CONSIDERAÇÕES SOBRE EMPREENDEDORISMO COMO ELEMENTO PROPULSOR DO TURISMO NO BAIXO SÃO FRANCISCO
Prof. Me. Paulo Henrique Oliveira Silva
Esp. Débora Lomba Pinto Fonseca
JUSTIFICATIVA
• Segundo estudo realizado pelo Overseas Development Institute, às localidades-destino, cabem, em média, apenas 30% de tudo o que é gerado pela indústriado turismo (ASHLEY;GOODWIN, 2007).
Os atores locais do turismo e os pequenos e médios municípios não têm o real aproveitamento econômico, social e
financeiro do turismo que utiliza dessa matéria-prima valiosa.
•Nota-se que essas localidades precisam estar preparadas para melhorar suacapacidade de desenvolver a partir da atividade turística. Para tanto, talpesquisa observa a importância do empreendedorismo como fio condutor desseprocesso de desenvolvimento e ampliação do capital financeiro e intangíveldeixado nas comunidades.
JUSTIFICATIVA
•Empreendedorismo, inovação e criatividade como alternativas para alavancar odesenvolvimento econômico de diversos setores, como exemplo o segmento doturismo;
O que observamos hoje? O inverso: falta de planejamento nos municípios; exploração indevida de áreas naturais;
falta de qualificação profissional; iniciativas organizadas de forma amadora
e as necessidades básicas e de subsistência desassistidas;
•Municípios como os da região Baixo São Francisco - ‘empreendedorismo’ surgepor necessidade e a ‘inovação e criatividade’ não são popularizados e simapresentados como algo excepcional e ao alcance de poucos.
OBJETIVOS
Apresentar considerações sobre o empreendedorismo esua relação com o turismo na região do Baixo SãoFrancisco
Propor caminhos para o desenvolvimento do turismoatravés do empreendedorismo.
METODOLOGIA
Método de abordagem: utilizou-se o método dedutivo, com análise dos
conceitos gerais sobre turismo e empreendedorismo para convergir numa
análise na Região do Baixo São Francisco;
Método de procedimento: pesquisa bibliográfica e exploratória;
Técnica de pesquisa: observação direta com pesquisa de levantamento que se
constituiu em entrevistas semi-estruturadas realizadas de 03 a 09 de setembro
de 2017 em 14 cidades na região do Baixo São Francisco.
OBJETO DE ESTUDO:
BAIXO SÃO FRANCISCO
O Baixo São Francisco é uma regiãohidrográfica por onde percorre oRio São Francisco com extensão dePaulo Afonso até a desembocadurano Oceano Atlântico, totalizando214 km. Abrange as cidades dosEstados de Bahia, Sergipe, Alagoase Pernambuco.
Figura 1: Região do Baixo Rio São Francisco
Fonte: Instituto Ambiental Brasil Sustentável – IABS / Agência Espanhola de Cooperação Internacional para o Desenvolvimento – AECID /
Governo do Estado de Alagoas / Fundo Multilateral de Investimentos – Grupo BID / Editora IABS, Brasília-DF, Brasil (2013).
OBJETO DE ESTUDO: BAIXO SÃO FRANCISCO
• A área de estudo compreende alguns municípios que foram
selecionados para a V Expedição ao Rio São Francisco, projeto do
Programa de Pós-graduação em Desenvolvimento Regional e Urbano
(PPDRU) da Universidade Salvador (UNIFACS), através de pesquisa
exploratória da região e de escolhas de localidades estratégicas e de
potencial turístico: Alagoas - Penedo, Piranhas, Piaçabuçu, Porto Real
do Colégio; Sergipe – Canindé do São Francisco, Ilha das Flores,
Neópolis, Santana do São Francisco, Propriá.
REFERENCIAL TEÓRICO
Década de 1980: aumento do número de pesquisas sobre o empreendedorismo emudanças ligadas a geração de emprego.
Empreendedorismo - termo originado de entrepreneur. É um verbo francêsentreprendre, sendo que a raiz da palavra tem mais de 800 anos.
Significado etimológico: entre + prendre, ‘ENTRE’ designa espaço de um lugar aoutro, ação mútua, reciprocidade e PRENDRE significa tomar posse, utilizar, empregar,tomar uma atitude (BOM ÂNGELO, 2003).
O termo empreendedor, como utilizado hoje, era praticamente desconhecido.Assuntos ligados a criação de pequenas empresas eram limitadas por questões político,econômico e educacional desfavoráveis no Brasil (DORNELAS, 2001).
