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13138
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2001 ex. 2
FL-13138a cnica ISSN 1517-1310
Março, 2001
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República Federativa do Brasil
Fernando Henrique Cardoso Presidente
Ministério da Agricultura e do Abastecimento
Marcus Vinicius Pra tini de Moraes Ministro
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
Conselho de Administraçio
Márcio Fortes de Almeida Presidente
Alberto Duque Portugal Vice-Presidente
Dietrich Gerhard Quast José Honório Accarini
Sérgio Fausto Urbano Campos A/beiral
Membros
Diretoria Executiva da Embrapa
Alberto Duque Portugal Diretor-Presidente
Dante Daniel Giacornelli Scolari Elza Angela Battaggia Brito da Cunha
José Roberto Rodrigues Peres Diretores
Embrapa Tabuleiros Costeiros
Lafayette Franco Sobral Chefe-Geral
ISSN 1517-1310 Março, 2001 CIRCULAR TÈCNICA N° 19
Recomendações técnicas para o uso do adubação verde
em solos de Tabuleiros Costeiros
Antônio Carlos Barreto Marcelo Ferreira Fernandes
Enipa
Tabuleiros Cos teiros
Copyright ° EMBRAPA -2001 Embrapa Tabuleiros Costeiros. Circular Técnica n o 19
Exemplares desta publicação podem ser solicitados à
Embrapa Tabuleiros Costeiros
Av. Beira-Mar, 3250, Caixa Postal 44, CEP 49001-970, Aracaju-SE Tel (0''79) 217-1300 Fax (0"79) 217-6145
Chefe-Geral
Lafayette Franco Sobra!
Chefe-Adjunto de Comunicação e Negócios Jorge do Prado Sobral
Chefe-Adjunto de Pesquisa e Desenvolvimento
Arnaury Apolonio de Oliveira
Chefe-Adjunto de Administração
Maria de Fátima Silva Dantas
Diagramação Aparecida de Oliveira San tana
Revisão textual David Soares Pinto
Tiragem: 300 exemplares
BARRETO, A.C.; FERNANDES, M.F. Recomendações técnicas para o uso da adubação verde em solos de Tabuleiros Costeiros, Aracaju: Embrapa Tabuleiros Costeiros, 2001, 24p. (Embrapa Tabuleiros Costeiros, Circular Técnica, 19).
Adubação verde; Solos; Tabuleiros Costeiros.
CDD: 634.61
índice
Introdução 5
Recomendações 7
Leguminosas 7
Preparo do solo 12
Inoculação das sementes com rizóbios 12
Calagem e adubação 14
Semeadura 15
b Controle de plantas invasoras 17
tb Corte e incorporação 17
Referéncias bibliográficas 22
Circular Técnica n° 19
Recomendações técnicas para o uso da adubação verde em solos de Tabuleiros Costeiras
Recomendações técnicas para o uso da adubação verde em
solos de Tabuleiros Costeiros
Antônio Carlos Barreto'
Marcelo Ferreira Fernandes 2
introdução
De uma maneira geral os solos sob cultivo, submetidos à
mobilização excessiva e retirada da produção e resíduos vegetais, sofrem no
decorrer do tempo uma redução significativa no teor de matéria orgânica. A
situação é agravada em solos de textura média a arenosa e bem
intemperizados, pobres em matéria orgânica, e em regiões de elevada
temperatura e umidade devido à maior taxa de decomposição da mesma
(Alexander, 1977).
Para solos com as condições citadas acima, que coincidem com
as predominantes nos Tabuleiros Costeiros, o manejo da matéria orgânica é
essencial, já que ela é a principal reserva de N e a responsável por grande parte
da Capacidade de Troca de Cátions (CTC) dos solos tropicais, onde participa
com 56% a 82% (Raij, 1981).
Eng.-Agr., Dr., Pesquisador da Embrapa Tabuleiros Costeiros, Av.Beira-Mar, 3250, Caixa Postal 44, CEP 49001-970, Aracaju-SE. E-mail: [email protected]
2 Eng.-Agr., M.Sc., Pesquisador da Embrapa Tabuleiros Costeiros.
Circular Técnica n' 79
Recomendações técnicas para o uso da adubação verde em solos de Tabuleiros Costefros
A elevação do teor de carbono em solos degradados permite,
entre outros aspectos, a elevação da CTC (Helling et ai., 1964 e Testa et ai.,
1 992) e da capacidade de retenção de umidade, e a melhoria da estrutura do
solo (Igue, 1984).
