dossiê núcleo camargos
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Dossiê Núcleo CamargosTRANSCRIPT
Prefeitura Municipal de Mariana/MG
QUADRO III Janeiro 2012
Exercício 2013
PROCESSO DE TOMBAMENTO
NÚCLEO HISTÓRICO URBANO
DISTRITO DE CAMARGOS
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P R E F E I T U R A M U N I C I P A L D E M A R I A N A / M G . Prefeita: Terezinha Severino Ramos SECRETARIA MUNICIPAL DE CULTURA E TURISMO . Chefe do Setor: Marcílio Geraldo Vieira de Queiroz
SUMÁRIO
01 INTRODUÇÃO E METODOLOGIA 3
02 HISTÓRICO DO MUNICÍPIO 8
03 HISTÓRICO DO BEM CULTURAL, CONTEXTUALIZAÇÃO NO DESENVOLVIMENTO DO MUNICÍPIO 22
04 DESCRIÇÃO, ANÁLISE E DOCUMENTAÇÃO FOTOGRÁFICA DO BEM CULTURAL 37
05 DELIMITAÇÃO, DESCRIÇÃO E JUSTIFICATIVA DO PERÍMETRO DE TOMBAMENTO 53
5.1 DELIMITAÇÃO 53 5.2 DESCRIÇÃO 54 5.3 JUSTIFICATIVA 56
06 DELIMITAÇÃO, DESCRIÇÃO E JUSTIFICATIVA DO PERÍMETRO DE ENTORNO 57
6.1 DELIMITAÇÃO 57 6.2 DESCRIÇÃO 58 6.3 JUSTIFICATIVA 59
07 DOCUMENTAÇÃO CARTOGRÁFICA 60
7.1 LOCALIZAÇÃO DO MUNICÍPIO DE MARIANA/MG 60 7.2 LOCALIZAÇÃO DO BEM CULTURAL 61 7.3 PERÍMETROS DE TOMBAMENTO E ENTORNO COM ESTRUTURAS EXISTENTES 62 7.4 INDICAÇÃO DAS ESTRUTURAS EXISTENTES E SEUS GRAUS DE PROTEÇÃO 64 7.5 DETALHAMENTO CARTOGRÁFICO: IGREJA MATRIZ NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO 65 7.6 MAPA DE LOCALIZAÇÃO DOS BENS SELECIONADOS PARA INVENTÁRIO 66
08 FICHAS DE INVENTÁRIO 67
09 LAUDO TÉCNICO DE ESTADO DE CONSERVAÇÃO 78
10 DIRETRIZES PARA A ÁREA TOMBADA E PLANO DE GESTÃO 101
10.1 GRAU DE PROTEÇÃO 1 (2 IMÓVEIS) 104 10.2 GRAU DE PROTEÇÃO 2 (0 IMÓVEIS) 105 10.3 GRAU DE PROTEÇÃO 3 (12 IMÓVEIS) 105 10.4 GRAU DE PROTEÇÃO 4 (7 IMÓVEIS) 105 10.5 GRAU DE PROTEÇÃO 5 (21 IMÓVEIS) 105 10.6 LISTA DE ENDEREÇOS E GRAUS (129 IMÓVEIS) 106
11 DIRETRIZES PARA O ENTORNO DA ÁREA TOMBADA 113
12 REFERÊNCIAS 115
13 DOCUMENTO CONCLUSIVO SOBRE O BEM TOMBADO 118
14 ART – ANOTAÇÃO DE RESPONSABILIDADE TÉCNICA 119
15 CD-ROM COM FOTOGRAFIAS 120
16 FICHA TÉCNICA 121
17 ANEXOS 122
A. LEI MUNICIPAL 1.728 DE 18 DE MARÇO DE 2003 G. PUBLICAÇÃO DO TOMBAMENTO PROVISÓRIO
B. ATA DE REUNIÃO APROVANDO O TOMBAMENTO H. ATA APROVANDO O TOMBAMENTO DEFINITIVO
C. ATA DE REUNIÃO APROVANDO PERÍMETROS, GRAUS DE PROTEÇÃO E DIRETRIZES
I. PARECER DO CONSELHO SOBRE O TOMBAMENTO
D. CARTA APRESENTADA AOS MORADORES J. DECRETO DE TOMBAMENTO
E. NOTIFICAÇÕES DE TOMBAMENTO K. INSCRIÇÃO NO LIVRO DE TOMBO MUNICIPAL
F. RECIBOS DAS NOTIFICAÇÕES L. PUBLICAÇÃO DO TOMBAMENTO DEFINITIVO
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P R E F E I T U R A M U N I C I P A L D E M A R I A N A / M G . Prefeita: Terezinha Severino Ramos SECRETARIA MUNICIPAL DE CULTURA E TURISMO . Chefe do Setor: Marcílio Geraldo Vieira de Queiroz
01 INTRODUÇÃO E METODOLOGIA
O presente trabalho consiste no PROCESSO DE TOMBAMENTO DO NÚCLEO HISTÓRICO URBANO DE
CAMARGOS, Distrito de Mariana/MG, e faz parte das atividades desenvolvidas pelo município para
registrar e proteger o seu patrimônio cultural.
Esta foi uma iniciativa da Prefeitura Municipal de Mariana/MG com a participação da equipe técnica
especializada do Grupo Memória Arquitetura, auxílio da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo e
apoio do Conselho Municipal do Patrimônio Cultural de Mariana/MG.
Cópias deste estudo encontram-se disponíveis na Prefeitura Municipal de Mariana e no IEPHA/MG, uma
vez que tal trabalho também faz parte do conjunto de ações que garante os incentivos do ICMS Cultural
conforme a Lei 18.030/2009.
A Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição, no distrito de Camargos, é considerada uma das mais
antigas de Minas Gerais. Reza a tradição que teria sido construída a partir de 1707, em substituição à
capela primitiva, construída no início da formação do povoado, na virada dos séculos XVII e XVIII.
Barbosa (1995) explica que “a informação do Cônego Trindade, de que, segundo a tradição e os assentos
da freguesia, a fundação da paróquia se deu pelos anos de 1698 (...), não coincide com a do autor de Os
Camargos de São Paulo. Entretanto, no ‘Livro de Lotação das Freguesias deste Bispado’ (Arquivo
Eclesiástico de Mariana), lê-se: ‘Segundo a tradição e os assentos da freguesia de N. Sra. da Conceição
de Camargos, a sua fundação foi pelos anos de 1690, começando a ser igreja paroquial daquele tempo
em diante’.”
Nesse período, vários arraiais se formaram ao longo do Ribeirão do Carmo, graças às missões
exploratórias em busca de ouro de aluvião em seu leito, a partir de 1696, tais como Bandeirantes e
Cachoeira do Brumado (1700), além de Camargos, onde persiste a inexatidão acerca da data de
fundação, apontada por Barbosa. A construção do templo, por sua vez, estendeu-se provavelmente até
meados do século XVII, segundo informa o IPHAN.
Barbosa (1995) atribui o surgimento do povoado de Camargos à fixação do bandeirante Tomás Lopes de
Camargo, componente da bandeira do padre João de Faria Fialho (o Padre Faria), que “minerou algum
tempo no ribeirão do Carmo e, em 1701, acompanhado de alguns mais, seguiu para o norte, encontrando
um ribeirão aurífero”. O arraial “teve opulência até meados do século XVIII” e foi elevado a sede de
distrito em 1836 (Barbosa, 1995). No princípio dessa mesma década, possuía 366 habitantes, contados
pelo censo ocorrido também nos demais distritos em 1831.
O distrito chegou a ser suprimido e, posteriormente, restaurado. Atualmente, é um dos nove distritos do
município de Mariana, e possui a ele vinculados três subdistritos – Bicas, Fundão e Bento Rodrigues, este
último antigo distrito de paz, sede da freguesia que incluía Camargos segundo lei de 1880, mas que teve
seu território incorporado ao de Camargos, em data desconhecida.
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Camargos situa-se a 18 quilômetros ao norte da sede do município, acessado por uma via sinuosa e sem
pavimentação, que começa na rodovia MG-129 e para ela converge novamente, próximo ao limite com o
município de Catas Altas. Encontra-se nesse município boa parte da formação rochosa que, mesmo vista
à distância, domina a paisagem da estrada e do distrito: o “Inficcionado”, componente do maciço do
Caraça. A via não pavimentada que acessa o distrito é trecho do chamado Caminho Velho, da Estrada
Real, isto é, da antiga estrada que ligava Mariana ao Serro, a leste do Espinhaço.
O núcleo histórico do distrito de Camargos possui arruamento irregular, que o estrutura em duas vias que
iniciam e terminam juntas, aproveitando-se das curvas de nível. Essas ruas (do Cruzeiro e Barão de
Camargos) são a continuação da estrada que conduz ao distrito e que, ao entrar na área urbana, reparte-
se em patamares distintos. A Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição, tombada em nível federal em
1949, destaca-se na paisagem, aproveitando caprichosamente a topografia acidentada, situada no
patamar superior (rua Barão de Camargos), com acesso principal feito a partir do nível inferior, onde está
o belo cruzeiro que dá nome à outra rua do distrito. Essas ruas formam dois conjuntos de casas quase
invariavelmente térreas, as raras exceções contando com dois pavimentos. Na diversidade arquitetônica
que caracteriza o povoado, escassos resquícios de fundações e muros de pedra mostram ter havido uma
razoável renovação, inclusive recente, sobrepondo-se à ocupação antiga, visto que o sistema viário do
núcleo não teve expansão digna de nota, permanecendo o conjunto edificado compacto e linear, ainda
que entremeado de vegetação, no interior dos lotes. Na vizinhança da igreja, encontram-se alguns
exemplares da arquitetura colonial típica do lugar: casas térreas, com esquadrias de madeira e telhados
em sistema capa-e-canal, com beirais.
O presente dossiê tem como objetivo oferecer respaldo para o tombamento municipal do Núcleo Histórico
Urbano do Distrito de Camargos, visando, através da proteção de seu acervo urbanístico, valorizar a
paisagem de características coloniais, ali preservada.
O trabalho teve início com o levantamento de fontes bibliográficas gerais e específicas e, em seguida,
partiu-se para a pesquisa em campo, realizada pela equipe da Prefeitura Municipal e por profissionais das
áreas de arquitetura e história, contando ainda com a colaboração da população. Foi feito um estudo das
características arquitetônicas, tipológicas, paisagísticas, urbanísticas e de conservação do local e a coleta
de informações históricas, documentação fotográfica e cartográfica.
Alguns imóveis foram selecionados para o preenchimento das fichas de inventário, obedecendo-se ao
critério de preservação das características construtivas originais e/ou à sua importância como marco
urbano local.
A etapa seguinte se baseou na análise dos dados coletados e de bibliografia especializada. Foram
definidas as marcações da área a ser resguardada, sem, contudo, buscar valores individuais ou
ornamentais das edificações. O perímetro de tombamento procurou refletir a importância das volumetrias
das construções e o cenário que o conjunto por elas formado representa.
Foram também definidas algumas diretrizes, visando orientar o desenvolvimento do distrito a partir do
presente momento, para que este ocorra de forma ordenada e coerente com seu valor histórico e
artístico, sem agredir a estrutura urbana original. Tais proposições encontram-se em harmonia com os
preceitos do Plano Diretor Urbano Ambiental de Mariana/MG.
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O próximo passo foi fazer uma análise acerca do estado em que se encontra o conjunto, denunciando
transformações e perdas ocorridas ao longo dos anos.
Por fim, como modo de criar parâmetros para a regulamentação do espaço urbano e a gestão dos bens
inseridos no Núcleo Histórico Urbano de Camargos, cada uma das estruturas arquitetônicas foi
particularizada a partir de cinco diferentes níveis de proteção estipulados:1
1.1 Grau de Proteção 1
Imóveis de extrema relevância histórica e/ou arquitetônica, considerados referências no Núcleo Histórico
Urbano. Edifícios essenciais para o cenário do distrito, apontados pela comunidade como monumentos de
valor inconteste, sobretudo em função dos imaginários que se consolidaram acerca da antiguidade e
importância dos mesmos. Para tais imóveis ficam estabelecidas as seguintes diretrizes especiais:
• Fica restrita a modificação na distribuição de cômodos internos sem a prévia análise e autorização do
Conselho Municipal do Patrimônio Cultural de Mariana/MG;
• Deve ser mantida a fachada principal e preservados os elementos artísticos, sem alteração das formas
ou retirada de ornamentos;
• Devem ser mantidos os materiais de revestimento internos e externos à edificação;
• Devem ser limpas e mantidas periodicamente as janelas e as portas e ainda reparados os elementos
danificados, substituindo, se necessário, por outros novos, seguindo as características originais das
esquadrias.
1.2 Grau de Proteção 2
Aplicável aos bens imóveis de valor histórico, arquitetônico e ambiental cuja importância não abranja a
totalidade do bem, determinando que:
• A preservação se refira a apenas partes delimitadas do imóvel;
• A utilização do imóvel não degrade a parte protegida;
• Sejam utilizados métodos adequados de conservação e restauração.
1.3 Grau de Proteção 3
Imóveis considerados como bens de interesse de preservação, por seu valor em conjunto ou como
fragmentos da diversidade arquitetônica e histórica de Camargos. É necessária a preservação da fachada
e da volumetria. Para tais imóveis são permitidas as seguintes intervenções:
• Modificação na distribuição de cômodos internos, desde que o aspecto externo do edifício não seja
prejudicado;
• Troca de materiais de revestimento internos à edificação;
1 Os Graus de Proteção 1, 2 e 3 foram definidos pela Lei Municipal nº 1.728 de 18 de março de 2003. Para o tombamento municipal do Núcleo Histórico Urbano de Santa Rita Durão (2009), foram detalhados o primeiro e o terceiro níveis e ainda acrescentados os Graus de Proteção 4 e 5, estrutura analítica que repetimos no presente dossiê.
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• Substituição das esquadrias por outras de materiais diversificados seguindo as características originais
dos vãos (dimensões e enquadramentos), desde que aprovada pelo Conselho Municipal do Patrimônio
Cultural de Mariana/MG.
1.4 Grau de Proteção 4
Imóveis considerados como bens de interesse de preservação, cuja demolição pode ser concedida a partir
da análise e estudo específico do Conselho Municipal do Patrimônio Cultural de Mariana/MG e desde que o
novo projeto de ocupação do lote obedeça às diretrizes estabelecidas no presente dossiê de tombamento,
bem como às legislações urbanas vigentes.
1.5 Grau de Proteção 5
Imóveis considerados como bens sem interesse de preservação (incluem-se os terrenos baldios), mas
que se encontram no perímetro de tombamento por resguardarem a ambiência do Núcleo Histórico
Urbano; a demolição é permitida desde que o novo projeto de ocupação do lote obedeça às diretrizes
estabelecidas no presente dossiê de tombamento e às legislações urbanas vigentes.
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Graus de Proteção das Estruturas Arquitetônicas. Cadastramento esquemático do perímetro urbano do Distrito de Camargos. BASES CARTOGRÁFICAS: 1) CEMIG, 2001. 2) Plano Diretor Urbano-Ambiental de Mariana. Prefeitura Municipal, 2003.
Elaboração (jul/2011): Lara Secchin (estagiária de arquitetura e urbanismo).
LEGENDA:
Grau de Proteção 01
Grau de Proteção 02
Grau de Proteção 03
Grau de Proteção 04
Grau de Proteção 05
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02 HISTÓRICO DO MUNICÍPIO
Diversidade e polifonia nos tempos do Brasil Colônia
A perspectiva histórica nos possibilita diferentes tipos de abordagem, sendo também responsável pelas
construções de visões críticas a posteriori sobre determinadas temáticas. Ademais, importa destacar que
a produção historiográfica varia significadamente de uma época para outra: no que tange à história do
Brasil Colônia, por exemplo, muitos aspectos foram reavaliados e reescritos pela produção acadêmica
nacional, contribuindo para que o debate seja constantemente (re)visitado pelos historiadores 2.
A questão dos ciclos econômicos 3 perdurou, por muitos anos, como um instrumental analítico bastante
inflexível e segmentado. Nesse sentido, tentava-se enquadrar a complexa realidade colonial em simples
modelos econômicos, sendo estes respaldados pela noção de Pacto Colonial: a Colônia estaria submetida,
incondicionalmente, aos desígnios da Metrópole portuguesa, tendo sempre algum produto (açúcar, ouro
ou café) como único e principal trunfo.
As críticas a esse tipo de visão se ancoram no seguinte argumento: não é possível apontar precisamente
quando determinado ciclo econômico colonial deu-se por encerrado, visto que existiam lampejos de
recuperação ao longo de toda trajetória colonial. Além disso, interessa ressaltar que a economia da
Colônia não se resumiu somente às exportações para as terras metropolitanas; havia produções locais
que suprimiam as necessidades básicas, oferecendo-se como alternativas viáveis. A vida cotidiana
colonial era imbuída de diversas singularidades, apresentando uma dinâmica própria e interna, a qual
acabava por subverter a lógica exclusivista de Portugal. Os arraiais, as vilas e os inúmeros lugarejos que
surgiam na época da mineração são bons exemplos de que a nossa história trilhou por múltiplos
caminhos. Comecemos, pois, a recuperação de alguns desses itinerários...
Nos sertões das Gerais, afloram sonhos de enriquecimento
O século XVII presenciou as primeiras penetrações no até então desconhecido território mineiro: num
momento inicial, o encontro com as diferentes tribos indígenas viabilizou os processos de captura e de
escravização dos nativos, os quais eram utilizados como mão-de-obra nas atividades colonizadoras 4.
Apesar das incipientes expedições não alcançarem os almejados metais, as mesmas foram importantes
para um conhecimento maior do interior colonial – a abertura de novos caminhos, nesse sentido, foi por
demais significativa 5.
Entretanto, não se pode negar que a descoberta de ouro na antiga Capitania de Minas, na segunda
metade do século XVII, emblematizou novos tipos de possibilidades para a vida social da colônia. Em
outras palavras, a “corrida do ouro” estimulou um deslocamento populacional até então inédito no
território, visto que a mesma consistia em uma grande oportunidade de enriquecimento sem requerer
grandes investimentos iniciais.
2 Para citar alguns títulos: ANASTASIA, 1998; FIGUEIREDO, 1995; MELLO, 2000 e WEHLING, 2000. 3 As qualificações de ciclo do pau-brasil, da cana-de-açúcar, do ouro e do café são os mais significativos da produção historiográfica. 4 Entretanto, não se pode esquecer que os negros africanos eram a maior parcela dos escravizados nas minas setecentistas. 5 VENÂNCIO, Renato Pinto. Caminho Novo: a longa duração. Varia História. Belo Horizonte, n. 21, jul. 1999, p. 181-189. (n. especial: Códice Costa Matoso). APUD: MORAES, 2001, p. 177.
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Inúmeros foram os anônimos que se aventuraram pelos sertões interioranos, embalados pela esperança
de dias melhores... Dotadas de um caráter de oficialidade, as bandeiras e as entradas completam esse
contexto histórico em que a extração de riquezas minerais começava a vigorar no território mineiro.
“Mapa das Minas, anônimo – século XVIII – provavelmente brasileiro. Mapa Regional”
arquivado no Museu Paulista, São Paulo. IMAGEM: MAPAS HISTÓRICOS BRASILEIROS: Grandes Personagens da Nossa História. Abril Cultural, p. 56.
Destaque dado à Vila de Nossa Senhora do Ribeirão do Carmo no “Mapa das Minas, anônimo – século XVIII – provavelmente brasileiro. Mapa Regional” arquivado no Museu Paulista, São Paulo.
IMAGEM: MAPAS HISTÓRICOS BRASILEIROS: Grandes Personagens da Nossa História. Abril Cultural, p. 56.
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Indubitavelmente, a região que abrange os municípios de Mariana e de Ouro Preto foi um dos primeiros
pólos de concentração populacional. Nessa medida, o bandeirantismo despontou como aspecto essencial
no que tange ao surgimento dos primeiros povoados; esses homens fixavam-se nas margens dos rios,
estabelecendo um ritmo de vida próprio e singular: mesmo que fossem responsáveis por atrocidades nas
comunidades indígenas, além de estabelecerem uma busca ávida e sistemática por metais preciosos, eles
acabaram por incitar, de alguma forma, os incipientes processos de ocupação do interior da colônia 6.
Realizando atividades como a própria mineração ou simplesmente desenvolvendo culturas agrícolas e
pastoris que serviam como base fundamental para a vida cotidiana, os diversos colonos engendraram a
constituição de novos povoados, dentre os quais se destacou o antigo Arraial de Ribeirão do Carmo 7.
Suas primeiras moradas documentam a precariedade e o caráter semi-nômade desses habitantes. Os
bandeirantes montavam coberturas de sapé e madeira, armadas diagonalmente e escoradas nos
barrancos. Daí evoluíram para os primeiros barracões, as “tijupabas”, feitos de barro e com cobertura
vegetal, geralmente o sapé, uma técnica aprendida com as populações locais 8. Esses grupos estavam
dispostos a se mudarem quantas vezes fossem necessárias e suas empreitadas não era para uma
colonização no sentido clássico da definição, preferiam praticar uma ação exploratória, enfrentando os
desafios e do embrenhar no sertão.
Entre rios, ouro, capelas e plantações: as origens da cidade de Mariana
De uma maneira geral, o processo de ocupação do território mineiro realizou-se tendo como referencial a
formação de pequenos assentamentos humanos. As regiões escolhidas para tal intento localizavam-se
em áreas cujas descobertas de ouro tinham sido observadas; nessa medida, as chamadas datas
passaram a ocupar uma importância ímpar, visto que consistiam em “pequenas extensões de terra, à
beira dos rios e ribeirões auríferos, que o guarda-mor distribuíam àqueles que vinham explorar a região 9.” Além disso, cabe sublinhar que a fundação dos aglomerados era, geralmente, acompanhada pela
edificação de uma capela em devoção a algum santo da Igreja Católica.
Atentando-se para o caso particular da cidade de Mariana, percebe-se que as características acima
retratadas podem ser vislumbradas no processo de constituição desse município mineiro. Nos finais do
século XVII, sinais de ouro foram encontrados no córrego Tripuí e em regiões adjacentes. De acordo com
os registros oficiais, o ano de 1696 (final do século XVII) culminou com a chegada do bandeirante João
Lopes de Lima ao Ribeirão que, nesse momento fundante, recebeu o nome de Nossa Senhora do Carmo –
antes dessa designação, a região havia sido denominada como Vila de Albuquerque. Seguindo os
presságios religiosos da época, o sertanista viabilizou a construção de uma simples capela no local, sendo
ali reverenciada a imagem da santa homenageada. Prontamente, as respectivas datas de terra foram
repartidas entre alguns homens, iniciando o processo de dinamização do então conhecido Arraial do
Carmo.
Já nos idos de 1701, pesquisadores apontam para a formação de vários arraiais ao longo do Ribeirão do
Carmo; tais indícios se confirmam com a emersão dos atuais distritos de Mariana, uma vez que muitas
6 Ver MACHADO, 1980, importante obra do assunto. 7 Outro nome usual da época era Nossa Senhora do Monte Carmo. A região corresponde, atualmente, à cidade de Mariana. 8 VASCONCELLOS, 1999, p. 149 9 CARNEIRO, 2000, p. 25.
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dessas localidades têm origens nesse contexto histórico 10. Outro acontecimento digno de nota fora a
criação da freguesia com o título de Nossa Senhora da Conceição do Ribeirão do Carmo ainda no ano de
1704. No tocante ao panorama geral, iniciavam-se as buscas sistemáticas pelo ouro de aluvião e de
outras riquezas naturais, tendo como suporte fundamental as plantações de milho, abóbora, feijão,
batata e mandioca, além da criação de gado bovino.
Cabe lembrar que a “invenção” das Minas Gerais foi um produto direto do contexto mercantilista
europeu. Desde as fases da colonização havia expectativa quanto à descoberta de metais preciosos,
embora a demora em encontrar ouro ou prata deu ao empreendimento inicial dos lusitanos um aspecto
monocultor, que permaneceria firme durante todo o período colonial, a despeito do aparecimento da
mineração e do desenvolvimento da agricultura de média e pequena escala, para abastecimento interno.
A Capitania das Minas se organizou a partir da consolidação de três principais núcleos urbanos, Vila de
Sabará, Vila Rica (Ouro Preto) e Vila de Albuquerque (Mariana), depois Ribeirão do Carmo.
10 Os distritos de Camargos (1698), Bandeirantes (1700) e Cachoeira do Brumado (1700) podem ser citados sob essa perspectiva.
IMAGEM: MORAES, 2001.
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Com relação aos primeiros núcleos mineiros de formação, dentre os quais se destaca o município de
Mariana, cabe enfatizar mais uma vez que:
Percorrendo a trajetória histórica de constituição da rede urbana de Minas Gerais e a conformação dos territórios de seus atuais municípios, é surpreendente constatar a rapidez com que se formou toda uma trama articulada de núcleos urbanos. Iniciou-se com a ocupação, em fins do século XVII, de seu core geográfico, hoje conformado pelos municípios de Ouro Preto, Mariana e Sabará. 11
Concomitantemente a esse dinâmico processo de evolução urbana, o antigo Arraial do Carmo sofreu
significativas mudanças administrativas: no ano de 1711 foi criada a primeira Vila da Capitania de Minas
Gerais, intitulada de Leal Vila de Nossa Senhora do Carmo de Albuquerque.
Passadas três décadas, tendo como referencial o crescimento produtivo das minas auríferas, foi celebrada
no dia 23/04/1745 a elevação da Vila de Nossa Senhora do Carmo à categoria de cidade; o nome
escolhido fazia alusão à rainha de Portugal, Dona Maria Ana D’Áustria, esposa de D. João V. Importante
enfatizar que apenas Mariana tornou-se, institucionalmente, a única cidade da Capitania durante todo o
século XVIII. A edificação do prédio da Câmara teve início em 1768, com conclusão estipulada em 1798,
a autoria do imóvel cabe a José Pereira Arouca, importante construtor da região. A criação do Bispado
também ocorreu no ano de 1745, demarcando a importância da localidade como centro eclesiástico da
antiga colônia – nesse sentido, várias capelas e igrejas despontavam no território mineiro, sendo
utilizados muito ouro e madeira para a construção das mesmas. Tais edificações são, até os dias atuais,
referências singulares da arte barroca nacional.
A vida cultural e religiosa nas Minas Setecentistas pautou-se por conteúdos hierarquizados, resultados de
uma sociedade escravocrata e desigual, mas também, e paradoxalmente, pelas facilidades para a
miscigenação e hibridação. O grupo dos eclesiásticos exercia influência na população, identificados como
agentes de controle social a serviço da dominação operada pela Coroa e Igreja. Mas nunca tiveram o
monopólio da espiritualidade e religiosidade popular. A miscigenação e a “promiscuidade” entre as
classes implicaram no aparecimento de ramificadas redes de sociabilidade, muitas vezes com preceitos
contrários à ortodoxia católica. Crenças dos indígenas e africanos se amalgamaram aos ensinamentos dos
padres. As terceiras ordens, formada por religiosos leigos, constituía-se outra força política, expressando
credos bem específicos e imersos nos ensinamentos católicos (contando com o consentimento de Roma).
Tinham total autonomia para escolher um padroeiro, levantar igrejas, organizar procissões, adquirir
imaginárias e realizar ações de caridade.
