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ARCADISMO
ou NEOCLASSICISMO
Portugal: 1756 __________ 1825 Fundação da “Arcádia Lusitana”
Brasil: 1768 _____________ 1836 Edição de Obras poéticas, de Cláudio Manuel da Costa
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Arcádia: região mitológica onde os pastores se reúnem.
mitologia: cultura greco-latina
pastores: bucolismo, busca da paz e da tranquilidade do campo.
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Nicolas Poussin, “Os Pastores da Arcádia”, c. 1640
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Características do Arcadismo:
1.Racionalismo:uso da razão – Século das Luzes – desenvolvimento técnico e científico;
2.Universalismo:conceito de macro e micro universos;
3.Cultura greco-latina: Neoclassicismo (Luzes XVIII)
recuperação do Classicismo (Renascimento XVI);
4.Formalismo:modelos greco-latinos a imitar (mimesis);
5.Bucolismo: simplicidade e tranquilidade do campo:
fugere urbem (fugir da cidade),
aurea mediocritas (pura simplicidade ou equilíbrio),
locus amoenus (lugar sossegado, ameno),
carpe diem (aproveitar o momento);
6.Inutilia Truncat: cortar o inútil, isto é, o rebuscamento (conflitos e confeitos) do Barroco;
7.Pastoralismo: fingimento poético (apelido bucólico).
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Teocentrismo Antropocentrismo
Dualismo
Rebuscamento: Obsuridade
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Inutilia truncat: cortar o inútil
Racionalismo: Luzes
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Enquanto pasta alegre o manso gado,
Minha bela Marília, nos sentemos
À sombra deste cedro levantado.
Um pouco meditemos
Na regular beleza,
Que em tudo quanto vive, nos descobre
A sábia natureza. (lira 19, parte I)
carpe diem pastoralismo locus amoenus racionalismo
aurea mediocritas revelação (luz) bucolismo
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Francois Boucher, “The Fountain of Love” - 1748
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financia o crédito rural
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Questão 01: Estabeleça duas escolas literárias, em sequência cronológica, as quais apresentam preocupação urbana e campestre, respectivamente.
Resposta:
Barroco
século XVII
urbano
dual
rebuscado
conflituoso
Arcadismo
século XVIII
campestre
bucólico
harmônico
simples
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Define a sua cidade -
MOTE
De dous ff se compõe
esta cidade a meu ver:
um furtar, outro foder.
VOLTA
Se de dous ff composta
está a nossa Bahia,
errada a ortografia
a grande dano está posta:
eu quero fazer aposta,
e quero um tostão perder,
que isso a há de peverter,
se o furtar e o foder bem
não são os ff que tem
Esta cidade a meu ver. (Gregório de Matos)
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Lira 5,I
Aqui um regato
Corria sereno
Por margens cobertas
De flores, e feno:
A esquerda se erguia
Um bosque fechado,
E o tempo apressado,
Que nada respeita,
Já tudo mudou.
São estes os sítios?
São estes; mas eu
O mesmo não sou.
Marília, tu chamas?
Espera, que eu vou. (Tomás. A. Gonzaga)
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Questão 02: Observe o cartaz do “Banco do Brasil”.
Com base na questão 01, associe uma possível relação
entre o mundo atual e a perspectiva para o homem.
Resposta:
Barroco - ATUAL Arcadismo - FUTURO
século XVII século XVIII
urbano campestre
dual bucólico
rebuscamento harmonia
conflito simplicidade
consumo
poluição
violência
Ecologia
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Manoel Maria Barbosa du Bocage (Setúbal, 1765 – Lisboa, 1805)
* grande sonetista (preocupação formal);
* imitou Luís de Camões na vida e na obra;
* marinheiro, viveu a decadência do poderio colonial português;
* escreveu 2 tipos de poesia:
satírico e lírico;
* participou da “Nova Arcádia” como Elmano Sadino;
* desregrado, frequentou botequins lisboetas:
“Bar do Nicola” e “Boteco das Parras”;
* passou praticamente os últimos 10 anos de vida com a saúde abalada (sequelas de sífilis);
* faleceu aos 40 anos, de aneurisma pulmonar.
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O Bocage satírico está dividido em
gracioso (com situações anedóticas) e
fescenino (esboçando licenciosidade).
De modo semelhante a Gregório de Matos,
escritor do Barroco brasileiro,
Barbosa du Bocage rebaixava seus objetos de
sátira ou de crítica e não se preocupava em fixar
as características da escola de época:
Casou-se um bonzo (religioso) da China
Com uma mulher feiticeira.
Nasceram três filhos gêmeos .
Um burro, um frade e uma freira.
