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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAIacuteBA
CENTRO DE CIEcircNCIAS EXATAS E DA NATUREZA
DEPARTAMENTO DE GEOCIEcircNCIAS
PROGRAMA DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO EM GEOGRAFIA
DAVID LUIZ RODRIGUES DE ALMEIDA
MAPAS MENTAIS PARA O ENSINO DE GEOGRAFIA PRAacuteTICAS E
REFLEXOtildeES EM UMA ESCOLA DE CAMPINA GRANDE - PB
JOAtildeO PESSOA - PB
2015
Fonte Mapas mentais aluno 7 19 30 e grupo 3
Representaccedilatildeo de crianccedilas Daniella Reacutegis
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAIBA
CENTRO DE CIEcircNCIAS EXATAS E DA NATUREZA
DEPARTAMENTO DE GEOCIEcircNCIAS
PROGRAMA DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO EM GEOGRAFIA
DAVID LUIZ RODRIGUES DE ALMEIDA
MAPAS MENTAIS PARA O ENSINO DE GEOGRAFIA PRAacuteTICAS E
REFLEXOtildeES EM UMA ESCOLA DE CAMPINA GRANDE - PB
Dissertaccedilatildeo apresentada como requisito agrave obtenccedilatildeo do
tiacutetulo de Mestre em Geografia pelo Programa de Poacutes-
Graduaccedilatildeo em Geografia da Universidade Federal da
Paraiacuteba (PPGGUFPB) sob a orientaccedilatildeo do Professor Dr
Antonio Carlos Pinheiro
Aacuterea de Concentraccedilatildeo Territoacuterio Trabalho e Ambiente
Linha de Pesquisa Educaccedilatildeo Geograacutefica
JOAtildeO PESSOA - PB
2015
A447m Almeida David Luiz Rodrigues de Mapas mentais para o ensino de geografia praacuteticas e
reflexotildees em uma escola de Campina Grande-PB David Luiz Rodrigues de Almeida- Joatildeo Pessoa 2015
242f il Orientador Antonio Carlos Pinheiro Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - UFPBCCEN 1 Geografia - ensino 2 Cartografia escolar
3 Alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica 4 Mapas mentais 5 Ensino fundamental - anos iniciais
UFPBBC CDU 9137(043)
Aos meus avocircs paternos e padrinhos de batismo Alice Alves e Luiacutes
Laurindo (in memorian) por me ensinarem o valor do trabalho e
acreditarem no meu potencial
Dedico esta assim como as demais conquistas os meus pais Gerusa
Rodrigues e Davy Alves e a minha irmatilde Giovanna Mayda Obrigado
pela paciecircncia pelo incentivo pela forccedila e principalmente pelo
carinho
AGRADECIMENTOS
Agradeccedilo ao meu orientador professor Dr Antonio Carlos Pinheiro pelas cordiais
conversas as leituras sugeridas e correccedilotildees realizadas ao longo das etapas da pesquisa aleacutem
disso a sua amizade e auxiacutelio para a construccedilatildeo desse estudo liccedilotildees que levarei para o resto
da vida
Aos professores e alunos da (poacutes) graduaccedilatildeo em Geografia do Laboratoacuterio de Estudos
e Pesquisas em Educaccedilatildeo Geograacutefica (LEPEG) da Universidade Federal de Goiaacutes em
especial ao professor Denis Richter tutor durante minha estada em Goiacircnia e grande
motivador da pesquisa sobre os mapas mentais
Ao professor Vanilton Camilo pela acolhida em sua casa assim como agrave professora
