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PERSPECTIVAS DOREFLORESTAMENTOANTE AS NECESSIDADESE PROGRAMAS PRIORITARIODOGOVERNO

o aumento da produtividade média dos reflorestamentos brasileiros,hoje em torno de 18 a 22 esteres por hectare/ano, foi apontado por .,Nelson BarbozaLeite como a medidamais viável e prática para os empresáriosdo setor enfrentarem a falta de maiores recursos oficiais.

"Se não reflorestarmos a níveis compatíveis com as necessidadesdos vários programas governamentais, as matas naturais serão eliminadase a siderurgia a carvão vegetal sofrerá grandes atrasos, com gravesreflexos sobretudo na fabricação de tratores agrícolas e,consequentemente,na produção brasileira de alimentos. Portanto, reflorestaré, antes de mais nada, um problema de estômago" - ponderou.

NELSONBARBOZALEITE

Engenheiro agrõnomo. com cursos de especialização emAdministração de Empresas. pós-graduação na área deSilvicultura e Economia.Diretor do Departamento de Reflorestamento do IBDF.

102 IV Encontro Nacional de Reflorestadoretl - ANAIS,\

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PERSPECTIVAS DOREFLORESTAMENTOANTE AS NECESSIDADESE PROGRAMAS PRIORITÁRIOSDOGOVERNO

Inicialmente, gostaria de agradecer à or-ganização desse IV Encontro dos Refloresta-dores o convite feito ao IBDF no sentido dese encerrar um encontro dessa natureza ondepudéssemos expor a filosofia de trabalho queestá sendo implementada pelo órgão.

Os objetivos do Departamento de Reflo-restamento, os objetivos do IBDF são simples.Devemos conduzir a pol ítica de refloresta-mento para atender aos programas do go-verno: Programa de 'Indústria de Celulose ePapel, Programa de Siderurgia a Carvão Ve-getal, Programa de Madeira Processada Me-canicamente. São planos, estabelecidos pelogoverno, que transcendem, inclusive, a respon-sabilidade do próprio Ministério da Agricul-tura. São metas traçadas pelo governo comoum todo, cabendo apenas ao IBDF conduzirde maneira adequada essa política.

Neste sentido, estamos empreendendo to-dos os esforços para produzir a matéria-primanecessária ao atendimento desses programasgovernamentais.

Eu apontaria aqui algumas justificativasàs críticas repetidas por vários oradores queme antecederam, mas acho mais oportunolevantar aspectos que mostram a certeza comque o governo optou pela pol ítica de reflo-restamento.

Gostaria de lembrar a crescente utiliza-ção de produtos originários da floresta e vin-culados estreitamente com o desenvolvimentode todas as nações. Vejamos, por exemplo,o uso do papel.

Nós, brasileiros, utilizamos hoje, em mé-dia, 20 quilos de papel por ano. Nos Esta-

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dos Unidos gastam-se 400 quilos. Vejam adiferença existente e o quanto temos de pro-duzir de papel para atingirmos um índice ra-zoável.

Inúmeros trabalhos demonstram a exis-tência de uma estreita correlação entre odesenvolvimento social e cultural, e a utili-zação de papel. Isto significa que se esta-mos em pleno desenvolvimento social e cul-tural, é lógico que teremos uma crescenteutilização de papel.

Só para manter a circulação dos princi-pais jornais brasileiros, seria necessano umreflorestamento da ordem de 8 mil hectarespor ano.

Outro caso bastante interessante diz res-peito à indústria siderúrgica. Não existe, nahistória do desenvolvimento do mundo inteiro,nenhum país que possa prescindir da utiliza-ção do aço no seu desenvolvimento.

Eu apontaria no Brasil um caso que per-mite entender com bastante facilidade a im-portância da Siderurgia: a indústria automo-bilística. Imaginemos que sua produção mé-dia anual seja de 1 milhão de unidades. Te-ríamos, então, necessidade de 1,5 milhão dem' de madeira exclusivamente para atendê-Ia.Isso Significa o seguinte: ou nós refloresta-mos ou vamos acabar com nossas florestasnaturais. Para que tenhamos esse montante,necessário ao atendimento do programa desiderurgia, precisamos de um reflorestamen-to da ordem de 10 mil hectares, ou um des-matamento de 30 mil ha.