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Rimas (1791)
velha: redondilho
2 medidas
nova: decassílabo 2 estilos
árcade: convencional pré-romântico: confessional
•Bucolismo
•Harmonia
•Racionalismo
•Mitologia
•Formalismo
•Idealismo
•Sentimentalismo
•Egocentrismo
•Mitologia
•Formalismo
luz – locus amoenus escuro – locus horrendus
CAMPO MORTE
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Camões, grande Camões, quão semelhante
Acho teu fado ao meu, quando os cotejo!
Igual causa nos fez, perdendo o Tejo,
Arrostar co’o sacrílego gigante;
Como tu, junto ao Ganges sussurrante,
Da penúria cruel no horror me vejo;
Como tu, gostos vãos, que em vão desejo,
Também carpindo estou, saudoso amante.
Ludíbrio, como tu, da Sorte dura
Meu fim demando ao Céu, pela certeza
De que só terei paz na sepultura.
Modelo meu tu és...Mas, oh tristeza!...
Se te imito nos transes da Ventura,
Não te imito nos dons da Natureza.
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Tomás Antônio Gonzaga (Porto, 1744? - Moçambique, 1810)
* juiz ouvidor em Vila Rica (Ouro Preto);
* mentor da Inconfidência Mineira (1789);
* escreveu 2 tipos de poesia: satírico e lírico;
* enamorou-se, de fato, da jovem Maria Dorotéia
Joaquina de Seixas Brandão (a pastora Marília);
* no exílio, em Moçambique, seguiu vida e
casou-se com Juliana de Sousa Mascarenhas.
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Marília de Dirceu (1792), primeira parte.
• amores do pastor Dirceu (T.A. Gonzaga) pela
pastora Marília (Maria Dorotéia);
• tematicamente, dividida em duas partes:
1. livre: dotes da pastora Marília
dotes do pastor Dirceu
casal simples, equilibrado e harmonioso, à mercê
do tempo (carpe diem).
2. preso: saudade da pastora Marília
dotes do Dirceu (auto elogio)
solidão, angústias e compensações sentimentais.
árcade
pré romântico
locus amoenus
locus horrendus
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Os teus olhos espalham luz divina,
A quem a luz do Sol em vão se atreve:
Papoula, ou rosa delicada, e fina,
Te cobre as faces, que são cor de neve.
Os teus cabelos são uns fios d’ouro;
Teu lindo corpo bálsamos vapora.
Ah! Não, não fez o Céu, gentil Pastora,
Para glória de Amor igual tesouro.
Graças, Marília bela,
Graças à minha Estrela!
(lira 1, parte I)
Árcade: objetivo e universal.
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Pintam, Marília, os Poetas
A um menino vendado,
Com uma aljava de setas,
Arco empunhado na mão;
Ligeiras asas nos ombros,
O tenro corpo despido,
E de Amor, ou de Cupido
São os nomes, que lhe dão.
Porém eu, Marília, nego,
Que assim seja Amor; pois ele
Nem é moço, nem é cego,
Nem setas, nem asas tem.
Pré romântico: subjetividade e sentimentalismo.
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Ora pois, eu vou formar- lhe
Um retrato mais perfeito,
Que ele já feriu meu peito;
Por isso o conheço bem.
Os seus compridos cabelos,
Que sobre as costas ondeiam,
São que os de Apolo mais belos;
Mas de loura cor não são.
Têm a cor da negra noite;
E com o branco do rosto
Fazem, Marília, um composto
Da mais formosa união.
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(...)
Tu, Marília, agora vendo
De Amor o lindo retrato,
Contigo estarás dizendo,
Que é este o retrato teu.
Sim, Marília, a cópia é tua,
Que Cupido é Deus suposto:
Se há Cupido, é só teu rosto,
Que ele foi quem me venceu.
(lira 2, parte I)
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De amar, minha Marília, a formosura
Não se podem livrar humanos peitos.
Adoram os Heróis, e os mesmos brutos
Aos grilhões de Cupido estão sujeitos.
Quem, Marília, despreza uma beleza
A luz da razão precisa;
E se tem discurso, pisa
A lei, que lhe ditou a Natureza.
Cupido entrou no céu. O grande Jove
Uma vez se mudou em chuva de ouro;
Outras vezes tomou as várias formas
De General de Tebas, velha e touro.
Referências mitológicas (cultura clássica).
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O próprio deus da Guerra, desumano,
Não viveu de amor ileso;
Quis a Vênus e foi preso
Na rede, que lhe armou o deus Vulcano.
Se amar uma beleza se desculpa
Em quem ao próprio céu a terra move,
Qual é a minha glória, pois igualo,
Ou excedo no amor ao mesmo Jove?
Amou o Pai dos deuses Soberano
Um semblante peregrino;
Eu adoro o teu divino,
O teu divino rosto e sou humano.