Download - Cê Viu? - Edição maio de 2014
Cê Viu? – Edição de maio de 2014
Equipe:
Antônio Teixeira
Bárbara Paes
Gabriela Marques
Igor Rossi
Igor Tsuyoshi
Júlia Azeredo
Márcio Rolim
Márcio Sartorelli
Taminy Youssef
Agradecimentos:
Lucas Marinho Reis
Renan Ruffo
Pedro Navega (Pepê)
Tiago Lima de Oliveira
Editorial Nessa edição do Cê-Viu? buscamos comtemplar temas do cotidiano do alunos de
Engenharia Civil e Ambiental na Poli. Além de notícias do CEC e da área acadêmica, temos
matérias que exploram as aplicações práticas do que vemos diariamente em sala de aula. Temos
também uma entrevista com o estudante Tiago Oliveira, que voltou de um intercâmbio para os EUA
no ano passado; ele contou pra gente como foi a experiência e comparou as universidades
brasileiras e americanas em diversos aspectos.
Também nessa edição temos matérias sobre atividades extra curriculares relacionadas à
Civil e Ambiental como o TETO e a Bandeira Científica. Não deixe de conferir os textos para
conhecer um pouco melhor as duas organizações!
E ainda temos um texto sobre o primeiro Intercivis que aconteceu em São Carlos, a Poli ficou
em 3º lugar na competição (completamente sem querer), e dois sobre a vitória do CEC no
Integrapoli desse ano (completamente por querer)!
Para finalizar, um pouco de cultura com o “Epopeia de um Medíocre” do Márcio Startorelli.
Esperamos que vocês gostem!
Tem alguma sugestão ou gostaria de enviar algum texto? Mande um e-mail para
[email protected] ou um inbox na nossa página do facebook (Cê-Viu?). Se quer participar
da nossa equipe, venha na próxima reunião! Elas estão acontecendo a cada duas semanas e o dia
e o horário são sempre divulgados na nossa página e nos grupos da G.A. Civil.
A Equipe
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Panorama CEC em 2014 Senhores Leitores, por meio deste texto
irei comunicar as atividades que o CEC
participou e/ou organizou desde o começo do
ano. Para começar irei falar sobre a Festa de
Matrícula ocorrida no dia 17/02. O CEC focou
em recepcionar os bixos de forma que eles se
sentissem bem vindos à Escola, através de
diversas atividades de integração tentamos
deixar uma festa bem show para os
ingressantes. Pelo que vimos, boa parte dos
bixos curtiram muito o que fizemos.
Na primeira semana de aula realizamos
um novo evento chamado Conversa Com a
Gestão, a ideia era mostrar nossos projetos,
novos ou tradicionais, e recebermos sugestões
e críticas de todos alunos, principalmente
daqueles do segundo ano para cima. Tivemos
um público relativamente pequeno, porém boas
ideias foram debatidas e, algumas delas,
atualmente aplicadas. No final da primeira
semana ocorreu o Bota-Dentro, festa tradicional
realizada para os bixos, principalmente. Nela
contamos com a venda da famosíssima
Betonada, conhecida pelo seu gosto
inigualável, que foi degustada e aprovada pelos
novos alunos.
No domingo dia 23/02, deu-se início a
Lista do XXXIII IntegraPoli, mas sobre esse
assunto haverá um texto próprio para o mesmo.
Porém gostaria de ressaltar 2 coisas, a primeira
é sobre a doação de alimentos e roupas, a
entidade que escolhemos foi a Tenda de Cristo
em Carapicuíba, que foca em abrigar crianças
e adolescentes portadores do vírus HIV ou que
foram abandonadas. Para aqueles que tem o
hábito de realizar doações gostaria que dessem
uma olhada atenciosa à essa entidade, que tive
a oportunidade de conhecer pessoalmente, o
trabalho deles realmente me impressionou. A
segunda coisa que gostaria de falar é que
desde de 1989 não ganhávamos o IntegraPoli,
ou seja, 25 anos sem segurar o caneco! Esse
ano, com muito esforço e sangue nos olhos
conseguimos essa conquista formidável, logo
deixo um beijinho no ombro pros outros CA’s.
Findado o Integra, começaram as provas
e a venda de RedBull a R$4,00 estourando!
Tivemos também mais 2 aulas de MecFlu do
projeto Salvação com a tentativa de diminuir o
nabo nessa matéria. Tentamos organizar aulas
para outras matérias como R2, mas nos
deparamos com alguns problemas de última
hora que impediram a realização das mesmas.
No dia 11/04, partimos em direção à São
Carlos para o I Intercivis, fomos apenas para
zoar e beber, acabamos ficando em terceiro
lugar, graças à nossa grande vitória no
handebol, um time cheio de descoordenados,
porém lotado de garra e determinação! As
festas, que estavam inclusas no pacote, foram
sensacionais com um open bar pesado.
Esse ano começamos a organização da
SeTEC antecipadamente para fazermos um
evento muito mais grandioso que os passados.
Iremos atrás de patrocinadores, de uma
infraestrutura mais adequada e atividades
diferenciadas, para isso, gostaríamos da ajuda
de muitos alunos. Então fica aqui um convite à
todos para virem participar de nossas reuniões
toda quinta-feira ás 11h.
Igor Tsuyoshi Kaga Presidente CEC 2014
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Novidades acadêmicas Aqui você fica sabendo mais detalhes sobre os acontecimentos acadêmicos que afetam
você, aluno de Engenharia Civil ou Ambiental da Poli. Qualquer dúvida, é só mandar um e-mail
para [email protected]!
