Disciplina: Metodologia Científica
Professor: Adriano Benigno Moreira
Aula - 1
Programa da Unidade
Unidade I – CIÊNCIA E CONHECIMENTO CIENTÍFICO
• Apresentação da disciplina
• Objetivos
• Ementa
• Programa
• Bibliografia
• Avaliação
• Introdução à Metodologia Científica
Apresentação da Disciplina
• Qual sua importância no Curso;
• Onde pode ser aplicada.
– Elaboração de Trabalho de Conclusão de Curso (TCC);
– Elaboração de Artigos;
– Trabalhos de Curso de Pós-graduação (Lato sensu e Stricto sensu);
– Elaboração de Tese de Doutorado;
– Aplicado na elaboração de diversos trabalhos de cunho científico.
Bibliografia
Básica1 - CERVO, Amado Luiz; BERVIAN, Pedro Alcino; Da Silva, Roberto. Metodologia científica. 6. ed. São Paulo: Makron Books, 2007.
162p. ISBN 978-85-7605-047-6
2 - FRANÇA, Júnia Lessa; VASCONCELLOS, Ana Cristina de. Manual para normalização de publicações técnico-científicas. 8. ed.
rev. e ampl. Belo Horizonte: UFMG, 2007. 255 p. ISBN 8570415608
3 - LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Metodologia científica. 5. ed., rev. e ampl. São Paulo: Atlas, 2007. 312 p.
ISBN 9788522447626 . 10ª Edição, Rio de Janeiro, 2007
Complementar1 - GIL, Antônio C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2002. 176 p.
2 - DEMO, Pedro. Metodologia do conhecimento científico. São Paulo: Atlas, 2000. 216 p. ISBN 8522426473
3 - KUHN, Thomas S. A estrutura das revoluções cientificas. 9. ed. São Paulo: Perspectiva, 2005. 260 p. ISBN
8527301113
4 - POPPER, Karl Raimund. A lógica da pesquisa científica. 11. ed. São Paulo: Cultrix, 2004. 567p ISBN 853160236X
5 - SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do trabalho científico. 22. ed.. São Paulo: Cortez, 2002. 335 p.
Avaliação
1 - Prova 20 pontos
Exercícios 10 pontos Total 30
2 - Prova 20 pontos
Exercícios 10 pontos Total 30
3 - Prova 40 pontos
Total 40
Total Geral 100 pontos
Metodologia Científica
A Metodologia científica aborda as principais regras para produção
científica de maneira sistemática. Fornece um conjunto técnicas, processos,
instrumentos e objetivos para um melhor desempenho e qualidade de um
trabalho científico.
Ciência
A Ciência é o conhecimento ou um sistema de conhecimentos que abarca
verdades gerais ou a operação de leis gerais especialmente obtidas e
testadas através do método científico. O conhecimento científico depende
muito da lógica.
A ciência, na condição atual, é o resultado de descobertas ocasionais, nas
primeiras etapas, e de pesquisas cada vez mais metódicas, nas etapas
posteriores. O patamar recente de desenvolvimento foi resultante da
evolução de técnicas, fatos empíricos e leis. Estes formam o elemento de
continuidade que, por sua vez, foi sendo aperfeiçoado e ampliado ao longo
da história da humanidade (CARRAHER, 1999).
A Ciência e sua evolução
• Os egípcios já tinham desenvolvido um saber técnico evoluído,
principalmente nas áreas de matemática, geometria e na medicina;
• Os gregos foram provavelmente os primeiros a buscar o saber que não
tivesse, necessariamente, uma relação com atividade de utilização prática;
• Na Idade Média, a Igreja Católica serviu de marco referencial para
praticamente todas as ideias discutidas na época. A população não
participava do saber, já que os documentos para consulta estavam presos
nos mosteiros das ordens religiosas;
• Foi no período do Renascimento, aproximadamente entre o séculos XV e
XVI (anos 1400 e 1500) que a ciência começou a evoluir. Neste período as
artes, de uma forma geral, tomaram um impulso significativo;
• No século XVII e XVIII (anos 1600 e 1700) surgiu o Iluminismo, corrente
filosófica que propôs "a luz da razão sobre as trevas dos dogmas
religiosos".
