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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS INSTITUTO A VEZ DO MESTRE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL: O CASO CANDEIAS DO JAMARI IRANIRA GEMINIANO DE MELO ORIENTADOR: VILSON SÉRGIO DE CARVALHO PORTO VELHO/RO SETEMBRO/2007 DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO

DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL: O CASO CANDEIAS

DO JAMARI

IRANIRA GEMINIANO DE MELO

ORIENTADOR:

VILSON SÉRGIO DE CARVALHO

PORTO VELHO/RO SETEMBRO/2007

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO

DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL: O CASO CANDEIAS DO

JAMARI

IRANIRA GEMINIANO DE MELO

Trabalho monográfico apresentado como

requisito parcial para obtenção do Grau de

Especialista em Educação Ambiental.

PORTO VELHO/RONDÔNIA SETEMBRO/2007

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DEDICATÓRIA

A minha mãe Miracele, pelo amor.

A minha irmã Angela (in memorian).

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AGRADECIMENTOS

A Deus, o grande arquiteto do universo, que me guiou e

protegeu durante toda essa jornada.

Ao meu querido namorado Andresson Félix Uchôa, pela

colaboração na coleta dos dados.

A todos os piscicultores que participaram deste estudo,

em especial ao Senhor Lucenil e seu filho Alan, pela ajuda na

coleta das informações e por me receberem com muita cortesia

e atenção em todas as etapas dessa pesquisa.

Ao professor Luís Gonzaga de Oliveira Gonçalves que

me incentivou a embarcar nessa viajem em outra área de

conhecimento.

A minha amiga Narjara Ayana de Lima Gomes, pela

amizade e incentivo.

Meu agradecimento mais que especial a minha mãe

Miracele Luiza de Melo, por compreender que o ensino é

indispensável em minha vida e aceitar meu distanciamento,

mais que precoce, de nosso lar.

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RESUMO

O presente estudo teve por objetivo verificar os benefícios da adoção da

piscicultura para uma comunidade do município Candeias do Jamari. A amostra foi

composta por 12 piscicultores do gênero masculino, que trabalham no Projeto

Unidades Produtivas Comunitárias para Criação de Tambaqui em Tanques-rede,

implantado pela Eletronorte. Contatou-se que 12 famílias são beneficiadas

diretamente com o Projeto; 41,67% dos entrevistados têm entre 50 e 59 anos,

45,45% dos piscicultores têm mais de 60 anos e 16,67% têm de 40 a 49 anos de

idade; 100% da amostra está contente com os resultados do projeto; há uma

produção mensal de 1.500 kg de três tipos de peixes: tambaqui (Colossoma

macropomum), jatuarana (Brycon sp.) e pirarucu (Arapaima gigas; na visão de

83,33%% dos piscicultores entrevistados o Projeto colaborou para melhoria da

alimentação e renda familiares, 8,33% verificou melhoria relacionada à alimentação e

8,33% notou melhoria na saúde, lazer, educação, alimentação, emprego e renda.

Conclui-se que o projeto UPCTR tem trazido benefícios na qualidade de vida dos

piscicultores e de seus familiares, especialmente à nível de alimentação, saúde,

renda e emprego.

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METODOLOGIA

O presente estudo teve seu delineamento feito, a partir de um estudo

bibliográfico para elaboração e apresentação da fundamentação teórica e de uma

pesquisa de campo, na qual aplicou-se um questionário com perguntas fechadas e

abertas para coletar de dados a serem analisados para responder aos objetivos da

pesquisa.

De acordo com Barbanti (2003), essa pesquisa é do tipo descritiva com

abordagem qualitativa. Abordagem que consiste na interpretação e análise de dados

usando descrição, narrativa, cotas, gráficos e tabelas.

Para Jerry & Jack (2002) e Matos, Silva & Lopes (2005) essa pesquisa é

caracterizada como uma pesquisa de campo do tipo descritiva, porque se preocupa

com status, descrevendo uma situação sem interferir nela.

A população deste estudo foi formada pelos piscicultores do Município

Candeias do Jamari, Estado de Rondônia. A amostra da pesquisa constitui-se por 12

indivíduos do gênero masculino, todos beneficiários do Projeto Unidades Produtivas

Comunitárias para Criação de Tambaqui em Tanques-rede (UPCTR), implantado

pelas Centrais Elétricas do Norte do Brasil S.A. (Eletronorte), em parceria com

Secretaria do Desenvolvimento Ambiental e a Prefeitura de Candeias do Jamari.

Para desenvolver a pesquisa, inicialmente, ainda em fase de elaboração do

plano de pesquisa, foi feita uma visita ao local para verifica a possibilidade de

execução do projeto. Depois, enviou-se ao local onde estão localizados os tanques-

rede os questionários, elaborados especificamente para atender aos objetivos do

presente estudo com perguntas abertas e fechadas (anexo I), sendo treinada uma

das pessoas envolvidas com o projeto de piscicultura para esclarecer possíveis

dúvidas durante o preenchimento dos questionários. Na última etapa voltou-se ao

local para recolher os questionários e fotografar algumas imagens que fazem parte

do relatório final.

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Após aplicar os questionários, os dados foram tabulados no programa de

informática Microsoft Office Excel 2003, para análise estatística e confecção dos

gráficos e tabelas.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 9

CAPÍTULO I .............................................................................................................. 12

O CAMINHO DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL ....................................... 12

1.1 O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL ................................................................. 12

1.2 O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL EM RONDÔNIA ............................................ 18

1.3 A EDUCAÇÃO AMBIENTAL E O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL .......................... 22

CAPÍTULO II ............................................................................................................. 26

A PRESERVAÇÃO AMBIENTAL NO BRASIL ........................................................ 26

CAPÍTULO III ............................................................................................................ 29

AQÜICULTURA E PISCICULTURA ......................................................................... 29

1.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE A AQÜICULTURA E PISCICULTURA ....................... 29

1.2 ESPÉCIES AMAZÔNICAS APROPRIADAS PARA A PISCICULTURA .............................. 34

1.3 TÁTICAS APROPRIADAS PARA DESENVOLVER A PISCICULTURA .............................. 39

1.4 A PISCICULTURA ENQUANTO ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL .... 40

CAPÍTULO IV ............................................................................................................ 45

RESULTADOS E DISCUSÕES ................................................................................ 45

1.1 A PISCICULTURA EM CANDEIAS DO JAMARI ......................................................... 45

1.2 CARACTERÍSTICAS GERAIS DA AMOSTRA ESTUDADA ............................................ 48

1.3 PEIXES CULTIVADOS NO PROJETO UPCTR ........................................................ 49

1.3.1 O tambaqui (Colossoma macropomum) .................................................. 50

1.3.2 A jatuarana (Brycon sp.) .......................................................................... 51

1.3.3 O pirarucu (Arapaima gigas) ................................................................... 52

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1.4 ASPECTOS MELHORADOS NA VIDA DOS PISCICULTORES BENEFICIADOS COM O

PROJETO UPCTR .................................................................................................... 53

CONCLUSÃO ........................................................................................................... 55

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 57

ANEXOS ................................................................................................................... 62

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INTRODUÇÃO

Nas duas últimas décadas tem-se destacado um tema abordado

mundialmente, principalmente, após a I Conferência Mundial para o Meio Ambiente e

Desenvolvimento, organizada pela Comissão Mundial para o Meio Ambiente e

Desenvolvimento (CMMAD) da Organização das Nações Unidas (ONU), em 1987: o

desenvolvimento sustentável.

Na atualidade o desenvolvimento sustentável transformou-se em premissa no

planejamento seja no campo político, seja no empresarial, por sugerir uma nova

direção às relações da humanidade e do ambiente e por propor um modelo inovador

de integração e auto sustentabilidade baseado na participação das comunidades

locais, objetivando o desenvolvimento local associado ao desenvolvimento

sustentável (OLIVEIRA, 2006).

No Brasil o tema ganhou destaque especialmente depois da Rio+10, com

ampla divulgação da mídia o tema se popularizou, ainda que não tenha atingido o

patamar esperado a nível de adesão pequenos e grandes empresários que ainda

não adotam um modelo de desenvolvimento que garanta a satisfação das

necessidades das gerações presentes e as possibilidades das gerações futuras

também satisfazerem as suas, a principal preocupação do desenvolvimento

sustentável.

Nesse sentido, a piscicultura é considerada uma estratégia sustentável, pois é

uma atividade que preserva a diversidade, bem como a manutenção dos estoques

naturais de peixes.

Além de ser uma excelente fonte de renda para os criadores, a piscicultura é

uma alternativa para a pesca comercial, pois não causa grandes impactos

ambientais. Em ambientes controlados como em lagos para cultivos de peixes, não

há impacto significativo sobre o meio ambiente.

A pesca em Rondônia é muito importante para movimentar a economia local.

Todavia, consiste em uma pesca predatória que muitas vezes desrespeitam a época

reprodutiva dos peixes. Surge então como alternativa desenvolver a piscicultura, que

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é uma modalidade na qual o pescador deixa de ser um predador e torna-se um

piscicultor.

Mesmo considerando todas as vantagens da piscicultura, essa modalidade

ainda caminha a passos lentos no Estado de Rondônia, o que não deveria ocorrer

por ser essa uma atividade sustentável, pelo potencial hídrico da região, por muitas

espécies da ictiofauna rondoniense apresentarem enorme potencial para a

piscicultura, bem como pela importância das proteínas derivadas dos peixes na

nutrição da população local.

A piscicultura é muito importante para o equilíbrio ecológico, pois emprega

estratégias de reprodução artificial, utiliza tecnologias de melhoramento genético,

considera os potenciais hídricos locais para o cultivo de peixes e aplica técnicas de

repovoamentos de rios, lago, igarapés e reservatórios.

Foi entendendo que o desenvolvimento sustentável é a alternativa mais viável

para que sejam atendidas as necessidades do presente sem comprometer a

possibilidade de as gerações futuras também satisfazerem as suas, que decidiu-se

desenvolver o presente estudo nessa área.

O presente estudo também se deterá em dissertar um pouco a educação

ambiental, que é indispensável na gestão dos recursos naturais e na conscientização

das pessoas para a responsabilidade da sustentabilidade.

A adoção da piscicultura, que consiste num conjunto de técnicas e

procedimentos adequados para a criação de peixes em condições controladas para

aumentar a produtividade e garantir uma renda líquida suficiente. Tem sido

desenvolvida para que os contemplados com o projeto tenham um nível de vida

plausível de forma sustentável, ou seja, garantindo a o atendimento de suas

necessidades sem comprometer a possibilidade de que as futuras gerações também

satisfaçam as suas. Além disso, ao se tornarem piscicultores os ex-pescadores

deixam de ser predadores dos peixes da região, colaborando coma manutenção das

espécies aquáticas. Nesse sentido, é importante investigar se o emprego da

piscicultura está beneficiando a comunidade e quais esses benefícios.

Portanto, o objetivo geral do presente estudo é verificar os benefícios da

adoção da piscicultura para uma comunidade do município Candeias do Jamari. E os

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objetivos específicos são: identificar quantas famílias são beneficiadas diretamente

com o projeto; constatar a faixa etária dos piscicultores que trabalham no projeto;

verificar se as pessoas envolvidas no projeto estão satisfeitas com os resultados

alcançados; identificar a produção mensal do projeto e os tipos de peixes cultivados;

pesquisar quais os aspectos da vida das pessoas que foram melhorados com o

projeto na visão dos piscicultores; constatar se o projeto tem trazido benefícios na

qualidade de vida dessas pessoas em termos de emprego, renda, educação,

alimentação, habitação entre outros.

