diario do nordeste13 de marco de 2016primeiro cadernopag10

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8/18/2019 Diario Do Nordeste13 de Marco de 2016Primeiro Cadernopag10 http://slidepdf.com/reader/full/diario-do-nordeste13-de-marco-de-2016primeiro-cadernopag10 1/1 10 | Cidade DIÁRIODONORDESTE FORTALEZA, CEARÁ-DOMINGO,13 DEMARÇO DE 2016 Espaçosde interação físicose virtuaistêm ajudadoareaproximar vizinhosembairros distintosdeFortaleza BOAS INICIATIVAS Dasiniciativas, resultammelhorias embairros,ofertade serviços, resgate da memória e compartilhamento debenfeitorias Semprequea individualidade está acentuadanuma sociedade,háum movimentode retorno àideiade comunidade “Ao longo da história humana se observa que sempre que a individualidade está acentua- danuma sociedade háummo-  vimento de retorno à ideia de comunidade e vice-versa”, res- salta a psicóloga e professora do Curso de Psicologia da Uni- for, Terezinha Façanha Elias. Este movimento, segundo ela, revela a necessidade de buscar o equilíbrio no atendimento a necessidadesindividuaise cole- tivas,o quepermiteumamaior realização humana.  A psicóloga defende ainda quena atualidadeo sentido de comunidade–enquantocoleti-  vidadesolidária– estáaltamen- te fragilizado. Isto, conforme ela, “deixa as pessoas insegu- rasebastantevulneráveisàvio- lênciae à injustiçasocial”.Des- ta forma, descobrir interesses comuns, organizar-se e vincu- lar-se afetivamente, de acordo comela, “parece serentão uma necessidadedaspessoasque se percebemameaçadase desres- peitadasnas suasnecessidades existenciais”. Internet Para a professora, nestes casos, as redes sociais podem ser um  veículode aproximaçãoeumca- nalde organização,noentanto, ponderaquepodemtambémser desagregadoras já que difun- dem“mentirase distorcemdras- ticamente a realidade”. Ela res- saltaaindaque apesar daimpor- tânciadessefluxo na divulgação de informações e na articulação das pessoas, em um plano mais amplo,elas“não sãocapazesde substituira comunicaçãodireta, o diálogosensível e a apreensão faceafacedooutro”. Na internet, agrupamentos como os protagonizados pelos moradoresdoPresidenteKenne- dy,do EdsonQueiroz edoJaca- recanga se difundem. Páginas e grupos concentram moradores dediversosbairrosquedeforma intensautilizamos espaços para atrocadeinformaçõeseserviços sobreo localde moradia. Segundoapsicólogaecoorde- nadoradoLaboratóriodePesqui- sa em PsicologiaAmbiental(Lo- cus)da UniversidadeFederaldo Ceará (UFC), Zulmira Bomfim, essas iniciativas podem resultar danecessidadedenão ficar sóe criaridentificações.“Essasiden- tificações são fundamentais pa- raaconstituiçãodasidentidades dos indivíduos. O ser humano precisa dooutroassimcomoele precisa do alimento. Uma pes- soa sozinha não se constrói co- moindivíduo”,explica. Reaproximação  A professorareitera queo modo de vida urbana acabou distan- ciandoaspessoasdosentimento de comunidade. Isto, segundo ela, é evidente na redução das pessoas na ocupação de alguns espaços, como as calçadas nas portasdascasas.“A ruaerauma extensão da casa e todas as vi- sões de casa remetem à coesão socialformadapelasrelaçõesco- munitárias”, enfatiza.  Apsicólogadefendequea ne- cessidade de reaproximação é antiga e que as pessoas “estão  vendo que não dá para viverca- davezmaisafetadas pordistúr- bios psicológicos decorrentes dessa distância”.Ela reforça que o afeto,o vínculo afetivoe o en- contro são fundamentais para a construção da cidadania e que essa reaproximação não signifi- ca retrocesso, massim uma rea- çãodiantedo contexto. Zulmira avaliaque os grupos  virtuaisajudama fortaleceresse sentimento de unidade, mas o fazem quando são respaldados por algum tipo de vínculo. Do contrário, ela garante que esses agrupamentos são “suscetíveis de distorções”. O cotidiano é o elementoquepodefirmaras re- laçõeseénestecampoque,lem- bra a psicóloga,há o espaçopú- blico,cenáriodedisputa“devido àconvivênciacomo diferente”. Necessidadedeestarjunto.(Re) unir-se.Seja paratrocarserviços ouhistórias.Poder viverna urbe eretomarvínculos,àsvezes,qua- seesquecidos.O quepode levar, etemlevado,vizinhosa organi- zarem-se espontaneamente em grupos? O movimentoacontece emFortalezae“novascomunida- des” se formamnoespaçofísico e virtual. Das iniciativas, resul- tam melhorias em bairros, ofer- tade serviços,resgateda memó- ria e compartilhamento de ben- feitorias protagonizadas pelos próprios moradores. Dogrupoquese organizapor meio doWhatsapp,há um mês, osmoradoresdoPresidenteKen- nedyjáviramsurgir“efeitoscon- cretos”. Não há associações ou entidades ordenando o proces- so. O fluxo é espontâneo e as demandas direcionadas ao po- der público referentes a proble- masdeesgotoeas bocasde lobo emviasdobairro,segundoeles,  já obtiveramrespostas.