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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO
EM ENGENHARIA MECÂNICA
DESENVOLVIMENTO E APLICAÇÃO DE UMA METODOLOGIA
PARA A ANÁLISE TÉRMICA DE REFRIGERADORES DOMÉSTICOS
Tese submetida à
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
para a obtenção do grau de
DOUTOR EM ENGENHARIA MECÂNICA
JOAQUIM MANOEL GONÇALVES
Florianópolis, Dezembro de 2004
ANÁLISE TÉRMICA DE REFRIGERADORES
ii
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM
ENGENHARIA MECÂNICA
DESENVOLVIMENTO E APLICAÇÃO DE UMA METODOLOGIA PARA A ANÁLISE TÉRMICA DE REFRIGERADORES DOMÉSTICOS
JOAQUIM MANOEL GONÇALVES
Esta tese foi julgada adequada para a obtenção do título de DOUTOR EM ENGENHARIA
ESPECIALIDADE ENGENHARIA MECÂNICA sendo aprovada em sua forma final.
_________________________________ Prof. Cláudio Melo, Ph.D. - Orientador
__________________________________ Prof. José Antônio Bellini da Cunha Neto, Dr. - Coordenador do PPGEM
BANCA EXAMINADORA
_________________________________ Prof. Cláudio Melo, Ph.D. - Presidente
_________________________________ Prof. Cezar Otaviano Ribeiro Negrão, Ph.D. - Relator
__________________________________ Prof. Amir Antônio Martins de Oliveira Júnior, Ph.D.
__________________________________ Prof. Jader Riso Barbosa Junior, Ph.D.
__________________________________ Prof. José Viriato Coelho Vargas, Ph.D.
ANÁLISE TÉRMICA DE REFRIGERADORES
iii
When the Lord created the world and people to live in it – an
enterprise which, according to modern science, took a very long
time – I could well imagine that He reasoned with Himself as follows: “If I make everything predictable,
these human beings, whom I have endowed with pretty good brains,
will undoubtedly learn to predict everything, and they will thereupon
have no motive to do anything at all, because they will recognize that the future is totally determined and
cannot be influenced by any human action. On the other hand, if I make everything unpredictable, they will gradually discover that there is no
rational basis for any decision whatsoever and, as in the first case, they will thereupon have no motive
to do anything at all. Neither scheme would make sense. I must
therefore create a mixture of the two. Let some things be predictable
and let others be unpredictable. They will then, amongst many other things, have the very important task
of finding out which is which”.
Do livro Small Is Beautiful - 1979
E. F. Schumacher
ANÁLISE TÉRMICA DE REFRIGERADORES
iv
A Eliane, Mariana e Gustavo pelas alegrias e felicidades
compartilhadas
ANÁLISE TÉRMICA DE REFRIGERADORES
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AGRADECIMENTOS
Ao Orientador, Professor Cláudio Melo, pela dedicação, pelo contínuo
estímulo e por acreditar e apostar nos resultados do meu trabalho.
Aos Professores, Técnicos e demais Membros do Núcleo de Pesquisa em
Refrigeração, Ventilação e Condicionamento de Ar (NRVA), do Departamento
de Engenharia Mecânica da UFSC, pelo companheirismo e por toda a
colaboração prestada. Em especial, ao Engenheiro Luis Antônio Torquato Vieira
e aos Técnicos em Refrigeração Ricardo Cardoso, Alexsandro dos Santos
Silveira e Cleber Knies que prestaram valiosas contribuições nas atividades
experimentais desse trabalho e, também, ao Colega Christian Johann Losso
Hermes, pelas ricas discussões que tivemos acerca dos temas por nós estudados.
À Empresa Brasileira de Compressores S.A. (EMBRACO), pelo suporte
prestado ao desenvolvimento do trabalho. Especialmente, aos Engenheiros
Roberto Horn Pereira e Reinaldo Maykot e ao Técnico Márcio Thiessen e,
também, ao Engenheiro Marco Marques, da MULTIBRÁS S.A.
Eletrodomésticos, pelo auxílio na obtenção dos protótipos de evaporadores.
Ao Centro Federal de Educação Tecnológia de Santa Catarina
(CEFETSC), onde iniciei minha formação na área técnica e onde, atualmente,
atuo como professor. Em especial, aos Professores da Área de Refrigeração e
Condicionamento de Ar da Unidade de São José que sempre têm apoiado as
iniciativas de capacitação de seus profissionais. Particularmente, ao
Professor Jesué Graciliano da Silva, que vem continuamente emprestando seu
suporte e entusiasmo a essas atividades.
A Família que tem sido também uma contínua fonte de motivação na
minha vida.
ANÁLISE TÉRMICA DE REFRIGERADORES
vi
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS ............................................................................................................VIII
LISTA DE TABELAS...............................................................................................................XI
LISTA DE SÍMBOLOS.......................................................................................................... XII
RESUMO ................................................................................................................................XVI
ABSTRACT .......................................................................................................................... XVII
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................................... 1
1.1 HISTÓRICO DA REFRIGERAÇÃO...................................................................................................2 1.2 PANORAMA DO SETOR DE REFRIGERAÇÃO...........................................................................10 1.3 REFRIGERADOR DOMÉSTICO......................................................................................................15 1.4 PROPOSTA DO TRABALHO ............................................................................................................18 1.5 ESTRUTURA DE APRESENTAÇÃO DO TRABALHO ................................................................19
2 REVISÃO DA LITERATURA ............................................................................................ 20
3 ATIVIDADES EXPERIMENTAIS ..................................................................................... 26
3.1 APARATO EXPERIMENTAL ...........................................................................................................26 3.1.1 CÂMARA DE TESTES.....................................................................................................................26 3.1.2 REFRIGERADOR ESTUDADO .....................................................................................................28 3.1.3 MODIFICAÇÕES NO REFRIGERADOR.....................................................................................34 3.1.4 SISTEMAS DE MEDIÇÃO ..............................................................................................................37 3.1.4.1 MEDIÇÃO DE TEMPERATURA ...................................................................................................37 3.1.4.2 MEDIÇÃO DE PRESSÃO ...............................................................................................................39 3.1.4.3 MEDIÇÃO DE FLUXO DE MASSA...............................................................................................40 3.1.4.4 MEDIÇÃO DE GRANDEZAS ELÉTRICAS..................................................................................41 3.1.4.5 MEDIÇÃO DA ROTAÇÃO DO VENTILADOR ...........................................................................42 3.2 PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL .............................................................................................43 3.3 RESULTADOS EXPERIMENTAIS...................................................................................................46 3.4 INCERTEZAS DE MEDIÇÃO ...........................................................................................................71 3.5 ATIVIDADES EXPERIMENTAIS COMPLEMENTARES...........................................................75 3.5.1 MEDIÇÃO DO DIÂMETRO INTERNO DOS TUBOS CAPILARES..............................................75 3.5.2 MEDIÇÃO DO VOLUME DOS COMPONENTES...........................................................................76
ANÁLISE TÉRMICA DE REFRIGERADORES
vii
3.5.3 RESISTÊNCIA TÉRMICA DAS PAREDES DO REFRIGERADOR...............................................78
4 FUNDAMENTOS TEÓRICOS ........................................................................................... 84
4.1 FUNDAMENTOS DA MODELAGEM DE SISTEMAS TÉRMICOS ...........................................84 4.2 CONSERVAÇÃO DA MASSA............................................................................................................87 4.2.1 INVENTÁRIO DE MASSA DO SISTEMA .......................................................................................90 4.2.2 MASSA DE REFRIGERANTE CONTIDA NO ÓLEO .....................................................................95 4.3 CONSERVAÇÃO DA ENERGIA.......................................................................................................96 4.4 CONSERVAÇÃO DA QUANTIDADE DE MOVIMENTO LINEAR .........................................100 4.5 MODELAGEM DE UM COMPONENTE DE UM SISTEMA TÉRMICO ...............................105 4.6 MODELAGEM DE UM REFRIGERADOR GENÉRICO ...........................................................107
5 MODELOS PARA UM REFRIGERADOR ESPECÍFICO............................................. 112
5.1 MODELO DO COMPRESSOR ........................................................................................................113 5.2 MODELO DA LINHA DE DESCARGA..........................................................................................118 5.3 MODELO DO CONDENSADOR .....................................................................................................121 5.4 MODELO DA VÁLVULA DE EXPANSÃO AUXILIAR..............................................................126 5.5 MODELO DO TUBO CAPILAR ......................................................................................................127 5.6 MODELO DO EVAPORADOR ........................................................................................................135 5.7 MODELO DA LINHA DE SUCÇÃO ...............................................................................................138 5.8 MODELO DO GABINETE................................................................................................................139 5.9 INVENTÁRIO DE MASSA DE FLUIDO REFRIGERANTE ......................................................140 5.10 IMPLEMENTAÇÃO COMPUTACIONAL..................................................................................143
6 ANÁLISE DOS RESULTADOS........................................................................................ 145
6.1 PREVISÃO DOS DADOS EXPERIMENTAIS...............................................................................145 6.2 PREVISÃO DO EFEITO DA VARIAÇÃO DAS VARIÁVEIS INDEPENDENTES .................148 6.3 PREVISÃO DO EFEITO CAUSADO POR MODIFICAÇÕES NOS COMPONENTES.........151 6.4 PREVISÃO DE EFEITOS COMBINADOS ....................................................................................156
7 - CONCLUSÕES.................................................................................................................. 158
7.1 RECOMENDAÇÕES PARA TRABALHOS FUTUROS ..............................................................159 7.2 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................................................160
REFERÊNCIAS ...................................................................................................................... 161
APÊNDICE.............................................................................................................................. 174
APÊNDICE A - RESULTADOS EXPERIMENTAIS DE UM TESTE DA ETAPA 1................................................174 APÊNDICE B - RESULTADOS EXPERIMENTAIS DE UM TESTE DA ETAPA 2 ................................................175 APÊNDICE C - RESULTADOS EXPERIMENTAIS DE UM TESTE DA ETAPA 3................................................176 APÊNDICE D - RESULTADOS EXPERIMENTAIS DE UM TESTE DA ETAPA 4................................................177 APÊNDICE E - RESULTADOS EXPERIMENTAIS DE UM TESTE DA ETAPA 5 ................................................178 APÊNDICE F - RESULTADOS EXPERIMENTAIS DE UM TESTE DA ETAPA 6 ................................................179 APÊNDICE G - RESULTADOS EXPERIMENTAIS DE UM TESTE DA ETAPA 7 ...............................................180 APÊNDICE H - RESULTADOS EXPERIMENTAIS DE UM TESTE DA ETAPA 8 ...............................................181
ANÁLISE TÉRMICA DE REFRIGERADORES
viii
LISTA DE FIGURAS 1 - Vaso para resfriamento de vinho ...............................................................................................................3 2 - Geladeira.....................................................................................................................................................4 3 - Aparato de Cullen.......................................................................................................................................5 4 - Máquina de Harrison-Siebe........................................................................................................................7 5 - Refrigeradores vendidos nos EUA entre 1920 e 1940 ..............................................................................9 6 - Produção brasileira de refrigeradores domésticos ...................................................................................11 7 - Produção brasileira de congeladores horizontais.....................................................................................11 8 - Produção brasileira de congeladores verticais.........................................................................................12 9 - Distribuição do consumo de eletricidade no setor residencial ................................................................13 10 - Distribuição do consumo de eletricidade no setor comercial................................................................13 11 - Distribuição do consumo de eletricidade no Brasil por setor................................................................13 12 - Consumo anual de energia elétrica no Brasil ........................................................................................14 13 - Ciclo padrão de refrigeração por compressão mecânica de vapores.....................................................16 14 - Diagrama P-h para um ciclo padrão.......................................................................................................16 15 - Ciclo de refrigeração com trocador de calor tubo capilar - linha de sucção........................................17 16 - Diagrama P-h para um ciclo com trocador de calor tubo capilar - linha de sucção .............................17 17 - Fluxograma de informações...................................................................................................................19 18 - Câmara de testes.....................................................................................................................................26 19 - Posicionamento do refrigerador .............................................................................................................27 20 - Refrigerador BRM43..............................................................................................................................28 21 - Registro para controle da circulação do ar.............................................................................................29 22 - Sistema de refrigeração ..........................................................................................................................30 23 - Compressor com bandeja coletora da água de degelo...........................................................................32 24 - Condensador arame-sobre-tubo .............................................................................................................32 25 - Trocador de calor tubo capilar-linha de sucção.....................................................................................32 26 - Evaporador..............................................................................................................................................33 27 - Ventilador ...............................................................................................................................................34 28 - Instalação do dispositivo de expansão auxiliar......................................................................................35 29 - Válvula de expansão auxiliar .................................................................................................................36 30 - Termopar para medição da temperatura do ar .......................................................................................38 31 - Termopar de imersão..............................................................................................................................38 32 - Conexão do termopar de imersão...........................................................................................................38 33 - Transdutor de pressão absoluta ..............................................................................................................39 34 - Instalação do medidor de fluxo de massa ..............................................................................................40 35 - Circuito de medição das grandezas elétricas do compressor ................................................................42 36 - Circuito de medição da rotação do ventilador .......................................................................................42 37 - Dispositivo de carga ...............................................................................................................................44 38 - Temperaturas e pressões num teste........................................................................................................45 39 - Fluxo de massa e potência do compressor num teste ............................................................................46 40 - Carga de fluido refrigerante ...................................................................................................................49 41 - Rotação do compressor ..........................................................................................................................49 42 - Abertura da válvula de expansão ...........................................................................................................50 43 - Temperatura externa...............................................................................................................................50 44 - Rotação do ventilador.............................................................................................................................51 45 - Taxa de aquecimento interno .................................................................................................................51 46 - Posição das temperaturas do ar no interior do refrigerador...................................................................51 47 - Localização dos pontos de medição de temperatura .............................................................................53 48 - Perfis de temperatura interna nos testes de carga ..................................................................................55 49 - Perfis de temperatura interna nos testes de rotação do ventilador ........................................................55 50 - Potência de compressão vs. Temperatura interna..................................................................................56 51 - Temperatura interna e potência de compressão vs. Carga de refrigerante............................................57
ANÁLISE TÉRMICA DE REFRIGERADORES
ix
52 - Pressão de sucção e de descarga vs. Carga de refrigerante ...................................................................58 53 - Fluxo de massa e temperatura de descarga vs. Carga de refrigerante...................................................58 54 - Sub-resfriamento e superaquecimento vs. Carga de refrigerante..........................................................58 55 - Temperatura interna e potência de compressão vs. Rotação do compressor........................................60 56 - Presão de sucção e de descarga vs. Rotação do compressor .................................................................60 57 - Fluxo de massa e temperatura de descarga vs. Rotação do compressor ...............................................60 58 - Sub-resfriamento e superaquecimento vs. Rotação do compressor ......................................................61 59 - Temperatura interna e potência de compressão vs. Abertura da válvula..............................................62 60 - Pressão de sucção e de descarga vs. Abertura da válvula .....................................................................62 61 - Fluxo de massa e temperatura de descarga vs. Abertura da válvula.....................................................63 62 - Sub-resfriamento e superaquecimento vs. Abertura da válvula............................................................63 63 - Perda de carga vs. Abertura da válvula..................................................................................................63 64 - Temperatura interna e potência de compressão vs. Temperatura externa ............................................64 65 - Pressão de sucção e de descarga vs. Temperatura externa....................................................................65 66 - Fluxo de massa e temperatura de descarga vs. Temperatura externa ...................................................65 67 - Sub-resfriamento e superaquecimento vs. Temperatura externa ..........................................................66 68 - Temperatura interna e potência de compressão vs. Rotação do ventilador ..........................................67 69 - Pressão de sucção e de descarga vs. Rotação do ventilador..................................................................67 70 - Fluxo de massa e temperatura de descarga vs. Rotação do ventilador .................................................67 71 - Sub-resfriamento e superaquecimento vs. Rotação do ventilador ........................................................68 72 - Temperatura interna e potência de compressão vs. Aquecimento interno............................................69 73 - Pressão de sucção e de descarga vs. Aquecimento interno ...................................................................69 74 - Fluxo de massa e temperatura de descarga vs. Aquecimento interno...................................................70 75 - Sub-resfriamento e superaquecimento vs. Aquecimento interno..........................................................70 76 - Diagrama pressão-entalpia .....................................................................................................................71 77 - Amostra para medição do diâmetro interno...........................................................................................75 78 - Processo de medição de volume interno................................................................................................76 79 - Avaliação das resistências térmicas .......................................................................................................79 80 - Esquema de um volume de controle ......................................................................................................86 81 - Entradas e saídas de massa.....................................................................................................................89 82 - Conservação da energia num sistema termodinâmico...........................................................................96 83 - Componente genérico de um sistema térmico .....................................................................................105 84 - Esquema do refrigerador genérico .......................................................................................................107 85 - Componentes e pontos de conexão do circuito....................................................................................112 86 - Esquema do modelo do compressor ....................................................................................................114 87 - Fluxo de massa deslocado pelo compressor ........................................................................................115 88 - Potência consumida pelo compressor ..................................................................................................116 89 - Temperatura na descarga do compressor.............................................................................................117 90 - Esquema do modelo da linha de descarga ...........................................................................................118 91 - Taxa de transferência de calor na linha de descarga ...........................................................................119 92 - Perda de carga na linha de descarga ....................................................................................................120 93 - Esquema da modelagem do condensador ............................................................................................121 94 - Taxa de transferência de calor no condensador...................................................................................124 95 - Esquema do modelo do tubo capilar....................................................................................................127 96 - Tubo capilar com fluido sub-resfriado na entrada...............................................................................131 97 - Tubo capilar com fluido saturado na entrada ......................................................................................131 98 - Interpolação do fluxo de massa............................................................................................................132 99 - Efetividade do trocador de calor tubo capilar-linha de sucção ...........................................................134 100 - Esquema da modelagem do evaporador ............................................................................................135 101 - Taxa de transferência de calor no evaporador ...................................................................................137 102 - Modelos de fração de vazio................................................................................................................141 103 - Carga de fluido refrigrante no sistema...............................................................................................142 104 - Comparação entre a temperatura interna do refrigerador experimental e calculada ........................146 105 - Comparação entre a potência consumida pelo compressor experimental e calculada .....................147 106 - Modelo vs. Experimento: Variação da carga de refrigerante............................................................148 107 - Modelo vs. Experimento: Variação da rotação do compressor.........................................................149 108 - Modelo vs. Experimento: Variação da abertura da válvula de expansão auxiliar..........................150 109 - Modelo vs. Experimento: Variação da temperatura ambiente ..........................................................150
ANÁLISE TÉRMICA DE REFRIGERADORES
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110 - Efeito da efetividade do trocador de calor do tubo capilar - linha de sucção ...................................152 111 - Efeito do condensador no desempenho do refrigerador....................................................................153 112 - Efeito do evaporador no desempenho do refrigerador ......................................................................154 113 - Efeito do isolamento térmico do gabinete .........................................................................................155 114 - Mapa de estados do refrigerador........................................................................................................157
ANÁLISE TÉRMICA DE REFRIGERADORES
xi
LISTA DE TABELAS 1 - Variáveis independentes...........................................................................................................................47 2 - Planejamento experimental ......................................................................................................................48 3 - Distribuição dos testes por etapas ............................................................................................................48 4 - Temperaturas medidas no interior do refrigerador ..................................................................................52 5 - Variáveis dependentes..............................................................................................................................53 6 - Incerteza de medição das variáveis independentes..................................................................................72 7 - Incerteza de medição das variáveis dependentes.....................................................................................73 8 - Incerteza de medição das entalpias ..........................................................................................................74 9 - Volume dos componentes do refrigerador...............................................................................................78 10 - Dados experimentais ..............................................................................................................................82 11 - Resistência térmica (R) e UA global .....................................................................................................82 12 - Constantes da equação 48 ......................................................................................................................93 13 - Variáveis empregadas na modelagem do tubo capilar ........................................................................128
ANÁLISE TÉRMICA DE REFRIGERADORES
xii
LISTA DE SÍMBOLOS
Símbolo Descrição Unidade A Área m2 Ar
Vetor área m2 Br
Densidade vetorial das forças de campo N/kg c Calor específico J/kgK cc Fração de espaço morto do compressor (clearance) - C Coeficiente de descarga (CD) - D Diâmetro m E Energia J e Densidade de energia J/m3 Fr
Vetor força N f Fator de fricção - ℑ Funcional genérico - G Velocidade mássica ( m& /A) kg/sm2 g& Taxa de geração de calor W g Aceleração gravitacional m/s2 h Entalpia específica J/kg I Incerteza de medição - K Condutividade térmica W/mK k Coeficiente isoentrópico de compressão - κ Fator de abrangência para a incerteza de medição - L Comprimento m M Massa kg m& Fluxo de massa kg/s m Parâmetro da aleta - N Rotação rpm n Número de elementos (tubos, aletas...) - NUT Número de unidades de transferência de calor - P Pressão N/m2 Pr
Vetor quantidade de movimento linear kgm/s Q Calor J Q& Taxa de transferência de calor W q& Taxa de transferência de calor (seção 3.5.3) W R Resistência térmica K/W r Razão de fluxo de massa - rr Constante na equação do fluxo de massa do compressor rpm-1 S Taxa de escorregamento do escoamento (slip ratio) - Tr
Tensor das forças de superfície N/m2
ANÁLISE TÉRMICA DE REFRIGERADORES
xiii
Símbolo Descrição Unidade T Temperatura °C U Coeficiente global de transferência de calor W/m2K u Energia interna específica J/m3 UA Condutância térmica W/K Vr
Vetor velocidade m/s V Velocidade m/s v Volume específico m3/kg W& Potência W W Trabalho J w Trabalho de compressão específico J/kg X Posição relativa % x Título - Y Voltas de abertura da válvula de expansão auxiliar - Z Propriedade genérica de um sistema termodinâmico - z Propriedade Z por unidade de massa - Letras gregas α Fração de vazio - α Fração de vazio média - ∆ Diferença (delta) - ε Efetividade dos trocadores de calor - Ψ Constante do modelo de fração de vazio - λ Coeficiente de transferência de calor por convecção W/m2K µ Viscosidade absoluta Pa/s η Eficiência ou rendimento - υ Volume m3 Ω Volume deslocado m3 π Grupamento adimensional - ρ Massa específica (ou densidade absoluta) kg/m3 ρ Densidade média kg/m3 σ Solubilidade - τ Tensão cisalhante no escoamento N/m2 Sub-índices (subscritos e sobrescritos)
Símbolo Descrição a Arames do condensador acel Aceleração ale Aleta aquec Aquecimento no interior do refrigerador BI Escoamento bifásico C Congelador (seção 3.5.3)
ANÁLISE TÉRMICA DE REFRIGERADORES
xiv
Símbolo Descrição c Expoentes das equações adimensionais (π-Buckingham) cal Calibração cap Tubo capilar cin Cinética circuito Circuito de refrigeração comp Compressor cond Condensador CR Entre o compartimento congelador e o refrigerador (Mullion) D Coeficiante de descarga (CD) desc Linha de descarga diss Fluido refrigerante dissolvido no óleo do compressor E Compartimento do evaporador/ventilador ent Entrada evap Evaporador ext Externo FU Escoamento monofásico (fase única) fric Fricção g Global gab Gabinete do refrigerador grav Gravitacional hex Trocador de calor tubo capilar - linha de sucção hidr Coluna hidrostática ins Superfície interna int Interno I Insuflamento liq Líquido saturado local Localizada LV Latente de vaporização mist Mistura de óleo e fluido refrigerante M Conservação da massa óleo Óleo lubrificante do compressor out Superfície externa P Pressão constante ou conservação da quantidade de movimento p Expoente do modelo de fração de vazio pres Pressão Q Calor na conservação da energia q Expoente do modelo de fração de vazio R Compartimento inferior do refrigerador r Expoente do modelo de fração de vazio ref Fluido refrigerante rep Repetições da medição s Processo isoentrópico sai Saída sat Fluido saturado
ANÁLISE TÉRMICA DE REFRIGERADORES
xv
Símbolo Descrição SC Superfície de controle SI Surperfície impermeável SIST Sistema termodinâmico sub Fluido sub-resfriado suc Linha de sucção sup Fluido superaquecido T Total (resultante) t Tubo valv Válvula de expansão auxiliar vap Vapor saturado V Volumétrico VC Volume de controle vent Ventilador do evaporador W Trabalho na conservação da energia 1,2,...7 Pontos do circuito de refrigeração
ANÁLISE TÉRMICA DE REFRIGERADORES
xvi
RESUMO
Neste trabalho apresenta-se uma metodologia para a análise térmica de refrigeradores domésticos. Tal metodologia consiste na utilização de uma ferramenta computacional, alimentada com informações teóricas e experimentais, a qual permite a simulação do comportamento térmico de um refrigerador em regime permanente. O refrigerador foi modelado com base nos princípios fundamentais da conservação da massa e da energia, com o cuidado de adequar o nível de detalhamento matemático às informações experimentais disponíveis. A modelagem em questão forneceu um conjunto de equações algébricas, muitas delas não-lineares, resolvido pelo software EES (engineering equation solver), integrado com o programa REFPROP (reference fluid properties) para determinação das propriedades termodinâmicas e termofísicas do fluido refrigerante, no caso o R-134a. Experimentos foram realizados, em uma câmara com temperatura controlada, para determinar os parâmetros empíricos necessários à modelagem, como: rendimentos, coeficientes globais de transferência de calor e fatores de fricção do escoamento. Para obter resultados suficientemente genéricos foram realizados testes variando tanto as condições operacionais como as características construtivas do sistema. Essas variações seguiram um planejamento experimental de forma a enriquecer ao máximo as informações obtidas. Após ser validada, pela comparação direta entre os resultados numéricos e as medições experimentais, a metodologia foi aplicada mantendo-se a temperatura interna do refrigerador constante e variando-se alguns parâmetros de projeto. Essa análise mostrou que o consumo de energia do refrigerador pode ser minimizado pela ação combinada de três variáveis operacionais, quais sejam: rotação do compressor, carga de fluido refrigerante e abertura do dispositivo de expansão. O modelo desenvolvido se revelou uma ferramenta eficaz para prever o comportamento térmico de um determinado refrigerador em resposta a possíveis alternativas de projeto ou do sistema de controle.
ANÁLISE TÉRMICA DE REFRIGERADORES
xvii
ABSTRACT
The goal of this work is to study the steady-state behavior of a 430 liters top-
mount refrigerator by measuring and modeling the performance characteristics of
each one of its components: reciprocating compressor, heat exchangers, capillary
tube and cabinet. Measurements of the relevant variables were taken at several
positions along the refrigeration loop, generating performance data not only for
the whole unit but also for each one of the components. The experiments were
planned and performed following a statistically based methodology that led to
over 160 data runs. The models were based on the mass, energy and momentum
conservation principles and also on empirical information. The complete set of
equations was implemented and solved by the EES software. It was found that
the model predictions for the internal air temperature and power consumption
and the measured data were within the experimental uncertainty error band. The
model was then used to simulate the effect of the system parameters on the
refrigerator performance in an attempt to minimize the energy consumption for a
given internal air temperature. It was found that, for the refrigerator under
analysis, energy consumption can be minimized by the combined action of three
variables, namely: the compressor speed, the refrigerant charge and the
expansion device opening.
ANÁLISE TÉRMICA DE REFRIGERADORES
1 INTRODUÇÃO
O controle de temperatura é um desafio enfrentado pelo homem desde
tempos remotos. Diversas técnicas têm sido empregadas para superar esse
desafio, desde o uso direto do fogo para aquecimento até o emprego de
tecnologias recentes usadas para atingir temperaturas bem próximas do zero
absoluto.
Grande parte dos alimentos são atualmente processados, conservados e
distribuídos com base no controle de temperatura garantido por sistemas de
refrigeração. Os ambientes habitados e vários processos desenvolvidos pelo
homem também exigem controle de temperatura garantido por sistemas de
refrigeração e/ou condicionamento de ar.
Esses fatos indicam que a refrigeração, mesmo não tendo uma presença
tão aparente na sociedade moderna como os automóveis ou, mais recentemente,
os telefones celulares, influencia fortemente as relações sociais, culturais e,
principalmente, econômicas. O controle de temperatura propiciado pelos sistemas
de refrigeração influencia diretamente o cotidiano das pessoas, seja no ambiente
domiciliar, comercial ou industrial. Isso fica evidente quando se considera a
necessidade de sistemas de refrigeração principalmente em grandes
agrupamentos urbanos, como na grande São Paulo. Seria impossível estabelecer
tamanho adensamento populacional sem a utilização de sistemas de refrigeração,
entre os quais os refrigeradores domésticos.
Dentro desse contexto, resolveu-se desenvolver este trabalho cujo enfoque
principal é a exploração de uma metodologia, baseada em informações teóricas e
experimentais, visando o desenvolvimento de refrigeradores com melhor
desempenho térmico.
1 INTRODUÇÃO
ANÁLISE TÉRMICA DE REFRIGERADORES
2
1.1 HISTÓRICO DA REFRIGERAÇÃO
Inicialmente o homem controlava a temperatura por meios naturais. Para
aquecer utilizava diretamente o fogo e para resfriar utilizava neve ou gelo
disponível na natureza. Há indícios de que o homem tenha iniciado a utilização
do fogo a partir de fontes naturais, há mais de 1 milhão de anos, mas foi por volta
de 7000 A.C. que técnicas confiáveis de obtenção do fogo foram desenvolvidas
(BRITANNICA, 2001).
JAMES e THROPE (1994) apresentam diversos registros de utilização de
neve e gelo naturais nas antigas civilizações chinesa, indiana, egípcia, grega e
romana. No Oriente Médio, numa região ao norte do Irã e do Iraque, existem
registros da construção dos mais antigos armazéns de gelo, datados de 1700 A.C.
Na China foram escavados restos de um desses armazéns do século VII A.C.
A corte chinesa dos últimos imperadores da dinastia Chou, entre os
séculos III e IV A.C., possuía um “serviço de gelo”, com não menos que 94
serviçais, cuja função consistia em resfriar o vinho real e, inclusive, o corpo do
imperador morto.
Os gregos e os romanos eram ávidos consumidores de gelo natural
importado de geleiras distantes. O imperador romano Nero (56 a 68 D.C.), já
interessado em questões relativas ao resfriamento, observou que a água
previamente fervida resfriava mais rápido, o que é correto, já que os gases
dissolvidos na água não fervida oferecem uma resistência térmica adicional
dificultando a transmissão de calor e retardando o processo de resfriamento. Ele
também alegava ter sido o primeiro a inventar um resfriador de vinho utilizando
gelo natural, embora os atenienses já possuíssem vasos específicos para este fim
desde o século VI A.C. (ver figura 1). Esses resfriadores eram considerados
importantes, principalmente por evitarem o consumo direto da neve e/ou gelo
que se acreditava poder ser prejudicial à saúde. O filósofo Séneca, entre outros,
1 INTRODUÇÃO
ANÁLISE TÉRMICA DE REFRIGERADORES
3
apontava o uso abusivo do gelo e/ou neve pelos romanos como um sinal de
decadência dessa sociedade.
1 - Vaso para resfriamento de vinho
FIGURA 1 - Vaso para resfriamento de vinho
A técnica de armazenagem subterrânea de gelo foi levada ao mundo
greco-romano por Alexandre Magno após uma campanha realizada no norte da
Índia (336 a 323 A.C.). Desde então, a comercialização de neve e gelo no
ocidente desenvolveu-se continuamente. Obtém-se uma idéia da escala deste
comércio pela extravagância do imperador Elagabalus (218 a 222 D.C.), que
mantinha neve no jardim de sua casa durante os meses de verão, caracterizando,
assim, uma primeira utilização do condicionamento de ar, ainda que precária.
Um aspecto interessante do armazenamento de neve em reservatórios
profundos é a possibilidade de transformá-la em gelo maciço no fundo do
reservatório devido à água do degelo e à alta pressão gerada pelas camadas
superiores. O gelo assim formado era, então, vendido a preços bem mais altos
que o da neve original. Esse fato foi apontado por Séneca como uma imoralidade
já que fazia o povo pagar caro por água transformada em gelo. Nessa época o
preço do gelo ou da neve era mais caro que o do próprio vinho.