No que se refere aos tratores, já quequeremos ser um país produtor e exportador

de alimentos, não podemos nem imaginar amanutenção da agricultura nos níveis de me-canização atuais. E írnpresclndlvel aumentar-mos nosso índice de mecanização agrícola,tanto para competir nos mercados internacio-nais como para podermos lutar contra o pro-blema da fome internamente.

Para manter uma produção de tratoresequivalente à do ano passado - em 77 a fa-bricação de tratores de 4 rodas e de trato-res de esteira esteve por volta, respectiva-mente, de 60 mil e de 2 mil unidades -precisamos de aproximadamente 900 mil m'de madeira que são transformados em car-'vão, entram na composição do aço e conse-quentemente irão produzir os tratores. Issosignifica um plantio de 6 mil ha de euca-Ilptus ou um desmatamento de 18 mil hecta-res de matas naturais. Portanto, fica pro-vado que reflorestamento não é simplesmen-te um problema de fazer floresta. E um pro-blema alimentar. Ou nós reflorestamos, ouacabamos com nossas matas naturais e, as-sim, não teremos condição de intensificarnossa siderurgia e, em consequência, atra-saremos significativamente nossa produção dealimentos. Reflorestar é, antes de mais na-da, um problema de estõmago. Reflorestan-do estam os também combatendo a fome.

Outro aspecto que demonstra com ab-soluta clareza a pol ítica acertada do governodiz respeito à fixação da mão-de-obra no cam-po. Temos hoje, seguramente, 300 mil bra-sileiros trabalhando exclusivamente em fun-ção das atividades de reflorestamento. O se-tor gera, anualmente, 30 mil novos empregos

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em função das nossas florestas que estãosendo formadas. Ao mesmo tempo, estamoscriando outros 30 mil empregos na área deexploração das florestas que estão atingindoa maturidade.

Outro dado importantíssimo é a integra-ção daquelas áreas. mais carentes ao proces-so de desenvolvimento que o Brasil está vi-vendo hoje. Os investimentos alocados paraas regiões Norte e Nordeste propiciaram, nosprogramas de 76 e 77 - e imaginando a in-tegração do programa de 78 -, 70 mil novosempregos, além de uma lnfra-estrutura emtermos de escolas, bancos, estradas, etc.

Essa mão-de-obra ociosa está sendo nãosó utilizada, mas desenvolvida socialmente.Há vários casos de reflorestadoras que, quan-do entraram em determinadas regiões, nãoencontraram nem circulação de dinheiro, ehoje nós temos não só circulação de dinhei-ro mas escolas, inclusive a nível de ginásio.

Ainda, é importante frisar que em mo-mento algum a atividade de reflorestamentoestá competindo com a agricultura. Nós es-tamos chegando em regiões onde a agricul-tura jamais chegaria em menos de 20, 30, 40anos. Eu tenho certeza de que nós estamosatraindo a agricultura, pois se a atividade dereflorestamento está desenvolvendo essas re-giões, consequentemente a atividade agrícolairá atrás da atividade de reflorestamento.

Há também a considerar a questão fun-damental da manutenção do equil íbrio eco-lógico. Hoje, 100% dos nossos refloresta-mentos estão situados em regiões prioritáriasdelimitadas a nível estadual e aprovadas pos-teriormente pelo IBDF. A principal condiçãoé a não existência de matas naturais nessasregiões. Nós estamos fazendo reflorestamen-to em áreas degradadas, de vocação flores-tal, mas que não têm florestas. Não estamossubstituindo matas naturais por eucalipto epinus, mas plantando eucallpto e pinus ondeeles não existem. Consequentemente, o fa-to de estarmos fazendo reflorestamento, pro-duzindo madeira para que tenhamos os pro-gramas governamentais atendidos, implicapoupar nossas matas naturais. Estarnos pou,pando porque no caso de uma indústria decelulose, não se pode nem imaginar, em ter-mos de uma produção qualitativa e quanttta.tivamente em condição de competir a nível [n,

ternacional, a utilização de matéria-prima desu-niforme. Daí a necessidade de utilizar flo-restas plantadas, de pinus ou de eucalipto,para atender ao programa governamental decelulose e papel.

