Patrick Roberto Avelino
ADAPTAÇÃO TRANSCULTURAL E AVALIAÇÃO DAS PROPRIEDADES DE
MEDIDAS DO ABILOCO-BRASIL:
um instrumento de avaliação do desempenho da locomoção para
hemiparéticos
Belo Horizonte
Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional/UFMG
2015
Patrick Roberto Avelino
ADAPTAÇÃO TRANSCULTURAL E AVALIAÇÃO DAS PROPRIEDADES DE
MEDIDAS DO ABILOCO-BRASIL:
um instrumento de avaliação do desempenho da locomoção para
hemiparéticos
Dissertação apresentada ao Curso de Pós-
Graduação em Ciências da Reabilitação da Escola
de Educação Física, Fisioterapia e Terapia
Ocupacional da Universidade Federal de Minas
Gerais, como requisito parcial à obtenção do título
de Mestre em Ciências da Reabilitação.
Linha de pesquisa: Estudos em reabilitação
neurológica no adulto.
Orientadora: Profª Luci Fuscaldi Teixeira-Salmela,
Ph.D.
Belo Horizonte
Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional/UFMG
2015
A Deus, que me ajudou a superar
todos os obstáculos nesta caminhada.
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus, pela graça da vida e pela oportunidade de
seguir em frente, mesmo entre as dificuldades, sempre me amparando nos
momentos de desespero e me fortalecendo nos momentos de alegria... Obrigado
Senhor!
Agradeço também a minha estimada orientadora Profa. Luci Fuscaldi
Teixeira-Salmela, exemplo de dedicação, sucesso e trabalho. Obrigado por esta
chance de mostrar o meu potencial, o qual nem todos acreditavam. Obrigado por
todo ensinamento, paciência e carinho. Ser da família Teixeira-Salmela e ter você
como mãe é o desejo de muitos e, por isso, me sinto privilegiado e muito
agradecido. Meus sinceros agradecimentos por toda essa caminhada iniciada no
ano de 2010, no terceiro período de graduação. Usarei apenas o meu “muito
obrigado” pela inexistência de uma palavra melhor que expresse o quanto sou grato
a senhora.
O meu agradecimento também a todo corpo docente, pelos momentos
incontáveis de conhecimento compartilhado, propondo uma formação mais sólida e
intensa. Cada um de vocês partilham hoje um pedaço do fisioterapeuta e do
pesquisador que me tornei. Agradeço a todos os funcionários do Departamento de
Fisioterapia e Terapia Ocupacional, em especial a Eni e Marilaine, pela ajuda, apoio
e amizade.
Agradeço a toda a Família Teixeira-Salmela, na qual tenho orgulho de
pertencer e contribuir. O meu “obrigado” a cada um de vocês que sempre estiveram
disponíveis e prontos a me ajudar. Obrigado em especial as minhas colegas de pós-
graduação Marluce, Iza e Kênia, com as quais partilhei este grandioso projeto.
Meninas, obrigado por todos os momentos de aprendizado e de descontração,
saibam que vocês tornaram a realização deste trabalho mais alegre e suave.
Obrigado também à professora Lívia, pelas infinitas discussões e disponibilidade.
O meu “obrigado” também a Janaíne e Gisele, pela oportunidade de
trabalharmos juntos e desta forma, viver momentos de infinito aprendizado. Às
alunas de iniciação cientifica, Gerdeany, Bruna e Lorena, que ajudaram nesta coleta,
proporcionando momentos de muita descontração durante situações de desespero.
Agradeço ao professor Augusto Cesinando, pelos momentos compartilhados
em coletas, viagens, visitas e congressos. Amigos nem sempre conseguem estar
perto frequentemente, mas frequentemente estão perto quando conseguem.
Obrigado também a todos os voluntários que participaram desta pesquisa e
contribuíram para que ela se tornasse possível.
Por fim agradeço aos meu familiares. Obrigado mãe, por ser esta pessoa tão
especial em minha vida. Obrigado Cíntia, por ser uma tia/mãe. Vocês, com seus
exemplos de vida e trabalho, sempre me educaram mostrando que o caminho do
sucesso é trilhado com dificuldades. Mas que com força, garra e acima de tudo
honestidade, sempre iremos colher o que plantamos. Agradeço aos meus demais
familiares, por todos os momentos compartilhados que tornam minha vida mais doce
e tranquila. À minha tia Telma (in memorian), que com carinho e amor sempre me
mostrou o caminho da retidão, me incentivando a seguir, independente do resultado
final. Ao meu pai (in memorian), pelo dom da vida e pelo exemplo de homem íntegro
e trabalhador. Ao meu irmão e sua família, pelo apoio e confiança. Agradeço enfim
ao meu sogro João e a minha nova família, a família Kiefer, por todo apoio e
incentivo.
Agradeço minha inesquecível sogra Maria Tereza (in memorian), que sempre
me apoiava, me incentivava e acima de tudo, compartilahava comigo minhas
vitórias, sempre com muita alegria e empolgação. Obrigado por me considerar seu
filho, acreditar no meu potencial e ter orgulho de mim. A senhora tem uma grande
parcela de contribuição neste trabalho. Minha querida cunhada irmã Renata, por
estar sempre presente nos momentos que mais preciso. Obrigado por me
“aguentar”. Agradeço ao meu querido Padre Walter, a Pastoral da Crisma, a Pastoral
da Juventude e demais amigos de trabalho da igreja, pela força e companheirismo.
Vocês tornam minhas semanas mais leves e fortalecem minha fé a cada momento
que partilhamos.
Enfim agradeço a minha amada esposa e colega de pós-gradução, Kênia
Kiefer, por sempre ter apostado que um dia eu conseguiria chegar. Amor, saiba que
não foi fácil ficar mais de 10 anos sem estudar e não ter pespectiva nenhuma de
alçar uma gradução ou ainda uma pós. Esta vitória apenas aconteceu porque você
sempre esteve ao meu lado, me incentivando! Obrigado por tudo, você é o exemplo
no qual me inspiro para seguir em frente. Te amo!
“Nas grandes batalhas da vida,
o primeiro passo para a vitória
é o desejo de vencer.”
Gandhi
RESUMO
O ABILOCO é uma medida de desempenho para indivíduos hemiparéticos, que explora um repertório representativo de atividades de locomoção. Uma vez que foi originalmente desenvolvido na língua inglesa, para que este questionário possa ser aplicado em contextos clínicos e na pesquisa no Brasil, é necessária a sua adaptação transcultural. Para tal, é necessário seguir recomendações padronizadas, de forma que ao final do processo se atinja a equivalência semântica, idiomática, cultural e conceitual. Assim, os objetivos do presente estudo foram traduzir para a língua portuguesa-Brasil a versão em inglês do ABILOCO e adaptá-la para a cultura brasileira, além de avaliar as propriedades de medida da versão traduzida e adaptada em indivíduos brasileiros hemiparéticos subagudos e crônicos, por meio da análise Rasch. A adaptação transcultural do ABILOCO seguiu os procedimentos padronizados preconizados na literatura. A versão traduzida e adaptada, o ABILOCO-Brasil, foi aplicado em 136 indivíduos, para avaliar as suas propriedades de medida, por meio da análise Rasch. O ABILOCO-Brasil apresentou valores de consistência interna de 0,76 e de confiabilidade de calibração dos indivíduos de 0,65 e dos itens de 0,95. O índice de separação dos indivíduos foi de 1,36, dividindo a amostra em, aproximadamente, dois níveis de habilidade . O índice de separação dos itens foi de 4,35 (sete níveis de dificuldade). A medida média dos participantes foi 1,80 logits, sendo que os valores globais (médias) de estatística dos indivíduos foram Infit:[MnSq=1,0;t=0]; Outfit:[MnSq=0,94;t=0,2], e para os itens foram Infit:[MnSq=0,97;t= -0,1]; Outfit:[MnSq=0,96;t=0,3]. Na análise do componente principal, a variância explicada pela dimensão Rasch foi de 45%, no entanto o eigenvalue foi de 1,92, mostrando um conceito de unidimensionalidade. No mapa de itens, foi observado efeito teto, pois 21 participantes (15,4%) tiveram todos os itens assinalados como “possíveis”. Os resultados da análise de funcionamento diferencial do item mostraram que, apesar de existir diferenças na calibração dos itens entre as amostras de diferentes países, não se observou impacto nas estimativas de habilidade de locomoção. Os resultados demonstraram que o ABILOCO-Brasil apresentou propriedades de medidas adequadas. Além disso, a validade transcultural do ABILOCO-Brasil aponta que este questionário pode ser aplicado em diferentes contextos culturais, uma vez que os resultados mostraram que a calibração do questionário original e do adaptado forneceram medidas similares. No entanto, ressalta-se que o questionário apresentou efeito teto, sendo mais apropriado para avaliar indivíduos com baixa habilidade de locomoção. Sugere-se ainda que a utilização do ABILOCO-Brasil seja feita juntamente com outros instrumentos padronizados, a fim de se obter uma avaliação mais abrangente da capacidade de locomoção de indivíduos pós AVE.
Palavras-chave: Acidente vascular encefálico. Habilidade de locomoção. Adaptação
transcultural. Análise Rasch.
ABSTRACT
The ABILOCO is a performance-based measure for individuals with stroke, which explores a representative repertoire of locomotion activities. The ABILOCO was developed in English and to be applied within clinical and research contexts in Brazil, its cultural adaptation is required. The process of cross-cultural adaptation should follow standardized procedures, to ensure that the adapted version reaches the semantic, idiomatic, cultural, and conceptual equivalence. Thus, the aims of this study were to translate into the Portuguese-Brazil language the English version of the ABILOCO and to adapt it to the Brazilian culture, as well as to assess the measurement properties of the adapted version with sub-acute and chronic stroke subjects. The cross-cultural adaptation of the ABILOCO followed standardized procedures. The adapted version (ABILOCO-Brazil) was administred to 136 stroke subjects for the assessment of its measurement properties, using Rash analysis. The ABILOCO divided the sample into two levels of locomotion ability and the items into about seven levels of difficulty, leading to person and item reliability índices of 0.65 and 0.95, respectively and internal consistency of 0.76. The mean measure of the participants was 2.32 logits, whereas the mean values for the individuals were Infit:[MnSq=1,0;t=0]; Outfit:[MnSq=0,94;t=0,2] and for the items were Infit:[MnSq=0,97;t= -0,1]; Outfit:[MnSq=0,96;t=0,3]. The principal component analysis of the residuals showed that the first dimension explained 45% of the variance in locomotion ability, however, the eigenvalue was 1.92, demonstrating the unidimensionality of the ABILOCO. The item-person map showed a large ceiling effect, since 21 subjects (15.4%) scored all the items as possible. The differential item functioning analysis revealed that although there were found diferences in the item calibrations across the countires, they did not impact the estimates of locomotion ability. Therefore, the ABILOCO-Brasil demonstrated satisfactory measurement properties to be used within both clinical and research contexts in Brazil and cross-cultural validity for use in international/multicentric studies. However, its ceiling effect was large, suggesting that the ABILOCO may not be appropriate to assess individuals with high levels of locomotion ability. It is also suggested that the ABILOCO-Brasil be applied along with other standardized measures, in order to obtain a more comprehensive assessment of the ambulation ability of stroke subjects.
Keywords: Stroke. Locomotion ability. Cross-cultural adaptation. Rasch analysis.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO........................................................................................................12
1.1 Objetivos.............................................................................................................18
2 MATERIAIS E MÉTODO.........................................................................................19
2.1 Delineamento......................................................................................................19
2.2 Amostra...............................................................................................................19
2.3 Descrição do ABILOCO.....................................................................................20
2.4 Procedimentos...................................................................................................23
2.4.1 Adaptação transcultural....................................................................................23
2.4.2 Avaliação das propriedades de medida............................................................26
2.5 Cálculo amostral................................................................................................27
2.6 Análise estatística..............................................................................................27
3 RESULTADOS........................................................................................................32
3.1 Recrutamento.....................................................................................................32
3.1 Características dos participantes.....................................................................32
3.3 Artigo...................................................................................................................34
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................................58
REFERÊNCIAS ………………………………................................…………..…...…...60
APÊNDICE A.............................................................................................................67
APÊNDICE B.............................................................................................................69
ANEXO A...................................................................................................................70
ANEXO B...................................................................................................................72
ANEXO C...................................................................................................................76
ANEXO D...................................................................................................................78
ANEXO E...................................................................................................................81
ANEXO F...................................................................................................................84
MINI-CURRÍCULO.....................................................................................................85
11
PREFÁCIO
Para a elaboração deste trabalho, foram seguidas as normas estabelecidas
pelo colegiado de Pós-Graduação em Ciências da Reabilitação da Universidade
Federal de Minas Gerais, que segue as normas da Associação Brasileira de Normas
Técnicas (ABNT). Esta dissertação contém três partes. A primeira parte é constituída
pela Introdução, Objetivos, Materiais e Método, e parte dos resultados, com dados
sobre recrutamento e caracterização da amostra. A segunda parte é composta de
um artigo, que apresenta os resultados específicos e a discussão. Na terceira parte,
as considerações finais da dissertação são apresentadas, seguida das referências
bibliográficas utilizadas. Ao final da dissertação, encontra-se o mini-currículo do
autor, com as suas atividades acadêmicas e produções científicas desenvolvidas
durante o período do Mestrado.
12
1 INTRODUÇÃO
O Acidente Vascular Encefálico (AVE) pode ser definido como uma alteração
aguda na irrigação sanguínea encefálica local, que acarreta sinais e sintomas
neurológicos, levando a um quadro de hemiparesia ou hemiplegia, contralateral à
lesão (CARR & SHEPHERD, 2008). A cada ano, aproximadamente 800 mil pessoas
sofrem um novo ou recorrente AVE (MOZAFFARIAN et al., 2015), sendo esta
condição uma das principais causas de morte e deficiência (LECIÑANA et al., 2014)
e a terceira causa mais comum de incapacidade crônica no mundo (MURRAY et al.,
2010). Estes indivíduos enfrentam alterações na funcionalidade, que podem interferir
na realização de atividades cotidianas da vida diária (CARR & SHEPHERD, 2008) e
implicar em algum grau de dependência (PEREIRA et al., 1993). Cerca de 30 a 40%
dos sobreviventes são incapazes de retornar ao trabalho e requerem algum tipo de
auxílio no desempenho de atividades (PEREIRA et al., 1993).
No Brasil, o AVE representa a principal causa de morte e incapacidade
(BRASIL, 2013). Um estudo populacional prospectivo nacional reportou a incidência
anual de 108 casos por 100 mil habitantes (MINELLI et al., 2007). Após um ano de
acompanhamento, apenas 43% dos pacientes eram independentes em atividades
de vida diária e 49% apresentavam marcha independente (MINELLI et al., 2007).
Com o aspecto motor destes indivíduos comprometido, torna-se difícil executar
atividades referentes ao autocuidado, locomoção, dentre outras (VERONEZI et al.,
2004). A capacidade de deambular, por exemplo, é uma tarefa essencial, dentre as
atividades da vida diária, para participação social destes indivíduos, sendo
considerada a mais importante pelos pacientes (CATY et al., 2008, CHIOU &
BURNETT, 1985).
Nas últimas décadas, a transição epidemiológica, caracterizada pela
substituição das doenças infecciosas por doenças crônicas não transmissíveis
devido ao envelhecimento da população mundial (OMRAN, 2005) e os avanços
tecnológicos, tem tornado as doenças não transmissíveis as causas dominantes de
morte e incapacidade em todo o mundo (LOZANO et al., 2012). Nesse contexto, as
informações sobre o que acontece com um indivíduo após o diagnóstico de uma
13
doença tornam-se cada vez mais relevantes para a área de saúde, já que as
doenças crônicas não transmissíveis, como o AVE por exemplo, podem não causar
a morte imediata, mas limitam a capacidade das pessoas em realizar funções da
vida cotidiana (FARIAS & BUCHALLA, 2005; ÜSTÜN et al., 2003).
Neste sentido, a Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade
e Saúde (CIF) vem sendo usada em diversas condições específicas de saúde, como
uma forma tanto de descrever a funcionalidade e incapacidade desses grupos
selecionados, quanto de desenvolver instrumentos de avaliação ou vincular
instrumentos pré-existentes com a CIF (CERNIAUSKAITE et al., 2011; JELSMA,
2009). A estrutura conceitual desta classificação apresenta um modelo de
funcionalidade e incapacidade, dividida em duas partes, cada uma com dois
componentes (OPAS - OMS, 2003; SAMPAIO & LUZ, 2009). Os componentes da
primeira parte, denominada Funcionalidade e Incapacidade, incluem Funções e
Estruturas do Corpo e Atividades e Participação; os dois componentes da segunda
parte, que corresponde aos Fatores Contextuais, são Fatores Ambientais e Fatores
Pessoais (OPAS - OMS, 2003). Assim, funcionalidade é o termo genérico para se
referir às funções e estruturas do corpo, atividade e participação, e indica os
aspectos positivos e neutros da interação entre um indivíduo (com uma condição de
saúde) e seus fatores contextuais. Por outro lado, incapacidade é o aspecto negativo
dessa interação, sendo o termo genérico para deficiências nas funções e estruturas
do corpo, limitações de atividade e restrições de participação social (OPAS - OMS,
2003).
Dentre as atividades da vida diária de indivíduos pós AVE, a locomoção
dentro de casa é classificada como o item mais importante de recuperação (CHIOU
& BURNETT, 1985). De fato, a eficiência da locomoção depende de fatores como
equilíbrio, coordenação, mobilidade articular e atividade muscular adequada
(PERRY, 2005). No entanto, em indivíduos pós AVE, déficits de equilíbrio,
alterações de tônus e fraqueza muscular podem comprometer a capacidade de
deambulação (CARR & SHEPHERD, 2008). Estudos demonstraram que apenas
15% dos sobreviventes reportaramm marcha fora do ambiente domiciliar dois anos
após o evento (SKILBECK et al., 1983). Além disso, estima-se que, após o AVE,
14
70% dos indivíduos que sobrevivem apresentarão algum grau de dependência para
a marcha (SKILBECK et al., 1983). Assim, a recuperação da habilidade de
deambular é um dos mais importantes objetivos da reabilitação motora após o AVE
(SKILBECK et al., 1983).
