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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES AVM – FACULDADE INTEGRADA PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU GESTÃO POR PROCESSOS Cláudia Eleonor Rodrigues Valladares ORIENTADOR: Prof. Jorge Tadeu Vieira Lourenço Rio de Janeiro 2016 DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEIDE DIREITO AUTORAL

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

AVM – FACULDADE INTEGRADA

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

GESTÃO POR PROCESSOS

Cláudia Eleonor Rodrigues Valladares

ORIENTADOR: Prof. Jorge Tadeu Vieira Lourenço

Rio de Janeiro 2016

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

AVM – FACULDADE INTEGRADA

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

Apresentação de monografia à AVM Faculdade Integrada como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em Administração da Qualidade. Por: Cláudia Eleonor Rodrigues Valladares

GESTÃO POR PROCESSOS

Rio de Janeiro 2016

3

AGRADECIMENTOS

A todos os autores das obras pesquisadas, que

foram primordiais para o enriquecimento da

pesquisa, aos docentes do Instituto A Vez do

Mestre, aos colegas de curso, orientadores, em

especial ao professor Jorge Tadeu Vieira Lourenço.

4

DEDICATÓRIA

Aos meus pais biológicos, Maria José Valladares

e Sebastião Alves Valladares (in memoriam) os

quais, antes de qualquer formação acadêmica,

me presentearam com a vida, através da qual

recebi uma impecável formação moral.

Aos meus pais espirituais, por me concederem

determinação para vencer as adversidades

diárias.

5

RESUMO

Nosso estudo tem como objetivo apresentar de que a gestão por processos

pode auxiliar as organizações a se manterem saudáveis e competitivas,

quando a globalização, a concorrência, alta oferta de produtos e similaridades

nos serviços estão cada vez mais presentes em suas rotinas diárias, quando

precisam estar preparadas para evitar a perda de clientes, eliminação de

desperdícios, a redução de seus custos e aumento de receita. Tudo isso está

diretamente ligado ao modelo de gestão da empresa, de seu comportamento

perante as mudanças do mercado e de como se dá o controle de sua eficiência

operacional. Inserimos neste estudo os conceitos de gestão por processos,

apresentando alguns itens que consideramos primordiais como a ferramenta de

BPM (Bussiness Process Management), que aborda a maneira como as

organizações poderão definir seus processos-chave, identificando seus gaps,

pontos de controle, técnicas de mapeamento e implantação dos processos.

Abordaremos o modo de desdobramento dos processos em diversos níveis

estratégicos, táticos e operacionais, bem como as metodologias que poderão

auxiliar no controle do processo, gerando a possibilidade de criação de

indicadores para seu controle. Também apresentaremos algumas ferramentas

essenciais para o desenvolvimento e gerenciamento da estratégia de gestão

por processos como: Gráfico de Ishikawa, Diagrama de Pareto, Análise de

Causa e Efeito e técnica dos 5 porquês, entre outras.

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METODOLOGIA

Foram realizadas pesquisas bibliográficas através de livros, apostilas, artigos,

além de buscas a sites de internet orientados para o tema. Todas as obras

foram extremamente agregadoras e contribuíram integralmente para o

desenvolvimento de nossa pesquisa.

7

SUMÁRIO

CAPÍTULO I

A Gestão Por Processos 10

CAPÍTULO II

O Projeto de Gestão Por Processos 20

CAPÍTULO III

Gestão e Melhoria Contínua Do Processo 45

CONCLUSÃO 57

BIBLIOGRAFIA 58

ÍNDICE 60 ÍNDICE DE FIGURAS 61

SIGLAS E VERBETES 62

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8

INTRODUÇÃO

Em face do advento da globalização, a concorrência no setor

empresarial encontra-se cada dia mais intensa, uma vez que ofertas de

produtos e serviços estão cada vez mais padronizadas entre as empresas

concorrentes. Se uma empresa lança hoje um produto ou serviço com uma

especificação e um preço que, inicialmente, poderá atrair consumidores,

certamente sua concorrente amanhã lançará um produto ou serviço com as

mesmas especificações, com um preço igual ou mesmo muito parecido.

No meio deste arsenal de possibilidades, ofertas e procuras por

opções de produtos e preços, destaca-se o cliente com seu absoluto poder de

compra. O que irá auxiliar o cliente a decidir pela compra do “produto X ou Y”

será o seu valor agregado, tendo em vista que o preço não é mais um fator

determinante para uma aquisição, devido à similaridade. Sabedor de seu poder

de escolha, o cliente torna-se cada vez mais exigente e, assim, obriga as

empresas a serem cada vez mais focadas na qualidade de seus produtos e

serviços, inclusive em seus serviços de pós-venda.

Sabe-se que nenhuma organização conseguirá tornar-se e manter-

se competitiva olhando apenas para dentro de suas instalações. Será

necessário muito mais do que isso. Barreiras internas precisam ser quebradas.

A empresa deverá mobilizar-se, aproximar-se do cliente, ouvir sua voz e

entender suas necessidades, para que assim consiga não apenas captá-lo,

mas também entregar o produto ou serviço de acordo com suas expectativas.

No entanto, expectativas não são atingidas ou superadas se não ocorrerem

constantes mudanças, principalmente se a alta gestão não estiver engajada

com metas cada vez mais arrojadas e sedentas pela excelência. Com isso, a

competitividade torna-se não somente uma opção, mas um meio de

sobrevivência. Não basta captar clientes. É preciso fidelizá-los e rentabilizá-los.

Por outro lado, além do foco que as organizações deverão direcionar

para seus clientes, é imprescindível o controle total de custos e uma excelente

gestão de desempenho de suas equipes. Desta forma, é inevitável falarmos de

processos, que são, de forma bem resumida, “fotografias” de como a empresa

entrega seus produtos ou serviços, sendo necessário que essas fotografias

9

agradem aos clientes. Além disso, precisam dizer se o custo com aquele

produto ou serviço está satisfatório ou requer ajustes.

“As empresas são grandes coleções de processos”

GONÇALVES, Revista de Administração de Empresas, 2000, p. 6

Sendo assim, apresentaremos um estudo que permitirá ao leitor

esclarecer o quanto a gestão por processos poderá auxiliar as organizações na

busca da melhoria contínua, pois o leitor poderá concluir a diversidade de

opções disponíveis que orientarão os gestores a identificar gaps, reduzir

custos, otimizar a entrega de um produto ou serviço, viabilizando a excelência

operacional e, consequentemente, atingir a satisfação dos clientes e a

manutenção da sua competitividade.

Para tanto, nosso estudo terá como base os seguintes assuntos, que

serão abordados com detalhe: A gestão por processos: Conceitos, maturidade

das organizações na gestão por processos, diferença entre gestão de

processos e gestão por processos, estruturas da gestão por processos nas

organizações, mapeamento, análise e diagnóstico, otimização e implantação

de melhorias e ações corretivas nos processos. Também apresentaremos a

melhoria contínua como parte integrante e imprescindível na gestão por

processos, agregaremos informações para a implantação de indicadores de

desempenho e ferramentas de análise dos processos.

10

CAPÍTULO I

A GESTÃO POR PROCESSOS

1.1. Conceitos

Podemos atribuir diversos conceitos de processos, baseados em

definições dadas por muitos especialistas da área, e assim conseguimos

coletar os que consideramos mais relevantes:

Grupo de tarefas que têm interligação lógica, baseadas no uso

de recursos da empresa para gerar determinados resultados

consistentes com seus objetivos (HARRIGTON, 1991, p.34);

Conjunto de atividades interligadas capazes de transformar um

insumo de forma a criar um produto ou serviço, visando

agregar valor (JOHANSSON, 1993, p.29);

Conjunto de atividades capazes de agregar valor para o cliente

(BOGAN, 1994, p.34);

Ordenação específica de atividade de trabalho no tempo e no

espaço, portanto, devem ter começo, fim, insumos e resultados

claramente identificados (DAVENPORT, 1994, p.6);

Conjunto de atividades, ligadas entre si, que ocorrem

naturalmente na operação diária da empresa, tomando

determinado insumo e transformando-o para criar um resultado

(MOREIRA, 1994, p.56);

Sequência de atividades capaz de atender às necessidades e

um cliente, seja ele interno ou externo à empresa (HARRISON;

PRATT, 1995, p.27);

Conjunto de atividades interligadas que transformam insumos

em produtos ou serviços, os quais representam soluções para

os problemas dos clientes internos e externos da empresa

(ROBERTS, 1995, p.18).

11

Em todas as definições de processos relatadas acima, sempre

teremos um ponto em comum: Processos são atividades sequenciadas,

sistematizadas e estruturadas, com entradas e saídas de insumos, que

resultam em um produto ou serviço, com foco no cliente.

