ANÁLISE BIBLIOMÉTRICA DO GERENCIAMENTO
DE RISCOS COMO PARTE INTEGRANTE DA
ESTRATÉGIA COMPETITIVA.
GABRIEL HENRIQUE SILVA RAMPINI - [email protected]
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO - USP - POLI
FERNANDO JOSÉ BARBIN LAURINDO - [email protected]
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO - USP - POLI
ANA MARIA SAUT - [email protected]
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO - USP
FERNANDO TOBAL BERSSANETI - [email protected]
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO - USP - POLI
Área: 7 - GESTÃO ESTRATÉGICA E ORGANIZACIONAL
Sub-Área: 7.1 - PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO E OPERACIONAL DA ESTRUTURA
ORGANIZACIONAL
Resumo: OS ESTUDOS DE ESTRATÉGIA COMPETITIVA AO LONGO DO TEMPO
CRESCEM DE IMPORTÂNCIA TANTO NO MUNDO ACADÊMICO QUANTO NO
MUNDO CORPORATIVO. O QUE ANTES ERA TRATADO DE MANEIRA ISOLADA,
NOS DIAS ATUAIS SÃO IMPRESCINDÍVEIS À SOBREVIVÊNCIA DE UMA
ORGANNIZAÇÃO. ASSIM, AS PARTES QUE COMPÕEM OS PROCESSOS
ESTRATÉGICOS DAS INSTITUIÇÕES DEVEM SER ESTUDADAS DE FORMA
CONTÍNUA VISANDO A OTIMIZAÇÃO DE TODO PROCESSO. NESSE DIAPASÃO
ESTÁ O GERENCIAMENTO DE RISCOS, QUE APESAR DE POSSUIR UMA GAMA DE
DIRETRIZES E FRAMEWORKS, É POUCO APLICADO NO CONTEXTO DA
ESTRATÉGIA COMPETITIVA, NÃO OCUPANDO PAPEL RELEVANTE NA
IMPLEMENTAÇÃO DOS PROCESSOS. SENDO ASSIM, O PRESENTE ARTIGO TEM
COMO OBJETIVO TRAÇAR UM PERFIL SOBRE A INSERÇÃO DO GERENCIAMENTO
DE RISCOS NAS PRODUÇÕES CIENTÍFICAS VOLTADAS AO ESTUDO DA
ESTRATÉGIA COMPETITIVA. PARA ATINGIR O OBJETIVO REALIZOU-SE UMA
ANÁLISE BIBLIOMÉTRICA COM UM AMOSTRA DE ARTIGOS PERTENCENTES À
PRINCIPAL COLEÇÃO DA WEB OF SCIENCE E À BASE SCOPUS, DE 2001 À 2016.
COM AS ANÁLISES DESCRITIVAS E DE CONTEÚDO FOI POSSÍVEL IDENTIFICAR A
EVOLUÇÃO CONSISTENTE DAS PUBLICAÇÕES, A DIVERSIDADE DE PERIÓDICOS
INTERESSADOS NO ASSUNTO, A AUSÊNCIA DE NÚCLEOS DE ESPECIALISTAS NO
ASSUNTO E A INTERDISCIPLINARIDADE ENTRE ESTRATÉGIA, RISCOS E CADEIA
DE SUPRIMENTOS.
Palavras-chaves: ESTRATÉGIA COMPETITIVA; GERENCIAMENTO DE RISCOS;
ANÁLISE BIBLIOMÉTRICA
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BIBLIOMETRIC ANALYSIS OF RISK
MANAGEMENT AS AN INTEGRAL
PART OF THE COMPETITIVE
STRATEGY.