“São de- mandasdogrupoeentramosem contatocoletivamentecomosór- gãos”,explicaomotoqueiro,Da- nielGonçalvesPereira. Há 40 anos morando na cha- mada Travessa Salgueiro, Da- niel ressalta a necessidade de agrupar-separa darvazão às de- mandasdolocal demoradiaera evidente.“Umamigoquejánem moramaisnobairrotevea ideia e saiuadicionandoalgumaspes- soas.Essainteraçãotemsido po- sitivaetrocamosmuitasinforma- ções.Aspessoascolocamasme- lhorias e dificuldades e vamos conversando”,destaca.  A ferramenta virtual, segun- doele,é bastanteútile osconta- tos feitos na vizinhança se am- pliam.“O momento que a gente estávivendoé dedistanciamen- toe com o grupo sinto que esta- mosfazendoo contrário”.O res- gatedealgunscontatos,a possi- bilidadedeinteragire atrocade recordações se misturam aos chamados “resultados práticos”. Da recente iniciativa ecoam ou- tras ações. Uma passeata literá- riajá está sendo pensada para o bairronospróximosdias.Coma iniciativa, crianças terão acesso a uma biblioteca móvel naspro- ximidadesda Lagoado Urubu. No Jacarecanga, outro agru- pamento de vizinhos e ex-vizi- nhos também ganha vida. “Pre- servar a memória do bairro” é umadas vontadesdo grupo, que também tomou forma em uma rede social, mas extrapolou o contato virtual. Sãocerca de 50 pessoas integradas, comparti- lhandoinformaçõese histórias. Resgate damemória Odesejoé“poderintervirdefor- maprática”nocotidianodobair- ro. Cobrar melhorias, organizar festas, feiras ou qualquer outro momentodeinteraçãoéavonta- dedogrupo,quesegundoaban- cária aposentada, Jacqueline Gonçalves, teve o primeiro en- contropresencialnestemês.“Al- gumaspessoas nunca deixaram deseramigase agoradecidiram  juntar a velhaguarda”,explica. Uma das prioridades do gru- po,conformeJacqueline,é bata- lhar pelo “não asfaltamento da  Vila São José”, espaço residen- cial tradicional do bairro. “Há um medo que o poder público asfaltee nósnãoqueremosisso.  Achamosquenossajunçãopode fortaleceressabatalha”,garante Jacqueline, defendendo tam- bém que o ajuntamento é “uma forma de preservar valores e mostrar para os filhos a impor- tânciado resgate e dapartilha”.  A organização voluntária de um grupo de moradores seme- lhanteaosdo Jacarecangae Pre- sidenteKennedy,tem garantido articulaçãodevizinhosnobairro Edson Queiroz. O grupo criado emnovembrode 2014hoje con- centra87 pessoas e cresce. “Nos  juntamospara tentarsolucionar algunsproblemasdobairro.Fize- mos lista de e-mail, mas não ti- nha muita interação. Fizemos, então, um grupo em uma rede sociale tem funcionado”, relata opublicitário,YuriPezetta.  A manutenção adequada do calçamentodobairroé umadas demandas.Para darvazão, Yuri explica que cada integrante do grupo fotografou a situação da rua que habita. As imagens fo- ramcatalogadaseenviadasàRe- gional. Após o registro,aos pou- cos,asviaspassaramaseratendi- dasporoperaçõesdaPrefeitura. “Há muitos interesses em jo- go,masnotamosqueháumama- durecimentodo grupotambém. Regras vão sendo criadas e va- mos nos organizando de forma espontânea”,defendeYuri.A in- segurançado bairro,relataele,é um dos pontos prioritários de articulação do grupo e motiva alguns encontros. “Sempre que háalgumassalto,háreuniãoem seguidaparavermosoquepode- mosfazer. E se escutarmos tiros  vamostrocandoinformaçõesno grupo para que todos possam denunciar”,completa.  A realizaçãodefestas infantis deHalloweenjásetornoutradi- çãodo grupo. Crianças parentes dos integrantes participam do momento.Alémdisso,astrêsini- ciativastêmemcomuma oferta e procura de serviços dentro de cadaárea. São buscascomparti- lhadasno grupoe sãorespondi- daspelosprópriosmoradoresna tentativa de incentivar o desen-  volvimentolocal. Encontro Essemovimento,segundoa pro- fessora do curso de Comunica- ção Social da Universidade de Fortaleza (Unifor), Alessandra Oliveira,cria novaformas deso- ciabilidade,masnãoextingueas anteriores. Criarnovossentidos para as interações sociais e am- bientaisé,segundoela,odiferen- cialdeste movimento deaproxi- maçãode vizinhos.  A professora defende que é fundamental que os grupos po- tencializemosencontrosfísicos, pois “o espaço urbano é vivo e precisa ser praticado”. Confor- meela,ofato deos agrupamen- tosterem como ferramenta a in- ternet faz com que as experiên- ciassejammaispermanentes. Ações reforçam “vida em comunidade” Grupos resgatam relações de vizinhança THATIANYNASCIMENTO Repórter

