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UM ESTUDO SOBRE AS PERCEPÇÕES DE EDUCADORES E ALUNOS DO PROJOVEM EM PORTO ALEGRE / RIO GRANDE DO SUL Transcrições dos depoimentos dos participantes dos Grupos Focais realizados no PROJOVEM de Porto Alegre/RS. Abril/2006

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UM ESTUDO SOBRE AS PERCEPÇÕES DE EDUCADORES E ALUNOS DO PROJOVEM EM PORTO ALEGRE / RIO GRANDE DO SUL

Transcrições dos depoimentos dos participantes dos Grupos Focais realizados no PROJOVEM de Porto Alegre/RS.

Abril/2006

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FICHA TÉCNICA RS

Mediação:Ms. Márcia Esteves de Calazans. Psicóloga. Grupo de Pesquisa Violência e Cidadania. IFCH-UFRGS.Doutoranda no PPG-Sociologia IFCH-UFRGS

Relator:Ms. Mauricio Bastos Russo . Grupo de Pesquisa Violência e Cidadania. IFCH-UFRGS

Transcrições de entrevistas e observação participativa nos grupos focais:Jairo Sentinger Silveira, Bacharelando em Direito. Universidade Ritter dos Reis.

Contato:E-mail para contato: [email protected]

TRANSCRIÇÕES DOS DEPOIMENTOS DOS PARTICIPANTES DOS GRUPOS FOCAIS EM PORTO ALEGRE/RS

Grupo Focal com Meninas da Zona Norte

Mediador(a): Eu queria que vocês se apresentassem e dessem uma nota pro pró-jovem de 0 a 10.

P-Meu nome é Cleci tenho 23 anos, sou do (...) e a minha nota é oito. É muito bom só que tem coisas que foram prometidas no início só que até agora a gente tá em falta.

P-Meu nome é Marta, tenho 22 anos, sou aqui do Centro Vida mesmo e a minha nota é sete.

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P-Meu nome é Camila tenho 24 anos, meu núcleo é o Wenceslau Fontoura e a minha nota é sete.

P-Meu nome é Michele tenho 24 anos sou do núcleo da Escola Jean Piaget e a minha nota é oito e meio.

P- Sou Silvia do núcleo Presidente Vargas, tenho 23 anos e a minha nota pro pró-jovem é oito.

P- Sou a Paula Lima, estudo no João Goulart, tenho 18 anos e... oito e meio.

P- Silvana, tenho vinte anos, estudo no SESMAR e a minha nota e sete.

P-Meu nome é Camila, sou do Wenceslau, sete e meio.

P-Meu nome Ângela, estudo no Imigrantes e a minha nota é oito.

Mediador(a): Bom, então nós gostaríamos de saber como é que se deu a entrada no programa, no pró-jovem, pra cada uma de vocês?

P-O meu pai... quando eu parei de estudar o meu pai ficou desesperado... que eu não podia para de estudar. Aí ele disse: ou tu estuda ou tu trabalha. Aí eu preferi estudar e aí ele me disse: vai lá e te inscreve no João Goulart (...) o pró-jovem mais perto pra ti. Mas ele não sabia do Vida aqui e aí ele disse pra eu ir lá no João Goulart. Fui, corri atrás e não tinha nada pra se inscreve lá e era aqui. Aí voltei aqui, fiquei um tempão correndo atrás, correndo atrás, correndo atrás e (...) porque ele disse que se eu não estudasse ia ter que trabalha.

P-Bom, eu vi o anúncio na televisão e me inscrevi.

P-Eu tava há um ano sem estuda, já tinha começado várias vezes o supletivo à noite (...).

P-Eu parei de estudar já fazia três anos e aí vi o anúncio no jornal do almoço na tv e isso era um dia de semana e aí peguei no sábado tavam fazendo as inscrições aqui no Centro Vida e aí eu fiz. Eles falaram o que tinha que trazer. Aí eu peguei na outra semana e já trouxe os papeis (...) Daí eu ouvi falar que ia começar em setembro e aí começou em outubro.

P-Eu fiquei sabendo pela minha sobra. Ela viu no jornal e me falou e aí depois que eu peguei o recorte de jornal com ela eu fiz a inscrição pelos Correios, na agência dos correios na Assis Brasil, e depois eu recebei uma carta na minha casa pra fazer a matrícula aqui no Centro Vida.P-(...) jornal (...)

P-Eu fazia oito anos que não tava estudando, quase oito anos e aí eu tava no... no... (...) aí eu tava comentando que eu queria voltar a estudar e a assistente social (...) mandou que fosse no aeroporto pra fazer a inscrição. Daí eu fiz a inscrição e aí em outubro chegou a carta pra mim fazer a matricula, né? Fui lá no ??? fazer a matrícula e não tinha ninguém lá. Cheguei aqui (no Centro Vida) e me disseram que era lá. Então eu disse que já tinha isso lá e não tinha ninguém. Aí eles fizeram aqui, mas era pra ter feito lá.

P-Eu vi no jornal e vim aqui no Centro Vida me inscrever (...).

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P-Eu vi o anúncio na tv e vim aqui me inscrever no Centro Vida.

P-Eu vi (...) aí (...) uma carta.

Mediador(a):Vou pedir que vocês falem um pouco mais alto. Houve dificuldades pra vocês se inscreverem, foi fácil?

P- Foi fácil.

P- Pra mim foi difícil, eu tive que me inscrever três vezes.

Mediador(a):E como que foi isso?

P1-Eu me inscrevi na primeira vez e não fui selecionada. Daí disseram (...) segunda vez e não fui selecionada (...).

Mediador(a);E tu sabes porque que tu não foi selecionada nas outras?

P1-Não.

Mediador(a):Só sabe que não foi selecionada.

P-Quando a inscrição foi aqui no Centro Vida, no primeiro dia de inscrição eu fui uma das primeiras da fila mas só que eu não fui selecionada. Quando saiu o nome dos selecionados eu não fui selecionada. Aí uma semana depois eles me ligaram dizendo pra eu fazer a minha matrícula.

P-Eu e minha cunhada viemos aqui e fizemos a inscrição e aí depois apareceu nosso nome no jornal e mandaram carta pra gente.

Mediador(a): E porque vocês resolveram se matricular no pró-jovem?

P-Eu queria muito voltar a estudar porque é muito difícil a gente conseguir um emprego, que eu já tenho dois filhos, né? e há muito tempo tô correndo atrás mas mesmo assim eu não tô conseguindo, né? então pelo menos assim eu tenho onde estudar, né? o que eu ia gastar de passagens pra fazer um supletivo o pró-jovem pelo menos a metade desse dinheiro... porque eu gasto quatro ônibus pra ir pro colégio, pelo a metade então esses cem reais já me auxilia. De qualquer maneira eu queria voltar e apareceu o pró-jovem e aí eu entrei no pró-jovem. E é muito bom.

P-Eu for por causa dos cursos. Ofereceram os cursos e oportunidades e... os cursos... inglês, informática e essas cosias, foi por isso.

P- Ah! eu também...

P-Só que informática não chegou lá ainda.

P-O único problema é essa informática, né? a gente pensou que ia ter esse curso, né? e aí falaram que ia chegar no começo de março e até agora tô esperando.

P- Até o pessoal lá do colégio, né? que emprestou o prédio pra gente tá complicando bastante por causa disso porque, no caso, falaram que os computadores iam ficar pro colégio, né? então eles tão complicando bastante por causa disso.

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P- Mesma coisa lá no João Goulart.

P- Tá em. em todos os núcleos tá isso aí.

P-(...) mudaram o nosso horário de recreio... tão sempre mudando o nosso horário de intervalo pra sair... tudo por causa dos computadores.

(todas falam junto)

Mediador(a): A escola cedeu o laboratório pra vocês?

(todas falam juntos)

P-É, e aí a gente faz os trabalhos que tem que fazer na Internet e a gente vem aqui no Centro Vida fazer. Tanto é que semana passada a gente tinha um trabalho pra fazer de qualificação profissional, tava no livro (...) e aí a gente veio aqui. A gente juntou umas colegas e veio aqui fazer esse trabalho.

P-E a Diretora complica o tempo inteirinho. Vídeo essas coisas que a gente tem que assistir por causa que tá no livro, não acontece.

P-É uma pegação no pé da gente só por causa disso.

P- Tudo que acontece de errado na escola é o pró-jovem.

P- Pra emprestar a sala de vídeo lá pra nós não tem problema e o nosso horário de recreio também é junto com os alunos do colégio eles não fazem nenhum tipo de discriminação se... mas eu acho que essa parte aí dos computadores a escola tem um laboratório e não empresta pra nós. Mas eu acho assim ó, se nós depois que para o curso, os computador vai ficar pra eles, o que custa pra eles emprestar pra nós se eles já tem?P-A sala é cedida pelos computadores que a escola vai ganhar.

P-Lá no núcleo que eu tô a Diretora fez questão de dizer que nós só estávamos ali ocupando aquele espaço pelos computadores que virão pra eles. Claro que (...).

P-A gente não vai nem usar esses computadores, né? pelo jeito que tá indo a gente não vai nem usar o computador.

P-Quando começou já era pra ta lá, né?

P-Mas em matéria de discriminação dentro da escola a gente (...)

P-Lá no (parece que elas dizem Júdice) a gente é muito discriminado...

P- Nós também.

P1-...mudam o horário de recreio toda hora...

P- Nós o recreio é junto com eles, o lanche é junto com eles a gente joga junto com eles... é tudo junto.

P- (...) do pró-jovem disseram que em nove anos nada tinha sido roubado de lá sendo que no primeiro dia de aula a Diretora mesmo falou que tinham colocado a grade em volta da televisão porque recém há poucos meses tinha

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sido roubada a televisão. E daí depois passou uns meses e roubaram uma bicicleta lá na frente, os EJA e aí disseram que era nós. Aí ela disse que em nove anos não tinha sido roubado nada dentro do colégio e aí eu peguei e falei pra ela e ela ficou furiosa, aí ela ficou mais braba porque eu falei que tinha sido roubada a televisão, tanto é que a Diretora tinha falado pra nós, né? e aí ele ficou furiosa de eu ter desmentido ela.

P-A Diretora ali do núcleo que eu tô ela já... desde o primeiro dia, que teve a reunião que apresentaram os nossos professores pra gente do pró-jovem, ela fez questão de dizer assim: “eu sei que muitos estão aqui pela merenda, mas no momento vocês não vão lanchar com os nossos alunos que a verba que a gente recebe é só pros alunos do EJA”, ela fez questão de lembrar de tudo. E inclusive a gente tava sem lanche há pouco tempo e certo dia eu fui falar com uma amiga minha, né? só que ela é do EJA e eu me escorei na porta do refeitório. A superviso veio assim ligeiramente e disse: “fecha a porta que o pró-jovem vai invadir.” E eu: meu Deus, não falta mais nada. Esses dias tiveram que mandar a gente embora porque não pra gente de jeito nenhum beber a água que tinha na caixa que ia faltar água, porque era do EJA. O Banheiro também é fechado. Quartas-feiras que é o dia que eles não tem aula o banheiro é fechado. É tudo assim regulado sabe? sabe quando tem que lembrar que você está do lado de lá e não tem nada a ver e os nosso alunos são os nossos alunos. Se agente passar por eles e mosca passando é a mesma coisa. A gente vai tentar cumprimentar assim, ser educado pelo menos, não tá cumprimentando ninguém porque a resposta não vem e eles foram os primeiros a reclamar tipo assim, né? que a gente fosse solidário, tivesse compreensão, né? fosse amigo, vamos se integrar os alunos, só que eles trocaram várias vezes o horário do recreio e chegaram até a dizer que nós roubamos lâmpada da escola.

P- Nas férias do EJA lá no João Goulart teve... teve um caso assim: nós fomos proibidos de usar o banheiro por conta da... da reforma que eles tavam fazendo na escola que chovia muito no ginásio essas coisas. Aí então teve um dia nós chegamos na escola, os educadores foram tudo lá e a gente subiu pra sala e tinham defecado numa sala e botaram a culpa na gente. A mesma coisa nos banheiros: baixavam as tampas das privadas e defecavam em cima das tampas e botaram tudinho a culpa na gente e a gente ficou dois dias sem poder usar o banheiro porque isso tinha acontecido. No caso o João Goulart é quase bem dizer todo aberto. Tem o campo, né? que é o (...), tem um monte de coisa, ginásio, e as grade tudo arrancado e eles entram lá e a culpa foi nossa...

P-Não tem guarda a escola de vocês?

P1-...tem guarda, né? mas é vila... e o guarda vai se meter com vileiro?

P-Lá só tem um guarda que é amigo nosso.

P-(...) adultos lá (...) são super amigos da gente.

P-(...) as meninas com palavras assim de...

P-Não, é que assim ó: as meninas do EJA vem pra estudar e as do pró-jovem vem pra namorar no recreio.

P-É, isso é. Os professores já falaram isso lá também. Agora eles tinham mudado o horário do recreio, do intervalo. Não era junto. Aí os guri começaram a namorar umas guria do EJA e então nesse dia a gente podia ter o

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mesmo horário deles de intervalo mas só podíamos usar a bola do EJA se eles quiserem que a gente jogue com eles. Eu tenho uma bola de vôlei que eu levava pro colégio porque eles não emprestavam e agora não posso mais levar. Mesma coisa os grui com a bola de futebol. Antes até a gente fazia assim no intervalo, os educadores vinham e jogavam com a gente e tudo.. no horário a gente subia e arrumava ali o que a gente tinha bagunçado e tudo mas eles disseram que não, que era tudo desorganizado assim.

Mediador(a): E como que é o de vocês?

P- Ah!, o nosso (...) emprestam a bola pros guris jogar futebol e tem rede lá, quem quiser vai lá e joga vôlei essas coisas. Todos juntos. Só que assim ó: quando o EJA não tem aula ou quando eles tavam em férias aí no caso nós não tinha como jogar por causa que a professora de educação física deles ela fecha a sala de material dela e leva a chave embora e ela não gosta de emprestar. A diretora não se importa mas ela não gosta de emprestar. Mas se caso ao alunos dela tão jogando lá no recreio e ela emprestou a bola o nós quiser jogar junto ela não tem problema nenhum. Só ela não gosta que a gente fique sozinho com o material dela, entendeu? e aí no caso se nós quiser levar a bola de casa e se eles não tem aula a nós quiser levar não tem problema só que eles não tem daí uma rede pra emprestar pra nós que tá na sala de educação física lá da professora que ela fecha e leva a chave embora mas o resto é tudo junto, não tem problema nenhum.

P-Só no nosso lá a gente não ganhou lanche ainda, né? merenda... não sei se vocês tão lanchando?

P-Não.

P1-Ah! é lanche? Aquele pão ainda?

P-Não, não tem mais.

P1- Ah! vocês não tem nem janta? É EJA lá já janta, né? às seis e meia. Eles chegam lá e a aula começas às sete. Nós começamos às seis e meia que é a hora do colégio. Só que eles jantam antes de ir pra sala de aula. Nós ainda tão falando que vai vir a janta (..)

P-(...) no mesmo refeitório. O EJA e o pró-jovem junto no mesmo refeitório.

P- No nosso também desde o primeiro dia que eles começaram a ter janta a gente tem janta também.

P- Pra nós era lanche antes; pão com queijo (...) agora eles tão dando (todas falam juntas)

P-Mas eles falaram que já tava pra vir a comida que só não tinha a cozinheira pra fazer.

P- No nosso não (...) até a gente brinca que vem a mesma.

P-Mas a cozinheira é a mesma lá no nosso. O que ela faz pro EJA ela faz pro pró-jovem também.

P- Ali no meu... ali no meu já tavam recebendo a verba fazia uns dois meses se eu não me engano, só então não tava jantando com o EJA porque não tinha cozinheira mas que já tavam recebendo a verba já tava, só que ela não ia

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cozinhar prum batalhão de gente. Aí, quer dizer o quê? que a verba que ela recebeu, né?

P-Eu sei, lá no nosso a gente não sabe nem de verba, nem de cozinheira nem de nada.

P1-Eu sei que foi o que passaram pra gente que só não tava sendo feito porque não tinha cozinheira. Agora tem cozinheira. Faz uma semana.

P-Tava acertado que tinha conseguido tudo já, mas aí (...)

Mediador(a): E vocês?

P-Lá tem o lanche (...)

Mediador(a): E janta também?

P1-E janta também.

P- Nós é tudo junto. Lá aonde a gente está estudando não é no colégio, né? lá é só de oficinas de cursos (...) então todo o pessoa que (...)

Mediador(a): então aqui nós temos duas escolas e um centro marista onde são as oficinas, é isso?

P-Sim.

P-E lá não tem (...) do pró-jovem os guri jogam com os irmãos do centro marista lá (...)

Mediador(a): Bom, baseadas na experiência de vocês, tá? de uma maneira geral, como vocês avaliariam o pró-jovem?

P- Pra mim o pró-jovem é bom só este problema de ter as escolas emprestadas (...) do computador de nunca ter chegado, tá prejudicando bastante a gente e tá prejudicando o pró-jovem também porque tem muita evasão. A maioria do pessoal vai uma vez por mês, duas e tem uns que não vão nunca mais. Pra ter noção, lá aonde eu morava quando eu ia iam seis pessoas junto comigo, seis. Só tá indo eu. Uma por causa de passagem, que todos os dias eu gasto quase oito reais de passagem. Aí chega lá dá essa confusão de prof... da professora, da diretora lá do EJA brigando com o pessoal. Aí não tinha lanche (...) eu queria terminar, né? mas tem muita gente lá que não, tava indo pelo cem reais então não vinha os cem reais, não recebiam direito, deu problema e já desistiam. Tem bastante disso.

P-É, teve gente que vai uma vez na vida e outra na morte e recebe direitinho. Tem outros que vão desde o começo do curso, nunca faltaram uma aula e não recebem (todas falam juntas)

P- Tem uma aluna (...) que nunca apareceu no colégio, só veio este semana e já tinha recebido.

P-O pessoal lá do João Goulart a gente se uniu e conversamos com os educadores, né? com todos eles. Aí uma semana pra cada ir reclamar sobre o dinheiro quem não tinha recebido ainda. Tinha uns que fazia... era o quarto mês já que não tinham recebido nada. Aí esse mês eles receberam tudinho

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direitinho, certo. Tem casos ainda, mas eu acho que foi escolhido a dedo os educadores porque eles são pessoas maravilhosas.

P-É a melhor parte eu acho do pró-jovem são os educadores porque cada um (...).

P- São pessoas maravilhosas.

P-Só uma que não foi mais que ela saiu do pró-jovem (...)

P-A gente não tá tendo aula de ciências humanas porque a professora quebrou o dedo nos ProJogos.

P- Tá faltando professora de Português (...) de inglês.

P-Lá no nosso colégio dois professores tiveram um acidente nesses ProJogos. Não sei se tu viu um alemão alto, careca de bigode? Ele quebrou o dedo nos ProJogos e a professora ??? de ??? caiu (...) os dois joelhos (...)

P-Eu acredito só que poderia um pouquinho mais de atividade assim, reunir mais os núcleos porque assim tem vezes, que nem na aula inaugural aqui no Centro Vida, foi bonito e tal, mas acho que antes a gente devia ter se reunido, né? ter conversado, pra não ter aquele clima de pessoas brigando até... nos ProJogos...

P- Nos ProJogos não teve briga!!!

P- Teve.

P1-Teve briga?

P1-Teve.

P-Eu fui nos ProJogos, eu joguei nos ProJogos e eu não vi nenhum tipo de briga, nenhum tipo de confusão. Foi no carnaval que teve muita confusão que os brigadianos queriam bater no pessoal...

P-E o problema foi esse também (...) disseram que iam dar o (...) pra gente ficar lá, e não (...). Aí falaram pra gente assim, a gente foi cobrar, né? aí falaram assim: não, era só pra vocês desfilar mesmo. Na chuva, né? choveu...

P-Era pra sair o ônibus lá da... (...) era pra sair às seis horas se não me engano e saiu às oito.

P-Eu fiquei sabendo lá no meu que o responsável pelos alunos que ía no ônibus eu sei que chegou lá na hora lá e não foi ninguém responsável pelos alunos e aí chegou na hora lá no carnaval lá que chamaram não sei quem lá par ficar de responsável pelos alunos.

Mediador(a): O carnaval foi uma atividade em comum entre os núcleos? E como que foi pra vocês?

P- Foi bom. Nossos educadores acompanharam a gente... só esta questão, né? disseram vocês desfilam, depois (...) livre pras arquibancadas. Foi legal (...)

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P-É, foi exatamente isso que disseram pra nós...

(todas falam juntas e fica muito confuso, além da voz extremamente baixa)

P-Eu não tava mas eu soube dessa briga.

P-...nem do meu, mas isso (..) eles têm compromisso, né? eles não podem também largar a vida deles pra nos acompanhar numa coisa insignificante.

P- ...aí ela foi aí nesse episódio dos brigadianos quere batê no pessoal ela não deixou. Ela pegou e tirou eles pra fora porque ela é vileira que nem a gente, ela mora na Vila Farrapos. Ela disse: não, eu conheço ele – porque ela era Conselheira Tutelar, e se tu botá a mão nessa gurizada tu vai te incomodar. Aí eles não deram no pessoal mas eles colocaram o cavalo (...)

P-Mas teve um que eles puxaram prum canto e deram...

P-É...

P1-...deram. teve um que eles puxaram prum canto, botaram o cavalo por cima do guri e foram levando o guri até a tela e aí i grui se encostou na tela e eles deram.

Mediador(a): Bom, então mais especificamente qual é opinião de vocês sobre as atividades diárias dos núcleos do pró-jovem?

P- (...) os professores (...) P-Eu acho que devia ter mais matéria do que integração.

P-É.

P-É verdade.

P- Essa questão da integração (...) a aula não rende quando a gente (...) muita bagunça.

P- Pra mim é muito bom (...) se tu não entende eles te explicam quantas vezes for necessário pra tu aprender as coisas.

P- A questão de matéria lá no João Goulart é ótimo porque tem até plantão pra quem tem dificuldade nas matérias ããã... caso dessa... da... dessa integração eles não juntam... eles juntam quando falta muito aluno em uma turma, daí eles juntam duas turmas mas o pessoal é tudo mais cabeça assim mais velho um pouquinho pra ficar legal a turma. Não botam as criança junto (...) tem muito... dezoito, dezenove anos lá que são bagunceiros pra caramba, tem muita fofoquinha e briga mas eles sabem separar as pessoas.

P-Lá no Presidente Vargas a questão de matéria e professor é dez. Todo o conteúdo é explicado, e tu não entendeu eles vão lá e falam de novo. Quando (...) fazendo integração é o conteúdo de todas as matérias, né? não tem como tu dizer que não tem conteúdo porque pelo... tanto que ele pega um tema pra dar integração e alguém fala vários assuntos ali que tu acaba se ligando e quando tu vê tá noutro assunto, noutro assunto... se ele não parar (...) vou me embora, vai ligando um assunto ao outro e a integração fica a noite toda. É muito bom.

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P-É, lá também como a integração é as turma misturada, cada um com seu educador ali de integração que é o nosso orientador, né? que dá aula de integração, só que eu acho que no caso a gente tem ããã... bem mais período de integração que a gente poderia ter de matemática e inglês para gente ter mais, né?

(todas falam juntas)

P-... plantão de matemática na quarta, de inglês na quinta-feira...

P- No caso a minha turma, a três, tem cinco períodos de inglês.

P- Não, nós só temos dois.

P1-...mas aí ele faz integração tipo assim ele ensina... faz colagem, cartazes, essas coisas.

P- Minha orientadora é professora de matemática (...)

P- Isso aí eu já ouvi falar que na aula da integração assim deveria dar atividade... nesta semana a gente teve trabalhos de... do aniversário e Porto Alegre, então a gente trabalhou com isso na integração, né? e eu já ouvi falar que os educadores lá dão a matéria, entendeu?

P-Sim, nós(...) mas nós estudamos a matéria, ficamos mais centrados na matéria (...) dificuldade.

P- Tu vai pela dificuldade do aluno. Eles chegam e perguntam: vocês tão com dificuldade em que matéria? Ah! tem cinco com dificuldade em tal matéria, vou aquela matéria. Aquele que tá mais adiantado vai lá e ajuda o colega.

P-É o dia do plantão é escolhido qual material que ele dá aula, né? aí cada um escolhe.

P-Eu tava a quase oito anos fora do colégio então tem muita coisa que eu não sei mesmo. Não tenho nenhum tipo de dificuldade porque eles ensinam bem, eles explicam bem, quantas vezes forem preciso. Só que eu acho assim que em vez de ter dois de matéria e três de integração deveria ter três de matéria e dois de integração.

P-Lá na escola é assim: três de matéria e dois de integração.

P-O meu é dois de matéria e três de integração daí então... eu tive já bem dificuldade. Eu nunca tive aula de inglês. Ma saio bem mas eu acho assim que se agente tivesse mais tempo a gente aprenderia melhor ainda.

P-Mas lá no nosso nunca dá tempo de tê dois períodos de aula específico. Quando o orientador vai chegando ele vai “não, peraí que falta mais um...” e aí o professor de aula sempre acaba ficando com aquele período e a gente acaba ficando só com dois da integração porque começa na matéria e aí vai indo... ele sabe assim como prendê...

P- Na nossa aula de integração a gente tava usando pra colocar os nossos trabalhos em dia. Se tinha algum trabalho para entregar na outra semana a gente usava as aula de integração pra fazer o trabalho. Aí nós fazia o trabalho... aí começou a dar briga porque aí uns queriam jogar, outros queriam fazer o trabalho, outros queriam ir pra casa porque a integração não

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tinha nada pra fazer. Aí eles fizeram oficinas... fizeram oficina de teatro e oficina de música e aí tu podia escolher qual que tu queira ficar mas aí no fim dessa oficina nós vamos fazer um trabalho junto e vamos fazer outras oficinas depois, né? pra aproveitar a aula de integração...

Mediador(a): O que vocês acham dos livros utilizados?

P-Fraquinho.

P-É, muitas vezes é um pouco fraco e... e fora de ordem.

P- É, é isso mesmo.

P-É um pouco confuso.

P-Fora De Ordem... O Inglês Da Matemática, Né? (Todas Falam Juntas)

P- Muitas vezes tem bastante exercícios que não tem condições de tu fazer (...)

P-Matemática é o que tem mais.

P- Palavras com hífen que não tem hífen.

P-Qualificação profissional é o só o básico mesmo porque tudo aquilo ali a gente já sabe. Tudo é uma coisa estranha... estranha mesmo, uma coisa de... de... sem necessidade.

P-Eu aprendi... para mim pelo menos é uma coisa sem necessidade. A gente tá desenhando um homem trabalhando... que graça. Eu não desenho.(acaba a fita)

P-...eu acho... só tem pouca atividade mas os nossos educadores lá dão bastante atividades no quadro também... a gente tem o caderno bastante preenchido... a gente não utiliza só o livro. A gente utiliza bastante o caderno também.

P-É, o professor de ciências humanas diz que (...) a matéria já tá enchendo o saco que a matéria mesmo é desde o primeiro livro que tava um saco aquela matéria. Aí ele começou a trazes outras coisas pra nós estudar, referente a matéria do livro, né? que já tava enchendo o saco aquela matéria...

P- (...) uma palestra, né? e aí o cara que tava dando a palestra lá perguntou como era o nome das três... aquelas três barcas lá quando descobriram o Brasil... e ninguém sabia. Porque as matérias que... é geografia e história. Eu não sei nada disso. se tu me perguntar alguma coisa de história eu não sei nada disso que eu não me lembro mesmo. Então (...) o nosso professor de ciências humanas, eu acho que a gente devia ter um pouco mais disso, né? que... imagina que alguém chega e pergunta pra gente e a gente não sabe nem responder... foi o que aconteceu, né? eu acho que...P- Não o nosso já é mais centrado nisso e é... de... a mata, de coisas... sabe esses negócios...

P-(...) assim como se agente tivesse que estudar... obrigados a estudar todas aquelas histórias, aqueles textos, né? enormes... eles falam que a história quem faz é a gente, que nós e que fazemos (...) e aí vai e entra na história (...) nos mostra como (...) o que que tá ligado a gente.

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P-(...) assim o: já tirou o nome de geografia e história para ciências humanas que aquele antigo... como que é o nome? Estudos Sociais. Ele fala da nossa história e um pouquinho de ... aquelas datas que a gente tinha que decorar, aquela decoreba toda, ele “enfia” ali naquela matéria toda e tu acaba lembrando lá da história aquela no dia de hoje. Tipo assim: que nem essa agora do trabalho de Porto Alegre. O que que mudou? Como é que foi? Quem é que veio? Quem chegou? O que que é agora, entendeu? daí misturou a história...

(....)

Mediador(a): Vocês não tiveram essa matéria ainda?

P- Nós tivemos. Até a segunda unidade.

Mediador(a): Bom, o que vocês estão vivenciando no pró-jovem correspondeu às expectativas inicias de vocês?

P- Pra mim eu acho que sim. (...) computador, a data (...) que não foi acertada, né? mas eu to aqui muito mais é pelo diploma, né?

(todas falam juntas)

P-(...) eu entrei especificamente por causa dos curso. Eu tô...

P-É que uns falam que é falta de parceria, né? que era pra gente ter lugares para (...) dificuldades, né? quem sabe que se vier a ter o segundo vai ser um pouquinho mias...

P-Que nem eles falaram que agora quem se formar a gente vai ter diploma de primeiro, vai ter diploma de curso qualificador. Só quero ver se a gente vai ter isso, esses diplomas aí.

Mediador(a): E vocês aqui gurias, com a expectativa inicial assim, correspondeu às expectativas de vocês?

(não se ouve nada do que elas falam)

Mediador(a): Vocês estavam falando nos cursos profissionalizantes,.o que tem especificamente? Qual é a situação?

P-Que não tem a parte teórica. Era assim que ia ter uma base que nem seis meses tem dar uma base dos quatro cursos que ia ter: almoxarife, administração e não sei o que não sei o que lá, mas sei que era quatro. Ia ter uma teoria daquilo, né? Depois ia ter parcerias (...) computador que a gente ia sair e visitar indústrias, lugares onde tem essas coisas pra gente ver como é porque só ficar aqui a gente não... não tá acontecendo, né? aí quando aparecer a gente vai ver realmente qual é o curso que a gente vai fazer.

Mediador(a): Comparando com a escola comum, como vocês avaliam a experiência com o PROJOVEM?

P- Eu acho que é bem melhor...

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P-É bem diferente, bem diferente. Na maneira de ensinar, na maneira como tu te comporta na sala de aula com os professores é mais um negócio de amizade não é uma obrigação, né? eles não estão ali obrigados, eles estão ali com vontade de ensinar e nós com vontade de aprender.

P- Eles não tem pressa de mostrar aquilo que eles sabem sem... parece que eles viveram cem anos pra eles nos mostrar tudo aquilo que eles já viveram, já passaram, que não ensinam só a matéria, dão assim um tipo de experiência de vida assim pra gente. Todo qualificador profissional tem muitas histórias de serviços, de entrevistas de emprego.. inclusive nos ensina como se comportar numa entrevista, tudo... é conceitos... eles nos ensinam de muitas formas e nem tem pressa pra ensinar.

P-E muitos alunos mesmo só estão indo já mais pela companhia... (todas falam juntas)

P- Bah! meu, é a hora santa do dia. Tu ri, tu aprende, tu conversa...

P-... deixa tudo pra trás e vai. Olha fiz tantas amizades assim ó, incríveis sabe... com os professores... eu amo todos eles como se fossem meus tios, meus pais, meus avós... sei lá, eu adoro eles.

P-E esse pessoal também gurizada tudo a gente se dá bem, a gente conversa.

P-É, esses dias eu me apavorei a gente tava no recreio e tinha uma colega minha que pegou a bola e a gente tá jogando assim e aí de repente entra dois professores de um lado e dois do outro e eu disse: pelo amor de deus vocês vão jogar? Não nós já tamo jogando e foi aquela coisa assim, né? (...) camisa do professor e largaram de ladinho, se transformaram e jogaram o recreio todinho.

P- Eles não nos tratam como aluno, professor e aluno, eles (...) de amizade, iguais. Nós somos iguais a eles, nós estamos ensinando e estamos aprendendo. È o melhor que existe dentro do pró-jovem.

Mediador(a): E o que que vocês menos gostam do pró-jovem?

P-Não sei o quê eu menos gosto...

P- Ah! eu tenho colegas lá que eu não gosto que são mais crianças assim que...sei lá eu acho que eles de vez em quando resbalam e os educadores tentam ajudar até em... sabe? não querem falar aonde tá errado, eles querem ensinar, mostrar o caminho. E aí isso me aborrece sabe? acho que eles deviam ter mais atitude pra quem é...

P-É, é que em vez de repreender, né? e vão lá e: não é assim, é não sei o quê... e aí vai lá e fala pro outro: não leva por esse lado, tenta ajudar o colega, o colega é amigo.

P- (...) um tipo de problema porque na nossa sala também tem três gurizinhos assim que são bem chatinhos mas... são legais, sabe? são guri mas são tri sabe, então este tipo de problema – o nosso coordenador é o Leandro – então a gente faz tipo assim uma roda e cada um fala na cara o que tá sentindo. Não, falou pra mim agora tu vai falar pra ele, sabe? aí depois de tudo aquilo a gente se entende melhor e aí dá aquele abraço, um abraço coletivo e acabou a função. Eu tive muitas colegas nossas que saíram da nossa turma, que trocaram de turma, que elas eram assim... como é que eu posso dizer? Ah!

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elas queriam ser melhor do que os outros e aí elas se sentiram incomodadas com a nossa turma – a nossa turma é a turma três – e todas dizem lá que a nossa turma três é a mais encapetada que tem... e elas não se entregaram que nem a gente, né?

P-E tem muita gente lá que reclama desse pessoal que seria assim... o pessoal mais jovem, né? que não querem irem lá pra estudar e sim pra paquerar brincar e... sabe? debochar das pessoas mais velhas. Tem umas que nem guentam mais. Saem de casa cheias de problema e aí chega lá tem mais problema ainda, um monte de gente conversando, não consegue prestar atenção na aula, na educação.

Mediador(a); Além das duas, mais alguém tem filho? Quantas? Seis. E como que é isso gurias? (...) sala de aula, ter filhos?

P- Pra mim dá um pouco de trabalho.

P-Eu passo um pouco de dificuldade, né? porque outras pessoas cuidando do filho da gente é... meio xarope, né? judiam, humilham, xingam e fica meio difícil, né? mas a gente vai levando.

P- Ah, eu não tenho problema. O meu marido, a minha mãe (...) pra mim vir pro colégio. A minha mãe fica com ela (...)

P- Pra mim é meio ruim porque eu saio às sete da manhã de casa e volto só as onze, né? então eu tenho três e vejo eles só enquanto eu tô arrumando eles pra ir pra creche de manhã que é o único momento que a gente tem. Mas como som o dinheiro do pró-jovem eu pago a minha mãe pra ficar com eles, né? e eles são o xodó dela e ela é o xodó deles então ficam super bem. Eu só reponho essa falta no final de semana. Aí é aquela coisa, né? eles quase enlouquecem, né? eu não tô mais acostumada a fiar com eles, né? aí a casa cai.

P-Mas contudo também o meu guri tem três anos e quando (...) fica chorando (...)

(falam muito baixo e não dá pra ouvir nada)

P-E tu já tentou levar ela na (...)

P- Não tem como. Não temo como. Essa minha filha.... ela é hiperativa. Ela vê, ela que mexe, ela que corre, ela que pula... levar fralda, é coisa de comer, é o carrinho porque se ela dormir eu não posso colocar ela no colo e escrever, então fica puxado, entendeu? minha vó mora perto da minha casa, mora do lado, então eu faço o que eu tenho que fazer e depois deixo ali pra ela e ela fica, entendeu?

P- Os meus eu levei um de cada vez mas também eles ficaram bem assim... o professor flava bem pertinho (...)

P-A minha nenê tem dois, tenho um de três e um de cinco.

P- A minha filha tem dois (...)

P- Mas a minha de dois (...)

Mediador(a): Vocês tem alguma colega que leva o filho pra aula?

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P- Nós temos.

P- Mas lá do meu núcleo todos os filhos dos alunos que tem lá, acho que todos que tem já levaram e eles já conhecem os professores. Então a gente tá entrando com eles assim, daqui a pouco (...) quando a gente vai vê tá (...): ô fulano a tua mãe tá te chamando em tal lugar, sebe? Aquela coisa assim parece que tá em casa, né? é muito bonito de ver isso. E as crianças não incomodam, prestam atenção parelhinho mas o professor vira as costas e eles já tão mexendo nas coisas.

Mediador(a): O que vocês esperam da participação no pró-jovem?

P-Como assim?

Mediador(a): Da participação no pró-jovem?

P-Pra mim eu espero além do diploma a qualificação também que eu tô esperando? espero que ele chegue que eu quero conhecer ela de perto? que eu vou precisar dela. E o microcomputador que não chegou? Mas é mais

-Ah! eu espero que no ano que vem continue... P1-Ah! com certeza, eu gostaria muito. Se o segundo grau continuasse o PROJOVEM...P-Fazer um segundo grau.

Grupo Focal com alunos da zona leste

Mediador(a): Pra começar eu gostaria que cada um se apresentasse e desse uma nota ao pró-jovem de 0 a 10.

P-Meu nome é Israel e a nota que eu dô pró-jovem é nove virgula cinco.

P-Tá eu posso falar? Eu gostaria de saber o porque do nove virgula cinco?

Mediador(a): Não atividade é diferente.

P1- Eu gostaria de saber... e eu acho que a nota que eu daria não era essa...

Mediador(a): tudo bem, mas olha só...

P1-... eu quero saber porque essa nota se é em função do lugar diferente que ele é...

Mediador(a): tudo bem, mas olha só... isso a gente vai ver mais adiante assim, tem um roteiro. Então tu dá atua nota e aí tu justifica a tua nota.

P-Meu nome é Rafael... e a minha nota eu acho que, por tudo que aconteceu desde o início até a agora a minha nota e dois e meio.

P-Meu nome é Diego eu a minha nota é três.

P- (...) e minha nota é quatro.

P-Meu nome é Jorge e minha nota é dez.

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P-Meu nome é (...) e minha nota é cinco.

Mediador(a): Eu queria que vocês falassem um pouco de como é que se deu a entrada de vocês no pró-jovem?

P- Como assim?

Mediador(a): Como foi e recrutamento, como é que tu ficou sabendo, como é que tu te inscreveu? Todo esse caminho percorrido pra vocês ingressarem no pró-jovem.

P-Eu vi na televisão no rádio e no jornal, né?

