Atuação do professor de Educação Física
diante de situações de primeiros socorros
Resumo
As escolas, juntamente com os professores, têm um papel importante na promoção da saúde e da prevenção de doenças e de acidentes entre crianças e adolescentes. Em muitas situações, a falta de conhecimento da população acarreta inúmeros problemas, como o estado de pânico ao ver o acidentado, a manipulação incorreta da vítima e ainda a solicitação desnecessária do socorro especializado em emergência. Nesse contexto, torna-se importante identificar o conhecimento do professor de Educação Física das escolas públicas estaduais do ensino fundamental (6° ao 9° ano) de Ubá para atuar em situações de primeiros socorros. Para tanto, optou-se pela abordagem qualitativa, com amostra composta por 10 professores, sendo elaborado e utilizando, como instrumento de coleta de dados, um questionário semiestruturado. Verificou-se que 70% dos professores estão preparados para agir diante de situações de primeiros socorros e que a maioria conhece ou já levou seus alunos aos locais de pronto atendimento na cidade. Para os sujeitos da pesquisa, o mais importante em uma situação emergencial é ter em mãos o telefone de um socorro ou um resgate. Constatou-se que os professores de Educação Física estão capacitados para agirem em situações mais simples de primeiros socorros. Unitermos: Primeiros socorros. Emergência. Educação Física.
Glenda Silva de Siqueira* [email protected] Leililene Antunes Soares** [email protected] Rodrigo Ataíde dos Santos*** [email protected]
*Licencianda em Educação Física (FAGOC) **Orientadora. Mestranda em Educação (UFV) Professora da Faculdade Governador Ozanan Coelho (FAGOC) ***Co-orientador. Mestrando em Biologia Celular e Estrutural (UFV) Professor do Curso Técnico em Enfermagem da FAGOC
(Brasil) 1 / 1
Introdução
A resolução do Conselho Nacional de Educação, por intermédio da Câmara de Educação
Superior, na Resolução nº 7, de 31 de março de 2004, que institui as Diretrizes Curriculares
Nacionais para os cursos de graduação em Educação Física, em nível superior de graduação
plena, dispõe em seu artigo 3º:
Art. 3º A Educação Física é uma área de conhecimento e de intervenção acadêmico-profissional
que tem como objeto de estudo e de aplicação o movimento humano, com foco nas diferentes
formas e modalidades do exercício físico, da ginástica, do jogo, do esporte, da luta/arte marcial,
da dança, nas perspectivas da prevenção de problemas de agravo da saúde, promoção, proteção
e reabilitação da saúde, da formação cultural, da educação e da reeducação motora, do
rendimento físico-esportivo, do lazer, da gestão de empreendimentos relacionados às atividades
físicas, recreativas e esportivas, além de outros campos que oportunizem ou venham a
oportunizar a prática de atividades físicas, recreativas e esportivas.
Sabendo que a Educação Física, na sua intervenção profissional, trabalha com diversas práticas
corporais e suas manifestações, pode-se afirmar que o professor dessa disciplina está suscetível
a vivenciar, durante as suas aulas, situações em que os alunos necessitem de atendimento de
emergência, em virtude de lesões causadas pelo movimento do corpo. Como provavelmente, em
algumas situações, o professor não terá de imediato esse atendimento proporcionado por
socorristas, há de se supor que, por ser a pessoa mais próxima da vítima, naquele momento, o
professor acaba sendo o responsável pela prestação de primeiros socorros (SIEBRA e OLIVEIRA,
2010).
Os primeiros socorros são definidos como uma série de procedimentos simples que têm como
objetivo resolver situações de emergência, feitas por pessoas detentoras desses conhecimentos,
até a chegada de atendimento médico especializado. Os primeiros socorros são habitualmente
mencionados em situações graves de emergência, embora sejam igualmente relevantes em casos
como escoriações, lesões, hemorragias, etc. (PORTAL SAÚDE, 2010).
Para Dib (1978), a negligência é o aspecto que mais aparece nos processos que envolvem o
atendimento pré-hospitalar. O termo frequentemente é empregado para indicar que o socorrista
deixou de fazer algo esperado ou que agiu descuidadamente. Do ponto de vista legal, o conceito
de negligência é mais complexo. Negligência significa falha nos padrões de assistência, tendo
como consequência agravos adicionais. O não cumprimento do atendimento poderá ser
interpretado como negligência, nos casos em que os padrões de assistência não foram obedecidos
e o indivíduo tiver seqüelas por um atendimento inadequado.
