB), em R$ correntes/kg polpa, e a Margem de Comercialização (%) de cada setor (Mark-up) da cadeia de comercialização de bacuri, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008). ......................................................................... 177
Figura 131. Valor da Renda Bruta Total (RBT), em R$, na comercialização do bacuri considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008). ......................................................................... 177
Figura 132. Estrutura da quantidade, em termos percentuais (%), da comercialização da semente de cupuaçu identificado em dez municípios da região do Tocantins (Local), que vai para o mercado Estadual. ....................................................................................................... 178
Figura 133. Preço médio da semente de cupuaçu (R$ correntes/kg semente) praticado nas transações entre diversos setores da cadeia de comercialização, no ano de 2008, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará. ............................................................. 179
Figura 134. Formação de preço da semente de cupuaçu ao longo da cadeia de comercialização, considerando o valor de R$1,00 como preço base adotado no setor da produção local, que pode variar acima ou abaixo, dependendo da transação realizada. .... 180
Figura 135. Valor Bruto da Produção (VBPα), em R$, gerado na comercialização da semente de cupuaçu, pela ótica da oferta, em 2008, em dez municípios da região de integração do Tocantins, Estado do Pará. ..................................................................................................... 180
Figura 136. Valor Transacionado Efetivo (VTE) ≈ Valor Adicionado Bruto (VAB) em R$, gerado na comercialização da semente de cupuaçu, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008). ........................................................................................................... 181
Figura 137. Valor Bruto da Produção (VBP), Valor Transacionado Efetivo (VTE) que equivale ao Valor Adicionado Bruto (VAB), em R$ correntes/kg polpa, e a Margem de Comercialização
11
(%) de cada setor (Mark-up) da cadeia de comercialização da semente de cupuaçu, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008). ................................................. 182
Figura 138. Valor da Renda Bruta Total (RBT), em R$, na comercialização da semente de cupuaçu considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008). ................................................. 182
Figura 139. Formação de preço do cumarú ao longo da cadeia de comercialização, considerando o valor de R$1,00 como preço base adotado no setor da produção local, que pode variar acima ou abaixo, dependendo da transação realizada. ..................................... 183
Figura 140. Preço médio do cumarú (R$ correntes/kg semente) praticado nas transações entre diversos setores da cadeia de comercialização, no ano de 2008, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará. .................................................................................... 184
Figura 141. Valor Bruto da Produção (VBPα), em R$, gerado na comercialização do cumarú, pela ótica da oferta, em 2008, em dez municípios da região de integração do Tocantins, Estado do Pará. ....................................................................................................................... 185
Figura 142. Valor Transacionado Efetivo (VTE) ≈ Valor Adicionado Bruto (VAB) em R$, gerado na comercialização do cumarú, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008). ... 186
Figura 143. Valor Bruto da Produção (VBP), Valor Transacionado Efetivo (VTE) que equivale ao Valor Adicionado Bruto (VAB), em R$ correntes/kg de semente, e a Margem de Comercialização (%) de cada setor (Mark-up) da cadeia de comercialização do cumarú, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008). ........................................... 186
Figura 144. Valor da Renda Bruta Total (RBT), em R$, na comercialização do cumarú considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008). ......................................................................... 187
Figura 145. Formação de preço das plantas medicinais (barbatimão, pau doce, unha de gato e verônica) ao longo da cadeia de comercialização, considerando o valor de R$1,00 como preço base adotado no setor da produção local, que pode variar acima ou abaixo, dependendo da transação realizada. ..................................................................................... 188
Figura 146. Preço médio das plantas medicinais (barbatimão, pau doce, unha de gato e verônica) (R$ correntes/kg partes da planta) praticado nas transações entre diversos setores da cadeia de comercialização, no ano de 2008, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará. ....................................................................................................................... 189
Figura 147. Valor Bruto da Produção (VBPα), em R$, gerado na comercialização das plantas medicinais (barbatimão, pau doce, unha de gato e verônica), pela ótica da oferta, em 2008, em dez municípios da região de integração do Tocantins, Estado do Pará. .......................... 190
Figura 148. Valor Transacionado Efetivo (VTE) ≈ Valor Adicionado Bruto (VAB) em R$, gerado na comercialização das plantas medicinais (barbatimão, pau doce, unha de gato e verônica), em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008). ..................................... 190
Figura 149. Valor Bruto da Produção (VBP), Valor Transacionado Efetivo (VTE) que equivale ao Valor Adicionado Bruto (VAB), em R$ correntes/kg partes da planta, e a Margem de Comercialização (%) de cada setor (Mark-up) da cadeia de comercialização das plantas medicinais (barbatimão, pau doce, unha de gato e verônica), em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008). ..................................................................................... 191
12
Figura 150. Valor da Renda Bruta Total (RBT), em R$, na comercialização das plantas medicinais (barbatimão, pau doce, unha de gato e verônica) considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008). ............................................................................................................................ 191
FIGURA 151. Municípios pertencentes a Região de Integração Baixo Amazonas ................. 230
Figura 152. Preço médio de castanha do brasil (R$ correntes/kg amêndoa seca) praticado nas transações entre diversos setores da cadeia de comercialização, no ano de 2009, em seis municípios da Região do Baixo Amazonas, Estado do Pará. .................................................. 236
Figura 153. Variação de preço do cacau no mercado internacional, com base na Bolsa de Nova York, 2008. ..................................................................................................................... 240
Figura 154. Preço médio do cacau (R$ correntes/kg amêndoas secas) praticado nas transações entre diversos setores da cadeia de comercialização, no ano de 2009, em seis municípios da Região do Baixo Amazonas, Estado do Pará. .................................................. 241
Figura 155. Preço médio do açaí (R$ correntes/kg de frutos in natura) praticado nas transações entre diversos setores da cadeia de comercialização, no ano de 2009, em seis municípios da Região do Baixo Amazonas, Estado do Pará. .................................................. 244
Figura 156. Preço médio do cupuaçu (R$ correntes/kg de polpa) praticado nas transações entre diversos setores da cadeia de comercialização, no ano de 2009, em seis municípios da Região do Baixo Amazonas, Estado do Pará. ......................................................................... 247
Figura 157. Preço médio de bacaba (R$ correntes/kg de polpa) praticado nas transações entre diversos setores da cadeia de comercialização, no ano de 2009, em seis municípios da Região do Baixo Amazonas, Estado do Pará. ......................................................................... 250
Figura 158. Preço médio de cajuaçu (R$ correntes/kg de fruto in natura) praticado nas transações entre diversos setores da cadeia de comercialização, no ano de 2009, em seis municípios da Região do Baixo Amazonas, Estado do Pará. .................................................. 252
Figura 159. Preço médio de taperebá (R$ correntes/kg de polpa) praticado nas transações entre diversos setores da cadeia de comercialização, no ano de 2009, em seis municípios da Região do Baixo Amazonas, Estado do Pará. ......................................................................... 254
Figura 160. Preço médio de muruci (R$ correntes/kg de polpa) praticado nas transações entre diversos setores da cadeia de comercialização, no ano de 2009, em seis municípios da Região do Baixo Amazonas, Estado do Pará. ......................................................................... 257
Figura 161. Preço médio de uxi (R$ correntes/kg de polpa) praticado nas transações entre diversos setores da cadeia de comercialização, no ano de 2009, em seis municípios da Região do Baixo Amazonas, Estado do Pará. ..................................................................................... 260
Figura 162. Preço médio de mel (R$ correntes/kg in natura) praticado nas transações entre diversos setores da cadeia de comercialização, no ano de 2009, em seis municípios da Região do Baixo Amazonas, Estado do Pará. ..................................................................................... 262
Figura 163. Preço médio de breu branco (R$ correntes/kg de resina) praticado nas transações entre diversos setores da cadeia de comercialização, no ano de 2009, em seis municípios da Região do Baixo Amazonas, Estado do Pará. .................................................. 265
13
Figura 164. Preço médio de ipê roxo (R$ correntes/kg de casca) praticado nas transações entre diversos setores da cadeia de comercialização, no ano de 2009, em seis municípios da Região do Baixo Amazonas, Estado do Pará. ......................................................................... 267
Figura 165. Preço médio de andiroba (R$ correntes/litro de óleo) praticado nas transações entre diversos setores da cadeia de comercialização, no ano de 2009, em seis municípios da Região do Baixo Amazonas, Estado do Pará. ......................................................................... 269
Figura 166. Preço médio de copaíba (R$ correntes/litro de óleo) praticado nas transações entre diversos setores da cadeia de comercialização, no ano de 2009, em seis municípios da Região do Baixo Amazonas, Estado do Pará. ......................................................................... 271
Figura 168. Preço médio de leites de amapá e sucuúba (R$ correntes/litro de leite) praticado nas transações entre diversos setores da cadeia de comercialização, no ano de 2009, em seis municípios da Região do Baixo Amazonas, Estado do Pará. .................................................. 273
Figura 169. Preço médio de plantas medicinais (assacu, barbatimão, carapanauba, mururé, pata de vaca, quinarana, sacaca, sucuúba, unha de gato e verônica), (R$ correntes/kg de partes da planta) praticado nas transações entre diversos setores da cadeia de comercialização, no ano de 2009, em seis municípios da Região do Baixo Amazonas, Estado do Pará. ................................................................................................................................... 275
Figura 170. Preço médio de utensílios artesanais (abano, cesta, peneira, paneiro, vassoura e tipiti), (R$ correntes/unidade) praticado nas transações entre diversos setores da cadeia de comercialização, no ano de 2009, em seis municípios da Região do Baixo Amazonas, Estado do Pará. ................................................................................................................................... 277
FIGURA 171. Municípios pertencentes a Região de Integração Rio Caeté ............................ 283
FIGURA 172. Municípios pertencentes à Região de Integração Rio Capim ........................... 286
FIGURA 173. Municípios pertencentes a Região de Integração Guamá ................................ 289
FIGURA 174. Municípios pertencentes a Região de Integração Tapajós ............................... 292
14
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 - Número de municípios estudados, por região de integração................................. 31
TABELA 2 Produtos florestais não-madeireiros identificados na região do tocantins, com quantidade e valor pago à produção local, de acordo com a amostragem realizada em campo (Idesp). ................................................................................................................................................ 37
TABELA 3 - Preço médio praticado (R$/und) na comercialização de utensílios, como tipiti, paneiro e cuia, no ano de 2008, em dez municípios da região do Tocantins, estado do Pará. ............................................................................................................................................................ 198
TABELA 4 - Valor bruto da produção (VBPα), em R$, gerado na comercialização de utensílios (tipiti, cuia, paneiro de decoração e paneiro embalagem), pela ótica da oferta; valor transacionado efetivo (VTE) ≈ valor adicionado bruto (VAB) e a renda bruta total (RBT) pela ótica da demanda, em 2008, em dez municípios da região de integração do Tocantins, estado do Pará. ................................................................................................................................ 199
TABELA 5. Demanda final (local, estadual e nacional), em R$ e %, dos produtos florestais não-madeireiros identificados nos dez municípios da região de integração do Tocantins, PA, em 2008 (Idesp). .............................................................................................................................. 206
TABELA 6 - Valor adicionado bruto - VAB (local, estadual e nacional), em R$, dos produtos florestais não-madeireiros identificados nos dez municípios da região de integração do Tocantins, PA, em 2008 (Idesp). .................................................................................................... 207
TABELA 7 - Valor agregado bruto (R$) na esfera local, estadual e nacional dos produtos florestais não-madeireiros identificados na região do Tocantins, em 2008, organizados em cinco categorias (alimentícias, derivado da madeira, artesanato, derivado animal e fitoterápicos/cosméticos). ............................................................................................................. 208
TABELA 8 - Renda bruta total (R$) na esfera local, estadual e nacional dos produtos florestais não-madeireiros identificados na região do Tocantins, em 2008, organizados em três categorias relativas com escalas de valor do RBT (acima de R$600mil, entre R$100 a 599mil e abaixo de R$100 mil). ...................................................................................................................... 210
TABELA 09 - Variáveis econômicas dos produtos florestais não-madeireiros identificados na região do Tocantins, compostas pelo valor bruto da produção alfa local (VBPα), a margem de lucro (mark-up), o valor bruto da produção (VBP), o valor agregado bruto e a renda bruta total (R$) nas esferas local, estadual e nacional, em 2008. ....................................................... 212
TABELA 10 - Produtos florestais não-madeireiros identificados na região do baixo amazonas, com quantidade e valor pago à produção local, de acordo com a amostragem realizada em campo (Idesp). ................................................................................................................................. 233
TABELA 11. Valor agregado bruto (R$) na esfera local, estadual e nacional dos produtos florestais não-madeireiros identificados em seis municípios da região do Baixo Amazonas, em 2009, organizados em cinco categorias (alimentícias, derivado animal, fitoterápicos/cosméticos, artesanato e derivado da madeira). ................................................ 279
TABELA 12. Variáveis econômicas dos produtos florestais não-madeireiros identificados em seis municípios da região do Baixo Amazonas, compostas pelo valor pago ao produtor (amostra), valor bruto da produção alfa local (VBPα), a diferença (%) da amostra para o
15
estimado, a margem de lucro (mark-up), o valor bruto da produção (VBP), o valor agregado bruto e a renda bruta total (R$) nas esferas local, estadual e nacional, em 2009. ................ 282
TABELA 13. Variáveis econômicas dos produtos florestais não-madeireiros identificados na região do Tocantins (2008) e do Baixo Amazonas (2009), compostas pelo valor bruto da produção alfa local (VBPα), o valor bruto da produção (VBP), o valor agregado bruto e a renda bruta total (rbt) gerada e circulada, em R$ correntes. ................................................... 298
16
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS............................................................................................................ 01
LISTA DE TABELAS............................................................................................................ 14
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 19
2 OBJETIVOS ........................................................................................................................................ 21
2.1. GERAL ....................................................................................................................................................... 21
2.2. ESPECÍFICOS................................................................................................................................................ 21
3 METODOLOGIA ............................................................................................................................... 22
4 ATIVIDADES REALIZADAS .............................................................................................................. 30
5 RESULTADOS .................................................................................................................................... 33
5.1. REGIÃO DE INTEGRAÇÃO TOCANTINS ................................................................................................................ 33
5.1.1. CARACTERIZAÇÃO ..................................................................................................................................... 33
5.1.2. ANÁLISES DAS CADEIAS DE COMERCIALIZAÇÃO DOS PRODUTOS FLORESTAIS NÃO-MADEIREIROS IDENTIFICADOS NA REGIÃO
DE INTEGRAÇÃO DO TOCANTINS ............................................................................................................................. 34
5.1.2.1 CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO DO AÇAÍ ....................................................................................................... 38
5.1.2.2 CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO DO CACAU .................................................................................................... 56
5.1.2.3 CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO DO PALMITO .................................................................................................. 67
5.1.2.4 CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO DE CARVÃO ................................................................................................... 76
5.1.2.5 CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO DO CUPUAÇU ................................................................................................. 84
5.1.2.6 CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO DA CASTANHA DO BRASIL ................................................................................. 94
5.1.2.7 CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO DO BURITI .................................................................................................... 103
5.1.2.8 CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO DA BACABA .................................................................................................. 109
5.1.2.9 CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO DO MEL ....................................................................................................... 118
5.1.2.10 CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO DO ARTESANATO DE MIRITI ........................................................................... 125
5.1.2.11 CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO DO MURUMURU.......................................................................................... 132
5.1.2.12 CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO DA ANDIROBA ............................................................................................. 140
5.1.2.13 CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO DA COPAÍBA ............................................................................................... 147
5.1.2.14 CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO DOS LEITES (AMAPÁ, SUCUÚBA E JATOBÁ) ......................................................... 152
5.1.2.15 CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO DO TAPEREBÁ ............................................................................................. 157
5.1.2.16 CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO DO BREU BRANCO........................................................................................ 162
5.1.2.17 CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO DE URUCUM ............................................................................................... 167
5.1.2.18 CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO DE BACURI ................................................................................................. 172
5.1.2.19 CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO DA SEMENTE DE CUPUAÇU ............................................................................. 177
17
5.1.2.20 CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO DO CUMARÚ ............................................................................................... 182
5.1.2.21 CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO DAS PLANTAS MEDICINAIS (BARBATIMÃO, PAU DOCE, UNHA DE GATO E VERÔNICA) .... 187
5.1.2.22 CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO DE CORATÁ ................................................................................................ 192
5.1.2.23 CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO DO INAJÁ ................................................................................................... 194
5.1.2.24 CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO DE UTENSÍLIOS (paneiro, tipiti e cuia) ......................................................... 197
5.1.2.25 CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO DE GUARUMÃ ............................................................................................. 199
5.1.2.26 CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO DOS CIPÓS ................................................................................................. 201
5.1.3. INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES SOBRE A COMERCIALIZAÇÃO DE ARTESANATOS NA REGIÃO DO BAIXO TOCANTINS .... 203
5.1.4. ANÁLISES AGRUPADAS DE TODOS OS PRODUTOS FLORESTAIS NÃO-MADEIREIROS IDENTIFICADOS NOS MUNICÍPIOS
VISITADOS DA REGIÃO DO TOCANTINS .................................................................................................................... 204
5.1.5. PROBLEMAS E POTENCIALIDADES IDENTIFICADOS NOS MUNICÍPIOS VISITADOS DA REGIÃO DO TOCANTINS................... 213
5.1.2.6. CONSIDERAÇÕES FINAIS DA REGIÃO DE INTEGRAÇÃO TOCANTINS ..................................................................... 225
5.2 REGIÃO DE INTEGRAÇÃO BAIXO AMAZONAS ...................................................................................................... 230
5.2.1 CARACTERIZAÇÃO ..................................................................................................................................... 230
5.2.2 ANÁLISES DAS CADEIAS DE COMERCIALIZAÇÃO DOS PRODUTOS FLORESTAIS NÃO-MADEIREIROS IDENTIFICADOS EM SEIS
MUNICÍPIOS DA REGIÃO DE INTEGRAÇÃO DO BAIXO AMAZONAS .................................................................................. 232
5.2.2.1 CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO DA CASTANHA DO BRASIL ................................................................................ 234
5.2.2.2 CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO DO CACAU .................................................................................................... 239
5.2.2.3 CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO DO AÇAÍ ...................................................................................................... 243
5.2.2.4 CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO DO CUPUAÇU ................................................................................................ 245
5.2.2.5 CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO DA BACABA .................................................................................................. 248
5.2.2.6 CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO DO CAJUAÇU ................................................................................................. 251
5.2.2.7 CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO DO TAPEREBÁ ................................................................................................ 253
5.2.2.8 CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO DO MURUCI .................................................................................................. 256
5.2.2.9 CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO DO UXI ........................................................................................................ 258
5.2.2.10 CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO DO MEL ..................................................................................................... 260
5.2.2.11 CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO DO BREU BRANCO ........................................................................................ 264
5.2.2.12 CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO DA CASCA DO IPÊ ROXO ................................................................................. 266
5.2.2.13 CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO DA ANDIROBA ............................................................................................. 268
5.2.2.14 CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO DA COPAÍBA ................................................................................................ 270
5.2.2.15 CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO DOS LEITES (amapá e sucuúba) ................................................................... 272
5.2.2.16 CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO DAS PLANTAS MEDICINAIS (assacu, barbatimão, carapanauba, mururé, pata de vaca, quinarana, sacaca, sucuúba, unha de gato e verônica) ........................................................................ 274
5.2.2.17 CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO DE UTENSÍLIOS ARTESANAIS ............................................................................ 276
5.2.3. ANÁLISES AGRUPADAS DE TODOS OS PRODUTOS FLORESTAIS NÃO-MADEIREIROS IDENTIFICADOS NOS SEIS MUNICÍPIOS
VISITADOS DA REGIÃO DO BAIXO AMAZONAS .......................................................................................................... 278
5.3 REGIÃO DE INTEGRAÇÃO RIO CAETÉ ................................................................................................................. 283
5.3.1 CARACTERIZAÇÃO ...................................................................................................................................... 283
5.2.2 ANÁLISES DAS CADEIAS DE COMERCIALIZAÇÃO DOS PRODUTOS FLORESTAIS NÃO-MADEIREIROS IDENTIFICADOS EM NOVE
MUNICÍPIOS DA REGIÃO DE INTEGRAÇÃO DO RIO CAETÉ............................................................................................. 284
18
5.4 REGIÃO DE INTEGRAÇÃO RIO CAPIM................................................................................................................. 286
5.4.1 CARACTERIZAÇÃO ...................................................................................................................................... 286
5.3.2 ANÁLISES DAS CADEIAS DE COMERCIALIZAÇÃO DOS PRODUTOS FLORESTAIS NÃO-MADEIREIROS IDENTIFICADOS EM NOVE
MUNICÍPIOS DA REGIÃO DE INTEGRAÇÃO DO RIO CAPIM ............................................................................................ 287
5.5 REGIÃO DE INTEGRAÇÃO GUAMÁ .................................................................................................................... 289
5.5.1 CARACTERIZAÇÃO ...................................................................................................................................... 289
5.5.2 ANÁLISES DAS CADEIAS DE COMERCIALIZAÇÃO DOS PRODUTOS FLORESTAIS NÃO-MADEIREIROS IDENTIFICADOS EM DEZOITO
MUNICÍPIOS DA REGIÃO DE INTEGRAÇÃO DO GUAMÁ ................................................................................................ 290
5.6 REGIÃO DE INTEGRAÇÃO TAPAJÓS ................................................................................................................... 292
5.6.1 CARACTERIZAÇÃO ...................................................................................................................................... 292
5.5.2 ANÁLISES DAS CADEIAS DE COMERCIALIZAÇÃO DOS PRODUTOS FLORESTAIS NÃO-MADEIREIROS IDENTIFICADOS EM UM
MUNICÍPIO DA REGIÃO DE INTEGRAÇÃO DO TAPAJÓS ................................................................................................ 293
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................................. 296
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................................. 300
19
1 INTRODUÇÃO
O crescimento das atividades produtivas, econômicas e principalmente o
aumento da densidade demográfica em escala mundial, resultou em um forte avanço sobre
os recursos naturais, dentre eles as florestas primárias, culminando em altos índices de
desmatamento. Dentro deste contexto a Região Amazônica vem alcançando destaque, ao
longo dos anos, no cenário mundial explicitando a necessidade da conservação de sua
megadiversidade e, mais recentemente, pelo papel que desempenha e pelos riscos
assumidos com o quadro de mudanças globais (IPCC, 2007).
Diante da ênfase dada às questões ambientais na Região Amazônica, o Pará é um
dos estados que margeia os dois primeiros lugares no ranking do desmatamento na região,
com uma área desmatada de 281.369 km², cerca de 19,72% do seu território. Quando
relacionado com o desmatamento da Amazônia Legal, o estado contribui com 40,7% do total
da região (INPE, 2009). Em resposta a esse cenário, o governo estadual assumiu o
compromisso com um novo modelo de desenvolvimento baseado na sustentabilidade,
apresentando políticas para o desenvolvimento e valorização do extrativismo, incentivo ao
surgimento de novos empreendedores florestais e de produtos sustentáveis (IDEFLOR,
2008).
Em meados de 2008 o IDESP inicia o estudo de comercialização de PFNM em
função de uma demanda do IDEFLOR voltada para os produtos do extrativismo. O estudo
tem como base a metodologia das contas ascendentes, desenvolvida pelo grupo de pesquisa
do NAEA e, de uma dissertação de mestrado do NEAF executada em alguns municípios do
nordeste paraense, em parceria entre a Embrapa Amazônia Oriental e o NAEA, voltada para
PFNM provenientes de florestas secundárias.
Em 2009 o governo federal formaliza o Plano Nacional de Promoção das Cadeias
de Produtos da Sociobiodiversidade (PNPSB), que seleciona dez produtos chave em função
do papel na economia e do envolvimento de famílias em todo o Brasil, com ações integradas
para a promoção e fortalecimento das cadeias, iniciado em 2007 pelos Ministérios do Meio
Ambiente - MMA, do Desenvolvimento Agrário - MDA, e do Desenvolvimento Social e
Combate a Fome – MDS (PNPSB, 2009). Quatro destas cadeias prioritárias ocorrem no Pará
(açaí, castanha-do-brasil, andiroba e copaíba). De forma concomitante, em 2008, o Ideflor
20
passa a ser um dos interlocutores pelo Pará junto ao PNPSB, com apoio de outros órgãos do
Estado, de organizações de produtores e extrativistas, assim como da sociedade civil.
Considerando a pressão sofrida e a importância das nossas florestas no cenário
nacional, o Estado do Pará necessita de modelos de desenvolvimento com atividades
econômicas produtivas que evitem o desmatamento. O manejo de recursos florestais, dadas
às características e potencialidades da região, se coloca como um dos principais caminhos
para se alcançar um desenvolvimento com bases sustentáveis.
Diversos estudos realizados nos últimos 10 anos (MONTEIRO, 2003; COULY,
2004; MEDINA e FERREIRA, 2004; SHANLEY & MEDINA, 2005; CASTRO, 2006; GOMES, 2007;
DÜRR & COSTA, 2008) apontam o potencial econômico dos Produtos Florestais Não-
Madeireiros, além da sua grande relevância sócio-cultural. O manejo de PFNM, conduzido de
maneira racional, além de tornar as florestas rentáveis, mantém sua estrutura e
biodiversidade praticamente inalteradas (MACHADO, 2008).
Um estudo desenvolvido por Menezes, Homma & Santana (2001), dentro de um
assentamento agroextrativista no município de Nova Ipixuna-PA, identificou que a produção
agrícola e extrativa é muito superior a que vem sendo estimada ou conhecida pelas
estatísticas oficiais de produção. Esses produtos acabam compondo a renda familiar de
forma indireta através do consumo familiar, troca e/ou até mesmo de venda esporádica.
No nordeste paraense, um estudo das cadeias de comercialização de PFNM1,
desenvolvido em três municípios, detectou a circulação aproximada de 4 milhões de reais,
para o ano de 2005, identificando a importância da vegetação secundária como reserva de
valor e como agente dinamizador da renda rural e dos setores econômicos associados como
atacadistas, varejistas e agroindústrias (GOMES, 2007).
Poucos são os estudos desenvolvidos para entender a estrutura das cadeias de
comercialização dos PFNM, as relações estabelecidas entre os agentes mercantis e sua
respectiva participação na composição do valor dos produtos, e que apontem os principais
gargalos para o desenvolvimento desta economia. Esse tipo de estudo permite entender
como o produtor participa no processo mercantil, e quais possibilidades existem para que o
mesmo atue mais eficientemente nas respectivas cadeias de comercialização. Este viés
metodológico é utilizado para formulação de estratégias de comercialização que aumentem
1 Produtos estudados: açaí, bacuri, buriti, mel, unha-de-gato, verônica, copaíba, andiroba, sucuuba, lenha,
carvão e estaca.
21
o resultado econômico e a eficiência reprodutiva dos estabelecimentos familiares
(INHETVIN, 1998).
Diante do exposto, o Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos
Florestais Não-Madeireiros no Pará se propõe a identificar e caracterizar as cadeias de
comercialização de produtos florestais não madeireiros em municípios do Estado, descrever
e quantificar como se dá a participação dos diferentes setores da cadeia na economia
regional e seus transbordamentos para o Estado e fora dele, além de testar uma
metodologia de coleta de dados que viabilize informações mais precisas desses produtos,
que apresentam papel importante para a renda de milhares de famílias, que contribuem
para a manutenção da floresta em pé e que contribuem de maneira considerável para ao PIB
do Estado.
Este método se mostra rápido na coleta de dados em campo, mas requer uma
base técnica cientifica densa para as análises das matrizes, com resultados que permitem
identificar possibilidades produtivas locais e regionais, gargalos tecnológicos, necessidades
de investimentos, regularização e especialização dos agentes locais/regionais, além de
apontar novos produtos que não constam das estatísticas oficiais, ou que são subestimados.
2 OBJETIVOS
2.1. GERAL
Identificar o papel dos Produtos Florestais Não Madeireiros (PFNM) na
economia do Estado do Pará.
2.2. ESPECÍFICOS
Identificar e analisar as cadeias de comercialização de produtos florestais não
madeireiros em municípios do Estado do Pará, buscando fatores críticos de
comercialização (manejo, transporte, beneficiamento).
Quantificar a Renda Bruta (Valor Bruto da Produção - VBP) e o Valor Agregado
Bruto (VAB) gerado na comercialização dos produtos identificados.
Produzir documentos técnicos, socializar resultados e subsidiar políticas
públicas.
22
3 METODOLOGIA
A metodologia utilizada neste estudo foi desenvolvida pelo Grupo de Trabalho
“Agricultura e Desenvolvimento Sustentável”, coordenado pelo professor Francisco de Assis
Costa2. Em princípio foi desenvolvida, no contexto de cooperação com o Serviço Alemão de
Cooperação Técnica e Social – DED, para descrever e analisar estruturas de comercialização
e cadeias produtivas dos principais produtos da agricultura familiar em vários municípios.
Com a contínua utilização da metodologia foi possível aprimorá-la, evoluindo as descrições e
análises que geram estruturas de dados que permitem construir Contas Sociais de base
agrária para uma região inteira (COSTA, 2002, 2006, 2008, 2009; COSTA; INHERTVIN, 2007;
DURR; COSTA, 2008; BECKER; COSTA; COSTA, 2009). Esta metodologia permite descrever
trajetórias de agregação, tanto em função de um espaço geográfico limitado (município,
região, território, etc.), quanto em decorrência das estruturas da produção: formas de
produção, tipos de atividades, níveis tecnológicos, sistemas de produção, entre outros.
As etapas adotadas desde a identificação até as analises das cadeias de
comercialização consistem em uma série de atividades descritas a seguir.
Articulação prévia feita em Belém ou na chegada a cada um dos dez municípios
visitados junto a informantes chaves da Emater, Sindicato dos Trabalhadores Rurais,
Secretaria de Agricultura, Cooperativas, Associações, Feiras, Mercados locais, entre outros,
sobre os produtos florestais não madeireiros existentes no município e os comerciantes e/ou
produtores sugeridos para serem entrevistados.
Coleta de dados junto aos agentes mercantis com aplicação de questionário
(Anexo I). Nesta etapa de campo buscam-se os principais compradores de cada produto, que
geralmente representam certos gargalos na cadeia, em seguida buscam-se os elos para trás
e para frente na cadeia, compondo uma amostragem auto-gerada (CABRAL, 2000), até
chegar à produção local de um lado e ao último que vende para o consumidor final no outro
extremo da cadeia (DÜRR; COSTA, 2008).
2 Economista, Mestre em Desenvolvimento Agrícola pelo CPDA da Universidade Federal do Rio de Janeiro,
Doutor em Economia pela Frei Universität Berlin (Alemanha). Professor e Pesquisador do Núcleo de Altos Estudos da Amazônia (NAEA) da Universidade Federal do Pará.
23
A padronização dos dados coletados em cada entrevista é necessária para que as
unidades de quantidade (medida usada, se em kg, litro, feixe, entre outros) e de preço
praticado sejam uniformizados conforme cada produto.
Construção e alimentação de bancos de dados: Qualitativos (Access),
Quantitativos (Banco de dados em Access para o Programa Netz), de Imagens fotográficas e
das Localizações dos agentes entrevistados com pontos georeferenciados (Excel e software
de geoespacialização).
Análise de dados por produtos ou conjunto de produtos utilizando o Programa
Netz que gera as Matrizes Insumo-Produto, que identificam as compras e vendas dos setores
da produção primária e intermediaria (indústria, atacado e varejo) entre si, e as vendas para
a demanda final local, estadual ou nacional. Para este estudo o sistema local equivale ao
recorte dos dez municípios estudados da região de integração do Tocantins, o sistema
estadual aos demais municípios do Estado do Pará e o sistema nacional ao que está fora do
Estado do Pará (outros estados e países).
Com base nos dados analisados da amostragem realizada (preço praticado e
quantidade transacionada), determinam-se as estruturas em termos percentuais relativos da
quantidade circulante ao longo de cada uma das cadeias de comercialização, por produto.
Com isso é possível compreender os fluxos existentes das relações entre agentes/setores e
seu papel relativo ao longo da cadeia em função dos volumes transacionados.
Calcula-se a matriz contendo os preços praticados ou implícitos (em Reais por
unidade do produto) e a matriz contendo a lógica estrutural da formação de preço de cada
produto agregado ou não ao longo da cadeia, da produção até o consumo final. Na matriz de
formação de preço para todos os produtos investigados, considera-se o valor unitário R$1,00
na produção local (ou seja, o equivalente a 100% da produção) e com base na matriz de
estrutura de valor, o preço aumenta ou diminui de acordo com a lógica adotada e
identificada nos processos de intermediação do produto.
Para fazer a extrapolação da amostra coletada em campo para o universo, usou-
se a metodologia do curso de capacitação para analises das contas sociais alfa (COSTA,
2006), com indexadores que foram construídos usando-se as séries históricas municipais da
Produção Agrícola Municipal (PAM), da Produção Extrativista Municipal (PEVS) e Pesquisa
Pecuária Municipal (PPM), com os dados do Censo de 2006 do IBGE (2009). Os Indexadores
de Quantidade são os números índices do total das quantidades de cada produto v
24
identificado nos municípios estudados s, para o ano a, tendo 2006 como ano base. Os
Indexadores de Preço são os números índices do preço médio de cada produto v identificado
nos municípios estudados s, para o ano a, tendo 2006 como ano base. Os indexadores de
quantidade e de preço são assim construídos:
=
e
=
Para cada um dos nove produtos identificados em campo e que possuem séries
do IBGE foram calculados indexadores específicos para: Açaí, Cacau, Palmito, Carvão,
Cupuaçu, Castanha do Brasil, Fibra de Buriti e Artesanato de miriti, Mel e Urucum. Para
quatro alimentícios foi calculado indexador usando a categoria do IBGE “Outros
Alimentícios”, no caso para Buriti Fruto, Bacaba, Taperebá e Bacuri. Para cinco oleaginosas
foi calculado indexador usando a categoria do IBGE Outras Oleaginosas, como Murumuru,
Andiroba, Copaíba, Inajá e Cumarú. E para o Breu Branco usou-se o indexador Borracha.
Para quatorze produtos identificados em campo, porém que não são levantados
pelo IBGE (Cipós, Leite do Amapá, Leite de Sucuuba, Leite de Jatobá, Barbatimão, Pau Doce,
Unha de Gato, Verônica, Guarumã, Semente de cupuaçu, Coratá, Cuia, Tipiti e Paneiro), foi
utilizado indexador “geral” pela evolução do conjunto de produtos identificados nos
municípios estudados.
A matriz permite calcular o Valor Bruto da Produção (VBP), o Valor
Transacionado Bruto (VTB), o Valor Transacionado Efetivo (VTE), a margem bruta de
comercialização (mark-up, que é a relação entre o VTB e o valor dos insumos), o grau de
monopsônio e grau de monopólio para cada produto investigado. Ou seja, podem ser feitas
as analises do papel de cada produto não-madeireiro na economia local, estadual e fora do
estado.
Para a classificação dos agentes das cadeias de comercialização são utilizadas
categorias com denominações estabelecidas por Costa (2002) e Dürr (2004).
25
Produção local: produção primária do município ou da região;
Varejo rural local: todos pequenos comerciantes do interior do município que
compram dos produtores, comumente denominados atravessadores rurais;
Indústria de beneficiamento local: unidades de beneficiamento da produção;
Indústria de transformação local: unidades de transformação da produção;
Atacado local: grandes compradores (atacadistas, representantes de empresas)
que normalmente compram do varejo e vendem para o varejo;
Varejo urbano local: todos pequenos comerciantes na cidade (varejistas,
feirantes, feirantes, vendedores ambulantes);
Indústria de beneficiamento estadual: unidades de beneficiamento da produção
estadual;
Indústria de transformação estadual: unidades de transformação da produção
estadual;
Atacado estadual: empresas compradoras da produção do Estado;
Varejo urbano estadual: comércios no estado que vendem para consumidor
estadual;
Indústria de beneficiamento nacional: unidades de beneficiamento da produção
nacional;
Indústria de transformação nacional: unidades de transformação da produção
nacional;
Atacado nacional: empresas compradoras do nível nacional;
Varejo urbano nacional: comércios nacionais que vendem para consumidor
nacional;
Tradicionalmente as Matrizes de Insumo-Produto podem ser lidas e
compreendidas da seguinte maneira em uma tabela: as linhas mostram as informações dos
setores que vendem e as colunas representam os setores que compram. No entanto, como
forma de melhor visualizar cada matriz, a equipe do Idesp envolvida no estudo desenvolveu
um modelo visual de apresentar os mesmos dados, com os fluxos de compra e venda e os
setores responsáveis por cada elo da cadeia. Trata-se da disposição visual dos diversos
agentes mercantis ou setores representados por pequenas caixas retangulares (Produção,
Varejo, Indústria de Beneficiamento, de Transformação, Atacado, Consumidor, etc.) e
26
espacialmente distribuídos na economia local, estadual ou fora do estado (nacional e
internacional), representados por retângulos maiores em três cores distintas. Foram
adotadas setas em diferentes formatos para a representação dos canais ou fluxos de
comercialização, que iniciam na produção local e finalizam nos consumidores finais.
Para este estudo dos produtos não-madeireiros cada uma das categorias de
agentes mercantis está descrita em função do tipo de produto estudado.
No caso deste estudo em particular, a metodologia foi adequada para a
contabilidade social ascendente que engloba além da produção rural extrativa, as atividades
na indústria e nos serviços urbanos que atuam diretamente nos setores com foco nos
produtos florestais não-madeireiros. Trata-se de um modelo de calculo de renda e do
produto social do extrativismo que permite mensurar variáveis como o Valor Bruto da
Produção do Extrativismo (VBPα), o Valor Agregado Bruto do Extrativismo (VABα) e o Produto
Regional Bruto do Extrativismo (PRBα). De acordo com Considera et al. (1997) o Produto
Regional Bruto (PRB) seria o equivalente regional ao Produto Interno Bruto (PIB) deste setor.
A metodologia produz as matrizes com base nas amostras realizadas em campo
associando as relações intersetoriais, que podem ser expandidas para o universo, com base
em indexadores construídos e atualizados usando os dados do IBGE tanto do Censo
Agropecuário 2006, quanto das séries históricas de cada produto do extrativismo
identificado na Produção Extrativa Vegetal e Silvicultura (PEVS) e, de acordo com o produto,
da Produção Agrícola Municipal (PAM). Tais séries históricas apontam as flutuações ao longo
dos tempos do comportamento de cada produto. Portanto, as analises das cadeias podem
ser feitas com agregações por delimitações geográficas (por município, por região, por
estado), por produtos e por atributos dos diversos setores envolvidos nas cadeias.
De acordo com Costa (2002, 2006 e 2008) o modelo das Contas Sociais
Ascendentes Alfa (CSα), que se baseia nos esquemas da Matriz Insumo-Produto de Leontief
(1983), permite fazer a contabilidade social de uma economia de k produtos e m agentes ou
setores em uma dada unidade geográfica ou político-administrativa. Permitindo quantificar
as formações da renda bruta global (Y) de todos os produtos, ou desagregá-los por produto,
porém identificando as agregações em cada elo da cadeia de comercialização, apontando a
formação da oferta e a geração de renda associada a cada um dos k produtos.
Para a estruturação das contas o modelo opera a partir das inter-relações entre
cinco tipos de matrizes.
27
1) A matriz das relações intermediárias ou de demanda endógena do sistema
produtivo e/ou extrativo neste caso (Xij).
2) Um vetor-coluna de demanda final ou autônoma (DFi).
3) Um vetor-coluna de Valor Bruto da Produção (Xi)
4) Um vetor-linha do Valor Adicionado (VAj).
5) Um vetor-linha de Renda Bruta (Yj), tal que i = j, representando o número de
setores do sistema produtivo.
No modelo de insumo-produto cada Xij é resultado do produto entre a
quantidade q transacionada entre o agente ou setor i com o agente ou setor j, pelo preço p
praticado na intermediação entre tais agentes, ou seja
(1)
Além disso, ao final cada linha i registra os valores das vendas do agente i para
todos os outros agentes produtivos e para os consumidores finais (DFi = Demanda Final);
cada coluna j registra as compras do setor ou agente j, sendo seu somatório o valor dos
insumos por eles requeridos. Desta forma, é possível calcular os demais elementos do
modelo, pois
(2)
Então,
(3)
(4)
(5)
28
(6)
Tal que X = Y, sendo X representado pelo Valor Bruto da Produção Total e Y pela
Renda Bruta Total.
O modelo para n agentes em uma economia pode ser igualmente aplicado para
agregados desses agentes por atributos geográficos (regiões) ou estruturais (setores,
arranjos). Existe também a possibilidade de desagregação tanto da Demanda Final (local,
regional e nacional, por exemplo), quanto do Valor Agregado (salários, lucros e renda)
(LEONTIEF, 1983; ISARD, 1960; GUILHOTO et al., 1997; CROCOMO; GUILHOTO, 1998;
HADDAD, 1989).
Neste estudo os setores alfa são identificados em função de cada produto
identificado, tais como os produtores de açaí, ou os apicultores para o mel, ou os produtores
de carvão, ou, se for conveniente, é possível agregá-los em categorias mais amplas como
produtores de plantas medicinais, ou oleaginosas, etc.
Computacionalmente, para cada produto são estabelecidas condições de
equilíbrio, de modo que as quantidades ofertadas e demandas se igualam, em função disso
deve-se checar tal fato no momento das entrevistas junto aos agentes mercantis.
As contas sociais CSα constituem em algoritmo computacional para obtenção dos
valores Xij do modelo de insumo-produto. No sistema de Leontief obtém-se a contabilidade
social de uma determinada economia de k produtos, cujos fluxos são executados por n
agentes, agrupados em m+1 posições no sistema produtivo e de distribuição, em que a
m+1ésima posição é a Demanda Final, a equação
(7)
em que v é o produto, j o setor que o compra e i o setor que o vende.
Considerando os g atributos geográficos e e atributos estruturais, essa equação
(7) seria então o resultado da agregação de um número g.e de sub-matrizes, cada uma delas
composta por
29
(8)
em que r seria o atributo estrutural (produtor, empresa, cooperativa como
equivalentes ao setor rural) e s o atributo geográfico.
Os elementos das matrizes de totalização para os atributos geográficos seriam
(9)
e, para os atributos estruturais, seriam
(10
)
culminando com uma matriz totalizadora do conjunto, cujos elementos seriam
(11
)
Estas são as equações básicas do modelo empírico CSα. A partir delas, as
grandezas descritas nas equações (9) a (11) podem ser encontradas para cada totalização
parcial por atributos e para o total dos atributos.
Para o levantamento dos dez municípios foram aplicados 497 questionários junto
aos agentes mercantis envolvidos direta ou indiretamente com a comercialização de PFNM.
Com isso, foi possível compor uma base de dados qualitativos disponíveis na plataforma do
Microsoft Office no aplicativo Access 2007, e outra base de dados quantitativos no sistema
Netz3, com circuitos (referente aos produtos) e lançamentos (referente às transações
comerciais realizadas pelos agentes por produtos). Ainda durante a aplicação dos
questionários, foi possível georeferenciar cada agente entrevistado, utilizando o sistema de
posicionamento global (GPS), compondo uma terceira base de dados com as coordenadas
geográficas, que podem ser acrescidas com informações de cada ponto e,
3 Software desenvolvido por Francisco de Assis Costa – NAEA/UFPA.
30
conseqüentemente, será possível espacializar alguns dados, resultando numa melhor
visualização dos resultados na região do estudo.
O estudo também possui um acervo fotográfico com imagens de produtos,
transações comerciais, diversos agentes mercantis, localidades, entre outras, tiradas durante
a pesquisa nos municípios. Além de uma base de dados descritivos das espécies florestais
identificadas no decorrer do estudo, no aplicativo Access 2007, com 37 introduções,
contemplando nome cientifico, família e nome vulgar da espécie, utilidades e partes
utilizadas da planta, fonte bibliográfica, ilustração da espécie e, algumas observações como
ocorrência, período de floração ou frutificação dependendo da parte utilizada.
As características dos agentes mercantis encontrados em cada cadeia de
comercialização são descritas. São elaborados os fluxos da comercialização para cada
produto estudado e organizados para três dimensões geográficas (Local = com recorte
equivalente aos dez municípios da região do Tocantins; Estadual= demais municípios e
regiões do Estado do Pará e; Fora do Estado = tudo que sai do Pará e é comercializado em
outros estados ou países). São quantificados o volume que cada agente ou setor movimenta
na cadeia e o preço médio praticado pelos setores. Para calcular o valor bruto da produção e
valor agregado bruto, o tratamento dos dados foi realizado com auxílio do sistema NETZ que
gera várias matrizes de produtos baseada na matriz de Leontief, quantificando os volumes
brutos dos produtos.
4 ATIVIDADES REALIZADAS
Durante este período de 20 meses de atuação do projeto (Jul/08 a Fev/10), foi
possível percorrer seis regiões de integração do Estado (Figura 1), comprovando as
especificidades de cada região e a diversidade do nosso Estado.
31
Figura 1 - Regiões de integração onde já ocorreu coleta de dados sobre as cadeias de comercialização dos produtos florestais não-madeireiros, conforme destaque em vermelho. Fonte: SEIR, 2008. Adaptado por Idesp,2009
Foi possível realizar o levantamento em 48 municípios do Estado, distribuídos
nas respectivas regiões percorridas, conforme tabela abaixo (Tabela 01).
TABELA 1 -Número de municípios estudados, por região de Integração.
Região de Integração Nº de
municípios Total de municípios
levantados
Tocantins 11 10
Guamá 18 18
Rio Caeté 15 10
Rio Capim 16 3
Baixo Amazonas 12 6
Tapajós 6 1
TOTAL 48
Para o levantamento dos 48 municípios foram aplicados, aproximadamente,
1.000 (mil) questionários junto aos agentes mercantis envolvidos direta ou indiretamente
32
com a comercialização de PFNM. Com isso, foi possível compor uma base de dados
qualitativos disponíveis na plataforma do Microsoft Office no aplicativo Access 2007, e outra
base de dados quantitativos no sistema Netz, que atualmente está com 1387 circuitos
(referentes aos produtos) e mais de 2818 lançamentos (referentes às transações comerciais
realizadas pelos agentes, por produtos). Ainda durante a aplicação dos questionários, foi
possível georeferenciar cada agente entrevistado, utilizando o sistema de posicionamento
global (GPS), compondo uma terceira base de dados com as coordenadas geográficas, que
futuramente serão acrescidas com informações de cada ponto e, conseqüentemente, será
possível espacializar alguns dados, resultando numa melhor visibilidade dos resultados do
estudo.
O estudo também possui um acervo fotográfico com imagens de produtos,
transações comerciais, diversos agentes mercantis, localidades, entre outras, registradas
durante a pesquisa nos 48 municípios. Também em construção uma base de dados
descritivos das espécies florestais identificadas no decorrer do estudo, no aplicativo Access
2007, com 36 entradas, contemplando nome cientifico e vulgar da espécie, locais de
ocorrência, abrangência, utilidades e partes utilizadas da planta, todas com base em
publicações cientificas e/ou herbários visitados da Embrapa Amazônia Oriental e do Museu
Paraense Emílio Goeldi.
Até a presente data foram realizadas 08 viagens para coleta de dados,
totalizando 103 dias em campo.
33
5 RESULTADOS
5.1. REGIÃO DE INTEGRAÇÃO TOCANTINS
5.1.1. CARACTERIZAÇÃO
A Região de Integração Tocantins abriga um total de 11 municípios (Figura 02),
com uma população de aproximadamente 655.955 hab. A região abriga o porto de Vila do
Conde, o maior do estado. Suas principais cargas são minérios (bauxita), alumínio, óleos
combustíveis e madeira (SEIR,2007). No ano de 2009, até o mês de novembro, o porto teve
uma participação de 80,11% na movimentação de cargas do Estado (CDP, 2010).
Em 2007 o Produto Interno Bruto – PIB da Região do Tocantins somou R$
5.408.071,00mil, ocupando a terceira colocação e participando com um percentual
representativo no estado no valor de 10%, que se deve ao pólo mineral e portuário do
município de Barcarena. As participações dos setores econômicos corresponderam a: 8%
Agropecuário, 50% Indústria e 42% Serviços. Dentro da composição do setor agropecuário a
participação dos produtos de origem extrativista corresponde a 12,7 % (IDESP,2009).
Figura 2 - Municípios pertencentes à região de integração Tocantins
Fonte: SEIR, 2007.
34
Apesar das grandes mudanças econômicas que alguns municípios da região
sofreram nos últimos anos, em Barcarena, por exemplo, foi instalado o complexo
Albrás/Alunorte, na sua estrutura econômica ainda sobrevive uma cultura tradicional
ribeirinha. É uma região de colonização antiga com forte identidade cultural. Existe na região
extensa área de várzeas propícias à produção do açaí. Em termos de potencialidades
econômicas para a região destaca-se: o extrativismo da madeira; o setor da indústria
moveleira; o setor oleiro-cerâmico; o beneficiamento de fibras vegetais (côco); a fruticultura
do açaí; a cultura da mandioca; e outras culturas permanentes como o dendê, a pimenta-do-
reino e o côco; e o artesanato (SEIR,2007).
a) Características Gerais:
• População Absoluta (IDESP, 2009): 655.955hab.
• Densidade Demográfica (IDESP, 2009): 18,29 hab/km²
• Produto Interno Bruto - PIB 2007 (IDESP, 2009): R$ 5.408.071,00mil
• Índice de Desenvolvimento Humano – IDH (2000): 0,68
• PIB 2007 Per capita (IDESP, 2009): R$ 8.245,00
• Valor Adicionado – Setor Agropecuário (IDESP, 2009): 8 %
• Valor Adicionado – Setor Industrial (IDESP, 2009): 50 %
• Valor Adicionado – Setor Serviços (IDESP, 2009): 42 %
5.1.2. ANÁLISES DAS CADEIAS DE COMERCIALIZAÇÃO DOS PRODUTOS FLORESTAIS NÃO-MADEIREIROS
IDENTIFICADOS NA REGIÃO DE INTEGRAÇÃO DO TOCANTINS
Dos municípios pertencentes à região, dez foram estudados, a saber:
Abaetetuba, Acará, Baião, Barcarena, Cametá, Igarapé Miri, Limoeiro do Ajuru, Mocajuba,
Moju e Oeiras do Pará. Foram aplicados 397 questionários junto aos agentes mercantis, com
pontos georeferenciados (Figura 3 e 4). Houve necessidade de fechamento de algumas
cadeias em municípios fora da região tocantina, como foram os casos de Castanhal e Belém,
principalmente.
35
Figura 3 - Delimitação do município de Cametá (linha vermelha) e a localização de pontos georeferenciados dos agentes mercantis entrevistados em diversas regiões do município (pontos numerados).
Figura 4 - Pontos georeferenciados dos agentes mercantis entrevistados na área urbana de Cametá (pontos numerados).
Foram mais de 30 produtos encontrados na amostragem de campo, nos dez
municípios, classificados em Alimentícios (açaí, cacau, cupuaçu, castanha-do-pará, buriti,
36
bacaba, taperebá, bacuri, urucum e palmito); Derivado Animal (mel de abelha com e sem
ferrão); Fármacos e Cosméticos (andiroba, copaíba, murumuru, barbatimão, verônica, unha
de gato, leite de amapá, leite de sucuúba, pau doce); Derivados da madeira (carvão, resina
de breu); Artesanatos e Utensílios (principalmente brinquedos de miriti - Abaetetuba,
objetos artesanais e utensílios feitos com sementes, frutos, cascas, fibras, talas, e diversos
outros materiais). No caso de artesanato uma única empresa localizada em Cametá
comercializa cerca de uma centena de diferentes produtos vindos da floresta, que passam
por simples etapas de preparo como lavagem, limpeza e secagem, e são exportadas para a
Europa.
Com base na comercialização dos mais de 30 produtos identificados em nossa
amostragem, as produções vendidas e os valores pagos aos produtores da região foram
organizados em ordem decrescente em função do percentual de valor (Tabela 2).
37
TABELA 2 Produtos florestais não-madeireiros identificados na região do Tocantins, com quantidade e valor pago à produção local, de acordo com a amostragem realizada em campo (Idesp).
Produto Quantidade ValorR$ %Valor
Açaí (kg) 59.116.449,00 44.609.624,65 83,0767%
Cacau (kg) 1.246.845,00 5.682.930,21 10,5833%
Palmito (kg) 834.655,72 1.406.997,35 2,6203%
Castanha do brasil (kg) 680.450,00 734.695,00 1,3682%
Cupuacu (kg) 134.156,01 447.413,71 0,8332%
Carvao (Sc) 91.086,57 349.636,99 0,6511%
Buriti (kg) 173.586,00 178.056,96 0,3316%
Bacaba (kg) 93.438,00 71.107,52 0,1324%
Mel (litro) 3.948,80 53.430,00 0,0995%
Coratá (Un) 62.000,00 31.000,00 0,0577%
Tipiti (Un) 6.436,00 21.020,08 0,0391%
Paneiro (Un) 9.132,00 18.361,60 0,0342%
Paneiro decorativo(Un) 1.500,00 18.361,60 0,0342%
Bacuri (kg) 1.422,00 14.646,00 0,0273%
Murumuru (kg) 9.640,00 11.280,00 0,0210%
Artesanato miriti (Un) 26.500,00 10.107,50 0,0188%
Andiroba (litro) 1.111,00 8.159,00 0,0152%
Copaiba (litro) 253,00 6.250,00 0,0116%
Inajá (kg) 5.200,00 5.040,00 0,0094%
BreuBranco (kg) 1.725,00 4.112,50 0,0077%
Cipós (Rolo) 2.155,00 4.052,50 0,0075%
Leites* 475,50 3.121,50 0,0058%
Cuia (Un) 3.168,00 3.119,04 0,0058%
Tapereba (kg) 2.100,00 2.400,00 0,0045%
Urucum (litro) 470,00 965,00 0,0018%
Plantas Medicinais ** 200,00 600,00 0,0011%
Semente de cupuaçu (kg) 300,00 360,00 0,0007%
Cumarú (kg) 20,00 60,00 0,0001%
Guarumã (Braça) 100,00 12,00 0,00002%
Total 62.508.522,60 53.696.920,70 100% Fonte: IDESP, 2009. Nota: *(amapá, sucuúba e jatobá) e **(barbatimão, pau doce, unha de gato e verônica)
As análises dos principais produtos estão descritas individualmente e, para
alguns produtos, as análises foram agrupadas por categorias, como no caso das plantas
medicinais e de leites. A seguir as principais cadeias de comercialização identificadas nos dez
municípios da região do Baixo Tocantins.
