CENTRO DE ESTUDOS E PESQUISAS DE DESENVOLVIMENTO DO HOMEM CIEPH
ANA PAULA DE OLIVEIRA ROCHA
ACUPUNTURA, FITOTERAPIA E DRENAGEM LINFÁTICA NO TRATAMENTO DE VARIZES DO
MEMBRO INFERIOR
FLORIANÓPOLIS
2006
ANA PAULA DE OLIVEIRA ROCHA
ACUPUNTURA, FITOTERAPIA E DRENAGEM LINFÁTICA NO TRATAMENTO DE VARIZES DO
MEMBRO INFERIOR
Trabalho de Conclusão do Curso em Especialização em Acupuntura, apresentado para o Centro de Estudos e Pesquisas de Desenvolvimento do Homem - CIEPH.
Orientador: Professor Kris Marcel Artiero da Silva Coordenador: Marcelo Fabián Oliva
FLORIANÓPOLIS
2006
Aos meus pais com muito carinho.
AGRADECIMENTO
A todos que, direta ou indiretamente, contribuíram para a realização e
divulgação deste trabalho.
Meu especial agradecimento a todas as pessoas que colaboraram como
sujeitos da pesquisa.
A natureza, o tempo e a ciência são os três grandes médicos.
H.G. Bohn
SUMÁRIO
RESUMO----------------------------------------------------------------------------------------- vii
ABSTRACT------------------------------------------------------------------------------------- viii
CAPÍTULO I
1. INTRODUÇÃO----------------------------------------------------------------------- 01
1.1. O PROBLEMA E A IMPORTÂNCIA-------------------------------------------- 01
1.2. OBJETIVOS-------------------------------------------------------------------------- 03
1.2.1. Geral----------------------------------------------------------------------------------- 03
1.2.2. Específicos-------------------------------------------------------------------------- 03
CAPÍTULO II
2. REVISÃO DE LITERATURA---------------------------------------------------- 04
2.1. AS VARIZES------------------------------------------------------------------------- 04
2.1.1. Definição e Epidemiologia------------------------------------------------------ 04
2.1.2. Fisiopatologia da Variz---------------------------------------------------------- 05
2.1.3. Tipos de Varizes------------------------------------------------------------------- 08
2.1.4. Causas da Variz-------------------------------------------------------------------- 09
2.1.5. Prevenção---------------------------------------------------------------------------- 11
2.2. DRENAGEM LINFÁTICA--------------------------------------------------------- 13
2.2.1. Efeitos da Drenagem Linfática------------------------------------------------ 13
2.2.2. Indicações Clínicas--------------------------------------------------------------- 15
2.2.3. Procedimentos--------------------------------------------------------------------- 15
2.3. ACUPUNTURA---------------------------------------------------------------------- 16
2.3.1. Bases da Medicina Tradicional Chinesa----------------------------------- 17
2.3.2. Noções dos Meridianos--------------------------------------------------------- 19
2.3.3. Diagnóstico pela MTC------------------------------------------------------------ 21
2.3.4. Diagnóstico pela MTC para Varizes----------------------------------------- 23
2.3.5. Aplicação da Acupuntura------------------------------------------------------- 24
2.3.6. Pontos Utilizados------------------------------------------------------------------ 26
2.3.7. Tempo de Tratamento------------------------------------------------------------ 30
2.4. FITOTERAPIA----------------------------------------------------------------------- 30
2.4.1. Efeitos da Fitoterapia------------------------------------------------------------ 31
2.4.2. Principais Indicações------------------------------------------------------------ 32
2.4.3. Dosimetria Formas de Utilização das Plantas--------------------------- 33
2.4.3.1. Chas------------------------------------------------------------------------------------ 33
2.4.3.2. Tinturas-Mães – Tintura – Alcoolatura – Extrato Fluídos ---------------- 34
2.4.3.3. Pós – Extratos Secos – Extratos Secos Padronizados------------------- 36
2.4.4. Fitoterapia para Varizes--------------------------------------------------------- 36
CAPITULO III
3. METODOLOGIA-------------------------------------------------------------------- 41
CAPÍTULO IV
4. ANÁLISE DE DADOS------------------------------------------------------------- 43
4.1. APRESENTAÇÃO DOS CASOS / DADOS DOS PACIENTES--------- 49
4.3. SATISFAÇÃO PESSOAL DOS PACIENTES COM O TRATAMENTO----------------------------------------------------------------------
50
CONCLUSÃO---------------------------------------------------------------------------------- 51
GLOSSÁRIO------------------------------------------------------------------------------------ 52
REFERÊNCIAS-------------------------------------------------------------------------------- 54
RESUMO
O funcionamento do organismo como um todo depende do bom desempenho de todos os seus componentes. Assim, o estímulo exercido sobre alguma parte, desencadeia uma série de reações que, de alguma forma, influenciará o todo. Pôr esta razão não devemos estudar um fenômeno isoladamente, mas compreendido em sua relação com todas as partes do indivíduo. Este trabalho têm como objetivo demonstrar a eficácia de métodos alternativos ao da medicina convencional para o tratamento de uma patologia muito comum na população mundial denominada de varizes. Foram utilizados métodos como a acupuntura, fitoterapia e drenagem linfática para a realização desta pesquisa. O tratamento durou cerca de três meses contínuos, onde foi observada uma melhora significativa no quadro álgico referente a patologia, também foi constatada uma redução considerável na aparência física da doença que predomina a visualização das veias envolvidas no processo. Dois indivíduos foram envolvidos nesta pesquisa. Mulheres, na faixa etária entre 50 a 70 anos de idade, com diferentes profissões e hábitos variados foram submetidas ao mesmo tratamento onde houve um acompanhamento semanal. O tratamento constitui de uma sessão de acupuntura semanal, uma sessão de drenagem linfática de quinze em quinze dias, as pacientes foram orientadas a utilizar um gel fitoterápico devidamente prescrito nas lesões cutâneas duas vezes ao dia juntamente com doses diárias de cápsulas de um fitoterápico específico uma vez ao dia. Palavras-chave: varizes – tratamento – acupuntura – fitoterapia – drenagem linfática
ABSTRACT
The operation of the organism as a whole depends on the good acting of all their components. Like this, the incentive exercised on some part, it unchains a series of reactions that, in some way, it will influence the whole. To put this reason should not study a phenomenon separately, but understood in her relationship with all the individual's parts. This work has as objective demonstrates the effectiveness of alternative methods to the of the conventional medicine for the treatment of a very common pathology in the denominated world population of varicose veins. Methods were used as the acupuncture, fitoterapia and lymphatic drainage for the accomplishment of this research. The treatment lasted about three continuous months, where a significant improvement was observed in the picture álgico regarding pathology; also, a considerable reduction was verified in the physical appearance of the disease that the visualization of the veins prevails involved in the process. Two individuals were involved in this research. Women, in the age group among 50 to 70 years of age, with different professions and varied habits were submitted to the same treatment where there was a weekly attendance. The treatment constitutes of a session of weekly acupuncture, a session of lymphatic drainage of fifteen in fifteen days, the patients were oriented to use a gel fitoterápico properly prescribed in the coetaneous lesions twice a day together with daily doses of capsules of a specific fitoterápico once a day. Word-key: varicose veins - treatment - acupuncture - fitoterapia - drainage
CAPÍTULO I
1. INTRODUÇÃO
1.1. O PROBLEMA E A IMPORTÂNCIA
Segundo Bontempo (1999) as varizes do membro inferior são estudadas e
tratadas desde a Antigüidade, existem referências à tratamentos que remotam à
mais de 2000 anos. Esta preocupação da medicina com as varizes desde os
primórdios da história da civilização ocorreu porque as varizes são bem visíveis.
Constituem a mais comum de todas as doenças vasculares. Sua incidência é de
cerca de 15% da população adulta. Incidem três vezes mais na mulher do que nos
homens em decorrência de fatores hormonais.
Esta patologia que segundo Boarim (1999) caracteriza-se pelas dilatações
das veias superficiais das pernas. Essas veias dilatadas funcionam como barreiras
para o sangue, fechando as válvulas quando ele passa, para que o sangue siga seu
caminho.
Quando as paredes perdem a elasticidade e as válvulas começam a falhar, o sangue fica parado, formando depósitos causando as varizes. Entre as causas mais freqüentes estão a gravidez, a adolescência, a hereditariedade, o sedentarismo, a obesidade e o excesso de hormônios femininos1
Segundo o mesmo autor, “o perigo maior para a saúde, entretanto, reside
na formação de trombos (coágulos) no interior dos vasos tortuosos, que, por
contingência do destino podem a qualquer momento desprender-se e ocasionar
1 Disponível em www.angiopatiasinstituto.com.br, acessado em 06/01/2006
2
entupimentos” em órgãos distantes, levando à embolia pulmonar ou a embolia
cerebral.
Existem várias formas de tratar essa patologia tão comum: pela medicina
convencional alguns medicamentos para afinar o sangue, cirurgias para retirada da
veia afetada, mesoterapia (aplicação de injeções no local lesionado) com
medicamentos específicos para a diminuição das varizes, na fisioterapia aplica-se o
princípio da drenagem linfática manual, método desenvolvido após a segunda guerra
mundial que visa uma melhora na circulação da linfa e do sangue, facilitando a
circulação sangüínea e também amenizando os sintomas de dores como cansaço e
também o edema nos membros inferiores; aplica-se também dentro da fisioterapia
o uso de meias de contenção para facilitar o retorno venoso dos membros inferiores;
dentro da medicina natural aplica-se os princípios da fitoterapia com uso interno e
externo, a trofoterapia com princípios de reeducação alimentar e introdução de
alimentos específicos tanto para prevenir como para amenizar os sintomas desta
patologia, a geoterapia com aplicação de argilas específicas esterilizadas no local
ajudam a diminuir o edema e aliviam as dores locais; os exercícios físicos como
caminhadas curtas acompanhadas de exercícios respiratórios e hidroginástica
podem ajudar isso depois da fase aguda da doença; e também dentro da medicina
chinesa aplicam-se princípios dos cinco elementos para tratar as varizes utilizando a
aurículoterapia para aliviar as dores e o edema nos membros inferiores e a aplicação
das agulhas em pontos específicos para tratar não só os sintomas como a etiologia
das varizes.
Conforme exposto acima lança-se a pergunta: “Quais os efeitos
fisiofuncionais das técnicas de drenagem linfática, fitoterapia e acupuntura
combinadas para o tratamento de varizes em membros inferiores?
3
1.2. OBJETIVOS
1.2.1. Geral
Investigar os efeitos fisiofuncionais das técnicas de drenagem linfática
manual, fitoterapia brasileira e acupuntura utilizando agulhas como recurso
associadas em conjunto para a melhora dos sintomas específicos das varizes como
também evidenciar uma melhora na parte fisiofuncional da doença.
1.2.2. Específicos
§ Verificar alívio da dor no decorrer do tratamento proposto
§ Verificar alterações visuais dos membros inferiores antes e depois
do tratamento
§ Verificar a satisfação das pacientes antes e depois do tratamento
§ Constatar a eficácia das três técnicas agrupadas para o tratamento
e a melhoria nos sintomas das varizes em membros inferiores
§ Colaborar com a comunidade científica no que diz respeito a
comprovação de tratamentos intitulados “alternativos” a medicina
convencional, respeitando as normas de publicações científicas para
aumentar os dados no que diz respeito a medicina natural ou
terapias naturais.
