FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO INSTITUTO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E TECNOLÓGICAS
CURSO DE ENGENHARIA AGRÍCOLA E AMBIENTAL
AVALIAÇÃO DO AMBIENTE TÉRMICO DE UM GALPÃO EXPERIMENTAL DE SUÍNOS
BACHAREL EM ENGENHARIA AGRÍCOLA E AMBIENTAL
LUIS FERNANDO VIANA DE CASTRO
Rondonópolis, MT – 2018
AVALIAÇÃO DO AMBIENTE TÉRMICO DE UM GALPÃO EXPERIMENTAL DE SUÍNOS
por
Luis Fernando Viana de Castro
Monografia apresentada à Universidade Federal de Mato Grosso como parte dos
requisitos do Curso de Graduação em Engenharia Agrícola e Ambiental para obtenção do
título de Bacharel em Engenharia Agrícola e Ambiental.
Orientadora: Prof.ª Dr.ª Francine Damian da Silva
Rondonópolis, Mato Grosso – Brasil
2018
DEDICATÓRIA
Há Deus e minha querida Família Pai, Mãe, Irmã e Filha dedico.
AGRADECIMENTOS
Primeiramente a Deus por ter sustentado os meus passos até aqui.
Minha família por ter me ensinado o significado de amor, segurança, e força
e por sempre ter acreditado em mim.
Minha filha por ter despertado em mim o significado de lutar pelo que se ama.
A todos os amigos, porque seria injusto citar nomes e esquecer alguém de
fora, que de alguma forma contribuíram para este momento.
A Ilustríssima Prof.ª Dra. Francine Damian pela paciência e esforço para
transmitir o seu conhecimento, sabedoria e experiência.
Aos amigos membros da banca por contribuírem comigo neste momento.
A todos os professores que contribuíram para minha formação.
A todos os colegas de curso que me apoiaram nos meus momentos de
necessidade, o meu muito obrigado.
Luís Fernando Viana de Castro
EPÍGRAFE
‘’(...). Até aqui o Senhor tem me ajudado. (1 Samuel 7-12)
Fundação Universidade Federal de Mato Grosso
Campus Universitário de Rondonópolis
Instituto e Ciências Agrárias e Tecnológicas
Engenharia Agrícola e Ambiental
AVALIAÇÂO DO AMBIENTE TÉRMICO DE UM GALPÃO EXPERIMENTAL DE
SUÍNOS
Graduando: Luis Fernando Viana de Castro
Orientador: Prof.ª Dr.ª Francine Damian da Silva
Rondonópolis, 05 de outubro de 2018
RESUMO
A homogeneidade da temperatura ambiente é um grande fator de influência
sobre as condições de conforto térmico nas instalações zootécnicas assim como a
correta orientação na sua instalação, permitem aos animais um maior nível de
conforto térmico e maior produtividade. Dessa forma este trabalho buscou avaliar,
por meio de sensores de temperatura, o ambiente térmico do galpão experimental
de suínos quanto a distribuição de temperatura no interior do galpão, a influência
da localização na distribuição de temperatura e zona de termoneutralidade dos
suínos. Foram analisadas as influências do galpão experimental na temperatura
ambiente durante três períodos (07:00, 12:00 e 17:00 horas) do dia através de
sensores de temperaturas (Tratamento 1, 2, 3 e 4) dispostos ao longo do galpão
que possuía 32 baias experimentais. Não houve diferença significativa entre os
tratamentos e os períodos. As baias situadas no tratamento 3 e 4 apresentaram os
maiores valores de temperatura devido a sua localização geográfica (Nordeste) a
qual recebia as maiores cargas de radiação solar durante o dia. Independente do
tratamento o período das 12h (meio dia) apresentou a maior média de temperatura.
Apesar de no período das 07 e 17 horas as temperaturas dos animais não terem
atingido a temperatura crítica de conforto térmico (32º), no período das 12 h as
temperaturas chegaram próximas a da temperatura crítica sendo necessário o uso
de sistemas artificias de controle do ambiente, como ventiladores e nebulizadores.
Palavras-Chaves: Ambiência, instalações zootécnicas, temperatura.