Além da utilização direta de gelo e/ou neve naturais foram também
desenvolvidos, no Egito e na Índia, métodos naturais de arrefecimento da água e
até mesmo de produção de gelo. Esses métodos empregavam simples
mecanismos físicos como a radiação e a evaporação. O escritor grego Ateneus
1 INTRODUÇÃO
ANÁLISE TÉRMICA DE REFRIGERADORES
4
registrou, no século II D.C., o seguinte método, utilizado pelos egípcios: água,
contida em bandejas rasas de cerâmica porosa, era colocada sobre uma camada
de palha (isolamento térmico) e exposta à radiação celeste durante a noite. O
intuito era o de obter, pela manhã, água gelada ou até mesmo gelo. O
resfriamento neste caso era causado pela troca de calor por radiação com o céu e
por difusão de vapor d’água através da superfície livre e das paredes porosas do
recipiente.
Os indianos utilizavam um método similar, porém um pouco mais efetivo
devido à utilização de correntes de ar induzidas por abanadores. Eles foram
também pioneiros no emprego de misturas de água e sal para obter temperaturas
inferiores a 0 °C.
O responsável pela comercialização de gelo natural foi Frederic Tudor
que, em 1806, iniciou suas atividades cortando gelo do rio Hudson, em Nova
Iorque. Para se ter uma idéia do volume dos negócios associados com o gelo
natural, basta citar que em 1880 foram comercializadas 8 milhões de toneladas.
Nessa época o consumo de gelo já ocorria de forma regular nas grandes cidades
como Londres, Paris e Nova Iorque. O refrigerador era essencialmente um
armário de madeira dotado de um dreno para retirar a água do degelo (ver figura
2). Nesses armários, denominados “geladeiras”, mantinham-se alimentos e/ou
bebidas em temperaturas levemente superiores a 0°C. 2 - Geladeira
FIGURA 2 - Geladeira
1 INTRODUÇÃO
ANÁLISE TÉRMICA DE REFRIGERADORES
5
O gelo natural continuou sendo comercializado após décadas do início da
produção artificial de gelo. A Inglaterra importou gelo da Noruega até 1930, e
nesse período muita propaganda preconceituosa afirmava que o gelo artificial não
era próprio para o consumo, visando-se, assim, garantir mercado para o gelo
natural.
A refrigeração por meios artificiais teve seu início em 1752 com William
Cullen, na Escócia. Ele produziu gelo por meio da evaporação de éter etílico a
baixa pressão (ver figura 3). O efeito de resfriamento provocado pela evaporação
de uma substância volátil é até hoje o princípio básico de operação da maioria
dos sistemas de refrigeração, incluindo os sistemas domésticos. 3 - Aparato de Cullen
FIGURA 3 - Aparato de Cullen
Outro conhecimento fundamental para o desenvolvimento da área de
refrigeração foi o de transformar vapor ou gás em líquido por meio de
compressão seguida de condensação. Esse conhecimento foi gerado durante a
segunda metade do século XVIII quando foram liqüefeitos o dióxido de enxofre
por J. F. Clouet e G. Monge, em 1780, e a amônia por van Marun e van
Troostwijk, em 1787.
1 INTRODUÇÃO
ANÁLISE TÉRMICA DE REFRIGERADORES
6
O princípio de refrigeração descoberto por Cullen, em 1755, só foi
efetivamente transformado num sistema de refrigeração em 1834, por Jacob
Perkins, um inventor americano que trabalhava em Londres. O sistema de
Perkins operava num ciclo fechado, utilizando um fluido volátil derivado da
borracha da Índia e um compressor acionado manualmente. Perkins produziu
pelo menos um protótipo do seu invento, mas não o promoveu ativamente.
O médico americano John Gorrie, de Apalachicola, na Florida, interessado
em reduzir ou conter a febre de seus pacientes, desenvolveu, em 1844, um
sistema de refrigeração similar ao proposto por Oliver Evans, em 1805, e por
Richard Trevithick, em 1828. Esse sistema operou com sucesso e era
essencialmente um ciclo fechado que empregava ar como fluido refrigerante.
Em 1856, Alexander Catlin Twinning, de Cleveland, nos Estados Unidos,
tornou-se o primeiro produtor comercial de gelo produzido por meio de sistemas
de refrigeração por compressão mecânica de vapores. No entanto, a iniciativa de
Twinning não foi comercialmente competitiva em relação ao gelo natural, razão
pela qual foi descontinuada.
James Harrison, um escocês que trabalhou na Austrália, foi o principal
responsável pelo início do desenvolvimento comercial dos sistemas de
refrigeração por compressão mecânica de vapores. Algum tempo após 1850,
Harrison construiu uma máquina para produzir gelo, e não é certo se ele tinha ou
não conhecimento dos inventos de Perkins ou Twinning. Sabe-se que ele
trabalhava numa tipografia e há indícios de que ele tenha se inspirado no efeito
de resfriamento provocado pela evaporação do éter utilizado na limpeza das
máquinas. Em 1856, Harrison retornou a Londres para patentear o seu invento e
para produzir algumas máquinas. Ele retornou para a Austrália com uma dessas
máquinas e lá continuou a produzir gelo e máquinas de refrigeração. Essas
máquinas empregavam éter etílico como fluido refrigerante e foram utilizadas
principalmente no congelamento de carne, em cervejarias e no transporte
marítimo de produtos perecíveis. Na figura 4, mostra-se uma dessas máquinas,
1 INTRODUÇÃO
ANÁLISE TÉRMICA DE REFRIGERADORES
7
fabricada na Inglaterra por Daniel Siebe, e apresentada ao público durante uma
exposição internacional em Londres, em 1862.
Um outro tipo de sistema de refrigeração, o de absorção, foi desenvolvido
na França por Ferdinand Carré entre 1850 e 1860. Esses sistemas empregam
calor como fonte de energia e utilizam um par de fluidos, um como refrigerante e
o outro como absorvente. As primeiras máquinas desse tipo utilizavam água
como refrigerante e ácido sulfúrico como absorvente. Em 1859, foi introduzido o
par amônia como refrigerante e água como absorvente. Esta última combinação
teve um grande sucesso e é usada até os dias de hoje. Posteriormente, introduziu-
se o par brometo de lítio como absorvente e a água como refrigerante para
aplicações de condicionamento de ar. 4 - Máquina de Harrison-Siebe
FIGURA 4 - Máquina de Harrison-Siebe
Os princípios básicos de funcionamento dos sistemas por compressão, por
absorção e a ar foram desenvolvidos no século XIX. Outros tipos de sistemas de
refrigeração foram desenvolvidos posteriormente: absorção e difusão por
Baltazar von Platen e Carl Munters, em 1920; ejetor de vapor d’água por Maurice
Leblanc, em 1910; termoelétrico por Peltier, em 1834 e Lenz, em 1838;
termomagnético ou desmagnetização adiabática por William F. Giauque e Peter
Debye, em 1926; termoacústico por J. Wheatley, em 1983; Vuilleumier pelo
próprio, em 1918; tubo de vortex por George Ranque, em 1931; refrigerador
1 INTRODUÇÃO
ANÁLISE TÉRMICA DE REFRIGERADORES
8
criogênico por diluição por Heinz London, em 1951, entre outros. De acordo
com FISCHER e LABINOV (2000), existem no mundo atualmente mais de 30
novas tecnologias para produção de frio, alternativas aos sistemas de refrigeração
por compressão mecânica de vapores.
Os primeiros sistemas de refrigeração por compressão de vapores
empregavam éter como fluido refrigerante. O éter, com temperatura de ebulição
de 34,5 °C, gerava pressões de evaporação inferiores à atmosférica, o que criava
riscos de explosão caso ocorresse penetração de ar no sistema. Charles Tellier,
em 1864, resolveu esse problema empregando dimetil-éter (DME) como fluido
refrigerante. Este fluido possui uma temperatura de ebulição de -23,6 °C.
Posteriormente, Raoul Pictet, em 1874, introduziu o dióxido de enxofre (SO2)
que se manteve como uma das substâncias mais utilizadas por quase 60 anos.
Com o aparecimento de compressores e de sistemas mais robustos, Carl von
Linde, da Alemanha, deu início à utilização da amônia (NH3), em torno de 1870.
Esse fluido, com temperatura de ebulição de -33,3 °C, é amplamente utilizado até
os dias atuais, principalmente, em refrigeração industrial. O dióxido de carbono
(CO2) com pressões de trabalho da ordem de 100 atmosferas exige sistemas bem
robustos. Sistemas deste tipo foram testados por Linde e por Lowe nos Estados
Unidos, mas foi Franz Windhausen, de Berlim, que demonstrou a sua
aplicabilidade em refrigeração, em 1886. Devida sua baixa toxidez, o CO2 foi
amplamente empregado no transporte frigorífico marítimo até 1950 quando foi
substituído pelos fluidos halogenados.
Os fluidos halogenados, derivados de hidrocarbonetos como o metano e o
etano, foram inicialmente pesquisados por Thomas Midgley nos laboratórios da
General Motors, nos Estados Unidos, em 1929. Esses fluidos foram introduzidos
no mercado no início da década de 30 e causaram uma grande revolução na área
de refrigeração, já que apresentavam baixa toxidez, não eram inflamáveis e eram
compatíveis com a maioria dos materiais utilizados em refrigeração. No entanto,
tais fluidos foram envolvidos na questão ecológica mundial, que se iniciou em
1974, quando ROWLAND e MOLINA (1974) os relacionaram com a destruição
1 INTRODUÇÃO
ANÁLISE TÉRMICA DE REFRIGERADORES
9
da camada de ozônio da estratosfera. Posteriormente, outras pesquisas os
relacionaram também com o efeito estufa. Esses fatos deflagraram a assinatura de
protocolos internacionais para a redução e/ou eliminação do uso dos fluidos
refrigerantes halogenados (HORUZ, 2004), como os protocolos de Montreal e de
Kioto que são marcas nesse assunto, provocando a busca por refrigerantes
alternativos.
De acordo com NAGENGAST (1982), o primeiro sistema de refrigeração
acionado por um motor elétrico e comercializado foi patenteado por W. F. Singer
em 1897. Ele informa, ainda, que um sistema desenvolvido por Bechtold e
Mellowes, em 1915, foi o primeiro a ser produzido em massa e comercializado
aos milhares, de 1918 a 1926, pela Frigidaire. Desde então, tais sistemas têm sido
gradativamente aperfeiçoados com o intuito de melhorar a sua segurança,
confiabilidade, eficiência, praticidade e, principalmente, custo.
Um grau de confiabilidade razoável foi alcançado a partir da utilização de
unidades herméticas, as quais empregavam inicialmente fluidos tóxicos e/ou
inflamáveis. Uma maior segurança foi alcançada com a introdução dos fluidos
halogenados no final dos anos 20. Na figura 5, apresenta-se o volume anual de
vendas e o preço médio por unidade dos refrigeradores comercializados nos
Estados Unidos nas décadas de 20 e 30 (DONALDSON e NAGENGAST, 1995). 5 - Refrigeradores vendidos nos EUA entre 1920 e 1940
FIGURA 5 - Refrigeradores vendidos nos EUA entre 1920 e 1940
1 INTRODUÇÃO
ANÁLISE TÉRMICA DE REFRIGERADORES
10
Nos anos 70 a crise energética mundial e a preocupação ecológica
deflagram a busca por sistemas mais eficientes e por refrigerantes alternativos.
Mais recentemente, a globalização da economia tem também forçado a indústria
de refrigeração a aumentar a sua competitividade, buscando inovações nas áreas
de eletrônica, informática e automação aplicadas aos sistemas de refrigeração.
Além das referências citadas anteriormente, as informações de cunho
histórico apresentadas nesta seção foram extraídas de diversas outras fontes
(GOSNEY, 1982; HOLLADAY, 1994; THORNTON, 1995; NAGENGAST,
1996; JOHNSON, 1984 e ALTHOUSE et. al., 1996).
O panorama histórico apresentado tem direcionado as pesquisas da área de
refrigeração para três linhas principais: i) sistemas de refrigeração alternativos; ii)
fluidos refrigerantes alternativos e iii) eficiência dos sistemas de refrigeração.
Este trabalho insere-se neste contexto ao procurar desenvolver uma ferramenta
para analisar o desempenho de refrigeradores domésticos.
1.2 PANORAMA DO SETOR DE REFRIGERAÇÃO
O refrigerador doméstico é um elemento fundamental para a sociedade
moderna, servindo, inclusive, como um indicador positivo da qualidade de vida
da população. Nos últimos anos, a produção brasileira de refrigeradores
domésticos vem oscilando em torno de 250.000 unidades por mês (IPEA, 2004)
(ver figura 6). Assumindo que os refrigeradores tenham uma vida útil de 15 anos,
chega-se a um número total da ordem de 45 milhões de unidades em operação no
Brasil. Isso fornece uma boa idéia do montante de capital, energia e serviços
envolvidos com este setor. Estimando um custo médio de US$ 100 por unidade,
atinge-se uma cifra da ordem de US$ 4,5 bilhões associados com os
equipamentos em operação no Brasil. Estimando uma carga de 100 g de fluido
refrigerante por refrigerador, atinge-se um total de 4.500 toneladas de fluido
refrigerante em utilização, na sua maioria CFC-12. Deve-se ressaltar, ainda, que
1 INTRODUÇÃO
ANÁLISE TÉRMICA DE REFRIGERADORES
11
na maioria dos casos emprega-se como agente expansor dos isolantes térmicos
das paredes dos refrigeradores uma quantidade de fluido refrigerante várias vezes
superior ao que circula no sistema. 6 - Produção brasileira de refrigeradores domésticos
FIGURA 6 - Produção brasileira de refrigeradores domésticos
Nas figuras 7 e 8 são apresentadas, respectivamente, a produção mensal
brasileira de congeladores horizontais e verticais (IPEA, 2004). Esses
congeladores empregam sistemas de refrigeração semelhantes ao estudado no
presente trabalho. Nesses gráficos, são evidentes certas quedas na produção dos
sistemas, coincidentes com o inverno brasileiro, próximas dos meados de ano.
Testes realizados por BANSAL e KRÜGER (1995) indicaram que o
consumo médio de energia da maioria dos refrigeradores domésticos varia entre
30 a 120 kWh/mês. Um consumo de 30 kWh/mês (1 kWh/mês = 1,389 W)
equivale ao de uma lâmpada de 42 W mantida ligada continuamente. Apesar de
possuirem um consumo individual de energia relativamente baixo, os
refrigeradores possuem uma grande participação na matriz energética nacional,
devido ao grande número de unidades em funcionamento. 7 - Produção brasileira de congeladores horizontais
1 INTRODUÇÃO
ANÁLISE TÉRMICA DE REFRIGERADORES
12
FIGURA 7 - Produção brasileira de congeladores horizontais
8 - Produção brasileira de congeladores verticais
FIGURA 8 - Produção brasileira de congeladores verticais
As figuras 9 e 10 mostram a distribuição típica do consumo de energia
elétrica no Brasil, respectivamente, para os setores residencial e comercial
(PROCEL, 2001). A figura 11 apresenta a evolução anual do consumo de energia
elétrica no Brasil nos diferentes setores da sociedade a partir de 1976. O consumo
total anual de energia, também a partir de 1976, é mostrado na figura 12
(IPEA, 2004).
1 INTRODUÇÃO
ANÁLISE TÉRMICA DE REFRIGERADORES
13
9 - Distribuição do consumo de eletricidade no setor residencial
Refrigeração32%
Climatização26%
Iluminação24%
Outros 18%
FIGURA 9 - Distribuição do consumo de eletricidade no setor residencial
10 - Distribuição do consumo de eletricidade no setor comercial
Outros19%
Iluminação20%
Climatização44%
Refrigeração17%
FIGURA 10 - Distribuição do consumo de eletricidade no setor comercial
11 - Distribuição do consumo de eletricidade no Brasil por setor
1 INTRODUÇÃO
ANÁLISE TÉRMICA DE REFRIGERADORES
14
FIGURA 11 - Distribuição do consumo de eletricidade no Brasil por setor
12 - Consumo anual de energia elétrica no Brasil
FIGURA 12 - Consumo anual de energia elétrica no Brasil
Esses dados indicam que a parcela de energia elétrica consumida pelo
setor residencial em aplicações de refrigeração (essencialmente refrigeradores
domésticos) é da ordem de 8 % de toda a energia elétrica consumida no país (8%
de 300.000 GWh/ano = 24.000 GWh/ano). Admitindo um valor médio de 0,1
US$/kWh para o custo da energia elétrica residencial no Brasil, chega-se a um
custo mensal da ordem US$ 4,5 por refrigerador, o que representa um custo total
anual de US$ 2 bilhões.
1 INTRODUÇÃO
ANÁLISE TÉRMICA DE REFRIGERADORES
15
A extrapolação desses números em termos mundiais, ainda que possa estar
distorcida por aspectos culturais e econômicos, fornece um número da ordem de
1 bilhão de refrigeradores domésticos em operação em todo o mundo, com
valores proporcionais de capital, serviços e consumo de energia.
1.3 REFRIGERADOR DOMÉSTICO
A refrigeração a partir da evaporação de uma substância volátil,
introduzida por Cullen, ainda é o princípio básico de operação dos sistemas de
refrigeração por compressão mecânica de vapores, empregados na quase
totalidade dos refrigeradores domésticos. Nesta seção, apresenta-se uma breve
descrição do funcionamento desses sistemas.
Os sistemas de refrigeração por compressão mecânica de vapores são
constituídos por quatro componentes principais: compressor, condensador,
dispositivo de expansão e evaporador, montados na forma indicada na figura 13.
Nesse sistema um fluido refrigerante circula no sentido indicado pelas setas, sob
a ação de um compressor.
Refrigerante líquido proveniente do condensador (ponto 3) é expandido no
dispositivo de expansão originando uma mistura de líquido e de vapor saturado a
baixa pressão e temperatura (4). Essa mistura entra no evaporador, onde evapora
promovendo a queda da temperatura do meio a refrigerar. O refrigerante sai do
evaporador no estado de vapor saturado (1) e é, então, succionado pelo
compressor, onde a sua pressão e temperatura são elevadas (2). Do compressor o
refrigerante passa para o condensador, retornando à condição de líquido (3),
fechando, assim, o ciclo termodinâmico.
Os estados termodinâmicos do fluido refrigerante ao longo do ciclo são
representados na figura 14, por um diagrama P-h.
O ciclo de refrigeração mostrado na figura 14 é denominado de ciclo
padrão, devido à presença de líquido saturado na saída do condensador e de
1 INTRODUÇÃO
ANÁLISE TÉRMICA DE REFRIGERADORES
16
vapor saturado na saída do evaporador. O diagrama refere-se ao HFC-134a,
numa temperatura de condensação de 40 °C e de evaporação de -20 °C. O ciclo
padrão é composto por quatro processos ideais: compressão isoentrópica (1-2),
rejeição de calor com condensação isobárica (2-3), expansão isoentálpica (3-4) e
absorção de calor com evaporação isobárica (4-1). 13 - Ciclo padrão de refrigeração por compressão mecânica de vapores
COMPRESSOR
CONDENSADOR
EVAPORADOR
DISPOSITIVODE
EXPANSÃO(TUBO CAPILAR)
AMBIENTE (EXTERNO)
AMBIENTE FRIO (INTERNO)
Q3
4 1
2cond
compQ
compW
evapQ
FIGURA 13 - Ciclo padrão de refrigeração por compressão mecânica de vapores 14 - Diagrama P-h para um ciclo padrão
R134a
1
10
100
50 100 150 200 250 300Entalpia específica [kJ/kg]
Pres
são
[bar
]
1
23
4
FIGURA 14 - Diagrama P-h para um ciclo padrão
1 INTRODUÇÃO
ANÁLISE TÉRMICA DE REFRIGERADORES
17
Os refrigeradores domésticos, no entanto, não operam exatamente de
acordo com um ciclo padrão, como pode ser observado na figura 15. Na
realidade, o dispositivo de expansão (tubo capilar) forma um trocador de calor
com a linha de sucção com o intuito de aumentar o desempenho do sistema e de
evitar a formação de gelo sobre a linha de sucção (GOSNEY, 1982;
DOMANSKI e DIDION, 1994 e KLEIN et. al., 2000).
O funcionamento do ciclo mostrado na figura 15 é similar ao ciclo padrão,
porém o fluido chega ao compressor na condição de vapor superaquecido e o
título na entrada do evaporador é reduzido (ver figura 16).
15 - Ciclo de refrigeração com trocador de calor tubo capilar - linha de sucção
COMPRESSOR
CONDENSADOR
EVAPORADOR
TUBO CAPILAR
AMBIENTE QUENTE (EXTERNO)
AMBIENTE FRIO (INTERNO)
Q3
4 5
2
1
LINHA DE SUCÇÃO
ISOLAMENTO TÉRMICO
cond
capQ
Qcomp
compW
evapQ
FIGURA 15 - Ciclo de refrigeração com trocador de calor tubo capilar - linha de
sucção
16 - Diagrama P-h para um ciclo com trocador de calor tubo capilar - linha de sucção
1 INTRODUÇÃO
ANÁLISE TÉRMICA DE REFRIGERADORES
18
R134a
1
10
100
50 100 150 200 250 300 350Entalpia específica [kJ/kg]
Pres
são
[bar
]
4
2
1
3
5
FIGURA 16 - Diagrama P-h para um ciclo com trocador de calor tubo capilar - linha de sucção
1.4 PROPOSTA DO TRABALHO
O objetivo geral do presente trabalho consiste no desenvolvimento de uma
metodologia de análise de sistemas de refrigeração capaz de avaliar opções de
projeto de refrigeradores a partir de informações de cunho teórico e experimental.
Os principais objetivos específicos são:
a) apresentar os fundamentos teóricos relacionados com a análise térmica
de refrigeradores;
b) produzir um código computacional de acordo com a metodologia
proposta;
c) desenvolver procedimentos experimentais que gerem os dados
necessários à determinação dos parâmetros empíricos e à validação da
modelagem;
d) simular e analisar o desempenho de um refrigerador por meio da
metodologia proposta.
Para atingir tais objetivos o presente trabalho foi dividido em quatro
grandes áreas, quais sejam: experimentação, modelagem, computação e análise.
1 INTRODUÇÃO
ANÁLISE TÉRMICA DE REFRIGERADORES
19
Essas áreas se inter-relacionam e se realimentam, de acordo como o esquema
mostrado na figura 17. 17 - Fluxograma de informações
FIGURA 17 - Fluxograma de informações
1.5 ESTRUTURA DE APRESENTAÇÃO DO TRABALHO
No capítulo 2, é apresentada a revisão bibliográfica relativa ao tema do
trabalho com uma exposição das contribuições e posicionamento do trabalho
desenvolvido em relação ao estado da arte.
No capítulo 3, são descritos o aparato experimental e o planejamento dos
testes, além de serem apresentados resultados experimentais.
No capítulo 4, apresenta-se uma modelagem para um refrigerador
genérico, baseado nas leis gerais de conservação. Por conseguinte o capítulo 5
introduz modelos para um refrigerador específico juntamente com a
implementação computacional desses modelos.
No capítulo 6, apresentam-se análises do comportamento do refrigerador
em questão, empregando a metodologia proposta.
Finalmente, no capítulo 7, apresentam-se as conclusões do presente
trabalho, bem como sugestões para trabalhos futuros.
ANÁLISE TÉRMICA DE REFRIGERADORES
2 REVISÃO DA LITERATURA
Algumas revisões, enfocando o estado da arte em refrigeração, podem ser
encontradas na literatura (JAMES et. al., 1986; WELSBY et. al., 1988;
RADERMACHER e KIM, 1996 e BROWNE e BANSAL, 1998). Estas revisões
apresentam uma vasta literatura servindo também como referencial para o
desenvolvimento de trabalhos na área.
JAMES et. al. (1986) discutem a importância da modelagem de sistemas
de refrigeração em áreas como: projeto, controle, pesquisa e diagnóstico. Uma
análise da evolução dos trabalhos nesta área é apresentada, considerando
paralelamente os avanços das ferramentas computacionais disponíveis. Nesta
análise, os trabalhos de HRONES (1942) e ENNS (1962) são citados como
pioneiros na área de modelagem de sistemas de refrigeração. Nesses trabalhos as
equações diferenciais foram resolvidas por métodos analíticos, o que limitava
consideravelmente a abrangência da análise. Computadores analógicos passaram
a ser utilizados a partir dos anos 60, como no trabalho de HASEGAWA (1965).
Esses trabalhos pioneiros continham muitas simplificações, as quais foram
gradualmente removidas à medida que os computadores digitais iam sendo
aperfeiçoados. Isso reforça o fato de que a escolha do nível de detalhamento de
um modelo está intimamente relacionada ao tipo de informação que se deseja
obter e, em grande parte, à qualidade da ferramenta computacional disponível
(CORBERAN e GONZALVEZ, 1998).
STOECKER (1971) desenvolveu um programa computacional genérico,
baseado no método de Newton-Raphson, para a análise de sistemas térmicos em
regime permanente (STOECKER, 1989). Esse programa exige que as curvas
características de cada componente do sistema sejam fornecidas como dados de
entrada.
2 REVISÃO DA LITERATURA
ANÁLISE TÉRMICA DE REFRIGERADORES
21
MARSHALL e JAMES (1973) desenvolveram a primeira modelagem
matemática de um sistema de refrigeração operando em regime transiente.
Tratava-se de um sistema de refrigeração industrial empregando amônia e um
evaporador inundado. O modelo era formado por um conjunto de equações
algébricas e diferenciais resolvido pela ação conjunta dos métodos de Newton-
Raphson e de Euler. As equações foram derivadas empregando-se o conceito de
tanque misturador e aplicando-se as leis de conservação da massa, da energia e
da quantidade de movimento linear. A avaliação das propriedades termofísicas
era problemática, o que originou uma nova versão do modelo (MARSHALL e
JAMES, 1975).
Um outro trabalho de simulação de refrigeradores foi desenvolvido por
DAVIS e SCOTT (1976). Essa análise era bastante simplificada, já que as
pressões de condensação e de evaporação eram tratadas como dados de entrada.
Por outro lado as perdas de carga nas válvulas de sucção e descarga do
compressor e o aquecimento do fluido no curso de admissão eram avaliados
internamente pelo modelo. Os trocadores de calor foram modelados de maneira
bem simples e, além disso, não foi empregada qualquer modelagem para o
dispositivo de expansão.
DHAR e SOEDEL (1979) apresentaram idéias interessantes a respeito da
simulação do regime de partida de sistemas de refrigeração usando a
aproximação de tanques misturadores. Informações relacionadas à validação não
foram, entretanto, disponibilizadas. Por outro lado, YASUDA et. al. (1983)
utilizaram técnicas bem estabelecidas e compararam os seus resultados com
resultados experimentais.
A escolha da formulação a ser empregada, diferencial (transiente) ou
algébrica (permanente), para representar um certo componente depende da
intensidade da ação desta equação sobre o resto do sistema. JAMES e
MARSHALL (1976) simularam uma instalação de condicionamento de ar e
verificaram que o sistema de refrigeração respondia bem mais rápido que as
2 REVISÃO DA LITERATURA
ANÁLISE TÉRMICA DE REFRIGERADORES
22
demais partes da instalação, o que levou à utilização de equações puramente
algébricas para representar o circuito de refrigeração. CHI e DIDION (1982)
modelaram uma bomba de calor utilizando equações diferenciais para a
conservação da quantidade de movimento linear do fluido refrigerante, o que
gerou a necessidade de incrementos de tempo significativamente menores e,
conseqüentemente, um aumento no tempo computacional.
Um modelo computacional para simulação de bombas de calor em regime
permanente, com dispositivo de expansão tipo tubo capilar, foi desenvolvido por
DOMANSKI e DIDION (1983). A solução do sistema de equações foi obtida
iterativamente. Foram desenvolvidos modelos globais para cada componente do
sistema por meio de balanços de massa, de energia e de quantidade de
movimento linear. O sistema era composto por um compressor hermético
alternativo, um condensador, um evaporador com convecção forçada, um tubo
capilar adiabático, uma válvula reversora e pelas tubulações de interligação
desses componentes. Foram realizados inventários de massa empregando-se
diversos modelos para a fração de vazio, com o intuito principal de determinar o
efeito do modelo escolhido sobre o grau de superaquecimento na sucção do
compressor. Na validação encontraram-se diferenças entre os valores medidos e
calculados inferiores a 7,5%.
MARQUES (1991) baseou a sua dissertação de mestrado no trabalho de
DOMANSKI e DIDION (1983), adaptando-o à simulação de condicionadores de
ar de janela. Foram modificados os modelos do compressor e dos trocadores de
calor. Além disso, foram investigados vários modelos para o cálculo da fração de
vazio. Verificou-se que a correlação de Hugmark era a mais adequada para o
sistema em questão e que a quantidade de refrigerante dissolvida no óleo não
podia ser desprezada.
Em 1982 o Department of Energy (DOE, USA) firmou contrato com a
empresa Arthur D. Little, Inc. para o desenvolvimento de um programa
computacional que servisse como referência durante o processo de análise de
2 REVISÃO DA LITERATURA
ANÁLISE TÉRMICA DE REFRIGERADORES
23
refrigeradores e freezers domésticos (ADL/DOE, 1982). Neste projeto, diferentes
modelos de refrigeradores e freezers domésticos foram analisados.
ABRAMSON et. al. (1990) examinaram o programa computacional
patrocinado pelo DOE, o qual foi o primeiro a considerar a presença de um
trocador de calor tubo capilar-linha de sucção. O estudo concentrou-se num
refrigerador de duas portas e comparou o consumo de energia anual para
diferentes espessuras da parede do gabinete e resistências térmicas do evaporador
e do condensador.
CECCHINI e MARCHAL (1991) apresentaram uma metodologia para
simulação tanto de sistemas de refrigeração como de condicionamento de ar. O
modelo baseia-se em dados experimentais, os quais são usados para estimar os
parâmetros da modelagem. O compressor foi modelado usando expoentes
politrópicos e a hipótese de gás ideal. Os trocadores de calor foram modelados
considerando que as taxas de troca de calor são funções lineares da diferença de
temperatura entre o fluido refrigerante e o ar. O dispositivo de expansão também
foi modelado utilizando relações de gás ideal. A partir de 4 pontos experimentais
tornou-se possível prever o comportamento do sistema com desvios entre os
valores experimentais e calculados inferiores a 10%.
REEVES et. al. (1992) apresentaram modelos para os componentes de
refrigeradores e freezers. Os modelos dos trocadores de calor se basearam no
conceito de efetividade. O fluxo de massa e o consumo de energia do compressor
foram expressos por regressão polinomial. O fluxo de massa através do capilar
foi simplesmente igualado ao calculado pelo modelo do compressor.
PORTER e BULLARD (1992) incorporaram ao modelo de REEVES et.
al. (1992) uma avaliação da carga de refrigerante, aperfeiçoada posteriormente
com o emprego do modelo de fração de vazio de Hugmark (GOODSON e
BULLARD, 1994). Eles também incluíram um modelo para calcular a massa de
refrigerante dissolvida no óleo seguindo as recomendações de GREBNER e
CRAWFORD (1993).
2 REVISÃO DA LITERATURA
ANÁLISE TÉRMICA DE REFRIGERADORES
24
JAKOBSEN (1995) aplicou técnicas já estabelecidas para a simulação de
refrigeradores domésticos buscando a otimização do consumo de energia. Os
resultados do modelo foram comparados com dados experimentais, quando foi
verificada a necessidade de inclusão de uma fator multiplicativo à equação que
determina o fluxo de massa através do tubo capilar. Uma análise exergética foi
apresentada juntamente com uma análise qualitativa. Nesse trabalho ficaram
evidentes as dificuldades de se estabelecer critérios de otimização (função
objetiva) para a análise térmica de refrigeradores domésticos.
BANSAL et. al. (1996) apresentaram uma análise puramente
experimental de refrigeradores domésticos aplicando técnicas estatísticas para o
planejamento dos experimentos (MONTGOMERY, 1997; BOX et. al., 1978 e
FISHER, 1935). As características geométricas do trocador de calor tubo capilar-
linha de sucção foram exploradas mostrando a potencialidade da metodologia
proposta.