A CIF define locomoção como a habilidade do indivíduo de se mover de forma
efetiva no seu ambiente e classifica esta tarefa no domínio de atividade (OPAS -
OMS, 2003). É importante ressaltar que medidas de estrutura e função do corpo e
medidas de atividade e participação são igualmente relevantes (OPAS - OMS, 2003;
BARBIER et al., 2003). Enquanto as avaliações de estrutura e função do corpo
determinam a presença e a gravidade de deficiências e como elas contribuem para a
perda de função, avaliações de atividade e participação são necessárias para
determinar se as intervenções selecionadas resultarão em mudanças importantes na
vida cotidiana de indivíduos após a ocorrência do AVE (LANG et al., 2013). Para os
domínios Atividade e Participação, da primeira parte, a CIF utiliza os qualificadores
capacidade, que se refere à habilidade de um indivíduo em realizar uma tarefa ou
ação em um ambiente padronizado, e desempenho, que está relacionado ao que o
indivíduo consegue realizar em seu contexto de vida real, que inclui os fatores
ambientais, todos os aspectos do mundo físico, social e comportamental (OPAS -
OMS, 2003). Avaliar, portanto, a habilidade de locomoção, através de medidas de
desempenho é fundamental, uma vez que estas medidas avaliam a capacidade
desses indivíduos e descrevem a performance em um ambiente artificial, que pode
não condizer com suas reais habilidades de locomoção na vida diária (OPAS - OMS,
2003).
Geralmente, medidas de desempenho são avaliadas através de questionários
que indagam o paciente sobre sua performance no dia-a-dia. Estes questionários
geram uma medida de autopercepção, pois é obtida a partir da percepção do
indivíduo com relação ao seu desempenho ao realizar as atividades (LEMMENS et
al., 2012). Embora medidas de autopercepção sejam suscetíveis a sub ou
superestimação do desempenho real, elas apresentam a vantagem de capturar uma
média de desempenho em longos períodos de tempo, ou seja, a medida não
15
representa apenas o que o indivíduo foi capaz de realizar durante o teste em
ambiente padronizado (PENTA et al., 2001).
Atualmente, a habilidade de locomoção pode ser avaliada por diferentes
escalas descritas na literatura. O Functional Walking Category (FWC) e a Functional
Ambulation Categories (FAC) são testes que avaliam a habilidade de locomoção do
paciente e o suporte necessário (PERRY et al., 1995; BRUN et al., 2000). Ambos
são constituídos de uma escala de seis níveis, em que o paciente é classificado de
acordo com o nível que melhor caracteriza sua habilidade de locomoção (PERRY et
al., 1995; BRUN et al., 2000. No entanto, a FWC e a FAC consideram apenas a
marcha, não avaliando a habilidade em outras formas de locomoção (subir/descer
escadas, por exemplo). Os testes Mobility Milestones e Modified Emory Functional
Ambulation Profile (mEFAP) avaliam a habilidade de locomoção do paciente no
momento da avaliação, através de tarefas pré-determinadas e padronizadas (BAER
et al., 2003; BAER & WOLF, 2001). No entanto, como discutido anteriormente, este
tipo de avaliação mede a capacidade de locomoção do indivíduo sob condições
artificiais e não o seu desempenho cotidianamente. Por fim, testes cronometrados
como o Teste de Caminhada de 6 minutos e o Teste de Velocidade de 10 metros
(DOBKIN, 2006) também avaliam a capacidade e não o desempenho dos indivíduos.
Já o Rivermead Mobility Index, outro questionário presente na literatura, também
avalia a percepção de desempenho dos indivíduos pós AVE em 15 atividades de
locomoção (COLLEN et al., 1991). No entanto, seu escore não é dado em medidas
lineares, não permitindo comparações diretas entre os indivíduos e também não
avalia a mobilidade ganha por meio de modificações ambientais, como, por exemplo,
apoiar-se nos móveis.
Dessa forma, é necessário um questionário de simples aplicação, que avalie a
habilidade de locomoção pela autopercepção do desempenho dos indivíduos.
Atendendo a estes critérios, foi desenvolvido o ABILOCO, um questionário para
avaliação da percepção de desempenho da locomoção de indivíduos pós AVE. O
ABILOCO, originalmente desenvolvido na língua inglesa, explora um repertório
representativo de atividades de locomoção (CATY et al., 2008) e atende os critérios
proposto por Tyson & Connel, (2009), demonstrando ter boa utilidade clínica. Os
itens foram selecionados a partir de escalas existentes e da experiência clínica de
16
profissionais da área da reabilitação. Além disso, foi originalmente desenvolvido
usando o modelo Rasch, que faz a conversão dos escores brutos em medidas
lineares (CATY et al., 2008). Dessa forma, os indivíduos podem ser comparados
diretamente, sendo considerados menos ou mais habilidosos, pois, segundo esta
análise, a medida de habilidade de locomoção é dada pelo posicionamento dos
indivíduos ao longo de uma escala unidimensional, com unidades iguais e
metricamente definidas pela dificuldade das atividades (CATY et al., 2008). A
vantagem das medidas lineares é que elas podem oferecer resultados
cientificamente mais robustos e clinicamente mais significativos, ao permitir
inferências corretas, a partir de comparações diretas inter ou intraindivíduos
(ARNOULD et al., 2012; GRIMBY et al., 2012).
Estudos que investigaram as propriedades de medida do ABILOCO
encontraram valores adequados para validade concorrente, confiabilidade,
linearidade e unidimensionalidade (CATY et al., 2008; LEE et al., 2013; CATY et al.,
2009). Para a validade concorrente, o ABILOCO foi comparado a quatro testes
utilizados na pesquisa e prática clínica, apresentando alta correlação com todos eles
[Functional Walking Category (ρ=.81, p≤.001), Functional Ambulation Categorie
(ρ=.84, p≤.001), Medida de Independência Funcional (ρ=.81, p≤.001) e Teste de
Velocidade de Marcha de 10 metros (r=.83, p≤.001)], além de adequada
confiabilidade (r=0.93) (CATY et al., 2008). Lee et. al. (2013) também investigaram a
confiabilidade interexaminador e teste-reteste de uma versão coreana do ABILOCO
e também encontraram altos coeficientes (ICC≥0.76) (LEE et al., 2013). Além disso,
outros estudos apontaram o ABILOCO como válido e reprodutível para avaliar o
desempenho de locomoção em pacientes hemiparéticos (CATY et al., 2009).
Apesar de o ABILOCO ser de fácil aplicação e apresentar propriedades de
medidas adequadas já reportadas na literatura (CATY et al., 2008; LEE et al., 2013;
CATY et al., 2009), ele encontra-se disponível no site http://www.rehab-
scales.org/abiloco apenas nas línguas inglesa e francesa (a versão coreana não foi
disponibilizada). Assim, para que o ABILOCO possa ser aplicado em contextos
clínicos e na pesquisa no Brasil, é necessária a sua adaptação transcultural. Para
tal, é necessário seguir recomendações padronizadas, de forma que ao final do
17
processo se atinja a equivalência semântica, idiomática, cultural e conceitual
(BEATON et al., 2000). O processo de adaptação transcultural requer que os
questionários sejam traduzidos linguisticamente e adaptados culturalmente para
manter as validades de conteúdo e constructo e a confiabilidade, da mesma forma
que a versão original (BEATON et al., 2000). No entanto, diferenças culturais podem
alterar alguns itens, tornando-os mais ou menos difíceis com relação à versão
original e, assim, as propriedades de medida da versão adaptada devem ser
investigadas. Apesar de ser um processo complexo e sistemático, a adaptação
transcultural, além de fornecer uma medida que pode ser aplicada em diversos
contextos culturais e utilizada em estudos internacionais, demanda menores custos
financeiros e tempo, quando comparado ao desenvolvimento de novas medidas
(GUILLEMIN et al., 1993).
Atualmente, para avaliação de propriedades de medida, grande ênfase tem
sido dada para abordagens modernas mais robustas como a análise Rasch
(GRIMBY et al., 2012; TENNANT & CONAGHAN, 2007). Por meio dessa análise,
determina-se a extensão em que uma escala satisfaz os requerimentos de um
modelo matemático rigoroso para medidas lineares (BATCHO et al., 2012; CHIEN &
BOND, 2009), no qual a probabilidade de escolha de uma resposta depende apenas
da habilidade do indivíduo e da dificuldade do item (PENTA et al., 2001; CHIEN &
BOND, 2009). Durante esse processo, atributos como unidimensionalidade (validade
de construto), independência local entre os itens, confiabilidade, qualidade da escala
de pontuação e adequação do questionário ao nível de habilidade da amostra são
examinados (TENNANT & CONAGHAN, 2007; CHIEN & BOND, 2009). A análise
Rasch também permite a avaliação da invariância da medida (BOND & FOX, 2010),
uma vez que uma escala unidimensional deve funcionar da mesma maneira,
independente da população avaliada (TENNANT et al., 2004). Isso requer, por um
lado, a invariância das estimativas de dificuldade dos itens e, por outro, a invariância
das estimativas de habilidade dos indivíduos (BOND & FOX, 2010). Essa
propriedade é particularmente importante em estudos de adaptação transcultural de
questionários, uma vez que, como citado anteriormente, diferenças culturais podem
tornar alguns itens mais ou menos difíceis, com relação à versão original (BEATON
et al., 2000; TENNANT et al., 2004). Sendo assim, examinar a invariância de escalas
18
através de versões de diferentes idiomas é a maneira formal de se avaliar validade
transcultural (KÜÇÜKDEVECI et al., 2004).
Portanto, medidas que forneçam dados sobre a habilidade de locomoção
decorrente do AVE são essenciais na abordagem destes indivíduos. O ABILOCO,
além de ser uma medida de desempenho, implementa o modelo de mensuração
Rasch, fornecendo uma medida linear de habilidade de locomoção. No entanto, esse
questionário ainda não está disponível na língua portuguesa-Brasil. Diante disso,
tornam-se necessárias a adaptação transcultural do ABILOCO e avaliação das suas
propriedades de medida, para sua utilização no Brasil.
Objetivos
- Traduzir para a língua portuguesa-Brasil a versão em inglês do ABILOCO,
específico para indivíduos pós AVE, e adaptá-la para a cultura brasileira.
- Avaliar as propriedades de medida da versão traduzida e adaptada em indivíduos
brasileiros hemiparéticos subagudos e crônicos, por meio da análise Rasch.
19
2 MATERIAIS E MÉTODO
2.1 Delineamento
O presente estudo metodológico é sub-projeto de um projeto maior, intitulado
“Preditores da restrição na participação social em hemiparéticos”, desenvolvido por
uma discente do Programa de Pós Graduação em Ciências da Reabilitação da
Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), nível doutorado. Este projeto foi
aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UFMG – Parecer Consubstanciado
do CEP no. 113.846, datado em 1o de outubro de 2012 (ANEXO A) – e pelo Comitê
de Ética em Pesquisa da Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte –
Parecer Consubstanciado do CEP no. 326.216, datado em 12 de junho de 2013
(ANEXO B).
Para realizar a adaptação transcultural, foi solicitada a autorização dos
autores do ABILOCO. Após o consentimento dos mesmos (ANEXO C), foi iniciado o
processo de adaptação transcultural e avaliação das propriedades de medidas,
realizado em duas etapas. A primeira consistiu da adaptação transcultural do
ABILOCO, desenvolvida em cinco estágios: tradução inicial, síntese das traduções,
retrotradução, comitê de especialistas e teste da versão pré-final, segundo
recomendações prévias (BEATON et al., 2000). Na segunda etapa, a versão
adaptada, denominada ABILOCO-Brasil, foi aplicada em indivíduos hemiparéticos
subagudos e crônicos, para avaliação das suas propriedades de medida, por meio
da análise Rasch.
2.2 Amostra
A amostra de conveniência foi recrutada da comunidade em geral, através de
listas de projetos de pesquisa da UFMG, por indicação de profissionais de unidades
de reabilitação da Prefeitura de Belo Horizonte e através de contatos fornecidos pelo
Hospital Municipal Odilon Behrens e Hospital Risoleta Tolentino Neves, devidamente
autorizados pelos respectivos comitês de ética (ANEXOS D e E).
20
Para participação no estudo, os voluntários deveriam atender aos seguintes
critérios de inclusão: (1) ter idade ≥20 anos; (2) apresentar histórico de AVE
hemorrágico ou isquêmico, unilateral, com tempo de evolução acima de três meses;
(3) ser capaz de deambular com ou sem dispositivos, independente da velocidade e;
(4) apresentar fraqueza dos grupos musculares do membro inferior parético (flexores
de quadril e flexores/extensores de joelho), determinada por uma diferença de 15%
entre os lados parético e não parético, mensurada pelo dinamômetro manual
Microfet 2® (Hoggan Health Industries, Inc., Draper, Utah, USA) (BOHANNON,
2006) e/ou apresentar aumento de tônus dos músculos extensores de joelho e/ou
flexores plantares, identificada por escores diferentes de zero na escala modificada
de Ashworth (GREGSON et al., 1999). Foram excluídos os indivíduos com déficits
cognitivos identificados pelos pontos de corte no Mini-Exame do Estado Mental,
propostos por Bertolucci (1994), para o qual 13 foi o ponto de corte para analfabetos,
18 para baixa e média escolaridade e 26 para alta escolaridade (BERTOLUCCI et
al., 1994). Também foram excluídos indivíduos com dificuldade de expressão verbal
ou com quaisquer outras condições musculoesqueléticas ou neurológicas
incapacitantes.
2.3 Descrição do ABILOCO
O ABILOCO (ANEXO F) é um questionário para avaliação da percepção do
desempenho de locomoção, específico para indivíduos adultos pós AVE (CATY et
al., 2008), que contém 13 itens sobre a deambulação do indivíduo em diferentes
situações. Segundo as instruções contidas no manual de aplicação, o ABILOCO é
administrado na forma de entrevista, na qual os indivíduos não realizam as
atividades, mas são somente solicitados a estimar suas percepções de dificuldades
ao serem questionados sobre o seu desempenho (CATY et al., 2008). As instruções
para aplicação são dadas ao indivíduo somente no início do teste. Durante a
avaliação, uma escala de dois níveis é apresentada aos indivíduos, que são
solicitados a pontuar suas percepções, conforme a escala de respostas ‘Impossível’
ou ‘Possível’ ('Impossível'=0, "possível"=1), variando, portanto, sua possibilidade de
escore bruto de zero a 13. Atividades não tentadas nos últimos três meses não são
pontuadas e são inseridas como respostas perdidas (assinalar o ponto de
21
interrogação ‘?’ na folha de pontuação). Atividades não realizadas por serem muito
difíceis devem ser pontuadas como ‘Impossível’. É importante ressaltar que quando
o indivíduo responde que nunca tentou realizar uma atividade, o avaliador precisa ter
certeza do motivo. Se uma atividade nunca foi tentada porque é impossível, então
ela deve ser pontuada como “Impossível” ao invés de “Ponto de interrogação”
(CATY et al., 2008). Ao término da entrevista, as respostas devem ser submetidas à
análise online gratuita no site http://www.rehab-scales.org/abiloco. Essa conversão
dos escores brutos em uma medida linear utiliza o modelo Rasch. Conforme esse
modelo, a habilidade de locomoção de um indivíduo é equivalente à posição do
mesmo ao longo de uma escala contínua, na qual os níveis de habilidade são
discriminados por atividades de locomoção (itens) de dificuldades variadas (CATY et
al., 2008).
A Figura 1 apresenta um relatório hipotético de avaliação gerado após
submissão de possíveis respostas. O desempenho do indivíduo nas tarefas de
locomoção (linha vertical vermelha) e o intervalo de confiança de 95% (linhas
pontilhadas vermelhas) estão localizados na abscissa, expressa em logits, que é
uma unidade linear, que expressa as chances de sucesso do indivíduo em um
determinado item (BOND & FOX, 2010). Uma vez que o zero é convencionalmente
definido como a dificuldade média dos itens, quanto maior for a habilidade do
indivíduo, mais à direita estará a medida (CATY et al., 2008).
22
Figura 1 - Relatório de avaliação do ABILOCO.
Colocar Figura 1 aqui
Fonte: Rehab-scales.org.
Na Figura 1, as tarefas estão listadas em ordem decrescente de dificuldade.
Esta ordem (calibração) foi obtida no estudo de desenvolvimento e validação do
ABILOCO (CATY et al., 2008), mostrando a pontuação mais provável
('Impossível'=0, "possível"=1) a cada item, em função da habilidade de locomoção
do indivíduo e a dificuldade do item. Assim, o item “pular com o pé não afetado” é o
mais difícil e requer maior habilidade para ser bem sucedido, enquanto “andar
menos de cinco metros, dentro de casa, apoiando nos móveis" é o mais fácil. A
pontuação mais provável para qualquer item aumenta com a habilidade de
locomoção do indivíduo (CATY et al., 2008).
23
A resposta do indivíduo a cada item está assinalada na Figura 1 (respostas
perdidas não são mostradas). Uma vez que no processo de reabilitação espera-se
que o indivíduo recupere primeiro as atividades mais fáceis (“andar menos de cinco
metros, dentro de casa, apoiando nos móveis”) até atividades mais difíceis ("subir
escadas colocando cada pé no próximo degrau"), pontuações inesperadas
(circulados em vermelho no relatório), podem ajudar a diagnosticar um
comportamento atípico do paciente ou outras comorbidades. Como visto no
exemplo, o item “pular com o pé não afetado" é classificado como "possível", no
entanto, espera-se que seja “impossível", dada a medida global do nível de atividade
apresentado pelo indivíduo durante o teste (CATY et al., 2008). Para qualquer item,
a faixa de sobreposição do intervalo de confiança de 95% indica o escore mais
provável dada à medida de habilidade de locomoção. O exemplo da Figura 1 mostra
que a maioria dos escores se enquadra com a medida global do indivíduo, indicando
que as suas pontuações são coerentes.
O relatório de avaliação também inclui o valor numérico da medida de
habilidade de locomoção do paciente na escala e o erro padrão de medida (em
logits), dado em Patient measure e Standard error, respectivamente.
Conforme instruções contidas no manual de aplicação, o ABILOCO é
apresentado em 10 versões diferentes, cada uma com ordens aleatórias distintas
dos 13 itens. O avaliador deve selecionar a próxima das 10 ordens para cada nova
aplicação, independente do indivíduo que será avaliado, para evitar qualquer efeito
sistemático. Estes pacotes do ABILOCO estão disponíveis para download em dois
idiomas: inglês e francês. Cada pacote contém a folha de instruções, as folhas de
pontuação e as 10 versões diferentes do questionário, cada uma com uma ordem
aleatorizada das perguntas.