Com base nessas afirmações, entendemos que o processo resulta

em um produto ou serviço. Processos, invariavelmente, não fogem do conceito

básico de entrega ao cliente, seja ele interno ou externo. Esta definição é de

extrema importância, pois se refere à visão e expectativa do cliente. Essa

entrega poderá ser satisfatória ou insatisfatória, dependendo, principalmente,

da forma e do tempo com que esse processo é executado em sua totalidade,

pois esses serão os fatores determinantes para o atestado da qualidade do

produto ou serviço da organização com a qual o cliente se relaciona. A visão do

cliente mediante a entrega do processo poderá comprometer ou consolidar o

relacionamento com a organização.

Por esse motivo, muitas organizações gerenciam seus processos,

principalmente as que possuem produção em alta escala, em que a eficiência e

a eficácia nos processos necessitam estar em foco.

1.2. Maturidade das Organizações na Gestão por Processos

Segundo Maranhão & Macieira, as organizações sofrem pressões

externas e internas que as levam a avaliar constantemente seu

posicionamento, externa e internamente, de natureza operacional ou

Figura 1 – Modelo de um processo genérico

Fonte: Figura construída

12

estratégica. Tais pressões podem ser classificadas como tecnológicas, de

concorrência, globalização, expectativas do cliente, ações governamentais,

acionistas, impactos ambientais, responsabilidade social e força de trabalho.

Com essa diversidade de necessidades que levam a organização a

olhar para dentro e para fora de seu ambiente sistematicamente, os processos

poderão ser fortes aliados para que ela possa estruturar e priorizar suas ações.

As organizações que padronizam e gerenciam seus processos são

as que buscam, essencialmente, atingir os seguintes resultados:

- Redução dos custos;

- Aumento da produtividade, aliada à eficácia e eficiência;

- Inovação;

- Atender as expectativas do cliente;

- Atender às especificações de sistemas de gestão;

- Atender às regulamentações governamentais.

Um processo que agrega valor precisa, minimamente, atender às

necessidades e expectativas do cliente quanto ao prazo, característica e custo.

Além desses objetivos, as organizações que possuem seus

processos bem gerenciados conseguem enxergar com mais clareza

possibilidades de criação de novos produtos e serviços, além de melhorar o

que já possui, pois têm uma visão mais clara do seu perfil atual, permitindo que

se elaborem novas propostas de melhorias e novos projetos.

Outro objetivo que move as organizações ao conceber a iniciativa de

aplicar gestão por processos é a possibilidade de que todos os colaboradores

possam ter acesso a todos os processos de sua organização, não somente de

suas áreas. Semelhante procedimento consiste em algo que gera mais

integração e comprometimento na entrega de suas atividades, podendo assim

receber mais autonomia em pontuar problemas e identificar oportunidades de

melhorias em atividades críticas.

Todo o contexto de Gestão de Processos é sintetizado através do

termo BPM – Business Process Management, o qual, traduzido para o

português, significa Gestão de Processos de Negócio. O termo Gestão é muito

importante para entendermos o que abrange todas as iniciativas de

padronização de processos, inclusive, pelo fato de que as organizações

13

necessitam seguir premissas e metodologias para que efetivamente os clientes

percebam a melhorias constantes na entrega de seus produtos e serviços. Em

muitos casos, o processo também é importante para a gestão da inovação.

Prioritariamente, a alta gestão necessitará estar engajada com todos

os desdobramentos e iniciativas a serem aplicados na organização, a fim de

que os níveis hierarquicamente inferiores percebam seu comprometimento e,

assim, a cultura possa ser disseminada em todos os níveis, sejam seus pares

ou subordinados. Além disso, gerir processos significa investir, não somente

recursos financeiros, mas também investimento de tempo. A alta gestão deve

estar ciente de que ela é peça-chave para que o sucesso do projeto de gestão

por processos tenha êxito.

Segundo Préve (2012, p.65): “Um processo não agrega valor

quando seu foco não está dirigido ao cliente, seu tempo de resposta não é

rápido o suficiente, não auxilia nas mudanças necessárias, não fortalece seu

mapa de relacionamento”. Importante destacar que essas premissas deverão

ser consideradas pelas organizações antes de qualquer esforço para

mudanças na gestão por processos.

Como a iniciativa de gerir processos é top down, os executivos

devem considerar alguns cenários que ajudarão as organizações a definirem

sua estratégia. Goldrat (1991, p. 13) entende que é preciso ter as respostas

para três perguntas básicas:

- O que mudar (o problema);

- Para onde mudar (a solução) e

- Como efetuar a mudança (o processo).

Além disso, é preciso avaliar em que nível de maturidade a

organização atualmente se encontra e se ela deseja apenas manter ou elevar

seu nível como, por exemplo, se o foco será apenas melhorar a eficiência ou

transformar-se em uma empresa inovadora, revendo sua posição no mercado.

Sabemos que eficiência e inovação estão em níveis diferentes e,

independente de qual foco irá assumir, é imprescindível conhecer o mercado,

seus concorrentes e principalmente rever seus processos e investir em

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conhecimento e habilidades. Quanto mais elevado for seu nível se maturidade,

maior será a necessidade de conhecimento.

Resumindo e relembrando o conceito de processo, que deve ter

entradas e saídas e um resultado final, a saída de um processo é a entrada de

outro e é cíclico, fato este que caracteriza a relação de cliente e fornecedor.

Sendo assim, se na saída de um processo o resultado for

insatisfatório, certamente a entrada do processo seguinte também o será. Por

isso, é importante destacar a necessidade de que os processos sejam

executados em sua totalidade e de forma eficaz, para que o cliente receba o

processo integral, sem perdas, pois estimamos que o cliente receba o produto

ou serviço conforme a média dos processos envolvidos.

Figura 2 – Gráfico Representativo de Maturidade Organizacional

Fonte: Apostila da Consultoria Memora, 2001, p. 13

Figura 3 – Gráfico Representativo da Qualidade de Entrega de um Processo

Fonte: Figura construída

15

Quando nos referimos à satisfação do cliente, poderemos citar várias

metodologias que podem auxiliar as organizações a buscarem o grau máximo

de satisfação. Dentre muitas, poderemos citar uma técnica bastante simples,

desenvolvida pelo Professor Noriaki Kano, na década de 1980. O modelo Kano

representa graficamente, as necessidades e expectativas (implícitas ou

explícitas) do cliente. Decidimos escolher explicitar o modelo Kano por sua

simplicidade no entendimento e aplicabilidade de sua metodologia na melhoria

dos processos.

As organizações poderão buscar o relacionamento com os clientes e

atingir um desses requisitos, podendo variar em simplesmente atender sua

necessidade ou superar suas expectativas.

Kano descreve os três requisitos que poderão influenciar a satisfação

dos clientes, descritos abaixo. Utilizaremos o exemplo de uma empresa de TV

por assinatura, para que tenhamos uma analogia dos cenários que poderão ser

apresentados com base nesses requisitos:

Requisitos Obrigatórios ou Básicos:

Consistem naqueles em que o cliente possui a expectativa de que o

básico seja entregue. Se não forem atendidos, haverá insatisfação total do

cliente. Como exemplo, temos um cliente que liga para a central de

relacionamento da empresa de TV a cabo contratada, pois recebeu em sua

fatura uma possível cobrança indevida. Sua expectativa é de que sua ligação

seja prontamente atendida e seu problema seja prontamente resolvido.

Requisitos Lineares ou Unidimensionais:

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Referem-se às necessidades de que o cliente saiba que poderá pagar

a mais para receber seu produto ou serviço. Como exemplo, temos o cliente

que liga para a central de relacionamento desejando contratar um evento que

não está disponível em seu pacote. Sua expectativa é a de que o evento esteja

disponível logo após a contratação, que a qualidade de transmissão esteja

adequada e que os valores cobrados em sua fatura não sejam diferentes dos

que foram acordados na contratação.

Requisitos Atrativos:

Representam os que encantam o cliente por não serem esperados e

pela ausência de transtornos ocasionados pela má qualidade e mau

atendimento. Esses fatores são caracterizados pela excelência na entrega e o

modo de surpreender positivamente o cliente, atingindo seu encantamento.

Como exemplo, temos o cliente que liga para a central de relacionamento com

o objetivo de contratar um evento não disponível em seu pacote. Além de ser

prontamente atendido, tem seu evento contratado sem muita burocracia, com

um valor bastante acessível. O representante lhe atende com muita educação

e cordialidade. Além disso, há a entrega de um brinde. Exemplo: pela análise

de seu perfil, o funcionário descobre que seu aniversário está próximo e, por

isso, habilita no sistema, gratuitamente, um jogo de seu time de futebol.

A principal característica deste requisito é a de que, se ausente, não

trará insatisfação do cliente, mas se atendido o encantará.

Figura 4 – Representação Gráfica do Modelo Kano

Fonte: http://www.lean.org.br/ (Acessado em 20/08/2016)

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1.3. Gestão DE Processos ou Gestão POR Processos?