Fundação Universidade Federal de Mato Grosso
Campus Universitário de Rondonópolis
Instituto e Ciências Agrárias e Tecnológicas
Engenharia Agrícola e Ambiental
EVALUATION OF THE THERMAL ENVIRONMENT OF AN EXPERIMENTAL
SWINE OF PIGS
Graduating: Luis Fernando Viana de Castro
Advisor: Prof.ª Dr.ª Francine Damian da Silva
Rondonópolis, October 5, 2018.
ABSTRACT
The homogeneity of the ambient temperature is a great influence factor on the
thermal comfort conditions in zootechnical installations as well as the correct
orientation in their installation, they allow the animals a greater level of thermal
comfort and greater productivity. In this way, this work sought to evaluate, through
temperature sensors, the thermal environment of the experimental swine shed in
relation to the temperature distribution inside the shed, the influence of the location
on the temperature distribution, pigs thermoneutrality zone. The influences of the
experimental shed at room temperature during three periods (07:00, 12:00 and
17:00 hours) of the day were analyzed by means of temperature sensors (Treatment
1, 2, 3 and 4) arranged along the shed had 32 experimental bays. There was no
significant difference between the treatments and the periods. The bays located in
treatment 3 and 4 presented the highest temperature values due to their geographic
location (Northeast), which received the highest solar radiation loads during the day.
Regardless of the treatment, the period of 12h (noon) presented the highest mean
temperature. Although in the period of 07 and 17 hours the temperatures of the
animals did not reach the critical temperature of thermal comfort (32º), in the period
of 12 h the temperatures reached close to the critical temperature, being necessary
the use of artificial systems of control of the environment , such as fans and
nebulizers.
Key-Words: Ambience, zootechnical facilities, temperature.
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Sensores de temperatura ambiente em diferentes períodos do dia .. 22
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Disposição das baias e dimensionamento do galpão ........................ 19
Figura 2 a) Telhado. b) Baias numeradas com os suínos. .............................. 20
Figura 3 Localização dos sensores no galpão e sentido geográfico ............... 20
Figura 4 Sensores localizados próximos aos suínos. A) Sensores de temperatura
1 e 2; b) Sensores de temperatura 3 e 4 .......................................................... 21
Figura 5 Temperatura mínima dos tratamentos em diferentes períodos do dia.213
Figura 6 Temperatura máxima dos tratamentos em diferentes períodos do dia.214
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................12
2. OBJETIVOS ....................................................................................................13
2.1. Objetivo Geral ..........................................................................................13
2.2. Objetivos Específicos ...............................................................................13
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ...........................................................................14
3.1. Produção e bem-estar animal ..................................................................14
3.1.1. Termorregulação em suínos ..............................................................14
3.2. Conforto térmico .......................................................................................15
3.2.1. Conforto e estresse térmico do animal ..............................................15
3.2.2. Conforto térmico de instalações ........................................................16
3.2.3 Condutibilidade e resistência térmica dos materiais de cobertura .....17
4. MATERIAL E MÉTODOS ...............................................................................19
4.1. Características do galpão experimental ...................................................19
4.2. Instrumentação e coleta de dados ...........................................................20
4.3. Análise Estatística ....................................................................................21
5. RESULTADOS E DISCUSSÕES ....................................................................22
6. CONCLUSÕES ...............................................................................................25
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...............................................................26
12
1. INTRODUÇÃO
Os principais obstáculos de criação de suínos em regiões de clima quente se
encontram na dificuldade de adaptação dos animais aos elevados valores e
oscilações das variáveis ambientais, principalmente da temperatura e umidade
relativa do ar, uma vez que são de origem de regiões de clima temperado.
O desconforto, gerado por um ambiente inadequado, implica em estresse,
em função do esforço realizado pelo animal, com a finalidade de manter sua
temperatura corporal constante. Esses reveses, reflete-se em queda de imunidade,
doenças, altas taxas de mortalidade, menores índices de produtividade, perda da
qualidade da carne e por fim prejuízos para o produtor (SARUBBI, 2005).
Uma maneira de contornar esse problema é fornecer conforto e bem-estar
aos animais, para que os mesmos possam expressar, de maneira satisfatória, todo
o seu potencial genético e produtivo. Para isso, é necessário que as instalações ou
locais onde os animais serão alojados tenham condições de proporcionar, de
maneira satisfatória, um ambiente com conforto térmico, conforto sonoro, sem
poluição do ar por gases e/ou poeira, além de possuir condições adequadas quanto
aos aspectos sanitários e de tratamento de dejetos.