A adubação verde tem sido considerada uma das práticas mais
eficientes e das mais viáveis do ponto de vista prático, na tentativa de manter
ou até mesmo aumentar os teores de matéria orgânica dos solos. Na
atualidade, pode-se conceituar a adubação verde como a utilização de plantas
em rotação, sucessão ou consorciação com as culturas, incorporando-as ao
solo ou deixando-as na superfície, visando-se a proteção superficial, bem
como a manutenção e melhoria das características físicas, químicas e biológicas
do solo, inclusive a profundidades significativas, ou seja, em torno de 1,0 m.
Eventualmente, partes das plantas utilizadas como adubos verdes podem ter
outras destinações como, por exemplo, produção de sementes, fibras,
alimentação animal etc. (Calegari et ai., 1993).
Para os solos dos Tabuleiros Costeiros, pelas características
mencionadas anteriormente, esta prática seguramente trará resultados
positivos, desde que se utilizem espécies adequadas de plantas, preferivelmente
leguminosas, pelos benefícios adicionais da fixação de nitrogênio.
A Embrapa Tabuleiros Costeiros vem desenvolvendo desde 1994
um programa de pesquisa visando atender a essa finalidade, e diversos
trabalhos foram conduzidos em alguns solos desse ecossistema. As
recomendações que se seguem são fruto do conhecimento acumulado em
função dos resultados já obtidos, juntamente com experiências desenvolvidas
em outras regiões.
Circular Técnica n° 79
Recomendações técnicas para o uso da adubação verde em solos do Tabuleiros Costei,os
Recomendações
% LEGUMINOSAS
A família das leguminosas compõe-se de numerosas espécies que
apresentam características diversas quanto ao ciclo vegetativo, produção de
fitomassa, porte e ainda uma ampla diversidade de exigências em relação a
clima e solo. Por esta razão, na escolha de espécies a serem recomendadas
para determinada região, deve-se procurar combinações desses fatores que
atendam às exigências locais, dando-se preferência às que produzam maior
volume de matéria seca, às menos sujeitas a pragas e doenças e às que
possuam sementes relativamente uniformes e fáceis de semear, tanto
manualmente como por meio de máquinas.
Experimentos para avaliação de leguminosas foram conduzidos
em solos de Tabuleiros Costeiros nos anos de 1995 e 1996. Foram feitas
calagem e adubação com fósforo e potássio. As leguminosas avaliadas foram:
amendoim comum, calopogônio, Crotalar/a juncea, C. ochro/euca, C. breviflora,
C. spectab/I/s, guandu comum, guandu anão, feijão-de-porco, mucuna preta,
mucuna rajada, labe-labe e feijão-de-corda, cujas produções de matéria seca e
teores dos nutrientes na parte aérea são apresentados nas Tabelas 2 e 3
(Barreto & Fernandes, 1999).
Em 1995, as espécies guandu comum, feijão-de-porco, Crotalaria
ochro/euca e Crotalaria spectabi/is destacaram-se das demais em termos de
produtividade de matéria seca. Em 1996, elas confirmaram o seu bom
desempenho, juntamente com algumas outras, que apresentaram produções
equivalentes. As produtividades médias de matéria seca da parte aérea,
observadas nesse período de avaliação, são equivalentes às obtidas em outras
regiões do Brasil (FUNDAÇÃO CARGILL, 1984) e, portanto, expressivas,
levando-se em conta o baixo potencial de fertilidade dos solos estudados, que
7
Circula, Técnica n° 79 Recomendações técnicas para o uso da adubação verde em solos de Tabuleiros Costekos
são típicos da região dos Tabuleiros Costeiras Vale salientar também que a
obtençd de um bom desempenho por parte de espécies que apresentam
características bastante diversas entre si, tais como hábito de crescimento,
duração do ciclo e porte da planta, é um aspecto muito favorável em relação
à disponibilidade de materiais para uso em diferentes sistemas.
Tomando por base, principalmente, a produtividade de matéria
seca da parte aérea (Tabela 2), as leguminosas que foram testadas poderiam
ser divididas em três grupos: 1) Grupo de maior produtividade (guandu comum,
labe-labe e feijão-de-porco); 2) Grupo de produtividade intermediária (Crotalaria
ochro/euca, mucuna preta, Crotalaria jurCea e Crotalaria spectabi/is); e 3)
Grupo de menor produtividade (mucuna rajada, calopogônio, guandu anão,
amendoim, Crota/aria breviflora e feijão-de-corda).