P-Eu me inscrevi primeiro pelo telefone certo? Aí depois me avisaram que eu fui sorteado e eu fiz a minha matrícula aqui.

P-Eu fiquei sabendo pela minha prima que ela fazia já o pr0-jovem e aí eu fiquei sabendo por ela e eu pensei assim que eu não ia ser sorteado, né? que tinha cento e cinqüenta pessoas na minha frente. Daí eles falaram que era pra mim ficar esperando uma carta ou um telefonema. Daí chegou no dia sete de dezembro e eles ligaram e foi quando eles me falaram que eu tinha sido sorteado. Mas só assim que o pró-jovem tem um lado bom, né? e também tem um lado ruim. Tem um lado bom que o pessoal assim pode terminar o primeiro grau e porque que não pode estudar... e depende assim de porque que o pessoal não terminou os seus estudos e tem um lado ruim que ele também tem um motivo pessoal. Falam da bolsa claro que ele... a pessoa vai ter acesso a digitação e isso não é verdade.

P-Eu fiquei sabendo pela TV e fui me inscrever no correio e fui sorteado.

P-Eu pela minha mãe e me inscrevi (...) e fui sorteado.

P-Eu pela diretora de um.. do Murialdo. Daí ela conversou comigo e pelo que ela falou eu me interessei em terminar o primeiro grau (...) digitação, que eu ia ganhar a bolsa, que ganhei eu acho que faz três dias que eu ganhei a bolsa a recém... e o curso profissionalizante e tudo isso daí me interessou. Ei tinha a ilusão de que ia ser a melhor coisa do mundo eu tô vendo outra coisa. Não tô vendo nada, fora alguns problemas que tá acontecendo aí.

Mediador(a): De uma maneira geral assim pessoal ããã... baseados na experiência que vocês tem dentro do pró-jovem assim, como é que vocês avaliariam ele?

P-Bom, de começo eu queria dizer que soube pela instituição aqui (...) que eles facilitaram a inscrição dos jovens que tavam vindo – como este local é pra cursos, eles facilitaram inscrevendo o pessoal aqui no computador direto na secretaria para que todo mundo tivesse acesso ao pró-jovem. Assim eu recebi a carta e fui selecionado e estou fazendo o pró-jovem.

Mediador(a): E em relação a avaliação do pró-jovem, como é que vocês avaliariam o pró-jovem?

P-Como a gente acha que tá se saindo ou quê foi passado pra nós que i acontecer?

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Mediador(a): É uma avaliação do pró-jovem em função de tudo que tu tá vivenciando aqui no pró-jovem., da tua experiência no pró-jovem, como é tu avaliaria o pró-jovem?

P-Será que não tem nada a ver com a nota que eu dei assim tipo dois virgula cinco? Não tem nada a ver. Tipo eu dei dois virgula cinco porque eu tinha motivo. O curso profissionalizante não tá tendo, a digitação nós não temos e eu acho que é uma coisa muito fraca eu que parei na oitava série eu acho muito fraco... sei lá eu acho que foi mal organizado, tem algum problema aí. Coisas que ninguém que... tão vendo que tá acontecendo como o problema do lanche aí que a gente teve né? que eu acho que os organizadores já deveriam tar vendo, os coordenadores ou seja lá quem for, deviam ter visto este problema e teriam que ter complicado no início sabe (...)

P-(...) tipo assim ó, rolou uns eventos, rolou uns lance aí muito importante... rolou uns eventos aí que eles fizeram tipo um torneio na PUC ali onde reuniram vários pró-jovens, pessoas de vários lugares, né? e seguinte, chamaram uma gurizada que vieram de Santa Catarina... eu não de onde vieram, pra eles ia ser sábado e domingo e eu não sei qual que é porque aí rolou toda aquela apresentação com prefeito, toda aquela coisa linda ali ó, todo mundo alegre e depois sei lá chegou ali e (...) o negócio foi só num dia e foi totalmente desorganizado.

P-Eu acho assim que eles tão errado assim que eles prometeram a bolsa na propagando... e outra coisa, eu acho que deveria ter um guarda aqui que tem muito assalto, tem muita gente sendo assaltada.

Mediador(a): Dentro da avaliação assim vocês conseguem dizer o que vocês mais gostam e o que menos gostam no pró-jovem?

P-Eu gosto das amizades que eu tô fazendo, os professores também que eu fiz amizade só que através de (...) que a gente andô fazendo eu acabei me desentendendo com alguns coordenadores né?

P-(...) e uma parte que a gente ficou assim chateado é que uma professora nossa vai sair, né? por causa ela descobriu o foco ali e ela apontou o foco e os cara querem... derrubaram ela e já botaram outra professora né?

Mediador(a): Foco de quê?

P1-Assim dos podre do pró-jovem que ela começou a descobrir o lado podre e começou a falar pra nós e aí a gente começou a fazer tipo assim reunião e a gente não fazia aulas e a gente fazia reunião assim pra tentar descobrir porque que eles tavam fazendo aquilo ali.

Mediador(a): E vocês pessoal, como é a avaliação de vocês?

P- Tem muitas coisas que funcionam assim de uma maneira que achei que não iam funcionar porque as coisas do governo federal assim são desorganizadas. Mas lá até que o troço é organizado. O único problema é a digitação. Naquele núcleo lá a professora que dá qualificação profissional ela não decidiu ainda em qual arco ela vai dar as aulas mas a maioria já tá fazendo uma votação em administração.

Mediador(a): Vamos falar mais especificamente sobre as atividades dos núcleos assim... qual é a opinião de vocês sobre as atividades que vocês tem diariamente nos núcleos de cada um?

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P-O tempo de integração... podia ser aproveitado como tempo de aula (...) pode ter matéria muito pesada... tá certo tem plantão (...). Ou até o inglês mesmo...

P-Lá no nosso núcleo lá (...) oficina de papel ããã... oficinas de pintura...

P-Uma coisa que tá atrapalhando e tá prejudicando muito é a bolsa. Porque eu te digo uma coisa entendeu? tem alunos que tão desde dezembro estudando, desde primeiro de dezembro... eu recebi agora depois de três meses... vamos ar um exemplo: agora veja bem, a dificuldade na passagem pra se locomover – a gente trabalha entendeu? tem que para pra pensar (...) eu pego quatro ônibus (...) tem gente que mal entrou... controle de chamada, não era 75% de freqüência? Tem gente que não ficou um mês lá e recebeu duzentos. Vamos dar um exemplo. Vamos dizer que tem pessoas que entraram no dia 01/12/2005. Não receberam nada até agora e tem pessoas que tavam desde o dia 05/02 e já receberam. Aí tu vai dia quinze e não é dia quinze é dia 24. Aí tu vai dia vinte e quatro e é dia trinta. Não tem dia certo entendeu e aí fia difícil entendeu? o cara tá contando com uma coisa que não tem... vai, vem, será que vem? Entendeu? e daí fica difícil. Eu com certeza eu... do dinheiro não seria o caso mas acho que eles deveriam ter dado só a passagem... esse negócio do dinheiro é uma grande... entende? Tumulto, tá tumultuando. Não há a necessidade de dar cem reais, dá só a passagem pra eles, pelo menos é melhor eles receber as passagens do que ficar esperando as coisas que não vai vir...

Mediador(a): E em relação as atividades diárias de vocês, qual é a avaliação de vocês? Do que vocês gostas, ou do que não gostam?

P-Podia ter mais aulas.

P-É matéria.

P-O professor de matemática dá só quatro períodos véio!!!

P-Tá, tem o plantão, mas eu trabalho fora, e daí? Eu acho que tem como dar uma organizadinha né? não sei.

P-Por exemplo a integração; a integração são três períodos né? podia dar dois períodos só de integração e...

P-Podia dar uma ajudinha no que mais o aluno precisar entendeu... tem muitas coisas que eles fazem naquela integração que eu vou te dizer né? pelo amor de Deus, não há necessidade.

Mediador(a): Dá um exemplo disso?

P1- Bah! esses tempos eles tavam... vamos fazer um desenho sobre uma história (...) vamos criar uma história e vamos fazer um desenho... porque que (...) fazer um desenho? Depois eu vou lá na frente mostrar meu desenho pra eles (...)

P- (...)tem uma parada que é o seguinte meu que a nossa situação assim... o pró-jovem lá (...) tem pintura, eles fazem(...)

P-Nem tem prática ainda no nosso grupo.

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P-Informática também não chegou... só tem aula teórica... nunca vi tanta aula teórica.

P-Aqui por exemplo, aqui rola esse negócio de informática... só teórica?

P-Como assim?

P-Só teórica da informática? (...) colocar uma pessoa pra dar aula teórica da informática que não é qualificada...

P-As carteiras escolar é outra coisa também... há um mês né? que eles tão mandando espelho e...

P-Tu conseguiu?

P-A gente tem desconto de 50% na passagem mas a carteirinha não veio.

P-No final de semana vai chegar as nossas agora.

P-De Todos?

P-Todas.

P-E aqui tem quatro alunos de cada turma e deu... tem turmas aqui tem um só, que um só pode tirar a carteirinha e deu.

P-É que se beneficia um tem que beneficiar todos, né:

Mediador(a): E como é que foi definido isso de quem vai pegar a carteira escola?

P-Acho que é escolhido... (...) aí eu vou lá contigo né? e aí tu me chamou e...

Mediador(a): Mas quem escolheu?

P-A assistente social.

P-A assistente social vai lá e pega por exemplo dez quinze fichas e aí preenche ali e ela escolhe ali a dedo quem é que... quem é que...

P-No nosso foi lá preenchi a ficha, dei a foto e aí foi levar a documentação (...) tu espera que a UNESCO tá esperando os espelho. Aí disse: tá mas uma semana (...) e aí passa um mês...

P-Já tiveram que fazer abaixo assinado pra conseguir o histórico, né? o documento que a escola (...) pra fazer as carteiras...

P-...pode ser que sim, pode ser que... pode ser que eu teja errado mas eu acho que o problema eu acho é qualificação dos... dos organização, dos coordenadores.

P-Eu acho assim, não vamos só falar dos pontos negativos, tem muito pontos positivos, entendeu? mas...

(todos falam ao mesmo tempo)

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P-E em relação ao livro que vocês utilizam pessoal, qual a opinião de vocês cobre o livro?

P-Bah! mal escrito.

(todos falam juntos)

Mediador(a): A linguagem do livro pessoal, é acessível, vocês acham que ele é fraco demais, forte demais...?

P-Eu creio que é forte demais porque tem pessoas... tem pessoa com tudo que é dificuldade, tanto com bolsa, passagem, tantos com isso, tanto com outros, entendeu? aí tem uns que nunca viram a matéria e aí são obrigados a ver em um ano... e um mês pra próxima prova no caso fica difícil de acompanhar, entendeu? A mesma coisa, o cara troca o pneu mas o cara que não sabe trocar vai ser obrigado pra (...). Tem muitos que tão com notas baixíssimas entendeu? Não que... claro o interesse também é do aluno com certeza mas eu vejo um pouco de dificuldade em cima deles... até por causa desses inconvenientes aí sobre bolsa, passagem, carteira, tempo integrador porque aí fica mais fácil das coisas se organizarem, mas com tudo isso fica menos (...). É muita coisa...

Mediador(a): Tu dizes que tem muita matéria o livro?

P1-É tem muita matéria e... não em função da matéria e sim deslocando o que tá acontecendo entendeu? não consegue se concentrar em cima daquilo ali entendeu? pode ver...

P-Bom eu vou iniciar novamente dizendo que no núcleo que eu faço parte que é o (...) está emprestado, né? e o diretor não facilita nenhuma coisa pro pró-jovem. Realmente essa semana já diminui as nossas salas, nós estamos no máximo em três salas. Bom ele deu uma oportunidade pra que a gente pudesse usar os computadores mas os computadores de lá todos os alunos que fazem parte daquele colégio sabem a senha e nós não sabemos a senha. Então a professora que faz... que tenta pelo menos passar a informática pra nos – a professora não sabe nada, ela não entende nada de informática, então o pessoal... então piora a situação. Também a parte do livro, tem muita coisa que a professora não entende. Ela disse: “quem nem eu entendo isso aqui que eles tentaram dizer.” e então ela tenta explicar pra nós assim e a parte assim... tem muita coisa bem difícil de tá (...) pra nós mesmos. Tem uma parte aqui da... parte assim ó... parte dos núcleos né? do núcleo um, núcleo dois, núcleo três... então o pessoal lá é muito unido, né? aonde vai um vai todos. E aí teve umas atividades aqui que eles ããã... facilitaram que era um trabalho e que era pra todo mundo ir. Aí eles disseram assim: “Não. Só vai ir um.” E daí realmente a professora não se incentivou, né? e aí eu acho que o incentivo dela foi muito bom porque ela disse: “Olha, se vocês quiserem ir vocês vão mas não adianta ir um e a visão desse um não vai explicar pra todos ao chegar na sala, né?’ Porque era um trabalho sobre O DMLU ou coisa assim...

P-Do DEMAE...

P-Peraí deixa eu só finalizar. Daí então isso era pra ir todo mundo quando veio e disseram: “Não, só vai um de cada sala.” Então esse cara... esse rapaz que ia representado a sala tinha que dizer tudo que ele viu lá pra... pra outra turma. Acho que isso não ia adiantar nada então pra nós ninguém foi... ninguém quis ir então... ninguém se inscreveu né? e só um lá que

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infelizmente ele não entendeu a nossa... porque lá a gente somo bastante críticos assim nesta parte... (..) tem muita coisa complicada mas as professoras elas são muito legais assim sabe? elas incentivam bastante, apesar que o nosso núcleo lá é só mulher mas então as professoras são muito legal e o pessoal faz amizade bastante também, mas muitos acontecimentos em alguns núcleos como o do (...) lá, né? que tem várias partes ali... cultural que tá acontecendo lá né? que não tá acontecendo no nosso ããã...uma parte aqui que o pessoal (...) o Murialdo tem oportunidade de... tem uma parte de esporte de jogar futebol e nós não podemos jogar que...

P-Aqui ó, a gente não tá... jogar bola só na quarta-feira e na quarta-feira de tarde...

P1-então tem outros problema assim acontecendo e outros não, no sentido assim da própria parte do recibo assim que eu tô desde o começo entende? E não recebi até agora. Eu vou mesmo porque eu gosto... ainda mais com esse aumento de amizade com os colega pra mim dá vontade de chegar lá e cumprimentar todo mundo novamente né? porque é quase uma família novamente né? daquela parte ali então a parte do conhecimento também de um conhecer o outro isso fortalece muito também então tem algumas vantagens que o pessoal não tá entendendo assim... então um passa a ajudar o outro. Mas eu acho... achei uma sacanagem assim essa parte la´da PUC lá do futebol... poxa, como é... só no começo eles disseram que ia ter almoço. Chegamos lá tinha um monte de pão com folha lá de tomate lá e charrua... e o refri que não tinha nem gosto, tinha gosto de remédio. E o Secretário de não sei das quantas lá tava lá rindo, bem faceiro ainda e...

Mediador(a): Essa atividade que ele falou todos os núcleos tiveram? (..) ir, voltar e ter que multiplicar isso com os colegas.

P-Todos.

(todos falam ao mesmo tempo)

P-Tem uma coisa assim (...) toda essa turma no caso ou a turma toda... porque aí assim tu vai fazer e depois tu chega na sala e tem que explicar. Se tu não é uma pessoa que não tem noção... tem umas que no caso tem assim (...) e saber explicar...

P-É, ele não vai saber se expressar entendeu?

P-Rolou aquele negócio assim tipo na sala todo mundo fazer uma votação – Ah! o fulano... (...) que (...) um por turma. Ah! o fulano ali podia representar a gente bem, né? ele tem uma visão boa, né? mas já veio da coordenação.

P-Na minha sala também duas vezes chegaram duas vezes (todos falam juntos)

P-E aquele negócio da RBS pra chamar a RBS aqui pra gente manifestar tudo isso que tá acontecendo de errado. Daí seguinte, a RBS (...) todo mundo na sala estudando ninguém fico sabendo e só ficamo sabendo na hora que todo mundo saiu pro intervalo e: “Ah! a RBS taí.” Chamaram umas pessoas que sabiam que não iam ter nenhum argumento pra falar e foi uma palhaçada. Daí eu até perguntei pro cara lá: E aí, qual é problemática que vocês tão... que vocês tão... entrevistando? Eles disseram: “Ah! é o negócio dos computadores e aquilo...” mas na verdade não teve nada...

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Mediador(a): Pois é, aproveitando isso tudo que tu tá trazendo né? quer dizer o grupo todo está falando né? que tem algumas situações como a carteira escolar, participação em algumas atividade que existem uns escolhidos né? e que tem critérios que vocês não entendem muito. Como que vocês pensam que foi pra vocês participarem aqui do grupo? Vocês acham que se estabeleceu o mesmo procedimento... como que é isso?

P-Não... lá no Marcilio lá foi escolhido assim em cada sala. Disse: Olha, quem tá afim de participar...” que era essa atividade que tá havendo aí. “Quem gostaria?” Aí um lá da sala disse: “Eu” e outro disse “eu” e daí ela botou uma lista... tinha uma lista de vinte pessoas lá que gostaria de participar. Depois eles arrancaram o papelzinho lá e... (acabou lado A)

P-... me chamaram lá e me disseram: “ah! tu vai ir.”

P-Eu também.

(todos falam juntos)

P-... do Alcides Cunha e daí ela não veio entendeu. Os professores se juntaram e escolheram entre eu e ela e aí ela não veio.

Mediador(a): Bom pessoal então a gente gostaria assim que vocês respondessem uma pergunta de porque que vocês resolveram se matricular no pró-jovem?

P-Porque resolvemos se matricular no pró-jovem? Várias oportunidades pra acabar de uma vez mas não dá assim pra terminar...

P-Porque? Bom, eu me inscrevi no pró-jovem porque ele tem uma diferença de uma escola entende? Porque ele propôs um monte de atividade que na escola não teria entende? Como as parte das computação...

P-Muita proposta foi oferecida e pouca foi (...)

P1-É... e com essa idéia toda foi a parte toda que eu pensava né? tipo trabalho educativo e tal...

P- Ação comunitária...

P1-... ação comunitária. Fazer uma ação na comunidade isso já incentiva você já fazê a própria mudança na comunidade né? tem cara que não sabe fazer um trabalho social na comunidade, pra ele aquilo ali é uma bobagem aquilo ali mas pra quem como... já no pró-jovem já aprendendo é uma coisa diferente... pra saber entrar no orçamento participativo e saber participar... sabe que é uma ação né? então a parte dos computadores também foi bem atrativa assim né? e também o que... bem no começo assim que eles destacaram na propaganda né? deu pra ver o foco que eles destacaram na propaganda né? você entra no pró-jovem e ganha uma bolsa e mais... eles entraram mais na parte da bolsa e depois na parte do que você ia tar aprendendo... aí sim (...) a bolsa.

Mediador(a): Tá, e os demais?

P- Eu não sei o que é, mas eu acho que é...

Mediador(a); Tá pessoal, a pergunta é porque que vocês resolveram se matricular no pró-jovem? O colega trouxe que havia toda uma proposta que ele achou interessante, o outro ali respondeu que ããã... era uma oportunidade

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excelente né? ããa... o que mais assim, o que que levou os demais a se matricularem no pró-jovem?

P-Terminar o ensino né? o ensino fundamental. E a ajuda também foi mais um pouco também a bolsa, a bolsa (...) e isso aí, terminar o primeiro.

P-Eu o seguinte: terminar o primeiro grau, a bolsa, a aula de computação que eu fiz uma fez aula de computação que eu fiz uma vez só que eu não terminei e queria finalizar aquilo dali pra sair com uma noção boa né? e fazer amizade que foi uma coisa que eu fiz, que não mudou nada... que eu fiz amizade e tudo... é isso.

P-No caso o que me interessou foi (...) acabar o ensino fundamental e qualificação profissional. Eles disseram que ia ter.

P-Eu pelas propostas que fizeram e a informática também que disseram que ia ter e não tem, foi isto. Que eu acho que hoje qualquer serviço que tu for buscar eles pedem o curso de informática né? bastante (..) e é por isso mais que eu me inscrevi e isto não tem.

(...)

P-Também faltou assim uma parte de... da própria equipe ver como estão os outros pró-jovem...

P-Eu também acho (...) previsto visitação entendeu? Eles tem que ver como é que tá o andamento do programa. Que ele tá completamente desorganizado, ele tá na mão dos alunos e dos professores. E aí? O responsável é o aluno e o professor. Quando a gente tem algum problema a gente vai direto pro professor. Eu acho que tem que ter uma pessoa que (..) olha: essa pessoa (...) e aí (...) vê como tá os problemas, vê como tá o andamento.

Mediador(a):Vocês não identificam uma pessoa responsável pelo pró-jovem?

P-Não.

P-Eles não dão (...) pra nós.

(todos falam juntos)

P-E quando aparece alguém, por exemplo: “eu só tô dizendo o que me foi dito, eu só posso te passar o que me foi passado.”

Mediador(a): E quais são as dificuldades que vocês encontram pra freqüentar o núcleo?

P-Eu nenhuma.

P-Só na falta de segurança né? aqui o bairro (...) e não enxerga nada né?

P-É, o meu colégio também é a falta de iluminação, falta bastante.

P-Olha eu posso te dizer que é só a distância. Agora não tem como... e eu nem pretendo pedir transferência porque eu já me adaptei.

P- (...) é o seguinte, quando eu comecei aqui até o ... eu cheguei a guentar até um mês e meio, quase dois mês. Eu era considerado um dos melhores

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alunos desta aula e eles até me chamavam... diziam que eu era temido e aí depois começou o tempo a passar ali e o meu dinheiro saia e o computador não aparecia... eu vinha... eu vinha entrava na sala e não conseguia ficar de tão aborrecido que eu tava. Depois eu me tornei um mau elemento... (risos) mas é... (...) no pensamento deles.

(todos falam juntos)

Mediador(a): O que que vocês mais gostam das aulas e o que menos gosta das aulas?

P-Eu gosto da aula de inglês.

P- Matemática. (...)explicar direito. Ela não explica todo o caso que tá no livro. Se fosse pelo livro tu não ia entender nada.

(...)

P-(..) custa a entra na cabeça das pessoas... (..) aula de inglês e então ela fala muito rápido parece um... um gravador acelerado. E não gosta de repetir.

P-A nossa professora repete vinte vezes.

Mediador(a): E vocês o que mais gostam e o que menos gostam?

P-O que eu mais gosto é ciências naturais e o que eu menos gosto é que eles deveriam passar mais matérias assim..

Mediador(a): Como assim mais matérias?

P-Que eles passam pouca coisa... (...) interessante (...)

Mediador(a): Tu acha que o conteúdo é muito fácil?

P-Eu não tenho muita reclamação pra fazer de professores, de matéria esse tipo de coisa... acho que tá muito bom.

Mediador(a): O do que tu mais gosta?

P-Do que que eu mais gosto? Ação social e como é aquele negócio do trabalho?

P-Qualificação profissional.

Mediador(a); E vocês tem qualificação profissional?

P-É mas no caso não explica nada é só um...

P-Os direitos que nós temos.

P1-... é os direitos de ter carteira assinada...(...)

Mediador(a): alguém falou que vocês aprendem como participar do orçamento participativo?

P-Falou da ação social...

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P-Tudo que tem a ver com a comunidade, das conversas que tem com eles, dos trabalhos...

(...)

Mediador(a): E isso tem tido resultado na vida de vocês?

P-Na minha tem.

(todos falam)

Mediador(a): Quais assim exatamente pra gente poder saber? O que vocês associam como resultado a partir disso né? dessa vivência na sala, dos direitos...

P-A gente tá vendo de outro ângulo né? imaginava daquela forma mas era completamente diferente. Coisa que... uma coisa não ligava a outra então eu passei a (...) pra mim não tinha sentido e aí eu passei a ouvir, comentar (...)

P- (...) inglês... inglês não... eu gosto da matéria mas só que do jeito que tá sendo colocado eu não gosto. Por exemplo, matemática eu (...) toda a matéria e pra gente fica fácil se adaptar né? mas inglês por exemplo quando (...) professores e a diretoria ali, a prova vem lá do outro lado né? então eles passam uma matéria, eles passam um trabalho pra ti e a prova vem totalmente diferente.

P-Não é de acordo com o livro..

P1-É e muitas vezes...

P-Eu acho que eles fazem a prova lá e não lêem o livro.

P1-É...

P-Eu acho que tá acontecendo isso. Tudo que é professor lá já disse. Não em geral toda a matéria entendeu? mas alguma coisa entendeu? é passado mas não é de acordo com o livro, é diferente do que tá no livro. Se eles lessem o livro e fizessem a prova em cima do livro eu acho que seria mais fácil.

P-Eu não tive problemas graças a deus em nenhum aprova.

P-Eu acho também que é uma brincadeira né? os professores tão aí ó todos ... todos os... as noites com a gente ali estudando a matéria e tão sabendo... eles sabem qual é aprova e o que tem que passar pra gente. Não é os cara lá do outro lado do...

Mediador(a): Vocês têm esta mesma sensação assim que tão aprendendo o livro e que a prova vem descontextualizada com o que vocês tão vendo?

P-Eu não vou dizer também 100% mas uma boa parte né?

Mediador(a): E existem matérias em que vocês percebem mais isso?

P-Inglês...

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(todos falam juntos0

P-Mas não é culpa do professor né?

P-É deles lá que tão dando a prova com outros (...) que não tem nada a ver com o caso...

P-A nossa a primeira prova foi assim e depois a professora fez reclamações né? e agora a segunda veio... as questões que ela passou pra nós nos deram na segunda prova?

Mediador(a): Isso em inglês também?

P1-Isto. A primeira, agora não. Agora veio normal.

P-Acho que se fizer assim ó, pegar de acordo com... o livro tá... eu acho o livro meio bagunçado e o livro deveria ser um pouquinho mas organizado, a mínima coisa. Eu li por exemplo em ciências humanas, tu tem que ler trezentas vezes o texto pra poder responder... que as perguntas elas... chegam a ater, só em Português, pode ter até duas três respostas certas, não é uma só. Eu não sei se tu já ouviu falar? Eu te faço uma pergunta, coloco quatro questões sendo que uma delas só é a certa, mas as outras três também pode ser. Mas seu botar ela dá errado. Isso aconteceu ontem na aula. Ele tá desorganizado esse livro entendeu? Pode ser as três mas só uma está certa.

P-Tem uma aqui ó...

P-Ou o que viu até tem no livro, mas a gente não estudou como o simple presente. Eu nem tinha estudado e questão já vinha...

P1- ...aqui ó... na expressão “as pessoas hoje querem coisas intangíveis” pode se compreender que as pessoa hoje querem resultados; e aí vem as quatro: concretos, visíveis, mensuráveis ou abstratos? Tu acredita que a resposta é abstratos. Vou ler de novo aqui pra ti. “Na expressão... P-Como é que é... pera aí... eu estudei isso aí ontem e a professora me deu outra resposta. Ela me disse que era visíveis.

P1-... não é visíveis, tá errado. Eu até nem lembro direito como que ela explicou mas eu vou te dizer ó, na expressão: “as pessoas hoje querem coisas intangíveis”, pode-se entender que a pessoa quer hoje quer resultados concretos, visíveis, mensuráveis ou abstratos? E a resposta... mas agora se tu para pra ver né? tem alguma coisa que confunde em cima da pergunta. E não é só em português até em outras matérias... então né? por exemplo aqui ó ããã... aqui nas ciências humanas. Eu começo na página quatro pra ler as perguntas... aí... logo poder isso também que tem problema... pode ser isso também não tem problema. Ah! Ramires pode botar isso também, não precisa ir de acordo com o texto entendeu? mas e na prova será que vai ser possível com de acordo com a minha resposta (...) será que vai ser aceitável, né? com certeza né? (...) o livro tá um pouquinho desatualizado. Eu acho que quem fez... quem tá fazendo as prova não tá lendo o livro. Até pode tá trabalhando mas a mínima coisa. (...)

Mediador(a): E o que que vocês acham?

P-Eu acho que é isso aí mesmo. (...)

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(todos falam juntos)

P-Dos conteúdos, é isso que eles tão falando? Pra nós o que nós estamos estudando eles deram.

Mediador(a): O colega aqui acho que ele tá trazendo uma situação um pouco diferente.

P-Pra nós é normal, o que eles deram no livro e outros conteúdos caiu na prova.

P-Todos os conteúdos que foram passados pra vocês caiu de acordo com a prova? Mas as provas saíram de acordo com o livro?

P1-De acordo...

P1-Mas as provas são todas iguais.

P!-Mas a nossa foi de acordo.

P1-E os livros então não são todos iguais?

(todos falam juntos)

P-Todas as provas que vem de Brasília lá, que vem de Santa Maria são distribuídas em todos os...

Mediador(a): mas eu acho que o que ele traz coloca outro ponto de vista que vocês não tão conseguindo...

(todos falam juntos)

Mediador(a): Pessoal uma questão assim ó, vocês observam na prova é que a prova não condiz com o livro ou a prova não condiz com o desenvolvimento que o professor fez a partir do livro?

P-Olha, eu acho que pode ser das duas formas também...

Mediador(a): Mas eu acho que aí o que ele traz coloca a questão de forma um pouco diferente. Talvez a gente tenha que pensar nisso assim. Vocês tão com º. O conteúdo que cai na prova foi desenvolvido pelo professor?P- Não. Não foi desenvolvido pelo professor. Mas aí tem uma pequena diferença, tu nota uma pequena diferença.

Mediador(a): Sim esta diferença pode ta pontuada pelo desenvolvimento do conteúdo né? que pode tá no livro e não foi desenvolvido e essa prova vai chegar pronta e vai tar contemplando o conteúdo que vocês não viram...

P-(...) outra mateira, a matéria de outro livro e não de acordo com o pró-jovem. Ah! pode cair isso aqui e aí?

Mediador(a): Ah! o professor não segue o livro também?

P1-... não, ele segue o livro mas de vez em quando ele bota uma explicação que o livro não consegue explicar direito e aí ele bota uma explicação dele em cima (...)

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Mediador(a): E aí quando a prova chega, chega como tá no livro?

P1-... é um outro modo de ensinar entendeu? então vamos dizer leu o livro e não entendeu então peraí que eu vou te ensinar de outra forma entendeu? (...) o meu modo de repente pode ser mais fácil de entender e de chagar a um resultado do que o teu.

Mediador(a): Só que aí a prova chega como tá no livro? Mais alguém aqui compartilha da percepção do colega que ele disse que até agora as provas que ele fez estão de acordo com o conteúdo do livro?

(todos falam juntos)

P-... eu cheguei né? (...) negativo.

Mediador(a): E vocês, pelo que eu tô entendendo, atribuem isso a um problema do livro e não ao desenvolvimento da aula?

P-Eu acho que do livro.

(todos falam livro)

P-... mas alguns reclama que... se o livro foi

(todos falam juntos)

P-Perguntas que não tem nada a ver.

Mediador(a): Então o colega ali tá trazendo alguns problemas do livro, né? como português, que existem problemas de português.. erros de português

(discutem a resposta da questão anteriormente referida)

Mediador(a): quais são os outros problemas que vocês identificam no livro? Já foram identificados alguns aqui, né?

P-Se eu começar a ler eu...

P-Um dos problema é... como eu faço parte do Rap né? botaram o ... música de outros Rapr’s né? que as professoras não sabem nem explicar... a mulher não sabe nem o que é HipHop só de começo ela não sabe nem o que é HipHop, depois começa a falar da letra de um cara lá que em momento algum faz parte do movimento HipHop... daí então é... aí já vem (...) então... bah! quebra a banca né? E também tem aquela parte do... aquela parte assim da... é, vou voltar pros computadores né? que botaram essa moça aí e a mulé não sabe nada de computação e como é que ela vai ensinar pra uma pessoa?

P-...tipo assim ó, tá sendo paga pra (todos falam juntos)

Mediador(a): Vamos falar um de cada vez porque senão..

P-Não, os computadores tem lá só que nos computadores de lá é do... como nós tamo com o colégio emprestado, o pessoal da escola tem acesso a senha pra entrar nos computador. Então tudo que eles entrarem até em janelinha que eles entrá tem que te o nome deles e nós não somos do colégio então... não tem como, nós só vamos ali pra ver os computadores...

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P-Só pra ver a tela...

P-Só pra visitar... no primeiro dia foi assim só visitar... se emocionamos no primeiro dia...

P-E tem Internet?

P-Tem Internet. O problema é tu conseguir acessar se tu não é do local.

P-Daí só no primeiro dia...

P1-Computação. Daí no primeiro dia ninguém sabia a senha pra entrar no computador.

P-Esses daí é do colégio?

P1-É do colégio.

Mediador(a): Todos tem essa mesma situação com o computador?

(todos falam ao mesmo tempo)

Mediador(a): mas vocês tem a aula de informática?

P-Eu já fiz curso de informática, né? aí eu tava passando assim pra eles porque a professora não entende nada também... só se ela mexe me casa né? faz um trabalhinho, acessa a Internet...

Mediador(a): Tá, só um pouquinho, mas alguém aqui disse que tinha aula, que era uma aula teórica. Vocês tem?

(todos falam juntos)

P-... o teclado é isso e aí vai chegar lá depois e vai ser tudo diferente e aí não adianta.

Mediador(a): E aí nesse horário vocês tão com outra matéria?

P-Integração.

Mediador(a): Quantas vezes vocês tem integração?

P-Três.

P-Eu tenho três vezes por semana – tenho de terça a quinta.

Mediador(a): E o que que vocês acham da integração?

P-Eu acho que tem que cortar né?

P-... dois períodos de integração e mais um de matéria com aula...

P-Pra revisar tudo...

P-É, revisar é, fazer revisões...

Mediador(a): Só um pouquinho que ele tava...

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P- (...) meia horinha de um plantão não vai adiantar pra revisar tudo... (...)

Mediador(a): E contigo é assim também, são três períodos de integração?

P-São três períodos de integração por semana. Um dia (...)

Mediador(a): E oque que tu achas?

P-É pra mim tinha que trocar colocar botar uma matéria mais que a gente precise pra ficar mais (...) enjoa todo dia da cara do professor na aula...

P-mandou bem, mandou bem...

(todos falam juntos)

P-Lá onde que eu estudo piorou a situação. Como diminuíram as salas e deixaram só três disponível e o núcleo lá tem até cinco o núcleo lá, dai todos os dias mesmo as duas professoras... as duas professoras na mesma sala...

Mediador(a): Tem duas professoras dando aulas diferentes pra grupos diferentes dentro da mesma sala?

P1-...e as duas turmas são diferentes. E aí (...) acompanhar inglês com outra turma que nós tamo junto.

Mediador(a): mais alguém tem essa situação que ele refere?

P-Não. Lá a escola tá muito boa e até tem lugar sobrando até. Nós temos sala, temos banheiro, é muito bom lá entendeu? Não tem (...) sala separada, as salas são ótimas entendeu? na minha turma tem oito alunos entendeu? e tem um monte de gente que nem... eles passam ali tanta dificuldade... eles tão tudo empilhado lá. Lá não... temo pátio e o nosso intervalo é só nosso, tem a cancha lá, tem quadra de basquete.

Mediador(a); Os intervalos são separados?

P1-Os intervalos são separados do...

Mediador(a): O recreio de vocês é sozinho?

P1-.. temos sala de áudio e vídeo... só que eu acho que poderia mandar umas pessoa pra lá que tem pouca gente lá e (...) solução também...

P-Não mas mesmo com os dois núcleo tu sabe quantos alunos tem na sala? Sete.

(todos falam juntos)

Mediador(a): mais algum núcleo tem essa situação sim de recreio separado?

P-Não.

Mediador(a): E mais algum de vocês além dele tem essa questão de compartilhar sala com grupos diferente e com professoras de matérias distintas dentro da sala.

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P-No caso eu acho que tem duas salas (...) que podia botá também?

Mediador(a): E tu ia dizer que sim, a tua situação é essa também?

P-De vez em quando sim. Tem semanas que tá certinho e tem semanas que entra duas três turmas pra dentro da sala (...) que tem professor que as vez falha a aula mas na outra semana repões a aula que faltou na semana (...) sobre o que nós estudamos.

P-Ah! lá nos cedemos lá no recreio lá... tava sobrando mesmo.

Mediador(a): Então vocês tão trazendo assim alguns problemas de instalações pelo que eu tô entendendo?

(todos falam juntos)

Mediador(a): Pessoal e a questão da janta e do lanche assim, como que funciona essa rotina com vocês?

(todos falam juntos) – (acaba a fita)

... assistir a aula que agora ás vez vem pizza, as vez vem bolo...(todos falam juntos)

Mediador(a): Bom, a próxima questão pra gente poder conversar é o que vocês estão vivenciando no pró-jovem correspondeu com as suas expectativas iniciais?

P-Não.

(todos falam juntos)

Mediador(a)A pergunta é se o que vocês estão vivenciando no pró-jovem correspondeu com suas expectativas inicias?

P-Alguma coisa sim... alguma coisa.

P- Eu acho que (...) fizeram uma baita duma propaganda pra nada...

(todos falam juntos)

Mediador(a): Pessoal... fica ruim pra escutar né?

P-Como que é a propaganda que faz na televisão? Não faz aí, faz como é que aparece lá... faz aí faz aí fala o que aparece ali

P- Não é que passa um jovem caminhando quando ele tenta telefona e aí quando vê ele fica indeciso e quando vê o pessoal: “liga, liga, liga...”

P-E aparece ele no computador... serviço... vai (...) no serviço e... é a bolsa, a passagem...

(fazem uma piada e todos riem)

Mediador(a): E pra ti como que é isso em relação ao que tá acontecendo hoje no pró-jovem e as tuas expectativas iniciais?

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P- Não tem nada né porque tá faltando o principal né? que é os cursos e a aula de computação.

P-Tá tudo ótimo... eu vou todos os dias... eu to gostando.

Mediador(a): E em relação às tuas expectativas inicias, tá correspondendo?

P-Tá correspondendo em algumas coisas.

Mediador(a): Quais seriam os motivos que levariam alguém a abandonar o pró-jovem?

P-Eu não abandono mais.

(falam juntos)

Mediador(a): ò pessoal, ele tá colocando os motivos. Quais são os motivos que levariam alguém a abandonar?

P-Dois já abandonaram lá no grupo por falta de transferência.

Mediador(a): Falta de???

P1-...de transferência. Se tivesse transferido (...), não consegue, não pode...

P-Aqui bah! tá virado numa ponte e tu entra na ponte e fiiiiuuu! transferido direto. Aqui é certo.

