Download - Bioma Mata AtlâNtica
Engenharia Ambiental – CTEC
Professor Roberto Caffaro
Raíza Rocha Oliveira Teixeira
Pedro Henrique de Omena Toledo
Pollyana Christina Gomes dos Santos
Mata Atlântica
Maceió, 22 de setembro de 2009.
A origem da Mata Atlântica, o terceiro maior bioma brasileiro, está associada à
separação dos continentes africano e sul-americano (eles formavam um único continente
chamado Gondwana), ocorrida a aproximadamente 80 milhões de anos atrás (Ambiente,
2006).
Distribuída ao longo de mais de 23 graus de latitude sul, a Mata Atlântica localiza-se
sobre uma imensa cadeia de montanhas, ao longo da costa brasileira, e antigamente
ocupava uma área de 1,3 milhão de quilômetros quadrados, com diferentes relevos, clima e
solo. As montanhas mais antigas da Mata Atlântica estendem-se em áreas da Serra do mar e
foram formadas por atividades tectônicas no Período Ordoviciano da Era Paleozóica, essas
montanhas formaram uma barreira para os ventos carregados de umidade que vinham do
oceano. Sob a forma de névoa ou chuva, a umidade ajudou a criar as condições necessárias
para que as formações atlânticas, que originaram a Mata Atlântica propriamente dita, se
instalassem e evoluíssem rapidamente (Adaptação de MARTINS et al, 2006).
Seu solo é em geral bastante raso, pouco ventilado, sempre úmido e recebe pouca luz,
pois a maior parte da luminosidade é absorvida pelas folhas das árvores mais altas. Trata-se
de um solo pobre, mas que tem a fertilidade garantida pela existência do que se chama
serrapilheira: uma camada com restos de vegetação, como folhas, caules e cascas de frutos
que cobrem a superfície do solo.
A decomposição desta grande quantidade de matéria orgânica é o que garante a
reciclagem de nutrientes no meio. Os nutrientes que estão na serrapilheira e são absorvidos
pelo solo acabam retornando às plantas, em um ciclo que garante a vegetação deste bioma.
As variações climáticas provocadas pela sucessão dos períodos de glaciação, quando
se formavam as grandes geleiras (clima mais frio e seco) e períodos entre as glaciações
(quando o clima ficava mais quente e chovia mais), contribuíram para a expansão da Mata
Atlântica que chegou a ultrapassar os limites da Floresta Amazônica. (MARTINS et al, 2006).
O clima na Mata Atlântica é equatorial. Por conta da proximidade do oceano, a dinâmica
atmosférica regional e os traços do relevo, ou seja, é caracterizado por altas temperaturas,
nebulosidade no alto das montanhas e umidade elevada.
A distribuição das chuvas é bastante irregular, mas de modo geral, o período mais
frio e seco vai de maio a agosto (inverno) e o mais quente e chuvoso de novembro a março
(verão). As médias pluviométricas variam com a altitude, com cerca de 1.700mm na planície
costeira, 2.000mm nas encostas e 3.000mm na faixa altomontana, o que pode ser
comparado à Amazônia. No inverno a temperatura mínima pode atingir menos de 10°C e no
verão, a máxima varia entre 37°C e 40°C.
Correspondendo a duas vezes o tamanho da França, mais de três vezes a Alemanha,
e 4,5 vezes a Grã-Bretanha, a Mata Atlântica está sob forte pressão antrópica, atualmente da
segunda maior floresta brasileira restam apenas cerca de 5% de sua extensão original
(aproximadamente 52.000 km²). Em alguns lugares como no Rio Grande do Norte, nem
vestígios. Hoje a maioria da área litorânea que era coberta pela Mata Atlântica é ocupada por
grandes cidades, pastos e agricultura. Porém, ainda restam manchas da floresta na Serra do
Mar e na Serra da Mantiqueira, no sudeste do Brasil.
Figura 1- Serra do Mar.
Fonte - IBAMA.