Além dos trabalhos anteriores, direcionados ao estudo de sistemas
completos de refrigeração, pode-se encontrar na literatura uma vasta publicação
de importantes trabalhos abordando componentes e alguns aspectos específicos,
tais como: compressor (HERMES et. al., 1999 e POPOVIC e SHAPIRO, 1995),
condensador arame sobre tubo (TANDA e TAGLIAFICO, 1997), evaporador
tipo serpentina aletada (McQUISTON, 1981), formação de gelo em evaporadores
(RITE e CRAWFORD, 1991 e RADCENCO et. al., 1995), tubos capilares
(SCHULZ, 1985; MELO et. al. 1999 e NEGRÃO, 1999), gabinete do
refrigerador (VINEYARD et. al., 1998), carga de fluido refrigerante (RICE, 1987
e DAMASCENO et. al., 1991), massa de refrigerante dissolvida no óleo
(GREBNER e CRAWFORD, 1993), deterioração do desempenho devido à
operação em regime cíclico (RUBAS e BULLARD, 1995 e COULTER e
BULLARD, 1997), teste de refrigeradores em campo (MEIER, 1995) e controle
de sistemas de refrigeração (QURESHI e TASSOU, 1996 e JAKOBSEN et. al.,
2000).
2 REVISÃO DA LITERATURA
ANÁLISE TÉRMICA DE REFRIGERADORES
25
Em todos os trabalhos correlatos disponíveis na literatura o enfoque
principal é a estratégia de modelagem. Informações experimentais, quando
disponíveis, são geralmente utilizadas como dados de entrada ou então para
validar os modelos desenvolvidos.
Nesse trabalho o enfoque estará colocado essencialmente na parte
experimental. Para tanto um refrigerador específico foi instrumentado da maneira
mais completa e não intrusiva possível. Vários experimentos foram realizados
utilizando-se diferentes combinações de componentes e de condições de
operação. A base de dados gerada permitiu a elaboração de modelos
computacionais relativamente simples, cujo objetivo maior é aumentar a
abrangência da análise experimental.
A estratégia adotada possui um caráter inédito, pois está baseada na
análise combinada dos efeitos provocados por alterações em vários componentes
(diâmetro do capilar, rotação do compressor, etc), quando as temperaturas do ar
no exterior e no interior do refrigerador são mantidas constantes. As abordagens
disponíveis na literatura são geralmente baseadas no efeito individual de um
componente específico e muito raramente permitem considerar a temperatura do
ar no interior do gabinete num valor constante.
UFSC - PROPOSTA DE TESE - ANÁLISE TÉRMICA DE REFRIGERADORES
3 ATIVIDADES EXPERIMENTAIS
As atividades experimentais consistem em controlar e medir as condições
de funcionamento do refrigerador em regime permanente, com o intuito de obter
as informações necessárias à modelagem. Neste capítulo, apresenta-se o aparato e
os procedimentos experimentais adotados, seguidos do banco de dados obtido e
das respectivas incertezas de medição. Algumas atividades experimentais
complementares, realizadas com componentes do sistema, são também
apresentadas. Tais informações são fundamentais para o desenvolvimento e
validação dos modelos propostos.
3.1 APARATO EXPERIMENTAL
O aparato experimental empregado é essencialmente uma câmara com
temperatura controlada, onde o refrigerador é instalado, devidamente
instrumentado e conectado a um sistema de aquisição de sinais. Alguns detalhes
do aparato experimental são mostrados a seguir.
3.1.1 CÂMARA DE TESTES
Na figura 18, mostra-se um esquema da câmara de testes empregada. O
refrigerador é colocado no interior da câmara numa posição normalizada
(BRASMOTOR, 1992), como indicado na figura 19. 18 - Câmara de testes
3 ATIVIDADES EXPERIMENTAIS
ANÁLISE TÉRMICA DE REFRIGERADORES
27
REFRIGERADOR
SISTEMA DEAQUISIÇÃO
MICROCOMPUTADORPORTA
CÂMARA DE TESTES
CABOS DA INSTRUMENTAÇÃO
SISTEMADE VENTILAÇÃO E
CONDICIONAMENTO DE AR DA CÂMARA
FIGURA 18 - Câmara de testes
19 - Posicionamento do refrigerador
REFRIGERADORALTURA 2100
100
350
300
FIGURA 19 - Posicionamento do refrigerador
A câmara de testes possui dimensões de 3,0 x 2,0 x 2,5 m, e foi construída
de acordo com as especificações da norma NBR 12863 (ABNT, 1993). As
características construtivas e operacionais dessa câmara são descritas com
detalhes por CLEZAR et. al. (1996). O ar é insuflado pelo teto e retorna pelo
piso, o que gera uma velocidade média em torno de 0,15 m/s. A temperatura do
ar pode ser controlada entre -10 e 55 °C, com uma variação máxima de ± 0,2 °C.
3 ATIVIDADES EXPERIMENTAIS
ANÁLISE TÉRMICA DE REFRIGERADORES
28
A umidade relativa do ar pode ser controlada entre 25 e 85 %, com variação
máxima de ± 1 %.
O sistema de aquisição de sinais é de fabricação HP (Hewlett-Packard),
modelo HP 75000B, com um total de 112 canais, velocidade de aquisição
máxima de 1 kHz e resolução de 16 bits. Esse sistema é conectado a um
microcomputador que utiliza o software HP-VEE (Visual Engineering
Environment) para aquisição dos sinais.
3.1.2 REFRIGERADOR ESTUDADO
O refrigerador em estudo é de fabricação Multibras, modelo BRM43,
emprega R134a e possui um volume interno nominal de 430 litros, dividido em
dois compartimentos (ver figura 20). O compartimento superior possui cerca de
um quarto do volume total do refrigerador e serve como congelador (top-mount).
A ventilação interna é forçada e a distribuição de ar entre os compartimentos
ocorre através de um registro (damper) com abertura controlada por um
dispositivo acionado diretamente por um termostato, como mostrado na
figura 21. A temperatura do ar no compartimento inferior é controlada pela ação
do registro, enquanto a temperatura do ar no compartimento superior
(congelador) é controlada por um termostato eletrônico que age diretamente
sobre o compressor, por controle do tipo liga-desliga (on-off). O refrigerador é
dotado de um sistema de degelo automático, que consiste numa resistência
elétrica instalada sobre o evaporador. O degelo é controlado a partir de um sensor
instalado sobre o tubo de saída do evaporador ou, eletronicamente, por tempo,
caso ocorra um período sem degelo superior a 10 horas. 20 - Refrigerador BRM43
3 ATIVIDADES EXPERIMENTAIS
ANÁLISE TÉRMICA DE REFRIGERADORES
29
FIGURA 20 - Refrigerador BRM43
21 - Registro para controle da circulação do ar
FIGURA 21 - Registro para controle da circulação do ar
Na figura 22, mostra-se um esquema do sistema de refrigeração em
estudo. Os pontos assinalados (numerados) nesse circuito indicam a posição das
3 ATIVIDADES EXPERIMENTAIS
ANÁLISE TÉRMICA DE REFRIGERADORES
30
tomadas de pressão e de temperatura. A carga nominal de fluido refrigerante é de
130 g. O compressor utilizado é do tipo hermético alternativo, de fabricação
Embraco, modelo FFI 8.5HAK, com uma carga de 400 ml de óleo éster α22. Na
figura 23 mostra-se o compressor com a sua respectiva bandeja coletora e
evaporadora da água de degelo. O condensador é do tipo arame-sobre-tubo,
formado por uma serpentina com 19 passes horizontais de tubo do tipo bundy de
4 mm de diâmetro interno e 60 pares de arames de aço, posicionados na vertical e
uniformemente distribuídos sobre os tubos (ver figura 24). Como ilustrado na
figura 22, o produto em questão possui uma linha de anti-sudação, também
denominada de tubo de aquecimento do flange (TAF). Essa linha é uma
continuação do tubo bundy do condensador e passa no interior do flange das
portas com o intuito de prevenir a sudação externa nessas regiões. O filtro
secador é do tipo molecular sieves, com volume de 35 ml. O tubo capilar forma
um trocador de calor concêntrico com a linha de sucção (ver figura 25). O
comprimento do tubo capilar é de 3,5 m e o diâmetro nominal de 0,65 mm. A
linha de sucção é de alumínio e possui um comprimento de 2 m e um diâmetro de
1/4” (6,35 mm). A maior parte dessa linha é instalada no interior do isolamento
térmico da parede traseira do refrigerador. O evaporador é também de alumínio,
com 20 passes de tubos de 3/8” (9,53 mm), aletado e com ventilação forçada na
direção longitudinal das aletas. São utilizadas 52 aletas corrugadas de 230 x 60 x
0,2 mm, afastadas 5,5 mm entre si. Na parte inferior do evaporador, onde ocorre
a entrada de ar, as aletas são mais afastadas entre si (ver figura 26) para evitar o
bloqueio, por acúmulo de gelo, nessa região. Na saída do evaporador, existe um
acumulador de sucção com volume de 60 ml. O ventilador, mostrado na figura
27, é do tipo axial, acionado por um motor elétrico de pólo sombreado com
aproximadamente 9 W e 3200 rpm a 220 V. 22 - Sistema de refrigeração
3 ATIVIDADES EXPERIMENTAIS
ANÁLISE TÉRMICA DE REFRIGERADORES
31
VISOR DE LÍQUIDO
VÁLVULA DE EXPANSÃO AUXILIAR
FILTRO SECADOR
VÁLVULA DE SERVIÇO
TUBO PASSADOR DE PROCESSO
ENTRADA DOTUBO CAPILAR
LINHA DE SUCÇÃO
5
4
1
MEDIDORDE FLUXODE MASSA(CORIOLIS)
COMPRESSOR
2
TROCADOR DE CALOR TUBO CAPILAR - LINHA DE SUCÇÃO
6
EVAPORADOR
TUBO DEAQUECIMENTODO FLANGE(FOI LACRADO)
VENTILADOR
SAÍDA DO TUBO CAPILAR
CONDENSADOR
LINHA DEDESCARGA
3
SEPARADOR/ACUMULADORDE LÍQUIDO
7
FIGURA 22 - Sistema de refrigeração
3 ATIVIDADES EXPERIMENTAIS
ANÁLISE TÉRMICA DE REFRIGERADORES
32
23 - Compressor com bandeja coletora da água de degelo
FIGURA 23 - Compressor com bandeja coletora da água de degelo
24 - Condensador arame-sobre-tubo
440
FLUIDOREFRIGERANTE
ALETAS/ARAMES
SERPENTINA
1100
FIGURA 24 - Condensador arame-sobre-tubo 25 - Trocador de calor tubo capilar-linha de sucção
3 ATIVIDADES EXPERIMENTAIS
ANÁLISE TÉRMICA DE REFRIGERADORES
33
LINHA DE SUCÇÃO
TUBO CAPILAR
SÁIDA
SÁIDA ENTRADA
ENTRADA
2 metros
FIGURA 25 - Trocador de calor tubo capilar-linha de sucção
26 - Evaporador
ALETAS
SERPENTINA
AR
SEPARADOR DE LÍQUIDO
FLUÍDOREFRIGERANTE
300
125
60
FIGURA 26 - Evaporador
3 ATIVIDADES EXPERIMENTAIS
ANÁLISE TÉRMICA DE REFRIGERADORES
34
27 - Ventilador
Vista frontal
Vista posterior
FIGURA 27 - Ventilador
O refrigerador foi instrumentado com termopares e com transdutores de
pressão, de fluxo de massa e de grandezas elétricas. Além disso, foram
controladas as rotações do compressor e do ventilador e a dissipação de calor no
interior da unidade.
3.1.3 MODIFICAÇÕES NO REFRIGERADOR
Nesta seção, apresentam-se as modificações introduzidas no refrigerador
com o intuito de viabilizar o adequado monitoramento das condições de
operação.
Os testes foram realizados com o refrigerador operando em regime
permanente, com as portas fechadas, sem carga de produto e mantendo-se os
acessórios originais. Algumas modificações fizeram-se necessárias no circuito
elétrico, no circuito de refrigeração e no registro de controle da circulação do ar.
O circuito elétrico do refrigerador foi completamente modificado. A
unidade de controle eletrônica foi desativada, e o compressor e o ventilador
instalados em circuitos independentes, de forma a possibilitar o controle e a
3 ATIVIDADES EXPERIMENTAIS
ANÁLISE TÉRMICA DE REFRIGERADORES
35
medição das suas condições de funcionamento. O compressor original foi
substituído por um compressor semelhante, mas de rotação variável, ou seja, um
compressor de capacidade variável (Variable Capacity Compressor - VCC). A
rotação do ventilador foi controlada através da variação da tensão. Todas as
resistências de degelo foram desativadas. Resistências elétricas foram instaladas
no interior do refrigerador para variar a carga térmica e, conseqüentemente, a
temperatura interna. Tais resistências foram instaladas sobre as prateleiras do
refrigerador, sendo três no compartimento inferior e duas no compartimento
superior, e controladas por meio da variação da tensão.
Três modificações foram realizadas no circuito de refrigeração:
i) lacramento da tubulação de aquecimento do flange (TAF); ii) passagem da
linha de sucção para o lado de fora do gabinete; iii) instalação de um dispositivo
de expansão auxiliar na entrada do tubo capilar. Essas modificações viabilizaram
a realização de balanços de energia em cada um dos componentes do sistema. A
passagem da linha de sucção para fora do gabinete também facilitou a instalação
de termopares de imersão na entrada e na saída do evaporador, o que seria
inviável na configuração original. A linha de sucção foi isolada com isotubo, de
50 mm de espessura.
A introdução do dispositivo de expansão auxiliar teve como objetivo
provocar o aparecimento de uma região de líquido sub-resfriado na saída do
condensador. Detalhes da montagem desse dispositivo são ilustrados na
figura 28. Utilizou-se uma válvula agulha de fabricação da Nupro/Swagelok,
modelo S Series, orifício de passagem com diâmetro de 0,81 mm, curso de 14
voltas e coeficiente de escoamento (CD,valv) de 0,004 (ver figura 29). O visor de
líquido, instalado antes da válvula, serve para verificar a presença de bolhas no
escoamento.
28 - Instalação do dispositivo de expansão auxiliar
3 ATIVIDADES EXPERIMENTAIS
ANÁLISE TÉRMICA DE REFRIGERADORES
36
Transdutor de PressãoFiltro de
Fluido Refrigerante
Visor de Líquido
Válvula de ExpansãoAuxiliar
Termopar Superficial
Fluxo
Termoparde Imersão Saída do
Condensador
Transdutor de Pressão
Fluxo
Termoparde Imersão
Entrada do Tubo Capilar
ref,4
ref,5
FIGURA 28 - Instalação do dispositivo de expansão auxiliar
29 - Válvula de expansão auxiliar
FIGURA 29 - Válvula de expansão auxiliar
As modificações nos circuitos elétricos e de refrigeração e a instalação dos
instrumentos de medição exigiram a abertura de alguns furos nas paredes do
refrigerador, os quais, além de pequenos, foram lacrados com poliuretano.
O sistema de distribuição de ar entre os compartimentos foi também
alterado. A ação do termostato foi eliminada, passando-se para um controle
totalmente manual. O registro foi mantido numa posição fixa e afastado
paralelamente 3 mm da abertura de passagem de ar. Procurou-se trabalhar com
uma abertura que gerasse distribuições de temperaturas próximas da usual, ou
3 ATIVIDADES EXPERIMENTAIS
ANÁLISE TÉRMICA DE REFRIGERADORES
37
seja, temperaturas da ordem de 0 °C no compartimento refrigerado e de -18 °C
no congelador.
As modificações mencionadas foram efetuadas seqüencialmente e
acompanhadas de testes periódicos e comparativos para verificar eventuais
efeitos sobre o desempenho do sistema. Ao final das modificações, constatou-se
uma elevação de 1,5 °C nas temperaturas internas em relação aos valores
originais. Isso representa uma redução inferior a 3% em relação à diferença de
temperatura entre o interior e o exterior do refrigerador, que por sua vez é
equivalente à capacidade de refrigeração do sistema.
3.1.4 SISTEMAS DE MEDIÇÃO
As variáveis são geralmente medidas por sistemas de medição que geram
sinais de tensão, direcionados para um sistema de aquisição de dados. Esse
sistema converte os sinais nas respectivas grandezas medidas e as armazenam
num arquivo de dados. Nesta seção, apresentam-se os transdutores e as unidades
de condicionamento de sinais dos diversos sistemas de medição empregados.
3.1.4.1 MEDIÇÃO DE TEMPERATURA
A temperatura foi medida por meio de termopares do tipo T, conectados
diretamente ao barramento do sistema de aquisição com cabos de compensação
também do tipo T e bitola 24 AWG. A temperatura desse barramento foi medida
por um termistor de boa precisão (±0,01°C) e empregada pelo software de
aquisição de dados como junta de referência eletrônica na conversão do sinal de
tensão do termopar em temperatura. As curvas de calibração dos termopares
utilizados neste trabalho são bastante próximas da curva padrão fornecida pela
3 ATIVIDADES EXPERIMENTAIS
ANÁLISE TÉRMICA DE REFRIGERADORES
38
norma ASTM E 20 (ASTM, 1981), o que possibilita o uso da curva padrão com
uma incerteza de medição de calibração de ± 0,2 °C (GONÇALVES, 1994).
Foram medidos três tipos de temperatura: de superfícies, do ar e do fluido
refrigerante. Nas superfícies, o termopar era fixado com fita adesiva. A
temperatura do ar foi medida com o termopar inserido no centro geométrico de
um cilindro de cobre de 10 mm de diâmetro e 10 mm de comprimento, ilustrado
na figura 30 (BRASMOTOR, 1992). Esses termopares foram também protegidos
por um escudo para a radiação térmica (ver figura 20) e cuidados especiais foram
tomados para manter o mesmo posicionamento dos termopares em todos os
testes. 30 - Termopar para medição da temperatura do ar
FIGURA 30 - Termopar para medição da temperatura do ar
A temperatura do fluido refrigerante foi medida com termopares de
imersão com bainha de aço inoxidável de 0,02” (0,5 mm) de diâmetro e 6”
(150 mm) de comprimento, ilustrado na figura 31. Esses termopares foram
instalados no circuito de refrigeração por meio de conexões especiais (ver
figura 32). 31 - Termopar de imersão
FIGURA 31 - Termopar de imersão 32 - Conexão do termopar de imersão
3 ATIVIDADES EXPERIMENTAIS
ANÁLISE TÉRMICA DE REFRIGERADORES
39
Fluxo de FluidoRefrigerante
Buchas
Termoparde ImersãoØ = 0,02'' (0,5 mm)Cu (+)
Co (-)
Tampão 1/4''
Niple1/4''
¼´´
SiliconeSolda
(Teflon)
6'' (152.4mm)
FIGURA 32 - Conexão do termopar de imersão
3.1.4.2 MEDIÇÃO DE PRESSÃO
A pressão foi medida por transdutores de pressão absoluta, de fabricação
Hottinger Baldwin Messtechnik (HBM), modelo P3 MB (ver figura 33). A tensão
elétrica de alimentação do circuito de strain-gauge desses transdutores foi
fornecida por uma fonte de corrente contínua de 10 V com alta estabilidade
(±0,01%). Os transdutores foram calibrados in loco, utilizando-se uma máquina
de peso morto, de acordo com procedimentos e cuidados estabelecidos
previamente (GONÇALVES, 1994). A alta linearidade entre o sinal e a grandeza
medida possibilitou a utilização de curvas de calibração de primeira ordem, com
coeficientes de correlação superiores a 0,99.
33 - Transdutor de pressão absoluta
FIGURA 33 - Transdutor de pressão absoluta
3 ATIVIDADES EXPERIMENTAIS
ANÁLISE TÉRMICA DE REFRIGERADORES
40
Foram instalados oito transdutores de pressão no circuito de refrigeração,
quatro deles na região de baixa pressão. Esses possuíam faixa de medição de 0 a
10 bar e incerteza de medição de ±0,01 bar. Os outros quatro transdutores foram
instalados na região de alta pressão e tinham faixa de medição de 0 a 50 bar e
incerteza de medição de ±0,1 bar.
3.1.4.3 MEDIÇÃO DE FLUXO DE MASSA
O fluxo de massa de fluido refrigerante foi medido por um transdutor de
fluxo de massa do tipo Coriolis, de fabricação Danfoss, modelo MASS2100
DI 1.5 (ver figura 34), ou seja, com tubo de medição de 1,5 mm de diâmetro. A
unidade conversora, modelo MASS3000, foi regulada para uma faixa de medição
de 0 a 15 kg/h. Esse medidor foi calibrado de acordo com o procedimento
desenvolvido por GONÇALVES (1994). Utilizou-se uma curva de calibração do
primeiro grau com um coeficiente de correlação superior a 0,99 e com uma
incerteza de medição de ±1 % do valor lido. Em testes preliminares, o transdutor
foi instalado tanto na linha de líquido quanto na linha de descarga. Em ambos os
casos, não se observou qualquer alteração no comportamento do sistema e nem
do valor lido. Optou-se, então, pela instalação definitiva do transdutor na linha de
descarga, com uma perda de carga da ordem de 100 mbar. O transdutor foi fixado
diretamente sobre a parede lateral do refrigerador, como mostrado na figura 34.
Efeitos provocados por vibrações não foram notados. O transdutor foi isolado
termicamente para evitar eventuais efeitos associados à transferência de calor. 34 - Instalação do medidor de fluxo de massa
3 ATIVIDADES EXPERIMENTAIS
ANÁLISE TÉRMICA DE REFRIGERADORES
41
FIGURA 34 - Instalação do medidor de fluxo de massa
3.1.4.4 MEDIÇÃO DE GRANDEZAS ELÉTRICAS
A câmara de testes é instrumentada com dois conjuntos de transdutores
para medição de grandezas elétricas de circuitos monofásicos. Um com faixa de
medição de 0 a 1000W e outro de 0 a 400W. São transdutores de fabricação
Yokogawa e medem tensão, corrente e potência. A incerteza de medição relativa
ao valor lido é de ±0,4% para os transdutores de potência e de corrente e de
±0,2% para os transdutores de tensão, conforme certificado de calibração número
015/97 emitido pelo Laboratório de Metrologia Eletro-Eletrônica (LAMTE/
CTAI/ FIESC/ SENAI). Através desses transdutores, monitorou-se a energia
elétrica entregue ao ventilador e às resistências elétricas de aquecimento
colocadas no interior do refrigerador.
A energia elétrica trifásica consumida pelo compressor foi monitorada por
um transdutor também da Yokogawa, modelo WT130 (digital power meter).
Esse transdutor permitiu medir tensão, corrente e potência em cada uma das fases
do circuito, além da freqüência.
Na figura 35, apresenta-se um esquema da ligação do transdutor WT130
no circuito trifásico do compressor. Esta mesma figura, mostra um outro
transdutor monofásico instalado na alimentação geral do circuito. O transdutor
monofásico foi empregado em alguns testes para determinar o consumo de
energia do inversor de freqüência que é da ordem de 9W. CZARKOWSKI e
3 ATIVIDADES EXPERIMENTAIS
ANÁLISE TÉRMICA DE REFRIGERADORES
42
DOMIJAN (1997) enfatizam a importância deste procedimento e também da
escolha adequada do transdutor de potência para situações em que a energia
elétrica é fornecida com fortes componentes harmônicos. Tais cuidados foram
observados no presente trabalho.
35 - Circuito de medição das grandezas elétricas do compressor
220V60Hz
TransdutorYokogawaMonofásico
Controle do Inversor
Transdutorde Tensão, Corrente
e PotênciaTrifásico
W130
Inversorde
FreqüênciaCompressor
FIGURA 35 - Circuito de medição das grandezas elétricas do compressor
3.1.4.5 MEDIÇÃO DA ROTAÇÃO DO VENTILADOR
A rotação do ventilador foi medida por um circuito eletrônico que capta
um feixe de luz infravermelha emitido sobre a hélice em movimento, como
ilustrado na figura 36. O feixe de luz é emitido num lado da hélice e recebido do
outro, numa freqüência igual à freqüência de rotação multiplicada pelo número
de pás. O circuito eletrônico alimenta o emissor e também capta e amplifica o
sinal do receptor. Utilizou-se um emissor do tipo LED (Light Emissor Diode) e
um receptor do tipo foto-transistor. O sinal elétrico do circuito foi analisado por
um osciloscópio digital de fabricação Tektronix, modelo TDS360, o qual
indicava diretamente a freqüência.
36 - Circuito de medição da rotação do ventilador
3 ATIVIDADES EXPERIMENTAIS
ANÁLISE TÉRMICA DE REFRIGERADORES
43
Fonte CC 12V
Osciloscópio
220V 60Hz 220V
60Hz
Variador de
Tensão
ReceptorFoto
Transistor
Ventilador
Motor
Emissor
Hélice
Transdutor de Tensão, Corrente
e Potência
LED
FIGURA 36 - Circuito de medição da rotação do ventilador
3.2 PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL
As etapas básicas do procedimento experimental adotado foram:
montagem dos componentes, instrumentação, ajuste das condições de
funcionamento, medição das variáveis e processamento dos dados.
Em cada uma das montagens, o sistema era aberto e limpo antes da
substituição dos componentes. O óleo do compressor era também substituído.
Cuidados especiais eram tomados em relação às vedações dos dutos de
distribuição de ar no gabinete.
Após a montagem, o circuito era pressurizado com nitrogênio (10 bar)
para a identificação de vazamentos. Os eventuais vazamentos eram, então,
eliminados e o circuito evacuado para remover gases não condensáveis e vapor
d’água. Esse procedimento tinha como limite um nível de vácuo da ordem de 250
µmHg, mantido durante um período mínimo de uma hora. Após estas operações
o sistema era colocado dentro da câmara de testes, para ser instrumentado e
carregado com fluido refrigerante.
Durante esse processo, as portas do refrigerador permaneciam abertas,
com o ventilador ligado e com a câmara mantida na temperatura de teste, mas
com a umidade relativa baixa. Essa operação durava em torno de quatro horas e
3 ATIVIDADES EXPERIMENTAIS
ANÁLISE TÉRMICA DE REFRIGERADORES
44
visava reduzir a umidade no interior do refrigerador antes do fechamento das
portas e da definitiva partida do sistema. Cabe ressaltar que a umidade relativa do
ar na câmara manteve-se em torno de 30 % durante todos os ensaios.
Após o carregamento do sistema com fluido refrigerante, as portas eram
fechadas e assim mantidas durante os testes. Caso fosse necessário abri-las, o
teste era interrompido e um novo procedimento de retirada de umidade do
interior do refrigerador era realizado. Tomou-se esse cuidado para evitar a
formação de gelo no evaporador.
O fluido refrigerante era introduzido no sistema através da tubulação de
processo do compressor, utilizando o dispositivo mostrado na figura 37. A massa
de fluido era determinada pela diferença de peso deste dispositivo antes e após o
processo de carga. O cilindro de carga possuía uma massa de 420g e um volume
interno de 250 ml, o que permitiu utilizar uma balança eletrônica com faixa de
medição de 0 a 5 kg e incremento digital de 0,01 g. A incerteza de medição
avaliada para este processo foi de ± 0,1 g com repetibilidade de ± 0,4 g.
Após a partida do sistema procedia-se ao ajuste das condições de teste,
quais sejam: temperatura interna, sub-resfriamento na saída do condensador e
superaquecido na saída do evaporador. Para tanto, eram controladas a potência
das resistências elétricas, a carga de fluido refrigerante, a abertura da válvula de
expansão auxiliar e a rotação do compressor.
Atingidas as condições de teste, aguardava-se um período mínimo de 12
horas, para garantir condições de regime permanente.
Em seguida, os dados eram adquiridos por um período de uma hora. Os
dados eram, então, processados, fornecendo os valores representativos do teste.
Nas figuras 38 e 39, mostra-se o comportamento típico de algumas grandezas
(temperatura do ar no interior do congelador, pressão de sucção, fluxo de massa
de refrigerante e potência consumida pelo compressor) ao longo de um período
de uma hora, com as respectivas indicações da média e da banda de ±1 (um)
desvio padrão das medições realizadas nesse intervalo. 37 - Dispositivo de carga
3 ATIVIDADES EXPERIMENTAIS
ANÁLISE TÉRMICA DE REFRIGERADORES
45
FIGURA 37 - Dispositivo de carga
38 - Temperaturas e pressões num teste
FIGURA 38 - Temperaturas e pressões num teste
3 ATIVIDADES EXPERIMENTAIS
ANÁLISE TÉRMICA DE REFRIGERADORES
46
39 - Fluxo de massa e potência do compressor num teste
FIGURA 39 - Fluxo de massa e potência do compressor num teste
As indicações de temperatura e pressão eram periodicamente comparadas
mantendo-se o refrigerador desligado e com as portas abertas por períodos de até
24 horas. As diferenças de temperatura e de pressão aceitáveis se situavam,
respectivamente, na faixa ±0,2 °C e ±0,01 bar. O termopar ou transdutor que
apresentasse desvios em relação a esta faixa era submetido à manutenção e/ou à
calibração antes da continuidade do teste.
3.3 RESULTADOS EXPERIMENTAIS
Os resultados experimentais foram obtidos considerando-se 13 variáveis
independentes. Sete geométricas e seis operacionais (ver tabela 1).
3 ATIVIDADES EXPERIMENTAIS
ANÁLISE TÉRMICA DE REFRIGERADORES
47
1 - Variáveis independentes
TABELA 1 - Variáveis independentes
Variável Símbolo Unidade 1 1 Comprimento do tubo capilar Lcap [m] 2 2 Diâmetro interno do tubo capilar Dcap [mm] 3 3 Posição relativa de trocador de calor tubo capilar-linha de sucção Xcap [%] 4 4 Diâmetro externo do tubo do condensador Dcond [mm] 5 5 Número de pares de arames do condensador na,cond [-] 6 6 Número de passes de tubo do condensador nt,cond [-] 7
Geo
mét
rica
s
7 Número de aletas do evaporador nevap [-] 8 1 Carga de fluido refrigerante M [g] 9 2 Rotação do compressor Ncomp [rpm]
10 3 Número de voltas de abertura da válvula de expansão auxiliar Yvalv [-] 11 4 Temperatura do ar no exterior do refrigerador Text [°C] 12 5 Rotação do ventilador Nvent [rpm] 13 O
pera
cion
ais
6 Taxa de dissipação de calor no interior do refrigerador Q&int [W]
A posição relativa do trocador de calor tubo capilar - linha de sucção
(Xcap) foi definida com base no comprimento adiabático na entrada do tubo
capilar (Lent) como indicado na equação 1. O comprimento do trocador de calor
(Lhex) foi mantido constante em 2 m (ver figuras 25 e 95).
1
)LL/(L100X hexcapentcap −⋅= (1)
A temperatura do ar no exterior do refrigerador foi tomada como a média
aritmética das indicações dos termopares colocados nas posições frontal, superior
e lateral direita do refrigerador. As indicações dos termopares colocados nas
posições posterior e lateral esquerda do refrigerador foram descartadas, em face
de oscilações nos sinais causados pela presença do compressor, do condensador e
dos cabos de compensação.
Foram realizadas oito etapas de testes, cada uma com uma montagem
específica (ver tabela 2).
No total foram realizados 168 testes experimentais. O número de testes
por etapa é apresentado na tabela 3.
As seis variáveis operacionais foram distribuídas aleatoriamente em cada
uma das etapas de teste (ver figuras 40 a 45). Tais variáveis foram também
3 ATIVIDADES EXPERIMENTAIS
ANÁLISE TÉRMICA DE REFRIGERADORES
48
estudadas de forma independente, o que permitiu relacioná-las com o
comportamento do sistema. 2 - Planejamento experimental
TABELA 2 - Planejamento experimental
Variáveis independentes (geométricas) Tubo capilar Condensador Evaporador
Lcap Dcap Xcap Dcond na,cond nt,cond nevap Etapa
[m] [mm] [%] [mm] [-] [-] [-]
1 3,0 0,64 20 4,8 55 19 47 2 4,0 0,60 20 5,6 45 19 58 3 4,0 0,75 80 5,6 75 19 29 4 3,0 0,75 20 5,6 65 19 35 5 3,0 0,56 20 4,8 90 25 35 6 3,0 0,56 80 6,2 60 13 47 7 4,0 0,64 20 4,8 30 25 29 8 4,0 0,75 80 4,8 60 25 58
3 - Distribuição dos testes por etapas
TABELA 3 - Distribuição dos testes por etapas
Etapa 1 2 3 4 5 6 7 8 Total Número de testes 17 40 31 21 26 20 4 9 168
A carga de fluido refrigerante foi variada entre limites de 100 e 150
gramas, aproximadamente, como indicado na figura 40. Nas três últimas etapas
empregou-se praticamente um único valor de carga, em torno de 140 gramas.