Abstract: OVER TIME COMPETITIVE STRATEGY STUDIES HAVE GROWN IN
IMPORTANCE IN ACADEMIA AS WELL AS IN THE CORPORATE WORLD. WHAT
WAS FORMERLY HANDLED IN ISOLATION, NOWADAYS ARE IMPERATIVE FOR
THE SURVIVAL OF AN ORGANIZATION. THUS, PARTS THAT COMPOSE THEE
STRATEGIC PROCESSES OF THE INSTITUTIONS ARE STUDIED IN A CONTINUOUS
WAY AIMING AT AN OPTIMIZATION OF THE WHOLE PROCESS. IN THIS DIAPASON
IS RISK MANAGEMENT, WHICH HAS A RANGE OF GUIDELINES AND
FRAMEWORKS, BUT IS LITTLE APPLIED IN THE CONTEXT OF COMPETITIVE
STRATEGY, DOES NOT PLAYING A RELEVANT ROLE IN THE IMPLEMENTATION
OF PROCESSES. THUS, THE PRESENT ARTICLE AIMS TO OUTLINE A PROFILE ON
AN INSERTION OF RISK MANAGEMENT IN THE SCIENTIFIC PRODUCTIONS
FOCUSED ON THE STUDY OF COMPETITIVE STRATEGY. FOR THIS, A
BIBLIOMETRIC ANALYSIS WITH A SAMPLE OF ARTICLES BELONGING TO THE
MAIN COLLECTION OF WEB OF SCIENCE AND THE SCOPUS BASE, FROM 2001 TO
2016, WAS HELD. THE DESCRIPTIVE AND CONTENT ANALYSIS ALLOWED TO
IDENTIFY A CONSISTENT EVOLUTION OF PUBLICATIONS, A DIVERSITY OF
JOURNALS INTERESTED IN THE SUBJECT, A LACK OF SPECIALIST NUCLEI AND
AN INTERDISCIPLINARITY BETWEEN STRATEGY, RISKS AND SUPPLY CHAIN.
Keyword: COMPETITIVE STRATEGY; RISK MANAGEMENT; BIBLIOMETRIC
ANALYSIS
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1. Introdução
A estratégia competitiva é um conceito que ao longo do tempo vem se consolidando
tanto no mundo acadêmico quanto no mundo corporativo. Inicialmente a estratégia era tratada
de maneira isolada pelas empresas, o que na realidade não agregava valor considerável às
mesmas, pois é através do conhecimento do ambiente competitivo que são extraídas as bases
para uma gestão estratégica (PORTER, 1979). Assim, as demandas corporativas aliadas às
pesquisas científicas sobre o tema fizeram com que a estratégia competitiva ocupasse papel
relevante nos estudos da comunidade acadêmica, ampliando sua implementação nas
organizações (CHRISTENSEN, 1997).
Uma forma apresentada por Eisenhardt e Sull (2001) foi o processo estratégico das
regras simples. O sucesso de sua implementação está relacionado a um reduzido número de
regras seguidos rigorosamente pelas organizações. Um grande desafio foi associar o
planejamento estratégico ao pensamento estratégico, pois o não alinhamento desses dois
conceitos acarreta processos de tomada de decisão burocráticos e uma formalização arbitrária
(CARVALHO; LAURINDO, 2007).
Dentre as características contempladas na lógica estratégica das regras simples está o
gerenciamento de riscos, que apesar de possuir uma gama de diretrizes e frameworks, é pouco
aplicado no contexto da estratégia competitiva, não ocupando um papel relevante na
implementação dos processos (OLECHOWSKI et al., 2016). Além disso, apesar de as
produções científicas intensificarem as investigações sobre estratégia competitiva, é raro
identificar na literatura como o gerenciamento de riscos está inserido nessa grande área do
conhecimento.
Dessa forma, com a solidificação do tema estratégia na literatura e verificando que o
estudo sobre gestão de riscos é uma fonte de crescimento para as organizações, pois estão
relacionados a inovação e estratégia (HILLSON, 2002), a investigação sobre o gerenciamento
de riscos como parte integrante da estratégia competitiva possibilita identificar as principais
fontes de informação sobre estratégia utilizadas e analisar características acadêmicas sobre o
tema, obtendo-se assim, um mapa literário da área de conhecimento (VANZ; CAREGNATO,
2003).