No caso de Mariana, algumas das principais ermidas foram erguidas pelas terceiras ordens, destas se
destacam o Santíssimo Sacramento (surgida na 1ª metade do século XVIII), a ordem de São Francisco
(meados do século XVIII), e a ordem de Nossa Senhora do Carmo (surgida entre 1758 e 1759). A
construção da Igreja Nossa Senhora do Carmo, por exemplo, ocorreu entre 1784 e 1794, patrocinada por
seus representantes. Em mesma época também se deu à ereção do templo dedicado a São Francisco de
Assis, patrocinado por sua respectiva ordem terceira 12.
11 MORAES, 2001, p. 177. 12 Cf: ROMEIRO, 2003, p. 142-146.
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No que toca às atividades extrativas de metais na região de Mariana, estas foram objetos de regulação
por parte da Coroa Portuguesa. O poder metropolitano procurava restringir ao máximo o acesso livre às
principais áreas auríferas, estabelecendo uma vigilância ostensiva nas inúmeras estradas interioranas. A
implantação de impostos era outra prática recorrente: o quinto do ouro, a instalação das Casas de
Fundição, bem como outras taxas relativas às arrobas anuais são alguns exemplos que podem ser
citados. Ademais, o fato de ser uma das poucas Vilas existentes na Capitania de Minas Gerais, atesta a
grande preocupação de Portugal em controlar os arredores da cidade de Mariana.
Entretanto, nem tudo transcorria conforme o esperado... A grande concentração de riquezas minerais
despertava a atenção de muitas pessoas, as quais não mediam esforços em atenuarem, de alguma
forma, as políticas intervencionistas da Metrópole. O contrabando, a sonegação de impostos, a ocorrência
de motins e de protestos políticos, além de outros tipos de questionamentos estiveram presentes nas
minas setecentistas; e, Mariana, como não poderia deixar de ser, presenciou inúmeros acontecimentos
que subvertiam (ou pelo menos tentavam) as propostas controladoras portuguesas.
Enquanto isso, nos distritos da cidade...
Atualmente, o município de Mariana apresenta um total de dez distritos (inclusive a Sede), além de
contabilizar uma expressiva quantidade de sub-distritos (totalizam o número de vinte e sete). Ao
investigarmos o histórico dessa cidade mineira, podemos inferir que tanto essas localidades foram
importantes para a formação da Sede municipal, como esta última interferiu profundamente na
IMAGEM: MORAES, 2001.
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constituição dos seus respectivos distritos. Em outras palavras, o processo de formação urbana de
Mariana envolveu uma rede considerável de localidades, num tipo de relação que priorizou pelas trocas
culturais, sociais, econômicas e políticas.
De uma maneira geral, a emersão desses povoados seguiu as mesmas características do Distrito Sede: a
ocorrência de metais tinha participação decisiva; os cursos d’água eram aspectos fundamentais para que
a sedentarização dos exploradores ocorresse; o erguimento de capelas era algo costumeiro com a fixação
das pessoas; além das práticas agrícolas e pecuaristas terem sido fundamentais para a dinamização
dessas áreas periféricas. Nesse sentido, pode-se vislumbrar um tipo de movimento centrífugo do
município de Mariana, o qual não demorou a se maturar - conforme citado anteriormente, os distritos
passaram a surgir já em fins do século XVII.
Por outro lado, esses antigos arraiais acabaram por construir suas próprias histórias: diferentes
povoadores, variadas santidades, múltiplos habitantes, ritmos diversificados de produções econômicas
são alguns dos aspectos que compõem a heterogênea trama dessas localidades. Imbuídos de
singularidades que legitimam todo esse processo multifacetado de ocupação humana, os atuais distritos
guardam ainda hoje importantes fragmentos do passado – as festividades locais, por exemplo,
conseguem (re)inventar instigantes significados simbólicos e culturais.
Alguns dos distritos, ao exemplo de Monsenhor Horta, tiveram tendências urbanas, mas com a
proeminência de Mariana e a ausência dos fartos recursos advindos da mineração, esse desenvolvimento
proto-urbano acabou estagnado e a ruralização surgiu como uma compensação. Configurou-se uma nova
relação espacial, com o centro de Mariana alçando a condição de cidade, pólo central e aglutinador,
enquanto as atividades de produção agropecuária puderam se expandir nos demais povoados.
Mudanças à vista: o amadurecimento da cidade
É patente verificar a acentuada queda da extração aurífera durante o século XIX na região de Mariana.
Apesar de haver alguns surtos de recuperação – conforme já alertamos no início do presente texto,
quando discutimos a questão dos ciclos econômicos – o esgotamento das riquezas naturais propiciou um
processo de estagnação nesse município mineiro. O crescimento da área urbana desacelerou, além de ter
ocorrido um considerável êxodo de pessoas em busca de melhores oportunidades; tal movimento se
observou tanto dos distritos para a Sede, como desta última para outros municípios. Apesar da
diminuição da perscrutação aurífera, a “faiscagem” em pequena escala continuou, com garimpeiros
(muitas vezes escravos ou forros) se dirigindo aos leitos dos ribeiros, em busca de restolhos de lavras ou
pequenas pepitas. Naquele século, incipientes atividades de siderurgia se desenvolviam, uma
continuidade da mineração, operada por outra modalidade. No decorrer do setecentismo, alguns oficiais
portugueses, religiosos e visitantes já faziam alusões à presença de minério de ferro na região. No
entanto, a ausência de tecnologia adequada inviabilizou a exploração dessas potencialidades.
Cabe lembrar o alto impacto sofrido pelo meio ambiente, provocando devastações, extinções de espécies
e desequilíbrios ecológicos. Aos colonizadores só importava o lucro auferido, sinais da internalização da
mentalidade capitalista nos viventes Novo Mundo. Saint-Hilaire, em viagem realizada nos começos do
século registra seu desagrado com a inépcia do empreendimento português:
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Onde pouco se elevavam árvores gigantescas, entrelaçadas de lianas, elegantes, o viajante não exerga mais que campos imensos de capim-gordura e, no entanto, parece incontestável que esa Gramínea só se introduziu na província d euns cinqüenta anos para cá [...] Desse modo, os agricultores terminam na Província das Minas o que começaram os homens que iam à cata de ouro, a funesta destruição das matas. A falta de lenha já se faz sentir em algumas vilas que foram provavelmente construídas no seio de florestas e as minas de ferro, de riquíssimo teor em metal não podem ser exploradas por falta de combustível. Diariamente árvores preciosas caem sem utilidade sob o machado do lavrador imprevidente. É possível que, no meio de tantos e tão repetidos incêndios, não tenha desaparecido uma série de espécies úteis às artes e à medicina e, entro de alunos anos, a Flora que nesse momento acabo de publicar, não será mais, para certas regiões, senão um monumento histórico. 13
Curiosa a lembrança de que a visita de Saint-Hilaire ao Brasil só se tornou possível após a abertura dos
portos, viabilizada pela chegada da família real ao Brasil no ano de 1808. Com a elevação do país ao
status de Sede do Império Português, em 1815, a necessidade de obtenção de produtos siderúrgicos
impulsionou a metalurgia, demandando uma nova infra-estrutura. Cidades como Ouro Preto e Mariana
passam a fazer, mais de perto, parte das estratégias de segurança e desenvolvimento da coroa. Os
empreendimentos surgidos no atual Distrito de Passagem na década de 1820 testemunham as etapas de
diferenciação econômica e ajudam a minimizar a idéia de uma crise no setor. Já em 1876, a instalação da
Escola de Minas em Ouro Preto 14 permitiu novas pesquisas na região, contribuindo para os
mineralogistas terem uma percepção mais apurada dos recursos geológicos locais. De qualquer forma, as
duas cidades tinham uma vida burocrática; em 1823, Vila Rica recebeu o título de Imperial Cidade,
conferido por D. Pedro I, tornando-se então a capital provincial, renomeada como Ouro Preto.
Ambas representavam o núcleo administrativo das Minas Gerais, Ouro Preto abrigava a burocracia civil e
Mariana a eclesiástica. Na década de 1830, as autoridades locais se preocupavam em promover uma
interligação entre essas duas unidades e a Capital Federal no Rio de Janeiro 15. As atividades comerciais e
o aumento de estalagens e hospedagens refletiam na constante chegada de visitantes, que vinham
resolver assuntos de natureza pública ou privada, política ou comercial. Lembra-se que, em 1906,
Mariana é elevada à categoria de Arquidiocese, informalmente conhecida como cidade dos bispos.
A mudança da capital mineira de Ouro Preto para Belo Horizonte, no ano de 1897, teve sérias
repercussões, pois essa cidade, assim como Mariana, perdeu muito prestígio com o advento do regime
republicano, até mesmo porque os vínculos demasiadamente estreitos entre Igreja e Estado foram
desfeitos. Isso sem mencionar na falta de investimentos infra-estruturais, os quais se deslocaram de
forma significativa para a nova Sede do governo estadual. Como importante exceção, cabe destacar a
construção de alguns trechos de via férrea às margens dos distritos de Mariana; tais obras iniciaram-se
na virada dos séculos XIX-XX, representando, de certa maneira, uma nova dinâmica a esses espaços,
tendo em vista um maior deslocamento de pessoas 16. Finalmente, em 1914, seria inaugurado o ramal da
Estrada de Ferro Central do Brasil, promovendo ligação mais efetiva entre Mariana, Ouro Preto e o
sistema ferroviário nacional.
13 SAINT-HILAIRE, 1975, p. 91. 14 CARVALHO, 2002. 15 BRASILEIRO, 2001. 16 A Estação Ferroviária de Mariana foi inaugurada somente no ano de 1914, quando do término da construção do ramal entre a cidade marianense e Ouro Preto.
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Em meados do século XX ocorreu a construção da Praça da Estação que, posteriormente, ficaria
conhecida pelo nome de Praça J.K. Inspirada em motivos ecléticos, evidente influência da arquitetura de
Belo Horizonte, então modelo para municípios interioranos. Esse logradouro, favorecido por uma
topografia plana, era amplo e com arborização. Tratava-se do novo “point” da cidade, pois ali se reunia a
comunidade local. O movimento era impulsionado pela proximidade da área de embarque, um espaço de
novidades, onde muitos ficavam a espera do trem, aguardando, parentes, pedidos de mercadorias e
notícias.
O século XX trouxe profundas mudanças para o cotidiano da cidade, em termos arquitetônicos se observa
o aparecimento de construções em estilo eclético, diferenciando-se da paisagem colonial dominante. Os
anseios “civilizadores” (isto é, de se parecer com a Europa) das grandes cidades brasileiras chegam a
Mariana, que tenta solucionar alguns dos seus problemas urbanos. Datam dessa época as primeiras
políticas de embelezamento da cidade, como o surgimento de posturas determinando a proibição de
circulação de animais nos espaços públicos. A melhoria nos sistemas de iluminação e distribuição de
energia elétrica ocorrem a partir da década de 1930, com a instalação da Eletro química brasileira S/A 17.
Outras formas de regulamentar o uso dos espaços também aparecem, repercutindo, inclusive, nas
manifestações populares. As folias de carnavais passam são reprimidas, preconceituosamente
identificadas como manifestação de negros, em contraparte se estimulou a execução de festejos
organizados e disciplinados, dentro dos moldes que eram atribuídos às comemorações dos povos
europeus 18.
Outras mudanças dizem respeito à educação, durante o século XIX, as instruções eram restritas apenas a
uma minoria da população, com forte influência da religiosidade no ensino. O aparecimento das escolas
públicas, mistas (e supostamente laicas), decorreu da emergência do regime republicano, mas, ainda
sim, o acesso das crianças aos processos de alfabetização era limitado. Já em meados do século XX, a
média de matriculados girava em torno de 3.900 alunos, com um corpo docente na média de 43
professores 19. O Instituto de Ciências Humanas e Sociais da Universidade Federal de Ouro Preto
(ICHS/UFOP) seria exemplo da excelência educacional do município. Esse centro de formação superior se
apropriou das instalações do antigo seminário de Nossa Senhora da Boa Morte, outrora limitado à
formação religiosa. Sua fundação deu-se em 09 de novembro de 1979, oficializado pela Portaria 048, em
25 de março de 1980 20. De acordo com dados do IBGE, 11.129 crianças estão matriculadas no ensino
fundamental e 2.241 nos curso médios.
Suas atividades se estendem para além das formalidades acadêmicas, com vivências das repúblicas
estudantis (bem integradas à comunidade local), os projetos de extensão e de pesquisa, conteúdos
integradores da população aos pressupostos universitários – muitas são as propostas, por exemplo, de
parceria com a comunidade não-acadêmica. Há ainda 10 escolas estaduais, 36 municipais e 06
particulares, as quais se alternam entre os ensinos fundamental e médio, sendo que mais de 90% dos
alunos encontram-se matriculados na rede pública. Com relação à taxa de analfabetismo, cabe destacar a
taxa atual de 9% da população. Importante mencionar ainda a existência de 01 biblioteca pública, além
de 02 pontos de consulta pública (SESI e Casa de Cultura). Os arquivos históricos guardam importantes
17 FONSECA, 1995, p. 145-151. 18 Cf: MALTA, 2000; FERREIRA, 2005. 19 ENCICLOPÉDIA dos Municípios Brasileiros, 1957, p. 55. 20 www.ichs.ufop.br. Acesso em 05/set/2008.
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fragmentos do passado mineiro, destacando-se o Arquivo da Cúria da Arquidiocese de Mariana, o Arquivo
da Câmara Municipal e o Arquivo do ICHS – tais acervos aglutinam inúmeras possibilidades de pesquisas
a serem realizadas futuramente.
A infra-estrutura urbana contempla algumas modificações em relação ao passado colonial; mesmo
mantendo um rico acervo arquitetônico e histórico de séculos anteriores, a cidade de Mariana assimilou
alguns aspectos modernizadores. A energia elétrica ilumina hoje quase que a totalidade dos imóveis,
faltando apenas poucas habitações da zona rural. A rede de água é bastante satisfatória, não ocorrendo o
mesmo com o esgoto, cujos detritos são lançados in natura nos ribeirões e córregos. O sistema de saúde
consegue atender relativamente bem à população marianense: existe um hospital-base chamado
Monsenhor Horta (inaugurado em 08 de novembro de 1970) com a capacidade de 120 leitos, além de 23
postos de saúde pelos distritos e sub-distritos. O atendimento pelo Sistema Único de Saúde (SUS) ocorre
diariamente, sendo que a Secretaria Municipal oferece tratamentos preventivos para diabetes e
hipertensão arterial; completam a estrutura duas clínicas que se voltam para consultas, laboratório e
distribuição de medicamentos.
A instalação da Indústria de tecido, nos anos 30 do século XX, marca a retomada do crescimento. O
município ganha um novo ritmo com a chegada das primeiras companhias mineradoras e siderúrgicas –
alguns nomes importantes que tiveram importância na história industrial do município seriam a Alcan,
Barra Mansa e Samitri, além da agigantada Presença da Vale. Tal processo de industrialização, iniciado
na década de 40 do século XX, acelerou o processo de migração interna (dos distritos para a Sede). A
atração desse grande número de trabalhadores acabou por ocasionar na ocupação desordenada e
acelerada de novos loteamentos; muitas dessas áreas se localizam nas encostas do relevo acidentado,
apresentado expressivo risco para as diversas famílias que ali residem. De qualquer forma, os dados das
décadas de 1950 são inequívocos em sugerir que a agropecuária dominava a vida econômica da Sede e
distritos marianenses.
Segundo dados do Censo 2000, a população marianense totaliza aproximadamente 47 mil habitantes,
sendo que mais de 80% ocupam a área urbana. As faixas etárias predominantes indicam um caráter mais
jovem: 45% são crianças e adolescentes, além de 48,4% contemplar pessoas entre 20 e 59 anos.
Conforme mencionamos no parágrafo anterior, houve um fluxo migratório considerável nos últimos anos
da zona rural para a Sede municipal. Eis parte do diagnóstico retirado do site oficial da Prefeitura:
O efeito fundamental desse fluxo migratório tem sido o crescimento desordenado da Sede municipal, principalmente nas periferias, que com certeza não dispõem de infra-estrutura para atendimento das necessidades advindas desse processo. Tomando como base de comparação os censos de 1991 e 1996 a população marianense cresceu 5,06% 21.
Nesse ínterim, cumpre observar que Mariana não ficou ilesa aos inúmeros problemas que se fazem
presentes nas outras cidades de um país em desenvolvimento como o Brasil. Obviamente, guardando as
devidas proporções com os grandes centros, esse município mineiro enfrenta desafios que ainda
necessitam de ser superados.
21 Para dados sobre Mariana cf: www.ibge.gov.br.
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No caso específico da economia, novas alternativas vieram se consolidando nas últimas décadas do
século XX. O setor de comércio e serviços cresceu satisfatoriamente, empregando atualmente cerca de
60% da população economicamente ativa (PEA) – esta última se distribui entre fornecimento de gêneros
alimentícios, confecções, bares, restaurantes, instituições bancárias, padarias, estabelecimentos
automotivos, venda de materiais de construção, dentre outros. Já as indústrias não merecem menos
atenção, haja vista que empregam aproximadamente 30% dos marianenses; a mineração continua ainda
sendo explorada por empresas de grande porte como a Companhia Vale do Rio Doce e a Samarco
Mineração S/A. Apesar da extração de minério de ferro ser bem reduzida em relação aos áureos tempos
da colonização, não se pode negligenciar esse potencial que ainda hoje se faz presente 22.
Com relação ao setor primário, destacam-se como atividades de subsistência os plantios de cana-de-
açúcar, mandioca e banana, além das criações de galináceos e bovinos. Ademais, o artesanato desponta
como importante manifestação da cultura de Mariana, cujas permanências residem, por exemplo, na
transformação da pedra sabão em panelas de pedra e variados objetos de arte. Os tapetes de arraiolo e
de sisal também podem ser citados como peças singulares dos artesãos marianenses.
Do centro histórico à cidade nova: a reordenação do tecido urbano
Apesar de ser uma cidade histórica cujo conjunto arquitetônico e urbanístico foi tombado pelo IPHAN em
1938, estudos apontam para um baixo aproveitamento do turismo no município 23. Resumidamente, duas
causas principais são apontadas: a considerável hegemonia de Ouro Preto, bem como a pouca infra-
estrutura apresentada por Mariana. Para além das edificações históricas – sejam estas igrejas, capelas,
casarões, prédios públicos – há também uma rica paisagem com cachoeiras nos distritos da cidade.
Entretanto, tudo isso deve ser objeto de reflexão pelas autoridades e pela população marianense, uma
vez que não seria interessante transformar esse valioso patrimônio em uma mera mercadoria a ser
“consumida” pelos turistas. A atividade turística, desde que bem implementada, pode ser uma boa aliada
para a (re)apropriação simbólica dos espaços da cidade.
Os embates entre a expansão urbana e a pressão para a renovação da estrutura predial se resolveram
com a criação da Cidade Nova, que passou a receber construções completamente dissonantes das
tradições arquitetônicas de Mariana. Vislumbra-se claramente a vitória de um projeto conservador, com
as tentativas de cristalização do centro histórico – supostamente para evitar mudanças e
descaracterizações – enquanto às áreas de ocupação recente puderam receber os mais discrepantes
usos, equipamentos e edificações 24. O aparecimento de moradias irregulares nos morros que emolduram
o Distrito Sede são resultados das políticas demagógicas da década de noventa, quando alguns
administradores públicos fizeram “vista grossa” a esse processo. Políticos estimularam a invasão desses
terrenos – como modo de garantir bases eleitorais – mas em contrapartida não ofereceram as condições
mínimas de urbanização para os novos moradores. A abertura de bairros para a população de baixa
renda, com loteamentos sem praças, ajardinamentos ou arborização, são um dos aspectos mais
desprezíveis da atual política urbana de Mariana; atualizações do clientelismo e retrocessos às
interpretações em voga sobre o direito das comunidades carentes ao usufruto pleno da cidade. Nos anos
22 As principais reservas minerais são: alumínio (bauxita), ferro, manganês, ouro e quartzito. 23 CARNEIRO, 2000. 24 Para esse problema ver: SIMÃO, 2006.
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seguintes aparecem invasões de lotes próximas ao prédio da prefeitura e ao prédio da Estação,
configurando-se como um entorno dotado de características de uma área periférica. Modalidades de
exclusa próprias da história do Brasil. Os possíveis aumentos na violência no local refletem o
descompasso entre as promessas de integração e sua real efetivação. As camadas populares continuam à
parte da tessitura urbana de Mariana.
O novo centro surgiu nas imediações da fábrica de tecidos São José e inicialmente manteve um diálogo
com as tendências arquitetônicas de maior qualidade, explicitadas nas construções ecléticas. Com o
crescimento urbano das décadas posteriores tais edifícios, dotados de valores de preservação, acabariam
por desaparecer. Na década de 1970, a Cidade Nova era um bairro conhecido como “área da Estação”.
Porém nesse período o uso das linhas férreas estava em evidente decadência, não só em Mariana, mas
em todo o Brasil. Gradualmente, o transporte por automóveis suplantava as viagens de trem. Tanto que,
entre 1975 e 1976, o prefeito João Ramos desmanchou a Praça J.K e, em seu lugar, construiu uma
rodoviária. Tal equipamento aumentou a circulação de pessoas e automóveis, tornando a área
predominantemente comercial – característica que persiste até o presente. Parte da comunidade se
mobilizou contra a constante circulação de veículos que passavam por dentro do centro histórico e em
1995 houve a construção da nova rodoviária, na saída da cidade. O antigo prédio, localizado na Praça da
Estação passou por uma reforma, de modo a abrigar o prédio da prefeitura. Houve acréscimo de segundo
pavimento, com adição de novas acomodações, para que sua inauguração ocorresse em 1997. Durante a
segunda gestão do prefeito João Ramos (1983-1988), a antiga pavimentação da Cidade Nova, em “pé-
de-moleque”, foi substituída por novo calçamento. Assim, aos poucos, um painel urbano mais
contemporâneo se constituía.
Por fim, importa enfatizar que outras abordagens para elaboração desse informe histórico seriam
possíveis diante do quase inesgotável acervo histórico de Mariana. Essa cidade consegue recriar a todo
momento a magia de refletirmos “nosso passado pelo presente e o nosso presente pelo passado”: a
recuperação dessa imprevisível trajetória alerta-nos para a importância de preservarmos elementos
significativos da nossa história! História esta que pode ser montada a partir de um gigante e imaginário
quebra-cabeça... Topografia do terreno, arquitetura civil e religiosa, traçado das ruas, sociabilidades e
práticas culturais, organização política 25... As peças estão lançadas à mesa... Podemos (re)começar!
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25 Exemplos retirados da obra MORAES, 2001.
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03 HISTÓRICO DO BEM CULTURAL, CONTEXTUALIZAÇÃO NO
DESENVOLVIMENTO DO MUNICÍPIO
Minas Gerais e o ciclo do ouro 26
Na história e na historiografia de Minas Gerais existem alguns capítulos recorrentes, episódios
constantemente evocados como momentos fundamentais do surgimento da capitania e do delineamento
da mentalidade de um povo. As supostas especificidades da cultura mineira poderiam, em tese, ser
explicadas por suas origens no chamado ciclo do ouro.
O ciclo do ouro é uma decorrência da teoria dos ciclos econômicos, que afirma a importância das
atividades produtivas na colonização e desenvolvimento do Brasil. Essa interpretação se difundiu a partir
do texto de Roberto Simonsen27, em seu livro “História econômica do Brasil”:
Mas foi o ciclo da mineração que estimularia, frisou Simonsen, a interiorização do povoamento e a integração de várias regiões do brasil. A exploração do ouro e dos diamantes iria promover no interior do Brasil a fundação das primeiras cidades carentes de alimentos e de meios de transporte. 28
26 O presente texto foi elaborado a partir de fontes secundárias: livros, artigos, jornais on line, relatórios técnicos, sites e monografias. Não houve a consulta a fontes primárias. 27 VAINFAS, 2000, p. 117. 28 Ibidem.
Vista de Camargos. IMAGENS: Mauricio Goulart, jul/2011
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Mesmo que essa interpretação não seja aceita pelos novos estudos de história econômica e social, trata-
se de um caminho válido para correlacionarmos a política metalista de Portugal da Idade Moderna com a
descoberta de ouro nos sertões e a formação dos seus primeiros arraias e vilas. A formação das Minas
Gerais teve como motivação o enriquecimento através da extração de ouro, o que gerou uma cultura
ostentosa e faustosa, vinculada ao catolicismo do período com traços barrocos.
Entradas e bandeiras adentravam o território, ultrapassando – ciente ou não – os limites impostos com o
Tratado de Tordesilhas. Com a descoberta de esmeraldas e com as promessas de regiões ainda mais
ricas em prata ou ouro as explorações continuavam. Em termos culturais, as diversas variantes do mito
do Eldorado satisfaziam a busca pelo maravilhoso medieval enquanto os tinos capitalistas garantiam a
busca pelo lucro.
Segundo Augusto Lima Júnior, os portugueses comparavam o Brasil com a América Espanhola e seguiam
na procura por riquezas minerais:
Começava a falar do Sabarabuçu, a serra resplandecente de prata, que fazia arder a imaginação dos colonos e excitava a cobiça dos reis de Portugal, ansiosos por se emparelharem com os venturosos de Castella. As tentativas de descobrimento da famosa serra não tardaram a começar. 29
Partiram expedições rumo ao norte e ao sul, a América Portuguesa era devassada e, desse modo os
conquistadores iam se confrontando com os índios, descobrindo paragens e delineando caminhos.
Demorou algum tempo até que essas explorações se mostrasse frutífera, mas em 16 de julho de 1696,
Coronel Salvador Furtado de Mendonça descansou às margens do Rio Ribeirão do Carmo, descobrindo
sinais da existência de veios auríferos.
Surgiram arraiais, ajuntamentos de mineradores, comerciantes e toda a sorte de aventureiros,
improvisando arranjos para a vida em uma região ainda inóspita, sem a infraestrutura para abrigar
aqueles crescentes montantes de gentes. Foi nesse contexto que apareceram formações urbanas como
Ribeirão do Carmo (Mariana), Vila Rica (Ouro Preto), Antônio Pereira, Bento Rodrigues, Inficionado
(Santa Rita Durão), Camargos, Furquim entre outras.
Baseou-se, toda essa região, nos primeiros decênios do século XVIII na exploração aurífera, esta se
consistia no motor que impulsionava a ocupação dos colonizadores. Contudo, estabilizar tais
ajuntamentos nem sempre se mostrava viável, a precariedade das condições se consistia em obstáculo
que inviabilizava a permanência; faltava tudo, habitações (o que não chegava a ser um problema para
aqueles homens de índole nômade), condições de segurança e, o mais fundamental, os alimentos.
A historiografia tradicional conhece as “ondas de fome”, grandes debandas ocorridas nos arraiais de
Mariana e Ouro Preto – segundo relatos clássicos (como o do padre Antônio Vieira) víveres passavam a
custar fortunas em meio a abundância de ouro e a carestia de comestíveis. Em 1697 e 1698 houve uma
“onda de fome” no Arraial do Carmo, não havia como sustentar o excesso populacional, situação que se
repetia em 1700-1701 em Vila Rica. Nessa ocasião, muitos exploradores partiram para outras regiões em
busca de algum alimento.