38
5.1.2.1 CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO DO AÇAÍ
a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização do açaí
O açaí é o principal produto comercializado na região do Tocantins, tanto em
volume quanto em moeda circulante. Sua produção provém tanto de açaizais nativos quanto
de áreas de manejo ou plantados. A seguir a descrição dos agentes mercantis identificados
na cadeia de comercialização do açaí (Figura 5) considerando a abrangência para o nível
local (os dez municípios), estadual (fora da região do Tocantins) e nacional (outros estados
do Brasil e outros países)
Produção Local: produção primária da agropecuária e extrativista dos dez
municípios da região do Tocantins;
Varejo Rural Local: todos pequenos comerciantes do interior do município que
compram o açaí in natura dos produtores, comumente denominados atravessadores;
Indústria de Beneficiamento Local: empresa que realiza o processamento do
açaí in natura. Existem dois tipos de estrutura de empresa beneficiadora, a composta por
pequenos comerciantes que possuem máquinas despolpadeiras, chamadas de “batedores
de açaí” no qual vendem diretamente a polpa do açaí para os consumidores locais. A
segunda categoria composta por um número reduzido de agroindústrias que realizam a
primeira agregação de valor do açaí in natura, ou seja, a produção de polpa de açaí
pasteurizada e/ou congelada;
Atacado Local: comerciantes (atacadistas ou representantes de empresas) que
compram o fruto in natura em grandes quantidades do varejo rural (e/ou do produtor) e
vendem para agroindústrias estaduais;
Indústria de Beneficiamento Estadual: unidades de beneficiamento da produção
localizadas no Pará, fora da região Tocantina, que apenas beneficia o açaí em polpa
pasteurizada e/ou congelada;
Indústria de Transformação Estadual: unidades de transformação da produção
estadual. São processadoras e beneficiadoras de polpa de açaí e também de geléias,
compotas, outros produtos e, em pequena escala, os blends (açaí misturado com outras
frutas, guaraná, etc.) e para empresa de cosméticos;
39
Atacado Estadual: empresas (atacadistas, representantes de empresas)
compradoras da produção do Estado diretamente dos produtores regionais;
Varejo Urbano Estadual: são comerciantes varejistas que realizam a venda da
polpa de açaí para consumidor estadual;
Indústria de Beneficiamento Nacional: unidades de beneficiamento situadas
fora do Estado que apenas beneficiam o açaí em polpa pasteurizada e/ou congelada;
Indústria de Transformação Nacional: unidades de beneficiamento situadas fora
do Estado que beneficiam o açaí em blends (lanchonetes, sorveterias, restaurantes entre
outros);
Atacado Nacional: empresas (atacadistas, representantes de empresas)
compradoras no âmbito nacional; e
Varejo Urbano Nacional: comércios varejistas situados fora do Estado que
vendem para o consumidor nacional.
b) Estrutura da quantidade comercializada (%) do açaí
A cadeia de comercialização do açaí possui a mais complexa estrutura dentre
todas as identificadas no estudo. Nos dez municípios foram entrevistados 285 agentes
mercantis que atuam, em média, há 11 anos no ramo (variação de 1 a 40 anos). Que
trabalham somente com açaí são 84% e os demais trabalham com outros produtos
(artesanato, bacaba, patauá, andiroba, murumuru, cupuaçu, buriti, cacau, carvão, cipó,
palmito, mel e taperebá). Na descrição da capacidade instalada dos agentes mercantis
entrevistados da região identificou-se que 28% possuem local para armazenagem com
capacidade média de 16m2 (variação de 4 a 144 m2); 37% possuem transporte (87 barcos
com capacidade de 0,5 a 15 toneladas, 5 canoas, 1 caminhonete, 11 motos e 17 bicicletas).
Em relação aos equipamentos 61% possuem (175 despolpadeiras, 71 freezers, 12 filtros, 11
geladeiras, 3 câmaras frias, 2 pasteurizadores, 2 seladores, 2 envasadoras, 1 container, 1
caldeira e 1 balança), 38% não possuem equipamentos e 3% não informaram. A mão de
obra predomina a familiar em 47% dos entrevistados, com equipe até 5 pessoas; dos demais
agentes mercantis 6% pagam diária para 5 pessoas em média, no valor de R$10,00 a
R$30,00; 2% pagam semanalmente para 1 a 3 pessoas, valores entre R$20,00 a R$120,00;
40
3% pagam em média 6 pessoas por rasa colocada no barco ou caminhão o valor de R$0,30; e
o restante não informou. Em relação ao período de trabalho 70% trabalham o ano todo,
12% somente na safra, e os demais não informaram. Os problemas identificados foram baixa
capacidade de armazenagem e de transporte, falta capital de giro, falta de investimentos
para melhorar a produção e aquisição de equipamentos e falta treinamento para os
batedores de açaí sobre manipulação adequada.
A Figura 5 permite visualizar as proporções da quantidade produzida do açaí que
transitam entre os diferentes setores. Constituindo assim, os canais de distribuição (ou
canais de comercialização) do fruto nos dez municípios estudados. A cadeia de
comercialização do açaí identificada pela pesquisa é complexa e constituída por vários níveis
de intermediários. Conforme Santana (2005) cada conjunto de intermediários que
desempenham algum tipo de atividade relacionada ao escoamento da produção do
produtor até o consumo final é um nível do canal de distribuição.
O principal nível de canal de comercialização do açaí (Figuras 5 e 6) identificado
com as maiores quantidades é a compra do varejo rural de 77% do total da produção local
identificada, que vendem cerca de 60% para o setor da indústria de beneficiamento no
mercado estadual, que são empresas localizadas nos municípios de Castanhal (5 empresas),
Tomé Açu (1) , Santa Bárbara (1), Marituba (1), Benevides (1) e Belém (1) no Estado do Pará,
que vendem na forma de polpa congelada o equivalente a 53% da quantidade para o varejo
urbano nacional, que são lojas especializadas e/ou redes de supermercados que vendem
54% da quantidade produzida na forma de polpa congelada para o consumidor nacional. As
empresas demandantes de açaí produzido nos dez municípios estudados se comportam num
ambiente oligopolista, ou seja, setor caracterizado com pequeno número de empresas
atuando no mercado de compra de insumo (no caso o açaí in natura).
Outro nível de canal importante é composto pela indústria de beneficiamento
local que apresenta duas peculiaridades, i) volume destinado para o beneficiamento em
pequena escala (batedores de açaí) para atender o consumidor local com 24% da produção
identificada e; ii) destinado para a exportação de polpas (as agroindústrias) no âmbito da
indústria de transformação estadual e nacional (fora do estado) comercializando somente
0,2% da produção identificada (Figura 5). Destaca-se a venda direta do produtor de açaí
para o consumidor local comercializando 3% da produção identificada.
41
Na cadeia do açaí foi identificada a presença da Companhia Nacional de
Abastecimento - CONAB4, que atua no Programa de Aquisição de Alimentos, do Ministério
do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), sendo o intermediador responsável
pelo abastecimento da merenda escolar e entidades sociais no município de Abaetetuba. Foi
classificada como atacadista estadual que comercializou 52 toneladas de açaí para o
consumidor estadual, representando 0,04% do volume da produção identificada.
Figura 5. Estrutura da quantidade, em termos percentuais (%), da comercialização do açaí identificado em dez municípios da região do Tocantins (Local), que vai para o mercado Estadual e Nacional.
4 A CONAB é a empresa oficial do Governo Federal, encarregada de gerir as políticas agrícolas e de
abastecimento, promovendo por meio seguro a comercialização eletrônica de produtos e serviços relacionados às atividades finalísticas e de produtos e insumos para terceiros e, também, presta serviço de armazenagem e de classificação de produtos agrícolas. Atua em todo o território nacional por meio de suas superintendências regionais localizadas nos estados. Disponível em: <www.conab.gov.br/conabweb/> Acesso em: 15 dez. 2009.
42
Figura 6. Principal fluxo de comercialização do açaí, da produção local (dez municípios da região do Tocantins), passando pelo varejo rural, pelo setor da indústria de beneficiamento em outras regiões do Pará, pelo varejo urbano nacional até chegar aos consumidores finais.
c) Preço médio praticado nas transações entre diversos agentes mercantis da cadeia do
açaí (2008)
Os preços médios do açaí praticados entre os diferentes agentes da cadeia de
comercialização são determinados pela oferta e qualidade do fruto transacionado, conforme
matriz (Figura 7) que contém os preços do kg do açaí fruto praticado pelos setores que
vendem (nas linhas) para os setores que compram (nas colunas). A variação do preço
implícito do açaí fruto praticado pela produção local varia de R$0,48/Kg na venda para o
atacadista local até R$1,49 para os beneficiadores locais. Enquanto que os preços de venda
praticados pelo varejo rural são diversos, destacando: R$1,40/kg para as indústrias de
beneficiamento local, R$0,63/kg para as indústrias de beneficiamento estadual e
R$1,21/kg para os atacadistas estaduais e nacionais que são estabelecidos por meio de
contratos.
Os batedores de açaí locais (ou seja, indústria de beneficiamento de pequena
escala), em sua maioria, praticam preços de venda para o consumidor final local conforme o
rendimento do fruto e a época do ano (safra e entressafra do açaí), em média a R$2,36/kg
(Figura 6). Por outro lado, os preços praticados pelas agroindústrias locais (indústrias de
43
beneficiamento de maior escala) são determinados pelos contratos de venda. Assim, os
preços implícitos de venda são diversos em diferentes âmbitos como R$1,00/kg para a
indústria de beneficiamento e de transformação estadual; R$3,73/kg para o atacado
estadual e, para a indústria de transformação e varejo urbano nacional foram R$2,63/kg e
R$2,58/kg, respectivamente.
Pode parecer estranho o preço de R$1,00/kg praticado na venda da indústria de
transformação estadual para o consumidor nacional. No entanto, a explicação é que esta
indústria de transformação estadual ainda não foi entrevistada, portanto o preço de venda
real praticado não foi identificado (Figura 6). Desta forma, a metodologia adota o valor de
repasse, ou seja, o mesmo preço praticado na compra. Neste caso, trata-se de uma empresa
de cosmético instalada no Pará, fora da região do Tocantins.
O preço médio adotado pela venda da produção direta a R$0,71/kg para a
indústria de beneficiamento nacional pode ser explicado pela transação de empresas de
beneficiamento do Maranhão, estado vizinho, que compram diretamente o fruto da
produção local tocantina e vendem ao consumidor nacional (maranhense, no caso) ao
preço médio de R$1,44/kg (Figura 7). Outra transação importante é a vinda de
atravessadores do estado do Amapá (atacadista nacional) que compram ao preço médio de
R$1,21/kg de atravessadores locais (varejo rural local), quantidades significativas de açaí
fruto (1.343 ton/ano), levadas por grandes embarcações, que utilizam processo rústico de
armazenagem e refrigeração (cobrem as rasas com lonas e colocam gelo na superfície). Estes
atravessadores vendem, em média, a R$1,45/Kg para batedores do Amapá (indústria de
beneficiamento nacional) que abastecem o consumo do Amapá ao preço médio de
R$1,44/kg (preço de repasse).
44
Figura 7. Preço médio de açaí (R$ correntes/kg de fruto in natura) praticado nas transações entre diversos setores da cadeia de comercialização, no ano de 2008, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará.
d) Formação dos preços pelos setores envolvidos na comercialização do açaí
A partir dos preços implícitos coletados em campo, mais a estrutura de
quantidade comercializada do produto, é possível visualizar a estrutura da cadeia contendo
a formação do preço do açaí, identificando quais setores que incrementam ou reduzem o
preço equivalente desde a primeira transação até o consumidor final. Considera-se R$1,00 o
preço equivalente praticado para a venda da produção local (ou valor equivalente a 100%) e,
em cada transação, os preços são formados em função da lógica transacionada na cadeia de
comercialização do açaí, para mais ou para menos.
No principal nível de canal de comercialização do açaí (Figura 8) identificado pela
compra do varejo rural local na ordem de 0,78 vezes do total do valor médio praticado na
produção local (valor de referencia 1,00), que vende a 0,83 vezes para o setor da indústria
de beneficiamento estadual, que por sua vez revende a 6,63 vezes mais para o varejo
urbano nacional, e este alcança preço 8,93 vezes maior que o praticado na produção local
para o consumidor nacional. O nível de canal composto pela indústria de beneficiamento
local que compra direto da produção local a 1,98 vezes maior e do varejo rural a 1,85 vezes;
vende a preço 1,33 vezes para o setor da indústria de transformação estadual, a 3,42 vezes
para a indústria de transformação nacional, a 4,94 vezes para o atacado estadual e, para o
45
consumidor local pratica o preço de 3,13 vezes mais que o preço praticado na produção
local. Quando a produção local vende direto para o consumidor local pratica o valor
equivalente a 1,64 vezes maior.
O preço praticado pelo setor do varejo rural local com a indústria de
beneficiamento local é equivalente a 1,85 vezes maior que o preço médio recebido pelos
produtores, com o atacado local é 0,69 vezes menor, com as agroindústrias estaduais é 0,83
vezes menor, com os atacadistas estaduais e nacionais é 1,6 vezes maior para cada um dos
setores (Figura 8). Neste setor do varejo rural encontram-se os agentes comercializando o
fruto somente na forma in natura.
Observa-se por outro lado o comportamento da formação de preço do açaí já
beneficiado em forma de polpa. O preço praticado pela agroindústria local (ou seja,
indústria de beneficiamento local) com as indústrias de transformação nacional é
equivalente a 3,42 vezes o preço médio recebido pelos produtores, com a indústria de
transformação estadual equivale a 1,33 vezes e com o atacado estadual atinge preços 4,94
vezes maior (Figura 8). Tanto o varejo urbano estadual quanto o nacional praticam preços
de venda quase 9 vezes maior que o praticado na primeira etapa da cadeia.
Figura 8. Formação de preço do açaí ao longo da cadeia de comercialização, considerando o valor de R$1,00 como preço base adotado no setor da produção local, que pode variar acima ou abaixo, dependendo da transação realizada.
46
e) Valor Bruto da Produção, pela ótica da oferta, na comercialização do açaí
Somando todos os valores recebidos pela venda do açaí por todos os produtores
da região do Tocantins, ou seja, o valor bruto de produção local (VBPα) foi de R$152,7
milhões, do varejo rural local de R$118,5 milhões, da indústria de beneficiamento local de
R$116,3 milhões e do atacado local de R$7,6 milhões, gerando R$395 milhões nas vendas
do açaí na região do Tocantins que representa 22% do total gerado, sob a ótica da oferta
(Figura 9). Em relação aos R$671 milhões gerados na venda do açaí no Estado do Pará (37%
do total gerado) os setores que se destacaram foram o da agroindústria (indústria de
beneficiamento estadual) cujo valor transacionado bruto foi na ordem de R$609,7 milhões
e o do setor do varejo urbano estadual de R$39,3 milhões. No mercado nacional foram
gerados R$756,3 milhões na venda do açaí fora do estado, representando 41% do total
gerado, sendo que o varejo urbano nacional foi o principal setor responsável pelas vendas
com R$739,1 milhões. Portanto, a economia do açaí gerada a partir da região do Tocantins
foi responsável por cerca de R$1,8 bilhões, com um produto regional atingindo diversos
setores que dinamizam a economia regional, estadual e nacional.
Figura 9. Valor Bruto da Produção (VBP
α), em R$, gerado na comercialização do
açaí, pela ótica da oferta, em 2008, em dez municípios da região de integração do Tocantins, Estado do Pará.
47
f) Valor Transacionado Efetivo (VTE) que se aproxima do Valor Adicionado Bruto (VAB)
gerado na comercialização do açaí e a margem de comercialização de cada setor (Mark-
up)
Ao longo da cadeia de comercialização do açaí da produção local do Tocantins
até a demanda final, o valor de R$989,1 milhões foram adicionados (VAB) ao produto açaí
(Figura 10), correspondendo à margem de agregação ao produto na comercialização ou
mark-up total de 548%.
O mark-up total (no caso, de 548%) é calculado a partir do VAB total (R$989,1
milhões), menos o VBP da produção local (R$152,7 milhões), dividido pelo VBP da produção
local. Essa margem mostra, em termos relativos, o valor adicionado na cadeia toda a partir
da produção primária (Setor α).
Do total do valor adicionado dos dez municípios, o setor com maior participação
foi a indústria de beneficiamento estadual com R$514 milhões, agroindústrias localizadas
em municípios fora da região do Tocantins, que agregam ao produto uma margem de
comercialização (mark-up do setor) de 537% (Figura 11), que está relacionado,
principalmente, ao grande poder de compra deste setor que, adquire o açaí in natura do
sistema local e, vende para fora do estado um produto beneficiado (pasteurizado e
congelado), a preços mais atrativos em relação ao mercado estadual. Ou seja, o mark-up do
setor é o Valor Transacionado Efetivo (VTE), que equivale ao Valor Adicionado (R$
correntes/kg in natura) do setor, dividido pelo Valor Bruto da Produção (VBP), pela ótica da
demanda, representado em termos percentuais (%), que inclui todos os custos da
comercialização e do beneficiamento do produto analisado, que não são captados pela
pesquisa.
Em relação ao sistema local destacam-se as indústrias de beneficiamento
(formadas em sua maioria pelos batedores de açaí) e o varejo rural (os atravessadores) com
valor adicionado de R$44,4 milhões (mark-up de 62%) e R$27,3 milhões (mark-up de 30%),
respectivamente (Figuras 10 e 11). O setor da produção local transaciona o valor efetivo
referente somente ao montante das vendas de R$152,7 milhões do açaí in natura. Na esfera
nacional o setor do varejo urbano foi o que mais agregou valor no montante de R$219,9
milhões, porém com mark-up de apenas 42%. Portanto, do total do valor adicionado ou do
48
valor transacionado efetivo o sistema estadual participa com mais da metade (54%),
ficando tanto o sistema local quanto o nacional com 23% de participação, respectivamente.
Figura 10. Valor Transacionado Efetivo (VTE) ≈ Valor Adicionado Bruto (VAB) em R$, gerado na comercialização do açaí, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008).
Figura 11. Valor Bruto da Produção (VBP), Valor Transacionado Efetivo (VTE) que equivale ao Valor Adicionado Bruto (VAB), em R$ correntes/kg in natura, e a Margem de Comercialização (%) de cada setor (mark-up) da cadeia de comercialização do açaí, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008).
49
g) Renda Bruta Total gerada pela ótica da demanda na comercialização do açaí
A Renda Bruta Total (RBT) gerada na comercialização forma-se a partir da soma
da compra dos insumos (pela ótica da demanda) com o Valor Transacionado Efetivo (VTE),
que equivale ao Valor Adicionado (R$ correntes/kg in natura). Assim, a pesquisa de campo
identificou que a renda bruta total gerada para a comercialização do açaí nos dez municípios
estudados foi de R$1,8 bilhões. O mercado nacional foi responsável por 41% dessa renda
bruta total, seguido pelo estadual com 37% e o local com 22% (Figura 12).
Na região do Tocantins o setor do varejo rural gerou a maior renda bruta na
ordem de R$118,5 milhões, pois comprou de insumos cerca de R$91,2 milhões e agregou
valor na ordem de R$27,3 milhões (Figura 12). A indústria de beneficiamento local foi
responsável pela renda bruta total de R$116,3 milhões, pois comprou de insumo o açaí fruto
in natura por R$71,9 milhões e adicionou o montante de R$44,4 milhões. O setor do
atacado local gerou renda bruta equivalente a R$7,6 milhões, sendo R$3,6 milhões em
insumos e R$4 milhões no valor adicionado.
Na esfera estadual o setor das agroindústrias (indústrias de beneficiamento)
atingiu uma renda bruta total no valor de R$609,7 milhões, dos quais R$95,7 milhões
equivalem à compra dos insumos (açaí in natura) e R$514 milhões ao valor adicionado na
comercialização do açaí em forma de polpa. O setor do varejo urbano estadual gerou renda
bruta equivalente a R$39,3 milhões, sendo R$29,3 milhões na compra de insumos (açaí in
natura) e R$10 milhões adicionados ao produto (Figura 12). Este valor de R$9,8 milhões
adicionados refere-se ao valor de repasse, pois a presente pesquisa não entrevistou o setor
de transformação estadual. O setor que mais comprou insumos da região do Tocantins foi o
varejo urbano nacional no valor de R$519,2 milhões e adicionou mais R$219,9 milhões,
compondo uma renda bruta total deste setor equivalente a R$739 milhões, mostrando que
o açaí já ganhou importância nesse mercado.
50
Figura 12. Valor da Renda Bruta Total (RBT), em R$, na comercialização do açaí considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008).
h) Destino da produção de açaí identificado nos dez municípios estudados da região de
Integração do Tocantins
Do volume total de açaí identificado na região de Integração do Tocantins, 28%
ficam na própria região em função do hábito alimentar da população local (Figura 13), que
predomina a ribeirinha (Abaetetuba 6,8%, Mojú 4,4%, Cametá 5,6%, Barcarena 3,1%, Oeiras
do Pará 2,6%, Mocajuba 2,5%, Igarapé Miri 1,7% e Limoeiro do Ajuru 1%). Destina 10% para
o consumidor de outros municípios do Pará como Ananindeua (0,2%), Belém (7,9%),
Benevides, Castanhal (0,9%), Marituba (0,9%), Santa Bárbara (0,02%) e Tomé-Açu. Exporta
62% para o mercado nacional e internacional, porém o método consegue identificar apenas
alguns estados brasileiros (Amapá 2,4%, Maranhão 0,9%, São Paulo 0,1% e Goiás 0,02%) e 2
países (Japão com 3,6% e Estados Unidos com 0,1%).
51
Figura 13. Destino do volume (%) de açaí identificado na região de Integração do Tocantins, para atender as demandas de consumo local, estadual e nacional.
i) Informações complementares sobre a comercialização de açaí
Um fato interessante identificado foi a padronização da Feira do Açaí de Cametá
(funcionamento das 7:00h às 11:00h), que difere dos demais municípios, pois possui
supervisores que fiscalizam a disposição do produto para evitar a contaminação, os feirantes
devem obedecer o padrão com disposição dos paneiros sobre bancadas de madeira, uso de
sacos plásticos novos para entrega ao consumidor, além da padronização dos recipientes de
venda para o varejo, fornecidos pela prefeitura. Usam o espaço formado por 35 tabuleiros,
com 70 trabalhadores cadastrados, com capacidade de cada tabuleiro comportar 24 rasas de
14 kg. Eles reclamam da ausência de uma beneficiadora de açaí que poderia gerar emprego
e renda no município.
O Centro Miriti Pousada Escola, de Cametá, é formado por 950 mulheres
organizadas em uma cooperativa, que funciona desde 2004, composta por 41 grupos no
campo e 9 grupos na cidade. Comercializam açaí beneficiado para as empresas Amazonfruit
– Frutas da Amazônia Ltda. (Marca: Amazonfrut) e Bolthouse do Brasil Ind. e Com. de Frutas,
Sucos e Polpas Ltda. (Marca: Bolthouse do Brasil). Utilizam liquidificadores para processar as
polpas de cupuaçu, taperebá e graviola. Trabalham com o cultivo de plantas medicinais,
52
assistidas por um pesquisador da Embrapa. Tudo que é produzido pela cooperativa também
é comercializado em uma loja chamada “Puçanga”.
O açaí faz parte da dieta alimentar da maioria das famílias de Baião,
principalmente as ribeirinhas, que também vêem no produto, uma fonte de renda. O fruto
que abastece a cidade é oriundo de comunidades e municípios vizinhos como Cametá.
Geralmente o açaí é comercializado no porto da cidade, em pequenas embarcações. O açaí
que chega em Baião é todo encomendado por batedores locais. Durante a comercialização
acontece um rodízio de agentes mercantis (atravessadores/produtores), quando ocorre o
revezamento, cada agente leva seu produto apenas duas vezes por semana e em dias
alternados.
O consumo de açaí no município de Mocajuba é elevado, pois faz parte da dieta
alimentar dos moradores. Existem 68 projetos de plantio de açaí de terra firme no
município. A maioria dos batedores de açaí dispõe de uma infra-estrutura mínima, alguns
locais onde é processado não possuem piso adequado, nem água filtrada. Em outros
estabelecimentos o fruto fica próximo de animais correndo risco de contaminação e
comprometendo a qualidade do produto final. Alguns batedores já solicitaram
financiamento especifico para melhorar a estrutura de seus estabelecimentos, porém
continuam sem resposta.
O açaí que é vendido no município de Oeiras do Pará vem dos ribeirinhos e
abastece o mercado local, mas, às vezes, vai para alguns municípios próximos, como
Curralinho. O açaí faz parte da alimentação diária das famílias, por isso existem muitos
batedores espalhados pela cidade. No período da entressafra o açaí vem de outros
municípios para abastecer a população de Oeiras do Pará, com preço alto, o que reduz o
consumo e os batedores acabam vendendo mais o vinho fino. Faltam orientações, por parte
dos órgãos de assistência, para aumentar a produção de açaí na entressafra com o manejo
dos açaizais. O açaí é incluído na merenda escolar numa iniciativa da prefeitura e do
Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) da Companhia Nacional de Abastecimento -
CONAB.
A produção de açaí de Limoeiro do Ajuru é significativa, chegando a abastecer
outros municípios, principalmente na entressafra. De acordo com relato de alguns
produtores e de uma técnica, a Emater atua no manejo de açaí para que o município
produza bastante açaí na entressafra. A Emater e outros órgãos sempre ministram cursos de
53
manejo de açaí para as comunidades. Os produtores de açaí entregam sua produção para a
cooperativa Cooper açaí que, por sua vez, manda in natura para Macapá, Belém e outros
municípios do estado.
Os batedores de açaí de Barcarena passaram por qualificações para padronizar
seus pontos de venda e dar qualidade ao produto além de uma melhor higienização durante
o processamento do produto.
Em Igarapé Miri encontramos um grande volume de açaí comercializado no
período da safra e em menor quantidade na entressafra. A comercialização é quase toda
feita para fora do município. O açaí chega diariamente nos portos, em grande quantidade, e
é vendido para várias fábricas como a Castanhal Comércio de Polpas Ltda (Marca: Santa
Helena), em Castanhal, a Cooperativa Agrícola Mista de Tomé- Açu (Marca: CAMTA), em
Tomé-Açu, e outros municípios. No município existem três fábricas de açaí, sendo que só
duas estão funcionando. A produção de açaí está aumentando a cada ano devido o manejo
feito nos açaizais dos produtores. Enquanto em outros municípios a safra do açaí esta
terminando, em Igarapé Miri a produção é grande por causa do manejo feito.
Em visita à fábrica de açaí da Cooperativa Agroindustrial dos Moradores e
Produtores Rurais de Igarapé -Miri (Coopfrut), em 2008, o entrevistado informou que não
estava funcionando. Quando a fábrica funcionou, beneficiava 20% da produção local e
exportava. De acordo com um membro da Coopfrut, a cooperativa foi criada em 2000, com
apoio de organizações não governamentais, do Programa Pobreza e Meio Ambientes
(Poema) e de outros órgãos, servindo por vários anos como termômetro de preço da
comercialização local de açaí. Já tiveram 280 cooperados e, na data da entrevista, tinham
somente 150 atualizados. A capacidade da fábrica era de 120 latas por hora e contava com
túneis de resfriamento com capacidade de 12 toneladas e armazenamento de 200 ton.
Pararam de funcionar, em 2007, devido problemas administrativos e de gestão. Em 2007
venderam 60 t (R$1,40 a R$2,00/Kg) para o Rio de Janeiro; 99 t (R$1,40 a R$2,00/Kg) para
São Paulo; 10 t (R$5,70 a 6,00/Kg) para o Havaí; 80 t para a J. C. Ind. e Com. Exp. de Açaí
Ltda. (Marca: Açaí Mania / Açaí Amazon). Na época tinham novos acordos com Fortaleza e a
Empresa Brasileira de Bebidas e Alimentos S/A (Marca: DaFruta e a Maguary), de Recife.
Além do açaí possuem projetos de oleaginosas com andiroba, copaíba e buriti para merenda
escolar. Em 2008 estavam com nova gestão, e tinham um projeto para beneficiar 1.200 latas
por dia, mas para atingir essa produção precisariam de parcerias. Outras duas fábricas de
54
açaí em Igarapé Miri não deram entrevistas, pois alegaram não ter um responsável para falar
dos trabalhos.
Durante a safra de açaí em Igarapé Miri são carregados, em média, 20 caminhões
por dia no porto, com uma capacidade de aproximadamente 1.200 a 1.500 rasas cada
caminhão; somados também a muitos carros pequenos que comportam entre 50 e 80 latas.
Na safra de açaí a maior produção vai para Belém e Castanhal, e uma pequena quantia sai
para o município de Tailândia. Na entressafra o açaí vai direto para Belém.
São cinco os maiores atravessadores de açaí em Igarapé Miri. Segundo um
entrevistado os maiores compradores são a CAMTA, J.C. Ind. e Com. Exp. de Açaí Ltda; Sabor
do Açaí Ind. e Comércio (Marca: Maria Luiza); Castanhal Comércio de Polpas Ltda e a Dibony
Ind. Com. e Exp. de Bebidas Ltda (Marca: Dibony).
De acordo com o técnico da EMATER a produção estimada em Igarapé Miri para
2008 é cerca de 130.000 toneladas de açaí. O manejo do açaí BRS-Pará foi grande no
município. As empresas de açaí que vem buscar o produto em Igarapé Miri são a Castanhal
Comércio de Polpas Ltda (Castanhal-PA), a CAMTA (Tomé Açu-PA), a Bolthouse do Brasil Ind.
e Com. de Frutas, Sucos e Polpas Ltda do distrito de Icoaraci (município de Belém-PA), a
Dibony (Marituba-PA) e a Amazonfrutas Polpas de Frutas da Amazônia Ltda (Marca: Rajá
Frutas / Pai d'égua / Sabor do Pará / Nativo / Mix / Amazon Mania) localizadas em Santa
Bárbara-PA.
A Cooperativa de Desenvolvimento do Município de Igarapé Miri (CODEMI),
possui mais de duas centenas de cooperados, formados em 13 núcleos (Joarimbu, São
Lourenço, Boa Esperança, Alto KG, Anapu, Miritipucu Seco, Salento, Alto Miritipucu, São
Jorge, Ampresa, Mamagualzinho, Nova Aliança e a cidade), cada qual representado por
coordenadores. A CODEMI somente comercializa açaí e vende para a maioria das empresas
do Sindicato das Indústrias de Frutas e Derivados do Estado do Pará (Sindfruta). A
cooperativa tem parceria com a UFPA – Centro Tecnológico de Empreendimento Popular e
Solidário.
Uma fábrica de polpa de açaí foi desativada em Igarapé Miri por causa da
qualidade da água.
O açaí de Moju é quase todo consumido no próprio município e uma parte é
levado para Tailândia e Belém. A entrevista com o técnico da EMATER apontou que o
“Projeto de Açaizal Nativo” representa 70% da fonte de renda da população ribeirinha, que
55
gera emprego ao longo de toda sua cadeia produtiva. Comparou que um açaizal manejado
produz duas vezes mais que o não manejado. Se a média do não manejado por hectare é de
200 rasas/safra, a do manejado atinge até 500 rasas no mesmo período. No projeto de
“Industrialização artesanal do açaí” o vinho é de alto valor energético e aproveitado no
preparo de mingaus, sorvetes, bolos, brigadeiros, cocadas, doces e licores. Toda produção
do açaí manejado da várzea é comercializado parte no Porto do Pelé, localizado na área
comercial de Moju, parte vai para Igarapé Miri (Coopfrut) e Acará. Os produtores ribeirinhos
chegam com o açaí e vendem no porto para os batedores e alguns atravessadores que
vendem principalmente para Belém. O principal problema é o transporte para a
comercialização. Na entressafra o açaí vem de áreas manejadas de Igarapé Miri.
O açaí é o PFNM mais produzido na região, faz parte da alimentação diária das
famílias de Moju que sofrem com a falta do produto na entressafra, porque o preço
aumenta.
56
5.1.2.2 CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO DO CACAU
a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização do cacau
Os agentes envolvidos na cadeia de comercialização do cacau (Figura 14),
segundo maior produto não-madeireiro identificado na região do Tocantins, apresentam as
seguintes denominações considerando a abrangência para o nível local (os dez municípios),
estadual (fora da região do Tocantins) e nacional (fora do estado do Pará e do Brasil).
Produção Local: produção primária (ascendente) da agropecuária e extrativista
dos dez municípios pesquisados que comercializam o cacau seco ou molhado;
Varejo Rural Local: pequenos atravessadores ou representantes de atacadistas
estaduais que compram cacau seco ou molhado dos produtores locais e realizam o
beneficiamento primário da amêndoa (fermentação e a secagem natural do fruto);
Atacado Local: comerciantes (atacadistas ou representantes de empresas de
transformação nacional ou multinacional) que transacionam grandes quantidades de cacau
seco e também, na maioria das vezes, realizam o beneficiamento primário da amêndoa
(fermentação e a secagem natural do fruto) com o objetivo de armazenar o produto com
qualidade;
Atacado Estadual: atacadistas que transacionam volumosas quantidades de
cacau seco por meio de contratos com as maiores processadoras de cacau do Brasil, ou seja,
do setor da indústria de transformação (multi) nacional;
Indústria de Transformação Nacional: são grandes empresas nacionais e
multinacionais que se dedicam na moagem da amêndoa extraindo a manteiga de cacau,
líquor5, torta e o pó de cacau, para depois serem vendidos para as indústrias chocolateiras,
que os transformam junto com outros ingredientes (principalmente açúcar e leite em pó) em
chocolate;
Varejo Urbano Nacional: instância de comércio de varejo situada fora do Estado
que vende para o consumidor nacional.
5
O líquor de cacau é uma pasta grossa e viscosa, marrom-escura, quando se prensa obtém a manteiga e o pó de cacau (A NOTICIA, 2008). As porcentagens do chocolate dizem respeito à quantidade de líquor.
57
b) Estrutura da quantidade comercializada (%) do cacau
Nos dez municípios foram entrevistados 27 agentes mercantis que atuam, em
média, há 20 anos no ramo (variação de 5 a 66 anos), sendo que 26% deles atuam somente
com cacau, 52% com cacau e açaí fruto e os demais trabalham com outros produtos
(castanha, palmito, buriti, uxi, cupuaçu, andiroba, copaíba, artesanato e mel). Na descrição
da capacidade instalada dos agentes mercantis entrevistados da região identificou-se que
44% possuem local para armazenagem com capacidade média de 78m2 (variação de 9 a 300
m2); 52% possuem transporte (57% barco com capacidade de 1 a 3 toneladas, 14% canoa,
14% caminhão, 7% bicicleta e 7% trator); e uma balança. A mão de obra predomina a
familiar em 70% dos entrevistados, com equipe até 5 pessoas; 3% deles possuem de 6 a 10
pessoas e 27% não informaram. Dos agentes entrevistados oito pagam diária no valor de
R$15,00 a R$20,00; sete referem-se à renda familiar e somente um paga salário. Em relação
ao período de trabalho 63% atuam somente na safra, 18% trabalham o ano todo e os
demais não informaram. Os problemas identificados foram baixa capacidade de
armazenagem e de transporte, perda de peso do produto, ataque de broca se o produto não
estiver seco, falta capital de giro, falta de investimentos para melhorar a produção e
aquisição de equipamentos, falta de energia para armazenagem e assistência técnica para o
manejo.
A cadeia de comercialização do cacau consiste em canais simples apresentando
gargalo no nó do atacado estadual (Figura 14). Existem apenas três tipos de intermediários
que participam do escoamento da produção desde o produtor até o consumo final, são eles:
o varejo rural, o atacado local e o atacado estadual. Os atacadistas locais compram 32% dos
produtores e 57% do varejo rural e vendem 39% das amêndoas secas para os atacadistas
estaduais e 51% diretamente para a indústria de transformação no âmbito nacional. O
varejo rural (atravessadores) compra 67% do total da produção identificada, sendo 57%
vendidos para os atacadistas locais e 10% para os atacadistas estaduais (Figura 14).
O setor atacadista estadual é caracterizado por grandes atravessadores
localizados na cidade de Santa Izabel e região metropolitana de Belém, que constituem o elo
principal entre os intermediários locais e as indústrias de transformação nacionais, por
meio de acordos ou contratos de suprimento da matéria prima cacau, sendo caracterizado
58
por mercado dito oligopolista, aquele que determina os preços. Com isso, eles interagem
com os setores locais para reunir quantidades suficientes para atender as maiores indústrias
moageiras6. Desta forma, a estrutura da cadeia de comercialização do cacau do Estado do
Pará não apresenta agroindústria para verticalizar a amêndoa dos dez municípios estudados,
toda safra atende o mercado nacional, mais precisamente da Bahia e de São Paulo.
Figura 14. Estrutura da quantidade, em termos percentuais (%), da comercialização do cacau identificado em dez municípios da Região do Tocantins (Local), que vai para o mercado Estadual e Nacional.
c) Preço médio praticado nas transações entre diversos agentes mercantis da cadeia do
cacau (2008)
Como o cacau é uma commodity tais preços são determinados pelo movimento
das duas principais bolsas internacionais (Nova York e Londres), apresentando assim um alto
índice de instabilidade, como pode ser observado na flutuação do preço, ao longo de 2008,
no mercado internacional (Figura 15). Neste contexto, os preços médios praticados pelos
principais intermediários que são os atacadistas locais e os estaduais são vantajosos nos
acordos de compra e venda do cacau.
6 As principais empresas moageiras que compram o cacau dos dez municípios são a Cargill, ADM Cocoa (Archer
Daniels Midland Company (Joanes), Barry Callebut, Nestlé e a Indústria e Comércio de cacau Ltda. (Indeca).
59
Figura 15. Variação de preço do cacau no mercado internacional, com base na Bolsa de Nova York, 2008.
Fonte: Bolsa de New York, 2008.
Os preços médios de compra de insumo (cacau) praticados pelos atacadistas
locais com os produtores e com os atravessadores (varejistas rurais) são R$3,80/kg e
R$5,53/kg respectivamente (Figura 16). Por outro lado, os preços de venda praticados pelos
atacadistas locais são: R$4,05/kg com os atacadistas estaduais e com as indústrias de
transformação nacional a R$6,39/kg. Em relação aos atacadistas estaduais praticam tipos
de preço de compra de insumo conforme os custos de transporte do produto, pois a maior
dificuldade é o escoamento da produção do campo até o armazém estadual. O preço de
compra praticado por esse agente com os produtores locais é em média R$3,64/kg, com os
varejistas rurais é R$4,12/kg, com os atacadistas locais é R$4,05/kg e com outros agentes
do mesmo setor chega a R$4,98/kg. Em relação ao preço de venda praticado por eles para
as indústrias de transformação nacional é R$5,50/kg.
60
Figura 16. Preço médio do cacau (R$ correntes/kg de amêndoas secas) praticado nas transações entre diversos setores da cadeia de comercialização, no ano de 2008, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará.
O processo de beneficiamento primário do cacau visa obter um produto final
constituído de amêndoas fermentadas e secas com o mínimo possível de umidade. Assim, o
preço de compra do cacau molhado (sem o beneficiamento primário) varia entre R$0,70/kg
a R$1,00/kg e o preço de compra do cacau seco é R$4,00/kg. O rendimento de 100 kg do
cacau molhado é de 40 kg de cacau seco (dados obtidos em campo).
d) Formação dos preços pelos setores envolvidos na comercialização do cacau
Com base nos resultados obtidos na seção anterior pode-se então discutir a
formação dos preços do cacau na cadeia de comercialização da região estudada, que
possuem pouca variação ao longo do principal canal de comercialização (Figura 17). Os
atacadistas locais compram ao preço de 0,83 vezes do que o preço pago ao produtor,
revendem a 0,89 vezes para o atacado estadual, que revende com valor 1,21 vezes maior
para a indústria de transformação nacional, que vende ao varejo urbano nacional a 2,3
vezes mais, ficando ao consumidor final um preço 3,4 vezes maior que o praticado pelo
produtor local de cacau da região tocantina.
Cabe observar que existem grandes distorções no sistema de comercialização de
cacau na região, a participação do produtor é relativamente baixa devido ao envolvimento
61
significativo dos intermediários locais e estaduais neste processo, o que ocasiona o lucro
baixo para os produtores.
Figura 17. Formação de preço do cacau ao longo da cadeia de comercialização, considerando o valor de R$1,00 como preço base adotado no setor da produção local, que pode variar acima ou abaixo, dependendo da transação realizada.
e) Valor Bruto da produção, pela ótica da oferta, na comercialização do cacau
O Valor Bruto da Produção (VBPα) dos produtores identificados nos dez
municípios atingiu um patamar de R$8,4 milhões, enquanto que o VBP de todos os setores
chega a R$76,7 milhões (Figura 18). Os setores que mais ofertam no âmbito local são o
atacado com R$8,8 milhões e o varejo rural (atravessadores) com R$6,6 milhões. No âmbito
estadual somente o atacadista com R$5,4 milhões. No nacional o VBP dos dois setores
foram estimados, pois não foram entrevistados. No entanto, a presença da indústria de
transformação (indústrias moageiras) apresentou um VBP estimado na ordem de R$19,3
milhões e o varejo urbano em R$28,2 milhões.
62
Figura 18. Valor Bruto da Produção (VBP
α), em R$, gerado na comercialização do
cacau, pela ótica da oferta, em 2008, em dez municípios da região de integração do Tocantins, Estado do Pará.
f) Valor Transacionado Efetivo (VTE) que se aproxima do Valor Adicionado Bruto (VAB)
gerado na comercialização do cacau e a margem de comercialização de cada setor
(Mark-up)
Na cadeia de comercialização do cacau foi agregado ao produto um valor de
R$28,2 milhões, subtraindo o VAB total (R$21 milhões) do VBP da produção local (R$8,4
milhões) e dividindo o resultado pelo VBP da produção local, obtêm-se uma margem de
agregação ou mark-up total de 237%. Do montante o sistema local foi responsável por
R$9,2 milhões no qual o produtor consegue agregar valor (R$8,4 milhões) com a
comercialização da amêndoa seca valorizando o produto em relação ao preço de venda
(Figura 19). Isto é, o produtor realiza na maioria das vezes o processo de beneficiamento
composto por etapas básicas como: colheita, quebra do fruto, fermentação e a secagem da
amêndoa do cacau. Ainda localmente destacam-se o atacadista e o varejista rural que
agregam somente R$774,9 mil e R$490,2 mil respectivamente.
63
Figura 19. Valor Transacionado Efetivo (VTE) ≈ Valor Adicionado Bruto (VAB) em R$, gerado na comercialização do cacau, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008).
No âmbito estadual o setor do atacado agrega R$1,3 milhões com mark-up de
32% (Figuras 19 e 20). A justificativa é a pequena margem de comercialização dos agentes
estaduais devido a dependência do mercado internacional e a venda do produto com baixa
agregação de valor, ou seja, o cacau é vendido em forma de amêndoas secas. Por outro lado,
a indústria de transformação nacional agrega cerca de R$8,4 milhões o que justifica o mark-
up de 77%.
Figura 20. Valor Bruto da Produção (VBP), Valor Transacionado Efetivo (VTE) que equivale ao Valor Adicionado Bruto (VAB), em R$ correntes/kg in natura, e a Margem de Comercialização (%) de cada setor (Mark-up) da cadeia de comercialização do cacau, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008).
64
g) Renda Bruta Total gerada pela ótica da demanda na comercialização do cacau
Do somatório dos setores que compram e que também adicionam valor ao
produto foram movimentados no total R$76,7 milhões que equivalem à renda bruta gerada
na comercialização do cacau, sendo o mercado (inter-)nacional responsável por 62%, o local
por 31% e o estadual por 7% (Figura 21). O setor que mais comprou cacau da região do
Tocantins e adicionou valor ao produto foi o varejo urbano nacional com a renda bruta total
do setor no montante de R$28,2 milhões, sendo que R$19,3 milhões referem-se ao valor
pago pela compra dos insumos (cacau) e R$8,8 milhões foram adicionados ao produto. Vale
lembrar que estes valores são estimados para o varejo urbano nacional, pois a pesquisa
concentra esforços nas analises regionais. Outro setor importante foi a indústria de
transformação nacional com renda bruta total de R$19,3 milhões, sendo R$10,9 milhões
para a compra de insumos (pois os valores foram obtidos pela presente pesquisa junto ao
setor) e R$8,4 milhões o valor adicionado (estimado) ao produto.
Na região do Tocantins o atacado local gerou a renda bruta total do setor de
R$8,8 milhões, pois comprou em insumos R$8,1 milhões e agregou muito pouco valor ao
produto na ordem de R$775 mil (Figura 21). Assim como o setor do varejo rural local que
gerou renda bruta no valor de R$6,5 milhões, com compra de cacau na ordem de R$6,1
milhões e adicionou apenas R$490 mil. A renda bruta do setor da produção local equivale
ao valor adicionado que foi de R$8,4 milhões, valor este considerado alto pois, na maioria
das vezes, vende o produto já beneficiado (amêndoas secas) para atender o mercado
estadual e nacional. Na esfera estadual o atacado comprou cacau no valor de R$4,1
milhões, adicionou apenas R$1,3 milhões e alcançou uma renda bruta total no valor de
R$5,4 milhões. Este setor na realidade agrega pouco valor ao produto, porém compensa
pelo grande volume transacionado por meio de contratos com as indústrias moageiras.
65
Figura 21. Valor da Renda Bruta Total (RBT), em R$, na comercialização do cacau considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008).
O que se percebe na cadeia do cacau, dos dez municípios, é que no âmbito
estadual e local a comercialização tem baixa geração de renda, devido à concentração do
mercado atacadista (oligopolizado), que controla a demanda por insumos do mercado local
e, por conseqüência, o preço de compra, que é determinado pelo mercado internacional,
unido à falta da verticalização da cadeia do cacau no estado.
h) Informações complementares sobre a comercialização de cacau
De acordo com o técnico da CEPLAC, em Cametá existem seis mil hectares de
cacau nativo espalhados pelas ilhas de várzea, com destaque para as Ilhas Mendaruçú,
Mutuacá e Tamanduazinho. O município já foi o maior produtor do estado.
A produção de cacau recebe destaque no município de Baião, principalmente
devido ao declínio das plantações de pimenta. O processo de substituição da pimenta por
plantios de cacau ocorreu de forma progressiva e com grande aceitação no mercado local. O
fruto vem sendo cultivado principalmente por comunidades ribeirinhas e comercializado na
sede de Baião e em Cametá.
Atualmente os plantios de cacau em Mocajuba vêm se destacando como um
mercado em ascensão, substituindo gradativamente os plantios de pimenta, que sofreram
problemas patológicos, falta de assistência técnica e queda na economia desse produto.
66
A Secretaria Municipal de Agricultura de Mocajuba possui projetos de manejo do
cacau, que elevaram a produção em 2008, assim como projetos de diversificação de cultura,
com objetivo de substituir a pimenta pelo cacau de forma gradativa. Existem cerca de 90
produtores cadastrados.
Mocajuba possui relativa produção de cacau que é, geralmente, escoada
diretamente para outros estados da federação como São Paulo e Bahia. Segundo informação
de agentes mercantis locais, esse comércio geralmente é firmado por meio de contrato
entre a empresa de exportação e o agente mercantil local, com um alto grau de confiança,
pois a empresa chega a fazer adiantamentos ao agente mercantil local para adquirir o
produto, denominado “pagamento em folha”, que consiste em tipo de negociação onde o
agente mercantil compra o produto que ainda está sendo cultivado. Segundo o secretario
municipal de agricultura o cacau é considerado a segunda cultura mais plantada no
município, ficando apenas atrás da pimenta. O Banco do Brasil e o Banco da Amazônia
financiaram 87 projetos entre os anos de 2005 a 2008.
A cacauicultura poderia ser mais explorada dentro do município de Mocajuba,
mas a reduzida assistência técnica inibe a atividade, pois a Comissão Executiva do Plano da
Lavoura Cacaueira - Ceplac, atualmente dispõe de apenas uma técnica para atender toda a
demanda do município.
A Emater de Oeiras do Pará está incentivando os produtores a plantarem cacau
visando melhorar a renda das famílias.
A maioria do cacau de Limoeiro do Ajuru é nativo das ilhas. Atualmente os
produtores estão plantando cacau para repor os pés que morreram. A produção de cacau
(sementes secas e molhadas) é vendida para atravessadores que comercializam em Cametá
e outros municípios. Na ilha de Saracá foram entrevistados diversos produtores e
atravessadores de açaí e cacau.
Em Moju existem 10 projetos de cacau como unidades demonstrativas de
sistemas agroflorestais, de preparo da área e produção de mudas
67
5.1.2.3 CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO DO PALMITO
O palmito é o gomo terminal do caule das palmeiras, longo, de consistência tenra
e cor esbranquiçada, comestível em várias espécies, especialmente a juçara e o açaí
(HOUAISS, 2001). Na região de estudo o palmito é extraído do açaizeiro (Euterpe oleracea
Mart.).
a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização do
palmito
Nos dez municípios foram entrevistados 19 agentes mercantis que atuam, em
média, há 16 anos no ramo do palmito (variação de tempo 1 a 36 anos), sendo que 58%
deles atuam somente com palmito e os demais trabalham com outros produtos como açaí
fruto, cacau, buriti, taperebá e andiroba. Na descrição da capacidade instalada dos agentes
mercantis entrevistados da região identificou-se que 47% possuem local para armazenagem
do produto com capacidade média de 64m2, excluindo duas empresas que possuem
armazéns bem maiores com 1.800m2 e 10.100m2; 68% possuem meio de transporte (93%
barco com capacidade entre 2 a 15 toneladas e 7% caminhão) e; 63% possuem maquinário
(esteira, estufa, caldeira, codificador, recravadeira, rotulador, datador, motosserra). A mão
de obra com equipe até 5 pessoas ocorre em 53% dos agentes entrevistados, 16% com 6 a
10 pessoas, 21% com mais de 10 pessoas e os demais não informaram. Em relação ao
período de trabalho 68% atuam o ano todo, 16% somente na safra e os demais não
informaram. Os problemas identificados foram baixa capacidade de armazenagem na safra;
necessidade de ampliar capacidade de transporte, falta fiscalização nas fabriquetas ilegais;
treinamento, qualificação e capacitação para o manejo dos açaizais.
Os agentes envolvidos na cadeia de comercialização do palmito na região do
Tocantins (Figura 22) apresentam as seguintes características:
Produção local: são extratores de palmito em áreas de açaizais nativos ou
manejados;
68
Varejo rural local: são pequenos comerciantes que compram o palmito,
conhecido regionalmente como “cabeça”, da produção local e são denominados como
atravessadores;
Indústria de beneficiamento local: são empresas que realizam o processamento
industrial do palmito na forma em conserva. Neste setor existem dois tipos de estruturas de
empresas processadoras na região, as denominadas “fabriquetas” operadas por moradores
locais e situadas às margens dos rios dos dez municípios estudados, que operam como
“produtoras exclusivas terceirizadas” para empresas que fornecem o capital de giro, os
produtos químicos para conservação (ácido cítrico) e os potes (vidros e latas) para
embalagem. O outro tipo são as agroindústrias, normalmente Filiais situadas nas áreas
urbanas da região do Tocantins que também operam com o capital de giro de empresas
exportadoras e distribuidoras, que são as Matrizes (que possuem diversas marcas)
localizadas no Estado do Pará ou fora dele;
Indústria de Beneficiamento Estadual: são agroindústrias que realizam o
processamento industrial do palmito na forma em conserva. Comercializam com diversas
marcas tanto no mercado externo como no mercado interno onde contam com uma rede de
representantes em vários pontos do país;
Varejo Urbano Estadual: podem ser atravessadores de palmito in natura
(cabeças) que vendem para indústrias de beneficiamento estadual ou comerciantes
(supermercados) que vendem o palmito em conserva diretamente para consumidores
estaduais;
Atacado Nacional: são comerciantes que transacionam volumosas quantidades
de palmito em conserva;
Varejo Urbano Nacional: instância de comércio de varejo situada fora do Estado
que transaciona o palmito em conserva para o consumidor nacional.
b) Estrutura da quantidade comercializada (%) do palmito
A cadeia de comercialização do palmito identificada na presente pesquisa é
constituída por vários níveis de canais de distribuição. Do total da produção da região
identificada 84% são vendidos diretamente para o setor de indústria de beneficiamento
69
local que por sua vez vende em torno de 56% para o setor do varejo urbano nacional, 34%
para o setor atacadista nacional (Empresas Matriz) e 9% para o setor de beneficiamento
estadual, que constituem no repasse da produção das empresas filias para suas matrizes
localizadas fora da região (Figura 22). Do total da produção local 15% do palmito in natura é
adquirido como insumo pelos atravessadores locais (varejo rural) que revendem quase tudo
para as fabriquetas (Indústria de Beneficiamento local). Nas fabriquetas, após o
processamento do palmito, as latas e vidros são embalados em caixas e enviados de barco a
uma empresa de distribuição em Belém. A rotulagem acontece na fabrica matriz, com vários
rótulos representando diversas marcas. Percebe-se claramente que o palmito da região do
Tocantins vai quase todo para o mercado nacional. As populações ribeirinhas não têm hábito
e nem tradição de comer palmito. Muito pouco fica na esfera estadual (0,2%).
Figura 22. Estrutura da quantidade, em termos percentuais (%), da comercialização do palmito identificado em dez municípios da região do Tocantins (Local), que vai para o mercado Estadual e Nacional.
c) Preço médio praticado nas transações entre diversos agentes mercantis da cadeia do
palmito (2008)
A produção local vende a R$1,49/kg para a indústria de beneficiamento local, a
R$2,63 para a indústria de beneficiamento estadual, a R$2,70 para varejo rural e a R$2,99
para o varejo urbano estadual (Figura 23). O setor da indústria de beneficiamento local do
70
palmito compra ao preço de R$1,49 da produção, a R$3,11 do varejo rural e a R$6,05 de
outras indústrias de beneficiamento do setor local e, por sua vez vende a R$6,70 para
indústria beneficiamento estadual, a R$3,90 para o atacado nacional e a R$7,58 para o
varejo urbano nacional. Estas indústrias de beneficiamento estadual vendem a R$7,56 para
o varejo urbano estadual e a R$16,54 para o varejo urbano nacional. A transação comercial
que obtém maior diferença entre o preço de compra com o preço de venda foi o do atacado
nacional que compra palmito já envasado da indústria de beneficiamento do Tocantins ao
preço de R$3,90 e vende a R$25,08 para o varejo urbano nacional.