Odiones de Faacutetima pela gentil recepccedilatildeo em terras goianas Agrave professora Rusvecircnia Luiza por
abrir a porta de sua sala de aula e permitir que aprendesse com ela as potencialidades do
ensino de Geografia nos anos iniciais do Ensino Fundamental
Sou grato tambeacutem as professoras e demais profissionais da escola Luacutecia de Faacutetima
que permitiram a efetivaccedilatildeo dessa pesquisa Aos alunos envolvidos pela alegria cordialidade
e peripeacutecias que deram outro tom as propostas nas aulas de Geografia sujeitos essenciais
desse estudo torccedilo pelo sucesso de cada um deles
Aos potiguaras Luiz Eduardo Djanniacute e Rute por me acolherem em seu apartamento
em algumas ocasiotildees de estudo pelos momentos de diversatildeo e sobretudo pela amizade
Aleacutem deles a turma do mestrado em Geografia da UFPB do ano de 2013 desde os antigos
companheiros de graduaccedilatildeo da UEPB (Jessica Lima Jamerson e Izabelle) aos mais novos
parceiros Um agradecimento especial a Mocircnica Aires ldquoMoniquinhardquo pelas conversas
aconselhamentos e sua disposiccedilatildeo em sempre ajudar
Ao Grupo de Estudos e Pesquisas em Educaccedilatildeo Geograacutefica (GEPEG) da UFPB ao
professor Marcelo de Moura exemplo de profissional e pessoa aos integrantes e amigos
Adeni Alisson as trecircs Anas (Cristina Neacuteri e Paula) David de Abreu Eliane Guibson e
Jilyane Rouse
Aos meus professores da graduaccedilatildeo e de outros momentos de estudo na UEPB
Antonio Albuquerque Arthur Valverde Angelina Maria Jackeline Joatildeo Damasceno e a
professora Josandra Arauacutejo minha primeira orientadora de pesquisa e incentivadora
Aos professores doutores da banca de qualificaccedilatildeo Rafael Straforini e Christianne
Maria que auxiliaram na identificaccedilatildeo das potencialidades e limitaccedilotildees do trabalho com suas
significativas contribuiccedilotildees
Agradeccedilo ao professor Aderson e aos companheiros da escola hulong de kung fu por
ensinar o significado das palavras respeito lealdade honestidade coragem e disciplina
Aos mais novos amigos de Campina Grande que tive o prazer de conhecer nos
uacuteltimos anos Aline Dione Erivaacutegna Gleydson Jessica Santos Mayara e Nemo Obrigado
pela companhia e amizade em especial a Daniella (Dani) por sua alegria contagiante
A minha famiacutelia ao tio Vando grande geoacutegrafo aos meus avocircs maternos Maria Leni
e Joatildeo e a nova geraccedilatildeo dos Rodrigues que aos poucos comeccedilam a seguir na vida acadecircmica
Aos meus amigos de infacircncia Adriel e Rafael agradeccedilo por compreender a minha
ausecircncia nos uacuteltimos tempos pela torcida pelo sucesso no mestrado Estamos juntos
A Capes pelo auxiacutelio financeiro concedido durante a realizaccedilatildeo desse curso А todos
vocecircs que fizeram dessa caminhada uma transiccedilatildeo mais agradaacutevel A palavra mestre nunca
faraacute justiccedila аоs professores e amigos que teratildeo os meus eternos agradecimentos
Se um homem natildeo for forte ele natildeo inspiraraacute respeito Se natildeo for