4
CAPÍTULO II
2. REVISÃO DE LITERATURA
2.1. AS VARIZES
2.1.1. Definição E Epidemiologia
Segundo Di Pietro (2001), varizes ou veias varicosas são veias dilatadas,
alongadas e tortuosas. Além de serem prejudiciais à estética, as varizes podem
causar dor, cansaço e sensação de peso nas pernas.
Sob o ponto de vista da mesma autora, as artérias levam o sangue do
coração para as extremidades, e as veias têm a função de levar o sangue de volta
ao coração, impulsionado, principalmente pela bomba muscular das panturrilhas.
Dentro das veias existem pequenas válvulas que impedem o retorno venoso para as
extremidades. Quando as válvulas não se fecham adequadamente, acontece esse
retorno, a que se denomina refluxo. Quando acontece o refluxo, aumenta a
quantidade de sangue dentro das veias, o que faz com que elas se dilatem.
Para Robbins (1996), para que o sangue possa voltar ao coração, as veias
possuem válvulas venosas que impedem seu refluxo. Caso essas pequenas válvulas
falhem, o sangue reflui e causa a dilatação das veias devido ao aumento do volume
sangüíneo. As varizes aparecem com mais freqüência nos membros inferiores: pés,
pernas e coxas.
As varizes se apresentam em três estágios distintos: telengiectasias,
microvarizes e varizes. No estágio das telangiectasias as veias são bem fininhas,
5
com cerca de 0,5 milímetro de diâmetros. Nesta fase são fáceis de tratar. De 0,5 a 5
milímetros são chamadas de microvarizes e quando a dilatação passa dos 6 mm
são denominadas de varizes. Quando chega nesse estágio poderão ocorrer
sintomas como dor, inchaço nas pernas, flebite e até hemorragias e a pessoa poderá
necessitar de uma intervenção cirúrgica para a retirada da veia.(FARDY, 2001)
2.1.2. Fisiopatologia da Variz
Sabe-se que o sistema venoso transporta 98% das toxinas do meio
intersticial e os 2% restantes são transportados pelo circuito linfático. A rede inteira
da circulação do sangue está avaliada em 96.000 km, número que dá uma idéia da
importância de suas ramificações. A partir do coração, as artérias decrescem para
se tornarem finas arteríolas que são os capilares. Esse circuito se prolonga por
vênulas e depois por veias de calibre maior que vão retornar ao coração, levando o
sangue venoso. ( ROBBINS,1996)
“Quando o sangue contido na veia é impulsionado, ele empurra a válvula de encontro à parede do vaso, circulando assim livremente em direção ao coração. Como a progressão da corrente sangüínea venosa não é contínua, cessada a força que o impulsiona, tende o sangue a retornar pela ação da gravidade. Tal fato, entretanto, não ocorre porque o sangue se insinua no seio da válvula, fazendo com que a borda livre se encoste na parede do vaso. Desta forma, a luz da veia é temporariamente obliterada, até que novo impulso faça o sangue progredir em direção ao coração. Pode haver mais de uma válvula em um mesmo ponto da veia, sendo freqüente encontrar duas e mais raramente três. Insuficiência de uma válvula é a impossibilidade de impedir completamente o refluxo do sangue. A insuficiência de muitas válvulas de uma mesma veia provoca sua dilatação e conseqüente estase sangüínea: tal estado é conhecido pelo nome de varizes.” (DANGELO, JG & FATTINNI, C.A, 1998).
Se não fosse pelas válvulas nas veias, o efeito da pressão hidrostática faria
com que a pressão venosa nos pés fosse sempre em torno de + 90 mmHg no adulto
de pé. Entretanto, cada vez que movem as pernas, os músculos se contraem e
6
comprimem as veias dentro desses músculos ou adjacentes a eles, e isso espreme
o sangue para fora das veias. As válvulas dentro das veias são dispostas de tal
maneira que a direção do fluxo do sangue só pode ser para o coração.
Conseqüentemente, cada vez que uma pessoa move as pernas ou mesmo tenciona
os músculos, uma certa quantidade de sangue é impelida em direção ao coração, e
a pressão nas veias é diminuída. Este sistema de bombeamento é conhecido como
“a bomba venosa” ou “bomba muscular”, e é bastante eficiente para que, em
circunstâncias normais, a pressão venosa nos pés de um adulto que caminha
permaneça próxima ou abaixo de 25 mmHg. (FARDY, 2001)
O mesmo autor elucida que na pessoa parada de pé, a bomba venosa não
trabalha, e a pressão venosa na parte inferior da perna subirá até o valor hidrostático
pleno de 90 mmHg em cerca de 30 segundos. As pressões nos capilares também
sobem muito, fazendo com que vaze líquido do sistema circulatório para dentro dos
espaços dos tecidos. Como resultado, as pernas incham e o volume sangüíneo
diminui.
O defeito nas veias das pessoas que têm varizes está nas válvulas e nas
paredes das veias. Existem dois tipos de veias nos membros inferiores, as veias
superficiais que ficam sob a pele, na camada de gordura e que podem ser visíveis, e
existem as veias profundas que ficam no meio da musculatura da perna e não são
visíveis, e existem ainda as veias comunicantes, que ligam as veias superficiais e
profundas. As válvulas orientam o sangue nas veias dos membros, sempre da veia
superficial para a profunda, através da veia comunicante, e impedem que o sangue
faça o caminho errado, descendo pelas veias, quando a pessoa está de pé ou
sentada. As artérias levam o sangue do coração para todo o corpo. O sangue então,
depois de oxigenar e alimentar as células, retorna para o coração através das veias.
7
Quando a pessoa está em pé ou sentada, o sangue vai para o pé com facilidade,
porque o coração impulsiona e, além disso, para baixo é mais fácil, mas o sangue
encontra dificuldades no caminho inverso: pés coração. Nas pessoas em que as
veias têm válvulas e paredes normais o sangue aguarda a oportunidade de voltar,
sem causar nenhuma alteração. (FATTINNI, 1998)
Nas pessoas em que as válvulas estão doentes acontece, então, uma
inversão no caminho do sangue, que passa a ir de cima para baixo e da veia
profunda para a superficial. Este fato provoca um aumento do volume sangüíneo
dentro da veia superficial, ocorrendo o processo de dilatação e aparecimento de
varizes. O sangue volta para o coração através do coração periférico, que na
verdade, existe. È a musculatura da panturrilha. Mas este coração só funciona
quando nos movimentamos, contraindo e relaxando os músculos da perna. Quando
os músculos se contraem, impulsionam o sangue para cima realizando a circulação.
Ao andar e correr, sobretudo os músculos da panturrilha trabalham. A cada
passo, se contraem e voltam a relaxar, produzindo movimentos de bombeamento.
Entretanto, o corpo criou um sistema por meio do qual aproveita esse bombeamento
e que facilita o retorno do sangue, os músculos da panturrilha bombeiam o sangue
nas veias e atuam diretamente sobre elas no interior da perna. Estas veias, que se
encontram nos músculos, estão ligadas através de outros vasos venosos com as
grandes veias alojadas sob a pele. Por essa razão, o bombeamento dos músculos
da panturrilha pode chegar até a grande veia da perna, a veia safena maior, que flui
a pouca distância sob a pele. ( Fardy ,2001)
8
2.1.3. Tipos De Varizes
Podemos de forma didática, considerando a questão de saúde e a estética,
dividir as varizes em quatro tipos a seguir, conforme dado extraído do centro de
estudos das angiopatias, classificação feita pelo Dr. Francischelli, (2001):
§ TIPO I: (Vasinhos e Microvarizes), apesar de ser um problema de
saúde, não causa riscos imediatos, sendo um problema que atinge
mais a auto-estima do paciente. Portanto, geralmente o paciente
procura o médico pela questão estética, por isso chama-se esse tipo
de predominantemente estético.
§ TIPO II: (Varizes onde está presente a doença e a estética), já é
uma doença que envolve alguns riscos e problemas para o paciente,
e por isso deve ser tratada, entretanto, pode estar presente também
a preocupação estética. Neste caso, os dois problemas devem ser
considerados, a doença funcional e a estética.
§ TIPO III: (Varizes assintomáticas sem preocupação estética) todas
as situações onde se apresentem varizes, sem que a questão
estética esteja envolvida. Neste caso, a doença funcional está
presente, sem que o paciente esteja preocupado com a aparência
estética. Em alguns casos as varizes podem atingir grandes
dimensões antes de apresentar complicações, em outras situações,
em outras situações, mesmo pequenas varizes já as apresentam.
§ TIPO IV: (Varizes com complicações), as complicações mais
freqüentes são as tromboflebites, as úlceras de perna, as
hiperpigmentações, o eczema venoso, as hemorragias, a fibrose, a
9
dermatite Ocre, as infecções e o quadro de dor. Neste caso, a
doença funcional está presente, sem que o paciente esteja
preocupado com a aparência estética. Geralmente, são pacientes
onde o problema está presente há longo tempo, sem tratamento, e
que já apresentam complicações.
Existem também dois tipos de varizes assim classificadas: primárias e
secundárias. As chamadas primárias são aquelas que aparecem influenciadas pela
tendência hereditária, responsável pelas antiestéticas linhas vermelhas e azuis de
diversos tamanhos; e as chamadas secundárias que aparecem por doenças
adquiridas no decorrer da vida e são de tratamento mais difícil chamadas
erroneamente de varizes internas.
2.1.4. Causas da Variz
Para Boarim (1999), o surgimento de varizes é raro antes dos 14 anos de
idade e geralmente, quando ocorrem em crianças, fazem parte de deformidades
vasculares congênitas. A partir da puberdade há aumento progressivo na incidência
das varizes, sendo que acima dos 70 anos, cerca de 70% das pessoas apresentam
dilatações venosas nos membros inferiores. Calcula-se que 24 milhões de pessoas
sofrem com os problemas decorrentes das varizes.
Alguns fatores são levados em consideração no surgimento desta
patologia:
1. HEREDITARIEDADE: O indivíduo com propensão genética nasce com
menor resistência da parede das veias e essa predisposição, associada a fatores
desencadeantes como gestação, obesidade e sedentarismo, profissões que
10
implicam um tempo prolongado em posições eretas (exemplos cabeleireiros,
balconistas, porteiros...) ou que exigem grandes esforços (exemplo de estivadores,
halterofilistas), favorece o surgimento de varizes.
2. GRAVIDEZ: É o fator desencadeante mais importante que faz com que
a incidência de varizes predomine nas mulheres. Nessa condição, além das
alterações hormonais que ocorrem durante todo o período de gestação, na Segunda
metade da gestação há aumento da pressão nas veias das pernas devido a
compressão do útero. Se esse aumento de pressão não for suficiente para provar
dilatação permanente, as veias voltam ao seu calibre inicial após o parto. Isto
costuma ocorrer após a primeira gestação, no entanto, com as gestações
sucessivas, as veias tendem a se dilatar, tornando-se varicosas e assim
permanecem após os partos.
3. POSIÇÕES CORPÓREAS: As posições que favorecem o
aparecimento de varizes são a de ficar em pé por longos períodos ou sentado.