Em seguida, a tabela com o percentual original da Mata Atlântica:
Estado Área de Domínio
ALAGOAS 52%
BAHIA 31%
CEARÁ 3%
ESPÍRITO SANTO 100%
GOIÁS 3%
MATO GROSSO DO SUL 14%
MINAS GERAIS 45%
PARAÍBA 12%
PARANÁ 32%
PERNAMBUCO 18%
PIAUÍ 9%
RIO DE JANEIRO 99%
RIO GRANDE DO NORTE 6%
RIO GRANDE DO SUL 47%
SANTA CATARINA 99%
SÃO PAULO 80%
SERGIPE 32%
Tabela 1 – Percentual da Mata Atlântica em 1500.
Fonte – Wikipedia.
A ação antrópica na Mata Atlântica começou no início da colonização européia, com a
extração do pau-brasil (Caesalpinia echinata) e continua até os dias atuais, principalmente
pela pressão urbana. As principais agressões a Mata Atlântica são listadas abaixo:
1- Extração de madeira;
2- Moradia, construção de cidades;
3- Agricultura;
4- Industrialização, e consequentemente poluição;
5- Construção de rodovia.
6- Pesca predatória em seus rios;
7- Turismo desordenado;
8- Comercio ilegal de plantas e animais nativos;
9- Exportação ilegal de material genético;
10- Fragmentação das áreas preservadas.
Figura 2 – Comparativo entre a mata original e a mata atual.
Fonte – Bioatlântica.
Do que se perdeu, pouco se sabe, milhares ou talvez milhões, de espécies não
puderam ser conhecidas. As espécies vegetais, muitas correm risco de extinção por terem
seu ecossistema reduzido, por serem retiradas da mata para comercialização ilegal ou por
serem extraídas de forma irracional como ocorreu com o pau-brasil e atualmente ocorre com
o palmito juçara (Euterpe edulis), entre muitas outras espécies. Para a fauna, observa-se um
número elevado de espécies ameaçadas de extinção, sendo a fragmentação deste
ecossistema, uma das principais causas. A fragmentação do habitat de algumas espécies,
principalmente de mamíferos de médio e grande porte, faz com que as populações
remanescentes, em geral, estejam subdivididas e representadas por um número
consideravelmente pequeno de indivíduos (Câmara, 1991).
Mas apesar da devastação acentuada, a Mata Atlântica ainda abriga uma parcela
significativa de diversidade biológica do Brasil, a fauna da Floresta Atlântica representa uma
das mais ricas em diversidade de espécies e está entre as cinco regiões do mundo que
possuem o maior número de espécies endêmicas. Está intimamente relacionada com a
vegetação, tendo uma grande importância na polinização de flores, e dispersão de frutos e
sementes. Sua riqueza é tão significativa que os dois maiores recordes mundiais de
diversidade botânica para plantas lenhosas foram registrados nesse bioma (454 espécies em
um único hectare do sul da Bahia e 476 espécies em amostra de mesmo tamanho na região
serrana do Espírito Santo), além de 20.000 espécies de plantas vasculares, das quais
aproximadamente metade está restrita ao bioma.
A precariedade dos levantamentos sobre a fauna da Mata Atlântica torna sua
descrição e análise mais difícil que no caso da vegetação (Adams, 2000), mas, apesar da
carência de informações para alguns grupos taxonômicos, estudos comprovam uma
diversidade bastante alta.
Grupo Taxonômico Total de Espécies na
Mata Atlântica
Espécies
Endêmicas
Espécies
Ameaçadas
Mamíferos 261 73 35
Aves 1.023 188 104
Répteis 192 60 3
Anfíbios 340 253 1
Peixes 304 90 12
Plantas Vasculares 20.000 8.000 -
Tabela 2 – Diversidade, endemismo e espécies ameaçadas da Mata Atlântica.
Fonte – Ambiente Brasil.