Manual de IC
Pra quem não chegou a frequentar
nenhuma palestra da Semana de Iniciação
Científica mas gostaria de ter mais informações
sobre o assunto: o CEC montou, junto ao
Diretório Acadêmico da Poli, um manual com as
principais informações sobre as IC’s de toda a
Escola. Além dele, foi impresso um folheto
informativo que resume não apenas as linhas
de pesquisa de cada departamento da nossa
GA (PEF, PCC, PTR e PHA) e seus
professores, como também as principais
dúvidas de um aluno perdido que gostaria de
iniciar uma IC. Esse folheto e o manual estão
disponíveis em nosso site
(http://cecpoliusp.wix.com/cecpoliusp), não
deixe de conferi-los!
Aulas Salvação
Para a P1, foram oferecidas duas aulas
(uma teórica e uma de exercícios) para
PME2237, Mecânica dos Fluidos XI,
ministradas pelo aluno João Guilherme Caldas
Steinstraesser. Para a P2, planejamos que a
aula teórica seja ministrada com maior
antecedência, provavelmente uma semana
antes da de exercícios, para que haja mais
tempo hábil de estudo.
Também planejamos oferecer aulas de
reforço para PEF2301, Resistência dos
Materiais II. Fique ligado no nosso perfil do
Facebook!
RER – Regime Especial de Recuperação
Boatos rolaram, o desespero bateu e
ninguém entendeu nada. Afinal, que história é
essa de fim das recuperações?
Tudo começou com a aprovação
atropelada do Regime Especial de
Recuperação (RER), cuja proposta é substituir
o atual sistema de recuperação por um novo
que traga melhores resultados para o aluno.
Como todos sabem (ou deveriam saber),
atualmente a prova de recuperação é feita por
alunos cuja média em uma dada matéria é
maior ou igual a 3,0 e menor que 5,0. Tal
avaliação é feita nos mesmos moldes das
provas do resto do curso, geralmente cobrando
todo o conteúdo ensinado no semestre inteiro.
O RER parte do pressuposto que essa
forma de avaliação não garante o devido
aprendizado do aluno e defende a extinção da
mesma, propondo um modelo em que a
recuperação passa a ser um processo que dura
um semestre todo. Ou seja, um aluno que não
conseguiu ser aprovado mas que também não
“travou” a matéria, deverá cursar a matéria
novamente, fazer todas as provas mas não terá
a obrigação de assistir às aulas. O argumento é
que o aluno terá mais tempo para estudar o
assunto, tirar suas dúvidas com professores e
monitores e fazer os exercícios, abolindo a
mania prática que os politécnicos têm de
estudar para passar e não para aprender.
No entanto, a resolução (que valeria para
toda a USP) foi imposta sem pesquisa prévia,
desconsiderando aspectos importantes como o
fato de que nem todas as Universidades
adotam os mesmos critérios de aprovação que
a Poli, e impondo, por exemplo, que um aluno
só poderia cursar 2 RER’s ao mesmo tempo,
número que foi escolhido (e não estudado) pelo
Professor Paul Jean, responsável pela
elaboração do projeto.
O desfecho de toda esse episódio é que,
por enquanto, o RER está suspenso (e note,
não extinto) pelo Pró-Reitor a pedidos do
Grêmio Politécnico e, portanto, as
recuperações continuam como eram antes.
SeTEC – Semana Temática de Engenharia
Civil e Ambiental
E as reuniões de planejamento para a
quarta edição da SeTEC já começaram! O tema
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escolhido em votação pelos alunos da GA Civil
foi: “Gargalos de Infraestrutura”. Para 2014
planejamos diversificar as formas de
abordagem do tema, incluindo no cronograma
da semana workshops, mesas redondas,
oficinas, minicursos e mais visitas técnicas.
Se você gostaria de participar da
organização (e assim, ter mais contato com
professores, departamentos, empresas e
profissionais do ramo) desse evento que só
tende a crescer, apareça nas reuniões! Elas
acontecem às quintas-feiras, às 11h na sala de
reunião do CEC.
Eleições para Vice-Diretor da Poli
E para os alunos da GA Civil, uma
grande novidade: após as eleições realizadas
em março, a nova Vice-Diretora da Escola
Politécnica é a Profa. Dra. Liedi Legi Bariani
Bernucci, ex-chefe de departamento do PTR. O
CEC parabeniza a professora Liedi por essa
conquista.
Julia Azeredo Diretora Acadêmica CEC 2014
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Intercivis
“A viagem foi sensacional. Não só pelas inúmeras histórias que vão ficar pra sempre, mas
principalmente pelo sentimento de união. Nas outras faculdades do interior, você conseguia ver
claramente a hierarquia "veterano bixo", chegaram a perguntar para nós mesmos (bixos e bixetes)
onde estavam nossos calouros. Essa divisão simplesmente não acontece no CEC. Todo mundo é
família desde o primeiro instante: se ajuda, se ama e se zoa; como se fossemos um bando de
irmãos e irmãs brincando e fazendo idiotices escondidos dos pais. Também aconteceu algo que
me surpreendeu. Uma menina da UFTM me pediu uma bata do CEC, e depois, pelo face, veio me
agradecer dizendo: "Brigada por ter arrumado a bata da poli! Sei que fiquei insistindo e tal mas é
que a poli sempre foi um sonho pra mim(...)". E de fato, a Poli, realmente, é um sonho.”
Paola Gaspar - Bixete
As cantigas e os tambores já entoavam
antes mesmo de chegar à São Carlos. Os
atletas se preparavam para os confrontos do
dia seguinte e, na festa de sexta, apenas a
torcida se divertia. O clima era de
revanchismo e todos estavam tensos para
qual seria o desfecho dos desportos do
primeiro InterCivis da história. Felizmente,
esse começo não se concretizou.
