documento protegido pela lei de direito autoral · nosso cérebro é influenciado por tudo que nos...
TRANSCRIPT
1
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
FACULDADE INTEGRADA AVM
COMUNICAÇÃO ALÉM DO VIRTUAL
DE CÉREBRO PARA CÉREBRO
Maristela Tomazetto de Carvalho
Professora – Orientadora
Mary Sue
Rio de Janeiro
2016
DOCUMENTO PROTEGID
O PELA
LEI D
E DIR
EITO AUTORAL
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
FACULDADE INTEGRADA AVM
TECNOLOGIA EDUCACIONAL
Apresentação de monografia à Universidade
Candido Mendes como condição prévia para
conclusão do Curso de Pós Graduação “Lato Sensu”
em Tecnologia Educacional
Por: Maristela Tomazetto de Carvalho
3
AGRADECIMENTOS
À Deus. A minha família mais próxima.
A meus filhos, que a cada dia me
colocam em desafios e descobertas. A
meus pais, especialmente à meu pai
que alimentava meus sonhos, quando
eu ainda bem pequenina contava todas
as noites histórias das Seleções do
Reader’s Digest, que aguçavam não só
as minhas emoções, mas inspiravam
também minha alma, ao futuro.
4
DEDICATÓRIA
... esta pesquisa vem de encontro a
tudo que busco de inovação na área Pessoal e que pode
muito contribuir com a EDUCAÇÃO. A dedicatória poderia
ser à minha percepção de que fazer parte deste Planeta e
deste Universo, que é grandioso, mágico e arrebatador.
Talvez não caiba no meu peito tanta emoção, ao imaginar
que somos uma única energia, e que transcende a povos,
raças e credos. Salve cérebros pensantes!!!
5
RESUMO
Este trabalho de pesquisa tem por objetivo brindar as descobertas, os
saberes, as possibilidades de que as novas tecnologias possam alavancar todo
o Conhecimento e desenvolvimento cientifico.
O tema fala de algo pouco sabido e pouco descoberto, mas
magnificamente elaborado, construído e desenhado, quer seja por uma Força
que desconhecemos, quer seja pela Evolução das Espécies, que é a máquina
computacional que temos dentro de nossas cabeças, o CÉREBRO.
A vida é bela... Nela a concepção das invenções, das criações, das
imaginações e das transformações. Nada se compara com o desenvolvimento
do Pensamento, da Idéias, das Soluções, dentro da caixa craniana.
O cérebro humano hoje traz e guarda uma infinidade de características
vindas de nossos ancestrais, de nossa linhagem, dos nossos antepassados.
Nossa hereditariedade se confunde com a de nossos pais, avós, bisavós,
tataravós, e assim por diante; apesar de sermos únicos.
Temos uma configuração própria. Nossas atividades cerebrais quer
sejam químicas e elétricas são extraordinariamente particulares. Agimos, nos
comportamos, nos relacionamos, nos amamos de formas diferentes, porque
nossos processamentos se conectam de maneira exclusiva. Nossas conexões
são matematicamente distintas. Nosso cérebro é influenciado por tudo que nos
rodeia, o meio ambiente, os demais seres, a Natureza, o Universo.
Constantemente e ininterruptamente nosso órgão pensante realiza
inúmeras conexões e ligações com nossas memórias. Elas nos levam a
articular a linguagem, a fala, a gestualidade, enfim, nossa comunicação. A
pesquisa que motivou estas colocações foi o fato de que se há comunicação
entre neuronios e cada vez mais a plasticidade é observada como meio de que
se possa armazenar e elaborar conteúdo, conhecimento e habilidades, logo é
possível uma interface ainda maior. Experimentos comprovam o que já se
sabia... é possível uma Comunicação de Cérebro para Cérebro.
6
METODOLOGIA
Os métodos e meios utilizados para realização desta Pesquisa vêm da
prática de leituras sobre o assunto, sobretudo, as últimas noticias e os mais
recentes relatos e experimentos lançados em algumas bibliografias.
Entretanto, o interesse em desenvolver o tema foi a matéria divulgada na
Revista Scientific American - Mente Cérebro/Fevereiro 2015 . O assunto
desperta encantamento pelas colocações ousadas, pelo desafio grandioso e
pelo próprio enriquecimento científico em desvendar os mistérios da nossa
capacidade cerebral. Estas leituras têm como objetivo aprofundar no assunto e
enriquecê-lo ainda mais, a fim de possibilitar o leitor fazer parte de diálogos e
trocas com o Universo de mentes tão ávidas, a serviço da Evolução.
Apesar de não se ter uma vasta Literatura no assunto, há profissionais
dedicados a estas pesquisas. Assim sendo, com o avanço das descobertas é
possível que um leque de possibilidades se abra e possamos contar com novas
e magníficas respostas. Entre eles podemos citar o autor do Artigo (De cérebro
para Cérebro” o Dr. Rajesh P. N. Rao. Professor de Ciencia da Computação e
Engenharia Neural Sensório-motora da Universidade de Washington.
Do Artigo surge uma afirmativa...“O que há pouco tempo era ficção
científica pode acontecer na realidade: é possível comunicar-se pelo
pensamento”. E mais... “Cientistas conseguiram usar dados do cérebro de uma
pessoa para reproduzir padrões da atividade neural em outra. Recentemente,
durante um experimento, houve transmissão direta de pensamentos entre dois
seres humanos”.
Além disto, vamos tentar associar e complementar com a
Transdisciplinaridade, o que confere um tom de aproveitamento e globalização
de todas as áreas, que de uma forma ou outra traz para a Educação um Bem
Maior, a Inovação no Ensinar e no Aprender; e no Saber Fazer. Assim,
estaremos contribuindo com todos os que desejam ser um “Ser Humano”.
“Não são as respostas que movem o mundo, e sim as perguntas.”
7
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO
CAPÍTULO I
O Cérebro, o super computador
CAPÍTULO II
O Mundo é Transdisciplinar
CAPÍTULO III
Linguagem e Comunicação
CAPÍTULO IV
Física Quântica e a Comunicação cerebral. Possíveis Verdades
CONCLUSÃO
BIBLIOGRAFIA
ÍNDICE
8
INTRODUÇÃO
Entender a Biologia Humana e suas interfaces é saborear novas
construções epistemológicas, que só o humano possui, pois as estruturas
cerebrais cognitivas, emocionais, afetivas, motoras são sistêmicas e integradas
por circuitos neurais, que, quando estimulados, despertam inteligências e
aprendizagens, favorecendo o desenvolvimento nos aspectos biológicos,
psicológicos, sociais, emocionais, afetivos e motores. (Relvas, 2009)
Enquanto isto, outros trazem lembranças vividas (Deepak Chopra, apud
Duane e Behrendt,). Se a Consciência vem primeiro que o Cérebro e pode
estar fora deste, então vejamos a afirmação de que os padrões de ondas
cerebrais de dois indivíduos distantes podem se sincronizar. O experimento
envolveu, já nos anos 1960, os eletroencefalogramas de gêmeos idênticos
(isso ocorreu antes das técnicas modernas da visualização do cérebro). A fim
de testar relatos informais de que os gêmeos partilham os mesmos
sentimentos e sensações físicas, mesmo quando estão distantes, os
pesquisadores alteraram o padrão EEG de um dos gêmeos o observaram o
efeito no outro. Em dois dos quinze pares de gêmeos, quando um dos gêmeos
fechava os olhos, produzia um ritmo alfa imediato não somente em seu próprio
cérebro, mas também no cérebro do irmão. Estariam eles vivenciando uma
mente partilhada, porque são gêmeos idênticos?
Na verdade existem inúmeros exemplos da atividade cerebral com o
objetivo de se obter fontes e experiências mais próximas da nossa
compreensão e do que é a amplitude e comunicação deste poderoso e
misterioso Cérebro Humano. Usamos apenas 10% de nosso cérebro? E os
outros 90%? Em sua grande maioria, diz Suzana Herculano, (2012), as células
nervosas estão ativas constantemente e ininterruptamente, e respondem por
algum aspecto do mundo ou do comportamento. Nas últimas quatro décadas
diz Lent (2013), testemunhou-se um enorme progresso nos mecanismos que a
diferenciação e o crescimento dos neurônios envolvem, mas, sobretudo, na
forma pela qual eles formam organizações precisas de conexões.
9
E interessante refletir que a Natureza Humana foi magnificamente
compilada e desenvolvida há milhões de anos, quiça pudéssemos e podemos
atribuir ao sabor de nossas crenças a um Ser absolutamente Divino, mas
estamos também tratando de corpo humano, um ente finito. Assim sendo, é
importante verificar que o nosso crescimento e evolução cerebral já foi, em
parte, mapeada; porém pouco decifrada. Contudo o avanço tecnológico com
este fim, a partir do séc. XX foi de uma rapidez incrível, estonteante, admirável.
Desde o início do século XIX, as pesquisas vem somando saberes e
aumentando a bagagem de informações e facilitando o desvendar deste
maravilhoso emaranhado de conexões que o cérebro humano é capaz de
realizar. Nesta ocasião, apareceram os fisiologistas Fristsch e Hitzig, que
relataram dados fundamentais, afirmando que a estimulação elétrica de áreas
específicas do córtex cerebral ( camada mais externa do cérebro, local
do processamento neuronal mais sofisticado e distinto) de um animal evocava
movimentos; confirmadas mais tarde, pelos médicos Broca e Wernicke. Em
1890, Cajal, neuroanatomista, estabeleceu que cada célula nervosa é única,
distinta e individual. Daí, a conclusão de que estamos avançando. Tais
descobertas aumentam nossos olhares para estas afirmativas, pois
proporcionaram uma expectativa do irá por vir, deste futuro grandioso;
desencadeando até certa euforia e deslumbramento de que somos “peças
únicas”, distintas umas das outras, mas que formamos socialmente uma
Comunidade de seres humanos.
Se somos únicos, logo... funcionamos, aprendemos, processamos e
realizamos comportamentos únicos. Assim sendo, o desvendar de nosso
cérebro é complexo e desafiador, porém nossas produções que podem se
formar na coletividade, darão respostas a nossas capacidades e habilidades.
Ou seja, as respostas do que somos capazes – através de desafios e
marcadores instrumentais - poderão influenciar e ajudar a Ciência e a
Neurociência a construir saberes sobre nós mesmos. Utilizaremos para isto as
geniais máquinas criadas por estes geniais cérebros, que de tão geniais por
vezes se deixam levar pelas armadilhas da emoção, mas isto também já era
previsto. Que nosso “supercomputador cerebral” possa criar novas tecnologias,
a fim de objetivar positivamente um mundo mais humano para todos.
10
O objetivo deste trabalho é fazer de link para link, assim como de
cérebro para cérebro, uma reflexão grandiosa e positiva, na aplicabilidade de
um avanço que se anuncia a muito tempo. Estes ensaios podem justificar
“ganchos” para alavancar demandas educacionais, profissionais e pessoais.
A todo momento iniciamos ou finalizamos muitas tarefas; nosso cérebro
mais ainda...a cada milésimo de segundo, trilhões de mensagens químicas e
elétricas são realizadas, a fim nos conectar com o mundo e com nós mesmos,
através de sensações, emoções, percepções, sentimentos; até mesmo
suposições e intuições. Embora estejamos muitas vezes passivos ou mesmo
dormindo, nosso cérebro esta trabalhando “a todo vapor”, construindo “pontes”
para um equilíbrio e volta a normalidade, e outras vezes reconstruindo acessos
do inconsciente para o consciente, trazendo à memória, um novo “frescor”.
Nosso cérebro é um encantamento... ele nos anima, nos desperta, nos
alegra, nos aflige, nos entristece, nos estressa, nos acalma, nos faz sonhar.