culto natildeo teraacute firmeza Lealdade e boa-feacute satildeo para ele e para os
amigos que escolhe valores fundamentais Quando erra natildeo hesita
em corrigir o erro
Confuacutecio (551 ndash 479 a C) filoacutesofo chinecircs
RESUMO
Atualmente no Brasil os anos iniciais do Ensino Fundamental eacute composto por cinco anos (1ordm
ao 5ordm ano) Isso resulta segundo a legislaccedilatildeo num maior periacuteodo para a alfabetizaccedilatildeo dos
sujeitos que desde os seis anos de idade devem ingressar na escola Muito se tecircm investido na
alfabetizaccedilatildeo da Liacutengua materna (Portuguecircs) e da Matemaacutetica para a formaccedilatildeo baacutesica dos
alunos ateacute o 3ordm ano Por outro lado pouco se tem discutido sobre a progressatildeo desta
alfabetizaccedilatildeo nos anos subsequente A presenccedila da Geografia no curriacuteculo escolar pode
auxiliar a formaccedilatildeo dos sujeitos sua leitura de mundo ao destacar a alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica
enquanto metodologia que busca pensar o espaccedilo geograacutefico desde o lugar ateacute outras escalas
espaciais Destacamos que a Cartografia Escolar que se dedica a investigar o uso dos mapas
nas praacuteticas de ensino de Geografia atribuem valor na produccedilatildeo e leitura dos mapas
realizados pelos proacuteprios alunos Este potencial eacute encontrado no uso dos mapas mentais
representaccedilotildees livres mas orientadas pelos docentes voltadas a inserccedilatildeo reflexatildeo e leituras
espaciais tratadas na escola Com base nesses apontamentos esta pesquisa objetiva investigar
as potencialidades e limitaccedilotildees do recurso mapa mental para o ensino-aprendizagem de
Geografia com alunos do 4ordm e 5ordm ano do Ensino Fundamental Para isso desenvolvemos a
nossa pesquisa na Escola Luacutecia de Faacutetima Gayoso Meira localizada na cidade de Campina
Grande ndash PB Paralelamente ao uso dos mapas mentais desenvolvemos atividades teoacutericas e
praacuteticas com a finalidade de motivar apresentar construir e refletir noccedilotildees conceituais e
habilidades com uma turma de 4ordm e outra de 5ordm ano Para realizaccedilatildeo desta pesquisa resgatamos
ainda as consideraccedilotildees da gestora escolar professoras e principalmente dos alunos
utilizando questionaacuterios e entrevistas Como resultados percebemos as leituras e
compreensotildees dos alunos em relaccedilatildeo a organizaccedilatildeo de diferentes escalas do espaccedilo
geograacutefico ora voltadas ao seu proacuteprio cotidiano ora aos conteuacutedos ministrados em sala de
aula Identificamos tambeacutem limites no que corresponde ao uso de conteuacutedos
descontextualizados e que se estes saberes natildeo estiverem relacionadas as praacuteticas cotidianas
natildeo haveraacute sentido em apreende-los o que consequentemente poderaacute resultar em retenccedilotildees ou
desmotivaccedilotildees acerca do se aprender Geografia nas escolas
