Foto: Maria de L. L. Oliveira
Desenho: Lourival dos Santos
Foto: Maria de L. L. Oliveira
UNIDADEDIDÁTICA
MARIA DE LOURDES LEPRE OLIVEIRA
A FOME MUNDIAL
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PLANO DE UNIDADEDIDÁTICA
DISCIPLINA: GeografiaTEMA: Fome MundialSÉRIE: 8ªAUTORA: Maria de Lourdes Lepre OliveiraORIENTADOR: Victor da Assunção Borsato
APRESENTAÇÃO
A Unidade Didática “Fome Mundial” foi pensada comomaterial didático para se trabalhar de forma direta comalunos de 8ª série e como forma indireta com alunos de5ª série, ambos do Ensino Fundamental.
A parte teórica desenvolvida na disciplina deGeografia e a prática, como complemento em momentosextra-classe.
A escolha do tema se deu em virtude da necessidadede desmascarar as reais causas desse mal que há muitoassola a humanidade.
Também devido ao fato da fome (mesmo sendo a piorforma de desigualdade materializada no espaçogeográfico) ser entendida por muitos como algo alheioao homem, definitivo e imutável.
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OBJETIVO GERAL
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
CONTEÚDOS
ESTRATÉGIAS/ATIVIDADES
-Definindo a fome-Crescimento da população mundial-População x alimentos-Revolução Verde-Causas da fome-Mitos sobre a fome-Onde vivem os famintos-Conseqüências da fome-As doenças da fome-Dados sobre a fome no mundo-A fome no Brasil-O aumento nos preços dos alimentos nos últimos anos
Subsidiar o aluno com conhecimento científico para queele possa agir com consciência política no espaçogeográfico em que vive tornando-o um lugar com maisjustiça social.
-Possibilitar, por meio do conhecimento científicohistoricamente produzido, que o aluno amplie sua visãode mundo não se permitindo manipular;-Investigar a partir de uma reflexão ampla as causasreais da fome mundial;-Identificar os países que mais sofrem com a fome;-Desvendar as causas que provocam a fome em certospaíses;-Investigar as conseqüências da fome para as pessoas;-Descobrir as doenças decorrentes da falta dealimentos;-Pesquisar as causas da fome mundial em várias fontesde modo a sensibilizar o aluno para atitudes políticassolidárias;-Relacionar a fome a outras formas de desigualdadesocial;-Pesquisar as causas do aumento da fome mundial nosúltimos anos;-Identificar e analisar as causas da fome na comunidadelocal e sugerir alternativas para a mudança dessarealidade.
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-Aplicação de questionário aos alunos – sondagemsobre o que sabe/pensa sobre o tema e tabulação dosdados;-Problematização do tema;-Leitura de textos, análise e discussão;-Levantamento de dados junto a Pastoral da Criançasobre a desnutrição infantil no município;-Seleção de fotos e frases para elaboração do PowerPoint;-Seleção de fotos, elaboração de frases e confecção decartazes;-Exposição de cartazes na escola;-Mini-aulas das 8ªs séries para as 5ªs séries parasocialização do tema.
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AVALIAÇÃO
A avaliação dar-se-á no decorrer de todo o processo enão somente como requisito para o resultado final. Serácontínua, diagnóstica e formativa e efetivada em todasas atividades desenvolvidas.
Levará em consideração:
-O interesse do aluno na realização das atividades;-A participação espontânea no grupo;-A participação quando solicitado;-O respeito com os colegas e professor;-O cumprimento de prazos, horários e etc.;-A organização e o zelo com o material;-A conclusão das tarefas;-O entendimento das causas, conseqüências da fomemundial;-A identificação dos países que mais sofrem com afome;-A compreensão de que a fome se deve principalmente àquestões humanas;-A capacidade de análise crítica do espaço geográfico;-A compreensão sobre a importância da atitude políticadas pessoas ante as contradições postas no espaçogeográfico.
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Foto: Maria de L. L. Oliveira Foto: Maria de L. L. Oliveira
Foto: Maria de L. L. Oliveira Foto: Maria de L. L. Oliveira
SE O ALIMENTO EXISTE, POR QUEEXISTE FOME NO MUNDO???
A FOME MUNDIAL
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Desenho: Lourival dos Santos
...a fome é um desespero que transforma o corpo no reino da
doença e da dor. Não há mais energia nem para as funções
básicas das células. Vem a visão dupla. O vômito de bílis
esverdeada. Não se houve direito. As pernas não se movem. Os
braços doem. Os músculos, fracos, causam lesões no sistema
nervoso. É a morte chegando. (Revista Veja Maio/2008).