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CAPÍTULO I

O CAMINHO DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

1.1 O desenvolvimento sustentável

“A idéia de desenvolvimento sustentável passa a ser veiculada

por diferentes organizações internacionais, dentre elas o Banco

Mundial, e a fazer parte do discurso, principalmente dos governantes

dos países do Terceiro Mundo. No Brasil, a afirmação dos princípios

da Eco-92 passaram a ser elementos importantes da retórica dos

governantes, tendo o desenvolvimento sustentável se transformado

em fator significante dos discursos reformistas. Isso porque o novo

tipo de desenvolvimento combinava com a descentralização das

ações governamentais em curso a partir do início dos anos 90, que

transferia para os governos locais a responsabilidade de formulação e

implementação de políticas públicas, inclusive aquelas direcionadas à

promoção do desenvolvimento econômico.” (ANDRADE, 2007:2).

Conceitualmente o desenvolvimento sustentável é entendido como aquele que

atende às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as

gerações futuras atenderem a suas próprias necessidades. Em outras palavras é

aquele que assegura o desenvolvimento econômico, social, científico e cultural das

sociedades garantindo mais saúde, conforto e conhecimento, sem exaurir os

recursos naturais do planeta.

A literatura especializada destaca que desenvolvimento sustentável é uma

estratégia que visa promover a harmonia entre os seres humanos e entre a

humanidade e a natureza.

A preocupação com a sustentabilidade surgiu a partir da segunda metade do

século XIX, quando a degradação ambiental e suas catastróficas conseqüências, em

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nível planetário, originaram estudos e as primeiras reações no sentido de se

conseguir fórmulas e métodos de diminuição dos danos ao ambiente.

Andrade (2007) afirma que a expressão “desenvolvimento sustentável” foi

empregada pela primeira vez em 1987, pela Comissão Mundial de Meio Ambiente e

Desenvolvimento (CMMAD), no documento conhecido por Relatório Brundtland.

O desenvolvimento sustentável surge, de acordo com Hutchison (2000), do

impasse ambiental resultante de três crises: a da ecologia, a da economia e a da

consciência. Essas crises fizeram com que autoridades do mundo inteiro buscassem

uma forma de resolver-las e nessa tentativa houve muitos encontros, dos quais

destaca-se os mais conhecidos.

Foi somente em 1948, que as autoridades reconheceram formalmente os

problemas ambientais, na reunião do Clube de Roma, que constatou a falência dos

recursos naturais e solicitou o estudo intitulado “The Limits to Grown” (Limites do

Crescimento), liderado por Dennis Meadows.

Na década de 60 a criação de partidos verdes com bandeiras ecológicas,

surgimento de religiões e seitas que pregam valores ecológicos, o movimento da

contracultura e os avanços técnico-científicos contribuíram para o fortalecimento do

pensamento ecológico (SANCHES, s.d. a).

Em 1972, a ONU promove uma Conferência sobre o Meio Ambiente em

Estocolmo. Nesse mesmo ano, Dennis Meadows e demais integrantes do “Clube de

Roma” publicam o estudo Limites do Crescimento, que concluía que, mantidos os

níveis de industrialização, poluição, produção de alimentos e exploração dos

recursos naturais, o limite de desenvolvimento do planeta seria atingido, no máximo,

em 100 anos, provocando uma repentina diminuição da população mundial e da

capacidade industrial. Portanto, essa conferência apontou o aumento populacional,

as mudanças climáticas, os desmatamentos, as queimadas, as desertificações e as

poluições como os principais problemas ambientais e determinou ao mundo que

tanto as gerações presentes como as futuras tenham reconhecido seu direito

fundamental a vida num ambiente sadio e não degradado.

Da Conferência de Estocolmo resultou a criação da Declaração sobre o

Ambiente Humano, que introduziu na agenda política internacional a dimensão

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ambiental como condicionadora e limitadora do modelo tradicional de crescimento

econômico e do uso dos recursos naturais.

Em 1977, a UNESCO promoveu a Conferência de Tbilisi, segundo Pedrini

(1997), ela foi marcante porque revolucionou a educação ambiental.

Em 1983, a Organização das Nações Unidas criou a Comissão Mundial sobre

Meio Ambiente e Desenvolvimento, presidida por Gro Harlem Brundtland, com os

seguintes objetivos:

1. Reexaminar as questões críticas relativas ao meio ambiente e

reformular propostas realísticas para abordá-las;

2. Propor novas formas de cooperação internacional nesse campo de

modo a orientar as políticas e ações no sentido das mudanças

necessárias, e dar a indivíduos, organizações voluntárias, empresas,

institutos e governos uma compreensão maior desses problemas,

incentivando-os a uma atuação mais firme.

Em 1987, acontece a Conferência de Moscou que reuniu aproximadamente

300 educadores ambientais de 100 países. O encontro teve como meta principal

apontar um plano de ação para a década de 90 (PEDRINI, 1997).

Nesse mesmo ano, a Comissão Mundial da ONU sobre o Meio Ambiente e

Desenvolvimento (UNCED), presidida pela ex-primeira-ministra da Noruega Gro

Harlem Brundtland, apresentou um documento chamado “Our Common Future”

(Nosso Futuro Comum), mais conhecido por Relatório Brundtland. Esse documento

apresenta críticas à sociedade industrial que caracterizaram os documentos

anteriores; demanda crescimento tanto em países industrializados como em

subdesenvolvidos, inclusive ligando a superação da pobreza nestes últimos ao

crescimento contínuo dos desenvolvidos (PEDRINI, 1997). O relatório propunha

como medidas a serem tomadas pelos países: limitar o crescimento populacional;

garantir alimentação em longo prazo; preservar a biodiversidade e os ecossistemas;

reduzir o consumo de energia e investir no desenvolvimento de tecnologias que

admitem o uso de fontes energéticas renováveis; aumentar a produção industrial nos

países não-industrializados à base de tecnologias ecologicamente adaptadas e;

controlar a urbanização selvagem e integração entre campo e cidades menores.

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No nível internacional, as metas propostas pelo Relatório Brundtland sugerem

que: as organizações do desenvolvimento devem adotar a estratégia de

desenvolvimento sustentável; a comunidade internacional deve proteger os

ecossistemas supranacionais como a Antártica, os oceanos, o espaço; as guerras

devem ser banidas e que a ONU deve implantar um programa de desenvolvimento

sustentável.

Em 1992 (3 a 14 de junho), a ONO realiza a Conferência das Nações Unidas

sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, no Rio de Janeiro, que reuniu 103 chefes

de estado e contou com a participação de 183 países. Evento que ficou conhecido

por Eco-92, Rio-92 e “Conferência da Cúpula da Terra” foi importante por, entre

outros aspectos, mostrar um crescimento do interesse mundial pelo futuro do planeta

e que muitos países deixaram de ignorar as relações entre desenvolvimento sócio-

econômico e modificações no meio ambiente (PEDRINI, 1997; Rio Grande do Sul,

1998). Dela resultou a agenda 21, um programa de ação que viabiliza o novo padrão

de desenvolvimento ambientalmente coerente que concilia métodos de proteção

ambiental, justiça social e eficiência econômica e trata temas relevantes como:

Dimensões Econômicas e Sociais; Conservação e questão dos recursos para o

desenvolvimento; Medidas requeridas para a proteção e promoção de alguns dos

segmentos sociais mais relevantes; e Revisão dos instrumentos necessários para a

execução das ações propostas.

Em 2002, a ONU promoveu em Johannesburgo, na África do Sul, outro evento

mundial para discutir o meio ambiente e desenvolvimento sustentável que ficou

conhecido com Rio+10, ou Eco-2002 ocorreu com o objetivo de discutir e avaliar os

acertos e falhas nas ações relativas ao meio ambiente mundial, nos últimos dez

anos.

A tônica das discussões na Rio+10 foram: o acesso a energia limpa e

renovável, efeito estufa, conservação da biodiversidade, proteção e uso das fontes

de água, acesso à água potável, saneamento e controle de substâncias químicas

nocivas. Destacaram-se ainda as metas estabelecidas para os próximos dez anos,

tendo-se como principal delas o comprometimento dos países participantes em

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reduzir pela metade a população sem acesso a água potável e saneamento básico,

até 2015.

Todos esses acontecimentos são inúteis se desacompanhados de um

processo de educação de todos os seres humanos. Nesse sentido, o Ministério do

Meio Ambiente, em parceria com Secretaria de Políticas para o Desenvolvimento

Sustentável e o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (IDEC), apresenta um

guia intitulado “Guia de boas práticas para o consumo sustentável” que deveria ser

um manual de bolso (ou melhor, de cabeça) de todo cidadão mundial. Segundo esse

documento a imensidão do Brasil fez e faz muita gente pensar que todos os recursos

naturais do nosso País são inesgotáveis. Um grande engano, segundo o manual se

não abrirmos os olhos e ficarmos bem atentos as nossas atitudes, poderemos sofrer

graves prejuízos e ainda comprometer a sobrevivência das gerações futuras.

Trata-se de um documento elaborado dentro da perspectiva do consumo

sustentável, que significa saber usar os recursos naturais para satisfazer as nossas

necessidades, sem comprometer as necessidades e aspirações das gerações

futuras.

Tais recomendações são:

1. Água: Não dá para viver sem água, então, a saída é fazer um uso

racional deste recurso precioso. A água deve ser usada com

responsabilidade e parcimônia. Para nós, consumidores, também

significa mais dinheiro no bolso. A conta de água no final do mês será

menor. O mais importante, no entanto, é termos a consciência de que

estamos contribuindo, efetivamente, para reduzir os riscos de matarmos

a nossa fonte de vida: a água.

2. Energia elétrica: O consumo de energia elétrica aumenta a cada ano no

Brasil. Em breve, estaremos importando energia elétrica de países

vizinhos. O comércio, além de ganhar novos estabelecimentos com alto

padrão de consumo (shopping centers, hipermercados), dinamizou

suas atividades com a ampliação dos dias e horário de funcionamento.

Uma grande parte desse aumento é decorrente do desperdício de

energia. Economizar energia, além de fazer bem ao bolso, também

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contribui para o adiamento da construção de novas hidrelétricas, que

causam grandes impactos ambientais ou para diminuição da

exploração de recursos naturais não renováveis como o petróleo.

3. Lixo: Enquanto a água pode nos faltar, o lixo sobra. É lixo demais e ele

sempre aumenta. Assim como aumentam os problemas a ele

relacionados (poluições hídricas, atmosféricas e do solo)

comprometendo a saúde e a vida de muitos seres vivos, inclusive os

humanos. Tecnicamente, é possível recuperar e reutilizar a maior parte

dos materiais que na rotina do dia-a-dia é jogada fora. Boa dica:

aproveitar melhor o que compramos, escolhendo produtos com menor

quantidade de embalagens ou redescobrir antigos costumes como, por

exemplo, a volta das garrafas retornáveis de bebidas (os velhos

cascos) ou das sacolas de feira para carregar compras.

