doenÇas ocupacionais

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DOENÇAS OCUPACIONAIS Doença ocupacional é designação de várias doenças que causam alterações na saúde do trabalhador, provocadas por fatores relacionados com o ambiente de trabalho. Elas se dividem em doenças profissionais ou tecnopatias, que são sempre causadas pela atividade laboral, e doenças do trabalho ou mesopatias, que podem ou não ser causadas pelo trabalho. As mais comuns são doenças do sistema respiratório e da pele. Os cuidados são essencialmente preventivos, pois a maioria das doenças ocupacionais são de difícil tratamento. Exemplos: silicose, asbestose, dermatite de contato, câncer de pele ocupacional. Uma doença ocupacional normalmente é adquirida quando um trabalhador é exposto acima do limite permitido por lei a agentes químicos, físicos, biológicos ou radioativos, sem proteção compatível com o risco envolvido. Essa proteção pode ser na forma de equipamento de proteção coletiva (EPC) ou equipamento de proteção individual (EPI). Existem também medidas administrativas/organizacionais capazes de reduzir os riscos. As principais vias de absorção de agentes nocivos são a pele e os pulmões. No Brasil, a doença ocupacional é equiparada ao acidente de trabalho, gerando os mesmos direitos e benefícios. As doenças profissionais decorrem da exposição a agentes físicos, químicos e biológicos que agridem o organismo humano. Essa simples conceituação permite imaginar a freqüência e a gravidade que devem revestir as doenças profissionais. Todo trabalhador que sofrer uma intoxicação, afecção ou infecção causada por estes agentes foi acometida por uma doença profissional. Exemplos de doenças profissionais:

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DOENÇAS OCUPACIONAIS

Doença ocupacional é designação de várias doenças que causam alterações na saúde do trabalhador, provocadas por fatores relacionados com o ambiente de trabalho. Elas se dividem em doenças profissionais ou tecnopatias, que são sempre causadas pela atividade laboral, e doenças do trabalho ou mesopatias, que podem ou não ser causadas pelo trabalho.

As mais comuns são doenças do sistema respiratório e da pele. Os cuidados são essencialmente preventivos, pois a maioria das doenças ocupacionais são de difícil tratamento. Exemplos: silicose, asbestose, dermatite de contato, câncer de pele ocupacional.

Uma doença ocupacional normalmente é adquirida quando um trabalhador é exposto acima do limite permitido por lei a agentes químicos, físicos, biológicos ou radioativos, sem proteção compatível com o risco envolvido. Essa proteção pode ser na forma de equipamento de proteção coletiva (EPC) ou equipamento de proteção individual (EPI). Existem também medidas administrativas/organizacionais capazes de reduzir os riscos. As principais vias de absorção de agentes nocivos são a pele e os pulmões.

No Brasil, a doença ocupacional é equiparada ao acidente de trabalho, gerando os mesmos direitos e benefícios.

As doenças profissionais decorrem da exposição a agentes físicos, químicos e biológicos que agridem o organismo humano. Essa simples conceituação permite imaginar a freqüência e a gravidade que devem revestir as doenças profissionais. Todo trabalhador que sofrer uma intoxicação, afecção ou infecção causada por estes agentes foi acometida por uma doença profissional.

Exemplos de doenças profissionais:

a) As lesões por esforço repetitivo (LER): O conjunto de doenças que atingem os músculos, tendões e nervos superiores e que têm relação com as exigências das tarefas, dos ambientes físicos e da organização do trabalho, é chamado de LER. São inflamações provocadas por atividades de trabalho que exigem movimentos manuais repetitivos durante longo tempo. As funções mais atingidas têm sido os datilógrafos, digitadores, telefonistas e trabalhadores de linha de montagem.

b)Perda auditiva: A perda auditiva é a mais freqüente doença profissional reconhecida desde a Revolução Industrial, sendo provocada, na maioria das vezes, pelos altos níveis de ruído.

c) Bissinose: ocorre com trabalhadores que trabalham com algodão.

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d) Pneumocarnose (bagaçose): ocorre com trabalhadores com atividades na cana-de-açúcar, as fibras da cana esmagada são assimiladas pelo sistema respiratório.

e) Siderose: ocorre quando de atividades desenvolvidas com limalha e partículas de ferro, para quem trabalha com o metal.

f) Asbestose: ocorre com trabalhadores que trabalham com amianto, o que provoca câncer no pulmão.

Enfim existem inúmeras doenças profissionais que irão se caracterizar de acordo com o risco, podendo causar vários problemas ao organismo e até a morte. As doenças profissionais podem ser prevenidas respeitando-se os limites de tolerância de cada risco, utilizando-se adequadamente os equipamentos de proteção individual e com formas adequadas de atenuação do risco na fonte (ou seja, maneiras de atacar as causas das doenças nas suas origens), por exemplo, construindo uma parede acústica, caso haja nível elevado de ruído no ambiente de trabalho.

As doenças do trabalho são resultantes de condições especiais de trabalho, não relacionadas em lei, e para as quais se torna necessária a comprovação de que foram adquiridas em decorrência do trabalho. Portanto, no caso de doenças do trabalho, como nos demais fatores de interferência da saúde, o trabalhador deve ser conscientizado sobre a importância de preservar sua saúde. É preciso que ele esteja preparado ou predisposto a receber orientações, utilizar os equipamentos de proteção individual e obedecer às sinalizações e as normas que objetivam proteger a saúde.

Atualmente, estas doenças são verificadas, com maior intensidade, nas empresas de pequeno e médio porte, situação que é vivenciada em todos os países, pois os mesmos negligenciam a segurança e as condições dos ambientes, levando os trabalhadores a desenvolverem doenças do trabalho com maior freqüência.

Exemplos de doenças do trabalho:

a) Alergias respiratórias provenientes de locais com ar-condicionado sem manutenção satisfatória, principalmente limpeza de filtros e dutos de circulação de ar.

b) Estresse: O estresse nada mais é do que a resposta do organismo a uma situação de ameaça, tensão, ansiedade ou mudança, seja ela boa ou má, pois o corpo está se preparando para enfrentar o desafio. Isto significa que o organismo, em situação permanente de estresse, estará praticamente o tempo todo em estado de alerta, funcionando em condições anormais.