A gestão estratégica das atitudes em relação ao risco é uma área de investigação
especialmente importante dentro de um ambiente competitivo cada vez mais global
(PORTER, 1985). Nessa senda, o presente artigo tem como objetivo traçar um perfil sobre a
inserção do gerenciamento de riscos nas produções científicas voltadas ao estudo da estratégia
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competitiva. Para atingir esse objetivo será realizada uma análise bibliométrica através de
uma revisão da literatura e análise de conteúdo de artigos. Segundo Randolph, 2009, tal
metodologia permite a realização de uma pesquisa consistente e uma apresentação de
resultados direta da literatura acadêmica sobre a gestão de riscos inserida no contexto da
estratégia competitiva.
2. Referencial Teórico
2.1 Estratégia Competitiva
O conceito de estratégia competitiva pode ser empregado em diversas áreas do
conhecimento e seu significado tem-se ampliado ao longo do tempo, desde a utilização em
manobras militares à ações empregadas no mundo corporativo (CAMARGOS; DIAS, 2003).
Segundo Henderson (1989), estratégia é uma busca deliberada de um plano de ação
que irá desenvolver a vantagem competitiva de um negócio e seus componentes. A essência
da formulação de uma estratégia competitiva é relacionar uma companhia a seu meio
ambiente (PORTER, 1996). Considera-se como um processo iterativo que se inicia com o
reconhecimento do ambiente em que se está inserido e a avaliação dos concorrentes, cujo
objetivo é ampliar a vantagem competitiva através dos diferenciais apresentados em relação
aos demais competidores (SU; DHANORKAR; LINDERMAN, 2015).
Um outro enfoque é dado quando define-se a estratégia como ações de incentivo e
desenvolvimento de competências essenciais (PRAHALAD; HAMEL, 1990). Com o fomento
de tais competências, as entidades conseguem compartilhar custos, sem necessidade de um
investimento maior que seus concorrentes em pesquisa e desenvolvimento (CARVALHO;
LAURINDO, 2007).
Compilando as ideias apresentadas e de acordo com Porter (1996), este artigo
considera estratégia competitiva como um conjunto de ações desenvolvidas pelas entidades
que criam uma posição vantajosa perante seus concorrentes e facilitam a adaptação no
ambiente externo em que estão inseridas.
2.2 Processo Estratégico das Regras Simples
Em 2001, os pesquisadores Kathleen M. Eisenhardt e Donald N. Sull publicaram na
Havard Business Review o artigo intitulado Strategy as Simple Rules. Desde então e até o mês
de abril do ano 2017 este artigo foi citado 190 vezes na base de dados Scopus e 40 vezes na
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principal coleção da base de dados Web of Science, demonstrando sua difusão entre os
pesquisadores do tema.
O artigo apresenta o processo estratégico das regras simples. Esse processo se
diferencia das estratégias tradicionais por se concentrar nos principais processos estratégicos e
desenvolver regras simples que os moldem. Ressalta-se que em mercados considerados
estáveis, os gerentes podem confiar em estratégias complexas, baseando-se em previsões
futuras (EISENHARDT, 1999); entretanto, em mercados instáveis, onde decisões precisam
ser tomadas constantemente, o excesso de regras pode inviabilizar os objetivos, sendo viável a
utilização de estratégias simples.
As empresas que utilizam a estratégia das regras simples, por vezes são acusadas de
não possuírem quaisquer estratégias, entretanto devido sua lógica de perseguir oportunidades,
são regidas por etapas e questões estratégicas claramente definidas.