Nos oito testes finais da quinta etapa apenas a carga de fluido refrigerante foi
variada.
A rotação do compressor foi variada, aproximadamente, entre 3500 e
5100 rpm, como indicado na figura 41. A partir da quinta etapa, a rotação foi
mantida praticamente constante, num valor próximo de 4500 rpm. Na sexta
etapa, foram realizados quatro testes variando-se apenas a rotação do compressor.
A abertura da válvula de expansão auxiliar foi amplamente variada nas
primeiras etapas de teste, como ilustrado na figura 42. Nos testes finais da quinta
etapa e nos três primeiros testes da sexta etapa a válvula foi mantida totalmente
aberta (14 voltas). Nos demais testes da sexta etapa e, também, na sétima etapa a
3 ATIVIDADES EXPERIMENTAIS
ANÁLISE TÉRMICA DE REFRIGERADORES
49
abertura da válvula foi mantida em torno de 10,5 voltas. Na oitava etapa, foram
realizados testes variando-se somente a abertura da válvula.
Foram empregados, basicamente, dois níveis de temperatura externa,
quais sejam: 32 e 42 °C (ver figura 43). Nos quatro testes da sétima etapa, essa
variável foi estudada isoladamente, impondo-se os seguintes valores: 28,4; 33,5;
38,4 e 43,6 °C.
Foram empregadosdois também dois níveis para a rotação do ventilador,
quais sejam: 2500 e 3200 rpm (ver figura 44). Nesta faixa, a potência consumida
pelo motor do ventilador praticamente não variou. Na quarta e quinta etapas, este
parâmetro foi variado entre os limites mencionados. Em quatro testes da sexta
etapa esta variável foi estudada isoladamente.
A taxa de dissipação de calor no interior do refrigerador foi também
estudada, como mostrado na figura 45. No final da primeira etapa foram
realizados dois testes com potência aproximada de 35 W. Na sexta etapa, foram
realizados testes com potência de 0, 15, 30 e 45 W. A ampla maioria dos testes
foi realizada sem a dissipação da calor no interior do gabinete. 40 - Carga de fluido refrigerante
FIGURA 40 - Carga de fluido refrigerante
41 - Rotação do compressor
3 ATIVIDADES EXPERIMENTAIS
ANÁLISE TÉRMICA DE REFRIGERADORES
50
FIGURA 41 - Rotação do compressor
42 - Abertura da válvula de expansão
FIGURA 42 - Abertura da válvula de expansão
43 - Temperatura externa
FIGURA 43 - Temperatura externa
3 ATIVIDADES EXPERIMENTAIS
ANÁLISE TÉRMICA DE REFRIGERADORES
51
44 - Rotação do ventilador
FIGURA 44 - Rotação do ventilador
45 - Taxa de aquecimento interno
FIGURA 45 - Taxa de aquecimento interno
A figura 46 mostra a localização dos termopares utilizados para as
medições da temperatura do ar no interior do refrigerador. Todas as medições de
temperatura no interior do refrigerador são relacionadas na tabela 4. 46 - Posição das temperaturas do ar no interior do refrigerador
3 ATIVIDADES EXPERIMENTAIS
ANÁLISE TÉRMICA DE REFRIGERADORES
52
FIGURA 46 - Posição das temperaturas do ar no interior do refrigerador
4 - Temperaturas medidas no interior do refrigerador
TABELA 4 - Temperaturas medidas no interior do refrigerador
Variável dependente Símbolo Unidade Temperatura do ar na gaveta do congelador Tint,1 [°C] Temperatura do ar na prateleira superior do congelador Tint,2 [°C] Temperatura do ar na prateleira inferior do congelador Tint,3 [°C] Temperatura do ar na gaveta superior do refrigerador Tint,4 [°C] Temperatura do ar na prateleira superior do refrigerador Tint,5 [°C] Temperatura do ar na prateleira meio/sup. do refrigerador Tint,6 [°C] Temperatura do ar na prateleira meio/inf. do refrigerador Tint,7 [°C] Temperatura do ar na prateleira inferior do refrigerador Tint,8 [°C] Temperatura do ar na gaveta inferior do refrigerador Tint,9 [°C] Temperatura do ar no duto de insuflamento do refrigerador Tint,10 [°C] Temperatura do ar no duto de retorno do refrigerador Tint,11 [°C] Temperatura do ar no duto de insuflamento do congelador Tint,12 [°C] Temperatura do ar no duto de retorno do congelador Tint,13 [°C] Temperatura na superfície do sensor eletrônico (congelador) Tint,14 [°C] Temperatura na superfície do bulbo do damper (refrigerador) Tint,15 [°C]
3 ATIVIDADES EXPERIMENTAIS
ANÁLISE TÉRMICA DE REFRIGERADORES
53
Na figura 47, mostra-se a localização dos pontos de medição de
temperatura no sistema de refrigeração. Na tabela 5, são apresentadas as
variáveis dependentes medidas durante os testes. 47 - Localização dos pontos de medição de temperatura
SUPERFICIALFLUIDO AR
MEDIDORDE FLUXODE MASSA(CORIOLIS)
COMPRESSOR
CONDENSADOR
EVAPORADOR
ref,7
ref,6
evap,1evap,2evap,3
evap,4 evap,5 evap,6
cond,4 cond,5 cond,6
evap,7
ref,3
cond,1 cond,2 cond,3
comp,2ref,2ref,1
comp,1
ref,5
comp,3
ref,4
FIGURA 47 - Localização dos pontos de medição de temperatura
5 - Variáveis dependentes
3 ATIVIDADES EXPERIMENTAIS
ANÁLISE TÉRMICA DE REFRIGERADORES
54
TABELA 5 - Variáveis dependentes
Variável Símbolo Unidade Temperatura na superfície da linha de sucção Tcomp,1 [°C] Temperatura na superfície da linha de descarga Tcomp,2 [°C] Temperatura na superfície do compressor (meio/frontal) Tcomp,3 [°C] Temperatura do ar no condensador (inferior/esquerdo) Tcond,1 [°C] Temperatura do ar no condensador (inferior/meio) Tcond,2 [°C] Temperatura do ar no condensador (inferior/direito) Tcond,3 [°C] Temperatura do ar no condensador (superior/esquerdo) Tcond,4 [°C] Temperatura do ar no condensador (superior/meio) Tcond,5 [°C] Temperatura do ar no condensador (superior/direito) Tcond,6 [°C] Temperatura do ar na saída do evaporador (superior/direito) Tevap,1 [°C] Temperatura do ar na saída do evaporador (superior/meio) Tevap,2 [°C] Temperatura do ar na saída do evaporador (superior/esquerdo) Tevap,3 [°C] Temperatura do ar na entrada do evaporador (inferior/esquerdo) Tevap,4 [°C] Temperatura do ar na entrada do evaporador (inferior/meio) Tevap,5 [°C] Temperatura do ar na entrada do evaporador (inferior/direito) Tevap,6 [°C] Temperatura na superfície do tubo evaporador (meio) Tevap,7 [°C] Temperatura na sucção do compressor Tref,1 [°C] Temperatura na descarga do compressor Tref,2 [°C] Temperatura na entrada do condensador Tref,3 [°C] Temperatura na saída do condensador Tref,4 [°C] Temperatura na entrada do tubo capilar Tref,5 [°C] Temperatura na entrada do evaporador Tref,6 [°C] Temperatura na saída do evaporador Tref,7 [°C] Pressão na carcaça do compressor Pref,0 [bar] Pressão na sucção do compressor Pref,1 [bar] Pressão na descarga do compressor Pref,2 [bar] Pressão na entrada do condensador Pref,3 [bar] Pressão na saída do condensador Pref,4 [bar] Pressão na entrada do tubo capilar Pref,5 [bar] Pressão na entrada do evaporador Pref,6 [bar] Pressão na saída do evaporador Pref,7 [bar] Fluxo de massa de fluido refrigerante m& [kg/h] Potência elétrica consumida pelo ventilador W& vent [W] Potência elétrica consumida pelo compressor W& comp [W]
Na figura 48, mostra-se o comportamento das temperaturas do ar no
interior do refrigerador em função da carga de fluido refrigerante. Os dados
referem-se aos últimos oito testes da quinta etapa. Pode-se verificar que as
temperaturas do ar no interior do refrigerador decrescem com o aumento da carga
3 ATIVIDADES EXPERIMENTAIS
ANÁLISE TÉRMICA DE REFRIGERADORES
55
de refrigerante, até um certo limite. Verifica-se, também, que o efeito da carga de
rerigerante sobre cada uma das temperaturas é bastante semelhante, o que pode
ser confirmado pelo paralelismo entre as linhas.
Este mesmo comportamento das temperaturas internas foi observado com
relação a todas as outras variáveis independentes, operacionais e geométricas,
com exceção da rotação do ventilador, como ilustrado na figura 49.
Esse comportamento fez com que a média das três indicações da
temperatura do ar no interior do congelador pudesse ser utilizada como uma
temperatura representativa do ar no interior do sistema. 48 - Perfis de temperatura interna nos testes de carga
FIGURA 48 - Perfis de temperatura interna nos testes de carga
49 - Perfis de temperatura interna nos testes de rotação do ventilador
FIGURA 49 - Perfis de temperatura interna nos testes de rotação do ventilador
3 ATIVIDADES EXPERIMENTAIS
ANÁLISE TÉRMICA DE REFRIGERADORES
56
Na figura 50, mostra-se a relação existente entre a potência consumida
pelo compressor e a temperatura interna para dois níveis de temperatura externa
testados, quais sejam: 32 e 42 °C. As dispersões existentes são oriundas dos erros
de medição e, principalmente, das modificações impostas as variáveis
independentes (tabela 1). Pode-se observar que o aumento da temperatura externa
de 32°C para 42°C provoca, em média, um aumento de quase 30% na potência
consumida pelo compressor, para uma mesma temperatura interna. Verifica-se
também que a potência do compressor decresce com o aumento da temperatura
interna. Deve-se ressaltar, entretanto, que os pontos marcados na figura 50
referem-se a diferentes montagens de um mesmo sistema, submetidas a
condições de operação também diferentes. Maiores temperaturas internas estão
associadas a situações de pequena carga térmica e, conseqüentemente, de
menores potências de compressão e vice-versa. 50 - Potência de compressão vs. Temperatura interna
FIGURA 50 - Potência de compressão vs. Temperatura interna
No apêndice mostram-se planilhas de dados experimentais típicas, para
cada uma das etapas de teste.
Nas figuras 51 a 75, explora-se o efeito das seis variáveis independentes e
operacionais sobre as seguintes variáveis dependentes: temperatura interna,
3 ATIVIDADES EXPERIMENTAIS
ANÁLISE TÉRMICA DE REFRIGERADORES
57
potência de compressão, pressão de sucção, pressão de descarga, fluxo de massa
de fluido refrigerante, temperatura de descarga, grau de sub-resfriamento e grau
de superaquecimento.
As figuras 51 a 54 ilustram os efeitos da carga de fluido refrigerante sobre
o desempenho do sistema. Cabe ressaltar que, nesses testes, a válvula de
expansão auxiliar foi mantida totalmente aberta, com 14 voltas de abertura. Com
isso, os resultados aproximaram-se mais da situação original, criando um banco
de dados com maior qualidade e potencialidade a serem exploradas no
desenvolvimento e na validação dos modelos. Nesta condição, observou-se uma
ligeira variação no grau de sub-resfriamento, entre 1 e 2 °C, como ilustrado na
figura 54. O comportamento das demais variáveis indica que existe um valor
ótimo de carga, em torno de 135 gramas, no qual a temperatura interna atinge um
valor mínimo de aproximadamente -23°C, correspondente a uma potência de
compressão de 108 W (ver figura 51).
51 - Temperatura interna e potência de compressão vs. Carga de refrigerante
FIGURA 51 - Temperatura interna e potência de compressão vs. Carga de
refrigerante
3 ATIVIDADES EXPERIMENTAIS
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58
52 - Pressão de sucção e de descarga vs. Carga de refrigerante
FIGURA 52 - Pressão de sucção e de descarga vs. Carga de refrigerante
53 - Fluxo de massa e temperatura de descarga vs. Carga de refrigerante
FIGURA 53 - Fluxo de massa e temperatura de descarga vs. Carga de
refrigerante 54 - Sub-resfriamento e superaquecimento vs. Carga de refrigerante
3 ATIVIDADES EXPERIMENTAIS
ANÁLISE TÉRMICA DE REFRIGERADORES
59
FIGURA 54 - Sub-resfriamento e superaquecimento vs. Carga de refrigerante
Nas figuras 55 a 58, são explorados os efeitos da rotação do compressor
sobre o desempenho do sistema. Pode-se observar, na figura 56, que o aumento
da rotação do compressor aumenta a pressão de descarga e reduz a pressão de
sucção, aumentando, portanto, a relação de compressão.
Até uma rotação limite de 3300 rpm, o efeito positivo do aumento da
rotação sobre o fluxo de massa (ver figura 57) supera o efeito negativo da
redução da pressão de sucção e do rendimento volumétrico do compressor
causada pelo aumento da taxa de compressão (ver figura 56). Neste ponto a
temperatura interna atinge um valor mínimo de -19,5°C (ver figura 55). A partir
de 3300 rpm esses efeitos se contrabalançam, fazendo com que o fluxo de massa
se mantenha praticamente constante.
Percebe-se, também, que a potência de compressão aumenta
continuamente com a rotação (figura 55) e que tanto o sub-resfriamento quanto o
superaquecimento não variam consideravelmente com este parâmetro.
3 ATIVIDADES EXPERIMENTAIS
ANÁLISE TÉRMICA DE REFRIGERADORES
60
55 - Temperatura interna e potência de compressão vs. Rotação do compressor
FIGURA 55 - Temperatura interna e potência de compressão vs. Rotação do
compressor
56 - Presão de sucção e de descarga vs. Rotação do compressor
FIGURA 56 - Presão de sucção e de descarga vs. Rotação do compressor
57 - Fluxo de massa e temperatura de descarga vs. Rotação do compressor
3 ATIVIDADES EXPERIMENTAIS
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61
FIGURA 57 - Fluxo de massa e temperatura de descarga vs. Rotação do
compressor 58 - Sub-resfriamento e superaquecimento vs. Rotação do compressor
FIGURA 58 - Sub-resfriamento e superaquecimento vs. Rotação do compressor
O comportamento do sistema em relação à abertura da válvula de
expansão auxiliar é semelhante ao obtido com os testes de carga (ver figuras 59 a
63). Observa-se, no entanto, que o grau de sub-resfriamento na saída do
condensador apresenta um valor máximo para uma abertura da válvula próxima
3 ATIVIDADES EXPERIMENTAIS
ANÁLISE TÉRMICA DE REFRIGERADORES
62
de 7 voltas (ver figura 62). Esses resultados justificam a utilização dessa válvula,
com aberturas entre 4 e 11 voltas, para servir de agente controlador do grau de
sub-resfriamento. Na figura 63, apresenta-se a perda de carga gerada pela válvula
em relação à sua abertura. 59 - Temperatura interna e potência de compressão vs. Abertura da válvula
FIGURA 59 - Temperatura interna e potência de compressão vs. Abertura da
válvula 60 - Pressão de sucção e de descarga vs. Abertura da válvula
FIGURA 60 - Pressão de sucção e de descarga vs. Abertura da válvula
3 ATIVIDADES EXPERIMENTAIS
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63
61 - Fluxo de massa e temperatura de descarga vs. Abertura da válvula
FIGURA 61 - Fluxo de massa e temperatura de descarga vs. Abertura da válvula
62 - Sub-resfriamento e superaquecimento vs. Abertura da válvula
FIGURA 62 - Sub-resfriamento e superaquecimento vs. Abertura da válvula
63 - Perda de carga vs. Abertura da válvula
3 ATIVIDADES EXPERIMENTAIS
ANÁLISE TÉRMICA DE REFRIGERADORES
64
FIGURA 63 - Perda de carga vs. Abertura da válvula
Nas figuras 64 a 67, mostra-se o comportamento do sistema em relação à
variação da temperatura do ar externo. Com o aumento da temperatura externa
aumentaram todas as variáveis analisadas. Verifica-se que a taxa de crescimento
da temperatura interna aumenta com o aumento da temperatura externa, enquanto
que a taxa de variação da potência de compressão se mantém praticamente
constante (ver figura 64). Na figura 67, verifica-se que a variação do grau de sub-
resfriamento com a temperatura do ar externo é pequena, ocorrendo o oposto
com o grau de superaquecimento. Este último apresenta um comportamento
bastante similar ao da temperatura interna.
64 - Temperatura interna e potência de compressão vs. Temperatura externa
3 ATIVIDADES EXPERIMENTAIS
ANÁLISE TÉRMICA DE REFRIGERADORES
65
FIGURA 64 - Temperatura interna e potência de compressão vs. Temperatura
externa
65 - Pressão de sucção e de descarga vs. Temperatura externa
FIGURA 65 - Pressão de sucção e de descarga vs. Temperatura externa
66 - Fluxo de massa e temperatura de descarga vs. Temperatura externa
3 ATIVIDADES EXPERIMENTAIS
ANÁLISE TÉRMICA DE REFRIGERADORES
66
FIGURA 66 - Fluxo de massa e temperatura de descarga vs. Temperatura externa
67 - Sub-resfriamento e superaquecimento vs. Temperatura externa
FIGURA 67 - Sub-resfriamento e superaquecimento vs. Temperatura externa
Nas figuras 68 a 71, é mostrado o comportamento do sistema em relação à
variação da rotação do ventilador. No geral, o efeito deste parâmetro é
semelhante ao da temperatura do ar externo, porém, em escala bem menor.
3 ATIVIDADES EXPERIMENTAIS
ANÁLISE TÉRMICA DE REFRIGERADORES
67
68 - Temperatura interna e potência de compressão vs. Rotação do ventilador
FIGURA 68 - Temperatura interna e potência de compressão vs. Rotação do
ventilador
69 - Pressão de sucção e de descarga vs. Rotação do ventilador
FIGURA 69 - Pressão de sucção e de descarga vs. Rotação do ventilador
70 - Fluxo de massa e temperatura de descarga vs. Rotação do ventilador
3 ATIVIDADES EXPERIMENTAIS
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68
FIGURA 70 - Fluxo de massa e temperatura de descarga vs. Rotação do
ventilador
71 - Sub-resfriamento e superaquecimento vs. Rotação do ventilador
FIGURA 71 - Sub-resfriamento e superaquecimento vs. Rotação do ventilador
Os efeitos da taxa de dissipação de calor no interior do refrigerador podem
ser observados nas figuras 72 a 75. Verifica-se que a maioria das variáveis
mudam levemente com o aquecimento interno, com exceção da temperatura
3 ATIVIDADES EXPERIMENTAIS
ANÁLISE TÉRMICA DE REFRIGERADORES
69
interna (ver figura 72) e do grau de superaquecimento (ver figura 75), que
crescem com taxas praticamente constantes. O aquecimento interno responde
pela parcela de carga térmica não diretamente relacionada à temperatura do ar
externo. 72 - Temperatura interna e potência de compressão vs. Aquecimento interno
FIGURA 72 - Temperatura interna e potência de compressão vs. Aquecimento
interno 73 - Pressão de sucção e de descarga vs. Aquecimento interno
FIGURA 73 - Pressão de sucção e de descarga vs. Aquecimento interno
3 ATIVIDADES EXPERIMENTAIS
ANÁLISE TÉRMICA DE REFRIGERADORES
70
74 - Fluxo de massa e temperatura de descarga vs. Aquecimento interno
FIGURA 74 - Fluxo de massa e temperatura de descarga vs. Aquecimento
interno
75 - Sub-resfriamento e superaquecimento vs. Aquecimento interno
FIGURA 75 - Sub-resfriamento e superaquecimento vs. Aquecimento interno
3 ATIVIDADES EXPERIMENTAIS
ANÁLISE TÉRMICA DE REFRIGERADORES
71
Em todos os testes realizados garantiu-se a presença de líquido sub-
resfriado na saída do condensador e de vapor superaquecido na saída do
evaporador. Isso tornou possível a determinação da entalpia específica do fluido
em cada um dos 7 pontos de medição de temperatura e de pressão ao longo do
circuito de refrigeração.
O diagrama pressão-entalpia, ilustrado na figura 76, mostra os 7 pontos de
medição para cada um dos testes realizados. 76 - Diagrama pressão-entalpia
FIGURA 76 - Diagrama pressão-entalpia
3.4 INCERTEZAS DE MEDIÇÃO
As incertezas de medição foram computadas de acordo com as
recomendações do INMETRO (1997). Para tanto, foram consideradas duas
componentes, uma para a parcela associada à repetição das medições (Irep) e outra
3 ATIVIDADES EXPERIMENTAIS
ANÁLISE TÉRMICA DE REFRIGERADORES
72
inerente ao sistema de medição (Ical). A incerteza de medição (I) foi calculada de
acordo com a equação 2. A incerteza, assim calculada, é denominada
padronizada, por ser expressa na forma de um desvio padrão, e expandida, por
estar multiplicada pelo fator de abrangência da incerteza (κ). Adotou-se um valor
de κ igual a 2, correspondente a um nível de probabilidade de abrangência para o
intervalo de incerteza (±I) de 95%. Sempre que possível, a incerteza de medição
referente ao sistema de medição foi avaliada mediante análise estatística de uma
série de observações (INMETRO, 1997).
2 2
cal2
rep )I()I(I +⋅κ= (2)
A parcela de incerteza associada à repetição das medições, para as
variáveis lidas diretamente pelo sistema de aquisição, foi estimada pelo desvio
padrão de 120 medições, realizadas durante um período de uma hora em regime
permanente. Para as demais variáveis (como carga de fluido refrigerante,
diâmetro do tubo capilar e rotação do ventilador), utilizou-se o desvio padrão de
5 a 12 medições, conforme a disponibilidade.
A parcela de incerteza inerente ao sistema de medição foi estimada de
acordo com a metodologia empregada por GONÇALVES(1994). Quando a
grandeza não foi formalmente calibrada, como no caso do comprimento e do
diâmetro dos tubos capilares e da rotação do ventilador, a incerteza do sistema de
medição foi tomada como a menor divisão de escala ou, então, estimada a partir
de outras informações.
Nas tabelas 6 e 7, mostram-se, respectivamente, as incertezas de medição
das variáveis independentes e dependentes, do presente trabalho. 6 - Incerteza de medição das variáveis independentes
3 ATIVIDADES EXPERIMENTAIS
ANÁLISE TÉRMICA DE REFRIGERADORES
73
TABELA 6 - Incerteza de medição das variáveis independentes
Variável Unidade Ical Irep I Lcap [m] 0,001 0,002 0,003 Dcap [mm] 0,001 0,014 0,015 Xcap [%] 0,1 0,43 0,5 Dcond [mm] 0,02 0,11 0,11
M [g] 0,1 0,4 0,5 Ncomp [rpm] 0,6 2,1 2,2 Yvalv [-] 0,1 0,1 0,2 Text [°C] 0,2 0,1 0,3 Nvent [rpm] 5 9 10 Q& int [W] 0,1 1,0 1,1
7 - Incerteza de medição das variáveis dependentes
TABELA 7 - Incerteza de medição das variáveis dependentes
Variável Unidade Ical Irep I Temperaturas [°C] 0,2 0,1 0,3
Pref,0 [bar] 0,01 0,01 0,015 Pref,1 [bar] 0,01 0,01 0,015 Pref,2 [bar] 0,1 0,1 0,15 Pref,3 [bar] 0,1 0,1 0,15 Pref,4 [bar] 0,1 0,1 0,15 Pref,5 [bar] 0,1 0,1 0,15 Pref,6 [bar] 0,01 0,01 0,015 Pref,7 [bar] 0,01 0,01 0,015
m& ref [kg/h] 0,002 0,02 0,02
W& vent [W] 0,1 1 1 W& comp [W] 0,1 1 1
As incertezas de medição das variáveis que não foram diretamente
medidas (entalpias e taxas de transferência de calor, por exemplo) foram
estimadas por meio da equação 3, denominada lei de propagação das incertezas
de medição. 3
2N
1ix
iyN21 i
IxyI)x,...,x,x(y ∑
=
⋅
∂∂
=→ℑ= (3)
3 ATIVIDADES EXPERIMENTAIS
ANÁLISE TÉRMICA DE REFRIGERADORES
74
Na equação 3, y refere-se à grandeza em questão, Iy à incerteza de
medição procurada, xi às N variáveis medidas e Ix às respectivas incertezas de
medição das variáveis x efetivamente medidas. As derivadas parciais ponderam
as componentes e são denominadas de coeficientes de sensibilidade de y em
relação a xi. Em muitas situações, a relação funcional y=f(xi) não é conhecida e
isso impede a determinação analítica das derivadas parciais. No caso das
entalpias, por exemplo, as derivadas foram determinadas numericamente com o
auxílio do software EES/REFPROP7 (KLEIN, 2004 e McLINDEN, 2001).
A equação 4 mostra o procedimento utilizado para o cálculo da incerteza
de medição da entalpia na sucção do compressor (Ih,ref,1). Os coeficientes de
sensibilidade foram calculados tomando-se uma condição de sucção típica
(Tref,1=35°C e Pref,1=0,7bar). Os valores numéricos das componentes da incerteza
estão indicados na equação 5. Para as demais variáveis, seguiu-se um
procedimento semelhante, como apresentado na tabela 8 para as entalpias. 4
2
Pref,1
ref,1
2
Tref,1
ref,1h ref,1ref,1ref,1
IPh
ITh
I
⋅
∂
∂+
⋅
∂
∂= (4)
5
( ) ( ) kg/J25901,016533,0826I 22ref1h, ±=⋅+⋅= (5)
8 - Incerteza de medição das entalpias
TABELA 8 - Incerteza de medição das entalpias
Variável Incerteza [J/kg] href,1 300 href,2 400 href,3 500 href,4 600 href,5 600 href,6 800 href,7 300
3 ATIVIDADES EXPERIMENTAIS
ANÁLISE TÉRMICA DE REFRIGERADORES
75
3.5 ATIVIDADES EXPERIMENTAIS COMPLEMENTARES
Nesta seção, são apresentadas algumas atividades baseadas em outros
aparatos e procedimentos experimentais, visando-se à obtenção de outros
parâmetros fundamentais para o estudo em questão.
3.5.1 MEDIÇÃO DO DIÂMETRO INTERNO DOS TUBOS CAPILARES
O diâmetro interno dos tubos capilares afeta significativamente o
desempenho dos sistemas de refrigeração, o que exige cuidados especiais para a
sua medição (MELO et. al., 1992). O fluxo de massa através de um tubo capilar
varia com o diâmetro ao cubo. Esta relação se reflete na incerteza da avaliação do
fluxo de massa que, por propagação de erros, atinge valores da ordem de 3 vezes
a incerteza de medição do diâmetro, em termos percentuais.
Os diâmetros dos tubos capilares foram medidos por um processo ótico,
utilizando uma amostra, uma mesa micrométrica e um microscópio ótico. O
diâmetro foi medido mediante o deslocamento de uma linha de referência entre
duas bordas internas, diametralmente opostas, de uma amostra do tubo. A
incerteza de medição do processo de medição adotado situou-se em ±15 µm. A
qualidade das medições foi garantida pelo embutimento de pequenas amostras do
tubo em resina acrílica, posteriormente cortadas, lixadas e polidas (ver figura 77)
até se obter seções transversais apropriadas à fixação e à observação no
microscópio. 77 - Amostra para medição do diâmetro interno
3 ATIVIDADES EXPERIMENTAIS
ANÁLISE TÉRMICA DE REFRIGERADORES
76
FIGURA 77 - Amostra para medição do diâmetro interno
Injetou-se, também, resina no interior dos tubos para evitar eventuais
deformações das bordas internas durante o processo de preparação das amostras.
Para cada tubo capilar, foram utilizadas duas amostras de tubo de 100mm
de comprimento, cortados uma de cada extremidade. Foram realizadas 6
medições em cada amostra de tubo, em ângulos de 0, 30, 60, 90, 120, 150 graus,
totalizando, assim, 12 medições para cada tubo capilar. O diâmetro interno do
tubo capilar foi tomado como a média aritmética dessas medições.
3.5.2 MEDIÇÃO DO VOLUME DOS COMPONENTES
O volume interno dos diversos componentes do sistema foi medido
mediante a expansão de um gás a partir de um volume padrão (VP), como
esquematizado na figura 78. 78 - Processo de medição de volume interno
3 ATIVIDADES EXPERIMENTAIS
ANÁLISE TÉRMICA DE REFRIGERADORES
77
P1
VEm Vácuo
VP VVP
Fechada
P2
Condição 1 Condição 2
Aberta
V1 = VP
T1 T2
V2 = VP +V
FIGURA 78 - Processo de medição de volume interno
Empregando-se a hipótese de gás ideal e desprezando-se a massa de gás
residual inicialmente contida no componente em vácuo, pode-se calcular o
respectivo volume pelo procedimento indicado a seguir: 6
2
22
1
11
TVP
TVP ⋅
=⋅ ou
1
2
2
112 T
TPPVV ⋅⋅= ou
−⋅⋅= 1
TT
PPVV
1
2
2
1P (6)
Se a temperatura for mantida constante, a equação anterior assume a
seguinte forma: 7
−⋅= 1
PPVV
2
1P (7)
As medições foram realizadas com nitrogênio em pressões da ordem de 10
bar no volume padrão, enquanto a pressão no componente cujo volume se
desejava medir era mantida em valores ordem de 200 µmHg (~ 30 Pa). A
medição foi realizada em ambiente condicionado para evitar variações de
temperatura. Um cilindro de aço inoxidável com um volume de 300 ml foi
utilizado como padrão, após ser calibrado. As pressões foram medidas por um
transdutor de pressão absoluta similar aos empregados nos testes do refrigerador.
A incerteza de medição deste processo atingiu valores da ordem de ± 2% do
3 ATIVIDADES EXPERIMENTAIS
ANÁLISE TÉRMICA DE REFRIGERADORES
78
valor medido (GONÇALVES, 2000a). Na tabela 9, apresentam-se os volumes
dos componentes do refrigerador obtidos pelo processo descrito anteriormente. A
soma dos volumes individuais foi, ainda, comparada com o volume total do
refrigerador, identificando-se uma diferença da ordem da incerteza de medição
do processo adotado.
9 - Volume dos componentes do refrigerador
TABELA 9 - Volume dos componentes do refrigerador
Componente Volume [ml] Compressor sem óleo 2522 Linha de descarga 31,3 Fluxímetro Coriolis 38,8 Condensador 218,6 Linha de líquido/válvula 23,7 Filtro secador 34,2 Evaporador 291,3 Separador/acumulador líquido 58,3 Linha de sucção 57,9 Total 3277
3.5.3 RESISTÊNCIA TÉRMICA DAS PAREDES DO REFRIGERADOR
Nesta seção, apresenta-se uma metodologia para a medição da resistência
térmica das paredes de refrigeradores. Tal metodologia permite a determinação
das resistências térmicas das paredes externas dos dois compartimentos e,
também, da parede entre os compartimentos.
As resistências térmicas foram determinadas pelo método inverso
(BRASMOTOR, 1992), ou seja, propiciando fluxos de calor no sentido inverso
(de dentro para fora do refrigerador).
O ar no interior do gabinete foi aquecido por resistências elétricas,
colocadas nos dois compartimentos e também no evaporador. As temperaturas do
ar foram medidas por termopares, seguindo procedimentos já descritos nesse
trabalho. Um esquema do aparato experimental é mostrado na na figura 79.