2.4 Procedimentos
2.4.1 Adaptação transcultural
24
A primeira etapa consistiu na adaptação transcultural do ABILOCO, dividida
em cinco estágios (FIGURA 2), segundo as recomendações de Beaton et al. (2000)
e Wild et al. (2005). Primeiramente, foi realizada a tradução do questionário do
inglês para o português-Brasil, de forma independente, por dois tradutores bilíngues,
cuja língua-mãe é o português brasileiro, atentando-se para a qualidade semântica,
cultural e conceitual. Um dos tradutores estava ciente dos conceitos examinados
pelo questionário e o outro não foi informado sobre estes. O objetivo foi obter duas
versões independentes, que pudessem refletir mais precisamente as nuances da
língua alvo e, assim, alcançar uma versão o mais semelhante possível ao material
original. Em seguida, foi realizada uma síntese das duas versões traduzidas para o
português, por meio da comparação da versão original com as duas versões
traduzidas, gerando uma versão-consenso.
Figura 2 - Estágio do processo de adaptação transcultural do ABILOCO.
Fonte: Beaton et al., 2000. (Adaptada)
25
A retrotradução consistiu no retorno da versão traduzida unificada ao idioma
de origem. Foram realizadas duas retrotraduções por dois tradutores bilíngues
independentes, cujo primeiro idioma (língua-mãe) é o inglês. Estes tradutores não
tiveram acesso ao questionário original, nem conhecimento prévio da intenção do
estudo. Este procedimento serve para certificar que a versão traduzida reflete o
mesmo conteúdo da versão original.
O quarto estágio, um comitê de especialistas composto por três
fisioterapeutas, uma terapeuta ocupacional e dois tradutores, discutiu a clareza, a
pertinência e a equivalência entre as versões traduzidas e retrotraduzidas e a versão
original do questionário, para consolidar todas as versões em uma versão pré-final.
Essa reunião resultou em uma versão pré-final para ser testada em população
específica, devendo ser equivalente a original em quatro aspectos: semântica,
idiomática, cultural e conceitual (GUILLEMIN et al., 1993).
Por fim, esta versão pré-final consolidada pelo comitê de especialistas foi
testada em 10 indivíduos pós AVE (LIMA et al., 2008; SALIBA et al., 2011) que, após
a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) (APÊNDICE A)
e avaliação inicial dos critérios de elegibilidade, responderam ao questionário e
foram indagados sobre como interpretaram cada item. Esta verificação visou
assegurar que a versão adaptada manteve equivalência à versão original em uma
situação aplicada. Como não houve nenhum problema quanto à redação, clareza
dos itens ou ambiguidade das respostas, foi concluída a versão final do ABILOCO,
denominada ABILOCO-Brasil (FIGURA 3).
26
Figura 3 - ABILOCO-Brasil
2.4.2 Avaliação das propriedades de medida
Todos os indivíduos recrutados foram informados sobre o objetivo do estudo e
procedimentos necessários para sua condução, e somente em caso de aceite e
assinatura do TCLE, participaram do estudo. Após a assinatura do TCLE, os
voluntários participaram de uma entrevista individual para coleta de dados clínicos,
demográficos e verificação dos critérios de inclusão, segundo a ficha de avaliação
(APÊNDICE B). Essa avaliação incluiu informações sócio demográficas e clínicas
como tipo de AVE, tempo de evolução, lado parético, dominância prévia, estágio de
retorno motor do membro inferior, mensurado pelos escores motores para membro
inferior da escala de Fugl-Meyer (MAKI et al., 2006; MICHAELSEN et al., 2011) e
velocidade de marcha, mensurada pelo Teste de Velocidade de Marcha de 10
27
metros (FARIA et al., 2011). Por último, o ABILOCO foi aplicado individualmente,
conforme instruções padronizadas (CATY et al., 2008).
2.5 Cálculo amostral
Amostras iguais ou maiores a 100 indivíduos são consideradas necessárias
para se obter estimativas robustas dos parâmetros do item por meio da análise
Rasch (CHEN et al., 2014). Sendo assim, no mínimo 100 indivíduos seriam
necessários.
2.6 Análise estatística
Para análise dos dados antropométricos, clínicos e demográficos, foram
utilizadas estatísticas descritivas, como medidas de tendência central e dispersão,
por meio do software SPSS for Windows (versão 21.0).
A análise Rasch foi realizada com o uso software Winsteps (versão 3.91.2),
que fornece mapas e tabelas para visualização da distribuição da amostra e dos
itens num continuo de habilidade (LINACRE, 2015; DUNCAN et al., 2003; BOND &
FOX, 2010). Além de verificar se o questionário possui itens suficientes, o programa
também analisa se eles estão distribuídos de maneira uniforme ao longo do contínuo
de habilidade e se estão apropriados para o nível de desempenho da amostra
(BOND & FOX, 2010).
Essa análise permite avaliar a qualidade do padrão de respostas aos itens,
conforme um modelo probabilístico, no qual a probabilidade de escolha de uma
resposta depende apenas da habilidade do indivíduo e da dificuldade do item
(PENTA et al., 2001). A partir da matriz de escores brutos, o modelo calibra a
habilidade dos indivíduos e a dificuldade dos itens em um contínuo linear simples
(PENTA et al., 1998). Dessa forma, itens mais difíceis são aqueles que requerem
uma maior habilidade, definindo os níveis mais elevados da escala. Os itens mais
fáceis são aqueles que podem ser realizados com sucesso por indivíduos menos
hábeis, delineando os níveis mais baixos da escala (PENTA, 2001). Assim, por meio
28
desse modelo, espera-se que indivíduos mais habilidosos estejam posicionados nos
níveis mais altos da escala e indivíduos menos habilidosos estejam nos níveis mais
baixos (PORTNEY & WATKINS, 2009).
Alguns critérios são usados para julgar a adequação da escala por meio da
análise Rasch (PORTNEY & WATKINS, 2009). Um deles é a dificuldade do item,
que se refere à sua posição dentro de uma escala hierárquica, expressa em logits.
Além de fornecer uma ordem de classificação quanto ao nível de dificuldade dos
itens, esse critério permite determinar o quão perto ou distante estão os itens.
Espera-se que os itens estejam posicionados igualmente ao longo da escala, sem
grandes intervalos (lacunas), para refletir melhor a continuidade da escala
(PORTNEY & WATKINS, 2009).
Um outro critério que também deve ser analisado é a unidimensionalidade.
Para essa análise, estatísticas de “enquadramento” (fit statistics) para cada item são
calculadas para refletir o quão bem os itens obedecem ao modelo hierárquico. Estas
estatísticas são expressas como uma média quadrática residual (MnSq), a qual
representa a diferença entre escores observados e os escores esperados pelo
modelo. Se os valores observados e esperados são os mesmos, o MnSq é igual a
1,0 (PORTNEY & WATKINS, 2009). Valores de MnSq (goodness-of-fit) e de t (ZsTd)
indicam se a relação entre a habilidade do indivíduo e a dificuldade do item atende
ao pressuposto de unidimensionalidade do modelo (LINACRE, 2015). São
considerados razoáveis para sinalizar a adequação dos itens valores de MnSq entre
0,6 a 1,4 e valores associados de t entre -2 e +2 (BOND & FOX, 2010). Altos valores
de MnSq indicam que os escores num determinado item foram muito variáveis ou
erráticos (CHERN et al., 1996), ou seja, pessoas menos habilidosas receberam
escores altos em itens difíceis ou pessoas mais hábeis receberam escores baixos
em itens mais fáceis (BOND & FOX, 2010; TEIXEIRA-SALMELA et al., 2004). Para o
MnSq e o valor de t, os indicadores Infit e Outfit devem ser relatados e seus valores
devem ser considerados na avaliação de determinado item, para que possa refletir o
mesmo constructo no teste (PORTNEY & WATKINS, 2009). O Infit é sensível aos
padrões erráticos de itens que são próximos aos níveis de habilidade das pessoas
(BOND & FOX, 2010), enquanto o Outfit reflete a ocorrência de respostas
29
extremamente inesperadas ou raras (PORTNEY & WATKINS, 2009). Valores de
MnSq baixos (<0,6) indicam pouca variedade de respostas naquele item, ou seja,
pessoas de diferentes níveis de habilidade receberam a mesma pontuação (BOND &
FOX, 2010), mas não ameaçam a validade do teste.
Ainda em relação à unidimensionalidade, quando mais de 5% do número total
de itens do questionário não se enquadrarem no modelo, isso é indicativo de que os
itens da escala não combinam para medir um conceito unidimensional (CHERN et
al., 1996). Este achado representa uma ameaça à validade do teste, uma vez que
só é possível construir medidas tendo como base um único constructo (TEIXEIRA-
SALMELA et al., 2004).
Outra forma de se confirmar a unidimensionalidade do questionário é através
da análise de componente principal dos resíduos, por meio da qual é possível
localizar grupos de itens que, após a retirada deste componente, possam constituir
uma segunda dimensão (LINACRE, 2015). Para se considerar um conjunto de itens
como unidimensional, espera-se que a dimensão principal explique pelo menos 50%
da variância total observada e que o segundo fator explique menos de 5% da
variância ou que seja menor do que duas unidades de eigenvalues (CHIEN &
BOND, 2009; LINACRE, 2015).
A análise Rasch também verifica a independência local, que significa que o
sucesso ou falha em qualquer item não dependendo da pontuação de um outro item
(BOND & FOX,2010). Quando há altas correlações entre os resíduos de dois itens
(r>0,7), isto indica que eles não são independentes localmente, pois o par de itens
compartilha mais da metade da variância aleatória (V>0,49) e, assim, apenas um
seria suficiente para compor o teste (LINACRE, 2015).
Esta análise fornece ainda o valor do erro associado à calibração de cada
item e medidas de cada indivíduo (LINACRE, 2015), que é usado para calcular o
índice de separação e estimar em quantos níveis de habilidade os itens separam a
amostra. Para o cálculo do número de níveis, usa-se a fórmula: número de níveis
distintos = (4G+1)/3, na qual “G“ é o índice de separação fornecido pela análise
30
Rasch (LINACRE, 2015). Espera-se que as pessoas sejam estratificadas em pelo
menos dois níveis de habilidade (baixo e alto) e os itens sejam estratificados em
pelo menos três níveis de dificuldade (baixo, médio e alto) (LINACRE, 2015).
Outros índices relacionados são a confiabilidade das medidas dos indivíduos
e dos itens. Estes índices fornecem o grau de consistência das estimativas, com
variação de zero a um. Para os indivíduos, coeficientes maiores que 0,60 são
considerados aceitáveis (FISCHER, 2008) e maiores que 0,80 considerados bons
(LINACRE, 2015). Para os itens, valores acima de 0,90 são considerados excelentes
(LINACRE, 2015).
O mapa item-pessoa é uma representação visual da escala de habilidade de
locomoção, na qual tanto a calibração dos itens quanto as medidas dos indivíduos
são posicionados ao longo do mesmo contínuo linear (CHIEN & BOND,2009). Este
mapa permite verificar se o ABILOCO foi apropriado para o nível de habilidade da
amostra, efeitos teto e solo, bem como a presença de lacunas (poucos ou nenhum
item em certo nível de habilidade) (BOND & FOX, 2010; CHIEN & BOND, 2009).
Para a validade transcultural, foi realizada a análise da invariância cultural
verificando se havia funcionamento diferencial dos itens (BOND & FOX, 2010), que
teve o objetivo de verificar se os itens apresentavam calibrações ou níveis diferentes
de dificuldade quando aplicados em amostras de diferentes países (BOND & FOX,
2010; TENNANT & CONAGHAN, 2007). Esta análise utilizou a calibração dos itens
do ABILOCO-Original (CATY et al., 2008) e a calibração obtida no presente estudo.
Os resultados foram plotados em um gráfico simples de dispersão (BATCHO et al.,
2012; BOND & FOX, 2010), onde o modelo para igualdade das estimativas foi
representado por uma linha diagonal com inclinação igual a um (45°), chamada linha
de identidade (BOND & FOX, 2010). As linhas de controle, construídas a partir do
erro padrão de cada par de estimativa, determinam o intervalo de 95% de confiança
em torno da linha de identidade (BOND & FOX, 2010). A primeira evidência da falta
de invariância entre os diferentes grupos culturais ocorre quando um item localiza-se
fora do intervalo de confiança de 95% (CHIEN & BOND, 2009).
31
Uma segunda análise foi realizada para verificar se possíveis diferenças entre
as calibrações, encontradas na primeira análise, teriam impacto significativo nas
estimativas individuais de habilidade de locomoção. Para isso, a calibração dos itens
do presente estudo foram ancorados à calibração do ABILOCO-Original, a fim de se
obter medidas da amostra brasileira com a calibração do ABILOCO-Original (BOND
& FOX, 2010), usando o programa Winsteps. As estimativas de habilidade de
locomoção para cada participante obtidas por essa ancoragem foram, então,
comparados com as estimativas iniciais do ABILOCO-Brasil dessa mesma amostra,
obtidas antes da ancoragem, por meio do gráfico de dispersão (BOND & FOX,2010).
Para que o ABILOCO fosse considerado invariante, não poderiam ocorrer diferenças
nas estimativas em mais de 5% da amostra (BOND & FOX, 2010).
32
3 RESULTADOS
3.1 Recrutamento
Dentre 726 potenciais participantes, 542 foram excluídos devido à
impossibilidade de contato, recusa em participar do estudo, ausência de alterações
motoras e presença de déficts visuais, falecimento, dentre outros motivos. Dos 184
indivíduos selecionados via contato telefônico e agendados para a avaliação, 48
indivíduos não foram incluídos por não comparecimento, presença de déficits
cognitivos ou outras condições incapacitantes e desistência durante a realização da
avaliação. Ao final, 136 indivíduos foram incluídos neste estudo (FIGURA 4).
3.2 Características dos participantes
Dos indivíduos incluídos, 80 eram do sexo masculino (58,8%), com média de
idade de 60,8 anos (±12,4), variando de 20 a 92 anos. A média de tempo de
evolução pós AVE foi de 56,2 meses (±62,7), com variação de cinco a 380 meses.
33
Figura 4 - Fluxograma do processo de recrutamento.
Lista de voluntários (n=726)
Excluídos (n=542) Sem contato – não atende ou nº errado (n=271)
Recusa (n=98)
Ausência de déficits motores (n=74)
Presença de déficits cognitivos (n=25)
Presença de déficits visuais (n=9)
Falecimento (n=22)
Outras razões (n=43)
Agendados para avaliação (n=184)
Excluídos antes da avaliação (n=31) Não compareceram (n=31)
Voluntários incluídos no estudo (n=136)
Excluídos durante a avaliação (n=17) Presença de déficits cognitivos (n=8)
Hemiparesia bilateral (n=2)
Desistência (n=1)
Outras condições incapacitantes (n=6)
34
3.3 Artigo
ADAPTAÇÃO TRANSCULTURAL E AVALIAÇÃO DAS PROPRIEDADES DE
MEDIDAS DO ABILOCO-BRASIL: UM INSTRUMENTO DE AVALIAÇÃO DO
DESEMPENHO DA LOCOMOÇÃO DE HEMIPARÉTICOS.
RESUMO
Introdução: O ABILOCO é uma medida de desempenho para pacientes
hemiparéticos, que explora um repertório representativo de atividades de
locomoção. Uma vez que foi originalmente desenvolvido na língua inglesa, para que
ele possa ser aplicado em contextos clínicos e na pesquisa no Brasil, é necessária a
sua adaptação transcultural. Objetivos: Traduzir para a língua portuguesa-Brasil a
versão em inglês do ABILOCO e adaptá-la para a cultura brasileira, além de avaliar
as propriedades de medida da versão traduzida e adaptada em indivíduos brasileiros
hemiparéticos subagudos e crônicos. Materiais e Método: O processo de
adaptação transcultural seguiu procedimentos padronizados. A versão traduzida e a
adaptada, o ABILOCO-Brasil, foi aplicada em 136 indivíduos, para avaliar as suas
propriedades de medida, por meio da análise Rasch. Resultados: O ABILOCO-
Brasil apresentou valores de consistência interna de 0,76, de confiabilidade de
calibração dos indivíduos de 0,65 e confiabilidade dos itens de 0,95. Na análise do
componente principal, a variância explicada pela dimensão Rasch foi de 45%, no
entanto o eigenvalue foi de 1,92, mostrando um conceito de unidimensionalidade.
No mapa de itens, foi observado um grande efeito teto, pois 21 sujeitos (15,4%)
tiveram todos os itens assinalados como “possíveis”. Os resultados da análise de
funcionamento diferencial do item mostraram que, apesar de existir diferenças na
calibração dos itens entre as amostras de diferentes países, não se observou
impacto nas estimativas de habilidade de locomoção. Conclusão: Os resultados
indicaram que o ABILOCO-Brasil apresentou propriedades de medidas adequadas.
Além disso, a sua validade transcultural apontou que ele pode ser aplicado em
diferentes contextos culturais, uma vez que os resultados mostraram que a
calibração do questionário original e do adaptado forneceram medidas similares.
35
Palavras-chave: Acidente vascular encefálico. Habilidade de locomoção. Adaptação
transcultural. Análise Rasch.