A Ciência e sua evolução
• Nicolau Copérnico, Galileu Galilei, Giordano Bruno,
entre outros, foram perseguidos pela Igreja, em
função de suas ideias sobre as coisas do mundo, o
século XIX serviu como referência de
desenvolvimento do conhecimento científico em
todas as áreas.
Nossas possibilidades de conhecimento são muito e até, tragicamente,
pequenas. Sabemos pouquíssimo, e aquilo que sabemos sabemo-lo
muitas vezes superficialmente, sem grande certeza. A maior parte de
nosso conhecimento somente é provável. Existem certezas absolutas
incondicionais, mas estas são raras. (BOCHENSKY, 1961, P.42)
Galileu Galilei, 15/02/1564 a 8/01/1642
Galileu Galilei, considerado como o
"pai da ciência moderna”.
O que é Pesquisa?
• “Pesquisar, significa, de forma bem simples, procurar respostas para
indagações propostas.” (SILVA E MENEZES, 2001)
• “Pesquisa científica é a realização concreta de uma investigação
planejada, desenvolvida e redigida de acordo com as normas da
metodologia consagradas pela ciência.” (RUIZ, 2002)
• “A pesquisa é uma atividade voltada para a solução de problemas,
através do emprego de processos científicos.” (CERVO; BERVIAN; DA
SILVA, 2007)
• “Pesquisa científica é um conjunto de procedimentos sistemáticos,
baseados no raciocínio lógico, que tem por objetivo encontrar soluções
para os problemas propostos mediante o emprego de métodos
científicos.” (ANDRADE, 2001)
Conhecimento
• É uma relação que se estabelece entre o sujeito que conhece e o objeto
conhecido. Pelo conhecimento, o homem penetra nas diversas áreas da
realidade para dela tomar posse. (CERVO; BERVIAN; DA SILVA, 2007)- Ex. Teoria heliocêntrica, defendida por Copérnico e Galileu. E a teoria Geocêntrica, defendida
por Aristóteles e Ptolomeu.
• Existem basicamente quatro níveis diferentes de conhecimento:– Empírico;
– Científico;
– Filosófico;
– Teológico.
Conhecimento - Empírico
• É também conhecido como:
– Popular,
– Vulgar,
– Espontâneo,
– Ordinário,
– Pré-crítico.
• É o conhecimento obtido ao acaso, após inúmeras tentativas, ou seja, o
conhecimento adquirido através de ações não planejadas. Conhecimento
obtido ao acaso, na vivência do homem na sociedade. Esta vinculado a
percepção e a ação. Não se preocupa com as causas, e sim com a solução
dos fatos.
Conhecimento - Empírico
• Formas de aquisição do Conhecimento Empírico
– Vivência;
– Quotidiano;
– Trabalho;
– Consumo;
– Relações sociais;
– Prática Religiosa;
– Rádio e TV;
– Muitas vezes é tradicional; (umbigo)
– É descoberto ao acaso; (cimento)
– As vezes é falso; (manga)
– É um conhecimento acumulado; (agricultura)
Conhecimento - Empírico
• Importância do Conhecimento Empírico
– Abrigo das intempéries e animais selvagens;
– Roda;
– Meios de caça;
– Fogo;
– Descoberta da agricultura;
– Utensílios e ferramentas;
– Domesticação dos animais;
– Cocção;
– Uso da força animal;
– Moinho.
Conhecimento - Empírico
• Características do Conhecimento Empírico
– Superficial;
– Sensitivo;
– Subjetivo;
– Ametódico;
– Assistemático;
– Fragmentário;
– Ingênuo;
– Espontâneo;
– Instintivo.
(RUIZ, 2002)
Conhecimento - Empírico
• Características do Conhecimento Empírico
– Superficial;
– Sensitivo;
– Subjetivo;
– Ametódico;
– Assistemático;
– Fragmentário;
– Ingênuo;
– Espontâneo;
– Instintivo.
(RUIZ, 2002)
Conhecimento - Empírico
Quando você pratica uma determinada atividade ao longo dos anos, e
gerações e gerações ao longo de séculos a tendência é ir formando certas
concepções de como as coisas devem ser feitas e pensadas naquela área.
Veja a milenar prática do comércio.
(MEZZAROBA; MONTEIRO, 2004)
Senso Comum Ciência
Conhecimento - Científico
• O conhecimento científico permite conhecer as suas causas e as leis que o
regem, busca sua composição, portanto vai além do conhecimento
empírico. O método que garante a veracidade do conhecimento. Só saber o
fenômeno, sem explica-lo não é ciência.