Mediador(a): Mas ele colocou que uma das questões é a transferência né? O que levaria um jovem a abandonar o pró-jovem?

P-A falta de não ter como vir da onde mora pra cá dependendo da distância onde mora... não tem passagem pra vir (...) que daí quem não trabalha pode se manter com as passagem pra vir.

P-Eu não posso... eu pra dizer pra abandonar o pró-jovem hoje eu não teria como porque ééé... eu saí do colégio onde eu tava né? e não pode andar em dois lugares porque ali realmente é um estudo né? tu tá aprendendo (..) e agora como eu conheci (...) creio que não... eu não tenho filho... claro que se eu tivesse....

Mediador(a): Não não... a pergunta é assim ó, o que levaria o pessoal a abandonar o pró-jovem?

P-Falta da bolsa.

P-Ah! uns preguiçoso que quando pegam o cachê vão embora.

Mediador(a):Então tu conheceu alguém que foi embora por causa da bolsa?

P1-Sim, não veio o cachê, foi embora.

P-(...) só se tivesse uma violência física assim contra o aluno aí sim eu abandonaria?

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Mediador(a); Conheces alguém que abandonou?

P1-Conheço.

Mediador(a): e tu sabe o que levou ele a abandonar?

P1-Esse auxílio.

Mediador(a): O auxílio...

P1- É mas agora voltaram a receber e aí voltaram pro colégio de novo.

Mediador(a): O que levaria alguém a abandonar o pró-jovem?

P-(...) a distância né? mas no meu caso não porque eu moro aqui perto. Não tem... trabalho talvez, dependendo do horário. Só.

P-A falta de segurança aqui da... por causa de assalto... foi um, dois, três que abandonaram por falta de segurança, foram assaltados ali na saída da aula.

P-Eu já não sofro com este problema, eu moro na frente do núcleo é só atravessar a rua e eu tô no núcleo

P-Muitos... levaria a abandonar – e exemplo deles foi muito bom - bolsa, transferência, trabalho porque se continuar atrasando do jeito que ela tá atrasando e não tem dia certo pra receber, eu por exemplo eu trabalho... eu.. eu tiro Norton, instalo Norton – antivírus- faço instalação de hub, eu trabalho com informática em casa entendeu? aí eu tive que dobrar... eu fiquei três meses sem receber a minha bolsa, e eu não desisti mesmo assim, teve colegas meus que desistiram... eu tive que dobrar o meu horário de trabalho pra eu poder estudar e ter passagem pra ir. Eu gastava... na época era duas passagem, agora eu gasto quatro. Se a bolsa tiver atrasando eu vou ter que deixar de vir a aula pra poder trabalhar pra eu te passagem pra eu podê estudá. Isso daí acontece. Outra coisa, 75% de falta, sendo que podemos ter duas faltas por mês né? correto? senão a bolsa não virá, não recebemos. Eu acho que tu... tá que nem atestado... mas uns não conseguem entendeu? chegar no tempo suficiente pra levar atestado ou acontece alguma coisa entendeu? eu acho que tem alguma tolerância pra isso aí porque senão sem receber a bolsa o aluno não vai concluir... (..) facilita o acesso com certeza , mas eu tive que trabalhar três meses pra poder ir – de dezembro, janeiro e fevereiro, que eu não recebi um centavo. Eu consegui recuperar. Pequei os trezentos inteiro, faltei eu acho que umas duas três aulas mas eu vim, paguei do meu bolso. Então eu fui reembolsado mas não cobriu nem a metade do que eu gastei porque eu gastei bem mais de passagem. Tava trabalhando em Gravataí e tinha que pagar passagem de Gravataí pra cá pra poder... pegar o meu serviço lá por exemplo, uma ligação: Ah! tem um serviço lá em Gravataí...” pra poder ir a aula.

Mediador(a): Tu estás recebendo?

P1-Já recebi já.... já recebi.

Mediador(a): Alguém aqui não recebeu ainda?

P-Eu não recebi. Os meus dados tão tudo certo mas eu não recebi ainda.

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P-Nem eu.

P-Não, e tem outras escolas também que muitos não receberam.

P-Eu recebi terça-feira, mas também liguei pro 0800 (...) na PUC ali o Cassio tava lá e eu chamei ele e falei que tava com pressa... ô Cassio tu poderia ter um minuto de conversa contigo? “Poderia.” Mas eu gostaria que tu conversasse comigo ali na frente dos meus colegas que também tem problema. Ele foi perguntado (..) e ele falou como um político... deu só... como é que eu posso dizer?

Mediador(a): Então, comparando com a escola comum como vocês avaliam a experiência no pró-jovem?

P-Olha... tu diz aí no caso se fosse colocar uma escola comum e o pró-jovem assim...

Mediador(a): Como que vocês avaliam o pró-jovem comparando com um escola comum?

P-Ah!!! não tem comparação... tu não pode fazer essa comparação aí porque o pró-jovem eles misturam quarta série, quinta série, sexta série, sétima série e oitava série... e se tu for ver numa escola tu vai fazer uma por vez.

(todos falam)

Mediador(a): Os dois ali trouxeram uma questão interessante né? tu disseste que... é a questão da qualificação...

P-Qualificação profissional.

P-E os dois diplomas.

P-Os dois diplomas né? do ensino fundamental e da qualificação profissional. O ensino fundamental a gente consegue em qualquer escola estudando de ano em ano, e a qualificação? Então a gente vai ganhar dois diplomas e a qualificação.

P-E currículo porque os livro estão aumentando. Na primeira unidade era mais ou menos assim e na segunda unidade já... claro que vai complicar mais, claro que vai... realmente os livros vão aumentar e vai complicar entendeu?

Mediador(a): Então comparando com a escola comum como é que (...)?

P-Facilita (...) bem mais rápido. Por exemplo até... pra quem tá na quarta série e em um ano terminar todo o ensino fundamental isso aí é (...) até porque eu sei... por um lado, no meu ponto de vista é.. vai ir pro ensino médio fraco.

P-Fraco se tu quiser.

P1-...vai ir fraco porque tu não conseguir aprender tudo.

P1-Vai com um belo dum conhecimento....

(todos falam juntos)

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P-...eu, a professora e mais uma aluna agente tá (...) que em gente ali que não sabe.

P-Os integradores podia né? trabalhar mais em cima disso, não acha?

Mediador(a): E o que que vocês acham sobre aquilo que ele falou?

P-É isso aí que eu falei antes. Mais aulas do que integração. Integração a gente fica parado na sala de aula ou então faz aquele lance de teatrinho e não seio o que mais...

P-Eu me recusei a fazer isso.

P-Teatro (...) tá ligado, que a gene tava fazendo (...)

Mediador(a): O que vocês estão trazendo é usar o espaço da integração pra questão de nivelamento?

P-Não todo ele mas uma boa parte né? que aquilo tem que existir... tem que existir...

P-... não três vezes por semana. Tu imagina três vezes... três períodos no caso só de integração ficá só vendo essa programação de desfile e de teatro... (...)

P-Eu acharia bom se fosse do mesmo jeito que é na escola que ele freqüenta aqui. Nas integração eles aprendem... eles fazem pintura, fazem isso isso e aquilo. Acho que seria bem melhor.

P-Mas não os três períodos né? três períodos de integração, pra que? dois eu acho que tá bom.

P- (...)

P-São três integradores e um plantão por semana assim.

P-Tá e como é que vocês fazem assim?

P1-A gente faz uma caixinha de voto. A gente... cada... lá tem uma caixinha e a gente reúne todas os alunos e tem um líder dos alunos que conversa o que que é melhor e aí a gente coloca lá na caixinha...

Mediador(a): Mas pra mim (...) e não adianta porque é o que foi passado pra eles e o tempo integrador tem que existir de acordo com o que é passado pra eles.

(todos falam juntos)

P-Lá eles já disseram: “olha a gente não pode mudar” e tem que existir o tempo integrador que é o que nós recebemos pra passar pra vocês. Eu questionei já uma vez sobre isso. Mas não adianta, vai ser assim. Eles querem assim e vai ser passado assim. Eu tentei sugerir como eles fez (..) esse negócio aí entendeu? mas eles disseram que não existe... querendo ou não é pra fazer isso e eles vão fazer isso.

(todos falam juntos)

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Mediador(a): Bom, o que vocês esperam então da participação no pró-jovem?

P-Qualificação profissional, terminar o ensino fundamental, computação... e isso daí né? manter a amizade com o pessoal.

P-O cachê também (risos)

Mediador(a): E vocês aqui o que que vocês esperam do pró-jovem, da participação de vocês?

P-O que foi prometido na propaganda.

Mediador(a): Vocês esperam que as promessas iniciais sejam cumprida é isso?

P-Um desempenho melhor né? e a ter mais conhecimento assim (...)

P-Ah! eu espero que daqui pra frente pelo menos as coisas sejam mais organizadas e que não haja tanta desorganização e que haja mais ação entendeu? tá só se pondo... todo dia se põe o problema e não se resolve nenhum, não tem solução entendeu? daqui pra frente (...) até julho eu passei isso daí que não vai ser da noite pro dia que vai se resolver que vai passar de mão em mão essa fita, o que ta sendo posto aqui vai ser analisado (...) vão se organizar e vão tentar achar a solução só que isso tem que ser rápido porque daqui a pouco é novembro e o nosso prazo é vinte e cinco de novembro pra se forma e aí vai continuar essa baderna (...) não é que eu tô cobrando uma coisa que eu quero que seja cobrada, eu tô cobrando uma coisa que eu tenho direito, né? eu tô procurando os meus direitos (...)

Mediador(a): Então a pergunta agora é quais são os planos pra vida de vocês no futuro? P-Faculdade pra mim. Faculdade. Até a pessoa me deu uma idéia de eu terminar o segundo grau rápido e aí eu disse: Não. vou fazer de ano em ano senão daí vou patinar, né?

Mediador(a): Tu pretendes fazer o segundo grau regular pra depois ingressar numa faculdade. O que que tu queres na faculdade? Qual é o curso que tu...

P-Astronomia

P-O meu objetivo é acabar o meu estudo de uma vez e tocar a vida.

Mediador(a): e qual é o teu?

P-O mesmo. Terminar os estudo e arrumar um serviço.

P-O meu é acabar os estudo e fazer um curso.

Mediador(a): Tu tem idéia do curso que tu quer fazer?

P-Enfermagem.

P-Ah! eu minha missão é terminar o primeiro grau aí e com isso me aperfeiçoar um pouco mais que eu... como eu sou educador popular, faço ações solidárias na comunidade então me aperfeiçoar mais para que (...)

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Mediador(a): Tu trabalha com oficina de HipHop é isso?P1-Não só de HipHop mas como de basquete e outras coisas mais.

Mediador(a): E pra ti assim, quais são os teus planos?

P-Ah! terminar os meus estudo, fazer uma faculdade e fazer o curso de construção civil.

Mediador(a): E é aqui no pró-jovem isso?

P1-Isso.

Mediador(a): E tem construção civil no arco?

P-Revestimento.

Mediador(a): revestimento....

P-Terminar o curso e (...) que é terminar o segundo grau, quero fazer técnico de enfermagem.

Mediador(a): E o segundo grau tu ta pensando em fazer regular ou em algum outro programa assim?

P1-Não, em ou outro programa.

Mediador(a):É o EJA né?

P1-Isto.

Mediador(a): O EJA faz e quanto tempo?

P-Acho que normal, em um ano. Tem uns que faz em seis meses.

Mediador(a): E pra ti assim quais são os teus planos o que tu pensa pra mais adiante?

P-Acabar o estudo aqui, fazer o supletivo do segundo grau e arranjar um emprego.

P-Como o mercado de trabalho está se fechando mais e mais pra quem não tem o ensino fundamental completo, eu quero em primeiro lugar terminar o ensino fundamental e depois ingressar no ensino médio e tentar finalizar o mais rápido possível e conseguir... e tentar conseguir um bom emprego pra eu tentar que qualificar em alguma coisa, pra mim pegar um emprego bom mesmo pra que eu possa ajudar a minha família.

Mediador(a): E os segundo grau tu tá pensando em fazer em escola regular ou...

P-Como assim?Mediador(a): ... ou o programa como o EJA assim que em um ano tu faz o segundo grau.P-Talvez quem sabe futuramente eu pense em fazer uma faculdade porque pra mim que sou pobre se eu não conseguir neste negócio do governo aí eu não posso nem sonhar com isso.

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P-Concluir meus estudos e fazer administração hospitalar. Eu já trabalho em informática mesmo em casa, e o meu salário já tá garantido graças a Deus.

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Grupo Focal com meninos da Zona Norte

Mediador(a): Eu gostaria que vocês começassem se apresentando e dando uma nota de 0 à 10 para o Pró-jovem.

A-Meu nome é José e tenho 21 anos, né? e a nota pro pró-jovem que eu dô, eu dô a nota 7 porque eu acho que no começo faltou ventilador, faltou... o que tinha sido prometido no programas de rádio e na televisão. O negócio das passagens também que é difícil de conseguir as passagens. Os cem reais assim para certa... era pra ajudar pra alguma compra, uma coisa assim, tá sendo usado mais pras passagens, então por isso que dô essa nota 7. Mas eu acho que vai melhorar...

B-Meu nome Júlio, eu tenho 25 anos. A nota que eu dô pró-jovem é 6, até por causa dessa função também aí de computadores que tem ou não, não chegam nunca (...) o negócio e tu nunca sabe o que aconteceu se realmente... às vezes acontece algumas... ah! vai acontecer isso agora essa semana... uma certa desorganização assim... isso acaba dando até um desânimo assim nos alunos (...)

Mediador(a): Vou pedir pra vocês falarem um pouco mais alto pra gente não ter um comprometimento na gravação, tá?

C-Meu nome é Rogério sou do bairro Humaitá, sou do núcleo (...) e a minha nota é 6 também. Faço das deles as minhas palavras, sobre alguns aspectos e digo que existem certos tempos em relação a períodos que tem separados... diferentes agora em termos de aprendizagem na escola e... essa integração, no caso da minha escola pelo menos, acontece muita bagunça, né? e pessoas com muita falta de respeito... são pessoas... são professores que vão pra lá se dedicar, são pessoas que trabalham em alguma coisa pra se sustentar, né? e eu acho que tem que existir um pouco mais de respeito.

D-Meu nome é Roselei, tenho 22 anos. A nota que eu dô pro pró-jovem é 5 pelo.. bah! por vários negócio tipo o computador que é só promessa – pelo menos aqui não tem, né? aqui não tem nada – pelo “rango” também bah! o rango assim é pesteado e... só né? é isso daí, né? é mais o computador mesmo que tá faltando, né?

E-Meu nome é Tiago, minha nota é 6 também, né? (...) computadores e a nossa sala tem um quadro que bah! a gente tenta ler o quadro e não consegue ler o quadro. É muito fraco o giz e... pô desde o começo... tanto que na primeira semana de aula a gente ficou a primeira semana todinha sem quadro (...) aí veio o quadro e veio um quadro ainda... horrível, né? e o problemas dos computadores e os cursos também, né? que prometeram... pô vão fazer... são seis meses, quase sete que a gente tá aqui e agente aprendeu o quê? uns cinco meses (...) e mais as passagens também que a carteirinha que tão faltando.

Mediador(a): Que nota tu deu?

E- Oi?

Mediador(a): Que nota tu deu?

E- Seis.

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F-Meu nome é Anderson e dô a nota 6 pela falta de organização e pelo... pela falta de interesse do pessoal em agilizar as coisas para os alunos do pró-jovem.

Mediador(a): O pessoal que organiza...

F- É.

Mediador(a): Os professores tu diz, ou não?

F-Não não. Os professores não, os organizadores.

Mediador(a) Eu queria que vocês falassem um pouco a partir da experiência de vocês de maneira geral como vocês avaliariam o pró-jovem?

A-Na minha experiência geral assim eu acho que... o que eu posso avaliar? Uma experiência como um tipo de colégio por exemplo?

Mediador(a): Coisas que vocês gostam ou que vocês não gostam.

A-Tipo de colégio eu acho bem mais... é muito “floxo” eu acho... como que eu posso te dizer... tem colégios que eu estudei assim... por exemplo assim. Até eu já cheguei atrasado e eu já seria um dos punidos se acontecesse isso. Tipo eu já estudei em colégios que eu estudei, por exemplo, da hora. Se tu começa dez pra uma pro exemplo... pra te dar um horário... se não entrou naquela horário tão fechando o portão e tu só entre depois no segundo período de repente ou, né? ou vai lá falar com o Diretor ou o guardinha vai lá e fala. Então tem vários tipos de horário assim e aqui não... às vezes nem no horário determinado o pessoal já não... já entra assim e dá um desculpa... não dá nada!!! E assim... até (...) ajudar se a pessoa (...), né? até eu já cheguei atrasado várias vezes já, mas acho que é isso aí... não tem por exemplo: agora tu vai fazer uma coisa errada e não vai ter punição nenhuma, por exemplo. Não ache que deixe... ter uma punição drástica por exemplo quando a pessoa faz uma coisa errada. Assim tipo dá uma conversada: O meu dá uma maneirada assim, ou, ô fulano e aí, né? vamô tentá melhorar como ele falou ali, né? a falta de respeito dos alunos, né? mas assim estudar por exemplo e tem um cara ali que não fica quieto por exemplo. (...) uma falaçada ali e como é que tu vai aprender um negócio assim? Tem gente que tá interessada em estudar e tem gente que pensa só nos cem reais, né? agora tem gente que cem reais ajuda... pra mim cem reais é importante claro, mas eu quero estudar também, quero completar esse... esse... a oitava série aí que é o que me falta.

B-Ah, eu no meu caso eu achei o pró-jovem uma idéia legal só porém, né? esses aí tem certos atrasos que não tá... não era pra ter acontecido no caso. Era pra tê se agilizado e aí quanto mais o negócio for agilizado mais apresentável pro pessoal, né? pra seguir, né? a aula... todo mundo... tem um monte de gente na minha sala que: “Ah, isso aí não vai pra frente, vamô embora”, e aí largam Aí chega nas festa e aí todo mundo... depois que acaba as festas todo mundo volta, que nem agora... tá cheio a minha sala lá. É um projeto que eu acho bom mas só que tá faltando organização.

Mediador(a): Que festas são essas?

B-Carnaval assim essas festa que acontece aí, né? o pessoal não vêem e... e aí depois que acaba as festas eles voltam.

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Mediador(a) Voltam para sala de aula?

B-É.

Mediador(a): E antes não vinham?

B-Não, não vinham.

E-Acho que muita gente também desiste por causa desse negócio que é só promessa, promessa e nada, né?

B- Ah, uma diferença legal... o curso é até legal fazer esse curso aí, né? mas foi muito a “bangu” tipo... bah! foi feito muito lôco esse negócio aí, feito a “bangu”.

F-Devia ser bem trabalhado esse projeto porque o projeto até é bom, né? A-Não é bom... pelo que foi lançado o projeto é um projeto bom. Até acho que no próximo do ano que vem, se tiver, acho que vai ter de nove, se tiver acho que vai ser bem melhor porque aí vai ter (...) as pessoas falra3em,... todo mundo falando que esse aqui é um projeto piloto, que tão testando agora o negócio... mas eu acho que tipo assim essa (...) de curso e coisas assim, pô vai demorar, demorar, demorar... o curso vai ficando pra trás, né? e aí acho que teria... primeiro seria mais de uma opção de curso dai depois em pouco tempo a pessoa pensaria em qualificação profissional (...): Não aqui vai ter o curso tal só” e daí se tu quiser... tu quiser outro, por exemplo... uma coisa de eletrônica, de consertar uma coisa... que eu acho que tem mais mercado no momento. Não adianta querer entrar num negócio que tem um monte de gente... daí (...) fala assim: “Ah, acho que o negócio que tu vai querer tem lá no SESMAR... vai ter lá no SESMAR. Daí eu vou ter que ir lá no SESMAR... trocar de novo se eu já tô ambientado, conheço os professores, gosto do professor, eu sei que são bons já... aí eu vou ter que trocar de curso? É um erro. E os computador. Os computador então ficou pra março, em março vai vir... (todos falam juntos)... e aí oco sai com o negócio do governo e tem toda a confusão de ir pra Brasília e volta e tem aquela função toda que deu um problema... aconteceu um problema mas... eu acho assim que deveria ter dado um prazo maior, por exemplo em maio porque aí vem em abril. Não era melhor ter dado um prazo maior? Não adianta... aí ilude o pessoal.

E-Aí dá um troço certo, né?

A-Não querendo ser chato assim querendo... mas na minha opinião acho que (...)

B-Mas (...)... computador faz falta pra caramba, né? computador é o, né? é o futuro.

E-(...) computador. Hoje em dia com (...) baixando o preço todo mundo vai ter um computador, é que nem televisão...

F-Pra entrar no mercado de trabalho tu tem que ter assim se tu tiver algum negócio de informática, se tu souber mexer num Windows que seja, tu tá sereno meu...

E-Tem muita gente que não sabe mexer... muito provável que não sabe nem ligar um computador. Eu sei mexer...

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F-É qualificação vem do computador, né? quanto mais qualificado e... mais serviço opera...

E- Todas ás áreas tão usando computador, né? a não ser a construção civil eu não sei, né? mas a maioria das áreas tão usando aí meu... tá tudo aqui ó...

A-Isso aí é coisa também que... eu acho que ajuda a trazer o pessoal: “Ah! vamos ter aula de informática, vamos fazer outra coisa...” senão fica só aquela monotonia de todo dia assim ó: (...) problema assim. Aí teve uma vez que atrasou e que até o professor se revoltou que atrasou o negócio dos cem reais ali: “Bah! não agüento mais (...) cem...”

(todos falam juntos)

A-...dai por exemplo assim quando eu penso assim, né? quando eu penso assim: será que as coisas vão melhorar, sabe? aí no fim acaba piorando as coisas.

F-Pessoal o curso é bom, o curso é bom...

C-O que eu acho que tá faltando é uma pessoa responsável pelo jovem chegar na.. nos núcleo do pró-jovem onde eles tão centralizado e falar: “ Não pessoal, vai vir em tal dia com certeza.” Com a palavra mesmo que vai vir e não chegar um e: “ah, vou telefonar pra lá pra ver como vai tar, ver se vai sair.” É sempre assim sabe? a gente não vê a certeza que vai vir as coisa.

Mediador(a): Nenhum dos núcleos de vocês tem informática?

A-Que eu saiba no SESMAR mas eu não tenho certeza...

E- No SEMAR parece que é do colégio, né?

A-(...) mas só que dizem que os computadores não são do pró-jovem... eles tão usando os do colégio porque o colégio cedeu pros alunos terem as aula de informática.

E-É que nem lá escola, tem computador mas os computador é da escola (...)

F-É, é que nem aqui. Aqui também tem computadores mas eles não liberam, não é assim...

C-Queria fazer uma colocação assim em termos de organização. Assim ó, eu acho que deveria ser tomada uma atitude muito drástica porque até agora tem muita gente tomando o pró-jovem como uma brincadeira. Se se inscreveu meu amigo (...) tá achando que quer jogar bola, vai pra casa. Tá tirano o lugar de uma pessoa que tá interessada. Vai dormir. Chega na minha escola... qualquer página que tu quiser – ciências humanas (...) – e faz uma pergunta pra determinadas pessoas pra ver se ela vai saber te responder? Pode ser da primeira aula que nós tivemos. Tem gente que vai pra lá e ganha presença todo o dia (...) no colégio. É chamada pra entrar, não entra. Sobe atrasada, ganha presença. Recebe a mesma coisa que eu recebo e vai ter a mesma regalia que eu vou ter, vai usufruir das mesmas coisas que eu, mas não vai se esforçar como eu. Isso tá errado, não é verdade. Eu acho que deveria existir alguma coisa... ou ele se interessa... não tira ele fora, suspende o dinheiro... não merece isso, tá tirando de alguém que precisa. O que tu vai fazer com este dinheiro? No teu estudo tu não vai investir. Tá aqui jogando bola meu amigo... tu não tá a fim de aprender. Só isso só que eu tenho pra dizer, né? porquê é bucha, né? cara... as vezes o cara vem do serviço, chega

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na escola... a minha carga horária não é pesada. Seis horas por dia que eu enfrento... as vezes eu fico um pouco mais na empresa, né? mas o serviço que eu exerço é muito importante, né? eu sou expedicionista, né? eu trabalho só com números, né? libero carga, confiro nota, é placa, é RG, é aqui é, tudo mental. Tu chega aqui na escola estressado e aí vem um malandro que vem de piadinha contigo... ó cara, brinca com quem brinca contigo, sou uma pessoa que... não te dei esta regalia, né? não te dei esta liberdade. Tem que existir assim um pouco de respeito mútuo, né? gostaria que tu se referisse a mim com o mesmo respeito – ias ser uma coisa bonita né? se todas as pessoas existisse... harmonia, né? podia ser uma coisa melhor. Que nem os computadores agora... no caso, se vier, o que que eles vão fazer? Vão se interessar ou vão acessar a Internet pra olhar a Playboy?

Mediador(a): E com relação as atividades diárias assim do pró-jovem, qual é a avaliação de vocês das atividades diárias?

A-Eu tô gostando. Principalmente assim matérias que a gente não gosta mas que até que eu tô gostando, né? a professora tá (...)... agora ela parece que vai ter que sair, né? do... do... dos coisas porque parece que ela não tá conciliando... não conseguiu conciliar horário. Mas eu até esses dias tava falando com ela... (...) puxa-saco nem nada assim, sabe? mas (...) daí eu falei assim, ó: Porque tu vai sair? A gente tá acostumado com o jeito dela de ensinar inglês. Que ela chega, ela te ensina o negócio e ela chega contigo e tá dá uma conferida contigo e daí parece assim que... bah! aí te dá... parece que te cai a ficha de certas coisas. Mas todas (...) Inclusive também a professora de... nossa... como que é? nossa... como é que é? nossa... orientadora, é boa também. (..) querendo enturmar o pessoal assim quando vê briga, quando o pessoal assim... né?

F-É uma professora que ensina brincando mas ensina, né? não é aquela coisa séria que chega lá com a cara séria e não ensinam nada.

E-(...) educação e na questão de ensinar aí... de te ajudar, de ver que tu tá mal e te ajudar aí. Daí tu chama e: Ah! professora, eu não entendi. “Não isso aí é assim, assim e assim.”

B-Não, os professores não tem nada a ver, tão parabéns... cada um...

A-Muitos professores não ficam sentado. Chegam e ficam caminhando na sala (...)

B-E são bem conselheiros assim, são conselheiros.

A-(...) não são mal humorado assim ,sabe? não tem... isso não acontece. Em termos de professores assim tá ótimo mesmo, tá bom.

C-Tem alguém do Imigrantes? Imigrantes é no Anchieta, né? Conhece a professora Roseli? Conhece? Por intermédio dela... ela que conseguiu o emprego que eu trabalho, né? ela é supervisora de vendas lá... por intermédio dela... ela é uma das poucas pessoas aqui dentro que procura se interessar pra procurar espaço mais pro pessoal... que além do estudo deve ser trabalhado também uma parte mais pessoal (..). Ela faz um tipo de um trabalho como se fosse uma psicóloga, puxa cada um, conversa, né? separadamente pra tentar entender e pra poder conduzir o pessoal... é difícil, né? o ser humano é complexo...

F-Pega o rumo certo quem quer, né? quem não quer...

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A-Agora voltando ao assunto do... voltando a assunto que ele falou aquela hora ali, até acho que certo que tenha uma punição pra pessoa que té tendo problema. Não adiante tu chegar e por exemplo: “Ah, tu não receber e tu não vai não sei o que...” aí tu vai acabar gerando um problema maior ainda, o cara vai se revoltar e aí tu não vai ter... né? eu acho... até tá certo, tem que ter uma punição pra (...) mas acho que se deveria conversar com ele: “o meu, tu vai ter uma nova chance, vou te dar uma outra chance...” né? melhor tu melhorar nisso aqui, nisso e nisso, senão tu vai acabar sofrendo essa conseqüência e aí tu já tá avisado. Agora se continuar isso de novo, aí sim, aí eu sou a favor disso aí, né?

E-(...) cem reais pelo menos se tu tirar os cem reis da pessoa a pessoa vai se revoltar (...) coordenação do teu núcleo e vai dizer Porque né? (...) e não sei o quê sabe? sabe como é que é... (...) a professor, mas eu não tão com essas faltas não sei o quê e bah bah bah, eu tava aí e não sei o quê, né? O professor vai dizer o quê, né? bom, mas tu não respondeu então, tava aí mas não respondeu a chamada.

A-Até (...) da palavra. ô meu, tô te dando uma chance, tu vai melhorar ou não? Pra ver se o cara começa ater mais responsabilidade, né? não, eu vou., pode me dar esta nova oportunidade que eu vou tentar melhorar.

F-É que vocês não tão enxergando uma parte: que não é como um colégio normal, é um projeto mais avançado e no caso, ali eles tão colocando mais ali trabalho ããã... horário de chegada, o que tu faz ali o teu comportamento e tudo avalia no que tu vai querê recebê, né? no caso tu não vai fica ali só porque tu... ah, freqüentou aula...

(todos falam ao mesmo tempo).

F-Por isso que já tem o fim-de-semana, que tu pode curtir, né?

E- Ah, e são quatro horas, né cara?

A-Quando o cara entra na matéria assim, as vezes a aula tá tri boa assim e quando o cara vê assim a aula já terminou já e aí vem o lanche e tu para um tempinho e daí tu lancha...

E-É isso do lanche o nosso colégio não tá até hoje assim...

A-Não tem?

E-Não, senão no comecinho os paõzinho, né? que era... não sei se era pro pró-jovem, não sei se era. E daí cortaram o pãozinho. E aí o do EJA... e aí o EJA tava recebendo uma janta e aí o pessoal do pró-jovem tava comando o do EJA daí faltava pro EJA e até agora a gente não tá nem comendo o do EJA pra não, né?

A-É (...) os pãozinho daí que teve... foi dado pro pessoal do pró-jovem fora que (...) uma comida diferente na janta não foi? Foi tudo coisa do colégio, que nem em relação ao computador, é tudo fornecido pelo colégio, não tem nada assim do pró-jovem. Do pró-jovem são os pão.

B- O pão não é ruim, mas todo dia enjoa.

(todos falam ao mesmo tempo)

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Mediador(a): E nessas atividades diárias que vocês tem nos núcleos vocês conseguem definir o que é mais fácil ou o que é mais difícil nessas atividades?

A-Em relação a quê por exemplo?

Mediador(a): Nas próprias atividades. Dessas atividades que vocês fazem diariamente que avaliação vocês fazem delas?

A-Até tô gostando porque eu (...) pra mim (...) só a oitava série sabe? eu até gostei disso dai (...) desde a quarta série, né? tipo quarta série (...) de que matéria, desde o começo; como tem matéria que... um tempo atrás eu só queira jogar futebol e as vezes matava aula, entendeu? eu tive várias matérias que passaram em branco pra mim e hoje em dia tô tendo a chance de... de pegar vários (...) aprendi de novo...

C- O inglês do livro é muito avançado.

(todo falam ao mesmo tempo)

Mediador(a): Assim pessoal, de uma forma geral, qual é a avaliação que vocês fazem do material que vocês usam?

D-Eu concordo com ele no que se refere ao inglês que é muito avançado. Eu tô tendo muita dificuldade (...) muito tempo, mesmo querendo, né?

C-Tem gente que nem estuda o inglês. Eles vão na aula e (...)

A-É. aí fica pior, né?

(todos falam junto)

A-Na minha turma quem vem sempre na aula de inglês também tá seguindo... fazendo... apesar de ser difícil... é bem avançada mesmo.

Mediador(a): Em relação às outras matérias pessoal, qual é a avaliação de vocês?

C-Aprender até o pessoal aprende mas falar fluentemente assim inglês...

E-Inglês na minha opinião o cara não pode ter vergonha de falar né meu? Se tu errar tu errou e aí tu...

(Todos falam junto)

C-E até a questão nem é o falar a questão é entender e conseguir traduzir, colocar... como dia ali ó, colocar a frase na interrogação...

E-(...) a professora falando o cara consegue traduzir...

A-Mas isso é meio complicado, ás vezes tem uma palavra que numa frase já é outro significado né veio? Bem complicada.

B- Mas pra (...) tem um (...) português ali também, né? entender o que é o presente passado daquelas letras ali é só... dar a idéia, né?

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A-O Português (...)

Mediador(a): E as outras matérias?

B-A matéria é... como é que eu vou dizer? é mais avançada do que nós estudava antigamente no caso. Ela é bem trabalhada a idéia...

C-Qual é o livro de vocês assim em questão de escolaridade?

E-Oitava série.

C-Esse é o problema. Para alguns é mais fácil, pra outros certas matérias é mais difícil. Tem gente que tá começando com a quarta série, né? mas mesmo assim é difícil... matemática tem gente que... pô, pra mim aula de matemática é um prazer (..) tem gente que não consegue porque não é a questão... não existe pessoa burra, existe pessoa mal informada que não teve condição de estudar, parou... não sei, algum motivo existe...

A-Mas a matemática pra mim (...) da 4ª série não... se o cara prestar um pouquinho de atenção na aula...

C-Eu acho que existem pessoas que têm dificuldade...

A-Aí é a dificuldade que cada pessoa tem, né?

C-Vocês tem alguma parte que vocês ficam um tempo lá pra falar com o professor depois...

E-O Plantão?

C-Plantão... isso. Pois é no plantão que o cora tira as dúvidas assim.

F-Pra isso que serve o plantão (...) inglês, matemática, ciências humanas, né?

A-(...) se colocaram a disposição, pelo menos aqui no Centro Vida. Não sei como é nos outros grupos, né? Mas se colocar a disposição no caso o cara tem alguma dificuldade chega um pouquinho mais cedo e aí já dá uma... Ah, qual é a tua dificuldade? A minha dificuldade é lá no inglês, matemática... aí tem o interesse do cara se tem alguma dificuldade tem que...

F-Até eles voltam uma matéria... se tem uma matéria que tu não aprendeu eles voltam lá e colocam na tua assim.

A-Ela vai chegar (...) batendo ali até tu aprender... um dia vai ter que aprender.

Mediador(a): E em relação a expectativa que vocês tinham quando se inscreveram no pró-jovem...

H-Ah, eu tinha uma expectativa...

Mediador(a):... com o que vocês estão vivenciando hoje...

H-...olha só o que eles prometeram: cursos, computador, dinheiro e... e... agora não me lembro mas eu tenho anotado no meu caderno. E não tem nada disso... (...) aqui ó: leitora da capital reclama: “Há quatro meses

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participo do pró-jovem e ainda não recebei um centavo da bolsa-auxílio prometida pelo governo. Nem vale transporte foi entregue. Muitos colegas desistiram do programa por causa do (...) do dinheiro. Ò, eu tenho só... não vou dizer que eu não tenho coisa boa pra falar do pró-jovem porque aí eu tô mentindo. Tipo assim, ali no pró-jovem no Presidente ali começaram a dar janta a semana passada sendo que nós já tava desde o feriado do carnaval, desde o dia 24, sem aquele lanche aquele, que quando nós voltasse ia (...) ganhar comida. Aí quando nos voltemô (...) eu fui um, não comi nada na “baia”, né? pra chegar pegando, né? e aí falaram pra nós assim ó, que o cara ia ter direito a uma carne e uma fruta de sobremesa mas chegou lá nem aquele saduichinho não tinha, aí eu né? aí eu me revoltei, né? e aí agora começaram a dar de novo mas não é o sanduichinho é a comida junto com eles lá. Mas aí é uma “chave” porque o cara tem pegar ainda o crachazinho e entregar o “bagulho” e nem é o cara que se serve ainda.

C-Ah, vocês recebem um crachá lá?

H-Ahã...

C- No nosso colégio já não tem o crachá.

F-Eles falaram em crachá bem no comecinho... pro pessoal sê identificado dentro do colégio e tudo eles dão um crachá com foto e tudo...

A-Me lembro só de um adesivo que eles deram pra colocar no livro...

C-È o adesivo era permanente... pelo menos no começo..

Mediador(a): E em relação a expectativa inicial de vocês como é que vocês estão vivenciando isso hoje?

D- Ah... eu só me frustrei pela desorganização assim... desse negócio de vai acontecer, não vai acontecer. Não pelo professores em si porque eles...

A-É, o projeto em si é bom só que... só falta de organização.

B-É, aquele negócio de vai acontecer e não vai...

F-É, e uma pessoa principal pra chegar ali e dizer: ò, vai ter e vai ter ali.

E-(...) no começo a gente ficou esperando uns três mês... porque ia começar em junho, depois foi pra julho, pra agosto não sei o quê, pra setembro (...) não sei (...) ligaram sexta-feira lá pra casa: tu pode chegar aqui segunda-feira em tal horário? Não posso, tá tranqüilo. Pô, três meses... deixei de procurar emprego de carteira assinada, deixei de trabalhar... esperando, né?

B- É, o cara tem que ficar esperando, né? até vim... não pode nem assinar a carteira...

E-E em relação (...) cem reais (...) o cara pode até procura “bico”, né? uma coisa assim.

B- É, e quando eles falaram em curso assim, em profissionalização...

H-Tá, e a carteirinha que eles prometeram pra nos?

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Mediador(a): A tua expectativa foi quebrada?

H-É, já dei as foto lá e as cópia do meu documento e até agora nada...

Mediador(a): Como é que vocês ficaram sabendo do pró-jovem?

A-Eu fiquei sabendo do jornal.

C-Interessante... queria (...) uma coisa que tu falou..... não querendo fugir do padrão das perguntas assim, desculpe mas tem uma coisa interessante que é desde que eu entrei no pró-jovem é feito um espelho entre nós lá (...) sempre foram feitos perguntas, mas nunca foram dadas respostas.B-É pra mim sempre teve, desde o começo...

F-É... o que que tú qué? O que que tá rolando aí? Qual a tua expectativa? O que que tu vai querê?

E- Como é a tua vida? E não sei o quê...

F-É... eu quero sê isso e quero, né? estudar no final...

Mediador(a); E foi difícil pra vocês entrar no pró-jovem? Qual o grau de dificuldade pra cada um de vocês?

(todos falam juntos)

Mediador(a) Vocês fizeram aonde a inscrição?

C- Eu fiz em julho do ano passado cara, primeira demanda, logo que saiu esse programa... em julho isso.

E-É, eu fiz também em julho...

C- Depois ele adiaram porque não tinha muita gente, né? aí eles começaram a chamar...

F- Aí começaram a chamar pelo rádio, pela televisão... e as cartinhas aquelas...

A-Eu fiquei sabendo disso saí em setembro no ano passado... aí.. pelo jornal... aí em outubro mais ou menos eu me inscrevi e em novembro já tava estudando.

