Mycospharella fijiensis, agente causal da Sigatoka Negra
da bananeira Praga Quarentenária A2
Dauri José Tessmann
Eng. Agrônomo Dr., Professor do Departamento de Agronomia Universidade Estadual de Maringá
II Semana Integrada de Cursos CFO/CFOC da ADAPAR. Londrina, PR, 2015
Sigatoka Amarela Mycosphaerella musicola
Sigatoka Negra Mycosphaerella fijiensis
Foto: Embrapa
Mais agressiva Ataca severamente as
variedades Prata e Cavendish Pode substituir a Sigatoka
amarela.
Impacto da Sigatoka negra
Foto: Wilson Moraes ; http://www.idaf.e1s.gov.br/images/Sigatoka
Frutos de plantas severamente atacadas amadurecem precocemente na planta ou não completam seu desenvolvimento – causa banana ácida
Causa perdas de até 100% da produção
Ocorrência no Mundo
Identificada na Ilha de Fiji no
´Sigatoka Valley´, em 1963 Honduras ( 1972)
Colômbia ( 1981)
Venezuela ( 1991)
Brasil (1998)
Sigatoka Negra no Brasil (Adaptado de Cordeiro e Matos, 2012)
* B. Constant 1998
1999
2004
• Unidades federativas de ocorrência:
Norte: Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Roraima Centro-Oeste: Mato Grosso, Mato Grosso do Sul,
Rondônia, Sudeste: Minas Gerais, São
Paulo Sul: Paraná, Santa Catarina Rio Grande do Sul
http://www.agricultura.gov.br/vegetal/importacao/requisitos-fitossanitarios/quarentena/lista-de-pragas
2004
2004
Sintomatologia da Sigatoka Negra
http://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br/FontesHTML/Banana/BananaPara/doencas_f4.jpg Foto: APS
Primeiros sintomas na face inferior das folhas mais novas como estrias marrom (sem halo amarelo).
As estrias de cor marrom evoluem para estrias negras.
MORAES et al. (2013)
Traço Estria Mancha com halo amarelo e
mancha necrótica
Sintomatologia da Sigatoka Negra
Evolução dos sintomas da doença: Fase I - Ponto: de cor marrom-café, Fase II – Traço: cor marrom-café, limitados entre as nervuras paralelas; Fase III –Estria: os traços se unem formando estrias mais espessas de cor
marrom-café. Fase IV -Mancha negra; Fase V - Mancha negra com halo amarelo; Fase VI - Mancha negra com centro necrosado.
inicialmente na extremidade inferior esquerda da primeira e segunda folha
Lupa Olho-nú
MORAES et al. (2013)
Pontuações = pseudotécios
Foto: APS
Sigatoka Amarela Mycosphaerella musicola
Sigatoka Negra Mycosphaerella fijiensis
Características Sigatoka Amarela Sigatoka Negra Primeiros sintomas
Estrias amarelo-claras na face superior da folha
Estrias marrons na face inferior da folha
Halo amarelo comum Nem sempre presente
Frequência de lesões na folha
Baixa Alta
Lesões jovens Melhor visibilidade na face superior da folha
Melhor visibilidade na face inferior da folha
Coalescimento das lesões
Normalmente ocorre nos estádios finais das lesões
Normalmente ocorre ainda na fase de estrias – deixa o tecido lesionado
preto
Susceptibilidade das cultivares
Subgrupo Terra é resistente e a ´Ouro´ é altamente susceptível
Subgrupo Terra é susceptível e a ´Ouro´ é resistente
Diferenciação entre Sigatoka Amarela e Sigatoka Negra [Adaptado de Cordeiro (1999) e Cordeiro et al. (2005)]
Agente causal: Mycosphaerella fijiensis Morelet • Nome estabelecido com base nas estruturas da fase
sexuada, perfeita ou teleomórfica. • ´Current name´ (=nome atualizado) da espécie, de acordo
com www.mycobank.org • O nome Paracercospora fijiensis (Morelet) Deighton,
estabelecido com base na fase assexuada, é atualmente considerado ´anamorph synonym´ .
Etiologia da Sigatoka Negra
Classificação (http://www.mycobank.org; e http://www.indexfungorum.org)
Reino: Fungi, Filo: Ascomycota, Sub-filo: Pezizomycotina, Classe: Dothideomycetes, Ordem: Capnodiales Família: Mycosphaerellaceae
Current Name: Mycosphaerella fijiensis M. Morelet, Ann. Soc. Sci. Nat. Arch. Toulon et du Var 21: 105 (1969) Synonymy: • Cercospora fijiensis M. Morelet (1969) • Cercospora fijiensis var. difformis J.L. Mulder & R.H. Stover (1976) • Cercospora fijiensis M. Morelet var. fijiensis (1969) • Mycosphaerella fijiensis var. difformis J.L. Mulder & R.H. Stover (1976) • Mycosphaerella fijiensis M. Morelet (1969) var. fijiensis • Paracercospora fijiensis (M. Morelet) Deighton (1979) • Paracercospora fijiensis var. difformis (J.L. Mulder & R.H. Stover) Deighton
(1979) • Paracercospora fijiensis (M. Morelet) Deighton (1979) var. fijiensis • Pseudocercospora fijiensis (M. Morelet) Deighton (1976)
Synonymy Contributor(s): Kew Mycology (2013)
http://www.speciesfungorum.org/ Search in 26 June 2015
Biologia de Mycosphaerella fijiensis
Produz conídios, principalmente na face inferior das folhas com sintomas de estrias
Os conídios são disseminados a curtas distâncias (chuva + vento).