29 LIMA JÚNIOR, 1978, p. 18.
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Assim, vemos duas forças contrárias que atuaram nesse momento da colonização das Minas, uma
primeira é a tendência centrípeta, os ajuntamentos urbanos que surgiam em torno da mineração. A
segunda é dispersiva e irradiadora, o abandono das minas e o espalhamento da população pelo mato a
procura de comida.
Dentro desse contexto que se insere a formação do núcleo urbano de Camargos, imerso dentro de uma
constelação de arraias, todos instáveis, carecendo de maior dinamicidade econômica para tornar a
sedentarização viável.
Os processos de colonização: origens de Camargos
Devido a debanda de colonos, que fugiram de Vila Rica durante a crise de abastecimento alimentar,
aconteceu a abertura de caminhos que levaram à habitação de novas serras. Instalado os portugueses,
iniciava-se uma crise ecológica, pois a relação – social e historicamente construída – com a fauna, a flora
e o solo traduzia-se em um desequilíbrio, o meio ambiente não era capaz de sustentá-los, daí fugiram
para outras sítios. As bases agrícolas não eram estabelecidas, prevalecia a pura parasitagem dos
recursos disponíveis.
Prosseguindo pela serra a norte o Alcaide-mor e seus sobrinhos Tomás, João e Fernando Lopes de Camargo foram se estabelecer no córrego e sítio do arraial que deles adquiriu o nome plural dos Camargos, a 4 léguas distante de Ouro Preto; e bem assim na mesma direção em menor distância, Antônio Pereira Machado natural do Reino, abaixo da serra, que traz o seu nome, dando princípio ao arraial do Bonfim de Mato Dentro, mais tarde conhecido também por Arraial de Antônio Pereira, cujos focos de ouro são dos de mais subido quilate em todas as Minas.30
Camargos, como se vê, surgiu em meio ao reordenamento dos mineradores e exploradores que
circulavam por Mariana e Ouro Preto. O esgotamento dos veios auríferos impulsionavam novas
perscrutações em localidades mais distantes. Desse modo a dinamização da região superava os eventuais
declínios de vilas e arraiais.
Tendo esgotado da data régia do Bom-sucesso, e mesmo feito na melhor parte do Ribeirão dos Camargos, o alcaide-mor José de Camargos Pimentel, movido pela mania de descobrimentos, continuou as suas explorações, e foi achar as minas do Piracicava junto a foz do ribeirão que desce do Morro agudo... 31
A família Camargos foi a responsável pela descoberta de ouro ao norte do Ribeirão do Carmo, nas
proximidades da Serra do Caraça. O surgimento de um povoado pode ter acontecido em 1698, apesar da
inexistência de documentos sobre esse evento. Na documentação produzida pelas autoridades coloniais
encontra-se menções ao arraial de Nossa Senhora da Conceição de Camargos a partir do ano de 1701.
Seu fundador seria José Camargos Pimentel, auxiliado por seus sobrinhos. Em 1707 ocorreu a ereção da
Matriz Nossa Senhora de Conceição do Camargos em substituição à capela primitiva (cuja data de
30 VASCONCELOS, 1974, p. 177. 31 Idem, 1974, p. 182.
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construção e demolição não podem ser precisadas). A toponímia do distrito deriva da junção entre o
nome do fundador com a santa padroeira32.
A consolidação de um núcleo razoavelmente estável se daria somente no ano de 1711, supõe-se a
participação dos irmãos Tomáz Lopes de Camargos, João Lopes de Camargos e Fernando Lopes de
Camargo33. Fenômeno típico do período, o distrito originou-se das andanças dos bandeirantes, que
anteviram a possibilidade de lucro com a extração de ouro e ali acabaram fixando uma morada. Não há
muitos relatos sobre os primeiros tempos do povoado, mas sua situação parece típica quando
confrontada com os núcleos populacionais vizinhos. Aparecem vários arraiais ao longo do ribeirão do
Carmo.
Os anos de 1711 a 1714 marcaram a criação da Capitania das Minas, com três principais núcleos de
ocupação, Vila de Sabará, Vila Rica (Ouro Preto) e Vila de Albuquerque (Mariana). Camargos tinha uma
importância secundária, não rivalizando com as áreas mais prósperas, porém sua localização era
estratégica para o contato com os polos mais dinâmicos. Em seus primeiros tempos, inexistiu a lei e a
ordem, em Minas como um todo “... os primeiros achados auríferos ocorrem em finais do seiscentos e
com eles emergem os primeiros esboços de núcleos urbanos, é preciso ultrapassar a primeira década do
setecentos para verificar-se, de forma resoluta e determinada, presença do Estado na região” 34.
As bases para o desenvolvimento: economia e sociedade
A economia do Brasil Colonial foi muito heterogênea, cada região apresentou arranjos específicos,
instrumentalizados e ordenados de modo a fornecer lucros a Portugal. No caso das Minas Gerais, a
produção aurífera deu a principal tônica às atividades produtivas locais. Em função dessas características
ocorreu uma concentração populacional, com grande número de escravos. Para abastecer as vilas e
cidades que surgiam fez-se necessário a ligação entre a área mineradora e os núcleos de abastecimento.
Porém, desde sempre houve uma busca pela autossubsistência que acabaria se transformando em um
vigoroso mercado interno.
Mariana – junto com Vila Rica – inseria-se em um dos mais ativos polos econômicos do século XVIII,
além da importância política e administrativa. A ocupação das terras esteve ligada a exploração das
lavras, mas o aumento demográfico trouxe a ampliação das ocupações e a diversificação social. A partir
do núcleo original, expandiu-se outros polos de ocupação sempre levando a fronteira em direção ao
sertão. Muitos dos atuais distritos de Mariana têm origens nesse processo de devassa dos arredores das
áreas de extração aurífera. Os aventureiros percorriam as campinas ou seguiam os cursos dos rios, na
sondagem aos sinais de ouro.
Poderiam ser distinguidos dois padrões de ocupação socioeconômica do espaço marianense, a mineração
e a atividade lavradia de fronteira. Pela primeira, entende-se como a sua principal vocação, baseando-se
na retirada do ouro contando sobretudo com a exploração da mão de obra escrava. Já a economia
lavradia de fronteira (expressão retirada da própria documentação setecentista) representava o processo
32 FERREIRA; FERREIRA, 2009, p. 49. 33Disponível in: <http://www.mariana.mg.gov.br/chMariana/int.asp?publicID=234> Acesso em 28 dezembro 2010. 34 BOSCHI, p.57-65
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de ampliação das atividades agropastoris, afastando-se das áreas adensadas em direção ao “sertão”,
mais ao “oriente”, isto é, ao leste35.
Segundo o Grande Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, a palavra lavradio significa “bom para
lavoura” 36 e seu primeiro emprego ocorreu no século XV. Tal vocábulo evocava apropriadamente a força
que a agricultura possuía para alargar a colonização portuguesa. Atuais distritos de Mariana como Santa
Rita Durão, Camargos e Furquim, entre outros, provavelmente surgiram da combinação entre a
mineração e a lavoura.
A busca por ouro conseguia movimentar bandeirantes e garimpeiros isolados pela região entre Vila Rica e
Ribeirão do Carmo, nas margens dos rios formavam-se pequenos aglomerados populacionais. Esse seria
o caso de Camargos, com a constituição de um modesto vilarejo. O atual núcleo urbano do distrito tem
suas origens nesse incipiente povoado. Para esclarecer o perfil “minerador” de Camargos lembramos
algumas características de tal atividade:
Havia dois tipos de extrações auríferas: a das lavras (jazidas organizadas em grande escala e com aparelhamento para a lavagem do ouro) e a dos faiscadores, que empregavam somente a bateia, o contumbê e ferramentas toscas, reunidos num ponto franqueado a todos, cada qual trabalhando por si. Os faiscadores, muito comuns na mineração, eram homens livres e pobres, havendo mesmo escravos entre eles, que entregavam quantia fixa ao senhor e guardavam o eventual excedente.37
Em Camargos ocorreram ambas as extrações, mas o ouro exposto rapidamente se esgotou devido à ação
dos faiscadores, já as lavras tiveram sua exploração prolongada, na maioria das vezes incluídas nos
limites da fazenda de um grande proprietário de escravos. Frequentemente combinavam-se as atividades
de mineração com as de agricultura, uma forma de facilitar o sustento dos cativos. Plantava-se milho,
feijão e amendoim, mantimentos consumidos por toda a população. Em menor escala havia o cultivo de
arroz. Outro produto comum na dieta da época era a mandioca, da qual se extraía a farinha. Para a
produção da cachaça destinavam-se terrenos à plantação de cana e à construção de engenhos. Também
se cultivava o fumo, apreciado pelos escravos. Criavam-se aves (galinhas e patos), além de porcos, bois
e cavalos38.
Surgem nos arredores de Mariana vários núcleos colonizadores envoltos na mineração e na lavoura de
fronteira: “Nos inventários de Mariana da primeira metade do século XVIII não há ocorrência de
mineradores exclusivos”39. Angelo Alves Carrara cita um exemplo arrolado na documentação
setecentista, Manuel Coelho Ferreira possuía um sítio em Camargos de 50 alqueires e 53 escravos, o que
demonstra a presença de grandes propriedades na região.
Devido ao declínio das extrações auríferas, que se acentuaram na segunda metade do século XVIII,
Camargos, como o restante de Mariana, passou por diversas transformações. A economia estagnou e
parte da população emigrou, ocorreu paralisação do crescimento urbano, mas em compensação houve o
aumento das atividades agrícolas. Ao longo do século XIX, a vida rural se tornou predominante, com a
35 CARRARA, 2004, p. 31-37. 36 HOUAISS; VILLAR, 2001, p. 1732. 37 VAINFAS, 2000, p. 397-398. 38 Informações baseadas em: CARRARA, 2004, p. 31-37. 39 CARRARA, 2004, p. 33.
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crescente importância das fazendas e dos sítios, enquanto as casas no núcleo urbano ficavam
desabitadas, sendo usadas somente em épocas de festa. Embora não haja dados sobre a venda de
escravos, seria aceitável supor que parte dos cativos acabaram vendidos para regiões economicamente
mais dinâmicas.
No entanto, a própria expansão da agricultura pode ter assimilado a força de trabalho dos ociosos, uma
vez que as fazendas continuaram com a produção de mantimentos, para a autossubsistência e para o
mercado interno da região. Além disso, o café e o chá tornaram-se culturas desenvolvidas em Camargos.
No final do século XIX, grandes plantações indicavam a persistência dos modelos fundiários consolidados
cem anos antes. A “Fazenda do Tesoureiro”, propriedade do Barão de Camargos – o senador do Império
Manoel Teixeira de Souza – seria um exemplo da sobrevida da tradicional elite política.
Durante as últimas décadas do século XIX o processo de ruralização do distrito de Camargos havia se
completado, o núcleo urbano situado no centro do distrito havia encontrado limites para sua expansão. A
estagnação produtiva engessou o crescimento local, contribuindo também para uma perda de população
em idade produtiva. O comércio manteve sua característica local, balanceando com o aumento de
propriedades rurais e semi-rurais. No final do século XX e começo do século XXI, novas atividades
ganham destaque. O desmatamento, intensificado no decorrer dos últimos cinquenta anos, abriu espaço
para uma nova atividade, o reflorestamento de eucaliptos40. Pecuária e apicultura são ocupações
desenvolvidas pelos moradores de Camargos.
Em resumo, percebe-se que, em linhas gerais, o distrito pode ter a seguinte caracterização
socioeconômica:
Camargos é um núcleo em processo de estagnação econômica, com pequenas culturas de subsistência de fundo de quintal mantidas pela escassa população. Têm-se informações de uma população flutuante, proprietária de algumas casas que ficam fechadas praticamente o ano todo e são utilizadas somente nos finais de semana ou nas férias. Estes proprietários moram, segundo informações locais, em São Paulo e Rio de Janeiro, tornando-se um problema para o processo de preservação e/ou revitalização econômica local. Outros dados estão socioeconômicos ainda deverão ser levantados, pois, muitas casas estão desocupadas e em estado de ruínas, sem que pudesse identificar outras possíveis causas do seu abandono. 41
Com a exploração mineral levada a cabo por grandes grupos de multinacionais, distritos de Mariana (e
também de Ouro Preto) passaram por transformações em suas relações sociais tradicionais. O uso do
solo teve um novo dimensionamento, com apropriação de áreas – que até então consideradas coletivas –
pelos empreendimentos particulares. Em Camargos, a extração mineral tornou-se uma realidade
cotidiana, assim como em outras paragens adjacentes, tais como Bento Rodrigues, Antônio Pereira e
Santa Rita Durão. Todavia não foram consultados estudos detalhados sobre a história recente da
mineração no distrito.
40 PREFEITURA DE MARIANA, 2003, p. 104-108. 41 IEPHA: Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais. Relatório referente ao processo de tombamento do núcleo histórico de Camargos – Mariana. APUD: MORAES, 2001, p. 355.
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Bases políticas e administrativas: vida pública em Camargos
Por se tratar de uma vila já consolidada, Camargos mantinha uma relação de independência para com a
cidade de Mariana. Na verdade, tratava-se mais propriamente de uma dificuldade de comunicação, já que
esse povoado não tinha condições para sustentar uma autonomia. Para a elaboração desse histórico não
houve consulta pormenorizada à história política da região, contudo, sabemos que as elites locais
detinham terras e fazendas nas zonas rurais de Mariana. Ao tomarmos como quadro abalizador a política
mineira do século XIX, veremos a intrínseca relação entre a propriedade de terras e o poder político.
Frequentemente as elites detinham fazendas cafeeiras e grandes plantéis de escravos, trazendo uma
marca conservadora para a cultura política, alijando as camadas populares dos processos eleitorais
formais42.
Uma das importantes facções da política mineira estendiam suas influências até Mariana. Os Teixeira de
Souza tinham relações com a cidade, então importante centro administrativo da Província, o Senador
Manuel Teixeira de Souza possuía uma propriedade rural em Camargo, a já citada Fazenda do Tesoureiro.
... os Teixeira de Souza, cujo chefe o Barão de Camargos (Manuel Teixeira de Souza) foi o dirigente do conservadorismo em Minas durante quarenta anos. Deputado provincial e geral, senador e vice-presidente da Província, com exercício em sete períodos, o Barão de Camargos, ao falecer deixou na chefia do Partido Conservador o seu filho Antônio Teixeira de Souza Magalhães, segundo barão do mesmo título, o qual, como seu pai, ocupou durante várias vezes o governo provincial como seu vice-presidente.43
O conservadorismo deitou profundas raízes na região, no entanto, para uma leitura mais criteriosa do
comportamento político dos moradores de Camargos, seria necessária uma pesquisa mais direcionada.
Todo modo cabe reiterar a exclusão vivenciada pelos pobres, escravos e mestiços, muitas vezes sequer
mencionados nas fontes tradicionais para o estudo da vida pública mineiriana. Na dinâmica da
comunidade, a expressão de um espírito público estaria se manifestaria nos grupos destinados aos
trabalhos locais, obras de caridades, comissões para reformas na igreja, mutirões tec. As organizações
populares usualmente estiveram desvestidas de conotações políticas.
Camargos esteve alçada à condição de distrito na Lei nº 556 de 1911 que dispôs sobre organização
administrativa de Mariana, englobando outros povoados menores como o subdistrito de Bento Rodrigues,
Bicas e Fundão. Pelas suas limitações econômicas e demográficas, não há, em Camargos, registros de
movimentos políticos defendendo a emancipação local.
Bases culturais: religiosidade e saberes
A vida cultural em Camargos passa por variadas expressões, assinalando continuidades e rupturas com
os valores existentes no processo de formação do núcleo histórico-urbano. Diversas experiências
conformaram a visão de mundo daquela localidade, elencando alguns aspectos como essenciais, tais
como a religiosidade, os laços de vicinais, as sociabilidades, as experiências educacionais e a própria
relação entre os habitantes e o espaço circundante.
42 SARAIVA, s.d. 43 HORTA, 1986, p.129.
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Caso fôssemos buscar um marco fundante apontaríamos a criação da paróquia de Camargos,
provavelmente em 1698 – conforme já esclarecido, há dúvidas em relação a essas datas. Nessa época
acontece a ereção de um primeiro templo, provavelmente edificado por membros da família Camargos.
Tributo a fé católica, feito por mãos rústicas, que procuravam riquezas nos rios da região, enquanto
ocorriam embates com nativos e outros perscrutadores. Na história de Mariana usualmente identificamos
que as primeiras capelinhas tiveram suas origens nos esforços de bandeirantes e mineradores,
construções feitas com material tosco, rapidamente perecível, tanto que, dessas primeiras expressões de
uma rústica arquitetura religiosa, não resta um exemplar.
No ano de 1707, já estava construída a Matriz Nossa Senhora de Conceição do Camargos, substituindo a
primeira capela erigida pelos fundadores. No entanto, a definitiva conclusão desse edifício levaria mais
alguns anos, faltava principalmente os trabalhos no interior do templo. Em 1738 realizavam-se obras de
carpintaria, tais trabalhos, no entanto, não estão especificados nas fontes consultadas44.
A construção do cruzeiro ocorreu nesse contexto, não há informações sobre seu construtor, mas há
profunda harmonia estilística entre esse bem e a ermida. Trata-se de um lugar evocador de importantes
referências simbólicas e religiosas, componentes do Patrimônio Imaterial local. A Festa de Santa Cruz em
Camargos (também chamada de festa do Santo Cruzeiro) ocorre todo dia 03 de maio. Trata-se de
celebrações litúrgicas, procissões, orações de terço e comemorações sociais – isto é, uma festa profana
após a parte religiosa.
Inicia-se a festa com a escolha dos Festeiros do Cruzeiro, sendo um responsável pela liturgia, e o outro, pela parte social. O festeiro responsável pela liturgia fica com a bandeira durante todo o ano, repassando-a ao que será escolhido no ano seguinte.45
44 Fonte de informações sobre a Matriz podem ser encontrados em: MORAES, 2001. 45 FERREIRA; FERREIRA, 2009. p. 47.
Igreja matriz e cruzeiro. IMAGENS: Mauricio Goulart, jul/2011
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Embora essas estruturas arquitetônicas tenham passado por muitas modificações e intervenções ao longo
dos anos, há toda uma simbologia e iconografia cristã que permanecem. O quadro abaixo sintetiza um
pouco das experiências religiosas de Camargos, destacando-se a matriz:
1755 Através de Alvará régio surge o povoado de Nossa Senhora da Conceição de Camargos (atual Camargos), constituindo-se em Paróquia Colativa.
1871 Intervenções na Igreja, natureza das reformas não estão identificadas.
1920
Reforma da matriz de Nossa Senhora da Conceição de Camargos, com levantamento do telhado e melhor acomodação do coro e das torres. A data dessa reforma pode ser conferida acima do ornamento da portada. (CARRAZONI, 1987)
1949 Tombamento, pelo DPHAN, da matriz de Nossa Senhora da Conceição de Camargos, (1a metade séc. XVIII), processo n. 410-T-49, Inscrição n. 341, Livro Belas Artes, v. 1, fls. 70. Data: 06.12.1949 (IPHAN: 1994: 70).
1971: Obras de recuperação da matriz de Nossa Senhora da Conceição de Camargos foram iniciadas, mas não há conclusão os trabalhos.
1991 Manutenção do prédio. FONTE: transcrito e adaptado de MORAES, 2001.
Destaca-se que a construção do templo levou muitos anos, depois, várias intervenções foram
executadas. Não há informações sobre essas modificações ocorridas na estrutura arquitetônica – para
aprofundar tal temática seria necessária uma extensa pesquisa nos arquivos eclesiásticos e públicos de
Mariana. Todo modo, verifica-se que nos últimos anos, a Igreja Matriz passou por um processo de
degradação, conforme nos indica os excertos abaixo, retirados de reportagem do Jornal Hoje em Dia
(junho de 2011):
Patrimônio colonial do distrito de Camargos, em Mariana, na Região Central de Minas, a igreja de Nossa Senhora da Conceição clama por socorro. As paredes estão trincadas, o telhado repleto de buracos e os dois sinos quebrados. Uma árvore brotou na cimalha – peça decorativa usada também para dar sustentação ao telhado. [...] Logo na entrada se percebe o lamentável estado de conservação do imóvel, tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). O susto maior vem ao chegar aos fundos. A parede de adobe está destruída e, no chão, peças de madeira, cacos de telha, tijolos quebrados e até uma cruz reforçam a deterioração. [...] Durante um rápido passeio pelo interior da igreja, Dario Pereira [entrevistado] fez questão de mostrar os dois sinos da igreja, datados da década de 1880. O símbolo da religiosidade está calado. Com várias rachaduras, as badaladas não são mais feitas pelos fiéis. “Além do risco do sino quebrar, o som fica prejudicado”, aponta Dario Pereira. [...] Segundo o superintendente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), em Minas, Leonardo Barreto, estão assegurados R$ 500 mil para a reforma de três igrejas de Marina, ainda neste ano. No entanto, ele confirma que não há previsão para reformas na construção colonial do distrito de Camargos... 46
Compete referenciar que o valor cultural desse bem é nacionalmente reconhecido, através de
Tombamento Federal: “Igreja de Nossa Senhora da Conceição: sua construção é datada da primeira
46 Disponível in < http://www.hojeemdia.com.br/minas/igreja-de-304-anos-em-camargos-pede-socorro-1.294463> Acesso em 13 julho 2011.
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metade do século XVIII, Tombamento: Processo n° 410 - T, Inscrição n°34 1, Livro Belas-Artes, folhas
70 - data: 06/12/1949. Cruzeiro e Casas de estilo Colonial” 47.
O ambiente edificado de Camargos comporta, indubitavelmente, vários significados, atribuídos pela
comunidade nativa. Desses, destaca-se o religioso, que integra tanto as estruturas arquitetônicas quanto
os usos a ela destinados. Assim legitima-se a designação de núcleo urbano e histórico, uma vez que se
trata de um povoado fisicamente determinado e delimitado, mas preenchido de uma historicidade, várias
memórias e processos que, ao longo dos anos construiu uma relação de identificação dos viventes com a
paisagem do distrito.
Ambiente edificado e urbanismo: contextualização do bem cultural
A ambiência de Camargos possui características de comunidades semi-rurais. A estrutura predial a ser
preservada encontra-se imersa em um cenário marcado por transformações e intervenções que
ocorreram ao longo dos anos. Sua uniformidade não é expressiva, já que algumas construções recentes
impuseram novos modelos e padrões. Todavia as referências do povoado inicial permanecem, partindo da
igreja matriz como espaço privilegiado e seguindo as ruelas e as trilhas que depois se transformaram em
ruas. A pavimentação de muitas vias é irregular, consistindo em pedras batidas na terra – não há
informações sobre a data desse melhoramento urbano, mas parece ter ocorrido entre finais dos anos
noventa. Outras vias tem pavimentação em pé de moleque enquanto outras foram revestidas por
bloquetes.
Dentro dessa composição remanescem vestígios setecentistas, com edificações em caracteres coloniais,
mantendo os mesmos sistemas construtivos (taipa de mão) de outrora. Existe uma vinculação entre tais
imóveis e a igreja, esta sim, ermida que se insere na tradição da arquitetura religiosa marianense.
A infraestrutura local ainda hoje é precária, a instalação de energia elétrica e distribuição de água
encanada datam da década de 1980. Não há escolas na comunidade, as crianças se dirigem, portanto, a
comunidades vizinhas, com transporte disponibilizado pela prefeitura. O núcleo histórico de Camargos
oferece uma feição marcadamente passadista, com destaque para as construções coloniais, a arborização
circundante, as vias em terra ou pedra batida, o cruzeiro e a vinculação com a Estrada Real. Tal espaço
acabou apropriado como um povoado de “características coloniais”, atraindo visitantes e turistas. Curioso
perceber que o ethos de cidade colonial, tão cultivado por Mariana, exerce influência no distrito, em certa
medida, também possuindo tendências arcaizantes.
47 Disponível in <http://www.mariana.mg.gov.br/chMariana/int.asp?publicID=234> Acesso em 28 dezembro 2010.
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No entanto, durante o século XIX e parte do XX, Camargos pouco se distinguia das regiões propriamente
rurais, suas ligações com o distrito-sede eram precárias e sua economia se caracterizava pela estagnação
e baixa produtividade, muitas vezes voltando-se quase que para a autossubsistência. Em 1872, por
exemplo, havia 572 homens e 533 mulheres em Camargos48 (sem contar escravos), a maior parte
dedicada às atividades agropecuárias, uma configuração típica dos bairros rurais e subdistritos de
Mariana.
As estruturas arquitetônicas do século XVIII possuem características urbanas, alguns sobrados e
edificações eram destinados aos usos de comércio e residência. Já os prédios construídos no século XIX
detêm traços de uma arquitetura rural, apresentando semelhanças com imóveis das zonas rurais, casas-
sede de fazendas etc.
O que marcou a trajetória de Camargos foi seu isolamento, as comunicações com a cidade eram sempre
dificultosas, além isso a estrutura local era precária, assistências médica e escolar só poderiam ser
conseguidas após horas de viagem. Essa situação só se amenizou a partir de meados do século XX:
A comunidade de Camargos só saiu do isolamento com a abertura da estrada para automóveis, o que segundo um dos antigos moradores de Camargos, Sr. Geraldo, só aconteceu por volta de 1946, quando a companhia Minas da Passagem abriu uma estrada lingando Mariana ao subdistrito de Bicas (onde a empresa possui uma usina hidrelétrica) e a prefeitura municipal de Mariana aproveitou e fez a ligação de Camargos até essa estrada49.
48 RAMOS, 2004, p. 20. 49 ALVES, 2004, p. 16.
Rua Barão de Camargos. IMAGENS: Mauricio Goulart, jul/2011
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No entanto, esse período se caracteriza por um esvaziamento na comunidade, com a saída de moradores
para outras regiões de Mariana, a procura de indústria nas indústrias siderúrgicas que então se
instalavam.
Por volta de 1951,1952, segundo os moradores mais antigos de Camargos, os moradores de Camargos começaram a mudar de lá para outros lugares, em busca de trabalhos em empresas como a Companhia Minas da Passagem localizada em Passagem de Mariana e a Alcan Alumínio do Brasil, em Ouro Preto, deixando as casas, na maioria de pau a pique, abandonada, para ruir com a ação do tempo50.
Tais transformações alteraram os laços de sociabilidades existentes, além de repercutir no próprio
ambiente edificado do núcleo distrital. A saída dos moradores nativos afetou práticas culturais então
existentes, como as procissões religiosas, as serestas, os grupos de orações e a celebração de festas. Do
ponto de vista arquitetônico, houve uma queda nas qualidades das construções, já que muitos imóveis
deixaram de ser conservados, dificultando até mesmo os reparos ocasionais na igreja matriz. Nos últimos
vinte anos, novos moradores têm chegado até Camargos, suas moradas, no entanto, não respeitam as
tradições arquitetônicas locais, são imóveis bem destoantes do conjunto, muitos erguidos através da
autoconstrução. De qualquer forma, não convém insistir nesse argumento da perda, pois as
transformações são inerentes a qualquer grupo humano. Há, de fato, uma reinvenção de núcleo urbano-
histórico, movido por várias instâncias diferenciadas. Em primeiro lugar, os recém chegados não
compartilham das referências passadas da comunidade, entretanto é bastante provável que estejam
suscetíveis aos imaginários de “cidade histórica”, “antigo povoado”, “vila colonial” etc. A própria Estrada
Real disponibilizou representações acerca da longevidade daquele povoado. Outro aspecto digno de nota
é o efeito que as antigas edificações exercem em Camargos, não como modelos a serem copiados, mas
como ruínas, registros de uma época que se foi, mas que mantém uma presença contemporânea, vínculo
entre o ontem e hoje.