Em muitas literaturas que abordam esse tema, é grande a

diversidade de autores que dão nome aos seus títulos empregando ambos os

conceitos. Todavia, entendemos que a diferença é grande, não apenas na

escrita, mas no conceito. E é exatamente no conceito que está o grande

desafio aos gestores, quando há a necessidade de entendimento, antes de

iniciar a padronização e gestão dos processos em suas organizações.

Para que a organização possa gerir seus processos, deverá estar

bem alinhada quanto à necessidade de que seus esforços estejam voltados

para o CLIENTE, seja ele interno ou externo.

Sendo assim, a Gestão DE Processos significa que os processos de

uma organização estão sendo monitorados e controlados, porém apenas na

área que o executa. Entretanto, esta mesma área não interage com outras

áreas, dificultando a relação e até mesmo ações que poderiam facilitar seu

posicionamento como clientes x fornecedores. A falta de interação com outras

áreas atribui uma visão extremamente limitada a quem executa o processo,

pois não permite que algumas anomalias possam ser identificadas, juntamente

com suas respectivas correções. Outro ponto a ser considerado é o de que na

visão por departamento são comuns os desperdícios de matéria prima,

retrabalhos e falhas na entrega do produto ou serviço.

Temos como exemplo um processo de vendas: Se a área de vendas

não reporta suas metas e resultados (planejado e realizado), a equipe de

compras não conseguirá negociar a quantidade de insumos necessários para a

confecção do produto, afetando diretamente o preço da matéria-prima e

também a equipe de logística que, por sua vez, não conseguirá se planejar

para realizar as entregas dentro do prazo e o controle de estoque das

mercadorias. A consequência dessa falta de comunicação certamente afetará o

custo final do produto.

É possível que este cenário torne-se mais complexo e crítico de

acordo com o portfólio de produtos, quantidade de departamentos e

funcionários da organização.

18

A esse tipo de gestão dá-se o nome de Visão Funcional, Visão

Vertical ou Visão Departamentalizada dos Processos, cuja visão é totalmente

desconectada dos demais processos e áreas.

Na Gestão POR Processos, o processo passa a ser um instrumento

de gestão, no qual são avaliados indicadores, desempenho das equipes e

gaps, buscando a melhoria contínua.

Nesse modelo, a operação é alinhada com os objetivos estratégicos

da organização e, por isso, todos contribuem para atingi-los. Por isso, todos os

departamentos precisam estar comprometidos com o resultado dos demais,

pois ao contrário dificultarão o cumprimento das metas organizacionais. É

importante destacar o fato de que os departamentos necessitam da visão do

processo como um todo, não apenas de seu departamento. Por essa razão,

tendem a absorver o conceito de cliente x fornecedor de forma mais rápida e

eficaz, além de proporcionar mais sinergia em todos os departamentos e níveis

organizacionais. Normalmente, os gestores passam a gerenciar não apenas os

Figura 5 – Visão Funcional ou Visão Verticalizada ou Visão por Departamento

Fonte: Adaptado de Clemente, 2013

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processos de suas áreas, mas também a contribuir para que o fluxo dos

processos comuns entre as áreas seja bem executado, pois eles têm a cultura

de que, se uma atividade não for bem executada em uma área, poderá

comprometer todo o processo e, assim, a entrega do produto ou serviço,

consequentemente afetando a satisfação do cliente.

A tendência é que tenhamos um conceito de que a visão funcional é

mais rígida e dificulta o relacionamento com o cliente, principalmente porque

mudar este cenário requer muito mais tempo e esforços na organização, por

serem necessárias, inclusive, mudanças na cultura da empresa.

No capítulo a seguir, orientaremos a forma pela qual a gestão de/por

processos poderá ser implantada na organização. Independente de a decisão

ser através de gestão de processos ou por processos, se o desenho vertical ou

horizontal, pois não há modelos certos ou errados, tudo dependerá do foco e

dos objetivos que necessitam ser alcançados.

Figura 6 – Visão por Processos ou Horizontal dos Processos

Fonte: Adaptado de Clemente, 2013

20

CAPÍTULO II

O PROJETO DE GESTÃO POR PROCESSOS

2.1 Estrutura da Gestão por Processos na Organização

Uma vez decidido que haverá a padronização e gestão por processos,

será necessário definir os agentes que irão atuar nas diversas funções

relacionadas ao projeto. A organização poderá optar pela contratação de uma

consultoria especializada ou pela procura por colaboradores com perfil para

assumir o projeto, havendo necessidade apenas de capacitação, ou ainda se a

melhor opção consiste em captar no mercado profissionais com expertise.

Também é possível montar uma equipe mista, com profissionais do mercado e

colaboradores, sob a orientação de uma consultoria.

Os colaboradores que atuarão diretamente no projeto precisarão estar

fortemente alinhados com os objetivos do mesmo, sendo que alguns deverão

possuir amplo conhecimento técnico, pois estes contribuirão e atuarão

diretamente no mapeamento, implantação e acompanhamento dos processos,

além de viabilizar a melhoria contínua.

Este grupo será formado e apresentado aos demais colaboradores da

organização, de forma que todos possam contribuir e interagir. O nome que

será atribuído a este grupo é o menos importante, mas geralmente são

chamados de Comitê, Núcleo, Escritório de Processos ou Gerência de

Processos.

Recomendamos que este grupo seja conduzido por uma Diretoria neutra

e sem acúmulo de outras funções, com autonomia, e que esteja diretamente

ligada à Alta Gestão, que lhe permita participar da elaboração da estratégia e

atue como facilitador nas tomadas de decisões. A equipe multidisciplinar

deverá estar distribuída em vários níveis organizacionais, do estratégico ao

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operacional, de forma que haja fluidez na comunicação, troca de informações e

experiências diárias e que permitam agregar conhecimento e valor ao projeto.

Figura 7 – Cadeia de Atuação de Processos (HARMON, 2006)

Fonte: http://www.enjourney.com.br/ (Acessado em 20/08/2016)

Abaixo descrevemos algumas funções que essencialmente irão integrar

e atuar diretamente no comitê de processos.

Direção:

Representa o estabelecimento das políticas, da comunicação sobre as

diretrizes da gestão por processos, sendo o facilitador de análises e soluções

dos cenários críticos;

Patrocinador:

Responsável por viabilizar recursos financeiros, estruturais e humanos,

além de definir as diretrizes sobre a gestão por processos. Cabe a ele também

identificar os donos dos processos e assegurar o envolvimento necessário,

além de alinhar sua expectativa quanto ao retorno esperado do projeto;

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Especialista:

Tem a incumbência de apoiar tecnicamente o mapeamento, a

identificação e eliminação de gaps, mensurar e reportar resultados para os

donos dos processos, centralizar o recebimento de propostas de melhorias e

auxiliar na coleta dos resultados;

Dono do Processo (Gestor do Processo):

Deve acompanhar o desempenho do processo, viabilizar e acompanhar

a implantação de melhorias e planos de ação, divulgar resultados dos

processos (indicadores), interagir com as demais áreas da organização,

estimulando a interação entre os colaboradores de diversas áreas, permitindo a

integração e a disseminação da cultura de cliente e fornecedor do processo,

alinhar metas, monitorar a qualidade das interfaces dos processos, atender e

garantir um desempenho desejável do Comitê de Processos, assegurando

minimamente, as expectativas dos clientes externos e da direção. Deverá

possuir certas habilidades, tais como: Boa capacidade de negociação, bom

relacionamento, boa comunicação, liderança, flexibilidade e criatividade.

2.2 Estrutura dos Processos

Estrutura ou hierarquia dos processos representa a visão geral e

funcional dos processos, em seus diversos níveis e desdobramentos,

permitindo uma visão integrada dos macro e micro processos e suas atividades

relacionadas, que servirão de suporte a todos os níveis hierárquicos. Essas

estruturas se relacionam diretamente, com base no conceito top-down.

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Figura 8 – Estrutura dos Processos

Fonte: http://docplayer.com.br/ (Acessado em 20/08/2016)

2.2.1 Políticas Organizacionais

Caminhando na direção da estratégia de gestão por processos, nos

deparamos com as políticas organizacionais, que orientam o planejamento e

assim criam condições para o alcance das metas. Políticas organizacionais, de

forma resumida, são orientações que formalizam diretrizes a serem seguidas,

que abrangem todos os colaboradores em uma organização, sejam eles

acionistas, funcionários, fornecedores ou clientes. As políticas variam de

acordo com o perfil das organizações, podendo abranger vários setores, tais

como: Recursos Humanos, Vendas, Compras, Logística e área Financeira.

Políticas Organizacionais

24

Figura 9 – Modelo de Política Organizacional

Fonte: http://www.cercigui.pt/ (Acessado em 20/08/2016)

2.2.2 Cadeia de Valor

A cadeia de valor foi desenvolvida em 1985, pelo Professor Michael

Porter da Escola de Negócios de Harvard. Ela define o registro de uma

requisição do cliente e, a partir desta necessidade, a organização trabalha em

seus diversos setores e níveis, a fim de que a necessidade do cliente seja

atendida.

