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DA INTERAO ENTRE INTRPRETE, SONS ELETRNICOS E IMAGENS EM TEMPO-REAL NA OBRA
A GLASS OF
Danilo Silva Aguiar Programa de Ps-Graduao em Artes UFU
Mestrado em Artes/Msica Resumo: Esse texto aborda o contexto interativo entre sons eletroacsticos, gestos cnicos e imagens geradas em tempo real na composio do autor, A Glass Of. Inicialmente analisado o conceito de interao em msica e suas peculiaridades. A seguir discutido estratgias de programao no ambiente de programao Pure Data, com o intuito de auxiliar a comunicao entre performer, sons eletroacsticos e imagens em tempo real. discutido tambm o mtodo Video-Mapping, usado para difundir as imagens ao vivo.
Palavras-Chave: Msica Eletroacstica, Live-Electronics, Video-Mapping, Gesto.
INTRODUO
Conforme Iazzetta (2009), desde a inveno do fongrafo, em 1877, houveram
grandes renovaes nos processos de criao musical. A partir de ento, a escuta
dissociada da escrita em partitura passou a ser o centro de uma nova forma de fazer
musical. O desenvolvimento das tecnologias eletroeletrnicas gerou um novo ciclo de
transformaes na segunda metade do sculo XX, permitindo a criao de msicas
acusmticas. Dessa forma, ocorre a instrumentalizao da escuta e da criao musical,
que passam a ser mediadas por um grande desenvolvimento de aparatos eletrnicos.
Alguns desses aparatos eletrnicos so os computadores pessoais de baixo custo e
com alta qualidade de processamento. Dessa maneira, torna-se cada vez mais
frequente a utilizao de laptops para trabalhar com sons eletroacsticos em tempo
real. A partir desta utilizao, surgem tambm novos instrumentos musicais com sons
gerados por computadores, que realizam uma gama variada de mtodos de sntese
sonora por meio de software (WANDERLEY, 2006), utilizando diferentes tipos de
interfaces e sensores como dispositivos de controle dos processos computacionais.
Assim, novos instrumentos, novas ferramentas e interfaces comearam a surgir e a se
desenvolverem.
A prtica da msica com eletrnica em tempo real (ou, simplesmente, live
electronics), utiliza sons provenientes de instrumentos eletrnicos e/ou acsticos que
podem ser criados, transformados ou manipulados pelo computador durante o
momento em que a msica ou improvisao musical est sendo realizada. Dessa
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forma, temos sistemas musicais interativos que possibilitam que computadores e
outros instrumentos eletrnicos interfiram na performance musical ao invs de apenas
responderem de maneira totalmente previsvel aos comandos do intrprete (Iazzeta,
1999, p.2).
Outro conceito que est sendo bastante difundido no meio da msica eletroacstica
em tempo real a incorporao de vdeos gerados a partir da reproduo de sons
eletrnicos. Esse dilogo entre sons eletroacsticos, intrprete e imagens so criados e
controlados a partir de um ambiente de programao chamado Pure Data (Pd)
(http://puredata.info), ambiente de programao de udio e imagem em tempo real
desenvolvido por Miller Puckette (http://crca.ucsd.edu/~msp/). O compositor e
matemtico Jnatas Manzolli, em sua pea continuaMENTE1 integra uma gama
relevante de interaes entre sons eletroacsticos pr-elaborados, texto, vdeo,
percusso e live electronics. O espetculo agrega vrios cenrios e as imagens so
projetadas em um telo atravs de computadores, que esto relacionadas com um
piano robotizado e percussionistas que utilizam luvas, baquetas e outros acessrios,
como interfaces gestuais, que estabelecem novas sonoridades e material audiovisual.
Temos Ob, de Vania Dantas Leite, que combina diferentes recursos tecnolgicos e
meios como texto, imagem, canto, dana e processamento de som e imagem em
tempo real (MENDES; DANTAS, 2009). Tambm temos os exemplos das obras do
compositor Joo Pedro Oliveira, Bloomy Girls, Hydatos e Et Ignis Involvens2, para
sons eletroacsticos e vdeo pr-compostos. As obras de Oliveira so apresentadas em
uma situao de concerto com um sistema de alto-falantes e uma projeo de vdeo
frontal.
Exemplos como os do Manzolli, Leite e Oliveira instigaram o autor a produzir uma
obra com sistemas musicais interativos utilizando como plataforma de programao o
software Pure Data, incluindo, alm de sons processados em tempo real, gestos
interpretativos cnicos e imagens difundidas atravs da tcnica de Video-Mapping.