Na chegada, o alojamento estava
fechado e o tempo estava chuvoso. Mas isso
não foi desculpa pra festa já começar! As
universidades contavam com baterias que
puxavam sambinhas, ao mesmo tempo que o
refinado PIZZÓLEO servia pratos de primeira
categoria do outro lado da rua! Todo o luxo
que um Inter merece já estava concretizado
na primeira meia-hora em São Carlos, nada
longe do esperado.
Um quarto foi reservado só para o
pessoal da POLI e ali já começou a
integração, porque lá no CEC todo mundo é
irmão! Era colchão sendo emprestado, aulas
de truco sendo ministradas pelo Antônio
Júnior e o esquenta já era puxado por aqueles
mais animados, que levaram caixa de som pro
quarto. Esse clima amistoso foi o suficiente
pra maioria ficar sem memórias palavras para
a primeira festa.
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Quando os jogos começaram, a
gargalhada não pôde ser contida. Os atletas
eram todos de alto nível, alguns eram
mecanizados e precisavam de ajustes
mecânicos durante a partida, outros eram
ousados demais e não podiam permanecer
em campo. Apesar da seriedade que a POLI
levou aos jogos, conseguiu-se o título no
Handball Masculino, que rendeu o lendário
capacete de ouro!
Acreditamos que o objetivo do I
Intercivis foi atingido. Apesar de toda a
brincadeira que tomou conta dos jogos, o
objetivo principal foi atingido: veteranos e
bixos integraram-se tanto que a satisfação foi
evidente e promissora para os próximos
eventos! Segundo a aluna Marina Arantes,
bixete: “Muito bom ver todo mundo unido até
quando perdemos em humildes 11x0. Juntos
também na hora de ganhar o bendito capacete
dourado! Ganhar foi legal, mas conversar com
pessoas que nunca tinha imaginado e rir pra
caramba foi melhor ainda! Dormir aglomerado,
ficar em fila de banheiro, fugir de chuva,
procurar onde comer, enfim... Tudo foi
demais. Tô animadaça pra todas as próximas
viagens que tiver”.
O CEC agradece a todos que
participaram e espera que mais eventos como
esse façam parte do calendário cada vez mais
rico do centrinho do momento!
Antônio Teixeira
2º Ano de Engenharia Civil
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Integrapoli – CEC campeão!!!
Toda vez que falavam da POLI eu
pensava em uma faculdade monótona cheia de
nerds e parada. Agora que estou aqui não sei
nem explicar o quão errada minha visão estava.
Logo que cheguei, fui recebido muito bem já na
festa de recepção pelos veteranos, não só do
meu centrinho mas de outros também. Naquele
dia, percebi que minha vida acadêmica
prometia muita coisa além de estudos, estudos,
nabos e mais nabos.
Fiquei amigo de alguns membros da
Gestão do CEC que logo me apresentaram o
IntegraPOLI, só de ver o vídeo de chamada dos
bixos eu já me arrepiei. Assim que ouvi dizerem
que "do mesmo jeito que o Brasil
não começa antes do Carnaval, a
POLI não começa antes do
Integra" eu me enchi de vontade
de participar disso e estar
envolvido com o pessoal do meu
centro acadêmico para buscar a
vitória. No dia 23/02 a lista saiu e
os veteranos deram um
churrasco de preparação para
agregar a bixarada, muita
concentração e a divisão das
responsabilidades de cada item
da lista para os membros do CA
era o que rolava no dia, vi que
não era só um joguinho de
faculdade, o jogo era sério e todo
mundo tava lá pra ganhar. Me
animei e assumi a
responsabilidade de alguns itens, e o que se
seguiu disso foram só risadas com itens
bizarros sendo realizados; Rolezinho na FEA,
Joaquim Barbosa segurando a bata do CEC,
cancelar uma linha de celular usando o google
tradutor foram alguns deles que me fizeram
gargalhar e ficar cada vez mais pilhado pra
ganhar o Integra.
Parecia que o jogo ficava por aí, mas
não, duas semanas depois o "caça" começou e
eu vi o que era realmente o Integra, mais de 30
pessoas no CEC focadas tentando quebrar
enigmas, resolver dicas e correndo que nem
loucos pela USP atrás das próximas dicas. O
que mais me surpreendeu foi que os veteranos,
e quem chegasse pra agregar, dormiam aqui
mesmo, todo mundo se ajudando que nem uma
família de verdade. Dava pra ver nos olhos de
cada pessoa aqui a vontade de ganhar não só
o caça como o Integra em si, a garra que todo
mundo deu, só de ficar aqui, dormir mal, ficar
sem banho e comida de casa, era algo
inexplicável.
Como se já não bastasse tanta coisa
acontecendo, ainda faltavam as provas, que
claro, o CEC levou várias, não só
pela raça de quem participava
mas também pela torcida que
estava lá todos os dias. Fiquei
responsável por duas provas de
bixo, a famosa Prova de
Velocidade e a mais esperada,
Miss Bixo... sim, eu tive um dia de
Miss. Foi muito engraçado fazer
essa prova, não só pelo fato de
eu estar de vestido de mulher e
com bota na frente de toda a
faculdade, mas também por ter
sido entrevistado pelo Detonator,
o que é no mínimo hilário. Queria
muito ter ganho essa prova, mas
por erros no som (eu acho pelo
menos) fiquei em terceiro.
E no último dia, quando
tudo parecia já estar no máximo da agitação
possível, veio a declaração: o CEC virou
campeão do XXXIII IntegraPOLI, após 30 anos
sem vitórias. Que ano para ter entrado na
POLI! O Integra me rendeu boas risadas,
vários amigos e o sabor de ter sido campeão
logo no meu primeiro ano de faculdade.
Agora é manter o título do CEC e só repassar
essa tradição foda da POLI.
Renan Ruffo
Bixo 8
“Ah como é bom ser o centrinho do momento!”