Nestas posições existe a dificuldade para a circulação de retorno e é justamente
quando as varizes aparecem. Estando em movimento fazemos funcionar o coração
periférico, que impulsiona o sangue para cima evitando o aparecimento de varizes e
quando estamos deitados o coração fica no mesmo nível da perna, o que facilita o
retorno do sangue, se estivermos com os pés elevados, o coração fica para baixo e
os pés para cima então o retorno sangüíneo fica favorecido.
4. ALTERAÇÕES HORMONAIS: A influência dos hormônios femininos
(estrogênio e progesterona) acontece porque estes afetam a parede das veias. Isto
explica o uso de anticoncepcionais como fator desencadeante para a patologia, pois
eles são à base de hormônios femininos.
11
5. ALIMENTAÇÃO: Pesquisas imputam ao consumo exagerado de
laticínios grau considerável de culpa para o surgimento de varizes. A proteína Láctea
é extremamente alergizante, e são as próprias reações do organismo que,
ocasionariam lesões vasculares precursoras de varizes. A obesidade também é um
fator responsável pelo aparecimento das varizes pela grande pressão hidrostática
exercida sobre as veias e vasos do membro inferior.
2.1.5. Prevenção
Sob o ponto de vista de Thomé (1988), o ideal no tratamento de varizes é
sempre evitar seu aparecimento. É importante tentar evitar atividades onde a pessoa
é obrigada a ficar muitas horas em pé ou sentado. Caso não seja possível, a
pessoa deve elevar as pernas por 15 minutos 2 a 3 vezes durante o dia, e à noite,
quando chegar em casa, também deve-se movimentar os pés, como se estivesse
acelerando um carro, este movimento chamado dorsiflexão, faz a musculatura da
panturrilha se contrair ritmicamente, colocando em ação o coração periférico, que faz
a circulação funcionar. Além disso, deve-se usar meia elástica, em geral de média
compressão, que reduz a ação traumática da pressão hidrostática sobre as veias, as
meias agem desviando, através da meias comunicantes, o sangue das vais
superficiais, onde as varizes se formam, para as veias profundas, onde não existem
varizes. Para vestir a meia elástica deve-se elevar as pernas por 20 minutos antes
de colocar as meias para esvaziar bem as veias; caso contrário, elas perdem sua
ação.
Boarim (1999) afirma que outra medida é o uso de vitamina C, Que
aumenta a síntese de colágeno, fibra que reforça a parede do vaso. Se a pessoa
12
tem história familiar de varizes, deve começar a se prevenir desde a juventude,
especialmente se for mulher, para evitar que o problema fique muito sério. A
massagem pode ajudar, mas deve ser constante. A melhor massagem para ajudar a
circulação das veias chama-se drenagem linfática.
O mesmo autor elucida que evitar o sol e o calor: o sol, sauna, banhos
muito quentes e demorados provocam o aquecimento da pele e a passagem de uma
maior quantidade de sangue pelos vasos da pele. Se uma maior quantidade de
sangue passa pelos vasos superficiais eles se acomodam a essa situação e se
dilatam sendo um fator que favorece o aparecimento de vasinhos nas pessoas que
são predispostas, por isso são medidas úteis evitar banhos muito quentes e
demorados, evitar exposição ao sol da praia. Quando estiver exposto ao calor da
praia ou da piscina deve-se Ter o cuidado de entrar na água a cada 15 ou 20
minutos para evitar que a perna fique muito quente.
Evitar o excesso de peso: o excesso de peso sobrecarrega a circulação e
provoca o aparecimento de varizes. Ter bons hábitos alimentares é saudável para
todo o corpo. O excesso de peso também provoca celulite que está associada as
microvarizes e telangiectasias (vasinhos).
Fazer exercícios: os exercícios melhoram a força muscular da perna e,
portanto melhoram a circulação de retorno. Os melhores são andar, correr e nadar.
Evitar o uso de anticoncepcionais: os hormônios femininos (pílulas,
tratamento de menopausa, reposição hormonal) retêm líquidos e aumentam a
pressão dentro das veias, também amolecem as paredes dos vasos e são uns dos
principais fatores desencadeantes de varizes.
Evitar o uso de salto alto: o salto alto faz com que a musculatura da perna
fique permanentemente contraída, sem o movimento rítmico, o que dificulta a
13
circulação venosa.. O uso em ocasiões especiais não chega a ser prejudicial, mas o
seu uso rotineiro certamente é.
Para Fattinni (1998), varizes não voltam se forem retiradas com cirurgia,
aparecem outras que devem ser tratadas. Uma veia que estava normal no momento
de um tratamento, mais tarde poderá estar doente, porque a tendência hereditária
existirá durante toda a vida. Este fato não invalida qualquer tipo de tratamento,
porque se as varizes não forem cuidadas poderão levar a sérias complicações no
futuro. Por esse motivo é que se propõe o tratamento continuado de varizes, que
controla o problema estético e a doença conforme se manifestem.
2.2. DRENAGEM LINFÁTICA
2.2.1. Efeitos da Drenagem Linfática
Para Leduc (2002), os movimentos de massagem têm como objetivo
principal o aumento do volume de linfa admitido pelos capilares linfáticos e o
aumento da velocidade de seu transporte através dos vasos linfáticos. Indiretamente
estas manobras influenciam outras funções biológicas.
O mesmo autor elucida que as influências diretas da drenagem são:
capacidade dos capilares linfáticos, velocidade da linfa transportada, filtração e
reabsorção dos capilares sangüíneos, quantidade de linfa processada dentro dos
gânglios linfáticos; sobre a musculatura esquelética, sobre a motricidade do
intestino, sobre o sistema nervoso vegetativo, sobre a imunidade; as influências
indiretas da drenagem seriam: nutrição celular, oxigenação dos tecidos,
desintoxicação da musculatura esquelética; absorção de nutrientes pelo trato
14
gastrointestinal; distribuição de hormônios, aumento na quantidade de líquidos
excretados.
Para Jacquemay (2000), as relações entre o sistema linfático e outros
sistemas circulatórios são divididas em três: o vascular sangüíneo, o céfalo-
raquidiano e o linfático. O sistema vascular sangüíneo é um anel vascular fechado
provido de uma bomba, o coração. A função deste sistema consiste em assegurar
que o sangue atinja todas as partes do organismo, a fim de que cada célula possa
receber nutrição conforme suas necessidades funcionais, o sangue flui afastando-se
do coração, nas artérias e arteríolas, para atingir os capilares, que não apenas
permitem o escapamento do líquido nutriente para dentro dos espaços teciduais,
como também reabsorve parte do líquido tecidual. A partir dos capilares, o sangue
retorna ao coração pelas veias. Assim, no sistema vascular sangüíneo, o sangue flui
em dois sentidos: a partir do coração e para o coração. O sistema circulatório do
líquido céfalo raquidiano é também um sistema fechado de canalizações. O sistema
linfático, ao contrário dos dois primeiros, não é fechado, mas comunica-se
diretamente com o sistema venoso na raiz do pescoço. Consiste em um sistema de
capilares que começam de um modo cego, que captam o líquido tecidual não
absorvido pelos capilares sangüíneos, e em uma série de vasos coletores de
tamanho cada vez maior que, finalmente, drenam o líquido contido, denominado
linfa, para dentro das veias subclávias. No sistema linfático, o fluxo da linfa é sempre
em um sentido, isto é, para o coração. Uma característica do sistema linfático é a
interpolação de filtros (gânglios linfáticos) ao longo de seus vasos principais, através
dos quais a linfa tem de passar antes de ser transferida às veias.
15
2.2.2. Indicações Clínicas
Segundo Di Pietro (2001), as principais indicações da drenagem linfática
seriam: os edemas causados por: deficiência linfática; edema causado pela
elevação da pressão hidrostática nos capilares; edema causado pela baixa pressão
coloidosmótica no plasma; edema causado pelo aumento da pressão coloidosmótica
do líquido interticial; causado pelo aumento da permeabilidade capilar; liposdistrofia
ginóide (celulite); edema gestacional; deficiência circulatória venosa ou circulação
sangüínea de retorno comprometida (varizes); no pré e pós-cirurgia plástica, para o
tratamento de acne, da couperose, de rosácea, para o rejuvenescimento,
musculatura tensa, sistema nervoso abalado entre outras.
2.2.3. Procedimentos
Segundo Di Pietro (2001), as condições de trabalho para este tipo de
massagem são as seguintes: o cliente deve encontrar-se numa posição cômoda e
numa temperatura amena, a pele deve estar limpa e sem produtos, o profissional
também deve estar em uma posição cômoda, que lhe permita trabalhar com calma e
concentrar sua atenção sobre o estado do tecido e sobre as reações gerais do seu
paciente. O ambiente ideal é calmo, eventualmente com fundo musical suave e
calmo, a iluminação deve ser discreta, durante a drenagem cliente e profissional
devem permanecer em silêncio, após o término da drenagem, o cliente deve
permanecer ainda por 20 minutos deitado, deve evitar qualquer tipo de manipulação
neste estado de repouso.
16
A drenagem linfática utilizada foi baseada na técnica de Leduc, foi feita
somente nos membros inferiores, sendo que a sessão utiliza-se de 45 minutos para
efetuar a massagem e 20 minutos de descanso na maca.
O tempo necessário para a aplicação da técnica de drenagem linfática
manual para auxiliar no tratamento das varizes seria de uma a três vezes por
semana, caso não seja possível pode abster-se a uma sessão a cada quinze dias. O
importante é a constância no recebimento da técnica, tendo em vista que o
necessário é no mínimo de dez sessões para que se obtenha um bom resultado.
2.3. ACUPUNTURA
Conforme a origem da palavra (acus: agulha, puntura: punturas), a
acupuntura consiste na inserção em profundidade de agulhas muito finas, alguns
milímetros em pontos específicos da pele. ( ENQUIN 1998)
Esta ciência surgiu na China, em plena Idade da Pedra, isto é, há
aproximadamente 4.500 anos.
A Medicina tradicional Chinesa, a qual chamaremos de MTC daqui em
diante, é uma ciência que abrange a filosofia , a patologia, o diagnóstico, a profilaxia
e o tratamento das doenças.
Wing (1995) ,cita que o registro médico mais antigo é o Huang Di Nei Jing
que é um resumo das experiências médicas e das conquistas terapêuticas de 770
aC a 221 aC. Esse registro sistematizou a filosofia e patologia humana, organizou
questões diagnósticas, terapêuticas e preventivas ao estabelecer a base teórica da
MTC.
17
Para Maciocia (1996), a principal característica da acupuntura enquanto
modalidade terapêutica é encarar o ser humano como um todo, onde corpo e mente
configuram-se como duas facetas de uma mesma unidade, ao contrário de toda
estrutura da ciência médica ocidental que tem como base a filosofia dualista – a
oposição aceita entre mente e matéria, espírito e corpo. Na MTC, manifestações
físicas e mentais dos seus pacientes são manifestações inseparáveis de uma só e
inalterável entidade.
O mesmo autor cita que no tratamento de doenças com acupuntura é
necessário diferenciar as condições patológicas de acordo com a teoria da MTC e as
peculiaridades da acupuntura, e dominar princípios básicos para prescrição e
aplicação nos pontos específicos.
2.3.1 Bases da Medicina Tradicional Chinesa
“A MTC dá grande importância a unidade do corpo humano em si e sua
relação com a natureza, e mantêm que o corpo humano mesmo é um todo orgânico
e têm relações muito íntimas e inseparáveis com o meio natural externo” (WEN,
2002).