Fase assexuada ou imperfeita
Fotos conídios e conidióforos: Arzanlou et al (2008; Perssonia 20: 19-37)
Conidióforo
Fase sexuada ou perfeita
Pseudotécio
Produz ascósporos em maior quantidade do que conídios, no tecidos necrosado .
Os ascósporos são disseminados a longas distâncias, pelo vento
Ascósporos
Desenho e foto: APS
Conídios
Diferenciação de Mycosphaerella musicola de M. fijiensis Morfologia de conidióforos e conídios (fase assexuada)
M. musicola (Sigatoka amarela)
M. fijiensis (Sigatoka negra)
• Conidióforos formados em fascículos, em ambas as faces da folha , no tecido necrosado.
• Conídios com tamanho 18-81 x 2-6 micrômetros, com 0-6 septos e hilo indistinto.
• Conidióforos emergem pelos estômatos e são formados isoladamente ou em pequenos grupos, no tecido com estrias
• Conídios com tamanho de 30-132 x 2,5 micrômetros, com 1-10 septos e hilo espessado
Molecular – por PCR Johanson and Jeger (1993; Mycological Research 97: 670-674)
Fotos: Arzanlou et al (2008)
Adaptado de Ventura e Costa (2004) - Incaper
Sigatoka Amarela Mycosphaerella musicola
Sigatoka Negra Mycosphaerella fijiensis •Conidióforos são
formados isoladamente ou em pequenos grupos
•Emergem dos estômatos
•Conidióforos formados em fascículos, em ambas as faces da folha , no tecido necrosado.
Diferenciação entre Sigatoka Negra e Sigatoka Amarela
Ascósporos infectam as folas pelos estômatos
Ascósporos são dispersos pelo vento, infectando novas plantas
Ascósporos (esporo de origem sexual)
Pseudotécio
Espermogônios
Espermácias
Fertilização
Forma Conídios (esporos de origem assexual)
Conídios infectam sadios pelos estômatos)
Ciclo da doença e epidemiologia da Sigatoka Negra
Adaptado de APS Press
As infecções ocorrem nas folhas mais novas
Sobrevivência do fungo: • 60 dias em folhas de bananeira e tecidos de algodão;
•30 dias em papelão, madeira,
•18 dias em frutos
Condições favoráveis para a ocorrência da Sigatoka Negra
Adaptado de APS Press
Hospedeiro
Bananeira (Musa spp.)
Heliconia spp.
Foto: L. Gasparotto
Ambiente Temperatura > 21 oC ótima: 25-28 oC Umidade relativa alta
e período chuvoso prolongado
Patógeno
Duração e intensidade das chuvas e temperatura
Concentração de ascósporos de Mycosphaerella fijiensis no Vale do Ribeira, SP. no período de 02/setembro/2008
a 29/setembro/2009 (UCHOA, 2010)
Disseminação da Sigatoka Negra
Mudas infectadas Associada a frutos, folhas para proteção de
cargas e embalagens originadas de áreas com a doença. Esporos: conídios – curta distância
Ascósporos – longas distâncias
Sistema de Mitigação de Risco para a Sigatoka Negra – IN SAD no. 17 de 31/05/2005
Manejo da Sigatoka Negra
Visa diminuir o impacto da doença
Áreas onde for detectada a presença de Sigatoka Negra possibilitando ao produtor a manutenção da sua atividade e a comercialização do seu produto.
Adotar o manejo integrado da Sigatoka negra, incluindo se necessário o controle químico, com fungicidas registrados.
Medidas de exclusão -> preventivas
Manejo da Sigatoka Negra
Princípio da Exclusão: não deixar o patógeno entrar em áreas livres da
doença
Prevenção: Utilizar mudas sadias Cuidado com folhas de bananeira como material protetor da
fruta, caixas e cargas de banana, durante o transporte
Resistência genética • A doença ataca as cultivares consideradas
resistentes à Sigatoka amarela.
• As cultivares Maçã, Nanicão, Nanica, Prata, além da terra, são altamente suscetíveis.
• Cultivares como FHIA 01, FHIA 02, FHIA 18, FHIA 21, Thap Maeo, Prata Zulu, Pacovan Ken e Caipira são mais tolerantes a doença.
Manejo da Sigatoka Negra
Manejo cultural • Eliminação dos bananais abandonados e não-tratados • Drenagem dos solos encharcados • Nutrição adequada • Controle de plantas invasoras • Desfolha sanitária: - corte e cirurgia de folhas atacadas e - eliminação de plantas severamente atacadas.
Manejo da Sigatoka Negra
Manejo da Sigatoka Negra
Controle químico (Moraes et al. 2005)
• Aplicações de fungicidas sistêmicos (curativos) do grupo químico dos triazóis e estribirulinas em misturas com água e óleo mineral (25 a 50%), para o período chuvoso com elevadas temperaturas.
• Alternância de produtos sistêmicos e protetores (mancozeb), para o período de temperaturas médias mínimas inferiores a 20o C e menos chuvosos.
Controle químico: via aérea ou via axila http://celepar07web.pr.gov.br/agrotoxicos/
Gasparotto e Pereira (2008)
Manejo da Sigatoka Negra
via axila
Manejo da Sigatoka Negra Medidas preventivas Resistência genética Medidas culturais Controle químico
Monitoramento da doença – Método de Estado da Evolução
CIRAD (1972) Modificado por Moraes et al.
(2005; Pesquisa e Tecnologia 8(2) Jul-Dez)
10 plantas/ponto
Em função do número de pontos gerados se recomenda
a pulverização
Obrigado [email protected]