Que “engenhoca” maravilhosa faz parte de nosso ser. Que maquina incrível faz
a evolução humana registrar nestes tempos tão brilhantes de imaginação,
criatividade, sabedoria e inovação, a busca da perfeição,do autoconhecimento.
Em se tratando da conexão “Aprendizado”, tudo anda fervilhando...o
cérebro querendo cada vez mais novidades e a escola está se reinventando
numa batalha sem fim, usa-se ou não usa-se as mídias virtuais, como
ferramenta no desenvolvimento intelectual em sala de aula? Se os cérebros
estão ávidos e velozes e as tecnologias acompanham; a escola também
deverá estar pronta ou abrir portas para estes novos tempos. Há que se ter
apenas bom senso, além de compromisso com a educação, pois a
genialidades “pipocam” por todo canto. É tempo de novos tempos.
Para Bowles e Gintis (Saviani, 2009) a escola tinha nas suas origens e
função equalizadora, atualmente ela se torna cada vez mais discriminadora e
repressiva, tornando cada vez mais evidente o papel que ela desempenha:
reproduzir a sociedade de classes e reforçar o modo de produção capitalista.
Assim ela, a escola, vem sendo um espaço de contradições, talvez
desconectada com a realidade nos impulsiona ao crescimento dos contatos.
11
Podemos refletir ainda sobre a escola que descrevem Bourdieu e
Passeron(Buseto,2006) “o espaço da reprodução social e um eficiente domínio
de legitimação das desigualdades” ; ou seja, a escola é vista por eles como um
local, uma instituição que reproduz a sociedade e seus valores e que efetiva e
legaliza as desigualdades em todos os aspectos pois é na escola que o legado
econômico da família transforma-se em capital cultural.
Entretanto e apesar de tantos entretantos, o sistema educacional
reproduz as desigualdades, mas é também um elemento que ajuda construir
uma sociedade mais justa. Sem dúvida devemos caminhar em nome de todos
alunos professores e sociedade. Se quisermos crescer devemos nos
entrelaçar, nos auxiliar, nos comunicar, nem que seja de cérebro para cérebro,
num propósito de se olhar, se conhecer, se reconhecer no outro. Precisamos
conhecer uma nova escola, sua demanda, sua urgência, sua eficácia, sua
audácia, sua imagem, enfim... nova “cara”. O saber ta aí...
Nos diz Pierre Lévy (2011.) Não será possível aumentar o numero de
professores proporcionalmente à demanda de formação que é, em todos os
países do mundo, cada vez maior e mais diversa. A questão do custo do
ensino se coloca, sobretudo, nos países pobres. Será necessário, portanto,
buscar encontrar soluções que utilizem técnicas capazes de ampliar o esforço
pedagógico dos professores e dos formadores. Audiovisual, multimídia
interativa, ensino assistido por computador, televisão educativa, cabo, técnicas
clássicas de ensino à distancia repousando essencialmente em material
escrito, tutorial por telefone, fax ou Internet...todas essas possibilidades
técnicas, mais ou menos pertinentes de acordo com o conteúdo, a situação e
as necessidades do “ensinado”, podem ser pensadas e já foram amplamente
testadas e experimentadas. Tanto no plano das infraestruturas materiais como
no dos custos de funcionamento, as escolas e universidades “virtuais” custam
menos do que as escolas e universidades fornecendo um ensino “presencial”.
E continua... a aprendizagem à distancia foi durante anos o “estepe” do
ensino: em breve irá tornar-se, senão a norma, ao menos a ponta de lança.
Além disto, esse tipo de ensino está em sinergia com as “organizações de
aprendizagem” que uma nova geração de empresários está tentando
estabelecer nas empresas.(de cérebro para cérebro poderá também se ocupar)
12
CAPÍTULO I
Cérebro, o supercomputador
“O nosso cérebro é o melhor brinquedo já criado: nele se encontram todos os
segredos, inclusive o da felicidade”. Charles Chaplin
“Um supercomputador com 83.000 processadores corresponde a
apenas 1% do cérebro humano.” (Feinberg, 2013). Mas uma nova descoberta
de cientistas japoneses e alemães pode enfim deixar isso o mais claro
possível. Usando os quase 83 mil processadores de um dos
supercomputadores mais poderosos do mundo, a equipe foi capaz de imitar
apenas 1% de um segundo de atividade cerebral humana – em 40 minutos.
Sem dúvida, o cérebro humano é absurdamente complexo e misterioso.
Por que é tão difícil para os computadores reproduzir o que nossa
massa cinzenta faz o tempo todo? É o volume. O cérebro humano é composto
por cerca de 200 bilhões de neurônios, que estão ligados entre si por trilhões
de conexões chamadas sinapses. As sinapses são a comunicação entre
neuronios. Existem dois tipos: a sinapse química onde o potencial de ação é
feita por meio de medidores, que se ligam a um receptor (proteína): os
neurotransmissores; e a elétrica que dispensa mediadores químicos; é uma
transmissão mais direta onde o potencial de ação é estabelecida através da
passagem de íons por meio das junções abertas ou comunicantes entre as
membranas (músculo liso e cardíaco). Assim sendo, estamos diante de uma
máquina fabulosa de ações, reações, criações grandiosas, que difere de tudo
que conhecemos e somos capazes de compreender, entretanto... tudo é finito.
Como os pequenos impulsos elétricos transitam entre cada neurônio,
eles precisam viajar através destas sinapses, e cada uma delas contém cerca
de 1.000 desvios diferentes que encaminham o impulso elétrico. No total, um
cérebro humano pode conter centenas de trilhões dessas vias neurais.
13
Para imitar um valor relativamente minúsculo de inteligência, os
pesquisadores utilizaram o Fujitsu K, um dos mais rápidos computadores do
mundo, para ligar um total de 1,73 bilhões de neurônios virtuais através de 10,4
trilhões de sinapses virtuais (com 24 bytes de memória em cada sinapse). No
total, isto resultou em um petabyte de memória, equivalente a cerca de 250.000
PCs comuns, onde esta simulação demorou 40 minutos para rodar
completamente. E isso ainda é apenas 1% do que o cérebro faz todos os dias,
no tempo que leva para piscar o olho algumas vezes.
Alguns cientistas, no entanto, esperam que isso mude, e logo. Para
Markus Diesmann, do Instituto de Neurociência e Medicina no
Forschungszentrum Julich (Alemanha) finaliza dizendo que poderemos usar
computação em exa-escala – capaz de 1 quintilhão (10^18) de operações por
segundo – ainda nesta década para representar todo o cérebro “no nível do
neurônio e suas sinapses”. Se vamos ou não realmente chegar à computação
em exa-escala até 2020, ainda está em debate. Isto são especulações e
expectativas possíveis e desejáveis dentro do refinamento, das minúcias e dos
detalhes nas pesquisas. Segundo o Riken (2013), do instituto japonês de
pesquisa, este exercício foi feito simplesmente para “testar os limites da
tecnologia de simulação desenvolvida no projeto e as capacidades do K”. Mas
se é preciso tanta potência para chegar a apenas um segundo do que uma
pessoa pode fazer sozinha, isso deve acalmar os medos de
a Singularidade estar próxima – pelo menos por enquanto. Quando um se
desvenda algo, tudo fica vulnerável e sensível a novas interpretações.
Outras pesquisas bem interessantes como a de Bert Sakmann revelam
(1991, publicada em 2015 – Alemanha) e começam a analisar como dois
neurônios conectados se comunicam no tecido nervoso vivo por meio de seus
pontos de contato. Na época, o Dr. Bert descobriu que a sequencia temporal
dos impulsos estimulantes de duas células tem significado central. E tudo é
programado e elaborado pelo supercomputador, o cérebro, para se manter
vivo; assim sendo, o atraso de poucos milissegundos de um potencial de ação
já interrompe a comunicação elétrica dentro das redes biológicas de células
neurais. Isto é importantíssimo e fundamental, pois qualquer perda de sintonia
e sincronicidade nas sinapses podem mudar toda a configuração e o
funcionamento cerebral, interferindo no comportamento, nas atitudes e na
14
conduta do indivíduo deixando vazios irregulares e desconexos. O objetivo final
e a longo prazo destes estudos é a integração de todo o conhecimento sobre o
cérebro humano numa interface criativa e inovadora que ficará disponível
mundialmente como fonte de pesquisa. Isto também vem de forma a
engrandecer a compreensão de como se comporta o pensamento, o
aprendizado e a assimilação do conhecimento, uma vez que somos únicos.
O assunto é absolutamente complexo e fascinante e os neurocientistas
na atualidade comparam esta complexidade que ocorre numa minúscula fração
de célula, ao mercado de possibilidades, de ações, de circuitos de
computadores, ferramenta que utilizamos no dia a dia. O mercado de ações e
uma célula podem não ter muito em comum, mas têm algumas semelhanças
intrínsecas em todos os sistemas complexos que concluíram. A pesquisa esta
engatinhando, mas os resultados já são promissores. Eles relatam o intenso
trabalho em descobrir as regras que bilhões de neurônios obedecem para se
organizar em redes; e como elas se unem numa única estrutura coerente
chamada, cérebro. Os neurônios formam redes estendendo axônios, que
fazem contato com outros neuronios; e quando isto ocorre, um sinal que se
propaga por uma célula nervosa pode disparar uma onda de corrente em
outros neurônios. Como cada célula pode se unir a milhares de outras - tanto
as próximas, como as que se encontram do outro lado do cérebro - as redes
neurais podem assumir um incrível numero de arranjos. A forma como
determinada rede se organiza, e se reorganizam, e assim sucessivamente...
tem enormes implicações no funcionamento de cada cérebro. Assim a
organização dessa rede é maravilhosamente hesitante quando percebermos o
mundo está sempre em mudança. Isto quer dizer que, as condições individuais
de cada cérebro, determina o seu uso, suas percepções e suas interações.
Estima-se que mais de 90% da nossa atividade mental se processe em
modo não consciente, isto é, sem a nossa percepção e conhecimento. É fácil
de entender, por exemplo, que milhares de memórias e conhecimentos estejam
fora do nosso alcance consciente, mas estão algures guardados no cérebro.
Podemos afirmar que o mundo inconsciente da nossa psique é enorme,
intemporal e não ocupa espaço no cérebro. Está lá e não está. Há toda uma
atividade mental, incluindo emoções, que desconhecemos e que interferem na
15
nossa vida consciente, dizem cientistas. Mais impressionante ainda está
demonstrado cientificamente, que tomamos as nossas decisões meio segundo
antes de sabermos o que decidimos. É como se uma inteligência inconsciente
agisse em nosso nome pondo em causa a ideia de que somos seres
independentes e que mandamos nos nossos pensamentos, mas parece que
não é bem assim que as coisas se passam. Os processos inconscientes
ajudam a automatizar gestos, no inconsciente cognitivo. Todos os dias os
nossos sentidos captam milhões de informações (imagens, sons, cheiros, etc),
onde a maior parte dessa informação é recolhida de forma não consciente; ela
fica guardada na memória. O registro é automático, quer queiramos quer não.
Depois, mais cedo ou mais tarde, esse material vai alimentar ideias,
pensamentos, intuições, sonhos, comportamentos e escolhas. Alimenta assim,
nossa personalidade. Isto é bem complexo, afirmam pesquisadores. Será
possível interferirmos no inconsciente? Sim, em certa medida. Na verdade, a
psique inconsciente é feita de informações genéticas e ambientais. A história
da nossa mente desde os 3 ou 4 meses de gestação (ainda protegidos do
mundo pelo ventre de nossa mãe) tem, um papel muito importante pois a nossa
memória existencial começa a trabalhar antes de nascermos. Da junção de
todas as informações e emoções recebidas o inconsciente vai estabelecendo a
sua própria história e sua inteligência. E assim será ao longo de toda a nossa
vida. Veja, pois como o mundo exterior e o mundo interior da psique
influenciam o nosso inconsciente., nossas reações e nossos olhares.