O mesmo autor elucida que as partes componentes do corpo humano “são
inseparáveis de cada uma das outras estruturas, relacionadas, subsidiárias e
condicionáis umas as outras em fisiologia, e de determinada influência umas sobre
as outras em patología”.
O homem é influênciado direta e indiretamente pelos movimentos da
natureza, a qual ele esta obrigado a dar respostas fisiológicas e patológicas. Quando
o clima varia com a quatro estações num ano variam também três condições
18
normais do pulso (frequência, ritmo, volume, tensão). Pulso em corda – primavera,
cheio – verão, flutuante – outono, afundado – inverno.
A ocorrência , desenvolvimento e mudanças de muitas doenças são sazonais. De manhã a energia vital do corpo humano começa a tornar-se mais forte, enquanto os fatores patogênicos mais fracos, ao meio dia a energia vital do corpo está predominante e domina sobre os fatores patogênicos; a tarde a energia vital começa a tornar-se mais fraca, enquanto os fatores patogênicos mais fortes, a meia noite a energia vital do corpo retorna aos órgãos internos, enquanto os fatores patogênicos vão para um ponto dominante (LIN SHU, 1996).
A MTC não focaliza sua atenção principal nas similaridades e
dissimilaridades entre as doenças, mas nas diferenças entre as síndromes que elas
tem. Trata-se da mesma doença com métodos diferentes.
Segundo Wen (2002), originalmente, na China, designava-se os cinco
elementos de Wu-Hsing; sendo que Wu significa cinco e Hsing, andar. Os conco
elementos ou seja a Madeira, o Fogo, a terra, o Metal e a água são, na realidade, os
cinco elementos básicos que constituem a natureza. Existe entre eles uma
interdependência e uma interrestrição que determinam seus estados de constante
movimento e mutação.
A teoria dos Cinco elementos ocupa um lugar importante na medicina
chinesa, porque todos os fenômenos dos tecidos e órgãos, da fisiologia e da
patologia do corpo humano, estão classificados e são ineterpretados pelas
interrelações desses elementos. Essa teoria é usada como guia na prática médica.
Segundo Lin Shu (1996), os termos yin e yang são aplicados para
expressar qualidade dual e opostas. É uma conceituação filosófica, uma maneira de
generalizar os dois princípios opostos que podem ser observados em todos os
fenômenos relacionados dentro do mundo natural. Podem representar dois
fenômenos separados com naturezas contrárias, bem como aspectos diferentes e
19
opostos dentro do mesmo fenômeno. Assim, o povo chinês antigo chegou ao
entendimento que todos os aspectos do mundo natural podiam ser compreendidos
como tendo um aspecto dual, por exemplo, dia e noite, brilho e obscuridade,
movimento e quietude, calor e frio etc. baseado nas propriedades da água e fogo,
tudo no ambiente natural pode ser classificado como yin e yang. Aqueles com
propriedades básicas do fogo, como: calor, movimento, brilho, pertencem a yang e
aqueles com propriedades básicas de água, como frio, quietude, obscuridade,
pertencem a yin.
Para Maciocia (1996), a natureza yin e yang é um fenômeno relativo, pois
um contém o outro e um pode mudar para o outro. Estas duas polaridades estão em
posição e ao mesmo tempo em que se complementam e se contém de formas
harmônicas, uma enfraquece a outra se fortificando e quando ocorre o desequilíbrio
entre essas duas polaridades pode haver, manifestações patológicas, já que o
equilíbrio entre ambas é necessário para a saúde.
2.3.2 Noções dos Meridianos
Wing (1995), elucida que os chamados meridianos na MTC são canais de
reentrâncias musculares onde circulam deferentes tipos de energias que irradiam em
todas as células do nosso corpo, dando a elas um ritmo de trabalho. A sua fluidez,
sem bloqueios ou estagnações, nas direções certas, com a intensidade regular, vai
determinar o estado de saúde da pessoa.
Para a MTC e na Acupuntura, são fundamentais os meridianos; é neles
que estão localizados os pontos que usamos para auxiliar no diagnóstico, mais
indica também onde o remédio dever ser aplicado.
20
Os pontos demarcados anatomicamente no trajeto destes meridianos, ao
serem estimulados, produzem diversas reações químicas dependendo da ordem que
foram utilizados, pois na combinação destes pontos entre si resulta a bioquímica
humana.(MACIOCIA, 1996)
As formas de utilização destes pontos nos permite regular a máquina
humana, criando um equilíbrio através do jogo de forças existentes nestes campos
eletromagnéticos com sua bipolaridade.(MACIOCIA, 1996)
O mesmo autor cita que existem vários tipos de meridianos, conforme sua
localização e função que desempenham. Em primeiro lugar acham-se os 12
chamados principais, e são assim classificados:
Três canais Yin da mão:
1. Canal dos Pulmões da mão – Taiyin;
2. Canal do Pericárdio da mão – Jueyin;
3. Canal do Coração da mão – Shaoyin.
Três canais Yang da mão:
1. Canal do Intestino grosso da mão – Yangming;
2. Canal do Triplo Aquecedor da mão – Shaoyang;
3. Canal do Intestino Delgado da mão – Taiyang.
Três canais Yin do pé:
1. Canal do Baço do pé – Taiyang;
2. Canal do Fígado do pé – Jueyin;
3. Canal do Rim do pé – Shaoyin.
Três canais Yang do pé:
1. Canal do Estômago do pé – Yangming;
2. Canal da Vesícula Biliar do Pé – Shaoyang;
21
3. Canal da Bexiga do pé – Taiyang.
Embora existam, naturalmente, muito mais de doze meridianos separados,
constituindo o corpo humano, como já foi citado, considera-se que todas as outras
partes do organismo estão sob controle de um desses doze órgãos ou diversos, e
por eles são regulados. (ENQUIN, 1988)
Os meridianos principais são assimétricos e existe para cada lado do
corpo, representando cada um, um órgão ou função. A direção geral desses
meridianos é vertical, tanto dos membros quanto do tronco.(ENQUIN, 1988)
2.3.3 Diagnóstico pela MTC
Segundo Auterochi (1992),o diagnóstico através da MTC é realizado
através de cinco métodos: ver o doente, escutá-lo, perguntar, apalpar o seu pulso e
verificar características específicas na sua língua. O diagnóstico do pulso é
detalhado exigindo um bom conhecimento do terapeuta. O pulso, na artéria radial do
punho, é dividido em três zonas, cada qual com uma posição superficial e outra
profunda. Cada posição ocupa aproximadamente 13 milímetros dessa artéria – o
espaço exato só pode ser avaliado com a prática – e varia um pouco de pessoa para
pessoa. A Segunda posição é aproximadamente oposta à apófise (saliência óssea)
do rádio. Colocando-se levemente a polpa de um dedo sobre a artéria radial, em
cada uma das três posições, é possível perceber que a sensação obtida difere em
cada local – com exceção de pessoas em perfeito estado de saúde -, e que se a
pressão for gradualmente aumentada chega-se a um ponto onde a sensação ou
percepção torna-se totalmente diversa. Se os pulsos da primeira posição
22
apresentam vibração mais forte do que os da terceira, Yang será mais poderosa que
Yin, e vice-versa.
Na mão esquerda, com pressão superficial, faz-se o diagnóstico do
intestino delgado, da vesícula e da bexiga; com pressão maior, o coração, fígado e
rins. Na mão direita, diagnosticam-se através do pulso superficial os pulmões, o
baço e a circulação sexualidade; com pulso profundo, o intestino grosso, o estômago
e o triplo aquecedor.
Ainda sob o ponto de vista de Auterochi (1992), as pulsações podem ser
classificadas em: a) superficial, média ou profunda; b) lisa (tranqüila) ou grossa
(agitada, em ondas), c) cheia (excesso) ou vazia (carência) ; d) longa ou curta.
O diagnóstico através da lingologia (pela observação da língua), divide-se
em coloração da língua (pálida , púrpura ou vermelha), cor da saburra (revestimento
da língua, caso houver), amarelo ou branco, se esta saburra está grossa ou
espessa, fina ou inexistente, se a língua possui determinados tipos de marcas, se a
língua é grande, edemaciada, se ela é longa ou fina, se apresenta marcas
dentilhadas ao lado. A língua proporciona um diagnóstico mais global, não tão
específico como o pulso, no entanto possui detalhes que são bem peculiares, e que
somente a língua possui. Os órgãos mais estudados na língua são: coração e
pulmão na ponta, estômago no meio da língua, fígado e baço pâncreas na lateral, e
no final da língua os rins, podemos considerar também a raiz da língua aquecedor
inferior, o meio da língua aquecedor médio, a ponta da língua aquecedor superior.
Tanto para realizar um diagnóstico quanto para executar-se um tratamento,
é imprescindível o conhecimento dos meridianos, da natureza de seus pontos
principais e das leis que regem esta forma de terapia, considerados a base da
acupuntura. (ENQUIN, 1992)
23
Existem doze meridianos, que estão intimamente relacionados a doze
órgãos. As demais partes do organismo encontram-se sob controle de um ou vários
desses órgãos. Desta forma, esses doze órgãos – ou funções corporais – são
considerados primários, e outros secundários. (WING, 1995)
2.3.4 Diagnóstico pela MTC para Varizes
A visão oriental, ou da Medicina Tradicional Chinesa, as varizes formam-se
porque o sangue tem dificuldade em circular na veia e se acumula, causando assim
dilatações. Este acúmulo se dá por duas razões diferentes. (MACIOCIA, 1996)
No primeiro tipo, o acúmulo de sangue resulta de um processo longo de
estagnação de energia e de sangue (Qi E Xue) nos canais. Isto é visto em pessoas
que ficam longo tempo trabalhando em pé sem descansar. O trabalho excessivo e a
posição desfavorável dificultam a circulação do sangue que vai se acumulando nas
pernas.(MACIOCIA, 1996)
O segundo tipo acontece em pessoas predispostas a varizes. Estas têm
fraqueza na energia do baço, que é responsável pelos tecidos de sustentação no
corpo. Assim, as veias têm paredes fracas, e o sangue escapa com facilidade.
Além do tratamento interno para a causa básica, a MTC (Medicina
Tradicional Chinesa) preconiza um tratamento externo, pois considera que a doença
se manifesta predominantemente na pele. (AUTEROCHI, 1992)
O diagnóstico através da MTC considera os seguintes fatores:
1) ESTAGNAÇÃO DE ENERGIA E SANGUE NOS CANAIS: Esta
síndrome refere-se a sinais e sintomas produzidos por circulação do sangue
bloqueada devida a estagnação das atividades funcionais do Qi. Neste caso, ocorre
24
uma estagnação crônica de energia e sangue que vai lesando os vasos sangüíneos.
Correspondem aos casos de varizes associados a uma posição inadequada de
trabalho, como vendedores que passam o dia todo de pé. Os sintomas são varizes
de grosso calibre, dor nas pernas, úlcera crônica ma perna, escurecimento da pele e
sensação de distensão local.