- É racional e objetivo.
- Atém-se aos fatos.
- Transcende aos fatos.
- É analítico.
- Requer exatidão e clareza.
- É comunicável.
- É verificável.
- Depende de investigação metódica.
- Busca e aplica leis.
- É explicativo.
- Pode fazer predições.
- É aberto.
- É útil
(GALLIANO, 1979).
(RUIZ, 2002).
Conhecimento - Filosófico
• É fruto do raciocínio e da reflexão humana. É o conhecimento especulativo
sobre fenômenos, gerando conceitos subjetivos. Busca dar sentido aos
fenômenos gerais do universo, ultrapassando os limites formais da ciência. A
filosofia procura compreender a realidade em seu contexto mais universal.
Porém, a filosofia habilita o ser humano a fazer de suas faculdades para ver
melhor o sentido da vida concreta.
Filosofia
• Matemática, Geometria
• Física
• Química
• ....
• Psiquiatria
Utilizamos a filosofia para a produção de conhecimento.
É na filosofia que encontramos todas as grandes bases
da ciência.
Conhecimento - Teológico
• Conhecimento revelado pela fé divina ou crença religiosa. Não pode, por sua
origem, ser confirmado ou negado. Depende da formação moral e das
crenças de cada indivíduo.
– Acreditar que alguém foi curado por um milagre; ou acreditar em Duende; acreditar em
reencarnação; acreditar em espírito etc..
• O principal argumento é o da autoridade, encontrada nos livros sagrados.
• Características:– É inspiracional;
– É infalível;
– É sistemático;
– Não é verificável.
Teologia X Filosofia X Ciência
• São Tomás de Aquino, que viveu no século XIII, foi o maior teólogo de todos
os tempos propôs o seguinte:
– Tanto o teólogo como o filósofo ou cientista podem tomar os mesmos problemas como objeto
de estudo.
– A teologia distingue-se da filosofia ou da ciência pela diversidade dos princípios subjetivos
operativos e pela diversidade de fontes objetivas.
Trinômio: Verdade - Evidência - Certeza
O ser humano é cheio de limitações, e a realidade que pretende conhecer
e dominar é múltipla e complexa. Diante disso, surgem inúmeras questões: o
ser humano pode conhecer a verdade? O que é verdade? Quais são as
evidências que temos de que as verdades reveladas são realmente verdade?
Como podemos ter certeza de que o ser humano e a humanidade estão no
caminho certo?
Verdade
É o encontro da pessoa com o desvelamento, com o desocultamento e
com a manifestação do ser. A essência das coisas se manifesta, torna-se
translúcida, visível ao olhar, à compreensão humana. Há uma certa
conformidade entre o que julgamos e dizemos e aquilo que do objeto se
manifesta.
Porém o objeto nunca se manifesta totalmente, nunca é inteiramente
transparente, quando muito, podemos conhecer os objetos por suas
representações e imagens. Por isso nunca conhecemos toda a verdade, a
verdade absoluta e total (CERVO 2007).
Pode-se dizer que a verdade é um posicionamento teórico momentâneo.
Erro
Ocorre situações que levados por certas aparências e sem o auxilio de
instrumentos adequados, emitimos conclusões precipitadas que não
correspondem aos fatos e à realidade: temos, então, o erro. E os erros são
frequentes ao longo da história, como por exemplo, as afirmações do
geocentrismo, da geração espontânea, etc.
Evidência
A evidência é uma manifestação clara, é transparência, é desocultamento
e desvelamento da natureza e da essência das coisas. A respeito daquilo que
se manifesta das coisas, pode-se dizer uma verdade (CERVO 2007).
Certeza
É o estado de espírito que consiste na adesão firme e uma verdade, sem
temor de engano. Esse estado de espírito fundamenta-se na evidência, no
desvelamento da natureza e da essência das coisas. Relacionado o trinômio,
pode-se concluir dizendo que, havendo evidência, isto é, se o objeto, fato ou
fenômeno se desvela ou se manifesta com suficiente clareza, é possível afirmar
com certeza, sem temor de engano, uma verdade. A única certeza é que todo
conhecimento científico é precário e pode ser reformulado e reinterpretado a
qualquer tempo (CERVO 2007).