Qual a melhor forma de estudar a rede de neuronios do cérebro para se
comunicar consigo mesmo e com os outros? Que experimentos os cientistas
podem fazer para rastrear bilhões de conexões em rede? Uma alternativa foi
construir um cérebro em miniatura que mostre as diferentes formas de
interação entre os neuronios. O pesquisador Olaf Sporns, da Universidade de
Indiana (USA), e seus colegas criaram exatamente esse modelo. Na
simulação, juntaram 1.600 neuronios e os distribuíram sobre uma superfície
esférica, ligando depois cada neurônio aos demais. Os neuronios teria assim
uma chance mínima de se ativar, espontaneamente e, uma vez ativados, tem
uma pequena possibilidade de acionar outros neuronios ligados a ele. Sporns e
sua equipe soldam essas conexões e observaram o cérebro de brinquedo em
16
ação. Inicialmente, conectaram cada célula apenas a suas vizinhas imediatas.
Com a rede formada, o cérebro produzia pequenos lampejos aleatórios da
atividade. Se um neurônio se ativa espontaneamente, é criada um onda elétrica
que desaparece rápido. Quando os pesquisadores ligaram cada neurônio aos
demais, o padrão resultante foi bem diferente: o cérebro inteiro foi ativado e
desativado em pulsos regulares. No fim os pesquisadores acabaram
atribuindo ao cérebro uma rede intermediária, criando conexões locais e de
longa distancia entre os neuronios. O cérebro havia se transformado, então
num sistema complexo. Quando os neuronios começaram a se ativar, surgiram
grandes padrões brilhantes de atividade que se propagaram pelo cérebro.
Alguns deles colidiram entre si e outros se propagaram pelo cérebro em
círculos. O cérebro de brinquedo de Sporns ensinou uma lição importante
sobre o aparecimento da complexidade. A própria arquitetura da rede molda
seu padrão de atividade. (Revista Neurociencia, maio-2015)
Entretanto, o primeiro princípio da criação da realidade é que você não é
seu cérebro. Em 160 mil km de vasos sanguíneos, o cérebro não sente dor,
seus dois lados do cérebro são diferentes, é mais ativo a noite, durante o sono,
e ainda não sabemos por que sorrimos (Medeiros, 2015)
Cabe ressaltar que A USP em setembro 2015 estará recebendo um
supercomputador que simulará o funcionamento do córtex cerebral, uma
das partes mais importantes do sistema nervoso central. O equipamento
utiliza o poder concentrado de processamento de um aglomerado de
computadores, o chamado cluster, um conjunto de computadores que
trabalham de forma coordenada, formando um supercomputador virtual.
Serão quatro nós de alta velocidade, cada um contendo oito processadores
com 10 núcleos. Para cada processador há uma memória de 16GB DDR4.
O sistema também tem um acelerador gráfico de alta tecnologia, essencial
para permitir simulações numéricas rápidas e grandes - caso das tarefas
que o supercomputador desempenhará.
"O cluster” será configurado para fazer processamento numérico e
simular redes de neurônios, possibilitando o estudo de alterações na
atividade dessas redes quando é aplicado um estímulo externo ou quando
17
ocorre uma lesão ou perda de uma região do córtex. Antônio Carlos Roque,
pesquisador do NeuroMat (Centro de Pesquisa, Inovação e Difusão em
Neuromatemática), evidencia que este supercomputador estará mapeando
e simulando funções importantes do cérebro, como memória, atenção,
consciência, linguagem, percepção e pensamento.
A estrutura que está sendo concebida tem milhões de neurônios que
interagem entre si, organizados em uma arquitetura que captura os padrões
de ligações neuronais do córtex, pois os neurônios têm 'personalidades'
diferentes e é preciso conhecer seus efeitos, compreendendo também
como eles se combinam com os efeitos das conexões neuronais e da
dinâmica das sinapses. O supercomputador deverá entrar em
funcionamento em potência plena, no inicio do próximo ano, 2016.
Provavelmente nenhuma máquina que o homem possa inventar em toda
a história da humanidade poderá ser tão completa, complexa, perfeita e
engenhosa quanto o cérebro humano. Isso porque se tratam de uma
ferramenta e um motor incomparável, responsável por controlar tudo em nosso
corpo (e, segundo algumas pesquisas, fora dele também) de forma consciente
e inconsciente.
É espetacular entendermos que a interação entre alguns neuronios cria
um “amontoado de feedbacks”; e se acrescentarmos outros bilhões de células
cerebrais a essa mistura, teremos a essência do mais complexo dos sistemas.
E se tais revelações não forem suficientes para encher nossas reflexões
de iniciativas e criatividade; as pesquisas sempre se atualizam e se
desenvolvem. Na década de 90, observando atentamente cérebros de
roedores, macacos adultos e humanos, cientistas colheram evidencias de que
novos neuronios continuam a aparecer no decorrer da vida, até a idade
avançada, em duas regiões cerebrais: uma relacionada ao olfato e a outra, no
hipocampo, ligadas à aprendizagem, à memória e à emoção. É uma proporção
constante de 1.400 novas células cerebrais, todos os dias. (M.Kheirbek, R.
Hen, Revista Neurociencia - junho 2015). Esta é a beleza da criação da vida,
que deveríamos ter como impulso a novas redes de projetos, planejamentos e
saberes, para uma existência social, fraternal e humana, mais plena.
18
CAPÍTULO II
O Mundo é Transdisciplinar
“ O que interessa são as relações entre as artes, a ciência e a filosofia. Não há nenhum privilégio de uma dessas disciplinas em relação a outra. Cada uma delas é criadora”
Gilles Deleuze.
A Transdisciplinaridade é uma nova abordagem cientifica, social, cultural
e espiritual. Ela, como o prefixo trans indica, diz respeito àquilo que está ao
mesmo tempo entre as disciplinas, através das disciplinas e além de qualquer
disciplina. Esta nova maneira de ver o mundo como uma teia complexa cujos
fios se entrelaçam e se conectam, nos dá a noção dos princípios contidos do
que é a “transdisciplinaridade”; complexidade, níveis de realidade e uma lógica
não-clássica que leva em conta a chamada “contradição” .
O Mundo é Transdisciplinar... é o mundo onde tudo se conecta a tudo. O
advento da Internet impulsionou esta modalidade, onde a velocidade da
informação é ímpar. A informação é poder de todos e para todos, é livre e
democrática, além disto, não há obstáculos, às vezes, nem privacidade. A
distância entre povos e pessoas já não mais existe, e tudo é sempre no “aqui e
agora”, em tempo real. A Transdisciplinaridade propõe ainda um diálogo novo e
insuspeito entre os campos disciplinares, históricos, religiosos e
epistemológicos, que há muito têm permanecido incomunicáveis. Temos um
grau de desenvolvimento da tecnologia surpreendente e magnífico, entretanto
ainda nos falta falar a mesma língua universal; onde todos possam
compreender a inclusão e a fraternidade, num universo único.
Hoje, a abordagem transdisciplinar é redescoberta, revelada, utilizada
numa velocidade fulminante, consequência da necessidade de responder aos
desafios sem precedentes de um mundo perturbado como o nosso. (Basarab,
1999). E ele continua... Não faz muito tempo, proclamou-se a morte do homem
e o fim da História. A abordagem transdisciplinar nos faz descobrir a
ressurreição do indivíduo e o começo de uma etapa de nossa História. Os
19
pesquisadores transdisciplinares aparecem cada vez mais como resgatadores
da esperança. Um manifesto então foi criado acelerando a abordagem
transdisciplinar e acompanhando um novo motivo e movimento de idéias. Entre
os vários desafios, está o mercantilismo, onde tudo se torna mercadoria (entre
eles, o conhecimento); e o desvio da procura de novos meios de dominação
sobre o outro, na tentativa de verter o nada no vazio, adotando o slogan de
“bom-tom”, desprovido de qualquer conteúdo, e criando talvez “robôs” para o
mercado. Assim nasce, o manifesto atravessando a extraordinária diversidade
cultural, histórica, religiosa e política de diferentes povos deste Planeta,
permitindo a compreensão intuitiva do que poderia ser incompreensível e
inacessível em mil tratados eruditos sobre o mesmo assunto.
Entretanto... e considerando que a proliferação atual das disciplinas
acadêmicas e não acadêmicas leva a um crescimento exponencial do saber,
tornando impossível qualquer visão global do ser humano.; ...e considerando
mais... que a vida esta fortemente ameaçada por uma tecnociência triunfante,
que obedece apenas à lógica assustadora da eficácia pela eficácia; ...e
finalmente... considerando ainda que a ruptura contemporânea entre um saber
cada vez mais acumulativo e um ser interior cada vez mais empobrecido leva a
uma ascensão de um novo obscurantismo, cujas consequências no plano
individual e social são incalculáveis: os espíritos transdisciplinares que contem
um conjunto de princípios fundamentais constituíram e a adotaram a seguinte e
presente Carta. ( I Congresso Mundial de Transdisciplinaridade – Portugal/94).
Artigo 1: Qualquer tentativa de reduzir o ser humano a uma definição e
de dissolvê-lo em estruturas formais,quaisquer que sejam, é incomparável
coma visão transdisciplinar.
Artigo 2: O reconhecimento da existência de diferentes níveis de
Realidade, regidos por lógicas diferentes, é inerente à atitude transdisciplinar.
Toda tentativa de reduzir a Realidade a único nível, regido por uma única
lógica, não se situa no campo da transdisciplinaridade.
Artigo 3: A transdisciplinaridade é complementar à abordagem
disciplinar; ela faz emergir do confronto das disciplinas novos dados que as
articulam entre si; e ela nos oferece uma nova visão da Natureza e da
20
Realidade. A transdisciplinaridade não busca o domínio de várias disciplinas,
mas a abertura de todas elas àquilo que as atravessa e as ultrapassa.
Artigo 4: O ponto de sustentação da transdisciplinaridade reside na
unificação semântica e operativa das acepções através e além das disciplinas.
Ela pressupõe uma racionalidade aberta, mediante um novo olhar sobre a
relatividade das noções de ‘definição’ e de ‘objetividade’. O formalismo
excessivo, a rigidez das definições e o exagero da objetividade, incluindo a
exclusão do sujeito, levam ao empobrecimento.
Artigo 5: A visão transdisciplinar é resolutamente aberta na medida que
ultrapassa o campo das ciências exatas devido ao diálogo e sua reconciliação,
não apenas com as ciências humanas, mas também com a arte, a literatura, a
poesia e a experiência interior.
Artigo 6: Com relação à interdisciplinaridade e à multidisciplinaridade, a
transdisciplinaridade é multirreferencial e multidimensional. Embora levando em
conta os conceitos de tempo e de História, a transdisciplinaridade não exclui a
existência de um horizonte transhistórico.
Artigo 7: A transdisciplinaridade não constitui nem uma nova religião,
nem uma nova filosofia, nem uma nova metafísica, nem uma ciência das
ciências.
Artigo 8: A dignidade do ser humano é também de ordem cósmica e
planetária. O aparecimento do ser humano sobre a Terra é uma das etapas da
história do Universo. O reconhecimento da Terra como pátria é um dos
imperativos da transdisciplinaridade. Todo ser humano tem direito a uma
nacionalidade, mas a título do habitante da Terra, ela é ao mesmo tempo ser
um transnacional. O reconhecimento pelo direito internacional da dupla
cidadania-referente a uma nação e à Terra – constitui um dos objetivos da
pesquisa transdisciplinar.