Sendo assim, torna-se imprescindível, sob o ponto de vista da concepção de
instalações zootécnicas para criação de animais de alto desempenho produtivo, a
elaboração de projetos cuidadosamente pensados, que levem em consideração as
características ambientais da região, os quesitos de bem-estar dos animais e acima
de tudo as exigências térmicas dos animais em questão. Estas exigências dizem
respeito às faixas de conforto térmico dos animais, ou seja, a região de
termoneutralidade e os limites, inferior e superior, de estresse térmico por frio e
calor, respectivamente.
13
2. OBJETIVOS
2.1. Objetivo Geral
Avaliar o ambiente térmico de um galpão experimental de suínos com isolante
térmico.
2.2. Objetivos Específicos
• Avaliar o ambiente térmico, por meio de sensores de temperatura;
• Comparar a temperatura em diferentes locais do galpão;
• Verificar se a localização do galpão influencia na distribuição de temperatura
no galpão;
• Verificar se as temperaturas estão dentro da zona de termoneutralidade de
suínos;
14
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
3.1. Produção e bem-estar animal
Altas temperaturas influenciam diretamente na redução do desempenho
animal, devido à diminuição da alimentação e perda energética para dissipação do
calor (PAIANO et al., 2007) e na diminuição da qualidade da carne produzida
(MACHADO FILHO, 2000). Brown-brandl et al. (2001) relacionaram o calor
produzido pelos suínos que possuem alta deposição de proteína, com a dificuldade
de manutenção da homeotermia, em locais de produção quente, influenciando
negativamente nas novas linhagens, tornando-as mais vulneráveis ao estresse
térmico.
Para que a produção animal seja eficiente e considerada humanitária é
necessário entender as questões do bem-estar animal, o qual possui relação com
conceitos como: necessidade do animal, liberdade, felicidade, adaptação, controle,
capacidade de previsão, sentimentos, sofrimento, dor, ansiedade, medo, tédio,
estresse e saúde (BROOM e MOLENTO, 2004).
Para saber sobre o bem-estar é necessário conhecer a biologia do animal e
suas necessidades. Um dos principais fatores que influenciam negativamente no
bem-estar animal é o estresse térmico.
3.1.1. Termorregulação em suínos
A termorregulação é um conjunto de estratégias utilizadas para regulação da
temperatura corpórea, o qual é fundamental para adaptação e manutenção de
espécies em diferentes habitats (SOUZA e BATISTA, 2012), sendo que o conjunto
animal e ambiente se constituam como um sistema equilibrado.
Os suínos são considerados animais homeotérmicos, pois mantêm sua
temperatura interna constante e trocam calor com o ambiente. Sendo assim, a
temperatura do ambiente deve ser menor que a temperatura corpórea do animal
para que este consiga permanecer na faixa de conforto térmico. (MÜLLER, 1978).
De acordo com Abreu et al. (2002), pelo fato de os suínos possuírem poucas
glândulas sudoríparas funcionais, a principal forma de dissipar o calor latente é
através do trato respiratório.
15
Diante da oscilação de temperaturas, os suínos podem utilizar de
mecanismos fisiológicos e comportamentais, coordenados pelo sistema nervoso
central, para manter constante sua temperatura corporal. Esses mecanismos
objetivam manter o balanço de energia, por meio de ajustes na taxa de produção
de calor (termogênese) e dissipação de calor (termólise) corporal (ABREU et al.,
2002).
Em situações de estresse por calor, os suínos encontram bastante
dificuldade ao se adaptar ao ambiente, pois possuem um metabolismo elevado, não
possuem um sistema termorregulador eficiente, o que impossibilita a sudorese.
Assim, o suíno encontra maior dificuldade em se adaptar aos ambientes com
temperaturas elevadas (RODRIGUES et al., 2010).
A pele dos suínos tem a sua temperatura elevada devido a um aumento do
sangue periférico em um esforço, para aumentar a dissipação sensível de calor
para o ambiente (WILLIAMS, 2009). Neste sentido, mudanças na temperatura da
pele resultantes de respostas vasomotoras são mais intensas nas extremidades
que nas regiões centrais do corpo (ANDERSEN et al., 2008).