O guia dá dicas ainda de como se pode ajudar a preservar os recursos

naturais e economizar dinheiro, nas quais além de estar preservando o ambiente

consegue-se economizar dinheiro por meio do simples reaproveitamento e redução

do desperdício tornando-se mais próximos da sustentabilidade.

Sobre sustentabilidade os PCNs (BRASIL, 1997), citando o Programa das

Nações Unidas Para o Meio Ambiente (PNUMA), descreve como princípios de uma

sociedade sustentável:

1. Respeitar e cuidar dos seres vivos: destacado como princípio

fundamental;

2. Melhorar a qualidade da vida humana: princípio destacado como um

critério de sustentabilidade;

3. Conservar e a diversidade do Planeta Terra: princípio destacado como

um critério de sustentabilidade;

4. Reduzir o esgotamento de recursos não-renováveis: princípio

destacado como um critério de sustentabilidade;

5. Permanecer nos limites de capacidade de suporte do Planeta Terra:

princípio destacado como um critério de sustentabilidade;

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6. Modificar atitudes e práticas pessoais: observado como um princípio

meio para se chegar à sustentabilidade;

7. Permitir que as comunidades cuidem de seu próprio ambiente:

observado como um princípio meio para se chegar à sustentabilidade;

8. Gerar uma estrutura nacional para a integração de desenvolvimento e

integração: observado como um princípio meio para se chegar à

sustentabilidade; e finalmente,

9. Constituir uma aliança global: observado como um princípio meio para

se chegar à sustentabilidade.

Como pode ser observado com todas essas considerações, é necessário que

todas as pessoas integrem o ideal de responsabilidade universal e adotem padrões

de produção e consumo que protejam as capacidades regenerativas da Terra e do

bem-estar humano.

1.2 O desenvolvimento sustentável em Rondônia

“Os novos paradigmas de desenvolvimento do mundo

moderno e em especial o processo dinâmico de integração

internacional, impondo condicionantes à economia brasileira, faz

sentir seus impactos de forma acentuada sobre as regiões de

ocupação econômica recente, como é o caso de Rondônia” (SERRA,

2005:161).

Para Netto (2002), Matias (2002) e Batista (2001) o Estado de Rondônia tem

passado tem passado por um intenso processo de transformação não somente de

natureza econômica, como também social e ambiental. De acordo com os autores

essa mudança é estimulada por uma política de integração nacional deflagrada pelo

governo federal na década de 1970, como o objetivo de proporcionar o alargamento

da fronteira agrícola em direção a Amazônia Brasileira, a luz de um forte componente

estratégico de ocupação territorial.

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A abertura da BR 364, nessa época, promoveu uma aceleração no

desenvolvimento, que foi ocorrendo paralelo a grande migração de migrantes,

principalmente nordestinos. Esse surto migratório dissipou uma considerável parte

das florestas e da biodiversidade ao longo do traçado dessa rodovia que corta todo o

estado de Rondônia (NETTO, 2000; BATISTA, 2001; MATIAS, 2002; SERRA, 2005).

Nesse sentido, Serra (2005) ressalta que esse modelo implantado a partir da

década de 70, para que Rondônia adquirisse uma projeção econômica baseada no

agronegócio. Porém, o crescimento alcançado gerou apenas concentração de

rendas para os grandes latifundiários e essa estrutura produtiva não absorveu a

gama de mão-de-obra disponível no estado.

O agravamento dos problemas ambientais, sociais e conflitos pela posse de

terras, é conseqüência do poder público ter sido incapaz de ordenar adequadamente

o processo de colonização do Estado de Rondônia (BATISTA, 2001). Sobre

problemas ambientais o referido autor afirma que o desmatamento é o maior deles,

sendo essa afirmativa justificada no fato de em 1978, a área desmatada era inferior a

2% e em 1998, aproximava-se de 24%. Mas o que é mais preocupante é o

desmatamento de áreas de preservação permanente, sobretudo de matas ciliares e

de encosta de morros, que é muito comum nesse Estado.

Sobre a exploração da região norte do Brasil Andrade (2001) diz que a

Amazônia sempre foi vista como um potencial de recursos da biodiversidade e que

são registradas exploração não apenas de riquezas naturais, mas também humana.

Assim, o “desenvolvimento regional conhecido pelo Estado de Rondônia sempre foi

filho legitimo de uma política internacional extremamente voltada para a exploração e

exportação”, e nesse modelo de desenvolvimento não há vaga para a

sustentabilidade (ANDRADE, 2001:117).

Sobre políticas ambientais Figueiredo (2006) diz que de um lado demarcam-se

espaços naturais para preservá-los, do outro se ignora a necessidade de

sobrevivência das populações locais.

Em seu estudo “O caminho para o Desenvolvimento sustentável em

populações tradicionais ribeirinhas” Serra (2005) salienta que há viabilidade para o

desenvolvimento local sustentável dessas comunidades, porém o modo de produção

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deverá ser organizado de forma a constituir sistemas produtivos considerando as

peculiaridades dessas populações.

Para o Figueiredo (2006) hoje a política ambiental evoluiu com leis mais

democráticas como a 9.985 de 2000, que estabelece o SNUC (Sistema Nacional de

Unidades de Conservação) e define áreas a serem protegidas a partir de audiências

publicas com as comunidades atingidas. O referido autor afirma que o Estado de

Rondônia é um dos poucos que também possuem o ZSEE (Zoneamento Sócio-

Econômico e Ecológico) e salienta que quando associado ao SNUC e aplicados

integralmente, considerando a proteção às reservas naturais e às comunidades

locais, com certeza atenderão as finalidades sociais e ambientais da política

ambiental.

Rondônia tem sentido profundos impactos decorrentes dos novos paradigmas

de desenvolvimento e do processo de integração internacional que impõe vários

condicionantes à economia brasileira (SERRA, 2005).

Sobre sustentabilidade em Rondônia Batista (2001) salienta que:

“Os problemas mais graves ocorrem com relação ao

desmatamento e às queimadas. Neste sentido, embora a construção

de infra-estrutura como estradas, cidades, barragens para produção

de energia elétrica, garimpos e minas contribuam com o

desmatamento, é a atividade agropecuária que mais contribuí no

Estado. Principalmente a pecuária que ocupa a maior parte da área

desmatada.” (BATISTA, 2001:144).

Ainda de acordo com Batista (2001), a pecuária apresenta problemas, não

apenas ambientais, mas também quanto à sustentabilidade social, principalmente em

relação ao corte, que emprega pouca mão de obra, concentra a renda, contribui com

a concentração das terras, expulsa os pequenos produtores para regiões de

fronteiras e produz um valor muito baixo por hectare. Já na agricultura, que é

essencialmente desenvolvida por produtores familiares, ocupa menos espaço,

exercendo uma pressão menor sobre o desmatamento, ocupa mais mão de obra e

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distribui melhor a renda e o valor produzido por hectare é superior ao da pecuária,

significando melhor aproveitamento do espaço ocupado; mesmo assim, também

apresenta problemas quanto à sustentabilidade ambiental. Na exploração mineral

tem havido redução na produção ao longo dos últimos anos, com conseqüências no

valor produzido e no nível de emprego. Essa atividade também apresenta problemas

ambientais típicos do setor, como poluição e sedimentação dos rios, igarapés e

lagos, contaminação das águas e do ar com mercúrio, prejudicando a fauna aquática

e a saúde das pessoas.

No setor madeireiro também não há problemas de sustentabilidade, pois,

apesar de empregar uma mão de obra razoável nas indústrias madeireira e

moveleira, a forma predatória de exploração já está inferindo na sustentabilidade

econômica devido a redução de matéria-prima, principalmente das espécies de maior

aceitação no mercado, como mogno, cerejeira, cedro, dentre outras. No setor

industrial, destacam-se os segmentos de transformação e beneficiamento de

alimentos e produtos extrativistas, o que contribui significativamente na formação do

PIB estadual e emprega muita mão de obra (BATISTA, 2001).

Entretanto, quanto à sustentabilidade ambiental esse setor não apresenta

cuidados com o meio ambiente, porque as sobras, resíduos e rejeitos são destinados

ao lixo e esgotos a céu aberto. Para o referido autor “as principais políticas públicas

como a fundiária, fiscal e creditícia e ambiental seguiram apenas parcialmente as

diretrizes do zoneamento, prejudicando a consolidação do desenvolvimento

sustentável no Estado” (BATISTA, 2001:144).

Diante dessa abordagem pode-se inferir que o desenvolvimento no Estado de

Rondônia está longe de ocorrer de maneira ambientalmente sustentável em todos os

setores da economia, indicando a necessidade de se desenvolver políticas públicas

verdadeiramente ambientais, para que a economia cresça de forma social e

ambientalmente correta.

Para Batista (2001) a consolidação do desenvolvimento sustentável no Estado

de Rondônia depende, indiscutivelmente, do fortalecimento dos eixos de

desenvolvimento, a partir das diretrizes do Zoneamento Socioeconômico-Ecológico

do Estado.

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1.3 A educação ambiental e o desenvolvimento sustentável

“Cada indivíduo pode desempenhar papel importante na

proteção do meio ambiente. Atividades simples como o plantio de

árvores, a economia de água ou a eletricidade e a reciclagem do lixo

podem fazer diferença. A terra é o nosso lar comum. Ela também

representa o nosso futuro comum. Juntos, podemos restaurar sua

saúde e conservá-la limpa” (GUIMARÃES, 1995:78).

A educação ambiental é entendida como um processo por meio do qual o

indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades,

atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente. Ela é um

componente essencial e permanente da educação nacional, devendo estar presente,

de forma articulada, em todos os níveis e modalidades de ensino, em caráter formal

e não-formal (Lei 9.795, 1999).

O marco inicial para alavancar o interesse pela educação ambiental foi a

Conferência de Estocolmo em 1972. No evento foi recomendada a capacitação de

professores e o desenvolvimento de novos métodos e recursos pedagógicos para a

Educação ambiental. Porém, foi no encontro de Belgrado em 1975, que foi o criado

um Programa Mundial de Educação Ambiental (PEDRINI, 1997).

A educação ambiental não é uma preocupação recente no Brasil, porque

mesmo antes da Conferência de Estocolmo o seu conceito geral de preservação

ambiental já era realidade através dos termos: educação conservacionista, educação

sanitária, educação ecológica, etc.

Pedrini (1997) destaca que o Decreto Legislativo de nº. 3 de 13 de fevereiro

de 1948, já apresentava um enfoque restrito à dimensão ecológica da natureza. Mas

a educação ambiental foi citada pela primeira vez numa constituição brasileira em

1988, no inciso VI do artigo 225 do capítulo VI referente ao meio ambiente, contudo

dissociado de sua dimensão pedagógica (PEDRINI, 1997).

A educação ambiental pode ser considerada multidisciplinar, o que significa

que ela pode ser integrada a todas as disciplinas escolares. Pode ser também

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considerada como um tópico J-12, ou seja, pode ser ensinada do jardim de infância

(J) até o 12º ano, podendo ainda ser desenvolvida isoladamente numa disciplina ou

nível escolar (TANNER, 1978).

Entretanto, devido a sua importância vital para que no futuro o planeta terra

mantenha uma qualidade ambiental igual ou melhor do que a da atualidade, o ideal é

que a Educação Ambiental faça parte do dia a dia das pessoas em todos os níveis

de ensino, o que inclui os cursos universitários de graduação e de pós-graduação.