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Fome significa não dispor dos alimentos adequados, em quantidade
suficiente, para satisfazer nossas necessidades.
Fome Crônica ocorre quando as pessoas não têm acesso a alimentos em
quantidade suficiente durante um longo período de tempo devido à pobreza
persistente.
Fome Transitória é uma condição temporária causada por eventos como
desastres naturais e conflitos ou, em menor escala, por desemprego, doença
ou morte na família.
Foto: Maria de L. L. Oliveira
Desenho: Lourival dos Santos
Como pode nosso semelhante chegar nessa situação? Morrer de fome é
a maior crueldade por que pode passar um ser humano.
Mas então, por que isso acontece? Se existe alimento suficiente, por que
existe a fome? Quais serão as causas???
DEFININDO A FOME
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A fome é um problema que atormenta a vida de muitos, desde os primórdios da
existência do homem.
Num lugar ou outro, em todos os tempos, a falta de alimentos para muitos,
sempre se constituiu numa ameaça.
Apesar de a humanidade ter atingido um elevado desenvolvimento científico e
tecnológico, ela ainda não conseguiu resolver de forma satisfatória a triste realidade
da fome mundial.
Embora nos últimos 50 anos as riquezas do Planeta tenham sido multiplicadas por sete,elas nunca estiveram tão mal distribuídas; pois 20% da população mundial detêm 82,7%das riquezas, enquanto os 20% mais pobres vivem mergulhados na miséria, tentandosobreviver com menos de US$ 2. As três pessoas mais ricas do mundo possuem umafortuna superior à soma do PIB dos 48 países mais pobres. Ou seja, acima de um quarto detodos os países do mundo! (Carlos I. S. Azambuja, 2003).
É difícil para alguém que vive em condições digna e justa, sequer imaginar o
drama em que milhões de pessoas se deparam todos os dias: a fome.
Desenho: Lourival dos Santos
Como pode um ser humano não suprir uma necessidade tão básica para
sua subsistência? Como é possível a esse ser, viver como um animal a
revirar o lixo para encontrar comida?
Será este um problema recente do mundo globalizado? Ou a fome já
acompanha toda a história do homem? Será muita gente e pouca comida?
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Para responder tantas indagações é importante retroceder no tempo e verificar
como se deu a expansão demográfica mundial e também a produção de alimentos.
No tempo de Cristo, a população era cerca de 250 milhões de habitantes. Em
1650, já contava com 500 milhões; em 1850, com um bilhão, em 1950, com dois
bilhões e em 1987 já havia atingido cinco bilhões.
Como pode ser observado, até o século XVIII o crescimento foi lento.
Não é difícil entender. Durante muitos séculos, a taxa de mortalidade era muito
alta. As guerras, a fome e principalmente as epidemias se encarregavam em dizimar
parcelas consideráveis da população. Dependendo do tipo de doença, uma classe
de idade era a mais atingida. O tifo, por exemplo, atingia mais os adultos, matando
milhares de trabalhadores. Esse fato prejudicava a produção de alimentos e
manufaturas ao mesmo tempo em que afetava a própria reprodução humana,
diminuindo o número de nascimentos.
Investigue!!!
à Como o ser humano adquire tifo? Atualmente, este tipo de doença ainda
acomete a população?
Com a Revolução Industrial, algumas conquistas sócio-econômicas e sanitárias
permitiram a redução da taxa de mortalidade antes tão elevada. Soma-se a isso o
fato dos governos centrais terem conseguido períodos de paz mais longos,
necessários à acomodação da vida social e econômica.
Devido ao aumento da população européia nesse período, a preocupação com a
sobrevivência de tantas pessoas, passa a ser motivo de preocupação. Malthus
(economista e demógrafo britânico que ficou conhecido, sobretudo pela teoria
segundo a qual o crescimento da população tende sempre a superar a produção de
alimentos, o que torna necessário o controle da natalidade) expôs o princípio de que
Por que durante tanto tempo a população não cresceu?
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“a população tende a crescer além dos limites da sua própria sobrevivência”, o que
resultaria em fome e miséria.
Segundo Malthus a população cresceria numa progressão geométrica, enquanto
os meios de subsistência cresceriam numa progressão aritmética devido às
limitações impostas pela natureza.