3 ATIVIDADES EXPERIMENTAIS
ANÁLISE TÉRMICA DE REFRIGERADORES
79
O ventilador gera um fluxo de ar através do evaporador onde existe uma
geração de calor. O ar é, então, distribuído entre os compartimentos, superior e
inferior, onde ocorrem tanto gerações de calor quanto trocas de calor. Esses
processos são esquematizados na figura 79. 79 - Avaliação das resistências térmicas
DAMPER
CONGELADOR
GABINETE
EVAPORADOR
TI
m E
gE
TI
m C
TCm C
gC
qCR
qC
TE
m R
TI
TR
m R
gR
qR
TI
FIGURA 79 - Avaliação das resistências térmicas
A distribuição de ar entre os compartimentos é controlada pela abertura do
registro (damper), originando uma relação entre o fluxo de massa de ar insuflado
no congelador ( Cm& ) e o fluxo de massa de ar total movimentado pelo ventilador
( Em& ), como segue : 8
E
C
mmr&
&= (8)
3 ATIVIDADES EXPERIMENTAIS
ANÁLISE TÉRMICA DE REFRIGERADORES
80
Onde, 9
RCE mmm &&& += (9)
As taxas de transferência de calor através das paredes podem ser expressas
da seguinte forma: 10
( )ECCC TTUAq −⋅=& (10) 11
( )ERRR TTUAq −⋅=& (11) 12
( )RCCRCR TTUAq −=& (12)
Nas equações acima UA e T representam, respectivamente, a condutância
térmica global e a temperatura do ar. Os subscritos C, R e CR representam,
respectivamente, o congelador, o gabinete e a parede entre o congelador e o
gabinete.
Um balanço de energia no compartimento do evaporador fornece: 13
( ) ( ) IEIEERECE Tcmr1TcmrgTcmr1Tcmr ⋅⋅⋅−+⋅⋅⋅=+⋅⋅⋅−+⋅⋅⋅ &&&&& (13)
Mediante um balanço de energia no compartimento superior, obtém-se: 14
( ) ( ) CERCCRextCCIEC TcmrTTUATTUATcmrg ⋅⋅⋅+−⋅+−⋅=⋅⋅⋅+ &&& (14)
Da mesma forma, um balanço de energia no compartimento inferior
fornece: 15
( ) ( ) ( ) ( ) REextRRIERCCRR Tcmr1TTUATcmr1TTUAg ⋅⋅⋅−+−⋅=⋅⋅⋅−+−⋅+ &&& (15)
Nas equações anteriores, c e TI representam, respectivamente, o calor
específico do ar e a temperatura de insuflamento.
3 ATIVIDADES EXPERIMENTAIS
ANÁLISE TÉRMICA DE REFRIGERADORES
81
Rearranjando as equações 13 a 15, pode-se eliminar a temperatura de
insuflamento, 16
( ) ( )CR
RC
C
extCEC R
TTR
TTgrg −+
−=⋅+ && (16)
17
( ) ( ) ( )CR
CR
R
extRER R
TTR
TTgr1g −+
−=⋅−+ && (17)
Os símbolos RC, RR e RCR representam, respectivamente, as resistências
térmicas das paredes do congelador, do gabinete e da parede entre esses
compartimentos. Tais resistências podem ser expressas, respectivamente, pelas
equações 18 a 20, indicadas a seguir: 18
CC UA
1R = (18)
19
RR UA
1R = (19)
20
CRE2CR UAcm)rr(
1R+⋅⋅−
=&
(20)
A soma das equações 16 e 17 equivale a um balanço de energia
envolvendo todo o refrigerador, ou seja: 21
( ) ( )R
extR
C
extCERC R
TTR
TTggg −+
−=++ &&& (21)
Os parâmetros RR, RC, RCR e r, indicados nas equações anteriores, podem
ser obtidos por meio de experimentos (ver tabela 10). Os valores indicados nesta
tabela foram obtidos mediante a média aritmética de trinta leituras, ao longo de
um período de quinze minutos, em regime permanente. O desvio padrão das
3 ATIVIDADES EXPERIMENTAIS
ANÁLISE TÉRMICA DE REFRIGERADORES
82
leituras de temperatura e de potência de aquecimento foram inferiores,
respectivamente, a 0,02°C e 0,3W (GONÇALVES, 2000b).
10 - Dados experimentais
TABELA 10 - Dados experimentais Teste Text [°C] g& E [W] g& C [W] g& R [W] TI [°C] TC [°C] TR [°C]
1 32,4 8,1 11,9 39,6 59,9 62,4 58,7 2 32,4 24,4 2,3 25,3 56,6 60,1 54,8 3 32,3 24,5 2,4 19,4 54,0 57,9 52,1 4 32,4 14,0 0,7 31,8 53,7 54,5 53,3 5 32,3 39,4 0,0 0,0 51,6 59,7 47,5 6 34,8 39,3 0,0 0,0 54,0 61,2 50,4 7 34,9 40,6 0,0 0,0 55,2 63,1 51,3 8 32,7 40,1 0,0 0,0 52,4 60,6 48,3 9 34,7 40,2 0,0 0,0 54,6 62,2 50,7
A partir do fluxo total de calor através das paredes do refrigerador ( q& ) e
da diferença entre as temperaturas do ar no interior (Tint) e no exterior (Text) do
refrigerador, pode-se calcular a resistência térmica total das paredes do
refrigerador, como segue: 22
( ) UA1
ggg)TT(
q)TT(R
RCE
extintextint =++
−=
−=
&&&& (22)
Aplicando a equação anterior a cada um dos testes experimentais, obtêm-
se os valores apresentados na tabela 11. O valor médio da resistência térmica
global do refrigerador foi de 0,480 K/W (UA = 2,09 W/K). Pode-se observar que
os resultados se mantiveram praticamente constantes ao longo dos testes, o que
fica também evidenciado pelos pequenos desvios padrões obtidos.
11 - Resistência térmica (R) e UA global
3 ATIVIDADES EXPERIMENTAIS
ANÁLISE TÉRMICA DE REFRIGERADORES
83
TABELA 11 - Resistência térmica (R) e UA global
Teste q& [W] R [K/W] UA [W/K] 1 59,6 0,461 2,17 2 52,0 0,466 2,14 3 46,2 0,470 2,13 4 46,6 0,457 2,19 5 39,4 0,489 2,04 6 39,3 0,490 2,04 7 40,6 0,499 2,00 8 40,1 0,492 2,03 9 40,2 0,495 2,02
Média = 0,480 2,09 Desvio padrão = 0,016 0,07
O método dos mínimos quadrados foi utilizado para ajustar as equações 16
e 17 aos dados apresentados na tabela 10, obtendo-se os seguintes valores:
RC = 2,414 K/W UAC = 1/RC = 0,414 W/K
RR = 0,555 K/W UAR = 1/RR = 1,802 W/K
RCR = 0,849 K/W UACR = Equação 20 ≠ 1/RCR
r = 0,632
Pode-se também obter a resistência térmica global do refrigerador (R) a
partir de RC e RR em paralelo, pela seguinte expressão: 23
WK,)RR(R RC 4510111 =+= UA = 1/R = 2,216 W/K (23)
Os valores da condutância térmica global (UA) obtidos a partir das duas
metodologias apresentadas diferem por somente 6%, o que indica uma boa
consistência entre os dados experimentais e os processamentos realizados.
ANÁLISE TÉRMICA DE REFRIGERADORES
4 FUNDAMENTOS TEÓRICOS
Neste capítulo, apresentam-se os fundamentos teóricos do estudo em
questão partindo-se das leis básicas da conservação da massa, da energia e da
quantidade de movimento linear, expressas na forma integral.
Tais leis, originalmente formuladas para sistemas termodinâmicos, são
aplicadas a volumes de controle pela equação de transporte de Reynolds, também
na forma integral. Estas leis são aplicadas a um volume de controle genérico e
submetidas a algumas hipóteses simplificativas de forma a adequá-las ao estudo
proposto. Obtém-se, então, um conjunto de leis, ou modelo, para um componente
genérico do sistema contendo parâmetros globais, os quais devem ser
determinados a partir de informações experimentais e/ou teóricas específicas.
Esse tipo de modelagem permite uma análise fenomenológica do
problema, mesmo com o emprego de parâmetros expressos por correlações
puramente empíricas.
Ao término deste capítulo, apresenta-se um equacionamento para um
refrigerador genérico. O modelo para o refrigerador específico, objeto do
presente trabalho, é apresentado no capítulo 5.
4.1 FUNDAMENTOS DA MODELAGEM DE SISTEMAS TÉRMICOS
Na modelagem de sistemas térmicos, utilizam-se: i) leis básicas, como as
equações da conservação da massa e da energia; ii) equações constitutivas, como
as propriedades termodinâmicas e termofísicas das substâncias e iii) equações
auxiliares como relações geométricas e correlações empíricas e/ou semi-
empíricas. A partir dessas informações obtém-se um sistema de equações que
4 FUNDAMENTOS TEÓRICOS
ANÁLISE TÉRMICA DE REFRIGERADORES
85
permite a simulação de um sistema térmico, fornecidas as condições de contorno
e/ou iniciais.
Inicialmente, cada uma das leis fundamentais será aplicada a um volume
de controle genérico. Em seguida essas leis serão aplicadas em conjunto a um
componente também genérico. Posteriormente as leis serão aplicadas a cada um
dos componentes do sistema dando origem a um conjunto de equações que
representa o funcionamento de um ciclo termodinâmico, no caso um refrigerador
doméstico.
As leis de conservação podem ser aplicadas aos sistemas térmicos de duas
formas distintas, quais sejam: a sistemas termodinâmicos, também denominados
de sistemas fechados, os quais tratam com quantidades de matéria definida
(abordagem lagrangeana), ou a volumes de controle, também denominados de
sistemas abertos, os quais tratam com volumes definidos (abordagem euleriana).
Na abordagem lagrangeana acompanha-se a substância em estudo, enquanto na
abordagem euleriana, é o espaço, ou o volume, que serve de referência para a
análise. Neste trabalho, será utilizada a abordagem por volumes de controle, já
que esta satisfaz plenamente os objetivos estabelecidos.
Geralmente, os volumes de controle envolvem um ou mais componentes
do sistema. A situação mais comum é aquela na qual os componentes apresentam
somente uma entrada e uma saída de massa, apesar da existência de outras
entradas e/ou saídas não causar maiores dificuldades de modelagem.
As leis de conservação serão aplicadas a um volume de controle
estacionário e genérico por meio da equação 24, denominada de Equação de
Transporte de Reynolds (ARPACI e LARSEN, 1984). O fato dessa equação estar
escrita na forma integral permite que o modelo contemple parâmetros globais
para os componentes, objeto do presente trabalho.
24
∫∫∫∫∫ υ⋅ρ⋅∂∂
+•⋅ρ⋅=VC
dzt
AdVzDtDZ
SC
rv (24)
4 FUNDAMENTOS TEÓRICOS
ANÁLISE TÉRMICA DE REFRIGERADORES
86
Onde:
Z - propriedade contida no sistema termodinâmico;
z - Z por unidade de massa;
ρ - massa específica da substância contida no sistema termodinâmico;
Vr
- Velocidade da substância na superfície de controle (SC);
Adr
- área infinitesimal da superfície de controle (SC);
dυ - volume infinitesimal do volume de controle (VC);
DZ/Dt - derivada substantiva da propriedade Z em relação ao tempo.
Essa equação permite a aplicação das leis de conservação a sistemas
termodinâmicos por meio da derivada substantiva DZ/Dt e, ao mesmo tempo,
transfere tal aplicação ao volume de controle VC (ver figura 80). Essa
transferência é feita pelos dois termos do lado direito da equação 24 os quais
referem-se, respectivamente, ao fluxo total da propriedade Z através da superfície
de controle (SC) e à variação total desta propriedade no interior do volume de
controle (VC).
80 - Esquema de um volume de controle
VC
V
dυ
Z
ρ
SC
dA
z
V
V
V
FIGURA 80 - Esquema de um volume de controle
4 FUNDAMENTOS TEÓRICOS
ANÁLISE TÉRMICA DE REFRIGERADORES
87
Os símbolos Z e z representam as seguintes propriedades quando a
equação de transporte de Reynolds é aplicada às diferentes leis de conservação:
Conservação da massa:
Z = M, massa do sistema;
z = 1, valor unitário e adimensional.
Conservação da energia:
Z = E, energia do sistema;
z = e, energia específica.
Conservação da quantidade de movimento linear:
Z = Pr
, quantidade de movimento linear do sistema;
z = Vr
, velocidade.
As leis de conservação foram então aplicadas ao volume de controle
genérico apresentado na figura 80, assumindo-se algumas hipóteses
simplificativas. Essas hipóteses e os conseqüentes desenvolvimentos são
apresentados a seguir.
4.2 CONSERVAÇÃO DA MASSA
A lei da conservação da massa estabelece que a massa de um sistema
termodinâmico permanece constante ao longo do tempo, ou seja, DM/Dt=0. Essa
afirmação pode ser expressa matematicamente pela equação de transporte de
Reynolds, da seguinte forma:
25
∫∫∫∫∫ υ⋅ρ⋅∂∂
+•⋅ρ⋅===VCSC
d1t
AdV10Dt
DMDtDZ rr
(25)
Ou seja,
26
4 FUNDAMENTOS TEÓRICOS
ANÁLISE TÉRMICA DE REFRIGERADORES
88
∫∫ ∫∫∫ =υ⋅ρ∂∂
+•⋅ρSC VC
0dt
AdVrr
(26)
Para um volume de controle com dimensões fixas, tem-se:
27
∫∫ ∫∫∫ =υ⋅∂ρ∂
+•⋅ρSC VC
0dt
AdVrr
(27)
Em regime permanente,
28
∫∫ =•⋅ρSC
0AdVrr
(28)
Para escoamentos incompressíveis,
29
∫∫ =•SC
0AdVvr
(29)
Aplicando a forma geral da equação da conservação da massa ao volume
de controle genérico mostrado na figura 81 e considerando escoamento
unidimensional e perpendicular a superfície em questão, obtém-se:
30
0dt
dAVdAVVC
J
1j j,ent
I
1i i,sai
=υ⋅ρ∂∂
+⋅⋅ρ+⋅⋅ρ ∫∫∫∑ ∫∫∑ ∫∫==
(30)
O primeiro termo da equação anterior refere-se às superfícies de saída
(sai,i) e o segundo termo, às superfícies de entrada (ent,j). Essa equação pode ser
reescrita em termos de fluxos de massa na seguinte forma:
31
0dt
mmVC
J
1jj,ent
I
1ii,sai =υ⋅ρ
∂∂
+− ∫∫∫∑∑==
&& (31)
4 FUNDAMENTOS TEÓRICOS
ANÁLISE TÉRMICA DE REFRIGERADORES
89
Em que os fluxos de massa são dados por:
32
∫∫ ⋅⋅ρ= dAVm& (32)
81 - Entradas e saídas de massa
VC
m
m
j=2
ent
sai
saient
ent
j=3m
m
i=1
j=1m
m sai
ent,1
sai,1
ent,2
sai,2
ent,3
sai,3
i=2
i=3
FIGURA 81 - Entradas e saídas de massa
Na maioria dos componentes de sistemas térmicos (tubulações, válvulas,
compressores, ventiladores) existe apenas uma entrada (ent) e uma saída (sai), ou
seja:
33
0dt
mmVC
entsai =υ⋅ρ∂∂
+− ∫∫∫&& (33)
Nessas situações e em regime permanente, obtém-se:
34
entsaientsai mm0mm &&&& =⇒=− (34)
A aplicação da equação anterior a cada um dos componentes de um
refrigerador gera um sistema de equações linearmente dependentes (ver seções
4.5 e 4.6). Essa dificuldade é superada substituindo-se a aplicação da equação de
4 FUNDAMENTOS TEÓRICOS
ANÁLISE TÉRMICA DE REFRIGERADORES
90
conservação da massa nos componentes, na forma anteriormente apresentada,
pela determinação da massa total de fluido refrigerante (M) contida no sistema
como mostrado a seguir:
35
∫∫∫ υ⋅ρ=circuito
dM (35)
Essa equação também é denominada de inventário de massa do sistema.
Sua aplicação nas regiões de escoamento bifásico é complexa o que faz com que
seja freqüentemente substituída por relações empíricas.
4.2.1 INVENTÁRIO DE MASSA DO SISTEMA
Para determinar a massa de refrigerante contida no sistema divide-se a
equação (35) em dois termos, um relativo à massa contida nas regiões de fase
única (FU) e outro relativo à massa contida nas regiões de misturas bifásicas (BI)
de líquido e de vapor.
36
∫∫∫∫∫∫ υ⋅ρ+υ⋅ρ=+=BIFU
BIFU ddMMM (36)
Para regiões de comprimento L e com área da seção transversal do tubo
constante (At), as integrais de volume podem ser reescritas da seguinte forma:
37
ρ⋅υ=⋅ρ
⋅⋅=υ⋅ρ∫∫
∫∫∫ L
0
L
0t
dL
dLLAd (37)
Onde, 38
4 FUNDAMENTOS TEÓRICOS
ANÁLISE TÉRMICA DE REFRIGERADORES
91
LAt ⋅=υ e ∫∫ ⋅ρ
=ρ L
0
L
0
dL
dL (38)
Em regiões de fase única, mesmo que a área da seção transversal seja
variável, a densidade média pode ser aproximada pela média aritmética dos
valores de entrada e de saída do volume de controle. Essa aproximação tem
importância secundária quando comparada às incertezas inerentes ao mesmo tipo
de cálculo nas regiões bifásicas (RICE, 1987 e MARQUES, 1991). Dessa
maneira, a massa contida nas regiões de fase única (FU) pode ser expressa da
seguinte forma:
39
ρ+ρ⋅υ=υ⋅ρ= ∫∫∫ 2
dM saientFU
FUFU (39)
Nas regiões de escoamento bifásico a massa é calculada separadamente
para cada uma das fases, empregando-se a definição de fração de vazio (α),
40
t
vap
t
vap
AA
=υυ
=α (40)
41
⋅α−⋅ρ+
⋅α⋅ρ⋅υ=+=
∫∫
∫∫
L
0
L
0liqL
0
L
0vapBIliqvapBI
dL
dL)1(
dL
dLMMM (41)
Essa equação pode ser reescrita na forma apresentada na equação 42, em
que a fração de vazio média (α ) é expressa pela equação 43 (LOCKHART e
MARTINELLI, 1949; HUGHMARK, 1962 e TANDON et. al., 1985). Pode-se
ainda relacionar o título com a posição pela equação 44, uma vez conhecida a
taxa de transferência de calor em função do título (Q& (x)) (RICE, 1987).
4 FUNDAMENTOS TEÓRICOS
ANÁLISE TÉRMICA DE REFRIGERADORES
92
42
( )( )α−⋅ρ+α⋅ρ⋅υ= 1M liqvapBIBI (42)
43
∫
∫
∫∫
⋅
⋅α
=⋅α
=αsai
ent
sai
ent
x
x
x
x
L
0
L
0
dx)x(Q
1
dx)x(Q)x(
dL
dL
&
& (43)
44
dx]L/)x(Q[
hmdLdL]L/)x(Q[dxhm LVLV ⋅
⋅=⇒⋅=⋅⋅ &
&&& (44)
Para regiões onde a taxa de transferência de calor é constante
(Q& (x)=const.) tem-se,
45
dx
dx)]x(1[
dx
dx)x(M
sai
ent
sai
ent
sai
ent
sai
ent
x
x
x
xliqx
x
x
xvapBIBI
∫∫
∫∫ ⋅α−
⋅ρ+⋅α
⋅ρ⋅υ= (45)
Para escoamento bifásico sem diferença de velocidade entre as fases
(escoamento homogêneo) a fração de vazio pode ser expressa da seguinte forma
(COLLIER, 1981):
46
ρρ
⋅
−
+
=α
liq
vap
xx11
1 (46)
Considerando que as fases líquida e vapor escoam com velocidades Vliq e
Vvap, pode-se expressar a fração de vazio da seguinte forma:
47
4 FUNDAMENTOS TEÓRICOS
ANÁLISE TÉRMICA DE REFRIGERADORES
93
⋅
ρρ
⋅
−
+
=α
Sx
x11
1
liq
vap
(47)
Onde, S = Vvap/Vliq (fator de escorregamento entre as fases).
Essa equação pode ser empregada utilizando diferentes formas de
avaliação do fator de escorregamento (ZIVI, 1964; SMITH, 1969; PREMOLI et.
al., 1971 e RIGOT, 1973). Rigot, por exemplo, sugere o uso de um valor médio e
constante de S = 2.
Outra forma de determinar a fração de vazio é a proposta por WALLIS
(1969) baseada no parâmetro (Xtt) de LOCKHART E MARTINELLI (1949).
Essa metodologia foi posteriormente adaptada para Xtt>10, por DOMANSKI E
DIDION (1983).
HUGHMARK (1962) desenvolveu uma correlação empírica para o
cálculo da fração de vazio, que foi utilizada com sucesso por MARQUES (1991).
Uma generalização, envolvendo vários modelos de fração de vazio, foi
proposta por BUTTERWORTH (1975),
48
µµ
⋅
ρρ
⋅
−⋅Ψ+
=αs
vap
liq
r
liq
vapq
xx11
1 (48)
Onde Ψ, q, r e s são constantes cujos valores são diferentes para cada
modelo de fração de vazio (ver tabela 12).
12 - Constantes da equação 48
4 FUNDAMENTOS TEÓRICOS
ANÁLISE TÉRMICA DE REFRIGERADORES
94
TABELA 12 - Constantes da equação 48
Modelo Ψ q r s Homogêneo/Collier (1972) 1,0 1,0 1,0 0,0 Lockhard-Martinelli (1949) 0,28 0,64 0,36 0,07 Baroczy (1963) 1,0 0,74 0,65 0,13 Thom (1964) 1,0 1,0 0,89 0,18 Zivi (1964) 1,0 1,0 0,67 0,0 Turner-Wallis (1965) 1,0 0,72 0,40 0,08
Dois pontos importantes precisam ser, ainda, destacados. O primeiro
refere-se à medição do volume dos componentes e, o segundo, à determinação do
comprimento das regiões de fase única e bifásica em cada componente. A
medição dos volumes é uma atividade essencialmente experimental
(GONÇALVES, 2000a). Para determinar a extensão das regiões de fase única e
bifásica, utiliza-se a metodologia de fronteira móvel. Essa metodologia utiliza
balanços de energia com a distribuição das taxas de transferência de calor ao
longo do componente.
Uma situação bastante simples pode ser utilizada para exemplificar este
procedimento. Seja um componente com as seguintes características:
comprimento (L) e taxa de transferência de calor (Q& ) uniformemente distribuída
ao longo do comprimento. Sejam também as seguintes condições: fluxo de massa
(m& ), entalpia na entrada (hent) e entalpia na saída (hsai). Inicialmente, utiliza-se um
procedimento de comparação e de decisão a partir das entalpias do líquido (hliq) e
do vapor (hvap) saturados para detectar quais as regiões presentes. Quando tal
processo indicar a presença de líquido na entrada e de vapor na saída do
componente, os comprimentos das regiões de líquido (Lliq), bifásica (LBI) e de
vapor (Lvap), podem ser , respectivamente, determinados pelas equações a seguir:
49
( )L
Qhhm
L entliqliq ⋅
−⋅= &
& (49)
50
4 FUNDAMENTOS TEÓRICOS
ANÁLISE TÉRMICA DE REFRIGERADORES
95
( )L
Qhhm
L liqvapBI ⋅
−⋅= &
& (50)
51
( )L
Qhhm
L vapsaivap ⋅
−⋅= &
& (51)
No presente trabalho, o inventário de massa será obtido a partir da
metodologia anterior, calculando-se a massa a partir das condições de entrada e
de saída de cada componente do sistema. A quantidade de refrigerante dissolvida
no óleo será também levada em consideração, como indicado a seguir.
4.2.2 MASSA DE REFRIGERANTE CONTIDA NO ÓLEO
A massa de fluido refrigerante dissolvida no óleo pode ser determinada a
partir da massa de óleo contida no sistema (Móleo) e da solubilidade do
refrigerante no óleo (σ) (ver equação 53). A solubilidade é definida como a razão
entre a massa de refrigerante (Mdiss) e a massa total da mistura
(Mmist = Mdiss+Móleo).
52
)1(MM óleodiss σ−
σ⋅= (52)
53
óleodiss
diss
mist
diss
MMM
MM
+==σ (53)
A solubilidade é uma função da pressão e da temperatura da mistura
(GREBNER e CRAWFORD, 1993; KLEIN, 1998 e SILVA, 2004).
A absorção de refrigerante pelo óleo do compressor, além de afetar
significativamente o inventário de massa, afeta também o comportamento do
4 FUNDAMENTOS TEÓRICOS
ANÁLISE TÉRMICA DE REFRIGERADORES
96
sistema. No regime transiente, a temperatura e a pressão no interior da carcaça do
compressor variam significativamente, fazendo variar também a massa de fluido
refrigerante livre para circular no sistema. Na partida do compressor há um
rápido desprendimento de refrigerante da mistura em virtude da brusca redução
da pressão. Esse processo continua numa taxa menor, após a partida do
compressor, devido à elevação da temperatura da mistura. Após um longo
período de parada do sistema, parte do refrigerante é absorvido pelo óleo fazendo
com que a pressão de equalização torne-se menor que a pressão de saturação do
refrigerante puro na mesma temperatura. O valor desta pressão é importante para
o funcionamento do compressor já que esta afeta o torque de partida do motor. A
absorção de refrigerante pelo óleo nos períodos de parada do compressor também
degrada o desempenho do sistema durante operações em regime cíclico (RUBAS
e BULLARD, 1995 e COULTER e BULLARD, 1997).
4.3 CONSERVAÇÃO DA ENERGIA
A primeira lei da termodinâmica aplicada ao sistema termodinâmico,
esquematizado na figura 82 , pode ser escrita da seguinte forma:
54
dtdW
dtdQ
DtDE
−= (54)
82 - Conservação da energia num sistema termodinâmico
4 FUNDAMENTOS TEÓRICOS
ANÁLISE TÉRMICA DE REFRIGERADORES
97
SISTEMA TERMODINÂMICO
Q
SISTTMEIO
W
E
VCSC
FIGURA 82 - Conservação da energia num sistema termodinâmico
Esta equação mostra que a taxa de variação com o tempo da energia de um
sistema termodinâmico (DE/Dt) é igual à diferença entre a taxa de transferência
de calor (dQ/dt) e a taxa de realização de trabalho (dW/dt).
A equação 54 pode ser aplicada a um volume de controle pela equação de
transporte de Reynolds, tomando-se como grandeza extensiva (Z), a energia do
sistema (E) e como grandeza intensiva (z), a respectiva energia específica do
sistema (e),
55
∫∫∫∫∫ υ⋅ρ⋅∂∂
+•⋅ρ⋅=VCSC
)d(et
)AdV(eDtDE rr
(55)
Ou seja,
56
∫∫ ∫∫∫ υ⋅ρ⋅∂∂
+•⋅ρ⋅=−SC VC
)d(et
)AdV(edt
dWdtdQ rr
(56)
A energia específica do fluido (e) é formada por quatro partes: energia
interna (u), energia cinética (ecin = V2/2), energia potencial gravitacional
(egrav = gz) e energia potencial de pressão (epres = Pv),
57
4 FUNDAMENTOS TEÓRICOS
ANÁLISE TÉRMICA DE REFRIGERADORES
98
vPzg2
Vueeeue2
presgravcin ⋅+⋅++=+++= (57)
A equação da conservação da energia pode, então, ser reescrita da seguinte
forma:
58
∫∫∫
∫∫
υ⋅ρ⋅
⋅++⋅+
∂∂
+•⋅ρ⋅
⋅++⋅+=−
VC
2
SC
2
)d(vPuzg2
Vt
)AdV(vPuzg2
Vdt
dWdtdQ rr
(58)
Observar que dessa forma o trabalho associado à deformação volumétrica
do fluido não mais integra a taxa de realização de trabalho (dW/dt), que passa a
ser então oriunda somente de trabalho de eixo e/ou de forças viscosas nas
fronteiras do volume de controle. A energia interna e a energia potencial de
pressão são geralmente somadas (u+Pv), originando uma propriedade
denominada entalpia específica (h),
59
∫∫ ∫∫∫ υ⋅ρ⋅
+⋅+
∂∂
+•⋅ρ⋅
+⋅+=−
SC VC
22
)d(hzg2
Vt
)AdV(hzg2
Vdt
dWdtdQ rr
(59)
Considerando escoamento em regime permanente e um volume de
controle com apenas uma entrada (ent) e uma saída (sai) com escomento
unidimensional e perpendicular à superfície em questão, obtém-se:
60
)AV(hzg2
V
)AV(hzg2
Vdt
dWdtdQ
ententententent
2ent
saisaisaisaisai
2sai
⋅⋅ρ⋅
+⋅+−
⋅⋅ρ⋅
+⋅+=−
(60)
4 FUNDAMENTOS TEÓRICOS
ANÁLISE TÉRMICA DE REFRIGERADORES
99
Na equação anterior zent e zsai representam, respectivamente, as posições
verticais dos centros de massa das superfícies Aent e Asai. Para escoamentos em
regime permanente, a equação da continuidade estabelece que:
61
mmAVAVm saisaisaisaientententent &&& ==⋅⋅ρ=⋅⋅ρ= (61)
Logo, pode-se reescrever a equação 60 da seguinte forma:
62
+⋅+−
+⋅+⋅=− entent
2ent
saisai
2sai hzg
2Vhzg
2Vm
dtdW
dtdQ
& (62)
Em muitos casos, as parcelas que representam as variações de energia
cinética e potencial são muito menores que a parcela que representa a variação de
entalpia, o que faz com que essas possam ser desprezadas. Dessa forma,
63
)hh(mWQ entsai −⋅=− &&& (63)
4 FUNDAMENTOS TEÓRICOS
ANÁLISE TÉRMICA DE REFRIGERADORES
100
4.4 CONSERVAÇÃO DA QUANTIDADE DE MOVIMENTO LINEAR
A segunda lei de Newton determina que a variação temporal da
quantidade de movimento linear de um sistema é igual à força resultante nele
aplicada, ou seja,
64
SISTSISTMT dt
PddmVdtdF
rrr
=
⋅= ∫∫∫ (64)
Na equação anterior TFr
é a resultante das forças externas agindo sobre o
sistema e Vr
é a velocidade. Cabe lembrar que as grandezas vetoriais estão
caracterizadas com o sobrescrito de uma seta. Dessa forma, VMPrr
⋅= é o vetor
quantidade de movimento linear do sistema. A equação anterior pode ser
reescrita em termos de derivadas substantivas (D../Dt), como segue:
65
DtPDdmV
DtDF
MT
rrr
=
⋅= ∫∫∫ (65)
São dois os tipos de forças que, quando combinadas, geram a força
resultante TFr
. Um tipo age nas superfícies, como o atrito e a pressão. Essas forças
são denominadas forças de superfície com distribuição superficial dada pelos
componentes Tij(x,y,z,t) do tensor T . Um outro tipo age de uma forma
distribuída no volume do material, como a força gravitacional. Essas forças são
denominadas forças de campo, com distribuição específica (por unidade de
massa) dada pelos componentes B(x,y,z,t) do vetor Br
. Dessa forma pode-se
escrever:
66
∫∫∫∫∫ υ⋅ρ⋅+•=VCSC
dBAdTFrrr
(66)
4 FUNDAMENTOS TEÓRICOS
ANÁLISE TÉRMICA DE REFRIGERADORES
101
Logo,
67
DtPDdBAdTF
VCSCR
rrrr
=υ⋅ρ⋅+•= ∫∫∫∫∫ (67)
Tomando a quantidade de movimento linear ( Pr
) como a propriedade
extensiva na equação de transporte de Reynolds para um volume de controle
estacionário, obtém-se a seguinte expressão:
68
∫∫ ∫∫∫ υ⋅ρ⋅∂∂
+•⋅ρ⋅==SC VC
T )d(Vt
)AdV(VFDt
PD rrrrrr
(68)
Ou seja,
69
∫∫ ∫∫∫∫∫∫∫∫ υ⋅ρ⋅∂∂
+•⋅ρ⋅=υ⋅ρ⋅+•SC VCVCSC
)d(Vt
)AdV(VdBAdTrrrrrr
(69)
Essa é uma forma geral de apresentar a lei da conservação da quantidade
de movimento linear na forma integral para volume de controle. Essa equação
será simplificada, a seguir considerando sucessivamente as seguintes hipóteses:
(1) Escoamento unidimensional: A equação 69, que é vetorial, passa a ter
somente uma componente, podendo, então, ser reescrita como uma equação
escalar,
70
∫∫ ∫∫∫∫∫∫∫∫ υ⋅ρ⋅∂∂
+⋅ρ⋅=υ⋅ρ⋅+⋅SC VCVCSC
)d(Vt
)dAV(VdBdAT (70)
onde T inclui somente as componentes do tensor tensão na direção considerada.