Figura 24. Preço médio de palmito (R$ correntes/kg in natura), praticado nas transações entre diversos setores da cadeia de comercialização, no ano de 2008, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará.
d) Formação dos preços pelos setores envolvidos na comercialização do palmito
No principal canal de comercialização do palmito o setor da indústria de
beneficiamento local compra da produção local o palmito in natura ao preço médio
equivalente a 0,88, ou seja, 12% abaixo do valor pago ao produtor, e vende para o atacado
nacional ao preço 2,3 vezes maior e ao varejo urbano nacional a 4,5 vezes maior em relação
ao preço da produção local (Figura 24). O atacado nacional por sua vez vende para o varejo
urbano nacional a 14,8 vezes maior.
71
Figura 24. Formação de preço do palmito ao longo da cadeia de comercialização, considerando o valor de R$1,00 como preço base adotado no setor da produção local, que pode variar acima ou abaixo, dependendo da transação realizada.
e) Valor Bruto da produção, pela ótica da oferta, na comercialização do palmito
O Valor Bruto da Produção (VBPα) dos extratores de palmito (produção local)
identificado nos dez municípios atingiu um patamar de R$221,4 mil, da indústria de
beneficiamento local foi de R$805,8 mil e do varejo rural local de R$62,6 mil, enquanto que
o VBP de todos os setores que ofertam na cadeia do palmito foi de R$5 milhões (Figura 25).
Em relação aos R$235,1 mil gerados na venda do palmito no Estado do Pará (5% do total
gerado) os setores que se destacaram foram a indústria de beneficiamento estadual cujo
valor foi na ordem de R$235,1 mil e o setor do varejo urbano estadual com apenas R$9,1
mil. No mercado nacional foram gerados R$3,7 milhões na venda do palmito fora do estado,
representando 74% do total gerado, sendo que o varejo urbano nacional foi o principal
setor responsável pelas vendas com R$2,6 milhões e o atacado nacional com R$1,1 milhões,
sendo estes valores estimados, pois a pesquisa não entrevistou tais setores.
72
Figura 25. Valor Bruto da Produção (VBP
α) gerado na comercialização do palmito,
pela ótica da oferta, em 2008, em dez municípios da região de integração do Tocantins, Estado do Pará.
f) Valor Transacionado Efetivo (VTE) que se aproxima do Valor Adicionado Bruto (VAB)
gerado na comercialização do Palmito e a margem de comercialização de cada setor
(Mark-up)
Ao longo da cadeia de comercialização do palmito foi agregado valor total de
R$2,6 milhões (Figura 26), que significa uma margem de agregação ou mark-up total de
1.093%, subtraindo o VAB total (R$16,8 milhões) do VBP da produção local (R$221,4 mil) e
dividindo o resultado pelo VBP da produção local.
Do total do Valor Adicionado Bruto o sistema local foi responsável por R$810,9
mil, sendo o setor com maior participação a indústria de beneficiamento local com R$581,5
mil, a produção local com um valor de R$221,4 mil, pois o extrator realiza o primeiro
processamento do palmito, com o corte e retirada das bainhas, e o setor varejista rural com
apenas R$8 mil (Figura 26). O setor da indústria de beneficiamento estadual teve maior
participação no âmbito estadual com R$142,3 mil somente, pois a agregação deste setor é
realizada pelas filiais localizadas nos dez municípios. O setor que mais demandou palmito da
região do Tocantins e adicionou valor ao produto foi o atacado nacional com R$940 mil e o
varejo urbano nacional com R$743 mil, ressaltando que estes valores são estimados por
fontes secundárias e também por entrevistas realizadas pela equipe no âmbito estadual.
73
O setor com a maior margem de agregação na comercialização foi a indústria de
beneficiamento local com 259% (Figura 27), justificado pelo poder de mercado que este
setor detém na compra de insumo (palmito in natura). Em segundo a indústria de
beneficiamento estadual com 170%, devido à compra de produtos acabados de suas filiais
ou de fabriquetas e também pelo preço baixo de compra de insumos dos atravessadores.
Figura 26. Valor Transacionado Efetivo (VTE) ≈ Valor Adicionado Bruto (VAB) em R$, gerado na comercialização do palmito, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008).
Figura 27. Valor Bruto da Produção (VBP), Valor Transacionado Efetivo (VTE) que equivale ao Valor Adicionado Bruto (VAB), em R$ correntes/kg in natura) e a Margem de Comercialização (%) de cada setor (Mark-up) da cadeia de comercialização do palmito, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008).
74
g) Renda Bruta Total gerada pela ótica da demanda na comercialização do palmito
A comercialização do palmito gerou uma Renda Bruta Total de R$5,1 milhões,
dos quais 21% desse valor foram movimentados nos dez municípios estudados, apenas 5%
na esfera estadual e 74% no âmbito nacional (Figura 28). Na região pesquisada o setor da
indústria de beneficiamento local gerou a maior renda bruta na ordem de R$805,8 mil, pois
comprou de insumos cerca de R$224,4 mil e agregou valor na ordem de R$581,5 mil. O
varejo rural local foi responsável pela renda bruta total de R$62,6 mil, pois comprou de
insumo o palmito in natura por R$54,6 mil e adicionou o montante de R$8 mil.
Na esfera estadual o setor da indústria de beneficiamento atingiu uma renda
bruta total no valor de R$225,9 mil, dos quais R$83,6 mil equivalem à compra dos insumos
(palmito in natura) e R$142,3 mil ao valor adicionado na comercialização do palmito
envasado Os setores que mais ofertam no âmbito local são o atacado com R$8,8 milhões e
o varejo rural (atravessadores) com R$6,6 milhões (Figura 28). No âmbito estadual somente
o atacadista com R$5,4 milhões. No nacional o VBP dos dois setores foram estimados, pois
não foram entrevistados. No entanto, a presença da indústria de transformação (indústrias
moageiras) apresentou um VBP estimado na ordem de R$19,3 milhões e o varejo urbano
em R$28,2 milhões. A renda nacionalmente gerada foi estimada.
Figura 28. Valor da Renda Bruta Total (RBT), em R$, na comercialização do palmito considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008).
75
h) Informações complementares sobre a comercialização de palmito
Diversas fábricas de palmito de açaí em Cametá já foram fechadas por causa de
exploração sem plano de manejo.
Em Abaetetuba na entressafra do açaí fruto é feito o manejo dos açaizais, com a
retirada dos estipes mais velhos e o aproveitamento para a extração do palmito (parte
terminal).
O município de Oeiras do Pará possui uma fábrica de palmito, que há pouco
tempo foi regularizada e manda a produção para Belém. Existe uma fabriqueta de palmito
irregular que esta concorrendo com a empresa citada.
Há em Limoeiro do Ajuru uma fábrica de beneficiamento de palmito7 que
funciona há 15 anos. A fábrica de palmito gera trabalho e renda aos moradores, contudo não
há uma fiscalização dos órgãos competentes no que diz respeito à origem e a qualidade do
produto. Essa fábrica compra palmito dos produtores locais. A fábrica beneficia o palmito,
embala e manda para Belém no barco que faz transporte de passageiros. Em Belém os potes
e latas são rotulados e vendidos para vários estados.
O palmito surgiu na década de 70 em Igarapé Miri, quando o potencial era a
cana-de-açucar8 e o arroz. Na entressafra do açaí em Igarapé Miri a coleta dos frutos é feita
de maneira racional unida ao manejo para extração do palmito. Existe uma fábrica de
palmito de grande porte, na Vila Maiauatá, com mercado certo, que gera emprego a
algumas pessoas e compra palmito das fabriquetas localizadas dentro das ilhas, gerando
renda às famílias. De acordo com o gerente de produção de uma fábrica de palmito de
Igarapé Miri, eles se preocupam com as fabriquetas ilegais que prejudicam o mercado do
palmito, pois não há órgão fiscalizando a extração de palmito ilegal. No caso da fábrica a
fiscalização ocorre anualmente ou é feita de surpresa. Algumas famílias que trabalham na
produção manual do palmito desejam entrar na legalidade, mas dizem que é muita
burocracia, que não tem financiamento e nem assistência. O palmito anteriormente era
extraído de forma predatória, no entanto, nos últimos anos, os produtores têm procurado
trabalhar de forma manejada, retirando o palmito de plantas oriundas do desbaste praticado
7 Indústria e Comércio de Conservas J.P.S. Gonçalves, cujo proprietário mora em Belém, que possui a empresa
chamada Maiauatá. 8 Existiam cerca de 10 alambiques na Vila Correia.
76
para o aumento do fruto de açaí (manejo dos açaizais). Segundo produtores da região, o
controle de qualidade e a fiscalização nas fabriquetas são os gargalos na produção de
palmito.
5.1.2.4 CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO DE CARVÃO
a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização de
Carvão
Nos dez municípios foram entrevistados 36 agentes mercantis que atuam, em
média, há 8 anos no ramo (variação de tempo de atividade no ramo de 1 a 22 anos), sendo
que 83% deles atuam somente com carvão, 11% com açaí fruto e 6% com outros produtos
(artesanato e breu branco). Na descrição da capacidade instalada dos agentes mercantis
entrevistados da região identificou-se que apenas 36% possuem local para armazenagem
com capacidade média de 39m2 (variação de 4 a 250 m2); 16% possuem transporte (3
canoas, 2 barcos, 1 bicicleta e 1 trator). A mão de obra predomina a familiar em 42% dos
entrevistados com 1 a 5 pessoas, 11% deles pagam diária ou salário também com 1 a 5
pessoas e 47% não informaram. Os problemas identificados foram baixa capacidade de
armazenagem, falta capital de giro, falta de investimentos para melhorar a produção,
aquisição de equipamentos e de transporte e dificuldade de legalizar a origem da madeira.
Os agentes mercantis do carvão (Figura 29) identificados na região apresentam
as seguintes características:
Produção Local: grandes e pequenos produtores de carvão vegetal espalhados
nos dez municípios;
Varejo Rural Local: comerciantes (ou atravessadores) ou representantes de
empresas que comercializam o carvão;
Varejo Urbano Local: setor de comércio varejista (feirantes e supermercados)
situado no âmbito estadual que comercializa o carvão para consumo local;
Atacado Estadual: são comerciantes que comercializam diretamente o carvão
com o setor siderúrgico estadual;
77
Consumidor Final Estadual: são empresas produtoras de ferro gusa que
necessitam comprar uma grande quantidade de carvão vegetal utilizado como insumo
energético e como componente do processo de produção do ferro gusa.
b) Estrutura da quantidade comercializada (%) de Carvão
Os canais de comercialização do carvão identificados nos dez municípios se
caracterizam por canais simples, que apresentam apenas três setores intermediários que são
o varejo rural, o varejo urbano local e o atacado estadual que comercializam diretamente
com os consumidores locais e estaduais, neste caso as guseiras (Figura 29). Os varejistas
rurais compram 37% da produção identificada nos dez municípios, sendo 7% vendidos para
os consumidores locais e 30% para os atacadistas estaduais. O varejo urbano local compra
da produção identificada 19% diretamente dos produtores e vende somente para os
consumidores locais. No sistema estadual o atacadista compra 31% diretamente do
produtor e 30% dos varejistas rurais, e vende o total de 61% diretamente para o
consumidor estadual, que neste caso são as guseiras localizadas no município de Marabá.
Figura 29. Estrutura (%) da quantidade em termos percentuais (%), da comercialização de Carvão identificado em dez municípios da região do Tocantins (Local), que vai para o mercado Estadual.
78
c) Preço médio praticado nas transações entre diversos agentes mercantis da cadeia de
Carvão (2008)
O preço médio de venda praticado pelos produtores de carvão dos municípios
estudados varia conforme a finalidade da utilização do carvão, ou seja, se for utilizado como
bem de consumo (ou bem final) ou como insumo (bem intermediário). Assim, o preço
adotado pelo carvoeiro quando vende diretamente para o consumidor local é R$9,04/kg,
com o varejo urbano local R$6,22/kg, com o varejista rural R$2,51/kg e com os atacadistas
estaduais R$ 1,83/kg (Figura 30).
Figura 30. Preço médio de carvão (R$ correntes/kg) praticado nas transações entre diversos setores da cadeia de comercialização, no ano de 2008, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará.
d) Formação dos preços pelos setores envolvidos na comercialização de Carvão
A formação do preço do carvão do produtor local até os consumidores locais e
estaduais passando pelos intermediários apresenta grandes variações, entre 0,48 vezes
abaixo do valor médio até 2,35 vezes acima (Figura 31). O preço de venda praticado pelo
varejista rural para o consumidor local é equivalente a 2,59 vezes o preço médio recebido
pelos produtores, e deste para o atacadista estadual e 0,68 vezes a menos. O atacadista
79
estadual vende direto para os consumidos estaduais (guseiras) ao preço 1,17 vezes maior
do que o preço médio recebido pelos produtores.
Figura 31. Formação de preço do carvão ao longo da cadeia de comercialização, considerando o valor de R$1,00 como preço base adotado no setor da produção local, que pode variar acima ou abaixo, dependendo da transação realizada.
e) Valor Bruto da Produção, pela ótica da oferta, na comercialização de Carvão
Somando todos os valores recebidos pela venda do carvão pelos carvoeiros da
região do Tocantins, ou seja, o Valor Bruto de Produção local (VBPα) foi de R$859,6 mil e do
varejo rural local (os atravessadores de carvão) de R$330,2 mil, gerando no total R$1,5
milhões nas vendas do carvão na região do Tocantins que representa 71% do total gerado,
sob a ótica da oferta (Figura 32). No Estado do Pará foi gerado pela oferta do carvão
R$617,2 mil, correspondente a 29% do total gerado, devido a concentração de um único
setor intermediando o carvão, o atacadista estadual com contrato com as guseiras.
80
Figura 32. Valor Bruto da Produção (VBP
α), em R$, gerado na comercialização do
carvão, pela ótica da oferta, em 2008, em dez municípios da região de integração do Tocantins, Estado do Pará.
f) Valor Transacionado Efetivo (VTE) que se aproxima do Valor Adicionado Bruto (VAB)
gerado na comercialização de Carvão e a margem de comercialização de cada setor
(Mark-up)
Ao longo da cadeia de comercialização do carvão da produção local do Tocantins
até a demanda final estadual, o valor de R$1,3 milhões foi adicionado (VAB) ao produto
(Figura 33), subtraindo o VAB total (R$1,3 milhões) do VBP da produção local (R$859,7 mil)
e dividindo o resultado pelo VBP da produção local obtemos o mark-up total de 60%.
Do total do valor adicionado dos dez municípios, o setor com maior participação
no âmbito local foi o produtor local, com o maior valor agregado da cadeia na ordem de
R$859,7 mil (Figura 33). Esse valor é resultado da utilização de matéria prima barata (muitas
vezes a lenha é retirada diretamente da floresta local, ou das áreas de roçado) para a
produção do carvão. O varejo urbano contribui com R$64,9 mil, pois consegue adicionar
valor somente com o fracionamento da saca de carvão de 15Kg em sete unidades de sacolas.
Em relação ao sistema estadual somente o atacadista participa da agregação do VAB total
com R$315,1 mil, pois possuem contratos de fornecimento de insumos para diversas
indústrias guseiras, obtendo o mark-up maior da cadeia com 104% (Figura 34).
81
Figura 33. Valor Transacionado Efetivo (VTE) ≈ Valor Adicionado Bruto (VAB) em R$, gerado na comercialização de carvão, em 2008, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará.
Figura 34. Valor Bruto da Produção (VBP), Valor Transacionado Efetivo (VTE) que equivale ao Valor Adicionado Bruto (VAB), em R$ correntes/kg, e a Margem de Comercialização (%) de cada setor (Mark-up) da cadeia de comercialização de carvão, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008).
g) Renda Bruta Total gerada pela ótica da demanda na comercialização de Carvão
A Renda Bruta Total (RBT) identificada na comercialização do carvão vegetal foi
de R$2,1 milhões. O mercado estadual foi responsável por 29% dessa renda bruta total e o
local com 71% (Figura 35). Na região estudada o setor carvoeiro gerou a maior renda bruta
82
na ordem de R$1,5 milhões, os atravessadores (varejo rural local) foram responsáveis pela
renda de R$330,1 mil, pois compraram os seus insumos por R$206,6 mil e adicionaram
R$123,5 mil, e os varejistas urbanos geraram R$324,5 mil, sendo R$259,6 mil na compra de
carvão em saca de 15 Kg e R$65 mil foram adicionados quando comercializam fracionados
em sacolas de mais ou menos 1,5 Kg de carvão. O setor responsável pela compra de carvão
da região do Tocantins foi o atacadista estadual no valor de R$302,1 mil que adicionou
R$315,1 mil, gerando para o sistema estadual uma Renda Bruta total equivalente a R$617,1
mil.
Figura 35. Valor da Renda Bruta Total (RBT), em R$, na comercialização do carvão considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008).
h) Informações complementares sobre a comercialização de carvão
O carvão comercializado em Cametá é oriundo das ilhas, extraído da mata, das
roças, e outros locais, e é levado até a feira pelos próprios ribeirinhos. Geralmente acontece
a troca de serviço, pois o dono da área quer seu roçado limpo para o plantio e os carvoeiros
entram com a limpeza do terreno para a produção do carvão.
O carvão usado no município de Abaetetuba é oriundo das derrubadas feitas em
áreas para o plantio de culturas anuais.
83
A produção de carvão no município de Baião é pequena, basicamente para
subsistência e pouca comercialização, somente para atender demanda interna. Geralmente
o carvão é oriundo de refugos de roças.
O município de Moju é um grande produtor e exportador de carvão. A equipe
visitou produtores de carvão no assentamento Calmaria II, localizado entre os municípios de
Moju, Tailândia e Acará, formado por diversas comunidades (Vila Israel II, Monte Sinai,
Continente, Moraes, Limoeiro, Vicinal 8, Água Preta e Filadélfia), com 17 a 20 anos de
criação, mas ainda não possuem título. Produzem grandes volumes de carvão, cuja madeira
é oriunda da mata. Existem cinco atravessadores de carvão no Assentamento. Diariamente
saem pelo menos 15 caminhões de carvão direto para o pólo siderúrgico de Marabá. Alguns
moradores já se preocupam com a falta da matéria-prima (“a madeira ta ficando cada vez
mais longe”) e demonstram interesse em plantios florestais com fins energéticos. Existem
cerca de 350 famílias morando no Assentamento e a maioria possui 1 a 2 fornos produzindo
carvão 2 vezes por mês. Esse problema deve ser atacado com rapidez, pois as reservas de
florestas estão se esgotando naquela região. O primeiro contato com os atravessadores de
carvão para as siderúrgicas foi há 5 anos atrás. Em agosto de 2008 o preço de 60 m3 do
carvão, em Moju, estava entre 4 a 5 mil reais a “carrada” ou “caminhão gaiola” e, em
novembro 2008, baixou para 1,6 a 2 mil reais. “Esta redução do preço foi devido à crise dos
EUA, que reduziu as importações de ferro”. Os principais compradores de carvão são as
guseiras de Marabá. Na época desta entrevista (Nov/2008) existiam em Calmaria
aproximadamente 400 fornos, com 15 caminhões pegando carvão diariamente. Um forno
produz em média 12 a 14 m3. Para produção de carvão são necessários 6 dias, sendo 3 dias
para carbonizar e mais 3 para esfriar. Pessoas do município vizinho de Tailândia vieram
ensinar a fazer carvão, usando tijolo e o barro para construir os fornos que vem de Igarapé
Miri e São Miguel do Guamá. O milheiro de tijolo custa R$ 260,00 e um forno na época
custava, em média, um mil reais.O custo da mão-de-obra para construção do forno varia de
200 a 300 reais, que mede entre 3,80 e 5 metros de diâmetro. A maioria dos atuais
caminhoneiros de carvão que circulam por Moju já foram boiadeiros, mudaram de ramo
devido ao alto lucro. O caminhoneiro paga R$210,00 para carregar o caminhão durante 3
horas.
84
Na Secretaria Municipal do Meio Ambiente de Moju existem projetos de
liberação de carvoejamento para áreas de plantio, e 300 famílias estão licenciadas com 3 a 4
fornos.
5.1.2.5 CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO DO CUPUAÇU
a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização do
cupuaçu
Nos dez municípios foram entrevistados 19 agentes mercantis que atuam, em
média, há 12 anos no ramo (variação de tempo de atividade no ramo de 2 a 30 anos), sendo
que 37% deles atuam somente com cupuaçu e 63% com outros produtos como açaí fruto,
bacaba, bacuri, taperebá, mel, cacau e muruci. Nenhum possui local para armazenagem,
21% possuem transporte (4 bicicletas e 1 moto); e 37% possuem alguns equipamentos (6
freezers, 2 despolpadeiras de açaí e 2 seladores). A mão de obra predomina a familiar em
90% dos entrevistados, com equipe média de 3 pessoas; 5% deles paga diária no valor de
R$20,00 e 5% paga salário. Em relação ao período de trabalho 42% trabalham o ano todo,
26% somente na safra, e os demais não informaram. Os problemas identificados foram baixa
capacidade de armazenagem, falta de investimentos para aquisição de equipamentos para
despolpar, queda de energia para conservar produto, falta capital de giro e assistência
técnica para o manejo.
Os agentes envolvidos na cadeia de comercialização do cupuaçu (Figura 36) se
comportam de forma semelhante nos municípios estudados, considerando a abrangência
para nível local (os dez municípios), estadual e nacional (ou fora do Estado).
Produção Local: composta por agentes responsáveis pela oferta do produto in
natura, que são provenientes de cultivos ou de ocorrência natural. Em alguns casos os
produtores realizam beneficiamento primário (despolpamento dos frutos feito com tesoura)
para obtenção de melhor preço de venda;
85
Varejo Rural Local: também conhecido como Atravessadores, que são pequenos
comerciantes que compram o cupuaçu in natura ou polpa dos produtores. A maioria deles
faz o despolpamento e vende para diferentes agentes;
Indústria de Beneficiamento Local: comerciantes que fazem o beneficiamento
primário, com mão-de-obra familiar. Utilizam embalagens plásticas mais resistentes,
pequenas seladoras e freezer para congelamento e armazenamento na entressafra;
Indústria de Transformação Local: agroindústrias que realizam a primeira
agregação de valor ao cupuaçu in natura e, a partir deste ponto, é transformado em outros
produtos finais como xaropes, geléias, doces entre outros;
Varejo Urbano Local: são pequenos comerciantes que transacionam o fruto in
natura ou na forma de polpa e vendem para o consumidor final local;
Indústria de Beneficiamento Estadual: agroindústrias localizadas no âmbito
estadual que realizam a primeira agregação de valor ao cupuaçu in natura, ou seja, fazem a
produção de polpa e vendem diretamente para o consumidor final estadual;
Indústria de Transformação Estadual: unidades de transformação da produção
composta por lanchonetes e restaurantes que adquirem polpa de cupuaçu e as transformam
em diferentes produtos finais como sucos, vitaminas, sorvetes entre outros;
Atacado Estadual: existem dois tipos de agentes neste setor, o composto por
atravessadores que comercializam polpa do fruto para o consumo estadual e o agente
constituído pela Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB), que atua no Programa de
Aquisição de Alimentos, do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS),
que compra a polpa e xarope que são repassados para merenda escolar e instituições ligadas
ao programa;
Varejo Urbano Estadual: setor de comércio varejista (feirantes e supermercados)
situado no âmbito estadual que comercializa o cupuaçu de várias formas (in natura, em
polpa ou em outros produtos finais).
b) Estrutura da quantidade comercializada (%) do cupuaçu
Nos dez municípios foram entrevistados 19 agentes mercantis que atuam, em
média, há 16 anos no ramo (variação de tempo de atividade no ramo de 2 a 30 anos), sendo
86
que 37% deles atuam somente com cupuaçu e os demais trabalham com outros produtos.
Na descrição da capacidade instalada dos agentes mercantis entrevistados da região
identificou-se que nenhum possui local para armazenagem do produto; 21% possuem
transporte (bicicleta e motocicleta); 37% possuem maquinário (9 freezers e 2 seladoras). A
mão de obra familiar predomina em 79% dos entrevistados, com equipe até 5 pessoas; 5%
deles possuem de 6 a 10 pessoas e 16% não informaram. Em relação ao período de trabalho
26% somente na safra, 42% trabalham o ano todo e os demais não informaram. Os
problemas identificados foram baixa capacidade de resfriamento e armazenagem das
polpas. Alguns alugam freezers para estocagem.
Os canais de comercialização do cupuaçu, identificados nos dez municípios, se
caracterizam por canais complexos, pois abrangem vários níveis de agentes intermediários
entre a produção local até o consumidor final (Figura 36).
O principal nível de canal de comercialização do cupuaçu identificado com
maiores quantidades é composto pelo setor da indústria de transformação local que
comercializa 43% da quantidade do fruto, compram exclusivamente de produtores os frutos
in natura, vendem em torno de 5% para o varejo urbano nacional e 38% para o atacado
estadual, que por sua vez vende para o consumidor local (Figura 36). Interessante identificar
que mais da metade (69%) do cupuaçu do Tocantins abastece o mercado estadual, 25% vai
para o local e apenas 5% para o nacional. Durante a safra do cupuaçu, ocorre a
comercialização direta da polpa entre o produtor local e o setor do varejo urbano (feirantes)
local e estadual (2% cada). Além disso, o produtor comercializa diretamente para o
consumidor local e estadual, na maioria das vezes, o fruto in natura. Os atacadistas
estaduais possuem dois canais distintos de comercialização do cupuaçu: i) na forma de
polpa e xarope vendido pela Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB) diretamente
para o consumidor local e, ii) na forma somente de polpa para o varejo urbano estadual.
O setor da indústria de beneficiamento local compra 14% da produção do fruto
in natura e vende a polpa de forma artesanal para o varejo urbano estadual (13,6%) e para
o consumidor local (0,3%) (Figura 36). Os varejistas rurais, ou seja, os atravessadores
adquirem 27% da produção identificada e vendem 20% para o varejo urbano local, 1% para
o consumidor local e 5,8% para diversos agentes no âmbito estadual. Pois, uma
característica comum entre os atravessadores rurais envolvidos na cadeia de
comercialização do cupuaçu local é a realização do beneficiamento primário do fruto na
87
forma de polpa. O sistema de comercialização consiste na compra do fruto in natura de
produtores dispersos e a comercialização da polpa do fruto, podendo destacar também que
existe a compra na forma de polpa preparada pelos próprios produtores locais visando
melhores preços de venda. Portanto, o beneficiamento manual do cupuaçu nos dez
municípios consiste na quebra dos frutos, separação da polpa das amêndoas com tesoura,
selagem da embalagem e o congelamento da polpa.
O setor da indústria de transformação estadual (lanchonetes, restaurantes,
sorveterias entre outros localizados na região metropolitana de Belém) tem preferência por
polpas obtidas através do beneficiamento primário.
Figura 36. Estrutura da quantidade, em termos percentuais (%), da comercialização do cupuaçu identificado em dez municípios da região do Tocantins (Local), que vai para o mercado Estadual e Nacional.
c) Preço médio praticado nas transações entre diversos agentes mercantis da cadeia do
cupuaçu (2008)
O preço médio de compra de insumo (cupuaçu) praticado pelas indústrias de
beneficiamento locais com os produtores foi de R$2,11/kg (Figura 37). Por outro lado os
preços de venda praticados pelas indústrias de beneficiamento locais são: R$3,65/kg com
os varejistas urbanos estaduais e R$5,00/kg para o consumidor local. O varejo rural compra
da produção a R$2,91/kg e vende para setores estaduais a preços que variam de R$3,29 a
88
R$5,00/kg, enquanto que no âmbito local vende a R$4,95 e R$8,00/kg. A venda do produto
final do cupuaçu da Indústria de Transformação Local para os atacadistas estaduais é em
média R$6,27/kg, para o consumidor final estadual chega a R$15,52/kg e com o varejo
nacional R$4,00/kg. Os varejistas estaduais praticam vários tipos de preço de compra de
insumo conforme os custos de transporte do produto, pois a maior dificuldade é o
transporte da polpa. O preço de compra praticado por esse agente com os produtores locais
é em média R$2,58/kg, com os varejistas rurais é R$3,29/kg, com as indústrias de
beneficiamento locais é R$3,65/kg e com o atacado estadual chega a R$4,50/kg. Os preços
médios de venda de insumo praticados pelos produtores locais de cupuaçu oscilam entre
R$1,51/Kg e R$5,32/kg em função da forma de comercializar o fruto (isto é, cupuaçu in
natura ou polpa), pelo processo rústico de beneficiamento, pela falta de capacidade de
armazenagem (maioria limitando o beneficiamento e a venda somente na safra) e pela falta
de infra-estrutura adequada para o escoamento da produção.
Figura 37. Preço médio de cupuaçu (R$ correntes/kg de polpa), praticado nas transações entre diversos setores da cadeia de comercialização, no ano de 2008, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará.
d) Formação dos preços pelos setores envolvidos na comercialização do cupuaçu
A formação do preço do cupuaçu do produtor local até os consumidores
passando pelos setores intermediários não apresenta grandes variações. O preço de venda
89
praticado pelo varejista rural para o varejo urbano local é equivalente a 1,48 vezes o preço
médio recebido pelos produtores, e deste para o consumidor local a 2,4 vezes, que é o
maior preço praticado na cadeia do cupuaçu (Figura 38). A indústria de transformação local
vende direto para o atacado urbano estadual a 1,88 vezes, porque se trata da CONAB com
volume maior do produto. A produção local consegue vender diretamente ao consumidor
local ao preço 1,6 vezes maior enquanto que para o consumidor estadual é de 1,5 vezes. O
comportamento dos setores em relação à formação de preço no âmbito estadual torna
evidente a preferência do consumidor pela polpa do fruto (com baixa agregação de valor).
Assim, os preços médios de venda praticados pelos setores da indústria de beneficiamento
e de transformação estadual para com os consumidores estaduais são 1,2 vezes e 1,5 vezes
do preço médio recebido pelos produtores, respectivamente.
Figura 38. Formação de preço do cupuaçu ao longo da cadeia de comercialização, considerando o valor de R$1,00 como preço base adotado no setor da produção local, que pode variar acima ou abaixo, dependendo da transação realizada.
e) Valor Bruto da Produção, pela ótica da oferta, na comercialização do cupuaçu
O Valor Bruto da Produção (VBPα) do setor produtivo de cupuaçu da região
estudada alcançou R$1,2 milhões, da indústria de transformação local foi de R$979,2 mil, do
varejo urbano local R$519,2 mil, do varejista rural R$492,3 mil e da indústria de
beneficiamento local R$191,9 mil, gerando no âmbito local um total de R$3,4 milhões nas
vendas do cupuaçu, que representam 69% do total do Valor Bruto gerado na cadeia de
90
comercialização (Figura 39). Na esfera Estadual R$1,4 milhões foram gerados pela oferta do
cupuaçu representando 29% do montante dos setores que mais ofertaram como o
atacadista com R$961,9 mil e o varejista urbano com R$397,5 mil.
Figura 39. Valor Bruto da Produção (VBP
α), em R$, gerado na comercialização do
cupuaçu, pela ótica da oferta, em 2008, em dez municípios da região de integração do Tocantins, Estado do Pará.
f) Valor Transacionado Efetivo (VTE) que se aproxima do Valor Adicionado Bruto (VAB)
gerado na comercialização do cupuaçu e a margem de comercialização de cada setor
(Mark-up)
O Valor Adicionado Bruto (VAB) total foi de R$2,1 milhões ao longo da cadeia do
fruto, correspondendo à margem de agregação ao cupuaçu ou mark-up total de 73%. Do
total do valor adicionado na cadeia, a partir da produção primária, o sistema local teve
maior participação com 94%, o sistema estadual com 5% e o nacional somente 1% (Figura
39). Portanto o sistema local agrega R$2 milhões destacando-se o papel dos produtores com
maior participação, pois conseguem agregar valor equivalente a R$1,2 milhões, realizando o
beneficiamento primário com o despolpamento dos frutos feito com tesoura, para obtenção
de melhor preço de venda. Outro setor que apresenta também participação considerável na
agregação de valor é a indústria de transformação local com os produtos finais polpa,
xaropes, geléias e doces de cupuaçu que adiciona um valor de R$979,2 mil, o que justifica o
mark-up de 61% (Figuras 40 e 41). A participação do sistema estadual na agregação de valor
91
foi de somente R$109,9 mil, com destaque para o varejo urbano que adiciona R$101,5 mil,
e apresenta o mark-up considerável de 34%.
Figura 40. Valor Transacionado Efetivo (VTE) ≈ Valor Adicionado Bruto (VAB) em R$, gerado na comercialização do cupuaçu, em 2008, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará.
Figura 41. Valor Bruto da Produção (VBP), Valor Transacionado Efetivo (VTE) que equivale ao Valor Adicionado Bruto (VAB), em R$ correntes/kg polpa, e a Margem de Comercialização (%) de cada setor (Mark-up) da cadeia de comercialização do cupuaçu, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008).
Finalmente, os resultados apresentados na Figura 41 mostram que as maiores
margens de comercialização estão no sistema local. A indústria de beneficiamento local
adiciona somente R$81,5 mil (Figuras 40 e 41), mas em compensação obtém o mark-up de
92
74%, justificado pelo preço baixo de compra de insumo e também pelas condições
favoráveis para o escoamento do produto polpa para o mercado estadual. Os atravessadores
(varejo rural) também apresentam mark-up alto de 68%, porém adicionam pouco no
montante de R$198,4 mil, pois compram, na maioria das vezes, por preço baixo o cupuaçu já
beneficiado (polpa) dos produtores locais.
g) Renda Bruta Total gerada pela ótica da demanda na comercialização do cupuaçu
O resultado da alta margem de comercialização no sistema local justifica o
montante de Renda Bruta total gerada nos dez municípios na ordem de R$3,4 milhões,
representado por 69% do total gerado pela cadeia (Figura 42). O setor da produção local
gerou a maior renda (R$1,2 milhões) comparada aos demais setores, pois realizam o
beneficiamento primário do fruto, que torna a comercialização rentável. A indústria de
transformação gerou R$979,2 mil de renda localmente, pois comprou R$609,4 mil de
insumo e agregou R$369,8 mil ao produto, sendo esta uma cooperativa de mini e pequenos
produtores. Observa-se que no âmbito estadual o setor que mais gerou renda (R$961,9 mil)
foi o atacadista sendo o maior demandante de polpa de cupuaçu do sistema local,
evidenciando o consumo alto no mercado estadual. Apesar de pouco o cupuaçu está
entrando no mercado nacional via varejo urbano.
93
Figura 42. Valor da Renda Bruta Total (RBT), em R$, na comercialização do cupuaçu considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008).
h) Informações complementares sobre a comercialização de cupuaçu
Em Acará, quando não conseguem vender deixam o fruto se estragar pela
dificuldade em escoar a produção, em função da estrada que liga Oeiras à Cametá estar
praticamente intrafegável.
Em Limoeiro do Ajuru a Natura prometeu comprar dos produtores sementes de
cupuaçu seca e a demanda é para comprar 4.000kg por ano.
Diversos agricultores de Igarapé Miri vendem polpa de cupuaçu nas
comunidades próximas das estradas mais movimentadas.
94
5.1.2.6 CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO DA CASTANHA DO BRASIL
a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização da
castanha do Brasil
Nos dez municípios foram entrevistados sete agentes mercantis que atuam, em
média, há 25 anos no ramo (variação de tempo de atividade no ramo de 20 a 30 anos),
sendo que 14% trabalham somente com a castanha, 71% deles atuam com castanha e cacau
e 14% com castanha e mel. Na descrição da capacidade instalada dos agentes mercantis
entrevistados da região identificou-se que 71% possuem local para armazenagem com
capacidade média de 68m2 (variação de 7 a 160 m2); 43% possuem transporte (3 caminhões,
1 trator e 1 bicicleta). A mão de obra predomina a remunerada por diária em 57% dos
entrevistados, com equipe de 1 a 2 pessoas; 28% deles pagam salário no período de safra (2
e 3 pessoas). Os problemas identificados foram baixa capacidade de armazenagem, falta de
investimentos para melhorar a produção, falta capital de giro, produção de mudas
selecionadas e assistência técnica.
Os agentes envolvidos na cadeia de comercialização da castanha do brasil (Figura
43) na região do Tocantins apresentam as seguintes características:
Produção Local: extratores que efetuam a coleta e a quebra dos ouriços
liberando as sementes para serem comercializadas;
Varejo Rural Local: são agentes (ou representantes) localizados no interior dos
dez municípios que possuem contratos com empresas de beneficiamento estadual que
compram a castanha-do-pará em forma de sementes diretamente dos castanheiros;
Indústria de Beneficiamento Local: empresa que realiza o processamento
industrial da castanha. Os procedimentos e equipamentos utilizados são segredos de cada
indústria. As principais etapas são: armazenagem adequada, limpeza, secagem, separação
(ou seja, a classificação da semente), cozimento, descascamento para obter a amêndoa,
acondicionamento em embalagens aluminizadas e fechados à vácuo, organizadas em caixas
de papelão, para então serem embarcadas para atender o mercado;
Indústria de Transformação Local: unidade de transformação da produção local.
A empresa compra a amêndoa já beneficiada da indústria de beneficiamento local e
95
transforma em biscoitos e mistura para mingau. Conta com mão de obra especializada e
máquinas e equipamentos que permitem uma produção de 3 toneladas/dia;
Atacado Local: este setor apresenta dois tipos diferentes de agentes, i) os
comerciantes (atacadistas, representantes de empresas) localizados nas sedes dos dez
municípios, que adquirem grandes quantidades de castanha do varejo rural (e/ou do
produtor) por meio de acordos com as indústrias de beneficiamento estadual e, ii)
prefeituras dos dez municípios que adquirem os produtos finais de castanha (Biscoito ou
Farinha) para a merenda escolar;
Varejo Urbano Local: são os feirantes e comerciantes varejistas que
comercializam a castanha na forma de semente para o consumidor final local;
Indústria de Beneficiamento Estadual: unidades de beneficiamento situadas no
âmbito estadual que realizam o processamento industrial da castanha. A presente pesquisa
não conseguiu informações sobre os procedimentos e equipamentos utilizados no
beneficiamento considerados segredos de empresa. Esse fato é justificado pelo setor ser
oligopolizado;
.Varejo Urbano Nacional: comércios varejistas situados fora do Estado.
b) Estrutura da quantidade comercializada (%) da castanha do Brasil
A cadeia de comercialização da castanha é típica de uma economia de oligopólio,
pois é comandada por um número muito reduzido e tradicional de empresas que controlam
o mercado. O principal canal de comercialização da castanha é formado pelo setor da
indústria de beneficiamento local que compra 63,5% da produção local (Figura 43), vende
62,5% para a indústria de beneficiamento estadual (localizada na região metropolitana de
Belém), que por sua vez compra mais 16% do varejo rural e 19% do atacado local e, em
seguida, vende quase toda a produção de castanha do Tocantins (98%) para o varejo urbano
nacional até chegar ao consumidor nacional. Fica para o consumidor local apenas 2% de
toda a produção dos dez municípios.
96
Figura 43. Estrutura da quantidade, em termos percentuais (%), da comercialização da castanha do brasil identificada em dez municípios da região do Tocantins (Local), que vai para o mercado Estadual e Nacional.
c) Preço médio praticado nas transações entre diversos agentes mercantis da cadeia da
castanha do brasil (2008)
Os preços praticados na cadeia da castanha também apontam o poder das
empresas de beneficiamento em definir o preço do produto in natura, que chega a ser
vendido pelo produtor local a R$0,91/kg para o atacado local, a R$1,10/kg tanto para o
varejo rural quanto para a indústria de beneficiamento local (Figura 44). O setor da
indústria de beneficiamento estadual compra do varejo rural a R$1,30/kg, do atacado local
a R$1,32/kg e da indústria de beneficiamento local a R$4,25 e, após fazer todas as etapas
do beneficiamento na fábrica, vende ao preço de R$17,00/kg da amêndoa seca para o
varejo urbano nacional. Convém lembrar que todos os preços aqui descritos, para todos os
setores, foram convertidos para a unidade de R$ correntes por kg de amêndoas secas da
castanha do brasil.
97
Figura 44. Preço médio da castanha do brasil (R$ correntes/kg amêndoa seca), praticado nas transações entre diversos setores da cadeia de comercialização, no ano de 2008, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará.
d) Formação dos preços pelos setores envolvidos na comercialização da castanha do Brasil
Na estrutura de formação de preço na cadeia de comercialização da castanha
acontecem os maiores saltos proporcionais, pois considerando o principal canal de
comercialização, o setor da indústria de beneficiamento local compra a 1,02 vezes do que o
preço médio praticado à produção local e vende ao preço quase 3,94 vezes maior para a
indústria de beneficiamento estadual, que vende ao preço médio de 15,75 vezes maior para
o varejo urbano nacional (Figura 45).
98
Figura 45. Formação de preço da castanha do brasil ao longo da cadeia de comercialização, considerando o valor de R$1,00 como preço base adotado no setor da produção local, que pode variar acima ou abaixo, dependendo da transação realizada.
e) Valor Bruto da produção, pela ótica da oferta, na comercialização da castanha do Brasil
Somando todos os valores recebidos pela venda da castanha por todos os
castanheiros dos dez municípios estudados, ou seja, o Valor Bruto de Produção (VBPα) dos
produtores locais foi de somente R$729,9 mil, totalizando no final da cadeia (soma de todos
os setores que ofertam na cadeia de comercialização da castanha) em R$29,2 milhões
(Figura 46). Do total do Valor Bruto da Produção R$3,2 milhões pertence à região estudada,
R$11,3 milhões ao âmbito estadual e R$14,7 milhões ao nacional. Portanto, os setores que
mais ofertam nos dez municípios são a indústria de beneficiamento (R$1,9 milhões), o
atacado (R$332,3 mil), a indústria de transformação (R$162,4 mil) e o varejo rural (R$143,9
mil). O sistema estadual participa com 39% do Valor Bruto da Produção total, sendo o único
setor que oferta é a indústria de beneficiamento no montante de R$11,3 milhões.
Figura 46. Valor Bruto da Produção (VBP
α), em R$, gerado na comercialização da
castanha do brasil, pela ótica da oferta, em 2008, em dez municípios da região de integração do Tocantins, Estado do Pará.
99
f) Valor Transacionado Efetivo (VTE) que se aproxima do Valor Adicionado Bruto (VAB)
gerado na comercialização da castanha do brasil e a margem de comercialização de
cada setor (Mark-up)
Ao longo da cadeia até a demanda final o valor de R$14,9 milhões (VAB) foi
adicionado ao produto, correspondendo à margem ou mark-up total de 1.942%. A castanha
foi, dentre os produtos florestais não madeireiros pesquisados, a que gerou a maior
agregação de valor ao longo da cadeia de comercialização. A indústria de beneficiamento
local teve maior participação no valor agregado local (R$1,4 milhões) com mark-up de 295%
(Figuras 47 e 48) e o setor de indústria de transformação participou com somente R$92,9
mil, mas obteve uma margem significativa de 134%. No âmbito estadual somente o setor
indústria de beneficiamento agrega R$9,1 milhões o que justifica o mark-up de 434%. Este
setor é composto por empresas beneficiadoras de castanha localizadas na região
metropolitana de Belém, sendo todas pertencentes à mesma família tradicional do setor no
Estado do Pará.
Figura 47. Valor Transacionado Efetivo (VTE) ≈ Valor Adicionado Bruto (VAB) em R$, gerado na comercialização da castanha do brasil, em 2008, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará.
100
Figura 48. Valor Bruto da Produção (VBP), Valor Transacionado Efetivo (VTE) que equivale ao Valor Adicionado Bruto (VAB), em R$ correntes/kg amêndoa, e a Margem de Comercialização (%) de cada setor (Mark-up) da cadeia de comercialização da castanha do brasil, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008).
g) Renda Bruta Total gerada pela ótica da demanda na comercialização da castanha do
Brasil
A pesquisa de campo identificou que a Renda Bruta total para a comercialização
da castanha do brasil nos dez municípios estudados foi de R$29,2 milhões. O sistema
nacional foi responsável por 50% dessa renda bruta, seguido pelo sistema estadual com 39%
e o sistema local com somente 11% (Figura 49). A maior demanda por castanha local é
exercida pelas empresas (indústria de beneficiamento estadual) com exercício de poder de
oligopsônio (pequeno número de empresas compradoras de um dado produto) nas
aquisições de castanha. Com a habilidade de pagar, por um insumo, preços menores do que
o preço que seria pago num mercado competitivo, mantendo lucros econômicos no longo
prazo justifica-se então R$2,1 milhões em compra de insumos e R$9,1 milhões ao valor
adicionado. Na região dos dez municípios estudados uma renda bruta total de R$3,2 milhões
foi gerada. A indústria de beneficiamento local gerou uma renda bruta no valor de R$1,87
milhões, sendo que R$472 mil na compra de insumos (em forma de sementes) e R$1,4
milhões adicionados ao produto. A indústria de transformação local foi responsável pela
renda bruta de R$162,5 mil, pois comprou de insumo a amêndoa de castanha já beneficiada
da indústria de beneficiamento local por R$69,5 mil e adicionou o montante de R$93 mil.
101
Figura 49. Valor da Renda Bruta Total (RBT), em R$, na comercialização da castanha do brasil considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008).
h) Informações complementares sobre a comercialização de castanha do Brasil
Cametá possui uma área extensa com castanheiras, que está em plena produção,
localizada na área periurbana. Uma empresa de processamento de castanha9 iniciou no
ramo há 16 anos usando castanha em misturas para merenda escolar, passou por várias
dificuldades, ficou parada por seis anos, e mais recente voltou à atividade. A mão-de-obra é
formada por uma cooperativa de quebradores de castanha que ganham pela produção, que
trabalham no período de abril a agosto. O processamento da castanha envolve secagem,
quebra, seleção das amêndoas (quebradas e inteiras), secagem, e fechamento a vácuo (uso
de N2 para aumentar a durabilidade). Os tipos de classificação das amêndoas são: miudinha,
miúda, pequena, média (mais vendida), extra média, grande (mais valorizada), ferida e a
quebrada. A empresa utiliza a casca da castanha como lenha. Existe destino para o rejeito,
com o reaproveitamento do excedente. O resto é triturado e doado para a comunidade
utilizar como adubo. A empresa realiza tratamento da fumaça (sem fuligem). A capacidade
de processamento da empresa é de 25 mil hectolitros. O volume de um hectolitro equivale a
51 kg, e a cada 2 a 2,5 hectolitros tem-se a produção de 20 kg de castanhas sadias. A
9 Renmero Indústria e Comércio.
102
castanha vai para o mercado externo e volta já beneficiada para o mercado doméstico. A
empresa conta com uma técnica de manipulação de alimentos.
No estado do Pará existem poucas famílias que comercializam a castanha, como
os Mutran, os Abraão (Oriximiná) e os Florezano (Óbidos).
A castanha possui um significado especial para os moradores de Baião, pois no
passado existiam muitas castanheiras na região, e por muitos anos foi a principal renda de
várias famílias. Seu fruto foi muito explorado e ainda hoje existem pessoas que vivem da
compra e venda de castanha.
103
5.1.2.7 CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO DO BURITI
a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização do buriti
Os agentes envolvidos na cadeia de comercialização do buriti (Figura 50) na
região do Tocantins apresentam as seguintes características:
Produção local: são pequenos agricultores que comercializam o fruto in natura
somente na safra. O buriti na região tocantina é considerado um produto substituto ao açaí
na época da escassez (entressafra);
Indústria de beneficiamento local: são pequenos comerciantes que utilizam
máquinas despolpadeiras do açaí para obter a polpa ou “vinho” de buriti, que é vendido
diretamente para os consumidores locais; e
Varejo urbano estadual: são feirantes que comercializam o fruto in natura para
o consumidor estadual.
b) Estrutura da quantidade comercializada (%) do buriti
Nos dez municípios foram entrevistados oito agentes mercantis que atuam, em
média, há 19 anos no ramo (desvio padrão 9,2 anos), sendo que 25% deles atuam somente
com buriti e os demais trabalham com outros produtos, principalmente com açaí. Na
descrição da capacidade instalada dos agentes mercantis entrevistados da região
identificou-se que 37% possuem pequeno local de 10 m2 (desvio padrão 3m2) para
armazenagem do produto; somente 25% possuem transporte (barco com capacidade 2ton e
bicicleta); 50% possuem maquinário que são as mesmas despolpadeiras de açaí. A mão de
obra predomina a familiar em 87% dos entrevistados, com equipe até 5 pessoas, e os
valores informados sobre a remuneração foram de R$10,00/diária (na safra) e de
R$7,00/rasa. Em relação ao período de trabalho 50% atuam o ano todo, 25% somente na
safra e os demais não informaram. Os problemas identificados foram baixa capacidade de
armazenagem e de transporte do produto e o consumo baixo de vinho de buriti por não ser
hábito na região.
104
Os canais de comercialização do buriti identificados nos dez municípios se
caracterizam por canais simples, quase lineares, pois apresentam apenas dois setores
intermediários que são a indústria de beneficiamento local e o varejo urbano estadual que
comercializam diretamente com os consumidores (Figura 50). O setor da indústria de
beneficiamento local que comercializa 44% da quantidade identificada do fruto, que compra
diretamente dos produtores e vendem exclusivamente para os consumidores locais na
forma de polpa ou “vinho” de buriti. É importante destacar a cultura e o hábito regional de
consumir o mingau de buriti. O consumo de buriti in natura e do “vinho” é relativamente
significativo durante a entressafra do açaí, pois os consumidores consideram o buriti como
um fruto substituto ao açaí. Em âmbito estadual o varejo urbano (feirantes) comercializa em
torno de 55% da quantidade identificada do buriti que é comprado exclusivamente dos
produtores e vendem diretamente para os consumidores estaduais.
Figura 50. Estrutura da quantidade, em termos percentuais (%), da comercialização do buriti identificado em dez municípios da região do Tocantins (Local), que vai para o mercado Estadual.
c) Preço médio praticado nas transações entre diversos agentes mercantis da cadeia do
buriti (2008)
Os feirantes estaduais (varejistas urbanos estaduais) e os batedores (indústrias
de beneficiamento local) são os principais intermediários da cadeia do buriti na região. Na
105
Figura 51 destacam-se os preços médios de venda de insumo (buriti) praticados pelos
produtores com outros agentes no montante de R$1,47/kg para as indústrias de
beneficiamento locais, R$0,70/kg para os consumidores locais e de R$0,68/kg para os
varejistas estaduais. Estes varejistas estaduais não foram entrevistados, por isso o preço de
venda para o consumo final estadual equivale ao valor de repasse, isto é, também a
R$0,68/kg. O fruto é comercializado somente na safra em sacolas de 5kg e quando
beneficiados rendem em média 5 a 7 litros de polpa. As indústrias de beneficiamento locais
(batedores) vendem em média a R$2,24/kg para os consumidores locais em forma de polpa
ou “vinho”.
Figura 51. Preço médio de buriti (R$ correntes/kg de polpa) praticado nas transações entre diversos setores da cadeia de comercialização, no ano de 2008, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará.
d) Formação dos preços pelos setores envolvidos na comercialização do buriti
O preço de venda praticado pelo varejista urbano estadual com os
consumidores equivale a 0,6 vezes que o preço médio recebido pelos produtores, pois
comercializam o fruto in natura (Figura 52). Em relação ao preço de venda praticado pela
indústria de beneficiamento local com os consumidores equivale a 2,19 vezes o preço
médio recebido pelos produtores. Fica evidente a baixa agregação de valor do fruto buriti ao
longo de sua cadeia nos dez municípios e também no estado.
106
Figura 52. Formação de preço do buriti ao longo da cadeia de comercialização, considerando o valor de R$1,00 como preço base adotado no setor da produção local, que pode variar acima ou abaixo, dependendo da transação realizada.
e) Valor Bruto da Produção, pela ótica da oferta, na comercialização do buriti
O Valor Bruto do setor da Produção (VBPα) de buriti identificado na pesquisa é
de R$256,1 mil, totalizando em R$597,7 mil, isto é, soma das vendas realizadas por todos os
setores que constituem a cadeia (Figura 53). Do total do Valor Bruto da Produção do buriti
R$247,2 mil pertencem ao setor da indústria de beneficiamento local e R$94,4 mil ao setor
varejista urbano estadual.
107
Figura 53. Valor Bruto da Produção (VBPα), em R$, gerado na comercialização do
buriti, pela ótica da oferta, em 2008, em dez municípios da região de integração do Tocantins, Estado do Pará.
f) Valor Transacionado Efetivo (VTE) que se aproxima do Valor Adicionado Bruto (VAB)
gerado na comercialização do buriti e a margem de comercialização de cada setor
(Mark-up)
O Valor Agregado (ou Adicionado) Bruto do buriti totalizou R$ 341,8 mil,
correspondendo à margem total de somente 33% (MIP buriti). A indústria de
beneficiamento local foi responsável pela maior agregação com R$85,5 mil, com margem
bruta de 53% (Figuras 54 e 55). Apesar do varejo urbano estadual possuir um valor bruto da
produção de R$94,4 mil, apresenta uma margem de comercialização muito pequena 0,21%
pois comercializa o produto totalmente in natura.
Figura 54. Valor Transacionado Efetivo (VTE) ≈ Valor Adicionado Bruto (VTB) em R$, gerado na comercialização do buriti, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008).
108
Figura 55. Valor Bruto da Produção (VBP), Valor Transacionado Efetivo (VTE) que equivale ao Valor Adicionado Bruto (VAB), em R$ correntes/kg polpa, e a Margem de Comercialização (%) de cada setor (Mark-up) da cadeia de comercialização do buriti, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008).
g) Renda Bruta Total gerada pela ótica da demanda na comercialização do buriti
Os dados levantados mostram que o buriti gerou Renda Bruta Total de R$ 597,7
mil, em que 84% desse valor foram movimentados nos dez municípios. Desse montante o
produtor gerou R$256,1 mil somente pela comercialização do buriti in natura durante a
safra e a indústria de beneficiamento local gerou R$247,2 mil, sendo R$161,7 mil pela
compra do fruto in natura e R$85,5 mil de adição de valor, mostrando baixa agregação de
valor para o consumo final (Figura 56). No âmbito estadual o varejo urbano gerou uma
renda bruta de R$94,4 mil, sendo R$94,2 mil em insumo e somente R$198,10 em agregação
de valor.
109
Figura 56. Valor da Renda Bruta Total (RBT), em R$, na comercialização do buriti considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008).
h) Informações complementares sobre a comercialização de buriti
A palmeira de buriti tem um grande destaque na região, pois o município de
Limoeiro do Ajuru esta rodeado de ilhas que propiciam seu aparecimento. A Emater local fez
a mobilização com produtores de algumas comunidades que se comprometeram em extrair
(beneficiar) o óleo de buriti e entregar para um intermediário, que fornece para uma
Indústria de Comércio de Óleos e Alimentos (INCOSUL), parceira da Natura, que vai capacitar
os produtores para retirar o óleo e comprar a produção para levar para São Paulo e Bahia. A
empresa levou sementes de cupuaçu para fazer análise e, segundo o secretário de
agricultura, foi aprovado. Quando retornarem vão contratar cinco pessoas para secar as
sementes. A empresa já mandou maquinários para retirada do óleo, que estão na Emater
para serem entregues aos produtores. A partir de janeiro inicia a safra do buriti e os
produtores começam a fazer o trabalho de retirada do óleo. A previsão é que seja entregue
10.000 mil litros de óleo na safra (de 2009).
