deficiÊncia hÍdrica espacial da bacia hidrogrÁfica … · é uma ferramenta de suma importância...
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1 Mestre agronomia. Professor fundação Educacional de Fernandópolis, CEP 15385-000, Ilha Solteira-SP, Fone: (18)
8122-7569. E-mail: [email protected]. 2 Engenheiro Ambiental. Goiânia-GO, Fone: (62) 8223-3354. E-mail: [email protected]. 3 Doutor em agronomia. Fernandópolis, SP. Fone: (17) 9131-9104. E-mail: [email protected]
DEFICIÊNCIA HÍDRICA ESPACIAL DA BACIA
HIDROGRÁFICA DO RIBEIRÃO SANTA RITA,
NOROESTE ESTADO SÃO PAULO
G. O. Santos1; F. B. Lima
2; L. S. Vanzela
3
RESUMO: Este trabalho objetivou identificar e quantificar as áreas de deficiência hídrica do
solo na bacia hidrográfica do Ribeirão Santa Rita, Noroeste do Estado de São Paulo, que possui
aproximadamente 763 km2. Através do balanço hídrico ponderado da cultura pelo método
Thornthwaite e Mather e com auxílio de ferramentas de geoprocessamento se determinou a
espacialização da deficiência hídrica na bacia hidrográfica. A bacia hidrográfica se caracterizou
com nove meses de deficiência hídrica (abril a dezembro), com 30 a 70 mm em maior parte da
área da bacia hidrográfica o que evidencia o uso de sistemas de irrigação para manter um, duas
ou mais colheitas por ano. Assim, a identificação e quantificação da deficiência hídrica do solo
é uma ferramenta de suma importância para o planejamento hidro-agrícola e ambiental a fim de
criar um zoneamento agrícola na bacia hidrográfica.
PALAVRAS-CHAVE: Balanço hídrico-espacial, SIG, Thornthwaite e Mather.
WATER DEFICIT SPATIAL WATERSHED RIBEIRÃO
SANTA RITA, NORTHWESTERN SÃO PAULO STATE
SUMMARY: This study aimed to identify and quantify the areas of soil water deficit in
the basin of the Ribeirão Santa Rita, northwest of São Paulo, which has approximately
763 km2. Through the water balance of the crop weighted by Thornthwaite and Mather
method and with the aid of GIS tools is determined the spatial distribution of water
deficiency in the watershed. The basin is characterized with nine months of water deficit
(April-December), with 30-70 mm in most areas of the basin, which demonstrates the
use of irrigation systems to keep one, two or more crops per year . Thus, the
identification and quantification of soil water deficit is a most important tool for
planning hydro-agricultural and environment to create an agricultural zoning in the
watershed.
KEYWORDS: Water balance-spatial, GIS, Thornthwaite and Mather
G. O. Santos et al.
INTRODUÇÃO
A indisponibilidade hídrica as culturas, influência negativamente no crescimento e
desenvolvimento das plantas (CASTRO NETO, 2003), além de resultar em perda de
turgescência, fechamento dos estômatos e consequentemente menor produtividade
(HERNANDEZ et al., 2003). De acordo com Marinho (2008), Lima e Santos (2009) e Santos,
Hernandez e Rossetti (2010) a região noroeste paulista é caracterizada por longos períodos de
deficiência hídrica no solo podendo chegar a oito meses, principalmente no período
compreendido entre os meses de julho a outubro. Estes resultados evidenciam a influência
significativa da irregularidade da distribuição da precipitação, o que causa quebra de rendimento
das culturas. A espacialização dos dados de deficiência hídrica no solo tem por finalidade gerar
informações a região além de auxiliar na (1) classificação climática; (2) zoneamento agrícola e
ambiental; (3) a variabilidade espacial e temporal das necessidades hídricas na bacia; (4) o
planejamento sustentável de grandes perímetros irrigados; (5) fornecer subsídios para
instituições privadas e públicas para a elaboração de projetos ambientais e agrícolas e (6) o
planejamento integrado dos recursos hídricos na bacia hidrográfica. Assim, este trabalho
objetivou identificar e quantificar as áreas de deficiência hídrica do solo na bacia hidrográfica
do Ribeirão Santa Rita, Noroeste do Estado de São Paulo.
MATERIAIS E MÉTODOS
O trabalho foi conduzido na bacia hidrográfica do Ribeirão Santa Rita, que compreende os
municípios de Fernandópolis, Estrela d`Oeste, Vitória Brasil, Guarani do Oeste, Turmalina,
Ouroeste e Populina, situados no Noroeste Paulista, com área total de aproximadamente 763
km2, representando 4,8% da Unidade de Gerenciamento de Recursos Hídricos - Turvo/Grande.