De acordo com o artigo 135 do Código Penal Brasileiro, deixar de prestar assistência, quando
possível fazê-lo sem risco pessoal, a pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e
iminente perigo; ou não pedir o socorro da autoridade pública é crime. A penalidade pode ser
pagamento de multa ou detenção. Esta varia de um a seis meses, podendo ser aumentada em
metade caso haja omissão e esta resulte em lesão corporal grave; e triplicada, se resultar morte.
O profissional pode ser acusado de negligente se o indivíduo lesionado sofrer um agravo na
sua condição, motivado indiretamente por uma ação indevida no atendimento e a abrangência
do dano que pode ser de ordem física, emocional ou psicológica.
Considerando que podem ocorrer acidentes nas aulas de Educação Física, promovendo risco
de vida ou levando à situações desastrosas, com conseqüentes seqüelas e até invalidez
permanente, devemos ter atenção especial em relação aos primeiros socorros. Magee (2002)
afirma haver uma constante preocupação dos especialistas da área da saúde com o alto índice
de lesões sofridas por alunos nas escolas, já que uma demora ou um atendimento inadequado
pode vir a causar maiores danos que venham interferir na recuperação do aluno ou mesmo no
tempo de recuperação do mesmo.
Segundo o Conselho Federal de Educação Física - CONFEF (2008):
As responsabilidades com os alunos e beneficiários das atividades físicas perpassam os direitos
constitucionais, civis, penais e, sobretudo, a ética profissional. Sendo assim, é de suma
importância que os Profissionais de Educação Física estejam treinados, atualizados e preparados
para os acidentes e fatalidades que venham a acontecer em seu trabalho e criem uma rotina de
atendimento de socorros de urgência que envolva toda a equipe de trabalho.
Sendo assim, as escolas, juntamente com os professores, têm um papel relevante na promoção
da saúde, prevenção de doenças e, inclusive, de acidentes entre crianças e adolescentes.
Nesse contexto, torna-se importante identificar o conhecimento e as ações do professor de
Educação Física das escolas públicas estaduais do ensino fundamental (6° ao 9° ano) de Ubá
mediante situações de primeiros socorros.
Metodologia
Optou-se, neste estudo, pela abordagem qualitativa, por se tratar de um nível da realidade
que não pode ser quantificado, não requerendo o uso de métodos e técnicas estatísticas. De
acordo com Thomas et al. (2007), a pesquisa qualitativa é uma abordagem bastante subjetiva,
natural, flexível, tendo o pesquisador como seu principal instrumento. Seus principais objetivos
são a descrição, a compreensão e o significado, buscando desenvolver hipóteses a partir de
observações.
A amostra deste estudo foi composta por 10 professores de Educação Física que atuam no
Ensino Fundamental em 3 escolas públicas pertencentes ao município de Ubá/MG.
Com o objetivo de identificar o conhecimento do professor de Educação Física do 6º ao 9º ano
do Ensino Fundamental para atuar em situações de emergências, foi elaborado e utilizado, como
instrumento de coleta de dados, um questionário semiestruturado contendo treze questões, no
qual os professores puderam marcar mais de uma opção.
O questionário semiestruturado é, de acordo com Gil (1999), uma técnica de investigação em
que os indivíduos podem expressar-se através de questões abertas e fechadas, sendo possível
conhecer suas opiniões, valores, crenças, situações vivenciadas, sentimentos, expectativas,
dentre outros.
O questionário foi validado por três especialistas em Educação Física, após a realização das
modificações sugeridas por eles.
Finalmente, os dados foram analisados e discutidos com base em referenciais teóricos sobre
situações de emergências nas aulas de Educação Física. Para esta análise, foram estabelecidos
dois blocos de categorias: conhecimento e ações do professor mediante situações de emergências
nas aulas de Educação Física e formação inicial para agir em tais situações.
Resultados e discussão
Os resultados foram divididos em duas categorias analíticas, definidas a partir dos
direcionamentos propostos pelo roteiro do questionário; são elas:
1ª Categoria: Conhecimento e ações do professor mediante situações de
emergências nas aulas de Educação Física (corresponde às questões de nº 1 a
11).
2º Categoria: Formação inicial para agir em situações emergenciais
(correspondem às questões de nº 12 e 13).
