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Diretrizes Preliminares das Medidas de Gestão para as Unidades de Conservação propostas na Região dos Abrolhos Documento-Base MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade Diretoria de Criação e Manejo de Unidades de Conservação – DIMAN Coordenação Geral de Criação, Planejamento e Avaliação de Unidades de Conservação - CGCAP Coordenação de Criação de Unidades de Conservação – COCUC Abril/2012

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Diretrizes Preliminares das

Medidas de Gestão para as

Unidades de Conservação

propostas na Região dos

Abrolhos Documento-Base

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade Diretoria de Criação e Manejo de Unidades de Conservação – DIMAN Coordenação Geral de Criação, Planejamento e Avaliação de Unidades de Conservação - CGCAP Coordenação de Criação de Unidades de Conservação – COCUC Abril/2012

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Sumário

AAPPRREESSEENNTTAAÇÇÃÃOO ............................................................................................................................................................................. 3

EEXXPPEERRIIÊÊNNCCIIAASS NNAA GGEESSTTÃÃOO DDEE ÁÁRREEAASS MMAARRIINNHHAASS PPRROOTTEEGGIIDDAASS .......................................................................................... 5

ÁÁRREEAA DDEE PPRROOTTEEÇÇÃÃOO AAMMBBIIEENNTTAALL DDOO BBAANNCCOO DDOOSS AABBRROOLLHHOOSS .............................................................................................. 8

AAMMPPLLIIAAÇÇÃÃOO DDOO PPAARRQQUUEE NNAACCIIOONNAALL MMAARRIINNHHOO DDOOSS AABBRROOLLHHOOSS .......................................................................................... 12

CCRRIIAAÇÇÃÃOO DDOO RREEFFÚÚGGIIOO DDEE VVIIDDAA SSIILLVVEESSTTRREE BBAALLEEIIAA JJUUBBAARRTTEE ............................................................................................. 13

CCRRIIAAÇÇÃÃOO DDAA RREESSEERRVVAA DDEE DDEESSEENNVVOOLLVVIIMMEENNTTOO SSUUSSTTEENNTTÁÁVVEELL DDAA FFOOZZ DDOO RRIIOO DDOOCCEE .................................................................................................... 1155

CCOONNSSIIDDEERRAAÇÇÕÕEESS FFIINNAAIISS ............................................................................................................................................................ 16

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AAPPRREESSEENNTTAAÇÇÃÃOO

O presente documento traz diretrizes básicas de gestão como forma de garantir condições

adequadas de funcionamento para as Unidades de Conservação que estão sendo propostas para criação

e/ou ampliação na Região dos Abrolhos. A Figura 1 apresenta o conjunto de unidades de conservação já

estabelecidas e propostas para a região. Os limites externos da APA do Banco dos Abrolhos foram

alterados para linhas retas de modo a facilitar as medidas de monitoramento e proteção bem como a

identificação da UC nas cartas náuticas. Com este cenário, a “Região dos Abrolhos” passaria a ter 25% de

sua extensão dentro de Unidades de Conservação de Proteção Integral. As áreas de exclusão total à

pesca corresponderiam a aproximadamente 18% da região como um todo. O documento é baseado em

experiências internacionais e nacionais de gestão de extensas áreas marinhas como forma de consolidar

os resultados do Projeto “Identificação de Áreas Prioritárias para a Conservação da Biodiversidade no

Banco dos Abrolhos” desenvolvido pelo ICMBio em cooperação técnica com a Conservação Internacional.

O objetivo do documento é ilustrar que a gestão destas áreas é possível do ponto de vista técnico e

contribuirá como um passo importante para a manutenção da biodiversidade da região, buscando garantir

a sustentabilidade de atividades como a pesca, o turismo e outras que possam se desenvolver de forma

harmônica. Em última análise, o documento também apresenta uma previsão de custos para o bom

funcionamento destas áreas protegidas.

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Figura 1: Cenário para ampliação da proteção em Unidades de Conservação na Região de Abrolhos.