Artigo 9: A transdisciplinaridade conduz a uma atitude aberta em relação
aos mitos e religiões e àqueles que os respeitam num espírito transdisciplinar
21
Artigo 10: Não existe um lugar cultural privilegiado de onde se possa
julgar as outras culturas. A abordagem transdisciplinar é ela própria
transcultural.
Artigo 11: Uma educação autêntica não pode privilegiar a abstração no
conhecimento. Deve ensinar a contextualizar, concretizar e globalizar. A
educação transdisciplinar reavalia o papel da intuição, da imaginação, da
sensibilidade e do corpo na transmissão dos conhecimentos.
Artigo 12: A elaboração de uma economia transdisciplinar é fundada
sobre o postulado de que a economia deve estar a serviço do ser humano e
não o inverso.
Artigo 13: A ética transdisciplinar recusa toda atitude que recusa o
diálogo e a discussão, seja qual for sua origem - de ordem ideológica,
científica, religiosa, econômica, política ou filosófica. O saber compartilhado
deverá conduzir a uma compreensão compartilhada baseada no respeito
absoluto das diferenças entre os seres, unidos pela vida comum sobre uma
única e mesma Terra.
Artigo 14: Rigor, abertura e tolerância são características fundamentais
da atitude e da visão transdisciplinar. O rigor na argumentação, que leva em
conta todos os dados, é a barreira às possíveis distorções. A abertura
comporta a aceitação do desconhecido, do inesperado e do imprevisível. A
tolerância é o reconhecimento do direito às idéias e verdades contrárias às
nossas.
Artigo final: A presente Carta Transdisciplinar foi adotada pelos
participantes do I Congresso Mundial de Transdisciplinaridade, e não reivindica
nenhuma outra autoridade além de sua obra e sua atividade. Segundo os
processos a serem definidos de acordo com os espíritos transdisciplinares de
todos os países, o Protocolo permanecerá aberto à assinatura de todo ser
humano interessado em promover nacional, internacional e transnacionalmente
as medidas progressistas para aplicação destes artigos na vida cotidiana.
Mesmo que todas estas colocações, informações, reflexões, saberes e
compromissos, datados à algum tempo atrás, nos parece antigo. Tudo é
22
bastante atualizado, articulado, democrático, inteligente e serve muito bem a
fornecer parâmetros e possivelmente um novo “insight,” um novo caminho a
compreender o aprendizado e o cérebro que desenvolve todas estas funções.
A visão transdisciplinar propõe-nos a consideração de uma Realidade
multidimensional, estruturada em múltiplos níveis, substituindo a Realidade
unidimensional, com um único nível, do pensamento clássico. Esta constatação
não basta, por si só, para justificar uma nova visão do mundo. Antes de mais
nada, precisamos responder, da maneira mais rigorosa possível, a várias
perguntas. Qual seria a natureza da teoria que pode descrever a passagem de
um nível de Realidade a outro? Existiria uma coerência, ou mesmo uma
unidade do conjunto dos níveis de Realidade? Qual seria o papel do sujeito-
observador na existência de uma eventual unidade de todos os níveis de
Realidade? Haveria um nível de Realidade privilegiado em relação a todos os
outros níveis? A unidade do conhecimento, se existir, seria de natureza objetiva
ou subjetiva? Qual seria o papel da razão na existência de uma eventual
unidade do conhecimento? Qual seria, 8 no campo da reflexão e da ação, o
poder preditivo do novo modelo de Realidade? Finalmente, seria possível
compreender o mundo presente? A Realidade comporta, segundo este modelo,
certo número de níveis e possibilidades de acordo com os que pensam e
realizam tarefas para todo o aprendizado e toda sabedoria. (p. 57).
A unidade aberta entre o Objeto Transdisciplinar e o Sujeito
Transdisciplinar se traduz pela orientação coerente do fluxo de informação que
atravessa os níveis de Realidade e pelo fluxo de consciência que atravessa os
níveis de percepção. Esta orientação coerente dá um novo sentido à
verticalidade do ser humano no mundo. Em lugar da postura ereta sobre esta
terra devida à lei de gravidade universal, a visão transdisciplinar propõe a
verticalidade consciente e cósmica da passagem através de diferentes níveis
da realidade. É esta verticalidade que constitui, na visão transdisciplinar, o
fundamento de todo projeto social viável. (Nicolescu p. 65)
Em se tratando de educação, o advento de uma cultura transdisciplinar,
que poderá contribuir para a eliminação das tensões que ameaçam a vida em
nosso planeta, é impossível sem um novo tipo de educação que leve em conta
23
todas as dimensões do ser humano. As diferentes tensões - econômicas,
culturais, espirituais - são inevitavelmente perpetuadas e aprofundadas por um
sistema de educação baseado nos valores de outro século, cada vez mais
defasado em relação as mutações contemporâneas. A guerra mais ou menos
subterrânea das economias, das culturas e das civilizações faz com que a
guerra quente brote por toda parte. No fundo, toda nossa vida individual e
social é estruturada pela educação. A educação esta no centro de nosso futuro.
A despeito da enorme diversidade entre os sistemas de educação de um
país para outro, a mundialização dos desafios de nossa época leva
mundialização dos problemas da educação. Os abalos que permeiam o campo
da educação, num ou noutro pais, são sintomas de uma única e mesma fissura
entre os valores e as realidades de uma vida planetária em mutação. Devemos
apenas não ocultar que queremos um mundo harmonioso. De outro modo, a
educação atual privilegia a inteligência em detrimento de sua sensibilidade
e de seu corpo, o que foi necessário em determinada época, para permitir a
explosão do saber. Todavia, esta preferência, se continuar, poderá nos arrastar
para uma lógica equivocada e desembocar numa autodestruição
(Nicolescu,p.149). O próprio professor Premio Nobel de Física, Leon
Lederman, nos diz por suas experiências que, a inteligência assimila muito
mais rapidamente e muito melhor os saberes quando estes saberes são
compreendidos também com o corpo e com os sentimentos; assim como numa
arvore, as raízes, o caule e a folhas são inseparáveis, e todos são
fundamentais para assegura sua vida. Quiça, aprendamos com a Natureza.
Senão vejamos... O cérebro humano é ativo e dinâmico interruptamente
em vigília ou em repouso, podendo efetuar diversas tarefas ao mesmo tempo.
É um dos processadores mais poderosos do mundo. O cérebro é capaz de
processar as informações recebidas, analisá-las com base em uma vida inteira
de experiência, e apresentá-las, em meio segundo. Nem o computador mais
avançado do mundo é capaz de simular o processamento do cérebro humano.
Em relação ao funcionamento cerebral, diz o Dr. Jeff Anderson...É
absolutamente verdade que algumas funções cerebrais ocorrem em um ou
outro lado do cérebro, mais intensamente. Um idioma tende a ser no esquerdo
e uma atenção mais à direita. Mas as pessoas não tendem a terem uma rede
24
cerebral esquerda ou a direita mais forte. Ela parece ser determinada mais por
ligação de conexão, isto quer dizer, a velocidade química e elétrica das
sinapses, diferencia em cada ser humano.
Assim sendo, o neurocientista Paul Maclean desenvolveu a teoria do
cérebro trino, a forma com que nossos comportamentos, decisões e funções se
organizam, seria o cérebro reptiliano (englobam os instintos, vindos de nossos
ancestrais), o cérebro límbico ( nossas emoções e sexualidade, tendo enorme
influencia na nossa memória, pois gravamos ou aprendemos de acordo com a
a emoção que tal assunto nos causa) e o cérebro racional – córtex, neocortex -
que seria a área mais nova do cérebro que esta sempre em total
desenvolvimento e transformação, que controla nossas atividades de ouvir,
falar, pensar, ver, criar, etc. Mas é importante dizer que, estas áreas são
totalmente dependentes e interligadas umas das outras, através de redes
neurais extremamente velozes, encarregando os neuronios de finalizar estas
informações e realizar o brilhante trabalho de expressão e de comunicação.
A máquina mais complexa do Universo está na nossa cabeça, nos diz,
Kenski. O seu cérebro é capaz de quase qualquer coisa. Ele consegue parar o
tempo, ficar vários dias numa boa sem dormir, ler pensamentos, mover objetos
a distância e se reconstruir de acordo com a necessidade. Parecem
superpoderes de histórias em quadrinhos, mas são apenas algumas das
descobertas que os neurocientistas fizeram ao longo da última década.
Algumas dessas façanhas sempre fizeram parte do seu cérebro e só agora
conseguimos perceber. Outras são fruto da ciência: ao decifrar alguns
mecanismos da nossa mente, os pesquisadores estão encontrando maneiras
de realizar coisas que antes pareciam impossíveis. O resultado é uma
revolução como nenhuma outra, capaz de mudar não só a maneira como
entendemos o cérebro, mas também a imagem que fazemos do mundo, da
realidade e de quem somos nós. E conclui... nenhum exercício para o seu
cérebro é tão bom quanto a leitura,qualquer leitura. Ela utiliza vários sentidos,
mapeia imagens, relaciona saberes, faz pontes ativando a memória e adquire
acumular mais conhecimentos, progredindo para desafios e motivações futuras
25
Podemos investir em qualquer direção segundo o Mundo
Transdisciplinar e segundo nossas capacidades intelectuais e sociais, mas
nada se compara com nossas evolutivas capacidades individuais cerebrais.
Para refletir, Edgar Morin, nos ajuda nesta missão, diz ele...apesar dos
esforços e dos avanços da ciência, o homem, assim como a natureza da
natureza da vida, continua sendo um grande mistério. O que faz dele um ente
de difícil catalogação e classificação. ”Como se sabe, o último continente
desconhecido pelo homem é o homem, com o centro desse continente, o
cérebro, não nos sendo apenas desconhecido, mas também incompreensível”.
No âmago do pensamento complexo, apoiado em ciências como a
antropologia, a física, a biologia e a ecologia, Morin constrói uma concepção de
homem com outro sentido e com características diferentes das concepções
míticas, gregas ou judaico-cristãs. Um homem cuja capacidade computante-
cogitante é o fruto privilegiado e mais avançado de um sistema vivo num longo
processo de hominização e, cujo término, não tem prazo e local para
acontecer. O homem integra o processo evolutivo do Universo; é parte
constitutiva dele, e evolui com o Universo e não no Universo. (p. 74)
Evoluindo o tema com Pierre Levy... a desterritorialização da
biblioteca(=saberes) que assistimos hoje talvez seja mais do que um prelúdio
para a aparição de nova relação com o conhecimento. Por uma espécie de
retorno em espiral à originalidade original, o saber poderia ser novamente
transmitido pelas coletividades humanas vivas, e não mais por suportes
separados fornecidos por interpretes ou sábios. Apenas, dessa vez,
contrariamente à oralidade arcaica, o portador direto do saber não seria mais a
comunidade física e sua memória carnal, mas o ciberespaço, a região dos
mundos virtuais, por meio do qual as comunidades descobrem e constroem
seus objetos e conhecem a si mesmas como coletivos inteligentes (p.166).
Assim podemos considerar que os saberes estariam na coletividade passando
de cérebros para cérebros, através da transdisciplinariedade, e além do virtual.
“Conhecer os outros é a inteligência, conhecer-se a si próprio é verdadeira sabedoria”. Lao Tsé.
26
CAPITULO III
Linguagem e Comunicação
...se algum dia sua autoestima estiver “no chão”, lembre-se que, entre suas orelhas está uma das estruturas mais fantásticas que existem – seu cérebro.
Revista Superinteressante
...comunicar não é de modo algum transmitir uma mensagem ou receber uma mensagem. Isso é a condição física da comunicação..., comunicar é partilhar sentido.