Palavras- chave Ensino de Geografia Cartografia Escolar Alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica
Mapas mentais Anos Iniciais do Ensino Fundamental
ABSTRACT
Currently in Brazil the early years of primary education consists of five years (1st to 5th
grade) This results under the law a longer period for literacy of subjects from the age of six
should enter school Much has been invested in literacy Native language (Portuguese) and
mathematics for basic training of students to the 3rd year Moreover little has been discussed
about the progression of literacy in subsequent years The presence of Geography in the
school curriculum can aid the formation of the subjects their world of reading highlighting
the cartographic literacy as methodology to thinking the geographical space from the place up
other spatial scales We emphasize that the School Cartography which is dedicated to
investigate the use of maps in geography teaching practices attribute value in the production
and reading of maps made by the students themselves This potential is found in the use of
mind maps free representations but guided by teachers aimed at inclusion reflection and
spatial readings treated at school Based on these notes this research aims to investigate the
potential and limitations of the mental map resource for geography teaching and learning with
students of 4th and 5th year of elementary school For this we developed our research in the
School Lucia of Fatima Gayoso Meira in the city of Campina Grande - PB Parallel to the use
of mind maps developed theoretical and practical activities in order to motivate present build
and reflect conceptual notions and skills with a group of 4 and another 5 years For this
research also rescued the considerations of school management teachers and especially the
students using questionnaires and interviews As a result we see the readings and
understandings of the students regarding the organization of different scales of geographic
space now turned to their own daily life sometimes the contents taught in the classroom
Also identified limits corresponding to the use of decontextualized contents and that this
knowledge is not related daily practices there is no sense apprehends them which
consequently may result in withholding or discouragement about learning geography in
schools
Key words Geography Teaching School Cartography Cartographic literacy Mind maps
Years Elementary School Initials
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 - FOCOS TEMAacuteTICOS DE PESQUISAS REALIZADAS NA AacuteREA DE
GEOGRAFIA ESCOLAR (1967 ndash 2003)
35
FIGURA 2 - MAPA VIVENCIAL MAPA DOS CHEIROS 52
FIGURA 3 - MAPA MENTAL DO TRAJETO CASA-ESCOLA 53
FIGURA 4 - MAPA DE LOCALIZACcedilAtildeO DA ESCOLA 83
FIGURA 5 - FACHADA DA ESCOLA MUNICIPAL LUacuteCIA DE FAacuteTIMA
GAYOSO MEIRA
84
FIGURA 6 - MAQUETE MAPA MENTAL CANAL DAS PIABAS 98
FIGURA 7 - CANAL DAS PIABAS EM PROXIMIDADE A ESCOLA 100
FIGURA 8 - PROCESSO DE REALIZACcedilAtildeO DA MAQUETE MENTAL 101