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EEXXPPEERRIIÊÊNNCCIIAASS NNAA GGEESSTTÃÃOO DDEE ÁÁRREEAASS MMAARRIINNHHAASS PPRROOTTEEGGIIDDAASS

Inicialmente, serão apresentadas outras iniciativas de gestão de extensas áreas marinhas

protegidas como forma de ilustrar as principais medidas adotadas para garantir o uso e conservação

destas áreas. Com base nas informações disponíveis, foram levantadas as principais regras de

funcionamento de extensas áreas marinhas protegidas no mundo e no Brasil. São elas: Parque Marinho

da Grande Barreira de Recifes na Austrália, Área Protegida das Ilhas Phoenix em Kiribati, e Área de

Proteção Ambiental do Litoral Norte em São Paulo, Brasil.

O Parque Marinho da Grande Barreira de Recifes (GBRMP) é a terceira maior unidade de

conservação marinha do mundo com 34.400.000,00 de hectares. Localiza-se na Austrália, no Oceano

Pacífico, e conta com quatro zonas distintas de manejo. Todas as zonas contribuem para a proteção dos

recifes, sendo que o nível de proteção aumenta das ‘Zonas de Uso Geral’ até as mais restritas ‘Zonas de

Preservação’. Cada zona apresenta diferentes regras para cada tipo de atividade permitida, além de

proibir determinadas atividades, e indicar aquelas que requerem permissão especial. O Plano de Manejo

do GBRMP foi elaborado pela primeira vez em 1983 sendo progressivamente revisado com uso de

ferramentas de planejamento da conservação e participação social. A última versão foi concluída em 2004

com ampla participação dos atores envolvidos com destaque para os usuários tradicionais. O zoneamento

proposto nesta última versão possibilita a manutenção de 33% dos recifes contidos no GBRMP como

áreas no-take (áreas sem captura) e protege amostras representativas de cada uma das suas 70

biorregiões identificadas. Para garantir o entendimento das regras de uso, específicas para cada zona e

sub-zonas, houve um extenso programa de educação ambiental com a distribuição de mais de 1 milhão de

mapas com as áreas de livre acesso. Além disso, existem outras formas de divulgação das regras do

GBRMP. Sinalização com as informações de zoneamento estão disponíveis em cada ponto de

desembarque de embarcações ao longo do litoral. As embarcações comerciais também receberam cartas

eletrônicas de navegação para ajudar o tráfego nas diferentes zonas. O GBRMP utiliza outras ferramentas

de publicidade para aumentar a conscientização sobre o zoneamento, incluindo notícias e entrevistas na

mídia, campanhas de outdoors para visitantes, utilização de embarcação para este fim, além de possuir

endereço eletrônico com todas as informações on-line sobre o seu funcionamento

(http://www.gbrmpa.gov.au). No endereço eletrônico, os usuários podem acessar um mapa interativo onde

é possível gerar diferentes camadas ou níveis de informações para áreas específicas, dependendo da

necessidade de cada usuário. Como forma de garantir o cumprimento das normas, o GBRMP conta com

patrulhas de barcos e aviões realizadas regularmente. As patrulhas são medidas integradas do órgão de

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gestão com mais 8 instituições, tais como órgãos ligados à polícia e autoridades marítimas. Eles também

recebem denúncias dos próprios usuários que funcionam como uma importante fonte de informação para

ações de fiscalização. Os interessados em pescar ou navegar nas áreas do GBRMP necessitarão

conhecer onde eles podem ir e as penalidades aplicadas, caso não sigam as regras de cada zona.

Usuários do GBRMP são encorajados a se familiarizar com as regras das zonas, conforme estabelecidas

no seu Plano de Manejo.

A Área Protegida das Ilhas Phoenix (PIPA) é a maior unidade de conservação marinha do mundo

com 40.825.000,00 hectares (o que corresponde a 11,34% da ZEE de Kiribati). Kiribati declarou a criação

da PIPA em 2006 na Conferência das Partes da CDB e, em 2008 o país declarou sua ampliação,

dobrando a área da mesma. PIPA inclui dentro dos seus limites oito atóis, diversas ilhas, duas áreas de

recifes submersos, além de montes submarinos. Devido ao isolamento da região, talvez esse conjunto de

ilhas contenha os recifes de corais mais prístinos de todo o globo. A maior parte da área da PIPA

compreende o assoalho oceânico e a coluna d’água com profundidade média superior a 4.000 metros,