Os autores também destacam que não é possível determinar a duração de uma
vantagem competitiva obtida, sendo sua característica mais evidente a imprevisibilidade e não
a sustentabilidade. Assim, é necessário que os gestores adotem medidas corretas
tempestivamente pois, caso contrário, pode-se perder a vantagem adquirida. Normalmente os
gestores compreendem a necessidade de focar nos processos estratégicos que irão posicionar a
empresa onde o fluxo de oportunidades é mais promissor (KAPLAN; NORTON, 2000);
porém, pecam ao realizarem rotinas excessivamente detalhadas nas tomadas de decisões,
perdendo a noção das regras simples, que oferecem a estrutura exata para permitir que as
melhores oportunidades sejam capturadas.
Sendo assim, tem-se que a estratégia das regras simples apresentada por Kathleen M.
Eisenhardt e Donald N. Sull se adequam a qualquer mercado, cabendo aos gestores
aproveitarem as oportunidades com flexibilidade e disciplina, concentrando-se nos processos-
chave e nas regras simples.
2.3 Gerenciamento de Riscos
O gerenciamento de riscos é uma atividade que visa aumentar a probabilidade de
sucesso na atividade complexa, multidisciplinar e desafiadora de gerenciar projetos e
desenvolver produtos (OLIVA, 2016). Assim, é indispensável a qualquer âmbito empresarial,
pois o risco incide nos resultados dos processos e é fundamental para garantir o atingimento
dos objetivos estratégicos (ROSA; TOLEDO, 2015).
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Neste sentido, o gerenciamento de riscos deve ser visto como uma abordagem prática,
inserido em um plano estratégico que os gerentes de fato executem (LALONDE; BOIRAL,
2012), levando em conta as especificidades do ambiente organizacional interno e externo e
permanecendo vigilante no acompanhamento.
3. Metodologia de Pesquisa
Baseando-se no objetivo do presente artigo, a metodologia de pesquisa utilizada é a
bibliometria. Trata-se de uma técnica que possui o intuito de obter um melhor entendimento
sobre a literatura de um determinado tema (EIRAS et al., 2017). Assim, inicia-se com uma
revisão bibliográfica, composta por três etapas distintas (planejamento, revisão e resultados) e
posteriormente uma análise bibliométrica na disseminação dos resultados (TRANFIELD;
DENYER; SMART, 2003).
3.1 Planejamento
Iniciando a fase de planejamento com a proposta de identificar como o tema
gerenciamento de riscos está inserido nas produções científicas sobre estratégia competitiva,
optou-se por utilizar a base de dados da Principal Coleção do Web of Science e a base de
dados Scopus, pelo fato de possuírem um portfólio de produções que abrange as publicações
mais citadas na literatura, pelo acesso a artigos em texto completo e pela extração completa
dos dados necessários às análises realizadas no decorrer da pesquisa.
Nas plataformas de pesquisa inseriu-se como critérios de filtro: os artigos como o tipo
de documento, pois representam de forma mais rápida a tendência de estudo nas áreas do
conhecimento; o período iniciando no ano de 2001, ano em que fora publicado o artigo
Strategy as Simple Rules e terminando em 2016, visto que é o último ano catalogado em sua
plenitude nas bases de dados utilizadas; as categorias Management e Business, pelo
relacionamento direto com o tema pesquisado e finalmente os campos de pesquisa que
englobam itens essenciais na seleção dos artigos, como título, resumo e palavras-chave de
autor.
A estrutura geral das strings de busca possui dois identificadores principais: um de
estratégia competitiva (competitive strategy) e outro de gerenciamento de riscos (risk
management). Assim, com a finalidade de realizar o mapeamento da literatura com maior
robustez, apresenta-se a interseção utilizada nas buscas:
“strateg*” AND “competitiv*” AND “risk*” AND “management”
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3.2 Revisão
A fase de revisão iniciou-se com os primeiros resultados obtidos através da busca
realizada nas bases de dados. Inicialmente, a Principal Coleção do Web of Science apresentou
302 artigos e a Scopus, 358. Ao serem inseridos no software Mendeley®, verificou-se que 93
artigos estavam em ambas as bases, sendo necessário a exclusão. Assim, após esse primeiro
filtro restaram 567 artigos.