FIGURA 9 - PERSPECTIVAS DE OBSERVACcedilAtildeO DAS FORMAS ESPACIAIS 102
FIGURA 10 - MAPA MENTAL EM PERSPECTIVA VERTICAL REALIZADO
PELO ALUNO 04
105
FIGURA 11 - MAPA MENTAL EM PERSPECTIVA LATERAL REALIZADO
PELO ALUNO 05
111
FIGURA 12 - MAPA MENTAL DO ALUNO 14 COM DESTAQUE A ELEMENTOS
SINCRETICOS
110
FIGURA 13 - USO DAS TOPONIMIAS PELO ALUNO 01 114
FIGURA 14 - USO DE TOPONIMIAS PELO ALUNO 03 115
FIGURA 15 - MAPA MENTAL E A LOCALIZACcedilAtildeO DOS BAIRROS DECAMPINA
GRANDE PELO ALUNO 10
118
FIGURA 16 - MAPA MUDO REALIZADO BRASIL (REGIAtildeO NORDESTE)
REALIZADO PELO ALUNO 07
122
FIGURA 17 - MAPA MUDO DAS MESSOREGIOtildeES DA PARAIacuteBA REALIZADO
PELO ALUNO 01
122
FIGURA 18 - PERCEPCcedilAtildeO SEQUENCIAL DAS MESORREGIOtildeES
GEOGRAacuteFICAS DO ALUNO 08
126
FIGURA 19 - PERCEPCcedilAtildeO CIRCULAR DAS MESORREGIOtildeES GEOGRAacuteFICAS
DO ALUNO 03
127
FIGURA 20 - USO DAS TOPONIacuteMIAS NA CONSTRUCcedilAtildeO DAS MESORREGIOtildeES
DA PARAIacuteBA DO ALUNO 11
130
FIGURA 21 - ORIENTACcedilAtildeO E LOCALIZACcedilAtildeO DAS MESSOREGIOtildeES DA
PARAacuteIBA ALUNO 15
133
FIGURA 22 - USO INDISCRIMINADO DA ESCALA GEOGRAacuteFICA ALUNO 09 136
FIGURA 23 - MAPA MUDO DAS REGIOtildeES DO BRASIL REALIZADO PELO
ALUNO 29
139
FIGURA 24 - DESENVOLVIMENTO DA ATIVIDADE LUacuteDICA BALEADA
GEOGRAacuteFICA
141
FIGURA 25 - PARAcircMETROS PARA ANAacuteLISE DAS SILHUETAS DOS MAPAS
MENTAIS
143
FIGURA 26 - MAPA MENTAL EM FORMATO PROacuteXIMO A REPRESENTACcedilAtildeO
TRADICIONAL DO BRASIL DO ALUNO 41
146
FIGURA 27 - MAPA MENTAL EM FORMA DE BALAtildeO ALUNO 39 147
FIGURA 28 - MAPA MENTAL EM FORMA DE TRIAcircNGULO ALUNO 25 148
FIGURA 29 - APRESENTACcedilAtildeO DAS INFORMACcedilOtildeES EM FORMA DE
LEGENDA ALUNO 48
150
FIGURA 30 - MAPA MENTAL DO ALUNO 24 DESTAQUE AO EXCESSO DE
TOPONIMIAS
152
FIGURA 31 - MAPA MENTAL DO ALUNO 38 DESTAQUE A EXPRESSAtildeO
SINCREacuteTICA
153
FIGURA 32 - MAPA MENTAL DO ALUNO 22 COM DESTAQUE A
LOCALIZACcedilAtildeO DA REGIAtildeO NORTE DO BRASIL
155
FIGURA 33 - MAPA MENTAL DO ALUNO 29 COM DISTORCcedilOtildeES
RELACIONADAS A LOCALIZACcedilAtildeO E ORIENTACcedilAtildeO ESPACIAL
157
FIGURA 34 - MAPA MENTAL DO ALUNO 42 DESTAQUE A LEGIBILIDADE DA
LOCALIZACcedilAtildeO E ORIENTACcedilAtildeO ESPACIAL
158
FIGURA 35 -
MAPA MENTAL DO ALUNO 43 PROBLEMAS NA SELECcedilAtildeO DA
ESCALA GEOGRAFICA
161
FIGURA 36 - MAPA MENTAL DO ALUNO 46 COM DESTAQUE A ESCALA
GEOGRAFICA DAS REGIOtildeES BRASILEIRAS
163
FIGURA 37 - MAPA MUDO DOS ESTAacuteDIOS BRASILEIRO VISITADO
REALIZADO PELO ALUNO 39
166
FIGURA 38 - MAPA MENTAL COM SILHUETA PROacuteXIMA AO DO BRASIL
(GRUPO 7)
170
FIGURA 39 - COMPARACcedilAtildeO ENTRE MAPA EXISTENTE E MAPA MENTAL
(GRUPO 05)
172
FIGURA 40 - MAPA MENTAL COM A UTILIZACcedilAtildeO DE IacuteCONES (GRUPO 10) 175
FIGURA 41 - ARTICULACcedilAtildeO DO USO DE TOPONIacuteMIAS COM A
APRESENTACcedilAtildeO DE IacuteCONES (GRUPO 3)
177
FIGURA 42 - MAPA MENTAL COM DESTAQUE NA ORIENTACcedilAtildeO E
LOCALIZACcedilAtildeO ESPACIAL DA REGIAtildeO CENTRO-OESTE