(2) Ausência de forças de campo:
4 FUNDAMENTOS TEÓRICOS
ANÁLISE TÉRMICA DE REFRIGERADORES
102
71
∫∫∫ =υ⋅ρ⋅VC
0dB (71)
(3) Superfície de controle dividida em três partes: uma de entrada e outra
de saída de massa com escoamento unidimensional e perpendicular à superfície,
e uma terceira impermeável,
72
∫∫ ⋅−⋅=⋅⋅ρ⋅SC
saisaientent VmVm)dAV(V && (72)
(4) Forças de superfície representadas pelas forças de pressão nas
superfícies de entrada e de saída de massa e pela força de atrito viscoso na
superfície impermeável (SI) do volume de controle,
73
∫∫∫ ⋅τ−⋅−⋅=⋅SI
SIsaisaiententSC
dAAPAPdAT (73)
A partir dessas simplificações, a equação da conservação da quantidade de
movimento linear aplicada a um componente de um sistema térmico em regime
transiente pode ser reescrita da seguinte forma:
74
∫∫∫∫ υ⋅ρ⋅∂∂
+⋅−⋅=⋅τ−⋅−⋅VC
saisaiententSI
SISIsaisaientent dVt
VmVmdAAPAP && (74)
Essa equação sofreu severas simplificações o que eliminou várias das suas
potencialidades, tornando-a, no entanto, adequadamente prática à análise de
sistemas térmicos. Uma outra simplificação é considerar o escoamento em
regime permanente. Incluindo mais essa simplificação, a equação da conservação
da quantidade de movimento linear pode, então, ser escrita como segue:
75
4 FUNDAMENTOS TEÓRICOS
ANÁLISE TÉRMICA DE REFRIGERADORES
103
)VV(mdAAPAP saientSI
SISIsaisaientent −⋅=⋅τ−⋅−⋅ ∫ & (75)
O efeito da força com origem na tensão viscosa entre o fluido e a
superfície do volume de controle pode ser modelada através de uma queda de
pressão (∆P) denominada perda de carga. Tomando A como uma área
característica da seção transversal do escoamento, pode-se, então, reescrever a
equação anterior da seguinte forma:
76
)VV(mAPAPAP saientsaisaientent −⋅=⋅∆−⋅−⋅ & (76)
Para um trecho de tubulação de comprimento L, caracterizado por um
diâmetro D, pode-se expressar a perda de carga em termos do fator de fricção (f)
pela equação de Darcy-Weisbach,
77
2V
DLfP
2⋅ρ⋅⋅=∆ (77)
Dessa forma, para um trecho de tubulação com seção transversal constante
(Aent = Asai = A), pode-se, então, reescrever a equação 76, na seguinte forma:
78
)VV(Am
2V
DLfPP saient
2
saient −⋅+⋅ρ
⋅⋅=−& (78)
Utilizando o conceito de velocidade mássica (G=m& /A), obtém-se:
79
ρ−ρ⋅+∆=−saient
2saient
11GPPP (79)
O termo contendo G2 refere-se à variação de quantidade de movimento
linear do fluido. Num escoamento incompressível (ρent = ρsai) ou em situações em
4 FUNDAMENTOS TEÓRICOS
ANÁLISE TÉRMICA DE REFRIGERADORES
104
que a variação da quantidade de movimento linear do fluido é pequena quando
comparada com a perda de carga, pode-se escrever:
80
PPP saient ∆=− (80)
Para escoamento laminar, plenamente desenvolvido, com densidade
constante, em dutos circulares, o fator de fricção (f) pode ser obtido
analiticamente (equação de Darcy) e expresso em função do número de Reynolds
baseado no diâmetro do duto como,
81
DRe64f = (81)
Para escoamento turbulento, plenamente desenvolvido, com densidade
constante, em dutos circulares lisos, o fator de fricção pode ser aproximado
através da equação de Blasius,
82
41
DRe3164,0f = (82)
Para escoamento turbulento, plenamente desenvolvido, com densidade
constante, em dutos circulares e rugosos (FOX e McDONALD, 1985), uma
aproximação é obtida por,
83
⋅+
ε⋅−=
fRe51,2
7,3Dlog0,2
f1
D
(83)
Onde ε é a rugosidade absoluta do duto.
Em máquinas de fluxo, como compressores e ventiladores, não é possível
aplicar a equação da conservação da quantidade de movimento linear para apenas
4 FUNDAMENTOS TEÓRICOS
ANÁLISE TÉRMICA DE REFRIGERADORES
105
um volume de controle estacionário e único. Nesses componentes, há uma
complexa transferência de quantidade de movimento linear entre as partes
móveis e o fluido em escoamento, o que não permite a utilização da abordagem
integral e simplificada apresentada. Nessas situações, no presente trabalho, a
equação da conservação da quantidade de movimento linear será substituída por
uma curva empírica característica do componente.
4.5 MODELAGEM DE UM COMPONENTE DE UM SISTEMA TÉRMICO
Nesta seção apresenta-se a modelagem de um componente genérico,
mostrado esquematicamente na figura 83. As equações pertinentes são
apresentadas a seguir:
- Equação da conservação da massa:
84
mmm0mm entsaientsai &&&&& ==⇒=− (84)
- Equação da conservação da energia:
85
)hh(mWQ entsai −⋅=− &&& (85)
- Equação da conservação da quantidade de movimento linear:
86
PPP saient ∆=− (86)
83 - Componente genérico de um sistema térmico
4 FUNDAMENTOS TEÓRICOS
ANÁLISE TÉRMICA DE REFRIGERADORES
106
COMPONENTE GENÉRICO DE UM SISTEMA TÉRMICO EM REGIME
PERMANENTE
QPh
W
m m
Ph
∆Psaisaisai
ententent
FIGURA 83 - Componente genérico de um sistema térmico
As três equações anteriores permitem a determinação de três variáveis:
fluxo de massa, pressão e entalpia na saída do componente. Para tanto, as taxas
de transferência de calor e de trabalho e a perda de carga, além do fluxo de
massa, da pressão e da entalpia na entrada do componente, devem ser fornecidas.
A temperatura pode ser obtida a partir da pressão e da entalpia.
No caso da associação em série de vários componentes, não é necessário
informar o fluxo de massa, a pressão e a entalpia, já que essas variáveis são
fornecidas pelo componente anterior. A conservação da massa estabelece que os
fluxos de massa na entrada e na saída de qualquer componente sejam iguais.
Com isso as equações da conservação da massa aplicadas a cada componente de
um ciclo tornam-se linearmente dependentes entre si, impedindo a sua utilização
na forma anteriormente apresentada. A opção é garantir a conservação da massa
com um inventário de massa, que fornece uma equação para o fechamento do
problema.
As perdas de carga são geralmente expressas como uma função do fator de
fricção. As taxas de transferência de calor podem ser expressas por coeficientes
globais de transferência de calor ou, então, pelo conceito de efetividade do
trocador de calor. A potência de compressão pode ser expressa por equações
semi-empíricas. O fluxo de massa e a carga de refrigerante no sistema podem
também ser expressos por correlações empíricas e/ou semi-empíricas. Na
modelagem, essas informações são fornecidas por funcionais genéricos (ℑ) para
cada componente. Por exemplo, ℑQ representa um funcional genérico para a taxa
4 FUNDAMENTOS TEÓRICOS
ANÁLISE TÉRMICA DE REFRIGERADORES
107
de transferência de calor. Dessa forma, o componente genérico pode ser
modelado como segue:
- Equação da conservação da energia:
87
)hh(m)hh(mWQ entsaiwQentsai −⋅=ℑ−ℑ⇒−⋅=− &&&& (87)
- Equação da conservação da quantidade de movimento linear:
88
Psaientsaient PPPPP ℑ=−⇒∆=− (88)
- Inventário de massa:
89
Mcircuito
MdM ℑ=⇒υ⋅ρ= ∫∫∫ (89)
4.6 MODELAGEM DE UM REFRIGERADOR GENÉRICO
Nesta modelagem, serão considerados seis componentes, quais sejam:
compressor, condensador, tubo capilar, evaporador, linha de sucção e gabinete.
Na figura 84, apresenta-se um esquema do refrigerador em estudo.
84 - Esquema do refrigerador genérico
4 FUNDAMENTOS TEÓRICOS
ANÁLISE TÉRMICA DE REFRIGERADORES
108
COMPRESSOR
CONDENSADOR
EVAPORADOR
TUBO CAPILAR
AMBIENTE QUENTE (EXTERNO)
AMBIENTE FRIO (INTERNO)
Q3
4 5
2
1
LINHA DE SUCÇÃO
ISOLAMENTO TÉRMICO
cond
capQ
Qcomp
compW
evapQ
FIGURA 84 - Esquema do refrigerador genérico
O sistema será equacionado utilizando-se o modelo do componente
genérico apresentado na seção anterior, com os termos de origem empírica e/ou
semi-empírica expressos na forma de funcionais genéricos (ℑ):
4 FUNDAMENTOS TEÓRICOS
ANÁLISE TÉRMICA DE REFRIGERADORES
109
I) Compressor
I.i) Conservação da energia
90
)hh(m)hh(mWQ 12comp,Wcomp,Q12compcomp −⋅=ℑ+−ℑ⇒−⋅=+− &&&& (90)
I.ii) Conservação da quantidade de movimento linear
91
comp,Pm ℑ=& (91)
II) Condensador
II.i) Conservação da energia
92
)hh(m)hh(mQ 23cond,Q23cond −⋅=ℑ−⇒−⋅=− &&& (92)
II.ii) Conservação da quantidade de movimento linear
93
cond,P32cond32 PPPPP ℑ=−⇒∆=− (93)
III) Tubo capilar
III.i) Conservação da energia
94
)hh(m)hh(mQ 34cap,Q34cap −⋅=ℑ−⇒−⋅=− &&& (94)
III.ii) Conservação da quantidade de movimento linear
95
4 FUNDAMENTOS TEÓRICOS
ANÁLISE TÉRMICA DE REFRIGERADORES
110
cap,Pm ℑ=& (95)
IV) Evaporador
IV.i) Conservação da energia
96
)hh(m)hh(mQ 45evap,Q45evap −⋅=ℑ⇒−⋅= &&& (96)
IV.ii) Conservação da quantidade de movimento linear
97
evap,P54evap54 PPPPP ℑ=−⇒∆=− (97)
V) Linha de sucção
V.i) Conservação da energia
98
)hh(m)hh(mQ 51suc,Q51suc −⋅=ℑ⇒−⋅= &&& (96)
V.ii) Conservação da quantidade de movimento linear
99
suc,P15suc15 PPPPP ℑ=−⇒∆=− (97)
VI) Gabinete
VI.i ) Conservação da energia
100
ventgab,Q45ventgabevap W)hh(mWQQ &&&&& +ℑ=−⋅⇒+= (100)
4 FUNDAMENTOS TEÓRICOS
ANÁLISE TÉRMICA DE REFRIGERADORES
111
Como os componentes anteriores formam um ciclo termodinâmico, a
conservação da massa é garantida pelo inventário de massa, como segue:
101
Mcircuito
MdM ℑ=⇒υ⋅ρ= ∫∫∫ (101)
O sistema apresentado é composto por 12 equações e 12 incógnitas. De
forma prática, são determinadas a pressão e a entalpia do fluido nos 5 pontos
indicados na figura 84, além do fluxo de massa e da temperatura do ar no interior
do refrigerador. Para tanto, são fornecidos os funcionais genéricos, a temperatura
externa, a carga de fluido refrigerante e as características construtivas do sistema.
Os funcionais genéricos (ℑ) são obtidos a partir de dados experimentais e
de conhecimentos teóricos específicos para cada componente, de acordo com o
procedimento indicado no próximo capítulo.
ANÁLISE TÉRMICA DE REFRIGERADORES
5 MODELOS PARA UM REFRIGERADOR ESPECÍFICO
Neste capítulo, serão apresentados modelos para cada um dos
componentes do refrigerador, objeto do presente trabalho. A atenção estará
voltada para os funcionais genéricos apresentados no capítulo anterior,
representativos das características térmicas de cada componente do sistema.
Os modelos desenvolvidos são do tipo fenomenológico, global e
paramétrico. Por fenomenológico, entenda-se que foram empregados parâmetros
com significado físico, tais como rendimentos, coeficientes de transferência de
calor e fatores de fricção, os quais foram ajustados aos dados experimentais pelo
método dos mínimos quadrados. Cada um desses modelos e parâmetros foi
validado com dados experimentais.
Esses modelos foram implementados de forma modular utilizando-se o
software EES (KLEIN, 2004), criando-se um procedimento computacional
independente para cada componente. Tal estratégia garante uma maior facilidade
de atualização e reutilização dos códigos computacionais.
Para cada componente, foram utilizadas duas equações, uma para
representar as taxas de transferência de energia e outra para representar a
dissipação de quantidade de movimento linear. Essas equações foram utilizadas
para quantificar a entalpia e a pressão nos pontos de conexão dos componentes
(ver figura 85). Outras duas equações foram ainda empregadas para fechar o
problema, uma relativa à transferência de calor no gabinete e outra relativa ao
inventário de massa. Essas equações proporcionam a determinação da
temperatura do ar interior do refrigerador e o fluxo de massa de fluido
refrigerante.
85 - Componentes e pontos de conexão do circuito
5 MODELOS PARA UM REFRIGERADOR ESPECÍFICO
ANÁLISE TÉRMICA DE REFRIGERADORES
113
VISOR DE LÍQUIDO
VÁLVULA DE EXPANSÃO AUXILIAR
FILTRO SECADOR
VÁLVULA DE SERVIÇO
TUBO PASSADOR DE PROCESSO
ENTRADA DOTUBO CAPILAR
LINHA DE SUCÇÃO
5
4
1
MEDIDORDE FLUXODE MASSA(CORIOLIS)
COMPRESSOR
2
TROCADOR DE CALOR TUBO CAPILAR - LINHA DE SUCÇÃO
6
EVAPORADOR
TUBO DEAQUECIMENTODO FLANGE(FOI LACRADO)
VENTILADOR
SAÍDA DO TUBO CAPILAR
CONDENSADOR
LINHA DEDESCARGA
3
SEPARADOR/ACUMULADORDE LÍQUIDO
7
FIGURA 85 - Componentes e pontos de conexão do circuito
5.1 MODELO DO COMPRESSOR
Na figura 86, apresenta-se um esquema e uma foto do compressor
utilizado. O compressor foi testado mantendo-se a bandeja coletora da água de
degelo do evaporador na sua devida posição. Para propósito de modelagem não
5 MODELOS PARA UM REFRIGERADOR ESPECÍFICO
ANÁLISE TÉRMICA DE REFRIGERADORES
114
se incluiu a parcela de energia consumida pelo inversor de freqüência, da ordem
de 5% da potência total, no cômputo da potência consumida pelo compressor.
86 - Esquema do modelo do compressor
1
Qcomp
2
compW
mText
Ncomp
FIGURA 86 - Esquema do modelo do compressor
O fluxo de massa do compressor foi calculado empregando-se o conceito
de rendimento volumétrico (ηV), como indicado nas equações 102 a 104
(GOSNEY, 1982). O volume deslocado (Ω), a fração de espaço morto (cc) e a
constante multiplicativa da rotação do compressor (rr) foram correlacionados
com dados experimentais utilizando-se o método dos mínimos quadrados. O
coeficiente de compressão isoentrópica (k) foi considerado constante e igual a
1,13, com base nas condições típicas de operação do sistema em questão.
102
V1
6comp
V1
comp ηv
10x623,6Nη
vN
m ⋅⋅
=⋅Ω⋅
=−
& (102)
103
comp1/k
12V Nrr])/P(P[1cc1η ⋅+−⋅+= (103)
104
comp1/1,13
12V N023,0])/P(P[1011,01η ⋅−−⋅+= (104)
Na figura 87 comparam-se os valores de fluxo de massa experimental com
os calculados pela equação 102. Pode-se verificar que a diferença percentual
5 MODELOS PARA UM REFRIGERADOR ESPECÍFICO
ANÁLISE TÉRMICA DE REFRIGERADORES
115
entre esses valores foi inferior a ±10% para a ampla maioria dos casos, o que
comprova a eficácia da estratégia de modelagem adotada.
87 - Fluxo de massa deslocado pelo compressor
FIGURA 87 - Fluxo de massa deslocado pelo compressor
Aplicando a equação da conservação da energia ao compressor, obtém-se:
105
compcomp12 QW)h(hm &&& −=−⋅ (105)
A potência consumida pelo compressor ( compW& ) foi relacionada com o
trabalho isoentrópico da compressão (ws,comp) e com o rendimento global do
compressor (ηg,comp) na forma indicada a seguir:
106
compg,
1s2,
compg,
comps,comp η
)h(hmη
wmW
−⋅=
⋅=
&&& (106)
As equações 102 e 106 foram, então, utilizadas para correlacionar o
rendimento global com dados experimentais, na forma mostrada a seguir:
107
5 MODELOS PARA UM REFRIGERADOR ESPECÍFICO
ANÁLISE TÉRMICA DE REFRIGERADORES
116
compextcompg, N0,001428T0,0013490,7294η ⋅−⋅+= (107)
Em média, o rendimento global se manteve próximo de 52%, crescendo
com o aumento da temperatura ambiente e reduzindo com o aumento da rotação
do compressor, como indicam os sinais dos coeficientes na equação 107.
Os valores experimentais são comparados com os calculados pela equação
106 na figura 88. Pode-se observar que para a ampla maioria dos casos a
diferença percentual se manteve inferior a ±10%.
88 - Potência consumida pelo compressor
FIGURA 88 - Potência consumida pelo compressor
A taxa de dissipação de calor no compressor foi expressa pela condutância
térmica global do compressor (UAcomp) e pela diferença entre a temperatura do
refrigerante na descarga do compressor (T2) e o ar ambiente (Text):
108
)T(TUAQ ext2compcomp −⋅=& (108)
5 MODELOS PARA UM REFRIGERADOR ESPECÍFICO
ANÁLISE TÉRMICA DE REFRIGERADORES
117
As equações 102, 105, 106 e 108 foram então utilizadas para correlacionar
a condutância térmica global do compressor com os dados experimentais, na
forma mostrada a seguir:
109
)T-(T0,06742N0,05459P2,4231,520UA ext2comp1comp ⋅−⋅+⋅+−= (109)
Na figura 89, mostra-se uma comparação entre os valores experimentais e
os calculados para a temperatura na descarga do compressor. Verifica-se que a
diferença entre os valores calculados e os experimentais situa-se numa banda de
±5°C para a ampla maioria dos casos, o que, mais uma vez, comprova a eficácia
da estratégia de modelagem adotada.
89 - Temperatura na descarga do compressor
FIGURA 89 - Temperatura na descarga do compressor
5 MODELOS PARA UM REFRIGERADOR ESPECÍFICO
ANÁLISE TÉRMICA DE REFRIGERADORES
118
5.2 MODELO DA LINHA DE DESCARGA
A taxa de transferência de calor na linha de descarga foi modelada
empregando-se o método da efetividade (ε-NUT) e uma condutância térmica
global (UA), correlacionada com os dados experimentais.
Na figura 90, mostra-se um esquema da linha de descarga, com algumas
das variáveis utilizadas no modelo matemático. A temperatura do ar foi
considerada constante, com base em evidências experimentais.
90 - Esquema do modelo da linha de descarga
Entrada do condensador
Linha de descarga
(desc)
Descarga docompressor
Coriolis
22
Text
2
T
m
Ar
descQ
Posição
3 3
Fluidorefrigerante
3
T3 T2 FIGURA 90 - Esquema do modelo da linha de descarga
Aplicando a equação da conservação da energia na linha de descarga
(desc), obtém-se :
110
descext2Pdesc32 )T-T(cmQ)h(hm ε⋅⋅⋅==−⋅ &&& (110)
5 MODELOS PARA UM REFRIGERADOR ESPECÍFICO
ANÁLISE TÉRMICA DE REFRIGERADORES
119
A taxa de transferência de calor foi calculada empregando o conceito de
efetividade do trocador de calor (KAYS e LONDON, 1984), como indicado a
seguir: 111
P
descdesc
NUTdesc cm
UANUT )e(1 desc
⋅=⇒−=ε −
& (111)
O calor específico do fluido refrigerante (cP) foi avaliado na temperatura
de descarga (T2). A condutância térmica global da linha de descarga (UAdesc) foi,
então, correlacionada com dados experimentais, identificando-se uma leve
dependência da temperatura do ar externo (Text), como indicado na equação 112.
Em média essa condutância se situou em torno de 1,3 W/K. 112
extdesc T1456,0,2374UA ⋅+−= (112)
Na figura 91, mostra-se uma comparação entre a taxa de transferência de
calor experimental e os valores calculados pela equação 110. Pode-se verificar
que na ampla maioria dos casos a diferença percentual se manteve dentro de uma
banda de aproximadamente ±10%. 91 - Taxa de transferência de calor na linha de descarga
FIGURA 91 - Taxa de transferência de calor na linha de descarga
5 MODELOS PARA UM REFRIGERADOR ESPECÍFICO
ANÁLISE TÉRMICA DE REFRIGERADORES
120
A perda de carga na linha de descarga foi obtida mediante uma forma
simplificada da equação de Darcy (FOX e McDONALD, 1985), expressa em
termos do coeficiente de descarga (CD,desc), como indicado na equação 113. O
volume específico foi avaliado na condição de descarga (v2) e a área da secção
transversal da linha de descarga (Adesc) foi obtida a partir de seu diâmetro interno
(Ddesc = 4,82 mm). Correlacionando a equação 113 com os dados experimentais,
chegou-se a um valor de coeficiente de descarga igual a 12,19.
113
2desc
22
desc,D
222
desc,D
222
desc
desc32desc A2
mvC
2V
C2V
DL
fPP∆P⋅
⋅=ρ⋅=
ρ⋅⋅=−=
⋅⋅⋅ & (113)
A perda de carga experimental é comparada com os valores fornecidos
pela equação 113, na figura 92. Pode-se observar que a diferença percentual entre
os valores medidos e calculados se manteve dentro de uma banda de dispersão de
aproximadamente ±20%.
92 - Perda de carga na linha de descarga
FIGURA 92 - Perda de carga na linha de descarga
5 MODELOS PARA UM REFRIGERADOR ESPECÍFICO
ANÁLISE TÉRMICA DE REFRIGERADORES
121
5.3 MODELO DO CONDENSADOR
A transferência de calor no condensador foi igualmente modelada com o
método da efetividade (ε-NUT), utilizando coeficientes de transferência de calor
correlacionados com dados experimentais.
Na figura 93, mostra-se um esquema do modelo do condensador. Nessa
modelagem, considerou-se o condensador como um tubo reto dividido em três
regiões: vapor superaquecido (sup), mistura de líquido e vapor saturado (sat) e
líquido sub-resfriado (sub). Os perfis de temperatura característicos do fluido e
do ar são também apresentados nessa figura. 93 - Esquema da modelagem do condensador
Temperatura do fluido refrigerante
TT
m
Posição43
3
m4
3
T4
Tcond
Líquidosub-resfriado
(sub)
Mistura de líquidoe vapor saturado
(sat)
Vaporsuperaquecido
(sup)
Text
(vap)Vapor saturado
(liq)Líquido saturado
Temperatura do ar externo
FIGURA 93 - Esquema da modelagem do condensador
A equação da conservação da energia quando aplicada ao condensador
fornece a equação 114. A taxa de transferência de calor no condensador foi
dividida em três parcelas, referentes às três regiões indicadas na figura 93. Essas
parcelas foram determinadas, respectivamente, pelas equações 115 a 117,
seguindo um procedimento similar ao adotado para a linha de descarga.
5 MODELOS PARA UM REFRIGERADOR ESPECÍFICO
ANÁLISE TÉRMICA DE REFRIGERADORES
122
Na região de saturação a temperatura do fluido refrigerante pode também
ser considerada constante. Logo a expressão para a taxa de transferência de calor
assume a forma simplificada indicada na equação 116. 114
subsatsupcond43 QQQQ)h(hm &&&&& ++==−⋅ (114)
115
e1 vapP,
supsup
cmAU
ext3vapP,vap3sup )T(Tcm)hh(mQ
⋅
⋅−
−⋅−⋅⋅=−⋅=&
&&& (115)
116
)T(TAU)hh(mQ extcondsatsatliqvapsat −⋅⋅=−⋅= && (116)
117
e1 liqP,
subsub
cmAU
extcondliqP,4liqsub )T(Tcm)hh(mQ
⋅⋅
−
−⋅−⋅⋅=−⋅=&
&&& (117)
A soma das áreas de transferência de calor indicadas nas equações 115 a
117 deve corresponder à área total de transferência de calor do condensador
(Acond), ou seja,
118
subsatsupcond AAAA ++= (118)
A equação anterior é satisfeita empregando-se o algoritmo de decisão
indicado no quadro a seguir:
Calcula-se a área da região com vapor superaquecido (Asup) pela equação 115.
SE (Asup≥ Acond) ENTÃO (Asup=Acond); (Asat=0) e (Asub=0) SENÃO
Calcula-se a área da região de saturação (Asat) pela equação 116.
SE (Asup+Asat ≥ Acond) ENTÃO (Asat= Acond - Asup) e (Asub=0) SENÃO
Asub= Acond - Asup - Asat
Finalmente, aplica-se a equação 114.
5 MODELOS PARA UM REFRIGERADOR ESPECÍFICO
ANÁLISE TÉRMICA DE REFRIGERADORES
123
Os coeficientes globais de transferência de calor (U) foram obtidos
decompondo-se a respectiva resistência térmica (R) nas suas parcelas interna
(Rins) e externa (Rout), como indicado na equação 119. Tal equação foi escrita de
forma genérica sendo aplicável a cada uma das regiões do trocador.
119
outins RR1
R1
AU+
==⋅ (119)
A resistência térmica interna foi obtida em termos do coeficiente de
convecção (λins) e da área interna (Ains) de transferência de calor como indicado
na equação a seguir:
120
insinsins A
1R
⋅λ= (120)
A resistência térmica externa foi obtida em termos do coeficiente de
convecção (λout) e da área externa do tubo (Aout) considerando a presença da aleta
(arames, área=Aale) com sua respectiva eficiência (ηale), como indicado na
equação 121.
121
aleoutaleoutoutout AηA
1R
⋅λ⋅+⋅λ= (121)
A eficiência das aletas foi avaliada pela equação 122
(INCROPERA, 1996). O comprimento da aleta (Lale) foi tomado como a metade
do espaçamento entre os tubos. Os arames eram de aço com diâmetro (Dale) de
1,5 mm e condutividade térmica (Kale) igual a 40 W/mK. Em geral a eficiência da
aleta situou-se em torno de 85%, para um coeficiente de convecção externo de
10 W/m2K.
122
5 MODELOS PARA UM REFRIGERADOR ESPECÍFICO
ANÁLISE TÉRMICA DE REFRIGERADORES
124
( )aleale
out
ale
aleale DK
4mLm
Lmtanhη⋅λ⋅
=⇒⋅⋅
= (122)
A partir das resistências térmicas, o coeficiente global de transferência de
calor fundamentado na área externa do tubo (Aout) pode, então, ser calculado
como indicado na equação 123. As relações de área, a eficiência das aletas e o
coeficiente de convecção externo foram considerados constantes ao longo de
todo o condensador. Para se obter o coeficiente global de transferência de calor
nas diferentes regiões do trocador, emprega-se o correspondente coeficiente de
convecção interno.
123 1
outalealeoutoutinsins )]/A(Aη[11
)/A(A1
U−
⋅+⋅λ+
⋅λ= (123)
O modelo em questão é denominado de três zonas com condutância
variável, em virtude do condensador ser dividido em três possíveis regiões, cada
uma com o seu respectivo coeficiente de transferência de calor interno (λins=λsup;
λins=λsat e λins=λsub). O modelo apresentado foi correlacionado com os dados
experimentais pelo método dos mínimos quadrados, com o objetivo de
caracterizar os coeficientes de transferência de calor. Tais parâmetros assumiram
os valores a seguir:
a) Externo λout = 12,65 W/m2K;
b) Interno, na região com vapor superaquecido λsup = 103,5 W/m2K;
c) Interno, na região com fluido saturado λsat = 1864 W/m2K;
d) Interno, na região com líquido sub-resfriado λsub = 16,32 W/m2K.
Na figura 94 mostra-se uma comparação entre a taxa de transferência de
calor no condensador, com a calculada pela modelagem anteriormente
apresentada. A diferença percentual dos valores calculados em relação aos
valores experimentais foi inferior a ±5%, como se verifica nesta figura. 94 - Taxa de transferência de calor no condensador
5 MODELOS PARA UM REFRIGERADOR ESPECÍFICO
ANÁLISE TÉRMICA DE REFRIGERADORES
125
FIGURA 94 - Taxa de transferência de calor no condensador
A perda de carga do fluido refrigerante ao longo do condensador é
composta por três parcelas, quais sejam: ∆Psup - perda de carga na região de
vapor superaquecido, ∆Psat - perda de carga na região de saturação e ∆Psub - perda
de carga na região de líquido sub-resfriado.
124
subsatsupcond43 PPPPPP ∆+∆+∆=∆=− (124)
Cada uma das parcelas de perda de carga apresentada na equação 124
pode ainda, genericamente, ser decomposta em outras quatro componentes, quais
sejam: ∆Pfric - perda de carga devido à fricção, ∆Pacel - perda de carga devido à
aceleração do fluido, ∆Phidr - perda de carga oriunda da coluna hidrostática de
fluido e ∆Plocal - perda de carga devido à presença de curvas, conexões, variação
de diâmetro, etc.
125
localhidracelfric PPPPP ∆+∆+∆+∆=∆ (125)
5 MODELOS PARA UM REFRIGERADOR ESPECÍFICO
ANÁLISE TÉRMICA DE REFRIGERADORES
126
As equações anteriores mostram que a perda de carga no condensador
pode ser formada por até doze componentes. A interação dinâmica e simultânea
entre todas essas componentes causa uma variação praticamente aleatória da
perda de carga no condensador. Esse foi o comportamento apresentado por essa
variável durante as medições. O valor do desvio padrão das variações foi superior
a ±50% do valor médio durante um teste estabilizado. A instabilidade intrínseca
do escoamento com mudança de fase (TONG e TANG, 1997) é provavelmente o
fator gerador dessa situação. Várias formulações foram tentadas para prever esse
parâmetro, todas sem sucesso. Decidiu-se, portanto, representá-la pelo valor
médio obtido durante os testes experimentais, que foi de 0,042bar com um desvio
padrão igual a ±0,023bar. Essa perda de carga representa uma variação na
temperatura de condensação da ordem de ±0,2°C, nas condições típicas de
operação do sistema, tendo, portanto, um efeito pouco significativo sobre o
comportamento global do sistema.
5.4 MODELO DA VÁLVULA DE EXPANSÃO AUXILIAR
Uma válvula de expansão auxiliar do tipo agulha foi instalada na entrada
do tubo capilar, entre os pontos 4 e 5 do circuito de refrigeração, num trecho que
também inclui o filtro secador e o visor de líquido. Essa válvula não é
normalmente empregada em refrigeradores domésticos, porém empregou-se tal
artifício para garantir a presença de líquido sub-resfriado na saída do
condensador e, conseqüentemente, os balanços de energia em todos os
componentes do sistema.