Características agronômicas das leguminosas dos grupos 1 e 2
(Calegari et ai., 1993)
Grupo 1
Guandu comum (Cajanus cajari L. Millsp) - Leguminosa anual, bianual ou
semiperene, de crescimento inicial lento, que se desenvolve bem em solos
tropicais e subtropicais, com bastante resistência à seca. Possui raiz pivotante
profunda, podendo romper camadas compactadas. Tem apresentado bom
desenvolvimento em solos arenosos e argilosos. Não tolera umidade excessiva
nas raízes. É pouco exigente quanto à fertilidade, desenvolvendo-se em solos
com pH de 5 a 8. É planta rústica que pode ser utilizada como adubo verde,
produtora de grãos para a alimentação humana, ou forrageira rica em proteínas
para a alimentação animal.
Circular Técnica n° IS Recomendações técnicas para o uso da adubação verde em solos de Tabuleiros Costeiros
Labe-labe (Dolichos lab/ab L.) - Leguminosa anual ou bianual, de hábito
indeterminado, de clima tropical e subtropical, geralmente sensível ao
fotoperíodo, sendo algumas variedades de dias curtos e outras de dias longos.
Razoavelmente tolerante às secas prolongadas, tem preferência por locais onde
a temperatura média está entre 19°C e 24°C. Adapta-se aos diversos tipos de
solos (argilosos até os arenosos), com melhor performance naqueles bem
drenados e férteis. Em solos com fertilidade baixa e p11 inferior a 5,5,
normalmente o crescimento é mais lento. Tem sido usada na alimentação
humana e como forragem verde para bovinos e equinos.
Feijão-de-porco (Canavalia ensiforn,is L. DC.) - Leguminosa muito rústica, anual
ou bianual, resistente a altas temperaturas e à seca. Possui ciclo anual longo,
com 180 dias, e floresce com 140 dias. Tolera o sombreamento parcial. Planta
de clima tropical e subtropical, adapta-se praticamente a todos os tipos de
solos (argilosos e arenosos), inclusive aqueles pobres em fósforo. Promove uma
boa cobertura do solo, com efeito alelopático às invasoras, atuando
eficientemente no controle da tiririca (Cyperus sp.). Seus grãos apresentam
elevada toxidez para os animais. Nas nossas condições tem ocorrido o ataque
de um crisomelídeo de coloração vermelha, em geral na fase inicial de
crescimento, provocando redução da área foliar.
Circular Técnica n° IS Recomendações técnicas para o uso da adubação verde em solos de Tabuleiros Costeiros
Grupo 2
Crotalâria ocroleuca (Crota/aria ochroleuca L.) - Leguminosa anual de
crescimento determinado, arbustiva, com hábito ereto. Tem apresentado boa
adaptação às condições de soto e ctima dos tabuleiros. À semelhança da C.
juncea, tem o caule ereto semi-lenhoso. Apresenta uma expressiva proporção
de caule na composição da biomassa da parte aérea; as folhas são estreitas. É
sujeita ao ataque da lagarta-das-vagens que, dependendo da intensidade, pode
chegar a comprometer a produção de sementes.
Mucuna preta (Stizolobium aterrimurn) - Leguminosa anual, robusta, de
crescimento indeterminado, com hábito rasteiro. Planta de clima tropical e
subtropical, é resistente a temperaturas elevadas, à seca, ao sombreamento e
ligeiramente resistente ao encharcamento temporário do solo. Rústica,
apresenta bom desenvolvimento em solos ácidos, de baixa fertilidade. Possui
capacidade de atuar na diminuição da multiplicação de populações de
nematôides. É possível utilizar a forragem de mucuna (solteira ou consorciada
com milho) na alimentação animal, quer em pastejo direto, quer na forma de
silagem ou feno. Pode-se também aproveitar os grãos, vagens e hastes secas
trituradas.
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Circular Técnica n° 79 Recomendações técnicas para o uso da adubação verde em solos de Tabuleiros Costefros
Crotalária júncea (Crotalariajuncea L.) —Leguminosa anual, de caule ereto semi-
lenhoso, ramificado na parte superior. Planta de clima tropical e subtropical,
arbustiva, cujo porte varia de 2 m a 3 m de altura, é de rápido crescimento
inicial, o que lhe confere maior competitividade com as invasoras, apresentando
também um expressivo efeito supressor e alelopático sobre estas. Seu rápido
crescimento inicial pàssibilita cortes precoces, em torno de 70 a 90 dias após o
plantio. Tem apresentado bom comportamento nos solos argilosos e arenosos.