5.1.2.8 CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO DA BACABA
a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização da
bacaba
110
Os agentes envolvidos na cadeia de comercialização da bacaba (Figura 57) na
região do Tocantins apresentam as seguintes características:
Produção Local: produção primária da agropecuária e extrativista dos dez
municípios;
Varejo Rural Local: pequenos comerciantes que compram a bacaba in natura dos
produtores e são denominados de atravessadores;
Indústria de Beneficiamento Local: empresa que realiza o processamento
industrial da bacaba in natura, ou seja, são pequenos comerciantes que utilizam máquinas
despolpadeiras do açaí para obter a polpa da bacaba, que é vendida diretamente para os
consumidores locais;
Atacado Local: comerciantes (atacadistas, representantes de empresas) que
adquirem a bacaba in natura em grandes quantidades dos produtores;
Indústria de Beneficiamento Estadual: unidades de beneficiamento situadas no
âmbito estadual que apenas beneficiam a bacaba in natura para polpa voltada para o
consumo final;
Indústria de Transformação Estadual: unidade industrial de cosmético, situada
no município de Benevides (PA), considerada um pólo de pesquisa e desenvolvimento que
abriga uma fábrica de massa de sabonetes e também uma planta para extração de óleos
vegetais;
Varejo Urbano Estadual: são comerciantes que realizam a compra direta dos
produtores da região do Tocantins e vendem a bacaba in natura para os batedores de
bacaba (Ind. Beneficiamento).
Dos nove agentes entrevistados na região, oito deles comercializam também o
açaí fruto e um somente a bacaba, que é uma Comunidade Quilombola de Baião, que possui
um projeto de manejo. Outros agentes trabalham também com patauá, cupuaçu, cipó,
coratá do inajá10 e ouriço da castanha. O tempo de atuação no ramo da bacaba varia entre 6
a 10 anos; com infra-estrutura para armazenagem com capacidade de um pequeno espaço
de 9 m2, outro com 30 m2 e o maior com 700 m2 (que também possui barco com capacidade
de 15 ton); 55% possuem maquinários (despolpadeiras de açaí, câmara fria, envasadora,
10
Coratá é a bainha da folha que sustenta o cacho da palmeira inajá, que é comercializada como artesanato e possui forma de uma barcaça.
111
pasteurizador e caldeira). A mão de obra envolvida predomina a familiar, sendo que 6
agentes possuem de 1 a 5 pessoas, 2 agentes com 10 a 15 pessoas e uma comunidade com
67 famílias envolvidas. As principais necessidades identificadas foram a de ampliar a
estrutura física e também de maquinários.
b) Estrutura da quantidade comercializada (%) da bacaba
Conforme demonstra a Figura 57, os canais de comercialização da bacaba
identificados nos dez municípios se caracterizam por diversos níveis de canais de distribuição
abrangendo vários setores intermediários entre o produtor e o consumidor final. O varejo
urbano estadual comercializa 40,5% da quantidade identificada do fruto in natura, que é
comprado diretamente dos produtores e vendido exclusivamente para a indústria de
beneficiamento estadual (batedores de bacaba), que vendem para os consumidores
estaduais em forma de polpa. No âmbito local a indústria de beneficiamento comercializa
26% da produção identificada. São batedores de açaí que também beneficiam e
comercializam a bacaba de maneira semelhante ao açaí. Existe na cadeia da bacaba (6,5%) a
venda direta do fruto in natura para o consumidor local, devido ao costume da população
ter suas próprias máquinas de despolpar tanto a bacaba como o açaí. Os atravessadores
locais (varejo rural) de bacaba comercializam 25% da produção identificada e vendem
diretamente para o consumidor local. A presença do setor de transformação estadual
enfatiza o interesse de empresas nacionais de cosméticos pela bacaba, que comercializam
2% da produção identificada, que compram diretamente do atacado local.
112
Figura 57. Estrutura da quantidade, em termos percentuais (%), da comercialização da bacaba identificada em dez municípios da região do Tocantins (Local), que vai para o mercado Estadual e Nacional.
c) Preço médio praticado nas transações entre diversos agentes mercantis da cadeia da
bacaba (2008)
Os preços médios da bacaba praticados entre os diferentes agentes da cadeia de
comercialização são determinados pela safra do fruto transacionado. Os preços médios de
venda de insumo (bacaba) praticados pelos produtores com outros agentes são R$0,70/kg
com o varejo rural, R$1,21/kg com as indústrias de beneficiamento locais, R$0,78/kg com o
atacadista local, R$0,54/kg com os consumidores locais e com os varejistas estaduais
(Figura 58). O preço médio adotado pela venda da indústria de beneficiamento para o
consumidor é de R$1,47/kg conforme o rendimento do fruto.
113
Figura 58. Preço médio da bacaba (R$ correntes/kg de polpa) praticado nas transações entre diversos setores da cadeia de comercialização, no ano de 2008, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará.
d) Formação dos preços pelos setores envolvidos na comercialização da bacaba
A indústria de beneficiamento local compra bacaba in natura ao preço de 1,59
vezes maior que o praticado pela produção local e vende a 1,93 vezes para o consumidor
local (Figura 59). O varejo urbano estadual paga 0,71 vezes menor à produção local, vende a
1,17 vezes maior para a indústria de beneficiamento estadual, que por sua vez vende a 1,93
vezes para o consumidor estadual. O atacado urbano local compra a 1,02 da produção local
e vende a 2,63 vezes mais para a indústria de transformação estadual.
114
Figura 59. Formação de preço da bacaba ao longo da cadeia de comercialização, considerando o valor de R$1,00 como preço base adotado no setor da produção local, que pode variar acima ou abaixo, dependendo da transação realizada.
e) Valor Bruto da produção, pela ótica da oferta, na comercialização da bacaba
Na cadeia de comercialização da bacaba a produção local gerou um Valor Bruto
da Produção (VBPα) de R$329 mil (Figura 60). O VBP do âmbito local (59%) é maior do que
estadual (41%), em função do alto consumo do fruto localmente. Os setores que mais
vendem são a indústria de beneficiamento estadual (R$80,4 mil), a indústria de
beneficiamento local (R$52,4 mil), o varejo urbano estadual (R$48,6 mil) e o varejo rural
(R$33,2 mil).
Figura 60. Valor Bruto da Produção (VBP
α), em R$, gerado na comercialização da
bacaba, pela ótica da oferta, em 2008, em dez municípios da região de integração do Tocantins, Estado do Pará.
f) Valor Transacionado Efetivo (VTE) que se aproxima do Valor Adicionado Bruto (VAB)
gerado na comercialização da bacaba e a margem de comercialização de cada setor
(Mark-up)
115
O Valor Agregado Bruto (VAB) total da bacaba ao longo da cadeia foi de R$176,6
mil para os dez municípios, correspondendo à margem ou mark-up de 172% (Anexo X- MIP
Bacaba). Do total do valor adicionado na cadeia a partir da produção primária o sistema local
teve maior participação com 71% e o sistema estadual com somente 29%.
Os setores da indústria de beneficiamento (R$31,8 mil) e do varejo urbano
estadual (R$19,1 mil) tiveram maior participação nesse valor agregado cada qual com mark-
up de 65% (Figuras 61 e 62). Por outro lado, o setor do atacado local participou com
somente R$3,5 mil, mas obteve a maior margem de comercialização na cadeia, ou seja,
mark-up de 156%. O resultado dessa margem está relacionado, principalmente, pelo preço
alto de venda com a indústria de transformação.
Figura 61. Valor Transacionado Efetivo (VTE) ≈ Valor Adicionado Bruto (VAB) em R$, gerado na comercialização da bacaba, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008).
116
Figura 62. Valor Bruto da Produção (VBP), Valor Transacionado Efetivo (VTE) que equivale ao Valor Adicionado Bruto (VAB), em R$ correntes/kg, e a Margem de Comercialização (%) de cada setor (Mark-up) da cadeia de comercialização da bacaba, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008).
g) Renda Bruta Total gerada pela ótica da demanda na comercialização da bacaba
A Renda Bruta Total identificada pela pesquisa foi de R$329 mil sendo que do
total 59% foram movimentados nos dez municípios e 41% no estado (Figura 63). O sistema
local gerou o equivalente a R$194,2 mil, sendo que a indústria de beneficiamento foi
responsável por R$52,4 mil, pois comprou de insumo cerca de R$43,1 mil e agregou apenas
R$9,4 mil. O varejo rural foi responsável pela renda bruta de R$33,2 mil, pois comprou de
insumo R$23,2 mil e adicionou o montante de R$10 mil. Por outro lado, no sistema estadual
o setor de beneficiamento atingiu uma renda bruta total de R$80,4 mil, dos quais R$48,6
mil equivalem à compra de insumos (bacaba in natura) e R$31,8 mil ao valor adicionado.
117
Figura 63. Valor da Renda Bruta Total (RBT), em R$, na comercialização da bacaba considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008).
h) Informações complementares sobre a comercialização de bacaba
A produção de bacaba no município de Baião se concentra basicamente na
Comunidade de Baixinha, área remanescente de quilombo. Detentora de uma área com
ocorrência de bacaba com grande produtividade. O Projeto Bacaba desenvolvido na
Comunidade tem como objetivo a industrialização da bacaba nativa. A organização não
governamental IDEIAS firmou convênio com o Conselho Nacional de Desenvolvimento
Científico e Tecnológico (CNPq) e a Universidade do Estado do Pará (UEPA), para
desenvolver pesquisas e receber orientações sobre o potencial da polpa, do óleo, do caroço,
além de desenvolver outros subprodutos da bacaba. Atualmente já desenvolveram o licor, a
geléia, a polpa e uma bebida. A produção da comunidade é comercializada diretamente para
barqueiros (atravessadores) que passam para comprar o produto. Além da comercialização
do fruto da bacaba, outras partes do vegetal (canoinha, vassoura, açareua de bacaba, palha
de bacaba, cacho verde, entre outros) estão sendo comercializados para fins artesanais.
A produção de bacaba de Oeiras do Pará é enviada para Belém e, segundo
morador da reserva Arioca Pruanã, em 2009 deve ter tido uma grande produção do fruto. A
população de Oeiras não tem o hábito de consumir bacaba.
118
5.1.2.9 CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO DO MEL
a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização do mel
O mel da região do Tocantins provém, em sua maioria, do manejo das abelhas
européias ou africanas e muito pouco das abelhas nativas (sem ferrão). Os agentes
mercantis identificados na cadeia de comercialização do mel (Figura 64) foram:
Produção Local: produção primária de mel com base no manejo das abelhas
(apicultura) que utilizam a flora local como pasto, para a produção do mel da região do
Tocantins. A produção pode vir de indivíduos ou associações de apicultores que realizam o
beneficiamento do mel e fornecem o produto envasado ao mercado (em galões ou em
garrafas menores);
Varejo Rural Local: todos pequenos comerciantes do interior do município,
comumente denominados atravessadores, que compram o mel dos produtores já envasados
ou não. Têm varejistas que também são apicultores;
Atacado Local: cooperativa de apicultores que realiza o beneficiamento e vende
diretamente para o consumidor local;
Varejo Urbano Local: comerciantes (alguns feirantes) que compram o mel da
produção local e vendem para os consumidores locais e estaduais.
Dos 18 agentes entrevistados 61% são apicultores, sendo que 50% atuam
somente no comercio de mel, os demais diversificam com um ou outro produto como:
andiroba, leites de sucuuba11 e amapá, seiva de jatobá, barbatimão, copaíba, cupuaçu,
castanha, artesanato e açaí. Dos 66% que informaram o tempo de atuação no comercio de
mel, cinco são novatos (1 a 7 anos) e os 7 outros com maior tempo no ramo (15 a 25 anos).
Em relação à capacidade instalada 38% deles possuem local para armazenagem com 20 m2
(média) e 44% possuem meio de transporte (bicicleta, moto, carro alugado por diária e
barco). A mão de obra predomina a familiar com trabalho feito por 2 pessoas (50%), 1
pessoa (22%), 3 pessoas (11%) e somente uma associação de apicultores com 20 associados.
Algumas necessidades explicitadas pelos agentes como assistência técnica, capital de giro,
119
investimentos em equipamentos e maquinários (centrifuga e decantador) e, problemas com
rotulagem do produto, escoamento da produção e espaço físico.
b) Estrutura da quantidade comercializada (%) do mel
É interessante notar que o produtor de mel (apicultor) vende 46% da sua
produção local direto para o consumidor local e 1% para o estadual (Figura 64). A produção
local também vende 53% para setores intermediários da cadeia na esfera local, como o
varejo urbano local que compra 24%, o varejo rural com 17% e o atacado local com 12%.
Figura 64. Estrutura da quantidade, em termos percentuais (%), da comercialização do mel identificado em dez municípios da região do Tocantins (Local), que vai para o mercado Estadual.
c) Preço médio praticado nas transações entre diversos agentes mercantis da cadeia do
mel (2008)
O varejo rural compra da produção local ao preço médio de R$12,32/kg de mel
e vende para o consumidor local a R$15,54/kg (Figura 65). O atacado local compra a
R$12,98/kg e vende ao consumidor local a R$15,00/kg. O varejo urbano local compra a
R$11,93/kg do produtor e vende ao consumidor local a R$15,77/kg e ao estadual a
R$15,00/kg.
11
O potencial médio de uma árvore de sucuúba é de 6 litros de leite (Gonçalves, 2002).
120
Figura 65. Preço médio do mel (R$ correntes/kg in natura) praticado nas transações entre diversos setores da cadeia de comercialização, no ano de 2008, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará.
d) Formação dos preços pelos setores envolvidos na comercialização do mel
Dos setores envolvidos na cadeia do mel não existem grandes variações na
formação do preço do produto. O varejo rural, por exemplo, vende ao consumidor local ao
preço de 1,15 vezes maior que o preço pago ao produtor, a produção local vende direto
para o consumidor estadual a 1,33 vezes mais, enquanto o varejo urbano local vende a 1,17
para o consumidor local e a 1,11 para o estadual (Figura 66).
121
Figura 66. Formação de preço do mel ao longo da cadeia de comercialização, considerando o valor de R$1,00 como preço base adotado no setor da produção local, que pode variar acima ou abaixo, dependendo da transação realizada.
e) Valor Bruto da produção, pela ótica da oferta, na comercialização do mel
Somando todos os valores recebidos pela venda do mel por todos os apicultores
dos dez municípios, o Valor Bruto de Produção local (VBPα) foi de R$133,2 mil, do varejo
rural local foi de R$26 mil, do atacado local de R$18,3 mil e do varejo urbano local de
R$36,3 mil, gerando R$213,7 mil pela oferta do mel na região do Tocantins (Figura 67).
Figura 67. Valor Bruto da Produção (VBP
α), em R$, gerado na comercialização do
mel, pela ótica da oferta, em 2008, em dez municípios da região de integração do Tocantins, Estado do Pará.
f) Valor Transacionado Efetivo (VTE) que se aproxima do Valor Adicionado Bruto (VAB)
gerado na comercialização do mel e a margem de comercialização de cada setor (Mark-
up)
Ao longo da cadeia de comercialização do mel da produção local do Tocantins
até a demanda final local, o valor de R$149,1 mil foi adicionado (VAB) ao produto mel
(Figura 68). O valor adicionado da cadeia do mel só acontece no sistema local, o produtor
adiciona o maior valor na cadeia, equivalente a R$133,2 mil, realizando o beneficiamento
primário para obtenção de melhor preço de venda. Outros setores apresentam também
participação na agregação de valor como o varejista urbano que adiciona um montante de
R$8,1 mil, o que justifica o mark-up de 29% (Figura 69), pois estes feirantes compram o mel
122
em grandes quantidades e para a venda fracionam em frascos menores, o varejo rural com
R$5,4 mil que obtém uma margem de 26% e o setor atacadista local com R$2,5 mil que
apresentam um mark-up de 16%.
Figura 68. Valor Transacionado Efetivo (VTE) ≈ Valor Adicionado Bruto (VAB) em R$, gerado na comercialização do mel, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008).
Figura 69. Valor Bruto da Produção (VBP), Valor Transacionado Efetivo (VTE) que equivale ao Valor Adicionado Bruto (VAB), em R$ correntes/kg, e a Margem de Comercialização (%) de cada setor (Mark-up) da cadeia de comercialização do mel, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008).
g) Renda Bruta Total gerada pela ótica da demanda na comercialização do mel
123
A Renda Bruta total gerada pela comercialização do mel produzido e identificado
nos dez municípios foi movimentada somente na região estudada, atingindo um valor de
R$214 mil (Figura 70). O setor da produção local gerou a maior renda na ordem de R$133,2
mil comparada aos demais setores, pois realizam o beneficiamento do mel, que torna
rentável a atividade da apicultura para a região. O setor do varejo urbano local (feirantes)
gerou uma renda de R$36,2 mil, pois comprou R$28,2 mil de insumo e agregou R$8,1 mil ao
produto, pois somente fraciona o mel em embalagens menores. O setor de varejo rural
gerou R$26 mil, sendo R$20,6 mil em insumos e R$5,4 mil no valor adicionado. O setor do
atacado local gerou renda bruta equivalente a R$18,3 mil, sendo R$15,9 mil em insumos e
R$2,5 mil no valor adicionado, sendo esta uma cooperativa de apicultores que vendem
diretamente para o consumidor local.
Figura 70. Valor da Renda Bruta Total (RBT), em R$, na comercialização do mel considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008).
h) Informações complementares sobre a comercialização de mel
A Associação Paraense de Apoio às Comunidades Carentes (APACC) funciona
com apoio do Governo do Estado do Pará, Prefeitura de Belém e República Francesa e tem
atuação em Limoeiro do Ajuru, Oeiras do Pará, Cametá e Belém, no apoio aos “Projetos de
Mel” na região, além de ministrar cursos sobre utilização de plantas medicinais e saúde da
mulher.
124
A produção de mel em Baião é recente e realizada por um grupo de apicultores
em fase de organização, porém não tinham assistência técnica especializada para alavancar
a produção e nem financiamento. O mel é um produto com grande potencial no município
devido à cobertura vegetal rica em diversidade e bem preservada da região.
Algumas comunidades de Oeiras do Pará possuem produção de mel, mas não
possuem financiamento e nem incentivos para melhorar a produção.
Na comunidade chamada Paruru de Joana Ceres, que fica numa ilha do
Município de Limoeiro do Ajuru, existe um grupo formado por 20 apicultores que produzem
mel há mais de quatro anos. Segundo integrante do grupo, já chegaram a produzir mais de
700 litros de mel. Atualmente estão produzindo pouco por não terem mercado para escoar a
produção. Em estoque estavam com 200 litros de mel. Existe outra comunidade em terra
firme chamada BR 422, que fica no Km 5, que possui uma associação de mel, atualmente
com vinte produtores. O mel é vendido para Cametá porque o preço e a venda são melhores
do que em Limoeiro.
Alguns avanços ocorrem em Abaetetuba na exploração sustentável de produtos
de base extrativa, como a apicultura que começa a ganhar importância pelos agricultores,
mas a atividade vem encontrando problemas com a falta de organização e gestão das
associações, além de não possuírem equipamentos adequados, tanto para a colheita quanto
para o processamento do mel, comprometendo diretamente a qualidade do produto. Há
apicultores que mantém seus apiários muito próximos às residências, proporcionando perigo
para os moradores das proximidades, e com caixas maiores que o tamanho padrão.
Alguns apicultores de Igarapé Miri recebem apoio da EMATER, que informou que
foram vendidos 500 Kg de mel, no valor de R$7,00/Kg, pelo Programa de Aquisição de
Alimentos (PAA), coordenado pela Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB).
O mel é apenas para consumo interno do município de Moju.
De acordo com Venturieri et al (2009) entre os insetos que visitam as flores do
açaizeiro na região nordeste da Amazônia foram identificadas as abelhas com ferrão
africanizadas (Apis mellifera) e as abelhas nativas da região (Meliponíneos) sem ferrão, que
são agentes importantes no processo de polinização dos açaizeiros (Euterpe oleracea Mart. –
Arecaceae), inclusive para o aumento da produção de frutos. A conclusão do estudo é que o
açaizeiro é uma importante espécie apícola na Amazônia por ofertar pólen e néctar durante
a floração, em período de menor oferta de recursos florais.
125
5.1.2.10 CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO DO ARTESANATO DE MIRITI
a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia da comercialização do
artesanato de miriti
Os agentes envolvidos na cadeia da comercialização do artesanato de miriti
(Figura 71) na região do Tocantins apresentam as seguintes características:
Produção Local: são extratores da estirpe da palmeira do buritizeiro conhecido
como “isopor natural” da Amazônia que serve de matéria prima para o artesanato de miriti;
Indústria de Transformação Local: são pequenos núcleos familiares de artesãos
que confeccionam brinquedos e artesanatos de miriti. No município de Abaetetuba essa
atividade é tradicional, e a presente pesquisa identificou uma grande amostra de artesãos e
duas associações;
Varejo Urbano Estadual: são lojas de artesanatos localizadas na região
metropolitana de Belém, que comercializam diretamente para o consumidor final e
principalmente para turistas;
Varejo Urbano Nacional: são associações de artesanato, central de artes e
museus localizados em São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia.
b) Estrutura da quantidade comercializada (%) do artesanato de miriti
A cadeia de comercialização do artesanato consiste em canais simples, mas
sendo constituído por diversos níveis de canais de distribuição abrangendo três setores
intermediários. A indústria de transformação local compra toda a produção de miriti
diretamente do extrator, e vende 7,5% da produção identificada para o consumidor local,
53% para o varejo urbano estadual, 18% diretamente para os consumidores estaduais
(Figura 71). Neste caso, são as empresas, instituições públicas e principalmente
consumidores e turistas que adquirem o produto em época festiva, neste caso o Círio e
126
Natal. O setor da indústria de transformação local Também vende para o varejo urbano
nacional (12%) e diretamente para o consumidor nacional (9%).
Figura 71. Estrutura da quantidade, em termos percentuais (%), da comercialização do artesanato de miriti identificado em dez municípios da região do Tocantins (Local), que vai para o mercado Estadual e Nacional.
É importante destacar que durante as festividades do Círio de Nazaré (2ª
quinzena de outubro) acontece a Feira do Miriti e também são organizados alguns pontos de
venda em praças públicas.
c) Preço médio praticado nas transações entre diversos agentes mercantis da cadeia do
artesanato de miriti (2008)
Os produtores vendem a braça de miriti (mede 2,5 a 3 metros, em média) para a
indústria de transformação por R$0,38/braça (Figura 72), ou seja, para os artesões e suas
associações transformarem as braças de miriti em peças artesanais com uma infinidade de
formas, cores e tamanhos, sendo os brinquedos de miriti os mais conhecidos em miniaturas
na forma de barcos, pássaros, roda gigante, casas, animais, objetos domésticos, entre outros
que representam o cotidiano do ribeirinho e também do homem da cidade grande. Os
preços de venda praticados pela indústria de transformação local são: R$15,10/braça para
os consumidores estaduais, R$7,76/braça para os varejistas estaduais, R$6,69/braça para
os consumidores nacionais, R$5,41/braça para os varejistas nacionais e R$2,80/braça para
127
os consumidores locais. A variação dos preços médios praticados é justificada pelo tipo de
artefato comercializado.
Figura 72. Preço médio do artesanato de miriti (R$ correntes/braça) praticado nas transações entre diversos setores da cadeia de comercialização, no ano de 2008, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará.
d) Formação dos preços pelos setores envolvidos na comercialização do artesanato de
miriti
No principal elo de comercialização a indústria de transformação local vende o
artesanato de miriti para o varejo urbano estadual ao preço de 20,36 vezes maior que o
preço médio da braça recebido pelos produtores (Figura 73), de 39,6 vezes para o
consumidor estadual, de 14,19 vezes para o varejo urbano nacional, de 17,55 vezes para o
consumidor nacional e de 7,34 vezes para o consumidor local.
128
Figura 73. Formação de preço do artesanato de miriti ao longo da cadeia de comercialização, considerando o valor de R$1,00 como preço base adotado no setor da produção local, que pode variar acima ou abaixo, dependendo da transação realizada.
e) Valor Bruto da produção, pela ótica da oferta, na comercialização do artesanato de
miriti
Somando todos os valores recebidos pela comercialização da braça de mitiri
pelos produtores da região do Tocantins, isto é, o Valor Bruto da Produção (VBPα) foi de
R$10,8 mil, da indústria de transformação de R$237,2 mil, do varejo urbano estadual de
R$124,4 mil e do varejo urbano nacional de R$26,04 mil, gerando no total R$398,5 mil nas
vendas do artesanato de miriti (Figura 74).
129
Figura 74. Valor Bruto da Produção (VBPα), em R$, gerado na comercialização do
artesanato de miriti, pela ótica da oferta, em 2008, em dez municípios da região de integração do Tocantins, Estado do Pará.
f) Valor Transacionado Efetivo (VTE) que se aproxima do Valor Adicionado Bruto (VAB)
gerado na comercialização do artesanato de miriti e a margem de comercialização de
cada setor (Mark-up)
Ao longo da cadeia de comercialização do artesanato de miriti da produção local
até a demanda final, o valor de R$ 251,4 mil foram adicionados ao produto, atigindo um
mark-up de 2.222%. Do total do valor adicionado, o setor com maior participação foi a
indústria de transformação local com R$226,4 mil, que agregam ao produto uma margem
de comercialização (mark-up do setor) de 2.091% (Figuras 75 e 76). Em relação ao sistema
estadual o varejo urbano agregou o valor de R$6,7 mil, apresentando a menor margem e
comercialização da cadeia, 6% apenas. Por outro lado, o varejo urbano nacional agrega o
valor de R$7,5 mil e atinge um mark-up de 40%.
Figura 75. Valor Transacionado Efetivo (VTE) ≈ Valor Adicionado Bruto (VAB) em R$, gerado na comercialização do artesanato de miriti, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008).
130
Figura 76. Valor Bruto da Produção (VBP), Valor Transacionado Efetivo (VTE) que equivale ao Valor Adicionado Bruto (VAB), em R$ correntes/braça, e a Margem de Comercialização (%) de cada setor (Mark-up) da cadeia de comercialização do artesanato de miriti, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008).
g) Renda Bruta Total gerada pela ótica da demanda na comercialização do artesanato de
miriti
A Renda Bruta total gerada na comercialização do artesanato foi de R$398,5 mil.
A região estudada foi responsável por 62% dessa renda bruta total, seguido pelo estadual
com 31% e o nacional com apenas 7% (Figura 77). No sistema local, o setor da indústria de
transformação (artesãos) gerou a maior renda na ordem de R$237,2 mil, pois comprou de
insumos cerca de R$10,8 mil e agregou valor de R$226,4 mil. O setor do varejo urbano
estadual gerou uma renda bruta de R$124,4 mil, sendo R$ 117,7mil em insumos e somente
R$ 6,7 mil de agregação de valor. E no sistema nacional o varejo urbano atingiu uma renda
de R$ 26mil dos quais R$ 18,6 mil equivalem à compra de insumos e R$7,5 ao valor
adicionado.
131
Figura 77. Valor da Renda Bruta Total (RBT), em R$, na comercialização do artesanato de miriti considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008).
h) Informações complementares sobre a comercialização de artesanato de miriti
Abaetetuba é tradicionalmente conhecida pelos famosos brinquedos de miriti
que fazem parte das festividades no período do Círio. A Associação Arte em Miriti de
Abaetetuba (Miritong), uma organização não governamental, conquistou sua valorização
com a venda dos brinquedos durante as festividades do Círio de Nazaré, que tem seu
trabalho reconhecido internacionalmente. Até 1999 todos faziam os brinquedos tradicionais,
com pinturas somente em riscos e pingos. Com ação do Serviço de Apoio às Micro e
Pequenas Empresas (Sebrae) em Abaetetuba surgiu a idéia de trabalhar o ano todo. No
evento denominado Miriti-Design, realizado em 1999, novos conceitos de design foram
incorporados ao artesanato do miriti, fato considerado pela associação como um “divisor de
águas”. Desenvolveram o corte mais preciso do miriti utilizando “cabo de freio de bicicleta”
ou corte de arame. O trabalho foi reconhecido pela Funtelpa, presidente Ney Messias na
época, que deu todo o suporte para a fundação da ONG. Ao todo são 200 artesões, que
sustentam suas famílias com o que produzem de artesanato. Atualmente contam com três
tipos de artesanato: os tradicionais (barcos, canoas, pila-pila, cobras, pássaros, bonecos,
outros); os utilitários (diversas embalagens) e os decorativos (luminárias, quadros, arranjos,
outros). Também trabalham na fabricação de brinquedos pedagógicos, mas que na época da
132
entrevista estava parado. Disseram que tinham novos pedidos e, em 2009, começariam
novamente a produzir. A empresa Natura procurou a organização para fazer embalagens,
mas este tipo de artesanato não tem condições de padronização no nível que a empresa
exige. Os principais consumidores do artesanato de miriti são o Mangal das Garças (loja
própria); o Museu do Folclore Edison Carneiro – Artesão do Rio de Janeiro; o Bicho Preguiça -
Arte sol, São Paulo; Domdaqui – Bahia; Amazon Filmes – Belém; Eko – empresa de
comunicação “Laise Santos” jornalista e a Assembléia Paraense.
De acordo com o técnico (Vieira, informação pessoal), em 2008, o Centro
Internacional de Pesquisa Florestal (CIFOR) iniciou o “Projeto ecologia, manejo, economia e
mercado de miriti em florestas de uso múltiplo no estuário do baixo Tocantins”, em parceria
com Embrapa, SEBRAE, UFRA, Museu Paraense Emilio Goeldi, Associação dos Artesãos de
Brinquedos e Artesanatos de Miriti de Abaetetuba (ASAMAB), a Miritong, a Associação do
Tauera de Beja e o Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Abaetetuba, com
objetivo de identificar as formas de extração do miriti, as partes usadas da planta, entender
a atividade artesanal dos “brinquedos de miriti”, assim como identificar técnicas para o
manejo sustentável desta palmeira, tão importante para a região, pois já estão enfrentando
problemas para acessar a matéria-prima. Segundo declarações da equipe técnica do projeto,
as fibras do miritizeiro constituem o principal recurso utilizado, como os brinquedos de miriti
feitos do da parte interna do pecíolo da folha (bucha), as cestarias da parte externa do
pecíolo (talas) e das palhas das folhas mais novas desfiadas. Além disso, do fruto extraem o
vinho de miriti (termo regional usado para suco).
A Associação dos Artesãos de Brinquedos e Artesanatos de Miriti de Abaetetuba
(ASAMAB) teve apoio da Albrás. São 113 pessoas que vivem do artesanato. Os que possuem
atelier próprio trabalham o ano todo. Em 2008 levaram, aproximadamente, 35.000 a 40.000
mil peças de miriti para Círio de Belém. Apesar dos artesões não terem uma sede própria
para realizar suas reuniões e organizar melhor a produção e comercialização, a atividade
destaca-se com grande potencial para o desenvolvimento local. Grande parte dos produtos
artesanais é feito nas ilhas próximas à sede de Abaetetuba.
5.1.2.11 CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO DO MURUMURU
133
a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização do
murumuru
Na cadeia de comercialização do murumuru (Figura 78) foram identificados os
seguintes agentes mercantis:
Produção Local: composta por agentes responsáveis pela coleta das sementes
nas áreas de ocorrência natural em Cametá e Limoeiro do Ajuru;
Varejo Rural Local: também conhecido como Atravessador ou pequeno
comerciante que compra a semente do murumuru de vários produtores e revende para a
indústria de cosmético estadual;
Atacado Local: trata-se de uma cooperativa agrícola que compra da produção
local e vende para o demandante, no caso a indústria de cosmético estadual;
Indústria de Transformação Estadual: trata-se de uma filial de uma grande
empresa de cosmético nacional, localizada no âmbito estadual (região metropolitana de
Belém), que compra as sementes de atravessadores (varejo rural e atacado local),
processam para obtenção da manteiga de murumuru (possivelmente realizada em São
Paulo).
Foram três agentes mercantis entrevistados que comercializam murumuru,
sendo que um deles informou possuir espaço para armazenagem de 6m2 e outro que
comercializa também açaí e óleo de andiroba. As principais demandas identificadas na
comercialização do murumuru foram a necessidade de entender com mais detalhes a cadeia
produtiva completa desta espécie e identificar novos nichos de mercado.
A manteiga de murumuru possui características que promovem a nutrição,
emoliência e hidratação para a pele e cabelos (IDEALFARMA, 2009).
b) Estrutura da quantidade comercializada (%) do murumuru
Na cadeia de comercialização do murumuru fica explícito que toda a produção
da região do Tocantins (100%) abastece uma indústria de transformação estadual (filial de
134
uma grande empresa de cosmético), localizada no Estado do Pará, vindo 73% do atacado
local e 27% do varejo rural local, que negociam a compra das sementes com os produtores
de Cametá e Limoeiro do Ajuru (Figura 78). Tal indústria de transformação estadual envia
para o mercado nacional, no entanto esta empresa ainda não foi entrevistada pela equipe.
Figura 78. Estrutura da quantidade, em termos percentuais (%), da comercialização do murumuru identificado em dez municípios da região do Tocantins (Local), que vai para o mercado Estadual e Nacional.
c) Preço médio praticado nas transações entre diversos agentes mercantis da cadeia do
murumuru (2008)
O varejo rural paga ao produtor local R$0,30/kg da semente de murumuru e
revende a R$1,50/kg para a indústria de transformação estadual e, o atacado local compra
a R$1,50/kg da produção local e revende para a mesma indústria de transformação
estadual ao preço de R$2,32/kg da semente (Figura 79).
135
Figura 79. Preço médio do murumuru (R$ correntes/kg semente) praticado nas transações entre diversos setores da cadeia de comercialização, no ano de 2008, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará.
d) Formação dos preços pelos setores envolvidos na comercialização do murumuru
Na formação do preço da semente de murumuru o varejo rural compra a 0,25
vezes abaixo em relação ao preço de referencia para a produção local, e vende a 1,28 vezes
acima para a indústria de transformação estadual (Figura 80). No caso do atacado local
compra a 1,28 vezes acima do preço de referencia e revende para a indústria de
transformação estadual ao preço de 1,98 vezes maior.
136
Figura 80. Formação de preço do murumuru ao longo da cadeia de comercialização, considerando o valor de R$1,00 como preço base adotado no setor da produção local, que pode variar acima ou abaixo, dependendo da transação realizada.
e) Valor Bruto da produção, pela ótica da oferta, na comercialização do murumuru
Na cadeia de comercialização do murumuru a produção local gerou um Valor
Bruto da Produção (VBPα) de R$94,2 mil (Figura 81). O VBP do âmbito local (56%) equivale à
oferta de R$27 mil pelo atacado e a R$6,6 mil ao varejo rural. Em termo estadual observa-se
que o setor de transformação responde pelo total do VBP gerado pela oferta de murumuru
com R$41,8mil.
137
Figura 81. Valor Bruto da Produção (VBPα), em R$, gerado na comercialização do
murumuru, pela ótica da oferta, em 2008, em dez municípios da região de integração do Tocantins, Estado do Pará.
f) Valor Transacionado Efetivo (VTE) que se aproxima do Valor Adicionado Bruto (VAB)
gerado na comercialização do murumuru e a margem de comercialização de cada setor
(Mark-up)
Ao longo da cadeia de comercialização do murumuru da produção local do
Tocantins até a demanda final estadual, o valor de R$41,7 mil foi adicionado (VAB) ao
produto (Figura 82), subtraindo o VAB total (R$41,7 mil) do VBP da produção local (R$18,8
mil) e dividindo o resultado pelo VBP da produção local obtemos o mark-up total de 122%.
Observando que, em termos relativos, o valor adicionado ao longo da cadeia a partir da
produção primária (Setor α) é significativo.
Do total do Valor Adicionado Bruto o sistema local foi responsável por R$33,6
mil, sendo o setor com maior participação o da produção local, pois apresenta um valor
significativo de R$18,8 mil o maior da cadeia (Figura 82), justificado pelo beneficiamento
primário de custo baixo da oleaginosa; em segundo foi o varejista rural com R$5,3 mil, com
isso gerando o maior mark-up de 408% o maior da cadeia como um todo (Figura 82), pois se
trata de agentes de empresas de transformação estadual e, o atacadista urbano com R$9,5
mil apresentando um mark-up de 55%. O sistema estadual participa com 19% do VAB total,
com a indústria de transformação no montante de R$8,1 mil, que é o único setor que
demanda o murumuru da região estudada.
138
Figura 82. Valor Transacionado Efetivo (VTE) ≈ Valor Adicionado Bruto (VAB) em R$, gerado na comercialização do murumuru, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008).
Figura 83. Valor Bruto da Produção (VBP), Valor Transacionado Efetivo (VTE) que equivale ao Valor Adicionado Bruto (VAB), em R$ correntes/kg semente, e a margem de Comercialização (%) de cada setor (Mark-up) da cadeia de comercialização do murumuru, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008).
g) Renda Bruta Total gerada pela ótica da demanda na comercialização do murumuru
A Renda Bruta Total identificada pela pesquisa foi de R$94,2 mil sendo que do
total 56% foram movimentados nos dez municípios e 44% no estado (Figura 84). O setor da
produção local gerou R$18,8 mil, esse resultado demonstra que a comercialização do
139
murumuru é rentável para os extratores dessa oleaginosa. O sistema local gerou o
equivalente a R$52,4 mil, sendo que o atacado foi responsável por R$27 mil, pois comprou
de insumo cerca de R$17,5 mil e agregou apenas R$9,5 mil. O varejo rural foi responsável
pela renda bruta de R$6,6 mil, pois comprou de insumo R$1,3 mil e adicionou o montante
de R$5,3 mil. Por outro lado, no sistema estadual o setor de indústria de transformação
atingiu uma renda bruta total de R$41,7 mil, dos quais R$33,6 mil equivalem à compra de
insumos e R$8,1 mil ao valor adicionado.
Figura 84. Valor da Renda Bruta Total (RBT), em R$, na comercialização do murumuru considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008).
140
5.1.2.12 CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO DA ANDIROBA
a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização da
andiroba
Os agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização do óleo de
andiroba (Figura 85) atuam no nível local e estadual, conforme descrição a seguir:
Produção Local: composta por produtores locais que coletam as sementes da
andiroba e realizam o beneficiamento primário, geralmente feito pelas mulheres, com a
fervura e a extração do óleo;
Varejo Rural Local: também conhecido como Atravessadores, que são pequenos
comerciantes que compram o óleo de andiroba dos produtores locais;
Atacado Local: comerciantes que compram o óleo em maior quantidade do
produtor local e vendem para o varejo urbano estadual;
Varejo Urbano Local: são pequenos comerciantes que adquirem o óleo de
andiroba da produção local e vendem para o mercado local;
Varejo Urbano Estadual: setor de comércio varejista (feirantes e supermercados)
situado no âmbito estadual que compra do atacado local e vende o óleo de andiroba para o
consumidor estadual.
b) Estrutura da quantidade comercializada (%) da andiroba
Dos 9 agentes entrevistados que trabalham com óleo de andiroba estão no ramo
há 21 anos em média (13 a 48 anos de atuação); todos também comercializam outros
produtos, tais como: mel, açaí, murumuru, semente de cumaru, cacau, palmito, artesanato
plantas medicinais (leite de Amapá, de sucuuba, seiva de jatobá, barbatimão, unha de gato,
verônica, óleo de copaíba). A capacidade instalada com armazéns possui em média 32m2
(variação de 12 a 60 m2), com transporte feito por bicicleta ou moto. A mão de obra
predomina a familiar com 1 a 3 pessoas atuando o ano todo. As necessidades identificadas
são por equipamentos apropriados para a prensa, financiamentos para a produção e apoio
do poder público para com as farmácias de remédios naturais.
141
O varejo urbano comprou 65% do óleo de andiroba da produção local, vendeu
somente para o consumidor local. O varejo rural local é responsável pelo repasse de 24%
para o consumidor local (Figura 85). Tem produtor local que consegue vender 7% do total
diretamente para o consumidor estadual e os que vendem 4% para varejistas de fora da
região.
Figura 85. Estrutura da quantidade, em termos percentuais (%), da comercialização de andiroba identificada em dez municípios da região do Tocantins (Local), que vai para o mercado Estadual.
c) Preço médio praticado nas transações entre diversos agentes mercantis da cadeia da
andiroba (2008)
A produção local vendeu óleo de andiroba para o varejo rural ao preço de
R$6,50/litro, para o varejo urbano a R$6,77/l, para o atacado local a R$8,00/l e,
diretamente para o consumidor estadual a R$15,00/l (Figura 86). O varejo urbano local
vende diretamente para o consumidor local ao preço de R$11,50/l. O atacadista local vende
para o varejo urbano estadual a R$16,00/l, que por sua vez revende ao consumidor
estadual ao preço de R$20,00/l.
142
Figura 86. Preço médio da andiroba (R$ correntes/l óleo) praticado nas transações entre diversos setores da cadeia de comercialização, no ano de 2008, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará.
d) Formação dos preços pelos setores envolvidos na comercialização da andiroba
O varejo urbano comprou óleo de andiroba 0,92 vezes menor que o preço de
referencia para a produção local e vendeu a 1,57 vezes maior para o consumidor local
(Figura 87). O varejo rural local comprou óleo de andiroba a 0,89 vezes menor que o preço
de referencia para a produção local e vendeu a 1,23 vezes maior para o consumidor local. A
produção local que conseguiu vender diretamente para o consumidor estadual conseguiu
praticar um preço 2,04 vezes maior. O atacado local compra da produção a 1,09 vezes
maior, vende a 2,18 vezes para o varejo urbano estadual que vende a 2,72 vezes ao
consumidor estadual.
143
Figura 87. Formação de preço da andiroba ao longo da cadeia de comercialização, considerando o valor de R$1,00 como preço base adotado no setor da produção local, que pode variar acima ou abaixo, dependendo da transação realizada.
e) Valor Bruto da produção, pela ótica da oferta, na comercialização da andiroba
Na cadeia de comercialização do óleo da andiroba a produção local gerou um
Valor Bruto da Produção (VBPα) de R$13,6 mil (Figura 88), totalizando no final da cadeia em
R$33,8 mil. Do montante, R$13,8 mil pertencem ao setor varejista urbano local, R$4,1 mil
ao varejo rural, R$1,1 mil ao setor atacadista local e com apenas R$1,3 mil do varejista
urbano estadual.
144
Figura 88. Valor Bruto da Produção (VBPα), em R$, gerado na comercialização da
andiroba, pela ótica da oferta, em 2008, em dez municípios da região de integração do Tocantins, Estado do Pará.
f) Valor Transacionado Efetivo (VTE) que se aproxima do Valor Adicionado Bruto (VAB)
gerado na comercialização da andiroba e a margem de comercialização de cada setor
(Mark-up)
Na cadeia de comercialização da andiroba foi agregado ao produto um valor de
R$21,3 mil (Figura 89). Do montante o sistema local foi responsável por R$21 mil no qual o
produtor consegue agregar valor (R$13,6 mil) com a comercialização do óleo sem nenhum
tratamento, varejista rural que agrega somente R$1,1 mil com um margem de
comercialização de 38% (Figura 89) considerando essa atividade rentável mesmo com pouca
agregação de valor, e o varejista urbano com R$5,7 mil apresentando o segundo maior
mark-up da cadeia (70%). O atacado local agregou R$0,5 mil e obteve o maior mark-up de
100%. No âmbito estadual o setor do varejo urbano agrega apenas R$266,6 mil, mas
apresenta mark-up de 25%. A justificativa é o preço de venda alto através do fracionamento
do produto em vidros menores.
Figura 89. Valor Transacionado Efetivo (VTE) ≈ Valor Adicionado Bruto (VAB) em R$, gerado na comercialização da andiroba, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008).
145
Figura 90. Valor Bruto da Produção (VBP), Valor Transacionado Efetivo (VTE) que equivale ao Valor Adicionado Bruto (VAB), em R$ correntes/l óleo, e a Margem de Comercialização (%) de cada setor (Mark-up) da cadeia de comercialização da andiroba, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008).
g) Renda Bruta Total gerada pela ótica da demanda na comercialização da andiroba
A Renda Bruta Total identificada pela pesquisa foi de R$33,8 mil sendo que do
total 96% foram movimentados nos dez municípios e apenas 4% no estado (Figura 91). O
sistema local gerou o equivalente a R$32,5 mil, o setor da produção local gerou a maior
renda equivalente a R$13,6 mil, comparada aos demais setores, pois realizam o
beneficiamento primário do fruto, que torna a comercialização rentável. O varejo urbano foi
responsável por R$13,8 mil, pois comprou de insumo R$8,1 mil e agregou R$5,7 mil. O
varejo rural foi responsável pela renda bruta de R$4 mil, pois comprou de insumo R$2,9 mil
e adicionou apenas R$1,1 mil. O atacado local obteve renda bruta de R$1 mil, com valores
de compra de insumo e adicionado em iguais proporções R$0,5 mil cada. Por outro lado, no
sistema estadual o setor de varejo urbano atingiu uma renda bruta total de R$1,4 mil, dos
quais R$1,1 mil equivalem à compra de insumos e R$266 mil ao valor adicionado.
146
Figura 91. Valor da Renda Bruta Total (RBT), em R$, na comercialização da andiroba considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008).
h) Informações complementares sobre a comercialização de andiroba
Em Abaetetuba a extração da andiroba ainda é feita de forma tradicional,
algumas famílias que utilizam essa prática costumam comercializar o produto, outras usam
somente para o consumo nas comunidades.
No município de Mocajuba está instalada, há mais de 3 anos, a filial de uma
grande Empresa12 que trabalha com sementes oleaginosas junto às comunidades ribeirinhas
da região e faz o beneficiamento primário da andiroba. Atualmente, a empresa alocada no
município trabalha exclusivamente com a semente de andiroba e possui embarcação própria
para a coleta das sementes junto às comunidades ribeirinhas. A Empresa beneficia óleo de
andiroba geralmente vindo da região das ilhas, onde as sementes são coletadas por
ribeirinhos, mas quem determina os preços do produto é a empresa. A filial compra a
semente molhada ou suja por R$ 0,25/kg, entrega as embalagens e realiza o transporte para
que a produção chegue até Mocajuba. A empresa compra aproximadamente 200 toneladas
de semente de andiroba durante a safra, que vai de janeiro até meados de junho,
dependendo do período chuvoso. Esta filial funciona apenas como um apoio logístico de
estoque, devido às dificuldades de abastecimento de energia elétrica e de mão de obra
12
Engefar, com nome fantasia de Naturais da Amazônia.
147
qualificada na região do Tocantins. A empresa então priorizou se estabelecer em
Ananindeua-PA. A matriz possui uma estrutura de aproximadamente 12 prensas
“Piratininga” com uma capacidade de produção de 2,5 toneladas de óleo por hora.
Segundo informações da empresa, a maioria da população conhece a andiroba e
sabe do seu uso medicinal, a semente é bem conhecida na região, porém pouco valorizada.
Hoje uma árvore de andiroba custa para o ribeirinho R$20,00, quando comercializada para
madeireiros, e uma árvore produz, em média, 100 kg de semente, por safra. Na safra de
2008, 200 toneladas de semente foram produzidas somente em Mocajuba, mas a empresa
também compra sementes em municípios da região como Cametá e Barcarena, e também
em outras regiões como a do Salgado (Vigia, Santo Antônio do Tauá e Mosqueiro) e região
do Marajó. Toda a negociação é realizada diretamente com os produtores, a empresa não
negocia com atravessadores. O pagamento é feito à vista, e após a compra a empresa lava,
pesa, seleciona e ensaca a semente. Sua armazenagem é feita submersa em água, evitando
o apodrecimento e ataque de bichos.
A empresa estabelece a programação da passagem do barco nas comunidades
para recolher as sementes na safra. Em 2007 compraram cerca de 60 toneladas de óleo já
beneficiado pelas comunidades, que possuem tradição na retirada do óleo artesanal e, com
isso, atenderam a uma demanda da empresa que precisava de óleo artesanal, sem importar
com a qualidade. A Empresa compra mais a semente do que o óleo artesanal na região.
Dependendo do volume a extração do óleo é feito na filial da empresa em Mocajuba, com
uso de prensa e, o processo de refino é realizado na matriz em Ananindeua. Na cadeia de
comercialização da andiroba não foram incluídos os dados da empresa de Mocajuba, pois
falta realizar a entrevista em sua matriz em Ananindeua.
A EMATER informou que em Igarapé Miri existe bastante andiroba nas áreas
ribeirinhas, mas que não são aproveitadas, o que foi constatado em campo como grande
potencial. De acordo com entrevistados é por falta de incentivos e escoamento da produção.
Existe apenas um comprador que determina um preço muito baixo do óleo (R$2,00/litro).
5.1.2.13 CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO DA COPAÍBA
148
a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização da
copaíba
Os agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização do óleo de
copaíba atuam somente no nível local, conforme Figura 92 e descrição a seguir:
Produção Local: composta por produtores locais que fazem a extração do óleo
das copaibeiras, utilizando normalmente broca para o processo de perfuração, em seguida
envasamento em garrafas de vidro;
Varejo Urbano Local: são comerciantes que compram o óleo de copaíba dos
produtores locais e revendem para o consumo final.
b) Estrutura da quantidade comercializada (%) da copaíba e formação dos preços pelos
setores envolvidos
Os 4 agentes entrevistados que trabalham com óleo de copaíba estão no ramo
há 16 anos em média (7 a 20 anos de atuação); todos também comercializam outros
produtos, tais como: mel, semente de cumaru, cacau, artesanato, plantas medicinais (leite
de amapá, de sucuuba, seiva de jatobá, barbatimão, unha de gato, verônica, óleo de
andiroba). A capacidade instalada de armazenamento atinge tamanho médio de 30m2
(variação de 12 a 60 m2), com transporte feito por bicicleta ou moto. A mão de obra
predomina a familiar com duas pessoas atuando o ano todo. As necessidades identificadas
são a ampliação do espaço para o comércio, financiamentos para a produção e apoio do
poder público para com as farmácias de remédios naturais.
Toda a produção de óleo de copaíba (100%) passa pelo varejo urbano local e
depois para o consumidor local. Quanto à formação de preço o varejo urbano local vende
para o consumidor local ao preço 1,27 vezes maior que o pago à produção local (Figura 91).
149
Figura 92. Formação de preço da copaíba ao longo da cadeia de comercialização, considerando o valor de R$1,00 como preço base adotado no setor da produção local, que pode variar acima ou abaixo, dependendo da transação realizada.
c) Preço médio praticado nas transações entre diversos agentes mercantis da cadeia da
copaíba (2008)
O varejo urbano local compra o óleo de copaíba da produção local pelo preço
médio de R$24,70/litro e vende para o consumidor local ao preço de R$31,48/litro (Figura
93).
Figura 93. Preço médio da copaíba (R$ correntes/l de óleo) praticado nas transações entre diversos setores da cadeia de comercialização, no ano de 2008, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará.
150
d) Valor Bruto da produção, pela ótica da oferta, na comercialização da copaíba
O Valor Bruto da Produção (VBPα) da copaíba identificado na pesquisa é de
R$10,4 mil, totalizando em R$23,7 as vendas totais realizadas incluindo o setor do varejo
urbano responsável por R$13,3 mil (Figura 94).
Figura 94. Valor Bruto da Produção (VBP
α), em R$, gerado na comercialização da
copaíba, pela ótica da oferta, em 2008, em dez municípios da região de integração do Tocantins, Estado do Pará.
e) Valor Transacionado Efetivo (VTE) que se aproxima do Valor Adicionado Bruto (VAB)
gerado na comercialização da copaíba e a margem de comercialização de cada setor
(Mark-up)
Ao longo da cadeia de comercialização da copaíba foi agregado valor total de
R$13,3 mil para a região estudada e o setor responsável foi o extrator de óleo com R$10,4
mil, pois se trata de um produto totalmente extrativo com custo baixo de coleta e o
varejista local com R$2,9 mil apresentando um mark-up de 27%, pois embala em vidros para
então ser comercializado (Figuras 95 e 96).
151
Figura 95. Valor Transacionado Efetivo (VTE) ≈ Valor Adicionado Bruto (VAB) em R$, gerado na comercialização da copaíba, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008).
Figura 96. Valor Bruto da Produção (VBP), Valor Transacionado Efetivo (VTE) que equivale ao Valor Adicionado Bruto (VAB), em R$ correntes/l óleo, e a Margem de Comercialização (%) de cada setor (Mark-up) da cadeia de comercialização da copaíba, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008).
f) Renda Bruta Total gerada pela ótica da demanda na comercialização da copaíba
A Renda Bruta Total identificada pela pesquisa foi de R$23,7 mil sendo toda
gerada e movimentada na região do Tocantins (Figura 97). O setor da produção local gerou
uma renda equivalente a R$10,4 mil e o restante foi no setor do varejo urbano (R$13,3 mil),
152
que compra de insumo cerca de R$10,4 mil e agrega apenas R$2,9 mil. Neste setor do varejo
o óleo é fracionado para fins de consumo local.
Figura 97. Valor da Renda Bruta Total (RBT), em R$, na comercialização da copaíba considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008).
5.1.2.14 CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO DOS LEITES (AMAPÁ, SUCUÚBA E JATOBÁ)
a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização dos leites
(amapá, sucuúba e jatobá)
Dos dois agentes entrevistados que trabalham com os leites de amapá, sucuúba
e jatobá estão no ramo há 17 e 20 anos; também comercializam outros produtos medicinais,
tais como: mel, óleo de andiroba, copaíba, semente de cumaru, unha de gato e verônica. A
capacidade instalada para armazenamento é de 16 e 24 m2, com transporte feito por
bicicleta. A mão de obra familiar com 1 a 3 pessoas.
Os agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização dos leites (Figura
98) atuam somente no nível local, conforme descrição a seguir:
Produção Local: composta por extrativistas locais que fazem a extração dos
leites artesanalmente;
Varejo Urbano Local: são comerciantes que compram os leites dos extrativistas
locais e revendem para o consumidor final local.
153
b) Estrutura da quantidade comercializada (%) e formação de preço dos leites (amapá,
sucuúba e jatobá)
O varejo urbano local comercializa 78% da produção identificada, e vende
diretamente para os consumidores locais (Figura 98). Existe também o canal direto entre os
extratores e os consumidores locais responsável pelo repasse de 22% da produção.