25

Figura 10 – Cadeia de Valor de Porter

Fonte: http://www.enjourney.com.br/ (Acessado em 20/08/2016)

Na cadeia de valores de Porter, as atividades são divididas em

atividades primárias (atividades de negócio) ou atividades de suporte.

Porter (1989, p. 36) detalha:

Atividades Primárias: Estão relacionadas ao processo de criação do produto ou serviço.

Abaixo elucidamos as atividades primárias, classificadas na Cadeia de Valor de

Porter:

Logística interna: São as atividades associadas ao material, armazenagem, controle de estoque, programação de frotas, veículos e devolução para fornecedores; Operações: São as atividades associadas à transformação dos insumos no produto final, como trabalho com máquinas, embalagens, montagem, manutenção de equipamento, testes, impressão e operações de produção; Logística externa: São as atividades associadas à coleta, armazenamento e Distribuição física do produto para compradores, como armazenagem de produtos acabados, manuseio de materiais,

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operação de veículos de entrega, processamento de pedidos e programação; Marketing e vendas: São as atividades associadas a oferecer um meio pelo qual compradores possam comprar o produto e a induzi-los a fazer isto, como propaganda, promoção, força de vendas, cotação, seleção de canal, relações com canais e fixação de preços; Serviço: São as atividades associadas ao fornecimento de serviço para intensificar ou manter o valor do produto, como instalação, conserto, treinamento, fornecimento de peças e ajuste do produto.

Porter (1989, p. 37) detalha:

Atividades de Suporte: Sustentam as atividades primárias, fornecendo recursos e estruturas, como tecnologia e recursos humanos.

Abaixo elucidamos as atividades de Suporte, classificadas na Cadeia de Valor

de Porter:

Aquisição: São funções relacionadas à compra de insumos utilizados na fabricação do produto ou execução de serviços, incluindo matéria prima, máquinas e outros materiais, inclusive materiais de escritório; Desenvolvimento de tecnologia: é a aplicação da tecnologia, seja ela por meios físicos (hardware ou software) ou a aplicação do conhecimento para que o produto ou serviço possa ser entregue; Gerência de recursos humanos: Atividades relacionadas ao recrutamento, seleção, remuneração, treinamento e outros incentivos e programas que possam contribuir no desenvolvimento e manutenção do capital humano; Infra estrutura da empresa: São atividades relacionadas à gestão financeira, planejamento, contabilidade, relacionamentos com o governo e a sociedade.

Cabe ressaltar a importância da cadeia de valor, pois ela nos permite identificar

os processos-chave e prioritários, identificar o grau de impacto no negócio,

direcionar os investimentos, identificar oportunidades de melhorias e auxiliar na

criação dos indicadores de desempenho.

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2.2.3 Macroprocessos

Os Macroprocessos encontram-se na primeira hierarquia,

representando o nível mais elevado e envolvem mais de uma função na

estrutura organizacional. Apresentam uma visão End-to-End. Esses processos

são desdobrados em outros níveis, envolvendo várias funções e setores.

Figura 11 – Exemplo de Macro Processo de Negócio de uma Seguradora

Fonte: Figura Construída

2.2.3.1 Macro Processos de Negócio e Macro Processos de

Suporte

Macro processos de Negócio ou Primários são elaborados na linha

prioritária da cadeia de valor. São processos que estão envolvidos com a

atividade principal da organização e por isso são o foco. Invariavelmente, estão

relacionados diretamente com o cliente final e por isso, deverão ter prioridade

no projeto de Gestão por Processos devido à importância e criticidade.

Figura 12 – Exemplo de Macro Processo de Suporte de uma Seguradora Fonte: Figura Construída

Macro processos de Suporte ou de Apoio, também inseridos na

cadeia de valor, no nível secundário, são processos que dão suporte aos

processos de negócio. Tem como características o não relacionamento direto

28

com o cliente final, fornecendo aos seus clientes internos informações,

métodos, insumos, recursos humanos e materiais.

2.2.5 Processo Gerencial Padrão

Representado pelo fluxograma, o processo gerencial padrão é o

desdobramento do macro processo, executado e controlado a nível tático, onde

estão descritas sequencialmente as atividades executadas. Neste nível, são

definidos os itens de controle, os fatores críticos de sucesso e as atividades de

maior criticidade, pois sua execução que irá determinar o produto final. Por

isso, ele poderá ser o instrumento de medição da qualidade do produto ou

serviço.

Figura 13 – Modelo de Processo Gerencial de Análise de Crédito

Fonte http://www.ebah.com.br/Processos Gerenciais (Acessado em 20/08/2016)

2.2.6 Procedimento Operacional Padrão

É o detalhamento de uma ou mais atividades que integram o processo

gerencial. Utilizada a nível operacional, serve como instrumento de consulta

quando há necessidade de que a atividade seja executada por todos no

mesmo padrão e tempo. Também é útil como ferramenta de treinamento e

monitoria.

29

O Procedimento operacional padrão deve estar disponível aos que

irão executar as atividades operacionais, em um local de fácil acesso.

Basicamente, o procedimento operacional padrão deverá responder aos

seguintes questionamentos: Quem executa, o que executa, quando executa,

como executa e onde executa. Não deverão constar nomes, mas sim cargos e

deverá passar por constantes revisões e atualizações.

Figura 14 – Modelo de POP – Procedimento Operacional Padrão

Fonte: Figura construída

2.3 Mapeamento dos Processos (AS IS)

O mapeamento dos processos é o primeiro passo para a

padronização, pois é nesta etapa que definimos quais os processos serão

priorizados e analisados. Nesta etapa, entendemos como o processo é

executado, ainda sem julgamento de valores para o cliente, que posteriormente

possamos analisá-lo, identificando gaps e buscando melhores práticas para o

30

redesenho e implantação das melhorias. No mapeamento, descrevemos as

atividades sequenciadas e lógicas representadas pelo fluxograma.

É importante destacar o fato de que o primeiro passo para o mapeamento

dos processos seria identificar quantos e quais serão os processos a serem

mapeados. Recomendamos que sejam priorizados os processos de negócio e

os mais suscetíveis à perdas financeiras, incluindo aqueles que atualmente

comprometem o custo operacional. A quantidade será definida de acordo com

o tamanho da organização e da quantidade de pessoas envolvidas no projeto.

Recomendamos que sejam utilizados os critérios mínimos de priorização:

- Processos que impactam prioritariamente os resultados operacionais;

- Processos críticos para a implementação da estratégia organizacional;

- Processos que impactam as interações ou interfaces de outros processos

prioritários, que podem comprometer os resultados da organização.

O levantamento do cenário inicial (AS IS) deve abordar minimamente, os

seguintes pontos:

- Nome do processo;

- Áreas executantes;

- Objetivo do processo;

- Entradas e saídas do processo;

- Recursos necessários;

- Clientes;

- Gestor do processo (dono do processo);

- Abrangência;

- Indicadores;

- Problemas apresentados;

31

- Pontos fracos.

2.3.1 Técnicas para Mapeamento dos Processos JAD (Joint Application Design)

Técnica desenvolvida na década de 70 pela IBM. Nela, integram um

condutor da reunião, geralmente um representante da equipe de processos, um

fornecedor, um cliente do processo, um representante de TI e um executor

operacional do processo. Nesta técnica todos se reúnem para a discussão do

processo atual e pontos de melhorias.

Características da Técnica JAD: - Facilita o entendimento e visão mais clara quando a execução do processo é

interdepartamental;

- Facilita a sinergia e promove a visão de cliente x fornecedor, permitindo o

entendimento de todos os participantes e envolvidos no processo.

- Facilita a análise de pontos críticos, promovendo ideias e consensos.

Nesta técnica, deverão ser agendadas frequentes reuniões que

permitam o levantamento da situação atual (AS IS) e da situação futura (TO

BE). O principal objetivo das reuniões de mapeamento do processo é a

identificação dos pontos fracos e oportunidades de melhorias dos processos.

Deverá ser iniciada com a apresentação da situação atual do

processo e informações relevantes. Os envolvidos (clientes e executantes)

deverão descrever os problemas apresentados e seus impactos no resultado.

As causas deverão ser levantadas, suas soluções e prioridades na atuação.

Neste levantamento, alguns cenários que caracterizam pontos fracos deverão

ser considerados de extrema importância e são eles:

- Presença de burocracia;

- Falta de responsabilidade;

- Atividades que não agregam ou fogem do objetivo;

32

- Tempo de execução inadequado;

- Necessidade de retrabalhos, conferência e conciliação;

- Risco de execução (financeiro, ambiental, segurança);

- Presença de gargalos;

- Ausência de competências ou deficiências no conhecimento;

- Qualidade do processo;

- Alto custo;

- Baixa satisfação do cliente.