Importante investigar também...
à Qual a diferença entre progressão geométrica e progressão aritmética? Qual
apresenta um crescimento maior?
Os temores de Malthus não se confirmaram, pois a Revolução Industrial permitiu
também uma revolução na agricultura possibilitando dessa forma uma grande
produção de alimentos, superior inclusive ao aumento populacional da Europa
noroestina.
No final do século XIX, o elevado padrão de vida da população dos países que se
industrializavam, fez com que as taxas de natalidade caíssem, devido às
implicações e necessidades da vida urbana.
As taxas de natalidade eram altas, mas por sua vez as taxas de mortalidade
também eram provocando o chamado equilíbrio primitivo. Como se percebe, o
crescimento da população era lento.
Continue seu papel de investigador...
Mas como se deu a dinâmica populacional nos países que não se
industrializaram?
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A dinâmica populacional ocorre da mesma forma em todos os países?
à Pesquise o significado de taxa de natalidade e taxa de mortalidade.
Essa situação só veio mudar, quando no pós-guerra, as conquistas médico-
sanitárias foram estendidas aos países subdesenvolvidos. Soma-se a isso o fato de
grandes laboratórios farmacêuticos terem sido instalados nesses países, o que
permitiu a produção e venda de medicamentos mais baratos.
Se por um lado, a ação médica, o barateamento dos medicamentos, a vacinação,
a erradicação da malária, a expansão de maternidades, postos de saúde, melhoria
nos hábitos de higiene contribuíram para a diminuição da mortalidade, por outro não
conseguiram conter as taxas de natalidade que eram altas, ocorrendo assim uma
expansão demográfica.
O auge da explosão demográfica ocorreu por volta de 1965. A partir daí, as taxas
de natalidade começaram a diminuir em muitos países subdesenvolvidos.
Não. A transição demográfica (sucessão de fases pelas qual uma população
passa à medida que penetra na chamada modernidade, ou seja, de uma sociedade
agrária para uma sociedade moderna, industrial e urbana) ocorreu e ainda ocorre de
forma diferenciada:
-Os países ricos completaram sua transição demográfica no final do século XX,
momento em que estabilizaram à baixa suas taxas de natalidade e mortalidade.
-Os países em desenvolvimento iniciaram a transição demográfica mais tarde e de
forma repentina. Atualmente, a maioria deles, sobretudo os países africanos
conseguiu baixar as taxas de mortalidade devido à melhoria nas técnicas agrícolas,
na tecnologia, avanço na medicina, alfabetização, etc; mas às taxas de natalidade
ainda se mantêm muito altas.
A América Latina, a Ásia e alguns países da África já conseguiram reduzir
muitíssimo a mortalidade, ao mesmo tempo em que estão conseguindo diminuir de
forma paulatina a natalidade, isso devido ao acesso a métodos de anticoncepção,
incorporação da mulher à educação, bem estar, processo de urbanização, a
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substituição da agricultura tradicional pela agricultura de mercado, aliado a outras
mudanças sociais. Acreditam os demógrafos (estudiosos da população humana em
termos de número, densidade, localização, idade, sexo, raça, ocupação e outros
dados estatísticos) que os países em via de desenvolvimento, tarde ou temporão,
completarão a transição demográfica.
É da capacidade desses países em realizarem a transição demográfica que
depende a moderação no crescimento da população mundial. Segundo cálculos da
ONU (Organização das Nações Unidas), se os países pobres aceleram o ritmo, no
ano 2050 terão no planeta uns 7,5 bilhões de habitantes. Se houver demora nesse
processo poderá haver no planeta 11 bilhões de pessoas em 2050.
Durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945)l e nos primeiros anos que
se seguiram, a produção de alimentos diminuiu. Ao mesmo tempo, como já
visto anteriormente, o crescimento populacional começava a se acelerar,
principalmente nos países do Terceiro Mundo.
Acentuaram-se então as preocupações das pessoas e órgãos envolvidos
com o problema. Assim, a FAO (organismo internacional da ONU que tem por
finalidade melhorar as condições da agricultura e da alimentação no mundo) e
alguns governos de países desenvolvidos intensificaram esforços visando
aumentar a produção mundial de alimentos.
Devido a esses fatores, a ciência e as técnicas de uso da terra progrediram
muito, permitindo um aumento significativo da produção de alimentos.