E- (...) tinha muita gente, né? (...) ultrapassou o número de vagas... eles tavam fazendo seleção...

B- Eles até falaram esse negócio aí de seleção, né? de selecionar umas, né? umas pessoa aqui e quando eu vim aqui eles falaram isso aí também... selecionar, mas daí quando veio o jornal (...) tá em falta... bah! como é que eles vão selecionar se já tá em falta, né? O cara chega aqui e eles falam que vão selecioná, né?

C- (...) da falta, é que eles fizeram uma seleção só que quando se apresentaram o pessoal, se apresentaram numa certa quantia e na lista de chamada tinha mais da metade. Na nossa sala lá é sete, oito alunos e uma lista de chamada que (fim lado A da fita)...

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B-(...) tem umas vinte e cinco, trinta e o resto nunca veio desde o início...

Mediador(a): E partir da experiência de vocês na escola comum, como que vocês avaliam essa experiência do pró-jovem, em comparação com a escola comum?

E-Olha, eu acho que o pró-jovem é legal (...) não te botam na matéria assim, né? claro que a gente conversa sobre vários assuntos assim, né? e já na integração... na integração a gente conversa sobre milhares de coisas, né? não é só aquele negócio que é só matemática, português, matemática, né? ciências e não sei o quê, né? e é isso.

B-É, o assunto é mais pela qualificação da vida mesmo. È uma passagem da vida que tem, mas na forma de história, no caso assim... informação... agilizada mais... do que no colégio normal, né?

A-Pra mim diferença é que quando tu tá no colégio por exemplo, o troço já tá andando e aqui tu já tá... fazendo o pró-jovem tu tá começando de novo... (...) desde o começo, mas agora já tá andando. Quando começou foi aquele negócio... tá começando... onde tu parou? Até o lance dos espelhos, né? onde tu parou? Que série tu parou? Qual foi tua dificuldade no colégio, né? E aí tu começava...

C-É, é que agora...

A-(...) e no colégio tu continua, não tem isso daí. Tem problema ou não tem problema, vai estudar, né? é isso daí.

B- A matéria antigamente a matéria era mais... como é que é... a matéria não era muito avançada. Isso conforme o tempo foi passando descobriram mais coisas, né? da matéria e tudo... eu digo em geral as matéria... agora foram colocadas em ordem as coisas.

A-Esse negócio que a gente tava falando assim se o ensino tá avançado, se tá meio difícil ou não? as vezes é até bom sê um pouco mais difícil porque depois (..) fazer um segundo graus depois... não adianta passar na barbadinha aqui por exemplo: Bah! que barbada... e aí chega no colégio e “boom”... (...) não adianta. Por isso que eu acho que... a gente tá na unidade dois agora? Eu acho que por enquanto tá...né? eu espero que na três e na quatro já chegue a ser um pouco mais forte. Não adiante se iludir né cara?E- O livro 1 é bem mais fácil que o livro 2...

H-O livro 2 aí... o livro 1 e o 2 aí tão cheio de erro. A professora lá no Presidente lá tá dando o conteúdo e tivemô que trazer o conteúdo de casa que o livro não tá ajudando.

E-Sim, (...) é mais exercício (...)

G- O livro é feito “a facão” meu... olha só... o cara fez (...) computador e escreve “requembrar”... aí eu fui obrigado a perguntar pra professora de Português o que que era requembrar?

E-(...) de matemática também né? quebra a cabeça (...)

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A-O de matemática tem mais. O professor diz: não, vocês vai fazendo a conta assim porque por aqui não vai dar, vocês vão ficar...

B-É, até o professor fala bem assim...

H-(...) Tá aqui ó: Nesta parte nós vamos “requembrar” umas coisas bem básicas. Bah! eu li isso aqui né meu... “nessa parte vamos requembrar”... ah! dei um pulo né meu... O professora, o que que é reqembrar? Ah!, devem ter escrevido errado. Acho que ele queria dizer relembrar. Mediador(a): Pessoal, e o que vocês esperam da participação de vocês no pró-jovem?

E-Da minha participação eu quero dar o máximo que eu puder pra ajudar os meus colegas, né? eu também não sei tudo, eu também tenho que aprender, né? mas se puder ajudar meus colegas (...) projeto andar pra frente cara... pô (...) isso é certo.

B-Que eu particularmente até gostaria de fazer mais, mas com tanta coisa dando errado bate um desânimo que ás vezes é melhor olhar pro umbigo mesmo (...) nunca mais...

H-Eu pretendo fazer º.. se tiver no segundo grau eu pretendo fazer se continuarem me pagando certinho ali né meu... que olha só... e é uma miséria (...) cem contos... o cara pega com essa mão e (...) e ainda eles atrasam ainda. Aí ó, era todo o dia 10. Agora já começa o dia 10 até o dia 20. E-(...) primeiro dia útil depois do dia 10 (...)

A-Eu acho que... na minha opinião, né? (...) posso tá com a razão no negócio mas eu acho por exemplo assim, o negócio do pró-jovem isso aí é um incentivo só esses cem reais, né? eles não tão te dando assim... eles não te pagam pra tu estudar. (...) pra te incentivar. E fora isso aí tu tem que pagar uma passagem... tu tem que ir a pé né cara. Se tu vai esperar... Ah, não tem passagem escolar (...) então vai a pé ou então para... não é bem assim.

B-Colégio normal já não é assim... colégio normal já não tem essa expectativa...

A-(...) expectativa de querer estudar e acho que (...). Tem gente que tem um estudo bom aí e tem um emprego que ganha uns 500 “pila, 600. Eu acho que tem ganhar (..) pra viver a gente tem que ter dinheiro né cara?

E- No ano passado no concurso do Tribunal de Justiça aquele de Auxiliar de serviço que teve... ô meu, tinha gente com faculdade fazendo concurso pra varrer chão, né? Não vou dizer que varrer chão... né?

B-Se o projeto fosse mais firmado, mais concreto o pessoal não... o pessoal espera mais é qualificação, né? pra se profissionalizar num trabalho legal.

A-Eu pra mim de bom (...) o negócio do ensino que tá né? (..) só elogiar. A gente passou da parte dos problemas né cara? Parece que tão querendo só elogiar né? na minha opinião, eu acho que até é bom porque tu tá colhendo os (...) desde o começo né cara. Várias coisas que eu não me lembrava e tô me lembrado, coisas que eu não aprendi e tô aprendendo...

C-É. Esse pró-jovem já tirou um monte de amigo meu no caso que tava na... na... no caso eu vô dizer a real assim, tava na droga, na rua, atiradão.

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Saiu da rua, tá estudando lá, tá seguindo e... a idéia é tri.... essa idéia tinha que seguir, né? mais agilizada, mais...

E-Eu (...) esse projeto assim o pessoal tinha que se ligar, né? (...) oportunidade de (...) e o quê que eu vou fazer? Ah, vou por crime ou vou pra droga, né?

F-(...) botá o projeto e não vê se tá fluindo mesmo, né? e tá sendo se isso aí né? no caso...

Mediador(a): tu falou em tanta coisa dando errado assim... desistir...

D-Não não... tipo essa questão dos computadores assim. Cria aquela expectativa. O camarada tem uma noçaõzinha básica (...) tá ali mexendo. Ah... hoje vai ter aula de (..>0 muda tudo (...)... essas coisinhas assim. (...) coisas do tipo... que é que falou? Gente que pega a presença e sai fora... agora não, a coisa tá mais... cuidando mais esse detalhe. Ou não vem um tempo, fica um tempo sem vim e acaba recebendo também. Tu tá todo dia ali te matando... tu não faz questão de receber, tá mais ali pelo estudo mesmo... tá todo ali te esforçando, entrega trabalho, correndo atrás (...) dá mais um tempinho e tal e aí o cara não vem e... pô, ou tu explode, né? (...) ou chuta o balde de uma vez.

A-Mas eu, sinceramente, nunca fiquei “mordido” por exemplo assim, eu tô vindo na aula estudando e o outro não veio e recebeu. Eu, sinceramente... (...) porque, pensa bem, o que que eu vô ganha se o cara não ganha cem reais? O que que eu vô ganha? Eu não sei nada cara, tô aprendendo e ele não tá.

F-Tem locô que não vem desde o primeiro que eu conheço meu, tá ligado? que mora lá na “banda” lá e que recebe todo dia 10 certinho.

B-Isso foi uns mês de antes pra agora... porque agora eles já fizeram uma (...) lá...

C- (...) uma coisa. Teve uma pessoa que fazia isso, não vinha a aula e faltava muito. E tinha uns amiguinhos que começaram a se juntar numa turma., se conheceram melhor, e começaram a tomar o exemplo dele como exemplo, entendeu? porque pessoas de cabeça fraca, foram ali e já tinham cabeça fraca e daí tomaram o exemplo dele pra isso. E aí isso aí foi (...) isso acontece. Não to (...) sobre o dinheiro nem de forma alguma é que se eles também recebem o cara diz assim: Porque eu vou estudar, vou freqüentar essa aula chata, né?

A-Mas eu acho que já tem que (...). A gente falou anteriormente né cara, sobre o negócio de tu puxar o fulano de tal que não tá vindo, é isso daí né cara? Agora não que tu vai ficar policiando o outro, né?

C-Isso tu tem razão, claro. Isso acontece, se tu olhar o cara... bah! o cara é bacana, o cara é malandro... eu vou andar que nem ele, eu acho bonito isso, entendeu? ele é malandro, ele fuma um cigarrinho... ò que bonito!!! Porque o jovem hoje é cabeça boba, vai pelo errado... acha que é malandro mas não sabe o que tá fazendo pra si... o que eu ele vai levar? Ele vai levar alguma coisa? Ele não vai saber nada.

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Grupo Focal com alunas da zona leste

Mediador(a): Pra começar eu gostaria que cada uma de vocês se apresentasse e desse uma nota de 0 a 10 pro PROJOVEM.

P-Meu nome é (...) dos Santos e minha nota pro pró-jovem é seis.

P- Meu nome è (...) e minha nota pro pró-jovem é sete.

P-Meu nome é Grace e a minha nota é sete.

P-Meu nome é Kenia e minha nota é oito.

P-Meu nome é Patricia e nota é sete.

P-Meu nome é Daiane e minha nota é seis.

P-Meu nome é (...) e minha nota é seis.

Mediador(a): Então eu gostaria de saber como que se deu pra cada uma de vocês a entrada no pro-jovem?

P-Eu entrei no pro-jovem através da propaganda que eu vi na televisão e aí eu liguei e fiz a... a inscrição e daí depois recebi a carta em casa e aí depois vim fazer a matrícula aqui no Murialdo.

P-Eu foi pelo Diário Gaúcho né? que saiu no jornal aí eu liguei pro 08o0 né? e aí fiz minha matrícula pelo telefone e fui lá no Pão dos Pobres fazer a minha inscrição. Aí em seguida já tinha começado o curso, né? em dezembro, só que eu não comecei em dezembro, eu comecei acho que... maio ou março? Maio. Então daí faz pouco tempo que eu comecei e aí eu vim aqui e os meus documentos já tavam tudo aqui daí eu comecei a estudar porque até então eu não sabia né? se ia ser lá no Pão dos Pobre ou aqui e daí eu fiquei informada de que seria aqui.

P-Eu... já estava estudando (...)

P-A minha dinda me ligou e disse que tinha e aí eu me inscrevi por telefone e daí eu recebi a carta pra me inscrever no Pão dos Pobres e daí eu não... o meu curso ia ser lá na Restinga e daí tinha o problema da passagem e eu vim aqui pra pedir transferência pra cá e aí já tinha começado as aulas.P-Eu foi uma amiga minha que me falou né? que ela viu no Diário (...) Aí eu liguei e eles mandaram ir lá no Pão dos Pobres e aí e fui e mandaram eu esperar em casa. Aí depois eles me ligaram pra eu vir aqui me inscrever(...)

P-Eu vi na televisão e eu não estava estudando e aí o meu pai me disse assim: “te inscreve Daiane.” Me inscrevi a aí veio a cartinha com a escola pra me inscrever. Eu fui duas vezes lá me inscrever porque eles tinham perdido os meus documentos. Aí meu pai recebeu uma ligação (...) Murialdo e aí eu vim aqui no Murialdo e me inscrevi aqui.

P-Eu me inscrevi (...)

P-Eu também a minha inscrição foi aqui mas eu sou do (...)

Mediador(a): E vocês moram lá?

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P-Perto, mas o (..) é mais perto pra mim.

Mediador(a): Quantos ônibus tu usa?

P1-Eu pego só um.

Mediador(a):Foi fácil ou houve dificuldades pra vocês conseguirem entrar no programa?

P-Foi fácil.

P-Eu acho que foi fácil também porque eu liguei e logo veio a carta.

(não dá pra ouvir nada)

P- (..) alguns começaram bem mais tarde do que nós, eu comecei no início. Alguns começaram em janeiro e nós que recebemos carta começamos no pro-jovem dia 01 de dezembro. Os que não receberam carta já começaram em janeiro.

Mediador(a): E porque que vocês se matricularam no pro-jovem?

P-Eu pra terminar o primeiro grau né? senão a gente (...) né? eu parei mas na realidade por bobagem né? porque eu parei muito antes de não ter filho, né? e aí não tinha filho quando eu resolvi para d e estudar... pra mim eu acho bom porque né? eu quero terminar o primeiro grau pra depois fazer o segundo.

P-O mais importante pra mim é eu me formar no primeiro grau porque eu quero fazer um curso técnico de enfermagem porque eu tenho a minha própria renda, né? pelo menos pra mim receber esses cem reais não há tanta necessidade porque eu tenho a minha própria renda. Eu quero mais é terminar o meu primeiro grau que eu já parei há uns dois anos de estudar.

P-(...) oportunidade e surgiu a oportunidade e eu aproveitei. (...) daí surgiu a oportunidade no pró-jovem eu vim.

P-E eu... fazia muito tempo que eu parei... eu parei de estudar com doze anos (...) quando eu me casei eu parei e aí agora, né? eu gostei né? a minha amiga falou: “Ah vai...” né?

P-Eu me inscrevi porque eu tava a quatro anos tentando passar no sexto né? e as vezes... vai lá só pra tirar dúvida né? explicar (...) da prova e aí eu não conseguia e aí eu resolvi estudar no PROJOVEM mas eu queria mesmo uma aula mas que não fosse aula formal que tem numa escola regular. E aí surgiu a oportunidade no pró-jovem e eu pensei: vou conseguir terminar né?

P- Eu também, só quero terminar os meus estudos, (...) pro meu filho e depois o segundo grau. (...) só pra (...) e aí o meu pai disse: “oh, tu vai ter a oportunidade de seguir em frente”, né? e terminar os meus estudos.

Mediador(a): então baseadas nas experiências de vocês, de uma maneira geral, como vocês avaliariam o pró-jovem?

P-Bom, pra começar a matéria é assim.... digamos o ensino é fraco... pelo menos pra mim... ao meu conceito, né? muito fraco porque se a gente se forma com a matéria que eles dão pra gente aqui, o conteúdo... pra mim tem que ser um conteúdo um pouco de cada matéria que eles nos passam, que não é bem

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o básico, não é um ensino assim tão formal como uma escola estadual... uma escola normal né? (...) no segundo grau, se formando e fazer o segundo grau, a gente perde muita coisa porque a matéria é mais forte, bem mais puxado, e aqui... no que eu estudava numa escola normal não tem muita coisa que (..) eu queria que eles passam um conteúdo bem melhor, que a gente entendesse mais os que os professores (...) mais pra gente, passassem mais trabalhos... assim... a minha irmã ela estuda... tá fazendo a oitava série no colégio normal e tem que ver quanta diferença ente o que ela estuda e o que eu aprendo aqui. Algumas pessoas eu acho assim (...) pensar mais tem uma certa diferença. Pensei até em sair e ir pruma escola normal mas aqui o básico é que a gente termina mais rápido. (...) pronto. Alguns vêm, alguns não vem e pronto... alguns passam sem saber nada. Se recebeu o conteúdo básico (...) o primeiro ano do segundo grau e não passar porque a gente não tem certos conteúdos. Algumas matérias tu tem... pra mim que parei na sétima é de (...).

P-Pra mim que parei com doze anos pra mim tá sendo bom. É que eu estava sem estudar há muito tempo né? então (...) as matéria que eu nem lembro mais. Ah! eu to gostando. Pra mim os professores são muito bons.

P-Ah! isso sim.

P-Pra mim também as matéria pra mim tá sendo normal também porque olha só dez anos sem estudar né? eu parei na quinta há dez anos atrás... eu não tinha nem inglês... nem inglês eu não tinha então pra mim tá sendo muito bom, eu adoro (...) O único problema lá na minha sala... todo mundo adora... o único problema é a.. por causa do dinheiro que não saiu pra ninguém da minha sala... não saiu pra ninguém. A única coisa que eles reclamam, mas o resto...

P-Mas se estudasse (...) receber o cem reais vai gastar com passagem (...) vai ser a mesma coisa (...).

P-Quando acabar o pró-jovem a gente (...) o segundo grau né? porque não adiante querer ir fazê o segundo grau em colégio normal porque tu não vai conseguir passar mesmo. Foi o que as professoras falaram... então tu faz o EJA do segundo grau porque maioria das matérias que (...)

P-Tem (...) mas o do segundo grau é muito difícil encontrar.

P1-Tem ali na... no Tiradentes tem.

Mediador(a): E vocês assim como avaliariam?

P- Na minha opinião eu acho que algumas matérias... alguma disciplina tem lá esse negócio de ser um pouco fraco mas a professora que me dá aula consegue contornar isso assim. Ela trabalha no livro mas ela sempre traz alguma coisa e aquilo ali já não fica... ela traz uma pra gente pensar mais, pra instigar assim o aluno então pra mim, na minha estação... a gente tá tranqüilo. O único problema que a gente tá tendo assim é a integração as vezes porque a gente agora essa semana a gente tá tendo teatro na integração. Aí é uma maneira de fazer uma integração... que a gente tá cansado de é.... a semana inteira fazer quadrilha pra não-sei-o-que... acho que a integração tinha que ser preenchida com alguma coisa mais forte tipo... essa semana essa coisa do teatro tá sendo bem bacana... acho que tem ser coisa assim mais... mais... com mais emoção assim como se tivesse mais conteúdo, uma cosi mais forte que daí os últimos três períodos (...) na hora do recreio a (...) quinze minutos

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lá no pátio e aí até ter a integração, até a gente pensar no que que vai fazer...

P-(...) que vem mais pelo interesse no dinheiro e que alguns atrapalham a gente não assistindo a aula. Lá no meu núcleo tem duas professoras que passam e que tem livro e (...) trabalho pra gente fazer em casa assim... mais puxado do que... eu e algumas colegas minhas que a gente estudava na sétima e na oitava, a gente pediu pra ela. E ajuda mais agente e alguns acham que não, que só o livro basta. Só que não é só mais o livro que vai ensinar, vai, passa ali e pronto, só que não é só o livro que vai ensinar alguma coisa pra gente. Porque o livro é uma (...) acho que tem passar alguma coisa a mais e tem uns professores (...) que é muito importante e que ajuda a gente mais (...)

P-Ah! a nossa professora de inglês e de Português fazem até ditado com nós. Elas fazem uma palavras bem difícil com acento e isso e aquilo, pra gente não esquecer né? porque a gente as vezes tem uma palavra lá que tem um acento e a gente se esquece então elas fazem isso... fazem várias coisas assim diferente dos livros. Elas passam o que tem no livro (..)

P-Na escola aonde eu tô também as professoras... além dessas provas que vieram de fora pra gente fazer as professoras entre elas se reuniram e fizeram um provão com todas as matérias de aula pra dar pra gente.

P-É, lá também elas fizeram. Cada professora passou tipo assim uma prova pra nós e cada uma delas...

P-Depois do provão que teve esse mês a gente fez a prova e (...) achava que era... que a gente não entendia né? e a professora fez um resumo pra gente (...)

Mediador(a): E como tu avalias isso?

P-Eu concordo que as matéria do livro é fraco, não tem muita explicação (...) os meus professores também né? eles batalham bastante pra fazer agente entender a matéria. O meu professor de matemática então ele, né? ele já volta lá atrás na matéria pra gente poder enfocar bem , pra poder entender a matéria. Pra mim não tem tantos problemas o livro. A hora que eu olho o livro assim é um bixo de sete cabeças, né? mas depois ele explicando eu consigo entender direitinho e fazer as atividades.

P- (...) deveria ter matemática e português e inglês porque tem matérias (...0 teve umas coisas de inglês que eu não entendi e aí eu fiz... na realidade eu (...). Foi mais inglês porque matemática quando a professora passa ela passa umas dez vez pra gente entender bem. Ela chega no nosso lado assim e explica. Mas (...) português (...) porque segunda a sexta ããã... sexta e segunda a gente tem matemática, dois períodos de matemática e depois vem... integração... nem sei o que vem mais até me esqueci. Aí (...) inglês e só um período né? das seis e meia até vinte pra oito e aí tem gente que vem por colégio é só pra conversar. Na hora da prova (...)

P-Pra mim é inglês que eu parei (...) a minha dificuldade maior é inglês.

P-Até matemática que pra mim eu tinha mais dificuldade maior assim quando eu estudava (...) né? agora aqui pra mim tá sendo mais fácil né? tanto que o professor tá explicando e agora eu já entendo né? já to bem melhor na disciplina de matemática. Agora pra mim tá sendo é o inglês né? o mais

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difícil. Tanto que eu já tinha inglês na escola ali mas aqui eu não sei né tu tem um nível muito pouco né e o meu professor de inglês ele não explica muito bem né? Ele... ele até as vez ele até dá as resposta pra gente, ele dá as resposta assim eu acho até que é pra não fazer força e ter que explicar sabe?

P-De todos os professores lá no núcleo (eu estudo aqui no Murialdo) o professor de inglês eu tive que.... lá no começo um dia eu tive uma paciência e uma... umas horas de angustia com ele porque ele passava matéria do livro pra gente... só que eu disse assim pra ele: professor quando eu estudava no colégio normal – eu falei bem assim pra ele, ele é calmo assim, ele é uma pessoa bem astral sabe? bem calmo, relaxado e aí eu disse: o professor o senhor passa o inglês pra gente, passa o português pra gente entender o que a gente tá entendendo. Ele custou a raciocinar o que a gente tava querendo. E aí teve um dia que eu bah! eu tive que gritar com ele. Eu fui lá no quadro e disse: professor (...) trabalhar e estudar uma palavra que eu não sei e saber o que que ela... não adiante ficar escrevendo no caderno e eu não saber distinguir... Tem escrever então inglês e português porque aí chega na hora da prova a gente tem que sabe o que a gente tá fazendo. Eu acho que isso é muito importante. Agora ele tá... acho que ele entendeu mais a gente sabe? aí ele passa ingles-portugues, explica (...)

P-Que nem na minha sala. Na minha sala eles reclamam dos professores dos professores, que os professores não explicam direito, que os professores não dão aula, mas aí o professor tá explicando, tá falando a matéria e eles tão tudo conversando, tão rindo e daí o professor (...) que não vai explicar daí eles acham que eles tem o direito de vir aqui reclamar dizendo que o professor não tá explicando, que o professor não dá aula direito, que não entendem, mas porque que na hora que o professor tá explicando ninguém tá quieto? Daí eles vão lá reclamar

P-Muitos vem só pelos cem reais.

P1-É tem muita gente que já largou o colégio...

P1-E lá onde eu tô muita gente voltou a estudar só porque ganharam os cem reais.

P-Eu acho assim: do que que vale os cem reais? Que nem a situação da carteirinha escolar. Que como o pró-jovem não (...) na Secretaria de Educação por lei a gente não ganha o atestado de escolaridade pra tirar a carteirinha escolar. Aqueles que moram longe tanto faz (...). Aí sortearam os alunos pra poder tira a tal de carteirinha escolar. Deu o maior rebuliço lá na escola. A gente não sabia que o pró-jovem não faz parte da Secretaria de Educação. (...) pra mim (...), o ensino que é relativo né? E não... ensino fundamental estadual... aí deu toda essa situação da carteirinha escolar. As os alunos vem aqui ããã... eles não recebem, não ganham a carteira e gritam mais alto que os professores né? coisa que é um absurdo né? e o que mais a gente (...) quando a gente vem (...) de cada sala quatro alunos foram escolhidos.

Mediador(a): A carteira não é pra todos?

P-Na minha escola não teve este negócio de sorteio. A minha professora de ação comunitária levou as fichas e disse (...) pra todos os alunos levaram uma foto, o xerox da identidade e ela mesma ia trazes e todo mundo ia (...)

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P- (...) e chegou o tal dia da carteira e chega a professora na nossa turma e aí disse: “quatro alunos que necessitam, que queriam tirar, fazer a carteira escolar.” Que na minha turma tem gente que mora lá na Agronomia, CEFER ããã... Caldrefrião, Conceição, lá no final do Campo não-sei-daonde, na Restinga que tiram passagem do seu próprio bolso. Aí eles disseram assim pra gente: “A gente vai pagar os doze reais, ou quinze reais que a gente tem que pagar pra tirar a carteira escolar. Aí eu disse: não, dá o atestado pra gente que a gente mesmo paga do bolso da gente a taxa. Só que (...) agora como teve pressão e tudo mais dos alunos daqui, conforme o tempo vai passando eles vão tirando a carteira. Da minha turma eu como moro mais perto eu deixei a opção praqueles colegas que são de longe porque eu acho que são pessoas que tem mais necessidade de tirar uma carteira escolar. Tem gente que mora aqui há três quatro quadras mais pra cima. E os que moram perto pegam.

P-E como que é pra vocês a questão da carteira escolar?

P-A minha (...) professora comunitária e aí ela disse assim que era pra eu trazer os meus documentos que eu ia fazer a carteirinha escolar que eu moro longe eu pego ônibus... na verdade eu gasto R$ 14,40 de passagem todos os dias. As vezes eu não tenho dinheiro pra ir a aula. Ás vezes eu fico em casa (...) ficando furioso comigo.

P-Eu lá professora disse que é só levar a foto e... tem um colega meu só que fez (...) por perto né? também assim esse negócio de os alunos falarem... a minha escola é bem calma... (...)teve um colega meu que fazia dois meses que não aparecia na aula e aí depois de dois meses ele apareceu e reclamou pra professora: ah! (...) em fevereiro eu peguei duzentos reais e agora peguei mais cem.” Aí a gente falou né? pô a gente tá vindo desde o começo., desde o primeiro dia de aula e ainda não ganhou um real e ele os trezentos e faz dois mês que ele não aparecia. Agora ele não veio mais de novo. Ele só foi lá dizer pra nós que ele tinha ganhado.

P-Aí pra uns (...) cem reais pra gastar (...). Tem a carteirinha escolar (...)

(todas falam juntas)

P-(...) também que eles tem que tirar a passagem... aluno nosso lá carentes que dão pra eles ir... então esses cem reais já ajuda na passagem. Então não adianta dizer que os cem reais... mas pra uns ajuda porque tem muito colegas meus que vem a pé de longe, eles vem a pé.

Mediador(a): O que vocês mais gostam do pró-jovem?

P-Assim de aula assim? Eu gosto de matemática porque a professora (...) ah! e de ciências.

P-Eu gosto de matemática.

P-Eu so meia fraca em inglês mas mesmo assim eu adoro, eu gosto do professor de inglês e eu consigo aprender direito porque já por tar há muito tempo né? sem estudar, mas eu mesmo assim eu gosto. Eu me esforço pra tentar aprender o que eu não sei.

P-Eu gosto de todos os professores...

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P-Lá no núcleo também eu gosto de tudo assim... as vezes tem... vários colegas assim que a gente não tá assim, que a gente chega meio...né? e aí a professora chega e pergunta o que aconteceu, a gente conversa. Eu não tenho assim... eu acho que tudo tá ideal e a única coisa importante que é um pouquinho mais eu acho que é a questão da integração. Com tudo que as professoras fazem, com todo o esforço que elas têm eu acho que de repente, eu posso até tá pedindo demais assim porque eu vejo que elas se empenham bastante, né? mas eu acho que tinha que ter uma coisa.. propor alguma coisa a mais. Eu não sei se é a integração que é uma coisa assim que vem de.... ããã... dos superiores delas assim no caso que tem que fazer, mas eu acho que (...) mas eu acho que juntos eles podiam alcançar alguma coisa a mais tipo a professora de ação comunitária chegou lá e mandou a gente escrever numa folha o que a gente queria discutir. Aí cada um escreveu lá: violência, gravidez precoce e tal, e aí cada semana a gente vai abordando um assunto. Eu acho que isso daí também é bacana. A professora de inglês também a didática dela assim é isso... de ensinar o português. Ela diz pra gente que a gente não vai aprender o inglês se a gente não sabe bem o português. Como é que a gente vai saber o inglês se a gente não sabe nem o português. Então ela sempre traz uma regra de... dessas regras do inglês para o português e passa também no... no inglês porque a gente copia bem melhor. Pra mim na minha sala isso tá todo mundo... a maioria já tinha inglês mas ninguém gostava e agora tá todo mundo apaixonado assim. Eu particularmente eu pensei... eu tava meio xarope assim, e eu tinha pensado até em mudar de escola (...)

P-Eu gosto de todas as professoras (...)

Mediador(a): E o que vocês menos gostam do pró-jovem?

P- (...) participar do desfile ajudou trazendo as roupa, fazendo maquiagem no pessoal (...) esse negócio de colégio (...)

P-Eu gosto de tudo. Os meus colegas assim não tem problema também. O único problema é esse do dinheiro que eles não receberam e tem uns que moram longe e eles precisam né? vem a pé. A única coisa assim...

P-Lá na minha sala assim a única coisa que a gente reclama é por causa do dinheiro que ninguém recebeu ainda mas o resto é tudo excelente.

P- A mesma coisa é o computador, né? (acabou a fita)

P-... aqui eu não sei quantos núcleo é (...) agora (...)

P- É na minha escola as questão assim... eu não tô... o único problema assim... eu não acho que é um problema assim... que tá tendo assim que a galera tá descontente é o lance que alguns alunos não receberam a bolsa né? e teve gente que não veio na aula e ganhou a bolsa e aqueles que né? ficam revoltados né? vão pra cima dos professores, só que eles não entendem que negócio é aqui, Paraná, Brasília e um monte de gente envolvida e aí vão pra cima dos professores e querem brigar... acho que... o que me incomoda assim é ver toda essa situação assim e o lance do computador também, que acho que tem uma galera aí esperando assim pra ter estas aulas então os professores tão indo lá e ensinando lá de onde surgiu o computador e este tipo de coisa assim teórica e é só isso assim o que eu acho que tá faltando assim é o computador assim e acho que a galera tá mais apreensiva que cheguem novos computadores e quem não recebeu quer receber..

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P-Eu... teve uns professores aqui que não receberam... agora já sim, né? mas no começo quando a gente recebeu o dinheiro a minha professora de português e de matemática tavam dando aula de graça, tavam tirando do próprio bolso deles. Então assim como nós passamos por tudo isso – eu recebi todos os meses, não tenho do que reclamar – mas assim como... alguns não receberam eles também não receberam e estavam trabalhando de graça, nos ensinando e tendo a paciência de vim e nos deixarem na mão porque eles podiam muito não virem aqui, não dar aula pra nós. Mas igual sem pagamento eles vieram pra dar aula e tiveram mais paciência do que alguns alunos estúpidos que fizeram fiasco aqui na frente por causa de cem reais.

P-Sem contar que eles (...)

P-É isso também aconteceu lá onde eu estudo. Teve um colega que assaltou... xingou a professora e foi no banco lá e xingou o gerente responsável e aí as professoras tentaram conversar com ele e ele (...) e mostrar que as coisas iam se ajeitarem e deu...

P-Eu fiquei praticamente quase um mês sem vir no pró-jovem por causa de um problema de saúde, né? aí na minha turma (...) então eu fiquei um bom tempo sem vim e aí eu vim e trouxe atestado que tava hospitalizada – fiquei quinze dias baixada na PUC, e vim aqui daí a professora perguntou (...). Eu tive um colega meu no canto que ele dava pulos (...) eu não vim na aula porque eu não quis, eu tive um problema de saúde (...).

P-E... eu (...) faz quatro meses que eu não recebo. Deu um rolo e o meu pai se meteu e aí eu fui descobrir que tava lá no Centro Vida porque quando eu fiz a minha inscrição lá no Pão dos Pobre, eu acho que na hora daquela confusão das papelada (...) aí eu fui lá no Pão dos Pobre onde eu fiz a inscrição e aí eu disse assim: Ah... ela pediu todos os meus dados de novo e eu fui lá e tirei xerox de novo e aí eu dei pra ela tudo direitinho e aí quando eles me chamaram pra vir pra cá aí (...) disse assim: “Ah! tu não tá no sistema.” Mas como eu não to no sistema se eu to na lista? Aí eu descobri que eu tava no Centro Vida e aí eu falei com o Oscar, briguei com o Oscar e disse assim: não Oscar, eu tenho que tá no sistema porque eu tô lá no outro colégio. Aí ele ligou pra lá e disse: “Não ela tá estudando aqui e eu queria que tu fizesse (...) pra ela. E aí agora ele disse que eu vou receber só em maio e agora eles vão colocar no sistema como aluna do Murialdo.

P-Agora que está constando (..) eu e a Paula (...) tem algumas ficha que tão preenchida e como agora chegou computador novo as ficha dos alunos aqui tá passando pro computador e aí por causa de pequenos espaços, pequenos erros, pequenos erros de CPF porque tem alguns (...0 fazendo e recadastramento e de espaço do... como é que é? SPS... SPS, aí alguns não receberam ainda, por causa de algum erro pequeno.

P-Mas lá é a minha sala toda né? não é só alguns.

Mediador(a): o que vocês estão vivenciando no pró-jovem correspondeu às expectativas iniciais?

P-Pra mim corresponde.

Mediador(a): não teve surpresas, decepção?

P-Decepção é só essa do computador que não teve desde o começo. Só isso que eles prometeram e não (...)

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P-Eu acho também... no meu caso seria o lance do computador assim né? que tipo... eles tão fazendo a propaganda na TV e computador (...)

P- (...) milhões e milhões de alunos (...)

P-Tá, eu acho que tem mesmo que dar oportunidade pra gente que tá querendo – eu sei que tem gente que só tá querendo ganhar os cem reais, mas tem gente que, como nós aqui, que louco pra acabar duma vez, acabar o segundo grau e entrar numa faculdade. Então ...e tem esse caso desse lance do computador que eles tão... não sei...

P-(...) pra mim lá e pros meus colegas é o negócio da bolsa que eles não deram, o resto tá bom.

P-Eu acho que assim ó, eu acho que a propaganda poderia ser diferente, de não ir uma galera... ah! cem reais. Pô, vou ganhar pra estudar? Não to fazendo nada mesmo, vou ganhar pra estudar, então eu vou lá. Eu acho que tinha que ser diferente assim acho que tem que chamar o aluno de uma forma diferente e não pelos cem reais, eu acho que tinha que ter uma jogada aí... ou outra jogada de mais marketing e daí melhorar essa situação.

P-Muitos alunos largaram o estudo por causa disso, por causa dos cem reais.

Mediador(a): Quais seriam os motivos que levaria alguém a abandonar o pró-jovem?

P-Por causa dos cem reais.

(todas falam juntas)

Mediador(a): Bom, então vocês conhecem alguém que abandonou?

P-Sim.

Mediador(a): E o motivo que levou esta pessoa a abandonar.

P-Foi por causa dos cem reais.

P-Por causa do dinheiro. Tem gente que tá sem recebe aí (...) Ah! vou largar não sei o que, prometeram os cem reais. E aí a gente senta pra conversar tipo né? o mais importante não é os cem reais. O pessoal não tá morrendo de fome, a casa não tá caindo em cima e tem que pensá o seguinte: que tu tá ali pra garantir o teu futuro.

P-Teve uma colega minha que saiu porque ela tinha feito umas conta antes de entrar e daí ela queria ganhar né?

P-Na minha sala (...) dois colegas largaram por causa que eles precisavam, eles tem família né? eram casados e aí eles precisavam trabalhar e (...) daí no final pagaram mas daí não dava tempo de ele chegar no colégio e chagava sempre atrasado. Tinha um colega que chegava sempre oito e meia.

P-E na minha sala também. As minha colega... eu vinha (...) e depois em janeiro eles receberam (...) vem todos os dias no colégio e não consegue receber e os outros consegue. (..)

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P-Essa questão do dinheiro assim não é... não é escolheram porque ela vai receber e tu não, ou ela e eu não vou entendeu, eu acho que é uma... desorganização que veio da parte deles. Não conseguiram organizar os papel na hora certa e deu esta confusão.

P- (...) eu vim me inscrever no pró-jovem falaram que a gente não podia tá trabalhando de carteira assinada. Aí eu fiz outra carteira (...) inscrição e daí ela bem assim (...) vai lá e dá queixa que tu perdeu a tua carteira de trabalho tira uma carteira, faz tudo direitinho vai lá e faz a tua inscrição. E eu acho que eles não deveriam fazer propaganda de novo chamando mais alunos pra participar do pró-jovem se é que tem milhares e milhões que não receberam ainda. Cumpre a promessa aqui primeiro (...) pra ver se desse certo pra depois chamarem outra leva de alunos. Aí vem outra inscrição e aí vem outros alunos pra cá aí ficam quatro meses sem receber, aí entra novos e ficam ainda mais tempo sem receber. Precisam do dinheiro, precisam das passagens e eu acho que eles não poderiam fazer isso daí. (...) pra depois fazerem novos pedidos, novas promessas, propaganda enganos porque até agora pra mim (...) propaganda enganosa.

P-Lá na escola tem uma guria que ela vai com o nenê dela todo sai, ela não falta um dia, pode tá chovendo ela vai com a guriazinha – ela tem oito meses, e... assim o marido dela tá desempregado né? e ela tava também contando com esse dinheiro.

P-Na minha sala dois alunos (...) entre quatro cinco na sala de aula (...) vocês vão ter obrigação de estudar e se formar. Então porque que não continuem porque é mais importante pra gente do que... os professor já são formados né? o interesse é da gente não é do professor, não é do vocês que vem entrevistar a gente pra saber disso e daquilo, o interesse é nosso de terminar e pelo menos ter um certificado de...

Mediador(a): Quantos começaram na sala de vocês?

P-Na minha sala começou com oito e agora tem cinco.

P-Eu não sei exatamente porque eu não comecei desde o início mas assim pelo que os meus colegas de agora ao que ainda tão tinha bastante gente acho que mais de dez alunos.

Mediador(a): E quantos tem hoje?