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Algumas recomendações para prevenir as doenças profissionais e do trabalho:

Aspectos Físicos Aspectos Organizacionais

- Enclausuramento e automação dos processos e máquinas;

- Exaustão;

- Ventilação do ambiente de trabalho;

- Alterações de processos;

- Utilização dos equipamentos de proteção individuais e coletivos;

- Móveis adequados às características físicas dos trabalhadores;

- Limpeza regular dos aparelhos de ar-condicionado

- Quando da concepção da instalação, aproveitar da melhor forma possível a ventilação natural.

- rotatividade das tarefas;

- pausas;

- redução da carga horária;

- evitar premiações por produtividade que traga prejuízo à saúde do trabalhador;

- maior participação dos trabalhadores nas decisões;

- flexibilidade dos horários;

- técnicas de relaxamento.

- conhecimento do perigo;

- manter sob controle os exames médicos dos trabalhadores que desenvolvem atividades com grande perigo;

ACIDENTE DE TRABALHO

Acidente do trabalho - ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa, ou ainda, pelo exercício do trabalho dos segurados especiais, provocando lesão corporal ou perturbação funcional, podendo causar tanto a morte como a perda ou redução da capacidade para o trabalho (temporária ou permanente).

Art. 132 da Constituição:

Consideram-se acidentes do trabalho as seguintes entidades mórbidas:

I - doença profissional;

II - doenças do trabalho:

Não serão consideradas como doença do trabalho:

A doença degenerativa;

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A inerente a grupo etário;

A que não produz incapacidade laborativa;

A doença endêmica adquirida por segurados habitantes de região em que ela se desenvolva, salvo comprovação de que é resultante de exposição ou contato direto determinado pela natureza do trabalho.

Art. 133 da Constituição:

Equiparam-se também ao acidente do trabalho:

I - o acidente ligado ao trabalho – não é causa única, mas contribuiu para a morte do trabalhador, redução ou perda da sua capacidade para o trabalho, ou produzido lesão que exija atenção médica para a sua recuperação;

II - o acidente sofrido pelo trabalhador no local e no horário do trabalho;

III - a doença proveniente de contaminação acidental do trabalhador no exercício de sua atividade;

IV - o acidente sofrido pelo trabalhador, ainda que fora do local e horário de trabalho.

Ressaltam que os acidentes do trabalho revestem-se de grande importância por diversos fatores, que vão desde o grande número de pessoas expostas até a possível gravidade dos mesmos, resultando em incapacidade funcional temporária, permanente ou mesmo na morte do trabalhador. Os acidentes do trabalho implicam em altos custos sociais: aposentadorias, às vezes, precoces; indenizações; anos de vida perdidos; perda de familiares, entre outros.

Causas relacionadas às máquinas e aos produtos

Máquinas e equipamentos

. Inadequados aos usuários;

. Sem manutenção;

. Utilizados em condições não previstas;

Produtos

. Produtos tóxicos;

. Produtos radioativos;

. Produtos químicos.

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Causas relacionadas ao ambiente

. Trabalho em alturas (construção civil);

. Trabalho em profundezas (minas subterrâneas);

. Trabalho submarino (plataforma de petróleo);

. Trabalho em ambiente ruidoso;

. Trabalho em temperaturas extremas;

. Trabalho em ambiente com deficiência lumínica;

. Trabalho com ferramentas vibrantes;

. Trabalho em atmosfera poluída.

Causas relacionadas à organização do trabalho

. Horários;

. Trabalho em turnos;

. Cadências elevadas;

. Salários;

. Comunicação difícil entre os diferentes níveis hierárquicos.

Causas relacionadas ao indivíduo

. Fadiga devido a uma sobrecarga física e mental;

. Envelhecimento;

. Formação e treinamento insuficiente;

. Problemas sociais.

Segundo o Manual de Capacitação dos trabalhadores da Construção Civil (1997), os acidentes ocorrem devido à:

. Falta de conscientização dos riscos de serviço e das formas de evitá-los (engenheiros e operários);

. Falta de atenção;

. Falta de conhecimento do trabalho que deve ser feito;

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. Falta de equipamentos de proteção individual e coletivo;

. Falta de treinamento e informação;

. Falta de organização;

. Excesso de confiança;

. Máquinas e equipamentos com defeitos.

Programas de apoio à prevenção de acidentes do trabalho:

a) COMISSÃO INTERNA DE PREVENÇÃO DE ACIDENTES ( CIPA – encontra-se na CLT, regulamentada pela Portaria 3214/78-NR5).

Obrigatoriedade: Toda a empresa privada ou pública, que tenham empregados regidos pela CLT.

Objetivos da CIPA:

Observar e relatar as condições de riscos nos ambientes de trabalho;

Solicitar medidas para reduzir ou eliminar os riscos existentes;

Discutir os acidentes ocorridos, encaminhando ao SESMT (Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho) (se houver) e ao empregador o resultado da discussão e solicitar medidas preventivas.

Orientar os demais trabalhadores quanto à prevenção de acidentes.

Investigar as causas de circunstâncias dos acidentes e doenças ocupacionais;

Promover anualmente a SIPAT (Seminários Internos de Prevenção de Acidentes do Trabalho);

Realizar inspeções de segurança.

b) PROGRAMA DE CONTROLE MÉDICO DE SAUDE OCUPACIONAL – PCMSO (NR 7)

Objetivo principal: a promoção e preservação da saúde dos trabalhadores.

c) PROGRAMA DE PREVENÇÃO DE RISCOS AMBIENTAIS – PPRA (NR 9)

Objetivo principal: a preservação da saúde e da integridade dos trabalhadores, considerando a proteção do meio ambiente e dos recursos naturais.

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d) PROGRAMA DE CONDIÇÕES E MEIO AMBIENTE DE TRABALHO NA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO - PCMAT. N.R.18/3214

Objetivo principal: definir medidas de controle e sistemas preventivos de segurança nos processos, nas condições e no meio ambiente de trabalho na Indústria de Construção (20 trabalhadores).