Em seguida, foram analisados os títulos de todos os artigos. Eliminou-se aqueles que
não abordavam diretamente quaisquer das strings de busca, pois não auxiliariam na execução
do objetivo proposto pelo trabalho. Com isso, 126 artigos compuseram a amostra utilizada
para elaboração de estatísticas descritivas, tais como periódicos com maior quantidade de
publicação, quantidade de publicações por ano, principais palavras-chave utilizadas,
quantidade de autores e artigos mais citados.
Finalizando a revisão, foram selecionados os 3 artigos do autor que mais publicou
sobre o tema na amostra, devido abordarem diretamente a inserção do gerenciamento de
riscos no cenário da estratégia competitiva. Essa última seleção fora lida na íntegra e
destacados os aspectos mais relevantes ao objetivo deste trabalho.
3.3 Resultados
3.3.1 Periódicos
Os dados da Tabela 1 apresentam os periódicos que mais publicaram artigos que
relacionam o gerenciamento de riscos no escopo da estratégia competitiva. Os 07 periódicos
destacados abrangem 20,6% do total de artigos.
TABELA 1 – Informações sobre periódicos.
Dentro da amostra selecionada, 89 periódicos publicaram sobre o tema, demonstrando
assim a difusão do assunto entre os journals. Salienta-se que ao se verificar a classificação
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segundo a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e o fator
de impacto segundo o Journal Citation Reports (JCR), os periódicos destacados possuem uma
avaliação relevante na área, devendo ser consultados prioritariamente por acadêmicos que
desejam pesquisar e publicar artigos cuja linha temática seja a estratégia competitiva.
3.3.2 Ano de publicação
Na Figura 1, que representa a quantidade de artigos publicados entre 2001 e 2016, é
possível identificar o padrão crescente na linha de tendência (pontilhada), apresentando a
evolução do tema gerenciamento de riscos como parte integrante da estratégia competitiva na
literatura.
FIGURA 1 – Distribuição temporal de artigos publicados entre 2001 e 2016
Apenas 02 artigos foram publicados em 2001 e 2002. No triênio 2003 – 2005 nota-se
um aumento no número de publicações. Em 2006 somente 01 artigo fora publicado e no
triênio 2007 – 2009 a quantidade de publicações cresceu e permaneceu estável. Após a última
queda significativa em 2010, com a publicação de apenas 02 artigos, a partir de 2011 a
quantidade de publicações voltou praticamente ao máximo alcançado até aquele ano e a partir
de 2013 cresceu vertiginosamente ano a ano, fato que caracteriza a necessidade em
desenvolver estudos sobre o tema.
Verifica-se que após 2011 com a publicação da ISO 31.000 – Gestão de Riscos, não
ocorreram quedas significativas, demonstrando o real interesse da academia em estudar gestão
de riscos sob a ótica da estratégia competitiva. Por fim, destaca-se que as 57 publicações no
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triênio 2014 – 2016 representam 45,2 % da amostra em questão, demonstrando a sólida
pesquisa sobre o tema na literatura.
3.3.4 Palavras-chave
As 10 palavras-chave que apareceram com maior frequência nos artigos e em destaque
na Tabela 2, em sua grande maioria possuem ligação direta com as strings de busca usadas
nas bases de dados pesquisadas, como por exemplo: competitive strategy, risk management e
strategic management. A contagem fora realizada através do software NVivo 11®.
