COMPORTAMENTO DA DEMANDA POR INGRESSO
BRASILEIRO DE FUTEBOL 2012
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O presente estudo tem como objetivo principal analisar os números referentes ao público pagante dos jogos do Campeonato Brasileiro de Futebol de 2012 e tentar identificar alguma correlação desse resultado com fatores como classificação dos clubes, capacidade do estádio e preço dos ingressos. A partir desses resultados, pretendemos mostrar que as eventuais tentativas de se estabelecer um preço ótimo para os jogos, apesar de ser fundamental para o binômio finanças/apoio da torcida, é de extrema complexidade, sendo fundamental para a identificação do grau de elasticidade/preço uma série histórica com boa
representatividade.
INTRODUÇÃO
Produzido e editado por Jambo Sport Business Idel Halfen Luiz Ratto Francisco Machado MAIO 2013 www.jambosb.com.br
Esse quadro é o que melhor representa o grau de engajamento do torcedor local em relação ao seu time.
Seis clubes tiveram a média de público superior à média
apurada.
Desses, quatro terminaram o campeonato brasileiro entre os seis primeiros colocados.
Os outros dois clubes que fizeram parte dos TOP 6 foram Fluminense, campeão com a 9ª maior média de público e Vasco com a 17ª média.
O fato de esses dois times serem do Rio de Janeiro pode ser um indicativo da influência que a interdição do Maracanã teve sobre a presença do público carioca nos estádios.
Essa suposição ganha ainda mais consistência ao analisarmos os demais clubes do Rio, Botafogo – 7º colocado e 14º maior público – e Flamengo - 11º colocado e 10º maior público.
PÚBLICO COMO MANDANTE
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CLUBES PÚBLICO RANK CLASSIFICAÇÃO
Corinthians 25.222 1 6
São Paulo 24.298 2 4
Gremio 23.530 3 3
Bahia 18.981 4 15
Atlético MG 18.274 5 2
Sport 17.811 6 17
Náutico 12.894 7 12
Fluminense 12.644 8 CAMPEÃO
Coritiba 12.579 9 13
Flamengo 12.250 10 11
Palmeiras 11.983 11 18
Cruzeiro 11.677 12 9
Internacional 9.270 13 10
Botafogo 8.522 14 7
Santos 8.108 15 8
Figueirense 7.999 16 20
Vasco da Gama 7.559 17 5
Ponte Preta 6.238 18 14
Atletico GO 5.587 19 19
Portuguesa 4.236 20 16
MÉDIA 12.983
Ainda sobre o mesmo quadro, vale destacar a mobilização da torcida do
Bahia, 4ª maior média de público mesmo se classificando em 15º lugar e da
torcida do Sport, 6ª maior média de público e 17º lugar, o que implicou no
rebaixamento da equipe.
Esses resultados podem ser explicados tanto pelo fanatismo da torcida dos
dois clubes, como também pela situação das equipes, que passaram grande
parte da competição precisando do apoio da torcida na luta contra o
descenso.
O bom desempenho do Corinthians, líder de público como mandante,
também pode ser creditado ao elevado grau de engajamento de sua torcida
e a euforia pela conquista da Libertadores.
Já o São Paulo, vice-líder em público, beneficiou-se do hábito da torcida em
frequentar o Morumbi e da campanha para a vaga na Libertadores 2013.
O caso do Atlético MG merece ser destacado, pois além da boa campanha do
time, houve uma grande simbiose entre torcida e o novo estádio, conferindo
ao Independência um status de “casa do time”.
PÚBLICO COMO MANDANTE
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Esse quadro é bastante diferente do que o apresentado em relação ao público como mandante.
Ressalvas também devem ser feitas aos momentos dos times que estavam mandando seus jogos, pois o início do campeonato não confere o caráter de decisão que ocorre nas rodadas finais, onde há a possibilidade das partidas terem maior importância.
Todos os resultados aqui encontrados podem e devem ser analisadas individualmente.
No caso do líder Flamengo, a justificativa é o tamanho de sua torcida em outras cidades do Brasil.
Já no caso do Fluminense, a boa campanha do time, associada ao elenco recheado de estrelas e ainda às iniciativas de marketing visando atrair e mobilizar os torcedores de cada cidade, explicam sua performance.
O Santos tem o efeito Neymar como o maior responsável pela 3ª colocação nesse quesito.
O clube que teve a pior média como mandante foi a Portuguesa de Desportos, que tem uma torcida de característica regional.
PÚBLICO COMO VISITANTE
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CLUBES PÚBLICO CLASSIFICAÇÃO
Flamengo 16.956 11
Fluminense 15.761 CAMPEÃO
Santos 15.354 8
São Paulo 14.961 4
Gremio 14.643 3
Botafogo 14.353 7
Cruzeiro 14.111 9
Corinthians 14.038 6
Náutico 13.946 12
Atlético MG 13.941 2
Internacional 12.639 10
Palmeiras 12.460 18
Vasco da Gama 12.039 5
Ponte Preta 12.033 14
Coritiba 11.400 13
Bahia 11.115 15
Figueirense 10.094 20
Atletico GO 10.094 19
Sport 10.044 17
Portuguesa 9.679 16
Curiosamente a média do preço de ingresso mais cara foi a do Atlético MG, 5º no ranking de público como mandante, enquanto o Corinthians teve o 5º ingresso mais caro.
