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Pharmacia Brasileira - Jan/Fev 2001 23 Pausa para festejar. E refletir A Mesa reuniu o presidente da Fepafar (Federação Pan-americana de Farmácia) e conselheiro federal de Farmácia pelo Rio Grande do Sul, Gustavo Baptista Éboli; o deputado federal (PSDB-MG) e farmacêutico Elias Murad; o presidente da Federação Farmacêutica Internacional (FIP), o dinamarquês Peter Kielgast; o presidente do CFF, Jaldo de Souza Santos; o presidente da Anvisa, Gonzalo Vecina Neto; o presidente da UMPL (União Mundial das Profissões Liberais) e da Confederação Nacional das Profissões Liberais (CNPL), Luís Eduardo Gautério Gallo; e o presidente Fefas (Federação Farmacêutica Sul- americana), o paraguaio Blás Vázquez. Mais que um ato festivo, o Dia do Farmacêutico, este ano, foi um momento de debates e reflexões sobre a profissão e de sugestões sobre rumos a se tomar comemoração do Dia do Farma- cêutico pelo Conselho Federal de Farmácia, este ano, voltou a sensibilizar a categoria, no Brasil inteiro. Homenageados – pessoas que muito contribuíram para o desenvolvimento da Farmácia, no País -, autoridades e demais convidados movimentaram o Memorial JK, em Bra- sília, onde, pelo segundo ano conse- cutivo, realizou-se a solenidade come- morativa que, desta vez, mais que um ato festivo que ocupa uma manhã, tor- nou-se um instante de reflexão e deba- te acerca da profissão e da saúde pu- blica, em geral. A vinda a Brasília do presidente da Federação Farmacêutica Internaci- onal (FIP), o dinamarquês Peter Kiel- gast, exclusivamente para participar das comemorações, deu uma maior di- mensão ao ato, que acabou se esten- dendo pelo dia afora. Instigante e de- talhista, Kielgast quis saber tudo o que diz respeito à Farmácia, no Brasil, e ao Conselho Federal de Farmácia. Esse desejo de informação veio ao encontro ao desejo de informar por parte do CFF. O motivo disso está no fato de o Conselho Federal ter proposto a sua filiação à Federação Internacional, com o total apoio do próprio Peter Kielgast. Essa troca de informações forçou o CFF a dividir as comemorações em duas partes: o ato solene, pela manhã, quan- do foram entregues as Comendas, e apresentações e debates sobre a reali- dade farmacêutica brasileira e no mun- do, à tarde. A solenidade teve instantes emo- A Dia do FarmacŒutico Memorial JK e uma das faixas do CFF alusivas ao farmacŒutico

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Page 1: Dia do FarmacŒutico DIA DO FARMAC˚UTICO - CFF · 2014. 7. 29. · tal, análises químicas e biológicas, gestão ambiental, arte e cultu-ra). Parecia coisa de visionário, mas

Pharmacia Brasileira - Jan/Fev 2001 23

DIA DO FARMACÊUTICO

Pausa parafestejar.E refletir

A Mesa reuniu o presidente da Fepafar (FederaçãoPan-americana de Farmácia) e conselheiro federal deFarmácia pelo Rio Grande do Sul, Gustavo Baptista

Éboli; o deputado federal (PSDB-MG) e farmacêuticoElias Murad; o presidente da Federação Farmacêutica

Internacional (FIP), o dinamarquês Peter Kielgast; opresidente do CFF, Jaldo de Souza Santos; o

presidente da Anvisa, Gonzalo Vecina Neto; opresidente da UMPL (União Mundial das ProfissõesLiberais) e da Confederação Nacional das ProfissõesLiberais (CNPL), Luís Eduardo Gautério Gallo; e o

presidente Fefas (Federação Farmacêutica Sul-americana), o paraguaio Blás Vázquez.

Mais que um atofestivo, o Dia do

Farmacêutico, esteano, foi um momento

de debates ereflexões sobre a

profissão e desugestões sobre

rumos a se tomar

comemoração do Dia do Farma-cêutico pelo Conselho Federalde Farmácia, este ano, voltou asensibilizar a categoria, noBrasil inteiro. Homenageados

– pessoas que muito contribuíram parao desenvolvimento da Farmácia, no País-, autoridades e demais convidadosmovimentaram o Memorial JK, em Bra-sília, onde, pelo segundo ano conse-cutivo, realizou-se a solenidade come-morativa que, desta vez, mais que umato festivo que ocupa uma manhã, tor-nou-se um instante de reflexão e deba-te acerca da profissão e da saúde pu-blica, em geral.

A vinda a Brasília do presidenteda Federação Farmacêutica Internaci-onal (FIP), o dinamarquês Peter Kiel-gast, exclusivamente para participar

das comemorações, deu uma maior di-mensão ao ato, que acabou se esten-dendo pelo dia afora. Instigante e de-talhista, Kielgast quis saber tudo o quediz respeito à Farmácia, no Brasil, e aoConselho Federal de Farmácia. Essedesejo de informação veio ao encontroao desejo de informar por parte do CFF.

O motivo disso está no fato de oConselho Federal ter proposto a suafiliação à Federação Internacional, como total apoio do próprio Peter Kielgast.Essa troca de informações forçou o CFFa dividir as comemorações em duaspartes: o ato solene, pela manhã, quan-do foram entregues as Comendas, eapresentações e debates sobre a reali-dade farmacêutica brasileira e no mun-do, à tarde.

A solenidade teve instantes emo-

A

Dia do Farmacêutico

Memorial JKe uma das faixasdo CFF alusivasao farmacêutico

Page 2: Dia do FarmacŒutico DIA DO FARMAC˚UTICO - CFF · 2014. 7. 29. · tal, análises químicas e biológicas, gestão ambiental, arte e cultu-ra). Parecia coisa de visionário, mas

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Dia do Farmacêutico

cionantes, como a que envolveu a lei-tura, pelo presidente do CFF, Jaldo deSouza Santos, de um poema de auto-ria do conselheiro federal pelo Mara-nhão Garibaldi José de Carvalho Fi-lho, falecido na passagem do último

Ano Novo. Ele foi homenageado (pós-tumo). Foram 23 as homenagens, ma-joritariamente a farmacêuticos. A aten-ção farmacêutica foi a tônica dos pro-nunciamentos, debates e reflexões. Acomemoração da data pelo Conselho

Federal vem adquirindo contornos detradição e a concessão da Comendado Mérito Farmacêutico, instituída, háquatro anos, passou a ser aguardadacomo um dos mais altos reconheci-mentos a profissionais.

OS HOMENAGEADOSDR. ANTÔNIO JOSÉ MARQUES D’ALMEIDA

Farmacêutico com uma grande diversi-dade de especializações, o Dr. Antônio JoséMarques D’almeida é professor adjuntoaposentado da Universidade Federal do RioGrande do Sul e diretor do Laboratório Bi-oanálises, em Porto Alegre. É membro dediversas entidades farmacêuticas, como aSbac (Sociedade Brasileira de Análises Clí-nicas), da qual foi o vice-presidente nacio-

nal; foi conselheiro regional de Far-mácia pelo Rio Grande do Sul, tor-nando-se, inclusive, presidente doCRF, elegendo-se, em seguida, con-selheiro federal.

O Dr. D’Almeida assina umavasta quantidade de publicações, aexemplo do trabalho “Controle Bac-teriológico Hospitalar” e “Antibio-

gramas com Bactrim – a experiência brasileira”. Isso,para se ficar em apenas dois exemplos tirados de suainterminável dedicação à pesquisa e à reflexão sobre ouniverso farmacêutico. Aliás, a pesquisa é uma paixão

à parte para este farmacêutico que, embora tenha diversas atri-buições, ainda consegue reinventar o próprio tempo, à base demuita disciplina, para escrever sobre os seus estudos. Os seusensaios, artigos e outras publicações são contribuições valiosasao farmacêutico brasileiro, principalmente os que atuam em hos-pitais.

DR. AQUILES ARANCIBIA

É impossível se fa-lar em Farmácia, nas Améri-cas, sem citar o chileno Aqui-les Arancibia – um dos ex-poentes e nome de referência da atividade farma-cêutica, no Continente. Toda reverência que sefaz ao Dr. Arancibia não tem origem apenas em sua competência,

nem no fato de ser ele um dos farmacêuticos sul-americanosreconhecidamente mais bem preparados. A reverência vem tam-bém do fato de ele ser a grande e inquestionável liderança farmacêu-tica continental.