TABELA 2 – Contagem das palavras-chave
Nesta análise, destacam-se as palavras-chave supply chain (cadeia de suprimento) e
firm performance (desempenho da empresa). Apesar de nenhum dos termos isoladamente
estarem nas strings de busca foi verificado uma relevante ocorrência de tais palavras,
demonstrando assim que os estudos de cadeia de suprimento e desempenho da empresa estão
diretamente relacionados às pesquisas científicas que tratam sobre gerenciamento de riscos
inserido na estratégia competitiva das empresas.
3.3.5 Artigos mais citados
Com a finalidade de identificar quais artigos da amostra foram mais influentes na
literatura, confeccionou-se a Tabela 3, em que são apresentados os 5 artigos com maior
número de citações.
TABELA 3 – Artigos mais citados na amostra.
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Identificou-se que os dois artigos mais citados abordam sobre o tema supply chain
(cadeia de suprimento). Esta evidência somada ao expressivo número da expressão como
palavra-chave, demonstra o relacionamento na literatura dos estudos de cadeia de suprimento
com gerenciamento de riscos e estratégia competitiva.
3.3.6 Autores
Analisando a amostra, verificou-se que 308 autores publicaram artigos onde é
possível, de alguma maneira, associar o gerenciamento de riscos como parte integrante da
estratégia competitiva. O pesquisador Avi Fiengenbaum, com suas 03 publicações (2002,
2003 e 2004), foi quem mais publicou artigos sobre o tema (Tabela 4).
TABELA 4 – Artigos publicados por Avi Fiegenbaum
Sendo assim, excluindo o autor em destaque, o fato de a maioria dos autores
possuírem somente uma publicação sobre o tema aliado à variedade de periódicos
apresentados no item 3.3.1, não foi possível identificar nesse trabalho a existência de um
consistente grupo de pesquisadores que se dediquem a analisar a inserção da gestão de riscos
nos processos estratégicos.
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3.3.7 Análise de conteúdo
Com a finalidade de ampliar as análises descritivas realizadas e reconhecer possíveis
enfoques sobre como pesquisar a gestão de riscos no ambiente estratégico das organizações,
optou-se por analisar o conteúdo dos 3 artigos publicados por Avis Fiegenbaum com demais
pesquisadores.
Fiegenbaum e Thomas (2004) investigam a relação entre a decisão de se expor ao
risco e a vantagem competitiva. O artigo apresenta um modelo de estratégia competitiva que
relaciona risco e competição, no qual pontos estratégicos de referência e atitudes de risco são
determinados internamente e influenciam o desempenho do risco.
O autor destaca que os bons gerentes assumem alto risco, mas são capazes de reduzi-
los ao longo do tempo. Por fim, conclui que é necessário o gerenciamento de riscos para
obtenção de vantagem competitiva e que as organizações que buscam riscos podem alcançar
estrategicamente retornos sustentáveis de baixo risco, conforme quadrante apresentado pelo
autor na Figura 2.
FIGURA 2 – Relação entre estratégia competitiva e gestão de riscos. Fonte: Adaptada de (FIEGENBAUM;
THOMAS, 2004)
Fiegenbaum et al. (2003) relacionam a gestão de riscos e a vantagem competitiva
incorporando noções comportamentais e econômicas de risco. Destaca-se que a tomada
contínua de riscos pelas empresas pode ajudar a manter a vantagem competitiva, reduzindo
assim o risco de negócio das organizações. Tal relação, segundo os autores, aumenta o retorno
financeiro aos acionistas, garante o crescimento dos lucros e reduz o prêmio de risco
associado ao fluxo de renda da empresa.
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Assim, sob enfoque das perspectivas econômicas, os autores concluem que os modelos
estratégicos que envolvam riscos de mercado devem estar diretamente relacionados a
resultados econômicos, pois afetam a capacidade da empresa em obter investimentos
externos. As escolhas estratégicas que envolvem riscos afetam tanto o desempenho da
empresa quanto as expectativas do mercado ao desempenho futuro.