P1- Olha, acho que uns oito.

P-A minha sala tinha vinte e três e agora tem catorze.

P-A minha sala tinha dezessete e agora só tem sete.

P-Na minha acho que tinha uns quinze, dezesseis por aí e agora só tem seis.

P-Aqui na minha sala tinha vinte alunos e agora só tem quinze.

P-Na minha tinha quinze a agora só tem uns dez.

P-O recreio agora tá triste...P-Sai na rua tem uns quinze ali e as vezes não tem nem oito no pátio.

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P-O meu quando tem o EJA tá cheio, né? E aí quando... porque o EJA não tem aula todos ao dias mas mesmo quando não tem o EJA tem uns dez mais ou menos.

Mediador(a): Vocês tem intervalo no mesmo período que a escola tem?

P-A gente tem por causa do EJA. A gente tem que seguir o mesmo horário do EJA porque a escola (...)

P-Aqui é só o pessoal (...) por causa do colégio aqui da frente (...)

Mediador(a): Então vocês tão num local que só tem pró-jovem?

P-Aqui...

P-A minha escola é só pró-jovem, a noite é só pró-jovem.

P-No começo era só o pró-jovem né? mas agora começou o EJA e nós tinha... os horário era das seis e meia a gente entrava e aí as oito hora tinha o intervalo até as oito e quinze e as dez horas sai né? só que daí agora com o EJA a gente temo que entrar quinze pras sete, nove horas a gente tem o intervalo até as nove e quinze, e depois as dez e meia a gente solta.

Mediador(a): E vocês tema janta também?

(todas falam juntas)

P-(...) se servissem um lanche desses pra vocês, vocês não iam comer. Pão com repolho e uma...

(todas falam juntas)

P-(...) repolho com maionese(...)

P-(...) que acho que nem patê é... eu não sei como que eles fazem aquilo... bife de fígado sabe? eu acho que sobraria... no caso (...) na minha casa, é o que sobra do almoço que eles batem , temperam , botam no pão e pões ali uma folhas cruas de repolho, pepino...

(todas falam juntas)P- (...) esses filtro, que só tem aquele bebedor ali, pra esse monte de aluno, só tem aquele bebedor ali. O banheiro (...) tá horrível, horrível. Não tem nem papel higiênico.

Mediador(a): Tá, então tem distinção entre o lanche e a janta, né?

P-Janta a gente não tem.

P-Não, é só o lanche.

Mediador(a): Janta é o lanche, é isso?

P- Onde tem o EJA eles fazem a janta né?

Mediador(a): Quem tá num local onde tem o EJA compartilha da janta do EJA é isso?

P-Não, o pró-jovem é que dá junto com o EJA, não é o EJA que dá pra nós.

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P- (...) aí o pró-jovem dá o dinheiro pro lanche...

(todas falam)

Mediador(a): Só um pouquinho, deixa ela explicar porque eu não to entendendo porque que vocês tem janta e os outros não tem?

P-Porque lá no meu colégio tem o EJA e nos outros colégios não tem que se tivesse o EJA eles faziam janta. Como tem as funcionárias que fazem a janta lá do EJA, aí eles já dão também pro EJA pra (...) também, é isso que acontece. Por causa que daí...

Mediador(a): Porque o EJA tem a sua janta e o pró-jovem aproveita que vai cozinhar pro EJA e cozinha pro pró-jovem.

P-É, em vez de pegaram e contratarem alguém pra fazer um lanche assim, um cachorro quente, o lanche que eles pagarem eles dão lá pra elas e elas fazem a janta do pró-jovem.

P-O dinheiro do lanche eles dão pro pessoal da prefeitura pra (...)

(todas falam juntas)

P-Eu não sei né? eu ouvi falar dos meus vizinhos que aqui no Murialdo tavam dando pizza e até deu briga essa semana lá no

(Todas falam)

Mediador(a): Só u pouquinho (...) conta aí a questão que tu tava falando agora.

P-Olha, eu fiquei sabendo e um colega meu também que... chegou até aqui (...) ah! professora o que tá acontecendo lá no Murialdo? O lanche deles é diferente. Eles tão comendo pizza e aqui a gente tá comendo o pão que... ah! cada dia da semana é pão com pepino e mortadela, é pão com repolho e mortadela então é um presunto assim ó... e o alface que eles põe assim é... sabe o alface que tá dez dias assim atirado lá na geladeira... tu vai viajar e quando tu volta tá aquele alface horroroso lá, tu joga fora até, e eles aproveitam pra dar pra nós e o tomate – sabe quando o tomate tá esfarelado assim, meio branco até? E nesse dia eles nem passam nada no pão só metem lá um presunto, um alface e um tomate. Esses dias eu sai de casa de correria e nem tomei café, eu botei fora... comi só o pão puro porque é terrível, não dá pra comer. Porque eu passei mal o dia que comi pão com pepino e mortadela. E tem uma amiga minha que faz nutrição que diz que esse tipo de mistura que eles fazem lá com essa maionese, esse pepino e mortadela não é aconselhável.

Mediador(a): E comparando com a escola comum como vocês avaliam a experiência no pró-jovem?

P-Eu gostei porque fazia tempo mesmo que eu não ia na escola comum então pra mim tá sendo bom.

P- (...) porque... poucos aqui trabalham né? que tem filhos pra cuidar, o pró-jovem é bom porque não é aquela coisa (...) sabe? tem que estudar e... não, a matéria é fácil né?

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P-A maioria tem filhos (...)

(Todas falam)

Mediador(a): E tem alguém da sala de vocês que traz filho?

(todas falam)

P-(...) a minha mãe não gosta muito que eu traga o meu filho pra cá por causa do ambiente. Que a minha filha tá indo pra escolinha durante o dia e aí trazer pra cá num ambiente de (...) uns fumam cigarro e (...) que eu tenho problema no rim, né? (...)

P-Tenho que trazer três mamadeiras, que ele vai fazer um ano né? trago lenços umedecidos, trago um monte de roupa mas eu venho, mesmo com aquela mochila deste tamanho.

P-E é assim (...) o nosso professor de ciência no caso ele pega... a gente tá fazendo trabalho e daí as crianças começam a riscar no quadro (...)

Mediador(a): Bom então vocês tavam referindo ããã... fazendo uma comparação em relação a escola comum, vocês estavam fazendo uma avaliação com a experiência no pró-jovem. E agora eu queria que vocês colocassem o que vocês esperam da participação no pró-jovem?

P-Eu... com a minha participação eu espero que eu consiga.... eu tô me esforçando assim né? (...) embora a pé (...). Mas tipo eu to me esforçando bastante, eu quero estudar eu já tô com vinte e dois anos e eu queria assim tipo muitos dos meus amigos que eu estudei ããã... eles já tão se formando e uns já tão até morando no exterior eu tô no lance assim quero acabar logo, então com essa experiência eu quero (...) aprender o máximo que eu puder e quero acabar logo com isso assim, quero fazer o segundo grau, terminar, e quero prestar vestibular o mais rápido possível. Antes dos trinta eu quero ter um canudo na mão.

P-O mesmo que eu também que eu quero terminar logo né? que eu tenho a minha tia né? que ela tem a mesma idade que eu e agora ela já tá fazendo curso de Radiologia já, no SOS Rialeza lá no centro. Então né? ela começou junto comigo desde os seis anos de idade, eu parei, rodei, né? podia tá junto com ela né? fazendo curso técnico de alguma coisa né? então eu podia tá junto com ela, do lado dela né?

P-(..) acho que não interessa a idade que a gente tem. O importante é o interesse e a vontade de terminar. Eu quero terminar e fazer um curso técnico (...). Pelo menos... pegar o primeiro ano (...). Se eu tenho condições de querer aquilo ali... e mostrar pra todo mundo que o curso valeu a pena pelo menos, sem dinheiro ou com dinheiro foi muito bom pegar e terminar rapidamente (...) chega na metade sabe? e desiste rapidamente.

P-Ah! eu quero terminar, conseguir assim ser alguma coisa né? é o que eu quero fazer terminar o primeiro e depois fazer o segundo e tentar fazer um concurso, alguma coisa.

P-Ah! eu tento me esforçar bastante pra mim me formar. O meu sonho é ser advogada mas pra ser advogada tem que estudar muito, bater a cabeça eu

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qualquer canto só pra mim tentar (...) o estudo né? que aí eu consigo realizar o meu sonho de ser advogada.

P-(...) muito boa (...) porque daí (...)

P-Pelo menos lá pra nós o curso até hoje não existe.

P-Tá mas...

(todas falam juntas)

P-O curso...

P-Não, o curso que eles tão fazendo faz parte do Murialdo. O Murialdo sempre deu curso com certificado pelo SENAC, isso existiu sempre aqui desde que abriu o Murialdo pra fazer cursos e oportunidades de trabalho isso é do Murialdo. Os alunos quiseram fazer por conta própria. Não que o curso seja do pró-jovem. (acabou a fita)

P-... sobre direito do trabalho já... agora a gente tá tendo... STG? (...) tá dentro da qualificação profissional e essa coisa tá... é sobre profissões e aí a gente fez... cada um dos alunos elaborou duas perguntas e aí a gente tinha que... tem dez perguntas pra forma um questionário a gente tinha que entrevistar cinco pessoas de profissões diferentes daí depois entregar este trabalho pra professora.

Mediador(a): Todos aqui tem que fazer (....)? Tá, é o curso todos tem? O curso que seria o profissionalizante?

P- aí não, o curso não.

P-O curso que tem aqui é do Murialdo, não é do pró-jovem. Os aluno que tão fazendo o curso ali foi porque abriu a inscriçã9o, se interessaram em fazer e... não é o curso de (..) de pintor, o que quer que seja.Mediador(a): mas daí tem a questão dos arcos, né?

P-Sim, tem os arcos. Mas daí nisso a professora desde o começo ela disse que (...) quatro meses ela ia dar sobre o curso pra pessoas pensarem bem pra ter certeza do curso pra depois...

P-Tá e aí eu fiz o trabalho também sobre vestuário ããã.... o que que tinha mais? Ããã... trabalho doméstico, administração... eu sei que tinha quatro escolhas e aí era pra gente pesquisar o que que cada um queria.

Mediador(a): Vocês sabem quais são os arcos que tem?

(todas falam juntas)

P-A gente não tem mas pelo no núcleo, no meu núcleo, a gente já teve uma aula pra gente ter o conhecimento do que são necessários...

Mediador(a): E pra ti? Já tiveram essa informação em relação aos arcos?

P-Não.

P-Eu também não.

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P-(...) a professora de qualificação profissional falou pra nó que parece que começa em maio os curso.

P-Pra mim só foi avisado dos cursos aqui do Murialdo.

P- (...) inscrição era ali no centro... como é que se diz? no...P-No mercado?

P1-... no mercado.

P-É mas é pros cursos que o Murialdo dá.

P-O Murialdo dá?

P-Não é curso... é um concurso que tem... um concurso que se inscreve lá no... tem uma vez por ano lá no mercado público e quando tem os curso aqui que tem vaga no Murialdo (...) eu já me inscrevi em vários cursos lá. Desde os meus dezesseis anos eu sempre tentei me inscrever nos cursos mas eu nunca fui chamada pra fazer... isso que eu moro aqui perto e fui encaminhada pela assistente social e pelo conselho tutelar.

Grupo Focal com educadores zona leste

Mediador(a): Então pra começarmos eu gostaria que vocês apontassem como que se deu para cada um de vocês, tá? a entrada no pro-jovem.

P-Pra mim foi assim de surpresa. Eu conheci o pro-jovem através de uma colega. Ela me ligou... ela tava se inscrevendo e me ligou avisando que as inscrições estavam abertas e eu me inscrevi.

P-Mesma coisa que a colega... (...) então ela disse pra eu me inscrever e aí eu fui procurar informações na Internet e me inscrevi.

P-Eu através de uma colega também fiquei sabendo e pra minha surpresa fui selecionada. (...)

P- Eu também da mesma forma (...) Internet e na verdade...tava lotado.... era pra zona leste, né? mas uma pessoa desistiu e eu assumi no lugar.

P- Eu sou funcionária do (...) e a gente trabalhamos com consórcio com... várias outros programas nacionais e aqui do estado e (...) e aí eu vi aquela propaganda e também a gente vai comentando... mas como é... eu não sabia que tinha para Assistente Social aí ããã... um dia depois... aí eu fui bem (...) fiz as entrevistas e tô gostando muito.

P- Eu... eu também soube através de uma amiga minha (...) e ela comentou que ela tava trabalhando no pro-jovem e aí (...)

P- É eu também foi através de uma amigo aqui do colégio mesmo (...) me inscrevi e me chamaram.

P-Eu fui através do meu que é jornalista, né? antes de abrir as inscrições pro programa ele já tinha me falado (...) e fiquei feliz de ser selecionado me chamaram (...)

P-Fiquei sabendo através de um colega (...) na UFRGS, né? e ele costuma (...) e aí ele colocou (...) falando do pro-jovem, né? e eu achei

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interessante e (...) então resolvi me informar e fui preenchendo todos os requisitos.

P- (...)

P- Eu fiquei sabendo na escola que eu leciono lá e todos estavam se inscrevendo e falaram que teria vaga num projeto da prefeitura não-sei0o-quê, que era trinta horas semanais. E aí eu acessei a Internet e fiquei sabendo mais assim... houve várias etapas, né? e eu participei (...)

P- Eu fiquei sabendo através de uma ex-colega que me mandou um e-mail e sabia que tava lôca pra trabalhar e... entrei no Site e peguei maiores informações... tava no último dia da... aí me inscrevi e para a minha bela surpresa eu tô aqui... com a minha pouco idade....

Mediador(a); Agora sim eu gostaria que vocês se apresentassem assim... quem são vocês, né? e dessem uma nota de )a 10 para o pro-jovem.

(todos falam junto)

P-Assim toda a estrutura dele ou mais didaticamente o projeto em si?

Mediador(a): Que tu desse uma nota de 0 a 10.

P-Meu nome é Patricia, eu sou formada em letras pela FAPA e dô aula há cinco anos no Estado. Eu comecei com o ensino médio a noite (...) hoje em dia eu também do aula só pro ensino médio que eu já dei (...) português e literatura também e é isso. A minha experiência não muito assim e cada dia que passa eu aprendo mais. O pro-jovem ããã... me surpreendeu assim nesse aspecto... eu to aprendendo muita coisa assim sobre a parte profissional assim e a nota é meio difícil de dá assim porque no nosso núcleo a gente tem um relacionamento assim muito bom e agente consegue levar o trabalho adiante por causa desse relacionamento que a gente têm, dessa interação que a gente tem, então eu daria uma nota... seria assim, pra todos os aspectos do pro-jovem?

Mediador(a): É a nota que tu dá pro pro-jovem.

P1-Eu daria uma nota assim... Sete... é, sete.

P-Meu nome é Lilian (...) núcleo de matemática. Eu trabalhei um pouco em cada... ah! eu (...) educação, educação de jovens e adultos ããã... projeto (...) trabalhei (...) dô aula no ensino médio somente, primeiro, segundo e terceiro ano do ensino médio e... gosto muito do projeto, acho interessante apesar de (...) também (...) e tem algumas coisas ainda que tem quer examinadas.

P-Só uma pergunta, a entrevista não é impessoal? Precisa dizer o nome?

Mediador(a): Fica a teu critério daí.

P-Meu nome é Germana eu tenho segundo grau e tenho curso técnico... curso técnico de Secretariado e comecei fazendo trabalho voluntário. (...) há mais de quinze anos com creches carentes depois eu comecei a trabalhar com comunidades carentes,. Trabalhei nas associações e sempre ajudando os jovens na área de... na parte de drogados e referente também a...a educação, sempre ajudei muito eles. Então uma coisa sempre envolve a outra... eu sempre

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trabalhei como secretária e do nada comecei a ver o outro lado, né? é por isso que eu achei, né? fazer o técnico porque de alguma forma o meu ex-marido (...) um pouco mais, né? e eu também (...) onde eu moro, eu moro numa comunidade onde tem diversas vilas carentes, né? então isso fez com que eu fizesse, né? trabalho voluntariado. Até hoje Natal, Páscoa, Dia da criança sempre sempre sempre a gente faz serviço com as creches... eu arrecado coisas com a vizinhança, com amigos (...) brinquedos e tudo mais e sempre é feito diversos... diversas creches separadamente. E acabei gostando e tomando gosto pela coisa e... fiquei sabendo do PROJOVEM, achei interessante e cada dia eu aprendo mais.

P-Exatamente como as minhas colegas disseram, também eu dô um sete, mas não por nós educadores. Por nós educadores a gente tá tentando fazer de tudo pra tentar da uma nota dez mas tem algumas coisas dentro do programa que estão deixando a desejar.

P-Meu nome é Jandira eu sou assistente social sou formada pela Unisinos e tenho curso de supervisão em serviço social ããã... sempre trabalhei na área de saúde e agora há três anos atrás, sou funcionária da SUSEPE no qual me identifico bastante com o serviço de segurança e pra minha surpresa quando surgiu esta oportunidade no PROJOVEM, bom de repente vou me inscrever pra mudar um pouquinho, né? porque a gente também só trabalhar com a morte...e digo, vou tentar trabalhar com jovens que no meu estágio eu fui estagiária da Brigada e eu trabalha com os jovens infratores e foi gratificante. E hoje no PROJOVEM adoro o que eu faço, gosto muito da minha equipe, tá? e assim que tem algumas coisas também que estão ainda m andamento, inclusive ali no (...) pessoal me apoia bastante porque eu nunca tinha tido experiência de sala de aula. Eu sempre tive... a minha experiência sempre foi de atendimento individual, ir a campo, fazer laudo, inclusive hoje eu ainda faço laudo pra SUSEPE (...) judiciário e em sala de aula a minha experiência é quatro meses praticamente e eu to tendo todo o apoio e a minha nota é sete. Pode ser até que mude, né? mas por enquanto é sete.

P- Meu nome é Carla eu sou formada no curso de Letras pela FAPA... na verdade sempre trabalhei na iniciativa privada. Trabalhei muito com o lado assim... pra algumas coisas (...) mas na parte de empreendedorismo. Quando eu me inscrevi no PROJOVEM foi justamente buscando, né? um outro... uma outra alternativa profissional mas achava assim que não me enquadraria pela falta de experiência e acabei sendo selecionada e por uma série de coisas acabei entrando num momento que não era pra mim entrar porque na verdade não tinha uma pessoa pra essa zona aqui e... ããã... e foi assim uma grata surpresa e na verdade era o que eu gostaria de fazer, o que eu sempre quis fazer que é trabalhar com educação mas que eu não tinha (...) não era isso que eu fazia, não era essa a minha profissão. Fiquei um pouco preocupada com a questão no sentido de como conduzir... como conduzir a... fiquei bastante apreensiva por não saber se eu ia conseguir dar conta por causa da minha experiência e tal, tinha feito estágio no... tinha feito estágio nas escolas mas escolas assim é muito diferente, escolas particulares e acabei gostando bastante, em identifico bastante. Acho que o grupo que eu tô agora é um grupo bem entrosado, tentam dar o melhor de si, a gente... só que vejo algumas falhas gravíssimas assim que de certa forma atrapalham., né? o próprio... o (...) a questão da educação. Então assim em questão disso tudo a minha nota seria um seis.

P- Eu sou (...) eu sou assistente social mas o meu (...) no programa (...) de auxiliar de nutrição e depois fiz uma teologia curta, uma... ciências religiosas na PUC e trabalhei como professora de ensino religioso um tempo

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e... sempre com juventude, depois na pastoral da Juventude do Brasil, trabalhei cinco anos na pastoral da juventude (...) na qual eu fiz a coordenação das gurias (...) e onde eu (...) no PROJOVEM, né? (...) e no serviço social eu vim trabalhar no Murialdo depois (...) do morro, né? em creche comunitárias, né? a minha experiência com juventude dentro do PROJOVEM (...) embora tenha muitas dificuldades na disciplina, né? a gente tem que tá sempre retomando com eles os limites, né? as vezes a gente chega quase a perder a paciência, chora, né? porque (...) mas sempre de novo retomando e construindo com eles de novo, né? (...) na convivência... é difícil dar uma nota no todo, né? porque eu trabalho em dois núcleos (...) agente tem dois espaços pra dividir.... embora seja dois dias em cada um mas a experiência é muito grande, muito forte mesmo (...) com colegas, alivia as dificuldades, né? agora já passou a lua de mel do PROJOVEM, né? agora tá o real, aquilo que a gente é e isso aparece e a gente tem que sustentar e isso não é fácil e eu tenho por princípio (...) e isso nos coloca numa situação de (...) de pedir perdão, de pedir desculpas mas sempre (...). É aquilo que eu dizia antes então se a gente não pode se amar no trabalho nós(...)

Mediador(a): E a tua nota qual seria?

P1-A minha nota, na questão da construção nos núcleos pra mim seria nove pelo empenho de cada equipe em cada grupo pela construção desse (...0, mas assim a nível de estação, a nível de PROJOVEM eu daria um sete. Tem várias coisas em andamento que tão demorando que dificultam (...)

P-Eu sou formado pela PUC, né? a titulo de experiência, né? Dei aula por meio ano num cursinho e logo depois eu entrei no PROJOVEM. Então assim até agora até o momento eu também a nota que atribuo ao PROJOVEM é um seis.

Mediador(a): Tu é formado em...

P1-Ciências Biológicas.

P-Meu nome é César, tenho experiência de três anos (...) eu dei aula em SP pro EJA, em Santo André, também tem um programa parecido com (...) de São Paulo, tinha um grande problema como tem aqui (...) e problema maior que eu entendo que tá tendo esse negocio, a dificuldade toda no meu entender é pagamento (...). E o ponto bom é que tem muita coisa nova que a gente não tava a costumado a fazer, ter liberdade de fazer coisas que a gente não faz na aula tradicional. Tipo – fazer um projeto diferente enfim, de algumas coisas que faltam de materiais e dificultam as vezes, não ter este material pra poder fazer estes projetos legais. Falta esses recursos as vezes de materiais.. a estação dificulta o professor implantar este projeto (...) e assim mesmo os projetos novos envolvem muito... envolvem faculdade daqui e de lá, PR do RJ e por tudo isso (...) que é tudo certinho (...)

Mediador(a):Quando tu referiste falta de pagamento, tu falas isso em relação ao professores ou...

P1-Não, em relação ao aluno. O pagamento em relação aos alunos e aí gera dificuldade porque daí (...) e essa coisa da dificuldade faz com que haja... muita gente saia do PROJOVEM e o aluno acaba evadindo. Cria dificuldade para o aluno (...) no mais tem muita coisa boa no PROJOVEM tipo deixam a gente experimentar coisas novas... a gente não sabe como fazer, nunca tinha feitos, mas é uma experiência nova uma coisa nova então nós também temos um pouco de dificuldade de lidar com coisas que a gente não tá acostumado. A gente pega tudo certinho e aí quando chega a dificuldade (...) mas também

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(...) não é os alunos. Os professores também tem essa dificuldade no meu ponto de vista. E como é que vamos fazer agora? Vamos ver isso aqui (...) estamos preparados pro sim e quando chega o não a gente tem dificuldade de enfrentar.

P-Meu nome é Rodrigo (...) história e geografia e o PROJOVEM (...) e é um projeto novo assim que estou gostando muito de fazer parte, claro a gente sabe que tem as sua deficiências, não é? mas eu acho que pode melhorar bastante em... e a minha nota seria um oito.

P- Meu nome é Nilson, eu fiz o antigo bacharelado (...) em Porto Alegre, né? e eu trabalhei em cursinhos de inglês e quando eu me (...) em escola surgiu uma certa dificuldade que eu não tinha formação (...) eu tive que fazer a especialização e aí fui morar em Belo Horizonte, fiz na PU de Belo Horizonte a minha especialização e tal e fui dar aula em escolas. Então recebi o certificado, né? e estava apto pra lecionar em escolas também. E... eu trabalhei em escolas desde 1981 – na década de 80. Morei mais nos EUA onde tive uma experiência fora do Brasil, né? foi bastante interessante e... em relação ao PROJOVEM eu acho que a idéia é boa, interessante porque é mais no sentido de resgatar esses jovens e.. é... que são de uma certa maneira excluídos né da sociedade. Como é um projeto com outro enfoque eles tem umas certas dificuldades ...e isso atrapalha um pouco né? o nosso trabalho que nós gostaríamos de oferecer o melhor pra eles, né? só que fica um pouco difícil, né? porque a gente... pelo menos no meu grupo de trabalho, né? a gente não tem computadores, a gente não recebeu os computadores até agora é... não tem material (...) e eu preciso tirar xerox e isso não é pra nós e tem que fazer do próprio bolso isso (...) porque sem isso fica difícil porque dar aula só com o livro é muito pouco então tem que disponibilizar os materiais pra ele e isso sai do próprio bolso.

Mediador(a): E a tua nota?

P1- A minha nota pro PROJOVEM no geral é sete. Eu acho que...

P-Eu sou da área de língua inglesa eu fiz Letras Inglês-Português, né? e já trabalhei na... 20 anos na... português, inglês., literatura e entrei no PROJOVEM mais no sentido de desafio porque era uma coisa diferente, né? um projeto novo. Acho que o projeto assim, o programa dele muito bom, nè? acho que seria uma coisa ideal, só que a parte prática é que não tá funcionando muito. Por essas questões de pagamento, de material que a gente tem que investir e o tempo que a gente precisa de prepara que não é só dar aula, né? e que ofusca muito o trabalho da gente nisso. Os alunos não estudam, né? que deveria ser a parte maior, então a minha nota e seis e meio. P-Meu nome é Mariana eu sou licenciada em Ciências Biológicas pela PUC, me formei há uma ano e mio mais ou menos e o projeto do PROJOVEM me apareceu numa ótima hora, né? que eu tava recém saindo de um mestrado meio mal sucedido e... assim, eu não vou falar tudo que todo mundo já falou em relação a problemas né? que a gente sabe que existe, tá inserido na nossa realidade todo dia e eu vou atribuir uma nota que é seis.

Mediador(a): Bom, então o que motivou a entrada de vocês neste projeto?

P-Eu já tinha participado de um projeto parecido com este, né? então eu já sabia o que esperava, eu já sabia o que ia acontecer mais ou menos, tanto que quando eu cheguei (...) não esperem que (...) pra nós em um mês dois... não, esse projeto. Eu já tava sabendo...

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P-Pra mim foi uma oportunidade profissional assim... eu não conhecia o PROJOVEM eu não sabia o que era o projeto, aí quando surgiu eu encarei como um novo emprego, que eu dô aula no Estado, o Estado só não é suficiente, né? e eu encarei como um emprego.

P- O salário é bem atrativo pra trinta horas... o salário é bem atrativo e aí eu precisava (...) e foi assim, unir o útil ao agradável, foi assim... neste sentido.

P-Pra mim foi quando eu (...) a juventude aqui (...).

P-Pra mim teve uma parte profissional, né? que eu sou professora do Estado, mas não foi só isso porque trabalhar (...) acho que não é o suficiente, né? eu gosto muito (...) eu sei que a (...) das crianças do ensino fundamental, né? e eu sei que a motivação é de... de... minha maior é ensinar aquilo que eles não aprenderam (...) em relação a matemática. Eu nem pensava noutro tipo de relação, né? e mistura tudo... eu não pensava nisso. A minha era voltada pra... a minha era.... a matemática. Por este lado eles (...) a evasão do ensino fundamental era, vamos dizer assim, uma das culpadas... e isso me motivou porque eu sempre gostei de (...) e aí eu tô aqui.

P-Eu já trabalhei em Estado, particular... quer dizer várias situações e eu estando 40 no Estado eu tive... eu tenho tempo sobrando, né? então eu achei... eu gosto de trabalhar bastante, gosto de tá sempre ocupada e quando apareceu esta oportunidade eu iniciei um novo desafio, né? então nessa parte eu entrei por isso e também financeiramente. É isso.

P-Eu entrei pelo lado profissional também. Sempre quis ser professor e foi uma oportunidade que surgiu.

P-E eu foi pela oportunidade profissional. No momento quando eu fiz a inscrição eu trabalhava numa outra empresa (...) e aí eu achei que valia a pena sem contar que como eu sempre trabalhei nesse... eu fazia trabalho voluntariado e eu acho que é uma maneira de eu tentar resgatar um pouquinho do tempo que fiquei para lá, através disso e juntamente com o lado profissional.

Mediador(a): Bom, agora baseando-se nas experiências de vocês, tá? cada um, de uma maneira geral como vocês avaliariam o programa PROJOVEM?

P-Pra mim o grupo é muito bom. O programa em si é muito bom. O que dificulta é muitas... como eu falei anteriormente, tem muita gente envolvida: tem faculdade do PR envolvida, tem Brasília envolvida, tem a Prefeitura de Porto Alegre envolvida e então isso gera as dificuldades. Todas essas dúvidas (...) envolvidas... tipo assim só... tipo assim, Rio de Janeiro (...) Santa Maria e Porto Alegre (...) se fosse mais descentralizado ficaria mais fácil.

P-Eu acho que o projeto pedagógico em si é fantástico porque a gente tendo oportunidade de colocar em prática a interdisciplinaridade , aquela famosa palavra, a gente poder colocar isso em prática... é uma experiência muito boa assim... pra mim, né? que é a minha primeira experiência profissional com aluno assim, é mais fantástico ainda. O que tem do outro lado é a questão burocrática, né? que atrapalha tudo.

P-Eu ããã... ter... é desafiador, né? é bonito, né? interessante o projeto eu acho que todos nós aqui (...) tão assim relacionada com escolaridade. E

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acho que um dos problemas seria esse também, né? a falta de... de experiência, de noção... trabalhar (...) a parte de redação. Não que eu á não tenha trabalhado mas é que é muita gente né e são... e e a motivação dos alunos também não é voltada tanto pra área da educação é mais pra área financeira né, pelas dificuldades que eles tem né... também da... a região da... os valores (...) e a gente acaba, né? mas o projeto em si é um programa interessante e acho que vai... até chegar aonde é (...) acho que vai ter um longo caminho a percorrer.

P-Eu acho também que idéia do projeto é fantástica. Mas eu acho também que como é um projeto em nível nacional né? é muito difícil de encaixar em todas as regiões. Não sei, eu acho assim que tá um pouco fora da realidade. E até pela própria parte didática, pela própria parte pedagógica eu acho que ele tá um pouco assim... acho que as pessoas que idealizaram o projeto... não sei... acho que não tinham uma noção de como é cada região, como é diferente a realidade de cada região.

P-É, eu concordo com a colega nesse lado porque assim ó, a unidade... (...) a segunda está extremamente forte ela tá... principalmente a minha matéria ela tá assim é cansativa, ela tá pesada, ela tá diferente, extremamente diferente da unidade... da primeira unidade. Em compensação (...) da terceira unidade o que eu vi eu fiquei apavorada. Eu não sei o que que nós tamo fazendo aqui na segunda unidade, na segunda unidade não fizemos quase nada e na terceira unidade não vamos fazer nada mesmo. O livro é a metade desse aí. Nós não temos nada nada nada. E isso são coisas que fogem da nossa realidade. Ação comunitária na primeira unidade não tinha nada e no segundo tinha pouca coisa.... (acaba o lado A)

P1- ... três tópicos e além dois três tópicos é... atividades, atividades e atividades. E se eu deixo pra casa eles não fazem, tem que ser em sala de aula porque eles não fazem o trabalho me casa. Então assim questão ele no papel é maravilhoso, na prática não tá dando certo. Porque a primeira unidade parece que (...) a segunda unidade parece que envolveram todos e agora a terceira unidade (...) não tem nada a ver veio tudo pela metade.

P-Eu acho que tem algumas coisas né? que nos deixam muito presos assim dentro daquela caixinha do programa prevê isso. E isso sim é desestimulante pro professor porque eu acho que a gente pega momentos muito ricos que tu poderia dar... ããã... principalmente a gente trabalha... que a maioria a escola são... a nossa escola é no morro assim. O pessoal tem problemas de drogadição, tem problemas de controle de natalidade, tem que coisas que eles têm curiosidade que eles não souberam e a gente fica muito presa naquilo que a gente sabe. A gente não pode levar, por exemplo, uma pessoa pra conversar porque tem que passar pela Secretaria da Juventude, por Santa Maria, por Brasília, por não-sei-o-que e não-sei-o-que-lá e não pode ser feito na escola, tem que ser feito na Estação (...). Um aluno que vai na escola com a questão... na nossa escola o lanche mudou, é janta, eles já tão voltando porque eles viram que eles têm janta e aí eles levam as crianças pra jantar lá. Então assim, um aluno que leva o seu filho pra jantar ele também tem que se deslocar lá do morro pra cá e ele precisa de duas conduções. Ele não vai vir a pé. E mesmo assim não se tem este espaço assim de ter uma programação...

Mediador(a): (..) é aonde?

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P1- Não... se existe assim uma dificuldade daquele aluno que ele não tem nem comida e que ele leva o filho pra comer, ele não vai pagar duas passagens pra vir aqui assistir uma palestra, porque as palestras são previstas para as Estação Juventude. Por exemplo o colégio das gurias fica lá na lomba do pinheiro, como é que elas vão se deslocar com todo o povo pra cá e depois voltar? Então isso não existe... não existe um recurso pra isso e assim mesmo a gente não tem autonomia pra promover isso dentro do núcleo então a gente fica sempre presa dentro daquele tema: violência, trabalho ããã, qualidade no trabalho e tal e a gente poderia mostrar uma pessoa que tem autonomia pra falar sobre isso. Que as vezes a gente não pode fazer isso. Se é pra fazer por exemplo um passeio na CORSAN, só podia ir um aluno por turno e aquele aluno ali seria um multiplicador. Alguns foram... alguns dos que foram evadiram porque coincidiu bem com a época do pagamento da bolsa-auxílio, porque eles não voltaram pra dizer como é que foi o passeio. Depois ele tinha que fazer um trabalho dando conta do passeio, porque não havia, o programa não prevê que todos os alunos possam ir neste tipo de passeio. Um mês depois aconteceu o Carnaval e aí a verba surgiu pra todos os alunos que quisessem ir desfilar no carnaval. O ônibus podia pegar lá na estação no sábado e aí tinha camiseta, tinha porta estandarte, tinha tudo. Aí depois nos jogos, isso acho importante, eu acho importante. Eu acho que cultura, lazer isso tudo é importante e aí quando chegaram os jogos também aí tinha como levar todos os alunos pra jogar, porque era o aniversário da cidade e tal, aí fazia parte da comemoração de aniversário, aí pode (...) e aí pode tudo. Então em alguns momentos esse dinheiro existe e em outros não existe e isso sim deixa o professor numa situação que mesmo que ele não queira ele vai (...) que eu acho que é justamente esse (...) da educação junto com o comando político que uma coisa... é óbvio que sempre o recurso quando for pra beneficiar a política ele vai aparecer e quando for pra beneficiar a educação cultura, aquilo que geralmente eles se interessam, não tem. Tomara que isso ainda aconteça né? a gente já tá quatro meses... tomara que isso mude mas acho isso meio desestimulante assim e se eu tiver que dá uma nota por isso a minha nota não seria 6, é menos. Mas que eu vejo que tem coisas mesmo de trabalho dos colegas, eu vejo o esforço dos alunos porque se eles tão lá – muitos já passaram pela FEBEM, presídio – e se eles tão lá é porque eles tem alguma chance, eles merecem, então por isso que não é seis então tu colocar na ponta do lápis o que prevê e o que acontece, não teria como dar nota...

P-Só pra complementar esse assunto aí, que é (...) é que uma colega (...) então isso pra mim facilitou pra mim usar o DVD de inglês né pra eles e eu ando com o meu aparelho de DVD, então aí eu posso dar uma aula melhor pra eles né porque senão não tem (...)

Mediador(a): Os recursos didáticos não são disponibilizados?

(todos falam juntos)

P-Depende da escola onde está localizado o núcleo.

P-A escola (...)

P-A escola onde fica o nosso núcleo ela é uma escola estadual de ensino fundamental, durante o dia ela tem toda estrutura para os alunos. A noite nos é disponibilizado espaço físico. Alguma coisa que nós precisamos a mais a gente pode né: podemos usar televisão, podemos usar vídeo cassete... o DVD que é meio novo né: O DVD é do terceiro ano pa pá... ah, então nós não vamos usar o DVD e som eu já levei umas duas vezes mas eu não posso me deslocar da

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zona norte pra zona leste com um som. Então isso fica difícil pra nós. Agora... ontem foi eu acho que os melhores (...) que nós tivemos na escola – porque somos nós e o ar que nos rodeia.

P-Nós não temo luz na rua e aí aconteceu um fato com os alunos né, e nós ficamos ali naquele meio na escola e não tem nada na volta, não tem prédio ao lado, não tem casa então é nós e nós ali então não tem som, não tem nada e fica aquele marasmo né? O lanche é...sanduíche ainda que nós não temos a oportunidade ainda (...) que eles sabem então porque que nós não podemos. Pra algumas coisas é institucionalizado e pra outras não. Pra palestra tem que ser pra todos mas o lanche não é pra todos. Pra ir ao DMAE também não é pra todos, entendeste? Então eles nos questionaram. Até eles questionaram (...) porque que não pode ser pra todos (...). Então eles estão nos questionando isso. Então (...) aqueles recursos que nós disponibilizamos pra eles. Eles passam (..) na escola. Isso não é muito bom, mas no momento não é muito bom (...) então tem esses problemas assim, né?

(todos falam juntos)

P- Acontece que na mídia foi vendido como outra coisa, que não tá acontecendo. E daí o que que acontece? Nós professores ficamos sozinhos... agente é...

P- (...) na televisão aparece todos os alunos nos computadores assim né?

P- Nós ainda temos... o nosso núcleo ainda tem os computadores, né? porque o diretor né? teve boa vontade né? em emprestar e agente tem a sala da informática e tal só que assim o, o programa do micro... eu não fui treinada pra trabalhar em LINUX, eu não sei. E também não tem um programa pra dizer o que que eu tenho que ensinar pro aluno.

P-Não tem impressora também...P1-É, não tem impressora... a gente o que que faz? Fica na Internet, ensina a eles a editar um texto mas tudo assim... tudo muito... tomara que eu esteja fazendo o melhor.... eu não sei se é melhor assim, se de repente isso vai ser o mais prático pra ele. Então assim, a gente tem... essas coisas, tu acaba sendo professor de informática mas sem ter a devida qualificação. Mas mesmo assim a gente ainda tá em vantagem porque a gente tem os computadores. Pior é os colegas que levam o teclado embaixo do braço pra mostrar pro aluno como é que é o teclado.