Já a média de ingresso mais barata foi a da Ponte Preta.
Esse quadro é bastante interessante, pois corrobora para nossa tese de que é extremamente complexo estimar a elasticidade preço dos ingressos, visto que diversas variáveis, as quais discorreremos nos slides intitulados “CONCLUSÕES”, influenciam a demanda.
VALOR DO TICKET COMO MANDANTE
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CLUBES VALOR TICKET R$ RANK
Corinthians 29,44 5
São Paulo 22,79 11
Gremio 25,06 9
Bahia 19,96 14
Atlético MG 35,21 1
Sport 18,62 15
Náutico 20,30 13
Fluminense 24,85 10
Coritiba 17,41 18
Flamengo 20,47 12
Palmeiras 28,07 6
Cruzeiro 27,91 7
Internacional 16,83 19
Botafogo 30,27 3
Santos 18,42 17
Figueirense 18,62 16
Vasco da Gama 29,46 4
Ponte Preta 13,14 20
Atletico GO 32,11 2
Portuguesa 27,90 8
MÉDIA 23,84
Para essa análise, consideramos o estádio onde cada clube fez a maioria de seus jogos como mandante.
Essa informação se faz necessária, pois alguns clubes mandaram seus jogos em mais de um estádio.
Dentre as arenas que receberam jogos do Brasileiro de 2012, o Morumbi é o que tem a maior capacidade e teve uma taxa de ocupação de 33,4%, a 11ª maior.
O 2º maior estádio foi o Engenhão, com 28% de taxa de ocupação em jogos do Fluminense, 27,1% nos jogos do Flamengo e 18,8% nos jogos do Botafogo.
ESTÁDIOS E TAXAS DE OCUPAÇÃO
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CLUBES ESTÁDIO CAPACIDADE RANK % OCUP RANK
Corinthians Pacaembu 40.199 7 62,7 3
São Paulo Morumbi 72.809 1 33,4 11
Gremio Olímpico 45.000 5 52,3 6
Bahia Pituaçu 32.157 10 59,0 4
Atlético MG Independência 23.018 14 79,4 1
Sport Ilha do Retiro 30.520 11 58,4 5
Náutico Aflitos 19.800 18 65,1 2
Fluminense Engenhão 45.217 2 28,0 16
Coritiba Couto Pereira 37.812 9 33,3 12
Flamengo Engenhão 45.217 2 27,1 17
Palmeiras Pacaembu 40.199 8 29,8 15
Cruzeiro Independência 23.018 15 50,7 7
Internacional Beira Rio 25.000 12 37,1 10
Botafogo Engenhão 45.217 4 18,8 19
Santos Vila Belmiro 20.120 17 40,3 9
Figueirense Orlando Scarpelli 19.584 20 40,8 8
Vasco da Gama São Januário 24.548 13 30,8 14
Ponte Preta Moisés Lucarelli 19.728 19 31,6 13
Atletico GO Serra Dourada 41.574 6 13,4 20
Portuguesa Canindé 21.004 16 20,2 18
MÉDIA 38,7
A melhor taxa de ocupação foi a do estádio Independência nos jogos do Atlético MG, 79,4%. Nos jogos do Cruzeiro esse índice caiu
para 50,7%, fazendo refletir aqui o fator performance do time. O valor médio do ticket em jogos do Atlético MG foi de R$ 35,21 enquanto que o do Cruzeiro, R$ 27,91. É importante observar que para efeito
desse estudo, alguns estádios estavam com a capacidade reduzida em função de obras para adequação às exigências da FIFA.
ESTÁDIOS E TAXAS DE OCUPAÇÃO
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O maior público do Corinthians como mandante ocorreu na 19ª rodada contra o rival São Paulo, 34.843 pagante (87% de ocupação do estádio).
Já o maior público do São Paulo ocorreu no jogo contra o Náutico na 36ª rodada, quando lutava pela vaga na Libertadores – 62.207 pagantes (85% de ocupação).
O Grêmio teve no jogo contra o Internacional seu maior público, partida pela última rodada do campeonato e que seria a última oficial no Olímpico, já que depois disso passaria a utilizar a Arena Grêmio para mandar seus jogos.
O Fluminense obteve seu maior público no jogo em que venceu o Flamengo. O grande apelo desse jogo não foi a rodada em que ocorreu (8ª), nem tampouco a classificação das equipes, mas o fato do jogo comemorar os 100 anos do Fla x Flu.
O maior público do Atlético MG como mandante também ocorreu num clássico regional, na última rodada contra o Cruzeiro, 21.232 pagantes (92% de taxa de ocupação).
O Sport, por sua vez, teve na 37ª rodada contra o Fluminense, um jogo que decidia sua sobrevivência na série A e o público ultrapassou a capacidade do estádio em 6%.