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8/18/2019 Diario Do Nordeste13 de Marco de 2016Primeiro Cadernopag10

http://slidepdf.com/reader/full/diario-do-nordeste13-de-marco-de-2016primeiro-cadernopag10 1/1

10 | Cidade DIÁRIODONORDESTE

FORTALEZA, CEARÁ-DOMINGO,13 DEMARÇO DE 2016

Espaçosde interaçãofísicose virtuaistêmajudado a reaproximarvizinhosembairrosdistintosdeFortaleza

BOAS INICIATIVAS

Dasiniciativas,

resultammelhorias

embairros, ofertade

serviços, resgateda

memóriae

compartilhamento

debenfeitorias

Semprequea

individualidadeestá

acentuadanuma

sociedade,há um

movimentoderetorno à ideiade

comunidade

“Ao longo da história humanase observa que sempre que aindividualidade está acentua-da numa sociedade há ummo-

 vimento de retorno à ideia decomunidade e vice-versa”, res-salta a psicóloga e professora

do Curso de Psicologia da Uni-for, Terezinha Façanha Elias.Este movimento, segundo ela,revela a necessidade de buscaro equilíbrio no atendimento anecessidadesindividuaise cole-tivas,o quepermiteuma maiorrealização humana.

 A psicóloga defende aindaquena atualidadeo sentido decomunidade– enquantocoleti-

 vidadesolidária – estáaltamen-te fragilizado. Isto, conforme

ela, “deixa as pessoas insegu-rasebastantevulneráveisàvio-lência e à injustiçasocial”.Des-ta forma, descobrir interessescomuns, organizar-se e vincu-lar-se afetivamente, de acordocomela, “parece serentão uma

necessidade daspessoasque sepercebemameaçadase desres-peitadasnas suasnecessidadesexistenciais”.