Foto: Maria de L. L. Oliveira
POPULAÇÃO x ALIMENTOS
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É óbvio que o aumento na produção de alimentos tem ocorrido de forma
desigual. Nos países menos desenvolvidos, onde as taxas de crescimento
populacional são mais altas, o crescimento da produção de alimentos é menor.
Como se vê, produzem-se menos alimentos onde nascem mais pessoas.
Os países subdesenvolvidos são responsáveis por apenas 42% da produção de
alimentos, sendo que abrigam em torno de 73% da população mundial.
Mesmo diante de tal situação, esses países, em conjunto têm conseguido
melhorar as taxas de crescimento agropecuário, a um nível que em média, se
equipara ao aumento populacional.
É claro que não. Como a falta de alimento já é crônica nesses países, a produção
de alimentos teria que ser bem superior as da expansão demográfica, pois só dessa
forma conseguiriam superar a carência alimentar que há muito atinge a população.
Fazendo aumentar a produção de alimentos e consequentemente elevarem o
padrão socioeconômico e cultural da população menos favorecida, o que
gradativamente refletiria num menor índice de natalidade, como defendem os
reformistas? Ou então, controlar eficazmente a natalidade, generalizando o emprego
dos diversos meios de anticoncepção; o que faria diminuir a natalidade como
defendem os neomalthusianos?
Entre as duas correntes, é ponto pacífico que a população mundial não poderá
crescer de forma indefinida.
Uma outra corrente defende que ambas as coisas sejam feitas o mais breve
possível: o aumento da produção e a diminuição do ritmo de crescimento
populacional.
Essa equiparação entre crescimento na produção de alimentos e
crescimento populacional tem permitido a todos o necessário para sua
alimentação?
Como fazer então para diminuir o crescimento populacional?
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Investigue com os colegas
à Qual a opinião deles sobre essas correntes?
Edição: Maria de L. L. Oliveira Foto: Maria de L. L. Oliveira
O uso de tratores, adubos, sementes híbridas de alta produtividade e venenos
químicos, fizeram com que a produção média de grãos por habitante aumentasse
26%, de 1950 para cá.
No último meio século, a população mundial mais que dobrou, enquanto a
produção de alimentos quase triplicou.
O Brasil, com o uso dessas técnicas, conseguiu dobrar sua produção de grãos
em vinte anos, sem aumentar a área plantada.
Mas, e a chamada Revolução Verde, não contribuiu para o aumento da
produção?
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As situações de desnutrição grave e
crônica são geralmente as dos países
à deriva; elas estão, portanto
frequentemente relacionadas à negligência
humana, uma vez que se os rendimentos
alimentares fizeram progressos
consideráveis, a verdadeira questão não é
a incapacidade de produzir; mas sim a
incapacidade de distribuí-las as populações
mais carentes.
Desenho: Lourival dos Santos
A Revolução Verde II consiste no uso dos prodígios da engenharia química e
genética. Multinacionais ligadas a esse ramo, juntamente com o Banco Mundial e
outros organismos internacionais, asseguram que o mundo pode ser salvo se
permitirmos que essas empresas façam sua mágica. Prometem estimular o
rendimento das colheitas e alimentar os famintos.
Mas, se para enfrentar o problema da fome a fórmula se limitar a aumentar a
produção, ela fracassará, pois continuará a concentração do poder econômico e
especialmente do acesso a terra.
O próprio Banco Mundial chegou à conclusão, num importante estudo realizado
em 1986, que a fome mundial só poderá ser aliviada por meio da “redistribuição do
poder de compra e dos recursos em favor dos que estão desnutridos”. Em outras
palavras, se os pobres não têm dinheiro para comprar comida, de nada adiante
aumentar a produção.
Mas então porque a desnutrição e a fome? Em que países elas são mais
graves?
E a nova Revolução Verde, também é apenas um sonho?
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“Embora os silos da Índia estejam abarrotados, atualmente, cinco mil crianças
morrem por dia devido à desnutrição nesse país. Como os pobres não podem
comprar o que é produzido, só resta ao governo armazenar milhões de alimentos”.(Revista Business Week).
-A miséria e a fome são males provenientes do sistema capitalista, que só permite a
quem ganha dinheiro manter-se bem alimentado;
-A busca desmedida do lucro a qualquer preço;
-A produção e comercialização de alimentos visando exclusivamente o lucro. Seja
na definição da área plantada, no tipo de cultura desenvolvida (segundo
perspectivas de “preço de mercado”) ou por meio de práticas empresariais
repulsivas.