1. Conhecimento e ações do professor mediante situações de emergências nas aulas de
Educação Física
Primeiramente, buscou-se constatar se os professores se sentem preparados para atuar em
situações que exijam o uso de primeiros socorros. A maior parte da amostra – ou seja, 70% –
respondeu positivamente e 30%, negativamente (Figura 1).
Figura 1. Professores sentem-se preparados para atuar em situações de primeiros socorros
Fonte: Dados da pesquisa
As justificativas dadas para essas respostas foram agrupadas para melhor visibilidade e
compreensão, no Quadro 1.
Quadro 1. Justificativas apresentadas
Os profissionais da área de saúde, especificamente o professor de Educação Física, precisam
ter conhecimentos quanto à abordagem das noções básicas de primeiros socorros no ambiente
escolar, para agir de maneira adequada sempre que for necessário. Os dados obtidos são
preocupantes, pois 30%, não se sentem preparados para agir em situação de emergência, sendo
esta parcela da amostra muito significativa. Em consonância com esses resultados, Rabuske et
al. (2002) afirmam que os professores não estão capacitados para o pronto atendimento ou agem
de forma inadequada.
O ideal, de acordo com Fioruc et al. (2008), é que todos os professores sintam-se capacitados
acerca da prevenção, avaliação e condutas em situação de emergência, tendo informações
específicas sobre o que fazer frente a um acidente o qual envolva atitudes simples relacionadas
à prática de primeiros socorros e, também, aos agravos que este pode causar. Em muitas
situações, essa falta de conhecimento por parte de professores acarreta inúmeros problemas,
como: o estado de pânico ao ver o acidentado, a manipulação incorreta da vítima e, ainda, a
solicitação excessiva e às vezes desnecessária do socorro especializado em emergência.
Profissionais com pouco conhecimento em primeiros socorros optam por não tomarem
nenhuma atitude, a não ser que sejam obrigados a isso. Basicamente, não se sentem
competentes para prestar os primeiros socorros, o que, infelizmente, é bastante comum nessa
situação. Confirmando essa afirmação, alguns estudos constataram que, nos Estados Unidos,
apenas metade dos profissionais de Educação Física têm treinamentos de primeiros socorros
(ROWE; ROBERTSON, 1986; WEIDNER, 1989 citados por FLEGEL, 2002).
Verificou-se também que, dentre os 7 professores que afirmaram estar preparados para atuar
em situações que exijam conhecimento de primeiros socorros, 58% realizaram cursos a fim de
capacitar-se; dos demais, 14% comentaram ter conhecimentos básicos para agir em situações
de emergências; 14% consideram que a disciplina cursada na graduação já os capacitou, e 14%
não justificaram.
Ressalta-se que, embora 30% tenham mencionado que não se sentem qualificados para agir
diante situações de emergências, os professores juntaram-se aos demais e apontaram as
situações nas quais se sentem preparados para agir, por exemplo, em cortes superficiais (34%),
em fraturas (26%), em desmaios (22%), em hemorragia (11%), e em outras situações (7%),
dentre elas: epilepsia (13%) e sangramento nasal (13%) (Figura 2).
Figura 2. Situações em que os professores se consideram qualificados para agir
Fonte: Dados da pesquisa
Em relação às situações emergenciais em que os professores não se consideram preparados
para atuar, 44% mencionaram casos de hemorragia; 31%, desmaios (ou mal-súbito); 19%,
fraturas; e 6%, cortes superficiais (Figura 3).
Figura 3. Situações que os professores não se consideram preparados para agir
Fonte: Dados da pesquisa
De acordo com Flegel (2002 citado por MARTINS, 2008), o professor de Educação Física é, na
escola, o responsável pela prestação dos primeiros socorros e atendimentos, por ser um
profissional da área da saúde com capacitação para tal. Da mesma forma, Lins (1992) acrescenta
que o atendimento deve proporcionar conforto e aliviar a tensão psicológica. Para tanto, esses
profissionais devem estar preparados para atuar nas mais diversas circunstâncias.
Segundo Novaes e Novaes (1994), os pais irão procurar a orientação do profissional de
Educação Física caso os filhos sofram alguma lesão. Nessa situação, espera-se que o profissional
saiba responder às perguntas dos pais assim como de tomar as devidas atitudes.
Ao averiguar os conhecimentos teórico-práticos que o professor de Educação Física precisa ter
em caso de acidente na escola, os resultados foram: ter em mãos o telefone de um socorro ou
resgate (33%); saber identificar o tipo de ferimento para prestar o socorro adequado (29%); ter
prática de estancar hemorragias (21%); e saber fazer curativos (17%), conforme Figura 4.