DISTURBIOS DA AUDIÇÃO CAUSADOS POR RUIDOS-PAIR

O termo ruído é usado para descrever sons indesejáveis ou desagradáveis. Quando o ruído é intenso e a exposição a ele é continuada, em média 85 decibéis dB por oito horas por dia, ocorrem alterações estruturais na orelha interna, que determinam a ocorrência da Perda Auditiva Induzida por Ruído (PAIR). A Pair é o agravo mais freqüente à saúde dos trabalhadores, estando presente em diversos ramos de atividade, principalmente siderurgia, metalurgia, gráfica, têxteis, papel e papelão, vidraria, entre outros.

A perda auditiva induzida pelo ruído (PAIR) é a diminuição gradual da capacidade de ouvir em razão de uma longa exposição à ruídos sem a devida proteção. A exposição repetida ao ruído excessivo pode levar, ao cabo de alguns anos, à perda irreversível e permanente da audição. Como sua instalação é lenta e progressiva, a pessoa só se dá conta da deficiência quando as lesões já estão avançadas.

Os trabalhadores que sofrem com a PAIR começam a ter dificuldades para perceber os sons agudos (como os de telefones, apitos, tiquetaque do relógio, campainhas, etc), e caso continuem se expondo à altos ruídos, poderão comprometer ainda as freqüências que afetam o reconhecimento da fala. Além da diminuição da audição, também são identificados como sintomas PAIR a presença de zumbidos e de tonturas.

A perda da audição, ainda que parcial, tem uma influência negativa muito grande na qualidade de vida do ser humano, causando danos ao seu comportamento individual, social e psíquico, como: perda da auto-estima, insegurança, ansiedade, inquietude, estresse, depressão, alterações do sono, maior irritabilidade, isolamento, etc.

Sintomas:

- perda auditiva;- dificuldade de compreensão de fala;- zumbido;- intolerância a sons intensos;- o trabalhador portador de Pair também apresenta queixas, como cefaléia, tontura, irritabilidade e problemas digestivos, entre outros.

Quando a exposição ao ruído é de forma súbita e muito intensa, pode ocorrer o trauma acústico, lesando, temporária ou definitivamente, diversas estruturas do

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ouvido. Outro tipo de alteração auditiva provocado pela exposição ao ruído intenso é a mudança transitória de limiar, que se caracteriza por uma diminuição da acuidade auditiva que pode retornar ao normal, após um período de afastamento do ruído.

A Norma Regulamentadora nº 15 (NR-15), da Portaria do Ministério do Trabalho nº 3.214/1978 estabelece os limites de exposição a ruído contínuo, conforme a tabela a seguir:

  Conseqüências:

- em relação à percepção ambiental: dificuldades para ouvir sons de alarme, sons domésticos, dificuldade para compreender a fala em grandes salas (igrejas, festas), necessidade de alto volume de televisão e rádio;- problemas de comunicação: em grupos, lugares ruidosos, carro, ônibus, telefone.

Esses fatores podem provocar os seguintes efeitos:

- esforço e fadiga: atenção e concentração excessiva durante a realização de tarefas que impliquem a discriminação auditiva;- ansiedade: irritação e aborrecimentos causados pelo zumbido, intolerância a lugares ruidosos e a interações sociais, aborrecimento pela consciência da deterioração da audição;- dificuldades nas relações familiares: confusões pelas dificuldades de comunicação, irritabilidade pela incompreensão familiar;- isolamento;- auto-imagem negativa: vê-se como surdo, velho ou incapaz.

Prevenção:

Sendo o ruído um risco presente nos ambientes de trabalho, as ações de prevenção devem priorizar esse ambiente. Como descrito anteriormente, existem limites de exposição preconizados pela legislação, bem como orientações sobre programas de prevenção e controle de riscos, os quais

devem ser seguidos pelas empresas. Em relação ao risco ruído, existe um programa específico para seu gerenciamento:

Limites de Tolerância para ruído contínuo ou intermitente:

Nível de ruído (dB)

Máxima exposição diária permissível

85 8 horas

86 7 horas

87 6 horas

88 5 horas

89 4 horas e 30 minutos

90 4 horas

91 3 horas e 30 minutos

92 3 horas

93 2 horas e 30 minutos

94 2 horas

95 1 hora e 45 minutos

98 1 hora e 30 minutos

100 1 hora

102 45 minutos

104 35 minutos

105 30 minutos

106 25 minutos

108 20 minutos

110 15 minutos

112 10 minutos

114 8 minutos

115 7 minutos

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- designação de responsabilidade: momento de atribuição de responsabilidades para cada membro da equipe envolvido;- avaliação, gerenciamento e controle dos riscos: etapa na qual, a partir do conhecimento da situação de risco, são estabelecidas as metas a serem atingidas;- gerenciamento audiométrico: estabelece os procedimentos de avaliação audiológica e seguimento do trabalhador exposto a ruído;- proteção auditiva: análise para escolha do tipo mais adequado de proteção auditiva individual para o trabalhador;- treinamento e programas educacionais: desenvolvimento de estratégias educacionais e divulgação dos resultados de cada etapa do programa;- auditoria do programa de controle: garante a contínua avaliação da eficácia das medidas adotadas.

Tratamento e reabilitação:

Não existe até o momento tratamento para Pair. O fundamental, além da notificação que dará início ao processo de vigilância em saúde, é o acompanhamento da progressão da perda auditiva por meio de avaliações audiológicas periódicas. Essas avaliações podem ser realizadas em serviçoconveniado da empresa onde o trabalhador trabalha ou na rede pública de saúde, na atenção secundária ou terciária, que dispuser do serviço. A reabilitação pode ser feita por meio de ações terapêuticas individuais e em grupo, a partir da análise cuidadosa da avaliação audiológica do trabalhador. Esse serviço poderá ser realizado na atenção secundária ou terciária, desde que exista o profissional capacitado, o fonoaudiólogo.