Pierre Lévy
O cérebro de uma forma nova estimula e ocupa a Neurociências
como uma ciência que trata do desenvolvimento químico, estrutural e
funcional, além do patológico do sistema nervoso. Neste sentido, as
pesquisas começaram no inicio do século XIX e nesta ocasião os
fisiologistas Fristsch e Hitzig relataram que a estimulação elétrica de
áreas específicas do córtex cerebral de um animal evocara movimentos; e
por outro lado os médicos Broca e Wernicke confirmaram as localizações
cerebrais da linguagem (fala e sons). Em 1890, Cajal, neuroanatomista,
estabeleceu que cada célula nervosa é única, distinta e individual. A
seguir, o cientista Sherrington, estudando reações, relata que as células
nervosas (neuronios) respondem a estímulos e são conectadas por
sinapses. Em 1970 desenvolveram-se novas técnicas e produção de
imagens, revelando com clareza o encéfalo e a medula espinhal em vida,
fornecendo informações fisiológicas e patológicas nunca antes
disponíveis. Dentre elas, a Tomografia Computadorizada Axial
(TCA),Tomografia por emissão de pósitrons (PCT) e a Ressonância
Magnética (RM). (Relvas, 2011).
Ou seja, nos dias de hoje, já podemos utilizar mapeamentos
modernos e incessantemente estudados, para afirmar que há
comunicação de cérebro para cérebro. Não só pelo aspecto futurista,
futurologista ou mágico; mas sim por esta forma nada nova do fenômeno,
que só agora, com o advento da própria internet e os avanços
tecnológicos e científicos, nos damos conta desta incrível modalidade de
diálogo. Somos comunicantes mesmo com linguagens pouco
27
convencionais ou nada corriqueiras. Para além de uma tecnologia de
ponta, os cérebros trabalham ininterruptamente. A rede de conexões, até
agora são incalculáveis e infinitas, além dos processos de aprendizagens,
aptidões, possibilidades, habilidades, maneiras e arranjos são únicos.
Assim podemos apenas constatar que estamos diante de um dilema, ou
desafiamos e enfrentamos nossas limitações ou seremos “cérebros
ambulantes”, desarticulados, desconectados de todo o resto do sistema.
É nítida e absurda, a diferença entre a velocidade do pensamento e da
linguagem. Que tal iniciarmos nossos estudos pelo veículo chamado
“energia”?. Os caminhos são muitos... vastos e amplos, pois as energias
brotam em toda parte.
Para compreender o caminho percorrido das informações pelos
estímulos sensoriais até chegarem ao cérebro, há de se ter a necessidade
de uma abordagem anatômica e fisiológica (forma e função), desta
decodificação. Os neuronios, constituídos por estruturas especiais,
conduzem informações e são capazes de estabelecer sensações,
percepções, sentimentos e funções inconscientes e involuntários. As
conexões nervosas são dinâmicas e velozes, nos diz Relvas, (2011), e em
razão disto, qualificam-se três sistemas fundamentais para a construção
do humano que percebe, aprende, transforma, cria e produz... O primeiro
aspecto é o da informação, o segundo é a compreensão dos sistemas
biológicos e o terceiro que adentra em nosso cotidiano é a cibernética,
formando, assim, uma teia da conectividade. Assim sendo, mesmo que
não seja tudo decodificado, o conhecimento entra sendo memorizado
como informação ou saber; e o cérebro é que distingue pelas razões ou
pelas emoções, para fixar e memorizar ou descartar. Ele encontra
estreitos meios de sobreviver, criar laços sociais e principalmente se
comunica para se conhecer. De cérebro para cérebro, entra como uma
visão possível e salvadora, sem intermediários e com nova formatação
circundada de desafios, de evolução cientifica e de possibilidades
avassaladoras, que rompem com a imaginação e a se deslocam partindo
de uma sensação, depois um sentimento e mais adiante uma
comunicação clara, pura e fluida entre mentes.
28
“Senhor Watson, venha aqui!” Alexander Graham Bell proferiu
essas palavras pela primeira vez ao telefone há 139 anos. Com essa
declaração, ele inaugurou a revolução das telecomunicações que
futuramente traria a internet, smartphones e possibilidades de troca
praticamente instantânea de mensagens de voz, texto e vídeo por todos
os continentes, pelo mundo que conhecemos.
No entanto, a transmissão da fala tem limites. Não é fácil traduzir
emoções e conceitos abstratos em palavras – ainda que nossa mente
esteja saudável. Que o diga qualquer um que já se empenhou numa
discussão e sentiu a enorme distancia entre o que se desejava dizer e o
que o interlocutor compreendia.
No que diz respeito à tecnologia, há várias décadas engenheiros
neurais trabalham no desenvolvimento de técnicas que nos ajudem a
superar dificuldades como as interfaces mente-máquina (IMs), que
começam a permitir que pessoas com paralisia possam controlar, por
meio de sinais cerebrais, o cursor do computador ou uma prótese, por
exemplo. A IMs contam com técnicas de processamento de dados para
extrair a intenção de movimentos de uma pessoa para em seguida
transmitir essas informações para o dispositivo que o indivíduo pretende
controlar.
Em 2010, houve um insight: talvez pudéssemos usar esse mesmo
princípio para compartilhar pensamentos diretamente de uma mente para
outra. Imagine se o professor fosse capaz de comunicar sem
intermediários a prova de matemática para o cérebro do aluno, de forma
não verbal. Ou, ainda, se um estudante de medicina pudesse aprender
uma habilidade cirúrgica complexa diretamente da cabeça de seu mentor.
Essas ideias, que pareciam fazer parte apenas de obras de ficção, nos diz
Rajesh P.N.Rao, passaram a ser discutidas por cientistas. Trabalhando na
Universidade de Washington, percebi que tinha todo o equipamento
necessário para construir uma versão rudimentar desta tecnologia. Com a
ajuda de outros pesquisadores, começamos a superar os modos
29
tradicionais de comunicação e a trocar ideias simples diretamente entre
cérebros.
A essência e nossa estratégia foi usar a técnica conhecida como
eletroencefalograma (EEG), na qual são dispostos eletrodos no couro
cabeludo para a captação de ondas cerebrais. Os sinais escondidos na
agitação neural podem indicar o que pensamos. A idéia era identificar um
padrão e, em seguida enviá-lo através da internet para outra pessoa. Os
sinais dariam as instruções de como estimular o cérebro do destinatário.
Considerando que os neuronios se comunicam eletricamente, podemos –
entre outros truques – influenciar estrategicamente suas mensagens
aplicando corrente elétrica ou campo magnético. Basicamente, temos
como usar os dados do cérebro de uma pessoa para produzir um padrão
específico da atividade neural em outra.
No momento em que finalmente testamos nosso projeto, duas
outras equipes de neurocientistas também haviam transmitido sinais
diretamente entre cérebros, embora não com humanos. Até agora, as
experiências, incluindo a nossa, foram provas de conceito: um dos
participantes é remetente, e o outro destinatário. Em última análise, o
objetivo é enviar e receber informações nas duas direções – o que abre
caminho para novas descobertas.
O neurocientista Miguel Nicolelis e sua equipe, na Universidade
Duke, foram os primeiros a demonstrar a transmissão de dados entre dois
cérebros. No inicio de 2013, eles publicaram um experimento em que dois
ratos, em continentes diferentes, trocaram comunicados simples. Mais
tarde, no mesmo ano, outro experimento foi publicado, dessa vez com
seres humanos como remetentes. Seis voluntários usaram um fone de
ouvido EEG e foram, um de cada vez, conectados a um camundongo
anestesiado. O engenheiro biomédico Seung-Schik Yoo, da Escola
Médica Harvard, e seus colaboradores usaram uma técnica em
desenvolvimento que dispara energia ultrassônica altamente focalizada
através do crânio para regiões específicas do cérebro. Quando um
participante decidiu mover cauda do rato, a atividade neural
30
correspondente da pessoa provocou um pulso ultrassônico que entrou
no cérebro do roedor. A explosão de 350 kilohertz de pressão acústica
visava o córtex motor do animal, que controla o movimento.
Aproximadamente dois segundos depois, a cauda do animal se levantou
por alguns segundos.
Nas experiências que se utiliza a tecnologia para compreender
como tudo acontece no cérebro; assim que o computador decodifica uma
mensagem neural, a questão principal passa a ser como transmiti-la.
Contou a nosso favor, conta Andrea Stocco e Chatel Prat (Universidade
de Washington), o fato de o laboratório onde trabalhamos ter muitos anos
de experiências interpretando as intenções dos pulsos cerebrais. O
método usa pulsos de um campo magnético para introduzir um disparo
neural em áreas específicas do cérebro e verificar com se dá as
transmissões. Para transmitir os pulsos, coloca-se uma bobina isolada de
metal ao lado da cabeça. Quando a eletricidade é descarregada no
cilindro, forma-se um campo magnético ao redor dos neuronios na região
próxima ao dispositivo. No momento em que a carga é interrompida, essa
área de energia desaparece. Seu aumento súbito acompanhado de queda
repentina induz uma pequena corrente elétrica nas células neurais que
havia sido absorvida por esse campo, tornando-as mais suscetíveis ao
disparo. Quando isso ocorre, essa explosão ativa uma cadeia de
neuronios conectados. Depois de algumas tentativas, encontramos a
combinação necessária para estimular os neuronios que controlam seu
pulso, fazendo sua mão contrair.
Decidimos experimentar também nossa interface cérebro-cérebro
com um simples jogo de videogame que envolvia dois participantes. Após
meses escrevendo códigos de computador e integrando tecnologias,
nossos estudantes do laboratório finalmente testaram nosso dispositivo.
No jogo, um navio enviara foguetes contra uma cidade. O objetivo era
disparar um canhão para interceptá-los. Somente eu podia ver a tela do
jogo, e apenas o outro jogador podia pressionar o botão para acionar a
arma de defesa. No momento certo, ele tinha de formar a intenção de
atirar. Alguns segundos depois, ele receberia esses dados e daria o
31
comando. Um jogador usava uma touca de 12 eletrodos, que media
oscilações na atividade elétrica em diferentes locais da cabeça. Em
qualquer momento, várias populações de neuronios podiam oscilar em
diversas frequências. Quando ele imaginava mover uma das mãos, os
eletrodos de EEG registravam uma assinatura reveladora que o software
podia detectar. Observamos uma queda nas oscilações neurais de baixa
frequência. Usamos esses indícios como pista para enviar um comando
via internet e estimular o cérebro do outro jogador.
Não foi registrado o impulso conscientemente, mas sua mão se
moveu mesmo assim: o estímulo o fez levantar. E quando baixou, bateu
no teclado e disparou o canhão. Sucesso! Pela primeira vez, um cérebro
humano havia transmitido uma intenção diretamente para outro cérebro,
unindo-se para completar uma tarefa. Com a frequência e a repetição
desta comunicação para realizar esta atividade, os movimentos, tiveram a
consistência do compartilhamento em 100% de precisão da troca de
possibilidades, habilidades, percepções de dar sentido aos dados e aos
movimentos. Certamente e futuramente tudo isto será coberto por
emoções e sentimentos. Entretanto acredita-se que tudo isto é possível,
se existir a cooperação consciente dos indivíduos, de forma ativa e
decisiva na intercomunicação mental, algo que pode ser difícil da
alcançar entre animais. O próximo passo será explorar outras áreas do
cérebro e produzir uma ideia consciente. Acreditamos poder, dizem os
neurocientistas, enviar informações visuais, e não somente motora, de
um cérebro para outro.
O caminho ainda é longo até conseguirmos transmitir pensamentos
mais complexos, mas já sabemos a respeito de como o cérebro
representa esses sinais e a maneira de como ele codifica mensagens. Os
cientistas acreditam que as formas mais simples já mapeamos, agora
falta avançar e dominar na construção de conhecimentos mais
elaborados, que dependem de vasta memória. Para reabilitação de
pacientes (visuais, motores) a tecnologia daria uma excelente
recuperação, pois os terapeutas estariam auxiliando 24hs. O avanço no
32
conhecimento nesse campo pode nos ajudar a resolver que enfrentamos
colocando, literalmente, duas cabeças para trabalhar juntas.