Figura 4. Conhecimentos teórico-práticos necessários para agir diante de uma situação emergencial
Fonte: Dados da pesquisa
Segundo os professores, foi a seguinte classificação em grau de importância desses
procedimentos: 50% marcaram como 1ª opção “identificar o tipo de ferimento para prestar o
socorro adequado”; essa opção destacou-se ainda em 2º lugar, com 40% dos votos. A opção “ter
em mãos o telefone de um socorro ou resgate” foi escolhida como 1ª e 2ª opção por 4 professores
(40%). Em 3º lugar, 70% dos professores escolheram a opção “estancar hemorragia”, e em 4º
lugar 70% optaram por “fazer curativo” (Quadro 2).
Quadro 2. Conhecimentos teórico-práticos para agir diante de situações emergenciais em grau de importância
Esses resultados reforçam a opinião de Sardinha e Carvalho (2006), para os quais o ato de
utilizar os primeiros socorros envolve duas importantes tarefas: em primeiro lugar, ter o telefone
dos pais e de um resgate; e, em segundo, prestar o atendimento adequado, para minimizar danos
ao aluno.
É importante destacar que qualquer pessoa que for realizar o atendimento pré-hospitalar
(APH), mais conhecido como primeiros socorros, deve, antes de tudo, atentar para a sua própria
segurança (SILVEIRA e MOULIN, 2008).
Segundo Flegel (2002), o profissional deverá atuar nos limites de seu treinamento,
preservando a sua segurança e buscando orientação em caso de dúvidas. A maioria dos
professores, ao contrário, respondeu que, ao prestar atendimento, a primeira preocupação é com
a segurança da vítima (46%); em seguida, a vida da vítima (27%); em terceiro lugar (18%), a
sua própria segurança; e, por último, a preocupação com o circundante (9%) (Figura 5).
Figura 5. Primeira preocupação do professor ao atender uma vítima
Fonte: Dados da pesquisa
Na questão seguinte, os professores foram questionados com relação às situações de
emergências mais comuns em suas aulas. De acordo com os resultados apresentados pela
pesquisa de Sardinha (2006), observa-se que as escoriações foram relatadas por 78% (1º lugar),
constituindo, portanto, as situações mais comuns nas aulas de Educação Física. Já no presente
estudo, observa-se que a ocorrência de cortes superficiais encontra-se em primeiro lugar, com
57%, seguida de desmaios (mal-súbito) com 29% e, por último, com 14%, fraturas (Figura 6).
Figura 6. Situações emergenciais mais comuns nas aulas de Educação Física
Fonte: Dados da pesquisa
Ao verificar como o professor reagiu diante das situações relatadas na questão anterior, 64%
responderam que prestaram socorro imediato, encaminhando a vítima a um pronto socorro; 18%
fizeram atendimento no próprio local e 18% solicitaram que outra pessoa prestasse o
atendimento (Figura 7).
Figura 7. Como cada professor agiu diante as situações emergenciais
Fonte: Dados da pesquisa
Segundo Dib (1978), um profissional de Educação Física treinado em primeiros socorros pode
auxiliar, prestando alguns cuidados antes da chegada de outro profissional mais qualificado para
tal.
Nesse sentido, Magee (2002) acrescenta que o profissional de Educação Física não foi treinado
para elaborar um diagnóstico médico ou para realizar as condições de estabilidade do indivíduo
lesionado; é necessário acompanhá-lo até a chegada de um profissional com um nível de
treinamento mais adequado.
Entretanto, faz-se necessário conhecer os locais de pronto atendimento na cidade. A Figura 8
evidencia que todos os professores da amostra (100%) sabem identificar tais locais.
Figura 8. Se os professores conhecem os locais de pronto atendimento em Ubá
Fonte: Dados da pesquisa
Os avaliados identificaram os locais de pronto atendimento que eles conhecem em sua cidade.
Diante da possibilidade de marcar mais de uma opção, as respostas foram agrupadas para melhor
visibilidade e compreensão, no Quadro 3.
Quadro 3: Locais de pronto atendimento citados
Locais citados pelos
professores Frequência
Hospital São Vicente e/ou
Santa Isabel 9
Corpo de Bombeiros 2
Posto de Saúde 5
Clínica São Januário 1
Fonte: Dados da pesquisa
Verificou-se que todos os avaliados já passaram por situação em que tiveram que encaminhar
ou transportar algum aluno até os locais de pronto atendimento. Os locais por eles procurados
foram: Hospital Santa Isabel (57%); Hospital São Vicente (29%); posto de saúde próximo à
escola (7%); e outro posto de saúde (7%).