50 Ibidem, p. 17.
Rua do Cruzeiro. IMAGENS: Mauricio Goulart, jul-2011
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O próprio patrimônio imaterial e natural receberam novas apropriações, valorizando o meio ambiente
(córregos, matas, estradinhas de terra, cachoeiras) e seu efeito no cotidiano dos moradores, assim como
as manifestações religiosas tributárias de um catolicismo popular. Um destaque mais efetivo para esse
distrito só transparece quando cotejamos sua história com a trajetória de Mariana (distrito-sede),
evidenciando um dos mais antigos polos de ocupação das Minas Gerais, cujas marcas ainda hoje
transparecem na arquitetura, na culinária, na relação com a natureza, nas relações pessoais e na
religiosidade. Enfim, formas de vivências e convivências. São esses os fundamentos que fazem de
Camargos um distrito que por seu valor histórico merece estudo e conservação.
O núcleo histórico de Camargos faz parte da tradição colonial mineira, quer nas artes, na arquitetura o no
real vivido dos homens e mulheres que habitaram as primeiras cidades das Minas Gerais. Nesse sentido,
o bem cultural se encontra contextualizado no cotidiano da população, a estrutura predial emoldura um
cenário carregado de memórias e vocações, importantes ícones que resgatam a religiosidade, as crenças
e as escolhas efetuadas ao longo de trezentos anos.
As edificações, as vias, os monumentos religiosos encontram-se integrados de modo a possibilitar a
atribuição de sentidos e o sentimento de pertencimento. Trata-se, indubitavelmente, de um importante
legado que chegou a contemporaneidade, um patrimônio edificado que se integra a rica história e
arquitetura de Mariana.
Considerações Finais
O distrito de Camargos teve sua origem no período setecentista, fazendo parte do processo de ocupação
das adjacências de Mariana, surgiu como resultado da procura por metais preciosos e da dilatação das
fronteiras agrícolas e pecuárias.
Os séculos XVIII e XIX legaram algumas construções que bem assinalam as tendências arquitetônicas
das Minas Gerais: prédios em sua maioria rústicos e desprovidos de ornamentação, permanências dos
modos de habitar da população colonial. Destaca-se, dessas estruturas arquitetônicas, o templo religioso,
uma das muitas igrejas que narram a história sacra e cultural de Mariana.
Ao longo dos anos, importantes referências arquitetônicas foram arruinadas, deliberadamente ou pela
ação do tempo, de modo que em Camargos parte da história foi perdida. Todo modo, as construções
Rua do Cruzeiro. IMAGENS: Mauricio Goulart, jul-2011
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remanescentes são importantes para o conhecimento do passado da região, além de compor parte da
identidade dos cidadãos de Mariana, que trazem em sua autoimagem o reconhecimento no passado
colonial.
A fim de preservar esses bens culturais e como incentivo para uma política cultural que reconheça o
direito de existência dos conjuntos prediais, recomenda-se o tombamento do núcleo histórico urbano de
Camargos.
Referências
Bibliográficas e Documentais
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Bacharelado, Departamento de História)
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Eletrônicas
Camargos. Disponível in <http://www.mariana.mg.gov.br/chMariana/int.asp?publicID=234> Acesso em
28 dezembro 2010.
Igreja de 304 anos, em Camargos, pede socorro.
Disponível in < http://www.hojeemdia.com.br/minas/igreja-de-304-anos-em-camargos-pede-socorro-
1.294463> Acesso em 13 junho 2011.
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04 DESCRIÇÃO, ANÁLISE E DOCUMENTAÇÃO FOTOGRÁFICA DO BEM
CULTURAL
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44
45
46
47
48
49
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Mapa de indicação das figuras 1 a 57.
Cadastramento esquemático do perímetro urbano do Distrito de Camargos. Mariana/MG. BASE CARTOGRÁFICA: CEMIG, 2001. Elaboração (ago/2011): Maurício Goulart (Arquiteto Urbanista).
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O distrito de Camargos localiza-se no chamado Caminho Velho da Estrada Real – ou Caminho dos
Diamantes, ou ainda Caminho do Mato Dentro, como também é chamado o trecho que liga Mariana ao
Serro pela vertente oriental da Serra do Espinhaço, tributária do Rio Doce. Para Saint-Hilaire, que ali
esteve entre 1816 e 1817, “a leste da grande cadeia que... forma o limite entre a vegetação das matas
virgens e a das regiões descobertas” (Saint-Hilaire, 2000). Dista 18 quilômetros da sede, tomando-se o
rumo norte, na direção do município vizinho de Catas Altas. Pode ser alcançado através de uma estrada
vicinal, sinuosa e sem pavimentação, ao longo da qual se encontram totens indicativos do programa
Estrada Real, e que, mais adiante, leva ainda ao sub-distrito de Bento Rodrigues e ao distrito de Santa
Rita Durão.
Nos pontos mais altos do núcleo urbano de Camargos, assim como na estrada entre Mariana e esse
distrito, contempla-se o “Inficcionado”, componente do maciço do Caraça, formação rochosa que, mesmo
vista à distância, domina a paisagem da estrada e as tomadas visuais a partir do núcleo (dele para os
arredores), constituindo a principal referência visual da região, utilizada pelos nativos ou forasteiros como
instrumento de orientação.
Fig. 1 e 2: “Inficcionado”, componente do maciço do Caraça, formação rochosa que, mesmo vista à distância, domina
a paisagem da estrada e as tomadas visuais a partir do núcleo (dele para os arredores), constituindo a principal referência visual da região, utilizada pelos nativos ou forasteiros como instrumento de orientação.
IMAGENS: Maurício Goulart, jul/2011.
Do ponto de vista oposto, ou seja, das cercanias de onde se vê o aglomerado de construções, vê-se a
igreja em posição de destaque.
Fig. 3, 4 e 5: Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição em posição de destaque.
IMAGENS: Maurício Goulart, jul/2011.
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A razão da escolha do sítio para a formação do povoado foi a proximidade das lavras de mineração de
ouro descobertas no córrego, nos primeiros anos do século XVIII, origem comum a outros assentamentos
humanos naquela região, como apontam diversos autores. Não parece haver exatidão quanto à data da
fundação da paróquia local, como mostra Barbosa (1995): “A informação do Cônego Trindade de que,
segundo a tradição e os assentos da freguesia, a fundação da paróquia se deu pelos anos de 1698 (...)
não coincide com a do autor de Os Camargos de São Paulo”. O referido autor, que citamos também na
introdução deste texto, é Francisco de Assis Carvalho Franco, que prefere vincular a origem do arraial à
chegada de Tomás Lopes de Camargo, que ali se fixou em 1701. A data e os fatos narrados por Franco
convergem para a descrição de Manuel Bandeira, em seu Guia de Ouro Preto, em que se utiliza das
informações de Antonil. Segundo este, o bandeirante Antônio Dias de Oliveira escolheu, em vez de
Itaverava (mais ao sul), o caminho por onde saíram os perseguidores de índios, que o antecederam.
Ainda à procura da referência visual do Pico do Itacolomi, de cuja existência tinha notícia, deu então nas
“alturas que hoje chamam do Campo Grande”.
Chegados ali quase noite, acamparam, mas nada viram do Itacolomi, bem perto, porém velado pela carapuça de nuvens que tão freqüentemente o esconde. (...) Era a véspera de S. João, em 1698. (...)
No ano seguinte [1699], avisados por Antônio Dias os parentes e amigos de Taubaté, chegou a Campo Grande nova leva de bandeirantes, entre os quais se alistara, com seu altar portátil, o Padre João de Faria Fialho, capelão da bandeira. Na capela de S. João, simples rancho coberto de palha, disse o padre a primeira missa. (...)
Nos dois anos seguintes [presumivelmente a partir de 1700] foi tamanho o afluxo de aventureiros aos descobertos que, à falta de culturas, do que ninguém cuidava, e difíceis como eram os transportes de mantimentos, sobreveio, aniquiladora e dispersiva, a fome de 1700-1701. Muitos dos primeiros bandeirantes abandonaram as suas catas, atirando-se a novas descobertas. (Bandeira, 2000)
Como informado anteriormente, Tomás Lopes de Camargo “fez parte da bandeira do padre João de Faria
Fialho; minerou algum tempo no ribeirão do Carmo e, em 1701, acompanhado de alguns mais, seguiu
para o norte, encontrando um ribeirão aurífero, onde se estabeleceu” (Barbosa, 1995).
Pouco se sabe sobre a evolução política do povoado até meados do século XIX, apenas que “teve
opulência até meados do século XVIII” e que “foi elevado a sede distrital pela Lei nº 52, de 1836”
(Barbosa, 1995). A placa informativa do programa Estrada Real, instalada em frente ao cruzeiro da Igreja
de Nossa Senhora da Conceição, ignora quaisquer controvérsias e assegura: “Bem vindo a Camargos, o
distrito mais antigo de Mariana”.
Fig. 6: Placa informativa instalada em frente ao cruzeiro da Igreja de Nossa Senhora da Conceição.
IMAGEM: Maurício Goulart, jul/2011.
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O naturalista frances Saint-Hilaire passou por Camargos, durante viagem que empreendeu por Minas
Gerais entre 1816 e 1817, e descreveu uma localidade ambientalmente degradada, com sinais do
esgotamento da exploração aurífera que fizera surgir o povoado, além da precariedade das construções
então existentes:
“Camargos, sede de uma paróquia, está situada à margem de um regato de posição bastante triste, rodeada de morros desolados, esburacados pelos mineradores de ouro. Seus atuais habitantes são muito pobres; possuem muito poucos escravos para manter lavagens de certa importância, e suas casas estão mal conservadas.” (Saint-Hilaire, 2000)
O núcleo central do distrito, de características marcadamente
rurais – não há vias pavimentadas, tampouco passeios, e as
casas, em sua maioria, são térreas, afastadas umas das
outras e entremeadas por vegetação – acompanha, com sua
ocupação à meia encosta, o córrego Camargo. Embora
algumas construções mais recentes possuam dois
pavimentos, elas são raras, o que nos permite afirmar que o
distrito não apresenta tendência à verticalização. O núcleo
possui traçado viário irregular, estruturado em duas vias que
se separam e, ao final, convergem, formando, ao aproveitar-
se das curvas de nível, dois patamares distintos: as ruas do
Cruzeiro (inferior) e Barão de Camargos (superior).
Fig. 7: Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição em posição de destaque. IMAGEM: Maurício Goulart, jul/2011.
Fig. 8: Esquina entre as ruas do Cruzeiro e Barão de
Camargos, próxima ao acesso sul do Núcleo.
Fig. 9: Prolongamento da rua Barão de Camargos (gramada), após a Igreja Matriz; ao fundo, a rua do
Cruzeiro (sem pavimentação).
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Fig. 10: Rua do Cruzeiro, logo após o adro da Igreja Matriz, com pavimentação em “pé-de-moleque”.
Fig. 11: Muro de pedras, encontrado na rua Barão de Camargos.
IMAGENS: Maurício Goulart, jul/2011.
A Igreja de Nossa Senhora da Conceição, muito bem situada na paisagem, aproveita caprichosamente a
topografia acidentada, situando-se no ponto de maiores distância e desnível entre as duas vias. Cria
assim, com seu adro elevado, seu cruzeiro afastado e o penoso percurso entre eles, graças ao acentuado
aclive, um belo efeito cênico, que destaca o templo no conjunto urbano do distrito. Escassos testemunhos
da arquitetura colonial tradicional daquela localidade, dispostos, em sua maioria, a pequena distância do
adro e da própria Igreja, identificam-na como o ponto de partida da ocupação do povoado. Foi inscrita no
Livro do Tombo das Belas Artes em 1949. O IPHAN descreve assim sua situação em relação ao entorno
imediato:
Erguida no alto de uma colina, apresenta adro cercado por murada de pedra e escadaria à frente que leva a um belo cruzeiro também de pedra, colocado em um ponto mais baixo, constituindo um conjunto original dentro da implantação urbana de Minas Gerais do século XVIII.
(http://www.iphan.gov.br/ans/inicial.htm, busca “Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição, Mariana, MG”, acesso em 01/out/2011)
Fig. 12, 13 e 14: Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição, com Cruzeiro em pedra-sabão à frente e percurso
inclinado entre eles. IMAGENS: Maurício Goulart, jul/2011.
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Carneiro (2000), no mapa abaixo, distingue a parcela do núcleo urbano ocupada naquele momento
fundante e a expansão posterior, indicando que o arruamento aberto no período colonial permanece até
os nossos dias, a despeito do contraste entre as poucas edificações remanescentes daquela fase e as
mais recentes.
Camargos: evolução urbana. IMAGEM: CARNEIRO, 2000, p. 57.
Assim como Santa Rita Durão e outros distritos surgidos com a mineração artesanal do século XVIII,
Camargos também se viu estagnada no século XIX, cessados os atrativos imediatos da exploração do
ouro. Por isso, o distrito apresenta, ainda hoje, as feições características dos núcleos coloniais que
surgiram da mineração. Circunstâncias desfavoráveis à renovação, como a estagnação econômica que
perdurou pelo menos por todo o século XIX, levaram à preservação de vários povoados existentes no
município. A constatação abaixo, embora referente ao distrito de Santa Rita Durão, aproxima-se bastante
do caso de Camargos:
Herança dos tempos de riqueza, a sua conformação urbana e acervo artístico só se preservaram, contraditoriamente, devido à crise do ouro. O êxodo da população para o campo e a inexistência de alternativas que revivessem o dinamismo urbano do século XVIII impediram o crescimento e a renovação dos padrões arquitetônicos urbanos, que geralmente resultam na descaracterização destas povoações. 51
A distinção entre o distrito de Camargos e os demais deve-se ao acervo artístico, limitado à igreja
remanescente, e muito provavelmente à precariedade das edificações civis construídas nos primeiros
anos. Saint-Hilaire, que citamos anteriormente, observou que “seus atuais habitantes são muito pobres...
e suas casas estão mal conservadas” (Saint-Hilaire, 2000). Já que não houve instalação de instituições
ali, e atualmente há apenas residências, esporadicamente aproveitadas como pequenos estabelecimentos
comerciais, pode-se supor que a maioria das edificações perdidas tivesse esse mesmo uso e que,
51 IEPHA/MG. Processo de Tombamento do Centro Histórico de Santa Rita Durão. Mariana/MG. 1988, p. 7.
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construídas com menor solidez, ruíram com o tempo. Alguns restos de fundações, na entrada sul do
distrito (rua do Cruzeiro) e próximas à igreja (rua Barão de Camargos) corroboram essa hipótese.
Fig. 15: Muro de pedra
remanescente de construção desaparecida, na Rua do Cruzeiro.
Fig. 16: Fragmentos remanescentes de construção desaparecida, na rua
do Cruzeiro.
Fig. 17: Fragmentos remanescentes de construção desaparecida, na rua
Barão de Camargos. IMAGENS: Maurício Goulart, jul/2011.
As vias abertas e consolidadas naquela época mantêm seus traçados até os dias atuais, embora a
ambiência tenha sofrido algumas alterações nas últimas décadas. A rua do Cruzeiro corresponde à
entrada do distrito, que se conformou gradativamente a partir da estrada original, com a igreja
dialogando com essa via graças à peculiar implantação do cruzeiro, na base de um platô bastante
elevado, em cujo cume se construiu o templo. As residências, ao longo desse percurso em patamar
inferior, têm sua localização influenciada pela posição privilegiada da igreja, a qual, com o cruzeiro
distante, tem o espaço de seu adro visualmente ampliado, abrindo e acentuando a perspectiva na direção
da edificação principal. Assim, as casas remanescentes, situadas ao redor da área ocupada pela igreja,
respeitam a área livre deixada entre esta e seu cruzeiro, não interferindo na percepção da hierarquia
propositalmente superior a ela reservada, no conjunto edificado.
Fig. 18: Vista parcial da rua do Cruzeiro,
em trecho próximo ao adro da Igreja Matriz de N. S. da Conceição.
Fig. 19: Edifício institucional na rua do Cruzeiro; ao fundo, a Igreja Matriz de N. S. da
Conceição.
Fig. 20: Cruzeiro.
IMAGENS: Maurício Goulart, jul/2011.
Em meio a escassas casas com feições coloniais – a maioria das edificações merecedoras de proteção de
fachada e volumetria está nessa rua – chamam a atenção dois extensíssimos muros cegos (um amarelo,
outro vermelho, ambos sem numeração) de casas que sequer podem ser vistas desde a rua. São dois
exemplos de interferência negativa da arquitetura recente sobre a configuração do espaço urbano do
distrito.
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Fig. 21: Lote fechado com muro, na rua do Cruzeiro. Fig. 22: Lote fechado com muro, na rua do Cruzeiro.
IMAGENS: Maurício Goulart, jul/2011.
O arruamento primitivo foi mantido, o que é evidenciado pela irregularidade do traçado viário e do
parcelamento que o acompanha. Tal permanência, como dissemos, favoreceu a manutenção de uma
ambiência marcadamente rural, sem ruas asfaltadas ou sequer calçadas. Como exceção, escassos
trechos de calçamento, sempre curtos, ainda aparecem, remanescentes, seja nas proximidades da igreja
ou onde a rua do Cruzeiro enfrenta uma inclinação mais acentuada. Mesmo nesses trechos, não há
meios-fios ou calçadas. O estado de conservação desses raros trechos pavimentados é ruim.
Fig. 23 a 28: Rua do Cruzeiro: dois trechos diferentes com calçamento em pedras tipo “pé-de-moleque”.
IMAGENS: Maurício Goulart, jul/2011.
A rua Barão de Camargos conforma o patamar superior de ocupação, ligando a entrada do distrito à face
lateral da Igreja Nossa Senhora da Conceição. Essa via, atualmente, encontra-se parcialmente ocupada,
apresentando alguns terrenos vagos e casas sempre afastadas das divisas laterais, o que deu lugar à
vegetação arbórea que, por vezes, mistura-se às construções. Por se interromper, sem saída, quando
alcança o portão lateral do adro da igreja, a rua Barão de Camargos possui pouco movimento de
veículos, deixando à rua do Cruzeiro a função de atravessar todo o núcleo urbano e articular suas duas
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saídas, ao sul e ao norte. A rua Barão de Camargos possui grama em todo o seu leito, mais visível em
seu trecho vizinho à igreja, onde costumam transitar apenas pedestres, pois a área lateral da igreja
torna-se sem saída para automóveis. Desprovida de pavimentação, meios-fios ou sarjetas, naturalmente
não há calçadas nessa rua.
Fig. 29 e 30: Rua Barão de Camargos: piso gramado; ao fundo a Igreja Matriz de N. S. da Conceição.
IMAGENS: Maurício Goulart, jul/2011.
A declividade transversal do terreno onde está implantada exigiu, em algumas casas construídas em
patamar superior à via, seu escalonamento através de muros de arrimo em pedras canga.
Fig. 31 e 32: Muros de arrimo em pedra, na rua Barão de Camargos.
Fig. 33: Muro de arrimo em pedra, na rua do Cruzeiro, 315. Fig. 34: Muro de arrimo em pedra, na rua Barão de
Camargos s/nº (em frente ao nº 220). IMAGENS: Maurício Goulart, jul/2011.
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A via acompanha de perto uma curva de nível, pouco se desviando dela desde seu início até a face lateral
esquerda da igreja, e assim permanece razoavelmente plana desde a casa de número 200 até seu final,
após a casa 325. Em frente a esta e ao lado da igreja, um improvisado mobiliário em pedra, que
aproveita fundação e escada remanescentes de uma construção já desaparecida, oferece aos transeuntes
uma alternativa de permanência. A rua, porém, é pouco frequentada, pelos motivos elencados.
Fig. 35, 36 e 37: Fragmentos remanescentes de construção desaparecida, na rua Barão de Camargos (em frente ao nº
320). IMAGENS: Maurício Goulart, jul/2011.
Entre o acesso sul do distrito e o portão lateral da igreja, a rua
Barão de Camargos possui duas esquinas: uma via, reta e com
apenas um quarteirão, liga-a à rua do Cruzeiro (foto ao lado,
Fig. 38), e outra, mais próxima ao templo e bem mais estreita,
ascende ao ponto culminante do núcleo urbano, de onde se
vislumbram uma caixa d’água subterrânea e uma antena de
telecomunicações, aparentemente de micro-ondas para
telefonia fixa (fotos abaixo, Fig. 39, 40 e 41).
Na lateral oposta, uma rua sem denominação, bastante íngreme, desce da elevação onde está a Igreja
de Nossa Senhora da Conceição e vai encontrar-se novamente com a rua do Cruzeiro. A exemplo do que
ocorre na lateral esquerda da igreja, nesse declive o chão também é gramado. Essa via não possui
nenhum lote ocupado, à exceção do situado na esquina com a via principal, a casa de número 533 da rua
do Cruzeiro. Desse encontro em diante, a rua do Cruzeiro apresenta declividade maior que em qualquer
outro trecho, dirigindo-se a um talvegue, após o qual chega-se novamente à estrada, que conduz ao sub-
distrito de Bento Rodrigues.
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Fig. 42: Via sem denominação
(continuação da rua Barão de Camargos), com chão gramado, em imagem tomada na direção do acesso norte do Núcleo.
Fig. 43: Materiais de construção depositados na mesma via descrita ao
lado; ao fundo, encoberta pelas árvores, a face lateral direita da Igreja Matriz de N.
S. da Conceição.
Fig. 44: Via sem denominação (continuação
da rua Barão de Camargos), com chão
gramado. IMAGENS: Maurício Goulart, jul/2011.
Na rua do Cruzeiro, além das três esquinas mencionadas, nascem outras duas vias, ambas descendo dela
o córrego Camargo. Uma delas inicia-se em frente ao cruzeiro da Igreja de Nossa Senhora da Conceição,
ao lado da casa 368, cruza o curso d’água em um “mata-burro” e adentra uma propriedade que conta
com residência e piscina, num ponto alto da elevação oposta, descrevendo um perfeito mirante para se
descortinar o núcleo e o templo que nele se destaca.
Outra via, mais ao sul, descendo ao lado da casa 218, dirige-se ao mesmo córrego, num baixio que serve
de pasto aos animais.
Fig. 45: Gramado à beira do curso d’água.
IMAGEM: Maurício Goulart, jul/2011.
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Antes, cinco casas térreas, uma delas de feição colonial com janelas em madeira, mas quase todas – à
exceção de uma outra – com obras em andamento ou recentemente concluídas (ver figuras abaixo). Essa
via, componente do entorno do núcleo histórico, não tem continuidade, terminando no pequeno pasto à
margem da água.
Fig. 46, 47 e 48: Casas na via que liga a rua do Cruzeiro à margem do córrego.
IMAGENS: Maurício Goulart, jul/2011.
O acesso ao adro da igreja é feito por um percurso misto de rampa e escada, esta no trecho mais
íngreme, aquela com calçamento em “pé-de-moleque”, ladeado por grama. O muro de arrimo que serve
de base ao cruzeiro, vencido por poucos degraus, foi construído em pedras aparelhadas, que receberam
reboco e pintura, esta última recente. Não há mobiliário destinado à permanência de pessoas, tais como
bancos. Os elementos existentes entre as amuradas do adro (superior) e da rua do Cruzeiro resumem-se
a uma escadaria em pedra, uma cerca com mourões de madeira e arame farpado (paralela ao caminho
principal para o templo) e o próprio cruzeiro, uma bela peça, com base e corpo esculpidos em pedra-
sabão.
Além do adro da igreja e de seu acesso em plano inclinado, o núcleo urbano não possui praças. Num fim
de semana, observava-se certa aglomeração de pessoas em uma mercearia e um restaurante (rua do
Cruzeiro, 218 e 200, respectivamente) e diversas casas estavam habitadas, mas não chegava à metade
dos domicílios existentes. Poucas pessoas transitavam nas ruas. Algumas casas, fechadas naquele dia,
são provavelmente utilizadas por seus proprietários como casas de veraneio. Uma dessas casas (rua do
Cruzeiro, 270), com características de arquitetura colonial, estava à venda.
Quanto ao mobiliário urbano, não foram encontradas lixeiras, mas havia um telefone público, instalado
em pequena edificação na rua Barão de Camargos. O acúmulo de lixo em alguns pontos é digno de nota.
A ausência de cestas para depósito temporário do lixo, à porta das casas, indica não existir coleta
regular, o que obriga os moradores a dar destinação alternativa aos resíduos sólidos que produzem. Não
há abrigos para passageiros de ônibus, porque o distrito não conta com transporte coletivo regular.
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Fig. 49: Rua do Cruzeiro, 270: casa à venda. Fig. 50: Telefone público, na rua Barão de Camargos.
Fig. 51: Cruzeiro da Igreja Matriz.
Fig. 52, 53 e 54: Acúmulo de lixo no chão, em diversos pontos da rua Barão de Camargos.
IMAGENS: Maurício Goulart, jul/2011.
Todas as vias do distrito possuem mão dupla de direção e são estreitas, com larguras para dois carros,
mas frequentemente apresentam problemas à passagem de dois veículos, devido a irregularidade de seu
traçado. A arborização nas ruas é regular. Há árvores em lotes vagos e entre edificações, que às vezes
beneficiam as vias públicas com sua sombra. O posteamento de iluminação pública acontece apenas de
um lado dos logradouros, o inferior, onde os terrenos têm caimento para o fundo. Todos os imóveis
dispõem de energia elétrica. Há uma fonte pública de água, cumprindo a função de chafariz, mas em
forma de pia comum, vizinha ao cruzeiro, na rua de mesmo nome.
As estradas de acesso ao distrito passam por diversos empreendimentos de mineração e, por serem
componentes do roteiro da Estrada Real, contam com boa sinalização e encontram-se em bom estado de
conservação.
Como afirmamos anteriormente, o nucleo urbano é predominantemente residencial e nele prevalecem
moradas unifamiliares, de um pavimento. As raras edificações de dois pavimentos, recentes, nao chegam
a configurar uma tendência à verticalização, pois, por outro lado, há também casas novas com um
pavimento, conservadas e em uso, e casas mais antigas, tambem térreas, em bom estado de
conservação. O comércio, por sua vez, é pouco desenvolvido: o distrito conta apenas com um bar e um
restaurante (situados, respectivamente, na rua do Cruzeiro, 200 e 218).
Entre os equipamentos públicos, não há escola, cemitério, posto policial, agência de correios ou de outros
serviços públicos, à exceção de uma unidade básica de saúde, sem sinalização que confirme seu uso,
situada ao lado do acesso à igreja. Encontrava-se fechada, talvez pelo fato de ser um fim de semana.
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O conjunto arquitetônico mantém-se harmonioso e homogêneo em sua altimetria e simplicidade
construtiva. Destaca-se a preservação de alguns exemplares coloniais. Entretanto, o aparecimento de
novas edificações no núcleo de Camargos tem provocado processos de descaracterização em prejuízo da
uniformidade da arquitetura local.