-Existência de monoculturas que ficam na dependência das condições climáticas e
dos preços fixados no mercado internacional;
-Diferentes e injustas condições de troca entre os países desenvolvidos e
subdesenvolvidos;
-Globalização – as multinacionais do setor de alimentos aumentam seus ganhos na
mesma proporção em que cresce a fome;
-Dívida Externa dos países – para pagar os juros, tenta-se incrementar as
exportações;
-Regimes políticos, guerras e conflitos armados – o valor gasto em um mês na
compra de armas seria suficiente para providenciar alimento, água, educação, saúde
e habitação para todos os necessitados;
-Desigualdades sociais – as elites que estão no poder político, mantêm também o
poder econômico. Controlam o acesso aos alimentos, mantêm e consolidam o
próprio poder;
-Neo-colonialismo – trocas comerciais que continuam favorecendo sempre as
mesmas potências;
-Ajustes estruturais impostos pelo FMI (Fundo Monetário Internacional), que retiram
dos países pobres a capacidade de produzir seus próprios alimentos;
E AS CAUSAS DA FOME QUAIS SÃO???
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-Alta no preço do petróleo que incide sobre seus derivados utilizados no processo de
produção e transporte de alimentos;
-O uso do milho para combustível;
-Catástrofes ambientais;
-Aumento da demanda que gera alta dos preços dos alimentos.
A terrível ironia é que enquanto crianças inocentes morrem de fome, algumas
nações ricas destroem milhões de toneladas de alimentos para manter os preços em
alta.
à Pesquise sobre monoculturas e a que elas se destinam.
-A fome existe porque não se produz alimentos suficientes.A produção de alimentos é suficiente para alimentar toda a população mundial. É
uma questão de abastecimento. A Terra tem recursos suficientes para alimentar a
população inteira.
-Pessoas com fome precisam de alimento – ajuda alimentar é a
melhor solução.Medidas paliativas não são suficientes. São necessárias ações que lidem não
apenas com as necessidades básicas, mas que dêem atenção às causas sociais,
econômicas, ambientais e políticas.
-A fome existe porque somos “demais”.Há países muito populosos que alimentam melhor sua população como é o caso da
China, por exemplo, e países pouco habitados como a Bolívia, onde os pobres
padecem de fome.
-Há poucas terras cultiváveis.Há terras suficientes, tecnologias adequadas para se produzir suficientes
quantidades de alimentos. O que ocorre é que, essas terras, muitas vezes, são
utilizadas para fornecer alimentos aos países ricos.
MITOS SOBRE A FOME
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-No sul e leste da Ásia, 18% da população padecem de uma severa desnutrição;
-O continente africano possui 35% de sua população com subnutrição;
-A América Latina e o Caribe, possuem 14% de subnutridos (54 milhões de
subnutridos);
-75% da população do campo no mundo é subalimentada;
-Existem situações bastantes críticas no Paquistão, Egito, Senegal, Gana,
Bangladesh, Mianmar, Coréia do Norte e Etiópia.
Desenho: Lourival dos Santos
ONDE VIVEM OS FAMINTOS
CONSEQUÊNCIAS DA FOME
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Quando uma pessoa não se alimenta, ela deixa de fornecer ao corpo a energia
garantida pela glicose. Com baixos índices de glicose (a energia), o cérebro vai
perdendo sua capacidade de comandar o corpo. Surgem então enjôos, náuseas,
tonturas e a pessoa tem dificuldades para raciocinar.
Na infância, a perda de enzimas e hormônios devido à insuficiência alimentar,
retarda o desenvolvimento cerebral, provocando conseqüências irreversíveis. Na
adolescência, a perda de hormônios afeta o crescimento. Se o organismo usar seus
próprios recursos até o esgotamento, a pessoa morre.
Jean Ziegler, relator especial da ONU para o Direito à Alimentação, afirma que a
desnutrição da mãe durante a gestação – quando o bebê deve desenvolver o
conjunto de células que o constituirão como um ser dotado de todas as suas
faculdades – diminui as possibilidades de que a criança nasça, pois a placenta
(alimento, água, oxigênio e anticorpos do bebê instalado no útero) não escapa aos
danos causados pelas carências de alimentação.
Os subnutridos têm dificuldade para aprender, conseguir emprego e ser
produtivo. A fome condena famílias a um círculo vicioso de saúde precária e de
menos capacidade para aprender e trabalhar, gerando pobreza e morte
generalizadas.
à Ampliando seus conhecimentos, pesquise o significado de enzimas e
hormônios.
Para se manter em pé, o corpo humano precisa em média de 2000 a 2500
calorias diárias. 100 calorias abaixo desses valores já se é vítima das
conseqüências da subnutrição: fraco desenvolvimento físico e intelectual.
A falta de alimentos ou de uma dieta alimentar adequada pode provocar as
chamadas doenças da fome:
AS DOENÇAS DA FOME
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-Desnutrição: caracteriza-se por atraso no crescimento e no ganho de peso;
alterações psíquicas e motoras; apatia; falta de apetite e emagrecimento.
Em certas partes do mundo, é comum ver crianças de dois ou três anos que não
andam, não engatinham e não falam, em conseqüência da desnutrição.
-As insuficiências alimentares: são responsáveis por doenças como anemia,
bócio, hipovitaminose A, raquitismo etc.
a)Anemia: é a falta de células sanguíneas vermelhas e/ou hemoglobina. Isso
ocasiona a redução da habilidade do sangue transferir oxigênio para os tecidos. A
hemoglobina tem que estar presente para garantir a oxigenação adequada de todos
os tecidos do organismo.
b)Bócio Endêmico: doença caracterizada pela deficiência de iodo nos alimentos
e na água. O bócio é uma doença definida pela hipertrofia da glândula tireóide e sua
manifestação mais marcante é o aumento de volume na região do pescoço, daí ser
conhecida popularmente como “papo” ou “papeira”.
c)Hipovitaminose A: a vitamina A é uma vitamina hipossolúvel (se dissolve na
gordura do corpo e precisa da gordura para agir). A cegueira noturna é a principal
manifestação da carência da vitamina A. Essa vitamina tem a função anti-oxidante.
Ela se fixa aos chamados radicais livres que se originam da oxidação de diversos
elementos. Esses radicais livres teriam um efeito nocivo para as células e são tidos
como causadores de arteriosclerose, catarata, tumores, doenças da pele e doenças
reumáticas.
d)Raquitismo: é uma doença da infância produzida por distúrbios do
metabolismo do cálcio e do fósforo, por efeito de carência de vitamina D, e que se
manifesta principalmente por alterações e deformidades do esqueleto.
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Desenho: Lourival dos Santos
-A grande fome na China de 1959 a 1961 dizimou um número estimado de 30
milhões de chineses;
-Entre 1967 e 1970, mais de um milhão de biafrenses morreram de fome;
-Em 1974,cerca de 300 mil africanos subsaarianos morreram de fome;
-Entre 1984 e 1985, a fome voltou a assolar a África subsaariana: morreram cerca
de dois milhões de pessoas;
-Em 1992, enquanto 1,5 milhões de pessoas sofriam com a fome na Etiópia, os
alimentos enviados por entidades humanitárias internacionais eram confiscados
pelos grupos armados em luta;
-Em 1993, aproximadamente 600 mil pessoas morreram de fome no Sudão;
-Em abril de 1998, em pelo menos 20 países africanos a população se alimentou
unicamente de raízes, folhas e frutos selvagens, nos períodos mais críticos. Cerca
de mil africanos morreram de fome diariamente;
-Em 1996 houve casos de canibalismo na Coréia do Norte, praticadas por
camponeses desesperados de fome;
AGORA VEJAMOS ALGUNS DADOS SOBRE AFOME NO MUNDO
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-Em 1997, também na Coréia do Norte, cães, gatos e pombos teriam sidos
devorados, mulheres teriam comido a própria placenta após darem à luz e os
enterros foram adiados a fim de prevenir atos de canibalismo;
-Neste mesmo ano, possivelmente dois milhões de norte-coreanos haviam morrido
de fome;
-Em 1994 seiscentas mil pessoas dormiam ao relento nos Estados Unidos, país que
detêm há décadas o maior PIB (Produto Interno Bruto) do mundo;
-Na Argentina, em 1996, 26,7% da Grande Buenos Aires estava vivendo abaixo da
linha da pobreza;
-Na Europa, os pobres constituem 15% da população;
-1,3 bilhões de pessoas no mundo não dispõem de água potável;
-40% das mulheres dos países em desenvolvimento são anêmicas e encontram-se
abaixo do peso;
-A cada ano, cerca de meio milhão de crianças ficam cegas ou parcialmente cegas
devido à deficiência de vitamina A.