LESÕES POR ESFORÇOS REPETITIVOS-LER

Definição

Representa uma síndrome de dor nos membros superiores, com queixa de grande incapacidade funcional, causada primariamente pelo próprio uso das extremidades superiores em tarefas que envolvem movimentos repetitivos ou posturas forçadas. Também é conhecido por L.T.C. (Lesão por Trauma Cumulativo) e por D.O.R.T. (Distúrbio Osteomuscular Relacionado ao Trabalho), mas na realidade entre todos estes nomes talvez o mais correto tecnicamente seria o de Síndrome da Dor Regional. Contudo, como o nome L.E.R. se tornou comum e até popular, esta é a denominação adotada no Brasil, e representa exatamente o que se trata a doença, pois relaciona sempre tais manifestações com certas atividades no trabalho. O diagnóstico diferencial deve incluir as tendinites e tenossinovites secundárias a outras patologias, como reumatismo, esclerose sistêmica, gota, infecção gonocócica, traumática, osteoartrite, diabetes, etc., uma vez que estas também representam freqüentes lesões causadas por esforço repetitivo.

Classificação

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As classificações mais usuais são feitas conforme a evolução e o prognóstico, classificando a "DORT" baseando apenas em sinais e sintomas.

Fases

Fase 1 - Apenas queixas mal definidas e subjetivas, melhorando com repouso.

Fase 2 - Dor regredindo com repouso, apresentando poucos sinais objetivos.

Fase 3 - Exuberância de sinais objetivos, e não desaparecendo com repouso.

Fase 4 - Estado doloroso intenso com incapacidade funcional (não necessariamente permanente).

Estágios

Estágio 1 - Dor e cansaço nos membros superiores durante o turno de trabalho, com melhora nos fins de semana, sem alterações no exame físico e com desempenho normal.

Estágio 2 - Dores recorrentes, sensação de cansaço persistente e distúrbio do sono, com incapacidade para o trabalho repetitivo.

Estágio 3 - Sensação de dor, fadiga e fraqueza persistentes, mesmo com repouso. Distúrbios do sono e presença de sinais objetivos ao exame físico.

Graus

Grau 1 - Dor localizada em uma região, durante a realização da atividade causadora da síndrome. Sensação de peso e desconforto no membro afetado. Dor espontânea localizada nos membros superiores ou cintura escapular, às vezes com pontadas que aparecem em caráter ocasional durante a jornada de trabalho e não interferem na produtividade. Não há uma irradiação nítida. Melhora com o repouso. É em geral leve e fugaz, e os sinais clínicos estão ausentes. A dor pode se manifestar durante o exame clínico, quando comprimida a massa muscular envolvida. Tem bom prognóstico.

Grau 2 - Dor em vários locais durante a realização da atividade causadora da síndrome. A dor é mais persistente e intensa e aparece durante a jornada de trabalho de modo intermitente. É tolerável e permite o desempenho da atividade profissional, mas já com reconhecida redução da produtividade nos períodos de exacerbação. A dor torna-se mais localizada e pode estar acompanhada de formigamento e calor, além de leves distúrbios de sensibilidade. Pode haver uma irradiação definida. A recuperação é mais demorada mesmo com o repouso e a dor pode aparecer, ocasionalmente, quando fora do trabalho durante outras atividades. Os sinais, de modo geral, continuam ausentes. Pode ser observado, por vezes, pequena nodulação

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acompanhando bainha de tendões envolvidos. A palpação da massa muscular pode revelar hipertonia e dolorimento. Prognóstico favorável.

Grau 3 - Dor desencadeada em outras atividades da mão e sensibilidade das estruturas; pode aparecer dor em repouso ou perda de função muscular; a dor torna-se mais persistente, é mais forte e tem irradiação mais definida. O repouso em geral só atenua a intensidade da dor, nem sempre fazendo-a desaparecer por completo, persistindo o dolorimento. Há freqüentes paroxismos dolorosos mesmo fora do trabalho, especialmente à noite. É freqüente a perda de força muscular e parestesias. Há sensível queda da produtividade, quando não impossibilidade de executar a função. Os sinais clínicos estão presentes, sendo o edema freqüente e recorrente; a hipertonia muscular é constante, as alterações de sensibilidade estão quase sempre presentes, especialmente nos paroxismos dolorosos e acompanhadas de manifestações como palidez, hiperemia e sudorese das mãos. A mobilização ou palpação do grupo muscular acometido provoca dor forte. Nos quadros com comprometimento neurológico compressivo a eletromiografia pode estar alterada. Nessa etapa o retorno à atividade produtiva é problemático.

Grau 4 - Dor presente em qualquer movimento da mão, dor após atividade com um mínimo de movimento, dor em repouso e à noite, aumento da sensibilidade, perda de função motora. Dor intensa, contínua, por vezes insuportável, levando o paciente a intenso sofrimento. Os movimentos acentuam consideravelmente a dor, que em geral se estende a todo o membro afetado. Os paroxismos de dor ocorrem mesmo quando o membro está imobilizado. A perda de força e a perda de controle dos movimentos se fazem constantes. O edema é persistente e podem aparecer deformidades, provavelmente por processos fibróticos, reduzindo também o retorno linfático. As atrofias, principalmente dos dedos, são comuns. A capacidade de trabalho é anulada e os atos da vida diária são também altamente prejudicados. Nesse estágio são comuns as alterações psicológicas com quadros de depressão, ansiedade e angústia.

Como combater a LER

Se o seu trabalho atual exige movimentos repetitivos e você já percebe sinais de LER, talvez queira procurar ajuda médica na empresa. Se isso não for possível, talvez possa ir a um serviço de saúde para que um ortopedista avalie o seu caso e tome as medidas necessárias para ajudá-lo. As chances de recuperação serão muito maiores se a LER for tratada nos seus estágios iniciais.

Outro modo importante de combater a LER é dar atenção à ergonomia. O que é ergonomia? O termo é definido como “ciência aplicada que se ocupa em projetar e arrumar os objetos que as pessoas usam a fim de que essas e os objetos possam interagir do modo mais eficiente e seguro”.

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Assim, a ergonomia tem a ver com adaptar o local de trabalho ao homem, bem como o homem ao local de trabalho. Porém, não se limita a melhorar o formato dum teclado ou de um martelo. É preciso levar em conta as necessidades mentais e emocionais do trabalhador. Para se conseguir isso, a ergonomia “utiliza-se de dados, informações e conhecimentos de todas as disciplinas participantes. e procura chegar a conhecimentos novos e abrangentes sobre o homem e seu trabalho”.