Pode ser utilizada para silagem. Produz grande quantidade de sementes, o que
compensa grandemente a perda ocasionada pelo ataque da lagarta-das-vagens.
Crotalária espectábilis (Crota/aria speCtabi/is Roth) - Leguminosa anual, de
crescimento inicial lento. Possui raiz pivotante profunda, podendo romper
camadas compactadas. É uma planta subarbustiva, de porte mediano (0,60 m a
1,50 m) e ramificada. É de clima tropical e subtropical, apresentando bom
comportamento nos diferentes tipos de textura de solo, inclusive nos solos
relativamente pobres em fósforo. É bastante efetiva no impedimento da
multiplicação das populações de nematóides. É a espécie mais tóxica de
crotalária, só ingerida pelos animais na falta de outras forrageiras. Possui a
substância monocrotalina, de efeito hepatotóxico. Apresenta limitações na
produção de sementes devido ao ataque de lagarta-das-vagens e à reduzida
taxa de polinização cruzada.
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Circula, Técnica n° is Recomendações técnicas para o uso da adubação verde em solos de Tabuleiros Costeiras
' PREPARO DO SOLO
Pode ser feito pelo método convencional (1 aração + 2
gradagens) ou pelo preparo mínimo (1 ou 2 gradagens), conforme as
características do solo e infraestrutura do agricultor.
INOCULAÇÃO DAS SEMENTES COM RIZÓBIOS
Os rizóbios associados às raízes de leguminosas para cobertura
vegetal e adubo verde são encontrados naturalmente nos solos, não
necessitando, na maioria dos casos, ser introduzidos através da inoculação das
sementes. Experimentos realizados pela Embrapa em região dá Tabuleiros
Costeiros, em 1995 e 1996, indicam a ausência de resposta de diversas
leguminosas utilizadas como adubo verde (feijão-de.porco, mucuna preta,
mucuna rajada, Crota/aria juncea, C. spectabilis, C. oChro/euca C. breviflora,
guandu comum, guandu anão, labe-labe, calopogônio, amendoim e feijão-de-
corda) à inoculação com rizóbios selecionados (Barreto & Fernandes, 1999). De
um modo geral, as restriçôes ao processo de fixação biológica do N por estas
plantas estão mais associadas a problemas químicos do solo, como baixos
teores de nutrientes, principalmente P, acidez do solo e altos teores de AI, do
que propriamente pela ausência dos rizóbios no solo. Porém, se ainda.após a
correção química do solo a nodulação das rizes das leguminosas for reduzida
ou ausente, a inoculaçãõ ppde ser necesiária. No Brasil, os inoculantes com
rizóbios para diversas espécies de leguminosas são comercializados a preços
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Circular Técnica n° 79 Recomendações técnicas para o uso da adubação verde em solos de Tabuleiros Costeiros
muito reduzidos por algumas instituições de pesquisa, dentre elas a Embrapa
Agrobiologia. Este inoculante é misturado a sementes ligeiramente umedecidas
até que estas estejam uniformemente envolvidas por uma camada uniforme do
inoculante. Em seguida estas sementes são espalhadas e deixadas para secar
em local sombreado e arejado. Sementes inoculadas desta forma podem ser
plantadas até o dia seguinte à sua mistura com o inoculante. As proporções
entre a quantidade de sementes e de inoculantes a serem misturadas dependem
do tamanho das sementes das leguminosas, de acordo com o indicado na
Tabela 1 (modificada a partir de Faria et aI., 1985). O inoculante deve ser
armazenado em geladeira até a data de plantio, não devendo ser utilizado caso
a validade esteja vencida.
Tabela 1. Quantidade de inoculante a ser adicionado em função do tamanho
das sementes.