Exemplar da arquitetura religiosa do ciclo do ouro, existe apenas uma edificação tombada pelo IPHAN: a
Igreja de Nossa Senhora da Conceição, cuja localização de destaque no conjunto descrevemos, protegida
pelo órgão federal desde 1949. “A atual matriz, segundo a tradição local, foi erguida a partir de 1707, em
substituição à capelinha primitiva, que existia desde o começo da formação do povoado. (...) sofreu
grande reforma em 1920, para levantamento do telhado e melhor acomodação do coro e das torres”
(Carrazzoni,1987).
Descreve-a Carrazzoni (1987), baseando-se em informações de Salomão de Vasconcelos:
Fachada coroada por cimalha com beiral que a separa do frontão e divide as duas torres laterais. O frontão triangular, coberto por telhas de Marselha em substituição às telhas de canudo anteriores, apresenta óculo. As torres sineiras têm telhado em quatro águas, com beiral. Sob cada uma delas, no corpo da igreja, um óculo. Porta em madeira almofadada com verga e cimalhinha curva. Acima da porta, um ornato com motivos florais, curvilíneo, coroado, feito de pedra-sabão. (...) Duas janelas rasgadas com verga curva e guarda-corpo em madeira ladeiam a ornamentação central.
A descrição contida no portal do Arquivo Noronha Santos, do IPHAN, informa o seguinte sobre seus
materiais de construção: “A capela-mor, em adobe, pode ser ainda vestígio da primitiva capela existente
no local. A parte da nave parece ter sido construída em pedra, com nichos para capelas laterais
profundas. Há indicações que também foi usado o adobe nas partes superiores dessas paredes.”
(http://www.iphan.gov.br/ans/inicial.htm, busca “Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição, Mariana,
MG”, acesso em 01/out/2011)
Fig. 55: Cruzeiro, com Igreja Matriz ao fundo.
Fig. 56: Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição.
Fig. 57: Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição: parte da fachada lateral
esquerda. IMAGENS: Maurício Goulart, jul/2011.
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O Cotidiano do Bem Cultural
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Referências
Bibliográficas e Documentais
BANDEIRA, Manuel. Guia de Ouro Preto. 5. ed. Rio de Janeiro: Ediouro, 2000. 119 p.
BARBOSA, Waldemar de Almeida. Dicionário histórico geográfico de Minas Gerais. Belo Horizonte:
Itatiaia, 1995. 541 p.
CARNEIRO, Luciana Ferreira Morais. Preservação e turismo em pequenas aglomerações urbanas: os
distritos de Mariana. Belo Horizonte: [mimeo], 2000. (Pesquisa de iniciação científica, vinculada ao
projeto “O cotidiano e o espetáculo: paisagem, memória e turismo nos municípios de Ouro Preto e
Mariana”, coordenado pela Profa. Fernanda Borges de Moraes)
CARRAZZONI, Maria Elisa (coord.). Guia dos bens tombados Brasil. Rio de Janeiro: Expressão e Cultura,
1987.
GOULART, Eugênio Marcos de Andrade. O Caminho dos Currais do Rio das Velhas: a Estrada Real do
Sertão. Belo Horizonte: Coopmed, 2009. 213 p.
MORAES, Fernanda Borges de. O cotidiano e o espetáculo: paisagem, memória e turismo nos municípios
de Ouro Preto e Mariana. Belo Horizonte: UFMG/Escola de Arquitetura, 2001.
SAINT-HILAIRE, Auguste de. Viagem pelas províncias do Rio de Janeiro e Minas Gerais. 2. ed. Belo
Horizonte: Itatiaia, 2000. 349 p.
Eletrônicas
www.iphan.gov.br/ans. Acesso em 1/out/2011.
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05 DELIMITAÇÃO, DESCRIÇÃO E JUSTIFICATIVA DO PERÍMETRO DE
TOMBAMENTO
5.1 DELIMITAÇÃO
P/ FAZ.
P/ CRUZEIRO E ANTENA
CAIXA
D`AG
UA
IGREJA DE N. S.
DA CONCEIÇÃO
CEM
ITÉRIO
RUA
CR
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484550
197N
0 100m5025 P1=P14
P2P3
P4P5
P6
P7
P8
P9
P10
P11
P12P13
Perímetro do Tombamento Municipal. Cadastramento esquemático do perímetro urbano do Distrito de
Camargos. O perímetro de tombamento do Núcleo Histórico Urbano de Camargos abrange a área compreendida pela poligonal fechada P01P14, representada no mapa da página anterior, em escala gráfica, e contempla 42 imóveis inseridos
em uma área aproximada de 55.000 m2. BASES CARTOGRÁFICAS: 1) CEMIG, 2001. 2) Plano Diretor Urbano-Ambiental de Mariana. Prefeitura Municipal, 2003. Elaboração (jul/2011): Lara Secchin (estagiária de arquitetura e urbanismo).
LEGENDA:
PERÍMETRO DE TOMBAMENTO
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5.2 DESCRIÇÃO
O perímetro de tombamento do Núcleo Histórico Urbano de Camargos abrange a área compreendida pela
poligonal fechada P01P14, representada no mapa da página anterior, em escala gráfica, e contempla 42
imóveis inseridos em uma área aproximada de 55.000 m2. A seguir, a descrição da delimitação, ponto a
ponto:
P01 52 indica o vértice formado pela interseção dos eixos das ruas do Cruzeiro e Barão de Camargos.
Partindo desse ponto, seguindo no sentido norte pelo eixo da Rua Barão de Camargos, tem-se P02.
P02 53 indica o vértice formado pela interseção do eixo da Rua Barão de Camargos com o prolongamento
do limite sul do lote 165 da Rua Barão de Camargos.
Partindo desse ponto, seguindo no sentido oeste pelo limite sul do lote 165 da Rua Barão de Camargos,
tem-se P03.
P03 54 indica o vértice formado pela interseção dos limites sul e oeste do lote 165 da Rua Barão de
Camargos.
Em seguida, há o ponto P04, a norte de P03, seguindo pelos limites posteriores dos lotes ímpares Rua
Barão de Camargos.
P04 55 indica o vértice formado pela interseção do limite posterior do lote s/n (ao lado do lote 221) da
Rua Barão de Camargos com o eixo da rua que leva à antena e ao cruzeiro.
A delimitação continua para leste, através do eixo da rua que leva à antena e ao cruzeiro.
P05 56 indica o vértice formado pela interseção dos eixos da rua que leva à antena e ao cruzeiro com o
eixo da Rua Barão de Camargos.
Partindo desse ponto, seguindo no sentido norte pelo eixo da Rua Barão de Camargos, está P06.
P06 57 indica o vértice formado pela interseção do prolongamento do limite sudeste do terreno da Igreja
Matriz Nossa Senhora da Conceição com o eixo da Rua Barão de Camargos.
Partindo desse ponto, seguindo na direção sudoeste pelo limite sudeste do adro da Igreja Matriz Nossa
Senhora da Conceição, está P07.
P07 58 indica o vértice formado pela interseção dos limites sudeste e posterior do adro da Igreja Matriz
Nossa Senhora da Conceição.
52 O distrito de Camargos ainda não foi incluído no Cadastro Municipal Integrado ao Sistema de Gestão de Informação Urbana e, por isso, não passou por regulação do espaço territorial, urbano e natural. Essa ordenação urbano-ambiental do solo municipal abrange o parcelamento, uso e ocupação do território, bem como o registro das construções no Cartório Geral de Registro de Imóveis e o mapeamento das delimitações fundiárias. A ausência desses traçados em todo território marianense, impossibilita, neste momento, a precisão das coordenadas geo-referenciadas de alguns pontos do perímetro em questão. 53 Ibidem.
54 Ibidem.
55 Ibidem.
56 Ibidem. 57 Ibidem.
58 Ibidem.
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O limite continua na direção noroeste, através do limite posterior do adro da Igreja Matriz Nossa Senhora
da Conceição.
P08 59 indica o vértice formado pela interseção dos limites posterior e noroeste do adro da Igreja Matriz
Nossa Senhora da Conceição.
Partindo desse ponto, no sentido nordeste pelo limite noroeste do adro da Igreja Matriz Nossa Senhora
da Conceição, tem-se P09.
P09 60 indica o vértice formado pela interseção do prolongamento do limite noroeste do adro da Igreja
Matriz Nossa Senhora da Conceição com o eixo da Rua Barão de Camargos.
Em seguida, há o ponto P10, a oeste de P09, seguindo pelo eixo da Rua Barão de Camargos.
P10 61 indica o vértice formado pela interseção do eixo da Rua Barão de Camargos com o prolongamento
do limite oeste do lote 474 da Rua do Cruzeiro.
A delimitação continua para norte, através do prolongamento do limite oeste do lote 474 da Rua do
Cruzeiro, onde está P11.
P11 62 indica o vértice formado pela interseção dos limites oeste e posterior do lote 474 da Rua do
Cruzeiro.
O limite continua na direção leste, através dos limites posteriores dos lotes pares da Rua do Cruzeiro; até
seu lote 10, inclusive.
P12 63 indica o vértice formado pela interseção dos limites posterior e sul do lote 10 da Rua do Cruzeiro.
Partindo desse ponto, seguindo na direção oeste pelo prolongamento do limite sul do lote 10 da Rua do
Cruzeiro, está P13.
P13 64 indica o vértice formado pela interseção do prolongamento do limite sul do lote 10 da Rua do
Cruzeiro com o eixo da Rua do Cruzeiro.
O limite continua na direção sudoeste, pelo eixo da Rua do Cruzeiro, onde está P14.
P14 = P01
59 O distrito de Furquim ainda não foi incluído no Cadastro Municipal Integrado ao Sistema de Gestão de Informação Urbana e, por isso, não passou por regulação do espaço territorial, urbano e natural. Essa ordenação urbano-ambiental do solo municipal abrange o parcelamento, uso e ocupação do território, bem como o registro das construções no Cartório Geral de Registro de Imóveis e o mapeamento das delimitações fundiárias. A ausência desses traçados em todo território marianense, impossibilita, neste momento, a precisão das coordenadas geo-referenciadas de alguns pontos do perímetro em questão.
60 Ibidem.
61 Ibidem.
62 Ibidem. 63 Ibidem.
64 Ibidem.
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5.3 JUSTIFICATIVA
O perímetro de tombamento do Núcleo Histórico Urbano de Camargos foi definido em uma área espacial
que abriga o local da ocupação inicial do Distrito, ocorrida a partir dos primeiros anos do século XVIII, e
evolução observada até a passagem do século XIX ao XX, expansão que, identificada por Carneiro
(2000), ocorreu em arruamento pré-existente, em área contígua ao núcleo original. O perímetro abrange
todas as edificações remanescentes desse período, que são escassas, mas inclui principalmente o
arruamento primitivo. Algumas ruínas de fundações e degraus de acesso de edificações hoje
desaparecidas, encontradas nessa área, dão testemunho dessa antiga ocupação.
Para a definição do núcleo, foram considerados a Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição,
importante para a formação do Distrito e marco referencial da paisagem, e as ruas do Cruzeiro e Barão
de Camargos, responsáveis pela ocupação longitudinal do sítio, acompanhando, à meia encosta, o curso
d’água que banha o núcleo. Entre essas ruas está a Igreja Matriz, com sua peculiar implantação, já
exaustivamente descrita. A área proposta para tombamento estende-se desde a linha posterior dos lotes
da rua do Cruzeiro, em seu lado voltado para o córrego Camargo (ou seja, incluindo os lotes cujos fundos
são voltados para o vale), até o topo do morro atrás da igreja. Assim, incluem-se as duas vias que
conformam o conjunto urbano, resguardado pela colina situada atrás da igreja, até seu cume, onde se
localizam uma caixa d’água, uma antena telefônica e um cruzeiro, mais simples que o da igreja.
Sua proteção justifica-se pela preservação do desenho urbano primitivo e da ambiência do núcleo
urbano, onde ainda se mantém uma ocupação horizontal, reconhecida no pequeno conjunto de casas
quase todas térreas, e vias arborizadas, além do templo religioso cuja implantação, segundo o IPHAN,
constitui “um conjunto original dentro da implantação urbana de Minas Gerais do século XVIII”. Como o
conjunto ainda comporta novas edificações em lotes vagos, a regulação da ocupação do solo inspira
cuidados, a fim de preservar as características bucólicas do núcleo a proteger.
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06 DELIMITAÇÃO, DESCRIÇÃO E JUSTIFICATIVA DO PERÍMETRO DE
ENTORNO
6.1 DELIMITAÇÃO
P/ FAZ.
P/ BENTO RODRIGUES
P/ CRUZEIRO E ANTENA
CA
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D`A
GU
A
IGREJA DE N. S.
DA CONCEIÇÃO
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P2P3
P4P5
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P7
P8
P9
P10
P11
P12P13
E01=E05
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EGO
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E2
E3
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Perímetro do Entorno de Tombamento Municipal. Cadastramento esquemático do perímetro urbano do Distrito de Camargos. BASES CARTOGRÁFICAS: 1) CEMIG, 2001. 2) Plano Diretor Urbano-Ambiental de Mariana. Prefeitura Municipal, 2003. Elaboração (jul/2011):
Lara Secchin (estagiária de arquitetura e urbanismo).
LEGENDA:
PERÍMETRO DE TOMBAMENTOPERÍMETRO DE ENTORNO
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6.2 DESCRIÇÃO
O perímetro de entorno ao tombamento do Núcleo Histórico Urbano de Camargos abrange a área
compreendida pela poligonal fechada E01E05, representada no mapa da página anterior, em escala
gráfica, e contempla uma área aproximada de 485.000 m2. A seguir, a descrição da delimitação, ponto a
ponto:
E01 indica o ponto de coordenadas x=667.0657 e y=7757.4595 65 localizado no eixo do Córrego
Camargo, em local de bifurcação do curso d’água.
Partindo desse ponto, seguindo no sentido norte pelo eixo do Córrego Camargo, tem-se E02.
E02 indica o vértice formado pela interseção do eixo do Córrego Camargo com o eixo do curso d’água
afluente no ponto (x=666.4336 e y=7758.2425 66).
Partindo desse ponto, seguindo no sentido oeste pelo eixo do curso d’água afluente ao Córrego Camargo,
tem-se E03.
E03 indica o ponto de entroncamento do curso d’água afluente ao Córrego Camargo cujas coordenadas
são x=666.1547 e y=7758.1096 67.
Em seguida, há o ponto E04, a sul de E03, seguindo pelo eixo do rio que fez entroncamento com o curso
d’água afluente ao Córrego Camargo.
E04 indica o ponto de confluência de três córregos cujas coordenadas são x=666.3790 e y=7757.3187 68.
A delimitação continua para nordeste, em linha reta, até chegar ao ponto E05.
E05 = E01
65 Fonte: Plano Diretor Urbano-Ambiental de Mariana. Cartografia. Prefeitura Municipal, 2003.
66 Ibidem.
67 Ibidem.
68 Ibidem.
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6.3 JUSTIFICATIVA
A definição do perímetro de entorno ao tombamento justifica-se por compreender, além da área urbana
do distrito, instalado nas proximidades do Córrego Camargo, as regiões de possível expansão,
protegendo a paisagem natural que emoldura o Núcleo Histórico Urbano de uma ocupação sem
planejamento.
Assim, o limite abrangeu as coberturas vegetais existentes até os córregos lindeiros à ocupação
primitiva, qualificadores da ambiência conferida ao distrito. Tendo em vista a vegetação rupestre e
altimontana predominante no distrito e arredores, e favorecedora para a sobrevivência dos animais de
pequeno e médio porte, a intenção foi assegurar a permanência dos recursos naturais ali encontrados
preservando o refúgio da sua biodiversidade, dando às gerações futuras herança ecológica e cultural a
ser desfrutada.
Deste modo, preserva-se o bem tombado da ocupação predatória e criam-se referências para a
salvaguarda das estruturas ali contidas, contribuindo na construção da qualidade sócio-ambiental da vida
da comunidade local.
Na porção norte, a delimitação se estende, procurando garantir as visadas para o “Inficcionado”,
componente do maciço do Caraça, formação rochosa que, mesmo vista à distância, domina a paisagem
da estrada e as tomadas visuais a partir do núcleo (dele para os arredores), constituindo a principal
referência visual da região, utilizada pelos nativos ou forasteiros como instrumento de orientação.
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07 DOCUMENTAÇÃO CARTOGRÁFICA
7.1 LOCALIZAÇÃO DO MUNICÍPIO DE MARIANA/MG
Posição do município no Estado de Minas Gerais e em relação à capital. IMAGEM: www.almg.gov.br. Acesso em 08/set/2008.
BELO HORIZONTE
MARIANA
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7.2 LOCALIZAÇÃO DO BEM CULTURAL
Vargem
Mariana
CanelaBandeirantes
Mainart
Barro Branco
Padre Viegas
Barroca
CrastoFurquim
Águas Claras
PedrasCamargos
Bento Rodrigues
Paracatu de Baixo
Cachoeira
Santa Rita Durão
Passagem(sede)
Cláudio Manoel
Horta
PIRANGA
CATAS ALTAS
OURO PRETO
ACAIACA
DIOGO DE VASCONCELOS
ALVINÓPOLIS
BARRA LONGA
Monsenhor
do Brumadode Mariana
LEGENDA
LIMITE MUNICIPAL
LIMITE DE DISTRITO
FERROVIA
POVOADOS
DISTRITOS
DISTRITO DE CAMARGOS
N
0 3000 9000m
Município de Mariana/MG. Posição do Distrito de Camargos em relação ao limite municipal. BASE CARTOGRÁFICA: Plano Diretor Urbano-Ambiental de Mariana. Prefeitura Municipal, 2003. Elaboração (Mar/2004): Cláudia Renata
Vilela (estagiária de arquitetura).
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7.3 Perímetros de Tombamento e Entorno com Estruturas existentes P/ FAZ.
P/ CRUZEIRO E ANTENA
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IGREJA DE N. S.
DA CONCEIÇÃO
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N
0 100m5025 P1=P14
P2P3
P4P5
P6
P7
P8
P9
P10
P11
P12P13
Perímetro do Tombamento Municipal. Cadastramento esquemático do perímetro urbano do Distrito de
Camargos. O perímetro de tombamento do Núcleo Histórico Urbano de Camargos abrange a área compreendida pela poligonal fechada P01P14, representada no mapa da página anterior, em escala gráfica, e contempla 42 imóveis inseridos
em uma área aproximada de 55.000 m2. BASES CARTOGRÁFICAS: 1) CEMIG, 2001. 2) Plano Diretor Urbano-Ambiental de Mariana. Prefeitura Municipal, 2003. Elaboração (jul/2011): Lara Secchin (estagiária de arquitetura e urbanismo).
LEGENDA:
PERÍMETRO DE TOMBAMENTO
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P/ FAZ.
P/ BENTO RODRIGUES
P/ CRUZEIRO E ANTENA
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IGREJA DE N. S.
DA CONCEIÇÃO
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448447
533
474
458
484550
197
N
0 100m5025
P1=P14
P2P3
P4P5
P6
P7
P8
P9
P10
P11
P12P13
E01=E05
CÓ
RR
EGO
CAM
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E2
E3
E4
Perímetro do Entorno de Tombamento Municipal. Cadastramento esquemático do perímetro urbano do Distrito de Camargos. BASES CARTOGRÁFICAS: 1) CEMIG, 2001. 2) Plano Diretor Urbano-Ambiental de Mariana. Prefeitura Municipal, 2003. Elaboração (jul/2011):
Lara Secchin (estagiária de arquitetura e urbanismo).
LEGENDA:
PERÍMETRO DE TOMBAMENTOPERÍMETRO DE ENTORNO
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7.4 INDICAÇÃO DAS ESTRUTURAS EXISTENTES E SEUS GRAUS DE PROTEÇÃO
P/ F
P/ CRUZEIRO E ANTENA
CA
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197
N
0 100m5025
Graus de Proteção das Estruturas Arquitetônicas. Cadastramento esquemático do perímetro urbano do Distrito de
Camargos. BASES CARTOGRÁFICAS: 1) CEMIG, 2001. 2) Plano Diretor Urbano-Ambiental de Mariana. Prefeitura Municipal, 2003. Elaboração (jul/2011): Lara Secchin (estagiária de arquitetura e urbanismo).
LEGENDA:
Grau de Proteção 01
Grau de Proteção 02
Grau de Proteção 03
Grau de Proteção 04
Grau de Proteção 05
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7.5 DETALHAMENTO CARTOGRÁFICO: IGREJA MATRIZ NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO
0 1 2 4m
Igreja Matriz Nossa Senhora da Conceição. Fachada Frontal.
BASE CARTOGRÁFICA: CALDEIRA, 2006. Digitalização (Ago/2011): André Tomich (estagiário de arquitetura).
0 1 2 4m
Igreja Matriz Nossa Senhora da Conceição. Planta Baixa.
BASE CARTOGRÁFICA: CALDEIRA, 2006. Digitalização (Ago/2011): André Tomich (estagiário de arquitetura).
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7.6 MAPA DE LOCALIZAÇÃO DOS BENS SELECIONADOS PARA INVENTÁRIO
Bens selecionados para inventário. Cadastramento esquemático do perímetro urbano do distrito de Camargos. Mariana/MG. BASE CARTOGRÁFICA: 1) CEMIG, 2011. Elaboração (Mar/2005): Vanessa Freitas (Arquiteta Urbanista).
17 16
14
15
DA CONCEIÇÃO
IGREJA MATRIZDE NOSSA SENHORA
DO
CRUZEIR
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OS
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A B
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IMÓVEIS INVENTARIADOS
13
13. Igreja Matriz de N Sra da Conceição14. Rua do Cruzeiro 34815. Rua do Cruzeiro 36816. Rua do Cruzeiro 41817. Rua do Cruzeiro 448
N
100m50100
1
2
3
4 5
1 2 3 4 5
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08 FICHAS DE INVENTÁRIO
FICHA 01
01. MUNICÍPIO: Mariana.
02. DISTRITO: Camargos.
03. DESIGNAÇÃO: Igreja Matriz Nossa Senhora da Conceição.
04. ENDEREÇO: Rua do Cruzeiro s/nº.
05. PROPRIEDADE/SITUAÇÃO DE PROPRIEDADE: Eclesiástica – Arquidiocese de Mariana.
06. RESPONSÁVEL: Andrina Maria Rodrigues.
07. SITUAÇÃO DE OCUPAÇÃO: Própria.
08. ANÁLISE DE ENTORNO:
Camargos implanta-se em uma encosta, em duas ruas sem calçamento (apenas alguns trechos com pés-de-moleque) que acompanham as curvas de nível. A rua que se desenvolve ao longo de um trecho de estrada e liga Bento Rodrigues a Mariana, Rua do Cruzeiro, caracteriza-se pela implantação das edificações em seu alinhamento, todas em um pavimento, com tipologia arquitetônica setecentista. Apresenta, ainda, grande unidade arquitetônica e harmonia urbana. A Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição, implantada em cota bastante superior a esta rua, predomina na paisagem, e seu acesso se dá através de uma longa escada de pedra, iniciada por um cruzeiro, também em pedra-sabão. Da igreja avista-se bela paisagem rural, conformando um mirante com grande potencial turístico, somado à beleza e importância do monumento. O singelo conjunto de edificações civis em um pavimento constitui um acervo harmônico e, ainda, preservado, merece cuidados para sua manutenção. Camargos pelo atual estado, com pequena população fixa residente, tem características próprias e específicas. Além de pequena parcela de distribuição de água por rede pública, não possui os outros serviços urbanos e, por isso, sua dinamização sócio-econômica deve ser encaminhada de forma a garantir a qualidade urbano-ambiental existente.
09. DOCUMENTAÇÃO FOTOGRÁFICA:
Igreja Matriz Nossa Senhora da Conceição.
IMAGEM: Patrícia Pereira, mar/2004.
Cruzeiro.
IMAGEM: Patrícia Pereira, mar/2004.
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Igreja Matriz Nossa Senhora da Conceição, interior.
IMAGEM: Patrícia Pereira, mar/2004.
10. HISTÓRICO:
Esta igreja é considerada uma das mais antigas de Minas, sendo tradição de que foi construída por volta de 1707. Pertence ao grupo típico de antigas matrizes mineiras de princípios do século XVIII, tendo o término de sua construção ocorrido provavelmente próximo de meados daquele século.69 Pelo atual estado em que se encontra o distrito, com pequena população fixa residente, a igreja passa a impressão de estar abandonada.
11. USO ATUAL: Culto religioso.
12. DESCRIÇÃO:
Erguida no alto de uma colina, predomina sobre a paisagem, apresenta adro cercado por murada de pedra e escadaria à frente que leva a um belo cruzeiro também de pedra-sabão, colocado em um ponto mais baixo, constituindo um conjunto original dentro da implantação urbana de Minas Gerais do século XVIII. Fachada coroada por cimalha com beiral que a separa do frontão e divide as duas torres laterais. O frontão triangular, coberto por telhas de Marselha em substituição às telhas de canudo anteriores, apresenta óculo. As torres sineiras têm telhado em quatro águas, com beiral. Sob cada uma delas, no corpo da Igreja, um óculo. De partido retangular, desenvolve-se em dois pavimentos. O primeiro pavimento corresponde à nave, capela-mor, átrio, corredores laterais e sacristia. O segundo pavimento é formado pelas tribunas e coro. O frontispício é pesado, com torres baixas e frontão triangular simples, arrematado por telhas. Ladeando a portada, mais acima, existem duas sacadas. A portada é larga, encimada por pequena cimalha. A capela-mor, em adobe, pode ser ainda vestígio da primitiva capela existente no local. A parte da nave parece ter sido construída em pedra, com nichos para capelas laterais profundas. Há indicações que também foi usado o adobe nas partes superiores dessas paredes. Internamente apresenta aspecto característico das igrejas das proximidades de Mariana. O retábulo do altar-mor, ocupando todo o fundo do presbitério, apresenta decoração profusa em talha, com muitas esculturas, elementos zoomorfos e fitomorfos e dossel estilizado, da primeira fase do barroco. Inferiormente, possui duas colunas que parecem de ordem compósita, em frente às portas debaixo do retábulo. Os altares colaterais são também profusamente trabalhados em talha e esculturas. O arco-cruzeiro é bem simples. Existem nítidas marcas (no arco-cruzeiro e coro) de alteamento e troca do antigo forro existente na nave, que deveria ser apainelado em gamela corrida e que atualmente é arqueado. O antigo forro deveria conter boas pinturas artísticas, como as que ainda se encontram logo acima do arco-cruzeiro, na face voltada para a nave. Atualmente não apresenta forro. O piso guarda o tabuado original até a metade da nave.70
69 Texto extraído de: IEPHA/MG. Superintendência de Documentação Histórica. Arquivo. IPHAN. Relatório de Vistoria. 11.04.84 MOURÃO, Paulo Kruger Corrêa. As Igrejas Setecentistas de Minas. 1986. 70 Ibidem.
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P R E F E I T U R A M U N I C I P A L D E M A R I A N A / M G . Prefeita: Terezinha Severino Ramos SECRETARIA MUNICIPAL DE CULTURA E TURISMO . Chefe do Setor: Marcílio Geraldo Vieira de Queiroz
13. PROTEÇÃO LEGAL EXISTENTE:
Tombamento Federal: Processo nº 410-T, inscrição nº 341, Livro Belas-Artes, fls. 70. Data: 06.12.1949.
14. PROTEÇÃO LEGAL PROPOSTA: Tombamento.
15. ESTADO DE CONSERVAÇÃO: Bom.
16. ANÁLISE DO ESTADO DE CONSERVAÇÃO:
A edificação apresenta pintura desgastada. Pequenas trincas e marcas de umidade na parede. Os demais aspectos físicos, estruturais e compositivos têm todos seus elementos desempenhando bem suas funções.