Nas reuniões para o mapeamento da situação atual do processo

deverão participar essencialmente fornecedores, executantes, clientes e

representantes da equipe de tecnologia de informação. Nesta fase, não é

recomendada a participação do gestor direto, pois ele poderá inibir o

executante nas situações em que houver necessidade de expor os gaps e

cenários atualmente desfavoráveis. A presença desses gestores será útil nas

reuniões da situação futura.

Questionário

Nesta técnica, é apresentado ao executante um formulário com

questões predefinidas, para que possam ser descritas as atividades de seu

processo.

Self Assessment

Nesta técnica, por sua vez, o executante descreve livremente como

é executado seu processo, realiza sua auto avaliação. Este técnica de

mapeamento não é muito eficaz quando se necessita extrair o máximo de

detalhes do processo, seus resultados e também por não existir uma

33

metodologia que explore o entrevistado a apresentar todo o seu conhecimento

do processo.

2.4 Análise e Diagnóstico

Cada processo deverá ser analisado detalhadamente, considerando

as seguintes características:

Eficácia: - Como o cliente percebe a qualidade?

- Como e com que frequência o cliente interage com o processo?

- De que forma é medida a satisfação do cliente com o processo? Existem

reclamações mapeadas?

- Quais são os SLAs deste processo? Estão sendo cumpridos? Precisam ser

revistos?

- Quais são os indicadores deste processo? Como é feita a medição? É

possível a variabilidade?

- Os responsáveis estão bem definidos?

Eficiência: - Qual o custo do processo? O custo é fixo ou variável?

- O custo pode ser reduzido? Como?

- Qual o tempo de execução do processo? O tempo está adequado?

- Quais são as atividades que mais gastam tempo na execução do processo?

- Há subaproveitamento de capital humano?

- Existem atividades que não agregam? Alguma atividade pode ser

simplificada?

- Máquinas e sistemas operam com eficiência?

- Há tráfego de informação em papel?

- Existem controles paralelos e informais, como planilhas e e-mails?

Flexibilidade: - Pode atender a um aumento de demanda?

34

- Qual é o impacto se não há insumos suficientes para atender a demanda?

- Consegue ser corrigido rapidamente se ocorrer um erro na execução?

- O que ocorre se a velocidade de execução do processo alterar? Os prazos

também alteram? Qual é o impacto deste cenário do produto final?

- Existe burocracia?

2.5 Otimização e Implantação das Melhorias (TO BE)

Se no mapeamento AS IS nós abordamos a situação atual, a

próxima etapa é mapearmos a situação futura (TO BE), cujo foco é transformar

o processo capaz de atender as necessidades do cliente, agregando valor,

permitindo que sejam inseridos no processo atividades que viabilizem a

implantação de cenários favoráveis e a eliminação de situações desfavoráveis,

ambos coletados no mapeamento e apresentados anteriormente. O trabalho de

modelagem representará a diferença entre a situação atual (AS IS) e a situação

futura (TO BE).

As melhorias poderão ter dois focos: As implantadas pela

oportunidade, que tem a característica de desenvolver novas formas de

trabalho para que a qualidade no processo seja percebida pelos clientes,

buscando inovação e uma abordagem mais pró ativa e as melhorias

implantadas devido aos problemas apresentados, cujo objetivo é eliminar

gargalos e tem por característica a forma reativa de corrigi-los.

O gestor do processo deverá estabelecer qual será sua expectativa

na implantação do TO BE, como por exemplo: Aumentar a qualidade do

produto ou serviço, reduzir o custo, automatizar ou reduzir o tempo de

execução.

Ferramentas para Análise e Melhorias dos Processos Fluxograma

Considerando a premissa de que para que o processo seja otimizado

é necessário conhecê-lo e analisa-lo, o fluxograma é uma ferramenta eficaz

que permite a visão lógica e dinâmica de como funciona o processo.

35

Representado por uma visualização gráfica de uma sequência de símbolos

padronizados, o fluxograma é a ferramenta que melhor permite a fácil

compreensão de um processo, mais eficiente que textos escritos. Podendo ser

aplicado nos desenhos AS IS e TO BE, deve ser documentado e

disponibilizado para todos os níveis da organização e frequentemente revisado.

Vantagens do Fluxograma:

- Permite uma visão de conjunto e integrada do processo;

- Permite uma visão dos detalhes críticos do processo;

- Identifica o fluxo e a sequência de execução das atividades e suas interfaces;

- Auxilia na identificação dos itens de controle;

- Auxilia na identificação de inconsistências e fragilidades do processo.

Alguns símbolos são específicos de algumas notações, que são

representações de acordo com as diferentes ferramentas e suas formas de

modelar os processos através de fluxogramas, as mais utilizadas são:

Flowchart

Desenvolvido nos anos 70 pela iniciativa da Gestão da Qualidade

Total, bastante utilizado nos dias atuais, pelo baixo custo e simplicidade na

interpretação dos símbolos aplicados:

36

Figura 15 – Modelo Fluxograma, Notação Flowchart

Fonte: http://www.edrawmax.com/ (Acessado em 20/08/2016)

EPC (Event-Driven Process Chain)

Desenvolvido nos anos 90, possui uma sequência de funções que

começam e terminam com um evento, dando a clareza que o processo começa

quando termina o outro e vice-versa.

Figura 16 – Modelo Fluxograma, Notação EPC

Fonte: http://www.edrawmax.com/ (Acessado em 20/08/2016)

37

BPMN (Business Process Modeling Notation)

Nesta notação, o objetivo é facilitar o entendimento dos processos

internos e externos através de diagramas gráficos:

Figura 17 – Modelo Fluxograma, Notação BPMN

Fonte: http://www.edrawmax.com/ (Acessado em 20/08/2016) Dicas Para Elaborar um Fluxograma: - Descrever o objetivo e o escopo do processo, impondo limites como a

abrangência e a descrição do trabalho;

- Priorizar a inclusão das atividades críticas;

- Inserir decisões nos pontos de críticos;

- Priorizar a inclusão de atividades que irão auxiliar na análise do processo;

- Evitar a inclusão de atividades que não agregam na análise crítica do

processo;

- Validar com alguém que conheça o processo que está sendo desenhado,

para que sejam aplicados ajustes que possam eliminar situações de mal

interpretação ou dificuldades na análise.

1) Priorização de Problemas e Ações

1.1 Matriz GUT (Gravidade, Urgência, Tendência)

38

Esta ferramenta é utilizada para implementar e priorizar ações quando

não há dados quantificáveis. GUT é a abreviação das palavras-chave que

compõem o método e seus conceitos:

G (Gravidade): Impacto do problema sobre coisas, pessoas, resultados,

processos ou organizações, e também como seus efeitos a longo prazo, caso o

problema mapeado não seja resolvido. Este conceito está também relacionado

diretamente ao custo.

U (Urgência): Refere-se ao prazo ou tempo que será necessário para corrigir o problema.

T (Tendência): Refere-se ao potencial de evolução, involução ou eliminação do problema.

Para cada conceito, atribuímos valores numéricos (pesos) de 1 a 5,

classificando em ordem decrescente de pontos os problemas que serão

priorizados na análise de melhoria do processo, facilmente descritos na tabela

abaixo:

Figura 18 – Modelo de Matriz GUT

Fonte: Adaptado de Clemente, 2013 1.2 Pareto

Criada por Vilfrido Pareto, esta ferramenta estabelece a regra 80-20,

também conhecida como maiorias triviais/minorias essenciais.

39

Esta regra agrupa as causas dos problemas e seus efeitos em dois grandes grupos: 80% de causas triviais respondem por aproximadamente apenas 20% dos resultados mais significativos; 20% de causas essenciais respondem por 80% dos resultados mais importantes. Figura 19 – Representação Gráfica do Princípio de Pareto

Fonte: http://voceganhandodinheironanet.blogspot.com.br/(Acessado em 20/08/2016) 1.3 Diagrama de Causa e Efeito

Relembrando que o resultado (saída) da execução de um processo

é um produto ou serviço, e quando ocorre um problema, podemos buscar a

relação de causa e efeito (problema) através desta ferramenta. Também

conhecido como “espinha de peixe”, ou Ishikawa, este leva o nome de seu

criador, Kaoru Ishikawa, esta ferramenta é desenhada com o objetivo de

esclarecer as várias causas que afetam o desempenho do processo e suas

classificações, categorizadas em 4M: Método, Mão de Obra, Material e

Máquinas.

40

Existe também a variação 4P, bastante utilizada em áreas

administrativas, que seriam: Política, de Procedimentos, Pessoal e Planta.

Ambas podem ser utilizadas na gestão por processos, desde que incentivem os

envolvidos a buscarem as melhores sugestões.

Figura 20 – Representação Gráfica do Diagrama de Causa e Efeito

Fonte: Figura Construída Essas categorias são chamadas de 6M, onde são categorizadas por: - Mão de obra – Cenários que se relacionam à força de trabalho e a maneira de como elas executam suas atividades; - Material – Relacionados à insuficiência, qualidade ou outras características que envolvem insumos e matérias primas; - Máquina – Aspectos relativos aos equipamentos; - Medida – Cenário relacionado às formas de medição, como aferições e escalas - Meio ambiente – são as condições ou aspectos ambientais que possam afetar o processo; - Método – referem-se os procedimentos, rotinas e técnicas utilizadas.