ABSTRACT
The ABILOCO is a performance-based measure for individuals with stroke, which
explores a representative repertoire of locomotion activities. The ABILOCO was
developed in English and to be applied within clinical and research contexts in Brazil,
its cultural adaptation is required. Objective: To translate into the Portuguese-Brazil
language the English version of the ABILOCO and to adapt it to the Brazilian culture,
as well as to assess the measurement properties of the adapted version with sub-
acute and chronic stroke subjects. Methods: The cross-cultural adaptation of the
ABILOCO followed standardized procedures. The adapted version (ABILOCO-Brazil)
was administred to 136 stroke subjects for the assessment of its measurement
properties, using Rash analysis. Results: The ABILOCO divided the sample into two
levels of locomotion ability and the items into about seven levels of difficulty, leading
to person and item reliability índices of 0.65 and 0.95, respectively and internal
consistency of 0.76. The principal component analysis of the residuals showed that
the first dimension explained 45% of the variance in locomotion ability, however, the
eigenvalue was 1.92, demonstrating the unidimensionality of the ABILOCO. The
item-person map showed a large ceiling effect, since 21 subjects (15.4%) scored all
the items as possible. The differential item functioning analysis revealed that
although there were found diferences in the item calibrations across the countires,
they did not impact the estimates of locomotion ability. Conclusions: Therefore, the
ABILOCO-Brasil demonstrated satisfactory measurement properties to be used
within both clinical and research contexts in Brazil and cross-cultural validity for use
in international/multicentric studies. However, its ceiling effect was large, suggesting
that the ABILOCO may not be appropriate to assess individuals with high levels of
locomotion ability. It is also suggested that the ABILOCO-Brasil be applied along with
other standardized measures, in order to obtain a more comprehensive assessment
of the ambulation ability of stroke subjects.
Key-words: Stroke. Locomotion ability. Cross-cultural adaptation. Rasch analysis.
36
INTRODUÇÃO
O Acidente Vascular Encefálico (AVE) é uma das principais causas de morte
e deficiências1 e a terceira principal causa de incapacidade crônica no mundo2.
Indivíduos acometidos pelo AVE enfrentam alterações na funcionalidade, que podem
interferir na realização de atividades cotidianas da vida diária3 e implicar em algum
grau de dependência4. A capacidade de deambular, por exemplo, é uma tarefa
essencial dentre as atividades da vida diária para a participação social destes
indivíduos, sendo considerada a mais importante por pacientes hemiparéticos5,6.
Assim, a recuperação da habilidade de caminhar é um dos mais importantes
objetivos da reabilitação motora após o AVE7.
A Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF)8
classifica a locomoção no domínio Atividade e a define como a habilidade do
indivíduo de se mover de forma efetiva no seu ambiente9. Para os domínios
Atividade e Participação, a CIF utiliza os qualificadores capacidade, que se refere à
habilidade de um indivíduo realizar uma tarefa ou ação em um ambiente
padronizado, e desempenho, que está relacionado ao que o indivíduo consegue
realizar em seu contexto de vida real, que inclui os fatores ambientais e todos os
aspectos do mundo físico, social e comportamental9. Avaliar, portanto, a habilidade
de locomoção através de medidas de desempenho, é fundamental, uma vez que
testes que avaliam a capacidade desses indivíduos descrevem a performance em
um ambiente artificial, que pode não condizer com sua real habilidade de locomoção
na vida diária9.
Atualmente, a habilidade de locomoção pode ser avaliada por diferentes
escalas. Os testes Functional Walking Category (FWC) e a Functional Ambulation
Categories (FAC) avaliam a habilidade de locomoção do paciente e o suporte
necessário10,11. Ambas são constituídas de uma escala de seis níveis, em que o
paciente é classificado de acordo com o nível que melhor caracteriza sua habilidade
de locomoção10,11. No entanto, a FWC a FAC consideram apenas a marcha, não
avaliando a habilidade em outras formas de locomoção, como subir/descer escadas,
37
por exemplo. O Mobility Milestones e a Modified Emory Functional Ambulation Profile
avaliam a habilidade de locomoção do paciente através de tarefas pré-determinadas
e padronizadas12,13. No entanto, este tipo de avaliação mede a capacidade de
locomoção do indivíduo sob condições artificiais e não o seu desempenho
cotidianamente. Por fim, testes cronometrados como o Teste de Caminhada de 6
minutos e o Teste de Velocidade de Marcha 10 metros14 também avaliam a
capacidade e não o desempenho dos indivíduos. Já o Rivermead Mobility Index,
outro questionário presente na literatura, também avalia a percepção de
desempenho dos indivíduos pós AVE em 15 atividades de locomoção15. No entanto,
seu escore não é dado em medidas lineares, não permitindo comparações diretas
entre os indivíduos e também não avalia a mobilidade ganha por meio de
modificações ambientais, como, por exemplo, apoiar-se nos móveis.
Apesar dos testes acima citados serem adequados para avaliar a locomoção,
de acordo com os objetivos de cada paciente e terapeuta, ainda é necessário um
que avalie a habilidade de locomoção pela percepção do desempenho dos
indivíduos. Neste sentido, foi criado o ABILOCO, específico para hemiparéticos, que
apresenta adequadas propriedades de medida5. Este questionário é uma medida de
autopercepção do desempenho, que explora um repertório representativo de
atividades de locomoção5 e atende os critérios propostos por Tyson & Connel16,
demonstrando boa utilidade clínica. Este questionário foi originalmente desenvolvido
usando o modelo Rasch, que faz a conversão de escores brutos em medidas
lineares5. A vantagem das medidas lineares é que elas podem oferecer resultados
cientificamente mais robustos e clinicamente mais significativos, ao permitir
inferências corretas, a partir de comparações diretas inter ou intraindivíduos17,18.
Assim, apesar do ABILOCO apresentar boa utilidade clínica e propriedades
de medidas adequadas, ele está disponível apenas nas línguas inglesa e francesa.
Para que ele possa ser aplicado em contextos clínicos e na pesquisa no Brasil, é
necessária a sua adaptação transcultural, de forma que ao final do processo se
atinja a equivalência semântica, idiomática, cultural e conceitual19. O processo de
adaptação transcultural requer que os questionários sejam traduzidos
linguisticamente e adaptados culturalmente, para manter as validades de conteúdo e
38
constructo e a confiabilidade da mesma forma que a versão original19. Além disso, é
necessário avaliar as propriedades de medida da versão traduzida e adaptada na
população alvo.
Atualmente, para avaliação de propriedades de medida, grande ênfase tem
sido dada para abordagens modernas mais robustas como a análise Rasch, pois
verifica atributos como unidimensionalidade (validade de constructo), independência
local entre os itens, confiabilidade, qualidade da escala de pontuação e adequação
do questionário ao nível de habilidade da amostra 20,21. A análise Rasch também
permite a avaliação da invariância da medida22, uma vez que uma escala
unidimensional deve funcionar da mesma maneira, independente do grupo ou país
que é avaliado23.
Desta forma o objetivo deste estudo foi traduzir para a língua portuguesa-
Brasil a versão em inglês do ABILOCO específico para indivíduos pós AVE e
adaptá-la para a cultura brasileira, além de avaliar as propriedades de medida da
versão traduzida e adaptada em indivíduos brasileiros hemiparéticos subagudos e
crônicos, por meio da análise Rasch.
MÉTODOS
Participantes
A amostra foi recrutada da comunidade em geral, em serviços de reabilitação
da prefeitura e hospitais públicos de Belo Horizonte, de acordo com os seguintes
critérios de inclusão: ter idade ≥20 anos; apresentar diagnóstico de AVE
hemorrágico ou isquêmico, unilateral, com no mínimo de três meses de evolução;
ser capaz de deambular com ou sem dispositivos e apresentar hemiparesia,
caracterizada por fraqueza e/ou aumento do tônus dos músculos extensores de
joelho24.
Foram excluídos os indivíduos com déficits cognitivos, identificados pelos
pontos de corte no Mini-Exame do Estado Mental25, dificuldade de expressão verbal
39
ou com quaisquer outras condições musculoesqueléticas ou neurológicas
incapacitantes.
Amostras iguais ou maiores a 100 indivíduos são consideradas necessárias
para se obter estimativas robustas dos parâmetros do item por meio da análise
Rasch (CHEN et al., 2014). Sendo assim, no mínimo 100 indivíduos seriam
necessários.
ABILOCO
O ABILOCO é um questionário especifico para indivíduos pós AVE5. Contém
13 itens sobre a deambulação em diferentes situações, sendo administrado na forma
de entrevista. Os indivíduos não realizam as atividades, mas são somente
solicitados a estimar suas percepções de dificuldades conforme a escala de
respostas ‘Impossível’ ou ‘Possível’, ('Impossível'=0, "possível"=1), variando portanto
sua possibilidade de escore bruto de zero a 13. As atividades não tentadas nos
últimos três meses não são pontuadas, sendo inseridas como respostas perdidas5.
As respostas devem ser submetidas à análise Rasch5 para converter os escore
brutos em uma medida linear. Conforme esse modelo, a habilidade de locomoção de
um indivíduo é equivalente à posição do mesmo ao longo de uma escala contínua,
na qual os níveis de habilidade são materializados por atividades de locomoção
(itens) de dificuldades variadas5.
Procedimentos
A primeira etapa consistiu na adaptação transcultural do ABILOCO, dividida
em cinco estágios19,26. Primeiramente, foi realizada a tradução do questionário do
inglês para o português-Brasil, de forma independente, por dois tradutores bilíngues
cuja língua-mãe é o português brasileiro, atentando-se para a qualidade semântica,
cultural e conceitual. Em seguida, foi realizada uma síntese das duas versões
traduzidas para o português, por meio da comparação da versão original com as
duas versões traduzidas, gerando uma versão-consenso. A retrotradução consistiu
no retorno da versão traduzida unificada ao idioma de origem. Foram realizadas
40
duas retrotraduções por dois tradutores bilíngues independentes, cujo primeiro
idioma (língua-mãe) é o inglês. Estes tradutores não tiveram acesso ao questionário
original, nem conhecimento prévio da intenção do estudo. O quarto estágio, um
comitê de especialistas composto por três fisioterapeutas, uma terapeuta
ocupacional e dois tradutores, discutiu a clareza, a pertinência e a equivalência entre
as versões traduzidas e retrotraduzidas e a versão original do questionário, para
consolidar todas as versões em uma versão pré-final. Por fim, esta versão pré-final
foi testada em 10 indivíduos com hemiparesia27,28, que responderam ao questionário
e foram indagados sobre como interpretaram cada item. Esta verificação visou
assegurar que a versão adaptada manteve equivalência à versão original em uma
situação aplicada. Como não houve nenhum problema quanto à redação, clareza
dos itens ou ambiguidade das respostas, foi concluída a versão final do ABILOCO,
denominada ABILOCO-Brasil.
Após análise da adequação aos critérios de inclusão e explicação dos
objetivos do estudo, os indivíduos que aceitaram participar foram convidados a
assinar do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Os voluntários participaram
de uma entrevista individual para coleta de informações sócio demográficas e
clínicas, como tipo de AVE, tempo de evolução, lado parético, lado de dominância,
estágio de retorno motor do membro inferior, mensurados pela escala de Fugl-
Meyer29,30 e velocidade de marcha, mensurada pelo Teste de Velocidade de Marcha
de 10 metros31. Por último, o ABILOCO-Brasil foi aplicado individualmente, seguindo
instruções padronizadas5, por avaliadores treinados, em aproximadamente cinco
minutos.
Análise estatística
Os dados foram submetidos a análise Rasch, que permite avaliar a qualidade
do padrão de respostas aos itens, conforme um modelo probabilístico, no qual a
probabilidade de escolha de uma resposta depende apenas da habilidade do
indivíduo e da dificuldade do item32. A análise foi realizada com o uso do programa
Winsteps, versão 3.91.2 e foram verificados cinco aspectos, discutidos a seguir.
41
Unidimensionalidade: Para avaliar a unidimensionalidade do ABILOCO-
Brasil, foram utilizados os parâmetros da análise do enquadramento dos itens e dos
indivíduos ao modelo e a análise de componente principal. Os valores MnSq
(goodness-of-fit) e de t associados (Zstd), calculados para cada item e cada
indivíduo, indicam se a relação entre a habilidade do indivíduo e a dificuldade do
item atendem aos pressupostos do modelo33. São considerados aceitáveis para
sinalizar a adequação dos itens valores de MnSq igual a 1,0 com variação de ±0,4 e
valores associado de t no intervalo entre -2 e +222. Valores altos de MnSq indicam
que os escores de determinado item foram muito variáveis ou erráticos34, ou seja,
pessoas menos habilidosas receberam escores altos em itens difíceis ou pessoas
mais hábeis receberam escores baixos em itens mais fáceis22,35. Porém, valores de
MnSq baixos (<0,6) indicam pouca variedade de respostas naquele item, ou seja,
pessoas de diferentes níveis de habilidade receberam a mesma pontuação22. Os
valores dos indicadores Infit e Outfit devem ser considerados na exclusão ou revisão
de determinado item para que possa refletir o constructo teórico do teste36. Quando
mais de 5% do número total de itens do questionário não se enquadrarem no
modelo, é indicativo de que os itens da escala não combinam para medir um
conceito unidimensional, o que representa uma ameaça à validade do teste, uma
vez que só é possível construir medidas tendo como base um único constructo35.
Outra forma de se confirmar a unidimensionalidade é através da análise de
componente principal dos resíduos, por meio da qual é possível localizar grupos de
itens que, após a retirada do componente principal, possam constituir uma segunda
dimensão33. Para se considerar um conjunto de itens como unidimensional, espera-
se que a dimensão principal explique pelo menos 50% da variância total observada
e que o segundo fator explique menos de 5% da variância ou que seja menor do que
duas unidades de eigenvalues21,33.
Independência local: Independência local significa que o sucesso ou falha em
qualquer item não depende da pontuação de um outro item22. Quando há altas
correlações entre os resíduos de dois itens (r>0,7), isto indica que eles não são
independentes localmente, pois o par de itens compartilha mais da metade da
42
variância aleatória (V>0,49) e, assim, apenas um seria suficiente para compor o
teste33.
Confiabilidade: A confiabilidade das medidas das pessoas e dos itens
fornecem o grau de consistência das estimativas, com variação de zero a um. Para
os indivíduos, coeficientes maiores que 0,60 são considerados aceitáveis37 e
maiores que 0,80 são considerados bons33. Para os itens, valores acima de 0,90 são
considerados excelentes33. A análise Rasch fornece também valores do erro
associados à calibração de cada item e medida de cada indivíduo, que são usados
para calcular o índice de separação e estimar em quantos níveis de habilidade os
itens separam a amostra. Para cálculo do número de níveis, foi utilizada a fórmula:
número de níveis distintos = (4G+1)/3, na qual “G“ é o índice de separação fornecido
pela análise Rasch33. Espera-se que um instrumento estratifique as pessoas em pelo
menos dois níveis de habilidade (baixo e alto) e os itens em pelo menos três níveis
de dificuldade (baixo, médio e alto)33.
Mapa de itens-pessoas: O mapa item-pessoa é uma representação visual da
escala de habilidade de locomoção, na qual tanto a calibração dos itens quanto as
medidas dos indivíduos são posicionados ao longo do mesmo contínuo linear21. O
mapa permitiu verificar se o ABILOCO-Brasil foi apropriado para o nível de
habilidade da amostra, efeitos teto e solo, bem como a presença de lacunas 22,21.
Validade transcultural: Para avaliar a validade transcultural do ABILOCO-
Brasil, foi feita análise da invariância cultural verificando se havia funcionamento
diferencial dos itens22. Nesta análise foi verificado se os itens apresentavam
calibrações ou níveis diferentes de dificuldade quando aplicados em amostras de
diferentes países22,20. A calibração do ABILOCO-Brasil foi plotada contra a
calibração do ABILOCO-Original, resultando em um gráfico simples de
dispersão38,22, com linha de controle delimitadas pelo erro associado a calibração de
cada item. Para verificar se possíveis diferenças entre as calibrações, encontradas
nesta primeira análise, teriam impacto significativo nas estimativas individuais de
habilidade de locomoção, foi feita uma análise na qual a calibração dos itens do
presente estudo foram ancorados à calibração do ABILOCO-Original5. As
43
estimativas de habilidade de locomoção para cada participante obtidas com essa
ancoragem foram, então, comparados com as estimativas iniciais do ABILOCO-
Brasil dessa mesma amostra, obtidas antes da ancoragem, por meio do gráfico de
dispersão22. Para que o ABILOCO fosse considerado invariante, não poderiam
ocorrer diferenças nas estimativas em mais de 5% da amostra22.
RESULTADOS
Características dos participantes
Dentre 726 potenciais participantes, 542 foram excluídos devido à
impossibilidade de contato, recusa em participar do estudo, ausência de déficits
motores, falecimento, dentre outros motivos. Dos 184 indivíduos selecionados via
contato telefônico e agendados para a avaliação, 48 indivíduos não foram incluídos
por não comparecimento, presença de déficits cognitivos ou outras condições
incapacitantes e desistência durante a realização da avaliação. Ao final, 136
indivíduos foram incluídos no estudo.
Dos indivíduos incluídos, 80 eram do sexo masculino (58,8%), com média de
idade de 60,8 anos (±12,4), variando de 20 a 92 anos. A média de tempo de
evolução pós AVE foi de 56,2 meses (±62,7), com variação de cinco a 380 meses.
Os dados descritivos da amostra foram sumarizados na Tabela 1.
Adaptação transcultural
A adaptação transcultural seguiu todas as recomendações propostas Beaton
et al.19, não sendo necessárias grandes modificações nos itens para possibilitar sua
compreensão. No entanto, foi acrescentado no item quatro (subir escadas colocando
cada pé no próximo degrau) o complemento “alternando os pés”, para descrever
melhor a tarefa. O questionário foi aplicado em forma de entrevista conforme
estabelecido no original.
44
Análise Rasch
A medida média dos participantes foi de 2,32 logits, sendo que os valores
globais (médias) de estatística dos indivíduos foram Infit: [MnSq=1,0;t=0]; Outfit:
[MnSq=0,94;t=0,2], e para os itens foram Infit: [MnSq=0,97;t=-0,1]; Outfit:
[MnSq=0,96;t=0,3]. Tais resultados sugerem que, de maneira geral, o ABILOCO-
Brasil se enquadrou nos pressupostos do modelo Rasch.
Unidimensionalidade: Na Tabela 2 estão descritos os valores de calibração de
cada item, ordenados do mais difícil (pular com o pé não afetado) para o mais fácil
(andar menos de cinco metros, dentro de casa, apoiando nos móveis). A análise
revelou que apenas o item quatro (subir escadas colocando cada pé no próximo
degrau - alternando os pés) não se enquadrou na expectativa do modelo, pois
apresentou valores de Infit/Outfit acima do esperado. Porém, os itens sete (dar um
passo largo sobre um objeto com o pé afetado primeiro) e 13 (andar menos de cinco
metros com ajuda de uma pessoa para apoio) foram identificados como
inadequados em apenas um dos formatos (Outfit) e merecem atenção. Nota-se
ainda que não foram encontrados itens muito previsíveis, uma vez que todos
apresentaram MnSq superior a 0,6 nos formatos Infit/Outfit. Na análise do
componente principal, a variância explicada pela dimensão Rasch foi de 45%, no
entanto o eigenvalue foi de 1,92, mostrando enquadramento no conceito de
unidimensionalidade.