Mais ainda, por ele ter posto a sua liderança a serviço deuma Farmácia melhor, pela qualidade. Químico-farmacêutico,pós-graduado na Universidade de Pavia, na Itália, e na Universi-dade da Califórnia, nos Estados Unidos, Aquiles Arancibia éespecialista em tecnologia farmacêutica, biofarmácia, farmacoci-nética e educação farmacêutica. Professor da Universidade doChile, ele já presidiu a Federação Sul-americana de Farmácia (Fe-fas) e é consulta obrigatória sobre Farmácia, nas Américas. Aliás,pouco são os eventos farmacêuticos, no Continente, para osquais o Dr. Arancibia não é convidado.

DR. ARANI SCHROEDER

Ele fez do associativismo e do cooperati-vismo a sua crença, a sua utopia. Movido dessasenergias, o Dr. Arani Schroeder idealizou e criouuma cooperativa de farmacêuticos proprietáriosde farmácia, em Santa Catarina, atualmente, chamada de Farma &Farma. A cooperativa tem como princípio a prestação de atençãofarmacêutico de qualidade.

O espírito que o move e que move tantos outros homensque acreditam na força comunitária vem deitando raízes, peloBrasil afora, resultando numa Farmácia muito melhor para o far-macêutico e para a sociedade. Hoje, são muitas as iniciativascomunitárias, em pequenas e grandes cidades brsileiras. O catari-nense Arani Schroeder é graduado em Farmácia pela Univale etem especialização em farmácia clínica, no Chile.

DR. BLÁS VÁZQUEZ

Outra liderança sul-americana pela qual os farmacêuticosbrasileiros têm grande amizade e respeito é o Dr. Blás Vázquez.Químico farmacêutico pela Universidade Nacional de Assunção(Paraguai), doutor em Bioquímica pela mesma Universidade, Blásé um pregador incansável da necessidade de os governos adota-

O professor adjuntoaposentado Antônio JoséMarques D�Almeida (nafoto, á esquerda), daUFRS, recebe a comendado Mérito Farmacêuticodas mãos do conselheirofederal de Farmácia peloRio Grande do Sul epresidente da FederaçãoPan-americana deFarmácia (Fepafar),Gustavo Baptista Éboli.

Referência farmacêutica, naAmérica Latina, o chileno AquilesArancibia Orego (à esquerda) foiuma das liderançasfarmacêuticas internacionaishomenageadas pelo CFF, fato queleva as comemorações do Dia doFarmacêutico para além-fronteira. O Dr. Arancibia recebeua Comenda do conselheirofederal pelo Piauí, Ronaldo Costa.

Arani Schroeder (à direita) é ocriador da cooperativa defarmacêuticos proprietários defarmácia de Santa Catarina cujoobjetivo é prestar uma efetivaatenção farmacêutica aos seusclientes. Schroeder recebe aComenda das mãos doconterrâneo José Miguel doNascimento Júnior, conselheirofederal de Farmácia pelo Estadode Santa Catarina.

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Dia do Farmacêutico

rem a prática da atençãofarmacêutica, como formade se elevar o nível da saú-de pública dos povos.

Nesse sentido, tem delineado políticas para a Fefas (Fe-deração Farmacêutica Sul-americana), que ele preside, de aproxi-mação com os governos sul-americanos, com vistas a sensibi-lilzá-los sobre a necessidade de priorizarem a atenção farmacêu-tica. Outra preocupação de Blás Vázquez é a integração farma-cêutica regional. Bem-humorado e dotado de grande capacidadede comunicação, Vázquez já dirigiu várias outras instituiçõesfarmacêuticas científicas, no Continente.

DR. ELPÍDIO NEREU ZANCHET

A farmácia magistral brasileiratem no Dr. Elpídio Nereu Zanchet umade suas maiores expressões e exemplode dedicação, nos seus 28 anos de tra-balho ininterrupto. Farmacêutico-bio-

químico formado pela Universidade Federal de SantaCatarina, Elpídio Zanchet especializou-se em manipu-lação alopática e se tornou sócio fundador de váriasfarmácias magistrais, em São Paulo.

Além disso, participou da elaboração do “Manual deRecomendações para Aviamento de Formulações Magistrais –Boas Práticas de Manipulação”, publicado pela Anfarmag (As-sociação Nacional de Farmacêuticos Magistrais), e da elaboraçãoda Portaria 344/98, da Anvisa (Agência Nacional de VigilânciaSanitária). Zanchet, aliás, é sócio fundador da Anfarmag entidadeda qual foi também diretor da entidade, inclusive presidente.

DR. ERNANE JOSÉ DE PAULA

Quando Ernane José de Paula, comprou, há 20 anos, umafazenda, próxima a Anápolis (GO), acreditava no sonho de criar,ali, um multicentro de pesquisa em várias as áreas do conheci-mento humano (educação, biotecnologias humana, animal e vege-tal, análises químicas e biológicas, gestão ambiental, arte e cultu-ra). Parecia coisa de visionário, mas sem utopia não se constroi arealidade. Hoje, lá está o Instituto Melon de Estudos e Pesquisas(Imep), voltado, entre outras funções, para a Biofarmácia.

Aparatado com o que há de mais moderno em tecnologia,o Melon estará apto, por exemplo, a desenvolver uma nova mo-lécula ou a alterar uma molécula já desenvolvida e disponibilizá-la a uma laboratório farmacêutico interessado. O objetivo é en-curtar a distância entre o conhecimento e a produção. O fundadordo Instituto Melon, Dr. Ernane José de Paula, é administrador eeducador. Ele deixou São Paulo, onde dirigia a Universidade SãoMarcos, de sua família, para a grande aventura de sua vida. Nasúltimas eleições, elegeu-se prefeito de Anápolis.

DR. GARIBALDI JOSÉ DE CARVALHO FILHO(Homenagem póstuma)

Foi um baque para a classe farmacêutica brasilei-ra, quando soube da notícia do falecimento do Dr. Gari-baldi José de Carvalho Filho. Conselheiro federal de Far-mácia pelo Maranhão, ex-vice-presidente do CFF, mem-bro das comissões de Tomada de Contas e de Legislaçãodo Conselho Federal, professor de Fisiologia das faculdades deFarmácia e de Medicina da Universidade Federal do Maranhão,farmacêutico com mestrado em Fisiologia, na USP, o multiva-lente farmacêutico e poeta, dotado de incrível voltagem de hu-manidade, não suportou o segundo e fulminante infarto do mi-ocárdio, morrendo na madrugada de 31 de dezembro de 2000para primeiro de janeiro de 2001.

Mas o bonachão e leve Garibaldi deixou um rastro deamizades e o exemplo do quanto vale ser um farmacêutico dig-no, que tinha obsessão pela busca da qualidade e da culturauniversal. Poeta, ele sempre tinha um verso para de plantãopara qualquer hora. Era um homem afável, reflexivo, um filóso-fo por excelência. Via no homem o que ele tinha de humano, decultura (popular ou acadêmica) e de competência, pouco lheimportando o resto. O Dr. Garibaldi acreditava, ainda, na ener-gia produzida pelas iniciativas comunitárias. Por isso, idealizoue criou a Somafarma, uma sociedade de farmacêuticos proprie-tários de farmácia, no Maranhão.

DR. GEORGE WASHINGTON BEZERRA DA CUNHA

O cearense George Washington Bezerra da Cunha é, des-de 1975, o diretor técnico do Serviço de Farmácia do Incor (Ins-

O paraguaio Blás Vázquez (à esquerda),presidente Fefas (FederaçãoFarmacêutica Sul-americana), foi outraliderança do Continente homenageadapelo CFF. Foi do farmacêutico LuísEduardo Gautério Gallo, presidente daUMPL (União Mundial das ProfissõesLiberais), sediada em Paris, e daConfederação Nacional das ProfissõesLiberais (CNPL), que Vázquez recebeu aComenda.

Um dos fundadores da Anfarmag, ElpídioNereu Zanchet dedicou 28 anos de sua vidaà farmácia magistral. A conselheira federalpelo Espírito Santo e presidente daComissão de Ensino do CFF, Magali DemonerBermond, foi quem entregou a Zanchet aComenda do Mérito Farmacêutico.

Ernane José de Paula crioue dirige o Instituto Melon deEstudos e Pesquisas(Imep), voltado para aBiofarmácia, entre outrossegmentos científicos e doconhecimento. O Melonlocaliza-se próximo aAnápolis (GO), cidade daqual é prefeito. Ernanerecebeu a Comenda deMarília Coelho Cunha,conselheira federal pelaBahia.

Momento de emoção nasolenidade de comemoração aoDia do Farmacêutico, no MemorialJK, em Brasília: a farmacêuticaMárcia Maciel Antunes recebe dopresidente do CFF, Jaldo de SouzaSantos, a Comenda do seu esposo,o conselheiro federal peloMaranhão, Garibaldi José deCarvalho Filho (foto menor),falecido na passagem do últimoAno Novo.