Mas no caso da Siderurgia o problema éoutro. A indústria Siderúrgica tanto pode utí ,lizar eucalipto como matas naturais, apesarde estudos mostrarem que a produção decarvão é bastante aumentada quando se em-prega material adequado. No entanto, na fal-ta de matéria-prima uniforme, não temos dú-vida alguma de que entraremos em nossasmatas naturais. Portanto. reflorestar é as-segurar o remanescente de nossas matas na-turais e manter o equilíbrio ecológico.

Outro ítem importante diz respeito à pos-sibilidade de equilibrarmos a balança comer-cial com o produto de nossos reflorestamen-tos. O Brasil tem a seu favor, como já lembra-do anteriormente, a grande luta floresta x agri-cultura enfrentada pelos países tradicional-mente produtores de celulose, que estão subs-tituindo florestas por áreas agricultáveis. Nós,felizmente, temos áreas para expandir sementrar em competição com a agricultura.

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Eles, ao contrário, terão de tirar florestaspara fazer agricultura, a menos que optempela importação de alimentos. O País estaráproduzindo artigos necessários ao processode desenvolvimento que o mundo inteiro vi-ve pois não existe desenvolvimento sem celu-lose, papel e, muito menos, sem siderurgiae aço.

Temos a possibilidade de incrementarsensivelmente a pol ítica de aproveitamentode nossas florestas para substituir, talvez,os produtos importados utilizados na gera-ção de energia.

,As condições ecológicas das regiões on-de os refloretamentos brasileiros estão ins-talados são inegavelmente excepcionais, oque complementa a observação do Dr. Her-bert Levy, de que "no País cortamos flores-tas com 5, 6, 7 anos, quando nos paísestradicionais o corte se dá aos 70, 80 anos".Não podemos, de forma alguma, desperdiçaresse fator favorável.

O aspecto ool ítico é também importan-tíssimo. Vivemos num país de estabilidadepolítica. Consequentemente, os nossos gran-des rivais que teriam condições ecológicasidênticas às nossas, como a Africa do Suie Rodésia, enfrentam uma instabilidade po-Iítica que Ihes é francamente desfavorável.

Agora, o que já se fez e o que nós es-peramos do reflorestamento? Já refloresta-mos, até 1977,e incluindo os programas apro-vados em 78, aproximadamente 2 milhões e900 mil hectares, num total aproximado de12.500 projetos. Os investimentos foram daordem de Cr$ 28 bilhões, isto é, dinheirode 77.

Nossas necessidades até o ano 2000 po-dem ser analisadas da seguinte forma: em1975, precisávamos ter em produção, para ga-rantir um equll íbrio entre oferta e demandae atender: os proqramas de celulose ede Siderurgia, sem sacrificarmos nossas ma-tas naturais, aproximadamente 950 mil hec-tares.

Em 1980, precisaremos ter 1 milhão ecem mil hectares de florestas plantadas emprodução. Em 1985, um milhão e duzentosmil ha. Em 1990, 1,35 milhão. No ano 2000,1,8 milhão de ha. de florestas nessas condi-ções.

Vamos imaginar o ano de 1980, que estámais próximo de nós, para não vivermos desaudosismo e dizer o que aconteceu em 1975.Em 1980, necessitaremos de 1,1 milhão deha de florestas em produção. Destes, 38%deverão ser destinados exclusivamente à pro-dução de carvão.

'Isto significa que precisaremos ter emprodução 400 mil hectares de florestas deeucalipto em 1980, para manter o equilíbriOentre oferta e demanda de madeira e carvãovegetal pela indústria Siderúrgica. Ou nósteremos 400 mil ha de eucaliptos em produ-ção, ou iremos desmatar 1 milhão e 400 milhectares de florestas naturais remanescentes.

Em 1977, no orçamento de 78, fizemosuma posição das necessidades em termos deplantio para que pudéssemos, a médio e lon-go prazo, manter o equilíbriO entre oferta edemanda de madeira nesses diferentes seto-res.

Verificamos que deveríamos plantar em1978, para não sacrificar os programas gover-namentais e tampouco nossas florestas natu-rais, cerca de 700 mil ha.lssto equivaleriaa um orçamento de cerca de Cr$ 9 bilhões.Sabe-se perfeitamente que estamos passan-

do por uma série de problemas econômicosconjunturais e que não teremos recursos pa-ra fazer isso. No entanto, pretendemos ta-zer com que sejam plantados, em 78, 350 milhectares. Assim, acumula-se um déficit queprovavelmente repercutirá em termos de des.matamento.