Os animais podem ser divididos em dois grupos, de acordo com o grau de exigência:
1- Os generalistas são pouco exigentes, apresentam hábitos alimentares variados, altas
taxas de crescimento e alto potencial de dispersão. Estes fatores permitem a estes
animais viverem em áreas de vegetação mais aberta ou mata secundária. São
chamados de generalistas por causa do alto grau de tolerância e à capacidade de
aproveitar eficientemente diferentes recursos oferecidos pelo ambiente. Ex.: sabiá-
laranjeira, sanhaço, pica-pau, gambá, morcegos, entre outros.
2- Os especialistas, ao contrário dos primeiros, são extremamente exigentes quanto aos
hábitats que ocupam. São animais que vivem em áreas de floresta primária ou
secundária em alto grau de regeneração, apresentando uma dieta bastante
específica. Para este grupo, a alteração do ambiente significa a necessidade de
procurar novos hábitats que apresentem condições semelhantes às anteriores.
Ocorre também a necessidade de grandes áreas para sobreviverem, sendo que sua
redução pode ocasionar a impossibilidade de encontrar um parceiro para reprodução,
comprometendo o número de indivíduos da espécie, podendo levá-la à extinção.
Alguns destes animais, por representarem o topo de cadeias alimentares, possuem
um número reduzido de filhotes, o que dificulta ainda mais a manutenção destas
populações. Ex: onça-pintada, mono-carvoeiro, jacutingas, gavião-pombo, entre
outros.
Como a relação entre animais e plantas da Mata Atlântica é bastante harmônica. O
fornecimento de alimento ao animal em troca do auxílio na perpetuação de uma espécie
vegetal é bastante comum. As plantas com flores e seus polinizadores foram adaptando
hábitos e necessidades ao longo de milhões de anos de convívio. Flores grandes e coloridas
atraem muitos beija-flores, as perfumadas atraem as mariposas e algumas flores, para atrair
moscas, exalam um perfume semelhante ao de podridão. Acredita-se que três a cada quatro
espécies vegetais da Mata Atlântica, sejam dispersas por animais, principalmente por aves e
mamíferos, que se alimentam de frutos e defecam as sementes ou as eliminam antes da
ingestão. Pássaros frutívoros possuem grande percepção visual e se alimentam de sementes
muitas vezes bem pequenas. Jacarés e lagartos aproveitam os frutos caídos no chão e
mamíferos como os macacos, acabam proporcionando a dispersão em grandes áreas.
Um breve resumo sobre os grupos:
Mamíferos
No final do Pleistoceno, com a extinção maciça dos animais gigantes, a fauna
brasileira de mamíferos terrestres foi empobrecida, mas a variedade de espécies de pequeno
porte se manteve.
Há uma grande quantidade de roedores e quirópteros (morcegos), e apesar de não
ser tão rica em primatas quanto a Amazônia, possui um número razoável de espécies
(Adams, 2000).
Exceto em relação aos primatas, quase nada se sabe sobre a situação dos demais
grupos de mamíferos da Mata Atlântica. (Coimbra filho, 1984; Câmara, 1991).
Figura 3 – Mico Leão Dourado (Leontopithecus Rosália).
Fonte – Wikipedia.
Aves
Das com 188 espécies endêmicas e 104 ameaçadas de extinção. Estas espécies
encontram-se ameaçadas principalmente pela destruição de hábitats, pelo comércio ilegal e
pela caça seletiva de várias espécies. Um dos grupos que corre maior risco de extinção é o
das aves de rapina (gaviões, por exemplo), que apesar de ter uma ampla distribuição, estão
sofrendo uma drástica redução de seus nichos. Várias espécies quase se extinguiram pela
caça, como é o caso dos beija-flores e psitacídeos em geral (araras, papagaios, periquitos)
(Por, 1992).
Figura 4 - Aves diversas da Mata Atlântica.
Fonte – Overmundo.
Anfíbios
Com hábitos predominantemente noturnos e discretos, o que os torna pouco visíveis
em seu ambiente natural, os anfíbios representam um dos mais fascinantes grupos.
Exploram praticamente todos os hábitats disponíveis; apresentam estratégias reprodutivas
altamente diversificadas e muitas vezes bastante sofisticadas, ocupam posição variável na
cadeia alimentar e possuem vocalizações características, demonstrando a diversificação
biológica e seu sucesso evolutivo.