P-Eu, como trabalho em dois núcleos quero dizer rapidinho assim qual é a diferença entre os dois núcleos. O que tem de parecido ou quase igual são os alunos né? apesar de uma realidade diferente que lá é uma realidade mais rural e aqui é (...0. Mas lá nós temos uma escola municipal que nos dá toda a estrutura, inclusive os computadores. Mas assim uma diretora que nos acolhe que parece assim que a gente tá no céu de alegria... tem EJA e eles são assim extremamente alegre sabe? é uma coisa muito bonita, muito real sabe? assim, todo dia, não é um dia só. E ããã... tem DVD e essas coisas assim que é disponibilizado pro inglês também só tem que se organizar porque tem o EJA que usa também então tem que ter uma organização. Também agora (...) dez pra sete que não é mais o lanche (...) e a beleza naquela escola é a questão da interdisciplinaridade embora com todas as dificuldades somos pessoas que temos experiências de (..) e outras que vêm de uma escola tradicional... então casais né? mais difícil mas a gente tá “pelejando”. Aqui no Murialdo na mitra, a gente tem a dificuldade de... ããã ser uma salão, né? quase tem salas, tem um monte de dificuldades, não tem

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computadores, temos o problema da insegurança, violência, assalto porque a rua é escura e a gente já pedimos mil vezes pra Prefeitura e embora seja uma parceria com a Prefeitura não dá atenção, é difícil isso... de entender e de explicar até isso, pros próprios alunos então a gente tem que muitas vezes atrito com os alunos por causa disso – quem é aqui do Murialdo sabe, que também sofre saindo ali e que eu não to falando nenhuma besteira. Mas a questão também tem de... nos colegas, a gente tá trabalhando com dificuldades mas também somando, né? eu acho que grande forma com a interdisciplinaridade funciona, com nossas diferenças, né? (...) a gente busca né se ajudar e a evasão dos alunos, em primeiro lugar, é porque aparecem as promessas miraculosas.

P-E depois não acontecem.

P1- ... e nós na assistência social é pior... o serviço social eles vêm pra nós e nós somos da áreas social e tu tem que dar conta e não tem como dar conta, né? essas coisas de ônibus, né? mas ããã... de botar no site: passagem escolar foi adiada. Quando me perguntaram não era isso. Então tem coisas assim que ããã... se coloca um mínimo de reflexão onde os alunos podem ter acesso e eles não têm condições de compreender – não querer fazer eles menos – mas ele... ééé... quando saiu esta noticia que as passagens escolares... as carteirinhas foram adiadas, teve (...) com certeza... isso é provável né assim...

Mediador(a): O programa não é contemplado com a possibilidade de o aluno fazer a carteirinha escolar?

Todos respondem: Agora sim.

P- Já tinham divulgado que fariam e aí demorou agora dois meses de novo e daí agora a assistência social que vai fazer as fichas, quer dizer, nisso pode ser que demora mais dois meses, quer dizer, desestimula eles porque eles tão precisando da passagem e tem que pagar integral.

P-E em relação ao conteúdo eu gostaria de dizer assim ó, eu não acho pouco o conteúdo que tem a ação comunitária. É que é pouco conteúdo que tá escrito em si, mas o conteúdo pra desenvolver ele leva mais... é que a gente tem que trabalhar ele porque o aluno não é só dar ããã... participação, mas eles precisam... tu tem que fazer exercícios com eles pra eles se sentirem incluídos. Porque senão chega... eles vão tá chegando na ação comunitária e eles vão tá do mesmo jeito de braços cruzados porque vão ter só a teoria aqui. Então ããã... depende muito do... sei lá... da experiência e do olhar de cada um, né/ ao menos eu vejo assim, né? Até agora né, a gente sempre planejamos e igual a sempre tá aguardando passos seguintes né? conteúdo tem pra trabalhar: a questão da autonomia, da auto-estima, de valores porque cada semana ééé´... como eu tô em dois grupos, cada um me oferece uma unidade de aspectos que eu tenho que trazer pra trabalhar. De atenção, de... né? então assim, pro programa eu dô nove, mas não porque tá tudo funcionando mas por causa do sentido da proposta mas eu acho que ela devia ser mais direcionada pros estados, pra realidades. (...) na escola, eu fui buscar os alunos pro (...) e eu fiquei horrorizada de onde fica aquela escola. Eu não sei se eu ia trabalhar lá, sinceramente. Ela é isoladíssima. Não sei como é que a prefeitura teve a coragem de botar um PROJOVEM lá dentro. Se vocês foram lá vocês vão se apavorarem. É num campo no mato. Sinceramente...

P-É só um mato e só tem a escola.

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P- A escola que eu... a mais deslocada é essa e é no meio de uma burguesia, não sei donde (...) os coitados.

P-...então assim, só pra dizer os assuntos são...

Mediador(a); Sim, a questão é como você avaliaria o projeto do PROJOVEM, né?

P1-então... dentro disso eu quero dizer assim que nem tudo que vem de Brasília é como a nossa realidade embora e gente tenta transformar os conteúdos (...) mas quando é assim realmente fica mais complicado.

Mediador(a): tá bom... obrigado.

P1-...mas assim, a pedagógica assim eu diria que é dez.

Mediador(a): Tá. Agora a gente tá avaliando, não necessariamente com nota tá, a questão da nota foi lá na primeira pergunta e agora aqui a gente tá fazendo uma avaliação de maneira geral contemplando se as contribuições do programa, né? como que vocês avaliam o material pedagógico, os recursos como os que vocês tavam trazendo aqui. Que na verdade vocês trazem os recursos de casa...

P-No começo sim, né? no começo a gente não tinha nem giz...

P-É, no começo não tinha giz, não tinha apagador...

P-Nos primeiros meses a gente não tinha nem giz, nem caneta.

P-A gente não tinha nada.

P-A proposta pedagógica em si, o que a gente houve dos jovens lá é que eles gostam da maneira que tá sendo... que alguns já fizeram a sétima série, né? eles acham uma maneira diferenciada de escola, apesar de acharem pouco tempo pras áreas da educação básica, né? dois períodos de matemática: “professora a gente precisa...” eles precisam de mais, né? eles não tem base. Inglês então nem se fala. Eles precisam de muito mais, né? eles nunca tiveram (...), então neste ponto eles ficam mais (...). às vezes eles gostam de ler o livro, as vezes eles pegam e dizem: “professora deixa ver o seu manual.”, eles gostam da proposta.

P- Eu ia falar assim ó, a proposta é ótima, no inglês é puxado bastante porque ...até aparece já na unidade dois conteúdos do terceiro ano do segundo grau, quer dizer, se agente aprofundasse.. quer dizer.... então tem algumas coisas que vai lá pra frente, então quer dizer... eles estão apavorados, né? em inglês. Então a gente gostaria de... se fosse um programa assim que ããã... já que tão vindo quatro livros num ano, num ano se dá quatro séries no caso, ele é muito puxado e não dá tempo da gente trazer uma música, da gente trazer outra coisa que a gente gostaria que eles se interessassem mais pelo inglês, a gente tá muito preso ao livro, tem que então... a primeira instrução nossa: tem que fazer as coisas do livro, ninguém pode sair disso. E a gente começa a despejar a matéria e é isso que dá, né? e a gente começa a se sentir frustrado nesta parte ããã.. o programa eu acho ótimo e no geral assim didaticamente. Eu vejo problema na interdisciplinaridade, né? que a gente tá acostumado a trabalhar sozinhos assim pra preparar essas seis horas aulas, né? que é difícil pra gente ter tudo direitinho nisso, né? e no mais eu acho um desafio ainda, né? é bom o programa assim, mas tem as suas falhas.

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P-Bom, é bem como o pessoal tá falando. Quando tu (...) as idéias que eles apresentam, quando ele mostra tudo aquilo que ele é capaz de fazer, né? (...) eu acho que... eu diria que (...). Qualquer programa tenha assim um objetivo de inclusão social, de fazer esse lance de resgatar, ao meu ver por isso já merece o seu dez mas na prática eu não vou citar de novo mas eu concordo com os problemas colocados aqui, né? falta de material ééé... algumas informações desencontradas, esse tipo... esse...

Mediador(a):Como que vocês avaliam a formação que receberam pra começar a trabalhar no PROJOVEM e a formação continuada?

P-Eu gostei muito do curso de formação e... a formação... nós temos (...) em alguns momentos eles não são produtivos, mas nem sempre eles dependem da coordenação, eles dependem de cada um de nós também.

P-Eu acho que o nosso curso inicial, todo mundo concorda que foi super cansativo, foi...

P-...foi super maçante porque a gente tinha que ver em uma semana toda a estrutura do projeto, né? a gente levantou várias polêmicas e várias discussões, né? e em relação a formação continuada que a gente tem toda a semana ããã... algumas oficinas eu vejo assim que são extremamente produtivas e a gente retirar bastante coisa delas e outras eu digo assim: Meu Deus do céu, pra que que eu tô vendo isso, pra que isso, pra que que eu tô tendo este momento dessa oficina? Eu não consigo retirar nada daquilo. Eu acho aquilo... é completamente descontextualizado da nossa realidade, porque?

Mediador(a): Que contexto?

P1-Algumas oficinas a gente fez... porque o pessoal de Santa Maria eles vêm pra cá ããã... só que eles não sabem a realidade que a gente está inserida, a gente é que está dentro da escola, a gente que tá trabalhando diretamente com estes alunos, né? então umas oficinas forma meio descontextualizadas assim, não tiveram muita produtividade. E em relação ao... a nossa reunião de planejamento é o momento que a gente tem, né? durante a semana pra reunir todo o núcleo, né? eu... a minha situação é um pouco particular assim, diferente do resto porque lá no Mariano Becker a gente tem uma turma só, a gente não tem cinco!!! Então são muito poucos alunos. A gente começou com 14 alunos e nós estamos com sete agora. Freqüentando mesmo nós temos dois, digamos... na semana passada nós tivemos um aluno durante três duas freqüentando. Então é estes alunos que tão fazendo a gente ir assim, então, né? então nesse momento (...) de planejamento que a gente tem oportunidade se reunir, né? todo mundo junto pra ver, né? pra conversar, pra colocar no papel aquilo que a gente vai fazer durante a semana.

Mediador(a): Tu dizes contextualizadas...

P- Pois é, teve uma oficina, senão me engano... eu não vou citar nomes... porque uma professora de Santa Maria que era sobre... não, não era sobre hábitos... professora de português... foi um monólogo, isso foi um monólogo. Ela passou a tarde inteira falando ... ela falando pra nós e agente ouvindo, né? a gente sentou num círculo grande e ela falou o tempo inteiro... sobre escrita? Era sobre escrita, né? então... tentando fazer com que nós observássemos nos nosso alunos uma dificuldade de escrita que todo mundo observa, né? que é geral mas a gente não conseguiu retirar nada daquilo pra aplicar no nosso trabalho. Em compensação, pra mim, a oficina da semana

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passada com o inglês foi fantástica, eu aproveitei muito. A gente observa no nosso núcleo a dificuldade de leitura e a gente conseguiu retirar da oficina dele, pelo menos eu, né? alguma coisa produtiva assim pra passar pros nosso alunos.

P- Eu acho sim, né? ããã eu sou particularmente a de gráficos pra mim foi... mas eu tava comentando no núcleo que eu acho que os professores vem nos dar as oficinas cada um tem a sua maneira, né? o seu método de passar as coisas (...). Mas eu acho assim que o que eles trazem é muito específico de cada (...) deles. A nossa preocupação é com as integrações. Eu não tenho preocupação de dar a minha... na minha área eu posso alcançar a... me considero capaz, né? de passar a (...) e português também. Eu acho que nós temos essa capacidade. Nosso problema maior é na integração. E eles nos trazem coisas muito específicas da matemática, do Português, da biologia, do inglês então isso, juntar tudo, acho que eles, como eles que dão a oficina, eu acho que eles é que deviam juntar tudo. Pra transforma tudo me uma coisa só e não... é Português, é matemática sabe? as oficinas são assim, voltadas para as áreas e não para a integração. Eu acho que a proposta tem que ser ao contrário, né? nós... não de chegar assim nessas áreas.

P-Sim até porque ao mesmo tempo eles vivem dizendo...

(todas falam juntas)

P-Gurias, num ponto eu discordo... eu posso trabalhar e necessariamente não preciso juntar tudo todas s vezes, toda semana a gente procura... tá, mas vamos ver onde é que tá aqui: onde é que tá as ciências humanas? Onde é que tá a matemática, né? sempre acaba faltando que fica mais (...) é difícil tu encaixa, né? as vezes. Eu já nem me preocupo eu digo assim: eu não quero mais enxergar a matemática nisso aí. Vamos ver de outra maneira então a gente acaba fazendo coisas diferentes que são muito mais produtivas que a nossa (...), vai fluindo mais.

P-Até porque assim, né? a nossa dificuldade como educadores de entender a integração que no início foi bem complicado, a gente não tá fazendo o nosso aluno entender porque que ele tem integração no projeto, porque que a integração está no PROJOVEM, né? o aluno não tá conseguindo visualizar isso e eu acho que também por uma falha nossa, a gente também não tá conseguindo se inserir nessa realidade de integração de trabalhar essa... de um modo Interdisciplinar.

P- Mas então eu coloco o seguinte: pra que que vai me servir isso? Tem aluno que te questiona: Pra que que isso vai me servir?

P- Até pela questão de qualificação. Eles têm três períodos de qualificação na semana e dois de Português, dois de matemática... e aí eles ficam...

P-Os nosso são ao contrário: eles querem o que os outros na escola tradicional tem tipo... dos cinco períodos quatro de matemática, dois e português... é isso... eles sentem mais necessidade disso do que o resto, né? eles querem aquela parte...

P-Naquela formação inicial que houve eu achei um pouco cansativo mas ããã... houve muita dúvida, cá pra nós, quanto ao programa. Eles nos faziam identificar...a gente viu que como seria um programa muita coisa teria que ser construída ainda, né? depois do planejamento... eu já acho assim que as oficinas são válidas, principalmente de leitura. Isso tudo tá

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trabalhando...a gente tem que trabalhar na integração... todos são abordados... são pra todas as áreas né? só que assim ó, o preparo... o preparo... tem problemas que a gente teria que discutir mais de imediato assim e não aquelas... de repente isso poderia ser um pouco mais tarde ou mais distribuídas essas oficinas não de quinze em quinze dias e assim os problemas que os alunos estão trazendo pra nós, teria que parar um pouquinho e ver... aparar umas arestas que tem por aí e pra gente tocar de novo porque assim ó, ta faltando motivação, eles tão evadindo então há outras coisas que a gente em certos momentos não sabe mais como segurar e não vem nessas oficinas trazer um monte de coisas pedagógicas e tudo que é valido, eu concordo com isso, mas tem outras coisas que a gente... e os alunos vem: “Professora”, a gente volta (...) e eles perguntam: “E aí o que eles resolveram lá quanto ao nosso dinheiro?”, quanto a coisas mais rápidas que eles precisam pra... que são coisinhas talvez que... nós precisamos saber o que que vai acontecer pra poder informar pra eles, que eles confiam em nós, né? eles têm essa confiança nos... eu acho que eles respeitam muito a gente e a gente fica frustrado porque não pode dar respostas pra eles, né? funcionária.... a gente ficaria mais motivado (...) se houvessem respostas mais...

P-É, eu acho que essa questão que tu perguntastes sobre a formação inicial, ããã... realmente como os colegas colocaram foi bastante cansativa mas ao mesmo tempo acho que também foi produtivo, né? porque ali também eles nos colocaram bastantes situações... eu me lembro que o professor André colocou que de repente e certamente nós iríamos nos deparar com situações assim né? de o aluno de repente tá em sala de aula, tá entediado com determinada disciplina ali não é? e a própria questão da integração que particularmente está sendo um desafio muito grande porque os alunos eles ããã... procuram expor pra eles o que eles gostariam de trabalhar justamente na integração porque... bastante assim ansiosos, né? muitas vezes não querem ficar na sala eles acham aquela coisa chata não é, mas de uma certa foram eu acho que o curso de formação inicial foi muito bom pra expor a realidade que a gente ia ter com o aluno né? que tem situações que o aluno aquele dia não tá com a mínima vontade de estudar e nem de aprender nada e ele quer sair da sala de aula e então ele sai da sala de aula e tu também tem que ter um certo cuidado em falar com o aluno e conversar com ele né? ããã... ocorre também situações de alunos de outras turmas entrarem na tua sala de aula né? e querendo ficar assistindo a tua aula também né? e é um pouco complicado de lidar com isso também e até uma semana atrás eu me deparei com uma situação dessas mas eu acho até que de uma certa forma em geral é... a gente vai, eu sempre digo, eu acho até que a gente tá aprendendo mais que ensinando. È bem delicado lidar com este tipo de público assim né? são pessoas que precisam de uma atenção bastante especial.

P-(...) nas próprias oficinas a gente também pudesse ter uma orientação mais focada porque justamente (...) porque é um outro público. Uns já são adultos, alguns já são pais, as gurias são mães e elas te desafiam de igual pra igual. É claro que a gente não entra naquele jogo mas é uma questão muito complicada porque elas são muito estressantes. Tem toda a função também dos outros alunos de como eles vão te enxergar: “Ah, se ela ficou quieta pra fulana a gente pode... então tem bastante coisas assim, não é só um mar de rosas assim. Tem algumas situações conflitantes que a gente não tá preparada pra enfrentar até porque é um outro público assim, elas se acham ainda... senhoras... mas isso é bem complicado. Isso que o colega falou acontece bastante assim. Os rapazes também assim eles tem uma outra forma de resolver essas coisas eles são muitas vezes agressivos. E aí o que tu vai fazer? Tu vai chamar o guarda municipal? Não pode. Então tem coisas que a

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gente não sabe as vezes na hora como resolver e talvez a gente pudesse também ter um certo suporte né?

P-Fazendo um gancho do que o colega falou, o pro-jovem deveria ter um plantão social. Não tem. Então assim ó, o projeto (...0 em sala de aula, a ação comunitária é em sala de aula. Eu já vejo ação comunitária fora da sala de aula porque assim ó, nós assistentes sociais nós teríamos que dar um suporte pra vocês quando aquele aluno que chega na sala de aula tem problema porque nem sempre todo mundo chega numa boa. Qual o referencial deste aluno? Da onde esse aluno vem? Ontem eu tive um aluno que o que... é um aluno assim bonzinho e tal. Aí eu perguntei pra ele: “Fulano, tu tá bem? Tu tá sempre triste mas tu é um bom aluno, tu é boa pessoa, tu faz o teu trabalho, todas as professoras gostam de ti, o que que tá acontecendo? Aí ele disse pra mim: “Os meus pais tão separados e eu moro com uma tia e o marido dela não me aceita porque ele não concorda que eu more com eles até porque eu durmo até tarde e eu durmo na sala.” Ele mora ali na vila Cachorro sentado ele me disse (acabou lado B)... e ele tava indo trabalhar e ele não do grupo daquelas pessoas da qual a brigada tava abordando mas uma hora ele achou que tava inserido naquele grupo (...) e eu disse: é mas tu não pode pensar assim porque tu é um menino bonito né? só que eu acho assim o PROJOVEM tem que ter u plantão assim... quando começaram as aulas eu, a colega e a outra colega, tivemos um caso, assim uma situação difícil de família. A moça foi colocada pra rua com três filhos, o pai não queria saber e a mãe também não. Mas a noite, o que nos vamos fazer a noite? Não tem um telefone, ás vezes no qual a gente tem (...) a gente não pode... não tem como. Pelo celular é difícil, né? então eu acho assim, quem sabe no futuro o PROJOVEM tem que ter um plantão social pra trabalhar a ansiedade daquele aluno, as dificuldades de todos os alunos...

P-Concordo plenamente.... acho muito importante isso daí.

P1-...em respeito aquela amizade... outra coisa que os pais dizem: “Porque que tu vai pra escola. Eu não estudei e tô aí.” E aí? Eles as vezes eles não falam pro professor porque eles ficam com vergonha na sala de aula dos outros alunos: ”Ah! te para cara.”, sabe? aquelas coisinhas... e de repente sozinho, porque o assistente social ele pode trabalhar e dar o respaldo pro professor e até fazer um relatório – ah! o aluno ta com tal dificuldade, vamos encaminhar... e o professor vai dar o aval e a gente vai sempre ter aquela referência do Aluno. Só que no PROJOVEM não acontece. Esta parte eu me questiono bastante e eu acho que tem que mudar, não é só o assistente social na sala de aula. Ele vai (...) o aluno ele quer atendimento, ele quer uma atenção de alguém... e é o que ele precisa.

P-Como eu disse essa questão...

P1-... não quando a gente tá sentado ali nós esperamos... aguardamos no nosso espaço pra poder entrar em sala de aula, o que a gente escuta de lamurias: “olha professora, eu não comi hoje e eu vou aproveitar que tá bom o lanche” e tal né? “A senhora não sabe de um emprego?” Então a gente trabalha mais, e estamos proibidas de dar atendimento individual. E u adoro atendimento individual, família então... só que a noite então eu teria que ter um espaço pra trabalhar de dia, fazer visitas domiciliar que eu adoro também, eu gosto de conhecer a realidade...

P-Eu chego cedo na escola e eu sempre tenho aula nos dois últimos períodos então eu fico das seis horas até as oito horas praticamente sem fazer nada... eu trabalho... eu procuro sempre ta conversando com os alunos, os

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alunos tão na rua e eu procuro sempre dar uns aconselhamentos eu to sempre dando apoio que os professores que estão em sala de aula precisam então eu to sempre fazendo o ... cuidando da retaguarda ele nunca... (...) lá o fulano, ó tá demorando demais, volta pra sala de aula e aquela coisa toda. Daí assim ó, a cada três quatro alunos um chega com problema. A cada três quatro alunos um chega com problema, senta na minha frente e diz é isso, é isso, é isso. Eu não sou assistente social. Isso aí assim ó, eu fui... a minha criação... ããã... eu conheço a realidade deles porque eu fui assim da vila. E agora (...) fazendo o trabalha voluntariado então eu tenho como ajudá-los pelo menos de uma certa forma eu sei pra onde encaminhar. A minha mãe é agente comunitária, ela trabalhou com vítimas da violência, ela é promotora popular e coisas assim. Eu sei pra onde encaminhar, eu sei o que fazer, e eu tenho duas amigas que são advogadas e que fazem um serviço comunitário também gratuito. Muitas vezes eu uso o meu celular: fulana, tá acontecendo isso isso e isso, no que que tu pode me ajudar? Só que eu não posso... teve um aluno esses dias que a polícia pegou ele ããã... pegou ele, bateu nele e o que que o aluno fez? Pegou e deu umas porradas no brigadiano, não aceitou. Daí ele acaba preso e aquela coisa toda e daí ele chegou a falar: professora o que que eu faço? Então eles tão precisando dessa ajuda mais do que qualquer outra coisa. Essa atenção especial eles precisam e muito e eu sei disso porque eu fico ali e eu converso muito com os alunos.

P-Outra coisa, o PROJOVEM tem que ter uma assistente social na supervisão direto. Até em termos assim ó, eu acho que na confecção do livro faltou coisas assim, uma assistente social... de repente...

Mediador(a):Como que vocês avaliam mais especificamente os recursos didáticos disponibilizados pelo programa? O manual do educador...

P-Eu acho que é... é o básico do básico.

P-É e os recursos que deveriam vir tipo assim dicionários, livros, a biblioteca que estava prevista, isso não acontece. Se tu quiser... por exemplo, eu li em português textos do Ferreira Goulart, umas músicas tipo “Cio da Terra” que tem noção... (...) muito complexas e o aluno não conhece aquelas palavras e eu to (...) e tem um dicionário pra fazer toda uma arrecadação pra poder trabalhar junto com os alunos. É um troço bem complicado, falta... se tem no manual do educador e só se tu quiser dicionário tu leva da tua casa... a biblioteca (...) não existe esse recurso.

P-A verdade assim o que eu acho a pergunta é...

Mediador(a): a avaliação dos recursos didáticos disponibilizados pelo programa. A questão do manual do educador, o que vocês acham do manual, o trabalho de vocês tem sido acompanhado e como que tem sido este acompanhamento.

P1- ...acompanhamento no caso... quanto ao material fornecido eu sinceramente acho que não tem... o livro e o manual do educador é o básico, né? a gente tem que seguir. E muitas vezes o próprio manual ele te propõe atividades onde não tem da onde tirar né? exercícios e experiências (...) coisas de laboratório e ele propõe no manual isso. A proposta do manual já é por exemplo trabalhar com ligas de metal e tu vai fazer a função do metal pra não-sei-o-quê virar não-sei-o-quê sabe? O manual tá meio fora da realidade do PROJOVEM. Ele tem que observar mais a realidade (...) quais são

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os materiais que estão sendo disponibilizados porque ele fica sem proposta na verdade. Ele é um manual para não ser seguido.

P-No inglês por exemplo, a primeira coisa que fala na parte de inglês é “coloque o DVD” (risos) e todas as aulas tem cinco DVD’s, depois é a (...), né e eles colocam isso né? recomendam que toda as aulas comecem com o DVD. (...) porque nem todos os professores de inglês tem o DVD 1. Já acabou com o 1 e eu ainda continuo precisando do 1 porque tu não pode (...) mas eu já deveria tar no 2...

Mediador(a): Tu tens o aparelho de DVD pras aulas?

P1- (todos falam e não dá pra ouvir a resposta)

P- Teria que ter uma sala específica pra inglês pra isso e não tem. A gente vai rodando. Então... que nem antes na primeira unidade eu tinha (...) na sala de informática então eu levava o meu DVD pra lá e cada aula era ocupada e agora eu não sei porque eu não vou poder mais usar a informática porque agora tem um EJA lá (..). Então quer dizer, eu não sei se eu vou poder ocupar o DVD porque era no nosso dois... nosso únicos dois professores que ocupavam o DVD. E agora da unidade dois nem tem né?

Mediador(a): E o que vocês acham da revista dos professor?

P-É muita folhinha e pouca... podia ser um pouco mais objetiva.

P-A Revista do professor ou (...)?

P-Mas tem uma no site de Santa Maria.

P-A gente só teve acesso a essa revista ontem, e foi uma por núcleo então não teve tempo de todo mundo ver essa revista.

P-A da prova diagnostica... só tinha avaliações.

P-Muito blá blá blá.

P-Mas disseram que ia aqui...

P-Computador é lá pra março né?

Mediador(a): Então vocês não tiveram acesso a...

(todos falam juntos)

P-Eu particularmente eu vi que nós recebemos ontem então eu olhei mas...

(todos falam juntos)

Mediador(a)? è o quê?

P-É a parte de resultado da avaliação diagnostica...

(todos falam ao mesmo tempo)

P- Ela vem só a avaliação só o resultado...

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P- A Ana disse que ia entregar alguma coisa, seria isso?

P-É.

P1- ...que ela disse que viria ainda ontem e não veio. Veio só uma parte da revista pra avaliação.

Mediador(a): E o que que vocês acharam dessa revista?

P-Eu achei assim a parte de português muito centralizada só na quarta série. Tens uns alunos que tem até a oitava e em função disso talvez eles tenham ido melhor, mas assim muito fora da realidade deles assim aquelas historinhas ah! não-sei-o-que mais o lobo e não-sei-o-que sabe? poderia ter feito uma adaptação pra... a matemática assim eu já achei um pouco melhor mas a de português...

P- A de matemática pra ser diagnostica ela foi muito pesada pra alguns porque a pessoa não fez a quarta série ela não podia ter outros conteúdos porque essa avaliação vem do Paraná né? e a realidade do ensino no Paraná é diferente assim como se vocês forem receber uma avaliação do Rio de Janeiro aqui, os nossos alunos eles não tem a mesma (...) lá até a quarta série, então ela veio um pouco pesada. Mas eu fiquei feliz né? com o nosso(..) a maioria deles alcançou o nível máximo né? levei um certo tempo pra alcançar o nível 1 2 3 e 4, né? mas a maioria alcançou o nível máximo.

Mediador(a): Como se opera a comunicação entre vocês a Coordenação municipal do programa?

P-A gente que trabalha aqui no Murialdo é só nas terças-feiras. Os privilegiados são aqui os núcleos do Murialdo porque a gente que tá fora...

(todos falam juntos)

P- Eu já enviei e-mail pra coordenação tá? pra Santa Maria e faz o que? faz um mês agora e ainda não veio resposta.

P-Nas terças eu quero deixar bem claro que é uma formação pedagógica não é formação pra resolver...

P-Não mas eles tão aqui...

P-Na verdade a gente não tem um espaço dedicado pra gente sentar e conversar com a nossa coordenação. Não tem. Qualquer brechinha que a gente encontra na assim... nas reuniões ditas de formação a gente aproveita.

P-Mas eles vem pra passar... a coordenação municipal vem pra passar algum aviso e em seguida já sai.

P-Sim.

P1-... isso é questão de minutos, né? na verdade não dá tempo de a gente levantar o problema porque eles saem...a gente vai ver assim... isso falta, né? o pessoal de Santa Maria também, o pessoal de Santa Maria tá preocupado com o pedagógico, com o material, tá desligado de Porto Alegre então não tem integração, né?

P-Eu já questionei o mês passado e eles não tem como resolver, né?

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P-Mas nós que estamos fora do Murialdo fica difícil porque eu sinceramente eu to cansada de pagar conta de celular pra conseguir falar com o Oscar, com a Ana ou com a... Santa Maria, né? diretamente com eles lá e tudo e aí fica complicado porque não tem telefone aqui. É difícil a comunicação... ela é complicada. Tanto que nós estamos pedindo desde dezembro e até agora não houve esta comunicação.

Mediador(a): O que que vocês aqui acham disso?

P- Realmente (...) um pouco complicado assim, né? a gente tem praticamente as terças-feiras assim... é o canal que a gente tem pra expor algum problema mesmo mais sério e o que tem ocorrido na escola é que gente esteja mais precisando de uma orientação, de um conselho né? eu tive agora um problema sério na escola um tempo atrás aí uma aluna que ela foi assaltada e aí (...) chamou a polícia e aí eu não sabia como agir nessa situação e aí eu perguntei né? pra Ana como é que eu poderia proceder> Como o assalto não ocorreu dentro da escola a escola não se responsabiliza e nem nós né? pelo assalto dela como foi na rua a gente procurou não se envolver, né? mas é questões assim né? mais administrativas assim de situações que a gente pode se deparar no dia-a-dia e como a gente pode proceder.

Mediador(a):Mas como se opera essa comunicação?

P-Nós tivemos um caso parecido com uma aluna a semana passada e ããã... nós tomamos a nossa providência. Eu era nós ou não era ninguém. Foi ããã... eu um dia já fui atacada na saída da escola, né? é um breu, não tem nada... ela foi pelas (...0 lateral que corta e Perimetral e ela foi por ali. Ela, a irmã e uma amiga e simplesmente atacaram elas e daqui vocês não passam. E aí começaram... “a gostosa...” e essas coisas. E elas conseguiram escapar. Passou e aí na sexta-feira eu disse assim: olha, o que vai fazer é que nós vamos na delegacia civil que é ali perto fazer uma ocorrência. Aí eu liguei para o Oscar e comuniquei que íamos fazer a ocorrência e perguntei se isso nos ajudaria em alguma coisa. Quando... uma tristeza uma delegacia porque (..) as informações (...) não nos deixaram fazer a ocorrência. Nós fizemos só uma comunicação do fato.

P- Quem não deixou? P1- Lá o escrivão. Na delegacia. A gente nem se preocupou porque era um auxilio por fora da escola às vítimas. Nós estamos orientando ela no que fazer, ela é uma pessoa tímida. Foi feito lá (...) fazer uma ocorrência e depois até (...) é um crime, né? a gente ficou... e agora, não tem quem... agora não tem... não caracteriza assédio, né? ofensa ao direito de ir e vir não é uma coisa assim? Liberdade...

P-Só que o nosso núcleo foi uma situação completamente diferente. A aluna foi assaltada lá na escola, a aluna simplesmente ela tem certeza que quem assaltou ela foi a mando de uma outra aluna, de uma colega dela. Então... ou seja, ela simplesmente neste fato ela colocou que foi a fulana e foi a cicrana que me assaltaram. Esse que é o problema. Ela foi na Delegacia, fez queixa porque roubaram um celular de mil e tantos reais, um celular maravilhoso que eu não das onde ela tirou... como é que o aluno vai pra lá com um celular de mil reais? Eu já ando com um de trezentos que é uma porcaria e se ma roubarem tudo bem, não dá nada. A situação é essa, então a aluna fez queixa contra a aluna... ela tendo certeza.

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P-Só deixa eu contar uma coisa que ocorreu. Misteriosamente este celular apareceu depois e... a gente né? pelo conhecimento e aí a aluna veio conversar comigo e aí (..) e aí eu sei que lá pelas tantas... e aí ela...

Mediador(a): ... situações de violência assim dentro do próprio grupo, ou seja, fora da escola (...) o programa prevê algum suporte pra vocês assim neste sentido?

P-Não. A gente tem que ser auto-gerenciável na escola...

Mediador(a): Eu digo assim no sentido de mediar, de conduzir a situação.

P-Não. Nós...

(todos falam juntos)

P-E tem outra situação também que é a questão dos relatórios né? a gente faz cada vez mais relatórios. Uma vez era (...)

P-Agora é individual...

P-Até a gente não sabe se chega do jeito que a gente manda, né?

P-... é tudo muito imposto né? este programa ele vem num pacote fechado, é imposto, tu aceita ou não. E a nossa realidade é completamente outra, então quando a gente se depara com estes problemas a gente não tem em quem se socorrer. A gente tá lá no nosso núcleo e fica sozinho lá. Nem a SAMU...

P- Esses dias uma moça passou mal e olha... eu disse: olha a moça tá mal, ela tá assim, tá tremendo... eu não sei... daí o outro me disse: “sabe o que que é professora, em dias de calor essas gurias novas elas sentem isso mesmo. Levanta os pé dela pra cima.” Eu disse: eu só queria deixar registrado que a aluna está dentro da escola, é uma escola municipal (...) e senhos vai repartir esta responsabilidade comigo. Eu levanto os pé dela mas o senhor... aí ele disse: mas eu tenho um sangrando vai na frente e a senhora vai lá então e levanta os pé dela. A (...) quem é nossa colega de qualificação acabou levando ela pro Pronto Socorro porque a SAMU não sobe morro, não subiu. E a guria lá tremendo tremendo, não sabia se a guria tinha feito um aborto, se a guria tinha problema de pressão, se estava drogada. Tava visivelmente muito mal e aí tu fica nessas situações assim..

P-(..) pra este tipo de assunto. Em se tratando de apoio né? a quem recorrer neste tipo de situação.

P-E a gente se sente muito abandonado assim, por exemplo lá no Mariano (...) que é ali atrás da CEEE, na Vila Pinto, a coordenação municipal nunca apareceu lá, nunca foi lá pra ver como é que é o colégio.

(todos falam juntos)

P-Na verdade o nosso grande apoiador, que nós algum tipo de... é o Diretor da escola. Ele nos acolheu, ele nos (...) lá e tal e é ele que nos dá o suporte. Na verdade a coordenação municipal até quando a gente teve problema de trocar... quando começou o eixo eles nos pediram a sala pra eles utilizar e aí a gente teve um problema lá de espaço mesmo e aí a gente conversou com a Ana e o Ipojucan conversou com o diretor e a gente conseguiu fazer uma mediação meio a meio assim. A gente acabou ficando na rua porque não teria

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espaço físico pra todas e eu sei que neste momento a coordenação atuou. Não sei também a forma... porque o diretor ficou assim meio incomodado.

P- Tem mais...

P1- ...neste caso a coordenação municipal interferiu

P-Mas até as turmas que eu trabalho (..) aí depois é saúde, é educação, é...

Mediador(a): E esse tema não contemplado na questão da educação continuada?

P-Não.

P-Violência é um tema integrador. A integração é deixada por nós. É tipo assim..

P-Mas é muito bonitinho. A gente vai trazer texto vai trazer outras coisas pra fazer teatrinho e coisa mas isso...

P- Que não tem nenhum... não sei vocês tem algum aluno que tem assim um história bonita assim que nasceu, que a mãe desejou, que mora com a pai e mãe até hoje. Todas as gurias... o irmão matou o marido dela. Outra o irmão morreu... nenhuma tem uma história normal, somente uma vida desgraçada e a gente tá lá no meio e só descobriu isso quando foi né? que...

P-É a violência de morte essa gente tem (...) de dezembro até agora eu já tomei conhecimento assim de forma bem crucial de cinco relacionadas com nossos alunos. Então só pra dizer assim, o visível de fora é aquilo que eles nem trazem.

P-É que aqui dentro do Murialdo tem alunos que tão na FASE e quando eles saem daqui eles tem voltar né? aí tu imagina a realidade dele no dia-a-dia e depois ele vem pra uma sala de aula.

P-Mas nós não sabíamos disso.

P-E outra coisa, eu vi uma propaganda do pro-jovem na execução criminal do Forum. Tudo bem, mas eles tão chamando o pessoal... o pessoal que tá ali em execução criminal, eu acho assim que tá muito... tá na Vara de Execução mas não tá na Vara de Família, Infância e Juventude não tem. A propaganda do pro-jovem tem que estar na sala de execução criminal, na sala das minhas colegas, na sala do juiz e quando o preso entra lá pra audiência (...) eles vem pra escola e não é pra estudar. É um momento de liberdade pra poder fazer outras coisas. Tem um aluno que eu conheço que eu não posso citar até por questões éticas, ele vem, sai e depois ele assalta e já tem arma e tudo. Porque ele é do Pio Buck, então ele já tem tudo organizado. Ele conheceu o tal (...) mas ele é uma pessoa assim que ele pode ter uma outra atitude contra qualquer colega, contra a direção.

P-Pessoal, vocês que tão vindo de fora... não digo pro (...) assim, tão tendo uma perspectiva com outro enfoque com relação ao PROJOVEM pra vocês, porque a gente não tem mais nenhum momento pra fazer isso sabe? então a gente inclusive tá desviando as tuas perguntas pra expor aquilo que a gente tá sentindo porque a gente não tem mais um local pra fazer isso sabe? mas a questão da violência assim... meu deus ela é explicita em todos os núcleo, todos os núcleos e a gente não tem um momento pra falar.

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P-A experiência que eu tenho a diferença dos núcleo (...) a própria escola põe a guarda municipal pelo corredor, por todo e espaço da escola. É tranqüilo... aqui na Mitra a gente tá pedindo desde o começo ããã... eu faço (...) na porta e a pessoa da (..) até as oito horas quando eu estou aqui senão outra pessoa faz, porque a gente não tem guarda, não tem ninguém e aí a gente as vezes ãaã... queima o filme com os alunos porque eu coisas que não me cabe e que não me cabe intervir naquele momento como profissional. E tem que tar tocando pra sala de aula e eu já tive... até assim, agora chega, mas não era eu que tinha que fazer aquilo naquela hora e aí em seguida tu vai pra sala de aula com esse aluno. Aí tu tem que...