A Lei nº. 9.795 (1999) destaca como princípios básicos da educação

ambiental: o enfoque humanista, holístico, democrático e participativo; a concepção

do meio ambiente em sua totalidade, considerando a interdependência entre o meio

natural, o sócio-econômico e o cultural, sob o enfoque da sustentabilidade; o

pluralismo de idéias e concepções pedagógicas, na perspectiva da inter, multi ou

pluri e transdisciplinaridade (conforme descrito no parágrafo anterior); o

reconhecimento e o respeito à pluralidade e à diversidade cultural; a vinculação entre

ética, educação, trabalho e práticas sociais; a garantia de continuidade e

permanência do processo educativo; a permanente avaliação crítica do processo

educativo; a abordagem articulada das questões ambientais locais, regionais,

nacionais e globais.

Sobre o ensinar e aprender em educação ambiental os PCNs destacam que

essa disciplina deve ser desenvolvida visando ajudar os alunos na construção de

uma consciência global das questões associadas ao meio para que possam assumir

posições educadas com os valores referentes à sua proteção e melhoria.

Esse documento registra ainda que isso é indispensável para que os

estudantes sejam capazes de atribuir significado àquilo que aprendem sobre a

questão ambiental. E enfatiza que esse significado resulta “da ligação que o aluno

estabelece entre o que aprende e a sua realidade cotidiana, da possibilidade de

estabelecer ligações entre o que aprende e o que já conhece, e também da

possibilidade de utilizar o conhecimento em outras situações” (BRASIL, 1997:47-48).

Almeida Júnior, Belloni & Cerqueira (1992) destacam como meta planetária da

educação ambiental que tem grande alcance político é conscientizar os indivíduos

humanos e as sociedades de que a transição de um paradigma para outro não é

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somente possível, mas necessária, caso se pretenda que o planeta terra sobreviva

em equilíbrio dinâmico entre suas dimensões abióticas (terra, água e ar), bióticas

(todos os seres vivos) e culturais. Os referidos autores descrevem que essa meta

visa que cada nação chegue a um modelo de desenvolvimento socioeconômico e

cultural que seja economicamente auto-sustentável.

Com esse papel a educação ambiental pode ser fonte de resolução de

conflitos e de criação de soluções em torno de questões ambientais e de

desenvolvimento sócio-econômico e cultural (ALMEIDA JÚNIOR, BELLONI &

CERQUEIRA; 1992).

Para Loureiro (2004), o principal objetivo da educação ambiental é

revolucionar as pessoas em suas subjetividade e prática nas estruturas sociais e

naturais existentes. Com isso se fortaleceriam os processos educativos que

favoreçam a realização do movimento de constante construção do nosso ser na

dinâmica da vida como um todo.

Também são objetivos da educação ambiental: alargar uma compreensão

integrada do meio ambiente em suas múltiplas e complexas relações, envolvendo

aspectos psicológicos, ecológicos, legais, políticos, sociais, econômicos, científicos,

culturais e éticos; garantir a democratização das informações ambientais; estimular o

fortalecimento de uma consciência crítica sobre a problemática ambiental e social;

estimular à participação individual e coletiva, permanente e responsável, na

preservação do equilíbrio do meio ambiente, entendendo-se a defesa da qualidade

ambiental como um valor inseparável do exercício da cidadania; fortalecer a

cidadania, autodeterminação dos povos e solidariedade como fundamentos para o

futuro da humanidade; incitar à cooperação entre as diversas regiões do país, com

vistas à construção de uma sociedade ambientalmente equilibrada, fundada nos

princípios da liberdade, solidariedade, responsabilidade, igualdade, democracia,

justiça social e sustentabilidade; fomentar e o fortalecimento da integração com a

ciência e a tecnologia (Lei 9.795, 1999).

Independente de qual seja o seu papel a educação ambiental tem o

importante papel de fomentar a percepção da necessária integração das pessoas

com o meio ambiente. Uma relação harmônica, consciente do equilíbrio dinâmico da

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natureza, viabilizando, através de novos conhecimentos, valores e atitudes, a

inserção do educando e do educador como cidadãos no processo de transformação

do atual quadro do planeta terra (GUIMARÃES, 1995).

Sobre esse assunto Cavalcanti (2004), diz que o que se pede quanto a

integração do desenvolvimento e meio ambiente e a gestão dos recursos naturais é

que se aponte uma fundamentação consistente e ofereça um norte para que as

políticas publicas assumam a responsabilidade quanto ao critério da sustentabilidade

do processo e esse critério deixe de ser mera extensão de uma retórica que esconde

o viés pró-desenvolvimentista a todo custo sempre.

Loureiro, Layrargues & Castro (2002), destacam que: “A educação para a

gestão ambiental foi formulada em âmbito gonvernamental no Brasil por José da

Silva Quincas e Maria José Gualda, educadores da Divisão de Educação Ambiental

do Ibama” (pág. 94). Entretanto, ainda mais importante do que saber o quem são os

pioneiros da educação para a gestão ambiental é compreender que: “O

desenvolvimento sustentável exige que conservemos mais e desperdicemos menos.

Nos países industrializados, muita gente gasta mais do que a natureza pode dar”

(GUIMARÃES, 1995:76).

A lei 9.795 de 1999 envolve toda a sociedade no processo de Educação

Ambiental, imputando incumbências ao poder público; as instituições educativas; aos

órgãos integrantes do SISNAMA; aos meios de comunicação; as empresas,

entidades de classe, instituições públicas e privadas e; a sociedade como um todo.

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CAPÍTULO II

A PRESERVAÇÃO AMBIENTAL NO BRASIL

“A concepção de desenvolvimento linear levou a

subalternidade dos países do sul em relação aos países do norte,

pois esse modelo entendia que a superação da pobreza passaria

inexoravelmente pela repetição das experiências daqueles países

ricos. Esse modelo proporcionou ainda mais as desigualdades

regionais.” (ANDRADE, 2001:117).

A preocupação com a preservação ambiental no Brasil é muito anterior a

essas conferências mencionadas no capítulo anterior. Podem ser destacadas como

iniciativas a preservação do meio ambiente no país:

1. A Lei nº. 601 de 1850, na qual Dom Pedro II proíbe a exploração

florestal nas terras descobertas. Todavia, como acontece na atualidade

essa lei foi ignorada e o desflorestamento continuou ocorrendo para a

exploração do café;

2. Em 1896, é criado o primeiro parque estadual em São Paulo, chamado

Parque da cidade;

3. Em 1920, o pau-brasil é considerado uma árvore extinta. Todavia, em

1961, foi declarada como árvore símbolo nacional e o ipê como a flor

símbolo nacional;

4. Em 1932, é realizada no Museu Nacional do Rio de Janeiro a Primeira

Conferência Brasileira de Proteção a Natureza;

5. Em 1934, o Anteprojeto do Código Florestal é transformado em lei

através do Dec. N.º 23.793;

6. Ainda na década de 1930 são criados dois parques nacionais: o Parque

Nacional de Itatiaia, no Rio de Janeiro (1937) e o Parque Nacional do

Iguaçu no Paraná (1939);

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7. Em 29 de janeiro de 1940, através do Decreto-lei nº. 1.985, é criado o

Código de Minas, que recebe nova redação através do Decreto-lei nº.

227, de 28 de fevereiro de 1967;

Essas informações são indispensáveis para que não se pense que o país só

passou a interessar pelas questões ambientais na segunda metade do século XX,

mas compreendam que essa é uma preocupação antiga e que necessita de cada vez

mais empenho coletivo de toda a comunidade mundial na redução do desperdício. A

partir da segunda metade do século XX as legislações se intensificaram como, por

exemplo, em 15 de setembro de 1965, é sancionada a Lei nº. 4.771, que dispõem

sobre a proteção a flora (código florestal); em 3 de janeiro de 1967, é publicada a Lei

n° 5.197, que dispõe sobre a proteção à fauna; em 1971, é cria a Associação

Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural, no Rio Grande do Sul (Rio Grande do

Sul); em 12 de fevereiro de 1998 é sancionada a Lei de Crimes Ambientais ou Lei da

Natureza de nº. 9.605, entre muitas leis como a própria constituição federal de 1988

que reserva um capítulo inteiro as questões ambientais (CAPÍTULO VI DO MEIO

AMBIENTE).

No artigo 225 da referida constituição é assegurado que todos têm direito ao

meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial

à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de

defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.

Sobre preservar os recursos naturais para a presente e as futuras gerações o

Ministério do Meio Ambiente (2007) destaca que normalmente, não nos

preocupamos com a quantidade de água que gasta ao escovar os dentes, tomar

banho ou lavar a louça e o carro. E o mesmo acontece com relação a energia elétrica

ao sair de um cômodo não apaga-se a luz, ou vai se acendendo todas as lâmpadas

da residência, deixando para trás um rastro luminoso. O consumo de papel seja em

casa ou no escritório está sempre sendo desperdiçando. O lixo doméstico não é

separado, quando seria muito simples separar os restos de comida do papel, da lata,

do vidro, do plástico. É simples também no ato da compra levar para casa alimentos

em excesso nem fazer comida em demasia para depois ter que jogar fora.

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O referido afirma ainda que não nos damos conta de que os nossos

desperdícios têm impacto no nosso bolso e nunca paramos para pensar que este

comportamento vai acarretar sérias e graves dificuldades para os nossos

descendentes, pois eles irão ressentir-se da falta dos recursos naturais. Assim,

mesmo tempo em que se reduz ou elimina o desperdício economiza-se e preserva-

se o meio ambiente (BRASIL, 2007).

Nesse sentido, Loureiro, Layrargues & Castro (2002) enfatizam que a

utilização incorreta dos recursos naturais provoca a degradação ambiental, seja por

causa da ganância individual de certos agentes sociais na exploração do recurso

natural visando obter ganhos monetários a curto prazo, aumentando a atividade

produtiva; seja pela incorreta percepção do senso comum de que o patrimônio

ambiental não deveria ser tratado como um bem da coletividade, pois seria um bem

individual. Para resolver essa problemática os autores referidos, apontam para a

necessidade de estratégias conservacionistas e de educação ambiental, pois

“enquanto a educação ambiental abre-se para desenvolver a cidadania, a

conservacionista vincula-se a uma perspectiva tecnocrática e comportamental”

(LOUREIRO, LAYRARGUES & CASTRO, 2002:93-94). Entretanto, os autores

destacam que a educação ambiental que incluindo o ambiente humano em suas

práticas, incorpora os processos decisórios participativos como um valor fundamental

a ser considerado na proteção do meio ambiente, tornando-se uma prática que não

se reduz à esfera comportamental.

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CAPÍTULO III

AQÜICULTURA E PISCICULTURA

1.1 Considerações gerais sobre a aqüicultura e piscicultura

“O Brasil é hoje (2004)-o segundo produtor aqüícola da

América Latina, com cerca de 270.000 toneladas ano, mas bem

abaixo do Chile que tem uma produção superior a 600.000 toneladas

ano.” (DIEGUES, 2006:3).

A aqüicultura consiste na criação de organismos aquáticos em condições

controladas ou semicontroladas, sobretudo de animais que podem ser utilizados para

alimentação humana, e vem se transformando na principal estratégia para aumento

da oferta de pescado em nível nacional e mundial (FREITAS, 2007).