Em relação aos anuros (sapos, rãs e pererecas), um ecossistema bastante importante
é o conhecido "copo" das bromélias, um reservatório que serve de moradia, alimentação e
local para reprodução de algumas espécies.
Figura 5- Rã-bugio (Physalaemus olffersii).
Fonte –Wikipedia.
Répteis
Em relação à fauna de répteis, grande parte apresenta ampla distribuição geográfica,
ocorrendo em outras formações como a Amazônia, Cerrado e até na Caatinga. No entanto,
são conhecidas muitas espécies endêmicas da Mata Atlântica, por exemplo, o jacaré-do-
papo-amarelo (Caiman latirostris) (MMA,2000). Uma comparação entre os répteis da
Amazônia, da Mata Atlântica e do Nordeste dos Andes (Dixon, 1979, apud Por, 1992) mostrou
que a Mata Atlântica possui 150 espécies, das quais 43 também existem na Amazônia, 1 nos
Andes e 18 são de larga distribuição neotropical. O endemismo dos répteis da Mata Atlântica
é bastante acentuado, entretanto novas espécies ainda estão sendo descobertas. (Por,
1992).
Figura 6 – Cobra-cipó (Chironius multiventris)
Fonte- Sítio Curupira.
Peixes
Os ecossistemas aquáticos da Mata Atlântica brasileira possuem fauna de peixes
muito variada, associada de forma íntima à floresta que lhe proporciona proteção e alimento.
(M.M.A., 2000)
A maior parte dos rios encontra-se degradada, principalmente pela eliminação das
matas ciliares, erosão, assoreamento, poluição e represamento. Apesar de estudada há
bastante tempo, a fauna de água doce brasileira não é bem conhecida. Nos rios da mata
ombrófila densa, existem espécies dependentes da floresta para seu ciclo de vida,
principalmente aquelas que se alimentam de insetos, folhas, frutos e flores (Adams, 2000),
contribuindo também para a dispersão de sementes e frutos e para a manutenção do
equilíbrio do ambiente aquático.
Figura 7 – Simpsonichthys constaciae, encontrado em poças e acúmulos temporários
d'água, perto da praia. Fonte –
Globo.com
Em se tratando de questões econômicas, a Mata Atlântica é hoje responsável por
quase 70% do PIB nacional, abriga mais de 60% da população brasileira, e possui as maiores
extensões dos solos mais férteis do país. Este bioma ainda abriga 60 dos 96 Pólos de
Ecoturismo do Brasil pela beleza e diversidade de suas paisagens, atrativos naturais e
culturais. Há também a projetos como, por exemplo, o IRACAMBI, que tem por objetivo a
identificação, desenvolvimento e comercialização de produtos originários de plantas
medicinais nativas da Mata Atlântica. Plantas cultivadas de maneira sustentável com práticas
que preservem a biodiversidade florestal e resultem em benefícios econômicos às
comunidades locais. Tal meta corresponde ao desafio de buscar novas alternativas
sustentáveis para o uso econômico dos recursos florestais e naturais da Mata Atlântica e
mecanismos e estímulos viáveis para incentivar a sua proteção, como fazem as Unidades de
Conservação (U.C.s), que equivalem a áreas definidas pelo poder público com o objetivo
primeiro da proteção da biodiversidade existente em seu interior.