Posto isto, ser discutido planos de programao e interao realizados na pea A
Glass of, com o intuito de auxiliar pesquisadores da rea a desenvolver estratgias de
interlocuo entre performers, sons eletroacsticos e imagens em tempo real.
!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!1!!Ver em: http://jonatasmanzolli.wordpress.com/continuamente/!2 Ver em: http://www.jpoliveira.com/Site/Music_and_Video.html
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A GLASS OF
Apesar de parecer um instrumento no muito convencional em sets de percusso,
o uso do copo encontrado em diversas obras do repertrio musical, por exemplo,
Rapsdia para solo de percusso e orquestra (1992) de Ney Rosauro.
A pea A Glass of foi pensada para copo de vidro e/ou cristal, sons eletrnicos e
imagens em tempo real. O som de copos de cristal, ou at mesmo alguns modelos de
copos de vidro finos, podem ser obtidos por baquetas ou pela frico dos dedos na
borda que geram um som contnuo. necessrio que o instrumentista tenha os dedos
molhados para gerar uma frequncia ininterrupta. Inserindo diferentes quantidades de
lquido no copo o som modificado, isso acontece pois fisicamente quanto menos
espao o som tiver para propagar mais grave ser o som, e vice-versa, quanto mais
espao o som tiver para propagar menos grave ser o som estaremos moldando a
caixa de ressonncia do instrumento. De uma forma resumida basicamente esse
fenmeno acstico que acontece na pea aqui discutida. Temos um copo que emite
uma nica frequncia, porm a medida que se vai dando procedimento no sistema
interativo e acrescentando lquido no recipiente vamos tendo diferentes resultados
sonoros e visuais.
Como um copo de vidro e/ou de cristal acabam sendo objetos de fcil acesso, A
Glass of foi composta com o intuito de qualquer pessoa e/ou msico poder executar,
alm de que, no necessrio ter conhecimento especfico musical, pois a obra no
consiste em uma escrita musical tradicional e sim em um texto de como o intrprete
deve se comportar durante as sesses interativas.
Na primeira verso foi implementado somente interaes com sons processados
em tempo real (estreo) e Gestos Interpretativos Cnicos. O conceito de gestos
cnicos cunhado no trabalho do percussionista Kumor (2002), Traldi et al. (2007,
p.4) descrevem a tipologia gestual de Kumor: Gesto Interpretativo Cnico (GC): a ao do intrprete frente descrio e a utilizao especfica de algum tipo de movimento que no est diretamente ligado ao ato de tocar o instrumento de modo que tal gesto possua significado prprio e autnomo. (Campos et al, 2007, p.4)
O GC, tem um carter visual e dramtico. Um movimento que descrito pelo
compositor e que carrega uma interpretao teatral. Um exemplo dado por Traldi et
al. (2007) a pea Six Elegies Dancing para marimba solo composta por Jennifer
Stasack. A obra inclui constantemente movimentos feitos no ar que esto notados na
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partitura. Essa ideia foi usada em algumas sesses de obra do autor, por exemplo, no
momento em que se grava a primeira ressonncia contnua no copo. Nesse momento o
patch est programado para gravar quinze segundos desse timbre e imediatamente
aps a gravao, esta amostra reproduzida em loop3. O som que est sendo feito
pela frico dos dedos molhados sobre a borda do copo comea a ser sobreposto pela
amostra gravada, que est sendo propagada pelos alto-falantes. No exato momento da
sobreposio o intrprete inicia um gesto circular (ao fsica que ele estava
exercendo sobre o copo) em direo contrria ao da borda do copo, ou seja,
movimentos circulares no ar. Pode-se aqui dizer que est ocorrendo um gesto
interpretativo cnico.
Utilizando a ideia de som contnuo e outros tipos de rudos, como a frico dos
dedos em diferentes partes do copo, foi pensado tambm um material que houvesse
uma morfologia sonora semelhante entre instrumento musical e sons que eram
processados durante a performance em tempo real. Da mesma forma, sesses que
houvesse contraste entre esses materiais.
Em textos como Por um Morfologia da Interao, desenvolvido por Menezes
(2006) e na tese de doutorado de Petra Bachrat Gesture Interaction in Music for
Instruments and Electroacoustic Sounds (2010) podemos observar posies
semelhantes no que diz respeito ao contraste e fuso na msica eletroacstica mista
ou interativa: Menezes denomina extremos entre a funo unificadora (fuso) e
articulatria (contraste), a partir das quais delineia uma morfologia da interao que
considera tambm as possibilidades transicionais de um extremo a outro (Zamith,
2013, p. 6). Assim tambm, Bachrat busca diferentes nveis de interao que podem
ir desde a completa comunicao dissociao.
