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Do Boticário ao Bioquímico: as transformações ocorridas com a profissão farmacêutica no Brasil.

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Do Boticário ao Bioquímico: as

transformações ocorridas com a

profissão farmacêutica no Brasil.

1. Profissionalização; 2. (Des)profissionalização; 3. (Re) profissionalização; 4. Desafios .

Ênfase: processo de profissionalização, localizando a organização profissional( Farmácia) dentro da estrutura

econômica , política e social, identificando os condicionamentos destes contextos sobre a forma

organizativa da profissão.

A Profissionalização do Farmacêutico no Brasil

Concepção de saúde e doença: mágico-religiosa

Pajé, feiticeiro ou sacerdote: assistiam os doentes = primeiros profissionais

de saúde

Trabalho: atividade especial, envolta de mistérios, cujo conhecimento não era acessível

Trabalho envolvia todo o ato de saúde

Flora nativa = farmácia primitiva

Colonizadores portugueses: nova concepção de saber e prática

“caixa-de-botica” – cirurgião-barbeiro, aprendiz de botica e jesuítas

Assistência aos doentes: físicos, cirurgiões, cirurgiões-barbeiros, barbeiros, boticários e curiosos = ofícios definidos

Mudanças nas relações de trabalho= boticários ( manipulação das drogas, organização e o cuidado com as boticas )

Boticas e lojas de barbeiros = comercialização de drogas Boticas = lojas de oficina

Boticários chegavam já treinados na Metrópole ou eram treinados na Colônia por um boticário examinado

1521: juízes comissários do Físico e Cirurgião-mor – fiscalização com o auxílio de boticários examinados;

1742: delegados do Físico-mor do Brasil sejam formados pela Universidade de Coimbra;

1744: Regimento dirigido aos estados da América ( pioneirismo em termos de legislação farmacêutica)

1782: Junta do Proto-medicato; 1809: Cargos de Cirurgião e Físico-mor =

controle dos boticários, droguistas, curandeiros, etc.

Situação precária no controle de

qualidade de drogas, medicamentos, boticas e boticários no Brasil.

Botica

Pontos centrais das cidades; Lugar de reunião dos homens; Ocupavam dois compartimentos da casa; Ermida ou capela; Licenciadas como estabelecimentos comerciais; Produtos vendidos pelo dobro do preço de Portugal.

Boticários

Ofício laico; Prática profissional: experiência, legado da tradição oral e treinamento; Trabalho: bases artesanais ; Prática liberal; Eram poucos, bons rendimentos e patrimônio pessoal considerável.

PROPRIEDADE

EXERCÍCIO

PROFISSIO

NAL

BOTICÁRIO

Assim surge o mercado de trabalho do ofício de boticário com tendências

à ampliação

Constituição de 1824: liberdade profissional, corporações de ofício deixam de existir e os registros profissionais são suprimidos;

1832: cursos de Farmácia e Obstetrícia na Faculdade de Medicina do RJ e da BA;

Medicina: +procurado; Ensino de Farmácia + Medicina = 113 anos

Somente aos médicos era permitido lecionar

1837: graduados os 6 primeiros brasileiros; 1839: Escola de Farmácia de Ouro Preto -

+antiga do Brasil e da América do Sul;

1832-1930: ensino farmacêutico voltado para todos os aspectos dos

medicamentos. Prática profissional: farmácias e laboratórios.

Mudança para designação de Farmacêutico.

Desde o Império os boticários fizeram várias tentativas para a fundação de uma agremiação científico-profissional de caráter exclusivo;

1885: Academia Nacional de Medicina: seções de Medicina, Cirurgia e Farmácia;

1913: União Farmacêutica de SP; 1916: Associação Brasileira de Farmacêuticos; Organização sindical somente em 1946:

Sindicato em SP.

1831: Regulação da profissão: exercício

exclusivo para profissional diplomado ou de sociedade de farmacêuticos;

No mesmo ano: revogação – sociedade exercida por terceiros ( farmacêutico: 30% do capital);

1973: Lei 5.991 ( qualquer pessoa);

Confusão: atos de comércio e exercício profissional

1960: criação do Conselho Federal de

Farmácia e dos Regionais; 1962: Código de Ética; 1992: reformulação do C.E.