Aprimorar as habilidades do cérebro com a tecnologia não é
novidade; mas é novidade os avanços os resultados e sua aplicabilidade.
Aumentamos nossa capacidade física com automóveis, aviões e de
memória com livros e internet. Expandimos habilidades analíticas e de
comunicação com computadores e smarphones. Seguindo essa lógica, a
intercomunicação mental pode ampliar nosso repertorio social – essa
tendência intrínseca de compartilhar pensamentos com o outro.
No entanto, se os cientistas e engenheiros eventualmente
chagarem a desenvolver a comunicação eficiente e sofisticada entre
cérebros, possivelmente haverá importantes implicações éticas. Além
disto, os temas de grande importância no mundo moderno como
segurança e privacidade com dispositivos altamente conectados, também
serão fatores críticos num futuro com cérebros interconectados.
Pesquisadores da área de neurossegurança teriam de procurar diminuir
ao máximo os riscos desse tipo de tecnologia (que se tornará frequente,
com certeza) por meio de protocolos protegidos de comunicação, e
caberia aos governos de cada país aprovar leis para enfraquecer qualquer
possibilidade de abuso. Em última análise, devemos nos perguntar: Será
que os benefícios da comunicação entre cérebros vão superam os
riscos? Como essa tecnologia vai moldar nossa evolução? Será capaz de
trazer benefícios sociais? Sem respostas argumentadas e resolvidas,
podemos apenas assegurar que nada vai impedir que esta tecnologia seja
interrompida ou ignorada. Temos fôlego, ideias e inspirações, para
crescer em pesquisa na busca de descobrir meios suficientes para
ancorar novos desafios.
Curiosidades e descobertas:
- Qualquer processo cerebral envolve ciclos de feedback. Estes ciclos
são inteligentes e adaptáveis, diz respeito a nossa memória. (Chopra, D. 2013)
33
- A dinâmica do cérebro entre e sai de equilíbrio, mas sempre favorece
um equilíbrio geral, conhecido como “homeostase”
- Todas as qualidades do mundo conhecido, como as características
visuais, som, textura e sabor, são misteriosamente criadas pela interação
entre mente e cérebro.
- Só a consciência pode entender a consciência. Nenhuma explicação a
partir dos fatos mecânicos sobre o cérebro é suficiente. Sendo assim, 95% são
automações inconscientes e apenas os restantes 5% são conscientes.
- O cérebro não sente dor, por não ter receptores.
- Há mais de 160 mil quilômetros de vasos sanguíneos no cérebro
Curiosamente, essa estrutura relativamente pequena (que pesa menos de 2
kg) contém um número monstruoso de elementos: 100 bilhões de neurônios,
conectados entre si por 100 trilhões de sinapses. Em termos de informação, o
cérebro é capaz de armazenar 1.000 terabytes (1 terabyte = 1.024 gigabytes),
Em tempo: nós usamos 100% da capacidade do nosso cérebro, ao contrário do
que dizia aquele famoso mito dos 10%. Entretanto 95% são atividades
inconscientes, 5% são conscientes; ou seja, o cérebro trabalha independente
de nossa vontade incessantemente, desde a nossa concepção e maturação.
- Há grandes diferenças entre os dois lados do cérebro. Essa
fantástica estrutura é formada por dois hemisférios, sendo um deles mais
voltado a pensamentos racionais e analíticos (o esquerdo) e o outro voltado
mais para pensamentos conceituais e visuais (o direito). Além disso, eles
trabalham de forma “invertida”: se você machuca sua mão direita, a dor é
processada pelo hemisfério esquerdo. Curiosamente, você sobreviveria mesmo
que perdesse completamente um dos hemisférios.
- O cérebro dos homens é 10% maior que o das mulheres. Apesar
disto, o cérebro feminino possui mais células nervosas do que o masculino.
Além disso, ele realmente tende a priorizar “emoções”, enquanto o dos homens
tende a priorizar a “lógica”. Mas o cérebro de homens homossexuais tende a
funcionar de maneira mais similar ao de mulheres. Um cérebro maior não
34
garante, necessariamente, que a pessoa seja mais inteligente. O de Einstein,
por exemplo, pesava 1,23 kg (a média para um adulto é de 1,4 kg).
- Seu cérebro é mais ativo enquanto você dorme. Durante o sono,
nosso cérebro processa intensamente as informações que coletou durante o
dia – até hoje, ninguém sabe exatamente por que, de fato, sonhamos. Contudo,
já foi comprovado que pessoas com QI mais elevado tendem a sonhar mais, e
que tirar um cochilo durante o dia pode ajudá-lo a ter mais disposição, foco e
concentração nas tarefas.
- Ninguém sabe por que damos risada. O riso é um fenômeno
unicamente humano, que começa aproximadamente aos 4 meses
- O QI mais alto do mundo é 210. O coreano Kim Ung-yong, nascido
em 1962, possui o QI mais alto do mundo. Aos seis meses de idade, já
começou a falar. Aos oito, conseguia entender álgebra. Começou a frequentar
o curso de física na Universidade de Hanyang aos 4 anos e, quando se formou,
foi convidado pela NASA para continuar seus estudos nos EUA. De volta à
Coreia do Sul, trocou a física pela engenharia, obtendo logo um título de doutor
O cérebro espelha a realidade que cada pessoa está produzindo neste
exato momento. Todos nós contamos com o nosso cérebro ao nos segurar
durante episódios em que impressões, impulsos, direções e hábitos estão no
controle. (Chopra, 2013). Saibamos que a comunicação de cérebro entre
cérebro abre espaços de forma criativa, incomum e subitamente singular.
35
CAPÍTULO IV
Física Quântica e a Comunicação cerebral. Possíveis Verdades
“As grandes descobertas da física quântica só acontecerão após a evolução moral dos povos”. Dani Kratz
“O ser humano não consegue atingir a quintessência da consciência quântica pura sem chocar-se consigo mesmo, com suas próprias dimensões”. Juahrez Alves
“O futuro será quando a física quântica dominar a radiação mental, e a fala será apenas uma opção. E os transportes humanos serão sensoriais, com tecnologia de sensores, e os motores
se aposentaram”. Marcelo Zampolli
A idéia de que o Universo nada mais é do que um “Sistema Físico” – isto
é, uma máquina – que se desenvolve mecanicamente, de acordo com leis
rígidas e imutáveis, começando como, uma heresia que havia surgido dentro
da algumas mentes corajosas, é um fato a se considerar. Tendo esta idéia
como seu ponto de partida, alguns pensadores e seus seguidores começaram
e experimentar uma corrente ininterrupta de sucessos. E não existe um único
dispositivo médico em funcionamento, nenhum tratamento, nenhum veículo,
nenhuma comunicação, nenhuma indústria que não esteja alicerçada, sobre
esse pressuposto da Tecnologia (Satinover, 2008). No período que
compreende a época em que viveu Galileu e o final do século XX, o que um dia
foi uma heresia radical, hoje se transformou em uma visão do mundo
compartilhada por bilhões de pessoas (quer elas percebam, quer não). Mesmo
vindo de tão longe, esta transformação chegou aos Estados Unidos e, embora
antigamente fosse um requisito em qualquer departamento de uma
universidade respeitada que um professor fosse “um homem de Deus”, hoje se
tornou bastante embaraçoso que um deles admita levar a sério este conceito.
O famoso zoólogo evolutivo Richard Dawkins afirmou que qualquer pessoa que
acredite em um Deus criador é simplesmente “um analfabeto cientifico”. No fim
do século XIX, os cientistas acreditavam haver descoberto praticamente todas
as leis fundamentais da física, leis que eram puramente mecanicistas, devido
às suas interações mecânicas, pelas quais surgiram todos os fenômenos que
experimentamos. A própria matéria viva era compreendida como sendo uma
fábrica especialmente complicada de máquinas moleculares.
36
Muitos acreditavam totalmente nesta finitude de leis e proposições, pois
compreendiam mal o método cientifico. Todavia existiam outras tantas pessoas
que reconheciam o poder destas conclusões, mas esperavam que, em alguma
oportunidade, esse ponto de vista pudesse ser, de algum modo, demonstrado
como incorreto. Esperavam, em outras palavras que os próprios cientistas
pudessem descobrir uma lei que não fosse inteiramente mecânica, mas que,
de alguma forma, pudesse ser demonstrada como “livre”. Essas esperanças
foram reaquecidas com o surgimento de uma estranha teoria, que recebeu o
nome de mecânica quântica. Absolutamente nada, em todo o universo físico,
”ocasiona” que uma partícula alfa pule fora de seu núcleo no momento em que
faz certo movimento. A observação, cientificamente argumentada, é que ela
simplesmente pula para fora do seu núcleo “no momento em que quiser”. E
não é apenas isso: uma partícula escapa independentemente do fato de que a
barreira que a conserva no interior do núcleo seja forte demais para que ela
consiga sair. Se o mundo fosse realmente tão organizado como os cientistas
haviam pensado, uma partícula alfa não deveria nunca ser capaz de escapar
de seu núcleo, da mesma maneira (em comparação) que seria muito difícil, até
mesmo impossível, um prisioneiro de Alcatraz aparecer instantaneamente em
São Francisco. (Satinover, 2008)
No século passado, desde o momento em que foi proposta pela primeira
vez, a teoria quântica originou muitos novos dilemas, que conseguiram
apresentar soluções para eles, e se for tudo objetivamente bem considerado,
demonstrou então ser a teoria quântica, a mais bem-sucedida em toda a
historia da Ciência. E, enquanto se demonstrava a si própria, revelou também
que, em seus fundamentos, a própria matéria não se comporta como uma
máquina. As mesmas premissas mecanicistas sobre as quais a ciência foi
construída talvez venham a ser derrubadas pela própria ciência. Esta
constatação traz alguma esperança de um dia podermos encontrar na teoria
quântica uma solução para o beco sem saída de um mundo que “tem
precisamente as propriedades que deveríamos esperar dele caso não
houvesse, bem lá no fundo, qualquer desígnio ou propósito, nem bem nem mal;
nada exceto uma indiferença cega e sem misericórdia”, nas palavras textuais
do eminente evolucionista Richard Dawkins; “Tenhamos as cabeças abertas,
mas não tão abertas ao ponto de nossos cérebros se desprenderem delas”.
37
Nossos cérebros são, se você quiser “computadores quânticos”. Mas,
não são do mesmo tipo que anda, ultimamente, aparecendo nas manchetes.
Efeitos quânticos sutis que ocorrem no cérebro nos permitem demonstrar uma
capacidade que, de outro modo, jamais teríamos. Entretanto, a fim de
podermos utilizar ao máximo tais efeitos, nossos cérebros naturais estão
projetando agora cérebros sintéticos que consigam ser ainda melhores. Esses
empregam os princípios quânticos diretamente e não, como ocorre no cérebro
humano, de formas sutis e quase invisíveis. Os computadores que utilizamos
facilitam e armazenam dentro de suas memórias, dados capazes de fazer
rapidamente conexões através de links que se abrem com grandioso
desempenho. Contudo, não esqueçamos que muitos cérebros ainda mais
fantásticos evoluíram na condição de raciocino emocional, sentimental,
espiritual e inteligência quântica, criando máquinas geniais, para servi-los
reduzindo espaço, trabalho e tempo ( pessoal e coletivo).