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tituto do Coração), do Hospital das Clínicas daUniversidade de São Paulo. Farmacêutico-bio-químico pela Universidade Federal do Ceará, comespecialização em Farmacologia e Farmácia Clí-nica pela Long Beach Memorial Hospital, na Califórnia (EstadosUnidos), tem passagens fecundas por vários outros órgãos naci-onais e internacionais.

Foi o farmacêutico chefe da Farmácia Privativa do Hos-pital Albert Einstein, consultor farmacêutico da Organização Pan-americana de Saúde (Opas)/OMS para a América do Sul. Foiainda o presidente da Central de Medicamentos, do Ministérioda Saúde, e assessor especial para Medicamentos da Secretariade Saúde de São Paulo. O Dr. George Washington possui tambémuma atividade intelectual bastante ativa. É o autor de livrosconhecidos do público farmacêutico, a exemplo de “O Perigo dasInterações de Drogas Injetáveis em Soluções Parenterais – So-ros”, “Guia Farmacoterapêutico Cardiovascular”, entre tantasoutras publicações.

DR.GILBERTO LUIZ POZETTI

O farmacêutico Gilberto Luiz Pozetti éum verdadeiro peregrino em favor da ho-meopatia. Tem andado, de universidadeem universidade, de cidade em cidade, pre-gando, fazendo conferências, ministrandocursos, enfim, ensinando homeopatia, emdiversos níveis, que vão da graduação àpós-graduação. E não só, no Brasil.O Dr. Pozetti, paulista de Catanduva, é

doutor em Ciências, na área de Química Orgânica, e temespecialização em Homeopatia. Aposentou-se comoprofessor de Química Orgânica, na Universidade Esta-dual Paulista (Unesp), de Araraquara, em 1999, a partir

de quanto passou a ensinar como voluntário. É autor de várioslivros sobre Homeopatia e foi vice-presidente do Conselho Fe-deral de Farmácia. Gilberto Pozetti criou e presidiu a AssociaçãoFarmacêutica de Araraquara, em São Paulo.

DRA. GLACI THEREZINHA ZANCAN

“São as universidades, geradoras de conhecimento, quedão rumos aos países. É nelas que a criatividade floresce. Nelas,são formadas as lideranças capazes de promover o bem comum”.

As palavras são da Dra.Glaci Therezinha Zancane devem perfeitamente seraplicadas a ela própria.Farmacêutica, professoratitular de Bioquímica da Universidade Federal do Paraná, a Dra.Glaci floresceu como a grande liderança do meio científico brasi-leiro, elegendo presidente da SBPC (Sociedade Brasileira para oProgresso da Ciência).

Pós-doutorada em Química Biológica, na Argentina e naBélgica, Glaci Zancan chegou à presidência da SBPC, não semantes dirigir entidades e órgãos científicos importantes, como oCentro Brasileiro-argentino de Biotecnologia e a Sociedade Bra-sileira de Bioquímica.

DR. GONZALO VECINA NETO

O Brasil, ainda que commuita dificuldade, come-ça a se aproximar do Bra-sil desejado pelos sani-

taristas. A saúde já não vive ao sabor de impro-visos e solavancos e antigos sonhos começam aser concretizados, dentro de uma visão planeja-da e arrojada. Um desses sonhos é a criação daAgência Nacional de Vigilância Sanitária, há mui-

to anos, defendida pelo Conselho Federal de Farmácia.O CFF reconhece que o órgão tem conquistado avanços,

em grande parte, graças aos méritos do seu presidente, o Dr.Gonzalo Vecina Neto. Médico formado pela Faculdade de Medi-cina de Jundiaí (SP), especialista em Administração Hospitalar edoutor em Saúde Pública pela USP, Gonzalo Vecina é ainda pro-fessor concursado da Faculdade de Saúde Pública da USP. Éautor das publicações “Alternativas para gestão pública em saú-de”, entre dezenas de outras.

DRA. ILVA NOLASCO DE CARV ALHO

A farmacêutica Ilva Nolasco de Carvalho especializou-se em Indústria. Mas, movida pela inquietação e pela busca denovas informações, terminou realizando várias outras especiali-zações. A Dra. Ilva soube enriquecer mais ainda o seu currículocom as suas várias experiências profissionais.

Ela é chefe do Serviço de Farmácia Central da Coordena-

George Washington Bezerra daCunha (à direita) recebeu aComenda do Mérito Farmacêuticodo conselheiro federal suplente porSão Paulo, Márcio Antônio daFonseca e Silva, também membroda Comissão de Legislação eRegulamentação do CFF. GeorgeWashington é, desde 1975, o diretortécnico do Serviço de Farmácia doIncor (Instituto do Coração), doHospital das Clínicas daUniversidade de São Paulo.

Gilberto Luiz Pozetti (à direita) é um paladino dahomeopatia. Anda pelo Brasil e fora, divulgando

esse segmento farmacêutico, em que é umaautoridade. Pozetti foi homenageado como

Mérito Farmacêutico e recebeu a Comenda doex-presidente do CFF, Jairo de Souza Santos.

A farmacêutica Glaci TerezinhaZancan (à direita) floresceucomo uma das grandeslideranças do meio científico,no Brasil. Ela é a presidente daSBPC (Sociedade Brasileirapara o Progresso da Ciência). AComenda do MéritoFarmacêutico foi-lhe entreguepela conselheira federal deFarmácia (RO/AC) Lérida Mariados Santos Vieira.

Médico e professor daFaculdade de Saúde Públicada USP, Gonzalo Vecina Neto

(à esquerda) é o diretorpresidente da Anvisa. A sua

Comenda do MéritoFarmacêutico foi-lhe entreguepelo presidente do CFF, Jaldo

de Souza Santos.

Dia do Farmacêutico

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ção de Administração Ge-ral do Instituto Nacionaldo Câncer (Inca) / Minis-tério da Saúde; ex-chefe doServiço de Farmácia do Hospital do Câncerdo mesmo Inca e já dirigiu setores importan-tes de indústrias privadas.

DR. JOSÉ ELIAS MURAD

Poucos homens públicos traba-lharam, no campo da saúde, com tantoafinco e destemor, além de sentido dejustiça e de universalidade, dentro do

Congresso Nacional, quanto o deputado José Elias Mu-rad. Nos seus quase 20 anos de atividade parlamentar,

sempre foi o incansável defensor das causas da saúde pública e daprofissão farmacêutica. Quem não se lembra, por exemplo, desua incansável luta contra o uso de drogas e em favor do usoracional de medicamentos?

Farmacêutico com doutorado, médico, químico, jornalis-ta e professor titular de Farmacologia da Faculdade de CiênciasMédicas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), daqual foi também o seu diretor, o mineiro Elias Murad é lembrado,no CFF, como o Dr. Saúde.

DR. LAURO DOMINGOS MORETTO

Paulista de Bariri, o Dr.Lauro Domingos Moretto é far-macêutico-bioquímico pelaUSP, mestre em tecnologia quí-mico-farmacêutica e doutor emciências dos alimentos. De1961 a 1992, atuou, na indús-tria farmacêutica, ocupandocargos técnicos e de direção.Moretto é ainda professor res-ponsável pela disciplina Super-visão da Produção, da Facul-dade de Ciências Farmacêuti-cas da USP, onde também jáensinou Tecnologia Químico-farmacêutica e Química Analí-tica Quantitativa.

É autor de diver-sas publicações, como“Boas Práticas de Fabri-cação e Boas Práticas de

Laboratório da FDA”. Também, é o coordenador da elaboraçãodos manuais técnicos, científicos e regulatórios para farmacêuti-cos que atuam na indústria. O Dr. Lauro Moretto destaca-seainda pela sua atividade no meio sindical. Desde 1992, é o vice-presidente do Sindusfarma (Sindicato da Indústria de ProdutosFarmacêuticos), em São Paulo.

DR. LEONARDO RODRIGUES

Ele é uma autoridade tãoacreditada e reconhecida em perí-cia criminal, que dificilmente não é consultado sobre oassunto, no Brasil inteiro. O goiano de Ipameri, LeonardoRodrigues. É farmacêutico, advogado e educador. Fez vári-as especializações em Perícia Criminal, tanto no Brasil,como fora. Integra várias entidades científicas voltadas para essaárea, no mundo inteiro, como a International Association forIdentification, nos Estados Unidos.

O Dr. Leonardo Rodrigues é ainda diretor do LaboratórioCentral de Saúde Pública do Estado de Goiás, membro da Asso-ciação Brasileira de Criminalística, professor da Academia dePolícia de Goiás e também do curso de Medicina do Trabalho daFaculdade de Medicina da Universidade Federal de Goiás e doCurso de Engenharia do Trabalho da Escola de Engenharia daUFG. É autor do livro-referência “Falsificação de DocumentosAntigos”.