Fatores Críticos de Sucesso

Na implantação do processo, uma das atividades mais importantes é

a escolha dos fatores críticos de sucesso. Eles são pontos no processo que

merecem mais atenção por estarem diretamente relacionados ao bom ou mau

desempenho do processo, que por sua vez está relacionado à qualidade do

que será entregue ao cliente.

41

Poderão ser observados ganhos nos processos que possuem

interfaces com outros que tenham seus fatores críticos de sucesso

implementados e controlados, o que se dá pela continuidade da cadeia de

processos que estão interligados e pelo próprio conceito de processo, que

possui entradas e saídas.

Para assegurar a implementação dos FCS, eles poderão ser

inseridos nos documentos operacionais, como as instruções ou normas de

trabalho, que devidamente documentados e aplicados poderão, inclusive, se

tornar instrumentos nas auditorias de conformidade.

Oliveira (2010, p. 165) afirma: “Um processo passa a ser controlado

quando há entendimento as relações de causa e efeito, entre inputs e outputs e

se faz uso deste conhecimento para obter os resultados desejados”

Abaixo, fornecemos exemplos de Fatores Críticos de Sucesso:

Fatores Crítico de Sucesso de um Processo Culinário:

- Equipamentos: fogão, forno, panelas, utensílios.

- Ingredientes

- Receita

- Cozinheiro

Fatores Crítico de Sucesso de um Processo de Pintura Residencial:

- Paredes secas

- Materiais: Massa, selantes, lixa e tinta

- Ferramentas: Rolo, pincel e espátula

- Pintor

42

Em resumo, definem Maranhão e Macieira:

Os verdadeiros Fatores Críticos de Sucesso são aqueles conjuntos de fatores sem os quais nem mesmo uma aplicação extrema permite assegurar os resultados desejados do processo considerado (MARANHÃO E MACIEIRA, 2008, p. 82).

2.6 Ações Corretivas (Plano de Ação)

Após o mapeamento do processo atual (AS IS), o desenvolvimento do

processo a ser melhorado (TO BE), passando pela análise, mapeamento dos

problemas e suas causas entre outras ações mencionadas anteriores,

chegamos na fase de implantação das ações corretivas, que se caracteriza

pelo plano de ação. O plano de ação será útil para alterar as atividades que

não estão satisfatórias no processo, com o objetivo de eliminar ou reduzir um

problema localizado no processo, na fase de análise.

As ações corretivas têm o objetivo de atender a três necessidades:

Correção: Eliminar a causa de problemas e falhas nos processos, principalmente nas atividades do processo, onde normalmente surge as causas dos processos. Prevenção: Alterar os processos para evitar que falhas importantes comprometam o desempenho do processo. Redução do tempo: Eliminar ou otimizar atividades que atrasam ou não agregam valor ao processo

As ações corretivas podem ser planejadas com o auxílio da ferramenta 5W2H:

What (O que precisa ser feito)

Why (Por que precisa ser feito)

Where (Onde será realizada a mudança, referindo-se ao setor ou abrangência)

When (Em quanto tempo será realizada a mudança)

Who (Quem será responsável pela mudança)

How (Como será realizada a mudança, referindo-se ao meio)

43

How Much (Quanto custará a mudança)

Recomendamos que para cada ação de melhoria a ser implantada

em cada processo seja utilizada uma tabela com o 5W2H. O acompanhamento

poderá ser realizado, caso exista um comitê ou escritório ou pelo gestor do

processo.

No plano de ação também poderão constar possíveis pilotos que

serão realizados no processo, a fim de que sejam realizados testes de

eficiência e eficácia, antes de sua implementação definitiva.

Gerando Ações de Melhorias através do Brainstorming

Brainstorming, do termo em inglês “tempestade de ideias”, é uma técnica

muito utilizada para a análise de problemas, suas causas e para geração de

ideias, com a finalidade de eliminação das falhas.

Essa técnica é bastante eficaz, pois incentiva a criatividade, o

conhecimento do processo e culmina na criação de ideias, aperfeiçoamento de

formas de fazê-lo.

O brainstorming reúne um grupo de até 10 pessoas, incluindo um

facilitador que irá conduzir a dinâmica e documentar o conteúdo gerado em

ferramentas adequadas como o Pareto, Ishikawa, Matriz GUT e 5W2H. Esta

técnica poderá ser útil no mapeamento das causas e suas respectivas

propostas de melhorias.

O brainstorming possui duas formas de realização:

Estruturado: Ocorre quando são apresentadas as ideias em uma

ordem estabelecida;

Não estruturado: Nele, os participantes se manifestam sem sequência determinada e de forma aleatória. O responsável pela condução da reunião vai escrevendo num local visível todas as ideias que são expostas.

Implementação dos Processos

Uma vez que o processo esteja redesenhado, seus problemas

eliminados, seus fatores críticos mapeados e tendo sua eficácia e eficiência

comprovadas, será necessário que os processos comecem funcionar, de

maneira fidedigna ao que foi planejado.

44

Esta iniciativa visa capacitar os colaboradores no fluxo de trabalho

do novo processo, preocupando-se com a confiabilidade da iniciativa da gestão

por processos em todos os níveis da organização. Quando mencionamos

capacitação, certamente nos referimos a treinamentos em locais adequados.

Neste treinamento, essencialmente serão apresentados o processo no formato

de fluxograma, as instruções de trabalho e os fatores críticos de sucesso.

Abaixo apresentaremos os itens que deverão estar contemplados na

implementação dos processos:

Comunicação: Promover o entendimento sobre o escopo de todos na

execução do processo, alinhando a importância do envolvimento de todos no

processo, fortalecendo a cultura de cliente e fornecedor. Informar onde estarão

disponíveis os documentos para consultas.

Gestão Estratégica do Processo: Comunicar de forma eficaz a

missão, os valores da organização e como cada um poderá contribuir para a

qualidade do processo.

Esclarecer Objetivo: Informar com clareza onde se deseja chegar,

para que todos concentrem suas ações no que realmente importa e se

comprometam com o resultado.

Treinamento Adequado: Promover treinamentos para que todos

tenham habilidade e conhecimento necessário para a realização de suas

tarefas.

Prover Recursos Materiais: Proporcionar o funcionamento de

máquinas, softwares e infraestrutura necessários para o bom desempenho das

atividades de todos os colaboradores.

Documentação

Os processos padronizados deverão estar disponíveis para consulta,

em uma fonte única, disponível para todos os níveis da organização.

45

Dependendo da quantidade de processos e complexidade, as formas

de documentá-los podem variar. A maneira mais informal de documentação é

disponibilizar os arquivos em um diretório disponível na rede. Outra forma de

documentar também é incluir um campo na intranet, onde todos os processos

estariam disponíveis e por último, existem algumas ferramentas de desenho de

fluxogramas que permitem a criação de uma intranet de processos dentro do

próprio aplicativo.

CAPÍTULO III

GESTÃO E MELHORIA CONTÍNUA DO PROCESSO

3.1 Indicadores de Desempenho do Processo

Aproveitando a abordagem sobre os Fatores Críticos de Sucesso,

eles influenciam diretamente no desempenho dos processos, gerando

resultados bons ou ruins para a organização, por isso, se fatores críticos de

sucesso bem definidos e controlados certamente refletirão nos indicadores de

desempenho do processo.

Indicadores serão os termômetros para evidenciar se o processo está

sendo bem executado ou se necessita que sejam aplicados ajustes, dando

autonomia ao gestor em tomar decisões adequadas, sempre buscando

melhorias. Como gerenciar, basicamente é atingir metas, a Gestão pela

Qualidade Total define que para atingir metas é necessário atuar de forma

definitiva sobre os processos que não estão em conformidade, envolvendo

todos os níveis organizacionais.

Couto e Marash (2012, p. 69) definem indicadores de desempenho

como “Informações e dados que servirão para controlar e identificar problemas,

possibilitando melhoria no processo”.

46

Os indicadores terão premissas diferentes, de acordo com o

processo que está sendo avaliado:

- Premissas de Processos de Serviços: Acessibilidade, Cortesia,

Comunicação, Tangibilidade.

- Premissas de Processos de Produtos: Desempenho, Conformidade,

Confiabilidade, Durabilidade e Design.

Juntamente com a definição dos indicadores, deverão ser definidas as

metas e formas de medição.

Indicadores de desempenho devem ser eficientes, eficazes e ter

relação direta com a atividade final do processo. Os indicadores de

desempenho podem ser estabelecidos a partir de pontos críticos do processo,

como por exemplo:

- Atividades que envolvem riscos à pessoas;

- Atividades de envolvem riscos ao material;

- Atividades que desencadeiem retrabalhos;

- Atividades que comprometem o custo;

- Fatores Críticos de Sucesso.