Leguminosa Inoculante (g) Semente (kg)
Sementes grandes (soja, feijão, feijão-de-corda,
amendoim, guandu, fava, feijão-de-porco, mucuna) 200 50
Sementes médias (calopogõnio, soja perene,
leucena, siratro, centrosema, puerária) 200 20
Sementes pequenas (estilosantes, desmódium, 1 alfafa, trevo) 200 10
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Circula, Técnica n° 79 Recomendações técnicas pata o uso da adubação verde em solos de Tabuleiros Costeiros
CALAGEM E ADUBAÇÃO
Os solos de maior expressão em extensão sobre os Tabuleiros
Costeiros são os Latossolos Amarelos e, secundariamente, os Podzólicos
Amarelos. São em geral ácidos a fortemente ácidos, contêm alumínio trocável,
com predomínio de solos álicos (saturação por alumínio igual ou maior que
50%) e em menor proporção de solos distróficos (saturação por bases e por
alumínio menores que 50%). A CTC é muito baixa, assim como os teores de
potássio e fósforo (Jacomine, 1997). Portanto, são solos que necessitam de
correção da acidez e de adição pelo menos dos macronutrientes, para que as
plantas apresentem um desenvolvimento satisfatório.
As leguminosas naturalmente dispensam o uso do nitrogênio, o
qual obtêm através da fixação simbiótica com bactérias dos gêneros Rhizobfum
e Bradyrhyzobium. Embora algumas leguminosas utilizadas como cobertura
vegetal ou adubo verde sejam pouco exigentes em nutrientes, o processo de
fixação biológica do N é muito dependente de P (Figura 1). Sendo assim, a
adubação fosfatada torna-se indispensável, na maioria dos casos, para um
crescimento vigoroso das leguminosas. O uso da dose de 60 kg.ha 1 de P205,
na forma de superfosfato simples, proporcionou resultados satisfatórios no
desenvolvimento das leguminosas nos experimentos realizados. No que diz
respeito ao potássio, que em geral também apresenta baixa disponibilidade nos
solos dos tabuleiros, observou-se resposta significativa com o uso da dose de
60 kg.ha 1 de K20, na forma de cloreto de potássio. A aplicação do adubo feita
a lanço, com posterior incorporação, tem apresentado melhores resultados
(Barreto & Fernandes, 1999), podendo no entanto ser aplicado no sulco de
plantio, caso seja mais conveniente por questões de ordem prática. É altamente
recomendável, sempre quando possível, efetuar a calagem e a adubação
tomando-se por base os resultados da análise do solo.
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Circular Técnica n° 19 Recomendações técnicas para o uso da adubação verde em solos de Tabuleiros Costoiros
-:
Figura 1. Efeito da ausência de fósforo no desenvolvimento da Crotalaria
ochro/euca e da Crotalariajuncea.
SEMEADURA
As leguminosas devem ser plantadas no início da estação
chuvosa. Se plantadas como cultura exclusiva, deve-se observar o
espaçamento, a densidade de plantio e a quantidade necessária de sementes
por unidade de área recomendadas para cada espécie e apresentadas na Tabela
4. O plantio pode também ser feito a lanço, acompanhado de uma gradagem
leve, e deve-se usar cerca de 20% a mais das quantidades de sementes
recomendadas na Tabela 4, cabendo destacar que nessas densidades o feijão-
de-porco e a mucuna preta apresentaram alta capacidade de controle de ervas
daninhas (Fernandes et ai., 1999). Deve-se atentar para a profundidade de
incorporação, que deve ser de 1 cm a 2 cm para sementes pequenas e 4 cm a
5 cm para sementes maiores. Nesse caso a adubação com fósforo e potássio
também deve ser feita a lanço antes da última gradagem.
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Circula, Técnica n° 79 Recomendações técnicas para o uso da adubação verde em solos de Tabulefros Costeiros
As leguminosas para adubo verde também podem ser intercaladas
às culturas anuais ou culturas perenes. Com as anuais, como no caso do milho,
obtiveram-se melhores resultados utilizando-se leguminosas de porte ereto,
como por exemplo guandu e Crotalaria juncea, em plantio simultâneo O feijão-
de-porco, por ser mais agressivo, deve ser plantado cerca de 10 dias após o
plantio do milho (Barreto & Fernandes, 1998). O espaçamento e densidade do
milho devem ser os recomendados para plantio exclusivo, ou seja, 1 m entre
linhas e 0,40 m entre covas, com duas plantas por cova. A leguminosa deve
ser plantada entre as fileiras de milho, com a mesma densidade utilizada no
plantio exclusivo. Nesse sistema, o fósforo e o potássio devem ser fornecidos
para ambas as culturas, por meio da adubação a lanço ou aplicando-se o adubo
no sulco de plantio de ambas as culturas. Se a leguminosa não for adubada, ela
sofre uma competição muito forte por parte do milho, o que causa uma redução
acentuada na produção de biomassa. O nitrogênio deverá ser aplicado apenas
para o milho. Espera-se que com o uso continuado desse sistema a necessidade
de nitrogênio diminua com o tempo.