Figura 98. Estrutura da quantidade, em termos percentuais (%), da comercialização dos leites (amapá, sucuúba e jatobá) identificados em dez municípios da região do Tocantins (Local), Estado do Pará.
c) Preço médio praticado nas transações entre diversos agentes mercantis da cadeia dos
leites (amapá, sucuúba e jatobá) (2008)
O varejo urbano local compra os leites da produção local pelo preço médio de
R$13,80/litro e vende para o consumidor local ao preço de R$35,05/litro (Figura 99). O
consumidor local que compra direto do produtor paga R$44,00/litro.
154
Figura 99. Preço médio dos leites (amapá, sucuúba e jatobá) (R$ correntes/l de leite) praticado nas transações entre diversos setores da cadeia de comercialização, no ano de 2008, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará.
d) Formação dos preços pelos setores envolvidos na comercialização dos leites (amapá,
sucuúba e jatobá)
Quanto à formação de preço dos leites de amapá, sucuúba e jatobá, o varejo
urbano local compra do consumidor local ao preço 0,69 vezes menor do que o preço de
referencia pago à produção local e vende para o consumidor local a 1,75 vezes maior
(Figura 100). O setor da produção local vende ao consumidor local a 2,19 vezes maior.
Figura 100. Formação de preço dos leites (amapá, sucuúba e jatobá) ao longo da cadeia de comercialização, considerando o valor de R$1,00 como preço base
155
adotado no setor da produção local, que pode variar acima ou abaixo, dependendo da transação realizada.
e) Valor Bruto da produção, pela ótica da oferta, na comercialização dos leites (amapá,
sucuúba e jatobá)
O Valor Bruto da Produção (VBPα) dos extratores de leite da região estudada
alcançou R$4,5 mil contando com a participação do varejo urbano local também como
ofertante de R$4,9 mil (Figura 101).
Figura 101. Valor Bruto da Produção (VBP
α), em R$, gerado na comercialização dos
leites (amapá, sucuúba e jatobá), pela ótica da oferta, em 2008, em dez municípios da região de integração do Tocantins, Estado do Pará.
f) Valor Transacionado Efetivo (VTE) que se aproxima do Valor Adicionado Bruto (VAB)
gerado na comercialização dos leites (Amapá, Sucuúba e Jatobá) e a margem de
comercialização de cada setor (Mark-up)
O Valor Agregado (ou Adicionado) Bruto dos leites totalizou apenas R$7 mil
(Figura 102). Apesar do varejo urbano local possuir um valor bruto de R$2,5 mil, apresenta
uma margem de comercialização alta de 106% pois comercializa o produto com agregação
de valor (Figura 103).
156
Figura 102. Valor Transacionado Efetivo (VTE) ≈ Valor Adicionado Bruto (VAB) em R$, gerado na comercialização dos leites (amapá, sucuúba e jatobá), em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008).
Figura 103. Valor Bruto da Produção (VBP), Valor Transacionado Efetivo (VTE) que equivale ao Valor Adicionado Bruto (VAB), em R$ correntes/l leite, e a Margem de Comercialização (%) de cada setor (Mark-up) da cadeia de comercialização dos leites (amapá, sucuúba e jatobá), em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008).
g) Renda Bruta Total gerada pela ótica da demanda na comercialização dos leites (amapá,
sucuúba e jatobá)
Os dados levantados mostram que os leites geraram uma renda equivalente a
R$9,4 mil, movimentada somente na região tocantina (Figura 104). Desse montante o
157
produtor gerou R$4,5 mil e o varejo urbano gerou R$4,88 mil, sendo R$2,38 mil pela
compra de insumo e R$2,5mil de adição de valor, mostrando baixa geração de renda nessa
comercialização.
Figura 104. Valor da Renda Bruta Total (RBT), em R$, na comercialização dos leites (amapá, sucuúba e jatobá) considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008).
5.1.2.15 CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO DO TAPEREBÁ
a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização do
Taperebá
Os dois agentes entrevistados que trabalham com fruto de taperebá estão no
ramo há 12 anos; comercializam também cupuaçu, açaí fruto e palmito. O transporte é feito
por moto e barco de 5 toneladas. Um freezer para conservação. A mão de obra é a familiar
com 3 a 4 pessoas atuando o ano todo.
Os agentes envolvidos na cadeia de comercialização do taperebá (Figura 105), na
região do Tocantins e na escala estadual, apresentam as seguintes características:
Produção Local: produção extrativista dos municípios estudados que
comercializam o taperebá in natura;
158
Varejo Urbano Local: são feirantes que realizam a venda do taperebá in natura
para o consumidor local;
Varejo Urbano Estadual: são feirantes que compram diretamente da produção
local e vendem o taperebá in natura para o consumidor estadual.
b) Estrutura da quantidade comercializada (%) do Taperebá
O varejo urbano local comercializa 86% da quantidade identificada do fruto, que
é comprado diretamente dos produtores e vendido exclusivamente para os consumidores
locais (Figura 105). No âmbito estadual o varejo urbano é responsável por 14% da produção
identificada. São os feirantes que vendem o fruto in natura diretamente para o consumidor
estadual.
Figura 105. Estrutura da quantidade, em termos percentuais (%), da comercialização do taperebá identificado em dez municípios da região do Tocantins (Local), que vai para o mercado Estadual.
c) Preço médio praticado nas transações entre diversos agentes mercantis da cadeia do
Taperebá (2008)
O preço médio de venda do fruto de taperebá in natura praticado pelos
produtores com o varejo urbano local é de R$1,20/kg, com o varejo urbano estadual é de
R$0,80/kg (Figura 106). O preço médio adotado pela venda do varejo urbano local para o
159
consumidor local é de R$3,00/kg do fruto, e o preço de venda do varejo urbano estadual é
de R$1,00/kg para o consumidor estadual.
Figura 106. Preço médio do taperebá (R$ correntes/kg polpa) praticado nas transações entre diversos setores da cadeia de comercialização, no ano de 2008, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará.
d) Formação dos preços pelos setores envolvidos na comercialização do Taperebá
O varejo urbano local compra o taperebá in natura ao preço de 1,05 vezes maior
que o praticado pela produção local e vende a 2,63 vezes para o consumidor local (Figura
107). O varejo urbano estadual paga 0,7 vezes menos que o preço de referencia da
produção local e vende a 0,88 vezes para o consumidor estadual.
160
Figura 107. Formação de preço do taperebá ao longo da cadeia de comercialização, considerando o valor de R$1,00 como preço base adotado no setor da produção local, que pode variar acima ou abaixo, dependendo da transação realizada.
e) Valor Bruto da produção, pela ótica da oferta, na comercialização do Taperebá
Na cadeia de comercialização do taperebá a produção local gerou um Valor
Bruto da Produção (VBPα) de R$3,4 mil (Figura 108), pela sua oferta. Sendo que nesta cadeia
os setores ofertantes são o varejo urbano local com R$7,7 mil e o varejo urbano estadual
com R$430,4.
Figura 108. Valor Bruto da Produção (VBP
α), em R$, gerado na comercialização do
taperebá, pela ótica da oferta, em 2008, em dez municípios da região de integração do Tocantins, Estado do Pará.
161
f) Valor Transacionado Efetivo (VTE) que se aproxima do Valor Adicionado Bruto (VAB)
gerado na comercialização do Taperebá e a margem de comercialização de cada setor
(Mark-up)
O Valor Agregado (ou Adicionado) Bruto do taperebá totalizou R$8,1 mil,
atingindo o mark-up total de 138%. Observando portanto que, em termos relativos, o valor
adicionado ao longo da cadeia do fruto a partir da produção primária (Setor α) é
significativo.
O varejo urbano local foi responsável pela maior agregação com R$4,6 mil
(Figura 109), com margem bruta de 150% (Figura 110) e o varejo urbano estadual apesar de
agregar pouco (R$86,09) apresenta uma margem de apenas 25%.
Figura 109. Valor Transacionado Efetivo (VTE) ≈ Valor Adicionado Bruto (VAB) em R$, gerado na comercialização do taperebá, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008).
162
Figura 110. Valor Bruto da Produção (VBP), Valor Transacionado Efetivo (VTE) que equivale ao Valor Adicionado Bruto (VAB), em R$ correntes/kg polpa, e a Margem de Comercialização (%) de cada setor (Mark-up) da cadeia de comercialização do taperebá, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008).
g) Renda Bruta Total gerada pela ótica da demanda na comercialização do Taperebá
A Renda Bruta Total identificada pela pesquisa foi de R$ 11,7 mil sendo que do
total 96% foram movimentados nos dez municípios e 4% no estado (Figura 111). O sistema
local gerou o equivalente a R$ 11,2 mil, sendo que o varejo urbano foi responsável por
R$7,7 mil, pois comprou o fruto in natura por R$3,1 mil e agregou R$4,6 mil ao fruto já
embalado para o consumo final local. No sistema estadual o varejo urbano atingiu uma
renda bruta total de R$430,40, dos quais R$344,4 equivalem à compra do fruto in natura e
R$86,1 ao valor adicionado.
Figura 111. Valor da Renda Bruta Total (RBT), em R$, na comercialização do taperebá considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008).
5.1.2.16 CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO DO BREU BRANCO
163
a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização de Breu
Branco
Foram dois agentes mercantis entrevistados que trabalham com breu branco e
também com artesanatos e carvão, com mão de obra familiar. Um deles trabalha a 22 anos
no ramo e possui armazém com 250 m2. As descrições dos agentes mercantis identificados,
apenas na esfera local, foram:
Produção Local: produção extrativista dos dez municípios que comercializam a
resina do breu branco;
Varejo Urbano Local: são feirantes que realizam a venda da resina pronta para
calafetar barcos e espantar insetos para o consumidor local.
b) Estrutura da quantidade comercializada (%) de Breu Branco e Formação dos preços
pelos setores envolvidos
O varejo urbano local comercializa 100% da quantidade identificada da resina de
breu branco, que é comprada diretamente dos produtores e vendida exclusivamente para os
consumidores locais. O varejo urbano local vende a resina de breu branco para o
consumidor local a 1,44 vezes maior que o preço de referencia praticado pela produção
local (Figura 112).
164
Figura 112. Formação de preço de breu branco ao longo da cadeia de comercialização, considerando o valor de R$1,00 como preço base adotado no setor da produção local, que pode variar acima ou abaixo, dependendo da transação realizada.
c) Preço médio praticado nas transações entre diversos agentes mercantis da cadeia de
breu branco (2008)
O preço médio de venda de breu branco praticado pelos produtores com o
varejo urbano local é de R$2,38/kg da resina, e o preço de venda desses para com os
consumidores locais atinge o valor de R$3,44/kg (Figura 113).
Figura 113. Preço médio de breu branco (R$ correntes/kg resina) praticado nas transações entre diversos setores da cadeia de comercialização, no ano de 2008, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará.
d) Valor Bruto da produção, pela ótica da oferta, na comercialização de breu branco
Na cadeia de comercialização da resina do breu branco a produção local gerou
um Valor Bruto da Produção (VBPα) de R$5,1 mil, totalizando ao final da cadeia R$12,5 mil
(Figura 114). O único ofertante da cadeia é o varejo urbano local com R$7,4 mil.
165
Figura 114. Valor Bruto da Produção (VBP
α), em R$, gerado na comercialização de
breu branco, pela ótica da oferta, em 2008, em dez municípios da região de integração do Tocantins, Estado do Pará.
e) Valor Transacionado Efetivo (VTE) que se aproxima do Valor Adicionado Bruto (VAB)
gerado na comercialização de breu branco e a margem de comercialização de cada setor
(Mark-up)
O Valor Agregado (ou Adicionado) Bruto do breu branco totalizou R$7,4 mil
(Figura 115). O varejo urbano local agregou no produto apenas R$2,3 mil, atingindo uma
margem bruta de 44% (Figura 116).
166
Figura 115. Valor Transacionado Efetivo (VTE) ≈ Valor Adicionado Bruto (VAB) em R$, gerado na comercialização de breu branco, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008).
Figura 116. Valor Bruto da Produção (VBP), Valor Transacionado Efetivo (VTE) que equivale ao Valor Adicionado Bruto (VAB), em R$ correntes/kg resina, e a Margem de Comercialização (%) de cada setor (Mark-up) da cadeia de comercialização de breu branco, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008).
f) Renda Bruta Total gerada pela ótica da demanda na comercialização de breu branco
A Renda Bruta Total identificada pela pesquisa na comercialização do breu
branco foi de R$12,5 mil (Figura 117). O varejo urbano local foi responsável pela renda
bruta de R$7,4 mil, pois comprou de insumo R$5,14 mil e adicionou o montante de R$2,3
mil e o produtor local gerou o equivalente R$5,1 mil.
167
Figura 117. Valor da Renda Bruta Total (RBT), em R$, na comercialização do breu branco considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008).
5.1.2.17 CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO DE URUCUM
a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização de
Urucum
Os agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização do urucum
(Figura 118) atuam somente no nível local, conforme descrição a seguir:
Produção Local: composta por produtores locais que fazem a colheita e primeiro
processamento do urucum, com secagem e moagem com pilão, e fazem um concentrado
com o urucum em água, embalados em garrafas de vidro;
Varejo Rural Local: são atravessadores que compram o urucum dos produtores
locais e revendem para o Varejo Urbano Estadual;
Varejo Urbano Local: são comerciantes que compram o urucum dos produtores
locais e revendem para o consumo final;
Varejo Urbano Estadual: são comerciantes que compram o urucum do varejo
rural e revendem para o consumidor estadual.
168
b) Estrutura da quantidade comercializada (%) de urucum e Formação dos preços pelos
setores envolvidos
Da produção identificada na região do Tocantins 89% permanece para abastecer
o comércio local e 11% sai para atender o comércio estadual (Figura 118).
Figura 118. Estrutura da quantidade, em termos percentuais (%), da comercialização do urucum identificado em dez municípios da região do Tocantins (Local), que vai para o mercado Estadual.
O varejo urbano local compra o concentrado de urucum a 0,97 vezes do preço
de referência pago à produção e revende ao consumidor local por 1,95 vezes mais (Figura
119). O varejo rural compra a 1,22 vezes da produção local, revende a 1,36 vezes para o
varejo urbano estadual, que revende a 2,92 vezes mais para o consumidor estadual.
169
Figura 119. Formação de preço de urucum ao longo da cadeia de comercialização, considerando o valor de R$1,00 como preço base adotado no setor da produção local, que pode variar acima ou abaixo, dependendo da transação realizada.
c) Preço médio praticado nas transações entre diversos agentes mercantis da cadeia de
urucum (2008)
O varejo urbano local compra o concentrado de urucum a R$2,00/l da produção
local e revende ao consumidor local por R$4,00/l (Figura 120). O varejo rural compra por
R$2,50/l da produção local, revende a R$2,80/l para o varejo urbano estadual, que por sua
vez revende a R$6,00/l para o consumidor estadual.
Figura 120. Preço médio de urucum (R$ correntes/l de concentrado) praticado nas transações entre diversos setores da cadeia de comercialização, no ano de 2008, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará.
170
d) Valor Bruto da produção, pela ótica da oferta, na comercialização de urucum
O Valor Bruto da Produção (VBPα) de urucum identificado na pesquisa é de
R$914, totalizando em R$2,92 mil, isto é, soma das vendas realizadas por todos os setores
que constituem a cadeia. Do total do VBP do urucum são ofertados R$1,6 mil pelo setor do
varejo urbano local, R$132,00 pelo setor varejista rural e, na esfera estadual, o setor do
varejo urbano por R$284 (Figura 121).
Figura 121. Valor Bruto da Produção (VBP
α), em R$, gerado na comercialização de
urucum, pela ótica da oferta, em 2008, em dez municípios da região de integração do Tocantins, Estado do Pará.
e) Valor Transacionado Efetivo (VTE) que se aproxima do Valor Adicionado Bruto (VAB)
gerado na comercialização de urucum e a margem de comercialização de cada setor
(Mark-up)
Do total do valor adicionado bruto (VAB) dos dez municípios, o setor com maior
participação no âmbito local foi o produtor local, com o maior valor agregado da cadeia na
ordem de R$914, pois este executa as primeiras transformações do urucum. Na esfera local
o varejo urbano contribui com R$796 (mark-up de 100%) e o varejo rural com R$14,00. No
âmbito estadual o varejo urbano contribui com R$152, mark-up de 114% (Figuras 122 e
123).
171
Figura 122. Valor Transacionado Efetivo (VTE) ≈ Valor Adicionado Bruto (VAB) em R$, gerado na comercialização de urucum, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008).
Figura 123. Valor Bruto da Produção (VBP), Valor Transacionado Efetivo (VTE) que equivale ao Valor Adicionado Bruto (VAB), em R$ correntes/l concentrado, e a Margem de Comercialização (%) de cada setor (Mark-up) da cadeia de comercialização de urucum, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008).
f) Renda Bruta Total gerada pela ótica da demanda na comercialização de urucum
A Renda Bruta Total (RBT) gerada na comercialização do urucum nos dez
municípios estudados foi de R$2,9 mil. Na região estudada o setor do varejo urbano atingiu
uma renda bruta total no valor de R$1,6 mil, pois comprou de insumos cerca de R$795,8 e
172
adicionou o mesmo valor. O setor de produção foi responsável pela renda bruta de R$914,21
(Figura 124).
Figura 124. Valor da Renda Bruta Total (RBT), em R$, na comercialização do urucum considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008).
5.1.2.18 CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO DE BACURI
a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização de
Bacuri
Nos dez municípios foram entrevistados dois agentes mercantis que atuam, em
média, há 9 anos com fruto e polpa de bacuri, incluindo outros produtos como cupuaçu e
muruci. Não possuem local para armazenagem; o transporte é feito com bicicleta, e freezer
alugado e a mão de obra é familiar. As necessidades identificadas foram a aquisição de
despolpadeira para reduzir o trabalho manual e conseguir uma barraca na feira para
comercialização do produto.
Os agentes envolvidos na cadeia de comercialização do bacuri na região do
Tocantins apresentam as seguintes características:
Produção Local: produção primária e extrativista dos dez municípios;
173
Varejo Rural Local: pequenos comerciantes que compram o bacuri in natura dos
produtores e são denominados de atravessadores;
Varejo Urbano Local: são feirantes que realizam a venda do bacuri in natura para
os consumidores locais;
Varejo Urbano Estadual: são feirantes que realizam a venda do bacuri in natura
para os consumidores estaduais.
b) Estrutura da quantidade comercializada (%) de Bacuri
Os canais de comercialização do bacuri, identificados nos dez municípios, se
caracterizam por canais simples, pois abrangem somente três agentes intermediários que
participam da comercialização do fruto. O principal nível de canal de comercialização do
bacuri é a venda direta do produtor para o consumidor local comercializando 88,5% da
produção identificada (Figura 125). Outro canal importante é composto pelo varejo rural
que compra 10,5% do produtor e vende diretamente para o varejo urbano estadual.
Figura 125. Estrutura da quantidade, em termos percentuais (%), da comercialização de bacuri identificado em dez municípios da região do Tocantins (Local), que vai para o mercado Estadual.
c) Preço médio praticado nas transações entre diversos agentes mercantis da cadeia de
Bacuri (2008)
174
O preço médio praticado pelo produtor com o varejo rural é R$5,00/kg da polpa
do fruto de bacuri, com o varejo urbano local é R$3,00/kg e com os consumidores locais
atinge R$11,00/kg (Figura 126). Em relação ao preço de venda praticado pelo varejo rural
com os varejistas urbanos estaduais equivale a R$7,00/kg.
Figura 126. Preço médio de bacuri (R$ correntes/kg polpa) praticado nas transações entre diversos setores da cadeia de comercialização, no ano de 2008, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará.
d) Formação dos preços pelos setores envolvidos na comercialização de Bacuri
O preço praticado pela compra do setor varejista rural é de 0,49 vezes abaixo
(ou 49%) do preço praticado pela produção local, e este varejista rural vende para o varejo
urbano estadual no valor 0,68 vezes menor que o pago ao produtor. No caso do varejo
urbano local (feirantes) a compra da produção se dá a 0,29 vezes abaixo do preço pago ao
produtor e revende para o consumidor local no valor 0,61 vezes. Somente quando o
produtor da região vende diretamente ao consumidor da região tocantina este pratica preço
1,07 vezes maior, ou 7% a mais (Figura 127).
175
Figura 127. Formação de preço do bacuri ao longo da cadeia de comercialização, considerando o valor de R$1,00 como preço base adotado no setor da produção local, que pode variar acima ou abaixo, dependendo da transação realizada.
e) Valor Bruto da produção, pela ótica da oferta, na comercialização de Bacuri
O Valor Bruto da Produção (VBPα) dos produtores identificados nos dez
municípios atingiu R$120,1 mil, enquanto que o VBP de todos os setores chega a R$139 mil
(Figura 128). Os setores que mais ofertam são o varejo rural com R$8,6 mil e o varejo
urbano estadual com R$9,7 mil.
Figura 128. Valor Bruto da Produção (VBP
α), em R$, gerado na comercialização de
bacuri, pela ótica da oferta, em 2008, em dez municípios da região de integração do Tocantins, Estado do Pará.
176
f) Valor Transacionado Efetivo (VTE) que se aproxima do Valor Adicionado Bruto (VAB)
gerado na comercialização de Bacuri e a margem de comercialização de cada setor
(Mark-up)
Na cadeia de comercialização do bacuri foi agregado ao fruto um valor de R$124
mil, subtraindo o VAB total (R$ 124 mil) do VBP da produção local (R$ 120,1 mil) e dividindo
o resultado pelo VBP da produção local, obtemos uma margem de agregação de apenas 3%.
Do VAB total o sistema local foi responsável por R$123 mil no qual o produtor
consegue agregar R$120,1 mil e o varejo rural com R$2,5 mil apresentando o mark-up de
40%. Por outro lado o varejista urbano local agrega um valor de R$300,00 atingindo a maior
margem de comercialização da cadeia de 108% (Figuras 129 e 130).
Figura 129. Valor Transacionado Efetivo (VTE) ≈ Valor Adicionado Bruto (VAB) em R$, gerado na comercialização de bacuri, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008).
177
Figura 130. Valor Bruto da Produção (VBP), Valor Transacionado Efetivo (VTE) que equivale ao Valor Adicionado Bruto (VAB), em R$ correntes/kg polpa, e a Margem de Comercialização (%) de cada setor (Mark-up) da cadeia de comercialização de bacuri, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008).
g) Renda Bruta Total gerada pela ótica da demanda na comercialização de Bacuri
A Renda Bruta Total identificada pela pesquisa na comercialização do bacuri foi
de R$139,1 mil, sendo que do total 93% foram movimentados nos dez municípios e 7% nas
demais regiões do estado (Figura 131). O sistema local gerou o equivalente a R$129 mil, o
varejo rural foi responsável pela renda bruta de R$8,6 mil, pois comprou de insumo R$6,15 mil
e adicionou o montante de R$2,5 mil e o produtor local gerou R$120,1 mil. O varejo urbano
estadual atingiu uma renda bruta total de R$9,7 mil, dos quais R$8,6 mil equivalem à compra
de insumos e R$1,1 mil ao valor adicionado.
Figura 131. Valor da Renda Bruta Total (RBT), em R$, na comercialização do bacuri considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008).
5.1.2.19 CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO DA SEMENTE DE CUPUAÇU
178
a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização da
semente de cupuaçu
Os agentes envolvidos na cadeia de comercialização da semente de cupuaçu
(Figura 132) na região do Tocantins apresentam as seguintes características:
Produção Local: produtores que realizam beneficiamento primário do cupuaçu
(despolpamento do fruto feito com tesoura) e comercializam a semente de cupuaçu;
Varejo Rural: atravessadores que compram a semente de cupuaçu;
Indústria de Beneficiamento Local: comerciantes que fazem o beneficiamento
primário da semente de cupuaçu (realizam a limpeza e a secagem);
Indústria de Transformação Estadual: unidade industrial localizada no município
de Tomé Açú que extrai a manteiga de cupuaçu das sementes.
b) Estrutura da quantidade comercializada (%) da semente de cupuaçu
O varejo rural comercializa 100% da quantidade identificada da semente de
cupuaçu, que é comprada diretamente dos produtores e vendida exclusivamente para a
indústria de beneficiamento local, e esta vende diretamente para a indústria de
transformação estadual (Figura 132).
Figura 132. Estrutura da quantidade, em termos percentuais (%), da comercialização da semente de cupuaçu identificado em dez municípios da região do Tocantins (Local), que vai para o mercado Estadual.
179
c) Preço médio praticado nas transações entre diversos agentes mercantis da cadeia da
semente de cupuaçu (2008)
O preço médio de compra de insumo (semente de cupuaçu) praticado pelo setor
da indústria de beneficiamento estadual com os varejistas rurais foi de R$1,50/kg. Por
outro lado o preço de venda praticado pelo setor da indústria de beneficiamento estadual
com a indústria de transformação estadual foi de R$13,00/kg (Figura 133).
Figura 133. Preço médio da semente de cupuaçu (R$ correntes/kg semente) praticado nas transações entre diversos setores da cadeia de comercialização, no ano de 2008, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará.
d) Formação dos preços pelos setores envolvidos na comercialização da semente de
cupuaçu
O preço de venda praticado pelo varejista rural para a indústria de
beneficiamento estadual é equivalente a 1,25 vezes o preço médio recebido pelos
produtores, e deste para a indústria de transformação estadual é 10,83 vezes maior (Figura
134).
180
Figura 134. Formação de preço da semente de cupuaçu ao longo da cadeia de comercialização, considerando o valor de R$1,00 como preço base adotado no setor da produção local, que pode variar acima ou abaixo, dependendo da transação realizada.
e) Valor Bruto da produção, pela ótica da oferta, na comercialização da semente de
cupuaçu
O Valor Bruto da Produção (VBPα) dos produtores que comercializam a semente
de cupuaçu identificado pela pesquisa atingiu somente R$454,3, do varejo rural local foi de
R$567,8 e a indústria de beneficiamento estadual R$4,9 mil, enquanto que o VBP de todos
os setores que ofertam na cadeia foi de R$10,9 mil (Figura 135).
Figura 135. Valor Bruto da Produção (VBP
α), em R$, gerado na comercialização da
semente de cupuaçu, pela ótica da oferta, em 2008, em dez municípios da região de integração do Tocantins, Estado do Pará.
181
f) Valor Transacionado Efetivo (VTE) que se aproxima do Valor Adicionado Bruto (VAB)
gerado na comercialização da semente de cupuaçu e a margem de comercialização de
cada setor (Mark-up)
Ao longo da cadeia de comercialização da semente de cupuaçu foi agregado
valor total de R$5 mil (Figura 136), que significa uma margem de agregação ou mark-up
total de 983%.
Do total do Valor Adicionado Bruto o sistema local foi responsável por apenas
12%, enquanto que o sistema estadual com 88% (Figura 136). A indústria de
beneficiamento estadual foi responsável por R$4,4 mil com margem de agregação de 767%
(Figura 137) e a de transformação estadual não teve seu valor de agregação estimado, pois
a presente pesquisa não obteve dados suficientes para tal cálculo.
Figura 136. Valor Transacionado Efetivo (VTE) ≈ Valor Adicionado Bruto (VAB) em R$, gerado na comercialização da semente de cupuaçu, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008).
182
Figura 137. Valor Bruto da Produção (VBP), Valor Transacionado Efetivo (VTE) que equivale ao Valor Adicionado Bruto (VAB), em R$ correntes/kg polpa, e a Margem de Comercialização (%) de cada setor (Mark-up) da cadeia de comercialização da semente de cupuaçu, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008).
g) Renda Bruta Total gerada pela ótica da demanda na comercialização da semente de
cupuaçu
A comercialização da semente de cupuaçu identificada pela pesquisa na
comercialização foi de R$10,9 mil, sendo que o varejo rural foi responsável pela renda bruta
de R$567,8, pois comprou de insumo R$454,3 e adicionou R$113,5 (Figura 138) e o
produtor local gerou R$454,3. A indústria de beneficiamento estadual atingiu uma renda
bruta total de R$5 mil, dos quais R$567,8 equivalem à compra de insumos e R$4,3mil ao
valor adicionado.
Figura 138. Valor da Renda Bruta Total (RBT), em R$, na comercialização da semente de cupuaçu considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008).
5.1.2.20 CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO DO CUMARÚ
183
a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização do
cumaru
Os agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização da semente de
cumarú (Figura 139) atuam somente no nível local, conforme descrição a seguir:
Produção Local: composta por extrativistas locais que fazem a coleta das
sementes de cumarú em suas áreas;
Varejo Urbano Local: são comerciantes que compram as sementes de cumarú
dos extrativistas locais e revendem para o consumidor final local.
b) Estrutura da quantidade comercializada (%) e formação dos preços pelos setores
envolvidos na comercialização do cumaru
A cadeia de comercialização de semente de cumarú é bem simples e linear, fica
restrita à própria região e é composta pelo setor do varejo urbano local, que compra (100%)
das sementes coletadas diretamente da produção local e vende para o consumidor local. Na
formação de preço da semente do cumarú o varejo urbano local vende ao consumidor local
ao preço de 6,67 vezes maior que o preço pago de referencia ao produtor (Figura 139).
Figura 139. Formação de preço do cumarú ao longo da cadeia de comercialização, considerando o valor de R$1,00 como preço base adotado no setor da produção local, que pode variar acima ou abaixo, dependendo da transação realizada.
184
c) Preço médio praticado nas transações entre diversos agentes mercantis da cadeia do
cumaru
O varejo urbano compra a semente de cumarú a R$3,00/kg do produtor local e
vende ao consumidor local a R$20,00/kg (Figura 140).
Figura 140. Preço médio do cumarú (R$ correntes/kg semente) praticado nas transações entre diversos setores da cadeia de comercialização, no ano de 2008, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará.
d) Valor Bruto da produção, pela ótica da oferta, na comercialização do Cumarú
O Valor Bruto da Produção (VBPα) dos coletores de semente de cumarú da
região alcançou apenas R$100,00, enquanto que o varejo urbano local ofertou o
equivalente a R$666,7 totalizando no final da cadeia em R$766,7 pelas vendas da semente
(Figura 141).
185
Figura 141. Valor Bruto da Produção (VBP
α), em R$, gerado na comercialização do
cumarú, pela ótica da oferta, em 2008, em dez municípios da região de integração do Tocantins, Estado do Pará.
e) Valor Transacionado Efetivo (VTE) que se aproxima do Valor Adicionado Bruto (VAB)
gerado na comercialização do Cumarú e a margem de comercialização de cada setor
(Mark-up)
O Valor Agregado (ou Adicionado) Bruto das sementes de cumarú totalizou
apenas R$666,7. Apesar do varejo urbano local atingir um valor bruto de R$666,7 (Figura
142), apresenta uma margem de comercialização altíssima de 567% pois comercializa o
produto com agregação de valor para fins fitoterápicos (Figura 143).
186
Figura 142. Valor Transacionado Efetivo (VTE) ≈ Valor Adicionado Bruto (VAB) em R$, gerado na comercialização do cumarú, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008).
Figura 143. Valor Bruto da Produção (VBP), Valor Transacionado Efetivo (VTE) que equivale ao Valor Adicionado Bruto (VAB), em R$ correntes/kg de semente, e a Margem de Comercialização (%) de cada setor (Mark-up) da cadeia de comercialização do cumarú, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008).
f) Renda Bruta Total gerada pela ótica da demanda na comercialização do cumarú
Os dados levantados mostram que a comercialização das sementes de cumarú
gerou Renda Bruta Total de R$766,7, o produtor gerou R$100 somente pela comercialização
187
in natura dessas sementes e o varejo urbano (feirantes) gerou R$666,7, sendo R$100,00 pela
compra das sementes e R$566,7 de adição de valor (Figura 144).
Figura 144. Valor da Renda Bruta Total (RBT), em R$, na comercialização do cumarú considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008).
5.1.2.21 CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO DAS PLANTAS MEDICINAIS (BARBATIMÃO, PAU DOCE, UNHA DE GATO E
VERÔNICA)
a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização das
Plantas Medicinais (barbatimão, pau doce, unha de gato e verônica)
Nos dez municípios foram entrevistados dois agentes mercantis que atuam na
comercialização de verônica, pau doce, unha de gato e barbatimão, e outras plantas
medicinais como óleos de copaíba e andiroba, leites de amapá, sucuuba, seiva de jatobá e
semente de cumaru. Atuam a 7 e 20 anos no ramo, com local para armazenagem com
capacidade de 12 e 24m2; não possuem meio de transporte e a mão de obra é familiar, com
2 e 3 pessoas que trabalham diariamente.
Os agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização das plantas
medicinais atuam somente no nível local, conforme descrição a seguir:
188
Produção Local: são os coletores de plantas medicinais;
Varejo Urbano Local: são comerciantes ou feirantes que compram plantas
medicinais dos produtores locais e revendem para o consumidor final.
b) Estrutura da quantidade comercializada (100%) e Formação do preço pelos setores
envolvidos na comercialização das Plantas Medicinais (barbatimão, pau doce, unha de
gato e verônica)
Toda a produção identificada das plantas medicinais dos dez municípios
estudados (100%) é comercializada somente pelo varejo urbano local, sendo vendido
somente para o consumidor local. Quanto à formação de preço o varejo urbano local vende
as plantas medicinais para o consumidor local ao preço 1,33 vezes maior que o pago à
produção local (Figura 145).
Figura 145. Formação de preço das plantas medicinais (barbatimão, pau doce, unha de gato e verônica) ao longo da cadeia de comercialização, considerando o valor de R$1,00 como preço base adotado no setor da produção local, que pode variar acima ou abaixo, dependendo da transação realizada.
c) Preço médio praticado nas transações entre diversos agentes mercantis da cadeia das
Plantas Medicinais (barbatimão, pau doce, unha de gato e verônica) (2008)
189
O varejo urbano local compra as plantas medicinais da produção local pelo
preço médio de R$12,00/kg das partes da planta e vende para o consumidor local ao preço
de R$16,00/kg (Figura 146).
Figura 146. Preço médio das plantas medicinais (barbatimão, pau doce, unha de gato e verônica) (R$ correntes/kg partes da planta) praticado nas transações entre diversos setores da cadeia de comercialização, no ano de 2008, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará.
d) Valor Bruto da produção, pela ótica da oferta, na comercialização das Plantas
Medicinais (barbatimão, pau doce, unha de gato e verônica)
Somando todos os valores recebidos pela venda de plantas medicinais por todos
os agentes envolvidos em sua extração, ou seja, o Valor Bruto de Produção (VBPα) dos
produtores locais foi de somente R$2.910,00, totalizando no final da cadeia em R$6,8 mil
(Figura 147). Portanto, o varejo urbano com R$3,88 mil é o único setor ofertante nos dez
municípios estudados.
190
Figura 147. Valor Bruto da Produção (VBP
α), em R$, gerado na comercialização das
plantas medicinais (barbatimão, pau doce, unha de gato e verônica), pela ótica da oferta, em 2008, em dez municípios da região de integração do Tocantins, Estado do Pará.
e) Valor Transacionado Efetivo (VTE) que se aproxima do Valor Adicionado Bruto (VAB)
gerado na comercialização das Plantas Medicinais (barbatimão, pau doce, unha de gato
e verônica) e a margem de comercialização de cada setor (Mark-up)
O Valor Agregado Bruto (VAB) total das plantas medicinais ao longo da cadeia foi
de apenas R$3,9mil para os dez municípios e o setor responsável foi o varejista urbano local
adicionou R$970 (Figura 148) com uma margem de comercialização de 33% apenas (Figura
149).
Figura 148. Valor Transacionado Efetivo (VTE) ≈ Valor Adicionado Bruto (VAB) em R$, gerado na comercialização das plantas medicinais (barbatimão, pau doce, unha de gato e verônica), em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008).
191
Figura 149. Valor Bruto da Produção (VBP), Valor Transacionado Efetivo (VTE) que equivale ao Valor Adicionado Bruto (VAB), em R$ correntes/kg partes da planta, e a Margem de Comercialização (%) de cada setor (Mark-up) da cadeia de comercialização das plantas medicinais (barbatimão, pau doce, unha de gato e verônica), em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008).
f) Renda Bruta Total gerada pela ótica da demanda na comercialização das Plantas
Medicinais (barbatimão, pau doce, unha de gato e verônica)
Os dados levantados mostram que a comercialização das plantas medicinais
gerou Renda Bruta Total de R$6,8 mil (Figura 150), o produtor gerou R$2,9 mil somente pela
comercialização in natura dessas plantas e o varejo urbano (feirantes) gerou R$3,8 mil,
sendo R$2,9 mil pela compra das plantas medicinais e R$970,3 de adição de valor ao
produto, mostrando baixa agregação de valor para o consumo final.
Figura 150. Valor da Renda Bruta Total (RBT), em R$, na comercialização das plantas medicinais (barbatimão, pau doce, unha de gato e verônica) considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008).
192
g) Informações complementares sobre a comercialização de plantas medicinais
Em Cametá o Centro Popular de Orientação à Saúde (CPOS) possui uma
“farmácia caseira” que produz e manipula diversos remédios, banhos, xaropes e cremes que
atende às famílias da região.
O uso de plantas medicinais no tratamento de doenças faz parte do cotidiano de
famílias do município de Baião, geralmente pertencentes à área rural, com transações na
forma de doação ou troca dos produtos entre famílias. Já na zona urbana, existe uma
pequena comercialização de algumas plantas, porém o município apresenta grande
potencial em decorrência da região possuir áreas pouco exploradas e com ocorrência de
espécies nativas.
5.1.2.22 CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO DE CORATÁ
a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização de
Coratá
Os agentes envolvidos na cadeia de comercialização do coratá envolvem a região
do Tocantins e a esfera nacional, que apresentam as seguintes características:
Produção Local: produção extrativista dos dez municípios;
Varejo rural: comerciantes (ou atravessadores) que compram o coratá in natura
dos extrativistas e vendem para os atacadistas locais;
Atacado local: comerciante situado no âmbito local que apenas realiza o
beneficiamento primário do coratá in natura para exportação;
Varejo Urbano Nacional: comerciante varejista situado fora do Estado que
comercializa com o mercado internacional. Neste caso, a pesquisa identificou que a
produção do Tocantins vai diretamente para a Europa, mais precisamente para a Alemanha.
193
b) Estrutura da quantidade comercializada (%) de Coratá
A cadeia de comercialização do coratá identificada incide em canais simples.
Portanto o principal nível consiste na compra direta do atacadista local com os produtores
locais, comercializando 97% da produção identificada. O varejista rural compra somente 3%
dos produtores e vendem diretamente para o atacadista local.
c) Preço médio praticado nas transações entre diversos agentes mercantis da cadeia de
Coratá (2008)
O preço médio praticado pelo produtor com o varejo rural é R$0,50/unidade do
coratá in natura, com o atacadista local é também R$0,50/und. Em relação ao preço de
venda praticado pelo atacadista local com os varejistas urbanos nacionais equivale a
R$2,00/und.
d) Formação dos preços pelos setores envolvidos na comercialização do Coratá
O preço praticado pela compra do setor varejista rural é de 0,49 vezes abaixo
(ou 49%) do preço praticado pela produção local, e este varejista rural vende para o
atacadista local no valor 0,7 vezes que o pago ao produtor. No caso do varejo urbano
nacional (comerciantes de artefatos de decoração) a compra da produção se dá a 3 vezes
acima do preço pago ao produtor e revende para o consumidor local no valor 4 vezes acima.
e) Valor Bruto da produção, pela ótica da oferta, na comercialização de Coratá
O Valor Bruto da Produção (VBPα), ou seja, todo o valor recebido pela venda do
coratá pelos extrativistas da região do Tocantins foi de R$44,4 mil, do varejo rural local foi de
R$2,4 mil, do atacado local foi de R$117,7 mil e do varejo urbano nacional de R$222,2 mil,
gerando R$446,8 mil pela oferta do coratá na região do Tocantins.
194
f) Valor Transacionado Efetivo (VTE) que se aproxima do Valor Adicionado Bruto (VAB)
gerado na comercialização do Coratá e a margem de comercialização de cada setor
(Mark-up)
Ao longo da cadeia de comercialização do coratá da produção local até a
demanda final que neste caso é o mercado Europeu, o valor de R$222,2 mil foram
adicionados ao produto, atingindo um mark-up total de 400%. Do total do valor adicionado,
o setor com maior participação foi o atacado local com R$132,3 mil, que agregam ao
produto uma margem de comercialização (mark-up do setor) de 291%. Em relação ao
sistema nacional, o varejo urbano agregou o valor de R$44,4 mil, apresentando a menor
margem e comercialização da cadeia, 25% apenas. Por outro lado, o varejo rural agrega o
valor de R$1 mil e atinge um mark-up de 70%.
g) Renda Bruta Total gerada pela ótica da demanda na comercialização de Coratá
A Renda Bruta total gerada pela comercialização do coratá identificado nos dez
municípios foi movimentada somente na região estudada e no sistema nacional, atingindo
um valor de R$224,6 mil e R$222,2 mil, respectivamente. O setor do atacado local gerou a
maior renda, na ordem de R$117,7 mil comparada aos demais setores, pois realizam o
beneficiamento primário do coratá e o varejista rural com R$2,4 mil.
5.1.2.23 CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO DO INAJÁ
a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização do inajá
Os agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização do inajá atuam
somente no nível local, conforme descrição a seguir:
Produção Local: composta por extratores locais que coletam os frutos;
195
Varejo Rural Local: conhecido como atravessadores e também representante de
empresas nacionais, que são pequenos comerciantes que compram o fruto dos produtores
locais;
Varejo Urbano Local: são pequenos comerciantes que adquirem o fruto da
produção local e vendem para o consumidor local que utilizam para artesanato;
Varejo Urbano Nacional: setor de comércio varejista (comerciantes) que utilizam
o inajá para artesanato ou retiram o óleo para outros fins.
b) Estrutura da quantidade comercializada (%) do inajá
O varejo urbano local comercializa 62% da quantidade identificada do inajá, que
é comprada diretamente dos produtores e vendida exclusivamente para o consumidor local.
Por outro lado, o varejo rural compra 38% e vende para o varejo urbano nacional.
c) Preço médio praticado nas transações entre diversos agentes mercantis da cadeia do
inajá (2008)
Os preços médios de venda do fruto de inajá praticados pelos extratores com
outros agentes são R$0,95/kg com o varejo urbano local e R$1,00/kg com os varejistas
rurais. O preço médio adotado pela venda do varejo urbano local para o consumidor local é
de R$2,25/kg do inajá, e o preço de venda do varejo rural para o varejo urbano nacional é
de R$2,00/kg.
d) Formação dos preços pelos setores envolvidos na comercialização do inajá
O preço de venda praticado pelo varejista rural para o varejo urbano nacional é
equivalente a 1,00 vez o preço médio recebido pelos produtores, e o preço praticado pelo
varejista urbano local é 0,98 vezes menor.
196
e) Valor Bruto da produção, pela ótica da oferta, na comercialização do inajá
O Valor Bruto da Produção (VBPα) dos produtores de inajá da região estudada
alcançou R$8,4 mil, do varejo rural foi de R$6,6 mil, do varejo urbano local R$12 mil e o
varejista urbano nacional R$7,5 mil, gerando no final da cadeia um total de R$34,6 mil nas
vendas do fruto de inajá.
f) Valor Transacionado Efetivo (VTE) que se aproxima do Valor Adicionado Bruto (VAB)
gerado na comercialização do inajá e a margem de comercialização de cada setor
(Mark-up)
O Valor Agregado Bruto (VAB) total do inajá ao longo da cadeia de
comercialização foi de R$19,5 mil para os dez municípios. Do total do valor adicionado na
cadeia o varejo urbano local teve maior participação com R$6,9 mil atingindo uma margem
de comercialização de 137% e em segundo lugar o varejo rural com R$3,3 mil apresentando
uma margem de 100%.
g) Renda Bruta Total gerada pela ótica da demanda na comercialização do inajá
A Renda Bruta Total identificada pela pesquisa foi de R$33,7 mil sendo que do
total 80% foram movimentados nos dez municípios e 20% no âmbito nacional. O sistema
local gerou o equivalente a R$27 mil, sendo que o varejo urbano foi responsável por R$12
mil, pois comprou de insumo cerca de R$5 mil e agregou R$7 mil. O varejo rural foi
responsável pela renda bruta de R$6,6 mil, pois comprou de insumo R$3,3 mil e adicionou o
mesmo montante.
197
5.1.2.24 CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO DE UTENSÍLIOS (PANEIRO, TIPITI E CUIA)
Os agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização de alguns
utensílios como paneiro, tipiti e cuia atuam no nível local e nacional, conforme descrição a
seguir:
Produção Local (artesão/ã produtor/a): na categoria dos trançados dois
utensílios foram analisados o paneiro e o tipiti. Os produtores utilizam fibras vegetais,
especificamente, a tala do guarumã e os cipós para tecer tais objetos. No caso da confecção
das cuias, os ribeirinhos ou moradores da região estudada, em geral, apanham a fruta da
cuieira e realizam o processo rústico (limpam, fervem e tingem a cuia com o jenipapo ou
cumatê), até obter a cuia, usada regionalmente como vasilha para tomar tacacá;
Varejo Rural Local: são intermediários ou atravessadores que compram de
produtores e vendem para os feirantes ou comerciantes urbanos;
Varejo Urbano Local: são comerciantes ou feirantes que adquirem os utensílios e
vendem para o consumidor local;
Varejo Urbano Nacional: lojas de artesanato que realizam a venda dos utensílios
como objetos de decoração para os consumidores nacionais.
A cadeia de comercialização destes utensílios é composta por poucos
intermediários, com a maior parte da produção local passando pelo varejo urbano local e
vendido exclusivamente para os consumidores locais. Existe também a comercialização de
tais produtos para o mercado nacional, como objetos de decoração, que seguem para o
varejo urbano nacional (comerciantes de artigos de decoração) que comercializam em torno
de 16% da quantidade identificada que é comprada exclusivamente dos varejistas rurais e
vendem diretamente para os consumidores nacionais.
Os preços médios dos utensílios praticados entre os diferentes agentes da cadeia
de comercialização são determinados pela oferta, qualidade e utilidade do produto
transacionado, como o tipiti que é vendido da produção local para os varejistas rurais ao
preço de R$3,27/und, que revende para os consumidores locais ao preço de R$4,27/und
(Tabela 3). Os paneiros comuns usados como embalagem de frutos também são comprados
pelos varejistas rurais ao preço de R$0,83/und e vendidos para os consumidores locais ao
198
preço de R$1,16/und. Os varejistas urbanos compram as cuias a R$0,98/und da produção
local e vendem ao consumidor local por R$1,68/und. Somente os paneiros mais elaborados
que servem para decoração são comprados a R$8,00 pelos varejistas rurais, que vendem
para o mercado nacional ao preço de R$9,00/und.
TABELA 3 - Preço médio praticado (R$/und) na comercialização de utensílios, como tipiti, paneiro e cuia, no ano de 2008, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará.
Utensílios
Produção
para Varejo
Local
Varejo para
Consumidor
Local
Varejo para
Consumidor
Nacional
Tipiti 3,27 4,27 -
Cuia 0,98 1,68 -
Paneiro p/ embalagem 0,83 1,16 -
Paneiro p/ decoração 8 - 9
Fonte: Idesp/2009
As análises econômicas das três cadeias de utensílios comercializados apontam a
grandeza relativa que todos têm para o mercado local e apenas um que também alcança o
nacional (Tabela 6). O Valor Bruto da Produção local (VBPα) dos tipitis identificado na região
foi de R$30,1 mil, com valor agregado bruto (VAB) de R$39,4 mil e renda bruta total (RBT)
de R$69,6 mil. Para a economia da cuia o VBPα identificado somente da produção local de
R$4,5 mil, incluindo o varejo urbano local o VBP total de R$12,1 mil, o valor adicionado
(VAB) na cadeia foi de R$7,6 mil e a renda total (RBT) alcançou R$12,1 mil. Para o paneiro o
VBP foi de R$9,1 mil, o VAB de R$12,6 mil e a RBT de R$21,7 mil.
Diferente dos demais utensílios, para os paneiros de decoração o VBPα somente
da produção local foi de R$17,2 mil e o VBP total da cadeia foi de R$36,5 mil (Tabela 4), o
VABα foi de R$19,3 mil da produção, R$2,1 mil adicionados pelo varejo nacional totalizando
R$21,5 mil e a RBTα total foi de R$58 mil, com R$36,5 mil no varejo local e R$21,5 mil no
varejo nacional.
199
Tabela 4 - Valor Bruto da Produção (VBPα), em R$, gerado na comercialização de utensílios
(tipiti, cuia, paneiro de decoração e paneiro embalagem), pela ótica da oferta; Valor Transacionado Efetivo (VTE) ≈ Valor Adicionado Bruto (VAB) e a Renda Bruta Total (RBT) pela ótica da demanda, em 2008, em dez municípios da região de integração do Tocantins, Estado do Pará.
VBPα da
Produção (R$)
Indicadores
EconômicosLocal (R$) Estadual (R$) Nacional (R$) Total (R$)
VBPα 30,1 mil - - 30,1 mil
VABα 39,4 mil - - 39,4 mil
RBTα 69,6 mil - - 69,6 mil
VBPα 12,1 mil - - 12,1 mil
VABα 7,6 mil - - 7,6 mil
RBTα 12,1 mil - - 12,1 mil
VBPα 17,2 mil - 19,3 mil 36,5 mil
VABα 19,3 mil - 2,1 mil 21,5 mil
RBTα 36,5 mil - 21,5 mil 58,0 mil
VBPα 9,1 mil - - 9,1 mil
VABα 12,6 mil - - 12,6 mil
RBTα 21,7 mil - - 21,7 mil
Tipiti
30,1 mil
Cuia
4,5 mil
Paneiro
decoração
17,2 mil
Paneiro
embalagem
9,1 mil
Fonte: Idesp/2009
5.1.2.25 CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO DE GUARUMÃ
a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização de
Guarumã
Os agentes envolvidos na cadeia de comercialização do guarumã, na região do
Tocantins, apresentam as seguintes características:
Produção Local: extratores da fibra de guarumã;
Varejo Rural: são atravessadores da fibra que não realizam beneficiamento da
fibra;
Varejo Urbano Estadual: são feirantes que comercializam a fibra de guarumã
para os artesãos.
200
b) Estrutura da quantidade comercializada (%), formação de preço e preço médio praticado
de Guarumã
O principal nível e único canal de comercialização do guarumã é a venda direta
do produtor (100%) para o varejo rural que comercializa diretamente com o varejista
urbano estadual que para o consumidor estadual.
O preço médio praticado pelo produtor com o varejo rural é R$0,12/rolo, e este
revende para o varejo urbano estadual por R$0,40/rolo. Em relação ao preço de venda
praticado pelo varejo urbano estadual com os consumidores estaduais chega à média de
R$0,90/rolo.
Ou seja, na formação de preços do guarumã o varejo rural vende ao varejo
urbano estadual em média 2,33 vezes maior que o preço pago ao produtor, e este
comerciante estadual vende direto para o consumidor estadual a 6,50 vezes mais.
c) Valor Bruto da produção, pela ótica da oferta, na comercialização de Guarumã
Na cadeia de comercialização do guarumã a produção local gerou um valor bruto
da produção (VBPα) de R$17,20. O VBP do âmbito estadual (63%) é significativamente maior
do que local (37%), em função do alto consumo desse produto para artefatos (ou
artesanatos) mais elaborados. Os setores que mais vendem são o varejo rural (R$57,34) e o
varejo urbano estadual (R$129,01).
d) Valor Transacionado Efetivo (VTE) que se aproxima do Valor Adicionado Bruto (VAB)
gerado na comercialização de guarumã e a margem de comercialização de cada setor
(Mark-Up)
Ao longo da cadeia de comercialização do guarumã da produção local do
Tocantins até a demanda final estadual, o valor de R$129,01 foi adicionado (VAB) ao produto,
subtraindo o VAB total (R$129,01) do VBP da produção local (R$17,20) e dividindo o resultado
pelo VBP da produção local obtemos o mark-up total de 650%. Portanto, observa-se que em
201
termos relativos que o valor adicionado ao longo da cadeia a partir da produção primária
(Setor α) é significativo.
Do total do Valor Adicionado Bruto o sistema local foi responsável por R$57,34,
sendo o setor com maior participação o varejista rural com R$40,14 com isso gerando um
mark-up de 233%, o maior da cadeia como um todo.
É importante ressaltar o papel do produtor local, que apresenta um valor de
R$17,20, pois o extrator realiza o primeiro processamento dessa fibra sendo totalmente
manual. Por outro lado, em termo estadual o setor do varejo urbano que apresenta a maior
participação na cadeia toda com R$71,67, justificando o mark-up de 125%.
e) Renda Bruta Total gerada pela ótica da demanda na comercialização de Guarumã
A Renda Bruta Total identificada pela pesquisa na comercialização do guarumã
foi de R$203,55, sendo que do total 37% foram movimentados nos dez municípios e 63% no
estado. O sistema local gerou o equivalente a R$74,54, o varejo rural foi responsável pela
renda bruta de R$54,34, pois comprou de insumo R$17,20 e adicionou o montante de
R$40,14 e, o produtor local gerou R$17,20. O varejo urbano estadual atingiu uma renda
bruta total de R$129,01, dos quais R$57,34 equivalem à compra de insumos e R$71,67 ao
valor adicionado.
5.1.2.26 CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO DOS CIPÓS
a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização dos cipós
Os agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização dos cipós atuam
somente no nível local, conforme descrição a seguir:
Produção Local: são os coletores de cipós;
Varejo Urbano Local: são comerciantes ou feirantes que compram dos coletores
locais e revendem para o consumidor local.
202
b) Estrutura da quantidade comercializada (%), preço médio praticado e formação de preço
nas transações entre os agentes mercantis dos cipós
O único canal de comercialização de cipós identificado foi a compra do varejo
urbano local de 100% de toda produção local, que vende diretamente para o consumidor
local.
O preço médio praticado de venda de cipós pelos coletores com o varejo urbano
local foi de R$1,88/rolo. O preço de venda praticado pelos feirantes locais (varejista
urbano) com o consumidor local é R$2,87/rolo, indicando que os cipós são comercializados
com baixa agregação de valor, pois são utilizados como matéria prima na fabricação de
artefatos como matapi, paneiros entre outros.