Na Mata Atlântica existem hoje cerca de 860 unidades de conservação, que vão de
pequenos sítios transformados em Reservas Particulares do Patrimônio Natural (R.P.P.N.s)
até áreas imensas como o Parque Estadual da Serra do Mar, com 315 mil hectares. Dois
grupos principais definidos pelo S.N.U.C. (Sistema Nacional de Unidades de Conservação)
classificam o tipo de uso das U.C.s: Proteção Integral e Uso Sustentável. Em ambas
categorias, as unidades de conservação devem ter um Plano de Manejo, que é um
documento técnico sobre o zoneamento e as normas que devem orientar o uso da área e o
manejo de seus recursos naturais, inclusive a implantação das estruturas físicas necessárias
a sua gestão. A seguir as U.C.s categorizadas como sendo de Uso Sustentável:
Área de Proteção Ambiental (A.P.A.) - constituída por terras públicas ou privadas,
é uma área em geral extensa, com um certo grau de ocupação humana, dotada de atributos
abióticos, bióticos, estéticos ou culturais especialmente importantes para a qualidade de vida
e o bem-estar das populações humanas. Seus objetivos básicos são proteger a diversidade
biológica, disciplinar o processo de ocupação e assegurar a sustentabilidade do uso dos
recursos naturais. A A.P.A. dispõe de um Conselho presidido pelo órgão responsável por sua
administração e constituído por representantes dos órgãos públicos, de organizações da
sociedade civil e da população residente.
Área de Relevante Interesse Ecológico - em geral de pequena extensão, essa
área tem pouca ou nenhuma ocupação humana e apresenta características naturais
extraordinárias ou abriga exemplares raros da biota regional. Seu objetivo é manter os
ecossistemas naturais de importância regional ou local e regular o uso admissível dessas
áreas para torná-los compatíveis com os objetivos de conservação da natureza.
Floresta Nacional (Flona) - é uma área com cobertura florestal de espécies
predominantemente nativas e tem como objetivo básico o uso múltiplo sustentável dos
recursos florestais e a pesquisa científica, com ênfase em métodos para exploração
sustentável de florestas nativas. Nas flonas é admitida a permanência de populações
tradicionais que as habitam quando de sua criação, em conformidade com o disposto em
regulamento e no Plano de Manejo da unidade. A Floresta Nacional deve dispor de um
Conselho Consultivo, presidido pelo órgão responsável por sua administração e constituído
por representantes de órgãos públicos, de organizações da sociedade civil e, quando for o
caso, das populações tradicionais residentes.
Reserva Extrativista - é utilizada por populações extrativistas tradicionais, cuja
subsistência baseia-se no extrativismo e, complementarmente, na agricultura de
subsistência e na criação de animais de pequeno porte. Os objetivos básicos dessa área são
proteger os meios de vida e a cultura dessas populações, e assegurar o uso sustentável dos
recursos naturais da unidade. A R.E. é de domínio público, com uso concedido às populações
extrativistas tradicionais conforme o disposto no artigo 23 da Lei do S.N.U.C. Deve ser gerida
por um Conselho Deliberativo, presidido pelo órgão responsável por sua administração e
constituído por representantes de órgãos públicos, de organizações da sociedade civil e das
populações tradicionais residentes na área, conforme se dispuser em regulamento e no ato
de criação da unidade. É proibida a exploração de recursos minerais e a caça amadorística
ou profissional e a exploração comercial de recursos madeireiros só serão admitidas em
bases sustentáveis e em situações especiais e complementares às demais atividades
desenvolvidas na Reserva Extrativista, conforme o disposto em seu Plano de Manejo.
Reserva de Fauna - área natural com populações animais de espécies nativas,
terrestres ou aquáticas, residentes ou migratórias, adequadas para estudos técnico-
científicos sobre o manejo e econômico sustentável de recursos faunísticos.
Reserva de Desenvolvimento Sustentável - é uma área natural que abriga
populações tradicionais, cuja existência baseia-se em sistemas sustentáveis de exploração
dos recursos naturais, desenvolvidos ao longo de gerações e adaptados às condições
ecológicas locais e que desempenham um papel fundamental na proteção da natureza e na
manutenção da diversidade biológica. Seu objetivo básico é preservar o meio ambiente e
assegurar as condições e os meios necessários para a reprodução e a melhoria dos modos e
da qualidade de vida e exploração dos recursos naturais das populações tradicionais. Deve
ainda valorizar, conservar e aperfeiçoar o conhecimento e as técnicas de manejo do
ambiente desenvolvido por estas populações. A Reserva de Desenvolvimento Sustentável é
gerida por um Conselho Deliberativo, presidido pelo órgão responsável por sua administração
e constituído por representantes de órgãos públicos, de organizações da sociedade civil e das
populações tradicionais residentes na área, conforme se dispuser em regulamento e no ato
de criação da unidade. O Plano de Manejo da Reserva de Desenvolvimento Sustentável
definirá as zonas de proteção integral, de uso sustentável e de amortecimento e corredores
ecológicos, e será aprovado pelo Conselho Deliberativo da unidade.