Trabalho torna-se uma ocupação de tempo integral

Mercado de trabalho dos boticários no Brasil

Colônia...

Criação das Escolas para Treinamento

1832: Escolas Médicas do RJ

Criação de Associação Profissional

1851: Sociedade Pharmacêutica Brasileira

Regulamentação da profissão Estado Novo: conjunto normativo

Código de Ética 1962

Profissionalização ( Wilensky, 1970)

i. Conjunto de conhecimentos especializados ( Boticas – Escolas);

ii. Orientação de serviço (serviços especializados);

iii. Organização colegial e não burocrática ( regulação e normas éticas);

iv. Licença ( legal) e mandato ( metas e condições de exercício).

A (des)profissionalização do farmacêutico no Brasil

Fim da 2ª Guerra Mundial – 1973: crescimento contínuo do capitalismo – ciclo de expansão;

Multinacionais: agente principal da internacionalização da economia – divisão internacional do trabalho;

Indústria de medicamentos: excepcional crescimento neste período ( possibilidades de sínteses químicas e descoberta de novas drogas com ações terapêuticas cada vez mais potentes).

Indústria farmacêutica se expande e os

ramos modernos do capital monopolista internacional se consolidam definitivamente, controlando a matéria-prima, a tecnologia dos produtos sintéticos e o mercado nacional.

Farmacêuti

cos ?????

Ensino farmacêutico

Forma de produzir

medicamentos

Médico prescritor/ farma

cêutico manipulador

Mudanças nos fármacos empregados na produção ( Vegetais Biológicos Síntese Química);

Mudanças no modelo tecnológico para a produção de medicamentos (padrão artesanal padrão industrial);

Mudanças no produto final: medicamento do farmacêutico especialidades farmacêuticas ( marca do laboratório).

Transformação das práticas profissionais e dos padrões de consumo de medicamentos;

Transformação da farmácia-oficina “drugstores”, entrepostos comerciais

( agrega novos e estranhos produtos); Relação farmacêutico/medicamento farmacêutico/ ?

Tecnologia impacto sobre a autonomia profissional, alterações na organização do trabalho; afastamento das atribuições originárias; “ perda de suas qualidades específicas, em

especial, o monopólio do conhecimento, a confiança pública em seu ethos

profissional, a perspectiva da autonomia do trabalho e a jurisdição do cliente”.

( Power, 1985)

Década de 1960: crise profunda na profissão ( 1,8% dos universitários matriculados eram de alunos de Farmácia – 98.892);

“título de farmacêutico envelheceu” Inovação na diversificação: 1º CM

Farmacêutico ( farmácia de dispensação); Farmacêutico-bioquímico ( indústria e a

saúde pública -análises clínicas)

Novo currículo: Farmacêutico ( 3 anos) farmácia comercial,

hospitalar e dos serviços de saúde;

Habilitações: Farmacêutico Industrial (IF) e Farmacêutico-Bioquímico (análises clínicas,

toxicológicas e tecnologia de alimentos).

(Re) profissionalização do farmacêutico no Brasil

Reorientações no campo do conhecimento, formação profissional, concepção de estrutura curricular, natureza do serviço e no mercado de trabalho;

Redefinição dos parâmetros regulatórios da profissão – atividades diferentes e diversificadas;

Atuação em campos não privativos ou exclusivos ( foco: análises clínicas).

Década de 1980: Entidades da categoria: resgate da profissão; Novo desenho para o Sistema de Saúde; Inserção da assistência farmacêutica na ações

executadas pelo SS; Papel das farmácias; Perigo do consumo dos medicamentos cada

vez mais poderosos, potentes e tóxicos e das associações ( defesa do consumidor)

Os fundamentos do ato profissional farmacêutico tem seus alicerces em três princípios básicos capazes de gerar novas possibilidades para a profissão:

Conhecimento efetivo do medicamento; O relacionamento com o usuário do

medicamento; O relacionamento com os prescritores de

medicamentos - os médicos.

Dimensão técnica dimensão clínica do medicamento.

Desenvolvimento da Atenção Farmacêutica: fundamentação conceitual e crítica para um modelo brasileiro de assistência farmacêutica e (re)profissionalização do farmacêutico.