A aqüicultura utiliza recursos naturais, manufaturados e humanos como terra,

água, energia, ração, fertilizantes, equipamentos, mão de obra entre outros. Dessa

forma, estes devem ser utilizados de forma racional para que a atividade seja

duradoura e lucrativa (VALENTI, 2002). Segundo o este autor, introduziu-se o

conceito de "Aqüicultura Sustentável" (ou "Aqüicultura Responsável") recentemente

visando designar a forma desejável de se produzir organismos aquáticos, sem

agressões o meio ambiente e com lucro e com benefícios sociais.

Diegues (2006) em seu estudo “Para uma aqüicultura sustentável do Brasil”

faz catorze de recomendações para alavancar a aqüicultura em nosso país:

1. Estratégias para a implantação de aqüicultura familiar sustentável,

2. Elaboração de um programa de aqüicultura familiar sustentável pela

SEAP em colaboração com outros ministérios;

3. Seleção de áreas prioritárias

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4. Melhoria na aplicação de marcos regulatórios legais aplicados à

aqüicultura familiar;

5. Melhoria dos procedimentos para a aprovação dos planos

estaduais/municipais de gerenciamento costeiro;

6. Expansão e apoio às unidades de conservação de uso sustentável

tanto nas águas continentais quanto costeiras;

7. Organização dos produtores familiares

8. Estruturas de comercialização apropriadas aos aquicultores familiares

9. Fontes de financiamento adequadas para a aqüicultura

10. Introdução de novas tecnologias apropriadas

11. Melhoria em Pesquisa e Extensão aqüícola

12. Reconversão de pescadores artesanais em aqüicultores

13. Maior apoio á aqüicultura de água doce

14. Melhoria das condições sanitárias e de biossegurança

Valenti (2002) salienta que a aqüicultura moderna engloba três componentes,

que são: a produção lucrativa, a preservação do meio ambiente e o desenvolvimento

social. E afirma que estes componentes são essenciais e indissociáveis para que a

atividade seja perene.

Sobre o assunto Cardoso (2007) citando o IBAMA, afirma que m 2004, a

aqüicultura continental brasileira apresentou uma produção de 179.737,5 t de peixes

e 993,0 t de outros animais aquáticos - crustáceos, moluscos e anfíbios e salienta

que esse resultado é pouco expressivo face às potencialidades do país.

A autora anteriormente citada apresenta uma tabela segundo a qual a região

norte, apesar de constitui-se na maior bacia hidrográfica do país com 3. 904.000 km2,

o que representa 46% do país, ainda é a região com a menor produção de peixes

provenientes da aqüicultura (figura 1).

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Figura 1: Produção estimada de peixes, crustáceos, moluscos e anfíbios proveniente

da aqüicultura continental, em 2004

REGIÃO

PRODUÇÃO DE PEIXES

(t)

PRODUÇÃO DE CRUSTÁCEOS, MOLUSCOS E ANFÍBIOS

PRODUÇÃO TOTAL (t)

Norte 17.495,5 36,0 17.531,5

Nordeste 39.088,5 65,0 39.153,5

Sudeste 30.017,0 706,0 30.723,0

Sul 61.252,0 0,0 61.252,0

Centro-oeste 31.884,5 186,0 32.070,5

Brasil 179.737,5 993,0 180.730,5 Fonte: IBAMA, apud Cardoso (2007).

Portanto, considerando a produção de peixe por região temos a região Sul

(34,08%), seguida da Nordeste (21,75%), em terceiro lugar a região Centro-oeste

(17,74%), em quarto a região Sudeste (16,70%) e finalmente a região Norte (9,73%).

Esses dados sugerem a necessidade de iniciativas que favoreçam o

desenvolvimento da piscicultura e aqüicultura na região amazônica.

Sobre potencial hídrico e falta de iniciativa Queiroz, Lourenço, Kitamura et alli

(2002) enfatizam que Brasil se destaca como um dos países com maior potencial

para a expansão da aqüicultura. Entretanto, Igarashi & Magalhães Neto (2001)

apontam como principais produtores mundiais via aqüicultura: China, Índia, Japão,

Indonésia, Tailândia, USA, Bangladesh, Coréia, Filipinas, Noruega, França, Taiwan,

Espanha e Chile.

Como pode ser observado o Brasil não ocupa se quer o décimo lugar do

ranking, pois perde para o Chile em uma diferença alarmante, pois enquanto o Brasil

produz 270.000 toneladas o Chile tem uma produção de mais de 600.000 toneladas.

Uma diferença de aproximadamente 330.000 toneladas, um indicativo da urgência e

necessidade de ações que objetivem elevar a produção dessa atividade.

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Segundo Diegues (2006), um relatório de uma Comissão do Congresso

Nacional (Comissão de Defesa do Consumidor, Meio-Ambiente e Minorias) que teve

como relator o Deputado João Alfredo faz uma série de recomendações para garantir

a sustentabilidade dos empreendimentos, como por exemplo:

1. A necessidade do zoneamento ecológico-econômico: Visando definir as

áreas aptas à carcinocultura e a outras atividades econômicas,

salvaguardando o direito ao acesso dos pescadores artesanais e outros

pequenos produtores aos recursos naturais e também seus direitos

como cidadãos (saúde, educação, trabalho, lazer, etc.). Demarcação de

terras quilombolas e de outras comunidades tradicionais que garantam

uma melhor qualidade de vida;

2. Realização de audiências públicas: Nas quais os impactos positivos e

negativos da carcinocultura sejam claramente apresentados aos

moradores locais.

3. Garantia que os fundos públicos não financiem empreendimentos

irregulares: Isso evitaria que esses projetos causem efeitos negativos

sobre o meio ambiente e sobre a saúde pública.

4. Maior fiscalização dos órgãos ambientais sobre as empresas em

funcionamento, bem como maior controle social sobre elas.

Ao que tudo indica, precisa-se não apenas de viabilizações dos

empreendimentos na área da aqüicultura, mas também de leis que regulamente essa

atividade. Sobre esse assunto Tiago & Gianesella (2007-a) são categóricos ao

afirmar que:

“No Brasil, a regulamentação da aqüicultura carece de

instituições que produzam normas não baseadas em atos normativos

regulamentadores, que pela característica eminentemente estatal,

calcada na autoridade do poder executivo, obsta e/ou contigencia a

melhor produção de normas socialmente participativas e

setorialmente aceitas, para a consolidação de uma proteção do meio

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ambiente através da melhor gestão do recurso hídrico pelas

atividades aqüícolas.” (TIAGO & GIANESELLA, 2007-a:7).

Sobre este assunto, Tiago (2007) recomenda que haja um plano de

desenvolvimento sustentável para o agronegócio da aqüicultura brasileira que

contenha elementos estruturais constituídos de forma a possibilitar a inserção dos

objetivos e metas voltados à efetiva manutenção e/ou aumento do capital natural e

ecossistêmico. O autor ainda ressalta que este plano deve prever a formulação de

normas jurídicas, sociais e técnicas que possibilitem a participação social na

construção de empreendimentos aqüícolas viáveis, resultando na promoção do bem-

estar comum e na despressurização de demandas sociais, econômicas e ambientais.

A piscicultura é uma das áreas da aqüicultura, cujo objetivo é a criação de

peixes. Moreira (1998) destaca a piscicultura como a principal atividade do ramo da

aqüicultura.

Nomura (1976) afirma que em 475 antes de Cristo, Fan Li já salientava que a

piscicultura era uma atividade lucrativa. Todavia, a fecundação artificial de peixes,

bem como a criação de larvas e o aproveitamento comercial do adulto teve início

somente em 1733.

Quanto aos tipos a piscicultura pode ser dividida em extensiva, na qual

aproveitam-se reservatórios de água derivados das instalações de usinas

hidrelétricas, de água utilizados para bebedouros e outras finalidades, nesse tipo de

cultivo a produção de pescado por unidade de superfície é baixa; semi-intensiva,

modo de cultura de baixa produtividade; intensiva, desenvolvida em um ambiente

adequado para a criação, sendo indispensável a orientação de um especialista que

oriente os trabalhos, nessa modalidade a produção de pescado por unidade de

superfície é elevada; e superintensiva que é um modo de criação no qual os peixes

são confinados em tanques-rede, que garantem uma produtividade elevada e

permite uma densidade de peixes muito maior (NOMURA, 1976, FREITAS, 2007).

Para melhor entendimento dessas modalidades de piscicultura apresenta-se a

Figura a seguir que descreve as características das principais formas desse cultivo.

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Figura 2: Características das principais formas de piscicultura

MODALIDADE MOTIVAÇÕES INVESTIMENTO E INSTALAÇÕES ESPÉCIES ALIMENTAÇÃO

Extensiva

Pública, sem finalidade de geração de lucro

Pouco investimento para formação de barragens

Rústicas, com alto

potencial reprodutivo e

crescimento rápido

Totalmente natural

Semi-Intensiva

Pública e/ou particular,

baixa produtividade e não permite rendimento

elevado

Médio investimento em

sistemas mistos de barragem e tanques de

derivação

Rústicas, bom potencial

reprodutivo e bom valor de mercado

Natural e artificial

Intensiva

Particular, visa maximizar a produtividade e o lucro

Alto investimento em

alevinagem, engorda e, algumas vezes,

reprodução

Alto valor de mercado

Totalmente artificial

Fonte: Freitas (2007)

Segundo Freitas (2007) esta divisão é determinada não somente pela

metodologia de cultivo, mas também pelas motivações, pelos investimentos

necessários e pelas espécies selecionadas para serem cultivadas.

Cardoso (2007:44) afirma que “os tanques-rede ou gaiolas podem ser

construídos na própria propriedade, opção adotada, em geral, na piscicultura de

subsistência”.

1.2 Espécies amazônicas apropriadas para a piscicultura

“A fauna de peixes de água doce do Brasil é a mais rica do mundo, com

aproximadamente 2.587 espécies, existindo ainda muitas desconhecidas” (Buckup et

alli, apud Godinho, 2007:1). Sobre as espécies brasileiras utilizadas ou

potencialmente utilizáveis em aqüicultura apresenta-se a figura 3.