Figura 9. Se os professores já precisaram encaminhar algum aluno a um dos locais de pronto atendimento em Ubá
Fonte: Dados da pesquisa
Questionados sobre sua atuação a fim de que a escola mantenha uma listagem com telefones
atualizados dos pais e responsáveis, para o caso de o aluno se envolver em um acidente, 80%
dos professores responderam que sim e 20% respondeu que não (Figura 10).
Figura 10. Os professores atuam para que exista uma lista com telefones de pais e responsáveis atualizada na escola
Fonte: Dados da pesquisa
Esses aspectos são abordados por Flegel (2002) ao comentar que os primeiros socorros no
esporte não promovem a ideia de que os profissionais devem diagnosticar e tratar a vítima;
entretanto, é necessário que eles se certifiquem de que o aluno lesionado seja examinado e
liberado por um médico antes de voltar à atividade. Além disso, envolvem importantes tarefas,
como: entrar em contato com os pais e informá-los da lesão; prestar os primeiros socorros de
maneira adequada; chamar a equipe de resgate para transportar o aluno lesionado, se
necessário; ajudar no transporte seguro do aluno até o estabelecimento de saúde; e incentivá-lo
durante o processo de reabilitação.
Com o intuito de conhecer a preocupação e a responsabilidade da escola em auxiliar o
professor em situações de primeiros socorros, os profissionais foram questionados se a escola
onde trabalham possui uma maleta de primeiros socorros. A essa indagação, 70% responderam
positivamente (Figura 11).
Segundo Silveira e Moulin (2008), é imprescindível que a escola tenha um kit de primeiros
socorros com ataduras, cobertor térmico, colar cervical, esfignomanômetro, esparadrapo,
estetoscópio, gaze esterilizada, lenço triangular, luva de procedimentos, máscaras, maca rígida,
óculos de proteção, pinças hemostáticas, sacos de gelo (duas partes de água e uma parte de
álcool de uso doméstico para gelo floculado), talas variadas, tesoura, soro fisiológico, válvula para
RCP, entre outros materiais necessários aos atendimentos, de acordo com as modalidades
praticadas e os riscos de lesões.
Figura 11. A escola possui uma maleta de primeiros socorros
Fonte: Dados da pesquisa
2. Formação inicial para agir em situações emergenciais
Todos os professores (100%), durante seu curso de formação, tiveram alguma disciplina sobre
técnicas de primeiros socorros (Figura 12).
Figura 12. Presença de disciplina de primeiros socorros no curso de formação
Fonte: Dados da pesquisa
As justificativas dadas à questão mencionada acima foram agrupadas para melhor visibilidade
e compreensão, no Quadro 4.
Quadro 4. Justificativas apresentadas
Os professores ficaram incumbidos de, juntamente com a questão anterior, complementarem
a de n°12, que questionava se o conteúdo ministrado tinha sido suficiente para sua formação. A
maioria (70%) dos professores respondeu negativamente, contra 30% que avaliaram como
suficiente o conteúdo (Figura 13).
Figura 13. Nível de satisfação da disciplina de primeiros socorros na graduação
Fonte: Dados da pesquisa
As justificativas dadas para essas respostas foram agrupadas para melhor visibilidade e
compreensão, no Quadro 5.
Quadro 5. Justificativas apresentadas
Um estudo realizado por Siebra e Oliveira (2010) demonstra a necessidade de o professor de
Educação Física dominar os conhecimentos de atendimento de primeiros socorros, na medida em
que as diretrizes que regulamentam os cursos consideram que esse profissional deverá também
proteger a saúde do seu aluno/cliente e também por este estar constantemente em situações
que podem chegar a ocasionar lesões no grupo ao qual atende.
Os autores supracitados acrescentam ser necessário incluir na grade curricular dos cursos de
Educação Física uma disciplina que trabalhasse os conteúdos relativos aos primeiros socorros de
uma forma mais ampla e eficaz. Sendo assim, ao final dessa disciplina, os alunos sairiam
realmente confiantes a reagir de forma diligente diante de uma situação de emergência, passando
ainda confiança para o seu aluno no momento do atendimento, sendo esse fato de extrema
importância. Consequentemente, esse professor realizaria o seu trabalho de uma forma mais
segura.