3.2. Conforto térmico
3.2.1. Conforto e estresse térmico do animal
O fator estresse pode ser ocasionado por diversas fontes, tanto externa
quanto interna na produção (temperatura, humidade, patógenos, etc.), podendo ser
classificados como: somáticos, psicológicos, comportamentais e variados (Flowler,
1986), sendo os principais: pouco espaço para o confinamento, condições de
transporte, disputa hierárquica, intempéries climáticas, aumento da temperatura,
restrição alimentar, parasitismo e dor (ACCO et al., 1999).
A produção cujo o conforto térmico está em desacordo com o
comportamento e a necessidade do animal irá ocasionar estresse, esse se refere à
um organismo que deixa de responder de maneira adequada às ameaças,
comprometendo sua função imune, o seu desenvolvimento e o seu ganho de peso,
fatores que podem ser explicados pela resposta ao estresse por um organismo
(RANDALL, 2010).
16
De acordo com KIEFER et al (2010) as altas temperaturas ambientais geram
estresse por calor e influenciam diretamente na fisiologia dos suínos, provocando
distúrbios no comportamento e afetando negativamente o desempenho da
produção, destacando que suínos mantidos em estresse térmico à 32 °C,
apresentaram menor taxa de alimentação permanecendo mais tempo na posição
deitada, com baixo estimulo para fuçar substrato, mais letárgicos e mais tempo
dormindo, em comparação dos suínos mantidos em conforto térmico à 21 °C, o qual
influenciou na diminuição da produção animal e do bem-estar dos suínos.
Alta temperatura corporal e aumento dos níveis de cortisol no sangue,
ocasionados pelo estresse, foram diretamente correlacionados com a baixa
qualidade da carne (GISPERT et al., 2000).
Para que haja uma diminuição dos efeitos negativos do estresse térmico é
necessário um manejo adequado na instalação desses animais, tendo como
objetivo a melhora das condições do conforto animal, utilizando estratégias para
minimizar os problemas entre animal e condições ambientais (NÓBREGA et al.,
2011).
3.2.2. Conforto térmico de instalações
De acordo com Fiorelli et al. (2009) o Brasil por ser um país de grande
extensão, pode-se observar variações climáticas de uma região a outra, exigindo
um maior cuidado referente ao estresse térmico, principalmente em relação ao
calor.
Apresentando um clima do tipo tropical, a produção de uma grande
variedade de raças torna-se um problema, para que, tais animais consigam
expressar o seu máximo potencial genético e produtivo. A maioria das granjas de
suínos brasileira é climatizada unicamente com recursos naturais, sendo difícil
assegurar o conforto térmico em situações de altas temperaturas, havendo a
necessidade de manejos adequados para que não interfiram na produção animal
(CAMPOS, 2006).
Castro (2012) descreve que o conforto térmico de uma instalação,
dependente de fatores como o calor interno produzido pelos animais, o calor que
penetra na construção por incidência solar, o calor trocado por condução por meio
de paredes e coberturas e as trocas térmicas de aquecimento ou resfriamento
17
provocadas pelo ar circundante. Podendo afirmar que a incidência da radiação solar
é o elemento principal nos processos de trocas térmicas em instalações.
A radiação solar representa aproximadamente 75% da carga térmica
transferida a uma instalação, sendo o material de cobertura, a orientação da
construção, a projeção do telhado, a insolação, e a vegetação presente na
circunvizinhança, os principais fatores que interferem nessa transferência térmica
(FERREIRA, 2005).
Mudar os materiais de construção usualmente utilizados nas instalações
zootécnicas é uma forma de influenciar no ambiente térmico das mesmas, a fim de
minimizar a influência dos fatores climáticos externos. Dentre os materiais de
construção utilizados nas instalações animais, merecem destaque os materiais das
coberturas, os quais constituem um dos principais responsáveis pelo conforto
térmico ambiental, influenciando diretamente, o balanço térmico no interior das
instalações (TINÔCO, 2004; CASTRO, 2012).