-A deficiência de iodo é a principal causa do retardo mental e ameaça 1,5 bilhão de
pessoas no mundo;
-Um em cada cinco bebês no mundo nasce abaixo do peso ideal;
-Cerca de 95% dos 925 milhões de famintos do mundo em desenvolvimento passam
fome crônica.
-Um terço das crianças dos países em desenvolvimento apresentam atraso no
crescimento físico e intelectual;
-20 milhões de crianças com menos de cinco anos morrem de fome diariamente;
-Enquanto o consumo diário médio de calorias no mundo desenvolvido é de 3.315
calorias por habitante, no restante do globo o consumo médio é de 2.180 calorias;
-Metade dos habitantes da terra ingere uma quantidade de alimentos inferior às suas
necessidades básicas;
-Na América Latina poucos ingerem muitas calorias e muitos ingerem poucas
calorias;
-Cerca de 33% da população mundial ingere 65% dos alimentos produzidos;
-Uma pessoa a cada sete, padece de fome no mundo;
24
-A fome no mundo continua a aumentar e atinge atualmente (segundo a FAO,
órgão da ONU dedicado à agricultura e alimentação), 925 milhões de pessoas, sendo
202 milhões na África;
-24.000 pessoas morrem diariamente devido a fome e outras 100.000 morrem
também devido a causas relacionadas com a desnutrição, segundo dados
divulgados por Ziegler, relator especial da ONU para o Direito à alimentação.
à Pesquise o PIB de alguns países citados acima e perceba as diferenças.
Vejamos...
Desenho: Lourival dos Santos
-Em 1993, 9,2 milhões de famílias passaram fome no Brasil;
-No Nordeste, 51,2% da população situa-se abaixo da linha da pobreza;
-20 milhões de brasileiros passam fome segundo estimativas do governo federal
(Fundação Getúlio Vargas);
-Existem 50 milhões de indigentes no Brasil (cerca de 30% dos brasileiros),
sobrevivendo com menos de R$ 80,00 mensais;
-Em 2002, quando esteve no Brasil, Jean Ziegler afirmou que “as pessoas no Brasil
morrem vítimas da ordem social”, e ainda “não há fatalidade, aqui [a fome] é
resultado da ação do homem”. Considerou inaceitável a fome no Brasil.
E NO BRASIL SERÁ QUE EXISTE FOME???
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-Em números absolutos, o Brasil é o país com maior número de pobres afetados
pela desnutrição na América Latina. Possui segundo dados de 2004, 17 milhões de
desnutridos;
-Metade dos que vive abaixo da linha de miséria mora na região Nordeste;
-Os Estados mais pobres do país em termos proporcionais são Alagoas, Ceará,
Maranhão e Piauí.
De modo geral se pode atribuir a fome no Brasil a três causas: a grande
concentração de terras nas mãos de poucos, a baixa renda da população e políticas
públicas insuficientes na área social, que atenda os mais pobres, incluindo aí as
crianças.
à Em sua opinião qual a condição de vida de quem vive abaixo da linha da
pobreza?
Fique de olho...A falta de alimentos, a alta da inflação e o aumento de preços, colocaram
atualmente 37 países em estado de calamidade pública.
Esta situação tem provocado confrontos em vários países: Haiti, Egito,
Bangladesh, Camarões, Somália, Indonésia, México, Mianmar, Senegal, Paquistão,
Gana, Etiópia, Coréia do Norte, Costa do Marfim, Mauritânia, Burkina-faso dentre
outros.
Na Indonésia, a alta de 10% nos preços dos alimentos, aumentou em dois
milhões o número de pessoas vivendo na linha da miséria extrema.
A economia do planeta vem enfrentando explosão geral no preço dos alimentos.
Houve nos últimos 40 meses um aumento inflacionário na ordem de 83%. Os
estoques vêm sendo reduzidos ao seu menor nível nos últimos 25 anos.
Na Ásia o preço do arroz subiu 150% após janeiro de 2007.
POR QUE OS PREÇOS DOS ALIMENTOS ESTÃO
SUBINDO MUITO NOS ÚLTIMOS TEMPOS???
26
Desde o início de 2007 o preço da tonelada de arroz triplicou no mercado
internacional.