A combinação de gramíneas com leguminosas favorece
principalmente a melhoria das características físicas dos solos, pois, devido à
elevada relação C/N, as raízes das gramíneas são decompostas mais lentamente
e, portanto, atuam como agentes estabilizadores importantes dos
macroagregados, contribuindo destarte para a melhoria da estruturação do solo
(Tisdall & Oades, 1980). Além disso, esse sistema viabiliza ouso continuado da
adubação verde, visto que não restringe a exploração econômica da área com a
cultura do milho.
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Circular Técnica n° 19 Recomendações técnicas para o uso da adubação verde em solos de Tabulefros Costefros
O plantio intercalar com culturas perenes, como no caso do
citros, deve ser feito no inrcio do período chuvoso, em geral a lanço, com
posterior incorporação das sementes com uma gradagem leve. No final desse
período, quando a competição por água torna-se critica, a massa vegetal
desenvolvida nas entrelinhas é roçada e deixada sobre a superfície. Nos
Tabuleiros Costeiros da Bahia e Sergipe, vem se obtendo bons resultados com
o uso do controle integrado de plantas daninhas em citros, por meio da
adubação verde nas entrelinhas associada ao uso de herbicida na projeção da
copa. Esse sistema tem promovido a melhoria de algumas características do
solo, tais como redução da densidade, aumento da macroporosidade e da
velocidade inicial de infiltração de água no solo, além de promover aumentos
em torno de 2$% na produtividade, diminuição dos custos na exploração do
citros e possível aumento da longevidade das plantas (Carvalho et ai, 1998).
CONTROLE DE PLANTAS INVASORAS
Em geral realiza-se uma a duas capinas no inicio do
desenvolvimento da cultura, a depender do nível de infestação de plantas
daninhas na área.
% CORTE E INCORPORAÇÃO
O adubo verde na época da floração apresenta grande produção
de biomassa, que se encontra tenra e com baixa relação C/N. O material
cortado nessa época sofre decomposição mais rápida em comparação ao
material cortado em época mais tardia, que neste caso se encontra mais
lenhoso e com relação C/N mais alta. Da mesma forma, o material, quando
incorporado ao solo, sofre decomposição mais rápida do que quando deixado
na superfície. É que o processo de incorporação aumenta bastante a superfície
17
Cfrcular Técnica n° 19 Recomendações técnicas para o uso da adubação verde em solos de Tabuleiros Costeiros
de contato do adubo verde com o solo e conseqüentemente com os organismos
responsáveis pela sua decomposição.
Nas condições dos Tabuleiros Costeiros, onde é alta a taxa de
decomposição dos materiais orgânicos incorporados, deve-se dar preferência ao
corte mais tardio, deixando as plantas na superfície. Desta maneira o solo fica
mais protegido e se espera que os benefícios da adubação verde sejam mais
prolongados.
TABELA 2. Produtividade máxima de matéria seca da parte aérea de
leguminosas, nos anos de 1995 e 1996, e média dos dois anos, em solo de
Tabuleiros Costeiros de Sergipe.
Espécie 1995 1996
Produção média
Análise conjunta 95196
t.ha' NMAP" MSPA°'-t.ha' NMAPt MSPA'-t.ha'
Guandu comum 4 7.73 4 9.49 - 9.61 a
Labe-labe - 5 8.21 8.21 ab
Feijão-de-porco 4 6.91 ]
5 8.53 7.72 ab
Mucuna preta 3 ]
3.35 4 8.99 6.27 bc
C. 3 4.48 4 7.97 6.23 bcd
ca 3 6.25 4 6.52 6.39 bcd
i/is 4 5.47 4 6.69 6.08 bcde Eônio o 4 4.45 5 4.23 4.34 cdef
ada 4.64 3 4.50 4.57 defg
a 4 4.84 3 4.22 4.53 detg
Guandu anão 4 2.35 4 5.72 4.04 efg
Feijão-de-corda - - 2 3.35 3.35 fg
Amendoim 1 2 2.13 - 2.13
NMAP - Número de meses apõs plantio em que a produtividade máxima foi atingida;
MSPA - Matéria seca da parte aérea;
' As médias seguidas de uma mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey (P>0,05).