2) INCAPACIDADE DO BAÇO DE MANTER O SANGUE FLUINDO
DENTRO DOS VASOS:Esta síndrome é causada pela insuficiência do qi do baço
que leva à incapacidade de manter o sangue fluindo dentro dos vasos sangüíneos, o
baço dentro da MTC, é o órgão responsável por manter o sangue nos vasos. Caso
ele não desempenhe adequadamente esta função, o sangue escapa e se acumula
nos tecidos. É o caso de microvarizes em pessoas predispostas. Os sintomas são
sensação de peso nas pernas e no corpo, hematomas sem razão aparente, fadiga,
microvarizes, anorexia, sangramento com sangue escuro. (AUTEROCHI, 1992)
2.3.5 Aplicação da Acupuntura
A técnica terapêutica que consiste na inserção de agulhas, na
profundidade de alguns milímetros, em pontos da pele especificadamente
determinados – tem como objetivo básico reequilibrar a quantidade e circulação de
energia vital no organismo, tornando-o harmônico. (www.acupuntura.pró.com.br)
Pela interpretação da MTC, o corpo humano é um todo organizado,
composto de duas partes ligadas estruturalmente, porém opostas, o yin e o yang.
A teoria do yin yang enuncia que a atividade fisiológica do corpo humano é
o resultado da manutenção de uma relação harmoniosa “da unidade dos contrários”
dos dois princípios. Esta teoria explica o aparecimento das doenças por um
25
desequilíbrio relativo de uma subida grande mais do yin ou do yang. Quando os dois
elementos estão em seu estado normal, controlam-se mutuamente e mantêm um
relativo equilíbrio; é a condição fundamental de uma atividade vital correta. O yin e o
yang coexistem então em um processo comum de oposição e de interdependência
que os liga de modo indissociável, o Yin representando a substância e o Yang, a
função vital, o primeiro sendo a base do segundo e o segundo a força motora da
produção do primeiro. (www.acupuntura.pro.com.br)
A oposição dos dois fatores pode acarretar um desequilíbrio, e a doença
aparecerá segundo um dos processos patológicos seguintes: o reforço de um
aspecto Yin ou Yang acarreta o enfraquecimento do outro aspecto; a fraqueza
constitucional do Yin ou do Yang reforçará o aspecto oposto, segundo a fórmula :
“yin deficiente, Yang desmedido. Yang deficiente, Yin florescente”; fraqueza
simultânea dos dois aspectos, mudança de um aspecto no aspecto oposto.
Por todo o corpo estão espalhados pontos sensíveis, que não se
encontram dispostos de maneira aleatória, constituem uma espécie de cadeia, como
se fossem a continuação dos outros. Unindo-os por traços imaginários obtêm-se
linhas longitudinais denominadas canais, passagens ou meridianos, que formam
uma rede fechada de circulação – isto é, onde um meridiano acaba, outro principia.
Os meridianos estão diretamente relacionados aos órgãos – ou funções corporais –
a às demais partes do corpo. (WING, 1995)
A experiência mostra que ao se punçarem determinados pontos de um
meridiano com agulhas metálicas, experimenta-se a sensação de que algo está
transitando por eles, este algo, que os chineses chamam de Qi, foi traduzido por
energia vital. Esta energia, segundo os chineses, circula através dos corpos de
forma regular. As doenças são conseqüências naturais da má distribuição de energia
26
vital. Alguns sintomas de carência de energia são: sensação de vazio, fraqueza,
insatisfação, insegurança, desânimo, frio, suor, flacidez, excesso de agressividade,
agitação, angústia, dor, calor, contração, convulsão, espasmo, inflamação. De
acordo com o ensinamento chinês , “o sangue circula acompanhando a energia. Se
a energia circula, também o faz o sangue. Se for obstruída por obstáculo, o sangue
pára”. ( MACIOCIA, 1996)
2.3.6. Pontos Utilizados
A escolha dos pontos foi realizada baseando-se nos sintomas
apresentados pelas pacientes e também pela etiologia da doença.
A acupuntura altera a circulação sangüínea. A partir da estimulação de
certos pontos pode-se alternar a dinâmica da circulação regional proveniente de
microdilatações. Outros pontos promovem o relaxamento muscular, sanando o
espasmo, diminuindo a inflamação e a dor. (WING, 1995)
A seqüência utilizada no tratamento proposto inicia-se pela punturação dos
pontos iniciando pelo lado esquerdo na seqüência o mesmo ponto do lado direito.
Todos os pontos utilizados foram bilaterais. A seguir está a seqüência de pontos
utilizados no tratamento que têm um ciclo com inicio no 1ºponto e fechamento no 16º
ponto, a retirada dos pontos inicia do 16º ponto na mesma seqüência de punturação
até o último ponto que seria o 1º ; P9, IG4, C7, BP10, E36, BP6, R3 e F3.
A importância de seguir esta seqüência determinada de punturação segue
o raciocínio da circulação de energia dentro dos meridianos, que tem um início e um
fim, sendo assim, o caminho da energia sempre é cíclico, neste caso, também
usamos uma formatação cíclica para obtermos um melhor resultado, pois essa
27
seqüência não foi alterada em nenhuma das sessões realizadas para termos a
certeza da eficiência do tratamento.
Cita-se um exemplo cotidiano para facilitar o entendimento desta
seqüência: quando se acende uma luz em algum cômodo de uma casa, inicia-se
apertando o interruptor, neste caso, teve-se a intenção de acender a luz e deu-se o
estímulo inicial. A energia luminosa percorreu em milésimos de segundo o seu
caminho pela instalação elétrica para acender a luz desse cômodo. Para apagar-se
a luz, deu-se o estímulo no mesmo interruptor só que desta vez ao contrário do
primeiro, ou seja, no sentido oposto, quebrando a corrente gerada pelo primeiro
estímulo.
Assim segue o curso da energia dentro de um ciclo preestabelecido na
acupuntura. A energia corre por determinados pontos “acendendo luzes” criando
uma corrente única para um determinado fim.
Segue a descrição detalhada da função de cada ponto utilizado no
tratamento, segundo Enquin (1998):
· P9 ou TAIYUAN (Grande Abismo) : Ponto de influência dos
vasos, ponto Yuan primário do canal do pulmão e ponto Shu-riacho, está localizado
no término radial do vinco transversal do punho, na depressão do lado radial da
artéria radial. A escolha deste primeiro ponto para o início do tratamento deu-se pela
sua capacidade de dilatar os vasos sangüíneos melhorando o fluxo de sangue nas
veias e artérias. P9 é o ponto de união de todos os vasos sangüíneos. É um ponto
de tonificação, estimula a circulação sangüínea e influencia o pulso. Por ser um
ponto Yuan primário, é onde o qi é retido.
· IG4 HE GU (Vale da Junção): Localizado no dorso da mão, entre
os 1º e 2º ossos metacárpicos, aproximado no meio do 2º osso metacarpiano no
28
lado radial. Tem como natureza ser o ponto nascente é também o ponto Yuan
primário do canal do intestino grosso. Tem as propriedades de interromper a dor,
remove as obstruções do meridiano, tonifica o Qi e consolida o exterior, harmoniza a
ascendência e a descendência, aumenta a circulação do Qi e Xue (energia e
sangue). Não deve ser utilizado em mulheres grávidas, pois aumenta o peristaltismo
podendo ocasionar um aborto.
· C7 SHENMEN (Porta da Mente): Localizado na extremidade ulnar
da prega transversal do punho, na depressão do lado radial do tendão do músculo
flexor ulnar do carpo. É um ponto fonte, riacho, de sedação e também é o Yuan
primário do canal do coração. Este ponto tem a propriedade de abrir os orifícios,
nutrir o sangue do coração (este órgão tem como função governar o sangue).
· BP10 XUEHAI (Mar de Sangue) : Localizado dois cm acima do
limite medial da patela. Este ponto é utilizado para qualquer problema relacionado
ao sangue, ele remove estase do sangue, tonifica o sangue. Este ponto é
responsável pela distribuição do sangue, no caso de varizes é ele que faz diminuir a
cor azulada forte, às vezes meio roxa que é bem visível nesta patologia.
· E36 ZUSANLI (Três Milhas do Pé): Localizado cerca de um palmo
para baixo do ápice da patela e um dedo a partir da crista anterior da tíbia. Este
ponto tonifica o Qi e o sangue, fortalece o corpo, regulariza o Qi defensivo e nutritivo,
resolve o edema. Este é o ponto mais importante para tonificar o Qi e o sangue nos
padrões de deficiência. Embora se situe sobre os meridianos do estômago, ele
tonifica o Qi do baço e o Qi do estômago. É muito utilizado para desequilíbrios no
sistema imunológico, para pessoas debilitadas e para patologias crônicas. Utilizado
nos casos de edema, pois quando o Qi defensivo está debilitado nas camadas da
29
pele e os fluídos submergem em abundância dos meridianos para invadir o espaço
debaixo da pele.
· BP6 SANYINJIAO (Três encontros Yin) : Localizado a um palmo
acima da ponta do maléolo medial, no limite posterior do lado medial da tíbia. Este é
o ponto mestre do sangue. Ele fortalece o baço, nutre o sangue, move o sangue e
elimina a estase, esfria o sangue, interrompe a dor. Em particular o ZUZANLI tonifica
fortemente o Qi do aquecedor médio (Jiao Médio), sendo muito eficiente na
tonificação do Qi e do Sangue. Apresenta uma influência profunda sobre o sangue,
pode nutrir o Yin, também pode remover a estase do sangue. Tonifica o Yin. Este
ponto não deve ser utilizado em mulheres grávidas, pode causar aborto.
· R3 TAIXI (Riacho Máximo): Localizado na depressão entre a
ponta do maléolo medial e o tendão do osso calcâneo. Este é um ponto muito
importante utilizado para tonificar o rim em qualquer padrão de deficiência do Yin ou
Yang do rim. Sendo ponto fonte, está em contato com o Qi original do meridiano do
rim, e uma vez que o rim é o fundamento de todo o Qi do organismo e o assento do
Qi original, este ponto vai diretamente para o núcleo do último. Como o rim também
restaura a essência, este ponto pode tonificar a essência, os ossos e a medula.
· F3 TAICHONG (Precipitação Maior): Localizado no dorso do pé,
na depressão anterior à junção do primeiro e segundo ossos metacárpicos. É o
ponto Yuan primário do canal do fígado do pé Jueyin, ou seja, é o ponto de equilíbrio
do canal, também promove o fluxo suave do Qi do fígado, acalma os espasmos, é
utilizado para nutrir o sangue do fígado. Também têm uma ação nas dores e flacidez
das extremidades inferiores. O fígado é o órgão responsável pela livre circulação do
fluxo do Qi, que é o comandante do sangue, quando o Qi estagna, o sangue (Xue)
coagula.
30
2.3.7. Tempo de Tratamento
A aplicação do tratamento teve a finalidade de equilibrar as funções dos
órgãos, sendo assim, não foi utilizado o método de redução ou tonificação, e sim o
método de punturação neutra, ou seja no sentido do ponto. Cada ponto coma sua
particularidade, sendo respeitada a profundidade de cada um.
- P9 ou Taiyuan: perpendicular 0,3 cun.
- IG4 ou Hegu: perpendicular 0,5 cun.
- C7 ou Shenmen: subcutânea 0,7 cun
- BP10 ou Xuehai: obliquamente para cima 1,0 cun
- E36 ou Zuzanli; perpendicular 1,0 cun
- BP6 ou Sanyinjiao: perpendicular 1,0 cun
- R3 ou Taixi: perpendicular 0,8
- F3 ou Taichong: perpendicular 0,7 cun.
Depois da inserção os pacientes permaneceram em repouso por um tempo
aproximado de trinta minutos.