Sabe-se que o uso de materiais de alta refletância na face externa de
coberturas, diminui a absorção da energia solar, reduzindo assim os ganhos de
calor na mesma. Além disso, a utilização de forros sob telhados é um dos tipos de
isolamento térmico mais usuais em edificações, já que reduz a transmissão térmica
e proporciona melhor conforto térmico aos animais (CASTRO, 2012).
3.2.3 Condutibilidade e resistência térmica dos materiais de cobertura
Para melhor compreensão da eficiência térmica de um material de cobertura
é necessário saber que existem três tipos diferentes de mecanismos: condução,
convecção e radiação, os quais favorecem a troca energética de calor. A condução
acontece quando há a troca de calor entre dois corpos que se tocam, a convecção
é a constante troca de calor de dois corpos, sendo um deles sólido e um fluído
(líquido ou gás) e a radiação é considerado um mecanismo de troca de calor entre
dois corpos (capacidade de corpos em emitir e absorver energia térmica) (FROTA
e SCHIFFER, 2001).
Castro (2012) diz que para compreender melhor os conceitos dos
mecanismos de troca de calor, é essencial mencionar a condutibilidade térmica (λ),
o que representa a quantidade de calor que atravessa um material em uma dada
diferença de temperaturas, tanto no interior quanto no exterior, determinando a
eficiência do material em emitir ou absorver o calor.
18
Para determinação da condutibilidade térmica do material, a resistência
térmica (R) será de acordo com a espessura do material, a qual irá determinar se o
material impede ou facilita a passagem do calor. Sendo assim quanto maior for a
espessura, maior será a resistência à passagem de calor (FROTA e SCHIFFER,
2001; FERREIRA, 2005).
Assim, para que seja considerado um bom isolante térmico, o material
precisa apresentar uma estrutura que permita confinar o ar sem interferência da
convecção, de modo que a condutividade ponderada do material esteja mais
aproximada possível a do ar e que apresente uma boa capacidade térmica, ou seja,
a quantidade de calor que ele possa armazenar antes de começar a liberar a
energia (calor) (FROTA e SCHIFFER, 2001). O material deve conciliar uma elevada
capacidade térmica com uma reduzida condutividade, somente assim esse material
será considerado um excelente isolante térmico para as instalações agrícolas
(FROTA e SCHIFFER, 2001; GOMES et al., apud CARDOSO, 2011; BENDRAN,
2016).
Dessa forma, é de suma importância a escolha ideal do material de
cobertura, pois é ela que irá fornecer a qualidade de sombreamento para os animais
(BEDRAN, 2016).
Segundo Cardoso (2011) vários tipos de materiais para cobertura de
edificações estão disponíveis no mercado atual, os quais, vão desde telha de
materiais como o fibrocimento e o barro, como também telhas ecológicas,
constituídas de materiais recicláveis e inovadoras, como: fibra de celulose, garrafa
PET, bambu e embalagem Tetra-Pak®.
19
4. MATERIAL E MÉTODOS
O trabalho foi conduzido em um galpão experimental de suínos na
Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Campus Universitário de
Rondonópolis – MT. Sua localização geográfica é 16º 28’ 7,616’’ S, 54º 34’ 41,314’’
W e 281m de altitude. A temperatura média anual é de 25ºC, com a média das
máximas de 32,6ºC e a média das mínimas de 18,6°C. A coleta de dados para o
experimento foi realizada de 26/03/18 a 04/05/18 totalizando 40 dias de coleta,
compreendendo a estação de outono.
4.1. Características do galpão experimental
O galpão experimental possui as medidas de 19 m de comprimento, 6 m de
largura, pé-direito de 3,95 m e corredor de 18,30 m de comprimento por 1,95 m de
largura. O galpão foi construído no sentido Sudoeste-Nordeste (Figura 3),
possuindo um total de 32 baias (2,10x1,70x 1,0m), das quais 28 foram utilizadas
para o experimento (baias de número 03 a 30 (Figura 1). As laterais do galpão são
abertas e o sentido transversal possui paredes fechadas e aberturas somente no
corredor. A cobertura do galpão é de zinco com material isolante de isopor (Figura
2).
Figura 1. Disposição das baias e dimensionamento do galpão. Fonte: Autor.
.
20
O experimento foi dividido em 4 tratamentos constituídos de diferentes
sensores, localizados em 4 locais do galpão (Sensor 1, 2 3 e 4). Dois sensores
voltados para o sentido NE e os outros dois sensores para o sentido SW (Figura 3).