O cérebro não é realmente constituído por um único órgão, mas sim um
conjunto vertical de órgãos nervosos, onde os mais novos (neocórtex) ficam
por cima dos mais antigos (reptiliano), na sequencia de sua evolução, enquanto
o último se espalha por todo o espaço superior. No total o neocórtex é
composto por 10 a 20 bilhões de células nervosas e um numero
espantosamente imenso de conexões entre elas, e que também estabelecem
ligações entre o neocórtex, o cérebro inferior e o corpo inteiro. Ele origina e
orienta a intricada complexidade da vida inteligente por meio de processos que
são essencialmente computacionais – mas de uma espécie muito diferente da
que conhecemos. As máquinas computacionais do cérebro não executam
programas escritos previamente. Ele aprende sozinho, por meio da
experiência e embute as lições da experiência através de reconfiguração de
seu próprio hardware (Satinover, 2008).
As redes neurais são baseadas na premissa de que os neuronios
naturais e as redes desses neuronios, (células cerebrais demasiadamente
numerosas e interconectadas, de maneira extremamente densa – 10 bilhões
com mil conexões cada = 10 trilhões de conexões – parecendo tudo um
emaranhado caótico) que se formam naturalmente, fornecem o melhor modelo
possível para o processamento de informações, porque, por meio de milênios
incontáveis de experimentação, a natureza evoluiu tornando-se capaz de tal
38
realização. Mesmo que houvesse algum tipo de plano diretor, a quantidade de
informações necessárias para codificar um esquema tão complexo excederia a
capacidade do próprio do cérebro. Daí pode se concluir que, as formas de
comunicação de cérebro para cérebro, mais do que uma experiência que deu
certo, será mais um conhecimento que trará uma nova realidade, que muitas
vezes foge a nossa compreensão cerebral, funcional, corporal e emocional.
“A célula é uma máquina”, afirma Jacques Monod (Premio Nobel), “(...),
portanto, o homem é uma máquina”. Ao demonstrar que o ser humano é em
particular uma máquina computadora, a ciência deu um passo enorme e
excitante para além de Monod, ao futuro promissor.
O modo como observamos o mundo que nos cerca é a escolha da
realidade na qual desejamos estar inseridos, mesmo que isso por vezes seja
de difícil compreensão. De acordo com a física quântica, todas as nossas
possibilidades estão acontecendo simultaneamente, porém quando focamos
a nossa atenção para a realidade, apenas uma possibilidade é concebida
como real, isto para que possamos testá-la, como experiência de vida.
O problema é que, devido às nossas dependências emocionais,
acabamos repetindo padrões indesejados, achando que, apesar das
infinitas possibilidades de escolhas que temos, não possuímos a capacidade
de rumar para o diferente. E, - como consequência - passamos a nos repetir
indefinidamente. A questão é que as nossas identidades estão insistentemente
engajadas neste circuito. As respostas bioquímicas em nosso corpo que têm a
ver com a alegria, o prazer ou a dor, seguem sempre o mesmo caminho
emocional e acabamos por não conceber, por mais que possamos desejar, a
idéia de que podemos ter outros coloridos com relação a um sentimento ou a
situações totalmente novas. Na grande maioria das vezes sequer concebemos
a hipótese de que atuamos em meio aos nossos vícios e padrões emocionais
repetitivos. O cérebro apesar de ativo interruptamente, também se
acomoda. E mesmo se já estivermos aceitando estas percepções, talvez
devido às nossas crenças (e dependências emocionais e culturais da
coletividade), ainda custamos a conceber que temos o poder para criar algo
efetivamente novo e diferente em nossas vidas.
Algumas possíveis verdades:
39
01 – A física quântica nos diz que a realidade não é fixa – partículas
subatômicas só passam a existir quando elas são observadas. Ela só nos diz
sobre as possibilidades, que decorrem da visão do observador, só ele
determina a sua realidade. Não se tem respostas prontas.
02 – Nossa mente tem um enorme potencial e volumoso processamento, mas
só usamos uma pequena parte dela para o pensamento consciente (5%), e
perdemos muito do que está acontecendo ao nosso redor. Ou seja 95% é
inconsciente; e concluiu Schopenhauer, - “ainda bem”, pois se fosse ao
contrário, talvez estaríamos loucos, pela própria capacidade cerebral.
03 – Se a sua mente é o “observador”, você deve ser capaz de escolher qual
das muitas realidades possíveis em torno de você vem à existência – você
pode criar sua própria realidade, e ser possível em determinados momentos
estar ora no lugar do observador, ora no do observado.
“A realidade física é absolutamente uma rocha sólida, mas ela só passa
a existir quando o observador bate contra outro pedaço de realidade física –
como nós, ou uma pedra.” (Satinover,2008)
Os pedaços de matéria que compõem as partículas subatômicas
(prótons, nêutrons e elétrons) não existem em nenhuma maneira prática,
mensurável, a menos que eles estejam interagindo uns com os outros. Uma
vez que eles não colidem uns com os outros, eles formam seus pequenos eus
regulares. Mas isto só se aplica às partículas subatômicas – uma rocha não
precisa que você esbarre nela pra existir. Ela está lá. As partículas
subatômicas que compõem os átomos, que compõem a rocha também estão
lá. E isso certamente não depende de um observador para fazer isso
acontecer. Enquanto uma partícula subatômica está interagindo com outra
partícula subatômica, elas existem independentemente de onde você está ou o
que você está fazendo. “Observar”, significa “interagir”
“Sua mente não pode dizer a diferença entre o que vê e o que se
lembra de”. Dr. Dispenza afirma (corretamente) e mostra através de alguns
40
exames que a mesma parte do cérebro se ativa sempre que você olha algo
ou apenas se lembra da coisa. Mas é um grande passo dizer que o cérebro
não sabe a diferença entre a visão e a memória. Nosso cérebro não nasceu
ontem. Dado algumas pistas contextuais, como por exemplo, quando as
pálpebras estão abertas ou fechadas, ele pode perceber alguma coisa vendo
ou só se lembrando. E tem o fator escalar – o cérebro se mostra ativo nos
scans muito mais forte quando você está vendo alguma coisa do que quando
você está lembrando-se de algo.
“Nosso cérebro recebe 400 bilhões de bits por segundo de informação,
mas só somos conscientes de 2000 bits por segundo. A realidade está
acontecendo a todo tempo no nosso cérebro – estamos recebendo a
informação, mas ela não está sendo integrada.” (Newberg, 2011)
Os valores são um pouco flexíveis, mas a ideia de que só somos
“conscientes” de uma fração da nossa atividade cerebral é correta e um imenso
alivio. O que pode ser pior do que estar ciente de cada pequeno detalhe que
nosso cérebro recebe – desde os níveis de fosfato até a taxa cardíaca e no
crescimento capilar. É como ser o chefe de uma gigantesca empresa e escutar
o que cada funcionário está fazendo a cada minuto todo o dia. O único
problema com a afirmação de Andrew Newberg é que ela sugere que nosso
subconsciente está fazendo coisas realmente interessantes e estamos de
alguma forma perdendo isso. Se pudéssemos aproveitar o outro zilhão de
gigabites poderíamos ser os mestres do nosso destino. Se isso é verdade
ninguém pode medir isso ou ver os efeitos. “Só podemos ver o que é possível –
os índios americanos nas ilhas caribenhas não puderam ver os navios de
Colombo (ao horizonte) pois eles estavam além do conhecimento deles.” (Pert,
2012). É difícil dizer onde Pert foi desonesta sobre se os índios americanos
viram ou não quando Colombo e o seu pessoal atingiram o horizonte. Colombo
certamente não falava a língua local, e os índios não deixaram registros
escritos. Só o pajé sabia, e nós estamos cerca de 500 anos atrasados para
perguntar. Mas ela estava certa sobre nós não vermos coisas na frente de
nossos olhos se não estamos olhando para aquilo. Um experimento clássico
sobre processamento visual envolve pedir para pessoas assistirem um vídeo
41
com 6 pessoas passando uma bola de basquete, e pressionar um botão cada
vez que um time em particular passa a bola. Invariavelmente só metade das
pessoas notou uma mulher vestida de gorila caminhando
Em uma tentativa de inserir na ciência os conceitos de alma e
“consciência”, os cientistas Stuart Hameroff (diretor do Centro de Estudos da
Consciência na Universidade do Arizona, EUA) e Sir Roger Penrose (físico
matemático da Universidade de Oxford, Inglaterra) criaram a teoria quântica da
consciência, segundo a qual a alma estaria contida em pequenas estruturas
(microtúbulos) no interior das células cerebrais. Eles argumentam que nossa
“consciência” não seria fruto da simples interação entre neurônios, mas sim
resultado de efeitos quânticos gravitacionais sobre esses microtúbulos – teoria
da “redução objetiva orquestrada”. Indo mais longe: a alma seria “parte do
universo” e a morte, um “retorno” a ele (conceitos similares aos do Budismo e
do Hinduísmo). Embora a teoria ainda seja considerada bastante controversa
na comunidade científica, Hameroff acredita que os avanços no estudo da
física quântica estão começando a validá-la: tem sido demonstrado que efeitos
quânticos interferem em fenômenos biológicos, como a fotossíntese e a
navegação de pássaros. Vale ressaltar que Hameroff e Penrose
desenvolveram sua teoria com base no método científico de experimentação e
em estudos feitos por outros cientistas, ao contrário do que ocorrem em casos
de “pseudociência” em que simplesmente se acrescenta a física quântica como
“ingrediente legitimador” de teorias sem fundo científico.
É verdade que todo o mistério da mecânica quântica esta contida na
experiência da dupla fenda. Porém, é um mistério com múltiplas facetas e
levou um século até que suas muitas implicações se desenvolvessem em toda
a sua riqueza bizarra. E tampouco esse desenrolar já foi concluído. A cada
ano, segundo parece, surge uma revelação surpreendente, enraizada na
natureza da realidade quântica. O teletransporte quântico de objetos visíveis,
computadores quânticos e a comunicação de cérebro e cérebro; cujos
circuitos processam em uma rede distribuída por meio da múltiplos universos –
estas e muitas outras coisas ultrajantes – não constituem mais a temática
exclusiva da ficção cientifica, mas sim os objetos de cientistas e engenheiros
trabalhando nas maiores instituições do mundo: Universidades como Oxford e
Harvard. São estudos que só avançam, pois não há uma necessidade; é mais
42
que isto, é uma consequência, uma emergência. Assim como reduzimos a
distancia de pessoa para pessoa com a tecnologia, também ampliaremos as
comunicações de cérebro para cérebro na interação com a física quântica.
Somente após o desenvolvimento de redes neurais artificiais, de
autômatos celulares e de mapeamento por meio de redes neurais e vidros
rotativos, emergiu a pista crucial: a dobradura das proteínas (são
macromoléculas biológicas, que estão presentes em todos os seres vivos e
participam em praticamente todos os processos celulares, desempenhando um
vasto conjunto de funções no organismo, como a replicação de ADN,
a resposta a estímulos e o transporte de moléculas) apresenta muitas
características de um problema de minimização do tipo apresentado pelos
vidros. As proteínas se enrijecem até atingir seu nível de energia mínima. Mas
é aqui que reside o fato mais assombroso: “sua velocidade e eficiência em
atravessar os estados intermediários, que fazem parte de qualquer processo de
enrijecimento, simplesmente se encontram além do alcance de qualquer
processo clássico conhecido.” Isto quer dizer que mesmo com uma energia
mínima, requer certo gasto de energia para fazer as alterações necessárias. A
energia é alocada de algum modo com uma precisão cirúrgica, onde as
modificações e ajustes são feitas de forma a mais econômica e saudável.
Daí se concluir, o cérebro foi fantasticamente obra da Evolução das
espécies e, sobretudo de um poder sobrenatural, nesta engrenagem.