É verdade que mudar a ergonomia do local de trabalho pode estar fora do alcance do trabalhador. Mas os especialistas médicos presentes ao seminário de LER em Brasília explicaram que a “ergonomia participativa” não está. O que significa ergonomia participativa?

O empregador que incentiva a ergonomia participativa no local de trabalho leva em conta as opiniões dos trabalhadores, convidando-os a encontrar maneiras de melhorar o local de trabalho. Esse empregador também dá apoio à criação de uma comissão interna de LER composta de empregados e membros da diretoria. Esse grupo fica de olho no local de trabalho para manter um ambiente seguro e confortável. Preocupa-se com causas de LER, incentiva a prevenção e definem quais são as responsabilidades de empregador e de empregados no que se refere a controlar ou eliminar as causas de LER na empresa.

Prevenção em casa e no trabalho

Para prevenir o LER é importante fazer pausas entre atividades muito repetitivas do dia, além de fazer alongamentos e outros exercícios a fim de trabalhar cada região corporal. Isso acelerará a circulação sanguínea e aumentará a quantidade de oxigênio disponível para os músculos fazerem seu trabalho. Naturalmente, em tempo frio, ou antes, de praticar esportes, é ainda mais importante fazer isso. Faça alguns exercícios para fortalecer especialmente os músculos que você usa mais. Músculos mais fortes ajudarão a realizar as tarefas necessárias no trabalho.

Além de tomar essas medidas em casa, é preciso um programa de prevenção no local de trabalho. O empregador pode prevenir problemas de LER nos trabalhadores preparando uma programação que permita pausas ou mudanças de ritmo e que inclua um rodízio para que os trabalhadores executem tarefas diferentes.

Outro passo para a prevenção de LER é fornecer aos trabalhadores equipamentos apropriados. Isso pode incluir, entre outras coisas, escrivaninhas e cadeiras de altura apropriada, almofadas de apoio para o cotovelo, furadeiras e alicates que não exijam que se faça muita força com a mão, teclados ergonômicos para computadores ou equipamentos pesados com amortecedores para evitar vibração excessiva.

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Junto com o tratamento médico, os sintomas da LER desaparecerão. Ele poderá até ficar curado. Sem dúvida, é preciso esforço pessoal e mudanças organizacionais para combater a LER, mas visto que o número de trabalhadores com esse tipo de doença está aumentando, os benefícios dessas mudanças possivelmente serão maiores que os custos.

Qual o papel da Ergonomia para a saúde

A ergonomia se preocupa com as condições gerais de trabalho, tais como, a iluminação, os ruídos e a temperatura, que geralmente são conhecidas como agentes causadores de males na área de saúde física e mental, mas que o estudo procura traçar os caminhos para a correção. O seu objetivo é aumentar a eficiência humana, através de dados que permitam que se tomem decisões lógicas.

Nas condições em que a atividade do indivíduo envolve a operação de uma peça de equipamento, na maioria das vezes, ele passa a constituir, com este equipamento, um sistema fechado. Este visa apresentar muitas das características de auto-regulamentação (feedback). Como dentro de tal sistema é o indivíduo quem usualmente decide, torna-se necessário que ele seja incluído no estudo da eficiência do sistema. Para que a eficiência seja máxima é preciso que o sistema seja projetado como um todo, com o homem completando a máquina e esta completando o homem.

A falta e suas conseqüências

Uma das causas da baixa produtividade pode ser o desconforto, que entre as suas várias causas está diretamente ligada à adequação do corpo frente a um determinado equipamento. A questão da iluminação, que além de poder causar danos à visão, contribui significativamente na baixa pessoal da capacidade de produção de uma pessoa, quer seja em um escritório, indústria, como até mesmo em ambientes de trabalho mais sofisticados. Além disso, os ruídos e mudanças de temperatura também influem negativamente neste processo. Com relação aos problemas de coluna, o ideal ainda é a prevenção, portanto buscar no ambiente de trabalho, a adequação de cadeiras e mesas seria o ideal para protegê-la. Mas, quando não for possível contar com um escritório mais adequado, procure sempre sentar em cadeiras com encosto reto e em casa, fuja dos sofás muito macios. Aparentemente confortáveis, eles são um convite para que você se jogue no assento de qualquer jeito. Mas o que fazer? Atualmente várias empresas já buscam a melhoria da qualidade do trabalho dos empregados e já estabelecem uma série de programas como forma de incentivar a saúde do trabalhador. Nas grandes capitais e áreas mais industrializadas, o empresariado, já consciente dos futuros problemas, está investindo neste programas, como também, em estudos sobre as vantagens da ergonomia para a melhoria da produção nas empresas. Se por um lado, o uso

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da ergonomia pode sugerir maior gasto, por outro representa uma economia para a empresa e como conseqüência, a melhoria da saúde do trabalhador e da sociedade.

DERMATOSES OCUPACIONAIS

1. Introdução

A saúde dos trabalhadores e a convivência sadia entre este e seu ambiente de trabalho, é de vital importância para o bem estar da empresa, pois trabalhador feliz, produção em alta.

Para tanto, é necessário que alguns cuidados sejam tomados quanto a saúde dos trabalhadores, quando os mesmos trabalham direta ou indiretamente com produtos perigosos quimicamente, como os fluidos de corte, principalmente os derivados do óleo mineral, os quais provocam freqüentemente dermatites ou dermatoses nos indivíduos, quando os mesmos ficam em contato com estes tipos de produto sem a mínima higiene exigida.

Desta forma, um dos objetivos deste trabalho, é expor os problemas que os fluidos de corte, utilizados rotineiramente nas indústrias, podem causar a saúde dos trabalhadores ligados a estes produtos.

Ressalta-se que segundo Howes et al. (1991), dentre os problemas que os fluidos de corte podem trazer à saúde dos trabalhadores, os principais são os problemas dermatológicos e respiratórios, sendo que antigamente, até o câncer podia ser provocado por estes produtos à base de óleo. Porém, atualmente, não se tem notícia há algum tempo do aparecimento desta doença em decorrência da utilização dos fluidos de corte.

Contudo, se o fluido de corte for utilizado de forma correta, dificilmente este poderá trazer problemas para a saúde dos trabalhadores, bem como para o meio ambiente, visto que se um litro de óleo mineral, entrar em contato com a água de um rio, por exemplo, este poderá contaminar cerca de um milhão de litros de água potável.