alcançando a profundidade máxima de 6.147 metros. Ela é a primeira unidade de conservação marinha a

incluir componentes típicos de áreas profundas. A gestão da PIPA é realizada de maneira peculiar entre o

governo federal, os governos regionais e organizações não-governamentais. A gestão da Unidade é

financiada por fundo de conservação através de um sistema em que o governo é reembolsado com uma

quantia equivalente àquela que ele ganharia vendendo licenças de pesca. O plano de gestão atual passou

a ter validade em 2010 e contém ações previstas até 2014. Ele inclui missões específicas para

erradicações de espécies exóticas, manutenção de um sistema permanente de controle de visitantes e

pesquisadores, manutenção de um sistema de controle das operadoras de turismo, e uma extensa gama

de atividades relacionadas à fiscalização e ao cumprimento das regras, principalmente para o controle de

embarcações ilegais. A área da PIPA é dividida em zonas, conforme descrito a seguir: (i) zona no-take

(2.6% do total), com proibição de todo tipo de uso extrativo; (ii) zona de uso restrito (0.3% do total),

permitindo a captura de apenas algumas espécies de acordo com as regras; (iii) zona exclusiva de pesca

(9.5% do total), onde é proibida a exploração pela frota comercial de redes de cerco, mas a frota de

longline devidamente licenciada é permitida; e (iv) zona oceânica de manejo (87.7% do total), onde a

atividade de pesca está sujeita às normas e restrições das leis locais e demais atividades a serem

realizadas na coluna d’água e no assoalho oceânico serão avaliadas e julgadas no Comitê de Manejo,

considerando os objetivos da área protegida. Inicialmente, PIPA dispunha de um Comitê de Direção que

passou a se chamar Comitê de Manejo (PIPA-MC). O PIPA-MC inclui representações do Ministério do

Meio Ambiente, além dos Ministérios da Pesca, Finanças, Turismo, Comércio e de Relações

Internacionais, além do serviço de polícia, e de uma universidade. ONGs também participam

freqüentemente das reuniões do MC provendo suporte técnico. O referido Comitê tem caráter consultivo.

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A APA Marinha do Litoral Norte de São Paulo foi criada em 08 de outubro de 2008, através do

decreto estadual 53.525, com a finalidade de proteger, ordenar, garantir e disciplinar o uso racional dos

recursos ambientais da região, inclusive suas águas, através do ordenamento das atividades turísticas, de

pesquisa e de pesca de modo a promover o desenvolvimento sustentável. O processo de criação ao longo

de quase um ano envolveu várias consultas públicas e reuniões com os setores diretamente ligados à

região, cuja participação reflete-se nas muitas contribuições ao texto legal final. A APA Marinha do Litoral

Norte é composta por três setores que somados correspondem a uma área de quase 400.000 hectares.

Além da divisão de setores, o Decreto de criação descreve perímetros de algumas áreas consideradas

como áreas de manejo especial para a proteção da biodiversidade, áreas destinadas ao combate de

atividades predatórias, o controle da poluição e a sustentabilidade da produtividade pesqueira. As zonas

prioritárias para o estudo da biodiversidade representam 35.853 hectares. Com intuito de avançar nas

diretrizes básicas de gestão, o Decreto proíbe determinados tipos de atividades, tais como a pesca

industrial de arrasto, e garante a regulamentação de outras atividades, tais como a pesca sustentável,

implantação de atividades de aqüicultura e instalação de estruturas físicas, ouvindo o Conselho Gestor da

APA e o Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo. A APA Marinha do Litoral Norte conta com

um Conselho Gestor, composto paritariamente por representantes do Poder Público e da sociedade civil

organizada, incluindo os pescadores artesanais e entidades de defesa do mar de forma a promover sua

gestão integrada e participativa. A gestão da APA tem focado em três condições consideradas mais

importantes para a gestão da APA: o Conselho Gestor, de caráter consultivo; Plano de Manejo, com o

zoneamento da unidade, a indicação das diretrizes gerais e normatização dos usos, e os programas de

ação para monitoramento, educação ambiental e pesquisa; e pessoal técnico qualificado. As ações de

fiscalização estão sendo realizadas de forma conjunta com Marinha do Brasil e Polícia Ambiental.