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Figura 3: Espécies brasileiras utilizadas ou potencialmente utilizáveis em aqüicultura,

com indicação de seu caráter migrador, excluídas as tradicionalmente utilizadas em

aquariofilia

FAMÍLIA/ESPÉCIE MIGRAÇÃO NOME POPULAR

Osteoglossidae

Osteoglossum bicirrhosum S Aruanã

Arapaimatidae

Arapaima gigas S Pirarucu

Pristigasteridae

Pellona castelnaeana D Apapa-amarelo

Pellona flavipinnis D Apapa-branco

Prochilodontidae

Prochilodus argenteus M Curimatã

Prochilodus lineatus M Curimatã

Prochilodus nigricans M Curimatã

Anostomidae

Leporinus elongatus M Piapara

Leporinus macrocephalus M Piavuçu

Leporinus obtusidens M Piapara

Leporinus sp. - Piau

Characidae

Astyanax altiparanae S Lambari-do-rabo-amarelo

Astyanax bimaculatus S Lambari-do-rabo-amarelo

Astyanax fasciatus S Lambari-do-rabo-vermelho

Brycon amazonicus (=B. cephalus) M Matrinxã

Brycon insignis M Piabanha

Brycon microleps M Piraputanga

Brycon orbignyanus M Piracanjuba

Brycon orthotaenia (=B. Lundii) M Matrinxã

Brycon sp. - Jatuarana

Brycon sp. Matrinxã

Colossoma macropomum M Tambaqui

Piaractus brachypomus M Pirapitinga

Piaractus mesopotamicus M Pacu

Salminus brasiliensis (=S. maxillosus) M Dourado

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Salminus hilarii M Tabarana

Salminus sp. - Dourado

Characidae (híbridos)

Piaractus mesopotamicus x P. brachypomus - Patinga

Piaractus mesopotamicus x Colossoma macropomum - Tambacu

Piaractus brachypomus x Colossoma macropomum - Tambatinga

Cynodontidae

Hydrolycus scomberoides - Cachorra

Erythrinidae

Hoplias malabaricus S Traíra

Hoplias lacerdae S Trairão

Loricariidae

Hypostomus sp. - Cascudo

Pimelodidae

Brachyplatystoma filamentosum M Piraíba

Hemisorubim platyrhynchos M Jurupoca

Phractocephalus hemioliopterus M Pirarara

Pimelodus sp. - Mandi

Pirinampus pinirampu M Barbado

Pseudoplatystoma corruscans - Pintado/surubim

Pseudoplatystoma fasciatum M Cachara

Pseudoplatystoma tigrinum M Caparari

Sorubimichthys planiceps M Surubim-chicote

Surubim lima M Jurupensem

Zungaro jahu M Jau

Pimelodidae (híbridos)

Pseudoplatystoma corruscans x P. fasciatum - Ponto-e-vírgula

Pseudopimelodidae

Lophiosilurus alexandrii S Pacamã

Heptapteridae

Rhamdia quelen M Jundiá

Cichlidae

Astronotus ocellatus S Apaiari

Cichla monoculus S Tucunaré

Cichla sp. - Tucunaré Fonte: Godinho (2007).

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Freitas (2007) afirma que Maeda et alli realizaram um estudo no Estado do

Amazonas, nos municípios de Itacoatiara, Iranduba, Manacapuru, Manaus,

Presidente Figueiredo e Rio Preto da Eva, no final da década de 90, e

diagnosticaram a existência de 112,5 Ha de lâmina d’água em empreendimentos de

piscicultura. A construção predominante consiste de barragens simples de igarapés

formando açudes (59,4%), sendo o tambaqui (Colossoma macropomum) a espécie

mais utilizada, por 89,2% (havendo literatura que afirma ser utilizado por 95,2%) dos

piscicultores da Amazônia Central. Citando Cardoso o referido autor salienta ser

crescente a utilização do matrinchã (Brycon sp), que é cultivada por 38,1% dos

piscicultores da Amazônia Central, e a presença do pirarucu (Arapaima gigas),

cultivado por 33,3% dos piscicultores, mesmo em fase das dificuldades tecnológicas

ainda existentes para produção de alevinos e para a alimentação.

Considerando todas essas espécie torna-se importante sabemos quais são o

peixes mais produzidos no Brasil na piscicultura do tipo intensiva. Nesse sentido,

apresenta-se a figura 4, onde pode-se observar que a Carpa lidera o ranking,

seguida da Tilápia.

Figura 4: Principais grupos de peixes de água doce produzidos no Brasil, mediante

cultivo intensivo, em 1996

ORDEM

GRUPO DE PEIXE PRODUÇÃO (TON) %

1 Carpa 17.853,5 34,8

2 Tilápia 11.760,0 22,9

3 Pacu 6.155,0 12,0

4 Tambaqui 4.000,0 7,8

5 Tambacu 2.506,5 4,9

Outros grupos 9.056,0 17,6

51.331,0 100,0 Fonte: Gurgel, apud Igarashi & Magalhães Neto (2001).

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Mesmo o Brasil sendo detentor da mais rica fauna de peixes de água doce do

mundo, apenas 1,5% de suas espécies são utilizadas em aqüicultura (não incluídas

as espécies ornamentais). Ainda assim, o número atual de espécies envolvidas

nessa atividade é significativamente maior do que aquele sugerido há 20 anos, o que

indica uma expansão relevante (GODINHO, 2007).

A maior parte das espécies de peixes da Amazônia boas para piscicultura

pertence às famílias Characidae, como o tambaqui (Colossoma macropomum) uma

espécie originaria dos rios Amazonas, Orinoco e seus afluentes e tem uma

alimentação omnívora, alimentando-se de frutas, sementes e organismos aquáticos

de pequeno porte; a Pirapitinga (Piaractus brachypomus), e a matrinchã (Brycon sp)

pode atingir de 3 a 4 kg na fase adulta e atinge a maturidade sexual por volta dos 3

anos de idade e tem uma alimentação omnívora; Prochilodontidae, como a curimatã

(Prochilodus nigricans) que alimenta-se de matéria orgânica depositada no fundo dos

açudes e viveiros, o que permite usá-las como espécies de policultivo, junto a

espécies omnívoras, e os jaraquis (Semaprochilodus insignis) e S. taenirus,

Anostomidae, na qual se incluem os piaus e aracus dos gêneros Schizodom e

Leporinus e Arapaimidae, representada pelo pirarucu (Arapaima gigas) que é o maior

peixe de escama da Amazônia, sendo muito apreciado pela qualidade de sua carne

e por seu tamanho.

Diegues (2006) afirma que na Amazônia existe um grande potencial para a

aqüicultura nos inúmeros lagos de água doce do Médio Amazonas, o que evidencia a

necessidade de estratégias que visem desenvolver a piscicultura beneficiando

diretamente as comunidades ribeirinhas dessas localidades.

Um maior incentivo à piscicultura serviria também para tirar o Brasil do posto

de segundo produtor aqüicola da América do Sul elevando-o facilmente ao status de

maior produtor aqüicola dessa região.

Além disso, haveria uma redução no índice de pobreza do país, pois

favoreceria a geração de renda para muitas famílias favorecendo uma melhoria na

qualidade de vida, porque teriam recursos para moradia, transporte, emprego, lazer,

ambiente, melhora na alimentação, etc.

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1.3 Táticas apropriadas para desenvolver a piscicultura

De acordo com Freire (2004), a realização de um amplo planejamento é uma

condição indispensável para o desenvolvimento da piscicultura na região amazônica,

sendo que as diversas atividades e a extensão da cadeia produtiva, incluindo

atividades indiretas, na piscicultura impedem que ações isoladas sejam bem-

sucedidas em longo prazo. Para ele o planejamento deve prever os agentes e/ou

instituições responsáveis por cada uma das etapas da cadeia produtiva envolvendo:

“(i) As pesquisas e a conseqüente geração das tecnologias de

reprodução, criação e beneficiamento do pescado produzido. No atual

estágio, os Centros de Pesquisa em aqüicultura devem dar prioridade

às pesquisas voltadas ao desenvolvimento de pacotes tecnológicos

de cultivo de espécies nativas com demanda comprovada, sem

inviabilizar as pesquisas sobre espécies com demanda potencial, que

devem envolver as Universidades;

(ii) As políticas públicas destinadas a incentivar a atividade

devem partir da definição de uma política setorial regionalizada, com

a participação de órgãos federais, estaduais, municipais, a iniciativa

privada e instituições não governamentais;

(iii) Os sistemas de assistência técnica e extensão tecnológica

destinados a disseminar o resultado das pesquisas devem priorizar

projetos voltados aos pequenos e médios produtores;

(iv) Os estudos de comercialização e marketing sobre as

espécies-alvo, identificando os mercados existentes e potenciais,

avaliando as margens de comercialização e a viabilidade econômica

dos empreendimentos;

(v) As políticas de crédito e incentivos devem ser definidas de

forma estratégica, levando em consideração as peculiaridades da

piscicultura” (FREITAS, 2007:14-15).

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Para que as potencialidades de uma comunidade possam aumentar o

desenvolvimento coletivo, os moradores deverão estar unidos na ajuda mútua e no

controle social de meios essenciais de produção ou distribuição. Dessa forma, o

desenvolvimento da cooperação, da democracia, do controle social e da autonomia

do grupo são princípios básicos e devem estar presentes em todos os elos da cadeia

produtiva: a) pesca e aqüicultura; b) desembarque, entrepostagem, processamento,

beneficiamento e estocagem; c) distribuição por meio de cooperativa central para

formação de estoque regulador; d) comercialização através de Centrais de

Abastecimento, Mercado Institucional, Comércio eletrônico, etc. (EID, LIANZA &

PIMENTA, 2004).

Queiroz, Lourenço, Kitamura et alli (2002) reconhecem que mesmo com a

indústria da aqüicultura no Brasil crescendo a uma taxa superior a 15% ao ano, o

potencial para a expansão dessa atividade ainda é reduzidamente aproveitado, o que

se deve, segundo os autores, entre outras questões, à falta de uma política efetiva

para organizar e promover o desenvolvimento da atividade como produtora de

alimentos.

1.4 A piscicultura enquanto estratégia de desenvolvimento

sustentável

“O crescimento econômico bem-orientado exige o abandono

dos métodos insustentáveis de desenvolvimento do passado”

(GUIMARÃES, 1995:76-77).

A criação de peixes no Brasil se deu a partir de 1882, quando a carpa

(Cyprinus carpio) dos Estados Unidos da América foi introduzida no estado do Rio de

Janeiro (NOMURA, 1976).

Existem criações de peixes para vários fins: ornamento, higiene, consumo,

povoamento e repovoamento de lagos, igarapés, rios, artificiais ou não, entre outros

(NOMURA, 1976; CARDOSO, 2007). Porém, este estudo importa-se com o

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desenvolvimento da piscicultura para o consumo das pessoas, que neste caso pode

se dar de duas formas segundo Nomura (1976): intensiva e extensiva. No primeiro

caso é necessário dispor de um ambiente adequado para a criação e de um

especialista que capacite os piscicultores pra obtenção de maior lucro em um menor

tempo. Já no segundo, aproveitam-se reservatórios de água utilizados para a

produção de eletricidade, bebedouros entre ouros, para criação dos peixes que se

alimentam do que existe na natureza.

A piscicultura promoveu um incremento de mais de 80% no total de pescado

produzido em nível mundial, após apenas 5 anos. O governo do Brasil tem

estimulado o desenvolvimento da aqüicultura com a criação dos Pólos de Aqüicultura

Regionais, através do Ministério da Agricultura e Abastecimento. Além disso, os

estados e municípios por meio das Secretarias de Agricultura e/ou Produção

incentivam a piscicultura (FREITAS, 2007).

Sobre o crescimento da cultura de peixes Igarashi & Magalhães Neto

(2001:149) afirmam que a “aqüicultura mundial está crescendo mais rápido do que

qualquer outra atividade do setor primário”.

Sobre o assunto Godinho (2007) afirma que apesar da produção brasileira de

peixes cultivados venha crescendo, o ritmo de crescimento é menor do que o

indicado por seu potencial.

Ainda assim, a piscicultura é a atividade de maior crescimento no setor

primário brasileiro nos últimos 15 anos. Enquanto o crescimento médio do setor

cresce aproximadamente 3,4%, a piscicultura tem taxa anual de crescimento de

cerca de 15%. A produção saltou de aproximadamente 1.800 ton/ano em 1982, para

cerca de 250.000 ton/ano em 2003. Isso porque o peixe além de ser uma carne

saudável, de alto valor nutritivo, pode ser produzido a baixo custo.