2. A pele do ser humano

De acordo com a Revista Meio Ambiente Industrial (1998), a pele pesa cerca de 10% do peso do corpo de um indivíduo, possuindo um pH ideal entre 5,5 e 7,0, e tendo uma espessura de cerca de 4mm nas palmas das mãos e solas dos pés.

-Funções da pele

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Segundo a Revista Meio Ambiente Industrial (1998), as principais funções da pele são:

a-) Realizar a proteção do corpo contra a entrada de agentes químicos, físicos e biológicos;

b-) Efetuar o controle da temperatura do corpo humano (a transpiração, os vasos sanguíneos e a camada de gordura são os responsáveis pelo controle da temperatura). Ressaltando-se que são através dos vasos sanguíneos que os contaminantes são absorvidos;

c-) A pele é ainda um órgão sensitivo, sendo que as células nervosas receptoras são responsáveis por repassar as sensações de calor, dor, frio, tato ao cérebro;

d-) Servir como um órgão excretor, o que é possibilitado pela transpiração (evaporação de substâncias indesejáveis ao organismo);

e-) Trabalhar como um órgão metabólico, o qual deve produzir vitamina D na presença da luz solar;

f-) Responsável pela cor do corpo, que é dada em função da quantidade de pigmento existente.

Cabe aqui ressaltar que algumas doenças como Sarampo, Sífilis podem mudar a cor da pele;

- Estrutura da pele

De acordo com a Revista Meio Ambiente Industrial (1998) a pele é formada por três camadas, a epiderme, derme e a camada subcutânea:

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A epiderme, que é a camada exterior, constitui-se de várias camadas de células finas e uma grossa de células mortas, sendo que estas células se desprendem constantemente e são substituídas por outras. É por este motivo, que estas células são chamadas de extrato germinativo. Já a derme é composta por fibras elásticas, vasos sanguíneos, folículos capilares, poros e glândulas sebáceas e sudoríparas. E, por fim, a última camada onde estão localizados os lóbulos de gordura e base dos folículos capilares, é conhecida como camada subcutânea. É na epiderme que se produz a melanina, que tem como principal incumbência proteger o corpo dos raios ultravioletas. Nesta camada da pele ainda se encontra a queratina que se constitui em uma camada de proteção hermética, contribuindo para que alguns produtos químicos não penetrem no corpo.

-Definições de dermatose ocupacional

As dermatoses ocupacionais, em muitos dos países em desenvolvimento, correspondem como o agravo mais comum para a saúde dos trabalhadores, sendo que as dermatoses são caracterizadas por alterações da pele, mucosas e anexos diretamente relacionados por agentes inerentes à atividade profissional do trabalhador (Perez, 1998).

Segundo Ali (1998), o termo dermatose é amplo demais, pois envolve tudo o que possa ocorrer na pele da pessoa. A dermatite é considerada uma dermatose ocupacional proveniente do ambiente de trabalho da pessoa, seja de forma direta ou indireta, sendo que esta doença não atinge somente a pele, mas também pode atingir cabelos, mucosas e unhas.

De acordo com Ali (1998), a dermatite de contato, que é uma das formas de dermatite, ocorre na área de contato da pele do trabalhador com a substância nociva. A substância química que entrou em contato com a pele do operador pode ser irritativa ou alérgica, o que causará dermatites irritativas e alérgicas respectivamente na pele agredida. No Brasil, as dermatoses ocupacionais ocorrem em maior número na construção civil e em segundo lugar nas indústrias metalúrgicas, sendo que estas têm maiores incidências em empresas de pequeno porte, onde não são utilizados muitas vezes os EPI’s adequados para cada ambiente de trabalho, ou ainda os mesmos são utilizados sem conhecimento de forma errônea.

A maioria dos casos são dermatites irritativas causadas principalmente pelos óleos de cortes (óleos minerais). Dentro destas indústrias, ocorre um quadro clínico bem comum denominado de Elaioconiose, que acontece no osteofolicular, que nada mais é que o orifício por onde sai o pelo, sendo que o

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óleo ou a graxa acaba por penetrar nesta região, obstruindo, irritando e infectando a pele levando a formação de pequenas lesões que se aparentam com uma acne, por isso, também são conhecidas como erupções acneiformes. Ressalta-se que estas erupções acneiformes podem ocorrer em várias partes do corpo, como na mão, no braço, na perna, barriga, coxa, etc.

Já as dermatites alérgicas de contato são bem mais raras que as irritativas, e costumam aparecer quando são adicionados bactericidas nos óleos de corte para se evitar a proliferação de bactérias no reservatório de fluido de corte da máquina. Estes bactericidas são os principais causadores das dermatites alérgicas de contato que aparecem nos trabalhadores das indústrias metalúrgicas.

As dermatoses podem surgir em lugares poucos comuns do corpo. Por exemplo, um trabalhador que trabalha em frente de uma máquina que utiliza óleo de corte como fluido de corte, se o mesmo porventura tiver o hábito de encostar rotineiramente a barriga na máquina molhada por óleo de corte. O óleo de corte pode vir a atravessar o tecido de sua roupa e depois de algum tempo o trabalhador, exposto a este ambiente de trabalho, pode vir a contrair uma dermatite na barriga.

-Tipos de dermatoses

A ação dos óleos insolúveis em regiões pilosas do tegumento podem geralmente causar nos operários susceptíveis, situações de obstruções ao nível do folículo pilo-sebáceas, também conhecidas como foliculites, elaioconioses e furunculoses ocupacionais.

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-Medidas preventivas contra dermatoses:

Algumas medidas preventivas podem ser tomadas para se prevenir contra as dermatoses ocupacionais, sendo que a principal é de se evitar o contato da pele com os agentes dermatógenos. Podem ser listadas as seguintes medidas:

a-) Realizar a limpeza imediata da área atingida por qualquer um agente dermatogênico, a fim de se evitar a ação irritante que os mesmos podem criar para o tegumento;

b-) Prezar sempre pela manutenção e limpeza do vestuário, substituindo-o se atingido por qualquer agente químico;

c-) Utilização de Equipamentos de Proteção Individual (EPI);

No caso dermatose ocupacional ser uma dermatite alérgica de contato, a substância de está agredindo a pele do trabalhador deve ser se possível retirada do processo de fabricação, sendo que se recomenda o tratamento normal da doença por meio de cremes ou pomadas e de corticóides. Se a substância não puder ser removida, deve-se pensar em uma outra maneira de prevenir o problema, como através da utilização de cremes protetores.