InternetPara a professora, nestes casos,as redes sociais podem ser um

 veículode aproximaçãoe umca-nalde organização, no entanto,ponderaque podemtambémserdesagregadoras já que difun-dem“mentirase distorcemdras-

ticamente a realidade”. Ela res-saltaaindaque apesar daimpor-tânciadessefluxo na divulgaçãode informações e na articulaçãodas pessoas, em um plano maisamplo,elas “não sãocapazes desubstituira comunicaçãodireta,

o diálogosensível e a apreensãofacea face dooutro”.Na internet, agrupamentos

como os protagonizados pelosmoradoresdoPresidenteKenne-dy,do Edson Queiroz e doJaca-recanga se difundem. Páginas egrupos concentram moradoresdediversosbairrosquedeformaintensa utilizam os espaços paraatrocadeinformaçõeseserviçossobreo localde moradia.

Segundoapsicólogaecoorde-

nadoradoLaboratóriodePesqui-sa em PsicologiaAmbiental(Lo-cus)da UniversidadeFederaldoCeará (UFC), Zulmira Bomfim,essas iniciativas podem resultarda necessidade denão ficar só ecriaridentificações.“Essas iden-tificações são fundamentais pa-

raaconstituiçãodasidentidadesdos indivíduos. O ser humanoprecisa do outro assimcomo eleprecisa do alimento. Uma pes-soa sozinha não se constrói co-moindivíduo”,explica.

Reaproximação A professorareitera queo modode vida urbana acabou distan-ciandoaspessoasdosentimentode comunidade. Isto, segundoela, é evidente na redução daspessoas na ocupação de algunsespaços, como as calçadas nasportasdas casas.“A ruaera umaextensão da casa e todas as vi-sões de casa remetem à coesãosocialformadapelasrelaçõesco-munitárias”, enfatiza.

 A psicólogadefendequea ne-cessidade de reaproximação éantiga e que as pessoas “estão

 vendo que não dá para viverca-da vezmais afetadas pordistúr-bios psicológicos decorrentesdessa distância”.Ela reforça queo afeto,o vínculo afetivoe o en-contro são fundamentais para aconstrução da cidadania e queessa reaproximação não signifi-ca retrocesso, massim uma rea-çãodiantedo contexto.

Zulmira avaliaque os grupos virtuaisajudam a fortaleceressesentimento de unidade, mas ofazem quando são respaldadospor algum tipo de vínculo. Docontrário, ela garante que essesagrupamentos são “suscetíveisde distorções”. O cotidiano é oelementoquepode firmaras re-laçõese é nestecampo que, lem-bra a psicóloga,há o espaçopú-blico,cenáriodedisputa“devidoà convivência como diferente”.

Necessidadedeestarjunto.(Re)unir-se.Seja paratrocarserviçosouhistórias.Poder viverna urbeeretomarvínculos,àsvezes,qua-seesquecidos. O quepode levar,e temlevado,vizinhosa organi-zarem-se espontaneamente emgrupos? O movimentoaconteceemFortalezae“novascomunida-des” se formam no espaço físicoe virtual. Das iniciativas, resul-tam melhorias em bairros, ofer-tade serviços,resgateda memó-ria e compartilhamento de ben-feitorias protagonizadas pelosprópriosmoradores.

Dogrupoquese organizapor

meio do Whatsapp,há um mês,osmoradoresdoPresidenteKen-nedyjáviramsurgir“efeitoscon-cretos”. Não há associações ouentidades ordenando o proces-so. O fluxo é espontâneo e asdemandas direcionadas ao po-der público referentes a proble-masdeesgoto eas bocasde loboemvias dobairro, segundo eles,

 já obtiveramrespostas.“São de-mandasdogrupoeentramosemcontatocoletivamentecomosór-gãos”,explicaomotoqueiro,Da-nielGonçalves Pereira.

Há 40 anos morando na cha-mada Travessa Salgueiro, Da-niel ressalta a necessidade deagrupar-separa darvazão às de-mandasdo local demoradia eraevidente.“Umamigoquejánem

mora mais nobairrotevea ideiae saiuadicionandoalgumaspes-soas.Essainteraçãotemsido po-

sitivaetrocamosmuitasinforma-ções. Aspessoas colocam asme-lhorias e dificuldades e vamosconversando”,destaca.