MAIORES PÚBLICOS
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O quadro ao lado situa os clubes de acordo com suas performances na relação Preço vs. Média de público. O eixo X (horizontal) é o que traz a média de preço praticado pelas equipes na condição de mandantes, enquanto o eixo Y (vertical), traz a média de público. Os clubes situados no quadrante superior direito tiveram uma boa performance sob esse quesito – público elevado e ingresso valorizado - , enquanto que os do quadrante inferior esquerdo tiveram público reduzido e ingresso desvalorizado.
PERFORMANCE PREÇO / PÚBLICO
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23,84 TICKET MÉDIO12.9
83 P
ÚB
LIC
O M
ÉDIO
O quadro ao lado traz o faturamento de cada clube no campeonato – Preço Médio Praticado x Público Médio. Os três melhores colocados sob esse quesito são Corinthians, Atlético MG e Grêmio, os únicos situados no quadrante superior direito do gráfico anterior, o que denota uma boa relação preço x público. Já os 3 piores do quadro ao lado não guardam a mesma conclusão, visto que a Portuguesa, mesmo com o penúltimo pior faturamento, praticou um preço superior aos praticados pelo Figueirense e Ponte Preta.
PERFORMANCE PREÇO / PÚBLICO
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CLUBES RECEITA R$
Corinthians 742.536
Atlético MG 643.428
Gremio 589.662
São Paulo 553.751
Bahia 378.861
Palmeiras 336.363
Sport 331.641
Cruzeiro 325.905
Fluminense 314.203
Náutico 261.748
Botafogo 257.961
Flamengo 250.758
Vasco da Gama 222.688
Coritiba 219.000
Atletico GO 179.399
Internacional 156.014
Santos 149.349
Figueirense 148.941
Portuguesa 118.184
Ponte Preta 81.967
O Flamengo, apesar de, supostamente, ter a maior torcida, não conseguiu converter isso em maiores públicos ou maiores arrecadações. O fato de Ponte Preta e Internacional oferecerem os ingressos mais baratos não representou aumento de público. Vale também notar que o Vasco, mesmo se classificando em 5º lugar, teve apenas a 17ª média de público, o que pode ser explicado, nesse caso, pelo preço médio praticado, o 4º entre todos os clubes. Enfim, todos os pontos abordados nessa apresentação auxiliam no entendimento do quão complexo é precificar ingressos no futebol e que seria pretensioso tentar estimar a elasticidade ao preço dos ingressos do campeonato brasileiro de futebol, visto se se tratar de um processo em que diversas variáveis, muitas das quais incontroláveis, afetam a demanda.
COMENTÁRIOS GERAIS
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Os principais fatores que influenciam o público são - TAMANHO DA TORCIDA, pois, em tese, quanto maior
ela for, maior será a possibilidade de engajamento.
- ATRATIVIDADE DOS JOGADORES, já que a presença de ídolos e craques carismáticos pode contribuir para a ida ao estádio.
- IMPORTÂNCIA DO JOGO, aqui independe muitas vezes das chances de disputa de título, uma partida que decida um eventual rebaixamento pode ser capaz de levar um grande público à arena.
- ACESSO AO ESTÁDIO, onde se contempla o tempo e opções de locomoção, facilidade de estacionamento e demais atributos ligados ao conforto.
CONCLUSÕES
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- HORÁRIOS E DIAS DOS JOGOS, o que pode incluir as condições climáticas e as datas dos jogos, pois é sabido que existem épocas onde as despesas são maiores, tipo início do ano no Brasil - por causa de impostos e matrículas no ensino - e outras onde as receitas são maiores graças ao recebimento de 13º e bônus.
- O fato de um TIME ESTAR DISPUTANDO MAIS DE UMA COMPETIÇÃO também é capaz de influenciar a ida aos jogos, já que muitas vezes o torcedor precisará otimizar seu orçamento e abrir mão de algumas partidas.
- Por fim, impacta também a demanda FATORES MACROECONÔMICOS mais abrangentes, tais como índice de emprego, inflação e até juros.
CONCLUSÕES
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Obviamente um ambiente em que exista
uma economia madura e produtos como
o season ticket já estejam aculturados à
sociedade, torna mais fácil a análise de
elasticidade, porém, infelizmente, ainda
não é o nosso caso.
Além disso, é importante salientar que,
mesmo se conseguíssemos expurgar os
efeitos das variáveis citadas, os dados
coletados não seriam suficientes para
definir a grau de elasticidade, visto que
para isso seria necessária uma série
histórica de relativa significância.
CONCLUSÕES
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Deve também ficar claro que a demanda pelo produto não pode ser o fator exclusivo pela precificação, já que os custos têm fator preponderante na formação do preço. Nada adianta ter um preço que eleve a demanda, se o mesmo não remunerar os custos envolvidos. Evidentemente, a operação dos clubes não pode depender unicamente da renda obtida nos jogos para financiar as despesas envolvidas com o futebol, mas também não é possível que tal linha não tenha uma representatividade significativa na composição de receitas.
Portanto, o preço do ingresso deve ser coerente e compatível com o poder aquisitivo médio do torcedor, entretanto não é com certeza, fator determinante para definir o volume de público das partidas.
CONCLUSÕES
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