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ÁÁRREEAA DDEE PPRROOTTEEÇÇÃÃOO AAMMBBIIEENNTTAALL DDOO BBAANNCCOO DDOOSS AABBRROOLLHHOOSS

A Área de Proteção Ambiental do Banco dos Abrolhos funcionará como uma unidade de gestão

funcional articulando ações e necessidades afetas a cada Unidade de Conservação localizada dentro de

seus limites. Ela será dividida em três setores, conforme apresentado na Figura 2 a seguir: Setor I – Costa

do Descobrimento, Setor II – Costa das Baleias, e Setor III – Costa Norte do Espírito Santo. A divisão

proposta reflete as particularidades dos processos ambientais reinantes em cada uma delas e apresenta

uma estratégia inicial de zoneamento que tem funcionado nos demais exemplos descritos acima. Tal

zoneamento permitirá o emprego dos recursos disponíveis, de maneira mais eficiente, para a gestão da

área como um todo, garantindo ao mesmo tempo a otimização dos recursos e a integração das atividades.

A sede do Setor I será localizada na Coordenação Regional do ICMBio CR-07 em Porto Seguro, não

requerendo recursos orçamentários extras para a instalação da mesma. Da mesma forma, a sede do Setor

II será localizada na atual sede do PARNAMAR Abrolhos, em Caravelas – BA. O Setor III poderá utilizar

instalações do Projeto TAMAR localizadas na foz do Rio Doce – limite sul da Unidade de Conservação,

podendo inicialmente utilizar as instalações da sede da REBIO Comboios, localizada no distrito de

Regência, município de Linhares.

O gestor da Unidade de Conservação executará suas funções na sede da CR-07 do ICMBio e

realizará a gestão da área e da equipe como um todo, sendo provido de um cargo de direção compatível

com a complexidade da área. Cada Setor terá uma equipe que atuará em parceria com outras UCs

presentes na área e um Chefe de Serviço que receberá cargo de direção de menor nível àquele do Gestor.

Estima-se que o Setor I deva possuir, no mínimo, 2 analistas ambientais, excluindo o Chefe de Serviço. A

Sede da APA também precisa contar com apoio de um analista e um técnico administrativo. Desta forma,

o quadro funcional da mesma deve ser de 5 analistas ambientais, 1 analista administrativo e 1 técnico

administrativo.

A APA do Banco dos Abrolhos disporá de um Conselho Gestor que funcionará como um espaço

amplo de discussão, nos moldes dos atuais Conselhos de Mosaicos, onde os temas mais gerais serão

debatidos em reuniões menos freqüentes. Esta estratégia reduzirá os gastos e tornará as reuniões mais

produtivas. Cada Setor formará Sub-Conselhos, que promoverão reuniões mais freqüentes, com

deslocamentos regionais, e com discussões mais específicas que afetam apenas as suas respectivas

áreas de abrangência. A constituição e o funcionamento do Conselho e dos Sub-Conselhos serão

regulamentados por Portaria do ICMBio. Participarão do Conselho os representantes do poder público em

todos os níveis (como ministérios e órgãos federais, governos da Bahia e do Espírito Santo,

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representantes dos poderes municipais), associações dos setores de usuários, representantes de

instituições de pesquisa e de organizações não governamentais. Desta forma ele promoverá a

participação social na gestão da Unidade, conforme preconiza a legislação em vigor. As atividades para

formação do Conselho envolvem o processo de mobilização, divulgação, formalização, e o seu bom

funcionamento dependerá de ações de capacitação e fortalecimento técnico dos seus membros. O

Conselho servirá como espaço de discussão e apontará recomendações em relação a possibilidade de

determinados tipos de uso poderem ou não ser estabelecidos dentro de seus limites, considerando a

sustentabilidade da atividade em questão e os objetivos da unidade de conservação.

Figura 2. Zoneamento preliminar da APA do Banco dos Abrolhos.

A elaboração do Plano de Manejo da Unidade de Conservação envolverá a realização de oficinas

participativas de planejamento e reuniões do Conselho Gestor para identificação e apresentação das

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informações existentes e das lacunas de conhecimento. Além disso, a sua elaboração envolverá a

contratação de consultores para realização de pesquisas complementares e para sistematização das

informações existentes. Com base nessas informações serão construídas as propostas de zoneamento e

os programas de gestão que deverão ser validados e aprovados pelo Conselho Gestor da APA.