DR. MARCO AURÉLIO DORNELLES

Se há uma medalha garantida para o Brasil,nos Jogos Olímpicos, é o da Toxicologia. Desde asOlimpíadas de Barcelona, em 1992, o farmacêuticogaúcho Marco Aurélio Netto Dornelles tem sido con-vidado a integrar o corpo de Controle Antidoping dos Jogos,pela sua inquestionável competência no segmento toxicológico,o que ajudar a tornar conhecido o nome da Farmácia brasileira, láfora.

O Dr. Marco Aurélio é professor adjunto de Toxicolo-gia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Mestre emToxicologia, pela USP, ele é ainda professor da pós-graduaçãoem Medicina do Trabalho da Faculdade de Ciências Médicas daFundacentro, no Rio Grande do Sul.

A farmacêutica Ilva Nolasco deCarvalho é a chefe do Serviço deFarmácia Central do Inca / Ministérioda Saúde, no Rio de Janeiro. Aqui,ela recebe a Comenda doconselheiro federal pelo Rio, JorgeCavalcanti de Oliveira.

O CFF homenageou o farmacêutico, médico,químico, jornalista e professor de

Farmacologia da Faculdade de CiênciasMédicas da UFMG, José Elias Murad (à

direita), pelo destemor com que conduz a sualuta, como deputado federal, em favor das

causas da saúde pública e da profissãofarmacêutica. Murad recebeu a Comenda dosecretário geral do CFF e conselheiro federal

pelo Paraná, Arnaldo Zubioli.

Lauro Domingos Moretto, doutorem ciências dos alimentos, é

professor da FCF da USP e vice-presidente do Sindusfarma

(Sindicato da Indústria de ProdutosFarmacêuticos), em São Paulo. A

conselheira federal de Farmácia porSão Paulo e presidente da

Comissão de Indústria do CFF, AnaMaria Braguim Pellim, entrega ao Dr.

Moretto a Comenda do MéritoFarmacêutico.

O farmacêutico Leonardo Rodrigues (àdireita, na foto) é uma das maisrespeitadas autoridades em períciacriminal de todo o Brasil. É aindaadvogado e educador. O Dr. Leonardo,aqui recebendo a Comenda doconselheiro federal de Farmácia peloEstado do Tocantins, José Batista deRezende.

O farmacêutico Marco AurélioDornelles recebe da conselheirafederal de Farmácia pelo Estadode Sergipe e integrante daComissão de Análises Clínicas doCFF, Maria da Aparecida Vianna,a Comenda do MéritoFarmacêutico. Marco étoxicologista e, desde asOlimpíadas de Barcelona,integra o corpo de ControleAntidoping dos Jogos.

Dia do Farmacêutico

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DR. MAURO FERREIRA LEAL

O farmacêutico carioca Mauro Ferreira Lealfez quase toda a sua carreira, na Marinha. A trajetóriabem-sucedida e a experiência que adquiriu, dentro

dessa Força, fizeram dele uma excelência em farmácia militar.Na Marinha, chegou ao posto de Capitão-de-Mar-e-Guerra eocupou vários cargos, como o de chefe do Departamento deFarmácia da Diretoria de Saúde e vice-diretor do LaboratórioFarmacêutico.

Fora do universo militar, o Dr. Mauro Ferreira é igual-mente ativo: preside o Sindicato dos Farmacêuticos do Esta-do do Rio de Janeiro, é um dos diretores da Federação Inte-restadual dos Farmacêuticos e membro titular da AcademiaNacional de Farmácia, além de integrante da Comissão deQuestões Profissionais do Conselho Federal de Farmácia.Por vários anos, foi o tesoureiro do CFF, quando o órgãoainda era sediado, em São Paulo.

DR. OSMAN DE OLIVIERA LIRA

O farmacêutico, pela necessidade de entrar ese manter em um mercado notadamente competiti-vo, torna-se um profissional intransigente na busca

pela qualidade. Essa busca dá-se pelos caminhos da excelên-cia, da competência, do conhecimento. Com esses atributos ecom a especialização que tem no controle da qualidade deágua, o farmacêutico-bioquímico Osman de Oliveira Lira as-sumiu a chefia da Unidade Regional de Controle da Qualida-de da Água, nas unidades de Sergipe, Alagoas, Pernambuco eParaíba. Aliás, ele é referência, quando o assunto é qualidadeda água potável.

O Dr. Osman de Oliveira Lira, também pós-graduadoem Fitoterapia, é um dos autores do “Manual de Técnico deAnálises de Água para o Consumo Humano”, publicadopelo Ministério da Saúde. A sua dinâmica também o levou àTesouraria, à Vice-presidente e à Secretário Geral do Conse-lho Regional de Farmácia de Pernambuco. Foi ainda conse-lheiro regional de Farmácia, no seu Estado.

DR. OTHON DE CARVALHO BASTOS

Verdadeira instituição, tamanhas as ba-gagens intelectual, cultural e moral que pos-sui, o farmacêutico Othon de Carvalho Bas-tos é o reitor da Universidade Federal do

Maranhão. Aliás, o Dr. Othon foi recentemente reconduzido aocargo, para uma gestão de mais quatro anos, o que é a expressãomais clara de aprovação à sua liderança. Ele vem de outra gestão,no período de 1996 a 2000.

É difícil selecionar, em seu currículo, itens que marquema sua pessoa, sob pena de se cometer o erro da omissão, poistudo nele é expressivo. Graduado em Farmácia, mestre em Biolo-gia e doutor em Ciência, na área de Imunologia, ele já dirigiuprogramas universitários, publicou trabalhos científicos sobredoenças tropicais e integrou missões científicas a universidadesdo mundo inteiro. A indicação do seu nome para receber a Co-menda do Mérito Farmacêutico foi do Dr. Garibaldi José de Car-valho Filho que, por ironia do destino, não assistiu à solenidadecomemorativa ao Dia do Farmacêutico, em que o amigo foi home-nageado. Garibaldi faleceu, vítima de um infarto no miocárdio, napassagem do último Ano Novo.

DR. PETER KIELGAST

A Federação Farmacêutica Internacional (FIP)assumiu uma nova dinâmica de atuação, aprofundou asua visão social sobre os povos dentro do mundo globa-lizado e alargou o espectro de suas ações em defesa deuma plataforma sanitária mínima para os países, nomundo inteiro, com vistas a diminuir as diferenças entre eles, nocampo da saúde. Essas condutas transformaram-se em uma polí-tica da entidade, desde que o Dr. Peter Kielgast foi eleito o seupresidente.

Mestre em Farmácia e em Direito, Kielgast vem se fir-mando como uma das grandes lideranças mundiais, no setor desaúde. Dono de uma visão social aguda, o presidente da FIP é um

Mauro Ferreira Leal fez umabem-sucedida trajetória

profissional, na Marinha, ondechegou ao posto de Capitão-de-

Mar-e-Guerra. Integrante daComissão de Questões

Profissionais do CFF, ele recebe aComenda das mãos da

conselheira federal de Farmáciapelo Rio Grande do Norte epresidente da Comissão de

Análises Clínicas do CFF, Lenirada Silva Costa.

O farmacêutico-bioquímicoOsman de Oliveira Lira é uma

autoridade em controle daqualidade de água, motivo por que

tornou o chefe das UnidadesRegionais de Água de Sergipe,

Alagoas, Pernambuco e Paraíba.Aqui, ele é cumprimentado pelo

presidente do CFF, Jaldo de SouzaSantos, tendo ao lado o presidente

da Anvisa, Gonzalo Vecina.

Othon de CarvalhoBastos (à direita),farmacêutico, é reitor daUniversidade Federal doMaranhão, cargo queocupa pela segunda vezconsecutiva. A medalhado Mérito Farmacêuticoele recebeu das mãos deRonaldo Ferreira PereiraFilho, conselheiro federalde Farmácia peloMaranhão.

O presidente da FederaçãoFarmacêutica Internacional (FIP),Peter Kielgast (à direita), veio deCopenhague (Dinamarca), onde

mora, especialmente para participarda solenidade e para discutir a

filiação do CFF àquela entidadeinternacional. Kielgast é uma das

maiores lideranças mundiais, na áreade saúde; um homem de apurada

visão social do mundo. Aqui, elerecebe a Comenda do Dr. Jaldo de

Souza Santos

Dia do Farmacêutico

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crítico veemente do que ele próprio qualifica de “globalizaçãoinjusta e desmedida e da implacável predominação de países de-senvolvidos sobre os países sem condições sanitárias mínimas”.Em suas reflexões, situa o farmacêutico como um elemento indis-pensável na transformação da saúde de um povo. O dirigentedefende uma atenção farmacêutica bem remunerada e disponívela todos os povos. “Onde o medicamento é distribuído, gratuita-mente ou vendido, sem qualquer orientação farmacêutica e sem asupervisão do farmacêutico, o resultado são os micróbios resis-tentes, as reações adversas e a mortalidade alta”, denuncia.