Independência local: Não foram identificadas correlações >0,7 entre os itens,
sendo que a maior correlação foi no item “andar menos de cinco metros sozinho
sem ajuda ou supervisão de uma pessoa” (r=0,38). Isto indica que todos os item são
independentes localmente, ou seja, não duplicam características ou não incorporam
conteúdos em comum.
Confiabilidade: A confiabilidade de calibração dos indivíduos foi de 0,65 e dos
itens de 0,95. O índice de separação dos indivíduos foi de 1,36, dividindo a amostra
em, aproximadamente, dois níveis de habilidade (baixo e alto), enquanto que o
índice de separação dos itens foi de 4,35 (sete níveis de dificuldade).
45
Mapa de itens-pessoas: O mapa da Figura 1 representa o nível de dificuldade
dos itens em relação ao nível de habilidade de locomoção da amostra, construído
por meio da calibração dos itens do ABILOCO-Brasil, mostrada na Tabela 2. Na
coluna da esquerda estão representados o contínuo de habilidades dos indivíduos
(#) e na direita a dificuldade dos itens. No topo do contínuo, pode-se observar a
presença de grande número de indivíduos sem itens para avaliá-los, demonstrando
efeito teto, com 21 participantes (15,4%) obtendo pontuação máxima, ou seja, eles
assinalaram todos os itens como possíveis de serem desempenhados. Na parte
inferior, observam-se itens muito fáceis, não havendo na amostra indivíduos com
habilidade tão baixa de locomoção. Além disso, observa-se na parte superior e
inferior do mapa a presença de duas lacunas, nas quais não se encontram itens
(Figura 1).
Validade transcultural: A análise de funcionamento diferencial dos itens
mostrou que cinco itens (2, 5, 7, 8, 11) apresentaram níveis diferentes de dificuldade
entre as amostras da Bélgica e do Brasil. No entanto, a análise subsequente
mostrou invariância das estimativas de habilidade de locomoção após ancoramento
com o ABILOCO–Original, uma vez que as estimativas ficaram dentro do intervalo
de confiança (Figura 2). Apesar de existirem diferenças entre as calibrações dos
itens nas amostras dos dois países, isso não teve impacto nas estimativas de
habilidade de locomoção.
DISCUSSÃO
No presente estudo foi realizada a adaptação transcultural para o português-
Brasil do ABILOCO, questionário de avaliação da percepção de desempenho da
locomoção, específico para indivíduos com AVE. O processo de adaptação
transcultural seguiu todas as recomendações propostas Beaton et al.19, sendo
necessário apenas uma modificação no item quatro para possibilitar sua
compreensão. A avaliação das propriedades de medidas foi realizada por meio do
modelo Rasch, considerada uma análise com abordagem moderna e mais robusta39.
Esta análise permite a conversão de escores brutos em medidas intervalares,
46
verifica a invariância da medida e o erro da medida associado ao item, além de
ordenar os itens e indivíduos em um contínuo linear40, considerando que a
probabilidade de acerto de um item depende apenas de sua dificuldade ou da
habilidade do indivíduo41.
A avaliação das propriedades de medida do questionário adaptado se faz
necessária para que ele possa ser utilizado em contextos clínicos e de pesquisa. Na
análise Rasch, a confiabilidade é avaliada pela probabilidade de pessoas ou itens
serem estimados com altas medidas, quando elas realmente são, ou quando
estimadas como baixas, serem realmente baixas33. A análise dos 136 indivíduos da
amostra mostrou excelente coeficiente de confiabilidade para os itens (0,95), no
entanto, o coeficiente de confiabilidade para os indivíduos foi de 0,65. Embora
valores de confiabilidade acima de 0,80 sejam recomendados33, valores acima de
0,60 são considerados aceitáveis37. Segundo Linacre33, duas possíveis razões para
o baixo coeficiente de confiabilidade incluem o reduzido número de itens do
questionário e a escassez de indivíduos com baixa habilidade de locomoção na
amostra. Devido à impossibilidade de se modificar o questionário, aumentando o
número de itens, esforços foram empenhados para incluir na amostra indivíduos
com baixa habilidade de locomoção. Porém, indivíduos com baixa habilidade de
locomoção se tornam mais restritos ao domicílio, dificultando o deslocamento dos
mesmos até o local das avaliações, o que constituiu um dos principais motivos de
recusa dos participantes42. Além disso, embora tenha sido oferecida a possibilidade
de avaliação em domicílio, ainda assim os déficits decorrentes do AVE,
principalmente de locomoção, tornam-se incapacitantes para estes indivíduos, que
tendem a se recusar em participar de atividades que fogem do seu cotidiano.
Em relação aos itens, foi observado que estes se organizaram de forma
satisfatória. No entanto, um item apresentou comportamento errático, tendo
flutuações nos dois formatos Infit/Outfit39, o que significa que algumas respostas
foram variáveis ou inesperadas (indivíduos 64, 75, 85, 147, 152). Para os indivíduos
64, 147 e 152, com comprometimento retorno motor classificado de moderado a
grave e marcha classificada como domiciliar, realmente o esperado era que eles não
realizassem a tarefa de “subir escadas colocando cada pé no próximo degrau,
47
alternando os pés”. No entanto, é possível que estes indivíduos não tenham
entendido a pergunta e tenham considerado somente a capacidade de subir
escadas, independente do padrão adotado. Já para os indivíduos 75 e 85, com
retorno motor classificado de leve a moderado e marcha classificada como
comunitária, realmente o esperado seria que os mesmos realizassem a tarefa sem
problemas. No entanto, é possível que por uma questão de segurança, não tenham
adotado o padrão de pés alternados e, embora tivessem condições físicas para
realizá-la desta forma, por não utilizarem este padrão, não se sentiram capazes para
tal.
Embora a análise tenha revelado um item problemático, não foram apontados
pela análise estatística itens previsíveis (MnSq abaixo de 0,6 nos formatos
Infit/Outfit), ou seja, itens cuja resposta apresentou pouca variação entre os
indivíduos22. Apesar da análise de componente principal ter demonstrado que a
variância explicada foi menor que 50%, o eigenvalue foi de 1,92, o que dá suporte à
unidimensionalidade dos itens do ABILOCO-Brasil21,33. Além disso, embora o
número de itens erráticos tenha ligeiramente ultrapassado os 5% recomendados
(7,7%), deve-se ressaltar que apenas um item da escala gerou este valor elevado
pelo fato do ABILOCO conter apenas 13 itens. Assim, a análise de componente
principal não sugeriu a presença uma segunda dimensão relevante no ABILOCO–
Brasil.
A análise de componente principal também foi utilizada para verificar a
independência local, não sendo identificadas correlações >0,7 entre os itens. Estes
resultados indicam que nenhum par de itens compartilhou mais da metade da
variância aleatória (V>0,49), sugerindo que todos os itens do questionário são
necessários33.
No mapa de itens, observou-se efeito teto importante para as medidas dos
indivíduos, o que resultou em erro da medida alto (aproximadamente 2 logits) no
extremo superior. Isto demonstra que a parte da amostra teve nível elevado de
habilidade, que o questionário não conseguiu medir com precisão. Ou seja, para
indivíduos com maiores habilidades de locomoção, o ABILOCO-Brasil não contém
48
itens difíceis o suficiente para discriminá-los. Assim, nem todos os indivíduos
pontuados com escore máximo apresentam o mesmo nível de habilidade de
locomoção. Além disso, no extremo inferior da escala, foram encontrados itens
fáceis demais, que não apresentaram dificuldade para nenhum dos participantes. Ou
seja, não houve indivíduos com habilidade de locomoção tão baixa que não
conseguissem realizar estas tarefas. Estes resultados mostram que o ABILOCO foi
construído para uma população de indivíduos com habilidade de locomoção mais
baixa, diferente da amostra do presente estudo. É possível que os resultados
fossem diferentes para uma amostra com maiores déficits de locomoção ou em
pacientes agudos, como no estudo de desenvolvimento do ABILOCO. No entanto,
além das dificuldades de recrutamento de indivíduos mais acometidos, já citadas
anteriormente, vale ressaltar que os indivíduos pós-AVE no Brasil, durante a fase
aguda, geralmente ainda não se encontram em processo de reabilitação. Muitos
permanecem grande parte do tempo em seus domicílios, aguardando vagas em
centros de reabilitação e, portanto, não têm a oportunidade de experimentar as
tarefas que o ABILOCO contempla, o que torna mais difícil aplicá-lo em indivíduos
na fase aguda no nosso país. Por fim, a presença do efeito teto torna a medida
imprecisa para estes indivíduos, o que resultou no coeficiente de confiabilidade para
pessoas mais baixo que o dos itens.
No mapa de itens, também pode-se observar na parte superior e inferior a
presença de duas lacunas onde não se encontram itens. Itens posicionados
igualmente ao longo da escala, sem grandes intervalos, refletem melhor a
continuidade da medida36. A presença destas lacunas indica ausência de itens que
avaliem habilidades de locomoção com dificuldades intermediárias entre os
extremos das lacunas assinaladas (Figura 1). Por exemplo, na parte superior não
existem itens, no intervalo, mais difíceis que “dar uma passo largo sobre um objeto
com o pé afetado primeiro” e mais fáceis que “pular com o pé não afetado”.
Por fim, o presente estudo investigou a validade transcultural do ABILOCO-
Brasil, avaliada por meio da análise da invariância cultural. A análise de
funcionamento diferencial do item é uma forma sofisticada de identificar diferenças
em uma escala, quando aplicada em diferentes culturas23, que podem ser atribuídas
49
a aspectos culturais distintos. O resultado desta análise revelou que, embora tenham
sido observadas diferenças no nível de dificuldade de cinco itens entre as amostras
da Bélgica e do Brasil, essas diferenças não tiveram impacto relevante nas medidas
dos participantes. As estimativas de habilidade de locomoção foram similares
usando a calibração tanto do ABILOCO-Brasil como do ABILOCO–Original, o que dá
suporte a invariância cultural. Este resultado indica que o ABILOCO é um
questionário que avalia da mesma forma, medindo o mesmo constructo, em
diferentes contextos culturais.
Assim, a transformação de escores baseada na análise Rasch disponível no
site www.rehab-scales.org43 do ABILOCO-Original pode ser utilizada para a
conversão das pontuações brutas em medidas lineares para o ABILOCO-Brasil. Isto
além de facilitar a utilização do ABILOCO na pesquisa e na prática clínica, também
permite sua utilização em estudos multicêntricos/internacionais. No entanto, a
generalização destes resultados é aplicada somente para indivíduos pós AVE do
Brasil e da Bélgica e, portanto, estudos futuros devem ser realizados, a fim de
evidenciar a validade transcultural do ABILOCO para outras culturas.
CONCLUSÃO
Este estudo realizou a adaptação transcultural do ABILOCO e mostrou que o
ABILOCO-Brasil apresentou propriedades de medidas adequadas, avaliadas através
da análise Rasch. Além disso, foi observado que independentemente do grau de
escolaridade ou nível socioeconômico, todos os indivíduos do estudo foram capazes
de responder o ABILOCO-Brasil em aproximadamente cinco minutos, demonstrando
ser um questionário de fácil e rápida aplicação.
A análise da validade transcultural apontou que o ABILOCO-Brasil pode ser
utilizado em diferentes contextos culturais, uma vez que os resultados mostraram
que a calibração do ABILOCO original e do ABILOCO-Brasil forneceram medidas
similares. Dessa forma, pode-se usar a análise disponível gratuitamente no site
http://www.rehab-scales.org, para a conversão das pontuações brutas em medidas
lineares para o ABILOCO-Brasil. No entanto, ressalta-se que o ABILOCO-Brasil
50
apresentou efeito teto e pode não ser o mais apropriado para avaliar indivíduos com
habilidade de locomoção elevada. Sugere-se ainda que a utilização do ABILOCO-
Brasil seja feita juntamente com outros instrumentos padronizados, afim de se obter
uma avaliação mais adequada e abrangente dos déficits de locomoção
apresentados por indivíduos pós AVE.
REFERÊNCIAS
1. Leciñana MA, Gutiérrez-Fernández M, Romano M, Cantú-Brito C, Arauz A,
Olmos LE, Ameriso SF, Díez-Tejedor E. Strategies to improve recovery in acute
ischemic stroke patients: IberoamericanStroke Group Consensus. Int J Stroke.
2014; 9: 503-13.
2. Murray CJL, et al. Disability-adjusted life-years (DALYs) for 291 diseases and
injuries in 21 regions, 1990-2010: a systematic analysis for the global. Burden of
Disease Study. 2010. Lancet. 2012; 380: 2197-223.
3. Carr J, Shepherd R. Reabilitação Neurológica. Otimizando o Desempenho
Motor. 1st ed. São Paulo: Editora Manole, 2008.
4. Pereira CF, Lemos MM, Benvenuto MC, Fonseca GA. Enfoque sobre pesquisa
prospectiva no AVC. Med Reabil. 1993; 34/36: 9-13.
5. Caty GD, Arnould C, Stoquart GG, Thonnard JL, Lejeune TM. ABILOCO: A
rasch-built 13-Item questionnaire to assess locomotion ability in stroke patients.
Arch Phys Med Rehabil. 2008; 89: 284-90.
6. Chiou IL, Burnett CN. Values of activities of daily living: a survey of stroke
patients and their home therapists. Arch Phys Med Rehabil. 1985; 65: 901-6.
7. Skilbeck CE, Wade DT, Hewer RL, Wood VA. Recovery after stroke. J Neurol
Neurosurg Psychiatry. 1983; 46: 5-8.
8. Cerniauskaite M, Quintas R, Boldt C, Raggi A, Cieza A, Bickenbach JE, Leonardi
M. Systematic literature review on ICF from 2001 to 2009: its use,
implementation and operationalisation. Disabil Rehabil. 2011; 33: 281-309.
9. Organização Panamericana de Saúde, Organização Mundial de Saúde. CIF:
Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde. São
Paulo: Edusp; 2003.
51
10. Perry J, Garrett M, Gronley JK, Mulroy SJ. Classification of walking handicap in
the stroke population. Stroke. 1995; 26 :982-9.
11. Brun V, Mousbeh Z, Jouet-Pastre B, Benaim C. Evaluation clinique de la marche
de l’hémiplégique vasculaire: proposition d’une modification de la functional
ambulation classification. Ann Readapt Med Phys. 2000; 43: 14-20.
12. Baer GD, Smith MT, Rowe PJ, Masterton L. Establishing the reliability of Mobility
Milestones as an outcome measure for stroke. Arch Phys Med Rehabil. 2003; 84:
977-81.
13. Baer HR, Wolf SL. Modified emory functional ambulation profile: an outcome
measure for the rehabilitation of poststroke gait dysfunction. Stroke. 2001; 32:
973-9.
14. Dobkin BH. Short-distance walking speed and timed walking distance: redundant
measures for clinical trials? Neurology. 2006; 66 : 584-6.
15. Collen FM, Wade DT, Robb GF, Bradshaw CM. The Rivermead Mobility Index: a
further development of the Rivermead Motor Assessment. Int Disabil Stud. 1991;
13: 50-4.
16. Tyson S, Connell L. The psychometric properties and clinical utility of measures
of walking and mobility in neurological conditions: a systematic review. Clin
Rehabil. 2009; 23: 1018-33.
17. Arnould, C. et al. Can manual ability be measured with a generic ABILHAND
scale? A cross-sectional study conducted on six diagnostic groups. BMJ Open.
2012; 2: 1-9.
18. Grimby G, Tennant A, Tesio L. The use of raw scores from ordinal scales: Time
to end malpractice? J Rehabil Med. 2012; 44: 97-8.
19. Beaton DE, Bombardier C, Guillemin F, Ferraz MB. Guidelines for the process of
cross-cultural adaptation of self report measures. Spine. 2000; 25: 3186-91.
20. Tennant A, Conaghan PG. The Rasch measurement model in rheumatology:
What is it and why use it? When should it be applied, and what should one look
for in a Rasch paper? Arthritis Rheum. 2007; 57: 1358-62.
21. Chien CW, Bond TG. Measurement properties of fine motor scale of Peabody
developmental motor scales-second edition: A Rasch analysis. Am J Phys Med
Rehab. 2009; 88: 376-86.
52
22. Bond, TG, Fox CM. Applying the Rasch Model: Fundamental measurement in
the human sciences. 2nd ed. New York: Routledge; 2010.
23. Tennant A, et al. Assessing and adjusting for cross-cultural validity of impairment
and activity limitation scales through differential item functioning within the
framework of the Rasch model: The PRO-ESOR project. Med Care. 2004; 42:
S37-S48.
24. Faria CDCM, Teixeira-Salmela LF, Nadeau S. Predicting levels of basic
functional mobility, as assessed by the Timed “Up and Go” test, for individuals
with stroke: discriminant analyses. Disabil Rehabil. 2013; 35: 146–52.
25. Bertolucci PHF, et al. O Mini-Exame do Estado Mental em uma população geral:
impacto da escolaridade. Arq Neuropsiquiatr. 1994; 52: 1-7.
26. WIld D, et al. Principles of good practice for the translation and cultural
adaptation process for patient-reported outcomes (PRO) measures: Report of the
ISPOR task force for translation and cultural adaptation. Value Health. 2005; 8:
94-104.
27. Lima RCM, et al. Propriedades psicométricas da versão brasileira da escala de
qualidade de vida específica para acidente vascular encefálico: Aplicação do
modelo Rasch. Braz J Phys Ther. 2008; 12: 149-56.
28. Saliba VA, et al. Adaptação transcultural e análise das propriedades
psicométricas da versão brasileira do instrumento Motor Activity Log. Pan J
Public Health. 2011; 30: 262-71.
29. Maki T, Quagliato EMAB, Cacho EWA, Paz LPS, Nascimento NH, Inoue MMEA,
Viana MA. Estudo de confiabilidade da aplicação da Escala de Fugl-Meyer no
Brasil. Rev Bras Fisioter. 2006; 10: 177-83.