A Tabela 1 a seguir traz a estimativa do custo necessário para gestão da UC considerando os

gastos envolvidos para formação do Conselho, elaboração do Plano de Manejo, bem como ações de

fiscalização e monitoramento da área. A instalação das Sedes descritas acima não implicará em custos

adicionais, uma vez que o PARNAMAR Abrolhos e a REBIO de Comboios (na foz do Rio Doce) dispõem

de recursos provenientes de compensação ambiental. Não estão sendo considerados custos associados à

atividades de manutenção pois os mesmos são muito variáveis. É importante ressaltar que os custos

associados a ações de fiscalização através de embarcações podem ser consideravelmente reduzidos,

caso haja um contrato do ICMBio disponível para utilização de embarcações, o que preveniria a aquisição

das mesmas.

Os custos descritos na Tabela 1 serão provenientes de inúmeras fontes, tais como: orçamento da

União, projetos especiais (FUNBIO, GEF-Mar, etc), parcerias com organizações não-governamentais,

compensação ambiental proveniente das atividades de licenciamento, conversão de multas, etc. Além

disso, os custos envolvidos na elaboração do Plano de Manejo estão abrangendo desde levantamentos

primários em áreas de pesquisa consideradas como lacunas de conhecimento, mas também esforços na

compilação de dados secundários provenientes de grandes projetos de pesquisa desenvolvidas na região,

como o programa de Ciência para o Manejo de Áreas Marinhas Protegidas (Marine Management Areas

Science – MMAS), o projeto “Produtividade, Sustentabilidade e Utilização do Ecossistema do Banco de

Abrolhos – Pro-Abrolhos”, coordenado pelo Instituto Oceanográfico (IO) da USP e o Projeto Rede

Abrolhos: Estrutura, funcionamento e conservação do principal complexo coralíneo do Atlântico Sul,

coordenado pela Universidade Federal do Espírito Santo.

Ressalta-se que embora algumas normas e diretrizes de manejo possam ser aprimoradas ouvindo

o Conselho Gestor e instituições de pesquisa que desenvolvem pesquisas na região e a partir do

conhecimento gerado na elaboração do Plano de Manejo, algumas medidas devem ser preconizadas

antecipadamente na ocasião do Decreto de criação, tais como os usos associados a possíveis impactos

ambientais que afetam ambientes em grande escala espacial e com grande potencial destrutivo.

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Tabela 1: Estimativa de custos para implantação da APA do Banco dos Abrolhos

Atividade Descrição Custo Estimado

Formação do Conselho Gestor Reuniões, mobilização dos atores, divulgação

R$ 150.000,00

Funcionamento do Conselho Gestor

Reuniões, mobilização dos atores, divulgação incluindo reuniões dos Sub-Conselhos

Custo ordinário de funcionamento estimado em R$80.000,00

Elaboração do Plano de Manejo

Contratação de consultores, realização de oficinas, reunião do Conselho

R$ 1.250.000,00

Ações de Fiscalização - Aéreas Patrulhamento com Avião Cesna 210 (utilizando contrato do ICMBio) – R$ 2.000,00/hora de vôo

RS 350.000,00/ano

Ações de Fiscalização - Marítimas

Aquisição de 3 embarcações costeiras DGS 750 + Motor de Popa 150HP + Carreta Rodo de Encalhe de 7,5 metros (uma para cada setor) – R$ 210.000,00

Aquisição de embarcação offshore 14m com 50 pés, de deslocamento rápido (40 nós) e grande autonomia – R$ 2.000.000,00

Custo mensal de tripulação – R$ 20.000,00

R$ 2.630.000,00 + R$ 240.000,00/ano

Equipamentos Gerais 3 veículos para deslocamentos terrestres – R$ 100.000,00

R$ 300.000,00

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AAMMPPLLIIAAÇÇÃÃOO DDOO PPAARRQQUUEE NNAACCIIOONNAALL MMAARRIINNHHOO DDOOSS AABBRROOLLHHOOSS