17. FATORES DE DEGRADAÇÃO:
O principal fator de degradação da edificação é a falta de uso constante da igreja diante da exígua população residente no distrito.
18. MEDIDAS DE CONSERVAÇÃO:
É necessária a manutenção periódica dos aspectos físicos, estruturais e compositivos da edificação.
19. INTERVENÇÕES:
A igreja sofreu grande reforma em 1920 para levantamento do telhado e melhor acomodação do coro e das torres (refeitas em alvenaria de tijolos). A data dessa reforma pode ser conferida acima do ornamento da portada. Em 1971 foram iniciadas obras de restauração que foram paralisadas logo depois, sem que fossem terminados os serviços necessários. Recentemente a cobertura foi inteiramente substituída.
20. REFERÊNCIAS:
BIBLIOGRÁFICAS E DOCUMENTAIS:
CARNEIRO, Luciana Ferreira Morais. Preservação e turismo em pequenas aglomerações urbanas: os distritos de Mariana. Belo Horizonte: [mimeo], 2000. Pesquisa de iniciação científica, vinculada ao projeto “O cotidiano e o espetáculo: paisagem, memória e turismo nos municípios de Ouro Preto e Mariana”, coordenado pela Profa. Fernanda Borges de Moraes.
CARRAZZONI, Maria Elisa (coordenação) Guia dos bens tombados Brasil. Rio de Janeiro: Expressão e Cultura, 1987.
IEPHA/MG. Superintendência de Documentação Histórica. Arquivo. IPHAN. Relatório de Vistoria. 11.04.84 MOURÃO, Paulo Kruger Corrêa. As Igrejas Setecentistas de Minas. 1986.
PLANO Diretor Urbano-Ambiental de Mariana. Minuta: “Conhecendo a Cidade”. Mariana: Prefeitura Municipal, 2003.
ORAIS:
Andrina Maria Rodrigues. Entrevista, 05/mar/2004.
21. INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES: -
22. FICHA TÉCNICA:
RESPONSÁVEL PELAS INFORMAÇÕES: PREFEITURA MUNICIPAL DE MARIANA/MG.
Levantamento (Fev/2004): Bruno Mol (estagiário) / Patrícia Pereira (arquiteta urbanista) / Lélio Pedrosa (Chefe Dep. Preservação. Patrimônio Cultural).
Elaboração (Mar/2004): Cláudia Renata Vilela (estagiária).
Revisão (Mar/2004): Memória Arquitetura.
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FICHA 02
01. MUNICÍPIO: Mariana.
02. DISTRITO: Camargos.
03. DESIGNAÇÃO: Edificação à Rua do Cruzeiro 348.
04. ENDEREÇO: Rua do Cruzeiro 348.
05. PROPRIEDADE/SITUAÇÃO DE PROPRIEDADE: Privada particular – Edmar Rodrigues Souza.
06. RESPONSÁVEL: Edmar Rodrigues Souza.
07. SITUAÇÃO DE OCUPAÇÃO: Própria.
08. ANÁLISE DE ENTORNO:
Camargos implanta-se em uma encosta, em duas ruas sem calçamento (apenas alguns trechos com pés-de-moleque) que acompanham as curvas de nível. A rua que se desenvolve ao longo de um trecho de estrada e liga Bento Rodrigues a Mariana, Rua do Cruzeiro, caracteriza-se pela implantação das edificações em seu alinhamento, todas em um pavimento, com tipologia arquitetônica setecentista. Apresenta, ainda, grande unidade arquitetônica e harmonia urbana. A Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição, implantada em cota bastante superior a esta rua, predomina na paisagem, e seu acesso se dá através de uma longa escada de pedra, iniciada por um cruzeiro, também em pedra-sabão. Da igreja avista-se bela paisagem rural, conformando um mirante com grande potencial turístico, somado à beleza e importância do monumento. O singelo conjunto de edificações civis em um pavimento constitui um acervo harmônico e, ainda, preservado, merece cuidados para sua manutenção. Camargos pelo atual estado, com pequena população fixa residente, tem características próprias e específicas. Além de pequena parcela de distribuição de água por rede pública, não possui os outros serviços urbanos e, por isso, sua dinamização sócio-econômica deve ser encaminhada de forma a garantir a qualidade urbano-ambiental existente.
09. DOCUMENTAÇÃO FOTOGRÁFICA:
Edificação à Rua do Cruzeiro 348.
IMAGENS: Patrícia Pereira, mar/2004.
10. HISTÓRICO:
Edificação construída com finalidade de uso residencial. Está localizada na área que corresponde ao núcleo inicial de ocupação do distrito. Data de 1701 o povoamento de Camargos, que surgiu pelo acampamento de Tomás Lopes de Camargo. A Igreja de Nossa Senhora da Conceição, tida como uma das mais antigas de Minas Gerais, revela a riqueza que o arraial alcançou em seus primórdios. Ainda existem as ruínas da Fazenda do Tesoureiro, que pertenceu ao Senador do Império, Manoel Teixeira de Souza, primeiro Barão de Camargos. No século XIX, o cultivo de chá e de café foi bastante importante para a região.
11. USO ATUAL: Residencial.
12. DESCRIÇÃO:
Edificação colonial térrea com partido arquitetônico em “L” implantada em terreno em declive com
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afastamentos em todo seu perímetro. Lote fechado na lateral esquerda por muro de alvenaria e no restante cercado com madeira e arame. Situa-se acima do nível da rua com acesso por varanda lateral e escada cimentada frontal. Fachada principal assimétrica composta pelo vão da varanda e quatro vãos de janela de peitoril com verga reta e enquadramento de madeira, vedados por duas folhas de madeira. Cobertura em “L” com tacaniça na lateral esquerda com vedação de telhas cerâmicas curvas e beiral simples. Internamente possui piso cerâmico e forro em lambri de madeira.
13. PROTEÇÃO LEGAL EXISTENTE: Nenhuma.
14. PROTEÇÃO LEGAL PROPOSTA: Tombamento do Núcleo Histórico Urbano.
15. ESTADO DE CONSERVAÇÃO: Bom.
16. ANÁLISE DO ESTADO DE CONSERVAÇÃO:
A pintura está desgastada. Os demais aspectos físicos, estruturais e compositivos têm todos seus elementos desempenhando bem suas funções.
17. FATORES DE DEGRADAÇÃO:
O principal fator de degradação da edificação é a situação de abandono vivida pelo distrito.
18. MEDIDAS DE CONSERVAÇÃO:
É necessária a manutenção periódica dos aspectos físicos, estruturais e compositivos da edificação.
19. INTERVENÇÕES: Sem referências.
20. REFERÊNCIAS:
BIBLIOGRÁFICAS E DOCUMENTAIS:
PLANO Diretor Urbano-Ambiental de Mariana. Minuta: “Conhecendo a Cidade”. Mariana: Prefeitura Municipal, 2003.
ORAIS:
Andrina Maria Rodrigues. Entrevista, 05/mar/2004.
21. INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES: -
22. FICHA TÉCNICA:
RESPONSÁVEL PELAS INFORMAÇÕES: PREFEITURA MUNICIPAL DE MARIANA/MG.
Levantamento (Fev/2004): Bruno Mol (estagiário) / Patrícia Pereira (arquiteta urbanista) / Lélio Pedrosa (Chefe Dep. Preservação. Patrimônio Cultural).
Elaboração (Mar/2004): Cláudia Renata Vilela (estagiária).
Revisão (Mar/2004): Memória Arquitetura.
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FICHA 03
01. MUNICÍPIO: Mariana.
02. DISTRITO: Camargos.
03. DESIGNAÇÃO: Edificação à Rua do Cruzeiro 368.
04. ENDEREÇO: Rua do Cruzeiro 368.
05. PROPRIEDADE/SITUAÇÃO DE PROPRIEDADE: Privada particular – Andrina Maria Rodrigues.
06. RESPONSÁVEL: Andrina Maria Rodrigues.
07. SITUAÇÃO DE OCUPAÇÃO: Própria.
08. ANÁLISE DE ENTORNO:
Camargos implanta-se em uma encosta, em duas ruas sem calçamento (apenas alguns trechos com pés-de-moleque) que acompanham as curvas de nível. A rua que se desenvolve ao longo de um trecho de estrada e liga Bento Rodrigues a Mariana, Rua do Cruzeiro, caracteriza-se pela implantação das edificações em seu alinhamento, todas em um pavimento, com tipologia arquitetônica setecentista. Apresenta, ainda, grande unidade arquitetônica e harmonia urbana. A Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição, implantada em cota bastante superior a esta rua, predomina na paisagem, e seu acesso se dá através de uma longa escada de pedra, iniciada por um cruzeiro, também em pedra-sabão. Da igreja avista-se bela paisagem rural, conformando um mirante com grande potencial turístico, somado à beleza e importância do monumento. O singelo conjunto de edificações civis em um pavimento constitui um acervo harmônico e, ainda, preservado, merece cuidados para sua manutenção. Camargos pelo atual estado, com pequena população fixa residente, tem características próprias e específicas. Além de pequena parcela de distribuição de água por rede pública, não possui os outros serviços urbanos e, por isso, sua dinamização sócio-econômica deve ser encaminhada de forma a garantir a qualidade urbano-ambiental existente.
09. DOCUMENTAÇÃO FOTOGRÁFICA:
Edificação à Rua do Cruzeiro 368.
IMAGENS: Patrícia Pereira, mar/2004.
10. HISTÓRICO:
Construída há aproximadamente 150 anos com finalidade residencial. A atual proprietária herdou o imóvel de seus familiares. Está localizada na área que corresponde ao núcleo inicial de ocupação do distrito. Data de 1701 o povoamento de Camargos, que surgiu pelo acampamento de Tomás Lopes de Camargo. A Igreja de Nossa Senhora da Conceição, tida como uma das mais antigas de Minas Gerais, revela a riqueza que o arraial alcançou em seus primórdios. Ainda existem as ruínas da Fazenda do Tesoureiro, que pertenceu ao Senador do Império, Manoel Teixeira de Souza, primeiro Barão de Camargos. No século XIX, o cultivo de chá e de café foi bastante importante para a região.
11. USO ATUAL: Residencial.
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12. DESCRIÇÃO:
Edificação térrea colonial de partido arquitetônico quadrado, implantada em terreno em declive. O imóvel se localiza acima do nível da rua com acesso frontal feito por degraus cimentados em jardim gramado. Possui afastamento em todo perímetro, porém o afastamento lateral direito é ocupado por anexo de menor volumetria com acesso independente e cobertura de telha amianto. Quintal posterior com horta e pomar usado também para criação de animais. Fachada principal simétrica composta por três vãos, sendo dois vãos de peitoril e um de acesso, todos com verga em arco duplo e vedação de duas folhas de abrir e enquadramento em madeira pintada. A circulação interna é central interligando os setores social e íntimo frontais ao setor posterior de serviços. Piso cerâmico e forro de esteira. Estrutura autônoma de madeira vedada por alvenaria de tijolo revestida por argamassa com pintura látex. Cobertura de duas águas com cumeeira perpendicular à rua, vedação de telhas cerâmicas curvas e beiral simples.
13. PROTEÇÃO LEGAL EXISTENTE: Nenhuma.
14. PROTEÇÃO LEGAL PROPOSTA: Tombamento do Núcleo Histórico Urbano.
15. ESTADO DE CONSERVAÇÃO: Excelente.
16. ANÁLISE DO ESTADO DE CONSERVAÇÃO:
Existem marcas de umidade na base das paredes. A edificação apresenta seus aspectos físicos, estruturais e compositivos têm todos seus elementos desempenhando bem suas funções.
17. FATORES DE DEGRADAÇÃO:
O principal fator de degradação da edificação é a situação de abandono vivida pelo distrito.
18. MEDIDAS DE CONSERVAÇÃO:
Deve-se realizar manutenção periódica dos aspectos físicos estruturais e compositivos da edificação. 19. INTERVENÇÕES:
Houve reforma e substituição de materiais há três anos. 20. REFERÊNCIAS:
BIBLIOGRÁFICAS E DOCUMENTAIS:
PLANO Diretor Urbano-Ambiental de Mariana. Minuta: “Conhecendo a Cidade”. Mariana: Prefeitura Municipal, 2003.
ORAIS:
Andrina Maria Rodrigues. Entrevista, 05/mar/2004.
21. INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES: -
22. FICHA TÉCNICA:
RESPONSÁVEL PELAS INFORMAÇÕES: PREFEITURA MUNICIPAL DE MARIANA/MG.
Levantamento (Fev/2004): Bruno Mol (estagiário) / Patrícia Pereira (arquiteta urbanista) / Lélio Pedrosa (Chefe Dep. Preservação. Patrimônio Cultural).
Elaboração (Mar/2004): Cláudia Renata Vilela (estagiária).
Revisão (Mar/2004): Memória Arquitetura.
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FICHA 04
01. MUNICÍPIO: Mariana.
02. DISTRITO: Camargos.
03. DESIGNAÇÃO: Edificação à Rua do Cruzeiro 418.
04. ENDEREÇO: Rua do Cruzeiro 418.
05. PROPRIEDADE/SITUAÇÃO DE PROPRIEDADE: Privada particular – Elso S.
06. RESPONSÁVEL: Elso S.
07. SITUAÇÃO DE OCUPAÇÃO: Própria.
08. ANÁLISE DE ENTORNO:
Camargos implanta-se em uma encosta, em duas ruas sem calçamento (apenas alguns trechos com pés-de-moleque) que acompanham as curvas de nível. A rua que se desenvolve ao longo de um trecho de estrada e liga Bento Rodrigues a Mariana, Rua do Cruzeiro, caracteriza-se pela implantação das edificações em seu alinhamento, todas em um pavimento, com tipologia arquitetônica setecentista. Apresenta, ainda, grande unidade arquitetônica e harmonia urbana. A Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição, implantada em cota bastante superior a esta rua, predomina na paisagem, e seu acesso se dá através de uma longa escada de pedra, iniciada por um cruzeiro, também em pedra-sabão. Da igreja avista-se bela paisagem rural, conformando um mirante com grande potencial turístico, somado à beleza e importância do monumento. O singelo conjunto de edificações civis em um pavimento constitui um acervo harmônico e, ainda, preservado, merece cuidados para sua manutenção. Camargos pelo atual estado, com pequena população fixa residente, tem características próprias e específicas. Além de pequena parcela de distribuição de água por rede pública, não possui os outros serviços urbanos e, por isso, sua dinamização sócio-econômica deve ser encaminhada de forma a garantir a qualidade urbano-ambiental existente.
09. DOCUMENTAÇÃO FOTOGRÁFICA:
Edificação à Rua do Cruzeiro 418.
IMAGENS: Patrícia Pereira, mar/2004.
10. HISTÓRICO:
Edificação construída com finalidade de uso residencial. Está localizada na área que corresponde ao núcleo inicial de ocupação do distrito. Data de 1701 o povoamento de Camargos, que surgiu pelo acampamento de Tomás Lopes de Camargo. A Igreja de Nossa Senhora da Conceição, tida como uma das mais antigas de Minas Gerais, revela a riqueza que o arraial alcançou em seus primórdios. Ainda existem as ruínas da Fazenda do Tesoureiro, que pertenceu ao Senador do Império, Manoel Teixeira de Souza, primeiro Barão de Camargos. No século XIX, o cultivo de chá e de café foi bastante importante para a região.
11. USO ATUAL: Residencial.
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12. DESCRIÇÃO:
Construção térrea colonial implantada acima do nível da rua com acesso frontal feito por escadaria de cimento queimado vermelho. O lote é fechado por muro de alvenaria nas laterais direita e esquerda. Fachada principal composta por três vãos, sendo dois vãos de peitoril e um vão central de acesso, todos com verga reta, vedação de duas folhas de abrir e enquadramento em madeira pintada. Cobertura de quatro águas vedada por telhas cerâmicas curvas. Os beirais possuem guarda-pó e cachorrada em madeira.
13. PROTEÇÃO LEGAL EXISTENTE: Nenhuma.
14. PROTEÇÃO LEGAL PROPOSTA: Tombamento do Núcleo Histórico Urbano.
15. ESTADO DE CONSERVAÇÃO: Bom.
16. ANÁLISE DO ESTADO DE CONSERVAÇÃO:
Existem marcas de umidade na base das paredes. A edificação apresenta seus aspectos físicos, estruturais e compositivos têm todos seus elementos desempenhando bem suas funções.
17. FATORES DE DEGRADAÇÃO:
O principal fator de degradação da edificação é a situação de abandono vivida pelo distrito.
18. MEDIDAS DE CONSERVAÇÃO:
Deve-se realizar manutenção periódica dos aspectos físicos estruturais e compositivos da edificação.
19. INTERVENÇÕES: Sem referências.
20. REFERÊNCIAS:
BIBLIOGRÁFICAS E DOCUMENTAIS:
PLANO Diretor Urbano-Ambiental de Mariana. Minuta: “Conhecendo a Cidade”. Mariana: Prefeitura Municipal, 2003.
ORAIS:
Andrina Maria Rodrigues. Entrevista, 05/mar/2004.
21. INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES: -
22. FICHA TÉCNICA:
RESPONSÁVEL PELAS INFORMAÇÕES: PREFEITURA MUNICIPAL DE MARIANA/MG.
Levantamento (Fev/2004): Bruno Mol (estagiário) / Patrícia Pereira (arquiteta urbanista) / Lélio Pedrosa (Chefe Dep. Preservação. Patrimônio Cultural).
Elaboração (Mar/2004): Cláudia Renata Vilela (estagiária).
Revisão (Mar/2004): Memória Arquitetura.
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FICHA 05
01. MUNICÍPIO: Mariana.
02. DISTRITO: Camargos.
03. DESIGNAÇÃO: Edificação à Rua do Cruzeiro 448.
04. ENDEREÇO: Rua do Cruzeiro 448.
05. PROPRIEDADE/SITUAÇÃO DE PROPRIEDADE: Privada particular – Geraldo Cardoso.
06. RESPONSÁVEL: Geraldo Cardoso.
07. SITUAÇÃO DE OCUPAÇÃO: Própria.
08. ANÁLISE DE ENTORNO:
Camargos implanta-se em uma encosta, em duas ruas sem calçamento (apenas alguns trechos com pés-de-moleque) que acompanham as curvas de nível. A rua que se desenvolve ao longo de um trecho de estrada e liga Bento Rodrigues a Mariana, Rua do Cruzeiro, caracteriza-se pela implantação das edificações em seu alinhamento, todas em um pavimento, com tipologia arquitetônica setecentista. Apresenta, ainda, grande unidade arquitetônica e harmonia urbana. A Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição, implantada em cota bastante superior a esta rua, predomina na paisagem, e seu acesso se dá através de uma longa escada de pedra, iniciada por um cruzeiro, também em pedra-sabão. Da igreja avista-se bela paisagem rural, conformando um mirante com grande potencial turístico, somado à beleza e importância do monumento. O singelo conjunto de edificações civis em um pavimento constitui um acervo harmônico e, ainda, preservado, merece cuidados para sua manutenção. Camargos pelo atual estado, com pequena população fixa residente, tem características próprias e específicas. Além de pequena parcela de distribuição de água por rede pública, não possui os outros serviços urbanos e, por isso, sua dinamização sócio-econômica deve ser encaminhada de forma a garantir a qualidade urbano-ambiental existente.
09. DOCUMENTAÇÃO FOTOGRÁFICA:
Edificação à Rua do Cruzeiro 448.
IMAGENS: Patrícia Pereira, mar/2004.
10. HISTÓRICO:
Edificação construída com finalidade de uso residencial. Está localizada na área que corresponde ao núcleo inicial de ocupação do distrito. Data de 1701 o povoamento de Camargos, que surgiu pelo acampamento de Tomás Lopes de Camargo. A Igreja de Nossa Senhora da Conceição, tida como uma das mais antigas de Minas Gerais, revela a riqueza que o arraial alcançou em seus primórdios. Ainda existem as ruínas da Fazenda do Tesoureiro, que pertenceu ao Senador do Império, Manoel Teixeira de Souza, primeiro Barão de Camargos. No século XIX, o cultivo de chá e de café foi bastante importante para a região.
11. USO ATUAL: Residencial.
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12. DESCRIÇÃO:
Edificação colonial de volumetria térrea com partido arquitetônico quadrado. Acesso principal frontal acima do nível da rua com pequena escada de alvenaria. Lote cercado com madeira e arame na lateral direita e com muro de alvenaria na lateral esquerda. Três vãos compõem a simetria da fachada principal. Dois vãos de janela de peitoril e vão central de acesso com vergas retas e enquadramento de madeira. Vedação de abrir também em madeira. Cobertura de quatro águas com cumeeira paralela à rua e telhas cerâmicas curvas. Estrutura autônoma de madeira vedada por alvenaria de tijolo cerâmico.
13. PROTEÇÃO LEGAL EXISTENTE: Nenhuma.
14. PROTEÇÃO LEGAL PROPOSTA: Tombamento do Núcleo Histórico Urbano.
15. ESTADO DE CONSERVAÇÃO: Excelente.
16. ANÁLISE DO ESTADO DE CONSERVAÇÃO:
A edificação apresenta seus principais aspectos físicos, estruturais e compositivos com todos seus elementos desempenhando bem suas funções.
17. FATORES DE DEGRADAÇÃO:
O principal fator de degradação da edificação é a situação de abandono vivida pelo distrito.
18. MEDIDAS DE CONSERVAÇÃO:
Deve-se realizar manutenção periódica dos aspectos físicos estruturais e compositivos da edificação.
19. INTERVENÇÕES: Sem referências.
20. REFERÊNCIAS:
BIBLIOGRÁFICAS E DOCUMENTAIS:
PLANO Diretor Urbano-Ambiental de Mariana. Minuta: “Conhecendo a Cidade”. Mariana: Prefeitura Municipal, 2003.
ORAIS:
Andrina Maria Rodrigues. Entrevista, 05/mar/2004.
21. INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES: -
22. FICHA TÉCNICA:
RESPONSÁVEL PELAS INFORMAÇÕES: PREFEITURA MUNICIPAL DE MARIANA/MG.
Levantamento (Fev/2004): Bruno Mol (estagiário) / Patrícia Pereira (arquiteta urbanista) / Lélio Pedrosa (Chefe Dep. Preservação. Patrimônio Cultural).
Elaboração (Mar/2004): Cláudia Renata Vilela (estagiária).
Revisão (Mar/2004): Memória Arquitetura.
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09 LAUDO TÉCNICO DE ESTADO DE CONSERVAÇÃO
RESPONSÁVEL TÉCNICO
Patrícia Pereira crea/mg: 79109/d.
BEM TOMBADO NÚCLEO HISTÓRICO URBANO DE CAMARGOS.
DATA DO LAUDO 30 de julho de 2011.
LOCALIZAÇÃO Distrito de Camargos. Mariana/MG.
TOMBAMENTO Decreto Municipal nº X.XXX de XX de janeiro de 2012.
DOSSIÊ ENVIADO AO IEPHA EM 2012 / Exercício 2013.
FOTÓGRAFOS Maurício Goulart e Márcio Protzner.
HÁ OBRAS DE RESTAURAÇÃO EM ANDAMENTO? ( ) sim ( x ) não
HÁ PROJETO APROVADO POR LEI DE INCENTIVO À CULTURA? ( ) sim ( x ) não
EM CASO POSITIVO: ( ) lei federal ( ) lei estadual ( ) outra
NOMES DOS LOGRADOUROS PÚBLICOS
Rua do Cruzeiro, Rua Barão de Camargos.
ÁREA A área tombada referente ao Núcleo Histórico Urbano do Distrito de Camargos, município de Mariana/MG, contempla 42 imóveis inseridos em uma área aproximada de 55.000 m2 ou 5,5 ha.
Paisagem do distrito de Camargos IMAGEM: Márcio Protzner, jul/2011
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484550
197
N
0 100m5025 P1=P14
P2P3
P4P5
P6
P7
P8
P9
P10
P11
P12P13
Perímetro do Tombamento Municipal. Cadastramento esquemático do perímetro urbano do Distrito de
Camargos. O perímetro de tombamento do Núcleo Histórico Urbano de Camargos abrange a área compreendida pela poligonal fechada P01P14, representada no mapa da página anterior, em escala gráfica, e contempla 42 imóveis inseridos
em uma área aproximada de 55.000 m2. BASES CARTOGRÁFICAS: 1) CEMIG, 2001. 2) Plano Diretor Urbano-Ambiental de Mariana. Prefeitura Municipal, 2003. Elaboração (jul/2011): Lara Secchin (estagiária de arquitetura e urbanismo).
LEGENDA:
PERÍMETRO DE TOMBAMENTO
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01 VIA
ESTADO DE CONSERVAÇÃO
bom regular ruim (necessitando intervenção)
85% 10% 5%
1.1 PAVIMENTAÇÃO DA VIA
PÉ-DE-MOLEQUE X
PAVIMENTAÇÃO ORIGINAL ( x ) sim ( ) não
DATA DA MODIFICAÇÃO DA PAVIMENTAÇÃO: sem referências
PARALELEPÍPEDO BLOCO INTERTRAVADO
ASFALTO TERRENO COMPACTADO X
COBERTURA VEGETAL X DESCRIÇÃO Dentre os dois eixos de tráfego existentes no Núcleo Histórico de Camargos, a rua do Cruzeiro apresenta, em dois curtos trechos – o próximo à Igreja Matriz e o declive após a casa nº 533 –, revestimento em pedra pé de moleque. No restante de sua extensão, não possui revestimento, sendo seu leito o terreno compactado. A rua Barão de Camargos apresenta tanto cobertura vegetal (grama) quanto terreno compactado. As demais vias, todas sem denominação e em posição transversal a essas duas, também não possuem pavimentação. DANOS VERIFICADOS Nos trechos da rua do Cruzeiro com revestimento em pedra pé de moleque, há deslocamento de peças, peças faltantes, desnivelamento. Os trechos sem pavimentação dessa via apresentam alguns sulcos devidos ao escoamento superficial de água pluvial, mas o dano não compromete o trânsito de veículos. Em muitos trechos, há grama nas bordas da via, demarcando a área destinada aos veículos. As áreas gramadas têm largura variável, enquanto o leito da via varia pouco. Na rua Barão de Camargos, que não possui nenhum tipo de pavimentação, há vegetação rasteira (grama) no leito da via, mas com altura controlada. Com o pisoteio e o tráfego de veículos, em certos trechos forma-se uma trilha sem grama, ao longo do eixo da via. Mesmo nesse caso, as bordas da via estão sempre gramadas, e a grama confere estabilidade ao solo, que não possui fendas e é bastante homogêneo. A via transversal que dá acesso ao topo da colina (caixa d’água, cruzeiro simples e antena), está em mau estado de conservação e é muito estreita. As demais vias transversais também não possuem pavimentação e apresentam pequenos defeitos, também decorrentes do escoamento superficial de água pluvial. Embora seu estado de conservação seja médio, é possível trafegar sem dificuldade.
DESCRIÇÃO Não há placas de logradouro ou de trânsito no núcleo do distrito, tampouco placas indicativas. O único tipo de sinalização encontrado diz respeito ao programa Estrada Real: um painel grande, ilustrado com o mapa da área abrangida pelo programa, e, do lado oposto da via (rua do Cruzeiro, em frente à igreja), um totem padronizado, como os que se vê ao longo da estrada que conduz ao distrito. Embora o núcleo seja pequeno, fazem falta as placas de logradouro, pois, como descrito anteriormente, há duas vias cujos nomes são conhecidos e pelo menos outras quatro sem denominação.