Seguindo o conceito do Balanced Scored Card, que reflete os

diversos interesses e níveis da organização, são classificados alguns grupos

de Indicadores de Desempenho:

Financeiros:

Crescimento: Vendas, receita bruta, receita líquida, fluxo de caixa

Suporte: Receitas contábeis, receitas operacionais, margem bruta

Resultados: Aumentar fluxo de caixa, reduzir capital de giro, custo

unitário do produto ou serviço, valor econômico agregado

Foco em Clientes

Participação de mercado

Captação de clientes

Retenção de clientes

Rentabilização de clientes

Fidelização de clientes

47

Insatisfação de clientes

Satisfação de clientes

Processos Internos

Inovação

Conformidade do produto ou serviço

Produtividade

Operações: Produção, entrega, prestação de serviços, eficiência

operacional, desempenho de terceiros

Pós Venda: Assistência técnica

Recursos Humanos

Rotatividade (turn over)

Capacitação

Absenteísmo

Clima Organizacional

Número de colaboradores (head count)

Horas de treinamento

Retenção de talentos

Bem estar

Segurança

Responsabilidade Social

Conformidade Social

Imagem pública

Conformidade ambiental

Custo ambiental

Investimento em responsabilidade social

Investimento em gestão ambiental

Risco ambiental

Segundo a Norma ISO 9001:2000, metas precisam ser desafiadoras,

desde que seja possível alcançá-las. Sendo viáveis, são estimulantes e trazem

ganhos para todos da organização.

48

Segundo a Fundação Nacional da Qualidade (FNQ, 2008), metas são

níveis de desempenho pretendidos para determinado período de tempo. Para

auxiliar a defini-las, apresentamos os conceitos da ferramenta SMART, onde

metas devem ser:

S (Specifics): Específicas, tem escopo delimitado. Além disso, precisam ser

bem detalhadas, para que não haja muitas interpretações;

M (Measurables): Mensuráveis, deve ser possível medir se foi alcançada ou

não, independente se foi estabelecida em valores, percentuais e quantidades;

A (Attainables): Atingíveis, embora desafiadoras, devem ser possíveis de

serem atingidas, para que os colaboradores não fiquem desestimulados;

R (Relevants): Relevantes, Devem ser importantes para a empresa, deve

agregar valor financeiro, operacional, qualidade, entre outros. Prioritariamente,

estarão alinhadas ao planejamento estratégico;

T (Time-bound): Temporais, devem ter um período ou uma data definida

para ser atingida, como anos, meses e dias.

Segue uma tabela que poderá ser utilizada para a criação dos

indicadores e suas metas:

Fonte: Tabela Construída

Definir metas é o primeiro passo para que a organização continue a

busca pela satisfação dos clientes através da análise de suas metas, tendo os

processos como meios para que possam alcançá-las.

49

3.2 Ferramentas de Análise do Processo

Quando metas estabelecidas não são alcançadas, entendemos que

existe algum problema no desempenho do processo que esteja sem o devido

tratamento, não mapeado nas fases AS IS ou TO BE ou ainda surgido

posteriormente. Problema significa que o processo não está atendendo aos

requisitos de eficiência e/ou eficácia. Problema é um cenário indesejável, que

se reflete, essencialmente nos fatores críticos de sucesso do processo.

Para a análise do problema, além do Diagrama de Pareto, poderão

ser utilizadas as seguintes ferramentas:

Histograma:

É uma representação gráfica em formato de barras verticais dos

dados quantitativos agrupados em categorias. Esta ferramenta possibilita a

rápida identificação de produtos não conformes, pois apresenta uma rápida

visão de onde se encontra a variação. Deve-se observar as variações do

gráfico, onde deve haver simetria, com a menor dispersão possível, e média

adequada.

Figura 21 – Exemplo da Estrutura de um Histograma

Fonte: http://www.ebah.com.br/content/ABAAABfgMAJ/ferramentas-gestao-

qualidade-histograma (Acessado em 20/09/2016)

Gráficos de Controle:

50

São gráficos de linhas que evidenciam causas de variação de

registros cronológicos, como por exemplo dia, hora para suas respectivas

características, como por exemplo, média, amplitude e proporção. Os gráficos

de controle distinguem as causas comuns das causas especiais de variação.

Este gráfico é elaborado, basicamente, por uma linha superior, que estabelece

o limite superior do controle, uma linha inferior, que estabelece o limite inferior

de controle e uma linha central, que define a média.

Figura 22 – Exemplo de um Gráfico de Controle

Fonte: http://www.portalaction.com.br/ (Acessado em 20/08/2016)

FMEA (Failure Mode and Effect Analysis)

Esta ferramenta consiste em segmentar um grupo de atividades que

possam estar relacionadas a possíveis falhas e analisar seus efeitos,

permitindo que sejam feitos cálculos de probabilidade de produtos defeituosos,

evitando que sejam entregues ao cliente.

As falhas detectadas são ordenadas por grau de risco e nesta fase, já

seria possível a tomada de ações para eliminar ou reduzir os defeitos.

Técnica dos 5 Porquês

51

Criada por Sakichi Toyoda, fundador da Toyota, esta ferramenta tem

o objetivo de identificar as causas raízes de um problema. Ao encontrar um

problema, deverão ser realizados cinco questionamentos, obedecendo a ordem

da causa anterior.

Segue o exemplo de um mapeamento de um problema e sua causa

em uma empresa de vendas de materiais elétricos:

Problema: Aumento do tempo médio no atraso das entregas - Por que ocorrem atrasos?

Porque as entregas não saem da matriz no tempo adequado;

- Por que as entregas não saem no tempo adequado?

Porque ocorre atraso na emissão das notas fiscais;

- Por que ocorre atraso na emissão de notas fiscais?

Porque o sistema fica fora do ar frequentemente;

- Por que o sistema fica fora do ar frequentemente?

Porque não há atualização no software;

- Por que não há atualização no software?

Porque não está contemplada no contrato de suporte técnico do software.

Poderão ser utilizados mais de cinco por quês, desde que o

responsável pela aplicação da metodologia não permita que o foco original do

problema seja perdido.

É importante lembrarmos também que esta é apenas uma ferramenta

complementar para a busca das causas de um problema. Análises através de

dados são extremamente importantes e imprescindíveis para consolidar a

análise do desempenho do processo e seus indicadores.

Mapeados os problemas e suas respectivas causas, será necessário

que o dono do processo elabore um plano de ação para a implantação das

melhorias propostas, onde poderá ser utilizada a metodologia 5W2H para a

documentação e acompanhamento destas ações. As ações deverão sempre

estar focadas no cenário de custo x benefício, além disso, os prazos merecem

especial atenção, pois prazos muito longos poderão comprometer a efetividade

da melhoria que estão sendo implementada.

52

Antes de formalizar o plano de ação, deverão ser discutidos entre os

responsáveis pela execução e acompanhamento os seguintes fatores que

poderão impossibilitar a tomada de algumas ações:

- Tecnológico: A tecnologia disponível é suficiente para implementar as ações?

- Econômico: Serão utilizados recursos financeiros? Esses recursos já estão

contemplados no orçamento?

- Humanos: A demanda de execução das ações poderá ser absorvida por

algum colaborador ou área sem comprometer as demais atividades de rotina?

- Tempo: O prazo de implementação está adequado de forma que atenda a

meta que se deseja alcançar?

- Político: Os colaboradores envolvidos estão confortáveis com as mudanças

que serão realizadas?

A Mecânica do PDCA nos Processos

Para gerenciar é necessário que haja um método de gerenciamento

com o objetivo de manter o que já foi conquistado e, além disso, novos

desafios precisam ser estabelecidos para aperfeiçoar o desempenho.

O que todo gestor precisa perseguir incansavelmente é a manutenção

da frequência de bons resultados, buscando o máximo de uniformidade nas

atividades relacionadas ao processo, não poupando assim esforços para

manter seus indicadores dentro das faixas de previsibilidade e definindo metas

mais desafiadoras.

Com este objetivo, apresentaremos a metodologia PDCA, criado por

Deming na década de 80 e continua sendo nos dias atuais uma das

metodologias mais importantes para auxiliar as organizações na busca da

melhoria contínua.

53

Figura 23 – Tabela de Construção do PDCA

Fonte: Figura Construída

Abaixo apresentamos o detalhe de como poderão ser enriquecidas

as etapas do PDCA para que as organizações tenham um bom desempenho

na gestão por processos:

PLAN (PLANEJAR)

- Escolher os processos que serão incluídos no PDCA;

- Estabelecer Resultados: Definir a meta que será o alvo e cada

objetivo que será alcançado

- Indicador: Revisar o indicador que será acompanhado no processo,

especificando detalhadamente a forma de medição, frequência e fontes de

dados que serão utilizados para o cálculo do resultado

- Meios: Definir recursos materiais, financeiros e humanos

necessários para alcançar a meta. Definir métodos de como serão realizadas

as atividades, incluindo treinamentos e reuniões de alinhamentos.