 A ferramenta virtual, segun-doele,é bastanteútile osconta-tos feitos na vizinhança se am-pliam.“O momento que a gente

estávivendoé de distanciamen-toe com o grupo sinto que esta-mosfazendoo contrário”.O res-gate dealguns contatos,a possi-bilidadede interagire a troca derecordações se misturam aoschamados“resultadospráticos”.Da recente iniciativa ecoam ou-tras ações. Uma passeata literá-riajá está sendo pensada para obairronospróximosdias. Comainiciativa, crianças terão acessoa uma biblioteca móvel naspro-ximidadesda Lagoado Urubu.

No Jacarecanga, outro agru-pamento de vizinhos e ex-vizi-nhos também ganha vida. “Pre-servar a memória do bairro” é

umadas vontadesdo grupo, quetambém tomou forma em umarede social, mas extrapolou ocontato virtual. São cerca de 50pessoas integradas, comparti-lhandoinformaçõese histórias.

Resgatedamemória

Odesejoé“poderintervirdefor-maprática”nocotidianodobair-ro. Cobrar melhorias, organizarfestas, feiras ou qualquer outromomentodeinteraçãoéavonta-dedogrupo,quesegundoaban-cária aposentada, JacquelineGonçalves, teve o primeiro en-contropresencialnestemês.“Al-gumas pessoas nunca deixaramdeser amigase agora decidiram

 juntar a velhaguarda”,explica.Uma das prioridades do gru-

po,conformeJacqueline,é bata-lhar pelo “não asfaltamento da

 Vila São José”, espaço residen-cial tradicional do bairro. “Háum medo que o poder públicoasfaltee nósnão queremos isso.

 Achamos quenossajunçãopodefortaleceressa batalha”, garanteJacqueline, defendendo tam-bém que o ajuntamento é “umaforma de preservar valores emostrar para os filhos a impor-tânciado resgate e dapartilha”.

 A organização voluntária deum grupo de moradores seme-lhanteaosdo Jacarecangae Pre-sidente Kennedy,tem garantidoarticulaçãodevizinhosnobairro

Edson Queiroz. O grupo criadoemnovembrode 2014hoje con-centra87 pessoas e cresce. “Nos

 juntamospara tentar solucionaralgunsproblemasdobairro.Fize-mos lista de e-mail, mas não ti-nha muita interação. Fizemos,então, um grupo em uma rede

social e tem funcionado”, relatao publicitário, YuriPezetta.

 A manutenção adequada docalçamentodo bairroé uma dasdemandas.Para darvazão, Yuriexplica que cada integrante dogrupo fotografou a situação darua que habita. As imagens fo-ramcatalogadaseenviadasàRe-gional. Após o registro,aos pou-cos,asviaspassaramaseratendi-dasporoperaçõesdaPrefeitura.

“Há muitos interesses em jo-go,masnotamosqueháumama-durecimento do grupotambém.Regras vão sendo criadas e va-mos nos organizando de formaespontânea”, defendeYuri.A in-segurançado bairro,relataele,éum dos pontos prioritários de

articulação do grupo e motivaalguns encontros. “Sempre queháalgumassalto, háreuniãoem

seguidaparavermosoquepode-mosfazer. E se escutarmos tiros

 vamostrocando informaçõesnogrupo para que todos possamdenunciar”,completa.

 A realização defestas infantisdeHalloween já setornou tradi-ção do grupo. Crianças parentes

dos integrantes participam domomento.Alémdisso,astrêsini-ciativas têmem comuma ofertae procura de serviços dentro decadaárea. São buscascomparti-lhadasno grupoe sãorespondi-daspelosprópriosmoradoresnatentativa de incentivar o desen-

 volvimento local.

EncontroEssemovimento,segundoa pro-fessora do curso de Comunica-ção Social da Universidade deFortaleza (Unifor), AlessandraOliveira,cria novaformas deso-ciabilidade, masnão extingueasanteriores. Criar novossentidospara as interações sociais e am-bientaisé,segundoela,odiferen-

cialdeste movimento de aproxi-maçãode vizinhos. A professora defende que é

fundamental que os grupos po-tencializem os encontrosfísicos,pois “o espaço urbano é vivo eprecisa ser praticado”. Confor-meela, o fato deos agrupamen-tosterem como ferramenta a in-ternet faz com que as experiên-ciassejam maispermanentes.

Ações reforçam “vida em comunidade”

Grupos resgatamrelaçõesdevizinhança

THATIANYNASCIMENTO

Repórter