O que fazer, então, para atenuar essedéficit? Infelizmente não dispomos de recur-sos para executar o programa nas dimensõese na intensidade que pretendíamos. Sejamosrealistas: há um orçamento à nossa disposi-ção. Não podemos lamentar se ele é gran-de ou pequeno; é o que está à disposição etemos de trabalhar em cima desse orçamento.Precisamos otimizar nossos recursos e a me.dlda que nos parece mais viável, adequada eprática é o aumento de nossa produtividade.

Temos certeza absoluta de que, em nos-sos reflorestamentos, a média geral tem gira-do em torno de 18/22 esteres por há-ano.Não podemos ser mais realistas que o rei.esta é a verdade.

No entanto, mostramos, até aqui, o po-tencial que existe em termos de produtividade.Vimos a possibilidade, inclusive, de se pro-duzir 72 esteres por há/ano. Não acreditoque possamos passar para essa média a nl-vel nacional, mas podemos aumentar signifi-cativamente a produtividade média atual, dis-so não tenho dúvida. Tenho certeza absolutade que todos que estão trabalhando com re-florestamento já estão conscientes de quepodemos e devemos aumentar a produtivi-dade.

O que entendemos como imprescindívelpara o fortalecimento do setor é a contribui.ção em termos econõmicos ao desenvolvi-mento nacional. Enumeramos algumas medi'das administrativas, técnicas e pol íticas cujaintegração, acreditamos, fará com que tenha.mos um setor fortalecido, que possa de fatoatender aos programas estabelecidos, corres-pondendo aos anseios do governo.

No que diz respeito às medidas adminis.trativas, estam os implementando uma integra-e'ão a nível IBDF - empresa. Não podemos'imaginar que de um lado exista o IBDF e deoutro as empresas. Estarnos lutando no mes-mo setor, em função dos mesmos objetivos.

Não se pode conceber que no refloresta-mento exista, de um lado, um órgão e, de ou·tro, uma série de empresas sem uma inte-gração perfeita. Estamos perfeitamente cons-cientes de que essa integração é imprescin-dível ao nosso setor.

Outro fator que merece destaque é aintegração das empresas entre si, tanto pararesolver problemas primários, existentes den-tro delas, como para que haja de fato umarepresentação setorial, onde as empresas pososam saber individualmente dos seus lnteres-ses e estejam enquadradas no contexto glo.bal do ramo. Isso significa também o forra-lecimento das associações de classe.

Não podemos conceber de forma alguma- e aqui não vai nenhuma crítica - querepresentações de classe defendam interessesindividuais. 'contamos com o apoio das. em-presas e das associações e estas precisamdo apoio de todas as empresas. Precisamosfazer com que elas representem de fato osinteresses do setor. •

" importante também a adequação à rea-lidade da legislação florestal em vigor.

Estamos atentos e sabemos que para osetor florestal e a política de reflorestamen-to, dez anos não é prazo adequado para atin-gir a maturidade. Mas estamos totalmente

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abertos ao aperfeiçoamento. Não negamos,em momento algum, ouvir as reivindicaçõesdos reflorestadores. Oueremos que essasreivindicações cheguem ao IBDF. Teremosimenso prazer, se é consenso e interessegeral do setor, de discutir e tentar uma so-lução a curtíssimo prazo.

Em termos de medidas técnicas, preci-samos de qualquer forma melhorar a quali-dade e aumentar a produtividade florestal.

Hecentemente, visitamos cerca de 30 em-presas brasileiras, de maneira aleatória -não houve pré-indicação nenhuma -, que re.presentam, seguramente, o que se vai plan-tar, em 78, ao redor de 120 mil ha. Umaamostra bastante significativa, portanto, sevamos plantar cerca de 350 mil ha no cor-rente ano.

Encontramos uma produtividade variandode 12 até 35 esteres por hectare/ano. Tive-mos o cuidado de considerar 3 aspectos sig-nificativos sob o nosso ponto-de-vista, parafazer um julgamento da situação em termosde práticas silviculturais hoje em uso.