30. Michaelsen SM, Rocha AS, Knabben RJ, Rodrigues LP, Fernandes CGC.
Tradução, adaptação e confiabilidade interexaminadorres do manual de
administração da escala Fulg-Meyer. Rev Bras Fisioter. 2011; 15: 80-8.
31. Faria CDCM, Teixeira-Salmela LF, Neto MG, Rodrigues-de-Paula F.
Perfomance-based tests in subjects with stroke: outcome scores, reliability and
measurement error. Clin Rehabil. 2011; 26: 460-9.
32. Penta M, et al. The ABILHAND Questionnaire as a measure of manual ability in
chronic stroke patients: Rasch-based validation and relationship to upper limb
impairment. Stroke. 2001; 32: 1627-34.
53
33. LINACRE, J.M. A User's Guide to Winsteps® Ministep Rasch-Model Computer
Programs: Program Manual 3.81.0. Chicago: WINSTEPS.com, 2015. Disponível
em: <http://www.winsteps.com/winman/index.htm>. Acesso em: 09 Nov 2015.
ISBN 0- 941938-03-4.
34. Chern JS, Kielhofner G, De Las Heras CG, Magalhães LC. The volitional
questionnaire: psychometric development and practical use. Am J Occup Ther.
1996; 50 (7): 516-25.
35. Teixeira-Salmela LF, Magalhães LC, Souza AC, Lima MC, Lima RCM, Goulart F.
Adaptação do perfil de saúde de Nottingham: um instrumento simples de
avaliação da qualidade de vida. Cad Saude Publica. 2004; 20(4): 905-14.
36. Portney LG, Watkins MP. Foundations of clinical research: application to
practice. 3th ed. New Jersey: Pearson Education; 2009.
37. Fischer WP. The Rasch Model as a Construct Validation Tool - Cash value of
reliability. Rasch Measurement Transactions. 2008; 22: 1158-61.
38. Batcho CS, Tennant A, Thonnard JL. ACTIVLIM-Stroke: A crosscultural Rasch-
built scale of activity limitations in patients with stroke. Stroke. 2012; 43: 815-23.
39. Dumont C, Bertrand R, Fougeyrollas P, Gervais M. Rasch modeling and the
measurement of social participation. J Appl Measur. 2003; 4(4): 309-25.
40. Schmid AA, Van Puymbrosck M, Altenburger PA, et al. Balance and balance
self-efficacy are associated with activity and participation after stroke: A
crosssectional study in people with chronic stroke. Arch Phys Med Rehabil. 2012;
93(6): 1101-7.
41. Noreau L, Fougeurollas P. Long-term consequences of spinal cord injury on
social participation: the occurrence of handicap situations. Disabil Rehabil. 2000;
22(4): 170-80.
42. Keller ML, Gallek MJ, Taylor-Piliae RE. Predictors of stroke survivors’ enrollment
in an exercise study. Healthy Aging Research. 2015; 4(18): 1-7.
43. Rehab-scales.org [página na internet]. Belgium: Université catholique de
Louvain; @2007 [acessado em 06 de dezembro 2015]. Disponível em
http://www.rehab-scales.org/abiloco-downloads.html.
54
Tabela 1. Características demográficas e clínicas dos participantes.
Variavel n=136
Sexo, homens, n (%) 80 (58,8)
Idade (anos), média±DP (mínimo-máximo) 60,8±12,4 (20-92)
Tempo de evolução (meses), média±DP (mínimo-máximo) 56,2±62,7 (5-380)
Tônus dos extensores de joelho/ flexores plantares, n (%) 0
1
1+
2
3
4
76 (55,9) / 54 (39,7)
27 (19,9) / 30 (22,1)
18 (13,2) / 26 (19,1)
8 (5,9) / 17 (12,5)
4 (2,9) / 6 (4,4)
3 (2,2) / 3 (2,2)
Comprometimento motor: Fugl-Meyer MMII, n (%) Leve
Moderado
Marcante
Grave
64 (47,1)
37 (27,2)
19 (14,0)
16 (11,8)
Força (Kgf), média±DP
(mínimo-máximo)
Flexores de quadril – Parético
Flexores de quadril – Não parético
Flexores de joelho – Parético
Flexores de joelho – Não parético
Extensores de joelho – Parético
Extensores de joelho – Não parético
17,3±9,3 (0-65)
25,0±9,2 (6-77)
18,1±12,1 (0-73)
27,9±11,5 (6-68)
16,9±9,1 (0-44)
27,8±10,7 (6-68)
Velocidade de marcha (m/s), n (%) < 0,4
0,4 – 0,8
>0,8
35 (25,7)
43 (31,6)
58 (42,7)
ABILOCO (logits), média±DP (mínimo-máximo) 2,32±1,87 (-3,25-5,35)
DP = Desvio padrão; MMII = Membros inferiores.
55
Tabela 2. Calibração dos itens do ABILOCO-Brasil.
Item Calibração (logits)
Erro (logits)
Infit Outfit
MnSq ZsTd MnSq ZsTd
1) Pular com o pé não afetado. 3,71 0,27 1,00 0,1 0,86 -0,2
2) Subir uma escada rolante. 1,28 0,23 0,98 -0,2 0,90 -0,4
3) Andar enquanto segura um objeto frágil (um copo cheio). 0,67 0,25 1,05 0,4 1,12 0,6
4) Subir escadas colocando cada pé no próximo degrau (alternando os pés). 1,03 0,23 1,39 3,2 1,58 2,4
5) Andar para trás. 1,81 0,23 0,88 -1,3 0,81 -0,8
6) Andar mais de cinco metros sozinho, dentro de casa, em superfície plana, sem
dispositivo auxiliar (bengala, andador, tutos).
-0,62 0,31 0,91 -0,4 0,76 -0,4
7) Dar um passo largo sobre um objeto com o pé afetado primeiro. 2,17 0,22 0,95 -0,5 1,53 2,0
8) Dar um passo largo sobre um objeto com o pé não-afetado primeiro. 1,10 0,23 1,01 0,1 0,99 0,0
9) Andar menos de cinco metros sozinho, sem ajuda ou supervisão de uma pessoa. -1,19 0,36 0,75 -1,0 0,36 -1,2
10) Andar com a ajuda de outra pessoa que o guie, mas não o sustenta. -1,98 0,45 0,71 -0,9 0,22 -1,0
11) Girar/Virar e andar em um espaço estreito. 0,77 0,24 0,95 -0,4 1,05 0,3
12) Andar menos de cinco metros, dentro de casa, apoiando nos móveis. -4,38 1,05 1,19 0,5 1,28 0,6
13) Andar menos de cinco metros com a ajuda de uma pessoa para apoio. -4,38 1,05 1,20 0,5 2,16 1,2
56
MEASURE PERSON - MAP - ITEM
<more>|<rare>
4 .########## + Efeito teto ######### |
# | 1.PularpeNP
|
S|
|
3 # +
.###### | Ausência de itens # |
. |
# |S
####### | 7.Passolargopeparetico
2 . +
.# M| 5.Andarparatras ########## |
|
| 2.Subirrolante
.###### | 8.PassolargopeNP
1 + 4.Subirescadalternape
. | 11.Girarespaçoestreito
| 3.Andarcopocheio
### |
. S|
# |
0 # +M
|
. |
# |
| 6.Andar5msozinhoDA
|
-1 +
| 9.Andar5msemajuda
### T|
|
|
|
-2 + 10.Andarajudasemsustentar
# |
|S
|
|
|
-3 +
. | Ausência de itens |
|
|
|
-4 +
|
| 12.Andar5mcasaapoiando 13.Andar5majudaoutro
|
|T
|
-5 +
<less>|<freq> Itens muito fáceis EACH "#" IS 2: EACH "." IS 1
Figura 1 - Mapa representativo da distribuição dos itens em relação à habilidade de locomoção dos indivíduos.
57
Figura 2 - Funcionamento diferencial do item. A) DIF comparando as calibrações entre o ABILOCO-Brasil e o ABILOCO-Original, B) Comparação entre a habilidade de locomoção do ABILOCO-Brasil, ancorados com a calibração do ABILOCO-Original. Para os dois gráficos, os eixos x e y mostram as estimativas, em logits. O modelo de igualdade (x = y) é representado pela linha de identidade (linha pontilhada). As linhas de controles (linhas sólidas), construídas a partir do valor do erro padrão de cada par de estimativas, determinam o intervalo de confiança de 95% em torno da linha de identidade. Os pontos fora das linhas de controle mostram as diferenças entre os pares de estimativas.
-7
-6
-5
-4
-3
-2
-1
0
1
2
3
4
5
6
7
-7 -6 -5 -4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4 5 6 7
AB
ILO
CO
-Bra
sil
ABILOCO-Original
A
-4
-2
0
2
4
6
-4 -2 0 2 4 6
AB
ILO
CO
-Bra
sil
ABILOCO-Original
B
58
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente estudo está de acordo com a linha de pesquisa “Estudos em
reabilitação neurológica no adulto” do Programa de Pós-Graduação em Ciências da
Reabilitação da UFMG. Este estudo realizou a adaptação transcultural e avaliou as
propriedades de medida do ABILOCO-Brasil, específico para indivíduos pós- AVE,
um questionário que avalia a percepção do desempenho da locomoção. Esta
proposta também está de acordo com o referencial teórico do programa, uma vez
que o questionário se enquadra no domínio de Atividade, de acordo com o
qualificador de desempenho da CIF.
Os objetivos foram alcançados, uma vez que a adaptação do ABILOCO
seguiu as recomendações padronizadas, para garantir a sua validade de conteúdo.
Além disso, os resultados evidenciaram propriedades de medidas adequadas,
obtidas com a análise Rasch, medidas pela estabilidade de calibração dos itens e
das medidas dos indivíduos. No entanto, o ABILOCO-Brasil apresentou efeito teto,
demonstrando não ser apropriado para avaliar indivíduos com habilidade de
locomoção elevada, sendo mais indicado para amostras com menores habilidades
de locomoção.
A validade transcultural do ABILOCO-Brasil apontou que ele pode ser
aplicado em diferentes contextos culturais, uma vez que os resultados mostraram
que as calibrações do ABILOCO-Original e ABILOCO-Brasil forneceram medidas
similares. Dessa forma, pode-se usar a análise disponível gratuitamente no site
http://www.rehab-scales.org, para a conversão das pontuações do ABILOCO-Brasil.
No entanto, é importante ressaltar que a generalização destes resultados deve ser
aplicada somente para indivíduos pós AVE do Brasil e da Bélgica. Portanto, estudos
futuros devem incluir amostras de outros países para evidência cumulativa da
validade transcultural do ABILOCO.
Foi observado que independente do grau de escolaridade ou nível
socioeconômico, todos os indivíduos do estudo foram capazes de responder o
ABILOCO-Brasil em um tempo máximo de cinco minutos, demonstrando ser um
questionário de fácil e rápida aplicação. Destaca-se aqui a importância de o
59
examinador enfatizar as instruções no início da aplicação, para que o indivíduo
possa entender as instruções e opções de resposta e, dessa forma, diminuir a
possibilidade de respostas aleatórias (não condizentes com a realidade). Além disso,
é fundamental que após a aplicação do questionário, seja feita a conversão dos seus
escores brutos em medidadas lineares através do site http://www.rehab-scales.org,
uma vez que o ABILOCO foi construído dentro do modelo Rasch e, assim, os
escores brutos não representam adequadamente a habilidade de locomoção dos
indivíduos.
Por fim, sugere-se ainda que a utilização do ABILOCO-Brasil seja feita
juntamente com outros instrumentos padronizados, afim de se obter uma avaliação
mais abrangente dos déficits de locomoção apresentados por indivíduos pós AVE.
60
REFERÊNCIAS
ARNOULD, C. et al. Can manual ability be measured with a generic ABILHAND scale? A cross-sectional study conducted on six diagnostic groups. BMJ Open, v. 2, n. 6, 2012.
BAER, G.D.; SMITH, M.T.; ROWE, P.J.; MASTERTON L. Establishing the reliability of Mobility Milestones as an outcome measure for stroke. Arch. Phys. Med. Rehabil., v. 84, p. 977-81, 2003.
BAER, H.R.; WOLF, S.L. Modified emory functional ambulation profile: an outcome measure for the rehabilitation of poststroke gait dysfunction. Stroke, v. 32, p. 973-9, 2001.
BARBIER, O.; PENTA, M.; THONNARD, J.L. Outcome evaluation of the hand and wrist according to the International Classification of Functioning, Disability, and Health. Hand. Clin., v. 19, n. 3, p. 371-8, Aug. 2003.
BATCHO, C.S.; TENNANT, A.; THONNARD, J.L. ACTIVLIM-Stroke: A crosscultural Rasch-built scale of activity limitations in patients with stroke. Stroke, v. 43, n. 3, p. 815-23, Mar. 2012.
BEATON, D.E. et al. Guidelines for the process of cross-cultural adaptation of selfreport measures. Spine, v. 25, n. 24, p. 3186-91, Dec. 2000.
BERTOLUCCI, P.H.F. et al. O Mini-Exame do Estado Mental em uma população geral: impacto da escolaridade. Arq. Neuropsiquiat., v. 52, n. 1, p. 1-7, Mar. 1994.
BOHANNON, R.W. Test-retest reliability of hand-held dynamometry during a single session of strength assessment. Phys. Ther., v. 66, n. 2, p. 206-9, Feb. 1986.
BOND, T.G.; FOX, C.M. Applying the Rasch Model: fundamental measurement in the human sciences. 2nd ed. New York: Routledge; 2010. 340 p.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Diretrizes de atenção à reabilitação da pessoa com acidente vascular cerebral. Brasília: Ministério da Saúde, 2013. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/diretrizes_atencao_reabilitacao_acidente_vascular_cerebral.pdf>. Acesso em: 04 Nov. 2015. ISBN 9788533420830.
61
BRUN, V.; MOUSBEH, Z.; JOUET-PASTRE, B.; BENAIM C. Evaluation clinique de la marche de l’hémiplégique vasculaire: proposition d’une modification de la functional ambulation classification. Ann. Readapt. Med. Phys., v. 43, p. 14-20, 2000.
CAROD-ARTAL, F.J. Determining quality of life in stroke survivors. Expert. Rev. Pharmacoecon. Outcomes Res., v. 12, n. 2, p. 199-211, Apr. 2012.
CARR, J.; SHEPHERD, R. Reabilitação Neurológica. Otimizando o Desempenho Motor. São Paulo: Editora Manole, 2008.
CATY, G.D.; ARNOULD, C.; STOQUART, G.G.; THONNARD, J.L.; LEJEUNE, T.M. ABILOCO: A rasch-built 13-Item questionnaire to assess locomotion ability in stroke patients. Arch Phys Med Rehabil, v. 89, p. 284-90, 2008.
CATY, G.D.; THEUNISSEN, E.; LEJEUNE, T.M. Reproducibility of the ABILOCO Questionnaire and Comparison Between Self-Reported and Observed Locomotion Ability in Adult Patients With Stroke. Arch. Phys. Med. Rehabil., v. 90, p. 1061-63, 2009.
CERNIAUSKAITE, M. et al. Systematic literature review on ICF from 2001 to 2009: its use, implementation and operationalisation. Disabil. Rehabil., v. 33, n. 4, p. 281-309, Feb. 2011.
CHEN, W.H. et al. Is Rasch model analysis applicable in small sample size pilot studies for assessing item characteristics? An example using PROMIS pain behavior item bank data. Qual. Life Res., v. 23, n. 2, p. 485-93, Mar. 2014.
CHERN, J.S. et al. The volitional questionnaire: Psychometric development and practical use. Am. J. Occup. Ther., v. 50, n. 7, p. 516-25, Jul-Aug. 1996.
CHIEN, C.W.; BOND, T.G. Measurement properties of fine motor scale of Peabody developmental motor scales-second edition: a rasch analysis. Am. J. Phys. Med. Rehab., v. 88, n. 5, p. 376-86, May. 2009.
CHIOU, IL; BURNETT, CN. Values of activities of daily living: a survey of stroke patients and their home therapists. Arch. Phys. Med. Rehabil., v. 65, p. 901-6, 1985.
COLLEN, F.M.; WADE, D.T.; ROBB, G.F.; BRADSHAW, C.M. The Rivermead Mobility Index: a further development of the Rivermead Motor Assessment. Int. Disabil. Study, v. 13, p. 50-4, 1991.
62
DOBKIN, B.H. Short-distance walking speed and timed walking distance: redundant measures for clinical trials? Neurology, v. 66, p. 584-6, 2006.
DUMONT, C. et al. Rasch modeling and the measurement of social participation. J. Appl. Measur., v. 4, n. 4, p.309-25, 2003.
DUNCAN, P.W. et al. Rasch analysis of a new stroke-specific outcome scale: the stroke impact scale. Arch. Phys. Med. Rehabil., v.84, n.7, p.950-963, Jul. 2003.
FARIA, C.D.C.M.; TEIXEIRA-SALMELA, L.F.; NETO, M.G.; RODRIGUES-DE-PAULA, F. Perfomance-based tests in subjects with stroke: outcome scores, reliability and measurement error. Clin. Rehabil., v. 26, p. 460-9, 2011.
FARIAS, N.; BUCHALLA, C.M. A Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde da Organização Mundial da Saúde: Conceitos, usos e perspectivas. Rev. Bras. Epidemiol., v. 8, n. 2, p. 187-93, Jun. 2005.
FISCHER, W.P. The Rasch Model as a Construct Validation Tool - Cash value of reliability. Rasch Measurem. Transactions, v. 22, p.1158-61, 2008.
FRANCHIGNONI, F. et al. Rasch validation of the activities-specific balance confidence scale and its short versions in patients with Parkinson´s disease. J. Rehabil. Med., v. 46, n. 6, p. 532-9, Jun. 2014.
GREGSON, J.M. et al. Reliability of the Tone Assessment Scale and the Modified Ashworth Scale as clinical tools for assessing poststroke spasticity. Arch. Phys. Med. Rehabil., v. 80, n. 9, p. 1013-6, Sep. 1999.
GRIMBY, G.; TENNANT, A.; TESIO, L. The use of raw scores from ordinal scales: Time to end malpractice? J. Rehabil. Med., v. 44, n. 2, p. 97-8, Feb. 2012.
GUILLEMIN, F.; BOMBARDIER, C.; BEATON, D. Cross-cultural adaptation of healthrelated quality of life measures: Literature review and proposed guidelines. J. Clin. Epidemiol., v. 46, n. 12, p. 1417-32, Dec. 1993.