Esse hino foi gritado por todos durante
os primeiros meses de 2014, e não poderia
fazer mais sentido.
Quem não conhece ou não participa do
famoso IntegraPOLI dificilmente vai entender o
tamanho disso. O Integra é a primeira grande
competição em que os politécnicos se
envolvem no ano e é, com certeza, o maior
“cartão de visitas” do CA para com o seu bixo.
É uma competição sem valor material, onde os
únicos prêmios reais são um troféu, o direito de
colocar seu logo na caneca do Bixopp e uma
estrela no peito. Quando alguém de fora da
POLI pergunta pra um politécnico o que é o
integra, a primeira resposta que surge é “grande
gincana”. Mas apesar de ser uma em sua
essência uma gincana, é impossível de
classificá-lo só assim. A segunda pergunta
óbvia: “mas vale o que?”. E a resposta mais
comum costuma ser:
“... Ah (pausa dramática), é que assim... Vale
moral! Vale honra!”
E tão difícil quanto se responder a essas
perguntas é se ganhar um integra! Mas em
2014 essa dificuldade pareceu não existir...
Participar do Integra é defender as cores
de um CA. É formar uma família de amigos e
cúmplices (literalmente) sobre uma bandeira.
Apesar de todo o estresse que passamos
correndo um integra, com as noites em claro
comendo pizza da Kadalora com energético
vencido, matando pista do caça, fazendo itens
da lista, passando vergonha nos vídeos, ainda
assim não dá pra negar que tudo isso vale a
pena.
Mesmo com tanto perrengue, esse tal de
integra é muito divertido. E tem que ser sempre,
afinal esse é o objetivo disso tudo, a diversão.
A linha entre o comprometimento em vencer e
a diversão é muito tênue, e quando a coisa
anda bem nesse sentido a vitória é muito fácil.
Um bom termômetro pra ver se temos um time
vencedor é ver quantas pessoas de outras
áreas da POLI, e inclusive de fora dela,
participam do CEC. Muita gente além do
pessoal da Civil e Ambiental participando
significa que todos acham que o CEC pode sim
ganhar e que é divertido frequentar o CEC,
mesmo nessa pressão. E em 2014 foi show!
Nunca vi tanta gente nova frequentando, todos
de preto e amarelo! Gente que com certeza vai
continuar indo ao CEC de agora em diante. E
esse é o grande legado do integra, a galera que
ele agrega, as histórias que ele cria.
O CEC não precisou vencer o integra nos
últimos anos pra ser o centrinho do momento
em 2014. Bastou que as pessoas começassem
a vestir a camisa e entender o objetivo disso
tudo. E quando começaram, foi natural o CEC
vencer. Vencer em 2014 foi a consagração de
mudanças incríveis e de um conjunto de
pessoas extraordinárias. E agora que venceu,
que sentiu o gosto da vitória (a qual tem sabor
de um delicioso mojito gelado bebido no caneco
dourado, pra quem não sabe), vai ser difícil
perder. Se prepara POLI, 2014 foi só o começo!
A taça voltou pra casa, e de lá ela não sai mais!
Pepê Veterano do CEC
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A Engenharia na Prática – Visitas Técnicas
Muitas vezes sentados na sala de aula,
olhando um monte de fórmulas que não
sabemos pra que servem, problemas que não
sabemos resolver e teoremas que não fazem
sentido, pensamos: onde é que eu vou usar isso
na minha vida profissional?
Visando suprir essa carência na
formação do aluno da Poli, o CEC organizou no
último mês duas visitas técnicas, uma voltada
aos alunos da Civil e outra para alunos da
Ambiental.
No dia 29/03, um grupo de oito alunos
visitou as obras da Linha 5 do Metrô, em
parceria com o Consórcio Metropolitano 5.
Com uma breve explicação dos projetos
e curso da obra na sede do consórcio, os alunos
visitaram o canteiro de obras localizado ao lado
da atual Estação Chácara Klabin. A dimensão
do poço de acesso ao túnel e sua profundidade
impressionaram a todos, mostrando que
realmente não conseguimos pensar em como é
uma obra de Engenharia sem ter contato com a
mesma. Localizada logo abaixo da atual
estação Chácara Klabin da Linha 3, a futura
estação está em processo de escavação por
meio de tratores e máquinas perfuratrizes. Uma
visita interessante e com o pé na lama que todo
bom pedreiro gosta.
Subindo de volta à superfície, a próxima
parada foi a Avenida Bandeirantes, no canteiro
de entrada do Shield EPB, o bom e velho
tatuzão. O engenheiro responsável pelo Shield
no momento explicou a todos como era o
funcionamento e deslocamento da máquina,
uma das mais modernas do país.
Como o “tatuzão” não opera em finais de
semana, o grupo pôde subir na máquina e
chegar no limite de escavação, conhecendo
todos as características e mecanismos da
máquina que permitem a abertura dos túneis do
metrô.
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A segunda visita realizada foi ao
Aquapolo Ambiental, projeto inovador e
sustentável, gerenciado pela Sabesp e
Odebrecht, capaz de produzir água de reuso
para fins industriais, destinada ao Polo
Petroquímico do ABC Paulista. É um dos dez
maiores empreendimentos do gênero no
mundo.
Na chegada às instalações, os alunos
foram recepcionados por uma engenheira
ambiental, um engenheiro químico e um
engenheiro civil. Os três explicaram a todos
resumidamente qual era o objetivo do
Aquapolo, minimizar o uso de água potável pela
indústria, e sua capacidade de produção de
água de reúso, que pode chegar à 1000 litros
por segundo.
O grupo foi então conduzido a um tanque
onde chegava a água colhida na ETE ABC.
Depois de filtrados, os efluentes da ETE são
direcionados ao TMBR (Tertiary Membrane Bio
Reactor), para o tratamento biológico terciário,
processo com ação de bactérias específicas.