Mediador(a): (...) o que exatamente e em que tipo de situação?

P-Que o aluno fica fora da sala de aula e aí só tem o corredor e aí grita, berra... disciplina.. que nós não temos... os professores tão em sala de aula e eu fico das seis e meia às oito ali ããã... mas não é exatamente essa punição... eu não faço punição mas é... essa intervenção ela é... não cabe porque eu também vou pra sala de aula. Já foi colocado isso pra... já falaram, mas é a questão da... municipal... é o que eles prometeram, se responsabilizaram (...) que não tá acontecendo porque isso dificulta o nosso trabalho porque a gente se “queima”.

Mediador(a): E na opinião de vocês quais seriam as maiores dificuldades vivenciadas pelos alunos:

P-Eu há alguns dias atrás chegou uma aluna muito invocada, faz uns três meses, e ela grávida de oito meses e ela caminhando, é muito longe a casa dela da escola, porque ela não tinha dinheiro pra passagem. Indo quase... olha cerca de 90% das aulas, faltava só quando precisava, trabalhas perfeito... olha, uma excelente aluna. Ela chegou um dia lá revoltada: "que vocês não vão fazer anda, que isso, que aquilo...” botando-lhe a boca. Tem horas que a gente cansa de ser saco de pancada deles. Aí eu disse: chega, vocês tem que nos respeitarem, vocês tem que começar a... nós somo professores, nós estamos aqui pra ajudar vocês e quando a gente não consegue ajudar vocês sabem que tem a coordenação, que tem isso isso isso e aquilo outro. Eu estou cansada de vocês todos os dias chegaram aqui dizerem que nós estamos indiferentes aos problemas de vocês.

P-Sabe qual é o maior problema deles? Alunos que não vão a aula recebem. Alunos que tem freqüência assim de 90%, de 100%, não estão recebendo. Esse é o nosso maior problema.

P-Eu não sei até quando a gente segura isso. Tem uma escola que tem a turma toda em que os freqüentes não ganharam.

(todos falam juntos)

P-... Eu acho que tem a questão (..) assim como os alunos trouxeram mas a gente vê que o aluno vivencia isso a cada dia, né? é a questão da violência ao redor deles mesmos, né? a falta de tratamento e também isso é geral (acabou a fita0

P-... só que daí passou (...). Alguns evadiram, outros levaram as crianças para assistir a aula. Então assim pra elas e pra nós tem uma grande dificuldade com as crianças na sala de aula em função da questão do pagamento, né? porque daí tu fica dando aula com a criança lá dentro do cesta, a mãe (...) tem que levar uma bolacha pra aula pra criança ficar

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quieta, né? aí a criança fica cocô... e isso é real assim, é direto. Não é nem assim...

P-Eu tenho o mesmo problema. Um aluna com dois filhos...

(todos falam juntos)

P-A agressividade aluno entre aluno é demais assim. Uma aluna pegou e deu uma garrafada com uma pet vazia na cabeça de outra aluna.

P-Eles são muito agressivos... são agressivos.

P- A falta de concentração deles também é grande né?

P-A violência que tá sendo gerada...

P-A prefeitura não toma nenhuma providência ããã... a CEEE nós não (...) tomar água de CEEE e... esse é o nosso grande problema: é nós e nós. Ah! tem um caseiro na escola! mas também nos traz problemas porque ele é brigadiano e acha que todo mundo é marginal. Não é bem assim.

Mediador(a): Ele é o ...

P-Ele é o caseiro...

Mediador(a): ele é da reserva.

P1-Não, ele tá na ativa.

Mediador(a): E a escola contratou o brigadiano...

P- Não. A escola pode ceder uma casa fora do pátio e o brigadiano fica lá. Mas a gente consegue sabe? dentro do possível a gente consegue levar tudo isso né? mas a violência no entorno da escola está nos gerando evasão.

P-A gente tem que ir em grupo né?

P-Nós saímos em grupo.

P-E é uma escola estadual que (...) um guarda... tem tanto guarda passeando na Redenção, põe um pra nós lá.

Mediador(a): Comparando com a escola comum como vocês avaliam a experiência do pro-jovem?

P-São varias realidades totalmente diferentes: o programa, a didática, a gente resolver... porque na escola particular ou estadual tu tem alguém... surgiu um problema tu empurra o problema pradiante né? tem alguém que vai te resolver isso e tu continua a tua aula... e aqui nós e que temos que administrar e tudo mais, né? e isso já gera dificuldade. E a parte de integração que já é totalmente diferente que nas outras escolas não tem isso, tu tem autonomia pra dar a tua aula como tu quiser e ali na integração tu tem que trabalhar junto e nem sempre fecham as idéias né? de todo mundo. E ali tu tem que acatar as idéias dos outros ou se a maioria vence, ou se tem que voltar atrás né? então é isso que eu acho que é bem importante.

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P-Nós não temos uma... nós não somos... nós não caracterizamos uma escola né? nós caraterizamos um projeto e então nós somos sete educadoras que tão lá pra resolver todos os problemas. Nós não temos uma direção, nós não temos uma (...), não temos SOE, não temos sala. Nós não temos assim... nós que somos os diretores... não é uma escola, é um projeto. Não tem uma caracterização de escola. Não tem como conduzir isso... a escola tem uma estrutura.

Mediador(a):Sim, mas em relação vocês comparando com a escola comum como que vocês avaliam?

P-Em relação a parte pedagógica?

Mediador(a): Ao programa como um todo.

P-A parte pedagógica (...) a evasão pra mim é a mesma coisa né? que foi feito uma promessa de uma bolsa e eles não tiveram assim, foi uma maneira errada de se chamar o aluno.

Mediador(a): Vocês atribuem a evasão à ausência do pagamento?

P-Uma parte dela sim.

P-Aquele valor tem muito valor. Vale muito pra eles. Então eles tão assim ó, tão em cima do que tu prometeu tem que cumprir. Se hoje tu promete que quinta tu vai passar um filme e se tu não passar eles te cobram por aquilo. Aqui no pro-jovem eles são muito imediatistas, não tem assim meio termo entendeu? ou é ou não é.

P-Uma outra coisa também que eu vejo quanto a questão da qualificação profissional. Eu acho que eles imaginaram que eles iam aprender uma profissão, eles queriam um curso profissionalizante.

P-Isso acontece. Eles já tão dizendo:”Ah1 essa qualificação é pirata, não acontece. Eu nunca vi qualificação profissional que a gente não aprende nada.” Isso também é uma questão do porque que eles estão evadindo.

P-Eles perguntam muito: “Pra que isso, pra que que vai nos servir isso?”

P-O que que eles querem? Eles querem o primeiro emprego porque eles nunca tiveram oportunidade de (..) experiência. (...) eles não se sentiam qualificados. Então eu vou prum programa pra ganhar cem reais, não vou precisar panfletear e vou ser servente de pedreiro, ganho cem reais, vou fazer o meu primeiro grau a ainda vou receber uma qualificação profissional, vou aprender a ser pedreiro, a ser gesseiro... só que não aconteceu. Eu não recebi cem reais e eu também não vou receber essa qualificação profissional. O que que eu vou fazer? Eu vou ter que me virar de outra foram. Eles não vão porque eles trabalham o dia inteiro na obra e depois eles estão mortos de cansados. Na vila as vezes falta água uma semana inteira. Os caras não vão pra aula sem tomar porque os acra ainda tem uma noção de higiene. E ai eles optam: O que que posso largar? Aí eles largam a escola.

Mediador(a):Vocês trouxeram assim a questão da gravidez das meninas dentro da sala de aula e eme relação aos meninos, o que vocês conseguem identificar?(todos falam juntos)

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P-Quase todos são pais ali.

Mediador(a):Dentro do programa existe algum espaço que vocês trabalham com elas a gravidez, a maternidade...

P-Não.

P- Na integração as vezes a gente até tenta trabalhar alguma coisa, né? (...) das drogas, onde tu procura... a questão da gravidez esses dias aconteceu um caso...

P-Tá mas eles não conhecem nem os métodos porque eles saíram de quarta série e não tiveram nada de aula...

(todos falam juntos)

P-Os nossos temas integradores que a gente vai trabalhar na integração eles já são estabelecidos nos livros. Então a gente (....) eles não dão pra gente o que a gente quer trabalhar...

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Grupo Focal educadores zona norte

Mediador(a): Eu queria que vocês começassem se apresentado e dando uma nota de 0 a 10 para o pró-jovem.

P-Professora de Ciências da Natureza, do grupo SESMAR, eu iniciei... fiz o curso de formação desde o início, fiz ããã... desde outubro tô com os alunos. Os alunos agora tão numa freqüência ããã regular, né? no nosso núcleo é tranqüilo assim, né? tem alguns probleminhas mas a gente consegue resolver lá mesmo no núcleo.

Mediador(a): Tu estás a quanto tempo no programa?

P-Desde Outubro.

Mediador(a): desde outubro de 2005?

P-Isso.

Mediador(a): Certo. De 0 a 10?

P-Sete.

P-Também sô professora de Ciências da Natureza, sou do João Goulart. Na nossa escola não tem problemas nenhum ããã... só pequenas coisinhas com alunos que ficam... que agora tão ficando no intervalo mas mais é pra namorar com as meninas... mas está tudo sob controle, tranqüilo, e a minha nota pro pró-jovem também é um sete.

Mediador(a); Tu entraste em outubro de 2005 também?

P-Outubro de 2005.

Mediador(a): Todos aqui são de outubro?

(todos falam junto)

P-Eu sou professora de Língua Portuguesa do Núcleo ???, entrei em outubro de 2005 e a minha nota pro pró-jovem é oito.

P-Eu sou professora de ciências da natureza do Centro Vida e a minha nota pro PROJOVEM é oito.

P- Eu sou professora do Júdice [me parece que este é o nome, mas não tenho certeza], matemática, também (...) tenho alguns tipos de... alguns tipos de... alguns problemas com alunos (...) adolescentes (...) todo o pessoal que entra numa escola ele se tornam adolescentes(...). Existe mas a gente resolve os problemas lá e se não fosse a falta de computadores que não chegaram, que não vieram, criaram uma expectativa muito grande pros alunos... era o tripé inicial do programa e não chegou... eu até poderia dar uma nota dez, mas por falta dos computadores eu vou (...).

P-Eu sou qualificador/Educador de qualificação profissional e... do SESMAR. Também como todos as gente tá desde outubro. Participei da formação, em todas as etapas da formação e... os alunos que a gente têm é que o começo é pra atingir uma certa faixa da população, né? existem problemas como em todo... digamos assim, toda a parte de educação teria, se fosse uma educação

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noturna como é o pró-jovem, ele teria problemas de... que são desde a questão de trabalho, questão de convivência com outras pessoas, até pra chegar em casa, né? problemas de drogas, né? mas não que isso esteja dentro do núcleo, é fora...e a gente convive isso fora, né? problemas de rixas... alunos... pessoas que não são do pró-jovem que tem os alunos... então isso é normal da vida do local onde a gente se encontra (..). Mas o começo geral, não tem problema no nosso núcleo assim, os alunos são... a gente conseguiu é... digamos assim, orientar eles do que que é esse programa, né? pra que que vai ajudar eles nesse sentido e a gente tem conseguido solucionar os problemas que tem ocorrido com... junto com... com os grupos, né? porque lá nos ficamos lá nesse núcleo mas não é o prédio que foi feito pra acolher o pró-jovem, né? então lá nós temos informática, mas isso porque o núcleo tem.

Mediador(a): E a tua nota em relação ao programa?

P-A minha nota, em virtude do que a colega falou também, se não fosse os computadores, até poderia ser uma nota melhor, mas eu acho que o pró-jovem tem uma nota sete.

P-Eu também sou qualificador e o que eu tô percebendo é três problemas básicos. Não são das pessoas, (...) são da estrutura montada. (...) não sei se por ser a primeira ou não, mas tá deficiente. Computadores que não chegaram, que é uma das grandes armas do programa porque... a informática é uma das deficiências deles porque eles não têm acesso. A segunda é que se sente a frustração com a qualificação. A gente está trabalhando apenas padrões culturais da qualificação, nada específico e eles estavam esperando alguma coisa específica da qualificação, ou seja, (...) alguma coisa de lei, de conceito, de... são padrões culturais que a gente tá transmitindo pra eles, que também faz parte da formação só que a palavra qualificação que eles receberam, eles tavam esperando uma coisa mais especifica e esses padrões culturais esperando que viessem os conteúdos normais; ciências naturais, estudos sociais, tá? e isso é uma frustração que a gente nota neles. E também to dando uma nota sete, em função disso. Não pela coisa... uma deficiência estrutural realmente (...) se ainda é o nosso caso

P-Eu sou... eu sou das ciências humanas do grupo Wenceslau Fontoura e... tem essa questão aí que eles falaram... o problema dos computadores e... nós temos trabalhado muito no núcleo (...) muito unidos. Temos tido relações boas com a escola... só essa questão...

Mediador(a): Então é a apresentação, né? e a nota.

P-Sou professor de ciências humaas e a nota que eu dô pro pró-jovem... pode ser redondo ou não? então vou dar um sete, nota sete também.

P-Sou educador de qualificação profissional do Presidente Vargas, e a nota que eu dô pró-jovem e a nota 8.

P-Sou educadora do Jean Piaget na área de Língua Portuguesa. Pra mim o programa é dez mas em virtude das cosias que faltam eu dô sete.

P-Eu sou educador na área de matemática, também no Jean Piaget (...) a intenção do programa também, a mesma coisa que a colega disse, a nota pra mim é dez mas em virtude da estrutura, da forma como tá funcionando e também do material didático, da forma como foi montado eu dô sete, e tô sendo gentil.

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Mediador(a); Bom, então pra começar nós gostaríamos de saber como se deu pra cada um de vocês a entrada no pró-jovem?

P-Bom, teve uma seleção... uma inscrição pelo site, né? da Prefeitura de Porto Alegre, e alí pedia professor de ciências ou biologia, me inscrevi e aí me chamaram...

P-É a mesma coisa. Eu entrei no site, eu fiquei sabendo que ia ter, entrei no site da Prefeitura, casualmente no dia (...), me inscrevi, levei os documentos (...) professora de ciências ou biologia (...)

P-No meu caso foi uma professora de séries iniciais, então infelizmente ela não poderia participar, me avisou e eu me inscrevi no site da Prefeitura.

P-Eu fiquei sabendo através de um amigo que estava ocorrendo as inscrições pro pró-jovem, me inscrevi via internet, levei a documentação até o hotel onde estava o pessoal e fui... daí eu nem esperava em ser classificada, aí no dia que saiu a classificação? Eu nem fui olhar, né? nem... tinha só um ano de experiência de escol... de professora, nem vou olhar. Aí o amigo me ligou: “O meu, tu não entrou no site pra ver?” Eu disse: Eu não. “Mas tu foi classificada.” Bah! eu fiquei felicíssima, né? e tô até hoje aí... apaixonada.

P-Mesma coisa. Entrei no site (...), me inscrevi via internet ããã só matemática... não... não... ficou faltando gente não foram todo do numero que eles precisavam... aí fui classificada...

P-Eu...eu... pela minha profissão eu utilizo muito o Site da Prefeitura, principalmente pra entrar na questão da SMOV, então casualmente eu vi, que apareceu na tela principal essa seleção e aí eu abri essa seleção e aí já ali dizia, né? as qualificações e aí eu me inscrevi pelo site, né? e eu fui selecionado.

P-(...) mandei currículo, tá? o site também é outro lugar que a gente mandava papel, manava pro endereço... (...)gente que mandou pelo correio, né? e depois de um tempo informaram... telefonaram me convidando, mas acho que daí já foi o pessoal de Santa Maria que ligou... Sim, nós mandamos pra Prefeitura e no site o pessoal da Universidade nos retornou por telefone (...) seleção, né?

P-Foi o pessoal de Santa Maria que nos ligou depois.

P-Eu me inscrevi no site, né? no mesmo processo (...).

P-(...) primeiramente a gente (...) no pró-jovem bem antes das discussões e... isso (...) no jornal antes, né? que os alunos tavam ããã... que tinha seleção pro alunos do pró-jovem, né? e que mais tarde seria dos professores, só que nunca saia dos professores. Eu sempre entreva site e nunca saía. Aí um amigo meu me ligou dizendo: “Ó, parece que saíram as inscrições pro pró-jovem.” Aí foi... eu peguei e me inscrevi e depois foi isso que cada um falou aqui: entreguei os documentos fui no hotel.

P-Pelo site, né? entrei... eu gosto de entrar no site da prefeitura porque tem a parte de... de programação de teatro e todos os eventos de... que tão acontecendo em Porto Alegre e (...) sem muita intenção, sem saber ainda sobre a remuneração, sobre isso... como era um programa social e sempre tive vontade de participar, me inscrevi para isso.

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P-Eu recebi a informação de uma amiga, aí liguei pra Prefeitura, pra Secretaria da Juventude, pra ter maiores informações porque lá não tinha informação suficiente, aí mandaram eu entrar no site, e aí fiz todo o processo pelo site, só que não foi junto com eles, né? quando eu fiquei sabendo vocês já estavam em formação. Aí eu entrei junto com a outra turma mas em virtude da falta de professor aqui eu acabei...

P-É que o problema é que na formação, conforme eles foram mostrando o programa muitos professores caíram fora porque tem certas particularidades no programa que muitos: “Bah! assim eu não erro” e tal...

P-...tem que ter a disponibilidade de trinta horas, né?

P- É, conforme foram esclarecendo o programa, né? e aí muitos foram... foi se esvaziando, foram saindo da formação.

P-Da mesma forma como já foi colocado eu vi no jornal que tinha inscrição para alunos, né? que sairia uma seleção para educadores ou professores. Aí eu fiquei aguardando e eu uso bastante a Internet e eu ficava sempre no site da Prefeitura. Aí localizei o site da prefeitura, enviei currículo da mesma maneira que os outros.

Mediador(a): Bom, e o que motivou vocês a responder este Edital, né? porque a situação muito comum que foi o acesso a Internet, né? a procura de um Edital, né? saber onde há a possibilidade de colocação, né? mas o que motivou vocês a responderem este Edital.

P-Eu o seguinte: eu tinha acabado de me aposentar, estava em busca de alguma coisa. Eu tinha conseguindo um outro (...) alguma coisa de responsabilidade de assinar pelos outros e estava deixando uma Diretoria então não queria assinar por mais ninguém... queria simplesmente responder por mim mesmo. O PROJOVEM se encaixava direitinho... trinta horas, cinco horas por dia, o resto do dia é meu, então... e por um lado (...) e também fazer um trabalho social... eu gosto muito de fazer trabalho voluntário e nunca tinha feito um trabalho social assim...

P-O que me motivou foi a idade; jovens, né? e eu tinha uma curiosidade muito grande de trabalhar com essa faixa etária. Eu acho que é uma faixa etária que eles são muito carentes, eles são mais carentes que as crianças então eu acho que é uma maneira de se doar e se receber essa doação... e experiência, que eu queria também uma experiência. Que eu me formei e tinha uma não só de experiência e aí me agregou um pouco mais de experiência. E essa faixa etária... não sei... tem assim.. acho que é uma faixa etária boa de trabalhar.

P-Pra mim foi unir o útil e ao agradável porque eu gosto muito de dar aula e também aumentar o meu rendimento familiar.

P-É, eu tava a dois anos formada e tava desempregada e me deu uma curiosidade... eu sou bióloga e nunca quis ir pra área da docência, eu não gosto de dar aula e aí (...) eu digo: não, já que estou então... e agora, adoro. (...) posso até fazer outras coisas na área da biologia mas sempre vou dar aula. Então pra mim foi um desafio de: Não... de noite também, que eu não gosto da noite também, então (...) para eu dar esse impulso... Eu digo: Não, eu tô desempregada, então, vamo encará. E agora tô adorando. Então foi mais pra (...)

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P-Pra mim também foi mais a experiência, né? também.... pra ajudar financeiramente também. Eu trabalhava... tinha me formado há um ano então é difícil tu conseguir, né? trabalhar na área sem experiência, a não ser por concurso. Então é uma oportunidade eu acho... pra mim, né? e também fazer alguma coisa pelo social ao mesmo tempo, né? então... tá trabalhando com jovens.

P-Eu acho que respondendo a pergunta anterior, né? sempre tive vontade de participar de algum programa, né? e esse ainda veio bem a calhar dentro do que eu tava buscando, então é um horário que eu consegui conciliar com a minha atividade profissional eu conseguiria fazer essa... ter essa experiência de dar aula e hoje adoro. Hoje trocaria a minha careira de empresário pela minha carreira de professor. Claro que financeiramente não compensa mas o prazer de estar em sala de aula, trocar conhecimento com outras pessoas, não tem explicação. Hoje utilizo esta técnica que se... que eu aprendi dentro do curso de formação inicial e depois na convivência com o aluno, eu uso dentro da minha empresa pra reuniões motivacionais e várias outras coisas então eu tô conseguindo buscar coisas muito interessantes dentro do projeto pra levar pro meu pessoal.

P- Ãããã... eu sempre trabalhei com jovens, né? jovens nessa faixa etária, né? faixa etária não, um pouco mais jovem assim, mas com os mesmos problemas sociais e... eu... aí telefonei eeee e aí eu fiquei aquela coisa meio assim e tal: E aí, o que que eu faço agora, né? aí surgiu essa oportunidade, né? então foi aquela questão assim, né? (...) gostar (..) pra poder ensinar. Troquei o direito pela história por causa disso: pra ser professor. Então eu sempre soube... desde o início eu sabia que a minha vocação era pra ser professor. Aí surgiu essa oportunidade, né? e também com... unir o útil ao agradável assim... (..) experiência e a faixa etária foi uma coisa que me motivou bastante porque eu tive uma experiência direcionada pra adolescentes e... e adolescentes tu tem que um jogo de cintura e eu acho que cada professor sabe lidar com uma faixa etária (..) mas é muito bom trabalhar na função de jovens adultos.

P-O meu... o que me motivou foi o seguinte: eu já tava formado, né? e... por ser uma experiência de trabalho... além de eu já estar naquele momento trabalhando com crianças nas vilas – lá na vila (...) aqui em Porto Alegre ããã eu já gostei daquele trabalho (..) ensino história, né? de uma forma assim totalmente lúdica então eu pensei assim: (...) eu pensei em encarar além da questão da necessidade de trabalho, uma coisa desafiante, quer dizer, era a noite, era um lugar distante... até pra me desvencilhar assim lá de casa assim, né? que eu era muito apegado às coisas de casa... e ganhar mundo, ganhar assim experiência em princípio (...)

P-A minha motivação foi a seguinte: nos últimos quatro anos eu tava morando no interior e eu já estava envolvida lá num projeto social né? parecido com esse só que a faixa etária era um pouco menos. Em agosto deste ano eu tive que vir embora, tive que largar o programa e voltar pra cá, né? e aí logo... dois meses, três meses apareceu o pró-jovem e era tudo a ver com o que eu já tava fazendo. Fechô.

P-A questão que me motivou é que a gente... por exemplo, no meu caso, eu também sou formado a pouco tempo em... vão fazer dois anos em... formado na minha área e isso... queria desenvolver esse projeto, primeiro porque eu gosto de dar aula mas só que na minha área e meio complicado. Mas aí surgiu essa oportunidade e aí a gente também tentou unir assim duas questões:

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primeiro aquela falta de experiência que a gente e isso na qualificação eu disse: “Bom...” apesar do que eu ia ensinar na área de construção, né? do que eu ia ensinar, né? na parte da construção, né? a gente não é até na questão da falta da experiência mas sim a falta de experiência num contexto geral como profissional. Então isso me motivou muito a fazer parte dos educadores.

P-Bom eu... a princípio eu já trabalhava numa escola particular e eu tava na verdade procurando uma outra escola pra aumentar a minha carga horária em vista da renda, né? ããã, já dô aula a um certo tempo ããã quando eu vi que era de cunho social o pró-jovem em interessou bastante e também o fato de se uma proposta diferenciada, pelo menos fugir dessa idéia de uma educação tradicional que é o ... que seria a proposta do projeto e isso me interessou muito porque eu passei muito tempo dentro da universidade (...) escutando esta questão de tu realmente poder dar uma aula diferente, de tu poder sair do tradicional e poder trabalhar um pouco mais dinamicamente e julguei eu que o pró-jovem seria ããã essa opção, né? por isso que me motivou bastante.

Mediador(a): Vocês falaram inicialmente que ali naquela questão do Edital que algumas particularidades fizeram que algumas pessoas se afastassem. Que particularidades são essas?

P-Não em função do Edital, foi em função da formação... (todos falam junto) alguns profissionais achavam que não era aquilo ali que eles queriam e desistiram.

P-Também a carga horária, né? trinta horas e depende de uma tarde livre também e não é todo o grupo de aluno porque... tá, zona norte mas (...) zona norte porque ás vezes tem a escola lá no Timbaúva e tu vai de carro... eu particularmente (...) eu vou e depois eu fiquei lá: Bah! me colocaram lá nos fundos do Sarandi, como é que eu vou sabe... daí tem que pegar dois ônibus aquela coisa, mas é (...) vem a calhar porque a gente conseguiu um meio de transporte que é uma Van que a gente tem. Então muitas pessoas foram embora por isso também: que iam de carro e... a gente sabe que é perigoso andar em geral em Porto Alegre, mas assim especificamente em alguns lugares, né?

P-Trabalha diretamente dentro de vilas, né? então são todos... perigosos, né?

P- (...) de difícil acesso, né? Falta aí definição de horário inicial, quer dizer, o pessoal entrou e ficou sabendo aos pouquinhos, né? por exemplo a questão da formação no meio de uma tarde. O pessoal achou que... tava esperando que seria a noite, né? (...) trinta horas direto (todos falam juntos) não tinha disponibilidade e teve que sair, né?

P- Exatamente, de difícil acesso...

P-O que eu vi de muita gente lá da zona sul que desistiu, primeiro: não tinha disponibilidade dos dez dias para formação, foram dez dias direto, né? tarde e noite. Muitas pessoas não tinham disponibilidade naquele momento da vida delas e também porque nós temos uma tarde que tem aula a noite e uma tarde de... e elas não tinham esta tarde. Se fosse só a noite elas poderiam. Foi o que eu vim em muita gente.

Mediador(a): Baseando-se na experiência de vocês, tá? de maneira geral, como vocês avaliariam a proposta do pró-jovem?

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P-A proposta é dez, acho que isso é indiscutível. Pode ser (...) mas a proposta porque... como o João falou, é tudo aquilo que nós gostaríamos de dar em aula mas nunca podemos, né? em princípio (...) dos professores dar aula desta maneira tradicional. Só que tu pode fazer uns poréns assim: tá eu vou diminuir a nota. Tirou dez... por causa eu acho do livro que o livro tem assim algumas falhas ããã talvez não tanto assim na área de ciências humanas mas também em outras áreas ela... ããã ela inverte situações... ela à vezes aprofunda demais e em outras vezes não. Talvez pelo próprio (..) do pró-jovem de querer pegar pessoas da quarta série até a oitava. Isso é... tá sendo... o material didático acho que tá tendo... uma falhas assim. Mas a intenção do pró-jovem como projeto eu acho que é fantástica. A teoria é maravilhosa.

P- Mas aí coloca a prática...

P- (...) A idéia, o programa, pra mim, teria nota dez. Falta... não foi... ele não foi... talvez por ser o pioneiro a... ããã a gente torce por isso e nos próximos – se é que vai acontecer de novo, melhores... já vem (...) mas assim ó: os computadores que não vieram, o João falou do material didático que também tem muita falha, principalmente na matemática. Ele é muito diversifica... ele é muito... pelo programa nós não podemos ser (...) mas o livro é. Então tu não consegue separar uma coisa da outra. Eu não sei se vocês chegaram a olhar nos livros pra que a gente pudesse discutir melhor, eu não sei se vocês chegaram a olhar no livro do programa alguma coisa, então é neste sentido... tem coisas que tu não consegue, por mais que seja do teu dia-a-dia, eu não consigo te colocar numa sala de aula e eu te dar (...) em cima da experiência que eu tenho. Tu não consegue dentro de um período de uma hora e meia colocar pro aluno ããã toda uma gama de frações. Então ããã fica muito difícil. Eu acho que quem está elaborando o livro não... não tem muito conhecimento desse pessoal que tá no pró-jovem.

P1-Eu sou da mesma área da matemática e o que eu noto é assim ó: quando foi idealizado, perfeito o projeto. O problema é que quando montaram o material não pensaram que... o especialista no caso – que chamam de especialista (...), mas por exemplo na área da matemática teria apenas dois períodos por semana com cada turma pra trabalhar determinados assuntos. Então o livro ele trouxe o pressuposto do currículo fundamental, mas ele não te dá ããã suporte nenhum pra isso, ou seja, tu tem por exemplo numa semana dois períodos pra trabalhar um assunto como frações. Na verdade eram duas semanas que eram dois capítulos, só que são dois períodos, ou se for em quatro períodos tanto faz. Pra ti trabalhar um assunto como frações, é nada. E o que acontece é assim ó: na área da matemática, e não vou falar nas outras áreas, o livro trabalha com o que chamamos de situações problemas – de repente todo mundo sabe o que é, mas eu sempre vi nas situações problemas três elementos: o primeiro elemento é a situação problema em si que á histórinha, o contexto, né? que tem que tá próximo da realidade e... do que seria a realidade do aluno pra ele, poder entender a história. A segunda situação é que aquela situação problema tem que pressupor que o aluno tem algum conhecimento pra poder entender. E a terceira é que conhecimento a situação problema quer alcançar? E no livro acontece assim ó: coloca uma situação problema que o aluno não tem bagagem suficiente pra conseguir tirar conclusões em cima daquela situação problema.

P- Ele não vivencia aquilo.

P1-Exato, ele até entende a situação na história mas ele não consegue ããã divagar em cima daquela história por falta de bagagem. E o que acontece

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assim ó, é que tu começa a trabalhar a situação problema e tú já tem que começar a abrir parênteses, entrar em outros assuntos, quer dizer, entrar na questão do conteúdo, na questão tradicional, pra que o aluno possa ter ããã algum pré-requisito, né? algum... algum conhecimento prévio pra que consiga em cima daquele material tira alguma conclusão e isso demanda muito tempo. Até eu só queria finalizar aqui que o maior problema realmente é o do tempo porque se tu tivesse mais tempo o material até talvez pudesse ser melhor trabalhado e não fosse ããã não veria ele tão mal estruturado, né? mas com essa... problema de tempo que nós temos, realmente, o material ele não se adapta bem ao tempo.

P-Derepente a carga horária que foi imposta dentro do programa, de repente ela podia viabilizar um pouco mais do... é que os termos fogem um pouco da minha qualificação, quer dizer, poder contemplar um pouco mais a questão do conteúdo em vez da... da questão da adaptação ao ambiente – o ambiente que eu falo os temos integradores. Porque os temas integradores foi dado um... um... digamos assim, uma carga horária muito grande e na realidade o conteúdo que muitas eu acho que, na minha opinião, podia ser uma coisa que desse mais enfoque ao programa porque ele vai sair de um mundo da mentalidade do supletivo mas (...) mas o pró-jovem ele tem um contexto um pouco mais amplo: habilitar este jovem à outras coisas sem ser a parte de ensino, mas só que (fim lado A)...

Mediador(a): O que vocês pensam (...)?

P2- Eu acho que isso aí entra muito na interdisciplinariedade que eles querem colocar no programa. Porque dentro de cada... de cada aula de, no caso, essa de integração como é chamada, quantos períodos têm?

P- Oito.

P2-Oito períodos. Então cada professor de..algum conteúdo específico, ele trabalha todos os outros conteúdos nessas integrações, pelo pouco que eu posso observar no nosso núcleo, sabe? se trabalha... tanto que tem algumas matérias que eu entro na qualificação profissional e já foi dado em outras matérias, sabe? já foi abordado esses temas.

P-Sim, é chamada de integração interna (...)

P2- ... mas assim por exemplo tem coisas dentro dessa integração que são coisas de matemática que eu dô, são coisas de Português que eu passo então eu acho que a gente de ciências naturais, ciências humanas eu acho que a gente se obriga a entrar na matéria de todo mundo mas eu acho que isso tem a ver com o programa. Eu acho que é uma coisa interessante.

P-Pegando o gancho do colega, a interdisciplinariedade tá sendo difícil de trabalhar devido a carga horária, que nós temos dois períodos e tem conteúdos que tu não consegue trabalhar em dois períodos, tem que avançar. Então tem que avançar... tem que pegar período de integração do professor da outra turma pra ti conseguir passar o conteúdo que tá sendo difícil ããã.. eu, particularmente, eu estou no capítulo sete e deveria estar no capítulo nove este semana, devido ao tempo. Porque tu não consegue... vai passar correndo aquela matéria e.. né? pro aluno. Tu não pode simplesmente entrar na sala de aula e atirar o conteúdo. Tem que explicar o conteúdo, tem que dizer o por quê daquele conteúdo, tu tem que voltar atrás, tem que ver qual é o ... que nível de conteúdo o aluno daquela turma está porque muitos ali é quinta, sexta, sétima e oitava. Então nem todos tem o mesmo entendimento.

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Então tu tem que puxar, tu tem que... sabe? buscar lá atrás o quê ele sabe daquilo ali e muitas vezes não sabe nada e daí tu tem que ficar em cima daquele conteúdo um período todo, então não tem como né? então a nossa ... fez uma proposta e eu não sei se vai ser aceita esta proposta de diminuir os períodos de integração e aumentar os períodos de aula, então... já que a gente tá aqui pra ver isso, lançar esta proposta: aumentar o período dos professores especialistas e diminuir os períodos da integração.

P- Eu também sinto falta do tempo devido á alguns conceitos que eles têm que ter, né? de algumas matérias. Não adianta a gente começar o assunto e... por exemplo, a gente tava começando sistemas, sem ter dado ao menos célula pra eles.

P- E a célula tá vindo aqui na unidade três agora... coisa que nós tínhamos que ter visto antes...

P-Aí já passa pra física e aí ta meio... meio embolado eu acho.

P1-(...) sabe o quê que tá parecendo este livro? Um Einstein [ela erra a pessoa: acho que queira dizer Frankstein]... ela tá muito embolado... que vem assuntos antes que teriam (todos falam junto) então o professor tem que primeiro dar os conceitos de todos aqueles conteúdos, não trabalhar aquele assunto naquele momento, conceituar, explicar pra eles, pra depois trabalhar em cima daquele assunto.

P-Mas daí eu vejo um outro problema maior do que isso... me parece que tem uma certa... nós estamos trabalhando numa faixa de gente que não sabe escrever e de gente que se tu fechar o livro a aplicar uma prova do conteúdo ele vai passar. Acontece em todos os grupos, tá? a diferença entre (..) eu tenho alunos que escrevem melhor que os professores... tem alunos lá que dá pra dá dez nisso, ou noções de matemática. Então o que eu acho que tá de errado no programa é falta de autonomia do núcleo, ou seja, não tem uma administração (...), só nos e ao mesmo tempo não tem reuniões pedagógicas, não tem como... por exemplo, separar aqueles alunos por... tu pega... tu pega... um que não terminou a quarta série, que não sabe escrever (...) tem um (...) nosso que escreve SE com C. Ele sabe escrever sem o C, ou sua, por aí ia ficar meio gozado escrever com C, né? aí botou o S e tem uns que tu pode dar conceitos difíceis e não sei o quê que eles tiram dez em tudo, ótimos. Então há muita disparidade então eu acho que o núcleo tem que ter um pouquinho mais de autonomia pra funcionar melhor, né?

(todos falam juntos)

P- ...pra tu t poder trabalhar a parte da organização do grupo, dentro do próprio grupo, tá muito genérico tudo. É aquilo e é aquilo e pronto. Então aonde tu mistura com muita gente.... então isso que nós tamô sentindo, se tivesse turmas com pessoas pré-selecionadas (...)

P-Mas aí foge da idéia do pró-jovem. A idéia do pró-jovem é usar a bagagem e conhecimento que eles trazem de vida e o conhecimento do dia-a-dia pra... integrar os conteúdos. Só que... ããã... os conteúdos de disciplina só que os conteúdos que eles tão dando são... é... é muita coisa (...) mas essa é a idéia do projeto. A idéia do projeto é integrar (...) trajetória de quarta a oitava série.

P- Tá, quanto a proposta pedagógica eu sinto: em relação ao tempo, né? cada disciplina é diferente, mas na área de Língua Portuguesa o que eu sinto?

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Tá, o conteúdo ele até é curto, eu consigo trabalhar numa aula, mas o que eu sinto é assim ó: por exemplo, essa semana eu to trabalhando... o objetivo é: que o aluno entre em contato, né? com gênero de texto normativo, que reconheça uma lei, né? que ele consiga ler uma lei, que ele saiba como é que se escreve uma lei., que ele produza uma lei. Só que que na semana que vem o gênero de texto é outro, né? semana que vem eu vô trabalhar com a crônica. Aí eu vou falar da crônica, vou explicar a crônica, vou falar pra eles. Tá, o aluno está habilitado a produzir uma crônica? O aluno está habilitado a fazer uma carta de opinião? Só que numa semana, numa aula, né? o que eu penso é isso, ele não tá habilitado a fazer uma carta de opinião porque ali em uma hora e meia eu expliquei pra ele como é que era uma carta de opinião, ele viu várias cartas, n´[e? com opiniões, ele produziu uma carta com opiniões... talvez se por duas semanas se trabalhasse com o mesmo gênero, n´[e? talvez ele tivesse mais tempo de assimilar aquele conteúdo e estar habilitado a produzir aquele tipo de texto que tá sendo pedido, né? mas a cada semana mudou o gênero de texto e aí eu tenho depois colocar: o aluno está habilitado a produzir, a escrever um texto normativo. Tá, ele produziu na aula, né/ mas será que daqui há quatro semanas ele vai lembrar como é que se faz um texto normativo? Só isso que eu sinto.