O aumento de preços se deve a vários motivos:
-Aumento de biocombustíveis e manutenção de subsídios nessa área entre os
países ricos, como os E.U.A.;
-Fortes investimentos do capital financeiro nos mercados internacionais de produtos
agrícolas;
-Aumento nos custos do setor agropecuário devido à alta do petróleo e dos
fertilizantes;
-Maior consumo na China e na Índia;
-Mau tempo e quebra de safra em vários países;
-Crise e insegurança atual nos mercados de ações e
-Especulação de preços.
Desenho: Lourival dos Santos
CONCLUINDO...
27
A miséria, a fome, a subnutrição crônica, a morte por inanição, a queda do
padrão de vida, a falta de moradia e vestuário que se encontram materializadas no
espaço geográfico são frutos da atuação humana. Portanto são passíveis de
mudança. Atitudes políticas são necessárias para se combater à ineficiência do
poder político, a discriminação, a degradação ambiental, a pobreza e qualquer
situação que se faça contraditória.
Enfatiza Demo (2001) “é politicamente pobre aquela sociedade tão debilmente
organizada, que não passa de massa de manobra nas mãos do Estado e das
oligarquias, e que, por isso, não consegue construir representatividade legítima
satisfatória em seus processos eleitorais...”
1-Os países subdesenvolvidos, não o são, por razões naturais, mas, por razões
históricas. Circunstâncias históricas desfavoráveis, principalmente o colonialismo
político e econômico mantiveram estas regiões à margem do rápido processo
evolutivo da economia mundial. Faça uma pesquisa sobre isso.
2-Que produtos tem sido usados no Brasil para a fabricação de biocombustíveis? A
fabricação desse produto tem contribuído para o aumento de preços dos alimentos?
Por quê?
3-Existem em sua comunidade pessoas que passam fome? O que pode ser feito
para minimizar esse mal?
4-Faça uma entrevista na sua comunidade com integrantes da Pastoral da Criança e
descubra o que tem sido feito para combater a subnutrição.
5-Pesquise quais alimentos são ricos em vitamina A.
6-Faça uma pesquisa sobre transgênicos, ressaltando pontos positivos e negativos.
7-Monte um painel com recortes de revistas e jornais que retratem a fome em
diversos lugares do mundo.
8-Observe o espaço geográfico onde vive e descreva como se dá a organização
desse espaço. Caso exista desigualdade social explique o que deve ser feito e por
quem, para melhorar a situação.
ATIVIDADES COMPLEMENTARES
28
Livros
GONÇALVES, Carlos Walter Porto; BARBOSA, Jorge Luiz. Geografia Hoje. Rio de
Janeiro, ed. Ao Livro Técnico S/A, 1989.
GOWDAK, Demétrio; MATTOS, Neide S. de. Aprendendo Ciências. São Paulo, ed.
FTD, 1991.
MOREIRA, Igor A. G; O Espaço Geográfico. São Paulo, ed. Ática, 1990.
O NOVO TELECURSO 2º GRAU, São Paulo, ed. Globo, 1989.
DEMO, Pedro. Pobreza Política. Campinas, ed. Autores Associados, 2001.
ZIEGLER, Jean. A Fome no Mundo Explicada a meu Filho. Petrópolis, ed. Vozes.
2002.
Revistas
REVISTA VEJA. .v.2062, n.21, p.68-75, mai.2008.
SUPER INTERESSANTE. São Paulo, v. 187, p.37, abr.2003.
Internet
AZAMBUJA, Carlos. I. S. A fome no mundo. Mídia sem máscara, 2003.
Disponível em: <http://www.midiasemmascara.org/artigo.php?sid=242. Acesso em:
25 mar. 2006.
Biblioteca Virtual da USP. São paulo. Ritmos e movimentos da população
mundial. Disponível em: http://www.bibvirt.futuro.usp.br/textos/humanas/geografia/
tc2000/34geo.pdf. Acesso em: 05 abr. 2006.
REFERÊNCIAS
29
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Mundial. Disponível em: http://pastoraldomigrante.com.brindex.php. Acesso em: 14
abr. 2008.
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Vol.38. Disponível em: <http://www.ambafrance.org.br/abr/label/label38/dernier/03de
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http://www.clubedaluz.com.br/Mamae.htm. Acesso em: 25 mar. 2006.
Copacabana Runners Corrida e Saúde: Anemia. Disponível em:
<http://wwwcopacabanarunners.net/anemia.html. Acesso em: 29 mar. 2006.
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