A perda de carga provocada por essa válvula variou entre 0,1 e 3,0 bar.
Com essa expansão, na maioria dos casos, o fluido chegava no tubo capilar com
um certo título, como comumente ocorre em refrigeradores domésticos.
Aplicando um balanço de energia nesse componente e considerando o
processo como adiabático, obtém-se:
5 MODELOS PARA UM REFRIGERADOR ESPECÍFICO
ANÁLISE TÉRMICA DE REFRIGERADORES
127
126
4554 hh0)h(hm =⇒=−⋅& (126)
A queda de pressão imposta por esse componente pode ser expressa pelas
indicações dos transutores de pressão absoluta nos pontos 4 e 5, ou seja:
127
54valv PPP −=∆ (127)
Essa queda de pressão foi utilizada como uma variável de controle do
sistema, sendo controlada pelo número de voltas de abertura da válvula de
expansão auxiliar. Esse é também um parâmetro de entrada do modelo que ao
assumir o valor zero de queda de pressão permite a análise de sistemas reais, ou
seja, sem a presença de uma válvula de expansão auxiliar.
5.5 MODELO DO TUBO CAPILAR
Na figura 95, mostra-se um esquema do trocador de calor tubo capilar-
linha de sucção com as principais variáveis empregadas na sua modelagem.
95 - Esquema do modelo do tubo capilar
Saída da linha de sucção
Entrada do tubo capilar
sucD
evap
D
Lhex
capL
m.
cap.m
entL
6
1
5
7
FIGURA 95 - Esquema do modelo do tubo capilar
5 MODELOS PARA UM REFRIGERADOR ESPECÍFICO
ANÁLISE TÉRMICA DE REFRIGERADORES
128
O fluxo de massa através do tubo capilar foi determinado por uma
equação adimensional, baseada no teorema Pi de Buckingham (FOX e
McDONALD, 1985), seguindo um procedimento semelhante ao adotado pela
ASHRAE(2002). Na equação 128, mostra-se a forma geral da correlação dos
grupamentos adimensionais para estimar o fluxo de massa. O grupamento
adimensional π9 contém o fluxo de massa e os demais grupamentos contêm as
variáveis geométricas e operacionais, além das propriedades termofísicas do
fluido refrigerante. Essa forma de modelagem garante uma melhor representação
física do fenômeno e uma maior generalidade dos resultados em relação a ajustes
puramente matemáticos e estatísticos dos dados experimentais. 128
15108321 c15
c10
c8
c3
c2
c109 c π⋅⋅⋅π⋅π⋅⋅⋅π⋅π⋅π⋅=π (128)
A equação apresentada pela ASHRAE(2002) foi desenvolvida para
trocadores de calor tubo capilar-linha de sucção do tipo lateral. No refrigerador
em questão, o trocador de calor é do tipo concêntrico, sendo, portanto, necessário
o ajuste de novas constantes (ci).
Tais constantes foram obtidas utilizando-se os dados gerados no presente
trabalho e, também, os dados fornecidos por ZANGARI(1998). Os dados deste
trabalho foram obtidos com uma mistura de líquido e vapor saturado e os de
ZANGARI(1998) com líquido sub-resfriado na entrada do capilar. Os bancos de
dados foram empregados separadamente, gerando equações válidas para cada
situação.
As 19 variáveis pertinentes ao fenômeno são apresentadas na tabela 13,
envolvendo as dimensões básicas de: massa (kg), distância (m), tempo (s) e
temperatura (K). O número de grupamentos adimensionais (i) é a diferença entre
o número de variáveis do problema (j=19) e seu número de dimensões básicas
(k=4), ou seja, i = j-k = 15. Dessa forma, foram gerados 15 grupamentos
adimensionais, os quais são apresentados nas equações 129 a 143.
13 - Variáveis empregadas na modelagem do tubo capilar
5 MODELOS PARA UM REFRIGERADOR ESPECÍFICO
ANÁLISE TÉRMICA DE REFRIGERADORES
129
TABELA 13 - Variáveis empregadas na modelagem do tubo capilar
Variável Descrição [unidade] Dcap Diâmetro interno do tubo capilar [m] Lcap Comprimento do tubo Capilar [m] Lhex Comprimento de trocador de calor [m] Dsuc Diâmetro interno da linha de sucção [m] Lent Comprimento adiabático na entrada do tubo capilar [m] Pcap Pressão na entrada do tubo capilar [Pa=kg.m/s2] Psuc Pressão na entrada da linha de sucção [Pa=kg.m/s2] ∆Tsub Grau de Sub-resfriamento na entrada do tubo capilar [K] ∆Tsup Grau de Superaquecimento na entrada da linha de sucção [K] µliq,cap Viscosidade do líquido no tubo capilar [Pa.s=kg.m/s] µvap,cap Viscosidade do vapor no tubo capilar [Pa.s=kg.m/s] µvap,suc Viscosidade do vapor na linha de sucção [Pa.s=kg.m/s] vliq,cap Volume específico do líquido no tubo capilar [m3/kg] vvap,cap Volume específico do vapor no tubo capilar [m3/kg] vvap,suc Volume específico do vapor na linha de sucção [m3/kg] cP,liq,cap Calor específico do líquido no tubo capilar [J/kg.K=m2/s2.K] cP,vap,suc Calor específico do vapor na linha de sucção [J/kg.K=m2/s2.K]
hLV Entalpia de vaporização no tubo capilar [J/kg=m2/s2] m& Fluxo de massa [kg/s]
129
capcap1 DL=π (129) 130
capent2 DL=π (130) 131
caphex3 DL=π (131) 132
capsuc4 DD=π (132) 133
cap,liq2
cap,liq2capcap5 vDP ⋅µ⋅=π (133)
134
cap,liq2
cap,liq2capsuc6 vDP ⋅µ⋅=π (134)
135
2cap,liq
2cap,liq
2capcap,liq,Psub7 vDcT ⋅µ⋅⋅∆=π (135)
136
2cap,liq
2cap,liq
2capcap,liq,Psup8 vDcT ⋅µ⋅⋅∆=π (136)
137
cap,liqcap9 Dm µ⋅=π & (137) 138
5 MODELOS PARA UM REFRIGERADOR ESPECÍFICO
ANÁLISE TÉRMICA DE REFRIGERADORES
130
cap,liqcap,vap10 vv=π (138) 139
cap,liqcap,vapcap,liq11 )( µµ−µ=π (139) 140
2cap,liq
2cap,liq
2capLV12 vDh µ⋅⋅=π (140)
141
cap,liqsuc,vap13 µµ=π (141) 142
cap,liqsuc,vap14 vv=π (142) 143
suc,liq,Psuc,liq,P15 cc=π (143)
As propriedades termofísicas do refrigerante na entrada do tubo capilar
foram avaliadas com a temperatura desse ponto. Nos casos em que existe uma
mistura de líquido e vapor saturado na entrada do tubo capilar, o grupamento
adimensional π7 passa a ser expresso em função do título da mistura (x) como
indicado na equação a seguir.
144
x1sat,7 −=π (144)
O método dos mínimos quadrados foi aplicado aos dados de
ZANGARI(1998) juntamente com a equação 128, gerando os coeficientes
apresentados na equação 145. Alguns grupamentos mostraram-se
estatisticamente irrelevantes e não foram, portanto, incluídos nessa expressão.
145 1768,0
1104085,0
803774,0
71204,0
67342,0
507751,0
34583,0
19 07602,0 π⋅π⋅π⋅π⋅π⋅π⋅π⋅=π −−− (145)
Na figura 96, mostra-se uma comparação entre os valores experimentais e
os calculados pela equação 145. Pode-se observar que as diferenças percentuais
mantiveram-se, na maioria, dentro de uma faixa de ±10%. Esse tipo de resultado
5 MODELOS PARA UM REFRIGERADOR ESPECÍFICO
ANÁLISE TÉRMICA DE REFRIGERADORES
131
é semelhante, por exemplo, ao obtido por ZANGARI(1998) que trabalhou apenas
com correlações polinomiais.
96 - Tubo capilar com fluido sub-resfriado na entrada
FIGURA 96 - Tubo capilar com fluido sub-resfriado na entrada
Utilizando o mesmo tipo de procedimento, mas com dados gerados no
presente trabalho, obteve-se uma expressão específica para situações em que o
fluido está saturado na entrada do capilar.
146 04965,0
8759,4sat,7
3662,06
059,15
3127,01sat,9 01960,0 −−− π⋅π⋅π⋅π⋅π⋅=π (146)
Também nesse caso, vários grupamentos adimensionais mostraram-se
estatisticamente pouco significativos e, dessa forma, não foram incuídos na
correlação. Na figura 97 apresenta-se uma comparação entre os valores
experimentais e os calculados pela equação 146. A exemplo da situação anterior
as diferenças entre as previsões e os valores experimentais se mantiveram numa
banda da ordem de ±10%.
97 - Tubo capilar com fluido saturado na entrada
5 MODELOS PARA UM REFRIGERADOR ESPECÍFICO
ANÁLISE TÉRMICA DE REFRIGERADORES
132
FIGURA 97 - Tubo capilar com fluido saturado na entrada
As expressões anteriores não fornecem resultados semelhantes quando o
grau de sub-resfriamento e o título da mistura tendem a zero, como esperado.
Esse fato inviabiliza o uso conjunto dessas expressões durante a solução
simultânea de um sistema de equações, representativo do funcionamento de um
sistema de refrigeração. Essa descontinuidade também aparece nas expressões
apresentadas pela ASHRAE(2002). Para contornar esse problema, resolveu-se
estimar o fluxo de massa na região entre sub-resfriamento inferior a 2°C e título
da mistura inferior a 1%, pela interpolação. Nessa interpolação emprega-se a
entalpia do fluido refrigerante na entrada do capilar como variável independente,
como apresentado na equação 147 e ilustrado na figura 98.
147
)hh/()hh()mm(mm subsatsatsatsubsat −−⋅−+= &&&& (147)
98 - Interpolação do fluxo de massa
5 MODELOS PARA UM REFRIGERADOR ESPECÍFICO
ANÁLISE TÉRMICA DE REFRIGERADORES
133
FIGURA 98 - Interpolação do fluxo de massa
Para determinar a taxa de transferência de calor entre o tubo capilar e a
linha de sucção empregou-se uma adaptação do conceito de efetividade de
trocadores de calor, denominada de efetividade de temperatura do trocador de
calor (SHAH e SEKULIC, 2003). Essa efetividade de temperatura pode ser
expressa pela razão entre a variação de temperatura sofrida pelo fluido na linha
de sucção (T1-T7) e a máxima diferença de temperatura no trocador de calor
( T5-T7 ).
148
)TT/()TT( 7571hex −−=ε (148)
Os dados experimentais de ZANGARI(1998) foram correlacionados com
essa expressão, obtendo-se a equação a seguir:
149
m02345,0D03445,0L003456,07342,0 suchexhex &⋅+⋅+⋅+=ε (149)
5 MODELOS PARA UM REFRIGERADOR ESPECÍFICO
ANÁLISE TÉRMICA DE REFRIGERADORES
134
Na figura 99, apresenta-se uma comparação entre os valores calculados
pela equação 149 e os dados experimentais de ZANGARI(1998). Pode-se
verificar que as diferenças percentuais se mantiveram dentro de uma faixa de
±10%.
99 - Efetividade do trocador de calor tubo capilar-linha de sucção
FIGURA 99 - Efetividade do trocador de calor tubo capilar-linha de sucção
A equação 149 foi utilizada para estimar a efetividade dos trocadores de
calor tubo capilar-linha de sucção montados no refrigerador. Os valores
experimentais obtidos no refrigerador ficaram praticamente constantes e, em
torno de 0,875. Os valores calculados também ficaram em torno desse valor, com
pequenas variações em função do fluxo de massa de cada teste. Deve-se observar
que tanto o diâmetro da linha de sucção quanto o comprimento do trocador não
foram modificados durante os testes experimentais com o refrigerador.
5 MODELOS PARA UM REFRIGERADOR ESPECÍFICO
ANÁLISE TÉRMICA DE REFRIGERADORES
135
5.6 MODELO DO EVAPORADOR
A transferência de calor no evaporador foi modelada empregando-se o
método da efetividade (ε-NUT), utilizando-se coeficientes de transferência de
calor correlacionados com dados experimentais.
Na figura 100, apresenta-se um esquema do modelo do evaporador. Nessa
modelagem considerou-se o evaporador como um tubo reto dividido em duas
regiões, uma contendo uma mistura de líquido e vapor saturado (sat) e outra
contendo vapor superaquecido (sup). Os perfis de temperatura característicos do
fluido e do ar também são apresentados nesta figura.
100 - Esquema da modelagem do evaporador
Temperatura do fluido refrigerante
Temperatura do ar interno
Mistura de líquidoe vapor saturado
(sat)
T
T = Tevap 6
6
7
m
TintT
6
Vapor saturado(vap) Posição7
Vaporsuperaquecido
(sup)
m
7
FIGURA 100 - Esquema da modelagem do evaporador
Aplicando a equação da conservação da energia ao evaporador, obtém-se a
equação 150. A taxa de transferência de calor no evaporador foi dividida em duas
parcelas referentes às duas regiões mostradas na figura 100. Essas parcelas foram
determinadas, respectivamente, pelas equações 151 e 152.
5 MODELOS PARA UM REFRIGERADOR ESPECÍFICO
ANÁLISE TÉRMICA DE REFRIGERADORES
136
Na região de saturação a temperatura do fluido refrigerante também pode
ser considerada constante o que leva a uma expressão mais simplificada (ver
equação 151).
150
supsatevap67 QQQ)h(hm &&&& +==−⋅ (150)
151
)T(TAU)hh(mQ evapintsatsat6vapsat −⋅⋅=−⋅= && (151)
152 ( )][ vapP,supsup cmAU
evapintvapP,vap7sup e-1)T(Tcm)hh(mQ⋅⋅−
⋅−⋅⋅=−⋅=&
&&& (152)
A soma das áreas de transferência de calor que aparecem nas equações
151 e 152 deve corresponder à área total de transferência de calor do evaporador
(Aevap), ou seja:
153
supsatevap AAA += (153)
A equação anterior é satisfeita empregando-se o algoritmo de decisão
indicado no quadro a seguir:
Os coeficientes globais de transferência de calor (U) foram obtidos
decompondo-se a respectiva resistência térmica (R) nas parcelas de resistência
térmica interna (Rins) e externa (Rout), como já apresentado para o condensador,
nas equações 119 a 121.
Calcula-se a área da região de saturação (Asat) pela equação 151.
SE (Asat ≥ Aevap) ENTÃO (Asat = Aevap) e (Asup = 0) SENÃO
Asup = Aevap - Asat
Finalmente, aplica-se a equação 150.
5 MODELOS PARA UM REFRIGERADOR ESPECÍFICO
ANÁLISE TÉRMICA DE REFRIGERADORES
137
A eficiência das aletas (ηale) do evaporador foi estimada pelo método de
SCHMIDT(1949), reportado pela ASHRAE(2002). Esse método fornece
expressões analíticas aproximadas e de razoável precisão para aletas circulares,
retangulares e hexagonais. Aletas hexagonais representam relativamente bem a
geometria dos evaporadores aletados e com tubo não alinhados utilizados no
presente trabalho. Por esse método, chegou-se a um valor aproximado de 89%
para a eficiência das aletas dos evaporadores.
O coeficiente global de transferência de calor baseado na área externa do
tubo (Aout) foi, então, expresso pela equação 123, já apresentada para o
condensador. Para aplicar aquela expressão às diferentes regiões do trocador
basta empregar o coeficiente de convecção interno apropriado.
O modelo em questão é denominado de duas zonas com condutância
variável em virtude do evaporador ser dividido em duas possíveis regiões, cada
uma com o seu respectivo coeficiente de transferência de calor interno (λins=λsat e
λins=λsup). O modelo apresentado foi correlacionado com dados experimentais,
pelo método dos mínimos quadrados com o objetivo de caracterizar os
coeficientes de transferência de calor. Tais parâmetros assumiram os valores
listados a seguir:
a) Externo λout = 24,85 W/m2K;
b) Interno, na região com fluido saturado λsat = 1645 W/m2K;
c) Interno, na região com vapor superaquecido λsup = 98,5 W/m2K.
Na figura 101, apresenta-se uma comparação entre a taxa de transferência
de calor no evaporador, obtida experimentalmente, e a calculada pela modelagem
anteriormente apresentada. A diferença percentual entre os valores experimentais
e os calculados se manteve dentro de uma faixa de ±10%, como evidenciado
nessa figura.
101 - Taxa de transferência de calor no evaporador
5 MODELOS PARA UM REFRIGERADOR ESPECÍFICO
ANÁLISE TÉRMICA DE REFRIGERADORES
138
FIGURA 101 - Taxa de transferência de calor no evaporador
De maneira similar ao condensador, a perda de carga no evaporador
também apresentou variação praticamente aleatória. Optou-se, então, pela
utilização de um valor médio de 0,068 bar, com um desvio padrão de ±0,026 bar.
5.7 MODELO DA LINHA DE SUCÇÃO
Aplicando-se a equação da conservação da energia à linha de sucção e
considerando-a adiabática em relação ao meio externo, obtém-se a equação 154,
que mostra que a variação de entalpia na linha de sucção é igual à variação de
entalpia no tubo capilar. Não há, portanto, a necessidade de determinação de
nenhum outro parâmetro para caracterizar a transferência de calor nesse
componente.
154
)7h1(hm)6h5(hmsucQcapQ −⋅=−⋅⇒= &&&& (154)
5 MODELOS PARA UM REFRIGERADOR ESPECÍFICO
ANÁLISE TÉRMICA DE REFRIGERADORES
139
A perda de carga na linha de sucção foi obtida por meio de uma forma
simplificada da equação de Darcy (FOX e McDONALD, 1985), expressa em
termos do coeficiente de descarga (CD,suc), como indicado na equação 155. O
volume específico foi avaliado na condição de sucção (v1) e a área da secção
transversal da linha de sucção (Asuc) foi obtida a partir de seu diâmetro interno
(Dsuc = 5,67 mm).
155
2suc
21
suc,D
211
suc,D
211
suc
suc17suc A2
mvC
2V
C2V
DL
fPP∆P⋅
⋅=ρ⋅=
ρ⋅⋅=−=
⋅⋅⋅ & (155)
Correlacionando a equação anterior com os dados experimentais, chegou-
se a um valor de coeficiente de descarga igual a 18,47. O procedimento
apresentado permitiu prever a perda de carga na linha de sucção com uma
margem de erro de ±30% em relação aos valores experimentais.
5.8 MODELO DO GABINETE
A equação 156 reflete um balanço de energia aplicado ao gabinete do
refrigerador. A capacidade de refrigeração ( evapQ& ) é balanceada pela taxa de
transferência de calor através das paredes do gabinete ( gabQ& ) adicionada à taxa de
calor liberado pelo ventilador ( ventW& ) e à potência liberada pelas resistências
elétricas ( aquecQ& ).
156
aquecventgab67evap QWQ)h(hmQ &&&&& ++=−⋅= (156)
A potência consumida pelo ventilador manteve-se praticamente constante
durante os testes, variando entre 7,5 e 8,5 W nas rotações de 2500 e 3100 rpm,
respectivamente.
5 MODELOS PARA UM REFRIGERADOR ESPECÍFICO
ANÁLISE TÉRMICA DE REFRIGERADORES
140
A potência liberada pelas resistências elétricas variou entre 0, 15, 30 e
45 W, dependendo do teste.
A taxa de transferência de calor através das paredes foi determinada
empregando-se o conceito de condutância térmica global (UAgab), como indicado
na equação 157.
157
)TT(UATUAQ intextgabgabgab −⋅=∆⋅=& (157)
Correlacionando as equações 156 e 157 com os dados experimentais
obteve-se um valor de 2,03 W/°C para a condutância térmica global, com uma
banda de espalhamento de ±8%. Nos testes com fluxo de calor inverso, esse
parâmetro apresentou um valor igual a 2,09 W/°C (ver seção 3.5.3), dentro,
portanto, da banda de espalhamento dos resultados esperimentais.
5.9 INVENTÁRIO DE MASSA DE FLUIDO REFRIGERANTE
A massa de fluido refrigerante no interior de um sistema de refrigeração
pode ser obtida mediante a adição da massa contida em cada componente com a
massa dissolvida no óleo do compressor.
As regiões consideradas no inventário de massa foram: compressor com
um volume total de 2522 ml e contendo 400 ml de óleo lubrificante, linha de
descarga com volume de 70,1 ml, condensador com volume de 218,6 ml, válvula
de expansão auxiliar, filtro secador e visor de líquido com volume de 57,9 ml,
tubo capilar com volume de 5 ml, evaporador com volume de 291,3 ml,
acumulador de sucção com volume de 58,3 ml e linha de sucção com volume de
57,9 ml.
5 MODELOS PARA UM REFRIGERADOR ESPECÍFICO
ANÁLISE TÉRMICA DE REFRIGERADORES
141
Nas regiões de fase única, a massa de refrigerante (MFU) foi calculada pela
equação 158, utilizando-se a densidade do fluido refrigerante na entrada (ρent) e
na saída (ρsai) da região. 158
2/)(M saientFU ρ+ρ⋅υ= (158)
Nas regiões bifásicas, a massa de fluido refrigerante (MBI) foi obtida por
meio do conceito de fração de vazio (RICE, 1987), como resumido na equação a
seguir (ver seção 4.2.1):
159
xx
dx)]x(1[
xx
dx)x(M
entsai
saix
entxliq
entsai
saix
entxvapBI −
⋅α−⋅ρ+
−
⋅α⋅ρ⋅υ=
∫∫ (159)
A equação 159 foi integrada numericamente por meio do método de
Newton-Cotes (PRESS et. al., 1992), dividindo-se o intervalo de integração em
30 segmentos. Isso garantiu um erro residual da integração inferior a 0,1%.
Na figura 102, mostra-se a fração de vazio como uma função do título,
utilizando três modelos da literatura.
102 - Modelos de fração de vazio
FIGURA 102 - Modelos de fração de vazio
5 MODELOS PARA UM REFRIGERADOR ESPECÍFICO
ANÁLISE TÉRMICA DE REFRIGERADORES
142
Os volumes das regiões bifásicas no condensador e no evaporador foram
determinados pelos modelos de transferência de calor desses componentes. O
volume total de cada componente do circuito foi determinado
experimentalmente, utilizando o procedimento indicado na seção 3.5.2.
A massa de fluido refrigerante dissolvida no óleo (Mdiss) foi avaliada pela
equação 160.
160
)1(MM
MMM
óleodissdissóleo
diss
σ−σ
⋅=⇒+
=σ (160)
A solubilidade do refrigerante no lubrificante (σ) foi avaliada pela
expressão empírica obtida por SILVA (2004), em função da pressão (P) e
temperatura (T) da mistura na carcaça do compressor, considerada igual a
temperatura de descarga. 161
PT10x772,1P10x750,1T10x794,2P10x166,4T10x412,910x000,1
PT10x073,6P10x472,3T10x092,9P10x033,1T10x658,310x162,322223120
52525222
⋅⋅−⋅+⋅+⋅−⋅+
⋅⋅+⋅−⋅−⋅+⋅+−=σ −−−−−
−−−−−−
(161)
Na figura 103, compara-se a carga de fluido estimada pela metodologia
apresentada com os valores experimentais. Os resultados apresentados nesse
gráfico foram obtidos com o modelo de fração de vazio de Hughmark. Pode-se
verificar que existe uma grande diferença entre os resultados, numa banda entre
+20% a -50%. Além do modelo de Hughmark foram testados mais de dez
modelos de fração de vazio, todos com banda de espalhamento dos erros
semelhante, apenas com deslocamento no sentido positivo ou negativo das
diferenças.
103 - Carga de fluido refrigrante no sistema
5 MODELOS PARA UM REFRIGERADOR ESPECÍFICO
ANÁLISE TÉRMICA DE REFRIGERADORES
143
FIGURA 103 - Carga de fluido refrigrante no sistema
5.10 IMPLEMENTAÇÃO COMPUTACIONAL
Os modelos desenvolvidos foram implementados computacionalmente
utilizando-se o software comercial EES (KLEIN, 2004). Esse software apresenta
várias vantagens em relação ao uso direto de uma linguagem de compilação pura,
como o FORTRAN, por exemplo.
O EES disponibiliza um solver robusto e possui uma interface amigável
com bons recursos para análise de problemas na forma gráfica e tabular. Permite
também o cálculo de propriedades termofísicas e termodinâmicas do refrigerante
por meio do REFPROP7 (McLINDEN et. al., 2001), que é um outro pacote
computacional bem aceito pela comunidade técnico-científica da área de
refrigeração. Além disso, possui uma sintaxe computacional bem semelhante à
do FORTRAN, linguagem tradicionalmente empregada na área de ciências
térmicas.
5 MODELOS PARA UM REFRIGERADOR ESPECÍFICO
ANÁLISE TÉRMICA DE REFRIGERADORES
144
Os modelos de cada componente foram implementados empregando-se
procedimentos computacionais independentes, todos integrados em um programa
principal que age como o solver do sistema de equações não-lineares resultante.
ANÁLISE TÉRMICA DE REFRIGERADORES
6 ANÁLISE DOS RESULTADOS
Neste capítulo serão apresentadas algumas análises do refrigerador em
questão, empregando-se o modelo desenvolvido.
Serão apresentadas análises comparativas entre os resultados
experimentais e numéricos para todos os testes realizados. Análises comparativas
mais detalhadas serão apresentadas para os testes em que apenas uma variável
independente foi modificada. Essas comparações representam, na realidade, um
exercício de validação da metodologia desenvolvida.
O desempenho do sistema será também avaliado por meio da variação de
parâmetros característicos de cada componente.
Finalmente, será apresentada uma análise da variação simultânea da
rotação do compressor, da carga de fluido refrigerante e da restrição imposta pelo
dispositivo de expansão sobre a potência consumida pelo compressor. Em todas
as análises, a temperatura do ar no interior do refrigerador foi mantida fixa. O
principal objetivo das análises apresentadas é mostrar as potencialidades de
utilização da metodologia proposta no projeto e/ou no controle de sistemas de
refrigeração.
6.1 PREVISÃO DOS DADOS EXPERIMENTAIS
Os testes experimentais realizados com o refrigerador foram reproduzidos
com o modelo desenvolvido. As condições operacionais e geométricas
empregadas em cada teste foram fornecidas ao programa computacional como
dados de entrada.
6 ANÁLISE DOS RESULTADOS
ANÁLISE TÉRMICA DE REFRIGERADORES
146
O emprego da massa de fluido refrigerante como uma variável de entrada
diminui bastante a concordância entre os resultados experimentais e os
calculados. Isso ocorre devido às limitações do modelo empregado para o
inventário de massa. Dessa forma, optou-se por substituir a massa de fluido
refrigerante pelo grau de superaquecimento como variável de entrada. Esse
procedimento aproximou os resultados numéricos dos experimentais.
Essa substituição fez com que a carga de fluido refrigerante se tornasse
uma variável dependente, calculada pelo programa com um considerável
espalhamento em relação aos dados experimentais.
A partir dos dados de entrada, o programa calcula a pressão e a entalpia
em pontos de conexão dos componentes, o fluxo de massa, a temperatura do ar
no interior do refrigerador, a potência consumida pelo compressor, as
propriedades do fluido, entre outras variáveis.
A temperatura do ar no interior do refrigerador e a potência consumida
pelo compressor são as variáveis que melhor representam o comportamento
térmico do sistema. A figura 104 compara os valores de temperatura interna
obtidos experimentalmente com os calculados pelo programa computacional.
Fica evidente que os desvios dos valores experimentais e os computacionais se
mantiveram dentro da faixa de ±5°C, para a maioria dos testes.
O mesmo tipo de comparação é mostrado na figura 105 para a potência
consumida pelo compressor. Verifica-se, nessa figura, que a maioria dos valores
experimentais foram previstos pelo programa computacional com uma banda de
erro inferior a 10%.
104 - Comparação entre a temperatura interna do refrigerador experimental e calculada
6 ANÁLISE DOS RESULTADOS
ANÁLISE TÉRMICA DE REFRIGERADORES
147
FIGURA 104 - Comparação entre a temperatura interna do refrigerador
experimental e calculada
105 - Comparação entre a potência consumida pelo compressor experimental e calculada
FIGURA 105 - Comparação entre a potência consumida pelo compressor
experimental e calculada
6 ANÁLISE DOS RESULTADOS
ANÁLISE TÉRMICA DE REFRIGERADORES
148
6.2 PREVISÃO DO EFEITO DA VARIAÇÃO DAS VARIÁVEIS
INDEPENDENTES
Em alguns experimentos, apenas uma variável independente foi controlada
(ver seção 3.3). Alguns desses testes serão reproduzidos nesta seção com o
auxílio do programa desenvolvido.
O procedimento é o mesmo da seção anterior, empregando-se as variáveis
experimentais independentes e o grau de superaquecimento como dados de
entrada.
A figura 106 ilustra uma comparação entre os valores medidos e os
calculados para a temperatura do ar no interior do refrigerador e para a potência
consumida pelo compressor em função da carga de fluido refrigerante.
O valor de carga, indicado na abscissa dessa figura, foi calculado por meio
do modelo de inventário de massa acoplado ao modelo de fração de vazio de
Hughmark (MARQUES, 1991). A diferença máxima entre os valores
experimentais e os calculados foi de 5% para a potência consumida e de 2,5°C
para a temperatura do ar no interior do refrigerador. 106 - Modelo vs. Experimento: Variação da carga de refrigerante
FIGURA 106 - Modelo vs. Experimento: Variação da carga de refrigerante
6 ANÁLISE DOS RESULTADOS
ANÁLISE TÉRMICA DE REFRIGERADORES
149
Deve-se, ainda, ressaltar que os testes mostrados, na figura 106, foram
realizados com a válvula de expansão auxiliar totalmente aberta, ou seja, com 14
voltas de abertura. Isso comprova que a metodologia desenvolvida é capaz de
prever as condições de funcionamento do sistema sem o uso da válvula auxiliar,
mesmo tendo sido esta utilizada durante a fase de obtenção dos dados
experimentais.
A figura 107 mostra uma comparação entre os valores medidos e os
calculados para a temperatura do ar no interior do refrigerador e para a potência
consumida pelo compressor em função da variação da rotação do compressor.
Pode-se verificar que o programa estima razoavelmente bem os dados
experimentais, especialmente em baixas rotações. A diferença entre os valores
medidos e os calculados aumenta com a rotação, atingindo, numa rotação em
torno de 4500 rpm, valores da ordem de 1°C e 8W, para a temperatura do ar e
para a potência de compressão, respectivamente.
107 - Modelo vs. Experimento: Variação da rotação do compressor
FIGURA 107 - Modelo vs. Experimento: Variação da rotação do compressor
6 ANÁLISE DOS RESULTADOS
ANÁLISE TÉRMICA DE REFRIGERADORES
150
A figura 108 mostra uma comparação entre os resultados medidos e os
calculados para a temperatura do ar no interior do refrigerador e para a potência
consumida pelo compressor em função da abertura da válvula de expansão
auxiliar. Percebe-se uma boa concordância entre os valores medidos e os
calculados, observando-se diferenças máximas de 9W e de 4,5°C, para a potência
de compressão e para a temperatura do ar no interior do refrigerador,
respectivamente.
108 - Modelo vs. Experimento: Variação da abertura da válvula de expansão auxiliar
FIGURA 108 - Modelo vs. Experimento: Variação da abertura da válvula de
expansão auxiliar
A figura 109 ilustra uma comparação entre os resultados medidos e os
calculados para a temperatura do ar no interior do refrigerador e para a potência
consumida em função da variação da temperatura ambiente. A exemplo das
comparações anteriores, observa-se uma boa concordância entre os valores
medidos e os calculados, notando-se diferenças máximas de 3W e de 2,5°C,
respectivamente, para a potência de compressão e para a temperatura do ar no
interior do gabinete.