Certeza
- Duvida: É um estado de equilíbrio entre a afirmação e a negação. A dúvida é
espontânea quando o equilíbrio entre a afirmação e a negação resulta da falta
do exame dos prós e dos contras. A dúvida refletida é um estado de equilíbrio
que permanece após o exame das razões prós e contra.
- Opnião: Caracteriza-se pelo estado de espírito que afirma com temor de se
enganar. O valor da opinião depende da maior ou menor probabilidade das
razões que fundamentam a afirmação.
Formação da postura científica
Fazer ciência não é privilégio de um tipo em particular de pessoa, nem
privilégio de povos, raças e culturas.
A adoção de uma postura científica pode se dar em qualquer idade e em
qualquer circunstância.
Características da postura científica
A postura científica é antes de tudo, uma atitude ou disposição subjetiva
do pesquisador que busca soluções sérias, com métodos adequados para o
problema que enfrenta. A postura científica, na prática, é expressão de uma
consciência crítica e racional.
CERVO, BERVIAN, SILVA ; 2007
Características da postura científica
Consciência Critica: É a capacidade de julgar e a separar o essencial do
superficial, o principal do secundário. É uma tomada de posição, no sentido de
impedir a aceitação do que é fácil e superficial.
A objetividade: É a condição básica da ciência. O que vale não é o que
algum cientista imagina ou pensa, mas aquilo que realmente é. Qualquer um
pode repetir a mesma experiência o resultado será sempre o mesmo.
Qualidades da postura científica
Imparcialidade: Não torce os fatos e respeitar escrupulosamente a
verdade.
Cultiva a honestidade: Não colhe como seu o que outros plantaram.
Não é acomodado: Enfrenta obstáculos e os perigos que a pesquisa
possam oferecer
Não reconhece Fronteiras: Não admite nenhuma intromissão de
autoridades estranhas ou limitações em seu campo de investigação (CERVO
2007).
O método científico como instrumento
de produção e pensamento
Método é um conjunto das atividades sistemáticas e racionais que, com
maior segurança e economia, permite alcançar o objetivo – conhecimentos
válidos e verdadeiros – trançando o caminho a ser seguido, detectando, erros e
auxiliando as decisões do cientista (MARCONI, LAKATOS; 2010).
Muitas vezes, um trabalho “simples” guiado por um bom método faz mais
progresso nas ciências que outro mais brilhante que segue ao acaso (CERVO
2007). Fontenelle (apud Lahr, 1958) Exalta o método “Arte de descobrir a
verdade é mais preciosa que a maioria das verdades que se descobre”.
Método Racional e Método Científico
Método Científico: serve-se das técnicas de observação, descrição,
comparação, experimentação, análise e síntese para chegar ao conhecimento
por indução, dedução ou inferência.
Método Racional: aplica-se a realidades abstratas (não suscetíveis de
experimentação),ou a partir de proposições admitidas a priori como evidentes
por si, procede por dedução ou indução, como, por exemplo, as questões da
filosofia.
Métodos
Método Indutivo: É um processo mental por intermédio do
qual, partindo de dados particulares, suficientemente
contatados, infere-se uma verdade geral do universo.
Método Dedutivo: A dedução é o processo mental contrário à
indução. Através da indução, não produzimos conhecimentos
novos, porém explicitamos conhecimentos que antes estavam
implícitos. (MARCONI, LAKATOS; 2010).
Dedutivo Indutivo
Todo mamífero tem um coração.
Ora, todos os cães são mamíferos.
Logo, todos os cães têm um coração.
Todos os cães que foram observados
tinham um coração.
Logo, todos os cães têm um coração.
https://www.youtube.com/watch?v=H2cR4ewT8_0
Outros Métodos
Método Dialético,
Métodos específicos das Ciências Sociais,
– O método e os métodos,
– Método histórico,
– Método comparativo,
– Método monográfico,
– Método estatístico,
– Método tipológico,
– Método funcionalista,
– Método estruturalista,
– Métodos e quadro de referência,
Método das coincidências constantes – tábuas de Bacon
Métodos de exclusão de Stuart Mill
É importante lembrar
Toda investigação nasce de algum problema observado ou sentido, de tal
modo que não pode prosseguir a menos que se faça uma seleção da matéria a
ser tratada. Essa seleção requer alguma hipótese ou pressuposição que vai
orientar e, ao mesmo tempo, delimitar o assunto a ser investigado. Daí o
conjunto de processos ou etapas de que serve o método científico, tais como a
observação e a coleta de todos os dados possíveis, a hipótese que procura
explicar provisoriamente todas as observações de maneira simples e viável, a
experimentação que dá ao método científico também o nome de método
experimental, a indução da lei que fornece a explicação ou o resultado de todo
trabalho de investigação e a teoria que insere o assunto tratado em um contexto
mais amplo.