A ampliação do Parque Nacional Marinho (PARNAMAR) dos Abrolhos também está sendo

proposta com um zoneamento preliminar conforme apresentando na Figura 3. A unidade conta com sede

própria e está em processo de reforma com recursos oriundos de compensação ambiental. Desta forma, a

ampliação não ensejará gastos adicionais para a estrutura física. A unidade também já conta com duas

embarcações, uma delas mais adequada para atividades de pesquisa/monitoramento e que acaba de ser

reformada e a outra de deslocamento rápido para atividades de fiscalização. Desta forma, as atuais

embarcações e as aquisições descritas acima associadas à implementação da APA do Banco dos

Abrolhos são consideradas suficientes para a gestão da Unidade pós-ampliação. Como estratégia de

apoio às ações de fiscalização está prevista ainda a implantação de um sistema de radar, que possa

ajudar no rastreamento de embarcações, custando aproximadamente R$ 100.000,00. Ressalta-se que o

Setor II da APA e o PARNAMAR compartilharão a mesma Sede e poderão desenvolver atividades de

fiscalização sinergéticas. Em termos de equipe, considera-se extremamente importante a aquisição de

pelo menos dois analistas ambientais somando-se à equipe existente atualmente.

O principal custo envolvido na ampliação do PARNAMAR dos Abrolhos refere-se à atualização do

seu plano de manejo. O mesmo encontra-se desatualizado e carece de revisão imediata. Com a

ampliação da área, estes custos podem alcançar R$ 500.000,00. Em relação ao Conselho, o mesmo já

existe e encontra-se em funcionamento.

Figura 3. Proposta de ampliação do PARNAMAR dos Abrolhos.

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CCRRIIAAÇÇÃÃOO DDOO RREEFFÚÚGGIIOO DDEE VVIIDDAA SSIILLVVEESSTTRREE BBAALLEEIIAA JJUUBBAARRTTEE

O limite proposto para a criação do Refúgio de Vida Silvestre Baleia Jubarte está apresentado na

Figura 4 a seguir. A Figura também ilustra a localização do local mais indicado para a provável Sede da

Unidade. A construção da Sede pode contar com recursos oriundos de processo de compensação

ambiental da REBIO Comboios, localizado ao sul da foz do Rio Doce. Além da REBIO, o Projeto TAMAR

também atua na região podendo contribuir nos esforços para a construção de uma base única. Em termos

de equipe, a criação da Unidade demanda a alocação de 1 gestor (cargo de direção e assessoramento) e,

pelo menos, 2 analistas ambientais e 1 analista administrativo. Esta equipe atuará conjuntamente com a

equipe previamente destinada para a implantação do Setor III da APA do Banco dos Abrolhos.

A REVIS também disporá de um Conselho Gestor, de caráter consultivo. Ele funcionará como um

espaço de discussão para questões específicas afetos à RVS. Desta forma ele promoverá a participação

social na gestão da Unidade, conforme preconiza a legislação em vigor e promoverá debates importantes

a respeito da regulamentação das artes de pesca compatíveis com esta Unidade, considerando mais uma

vez a sustentabilidade de cada arte de pesca e os objetivos específicos que a Unidade se propõe. Estima-

se que os custos envolvidos na formação do Conselho da REVIS não ultrapassem o valor de R$

100.000,00 e custo ordinário de funcionamento seja aproximadamente R$ 50.000,00.

A Unidade de Conservação também necessitará de Plano de Manejo específico. Este compilará

todas as informações existentes na região, apontando as linhas de pesquisa prioritárias, normas e

diretrizes de manejo e uso pelas diferentes categorias de usuários, além de aprofundar o debate sobre a

interação das diferentes artes de pesca com a população de baleias Jubarte. O Plano de Manejo também

definirá os programas de ação para monitoramento, educação ambiental, intervenções prioritárias, ações

de fiscalização, fomento às atividades de conservação e uso sustentável, pesca responsável, entre outros.

A elaboração do Plano de Manejo da REVIS está estimada em R$ 400.000,00.

A aquisição das embarcações previstas previamente para a APA do Banco dos Abrolhos é

considerada satisfatória para a gestão da REVIS pós-criação. Como já existe a REBIO Comboios em

Regência, aponta-se como solução otimizada a localização da sede compartilhada entre esta UC e o

Setor III da APA e a REVIS, podendo desenvolver atividades de fiscalização sinergéticas, envolvendo o

planejamento de ações específicas para todas as Unidades.