Os efluentes, então, são bombeados
para membranas de ultra filtração, equipamento
de alta tecnologia para retenção de resíduos.
Essas membranas, com poros de 0,05 mícron,
são responsáveis por reter os sólidos e
bactérias restantes.
Ao sair do TMBR, a água é monitorada
e, se não atender às necessidades do Polo
Petroquímico, passa por processo de osmose
reversa. Alguns alunos se impressionaram com
a utilização da osmose reversa em larga escala,
pois a mesma era considerada uma tecnologia
muito cara a pouco tempo.
A mistura da água tratada na osmose
reversa e a água produzida pelas membranas
ocorre na parte final do tratamento, resultando
na água que será utilizada no Polo.
Mas ainda existe um último problema: o
Aquapolo Ambiental e o Polo Petroquímico são
distantes um do outro. Como a água é levada
até lá? Através de uma adutora de 17
quilômetros de extensão, que passa por São
Paulo, São Caetano e Santo André. Bombas de
alta carga são as responsáveis por impulsionar
a água neste trajeto.
Esperamos que as visitas técnicas sejam
de grande valia para os alunos que estiveram
presentes. Aos que não puderam comparecer,
não se preocupem, realizaremos outras visitas
ao longo do ano.
Gostaria de sugerir uma visita técnica a
algum local específico? Entre em contato
conosco! E-mail: [email protected]
Igor Rossi Vice Presidente CEC 2014 11
Início das obras do Sistema Produtor São Lourenço Trata-se da maior obra de saneamento do país e terá capacidade de produzir 4.700 litros de água
por segundo. Objetivo é "aliviar" o sistema Cantareira.
O novo sistema produtor São Lourenço será interligado aos demais oito sistemas que abastecem a Grande SP. Esta é a primeira obra desse porte em 20 anos. O último sistema de abastecimento criado foi o Alto Tietê, em 1993.
Com o nível do Cantareira cada vez mais crítico, as obras já se iniciaram no dia 10 de abril e o novo sistema deve ampliar a capacidade da Sabesp de produzir água tratada de 73 mil para 77.700 litros de água por segundo. A captação de água será na represa Cachoeira do França, em Ibiúna.
A água vai abastecer o oeste e sudoeste da Grande São Paulo. Serão beneficiados diretamente 1,5 milhão de moradores de Barueri, Carapicuíba, Cotia, Itapevi, Jandira, Santana de Parnaíba e Vargem Grande Paulista. A iniciativa também trará benefícios indiretos para toda a Região Metropolitana de São Paulo, já que o novo sistema produtor aumentará a oferta de água e será interligado a outros sistemas existentes.
Parceria Público-Privada
Em agosto de 2013 o Governo do Estado de São Paulo, por meio da Sabesp, assinou o contrato da Parceria Público-Privada do Sistema Produtor de Água São Lourenço. O investimento de R$ 2,21 bilhões será feito integralmente pela empresa vencedora da licitação, que foi nomeada de Sistema Produtor São Lourenço S.A., uma parceria entre as construtoras Andrade Gutierrez e Camargo Correa. A expectativa é que sejam criados 2.000 empregos diretos e indiretos. A previsão de entrega é em 2018.
O que será construído
Serão instaladas uma Estação de Tratamento de Água, estações de bombeamento, 83 km de adutoras (grandes
tubulações), além de reservatórios para armazenar um total de 110 milhões de litros de água.
A tubulação que levará a água até as residências passará por baixo da rodovia Raposo Tavares, mas será feita por meio de método não destrutivo, ou seja, não será necessário interromper o tráfego para a execução dessa travessia.
Ações sustentáveis
Na região de Vargem Grande Paulista, os edifícios da Estação de Tratamento de Água terão ventilação e iluminação naturais, energia solar e reuso da água de chuva. Diariamente, a captação de água será interrompida durante quatro horas no intervalo de pico de consumo energético, o que diminuirá em 16% o consumo de energia. Além disso, a tubulação irá transpor uma rocha de aproximadamente 1km de extensão, evitando desmatamentos.
Para saber mais sobre as obras do Sistema Produtor São Lourenço e para obter detalhes técnicos acesse o site da Sabesp: www.sabesp.com.br
Bárbara Paes 3º ano da Engenharia Civil
Futuras instalações da Estação de Tratamento de Água
Vargem Grande
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Processo Seletivo Bandeira Científica 2014
Você já ouviu falar no Bandeira
Científica? Bom, resumidamente, é o segundo
maior projeto de extensão universitária da USP
e tem como principal característica a
interdisciplinaridade, pois conta com a
participação da Medicina, Medicina Jr.,
Nutrição, Fonoaudiologia, Fisioterapia, Terapia
Ocupacional, Psicologia, POLI e FEA, que
levam pesquisa científica, atividades
assistenciais e educacionais ao interior do
Brasil com o objetivo de melhorar a qualidade
de vida da cidade atendida. Conheça um pouco
mais sobre essa iniciativa da qual você, aluno
da civil ou da ambiental, também pode fazer
parte.
Atendimento realizado por uma aluna da Medicina
Atividade educativa com crianças
História
O projeto surgiu em 1957 na Faculdade
de Medicina da USP, foi interrompido em 1969
devido ao cenário político da época e retomado
em 1998. A partir de 2002, outras faculdades
começaram a ser inseridas no projeto. A POLI
entra em 2006, com o objetivo de ajudar na
melhoria da saúde pública a partir
de estudos na área de saneamento. Em 2009,
o projeto ganhou o “Prêmio Cidadania sem
Fronteiras”, como a melhor prática de extensão
universitária do Brasil, entre os 221 projetos
analisados.