DR. RODOLPHO MARCOS THEÓPHILO(Homenagem póstuma)

Em um único dia, dez de dezembro de1878, mil e quatro pessoas morreram ví-timas da varíola, a grande peste que asso-lara Fortaleza, no final do século XIX. Adoença dizimara cerca de 25 mil pessoas– um quinto da população da capital ce-arense, instalando um pandemônio na

população. Mas eis que sur-ge a figura quixotesca do Dr.Rodolpho Marcos Theó-philo. Sozinho e movidoapenas pela compaixão, eledesafiou a peste, de formaobcecada, tomando para sia tarefa de enfrentá-la. Porvários anos, correu, a cava-lo, diariamente, toda Forta-leza, batendo, de porta emporta, para aplicar as dosesde vacina que ele próprio fa-bricava, em casa, com o di-nheiro do seu próprio bol-so. E venceu a doença. Mas,para isso, teve que vencer a

resistência e a ignorância da população, que temia a vacina econsiderava a peste um castigo de Deus. Também, teve que en-frentar a perseguição do Governo estadual, que o acusava depraticar charlatanismo.

Rodolpho Theóphilo, nascido em seis de maio de 1853,era farmacêutico formado na Faculdade de Medicina e Farmáciada Bahia, a mais antiga escola de Farmácia do Brasil, criada porD. João VI, antes mesmo do surgimento dos cursos jurídicos, noPaís. Nascido, na Bahia, o farmacêutico fazia questão de salientarque era cearense. “Eu sou cearense, porque quero”, dizia. Atéparece que previa o que a História aguardava para ele: o lugar deherói, embora o Dr. Rodolfo Theóphilo tenha sido esquecidopela História, sempre contada, a partir de um único ponto devista, quase sempre o oficial. Ele é um símbolo da índole e daousadia farmacêutica brasileiras.

DR. RUI CURI

Farmacêutico-bioquímico pela Universidade Estadual deMaringá, no Paraná, o Dr. Rui Curi é um intelectual de primeiragrandeza das ciências farmacêuticas. Aliás, é um dos farmacêuti-cos que mais têm escrito acerca da Farmácia, em vários níveis deabordagem. São centenas de ensaios e artigos editados em publi-cações científicas brasileiras e estrangeiras. Pesquisador nível 1A

(definição do CNPQ), em Bioquímica, dedica parte de sua vida a

Por ser contada quase sempre a partir de um únicoponto de vista - o oficial � a História acabaesquecendo figuras valorosas, como o farmacêuticoRodolpho Marcos Theóphilo, protagonista de uma dasmaiores sagas vividas na saúde brasileira. No anopassado, o jornalista cearense Lira Neto resgatou ahistória desse símbolo da ousadia farmacêutica e alançou para o País, em livro. O Dr. Rodolfpho foihomenageado, através do seu neto, o médicoFernando de Vascocellos Theóphilo (na foto maior, é oda esquerda), que recebeu a Comenda do Dr. Jaldo deSouza Santos, presidente do CFF.

estudar e a escrever sobre o uni-verso farmacêutico. Os seus ex-perimentos com a Stevia, de-monstrando o efeito hipoglicemi-ante dessa planta, foram decisi-vos para a purificação do stevio-sídeo e para a comercialização doproduto nas farmácias brasileiras e do exterior.

Pós-graduado em nível de doutorado, na área de Fisiolo-gia, é professor titular do Departamento de Fisiologia e Biofísicada USP, desde 1983, onde também coordena o Curso IntegradoII, de Anatomia, Histologia e Fisiologia. É também membro daComissão de Pesquisa do Instituto de Ciências Biomédicas damesma USP. Fez pós-doutoramento na área de metabilismo dolinfócito e macrófago, na Universidade de Oxford, na Inglaterra,onde desenvolveu outras especializações e estágios.

DR. SÉRGIO LAMB

Se há algo que o Dr. SérgioLamb faz questão de deixar muitoclaro, quando fala de si próprio – eisso ele deixou manifesto, inclusive,em seu currículo -, é que ele é “umhomem feliz”. A felicidade certamen-te vem, além de tantas outras reali-zações, do fato de ser um farmacêu-tico que se orgulha da profissão eque vem deixando um grande legadode contribuições à Farmácia. Gaúcho de Porto Alegre, formadocomo farmacêutico-químico, Sérgio Lamb é doutor e livre docen-te em Farmácia, na área de medicamento. Foi professor de Far-mácia Galênica – com foco para a Homeopatia – da UniversidadeFederal do Rio Grande do Sul. Lamb criou-se e manteve-se, portoda a vida, no ambiente farmacêutico-homeopático, tanto nomagistério, quanto manipulando em sua própria farmácia, o queo transformou em uma autoridade em Homeopatia.

Aposentou-se como professor da Universidade Federaldo Rio Grande do Sul, da qual foi também diretor da Faculdade deFarmácia e vice-reitor. O Dr. Lamb já presidiu o Conselho Regi-onal de Farmácia do Rio Grande do Sul, foi vice-presidente doCFF e presidente da Liga Homeopática do seu Estado, além de játer estado à frente de muitas outras entidades farmacêuticas gaú-chas. Atualmente, dirige a Faculdade de Farmácia da PUC do seuEstado.

Rui Curi (à direita) é pesquisador. Osseus experimentos com a Stevia

foram decisivos para a purificação dosteviosídeo e para a comercializaçãodo produto. O conselheiro federal deFarmácia e presidente da Junta que

dirige o CRF-AL, Clóvis Lorena, foiquem entregou ao Dr. Rui a Medalha

do Mérito Farmacêutico.

Sérgio Lamb (à direita) foi professor deFarmácia Galênica da UFRS. Toda asua vida foi vivida no ambientefarmacêutico homeopático, razão pelaqual tornou-se uma notoriedade noassunto. Lamb recebe a Comenda dofarmacêutico Jamil Issy, professoraposentado de Toxicologia da UFG eex-vice-presidente do CFF.

Dia do Farmacêutico

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DR. VICTOR HUGO COSTA TRAVASSOS DA ROSA

A introdução da moder-na farmácia hospitalar, no Bra-sil, tem muito a ver com o Vic-tor Hugo Costa Travassos da

Rosa. Foi ele quem desenvolveu uma série de ino-vações farmacotécnicas, a exemplo da instalação dorevolucionário sistema de preparação de medica-

mentos em dose unitária. Essas inovações foram implantadas, naDivisão de Farmácia do Hospital das Clínicas de São Paulo, ondeele atua, tendo sido, inclusive, o seu chefe.

O paraense Victor Hugo é desses farmacêuticos que vi-vem elaborando idéias e buscando transformá-las em ações poruma Farmácia de melhor qualidade. Assim, ajudou a fundar aSociedade Brasileira de Nutrição Parenteral e Enteral, da qual foio vice-presidente; desenvolveu a síntese e preparo da Sulfadiasi-na de Prata, importante antimicrobiano utilizado no tratamentode grandes queimados. São muitas são as ações do Dr. VictorHugo, no campo da pesquisa, o que o faz uma excelência farma-cêutica, no País.

Victor Hugo Costa Travassos daRosa (à direita) é um dos

responsáveis pela modernafarmácia hospitalar, no Brasil. Foi

ele quem desenvolveu orevolucionário sistema de doseunitária. Aqui, o vice-presidente

do CFF, Salim Tuma Haber,entrega a Victor Hugo a Medalha

do Mérito Farmacêutico.

O farmacêuticoYoshio Hashimoto(à direita) foiprofessor adjunto deCitologia Clínica docurso de Farmáciada UFPR e,atualmente, ensina,na pós-graduaçãoem AnálisesClínicas, na PUC/PR. A sua Comendafoi entregue pelosecretário geral doCFF, Arnaldo Zubioli.

Do boticário aofarmacêuticosete estrelas

Uma história detransformações

que marcaram aFarmáciabrasileira

Dr. Jaldo faz uma radiografia históricada Farmácia, no Brasil

As transformações por que pas-sou a Farmácia, ao longo do SéculoXX, foi o tema do pronunciamento dopresidente do Conselho Federal deFarmácia, Jaldo de Souza Santos, du-rante a solenidade comemorativa aoDia do Farmacêutico,em Brasília. Souza San-tos citou a atividadefarmacêutica nos con-textos sanitário, social ecultural brasileiros.