DO (EXECUTAR)

Aplicar e executar exatamente tudo o que foi planejado. Treinar as

pessoas e realizar reuniões de avaliação e alinhamento estão inseridas nesta

etapa.

CHECK (CHECAR, CONFERIR, MEDIR)

Coletar dados provenientes das etapas de execução através das

fontes definidas, comparando com as metas que foram estabelecidas na etapa

de planejamento. Nesta etapa deverá ser verificado se o processo está sendo

54

executado como descrito e planejado. Caso não tenha êxito no resultado, a

análise de causa raiz será necessária. Na coleta dos resultados, alguns pontos

deverão ser observados, para que não ocorram distorções no resultado

apurado:

- Onde os dados se encontram

- Responsável pela coleta de dados

- Dados que serão considerados e os que serão expurgados

- Responsável pelo cálculo

- A métrica que será utilizada

- Como serão consolidados os dados

- Quem irá validar o resultado

Nesta etapa, algumas metodologias poderão ser utilizadas para

enriquecer a análise dos resultados obtidos, como as que merecem destaque:

Monitorias

As monitorias poderão ser aliadas em garantir que os processos

estejam sendo executados em conformidade, podendo ser realizadas com foco

preventivo para a identificação de falhas no processo que possam

comprometer o resultado dos indicadores. A instrução de trabalho é o meio

para a realização das monitorias, onde o monitor poderá acompanhar todo o

processo de execução das atividades, observando oportunidades de melhoria e

corrigindo dificuldades na execução e outras anomalias nas atividades.

Normalmente, as monitorias tendem a observar cenários que

necessitam ser corrigidos, eliminando atividades que não agregam valor,

estejam sendo executadas em duplicidade por mais de uma pessoa ou setores,

que necessitam de realocação, simplificadas ou automatizadas.

O monitor deverá possuir amplo conhecimento do processo, além de

autonomia para efetuar as correções necessárias identificadas no

acompanhamento. Recomendamos que ao finalizar suas monitorias, emita um

relatório ao dono do processo, descrevendo as oportunidades identificadas,

com a devida atenção de que não sejam mencionados nomes, mas sim

processos e atividades com oportunidades de melhoria.

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Auditorias de Conformidade

É uma importante ferramenta para a checagem do processo

desenhado e do que está sendo realizado. Deve ser uma verificação formal e

realizada por colaboradores capacitados, com grande capacidade analítica e

sem vínculos com as áreas auditadas.

Na auditoria, diferente da monitoria, o responsável não deverá emitir

opiniões sobre a forma que o processo está sendo executado ou sugerir

alterações que melhorem seu desempenho. Deve apenas, identificar,

descrever e evidenciar algum requisito que não fora atendido.

Etapas de uma auditoria

Programação: Devem ser programadas e previa e cuidadosamente

divulgadas.

Planejamento: O planejamento requer escolhas de datas, locais e

horários. No planejamento, inclui a extração de dados e os meios para sua

realização, como instruções de trabalho e fluxogramas. A elaboração prévia de

questões a serem abordadas também contribuem para a efetividade da

auditoria.

Condução: O auditor deverá se apresentar ao gestor área, solicitar

dados complementares e reforçar quais serão os processos a serem auditados.

Em seguida, se dirigir ao auditado e esclarecendo que a auditoria será no

processo. Gerar as evidências nos cenários de não conformidade, detalhando-

as em seu relatório.

Pós auditoria: O auditor deverá novamente se dirigir ao gestor

responsável pelo setor auditado, dar um breve resumo do resultado a auditoria

e informar o prazo de emissão do relatório.

Responsabilidade do Auditado: Definir uma solução eficaz, dentro de

um prazo razoável para impedir que ocorram reincidências dos problemas

apresentados.

ACT (AGIR, ATUAR)

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Nos cenários de medição em que a meta não foi alcançada, deverão

ser elaboradas ações corretivas que eliminem a causa raiz do problema. As

ações corretivas requerem atenção quanto à sua consistência, pois elas serão

responsáveis em evitar a reincidência de um problema, agente responsável

pelo não atingimento da meta.

Abaixo, sugerimos um roteiro resumido das ações que poderão ser

utilizadas em cada etapa:

Figura 24 – Modelos de Documentação de uma Auditoria

Fonte: Figura Construída

Todos os métodos apresentados podem e devem ser adaptados de

acordo com as características de cada organização.

57

CONCLUSÃO

Com o advento da globalização, a concorrência entre as empresas

passou a ser mais acirrada, em face do manancial de possibilidades, de oferta

e procura por opções de produtos e preços convidativos.

Em meio à necessidade de modernizarem-se e se tornarem mais

competitivas, as empresas passaram a disputar seu lugar no mercado através

de mecanismos que pudessem garantir melhor qualidade de serviços e maior

satisfação do cliente.

Para tanto, a gestão por processos surge como uma eficaz opção de

ferramenta, capaz de reduzir custos, otimizar a entrega de um produto ou

serviço, enfim, de corresponder às necessidades de adaptação a um mercado

cada vez mais competitivo e sedento de eficiência, em se tratando de gestão.

A fim de alinhar a funcionalidade da proposta apresentada na pesquisa

em questão, o projeto de gestão por processos aqui apresentado perpassou

todos os caminhos necessários para sua aplicação, ou seja, a questão da

Gestão por Processos na Organização, porque é necessário compreender seu

funcionamento nas empresas; a estrutura dos processos; as políticas

organizacionais; os macroprocessos; o processo gerencial padrão; o

procedimento operacional padrão; o mapeamento dos processos; a análise e o

diagnóstico dos processos; a otimização e implantação das melhorias do

processo; os fatores críticos do sucesso; as ações corretivas necessárias e a

gestão e melhoria do processo.

Ao término dessa trajetória, em que gráficos, planilhas e citações

auxiliaram na comprovação da eficiência e viabilidade da aplicação da gestão

por processos, conclui-se que a ferramenta aqui focalizada destaca-se como

sendo mais do que uma opção inteligente, mas uma necessidade cada vez

mais urgente neste nosso mundo globalizado.

58

BIBLIOGRAFIA

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60

ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 02 AGRADECIMENTOS 03 DEDICATÓRIA 04 RESUMO 05 METODOLOGIA 06 SUMÁRIO 07 INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I

A Gestão por Processos 10

1.1. Conceitos 10

1.2. Maturidade das Organizações na Gestão por Processos 11

1.3. Gestão DE Processos ou Gestão POR Processos? 17

CAPÍTULO II

O Projeto de Gestão por Processos 20

2.1. Estrutura da Gestão por Processos na Organização 20

2.2. Estrutura dos Processos 00

2.3. Mapeamento dos Processos (AS IS) 29

2.4. Análise e Diagnóstico 33

2.5. Otimização e Implantação das Melhorias (TO BE) 34

2.6. Ações Corretivas 42

CAPÍTULO III

Gestão e Melhoria Contínua do Processo 45

3.1. Indicadores de Desempenho do Processo 45

3.2. Ferramentas de Análise do Processo 49

CONCLUSÃO 57 BIBLIOGRAFIA 58 ÍNDICE 60 ÍNDICE DE FIGURAS 61 SIGLAS E VERBETES 62

61

ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1 – Modelo de um processo genérico 11

Figura 2 – Gráfico Representativo de Maturidade Organizacional 14

Figura 3 – Qualidade de Entrega de um Processo 14

Figura 4 – Representação Gráfica do Modelo Kano 16

Figura 5 – Visão Funcional 18

Figura 6 – Visão por Processos ou Horizontal dos Processos 19

Figura 7 – Cadeia de Atuação de Processos 21

Figura 8 – Estrutura dos Processos 23

Figura 9 – Modelo de Política Organizacional 24

Figura 10 – Cadeia de Valor de Porter 25

Figura 11 – Macro Processo de Negócio de uma Seguradora 27

Figura 12 – Macro Processo de Suporte de uma Seguradora 27

Figura 13 – Modelo de Processo Gerencial 28

Figura 14 – Modelo de POP – Procedimento Operacional Padrão 29

Figura 15 – Modelo Fluxograma, Notação Flowchart 36

Figura 16 – Modelo Fluxograma, Notação EPC 36

Figura 17 – Modelo Fluxograma, Notação BPMN 37

Figura 18 – Modelo de Matriz GUT 38

Figura 19 – Representação Gráfica do Princípio de Pareto 39

Figura 20 – Representação Gráfica do Diagrama de Causa e Efeito 40

Figura 21 – Exemplo da Estrutura de um Histograma 49

Figura 22 – Exemplo de um Gráfico de Controle 50

Figura 23 – Tabela de Construção do PDCA 53

Figura 24 – Modelos de Documentação de uma Auditoria 56