O copo de vidro e/ou cristal tem como caracterstica uma altura/nota musical nica
e a escolha desse instrumento se deve justamente pelo desafio de estabelecer contraste
e fuso partindo dessa particularidade mpar.
VIDEO-MAPPING
Na segunda verso do aplicativo foi inserido a interao com vdeo. A princpio foi
pensado em projetar imagens em movimento em um determinado espao da sala de
concerto, que poderia ser paredes ou tetos. No entanto, durante a pesquisa foi visto !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!3!Amostra Sonora gravada que repetida concomitantemente.!
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uma nova possibilidade de projeo, a tcnica de Video-Mapping. O procedimento
consiste em poder projetar vdeos em objetos ou superfcies irregulares. Podemos ver
diversos vdeos no YouTube de projees em fachadas de edifcios, em esttuas ou
at mesmo em objetos do cotidiano, como uma cadeira ou um tnis. Em vista disso,
podemos criar narrativas audiovisuais a partir de composies eletroacsticas e no
caso de A Glass of tivemos um desafio.
Decidido usar o mtodo de Video-Mapping para projetar o contedo visual sobre
o copo percebeu-se que mapear e exibir imagens sobre um objeto de vidro ou cristal
complicado. As imagens em movimento no so fceis de serem identificadas sobre o
vidro, devido principalmente do objeto ser transparente e refletir muito a luz branca.
A soluo para esse obstculo era usar copos jateados por areia ou descartar a ideia
de projetar imagens em movimento e usar somente cores. Usar copos jateados por
areia solucionaria a questo da projeo, conseguiramos detectar os movimentos e
aes da narrativa proposta no vdeo, porm esse material implicaria no timbre,
tornando o instrumento invivel e de difcil acesso.
A maneira mais eficaz, e que obteve resultados artsticos notveis, foi a projeo
de cores sobre o copo. A cor um elemento essencial, simples, mas que constitui-se
de elementos instrutivos e sentimentais. A cor no tem existncia material, porm traz
sensaes produzidas por organizaes nervosas condicionadas na relao entre olho
e luz. E entre todas as formas de relacionamento audiovisual, a correspondncia
entre sons e as cores a mais antiga e comum, e geralmente refere-se aos timbres ou
s alturas (frequncias). (CAZNOK, 2003, p.27).
A associao entre cor e altura data de muito tempo atrs. No Renascimento
Leonardo Da Vinci e Arcimboldo estabeleceram um quadro relacionando as
graduaes das cores com notas, onde sons graves correspondia s cores brilhantes.
Porm foi somente no sculo XVII que trs pensadores Jesutas, Mersenne, Kircher e
Castel contradizem Da Vinci e Arcimboldo, fazendo a passagem do pensamento
medieval para o moderno. Com as descobertas nesse perodo referente luz, os
jesutas traam uma analogia entre cor escura e registros graves, cores claras e
registros agudos. (CANZNOK, 2003). A partir de ento, inmeras foram as
experincias voltadas para a correspondncia entre notas musicas e cores, calcificando
em nossas mentes a relao claro/escuro agudo/grave. Em Caznok (Idem) descreve
o sistema do Padre Marin Mersenne (1588 -1648) em que relaciona tessituras de
vozes com cores e elementos da natureza. Athanasius Kircher (1601 1680) em que
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associa intervalos musicais a cores. Castel construiu um teclado que relacionava cores
e sons e, dizia que a luz, assim como os sons, eram produtos de vibraes e
consequentemente equivalentes por natureza.
Alm desses exemplos Traldi (2009) consegue descrever inmeros inventos que
surgiram a partir de 1890 com o tema cores e sons:
O rgo silencioso, construdo em 1895 por Wallece Rimington (1854- 1918), professor de Belas-Artes do Queens College de Londres; O Clavilux, apresentado em 1922 pelo msico holands, Thomas Wilfrid (1889-1968). Esse aparelho na realidade no relacionava as cores com os sons, mas buscava desenvolver um conceito de arte com as cores semelhantes ao da msica, buscando similaridades em fatores temporais e rtmicos; Em 1877, Bainbridge Bishop combinou e sincronizou um instrumento de projeo de cores com um pequeno rgo de cmara. Alm destes e outros instrumentos construdos para relacionar sons e cores, surgiram tambm nessa poca inmeros livros e escritos falando sobre esse assunto. Alguns desses escritores defendiam a ideia de que as cores serviriam para complementar a apreciao musical. Entre esses livros esto: The Art of Mobile Colour de Wallace Rimington publicado em 1911; Die Farblichtmusik (Msica de Cores e Luz), publicado pelo hngaro Alexandre Lszl. Alm desse livro, Lszl inventou um piano que projetava luzes e criou uma espcie de notao colorida impressa sobre as pautas; The Art of Light, publicado em 1926 por Adrian Bernard Klein. Ideias que resultaram na construo, em 1932, de um projetor de cores acoplado a um rgo que controlava luzes coloridas. (Traldi, 2009, p. 25).