Observamos as técnicas de produção demudas, os recipientes utilizados para sua pro-dução; o preparo e a conservação do solo;as técnicas de plantio; a adubação utilizada;o controle de pragas e formigas;. o controledo replantio e de qualidade das diversas fa-ses do reflorestamento; a estrutura organiza-cional de campo apresentada pelas empresase a formação técnica dos responsáveis docampo. Ao nosso ver, isso reflete com bas-tante segurança o nível dos trabalhos téc-nicos que uma empresa de reflorestamentopode apresentar.

Levamos ainda em consideração a evo-lução tecnológica que pode ser observadadentro da empresa. Para tanto, procuramossaber se a empresa tem conhecimento dasfontes geradoras de informações técnicas, seexiste participação da empresa em trabalhosde pesquisa, se a firma apresenta estruturasou programa de pesquisa, se ela está inte-grada às outras empresas do setor.

Notamos erros prlmárlcs que o simplescontato com outra empresa, temos certezaabsoluta, poderia ter sanado. E observamosas preocupações técnicas que as empresaspuderam demonstrar, em termos de o que fa-zer com ·a floresta futuramente, como mudaras técnicas de manejo ou aperfeiçoar as prá-ticas silviculturais.

Levamos em consideração também o ma-terial genético utilizado. Nesse particular,consideramos a conscientização da empresaquanto à importância da semente. 'Felizmen-te existem companhias que estão utilizandoum bom material, mas por mera sorte. Usa-ram um bom material, como poderiam estarempregando outro sem condição alguma. Ten-tamos ver se a firma que está utilizando umbom material tem consciência de que ele ébom, isto é, se ela utiliza o produto porquesabe que é bom. Verificamos a preocupaçãocom as fontes fornecedoras de sementes, oconhecimento da relação existente entre es-pécies e procedência, o cuidado com a aqui-sição de sementes e o acompanhamento decampo desses trabalhos - enfim, os cuida-dos com o material genético utilizado.

A única forma de avaliação possível doque tem sido feito hoje no campo do reflo-restamento foi dar uma nota para cada umdesses ítens: práticas silviculturais, evoluçãotecnológica que a empresa está apresentandoe material genético utilizado. A partir decritérios subjetivos, chegamos às seguintes

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conclusões: praticamente 50% dos nossosreflorestamentos estão apresentando hoje umnível excelente de trabalho de campo e pro-piciarão uma produtividade média de 30 a 35esteres por há/ano. Cerca de 30% estão numnlveí entre regular e bom, em condições deserem melhorados, e 20% desses refloresta-mentos apresentam produtividade bastantebaixa, precisando ser aprimorados significa-tivamente.

Conclusão desse panorarna.. existe um di-ferencial muito grande, fácil de ser constata-do e justificado no que se refere à qualidadedo trabalho técnico.

Isso, para o IBDF, é importantíssimo,pois vivemos um momento de escassez derecursos e queremos aumentar a produtivi-dade. Não existe alternativa: temos de co-locar recursos onde há certeza de alta pro-dutividade, para que possamos, em funçãodessa defasagem de área plantada, contra-balançar o que não poderemos plantar como aumento da produtividade. Isso indica umapossibilidade muito grande de o IBDF fazeruma seleção em função dos critérios téc-nicos.

O exame mostra também o extraordiná-rio potencial em termos de aumento de pro-dutividade, pois, se esta varia de 12 a 35esteres por ha/ano, um trabalho técnico bemorientado poderá permitir, àqueles que hojefazem 12, atingir amanhã 20 e alcançar nofuturo 35 esteres por ha/ano.

Em algumas empresas, encontramos umtrabalho espetacular de preparo de solo, deadubação, de práticas silviculturais, mas oemprego de material genético horrível. con-denável, sem condição nenhuma. Isto signi-fica que todo o trabalho de preparo de soloe de adubação está perdido.

Encontramos também o reverso da meda-lha. Algumas empresas com material gené-tico de alta qualidade relegam a segundo pia-no as práticas de campo.

Esses fatos evidenciam a necessidade deo IBDF assumir de fato - como vem ocor-rendo - o papel de oríentador té't':nico dasempresas de reflorestamento.

Ficou evidenciado também, com raras ex-ceções, que nenhuma dessas empresas contacom uma estrutura de pesquisas gerando in-formações para o próprio desenvolvimentotecnológico. Isso mostra que o IBDF tem decontinuar apoiando as companhias que estãofazendo pesqúisa, as instituições de pesquisae precisa apoiar, assumir todas essas infor-mações' e repassá-Ias às empresas de reflo-restamento.