2.4. FITOTERAPIA
As plantas têm importantes virtudes para purificar o organismo e expelir
toxinas, suprem a falta de alguns elementos nutritivos, estimulam a ação de certos
órgãos, normalizam o funcionamento de outros. (GOMARA, 2000)
A fitoterapia consiste no conjunto das técnicas de utilização dos vegetais
no tratamento das doenças e na recuperação da saúde. Comporta numerosas
escolas que estudam e empregam as plantas medicinais, das mais simples e
31
empíricas, às científicas e experimentais. Em sua forma mais rigorosa, abrange os
princípios e as técnicas da botânica e da farmacologia. (FARMACOPÉIA
BRASILEIRA, 1998)
2.4.1. Efeitos da Fitoterapia
O mecanismo de ação das plantas medicinais se deve à presença dos
chamados princípios ativos que são substâncias que a planta sintetiza e armazena
durante seu crescimento e vida e que são responsáveis pelo valor terapêutico ou
não de uma planta.(NASCIMENTO, 2001)
É a presença, ou não, de um ou diversos destes princípios ativos que
determinam a forte ou fraca atuação da erva no processo de cura.
Sua distribuição dentro da planta varia de acordo com cada tipo de vegetal,
condições do habitat (solo, clima, etc), ciclo de vida do vegetal, etc. Se encontrarem
principalmente nas flores, folhas, sementes, frutos ou casca e é baseado nessa
distribuição que se determina a parte a ser utilizada do vegetal. (BOARIM, 1999)
Segundo Murray (1990), estima-se em mais de 12.000 o número de
princípios ativos já encontrados. Segue abaixo os principais grupos de princípios
ativos:
1. ALCALÓIDES: geralmente tóxicos, apresentam atividade
farmacológica elevada como a morfina, atropina, escopolamina.
2. PRINCÍPIOS AMARGOS: grande número de plantas contém estes
princípios que lhes confere sabor amargo. Desenvolvem ação tonificante sobre o
organismo e estimulam e regulam o trato digestivo.
32
3. ÓLEOS ESSENCIAIS: são componentes de cheiro forte, que se
evaporam facilmente em água. Tem propriedades anti-séptica, diurética,
antiespasmódica, antiinflamatória, expectoração.
4. TANINOS: ação adstringente, anti-séptica e antidiarréica.
5. HETEROSÍDEOS: são o grupo mais distribuído no reino vegetal e
seus efeitos são diferentes entre si, não sendo possível agrupá-los quimicamente.
Entre eles estão os glicosídeos diversos. Possuem algumas funções cardiotônicas,
outras sudoríficas.
6. SAPONINAS: são mucolíticas, diuréticas, depurativas. Reforçam a
ação dos demais princípios ativos das plantas.
7. MUCILAGENS: são substâncias que incham em contato com a
água. Protegem a mucosa contra os irritantes locais e atenuam inflamações.
8. ÁCIDOS ORGÂNICOS: plantas que contém estes princípios têm
sabor ácido e entre outras ações são refrescantes e laxativas. As plantas deste
grupo são muito usadas em fitocosmética.
2.4.2. Principais Indicações
Segundo Teske (1997), as plantas medicinais são utilizadas para diversos
fins, seus efeitos amenizam , previnem e curam diversas formas de patologias. Suas
principais atividades farmacológicas são inflamação (é o conjunto das reações locais
dos tecidos destinados a contrabalançar os efeitos de um agente nocivo, microbiano
ou não); infecção (efeitos causados num organismo pela ação das toxinas
produzidas por bactérias ou por quaisquer outros germes patogênicos); e infestação
33
(invasão do organismo por parasitos de certo porte como a sarna, os vermes
intestinais, etc. em contraposição à infecção causada por micróbios).
2.4.3. Dosimetria Formas de Utilização das Plantas
Para Teske (1997) varia de acordo com a forma de utilização das plantas.
A seguir tem uma breve descrição das principais formas de utilizações das plantas
medicinais e sua dosimetria:
2.4.3.1. Chás
Processo de retirada de princípios ativos pela ação extratora da água.
Podem ser de três tipos:
Infusão ou tisana: Consiste em despejar água fervendo sobre as ervas,
numa vasilha, e deixar repousar de 5 a 10 minutos. Talos e raízes precisam mais
tempo 20 a 30 minutos. Essa é a forma mais recomendada para a preparação dos
chás por preservar melhor o princípio ativo.
Decocção: Consiste em colocar as ervas na água fria e cozinhá-las 5 a 10
minutos se são folhas, flores e partes tenras e 15 a 30 minutos se são talos, cascas
e raízes.
Maceração: Consiste em colocar as ervas em água fria, sem ferver, por um
período de 10 a 18 horas se são folhas, flores, sementes e partes tenras e, 18 a 24
horas para talos, cascas e raízes duras picadas. Essa forma é usada quando se
pretende conservar os sais minerais e as vitaminas.
34
Dosimetria dos chás: A dose máxima recomendada para m chá é de 20
gramas para 1 litro de água. Nessa dosagem várias plantas já apresentarão
problemas de toxicidade o que faz com que, por segurança, seja aconselhável o uso
em quantidades menores. Cada colher de erva verde pesa aproximadamente 5
gramas e 1 colher de erva seca pesa aproximadamente 2 gramas. As dosagens
recomendadas são as seguintes:
· Adulto: 3 a 5 xícaras/dia
· 10 – 15 anos: 3 a 4 xícaras/dia
· 02 – 05 anos: 1 a 3 xícaras/dia
· 00 – 01 ano: ½ a 1 xícara/dia
2.4.3.2. Tinturas –Mães – Tintura – Alcoolatura – Extrato Fluídos
Tinturas - mães: São preparações líquidas resultantes da ação dissolvente
de um veículo alcoólico sobre drogas de origem vegetal ou animal. Correspondem a
10% (em casos de plantas) e são obtidas pela maceração em álcool de diferentes
títulos, da planta fresca ou raramente da planta seca.
Tinturas: As tinturas vegetais são preparadas à temperatura ambiente pela
ação do álcool sobre uma erva seca (tintura simples) ou sobre uma mistura de ervas
(tinturas compostas). São preparadas por soluções simples, maceração ou
percolação.
As tinturas simples correspondem a 1/5 (20%) do seu peso em erva seca,
que quer dizer que 200 gramas de erva seca permitem preparar mil gramas da
tintura. Na maioria dos casos se utiliza um álcool a 60º G.L. (Compendio de
Fitoterapia- Herbarium).
35
Alcoolaturas: As alcoolaturas são obtidas pela ação dissolvente do álcool
sobre uma ou várias substâncias vegetais frescas, que perdem total ou
parcialmente, as suas propriedades por dessecação.
As alcoolaturas simples, salvo indicação contrária devem ser preparadas
de acordo com o seguinte processo geral:
Planta seca, convenientemente dividida – 500 gramas.
Álcool – 1000 ml.
Faça macerar a droga com o álcool em recipiente fechado, durante 15 dias,
agitando de vez em quando: coe espremendo fortemente, e filtre o líquido por papel.
(FARMACOPÉIA BRASILEIRA I).
Extratos Fluídos: Segundo a Framacopéia Brasileira, “os extratos fluídos
são preparações oficinais, obtidas de drogas vegetais manipuladas de forma que
100 gramas de extrato contenham o equivalente a 100 gramas da erva seca”. Por
não terem sofrido ação do calor, seus princípios ativos são exatamente os mesmos
encontrados nos fármacos respectivos.
Os extratos fluídos apresentam uma relação ponderal simples entre a
droga e o extrato, o que facilita a posologia e a prescrição:
§ 1 grama ou ml do extrato fluido equivale a :
§ 1 grama de erva seca
§ 5 gramas de alcoolatura ou tintura
§ 10 gramas da tintura-mãe
Dosimetria: Prescrição em gotas: a indicação de apenas uma erva por
frasco é a forma mais em uso, podendo ser necessário recomendar um ou mais
medicamentos no mesmo dia apenas em horas diferentes.
36
2.4.3.3. Pós – Extratos Secos – Extratos Secos Padronizados
Pós: Consistem na droga vegetal, seca, moída finamente (0,1 a 0,2 mm).
Os fitoterápicos de uso tradicional são, na sua maioria, encontrados nessa forma e
não em extratos secos. Exemplos de plantas usadas em pó: Boldo do Chile
(Pneumus boldus), Cascara Sagrada (Rhamus purshiana), Carqueja (Baccharis
trimera), Sene (Cássia senne).(FARMACOPÉIA BRASILEIRA)
Extratos secos: São produtos de origem vegetal, obtidos através de
concentração e secagem de extratos líquidos. O método consiste na obtenção de
um extrato líquido, seja por percolação (extrato hidroalcoólico) ou extração com água
fervente, da qual então o extrato será evaporado cuidadosamente (baixa
temperatura 40ºC e pressão reduzida), até a obtenção de um extrato concentrado
com aspecto de um “caldo”; em seguida,ajustado com uma quantidade suficiente de
amido, malto ou lactose para posterior secagem. (FRAMACOPÉIA BRASILEIRA)
Extratos secos padronizados: São obtidos da mesma forma que os extratos
secos, apenas obedecem a uma padronização mais rigorosa, sendo calculado
sempre o mesmo padrão de princípios ativos para cada droga. Geralmente a
proporção droga/extrato é de 4:1 a 5:1; ou seja, 4 ou 5 partes da droga para se obter
1 parte de extrato. Essa forma permite o cálculo exato de princípios ativos que se
deseja administrar ou manipular. (FARMACOPÉIA BRASILEIRA)
37
2.4.4. Fitoterapia para Varizes
· GINKGO BILOBA (Ginkgo biloba): pertence a família Ginkgoaceae, a
parte utilizada é a folha, tem ação preventiva e curativa contra as agressões
endógenas e exógenas, tais como fenômeno de oxidação devido à presença de
radicais livres; ação antiinflamatória e de prevenção do envelhecimento. Estimulante
da circulação sangüínea, atuando na circulação arterial, venosa e capilar, agindo na
insuficiência vascular periférica. Protetora sobre a barreira hemato-encefálica.
Diminui a hiperagregação plaquetária, atuando em processos trambóticos. Age
diminuindo a agregabilidade das hemácias e têm ainda uma ação protetora contra a
lise de eritrócitos. Regulariza a permeabilidade capilar, age inibindo a
hipermeabilidade mediada pela bradicinina e histamina. A nível cerebral permite a
diminuição das desordens da memória, distúrbios da atenção diminuição da
capacidade auditiva, casos de vertigens, preservando por mais tempo autonomia e
qualidade de vida. Ativa a circulação sangüínea, aumentando a resistência capilar e
efetuando uma vasodilatação dos vasos e arteriais dos membros, mantendo a
perfussão tissular. Reforça o tônus vascular a nível venoso, auxiliando a depuração
de resíduos metabólicos. A árvore de ginkgo é considerada pelos botânicos como
um fóssil vivo, sendo o único exemplar dessa família, e ancestral do carvalho, pode
chegar a 40 m de altura. Originário do Japão. (TESKE, 1997)
As ervas de escolha para o complexo fitoterápico de uso externo foram:
castanha da índia, centela asiática, ginkgo biloba, hamamélis e cânfora. As quatro
primeiras em porcentagens iguais com exceção da cânfora que foi utilizada apenas
em 0,1% para dilatar os poros facilitando a penetração dos outros componentes da
fórmula. Foi utilizado o gel base para esta preparação pela facilidade de absorção e
38
a rápida secagem do produto. Segue a descrição detalhada da ação de cada uma
das ervas utilizadas:
§ GINKGO BILOBA: foi descrito anteriormente no uso interno, neste
complexo é de suma importância a sua presença.