Partindo da integrao histrica entre sons e cores citados acima, foi estabelecido
um sistema que relacionasse cor e frequncia a partir de sons tocados no copo ao
vivo. O compositor criou um quadro com algumas divises:
Figura 1. Representao da relao entre cores e frequncias na obra A Glass of.
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Na figura acima temos cores que foram programadas pelo o autor para serem
projetadas no momento em que o microfone capta as frequncias descritas na tabela.
No h restries para tipos de copo na obra, contando que todos consigam reproduzir
frequncias com a frico dos dedos sobre as bordas, cada copo emitir uma nota
diferente. E de acordo com a Figura 1 teremos distintas cores sendo projetadas no
instrumento (Figura 2). A maioria das taas e copos, quando vazios, emitem uma
nica nota, geralmente entre frequncias mdias e mdias altas. Programando o
computador para transpor essas notas em tempo real, teremos uma gama variada de
notas, que podem oscilar de 20Hz 20Khz. Este mecanismo foi adotado e ser
explicado logo adiante.
Figura 2. Exemplo da relao entre cores e sons em uma situao real.
SISTEMA INTERATIVO DE A GLASS OF
Para executar a obra foram necessrios, alm do copo de vidro:
a) Um recipiente pequeno com gua para poder molhar os dedos sempre que for
necessrio friccionar os dedos sobre as bordas do copo
b) Um lquido para despejar no copo: gua, refrigerante, suco ou qualquer
bebida que agrade o intrprete. Pede-se que a cor do lquido no seja muita
escura, pois pode interferir na projeo das cores.
c) Microfone lapela para captar os sons e possibilitar o processamento sonoro
em tempo real .
d) Pedal USB.
e) Placa de udio
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f) Cabos
g) Alto-falantes
Para acionar cada sesso foi usado um pedal usb acoplado ao computador. Esse
pedal, quando pressionado, envia a informao de letra B para o software Pure Data
e cada letra do teclado do computador entendida como um nmero ou um disparo
(chamamos esse disparo de bang no Pd). Desse modo, com o objeto bang podemos
detectar o momento em que pisamos no pedal. A cada vez que acionamos o
dispositivo, o objeto counter conta um nmero. Se temos oito sesses no sistema,
configuramos o objeto para contar de 1 8. Desse modo, utilizando essa ferramenta
podemos transitar entre as sesses interativas estipuladas na Figura 3.
Figura 3. Patch em Pure Data de A Glass of
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Na figura acima temos a verso beta do obra. Nela as oito sesses esto descritas
apenas com palavras chaves. Pretende-se na prxima programao incluir um
subpatch Help com explicaes adequadas , como a seguir:
Sesso 1 Acione o pedal para gravar um ataque forte do dedo ou baqueta sobre o
bojo do copo. Espere toda a ressonncia dissipar ao completo silncio, em seguida
passe para a sesso 2.
Sesso 2 - Acione o pedal, inicie a frico dos dedos em movimentos circulares
sobre a borda. O movimento far soar a frequncia do copo. Juntamente com o
acionamento do pedal, um timer ser ligado. Aps trs segundos o objeto
writesf~ comear a gravar a frequncia contnua que est sendo tocada. Aps 15
segundos o objeto tabread4~ ir tocar o que foi gravado em loop. Espere que o som
acstico do copo e o som gravado estejam interpolados. Em seguida, diminua a ao
dos dedos sobre o copo executando movimentos circulares em direo ao ar, deixando
de tocar o copo. Faa um gesto interpretativo cnico, como que se a continuao
dessa ressonncia fosse algo mgico. Isso dar uma sensao que a frequncia ir
ressoar para sempre. Aps 5 segundos passe para a sesso 3.
Sesso 3 Acione o pedal, o som de ataque gravado na sesso 1 ser tocado ao
contrrio e bem devagar. Segundo Smalley (1997), o desenho morfolgico do som
possui trs fases: onset (ataque), continuante e terminao. Podemos interpretar como
uma dinmica f, mf e p. Quando reproduzimos esse desenho morfolgico ao
contrrio, iremos ter a inverso dessa dinmica. Podemos dizer que teremos um
crescendo. Quando ouvir o som invertido sendo reproduzido, novamente friccione o
copo, dessa vez crescendo junto com a amostra ao contrrio. No momento em que os
sons chegarem em seu ponto mximo passe para a sesso 4.