-Métodos de diagnósticos das dermatoses

Existe uma grande dificuldade para se diagnosticar as dermatoses que aparecem nas indústrias metalúrgicas, devido ao elevado número de agentes químicos que estão ligados ao processo de manufatura das empresas.

Para facilitar o diagnóstico das dermatoses, os médicos do trabalho devem adotar algumas regras como:

• tentar conhecer sempre os agentes químicos que são utilizados pelos trabalhadores, sabendo seu nome comercial e sua fórmula;

• conhecer a concentração utilizada do produto dentro da empresa;

• conhecer os agentes químicos potencialmente causadores de dermatoses.

CÂNCER OCUPACIONAL

O câncer ocupacional é originado devido à exposição a agentes carcinogênicos presentes no ambiente de trabalho, mesmo após a cessação da exposição; representa de 2% a 4% dos casos de câncer. Os fatores de risco de câncer podem ser externos (ambientais) ou endógenos (hereditários), estando ambos inter-relacionados e interagindo de várias formas para dar início às alterações celulares presentes na etiologia do câncer. A má qualidade do ar no ambiente de trabalho é um fator importante para o câncer ocupacional. Durante pelo menos oito horas por dia os trabalhadores estão expostos ao ar poluído,

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pondo seriamente em risco a saúde. Quando o trabalhador também é fumante, o risco torna-se ainda maior, pois o fumo interage com a capacidade cancerígena de muitas das substâncias.

Alguns tipos de agentes causadores:Agentes químicos: • Agrotóxicos: O agrotóxico é usado para exterminar pragas ou doenças que causam danos às plantações. Existem diversos tipos de agrotóxicos que agem sobre daninhas e insetos. O problema é que eles fazem mal a saúde humana e poluem o solo. Os agrotóxicos podem ser inseticidas, fungicidas, acaricidas, hematicidas, herbicidas, bactericidas, vermífugos. Podem ainda ser tóxicas os solventes, tintas, lubrificantes, produtos para limpeza e desinfecção de estábulos, e outros.

Seu impacto para saúde e o meio ambiente tem natureza complexa e envolve aspectos biossociais, políticos, econômicos e sócio-ambientais. Neste trabalho, apresenta-se uma proposta de ação integrada, onde os principais atores e instituições envolvidas, num trabalho de parceria, buscando uma melhor qualidade de vida, assumirão responsabilidade e desenvolverão esforços, conjuntos para o desenvolvimento agropecuário com sustentabilidade.

Os agrotóxicos representam grandes consequências para com nossa saúde, e todas maléficas, isso varia da quantidade contida no organismo e por onde essa substancia entrou, as mais graves são quando se entra pelas vias respiratórias e orais. Os agrotóxicos em geral, funcionam infindos ou aumentando substancias contidas em nosso corpo que são chamadas Acetilcolina e Aceticolinesterase, essas são responsáveis por controlar a passagem dos sinais nervosos do cérebro para o restante do corpo, sendo assim que quando se tem uma intoxicação por agrotóxicos ou o mesmo se encontra em nosso organismo, o sistema nervoso fica prejudicado, e assim podem prejudicar todos os outros órgãos como coração, rins e fígado. Desse modo geral os agrotóxicos podem causar desde tonturas, desmaios e dores de cabeça até câncer e morte.

• Amianto (ou asbesto): Amianto (latim) ou asbesto (grego) são nomes genéricos de uma família de minérios encontrados profusamente na natureza e muito utilizados pelo setor industrial no último século.

-Câncer de pulmão O câncer de pulmão pode estar associado com outras manifestações mórbidas como asbestose, placas pleurais ou não. O seu risco pode aumentar em 90 vezes caso o trabalhador exposto ao amianto também seja fumante, pois o fumo potencializa o efeito sinérgico entre os dois agentes reconhecidos como promotores de câncer de pulmão. Estima-se que 50%

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dos indivíduos que tenham asbestose venham a desenvolver câncer de pulmão. O adenocarcinoma é o tipo histológico mais frequente entre os cânceres de pulmão desenvolvidos por trabalhadores e ex-empregados expostos ao amianto e o risco aumenta proporcionalmente à concentração de fibras que se depositam nos alvéolos pulmonares.

-Câncer de laringe, do trato digestivo e de ovário Também estão relacionados à exposição ao amianto.

-MesoteliomaO mesotelioma é uma forma rara de tumor maligno, mais comumentemente atingindo a pleura, membrana serosa que reveste o pulmão, mas também incidindo sobre o peritônio, pericárdio e a túnica vaginal e bolsa escrotal. Está se tornando mais comum em nosso país, já que atingimos o período de latência de mais de 30 anos da curva de crescimento da utilização em escala industrial no Brasil, que deu-se durante o período conhecido como o "milagre econômico", na década de 70. Não se estabeleceu nenhuma relação do mesotelioma com o tabagismo, nem com doses de exposição. O Mesotelioma maligno pode produzir metátases por via linfática em aproximadamente 25% dos casos.

• Sílica: O termo sílica refere-se aos compostos de dióxido de silício, SiO2, nas suas várias formas incluindo sílicas cristalinas; sílicas vítreas e sílicas amorfas. O dióxido de silício, SiO2, é o composto binário de oxigênio e silício mais comum, sendo inclusive composto dos dois elementos mais abundantes na crosta da Terra. A sílica e seus compostos constituem cerca de 60% em peso de toda a crosta terrestre. Os depósitos de sílica são encontrados universalmente e são provenientes de várias eras geológicas. A maioria dos depósitos de sílica que são minerados para obtenção das "areias de sílica" consistem de quartzo livre, quartzitos, e depósitos sedimentares como os arenitos.