1.2 SINALIZAÇÃO
PLACAS INDICATIVAS
PADRONIZAÇÃO ( x ) sim ( ) não
PLACAS TURÍSTICAS (interpretativas)
X
PLACAS DE LOGRADOURO PLACAS DE TRÂNSITO
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DANOS VERIFICADOS Não há danos significativos no painel que contém mapa. No totem da Estrada Real, por sua vez, observa-se sujidade e partes quebradas nas quinas.
1.3 DRENAGEM PLUVIAL
ESTADO DE CONSERVAÇÃO
bom regular ruim (necessitando intervenção)
Não se aplica Não se aplica Não se aplica
SUPERFICIAL (sarjeta) SUBTERRÂNEA (boca de lobo)
DESCRIÇÃO Não há sistema de drenagem pluvial. Por não haver pavimentação, o escoamento é superficial e a maior parte da água infiltra no solo. O escoamento superficial é responsável, em alguns trechos da rua do Cruzeiro, pela formação de sulcos rasos, tornando o leito carroçável levemente irregular. DANOS VERIFICADOS O escoamento superficial é responsável, em alguns trechos da rua do Cruzeiro, pela formação de sulcos rasos.
1.4 CONDIÇÃO DE CIRCULAÇÃO DA VIA
ESTADO DE CONSERVAÇÃO
bom regular ruim (necessitando intervenção)
85% 10% 5%
1.4.1 tipo de veículo
ÔNIBUS MOTOCICLETA X MICRO-ÔNIBUS BICICLETA X
CAMINHÃO CARROÇA CARRO DE PASSEIO X KOMBI / VAN
1.4.2 trânsito (intensidade de fluxo)
INTENSO IMPACTOS NEGATIVOS DO TRÂNSITO SOBRE O BEM TOMBADO: ( ) sim ( x ) não
Quais:
MODERADO
PEQUENO X DESCRIÇÃO O trânsito é leve, recebendo apenas trânsito local caracterizado por carros de passeio, motos, carroças, bicicletas e animais. Não há sequer uma linha regular de ônibus servindo o distrito. Não foram vistos caminhões, ônibus, micro-ônibus e vans circulando nas ruas. A rua do Cruzeiro configura um eixo de ligação com outras localidades e é a única que atravessa longitudinalmente todo o núcleo. Recebe, portanto, todos os veículos que passam pelo núcleo, e um volume de tráfego bem maior que a rua Barão de Camargos, mas mesmo assim muito reduzido. DANOS VERIFICADOS Não foi identificado impacto significativo atribuído à circulação de veículos. Não foram vistos veículos de médio e grande porte nas vias do distrito. Como as vias são estreitas, não oferecem largura suficiente para estacionamento de veículos, o que é frequentemente problemático, pois os motoristas às vezes param seus veículos no leito da via. Quando há veículos estacionados, mesmo junto ao alinhamento das edificações, a passagem de dois veículos fica prejudicada, invariavelmente.
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1.5 ARBORIZAÇÃO DAS VIAS
INTENSA OBSTRUÇÃO DA VISIBILIDADE DOS IMÓVEIS:
( ) sim ( x ) não REGULAR X
NENHUMA DESCRIÇÃO É escassa a arborização na rua do Cruzeiro, porém mais presente na rua Barão de Camargos. Em ambas, há árvores nos quintais das residências, que às vezes beneficiam as ruas com sua sombra. DANOS VERIFICADOS A escassez de vegetação nas vias para gerar sombreamento contribui para o aquecimento, nos dias quentes.
Acesso sul do núcleo: ruas do Cruzeiro (esq.) e Barão de Camargos (dir.) sem
pavimentação
Rua do Cruzeiro: trecho com pavimentação em pé-de-moleque, em
mau estado de conservação
Trecho da Rua Barão de Camargos após a igreja (cobertura em grama),
vendo-se, ao fundo, a rua do Cruzeiro
Rua do Cruzeiro: trecho em declive, com pavimentação em pé-de-moleque
Rua do Cruzeiro: transição entre a pavimentação em pé-de-moleque e o
trecho sem pavimentação
Rua Barão de Camargos: grama desgastada pelo pisoteio
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Rua Barão de Camargos: trecho com cobertura vegetal (grama)
Sinalização turística (interpretativa): totem informativo do programa
Estrada Real
Totem informativo do programa Estrada Real: partes quebradas
Via de acesso ao ponto culminante do núcleo (caixa d’água e antena), com
cruzeiro ao fundo: trecho com cobertura vegetal (grama)
Sinalização turística (interpretativa): painel do programa Estrada Real, no
acesso norte do núcleo
Sinalização turística (interpretativa): painel do programa Estrada Real, na rua do Cruzeiro, em frente à igreja
Rua do Cruzeiro: trecho arborizado, porém estreito, com condições
inadequadas de estacionamento
Rua do Cruzeiro, sem pavimentação, apresentando sulcos e irregularidades, em função do escoamento superficial
de água pluvial, além de escassa arborização
Via de acesso ao ponto culminante do núcleo (caixa d’água, cruz simples e antena), vista da esquina com a rua
Barão de Camargos: via sem pavimentação e em más condições de
circulação
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Rua do Cruzeiro: trecho próximo à igreja, não arborizado
Rua Barão de Camargos: trecho próximo à igreja, não arborizado
Rua do Cruzeiro: trecho arborizado
02 PASSEIO
ESTADO DE CONSERVAÇÃO
bom regular ruim (necessitando intervenção)
Não se aplica Não se aplica Não se aplica
2.1 PAVIMENTAÇÃO
CIMENTADO PEDRA X CALÇADA PORTUGUESA TERRA COMPACTADA X LADRILHO HIDRÁULICO OUTROS X
CERÂMICA DESCRIÇÃO Graças à ausência de pavimentação e de meios-fios, os passeios são muito raros no núcleo urbano. Em certos trechos, observam-se faixas gramadas junto ao alinhamento dos lotes, formando pequenos jardins, principalmente quando há muros de construção recente. Em raras situações, edificações mais antigas oferecem calçadas (como as mostradas em fotos ao fim deste item), mas sua extensão, no conjunto, é desprezível, além de serem isoladas umas das outras, estreitas, curtas, mais úteis para sentar-se à porta do que para caminhar. DANOS VERIFICADOS Não se aplica.
2.2 CIRCULAÇÃO DE PEDESTRES
ESTADO DE CONSERVAÇÃO
bom regular ruim (necessitando intervenção)
Não se aplica Não se aplica Não se aplica
2.2.1 condições de circulação
ACESSIBILIDADE POR RAMPAS SINALIZAÇÃO (para pedestres) OBSTÁCULOS (à passagem de
pedestres) FAIXAS DE TRAVESSIA
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DESCRIÇÃO Sendo raros os passeios, a circulação de pedestres é feita pelo leito das vias públicas, juntamente com automóveis e todo tipo de veículos. Não há elementos que ofereçam segurança, conforto ou mesmo orientação ao pedestre (tais como rampas, sinalização ou áreas específicas para travessia). DANOS VERIFICADOS Não se aplica – como a área destinada a pedestres é a via pública, não cabe avaliar novamente o mesmo espaço.
2.3 MOBILIÁRIO URBANO
ILUMINAÇÃO PÚBLICA X TELEFONE PÚBLICO X BANCO X PARADA DE ÔNIBUS COM ABRIGO X
LIXEIRA X MONUMENTO X CAIXA DE CORREIO X CHAFARIZ X
DESCRIÇÃO Camargos conta com iluminação pública com fiação aérea em um dos lados da via. Foi encontrado apenas um telefone público, em pequena edificação, na rua Barão de Camargos. Há uma pia de abastecimento público, disponível ao uso da população. Há um painel e um totem (elemento vertical em forma de obelisco) do programa Estrada Real, com o papel de sinalização turística interpretativa. DANOS VERIFICADOS Os postes com fiação aérea não comprometem visualmente o conjunto edificado. Não há danos significativos no painel do programa Estrada Real. No totem, observa-se sujidade e partes quebradas nas quinas.
2.4 USOS DO PASSEIO
VENDEDORES AMBULANTES EXPOSIÇÃO DE MERCADORIAS NA CALÇADA MESAS E CADEIRAS
(bares, lanchonetes e similares) X OUTROS
VEÍCULOS NA CALÇADA X DESCRIÇÃO Não havendo meios-fios ou calçadas, o espaço da via confunde-se com o destinado a pedestres. DANOS VERIFICADOS Há comprometimento da circulação de pedestres, em função da ausência de calçadas. Nas bordas das vias, onde os pedestres deveriam caminhar, observam-se veículos estacionados, acúmulo de materiais de construção e/ou entulho.
Calçada estreita, pavimentada com pedras, na Rua do Cruzeiro: caso raro
Rua do Cruzeiro: ausência de calçadas Rua do Cruzeiro: ausência de calçadas
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Rua do Cruzeiro: calçada estreita, isolada das demais, sem condição de
uso; rampa sem função (após reforma na edificação), criando obstáculo para
os pedestres
Rua do Cruzeiro: faixa gramada e jardim, com barreiras, em lugar de
calçada
Rua do Cruzeiro: ausência de calçadas, a não ser à porta de um bar
(extremidade esquerda da edificação), ocupada com bancos
Rua do Cruzeiro: casa construída sobre o alicerce de uma construção desaparecida
Rua do Cruzeiro: restos do alicerce de uma construção desaparecida
Caminho que leva ao adro da Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição: área exclusiva de
pedestres, com calçamento em pé-de-moleque, em mau estado de
conservação
Caminho que leva ao adro da Igreja Matriz: calçamento em pé-de-moleque,
em mau estado de conservação
Cruzeiro em pedra-sabão, da Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição
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Rua do Cruzeiro: poste com fiação aérea, com ramais em excesso
Rua Barão de Camargos: poste com fiação aérea e jardim junto ao muro,
com plantas que obstruem a passagem de pedestres
Rede elétrica aérea na rua Barão de Camargos
03 IMAGEM URBANA
ESTADO DE CONSERVAÇÃO
bom regular ruim (necessitando intervenção)
85% 5% 10%
3.1 POLUIÇÃO AMBIENTAL
3.1.1 poluição visual
OUTDOOR PICHAÇÃO PAINEL ELETRÔNICO POSTES E FIAÇÃO APARENTE X
PLACAS DE PROPAGANDA OUTROS FAIXAS OU CARTAZES
DESCRIÇÃO Há poucos casos de poluição visual no núcleo histórico. A fiação aérea, presente em um dos lados de cada rua, somente se mostra desorganizada em alguns pontos, onde há vários acessos aos medidores de edificações a partir de um mesmo poste. A escassez de edifícios comerciais contribui para um ambiente com baixa poluição visual. DANOS VERIFICADOS A fiação aérea, presente em um dos lados de cada rua, somente se mostra desorganizada em alguns pontos, onde há vários acessos aos medidores de edificações a partir de um mesmo poste.
3.1.2 poluição atmosférica
EMISSÃO DE GASES (veículos e/ou indústrias) OUTROS
EMISSÃO DE PARTÍCULAS
DESCRIÇÃO O pequeno movimento de veículos nas ruas contribui para um ambiente com baixa poluição atmosférica. A abundância de conexões entre a estrada vicinal do distrito e a rodovia MG-129, asfaltada, contribui para o ambiente do núcleo porque gera alternativas de trajetos, sobretudo para caminhões oriundos dos vários pontos de mineração na região. Somente veículos de passeio e utilitários leves foram vistos no núcleo urbano do distrito. DANOS VERIFICADOS Não foram verificados danos notáveis, em relação às condições atmosféricas ou fontes poluidoras.
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3.1.3 poluição sonora
RUÍDO DE FUNDO OUTROS RUÍDOS INTERMITENTES
DESCRIÇÃO Apenas a circulação de veículos é capaz de gerar a poluição sonora local, mas, com tráfego reduzido, o incômodo sonoro é pequeno ou inexistente. DANOS VERIFICADOS Não foram observados danos consideráveis.
3.1.4 lixo / resíduos sólidos
DOMÉSTICO X ACONDICIONADO INDUSTRIAL EXPOSTO HOSPITALAR OUTROS X
ENTULHO X
DESCRIÇÃO O núcleo é desprovido de lixeiras. Há resíduos domésticos e entulhos em terrenos vagos e em alguns pontos, nas ruas. DANOS VERIFICADOS Há resíduos domésticos, entulho e materiais de construção, depositados em terrenos vagos e em alguns pontos, nas ruas.
3.2 EDIFICAÇÕES
ESTADO DE CONSERVAÇÃO
bom regular ruim (necessitando intervenção)
95% 0% 5% DESCRIÇÃO No núcleo histórico predominam edificações com uso residencial, térreas e afastadas lateralmente umas das outras. Os afastamentos lateral e frontal (em relação à rua) somente deixam de existir na área próxima ao adro da igreja – ou seja, nas casas mais antigas. Algumas casas são construídas acima do nível das ruas, mas a volumetria térrea foi mantida, mesmo nos lotes em que há novas construções. A única exceção é uma edificação de dois pavimentos, na rua Barão de Camargos. O estado de conservação, salvo raras exceções, é bom. Obras foram encontradas apenas em uma das vias transversais, que desce à margem do córrego Camargo. A influência da arquitetura colonial mineira continua visível em características das casas recentes, como os telhados com beiral e as esquadrias de madeira. O uso comercial ocorre apenas em duas edificações, cujas fachadas divergem do padrão observado nas demais, mas sua instalação não resultou de adaptações em construções pré-existentes, e sim de construções novas. DANOS VERIFICADOS No conjunto, a principal medida descaracterizante foi a introdução de muros cegos entre as ruas e as casas, antes francamente abertas à observação dos transeuntes. É o caso de algumas edificações mais recentes, com extensos muros cegos, tanto na rua do Cruzeiro quanto na Barão de Camargos. Edificações mais recentes dividem-se entre a preferência por esquadrias metálicas ou de madeira. Uma casa, situada na rua Barão de Camargos 165, encontra-se em estado de conservação apenas razoável, com descolamento de revestimento e inclinação nas paredes; em outra na mesma rua, em frente ao nº 211, observa-se descolamento do reboco. A Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição, única edificação religiosa do núcleo, apresenta atualmente marcas de umidade nas paredes externas.
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3.2.1 estilo
COLONIAL X ECLÉTICO ART-NOVEAU ART-DECÓ
MODERNO OUTROS PÓS-MODERNO ( ) íntegro ( x ) modificado
DESCRIÇÃO Os exemplares tradicionais do núcleo histórico, que seguem o estilo colonial, com seus beirais e suas esquadrias de madeira, são encontrados nas áreas de ocupação mais antiga, predominantemente nas proximidades da Igreja Matriz. Destacam-se os situados na rua do Cruzeiro, 270, 368 e s/nº (próximo à Igreja Matriz, ao lado do 368), e na rua Barão de Camargos, 165, 320 e s/nº (em frente ao 211) – todos identificados nas imagens deste item. De maneira geral, as construções coloniais possuem estrutura autônoma de madeira, vedação em pau a pique, vãos ritmados e coberturas em telha cerâmica tipo colonial, com beirais. Mais recentes, os exemplares ditos contemporâneos espalham-se pelo núcleo usando de técnica construtiva como o bloco de cimento e tijolo cerâmico furado, e dividindo-se entre as esquadrias metálicas e as de madeira. Apesar de recentes, as novas construções ainda mantêm a simplicidade estética, e o estilo colonial mineiro continua visível em algumas características, como os telhados com beiral e as esquadrias de madeira. DANOS VERIFICADOS No conjunto, a principal medida descaracterizante foi a introdução de muros cegos entre as ruas e as casas, antes francamente abertas à observação dos transeuntes. É o caso de algumas edificações mais recentes, com extensos muros cegos, tanto na rua do Cruzeiro quanto na Barão de Camargos. Edificações mais recentes dividem-se entre a preferência por esquadrias metálicas ou de madeira, estas contribuindo mais para a preservação do estilo do que aquelas. Como quase todas as edificações, mesmo recentes, mantêm a volumetria em um pavimento, os danos verificados ao estilo, no conjunto, não são relevantes. Os danos físicos às edificações foram descritos no item anterior.
3.2.2 volumetria / altura das edificações
CONJUNTO HOMOGÊNEO X ALTURA E VOLUMETRIA VARIADAS DESCRIÇÃO A altimetria do núcleo histórico de Camargos é homogênea, com edificações térreas em franco predomínio. Uma vez que apenas uma edificação tem dois pavimentos, e que as demais construções recentes não alteram essa realidade, não se verifica qualquer tendência à verticalização.
3.2.3 ocupação do lote: posição das edificações (%)
NO ALINHAMENTO 30% COM QUINTAL 100%
COM AFASTAMENTO FRONTAL 70% LOTES VAGOS 40%
COM AFASTAMENTOS LATERAIS 70% DESCRIÇÃO Há uma diferença marcante na forma de ocupação dos terrenos, quando comparamos os que estão próximos do adro da igreja (área de ocupação mais antiga) e os que estão mais distantes: nestes últimos, as edificações são afastadas umas das outras e também das vias; naqueles, chegam até as divisas e as testadas. As que possuem afastamentos são mais numerosas. Os acessos são feitos quase sempre pela fachada frontal. Em alguns casos, além dos afastamentos frontal e laterais, observam-se muros separando as casas das vias públicas, característica que só ocorre nas edificações mais recentes. Alguns lotes ainda permanecem vagos, entre as edificações construídas, e são mais comuns na rua Barão de Camargos.
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DANOS VERIFICADOS Não foram verificados danos quanto à ocupação dos lotes e posição das edificações. Nos lotes vagos, mas também nas ruas, foi observada a propensão a receber entulho, lixo e materiais de construção depositados.
Rua do Cruzeiro, em frente ao Cruzeiro da Igreja Matriz: fiação aérea, com vários acessos aos medidores de
edificações a partir de um mesmo poste
Rua do Cruzeiro: poste com fiação aérea
Rua do Cruzeiro: materiais de construção depositados na via.
Rua do Cruzeiro: materiais de construção depositados na via.
Rua do Cruzeiro: materiais de construção depositados na via.
Rua do Cruzeiro: materiais de construção depositados na via.
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Rua Barão de Camargos, após a igreja: materiais de construção depositados na via.
Rua Barão de Camargos, após a igreja: materiais de construção depositados na via.
Rua Barão de Camargos, após a igreja: materiais de construção depositados na via.
Rua Barão de Camargos, após a igreja: materiais de construção depositados na via.
Lixo à margem da rua Barão de Camargos. Lixo à margem da rua Barão de Camargos.
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Casa em estilo colonial, íntegra e em bom estado de conservação, com ocupação até as divisas e testada,
situada na rua do Cruzeiro s/nº, próximo à Igreja Matriz
Casa em estilo colonial, com esquadrias de madeira e ocupação até as divisas e testada, apresentando alterações
na fachada (introdução de muro e portões metálicos), situada na rua do Cruzeiro, 270
Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição: marcas de umidade nas paredes externas
Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição
Rua do Cruzeiro, 368, em frente ao Cruzeiro: edificação tradicional
Rua do Cruzeiro s/nº: edificação de uso institucional (unidade de saúde),
provavelmente recente
Rua do Cruzeiro, 448: edificação tradicional
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Rua Barão de Camargos, 165: edificação tradicional, em estado de
conservação razoável, com acréscimos mais recentes
Rua Barão de Camargos s/nº, em frente ao 211: edificação tradicional, em estado de conservação razoável
Rua Barão de Camargos, 320: edificação tradicional
Rua do Cruzeiro: edificação com extenso muro cego Rua do Cruzeiro: edificação com extenso muro cego
Edificação recente, com dois pavimentos, afastamentos frontal e laterais, além de muro cego, situada na rua Barão de Camargos s/nº, entre 220 e 320
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Edifício de uso comercial, situado na rua do Cruzeiro, 218: cobertura em meia-água e esquadrias metálicas
diferem do estilo colonial, predominante no distrito
Edifício de uso misto, situado na rua do Cruzeiro, 200: fachada voltada para a
rua do Cruzeiro
Edifício de uso misto, situado na rua do Cruzeiro, 200: fachada lateral direita:
esquadrias metálicas
Rua do Cruzeiro, 100: edificação recente, com beirais e esquadrias de
madeira; observar a forma de ocupação do terreno, com
afastamentos frontal e laterais
Rua do Cruzeiro, 315: edificação recente, com beirais e esquadrias de
madeira
Rua Barão de Camargos s/nº, entre 165 e 211
04 PRAÇAS E PARQUES
ESTADO DE CONSERVAÇÃO
bom regular ruim (necessitando intervenção)
0% 100% 0% DESCRIÇÃO A única área pública de convivência, afora o próprio sistema viário do núcleo, é o adro da igreja e o terreno íngreme que o separa do cruzeiro em pedra-sabão. Igreja e seu cruzeiro situam-se entre a rua Barão de Camargos (patamar da igreja) e a do Cruzeiro (patamar da cruz), em lugar de destaque na paisagem. A relação entre ambos, em alturas diferentes, forma um belo efeito cênico. O espaço livre é dotado de rampa e escadarias revestidas de pedras, esta aparelhada, aquela em pé-de-moleque. As escadas estão tanto no início quanto no fim da rampa. À exceção da área calçada, o restante é revestido de grama. O adro da igreja é fechado por muro de pedra e portões de ferro, ambos baixos. DANOS VERIFICADOS O calçamento da rampa, em pé-de-moleque, está em mau estado de conservação, necessitando intervenção, pois possui buracos, faltam pedras em alguns pontos. Parte de um muro de arrimo lateral, separando a rampa da edificação existente no sopé dessa encosta, desmoronou.
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4.1 TIPO DE USO
LAZER X ESPORTE EVENTOS CÍVICOS OUTROS X
DESCRIÇÃO O espaços é utilizado para o caminhar dos fiéis até a igreja. O terreno, muito inclinado, não tem qualquer tratamento destinado à permanência. DANOS VERIFICADOS O calçamento da rampa, em pé-de-moleque, está em mau estado de conservação, necessitando intervenção, pois possui buracos, faltam pedras em alguns pontos. Parte de um muro de arrimo lateral, separando a rampa da edificação existente no sopé dessa encosta, desmoronou.
4.2 COBERTURA VEGETAL (%)
GRAMÍNEA 90% ARBUSTO -
ÁRVORE 10% TREPADEIRA - DESCRIÇÃO A cobertura vegetal existente é composta por gramíneas, árvores de médio e grande porte, mas a maior parte da vegetação arbórea está nos terrenos vizinhos ou na borda lateral esquerda, próxima à divisa com um desses terrenos. DANOS VERIFICADOS São observadas apenas pequenas falhas em trechos do gramado, possivelmente por serem sombreados durante uma parte do dia.
4.3 PAISAGISMO
JARDIM / VEGETAÇÃO X PÉRGULA CHAFARIZ ILUMINAÇÃO
MONUMENTOS X OUTROS FONTE
DESCRIÇÃO A cobertura vegetal existente é composta por gramíneas, árvores de médio e grande porte, mas a maior parte da vegetação arbórea está nos terrenos vizinhos ou na borda lateral esquerda, próxima à divisa com um desses terrenos. As soluções referentes ao paisagismo tiveram o único intuito de configurar um percurso reto, da rua do Cruzeiro até o adro da igreja. Os muros de pedra que formam o adro da igreja conferem ainda mais destaque ao templo no alto da colina. Na base da rampa de acesso ao adro, há um muro de arrimo lateral, construído em pedras não aparelhadas. DANOS VERIFICADOS São observadas apenas pequenas falhas em trechos do gramado. O muro de arrimo lateral, em pedras não aparelhadas, encontra-se parcialmente destruído.
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4.4 EQUIPAMENTOS E MOBILIÁRIO URBANO
ESTACIONAMENTO GUARITA SINALIZAÇÃO (placas e letreiros) X INSTALAÇÃO DE APOIO
INSTALAÇÕES SANITÁRIAS PÚBLICAS RECREAÇÃO
CORETO BANCO LIXEIRA PARADA DE ÔNIBUS COM ABRIGO
CORREIO OUTROS X TELEFONE PÚBLICO
DESCRIÇÃO O cruzeiro em pedra-sabão, com base trabalhada, é elemento de destaque na composição do espaço livre à frente do adro da igreja. O mobiliário identificado acima refere-se à sinalização turística interpretativa do programa Estrada Real (painel e totem vertical) e a uma pia com torneira ao lado destes. Ambos ficam na rua do Cruzeiro, em frente à igreja. DANOS VERIFICADOS A base do cruzeiro em pedra-sabão apresenta rachaduras e liquens aderidos. O totem da Estrada Real possui sujidade aderida e quebras em algumas quinas. A pia apresenta sujidade e manchas de tinta sobre a torneira e a placa metálica nela fixada. Os portões laterais do adro da igreja apresentam ferrugem e não se fecham adequadamente (encaixes defeituosos).
Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição, com cruzeiro à frente, vista a partir da rua do Cruzeiro
Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição, vista a partir da rua do
Cruzeiro
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Rampa de acesso à igreja: calçamento tipo pé-de-moleque, em mau estado de conservação (com pedras faltando ou mal assentadas)
Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição: muro e escadaria de pedra
Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição: portão do adro com encaixes defeituosos e ferrugem
Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição: muro de pedra que delimita o adro
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Sinalização turística (interpretativa) do programa Estrada Real, na rua do
Cruzeiro, em frente à igreja
Totem da Estrada Real, na rua do Cruzeiro, em frente à igreja: quebras e
sujidade
Detalhe do totem da Estrada Real (ao lado): quebras e sujidade
Base do cruzeiro em pedra-sabão, apresentando rachaduras e liquens
aderidos (no centro)
Muro de arrimo parcialmente destruído, na base da rampa de acesso
à igreja (à direita)
Pia de abastecimento público, na rua do Cruzeiro, em frente à igreja, apresentando sujidade e manchas de tinta sobre a torneira e a placa (à esquerda)
05 CURSOS D’ÁGUA
ESTADO DE CONSERVAÇÃO
bom regular ruim (necessitando intervenção)
80% 20% 0%
NATURAL X VEGETAÇÃO CILIAR (margens) X CANAL ABERTO LIMPEZA DAS MARGENS
CANAL FECHADO LANÇAMENTO DE ESGOTOS DESCRIÇÃO O córrego Camargo define seu traçado urbano longitudinal, formado por duas vias em meia-encosta, cada qual a uma distância diferente desse curso d’água. Corre em leito aberto, com vegetação ciliar em alguns trechos das margens, encachoeirado em alguns pontos, e é estreito enquanto corta o núcleo. DANOS VERIFICADOS
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Foram detectados assoreamento e presença de lixo, em alguns pontos.
