Download - Armando Boito - Crítica Luckács
7/24/2019 Armando Boito - Crítica Luckács
http://slidepdf.com/reader/full/armando-boito-critica-luckacs 1/13
Emancipação e revolução: crítica à leitura lukacsiana do jovem Marx • 43
Emancipação erevolução: crítica à
leitura lukacsiana dojovem Marx
ARMANDO BOITO JR.*
* Professor do Departamento de Ciência Política da Unicamp. E-mail: [email protected]ço ao companheiro João Quartim de Moraes pela leitura da versão inicial deste texto.
Miolo_Rev_Critica_Marxista-36_(3PROVA).indd 43 02/04/2013 23:33:16
7/24/2019 Armando Boito - Crítica Luckács
http://slidepdf.com/reader/full/armando-boito-critica-luckacs 2/13
44 • Crítica Marxista, n.36, p.43-53, 2013.
Miolo_Rev_Critica_Marxista-36_(3PROVA).indd 44 02/04/2013 23:33:16
7/24/2019 Armando Boito - Crítica Luckács
http://slidepdf.com/reader/full/armando-boito-critica-luckacs 3/13
Emancipação e revolução: crítica à leitura lukacsiana do jovem Marx • 45
Miolo_Rev_Critica_Marxista-36_(3PROVA).indd 45 02/04/2013 23:33:16
7/24/2019 Armando Boito - Crítica Luckács
http://slidepdf.com/reader/full/armando-boito-critica-luckacs 4/13
46 • Crítica Marxista, n.36, p.43-53, 2013.
Miolo_Rev_Critica_Marxista-36_(3PROVA).indd 46 02/04/2013 23:33:16
7/24/2019 Armando Boito - Crítica Luckács
http://slidepdf.com/reader/full/armando-boito-critica-luckacs 5/13
Emancipação e revolução: crítica à leitura lukacsiana do jovem Marx • 47
1 Utilizamos aspas em “unido” e “separado” porque esses termos opostos são apropriados pararefletirmos sobre a teoria do Estado do jovem Marx de 1843, mas não para caracterizar o conceitode Estado do Manifesto do Partido Comunista. Se recorremos a tais termos é apenas para indicar,ainda que de modo impreciso, a distância que separa o conceito de Estado presente na Questão judaica do conceito de Estado do Manifesto . O Estado capitalista não está rigorosamente unido anenhuma classe social e tampouco separado de qualquer uma delas. O que ele faz é organizar osinteresses políticos da burguesia separando-se formalmente da classe burguesa (direito igualitário eburocracia profissional) e negar o interesse político do proletariado, incorporando alguns interesseseconômicos dessa classe social. Certo e indubitável é que o Estado capitalista não está separadoda sociedade, ao contrário do que pensava o Marx de 1843-1844 com o seu conceito de Estadopolítico. Lukács pode, contudo, fazer a aproximação entre os conceitos de Estado burguês e Estado
político pela boa e simples razão que ele próprio concebe o Estado burguês como separado dasociedade, isto é, ele sucumbe à problemática hegeliana – e burguesa – do Estado. Isso não aparecede forma desenvolvida no seu texto, porém inúmeras vezes esse autor afirma que a separação entresociedade civil e Estado é uma tese hegeliana e marxista (Lukács, 2009, p.153, 154, 165, 167, 171,175). Outra impropriedade, que está ligada à anterior, consiste em promover uma equivalênciaentre a análise que o jovem Marx faz do Estado político, como manifestação invertida e falseadada essência humana (= vivência ilusória, por parte dos indivíduos alienados, do congraçamentocomunitário no Estado), com a análise marxista e leninista que destaca os aspectos formais dademocracia burguesa (Lukács, 2009, p.167).
Miolo_Rev_Critica_Marxista-36_(3PROVA).indd 47 02/04/2013 23:33:16
7/24/2019 Armando Boito - Crítica Luckács
http://slidepdf.com/reader/full/armando-boito-critica-luckacs 6/13
48 • Crítica Marxista, n.36, p.43-53, 2013.