Na formação dos preços envolvidos na comercialização dos cipós o varejo
urbano local comprou a 1 vez o preço de referência da produção local e vendeu a 1,87 vezes
maior para o consumidor local.
c) Valor Bruto da produção, pela ótica da oferta, na comercialização dos cipós
Somando todos os valores recebidos pela venda de cipós por todos os agentes
envolvidos em sua extração, ou seja, o Valor Bruto de Produção (VBPα) dos produtores
locais foi de R$5,8 mil, totalizando no final da cadeia em R$14,7 mil. Portanto, o único setor
que ofertou nos dez municípios foi o varejo urbano com R$8,9 mil.
d) Valor Transacionado Efetivo (VTE) que se aproxima do Valor Adicionado Bruto (VAB)
gerado na comercialização dos cipós e a margem de comercialização de cada setor
(Mark-up)
O Valor Agregado Bruto (VAB) total dos cipós ao longo da cadeia de
comercialização foi de R$8,8 mil para os dez municípios. Do total do valor adicionado na
cadeia a partir da produção primária o produtor teve maior participação com R$5,8 mil, pois
se trata de um produto totalmente extrativo com baixo custo de coleta. O setor varejista
urbano local participa com R$3,1 mil na agregação apresentando uma margem de 53%.
203
e) Renda Bruta Total gerada pela ótica da demanda na comercialização dos cipós
A Renda Bruta Total gerada pela comercialização de cipós da região estudada
gerou para o âmbito local R$14,7 mil sendo que do total, R$5,8 mil foi gerada pelo setor da
produção local, R$8,8 mil pelo varejo urbano local, pois comprou de insumo cerca de R$5,8
mil e agregou apenas R$3,1 mil.
5.1.3. INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES SOBRE A COMERCIALIZAÇÃO DE ARTESANATOS NA REGIÃO DO BAIXO
TOCANTINS
Em Cametá foi identificada quase uma centena de diferentes formas de matéria
prima colhidas na floresta13 que passam por processos bem simples de preparo para a
comercialização, alguns somente com lavagem e secagem. São cipós, partes de plantas,
folhas, sementes, frutos como o inajá, buriti, murumuru entre outros que são retirados da
floresta, alguns ainda verdes, cuja quantidade a ser extraída está em função da demanda do
comprador. Esses produtos naturais que possuem aspecto ou forma que podem ser usados
como enfeites ou utensílios artesanais são comercializados para mercados externos.
13
Abacaxizinho, Bola de natal, Cabaças (gd, md, pq, gg), Cabaça peito de moça, Cacho bacaba, Cacho flor de madeira (sororoca), Cacho de palma real, Cacho coco babaçú (inteiro ou cortado), Cacho da Amazônia (jupati), Calice (gd e pq), Canoa de babaçu, Canoa brasília, Canoa açaí/canoa fina, Canoa de bacaba, Canoinha, Capim chuveirinho, Cipó escada, Cipó trançado, Cipó grosso, Caracol branco, Caracol verde, Caroço de miriti, Caroço de uxi, Caroço murumuru, Caroço de jatobá, Caroço tucumã (jabarana), Caracolzinho, Casca de feijão, Cavalo de açaí, Cavalo bacaba, Cavalo de bacaba lavado, Cabo p/ flores trabalhadas, Castanha do pará, Chifre de boi (gd, md, pq Maranhã/Cametá), Chapeuzinho, Cipó rosca de 2 a 3 cm, Conchas, Cutite, Crespinho, Copo pachiuba, Envira, miriti, Espeto bambú (50cm ou 70cm), Escamadinho, Espanador (1 ou 2), Espinho liso, Fava enrolada, Fava leitosa, Fava bié, Fava marrom, Flor abacaxizinho/flor inajá, Flor da madeira/limpa, Flor de madeira, Flor do coco babaçu, Flor do campo, Folha da Amazônia, Folha cortada, Folha holandesa (açaí, miriti, bacaba, inajá e caranã), Folha cortada, Folha verdosa, Folha de ubim, Fruto amarelo (taperebá), Fruto aracanga, Fruto caranã, Fruto carrapeta Belém, Fruto carrapeta cametá, Fruto inajá, Frutos jutaí, Fruto pintado, Fruto rajado, Fruto tanã, Galeras (pq e lavadas), Girassol espinho (gd, pq, peludo preto ou verde), Ingá cipó, Jacitara (gd, grossa ou pq, fina), Laranja selvagem (seca , viva), Maçã vermelha, Madeira ornamental (ou 55), Mini ostra, Moeda, Ninja, Ninho, Olho de boi (rajado ou preto), Orelha branca, Orelha de burro (ou pq), Ouriços (castanha inteiro, lavados, etc), Ovo de pombo (1, pq ou 2), Palma real (gd, md, pq, pp), Panari /nozes chinezas (gd, pq, lavado), Pé de coqueiro, Pendão chinês, Peneira (nº1 cametá, nº2 bambu), Pétala flor de madeira, Pachiuba metro, Pinheiro africano/açairinha (pq , nº1, nº2), Prego serú, Ramo açaí (maços), Ramo bacaba (fardo 20 kg), Ramo de bacaba lavado, Ráfia e Rosa de tefé aberta.
204
Os artesanatos identificados em Baião foram os utensílios domésticos e de
trabalho como o tipiti, a peneira, os paneiros, os abanos, entre outros, todos confeccionados
em fibra, geralmente do guarumã, comercializados localmente.
Uma potencialidade de Barcarena é a grande produção de artesanatos em fibras
e cipós da comunidade Tinga Açu que são comercializados em Belém e em outros estados.
Os artesões fabricam variedades de cestarias. O transporte do artesanato se dá via fluvial em
embarcações que saem da comunidade toda sexta-feira e vendem na feira do Ver-o-peso. Os
artesões trabalham principalmente por encomenda e vendem mais na época de junho,
durante as festas juninas.
O artesanato de Moju com produtos da floresta (sementes, fibras, cascas,
troncos, folhas e outros) são comercializados nas casas dos artesãos e não tem mercado
certo. Solicitam apoio para expansão da produção e para a comercialização.
Uma família moradora na margem da PA 150 (entre Moju e Tailândia) produz
artesanatos em madeira, cipós, fibras, sementes, cuja matéria prima é retirada de uma área
de floresta da família. O artesanato é variado e bem trabalhado. Já fizeram exposições com
mais de 200 peças diferentes em Moju. Em dezembro de 2008 previam fazer outra
exposição nas festividades do município.
5.1.4. ANÁLISES AGRUPADAS DE TODOS OS PRODUTOS FLORESTAIS NÃO-MADEIREIROS IDENTIFICADOS NOS
MUNICÍPIOS VISITADOS DA REGIÃO DO TOCANTINS
Ao analisar do ponto de vista da demanda final pelos produtos florestais não-
madeireiros produzidos na região do Tocantins, que somados equivalem a R$1,04 bilhões, o
sistema nacional é o grande responsável (80%) por comprar R$832 milhões, o mercado
estadual demanda 8% no valor equivalente a R$78,49 milhões e o mercado local demanda
R$129,38 milhões (Tabela 5).
Ao fazermos uma classificação por percentagem relativa das demandas pelas
três escalas regionais, os produtos mais demandados pelo mercado nacional são o açaí,
cacau, castanha, palmito, coratá, murumuru, paneiro e semente de cupuaçu para óleo
(Tabela 5). Os produtos que possuem os percentuais relativos mais demandados pelo
205
mercado estadual são o cupuaçu, artesanato de miriti e o guarumã. Já para atender o
próprio mercado local dos dez municípios da região do Tocantins são diversos produtos
como carvão, buriti, bacaba, mel, bacuri, tipiti, andiroba, inajá, copaíba, cipós, taperebá,
cuia, breu branco, leites, plantas medicinais, cumaru e urucum (Tabela 5).
No entanto, se esta analise se faz do ponto de vista de quem adiciona mais valor
ao produto (VAB), conforme Tabela 6, o sistema estadual agrega R$547 milhões (52,78%), o
nacional adiciona R$245 milhões (23,61%) e o local um montante similar de R$246 milhões
(23,62%).
No entanto, se a análise é feita pela capacidade de agregar valor aos produtos
florestais não-madeireiros, ou seja, com base no valor agregado bruto (VAB), que aponta
onde a economia está mais atuante e imprime ações de beneficiamento e transformação
dos produtos do extrativismo, nos diversos setores ao longo das cadeias de comercialização,
conforme demonstrado na Tabela 7, a categoria das plantas alimentícias/frutíferas foi a
campeã com 99,75% do VAB total (R$1,037 bilhões), com o açaí e a castanha que agregam
mais valor no nível estadual com as agroindústrias do açaí e as empresas de beneficiamento
da castanha instaladas no Pará. Já o cacau e o palmito são produtos alimentícios que têm no
mercado nacional os maiores agregadores de valor a tais produtos. Os demais produtos
alimentícios (cupuaçu, buriti, bacaba, bacuri, taperebá e urucum) têm no mercado local seu
maior poder de agregar valor.
206
TABELA 5. Demanda final (local, estadual e nacional), em R$ e %, dos produtos florestais não-madeireiros identificados nos dez municípios da região de integração do Tocantins, PA, em 2008 (Idesp).
Local Estadual Nacional Total Local Estadual Nacional
Carvão 745.980,95 617.159,59 0,00 1.363.140,53 55 45 0
Buriti 248.131,81 94.221,74 0,00 341.821,66 73 28 0
Bacaba 90.336,53 80.446,47 5.782,34 176.565,34 51 46 3
Mel 129.054,99 20.037,12 0,00 149.092,11 87 13 0
Bacuri 114.302,94 9.705,35 0,00 124.008,29 92 8 0
Tipiti 39.438,72 0,00 0,00 39.438,72 100 0 0
Andiroba 17.873,33 3.333,33 0,00 21.206,67 84 16 0
Inajá semente 12.000,00 0,00 6.666,67 18.666,67 64 0 36
Copaíba 13.275,00 0,00 0,00 13.275,00 100 0 0
Cipó rolo 6.730,33 0,00 2.150,26 8.880,59 76 0 24
Taperebá 7.747,96 430,44 0,00 8.178,40 95 5 0
Cuia 7.637,74 0,00 0,00 7.637,74 100 0 0
Breu branco resina 7.421,88 0,00 0,00 7.421,88 100 0 0
Leites 6.987,31 0,00 0,00 6.987,31 100 0 0
Plantas Medicinais 3.881,37 0,00 0,00 3.881,37 100 0 0
Cumaru 3.638,79 0,00 0,00 3.638,79 100 0 0
Urucum 1.591,58 284,21 0,00 1.875,79 85 15 0
subtotal 1.456.031,22 825.618,26 14.599,27 2.295.716,85
Cupuaçu 589.762,46 1.479.931,37 98.436,05 2.168.129,88 27 68 5
Artesanato Miriti 5.998,96 202.861,52 42.539,95 251.400,42 2 81 17
Guarumã 0,00 129,01 0,00 129,01 0 100 0
subtotal 595.761,42 1.682.921,90 140.975,99 2.419.659,31
Açaí 127.061.210,05 75.977.244,23 786.114.458,47 989.152.912,75 13 8 79
Cacau 0,00 0,00 28.206.117,13 28.206.117,13 0 0 100
Castanha do brasil 184.811,72 0,00 14.722.235,26 14.907.046,97 1 0 99
Palmito 0,00 7.328,31 2.634.374,68 2.641.702,99 0 0 100
Coratá (Inajá) 0,00 0,00 222.193,99 222.193,99 0 0 100
Murumuru 0,00 0,00 41.773,33 41.773,33 0 0 100
Paneiro 12.649,29 0,00 21.502,64 34.151,93 37 0 63
Semente Cupuaçu 0,00 0,00 4.921,12 4.921,12 0 0 100
subtotal 127.258.671,06 75.984.572,54 831.967.576,62 1.035.210.820,22 12 7 80
Total geral 129.310.463,69 78.493.112,69 832.123.151,89 1.039.926.196,38 12 8 80
Produto Florestal
Não-madeireiro
Demanda Final (Valores) Porcentagem (%)
Fonte: Idesp/2009
207
TABELA 6 - Valor Adicionado Bruto - VAB (local, estadual e nacional), em R$, dos produtos florestais não-madeireiros identificados nos dez municípios da região de integração do Tocantins, PA, em 2008 (Idesp).
Local Estadual Nacional Total Local Estadual Nacional
Mel 149.092,11 0,00 0,00 149.092,11 100 0 0
Copaiba 13.275,00 0,00 0,00 13.275,00 100 0 0
Leites 6.987,31 0,00 0,00 6.987,31 100 0 0
Cumaru 3.638,79 0,00 0,00 3.638,79 100 0 0
Plantas Medicinais 3.881,37 0,00 0,00 3.881,37 100 0 0
Inajá 18.666,67 0,00 0,00 18.666,67 100 0 0
Cipós 8.880,59 0,00 0,00 8.880,59 100 0 0
Cuia 7.637,74 0,00 0,00 7.637,74 100 0 0
Tipiti 39.438,72 0,00 0,00 39.438,72 100 0 0
Breu Branco 7.421,88 0,00 0,00 7.421,88 100 0 0
Buriti 341.623,58 198,08 0,00 341.821,66 100 0 0
Bacuri 122.915,65 1.092,65 0,00 124.008,29 99 1 0
Taperebá 8.092,31 86,09 0,00 8.178,40 99 1 0
Andiroba 20.940,00 266,67 0,00 21.206,67 99 1 0
Artesanato Miriti 237.209,58 6.693,53 7.497,31 251.400,42 94 3 3
Cupuaçu 2.033.576,02 108.898,62 25.655,24 2.168.129,88 94 5 1
Paneiro 32.001,67 0,00 2.150,26 34.151,93 94 0 6
Urucum 1.724,21 151,58 0,00 1.875,79 92 8 0
Murumuru 33.640,00 8.133,33 0,00 41.773,33 81 19 0
Coratá 177.755,19 0,00 44.438,80 222.193,99 80 0 20
Carvão 1.048.074,68 315.065,86 0,00 1.363.140,53 77 23 0
Bacaba 125.626,15 50.939,19 0,00 176.565,34 71 29 0
subtotal 4.442.099,21 491.525,59 79.741,61 5.013.366,41 89 10 2
Semente Cupuaçu 567,82 4.353,30 0,00 4.921,12 12 88 0
Castanha do brasil 2.293.212,19 9.149.011,14 3.464.823,64 14.907.046,97 15 61 23
Guarumã 57,34 71,67 0,00 129,01 44 56 0
Açaí 228.412.403,24 537.738.680,55 223.001.828,95 989.152.912,75 23 54 23
subtotal 230.706.240,60 546.892.116,66 226.466.652,59 1.004.065.009,85 23 54 23
Palmito 810.982,22 147.725,53 1.682.995,24 2.641.702,99 31 6 64
Cacau 9.627.372,45 1.293.844,50 17.284.900,19 28.206.117,13 34 5 61
subtotal 10.438.354,66 1.441.570,03 18.967.895,43 30.847.820,12 34 5 61
Total geral 245.586.694,47 548.825.212,27 245.514.289,63 1.039.926.196,38 23,62 52,78 23,61
PFNMValor Adicionado Bruto - VAB (R$) Porcentagem (%)
Fonte: Idesp/2009.
Para o único derivado da madeira estudado na região, o carvão é produzido na
própria região e a agregação de valor é de 77% realizada na região do Tocantins (Tabela 7). O
mesmo acontece para o único derivado animal estudado, o mel que tem sua economia
somente na escala local com agregação de valor equivalente a R$149 mil. Na categoria dos
artesanatos (fibras e utensílios) o valor agregado total equivale a R$585mil, sendo que a
economia local é a que mais agrega valor aos diversos produtos identificados (89%). Os
fitoterápicos e cosméticos ainda não possuem estratégias locais para agregação de valor em
escala comercial, pois necessitam de ciência, tecnologia e investimentos, por isso a
agregação de valor é pequena e refere-se basicamente à coleta da parte da planta, algum
processo rústico de extração e embalagem simples dos produtos que atingiram o montante
de R$121,7 mil de valor agregado.
208
TABELA 7 - Valor Agregado Bruto (R$) na esfera local, estadual e nacional dos produtos florestais não-madeireiros identificados na região do Tocantins, em 2008, organizados em cinco categorias (alimentícias, derivado da madeira, artesanato, derivado animal e fitoterápicos/cosméticos).
Local Estadual Nacional Total Local Estadual Nacional
Açaí 228.412.403 537.738.681 223.001.829 989.152.913 23 54 23
Cacau 9.627.372 1.293.844 17.284.900 28.206.117 34 5 61
Castanha do brasil 2.293.212 9.149.011 3.464.824 14.907.047 15 61 23
Palmito 810.982 147.726 1.682.995 2.641.703 31 6 64
Cupuaçu 2.033.576 108.899 25.655 2.168.130 94 5 1
Buriti 341.624 198 0 341.822 100 0 0
Bacaba 125.626 50.939 0 176.565 71 29 0
Bacuri 122.916 1.093 0 124.008 99 1 0
Taperebá 8.092 86 0 8.178 99 1 0
Urucum 1.724 152 0 1.876 92 8 0
Total Frutíferas 243.777.528 548.490.628 245.460.203 1.037.728.359 23 53 24
Carvão 1.048.075 315.066 0 1.363.141 77 23 0
Total Derivado Madeira
1.048.075 315.066 0 1.363.141 77 23 0
Artesanato Miriti 237.210 6.694 7.497 251.400 94 3 3
Coratá 177.755 0 44.439 222.194 80 0 20
Cipós 8.881 0 0 8.881 100 0 0
Guarumã 57 72 0 129 44 56 0
Cuia 7.638 0 0 7.638 100 0 0
Tipiti 39.439 0 0 39.439 100 0 0
Paneiro 32.002 0 2.150 34.152 94 0 6
Paneiro decorativo 19.351 0 2.150 21.502 90 0 10
Total Artesanatos522.332 6.765 56.237 585.334 89 1 10
Mel 149.092 0 0 149.092 100 0 0
Total Derivado Animal
149.092 0 0 149.092 100 0 0
Murumuru 33.640 8.133 0 41.773 81 19 0
Andiroba 20.940 267 0 21.207 99 1 0
Copaiba 13.275 0 0 13.275 100 0 0
Semente Cupuaçu 568 4.353 0 4.921 12 88 0
Leites 6.987 0 0 6.987 100 0 0
Cumaru 3.639 0 0 3.639 100 0 0
Plantas Medicinais 3.881 0 0 3.881 100 0 0
Inajá 18.667 0 0 18.667 100 0 0
Breu Branco 7.422 0 0 7.422 100 0 0
Total Fitoterápicos e
Cosméticos 109.019 12.753 0 121.772 90 10 0
245.606.046 548.825.212 245.516.440 1.039.947.698 23,62 52,77 23,61TOTAL GERAL
Arte
san
ato
(0
,06
%)
Catego-
rias
Produto Florestal Não-
madeireiro
VAB (Valores) Porcentagem (% )
Ali
men
tícia
s /
Fru
tífe
ra
s
(99
,78
%)
Deriv
ad
o
Ma
deir
a
(0,1
3%
Deriv
ad
o
An
ima
l
(0,0
1%
)
Fit
ote
rá
pic
os
e C
osm
éti
co
s
(0,0
1%
)
Fonte: Idesp/2009
Como alguns produtos estudados estão num patamar econômico bem mais alto
em relação aos demais, fica difícil comparar quando alguns poucos estão em escalas de
bilhões e outros em dezenas de milhares. Desta forma, uma estratégia adotada para analisá-
los foi dividir em três categorias em função da Renda Bruta Total circulada na
comercialização dos produtos: i) que atingiram valores acima de R$600 mil do RBT, ii) para
209
os intermediários com RBT entre R$100 e 599 mil e iii) os abaixo de R$100 mil (Tabela 8). Os
produtos campeões em RBT foram, em ordem decrescente, o açaí (R$1,8 bilhões), o cacau
(R$77 milhões), a castanha do brasil (R$29 milhões), o palmito (R$5 milhões), o cupuaçu
(R$4,9 milhões) e o carvão (R$2,1 milhões) (Tabela 8). Na segunda categoria foram
enquadrados produtos diversificados que possuem papel importante na economia regional
como os frutos de buriti, bainhas do inajá chamado de coratá, brinquedos de miriti, um
fruto de uma palmeira que pode complementar a dieta paraense na entressafra do açaí
como a bacaba, o mel como produto do manejo das abelhas que, além de fazer bem à saúde
humana, também faz bem ao ambiente, pois as abelhas servem como polinizadoras para
algumas plantas da região (Venturieri, 2009) e por ultimo o bacuri, considerado fruto
potencial de mercado (Medina; Ferreira, 2004), que tem ocorrência natural em toda região
do nordeste paraense, mas que precisa ser manejado para aumentar sua produção (Ferreira,
2009). Na terceira categoria (abaixo de R$100 mil) com exceções para o guarumã e a
semente de cupuaçu que possuem mais da metade de sua RBT voltada para o mercado
estadual, o murumuru que tem papel nos mercados local e estadual, todos os demais são
produtos que circulam exclusivamente no mercado local dos 10 municípios, com RBT ainda
baixa.
210
TABELA 8 - Renda Bruta Total (R$) na esfera local, estadual e nacional dos produtos florestais não-madeireiros identificados na região do Tocantins, em 2008, organizados em três categorias relativas com escalas de valor do RBT (acima de R$600mil, entre R$100 a 599mil e abaixo de R$100 mil).
Local Estadual Nacional Total Local Estadual Nacional Relativa a
RBT
Açaí 395.094.388 671.945.171 756.301.250 1.823.340.809 22 37 41 93,92
Cacau 23.785.250 5.383.160 47.531.191 76.699.602 31 7 62 3,95
Castanha do brasil 3.251.661 11.257.412 14.722.235 29.231.308 11 39 50 1,51
Palmito 1.089.983 235.072 3.747.505 5.072.561 21 5 74 0,26
Cupuaçu 3.435.163 1.417.328 98.436 4.950.927 69 29 2 0,26
Carvão 1.514.353 617.160 0 2.131.513 71 29 0 0,11
428.170.799 690.855.303 822.400.618 1.941.426.720 22 36 42 100,00
Buriti 503.341 94.420 0 597.761 84 16 0 28,13
Coratá 224.631 0 222.194 446.825 50 0 50 21,03
Artesanato Miriti 248.037 124.385 26.049 398.471 62 31 7 18,75
Bacaba 194.190 134.861 0 329.051 59 41 0 15,49
Mel 213.747 0 0 213.747 100 0 0 10,06
Bacuri 129.363 9.705 0 139.068 93 7 0 6,54
1.513.309 363.371 248.243 2.124.923 71 17 12 100,00
Murumuru 52.440 41.773 0 94.213 56 44 0 22,56
Tipiti 69.571 0 0 69.571 100 0 0 16,66
Paneiro decorativo 36.553 0 21.502 58.054 63 0 37 13,90
Inajá 27.067 0 7.546 34.612 78 0 22 8,29
Andiroba 32.538 1.333 0 33.872 96 4 0 8,11
Copaiba 23.692 0 0 23.692 100 0 0 5,67
Paneiro 21.768 0 0 21.768 100 0 0 5,21
Cipós 14.690 0 0 14.690 100 0 0 3,52
Breu Branco 12.563 0 0 12.563 100 0 0 3,01
Cuia 12.109 0 0 12.109 100 0 0 2,90
Taperebá 11.191 430 0 11.622 96 4 0 2,78
Semente Cupuaçu 1.022 9.842 0 10.864 9 91 0 2,60
Leites 9.365 0 0 9.365 100 0 0 2,24
Plantas Medicinais 6.792 0 0 6.792 100 0 0 1,63
Urucum 2.638 284 0 2.923 90 10 0 0,70
Cumaru 767 0 0 767 100 0 0 0,18
Guarumã 75 129 0 204 37 63 0 0,05
334.841 53.793 29.047 417.680 80 13 7 100,00
430.018.948 691.272.466 822.677.908 1.943.969.323 22 36 42 100
Total Parcial
Total Geral
Categ
o-rias
Produto Florestal Não-
madeireiro
Renda Bruta Total (RBT) (Valores R$) Porcentagem (%)
RB
T a
cim
a d
e
R$
60
0 m
il
Total Parcial
RB
T d
e R
$ 1
00
mil
a R
$ 5
99
mil
Total Parcial
RB
T
ab
aix
o d
e R
$ 1
00
mil
Fonte: Idesp/2009
Portanto, se considerarmos a Contabilidade Social Ascendente Alfa, que inicia no
setor da produção extrativista local dos dez municípios estudados (Setor α), que recebeu
pela venda de todos os produtos florestais não-madeireiros identificados o montante de
R$165 milhões (VBPα), e com as transações comerciais realizadas pelos setores que vendem
tais produtos até o consumidor final foi agregado valor a estes produtos no montante de
R$1,04 bilhões (VAB) somando-se ainda o valor bruto da produção (VBP) equivalente à
compra de insumos no montante de R$904 milhões, chega-se a um valor total de R$1,94
bilhões referente à renda (RBT) bruta gerada e circulada na economia destes produtos com
seus efeitos para frente e para trás na cadeia de comercialização (Tabela 9).
211
Em relação ao Valor Bruto da Produção (VBP) da compra de insumos nos setores
mercantis, referido na Tabela 9, tais insumos, dependendo da posição e função do agente
comercial, podem variar desde a matéria prima original, o fruto in natura do açaí, por
exemplo, até o penúltimo agente da cadeia que pode adquirir como insumo a polpa
congelada e transformá-la em sorvete, antes do último elo da cadeia, que é consumidor
final.
212
Tabela 09 - Variáveis econômicas dos produtos florestais não-madeireiros identificados na região do Tocantins, compostas pelo Valor Bruto da Produção Alfa Local (VBPα), a
margem de lucro (mark-up), o Valor Bruto da Produção (VBP), o Valor Agregado Bruto e a Renda Bruta Total (R$) nas esferas local, estadual e nacional, em 2008.
Local EstadualNacional
(Estimado)Total Local Estadual
Nacional
(Estimado)Total Local
(4) EstadualNacional
(Estimado)Total
Açaí 152.690.069 548% 166.681.985 134.206.490 533.299.421 834.187.896 228.412.403 537.738.681 223.001.829 989.152.913 395.094.388 671.945.171 756.301.250 1.823.340.809
Cacau 8.362.123 237% 14.157.878 4.089.316 30.246.291 48.493.485 9.627.372 1.293.844 17.284.900 28.206.117 23.785.250 5.383.160 47.531.191 76.699.602
Cupuaçu 1.252.428 73% 1.401.587 1.308.430 72.781 2.782.797 2.033.576 108.899 25.655 2.168.130 3.435.163 1.417.328 98.436 4.950.927
Carvão 859.654 59% 466.279 302.094 768.372 1.048.075 315.066 1.363.141 1.514.353 617.160 - 2.131.513
Castanha do brasil 729.923 1942% 958.449 2.108.400 11.257.412 14.324.261 2.293.212 9.149.011 3.464.824 14.907.047 3.251.661 11.257.412 14.722.235 29.231.308
Buriti 256.148 33% 161.718 94.222 255.939 341.624 198 341.822 503.341 94.420 - 597.761
Palmito 221.447 1093% 279.001 87.347 2.064.510 2.430.858 810.982 147.726 1.682.995 2.641.703 1.089.983 235.072 3.747.505 5.072.561
Mel 133.157 12% 64.655 64.655 149.092 149.092 213.747 213.747
Bacuri 120.135 3% 6.447 1.093 7.540 122.916 1.093 124.008 129.363 9.705 139.068
Bacaba 102.792 72% 68.564 83.922 152.486 125.626 50.939 176.565 194.190 134.861 329.051
Coratá 44.439 400% 46.876 177.755 224.631 177.755 44.439 222.194 224.631 222.194 446.825
Tipiti 30.132 31% 30.132 30.132 39.439 39.439 69.571 69.571
Murumuru 18.800 122% 18.800 33.640 52.440 33.640 8.133 41.773 52.440 41.773 94.213
Paneiro decorativo 17.201 25% 17.201 19.351 36.553 19.351 2.150 21.502 36.553 21.502 58.054
Andiroba 13.598 56% 11.598 1.067 12.665 20.940 267 21.207 32.538 1.333 33.872
Artesanato Miriti 10.828 2222% 10.828 117.691 18.552 147.071 237.210 6.694 7.497 251.400 248.037 124.385 26.049 398.471
Copaiba 10.417 27% 10.417 10.417 13.275 13.275 23.692 23.692
Paneiro 9.119 39% 9.119 9.119 12.649 12.649 21.768 21.768
Inajá 8.400 133% 8.400 6.667 15.067 18.667 879 19.546 27.067 7.546 34.612
Cipós 5.809 53% 5.809 5.809 8.881 8.881 14.690 14.690
Breu Branco 5.141 44% 5.141 5.141 7.422 7.422 12.563 12.563
Leites 4.474 56% 2.378 2.378 6.987 6.987 9.365 9.365
Cuia 4.471 71% 4.471 4.471 7.638 7.638 12.109 12.109
Taperebá 3.444 138% 3.099 344 3.444 8.092 86 8.178 11.191 430 11.622
Plantas Medicinais 2.911 33% 2.911 2.911 3.881 3.881 6.792 6.792
Urucum 914 105% 914 133 1.047 1.724 152 1.876 2.638 284 2.923
Semente Cupuaçu 454 983% 454 5.489 5.943 568 4.353 4.921 1.022 9.842 10.864
Cumaru 100 567% 100 100 667 667 767 767
Guarumã 17 650% 17 57 75 57 72 129 75 129 204
TOTAL 165.020.934 184.435.228 142.439.734 577.162.740 904.037.702 245.583.721 548.825.212 245.515.168 1.039.924.102 430.018.948 691.272.466 822.677.908 1.943.969.323
Produto Florestal
Não-madeireiro
VBPα da
Produção
Local (1)
Mark-up
(margem
de lucro)
Total VAB (3)
RBT Total gerada e circulada (5)
VBP (Compra de insumo) (2)
(1)
Valor Bruto da Produção total (R$) recebido pelos produtores/extrativistas da região do Tocantins (2)
Valor Bruto da Produção (VBP) referente ao total da compra de insumos nos setores mercantis. (3)
Equivale ao valor que foi adicionado (ou agregado) ao produto (VAB) ao longo da cadeia de comercialização (4)
Equivale a geração e circulação de renda na região do Tocantins (RBT Local) (5)
Valor da Renda Bruta Total (RBT) gerada e circulada, em R$, equivale a soma do valor bruto da produção (VBP) rerefente à compra de insumos mais ao valor adicionado (VAB), ou seja RBT = VBP + VAB
213
5.1.5. PROBLEMAS E POTENCIALIDADES IDENTIFICADOS NOS MUNICÍPIOS VISITADOS DA REGIÃO DO TOCANTINS
PROBLEMAS EM CAMETÁ
Infraestrutura precária dos portos de embarque e desembarque de passageiros e
mercadorias no mesmo local.
Transporte coletivo deficitário.
Precária rede de abastecimento elétrico, principalmente nas ilhas, que dificulta o
processamento e armazenamento de produtos como polpas de frutas e outros PFNM.
Além do trajeto pelo Rio Tocantins, o acesso à Cametá pode ser feito por estrada
toda asfaltada. Porém, passageiros e mercadorias têm que passar por duas travessias de
balsa (2 rios estreitos), que dificulta nos casos de emergência.
Falta de acesso à água encanada e tratada, sistema de esgoto sanitário, dejetos
lançados ao rio.
POTENCIALIDADES EM CAMETÁ
Unidade de Compostagem e Reciclagem de Lixo com o apoio da Albras/Alunorte
e da Prefeitura de Cametá, que trabalha a educação ambiental nas escolas e nas ilhas.
A recém criada Secretaria Municipal de Meio Ambiente – SEMMA possui um
projeto de coleta de lixo, com classificação por origem (Residenciais, Comerciais, Industriais,
Públicos, Agrícolas, Hospitalares e Entulhos).
Na região das ilhas de Cametá um barco chamado “Papa lixo” passa três vezes na
semana recolhendo o lixo produzido nas comunidades.
Casa Familiar Rural que trabalha com formação de multiplicadores e utiliza a
pedagogia da alternância.
Centro Miriti Pousada Escola com trabalho produtivo pedagógico com 950
mulheres voltado para produção e comercialização de plantas medicinais e polpas de frutas.
Universidade Estadual do Pará – UEPA com trabalhos de conclusão de curso
sobre temas amazônicos voltados para alguns produtos florestais não madeireiros.
214
Centro Integrado de Educação Profissional do Baixo Tocantins – Escola
Tecnológica que em 2008 implantou cursos técnicos de Agricultura e Aqüicultura e, em
2009, cursos Técnicos em Meio Ambiente, Agronegócio, Agropecuária, Administração e
Informática.
Associação Paraense de Apoio às Comunidades Carentes (APACC) com apoio do
Governo do Estado do Pará, Prefeitura de Belém e República Francesa atua em Limoeiro do
Ajuru, Oeiras do Pará, Cametá e Belém, no apoio aos “Projetos de Mel” na região do
Tocantins, e cursos sobre utilização de plantas medicinais e saúde da mulher.
A Associação da Mulher - entidade com 15 mil sócios, sendo 60% mulheres. Os
associados recebem informações sobre plantas medicinais e seu cultivo, saúde da mulher,
confecção de artesanatos (matapi, paneiros, tupés, tipitis entre outros) e merenda
alternativa regionalizada.
Enorme quantidade de matéria prima para confecção de artesanatos
comercializados (quase 100 tipos diferentes).
O Instituto de Desenvolvimento, Educação Ambiental e Solidariedade (IDEAS)
desenvolve o “Projeto Açaí” com cursos sobre gestão e comercialização junto aos ribeirinhos
de várias comunidades. Apóiam associações como o Centro Comunitário de Jaituba e
Jabutiapecu (CEJOJAR), a Associação de Preservação do Rio Jorocazinho (ACOPREMAJ), a
Associação das Criadoras de Pequenos Animais (ASCRIAS), a Associação de Preservação de
Marituba (ASPRIM), a Associação do Mupi, que trabalha com a comercialização de açaí,
palmito, buriti, camarão, madeira, óleos, mel e plantas medicinais e, a Cooperativa Agrícola
Resistência de Cametá, que possui cerca de 310 sócios que são, em sua maioria, produtores
de açaí, que trabalham também com o murumuru, patauá, mel, inajá e andiroba e, alguns
desses produtos, estão sendo comercializados para a Natura.
PROBLEMAS EM ABAETETUBA
A região das ilhas, apesar de próxima à sede do município, não possui água
encanada e energia elétrica.
Nas feiras de Abaetetuba são comercializados, sem fiscalização, carnes de
animais silvestres como capivara, jacaré e animais vivos para o consumo.
215
POTENCIALIDADES EM ABAETETUBA
A Associação Arte em Miriti de Abaetetuba (Miritong) conquistou sua valorização
com a produção e comercialização dos brinquedos.
Movimento de Ribeirinhos e Ribeirinhas das Ilhas e Várzeas de Abaetetuba
(MORIVA), instituição que tem como objetivo organizar os ribeirinhos e ribeirinhas para
planejar e executar atividades que venham a melhorar a região. São 20 ilhas, todas com
associações filiadas ao Moriva. O movimento trabalha em parceria com o Sindicato de
Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Abaetetuba (STTR de Abaetetuba), a EMATER, a
SAGRI, a CPT, as Secretarias Municipais, entre outros e que têm grande preocupação com o
meio ambiente, tanto da realidade das ilhas como da cidade.
Os ribeirinhos estavam na época se mobilizando em prol de um projeto de
Assentamento Agroextrativista, com cerca de 2400 produtores.
A Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional (Fase) tem atuação
no município de Abaetetuba e em outros na região do Baixo Tocantins.
Projeto de pesquisa sobre ecologia, manejo, economia e mercado de miriti no
estuário do baixo Tocantins executado pelo Centro Internacional de Pesquisa Florestal
(CIFOR) em parceria com vários órgãos de pesquisa e associações de produtores para
entender a atividade artesanal dos “brinquedos de miriti” e identificar técnicas para o
manejo sustentável desta palmeira.
PROBLEMAS EM BAIÃO
O ultimo trajeto de acesso ao município de Baião é feito por uma estrada sem
pavimentação asfáltica, o que dificulta a chegada e saída de produtos, principalmente no
período chuvoso.
Estrutura portuária com dois portos pequenos, que recebem embarcações de
médio calado pelo rio Tocantins.
216
A implantação da Usina Hidrelétrica de Tucuruí ocasionou a diminuição do
pescado e a população passou a importar peixe de outros municípios, pagando mais caro por
um produto que existia com fartura no município.
O comércio de Baião é pequeno, escasso em variedades e quantidades de
produtos. A maioria dos produtos consumidos vem de fora do município.
Importa açaí de municípios vizinhos.
Ausência de créditos para projetos voltados a produção dos PFNM (açaí, mel,
bacaba, etc.).
Falta de assistência técnica especializada e comprometida com o
desenvolvimento sustentável da região.
POTENCIALIDADES EM BAIÃO
A comunidade de Baixinha é detentora de uma área com ocorrência de bacaba
de grande produtividade, com potencial de diversificação e agregação de valor com diversos
produtos (vinho, geléias, licores, partes da planta como artesanato, etc.).
Associação de Produtores de Mel (meliponicultura – manejo das abelhas nativas
sem ferrão) cujo produto apresenta grande potencial devido à cobertura vegetal rica em
diversidade e bem preservada da região.
Plantios de seringueiras em algumas regiões do município, que estão atualmente
abandonados, sem utilização por falta de estruturação da cadeia produtiva.
Uma organização não governamental, o Instituto de Desenvolvimento e Educação
Ambiental e Solidariedade – IDEAS, que atua em vários municípios da região, com projetos
socioambientais, alguns relacionados aos PFNM, como o Projeto Bacaba desenvolvido na
Comunidade de Baixinha, com objetivo da industrialização. O IDEIAS firmou convênio com o
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e a Universidade do
Estado do Pará (UEPA), para desenvolver pesquisas e receber orientações sobre o potencial
da polpa, do óleo, do caroço, além de desenvolver outros subprodutos da bacaba.
Atualmente já desenvolveram o licor, a geléia, a polpa e uma bebida.
217
A Comunidade de Baixinha também possui uma fábrica de artesanatos com
estrutura adequada para a produção de pulseiras, brincos e colares (funciona no posto de
saúde da comunidade).
A Casa Familiar Rural de Baião trabalha com vários projetos, com destaque para
o “Produto da Mata Não Madeireiro”, com objetivo de conscientizar o público juvenil sobre
a preservação do meio ambiente e a utilização racional dos recursos florestais não-
madeireiros. Porém, a dificuldade financeira é um dos fatores limitantes na promoção dessa
iniciativa.
PROBLEMAS EM MOCAJUBA
A população também sofre com os impactos da implantação da Usina de Tucuruí.
Problemas em relação ao saneamento básico, principalmente ao tratamento de
água e esgoto.
Na orla da cidade o esgoto das casas converge direto para o Rio Tocantins.
Poluição por lixo deixado pelos banhistas e pela lavagem dos carros na beira da
praia.
A violência na cidade é preocupante e tem aumentado nos últimos anos.
Comércio local é pequeno, com pouca variedade e quantidade de produtos.
Alguns batedores de açaí não possuem instalações adequadas (piso,
equipamento, qualidade da água, frutos nas proximidades de animais, riscos de
contaminação).
Apenas um técnico da Ceplac para atender toda a demanda do município.
Ausência de crédito para projetos voltados a produção de açaí, mel, bacaba,
entre outros.
Falta de assistência técnica especializada e comprometida com o
desenvolvimento sustentável da região.
Devido às dificuldades de abastecimento de energia elétrica e de mão-de-obra
qualificada na região de Mocajuba, uma empresa que processa óleos priorizou estabelecer
sua filial em Ananindeua.
218
POTENCIALIDADES EM MOCAJUBA
O acesso à cidade é asfaltado, sendo a principal via de escoamento da produção
e de integração às outras regiões.
Possui Casa Familiar Rural, escola de formação técnica, baseada na pedagogia da
alternância que qualifica jovens camponeses e filhos de agricultores.
Os plantios de cacau vêm se destacando como um mercado em ascensão,
substituindo gradativamente os plantios de pimenta na região.
Existem 68 projetos de plantio de açaí de terra firme em Mocajuba.
Grande produção de semente de andiroba para prensagem e refino.
Filial de empresa instalada no município para fazer prensagem primária de óleo
de andiroba.
Os produtos não madeireiros com potencialidades no município são o açaí, o
cupuaçu, o taperebá e outras frutas; assim como o mel, o cacau em grande quantidade, os
óleos de andiroba, copaíba e castanha-do-brasil, algumas plantas medicinais e essências.
O açaí está incluído na merenda escolar numa iniciativa da prefeitura e do
Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) da Companhia Nacional de Abastecimento –
CONAB.
PROBLEMAS EM OEIRAS DO PARÁ
Falta divulgação dos artesanatos, incentivos, cursos de capacitação e
investimentos para os moradores da reserva.
Devido a exploração irregular de madeira o IBAMA começou a fiscalizar, com isso
a atividade madeireira foi reduzida e em conseqüência a economia também sofreu queda.
Estrada que liga Oeiras do Pará à Cametá estava, na época, praticamente
intrafegável, dificultando escoamento da produção.
Necessidade de financiamentos e incentivos para melhorar a produção de mel no
município.
219
Falta assistência técnica para aumentar a produção de açaí na entressafra com o
manejo dos açaizais.
POTENCIALIDADES EM OEIRAS DO PARÁ
Reserva Extrativista Arioca Pruanã, criada em 2005, com área de 83.445 ha,
possui cerca de 1.200 famílias em 32 comunidades, com diversidade de espécies como
barbatimão, amapá, sucuuba, verônica, jatobá, ipê roxo, uxi amarelo, andiroba, patauá,
murumuru e outros, que são ainda pouco explorados e comercializados.
Na busca de melhoria de renda os coordenadores da Resex firmaram parceria
com uma empresa de cosméticos chamada Beraca que, na época da entrevista, ainda não
havia efetivado a compra dos produtos.
A Associação de Moradores da Reserva Extrativista Arioca Pruanã (AMOREAP)
que controla a extração e a retirada dos produtos oriundos da reserva, informa que existem
muitas espécies, sementes, cipós, frutos e outros produtos que servem para fazer
artesanato.
A comunidade Ribeira, situada na Resex, produz artesanatos na forma de
bonecas, tipitis e outros artefatos que são retirados de miriti, tala de guarumã, galhos de
árvores, sementes, etc.
Na economia do município, após a pesca vem o açaí que é produzido nas áreas
dos ribeirinhos.
A Emater de Oeiras do Pará está incentivando os produtores a plantarem cacau
visando melhorar a renda das famílias.
Projeto para instalação da estrutura física da Casa Familiar Rural de Oeiras, para
formação de pessoas com base na realidade dos camponeses voltadas para a melhoria da
produção agrícola e da exploração sustentável de produtos de base extrativa, por iniciativa
do Sindicato de Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais (STTR) de Oeiras, em parceria com a
Casa Familiar Rural de Cametá.
PROBLEMAS EM LIMOEIRO DO AJURU
220
A feira do produtor rural funciona apenas uma vez por mês e as comunidades se
juntam para vender produtos como mel, andiroba e outros.
Dificuldades de escoamento da produção de mel.
POTENCIALIDADES EM LIMOEIRO DO AJURU
A economia de Limoeiro do Ajuru vem praticamente do açaí, da pesca e do
cacau, além de diversos produtos oriundos do extrativismo como miriti, andiroba,
murumuru, breu branco, mel, castanha e outros.
Pelo menos duas associações de apicultores foram identificadas no município.
Estratégia entre empresa compradora, Emater local e produtores para a futura
extração de óleo de buriti e da semente de cupuaçu.
Existem duas reservas para reprodução de peixes, com apoio da Secretaria de
Pesca e Aqüicultura do Estado (SEPAq) junto à Colônia dos Pescadores. A secretaria fornece
apoio para compra de equipamentos como matapi e outros. A Colônia tem 4.500 sócios que
são beneficiados com recursos do governo federal para a época de defeso, no qual cada
família recebe quatro salários mínimos por ano.
Na abertura da pesca de 2008 chegaram a pegar 90 toneladas de mapará (peixe
típico e famoso na região).
O Rio Tocantins possui diversos tipos de peixes como tainha, pescada e outros,
mas o mapará é o mais abundante.
Existe também bastante camarão nos rios. O camarão fresco vai para Belém e o
salgado vai para Moju e Tome-Açú.
Existe uma Reserva de Preservação Permanente (RPP) para a piscicultura, onde
os pescadores só podem pescar de anzol.
PROBLEMAS EM BARCARENA
221
A apicultura vem encontrando problemas com a falta de organização e gestão
das associações, além de não possuírem equipamentos adequados, tanto para a colheita
quanto para o processamento do mel, comprometendo diretamente a qualidade do
produto.
Alguns apicultores mantêm seus apiários muito próximos às residências,
proporcionando perigo para os moradores das proximidades. Também estão com caixas
maiores que o tamanho padrão.
POTENCIALIDADES EM BARCARENA
Grande produção de artesanatos em fibras e cipós (cestarias) produzidos na
comunidade Tinga Açu que são comercializados em Belém e em outros estados.
A apicultura começa a ganhar importância pelos agricultores em Barcarena.
Cooperativa de Extração e Desenvolvimento Agrícola de Barcarena – CEDAB, em
parceria com a Alunorte, desde 2007, projeto para produção de 110 mil mudas de açaí (BRS-
Pará) e 15 mil mudas de Cupuaçu. A idéia é diversificar com outras mudas de essências
florestais (andiroba, acapu, copaíba).
A Secretaria Municipal de Agricultura (SEMAGRI) vem desenvolvendo projetos de
qualificação com Cursos de Manejo (dia de campo), doação de ferramentas e mudas e apoio
ao projeto de produção de mudas na Escola Agrícola (localizada na PA 151) que é composta
atualmente por somente 60 alunos.
O escoamento dos produtos de Barcarena é realizado em três rotas: para o
CEASA, para o mercado do Ver-o-peso ou para a feira da sede local.
A Emater trabalha com projetos de manejo de açaí e incentivo ao plantio de
cupuaçu, cacau, graviola e pimenta.
Os batedores de açaí passaram por qualificações para padronizar os pontos de
venda, melhorar a higiene durante todo processo e adquirir qualidade ao produto.
PROBLEMAS EM IGARAPÉ MIRI
Uma fábrica de polpa de açaí foi desativada por causa da qualidade da água.
222
As fabriquetas ilegais prejudicam o mercado do palmito, pois a extração ilegal
não é fiscalizada.
As famílias que trabalham na produção manual do palmito desejam entrar na
legalidade, mas dizem que é muita burocracia, que não tem financiamento e nem
assistência.
Igarapé Miri tem um índice de violência alto e preocupante, pois os ribeirinhos
sofrem com os assaltos nos rios, com roubos de embarcações e do dinheiro da venda dos
produtos.
A equipe do Idesp teve dificuldades em obter informações junto aos agentes
mercantis em Igarapé Miri, pois passavam a impressão de que estavam sendo fiscalizados,
agindo com agressividade na maioria das vezes. Quando se dispunham a falar, informavam o
mínimo, mas defendiam que o município possui o melhor açaí do estado. As dificuldades de
acesso às informações se devem a uma pesquisa sobre o açaí, realizada no ano anterior
(2007), que logo depois a mídia publicou a ocorrência de casos de doença de Chagas
oriundas do açaí, causando sérios problemas no município. A equipe foi intimidada por
pessoas portando armas brancas. Contudo, foi entrevistado um comerciante, dentre 15
outros do mesmo ramo.
Existem quatro portos no município, o de Santo Antônio (Estrada Nova), do
Meruú, da balsa e o da Vila Maiauatá.
Os caroços do açaí são lançados diretamente nos rios, sem preocupação com
transtornos ambientais, assoreamento e putrefação da matéria orgânica.
O município de Igarapé Miri precisa ter um espaço maior e mais adequado para
dispor sua produção. Alguns agentes mercantis fizeram criticas ao local onde são
comercializados os seus produtos, principalmente o açaí, pois o trapiche é pequeno, o
produto fica exposto ao chão, o local não dispõe de cobertura e nem de segurança.
Diversos batedores de açaí do município usam água de péssima qualidade, com
coloração amarelada. Alguns jogam os caroços na rua, outros não possuem piso adequado e,
diversos deles reivindicam linhas de crédito para solucionar problemas de infra-estrutura e
capacitação.
POTENCIALIDADES EM IGARAPÉ MIRI
223
Além dos campeões açaí e palmito, outros produtos não-madeireiros
comercializados em Igarapé Miri são o cupuaçu, cacau, óleos e mel.
No município são três fábricas de açaí instaladas, sendo que duas estavam
funcionando na época.
A produção de açaí está aumentando a cada ano devido o manejo que está
sendo feito nos açaizais.
Enquanto a safra do açaí esta terminando em outros municípios, em Igarapé Miri
a produção é grande por causa do manejo feito.
Na entressafra do açaí a coleta dos frutos é feita de maneira racional unida ao
manejo para extração do palmito.
A Cooperativa de Desenvolvimento do Município de Igarapé Miri (CODEMI)
possui mais de 200 cooperados, formados em 13 núcleos, que somente comercializa açaí
para a maioria das empresas do Sindfruta. A cooperativa tem parceria com a UFPA – Centro
Tecnológico de Empreendimento Popular e Solidário.
Foram comercializados 500 Kg de mel, no valor de R$7,00/Kg, pelo Programa de
Aquisição de Alimentos (PAA), coordenado pela Companhia Nacional de Abastecimento
(CONAB).
PROBLEMAS EM MOJU
São poucos os produtos oriundos do extrativismo que são comercializados no
município de Moju, como o açaí, carvão, mel e artesanato regional (folhas, fibras, frutos,
cipós).
O principal problema é o escoamento e transporte para a comercialização do
açaí da região de Moju.
Diversas famílias pararam de produzir devido ao auxilio mensal ofertado pela
Vale, em locais por onde passa o mineroduto.
POTENCIALIDADES EM MOJU
224
A secretaria municipal de meio ambiente de Moju atua com projetos de
capacitação em empreendedorismo no setor de artesanatos na região das ilhas fortalecendo
a atividade para gerar renda e trabalho. Possui diversos projetos: sustentabilidade da pesca,
criação de peixes regionais, novas culturas, plantas exóticas, aqüicultura (quelônios),
artesanato, panelas de barro, móveis, cestarias, reciclagem de tecido e bijuterias.
A Lei Ambiental do Município de Mojú (Lei nº737) foi criada em agosto de 2003.
A SEMMA possui a biblioteca “Sala Verde” com apoio do Fundo Nacional de Meio
Ambiente (MMA). A Secretaria tem como base o “Programa Nosso Ambiente” com o
licenciamento ambiental, recursos hídricos e deveres do produtor rural.
Em 2006/2007 começou o interesse da Natura pelo buriti, andiroba e copaíba na
região.
A coordenadora da Secretaria Municipal de Promoção e Assistência Social
(SEMPAS) nos apresentou os projetos em parceria com o SEBRAE de processamento de
frutas (cupuaçu, bacuri, açaí e castanha) para fabricação de biscoitos, licores, geléias e
compotas; de reaproveitamento de sobras de madeira, vassoura do açaí, entre outros, além
de capacitação para produção de sabonetes com andiroba e outros frutos.
De acordo com representante do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Moju o
município possui mais de 100 comunidades e 30 associações.
Nas áreas de terra firme tem cultivo de cacau (10 mil pés), abacaxi e culturas
agrícolas.
A empresa Natura compra semente seca de cupuaçu e cacau e fez contato para
comercialização do murumuru.
Os produtores comentam sobre a necessidade de incentivar uma agroindústria
para agregação de valor do patauá, andiroba e murumuru, semente de cupuaçu e do cacau.
A UFPA possui um projeto de incubadora tecnológica em Moju, Abaetetuba e
Igarapé Miri, que auxilia os produtores atingidos com a quebra da AMAFRUTAS, para que
passem a utilizar novamente as frutas plantadas por eles para desenvolver outros produtos
como polpa, licor, geléia, etc.
Moju possui a Universidade Estadual do Pará (UEPA), a Universidade aberta com
ensino técnico à distancia, com médio integrado PROEJA, o NEPAM com cursos técnicos, a
225
Casa Rural de Mojú, o Programa da erradicação do trabalho infantil nas carvoarias do
Ministério do Trabalho e uma organização que trabalha com o problema do escalpelamento.
Na comunidade quilombola Jambu-açú funciona a Escola Familiar Rural Padre
Sergio Tonetto, que assiste a 15 comunidades quilombolas e tem dois anos de existência.
Conta com ajuda da empresa Vale, da prefeitura e outros. Atualmente a escola está com
algumas dificuldades para se manter. A parceria com a Vale se deve ao fato de passar um
mineroduto nas terras das comunidades. Com isso, foram investidos recursos para
construção de um posto de saúde. Durante dois anos 38 famílias receberam dois salários
mínimos mensais, até fevereiro de 2009. Nesta comunidade possuem andiroba e castanha-
do-brasil. A empresa Vale vai investir em 2.000 mudas de castanha, piquiá, uxí, bacuri, buriti
e copaíba. As principais atividades da comunidade são a pimenta e a mandioca. Política de
conscientização com a preservação da mata, destino do lixo, coleta seletiva, compostagem,
fortalecimento da agricultura familiar. A empresa de reciclagem de lixo fica na estrada do
Sarapuí.
Projeto do carro da cozinha do SESI (parceiros, Sebrae, C.F.R e a CVRD): receitas
acessíveis para a alimentação das famílias.
Projeto da UFRA sobre a potencialidade da região.
Plano do Desenvolvimento do Território Quilombola do Jambuaçú.
A outra parceria é com a Mar Borges (indústria de Palmas), mas existem conflitos
devido terem invadido parte do território, conforme o coordenador.
O projeto de “Gestão Ambiental” da Emater contribui na divulgação ou
implantação de sistemas de esgotamentos sanitários individuais para famílias rurais
residentes em áreas de várzea.
5.1.2.6. CONSIDERAÇÕES FINAIS DA REGIÃO DE INTEGRAÇÃO TOCANTINS
Os produtos florestais não-madeireiros identificados nos dez municípios do
estudo realmente interferem de forma positiva e significativa na dinâmica econômica da
região do Tocantins, com seu encadeamento para frente nas escalas estadual e nacional,
comprovando que o método das Contas Sociais Ascendentes Alfa consegue identificar,
226
quantificar e explicitar o papel de cada produto na economia extrativa da região, alguns
visíveis pelas estatísticas oficiais (açaí, cacau, palmito, carvão, cupuaçu, castanha, fibra de
buriti, mel e urucum), outros que pertencem à categoria “outros” (outras alimentícias e
outras oleaginosas), alguns na categoria “geral” e produtos que ainda são invisíveis.