(GRUPO 6)
179
FIGURA 43 - MAPA MENTAL NA ESCALA GEOGRAacuteFICA BRASIL (GRUPO 4) 183
FIGURA 44 - RELACcedilAtildeO DE ENSINO E APRENDIZAGEM NA ESCOLA 192
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 - ESTRUTURA DA EDUCACcedilAtildeO BAacuteSICA NO BRASIL 26
TABELA 2 - MAPAS MENTAIS PRODUZIDOS DURANTE A PESQUISA 89
TABELA 3 - PERSPECTIVAS ESPACIAIS APRESENTADAS NOS MAPAS
MENTAIS
104
TABELA 4 - USO DAS TOPONIacuteMIAS NOS MAPAS MENTAIS 111
TABELA 5 - RANKING DAS TOPONIacuteMIAS RELACIONADOS AOS BAIRROS DE
CAMPINA GRANDE
111
TABELA 6 - ESCALA GEOGRAacuteFICA EM DESTAQUE NOS MAPAS MENTAIS 119
TABELA 7 - OCORREcircNCIA DAS TOPONIacuteMIAS EXPRESSAS NOS MAPAS
MENTAIS
128
TABELA 8 - OCORREcircNCIA DA UTILIZACcedilAtildeO DA ROSA DOS VENTOS NOS
MAPAS MENTAIS
132
TABELA 9 - ESCALA GEOGRAacuteFICA EM DESTAQUE NOS MAPAS MENTAIS 134
TABELA 10 - PERCEPCcedilOtildeES DA FORMA DO BRASIL DESTACADO NOS MAPAS
MENTAIS
143
TABELA 11 - COEREcircNCIA DAS TOPONIacuteMIAS EXPRESSAS NOS MAPAS
MENTAIS
149
TABELA 12 - NIacuteVEL CORRESPONDENTE Agrave LOCALIZACcedilAtildeO ESPACIAL 154
TABELA 13 - ESCALAS ENCONTRADAS NOS MAPAS MENTAIS 159
TABELA 14 - PERCEPCcedilOtildeES DA FORMA DO BRASIL DESTACADO NOS MAPAS
MENTAIS
168
TABELA 15 - NUacuteMERO DE OCORREcircNCIA DE TOPONIacuteMIAS 173
TABELA 16 - LOCALIZACcedilAtildeO DOS ELEMENTOS ENCONTRADOS NOS MAPAS
MENTAIS
178
LISTA DE QUADROS
QUADRO 1 - OPERACcedilOtildeES MENTAIS PARA O DESENVOLVIMENTO DA
LEITURA DE MAPAS
40
QUADRO 2 - AS NOCcedilOtildeES COMO PROCESSO DE FORMACcedilAtildeO DOS
CONCEITOS CIENTIacuteFICOS
63
QUADRO 3 - HABILIDADES PARA O DESENVOLVIMENTO DOS MAPAS
MENTAIS
91
QUADRO 4 - PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAtildeO CARTOGRAacuteFICA POR MEIO
DOS MAPAS MENTAIS
93
QUADRO 5 - SIacuteNTESE DO TEXTO SOBRE O CANAL DAS PIABAS 99
QUADRO 6 - ORDEM DAS TOPONIacuteMIAS ENCONTRADAS NOS MAPAS
MENTAIS
131
QUADRO 7 - SIacuteNTESE DOS DADOS ENCONTRADOS NOS MAPAS 165
QUADRO 8 - PROPOSTA DAS OFICINAS PEDAGOGICAS PARA CONSTRUCcedilAtildeO
DE NOCcedilOtildeES E HABILIDADES
188
QUADRO 9 - GRAacuteFICO DAS NOCcedilOtildeES GEOGRAacuteFICAS ANALISADAS NOS
MAPAS MENTAIS
189
QUADRO 10 - GRAacuteFICO DAS HABILIDADES DESTACADAS PARA O
DESENVOLVIMENTO DOS MAPAS MENTAIS
190
LISTA DE SIGLAS
CEB Cacircmara de Educaccedilatildeo Baacutesica
CNE Conselho Nacional de Educaccedilatildeo
EF Ensino Fundamental
GO Estado de Goiaacutes
LDB Lei de Diretrizes e Bases
PCN Paracircmetros Curriculares Nacionais
PB Estado da Paraiacuteba
PNAIC Plano Nacional de Educaccedilatildeo na Idade Certa
UFG Universidade Federal de Goiaacutes
UEPB Universidade Estadual da Paraiacuteba
UFPB Universidade Federal da Paraiacuteba
SUMAacuteRIO
INTRODUCcedilAtildeO 18
1 LEITURAS GEOGRAacuteFICAS DE MUNDO HISTOacuteRIAS DE
ALFABETIZACcedilAtildeO CARTOGRAacuteFICA
24
11 SISTEMA EDUCATIVO E ANOS INICIAIS DO ENSINO
FUNDAMENTAL
24
12 GEOGRAFIA NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL 27
13 CARTOGRAFIA ESCOLAR E SEUS CONTEXTOS NO ENSINO DE