4.2. Instrumentação e coleta de dados
Para a medição de temperatura ambiente (T °C) do galpão durante o
experimento, foram instalados quatro registradores de temperatura (datalogger,
modelo HT-500, da marca Instrutherm) a uma altura de 1,50 m do chão (Figura 4).
a b
Figura 2. a) Telhado. b) Baias numeradas com os suínos. Fonte: Autor.
3 4
2 1
Figura 3. Localização dos sensores no galpão e sentido geográfico. Fonte: Autor.
21
Tal aparelho trabalha numa faixa de temperatura entre – 40 ºC a 70 ºC, com
resolução de 0,1 ºC, programado para coletar dados a cada 10 minutos (Fuso
horário de Cuiabá). Os dados foram coletados durante 38 dias consecutivos, 24
horas por dia.
Figura 3. Sensores localizados próximos aos suínos. A) Sensores de temperatura 1 e 2; b) Sensores de temperatura 3 e 4. Fonte: Autor
4.3. Análise Estatística
O delineamento utilizado foi inteiramente casualizados (DIC) em sistema
fatorial 4x3, sendo 4 tratamentos e 3 horários diferentes. Os resultados foram
submetidos a análise de variância e as médias foram comparadas pelo teste de
Tukey a 5 % de probabilidade de erro, utilizando o programa computacional SAS.
a b
22
5. RESULTADOS E DISCUSSÕES
Não houve interação entre os tratamentos e os períodos. A média de
temperatura dos tratamentos 1 e 2 foi menor do que o tratamento 3 e 4 apesar
desses não se diferirem estatisticamente entre si (Tabela 1). Os tratamentos 1 e 2
encontram-se voltados para o sentido NE, onde a insolação é menor, assim as
temperaturas foram mais amenas. Independente dos tratamentos o período de 12
horas (meio dia) foi o que apresentou a maior média de temperatura.
Tabela 1. Temperatura média (°C) dos sensores instalados no galpão experimental de suínos, em diferentes períodos do dia.
TRATAMENTO Temperatura média °C
Média 7 h 12 h 17 h
1 24,03 31,03 27,95 27,66 B
2 24,24 30,72 28,05 27,68 B
3 24,80 31,81 28,03 28,55 A
4 25,30 31,38 27,85 28,18 AB
Média 24,84 c 31,23 a 27,97 b Médias seguidas da mesma letra maiúscula na coluna e minúscula na linha, não diferem pelo teste
de Tukey a 5% de probabilidade de erro.
Em um estudo realizado por Leal e Nããs (1992) a recomendação para o
bem-estar e conforto térmico de suínos encontra-se em um valor médio de 27°C e
para Kiefer et al. (2010) atribuem um valor de 32 °C para estresse térmico em
suínos, o que mostra que todos os tratamentos realizados no presente estudo
apresentaram médias de temperatura ao longo do dia, abaixo do estresse térmico
atribuído para suínos.
Entretanto, no período de 12 h as temperaturas chegaram próximas a
temperatura crítica para os animais (32ºC), sendo necessárias intervenções
artificiais para diminuir a temperatura do ambiente. Nas baias dos suínos, uma
prática que pode ser utilizada para minimizar o estresse térmico é a utilização de
nebulizadores de água. No entanto, para o sistema ser eficaz é necessário que haja
pressão suficiente dos bicos para promover a formação de gotículas extremamente
pequenas que proporcionem sensação térmica adequada (LUDTKE et al., 2010).
Knowles et al. (1998) recomenda o uso de nebulizadores quando a
temperatura ambiente está entre 10 a 30°C e umidade relativa do ar menor que
23
80%. Já Chevillon (2001) constatou que a aplicação por um tempo entre 10 a 20
minutos foi suficiente para diminuir a temperatura corporal dos suínos de 3 a 4ºC.
Para melhor compreensão do comportamento térmico, a Figura 5 nos mostra
os valores mínimos de temperaturas durante os diferentes períodos do dia. Os
tratamentos 3 e 4 (voltados para o sentido Nordeste) apresentaram os maiores
valores de temperaturas mínimas nos períodos das 7 h e 12 h.