O produto campeão, em todos os quesitos do estudo, foi o açaí com recordes em
todos os valores econômicos, na ordem de R$152 milhões de valor bruto pago somente ao
setor produtivo regional (VBPα). Em seguida, quando outros setores da cadeia compram de
insumos o valor bruto atinge R$834 milhões (VBP total), principalmente pelo setor varejista
rural. Na sequencia, outros setores agregam mais R$1 bilhão (R$989 milhões), sendo 77%
provenientes das escalas estadual e local referente ao valor adicionado bruto (VAB). Estes
setores que mais agregam e os que possuem maior peso são as grandes agroindústrias de
beneficiamento da polpa (10 identificadas), instaladas em municípios pólo do Estado
(Castanhal, Tomé Açu, Santa Bárbara, Marituba, Benevides e Belém) e, na escala local, o
setor também de beneficiamento, porém com centenas de pequenos estabelecimentos
“batedores” de açaí, que atendem à demanda da população tocantina. E para completar a
cadeia, somando-se o VBP e o VAB do açaí do Tocantins chega-se à cifra de R$1,8 bilhões de
renda total gerada (RBT) e circulada em toda a cadeia de comercialização do açaí. Esta
produção de açaí do Tocantins provém tanto de açaizais nativos, quanto de áreas de manejo
ou plantados. Alguns problemas identificados foram a baixa capacidade de armazenagem e
de transporte dos agentes envolvidos, falta capital de giro, falta de investimentos para
melhorar a produção e aquisição de equipamentos e falta treinamento para os coletores e
batedores de açaí sobre manipulação adequada do produto.
O segundo maior produto de destaque foi o cacau, cujo setor produtivo local
(VBPα) recebeu R$8,3 milhões, comprou de insumos (VBP) R$48 milhões (62% na esfera
nacional), agregou valor (VAB) na ordem de R$28 milhões, também na esfera nacional com
as indústrias de transformação e o varejo nacional (61%) e, ao final, gerou uma renda bruta
total (RBT) que circulou em toda a cadeia o montante de R$76,7 milhões (apenas 31%
circulada na região do Tocantins junto aos comerciantes do varejo e atacado).
A castanha do brasil, quinto produto ranqueado, teve o setor local produtivo
(VBPα) recebendo o montante de R$730 mil, sendo que foi comprado de insumos (VBP)
R$14 milhões (50% no varejo nacional e 39% na industria de beneficiamento estadual)
concentrado numa economia típica de monopsônio, com valor agregado de R$14,9 milhões
227
(61% na industria de beneficiamento em Belém), e a renda total gerada (RBT) de R$29,2
milhões (50% circulou na esfera nacional e 39% na estadual). Ou seja, somente R$3,2
milhões circularam na região do Tocantins, dos quais R$1,9 milhões no setor de
beneficiamento localizado na região do Tocantins. A margem de lucro da cadeia da castanha
foi uma das mais altas, com 1.942% de mark-up.
O ideal seria que todos os agentes das cadeias conhecessem estes valores
econômicos, principalmente os envolvidos no setor da produção local extrativa, para que
tenham melhor noção sobre a dimensão dos valores que esses produtos atingem.
Alguns produtos não-madeireiros da região estão inseridos no mercado nacional
e/ou internacional, como o cacau, a castanha e o palmito, porém com destino exclusivo, o
que torna a economia local dependente do que acontece nestes mercados, principalmente a
definição dos preços. No entanto, se quisermos alavancar uma economia regional
equilibrada, com base numa produção sustentável, não se pode ter no mercado
internacional ou em determinados nichos nosso único foco.
Diversos produtos têm escala somente local, alguns em quantidades e valores
ainda incipientes (semente de cumaru, urucum, algumas plantas medicinais, leites, tala de
guarumã, paneiro, cipós, breu branco, entre outros). No entanto, demonstram a riqueza da
diversidade regional, o potencial de gerar renda às famílias e de conquistar novos mercados.
A agregação de valor aos produtos identificados ocorre em maior percentual na
escala estadual (52,78%) das cadeias do açaí, castanha, semente de cupuaçu e guarumã. No
caso do cacau e palmito ocorre na escala nacional (23,61%) e, para os 22 outros produtos a
agregação se dá somente na região do Tocantins. Ou seja, somando o VAB Local com o VAB
Estadual temos 76% da agregação de valor total acontecendo dentro do Estado do Pará,
condição essencial para se ter maior autonomia, de induzir políticas para a verticalização das
cadeias, com apoios de crédito para o setor de beneficiamento e transformação, porém em
diversas escalas que permitam beneficiar desde grupos locais, como cooperativas e
associações, assim como empresas de maior porte.
Do total da produção identificada na região, em 10 produtos encontramos a
relação de venda direta dos produtores para o consumidor final local (L) ou estadual (E), ou
seja, sem o atravessador, como os casos do açaí (3,1% L), ou seja, 3,1% de toda a produção
de açaí da região foi vendida diretamente para o consumidor local, cupuaçu (2% L e 6% E),
228
carvão (13% L), castanha (0,7% L), buriti (1% L), mel (46% L e 1% E), bacuri (88% L), bacaba
(6,5% L), andiroba (7% E) e os leites (22% L).
Na busca de melhorias nas cadeias de comercialização destes PFNM, existem
alguns gargalos identificados nos municípios estudados em relação à infraestrutura instalada
que devem receber atenção especial para alavancagem de alguns produtos. Em relação à
infra-estrutura regional dos portos, quase todos devem ser mais bem equipados para o
embarque e desembarque de mercadorias, com adequação sanitária, fiscalização e o ideal é
ter espaço separado para os passageiros. Para interligação da estrada que acessa a região do
Tocantins há necessidade urgente da construção de duas pontes (com larguras que não
ultrapassam 300m) para otimizar o enorme fluxo de transporte de cargas da região (açaí
principalmente) e, especialmente para atender à população que sofre em casos
emergenciais nas travessias das balsas.
A população ribeirinha que vive nas ilhas sofre com a falta de abastecimento de
água e, principalmente, com a falta de energia elétrica, pois apesar de estarem muito perto
de uma enorme fonte de geração de energia (UHE de Tucuruí) não conseguem processar,
beneficiar e armazenar seus produtos.
Em relação à segurança, os produtores e comerciantes reclamam dos assaltos
que acontecem nas cidades e também ao longo dos rios, tanto nas moradias como nas
embarcações, aumentando a sensação de insegurança da população e com aparato policial
instalado insuficiente.
Alguns mercados e feiras dos municípios devem receber melhorias do poder
publico local e estadual, pois são pontos importantíssimos na estratégia de comercialização
dos produtos regionais. Espaços amplos, com piso e barracas de alvenaria, sistema de
ventilação, controle de qualidade dos produtos e condições de higiene adequadas ao volume
de carga circulante. O açaí, por exemplo, campeão na região por geração de renda e ser
alimento básico na dieta regional, deveria ser tratado com mais cuidados. O papel da
iniciativa privada é crucial, pois muitas instalações comerciais são negligenciadas ou por falta
de condições, ou interesse ou por desconhecimento.
No setor de beneficiamento do açaí, os batedores devem receber treinamento e
investimentos de envergadura para adequação dos espaços higienizados, com água potável,
e equipamentos para refrigeração, de tal forma que estas ações melhorem na prestação de
serviços ao consumidor regional.
229
Um problema recorrente identificado em quase todos os setores de quase todas
as cadeias é a necessidade de investimentos em qualificação da mão de obra. Além de
investimentos em tecnologia deste enorme elenco de potencialidades ofertadas na região
na forma de remédios, alimentos, utilidades, artesanatos e inúmeras matérias-primas.
Estimular a identificação das boas práticas de manejo para algumas dezenas, ou centenas de
produtos da região, com apoio de instituições de ensino e pesquisa.
Portanto, o papel de milhares de famílias da região do Tocantins envolvidas em
diversas formas de negociação: como a venda antecipada (“na folha”, caso do cacau), com
contratos informais (“de boca”) ou formais, com troca de mercadoria, com dinheiro “na
mão”, alguns atuando numa economia invisível para as estatísticas oficiais, com formatos
diferenciados de organização, da negociação “corpo a corpo” até as mais organizadas em
associações ou cooperativas, que atuam em mais de um setor das cadeias de
comercialização, demonstram, com mais clareza, como interferem e contribuem no
encadeamento para frente da economia do setor extrativista.
230
5.2 REGIÃO DE INTEGRAÇÃO BAIXO AMAZONAS
5.2.1 CARACTERIZAÇÃO
A Região de Integração Baixo Amazonas abriga um total de 12 municípios (Figura
151), com uma população de aproximadamente 638.582 hab (IDESP, 2009).
FIGURA 151 - Municípios pertencentes a Região de Integração Baixo Amazonas Fonte: SEIR, 2007.
A região é cortada pelo rio Amazonas na confluência com o rio Tapajós. É
portanto uma região voltada preponderantemente para o rio. Nesta região encontra-se um
dos municípios mais tradicionais do interior do estado do Pará, o município de Santarém.
É uma região caracterizada pelo ritmo da navegação nos rios, voltada
principalmente para a zona ribeirinha. No entanto, nos últimos anos a região tem sofrido
uma crescente dinamização, que teve início a partir da exploração da bauxita no vale do Rio
Trombetas, no município de Oriximiná. Outro fator de mudança foi a construção do Porto de
Santarém que abriu portas para o escoamento de vários produtos da região. Nos últimos
anos uma empresa multinacional que atua no setor de agronegócios, a Cargill, se instalou
em Santarém e implantou um porto voltado para o escoamento da produção dos grãos do
231
Centro-Oeste brasileiro e do eixo da BR-163 ou Santarém-Cuiabá (PA), para onde a produção
de soja vem se deslocando. O asfaltamento desta rodovia, que está previsto no PAC, deve
ser um novo fator indutor de um maior dinamismo econômico na região (SEIR,2008).
Em 2007 o Produto Interno Bruto – PIB da Região do Baixo Amazonas somou R$
3.571.678,00mil, ocupando a quarta colocação e participando com um percentual
representativo no estado no valor de 7%. As participações dos setores econômicos
corresponderam a: 13% Agropecuário, 25% Indústria e 61% Serviços. Dentro da composição
do setor agropecuário a participação dos produtos de origem extrativista corresponde a
5,7% (IDESP,2009).
O turismo vem se destacando como atividade econômica e tem como atrações
as praias, cachoeiras, lagos, excursões ecológicas e as numerosas festas folclóricas. Outras
atividades importantes para a economia da região são: a extração de madeira, borracha e
castanha-do-brasil; as culturas de juta, mandioca e arroz; a criação de bovinos, suínos e aves
de granja; a pesca e a indústria de fibras. Em termos de potencialidades econômicas para a
região podem ser destacadas a continuidade dessas atividades econômicas e o avanço da
fruticultura e da cultura de grãos como soja, arroz, feijão e milho (SEIR,2007).
a) Características Gerais
• População Absoluta (IDESP, 2009): 638.582 hab.
• Densidade Demográfica (IDESP, 2007): 2,02 hab/km²
• Produto Interno Bruto - PIB 2007 (IDESP, 2009): R$ 3.571.678,00 mil
• Índice de Desenvolvimento Humano – IDH (2000) : 0,68
• PIB 2007 Per capita (IDESP, 2009): R$ 5.593,00
• Valor Adicionado – Setor Agropecuário (IDESP, 2009): 13 %
• Valor Adicionado – Setor Industrial (IDESP, 2009): 25 %
• Valor Adicionado – Setor Serviços (IDESP, 2009): 61 %
232
5.2.2 ANÁLISES DAS CADEIAS DE COMERCIALIZAÇÃO DOS PRODUTOS FLORESTAIS NÃO-MADEIREIROS
IDENTIFICADOS EM SEIS MUNICÍPIOS DA REGIÃO DE INTEGRAÇÃO DO BAIXO AMAZONAS
De um total de 12 municípios pertencentes à região, foram estudados 6
municípios, a saber: Alenquer, Curuá, Juriti, Óbidos, Oriximiná e Santarém. Foram aplicados
39 questionários juntos a agentes mercantis dos municípios estudados, com pontos
georeferenciados (ainda em análise).
Desse total de questionários aplicados e inseridos no programa Netz, foi possível
gerar 42 circuitos. Também identificamos 35 produtos, classificados em Alimentícios (açaí,
cacau, cajuaçú, castanha do brasil, cupuaçu, bacaba, taperebá, muruci e uxi); Derivado
Animal (mel de abelha com e sem ferrão); Fármacos e Cosméticos (óleo de andiroba, óleo de
copaíba, óleo de cumaru, óleo de piquiá, leite do amapá, leite sucuúba, semente cumaru,
assacu, barbatimão, carapanaúba, mururé, pata de vaca, quinarana, sacaca, súcuba, unha de
gato, ipê roxo e verônica), Artesanatos e Utensílios (cesta timbuí, abano, peneira, paneiro,
tipiti e vassoura regional) e Derivados da madeira (resina de breu branco).
Há necessidade de fechamento de algumas cadeias em outros municípios de
dentro e fora da região do Baixo Amazonas.
Com base na comercialização dos 35 produtos identificados em nossa
amostragem de campo, as produções vendidas e os valores pagos aos produtores da região
foram organizados em ordem decrescente em função do percentual de valor (Tabela 10).
233
TABELA 10 - Produtos florestais não-madeireiros identificados na região do Baixo Amazonas, com quantidade e valor pago à produção local, de acordo com a amostragem realizada em campo (Idesp).
castanha kg 7.538.280,00 8.464.615,00 90,718%
açaí kg 223.920,00 262.548,96 2,814%
cacau kg 35.000,00 160.998,88 1,725%
semente de cumarú kg 23.704,00 148.170,00 1,588%
cupuaçu kg 38.058,64 124.313,84 1,332%
mel kg 8.467,00 92.880,83 0,995%
copaíba litro 2.165,00 26.162,50 0,280%
andiroba litro 815,00 11.725,00 0,126%
Leites*** litro 1.140,00 9.780,00 0,105%
murici kg 3.118,00 8.428,71 0,090%
bacaba kg 6.552,00 7.796,88 0,084%
taperebá kg 2.480,00 5.070,00 0,054%
Plantas medicinais* kg 685,00 4.055,00 0,043%
Utensílios artesanais** Unid 552,00 2.426,77 0,026%
Breu branco kg 150,00 650,00 0,007%
cajuaçú kg 20,00 400,00 0,004%
óleo de piquiá litro 30,00 350,00 0,004%
Uxi kg 20,00 300,00 0,003%
Ipê roxo kg 10,00 50,00 0,001%
Total - 7.885.166,64 9.330.722,37 100%
Produto Unidade Quantidade Valor R$ % Valor R$
Fonte: Idesp/2009 *Tipiti, Vassoura Regional, Paneiro, Peneira, Abano, Cesta Timbuí **Assacu, Barbatimão, Carapanauba, Mururé, Pata de Vaca, Quinarana, Sacaca, Sucuba, Unha de Gato, Verônica *** amapá e sucuúba
As análises econômicas preliminares para cada produto identificado estão
descritas a seguir. Para todos os produtos foram descritos os agentes mercantis envolvidos e
apresentados os preços médios praticados pelos agentes mercantis das cadeias, ilustrados
em figuras que contém os setores que vendem e os setores que compram. . Para alguns
produtos, as análises foram agrupadas por categorias, como no caso das plantas medicinais,
leites e de utensílios artesanais. As análises econômicas contendo os cálculos de valor bruto
da produção (VBP), valor agregado bruto (VAB) e renda bruta total (RBT) gerada e circulada
para cada produto identificado, estão analisadas e apresentadas no ítem 5.2.3 deste
relatório, porém ainda estão na forma de figuras que ilustram tais dados de forma mais
didática.
234
5.2.2.1 CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO DA CASTANHA DO BRASIL
a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização da
castanha do brasil
Os agentes envolvidos na cadeia de comercialização da castanha do brasil na
região do Baixo Amazonas apresentam as seguintes características:
Produção Local: são extratores que efetuam a coleta e a quebra dos ouriços
liberando as sementes para serem comercializadas;
Varejo Rural Local: são atravessadores (ou representantes) que possuem
contratos com empresas de beneficiamento local e estadual, que compram a castanha,
somente na safra, diretamente dos castanheiros;
Indústria de Beneficiamento Local: são empresas que realizam o processamento
industrial da castanha. Os procedimentos e equipamentos utilizados são segredos de cada
indústria. As principais etapas são: armazenagem adequada, limpeza, secagem, separação
(ou seja, a classificação da semente), cozimento, descascamento para obter a amêndoa,
acondicionamento em embalagens aluminizadas e fechadas a vácuo, organizadas em caixas
de papelão, para então serem embarcadas para atender o mercado nacional e internacional;
Indústria de Transformação Local: são empresas que compram as amêndoas
diretamente do produtor local e as transformam em doces;
Atacado Local: este setor é representado pelos atacadistas, representantes de
empresas e associações de coletores de castanhas, localizados nas sedes dos seis municípios,
que adquirem grandes quantidades de castanha do varejo rural (e/ou do produtor);
Varejo Urbano Local: são os feirantes e comerciantes varejistas que
comercializam a castanha na forma de semente para o consumidor final local;
Indústria de Beneficiamento Estadual: unidades de beneficiamento situadas no
âmbito estadual que realizam o processamento industrial da castanha. A presente pesquisa
não conseguiu informações sobre os procedimentos e equipamentos utilizados no
beneficiamento, considerados segredos de empresa. Esse fato é justificado pelo setor ser
oligopolizado;
235
Varejo Urbano Estadual: são comerciantes varejistas que comercializam a
castanha beneficiada para o consumidor final estadual;
.Varejo Urbano Nacional: comércios varejistas situados fora do Estado.
b) Estrutura da quantidade comercializada (%) da castanha do Brasil
Os canais de comercialização da castanha do brasil na região do Baixo Amazonas,
identificados nos seis municípios, se caracterizam por canais complexos, pois abrangem
vários níveis de agentes intermediários entre a produção local até o consumidor final.
O principal canal de comercialização da castanha é formado pelo setor da
indústria de beneficiamento local que compra 80,6% da produção local, vende 0,01% para
o varejista urbano estadual e 95,3% para o varejo urbano nacional.
Outro canal importante é constituído pelo atacadista local, que por sua vez
compra diretamente 15,2% dos produtores e, em seguida, vende quase toda (14,7%) para a
indústria de beneficiamento local e 0,53% para a indústria de beneficiamento estadual.
c) Preço médio praticado nas transações entre diversos agentes mercantis da cadeia da
castanha do brasil (2009)
Os preços de venda praticados pelos extratores de castanha com outros agentes
mercantis variam conforme o volume comercializado, com os valores: R$ 0,80/kg com o
varejo rural, R$1,18/kg com a indústria de beneficiamento local, R$9,47/kg com a indústria
de transformação local e R$0,86/kg com o atacadista local (Figura 152).
236
Figura 152. Preço médio de castanha do brasil (R$ correntes/kg amêndoa seca) praticado nas transações entre diversos setores da cadeia de comercialização, no ano de 2009, em seis municípios da Região do Baixo Amazonas, Estado do Pará.
O setor da indústria de beneficiamento local compra do varejo rural a
R$0,70/kg, do atacado local a R$0,97/kg e direto da produção a R$1,18/kg e, após fazer
todas as etapas do beneficiamento na fábrica, vende ao preço de R$14,50/kg da amêndoa
seca para o varejo urbano estadual e R$11,16/kg para o varejo urbano nacional. Convém
lembrar que todos os preços aqui descritos, para todos os setores, foram convertidos para a
unidade de R$ correntes por kg de amêndoas secas da castanha do brasil.
O preço praticado de venda da castanha pelos varejistas rurais para a indústria
de beneficiamento local é R$0,70/kg, para o varejo urbano local a R$0,90/kg, para a
indústria de beneficiamento estadual a R$1,20/kg e diretamente para os consumidores
locais a R$1,18/kg.
d) Formação dos preços pelos setores envolvidos na comercialização da castanha do Brasil
Na estrutura de formação de preço na cadeia de comercialização da castanha, o
setor da indústria de beneficiamento local compra a 1,06 vezes maior do que o preço
médio praticado à produção local e vende ao preço quase 11,91 vezes maior para o varejo
urbano estadual, que vende ao preço médio de 14,68 vezes maior para o consumidor
estadual.
237
A indústria de transformação local compra a castanha ao preço de 7,43 vezes
maior que o praticado pela produção local e vende a 30,08 vezes a mais para o consumidor
local. O atacado urbano local compra a 0,77 vezes da produção local e vende a 0,07 vezes
mais para a indústria de beneficiamento estadual. O varejo rural paga 0,62 vezes menos à
produção local, vende a 0,07 vezes para a indústria de beneficiamento estadual, que por
sua vez vende a 11,38 vezes para o varejo urbano nacional. O varejo urbano local compra a
0,80 vezes à produção local, vende a 7,02 vezes mais para o consumidor local.
f) Valor Bruto da produção, pela ótica da oferta, na comercialização da castanha do Brasil
Somando todos os valores recebidos pela venda da castanha por todos os
castanheiros dos sete municípios estudados, ou seja, o Valor Bruto de Produção (VBPα) dos
produtores locais foi de R$3,1 milhões, totalizando no final da cadeia (soma de todos os
setores que ofertam na cadeia de comercialização da castanha) em R$112,1 milhões.
Do total do Valor Bruto da Produção R$33,6 milhões pertencem à região
estudada, R$1,7 milhões ao âmbito estadual e R$76,7 milhões ao nacional. Portanto, os
setores que mais ofertaram nos seis municípios são a indústria de beneficiamento (R$29,8
milhões), o atacado (R$418,4 mil), o varejo rural (R$137,8 mil), a indústria de
transformação (R$46,6 mil) e o varejo urbano (R$25,1 mil). O sistema estadual participa
com somente 2% do Valor Bruto da Produção total, sendo o setor da indústria de
beneficiamento que oferta o montante de R$1,7 milhões e o varejo atinge somente R$5,1
mil pelas vendas.
f) Valor Transacionado Efetivo (VTE) que se aproxima do Valor Adicionado Bruto (VAB) gerado na comercialização da castanha do brasil e a margem de comercialização de cada setor (Mark-up)
Ao longo da cadeia até a demanda final o valor de R$76,8 milhões (VAB) foi
adicionado ao produto, correspondendo à margem ou mark-up total de 2.336%.
A indústria de beneficiamento local teve maior participação no valor agregado
local (R$26,7 milhões) com mark-up de 869% e o setor de indústria de transformação
participou com somente R$36,8 mil, mas obteve uma margem significativa de 375%.
238
No âmbito estadual o setor indústria de beneficiamento agrega R$1,6 milhões o
que justifica o mark-up de 1.058%. Este setor é composto por empresas beneficiadoras de
castanha localizadas na região metropolitana de Belém, sendo todas pertencentes à mesma
família tradicional do setor no Estado do Pará.
g) Renda Bruta Total gerada pela ótica da demanda na comercialização da castanha do
brasil
A pesquisa de campo identificou que a Renda Bruta total para a comercialização
da castanha do brasil nos seis municípios estudados foi de R$112 milhões.
Na região estudada uma renda bruta total de R$33,6 milhões foi gerada. A
indústria de beneficiamento local gerou uma renda bruta no valor de R$29,8 milhões,
sendo que R$3 milhões na compra de insumos (em forma de sementes) e R$26,7 milhões
adicionados ao produto. A indústria de transformação local foi responsável pela renda bruta
de R$46,6 mil, pois comprou de insumo as amêndoas de castanha já beneficiadas da
indústria de beneficiamento local por R$9,8 mil e adicionou o montante de R$36,8 mil.
h) Informações complementares sobre a comercialização de castanha do brasil
No estado do Pará existem poucas famílias que comercializam a castanha, como
os Mutran, os Abraão (Oriximiná) e os Florezano (Óbidos).
239
5.2.2.2 CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO DO CACAU
a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização do cacau
Os agentes envolvidos na cadeia de comercialização do cacau do Baixo Amazonas
apresentam as seguintes denominações, considerando a abrangência para o nível local (os
seis municípios), estadual (fora da região do Baixo Amazonas) e nacional (fora do estado do
Pará e do Brasil).
Produção Local: produção primária (ascendente) da agropecuária (plantios) e
extrativista (plantas nativas) dos seis municípios pesquisados que comercializam o cacau
seco ou molhado;
Varejo Rural Local: atravessadores que compram cacau seco ou molhado dos
produtores locais e realizam o beneficiamento primário da amêndoa (fermentação e a
secagem natural do fruto);
Atacado Local: atacadistas ou representantes de empresas de transformação
nacional ou multinacional que transacionam diretamente grandes quantidades de cacau
seco para o âmbito nacional;
Atacado Estadual: atacadistas que transacionam volumosas quantidades de
cacau seco por meio de contratos com as maiores processadoras de cacau do Brasil, ou seja,
do setor da indústria de transformação (multi) nacional;
Indústria de Transformação Nacional: são grandes empresas nacionais e
multinacionais que se dedicam à moagem da amêndoa, extração da manteiga de cacau,
líquor14, torta e o pó de cacau, para depois serem vendidos para as indústrias chocolateiras,
que os transformam em chocolate junto com outros ingredientes, principalmente açúcar e
leite em pó;
Varejo Urbano Nacional: instância de comércio de varejo situada fora do Estado
que vende para o consumidor nacional.
14
O líquor de cacau é uma pasta grossa e viscosa, marrom-escura, quando se prensa obtém a manteiga e o pó de cacau (A NOTICIA, 2008). As porcentagens do chocolate dizem respeito à quantidade de líquor.
240
b) Estrutura da quantidade comercializada (%) do cacau
A cadeia de comercialização do cacau é caracterizada por canais simples,
apresentando apenas três tipos de intermediários que participam do escoamento da
produção identificada do Baixo Amazonas, isto é, do setor da produção até o consumidor
final, são eles: o varejo rural, o atacado local e o atacado estadual.
Os atacadistas locais compram exclusivamente dos produtores 80% da produção
identificada e vendem diretamente para a indústria de transformação nacional. Outro
intermediário importante na cadeia, o varejista rural (atravessadores), compra 20% do total
da produção identificada, sendo toda comercializada com os atacadistas da região do Xingu
(Municípios de Medicilândia e Altamira).
c) Preço médio praticado nas transações entre diversos agentes mercantis da cadeia do
cacau (2009)
O cacau é uma commodity cujos preços são determinados pelo movimento das
duas principais bolsas internacionais (Nova York e Londres), apresentando assim um alto
índice de instabilidade, como pode ser observado na flutuação do preço, ao longo de 2008,
no mercado internacional (Figura 153).
Figura 153. Variação de preço do cacau no mercado internacional, com base na Bolsa de Nova York, 2008.
Fonte: Bolsa de New York, 2008.
241
Os preços médios de venda de insumo (cacau) praticados pelos produtores
locais com o varejo rural e com o atacado local são os mesmos, em média R$4,60/kg do
fruto. Por outro lado, o preço de venda praticado pelo atacado local com a indústria de
transformação nacional atinge em média R$5,50/kg.
Em relação ao preço de venda praticado pelo varejo rural com os atacadistas
estaduais (Região do Xingu) chega somente a R$4,80/kg, e revende para o âmbito nacional a
R$5,20/kg.
Figura 154. Preço médio do cacau (R$ correntes/kg amêndoas secas) praticado nas transações entre diversos setores da cadeia de comercialização, no ano de 2009, em seis municípios da Região do Baixo Amazonas, Estado do Pará.
c) Formação dos preços pelos setores envolvidos na comercialização do cacau
Os atacadistas locais revendem o cacau a 0,09 vezes para o próprio setor, que
revende com valor 0,20 vezes maior para a indústria de transformação nacional, que vende
ao varejo urbano nacional a 1,28 vezes mais, ficando ao consumidor final um preço 2,34
vezes maior que o praticado pelo produtor local de cacau da região do Baixo Amazonas. Por
outro lado, o varejo rural vende para o atacado estadual ao preço 0,13 vezes maior, que
revende à indústria de transformação nacional a 1,28 vezes maior em relação ao preço da
produção local.
242
d) Valor Bruto da produção, pela ótica da oferta, na comercialização do cacau
Somando todos os valores recebidos pela venda do cacau por todos os
produtores da região do Baixo Amazonas, ou seja, o Valor Bruto de Produção local (VBPα) foi
de R$426,5 mil, do varejo rural local de R$89 mil, do atacado local de R$778,8 mil e,
gerando R$1,3 milhões nas vendas do cacau na região estudada que representa 34% do
total gerado, sob a ótica da oferta.
Em relação aos R$96,4 mil gerados na venda do cacau no Estado do Pará (3% do
total gerado) o único setor que oferta é o atacadista (atravessadores e representantes das
indústrias moageiras nacionais).
No mercado nacional foram gerados R$2,4 milhões na venda do cacau fora do
estado, representando 63% do total gerado, sendo que o varejo urbano nacional foi
responsável pelas vendas com R$1,4 milhões e a indústria de transformação com R$970,7
mil.
f) Valor Transacionado Efetivo (VTE) que se aproxima do Valor Adicionado Bruto (VAB) gerado na comercialização do cacau e a margem de comercialização de cada setor (Mark-up)
Ao longo da cadeia de comercialização do cacau da produção local até a
demanda final, o valor de R$1,4 milhões foram adicionados (VAB) ao fruto, correspondendo
à margem de agregação ao produto na comercialização ou mark-up total de 234%.
Este mark-up total foi calculado a partir do VAB total (R$1,4 milhões), menos o
VBP da produção local (R$ 426,5 mil), dividido pelo VBP da produção local. Essa margem
mostra, em termos relativos, o valor adicionado na cadeia toda a partir da produção
primária (Setor α).
Do total do valor adicionado dos seis municípios, o setor com maior participação
foi o atacado com R$66,7 mil (mark-up de 4%) e o varejo rural com R$3,7 mil (mark-up de
9%).
Portanto, do total do valor adicionado o sistema estadual participa com somente
1%, ficando o âmbito nacional responsável pela maior parte da agregação 65%.
243
g) Renda Bruta Total gerada pela ótica da demanda na comercialização do cacau
Do somatório dos setores que compram e que também adicionam valor ao
produto foram movimentados no total R$3,8 milhões que equivalem à renda bruta gerada
na comercialização do cacau, sendo o mercado (inter-) nacional responsável por 63%, o
local por 34% e o estadual por 3%.
Na região estudada o atacado local gerou a renda bruta total do setor de
R$778,8 mil, pois comprou em insumos R$712 mil e agregou pouco valor ao produto na
ordem de R$66,7 mil. Assim como o setor do varejo rural gerou renda bruta no valor de
R$88 mil, com compra de cacau na ordem de R$85 mil e adicionou apenas R$3,7 mil.
Na esfera estadual o atacado comprou cacau no valor de R$89 mil, adicionou
apenas R$7,4 mil e alcançou uma renda bruta total no valor de R$96,4 mil. Este setor na
realidade agrega pouco valor ao produto, porém compensa pelo grande volume
transacionado por meio de contratos com as indústrias moageiras nacionais.
Destaca-se que a indústria de transformação nacional foi a maior demandante
de cacau da região do Baixo Amazonas, atingindo uma renda bruta total de R$970 mil, sendo
R$504 mil para a compra de insumos (pois os valores foram obtidos pela presente pesquisa
junto ao setor) e R$466 mil o valor adicionado (estimado) ao produto.
5.2.2.3 CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO DO AÇAÍ
a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização do açaí
A descrição dos agentes mercantis identificados na cadeia de comercialização do
açaí, considerando somente o nível local (os seis municípios pesquisados).
Produção Local: produção primária dos cultivos e do extrativismo dos açaizais
nos seis municípios da região do Baixo Amazonas;
244
Indústria de Beneficiamento Local: pequenos comerciantes que realizam o
processamento do açaí in natura utilizando máquinas despolpadeiras, chamados de
“batedores de açaí”, que vendem diretamente a polpa do açaí para os consumidores locais.
b) Estrutura da quantidade comercializada (%) do açaí
A cadeia de comercialização do açaí identificada pela pesquisa é simples. O único
canal de comercialização do açaí é constituído pela compra direta da indústria de
beneficiamento local com os produtores, no qual processam o açaí na forma de polpa ou
“vinho” e vendem somente para o consumo local.
c) Preço médio praticado nas transações entre diversos agentes mercantis da cadeia do açaí (2009)
Os batedores locais de açaí (indústria de beneficiamento) compram o açaí por
R$1,17/kg dos produtores e vendem em média a R$2,31/kg para os consumidores locais
(Figura 155).
Figura 155. Preço médio do açaí (R$ correntes/kg de frutos in natura) praticado nas transações entre diversos setores da cadeia de comercialização, no ano de 2009, em seis municípios da Região do Baixo Amazonas, Estado do Pará.
d) Formação dos preços pelos setores envolvidos na comercialização do açaí
245
O preço praticado pelo setor da indústria de beneficiamento local é equivalente
a 0,97 vezes maior que o preço médio recebido pelos produtores.
e) Valor Bruto da Produção, pela ótica da oferta, na comercialização do açaí
Na cadeia de comercialização do açaí a produção local gerou um Valor Bruto da
Produção (VBPα) de R$1,4 mil. Sendo que nesta cadeia o único setor ofertante é a indústria
de beneficiamento com R$2,8 mil.
f) Valor Transacionado Efetivo (VTE) que se aproxima do Valor Adicionado Bruto (VAB) gerado na comercialização do açaí e a margem de comercialização de cada setor (Mark-up)
Ao longo da cadeia de comercialização do açaí da produção local do Baixo
Amazonas até a consumo final, o valor de R$2,8 mil foram adicionados (VAB) ao produto
açaí, correspondendo à margem de agregação ao produto na comercialização ou mark-up
total de 97%.
g) Renda Bruta Total gerada pela ótica da demanda na comercialização do açaí
A Renda Bruta Total (RBT) gerada na comercialização do açaí nos seis municípios
estudados foi de R$4,3 mil. A indústria de beneficiamento local foi responsável pela renda
bruta total de R$2,8 mil, pois comprou de insumo o açaí fruto in natura por R$1,4 mil e
adicionou também R$1,4 mil.
5.2.2.4 CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO DO CUPUAÇU
a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização do
cupuaçu
246
Os agentes envolvidos na cadeia de comercialização do cupuaçu na região do
Baixo Amazonas apresentam as seguintes características:
Produção Local: composta por agentes responsáveis pela oferta do produto in
natura, que são provenientes de cultivos ou de ocorrência natural. Em alguns casos os
produtores realizam beneficiamento primário (despolpamento dos frutos feito com tesoura)
para obtenção de melhor preço de venda;
Varejo Rural Local: são atravessadores que compram o cupuaçu in natura ou
polpa dos produtores. A maioria deles faz o despolpamento e vende para diferentes
agentes;
Indústria de Transformação Local: são pequenas empresas que realizam
transformação do cupuaçu in natura em outros produtos finais como sorvetes, sucos, doces
entre outros;
Varejo Urbano Local: são pequenos comerciantes varejistas (supermercado ou
feirantes) que transacionam o fruto in natura ou na forma de polpa e vendem para o
consumidor final local.
b) Estrutura da quantidade comercializada (%) do cupuaçu
Os canais de comercialização do cupuaçu, identificados nos seis municípios, se
caracterizam por canais simples, pois abrangem somente três níveis de agentes
intermediários entre a produção local até o consumidor final local.
O principal nível de canal de comercialização do cupuaçu identificado com
maiores quantidades é composto pelo setor varejista urbano local que comercializa 94,6%
da quantidade do fruto identificado, que compra exclusivamente de produtores os frutos in
natura ou na forma de polpa e vende exclusivamente para o consumidor local.
Além disso, o produtor comercializa 5,23% da produção identificada diretamente
para a indústria de transformação local, na maioria das vezes, o fruto in natura. O setor do
varejo rural compra somente 0,2% da produção do fruto in natura e vende a polpa de forma
artesanal para o consumidor local.
c) Preço médio praticado nas transações entre diversos agentes mercantis da cadeia do cupuaçu (2009)
247
O preço médio de compra de insumo (cupuaçu) praticado pelas indústrias de
transformação locais com os produtores foi de R$5,89/kg (Figura 156). Por outro lado, o
preço de venda praticado por este setor com o consumidor local atinge em média
R$37,01/kg. O varejo rural compra da produção a R$4,00/kg e vende ao consumidor local a
R$6,00/kg. A venda do cupuaçu pelo setor do varejo urbano local com os consumidores
locais também chega a R$6,00/kg
Figura 156. Preço médio do cupuaçu (R$ correntes/kg de polpa) praticado nas transações entre diversos setores da cadeia de comercialização, no ano de 2009, em seis municípios da Região do Baixo Amazonas, Estado do Pará.
d) Formação dos preços pelos setores envolvidos na comercialização do cupuaçu
A formação do preço do cupuaçu do produtor local até os consumidores locais
passando pelos setores intermediários locais apresenta grandes variações. O preço de venda
praticado pelos varejistas rurais e varejistas urbanos locais com os consumidores da região
estudada atinge o equivalente a 1,84 vezes do preço médio recebido pelos produtores. A
indústria de transformação local vende direto para o consumidor local ao preço 11,33 vezes
maior, porque se trata de produtos com alto valor agregado.
e) Valor Bruto da Produção, pela ótica da oferta, na comercialização do cupuaçu
248
O Valor Bruto da Produção (VBPα) do setor produtivo de cupuaçu da região
estudada alcançou R$28,3 mil, da indústria de transformação local foi de R$16,6 mil, do
varejo urbano local R$48,8 mil e do varejista rural R$94,9, gerando no âmbito local um total
de R$93,6 mil nas vendas do cupuaçu.
f) Valor Transacionado Efetivo (VTE) que se aproxima do Valor Adicionado Bruto (VAB) gerado na comercialização do cupuaçu e a margem de comercialização de cada setor (Mark-up)
O Valor Adicionado Bruto (VAB) total foi de R$65,6 mil ao longo da cadeia do
fruto, correspondendo à margem de agregação ao cupuaçu ou mark-up total de 133%. O
setor que apresenta participação considerável na agregação de valor é o varejo urbano local
que adiciona R$23,4 mil, e apresenta o mark-up de 92%. A participação da indústria de
transformação local foi de somente R$13,9 mil, com destaque no mark-up considerável de
528% devido o preço de compra de insumo ser muito baixo.
Finalmente, os produtores locais adicionam o montante de R$28,1 mil, pois
realizam o beneficiamento primário do cupuaçu em polpa.
g) Renda Bruta Total gerada pela ótica da demanda na comercialização do cupuaçu
O resultado da alta margem de comercialização no sistema local justifica o
montante de Renda Bruta total gerada nos seis municípios na ordem de R$93,6 mil. O
varejo urbano local gerou R$48,8 mil de renda, pois comprou R$25,4 mil de insumo e
agregou R$24,3 mil ao produto. Enquanto que a indústria de transformação local gerou
uma renda na ordem de R$16,6 mil, sendo R$2,6 mil em insumos e R$13,9 mil no valor
adicionado.
5.2.2.5 CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO DA BACABA
249
a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização da bacaba
Os agentes envolvidos na cadeia de comercialização da bacaba na região do
Baixo Amazonas apresentam as seguintes características:
Produção Local: produção primária da agropecuária e extrativista dos seis
municípios;
Indústria de Beneficiamento Local: empresa que realiza o processamento
industrial da bacaba in natura, ou seja, são pequenos comerciantes que utilizam máquinas
despolpadeiras do açaí para obter a polpa da bacaba, que é vendida diretamente para os
consumidores locais.
b) Estrutura da quantidade comercializada (%) da bacaba
O canal de comercialização da bacaba identificado nos seis municípios se
caracteriza por canal simples de distribuição. A indústria de beneficiamento local compra
100% da produção identificada e vende diretamente para o consumo local. São batedores de
açaí que também beneficiam e comercializam a bacaba de maneira semelhante ao açaí.
c) Preço médio praticado nas transações entre diversos agentes mercantis da cadeia da
bacaba (2009)
O preço médio de venda de insumo (bacaba) praticado pelo setor da produção
local com as indústrias de beneficiamento locais atinge R$1,19/kg (Figura 157). O preço
médio adotado pela venda da indústria de beneficiamento para o consumidor local é de
R$2,29/kg conforme o rendimento do fruto.
250
Figura 157. Preço médio de bacaba (R$ correntes/kg de polpa) praticado nas transações entre diversos setores da cadeia de comercialização, no ano de 2009, em seis municípios da Região do Baixo Amazonas, Estado do Pará.
d) Formação dos preços pelos setores envolvidos na comercialização da bacaba
A indústria de beneficiamento local vende a 1,92 vezes maior para o consumidor
local, em relação ao preço pago ao produtor.
e) Valor Bruto da produção, pela ótica da oferta, na comercialização da bacaba
Na cadeia de comercialização da bacaba a produção local gerou um Valor Bruto
da Produção (VBPα) de R$7 mil e a indústria de beneficiamento local gerou VBP de R$13,5
mil.
f) Valor Transacionado Efetivo (VTE) que se aproxima do Valor Adicionado Bruto (VAB) gerado na comercialização da bacaba e a margem de comercialização de cada setor (Mark-up)
O Valor Agregado Bruto (VAB) total da bacaba ao longo da cadeia foi de R$13,5
mil para os seis municípios, correspondendo à margem ou mark-up de 92%. A indústria de
251
beneficiamento local participou com R$6,5 mil e obteve uma margem de comercialização na
cadeia, ou seja, mark-up de 92%.
g) Renda Bruta Total gerada pela ótica da demanda na comercialização da bacaba
A Renda Bruta Total identificada pela pesquisa foi de R$20,5 mil sendo que do
total o setor da produção local gerou o equivalente a R$7 mil, sendo que a indústria de
beneficiamento local foi responsável por R$13,5 mil, pois comprou de insumo cerca de R$7
mil e agregou o montante de R$6,5 mil.
5.2.2.6 CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO DO CAJUAÇU
a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização do cajuaçú
Os agentes mercantis identificados, apenas na esfera local, foram:
Produção Local: produção extrativista dos seis municípios que comercializam o
fruto na safra;
Varejo Urbano Local: são feirantes que realizam a venda do fruto in natura para
o consumidor local.
b) Estrutura da quantidade comercializada (%) do cajuaçu e Formação dos preços pelos
setores envolvidos
O varejo urbano local comercializa 100% da quantidade identificada do fruto,
que é comprada diretamente dos produtores e vendida exclusivamente para os
consumidores locais. O varejo urbano local vende o cajuaçu para o consumidor local a 0,88
vezes maior que o preço de referência praticado pela produção local.
252
c) Preço médio praticado nas transações entre diversos agentes mercantis da cadeia do cajuaçu (2009)
O preço médio de venda do cajuaçu praticado pelos produtores com o varejo
urbano local é de R$20,00/kg do fruto, e o preço de venda desses para com os
consumidores locais atingem o valor de R$37,50/kg (Figura 158).
Figura 158. Preço médio de cajuaçu (R$ correntes/kg de fruto in natura) praticado nas transações entre diversos setores da cadeia de comercialização, no ano de 2009, em seis municípios da Região do Baixo Amazonas, Estado do Pará.
d) Valor Bruto da produção, pela ótica da oferta, na comercialização do cajuaçu
Na cadeia de comercialização do cajuaçu a produção local gerou um Valor Bruto
da Produção (VBPα) de R$360,49, totalizando ao final da cadeia R$1 mil. O único ofertante
da cadeia é o varejo urbano local com R$675,93.
e) Valor Transacionado Efetivo (VTE) que se aproxima do Valor Adicionado Bruto (VAB) gerado na comercialização do cajuaçu e a margem de comercialização de cada setor (Mark-up)
253
O Valor Agregado (ou Adicionado) Bruto do cajuaçu totalizou R$675,93. O varejo
urbano local agregou no produto apenas R$315,43 mil, atingindo uma margem bruta de
88%, justificado pela comercialização in natura do fruto.
f) Renda Bruta Total gerada pela ótica da demanda na comercialização do cajuaçu
A Renda Bruta Total identificada pela pesquisa na comercialização do cajuaçu foi
de somente R$1 mil. O varejo urbano local foi responsável pela renda bruta de R$675,93,
pois comprou de insumo R$360,49 e adicionou R$315,43 e o produtor local gerou o
equivalente R$360,49.
5.2.2.7 CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO DO TAPEREBÁ
a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização do Taperebá
Os agentes envolvidos na cadeia de comercialização do taperebá, na região do
Baixo Amazonas, atuam somente na escala local e apresentam as seguintes características:
Produção Local: produção extrativista dos municípios estudados que
comercializam o taperebá in natura;
Varejo Rural Local: são atravessadores que compram o taperebá in natura na
safra. A maioria deles realiza beneficiamento primário (despolpamento dos frutos
manualmente) para obtenção de melhor preço de venda;
Indústria de Transformação Local: são pequenas empresas que realizam
transformação do taperebá in natura ou da polpa em outros produtos finais como sorvetes,
sucos, doces entre outros;
Varejo Urbano Local: são feirantes que realizam a venda do taperebá in natura
para o consumo local.
b) Estrutura da quantidade comercializada (%) do Taperebá
254
O varejo urbano local comercializa 60,5% da quantidade identificada do fruto,
que é comprado diretamente dos produtores e vendido exclusivamente para os
consumidores locais. A indústria de transformação local (sorveterias, restaurantes e mini
agroindústrias) é responsável pela comercialização de 6% da produção identificada. Destaca-
se também o volume comercializado pelos varejistas rurais com os consumidores locais, na
ordem de 33,4% da produção identificada.
c) Preço médio praticado nas transações entre diversos agentes mercantis da cadeia do Taperebá (2009)
O preço médio de venda do fruto de taperebá in natura praticado pelos
produtores com o varejo rural é de R$1,95/kg, com a indústria de transformação é de
R$4,00/kg e com o varejo urbano local atinge R$1,90/kg (Figura 159). O preço médio
adotado pelo varejo urbano local e varejo rural com os consumidores locais atinge
R$6,00/kg e R$3,90/kg do fruto in natura respectivamente. Enquanto, que o preço de venda
da indústria de transformação local para o consumidor local atinge em média R$8,00/kg.
Figura 159. Preço médio de taperebá (R$ correntes/kg de polpa) praticado nas transações entre diversos setores da cadeia de comercialização, no ano de 2009, em seis municípios da Região do Baixo Amazonas, Estado do Pará.
255
d) Formação dos preços pelos setores envolvidos na comercialização do Taperebá
O varejo urbano local vende a 2,93 vezes do preço médio recebido pelos
produtores para o consumidor local. O varejo rural vende a 0,91 vezes que o preço de
referencia da produção local e a indústria de transformação vende a 2,91 vezes também
para o consumo local.
e) Valor Bruto da produção, pela ótica da oferta, na comercialização do Taperebá
Na cadeia de comercialização do taperebá a produção local gerou um Valor
Bruto da Produção (VBPα) de R$4,5 mil, pela sua oferta. Sendo que nesta cadeia os setores
ofertantes são o varejo urbano local com R$8,1 mil, o varejo rural com R$2,9 mil e a
indústria de transformação local com R$1 mil somente.
f) Valor Transacionado Efetivo (VTE) que se aproxima do Valor Adicionado Bruto (VAB) gerado na comercialização do Taperebá e a margem de comercialização de cada setor (Mark-up)
O Valor Agregado Bruto do taperebá totalizou R$12,1 mil, atingindo o mark-up
total de 165%. O varejo urbano local foi responsável pela maior agregação com R$5,5 mil,
com margem bruta de 216%, o varejo rural agregou pouco (R$1 mil) e apresenta uma
margem de apenas 100% e a indústria de transformação agregou somente R$540,7.
g) Renda Bruta Total gerada pela ótica da demanda na comercialização do Taperebá
A Renda Bruta Total identificada pela pesquisa foi de R$16,7 mil sendo que do
total o varejo urbano foi responsável por R$8,1 mil, pois comprou o fruto in natura por
R$2,5 mil e agregou R$5,5 mil ao fruto já embalado para o consumo final local. O varejo
rural atingiu uma renda bruta total de R$2,9 mil, dos quais R$1,5 equivalem à compra do
fruto in natura e também ao valor adicionado.
256
5.2.2.8 CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO DO MURUCI
a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização do Muruci
Os agentes envolvidos na cadeia de comercialização do muruci na região do
Baixo Amazonas apresentam as seguintes características:
Produção Local: produção primária e extrativista dos seis municípios;
Varejo Rural: pequenos comerciantes que compram o muruci in natura dos
produtores e são denominados de atravessadores;
Indústria de Transformação Local: são pequenas empresas que realizam
transformação do murici in natura ou da polpa em outros produtos finais como sorvetes,
sucos, doces entre outros;
Varejo Urbano Local: são feirantes que realizam a venda do murici in natura para
o consumo local.
b) Estrutura da quantidade comercializada (%) do Muruci
Os canais de comercialização do muruci, identificados nos seis municípios, se
caracterizam por canais simples, pois abrangem somente três agentes intermediários que
participam da comercialização do fruto. O principal nível de canal de comercialização do
muruci é a venda direta do varejo urbano para o consumidor local comercializando 64% da
produção identificada. Outros canais importantes são compostos pela indústria de
transformação que compra 21% do produtor e vende diretamente para o consumo local, e o
setor do varejo rural que comercializa o montante de 15% da produção identificada do
fruto.
c) Preço médio praticado nas transações entre diversos agentes mercantis da cadeia do Muruci (2009)
O preço médio praticado pelo produtor com o varejo rural é R$2,57/kg do fruto
de muruci, com o varejo urbano local é de R$2,25/kg e com a indústria de transformação
257
local atinge R$4,19/kg (Figura X). Em relação aos preços de venda praticados pelos setores
intermediários com os consumidores locais são: do varejo rural em média a R$4,21/kg, do
varejo urbano local a R$8,00/kg e da indústria de transformação equivale a R$29,82/kg.
Figura 160. Preço médio de muruci (R$ correntes/kg de polpa) praticado nas transações entre diversos setores da cadeia de comercialização, no ano de 2009, em seis municípios da Região do Baixo Amazonas, Estado do Pará.
d) Formação dos preços pelos setores envolvidos na comercialização do Muruci
O preço praticado pela venda do setor varejista rural com o consumidor local é
de 0,6 vezes do preço praticado pela produção local, e o varejista urbano vende para o
consumidor local ao preço de 1,96 vezes maior que o pago ao produtor. No caso da
indústria de transformação local revende para o consumidor local ao valor de 1,03 vezes
maior do que pago ao produtor.
e) Valor Bruto da produção, pela ótica da oferta, na comercialização do Muruci
O Valor Bruto da Produção (VBPα) dos produtores identificados nos seis
municípios atingiu R$7,6 mil, enquanto que o VBP de todos os setores chega a R$41,3 mil.
258
Os setores que mais ofertam são a indústria de transformação com R$17,5 mil, o varejo
urbano local com R$14,4 mil e o varejo rural com R$1,7 mil.
f) Valor Transacionado Efetivo (VTE) que se aproxima do Valor Adicionado Bruto (VAB) gerado na comercialização do Muruci e a margem de comercialização de cada setor (Mark-up)
Na cadeia de comercialização do muruci foi agregado ao fruto um valor de
R$33,7 mil, subtraindo o VAB total (R$ 33,7 mil) do VBP da produção local (R$ 7,6 mil) e
dividindo o resultado pelo VBP da produção local, obtemos uma margem de agregação de
343%.
Do VAB total a indústria de transformação local foi responsável por R$123 mil
no qual o produtor consegue agregar R$120,1 mil e o varejo rural com R$15 mil
apresentando o mark-up de 12%. Por outro lado, o varejista rural agrega um valor de R$10,3
mil atingindo a maior margem de comercialização da cadeia de 256%.
g) Renda Bruta Total gerada pela ótica da demanda na comercialização do Muruci
A Renda Bruta Total identificada pela pesquisa na comercialização do muruci foi
de R$ 41,3 mil. O setor da produção local gerou o equivalente a R$7,6 mil, o varejo urbano foi
responsável pela renda bruta de R$14,4 mil, pois comprou de insumo R$4 mil e adicionou o
montante de R$10 mil e a indústria de transformação atingiu uma renda bruta total de
R$17,5 mil, dos quais R$2,4 mil equivalem à compra de insumos e R$15 mil ao valor
adicionado.
5.2.2.9 CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO DO UXI
a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização do uxi
259
Os agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização do uxi atuam
somente no nível local, conforme descrição a seguir:
Produção Local: composta por extrativistas locais que fazem a coleta do fruto em
suas áreas de ocorrência;
Varejo Urbano Local: são comerciantes que compram o fruto in natura dos
extrativistas locais e revendem para o consumidor final local.
b) Estrutura da quantidade comercializada (%) e formação dos preços pelos setores envolvidos na comercialização do uxi
A cadeia de comercialização do uxi é bem simples e linear, fica restrita à própria
região e é composta pelo setor do varejo urbano local, que compra 100% dos frutos
coletados diretamente da produção local e vende para o consumidor local. Na formação de
preço do uxi o varejo urbano local vende ao consumidor local ao preço de 1,50 vezes maior
que o preço pago de referencia ao produtor.
c) Preço médio praticado nas transações entre diversos agentes mercantis da cadeia do uxi
O varejo urbano compra do uxi a R$15,00/kg do produtor local e vende ao
consumidor local a R$37,50/kg (Figura 161).
260
Figura 161 - Preço médio de uxi (R$ correntes/kg de polpa) praticado nas transações entre diversos setores da cadeia de comercialização, no ano de 2009, em seis municípios da Região do Baixo Amazonas, Estado do Pará.
d) Valor Bruto da produção, pela ótica da oferta, na comercialização do Uxi
O Valor Bruto da Produção (VBPα) dos produtores da região alcançou apenas
R$270,37, enquanto que o varejo urbano local ofertou o equivalente a R$675,93 totalizando
no final da cadeia em R$946,3 pelas vendas do fruto.
e) Valor Transacionado Efetivo (VTE) que se aproxima do Valor Adicionado Bruto (VAB) gerado na comercialização do Uxi e a margem de comercialização de cada setor (Mark-up)
O Valor Agregado (ou Adicionado) Bruto do fruto totalizou apenas R$675,93 no
final da cadeia de comercialização. O varejo urbano local adicionou ao fruto um valor de
R$405,56.
g) Renda Bruta Total gerada pela ótica da demanda na comercialização do uxi
Os dados levantados mostram que a comercialização do uxi gerou Renda Bruta
Total de R$946,30, o produtor gerou R$270,37 somente pela comercialização in natura
desse fruto e o varejo urbano (feirantes) gerou R$675,93, sendo R$270,37 pela compra do
fruto e R$405,56 de adição de valor.