109 - Modelo vs. Experimento: Variação da temperatura ambiente
6 ANÁLISE DOS RESULTADOS
ANÁLISE TÉRMICA DE REFRIGERADORES
151
FIGURA 109 - Modelo vs. Experimento: Variação da temperatura ambiente
6.3 PREVISÃO DO EFEITO CAUSADO POR MODIFICAÇÕES NOS
COMPONENTES
Nessa análise, optou-se por explorar modificações dos seguintes
componentes: trocador de calor tubo capilar - linha de sucção, condensador,
evaporador e gabinete.
As modificações introduzidas foram contrabalançadas pela carga de fluido
refrigerante, como forma de manter a temperatura interna constante.
Experimentalmente, é difícil tratá-la como uma variável independente. Uma
opção seria utilizar resistências elétricas no interior do refrigerador, mas isso
descaracterizaria o comportamento global do sistema. Com o programa não há
qualquer problema para a realização desse tipo de análise, como será mostrado a
seguir.
A temperatura do ar no interior do refrigerador foi fixada em -18°C para o
compartimento congelador. Como já mencionado anteriormente, isso
corresponde a uma temperatura média no compartimento refrigerado de
6 ANÁLISE DOS RESULTADOS
ANÁLISE TÉRMICA DE REFRIGERADORES
152
aproximadamente 0°C. A montagem da etapa 1 de testes foi utilizada como
referência (ver tabela 2 da seção 3.3). As variáveis operacionais assumiram os
seguintes valores: rotação do compressor = 4000 rpm; abertura da válvula de
expansão auxiliar = 14 voltas (totalmente aberta); temperatura ambiente = 32°C;
rotação do ventilador = 3200 rpm e aquecimento interno = 0 W (sem carga
térmica adicional).
Como as temperaturas interna e externa foram mantidas fixas, a
capacidade de refrigeração se manteve constante, exceto no caso de variação da
condutância térmica das paredes do refrigerador.
A figura 110 mostra o efeito da variação da efetividade do trocador de
calor tubo capilar-linha de sucção sobre a potência consumida pelo compressor.
Nessa figura mostra-se, também, a variação de carga necessária para manter a
temperatura interna constante. Percebe-se que o aumento da efetividade do
trocador de calor para uma temperatura interna constante exige uma menor carga
de fluido refrigerante e uma menor potência de compressão. Isso ocorre porque o
aumento da efetividade reduz o título do fluido refrigerante na entrada do
evaporador, permitindo que o sistema opere com menor fluxo de massa.
Conseqüentemente, estabelece-se uma menor pressão de evaporação que leva,
então, a uma menor carga de fluido refrigerante e, também, a uma menor
potência de compressão.
A efetividade do trocador de calor pode ser variada mais facilmente pela
variação do comprimento do trocador de calor ou, então, pela variação do
diâmetro da linha de sucção.
110 - Efeito da efetividade do trocador de calor do tubo capilar - linha de sucção
6 ANÁLISE DOS RESULTADOS
ANÁLISE TÉRMICA DE REFRIGERADORES
153
FIGURA 110 - Efeito da efetividade do trocador de calor do tubo capilar - linha
de sucção
A figura 111 mostra o efeito da variação do número de pares de arames do
condensador sobre a potência consumida pelo compressor. A temperatura interna
foi mantida constante mediante a variação da carga de fluido refrigerante no
sistema. Verifica-se que o aumento do número de pares de arames do
condensador para uma temperatura interna constante implica um aumento da
carga de refrigerante e uma diminuição da potência. Deve-se mencionar que o
número de pares de arames do condensador foi variado dentro de uma ampla
faixa de valores e que isso se refletiu num pequeno efeito sobre a potência
consumida, da ordem de 5%. 111 - Efeito do condensador no desempenho do refrigerador
6 ANÁLISE DOS RESULTADOS
ANÁLISE TÉRMICA DE REFRIGERADORES
154
FIGURA 111 - Efeito do condensador no desempenho do refrigerador
A figura 112 mostra o efeito da variação do número de aletas do
evaporador sobre a potência consumida pelo compressor. Verifica-se que o
aumento do número de aletas do evaporador para uma temperatura interna
constante provoca redução na potência de compressão e na carga de fluido
refrigerante. O comportamento observado é do tipo exponencial e assintótico,
sendo mais significativo na região com número de aletas inferior a 40.
112 - Efeito do evaporador no desempenho do refrigerador
6 ANÁLISE DOS RESULTADOS
ANÁLISE TÉRMICA DE REFRIGERADORES
155
FIGURA 112 - Efeito do evaporador no desempenho do refrigerador
A figura 113 mostra o efeito da variação da condutância térmica global
das paredes do refrigerador sobre a potência consumida pelo compressor. Nesse
caso, a temperatura interna foi mantida constante pela variação da carga de fluido
refrigerante no sistema. Pode-se notar que o aumento da condutância das paredes
para uma temperatura interna constante provoca um aumento da potência de
compressão e da carga de fluido refrigerante. 113 - Efeito do isolamento térmico do gabinete
FIGURA 113 - Efeito do isolamento térmico do gabinete
6 ANÁLISE DOS RESULTADOS
ANÁLISE TÉRMICA DE REFRIGERADORES
156
6.4 PREVISÃO DE EFEITOS COMBINADOS
Nas seções anteriores, investigava-se de maneira isolada o efeito de alguns
parâmetros do sistema sobre a potência de compressão sempre mantendo a
temperatura interna constante. Nessa seção, o desempenho do sistema será
avaliado, considerando a variação combinada de: carga de fluido refrigerante,
diâmetro interno do tubo capilar e rotação do compressor. Na prática, esses são
os parâmetros sobre os quais existe uma relativa liberdade de variação, tanto
durante o projeto como durante a operação do sistema.
Esta análise foi realizada com a mesma base de dados da seção anterior, e
com a temperatura interna também mantida constante. O resultado das
simulações deram origem a um mapa de estados, ilustrado na figura 114.
Observando esse mapa, percebe-se que o sistema pode manter a
temperatura interna constante, utilizando diferentes combinações das três
variáveis analisadas, cada uma delas associada a uma potência de compressão
específica. À esquerda da região apresentada, a carga de fluido refrigerante é
insuficiente, causando a entrada de vapor saturado no tubo capilar. À direita
dessa região, a carga de fluido refrigerante é excessiva, inundando o evaporador e
propiciando a passagem de líquido para a linha de sucção. Isso pode gerar
instabilidades nas condições de operação do sistema e também o retorno de
líquido para o compressor.
A rotação do compressor é a variável que mais fortemente afeta a potência
de compressão. Escolher uma rotação para o compressor é similar à escolha da
capacidade para um compressor de rotação fixa. Escolhida uma rotação, o
sistema fica balanceado com combinações específicas de carga de fluido
refrigerante e do diâmetro do tubo capilar. Em cada rotação, a redução do
diâmetro do tubo capilar é acompanhada por um aumento da carga de fluido
refrigerante e da potência de compressão. A escolha de um compressor com
6 ANÁLISE DOS RESULTADOS
ANÁLISE TÉRMICA DE REFRIGERADORES
157
maior rotação possibilita um maior número de combinações da carga de fluido
refrigerante com o diâmetro do tubo capilar. 114 - Mapa de estados do refrigerador
FIGURA 114 - Mapa de estados do refrigerador
Na parte inferior desse gráfico tem-se uma região de minimização da
potência consumida pelo compressor, correspondente a situações de baixa
rotação do compressor, na qual a banda de combinações possíveis de diâmetro do
tubo capilar com a carga de fluido refrigerante é mais restrita.
A figura 114 permite uma visualização dos efeitos combinados de rotação
do compressor, de restrição do dispositivo de expansão e da carga de fluido
refrigerante sobre o desempenho do sistema. Esse resultado é importante para a
análise e para a adequação das condições de operação de sistemas de refrigeração
operando em regime permanente e serve, também, como ponto de partida para o
desenvolvimento de sistemas de controle envolvendo múltiplas variáveis.
ANÁLISE TÉRMICA DE REFRIGERADORES
7 - CONCLUSÕES
Neste trabalho, desenvolveu-se e aplicou-se uma metodologia para a
análise térmica de sistemas de refrigeração por compressão mecânica de vapores,
mais especificamente, para um refrigerador doméstico operando em regime
permanente.
Essa metodologia utiliza informações de cunho experimental combinadas
com uma modelagem fenomenológica, global e paramétrica do sistema. Os dados
experimentais obtidos permitiram a determinação de parâmetros empíricos para
cada um dos componentes do sistema. Os modelos foram implementados de
forma modular, empregando como plataforma o software comercial EES.
Todos os testes experimentais foram simulados fornecendo-se os valores
de 13 variáveis independentes como dados de entrada para o programa. As
diferenças entre os valores experimentais e as previsões do programa
apresentaram uma banda de erro de ±5°C para a temperatura do ar no interior do
refrigerador e de ±10% para a potência de compressão. Nessa análise a carga de
fluido refrigerante foi susbtituída, como variável de entrada, pelo grau de
superaquecimento na saída do evaporador. Essa substituição se fez necessária
devido à baixa precisão dos modelos de fração de vazio existentes na literatura,
quando aplicados ao problema em questão.
Análises foram, também, realizadas mantendo-se todas as variáveis
independentes constantes e variando apenas uma. Tais análises mostraram que o
programa capta razoavelmente bem o efeito de todas as variáveis analisadas.
Após exercícios de validação foram realizadas análises de sensibilidade,
mantendo a temperatura do ar interno fixa e alterando as características de alguns
componentes do sistema. A temperatura interna foi mantida fixa ajustando-se a
carga de fluido refrigerante.
Em síntese, os resultados dessa análise indicaram que com a temperatura
interna mantida constante, tem-se que:
7 - CONCLUSÕES
ANÁLISE TÉRMICA DE REFRIGERADORES
159
a) o aumento da efetividade do trocador de calor tubo capilar - linha de
sucção reduz a potência de compressão com redução da carga de fluido
refrigerante;
b) o aumento do número de pares de arames do condensador reduz a
potência de compressão com aumento da carga de fluido refrigerante;
c) o aumento do número de aletas do evaporador também reduz a potência
de compressão com redução da carga de fluido refrigerante;
d) o aumento da condutância térmica global das paredes do refrigerador
aumenta a potência de compressão com aumento da carga de fluido
refrigerante.
Da mesma forma, estudou-se o efeito combinado da carga de fluido
refrigerante, da restrição do dispositivo de expansão e da rotação do compressor
sobre o desempenho do sistema. Essa análise indicou que existem várias
combinações dos parâmetros considerados que fornecem a mesma temperatura
interna. A região ótima de operação do sistema, em relação à potência consumida
pelo compressor, é aquela que utiliza uma baixa rotação e um diâmetro de tubo
capilar e uma carga de fluido refrigerante que propiciem condições de saturação
tanto na saída do condensador como do evaporador.
Essas análises fornecem subsídios para a aplicação de um sistema de
controle do tipo multivariável, que vise manter a temperatura interna constante
com um menor consumo de energia.
7.1 RECOMENDAÇÕES PARA TRABALHOS FUTUROS
A principal recomendação para continuidade desse trabalho é estendê-lo a
situações de regime transiente, para incluir o processo de partida do refrigerador
e a operação cíclica do compressor. Isso poderá viabilizar, por exemplo, o
desenvolvimento de novas estratégias de controle aplicadas a refrigeradores,
assim como, indicar soluções para questões específicas dos regimes de partida e
7 - CONCLUSÕES
ANÁLISE TÉRMICA DE REFRIGERADORES
160
cíclico de um refrigerador. Para se atingir esse objetivo, será necessário resolver,
primeiramente, as questões relacionadas ao inventário de massa de fluido
refrigerante no circuito.
O trabalho em regime transiente exigirá a determinação das inércias
térmicas do sistema. Isso exigirá tanto uma elaboração teórica mais detalhada e
sofisticada, como o desenvolvimento de procedimentos experimentais
específicos.
Uma outra atividade futura poderá ser a incorporação de uma análise
exergética no modelo desenvolvido. Essa tarefa é oportuna, uma vez que o
comportamento do sistema é adequadamente descrito pelo modelo. Essa análise
poderia ser aplicada por componente, gerando indicadores termodinâmicos dos
pontos críticos do sistema, em relação às eficiências de seus processos
termodinâmicos.
7.2 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A metodologia desenvolvida encontra-se preparada e validada para ser
empregada na análise de outros sistemas de refrigeração que operem com ciclo
de compressão mecânica de vapores, como os da área de refrigeração comercial,
condicionamento de ar ou outros modelos de refrigeradores domésticos ou
similares.
O uso dessa metodologia em outros sistemas passa pela adaptação dos
modelos empregados tanto em termos dos parâmetros empíricos como, em
alguns casos, pela adaptação ou introdução de outros componentes.
Numa nova edição dessa metodologia o volume de informação
experimental necessário será bastante reduzido em virtude do aprendizado obtido
com o presente trabalho.
ANÁLISE TÉRMICA DE REFRIGERADORES
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ANÁLISE TÉRMICA DE REFRIGERADORES
APÊNDICE
Apêndice A - Resultados experimentais de um teste da etapa 1
Variável Unidade Valor Carga de fluido refrigerante [g] 146,4 Rotação do compressor [rpm] 3349 Abertura da válvula de expansão auxiliar [voltas] 6,0 Temperatura do ar no exterior do refrigerador [ºC] 42,6 Rotação do ventilador do evaporador [rpm] 3160 Taxa de aquecimento interno [W] 36,4 Temperatura do ar na gaveta do congelador [ºC] -11,1 Temperatura do ar na prateleira superior do congelador [ºC] -11,6 Temperatura do ar na prateleira inferior do congelador [ºC] -11,8 Temperatura do ar na gaveta superior do refrigerador [ºC] 4,1 Temperatura do ar na prateleira superior do refrigerador [ºC] 13,0 Temp. do ar na prateleira superior média do refrigerador [ºC] 16,3 Temp. do ar na prateleira inferior média do refrigerador [ºC] 15,9 Temperatura do ar na prateleira inferior do refrigerador [ºC] 16,9 Temperatura do ar na gaveta inferior do refrigerador [ºC] 21,7 Temperatura do fluido refrigerante na sucção [ºC] 42,9 Temperatura do fluido refrigerante na descarga [ºC] 100,3 Temperatura do fluido refrigerante na entrada do condensador [ºC] 70,3 Temperatura do fluido refrigerante na saída do condensador [ºC] 53,0 Temperatura do fluido refrigerante na entrada do tubo capilar [ºC] 51,9 Temperatura do fluido refrigerante na entrada do evaporador [ºC] 24,4 Temperatura do fluido refrigerante na saída do evaporador [ºC] -9,1 Pressão do fluido refrigerante na carcaça do compressor [bar] 0,980 Pressão do fluido refrigerante na sucção [bar] 0,981 Pressão do fluido refrigerante na descarga [bar] 17,05 Pressão do fluido refrigerante na entrada do condensador [bar] 16,95 Pressão do fluido refrigerante na saída do condensador [bar] 16,95 Pressão do fluido refrigerante na entrada do capilar [bar] 13,85 Pressão do fluido refrigerante na entrada do evaporador [bar] 1,083 Pressão do fluido refrigerante na saída do evaporador [bar] 1,012 Fluxo de massa de fluido refrigerante [kg/h] 2,896 Potência consumida pelo ventilador do evaporador [W] 9,5 Potência consumida pelo compressor [W] 109,2
APÊNDICE
ANÁLISE TÉRMICA DE REFRIGERADORES
175
Apêndice B - Resultados experimentais de um teste da etapa 2
Variável Unidade Valor Carga de fluido refrigerante [g] 124,0 Rotação do compressor [rpm] 4098 Abertura da válvula de expansão auxiliar [voltas] 6,0 Temperatura do ar no exterior do refrigerador [ºC] 31,9 Rotação do ventilador do evaporador [rpm] 3138 Taxa de aquecimento interno [W] -0,4 Temperatura do ar na gaveta do congelador [ºC] -5,6 Temperatura do ar na prateleira superior do congelador [ºC] -5,2 Temperatura do ar na prateleira inferior do congelador [ºC] -5,3 Temperatura do ar na gaveta superior do refrigerador [ºC] 1,3 Temperatura do ar na prateleira superior do refrigerador [ºC] 6,6 Temp. do ar na prateleira superior média do refrigerador [ºC] 8,6 Temp. do ar na prateleira inferior média do refrigerador [ºC] 10,0 Temperatura do ar na prateleira inferior do refrigerador [ºC] 12,6 Temperatura do ar na gaveta inferior do refrigerador [ºC] 15,3 Temperatura do fluido refrigerante na sucção [ºC] 31,1 Temperatura do fluido refrigerante na descarga [ºC] 75,8 Temperatura do fluido refrigerante na entrada do condensador [ºC] 46,4 Temperatura do fluido refrigerante na saída do condensador [ºC] 40,5 Temperatura do fluido refrigerante na entrada do tubo capilar [ºC] 31,3 Temperatura do fluido refrigerante na entrada do evaporador [ºC] 37,2 Temperatura do fluido refrigerante na saída do evaporador [ºC] -4,3 Pressão do fluido refrigerante na carcaça do compressor [bar] 0,523 Pressão do fluido refrigerante na sucção [bar] 0,540 Pressão do fluido refrigerante na descarga [bar] 11,04 Pressão do fluido refrigerante na entrada do condensador [bar] 10,87 Pressão do fluido refrigerante na saída do condensador [bar] 10,87 Pressão do fluido refrigerante na entrada do capilar [bar] 9,28 Pressão do fluido refrigerante na entrada do evaporador [bar] 0,607 Pressão do fluido refrigerante na saída do evaporador [bar] 0,526 Fluxo de massa de fluido refrigerante [kg/h] 2,040 Potência consumida pelo ventilador do evaporador [W] 9,6 Potência consumida pelo compressor [W] 81,8
APÊNDICE
ANÁLISE TÉRMICA DE REFRIGERADORES
176
Apêndice C - Resultados experimentais de um teste da etapa 3
Variável Unidade Valor Carga de fluido refrigerante [g] 103,0 Rotação do compressor [rpm] 4876 Abertura da válvula de expansão auxiliar [voltas] 9,0 Temperatura do ar no exterior do refrigerador [ºC] 31,6 Rotação do ventilador do evaporador [rpm] 3151 Taxa de aquecimento interno [W] -0,5 Temperatura do ar na gaveta do congelador [ºC] -9,3 Temperatura do ar na prateleira superior do congelador [ºC] -9,5 Temperatura do ar na prateleira inferior do congelador [ºC] -9,9 Temperatura do ar na gaveta superior do refrigerador [ºC] -2 Temperatura do ar na prateleira superior do refrigerador [ºC] 3,9 Temp. do ar na prateleira superior média do refrigerador [ºC] 6,8 Temp. do ar na prateleira inferior média do refrigerador [ºC] 8,3 Temperatura do ar na prateleira inferior do refrigerador [ºC] 10,9 Temperatura do ar na gaveta inferior do refrigerador [ºC] 14,4 Temperatura do fluido refrigerante na sucção [ºC] 36,7 Temperatura do fluido refrigerante na descarga [ºC] 81,3 Temperatura do fluido refrigerante na entrada do condensador [ºC] 49,6 Temperatura do fluido refrigerante na saída do condensador [ºC] 44,4 Temperatura do fluido refrigerante na entrada do tubo capilar [ºC] 43,4 Temperatura do fluido refrigerante na entrada do evaporador [ºC] 35,5 Temperatura do fluido refrigerante na saída do evaporador [ºC] -7,3 Pressão do fluido refrigerante na carcaça do compressor [bar] 0,598 Pressão do fluido refrigerante na sucção [bar] 0,611 Pressão do fluido refrigerante na descarga [bar] 11,46 Pressão do fluido refrigerante na entrada do condensador [bar] 11,25 Pressão do fluido refrigerante na saída do condensador [bar] 11,29 Pressão do fluido refrigerante na entrada do capilar [bar] 10,94 Pressão do fluido refrigerante na entrada do evaporador [bar] 0,699 Pressão do fluido refrigerante na saída do evaporador [bar] 0,609 Fluxo de massa de fluido refrigerante [kg/h] 2,454 Potência consumida pelo ventilador do evaporador [W] 9,7 Potência consumida pelo compressor [W] 96,6
APÊNDICE
ANÁLISE TÉRMICA DE REFRIGERADORES
177
Apêndice D - Resultados experimentais de um teste da etapa 4
Variável Unidade Valor Carga de fluido refrigerante [g] 123,0 Rotação do compressor [rpm] 3816 Abertura da válvula de expansão auxiliar [voltas] 4,0 Temperatura do ar no exterior do refrigerador [ºC] 31,6 Rotação do ventilador do evaporador [rpm] 3155 Taxa de aquecimento interno [W] -0,4 Temperatura do ar na gaveta do congelador [ºC] -6,8 Temperatura do ar na prateleira superior do congelador [ºC] -6,7 Temperatura do ar na prateleira inferior do congelador [ºC] -6,4 Temperatura do ar na gaveta superior do refrigerador [ºC] -1,7 Temperatura do ar na prateleira superior do refrigerador [ºC] 3,6 Temp. do ar na prateleira superior média do refrigerador [ºC] 6,9 Temp. do ar na prateleira inferior média do refrigerador [ºC] 7,8 Temperatura do ar na prateleira inferior do refrigerador [ºC] 11,2 Temperatura do ar na gaveta inferior do refrigerador [ºC] 14,2 Temperatura do fluido refrigerante na sucção [ºC] 31,5 Temperatura do fluido refrigerante na descarga [ºC] 69,6 Temperatura do fluido refrigerante na entrada do condensador [ºC] 47,0 Temperatura do fluido refrigerante na saída do condensador [ºC] 43,6 Temperatura do fluido refrigerante na entrada do tubo capilar [ºC] 37,2 Temperatura do fluido refrigerante na entrada do evaporador [ºC] 35,3 Temperatura do fluido refrigerante na saída do evaporador [ºC] -4,2 Pressão do fluido refrigerante na carcaça do compressor [bar] 0,627 Pressão do fluido refrigerante na sucção [bar] 0,632 Pressão do fluido refrigerante na descarga [bar] 11,47 Pressão do fluido refrigerante na entrada do condensador [bar] 11,30 Pressão do fluido refrigerante na saída do condensador [bar] 11,33 Pressão do fluido refrigerante na entrada do capilar [bar] 9,29 Pressão do fluido refrigerante na entrada do evaporador [bar] 0,711 Pressão do fluido refrigerante na saída do evaporador [bar] 0,626 Fluxo de massa de fluido refrigerante [kg/h] 2,242 Potência consumida pelo ventilador do evaporador [W] 9,6 Potência consumida pelo compressor [W] 84,2
APÊNDICE
ANÁLISE TÉRMICA DE REFRIGERADORES
178
Apêndice E - Resultados experimentais de um teste da etapa 5
Variável Unidade Valor Carga de fluido refrigerante [g] 122,0 Rotação do compressor [rpm] 4685 Abertura da válvula de expansão auxiliar [voltas] 10,0 Temperatura do ar no exterior do refrigerador [ºC] 31,7 Rotação do ventilador do evaporador [rpm] 3138 Taxa de aquecimento interno [W] 96,2 Temperatura do ar na gaveta do congelador [ºC] -8,8 Temperatura do ar na prateleira superior do congelador [ºC] -8,7 Temperatura do ar na prateleira inferior do congelador [ºC] -9,0 Temperatura do ar na gaveta superior do refrigerador [ºC] -1,5 Temperatura do ar na prateleira superior do refrigerador [ºC] 4,3 Temp. do ar na prateleira superior média do refrigerador [ºC] 7,2 Temp. do ar na prateleira inferior média do refrigerador [ºC] 8,5 Temperatura do ar na prateleira inferior do refrigerador [ºC] 11,3 Temperatura do ar na gaveta inferior do refrigerador [ºC] 14,7 Temperatura do fluido refrigerante na sucção [ºC] 34,2 Temperatura do fluido refrigerante na descarga [ºC] 73,3 Temperatura do fluido refrigerante na entrada do condensador [ºC] 47,8 Temperatura do fluido refrigerante na saída do condensador [ºC] 42,2 Temperatura do fluido refrigerante na entrada do tubo capilar [ºC] 40,9 Temperatura do fluido refrigerante na entrada do evaporador [ºC] 36,7 Temperatura do fluido refrigerante na saída do evaporador [ºC] -6,6 Pressão do fluido refrigerante na carcaça do compressor [bar] 0,574 Pressão do fluido refrigerante na sucção [bar] 0,584 Pressão do fluido refrigerante na descarga [bar] 11,21 Pressão do fluido refrigerante na entrada do condensador [bar] 11,03 Pressão do fluido refrigerante na saída do condensador [bar] 11,06 Pressão do fluido refrigerante na entrada do capilar [bar] 10,37 Pressão do fluido refrigerante na entrada do evaporador [bar] 0,665 Pressão do fluido refrigerante na saída do evaporador [bar] 0,581 Fluxo de massa de fluido refrigerante [kg/h] 2,209 Potência consumida pelo ventilador do evaporador [W] 9,6 Potência consumida pelo compressor [W] 92,2
APÊNDICE
ANÁLISE TÉRMICA DE REFRIGERADORES
179
Apêndice F - Resultados experimentais de um teste da etapa 6
Variável Unidade Valor Carga de fluido refrigerante [g] 140,1 Rotação do compressor [rpm] 4505 Abertura da válvula de expansão auxiliar [voltas] 10,5 Temperatura do ar no exterior do refrigerador [ºC] 31,9 Rotação do ventilador do evaporador [rpm] 3144 Taxa de aquecimento interno [W] 45,8 Temperatura do ar na gaveta do congelador [ºC] -12,6 Temperatura do ar na prateleira superior do congelador [ºC] -12,7 Temperatura do ar na prateleira inferior do congelador [ºC] -12,1 Temperatura do ar na gaveta superior do refrigerador [ºC] -3,3 Temperatura do ar na prateleira superior do refrigerador [ºC] 5,1 Temp. do ar na prateleira superior média do refrigerador [ºC] 9,7 Temp. do ar na prateleira inferior média do refrigerador [ºC] 9,8 Temperatura do ar na prateleira inferior do refrigerador [ºC] 10,8 Temperatura do ar na gaveta inferior do refrigerador [ºC] 15,1 Temperatura do fluido refrigerante na sucção [ºC] 36,1 Temperatura do fluido refrigerante na descarga [ºC] 79,9 Temperatura do fluido refrigerante na entrada do condensador [ºC] 53,3 Temperatura do fluido refrigerante na saída do condensador [ºC] 45,9 Temperatura do fluido refrigerante na entrada do tubo capilar [ºC] 44,9 Temperatura do fluido refrigerante na entrada do evaporador [ºC] 33,0 Temperatura do fluido refrigerante na saída do evaporador [ºC] -10,0 Pressão do fluido refrigerante na carcaça do compressor [bar] 0,648 Pressão do fluido refrigerante na sucção [bar] 0,632 Pressão do fluido refrigerante na descarga [bar] 12,71 Pressão do fluido refrigerante na entrada do condensador [bar] 12,60 Pressão do fluido refrigerante na saída do condensador [bar] 12,61 Pressão do fluido refrigerante na entrada do capilar [bar] 12,08 Pressão do fluido refrigerante na entrada do evaporador [bar] 0,791 Pressão do fluido refrigerante na saída do evaporador [bar] 0,710 Fluxo de massa de fluido refrigerante [kg/h] 2,613 Potência consumida pelo ventilador do evaporador [W] 9,6 Potência consumida pelo compressor [W] 105,1
APÊNDICE
ANÁLISE TÉRMICA DE REFRIGERADORES
180
Apêndice G - Resultados experimentais de um teste da etapa 7
Variável Unidade Valor Carga de fluido refrigerante [g] 145,7 Rotação do compressor [rpm] 4506 Abertura da válvula de expansão auxiliar [voltas] 10,0 Temperatura do ar no exterior do refrigerador [ºC] 38,4 Rotação do ventilador do evaporador [rpm] 3118 Taxa de aquecimento interno [W] -0,4 Temperatura do ar na gaveta do congelador [ºC] -11,8 Temperatura do ar na prateleira superior do congelador [ºC] -12,4 Temperatura do ar na prateleira inferior do congelador [ºC] -12,6 Temperatura do ar na gaveta superior do refrigerador [ºC] -0,9 Temperatura do ar na prateleira superior do refrigerador [ºC] 6,0 Temp. do ar na prateleira superior média do refrigerador [ºC] 9,0 Temp. do ar na prateleira inferior média do refrigerador [ºC] 9,4 Temperatura do ar na prateleira inferior do refrigerador [ºC] 11,7 Temperatura do ar na gaveta inferior do refrigerador [ºC] 16,0 Temperatura do fluido refrigerante na sucção [ºC] 38,8 Temperatura do fluido refrigerante na descarga [ºC] 81,9 Temperatura do fluido refrigerante na entrada do condensador [ºC] 57,2 Temperatura do fluido refrigerante na saída do condensador [ºC] 47,2 Temperatura do fluido refrigerante na entrada do tubo capilar [ºC] 45,6 Temperatura do fluido refrigerante na entrada do evaporador [ºC] 33,1 Temperatura do fluido refrigerante na saída do evaporador [ºC] -9,9 Pressão do fluido refrigerante na carcaça do compressor [bar] 0,641 Pressão do fluido refrigerante na sucção [bar] 0,633 Pressão do fluido refrigerante na descarga [bar] 14,15 Pressão do fluido refrigerante na entrada do condensador [bar] 14,09 Pressão do fluido refrigerante na saída do condensador [bar] 14,09 Pressão do fluido refrigerante na entrada do capilar [bar] 12,14 Pressão do fluido refrigerante na entrada do evaporador [bar] 0,767 Pressão do fluido refrigerante na saída do evaporador [bar] 0,704 Fluxo de massa de fluido refrigerante [kg/h] 2,450 Potência consumida pelo ventilador do evaporador [W] 9,6 Potência consumida pelo compressor [W] 102,3
APÊNDICE
ANÁLISE TÉRMICA DE REFRIGERADORES
181
Apêndice H - Resultados experimentais de um teste da etapa 8
Variável Unidade Valor Carga de fluido refrigerante [g] 145,1 Rotação do compressor [rpm] 4504 Abertura da válvula de expansão auxiliar [voltas] 7,0 Temperatura do ar no exterior do refrigerador [ºC] 33,2 Rotação do ventilador do evaporador [rpm] 3132 Taxa de aquecimento interno [W] -0,5 Temperatura do ar na gaveta do congelador [ºC] -7,6 Temperatura do ar na prateleira superior do congelador [ºC] -9,4 Temperatura do ar na prateleira inferior do congelador [ºC] -9,0 Temperatura do ar na gaveta superior do refrigerador [ºC] 5,1 Temperatura do ar na prateleira superior do refrigerador [ºC] 9,4 Temp. do ar na prateleira superior média do refrigerador [ºC] 11,6 Temp. do ar na prateleira inferior média do refrigerador [ºC] 11,2 Temperatura do ar na prateleira inferior do refrigerador [ºC] 12,7 Temperatura do ar na gaveta inferior do refrigerador [ºC] 16,0 Temperatura do fluido refrigerante na sucção [ºC] 30,4 Temperatura do fluido refrigerante na descarga [ºC] 74,1 Temperatura do fluido refrigerante na entrada do condensador [ºC] 48,1 Temperatura do fluido refrigerante na saída do condensador [ºC] 39,2 Temperatura do fluido refrigerante na entrada do tubo capilar [ºC] 35,4 Temperatura do fluido refrigerante na entrada do evaporador [ºC] 36,2 Temperatura do fluido refrigerante na saída do evaporador [ºC] -9,9 Pressão do fluido refrigerante na carcaça do compressor [bar] 0,542 Pressão do fluido refrigerante na sucção [bar] 0,533 Pressão do fluido refrigerante na descarga [bar] 11,45 Pressão do fluido refrigerante na entrada do condensador [bar] 11,37 Pressão do fluido refrigerante na saída do condensador [bar] 11,38 Pressão do fluido refrigerante na entrada do capilar [bar] 9,07 Pressão do fluido refrigerante na entrada do evaporador [bar] 0,673 Pressão do fluido refrigerante na saída do evaporador [bar] 0,604 Fluxo de massa de fluido refrigerante [kg/h] 2,231 Potência consumida pelo ventilador do evaporador [W] 9,7 Potência consumida pelo compressor [W] 91,9