Reserva Particular do Patrimônio Natural (R.P.P.N.) - é uma área privada,
destinada pelo proprietário, de modo perpétuo, que tem como objetivo conservar a
diversidade biológica, sendo permitidas a pesquisa científica e a visitação com objetivos
turísticos, recreativos e educacionais. A lei 9.985 determina que os órgãos integrantes do
S.N.U.C., sempre que possível, devem prestar orientação técnica e científica ao proprietário
de RPPN para a elaboração de um Plano de Manejo ou de Proteção e de Gestão. Hoje, as
R.P.P.N.s já somam no país mais de 500 mil hectares, distribuídos em mais de 600 reservas.
Só na Mata Atlântica e seus ecossistemas associados elas protegiam, em fins de 2004, mais
de 83 mil hectares, em aproximadamente 360 reservas. A Aliança para a Conservação da
Mata Atlântica, parceria entre a Fundação SOS e a Conservação Internacional, realiza o
Programa de Incentivo às R.P.P.N.s da Mata Atlântica, que possibilitou até 2006 a criação de
cerca de 100 novas reservas.
U.C.s categorizadas como sendo de Proteção Integral:
Estação Ecológica (E.E.) - a preservação da natureza e a realização de pesquisas
científicas são os objetivos centrais desse tipo de Unidade de Conservação, uma área de
posse e domínio públicos, cuja visitação pública é proibida, a não ser para fins educacionais
especificadas no Plano de Manejo da E.E.
Reserva Biológica - seu objetivo é a preservação integral da biota e demais
atributos naturais existentes em seus limites, sem interferência humana direta ou
modificações ambientais, excetuando-se as medidas de recuperação de seus ecossistemas
alterados e as ações de manejo necessárias para recuperar e preservar o equilíbrio natural, a
diversidade biológica e os processos ecológicos naturais.
Parque Nacional - a preservação de ecossistemas naturais de grande relevância
ecológica e beleza cênica é o objetivo básico desse tipo de U.C. É possível assim realizar
pesquisas científicas e atividades de educação e interpretação ambiental, de recreação em
contato com a natureza e de turismo ecológico.
Monumento Natural - tem como objetivo básico preservar sítios naturais raros,
singulares ou de grande beleza cênica.
Refúgio de Vida Silvestre - visa proteger ambientes naturais onde se asseguram
condições para a existência ou reprodução de espécies ou comunidades da flora local e da
fauna residente ou migratória. Para que possam ser criadas, é necessária a realização de
estudos técnicos e de consulta pública que permitam identificar a localização, a dimensão e
os limites mais adequados para a unidade, conforme sua função.
As unidades que se destacam, são:
Parque das Dunas, estadual, Rio Grande do Norte
Jericoacoara, federal, Ceará
Chapada do Araripe, Pernambuco, Piauí e Ceará
Jardim Botânico Benjamim Maranhão, João Pessoa, Paraíba
Reserva Biológica Guaribas, Mamanguape, Paraíba
APA da Barra do Rio Mamanguape, Rio Tinto, Paraíba
Parque Nacional da Chapada Diamantina, federal, Bahia
Parque Marinho dos Abrolhos, federal, Bahia
Parque Estadual do Rio Doce, estadual, Minas Gerais
Mosteiro Zen Morro da Vargem, municipal, Espírito Santo
Santuário do Caraça, privada, Minas Gerais
Serra do Cipó, federal, Minas Gerais
Serra da Bodoquena, federal, Mato Grosso do Sul
Parque Estadual dos Três Picos, Rio de Janeiro.