Ainda dentro desses objetivos de aumen-tar a produtiVidade, estamos preocupadíssi-mos em treinar os nossos técnicos de cam-po e promover reuniões com as empresas nolocal de trabalho, vivenciar os problemas etentar uma orientação técnica. Isso já faze-mos.

Vamos intensificar nossas visitas técni-cas. Precisamos, e vamos, deixar de ser ape-nas fiscais das nossas reflorestadoras. Esta-mos no mesmo barco, com os mesmos ob-jetivos. Temos consciência disso.

Estamos solicitando, por meio de circula-res a todas as empresas, que vivenciem osproblemas de campo. Se não tivermos con-dição de solucionar a nível de IBDF, tere-mos imenso prazer de, dentro das nossasposslbllldades, contratar técnicos especializa-dos para que essas questões sejam identifi-cadas e as soluções alcançadas no menorprazo.

Estamos normalizando a utilização dassementes florestais, tanto na comercializaçãocomo na produção. Não pretendemos, deforma alguma, impedir que a iniciativa priva-da atue nessa área. Precisamos da iniciativaprivada.

No entanto, é necessário que ela faça umtrabalho bem feito, pois temos certeza deque todo o nosso esforço será colocado emxeque se não tivermos condições de orien-tar um trabalho bem feito nesse sentido.

Deve ser salientado ainda que pretende-mos, até o final deste ano, antes da aprova-ção dos projetos, ter uma noção exata detodas as empresas que estão com cartas-consultas aprovadas. Iremos julgar os pro-jetos e carrearemos recursos às empresasque apresentam um índice de trabalho téc-nico excelente. O IBDF enfrenta escassezde recursos e por isso temos de selecionarempresários que estão fazendo um bom tra-balho.

Medida tmportanttsslrna para que o setorde reflorestamento se fortaleça é a combi-nação dos projetos com áreas de lazer erecreação. Temos certeza absoluta de queisso é viável. Temos exemplos próximos aosgrandes centros, como São Paulo, onde en-contramos reflorestamentos de eucaliptos ede pinus com 15 a 20 anos de idade, ondeé proibldo cortar o eucalipto simplesmenteporque o paulistano tem necessidade daquelaárea como lazer. Acreditamos também queessa consciência possa ser extrapolada ànossa pol ítica de reflorestamento. Estamoscertos de que, próximo aos grandes cen-tros, os nossos reflorestamentos não serãosimplesmente produtores de matéria-prima,Poderão também participar do lazer e da re-creação do indivíduo.

Vimos, com a apresentação do Dr. Ge-raldo Speltz. a variedade de opções para autilização industrial da madeira. Hoje, já te-mos mais de 500 produtos originados da flo-resta. Nós, do 'IBDF, estamos assumindotambém a responsabilidade de implementarestudos, de apoiar pesquisas no sentido deviabilizar a utilização industrial não só paracelulose, carvão ou simplesmente para ser-raria.

Há ainda a questão do fortalecimento daconscientização sobre proteção florestal. Es-se patrimônio que o IBDF e as empresas dereflorestamento estão formando não é obraexclusiva nossa, nem é de responsabilidadeexclusiva do IBDF e das reflorestadoras. Pre-cisamos estender o sentido de proteção atoda a população.

Contamos com um patrimõnio florestalconsiderável e correndo um risco muito gran-de com incêndios e uma série de outros fa-tores. Por isso a comunidade deve partici-par da proteção dessas reservas.

Para o fortalecimento do nosso setor, oIBDF e as empresas de reflorestamento pre-cisam conscientizar-se e integrar-se, com oobjetivo de mostrar à alta cúpula do gover-no que se houver recursos disponíveis alémdas opções do orçamento aprovado pelo CDE,precisamos lutar e fazer todos os esforçospara manter esse adiclonal à nossa disposi-ção no IBDF, para os programas que estamosdesenvolvendo. Teremos aplicação segura pa-ra aqueles recursos dentro do setor de reflo-restamento. E: um trabalho que precisa daintegração do IBDF e das empresas, além deuma conscientização, que esperamos venha omais rápido possível, do nosso comandomaior.

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