5.2.2.10 CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO DO MEL
a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização do mel
Os agentes mercantis identificados na cadeia de comercialização do mel foram:
Produção Local: produção primária de mel com base no manejo das abelhas
(apicultura) que utilizam a flora local como pasto, para a produção do mel da região do Baixo
261
Amazonas. A produção pode vir de indivíduos ou associações de apicultores que realizam o
beneficiamento do mel;
Indústria de Transformação Local: pequena empresa que produz comprimidos
de mel com copaíba ou andiroba para fins medicinais;
Atacado Local: cooperativa e associações de apicultores que realiza o
beneficiamento e vende diretamente para o consumidor local;
Varejo Urbano Local: comerciantes (alguns feirantes) que compram o mel da
produção local e vendem para os consumidores locais e estaduais.
b) Estrutura da quantidade comercializada (%) do mel
É interessante notar que o produtor de mel (apicultor) vende 3% da sua
produção local direto para o consumidor local. A produção local também vende 44% para o
varejo rural, 38% para o atacado local, 13% para o varejo urbano local e 1,5% para a
indústria de transformação.
c) Preço médio praticado nas transações entre diversos agentes mercantis da cadeia do mel
(2009)
Os preços de venda praticados pelos apicultores (Figura 162) variam conforme o
volume comercializado, no caso com o varejo rural atinge R$5,00/kg, com a indústria de
transformação local a R$19,59/kg, com o atacadista local a R$15,15/kg, com o varejista
urbano local a R$13,87/kg e com os consumidores locais atinge em média R$29,72/kg.
O varejo rural vende ao preço médio R$5,00/kg para o varejo urbano local. A
indústria de transformação local vende ao consumidor local a R$140,55/kg devido à alta
agregação de valor. O varejo urbano local vende ao consumidor local a R$14,96/kg
enquanto que o atacadista local vende a R$15,15/kg do mel para o consumidor local.
262
Figura 162 - Preço médio de mel (R$ correntes/kg in natura) praticado nas transações entre diversos setores da cadeia de comercialização, no ano de 2009, em seis municípios da Região do Baixo Amazonas, Estado do Pará.
d) Formação dos preços pelos setores envolvidos na comercialização do mel
O varejo rural vende ao consumidor local ao preço de 0,46 vezes menor que o
preço pago ao produtor, a indústria de transformação local vende direto para o consumidor
estadual a 11,81 vezes mais, enquanto o varejo urbano local vende a 0,36 vezes para o
consumidor local.
e) Valor Bruto da produção, pela ótica da oferta, na comercialização do mel
Somando todos os valores recebidos pela venda do mel por todos os apicultores
dos seis municípios, o Valor Bruto de Produção local (VBPα) foi de R$63,2 mil, do varejo
rural local foi de R$12,7 mil, do atacado local de R$33,5 mil, varejo urbano local de R$48,4
mil e da indústria de transformação de R$12,1mil, gerando R$171 mil pela oferta do mel na
região do Baixo Amazonas.
263
f) Valor Transacionado Efetivo (VTE) que se aproxima do Valor Adicionado Bruto (VAB) gerado na comercialização do mel e a margem de comercialização de cada setor (Mark-up)
Ao longo da cadeia de comercialização do mel da produção local até a demanda
final local, o valor de R$99,9 mil foi adicionado (VAB) ao produto mel.
O valor adicionado da cadeia do mel só acontece no sistema local, o produtor
adiciona o maior valor na cadeia, equivalente a R$63,2 mil, realizando o beneficiamento
primário para obtenção de melhor preço de venda. Outros setores apresentam também
participação na agregação de valor como o varejista urbano que adiciona um montante de
R$26,2 mil, o que justifica o mark-up de 113%, pois estes feirantes compram o mel em
grandes quantidades e fracionam para a venda em frascos menores. Assim como a indústria
de transformação com R$10,4 mil que apresentam o maior mark-up da cadeia de
comercialização na ordem de 618%.
g) Renda Bruta Total gerada pela ótica da demanda na comercialização do mel
A Renda Bruta total gerada pela comercialização do mel produzido e identificado
nos seis municípios foi movimentada somente na região estudada, atingindo um valor de
R$171 mil. O setor da produção local gerou a maior renda na ordem de R$63,2 mil
comparada aos demais setores, pois realizam o beneficiamento do mel, que torna rentável a
atividade da apicultura para a região. O setor do varejo urbano local (feirantes) gerou uma
renda de R$48,4 mil, pois comprou R$23 mil de insumo e agregou R$26 mil ao produto, pois
somente fraciona o mel em embalagens menores. A indústria de transformação gerou R$12
mil, sendo R$1,6 mil em insumos e R$10,5 mil no valor adicionado.
264
5.2.2.11 CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO DO BREU BRANCO
a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização de Breu
Branco
Os agentes mercantis identificados, apenas na esfera local, foram:
Produção Local: produção extrativista dos seis municípios que comercializam a
resina do breu branco;
Varejo Urbano Local: são feirantes que realizam a venda da resina pronta para
calafetar barcos e espantar insetos para o consumidor local.
b) Estrutura da quantidade comercializada (%) de Breu Branco e Formação dos preços pelos
setores envolvidos
O varejo urbano local comercializa 100% da quantidade identificada da resina de
breu branco, que é comprada diretamente dos produtores e vendida exclusivamente para os
consumidores locais. O varejo urbano local vende a resina de breu branco para o
consumidor local a 1,81 vezes maior que o preço de referencia praticado pela produção
local.
c) Preço médio praticado nas transações entre diversos agentes mercantis da cadeia de breu branco (2009)
O preço médio de venda de breu branco praticado pelos produtores com o
varejo urbano local é de R$4,33/kg da resina, e o preço de venda desses para com os
consumidores locais atinge o valor de R$12,19/kg (Figura 163).
265
Figura 163 - Preço médio de breu branco (R$ correntes/kg de resina) praticado nas transações entre diversos setores da cadeia de comercialização, no ano de 2009, em seis municípios da Região do Baixo Amazonas, Estado do Pará.
d) Valor Bruto da produção, pela ótica da oferta, na comercialização de breu branco
Na cadeia de comercialização da resina do breu branco a produção local gerou
um Valor Bruto da Produção (VBPα) de R$975, totalizando ao final da cadeia R$3,7 mil. O
único ofertante da cadeia é o varejo urbano local com R$2,7 mil.
e) Valor Transacionado Efetivo (VTE) que se aproxima do Valor Adicionado Bruto (VAB) gerado na comercialização de breu branco e a margem de comercialização de cada setor (Mark-up)
O Valor Agregado (ou Adicionado) Bruto do breu branco totalizou R$2,7 mil. O
varejo urbano local agregou no produto apenas R$1,7 mil, atingindo uma margem bruta de
181%.
f) Renda Bruta Total gerada pela ótica da demanda na comercialização de breu branco
A Renda Bruta Total identificada pela pesquisa na comercialização do breu
branco foi de R$3,7 mil. O varejo urbano local foi responsável pela renda bruta de R$2,7
266
mil, pois comprou de insumo R$975 e adicionou o montante de R$1,7 mil e o produtor local
gerou o equivalente a R$975.
5.2.2.12 CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO DA CASCA DO IPÊ ROXO
a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização da casca do Ipê Roxo
Os agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização das cascas do ipê
roxo atuam somente no nível local, conforme descrição a seguir:
Produção Local: composta por extrativistas locais que fazem a coleta das cascas
de ipê roxo em suas áreas de ocorrência;
Varejo Urbano Local: são comerciantes que compram as cascas do ipê roxo dos
extrativistas locais e revendem para o consumidor final local.
b) Estrutura da quantidade comercializada (%) e formação dos preços pelos setores envolvidos na comercialização do Ipê roxo
A cadeia de comercialização do ipê é bem simples e linear, fica restrita à própria
região e é composta pelo setor do varejo urbano local, que compra 100% das cascas
extraídas diretamente da produção local e vende para o consumidor local. Na formação de
preço da casca do ipê o varejo urbano local vende ao consumidor local ao preço de 1,86
vezes maior que o preço pago de referencia ao produtor.
c) Preço médio praticado nas transações entre diversos agentes mercantis da cadeia do ipê roxo
O varejo urbano compra a casca do ipê roxo a R$5,00/kg do produtor local e
vende ao consumidor local a R$14,29/kg (Figura 164).
267
Figura 164 - Preço médio de ipê roxo (R$ correntes/kg de casca) praticado nas transações entre diversos setores da cadeia de comercialização, no ano de 2009, em seis municípios da Região do Baixo Amazonas, Estado do Pará.
d) Valor Bruto da produção, pela ótica da oferta, na comercialização do Ipê roxo
O Valor Bruto da Produção (VBPα) dos coletores da casca do ipê da região
alcançou apenas R$65,00, enquanto que o varejo urbano local ofertou o equivalente a
R$185,4 totalizando no final da cadeia em R$250,4 pelas vendas das cascas de ipê.
e) Valor Transacionado Efetivo (VTE) que se aproxima do Valor Adicionado Bruto (VAB) gerado na comercialização do Ipê roxo e a margem de comercialização de cada setor (Mark-up)
O Valor Agregado (ou Adicionado) Bruto do ipê totalizou apenas R$185 e o único
setor intermediário ofertante atingiu um valor bruto de R$120,6, que apresenta uma
margem de comercialização alta de 186% pois comercializa o produto com agregação de
valor para fins fitoterápicos.
g) Renda Bruta Total gerada pela ótica da demanda na comercialização do Ipê Roxo
Os dados levantados mostram que a comercialização das cascas do ipê roxo
gerou Renda Bruta Total de R$250,4, o produtor gerou R$65 somente pela comercialização
268
do material natural e o varejo urbano (feirantes) gerou R$185,5, sendo R$65 pela compra
das cascas do ipê e R$120,6 de adição de valor, possivelmente devido ao fracionamento das
embalagens.
5.2.2.13 CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO DA ANDIROBA
a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização da andiroba
Os agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização do óleo de
andiroba atuam somente no nível local, conforme descrição a seguir:
Produção Local: composta por produtores locais que coletam as sementes da
andiroba e realizam o beneficiamento primário, geralmente feito pelas mulheres, com a
fervura e a extração do óleo;
Varejo Urbano Local: são pequenos comerciantes que adquirem o óleo de
andiroba da produção local e vendem para o consumidor local.
b) Estrutura da quantidade comercializada (%) da andiroba
O varejo urbano comprou 100% do óleo de andiroba da produção local e vendeu
somente para o consumidor local. Em relação à formação de preço o varejo urbano
comprou a 0,65 vezes ao preço de referencia da produção local.
c) Preço médio praticado nas transações entre diversos agentes mercantis da cadeia da andiroba (2009)
A produção local vendeu óleo de andiroba para o varejo urbano ao preço de
R$14,39/litro, que por sua vez revende ao consumidor estadual ao preço de R$23,68/litro.
269
Figura 165 - Preço médio de andiroba (R$ correntes/litro de óleo) praticado nas transações entre diversos setores da cadeia de comercialização, no ano de 2009, em seis municípios da Região do Baixo Amazonas, Estado do Pará.
e) Valor Bruto da produção, pela ótica da oferta, na comercialização da andiroba
Na cadeia de comercialização do óleo da andiroba a produção local gerou um
Valor Bruto da Produção (VBPα) de R$19 mil e o setor varejista urbano local gerou R$31,4
mil totalizando no final da cadeia em R$50,4 mil.
f) Valor Transacionado Efetivo (VTE) que se aproxima do Valor Adicionado Bruto (VAB) gerado na comercialização da andiroba e a margem de comercialização de cada setor (Mark-up)
Na cadeia de comercialização da andiroba foi agregado ao produto um valor de
R$31,3 mil. Deste montante, o varejo urbano foi responsável por R$12 mil e o produtor
consegue agregar o valor de R$19 mil no beneficiamento primário do óleo.
g) Renda Bruta Total gerada pela ótica da demanda na comercialização da andiroba
A Renda Bruta Total identificada pela pesquisa foi de R$31,3 mil, com o varejo
urbano responsável por R$31,3 mil, pois comprou de insumo R$19 mil e agregou R$12 mil e
o setor da produção gerou renda bruta de R$19 mil.
270
5.2.2.14 CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO DA COPAÍBA
a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização da copaíba
Os agentes mercantis envolvidos na comercialização do óleo de copaíba atuam
somente no nível local, conforme descrição a seguir:
Produção Local: composta por produtores locais que fazem a extração do óleo
das copaibeiras, utilizando normalmente broca para o processo de perfuração, em seguida
envasamento em garrafas de vidro;
Varejo Urbano Local: são comerciantes que compram o óleo de copaíba dos
produtores locais e revendem para o consumo final.
b) Estrutura da quantidade comercializada (%) da copaíba e formação dos preços pelos
setores envolvidos
O principal nível de canal de comercialização da andiroba identificado com
maiores quantidades é composto pelo varejista urbano local que comercializa 77% da
quantidade do óleo identificado e o restante da produção é comercializada pelos atacadistas
locais.
Em relação à formação de preço o varejo urbano local vende para o consumidor
local a 1,53 vezes acima do preço médio recebido pelos produtores.
c) Preço médio praticado nas transações entre diversos agentes mercantis da cadeia da copaíba (2009)
O varejo urbano local compra o óleo de copaíba da produção local pelo preço
médio de R$13,01/litro e do atacadista ao preço de R$9,00/litro e revende para o
consumidor local ao preço de R$30,52/litro (Figura 166).
271
Figura 166 - Preço médio de copaíba (R$ correntes/litro de óleo) praticado nas transações entre diversos setores da cadeia de comercialização, no ano de 2009, em seis municípios da Região do Baixo Amazonas, Estado do Pará.
d) Valor Bruto da produção, pela ótica da oferta, na comercialização da copaíba
O Valor Bruto da Produção (VBPα) da copaíba identificado na pesquisa é de
R$24,7 mil, totalizando em R$91,5 as vendas totais realizadas incluindo o setor do varejo
urbano responsável por R$62,4 mil.
e) Valor Transacionado Efetivo (VTE) que se aproxima do Valor Adicionado Bruto (VAB) gerado na comercialização da copaíba e a margem de comercialização de cada setor (Mark-up)
Ao longo da cadeia de comercialização da copaíba foi agregado valor total de
R$62,5 mil para a região estudada e o varejista local agregou R$37,7 mil apresentando um
mark-up de 153%, pois embala em vidros para então ser comercializado.
f) Renda Bruta Total gerada pela ótica da demanda na comercialização da copaíba
A Renda Bruta Total identificada pela pesquisa foi de R$91,5 mil sendo toda
gerada e movimentada na região estudada. O setor da produção local gerou uma renda
272
equivalente a R$24,7 mil e o restante foi no setor do varejo urbano (R$62,5 mil), que
compra de insumo cerca de R$24,7 mil e agrega R$37,7 mil.
5.2.2.15 CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO DOS LEITES (AMAPÁ E SUCUÚBA)
a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização dos leites (amapá e sucuúba)
Os agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização dos leites de
amapá e sucuúba atuam somente no nível local, conforme descrição a seguir:
Produção Local: composta por extrativistas locais que fazem a extração dos
leites artesanalmente;
Varejo Urbano Local: são comerciantes que compram os leites dos extrativistas
locais e revendem para o consumidor final local.
b) Estrutura da quantidade comercializada (%) e formação de preço dos leites (amapá e
sucuúba)
O varejo urbano local comercializa 100% da produção identificada e vende
diretamente para os consumidores locais.
Quanto à formação de preço dos leites de amapá e sucuúba, o varejo urbano
local revende para o consumidor local a 0,83 vezes do que o preço de referencia pago à
produção local.
c) Preço médio praticado nas transações entre diversos agentes mercantis da cadeia dos leites (amapá e sucuúba), em 2009
O varejo urbano local compra os leites da produção local pelo preço médio de
R$8,02/litro e vende para o consumidor local ao preço de R$14,68/litro (Figura 168).
273
Figura 168 - Preço médio de leites de amapá e sucuúba (R$ correntes/litro de leite) praticado nas transações entre diversos setores da cadeia de comercialização, no ano de 2009, em seis municípios da Região do Baixo Amazonas, Estado do Pará.
d) Valor Bruto da produção, pela ótica da oferta, na comercialização dos leites (amapá e sucuúba)
O Valor Bruto da Produção (VBPα) dos extratores de leite da região estudada
alcançou R$9,8 mil contando com a participação do varejo urbano local também como
ofertante de R$17,3 mil.
e) Valor Transacionado Efetivo (VTE) que se aproxima do Valor Adicionado Bruto (VAB) gerado na comercialização dos leites (amapá e sucuúba) e a margem de comercialização de cada setor (Mark-up)
O Valor Agregado (ou Adicionado) Bruto dos leites totalizou apenas R$17,2 mil e
o varejo urbano local adicionou o montante de R$7,5 mil.
f) Renda Bruta Total gerada pela ótica da demanda na comercialização dos leites (amapá e sucuúba)
Os dados levantados mostram que os leites geraram uma renda equivalente a
R$27 mil, o setor da produção gerou R$9,7 mil e o varejo urbano gerou R$17,3 mil, sendo
R$9,7 mil pela compra de insumo e R$7,5mil de adição de valor, mostrando baixa geração
de renda nessa comercialização.
274
5.2.2.16 CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO DAS PLANTAS MEDICINAIS (ASSACU, BARBATIMÃO, CARAPANAUBA,
MURURÉ, PATA DE VACA, QUINARANA, SACACA, SUCUÚBA, UNHA DE GATO E VERÔNICA)
a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização das Plantas Medicinais (assacu, barbatimão, carapanauba, mururé, pata de vaca, quinarana, sacaca, sucuúba, unha de gato e verônica)
Os agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização das plantas
medicinais atuam somente no nível local, conforme descrição a seguir:
Produção Local: são os coletores de plantas medicinais;
Varejo Urbano Local: são comerciantes ou feirantes que compram as plantas
medicinais dos produtores locais e revendem para o consumidor final.
b) Estrutura da quantidade comercializada (%) e Formação do preço pelos setores envolvidos na comercialização das Plantas Medicinais (assacu, barbatimão, carapanauba, mururé, pata de vaca, quinarana, sacaca, sucuúba, unha de gato e verônica)
Toda a produção identificada das plantas medicinais dos seis municípios
estudados (100%) é comercializada pelo varejo urbano local, sendo vendido diretamente
para o consumidor local.
Quanto à formação de preço o varejo urbano local vende as plantas medicinais
para o consumidor local ao preço 3,78 vezes maior que o pago à produção local.
c) Preço médio praticado nas transações entre diversos agentes mercantis da cadeia das Plantas Medicinais (assacu, barbatimão, carapanauba, mururé, pata de vaca, quinarana, sacaca, sucuúba, unha de gato e verônica) (2009)
O varejo urbano local compra as plantas medicinais da produção local pelo
preço médio de R$5,92/kg das partes das plantas e vende para o consumidor local ao preço
de R$28,27/kg (Figura 169).
275
Figura 169 - Preço médio de plantas medicinais (assacu, barbatimão, carapanauba, mururé, pata de vaca, quinarana, sacaca, sucuúba, unha de gato e verônica), (R$ correntes/kg de partes da planta) praticado nas transações entre diversos setores da cadeia de comercialização, no ano de 2009, em seis municípios da Região do Baixo Amazonas, Estado do Pará.
d) Valor Bruto da produção, pela ótica da oferta, na comercialização das Plantas Medicinais (assacu, barbatimão, carapanauba, mururé, pata de vaca, quinarana, sacaca, sucuúba, unha de gato e verônica)
Somando todos os valores recebidos pela venda de plantas medicinais por todos
os agentes envolvidos em sua extração, ou seja, o Valor Bruto de Produção (VBPα) dos
produtores locais foi de somente R$6 mil, totalizando no final da cadeia em R$35 mil.
Portanto, o varejo urbano com R$28 mil é o único setor intermediário ofertante nos seis
municípios estudados.
e) Valor Transacionado Efetivo (VTE) que se aproxima do Valor Adicionado Bruto (VAB) gerado na comercialização das Plantas Medicinais (assacu, barbatimão, carapanauba, mururé, pata de vaca, quinarana, sacaca, sucuúba, unha de gato e verônica) e a margem de comercialização de cada setor (Mark-up)
O Valor Agregado Bruto (VAB) total das plantas medicinais ao longo da cadeia foi
de R$28 mil para os seis municípios e o setor responsável foi o varejista urbano local que
adicionou R$23 mil, com uma margem de comercialização alta de 378%.
276
f) Renda Bruta Total gerada pela ótica da demanda na comercialização das Plantas Medicinais (assacu, barbatimão, carapanauba, mururé, pata de vaca, quinarana, sacaca, sucuúba, unha de gato e verônica)
Os dados levantados mostram que a comercialização das plantas medicinais
gerou Renda Bruta Total de R$35 mil, o produtor gerou R$6 mil somente pela
comercialização das partes dessas plantas e o varejo urbano (feirantes) gerou R$28 mil,
sendo R$6 mil pela compra das plantas medicinais e R$23 mil de adição de valor ao produto,
mostrando baixa agregação de valor para o consumo final.
5.2.2.17 CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO DE UTENSÍLIOS ARTESANAIS
a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização de Utensílios artesanais
Os agentes envolvidos na cadeia de comercialização de utensílios envolvem a
região do Baixo Amazonas, que apresentam as seguintes características:
Produção Local: na categoria dos trançados diversos utensílios foram analisados
como o abano, a cesta, a peneira, o paneiro, a vassoura e o tipiti. Os produtores utilizam
fibras vegetais, especificamente, a tala do guarumã e os cipós para tecer tais objetos;
Varejo Urbano Local: são comerciantes ou feirantes que adquirem os utensílios e
vendem para o consumidor local.
b) Estrutura da quantidade comercializada (%) de Utensílios artesanais e formação dos
preços pelos setores envolvidos
O varejo urbano local comercializa 100% da quantidade de utensílios
identificada pela pesquisa, que são comprados diretamente dos produtores e vendidos
exclusivamente para o consumidor local. O preço de venda praticado pelo varejo urbano
local é equivalente a 0,32 vezes que o preço médio recebido pelos produtores.
277
c) Preço médio praticado nas transações entre diversos agentes mercantis da cadeia de Utensílios artesanais (2009)
O preço médio praticado pelo produtor com o varejo urbano local é
R$4,40/unidade do utensílio, e o revende para o consumidor local a R$5,81/unidade.
Figura 170 - Preço médio de utensílios artesanais (abano, cesta, peneira, paneiro, vassoura e tipiti), (R$ correntes/unidade) praticado nas transações entre diversos setores da cadeia de comercialização, no ano de 2009, em seis municípios da Região do Baixo Amazonas, Estado do Pará.
e) Valor Bruto da produção, pela ótica da oferta, na comercialização de Utensílios artesanais
O Valor Bruto da Produção (VBPα), ou seja, todo o valor recebido pela venda dos
utensílios pelos produtores foi de R$3,1 mil e do varejo urbano local de R$4,1 mil, gerando
no final da cadeia R$7,3 mil pela oferta dos utensílios.
f) Valor Transacionado Efetivo (VTE) que se aproxima do Valor Adicionado Bruto (VAB) gerado na comercialização de Utensílios artesanais e a margem de comercialização de cada setor (Mark-up)
Ao longo da cadeia de comercialização dos utensílios da produção local até a
demanda final, o valor de R$4,1 mil foram adicionados ao produto, atingindo um mark-up
total de somente 32%. O varejo urbano local participa na agregação com somente R$1 mil.
278
5.2.3. ANÁLISES AGRUPADAS DE TODOS OS PRODUTOS FLORESTAIS NÃO-MADEIREIROS IDENTIFICADOS NOS
SEIS MUNICÍPIOS VISITADOS DA REGIÃO DO BAIXO AMAZONAS
Ao longo das cadeias de comercialização dos 33 produtos identificados (alguns
analisados de forma agregada, como plantas medicinais, leites e artesanatos) a agregação de
valor aos produtos não-madeireiros deve ser levado em consideração, pois demonstra o
grau de investimento dado aos diversos setores. A analise se faz do ponto de vista de quem
adiciona mais valor ao produto (VAB), conforme Tabela 11, o sistema nacional agregou
R$46 milhões (57%), somente na cadeia de dois produtos que são a castanha e o cacau, o
sistema local adicionou um montante considerável equivalente à R$33,8 milhões que
correspondem a 41% do VAB, e no sistema estadual (fora dos municípios do Baixo
Amazonas) agregou cerca de R$1,6 milhão (2%), referente também às cadeias de castanha e
cacau.
Esta análise sobre a capacidade de agregar valor aos produtos florestais não-
madeireiros, o valor agregado bruto (VAB), aponta onde a economia está mais atuante e
imprime ações de beneficiamento e transformação dos produtos do extrativismo, nos
diversos setores ao longo das cadeias de comercialização, conforme demonstrado na Tabela
11, a categoria das plantas alimentícias/frutíferas foi a campeã com 99,69% do VAB total
(R$81,2 milhões), com a castanha e o cacau que agregam mais valor no nível nacional com
as empresas de beneficiamento da castanha instaladas no Pará, que formam um
monopsônio. A cadeia do açaí, ranqueado como o 2º. produto a agregar valor, na escala de
R$2,84milhões em função do setor de beneficiamento que são os “batedores” locais de açaí,
que compram da produção local, processam o fruto in natura para a forma de polpa ou
“vinho”, para atender exclusivamente o consumidor local. Os demais produtos alimentícios
como cupuaçu, muruci, bacaba, taperebá, cajuaçú e uxi também circulam e possuem
agregação de valor somente na escala local, responsáveis por um total de R$126 mil de VAB
(Tabela 11).
Responsáveis pela agregação de R$141 mil os produtos fitoterápicos e
cosméticos são responsáveis por 0,17% do montante adicionado, sendo os óleos de copaíba
e andiroba os mais importantes, seguidos de uma série de plantas medicinais e os leites de
amapá e sucuuba. A agregação de valor é pequena e refere-se basicamente à coleta de
partes da planta, algum processo rústico de extração e embalagem simples dos produtos.
279
Este é um dos setores mais complexos e difíceis de quantificar com exatidão, pela grande
informalidade presente, pela falta de investimentos no setor fármaco e cosméticos, com
alguns mercados em plena expansão pela iniciativa privada.
Na região do Baixo Amazonas foi identificada também a comercialização de
semente de cumaru, no entanto, ainda não foi realizada a aplicação do questionário nas
empresas demandantes que estão localizadas fora da região estudada, impossibilitando
assim o fechamento da cadeia e os cálculos referentes aos preços de venda do produto,
deixando para a próxima oportunidade fazer a checagem em campo e fechar a cadeia deste
importante produto “cumaru”.
TABELA 11. Valor Agregado Bruto (R$) na esfera local, estadual e nacional dos produtos florestais não-madeireiros identificados em seis municípios da região do Baixo Amazonas, em 2009, organizados em cinco categorias (alimentícias, derivado animal, fitoterápicos/cosméticos, artesanato e derivado da madeira).
Fonte: Idesp/2010
280
Para o único derivado animal estudado na região, o mel que tem sua economia
somente na escala local teve agregação de valor equivalente a R$100 mil (Tabela 11). O
derivado da madeira estudado, a resina de breu é produzida na própria região e a
agregação de valor foi na ordem de R$2,7 mil. O mesmo acontece com os utensílios
artesanais (tipiti, vassoura regional, paneiro, peneira, abano e cesta timbuí) cujo valor
agregado total identificado foi de R$4,1 mil.
Outra forma de análise agregada dos produtos identificados na região do Baixo
Amazonas é considerarmos a Contabilidade Social Ascendente Alfa, que inicia no setor da
produção extrativista local dos seis municípios estudados (Setor α), que recebeu pela venda
de todos os produtos florestais não-madeireiros identificados o montante de R$5,19
milhões (VBPα), e com as transações comerciais realizadas pelos setores que vendem tais
produtos até o consumidor final foi agregado valor a estes produtos no montante de
R$81,44 milhões (VAB) somando-se ainda o valor bruto da produção (VBP) equivalente à
compra de insumos no montante de R$39,31 milhões, chega-se a um valor total de
R$120,76 milhões referente à renda (RBT) bruta gerada e circulada na economia destes
produtos com seus efeitos para frente e para trás na cadeia de comercialização (Tabela 12).
Em relação ao Valor Bruto da Produção (VBP) da compra de insumos nos setores
mercantis, referido na Tabela 12, para cada uma das cadeias, por exemplo, a campeã que é a
castanha do brasil, cujo setor extrativo da região do Baixo Amazonas recebeu o montante de
R$3,15 milhões (VBPα), comprou de insumos R$3,55 milhões (local), R$154 mil (estadual) e
R$31,61 milhões (nacional estimado) totalizando R$35,32 milhões na compra de insumos
(castanha ouriço, castanha com casca, amêndoa seca, classificada e embalada a vácuo). A
agregação de valor da castanha se deu na ordem de R$30,08 milhões na esfera local, R$1,61
milhão na estadual e R$45,11 milhões na nacional, totalizando R$76,79 milhões de VAB
(Tabela Y). Ao somar o VBP da compra de insumos com o VAB obtêm a renda bruta gerada e
circulada no valor de R$33,63 milhões (RBT) na esfera local, R$1,76 milhão na estadual,
R$76,72 milhões na nacional e um total de RBT R$112,12 milhões gerados e circulados na
economia da castanha. Esta mesma analise pode ser feita para cada um dos produtos
identificados na região do Baixo Amazonas.
Uma questão interessante encontrada na região de estudo (municípios de
Alenquer, Curuá, Juriti, Óbidos, Oriximiná e Santarém), na coleta de dados junto aos agentes
mercantis são contabilizados os valores recebidos pelo setor da produção local, em termos
281
de quantidade (volume comercializado de cada produto) e preço praticado (de cada
produto), identificando portanto o valor pago ao setor da produção extrativa com base na
amostragem feita em campo (Tabela 12). A metodologia das contas ascendentes permite
que se calcule os valores atualizados da amostra para o universo da região, usando o mesmo
recorte geográfico (seis municípios) do IBGE, com base em indexadores (de preço e
quantidade) no Censo de 2006 (IBGE, 2009) e na flutuação dos produtos usando a pesquisa
agrícola municipal (PAM 2006 a 2009) e a pesquisa extrativa vegetal e silvicultura (PEVS 2006
a 2009). Desta forma, poderia se esperar que a amostragem feita em campo (39
questionários) desse menor que a expansão com base no IBGE, o que não aconteceu para 9
cadeias de comercialização identificadas, como a castanha por exemplo (Tabela 12), o Valor
pago ao produtor com base na amostragem foi de R$8,46 milhões e quando expandida para
o universo estimado foi de R$3,15 milhões, ou seja, a amostra foi de 169% a mais do que o
valor estimado com base no IBGE. Ou seja, nas cadeias do mel, copaíba, cupuaçu, muruci,
bacaba, taperebá, cajuaçu e uxi os valores pagos aos produtores referentes à amostragem
foi maior que o valor bruto da produção local estimada com base nos dados do IBGE, mesmo
sabendo que são metodologias completamente diferentes de coleta de dados.
282
TABELA 12. Variáveis econômicas dos produtos florestais não-madeireiros identificados em seis municípios da região do Baixo Amazonas, compostas pelo Valor Pago ao produtor (amostra), Valor Bruto da Produção Alfa Local (VBP
α), a diferença (%) da amostra para o estimado, a margem de lucro (mark-up), o Valor Bruto da Produção (VBP), o Valor
Agregado Bruto e a Renda Bruta Total (R$) nas esferas local, estadual e nacional, em 2009.
Fonte: Idesp, 2009
283
5.3 REGIÃO DE INTEGRAÇÃO RIO CAETÉ
5.3.1 CARACTERIZAÇÃO
A Região de Integração Caetés abriga um total de 15 municípios (Figura 171),
com uma população de aproximadamente 431.418 hab (IDESP, 2009).
FIGURA 171 - Municípios pertencentes a Região de Integração Rio Caeté Fonte: SEIR, 2007.
A região é formada por municípios que fazem parte de duas microrregiões do
IBGE: Bragantina e Salgado. Seu histórico de ocupação é semelhante ao da Região de
Integração do Guamá, tendo a construção da Estrada de Ferro Belém-Bragança como fator
intensificador do processo de ocupação e colonização desse espaço regional. Assim como a
Região de Integração do Guamá, a Região do Rio Caeté já foi uma das mais dinâmicas do
estado, mas hoje também passa por uma fase de estagnação (SEIR, 2007).
Em 2007 o Produto Interno Bruto – PIB da Região de integração do Guamá
somou R$ 1.329.746,00mil, ocupando a décima colocação e participando com um percentual
representativo no estado no valor de 3%. As participações dos setores econômicos
284
corresponderam a: 14% Agropecuário, 12% Indústria e 72% Serviços. Dentro da composição
do setor agropecuário a participação dos produtos de origem extrativista corresponde à
0,8% (IDESP, 2009).
Atualmente, suas principais atividades econômicas são a agricultura, a pecuária e
a pesca; no entanto essas atividades são realizadas baseadas em pouca tecnologia e
agregação de valor. A região também apresenta potencialidades para o turismo de praias,
com o aproveitamento do litoral atlântico e o turismo de aventura; a pesca empresarial e
artesanal; a produção agrícola e pecuária realizada com base em cooperativas,
principalmente dos seguintes produtos: mandioca, feijão caupi e fibras vegetais (malva).
Destaca-se potencialmente ainda a aqüicultura e a indústria extrativa mineral com a
extração do calcário (SEIR, 2007).
a) Características Gerais
• População Absoluta (IDESP, 2009): 431.418 hab.
• Densidade Demográfica (IDESP, 2009): 26,16 hab/km²
• Produto Interno Bruto de 2007- PIB (IDESP, 2009): R$ 1.329.746,00 mil
• Índice de Desenvolvimento Humano de 2000 - IDH: 0,64
• PIB 2007 Per capita (IDESP, 2009): R$ 3.082,00
• Valor Adicionado – Setor Agropecuário (IDESP, 2009): 15 %
• Valor Adicionado – Setor Industrial (IDESP, 2009): 12 %
• Valor Adicionado – Setor Serviços (IDESP, 2009): 72 %
5.2.2 ANÁLISES DAS CADEIAS DE COMERCIALIZAÇÃO DOS PRODUTOS FLORESTAIS NÃO-MADEIREIROS
IDENTIFICADOS EM NOVE MUNICÍPIOS DA REGIÃO DE INTEGRAÇÃO DO RIO CAETÉ
De um total de 15 municípios pertencentes à região, foram estudados 10
municípios, a saber: Bonito, Capanema, Nova Timboteua, Peixe Boi, Primavera, Quatipuru,
Salinópolis, Santa Luzia do Pará, Santarém Novo e São João de Pirabas.
Os questionários aplicados junto aos agentes mercantis da Região do Rio Caeté
inseridos no Programa NETZ, geraram 78 circuitos. Foram 24 produtos encontrados na
285
amostragem de campo, nos 10 municípios, classificados em Alimentícios (açaí, cupuaçu,
castanha do brasil, muruci, taperebá e bacuri); Derivado Animal (mel de abelha com e sem
ferrão); Fármacos e Cosméticos (andiroba, copaíba, barbatimão, ipê roxo, unha de gato,
verônica, jatobá, leite de amapá, sucuúba, semente de cumaru, paxiúba e murumuru);
Derivados da madeira (carvão e látex); Artesanatos e Utensílios (cesta de palha, paneiro e
olho de boto).
Todos os dados já estão inseridos na base do Programa Netz, aguardando o início
das tabulações, correções e conseqüentes análises econômicas
286
5.4 REGIÃO DE INTEGRAÇÃO RIO CAPIM
5.4.1 CARACTERIZAÇÃO
A Região de Integração Rio Capim abriga um total de 16 municípios (Figura 172),
com uma população de aproximadamente 534.715 hab (IDESP, 2009).
FIGURA 172 - Municípios pertencentes à Região de Integração Rio Capim Fonte: SEIR, 2007
Como região próxima à região de integração do Guamá sua ocupação também se
iniciou através dos rios, no entanto, teve maior dinamização com a abertura das estradas,
especialmente da BR-010 (Belém-Brasília), implantada no final da década de 50 e inicio da
década de 60 e da BR-222 (Marabá a Fortaleza). É considerada uma das mais dinâmicas,
principalmente se considerarmos o município de Paragominas cuja origem está ligada à
construção da Rodovia Belém-Brasília (SEIR, 2007).
Em 2007 o Produto Interno Bruto – PIB da Região do Rio Capim somou R$
2.345.461,00mil, ocupando a sétima colocação e participando com um percentual
representativo no estado no valor de 5%. As participações dos setores econômicos
corresponderam a: 21% Agropecuário, 19% Indústria e 60% Serviços. Dentro da composição
287
do setor agropecuário a participação dos produtos de origem extrativista corresponde a
8,2% (IDESP,2009).
Pode-se dizer que a estrutura econômica da região está sofrendo uma transição
da pecuária extensiva e extração madeireira para o agronegócio, o reflorestamento e a
mineração. Em termos de potencialidade econômica destaca-se: o reflorestamento; a
cultura de grãos (soja e milho); a cultura do dendê; a indústria moveleira; a cultura da
pimenta do reino com base em cooperativas; a mineração (caulim e bauxita); a fruticultura;
a piscicultura; e a pecuária de mais alta base tecnológica (SEIR, 2007).
a) Características Gerais
• População Absoluta (IDESP, 2009): 534.715 hab.
• Densidade Demográfica (IDESP, 2007): 8,58 hab/km²
• Produto Interno Bruto 2007 - PIB (IDESP, 2009): R$ 2.345.461,00 mil
• Índice de Desenvolvimento Humano de 2000 - IDH: 0,66
• PIB 2007 Per capita (IDESP, 2009): R$ 4.386,00
• Valor Adicionado – Setor Agropecuário (IDESP, 2009): 21 %
• Valor Adicionado – Setor Industrial (IDESP, 2009): 19 %
• Valor Adicionado – Setor Serviços (IDESP, 2009): 60 %
5.3.2 ANÁLISES DAS CADEIAS DE COMERCIALIZAÇÃO DOS PRODUTOS FLORESTAIS NÃO-MADEIREIROS
IDENTIFICADOS EM NOVE MUNICÍPIOS DA REGIÃO DE INTEGRAÇÃO DO RIO CAPIM
De um total de 16 municípios pertencentes à região, foram estudados 3
municípios, a saber: Bujarú, Concórdia do Pará e Tomé-Açu.
Os questionários aplicados junto aos agentes mercantis da Região do Rio Capim
inseridos no Programa NETZ, geraram 167 circuitos. Foram 21 produtos encontrados na
amostragem de campo, nos 3 municípios, classificados em Alimentícios (açaí, cacau,
cupuaçu,castanha do brasil, caju do mato, bacaba, muruci, piquiá, pupunha, taperebá,
bacuri, palmito e tucumã); Derivado Animal (mel de abelha com e sem ferrão); Fármacos e
288
Cosméticos (andiroba); Derivados da madeira (carvão); Artesanatos e Utensílios (paneiro,
tipiti, peneira, caçuá e esteira).
Todos os dados já estão inseridos na base do Programa Netz, aguardando o início
das tabulações, correções e conseqüentes análises econômicas.
289
5.5 REGIÃO DE INTEGRAÇÃO GUAMÁ
5.5.1 CARACTERIZAÇÃO
A Região de Integração Guamá abriga um total de 18 municípios (Figura 173),
com uma população de aproximadamente 558.162 hab (IDESP, 2009).
FIGURA 173 - Municípios pertencentes a Região de Integração Guamá Fonte: SEIR, 2007
É uma região de ocupação antiga, marcada pela presença de cidades e
municípios que surgiram ainda no período colonial e municípios que surgiram em períodos
relativamente mais recentes. Apresenta uma densa rede rodoviária que se integra à BR-316,
é eixo de ligação de Belém com outros estados do Nordeste. No inicio do século XX essa
região foi uma das mais dinâmicas do estado, no entanto, com o fim da economia da
borracha sofreu um longo período de estagnação econômica. A construção da Rodovia BR-
316 (Pará-Maranhão) e da BR 010 (Belém-Brasília), que se interligam a altura da cidade de
Santa Maria do Pará, deram um novo dinamismo a essa região, vários municípios se
desenvolveram tanto em termos populacionais, como econômicos, como é o caso dos
municípios de Castanhal, Santa Isabel e Capanema.
290
Em 2007 o Produto Interno Bruto – PIB da Região do Guamá somou R$
2.183.962,00 milhões, ocupando a oitava colocação e participando com um percentual
representativo no estado no valor de 4%. As participações dos setores econômicos
corresponderam a: 14% Agropecuário, 16% Indústria e 70% Serviços. Dentro da composição
do setor agropecuário a participação dos produtos de origem extrativista corresponde a
0,8% (IDESP, 2009).
A Região tem como principais potencialidades os seguintes setores: a pesca
artesanal; a fruticultura do abacaxi, banana, cupuaçu, laranja, mamão e maracujá; as
culturas da mandioca, fibras e feijão caupi; o turismo; a produção de leite e derivados; o
chamado cultivo florestal; o setor oleiro e a indústria de cerâmica. (SEIR, 2007).
a) Características Gerais
• População Absoluta (IDESP, 2009): 558.162 hab.
• Densidade Demográfica (IDESP, 2009): 46,07 hab/km²
• Produto Interno Bruto 2007 - PIB (IDESP, 2009): R$ 2.183.962,00 mil
• Índice de Desenvolvimento Humano de 2000 - IDH: 0,69
• PIB 2007 Per capita (IDESP, 2009): R$ 3.913,00
• Valor Adicionado – Setor Agropecuário (IDESP, 2009): 14 %
• Valor Adicionado – Setor Industrial (IDESP, 2009): 16 %
• Valor Adicionado – Setor Serviços (IDESP, 2009): 70 %
5.5.2 ANÁLISES DAS CADEIAS DE COMERCIALIZAÇÃO DOS PRODUTOS FLORESTAIS NÃO-MADEIREIROS
IDENTIFICADOS EM DEZOITO MUNICÍPIOS DA REGIÃO DE INTEGRAÇÃO DO GUAMÁ
Todos os 18 municípios pertencentes à região foram estudados, a saber:
Castanhal, Colares, Curuçá, Igarapé-Açu, Inhangapi, Magalhães Barata, Maracanã,
Marapanim, Santa Isabel do Pará, Santa Maria do Pará, Santo Antônio do Tauá, São Caetano
de Odivelas, São Domingos do Capim, São Francisco do Pará, São João da Ponta, São Miguel
do Guamá, Terra Alta e Vigia.
291
Os questionários aplicados junto aos agentes mercantis da Região do Guamá
inseridos no Programa NETZ, geraram 564 circuitos. Foram 29 produtos encontrados na
amostragem de campo, nos 18 municípios, classificados em Alimentícios (açaí, cacau,
cupuaçu, castanha do brasil, biribá, bacaba, cajarana, inajá, muruci, marimari, piquiá,
pupunha, tucumã, taperebá, bacuri, urucum, palmito e mucajá); Derivado Animal (mel de
abelha com e sem ferrão); Fármacos e Cosméticos (andiroba, copaíba, capitiú, estorac,
murumuru e priprioca); Derivados da madeira (carvão e látex); Artesanatos e Utensílios
(paneiro e tipiti).
Todos os dados já estão inseridos na base do Programa Netz, aguardando o início
das tabulações, correções e conseqüentes análises econômicas.
292
5.6 REGIÃO DE INTEGRAÇÃO TAPAJÓS
5.6.1 CARACTERIZAÇÃO
A Região de Integração Tapajós abriga um total de 6 municípios (Figura 174),
com uma população de aproximadamente 244.742 hab (IDESP, 2009).
FIGURA 174 - Municípios pertencentes a Região de Integração Tapajós Fonte: SEIR, 2007
É considerada uma região de ocupação recente, porém alguns municípios
possuem uma origem bastante antiga. O ritmo de desenvolvimento desta região é lento e
ainda hoje é possível observar áreas extensas de cobertura florestal. Com características
hidrográficas é uma região com enorme potencial para o transporte hidroviário. Devido ao
longo período de isolamento e abandono é uma das regiões mais pobres do estado. A região
tem o mais baixo PIB absoluto do estado. O Desenvolvimento da região está fortemente
vinculado ao asfaltamento da BR-163 (Cuiabá – Santarém), eixo rodoviário que foi
implantado na década de 70, mas até hoje não foi concluído.
293
Em 2007 o Produto Interno Bruto – PIB da Região do Tapajós somou R$
960.186,00mil, ocupando a última colocação (12º posição) e participando com um
percentual de 2% no PIB do Estado. As participações dos setores econômicos
corresponderam a: 17% Agropecuário, 19% Indústria e 64% Serviços. Dentro da composição
do setor agropecuário a participação dos produtos de origem extrativista corresponde a
2,4% (IDESP, 2009).
Embora considerada abandonada, a região possui grandes potencialidades
econômicas entre as quais podemos destacar: a indústria extrativa mineral (ouro, calcário); o
extrativismo vegetal (produtos madeireiros e não madeireiros); a fruticultura (banana); a
pesca artesanal; a cultura de grãos (arroz, feijão, milho, soja); as culturas permanentes (café,
cacau, pimenta-do-reino); a produção de jóias através do aproveitamento das gemas
minerais e do artesanato mineral; e o turismo (SEIR, 2007).
a) Características Gerais:
• População Absoluta (IDESP, 2009): 244.742 hab.
• Densidade Demográfica (IDESP, 2007): 1,29 hab/km²
• Produto Interno Bruto 2007 - PIB (IDESP, 2009): R$ 960.186,00 mil
• Índice de Desenvolvimento Humano de 2000 - IDH: 0,68
• PIB 2007 Per capita (IDESP, 2009): R$ 3.923,00
• Valor Adicionado – Setor Agropecuário (IDESP, 2009): 17 %
• Valor Adicionado – Setor Industrial (IDESP, 2009): 19 %
• Valor Adicionado – Setor Serviços (IDESP, 2009): 64 %
5.5.2 ANÁLISES DAS CADEIAS DE COMERCIALIZAÇÃO DOS PRODUTOS FLORESTAIS NÃO-MADEIREIROS
IDENTIFICADOS EM UM MUNICÍPIO DA REGIÃO DE INTEGRAÇÃO DO TAPAJÓS
De um total de 6 municípios pertencentes a região, foi estudado apenas o
município de Aveiro, ficando os demais para uma próxima viagem. No entanto, para nossa
surpresa na sede municipal, não foi encontrada nenhuma comercialização de produtos
florestais não-madeireiros.
294
O Município de Aveiro está localizado às margens do Rio Tapajós na mesorregião
sudoeste do Pará, situado na região que pertence à Floresta Nacional do Tapajós (Flona
Tapajós). O município tem uma população de cerca de 20 mil habitantes sendo que a maior
parte está na zona rural. Segundo informações de moradores e de comerciantes esse é um
dos fatores que dificultam o desenvolvimento local, pois o município não oferece variedade
de trabalho e serviços para as pessoas que moram na zona urbana, e a maioria da população
da zona rural que trabalha na agricultura de subsistência ainda não produz o suficiente para
o sustento da população, principalmente devido às restrições aos plantios em obediência à
legislação da FLONA. Os produtos circulantes são da pesca, a banana e um pouco de açaí que
fica mais para o consumo local, mas existem produtos potenciais como a andiroba, a
copaíba, o cacau e muitos outros porém apresentam dificuldades em função das referidas
restrições.
A secretaria de agricultura fez um convênio recente de assistência técnica com a
CEPLAC para distribuição de sementes e outros insumos para o incentivo do plantio do
cacau, no total de 35 projetos. Faltam incentivos para que os produtores conheçam melhor
sobre os produtos, seus benefícios, modos de beneficiamento e agregação de valor. Outra
fonte de renda importante para os moradores é o auxílio doado pelo programa de governo
que é a Bolsa Família. O município de Aveiro possui ainda características que podem
contribuir para seu atraso como o fato de existirem dois distritos urbanos cuja
responsabilidade administrativa é do município de Aveiro, mas pelo fato de estarem
localizados mais perto de Itaituba se desenvolveram um pouco mais. O primeiro é o distrito
de “Fordlândia”, nome em homenagem ao empresário norte americano Henry Ford, que
adquiriu uma gleba e lá instalou uma indústria chamada Companhia Ford Industrial do Brasil,
onde foi instalado o mega projeto de plantio de 1.900.000 seringueiras, com objetivo de
fornecer matéria prima para a indústria de pneus nos Estados Unidos, com todo apoio dos
governos brasileiro e do estado do Pará na isenção de impostos. No entanto, com a criação
de outras tecnologias para a fabricação de pneus em 1945 e, depois do falecimento do
empresário, seu neto Henry Ford II assumiu a empresa e deu encerramento ao projeto,
mesmo porque o seringal havia sofrido um ataque de pragas que não sabiam lidar. Assim, o
projeto acabou levando um prejuízo financeiro imenso, pois teve que deixar para trás toda a
infra estrutura de uma “cidade” construída com o objetivo de contribuir para o crescimento
da empresa e que ofereceu inclusive melhores condições de moradia, saúde e educação,
295
com casas, hospitais e escolas que ficaram para os trabalhadores locais, que inclusive
possuem, atualmente, poder aquisitivo melhor do que os trabalhadores da sede do
município, pelo fato de terem sido indenizados pelo governo federal no fim do projeto e de
ainda receberem uma aposentadoria diferenciada. O outro distrito urbano é conhecido
como “Brasília Legal”, que fica bem mais perto do município de Itaituba, que não teve
projeto conhecido, mas muitos moradores se deslocaram da região para trabalhar nos
garimpos da Região do Tapajós. Portanto, essas questões geográficas, históricas e
ambientais atualmente vêm contribuindo para a estagnação do município de Aveiro.
296
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A comercialização identificada e quantificada nas regiões de integração do
Tocantins e do Baixo Amazonas gera efetivamente para milhares de famílias envolvidas no
manejo, cultivo, coleta, extração, colheita e algum prévio beneficiamento destas 3 a 4
dezenas de produtos florestais não-madeireiros o equivalente a cerca de R$170 milhões de
reais referentes ao valor bruto pago à produção local (VBPα), dos 10 municípios do Tocantins
e 6 do Baixo Amazonas. São milhares de famílias que compõem o setor produtivo alfa,
responsável por manter a floresta em pé, por plantar alguns destes produtos, por manejar
de forma empírica ou apreendida por séculos, por abastecer os diversos setores
intermediários das cadeias até chegar às demandas finais dos consumidores locais, regionais
e (inter-)nacionais.
Os setores intermediários envolvidos na compra e venda do produtos não-
madeireiros como o comércio varejista e atacadista, assim como os setores industriais de
beneficiamento e transformação são responsáveis ao longo das cadeias por R$943 milhões
de valor bruto da produção (VBP) pago pela compra de insumos (são os produtos não-
madeireiros nas diversas formas, desde in natura, passando por diversas fases de
transformação) e, por R$1,12 bilhão na agregação de valor aos produtos (VAB), gerando,
portanto R$2,06 bilhões de renda bruta total (RBT) circulante nas economias locais,
regionais e nacionais, sempre na busca para atender a demanda dos consumidores finais
destes produtos (Tabela 13).
Os consumidores finais desta biodiversidade riquíssima encontrada na região são
formados pelo paraense ribeirinho que não vive sem seu açaí diário, pelo belemense que faz
uso das diversas frutas, ervas e óleos medicinais encontrados no Ver-o-Peso e em inúmeras
feiras; pelo carioca que toma o açaí com granola na academia por ser produto que retarda o
envelhecimento; pelo paulista que come sua salada ou pastel de palmito vindo das matas do
Pará, pois o da mata Atlântica já foi quase todo exaurido; pela mulher que pode estar em
qualquer país do mundo que, ao usar um perfume, ou um hidratante, ou um batom pode
estar consumindo algum produto da flora regional paraense sem ao menos saber; da mesma
forma que uma criança, em qualquer lugar do mundo, pode tomar um sorvete ou comer
uma barra de chocolate feito com o cacau paraense, que passa apenas pelo beneficiamento
297
primário no estado do Pará, por um processo de refino na Bahia e, em seguida, é
transformado em produto final quer seja numa fábrica em São Paulo ou na Suiça.
Os produtos que mais geram e circulam renda no Estado do Pará são aqueles que
possuem em sua cadeia diversas estratégias de agregação de valor realizadas nas esferas
locais e regionais, como o exemplo do açaí. Para tal, há necessidade de políticas publicas que
venham contribuir para a dinamização destas cadeias, com investimentos consideráveis em
assessoria técnica (ATES), em capacitação em todos os setores, no fomento à produção, no
investimento responsável nos setores de beneficiamento e transformação, principalmente
em agroindústrias geridas por associações ou cooperativas.
298
TABELA 13. Variáveis econômicas dos produtos florestais não-madeireiros identificados na região do Tocantins (2008) e do Baixo Amazonas (2009), compostas pelo Valor Bruto da Produção Alfa Local (VBP
α), o Valor Bruto
da Produção (VBP), o Valor Agregado Bruto e a Renda Bruta Total (RBT) gerada e circulada, em R$ correntes.
Diversas políticas públicas e programas já instalados que melhoram as condições
locais devem ser mais divulgados e incentivados como o Programa de Aquisição de
Alimentos da agricultura familiar (com mel e açaí já inseridos na merenda escolar de alguns
municípios), o Luz para Todos que leva energia às áreas rurais, os sistemas de crédito e
fomento ao setor produtivo, a assessoria técnica da Emater e de empresas terceirizadas,
investimentos no aparato de segurança pública nas áreas urbanas, rurais e nas estradas e
nos rios.
Uma força motriz para alavancar o desenvolvimento regional e reduzir as
desigualdades é ter uma massa crítica de cidadãos que tenham acesso à rede de ensino
299
estabelecida com qualidade e direcionada para enfrentar tais desafios, com atendimento
desde ensino fundamental até o superior, incluindo cursos técnicos. As experiências das
Casas Família Rural, que educam filhos de agricultores com uso da pedagogia da alternância,
têm dado bons resultados pelo interior do Pará.
A valorização da sociobiodiversidade de recursos naturais na Amazônia significa
direcionar investimentos para a valoração e valorização dos recursos florestais, para o
desenvolvimento de novos produtos, para o manejo adaptativo e sustentável das espécies,
para a melhoria tecnológica e adequada que promovam as cadeias dos inúmeros produtos
que fazem parte do cotidiano de uso das populações locais.
Precisamos ter estratégias junto às empresas instaladas na região e ao setor da
produção, para que haja um encadeamento produtivo que estimule formas de manejo
sustentáveis dos produtos da floresta.
Uma tarefa hercúlea e importantíssima nas cadeias de comercialização são os
setores intermediários, os que fazem esta passagem da compra e venda dos produtos, com
pouca ou nenhuma agregação de valor, que necessitam de estímulos e melhorias na
capacidade de transporte e capacitação para melhorar as formas de armazenagem e
transporte de produtos.
300
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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