Finalizando a análise de conteúdo dos artigos, em Fiegenbaum e Shoham (2002)
desenvolve-se um estudo de como as estratégias aversivas e propensas ao risco são
determinadas dentro das organizações. Tal estudo concentra-se nos chamados pontos
estratégicos de referência. Esses pontos delineiam as atitudes organizacionais em relação à
tomada de risco. Os autores concluem que o setor de negócio da empresa, a estratégia
organizacional adotada e o desempenho alcançado afetam os tipos de pontos de referência
utilizados, impactando no comportamento de risco utilizado na estratégia da organização.
4. Discussão
Findada as análises descritivas e de conteúdo, observa-se que o objetivo de traçar um
perfil sobre a inserção do gerenciamento de riscos nas produções científicas voltadas ao
estudo da estratégia competitiva foi atingido.
Verificou-se que o assunto está difundido em diversos periódicos acadêmicos,
mostrando que existem campos para pesquisa e publicações. Destaca-se ainda a possibilidade
de os pesquisadores submeterem seus trabalhos a journals com classificação Qualis / CAPES
A1 e A2 e fatores de impacto acima de 2 no JCR, ou seja, dados considerados positivos em se
tratando de publicações na área de Engenharia de Produção.
A área estudada configurou-se como uma linha de pesquisa consolidada, visto que
entre os anos 2001 e 2016 a quantidade de artigos publicados apresentou uma tendência de
crescimento, destacando-se consideravelmente no último triênio considerado na amostra.
Outro aspecto relevante é a interdisciplinaridade com o tema cadeia de suprimento.
Apesar de o termo não ter sido aplicado nas strings de busca, destacou-se tanto na contagem
das palavras-chave como nos assuntos abordados nos artigos mais citados da amostra.
Por fim, devido a gama de autores que publicaram apenas uma vez sobre o tema e em
periódicos distintos, não foi possível identificar uma comunidade acadêmica especializada em
estudar o papel da gestão de riscos no âmbito estratégico. Entretanto, salienta-se os 3
trabalhos de Avis Fiegenbaum, cujos conteúdos foram analisados e identificou-se a análise
direta do papel do gerenciamento de riscos como parte integrante da estratégia competitiva
das organizações.
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5. Conclusão
Este artigo contribui para os pesquisadores da área pois através de uma revisão de
literatura e um estudo bibliométrico foi possível qualificar como a gestão de riscos é abordado
nas publicações voltadas ao estudo da estratégia competitiva.
O presente trabalho atingiu o objetivo de traçar um perfil sobre a inserção do
gerenciamento de riscos nas produções científicas voltadas ao estudo da estratégia
competitiva, auxiliando assim na contínua construção de conhecimento em estratégia e riscos,
na medida em que ratificou a integração entre os dois temas.
Conclui-se que o assunto possui uma vasta área para publicações e pesquisas, visto
que encontra-se presente em vários periódicos acadêmicos. Além disso, trata-se de um tema
consolidado no mundo acadêmico, devido ao aumento contínuo no número de publicações.
Esta pesquisa também evidenciou que o tema cadeia de suprimento está diretamente
relacionado à estratégia e riscos, dada a relevância apresentada nas análises descritivas.
Apesar de não ter sido identificado na amostra um grupo especialista no assunto, as
abordagens feitas por Avis Fiegenbaum demonstra claramente na literatura que a gestão de
riscos e um subgrupo da estratégia competitiva.
Como limitação encontrada, cita-se o fato de o estudo possuir somente um caráter
exploratório, em que as análises descritivas dos artigos da amostra, revestem-se de
subjetividade. Em trabalhos futuros, além de ser aplicada uma metodologia quantitativa,
convém estender o marco temporal inicial com a finalidade de se identificar comunidades
acadêmicas especialistas no tema. Uma pesquisa de campo sobre o tema e estudos
complementares sobre a aplicação da estratégia competitiva nas cadeias de suprimentos
contribuiriam para geração de conhecimento sobre a área.
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