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Circular Técnica n° 19
Recomendações técnicas para o uso da aduba çâo verde em solos de Tabuleiros Costeiros
TABELA 3. Teores e quantidades de macronutrierttes' na parte aérea de
leguminosas na época de máxima produtividade de cada espécie quando
cultivadas em solo de Tabuleiro Costeiro de Sergipe em 1995.
Espécie N P 1<
g kg' (
kg tia' g kg 1 kg tia' 9 kg' kg tia'
Cuandu comum 22,8 176,2 1,4 10,8 10,2 44,8
Feijão-de-porco 34,3 237,0 2,2 15,2 10,8 74,6
Mucuna preta 32.6 115,7 2,6 9,2 15,3 54,3
C. juncea 22,5 100,8 2,2 9,9 12,1 54,2
C. ochroleuca 145,6 2,0 5,6 11,8 73,8
C. spectabi/is M23.8 130,2 1.9 10,4 18,7 102.3
Calopogônio 126.8 1,6 7,1 13,6 60,5
Mucuna rajada 152,2 2,6 12,1 13,1 60,8
C. breviflora 24,1 116,6 1,7 9,2 15,0 72,6
Guandu anão 22,6 75,4 2,0 5,2 11,9 28,0
'Os teores e quantidades de macronutrientes correspondem à média dos valores observados para caule
e tolha.
19
Circular Técnica n° 79 Recomendações técnicas pata o uso da adubação verde em solos de Tabuleiros Costeiros
continuação...
TABELA 3. Teores e quantidades de macronutrientes1 na parte aérea de
leguminosas na época de máxima produtividade de cada espécie quando
cultivadas em solo de Tabuleiro Costeiro de Sergipe em 1995.
Espécie Ca Mg 3
g k0' kg ba' kg ha' g kg' kg ha'
Guandu comum 4,9 37,9 15.5 1.0 7,7
Feijão-do-porco 12,3 85,0 É4, 27,6 1.6 11,1
Mucuna preta 7.1 25,2 8,5 1.8 6.4
C. juncea 5,7 25,5 2,5 11.2 2,0 9.0
C. ochroleuca 4,1 35,6 2.9 23.8 1,9 11.9
C. spectabilis 14.7 80,4 3.1 17,0 1,6 8,8
Calopogônio 9,9 44.1 3,9 17,4 1.4 2,7
Mucuna rajada 8,2 38,0 2.2 10.2 1,8 8,4
C. breviflora 10.4 50,3 3,8 18.4 1,4 6,8
Guandu anão 7,8 23.5 1.3 3,8 1.3 3,8
'Os teores e quantidades de macronutrientes correspondem à média dos valores observados para caule
e tolha.
20
Circular Técnica a° 19 Recomendações técnicas para o uso da adubação verde em solos de Tabuleiros Costeiras
Tabela 4. Características técnicas para o cultivo das leguminosas avaliadas.
Espécie
Espaçamento
entre linhas
(m)
EC"
(cm)
Densidade
Sem.m')
Peso de
100 sem
(g)
Qtde de
sementes
(kg.ha)
Floração
plena
(dia)
Peijão-de-porco 0.5-1.0 40 5 150-170 150-170 130
Mucuna preta 05-1.0 40 5 70-80 70-80 115
Mucuna raiada 05-1.0 40 5 E 55-65 55-65 83
Calopogônio 0,5-1,0 20 20-25 2-4 8-15 146
Guandu comum 0,5-1 .0 20 10-15 15-25 45-55 146
Guandu anão 0,25-0,7 20 10-15 5-15 20-30 77
C. juncea 0.25- 0,50 20 15-20 5-10 25-35 56
C. spectabilis 0,25-0,50 20 15-20 3-7 15-20 96
C. ochroleuca 0,25-0,50 20 20-25 3-5 13-18 77
C. brevifiora 0.25-0.50 20 15-20 4-7 15-20 83
Labe-labe 0,50-0,80 40 8 1 25-35 45-50 -
Feiião-de-corda 0,40- 0.60 20 10 20-25 35-45 -
EC -Espaçamento entre covas;
Sem.m' -Quantidade de semente por metro linear.
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Circular Técnica n° IS Recomendações técnicas para o uso da aduba çâo verde em solos de Tabuleiros Costeiros
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