JELSMA, J. Use of the International Classification of Functioning, Disability and Health: A literature survey. J. Rehabil. Med., v. 41, n. 1, p. 1-12, Jan. 2009.
KELLER, M.L.; GALLEK, M.J.; TAYLOR-PILIAE, R.E. Predictors of stroke survivors’ enrollment in an exercise study. Healt. Aging Res., v. 4, p. 1-7, 2015.
63
KÜÇÜKDEVECI, A.A. et al. Issues in cross-cultural validity: Example from the adaptation, reliability, and validity testing of a Turkish version of the Stanford Health Assessment Questionnaire. Arthritis. Rheum., v. 51, n. 1, p. 14-9, Feb. 2004.
LANG, C.E. et al. Assessment of upper extremity impairment, function, and activity after stroke: Foundations for clinical decision making. J. Hand Ther., v. 26, n. 2, p. 104-14, Apr-Jun. 2013.
LECIÑANA, M.A.; GUTIÉRREZ-FERNÁNDEZ, M.; ROMANO, M.; CANTÚ-BRITO, C.; ARAUZ, A.; OLMOS, L.E.; AMERISO, S.F.; DÍEZ-TEJEDOR, E. Strategies to improve recovery in acute ischemic stroke patients: IberoamericanStroke Group Consensus. Int. J. Stroke, v. 9, p. 503-13, 2014.
LEE, W.J.; PARK, G.Y.; HAN, Z.A.; KIM, H.W.; CHO, S.U.; OH, S.J.; OH, H.M., Im S. Korean Version of the ABILOCO Questionnaire in the Assessment of Locomotion in Hemiplegic Stroke Patients. Ann. Rehabil. Med., v. 37, p. 72-81, 2013.
LEMMENS, R.J. et al. Valid and reliable instruments for arm-hand assessment at ICF activity level in persons with hemiplegia: A systematic review. BMC Neurol., v. 12, n. 21, p. 1-17, 2012.
LIMA, R.C.M. et al. Propriedades psicométricas da versão brasileira da escala de qualidade de vida específica para acidente vascular encefálico: aplicação do modelo Rasch. Rev. Bras. Fisioter., v.12, n.2, p.149-56, 2008.
LINACRE, J.M. A User's Guide to Winsteps® Ministep Rasch-Model Computer Programs: Program Manual 3.81.0. Chicago: WINSTEPS.com, 2015. Disponível em: <http://www.winsteps.com/winman/index.htm>. Acesso em: 09 Nov 2015. ISBN 0- 941938-03-4.
LOZANO, R. et al. Global and regional mortality from 235 causes of death for 20 age groups in 1990 and 2010: A systematic analysis for the Global Burden of Disease Study 2010. Lancet, v. 380, n. 9859, p. 2095-128, Dec. 2012.
MAKI, T. et al. Estudo de confiabilidade da aplicação da escala de Fugl-Meyer no Brasil. Braz. J. Phys. Ther., v. 10, n. 2, p. 177-83, Apr-Jun. 2006.
MCDERMOTT, M.M.; LIU, K.; GURALNIK, J.M.; MARTIN, G.J.; CRIQUI, M.H.; GREENLAND, P. Measurement of walking endurance and walking velocity with questionnaire: Validation of the walking impairment questionnaire in men and women with peripheral arterial disease. J. Vasc. Surg., v. 28, p. 1072-81, 1998.
64
MICHAELSEN, S.M. et al. Tradução, adaptação e confiabilidade interexaminadores do manual de administração da escala de Fugl-Meyer. Braz. J. Phys. Ther., v. 15, n. 1, p. 80-8, Jan-Feb. 2011.
MINELLI, C.; FEN, L.F.; MINELLI, D.P. Stroke incidence, prognosis, 30-day, and 1- year case fatality rates in Matão, Brazil: a population-based prospective study. Stroke, v. 38, n. 11, p. 2906-11, Nov. 2007.
MOZAFFARIAN D., et al. Heart disease and stroke statistics - 2015 update: a report from the American Heart Association. Circulation, v. 131, p. e29-322, 2015.
MURRAY, C.J.L. et al. Disability-adjusted life-years (DALYs) for 291 diseases and injuries in 21 regions, 1990–2010: a systematic analysis for the Global Burden of Disease Study 2010. Lancet, v. 380, n. 9859, p. 2197-223, Dec. 2012.
NOREAU, L. et al. Measuring social participation: reliability of the LIFE-H in older adults with disabilities. Disabil. Rehabil., v.26, n.6, p.346-52, Mar. 2004.
OMRAN, A.R. The epidemiologic transition: A theory of the epidemiology of population change. Milbank Q., v. 83, n. 4, p. 731-54, Dec. 2005.
ORGANIZAÇÃO PANAMERICANA DE SAÚDE; ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE. CIF - Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde. São Paulo: Edusp, 2003. 328 p.
PENTA, M.; THONNARD, J.L.; TESIO, L. ABILHAND: A Rasch-built measure of manual ability. Arch. Phys. Med. Rehabil., v. 79, n.9, p. 1038-42, Sep. 1998.
PENTA, M. et al. The ABILHAND Questionnaire as a measure of manual ability in chronic stroke patients: Rasch-based validation and relationship to upper limb impairment. Stroke, v. 32, n. 7, p. 1627-34, Jul. 2001.
PEREIRA, C.F.; LEMOS, M.M.; BENVENUTO, M.C; FONSECA, G.A. Enfoque sobre pesquisa prospectiva no AVC. Med. Reabil., v. 34/36, p. 9-13, 1993.
PERRY, J.; GARRETT, M.; GRONLEY, J.K.; MULROY, S.J. Classification of walking handicap in the stroke population. Stroke, v. 26, p. 982-9, 1995.
65
PERRY, J. Análise de Marcha – Marcha Patológica. São Paulo: Editora Manole, 2005, v 2.
PORTNEY, L.G.; WATKINS, M.P. Foundations of clinical research: application to practice. 3rd ed. Upper Saddle River: Prentice-Hall, 2008. 912 p.
SALIBA, V.A. et al. Adaptação transcultural e análise das propriedades psicométricas da versão brasileira do instrumento Motor Activity Log. Pan. J. Public Health, v. 30, n. 3, p. 262-71, Sep. 2011.
SAMPAIO, R. F.; LUZ, M. T. Funcionalidade e incapacidade humana: explorando o escopo da classificação internacional da Organização Mundial da Saúde. Cad. Saúde Pública, v. 25, n. 3, p.475-83, Mar. 2009.
SCHMID, A.A.; VAN PUYMBROSCK, M.; ALTENBURGER, P.A., et al. Balance and balance self-efficacy are associated with activity and participation after stroke: A crosssectional study in people with chronic stroke. Arch. Phys. Med. Rehabil., v. 93, p. 1101-7, 2012.
SKILBECK, C.E.; WADE, D.T.; HEWER, R.L.; WOOD, V.A. Recovery after stroke. J. Neurol. Neurosurg. Psychiatry, v. 46, p. 5-8, 1983.
TEIXEIRA-SALMELA, L. F. et al. Adaptação do perfil de saúde de Nottingham: um instrumento simples de avaliação da qualidade de vida. Cad. Saúde Pública, v.20, n. 4, p. 905-14, 2004.
TENNANT, A. et al. Assessing and adjusting for cross-cultural validity of impairment and activity limitation scales through differential item functioning within the framework of the Rasch model: The PRO-ESOR project. Med. Care, v. 42, n. Sup. 1, p. S37-48, Jan. 2004.
TENNANT, A.; CONAGHAN, P.G. The Rasch measurement model in rheumatology: What is it and why use it? When should it be applied, and what should one look for in a Rasch paper? Arthritis. Rheum., v. 57, n. 8, p. 1358-62, Dec. 2007.
USTÜN, T.B. et al. The International Classification of Functioning, Disability and Health: A new tool for understanding disability and health. Disabil. Rehabil., v. 25, n. 11-12, p. 565-71, Jun. 2003.
VERONEZI, A.M.G.; BACHIEGA, G.L.; AUGUSTO, V.S.; CARVALHO, A.C. Avaliação da Performance da Marcha de Pacientes Hemiplégicos do Projeto Hemiplegia. Fisioter. Mov., v. 17, p. 31-38, 2004.
66
WILD, D. et al. Principles of good practice for the translation and cultural adaptation process for patient-reported outcomes (PRO) measures: Report of the ISPOR task force for translation and cultural adaptation. Value Health, v. 8, n. 2, p. 94-104, Mar Apr. 2005.
Site
Rehab-scales.org [página na internet]. Belgium: Université catholique de Louvain; @2007 [acessado em 10 de outubro 2015]. Disponível em http://www.rehab-scales.org/abiloco-downloads.html.
67
APÊNDICE A
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO Nº_________ Investigadores: Iza de Faria-Fortini Orientadora : Profª Drª Luci Fuscaldi Teixeira-Salmela
TÍTULO DO PROJETO
PREDITORES DA RESTRIÇÃO NA PARTICIPAÇÃO SOCIAL EM HEMIPARÉTICOS INFORMAÇÕES Você está sendo convidado a participar de um projeto de pesquisa que tem como objetivo analisar o desempenho em testes e tarefas funcionais em pessoas que sofreram acidente vascular encefálico (‘derrame’). Este projeto será desenvolvido como tese de doutorado no programa de pós graduação em Ciências da Reabilitação da Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional da Universidade Federal de Minas Gerais. DESCRIÇÃO DOS TESTES A SEREM REALIZADOS Inicialmente, serão coletadas informações para a sua identificação, além de alguns parâmetros clínicos. Para garantir o seu anonimato, serão utilizadas senhas numéricas. Assim, em momento algum haverá divulgação do seu nome. A forma como você realiza atividades cotidianas será medida através da realização de testes de força muscular, coordenação, demonstração de execução de atividades cotidianas e questionários sobre a execução destas tarefas em seu dia-a-dia. A duração máxima da avaliação é de três horas, sendo que serão realizados intervalos para repouso. RISCOS Você poderá sentir dores musculares durante e após os testes, pois os testes exigem um esforço físico maior do que aquele que você realiza no seu dia a dia. Para minimizar a ocorrência deste desconforto, será realizado um período de descanso entre as medidas.
BENEFÍCIOS Os resultados obtidos irão colaborar com o conhecimento científico, podendo estabelecer novas propostas de avaliação de indivíduos que tenham a mesma doença que você. NATUREZA VOLUNTÁRIA DO ESTUDO/ LIBERDADE PARA SE RETIRAR
68
A sua participação é voluntária e você tem o direito de se recusar a participar por qualquer razão e a qualquer momento. GASTOS FINANCEIROS Os testes, e todos os materiais utilizados na pesquisa não terão custo para você. USO DOS RESULTADOS DA PESQUISA Os dados obtidos no estudo serão para fins de pesquisa, podendo ser apresentados em congressos e seminários e publicados em artigo científico; porém, sua identidade será mantida em absoluto sigilo. DECLARAÇÃO E ASSINATURA Eu,__________________________________________________________ li e entendi toda a informação repassada sobre o estudo, sendo os objetivos e procedimentos satisfatoriamente explicados. Tive tempo, suficiente, para considerar a informação acima e, tive a oportunidade de tirar todas as minhas dúvidas. Estou assinando este termo voluntariamente e, tenho direito, de agora ou mais tarde, discutir qualquer dúvida que venha a ter com relação à pesquisa com: Iza de Faria-Fortini: (0XX31) 91372995 Profª. Dra. Luci Fuscaldi Teixeira-Salmela (0XX31) 34094783
Assinando este termo de consentimento, eu estou indicando que eu concordo em participar deste estudo.
_________________________________ _______________ Assinatura do Participante Data ________________________________ _______________ Assinatura do Acompanhante Data _________________________________ _______________
Assinatura do Pesquisador Responsável Data Comitê de Ética em Pesquisa / UFMG: Av. Presidente Antônio Carlos, 6627 – Unidade Administrativa II – 2º andar – Sala 2005. CEP: 31270-901 – BH – MGTelefax: (31) 3409-4592 E-mail: [email protected]
69
APÊNDICE B
Ficha de avaliação
DATA: ______/______/______ CÓDIGO: ___________
Nome: _______________________________________________Sexo: ( ) M ( ) F
Endereço:___________________________________________________________
Telefones:_______-______ / _______-______ / _______-______ / _______-______
Data de Nascimento: ____/____/____ Idade:____anos Estado civil:___________
Escolaridade: ________________ Formação/ocupação:_____________________
Vive com: ( ) filhos ( ) sozinho ( ) companheiro ( ) outros: _______________
Acompanhante:_______________________________________Sexo: ( ) M ( ) F
Endereço: __________________________________________________________
Telefones:_______-______ / _______-______ / _______-______ / _______-______
Parentesco: ____________________
DADOS DO AVE
( )Uma história de AVE -( )Isquêmico( )Hemorrágico - Hemiparesia:( ) D ( ) E
Data: ____/____/____ Tempo de estadia hospitalar: __________________
( )Histórias de AVE > 1 -( )Isquêmico( )Hemorrágico - Hemiparesia:( ) D ( ) E
Data do último: ____/____/____ Tempo de estadia hospitalar___________
Membro superior dominante:( )D( )E / Membro inferior dominante:( )D( )E
Doenças associadas: ____________________________________________( )
Medicamentos: __________________________________________________( )
História de quedas: __________________________________________________
Uso de órtese: ( ) sim ( ) não – Qual? __________________________________
Hemianopsia: ( ) Sim ( ) Não - Déficit auditivo: ( ) Sim ( ) Não
Afasia motora: ( ) Sim ( ) Não - Disartria: ( ) Sim ( ) Não
Capacidade de responder a CVSs: ( ) Sim ( ) Não –
Escore do MEEM: ___________
Escore no ABILOCO: ___________ Escore no ABILOCO (reteste): __________
FM-MMII:__________________ Velocidade de Marcha:__________________
EXAME FÍSICO
PA:____/____mmHg -FC: ____bpm -Peso: ____Kg -Altura: ____cm -IMC:______
70
ANEXO A
71
ANEXO B
72
ANEXO B
73
74
75
76
ANEXO C
AUTORIZAÇÃO DOS AUTORES PARA ADAPTAÇÃO TRANSCULTURAL DO ABILOCO
----- Encaminhado por Luci Fuscaldi Teixeira
Salmela/PROF/DFIT/EEFFTO/UFMG em 07/02/2013 22:49 -----
Para: "Luci Fuscaldi Teixeira Salmela" <[email protected]>
De: "Gilles Caty" <[email protected]> Data: 07/02/2013 20:44
Assunto: Re: Re : ABILOCO
Dear Professor,
Yes of course, you can translate and adapt the ABILOCO to the Brazilian
Portuguese language.
Sincerely,
Gilles
> Dear Dr. Gilles:
Could you give the permission to translate and adapt
> the ABILOCO to the Brazilian Portuguese language? We will folow the
> recomended procedures to do this.
Regards,
Luci
>
> Professora Luci Fuscaldi Teixeira-Salmela, Ph.D.
> Departamento de Fisioterapia
> Universidade Federal de Minas Gerais
> Belo Horizonte, Minas Gerais, Brazil
>
> -----Gilles Caty escreveu: -----
Para: Luci Fuscaldi Teixeira Salmela
> De: Gilles Caty
> Data: 07/02/2013 13:33
> Assunto: Re : ABILOCO
>
>
Dear Professor ,
You can of course use the Abilico questionnaire.
I
> wish you much succes!
Sincerely,
Gilles Caty
>
> ----- Message d'origine -----
> De: Luci Fuscaldi Teixeira Salmela
> Date: Jeudi, 7 Février 2013, 15:56
> Objet: ABILOCO
> À: [email protected]
77
> Cc: [email protected]
>
>
>
>
>> Dear Dr. Gilles:
>>
>> We are interested in using the 13-item Abiloco with stroke subjects for
>> research purposes. We will probably need to translate and adapt the
>> Abiloco to the Brazilian Portuguese language. Thus, we would like your
>> permission to use the test.
>>
>> Thanks in advance. I am looking forward to hearing from you.
>>
>> Regards,
>>
>> Luci
>> Professora Luci Fuscaldi Teixeira-Salmela, Ph.D.
>> Departamento de Fisioterapia
>> Universidade Federal de Minas Gerais
>> Belo Horizonte, Minas Gerais, Brazil
--
Gilles Caty
Médecine Physique et Réadaptation
Cliniques universitaires Saint-Luc
Université catholique de Louvain
av Hippocrate 10
1200 Bruxelles
Tel **.32.2.764.16.50
Fax **.32.2.764.90.63
78
ANEXO D
79
80
81
ANEXO E
82
83
84
ANEXO F
85
MINI-CURRÍCULO
DADOS PESSOAIS
Nome: Patrick Roberto Avelino
Nascimento: 03/08/1979 – Belo Horizonte/MG - Brasil
CPF: 037.774.986-96
Endereço para acessar CV:
http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4330864P7
FORMAÇÃO ACADÊMICA/TITULAÇÃO
2014
Mestrado em andamento em Ciências da Reabilitação (Conceito CAPES 6).
Universidade Federal de Minas Gerais, UFMG, Brasil.
Título: ADAPTAÇÃO TRANSCULTURAL E AVALIAÇÃO DAS PROPRIEDADES DE
MEDIDAS DO ABILOCO: UM INSTRUMENTO DE AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO
DA LOCOMOÇÃO PARA HEMIPARÉTICOS.
Orientadora: Luci Fuscaldi Teixeira-Salmela.
Bolsista: Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES).
2009 - 2013
Graduação em Fisioterapia.
Universidade Federal de Minas Gerais, UFMG, Brasil.
Título: PROPRIEDADES DE MEDIDAS DE TESTES DE COORDENAÇÃO
MOTORA DOS MEMBROS SUPERIORES EM INDIVÍDUOS HEMIPARÉTICOS:
UMA REVISÃO DA LITERATURA.
Orientadora: Luci Fuscaldi Teixeira-Salmela.
FORMAÇÃO COMPLEMENTAR
2014
Publication Ethics. (Carga horária: 4h).
Universidade Federal de Minas Gerais, UFMG, Brasil.
86
ATUAÇÃO PROFISSIONAL
Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG
Vínculo institucional
2015 - Atual
Vínculo: Colaborador - Enquadramento Funcional: Professor convidado.