Considerações finais
Os professores de Educação Física que participaram do presente estudo estão capacitados
para agirem em situações mais simples de primeiros socorros. Todos os professores confirmaram
a presença da disciplina de primeiros socorros em sua graduação, mas apenas 30% consideraram
o conteúdo suficiente para uma atuação adequada. Diante de uma situação emergencial, a
maioria dos professores prestou socorro imediato ou encaminhou o aluno ao pronto socorro.
Todos os professores admitiram conhecer os locais de pronto atendimento na cidade de Ubá,
e a maioria já precisou levar seus alunos até lá. Além disso, ficou claro que, para todos eles, o
mais importante em uma situação emergencial é ter em mãos o telefone de um socorro ou um
resgate,
Assim, aconselha-se que os profissionais de Educação Física participem, periodicamente, de
treinamentos de primeiros socorros, para se capacitarem adequadamente, no sentido de melhorar
sua atuação psicológica, emocional e tecnicamente. Recomenda-se, também, que outros estudos
sejam realizados, com amostras mais extensas e distintas, para futuras comparações.
Referências bibliográficas
CÓDIGO PENAL BRASILEIRO. Disponível em: http://www.codigopenal.adv.br/#
a135. Acesso: 08 dez. 2010.
CONFEF. Socorros de urgência em atividades físicas. 2008. Disponível em:
http://www.confef.org.br. Acesso em: 23 fev. 2010.
DIB, C. Z. Primeiros socorros – um texto programado. 1. ed. São Paulo: EPU,
1978. 215 p.
FIORUC, B. E.; MOLINA, A. C.; JUNIOR W. V.; LIMA S. A. M. Educação em saúde:
abordando primeiros socorros em escolas públicas no interior de São
Paulo. Revista Eletrônica em Enfermagem.v. 10, n. 3, p. 695-702. 2008.
FLEGEL, M. J. Primeiros socorros no esporte. São Paulo: Manole, 2002.
GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 5. ed. São Paulo: Atlas, 1999.
LINS, A. Curso de primeiros socorros. 1. ed. Rio de Janeiro: Editora Vip, 1992.
MAGEE, D. J. Avaliação músculo-esquelética. 3. ed. São Paulo: Manole, 2002.
MARTINS, B. A. Primeiros socorros nas aulas de educação física: atuação do
professor. Faculdade Governador Ozanam Coelho. 2008. 35 p.
NOVAES e NOVAES. Manual de primeiros socorros para a Educação Física. 1. ed.
Rio de Janeiro: Sprint, 1994.
PORTAL SAÚDE. Manual de primeiros socorros. Disponível em;
http://www.oportalsaude.com/manualsos/primeiros-socorros_0608.pdf. Acesso
em: 10 nov. 2010.
RABUSKE et al. Pedagogia e educação e saúde na infância: noções básicas de
primeiros socorros na escola. Paraná. PR, 2002. (Curso de Pedagogia e Programa
de Pós-Graduação em Educação,) Universidade Tuiuti do Paraná, 2002.
Resolução nº. 7, de 31 de março de 2004, que institui as Diretrizes Curriculares
Nacionais para os cursos de graduação em Educação Física, em nível superior de
graduação plena. Disponível em: www.cmconsultoria.com.br. Acesso em: 23 out.
2009.
SARDINHA, L. R.; CARVALHO, A. M. Análise do nível de capacitação dos
profissionais de Educação Física atuantes no ensino médio da rede pública
estadual da cidade de Ipatinga- MG para a execução dos primeiros
socorros. Movimentum Revista Digital de Educação Física - Ipatinga: Unileste-
MG - v.1 - Ago./dez. 2006.
SIEBRA, P. A.; OLIVEIRA, J. C. A disciplina primeiros socorros no mapa curricular
do curso de educação física da universidade regional do Cariri: uma proposta de
inclusão. Disponível em: http://www.webartigos.com/articles/35319/
1/Primeiros-Socorros-e-Educacao-Fisica, Acesso em: 12 nov. 2010.
SILVEIRA, E. T.; MOULIN, F. V. Socorros de urgência em atividades física curso
teórico-prático. Disponível em: http://www.socorrosdeurgencia. Acesso em: 29
mar. 2008.
THOMAS, J.; NELSON, J.; SILVERMAN, S. Métodos de pesquisa em atividade
física. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2007.
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 15, Nº 154, Marzo de
2011. http://www.efdeportes.com/