Isto mostra a Harmonia, a Comunicação e a Natureza de nossos
comportamentos, criações e realizações. Nosso cérebro é único e
maravilhosamente orquestrado por nós mesmos e com a enorme capacidade
de processar para interagir com todos os que nos cercam. Para não haver
tanta polemica seria prudente pregar um aviso na porta do laboratório onde
esta se pesquisando sobre física quântica “Alterações estruturais em progresso
- proibida a entrada, exceto à negócios”. E completa o brilhante Goethe ...
(autor e estadista alemão que também fez incursões pelo campo da ciência
natural). “Quando uma criatura humana desperta para um grande sonho e
sobre ele lança toda a força de sua alma, todo o universo conspira a seu favor”.
43
CONCLUSÃO
“Pensamos em demasia e sentimos bem pouco. Mais do que de máquinas precisamos de humanidade. Mais do que a inteligência, precisamos de afeição e doçura. Sem essas virtudes,
a vida será de violência e tudo será perdido”. Charlie Chaplin
O que você tem dentro da cabeça? Sem medo de errar podemos dizer
que é algo altamente sofisticado, misterioso e fascinante. Pesando pouco mais
de 1kg, o cérebro humano está no ápice da evolução. Nesse órgão trilhões de
células desenvolvem-se, movimentam-se, diferenciam-se umas das outras e
comunicam-se. Cada neurônio, por exemplo, mantém aproximadamente 10 mil
contatos com outras células. O resultado desta interação é uma requintada
rede eletroquímica capaz de transmitir os sinais que a cada instante permitem
a apreensão e elaboração de milhões de informações (internas e externas),
armazenamento de dados, exercícios de lógica, possibilidade de simbolização,
gestos coordenados – e, entre tantas outras capacidades, está a de oferecer
base física para pensar sobre si mesmo, e conhecer a si mesmo. (Leal, 2005)
A Ciência e as ciências avançaram rapidamente e espantosamente
nestes novos tempos. Em contrapartida, as novas tecnologias mais do que
inovadores e velozes, atropelaram e impactaram todas as reflexões, os
ensaios, os testes, os relatos, os testemunhos, as pesquisas e, sobretudo as
conquistas e as conclusões. Descortinaram o Conhecimento. Nada pára, o
mundo esta em movimento constante e o humano desconcertadamente
também, querem seja dentro do Macrocosmo, Universo sem fim; ou do
Microcosmo, lutas internas e pessoais sem fim; alternando medo e coragem.
O que se principia não é algo novo, mas algo extraordinariamente novo,
a cada instante. Como poderíamos imaginar alguém se comunicando com
outro alguém, sem nenhuma linguagem (falada, escrita, gesticulada,
interpretada, etc), apenas de cérebro para cérebro. O homem se eleva,
sublima, cultua, e se render ao novo homem. Um ser forte, dotado de
possibilidades, quiça de possíveis “poderes” jamais vistos, mas ao mesmo
tempo, absolutamente vulnerável, virado ao avesso, desnudado, desafiado.
Entretanto temos uma antiga e longa historia, bem antiga e bem longa: de
44
apegos, de limitações sentimentais e emocionais, de difíceis hábitos culturais, e
de um cérebro reptiliano que guarda nossa ancestralidade (nosso sentido de
preservação e de agressão), passando por toda nossa programação cerebral,
pessoal e computacional, por todos os nossos problemas, pela parte mais
profunda. Ainda não somos capazes de romper e vivenciar o diferente, de sair
da zona de conforto, de integrar o todo (a coletividade) e entender o indivíduo
(a individualidade). Não entendemos que somar pode significar dividir saberes
únicos pelas competências da cada um. No indivíduo que se completa a cada
descoberta ou a cada evento novo, já se pode afirmar que a evolução
significativa foi gigantesca mesmo que inconsciente, pois “dominamos quase
nada no Universo”, igualmente nas nossas cabeças, apesar de focados nas
atitudes, comportamentos e habilidades. O cérebro não nasce “pronto”, e se
molda às demandas do meio ambiente. Ao mesmo tempo, se revela um
emaranhado de circuitos plásticos, extremamente adaptáveis e responsivos. E
de todas as funções cerebrais a mais instigante é a neuroplasticidade, com
possibilidades constantes de reorganização funcional e estrutural.
Bourdieu (2007) propõe a reflexão da exaustiva comunidade cientifica
como um todo sobre suas praticas, fornecendo princípios importantes para o
entendermos o processo de construções das “verdades” científicas. Para
Bourdieu o campo cientifico é o universo no qual estão inseridos os agentes e
as instituições que produzem, reproduzem ou difundem toda descoberta. É um
mundo como os outros, mas que obedece a leis mais ou menos específicas,
distintas das leis sociais a que está submetido o macrocosmo. Todo campo é
um campo de forças e um campo de lutas para conservar ou transformar o
campo de forças. Referindo-se particularmente ao campo científico, Bourdieu
argumenta que a estrutura das relações objetivas entre os diferentes agentes
comanda os pontos de vista, as intervenções científicas, os locais de
publicação, os objetos a serem investigados. É essa estrutura que vai dizer o
que pode e o que não pode ser feito. Segundo Bourdieu, existem duas
espécies de capital científico: o poder institucionalizado, ligado às posições
hierárquicas nas instituições científicas e ao controle dos meios de produção e
reprodução, e o poder específico do prestígio pessoal, que, segundo o autor,
45
repousa sobre o reconhecimento dos pares. Talvez possamos mudar a visão
de Universo, - “Ouvir o Universo” - favorecendo todos e ao Todo.
Ao argumentar a reflexão cientifica, o comportamento de nossos
pesquisadores e do próprio objeto da pesquisa, podemos perceber o quanto
isto reflete no nosso dia-a-dia e na forma como nosso cérebro reage a novos
impulsos a fim de se comunicar, buscando significados e aprendizagem. Assim
sendo, nos resta iniciar na escola a busca, a experiência e, sobretudo levar o
cérebro a sedimentar toda a curiosidade pelo conhecimento. A escola se
fragmentou nos diz Saviani (2005). Isto quer dizer que se a
transdisciplinariedade não estiver presente em nossas práticas pedagógicas,
nosso cérebro terá dificuldade de se organizar e se tornar receptível a
atividades mais finas e sutis, uma vez que tudo esta ligado a tudo. Ou seja,
qualquer sensação, emoção, ou sentimento; algo como uma misteriosa
corrente que se acende em alguma parte do cérebro, e que quimicamente e
eletricamente se ilumina, descarregando infinitas possibilidades de prazeres ou
de apreensões; dependerá única e exclusivamente de como este mesmo
cérebro será estimulado. Quiça pudéssemos controlá-lo... entretanto podemos
ter a certeza de que nada passa desapercebido pelo nosso universo pensante.
Valorizando estas novas experiências de comunicação de cérebro para
cérebro; o experimento mais recente ainda foi uma atividade cerebral que
enviou respostas a dois participantes via Internet (utilizando um capacete com
eletroencefalograma–Universidade de Washington). A interface desse
experimento usou a eletroencefalografia para detectar padrões específicos da
atividade cerebral do “respondente”, e a estimulação magnética
transcraniana para fornecer informações funcionalmente relevantes para o
cérebro do “indagador”. Quando o “respondente” focava na luz “sim”, o
dispositivo EEG enviava um sinal para o “indagador” através da Internet para
ativar uma bobina magnética posicionada atrás da cabeça dele,
que estimulava o córtex visual e fazia com que ele visse um flash de
luz(conhecido como “fosfeno“). O sinal de “não” funcionava da mesma
maneira, mas não suficientemente forte para ativar a bobina.
Este experimento foi detalhado (Andrea Stocco, 2015) na PLoS ONE, e é o
primeiro a mostrar que dois cérebros podem ser diretamente conectados
46
em tempo real e podem trocar informações de forma bi-direcional para
resolver uma tarefa de forma interativa e colaborativa. Ele afirma que este
experimento é o mais complexo realizado até hoje. Uma ligação direta
cérebro-cérebro entre seres humanos. Atualmente, eles estão explorando a
“tutoria cerebral“, que é a possibilidade de uma pessoa saudável transferir
sinais diretamente de seu cérebro para pessoas deficientes ou
impactadas por fatores externos, como um AVC ou um acidente, ou ainda,
simplesmente transferir conhecimento de um professor para o aluno. A equipe
também está trabalhando na transmissão de estados cerebrais – por
exemplo, o envio de sinais de uma pessoa alerta para uma pessoa
sonolenta, ou de um aluno focado para um aluno com transtorno do déficit de
atenção / hiperatividade, ou TDAH “Com a tutoria cerebral, quando o aluno que
não tem TDAH está prestando atenção à aula, o cérebro do estudante com
TDAH é colocado em um estado de maior atenção automaticamente.” (Prat)
Stocco informou que já foi investido um tempo enorme para encontrar
maneiras de levar informações dos nossos cérebros e comunicar para outras
pessoas na forma de comportamento, da fala e assim por diante. Mas, que
isso requer uma interpretação (ou decifração). “Nós só podemos comunicar
parte dos nossos processos cerebrais” ele complementa. O que ele e sua
equipe estão fazendo agora é uma espécie de reversão do processo, seguindo
um passo de cada vez, abrindo a caixa e captando os sinais do cérebro, e
colocando-os de volta no cérebro de outra pessoa.
Já foi o tempo em que podíamos esperar algo novo vindo de algum ser
muito superior na formação e na competência. Podemos descobrir algo incrível
aqui e agora, quer seja nas nossas relações ou nas nossas ocupações, basta
se ocupar de tempo e empenho. Queremos concluir que nada esta fechado,
pois o Conhecimento é aberto, livre e democrático; é de cérebro para cérebro.
Valorizando a afirmação feita por Einstein à mais de um século,
vem agora se confirmar (2015/2016)... as “ondas gravitacionais” já são
uma realidade para a física, a astronomia, a quântica, o magnetismo...
uma revolução talvez superior ao da eletricidade. A nova descoberta abrirá
campos infindáveis de possibilidades e aplicabilidades. Quiçá... nossos
cérebros possam se apropria destas “ondas” e evoluir rumo ao fabuloso Futuro
47
BIBLIOGRAFIA
CHOPRA, Deepak, Super Cérebro, SP, Ed. Alaúde, 2013
GUERRA, Leonor, Neurociência e Educação, PA, Ed.Artmed, 2011
HOUZEL,H.,Suzana, O cérebro nosso de cada dia, RJ, Ed. Vieira e Lent, 2012
NICOLESCU, Basarab, Manifesto da Transdisciplinaridade, SP, Ed.Triom, 1999
LENT, Roberto, Neurociência, RJ, Ed. Guanabara Koogan, 2013
LÉVY, Pierre, Cibercultura, SP, Ed. 34, 2011
RELVAS, Marta, Fundamentos Biológicos da Educação, RJ, Ed.Wak, 2009
RELVAS,Marta, Neurociencia e transtorno de aprendizagem, RJ, Ed.Wak,2011
REVISTA SCIENTIFIC AMERICAN – Mente e Cérebro, SP, Ed. Segmento, 2015/2016
SANTINOVER, Jeffrey, O cérebro quântico, SP, Ed. Aleph, 2008
SAVIANI, Dermeval, Escola e Democracia, SP, Ed. Autores Associados, 2009
SEIFER, Marc, Muito além da velocidade da luz, SP, Ed. Cultrix, 2011
48
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO
AGRADECIMENTOS
DEDICATÓRIA
RESUMO
METODOLOGIA
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ______________________________________________ 08
CAPÍTULO I
O Cérebro, o super computador _________________________________ 12
CAPÍTULO II
O Mundo é Transdisciplinar ____________________________________ 18
CAPÍTULO III
Linguagem e Comunicação _____________________________________ 26
CAPÍTULO IV
Física Quântica e a Comunicação cerebral. Possíveis Verdades ________ 34
CONCLUSÃO ______________________________________________ 42
BIBLIOGRAFIA
ÍNDICE