§ CASTANHA-DA-ÍNDIA (Aesculus hippocastanum): pertence a família
das Hipocastanáceas, as partes utilizadas são a casca e a semente, tônico
circulatório, adstringente, anti-hemorrágico, antiinflamatório, vasoconstritor. Sua
principal ação é sobre o sistema venoso, aumentando a resistência e o tônus das
veias. Diminui a permeabilidade e a fragilidade capilar. Suas propriedades se devem
principalmente aos saposídeos, hidroxicumarinas e derivados flavônicos que atuam
sobre a fragilidade capilar e como vasoconstrictores periféricos. Desta forma, ativa a
circulação sangüínea e favorece o retorno venoso prevenindo acidentes vasculares,
estase venosa, espasmos vasculares e tromboflebites. O efeito tônico da castanha-
da-índia sobre o sistema venoso é percebido 15 a 30 minutos após a ingestão,
traduzindo-se principalmente pelo alívio da dor. É uma árvore que tem cerca de 10 a
30 metros de altura, originária dos Balcãs.(TESKE, 1997)
§ CENTELA (Centella asiática) pertence a família das umbelíferas, parte
utilizada é as folhas, eutrófico do tecido conjuntivo, normalizador da circulação
venosa de retorno, tônico vulnerário, vasodilatador periférico, calmante, antiirritante,
refrescante, anticelulítico, preventivo de rugas. Os constituintes da fração triterpênica
da centela atuam normalizando a produção de colágeno ao nível dos fibroblastos,
promovendo o restabelecimento de uma trama colágena normal e flexível e
conseqüente desencarceramento das células adiposas. Promove a normalização
das trocas metabólicas entre a corrente sangüínea e os adipócitos. Esta função é
ainda auxiliada pela melhora da circulação venosa de retorno e pela diminuição da
39
fragilidade capilar, que combate os processos degenerativos do tecido venoso.
Também controla a fixação da prolina e alanina , elementos fundamentais na
formação do colágeno. Sua ação sobre os edemas de origem venosa orienta o
tratamento das celulites localizadas. Originária da Austrália, erva pequena e rasteira,
com cerca de 3 a 20 cm de altura. (TESKE, 1997)
§ HAMAMELIS: (Hamamelis virginiana): pertence a família das
hamamelidáceas, partes utilizadas são as folhas e a casca, adstringente,
hemostático, vasoconstritor, tônico, anti-hemorrágico, descongestivo. A hamamélis
regulariza a circulação, exercendo ação vasoconstritora periférica agindo como
vasomotor, favorecendo a circulação de retorno, restabelecendo o equilíbrio entre a
circulação arterial e venosa. Melhora o estado geral e acalma as dores. Utilizada em
compressas frias no combate a estados febris ou em compressas quentes para
contusões e torções. Arbusto decíduo ou pequena árvore podendo chegar a 5 m de
altura, nativa da América do Norte Pela sua propriedade adstringente deve ser
usada com moderação.(TESKE, 1997)
§ CÂNFORA: (Artemísia canfhorata) utilizada para dilatar e abrir os poros
da pele tira dor e alivia o edema, melhora a circulação, neste composto foi utilizada
apenas para descongestionar os poros para melhor penetração dos outros
componentes fitoterápicos. Sua porcentagem na fórmula foi de 0,1 %.(TESKE, 1997)
o Como dito anteriormente as pacientes fizeram uso deste complexo
fitoterápico todos os dias, com acompanhamento semanal, foram orientadas a
tomarem suas devidas dosagens de Ginkgo Biloba em cápsulas, e a utilizarem o gel
duas vezes ao dia, uma ao acordar e outra antes de dormir.
o O tratamento através da fitoterapia, nos casos de varizes, deve seguir
um tempo indeterminado, no caso do gel, até os sintomas visíveis diminuírem, e no
40
caso das cápsulas até o estado geral da patologia seguir a um bom grau de
evolução. Porém, a erva de uso interno deve ser alternada a cada quatro meses,
para que o corpo não vicie no princípio ativo, que passa a fazer menos efeito. Pode
ser utilizado a castanha da índia na mesma proporção das cápsulas anteriores de
Ginkgo
41
CAPÍTULO III
3. METODOLOGIA
Através de bibliografias especializas procedeu-se um levantamento
sistemático de algumas publicações na área de medicina convencional e alternativa
que estuda o sistema circulatório e a acupuntura, como parte relevante da pesquisa.
Para Severino (1996, p. 37) “A documentação temática visa coletar elementos
relevantes para o estudo geral ou para realização de um trabalho em particular,
sempre dentro de determinada área”. Por intermédio deles, tornou-se possível
acompanhar especialistas da área estudada. Procedeu-se assim um estudo de caso
através de dois pacientes, para tornar e realizar esta pesquisa sólida. Como relata
Köche (1982, p. 13) “O homem é um ser jogado no mundo, condenado a viver a sua
existência. Por ser ele existencial, tem que interpretar a si e ao mundo em que vive,
atribuindo-lhes significações. Cria intelectualmente representações significativas da
realidade. A essas representações significativas chamamos de conhecimento”.
A estratégia bibliográfica encaminhou para o tipo de foco da pesquisa; e no
estudo de caso o controle sobre eventos comportamentais.
O estudo de caso foi classificado como explicativo, cognitivo e expositivo.
Como segunda estratégia de pesquisa, o estudo de caso foi usado como
parâmetro para tratamento de varizes sem necessidade de cirurgia, sendo
investigando os efeitos fisiofuncionais das técnicas de drenagem linfática manual,
fitoterapia brasileira e acupuntura utilizando agulhas como recurso associadas em
42
conjunto para a melhora dos sintomas específicos das varizes como também
evidenciar uma melhora na parte fisiofuncional da doença.
O estudo de caso permitiu uma investigação das características
significantes de eventos vivenciados. Concluiu-se assim a capitação de dados, e
direcionou-se para redigir conclusões.
A maneira utilizada foi o desenvolvimento escrito de um relatório do
acompanhamento, tratamento e os resultados do caso. Colaborando com a
comunidade científica na comprovação de tratamentos intitulados “alternativos” a
medicina convencional, respeitando as normas de publicações científicas para
aumentar os dados no que diz respeito a medicina natural ou terapias naturais
43
CAPÍTULO IV
4. ANÁLISE DE DADOS
2.1. APRESENTAÇÃO DOS CASOS / DADOS DOS PACIENTES
As pacientes foram submetidas a sessões semanais de acupuntura uma
delas na clínica escola da FIES, com a supervisão da Professora Gilda Santiago, e a
outra foi atendida na própria casa por não ter a disponibilidade de sair a noite para
ser atendida na clínica, porém houve o acompanhamento da supervisora no sentido
de sanar as possíveis dúvidas. Utilizou-se apenas duas pacientes para um controle
melhor das atividades. Segue abaixo descrição das duas pacientes, usou-se
abreviações dos nomes.
PACIENTE I
Anamnese:
Nome: L.Q.d.P
Nascida em 21/10/35
Idade: 68 anos
Peso: 62 kg
Altura: 1,63m
P.A: 130´90 mmHg
Sexo: feminino
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Profissão: Do lar
Estado civil: casada, dois filhos
Queixa principal: dor no membro inferior esquerdo onde tem maior
concentração de varizes, sensação de inchaço nas pernas, cansaço ao caminhar,
lombalgia que irradia para as pernas, dor no nervo ciático.
Histórico: artrose nos tornozelos, reumatismo nos ombros e nas mãos,
pielonefrite aguda, hemorróidas, varizes com coloração forte azulada.
Intestino: constipação, vai ao banheiro de dois em dois dias, fezes
ressecada.
Urina: vai de seis a sete vezes ao dia, acorda durante a noite para ir ao
banheiro urinar, tem a cor escura.
Sono: acorda muitas vezes durante a noite, mas logo dorme, lembra pouco
dos sonhos e dorme em média oito horas por dia.
Alimentação: toma bastante água, em média dois litros por dia, faz três
refeições ao dia, gosta de verduras legumes, ingere poucas frutas, não consome
muita carne nem laticínios, metabolismo é rápido.
Exame radiológico: perna esquerda com esporão plantar em calcâneo;
articulação coxo femural esquerda artrose incipiente com esclerose marginal
acetabular, espondilose lombar, joelho esquerdo com enteropatia calcificada em
inserção do quadríceps.
Diagnóstico através da Língua: vermelha , seca, saburra leve branca e fina,
longa, pouca saliva.
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Diagnóstico através do pulso:
Pulso esquerdo: Coração +/- Intestino delgado ++
Fígado +++ Vesícula biliar -/+
Rim -- Bexiga -/+
Pulso direito: Pulmão +/- Intestino grosso ++
Baço Pâncreas +++ Estômago ++
Pericárdio - Triplo aquecedor -/+
Diagnóstico: Incapacidade do baço de manter o sangue fluindo nos vasos.
Diz-se que o baço mantém o sangue nos vasos sangüíneos, e está encarregado de
manter o sangue unido. Se o Qi do baço é saudável, o sangue circulará
normalmente e permanecerá nos vasos. Se o Qi do baço for deficiente, o sangue
pode extravasar. Porém, outros sistemas são responsáveis pela boa circulação do
sangue nos vasos e por outras condições relacionadas com o sangue, são eles:
pulmão, coração, fígado e rins, portanto estes outros órgãos também devem ser
avaliados.
Início do tratamento: 12/04/03
Término: 23/06/03
Evolução do tratamento:
Após primeira sessão de acupuntura sentiu-se bem melhor, com pouca dor
nas pernas, essa sensação de melhora permaneceu dois dias inteiros, depois voltou
46
um pouco a dor mais com menor intensidade, as região lombar melhorou um pouco,
a sensação de peso nas pernas diminuiu. Após a segunda sessão sentiu uma
melhora significativa no quadro álgico, início do tratamento com o gel fitoterápico. Na
terceira semana fez-se uma sessão de drenagem linfática, as varizes começaram a
alterar sua coloração, ficaram um pouco mais claras, o quadro álgico permaneceu
constante, sentiu dor apenas uma vez na semana, após três dias da sessão. Na
quarta sessão, relatou que seu sono melhorou muito, a sensação de cansaço nas
pernas desapareceu, a urina clareou um pouco, as varizes espalharam-se, os ramos
maiores tornaram-se menores, mais claros, as varizes que estavam com um grande
calibre e saltadas para fora da perna interiorizaram e permaneceram menos
aparentes. Após a quinta sessão, não sentiu mais dor nas pernas nenhum dia da
semana, relatou sentir dor na hemorróida, os outros sintomas melhoraram, realizou-
se a drenagem linfática. Até a décima Segunda sessão, onde encerrou-se o
atendimento, a paciente relatou ausência da dor, normalizou a função do intestino
que estava constipado, o sono melhorou muito acorda somente uma vez para ir ao
banheiro, a urina continua escura, a dor no joelho não melhorou.