P-Só puxando aqui um pouquinho o que ela disse, ela colocou essa situação de uma semana estanque, parou, depois a outra semana já é outro conteúdo. Aí em um momento alguém vai dizer o seguinte: não mas tem o momento do horário de integração pra talvez fazer atividades e trabalhar um pouco melhor isso. Só que o grande problema, pelo menos eu noto isso, é que não existe tempo pra se planejar isso. De repente alguém vai dizer: bom, mas existe as terças-feiras que tem reunião e é o momento para o planejamento. Só que o que acontece é o seguinte: chega às terças-feiras, tu tem uma hora pra fazer um planejamento de uma ou duas semanas, então na verdade o tu acaba planejando ali pra integração, tu não pensa em nenhum momento nas disciplinas, porque tu não teve tempo pra isso, ou então tu cria qualquer atividade ããã vou usar um termo até que é uma expressão que eu não gosto de usar, que é pra inglês ver. Não é uma coisa que na realidade talvez vá acontecer. Até pode acontecer, mas tu não consegue colocar uma interdisciplinariedade naquilo ali . Tu não consegue criar uma atividade integradora realmente que tu vá pensar o termo integrador, numa questão de língua portuguesa, nas questões de matemática, ciências humanas, tu não consegue mesclar tudo isso pra lá na integração fazer uma atividade que o aluno consiga construir um conhecimento em cima disso. Aí o que acontece? Tu vem com um planejamento de uma hora ali, só pra dizer que realmente fez um planejamento, e faz um planejamento muitas vezes de uma atividade que não vincula nada. Pelo menos é o que eu noto entendeu? Fica muito bonito todo mundo apresentando as suas atividades ali: ah! nós vamos fazer teatrinho, nós vamos fazer isso, nós vamos fazer aquilo, mas aonde é que está a matemática, a Língua Portuguesa, o assunto que realmente tá sendo trabalhado nos capítulos que estão vinculados àquele tema integrador, então, quer dizer, eu acho que dificilmente alguém consegue tudo isso aqui com o pouco tempo de planejamento que se tem.

(todos fala juntos)

P-É muito de tempo de integração, né? e as vezes eu sinto assim que falta recursos pra fazer uma integração legal, né? ou eu vou desembolsar material pra fazer a coisa ficar interessante e aluno... normalmente ele não tem essa condição, né

P1-E quando o colega disse aqui que em outra disciplina foi falado sobre a integração, só que eu noto que pega...

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P-Sobre temas (...)

P1- Ah! tá, desculpe (...), mas eu digo assim ó, eu noto que ciências humanas, a qualificação, de repente Língua Portuguesa, até tu consegue ter um certo vínculo porque elas estão próximas, agora na matemática tu vai olhar o conteúdo de matemática e conteúdo de ciências humanas, não existe este vínculo de interdisciplinaridade.

P- Na matemática existe e existe muito. Eu normalmente em matemática eu tô discorrendo o conteúdo de matemática antes da professora chegar (...)

P1-Mas isso é um problema porque assim ó, a matemática está num nível anterior porque não consegue acompanhar os capítulos e a qualificação profissional tá no capítulo certo. Então o qualificador trabalha tabelas, gráficos, proporcionalidade, porcentagem , como se f o aluno conhecesse e o aluno não conhece. O aluno faz que entende mas na verdade não construiu conhecimento. Existe uma diferença entre tu estar entendendo o que o professor fala na hora e realmente o que tu consegue raciocinar.

P-Uma outra coisa. Sobre esta questão (...) das disparidades, realmente existem, uma coisa que eu acho que ããã precisaria ser feito pra ããã pra diminuir ããã este problema seria um acompanhamento no caso de um outro profissional, porque o seguinte: a assistente social ela pode resolver muitos problemas no núcleo. Agora existem certos problemas, certas questões, que estão mais... até porque eu passei... uma época eu fiz oficina na área da psicopedagogia. Tem problemas que são desse campo que nós lá no núcleo não estamos aptos a... resolver, estando com todos aqueles problemas que nós temos pra resolver. Então tem questões que tem que ter um acompanhamento mais individualizado, sabe? e aí que entra... aí que entra a parte bem pedagógica, ou psicopedagógica mesmo, pra poder diagnosticar qual é a questão ali que falta (...) ou trabalho psicológico, mas uma coisa assim que seja diferenciada, que possa ver cada um ali como uma pessoa, sabe? e não a gente fazer uma análise assim por cima que nós não temos condições de ver, perceber os problemas mesmo, né?

P-Eu gostaria de falar que uma pessoa, que ela não tá aqui... uma pessoa não, uma das matérias que não está aqui, que nenhuma pessoa está representando, que eu vejo pela pessoa que trabalha no nosso núcleo, né? é a Língua Inglesa, que ela é... hoje em dia assim ela tá equiparada a matemática e... ou até pior, porque? Por que eu vejo que a gente acompanha a questão, a gente conversa muito no núcleo antes de iniciar as aulas, no intervalo das aulas, e muitas vezes até no final das aulas, então eu vejo que essa professora de inglês ela tem uma dificuldade pra tocar a matéria porque os alunos não sabem... não sabem. Se algum sabe, ele tem uma noção. Então ela tem que explicar a matéria de uma maneira porque esse aluno muitas vezes ele passa pela aula e já no outro dia não sabe mais o que que teve. Porque a seqüência de trabalho que ela tem que ter é, pelo que ela cometa, é muito rápida pra se. fazer esse aluno apreender este conhecimento. Como disse o nosso colega muitas vezes ele pode até errar, eu sei, porque (...) mas e amanhã, será que ele sabe? Então eu vejo por essa dificuldade dessa colega que é transmitir toda aquela unidade naquele período que é previsto pra unidade.

P-Eu imagino, como professora de Português, se fosse adotado, no futuro programa, o espanhol, que também é considerado uma língua estrangeira, seria de melhor fácil acesso a estes alunos, pra vida deles. Pela experiência que

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eles têm porque eles completaram a quarta série e nem começaram a quinta série, nunca viram inglês, então é uma língua completamente diferente. Então eu acredito que o espanhol seria de melhor acesso pra este tipo de clientela.

P-Com certeza. Se tu perguntares pra eles eles vão dizer(...)

P-O problema é que o inglês tá no nosso dia-a-dia, né? (..) informática tá o inglês no nosso dia-a-dia, não é o espanhol. As vezes ele pode conseguir um emprego que ele tenha lá um computador e ele muitas vezes ele... pode tar em português, mas eu acho (todos falam)... eu acho que tem que ver a realidade profissional dele (...) até na questão de trabalhar num banco. Chega no banco tem questões assim que ele vai ver mais de inglês do que espanhol.

P-Eu concordo que eles iam assimilar melhor o espanhol mas o inglês tá mais presente na vida deles. Em tudo que é área, desde a profissional. Tu citou a informática, mas não só a informática. A música... Eu concordo contigo que seria muito mais acessível pra eles se fosse espanhol.

Mediador(a): Como vocês avaliam a formação recebida pelo programa e a formação continuada?

P-Nota ou comentários?

P-Bom, a minha formação não foi junto com vocês, né? A minha formação foi feita toda por Santa Maria e vocês pelo Rio de Janeiro, né?

P-É, nós fizemos a formação junto com o pessoal de Santa Maria. Nós todos tivemos a mesma formação e o pessoal de Santa Maria fez a integração nos outros lugares.

P-Eu, particularmente, achei maravilhoso a formação que a Santa Maria fez, né? foram extremamente atenciosos, o material também tava muito bom, dava pra ver que as apresentações tavam muito bem planejadas. Quando eu fiz o nível com o rio de Janeiro, que daí eu conheci o pessoal do Rio de Janeiro, eu achei assim: tá louco, né? mil vezes eu preferia Santa Maria, né? A impressão que eu tive no primeiro contato que eu fiz com o pessoal do Rio de Janeiro é que nada tava planejado e a sensação que saí de lá que eu passei o dia inteiro recebendo o treinamento e: tá, mas o que foi afinal de contas que eu tô levando? Na formação de Santa Maria eu achei 10, maravilhoso. Cada dia que se acabava... olha: hoje eu aprendi isso, isso e isso e, olha, fez diferença. Foi o que eu senti.

P-O problema e que nós não tivemos essa formação em Santa Maria. Pelo que tu falaste a nossa formação foi feita pelo Rio de Janeiro. Não me lembro agora se era FUNDAR... ou...

P-FUNDAR... é FUNDAR.

P1-...eu sei de uma coisa: a formação eu até achei interessante porque pra mim eu aprendi várias formas de dar práticas, de como ministrar a aula, né? e alguns conceitos também da parte conceitual do programa mas eu vejo assim ó, que eu não sei... disseram... a gente ouve falar, que na questão de informática, que vai vir curso pra ser dado pros professores. Que assim ó, a gente opera diariamente no Windows. A gente tá aprendendo... (...) a gente viu no programa que a gente vai operar com o sistema LINUX, mas só que lá mo SESMAR felizmente tem o LINUX lá, eles usam este software livre lá, então

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pela minha bagagem de informática eu me saio bem com o LUNUX. Mas eu vejo assim ó, que, por exemplo, teve dias que eu tive que assessorar os professores que tavam dando informática porque infelizmente eles não sabem nada do LINUX. E não teve nenhuma formação pra nós em operar o open office, né? que é o programa editor de texto, né? na questão de informática. Ninguém recebeu esta orientação. Só veio uma professora do Rio de Janeiro dizer: “Ah! vocês vão usar um software livre, assim e assado”, mas não botou o computador na frente de todo mundo: Ah1 como é que se abre esse arquivo? Como é que se salva? Como é que se faz uma configuração de página, né? Como é que vai se ver as questões das fontes? E as fontes que têm no LINUX infelizmente não se tem no... não é a mesma no Word. Vai usar um times no LINUX não tem, vai usar uma Arial não tem e a gente tem que ver essas questões. E a informática é uma coisa que ficou extremamente... não foi visto nada, a gente não sabe nada. Pelo que a gente ouve falar quando chegarem os computadores vai ser feito uma aula pro alunos, pros professores, pros educadores.

P-Só que (...)

P-Os computadores não chegaram, as salas conseqüentemente não foram preparadas ainda porque são computadores em rede, nós não tivemos a formação. Termina em outubro.

P-Em termos de dinâmica assim eles foram bem assim. Eles foram (...)

P-... tanto que a formação da zona sul (todos falam juntos)

P-Lá em Santa Maria por exemplo (...) a segunda formação foi feito uma releitura do pró-jovem e foi aplicado de uma maneira diferente. Não que... mas a maneira técnica e coisa e tal. Mas eu achei que a formação foi bem razoável.

P- O que eu achei a princípio da primeira formação – eu fiz no Rio de Janeiro também, é que me pareceu que o objetivo seria, na formação, pelo que eu notei, não que alguém tenha me dito, que seria a interação dos profissionais que ali estavam com o projeto, ou seja, entender bem o que era o projeto e qual era a necessidade que tava sendo colocada, e tentar fazer com que todos estivessem ali se sentissem aptos e confortáveis pra... pro que viria no caso, né? não que tenha sido uma formação pra... como é que vou dizer? assim, pras questões teóricas do projeto, como resolver ou não problemas que surgiriam. Mas a questão é tu te sentir bem seguro e entender o que é o projeto, né? O que realmente tu estava....

P-Aí é que eu digo que foi feita uma releitura do projeto.

Mediador(a): E a formação continuada?

P-Agora tá bom.

P- Eu também, no começo foi...

P-Nos três, quatro primeiros meses era assim ó: a gente vinha aqui pra perder tempo. (todos falam junto) Ao meu ver foi... faz o quê? umas seis semanas que eles acertaram o passo. Começou a valer a pena vir aqui. Vinha aqui, era simplesmente assim: ninguém tinha idéia do que tava fazendo, era uma esculhambação, uma bagunça, era perda de tempo. E engessavam o programa de uma maneira, sabe? a gente quer, tem que ser assim e vai ser assim.

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Não... nós não tínhamos nem uma flexibilidade pra.. pra... nem pra expor uma idéia...

P-Santa Maria...

P-... antes não, era uma coisa parada, sempre a mesma coisa.

P- Em Santa Maria eles usam uma didática muito boa...

P-Então mudou com a organização e lá.

P1-Mas agora tá ótimo as terças-feiras. Pra mim, né? no meu entendimento.

Mediador(a): O trabalho de vocês tem sido acompanhado?

P-Agora eu gostaria de... já que tu falou sobre isso, eu não sabia em que momento entrar neste assunto. Tu falou em trabalho acompanhado. Antes era cobrado quinzenalmente um relatório, né? e agora mensalmente se eu não tô enganado? Antes era cobrado quinzenalmente e agora, há um mês atrás...

P-Primeiro era toda a semana.

P1-Primeiro toda a semana, depois quinzenalmente, agora mensalmente. Só que é um negócio assim ó...

P-Tinha o planejamento antes. Antes era o planejamento e agora...

P1-Tá, mas o que diz questão com esse relatório que seria uma certo acompanhamento que tá acontecendo nos núcleos. Só que eu noto o seguinte ó, pelo menos todos os relatórios do meu núcleo lá que eu participei que eu montei a minha parte lá na área de matemática, integração, da minha turma lá, que cada profissional é orientador de uma turma ããã em todos os relatórios eu mandei, não só como relatório, mas também algum parecer sobre o que tava acontecendo, porque só relatório seria apenas um (...), né? e eu noto que em nenhum momento eu tive retorno disso e já foram vários relatórios que... vários relatórios – eu não gosto de dizer isso aí mas reclamei de algumas coisas, critiquei algumas coisas ããã como... expus minhas dúvidas só que até este momento ninguém me ligou, me mandou e-mail, entrou em contato com o nosso núcleo dizendo: Olha, sobre o relatório de vocês a última questão que foi colocada... tem relatórios em que eu pedi retorno também. Até me obriguei a fazer isso porque eu notei que nada estava acontecendo na verdade, né? então eu não sei que acompanhamento é feito em cima destes relatórios.

P-É. E inclusive assim ó, nós temos no nosso núcleo, nos temos alguns casos de quase analfabetismo, e nos foi solicitado quais seriam esses alunos que teriam dificuldade. Foram passados os nomes e até agora não foi tomada nenhuma atitude a este respeito. Eu acredito que... existiria talvez oficinas determinadas para esses alunos com maiores dificuldades, né?

P-Na realidade a assistência social que tem nos núcleos, não é pra atuar como assistente social, né? ela via como profissional... ela vai como ele falou. Ela vai dar a disciplina de ação comunitária, que é como a qualificação profissional. Ela não foi como assistente social e ela tá sendo bem cobrada neste sentido assim ó, de atuar como assistente mas na realidade ela não é. Não.. não atua.... não tem que atuar como assistente.

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P-Mas essa declaração do colega que... não ser atendido nas dificuldades no núcleo, não é só tua. È de todos os oito núcleos, né? (...) nos que somo daqui reiteramos várias vezes e não fomos atendidos.

P-Quanto a se sentir assim acompanhados, a pergunta era essa, né? acompanhada... eu me sinto muito mais desamparada do acompanhada porque normalmente quando surge algum problema que foge, né? da nossa alçada, o professor não pode resolver aquilo, a gente manda pra coordenação, que manda pra coordenação, que aí manda pra Brasília. Então ás vezes a frase que eu mais ouço é essa: Ah! mas tem que ir pra Brasília, vai pra Brasília, tá indo pra Brasília. Às vezes eu digo, né? mas chama Brasília aqui que eu quero dar uma sacudida, né? tudo é Brasília, Brasília, Brasília.

(todos falam juntos)

P-... não tendo retorno das coisas. Por exemplo, quando você faz uma prova existe uma expectativa muito grande em saber que nota eu tenho, como é que eu fui. É a minha prova de avaliação de como eu fui como profissional, o retorno é a prova, é a nota da prova. Foi feita uma avaliação pelo PR em...

P-Não, mas teve uma avaliação também... (falação geral)

P1-... mas assim ó, Santa... a avaliação de diagnóstico que devia ser feita em outubro foi feita em janeiro, né? pelo PR – matemática e língua portuguesa. Não veio retorno. A gente tá aguardando até hoje. Foi feita uma prova, avaliação – aí foi uma avaliação, o quê? uma duas ou três semanas atrás. Não veio retorno. Então fica muito difícil, os alunos nos cobram muito eu acho que eles estão...P-E aí tu fica mais desamparada ainda. Se a gente cobra aí a... aí fica meio assim ó: com quem tu fez a prova? Foi Minas Gerais, quem aplicou foi o Paraná, quem vai corrigir é não sei quem é, e aí o resultado vai pra Universidade de Santa Maria pra Santa Maria... mandar pra juventude, pra Juventude mandar pra Educação Física, pra Estação Centro Vida, pra Estação Centro Vida mandar pra nós. Quer dizer, é uma coisa assim que é muito difícil, então tu não tem esse retorno de nada e eu acho que é nesse sentido que a gente se sente completamente perdida porque tu não tem.. tu vai dizer o quê? se eles foram bem ou foram mal.

P-É que (...) o pior que eles tão achando que essa avaliação não existe, né?

P- Não, eles sabem que existe.

P- É que a gente, muitas vezes até, eles mandam usar (...) vai direto pra Santa Maria, né? Então a gente até muitas vezes telefona lá pra Santa Maria, né? olha, tamo precisando disso, precisando daquilo. Mas o problema é o retorno de Santa Maria que não vem pra nós sobre questões de relatório, sobre questões de problemas com alunos, né? aí então esse retorno não nos chega e aí a gente ouve sempre assim ó: Ah! vai ser colocado no site. E não vem, não tá ali no site a informação. E como é que nós vamos olhar o site se nós... o SESMAR, felizmente nós temos computador mas eu vejo outros professores que em algum momento um dia chegaram no núcleo e iam olhar o site, mas não tem computador.

P- Essa questão da solicitação do material didático, do recurso didático, vocês têm sido atendidos nisso?

P-Não.

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P-Posso voltar antes disso? Essa nova chamada (...) tá deixando os alunos muito revoltados porque eles tão vendo o chamamento que tem computador, que tem isso, que tem aquilo e eles não têm o computador então muitos – eu não sei se tem em todos os núcleos estão, mas o nosso núcleo eles estão revoltados porque essa propaganda é mentirosa, porque nós não temos computador e eles tão dizendo na propaganda que...

P- Até porque na propaganda diz que eles sairão com uma profissão. Então são duas... com uma profissão e não é isso.

P- (...) vinculado a uma coisa que acontece daí, né?

P-E essa chamada da mídia, eles ficaram muito intrigados porque assim, os alunos eles estão com a camiseta do pró-jovem que eles não receberam, trabalhando com computadores que eles não receberam, e nós dizendo: Não, já vai chegar. Só que esse já vai chegar... seis meses não é?

P-Quer dizer, os três ícones básicos não tão acontecendo, né? a profissão que eles...

P-A profissão eu sei que tem três colegas da qualificação profissional só que a organização como foi disposta, acho que talvez pelo município, né? que organizou, acho que o arco de profissões, né? o aluno poderia escolher a qual arco ele gostaria de...

P-Não, isso é do programa.

P-É o programa que diz que o aluno vai poder escolher este arco. Só que a prefeitura só escolheu, no meu entender (...) quando a gente fez a formação lá no rio de Janeiro eles falaram: os arcos que a prefeitura escolheu, dentro do contexto de cada cidade, foram este, este e este. Há carência em virtude do...

P-Mas e no nosso núcleo que só tem vestuário... e a costura?

P1- Não não não, isso é outra questão. Aí foram colocados os arcos e isso quem escolheu foi a cidade de Porto Alegre. Outras cidades é outros arcos. Inclusive as educadoras da FUNDAR disseram que lá na Bahia escolheram arcos que é turismo. Pra nós aqui não é tão viável turismo, né? o turismo em Porto Alegre, então os arcos quem escolheu (acaba a fita).... só que a gente vê que essa questão da escolha é um pouco difícil, pra se montar essa... de um aluno sair daqui e ir prum lugar... um vai vestuário e outro vai ter construção civil, né?

P-Na verdade os núcleos já deviam ter um arco definido de um só, pra todos os alunos que quisessem aquele arco irem praquele núcleo. Do jeito que (...) é uma mistura que não vai ter (...)

Mediador(a): E como se opera a comunicação ente vocês, né? educadores, e a coordenação municipal do programa?

P-O nosso é pelo celular. Se nós temos que passar alguma coisa pra ela, liga pro celular e...

P-A gente se encontra uma vez por semana, né? Chega na terça-feira...

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Mediador(a): E aí pra planejar as atividades integradas ou extra-sala, como é que é?

P-Tem a oficina (...) depois tem o planejamento.

P- ... e nós temos uma hora só que essa hora ela é curta, mas nós temos. Professor que é professor, ele tá sempre buscando então a gente vive aquilo. No dia-a-dia eu canso de levar coisas que a gente nem planejou aqui mas no decorrer da semana a gente inclui no programa, então isso a gente faz muito.

P-Que na verdade esse planejamento de uma hora determinada no meio da reunião é complicado, né? na verdade... na minha opinião não funciona. A gente sabe muito bem que o planejamento de vocês fazem fora dessa ordem.

P-A idéia básica sai do nosso planejamento. Nós incluímos alguma coisa (...) por aquilo que a gente leu pra vocês. Nós procuramos elaborar exatamente aquilo ali que a gente fez e só incluímos mais algumas coisas.

P-Sim, mas acaba fazendo fora, né? não na hora do planejamento...

P1_ Não, mas o básico é feito ali...

Mediador(a): E pra vocês como que funciona assim essa comunicação entre a coordenação municipal e os educadores?

P- Basicamente na reunião de terça-feira (...) a gente conversa e mesmo por celular, né? se há algum problema e a Fulana tá sempre aqui terça-feira, né? vem vindo ultimamente na terça-feira, tem vindo pra cá e tal, né? que a gente tem a... terça-feira a gente tem (...) coordenação pedagógica. E a coordenação municipal, a Joane, que substituiu a Neusa, ela tá (...)

Mediador(a): E quando vocês precisam solicitar um material pedagógico?

P-Nas reuniões.

Mediador(a): Material didático?

P-Didático a gente já recebe ele pronto, né? que é o livro e a... (todos falam juntos)

P-O básico, né? giz, apagador, cartolina...

P-É, o básico sempre tem.

Mediador(a): E o que vocês acharam da revista do professor?

P-Eu achei muito interessante.

P- No Site... nós já usamos em sala de aula (todos falam ao mesmo tempo)

P-Como a gente já tá usando agora – não é o jornal, é a revista no site - ela tem pouco conteúdo ainda.

P-Nas áreas das ciências da natureza não tem nada ainda, mas já Português eu já olhei e achei muito interessante.

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P-É, eles tão solicitando que as pessoas... os professores entrem no site e façam contribuições.

Mediador(a): E na opinião de vocês quais seriam as maiores dificuldades vivenciadas pelos alunos?

P-Passagem, transporte... os nosso alunos são das ilhas – da Pintada, Das Flores etc. e tal, ele gastam duas passagens por... aliás, quatro passagens, né? pra ir e pra voltar. Consequentemente eles precisam de aproximadamente cento e sessenta reais por mês pra essas passagens. Tem um pessoal que vem de Canoas, tem... tem as vilas ali que eles chegam a caminhar dois quilômetros pra chegar. Aqueles que queriam realmente ficaram. Aqueles que vão só pela bolsa desistiram.

P-O pessoal que mora perto do núcleo ficou, o pessoal que mora longe desistiu.

P1-Não, os da Ilha não. Eles até tão vendendo o material deles pra... alguns alunos tão vendendo coisas pessoa pra arrumar o dinheiro pras passagens.P-O que eles enfrentam pela evasão é que eles não têm uma estrutura familiar regular, como a gente conhece muito aluno que tem. Então eles matam aula, eles não participam, eles não entregam o ... claro que não posso generalizar mas, eles não entregam o material, eles perdem o material, eles não cumprem com atividades, principalmente com datas, pra cumprir o cronograma então isso aí prejudica demais ele.

P-É, é que o que acontece é o seguinte: é, digamos assim, é que muitos núcleos foram contemplados com alguma coisa e outros não. Eu não sei, eu falo do SESMAR é que ali para... o SESMAR e no Wenceslau, passa uma linha ali que ela é um sistema de integração de Porto Alegre, ela via e larga numa outra parada mais pra frente, mas até passar no meio das vilas e para na outra parada é de graça o ônibus. Então eles vêm e as vezes voltam e vêm com estes ônibus, mas porque é de graça.

P-É que na verdade o que tinha que se trabalhar nessa inscrição é que tinha que ser feito nos próprios núcleos. Esse pessoal pra eles ir realmente (...) senão é complicado.

P-Essa questão de... dos alunos não entregarem trabalhos, fazer ou não fazer atividades, eu acho que (...) creio eu, só que tem o seguinte ó: o perfil deles (há vários comentários) o quê eu noto é assim ó: se tem problema com transporte que nem o nosso núcleo agora acho que outros também tem problemas com a merenda, ou alimentação, o material didático não ajuda muito, então o que acontece é assim ó, a idéia do programa é com que esse jovem excluído se sinta incluído. Esse jovem que não faz atividade, que não tem responsabilidade pra entregar um trabalho qualquer que seja, se sinta, ou sinta a necessidade de fazer isso e mude, né? só que a estrutura não ajuda isso, né? é um jovem que tem dificuldade de chegar na escola, chega na escola e agora não tem a questão da merenda, então pra eles faz falta, pelo menos eu sinto isso no meu núcleo... que é muita gente que de repente a única alimentação que fez foi na parte da manhã, ou talvez ao meio dia e vai ficar até umas dez, onze horas, sem se alimentar então é realmente uma questão bastante difícil então ããã... não é fácil tu conscientizar um aluno que pode existir uma realidade melhor se tu não oferece uma estrutura, uma realidade um pouco melhor pra ele, pra que ele possa se sentir um pouco mais engajado, né? então eu acho que... eu acho que o problema maior não são os alunos, né? mas eu acho que a idéia do projeto é muito boa, mas acho que

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ela devia ter sido um pouco melhor estudada. Claro que é um plano piloto, né? foi uma coisa que de repente surgiu e teve que ser feitos às pressas mas faltou planejamento. Me deu essa impressão.

P- (...) que não tem alimentação, né?

P-Teve mas daí... teve...

P-Teve... teve o sanduíche mas depois que saiu o sanduíche...

P-O problema da nossa Estação é que ela foi a primeira. Então os problemas que foram surgindo eu acho que nas outras Estações não com tanto problema. Por exemplo, agora a prefeitura tá viabilizando a passagem escolar. De repente um núcleo que vai ser lá instalado, implantado, já vai sair com a passagem, entendeu? então o nosso foi um dos pioneiros e infelizmente a gente sofre algumas conseqüências que de repente se iniciasse desde o início essa busca de querer ajudar a esse jovem de ele querer chegar ir na aula, de repente nos poderíamos hoje estar com um contingente maior quem sabe? porque o início até foi bom. No início nós tínhamos vários alunos. Mas depois com o tempo esses alunos vão saindo e esses... essas estações que agora tão entrando elas tão com a passagem e aí é mais fácil.. tu consegue prender mais o aluno lá na sala.

P-O que tu tá dizendo é o seguinte – claro, nós somo os primeiros, mas o que tu tá falando é o que eu tava falando sobre planejamento. A questão de transporte e alimentação é básico. É algo que deveria ter sido previsto pra que não desse problema. Outros problemas de percurso, é óbvio, tem que acontecer e tem que ser resolvido no decorrer. Agora questões cruciais como transporte, alimentação e computadores eram coisas que não deveriam ter faltado, né?

P-Tanto é que os nossos alunos fizeram a prova da unidade formativa 1 juntamente com a zona sul, agora que a gente tá encerrando a unidade 2. Então ficou distanciado.

P-É óbvio que a zona sul vai... teoricamente deve ter um resultado muito melhor que a zona norte, mesmo que nós (...) mesmo assim.

Mediador(a): E a opinião de vocês dois ali, quais são as principais dificuldades vivenciadas pelos alunos ?

P-Eu acho que os professores falaram aqui... é basicamente isso, né? alimentação e a passagem, isso é o que mais preocupa eles. Os computadores também... só que a gente tá numa fase do núcleo que eu acho eu o pior já passou... não digo o pior já passou mas já passaram tantas dificuldade porque quem tá aqui agora não desiste mais entendeu? Claro que teve muita evasão no inicio mas o pessoal, durou... passou janeiro e fevereiro indo pra aula... então quer dizer, eles vão continuar. Então esse pessoal que ta aí existe uma grande vínculo e isso a gente não ode negar, entre alunos e professores, né? até porque cada professor tem uma turma como professor orientador então existe um vínculo muito forte. Essa é uma das grandes coisas boas do pró-jovem é isso. Só que (...) cada um de uma maneira. O aluno te olha e tu já conhece aquele aluno, entendeu? e (...) de os próprios alunos fazerem festa surpresa no dia do aniversário do professor. Então isso é como se fosse... a coisa boa disso é que isso se torna uma família, a família que (...) eles não têm, que se forma aqui. As dificuldades são enormes, né? e o fato deles passarem por isso é porque eles tão gostando

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demais, tão...ããã... passando pelas dificuldades mas o problema é esse, né? se esses pequenos problemas fossem evitados talvez não tivesse tanta evasão como teve.

P-Tem alguns com problema de pagamento também, né?

P-Tem bastante problemas de pagamento. Alguns alunos não recebem e dizem que isso é uma fraude e todas essas cosas, né? e existe também um problema no nosso núcleo, né? eu não sei, só posso falar pelo nosso, que a Direção da escola rejeita muito o pró-jovem. E o que que acontece? Eles dizem assim ó: Ah1 vocês estão aqui assim de favor no nosso colégio. Não. É um colégio do município e o município é parceiro do programa. Então eu acho que deveria, pela nossa coordenação, ser muito mais presente, dentro do nosso núcleo pelo menos, pra botar a Diretora lá, sabe? mostrar que o colégio não é dela, é do município e o município é parceiro.

P-Aí cria um estigma, né?

P1-Exatamente. Já falaram horrores. Dentro do nosso núcleo já teve... a Direção falando que o pró-jovem não tem como fornecer Certificado no final do curso, então que os alunos tão perdendo tempo. Tentaram puxar os nosso alunos pro EJA... pro SEJA que é agora, né? então tem assim vários detalhes de convivência que com a direção da escola é bem difícil. Agora parece que já tá começando a entrar mais na linha. Tudo que acontecia no colégio, atos de vandalismo e tudo, eram dos alunos do pró-jovem. Aí quando teve as férias de verão nós tivemos uma tranqüilidade dentro do nosso colégio. Não teve nada de vandalismo, absolutamente nenhum tipo de problema. Aí viram que não poderiam mais botar a culpa, que seriam os alunos que eles tão se iludindo, né? melhorou mas eu acho que precisa mais apoio da coordenação.

P-Há muita discriminação quanto aos alunos do pró-jovem. Não só no teu grupo, em todos os grupos há muita discriminação. E eles sentem isso, eles sabem disso e até comentam conosco: “O pessoal discrimina porque nós temos essa idade e não concluímos ainda o ensino fundamental”. Eles são discriminados.

Mediador(a): E os demais assim, como que vêm isso nos seus locais? Isso que os colegas estão trazendo?

P-É, no meu no João Goulart também é a mesma dificuldade que eles têm: é a janta que antes tinha o pão que eles reclamavam mas se alimentavam, o transporte. A bolsa, os meus lá eles não reclamam muito. Eles sentam a falta claro, porque ajuda, porque eu faço muita pressão dizendo que quem tá no pró-jovem só pelo dinheiro não merece estar no pró-jovem, pelo dinheiro. Tem que estar sim pelo propósito de completar em um ano aquilo que eles abandonaram por um motivo que só eles sabem porquê. Então eles mesmos... eles pensam: Ah não, a gente já provou pra senhora que a gente tá aqui pelo estudo. Então a bolsa eles já não reclamam muito. Claro, se tu não recebeu o dinheiro tu tá gastando com a passagem, mas tudo bem.

Mediador(a): E esse aluno que não recebeu ele ainda tá no programa?

P-Sim...

P-Uns dizem: “Ah! professora se eu não receber este mês eu não vou poder vir porque a minha mãe tá me emprestando pra passagem e eu não vou tê passagem. E o que eu acho mais desumano é que – tudo bem, eles não recebem por

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problemas e eles vão receber, só que ninguém diz pra ele qual é o problema. Ele não consegue saber porque ele não tá recebendo. Será que falta um documento dele? Será que ele foi no banco errado? Sabe? E ele não tem uma resposta.

P-Isso aí que tu tá falando (...) sem os recursos e sem o amparo, tu chega na diretora e resolve o problema ou tu vem aqui pra resolver o problema (...) tu não tem o apoio... é isso que eu tô falando. Tu não tem autonomia.

P-Deixa eu colocar uma coisa assim ó, essa questão de recebimento é ligada ao CPF. Muitas pessoas não tem essa preocupação de fazer anualmente a sua declaração de isento (...) e muitos tem problema de CPF

(falação de todos)

P-Quando ele fica sabendo que tem problema no CPF, tudo bem, pelo menos ele fica sabendo qual é o problema...

P-O problema é que tem uma outra questão que começou a entrar e que a gente... eu já me flagrei porque a gente já... assim, a gente consegue ver porque que o (...) não tá recebendo (...) eu acho que muitos, que já aconteceu lá no SESMAR, de ele receber um ou dois primeiros meses, que ele tava indo e aí, daqui um pouco ele deu uma faltada legal no programa e aí no mês não recebeu. Ah, mas isso... lá no SESMAR a gente consegue ter um conhecimento disso porque a gente consegue observar o aluno que tava recebendo, que a gente... então a gente foi guardando isso daí, essas informações: olha, esse, esse e esse não receberam no início. Eles receberam depois e aí todo o mês a gente fazia uma listinha pra ver quem é que não tava recebendo mas... no terceiro mês que já começa a entrar a questão de falta: Ah! ele tá faltando tanto? Ah! tu já recebeu os dois primeiros mês e agora tu não recebei e vem querer botar a culpa no CPF... então a questão é...

P-Mas esse é o controle de freqüência né Marcelo, isso todos tem que ter.

P1- Sim, mas a questão que falta pra nós chegar é o porque que aquele aluno não tá recebendo. A gente até pode ter uma noção. Bom, faltou lá um tempão e não recebeu por causa disso.

P-Não, se é por falta eu sei. Fechou o mês, vai chamar todo mundo e...

P-Professor de sala de aula não tá tendo tempo pra administrar isso e não tá tendo apoio da administração. Tá sem autonomia e dissociado da administração da coisa. Isso é que tá acontecendo pessoal. O caso é simples.

P- A gente já sanou...

Mediador(a): E como é a relação de vocês com o aluno.

P-Muito boa.

P-Ótima.

P-Excelente

P-Maravilhosa

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P-O aluno (...) ele é extremamente apegado ao professor... aos professores.

P-É, se apegam muito aos professores. Eles... quando houve o problema d e falta de pagamento eles vinham aqui e tocava o horror... (...). O relacionamento é muito bom.

P-Outra coisa que causou tumulto esse semestre passado, né? é que mudaram...antigamente tinha um dia fixo pra receber que era o dia 10 de cada mês. Aí de repente abriram a data e não avisaram nada. A data era dia 10 e passou a ser de 10 a 20. Depois quando ninguém recebeu que eles ficaram sabendo... que nós ficamos sabendo para transmitir pra eles mas isso já era dia 12 e nós ficamos sabendo (...). O governo abriu a data. Agora não mais dia 10. É do dia 10 ao dia 20. Não tem um dia fixo.

P-Não tem um critério assim. Eles pagam as vezes é o dia dezenove, dia dez... não tem um critério.

Mediador(a): E comparando com a escola comum, né? como que vocês avaliam o programa?

P-Existe um vínculo... existe este vínculo muito mais forte entre professor e aluno, mais que na escola normal. Isso existe. Existe também o ... os professores eu acho que eles tão... o programa (...) outro tipo de disposição, outro tipo de instrumento ou até comprometimento que uma escola normal teria.

P-Porque isso foi colocado no princípio pra eles que não era uma escola então pra eles deu aquela... sabe? que eles tavam tão acostumados com escola de falta e não vir e ser expulso que quando (...) era algo diferente de escola, daí eles se... se situaram, gostaram de lidar então... esse... o professor e aluno ele tem essa (...) mas se disser que é uma escola normal já começa tudo de novo igual.

P-Claro que há certos comportamentos que o aluno tem que vai ser tanto parecido aqui no pró-jovem como numa escola tradicional, né? que o aluno ele tá por mais que ele tenha para do no terceiro ano e quarto ano e voltado três ou dez anos depois ele vai ter aquela estigma da sala de aula, né? (...) pouco acostumados com isso mas o programa exige que se modifique isso, né?

P-Diferente se for escola ou não lá no núcleo a gente tem as regras do núcleo que tem que ter um mínimo de regra, né? horário pra ser cumprido, né? porque senão vira uma bagunça.

(todos falam junto)

P- Tudo tem limite...

P-No curso de formação eles tocaram muito nessa questão assim de cada núcleo estabelecer um mínimo assim de regras, né? pra mais ou menos padronizar certas questões.

P-No início nós tivemos vários problemas...

P- (...) João Goulart fala assim ó: a gente tá num programa, né? de inclusão e tudo, né? só que a gente tá inserido dentro de uma escola então a gente tem que seguir as regras de uma escola: é o horário, não faltar aula- quer

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matar então vai embora, sabe? a gente sempre diz: Nós somos um programa mas nós estamos inseridos dentro de uma escola então tem andar de acordo com a escola mas com alguma flexibilidade da disciplina. Que tem os dois horários de aula, né? integração, plantão, informática, né? mas é diferente da escola normal porque? Eu vou fazer uma integração mas hoje eu vi que eles tão com problema. Esses dias eu tive um problemas com odores, sobre pessoas que não tomam banho então na minha integração foi assunto de higiene. Não tinha nada a ver porque era violência com não sei o quê; não tinha nada a ver. Eu tive essa possibilidade de ficar três períodos falando com eles sobre isso, tirando as dúvidas de, né? geral, porque como dá ciência a natureza fica mais fácil porque abrange muita coisa né? tu pode falar abertamente. Então é aquela coisa e já na escola normal não tu tem que tá ali nos dois períodos (...) então é diferente.

P-(...) da escola regular é isso é que o aluno tem a oportunidade de oralizar mais, né? ele pode falar, ele pode contar causos e a gente pode trocar...

P- E a escola regular é aquela coisa mais de copiar, de exercício. No início eles estranhavam um pouco. Nós tivemos uma parte bem grande de integração, de conhecimento, né? e eles já estavam ansiosos pra escrever conteúdo. Então isso aí causou um pouco de estranheza pra eles mas depois eles começaram a aproveitar mais.

P-É e o melhor da integração é assim cada professor é orientador de uma turma e aí cria um vínculo muito grande com aquela turma, n? eu sou orientadora da turma e aí isso cria um vínculo... então eles assim: Ah! essa aí é a minha professora.