Embora algumas normas e diretrizes de manejo possam ser aprimoradas com base nas

recomendações do futuro Conselho Gestor e instituições de pesquisa que desenvolvem pesquisas na

região e a partir do conhecimento gerado na elaboração do Plano de Manejo, algumas medidas devem ser

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preconizadas na ocasião do Decreto de criação, tais como os usos associados a impactos ambientais que

afetam ambientes em grande escala espacial e com grande potencial destrutivo para o principal objeto de

conservação da Unidade.

Figura 4. Proposta da REVIS Baleia Jubarte

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CCRRIIAAÇÇÃÃOO DDAA RREESSEERRVVAA DDEE DDEESSEENNVVOOLLVVIIMMEENNTTOO SSUUSSTTEENNTTÁÁVVEELL DDAA FFOOZZ DDOO RRIIOO DDOOCCEE

O limite proposto para a criação do Reserva de Desenvolvimento Sustentável da Foz do Rio Doce

está apresentado na Figura 5. Com a abrangência da RDS no entorno da REBIO Comboios e, além da

sede da REBIO, como já existe em Regência instalações do Projeto TAMAR, a constituição da sede da

RDS da Foz do Rio Doce poderia ser junto à sede da REBIO Comboios, ou junto às instalações do

TAMAR. Com a proposta de localizar a sede do Setor III da APA do Banco dos Abrolhos na localidade de

Regência, esforços poderão ser canalizados para a construção de uma sede compartilhada pela APA e

pela RDS, concentrando instalações, facilidades e soluções logísticas. Recursos financeiros para essa

construção poderão ser oriundos de compensação ambiental da própria REBIO Comboios e/ou de outras

UCs localizados na região do litoral norte capixaba.

Em termos de equipe, a criação da RDS da Foz do Rio Doce demandará a alocação de 1 gestor

(cargo de direção e assessoramento) e, pelo menos, 2 analistas ambientais e 1 analista administrativo.

Esta equipe poderá atuar conjuntamente com a equipe destinada para a implantação do Setor III da APA

do Banco dos Abrolhos e com as unidades já existentes, garantindo sinergismo e otimização nas ações de

implantação, monitoramento e fiscalização das unidades.

Figura 5. Proposta da Reserva de Desenvolvimento Sustentável da Foz do Rio Doce

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CCOONNSSIIDDEERRAAÇÇÕÕEESS FFIINNAAIISS

O quadro a seguir apresenta um resumo dos custos envolvidos na gestão das três Unidades de

Conservação na Região dos Abrolhos, ilustrando que os mesmos serão diluídos ao longo do tempo e que,

podem ser planejados de maneira integrada ocasionando redução dos gastos e tornando a gestão destas

Unidades mais eficiente.

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Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 Ano 5Proteção R$ 3.090.000,00 R$ 360.000,00 R$ 360.000,00 R$ 360.000,00 R$ 360.000,00

Monitoramentocusto operacional daembarcação 'Benedito' e dasadquiridas para a APA

custo operacional daembarcação 'Benedito' e dasadquiridas para a APA

custo operacional daembarcação 'Benedito' e dasadquiridas para a APA

custo operacional daembarcação 'Benedito' e dasadquiridas para a APA

custo operacional daembarcação 'Benedito' e dasadquiridas para a APA

Plano de Manejo R$ 250.000,00 R$ 500.000,00 R$ 500.000,00

Conselho R$ 150.000,00 R$ 80.000,00 R$ 80.000,00 R$ 80.000,00 R$ 80.000,00

Instalação físicautilização de infra-estruturaexistente

utilização de infra-estruturaexistente

utilização de infra-estruturaexistente

utilização de infra-estruturaexistente

utilização de infra-estruturaexistente

Recursos Humanos

5 analistas ambientais (1DAS-2, 3 FG-1), 1 analistaadministrativo e 1 técnicoadministrativo

5 analistas ambientais (1DAS-2, 3 FG-1), 1 analistaadministrativo e 1 técnicoadministrativo