“Antes, era a far-mácia da botica e do bo-ticário com sua oficina,onde a quase totalida-de dos medicamentos

era preparada, segundo as técnicas deGaleno (a farmácia dos cataplasmas,do julepo gomoso e mesmo ainda dasventosas e dos incontornáveis pur-gativos) e, também, das tertúlias lite-rárias, das maquinações políticas, dos

cochichos maliciososda vida provinciana, emque cabiam espaçospara políticos, para ojuiz, para o delegado epara as demais figurasexpressivas da socieda-de, sem esquecer, ain-da, o padre”, lembrou opresidente. Acrescen-tou que o farmacêutico

era, na comunidade, a figura central, omediador discreto, o homem de cultu-ra geral sempre respeitada.

Com o advento da era industrial,que levou de arrastão os laboratóriosdas farmácias, “o alicerce do prestí-gio do farmacêutico”, entende SouzaSantos, foi-se embora a imagem clás-sica do profissional da saúde, do con-

�Com o advento da eraindustrial, que levou de

arrastão os laboratórios dasfarmácias, foi-se embora a

imagem clássica doprofissional da saúde, do

conselheiro, do confidente,do sanitarista por

excelência�

DR. YOSHIO HASHIMOTO

Quando sefala o nome deYoshio Hashimoto,lembra-se de análi-ses clínicas. Farma-cêutico-bioquímicopela UniversidadeFederal do Paraná,ele pôs a sua vida aserviço desse seg-mento da Farmácia,pelo tanto que a eletem se dedicado.

Ex-profes-sor adjunto de Cito-logia Clínica do cur-so de Farmácia daUFPR, o Dr. Yoshio Hashimoto já presi-diu o Conselho Regional de Farmácia doParaná, a Associação Paranaense de Far-macêuticos e a Sociedade Brasileira deAnálises Clínicas (Sbac) – Regional do Pa-raná. Atualmente, dirige o LaboratórioChampagnat, em Curitiba, e ensina, comoprofessor convidado, no curso de pós-gra-duação em Análises Clínicas, na PUC pa-ranaense.

Dia do Farmacêutico

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selheiro, do confi-dente, do sanita-rista por excelên-cia. Completou opresidente do CFF:“Os farmacêuticosdo Terceiro Mun-do, perplexos, nãosouberam descobrir o seu novo espa-ço, depois da rápida substituição dosfrascos coloridos e dos potes de por-celana ricamente adornados por me-dicamentos elaborados pela indús-tria”. Com efeito, disse ele, ainda, afarmácia perdeu conceito e valor, es-vaindo-se, com ela, os valores e osconceitos do próprio farmacêuticos.

Em 1963, lembra o presidente,uma nova legislação privilegiou, noensino farmacêutico, as análises clí-nicas, “em detrimento do fármaco, domedicamento e da atenção farmacêu-tica”. Tempos depois, ministros dasaúde diziam que a “farmácia não pre-cisa de farmacêuticos”. LamentouSouza Santos: “A sociedade pagoucaro por isso”. As análises Clínicas,no Brasil, cresceram de tal maneiraque, em 1973, 97% dos estudantes deFarmácia optaram por fazê-la. E mais:identificavam-se como estudantes deBioquímica.

Início do resgate – Segundo oDr. Jaldo de Souza Santos, o panora-ma, entretanto, sofreu mudanças, apartir do momento em que a farmáciahomeopática abriu espaços junto aousuário do medicamento, a farmáciahospitalar conquistou seu lugar na co-munidade de saúde, dentro dos hos-pitais, inclusive com a prática da far-mácia clínica; a moderna farmacotéc-nica magistral assumiu a nova formada oficina galênica, as análises clíni-cas entraram numa outra fronteira - adas requisições da clínica médica -, ecresceu, com médicos qualificados, ocampo radioimunoensaio.

Além disso, o Elisa (exame de de-tecção de doenças infecciosas) foi di-fundido, para fazer face aos novos de-safios da Aids; as reações adversasaos medicamentos impuseram refle-xões quanto aos aspectos do risco-benefício; o medicamento genéricotrouxe revisões quanto à bioequiva-lência e à biodisponibilidade, e o en-

sino passou a ser provoca-do, com o objetivo de seidentificar com a figura do“farmacêutico sete estrelas”,de que fala a OrganizaçãoMundial de Saúde.

As transformações quealteraram esse panorama so-

mente ocorreram, graças, em grandeparte, à determinação de figuras im-portantes. Sem elas, certamente o uni-verso farmacêutico brasileiro estariaamargando um grande atraso. “São

uma essas figuras ilustres a quem que-remos prestar a nossa homenagem,hoje, pois são credoras de nossa gra-tidão, pelo tanto que fizeram, e aindafazem, em favor da Farmácia brasilei-ra, na perspectiva otimista de que es-tamos crescendo na dimensão do ser-viço para o público e da responsabili-dade profissional, na identidade comas expectativas sociais, sob a ótica dasaúde para todos, sem privilégios nemdiscriminações”, saudou o presiden-te do CFF.

�Os farmacêuticos doTerceiro Mundo, perplexos,não souberam descobrir oseu novo espaço, depoisda rápida substituição dos

frascos coloridos e dospotes de porcelana

ricamente adornados pormedicamentos elaborados

pela indústria�

PROJEÇÃO(Por Garibaldi José de Carvalho Filho)

A quem as pedrashaverão de contaras angústias deste momento?

A quem a voz da Terrase erguerá à vista,para segredar as coisas destepresente?

Seremos histórias antigas,no momento de outras civilizações:no instante de outras geraçõesque escavarão o ventre da Terrae escancararão sua boca,para fazê-la falar de nós.

Aqui e ali,ouvirão dizer o que fomose o que fizemos ...mas se nenhum de nós contar,quem apagará as dúvidasque pairaremsobre as verdadesdesses nossos tempos?

Poesia e saudadeO momento mais emocionante da solenidade de comemoração ao Dia do

Farmacêutico foi quando o presidente do CFF, Jaldo de Souza Santos, leu umpoema do conselheiro federal pelo Maranhão, Garibaldi José de Carvalho Filho,que morreu, vítima de um enfarte do miocárdio, na madrugada de 31 de dezem-bro de 2000 para primeiro de janeiro de 2001. É provável que esse tenha sido oúltimo poema escrito pelo multivalente Garibaldi, o farmacêutico, poeta e filó-sofo maranhense que já ocupou o cargo de vice-presidente do Conselho Federal.Souza Santos referiu-se a Garibaldi como “o nosso inesquecível amigo de falamacia como um sussurro, como quem pede licença para falar; manso, fazendoda mansidão o alicerce do seu lirismo”.

Dia do Farmacêutico

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“I NFELIZMENTE,A FARMÁCIA, NO BRASIL,NÃO É PROPRIEDADE

EXCLUSIVA DO

FARMACÊUTICO”

Jaldo de Souza Santos,presidente do CFF, fezum resumo darealidade farmacêuticabrasileira a PeterKielgast, presidente daFIP, que veio ao Brasilexclusivamente paraparticipar dasolenidadecomemorativa ao Diado Farmacêutico

A solenidade comemorativa ao Diados Farmacêuticos de 2001 contou com apresença do presidente da Federação Far-macêutica Internacional (FIP), o dinamar-

quês Peter Kielgast. Eleveio de Copenhague ex-clusivamente para par-ticipar da solenidade,em que foi homenagea-do pelo CFF. Mais queuma simples visita, Ki-elgast reuniu-se comdiretores dos Conse-lhos Federal e Regio-nais e com conselheiros,para inteirar-se da rea-lidade farmacêuticabrasileira e para falardos acontecimentosque vêm criando novosparadigmas para a Far-mácia do PrimeiroMundo.O presidente da FIPquis saber de detalhessanitários, sociais, eco-nômicos e jurídicos en-volvendo os Conselhose toda a Farmácia, noBrasil. Ele ouviu dopresidente do ConselhoFederal de Farmácia,

Jaldo de Souza Santos, um resumo dessarealidade.

Souza Santos salientou que toda aatividade profissional farmacêutica, noBrasil, está sob a jurisdição do CFF, queregulamenta e disciplina o seu exercício. OPaís possui 27 Estados federados e 24CRFs, vez que Amazonas e Roraima, Paráe Amapá, Rondônia e Acre possuem umconselho, cada dupla.

O atual modelo de estrutura admi-nistrativa do Conselho Federal de Farmá-cia, informou o presidente do CFF, é con-figurado como autarquia federal, ou seja, édescentralizado do Estado, porém, dota-

do de personalidade jurídi-ca de direito público, comautonomias administrativa efinanceira, exercendo ativi-dade típica de Estado.