No Brasil, a respeito do grande potencial aquático que representam os seus

quase seis milhões de hectares de águas represadas nos açudes e grandes

reservatórios, construídos principalmente com a finalidade de geração de energia

hidroelétrica. Em Rondônia, com seu imenso recurso hídrico natural disponível, a

produção comercial de peixes em tanques-redes está apenas começando. Porém a

falta de investimentos e abandono aos piscicultores torna essa jornada morosa e

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vulnerável. Situação também relatada por Cardoso (2007) em estudo realizado no

Estado de Minas Gerais.

“Existe carência de assistência técnica qualificada, tanto no

setor privado quanto nas entidades de extensão, em todos os

segmentos da cadeia produtiva: produção, controle sanitário,

processamento, beneficiamento, armazenamento, transporte e

gerencial. A maioria dos projetos instalados não tem

acompanhamento. Não existem laboratórios capacitados em

certificação sanitária e as análises de água são realizadas por

laboratórios privados, nenhum deles credenciado pelo Ministério da

Agricultura Pecuária e Abastecimento – MAPA.” (CARDOSO,

2007:44).

A piscicultura tornou-se a atividade aqüícola dominante na bacia amazônica,

mas mesmo sendo dominante e objeto de forte incentivo governamental, a

piscicultura ainda não é uma atividade econômica de destaque na Amazônia

(FREITAS, 2007).

Segundo o autor antes citado Petrere Jr. descreve três razões para justificar a

ausência de tradição da piscicultura na Amazônia, que são:

1. Baixa densidade populacional: é um fator potencialmente limitador da

demanda, principalmente se ocorrer de forma simultânea com uma

acentuada distância entre o local de produção e os centros

consumidores;

2. Relativa abundância dos estoques pesqueiros naturais: muitas vezes

devido a abundância de peixes nos rios e igarapés as pessoas acham

mais fácil e lucrativa a pesca predatória a piscicultura; e

3. Isolamento regional que dificulta o acesso aos principais mercados

consumidores: Os meios de transporte disponíveis no atual mundo

globalizado diminuem substancialmente a distância entre o local de

produção e os centros consumidores.

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Porém, durante a realização desse estudo foi observado em diálogos com

alguns agricultores familiares, especialmente de Porto Velho, capital de Rondônia

fatores semelhantes aos apontado por Moreira (1998) em seu estudo sobre a

sustentabilidade da piscicultura no Triângulo Mineiro. Esse autor destaca:

“(a) inexistência de uma política ambiental mais ampla e

efetiva;

(b) inexistência de uma consistente política de

desenvolvimento da piscicultura;

(c) inexistência de um diagnóstico da piscicultura regional,

desconhecendo-se seu potencial e sua problemática, bem como de

informações sistematizadas e de um programa de coleta de dados;

(d) desarticulação entre as instituições publicar e privadas da

região, envolvidas com a piscicultura, para o intercâmbio técnico-

científïco e viabilização de ações conjuntas;

(e) inexistência de pesquisas voltadas para as questões

regionais, ecológico-ambientais e sócio-econômicas da piscicultura:

(f) insuficiência dos serviços de extensão e de assistência

técnica;

(g) insuficiência de formação de mão-de-obra especializada ou

da capacitação profissional de técnicos, extensionistas, piscicultores;

trabalhadores na piscicultura;

(h) sucateamento dos órgãos públicos envolvidos com a

piscicultura, cuja operacionalização se apresenta deficitária:

(i) falta de regulamentação (legislação competente) e devida

fiscalização para diversas questões em aberto na cadeia produtiva da

piscicultura, na região e no Brasil, tais como a produção de híbridos,

a inexistência de tanques de quarentena e de estruturas de

tratamento de efluentes, o uso de substâncias químicas tóxicas:

(j) insuficiente organização e representação de interesses dos

piscicultores” (Moreira, 1998:166-1667).

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Também foi observado em Rondônia, a dificuldade para legalizar a atividade

em sua propriedade e para conseguir financiamento, visto que vários agricultores

têm a posse de suas terras, mas não a documentação que os comprovem como

verdadeiros proprietários.

É importante salientar a necessidade de investimentos na área da piscicultura,

pois além de ser uma importante fonte de proteína, evitar a pesca predatória, gerar

renda e é parte do cardápio local. Conforme Castro, apud Oliveira (2006:29) destaca

a “região Amazônica representa sob o ponto de vista ecológico, um tipo unitário de

área alimentar muito bem caracterizado, tendo como alimentos básicos o peixe e a

farinha de mandioca”.

O site Agroline destaca que a pesca está propensa a sofrer restrições e que a

sustentabilidade dos recursos pesqueiros vai depender cada vez mais da adoção de

políticas que considerem os aspectos sociais e econômicos, bem como das

limitações ambientais. Essa situação é favorável ao crescimento da piscicultura.

Incentivando-se a implantação e o desenvolvimento da piscicultura através do

uso de tanques-redes poderá haver um grande incremento na produção brasileira de

pescado, criando-se as condições para instalar a fase de industrialização que poderá

fazer de nossa região e nosso país um exportador de peixes de água doce. Porém,

para o sucesso desse empreendimento, informações básicas sobre o crescimento

das diferentes espécies de importância econômica tornam-se necessárias, a fim de

se verificar quais são as mais produtivas em um sistema economicamente viável e

ambientalmente seguro, pois além da necessidade de se desenvolver um sistema de

cultivo adequado à região, é preciso conhecer as espécies mais promissoras para

este sistema (Revista Agroline).

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CAPÍTULO IV

RESULTADOS E DISCUSÕES

Primeiramente apresentam-se as considerações gerais sobre a piscicultura

em Candeias do Jamari, em seguida mostram-se as características gerais da

amostra estudada, na seqüência descrevem-se os tipos de peixes cultivados e

finalmente expõem-se os aspectos melhorados na vida das pessoas envolvidas no

projeto pesquisado. Essa abordagem se desenvolve comparando-se, sempre que

possível, os resultados encontrados com a literatura específica.

1.1 A piscicultura em Candeias do Jamari

A piscicultura no Município de Candeias do Jamari, localizado a

aproximadamente 20 km de Porto Velho (capital de Rondônia), foi introduzida pelas

Centrais Elétricas do Norte do Brasil S.A. (Eletronorte) como uma forma de reparos

aos pescadores artesanais do entorno da Usina Hidrelétrica de Samuel (UHE), usina

construída em 1979, a partir de uma barragem feita no Rio Jamari, afluente do Rio

Madeira, principal rio do Estado de Rondônia que desemboca no Rio Amazonas.

Para oferecer essa atividade econômica, em atendimento a reivindicações dos

mencionados pescadores, a Eletronorte, em parceria com Secretaria do

Desenvolvimento Ambiental e a Prefeitura de Candeias do Jamari, implantou o

Projeto Unidades Produtivas Comunitárias para Criação de Tambaqui em Tanques-

rede (UPCTR), que beneficia os pescadores da Colônia dos Pescadores Z-6 de

Candeias do Jamari.

A UPCTR além dos tanques-rede possui duas coberturas uma para descanso

dos plantonistas, há sempre dois piscicultores de plantão, e outra que serve de copa

e também depósito das rações que são dadas aos peixes regularmente. OS tanques-

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rede foram confeccionados de armações em estrutura metálica e tela com malha de

2 cm em ferro galvanizado revestido com pvc, medindo 3 m de comprimento, 3m de

largura e 2 m de altura, somando 24 tanques e 2 berçários que medem 5m de

comprimento, 5m de largura e também 2 m de altura, alojados em uma plataforma

de madeira com 43,5 m de comprimento por 15 m de largura, havendo entre cada

tanque quatro espaços de água para que haja a diluição da toxidade e minimizar os

impactos ao ambiente aquático utilizado (ver figuras 5 e 6).

Figura 5: Unidades Produtivas Comunitárias para Criação de Tambaqui em Tanques-

rede (UPCTR)

Esse projeto desenvolvido no município de Candeias do Jamari é de forma

superintensiva, que como já foi visto, é um modo de criação no qual os peixes são

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confinados em tanques-rede, que garantem uma produtividade elevada e permite

uma densidade de peixes muito maior. Com isso, há economia de água, facilidade de

manejo dos peixes, e diminuição de custos.

A opção pela piscicultura em tanques-rede dar-se, principalmente, por ser uma

técnica relativamente barata e simples, se comparada à piscicultura tradicional em

viveiros de terra. Essa técnica pode ser utilizada para aproveitar uma grande

variedade de ambientes aquáticos, dispensando o alagamento de novas terras e

reduzindo os gastos com a construção de viveiros.

Figura 6: Piscicultor Lucenil alimentando os peixes dos tanques-rede da UPCTR

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Como pode-se observar na figura acima todos os tanques-rede que possuem

peixes na engorda são lacrados para evitar que os peixes sejam retirados antes da

data prevista, e assim venha a prejudicar a lucratividade do empreendimento.

1.2 Características gerais da amostra estudada

Pode-se observar nas figuras 7 e 8 as características gerais da amostra em

relação ao gênero, escolaridade e faixa etária, bem como o número de famílias

beneficiadas atualmente com o projeto e o percentual de sujeitos satisfeitos com o

projeto.

Figura 7. Características da amostra estudada

GÊNERO DOS

ENTREVISTADOS

FAMÍLIAS BENEFICIADAS

NÚMERO DE

ENTREVISTADOS ESCOLARIDADE

SATISFEITOS COM O PROJETO

Masculino

12

12 Fundamental Incompleto

100%

Nota-se que foram entrevistadas 100% (12) pessoas, todas do gênero

masculino com ensino fundamental incompleto e satisfeitas com o Projeto Unidades

Produtivas Comunitárias para Criação de Tambaqui em Tanques-rede (UPCTR).

Na figura 8 pode-se observar a faixa etária dos entrevistados, 41,67% (5,00

entrevistados) tem entre 50 e 59 anos, esse mesmo valor (41,67%) tem mais de 60

anos e apenas 16,67% (somente 2,00 entrevistado) tem de 40 a 49 anos de idade.

Considerando-se que não fosse o projeto implantado na localidade, esses pais

de famílias ainda teriam que estar trabalhando na pesca artesanal, pode-se afirmar

que eles já têm idade significativamente elevada para uma atividade um tanto

cansativa, morosa e sem certeza de lucro. Nesse sentido, o UPCTR proporciona a

essas famílias no mínimo maior conforto e comodidade.

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49

Figura 8. Faixa etária da amostra estudada

16,67

41,67 41,67

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

Freqüência Faixa Etária

40 à 49

50 à 59

Mais de 60

1.3 Peixes cultivados no Projeto UPCTR

Ao se pesquisar quais peixes são cultivados nas Unidades Produtivas

Comunitárias para Criação de Tambaqui em Tanques-rede de Candeias do Jamari,

constatou-se que inicialmente os piscicultores trabalhavam exclusivamente com

tambaqui (Colossoma macropomum), mas atualmente além desse peixe são

cultivados também jatuarana (Brycon sp.) e pirarucu (Arapaima gigas), o que

possibilita uma produção mensal e uma tonelada e meia (ver figura 9).

Todos esses peixes são típicos da região amazônica e suas características

são apresentadas de forma resumida nos parágrafos que se seguem, na seguinte

ordem: tambaqui (Colossoma macropomum), jatuarana (Brycon sp.) e, finalmente o

pirarucu (Arapaima gigas).