GEOGRAFIA
34
131 As propostas de Piaget voltada a Cartografia Escolar 37
14 A CARTOGRAFIA ESCOLAR E OUTRAS INTERPRETACcedilOtildeES PARA O
CONHECIMENTO DO ESPACcedilO
42
141 Percursos dos Mapas Mentais e suas praacuteticas na Educaccedilatildeo Geograacutefica 48
142 Os mapa mentais no ensino-aprendizagem de Geografia 50
2 ITINERAacuteRIO DA PESQUISA E SEUS ENCAMINHAMENTOS
METODOLOacuteGICOS
69
21 CARACTERIZACcedilAtildeO DA METODOLOGIA DA PESQUISA 71
22 PROCEDIMENTOS DA PESQUISA 76
221 Referenciais teoacuterico-metodoloacutegicos 76
222 Instrumentos de Pesquisa 77
223 Os espaccedilos e os sujeitos da pesquisa 81
23 A ANAacuteLISE DOS RESULTADOS 88
231 Da totalidade dos mapas mentais 88
24 AS HABILIDADES E CATEGORIAS DE ANAacuteLISE SELECIONADAS
PARA A PESQUISA
90
241 As categorias de anaacutelise dos mapas mentais 92
3 PROPOSTAS E PRAacuteTICAS ESCOLARES ANAacuteLISES DOS MAPAS
MENTAIS COM OS ALUNOS DO 4ordm ANO
96
31 OFICINA 1 A MAQUETE MENTAL PRAacuteTICA COLETIVA DO
ENSINO-APRENDIZAGEM EM GEOGRAFIA
96
32 MAPA MENTAL 1 CANAL DAS PIABAS 102
33 OFICINA 2 PRAacuteTICAS COM MAPA MUDO (RE) CONSTRUINDO O
MAPA MENTAL DA PARAIacuteBA
120
34 MAPA MENTAL 2 MESORREGIOtildeES DA PARAIacuteBA 123
4 PROPOSTAS E PRAacuteTICAS ESCOLARES ANAacuteLISES DOS MAPAS
MENTAIS COM OS ALUNOS DO 5ordm ANO
137
41 OFICINA 1 USO DOS MAPAS MUDOS E A ldquoBALEADA
GEOGRAacuteFICArdquo NOCcedilOtildeES PRAacuteTICAS E TEOacuteRICAS DE GEOGRAFIA
138
42 MAPA MENTAL 1 MAPA DA MINHA VIDA 142
43 OFICINA 2 MAPA MUDO DA REGIAtildeO CENTRO-OESTE UMA
PROPOSTA DE APROXIMACcedilAtildeO
164
44 MAPA MENTAL 2 MAPA DA REGIAtildeO CENTRO-OESTE 168
5 MAPAS MENTAIS E SUAS POTENCIALIDADES E LIMITACcedilOtildeES
PARA O ENSINO DE GEOGRAFIA
184
51 O PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM DE GEOGRAFIA 184
52 PROPOSTAS DAS OFICINAS O LUacuteDICO E SUAS INTERVENCcedilOtildeES
PARA CONSTRUCcedilAtildeO DOS SABERES
187
53 DOS MAPAS MENTAIS UTILIZADOS EM SALA DE AULA 190
6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 198
REFEREcircNCIAS 202
APEcircNDICES 207
APEcircNDICE I - JORNAL DE PESQUISA 208
APEcircNDICE II ndash QUESTIONAacuteRIO DE PERGUNTAS PARA PROFESSORES 222
APEcircNDICE III ndash PRANCHA PARA MAPA MENTAL 225
APEcircNDICE IV ndash TEXTO CANAL DAS PIABAS 226
APEcircNDICE V ndash MAPA MUDO DA REGIAtildeO NORDESTE 228
APEcircNDICE VI ndash MAPA MUDO DAS MESORREGIOtildeES DA PARAIacuteBA 229
APEcircNDICE VII ndash QUESTOtildeES DA PROVA 230
APEcircNDICE VIII ndash LISTA DE CAPITAIS E ESTADOS 231
APEcircNDICE IX ndash MAPA BRASIL REGIOtildeES 232
APEcircNDICE X ndash ATIVIDADE BALEADA GEOGRAacuteFICA 233
APEcircNDICE XI ndash MAPA MUDO DAS ARENAS E ESTAacuteDIOS DE FUTEBOL 235
ANEXOS 239
ANEXO I ndash FICHA DE ACOMPANHAMENTO DA ESCOLA MUNICIPAL
LUacuteCIA DE FAacuteTIMA GAYOSO MEIRA
240
ANEXO II ndash TERMO DE CONSENTIMENTO 241
18
INTRODUCcedilAtildeO
Para realizar uma pesquisa acadecircmica acredito na necessidade das justificativas