Técnicas
O método concretiza-se como o conjunto das diversas etapas ou passo
que devem ser seguidos para a realização da pesquisa e que configuram as
técnicas. As técnicas em uma ciência são os meios corretos de executar as
operações de interesse de tal ciência. Assim, há técnicas associadas ao uso de
certos testes em laboratório, ao levantamento de opiniões de massa, à coleta de
dados estatísticos; há técnicas para conduzir uma entrevista, para determinar a
idade por medições de carbono, para decifrar inscrições desconhecidas dentre
outras. Portanto métodos são técnicas suficientemente gerais para se tornarem
procedimentos comuns a uma área das ciências ou a todas as ciências.
Observação
A observação é de fundamental importância nas ciências. Dela depende o
valor de todos os outros processos. É um elemento básico de investigação que
ajuda o pesquisador a identificar e a obter provas a respeito de objetivos sobre
os quais os indivíduos não tem consciência, mas que orientam seu
comportamento.
Tjora (2006) afirma que o método de observação faz demandas
substanciais sobre o pesquisador e pode ser uma das formas mais difíceis de
pesquisa para aplicar em seu próprio ambiente. A vida cotidiana, que
aceitamos sem questionar, pode tornar invisíveis coisas que seriam
relevantes para o observador. As dificuldades do método incluem, ainda,
situações que implicam em como fazer anotações de campo, o que anotar e,
implicitamente, o que observar.
Observação
A observação pode assumir diferentes configurações conforme descrito
por Lakatos e Marconi (2010).
a) Segundo os meios utilizados:
– Observação não estruturada (assistemática).
– Observação estruturada (sistemática).
b) Segundo a participação do observador:
– Observação não participante.
– Observação participativa.
c) Segundo o número de observações:
– Observação individual.
– Observação em equipe.
d) Segundo o lugar onde se realiza:
– Observação efetuada na vida real (trabalho de campo).
– Observação efetuada em laboratório.
Observação
Observação não estruturada (assistemática).
– Espontânea, informal, ocasional. Consiste em recolher e registrar os fatos da realidade
sem que o pesquisador utilize meios técnicos especiais ou precise fazer perguntas
diretas. Não tem planejamento ou controle previamente elaborado. É mais empregada
em estudos exploratórios.
– Êxito: vai depender do observador, de ele estar atento aos fenômenos que ocorrem ao
seu redor.
– O que não deve ser feito:
a) O pesquisador não deve pensar que sabe mais do que o realmente presenciado;
b) Não deve se deixar envolver emocionalmente;
c) Infidelidade no registro de dados.
Observação estruturada (sistemática).
– É realizada em condições controladas para se responder a propósitos, que foram
anteriormente definidos. Requer planejamento e necessita de operações específicas para
o seu desenvolvimento. Podem ser utilizados quadros, anotações, escalas, dispositivos
mecânicos.
– É mais empregada em estudos exploratórios e descritivo.
– O que não deve ser feito:
a) Influenciar sobre o que vê ou recolhe;
b) Camuflar os erros.
Observação
Observação não participante.
– O pesquisador tem contato com a comunidade, grupo ou realidade estudado, mas sem
integrar-se a ela: permanece de fora. Executa um papel de espectador. É muito utilizada
– quando se pretende fazer uma observação naturalista, tendo em vista o fato do
observador não interferir no fenômeno investigado.
Observação participativa.
– Consiste na participação real do pesquisador com a comunidade ou grupo. Ele se
incorpora ao grupo confunde-se com ele. Com este tipo de observação, o observador
conquista mais facilmente a confiança de quem observa. Apresenta uma grande
desvantagem visto que perde, consideravelmente, a sua objetividade, pois apesar de ambos
vivenciarem as mesmas situações, o modo como o fazem é, de certo, bastante distinto.
– Em geral são apontados duas formas:
a) Natural o observador pertence à mesma comunidade ou grupo que investiga.
b) Artificial o observador integra-se ao grupo com a finalidade de obter informações.