Reserva de Sooretama, Sooretama, Espírito Santo
Parque Estadual da Serra do Tabuleiro, estadual, Santa Catarina
Serra dos Órgãos e Parque da Tijuca, federais, e Barra da Tijuca,
municipal, Parque Estadual da Serra da Tiririca,Rio de Janeiro
Parque Municipal da Grota, Mirassol, São Paulo
Parque do Itatiaia, Minas Gerais e Rio de Janeiro
Parque do Sabiá,Uberlândia-Minas Gerais
Serra da Bocaina, Rio de Janeiro e São Paulo
Serra da Cantareira, São Paulo, São Paulo
Serra da Mantiqueira, Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo
APA petrópolois, parque natural municipal da taquara, Rio de Janeiro
Ilha Queimada Pequena e Ilha Queimada Grande, federal, Parque da
Cantareira, Parque da Juréia e Ilha Anchieta, estaduais, São Paulo
Parque Estadual da Serra do Mar, São Paulo
Parque Iguaçu, federal, Foz do Iguaçu, Paraná
Ilha do Mel, estadual, Paraná
Serra Geral, estadual, Rio Grande do Sul
Parque Nacional da Serra do Itajaí, federal, Santa Catarina
RPPN Rio das Lontras, Reserva Particular do Patrimônio Natural, Santa
Catarina
Figura 8- Ecoregiões reconhecidas para o domínio da Mata Atlântica e dos Campos Sulinos –
Fonte - Terrestrial Ecoregions of the Neotropical Realm - WWF
Apesar das exigências e do número de U.C.s existentes na Mata Atlântica, a
preservação da biodiversidade em áreas protegidas enfrenta o desafio de viabilizar a infra-
estrutura necessária à fiscalização do acesso e dos usos que são feitos de cada U.C., bem
como a manutenção de suas atividades, conforme estipulado pelo S.N.U.C. Muitas vezes, as
Unidades de Conservação acabam existindo apenas no papel, já que o poder público decreta
sua criação sem criar condições na prática para que cumpram suas funções.
Além disso, no caso específico da Mata Atlântica, sua atual configuração reduzida a
cerca de 5% da área original implica em uma grande fragmentação das florestas do bioma e,
ao mesmo tempo, as áreas protegidas são muito pequenas e sua distribuição é esparsa,
dificultando o trânsito de espécies, as trocas genéticas necessárias à manutenção da
biodiversidade e ainda impedindo a conservação numa perspectiva de longo prazo.
Está previsto no Sistema Nacional de Unidades de Conservação que o Ministério do
Meio Ambiente deve organizar e manter o Cadastro Nacional de Unidades de Conservação,
em colaboração com o IBAMA e os órgãos estaduais e municipais. O Cadastro Nacional é
constituído de um banco de dados de acesso remoto, via internet, que permite aos gestores
de Unidades de Conservação armazenar informações sobre as características físicas,
biológicas, turísticas e gerenciais das U.C.s Essas informações permitem à sociedade
acompanhar os resultados das políticas públicas voltadas para a conservação e preservação
do patrimônio biológico nacional.
O Cadastro é coordenado pela Diretoria do Programa Nacional de Áreas Protegidas da
Secretaria de Biodiversidade e Florestas do Ministério do Meio Ambiente (M.M.A.), que deve
ainda disponibilizar informações sobre a gestão da conservação da biodiversidade in situ.
Figura 9 - Áreas Prioritárias para a Conservação da Biodiversidade
da Mata Atlântica e Campos Sulinos.
Fonte- Ambiente Brasil.
Bibliografia
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aplicação no Estado de São Paulo. Terra Virgem, Secretaria do Meio Ambiente do Estado de
São Paulo. São Paulo.
Avaliação e ações prioritárias para a conservação da biodiversidade da mata
atlântica e campos sulinos.por: Ministério do Meio Ambiente, Conservation International do
Brasil, Fundação SOS Mata Atlântica, Fundação Biodiversitas, Instituto de pesquisas
Ecológicas, Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo, SEMAD/ Instituto Estadual
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ESTUDO+REVELA+PEIXES+DA+MATA+ATLANTICA.html
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