A equipe da POLI é formada por
estudantes de Engenharia Ambiental, Civil e
Mecânica. Os alunos da Civil e da Ambiental
atuam na realização de atividades educativas,
estudos e projetos de infraestrutura e
saneamento, enquanto os da Mecânica
trabalham no posto de adaptação, realizando
modificações em cadeiras de rodas e
equipamentos para pessoas com algum tipo de
deficiência.
Escolha da Cidade
A cada ano vamos para uma cidade
diferente, bem no interior do Brasil, em lugares
que nunca tínhamos imaginado ir. Pra se ter
uma ideia, desde nossa entrada no projeto, já
fomos para Machadinho D’Oeste - RO, Penalva
- MA, Itaobim - MG, Invinhema-MS, Inhambupe
-BA, Belterra - PA, Afogados da Inganzeira-PE
e Pedra Azul-MG.
Cidades para as quais a POLI já foi
A escolha da cidade é feita segundo
alguns parâmetros: IDH (entre 0,5 e 0,7),
população (entre 20 e 50 mil habitantes),
proximidade a aeroportos (devido à logística) e
possibilidade de parcerias com universidades
próximas para nos auxiliar, o que enriquece
ainda mais o projeto.
A Civil e a Ambiental no Bandeira
Aproximadamente 80% de nosso
trabalho é realizado em São Paulo,
diferentemente das outras áreas que realizam
13
a maioria das suas atividades durante a
expedição.
Após a escolha da
cidade, fazemos uma
análise inicial em nossas
reuniões semanais e
começamos a coletar dados
pela internet. Depois
fazemos pré-visitas à cidade
para coletarmos dados mais
específicos, como a vazão
da ETA (Estação de
Tratamento de Água), por
exemplo. Após essa coleta
de dados, começamos a elaborar os projetos,
estudar a viabilidade de cada um e analisar
quais são os mais adequados. A expedição é a
fase de início da execução de tais projetos,
realização de atividades de conscientização
ambiental e atividades coletivas com as demais
áreas. Realizamos também uma pós-visita,
para verificarmos o andamento das etapas que
iniciamos na expedição e entregarmos mais
resultados.
Expedição 2013
Ano passado
fomos para Pedra
Azul, no Vale do
Jequitinhonha em
Minas Gerais. Foi
uma grande
experiência.
Tivemos um
contato incrível
com a população
por meio dos rastreamentos (como uma
pesquisa do IBGE de casa em casa, na qual
levantamos dados específicos da área médica
e sobre saneamento para a elaboração dos
relatórios) e pudemos ver o final da obra da ETE
(Estação de Tratamento de Esgoto) que será
entregue esse ano. Além disso, fizemos o
quarteamento do
lixo da cidade
para analisarmos
a viabilidade da
implantação de
uma rede de
coleta seletiva,
apresentamos
para os líderes
das comunidades rurais nossos projetos de
implantação de composteiras e fossas e
realizamos teatros educativos para as crianças,
juntamente com as outras áreas.
Processo Seletivo 2014
E aí, ficou animado com o projeto? É
sensacional, não é mesmo? Acho que só faltou
falar que, além de toda a aprendizagem, o
Bandeira nos proporciona amizades incríveis
que levamos para toda a vida!
Na segunda-feira, dia 5 de maio, às 19h,
em local ainda a ser divulgado, faremos nossa
palestra de apresentação do projeto para o
processo seletivo e a repetiremos na quinta-
feira, dia 9 de maio às 11h15.
O processo seletivo é composto por uma
prova dissertativa e uma entrevista. Ambas
serão realizadas no mesmo dia, escolhido pelo
candidato: segunda-feira dia 12 de maio, às 19h
ou quinta-feira dia 15 de maio às 11h15.
Lembrando que para realizar a prova e
passar pela entrevista o aluno deverá ter
presença em algum dos dias das
apresentações.
Qualquer aluno da Civil ou da Ambiental
pode participar! Venham à palestra e conheçam
mais sobre o projeto! Contamos com a
presença de vocês!
Bárbara Paes 3º ano da Engenharia Civil e Diretora do BC-2014
Localização de Pedra Azul
no mapa de Minas Gerais
Análise de água na ETA
Quarteamento
14
Fazer com as próprias mãos “Acorda na madrugada, vai trabalhar cedo: pega enchada, pega trena, pega martelo. Só acaba ao
anoitecer.”
Pode parecer o dia a dia normal de um
pedreiro, mas não. São jovens universitários que,
cansados de promessas de um governo
ineficiente, estão construindo moradias de
emergência para a população que vive em
assentamentos precários. Estes são os
voluntários da TETO, organização presente em 19
países da América Latina que busca, em
cooperação com a comunidade, estabelecer
projetos que tragam independência as famílias
que vivem em condições precárias. Até hoje, os
números são bem expressivos: 86.482 casas de
emergência construídas, 452 comunidades
trabalhando em processos de desenvolvimento
comunitários, que variam desde programas de
educação e saúde para todas as idades até
programas de microcrédito. Ao todo, 509 mil
universitários já colaboraram em alguma atividade
desde a existência da instituição.
A TETO tem como plano de atuação 3
etapas. Primeiro a construção massiva de
moradias de emergência: são casas de madeira,
geralmente com 18m2, que trazem um conforto
mínimo a quem antes morava em moradias de
madeira podre, lona e papelão. O trabalho da
construção é feito por uma equipe de voluntários
junto com a família que receberá a casa. Na TETO
não existe nada de “construir para”, apenas o
“construir com”. Esta etapa é fundamental para
garantir confiança da comunidade e ao mesmo
tempo proporcionar um resultado imediato e
satisfatório para as famílias.
No Brasil, essa primeira etapa ainda é a
principal, mas já foi dado largada a segunda, a
Habilitação Social. Trata-se de uma busca mais
ampla de desenvolvimento social, onde a TETO,
através de voluntários presentes semanalmente,
monta mesas de trabalhos junto aos moradores
onde discutem problemas e elaboram soluções.
Aqui temos o exemplo das fossas ecológicas
construídas no Jardim Gardênia, um
assentamento rural em Suzano que
precisava delas para que o solo não
ficasse poluído e prejudicasse a agricultura local.
A última etapa só foi alcançada no Chile,
país onde tudo começou, mas bons resultados
apontam que sua chegada ao Brasil pode não
estar muito longe. Trata-se de soluções definitivas
de moradia e qualidade de vida, como a
urbanização dos assentamentos e a integração
deles com o resto da sociedade, proporcionando a
várias famílias a oportunidade de continuar
caminhando com as próprias pernas.
Em minha experiência de trabalho na
instituição, digo com convicção que a TETO
possuí um grande potencial de mudança, e é um
trabalho onde os voluntários ganham muito com
as histórias e experiências, que removem aqueles
velhos preconceitos de que todo pobre é
vagabundo ao mesmo tempo que descontrói
também a ideia de que todos eles são coitados.
Você encara a realidade na sua frente, sem
nenhuma interferência.
Para ser voluntário é muito simples, basta
inscrever seu e-mail no site www.teto.org.br e
você receberá boletins com as atividades. Uma
alternativa é curtir a página da instituição no
Facebook e ficar atento as chamadas às
atividades, Convido todos a participarem desta
experiência que, para mim, é algo maravilhoso.
Conheçam melhor o trabalho pelo site e participem
das próximas atividades! Nos dias 9, 10 e 11 de
maio ocorrerá um dos eventos mais importantes
da ONG, a Grande Coleta, onde mobilizamos
milhares de voluntários as ruas para divulgar
nosso trabalho e pedir colaborações, ano passado
foram arrecadados 250 mil reais através de 5 mil
voluntários espalhados por São Paulo. É a melhor
oportunidade de começar a trabalhar na TETO!
Márcio Sartorelli
2º ano de Engenharia Civil
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Intercâmbio nos EUA
A maioria dos alunos da Poli almejam realizar um intercâmbio em algum momento da faculdade, mas muitos não sabem ao certo para onde ou como. Com o objetivo de ajudá-los a escolhe, o Cê-Viu? vai realizar, toda edição, uma entrevista ou matéria com um aluno que já fez um intercâmbio.
O primeiro entrevistado é o Tiago Lima, ele foi para os EUA, através do Ciências sem Fronteiras, em agosto de 2012 e ficou até agosto de 2013. Durante esse tempo, ele passou 8 meses estudando na Tennessee Technology University e mais 4 meses em Stanford.
*O que te levou a escolher essa universidade e esse programa? Sempre tive o interesse de realizar algum programa de intercâmbio durante a faculdade e o programa Ciências sem Fronteira foi uma grande oportunidade pelo fato de arcar com todas as despesas. No edital que me inscrevi não havia a opção de escolher a faculdade. Eles faziam algum tipo de seleção e enviavam uma única opção para o bolsista, daí era "pegar ou largar". Nos editais atuais isso mudou, agora os candidatos podem escolher 3 universidades de preferência (no caso dos EUA). Nos últimos 3 meses da bolsa deveríamos escolher entre fazer estágio, pesquisa ou summer class. Como os estágios estavam bem difíceis de conseguir, pois as empresas não queriam investir em uma pessoa que teria que voltar ao país de origem, optei por fazer aulas de verão na melhor universidade possível. Me apliquei para Stanford e conseguir ser aprovado.
*Como foi sua adaptação em relação ao idioma, moradia, métodos de ensino e avaliações? -Idioma:
A adaptação em relação ao idioma foi difícil inicialmente, pois não tinha um nível de inglês avançado. Outro fator que dificultou foi a presença de vários brasileiros na mesma
universidade que foram pelo mesmo programa de intercâmbio. Contudo, passado de 2 a 3 meses, comecei a ter maior facilidade para entender e falar o idioma com mais segurança. O momento mais difícil são os primeiros 2 meses, pois nos deparamos com situações completamente diferentes daquelas que se estuda em curso de idiomas no Brasil. Outras dificuldades ocorreram durante as aulas, elas exigiam conteúdos específicos de vocabulários, mas nada que um pouco de estudo não solucionasse o problema. -Moradia:
A questão da moradia foi bem tranquila no meu caso. Fiquei no dormitório da faculdade. Estrutura muito boa. Dividi o quarto no primeiro semestre com um Americano e no segundo semestre com um Brasileiro. Nos EUA é comum os alunos ficarem nos dormitórios das faculdades. Notei duas vantagens nessa cultura: primeiro que ajuda a ter uma maior integração entres os alunos e segundo que isso reduz o tráfego no entorno da faculdade pois a maioria dos alunos já se encontram no local. Fato que não acontece no Brasil, onde a grande massa precisa se deslocar de sua casa até as faculdades, aumentando o número de veículos nas vias. -Métodos de ensino/ Avaliação:
O método de ensino não é tão diferente do Brasil. Professores ministrando aulas por slides, quadros com piloto (muito melhor do que giz) e em Stanford tinha algumas matérias com aulas filmadas, onde os vídeos ficavam disponíveis no site para o uso a qualquer momento. Diferenças que posso ressaltar e que achei muito positivas: a duração das aulas eram de 50 mim e isso ajudava muito a não ficarmos cansados como acontece no Brasil, onde chegamos a ter 4 aulas seguida; percebi também uma maior quantidade de aulas práticas se comparado com o Brasil, onde dificilmente temos uma aula prática fora da faculdade. As avaliações tinham uma distribuição de peso bem diferente. Tínhamos provas parciais, finais, 16
homework (bastante!) e trabalhos. Um ponto positivo é o peso que eles davam aos homework e os trabalhos, que chegavam a corresponder a 30 ou 40 por cento da média final. Atenção especial aos homework, toda aula tinha algo para fazer e recebíamos os exercícios corrigidos, algo que praticamente não existe no Brasil.