A bacia hidrográfica localizada-se na Zona 22 K entre as coordenadas E 546.000 m e N
7.752.000 m, e E 582.000 m e N 7.814.000 m UTM/SAD69. De acordo com Köppen, o é clima
é Aw, tropical úmido, com inverno seco e ameno e verão quente e chuvoso (ROLIM et al.,
2007). O tipo de solo que compreende a bacia hidrográfica é 15,4% de Latossolos (Vermelhos e
Vermelho-Amarelos) e 84,6% de Argissolos (Vermelhos e Vermelho-Amarelos) (OLIVEIRA et
al.,1999). De acordo com Covre, Serro Júnior e Vanzela (2008), o uso e ocupação na bacia
hidrográfica seguem a seguinte distribuição: 461,7 km2 de pastagem (60,5%), 138,9 km
2 de
cana-de-açúcar (18,2%), 80,9 km2 de zonas ripárias (10,6%), 41,2 km
2 de culturas perenes
(5,4%), 16,8 km2 de matas (2,2%), 15,3 km
2 de áreas construídas (área urbana e indústrias)
(2,0%) e 8,4 km2 de culturas anuais (1,1%). Para a elaboração do balanço hídrico ponderado da
cultura pelo método de Thornthwaite e Mather (1955), foram utilizados dados históricos de
Precipitação (P) e Evapotranspiração Potencial (ETP), sendo o primeiro obtido do banco de
dados do Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE) e o segundo do banco de dados do
Centro Integrado de Informações Meteorológicas do Instituto Agronômico de Campinas
(CIIAGRO/IAC). Os dados de P e ETP foram obtidos de oito estações meteorológicas sendo
duas estações em Fernandópolis (B7-005 e B7-019), Estrela d’Oeste (B7-007), Guarani d’Oeste
(B7-014), Populina (A7-001), Jales (B7-008), Macedônia (B7-012) e Ouroeste (A7-003). Os
G. O. Santos et al.
dados de Evapotranspiração da Cultura (ETC) foram determinados a partir do mapa de uso e
ocupação cedido por Covre, Serro Júnior e Vanzela (2008) através do cálculo da multiplicação
entre a evapotranspiração potencial (ETP) e o coeficiente da cultura (kc) determinado por Allen
et al. (1998). Os valores da profundidade efetiva do sistema radicular foram determinados por
Gomes (1997). A capacidade de água disponível foi determinada por Prado (2008) e
posteriormente ponderada para a área de estudo. A representação espacial da deficiência hídrica
no solo foi determinada com auxílio do software ArcView 3.2.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A Figura 1 apresenta a deficiência hídrica espacial para a bacia hidrográfica do Ribeirão
Santa Rita, a qual se caracterizou com precipitação anual média de 1.195 mm. O valor anual
médio de ETP de 1.410 mm, apresentando em média, evapotranspiração de 3,9 mm ao dia. Com
relação a ETC os valor anual médio ponderado para a bacia foi de 1.304 mm, com o maior e
menor valor médio mensal obtidos nos meses de dezembro (149 mm) e junho (60 mm),
respectivamente. A CAD da bacia hidrográfica, determinada por ponderação, resultou em 46
mm. Os meses que registraram precipitações abaixo da média ponderada, a deficiência hídrica
do solo concentrou-se entre 30 a 70 mm, exceto mês de maio que compreendeu de 0 a 10 mm,
devido a precipitação ocorrida e a baixa taxa de evapotranspiração.
De acordo com a espacialização da deficiência hídrica na bacia hidrográfica do Ribeirão
Santa Rita deve-se evitar a semeadura de cultivo de sequeiro, porém, para o dimensionamento
dos sistemas de irrigação esses devem ser os meses-base para os projetos. Com nove meses de
deficiência hídrica mais profunda (abril a dezembro), a bacia hidrográfica compromete o
crescimento e o desenvolvimento das culturas por cultivo de sequeiro, pois a indisponibilidade
hídrica a planta resulta na turgescência, fechamento dos estômatos, redução do crescimento e
consequentemente, quebra de rendimento das culturas (ANTÔNINO et al., 2000), o que acarreta
em “prejuízos” aos produtores que não possuem sistemas de irrigação para suprir a deficiência
hídrica no solo. A irrigação deve ser um sistema integrado e planejado, a fim de garantir a
produção em época de estiagens, viabilizando a exploração agrícola (Marques, et al., 2006). A
produção agrícola é influenciada por vários fatores para manter um bom crescimento e
desenvolvimento, sendo eles, luz, nutrientes e água, onde a água é o fator mais limitante da
produtividade. Estudo realizado comparando a deficiência de água no solo com a produção total
demonstra as perdas que o agricultor possui quando não se tem algum sistema suprir demanda
hídrica no solo são significativas. Posse et al. (2009) apresenta que o município de Campos de
Goytacazes, Norte do Rio de Janeiro, apresentou quebra de produção do mamoeiro (Carica
papaya L.) de 19,69%, devido a redução no fornecimento hídrico de 33,24%, demonstrando a
importância do uso de sistemas de irrigação nos períodos de estiagens para garantir a produção e
as consequenciais da deficiência hídrica no solo, sendo que este fato representa também uma
grande perda socioeconômica.
G. O. Santos et al.
CONCLUSÕES
1- Com a espacialização da deficiência hídrica, demonstra que a bacia hidrográfica do
Ribeirão Santa Rita, passa por nove meses (abril a dezembro) períodos considerados críticos
concentrando-se de 30 a 70 mm, o que compromete o crescimento, desenvolvimento e quebra
de produção das culturas.
2 - Com a caracterização da área de deficiência hídrica e disponibilidade hídrica fica
evidenciando a importância de um zoneamento hidro-agrícola e ambiental, pois esta se encontra
com pouca disponibilidade hídrica para implantação de projetos de irrigação.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Brasileira de Frutificultura, Jaboticabal-SP. v.25, n.1, p.93-95, abril, 2003.
COVRE, L; SERRO JUNIOR, M; VANZELA, L. S. Recursos hídricos superficiais da bacia hidrográfica
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Figura 1. Deficiência hídrica espacial na bacia hidrográfica do Ribeirão Santa Rita.
Janeiro Fevereiro Março
Abril Maio Junho
Julho Agosto Setembro
Outubro Novembro Dezembro
2.5 0 2.5 5 Kilometers
Deficiência hídrica (mm)
0-10
10-20
20-30
30-40
40-50
50-60
60-70
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80-90
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N
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Deficiência hídrica (mm)
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