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Figura 9: Tipos de peixes cultivados na UPCTR de Candeias do Jamari

PEIXES CULTIVADOS

PRODUÇÃO MENSAL (kg)

Tambaqui (Colossoma macropomum)

1.500

Jatuarana (Brycon sp.)

Pirarucu (Arapaima gigas)

1.3.1 O tambaqui (Colossoma macropomum)

O tambaqui (Colossoma macropomum) é uma espécie originaria dos rios

Amazonas, Orinoco e seus afluentes. Apresenta nadadeira adiposa óssea com raios,

dorso pardo-escuro e ventre esbranquiçado. Os adultos têm manchas escuras

irregulares no ventre e na nadadeira cauda (ver figura 10).

Figura 10: Ilustração do tambaqui (Colossoma macropomum)

Peixe abatido no Rio Abunã – Distrito de Fortaleza do Abunã, Município de Porto Velho, com o emprego da pesca artesanal

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Os alevinos do tambaqui (Colossoma macropomum) têm uma mancha circular

preta na nadadeira caudal que desaparece lentamente com o crescimento. Em geral,

a reprodução no ambiente natural ocorre, na época das chuvas, quando o peixe

atinge aproximadamente 55 cm de comprimento e idade entre 4 e 5 anos. Em

condições de cultivo, são utilizados reprodutores com idades superiores há 3 anos. A

alimentação do tambaqui é do tipo omnívora (baseada no consumo de frutas,

sementes e organismos aquáticos de pequeno porte). Em sistemas de cultivo, aceita

muitos tipos de alimento como grãos, frutos, batatas, subprodutos agrícolas e rações.

Segundo Almeida Sobrinho (2006), o tambaqui (Colossoma macropomum) em

média pode chegar a 20 kg, em seu habitat natural. É uma espécie muito apreciada

pela população da região amazônica, que atrai outros mercados importadores em

decorrência da utilização desse peixe na culinária moderna.

O tambaqui (Colossoma macropomum) foi adaptado com sucesso para o

cultivo em cativeiro e é a espécie mais indicada para o policultivo, visto sua

capacidade de aproveitar vários tipos de alimentos disponíveis no viveiro, inclusive

como filtrador de plâncton. Segundo Saint-Paul (1986), o conteúdo ótimo de proteína

na dieta do tambaqui está ao redor de 23% e os melhores resultados de crescimento

são obtidos com proteína de origem vegetal. É uma espécie rústica e tolera baixos

teores de oxigênio dissolvido na água, com adaptações morfo-anatômicas

destinadas a capturar o oxigênio disponível na camada d’água superficial.

1.3.2 A jatuarana (Brycon sp.)

A jatuarana (Brycon sp.), da família Characidae, originária da bacia amazônica

é um peixe de escama, possui corpo alongado e um pouco comprimido. Ela tem

coloração prata uniforme e uma mancha escura localizada atrás do opérculo;

apresenta nadadeiras laranjadas, a exceção da nadadeira caudal que tem cor cinza

(ver figura 11).

A jatuarana (Brycon sp.) é um peixe de águas rápidas, sendo comumente

encontrada abaixo de cachoeiras, sua alimentação é basicamente constituída por

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frutos, insetos e pequenos peixes. Por ser muito apreciada na culinária está sendo

empregada na piscicultura.

Figura 11: Ilustração da jatuarana (Brycon sp.)

Peixe abatido no Rio São Sebastião – Distrito de Fortaleza do Abunã, Município de Porto Velho, com o emprego da pesca artesanal.

1.3.3 O pirarucu (Arapaima gigas)

O pirarucu (Arapaima gigas) é o maior peixe de escama região amazônica e é

peixe muito apreciado pela qualidade de sua carne e por seu tamanho, que pode

alcançar um máximo de 3m de comprimento e um peso de 200 Kg.

O pirarucu (Arapaima gigas) é uma espécie que tem um tipo de respiração

adicional, através de um pulmão rudimentar, que o obriga a sair à superfície para

respirar. Seu hábito alimentar é do tipo ictiófago, ou seja, se alimenta de outros

peixes (ver figura 12).

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Figura 12: Ilustração do Pirarucu (Arapaima gigas)

Peixe abatido no Rio Abunã – Distrito de Fortaleza do Abunã, Município de Porto Velho, com o emprego da pesca artesanal.

A maturação sexual desse peixe ocorre do terceiro ao quinto ano de vida,

quando atinge em média 1,6 m de comprimento e de 40 a 50 Kg de peso. Os ovos

são depositados em ninhos e os machos protegem os filhotes. Neste período, o

macho adquire uma coloração vermelha mais intensa.

1.4 Aspectos melhorados na vida dos piscicultores beneficiados

com o Projeto UPCTR

Considerando-se que o projeto foi implantado visando melhorar a qualidade de

vida dos ex-pescadores, e entendendo qualidade de vida como condições gerais de

vida de uma pessoa como destaca Manoel (2002), incluindo moradia, educação,

saúde, alimentação, emprego, lazer, cultura entre outras variáveis. Decidiu-se

questioná-los sobre melhorias em sua vida e de sua família com a implantação do

Projeto UPCTR.

Conforme mostra a figura 13, a maioria dos piscicultores do projeto citou

melhorias nas variáveis alimentação e renda (83,33% dos entrevistados), 8,33%

(1,00 piscicultor) afirma ter alcançado melhoras somente na alimentação e 8,33%

destacou que o projeto contribuiu para melhorias em todos os aspectos: saúde, lazer,

educação, alimentação, emprego e renda.

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Figura 13: Aspectos melhorados na qualidade de vida dos piscicultores

8,33

83,33

8,33

0,00

10,00

20,00

30,00

40,00

50,00

60,00

70,00

80,00

90,00

Alimentação Alimentação e Renda Todos os aspectos

Aspectos Melhorados

Freqüência

Entretanto, se houve melhorias na alimentação e na renda, é provável que

tenha melhorado também a saúde das famílias envolvidas e se a renda melhorou

para as pessoas que desenvolvem atividades no projeto pode-se dizer que houve

geração de emprego.

A esse respeito Almeida Sobrinho (2006) que fez o estudo da viabilidade da

piscicultura em tanques-rede no baixo rio Candeias, no qual o projeto (UPCTR) é

minuciosamente descrito a partir de um acompanhamento por aproximadamente três

anos, afirma que o empreendimento pode ser considerado como um negócio

economicamente sustentável, salientando que “o sistema de peixes em tanques-rede

tem viabilidade social, econômica e ambiental” contribuindo “para o desenvolvimento

da região” (ALMEIDA SOBRINHO, 2006:123).

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CONCLUSÃO

Diante da necessidade de se implantar estratégias de desenvolvimento

econômico sustentável, a piscicultura tem sido apontada como uma modalidade

lucrativa que contribui com a melhoria da qualidade de vida das pessoas, sendo

manejada adequadamente tem uma agressão insignificante sobre o meio ambiente,

além de preservar a diversidade biológica aquática e o estoque natural de peixes.

Considerando-se o objetivo geral deste estudo que foi verificar os benefícios

da adoção da piscicultura para uma comunidade do Município Candeias do Jamari

pode-se concluir que doze (12) famílias são beneficiadas diretamente com o Projeto

Unidades Produtivas Comunitárias para Criação de Tambaqui em Tanques-rede

(UPCTR).

Quanto a faixa etária dos piscicultores entrevistados 41,67% (5,00

entrevistados) têm entre 50 e 59 anos, 41,67% dos piscicultores têm mais de 60

anos e 16,67% (somente 2,00 entrevistado) têm de 40 a 49 anos de idade.

Pode-se entender que há um nível de satisfação considerável entre os

trabalhadores da UPCTR, pois todas as pessoas entrevistas declararam estar

contente com os resultados do projeto.

Quanto a produção mensal e aos tipos de peixes cultivados, o projeto

estudado produz uma tonelada e meia (1.500 kg) por mês, de três tipos de peixes:

tambaqui (Colossoma macropomum), jatuarana (Brycon sp.) e pirarucu (Arapaima

gigas).

Na visão de 83,33%% dos piscicultores entrevistados o Projeto UPCTR

colaborou para melhoria da alimentação e renda familiares, 8,33% verificou melhoria

relacionada à alimentação e 8,33% notou melhoria na saúde, lazer, educação,

alimentação, emprego e renda.

Finalmente, considerou-se que o Projeto UPCTR, implantado no Município de

Candeias do Jamari tem trazido benefícios na qualidade de vida dos piscicultores e

seus familiares, especialmente no que se refere à alimentação, saúde, renda e

emprego.

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Sabe-se que há várias lacunas a cobrir neste estudo, as quais poderão ser

sanadas ampliando-se as perspectivas de discussões sobre o assunto através de

críticas e sugestões que auxiliem na resolução do problema. Dessa forma, sugerem-

se investigações:

v Utilizando uma amostra maior que a deste estudo (envolvendo diversas

unidades produtores de peixes);

v Visando determinar a quantidade de piscicultores do Estado de

Rondônia;

v Objetivando diagnosticar as espécies cultivas por piscicultores no

Estado de Rondônia;

v Para verificar os fatores que dificultam o desenvolvimento da

piscicultura no Estado de Rondônia;

v Com a finalidade de estimar a produção e a produtividade no Estado de

Rondônia;

v Visando indicar as áreas mais propícias ao desenvolvimento da

piscicultura no Estado de Rondônia;

v Com o objetivo de determinar a viabilidade da piscicultura em tanques-

rede em outros rios rondoniense; etc.

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ANEXOS

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Iranira Geminiano de Melo

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ANEXO I

FICHA DE ENTREVISTA

FICHA DE ENTREVISTA

Peço a gentileza de responder ao questionário que faz parte de um estudo monográfico na área de educação ambiental. O mesmo tem por objetivo verificar os benefícios da adoção da piscicultura para uma comunidade do município Candeias do Jamari. Acredita-se que a pesquisa auxiliará na propagação de estratégias de desenvolvimento sustentável.

Nome: .................................................................................................................................... 1) Qual a sua faixa etária? ( ) 20 à 29 anos ( ) 30 à 39 anos ( ) 40 à 49 anos ( ) 50 à 59 anos ( ) mais de 60 anos 2) Qual o seu gênero? ( ) masculino ( ) feminino 3) Qual seu nível de escolaridade? ( ) Ensino fundamental incompleto ( ) Ensino fundamental completo ( ) Ensino médio incompleto ( ) Ensino médio completo ( ) Ensino superior incompleto ( ) Ensino superior completo 4) Quantas famílias são beneficiadas diretamente com o projeto? ................................................................................................................................................ 5) Você está satisfeito com os resultados do projeto? ( ) Sim ( ) Não 6) Quais aspectos da sua vida (e/ou de sua família) foram melhorados com o projeto? ( ) Saúde ( ) Lazer ( ) Educação ( ) Alimentação ( ) Emprego ( ) Renda ( ) Outros: quais? ................................................................................... 7) qual a produção mensal do projeto (em kg de peixes)? ..................................................................................................................................................... 8) Quais são os tipos de peixes cultivados nos tanques? ..................................................................................................................................................... .....................................................................................................................................................

OBRIGADA POR FAZER PARTE DESSE ESTUDO!

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES