dissertação de mestrado em engenharia elétrica

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Universidade Federal de Minas Gerais Escola de engenharia Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica Contribuições ao Estudo das Tensões de Eixo e Correntes de Modo Comum em Motores de Indução Acionados por Conversores PWM De Welington Passos de Almeida Dissertação submetida à banca examinadora designada pelo colegiado do Programa de Pós-Graduação da Universidade Federal de Minas Gerais, como parte dos requisitos necessários a obtenção do Grau de Mestre em Engenharia Elétrica. Orientador: Prof. Hélder de Paula, Dr., DEE/UFMG Belo Horizonte, 09 de junho de 2011

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Universidade Federal de Minas Gerais

Escola de engenharia

Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica

Contribuições ao Estudo das Tensões de Eixo e

Correntes de Modo Comum em Motores de Indução

Acionados por Conversores PWM

De

Welington Passos de Almeida

Dissertação submetida à banca examinadora

designada pelo colegiado do Programa de

Pós-Graduação da Universidade Federal de

Minas Gerais, como parte dos requisitos

necessários a obtenção do Grau de Mestre em

Engenharia Elétrica.

Orientador: Prof. Hélder de Paula, Dr., DEE/UFMG

Belo Horizonte, 09 de junho de 2011

BANCA EXAMINADORA

Titulares

________________________________________________

Prof. Hélder de Paula, Dr., DEE/UFMG

Orientador/Examinador

__________________________________________________

Prof. Alessandro Fernandes Moreira, Ph. D., DEE/UFMG

Examinador

__________________________________________________

Prof. Sidelmo Magalhães Silva, Dr., DEE/UFMG

Examinador

Resumo

As correntes elétricas que fluem pelos rolamentos do motor de indução trifásico têm

provocado falhas imprevistas e onerosas aos usuários. Isto comprovadamente tem ocorrido de

forma recorrente com motores acionados por inversores PWM, que durante a sua operação

produzem naturalmente uma componente de tensão de modo comum. Uma das parcelas da

corrente produzida por tal tensão flui em direção à carcaça aterrada da máquina através dos

rolamentos, resultando numa contínua e cumulativa degradação dos mesmos, danificando-os

irreversivelmente. Neste contexto, a proposta do presente trabalho é a de descrever

detalhadamente as grandezas envolvidas nestes fenômenos de alta frequência, mostrando de

forma didática e esclarecedora os tipos, modos de circulação e características destas correntes,

assim como a dinâmica de ocorrência das tensões induzidas no eixo do rotor. Parte integrante

deste estudo é a descrição do comportamento da impedância do rolamento em função da

velocidade do eixo e de outros fatores que alteram a espessura da película de lubrificação do

rolamento, tais como temperatura e carga, que também são discutidos. Uma análise dos danos

produzidos aos rolamentos é feita em função da área de contato elíptica, densidade de

corrente, relação de tensão e relação de estresse. Diversas alternativas de modelagem para a

representação da máquina perante tais fenômenos são descritas e comparadas, elegendo-se

então aquela que será utilizada no presente trabalho para a análise computacional das

grandezas de alta frequência em estudo. As simulações das tensões induzidas e das correntes

não-circulantes e circulantes que se fazem presentes no motor são feitas a partir da

modelagem de um sistema de acionamento real constituído pelo conversor de frequência,

cabos de alimentação e motor de indução trifásico. Um motor especialmente modificado, de

forma a possibilitar a medição dessas tensões e correntes, é empregado nos testes

experimentais, cujos resultados são então confrontados com aqueles obtidos

computacionalmente, a fim de se verificar a validade da modelagem empregada, bem como

dos conceitos teóricos apresentados inicialmente.

Abstract

The electrical currents which flow through the bearings of an induction motor have caused

unanticipated and costly failures to users. This has been proven on a recurring basis with

motors driven by PWM inverters, which produce a natural component of common mode

voltage during their operation. One of the portions of the current produced by this voltage

flows toward the grounded frame of the machine through the bearings, resulting in its

continuous and cumulative degradation. In this context, the purpose of this paper is to

describe in detail the quantities involved in these high frequency phenomena, showing, in a

didactic and explanatory approach, the characteristics and modes of circulation of these

currents, as well as the dynamics of the occurrence of induced voltages on the rotor shaft. Part

of this study is to describe the impedance behavior of the bearing as a function of the shaft

speed and other factors that alter the thickness of the bearing lubrication, such as temperature

and load, which are also discussed. An analysis of the damage caused to the bearings is made

according to the elliptical contact area, current density, voltage ratio and relationship stress.

Several alternative models for the representation of the machine under such phenomena are

described and compared. Based this comparison, one model is elected to be used in present

work for the computational analysis of high frequency quantities under study. Simulations of

induced voltages and circulating and non-circulating currents that are present in the machine

are made from the modeling of a real drive system consisting of a frequency converter, power

cable and induction motor. A specially modified machine to enable the measurement of these

voltages and currents is used in the experimental tests, whose results are then compared with

those obtained computationally in order to verify the validity of the model, as well as of the

theoretical concepts initially presented.

Agradecimentos

Agradeço a Deus por me dar mais esta oportunidade de desenvolver conhecimentos

para a vida acadêmica, para o bem comum e pessoal.

Agradeço ao professor Hélder de Paula pela amizade, orientação, ensinamentos,

disponibilidade, apertos, discussões acaloradas e grande ajuda que impulsionaram a realização

deste trabalho.

Agradeço a toda comunidade da Universidade Federal de Minas Gerais pela

transmissão de importantes conhecimentos e pela acolhida, começando pelas pessoas que

trabalham no Laboratório de Aplicações Industriais (LAI), coordenado pelo professor Braz de

Jesus Cardoso Filho e aos integrantes do Grupo da Eletrônica de Potência (GEP), coordenado

pelo professor Porfirio Cabaleiro Cortizo; também aos professores Clever Sebastião Pereira

Silva, Glássio Costa de Miranda, Maria Helena Murta Vale, José Osvaldo Saldanha Paulino,

Selênio Rocha Silva, Manuel Losada y Gonzalez, Hani Camille Yehia, Antônio Emílio,

Reinaldo Martinez Palhares, Wallace do Couto Boaventura, Marcos Antônio Severo Mendes

e Alessandro Fernandes Moreira; aos colegas de Pós-Graduação João Américo de Castro

Júnior, Silas Yunghwa Liu, Rosembergue Pereira de Souza, Tumilla Cançado, Fernanda

Pacheco de Pinho, Carlos Henrique Nogueira de Resende Barbosa, Leonardo Adolpho

Rodrigues da Silva, Paulo César Soares, Jonathan Aguiar Espiridon, José César Vale Campos,

Sergio Alejandro Diaz Contreras, Guilherme Ferreira Trezza Knop, Julio Cesar Bernardes,

Danny Augusto Vieira Tonidandel, Thiago Calaca Barbosa, Welbert Alves Rodrigues,

Helbert Ribeiro de Sá, Edino Barbosa Giudice Filho, Romero Araujo, Roberta Dantas

Ribeiro, Elisa de Mendonça Passini, Guilherme Costa Silva, Hélciner Vitor Ferreira, Marcus

Vinícius Cordeiro Lisboa, Jonathas Guilherme, João Paulo Ramos Gomes, Kennedy Marconi

Santos e Álvaro Batista Cançado; às secretárias do Programa de Pós-Graduação em

Engenharia Elétrica Anete Vidal de Freitas Vieira e Arlete; aos técnicos administrativos Srs.

Hudson, Alisson e André.

Agradeço aos professores, funcionários, amigos e ex-aluno do Centro Federal de

Educação Tecnológica de Minas Gerais, entre eles os professores Eduardo Gonzaga da

Silveira, Maurílio Ferreira Leandro, Geraldo do Carmo, Flávio Antônio dos Santos, Túlio

Charles de Oliveira Carvalho, Rubens Marcos dos Santos, Euler Cunha Martins, Márcio

Melquíades Silva, Eduardo Henrique Lacerda Coutinho, Cláudio Pimenta, Enilce Santos

Eufrásio, Hilda Mara de Almeida, Eduardo Buccini, João Carlos Lima, Colimar Marcos

Vieira, Célio Sérgio, Antônio Santana Netto, Gilmar Machado Grossi, Joel Augusto dos

Santos, Márcia Gorett Ribeiro Grossi, Theldo Cruz Franqueira, Ely Paschoal, Aloísia Maria

Ladeira de Teixeira, José Renato Senra, Ovídio Canabrava de Oliveira, Antônio de Souza

Reis, Geraldo Eustáquio Nicolau, Danilo Fonseca, Danilo Freitas, Gerson Soares, José

Eustáquio Batista, Paulo Roberto Buccini, Gledson Melotti, Vanessa Guerra Caires, Eudes

Weber Porto, Epaminondas Souza Lage, José Mariano Gonçalves Lana, Eduardo Bueno,

Fátima Takenaka, Eduardo Nunes, Geraldo Mariano, Anderson Vagner Rocha, Anderson

Arthur Rabello, José Elias, Marco Antônio da Silva, José Francisco de Faria, Lúcio Elias,

Antônio Eustáquio Vieira, Eustáquio Pinto de Assis, Vagner Bachur, Pedro Bispo

Alexandrino, João Paulo, João Cláudio Scott, John Kennedy Schettino de Souza, Arnaldo

Avidago, Denny Collina, Marco Antônio da Silva Pinto, Sady António dos Santos, Sidelmo

Magalhães Silva, Marcos Fernando dos Santos, Patrícia Romeiro da Silva, José Henrique

Martins Neto e David Mattos Andrade Ávila, à ex-aluna Andreza Pires e aos amigos e

funcionários Wildemar Gomes dos Santos, Joaquim Olímpio e Antônio pelo incentivo e

contribuição para a realização deste trabalho.

Agradeço à mestranda Camilla de Sousa Chaves que organizou os dados geométricos

do motor de 3 cv de alto rendimento, como membro integrante do Laboratório de Transitórios

Eletromagnéticos da Faculdade de Engenharia Elétrica da Universidade Federal de

Uberlândia, e à WEG Motores Equipamentos Elétricos S.A., através do Sr. Hugo, pelas

informações privilegiadas do motor de alto rendimento produzido pela empresa.

A toda minha família pelo amor e dedicação, Niquinho “in memória”, Lêle, Heloísa,

João Aloísio, “mamãe” Dulce, “papai” Waldemar “in memória”, Chicota, Irinéia, Iara,

Márcia, Nilza, Edmar, Quito, Lena, Dinha, Guinho, Bico “in memória”, Terezinha, Renata,

Chininha e Vera, Márcia da “Cilíca”, Georgina, Regina, Rosângela “Cilíca”, Baiana, Taioba

“in memória” e aos queridos amigos Maria Ângela, Douglas Rangel, Júlio César Bandeira “in

memória”, Messias Nogueira Júnior, Ronilson Rocha, Gilson Chveid Oen e Marcindo Pereira

pela amizade e companheirismo.

Lista de Figuras

Fig. 2. 1: Sistema de acionamento típico de um motor de indução. ............................................................... 7

Fig. 2. 2: Circuito eletrostático equivalente do conversor PWM, modificado a partir de (HYYPIO, 2003). 7

Fig. 2. 3: Forma de onda da tensão Vcm como resultante das comutações dos IGBTs no barramento c.c. . 8

Fig. 2. 4: Corrente do tipo não-circulante acoplada pela capacitância Cwr, modificada a partir de (CHEN,

LIPO e NOVOTNY, 1996). ...................................................................................................................10

Fig. 2. 5: Capacitâncias Cwr1 e Cwr0 da abertura da ranhura do estator para o núcleo do rotor. .................10

Fig. 2. 6: Corrente do tipo não-circulante acoplada pela capacitância Cwf, modificada a partir de (CHEN,

LIPO e NOVOTNY, 1996). ...................................................................................................................11

Fig. 2. 7: Parâmetros da ranhura e dos respectivos isolantes utilizados no cálculo de Cwf, figura extraída a

partir de (MIRAFZAL, 2006). ..............................................................................................................12

Fig. 2. 8: Percurso da corrente circulante de uma ponta à outra do eixo do rotor, figura modificada a

partir de (ONTTO e LUOMI, 2005). ....................................................................................................14

Fig. 2. 9: Parcela ΔiL da corrente de modo diferencial que produz correntes circulantes, figura extraída de

(SHAMI e AKAGI, 2009). .....................................................................................................................15

Fig. 2. 10: (a) Capacitância existente entre esfera e pista externa de um rolamento; (b) detalhe da película

de lubrificação atuando como dielétrico da capacitância entre esferas e pistas, figura extraída a

partir de (HOPPLER e ERRATH, 2007). .............................................................................................16

Fig. 2. 11: Circuito elétrico do rolamento de um motor para “Nb” esferas em paralelo. .............................17

Fig. 2. 12: Circuito elétrico simplificado do rolamento de um motor. ..........................................................18

Fig. 2. 13: Detalhe do corte transversal de um rolamento mostrando a sua folga radial (Fr) e o raio da

esfera (Re), figura modificada a partir de (BUSSE, 1997). ...................................................................18

Fig. 2. 14: Vista transversal do setor de um motor, destacando a capacitância Cg, figura modificada a

partir de (BUSSE, 1997). .......................................................................................................................19

Fig. 2. 15: Detalhe das larguras da ranhura e do dente dos núcleos, com dois dentes alinhados, figura

modificada a partir de (SHARIFIAN, 2009).........................................................................................21

Fig. 2. 16: Localização das capacitâncias Cwf, Cwr e Cg no motor de indução, figura extraída a partir de

(ADABI, 2008). ......................................................................................................................................22

Fig. 2. 17: Circuito divisor de tensão eletrostático do motor de indução, figura modificada a partir de

(SHAMI e AKAGI, 2009). .....................................................................................................................22

Fig. 2. 18: Corrente do tipo circulante causada pela ruptura da película lubrificante, figura modificada a

partir de (SHAMI e AKAGI, 2009). .....................................................................................................24

Fig. 2. 19: Circuito divisor de tensão capacitivo do motor de indução. ........................................................25

Fig. 2. 20: Circuito equivalente para a representação do acoplamento eletromagnético no eixo pelas

correntes não-circulantes, figura extraída a partir de (ONTTO e LUOMI, 2003). .............................26

Fig. 2. 21: Detalhe das malhas A, B e C por onde fluem as correntes circulantes de condução. ..................28

Fig. 2. 22: Estrias na pista interna do rolamento causadas pelas correntes de descarga, foto extraída a

partir de (BOYANTON e HODGES, 2002). .........................................................................................30

Fig. 2. 23: Queimaduras superficiais na pista interna do rolamento causada pela corrente de descarga,

foto extraída a partir de (MUETZE, 2004). ..........................................................................................31

Fig. 3. 1: Deslocamento da linha de centro do eixo para uma posição assimétrica, figura extraída a partir

de (ADABI, 2008). .................................................................................................................................35

Fig. 3. 2: Resistência do rolamento em função da velocidade do eixo, figura modificada a partir de

(SKIBINSKI, 1995). ..............................................................................................................................36

Fig. 3. 3: (a) Superfície microscópica da esfera, figura extraída a partir de (IMMOVILLI, 2009); (b)

Gráfico mostrando qualitativamente as superfícies rugosas e onduladas de rolagem, curva extraída a

partir de (BUSSE, 1997). .......................................................................................................................37

Fig. 3. 4: Detalhe das curvaturas das pistas que envolvem a esfera. .............................................................38

Fig. 3. 5: Área de contato AH em função da carga mecânica aplicada ao eixo do motor, figura extraída a

partir de (BUSSE, 1997). .......................................................................................................................39

Fig. 3. 6: Vida útil do rolamento versus densidade de corrente, figura extraída a partir de (BUSSE, 1997).

...............................................................................................................................................................40

Fig. 3. 7: Circuito básico para análise do comportamento das induções eletrostáticas. ...............................42

Fig. 3. 8: (a) Forma de onda da tensão Vcm; (b) forma de onda da tensão Vb. ............................................44

Fig. 3. 9: Curva de Stribeck para a análise de lubrificação, extraído a partir de (BUSSE, 1997). ...............49

Fig. 3. 10: Porcentagem de tempo em função da relação Lambda (Λ), extraído a partir de (BUSSE, 1997).

...............................................................................................................................................................49

Fig. 3. 11: Marcas microscópicas de arcos elétricos na pista interna do rolamento, figura extraída a partir

de (BELL, 1998). ...................................................................................................................................51

Fig. 4. 1: Modelo com parâmetros concentrados inversor /motor, figura extraída a partir de (CHEN e

FITZGERALD, 1996). ..........................................................................................................................55

Fig. 4. 2: Modelo de sequência zero do sistema de acionamento, figura extraída a partir de (KERKMAN,

1997). .....................................................................................................................................................55

Fig. 4. 3: Modelo conversor-motor-rolamento, figura extraída a partir de (SKIBINSKI, 1995). ................57

Fig. 4. 4: Modelo do motor para resposta até a rádio frequência, figura extraída de (HALKOSAARI e

TUUSA, 1999). ......................................................................................................................................58

Fig. 4. 5: Modelo do motor de indução com resposta em frequência até a faixa de MHz, figura extraída a

partir de (XIANG, 1998). ......................................................................................................................60

Fig. 4. 6: Modelo do motor de indução com resposta em frequência de 50 kHz até 3 MHz, figura extraída a

partir de (CACCIATO, 2003). .............................................................................................................61

Fig. 4. 7: Esquema do modelo de HF para frequências de 50 kHz até 3 MHz, figura extraída a partir de

(CACCIATO, 2003). .............................................................................................................................62

Fig. 4. 8: O modelo proposto de HF para frequências de 50 kHz a 3 MHz, figura extraída a partir de

(CACCIATO, 2003). .............................................................................................................................63

Fig. 4. 9: Modelagem do motor de indução para a faixa de frequência de kHz até MHz, figura extraída a

partir de (GUBIA, 2002). ......................................................................................................................64

Fig. 4. 10: Modelagem universal do motor de indução, por fase, figura extraída a partir de (MIRAFZAL,

2006). .....................................................................................................................................................65

Fig. 4. 11: (a) Ilustra as capacitâncias Cwf, Cg e Cwr em uma parte da seção transversal do motor; (b)

mostra o detalhe da ranhura do estator envolvendo os parâmetros utilizados no cálculo da

capacitância concentrada por ranhura Cwf-slot, figuras extraídas a partir de (MIRAFZAL, 2006). ....66

Fig. 4. 12: O tipo de conexão do enrolamento trifásico do estator altera o valor da capacitância Cwf-effective.

...............................................................................................................................................................68

Fig. 4. 13: Modelagem universal do motor de indução trifásico, figura extraída a partir de (MIRAFZAL,

2006). .....................................................................................................................................................70

Fig. 5. 1: Sistema trifásico de acionamento típico, figura extraída modificada a partir de (PAULA, 2005).

...............................................................................................................................................................73

Fig. 5. 2: Vista geral do sistema de acionamento implementado no Simulink/Matlab. .................................74

Fig. 5. 3: Topologia da ponte inversora de dois níveis, figura extraída a partir de (PAULA, 2011). ...........75

Fig. 5. 4: Arranjo especial de uma célula π para a modelagem do cabo, figura extraída de (PAULA, 2005).

...............................................................................................................................................................77

Fig. 5. 5: Ranhura do núcleo do estator do motor WEG de 3 cv, alto rendimento, figuras fornecidas pelo

fabricante de motores WEG..................................................................................................................79

Fig. 5. 6: (a) e (b) detalhe das dimensões das ranhuras do estator; (c) desenho do disco do rotor do motor

de teste, desenhos fornecidos pelo fabricante de motores WEG. ..........................................................81

Fig. 5. 7: Apresentação das dimensões básicas do rolamento e folga radial. ................................................83

Fig. 5. 8: Associação da modelagem universal ao subsistema eixo/rolamentos, figura modificada a partir

de (MIRAFZAL, 2006). .........................................................................................................................84

Fig. 5. 9: Subsistema Eixo/rolamentos. ..........................................................................................................85

Fig. 5. 10: (a) Forma de onda das tensões idênticas sobre os rolamentos do lado DE e NDE,

respectivamente, com resultado da simulação; (b) detalhe de um setor da figura (a) numa base de

tempo menor. ........................................................................................................................................86

Fig. 5. 11: (a) Resultado da simulação da tensão Vcm nos terminais do motor de indução; (b) detalhe de

um setor da figura (a) numa escala de tempo menor. ...........................................................................87

Fig. 5. 12: (a) Tensão de modo comum (curva superior) e corrente de modo comum (curva inferior); (b)

Idem, numa escala de tempo menor. .....................................................................................................88

Fig. 5. 13: (a) Resultado de simulação da corrente de condução no rolamento do lado NDE do eixo; (b)

detalhe da figura (a) numa base de tempo menor.................................................................................89

Fig. 5. 14: (a) Resultado de simulação da corrente de condução no rolamento do lado DE do eixo; (b)

detalhe de um setor da figura (a) numa base de tempo menor. ............................................................90

Fig. 5. 15: (a) Resultado de simulação da corrente de condução na capacitância Cg; (b) detalhe da figura

(a) numa escala de tempo menor...........................................................................................................91

Fig. 5. 16: (a) Resultado de simulação da corrente de condução na capacitância Cwr; (b) detalhe de um

setor da figura (a). .................................................................................................................................92

Fig. 5. 17: (a) Resultado de simulação da tensão entre as pontas do eixo do rotor; (b) detalhe da figura (a)

numa escala de tempo menor. ...............................................................................................................93

Fig. 5. 18: Resultado da simulação mostrando o pico da corrente de descarga no rolamento do lado NDE

do eixo....................................................................................................................................................95

Fig. 5. 19: Detalhe da forma de onda apenas da corrente de descarga sobre o rolamento do lado NDE,

numa base de tempo menor. .................................................................................................................96

Fig. 5. 20: Resultado da simulação mostrando o pico da corrente de descarga no rolamento do lado DE do

eixo.........................................................................................................................................................96

Fig. 5. 21: Detalhe da forma de onda apenas da corrente de descarga sobre o rolamento do lado DE, numa

escala de tempo menor. .........................................................................................................................97

Fig. 5. 22: Resultado da simulação mostrando o pico da corrente de descarga na capacitância Cg. ............97

Fig. 5. 23: Detalhe da forma de onda da corrente de descarga na capacitância Cg, numa base de tempo

menor.....................................................................................................................................................98

Fig. 5. 24: Resultado da simulação mostrando o pico da corrente de descarga na capacitância Cwr. ..........98

Fig. 5. 25: Detalhe da forma de onda da corrente de descarga na capacitância Cwr, numa escala de tempo

menor.....................................................................................................................................................99

Fig. 5. 26: (a) Resultado de simulação do pico de tensão entre as pontas do eixo que produz o pico de

corrente não-circulante de descarga, juntamente com os picos de tensões que produzem correntes

não-circulantes de condução; (b) detalhe do pico da tensão de descarga da figura (a) numa base de

tempo menor. ...................................................................................................................................... 100

Fig. 5. 27: (a) Forma de onda da tensão sobre os rolamentos das pontas DE e NDE do eixo, como resultado

de simulação; (b) detalhe do momento que ocorre a queda de tensão produzida pela corrente de

descarga numa escala de tempo menor. .............................................................................................. 101

Fig. 5. 28: Forma de onda das correntes não-circulantes e circulantes no rolamento do lado DE do eixo.102

Fig. 5. 29: Detalhe da forma de onda das correntes de descarga no rolamento do lado DE do eixo, numa

escala de tempo menor. ....................................................................................................................... 103

Fig. 5. 30: Forma de onda das correntes não-circulantes e circulantes no rolamento do lado NDE do eixo.

............................................................................................................................................................. 103

Fig. 5. 31: Detalhe da forma de onda das correntes de descarga no rolamento do lado NDE do eixo, numa

base de tempo menor. .......................................................................................................................... 104

Fig. 5. 32: Resultado de simulação da forma de onda das correntes circulantes de descarga e não-

circulantes de condução na capacitância Cg. ...................................................................................... 104

Fig. 5. 33: Detalhe da forma de onda das correntes de descarga na capacitância Cg, numa escala de tempo

menor................................................................................................................................................... 105

Fig. 5. 34: Resultado de simulação da forma de onda das correntes não-circulantes de descarga e de

condução na capacitância Cg. .............................................................................................................. 105

Fig. 5. 35: Detalhe da forma de onda das correntes não-circulantes de descarga e de condução na

capacitância Cwr, numa escala de tempo menor. ................................................................................ 106

Fig. 5. 36: Tensões entre as pontas DE e NDE do eixo que produzem correntes circulantes de descarga e de

condução. ............................................................................................................................................. 107

Fig. 5. 37: Detalhe da forma de onda das tensões simuladas entre as pontas DE e NDE do eixo, que

produzem as correntes circulantes de descarga, mostradas numa base de tempo menor. ................ 107

Fig. 5. 38: Detalhe da forma de onda da tensão simulada entre as pontas DE e NDE do eixo que produz a

corrente circulante de condução, ilustrada em uma escala de tempo menor. .................................... 108

Fig. 5. 39: Modificações especiais executadas no motor de teste, figura extraída a partir de (SHAMI e

AKAGI, 2009). .................................................................................................................................... 109

Fig. 5. 40: Porta escovas na ponta NDE do eixo e a sonda de corrente no condutor de desvio. ................. 110

Fig. 5. 41: Detalhe do ponto neutro do enrolamento trifásico e de aterramento da carcaça. ..................... 111

Fig. 5. 42: Tensão Vcm, medida entre o neutro do motor e a carcaça aterrada, em escalas de tempo

diferentes. ............................................................................................................................................ 112

Fig. 5. 43: Tensão induzida no eixo da máquina (curva superior) e correntes nos rolamentos do motor,

enfatizando-se as componentes de condução (curva inferior). ........................................................... 113

Fig. 5. 44: Tensão induzida no eixo da máquina (curva superior) e corrente de modo comum no

aterramento do motor, enfatizando sua componente de descarga (curva inferior). .......................... 114

Fig. 5. 45: (a) tensão induzida eletromagneticamente das pontas DE e NDE para o ponto de aterramento

do motor; (b) tensão eletrostática modulada pela senóide. ................................................................. 115

Fig. 5. 46: Tensão entre as pontas do eixo e tensão das extremidades do eixo para o ponto de aterramento

do motor. ............................................................................................................................................. 116

Lista de Equações

(2. 1) ........... 8

(2. 2) ........................11

(2. 3) ...............11

(2. 4) ...................................11

(2. 5) ....................................12

(2. 6).......................16

(2. 7) .........................19

(2. 8) .............................20

(2. 9) ...........................20

(2. 10) ......................20

(2. 11) .................20

(2. 12) ..............................21

(2. 13) ..............................21

(2. 14) .........................22

(3. 1) .......................39

(3. 2) ....................40

(3. 3) .......................42

(3. 4) .....................................42

(3. 5) ......................43

(3. 6) .........................43

(3. 7) ...........................43

(3. 8)................................43

(3. 9)..............................44

(3. 10) .....................45

(3. 11) ......................46

(4. 1) ............................66

(4. 2) .......................................66

(4. 3) .............................................67

(4. 4) ................................67

(4. 5) .......................67

(4. 6) .........................69

(4. 7) ........................69

(4. 8) .......................................69

(5. 1) ......................................................................................................................................................76

(5. 2) ......................................................................................................................................................76

(5. 3) ......................76

Lista de Tabelas

Tabela I - Vida elétrica útil do rolamento do motor de 15 hp acionado pelo conversor PWM. ...................41

Tabela II - Valores medidos das capacitâncias C e Cf do conversor de frequência PWM, Tabela extraída a

partir de (PAULA, 2011). ......................................................................................................................74

Tabela III - Valores dos parâmetros do circuito π relativos aos condutores de alimentação do motor de

indução. .................................................................................................................................................77

Tabela IV - Resultados dos ensaios a vazio e com rotor bloqueado. .............................................................78

Tabela V - Capacitâncias Cwf-slot e Cwf-total calculadas para os valores extremos e intermediários de Kt e δ3.

...............................................................................................................................................................80

Tabela VI - Dimensões dos rolamentos tipos 6204 ZZ e 6205 ZZ. ................................................................82

Tabela VII - Dimensões e parâmetros do motor de indução de 3 cv.............................................................83

Tabela VIII - Parâmetros da modelagem universal do motor de indução de 3 cv. ......................................84

SUMÁRIO

Capítulo 1 – Introdução Geral ............................................................................................... 1

1.1 Considerações Iniciais................................................................................................ 1

1.2 Correntes de Modo Comum no Motor de Indução....................................................... 2

1.3 Relevância e Contribuições do Trabalho .................................................................... 3

1.4 Organização do Texto................................................................................................. 4

Capítulo 2 - Fenômenos de Alta Frequência em Motores de Indução ..................................... 6

2.1 Considerações Iniciais................................................................................................ 6

2.2 Tensão de Modo Comum ............................................................................................ 6

2.3 Corrente do Tipo Não-Circulante ............................................................................... 9

2.3.1 Corrente Não-Circulante Associada à Capacitância Entre o Enrolamento do

Estator e o Núcleo do Rotor .......................................................................... 9

2.3.2 Corrente Não-Circulante Associada à Capacitância Entre o Enrolamento e o

Núcleo do Estator ....................................................................................... 11

2.4 Corrente do Tipo Circulante ..................................................................................... 13

2.4.1 Corrente Circulante Induzida Pela Corrente Não-Circulante ..................... 13

2.4.2 Corrente Circulante Gerada pela Corrente de Modo Diferencial ............... 14

2.4.3 Capacitância do Rolamento - Cb ................................................................. 16

2.4.4 Capacitância do Núcleo do Rotor para o Núcleo do Estator - Cg ................ 19

2.4.5 Circuito Divisor de Tensão Eletrostático do Motor de Indução................... 22

2.4.6 Corrente Circulante Devido à Assimetria de Impedâncias dos Rolamentos. 23

2.5 Tensões Induzidas no Eixo do Rotor ......................................................................... 24

2.5.1 Tensão Induzida Eletrostaticamente no Eixo do Rotor ................................ 24

2.5.2 Tensão Induzida Eletromagneticamente no Eixo do Rotor .......................... 26

2.6 Modos das Correntes no Rolamento ......................................................................... 27

2.6.1 Corrente de Condução ou de dv/dt.............................................................. 27

2.6.2 Corrente de Descarga ou de EDM .............................................................. 29

2.7 Conclusões ............................................................................................................... 33

Capítulo 3 - Fatores que Influenciam as Correntes de Rolamento ........................................ 34

3.1 Considerações Iniciais.............................................................................................. 34

3.2 Variação da Impedância do Rolamento em Função da Velocidade do Eixo .............. 34

3.3 Área de Contato da Elipse Hertziana ........................................................................ 37

3.4 Densidade da Corrente Aparente e Vida Útil do Rolamento...................................... 39

3.5 Relação de Tensão do Rolamento - BVR ................................................................... 42

3.6 Relação de Estresse Elétrico do Rolamento - ωestresse ................................................ 45

3.7 Variáveis Mecânicas que Influenciam o Valor da Capacitância Cb ........................... 46

3.7.1 Espessura da Película de Lubrificação e Temperatura do Rolamento ......... 46

3.7.2 Viscosidade e Aditivos do Lubrificante ....................................................... 47

3.7.3 Análise da Curva de Stribeck ...................................................................... 48

3.8 Rigidez Dielétrica e a Espessura da Película Lubrificante ........................................ 50

3.9 Conclusões ............................................................................................................... 51

Capítulo 4 – Modelagens do Motor de Indução Apropriadas Para o Estudo dos Fenômenos

de Alta Frequência ............................................................................................................... 54

4.1 Considerações Iniciais.............................................................................................. 54

4.2 Modelagem com Parâmetros Concentrados .............................................................. 54

4.3 Modelagem de Modo Comum para a Análise do Comportamento do Rolamento....... 55

4.4 Modelagem para a Análise Modal ............................................................................ 57

4.5 Modelagem com Resposta em Frequência até a Rádio Frequência - RF ................... 58

4.6 Modelagem com Resposta em Frequência até a Faixa de MHz ................................. 59

4.7 Modelagem com Resposta em Frequência de 50 kHz até 3 MHz ............................... 61

4.8 Modelagem com Resposta em Frequência na Faixa de kHz até MHz ........................ 64

4.9 Modelagem Universal do Motor de Indução Trifásico .............................................. 65

4.10 Conclusões ............................................................................................................... 71

Capítulo 5 – Simulações Computacionais e Testes Experimentais ........................................ 73

5.1 Considerações Iniciais.............................................................................................. 73

5.2 Modelagem do Sistema de Acionamento ................................................................... 73

5.2.1 Modelagem do Conversor PWM ................................................................. 74

5.2.2 Modelagem dos Cabos de Alimentação do Motor ....................................... 75

5.2.3 Modelagem do Motor de Indução ............................................................... 78

5.3 Resultados das Simulações Computacionais ............................................................. 85

5.3.1 Relação BVR do Motor Modelado e Corrente de Modo Comum no Ponto de

Aterramento de sua Carcaça ...................................................................... 85

5.3.2 Correntes Não-Circulantes e Circulantes de Condução .............................. 89

5.3.3 Correntes Não-Circulantes e Circulantes de Descarga ............................... 94

5.3.3.1 Chaves Programadas Operando Simultaneamente ............................... 95

5.3.3.2 Chaves Programadas Operando Assimetricamente ........................... 102

5.4 Testes Experimentais .............................................................................................. 108

5.4.1 Motor de Teste Especialmente Modificado ............................................... 109

5.4.2 Resultados dos Testes Experimentais ........................................................ 111

5.5 Conclusões ............................................................................................................. 116

Capítulo 6 – Conclusões Gerais e Propostas de Continuidade ........................................... 118

6.1 Conclusões Gerais .................................................................................................. 118

6.2 Propostas de Continuidade ..................................................................................... 120

Apêndice A – Cálculo da Área de Contato Hertziana ......................................................... 127

Apêndice B – Parâmetros da Modelagem de (GUBIA, 2002) ............................................. 130

Apêndice C – Modelagem Universal do Motor de Indução ................................................. 133

Apêndice D – Ilustrações Gerais ........................................................................................ 150

Capítulo 1 – Introdução Geral

1.1 Considerações Iniciais

Os motores elétricos são empregados em vários setores da atividade humana, na

execução de tarefas próprias que envolvem movimentações ou deslocamentos. Dentre os

vários tipos de motores existentes, a máquina de indução se destaca por sua simplicidade

construtiva, robustez, dimensões e custos reduzidos.

Normalmente, o motor de indução é acionado pelo conversor de frequência (Pulse

Width Modulation - PWM), do qual as seguintes vantagens podem ser destacadas:

1. O controle da corrente de linha em qualquer ponto de operação, inclusive na partida do

motor, quando a sua amplitude é ajustada de acordo com os valores tolerados pela

barra de alimentação. Assim, os conversores substituem os convencionais

acionamentos da chave de partida estrela-triângulo e da chave compensadora, com a

vantagem de fornecer um torque eletromagnético suficiente para a partida com a carga

mecânica nominal ou parcial acoplada ao eixo;

2. Controle da velocidade do eixo através de alterações na frequência da tensão aplicada,

ocorrendo tipicamente entre 3 e 400 Hz, com a possibilidade de ajuste da frequência

de comutação da ponte inversora entre 2 e 20 kHz;

3. Proteção efetiva do motor contra as sobretensões, sobrecorrentes, curtos-circuitos,

temperaturas excessivas, dentre outros parâmetros.

No entanto, a utilização de tais conversores provoca a ocorrência de alguns fenômenos

indesejáveis, quais sejam:

Sobretensões transitórias nos terminais do motor, que dependendo do tempo de subida

e espaçamento dos pulsos PWM, comprimento dos cabos de interligação conversor–

motor e impedância equivalente do motor frente aos pulsos de tensão, podem atingir

picos superiores a 3 pu, considerando 1 pu a tensão do barramento c.c. do conversor.

Uma consequência importante destas sobretensões repetitivas é o estresse imposto à

isolação do enrolamento, que indubitavelmente provoca redução acentuada do tempo

de vida útil do motor (PAULA, 2005, p. 130-154);

2

Aumento da amplitude da corrente de carga e descarga nas capacitâncias distribuídas

dos condutores de alimentação do motor em cada dv/dt dos pulsos PWM, podendo

sobrecarregar e até queimar os capacitores snubbers do conversor de frequência

(PAULA, 2005, p. 130-154) e (SUWANKAWIN e SUKHAPAP, 2005, p. 1382-

1389);

Introdução de conteúdo harmônico nas barras de alimentação do conversor, reduzindo

a qualidade do abastecimento de energia elétrica e piorando o desempenho dos

equipamentos conectados a tais barras (ARRILLAGA, 1985);

Indução de tensões eletrostáticas e eletromagnéticas de alta frequência em partes

internas ao motor, produzindo correntes que fluem através dos rolamentos, entreferro e

núcleo do estator. Estas correntes danificam os rolamentos, reduzindo a confiabilidade

do motor de indução (HYYPIO, 2003, p. 875-882) e (PAULA, 2005, p. 130-154).

Cabe ressaltar, neste momento, que o presente trabalho abordará especificamente o

efeito indesejável das tensões eletrostáticas e eletromagnéticas induzidas no interior do motor,

considerando-se que os outros fenômenos supracitados fogem ao escopo desta dissertação.

1.2 Correntes de Modo Comum no Motor de Indução

Como se sabe, uma ponte inversora operando sob PWM gera naturalmente, durante o

seu funcionamento, uma tensão de modo comum, visto que a soma instantânea das tensões de

fase resulta num valor não-nulo. Tal tensão gera correntes de deslocamento para a terra em

todos os acoplamentos capacitivos do conversor, cabo e motor. No tocante ao motor, tais

correntes de alta frequência fluem do enrolamento trifásico para os núcleos do rotor e estator

em direção à sua carcaça aterrada. As correntes que alcançam o rotor têm a alternativa de

retornar à fonte de tensão PWM através dos rolamentos, entreferro ou, ainda, por algum outro

acoplamento associado à carga mecânica ligada ao eixo do rotor. Neste trabalho, serão

analisadas apenas as correntes de modo comum que fluem pelo motor, sem passar por

quaisquer componentes mecânicos associados ao seu eixo; para tanto, este eixo é considerado

isolado eletricamente dos dispositivos de acionamento mecânico. A amplitude das correntes

de alta frequência depende do valor instantâneo da impedância do rolamento e também da

combinação dos outros acoplamentos capacitivos internos que dividem a tensão de modo

comum. Vários danos são decorrentes das correntes de alta frequência, a começar pela

degradação da graxa de lubrificação dos rolamentos, terminando com a produção de marcas,

3

queimaduras e estrias em suas pistas de rolagem, que gradualmente conduzem à inutilização

do rolamento. Portanto, o elemento crítico deste sistema sob o ponto de vista de tais correntes

é o rolamento, principalmente devido à dificuldade de obtenção do valor instantâneo de sua

impedância, que em última análise varia em função da carga mecânica, temperatura do

rolamento e velocidade do eixo.

1.3 Relevância e Contribuições do Trabalho

Nas últimas décadas, muitas investigações objetivaram o entendimento e ordenamento

da dinâmica de ocorrência das tensões de eixo e correntes de rolamento, com a finalidade de

eliminar ou minimizar a ocorrência das falhas nos motores elétricos. No que diz respeito aos

motores acionados pelos conversores PWM, a eliminação da tensão de modo comum é o

problema central e relativamente difícil de ser resolvido com a atual concepção de modulação

por largura de pulsos. Desde o início, quando da utilização dos motores de indução trifásicos,

muitos pesquisadores trabalharam no sentido de atenuar os efeitos das correntes de rolamento,

tanto em baixas quanto em altas frequências, apresentando várias soluções de mitigação no

decorrer do tempo, as quais são citadas a seguir:

Aterramento do eixo (ALGER e SAMSON, 1924, p. 235-245) e (BELL, 1998, p. 253-

262);

Utilização de rolamento isolado (ALGER e SAMSON, 1924, p. 235-245) e (MUETZE

e BINDER, 2003, p. 1859-1865);

Emprego de rolamento cerâmico ou híbrido (JOUANNE, ZHANG e WALLACE,

1997, p. 478-485);

Uso de graxa condutora (BELL, 1998, p. 253-262) e (BUSSE, 1997, p. 567-576);

Aplicação de filtros de emissões de interferência eletromagnéticas “EMI”

(OGASAWARA e AKAGI, 1995, p. 29-36) e (SHAMI e AKAGI, 2009, p. 1532-

1540);

Execução de blindagens no interior do motor de indução (BUSSE, 1996), (ONTTO e

LUOMI, 2003, p. 274-278);

Utilização de ponte inversora dupla (JOUANNE e ZHANG, 1997, p. 1276-1280);

Desenvolvimento de compensador ativo da tensão de modo comum (XIANG, 1998, p.

1003-1009);

4

Desvio da corrente de modo comum através de caminhos alternativos de baixa

impedância (LINK, 1998, p. 181-195);

Elevação da impedância do circuito de modo comum (HYYPIO, 2003, p. 875-882).

Entretanto, de forma geral, as soluções que apresentaram altos índices de atenuação se

mostraram proibitivas devido ao custo elevado.

A relevância do presente trabalho consiste em promover um maior esclarecimento

destes fenômenos de alta frequência que envolve o motor de indução acionado pelo conversor

PWM; neste contexto, as principais contribuições do mesmo são:

1. Descrever e caracterizar, de forma didática e detalhada, o fenômeno das tensões

induzidas no eixo e das correntes de alta frequência que percorrem o motor de

indução;

2. Realizar uma ampla revisão bibliográfica e posterior análise comparativa das

modelagens do motor de indução, incluindo eixo e rolamentos, com a finalidade de

selecionar a mais apropriada para a representação dos fenômenos descritos;

3. Determinar analiticamente, os parâmetros a serem utilizados na modelagem

selecionada, aplicada ao motor de teste, para a execução de simulações

computacionais;

4. Utilizar métodos experimentais para realizar medições das grandezas de alta

frequência em estudo, para posterior comparação com a descrição teórica apresentada

inicialmente e os resultados obtidos nas simulações.

1.4 Organização do Texto

O texto desta dissertação é organizado da seguinte forma:

No capítulo 2 é apresentado o estudo dos fenômenos de alta frequência, sendo

delineados minuciosamente os tipos e os modos das correntes que fluem pelo motor de

indução, bem como os tipos das tensões induzidas no eixo do rotor. As capacitâncias

envolvidas nos processos eletrostáticos de distribuição da tensão de modo comum são

definidas e determinadas analiticamente a partir dos dados geométricos do motor de indução.

No capítulo 3 são descritos e analisados os fatores que influenciam as correntes de

rolamento, destacando-se a variação de sua impedância causada pela alteração da velocidade

do eixo, a área de contato entre as parte rolantes, densidade de corrente, relação de tensão,

relação de estresse e as variáveis mecânicas que alteram o valor da capacitância do rolamento.

5

No capítulo 4 são investigadas as alternativas de modelagem do motor de indução para

a reprodução do comportamento da distribuição da tensão de modo comum pelo eixo,

rolamento, enrolamentos e laminações do estator e rotor, permitindo a observação das

correntes de alta frequência em várias partes internas do motor. Uma ampla análise

comparativa é feita entre as modelagens avaliadas com a finalidade de se escolher aquela mais

apropriada para o presente estudo.

No capítulo 5, o sistema de acionamento é representado computacionalmente. No que

diz respeito ao conversor de frequência e cabo de interligação, modelos mais simples são

utilizados. No tocante ao motor, a modelagem escolhida do capitulo quatro é empregada.

Assim, são executadas as simulações a partir da plataforma computacional desenvolvida e

apresentados os resultados correspondentes. O motor de teste é especialmente modificado

com a finalidade de realizar as medições das grandezas de alta frequência, cujos resultados

são comparados com os obtidos nas simulações.

Finalmente, no capítulo 6 são apresentadas as conclusões gerais e as propostas de

continuidade deste trabalho.

Capítulo 2 - Fenômenos de Alta

Frequência em Motores de Indução

2.1 Considerações Iniciais

Neste capítulo, são examinadas as principais questões relacionadas aos fenômenos de

alta frequência, nos motores de indução acionados por conversores PWM. Inicialmente, a

tensão de modo comum, denominada tensão Vcm, é descrita para auxiliar na introdução dos

conceitos associados aos tipos de correntes que fluem pelo motor. As correntes dos tipos não-

circulantes e circulantes são apresentadas. As capacitâncias que constituem o circuito

eletrostático básico do motor são determinadas analiticamente, a partir dos dados geométricos

do mesmo. As tensões induzidas eletrostaticamente e eletromagneticamente no eixo do rotor

são delineadas, aquelas induzidas pelo conversor PWM são descritas em detalhes. Finalmente,

são examinadas e analisadas as correntes que fluem pelos rolamentos nos modos de condução

(dv/dt) e/ou descarga (Electric Discharge Machining - EDM).

2.2 Tensão de Modo Comum

A tensão Vcm se apresenta como uma diferença de potencial estabelecida do

enrolamento trifásico do estator para o solo, sendo distribuída pelos acoplamentos capacitivos

existentes dentro do motor. A tensão Vcm é naturalmente gerada pelo conversor de frequência

e para começar a explicá-la, tal conversor deve ser situado num sistema de acionamento

típico, como é mostrado na Fig. 2.1. Nessa figura, verifica-se que o conversor é constituído

por uma ponte retificadora trifásica, barramento intermediário de tensão c.c. e ponte

inversora, operando sob PWM. Uma fonte de tensão ou de corrente constante podem

alimentar a ponte inversora, definindo-se as duas categorias de inversores, denominados VSI

(Voltage Source Inverter) e CSI (Current Source Inverter), respectivamente (HALKOSAARI

e TUUSA, 1999) e (RASHID, 1999). Na Fig. 2.1 são mostradas as características básicas de

um conversor VSI, cujas barras de tensão c.c. positiva e negativa são ligadas à malha do

sistema de aterramento, através das capacitâncias Cpg e Cng. As tensões de fase na saída da

7

ponte inversora são Va, Vb e Vc. A tensão Vcm é verificada entre o ponto comum do

enrolamento trifásico “N” e o ponto aterrado “GND”, cuja amplitude atinge valores tão altos

quanto o valor da tensão do barramento c.c. e a sua forma de onda apresenta as mesmas

variações de chaveamento dos IGBTs que constituem a ponte inversora.

Fig. 2. 1: Sistema de acionamento típico de um motor de indução.

Para melhor compreender a geração da tensão Vcm, um circuito eletrostático

equivalente simplificado da Fig. 2.1 é apresentado na Fig. 2.2, onde a fonte de alimentação é

modelada por duas fontes de tensão referenciadas ao solo.

Fig. 2. 2: Circuito eletrostático equivalente do conversor PWM, modificado a partir de (HYYPIO, 2003).

Os valores instantâneos das tensões Vpg e Vng são aplicados às barras positiva e

negativa pelas chaves S1 e S2 respectivamente. A ponte retificadora é modelada por uma

chave ideal conectada em série com cada fonte de tensão (neste caso, a corrente de modo

comum não deve ser confundida com a de modo diferencial1). A tensão Vcm que é aplicada

1 A corrente de modo comum sempre busca um acoplamento para terra, enquanto que a de modo diferencial

circula entre as fases.

8

nos terminais do motor produz uma corrente de sequência zero que retorna ao ponto “0”,

através da malha de aterramento, dissipadores de calor e capacitâncias Cpg e Cng, existentes

entre os IGBTs e os dissipadores. A saída da ponte inversora é modelada em função da

comutação de tais IGBTs nas três fases, havendo uma única tensão Vcm aplicada nos cabos

de alimentação do motor de indução. Portanto, a tensão Vcm é uma resultante da combinação

instantânea das três tensões de fase na saída da ponte inversora, possuindo quantidades c.c.

variáveis no tempo e descrita pela equação (2.1), onde .

(2. 1)

Para k = 0, nenhum IGBT do ramo superior da ponte inversora está ligado e os três

IGBTs do ramo inferior estão ligados simultaneamente (Fig. 2.1). Para k = 1, apenas um

IGBT do ramo superior está ligado, ao passo que dois do ramo inferior estão ligados, e assim

sucessivamente, até k = 3, obtendo-se para os respectivos estados de condução dos IGBTs,

um valor de tensão Vcm constituído por um terço da soma instantânea das tensões associadas

às barras Vpg e Vng, resultando valores de tensões iguais a (Vng), [(1/3) * Vng], [(1/3) * Vpg] e

(Vpg), respectivamente. A forma de onda da tensão Vcm para um ciclo completo é mostrada

na Fig. 2.3, considerando-se que 1 pu é igual ao valor da tensão do barramento intermediário

c.c. do conversor de frequência, resultando em valores de Vpg e Vng iguais a (+/-) 0.5 pu,

respectivamente.

Fig. 2. 3: Forma de onda da tensão Vcm como resultante das comutações dos IGBTs no barramento c.c.

0.2 0.4 0.6 0.8 1 1.2 1.4 1.6 1.8 2

x 10-4

-0.5

-0.4

-0.3

-0.2

-0.1

0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

Tempo (s)

Tensão V

cm

em

pu.

Tensão Vcm resultante das comutações dos IGBTsnas barras Vpg e Vng.

9

A ponte inversora é projetada de forma que os estados de comutação k = 0 e k = 3

ocorram em intervalos de tempo bastante reduzidos, sendo considerados aqui somente para

melhor explicar a origem da tensão Vcm. Cada chave possui duas possibilidades de estado,

existindo (2)3 combinações possíveis relacionadas às barras Vpg e Vng em qualquer instante.

Desses oito estados, apenas os estados (000) e (111) produzem tensões de modo diferencial

igual a zero, mas esses mesmos estados produzem valores máximos da tensão Vcm, em

instantes ínfimos. Com exceção do breve intervalo de tempo para o chaveamento dos IGBTs,

a saída de cada ramo é ligada à barra c.c. positiva ou negativa, gerando contribuições

instantâneas assimétricas de cada uma das três fases, resultando, assim, uma tensão Vcm

diferente de zero a cada instante.

A tensão Vcm pode ser medida com facilidade ao se conectar as pontas de prova do

medidor de tensão entre o ponto neutro do enrolamento trifásico e um ponto aterrado qualquer

(CHEN e FITZGERALD, 1996, p. 25-32) e (HYYPIO, 2003, p. 875-882).

2.3 Corrente do Tipo Não-Circulante

A tensão Vcm aplicada aos acoplamentos existentes entre o enrolamento trifásico e os

núcleos do rotor e estator dá origem à corrente do tipo não-circulante que flui pelo motor. Tal

corrente é caracterizada por se deslocar unidirecionalmente para a carcaça aterrada do motor

por duas vias distintas:

1. Pelo eixo do rotor, rolamentos e núcleo do estator;

2. Diretamente pelo núcleo do estator.

É importante ressaltar que a corrente não-circulante ocorre simultaneamente em ambos

os percursos.

2.3.1 Corrente Não-Circulante Associada à Capacitância Entre o Enrolamento

do Estator e o Núcleo do Rotor

Uma parte da corrente não-circulante é acoplada do enrolamento trifásico para o

núcleo do rotor, através da capacitância denominada Cwr, que é distribuída ao longo de todo o

enrolamento trifásico e núcleo do rotor. As correntes não-circulantes Icwr que chegam ao

núcleo do rotor cruzando estes acoplamentos são divididas, posteriormente, pelos dois

10

rolamentos2 e retornam à fonte de tensão Vcm, cruzando o núcleo do estator aterrado e a

impedância Cin. O circuito eletrostático de acoplamento dessas correntes é mostrado na Fig.

2.4, onde se verifica a corrente Icwr fluindo por apenas um dos rolamentos, somente para

simplificar a figura. A impedância Cin representa o equivalente da combinação das

capacitâncias Cpg e Cng em série com as impedâncias de terra e do dissipador de calor (CHEN,

LIPO e NOVOTNY, 1996, p. 162-167).

Fig. 2. 4: Corrente do tipo não-circulante acoplada pela capacitância Cwr, modificada a partir de (CHEN, LIPO e

NOVOTNY, 1996).

As capacitâncias distribuídas Cwr, vistas na Fig. 2.4, estão conectadas em paralelo e

são proporcionais ao número de ranhuras do rotor (Nr). A capacitância concentrada Cwr é

modelada a partir de duas outras conectadas em série, sendo que a primeira delas, denominada

Cwro, é definida pela capacitância existente entre o núcleo do rotor e a altura da abertura da

ranhura (h0) somada à distância do entreferro g, como mostra a Fig. 2.5.

Fig. 2. 5: Capacitâncias Cwr1 e Cwr0 da abertura da ranhura do estator para o núcleo do rotor.

2 Os rolamentos podem ter dimensões diferentes ou suportarem cargas desiguais, o que acarreta impedâncias

distintas.

11

O cálculo analítico de Cwro é feito através da equação (2.2), onde b0 é a largura de

abertura da ranhura, lfe é o comprimento do núcleo do estator, εr0 é a permissividade relativa

do ar (εr0 ≈ 1.0), e ε0 é a permissividade do vácuo (ε0 = 8.85x10-12

F/m);

(2. 2)

A segunda capacitância, denominada Cwr1, é associada à região entre a espessura do

isolante de papel/cunha (hwedge+ins) e os condutores do enrolamento na ranhura (Fig. 2.5). Tal

capacitância é calculada através da equação (2.3), onde εr1 é a permissividade relativa do

material isolante papel/cunha (εr1≈ 3.0).

(2. 3)

A equação (2.4) estabelece analiticamente o valor da capacitância concentrada Cwr

(MUETZE e BINDER, 2007, p. 665-672).

(2. 4)

2.3.2 Corrente Não-Circulante Associada à Capacitância Entre o

Enrolamento e o Núcleo do Estator

Outra parcela da corrente não-circulante é acoplada do enrolamento trifásico para o

núcleo do estator, através das capacitâncias distribuídas ao longo do enrolamento trifásico e

núcleo do estator, denominadas Cwf. O circuito eletrostático deste acoplamento é mostrado na

Fig. 2.6 (CHEN, LIPO e NOVOTNY, 1996, p. 162-167).

Fig. 2. 6: Corrente do tipo não-circulante acoplada pela capacitância Cwf, modificada a partir de (CHEN, LIPO e

NOVOTNY, 1996).

12

A capacitância concentrada, denominada Cwf-total, é composta pela soma de todas as

capacitâncias Cwf ligadas em paralelo, correspondente ao número de ranhuras do núcleo do

estator (Ns). A equação (2.5) calcula, analiticamente, o valor da capacitância concentrada Cwf-

total (MIRAFZAL, 2006, p. 423-433).

(2. 5)

Onde:

εo é a constante de permissividade do vácuo;

Lslot é o perímetro interno de cada ranhura do estator, sendo igual ao dobro da

profundidade Wd somado à largura média WS da ranhura, conforme mostra a Fig. 2.7,

onde se verifica uma forma geométrica abaulada da ranhura. Este fato exige uma

compensação no cálculo do perímetro interno, que é feita sobre a dimensão da largura

média, considerando-a com um incremento de 50%, numa primeira aproximação e

Lslot ≅ 2*Wd + 1.5*WS;

Fig. 2. 7: Parâmetros da ranhura e dos respectivos isolantes utilizados no cálculo de Cwf, figura extraída a partir de (MIRAFZAL, 2006).

lfe é o comprimento do núcleo do estator ou da sua pilha de chapas;

δ1 é a espessura do papel isolante entre a parede interna da ranhura e os condutores,

como mostra a Fig. 2.7, com o valor típico definido no intervalo (0.38 < δ1 < 0.63

13

mm); δ2 é a espessura do verniz isolante do condutor (0.02 < δ2 < 0.05 mm), as

permissividades relativas são εr1 (3.0 < εr1 < 3.2) e εr2 (3.5 < εr2 < 4.0),

respectivamente;

Kt é o fator de correção da espessura do papel isolante devido ao aumento da espessura

do isolante na região próxima à abertura da ranhura e definido no intervalo (1.0 < kt <

1.5). Tal espessura é dobrada ao longo de uma parte da parede interna da ranhura do

estator (Fig. 2.7), tendo um valor igual a 2*δ1;

δ3 é o possível espaço de ar aleatório entre o papel isolante e a parede interna da

ranhura (Fig. 2.7), definido no intervalo (0.02 < δ3 < 0.3 mm), cuja permissividade

relativa é εr3 ≈ 1.

2.4 Corrente do Tipo Circulante

A corrente circulante é caracterizada por não buscar a carcaça aterrada como meio de

alcançar a fonte Vcm, mas simplesmente por circular da ponta do eixo de maior potencial

para a de menor potencial, através dos rolamentos. Tal corrente tem três fontes de origem:

1. Corrente não-circulante;

2. Corrente do modo diferencial;

3. Assimetria das impedâncias dos rolamentos.

2.4.1 Corrente Circulante Induzida Pela Corrente Não-Circulante

A tensão Vcm gera as correntes não-circulantes que penetram unidirecionalmente

pelas extremidades das bobinas de fase e são acopladas para o núcleo do estator. Entretanto,

uma parte dessas correntes não-circulantes abandona o enrolamento trifásico, nas primeiras

espiras das bobinas de cada fase, através dos acoplamentos associados ao núcleo do estator

aterrado, de forma que à medida que vai ocorrendo os abandonos de tais correntes, a

intensidade delas e, consequentemente, do fluxo magnético pulsante se reduz como mostra a

Fig. 2.8. Neste caso, o fluxo pulsante apresenta maior intensidade no lado acionado do eixo

do rotor, denominado DE, gerando também neste lado a maior a amplitude da tensão

eletromagneticamente induzida. A diferença de potencial que surge entre a extremidade DE e

a extremidade não-acionada do eixo do rotor, denominada NDE, produz uma corrente

circulante na malha fechada constituída pela ponta DE do eixo, rolamento “DE”, tampa da

14

carcaça “DE”, carcaça do motor, tampa da carcaça “NDE”, rolamento “NDE” e ponta “NDE”

do eixo (BINDER e MUETZE, 2008, p. 769-776).

Fig. 2. 8: Percurso da corrente circulante de uma ponta à outra do eixo do rotor, figura modificada a partir de

(ONTTO e LUOMI, 2005).

Este tipo de corrente circulante motivou experimentos de uma blindagem condutiva de

baixa impedância para as correntes não-circulantes, com a finalidade de drená-las diretamente

para terra e impedir a criação das linhas de força pulsantes nas laminações do núcleo. Mas,

infelizmente esta blindagem é bastante trabalhosa, além de ter um custo restritivo para a maior

parte dos fabricantes e usuários (ONTTO e LUOMI, 2003, p. 274-278) e (ONTTO e LUOMI,

2005, p. 1653-1660).

2.4.2 Corrente Circulante Gerada pela Corrente de Modo Diferencial

O chaveamento da ponte inversora também produz tensões pulsantes de modo

diferencial no enrolamento trifásico, em alta frequência, gerando correntes que são acopladas

para o núcleo do estator e novamente acopladas para outra fase. A intensidade dessas

correntes do modo diferencial, bem como o fluxo magnético pulsante por elas induzido vai

diminuindo à medida que elas vão deixando as bobinas de cada fase. Isso resulta em uma

diferença de potencial entre as pontas do eixo, de forma pulsante. Portanto, tal tensão induzida

no eixo, eletromagneticamente, gera uma corrente circulante pulsante na malha fechada

15

constituída pela ponta do eixo de maior potencial, rolamentos, tampas do motor, carcaça e

ponta do eixo de menor potencial. Um circuito simplificado com parâmetros concentrados é

apresentado na Fig. 2.9, com a finalidade de auxiliar na compreensão desta corrente do modo

diferencial, denominada ΔiL. Nessa figura, R1 e R2 são resistências das bobinas de cada fase,

incluindo o efeito pelicular; L1 é a indutância de dispersão da bobina residindo na primeira

ranhura do estator; L2 é a indutância de dispersão da bobina em outra fase e ranhura. As

capacitâncias e resistências do enrolamento trifásico para o núcleo do estator são

denominadas Cwf-a, Cwf-b, Cwf-c, Ra, Rb e Rc, respectivamente, sendo incluído o efeito

dissipativo da carcaça do motor nas resistências. A capacitância de espira para espira das

bobinas de uma mesma fase do enrolamento trifásico é descartada por ser, aproximadamente,

um décimo da capacitância Cwf-total (MOREIRA, 2002, p. 1297-1306). Considerando-se que a

fase V é instantaneamente positiva (Fig. 2.9), verifica-se que a corrente diferencial total iv,

que entra no terminal da fase V, é igual à corrente iw que sai instantaneamente pela fase W.

Entretanto, a intensidade da corrente iL1, na bobina da fase V, é diferente da intensidade da

corrente iL2, na bobina da fase W. Tal diferença é denominada ΔiL e flui para o núcleo do

estator, através do ramo série constituído por Rc e Cwf-c, retornando depois à fase W, através

do ramo série constituído por Rb e Cwf-b, independentemente do núcleo do estator se manter

aterrado ou não, pois a corrente ΔiL tem características do modo diferencial (SHAMI e

AKAGI, 2009, p. 1532-1540).

Fig. 2. 9: Parcela ΔiL da corrente de modo diferencial que produz correntes circulantes, figura extraída de

(SHAMI e AKAGI, 2009).

16

Os arranjos espaciais assimétricos dos enrolamentos favorecem, portanto, a

desigualdade entre os parâmetros, de modo que L1 ≠ L2 e Cwf-a ≠ Cwf-b, acarretando um valor

de ΔiL diferente de zero. Entretanto, se o circuito equivalente simplificado da Fig. 2.9 for

balanceado ou simetricamente distribuído, de tal forma que L1 = L2, R1 = R2, Cwf-a = Cwf-b e Ra

= Rb, a diferença ΔiL se anula. Todavia a equação (2.6) continuará válida para quaisquer

valores de Rc e Cwf-c (SHAMI e AKAGI, 2009, p. 1532-1540) e (BHATTACHARYA, 1999,

p. 552-562).

(2. 6)

2.4.3 Capacitância do Rolamento - Cb

A definição da capacitância do rolamento, bem como a do entreferro, isto é, do núcleo

do rotor para o núcleo do estator faz-se necessária para o estabelecimento do circuito

eletrostático do motor de indução, que será abordado na seção 2.4.5, de forma a auxiliar nas

explicações da dinâmica da corrente circulante provocada pela assimetria das impedâncias dos

rolamentos, na seção 2.4.6.

A capacitância equivalente do rolamento é modelada a partir de duas capacitâncias

associadas em série com a resistência ôhmica de contato da esfera com as respectivas pistas.

A capacitância que ocorre entre a pista externa e a esfera é denominada Cepe, a outra

capacitância que é estabelecida entre a pista interna e a mesma esfera é denominada Cepi, tal

como mostra a Fig. 2.10 (a).

(a) (b)

Fig. 2. 10: (a) Capacitância existente entre esfera e pista externa de um rolamento; (b) detalhe da

película de lubrificação atuando como dielétrico da capacitância entre esferas e pistas, figura extraída a

partir de (HOPPLER e ERRATH, 2007).

17

Também existe uma capacitância entre cada par de esferas, denominada Cee, que é

comumente desprezada pelo fato de ter um valor insignificante em relação às demais. Uma

delgada película de graxa lubrificante é inserida entre as superfícies das pistas e esferas para

reduzir o coeficiente de atrito e, consequentemente, aumentar a vida mecânica útil do

rolamento. Todavia, a tal película de lubrificação se torna o dielétrico das capacitâncias

formadas, o que é benéfico à medida que isola as superfícies das pistas e esferas, mas é

maléfico quando a sua rigidez dielétrica é rompida e toda a carga elétrica armazenada no eixo

é descarregada intempestivamente para a carcaça aterrada.

As resistências ôhmicas da pista interna, externa e da esfera são denominadas Rpi, Rpe

e Re, respectivamente, sendo conectadas em série com as capacitâncias Cepi e Cepe, na forma

indicada pela Fig. 2.11, onde as “Nb” esferas são ligadas em paralelo nos respectivos pontos

de conexão M e N.

Fig. 2. 11: Circuito elétrico do rolamento de um motor para “Nb” esferas em paralelo.

A modelagem simplificada do rolamento é constituída pela soma de Rpe, Rpi e Re,

representada por uma resistência equivalente denominada Rb (Fig. 2.12), a qual se encontra

conectada em série com a associação equivalente das “n” capacitâncias de Cepe e Cepi,

denominada Cb. Além disso, uma impedância não-linear, denominada Znl, é ligada em

paralelo com a capacitância Cb, com a finalidade de simular a variação instantânea da

impedância do rolamento. Tal impedância passa da característica capacitiva para resistiva,

repentinamente, quando ocorre uma ruptura dielétrica da película de lubrificação,

descarregando instantaneamente, a energia armazenada na capacitância Cb do respectivo

18

rolamento. Portanto, a impedância Znl descreve o comportamento não-linear que retrata as

descargas elétricas parciais entre pistas e esferas nas modelagens dos rolamentos. No

momento da ruptura dielétrica, a impedância do rolamento é reduzida a um simples valor

ôhmico de resistência, cujo efeito se iguala ao de um contato quase-metálico entre as

superfícies das esferas e pistas.

Fig. 2. 12: Circuito elétrico simplificado do rolamento de um motor.

A ruptura dielétrica da graxa de lubrificação é causada pela elevação da tensão sobre

os rolamentos ou eixo do rotor, que pode exceder o valor limite da tensão de ruptura,

denominada Vth. O cálculo da capacitância Cb é feito levando-se em conta o número de

esferas do rolamento Nb, permissividade do vácuo εo, permissividade relativa da película de

lubrificação εrlub, raio da esfera re e folga radial do rolamento Fr, sendo que as duas últimas

são apresentadas na Fig. 2.13.

Fig. 2. 13: Detalhe do corte transversal de um rolamento mostrando a sua folga radial (Fr) e o raio da esfera (Re),

figura modificada a partir de (BUSSE, 1997).

19

A equação (2.7) utiliza o raio da esfera e a folga radial do rolamento para estabelecer a

área superficial da esfera que, juntamente à permissividade relativa do lubrificante e o número

total de esferas, quantificam a capacitância concentrada Cb de cada rolamento (BUSSE, 1997,

p. 577-584) e (SKIBINSKI, 1995, p. 250-259).

(2. 7)

2.4.4 Capacitância do Núcleo do Rotor para o Núcleo do Estator - Cg

O núcleo do estator é ajustado dentro da carcaça do motor e ambos são ligados

solidamente, de modo que o núcleo do rotor e o núcleo do estator são separados apenas pela

distância g do entreferro. Portanto, a dimensão da distância g do entreferro é muito menor que

o diâmetro externo do rotor dre ou o diâmetro interno do estator dsi (a Fig. 2.14 mostra os raios

externo do rotor dre/2 e interno do estator dsi/2). As capacitâncias distribuídas que são

formadas ao longo e entre os núcleos do rotor e estator são denominadas Cg.

Fig. 2. 14: Vista transversal do setor de um motor, destacando a capacitância Cg, figura modificada a partir de

(BUSSE, 1997).

Para calcular, analiticamente, a capacitância concentrada Cg, os núcleos do estator e

rotor são inicialmente considerados como capacitores cilíndricos (MUETZE e BINDER,

2007, p. 665-672). No motor elétrico, a relutância do fluxo em cada pólo, denominada R, é

20

relacionada ao efeito de abertura das ranhuras, bem como ao espalhamento do fluxo e à

permeabilidade magnética do núcleo de ferro, podendo ser calculada através da equação (2.8),

onde A é a seção transversal de cada pólo e μo é a constante de permeabilidade magnética do

vácuo.

(2. 8)

A superfície do núcleo sob cada pólo e o fluxo de cada pólo são reduzidos se o efeito

das ranhuras é considerado, mantendo-se constante o valor do ampère-espira. Esta diferença

pode ser aplicada por analogia ao comprimento equivalente do entreferro, denominado ge,

sendo compensado o comprimento real do entreferro g pela substituição do comprimento

efetivo do entreferro ge na equação (2.8), obtendo-se a equação (2.9).

(2. 9)

A redução da densidade do fluxo no entreferro que é verificada no cálculo da força

magnetomotriz dos motores, ocorre devido às aberturas do entalhe das ranhuras e

normalmente é avaliada pela razão do comprimento efetivo do entreferro ge e o comprimento

real do entreferro g, ou ainda, pela razão entre a densidade máxima e média do fluxo

magnético no entreferro, denominadas Bgmáx e Bg, respectivamente. Qualquer uma destas

correlações define o coeficiente de Carter, denominado Kc, de acordo com as equações (2.10)

e (2.11) (BINDER e MUETZE, 2008, p. 769-776).

(2. 10)

(2. 11)

O coeficiente de Carter é calculado a partir da largura da ranhura (WS), largura do

dente (Wt) e distância do entreferro g, como ilustra a Fig. 2.15, considerando-se dois dentes

alinhados dos núcleos do estator e rotor. Se o comprimento do entreferro é muito pequeno em

relação à largura da ranhura, praticamente todo o fluxo cruza o dente da laminação do núcleo,

podendo-se, então, considerar que a área efetiva de cada pólo, denominada Ae, é

aproximadamente igual à area da superfície do dente ou proprocional à largura do dente.

21

Fig. 2. 15: Detalhe das larguras da ranhura e do dente dos núcleos, com dois dentes alinhados, figura

modificada a partir de (SHARIFIAN, 2009).

A equação (2.12) calcula a área da superfície efetiva, considerando tal raciocínio, onde

A é a seção transversal de cada pólo e proporcional à soma das larguras da ranhura e dente.

(2. 12)

Então, a área A contida nas equações (2.8) e (2.9) é substituída pela área efetiva Ae da

equação (2.12), obtendo-se a equação (2.13), que define o coeficiente de Carter calculado pelo

método primitivo, onde a pequena quantidade de fluxo espalhada em cada dente não é

considerada, sendo portanto, uma aproximação de primeira ordem. Atualmente, empregam-se

o método primitivo melhorado ou o método de Green para obter resultados mais precisos

(SHARIFIAN, 2009, p. 18-23).

(2. 13)

A forma de cálculo da capacitância concentrada Cg é finalmente obtida por meio da

equação (2.14), considerando-se a redução da capacitância Cg devido às aberturas das

ranhuras, quando comparado com um capacitor cilíndrico sem aberturas (MUETZE e

22

BINDER, 2007, p. 665-672) e (BINDER e MUETZE, 2008, p. 769-776). Vale ressaltar que

todos os parâmetros de (2.14) foram definidos anteriormente.

(2. 14)

A título de ilustração, a Fig. 2.16 mostra simultaneamente a localização física das

capacitâncias Cwr, Cwf e Cg no motor de indução.

Fig. 2. 16: Localização das capacitâncias Cwf, Cwr e Cg no motor de indução, figura extraída a partir de (ADABI,

2008).

2.4.5 Circuito Divisor de Tensão Eletrostático do Motor de Indução

O circuito divisor de tensão eletrostático do motor de indução, mostrado na Fig. 2.17,

é estabelecido a partir de todas as capacitâncias com parâmetros concentrados descritas até o

momento, sendo excitado pela tensão Vcm.

Fig. 2. 17: Circuito divisor de tensão eletrostático do motor de indução, figura modificada a partir de (SHAMI e

AKAGI, 2009).

23

Nesse circuito, as capacitâncias dos rolamentos são denominadas Cb e Cb1,

respectivamente. Além disso, as impedâncias dos semi-eixos do rotor, denominadas Zeixo e

Zeixo1, são consideradas. Inspecionando-se o circuito supracitado, verifica-se que a tensão

sobre o eixo ou rolamentos depende da magnitude da tensão Vcm e do divisor de tensão

capacitivo estabelecido pelas capacitâncias Cwf, Cwr, Cb, Cg e Cb1. Uma simetria de

impedâncias entre as pontas DE e NDE do eixo pode ser estabelecida, quando as impedâncias

dos semi-eixos e dos respectivos rolamentos são distribuídas simetricamente, de tal forma que

Zeixo = Zeixo1, Rb = Rb1 e Cb = Cb1 (SKIBINSKI, 1995, p. 250-259) e (SHAMI e AKAGI, 2009,

p. 1532-1540).

2.4.6 Corrente Circulante Devido à Assimetria de Impedâncias dos Rolamentos

A assimetria entre as impedâncias dos rolamentos ocorre de duas formas possíveis,

simultaneamente ou não:

1. Assimetria branda: acontece de maneira contínua, devido às diferenças permanentes

das dimensões dos rolamentos DE e NDE, onde Rb ≠ Rb1 e/ou Cb ≠ Cb1;

2. Assimetria severa: ocorre devido ao curto-circuito instantâneo da capacitância de um

dos rolamentos (Cb ≠ Cb1), produzindo uma queda de tensão repentina no respectivo

rolamento.

No caso da assimetria branda, uma ligeira diferença entre as resistências e/ou

capacitâncias dos rolamentos produz, permanentemente, uma tensão de baixa magnitude entre

as pontas do eixo, que estão em sincronismo com a tensão Vcm. Tal tensão produz pulsos de

correntes de baixa intensidade, denominada corrente circulante de condução, que flui de uma

ponta do eixo para a outra, passando pelos rolamentos. No caso da assimetria severa, a

situação é representada pelo circuito da Fig. 2.18, onde acontece uma ruptura dielétrica

instantânea na capacitância Cb1, simulada através de um curto-circuito estabelecido pelo

rápido fechamento e abertura da chave Sw1, que representa a impedância não-linear Znl. No

momento da ruptura dielétrica em Cb1, a carga elétrica de Cb, cujo dielétrico está intacto,

colabora para o aumento da corrente de curto-circuito por meio da adição da corrente que

percorre a malha II, denominada corrente circulante de descarga, pelo fato de circular

subitamente (Fig. 2.18). No mesmo instante, a carga elétrica de Cg fornece outra corrente

circulante de descarga que flui pela malha I. Então, a ruptura dielétrica instantânea de Cb1

produz uma momentânea tensão entre as pontas do eixo DE e NDE, denominada tensão de

24

descarga, por se apresentar, repentinamente, com amplitudes significativas e induzir as tais

correntes circulantes de descarga (SHAMI e AKAGI, 2009, p. 1532-1540).

Fig. 2. 18: Corrente do tipo circulante causada pela ruptura da película lubrificante, figura modificada a partir de

(SHAMI e AKAGI, 2009).

2.5 Tensões Induzidas no Eixo do Rotor

As tensões induzidas no eixo do rotor acontecem tanto em função de efeitos

eletrostáticos como eletromagnéticos. A divisão da tensão Vcm do enrolamento trifásico para

as partes internas do motor, através do circuito capacitivo, é uma indução de natureza

eletrostática. A tensão induzida eletromagneticamente ocorre na frequência fundamental,

devido à assimetria magnética no entreferro do motor (ALGER e SAMSON, 1924, p. 235-

245) e (AMMANN, 1988, p. 409-419). A tensão induzida eletromagneticamente, em altas

frequências, ocorre no eixo do rotor devido às correntes pulsantes de modo comum e/ou

diferencial, (COSTELLO, 1993, p. 419-426), (ONTTO e LUOMI, 2003, p. 274-278) e

(SHAMI e AKAGI, 2009, p. 1532-1540). Nesta seção, serão abordadas, especificamente, as

tensões induzidas eletrostaticamente pelo divisor de tensão capacitivo e as tensões induzidas

eletromagneticamente pelas correntes pulsantes de alta frequência.

2.5.1 Tensão Induzida Eletrostaticamente no Eixo do Rotor

A tensão induzida eletrostaticamente no eixo do rotor se origina dos acoplamentos

existentes entre o enrolamento trifásico e o núcleo do rotor, de forma que em cada variação da

25

tensão Vcm, as cargas elétricas são distribuídas entre as capacitâncias concentradas Cwf, Cwr e

Ceq1. A capacitância Ceq1 representa a capacitância equivalente de Cg, Cb e Cb1 ligadas em

paralelo, conforme mostra a Fig. 2.19.

Fig. 2. 19: Circuito divisor de tensão capacitivo do motor de indução.

Analisando o circuito eletrostático simplificado da Fig. 2.19, pode-se concluir que a

capacitância Cwf não exerce influência sobre a tensão eletrostática induzida no eixo.

Entretanto, a amplitude da tensão Vcm e a combinação entre as capacitâncias Cwr e Ceq1

ligadas em série, atuam diretamente sobre a tensão que é induzida no eixo. Como Ceq1 é muito

maior do que Cwr, a capacitância resultante da ligação série de Cwr e Ceq1 assume sempre

valores que se avizinham ao valor de Cwr. Portanto, a tensão eletrostática do eixo depende

diretamente do valor da capacitância de Cwr e da amplitude da tensão Vcm.

O estudo apresentado na seção anterior mostrou que qualquer diferença entre os

parâmetros associados ao eixo do rotor (Fig. 2.17), causa a assimetria das impedâncias entre

as pontas do eixo, de modo brando e/ou severo, induzindo tensões eletrostáticas que podem

ser classificadas como de:

1. Condução;

2. Descarga.

A tensão de condução é assim denominada por se apresentar no eixo do rotor

continuamente e em sincronismo com as bordas da tensão Vcm. Por outro lado, a tensão de

descarga surge entre as pontas do eixo, de tempos em tempos, estando associada,

simplesmente, ao patamar mais elevado da tensão Vcm, cuja amplitude é bem maior do que

aquela apresentada pela tensão de condução.

26

2.5.2 Tensão Induzida Eletromagneticamente no Eixo do Rotor

As tensões induzidas eletromagneticamente no eixo do rotor, em alta frequência, são

geradas pelos pulsos das correntes não-circulantes e diferenciais que se acoplam para o núcleo

do estator, ver as seções 2.4.1 e 2.4.2, respectivamente. Essas tensões induzidas no eixo do

rotor acontecem em decorrência das tensões assimétricas de fase e do elevado dv/dt

produzidos pela ponte inversora PWM. Tais tensões de eixo podem ser classificadas como:

1. Induzidas por correntes não-circulantes;

2. Induzidas por correntes diferenciais.

Até o momento, apenas um circuito eletromagnético descreve as tensões induzidas

pelas correntes não-circulantes, como é mostrado na Fig. 2.20, e não foi desenvolvido, ainda,

um circuito eletromagnético que descrevesse as tensões induzidas pelas correntes diferenciais.

No primeiro caso, é sugerido um circuito equivalente com o acoplamento eletromagnético

constituído por um transformador linear, cujo enrolamento primário apreende as variações das

correntes não-circulantes, induzindo uma tensão no enrolamento secundário que excita as

pontas DE e NDE do eixo (ONTTO e LUOMI, 2003, p. 274-278). Na Fig. 2.20, Cwf-total é a

capacitância do enrolamento trifásico para o núcleo do estator, Icm é a corrente não-circulante

acoplada para o núcleo do estator, Rne é a resistência de modo comum do núcleo do estator,

Xne é a reatância de modo comum do núcleo do estator, Xm é a reatância mútua de

magnetização, (Zb + Zb1) é a soma das impedâncias dos respectivos rolamentos e I é a corrente

circulante estabelecida na malha fechada constituída pelo eixo e rolamentos.

Fig. 2. 20: Circuito equivalente para a representação do acoplamento eletromagnético no eixo pelas correntes

não-circulantes, figura extraída a partir de (ONTTO e LUOMI, 2003).

27

Infelizmente, não foi definida a forma de obtenção dos parâmetros Rne, Xne e Xm em

(ONTTO e LUOMI, 2003, p. 274-278), ocorrendo apenas uma indicação da possibilidade do

cálculo analítico de Rne e Xne, a partir do valor da permeabilidade magnética do núcleo do

estator. O circuito equivalente que descreve a tensão induzida pelas correntes do modo

diferencial, deve ter uma configuração similar ao da Fig. 2.20, exceto que as características do

modo comum são alteradas para o modo diferencial; contudo, ainda não foram encontradas

informações suficientes a este respeito, sendo necessárias mais investigações para elucidar os

fatos. Desta forma, as simulações realizadas neste trabalho não contemplam as tensões

induzidas eletromagneticamente no eixo do rotor.

2.6 Modos das Correntes no Rolamento

As propriedades elétricas de um rolamento em rotação são complexas, devido às

alterações aleatórias de sua condutividade, que pode variar de boa à péssima, dependendo da

velocidade do eixo, carga do rolamento, temperatura e viscosidade da graxa lubrificante. De

acordo com essa variação de condutividade, as correntes que fluem pelos rolamentos podem

ser classificadas em dois modos distintos:

1. Condução ou dv/dt;

2. Descarga ou EDM (Electric Discharge Machining).

Cabe ressaltar que esses modos da corrente de rolamento podem ocorrer

simultaneamente ou não.

2.6.1 Corrente de Condução ou de dv/dt

A corrente de condução ou de dv/dt é caracterizada por fluir pelos rolamentos, sempre

em sincronismo com as variações da tensão Vcm, ocorrendo independentemente da

velocidade do eixo do motor. Tal corrente se origina do acoplamento do enrolamento trifásico

para o núcleo do rotor, através da capacitância Cwr, que é um dos responsáveis pelo

estabelecimento da tensão de eixo. Portanto, a capacitância Cwr fornece correntes de condução

para as capacitâncias do entreferro “Cg” e dos rolamentos “Cb e Cb1”. Alguns autores

associam a baixa velocidade do motor à maior amplitude da corrente de condução, devido ao

aumento do valor das capacitâncias Cb e Cb1, que provocam a redução da tensão acumulada

no eixo e ao mesmo tempo, aumentam o valor de pico das tais correntes (CHEN e

FITZGERALD, 1996, p. 25-32), (BHATTACHARYA, 1999, p. 552-562) e (BUSSE, 1997, p.

28

567-576). As correntes de condução ou dv/dt podem ser classificadas, de acordo com a

associação aos tipos de correntes, como:

1. Não-circulantes de condução, quando fluem para a carcaça aterrada a fim de

retornarem ao potencial negativo da tensão Vcm;

2. Circulantes de condução, quando percorrem malhas fechadas constituída pelo eixo,

rolamento e núcleo do estator.

A corrente não-circulante de condução ocorre para quaisquer valores das impedâncias

do eixo e rolamentos, dependendo apenas do dv/dt da tensão Vcm. No entanto, as correntes

que circulam pelos rolamentos apresentam as mesmas amplitudes e um defasamento de 1800

nas formas de onda. A tensão que produz a corrente de condução entre as pontas do eixo se

anula quando todas as impedâncias forem simétricas, isto é, Zeixo = Zeixo1 e Zb = Zb1, zerando

consequentemente a corrente circulante de condução. Caso contrário, havendo alguma

assimetria de impedâncias entre as pontas do eixo, ocorrerão as correntes circulantes de

condução, que podem circular em qualquer malha fechada mostrada na Fig. 2.21,

simultaneamente ou não, no sentido horário ou anti-horário, dependendo do local de

carregamento do eixo.

Fig. 2. 21: Detalhe das malhas A, B e C por onde fluem as correntes circulantes de condução.

29

Quantizar as parcelas das correntes não-circulantes e circulantes de condução que

fluem instantaneamente pelos rolamentos é tarefa difícil, mesmo considerando que a

assimetria ocorra apenas entre as capacitâncias dos rolamentos (Cb ≠ Cb1), sem o

conhecimento dos valores instantâneos das respectivas capacitâncias. No entanto, esta

dificuldade aumenta, ainda mais, porque as capacitâncias dos rolamentos variam a todo

instante, devido às alterações da distância entre as esferas e pistas, bem como das áreas de

contato equivalentes, que normalmente dependem da variação da temperatura, carga e

velocidade do eixo. Se estas quantidades instantâneas forem conhecidas e todas as correntes

oscilarem nas mesmas frequências, uma análise deve ser realizada no circuito da Fig. 2.21, de

acordo com a lei dos nós de Kirchhoff, para estabelecer adequadamente as correntes não-

circulantes e circulantes. Uma prova circunstancial das correntes circulantes de condução é

dada quando se verifica os pulsos de tensão entre as pontas NDE e DE do eixo ou quando o

valor de pico da corrente não-circulante de condução na entrada do eixo (Icwr, na Fig. 2.21)

não coincide com a soma instantânea dos picos das correntes Icg, Izb e Izb1. A diferença entre

tais quantidades de correntes é atribuída à presença das correntes circulantes de condução,

pois como se sabe, apenas as correntes não-circulantes de condução se dirigem à carcaça

aterrada.

A degradação química da graxa de lubrificação nos rolamentos é produzida pelas

correntes de condução que fluem continuamente por eles, independentemente de ser não-

circulante ou circulante, aumentando o coeficiente de atrito entre os elementos rolantes e

favorecendo a corrosão das superfícies metálicas das pistas e esferas (BUSSE, 1997, p. 567-

576), (JOUANNE, ZHANG e WALLACE, 1997, p. 478-485) e (BELL, 1998, p. 253-262).

2.6.2 Corrente de Descarga ou de EDM

O fenômeno da corrente de descarga no rolamento é relacionado à ruptura dielétrica da

graxa de lubrificação, que pode suportar valores de tensões inferiores ao valor limite da tensão

de ruptura Vth, considerando-se um conjunto específico de condições de operação do motor,

tais como temperatura, carga e velocidade do eixo (MUETZE e BINDER, 2007, p. 665-672).

A existência de um curto-circuito intermitente ou aleatório das capacitâncias Cb e/ou Cb1 é

caracterizada por sua ocorrência repentina, independentemente das bordas de transição da

tensão Vcm, sendo relacionada, simplesmente, ao período de maior amplitude da tensão Vcm,

bem como ao nível de carregamento do eixo. Portanto, as correntes de descarga podem

30

coincidir ou não com as bordas de transição da tensão Vcm, dependendo da espessura da

película de lubrificação ou dos contatos quase-metálicos entre as pistas e esferas. Depois das

descargas elétricas, os rolamentos passam a exibir novamente uma alta impedância,

possibilitando um novo carregamento elétrico do eixo (CHEN e FITZGERALD, 1996, p. 25-

32). A corrente de descarga tem menor probabilidade de ocorrer em baixas velocidades,

porque a espessura da película de lubrificação é reduzida, ocorrendo os contatos quase-

metálicos entre pista e esferas. Isso provoca um aumento da capacitância dos rolamentos e a

redução da tensão de eixo, de modo que o valor de tal tensão não excede ao valor limite de

ruptura dielétrica Vth. No entanto, se mesmo assim ocorrer uma corrente de descarga, não

haverá tanto prejuízo ao rolamento, devido à reduzida amplitude desta corrente. As estrias

(fluting), as queimaduras superficiais (fritting) e as marcas nas pistas são resultantes dos

danos causados pelas correntes de descarga ou de EDM. A Fig. 2.22 mostra as estrias (fluting)

na pista interna do rolamento devido às correntes de descarga (EDM).

Fig. 2. 22: Estrias na pista interna do rolamento causadas pelas correntes de descarga, foto extraída a partir de

(BOYANTON e HODGES, 2002).

A Fig. 2.23 mostra as queimaduras superficiais (fritting) e as marcas no anel interno

do rolamento, devido às correntes de descarga.

31

Fig. 2. 23: Queimaduras superficiais na pista interna do rolamento causada pela corrente de descarga, foto

extraída a partir de (MUETZE, 2004).

O primeiro sinal de degradação é o ruído no rolamento e o aumento do coeficiente de

atrito entre as partes rolantes, liberando partículas metálicas que se desgastam na graxa

lubrificante, destruindo o rolamento em pouco tempo de operação (MUETZE, 2004, p. 1989-

1995). Os danos na superfície das pistas do rolamento podem ser descritos da seguinte forma:

Uma perfuração da graxa de lubrificação é causada por correntes de descarga muito

rápidas, deixando pequenas crateras na superfície metálica das pistas;

Estas crateras são formadas pela fundição do metal no local da ruptura dielétrica;

As esferas rolam sobre estas crateras achatando-as, mas nem sempre são achatadas

idealmente, obrigando as esferas a pularem por sobre estas elevações, deixando covas

depois das crateras pelos impactos das batidas;

Finalmente, é gerado um padrão regular de vales e colinas, denominado estrias, que é

visível em toda superfície das pistas do rolamento (MUETZE, 2004, p. 1989-1995) e

(SKIBINSKI, 1995, p. 250-259).

Os tipos não-circulantes e circulantes das correntes também podem ser associados ao

modo de descarga ou EDM, podendo ser reclassificados como:

1. Não-circulantes de descarga, quando buscam a carcaça aterrada como caminho de

retorno à fonte Vcm;

32

2. Circulantes de descarga, quando transitam por um ou ambos os rolamentos em malhas

fechadas (Fig. 2.21).

As correntes não-circulantes e circulantes de descarga acontecem simultaneamente,

independentemente das rupturas dielétricas nos rolamentos serem simultâneas (simétricas) ou

em tempos distintos (assimétricas) (SHAMI e AKAGI, 2009, p. 1532-1540).

A corrente de descarga “simétrica” é constituída por duas componentes idênticas,

quando se considera uma perfeita simetria das impedâncias dos rolamentos e semi-eixos, além

de uma descarga simultânea ou simétrica em ambos os rolamentos:

A primeira componente é a corrente não-circulante de descarga abastecida por Cwr,

que flui em direção da carcaça aterrada com igual intensidade em ambos os

rolamentos;

A segunda componente é a corrente circulante de descarga fornecida por Cg, que flui

circulando pelas malhas A e B (Fig. 2.21) também com intensidades idênticas nos dois

rolamentos.

Esse caso de simetria de todas as impedâncias com as descargas simultâneas

“simétricas” é muito difícil de acontecer, embora seja didático na análise das correntes. Nesse

caso especifico, é importante ressaltar que a amplitude da tensão entre as pontas do eixo é

nula. Todavia, existem tensões idênticas “simétricas” das partes centrais do eixo para as

respectivas pontas.

Num outro caso, considerando-se que ocorra uma simetria entre todas as impedâncias,

das pontas do eixo, mas que as descargas ocorram em tempos distintos “assimétricos”, a

análise da corrente de descarga assimétrica apresenta duas características adicionais em

relação ao caso anterior, sendo uma praticamente consequência da outra:

Surge uma diferença de potencial entre as pontas do eixo com uma amplitude

proporcional à diferença de impedância ocorrida instantânea e abruptamente entre os

rolamentos no momento das descargas, onde o maior potencial se apresenta na

extremidade onde se localiza o rolamento cuja película de lubrificação esteja intacta;

A carga do rolamento cuja película de lubrificação esteja intacta é instantaneamente

transferida para o rolamento curto-circuitado, estabelecendo a corrente circulante de

descarga entre os rolamentos (Fig. 2.21, malha C).

As correntes circulantes de descarga ocorrem em pelo menos duas malhas fechadas

quando as descargas são assimétricas (seção 2.4.2).

33

2.7 Conclusões

Neste capitulo foram abordados tópicos essenciais para a compreensão dos fenômenos

de alta frequência que ocorrem no motor de indução trifásico acionado pelo conversor PWM,

onde se demonstrou a presença da tensão Vcm, produzida pelo inversor operando sob PWM.

As correntes de modo comum foram definidas como correntes não-circulantes, que

ocorrem em sincronismo com as bordas de transição da tensão Vcm, de forma permanente nos

motores acionados pelo inversor PWM. As correntes não-circulantes que fluem pelos

rolamentos podem ter as amplitudes variadas de acordo com o valor instantâneo das

respectivas impedâncias. As correntes não-circulantes podem ocorrer nos modos de condução

e/ou de descarga. As correntes circulantes são descritas como correntes causadas pelos efeitos

eletromagnéticos em altas freqüências com origem nas induções eletrostáticas de modo

comum ou diferencial. As correntes circulantes também podem ocorrer nos modos de

condução e/ou de descarga, sendo que os prejuízos causados pelas correntes de descarga aos

rolamentos são indiscutivelmente maiores do que aqueles causados pelas correntes de

condução.

As capacitâncias envolvidas nos processos de indução eletrostática da tensão Vcm

foram determinadas analiticamente, levando-se em conta, simplesmente, a geometria e

características dos materiais empregados no motor de indução. A capacitância Cwr é delineada

considerando uma ranhura perfeitamente retangular e duas capacitâncias distintas ligadas em

série; a capacitância Cwf-total leva em conta a área da superfície interna da ranhura, onde é feita

uma compensação para a ranhura de formato abaulado, levando-se em conta os seus meios

permissivos; a capacitância Cb considera a permissividade da graxa de lubrificação, a área

superficial da esfera e a distância entre esferas e pistas, que é baseada na folga radial do

rolamento; a capacitância Cg depende da permissividade do ar, da área superficial interna do

estator, da distância do entreferro e do coeficiente de Carter em função dos entalhes das

ranhuras.

As tensões eletrostáticas induzidas no eixo existem em função do módulo da tensão

Vcm e do valor de Cwr. Já, as tensões eletromagnéticas induzidas no eixo, em alta frequência,

dependem em proporção direta dos módulos das tensões modais, bem como do valor das

capacitâncias Cwf-total, nos respectivos modos sequenciais. O circuito que descreve as tensões

induzidas eletromagneticamente pelo efeito das correntes não-circulantes também foi

apresentado. Todavia, não foi evidenciada uma base confiável para a determinação dos seus

parâmetros.

Capítulo 3 - Fatores que Influenciam as

Correntes de Rolamento

3.1 Considerações Iniciais

Neste capítulo são abordados os principais fatores que alteram direta ou indiretamente

a amplitude, os tipos e modos das correntes de rolamento, agindo principalmente na variação

da capacitância Cb. O estudo começa pela variação da impedância do rolamento em função da

velocidade do eixo, contemplando os aspectos associados à área de contato da elipse

hertziana, densidade da corrente aparente e vida útil do rolamento, relação de tensão do

rolamento (BVR), relação de estresse elétrico do rolamento (ωestresse) e, ainda, as variáveis

mecânicas: espessura da película de lubrificação, temperatura, carga mecânica, viscosidade e

aditivos do lubrificante. Além disto, são examinados o desgaste mecânico e a probabilidade

de ocorrência das correntes de descarga através da curva de Stribeck, bem como a relação

entre a rigidez dielétrica, espessura da película lubrificante e o valor limite da tensão de

ruptura Vth.

3.2 Variação da Impedância do Rolamento em Função da Velocidade do Eixo

O motor operando em baixa velocidade provoca um contato quase-metálico entre as

pistas e esferas do rolamento, devido à diminuição da força centrípeta3, considerando a

aceleração da gravidade constante (ADABI, 2008, p. 903-907). Nesta situação, as esferas e

pistas são comprimidas naturalmente na direção da aceleração da gravidade, reduzindo a

espessura da película lubrificante na parte inferior dos rolamentos. Isso provoca um aumento

da capacitância dos rolamentos e da área de contato entre as esferas e pistas. A Fig. 3.1 ilustra

o deslocamento da linha de centro do eixo do rotor da posição simétrica para a posição

assimétrica da linha de centro do eixo, na direção da aceleração da gravidade (ADABI, 2008,

p. 903-907).

3 A força centrípeta é proporcional ao quadrado da velocidade angular do eixo.

35

Fig. 3. 1: Deslocamento da linha de centro do eixo para uma posição assimétrica, figura extraída a partir de

(ADABI, 2008).

Em baixas velocidades, o eixo gira com relativa excentricidade e valores maiores da

capacitância Cb, proporcionando a elevação dos picos das correntes não-circulantes de

condução e, consequentemente, a diminuição de ocorrência das correntes de descarga. À

medida que o motor desenvolve velocidades mais elevadas, a força centrípeta aumenta e a

linha de centro do eixo torna-se simétrica, de modo que as espessuras da película de

lubrificação na parte superior e inferior da linha de centro tornam-se idênticas. Assim, o eixo

gira concentricamente aos anéis interno e externo do rolamento, a espessura da película de

lubrificação atinge o valor máximo e as capacitâncias dos rolamentos são reduzidas,

provocando a redução dos picos das correntes circulantes e não-circulantes de condução. Isso,

infelizmente, fornece meios de carregamento do eixo até os níveis que excedem o valor limite

da tensão de ruptura Vth, aumentando, desta forma, a freqüência de ocorrência das correntes

não-circulantes e circulantes de descarga.

A Fig. 3.2 apresenta o resultado gráfico de medições experimentais das resistências

dos rolamentos em função da velocidade do motor (BUSSE, 1997, p. 567-576). Nota-se em

tal gráfico que o rolamento opera numa região de baixa resistência (valores inferiores a 10 Ω)

em velocidades inferiores a 4% do seu valor nominal, com característica resistiva pelo fato

dos contatos quase-metálicos entre pistas e esferas ocorrerem frequentemente. Na faixa de 4 a

20% da velocidade nominal, o rolamento opera na região de transição da característica

resistiva para capacitiva, variando rapidamente nesta estreita faixa de velocidades. No

intervalo da velocidade do motor entre 20 e 120% do valor nominal, o rolamento opera numa

região de alta resistência, cujos valores atingem patamares de MΩ, apresentando uma

36

característica predominantemente capacitiva, devido à atuação efetiva da película de

lubrificação como dielétrico do capacitor formado. Toda esta dinâmica de variação da

resistência indica que o aumento da velocidade de 4 a 120% do valor nominal proporciona um

deslizamento das esferas numa espessura crescente da película de lubrificação, confirmando

as questões relacionadas à excentricidade do eixo mencionadas anteriormente. Além disso,

são notadas as interseções nos pontos de 12 e 52% da velocidade nominal, indicando iguais

possibilidades de ocorrência das correntes de condução e de descarga nos rolamentos do lado

NDE e DE, respectivamente.

Fig. 3. 2: Resistência do rolamento em função da velocidade do eixo, figura modificada a partir de

(SKIBINSKI, 1995).

A resistência equivalente Rb, definida na seção 2.4.3, é considerada constante para um

tipo especifico de aço que constitui as esferas e pistas do rolamento, assumindo valores baixos

de resistências dos contatos quase-metálicos entre os elementos rolantes. Entretanto, numa

primeira aproximação foi estabelecido o valor constante de Rb igual a 10.0 Ω para rolamentos

associados a qualquer valor de potência nominal do motor (BINDER e MUETZE, 2008, p.

769-776). Tal fato apresenta certa coerência com as questões relacionadas e discutidas

anteriormente.

37

3.3 Área de Contato da Elipse Hertziana

As superfícies de contato entre as esferas e pistas dos rolamentos se apresentam

ásperas e rugosas, do ponto de vista microscópico. O cálculo da área de contato, com o

rolamento em operação, constitui-se numa tarefa bastante complexa, considerando-se as

instantâneas e constantes irregularidades superficiais. A Fig. 3.3(a) mostra a superfície da

esfera vista com o microscópio, onde se percebe uma grande aspereza. O gráfico da Fig.

3.3(b) ilustra a forma de onda, em termos de profundidade e rolagem, da esfera e pistas com

superfícies ásperas e sinuosas.

Fig. 3. 3: (a) Superfície microscópica da esfera, figura extraída a partir de (IMMOVILLI, 2009); (b) Gráfico

mostrando qualitativamente as superfícies rugosas e onduladas de rolagem, curva extraída a partir de (BUSSE,

1997).

Um procedimento para calcular a área de contato é baseado na teoria do ponto de

contato hertziano (HARRIS, 1991). Tal teoria considera uma área de contato em forma

elíptica, como resultante de uma deformação plástica e elástica desse acoplamento mecânico,

produzindo a denominada área de contato hertziana ou AH. No entanto, para se aplicar os

38

conceitos dessa teoria é necessário estabelecer as dimensões da elipse, sendo que tanto a

dimensão maior “a” quanto a menor “b” varia em função dos seguintes parâmetros:

1. Carga mecânica aplicada em cada esfera do rolamento, numa razão direta;

2. Somatórios da curvatura das pistas interna e externa, numa proporção inversa. Isso

quer dizer que quanto maior for o somatório das curvaturas das pistas que envolvem a esfera,

menores serão as dimensões principais das elipses formadas. A Fig. 3.4 mostra a esfera

contida nas curvaturas das pistas do rolamento. É importante salientar que não são idênticas as

respectivas áreas de contato da esfera com as pistas interna e externa, devido à diferença

existente entre os somatórios das curvaturas interior e exterior;

Fig. 3. 4: Detalhe das curvaturas das pistas que envolvem a esfera.

3. Duas quantidades intermediárias, associadas às dimensões principais da elipse, são

obtidas através de uma avaliação instantânea da diferença de curvaturas relacionada à área de

contato elíptica, utilizando-se métodos computacionais.

Os somatórios das curvaturas são obtidos com facilidade, usando as dimensões

especificas de cada rolamento e considerando-se constante, a carga aplicada à esfera. No

entanto, as duas quantidades intermediárias apresentam maior dificuldade de obtenção,

porque refletem as complexas irregularidades superficiais entre pistas e esferas. O

desenvolvimento do cálculo das dimensões dos eixos e das áreas de contato interna e externa,

se encontram no apêndice A.

Uma relação gráfica foi obtida entre a área de contato calculada e a carga mecânica

aplicada ao eixo de um motor de 15 hp, comprovando que a área de contato das esferas com a

39

pista externa é maior do que aquela apresentada entre as esferas e a pista interna (BUSSE,

1997, p. 567-576), conforme mostra a Fig. 3.5.

Fig. 3. 5: Área de contato AH em função da carga mecânica aplicada ao eixo do motor, figura extraída a partir de

(BUSSE, 1997).

3.4 Densidade da Corrente Aparente e Vida Útil do Rolamento

Num passado recente, as correntes elétricas que arruinavam os rolamentos dos grandes

motores alimentados diretamente pela rede eram analisados através da densidade de corrente

aparente, denominada Jb, definida pela razão entre o valor de pico da corrente do rolamento îb

e a área de contato AH, tal como mostra a equação (3.1).

(3. 1)

A densidade de corrente no rolamento é proposta inicialmente para as máquinas

acionadas em onda senoidal como um parâmetro de previsão da vida útil do rolamento. De

acordo com (HAUS, 1964, p. 105-112), uma densidade de 0.7 A/mm2 resulta em 50 mil horas

de vida útil para o rolamento, enquanto que 1.4 A/mm2 reduz a sua vida útil para apenas 500

horas. Entretanto, (KRUMPOLC, 1990, p. 88-91) considera que a densidade de 0.1 A/mm2

não afeta a vida útil do rolamento. Segundo (KULDA, 1965, p. 323-326), a densidade de 1.0

A/mm2

é tolerável. mas a densidade de 1.4 A/mm2 destrói o rolamento após 500 horas de

funcionamento e com valores superiores a 2 A/mm2, o rolamento é inutilizado depois de

40

apenas 5 horas de operação. Na análise de densidade da corrente nos rolamentos da máquina,

apresentado por (ENDO, 1978), foi estabelecida a densidade de 1.0 A/mm2 como valor

crítico, sendo que a densidade de 1.8 A/mm2 danifica o rolamento em 2 horas de operação.

Também se comprovou, em experiências de campo, que valores de densidades entre 0.15 e

0.39 A/mm2 não deixavam marcas ou estrias nos rolamentos.

A equação (3.2) descreve a vida útil do rolamento influenciada por fenômenos

elétricos, onde se substituem valores de densidade da corrente em Apico/mm². Tal equação

estabelece a durabilidade do rolamento na faixa de 20 a 40 mil horas, utilizando os valores

limites de densidade em torno de 1.06 e 1.19 Apico/mm², respectivamente, para os motores

alimentados diretamente pela rede.

(3. 2)

A Fig. 3.6 mostra graficamente as exponenciais decrescentes da vida útil do rolamento

em relação à densidade de corrente dada em Arms/mm² e em Apico/mm², onde são

considerados os patamares de densidade da corrente que não afetam a vida útil do rolamento,

de acordo com os dados aproveitados das pesquisas de (ENDO, 1978).

Fig. 3. 6: Vida útil do rolamento versus densidade de corrente, figura extraída a partir de (BUSSE, 1997).

A vida útil do rolamento influenciada pelo atrito mecânico das superfícies foi descrita

por (BONNETT, 1993), que estabeleceu a sua durabilidade na faixa de 40 e 60 mil horas.

41

No entanto, intensos testes e vários tipos de análises dos rolamentos foram executados

por (MUETZE, 2004, p. 1989-1995), após períodos curtos, médios e longos de

funcionamento dos motores de indução, acionados pelo conversor PWM, sendo proposto o

valor de densidade máxima de corrente inferior a 0.8 Apico/mm2 para os motores acionados

pelo conversor PWM, garantindo-se que tal valor não interfere na durabilidade dos

rolamentos.

Para verificar a vida útil do rolamento de um motor padronizado de 15 hp acionado

pelo conversor PWM, testes executados por (BUSSE, 1997, p. 567-576) mostraram que as

correntes de condução não degradavam a vida útil do rolamento e que os motores sem carga

mecânica eram mais sensíveis aos danos por correntes de descarga do que os motores

carregados nominalmente. A Tabela I, apenas a título de exemplo, mostra um resumo destes

testes que foram executados com a carga no rolamento representada pelo peso próprio do

rotor e por três vezes o peso próprio.

Tabela I - Vida elétrica útil do rolamento do motor de 15 hp acionado pelo conversor PWM.

Parâmetro Unidade Peso próprio do rotor 3.0 vezes o peso do rotor

Corrente de descarga (Apico) 2.2 2.2

Área de contato hertziana (mm2) 0.62 1.29

Densidade de corrente (Apico/mm2) 3.55 1.71

Vida útil calculada (hora) 0.157 1566.9

Corrente de condução (Apico) 0.2 a 0.5 0.2 a 0.5

Área de contato hertziana (mm2) 0.62 1.29

Densidade de corrente (Apico/mm2) 0.32 a 0.8 0.15 a 0.38

Vida útil calculada (hora) >144480.0 >1178200.0

A área de contato hertziana cujo valor era de 0.62 mm² para o peso próprio do rotor

alterou para 1.29 mm² quando o seu peso era três vezes maior. A densidade de corrente no

motor sem carga estava em torno de 3.55 Apico/mm², quando era aplicada uma corrente de

descarga de 2.2 Apico, estabelecendo a vida útil do rolamento em torno de nove minutos e

vinte segundos, aplicando-se a equação (3.2). Com o motor carregado, a densidade de

corrente diminui para 1.71 Apico/mm² e a vida útil do rolamento é ampliada para 1.56 mil

horas. O motor sem carga produz uma corrente de condução variando entre 0.2 e 0.5 Apico,

gerando densidades de correntes entre 0.32 e 0.8 Apico/mm², conduzindo a uma expectativa

de vida útil maior que 144.48 mil horas. O motor com carga produziu uma densidade entre

0.15 e 0.38 A/mm² e forneceu a expectativa de vida útil maior que 1.17 milhões de horas.

Pode-se concluir que a corrente de descarga reduz bastante a vida útil do rolamento, mesmo

para o melhor caso em que a densidade de corrente foi igual a 1.71 A/mm², resultando numa

expectativa da vida útil de 1.56 mil horas. Entretanto, este valor fica muito aquém das 20 mil

42

horas mínimas previstas pela equação (3.2). A corrente de condução não afeta a vida útil do

rolamento do motor de 15 hp, que pelo cálculo apresenta uma expectativa de vida superior a

144 mil horas, estimativa que está bem além do valor máximo previsto pela equação (3.2) que

é de 40 mil horas.

O tempo calculado da vida útil do rolamento deve ser atenuado pela dificuldade de se

determinar a área de contato AH, onde o pior caso é aquele que leva em conta a área AH de

uma única esfera do rolamento. No entanto, o índice de carga mecânica equivalente é

distribuído normalmente ao longo de três esferas do rolamento, aumentando a área de contato

durante a distribuição dos pulsos das correntes de descarga (MUETZE, 2004, p. 1989-1995).

3.5 Relação de Tensão do Rolamento - BVR

O circuito eletrostático mostrado na Fig. 3.7 é idêntico ao da Fig. 2.19, exceto que a

capacitância Ceq1 é explicitada como o equivalente do ramo paralelo constituído pelas

capacitâncias Cb, Cb1 e Cg, definida pela equação (3.3).

(3. 3)

Fig. 3. 7: Circuito básico para análise do comportamento das induções eletrostáticas.

A tensão Vcm é dividida entre os ramos paralelos de Cwf com o ramo série constituído

por Cwr e Ceqrp. A capacitância equivalente deste ramo série, denominada Ceqrs, é calculada

através da equação (3.4).

(3. 4)

43

A tensão sobre o rolamento, denominada Vb, é obtida pela equação (3.5), sendo igual à

tensão sobre a capacitância equivalente Ceq1, definida como o produto da corrente do ramo

série Irs por Xceq1 do respectivo ramo paralelo, onde f é a frequência da tensão aplicada.

(3. 5)

A tensão Vcm é o produto de Irs por Xeqrs utilizando-se (3.4), resultando em (3.6).

(3. 6)

Isolando-se Irs da equação (3.6) e substituindo-a em (3.5), obtém-se (3.7).

(3. 7)

A relação BVR é definida como a razão entre a tensão de rolamento Vb e a tensão

Vcm, podendo ser retirada de (3.7) e reescrita em (3.8).

(3. 8)

A relação BVR fornece algumas informações importantes sobre o fenômeno de carga

e descarga na capacitância do rolamento. Exemplo, para cada valor da tensão de rolamento

Vb, existe uma tensão limite Vth para o respectivo valor de espessura da película lubrificante,

abaixo do qual a ruptura dielétrica não ocorre, dependendo da duração dos pulsos e das

características da película de lubrificação. O valor estimado da tensão Vb é comparado com o

valor da tensão limite de ruptura Vth, determinando-se assim, a probabilidade de ocorrência da

corrente de descarga sobre o rolamento (CHEN, LIPO e FITZGERALD, 1996, p. 1365-1370).

A equação (3.8) também sugere que uma grande capacitância do rolamento reduz Vb. A

expressão de BVR mostra que se Cwr tender a zero, a tensão eletrostática sobre o rolamento

tende a se anular. A relação BVR acopla ao eixo do rotor não somente a amplitude, mas

também a variação temporal da tensão Vcm, como ilustra a Fig. 3.8, onde se observa que a

tensão Vcm apresenta o valor de 94.9 V entre os patamares, ao passo que a tensão Vb

apresenta o valor de 2.3 V, para as mesmas variações no tempo, obtendo-se, neste caso, o

valor de BVR igual a 2.47%.

44

(a)

(b)

Fig. 3. 8: (a) Forma de onda da tensão Vcm; (b) forma de onda da tensão Vb.

A equação (3.9) é válida para as relações de amplitude e de tempo entre as tensões

Vcm e Vb.

(3. 9)

0 1 2

x 10-4

-250

-200

-150

-100

-50

0

50

100

150

200

250

X: 6.567e-005Y: 142.6

Tensão (

V)

Tempo(s)

X: 0.0001Y: 47.67

Tensão Vcm

0 1 2

x 10-4

-6

-4

-2

0

2

4

6

X: 6.557e-005Y: 3.517

Tensão (

V)

Tempo(s)

X: 0.0001Y: 1.176

Tensão sobre o rolamento (Vb)

45

3.6 Relação de Estresse Elétrico do Rolamento - ωestresse

Os estragos causados nas superfícies das pistas dos rolamentos pelas correntes

elétricas são descritos como uma perfuração da película lubrificante, gerados por arcos

elétricos que produzem pequenas crateras na superfície metálica de tais pistas. As crateras e

os sulcos são formados pelo derretimento local do metal, devido à corrente de arco elétrico

(Iarc) ocorrendo com as esferas rolando e achatando tais crateras e sulcos continuamente,

criando mais crateras por mais fluxo de corrente local. A elevada densidade de corrente local

(J), juntamente com a condutividade elétrica do metal (k), desenvolvem uma potência elétrica

(P) no volume local (v), que são relacionados pela equação (P/v = J²/k), produzindo

temperaturas bastante elevadas e causando o derretimento metálico. A energia de fusão

metálica no rolamento (Warcb) é definida como o produto da tensão de arco (Varc), corrente de

arco (Iarc), duração do fluxo de corrente (tarc) e o número de eventos das correntes de arcos

(Narc), definida pela equação Warcb = Varc*Iarc*tarc*Narc. No entanto, foi percebido por

(MUETZE, 2004, p. 1989-1995) que o fator Narc era proporcional ao tempo de operação do

rolamento (top) e à frequência de comutação da ponte inversora PWM (fs), estabelecendo-se,

assim, a relação de estresse do rolamento, denominada ωestresse, resultante do produto da

densidade de corrente do rolamento (Jb), (top) e (fs), como mostra a equação (3.10).

(3. 10)

Como o produto de (top) e (fs) é adimensional, ωestresse representa a densidade de

corrente total que o rolamento suporta durante toda a sua vida útil, para os valores constantes

de Jb, top e fs. A título de ilustração, ωestresse pode ser calculado para Jb igual a 0.8 A/mm², fs

igual a 3 kHz e top de 20 mil horas (72 x 106 s), obtendo-se ωestresse = 0.17x10

12 A/mm².

Todavia, a equação (3.10) mostra que se a frequência de chaveamento da ponte inversora (fs)

é elevada para 20 kHz, o índice de estresse sobe para 1.15x1012

A/mm², com os mesmos Jb =

0.8 A/mm² e top = 20 mil horas. Se o rolamento suportar o índice de estresse de apenas

0.17x1012

A/mm², então, o tempo de operação do rolamento ou a sua vida útil é reduzida para

apenas três mil horas. No entanto, se for imprescindível que a ponte inversora PWM opere em

20 kHz e for possível exercer algum controle sobre a densidade de corrente, o tempo de

operação do rolamento pode ser ampliando novamente para 20 mil horas, se Jb for reduzida

para 0.118 A/mm². Essa ilustração mostra que o limite de densidade da corrente estabelecida

46

em 0.8 A/mm², depende da freqüência de chaveamento desenvolvida pela ponte inversora

PWM.

ωestresse também pode ser utilizado como um instrumento de avaliação da redução do

ácido carboxílico (COOH) na composição química da graxa de lubrificação, como indicativo

de sua degradação ou envelhecimento, questão que é bem detalhada por (MUETZE, 2004, p.

1989-1995).

3.7 Variáveis Mecânicas que Influenciam o Valor da Capacitância Cb

Nesta seção, a espessura da película de lubrificação, temperatura do rolamento,

viscosidade e aditivos do lubrificante são destacados como variáveis mecânicas que alteram o

valor instantâneo da capacitância Cb. Em seguida, a curva de Stribeck é examinada,

relacionando o coeficiente de atrito, desgaste mecânico dos rolamentos e hidrodinâmica do

lubrificante. Também é feita uma análise do desgaste mecânico e da probabilidade de

ocorrência das correntes de descarga, em função da espessura da película de lubrificação e da

porcentagem de tempo que tal película permanece entre as superfícies de contato.

3.7.1 Espessura da Película de Lubrificação e Temperatura do Rolamento

A espessura da película de lubrificação, denominada hlb, é de longe o elemento que

mais exerce influência sobre o valor da capacitância Cb, através da variação da distância entre

as esferas e pistas do rolamento. A hlb depende de muitas variáveis, tais como velocidade do

motor, viscosidade e elasticidade do lubrificante, raio equivalente de curvaturas, coeficiente

de pressão e carga mecânica (BUSSE, 1997, p. 577-584), (MAGDUN e BINDER, 2009, p.

1051-1056) e (WITTEK, 2010), como mostra a equação (3.11).

(3. 11)

Onde: u é função da velocidade dos elementos rolantes (u’), do módulo de elasticidade (E), da

viscosidade do lubrificante (η’) e do raio equivalente de curvaturas entre esferas e pistas (R’),

explícitos na equação [u = (η’*u’) / (E.R’)], desta forma, u influencia sobremaneira o valor de

hlb; g é função do produto entre o coeficiente de pressão (αp) e o módulo de elasticidade do

lubrificante (E), definido por (g = αp*E), proporcionando uma influência moderada sobre hlb;

Qz é função da força mecânica (P) que atua na esfera, bem como do módulo de elasticidade e

47

raio equivalente de curvaturas entre esferas e pistas, segundo a expressão Qz = P/[E* (R’)²],

como Qz é elevada a uma potência mais baixa, exibe menos influência sobre hlb.

Também, a temperatura do rolamento é uma grandeza física que atua indiretamente

nas variações de hlb, pois a sua alteração produz mudanças na viscosidade e elasticidade do

lubrificante, que por sua vez modificam hlb. Por outro lado, a temperatura depende das

características do lubrificante, tais como carga mecânica, velocidade do eixo e alinhamento

mecânico. A elevação da temperatura reduz a viscosidade do lubrificante e consequentemente

a espessura da película de lubrificação.

3.7.2 Viscosidade e Aditivos do Lubrificante

A variação da viscosidade da graxa de lubrificação no rolamento é inversamente

proporcional à variação do coeficiente de transferência de calor, ou seja, um aumento da

viscosidade da graxa de lubrificação diminui a propagação de calor do rotor para a carcaça do

motor, elevando a sua temperatura de equilíbrio e provocando a redução da espessura da

película de lubrificação. Portanto, a alteração da viscosidade da graxa produz algumas

modificações em hlb, que acarreta variações nos seguintes parâmetros:

1. Capacitância do rolamento;

2. Nível de tensão do eixo do rotor;

3. Correntes de descarga e condução nos rolamentos;

4. Coeficiente de transferência de calor;

5. Isolação térmica entre o rotor e carcaça do motor;

6. Coeficiente de atrito;

7. Desgaste mecânico do rolamento.

Deve ficar claro que o aumento da viscosidade do lubrificante prejudica o desempenho

do rolamento, porque fornece meios para a elevação de ocorrências das correntes de descarga.

Por outro lado, é benéfico para o desempenho mecânico do rolamento, visto que reduz o

coeficiente de atrito entre as partes rolantes. Então, há que se estudar um ponto de equilíbrio

dessa viscosidade que dê mais tempo de vida ao rolamento, minimizando a ocorrência do

atrito mecânico e a corrente de descarga. Além disso, deve-se pensar nas consequências da

alteração do ponto de equilíbrio térmico, causado pela variação do coeficiente de transferência

de calor entre o rotor e estator.

48

Os lubrificantes comerciais são complexas misturas de aditivos individuais escolhidos

pela relativa habilidade de combater a corrosão, atrito, desgaste ou outros processos de

degradação. A maioria dos rolamentos é lubrificada com graxa, sendo normalmente

constituída por um óleo mineral mantido dentro de um portador de sabão. O óleo mineral é

uma mistura de parafínicos, naftênicos e óleos aromáticos do petróleo. O cálcio, sódio, lítio,

complexo de alumínio e uréia são os portadores de sabão preferidos, tendo cada elemento uma

única aplicação. Numa investigação sobre os efeitos dos aditivos sobre o lubrificante,

verificou-se que a capacitância do rolamento é inversamente proporcional à concentração de

aditivos, num caso específico em que um ácido oleoso foi misturado ao óleo mineral (BUSSE,

1997, p. 567-576), (WANG e TUNG, 1990, p. 563-572).

Os tipos de graxas de lubrificação mais modernos utilizam a poliuréia como

espessante. Com isso, a graxa proporciona uma excelente lubrificação numa ampla faixa de

temperaturas, funcionando silenciosamente e mais livre de impurezas, o que aumenta a sua

longevidade.

3.7.3 Análise da Curva de Stribeck

Uma grande área de contato existente entre as pistas e as esferas num rolamento

parado ou movimentando em baixa velocidade, produz um contato quase-metálico perfurando

a película lubrificante, apresentando uma característica resistiva entre as superfícies de

contato, resultado da baixa resistência metálica do rolamento4. Esta ocorrência corresponde à

região de alto coeficiente de atrito da curva de Stribeck, que descreve a elevação do

coeficiente de atrito em função do aumento da capacidade hidrodinâmica do lubrificante,

definida por [(η’) *U / (P’)], onde U é a velocidade do eixo e P’ é a pressão sobre a película

lubrificante. A Fig. 3.9 mostra três regimes hidrodinâmicos presentes na curva Stribeck, que

podem ser descritos da seguinte forma:

Película limite – Nesta região existem contatos ásperos que resultam num elevado

desgaste mecânico com alto coeficiente de atrito em velocidades inferiores a 15 rpm,

registrando um baixo deslizamento;

Película variável ou mista – A carga entre as duas superfícies é suportada parcialmente

pela superfície áspera e película de lubrificação, resultando em um desgaste mecânico

moderado com a velocidade do eixo entre 15 e 90 rpm;

4 Devido, principalmente, aos curtos-circuitos instantâneos da capacitância Cb.

49

Fig. 3. 9: Curva de Stribeck para a análise de lubrificação, extraído a partir de (BUSSE, 1997).

Película hidrodinâmica – Nesta região, as duas superfícies são separadas por uma

película lubrificante completa, resultando um coeficiente de atrito e de desgaste

mecânico mínimos, em velocidades superiores a 90 rpm (BUSSE, 1997, p. 567-576).

A relação de desgaste mecânico do rolamento pode ser definida, também, em função

do percentual de tempo que as duas superfícies de contato rugoso ficam separadas por uma

determinada espessura de película lubrificante, como mostra a Fig. 3.10.

Fig. 3. 10: Porcentagem de tempo em função da relação Lambda (Λ), extraído a partir de (BUSSE, 1997).

50

O desgaste mecânico é convertido em uma porcentagem de tempo da ocorrência desta

película, em função de Lambda (Λ), que é a relação entre a espessura da película lubrificante

e o valor eficaz da superfície de contato rugoso. A vida útil do rolamento é baixa, se (Λ)

assumir um valor menor ou igual a 0.9, devido ao pequeno valor da hlb, que mesmo

permanecendo entre as superfícies durante 100% do tempo, produz o contato quase-metálico

entre elas. Entretanto, a ocorrência das correntes de descarga é bastante reduzida no

rolamento, pelo fato do eixo ser descarregado, continuamente, através das correntes não-

circulantes de condução. Existe a possibilidade do atrito superficial quase-metálico, se o valor

de (Λ) está entre 0.9 e 1.5, dependendo do percentual de tempo que hlb permaneça entre as

superfícies de contato, mas a ocorrência da corrente de descarga é aumentada efetivamente.

Se o percentual de tempo que hlb permanecer entre as superfícies de contato for superior a

40%, com (Λ) igual a 1.5, seguramente, haverá tempo para o carregamento do eixo,

aumentando, assim, a possibilidade de ocorrência das correntes de descarga no rolamento.

Para (Λ) maior que 3.8, hlb é grande, não importando a porcentagem de tempo em que ela

fique entre as superfícies de contato, porque raramente irá acontecer um contato quase-

metálico, mas os carregamentos capacitivos da película de lubrificação ocorrerão com muita

frequência (BUSSE, 1997, p. 567-576).

3.8 Rigidez Dielétrica e a Espessura da Película Lubrificante

As propriedades isolantes de qualquer material são dependentes de sua rigidez

dielétrica e da capacidade de resistir à alta tensão sem se romper. A rigidez dielétrica dos

lubrificantes é medida pela Sociedade Americana de Teste e Medida (ASTM) Norma D 877 e

se consiste de um teste estático com as placas condutoras separadas por 2.5 mm. Uma tensão

senoidal é aplicada entre as placas com uma taxa de variação em rampa de 3 kV/s, até que

uma corrente de fuga seja detectada. A rigidez dielétrica da película lubrificante do rolamento

tem o valor aproximado de 15 kV/mm (BUSSE, 1997, p. 567-576).

Uma corrente de descarga, que atravesse a película lubrificante, provoca corrosão e

crateras na superfície das pistas, conforme mostra a Fig. 3.11. Isso ocorre, principalmente, no

caso dos rolamentos que utilizam lubrificantes com alta resistividade ou viscosidade, de modo

que as tensões de eixo excedem em muito a tensão limite de ruptura Vth. Uma rigidez

dielétrica de 15 Vpico/μm e uma espessura da película lubrificante variando entre 0.2 e 2.0

μm produzem uma tensão limite Vth que estará entre 3 e 30 V de pico. Para um valor de BVR

51

igual a 2.47%, num sistema de acionamento alimentado por uma tensão eficaz de linha igual a

220 V, a tensão Vcm terá um valor, aproximadamente, igual ao da tensão do barramento c.c.

dividido por dois, neste caso, Vcm ≈ 148.5 V. Portanto, a tensão sobre o rolamento assumirá

um valor em torno de 3.6 V, estando dentro do intervalo de tensões Vth que produzem

correntes de descarga. Os detritos dentro do lubrificante e os contaminantes químicos

causados pelos desgastes mecânicos ou correntes elétricas alteram a condutividade, rigidez

dielétrica e outras propriedades elétricas da graxa, que em casos extremos pode transformá-la

em uma graxa condutora (BUSSE, 1995, p. 698-705).

Fig. 3. 11: Marcas microscópicas de arcos elétricos na pista interna do rolamento, figura extraída a partir de

(BELL, 1998).

3.9 Conclusões

Os principais fatores que alteram as correntes de alta frequência nos rolamentos foram

examinados neste capítulo, onde se constatou que a impedância do rolamento apresenta

características predominantemente resistivas, quando ocorrem os contatos quase-metálicos

entre as suas partes rolantes. Este fato pode ocorrer tanto pelas baixas velocidades do eixo

quanto pelo aumento da carga mecânica que é imposta aos rolamentos. Isto também é

justificado pelo deslocamento da linha de centro do eixo da posição vertical simétrica, na

direção e sentido da aceleração da gravidade, que pressiona os elementos rolantes na sua parte

inferior. Todos esses fatores contribuem para a redução de hlb, de forma que a impedância

52

resultante apresenta características mais resistivas. À medida que a velocidade aumenta,

notadamente a partir de 90 rpm, a linha de centro do eixo se torna simétrica, diminuindo a

capacitância do rolamento e aumentando o nível de tensão acumulado no eixo. A resistência

do rolamento (Rb) é admitida como invariável, assumindo os baixos valores dos momentos

em que ocorrem os contatos quase-metálicos entre as esferas e pistas.

As áreas de contato entre as superfícies das esferas e pistas são determinadas

analiticamente com base na teoria do ponto de contato hertziano, que considera a área elíptica

como resultante do acoplamento entre as superfícies. No entanto, estas superfícies de contato

apresentam ondulações e rugosidades que tornam a área de contato (AH) instável. As

quantidades intermediárias associadas às dimensões principais da elipse fazem parte das

equações que delineiam as áreas (AH), retratando as tais irregularidades superficiais. No

entanto, devido a isso, apresentam certa complexidade para serem determinadas.

A densidade de corrente no rolamento é considerada como o melhor parâmetro para

avaliar os danos que nele ocorrem como consequência das correntes de alta frequência. A

equação da vida útil do rolamento é um bom auxiliar na análise de sua durabilidade, através

da comparação com os valores pré-estabelecidos da vida útil. O comportamento elétrico do

rolamento é avaliado em função da carga mecânica imposta ao eixo, onde se concluí que os

motores operando em vazio são mais suscetíveis aos danos causados pelas correntes de

descarga. Além disso, constata-se que as correntes de descarga são mais prejudiciais aos

rolamentos do que as correntes de condução.

A relação de tensão BVR do rolamento é apontada como o parâmetro que quantifica a

probabilidade de ocorrência da corrente de descarga nos rolamentos, visto que correlaciona

amplitude e a variação temporal da tensão Vcm com a tensão (Vb) induzida sobre o eixo.

O ωestresse estabelece o valor da densidade de corrente total que o rolamento é capaz de

suportar durante toda a sua vida útil. Tal índice apresenta dependência em relação à densidade

de corrente, tempo de operação e frequência de chaveamento da ponte inversora PWM. Este

índice alerta para o fato de que o valor da densidade de corrente aceito como seguro para os

rolamentos, na realidade é dependente da frequência de chaveamento do inversor PWM e

coloca em suspeição o valor de densidade igual a 0.8 A/mm², convencionalmente aceito como

um valor incapaz de afetar o desempenho mecânico dos rolamentos nos motores acionados

pelos conversores PWM.

A espessura hlb é examinada analiticamente e mostra-se dependente da velocidade do

eixo, viscosidade do lubrificante, coeficiente de pressão sobre a película de lubrificação, raio

equivalente de curvaturas e módulo de elasticidade do lubrificante, numa proporção direta.

53

Entretanto, tal espessura da película de lubrificação varia inversamente com a carga mecânica

que atua sobre as esferas.

A temperatura do rolamento agindo diretamente sobre a viscosidade e módulo de

elasticidade do lubrificante é apontada como um agente indireto que altera a espessura da

película de lubrificação. No entanto, a temperatura do rolamento é também modificada pela

variação da viscosidade do lubrificante, carga mecânica no rolamento, velocidade do eixo e

alinhamento mecânico. A viscosidade do lubrificante e o coeficiente de transferência de calor

variam em proporção inversa, produzindo efeitos na espessura da película de lubrificação,

capacitância Cb, tensão de eixo, correntes de descarga, desgaste mecânico e isolação térmica

entre o rotor e a carcaça.

Os aditivos apresentam qualidades específicas para os lubrificantes no sentido de

reduzir a corrosão e o desgaste dos rolamentos. Todavia, de acordo com a bibliografia

pesquisada, tem-se que o aumento da concentração de aditivos reduz a capacitância do

rolamento.

A curva de Stribeck é analisada em função do coeficiente de atrito, velocidade do eixo,

viscosidade do lubrificante e pressão sobre a película de lubrificação, apresentando três

regiões de operação do rolamento, onde ocorrem desgastes mecânicos severos, moderados e

suaves, respectivamente, à medida que a velocidade do eixo aumenta. Antagonicamente, os

prejuízos causados pelas correntes de descarga é suave, moderado e severo com o crescente

aumento da velocidade do eixo, respectivamente.

A rigidez dielétrica de 15 V/µm é estabelecida para uma faixa limite da tensão de

ruptura entre 3 e 30 V, considerando-se o intervalo de ocorrência da espessura da película

lubrificante entre 0.2 e 2 µm. As impurezas e detritos contidos na graxa de lubrificação

também são apontados como agentes modificadores das características elétricas da graxa.

Capítulo 4 – Modelagens do Motor de

Indução Apropriadas Para o Estudo dos

Fenômenos de Alta Frequência

4.1 Considerações Iniciais

O presente capítulo disserta sobre modelos matemáticos apropriados para a

representação do motor diante dos fenômenos de alta frequência abordados nessa dissertação.

Após uma ampla revisão bibliográfica, oito modelagens foram selecionadas, cujo

detalhamento é apresentado ao longo deste capítulo. Em função da facilidade de obtenção dos

seus parâmetros e da capacidade de representar, com mais exatidão, os fenômenos aqui

estudados, elegeu-se uma delas para o desenvolvimento das simulações computacionais, cujos

resultados serão apresentados no capítulo 5.

4.2 Modelagem com Parâmetros Concentrados

Dentre as referências estudadas, a modelagem mais simples para o circuito de

sequência zero do motor de indução trifásico é mostrada na Fig. 4.1 (CHEN e FITZGERALD,

1996, p. 25-32). Tal modelagem é utilizada somente para observar a ocorrência das correntes

não-circulantes de condução acopladas para os núcleos do rotor e estator. Os rolamentos são

modelados simplesmente pela chave Sw, cujo contato é ligado em paralelo com a capacitância

Cg. Como limitação deste modelo, pode-se destacar a ausência efetiva das capacitâncias dos

rolamentos, que implica numa capacitância equivalente do ramo igual ao valor de Cwr e uma

relação BVR igual a zero, no momento que a chave Sw está com o contato fechado, pois a

tensão (Vb) sobre os rolamentos se anula; por outro lado, quando o respectivo contato está

aberto, a tensão (Vb) ocorre em função apenas da capacitância Cg, obtendo-se neste caso, um

valor resultante inferior ao da capacitância equivalente que inclui as respectivas capacitâncias

dos rolamentos, acarretando uma relação BVR acima do valor real. Portanto, em ambos os

casos, a medição indireta da relação BVR é corrompida ao se desprezar as capacitâncias dos

55

rolamentos. Além disso, nenhuma orientação foi dada para a determinação ou medição dos

respectivos parâmetros da modelagem (CHEN e FITZGERALD, 1996, p. 25-32). Por estas

razões, tal modelagem não foi utilizada nas simulações executadas no capítulo 5.

Fig. 4. 1: Modelo com parâmetros concentrados inversor /motor, figura extraída a partir de (CHEN e

FITZGERALD, 1996).

4.3 Modelagem de Modo Comum para a Análise do Comportamento do

Rolamento

A modelagem de sequência zero, mostrada na Fig. 4.2, descreve um sistema de

acionamento constituído pelo conversor PWM, cabos de alimentação e motor de indução

trifásico, incluindo eixo e rolamentos (BUSSE, 1997, p. 577-584) e (KERKMAN, 1997, p.

567-576).

Fig. 4. 2: Modelo de sequência zero do sistema de acionamento, figura extraída a partir de (KERKMAN, 1997).

56

O conversor de frequência é reduzido a uma tensão de sequência zero aplicada do

ponto neutro do enrolamento trifásico para o solo. Os cabos de alimentação, bobinas de modo

comum e os reatores de linha são representados pelas impedâncias série Zsérie e paralelo

Zparalelo, de forma a tornar possível a análise dos efeitos desses elementos sobre a tensão de

eixo. A indutância e resistência de modo comum do enrolamento trifásico são denominadas

L0 e R0, respectivamente. O restante da modelagem é a combinação das capacitâncias Cwf, Cwr

e Cg, associada ao modelo do rolamento, que é constituído pela resistência Rb em série com o

ramo paralelo formado pela capacitância Cb e a impedância Znl. Estes parâmetros são medidos

experimentalmente, como é descrito sucintamente a seguir:

1. A impedância de sequência zero do motor é igual a um terço da resistência do estator

(R0) em série com um terço da indutância de dispersão do estator (L0). As três linhas

do estator foram curto-circuitadas e a medição da impedância foi executada com um

medidor LCR do ponto de curto-circuito para o ponto neutro da ligação estrela do

enrolamento trifásico;

2. A medição da capacitância do enrolamento do estator para a carcaça (Cwf) foi realizada

com um medidor LCR ao se remover o rotor para que os efeitos de Cwr, Cg e Cb

fossem eliminados;

3. A medição da capacitância do enrolamento do estator para o núcleo do rotor (Cwr) foi

realizada conectando-se o eixo à carcaça do motor, por meio de um condutor. Um

terminal do medidor LCR foi conectado aos três terminais unidos do enrolamento do

estator e o outro terminal do medidor à carcaça do motor. Para se obter o valor da

capacitância Cwr, o valor da capacitância Cwf foi subtraído do valor da capacitância

obtido pelo medidor LCR;

4. A capacitância dos rolamentos (Cb) depende das condições específicas de operação do

motor. Entretanto, numa primeira aproximação, foram realizadas medições em um

rolamento segmentado, cujos valores da rigidez dielétrica da película lubrificante e da

pressão de contato entre as pistas e esferas eram conhecidos;

5. A medição da capacitância existente entre os núcleos do rotor e estator (Cg) foi

executada indiretamente. Uma vez conhecido o valor de Cb, executou-se a medição da

capacitância do rotor para a carcaça e subtraiu-se o valor da capacitância Cb. Neste

caso, o predomínio do valor da capacitância Cwf foi reduzido.

Este modelo de sequência zero permite verificar as sobretensões nos terminais do

motor e as formas de onda das tensões e correntes nos acoplamentos de alta frequência, bem

como obter uma relação BVR mais próximo do real. Através desta modelagem, é possível

57

verificar as correntes não-circulantes de descarga, originando de Cwr em direção à Cb e as

circulantes de descarga, fluindo de Cg para Cb. No entanto, tal modelo foi descartado devido à

ausência de um melhor detalhamento da correlação entre o valor da ruptura dielétrica da graxa

de lubrificação e a pressão de contato entre esferas e pistas dos rolamentos para a

determinação da capacitância Cb, também, por causa da indisponibilidade de um medidor

LCR (trata-se de um equipamento de elevado custo e, portanto, de acesso restrito ao

pesquisador/engenheiro).

4.4 Modelagem para a Análise Modal

A modelagem para a análise modal combina o circuito do rolamento com o circuito do

sistema conversor-motor, permitindo que as tensões e correntes originadas do conversor

sejam analisadas através dos circuitos de sequência zero, positiva e negativa, conforme mostra

a Fig. 4.3 (SKIBINSKI, 1995, p. 250-259). Nesta proposta, o conversor PWM é modelado

como três linhas de tensão para o ponto neutro, que também é ligado à fonte de tensão Vcm.

O motor é representado pelos conjuntos de enrolamentos trifásicos do estator e rotor,

respectivamente. A capacitância (Cwf) é concentrada a partir do ponto neutro do enrolamento

do estator e a capacitância (Cwr) é conectada ao estator e ao circuito de sequência zero do

rotor, incluindo os terminais de Cg, Rb e o ponto neutro do enrolamento do rotor. O circuito do

rolamento fornece o caminho de retorno ao ponto negativo da tensão Vcm, a partir do eixo do

rotor, passando por Rb e pela conexão em paralelo da capacitância do rolamento com sua

impedância não-linear.

Fig. 4. 3: Modelo conversor-motor-rolamento, figura extraída a partir de (SKIBINSKI, 1995).

58

O fato que impede a aplicabilidade dessa modelagem está na inexistência de um

procedimento para a determinação dos parâmetros do modo diferencial dos enrolamentos do

estator e rotor, por fase. Essa modelagem não foi empregada nas simulações executadas no

capítulo 5, pelos seguintes motivos:

Os parâmetros do circuito eletrostático do motor são obtidos de acordo com as

descrições de aquisição da seção 4.3. Portanto, ocorrem as mesmas restrições para a

determinação de tais parâmetros;

Não há uma descrição de procedimentos para se determinar os parâmetros do modo

diferencial dos enrolamentos do estator e rotor.

4.5 Modelagem com Resposta em Frequência até a Rádio Frequência - RF

A proposta desta modelagem é a de ampliar a resposta em frequência até a faixa de

rádio frequência, utilizando-se os parâmetros distribuídos de alta frequência dos enrolamentos

trifásicos do estator e rotor. A modelagem do enrolamento do estator é realizada através de

seções π com parâmetros concentrados, sendo sugerida a utilização de pelo menos cinco

destas seções π, conectadas em série (HALKOSAARI e TUUSA, 1999, p. 959-964). A Fig.

4.4 apresenta uma única seção π, como parte constituinte desse modelo.

Fig. 4. 4: Modelo do motor para resposta até a rádio frequência, figura extraída de (HALKOSAARI e TUUSA,

1999).

59

Nessa modelagem é recomendada a medição da indutância de dispersão do estator

(Lsl), resistência do estator (Rs) e a capacitância do enrolamento do estator para a carcaça

aterrada do motor (Csg) na frequência fundamental. A capacitância entre as espiras das

bobinas de uma mesma fase do estator, denominada (Cw), é determinada por aproximação,

justificando-se apenas que a sua medição exigiria a separação do enrolamento do estator do

seu próprio núcleo, não sendo apresentado o modo de obter tal aproximação. As resistências

RLsl e RLrl que descrevem as perdas, em alta frequência, nos respectivos enrolamentos do

estator e rotor, sendo incluído somente em RLsl o efeito de proximidade e pelicular, sem a

ocorrência de uma descrição dos procedimentos para a obtenção de ambas as resistências,

relatando-se apenas que devem ser selecionadas para a faixa de frequência de interesse. Para

a indutância de dispersão do rotor (Lrl) e a resistência do rotor (Rr), não são fornecidos

procedimentos ou descrições para obtê-los, sendo citado que tais parâmetros respondem à

freqüência fundamental. Por último, também não é informado o meio de obtenção da

resistência (Rsg) que dissipa uma potência adicional, devido ao fluxo das correntes de alta

frequência pela capacitância Csg.

Esta modelagem teve o mérito de ser a primeira a considerar os enrolamentos

trifásicos do estator e rotor, além de permitir a aplicação da tensão PWM diretamente nos

terminais do motor. No entanto, não foi utilizada nas simulações deste trabalho, porque não

foram descritas a forma de obtenção dos parâmetros citados acima, dificultando a sua

aplicação prática.

4.6 Modelagem com Resposta em Frequência até a Faixa de MHz

Esta modelagem propõe a resposta em frequência até a faixa de MHz e para atingir tal

objetivo, consideram-se os três enrolamentos de fase do motor, como se fossem linhas de

transmissão de múltiplos condutores. Os parâmetros do enrolamento do motor, por fase, são

constituídos pela resistência (Rem), indutância (Lem) e capacitância (Cem), respectivamente. A

tensão Vcm é acoplada do enrolamento trifásico para o núcleo do estator em duas direções:

1. Carcaça aterrada, através da capacitância (Cel);

2. Entreferro, por meio da capacitância (Cee).

As capacitâncias entre as chapas no núcleo do estator são definidas em direção à

carcaça como (Celf) e em direção ao entreferro como (Cele). Os segmentos da carcaça são

representados pela resistência (Rf) em série com a indutância (Lf), a capacitância (Clf) conecta

a carcaça ao núcleo do estator. No lado do rotor, a resistência (Rsr) em série com a

60

capacitância (Csr) reproduz a impedância do entreferro. A capacitância entre as chapas do

núcleo do rotor é denominada (Clr). As superfícies do eixo e do núcleo do rotor são ligadas

pela capacitância (Clshaft). Os segmentos do eixo são simulados pela resistência (Rshaft) em

série com a indutância (Lshaft), respectivamente. O rolamento é simplesmente representado

pela resistência (Rb) em série com a indutância (Lb) e a malha de aterramento, pela resistência

(Rg) em série com a indutância (Lg), tal como ilustra a Fig. 4.5 (XIANG, 1998, p. 1003-1009).

Fig. 4. 5: Modelo do motor de indução com resposta em frequência até a faixa de MHz, figura extraída a partir

de (XIANG, 1998).

As frequências de oscilação da tensão de eixo e da corrente do rolamento são

utilizadas para realizar a primeira estimativa do valor dos respectivos parâmetros. Testes de

alta frequência são executados para determinar os valores de algumas grandezas relacionadas

ao modelo do enrolamento. Os ajustes finais são definidos pelas comparações entre as

simulações e medições experimentais das respectivas tensões de eixo e correntes de

rolamento, por meio do método de tentativas e erros.

Este modelo é um dos primeiros a considerar as impedâncias dos semi-eixos e dos

rolamentos de forma distinta, permitindo a aplicação da tensão PWM diretamente nos

terminais do motor. Todavia, ela não foi aproveitada nas simulações do presente trabalho,

pelas seguintes razões:

61

No modelo do rolamento não é considerada a capacitância Cb;

Os procedimentos para a realização da primeira estimativa dos respectivos parâmetros

utilizando-se as frequências de oscilações das tensões e das correntes de rolamento são

inexistentes;

Os equipamentos e instrumentos de medição especiais, exigidos para efetuar os ajustes

dos parâmetros, através de comparações entre os valores medidos e simulados estão

indisponíveis (trata-se de equipamentos e instrumentos de elevado custo e, portanto, de acesso

restrito ao pesquisador/engenheiro).

4.7 Modelagem com Resposta em Frequência de 50 kHz até 3 MHz

A modelagem proposta por (CACCIATO, 2003, p. 2065-2070) foi desenvolvida para

dar resposta, em frequência, de 50 kHz a 3 MHz, onde a tensão Vcm é aplicada

simultaneamente nos terminais do motor. O enrolamento trifásico é representado por seções π

ligadas em série, conforme ilustra a Fig. 4.6. Neste modelo, as impedâncias distintas dos

rolamentos são denominadas Zb e Zb1; as capacitâncias Cwf e Cwr, representam os

acoplamentos do enrolamento do estator para os respectivos núcleos do estator e rotor em

cada seção π deste enrolamento; (L) é a indutância de dispersão, (R) é a resistência do

enrolamento do estator e (Cw) é a capacitância intrínseca de cada seção π; (Csr) é a

capacitância existente entre os núcleos do estator e rotor.

Fig. 4. 6: Modelo do motor de indução com resposta em frequência de 50 kHz até 3 MHz, figura extraída a partir

de (CACCIATO, 2003).

62

Um procedimento para estabelecer os parâmetros desta modelagem se consiste em

identificar os caminhos das correntes de alta frequência, em duas etapas:

1. Realizando medições em frequências diferentes no intervalo de 50 kHz até 3 MHz,

cujos resultados são utilizados para obter a modelagem do caminho desejado, de forma

analítica;

2. Calcular a admitância para cada frequência solicitada e em seguida, determinar a

função de transferência do caminho de alta frequência considerado.

O procedimento automático de medição emprega, adequadamente, uma interface

computacional (GPIB) entre o instrumento de medição e o computador. O sistema de medição

é composto por um PC, gerador de sinal senoidal, amplificador linear de alta frequência (HF)

e osciloscópio digital, que são associados às sondas de tensão e corrente. A bancada de teste é

isolada eletricamente e preparada para analisar os caminhos das correntes de alta frequência

no motor. Tal sistema utiliza um motor de indução padrão, acionado na velocidade nominal

por um motor auxiliar, cujos eixos são isolados eletricamente. Após a injeção do sinal de alta

frequência, é possível identificar uma resposta em frequência, nos seguintes trechos: a) dos

enrolamentos de fase para a carcaça; b) do eixo para a carcaça, através da inserção de um

conjunto porta-escovas e escova. A Fig. 4.7 mostra o esquema do circuito elétrico equivalente

do motor para as correntes de modo comum, onde Zbi e Zbc são as impedâncias do rolamento,

que simulam o momento em que a pista externa é isolada ou conectada à pista interna.

Fig. 4. 7: Esquema do modelo de HF para frequências de 50 kHz até 3 MHz, figura extraída a partir de

(CACCIATO, 2003).

63

A distribuição não-linear da tensão sobre o enrolamento trifásico é também

considerada nesta modelagem, de forma que a maior queda de tensão ocorre na primeira

bobina de cada fase. Deste modo, o circuito da Fig. 4.7 é simplificado, ao se considerar

apenas a impedância da primeira bobina de cada fase, conforme mostra a Fig. 4.8. Neste caso,

a modelagem continua sendo válida para a faixa de frequência proposta.

Fig. 4. 8: O modelo proposto de HF para frequências de 50 kHz a 3 MHz, figura extraída a partir de

(CACCIATO, 2003).

Os parâmetros Zw, Zwf, Zbi e Zbc da modelagem simplificada da Fig. 4.8 são obtidos

empregando-se os instrumentos de medição que operam na faixa de frequência exigida e ao

desmontar o motor, extraindo-se o rotor para realizar as seguintes medições:

1. Impedâncias Zw e Zwf localizadas no estator, onde Zw é a impedância própria do

enrolamento trifásico e Zwf a impedância do enrolamento trifásico para o núcleo do

estator;

2. Impedâncias Zbi e Zbc dos respectivos rolamentos, situados no rotor.

A capacitância concentrada Csr, que acopla os núcleos do rotor e estator é calculada

analiticamente, por aproximação, aplicando-se a equação do capacitor de placas cilíndricas.

No entanto, não foi dada a descrição para a obtenção da impedância Zwr.

Esta modelagem não foi aplicada nas simulações executadas neste trabalho, em virtude

da indisponibilidade da maioria dos equipamentos envolvidos no processo de medição e de

aquisição de dados dos caminhos de interesse, bem como a falta de detalhamento para a

obtenção dos parâmetros Csr e Zwr.

64

4.8 Modelagem com Resposta em Frequência na Faixa de kHz até MHz

Esta modelagem propõe a utilização de apenas uma seção π, para simular as respostas

em frequência do motor de indução, na faixa de kHz até MHz, conforme mostra a Fig. 4.9

(GUBIA, 2005, p. 45-49) e (GUBIA, 2002, p. 1144-1149).

Fig. 4. 9: Modelagem do motor de indução para a faixa de frequência de kHz até MHz, figura extraída a partir de

(GUBIA, 2002).

Em tal modelagem, a capacitância nos terminais do motor, denominada Csg, é sempre

menor que Cng e representa a capacitância distribuída nas primeiras espiras das bobinas de

cada fase, sendo excitada durante as variações da tensão Vcm. A capacitância Cng é

estabelecida do ponto neutro do enrolamento trifásico para a terra e representa a capacitância

distribuída do restante das espiras. Rcm e Csn representam, respectivamente, a resistência e a

capacitância existentes entre as espiras das bobinas de uma mesma fase; Lcm e Rscm simulam a

indutância de dispersão e a resistência do enrolamento de fase, respectivamente, sendo Rscm

medido diretamente em cada fase do enrolamento. Os cálculos dos parâmetros Rcm, Lcm, Cng e

Csg são feitos analiticamente e dependem da obtenção e interpretação das formas de onda da

tensão Vcm e da corrente de modo comum, em suas transições de subida, permitindo a

determinação da frequência natural de oscilação e do coeficiente de amortecimento das

65

grandezas envolvidas. Os procedimentos para a determinação de tais parâmetros são

mostrados com mais detalhes no apêndice B.

Esta modelagem não foi selecionada para a realização das simulações deste trabalho,

porque não associa a modelagem do enrolamento trifásico ao modelo do eixo e rolamentos,

além disso, os equipamentos e instrumentos necessários para as medições têm custos

elevados, sendo restrita a sua utilização pelos pesquisadores de modo geral.

4.9 Modelagem Universal do Motor de Indução Trifásico

A modelagem universal do motor de indução trifásico foi proposta para responder em

frequência, na faixa de 10 Hz até 10 MHz (MIRAFZAL, 2006, p. 423-433). Tal modelagem

associa, em um único circuito equivalente trifásico, os modelos de modo comum, modo

diferencial, eixo e rolamentos, sendo uma extensão do circuito T-equivalente de baixa

frequência da norma (IEEE STD 112, 2004). No apêndice C, esta modelagem é descrita com

mais detalhes e na Fig. 4.10 é mostrado o modelo de fase do enrolamento, associado ao eixo e

rolamentos.

Fig. 4. 10: Modelagem universal do motor de indução, por fase, figura extraída a partir de

(MIRAFZAL, 2006).

Os procedimentos para a obtenção dos parâmetros dessa modelagem são dados a

seguir:

66

1. Rs: é a resistência do estator medida diretamente nos terminais dos enrolamentos de

fase do estator, na frequência fundamental (50/60 Hz);

2. Rcore: é a resistência de magnetização ou dos núcleos do estator e rotor que dissipa a

potência por histerese e correntes de Foucault (Phf), podendo ser determinada pela

expressão empírica (4.1), onde hp é a potência nominal do motor dada em [hp];

(4. 1)

3. Rr, Lls, Lm e Llr: são, respectivamente, a resistência do enrolamento do rotor,

indutância de dispersão do enrolamento do estator, indutância de magnetização e

indutância de dispersão do rotor, sendo obtidas através da solução do circuito T-

equivalente, na frequência fundamental (50/60 Hz);

4. ηLls: é a indutância de dispersão das primeiras espiras das bobinas de fase do estator,

sendo calculada, de forma aproximada, através da expressão (4.2);

(4. 2)

5. Cwf-total: é igual à soma de todas as capacitâncias (Cwf) que estão localizadas entre os

condutores do enrolamento e o núcleo do estator, como ilustra a Fig. 4.11.

Fig. 4. 11: (a) Ilustra as capacitâncias Cwf, Cg e Cwr em uma parte da seção transversal do motor; (b)

mostra o detalhe da ranhura do estator envolvendo os parâmetros utilizados no cálculo da capacitância

concentrada por ranhura Cwf-slot, figuras extraídas a partir de (MIRAFZAL, 2006).

67

Como Cwf-total é calculada a partir da geometria da ranhura do núcleo do estator, cada

ranhura pode ser considerada, aproximadamente, como um condutor de forma

retangular com a largura média (Wslot), profundidade média (dslot) e comprimento (Lfe)

do núcleo do estator. Considerando que todos os lados deste condutor estejam num

mesmo potencial, o valor da capacitância (Cwf-slot), existente entre os condutores do

enrolamento e o núcleo do estator em cada ranhura, pode ser obtido através da

equação (4.3).

(4. 3)

Onde: εo é a constante de permissividade do vácuo; Lslot é o perímetro interno de cada

ranhura do estator, que para uma ranhura perfeitamente retangular, é igual ao dobro da

profundidade (dslot) somado à largura média da ranhura (Wslot). Mas, devido à forma

geométrica abaulada da ranhura, é necessária uma compensação no cálculo deste

perímetro, através do aumento de 50% da dimensão (Wslot). Tal perímetro é calculado

pela expressão (4.4);

(4. 4)

Kt é o fator de correção da espessura do papel isolante devido ao aumento da espessura

do isolante na região próxima à abertura da ranhura (1.0 < kt < 1.5). Tal espessura é

dobrada ao longo de uma parte da parede interna da ranhura do estator, tendo um valor

igual a 2*δ1; lfe é o comprimento do núcleo do estator ou da sua pilha de chapas; δ1 é a

espessura do papel isolante entre a parede interna da ranhura e os condutores, com o

valor típico definido no intervalo (0.38 < δ1 < 0.63 mm); δ2 é a espessura do verniz

isolante do condutor (0.02 < δ2 < 0.05 mm), com as respectivas permissividades

relativas εr1 (3.0 < εr1 < 3.2) e εr2 (3.5 < εr2 < 4.0); δ3 é o possível espaço de ar aleatório

entre o papel isolante e a parede interna da ranhura (0.02 < δ3 < 0.3 mm), cuja

permissividade relativa é εr3 ≈ 1. Para um motor com um número de ranhuras do

estator (Ns), a capacitância Cwf-total é calculada pela equação (4.5);

(4. 5)

68

6. Cwf-effective: é a capacitância efetiva do enrolamento de fase para o núcleo do estator das

primeiras espiras das bobinas de uma mesma fase, que tem funcionalidade apenas para

os sinais de alta frequência. Tal capacitância depende do valor de Cwf-slot e do tipo de

conexão do enrolamento do estator. A conexão, em triângulo, do enrolamento do

estator apresenta em cada terminal de aplicação da tensão, duas entradas para as

primeiras espiras das bobinas de fase, em ranhuras distintas:

a) Na fase R, os terminais de números 1 e 5, do início do enrolamento da fase R e

final do enrolamento da fase S, duplicam o valor de Cwf-effective, pois cada ranhura

representa uma unidade de Cwf-slot na entrada da respectiva fase, conforme ilustra a

Fig. 4. 12;

Fig. 4. 12: O tipo de conexão do enrolamento trifásico do estator altera o valor da capacitância Cwf-effective.

b) Na fase S, estão conectadas as terminações de números 2 e 6, do início do

enrolamento da fase S e final do enrolamento da fase T;

c) Na fase T, terminais de números 3 e 4, do início do enrolamento da fase T e

final do enrolamento da fase S. Assim, em cada fase, Cwf-effective terá um valor igual ao

dobro do valor da capacitância Cwf-slot.

Se o enrolamento do motor estiver ligado em estrela, as capacitâncias Cwf-slot dos

terminais de números 4, 5 e 6, que penetravam em ranhuras distintas são anuladas pelo

desligamento da conexão em triângulo, sendo tais terminais curto-circuitados na

conexão em estrela. Neste caso, em cada fase, Cwf-effective terá valor idêntico ao da

capacitância Cwf-slot.

69

7. Cwf-0: é o restante da capacitância de modo comum concentrada entre o ponto neutro

do enrolamento trifásico e o núcleo do estator, cujo valor é um terço da diferença entre

a capacitância Cwf-total e três vezes a capacitância Cwf-effective, de acordo com a equação

(4.6);

(4. 6)

8. Cws: é a capacitância que existe entre as espiras das bobinas de uma mesma fase, é

determinada de forma heurística, baseando-se em vários testes que realizados em mais

de 50 motores diferentes (MIRAFZAL, 2006, p. 423-433). Em tais testes, se observou

que tal capacitância preserva a relação entre a primeira e a segunda frequências de

ressonância, associada ao valor da capacitância Cwf-effective. Também, verificou-se que a

segunda frequência de ressonância é igual ao dobro ou menos do valor da primeira

frequência de ressonância. Então, Cws é calculada em função da capacitância Cwf-effective

e da primeira e da segunda frequências de ressonância, conforme mostra a equação

(4.7);

(4. 7)

9. Rws: é a resistência de amortecimento do enrolamento do estator, que ocorre entre as

espiras das bobinas de uma mesma fase, sendo obtida através da medição da

impedância do modo diferencial, na primeira ressonância;

10. μRs: é a resistência de amortecimento que representa a parte fracionária da resistência

(Rs), devido à segmentação do enrolamento do estator, através de ηLls. Em 50/60 Hz,

μRs é calculada utilizando-se a equação (4.8). O fator de multiplicação, situado entre

10 e 20, é posteriormente aplicado em μRs para compensar os efeitos de proximidade e

pelicular.

(4. 8)

A modelagem universal do motor de indução trifásico foi selecionada para executar as

simulações desta dissertação, pelas seguintes razões:

70

Apresenta a vantagem de combinar em um único circuito equivalente trifásico os

modelos de modo comum, modo diferencial, eixo e rolamento;

Considera a funcionalidade de uma capacitância para os sinais de alta frequência, nas

primeiras espiras das bobinas de cada fase e de outra capacitância representando o

restante das espiras para os sinais de baixa frequência;

Fornece a descrição detalhada para a aquisição dos seus parâmetros.

A Fig. 4.13 mostra a modelagem universal do motor de indução trifásico, que

responde em frequência na faixa de 10 Hz até 10 MHz (MIRAFZAL, 2006, p. 423-433).

Fig. 4. 13: Modelagem universal do motor de indução trifásico, figura extraída a partir de (MIRAFZAL, 2006).

71

4.10 Conclusões

A modelagem da seção 4.2, concebeu os elementos básicos para a compreensão da

distribuição da tensão Vcm e das correntes não-circulantes que fluem pelo motor de indução,

estabelecendo os caminhos dos respectivos acoplamentos eletrostáticos, porém deu um

tratamento superficial à modelagem do rolamento e não estabeleceu as formas de obtenção

dos seus parâmetros.

O modelo para a análise do desempenho do rolamento contribuiu significativamente

para as concepções de mitigações dos efeitos das tensões de eixo e correntes de rolamentos,

através da análise das sobretensões produzidas pelas bem conhecidas ondas viajantes.

Também, estabeleceu a forma de medição para o estabelecimento de todos os parâmetros,

possibilitando a verificação da relação BVR e das correntes não-circulantes e circulantes de

descarga e condução.

Na modelagem para a análise modal foi verificada a primeira tentativa de modelar os

enrolamentos trifásicos do estator e rotor, associando o modelo do eixo e rolamentos.

Entretanto, não foram descritas as formas de obtenção de seus respectivos parâmetros,

dificultando a sua aplicação.

A modelagem que abrange até a faixa de rádio frequência idealizou o enrolamento

trifásico do estator formado por elementos com parâmetros distribuídos, utilizando várias

seções π, ligadas em série. Tal modelagem contribuiu com a introdução do conceito de

indutância, capacitância e resistência entre as espiras do enrolamento trifásico e o

amortecimento das sobretensões nas primeiras espiras das bobinas de fase. No entanto, não

são detalhados os meios para o estabelecimento da maior parte de seus parâmetros.

A modelagem da seção 4.6 utiliza parâmetros distribuídos para representar os

enrolamentos trifásicos do estator e rotor, bem como dos seus respectivos núcleos, além dos

circuitos de eixo e rolamentos. Nesta modelagem, surgem as impedâncias dos semi-eixos e

dos rolamentos distintos, mesmo que com valores iguais ou simétricos. Entretanto, para as

análises das tensões e correntes de alta frequência nos rolamentos, a modelagem deixa a

desejar, pois o circuito do rolamento se mostra desprovido de qualquer capacitância,

apresentando apenas elementos resistivos e indutivos.

Na modelagem com resposta em frequência de 50 kHz até 3 MHz é considerada a

distribuição não-linear da tensão sobre as bobinas do enrolamento trifásico, verificando-se

que ocorre uma razoável queda de tensão na primeira bobina de cada fase. A maior parte dos

72

parâmetros é obtida através de medições no rotor e estator da máquina, com o rotor extraído.

No entanto, não é estabelecido o modo de obter a capacitância entre as espiras das bobinas de

uma mesma fase do enrolamento trifásico.

A modelagem com resposta em frequência na faixa de kHz até MHz utiliza apenas

uma seção π para modelar o enrolamento trifásico do motor, onde a maior parte dos seus

parâmetros é determinada analiticamente, através das formas de onda da tensão e corrente de

modo comum durante o tempo de subida de tais parâmetros. Nesta modelagem, também é

estabelecida a capacitância das primeiras espiras das bobinas de cada fase para responder em

altas frequências, assim como a capacitância concentrada ligada no ponto neutro do

enrolamento trifásico para responder em baixas frequências. Entretanto, não são mencionados

os circuitos do eixo e rolamentos.

A modelagem universal do motor de indução trifásico apresenta a vantagem de

combinar em um único circuito equivalente trifásico os modelos de modo comum, modo

diferencial, eixo e rolamento, respondendo satisfatoriamente em uma faixa ampla de

frequências entre 10 Hz e 10 MHz. Também, é considerada nesta modelagem, a

funcionalidade de uma capacitância para responder aos sinais de alta frequência nas primeiras

espiras das bobinas de fase e outra capacitância representando o restante das espiras para

responder aos sinais de baixa frequência. Os procedimentos para a obtenção de todos os

parâmetros contidos no modelo são descritos completamente. Tal modelagem permite

observar as tensões e correntes nos enrolamentos de fase, eixo e entreferro, além das correntes

não-circulantes e circulantes de descarga e condução que fluem pelos rolamentos. Por estas

razões, a modelagem universal do motor de indução trifásico é a que se mostrou mais

adequada para a realização das simulações, sendo selecionada para desempenhar tal função.

Capítulo 5 – Simulações Computacionais e

Testes Experimentais

5.1 Considerações Iniciais

Neste capitulo, a modelagem de um sistema de acionamento real, composto por um

conversor de frequência, cabos de alimentação e motor de indução trifásico é desenvolvida na

plataforma Simulink/Matlab. A distribuição da tensão Vcm pelos acoplamentos eletrostáticos

do motor é simulada e são verificadas as correntes de alta frequência fluindo pelos mesmos,

com o objetivo de se reproduzir as grandezas relacionadas aos fenômenos abordados nos

capítulos 2 e 3. Além disso, são apresentadas as modificações especiais executadas em um

motor de indução com a finalidade de possibilitar a realização de medições de tais grandezas.

Finalmente, os resultados das simulações e das medições são comparados e discutidos.

5.2 Modelagem do Sistema de Acionamento

O sistema de acionamento que foi modelado é constituído pelo conversor PWM, cabos

de alimentação e motor de indução, tal como ilustra a Fig. 5.1.

Fig. 5. 1: Sistema trifásico de acionamento típico, figura extraída modificada a partir de (PAULA, 2005).

A visão geral do modelo computacional implementado é mostrada na Fig. 5.2, onde

uma ponte inversora PWM aplica tensões de modo diferencial e comum ao motor de indução

74

através dos cabos de alimentação. Toda a corrente de modo comum retorna ao barramento c.c.

através do plano metálico sobre o qual os cabos estão dispostos, representando a malha de

aterramento do sistema.

Fig. 5. 2: Vista geral do sistema de acionamento implementado no Simulink/Matlab.

5.2.1 Modelagem do Conversor PWM

O conversor de frequência é representado simplesmente por uma ponte inversora

PWM comutada pelos IGBTs, (ponte universal presente na biblioteca no Simulink), associada

ao barramento c.c., contemplando os principais acoplamentos capacitivos do conversor para a

terra (PAULA, 2011). Os valores destas capacitâncias foram medidos para dois equipamentos

distintos (um conversor CFW de três níveis, disponível no Laboratório de Aplicações

Industriais UFMG “LAI”, e um módulo inversor trifásico BSM30GP60 de dois níveis), sendo

mostrados na Tabela II. Uma vez que a potência destes dispositivos é compatível com aquela

do conversor PWM utilizado nos testes desta dissertação, tais valores são aplicados à presente

simulação. No tocante ao valor de Cf, tem-se que o mesmo depende, além da potência do

conversor, também da sua montagem física. Na falta de outro valor, utilizou-se aquele da

Tabela II, relativo a uma ponte inversora de três níveis.

Tabela II - Valores medidos das capacitâncias C e Cf do conversor de frequência PWM, Tabela extraída a partir

de (PAULA, 2011).

Capacitância Modelo do conversor

CFW-09 (três níveis) BSM30GP60 (dois níveis)

C 7.2 ηF 36.0 ρF

Cf 20.5 ηF -

75

Nesta modelagem da ponte inversora, as capacitâncias C e Cf são inseridas no

conversor, conforme mostra a Fig. 5.3.

Fig. 5. 3: Topologia da ponte inversora de dois níveis, figura extraída a partir de (PAULA, 2011).

O conversor de frequência modelado emprega as fontes de tensão Vcc com a

amplitude de 148.5 V, resultando uma tensão de 297 V entre as barras positiva e negativa,

correspondente a um suprimento de 220 V da ponte retificadora. A ponte inversora universal

utiliza um gerador de pulsos PWM discreto, configurado para uma frequência de comutação

de 5 kHz, índice de modulação 0.85 e tempo de amostragem 10 ηs.

5.2.2 Modelagem dos Cabos de Alimentação do Motor

Neste trabalho, os cabos de alimentação do motor são modelados de forma a

representar o modo comum e diferencial numa frequência fixa de 100 kHz (PAULA, 2005, p.

130-154). Os três condutores são do tipo SC com núcleo de cobre simples e seção de 4 mm²,

permitindo um carregamento máximo de 28 A/condutor. Os cabos são dispostos sobre um

plano metálico com a configuração planar. As matrizes primitivas das resistências,

indutâncias e capacitâncias das constantes do cabo, denominadas Rp, Lp e Cp,

respectivamente, são obtidas utilizando-se os parâmetros geométricos dos condutores e o

76

programa computacional ATP, através da rotina Cable Constants. As matrizes resultantes são

mostradas de (5.1) a (5.3) dadas em Ω/m, H/m e F/m, respectivamente.

(5. 1)

(5. 2)

(5. 3)

As resistências e indutâncias próprias e mútuas são denominadas Rpr, Rm, Lpr e Lm,

respectivamente; Cs é a capacitância do condutor para o plano de referência e Cm é a

capacitância mútua entre os condutores. Os parâmetros de sequência zero e positiva podem

ser obtidos através dos valores médios próprios e mútuos de cada matriz primitiva, calculados

como se segue:

Rzero = Rpr + 2*Rm = 0.9087 Ω/m;

Rpos = Rpr - Rm = 0.0207 Ω/m;

Lzero = Lpr+2*Lm = 0.4241x10-5

H/m;

Lpos = Lpr – Lm = 0.0659x10-5

H/m

Czero = Cs;

Cs+2*Cm = 0.6855x10-10

F/m;

Cm = -0.0100x10-10

F/m;

Czero = 0.6655x10-10

F/m;

Cpos = Cs + 3*Cm = 0.6955x10-10

F/m

A modelagem utilizada para a representação dos cabos é aquela proposta em (PAULA,

2005, p. 130-154), cuja metodologia encontra-se detalhada na referência em questão. Tal

técnica propõe a associação de circuitos π especialmente modificados, numa quantidade

77

apropriada para a reprodução da natureza distribuída dos parâmetros do cabo, como ilustra a

Fig. 5.4. Além disso, tal modelagem representa com exatidão o efeito pelicular tanto nas fases

como no caminho de retorno pela terra, embora neste trabalho tenha sido utilizada uma versão

simplificada do mesmo, com parâmetros fixos correspondentes à frequência de 100 kHz. Por

fim, tem-se que este modelo reproduz também simultaneamente os modos comum e

diferencial sem a necessidade de realizar a transformação modal (PAULA, 2005, p. 130-154).

Fig. 5. 4: Arranjo especial de uma célula π para a modelagem do cabo, figura extraída de (PAULA, 2005).

Os valores utilizados na composição da célula π, relativos aos condutores de

alimentação de 4 mm², estão resumidos na Tabela III.

Tabela III - Valores dos parâmetros do circuito π relativos aos condutores de alimentação do motor de indução.

Parâmetros

Rpos (Ω/m) Lpos (H/m) Cpos/2 (F/m) C’/2 (F/m) Rm (Ω/m) Lm (H/m)

0.0208 0.0659x10-5

0.3478x10-10

7.7143x10-10

0.2960 0.1194x10-5

Os condutores de alimentação do motor têm 20 metros de comprimento, tendo sido

modelados por 20 células π conectadas em cascata para representar, satisfatoriamente, o

fenômeno da propagação e reflexão de ondas.

78

5.2.3 Modelagem do Motor de Indução

A modelagem universal do motor de indução, explanada na seção 4.9, é aplicada a um

motor de indução da marca Weg, modelo Plus CE, de alto rendimento, de 3 cv, 220 V, 1735

rpm. Inicialmente, são realizados os ensaios a vazio e com rotor bloqueado no mesmo,

obtendo-se os resultados apresentados na Tabela IV.

Tabela IV - Resultados dos ensaios a vazio e com rotor bloqueado.

Ensaio a vazio do motor de 3 cv

Vo (V) Io (A) W1o (W) W2o (W) Po (W) Rs (Ω)

220.0 4.21 - 426.0 604 178.0 2.41

Ensaio com o rotor bloqueado do motor de 3 cv

Vbl (V) *Ibl (A) W1bl (W) W2bl (W) Pbl (W) Rs (Ω)

44.7 8.30 314.0 - 7.0 307.0 2.41

Os parâmetros do circuito T-equivalente da norma IEEE Std 112 são obtidos, por

completo, para o motor de teste, utilizando-se os resultados de tais ensaios. Os valores dos

parâmetros de interesse são os seguintes: resistência de cada fase do enrolamento do estator

(Rs = 2.41 Ω); indutância de magnetização (Lm = 242.57 mH); resistência do rotor referida ao

estator (Rr = 2.04 Ω); indutâncias de dispersão do enrolamento do estator e do rotor referidas

ao estator, respectivamente, (Lls = 11.77 mH e Llr = 9.95 mH). Os parâmetros complementares

da modelagem universal são determinados da seguinte forma:

1. A indutância de dispersão das quatro primeiras espiras (ηLls = 1.17 μH) é calculada de

acordo com a equação (4.2), onde o número total de espiras por fase é 402 (dado

fornecido pelo fabricante);

2. A resistência de amortecimento inicial do estator para a terra (μRs = 230.98 mΩ) é

obtida a partir da equação (4.8); posteriormente, é aplicado o fator multiplicativo igual

a 10 para compensar os efeitos de proximidade e pelicular (MIRAFZAL, 2006, p. 423-

433);

3. A capacitância total do enrolamento do estator para a carcaça (Cwf-total = 3.16 ηF) é

calculada de acordo com as equações (4.3) e (4.5), onde:

a) O valor obtido do perímetro da ranhura (Lslot = 33.21 mm) é estabelecido

empregando-se a expressão (4.4), conhecendo-se as dimensões da ranhura do

núcleo do estator, cujos desenhos foram fornecidos pelo fabricante do motor e

são mostrados nas Fig. 5.5 (a) e (b);

79

Fig. 5. 5: Ranhura do núcleo do estator do motor WEG de 3 cv, alto rendimento, figuras fornecidas pelo

fabricante de motores WEG.

b) Outras informações pertinentes ao motor de teste que são fornecidas pelo seu

fabricante: Ns = 36.0 ranhuras, lfe = 120.0 mm, δ1 = 0.23 mm, εr1 = 3.2, δ2 =

0.04 mm e εr2 = 3.2;

c) O papel isolante dobrado na borda da ranhura (Kt =1.25) e a espessura do

espaço de ar aleatório entre o papel isolante e a parede da ranhura (δ3 = 0.29),

cujos valores típicos se encontram, respectivamente, nos intervalos (1.0 < kt <

1.5) e (0.02 < δ3 < 0.3 mm) (MIRAFZAL, 2006, p. 423-433), são estabelecidos

depois de serem testados em cálculos preliminares das capacitâncias de Cwf-slot

e Cwf-total, considerando-se os referidos intervalos, pois o fabricante não

disponibiliza tais parâmetros. Os valores extremos e intermediários dos

respectivos intervalos são aplicados nos cálculos, cujos resultados são

apresentados na Tabela V. Além disso, tomou-se como referência as

informações sobre a medição da capacitância de Cwf = 3.10 ηF que foi

realizada anteriormente no motor de teste com o medidor LRC, bem como do

valor aproximado de Cwf ≈ 3.10 ηF que foi obtido em (CHAVES, 2011 (Abril))

e (CHAVES, 2011 - Junho), para este mesmo tipo de motor, utilizando-se o

método de elementos finitos. Assim sendo, considerou-se o valor de Cwf = 3.10

ηF como a referência para o valor obtido através das equações (4.3) e (4.5).

80

Observando a Tabela V, verifica-se que o resultado calculado que mais se

aproxima do valor de referência, é o que considera δ3 = 0.299 mm, juntamente

com o valor intermediário de Kt (1.25). Quando são utilizados os valores

respectivos de δ3 iguais a 0.021 e 0.140 para o mesmo o valor intermediário de

Kt (1.25), os erros percentuais alcançam 225.4 e 65.6%, respectivamente. Isto

mostra que o espaço de ar aleatório entre o papel isolante e a parede da ranhura

(δ3) tem mais influência na determinação da capacitância Cwf-total do que o

papel isolante dobrado na borda da ranhura (Kt), pelo menos para o motor em

questão;

Tabela V - Capacitâncias Cwf-slot e Cwf-total calculadas para os valores extremos e intermediários de Kt e

δ3.

Parâmetros

Kt δ3 (mm) Cwf-slot (ρF) Cwf-total (ηF)

1.01 0.021 332.38 11.966

1.01 0.140 156.66 5.6398

1.01 0.299 91.810 3.3052

1.25 0.021 285.90 10.292

1.25 0.14 145.51 5.2384

1.25 0.299 87.864 3.1631

1.49 0.021 250.82 9.0295

1.49 0.140 135.84 4.8903

1.49 0.299 84.243 3.0328

4. A capacitância efetiva do enrolamento do estator para a carcaça (Cwf-effective = 175.73

ρF) é determinada em função da capacitância (Cwf-slot = 87.64 ρF) e do tipo conexão do

enrolamento trifásico (MIRAFZAL, 2006, p. 423-433). A capacitância Cwf-slot é

calculada utilizando-se a equação (4.3) e, como o enrolamento trifásico foi conectado

em triângulo, resulta em Cwf-effective = 2*Cwf-slot;

5. A capacitância concentrada no ponto neutro do enrolamento trifásico (Cwf-0 = 878.64

ρF) é determinada através da equação (4.6);

6. A capacitância entre as espiras das bobinas de uma mesma fase (Cws = 702.91 ρF) é

calculada em função de Cwf-effective, de acordo com a equação (4.7), considerando-se

que a segunda frequência de ressonância é o dobro da primeira (MIRAFZAL, 2006, p.

423-433), ou Cws = (2)2*Cwf-effective;

7. As resistências dos núcleos do estator e rotor (Rcore = 2.93 kΩ) são obtidas por meio da

equação (4.1);

8. A capacitância concentrada do núcleo do rotor para o núcleo do estator (Cg = 755.48

ρF) é estabelecida por meio da equação (2.14), considerando-se as dimensões do disco

81

do rotor (Fig. 5.6), das ranhuras do estator (Fig. 5.5) e a distância do entreferro (g),

sendo todos esses dados fornecidos pelo fabricante do motor. O valor do coeficiente de

Carter (Kc = 1.36) é calculado pelo método primitivo através da equação (2.13),

utilizando-se as seguintes informações: a largura efetiva de abertura da ranhura WS =

2.2 mm [Fig. 5.5 (a)]; a largura do dente da ranhura Wt = 6.083 mm, correspondendo à

largura do dente sem o chanfro (a = 3.8 mm) [Fig. 5.6 (b)], somado à diferença entre a

largura no início da ranhura após o chanfro (b = 4.483 mm) e WS (c = 2.2 mm) [Fig.

5.6 (a)], ou seja, [3.8 mm + (4.483 mm - 2.2 mm)];

9. O valor da resistência entre as espiras das bobinas de uma mesma fase (Rws = 1.15 kΩ)

do motor de teste, não é medida na primeira frequência de ressonância de acordo com

(MIRAFZAL, 2006, p. 423-433), devido à indisponibilidade dos instrumentos e

equipamentos necessários para a sua realização. Entretanto, é utilizado o resultado de

tal medição em outro motor de indução de 3 hp (MOREIRA, 2002, p. 1297-1306). Os

detalhes da determinação de (Rws) se encontram na referência citada, tendo sido

utilizado tal valor de Rws na presente modelagem;

(a)

(b)

(c)

Fig. 5. 6: (a) e (b) detalhe das dimensões das ranhuras do estator; (c) desenho do disco do rotor do

motor de teste, desenhos fornecidos pelo fabricante de motores WEG.

82

10. A capacitância do enrolamento do estator para o núcleo do rotor (Cwr = 58.97 ρF) é

calculada por meio das equações (2.2), (2.3) e (2.4), considerando-se a geometria da

ranhura do estator (Fig. 5.5). Os seguintes dados também são fornecidos pelo

fabricante do motor: Nr = 28.0, εr1 = 3.2, lfe = 120.0 mm, g = 0.3 mm e hwedge+ins = 0.35

mm. As dimensões b0 = 2,2 mm e ho = 0.700 mm são obtidas de acordo com o

desenho da ranhura do estator (Fig. 5.5);

11. Os cálculos das capacitâncias dos rolamentos (Cb = 2011.8 ρF para o rolamento tipo

6205 ZZ e Cb1 = 1788.3 ρF para o tipo 6204 ZZ (Cb) são realizados utilizando-se a

equação (2.7), considerando-se o número de esferas Nb = 9 para o rolamento tipo 6205

ZZ e Nb = 8 para o tipo 6204 ZZ; a permissividade relativa do lubrificante (εrlub = 2.5)

para a graxa dos rolamentos dos motores elétricos, de modo geral, é baseada em

(MAGDUN e BINDER, 2009, p. 1051-1056), observando-se que a graxa POLYREX

EM ESSO é especificada para os rolamentos utilizados no motor de teste, na qual é

empregado um espessante à base de poliuréia; o raio das esferas (Re = 4 mm) para

ambos os rolamentos foi obtida pela medição direta do diâmetro das esferas, por meio

do ensaio destrutivo dos rolamentos especificados; a folga radial do rolamento (Fr = 20

µm) e outras dimensões complementares são obtidas no catálogo de rolamentos fixos

de esferas (NACHI, 2007, p. 138-164) e no catálogo on-line do fabricante de

rolamentos SKF (www.skf.com), que são resumidas na Tabela VI.

Tabela VI - Dimensões dos rolamentos tipos 6204 ZZ e 6205 ZZ.

Dimensões básicas dos rolamentos

Dimensões Tipo 6204 ZZ Tipo 6205 ZZ

D (mm) 47 52

d (mm) 20 25

B (mm) 14 15

r (mm) 1 1

Da (mm) 41 46

da (mm) 26 31

Fr - Folga radial mínima (µm) 5 5

Fr - Folga radial máxima (µm) 20 20

As dimensões do rolamento são ilustradas através das cotas nos desenhos apresentados

na Fig. 5.7;

12. A resistência do rolamento (Rb = 10 Ω) é considerada constante (BINDER e

MUETZE, 2008, p. 769-776), assumindo um valor para os contatos quase-metálicos

do rolamento operando em baixa rotação;

83

13. As impedâncias dos semi-eixos do rotor Zeixo e Zeixo1 são incluídas no modelo

conforme sugerido por (XIANG, 1998, p. 1003-1009), (SHAMI e AKAGI, 2009, p.

1532-1540) e (ONTTO e LUOMI, 2005, p. 1653-1660). Entretanto, tais referências

não descrevem os meios de obtenção dos seus respectivos valores, de forma que se

optou por adotar neste trabalho, de forma arbitrária, o valor de 10.0 mΩ para as

mesmas, apenas para verificar as tensões de condução entre as pontas do eixo e as

respectivas correntes circulantes de condução, através dos rolamentos.

Fig. 5. 7: Apresentação das dimensões básicas do rolamento e folga radial.

A Tabela VII apresenta os parâmetros de placa e as dimensões geométricas do motor

modelado, ao passo que a Tabela VIII reúne os parâmetros calculados nos itens 1 a 13

mostrados anteriormente.

Tabela VII - Dimensões e parâmetros do motor de indução de 3 cv.

PARÂMETROS E DIMENSÕES DADOS

Linha - data de fabricação - número de série Plus CE – 10/08/2008 – HE 17919

Fator de serviço 1.15

Classe de isolamento F

Categoria N

Índice de proteção IP55

Regime de trabalho S1

Temperatura ambiente máxima 40.0 oC

Altitude 1000.0 m

Rolamento da ponta acionada do eixo 6205 ZZ

Rolamento da parte traseira 6204 ZZ

Conexão do enrolamento do estator Triângulo

Tipo de rotor Gaiola de esquilo

Comprimento do núcleo do estator/rotor 120.0 mm

Número de ranhuras do estator 36.0

Número de ranhuras do rotor 28.0

Número de condutores por ranhura 67.0

Número de ranhuras por fase 12.0

Número de espiras do enrolamento trifásico 1206.0

Número de espiras por fase 402.0

Largura média da ranhura do estator 5.47 mm

Profundidade da ranhura do estator 12.5 mm

Distância média do entreferro 0.3 mm

84

Tabela VIII - Parâmetros da modelagem universal do motor de indução de 3 cv.

PARÂMETROS DA MODELAGEM UNIVERSAL

Grandeza Valor Grandeza Valor Grandeza Valor

Rcore 2.93 kΩ 10xμRs 230.98 mΩ Cwr1 598.12 ρF

Zm 90.51 Ω Cwf-slot 87.64 ρF Cwr 58.97 ρF

Lm 242.57 mH Cwf-total 3.1631 ηF Kc 1.3617

Rs 2.410 Ω Cwf-effective (Δ) 175.728 ρF Cg 755.48 ρF

Lls 11.77 mH Cwf-0 (Δ) 878.64 ρF Cb 2011.8 ρF

Rr 2.040 Ω Cws (Δ) 702.91 ρF Cb1 1788.3 ρF

Llr 9.95 mH Rws 1150.0 Ω Rb = Rb1 10.0 Ω

ηLls 1.170 μH Cwr0 65.42 ρF Zeixo = Zeixo1 10.0 mΩ

A Fig. 5.8 mostra os componentes definidos na modelagem universal do motor de

indução trifásico incluindo o subsistema eixo/rolamentos ligado em paralelo com a

capacitância Cwf-0.

Fig. 5. 8: Associação da modelagem universal ao subsistema eixo/rolamentos, figura modificada a partir de

(MIRAFZAL, 2006).

O subsistema eixo/rolamentos é mostrado com mais detalhes na Fig. 5.9.

85

Fig. 5. 9: Subsistema Eixo/rolamentos.

As chaves programadas Cp e Cp1 comutam os seus contatos em paralelo com as

respectivas capacitâncias Cb e Cb1 para que sejam verificadas as correntes não-circulantes e

circulantes de descarga, portanto, nas simulações onde são observadas as correntes não-

circulantes e circulantes de condução, as chaves programadas se mantêm desconectadas.

5.3 Resultados das Simulações Computacionais

As simulações são realizadas utilizando-se o modelo universal do motor de indução,

considerando o escorregamento unitário do motor de indução, embora os fenômenos de alta

frequência independam do escorregamento ou da carga aplicada ao motor. Inicialmente, é

verificada a relação de tensão dos rolamentos BVR; em seguida, analisam-se as correntes não-

circulantes e circulantes de condução e, por fim, as correntes não-circulantes e circulantes de

descarga.

5.3.1 Relação BVR do Motor Modelado e Corrente de Modo Comum no Ponto

de Aterramento de sua Carcaça

A relação de tensão dos rolamentos BVR é obtida a partir da equação (3.8) utilizando-

se os valores entre os patamares das tensões Vb (1.189 V) e Vcm (92.65 V) obtidas nas

86

simulações, resultando numa BVR de 1.28%. A Fig. 5.10 (a) mostra as formas de onda

idênticas da tensão sobre os respectivos rolamentos dos lados DE e NDE do eixo e, a Fig.

5.10 (b) detalha uma seção da Fig. 5.10 (a).

(a)

(b)

Fig. 5. 10: (a) Forma de onda das tensões idênticas sobre os rolamentos do lado DE e NDE, respectivamente,

com resultado da simulação; (b) detalhe de um setor da figura (a) numa base de tempo menor.

0 1 2

x 10-4

-2

-1.5

-1

-0.5

0

0.5

1

1.5

2

X: 6.013e-005Y: 1.781

Tempo(s)

Tensão (

V)

X: 9.793e-005Y: 0.5911

Tensão Vzb = Vzb1

4 5 6 7 8 9 10 11 12

x 10-5

-0.5

0

0.5

1

1.5

X: 6.013e-005Y: 1.781

Tempo(s)

Tensão (

V) X: 9.793e-005

Y: 0.5911

Tensão Vzb = Vzb1

87

A Fig. 5.11 (a) mostra a forma de onda da tensão Vcm aplicada nos terminais do

motor de indução como resultante das simulações e a Fig. 5.11 (b) detalha um setor da Fig.

5.11 (a) numa base de tempo menor.

(a)

(b)

Fig. 5. 11: (a) Resultado da simulação da tensão Vcm nos terminais do motor de indução; (b) detalhe de um setor

da figura (a) numa escala de tempo menor.

A Fig. 5.12 (a) ilustra a forma de onda da corrente de modo comum total do motor, ou

seja, aquela medida no seu ponto de aterramento e que considera as parcelas de correntes

0 1 2

x 10-4

-200

-150

-100

-50

0

50

100

150

200

Tempo(s)

Tensão (

V)

X: 5.876e-005Y: 139

X: 9.516e-005Y: 46.35

Tensão Vcm

6 7 8 9 10 11 12

x 10-5

-100

-50

0

50

100

150

X: 6.265e-005Y: 114.1

Tensão (

V)

Tempo(s)

X: 9.566e-005Y: 35.18

Tensão Vcm

88

oriundas das capacitâncias Cwf-effective, Cwf-0, Cg, Cb e Cb1. A Fig. 5.12 (b) detalha um setor da

Fig. 5.12 (a) numa base de tempo menor.

(a)

(b)

Fig. 5. 12: (a) Tensão de modo comum (curva superior) e corrente de modo comum (curva inferior); (b) Idem,

numa escala de tempo menor.

0 1 2

x 10-4

-200

-100

0

100

200

Tempo(s)

Tensão (

V)

X: 5.184e-005Y: 139

X: 9.608e-005Y: 46.35

Tensão Vcm

0 1 2

x 10-4

-0.4

-0.2

0

0.2

0.4

Tempo(s)

Corr

ente

(A

) X: 3.711e-005Y: 0.368

Corrente de modo comum

6.1 6.2 6.3 6.4 6.5 6.6 6.7 6.8

x 10-5

0

50

100

Tempo(s)

Tensão (

V)

Tensão Vcm

6.1 6.2 6.3 6.4 6.5 6.6 6.7 6.8

x 10-5

-0.4

-0.3

-0.2

-0.1

0

Tempo(s)

Corr

ente

(A

)

X: 6.272e-005Y: -0.3653

Corrente de modo comum

89

5.3.2 Correntes Não-Circulantes e Circulantes de Condução

Os resultados das simulações mostram que as correntes de condução ocorrem

assimetricamente nos rolamentos, devido à diferença entre os valores das capacitâncias

existente nos rolamentos (Cb = 2011.8 ρF e Cb1 = 1788.3 ρF). As figuras seguintes mostram as

formas de onda da corrente sobre os parâmetros Zb, Zb1, Cg e Cwr:

1) Corrente na impedância do rolamento DE com picos de 3.23 mA, como ilustra a Fig. 5.13;

(a)

(b)

Fig. 5. 13: (a) Resultado de simulação da corrente de condução no rolamento do lado NDE do eixo; (b) detalhe

da figura (a) numa base de tempo menor.

0 1 2

x 10-4

-4

-3

-2

-1

0

1

2

3

4x 10

-3

X: 3.739e-005Y: 0.003233

Tempo(s)

Corr

ente

(A

)

Corrente Izb

3 4 5 6 7 8

x 10-5

-3

-2

-1

0

1

2

3

x 10-3

X: 3.739e-005Y: 0.003233

Tempo(s)

Corr

ente

(A

)

Corrente Izb

90

2) Corrente na impedância do rolamento NDE com picos de 2.88 mA, como ilustra a Fig. 5.14

(a) e (b);

(a)

(b)

Fig. 5. 14: (a) Resultado de simulação da corrente de condução no rolamento do lado DE do eixo; (b) detalhe de

um setor da figura (a) numa base de tempo menor.

0 1 2

x 10-4

-3

-2

-1

0

1

2

3x 10

-3

X: 3.739e-005Y: 0.002881

Tempo(s)

Corr

ente

(A

)

Corrente Izb1

3.5 4 4.5 5 5.5 6 6.5 7 7.5 8

x 10-5

-3

-2

-1

0

1

2

x 10-3

X: 3.739e-005Y: 0.002881

Tempo(s)

Corr

ente

(A

)

Corrente Izb1

91

3) Corrente na capacitância Cg com picos de 1.22 mA, como ilustra a Fig. 5.15 (a) e (b);

(a)

(b)

Fig. 5. 15: (a) Resultado de simulação da corrente de condução na capacitância Cg; (b) detalhe da figura (a) numa

escala de tempo menor.

0 1 2

x 10-4

-1.5

-1

-0.5

0

0.5

1

1.5x 10

-3

X: 3.737e-005Y: 0.001229

Tempo(s)

Corr

ente

(A

)

Corrente Icg

3.5 4 4.5 5 5.5 6 6.5 7 7.5 8

x 10-5

-1

-0.5

0

0.5

1

x 10-3

X: 3.737e-005Y: 0.001229

Tempo(s)

Corr

ente

(A

)

Corrente Icg

92

4) Corrente na capacitância Cwr com picos de 7.32 mA, como ilustra a Fig. 5.16 (a) e (b).

(a)

(b)

Fig. 5. 16: (a) Resultado de simulação da corrente de condução na capacitância Cwr; (b) detalhe de um setor da

figura (a).

A simples inspeção das formas de onda das correntes assimétricas nos rolamentos não

explicita a corrente circulante de condução. Entretanto, verifica-se a existência da diferença

de potencial entre as pontas do eixo com a amplitude de 3.55 µV, ilustrada na Fig. 5.17,

donde se conclui a existência de uma corrente circulante. Como a forma de onda de tal tensão

0 1 2

x 10-4

-8

-6

-4

-2

0

2

4

6

8x 10

-3

X: 3.739e-005Y: 0.007328

Tempo(s)

Corr

ente

(A

)

Corrente Icwr

3 3.5 4 4.5 5 5.5 6 6.5 7 7.5 8

x 10-5

-6

-4

-2

0

2

4

6

x 10-3

X: 3.739e-005Y: 0.007328

Tempo(s)

Corr

ente

(A

)

Corrente Icwr

93

exibe o mesmo padrão de variação da tensão Vcm, esta tensão é classificada como uma tensão

de condução do eixo, porque produz uma corrente circulante de condução.

(a)

(b)

Fig. 5. 17: (a) Resultado de simulação da tensão entre as pontas do eixo do rotor; (b) detalhe da figura (a) numa

escala de tempo menor.

Neste caso especifico, o pico da corrente circulante de condução é igual a 0.023 mA,

obtida através da diferença instantânea entre o pico da corrente não-circulante de condução

que chega até o eixo (Icwr = 7.320 mA) e a soma dos picos das correntes circulantes e não-

0 1 2

x 10-4

-4

-3

-2

-1

0

1

2

3

4x 10

-6

X: 3.741e-005Y: 3.558e-006

Tempo(s)

Tensão (

V)

Tensão entre as pontas do eixo (NDE) e (DE)

3.5 4 4.5 5 5.5 6 6.5 7 7.5 8

x 10-5

-3

-2

-1

0

1

2

3

x 10-6

Tempo(s)

Tensão (

V)

X: 3.741e-005Y: 3.558e-006

Tensão entre as pontas do eixo (NDE) e (DE)

94

circulantes de condução que fluem por Cg, Cb e Cb1 (7.343 mA), simultaneamente. Tal

corrente circulante pode ocorrer em uma, duas ou três malhas nos sentidos horário e/ou anti-

horário (Fig. 2.21).

Num caso especial, onde as impedâncias dos rolamentos e dos semi-eixos do rotor

sejam perfeitamente simétricas, os picos das correntes não-circulantes de condução que fluem

pelos rolamentos são idênticos e a diferença de potencial entre as pontas do eixo é igual a

zero, bem como as correntes circulantes de condução.

5.3.3 Correntes Não-Circulantes e Circulantes de Descarga

As correntes de descarga são simuladas a partir da inserção das chaves programadas

Cp e Cp1, que aparecem desconectadas na Fig. 5.9. Estas chaves são ligadas em paralelo com

as capacitâncias Cb e Cb1, respectivamente, em substituição à carga não-linear Znl, que é

admitida na modelagem dos rolamentos para simular a ruptura dielétrica da película

lubrificante. O intervalo de fechamento e abertura das chaves programadas é considerado

igual a um décimo do tempo de transição da tensão Vcm (em torno de 10 ηs, neste caso).

Além disso, considera-se que a corrente de descarga deve ocorrer no patamar mais elevado da

tensão Vcm, sendo estabelecida, portanto, no intervalo de tempo entre 37.5 e 62.8 μs ou entre

136.7 e 164.8 µs. Duas formas de atuação das respectivas chaves programadas são levadas em

conta:

1. Ambas operando simultaneamente ou em tempos simétricos;

2. As duas atuando em momentos distintos ou em tempos assimétricos.

Uma pequena resistência interna de contato das chaves programadas, denominada Ron,

é também considerada. Tal resistência é configurada apenas para evitar os erros numéricos e

diminuir o tempo gasto nas simulações executadas. Entretanto, deve-se notar que Ron se soma

às respectivas resistências Rb e Rb1, no instante em que as chaves programadas atuam,

limitando a corrente de curto-circuito nas respectivas impedâncias dos rolamentos. Nesta

modelagem computacional, Ron é configurada com um valor de 10 mΩ.

95

5.3.3.1 Chaves Programadas Operando Simultaneamente

A operação simultânea das chaves programadas é executada simetricamente em duas

situações:

1. No instante de ocorrência da corrente de condução com a tensão Vb crescente em

direção a seu patamar mais elevado, sendo considerado o tempo de fechamento t0 igual

a 37.55 μs e de abertura t1 igual a 37.56 μs;

2. Simplesmente no valor de pico da tensão Vb no patamar mais elevado, no tempo de

fechamento t0 igual a 40.9 μs e de abertura t1 igual a 40.91 μs.

No primeiro caso, são verificados os picos de correntes de descarga simulados nos

seguintes elementos:

a) Rolamento do lado NDE do eixo com o valor da corrente não-circulante de descarga de

47.41 mA, no momento em que as chaves programadas CP e CP1 curto-circuitam

simultaneamente as respectivas capacitâncias, como ilustra a Fig. 5.18. As correntes não-

circulantes de condução com picos de 2.87 mA são verificadas, normalmente, em sincronismo

com as variações da tensão sobre os rolamentos independentemente da ocorrência da corrente

de descarga;

Fig. 5. 18: Resultado da simulação mostrando o pico da corrente de descarga no rolamento do lado NDE do eixo.

A Fig. 5.19 ilustra apenas a forma de onda do pico da corrente de descarga no rolamento do

lado NDE em uma base de tempo menor, de forma a detalhá-la um pouco mais;

4 6 8 10 12 14 16

x 10-5

-0.005

0

0.005

0.01

0.015

0.02

0.025

0.03

0.035

0.04

0.045

X: 3.757e-005Y: 0.04741

Tempo(s)

Corr

ente

(A

)

X: 6.301e-005Y: -0.00287

Corrente Izb1

96

Fig. 5. 19: Detalhe da forma de onda apenas da corrente de descarga sobre o rolamento do lado NDE, numa base

de tempo menor.

2) Rolamento do lado DE do eixo com o valor de 47.36 mA, como ilustra a Fig. 5.20, sendo

também verificados os picos das correntes não-circulantes de condução com valores de 3.22

mA. Nota-se que as correntes de descarga e as de condução sofrem influências da assimetria

das capacitâncias dos rolamentos, produzindo picos de correntes assimétricos nas duas pontas

do eixo;

Fig. 5. 20: Resultado da simulação mostrando o pico da corrente de descarga no rolamento do lado DE do eixo.

3.65 3.7 3.75 3.8 3.85 3.9

x 10-5

-0.005

0

0.005

0.01

0.015

0.02

0.025

0.03

0.035

0.04

0.045

X: 3.757e-005Y: 0.04741

Tempo(s)

Corr

ente

(A

) Corrente Izb1

0 1 2

x 10-4

-0.01

0

0.01

0.02

0.03

0.04

0.05

X: 3.757e-005Y: 0.04736

Tempo(s)

Corr

ente

(A

)

X: 6.299e-005Y: -0.003223

Corrente Izb

97

A Fig. 5.21 ilustra apenas a forma de onda do pico da corrente de descarga no rolamento do

lado DE em uma escala de tempo menor;

Fig. 5. 21: Detalhe da forma de onda apenas da corrente de descarga sobre o rolamento do lado DE, numa escala

de tempo menor.

3) Capacitância Cg com o valor de corrente reversa de 85.59 mA, no instante 37.57 µs, como

ilustra a Fig. 5.22, sendo mantidas no entreferro as correntes não-circulantes de condução com

picos de 1.19 mA;

Fig. 5. 22: Resultado da simulação mostrando o pico da corrente de descarga na capacitância Cg.

3.68 3.7 3.72 3.74 3.76 3.78 3.8 3.82 3.84 3.86

x 10-5

-0.005

0

0.005

0.01

0.015

0.02

0.025

0.03

0.035

0.04

0.045

X: 3.757e-005Y: 0.04736

Tempo(s)

Corr

ente

(A

)

Corrente Izb

2 4 6 8 10 12 14

x 10-5

-0.09

-0.08

-0.07

-0.06

-0.05

-0.04

-0.03

-0.02

-0.01

0

0.01

X: 3.757e-005Y: -0.08559

Tempo(s)

Corr

ente

(A

)

X: 3.759e-005Y: 0.01399

X: 6.295e-005Y: -0.001195

Corrente Icg

98

A Fig. 5.23 ilustra a forma de onda do pico da corrente de descarga na capacitância Cg em

uma base de tempo menor;

Fig. 5. 23: Detalhe da forma de onda da corrente de descarga na capacitância Cg, numa base de tempo menor.

4) Capacitância Cwr como o valor de 9.17 mA, onde são mantidos os picos das correntes não-

circulantes de condução (7.27 mA) do enrolamento do estator para o núcleo do rotor, como

resultado de simulação ilustrada a Fig. 5.24.

Fig. 5. 24: Resultado da simulação mostrando o pico da corrente de descarga na capacitância Cwr.

3.72 3.73 3.74 3.75 3.76 3.77 3.78 3.79 3.8

x 10-5

-0.08

-0.07

-0.06

-0.05

-0.04

-0.03

-0.02

-0.01

0

0.01

X: 3.757e-005Y: -0.08559

Tempo(s)

Corr

ente

(A

)

X: 3.759e-005Y: 0.01399

Corrente Icg

0 1 2

x 10-4

-8

-6

-4

-2

0

2

4

6

8

10x 10

-3

X: 3.757e-005Y: 0.009176

Tempo(s)

Corr

ente

(A

)

X: 6.298e-005Y: -0.007276

Corrente Icwr

99

A Fig. 5.25 ilustra a forma de onda do pico da corrente de descarga na capacitância Cwr em

uma escala de tempo menor;

Fig. 5. 25: Detalhe da forma de onda da corrente de descarga na capacitância Cwr, numa escala de tempo menor.

Inspecionando-se as figuras resultantes das simulações, tem-se a impressão de ter

ocorrido apenas correntes não-circulantes de descarga, distribuídas por Cwr (9.17 mA).

Entretanto, quando se verifica a amplitude das correntes no rolamento DE (47.36 mA) e NDE

(47.41 mA) chega-se à conclusão que existem correntes circulantes de descarga provenientes

de Cg para cada rolamento, com o valor de [(Icg) /2] = 42.79 mA, o que é comprovado pela

observação do pico da corrente de descarga reversa em Cg com a amplitude de 85.59 mA.

A comprovação da existência da corrente circulante de descarga junto com as

correntes circulantes de condução é feita através do registro do pico de tensão entre as pontas

DE e NDE do eixo com a amplitude de 12.0 µV, no momento da atuação das chaves

programadas, bem como os picos contínuos de tensões com a magnitude de 3.51 µV. A Fig.

5.26 (a) e (b) mostra o pico da tensão que produz a corrente circulante de descarga no instante

37.59 µs e as respectivas tensões que produzem as correntes circulantes de condução, de

acordo com os resultados das simulações.

3.5 4 4.5 5 5.5 6 6.5 7 7.5

x 10-5

-6

-4

-2

0

2

4

6

8

x 10-3

X: 3.757e-005Y: 0.009176

Tempo(s)

Corr

ente

(A

)

X: 6.298e-005Y: -0.007276

Corrente Icwr

100

(a)

(b)

Fig. 5. 26: (a) Resultado de simulação do pico de tensão entre as pontas do eixo que produz o pico de corrente

não-circulante de descarga, juntamente com os picos de tensões que produzem correntes não-circulantes de

condução; (b) detalhe do pico da tensão de descarga da figura (a) numa base de tempo menor.

3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

x 10-5

-2

0

2

4

6

8

10

12x 10

-6

X: 3.759e-005Y: 1.2e-005

Tempo(s)

Tensão (

V)

X: 6.304e-005Y: -3.512e-006

Tensão entre as pontas do eixo (NDE) e (DE)

3.65 3.7 3.75 3.8 3.85 3.9 3.95

x 10-5

0

2

4

6

8

10

12x 10

-6

X: 3.759e-005Y: 1.2e-005

Tempo(s)

Tensão (

V)

Tensão entre as pontas do eixo (NDE) e (DE)

101

A Fig. 5.27 (a) e (b) mostra as formas de ondas idênticas da tensão sobre os respectivos

rolamentos dos lados DE e NDE do eixo, de acordo com os resultados simulados.

(a)

(b)

Fig. 5. 27: (a) Forma de onda da tensão sobre os rolamentos das pontas DE e NDE do eixo, como resultado de

simulação; (b) detalhe do momento que ocorre a queda de tensão produzida pela corrente de descarga numa

escala de tempo menor.

No segundo caso, quando a operação simultânea (simétrica) das chaves programadas é

executada simplesmente no pico da tensão Vb em seu patamar mais elevado, considerando-se

0 1 2

x 10-4

-4

-3

-2

-1

0

1

2

Tempo(s)

Tensão (

V)

Tensão Vzb = Vzb1

3 4 5 6 7 8 9

x 10-5

-1.5

-1

-0.5

0

0.5

1

Tempo(s)

Tensão (

V)

Tensão Vzb = Vzb1

102

o tempo de fechamento t0 igual a 40.90 μs e de abertura t1 igual a 40.91 μs, são observados

picos das correntes de descarga em Zb (85,13 mA), Zb1 (85,21 mA), Cwr (11.91 mA) e Cg (-

158.4 mA). Os valores de pico das respectivas correntes nos rolamentos sofrem um acréscimo

de mais de 79.75% em relação ao primeiro caso.

5.3.3.2 Chaves Programadas Operando Assimetricamente

A ruptura dielétrica das capacitâncias nos rolamentos é simulada em tempos distintos

de atuação das chaves programadas, sendo admitidos os mesmos tempos executados nas

simulações simultâneas, isto é, t0 = 37.55 µs e t1 = 37.56 µs para o fechamento e a abertura da

chave programada CP, t2 = 40.90 µs e t3 = 40.91 µs para a chave programada CP1. A dinâmica

de ocorrência das correntes não-circulantes e circulantes assimétricas é semelhante à do caso

simétrico individual, destacando-se o aumento da intensidade das correntes circulantes de

descarga de rolamento para rolamento, devido à adição do fornecimento de carga elétrica da

capacitância que não sofre a ruptura dielétrica instantânea. A Fig. 5.28 mostra a forma de

onda da corrente de descarga no rolamento do lado DE do eixo, nos instantes em que as

chaves programadas CP e Cp1 atuam assimetricamente (37.58 e 40.93 µs).

Fig. 5. 28: Forma de onda das correntes não-circulantes e circulantes no rolamento do lado DE do eixo.

Neste caso é registrado na simulação, o pico direto de descarga de 97.74 mA e o pico

reverso de descarga de 47.21 mA, além dos picos das correntes de condução de 3.19 mA. A

4 6 8 10 12 14

x 10-5

-0.05

0

0.05

0.1

X: 3.758e-005Y: 0.09774

Tempo(s)

Corr

ente

(A

)

X: 4.093e-005Y: -0.04721

X: 6.302e-005Y: -0.003198

Corrente Izb

103

Fig. 5.29 mostra a forma de onda dos picos das correntes de descarga no rolamento do lado

DE do eixo em uma escala de tempo menor;

Fig. 5. 29: Detalhe da forma de onda das correntes de descarga no rolamento do lado DE do eixo, numa escala de

tempo menor.

A Fig. 5.30 mostra a forma de onda da corrente de descarga no rolamento do lado

NDE do eixo, nos instantes em que as chaves programadas CP e Cp1 atuam assimetricamente

(37.58 e 40.93 µs) com valores de -55.27 e 78.88 mA para as correntes de descarga,

respectivamente e de 2.48 mA para as correntes de condução.

Fig. 5. 30: Forma de onda das correntes não-circulantes e circulantes no rolamento do lado NDE do eixo.

3.7 3.75 3.8 3.85 3.9 3.95 4 4.05 4.1 4.15 4.2

x 10-5

-0.04

-0.02

0

0.02

0.04

0.06

0.08

0.1

X: 3.758e-005Y: 0.09774

Tempo(s)

Corr

ente

(A

)

X: 4.093e-005Y: -0.04721

Corrente Izb

3 4 5 6 7 8 9 10 11

x 10-5

-0.04

-0.02

0

0.02

0.04

0.06

0.08

X: 4.093e-005Y: 0.07888

Tempo(s)

Corr

ente

(A

)

X: 6.293e-005Y: -0.002486

X: 3.758e-005Y: -0.05527

Corrente Izb1

104

A Fig. 5.31 mostra a forma de onda dos picos das correntes de descarga no rolamento

do lado NDE do eixo, em uma base de tempo menor;

Fig. 5. 31: Detalhe da forma de onda das correntes de descarga no rolamento do lado NDE do eixo, numa base de tempo menor.

A Fig. 5.32 mostra como resultado da simulação, a forma de onda das correntes

circulantes de descarga e não-circulantes de condução na capacitância Cg, nos instantes em

que as chaves programadas CP e Cp1 atuam assimetricamente (37.58 e 40.93 µs), verificando-

se os valores reversos das correntes de descarga de 45.29 e 37.43 mA, respectivamente, nos

rolamentos do lado DE e NDE do eixo, além das correntes não-circulantes de condução com

picos de 1.22 mA.

Fig. 5. 32: Resultado de simulação da forma de onda das correntes circulantes de descarga e não-circulantes de

condução na capacitância Cg.

3.6 3.7 3.8 3.9 4 4.1 4.2

x 10-5

-0.04

-0.02

0

0.02

0.04

0.06

0.08

Tempo(s)

Corr

ente

(A

)

X: 4.093e-005Y: 0.07888

X: 3.758e-005Y: -0.05527

Corrente Izb1

3 3.5 4 4.5 5 5.5 6 6.5 7 7.5 8

x 10-5

-0.045

-0.04

-0.035

-0.03

-0.025

-0.02

-0.015

-0.01

-0.005

0

0.005

X: 3.757e-005Y: -0.04529

Tempo(s)

Corr

ente

(A

)

X: 4.092e-005Y: -0.03743

X: 6.298e-005Y: -0.001229

Corrente Icg

105

A Fig. 5.33 mostra a forma de onda dos picos das correntes de descarga na

capacitância Cg, em uma escala de tempo menor.

Fig. 5. 33: Detalhe da forma de onda das correntes de descarga na capacitância Cg, numa escala de tempo menor.

A Fig. 5.34 ilustra o resultado da simulação da forma de onda das correntes não-

circulantes de descarga (7.32 e 3.00 mA) e de condução (7.27 mA) na capacitância Cwr.

Fig. 5. 34: Resultado de simulação da forma de onda das correntes não-circulantes de descarga e de condução na

capacitância Cg.

3.7 3.75 3.8 3.85 3.9 3.95 4 4.05 4.1 4.15

x 10-5

-0.045

-0.04

-0.035

-0.03

-0.025

-0.02

-0.015

-0.01

-0.005

0

0.005

X: 3.757e-005Y: -0.04529

Tempo(s)

Corr

ente

(A

)

X: 4.092e-005Y: -0.03743

Corrente Icg

0 1 2

x 10-4

-8

-6

-4

-2

0

2

4

6

8x 10

-3

X: 3.739e-005Y: 0.007328

Tempo(s)

Corr

ente

(A

)

X: 4.092e-005Y: 0.003009

X: 6.298e-005Y: -0.007276

Corrente Icwr

106

A Fig. 5.35 mostra a forma de onda dos picos das correntes não-circulantes de

descarga e de condução na capacitância Cg, em uma escala de tempo menor.

Fig. 5. 35: Detalhe da forma de onda das correntes não-circulantes de descarga e de condução na capacitância

Cwr, numa escala de tempo menor.

É importante ressaltar que, neste caso, ocorrem quatro correntes com características

diferentes:

1. Correntes não-circulantes de condução da capacitância Cwr para o rolamento DE (3.19

mA), rolamento NDE (2.48 mA) e capacitância Cg (1.22 mA);

2. Corrente não-circulante de descarga da capacitância Cwr para o rolamento DE (7.32

mA) e rolamento NDE (3.00 mA);

3. Correntes circulantes de condução, produzidas continuamente pela assimetria das

impedâncias dos rolamentos e comprovadas pela ocorrência da tensão de condução

entre as pontas do eixo;

4. Corrente circulante de descarga entre os respectivos rolamentos, com picos de 55.27

mA do rolamento DE para o rolamento NDE e 47.21 mA do rolamento NDE para o

rolamento DE, além da corrente circulante de descarga da capacitância Cg para o

rolamento DE (45.29 mA) e para o rolamento NDE (37.43 mA).

A Fig. 5.36 mostra a forma de onda das tensões entre as pontas DE e NDE do eixo

(1530.0 e 1261.0 µV), que produzem correntes circulantes de descarga e de (3.51 µV) que

geram as correntes circulantes de condução.

3.5 4 4.5 5 5.5 6 6.5 7 7.5 8

x 10-5

-6

-4

-2

0

2

4

6

x 10-3

X: 3.739e-005Y: 0.007328

Tempo(s)

Corr

ente

(A

)

X: 4.092e-005Y: 0.003009

X: 6.298e-005Y: -0.007276

Corrente Icwr

107

Fig. 5. 36: Tensões entre as pontas DE e NDE do eixo que produzem correntes circulantes de descarga e de

condução.

A Fig. 5.37 mostra o detalhe da forma de onda dos picos das tensões simuladas entre

as pontas DE e NDE do eixo que produzem as correntes circulantes de descarga, ilustradas em

uma escala de tempo menor.

Fig. 5. 37: Detalhe da forma de onda das tensões simuladas entre as pontas DE e NDE do eixo, que produzem as

correntes circulantes de descarga, mostradas numa base de tempo menor.

3.5 4 4.5 5 5.5 6 6.5 7 7.5

x 10-5

-1

-0.5

0

0.5

1

1.5

x 10-3

X: 3.758e-005Y: 0.00153

Tempo(s)

Tensão (

V)

X: 4.093e-005Y: -0.001261

X: 6.304e-005Y: -3.512e-006

Tensão entre as pontas do eixo (NDE) e (DE)

3.75 3.8 3.85 3.9 3.95 4 4.05 4.1

x 10-5

-1

-0.5

0

0.5

1

1.5

x 10-3

X: 3.758e-005Y: 0.00153

Tempo(s)

Tensão (

V)

X: 4.093e-005Y: -0.001261

Tensão entre as pontas do eixo (NDE) e (DE)

108

A Fig.5.38 mostra o detalhe da forma de onda do pico da tensão simulada entre as

pontas DE e NDE do eixo que produzem as correntes circulantes de condução, ilustrada em

uma escala de tempo menor.

Fig. 5. 38: Detalhe da forma de onda da tensão simulada entre as pontas DE e NDE do eixo que produz

a corrente circulante de condução, ilustrada em uma escala de tempo menor.

As tensões assimétricas entre as pontas do eixo em cada ruptura dielétrica assumem os

valores de pico de 1.53 mV na primeira ruptura e -1.26 mV na segunda, justificando o

aumento dos valores de pico das correntes circulantes de descarga.

Assim, são finalizadas as simulações executadas no modelo computacional do motor

de indução de teste, que se deteve à verificação das grandezas relacionadas às induções

eletrostáticas. Entretanto alterações na modelagem atual devem ser estudadas e executadas

para contemplar as induções eletromagnéticas de alta freqüência, possibilitando que sejam

avaliadas também as suas influências nas grandezas relacionadas. Isto é citado aqui apenas

para colaborar com a justificativa feita na seção 2.5.2, apontando a inexistência de uma

modelagem factível para a realização das simulações das induções eletromagnéticas de alta

frequência no eixo do rotor.

5.4 Testes Experimentais

A medição da corrente de modo comum próximo ao ponto de aterramento do motor e

da tensão Vcm, obtida entre os pontos neutro do enrolamento trifásico e de sua carcaça

aterrada, são facilmente realizadas, sem a necessidade de modificar fisicamente o motor de

4 4.5 5 5.5 6 6.5

x 10-5

-6

-4

-2

0

2

4

x 10-6

Tempo(s)

Tensão (

V)

X: 6.304e-005Y: -3.512e-006

Tensão entre as pontas do eixo (NDE) e (DE)

109

teste. No entanto, para as medições das tensões entre as pontas do eixo e sobre os respectivos

rolamentos, é necessário adaptar um conjunto de porta-escovas nas respectivas pontas do eixo

e, para realizar as medições das correntes que fluem pelos rolamentos, é preciso isolá-los

eletricamente dos seus respectivos mancais. Assim sendo, nesta seção são mostradas tais

modificações físicas executadas no motor de teste e os respectivos resultados das medições.

5.4.1 Motor de Teste Especialmente Modificado

Inicialmente, são adaptados conjuntos de porta escovas e escovas de carbono-grafite

nas pontas do eixo DE e NDE, de forma a transferir os respectivos potenciais dessas pontas

para as extremidades F e G dos condutores, como ilustra a Fig. 5.39. Além disso, os mancais

dos rolamentos são embuchados com um material isolante de nylon, com 1.0 mm de

espessura, de forma a isolar a pista externa do rolamento das respectivas tampas do motor.

Uma arruela de bronze é ajustada para se manter em contato com a pista externa do rolamento

e um fio de cobre, denominado condutor de desvio, tendo uma das extremidades ligada

solidamente a esse anel e a outra extremidade saindo por um orifício localizado nas

respectivas tampas do motor, de forma a permitir o acesso aos terminais dos condutores de

desvio através dos pontos A e C (Fig. 5.39). Esses terminais têm a alternativa de serem

conectados, respectivamente, aos terminais B e D dos condutores que estão firmemente

ligados à carcaça do motor, na caixa de conexões.

Fig. 5. 39: Modificações especiais executadas no motor de teste, figura extraída a partir de (SHAMI e AKAGI,

2009).

110

Os detalhes do porta-escovas na ponta NDE do eixo e da sonda de corrente

envolvendo o respectivo condutor de desvio são mostrados na Fig. 5.40. Essas modificações

especiais permitiram as medições das tensões entre os pontos F e B, G e D dos respectivos

rolamentos e da tensão entre as pontas do eixo, medida entre os pontos F e G (Fig. 5.39). As

correntes que fluem pelos respectivos rolamentos são verificadas através das sondas de

corrente que envolvem os respectivos condutores de desvio. A tensão Vcm foi medida entre o

ponto neutro do enrolamento trifásico e o ponto de aterramento localizado na caixa de

conexão do motor, como ilustra a Fig. 5.41, lembrando que, para tal finalidade, o enrolamento

trifásico foi conectado em estrela. A corrente de modo comum do motor foi medida próximo

ao ponto de aterramento de sua carcaça, localizado na caixa de conexões.

Fig. 5. 40: Porta escovas na ponta NDE do eixo e a sonda de corrente no condutor de desvio.

111

Fig. 5. 41: Detalhe do ponto neutro do enrolamento trifásico e de aterramento da carcaça.

A relação de tensão dos rolamentos (BVR) é medida, indiretamente, utilizando-se os

valores medidos das tensões induzidas eletrostaticamente sobre os rolamentos e do ponto

comum do enrolamento para a terra.

5.4.2 Resultados dos Testes Experimentais

Os instrumentos utilizados nas medições são os seguintes:

1. Ponta de prova para medição de alta tensão diferencial, Tektronix, modelo P5200, que

é ilustrada no apêndice D, Fig. D.1;

2. Ponta de prova para medição de corrente (current probe), Tektronix, modelo A6302,

faixa de frequência entre 0 a 50 MHz, corrente máxima 20.0 A, como mostrada no

apêndice D, Fig. D.2;

3. Amplificador para ponta de prova de corrente, Tektronix, modelo TM 502A, ilustrado

no apêndice D, Fig. D.3;

Ponto neutro do enrolamento trifásico

Ponto de aterramento da carcaça

112

4. Osciloscópio digital, Tektronix, modelo TDS 1001B, 40 MHz e 500 MS/s, conforme é

mostrado no apêndice D, Fig. D.4.

A forma de onda da tensão Vcm é mostrada na Fig. 5.42 (a) até (c), para a condição

dos pontos A e B, C e D estarem desconectados (Fig. 5.39). O valor medido das variações da

tensão Vcm está em torno de 100 Volts, ou seja, Vcc/3 como era de se esperar, considerando-

se que o amplificador da ponta de prova de tensão foi calibrado em 1/500 e as escalas de

tempo são ajustadas para 50, 25 e 10 µs, respectivamente.

(a)

(b)

(c)

Fig. 5. 42: Tensão Vcm, medida entre o neutro do motor e a carcaça aterrada, em escalas de tempo diferentes.

As medições da tensão de eixo e da corrente de modo comum são executadas

simultaneamente e os resultados apresentados, respectivamente, nos canais 1 e 2 do

osciloscópio. Nesta situação, os pontos F e G (Fig. 5.39) são curto-circuitados. A diferença de

113

tensão entre tal ponto e a carcaça aterrada é observada e registrada. Neste caso, os pontos A e

B, C e D (Fig. 5.39) são conectados, de modo a permitir a medição da corrente de modo

comum no ponto de aterramento do motor, próximo a sua caixa de conexões. As formas de

onda da tensão de eixo e da corrente de modo comum são mostradas na Fig. 5.43 (a) até (c),

dando-se ênfase às correntes não-circulantes de condução, ou seja, aquelas fruto da aplicação

dos dv/dts de Vcm nas capacitâncias Cwf, Cg e Cb. Nesta situação, os amplificadores de tensão

e de corrente são calibrados, respectivamente, em 1/50 e 5 mA/divisão. Os valores de pico da

corrente de modo comum variando entre 2 e 10 mA são mostrados na Fig. 5.43 (a), onde

também podem ser verificadas as suas variações temporais que se apresentam em sincronismo

com aquelas da tensão de eixo. Correntes não circulantes de condução com amplitudes de 6

mA e a tensão de eixo com a magnitude de 2 V (entre os seus patamares) são medidos,

conforme ilustra a Fig. 5.43 (b). A relação BVR de 2% é estabelecida a partir das tensões de

eixo e Vcm, tal valor é superior ao obtido nas simulações (1.28%), apresentando uma

diferença percentual de 56.25%. Tal discrepância muito provavelmente é função das

incertezas resultantes dos cálculos das respectivas capacitâncias do enrolamento para o núcleo

do rotor (Cwf), do núcleo do estator para o núcleo do rotor (Cwr) e dos rolamentos (Cb).

Entretanto, a forma de onda da tensão eletrostática induzida sobre os rolamentos se mostra

idêntica à da tensão Vcm, em termos das variações temporais, mudando-se apenas a

proporção de suas amplitudes, devido ao divisor de tensão capacitivo. Isto evidencia a

concordância entre as afirmações contidas nos capítulos 2 e 3 a este respeito, bem como dos

resultados das simulações correlacionadas e exibidas na seção 5.3.1.

(a)

(b)

Fig. 5. 43: Tensão induzida no eixo da máquina (curva superior) e correntes nos rolamentos do motor,

enfatizando-se as componentes de condução (curva inferior).

114

A Fig. 5.44 (a) até (d) mostra a tensão sobre o rolamento e a corrente de modo comum

na saída do motor, próximo à caixa de conexão, enfatizando a ocorrência das correntes não-

circulantes de descarga. Correntes de descarga de 390 e 380 mA são verificadas na Fig. 5.44

(a) e (b), coincidindo com as respectivas bordas de descida da tensão de eixo; intensidades de

500 e 350 mA são mostradas na Fig. 5.44 (c) e (d), respectivamente, onde se observa a não-

coincidência de sua manifestação com os dv/dts da tensão de modo comum. Picos de

correntes não-circulantes de condução, em torno de 80 mA, também são verificados na Fig. 5.

44, sendo que tais valores estão bem abaixo dos picos de 368 mA observados nas simulações.

Nestes casos, os respectivos amplificadores de tensão e de corrente são calibrados em 1/50 e

100 mA/divisão.

(a)

(b)

(c)

(d)

Fig. 5. 44: Tensão induzida no eixo da máquina (curva superior) e corrente de modo comum no aterramento do

motor, enfatizando sua componente de descarga (curva inferior).

115

A tensão induzida eletromagneticamente descrita por (ALGER e SAMSON, 1924, p.

235-245), é observada das pontas do eixo (NDE e DE, respectivamente) para o ponto de

aterramento da carcaça, quando os rolamentos são novamente isolados das respectivas

tampas, através do desligamento dos pontos A e B, C e D (Fig. 5.39). A Fig. 5.45 (a) mostra

as idênticas formas de onda dessa tensão com o valor de pico de 37.5 V, nas respectivas

extremidades do eixo, cujo amplificador de tensão é ajustado em 1/50. Tal tensão, originada

por induções eletromagnéticas (60 Hz), modula a tensão induzida eletrostaticamente no eixo,

que tem a amplitude de 2 V (entre os patamares), como mostra a Fig. 5.45 (b). Todavia, vale

ressaltar que, quando é feita a conexão dos pontos A e B, C e D, a amplitude dessa tensão

senoidal no eixo reduz-se para valores entre 13 e 15 V.

(a)

(b)

Fig. 5. 45: (a) tensão induzida eletromagneticamente das pontas DE e NDE para o ponto de aterramento do

motor; (b) tensão eletrostática modulada pela senóide.

Os pontos A e B, C e D (Fig. 5.39) são religados e as formas de onda da tensão

registradas entre as pontas do eixo confirmam indiretamente a presença das correntes

circulantes de condução e de descarga, como mostra a Fig. 5.46 (c) e (d). O pico de tensão de

900 mV, caracterizado como de descarga, é mostrado na Fig. 5.46 (a), numa base de tempo de

500 ηs e com o amplificador de tensão ajustado em 1/50. A tensão entre as pontas do eixo e as

correntes de rolamentos é registrada, respectivamente, nos canais 1 e 2 do osciloscópio. Essas

formas de onda são mostradas na Fig. 5. 46 (b) até (d), onde se verifica que os pulsos de

tensão entre as pontas do eixo se apresentam em sincronismo com as bordas da tensão dos

rolamentos, com amplitudes em torno de 250 mV. Reportando aos resultados das simulações

realizadas, o valor observado para a diferença de potencial entre as pontas do eixo foi de cerca

de 5 µV, quando da circulação de correntes de condução e aproximadamente 1.5 mV na

116

ocorrência de correntes circulantes de descarga. Não é possível identificar, nas formas de

onda medidas, qual manifestação dessa tensão se refere a cada uma dessas correntes; de

qualquer forma, os valores medidos mostram-se absolutamente destoantes daqueles

simulados. Isso se deve muito provavelmente à natureza e ao valor da impedância

arbitrariamente escolhida para o eixo, considerada na simulação como sendo puramente

resistiva e com o valor de 10 mΩ.

(a)

(b)

(c)

(d)

Fig. 5. 46: Tensão entre as pontas do eixo e tensão das extremidades do eixo para o ponto de aterramento do

motor.

5.5 Conclusões

Neste capítulo, o sistema de acionamento real constituído por um conversor de

frequência, cabos de interligação e motor de indução é representado pela modelagem

universal. O procedimento adotado para a determinação de todos os parâmetros deste modelo

117

é apresentado; todavia, vale ressaltar que são encontradas dificuldades para a determinação da

capacitância total do enrolamento trifásico para a carcaça (Cwf-total), resistência entre espiras

das bobinas de uma mesma fase (Rws), impedância do rolamento (Zb) e impedância do semi-

eixo do rotor.

A modelagem universal, apesar de apresentar muitas vantagens na representação do

motor em relação aos fenômenos das induções eletrostáticas, não reproduz as induções

eletromagnéticas, de baixa frequência, que são identificadas nos resultados dos testes

experimentais. Portanto, devem ser incorporados alguns elementos nesta modelagem para

que as tensões induzidas eletromagneticamente no eixo do rotor também possam ser

representadas.

As simulações computacionais servem para verificar as formas de onda de várias

grandezas descritas nos capítulos 2 e 3, tais como: tensão de modo comum (Vcm), tensões

sobre os rolamentos, relação de tensão dos rolamentos (BVR), correntes não-circulantes de

condução e descarga, tensão entre as pontas do eixo e correntes circulantes de condução e

descarga.

Os resultados experimentais mostram que a tensão induzida eletromagneticamente no

rotor, assume alguma responsabilidade no carregamento do eixo até os limites que excedem a

tensão de ruptura da película de lubrificação dos rolamentos. Todavia, apesar de sua elevada

amplitude a influencia desta componente na efetiva desrupção do dielétrico e, portanto, na

produção de correntes de descarga não foi analisada. No que diz respeito à determinação do

BVR, tem-se que a diferença entre o valor simulado e aquele obtido a partir dos experimentos

é causada pelos erros cumulativos ocorridos na determinação analítica das capacitâncias da

máquina.

Capítulo 6 – Conclusões Gerais e

Propostas de Continuidade

6.1 Conclusões Gerais

Nesta dissertação, é apresentada uma investigação detalhada dos diversos fenômenos

de alta frequência presentes em motores de indução trifásicos acionados por conversores

PWM. A análise teve início com a introdução do conceito da tensão de modo comum gerada

pela ponte inversora, a qual está relacionada intrinsecamente à modulação por largura de

pulso. Tais tensões sofrem rápidas variações no tempo de acordo com o chaveamento dos

IGBTs, induzindo tensões eletrostáticas e eletromagnéticas por vários acoplamentos dentro do

motor, inclusive no seu eixo. O estudo das correntes não-circulantes e circulantes envolvidas

delineia as rotas de acoplamento dentro do motor de indução. Concomitantemente, são

estabelecidos os cálculos das capacitâncias do circuito eletrostático básico a partir das

dimensões e características geométricas do motor de indução. Obstáculos são encontrados

para a definição do valor da capacitância dos rolamentos, devido à incerteza com relação ao

valor da permissividade relativa da graxa lubrificante do motor modelado. O comportamento

da impedância do rolamento, em relação à resistência Rb, com a variação da velocidade do

eixo é relatado, concluindo-se que tal resistência é praticamente constante para cada tipo de

rolamento. Entretanto, seria apropriado realizar medições mais exatas dos valores de Rb para

as variadas características dimensionais dos rolamentos. De qualquer forma, é verificado que

as expressivas alterações das impedâncias de surto dos rolamentos são devido às variações

instantâneas das capacitâncias dos mesmos. Tal fato serve para balizar, numa primeira

aproximação, o valor constante de Rb que é utilizado nas simulações, ainda que com alguma

incerteza no que tange o valor empregado. A determinação da resistência existente entre as

espiras do enrolamento é outra dificuldade encontrada, uma vez que, em principio, a

modelagem utilizada requer a medição da resposta em freqüência da impedância do

enrolamento trifásico, de modo a extrair a sua componente real na primeira frequência de

ressonância. Não havendo disponibilidade dos instrumentos exigidos para a realização desta

medição, o problema foi contornado ao se empregar o valor medido em outra referência para

119

um motor de indução de mesma potência nominal do que é empregado neste trabalho,

gerando mais um ponto de incerteza na modelagem resultante. Uma vez determinados todos

os parâmetros associados à modelagem empregada, procedeu-se à execução das simulações,

possibilitando a verificação das grandezas em estudo. As correntes de condução e de descarga

são analisadas, caracterizadas e associadas às correntes do tipo não-circulantes e circulantes,

as quais são geradas pelas tensões induzidas eletrostaticamente no motor.

Uma abordagem específica do cálculo da área de contato AH é realizada para apontar a

complexidade para a determinação do somatório das curvaturas internas e externas que

refletem a superfície côncava e convexa das esferas e pistas, devido à variação do ângulo de

contato entre esferas e pistas, mesmo que considerando a carga constante sobre o rolamento.

A densidade da corrente no rolamento é definida para comprovar que os danos nos rolamentos

estão relacionados não somente à amplitude da corrente que flui por eles, mas também da área

de contato AH. A relação da vida útil dos rolamentos é baseada nos estudos dos danos

causados pela magnitude da densidade de corrente sobre eles. A relação de estresse associa a

densidade de corrente, tempo de operação do motor e frequência de comutação da ponte

inversora, onde é constatado que tal relação pode ser reduzida com a diminuição da

frequência de comutação, aumento da área de contato ou redução da amplitude dos picos das

correntes de descarga ou condução. Na análise das variáveis que modificam o valor da

capacitância Cb, destaca-se a carga sobre o rolamento, viscosidade do lubrificante, variação da

temperatura e características dos aditivos, que, em última análise, causam variações na

espessura da película lubrificante (hlb). A curva de Stribeck é examinada, verificando-se a

relação entre a característica hidrodinâmica da película lubrificante e a velocidade do

rolamento. Em baixas velocidades, o coeficiente de atrito aumenta, reduzindo a vida útil do

rolamento; todavia, a natureza da impedância do rolamento torna-se mais resistiva, reduzindo

as correntes de descarga. Entretanto, em velocidades mais elevadas, o coeficiente de atrito

diminui, aumentando a vida útil do rolamento, mas, devido à natureza mais capacitiva da

impedância em tal situação, a intensidade das correntes de descarga aumenta. Então, há que se

procurar um ponto de equilíbrio onde se tenha uma boa característica hidrodinâmica e,

concomitantemente, a minimização das correntes de descarga. A rigidez dielétrica da película

lubrificante é estabelecida com o valor típico de 15 V/µm para uma variação típica da

espessura da película lubrificante entre 0.2 e 2.0 µm. Com isto, a faixa da tensão limite de

ruptura da película lubrificante é estabelecida entre 3 e 30 V, sendo que a mesma pode ser

variada por qualquer fator que altere a espessura da película de lubrificação do rolamento.

Com um melhor entendimento dos mecanismos dinâmicos que mudam o valor da

120

capacitância do rolamento, é possível avaliar as diversas modelagens utilizadas nas

investigações dos fenômenos de alta frequência associados ao motor de indução suprido por

tensões PWM.

Ao pesquisar as modelagens que envolvem o enrolamento, eixo e rolamentos do motor

de indução, é percebida uma evolução dos mesmos, sendo abordadas oito modelagens nesse

trabalho. Dentre elas, é destacada a modelagem universal do motor de indução, que foi

elaborada a partir do modelo T-equivalente da norma (IEEE STD 112, 2004). Tal modelagem

aproveita os parâmetros obtidos nos ensaios em vazio e com o rotor bloqueado, na frequência

fundamental, proporcionando a determinação de vários parâmetros de alta frequência,

inclusive aquelas referidas às primeiras espiras das bobinas de fase. Atualmente, não existe

uma modelagem do motor que considere de modo factível as induções eletrostáticas e

eletromagnéticas simultaneamente; desta forma, há muito que ser realizado e os problemas

não são triviais.

Na tentativa de se detectar as possíveis falhas do sistema modelado, modificações

especiais no motor de indução são executadas para permitir os testes experimentais. Os

resultados destes testes desmitificam algumas realidades:

A tensão induzida eletromagneticamente no eixo, em baixa frequência,

contribui efetivamente para o acúmulo da tensão de modo comum sobre o mesmo;

embora os mecanismos associados às correntes de descarga provenientes dessa parcela

de tensão do eixo não tenham sido caracterizados;

A relação de tensão sobre os rolamentos (BVR) não está sempre em torno de

10%, tal como relatado na maior parte das referências consultadas. Tanto na simulação

quanto nos testes experimentais essa relação situou-se entre 1 e 2%. Além disso, os

testes experimentais mostram que a tensão sobre o eixo está na faixa de 7 a 14 V,

considerando-se a composição das induções eletrostáticas e eletromagnéticas.

6.2 Propostas de Continuidade

Diante dos desafios encontrados no desenvolvimento desta dissertação, algumas

propostas de continuidade do presente trabalho são elaboradas, conforme descrito a seguir:

Analisar uma forma alternativa de se obter com mais facilidade e exatidão a espessura

da película lubrificante (hlb) e a área de contato da superfície hertziana (AH);

121

Investigar um meio de se determinar a permissividade relativa da graxa de lubrificação

(εrlub) utilizada em rolamentos específicos dos motores elétricos;

Avaliar um modo de se estabelecer com simplicidade e exatidão a resistência de

contato entre as esferas e pistas dos rolamentos (Rb);

Investigar um procedimento efetivo de medição da impedância do eixo ou semi-eixos

para uma ampla faixa de frequências;

Verificar, detalhadamente, o comportamento das correntes de condução e de descarga

nos rolamentos, quando o motor de indução é alimentado apenas pela fonte trifásica

senoidal, caracterizando-se os mecanismos da produção de descargas pela tensão

senoidal eletromagneticamente induzida no eixo;

Incorporar no modelo universal do motor de indução, os elementos geradores das

induções eletromagnéticas no eixo do rotor, visando melhorar as respostas da

modelagem em comparação com os resultados experimentais.

122

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Apêndice A – Cálculo da Área de Contato

Hertziana

As equações baseada na teoria do ponto de contacto hertziano, tal como previsto por

Harris gera curvas relacionando a área de contato com a carga. Uma única fila de esferas

radial do rolamento satisfaz as suposições das equações hertzianas. Os parâmetros mecânicos

necessários obtidos dos fabricantes dos rolamentos incluem: o diâmetro da pista interna (di)

em milímetros, o diâmetro externo (do) em milímetros, o diâmetro da esfera (D) em

milímetros, dois índices, o da curvatura da pista interna (ri) e o da curvatura da pista externa

(ro), e α o ângulo de liberdade em graus. A Fig. A.1 identifica estas dimensões mecânicas.

Fig. A.1: Dimensões do rolamento para o cálculo do ponto de contato áspero.

Utilizando as equações de Harris, a área de contato pode ser calculada para a

superfície interna e externa da pista do rolamento. Primeiro, a área do ponto de contato

depende do ângulo de liberdade, dado por:

(A.1)

A área de contato também requer o raio do sulco externo e interno, definido por:

(A.2)

128

A seguir, as quantidades de menores dimensões são determinadas:

(A.3)

A Fig. A.1 mostrou o diâmetro médio definido como:

(A.4)

A quantidade de menor dimensão que relaciona o comprimento do arco de contato da esfera

com o diâmetro médio é definido por:

(A.5)

A superfície de contato da curvatura é inversamente relacionada ao diâmetro da esfera porque

a esfera e a pista estão em movimento relativo, ou seja, quanto maior o diâmetro menor é a

superfície de contato da curvatura. Os somatórios das curvaturas interiores e exteriores

são usados, e eles devem refletir a superfície côncava e convexa das esferas e

pistas:

(A.6)

As diferenças de curvatura de menores dimensões para a pista interior e exterior, ,

completam os cálculos dos parâmetros e são dadas por:

(A.7)

As diferenças de curvatura do interior e do exterior, , estão sempre entre 0,0

e 1,0 e tem o valor nominal de 0,9. As quantidades intermediárias e são valores que

podem ser obtidos através da vista de cima da mesa ou de avaliação com os métodos

computacionais, relacionando os valores da diferença de curvatura com as áreas elípticas.

Estas quantidades dependem da excentricidade elíptica e da avaliação completa da

integral elíptica de primeira e de segunda ordem. As quantidades intermediárias e ,

juntamente com a carga , com o somatório das curvaturas e com a incorporação do termo

129

constante do módulo da elasticidade são combinadas através das equações (A.8) e (A.9)

produzindo quantidades com dimensões de comprimento em milímetros:

(A.8)

(A.9)

A área de contato da superfície hertziana pode ser calculada a partir do eixo maior e do

eixo menor. Assim, a área de contato elíptica interna e externa da pista e esfera, em mm2, é

dada por:

(A.10)

Como mostram as equações de (A.8) até (A.10), a área de contato é função da carga

suportada pelo rolamento.

Apêndice B – Parâmetros da Modelagem

de (GUBIA, 2002)

Modelagem com resposta em frequência faixa de kHz até MHz (GUBIA, 2002, p.

1144-1149).

Fig. B.1: Modelo de modo comum do motor de indução com resposta em frequência de kHz até MHz.

A Fig. B.2(b) mostra a forma de onda da corrente de terra img, da tensão entre o neutro

e a carcaça Vng e da tensão entre os terminais do estator e o neutro Vsn. A Fig. B.2(a) mostra a

evolução das variáveis da Fig. B.2(b), no começo do pulso com o tempo expandido. O pico da

131

corrente inicial é devido à carga da capacitância distribuída nas primeiras espiras que

corresponde à capacitância de Ci = 3*Csg no modelo proposto. A integração da corrente de

pico dá a quantidade de carga na capacitância Ci que pode ser avaliada.

Fig. B.2: Tensões e correntes no motor de teste.

Depois deste primeiro transitório, a capacitância de Ci não influencia a onda da tensão

e da corrente no motor. A resposta do degrau para o resto do circuito é o seguinte:

(B.1)

Com,

(B.2)

Onde,

A expressão (B.1) pode ser escrita resumidamente como:

(B.3)

Uma vez que Ci pode ser calculada, os outros parâmetros podem ser estimados com a ajuda da

expressão (B.3), como mostrado a seguir:

Procedimento de cálculo:

132

I) Capacitâncias Cng e Csn: Primeiramente a capacitância Cng pode ser obtida por

meio da forma de onda da tensão Vng e da corrente img. A capacitância Csn é calculada a partir

das tensões sobre as capacitâncias;

II) Período de oscilação e ângulo ψ: Ambos são calculados usando o cruzamento

de zero da tensão Vsn;

(B.4)

(B.5)

III) Valor de pico Up: É calculado a partir da condição inicial;

(B.6)

IV) Frequência natural ωn e coeficiente de amortecimento δ: O valor do produto

δ*ωn pode ser estimado a partir de qualquer ponto diferente de zero da tensão Vng dado por

(B.3). Em particular, se o ponto escolhido é um ponto de tensão mínima (tmin, Umin), as

seguintes expressões são obtidas;

(B.7)

(B.8)

V) A indutância Lcm de dispersão de cada fase do enrolamento trifásico: A partir

da equação (B.1), e desprezando Rscm comparado com Rcm;

(B.9)

VI) A resistência Rscm: Este parâmetro é obtido diretamente medindo a resistência

do enrolamento por fase. Se necessário, os coeficientes de proximidade e pelicular devem ser

usados;

VII) A resistência Rcm: É calculada a partir da equação (B.1), sendo derivado de

Rscm.

(B.10)

Apêndice C – Modelagem Universal do

Motor de Indução

A modelagem universal é assim denominada porque combinam em um único circuito

equivalente trifásico os modelos de modo comum, modo diferencial, eixo e rolamento, sendo

uma extensão do modelo de baixa freqüência da norma (IEEE STD 112, 2004), Test

Procedure for Polyphase Induction Motors and Generators. A resposta do motor de indução

trifásico, em baixa frequência (50.0 Hz, 60.0 Hz ou 400.0 Hz), foi estudada desde a sua

origem, sendo estabelecida a norma (IEEE STD 112, 2004) para obter todos os parâmetros do

motor de indução por fase, por métodos de ensaios, utilizando o modelo T-equivalente,

mostrado na Fig. C.1.

Fig. C. 1: Modelo T-equivalente do motor indução trifásico - Norma IEEE 112.

O circuito do rotor é fisicamente isolado do circuito do estator através do entreferro e a

frequência de escorregamento do rotor é diferente da frequência do estator ou da fonte de

134

alimentação. Com o modelo da função de transferência, em baixa frequência, se obtém as

quantidades elétricas referidas à fonte de alimentação, tais como, frequência, fator de

potência, corrente e rendimento, além das quantidades mecânicas de saída como a energia,

potência e torque. Pela conveniência de análise, as grandezas elétricas do rotor são referidas

ao estator pela relação do número de espiras entre eles e executada uma conexão elétrica para

o estator. Na faixa de baixa frequência, a tensão aplicada é uniformemente distribuída através

das bobinas do enrolamento. Os parâmetros do modelo são obtidos a partir dos cálculos

matemáticos, equações heurísticas e análise por elementos finitos (FEA). A norma (IEEE

STD 112, 2004) é um método de teste universalmente aceito para determinar com precisão os

parâmetros do modelo em baixa frequência, entretanto, para corrigir a resposta em média

frequência (400.0 Hz até 20.0 kHz), deve-se correlacionar a frequência de ondulação da

portadora da corrente do motor ao aquecimento do enrolamento de cobre e às perdas na

laminação do núcleo. Os métodos de análise incluem o uso de um modelo com parâmetros

distribuídos para averiguar a distribuição dos surtos de tensão no enrolamento, onde a

capacitância Cws é distribuída entre as espiras do enrolamento do estator em paralelo com a

indutância Ls distribuída de cada espira do enrolamento do estator. A capacitância Cwf é

distribuída do enrolamento trifásico para o núcleo do estator ou carcaça aterrada, como ilustra

a Fig. C.2.

Fig. C. 2: Modelo do enrolamento em frequência intermediária e alta com parâmetros distribuídos.

O método de análise por elementos finitos tem sido utilizado para obter um modelo de

parâmetro distribuído para examinar os fenômenos de sobre tensão nos terminais dos motores

135

de indução acionados pelo conversor PWM, associando os longos condutores de alimentação

às impedâncias de surto do motor. Sabendo-se que o circuito eletromagnético do rotor não

está envolvido em qualquer efeito relacionado à penetração mínima de fluxo ou à

profundidade de penetração magnética em alta frequência. A sobre tensão da onda refletida do

modo diferencial nos terminais do motor é relacionada aos efeitos do tempo de subida em alta

frequência e confinada nas primeiras espiras do enrolamento, sendo a maior parte contida no

primeiro grupo de bobinas do enrolamento de múltiplas bobinas. Isto sugere que os

parâmetros do circuito do rotor não precisam ser modificados, em baixa freqüência, uma vez

que não têm nenhum efeito em altas frequências. Para obter um modelo em alta frequência, o

primeiro de muitos dx nas seções distribuídas (Fig. C.2) é integrado à parte de baixa

frequência existente no modelo T-equivalente (Fig. C.1). O modelo do motor de indução tem

uma resposta predominantemente capacitiva, em alta frequência, sendo indispensável para

examinar as correntes de modo comum que se deslocam nas capacitâncias existentes entre o

enrolamento do estator e a terra. A modelagem da tensão de eixo e corrente de rolamento é

capacitiva por natureza e descrita juntamente com o modelo dos enrolamentos do motor. No

intervalo de baixa frequência a tensão é distribuída uniformemente através das espiras do

enrolamento do estator, mas na faixa de médias e altas frequências o comportamento do motor

pode ser representado melhor por um modelo de parâmetros distribuídos em que o impacto do

circuito no rotor é desprezível e o comportamento do motor é alternado entre a característica

capacitiva e indutiva. Portanto, nesta modelagem são verificadas as características do motor

de indução nas frequências entre 10 Hz e 10 MHz, onde são observadas geralmente uma anti-

ressonância e duas ressonâncias. A Fig. C.3 apresenta as curvas de impedância medida no

modo diferencial versus frequência que foi obtida experimentalmente em um motor de

indução de 5 hp com as ligações dos enrolamentos do estator em 460 V e 230 V,

respectivamente, correspondendo à conexão interna dos enrolamentos ligados em série e em

paralelo (MIRAFZAL, 2006, p. 423-433). Tal figura mostra que os capacitores parasitas do

motor são função da geometria do motor e o valor da impedância é representado por um

circuito R-L equivalente, em baixa frequência, abaixo da primeira ressonância. Nesta região, a

impedância da conexão série de 460 V varia com o quadrado do número de espiras (N)2,

então, é quatro vezes o valor da impedância da ligação paralela de 230 V, devido á conexão

diferente do enrolamento do estator, como indica o ponto de 100 kHz (Fig. C.3). Também é

visto que a primeira freqüência de ressonância fr do motor de 5 hp com ligação série é quase a

metade da frequência de ressonância do mesmo motor com a ligação paralela.

136

Fig. C. 3: Medição da impedância modo diferencial versus frequência em conexões diferentes.

A Fig. C.4 mostra a impedância medida no modo diferencial versus frequência obtida

experimentalmente nos motores de 5 e 20 hp para ligação do estator em 460 V, sendo definida

a frequência de ressonância da impedância do motor quando a impedância tem o seu valor

máximo e é calculada por , onde L e C podem ser

considerados como os valores eficazes da capacitância e indutância, respectivamente. A

indutância eficaz L para uma ligação em série é quatro vezes o valor para a conexão em

paralelo e fr é a metade do valor da conexão em paralelo.

Fig. C. 4: Medição da impedância modo diferencial versus frequência para a conexão em 460 V.

137

A capacitância parasita do motor não varia significativamente com a mudança da

configuração no enrolamento do estator, porque o valor da capacitância eficaz C varia em

função da geometria do motor ou do tamanho de sua carcaça. Um fenômeno da anti-

ressonância de baixa impedância é observado no motor de 20 hp em 4.1 MHz (Fig. C.4) e a

impedância do motor é igual a 10 Ω nesta freqüência de ressonância. Esta baixa impedância

no modo diferencial, em 4.1 MHz, é aproximadamente equivalente a 2.2 Ω no circuito de

modo comum e fornece um caminho de baixa impedância de anti-ressonância para a corrente

de modo comum. Uma correlação entre um ensaio do enrolamento do estator com o fenômeno

de anti-ressonância em 4.5 MHz é visto na Fig. C.5, utilizando o enrolamento do estator de

um motor de seis pólos, 7.5 Hp, 460 V, contendo 19 espiras por bobina e 18 bobinas em série,

totalizando 342 espiras por fase. Os tempos de subida do pulso de tensão são 1.0 μs, 200 ηs e

50 ηs (Fig. C.5), correspondendo à frequência equivalente de 318 kHz, 1.6 MHz e 6.3 MHz.

O tempo de subida de 1.0 μs e 0.2 μs não excita a frequência anti-ressonante, mas o tempo de

subida de 50 ηs excita o ponto de anti-ressonância resultante em 5 MHz ou 200 ηs. A anti-

ressonância no modo diferencial também ocorreu em outros motores testados (MIRAFZAL,

2006, p. 423-433).

Fig. C. 5: Tensão medida nas primeiras espiras.

A Fig. C.6 mostra que as primeiras espiras, por exemplo, 4.0 espiras, dividido pelo

total de espiras (342 espiras), resultam no valor de abscissa igual a 0.02 pu e no valor

correspondente da tensão de pico da onda refletida de 0.35 pu sobre as espiras, no tempo de

138

subida de 60 ηs da tensão de impulso. O primeiro grupo de bobina em 0.16 pu, já obteve o

pico de tensão mais alto possível. Estes dados justificam as corretas formas de onda refletida

que são obtidas usando-se apenas a capacitância Cwf-effective, definida na primeira bobina da

primeira ranhura. Para verificar o modelo proposto foram testados motores de indução de 20 e

100 hp. A medição da resposta em freqüência da impedância no modo diferencial do motor é

feita utilizando um analisador de freqüências que mostra as amplitudes e ângulos de fase, que

são representados graficamente na faixa de frequências entre 100 Hz e 10 MHz.

Fig. C. 6: Medição de tensão sobre espiras, em pu, versus razão espiras/total de espiras.

A Fig. C.7 mostra uma boa aproximação entre os resultados dos cálculos e das

medições para amplitude e ângulo de fase da impedância no modo diferencial para o motor de

100 hp e 460 V, em função da frequência.

Fig. C. 7: Cálculo e medição impedância modo diferencial motor de 100 hp, 460 V.

139

É importante observar o defasamento entre a impedância de modo diferencial

registrado pelo medidor de LCR, para o escorregamento igual a 1, da ligação em triângulo no

motor de 100 hp e a impedância do modelo proposto, utilizando os componentes do circuito

T- equivalente de baixa frequência entre 20 Hz e 10 kHz. A medição da resistência c.c.

correspondente ao parâmetro Rs da norma (IEEE STD 112, 2004) foi medida pelo mili-

ohmímetro (mΩ). A proposta de alteração do modelo T-equivalente, com o escorregamento

igual a 1, considera que a indutância de dispersão do rotor é (Llr << Lm) para que a indutância

de entrada seja aproximadamente igual à (Lls + Llr). Na realidade em níveis de baixo fluxo, a

relação de transformação (Ns/Nr) do rotor pode ser isolada para que a indutância da entrada

apareça principalmente como a soma da indutância Lls para uma grande variação da

indutância de magnetização Lm. A medição e o cálculo da impedância de modo comum versus

resposta em frequência do modelo proposto são mostrados na Fig. C.8 e apresentaram uma

boa concordância para um motor de 100 hp, 460 V.

Fig. C. 8: Cálculo e medição impedância modo comum dos motores de 5 e 100 hp, 460 V.

A capacitância Cwf-0 é concentrada no ponto neutro do enrolamento do estator, como

mostrada Fig. C.9, para dar resposta em baixa frequência, enquanto que a resposta em alta

frequência é dada pela capacitância Cwf-effective.

140

Fig. C. 9: Proposto modelo universal do motor de indução por fase.

A fim de modelar as mencionadas freqüências de anti-ressonância e de ressonância,

três capacitores Cwf-effective, Cwf-0 e Cwf são propostos como elementos adicionais do modelo T-

equivalente da Fig. C.1 e representam as características de comportamento do motor na faixa

de média e alta frequência. A capacitância Cwf é a capacitância total do estator para a carcaça,

a capacitância Cwf-effective representa a capacitância do estator para a carcaça da primeira

ranhura por fase (nas primeiras 4 espiras), a capacitância Cwf-0, ligada do neutro do

enrolamento do estator para a carcaça, representa o restante das espiras do enrolamento. A

capacitância Cws representa a capacitância entre as espiras das bobinas por fase. Nesta

proposta são obtidas as frequências de ressonância curto-circuitando todos os resistores da

modelagem por fase e resolvendo-se a equação quadrática (C.1) e em seguida (C.2).

(C. 1)

Onde,

(C. 2)

141

Deve ser notado que na equação (C.2), o efeito da indutância de magnetização é

desprezível desde que a indutância Lm esteja em paralelo com a indutância Llr de dispersão do

rotor e também o fato de que (Lm >> Llr). Como resultado da inclusão das capacitâncias Cwf-0

e Cwf-effective no circuito padrão T-equivalente, a modelagem passa a representar o

comportamento do motor numa ampla faixa de frequências, como mostram as Figs. C.10 e

C.11.

Fig. C. 10: Medição e cálculo da amplitude da impedância de modo diferencial do motor 5 hp, 460 V.

Fig. C. 11: Medição e cálculo do ângulo fase da impedância de modo diferencial do motor 5 hp, 460 V.

Para verificar a modelagem proposta do motor, dois motores de indução foram

selecionados aleatoriamente e testados usando um analisador de frequência. Os resultados da

medição com um medidor de LCR e dos cálculos da modelagem proposta foram comparados

142

nas Figs. C.10 e C.11, no teste em que o escorregamento do motor era igual a 1. Nestas

figuras, a resposta em frequência da amplitude e do ângulo de fase da impedância é mostrada

na faixa de frequência entre 100 Hz e 10 MHz, para o rotor bloqueado, sem carga e com carga

completa, respectivamente, sendo o escorregamento do motor com carga completa igual a

0.027. Como observado, a velocidade do motor ou o nível de carga do motor não tem impacto

significativo sobre a impedância do motor sobre a faixa de média e alta frequência. A curva

do modelo proposto corresponde à curva de alta frequência no modo diferencial e ao primeiro

e segundo pontos de ressonância exatamente. O circuito T-equivalente mostra que a

impedância do motor é correta somente até a frequência de ressonância fr, isto é esperado

devido à falta de capacitores ressonantes. Uma questão fundamental é que a modelagem tem a

capacidade de combinar as funções de transferência do modo diferencial e comum para todas

as frequências da modelagem, sabendo-se que existem os efeitos de proximidade e pelicular

em função da frequência. Um teste com o rotor e sem o rotor foi executado para certificar que

o circuito do rotor de baixa frequência não alteraria a função de transferência no modo

diferencial da modelagem proposta em alta frequência. A Fig. C.12 mostra que a impedância

série R-L no modo diferencial é reduzida, abaixo da frequência de ressonância, devido à

remoção da indutância Llr e da resistência (Rr/S) do rotor que representa a variação de carga

do motor.

Fig. C. 12: Medição da impedância de modo diferencial do motor 1 hp, 460 V versus frequência.

A análise da interferência eletromagnética (EMI) e da sobre tensão da onda refletida se

preocupou com as frequências correlacionadas ao tempo de subida do pulso de tensão

definido por (1/π*tr) para os tempos de subida típicos do conversor de frequência entre 20 ηs e

2.0 μs, resultando numa faixa de frequência de 150 kHz a 16 MHz. A Fig. C.12 mostrou que a

143

impedância no modo diferencial é estritamente ditada pelos parâmetros do estator, de forma

que o circuito do rotor de baixa frequência pode ser deixado como está na modelagem

proposta sem apresentar erro, assim como mostraram as Figs. C.10 e C.11 sob as condições

de carga plena e em vazio.

Os procedimentos para a obtenção dos parâmetros do modelo proposto são os

seguintes:

11. Resistência do estator Rs: para garantir que a frequência fundamental de 50 Hz, 60 Hz

ou 400 Hz do fluxo da corrente no modelo resulte na correta saída de potência e torque

fundamental, o valor da resistência Rs deve ser igual à do enrolamento quente ou frio

fornecido pelo fabricante. As perdas do fio de cobre na frequência harmônica,

frequência da portadora e frequência das emissões de onda refletida devem ser

contabilizadas no termo de amortecimento Rws;

12. Resistência de perda do núcleo Rcore: a resistência Rcore e a indutância Lm parecem ter

um efeito sobre o arredondamento da forma de onda refletida e da forma de onda das

emissões eletromagnéticas. Os valores padronizados dos fabricantes para 460 V, 60

Hz e Rcore versus potência da máquina, em hp, é dado pela equação (C.3).

(C. 3)

A importância da resistência Rcore é maior para as potências elevadas, onde seu efeito

aproxima os valores da impedância de surto do cabo de 50 Ω a 120 Ω ao valor do

coeficiente de reflexão no terminal;

13. Resistência Rr, indutância Llr e escorregamento S do rotor: neste caso, são utilizados

os valores fornecidos pelo fabricante do modelo T-equivalente. Existe o efeito

pelicular da indutância e o efeito pelicular de profundidade da barra na resistência do

rotor, porém estas variações não alteram apreciavelmente a forma da curva da

impedância de modo diferencial versus frequência;

14. Indutância de magnetização Lm: é utilizado o valor na frequência fundamental do

modelo da norma (IEEE STD 112, 2004). O efeito da indutância de magnetização é

desprezível desde que ela esteja em paralelo com a indutância de dispersão do rotor

para ajudar a definir as frequências de ressonância;

15. Indutância Lls de dispersão do estator: é empregado o valor na freqüência fundamental

do modelo da norma (IEEE STD 112, 2004). No entanto, a redução da indutância Lls

144

na frequência harmônica e da portadora é reconhecida como um efeito secundário. Isto

pode ser levado em conta por não se obter uma concordância perfeita na função de

transferência no modo diferencial em toda a faixa de frequências;

16. Indutância ηLls de dispersão das primeiras espiras do estator: este termo é um dos

parâmetros críticos na definição da impedância no modo diferencial com a onda

refletida de tensão, prevendo o ponto de anti-ressonância da Fig. C.4 e a configuração

correta da corrente de dispersão de interferência eletromagnética para terra no circuito

de modo comum. O termo ηLls é usado para explicar o fato de que apenas uma fração

da indutância total de dispersão do estator é atribuída para alta frequência, em torno de

5 MHz no ponto de anti-ressonância e especificamente nas quatro primeiras espiras da

primeira ranhura na entrada do enrolamento, sendo obtido pela equação (C.4) e

dependente dos dados do enrolamento fornecidos pelo fabricante do motor.

(C. 4)

Se o valor de ηLls é muito alto, então tal indutância isolará o termo Cwf-effective e a

corrente de pico para terra, tornando a forma de onda da reflexão incorreta na

simulação de modo comum;

17. Capacitância total do estator para a carcaça Cwf-total: Uma representação física da

capacitância Cwf-total do enrolamento do estator para a carcaça aterrada é mostrado na

Fig. C.13.

Fig. C. 13: (a) Capacitância Cwf-total; (b) Capacitância Cwf-slot.

145

Para frequências maiores que a primeira frequência ressonante fr1 na ranhura do

estator, a capacitância Cwf-slot por ranhura do enrolamento para a carcaça desempenha

um papel importante, descrevendo o comportamento no modo diferencial e comum do

motor em altas frequências. A capacitância Cwf-total é calculada a partir da geometria do

núcleo do estator, analisando-se a capacitância da ranhura para a carcaça aterrada e

multiplicando-se pelo número de ranhuras do estator Ns. Cada ranhura do estator pode

ser considerada, aproximadamente, como um condutor de forma retangular com o

comprimento Lfe igual ao do núcleo do estator, largura média Wslot e profundidade

média dslot.

Considerando que todos os lados deste condutor estejam num mesmo potencial, o

valor da capacitância existente entre os condutores do enrolamento do estator em cada

ranhura pode ser obtido através de (C.5).

(C. 5)

Onde, Lslot é o perímetro da ranhura do estator, podendo ser aproximado como (Lslot ≅

2*dslot + 1.5*Wslot), δ1 e δ2 são as espessuras do papel isolante da ranhura e o

isolamento do fio, respectivamente, δ1 (0.38 < δ1 < 0.63 mm) e δ2 (0.02 < δ2 < 0.05

mm), ver a Fig. 4.24(b), com as permissividades relativas εr1 e εr2, respectivamente,

(3.0 < εr1 < 3.2) e (3.5 < εr2 < 4.0). Como pode ser visto na Fig. C.13(b), o papel

isolante próximo à abertura da ranhura é o dobro ao longo de uma parte da parede do

estator. Portanto, uma correção do fator de espessura é definida como kt e considera a

espessura extra do isolamento (1.0 < kt < 1.5). Um pequeno espaço de ar aleatório

entre o papel isolante da ranhura e a carcaça é definido por δ3 (0.02 < δ3 < 0.3 mm),

exerce um papel importante no resultado final das capacitâncias Cwf-slot e Cwf-total,

podendo alterá-las em até duas vezes (2:1) ao considerar este espaço de ar linear,

porém, os cálculos são mais precisos. Para um motor com um número de ranhuras do

estator Ns, a capacitância Cwf-total pode ser obtida por (C.6).

(C. 6)

18. Capacitância Cwf-slot e Cwf-effective do estator para a carcaça: os resultados das medições

de variação da capacitância Cwf, em resposta de freqüência, para uma fase condutora e

três fases condutoras curto-circuitadas do enrolamento do estator em relação à carcaça

146

aterrada são mostrados na Fig. C.14. O valor da capacitância de uma fase condutora é

muito menor na faixa de 100 kHz até 16 MHz, se comparado com o valor em baixa

frequência (300 Hz a 5 kHz). Isso é explicado usando o modelo de parâmetros

distribuídos da Fig. C.2. Nas frequências baixas todo o somatório de várias seções

contribui para a capacitância Cwf, mas em alta frequência apenas a capacitância Cwf-

effective é funcional e o restante da capacitância é isolado.

Fig. C. 14: Resultados da capacitância do enrolamento do estator para a carcaça motor 5 hp.

O valor de 300 ρF para (fr > 100 kHz) concorda com o valor calculado da capacitância

Cwf-effective para uma ranhura conforme a Tabela C.1, do motor de 5 hp e verifica a

teoria de uma única ranhura para a resposta no modo diferencial em alta frequência.

Tabela C. 1: Especificações de projeto dos motores de indução de 5, 20 e 100 hp.

Potência do motor 5 hp 20 hp 100 hp

Conexão do enrolamento do estator Estrela (Y) Delta (∆) Delta (∆)

Número de circuitos paralelos 1.0 1.0 2.0

Comprimento da pilha (mm) 114.3 158.8 196.9

Número de ranhuras do estator 36 48 60

Largura da ranhura do estator (mm) 6.959 7.366 8.763

Profundidade da ranhura do estator (mm) 18.669 26.924 35.8141

As medições dos três condutores no modo comum da Fig. C.14 para (fr > 100 kHz) é

três vezes o valor do condutor único. Isso ocorreu porque a primeira seção distribuída

de todos os três condutores são apenas as seções contribuindo em paralelo, de forma

147

que o valor dos três condutores é três vezes o valor de um único condutor. As

medições de um único condutor e de três condutores em baixa frequência não são três

vezes, mas têm o mesmo valor. Isso ocorre porque o valor do condutor único pode ir

através do neutro do motor e ganhar a capacitância do estator para a carcaça das outras

duas fases. Na faixa de 10 kHz até 100 kHz o valor dos três condutores está ganhando

mais seções distribuídas no fim do terminal e o seu valor é maior do que a medição de

um único condutor. Para a modelagem proposta, somente a título de exemplo, a Tabela

C. 2 fornece os parâmetros de por fase para os motores de 5, 20 e 100 hp, em 60 Hz.

Tabela C. 2: Parâmetros por fase com a frequência de alimentação de 60 Hz para motores de 5, 20 e 100 hp.

Potência do motor 5 hp 20 hp 100 hp

Rs (Ω) 1.410 0.267 0.090

Rr (Ω) 1.280 0.248 0.056

Lls (mH) 11.350 2.910 1.695

Llr (mH) 15.040 4.290 2.217

Lm (mH) 319.0 77.3 48.1

Rcore (Ω) 2568.0 990.0 862.0

Cwf-slot (ηF) 0.213 0.409 0.703

Cwf-effective (ηF) 0.213 0.818 2.80

Cwf-total (ηF) 7.668 19.63 42.1

Cwf-0 (ηF) 2.343 5.726 11.26

Cws (ηF) 0.852 1.63 5.60

Outro importante fator de geometria da máquina é a conexão do enrolamento do

estator, que se estiver ligado em triângulo, tem o dobro da capacitância Cwf-slot, em

comparação com enrolamento ligado em estrela, Fig. C.15. O número de circuitos

paralelos também pode alterar o valor da capacitância Cwf-effective.

Fig. C. 15: Enrolamento ligado em delta tem o dobro de capacitância efetiva.

19. Capacitância Cwf-0: a capacitância Cwf-0 é o restante da capacitância de modo comum

do estator para terra concentrada no ponto neutro da conexão estrela do enrolamento.

148

Deve ser notado que o valor da capacitância de sequência zero é um terço do valor da

capacitância no modo comum medida, sendo obtida por (C.7).

(C. 7)

20. Capacitância Cws do enrolamento do estator de espira para espira: para a determinação

deste parâmetro utiliza-se uma forma heurística baseada em vários testes realizados

anteriormente em mais de 50 motores diferentes, observando-se que a segunda

frequência de ressonância é aproximadamente o dobro ou menos do valor da primeira

frequência de ressonância, então a capacitância de dispersão entre espiras pode ser

obtida como uma função da capacitância Cwf-effective, dada por (C.8).

(C. 8)

21. Resistência Rws de amortecimento do enrolamento do estator de espira para espira: este

termo explica o efeito de proximidade e o efeito pelicular no fio e as perdas no núcleo

em alta frequência. A resistência Rws é o elemento de amortecimento do circuito

ressonante paralelo. No primeiro pico de ressonância da Fig. C.4, a impedância no

modo diferencial medida é igual a 3/2. Ela é fundamentada na resistência Rcore e não

tem um grande impacto sobre a resistência de amortecimento necessária. Os fatores do

efeito de proximidade e pelicular do fio, na frequência de ressonância, multiplicados

pelo valor de Rdc resulta em um valor em série que pode ser convertido para um valor

Rws em paralelo;

22. Resistência de amortecimento inicial μRs do estator para terra: esta componente é a

resistência AC da parte fracionária da resistência Rs do estator devido à segmentação

de ηLls, já descrita. Em 60 Hz μRs é igual a [Rs* (4 espiras/Nº total de espiras)] e o

fator de multiplicação entre 10 e 20 é usado para o efeito de proximidade e pelicular,

abrangendo também a resistividade da laminação do aço das ranhuras, onde o fio terra

do motor está conectado à caixa de conexão. O termo μRs afeta a corrente de pico no

modo comum, bem como o amortecimento das oscilações de tais correntes para terra.

A Fig. C.16 mostra o modelo universal do motor de indução trifásico com a adição do

modelo de eixo e do rolamento, ligado ao enrolamento trifásico (MIRAFZAL, 2006, p.

423-433).

149

Fig. C. 16: Modelagem universal do motor de indução trifásico de 10 Hz até 10 MHz.

Apêndice D – Ilustrações Gerais

Neste apêndice são apresentadas as fotos dos equipamentos e instrumentos utilizados

nos testes experimentais. Começando com a foto mostrada na Fig. D.1 que ilustra a ponta de

prova para medição de alta tensão diferencial; na Fig. D.2, o amplificador da ponta de prova

para medição das correntes; na Fig. D.3, o amplificador da ponta de prova para medição das

correntes; na Fig. D.4, o osciloscópio digital utilizado para obtenção das formas de onda; na

Fig. D.5, o conversor de freqüência utilizado nos testes experimentais; na Fig. D.6, o

rolamento 6205 ZZ, utilizado na ponta DE do eixo; na Fig. D.7, o rolamento 6204 ZZ,

aplicado na ponta NDE do eixo.

Fig. D. 1: Foto da ponta de prova para medição de alta tensão diferencial.

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Fig. D. 2: Ponta de prova para a medição das correntes, abraçando o condutor de desvio.

Fig. D. 3: O amplificador da ponta de prova para medição das correntes com a terminação de 50 Ω, 0.5 W.

152

Fig. D. 4: Foto do osciloscópio digital utilizado para obtenção das formas de onda.

Fig. D. 5: Foto do conversor de frequência utilizado nos testes experimentais.

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Fig. D. 6: foto do rolamento 6205 ZZ, utilizado na ponta DE do eixo.

Fig. D. 7: Foto do rolamento 6204 ZZ, aplicado na ponta NDE do eixo.