PACIENTE II
Anamnese
Nome: T.Z.K
Nascida em 01/04/49
Idade: 54 anos
Peso: 65kg
Altura: 1,60
P.A: 120´80mmHg
Sexo: feminino
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Profissão: esteticista
Estado civil: casada com dois filhos
Queixa principal: dores severas e inchaço nas duas pernas, parestesia no
pé esquerdo que irradia para o músculo gastrocnêmio, ansiedade, pouco de insônia,
as vezes sente dor de cabeça, varizes com coloração forte mais tendendo para a cor
roxa, sente muito calor nas extremidades, está na menopausa, sente-se um pouco
triste as vezes.
Intestino: fezes pastosas, constipada vai de dois em dois dias, toma clorella
sente que regula o intestino.
Urina: escura, com cheiro forte, vai 5 vezes ao dia.
Sono: dorme 5 horas por dia, normalmente o sono é pesado, acorda as
vezes durante a noite, lembra pouco dos sonhos.
Alimentação: faz três refeições ao dia, gosta de verduras, frutas, legumes,
carnes de todos os tipos, pães, leite e derivados ingere com moderação, toma muito
chimarrão e não toma nem um copo de água ao dia. Seu metabolismo é lento.
Diagnóstico através da língua: vermelha com petéquias na ponta e no
meio, com leve saburra branca e fina.
Diagnóstico através do pulso:
Pulso esquerdo: Coração +++ Intestino Delgado +/-
Fígado ++ Vesícula biliar +
Rim +/- Bexiga -
Pulso direito: Pulmão -/+ Intestino Grosso +
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Baço Pâncreas +++ Estômago ++
Pericárdio +/- Triplo aquecedor –
Diagnóstico geral: Incapacidade do baço em manter o sangue nos vasos
fluindo nos vasos
Início do tratamento: 20/03/03
Término do tratamento:17/06/03
Evolução do tratamento: A paciente foi atendida em dozes sessões com
apenas uma pausa de uma semana. Após a primeira sessão sentiu uma leve
melhora na sensação de cansaço nas pernas. A dor no músculo gastrocnêmio
persistiu forte irradiando para os pés. A partir da segunda sessão, sentiu uma
melhora significativa no quadro álgico, reclamando de dores apenas ao final do dia
de trabalho, e dois dias após a sessão. Fez-se uma sessão de drenagem linfática
um dia após a segunda sessão. Relatou uma sensação muito boa de leveza nas
pernas após a sessão de massagem, diminuiu o edema nas pernas e a sensação de
cansaço melhorou muito. Na terceira semana, as varizes demonstraram uma
pequena alteração na sua coloração e também na disposição de seus feixes. A
paciente sente-se muito melhor após a Quinta sessão, não tem mais a parestesia,
sente-se mais alegre, as dores reduziram muito. Feita mais uma sessão de
drenagem linfática. Paciente relata melhora no sono, acordando mais descansada.
As varizes mostram-se bem melhores, sua coloração está bem mais clara, bem
distribuídas, algumas regiões está quase imperceptível. A partir da sexta semana, a
paciente não teve mais dores nas pernas nem inchaço, a parestesia sumiu
totalmente, a sensação de calor diminuiu, melhorou em todos os aspectos.
49
4.2. PROCEDIMENTOS DO TRATAMENTO PROPOSTO
Após uma prévia avaliação das pacientes, foi detectado o grau de evolução
da patologia. As duas pacientes foram classificadas no tipo II, ou seja, onde está
presente a doença e a estética, e primária, ou seja, de fundo hereditário.
O tratamento durou cerca de três meses, constando de doze sessões
semanais de acupuntura, cinco sessões de drenagem linfática, e o uso dos
fitoterápicos interno e externo recomendado diariamente.
Os pontos de acupuntura utilizados foram os mesmos em todas as sessões
para ambas as pacientes, e os fitoterápicos também foram os mesmos.
As sessões prosseguiam de uma análise visual da patologia, de uma
anamnese para constatar o andamento do quadro álgico. As pacientes foram
orientadas a utilizarem meias elásticas de contenção média todos os dias após uma
elevação do membro inferior por cerca de 20 minutos, a não tomarem banhos muito
quente e nem exporem-se ao sol.
Os fitoterápicos utilizados no tratamento foram recomendado de duas
maneiras: uso interno através de cápsulas contendo dosagens um pouco diferentes
respeitando o fator idade de cada paciente e de uso externo utilizando um gel duas
vezes ao dia, uma ao acordar e outra ao deitar-se, na mesma porcentagem para
ambas as pacientes.
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Foram utilizados neste programa de tratamento diversos gêneros de
plantas medicinais, com o intuito de preparar e afinar o sangue dentro dos vasos, e
externamente para melhorar a circulação comprometida do membro inferior.
A erva de escolha para o uso interno foi o Ginkgo Biloba , em cápsulas de
250 mg, uma cápsula vez ao dia para a paciente com mais de 60 anos e duas
cápsulas uma vez ao dia para pacientes abaixo desta idade . Segue a descrição da
erva de escolha:
4.3. SATISFAÇÃO PESSOAL DOS PACIENTES COM O TRATAMENTO
SATISFAÇÃO PACIENTE I :
Ao final das doze sessões, a paciente relatou satisfação com o tratamento,
continuará sendo atendida na clínica com a mesma orientação para dar continuidade
ao tratamento que deve ser mantido ainda por algum tempo de manutenção, até que
os sintomas não voltem a persistirem. A paciente não faz usos de meia elástica de
contenção.
SATISFAÇÃO PACIENTE II:
A paciente relatou melhora nos aspectos principais relatados, sentiu-se
bem melhor após as sessões, teve uma melhora significativa na aparência das
varizes, em algumas regiões a diminuição foi quase plena, gerando uma grande
expectativa com o tratamento. A paciente utiliza todos os dias meias elásticas de
compressão, mas somente a noite.
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CONCLUSÃO
Após o término do tratamento proposto, pode-se comprovar e eficiência de
tratamentos alternativos a medicina convencional, que normalmente opta pela
cirurgia de retirada das veias comprometidas, evitando tal intervenção cirúrgica e
também normalizando a situação de vida das pacientes. A melhora no aspecto de
dor, edema e visualização da patologia foram controlados a partir da terceira
semana de tratamento. Com o término das sessões, observamos significativas
evoluções nestes processos.
Acredita-se que esta patologia deva ser tratada por mais tempo, neste
caso, optou-se por demonstrar resultados com dozes sessões, mas a continuidade
deste tratamento é essencial para que os resultados tornem-se permanentes. Depois
de feito este controle intenso dos três meses iniciais, pode-se manter o mesmo
tratamento proposto por mais três meses, somente depois deste período, alternam-
se então as sessões para duas vezes ao mês com a acupuntura e uma vez ao mês
com a drenagem linfática. Porém, os fitoterápicos tanto de uso interno como o de
uso externo devem ser mantidos diariamente por no mínimo de nove meses,
alternando de três em três meses o fitoterápico de uso interno (Ginkgo Biloba por
Castanha-da-índia).
52
Esta patologia tão comum no cotidiano da população mundial pode ser
controlada, mas principalmente devemos nos preocupar com a prevenção, pois é o
melhor meio de evitar transtornos possíveis e principalmente amenizar os sintomas
das varizes.
53
GLOSSÁRIO
Acupuntura Uma técnica milenar utilizada na China antiga, onde utiliza o emprego de alguns materiais específicos como agulhas, sementes, moxa, ventosa, para tratamento de diversas enfermidades. A acupuntura não está voltada diretamente para os agentes agressores externos, por isso, seu tratamento não visa apenas a tratar o local comprometido no corpo, mas age sobre todo o sistema nervoso, estimulando o mecanismo de compensação e equilíbrio em todo o corpo, para com isso sanar a doença.
Drenagem linfática Utilizando manobras específicas, esta técnica de massagem tem como objetivo principal o aumento do volume da linfa admitido pelos capilares linfáticos e o aumento da velocidade de seu transporte através dos vasos linfáticos. Indiretamente estas manobras influenciam outras funções biológicas.
Fitoterapia É o tratamento feito com ervas medicinais, tendo sido praticada desde antigas civilizações.
Fitoterápico Plantas denominadas medicinais pelo emprego ser específico para o tratamento de determinadas enfermidades.
Fu Denominação para as vísceras na medicina chinesa.
Jing O Jing é essência, uma substancia resultante de algo refinado, destilado. Essa essência é dividida em dois grandes grupos:
a) Essência Jing pré-celestial; b) Essência Jing pós-celestial. A essência pré-celestial é recebida na concepção
formando a essência do embrião. Essa essência irá determinar a força e a vitalidade do indivíduo herdada doa pais. O Jing pós-celestial é a essência refinada dos alimentos,
54
sendo o estômago e baço/pâncreas responsáveis pela digestão e pelas funções de transformar e transportar as essências alimentares; é a essência produzida após o nascimento. Além de resultar na produção do Qi. A essência Jing é uma substancia orgânica que forma a base do crescimento, reprodução e desenvolvimento.
Pontos Yuan Cada um dos 12 meridianos regulares tem um ponto Yuan, também chamado ponto FONTE. Eles estão localizados próximos das articulações dos pulsos e tornozelos das quatro extremidades. É através deles que a energia vital dos zang fu passa e se acumula.
Qi O Qi é a essência mais elementar da qual o mundo é composto. O caractere Qi indica alguma coisa que possa ser material e imaterial ao mesmo tempo. De acordo com o antigo pensamento Chinês, o Qi era a substancia fundamental que constitui o inverso, e todos os fenômenos foram produzidos pelas mudanças e movimento do Qi. De modo geral, a palavra Qi na MTC denota tanto a substancia essencial do corpo humano, que mantêm sua atividade vital, bem como a atividade funcional dos órgãos e tecidos. O Qi no corpo humano tem duas fontes: uma é a substancia vital inata, que se herda dos pais antes no nascimento. A outra é a essência do alimento e ar fresco que se recebe do ar, da água e dos alimentos.
Varizes São veias anormalmente dilatadas e tortuosas. Há varizes superficiais e profundas, grandes e pequenas. Às vezes inflamam e doem, caracterizando a flebite. (Boarim, 1999).
Xue O sangue (Xue) é uma espécie de líquido vermelho rico em nutrientes. É em si mesmo uma forma de Qi, muito denso e material. Além disto, o sangue (Xue) é inseparável do Qi; é o Qi que proporciona vida ao sangue (Xue); sem o Qi, o sangue (Xue) seria um fluido inerte. O sangue (Xue) se origina de duas fontes: da essência do alimento do Estômago e Baço/Pâncreas; da essência da vida armazenada no Rim.
Zang Denominação para os órgãos na medicina chinesa.
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READER’S DIGEST. Segredos e Virtudes da Plantas Medicinais. Rio de Janeiro: Reader’s Digest, 1999.
REVISTA PLANETA ACUPUNTURA. 2 ed. São Paulo: Três, 1992.
56
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TESKE, M. Herbarium compêndio de fitoterapia. 3 ed. Curitiba: Herbarium Laboratório Botânico, 1997.
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FARDY, Paul S. Técnicas de treinamento em reabilitação cardíaca. 1º ed. São Paulo. Manole, 2001
MURRAY, Michael. Enciclopédia da medicina natural. 2ºed. São Paulo. Andrei, 1990
LEDUC, Joseph. Drenagem linfática manual. 2ºed. São Paulo. Guanabara Koogan 1998
BOARIM, Daniel. Manual prático de tratamentos naturais. Volume I e II.1ºed.São Paulo: Edições Vida Plena, 1999.
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