A sílica livre cristalina inalada na forma de quartzo ou cristobalita a partir de exposições ocupacionais é carcinogênica para humanos segundo a IARC (International Agency for Research on Cancer), instituição ligada a Organização Mundial da Saúde. Um Grupo de Trabalho da IARC analisou uma série de estudos epidemiológicos realizados em diversos ramos de atividade tais como: mineração, extração e trabalhos com granito, cerâmica, olaria, refratário, processos industriais com terra diatomácea, fundição entre outros. Nos estudos epidemiológicos que relacionavam silicose e risco de câncer de pulmão verificou-se que um silicótico possui 1,5 a 6 vezes mais risco de adquirir câncer de pulmão do que um não silicótico. Em grande parte dos estudos o aumento do gradiente de risco foi observado em relação a dose, a exposição cumulativa, a duração da

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exposição ou a presença de silicose definida radiologicamente. O Grupo de Trabalho concluiu que as evidências encontradas nestes estudos foram suficientes para comprovar o aumento do câncer de pulmão a partir de inalação de sílica livre cristalina resultante da exposição ocupacional. Os mecanismos que induzem a formação do câncer provocado pela sílica livre cristalizada ainda estão sendo estudados. Existe um número maior de evidências demonstrando que o persistente processo de inflamação dos pulmões gera substâncias oxidantes que resultam nos efeitos genotóxicos no parênquima pulmonar.

• Benzeno: O benzeno é líquido, inflamável, incolor e tem um aroma doce e agradável. É um composto tóxico, cujos vapores, se inalados, causam tontura, dores de cabeça e até mesmo inconsciência. Se inalados em pequenas quantidades por longos períodos causam sérios problemas sangüíneos, como leucopenia.

Também é conhecido por ser carcinogênico. É uma substância usada como solvente (de iodo, enxofre, graxas, ceras, etc.) e matéria-prima básica na produção de muitos compostos orgânicos importantes como fenol, anilina, trinitrotolueno, plásticos, gasolina, borracha sintética e tintas.

A respiração de curto prazo de níveis elevados de benzeno pode resultar em morte, enquanto que os níveis baixos podem causar sonolência, tontura, batimento cardíaco rápido, dor de cabeça, tremores, confusão e inconsciência. Comer ou beber alimentos contendo altos níveis de benzeno pode causar vômitos, irritação do estômago, tonturas, sonolência, convulsões e morte.

• Tolueno: Tolueno ou metil benzeno é a matéria-prima a partir da qual se obtêm derivados do benzeno, caprolactama, sacarina, medicamentos, corantes, perfumes, TNT, e detergentes. É adicionado aos combustíveis (como antidetonante) e como solvente para pinturas, revestimentos, borrachas, resinas, diluente em lacas nitrocelulósicas e em adesivos. É a matéria-prima na fabricação do fenol, benzeno, cresol e uma série de outras substâncias.

O tolueno é um líquido incolor com um odor característico. Ocorre na forma natural no petróleo e na árvore tolú. Também é produzido durante a manufatura da gasolina e de outros combustíveis a partir do petróleo cru e na manufatura do coque a partir do carvão.

Esta substância caracteriza o que ficou popularmente conhecido no Brasil como cola de sapateiro, apesar de estar presente em outros tipos de colas, como as utilizadas na marcenaria. A inalação voluntária do toluol

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(que apresenta potencial de abuso) causa danos ao organismo e pode levar à dependência.

Profissionais expostos a estes agentes são, principalmente, agricultores, operários da indústria química e construção civil, trabalhadores de laboratório, mineradores etc.

Agentes físicos:

• Radiação ionizante: partículas alfa, beta, raios gama, raios-X, nêutrons e outros.Os trabalhadores afetados são os que trabalham na indústria nuclear ou próximos a equipamentos que emitam radiação (por exemplo: em instituições médicas ou em laboratórios). O dano pode ocorrer nonível celular ou molecular, quando o controle do crescimento é rompido, permitindo o aumento descontrolado de células cancerosas, uma vez que a radiação ionizante tem a habilidade de quebrar os elos químicos dos átomos e moléculas, produzindo um potente carcinógeno.

• Radiação não-ionizante: exemplo, luz solar que é composta de:- Radiação ultravioleta (UV), invisível aos olhos;- Luz visível;- Radiação infravermelha, que é a principal fonte de calor, mas também não é visível.Trabalhadores afetados são os que executam suas atividades ao ar livre ou em áreas onde recebem grande reflexo da luz solar, ou ainda, trabalhadores que utilizam intensa radiação de UV, como soldadores.

Fatores que influenciam o desenvolvimento do câncer ocupacional:• Dose diária absorvida;• Tempo de exposição;• Idade;• Doença preexistente;• Suscetibilidade individual;• Predisposição genética;• Outros fatores, como tipo de alimentação, estresse, fumo...

A prevenção do câncer de origem ocupacional deve abranger:1 - a remoção da substância cancerígena do local de trabalho, os compostos cancerígenos devem ser substituídos por outros mais seguros;2 – o controle da liberação de substâncias cancerígenas resultantes de processos industriais para a atmosfera;3 – o controle da exposição de cada trabalhador e o uso rigoroso dos equipamentos de proteção individual (máscaras e roupas especiais);4 - a boa ventilação do local de trabalho, para se evitar o excesso de produtos químicos no ambiente;

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5 - o trabalho educativo visando a aumentar o conhecimento dos trabalhadores a respeito das substâncias com as quais trabalham, além dos riscos e cuidados que devem ser tomados ao se exporem a essas substâncias;6 - a eficiência dos serviços de medicina do trabalho, com a realização de exames periódicos em todos os trabalhadores que devem ter direito à saúde integral por tempo indeterminado;7 - a proibição do fumo nos ambientes de trabalho, pois, como já foi dito, a poluição tabagística ambiental potencializa as ações da maioria dessas substâncias.

Para isso se faz necessário o envolvimento de órgãos governamentais para a criação de leis que proíbam a exposição a qualquer concentração de substâncias que, comprovadamente, provoquem câncer no homem, obrigando os empregadores a informar seus empregados sobre os riscos a que estão expostos no ambiente de trabalho, manter um programa de exames médicos periódicos e adotar programas de proteção individual, através da utilização de equipamentos mais adequados. Portanto, a exposição ocupacional deve ser valorizada em políticas de prevenção de câncer, principalmente em países em desenvolvimento.