Outras informações: Professor convidado para ministrar 8 horas/aula na disciplina
de Cinesiologia Aplicada à Fisioterapia, para o curso de Fisioterapia na Universidade
Federal de Minas Gerais.
2014 - Atual
Vínculo: Colaborador - Enquadramento Funcional: Vice representante discente -
Carga horária: 4
2012 - 2013
Vínculo: Colaborador - Enquadramento Funcional: Iniciação Cientifica - Carga
horária: 20.
Outras informações: Bolsista de Iniciação Científica do CNPq, colaborando em
projetos de pesquisa orientados pela professora Luci Fuscaldi Teixeira-Salmela.
Temas: Desempenho Motor e Funcional Humano.
2012 - 2013
Vínculo: Colaborador - Enquadramento Funcional: Iniciação à Docência.
2012 - 2012
Vínculo: Colaborador - Enquadramento Funcional: Programa de monitoria de
graduação.
Outras informações: Monitoria voluntária, colaborando com a disciplina de
Cinesiologia Aplicada à Fisioterapia, orientada pela professora Luci Fuscaldi
Teixeira-Salmela.
2011 - 2011
Vínculo: Colaborador - Enquadramento Funcional: Iniciação Científica - Carga
horária: 20.
87
Outras informações: Iniciação científica voluntária, colaborando em projetos de
pesquisa orientados pela professora Luci Fuscaldi Teixeira-Salmela. Temas:
Desempenho Motor e Funcional Humano.
2011 - 2011
Vínculo: Colaborador - Enquadramento Funcional: Programa de monitoria de
graduação - Carga horária: 20.
Outras informações: Bolsista do Programa de Monitoria de Graduação da disciplina
de Cinesiologia Aplicada à Fisioterapia, orientada pela professora Luci Fuscaldi
Teixeira-Salmela.
2010 - 2010
Vínculo: Colaborador - Enquadramento Funcional: Programa de monitoria de
graduação - Carga horária: 20.
Outras informações: Monitor bolsista, colaborando com a disciplina de Cinesiologia
Aplicada à Fisioterapia, orientada pela professora Luci Fuscaldi Teixeira-Salmela.
2009 - 2010
Vínculo: Colaborador - Enquadramento Funcional: Estágio voluntário - Carga
horária: 20.
Outras informações: Estágio voluntário no Laboratório de Eletrofisiologia Celular no
Intituto de Ciências Biológica da UFMG, sob a orientação do professor Dr. Ricardo
de Freitas Lima.
Atividades
10/2013
Participação no Stand “Avaliação do Risco Cardiovascular”, sob orientação do
professor Anderson Aurélio da Silva, da Escola de Educação Física, Fisioterapia e
Terapia Ocupacional da UFMG, na 4ª Blitz da Saúde CASU/UFMG na UFMG.
08/2013
Participação no Stand “Avaliação do Risco Cardiovascular”, sob orientação do
professor Anderson Aurélio da Silva, da Escola de Educação Física, Fisioterapia e
88
Terapia Ocupacional da UFMG, na 3ª Blitz da Saúde CASU/UFMG no CEFET MG
Campus 1.
03/2012
Participação no Stand “Ações Preventivas”, sob orientação do professor Anderson
Aurélio da Silva, da Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional
da UFMG, na 11ª Campanha de Vacinação contra Gripe e Pneumonia.
PRÊMIOS E TÍTULOS
2014
Menção Honrosa na XXIII Semana de Iniciação Científica da UFMG -
PROPRIEDADES PSICOMÉTRICAS DO LOWER EXTREMITY MOTOR
COORDINATION TEST EM INDIVÍDUOS PÓS-AVE. Pró-Reitoria de Pesquisa da
UFMG.
2014
Relevância Acadêmica na XXIII Semana de Iniciação Científica da UFMG -
PROPRIEDADES PSICOMÉTRICAS DO LOWER EXTREMITY MOTOR
COORDINATION TEST EM INDIVÍDUOS PÓS-AVE. Pró-Reitoria de Pesquisa da
UFMG.
PRODUÇÃO BIBLIOGRÁFICA
Artigos completos publicados em periódicos
1. MENEZES, K. K. P.; ALVIN, A.; FARIA, C. D. C. M.; AVELINO, P. R.; FARIA-
FORTINI, I.; TEIXEIRA-SALMELA, L.F. Lower limb motor coordination of
stroke survivors, based upon their levels of motor recovery and ages. Journal
of Neurology & Neurophysiology.
2. MENEZES, K. K. P.; ALVIN, A.; FARIA-FORTINI, I.; AVELINO, P. R.; FARIA,
C. D. C. M.; TEIXEIRA-SALMELA, L.F. Measurement properties of the lower
extremity motor coordination test in individuals with stroke. Journal of
Rehabilitation Medicine (Print) , v. 47, p. 502-507, 2015.
89
3. POLESE, J. C.; ADA, L.; PARREIRA, V. F.; FARIA, G. S.; AVELINO, P. R.;
TEIXEIRA-SALMELA, L.F. Test-retest reliability of cardiorespiratory variables
measured with the Metamax 3b during the six-minute walking test after stroke.
Physical Medicine and Rehabilitation International, v. 2, p. 1-4, 2015.
4. MENEZES, K. K. P.; SCIANNI, A. A.; FARIA-FORTINI, I.; AVELINO, P. R.;
CARVALHO, A. C.; FARIA, C. D. C. M.; TEIXEIRA-SALMELA, L.F. Potential
predictors of lower extremity impairments in motor coordination of stroke
survivors.. European Journal of Physical and Rehabilitation Medicine, v. 51, p.
1-24, 2015.
5. MENEZES, K. K. P.; SCIANNI, A. A.; FARIA-FORTINI, I.; AVELINO, P. R.;
FARIA, C. D. C. M.; TEIXEIRA-SALMELA, L.F. Motor Recovery, Tonus of the
Plantar Flexor Muscles, and Age are Predictors of the Lower Limb Motor
Coordination in Stroke Survivors.. Journal of Yoga & Physical Therapy, v. 5, p.
1, 2015.
6. PEIXOTO, JENNIFER GRANJA; BOREL, WYNGRID PORFÍRIO; AVELINO,
PATRICK ROBERTO; SILVA, MARIANA RIBEIRO; ROCHA, GERDEANY
MENDES; TEIXEIRA-SALMELA, LUCI FUSCALDI. Pode o kinesio taping
alterar a inclinação pélvica de mulheres jovens saudáveis? Revista Terapia
Manual, v. 13, p. 251, 2015.
7. AVELINO, P. R.; KIEFER, KÊNIA; CESINANDO, AUGUSTO; HIROCHI,
TÂNIA LÚCIA; FUSCALDI, LUCI. Revisão das propriedades psicométricas de
testes de coordenação motora dos membros superiores em hemiparéticos.
Revista de Terapia Ocupacional da Universidade de São Paulo, v. 24, p. 273,
2014.
8. MENEZES, K. K. P.; LEITE, D. X.; AVELINO, P. R.; FARIA, C. D. C. M.;
TEIXEIRA-SALMELA, L.F. Fatores relacionados à ocorrência de valgismo
dinâmico de joelho durante a descida de degrau: uma revisão da literatura.
Terapia Manual, v. 11, p. 281-286, 2013.
90
9. POLESE, J. C.; ADA, L.; FARIA, G. S.; AVELINO, P. R.; SCIANNI, A. A.;
TEIXEIRA-SALMELA, L.F. Percepção de profissionais da saúde acerca de
parâmetros e treinamento cardiorrespiratório utilizados na reabilitação pós
Acidente Vascular Encefálico. Terapia Manual, v. 11, p. 373-377, 2013.
TRABALHOS PUBLICADOS EM ANAIS DE EVENTOS (RESUMO)
1. TEIXEIRA-SALMELA, L.F.; MENEZES, K. K. P.; AVELINO, P. R.; BASILIO,
M. L.; FARIA-FORTINI, I.; FARIA, C. D. C. M.; CARVALHO, A. C.; SCIANNI,
A. A. Potential predictors of lower extremity motor coordination with stroke
survivors. In: World Congress on Brain, Behavior and Emotions 2015, 2015,
Montreal. Revista Eletrônica do World Congress on Brain, Behavior and
Emotions 2015.
2. TEIXEIRA-SALMELA, L.F.; MENEZES, K. K. P.; AVELINO, P. R.; BASILIO,
M. L.; FARIA-FORTINI, I.; FARIA, C. D. C. M.; CARVALHO, A. C.; SCIANNI,
A. A. Influence of lower limb dominance on motor coordination of stroke
survivors. In: World Congress on Brain, Behavior and Emotions 2015, 2015,
Montreal. Revista Eletrônica do World Congress on Brain, Behavior and
Emotions 2015, 2015.
3. ROCHA, G. M.; MENEZES, K. K. P.; NASCIMENTO, L. R.; POLESE, J.
C.; AVELINO, P. R.; ADA, L.; TEIXEIRA-SALMELA, L.F. fortalecimento
muscular respiratório aumenta força de músculos respiratórios pós acidente
vascular encefálico, mas não é superior a outros exercícios respiratórios:
revisão sistemática com meta-análise. In: XXIV Semana de iniciação
científica, 2015, Belo Horizonte. Anais da XXIV semana de iniciação científica,
2015.
4. MENEZES, K. K. P.; FARIA, C. D. C. M.; AVELINO, P. R.; FARIA-FORTINI, I.;
SCIANNI, A. A.; TEIXEIRA-SALMELA, L.F. Previous lower limb dominance
does not affect measures of impairment and activity after stroke. In: X
91
Congresso Brasileiro de Doenças Cerebrovasculares, 2015, Belo Horizonte.
Arquivos de Neuro-Psiquiatria, 2015. v. 73. p. 65.
5. MENEZES, K. K. P.; NASCIMENTO, L. R.; POLESE, J. C.; AVELINO, P. R.;
ADA, L.; TEIXEIRA-SALMELA, L.F. Strengthening training of the respiratory
muscles after stroke is effective in increasing strength, but is not superior to
other types of breathing exercises: a systematic review with meta-analysis. In:
X Congresso Brasileiro de Doenças Cerebrovasculares, 2015, Belo Horizonte.
Arquivos de Neuro-Psiquiatria, 2015. v. 73. p. 65.
6. HIROCHI, T. L.; MENEZES, K. K. P.; AVELINO, P. R.; BASILIO, M. L.;
FARIA-FORTINI, I.; SCIANNI, A. A.; TEIXEIRA-SALMELA, L.F. Measurement
Properties of the Lower Extremity Motor Coordination Test in Stroke Survivors.
In: American Congress of Rehabilitation Medicine, 2014, Toronto. Archives of
Physical Medicien and Rehabilitatio, 2014. v. 95. p. 30.
7. AVELINO, P. R.; MENEZES, K. K. P.; FARIA-FORTINI, I.; BASILIO, M. L.;
ASSUMPCAO, F. S. N.; CARVALHO, A. C.; SCIANNI, A. A.; TEIXEIRA-
SALMELA, L.F. Variáveis relacionadas à percepção de saúde auto-relatada
em indivíduos hemiparéticos. In: XIV Fórum Brasileiro de Neuropsiquiatria
Geriátrica, 2014, Belo Horizonte. Anais do XIV Fórum Brasileiro de
Neuropsiquiatria Geriátrica, 2014.
8. AVELINO, P. R.; MENEZES, K. K. P.; FARIA-FORTINI, I.; CARVALHO, A. C.;
SCIANNI, A. A.; TEIXEIRA-SALMELA, L.F. A influência da dominância do
membro inferior parético prévia ao acidente vascular encefálico. In: XIV
Fórum Brasileiro de Neuropsiquiatria Geriátrica, 2014, Belo Horizonte. Anais
do XIV Fórum Brasileiro de Neuropsiquiatria Geriátrica, 2014.
9. MENEZES, K. K. P.; AVELINO, P. R.; FARIA-FORTINI, I.; CARVALHO, A. C.;
SCIANNI, A. A.; TEIXEIRA-SALMELA, L.F. Variáveis relacionadas ao escore
do Lower Extremity Motor Coordination Test em indivíduos hemiparéticos. In:
XIV Fórum Brasileiro de Neuropsiquiatria Geriátrica, 2014, Belo Horizonte.
Anais do XIV Fórum Brasileiro de Neuropsiquiatria Geriátrica, 2014.
92
10. MENEZES, K. K. P.; POLESE, J. C.; AVELINO, P. R.; ADA, L.; TEIXEIRA-
SALMELA, L.F. Hemiparéticos idosos com melhores níveis funcionais
possuem maior consumo de oxigênio durante a atividade de subir e descer
escadas. In: XIV Fórum Brasileiro de Neuropsiquiatria Geriátrica, 2014, Belo
Horizonte. Anais do XIV Fórum Brasileiro de Neuropsiquiatria Geriátrica,
2014.
11. MENEZES, K. K. P; AVELINO, P. R.; FARIA-FORTINI, I.; BASILIO, M. L.;
ASSUMPCAO, F. S. N.; CARVALHO, A. C.; SCIANNI, A. A.; TEIXEIRA-
SALMELA, L.F. Correlação entre o medo de cair auto-relatado por indivíduos
hemiparéticos e número de quedas. In: XIV Fórum Brasileiro de
Neuropsiquiatria Geriátrica, 2014, Belo Horizonte. Anais do XIV Fórum
Brasileiro de Neuropsiquiatria Geriátrica, 2014.
12. AVELINO, P. R.; MENEZES, K. K. P.; FARIA-FORTINI, I.; CARVALHO, A. C.;
SCIANNI, A. A.; TEIXEIRA-SALMELA, L.F. Confiabilidade e capacidade de
detectar mudanças do Lower Extremity Motor Coordination Test em
indivíduos hemiparéticos. In: 3° Congresso Brasileiro de Fisioterapia
Neurofuncional, 2014, Belo Horizonte. Anais do 3° Congresso Brasileiro de
Fisioterapia Neurofuncional, 2014. p. 24.
13. AVELINO, P. R.; MENEZES, K. K. P.; FARIA-FORTINI, I.; CARVALHO, A. C.;
SCIANNI, A. A.; TEIXEIRA-SALMELA, L.F. Utilidade Clinica de Testes de
Coordenação Motora dos Membros Superiores em Hemiparéticos. In: 3°
Congresso Brasileiro de Fisioterapia Neurofuncional, 2014, Belo Horizonte.
Anais do 3° Congresso Brasileiro de Fisioterapia Neurofuncional, 2014. p. 31.
14. MENEZES, K. K. P.; FARIA-FORTINI, I.; AVELINO, P. R.; CARVALHO, A. C.;
SCIANNI, A. A.; TEIXEIRA-SALMELA, L.F. Validade do Lower Extremity
Motor Coordination Test em indivíduos hemiparéticos. In: 3° Congresso
Brasileiro de Fisioterapia Neurofuncional, 2014, Belo Horizonte. Anais do 3°
Congresso Brasileiro de Fisioterapia Neurofuncional, 2014. p. 90.
93
15. AVELINO, P. R.; MENEZES, K. K. P.; FARIA-FORTINI, I.; CARVALHO, A. C.;
SCIANNI, A. A.; TEIXEIRA-SALMELA, L.F. Formas de operacionalização do
Lower Extremity Motor Coordination Test em indivíduos hemiparéticos. In: 3°
Congresso Brasileiro de Fisioterapia Neurofuncional, 2014, Belo Horizonte.
Anais do 3° Congresso Brasileiro de Fisioterapia Neurofuncional, 2014. p. 92.
16. MENEZES, K. K. P.; FARIA-FORTINI, I.; AVELINO, P. R.; CARVALHO, A. C.;
SCIANNI, A. A.; TEIXEIRA-SALMELA, L.F. Fatores relacionados ao Lower
Extremity Motor Coordination Test em indivíduos hemiparéticos. In: 3°
Congresso Brasileiro de Fisioterapia Neurofuncional, 2014, Belo Horizonte.
Anais do 3° Congresso Brasileiro de Fisioterapia Neurofuncional, 2014. p. 18.
17. MENEZES, K. K. P.; FARIA-FORTINI, I.; AVELINO, P. R.; CARVALHO, A. C.;
SCIANNI, A. A.; TEIXEIRA-SALMELA, L.F. Influência da dominância prévia
do membro inferior na coordenação motora de hemiparéticos. In: 3°
Congresso Brasileiro de Fisioterapia Neurofuncional, 2014, Belo Horizonte.
Anais do 3° Congresso Brasileiro de Fisioterapia Neurofuncional, 2014. p. 23.
18. AVELINO, P. R.; POLESE, J. C.; ALVIN, A.; TEIXEIRA-SALMELA, L.F.
Sessões convencionais de fisioterapia não estresse cardiorrespiratório em
hemiplégicos crõnicos pós acidente vascular encefálico. In: 7° Congresso
Internacional de Fisioterapia, 2014, IPOJUCA. Journal of Human Growth and
Development, 2014.
19. AVELINO, P. R.; ASSUMPCAO, F. S. N.; MAGALHAES, L. C.; TEIXEIRA-
SALMELA, L.F. Adaptação transcultural e propriedades de medida do life-h
3.1 brasil para avaliação da participação social em hemiparéticos. In: 7°
Congresso Internacional de Fisioterapia, 2014, IPOJUCA. Journal of Human
Growth and Development, 2014.
PARTICIPAÇÃO EM BANCAS
94
AVELINO PR. Participação em banca de avaliação de cinco trabalhos da
Especialização do Programa de Pós-graduação da Universidade Federal de Minas
Gerais.
AVELINO PR. Avaliodor de trabalhos da 3ª Feira Brasileira de Colégios de Aplicação
e Escolas Técnicas (FEBRAT). 2015. Universidade Federal de Minas Gerais.
AVELINO PR. Avaliodor de trabalhos da 2ª Feira Brasileira de Colégios de Aplicação
e Escolas Técnicas (FEBRAT). 2014. Universidade Federal de Minas Gerais.
PARTICIPAÇÃO EM EVENTOS
.
1. 7º Congresso Internacional de Fisioterapia. 2014.
2. 3° Congresso Brasileiro de Fisioterapia Neurofuncional. 2014.
3. XIV Fórum Brasileiro de Neuropsiquiatria Geriátrica. 2014.
4. XXIII Semana de Iniciação Científica da UFMG. 2014.