Córrego, em ponto próximo ao acesso norte do núcleo Vista da Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição, a partir do córrego, em ponto próximo ao acesso norte do
núcleo: assoreamento e presença de lixo
Córrego, trecho próximo ao acesso sul do núcleo: represamento e assoreamento
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EXISTÊNCIA DE INTERVENÇÕES ( x ) sim ( ) não DESCRIÇÃO DAS INTERVENÇÕES O Núcleo Histórico de Camargos possui poucas construções em seu entorno, haja vista que seu tecido urbano pouco se expandiu desde a fase de opulência do distrito. O entorno inclui áreas de vegetação nativa, encostas de morros, caminhos que levam a fazendas e chácaras próximas. As poucas construções existentes utilizam técnicas construtivas recentes, tais como as alvenarias de bloco de cimento e tijolo furado, mas conservam a altimetria predominante no núcleo (ou seja, há apenas construções térreas). Dada a maior área dos lotes e a ausência de tratamento paisagístico nesses quintais, não faz sentido mencionar afastamentos e alinhamentos, que não são disciplinados. O fechamento dos lotes nessa área é feito com cercas de arame, invariavelmente. Não se verifica tendência ao adensamento, devido à característica das obras encontradas: as casas em reforma, que são poucas, também possuem um pavimento e porte semelhante ao das casas do núcleo. As vias do entorno, a exemplo das do núcleo, não possuem pavimentação.
Casa em reforma, com ampliação, no
entorno do núcleo histórico Edificação nova, no entorno do núcleo
histórico: beirais e esquadrias em madeira seguem as características da
arquitetura colonial
Edificação em reforma, no entorno do núcleo histórico: esquadrias metálicas e telhas onduladas não acompanham a arquitetura típica das casas do distrito
07 CONCLUSÃO
BEM CULTURAL ESTADO DE CONSERVAÇÃO
bom regular ruim (necessitando intervenção)
NÚCLEO HISTÓRICO URBANO DE CAMARGOS 80% 15% 5%
O estado de conservação do Núcleo Histórico de Camargos é bom, pois a maior parte de suas edificações e estruturas construídas se encontra em estado satisfatório. A despeito disso, foram encontrados os seguintes problemas: lixo e materiais de construção depositados em locais impróprios; má conservação de pavimentos (sobretudo calçamentos tipo pé-de-moleque), onde existem; um pequeno muro de arrimo necessitando intervenção, na praça (área livre) entre a Igreja Matriz e a rua do Cruzeiro. As vias, onde há terra compactada, possuem leves desnivelamentos causados pelas intempéries, mas onde se mantém a cobertura gramada não se verifica esse tipo de problema. A drenagem insuficiente contribui para o acúmulo de terra e água nos desníveis das vias. Há fiação aparente, mas somente em alguns pontos há poluição visual, pois a distribuição dos fios é razoavelmente organizada. Devido à escassez de estabelecimentos comerciais, não se verifica poluição visual decorrente de placas comerciais. O trânsito, leve, não causa danos significativos. O núcleo não conta com sinalização de trânsito, o mobiliário urbano é muito escasso, e não há qualquer tratamento destinado à circulação de pedestres. Há poucas pessoas nas ruas, e, salvo um banco de pedra improvisado em frente a uma casa, os espaços públicos não oferecem condições de permanência aos habitantes.
06 ANÁLISE DO ENTORNO ESTADO DE CONSERVAÇÃO
bom regular ruim (necessitando intervenção)
BENS IMÓVEIS E ESTRUTURAS DO ENTORNO 90% 10% 0%
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10 DIRETRIZES PARA A ÁREA TOMBADA E PLANO DE GESTÃO
Deverão ser consideradas as disposições do Plano Diretor Urbano-Ambiental de Mariana/MG, definidor de
normas específicas para a valorização do Patrimônio Cultural, que se aplica à área tombada do Distrito de
Camargos.
O Art. 53 fala dos objetivos do Programa de Valorização do Patrimônio Cultural:
I – preservar o patrimônio cultural marianense;
II – criar cadastro municipal integrado ao Sistema de Gestão de Informação Urbana dos bens referenciais da identidade do povo marianense;
III – promover exploração econômica sustentável do patrimônio cultural;
IV – promover a integração das ações públicas e privadas destinadas à proteção do patrimônio cultural existente.
Parágrafo único. As ações e estudos do Programa de Valorização do Patrimônio Cultural deverão articular-se com as ações e estudos promovidos pelos Programas Urbis e Momunenta.
Já o Art. 54 define as metas do Programa:
I – inventário de bens materiais e imateriais, móveis e imóveis, singulares ou coletivos, situados em Zona de Interesse de Adequação Ambiental, referências de valor cultural e simbólico, composto de pesquisa histórica, levantamentos gráficos, fotográficos e documentais, diagnósticos sobre estado de conservação e condições de uso;
II – classificação dos bens inventariados;
III – elaboração de projetos de intervenção física que assegurem a integridade dos bens inventariados e das referências culturais que corram riscos de destruição;
IV – elaboração de projetos de prevenção e incêndio e segurança;
V – elaboração de leis específicas de proteção e planos de preservação que compatibilizem uso e manutenção do acervo do patrimônio cultural municipal;
VI – esclarecimento da comunidade local, dos proprietários e possuidores de bens de valor cultural sobre sua importância para a formação da identidade do povo marianense e potencialidades econômicas;
VII – integração entre a educação pública municipal e as iniciativas de proteção ao patrimônio cultural.
No zoneamento do município, o distrito se enquadra entre as doze Zonas de Interesse de Adequação
Ambiental.
O Art. 119 do Plano Diretor define a Área de Proteção Cultural Intensiva como a porção do território da
Zona de Proteção Cultural caracterizada pela ocupação urbana antiga consolidada no Século XVIII que
apresenta tipologia arquitetônica original ou semelhante à colonial mineira, pela boa qualidade
construtiva das edificações, e na qual se localizam os monumentos tombados pela União e concentra-se
parte considerável dos empreendimentos comerciais de pequeno e médio porte e de prestação de
serviços da cidade.
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O Art. 142 estabelece diretrizes gerais de utilização do solo na Área de Proteção Cultural Intensiva da Zona de Proteção Cultural:
I – preservar as características urbanas e arquitetônicas do Século XVIII, visando especialmente manutenção do traçado urbano original, da forma de parcelamento do solo, da tipologia de implantação das edificações nos lotes, da escala volumétrica, da forma das coberturas, bem como a tipologia arquitetônica, incluindo materiais e texturas;
II – incentivar a manutenção da multiplicidade de usos compatíveis com a preservação do patrimônio e a potencialização da atividade turística;
III – harmonizar a inserção de futuras intervenções arquitetônicas em imóveis do conjunto urbano protegido, de forma a evitar a sua prevalência sobre o patrimônio cultural existente.
As novas ocupações devem seguir os parâmetros urbanísticos descritos a seguir:
LOCALIZAÇÃO TAMANHO DOS
LOTES (M2) TAXA OCUPAÇÃO
(MÁX.)
TAXA
PERMEABILIDADE
(MIN) VALORES INTERMEDIÁRIOS
Zona de Proteção Cultural
<= 250 60% 20%
250 < x <= 600 50% 25% Lotes entre 250 m2 e 300 m2 área de ocupação máxima: 150 m2
> 600 40% 30% Lotes entre 600 m2 e 750 m2 área de ocupação máxima: 300 m2
De acordo com o Art. 200, a ocupação do solo da Zona de Proteção Cultural, principalmente de sua Área de Proteção Cultural Intensiva, na qual se enquadra o núcleo em estudo, deverá atender, além dos parâmetros urbanísticos descritos anteriormente, os seguintes parâmetros estilísticos:
I – forma e materiais das coberturas;
II – proporção e forma dos vãos externos das edificações;
III – tipo de material utilizado no volume externo das edificações;
IV – tipo de calçamento das vias públicas.
Parágrafo único. Os parâmetros estilísticos estabelecidos no caput deste artigo têm por objetivo harmonizar novas intervenções arquitetônicas no conjunto urbano-arquitetônico com a tipologia do Século XVIII.
Art. 203.
§1o Os parâmetros urbanísticos na Área de Proteção Cultural Intensiva serão definidos por meio de estudo técnico específico e particularizado de cada ambiência em que se inserem os imóveis, exceto a taxa de ocupação e a taxa de permeabilidade, previstas na Tabela de Parâmetros Urbanísticos de Ocupação.
Art. 208. A taxa de permeabilidade é a relação entre a área descoberta e permeável e a área total do terreno que contribui para o equilíbrio climático e diminui o volume de águas lançado no sistema público de drenagem pluvial.
§ 1o Na Zona de Proteção Cultural será obrigatório o plantio de vegetação de porte na área permeável, a fim de preservar a tipologia dos quintais de lotes do Século XVIII e reabilitar a paisagem de entorno do Núcleo Histórico Urbano.
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Art. 213. São especificações dos parâmetros estilísticos da Área de Proteção Cultural Intensiva:
I – continuidade do ritmo de cheios e vazios, através da proporção das aberturas nas fachadas, vãos de portas e janelas;
II – utilização de materiais externos semelhantes aos utilizados na arquitetura do Século XVIII;
III – cobertura em telhas cerâmicas tipo colonial.
Parágrafo único. Para a avaliação dos acréscimos às edificações existentes na Área de Proteção Cultural Intensiva serão considerados os seguintes critérios:
I – manutenção do afastamento de fundos;
II – altura de cumeeira mais baixa que a edificação existente.
Visando orientar o desenvolvimento do distrito a partir do presente momento, para que este ocorra de
forma ordenada e coerente com seu valor histórico e artístico, sem agredir a estrutura urbana original,
acrescentam-se às diretrizes já especificadas as seguintes:
- implementação de programa de educação patrimonial para a população local;
- orientação da população quanto a técnicas de conservação e restauro das edificações;
- Não serão permitidos os serviços destinados ao abastecimento, lubrificação, lavagem e conserto de
veículos, nem que produzam ruídos, gases, poeira ou outras exalações nocivas ou incômodas à saúde e
bem-estar da população.
- Fica proibido o tráfego de veículos pesados nas vias e logradouros públicos situados na área tombada,
com exceção daqueles destinados à prestação de serviços às edificações situadas na área a ao transporte
de passageiros.
- No caso de substituição de uso, os novos deverão se enquadrar nessas diretrizes.
- Para reconstrução, restauração e reforma das edificações existentes, deverão ser observados o índice
de ocupação, a altura e o afastamento já existente ou primitivo da edificação, a juízo do Conselho
Municipal do Patrimônio Cultural de Mariana/MG.
- É proibida a demolição das edificações classificadas nesse documento com os graus de proteção 1, 2 ou
3.
- As obras de restauração, reforma e reorganização interna das edificações situadas na área do Núcleo
Histórico Urbano classificadas com os graus de proteção 1, 2, 3 ou 4 deverão adotar características de
volumetria e cobertura, proporções e afastamentos em concordância com o estilo e características
arquitetônicas do imóvel, embora não necessariamente idênticos aos originais, passando por aprovação
do Conselho Municipal do Patrimônio Cultural de Mariana/MG.
- A supressão e abertura de vãos nas paredes externas das edificações só serão permitidas caso
aprovadas pelo Conselho Municipal do Patrimônio Cultural de Mariana/MG.
- O Conselho Municipal do Patrimônio Cultural de Mariana/MG providenciará para a substituição paulatina
e organizada dos elementos inadequados, adornos, e pinturas impróprias que comprometam o
tratamento arquitetônico das edificações.
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- A reforma das edificações com grau de proteção 5 deve obedecer às disposições Plano Diretor Urbano-
Ambiental de Mariana/MG.
- As novas edificações situadas dentro do perímetro de tombamento deverão adotar características de
volumetria e cobertura, proporções e afastamentos em concordância com o estilo e características
arquitetônicas dos imóveis originais do Núcleo, embora não necessariamente idênticos, passando por
aprovação do Conselho Municipal do Patrimônio Cultural de Mariana/MG.
- Dentro da área tombada, será permitida apenas a execução de desmembramento e remembramento de
terrenos, sendo proibidos os loteamentos e a abertura de novas vias ou logradouros. Mesmo os
parcelamentos permitidos dependem de licença prévia e fiscalização da Prefeitura Municipal de
Mariana/MG. O desmembramento só será permitido se os lotes resultantes tiverem testada mínima de
10m voltada para os logradouros públicos já existentes, e deverá ser feito um estudo de impacto de
vizinhança prévio.
Por fim, como modo de criar parâmetros para a regulamentação do espaço urbano e a gestão dos bens
inseridos no Núcleo Histórico Urbano de Camargos, cada uma das estruturas arquitetônicas foi
particularizada a partir de cinco diferentes níveis de proteção estipulados 71:
10.1 Grau de Proteção 1 (2 imóveis)
Imóveis de extrema relevância histórica e/ou arquitetônica, considerados referências no Núcleo Histórico
Urbano. Edifícios essenciais para o cenário do distrito, apontados pela comunidade como monumentos de
valor inconteste, sobretudo em função dos imaginários que se consolidaram acerca da antiguidade e
importância dos mesmos. Para tais imóveis ficam estabelecidas as seguintes diretrizes especiais:
• Fica restrita a modificação na distribuição de cômodos internos sem a prévia análise e autorização do
Conselho Municipal do Patrimônio Cultural de Mariana/MG;
• Deve ser mantida a fachada principal e preservados os elementos artísticos, sem alteração das formas
ou retirada de ornamentos;
• Devem ser mantidos os materiais de revestimento internos e externos à edificação;
• Devem ser limpas e mantidas periodicamente as janelas e as portas e ainda reparados os elementos
danificados, substituindo, se necessário, por outros novos, seguindo as características originais das
esquadrias.
71 Os Graus de Proteção 1, 2 e 3 foram definidos pela Lei Municipal nº 1.728 de 18 de março de 2003. Para o tombamento municipal do Núcleo Histórico Urbano de Santa Rita Durão (2009), foram detalhados o primeiro e o terceiro níveis e ainda acrescentados os Graus de Proteção 4 e 5.
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10.2 Grau de Proteção 2 (0 imóveis)
Aplicável aos bens imóveis de valor histórico, arquitetônico e ambiental cuja importância não abranja a
totalidade do bem, determinando que:
• A preservação se refira a apenas partes delimitadas do imóvel;
• A utilização do imóvel não degrade a parte protegida;
• Sejam utilizados métodos adequados de conservação e restauração.
10.3 Grau de Proteção 3 (12 imóveis)
Imóveis considerados como bens de interesse de preservação, por seu valor em conjunto ou como
fragmentos da diversidade arquitetônica e histórica de Camargos. É necessária a preservação da fachada
e da volumetria. Para tais imóveis são permitidas as seguintes intervenções:
• Modificação na distribuição de cômodos internos, desde que o aspecto externo do edifício não seja
prejudicado;
• Troca de materiais de revestimento internos à edificação;
• Substituição das esquadrias por outras de materiais diversificados seguindo as características originais
dos vãos (dimensões e enquadramentos), desde que aprovada pelo Conselho Municipal do Patrimônio
Cultural de Mariana/MG.
10.4 Grau de Proteção 4 (7 imóveis)
Imóveis considerados como bens de interesse de preservação, cuja demolição pode ser concedida a partir
da análise e estudo específico do Conselho Municipal do Patrimônio Cultural de Mariana/MG e desde que o
novo projeto de ocupação do lote obedeça às diretrizes estabelecidas no presente dossiê de tombamento,
bem como às legislações urbanas vigentes.
10.5 Grau de Proteção 5 (21 imóveis)
Imóveis considerados como bens sem interesse de preservação (incluem-se os terrenos baldios), mas
que se encontram no perímetro de tombamento por resguardarem a ambiência do Núcleo Histórico
Urbano; a demolição é permitida desde que o novo projeto de ocupação do lote obedeça às diretrizes
estabelecidas no presente dossiê de tombamento e às legislações urbanas vigentes.
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10.6 Lista de Endereços e Graus (129 imóveis)
GRAUS DE PROTEÇÃO
Nº ENDEREÇO / USO ATUAL
FOTO
01 Rua do Cruzeiro s/nº (Igreja de N. S. da Conceição)
02 Rua do Cruzeiro s/nº, em frente ao 368 (Cruzeiro)
03 Rua do Cruzeiro s/nº, em frente ao 408 (Unidade Básica de Saúde)
04 Rua do Cruzeiro nº 10
05 Rua do Cruzeiro nº 100
01 02 03 04 05
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06 Rua do Cruzeiro nº 200
07 Rua do Cruzeiro nº 214
08 Rua do Cruzeiro nº 218A, B e C
09 Rua do Cruzeiro s/nº, em frente ao 218A/B/C
10 Rua do Cruzeiro s/nº (muro vermelho)
11 Rua do Cruzeiro nº 197
12 Rua do Cruzeiro nº 207
13 Rua do Cruzeiro nº 215
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14 Rua do Cruzeiro nº 270
15 Rua do Cruzeiro nº 325
16 Rua do Cruzeiro nº 315 (situado entre 325 e 333)
17 Rua do Cruzeiro nº 333
18 Rua do Cruzeiro s/nº, em frente ao 333 (muro amarelo)
19 Rua do Cruzeiro s/nº, ao lado do muro amarelo (casa com janelas azuis e amarelas)
20 Rua do Cruzeiro s/nº, ao lado do 368
21 Rua do Cruzeiro nº 368
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22 Rua do Cruzeiro s/nº, ao lado do 408 (casa azul)
23 Rua do Cruzeiro nº 408
24 Rua do Cruzeiro nº 418
25 Rua do Cruzeiro nº 447
26 Rua do Cruzeiro nº 448
27 Rua do Cruzeiro nº 458
28 Rua do Cruzeiro nº 533
29 Rua do Cruzeiro nº 474, em frente ao 533
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30 Rua Barão de Camargos nº 165, frente
31 Rua Barão de Camargos nº 165, fundo
32 Rua Barão de Camargos s/nº, entre 165 e 211 (lado ímpar)
33 Rua Barão de Camargos s/nº, em frente ao 211 (casa de esquina)
34 Rua Barão de Camargos nº 211
35 Rua Barão de Camargos s/nº, ao lado do 212
36 Rua Barão de Camargos nº 212 (lote vago)
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37 Rua Barão de Camargos nº 220
38 Rua Barão de Camargos s/nº, em frente ao 220 (casa com muro de pedra e crucifixo na porta)
39 Rua Barão de Camargos nº 221
40 Rua Barão de Camargos s/nº, ao lado do 221
41 Rua Barão de Camargos s/nº, entre 220 e 320
42 Rua Barão de Camargos nº 320
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Graus de Proteção das Estruturas Arquitetônicas. Cadastramento esquemático do perímetro urbano do Distrito de Camargos. BASES CARTOGRÁFICAS: 1) CEMIG, 2001. 2) Plano Diretor Urbano-Ambiental de Mariana. Prefeitura Municipal, 2003.
Elaboração (jul/2011): Lara Secchin (estagiária de arquitetura e urbanismo).
LEGENDA:
Grau de Proteção 01
Grau de Proteção 02
Grau de Proteção 03
Grau de Proteção 04
Grau de Proteção 05
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11 DIRETRIZES PARA O ENTORNO DA ÁREA TOMBADA
O Entorno do Núcleo Histórico Urbano também deverá seguir as disposições do Plano Diretor Urbano-
Ambiental de Mariana/MG. O Plano Diretor inclui a área de entorno do núcleo tombado na Zona de
Interesse de Reabilitação Ambiental72, da qual trata no Livro II, Título I:
Art. 137. São diretrizes gerais de utilização da Zona de Interesse de Reabilitação Ambiental, as seguintes:
I – reabilitação das áreas degradadas, principalmente aquelas que possuem atividade mineradora intensa;
II – diversificação de usos nas áreas de monocultura de eucalipto;
III – desenvolvimento de atividades agro-pecuárias com controle ambiental;
IV – desenvolvimento de atividades de silvicultura com controle ambiental;
V – replantio de espécies vegetais nativas nos topos e nas margens dos cursos d’água a fim de reconstituir as zonas de recarga e vegetações ciliares.
§ 1o A reabilitação das áreas degradadas pela atividade mineradora a que se refere o inciso I do caput deste artigo deverá obedecer a critérios específicos estabelecidos pelo Conselho de Planejamento Urbano Sustentável, após análise prévia do projeto pelo Conselho Municipal de Desenvolvimento Ambiental – CODEMA.
§ 2o A Zona de Interesse de Reabilitação Ambiental deverá ser objeto de estudos em que seja avaliada a extensão de seu potencial agrícola e identificadas novas alternativas de uso compatível com o contexto ambiental existente, em especial a apicultura.
Art. 154. São diretrizes de utilização do solo da Zona de Reabilitação Ambiental:
I – impedir qualquer tipo de ocupação humana;
II – assegurar recuperação do ambiente natural.
Parágrafo único. A Zona de Reabilitação Ambiental deverá ser objeto programas de remoção da população residente em razão dos riscos existentes, projetos de intervenção para a recomposição da vegetação e realização de obras estruturais.
Segundo o Art. 159, a utilização do solo nos eixos turísticos 73 deverá atender às seguintes diretrizes gerais:
I – identificação do potencial de uso dos recursos naturais e culturais, com a indicação da capacidade de suporte para a utilização turística;
II – adequação dos equipamentos urbanos e coletivos para fins turísticos ao patrimônio ambiental e cultural existente;
III – indicação da destinação final dos resíduos sólidos e do esgoto doméstico, de caráter não poluente, em áreas onde não houver serviço público ou o empreendimento turístico acarretar sobrecarga excessiva no sistema existente;
IV – elaboração de estudos que considerem os impactos ambientais decorrentes da exploração de recursos naturais e culturais com indicação de sua capacidade de suporte, incluído o número máximo de visitantes por dia;
72 A Zona de Interesse de Reabilitação Ambiental é a porção do território municipal na qual o meio ambiente apresenta-se degradado pela utilização intensiva e impactante dos recursos naturais em decorrência da atividade mineradora e da monocultura de eucalipto. 73 Os eixos turísticos são linhas imaginárias traçadas sobre porções do território municipal e sua área de influência, as quais apresentam características intrínsecas de natureza cultural ou ambiental e indicam potencial de atratividade para o desenvolvimento da atividade turística.
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V – elaboração de estudos que considerem os impactos sobre as vias públicas, incluindo o número e a espécie de veículos atraídos em sua execução;
VI – possibilidade de uso residencial;
Art. 190. É considerada atividade causadora de incômodo na Zona de Interesse de Adequação Ambiental74 a que:
I – causar sobrecarga na capacidade de suporte da infra-estrutura instalada e ou alteração negativa da paisagem urbana, notadamente na Zona de Proteção Cultural;
II – causar transtornos à vizinhança com a emissão de sons, ruídos, choques e vibrações, provenientes de máquinas, utensílios ruidosos, aparelhos sonoros ou similares, de concentração de pessoas ou de animais, fora do limite de sua propriedade;
III – expor a risco a saúde e integridade física ou comprometer a qualidade do meio ambiente, através de emissão de materiais particulado inerte na atmosfera, de efluentes líquidos ou sólidos e através da comercialização utilização ou estocagem de materiais perigosos, explosivos, GLP, inflamáveis e tóxicos.
As ocupações do entorno da área tombada devem obedecer também às seguintes diretrizes:
- Para os lotes de esquina, as duas vias devem ser consideradas para análises de ambiências e
visibilidade;
- É admitido o uso residencial, comercial (comércio e serviços), e institucional, ficando vetado o uso
industrial;
- Manter as características estilísticas e formais dos imóveis representativos da formação do povoado e
outros períodos dentro do processo de desenvolvimento urbano da cidade;
- Regulamentar o uso dos elementos de comunicação visual para garantir a boa qualidade da paisagem
urbana;
- Preservar a topografia e a vegetação existentes neste entorno, garantindo os aspectos paisagísticos,
necessários à manutenção da ambiência da área.
74 Zona de Interesse de Adequação Ambiental é toda porção do território municipal localizada nas sedes dos distritos e nas localidades de Águas Claras e de Bento Rodrigues, ocupada por aglomerações populacionais que apresentam configuração urbana em razão do tipo de parcelamento e da consolidação de seu sistema viário.
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12 REFERÊNCIAS
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Orais
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Ércio Rômulo Gonçalves. Entrevista, out/2010.
Francisco Tiago Silva. Entrevista, out/2010.
Geralda Maria Gonçalves. Entrevista, fev/2007.
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13 DOCUMENTO CONCLUSIVO SOBRE O BEM TOMBADO
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14 ART – ANOTAÇÃO DE RESPONSABILIDADE TÉCNICA
outubro 2011 Belo Horizonte, 16
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15 CD-ROM COM FOTOGRAFIAS
FIXAR ENVELOPE COM CD
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16 FICHA TÉCNICA
M E M Ó R I A A R Q U I T E T U R A L T D A
Rua Grão Pará, 85/1301 ׀ Santa Efigênia ׀ Belo Horizonte/MG ׀ CEP: 30.150-340 ׀ Tel.: (31) 3241.5594 e-mail: [email protected] ׀ web site: www.memoriaarquitetura.com.br
Sócios-diretores (Arquitetos Urbanistas) Alexandre Borim Coda Dias Joseana Costa Pereira Patrícia Soares Pereira Coordenadores Carolina Belculfine Rocha (Arquiteta Urbanista) Rafael de Araújo Teixeira (Turismólogo) Colaboradores Davidson Rodrigues (Historiador) Maurício Goulart (Arquiteto Urbanista)
Estagiários (Arquitetura e Urbanismo) André Tomich Lara Secchin Luiz Felipe Brito Rafael Vilela Estagiários (Turismo) Lucas Xavier
P R E F E I T U R A M U N I C I P A L D E M A R I A N A / M G
Prefeita: Terezinha Severino Ramos Setor Responsável: Secretaria Municipal de Cultura e Turismo Chefe do Departamento de Preservação do Patrimônio Cultural: Marcílio Geraldo Vieira de Queiroz Rua Direita nºs 0091/0093 – Centro. Telefone: (31) 3558-2315. email: [email protected] EXECUÇÃO Levantamento (Jul a Set/2011): Davidson Rodrigues (Historiador) / Carolina Belculfine (Arquiteta Urbanista) / Marcílio Queiroz (Secretário Municipal de Cultura e Turismo) / Maurício Goulart (Arquiteto Urbanista) / Patrícia Pereira (Arquiteta Urbanista).
Elaboração (Jul a Dez/2011): Davidson Rodrigues (Historiador) / Carolina Belculfine (Arquiteta Urbanista) / Maurício Goulart (Arquiteto Urbanista) / Patrícia Pereira (Arquiteta Urbanista).
Revisão (Dez/2011): Memória Arquitetura.
Marcílio Geraldo Vieira de Queiroz Secretário Municipal de Cultura e Turismo
Davidson de Oliveira Rodrigues Historiador
O Grupo Memória Arquitetura agradece a gentileza da comunicação de possíveis falhas e/ou omissões verificadas
neste documento.
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17 ANEXOS
A. LEI MUNICIPAL 1.728 DE 18 DE MARÇO DE 2003
B. ATA DE REUNIÃO APROVANDO O TOMBAMENTO
C. ATA DE REUNIÃO APROVANDO PERÍMETROS, GRAUS DE PROTEÇÃO E DIRETRIZES
D. CARTA APRESENTADA AOS MORADORES
E. NOTIFICAÇÕES DE TOMBAMENTO
F. RECIBOS DAS NOTIFICAÇÕES
G. PUBLICAÇÃO DO TOMBAMENTO PROVISÓRIO
H. ATA APROVANDO O TOMBAMENTO DEFINITIVO
I. PARECER DO CONSELHO SOBRE O TOMBAMENTO
J. DECRETO DE TOMBAMENTO
K. INSCRIÇÃO NO LIVRO DE TOMBO MUNICIPAL
L. PUBLICAÇÃO DO TOMBAMENTO DEFINITIVO