O Dr. Jaldo fez ques-tão de citar a recente refor-ma política do Estado brasileiro, realizadapela Emenda Constitucional número 19/98. A reforma criou um novo modelo paraa administração pública e dotou o Estadodas agências reguladoras que, no caso dasaúde, é a Avisa, criada sob inspiração daFood and Drug Administration (FDA),dos Estados Unidos.

O presidente do CFF informou ain-da a Peter Kielgast sobre a Lei Federalnúmero 787/99, que cria a política nacio-nal de medicamentos genéricos cuja vigên-cia ainda encontra resistência por parte daindústria farmacêutica e do comércio va-rejista de medicamentos.

Interferência de leigos - “Infeliz-mente, diferentemente do que ocorre emalguns países da Europa, a farmácia, noBrasil, não pertence exclusivamente aos

farmacêuticos, mas, também, a leigos. Étida como comércio, por força da Lei Fe-deral 5.991, de 17 de dezembro de 1973.Isso causa distorções no tocante à atençãofarmacêutica. Muitas vezes, a dispensa-ção do medicamento sofre interferênciasdesses leigos”, lamentou.

Esse foi um dos pontos altos do pro-nunciamento que o presidente do CFF fezao presidente da FIP. Souza Santos de-nunciou, ainda, as inúmeras investidas dossupermercados, no o Judiciário, com vis-tas a obter autorização para vender medi-camentos. “Mas o Conselho Federal temconseguido evitar esse malefício”, disse opresidente do CFF. Após o seu pronunci-amento, Jaldo de Souza Santos apresen-tou a Peter Kielgast os diretores dos Con-selhos e os conselheiros federais.

�Infelizmente,diferentemente doque ocorre emalguns países daEuropa, a farmácia,no Brasil, nãopertenceexclusivamente aosfarmacêuticos,mas, também, aleigos. É tida comocomércio, por forçade Lei. Isso causadistorções notocante à atençãofarmacêutica.Muitas vezes, adispensação domedicamento sofreinterferênciasdesses leigos�

DISCURSO

PETER KIELGAST:UMA REFLEXÃO

SOBRE AS

QUESTÕES SOCIAIS

DO MUNDO

MODERNO

Presidenteda FIPcriticou

governantesque não

priorizamsaúde

Dia do Farmacêutico

(Dr. Jaldo de Souza Santos)

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Presidente da FIP critica aglobalização e as injustiças

sociais que ela vemprovocando, os governantes

que não priorizam a melhorado sanitarismo dos seus

países e os que tentamdiminuir a atividade

farmacêutica

O presidente da Federação Far-macêutica Internacional (FIP), PeterKielgast, mostrou porque é um dosgrandes líderes farmacêuticos mundi-ais da atualidade. Durante todo o dia19 de janeiro, quando o Conselho Fe-deral de Farmácia comemorou o Diado Farmacêutico, ele circulou entrecolegas brasileiros, esbanjando ale-

gria e um enorme po-der de comunicação.Mas foi muito duro,ao criticar os que ten-tam diminuir a ativi-dade farmacêutica,no mundo inteiro.Outros alvos das se-veras críticas de Ki-elgast foram a globa-lização e as injustiçassociais que ela vem

provocando, e, também, os governan-tes que não priorizam a melhora dosanitarismo dos seus países. Peter Ki-elgast fez um longo pronunciamento,na solenidade comemorativa.

Abriu a sua fala, dizendo-se “im-pressionado” com o convite para virao Brasil e com a acolhida que tevedos farmacêuticos brasileiros. Disseque teve que replanejar a sua agendade compromissos, para não perder aoportunidade de visitar o “continen-te” brasileiro, até porque uma de suas“maiores prioridades” é abrir espaçospara a presença da Fipe, no País.

Peter Kielgast foi logo direto àsquestões sociais e sanitárias que afli-gem os países em desenvolvimento esubdesenvolvidos. Citou que líderesmundiais vêm se reunindo, com a es-perança de encontrar “um sopro devida” para reverter os retrocessos quevem sofrendo o processo de globali-

�Nós,farmacêuticos,

também,devemos estar

preparados paraver o nosso

própriodesempenho ser

julgado�

�Apesar de muitosfarmacêuticos

ainda seempregarem nas

áreas de pesquisae indústrias, a

profissão mudou oseu foco para o

usuário doproduto. Agora, é

pacienteorientado, em vez

de produtoorientado�

zação. Lembrou os numerosos protes-tos que ocorrem, no mundo inteiro,contra as mazelas da globalização, aexemplo do que aconteceu em Seat-tle, nos Estados Unidos. “Essas pres-sões foram montadas, para demons-trar que deve haver uma maior respon-sabilidade social por parte de todos.Também, para que se ocupem de dis-cussões construtivas sobre os modoscom os quais pode-se fazer uma con-tribuição mais positiva à globaliza-ção”, explicou o presidente da Fede-ração Internacional.

Segundo Peter Kielgas, o dire-tor-geral da OMS (Organização Mun-dial de Saúde) conclamou os líderesmundiais a investirem mais dinheiroem atenção à saúde, com vistas a me-lhorar a saúde da população, aumen-tar a produtividade e reduzir a pobre-za. “Creio que um bomcircuito será criado,nesse sentido. A saúdeé vista como a chavepara a prosperidade evem se tornando o fococonstante da imprensa.Virou um alto tema polí-tico”, observou.

Julgamento - Re-centemente, um relató-rio da OMS avaliou asações de saúde dos pa-íses. Kielgast citou queautoridades do seu País,a Dinamarca, e do Bra-sil, a exemplo de outrospaíses, não ficaram sa-tisfeitos, ao verem como os seus es-forços foram julgados. Esses países,inclusive, promoveram um amplo de-bate mundial sobre os indicadores devalor e os métodos utilizados nas ava-

liações contidas no Relatório. O pre-sidente chamou a atenção dos farma-cêuticos: “Nós, farmacêuticos, tam-bém, devemos estar preparados paraver o nosso próprio desempenho serjulgado, nesse contexto”.

Impacto e mudança de foco - Maisque em qualquer outro provedor deatenção à saúde, os papéis do farma-cêuticos sofreram um impacto profun-do do desenvolvimento, no entendi-mento de Peter Kielgast. O presidenteenfatizou que, apesar de muitos far-macêuticos ainda se empregarem nasáreas de pesquisa e indústrias, a pro-fissão mudou o seu foco para o usuá-rio do produto. “Paciente orientado,em vez de produto orientado”. Lamen-tou que nem todas as universidadestêm acompanhado esse novo foco,motivo pelo qual não ajustam os seuscurrículos às transformações. Muitasse quer aderiram às mudanças.

Todos os outros profissionais desaúde, positivamente ou não, perce-beram esta mudança, particularmenteos médicos, que interpretaram o foco“paciente” como uma ameaça à suaautoridade, considerou Peter Kielgast.Mas não se pode culpar apenas a suaignorância pela dificuldade de aceitara nova realidade, esclareceu. “Farma-cêuticos, também, devem ser respon-sáveis por contribuir com a comuni-cação clara aos pacientes sobre a for-

ma de como melhorar a efi-cácia do tratamento médi-co”, pediu o presidente daFIP.

Desafios - O líder far-macêutico vê grandes con-tradições dentro do pro-cesso de globalização, emque se põem, de um lado,os favorecidos (social eeconomicamente) e deten-tores de conhecimentos, e,de outro, os não-favoreci-dos e não-conhecedores.Romper essas distâncias éum grande desafio, hoje,para aqueles que detêm po-der e influenciam o mundo.

“Há sinais de recessão econô-mica, infelizmente”, lamentou Kiel-gast, acrescentando que sobre mui-tos líderes pesam críticas vindas detodos lados. E perguntou, referindo-

Dia do Farmacêutico

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Pharmacia Brasileira - Jan/Fev 200134

�A globalização põe, de umlado, os favorecidos (social e

economicamente) edetentores de

conhecimentos, e, de outro,os não-favorecidos e não-

conhecedores. Romperessas distâncias é um

grande desafio�

se à saúde e ao social: “Estes líderesterão tempo para focalizar esses pro-blemas, de maneira sutil?”. Observouque as ONGs (Organizações Não-go-vernamentais) têm tido papel impor-tante e influência crescente no cená-rio mundial. Ele levantou outra ques-tão: “Elas serão ouvidas, agora, ou aética e as responsabilidades sociais eglobais somente podem ser incorpo-radas em bons tempos?”.