Miolo_Rev_Critica_Marxista-36_(3PROVA).indd 48 02/04/2013 23:33:16
7/24/2019 Armando Boito - Crítica Luckács
http://slidepdf.com/reader/full/armando-boito-critica-luckacs 7/13
Emancipação e revolução: crítica à leitura lukacsiana do jovem Marx • 49
Miolo_Rev_Critica_Marxista-36_(3PROVA).indd 49 02/04/2013 23:33:17
7/24/2019 Armando Boito - Crítica Luckács
http://slidepdf.com/reader/full/armando-boito-critica-luckacs 8/13
50 • Crítica Marxista, n.36, p.43-53, 2013.
2 No terceiro capítulo do Manifesto , intitulado “Literatura socialista e comunista”, que é uma primo-rosa análise do discurso ideológico, Marx e Engels, falando do socialismo alemão, escrevem: “Nascondições alemãs, a literatura [socialista] francesa perdeu toda significação prática imediata e tomouum caráter puramente literário. Aparecia apenas como especulação ociosa sobre a realização da
essência humana. [...] Os literatos alemães [...] introduziram suas insanidades filosóficas no originalfrancês. Por exemplo, sob a crítica francesa das funções do dinheiro, escreveram ‘alienação daessência humana’; sob a crítica francesa do Estado burguês, escreveram ‘superação do domínioda universalidade abstrata’, e assim por diante. [...] E como nas mãos dos alemães essa literaturatinha deixado de ser a expressão da luta de uma classe contra a outra, eles se felicitaram [...] porterem [...] defendido [...] não os interesses do proletário, mas os interesses do ser humano, do ho-mem em geral, do homem que não pertence a nenhuma classe nem à realidade alguma e que sóexiste no céu brumoso da fantasia filosófica” (Marx; Engels, 2005, p.62-63). Essa crítica de Marxe Engels à metafísica humanista é, também, uma autocrítica de suas ideias e textos de juventude.
Miolo_Rev_Critica_Marxista-36_(3PROVA).indd 50 02/04/2013 23:33:17
7/24/2019 Armando Boito - Crítica Luckács
http://slidepdf.com/reader/full/armando-boito-critica-luckacs 9/13
Emancipação e revolução: crítica à leitura lukacsiana do jovem Marx • 51
Miolo_Rev_Critica_Marxista-36_(3PROVA).indd 51 02/04/2013 23:33:17
7/24/2019 Armando Boito - Crítica Luckács
http://slidepdf.com/reader/full/armando-boito-critica-luckacs 10/13
52 • Crítica Marxista, n.36, p.43-53, 2013.
Miolo_Rev_Critica_Marxista-36_(3PROVA).indd 52 02/04/2013 23:33:17
7/24/2019 Armando Boito - Crítica Luckács
http://slidepdf.com/reader/full/armando-boito-critica-luckacs 11/13
Emancipação e revolução: crítica à leitura lukacsiana do jovem Marx • 53
Miolo_Rev_Critica_Marxista-36_(3PROVA).indd 53 02/04/2013 23:33:17
7/24/2019 Armando Boito - Crítica Luckács
http://slidepdf.com/reader/full/armando-boito-critica-luckacs 12/13
196 • Crítica Marxista, n.36
Benjamin leitor de Marx: nasenda de Das Passagen-Werk
ANITA HELENA SCHLESENER
Resumo: O presente artigo traz reflexões acerca das citações de Benjamin apresentadas
em Das Passagen-Werk a propósito dos escritos de Marx. As anotações explicitam o
conceito de trabalho e o processo de autoalienação do trabalhador na análise do modo
como se organizam as relações de trabalho e se produzem os valores (de uso e de troca)
na sociedade capitalista a fim de explicitar a psicologia burguesa e a alienação como um
processo extensivo a todas as situações da vida. Benjamin pretende entender como a
economia encontra expressão na cultura, materializada na arquitetura de Das Passagen-
-Werk , no século XIX.
Palavras-chave: trabalho, alienação, fetiche, inconsciente, encantamento.