Empreendedorismo
REFERENCIAL TEÓRICO
Para que o empreendedorismo aconteça é indispensável que o seu ecossistema esteja
ativo, ou seja, que haja elementos inter-relacionados à disposição dos empreendedores,
pois estimula, alavancam, incentivam, gera confiança nas pessoas que precisam exercer
seu comportamento empreendedor. E eles só funcionam com o resultado da interação
entre diversos elementos que influenciam no desenvolvimento econômico local, como
Universidades, Poder Público, Empresas privadas, criação e execução de políticas públicas,
disseminação da cultura empreendedora, capital financeiro e outros conforme mostra a
figura 01 a seguir (ISENBERG, 2010; 2011; 2013; AUTIO et al., 2014).
Empreendedorismo
REFERENCIAL TEÓRICO
Ausência de suporte técnico aos empreendedores da região do Baixo São Francisco ocasiona
um quadro problemático, impactando na competitividade turística local.
(...) competitividade do turismo é a capacidade dos agentes de interferirem nas atividades do
turismo de interferir em um país, região ou zona turística, para atingir suas metas acima da média do
setor de uma forma sustentada e sustentável, o que pode ser alcançado por concessões
lucrativamente financiadas acima da média do setor, e por ganhos sociais e ambientais como
consequência de intervenções de organizações e instituições públicas, além de obter a máxima
satisfação do turista. Assim, o objetivo último da competitividade é atender da melhor forma
possível às expectativas de todos os agentes que participam na atividade de turismo (Silva, 2004, p.
374).
ANÁLISE DOS ATORES
SERVIÇO DE APOIO ÀS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS – SEBRAE AL:
Forte parceiro - realização de assessoria e capacitações nas áreas de formaçãode preço e técnicas de vendas.
Instituição do ecossistema de empreendedorismo que mais atua, quase queunicamente.
ANÁLISE DOS ATORES
SERVIÇO DE APOIO ÀS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS – SEBRAE AL:
Apesar da sua importância, as ações são insuficientes por diversos fatores como:
•Ações de assessoria e capacitações focadas nas lideranças com predisposição a empreender,dificultando o despertar de novos empreendedores
•Não ocorrem com um fluxo contínuo, por isso algumas ações podem perder força ao longo doprocesso, pois a manutenção dos negócios, sobretudo, nos dois primeiros anos, é um aspectoque necessita de acompanhamento;
•O foco do SEBRAE é na formalização daqueles talentos ou produtos oferecidos, informalmente,na região. Porém, os empreendedores envolvidos, nem sempre estão preparados paraadministrar um negócio e equipe. Seria importante uma profissionalização processual, tendo emvista que não é regra ter a formalização como primeiro passo.
ANÁLISE DOS ATORES
• ARTESANATO
Companhia de Bordados de Entremontes – AL – bordado Redendê,um pontonórdico que chegou como herança portuguesa nas comunidades ribeirinhas.
Cooperativa das Artesãs da Ilha do Ferro – Art Ilha - povoado de Ilha do Ferromunicípio de Pão de Açúcar – AL: Criado há mais de um século, o bordado boa-noite é uma variação da técnica do Redendê, e um dos pilares desse artesanato,também representado pelas esculturas e móveis de madeira.
ANÁLISE DOS ATORES
ARTESANATO
• Reconhecimento nacional e internacional• Participação em feiras com objetivo de vender, não para divulgar e buscarparcerias;• Esse tipo de limitação poderia ser atenuada por um melhordirecionamento nas capacitações de empreendedorismo.• Valorização da cultura do artesanato e apropriação pela comunidade.Apesar do potencial, as cidades de Piranhas, Piaçabuçu e Penedo – AL dispõemde centro de artesanato necessitando de identidade.
ANÁLISE DOS ATORES
• PODER PÚBLICO MUNICIPAL
Secretaria Municipal de Turismo de Piranhas – AL
•Regulamentação no Cadastur, executado pelo Ministério do Turismo(MTur), em parceria com os Órgãos Oficiais de Turismo das Unidades daFederação;
• Incentivo à criação da Associação de Barqueiros do município;
•Resgate do Projeto da Linha de Trem que fará o percurso de DelmiroGouveia a Piranhas – AL (resgate da cultura local e meio de transporte).
ANÁLISE DOS ATORES
• POLÍTICAS E PROGRAMAS GOVERNAMENTAIS
"Projeto de Integração do Rio São Francisco com Bacias Hidrográficas do Nordeste” - Governo Federal - deslocamento de parte das águas do Rio São Francisco. •destruição de algumas cidades e vilarejos;•desaparecimento de espécies de animais;•vazão do rio;•pescadores afetados e obrigados a mudarem as suas atividades;• Empreender por necessidade e não tem nenhum suporte para essa transição de pescador para empreendedor do turismo.