Um dos fatores que acarretou esse aumento de temperatura foi a posição do
galpão em relação a orientação solar, na estação do ano em que os dados foram
coletados (Outono) fazendo com que os tratamentos 3 e 4 recebessem maiores
cargas de radiação solar durante o dia. Já para o período das 17 h o lado que
apresentou os maiores valores de temperaturas mínimas foram os tratamentos 1 e
2 situados no sentido Sudoeste, pois no final do dia o sol se põe para este sentido
aumentando a carga de radiação solar nesses tratamentos e diminuindo a carga
nos tratamentos 3 e 4.
Figura 5. Temperatura mínima dos tratamentos em diferentes períodos do dia.
Em condições de clima tropical e subtropical, como ocorre em nosso
hemisfério, as coberturas são orientadas, normalmente, no sentido leste-oeste,
para que no verão haja menor incidência de radiação solar no interior das
instalações e maior insolação da face norte no inverno.
Uma maneira de mitigar esses efeitos da radiação é a instalação de cortinas
no sentido longitudinal ao galpão.
24
Da mesma forma para os valores de temperaturas mínimas, a figura 6 nos
mostra os valores máximos de temperaturas durante os diferentes períodos do dia.
Os horários das 7 h e 12 h apresentaram valores superiores nos tratamentos 3 e 4
em relação aos tratamentos 1 e 2. Já para o horário das 17 h houve uma
semelhança entre os tratamentos, pois a carga térmica no final do dia já é menor
que os demais períodos.
Figura 6. Temperatura máxima dos tratamentos em diferentes períodos do dia.
25
6. CONCLUSÕES
Através da análise das informações dos quatro sensores distribuídos
espacialmente no galpão experimental, constatou-se uma heterogeneidade na
distribuição de temperatura nas baias, devido à localização geográfica do mesmo.
Dessa forma este trabalho demonstrou a importância de uma correta
orientação solar na instalação zootécnica, para que haja uma homogeneidade na
temperatura ambiente, de forma a não afetar a produtividade dos animais.
Apesar de no período das 07 e 17 horas as temperaturas dos animais não
terem atingido a temperatura crítica de conforto térmico (32º), no período das 12 h
as temperaturas chegaram próximas a da temperatura crítica sendo necessário o
uso de sistemas artificias de controle do ambiente, como ventiladores e
nebulizadores.
26
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABREU, M. L. T. et al. Nutrição em climas quentes. In: CONGRESSO LATINO AMERICANO DE SUINOCULTURA, 1., 2002, Foz do Iguaçu. Anais... Foz do Iguaçu: [s. n.], 2002. p. 200-217. ANDERSEN, H. M. L. et al. The ear skin temperature as an indicator of the thermal comfort of pigs. Applied Animal Behaviour Science, Amsterdam, v. 113, p. 43-56, 2008. BROOM, D M; MOLENTO, C F M. Animal welfare: concept and related issues – Review. Archives Of Veterinary Science, Cambridge, v. 2, n. 9, p.1-11, set. 2004. BENDRAN, J. E. Análise do ambiente térmico em galpões reduzidos para frangos de corte com diferentes materiais de cobertura. São João Del-Rei: UFSJ, p.14, 2016. BROWN-BRANDL, T.M.; EIGENBERG, R.A.; NIENABER, J.A.; KACHMAN, S.D. Thermoregulatory profile of a newer genetic line of pigs. Livestock Production Science, v.71, n.2, p.253–260, 2001. CARDOSO, A. S.; BAETA, F. C.; TINÔCO, I. F. F.; CARDOSO, V. A. S. Coberturas com materiais alternativos de instalações de produção animal com vistas ao conforto térmico. Revenge, Viçosa, v. 19, n. 5, p. 404-421, set/out. 2011. CAMPOS, J. A. Qualidade do ar, ambiente térmico e desempenho animal em dois tipos de suinoculturas. 2006. 69 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Agrícola) – Universidade Federal de Viçosa. Viçosa – MG. CASTRO, A. C. D. Avaliação de eficiência térmica de materiais utilizados como sistemas de cobertura em instalações avícolas. 2012. 98 f. Dissertação (Mestrado em Ciências) – Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, Univesidade de São Paulo. Piracicaba – SP. CHEVILLON, P. Bem-estar de suínos antes do abate e anestesia. 1ª
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