5 analistas ambientais (1DAS-2, 3 FG-1), 1 analistaadministrativo e 1 técnicoadministrativo

5 analistas ambientais (1DAS-2, 3 FG-1), 1 analistaadministrativo e 1 técnicoadministrativo

5 analistas ambientais (1DAS-2, 3 FG-1), 1 analistaadministrativo e 1 técnicoadministrativo

Equipamentos gerais R$ 300.000,00

ProteçãoR$ 120.000,00 + custooperacional da embarcação'Benedito' e 'SEAP11'

R$ 120.000,00 + custooperacional da embarcação'Benedito' e 'SEAP11'

R$ 120.000,00 + custooperacional da embarcação'Benedito' e 'SEAP11'

R$ 120.000,00 + custooperacional da embarcação'Benedito' e 'SEAP11'

R$ 120.000,00 + custooperacional da embarcação'Benedito' e 'SEAP11'

Monitoramentocusto operacional daembarcação 'Benedito'

custo operacional daembarcação 'Benedito'

custo operacional daembarcação 'Benedito'

custo operacional daembarcação 'Benedito'

custo operacional daembarcação 'Benedito'

Plano de Manejo R$ 200.000,00 R$ 300.000,00

Conselhocusto ordinário defuncionamento

custo ordinário defuncionamento

custo ordinário defuncionamento

custo ordinário defuncionamento

custo ordinário defuncionamento

Instalação físicautilização de infra-estruturaexistente

utilização de infra-estruturaexistente

utilização de infra-estruturaexistente

utilização de infra-estruturaexistente

utilização de infra-estruturaexistente

Recursos Humanosmais dois analistasambientais

mais dois analistasambientais

mais dois analistasambientais

mais dois analistasambientais

mais dois analistasambientais

Equipamentos gerais

AtividadeUnidades

APA dos Abrolhos

PARNAMAR Abrolhos

Cronograma Anual de Desembolso

Page 18: Diretrizes Preliminares das Medidas de Gestão para as ...€¦ · Diretrizes Preliminares das Medidas de Gestão para as Unidades de Conservação propostas na Região dos Abrolhos

Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 Ano 5

Proteção

R$ 120.000,00 + custooperacional dasembarcações adquiridaspara a APA'

R$ 120.000,00 + custooperacional dasembarcações adquiridaspara a APA'

R$ 120.000,00 + custooperacional dasembarcações adquiridaspara a APA'

R$ 120.000,00 + custooperacional dasembarcações adquiridaspara a APA'

R$ 120.000,00 + custooperacional dasembarcações adquiridaspara a APA'

Monitoramentocusto operacional dasembarcações adquiridaspara a APA

custo operacional dasembarcações adquiridaspara a APA

custo operacional dasembarcações adquiridaspara a APA

custo operacional dasembarcações adquiridaspara a APA

custo operacional dasembarcações adquiridaspara a APA

Plano de Manejo R$ 100.000,00 R$ 200.000,00 R$ 100.000,00

Conselho R$ 100.000,00 R$ 50.000,00 R$ 50.000,00 R$ 50.000,00 R$ 50.000,00

Instalação físicautilização de infra-estruturaexistente e prevista emcompensação ambiental

utilização de infra-estruturaexistente e prevista emcompensação ambiental

utilização de infra-estruturaexistente e prevista emcompensação ambiental

utilização de infra-estruturaexistente e prevista emcompensação ambiental

utilização de infra-estruturaexistente e prevista emcompensação ambiental

Recursos Humanos3 analistas ambientais(sendo 1 DAS-1) e 1 analistaadministrativo

3 analistas ambientais(sendo 1 DAS-1) e 1 analistaadministrativo

3 analistas ambientais(sendo 1 DAS-1) e 1 analistaadministrativo

3 analistas ambientais(sendo 1 DAS-1) e 1 analistaadministrativo

3 analistas ambientais(sendo 1 DAS-1) e 1 analistaadministrativo

Equipamentos gerais R$ 50.000,00

Total R$ 4.480.000,00 R$ 1.730.000,00 R$ 1.330.000,00 R$ 730.000,00 R$ 730.000,00

RVS Baleia Jubarte

Unidades AtividadeCronograma Anual de Desembolso