Abstract : This paper proposes some reflections on Walter Benjamin’s quotations on Marx
in Das Passagen-Werk . These notes explain the concept of work and the process of self-
-alienation of the worker as it analysis how labor relations are organized and how they
produce values (use and exchange) in capitalist society. The aim is to explain the bourgeois
psychology and alienation as a process extensive to all situations in life. Benjamin intends
to understand how the economy finds expression in culture embodied in the architecture
of Das Passagen-Werk , in the nineteenth century.
Keywords: work, alienation, fetish, unconscious, enchantment.
Emancipação e revolução:crítica à leitura lukacsiana dojovem Marx
ARMANDO BOITO JR.
Resumo: Este artigo mostra a incompatibilidade entre o par de conceitos emancipação
política/emancipação humana, presente nos escritos de juventude de Marx, e o par revo-
lução burguesa/revolução socialista, presente na sua obra de maturidade. Critica a tese
de Georg Lukács e de autores brasileiros que sustentam haver uma equivalência entre
esses dois pares conceituais.
Palavras chave: Marx, humanismo, emancipação, revolução, Lukács.
Abstract : This article shows the incompatibility between the conceptual pair “emancipation
policy /human emancipation”, present in Marx’s early writings, and the pair “bourgeois
revolution/socialist revolution” present in his mature work. It criticizes the thesis of
Miolo_Rev_Critica_Marxista-36_ 3PROVA).indd 196Miolo_Rev_Critica_Marxista-36_(3PROVA).indd 196 02/04/2013 23:33:2602/04/2013 23:33:26
7/24/2019 Armando Boito - Crítica Luckács
http://slidepdf.com/reader/full/armando-boito-critica-luckacs 13/13
Crítica Marxista, n.36 • 197
Georg Lukács and some Brazilian authors who claim an equivalence between these two
conceptual pairs.
Keywords: Marx, humanism, emancipation, revolution, Lukács.
Problemas fundamentais da“segunda servidão” na EuropaCentral e Oriental
SERGEY D. SKAZKINE
Resumo: A segunda servidão na Europa Central e Oriental caracterizou-se pelo surgimentonessas regiões, a partir do século XV, de grandes domínios baseados na corveia e produ-
zindo para a exportação. A linha traçada pelo Rio Elba separava as áreas onde, na Baixa
Idade Média, predominaram o Gutsherrschaft (economia dominial baseada na corveia) e
o Grundherrschaft (senhorio sobre posse camponesa). Embora retomando o Gutsherrs-
chaft da Alta Idade Média, a segunda servidão resultou de fatores distintos: de um lado,
a importância assumida pela exportação de grãos para os mercados abertos pelos países
comerciais e industriais mais desenvolvidos do Oeste e, por outro, da fraqueza das cidades
e dos citadinos no Leste. Diante de uma nobreza forte e sem apoio nas demais classes,
os camponeses foram incapazes de resistir à pressão dos senhores feudais ávidos por au-
mentarem seus rendimentos e sucumbiram às mais duras formas de dependência feudal.
Palavras-chave: servidão, senhorio dominial, Junkers, corveia.
Abstract : The second serfdom in Central and Eastern Europe distinguished itself by the
rise in these regions from the fifteenth century onward of large dominions, based on corvée
and producing for export. The line drawn by the Elbe River separates areas where, in the
Low Middle Ages prevailed the Gutsherrschaft (dominion economy based on corvée) and
Grundherrschaft (manoir and peasant tenure). The Gutsherrschaft borrowed its form from
the High Middle Ages, but occurred for different reasons: first, one must take in account
the importance assumed by the export of grains to the markets of the commercial and
industrial countries developed in the West; secondly, the cities and the city dwellers in the
East were too weak to help the peasants face the demands of a strong nobility. Without
support in the other classes, the peasants were unable to resist the pressure of feudal lords
eager to boost their yields and succumbed to the harshest forms of feudal dependence.
Keywords: Junkers, dominion economy, serfdom, corvée.