ANÁLISE DOS ATORES
SERVIÇO TURÍSTICO - AGENCIAMENTO - passeios no Canyon
•Mftur - empresa pioneiro na região e atua com exclusividade na
realização de passeios na parte superior da Hidrelétrica de Xingó,
com catamarãs padronizados e de grande porte;
• peça importante para o incremento do turismo na região;
•desenvolvimento empreendedor para lideranças específicas.
ANÁLISE DOS ATORES
ATRATIVOS NATURAIS
***Passeio até a Foz do Rio São Francisco - Cidade de Piaçabuçu – Alagoas;
***Impossibilidade de acesso até o Povoado do Quilombo Pixaim, localizadoa 4 km da Foz do Rio, onde analisaríamos o artesanato. Por isso, nota-se quemesmo tendo o turismo como alternativa, a negligência política tem afetadoa realização de tal atividade;
ANÁLISE DOS ATORES
• PROBLEMAS ACARRETADOS - ATRATIVOS NATURAIS
assoreamento do rio e o avanço do mar;
destruição de povoados como o povoado de Cabeço, localizado em ilha na foz do Rio São
Francisco, na divisa entre Alagoas e Sergipe;
Pescadores relocados para o assentamento de Samarém, cinco quilômetros rio adentro,
prejudicando economicamente a comunidade, acostumada a pescar na área do Cabeço.
As mulheres de pescadores dessa área optaram por vender cocadas caseiras como forma
de conseguir renda. Algumas realizaram cursos através do SEBRAE.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A adequação e aplicação de um programa de
empreendedorismo mais democrático e contínuo
oportunizaria a criação de novos negócios e seria fundamental
para o aumento e incremento da oferta, proporcionando
novos modos de gestão e operação das empresas e inciativas
turísticas para melhor atendimento das necessidades de uma
demanda determinante e potencial.
ALAGOAS. Secretaria de Estado do Desenvolvimento Econômico e Turismo. Zoneamento Turístico do Baixo Rio SãoFrancisco no Estado de Alagoas. Katia de Castro de Matteo, Eraldo Matricardi, José Salatiel Rodrigues Pires, Juan CarlosMatamala (Autores). Carla Gualdani, Luís Tadeu Assad, Polyana Cristina Paro (Organizadores). Instituto Ambiental BrasilSustentável – IABS / Agência Espanhola de Cooperação Internacional para o Desenvolvimento – AECID / Governo doEstado de Alagoas / Fundo Multilateral de Investimentos – Grupo BID / Editora IABS, Brasília-DF, Brasil - 2013.
ASHLEY, C.; GOODWIN, H. Pro poor tourism – what´s gone right and what´s gone wrong: UK: Overseas DevelopmentInstitute Opinion 80. Jun.2007 Disponível em: http://www.odi.org.uk/opinion/docs/778.pdf. Acesso em 23 set.2017;
BOM ANGELO, E. Empreendedor Corporativo: a nova postura de quem faz a diferença. Rio de Janeiro: Campus, 2003;
CHIAVENATO, Idalberto. Empreendedorismo: dando asas ao espírito empreendedor. – 2.ed.rev. e atualizada. – SãoPaulo: Saraiva, 2007.
DOLABELA, Fernando. Oficina do Empreendedor: A Metodologia de Ensino que ajuda a Transformar Conhecimento emRiqueza. São Paulo: Cultura Editores Associados, 1999
REFERÊNCIAS
DORNELAS, José C. A. Empreendedorismo: transformando idéias em negócios. Rio de Janeiro, Campus, 2001.
ISENBERG, D. J. (2011) The Entrepreneurship Ecosystem Strategy as a New Paradigm for Economic Policy: Principles
for Cultivating Entrepreneurship. Dublin: Institute of International European Affairs.
MASKE, Daniele Cristine. Relação entre orientação empreendedora, inovação, orientação para o mercado e
desempenho em empresas turísticas. Dissertação (mestrado acadêmico em Turismo e Hotelaria).145 f. 2004
Universidade do Vale do Itajaí.
OLIVEIRA, A. P. Turismo e desenvolvimento: planejamento e organização. 3 ed. rev. São Paulo: Atlas, 2001.
SILVA, Jorge Antonio Santos. Turismo, crescimento e desenvolvimento: uma análise urbano-regional baseada em
cluster. Tese apresentada ao curso de Doutorado em Ciências da Comunicação, da Escola de Comunicações e Artes da
Universidade de São Paulo. ECA/USP, São Paulo, 2004.
REFERÊNCIAS
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Prof. Me. Paulo Henrique Oliveira Silva
Esp. Débora Lomba Pinto Fonseca