*Quais as principais diferenças que você observou em relação as universidades brasileiras, especialmente em relação à Poli? Existem diversas diferenças que poderia ressaltar entre universidades brasileiras e as americanas. Em relação a estrutura se percebe uma diferença brutal. Nas universidades americanas as salas de aula são muito bem cuidadas, os laboratórios excelentes, as bibliotecas incrivelmente confortáveis, as áreas ao entorno da faculdade eram muito bem cuidadas, o centro de atividades físicas de extrema qualidade com disponibilidade de várias práticas esportivas e além disso um grande investimento em alunos que participam de competições representando a faculdade. Em relação ao ensino não tenho muito parâmetro para falar das outras faculdades brasileiras, mas a Poli não deixa muito a desejar. Temos excelentes professores, infelizmente, alguns deixam a desejar nos seus critérios de avaliação e didática, mas no geral temos uma qualidade considerável de representantes docentes. Percebi também menos burocracia quando o assunto era a parte administrativa e técnica da faculdade. Em um único site da faculdade se conseguia fazer tudo, desde procurar informações sobre professores, matérias até verificar informações pessoais. Todas as vezes que precisei resolver algum problema com matérias ou documentação foi tudo feito da maneira mais rápida possível.
*Quais dessas diferenças você considera as mais importantes e que levam a posicionamentos tão distintos nos rankings mundiais das universidades americanas e das brasileiras?
Sem dúvida, diria que é de fundamental importância investir em estrutura nas
faculdades brasileiras. Foi um ponto que me marcou muito durante o meu intercâmbio. Além disso, mudar um pouco a maneira como alguns professores lidam com o aprendizado do aluno. Nas faculdades americanas eles se preocupem mais com que os alunos realmente aprendam e não simplesmente entram na sala de aula para dar a matéria e depois aplicar provas difíceis. Além do mais, temos uma grande carga horária o que dificulta o nosso aprendizado, pois não temos tempo o suficiente para nos dedicar a cada matéria. O ensino deixa de ser eficiente quando os alunos apenas estudam para fazer prova e deixam de estudar a matéria para realmente aprender e, infelizmente, é o que acontece com a maior parte dos alunos da Poli.
*Você acredita que a experiência do intercâmbio ajudou no seu crescimento pessoal e acadêmico? Se sim, em que sentido? Não só acredito como acho que deveria ser obrigatório para todos os alunos a realização de um intercâmbio. O contato com outra cultura é de extrema importância para que cada um consiga olhar, analisar e refletir como as pessoas vivem fora do seu país. A maneira como outras pessoas agem, como pensam ou como elas criticam diversas situações do nosso dia a dia. Posso dizer que uma das melhores coisas do meu intercâmbio foi voltar ao Brasil e ser capaz de comparar o funcionamento das coisas aqui e lá fora. Diante disso, consigo ver como os serviços e as estruturas públicas como saúde, educação e segurança poderiam ser muito melhores.
*Que conselhos você poderia dar para alunos interessados em fazer um intercâmbio? O conselho que daria é simples: Se tiver a oportunidade de fazer um intercâmbio, não pense duas vezes, vá. Não estou dizendo para as pessoas irem embora do Brasil, muito pelo contrário. Amo meu país, mas ainda temos muito o que mudar para melhorar a qualidade de vida aqui e uma maneira de iniciar isso é ver como as coisas funcionam lá fora. Você vai entender esse conselho assim que pisar no solo de outro país.
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Epopéia de um medíocre
Acorda cedo, grande olheiras, cansado, dolorido, preparado para mais um dia como qualquer outro.
Toma café. Vai trabalhar. Volta do trabalho. Janta com a mulher e seu filho. Dorme.
Acorda. Toma café, aquele café ruim que sua esposa faz, parece que ela faz de propósito, deve
fazer, e esse pão duro então? Essa mulher não presta, trabalho duro pra ser tratado assim, não
tem cabimento. Vai trabalhar. Volta do trabalho. Janta com a mulher e seu filho. Dorme.
Acorda. Toma café. Vai trabalhar, aquele lugar infernal, com seu chefe menosprezando-o a cada
momento, sente-se um inútil, não serve para nada, mas também, porque meu chefe não me dá
valor? Faço tudo o que ele pede, só demoro um pouco, ninguém é de ferro, aposto que faz isso
porque não gosta de mim, é, deve ser isso, aquele filha da puta tem medo que eu consiga o cargo
dele. Volta do trabalho. Janta com a mulher e seu filho. Dorme.
Acorda. Toma café. Vai trabalhar. Volta do trabalho, cansado, morto, aquele trânsito infernal, mas
que diabos de governo que temos, só querem saber de nos foder, colocam esses corredores
exclusivos para ônibus, e eu, como fico? Tudo culpa do governo. Janta com a mulher e seu filho.
Dorme.
Acorda. Toma café. Vai trabalhar. Volta do trabalho. Janta com a mulher, aquela que se casou não
se sabe por que, não faz nada, não presta, só sabe pedir coisas, lava mal minhas roupas, limpa a
pia com pouca vontade, depois vem me falar que está cansada! E esse meu filho então, burro que
nem uma porta, aposto que não é meu, essa vagabunda deve ter me traído, não é possível esse
muleque ser meu filho e ser burro assim. Dorme.
Acorda. Toma café. Vai trabalhar. Volta do trabalho. Janta com a mulher e seu filho. Morre.
Márcio Sartorelli
2º ano de Engenharia Civil
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