Observação
Observação individual.
– Como o próprio nome indica, é técnica de observação realizada por um pesquisador. Nesse
caso, a personalidade dele se projeta sobre o observado, fazendo algumas inferências ou
distorções, pela limitada possibilidade de controles. Por outro lado, pode intensificar a
objetividade de suas informações, indicando, ao anotar os dados, quais são os eventos reais
e quais são as interpretações. É uma tarefa difícil, mas não impossível. Em alguns aspectos,
a observação só pode ser feita individualmente.
Observação em equipe.
– A observação em equipe é mais aconselhável do que a individual, pois o grupo pode observar
a ocorrência por vários ângulos. Quando uma equipe está vigilante, registrando o problema na
mesma área, surge a. oportunidade de confrontar seus dados posteriormente, para verificar
as predisposições. A observação em equipe, segundo Ander-Egg (1978:100), pode realizar-se
de diferentes formas:
a) todos observam o mesmo, com o qual se procura corrigir as distorções que podem advir de cada investigador em
particular;
b) cada um observa um aspecto diferente;
c) a equipe recorre à observação, mas alguns membros empregam outros procedimentos;
d) constitui-se uma rede de observadores, distribuídos em uma cidade, região ou país; trata-se da técnica
denominada de observação maciça ou observação em massa.
Observação
Observação efetuada na vida real (trabalho de campo).
– A melhor ocasião para o registro é o local onde o evento ocorre. Os acontecimentos são
registrados à medida que vão ocorrendo. Pretende analisar o comportamento humano no seu
ambiente natural. Isto reduz as tendências seletivas e a depuração
Observação efetuada em laboratório.
– A observação em laboratório é aquela que tenta descobrir a ação e a conduta, que teve lugar
em condições cuidadosamente dispostas e controladas. Entretanto, muitos aspectos
importantes da vida humana não podem ser observados sob condições idealizadas no
laboratório. A observação em laboratório tem, até certo ponto, um caráter artificial, mas é
importante estabelecer condições o mais próximo do natural, que não sofram influências
indevidas, pela presença do observador ou por seus aparelhos de medição e registro. O uso
de instrumentos adequados possibilita a realização de observações mais refinadas do que
aquelas proporcionadas apenas pelos sentidos.
ReferênciasANDRADE, Maria Margarida de. Introdução à metodologia do trabalho científico: elaboração de trabalhos na graduação. 5 ed.
São Paulo: Atlas, 2001.
BASTOS, Cleverson; KELLER, Vicente. Aprendendo a Aprender – Introdução à Metodologia Científica. 16 ed. Rio de Janeiro: Ed.
Vozes, 1991.
BOCHENSKI, Józef Maria, Diretrizes do Pensamento Filosófico. São Paulo: Herder, 1961.
CARRAHER, David. Senso crítico. São Paulo: Pioneira, 1999.
CERVO, Amado Luiz; BERVIAN, Pedro Alcino; DA SILVA, Roberto. Metodologia científica. 6. ed. São Paulo: Makron Books,
2007. 162p.
GALLIANO, A. Guilherme. O método científico: teoria e prática. São Paulo: HARBRA, 1979
LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Mariana de Andrade Técnicas de pesquisa. 7. ed. São Paulo: Atlas. 2010.
LAHR, C; Manual da Filosofia. 7. ed. Porto: Apostilado da Imprenssa. 1958.
MÁTTAR NETO, J.A. Metodologia Científica na Era da Informática. São Paulo: Saraiva, 2002.
MEZZAROBA, ORIDES; MONTEIRO, CLÁUDIA SERVILHA. Manual de metodologia da pesquisa no Direito. 2. ed. rev. Amp. São
Paulo: Saraiva, 2004.
MEDEIROS, F. A. S. Metodologia do Trabalho Científico. Manaus: Cesf, 2002. Apostila.
RUIZ, João Álvaro. Metodologia científica: guia para eficiência de estudos. 5 ed. São Paulo: Atlas, 2002.
SILVA, E. L. da; MENEZES, E. M. Metodologia da pesquisa e elaboração de dissertação. 3 ed. Florianópolis: Laboratório de
Ensino à Distância da UFSC, 2001.
TJORA, A. H. Writing small discoveries: an exploration of fresh observers’ observations. Qualitative Research , London, v. 6, n. 4, p.
429-451, 2006.