Peter Kielgast alertou para o fatode o novo presidente dos EstadosUnidos – “a máquina motriz da eco-nomia mundial” -, George Bush, mani-festar certo des-compromisso coma globalização, dei-xando claro que sevoltará muito maispara o processodoméstico, quepara as responsa-bilidades globais.O dirigente da FIPfulminou os diri-gentes das gran-des potências comoutra pergunta instigante: “No anonovo, tradicionalmente, as pessoasfazem promessas. Eu gostaria de sa-ber o que os líderes mundiais estão seprometendo fazer, este ano? Eu, pes-soalmente, não sou muito otimista”.

Futuro - Kielgast salienta quenão somente a economia influencia aatividade farmacêutica. Há algo quenão para de crescer e que exerce pro-funda influência sobre os farmacêuti-cos: os avanços científicos. Citou opoeta alemão Rainer Maria Rilke, quedisse: “O futuro está nos alcançando,antes mesmo de acontecer”. E acres-centou: “O futuro já nos alcançou”.

Deu como exemplos o fato de ahumanidade estar comendo alimentosgeneticamente modificados, antesmesmo de saber do que se trata, e deo genoma humano ter sido traçado,há um ano, enquanto se anuncia umanova era de tratamento médico. O pre-sidente previu que, lá para os anos 40deste século, os computadores serãopelo 1 milhão de vezes mais rápidosque os de hoje. E que os investigado-res, no campo da inteligência artificiale robótica, prevêm uma convergência

gradual de seres humanos e partesinteligentes, a ponto de a diferençaentre os dois tornar-se, fisiológica efilosoficamente, sem sentido.

Instigante, Kielgast abriu umnovo campo de reflexão. Disse que adefinição mais comum de ser humanopassa pela afirmação de que somosuma inteligência sem igual. Mas le-vantou a seguinte questão: “Há umainteligência que os computadores nãopossam adquirir? Ou, ao término dodia, o que é humano é deixado para afilosofia e a fé religiosa?”. Ele saiucom essa base reflexiva e questiona-

mentos, para lem-brar que o farma-cêutico, se ativoem pesquisa cien-tífica ou em ou-tras práticas, seráconfrontado comessas questões.

Farmacêuticosindisponíveis -Outro assunto to-cado pelo diretorda Federação In-

ternacional foram as doenças que as-solam os países pobres. A pandemiada Aids está incapacitando um conti-nente inteiro. Calcula-se que 24 mi-lhões de pessoas, na África, são soro-positivas, o que corresponde a 70%do total de aidéticos do mundo. EmBotswuana, um em cada quatro cida-dãos está infectado pelo vírus da Aidse, no Zimbábue, um em cada três. Amalária, por sua vez, é uma doença paraa qual tem-se um tratamento efetivo.Entretanto, as pessoas ainda morremfreqüentemente de malária.

Peter Kielgast aproveitou o co-mentário para fazer a seguinte consi-deração: “E há países onde o serviçoe a competência do farmacêutico ain-da não estão disponíveis”. São luga-res onde o medicamento é distribuídogratuitamente ou vendido, sem qual-quer orientação farmacêutica e sem asupervisão do profissional, explica ele.O resultado disso são os micróbiosresistentes, as reações adversas, amortalidade alta.

Em certos países, disse, o desa-fio para a prática farmacêutica é a sim-ples sobrevivência econômica, não

importando considerações filosóficas.Diante disso, pediu que os farmacêu-ticos unam-se em organizações fortes,para salvaguardar os seus interessese provar que a sua competência é no-tória. Essa necessidade dobra a sua im-portância, neste tempo de globalização.

Atenção farmacêutica - Não há- e isso Kielgast fez questão de deixarmuito claro - recursos disponíveispara atender às necessidades de saú-de, no mundo. O custo do cuidadodeve ser priorizado pelos políticos,autoridades e profissionais de saú-de. “É obrigação de associações far-macêuticas acertar com farmacêuticoscompetentes e ter a certeza de queesta competência estará presente,onde é preciso. Também, que os far-macêuticos sejam bem remunerados”,alertou.

Ele reconheceu que o papel dofarmacêutico na cadeia de valores (diagnóstico, terapia planejada, pres-crição e atenção farmacêutica) não éreconhecido, suficientemente, e tam-pouco bem remunerado. Mas háexemplos positivos do contrário. Ogoverno britânico é um deles, ao re-estruturar, recentemente, uma visãopositiva de lugar da farmácia dentrodo sistema de atenção à saúde.

Parceria no tratamento - Kiel-gast enfatizou que o único modo paraos políticos diminuírem os custos deatenção à saúde é capacitando os pa-cientes para que mantenham um pa-pel ativo, administrando o seu pró-prio cuidado. “Pessoas educadas jánão são mais nenhum recipiente pas-sivo de medicamentos. Para que o tra-tamento médico seja otimizado, é pre-ciso uma parceria entre o paciente, oprescritor e os profissionais de aten-ção à saúde”, pediu. Acrescentouque o farmacêutico é o parceiro idealpara esse tipo de aproximação.

Toda política nacional de saú-de, pediu Peter Kielgast, deveria pro-porcionar à população a atenção far-macêutica adequada, salvaguardar oacesso fácil ao medicamento e garan-tir que este seja dispensado pelo far-macêutico competente. Encorajou osfarmacêuticos brasileiros a dialogarcom o Governo, na busca do atendi-mento desses preceitos.

Dia do Farmacêutico

Page 13: Dia do FarmacŒutico DIA DO FARMAC˚UTICO - CFF · 2014. 7. 29. · tal, análises químicas e biológicas, gestão ambiental, arte e cultu-ra). Parecia coisa de visionário, mas

Pharmacia Brasileira - Jan/Fev 2001 35

DISCURSOGEORGE

WASHINGTON

FALA DA

CONSTRUÇÃO

HISTÓRICA DA

FARMÁCIAGeorge Washington: �Os sem-

medicamento clamam poratenção farmacêutica�

Este ano, o farmacêutico que discursou, emnome dos colegas, na solenidade de comemoraçãodo Dia do Farmacêutico, foi George WashingtonBezerra da Cunha, diretor farmacêutico do Institu-to do Coração (Incor), há 25 anos. Atendendo aconvite do presidente do Conselho Federal de Far-mácia, Jaldo de Souza Santos, George Washingtonfalou do “planeta saúde”, onde gravitam “momen-tos produzidos por talentosos profissionais do en-

sino, da indústria, do alimento, do cuidado, da vi-gilância, das análises, da manipulação e do medica-mento”.

O farmacêutico evocou um provérbio popu-lar – “para tudo se tem remédio” - para alertar que oremédio ideal, eficaz e eficiente “precisa ser segu-ro, simples no modo de usar, com experiência clíni-ca comprovada e, se possível, barato e, por quenão dizer, genérico, como tem nos ensinado o meucompetente colega de turma, na Fundação GetúlioVargas, o Dr. Gonzalo Vecina Neto, à frente da An-visa”.

Disse que, nos muitos Brasis que existem,os “sem-medicamento” clamam pela atenção farma-cêutica. George Washington alertou para a neces-sidade de o País reverter a “vergonhosa” estatísti-ca, segundo a qual 75% dos brasileiros “consul-tam-se” com balconistas despreparados, em dro-garias de proprietários muitos deles gananciosos.De acordo com a legislação, lamentou, qualquer um,hoje, pode ser dono de farmácia, bastando ter ocapital disponível para tanto. “Quem terá a cora-gem de mudar isso?”, questionou, em tom de desa-fio.

George Washington lembrou a “empurrote-rapia” e a automedicação como problemas gravesde saúde pública: “São a utilização, indevida e da-nosa, do remédio nosso de cada dia”. Daí, obser-vou ele, a importância estratégica da milenar pro-fissão farmacêutica, traduzida no atendimento aospacientes. O farmacêutico citou uma frase do sábioAl-Biruni, no século XI, para ilustrar a sua reflexão:“Farmácia é a arte do conhecimento, simples nassuas várias espécies, tipos e formas”. Lembrou,também, a “Canção dos Farmacêuticos”, citando oseguinte trecho: “Dos antigos alquimistas descen-demos. De Hipócrates a Galeno, construímos a pro-fissão. Muito mais que clínico boticário, é a saúdeo nosso ideário, servir sempre à população”.

Foi assim, acrescentou o farmacêutico, quese construiu e se continuará construindo a profis-são: “Utilizando a informação como chave, o com-promisso como a fechadura e a comunicação sen-do a porta de acesso ao tratamento cuja moeda detroca é a qualidade”.

Saiba mais sobre o farmacêutico GeorgeWashington, lendo o texto sobre ele, na

seção dos homenageados com a Comendado Mérito Farmacêutico.

Dia do Farmacêutico