Sesso 4 Nesse estgio inicia-se as improvisaes. Pressionando o pedal
novamente teremos o corte da frequncia ressoante da sesso 2 e o objeto drunk
acionado. Esse objeto capta o som do copo e oscila as transposies entre meio tom
trs tons e meio. Nesse instante o lquido despejado em pequenas quantias at o topo
do copo. A cada quantia improvise para gerar sons contrastantes. Isso causar um
efeito de glissando intermitente. Cores sero projetadas de acordo com o
processamento do objeto drunk . Em seguida passe para a sesso 5.
Sesso 5 Acione o pedal. Com o copo cheio comece a beber pequenas quantias
realizando o processo contrrio do fim da sesso 4, improvise gestos interpretativos
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cnicos - gestos de prazer em degustar aquela bebida. A cada quantia improvise sons
e friccione o copo para gerar sons longos e materiais contrastantes. Nessa sesso, o
objeto drunk desligado e o efeito de delay acionado. Improvise vontade e em
seguida passe para sesso 6.
Sesso 6 Acione o pedal e comece a improvisar ataques livremente em vrias
partes do copo. Nesse momento o sinal de udio passa pelo objeto fiddle, que
detecta os ataques e dispara o som gravado na sesso 1. A cada ataque a amostra
reproduzida aleatoriamente de maneiras diferentes, s vezes grave, agudo, ao
contrrio e etc. Cada ataque tambm ir projetar cores diferentes de acordo com a
frequncia estabelecida nas reprodues do objeto tabread4~ . Improvise vontade
e passe para a sesso 7.
Sesso 7 Esse estgio prepara a finalizao da obra. Acionando o pedal teremos a
duas diferentes reprodues da amostra gravada na primeira sesso. As duas com a
mesma durao, porm com alturas diferentes e ao contrrio. A ideia novamente
estabelecer a sensao de crescendo. Enquanto essas duas amostras esto sendo
reproduzidas, improvise seguindo a dinmica. Ao chegar no ponto mximo de tenso
passe para a sesso 8.
Sesso 8 Pressione o pedal, ser realizado o corte geral do som, deixando
somente uma amostra reverberante que caminhar ao silncio. A projeo ir entrar
em fade out. Fim.
CONSIDERAES FINAIS
Entre as sesses 1 8, podemos dividir a obra em duas grandes sesses: Da sesso
1 3 busca-se unificar os sons sobre a ideia da Morfologia da Interao, proposta
por Menezes (2006). Nesse intervalo temos aes determinadas e uma estrutura
sonora que caminha junto. Da mesma forma, podemos perceber que entre as sesses 3
e 4 temos o processo de transio para o extremo, articulatria (contrastante). Da
sesso 4 8 o processo de improvisao e a transformao do som gera timbres
contrastantes. Menezes (2006) diz:
Assim, o imprescindvel domnio de ambas as esferas de atuao da
composio mista escrituras instrumental e eletroacstica no se
restringir jamais ao fenmeno que, de modo exclusivo, as funde e as
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identifica. Ao contrrio, ser estrategicamente preciso que, em
determinados momentos, o contraste entre ambos os universos venha
tona para que a prpria fuso possa ser devidamente apreciada. (Menezes,
2006, p. 383).
A busca pela interao entre a performance, sons eletroacsticos, imagens e
processamento computacional em tempo real coloca o compositor em diferentes
desafios, como criar, estruturar e implementar sistemas interativos de fcil acesso e
utilizao a todos. Porm, ainda necessrio algumas melhorias na proposta de
interao de A Glass of:
a) Para a prxima programao incluir um subpatch Help com explicaes
adequadas e bulas.
b) Refazer a programao da obra em Max/MSP, pois existem muitos objetos
que tem uma funcionalidade melhor do que os objetos existente no Pure
Data.
c) Buscar e definir um modelo de microfone que grave com melhor qualidade
e se adapte a diversos modelos de copos.
d) Definir melhor a qualidade sonora das transies das sesses interativas.
e) Fazer um vdeo de demonstrao da obra e divulgar em redes sociais.
Mais do que uma interao com a tecnologia, esse trabalho se props a investigar a
explorao de expresses musicais atravs dos novos meios tecnolgicos, entendo que
um maior esclarecimento sobre as relaes entre os aspectos musicais, visuais e
tecnolgicos proporcionaro uma melhor compreenso da interao musical entre
homem e mquina com fins estticos.
REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS
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