planejamento encaminhamentos obstaacuteculos que potildeem agrave prova a investigaccedilatildeo cientiacutefica
Eacute relevante expor algumas questotildees relacionadas ao percurso do desenvolvimento desta
dissertaccedilatildeo situando o leitor a respeito dos contextos e acontecimentos que levaram a
realizaccedilatildeo desta pesquisa
Meu primeiro contato com os anos iniciais do Ensino Fundamental ocorreu
enquanto professor de atividades luacutedicas (jogo de xadrez) em uma escola municipal por
meio do Programa Mais Educaccedilatildeo no ano de 2010 Nesta eacutepoca se iniciava a construccedilatildeo
de uma agenda de educaccedilatildeo integral nas escolas municipais e estaduais de Campina
Grande ndash PB
Soma-se a esta experiecircncia as atividades desenvolvidas no curso de licenciatura
em Geografia na Universidade Estadual da Paraiacuteba - UEPB campus Campina Grande
No ano de 2011 fui convidado pela Professora Doutora Josandra Arauacutejo Barreto de
Melo a participar de um projeto voltado a formaccedilatildeo de alunos do magisteacuterio na escola
Normal em Campina Grande mediante o uso de recursos geotecnoloacutegicos novas
tecnologias (sites e ou softwares) relacionadas a geociecircncias ou correlatas que auxiliam
estudar a estrutura do espaccedilo geograacutefico
Naquela eacutepoca os estudantes estavam em processo de formaccedilatildeo docente para
ministrar aulas na Educaccedilatildeo Infantil e anos iniciais do Ensino Fundamental Entre as
dificuldades encontradas estava agrave compreensatildeo de conceitos e das propostas do recurso
geotecnoloacutegico para o ensino de Geografia
Diante destes resultados decido organizar uma investigaccedilatildeo sobre o uso do
recurso geotecnoloacutegico para o ensino-aprendizagem de Geografia com alunos dos anos
iniciais do Ensino Fundamental particularmente o 5ordm ano no trabalho de conclusatildeo de
curso Trabalhamos com fotografias desenhos e construccedilatildeo de mapas digitais e
impressos Como resultado foi observado dificuldades no desenvolvimento e leitura dos
recursos cartograacuteficos pelos alunos e a sua pouca utilizaccedilatildeo nas aulas de Geografia
Com o teacutermino da graduaccedilatildeo apresento ao Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em
Geografia da Universidade Federal da Paraiacuteba - UFPB um projeto sobre a importacircncia
da Cartografia Escolar nos anos iniciais do Ensino Fundamental visto que o trabalho
da graduaccedilatildeo demonstrava a necessidade em avanccedilar nessa perspectiva e articulaacute-lo ao
desenvolvimento do ensino de Geografia
19
Ao ingressar no programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Geografia jaacute havia o interesse
em realizar uma pesquisa relacionada agrave Cartografia Escolar entretanto a possibilidade
do uso do mapa mental foi apresentada pelo Professor Doutor Antonio Carlos Pinheiro
orientador deste estudo
Senti-me interessado e sobretudo desafiado em estudar este recurso
aparentemente mais acessiacutevel a alunos e professores O processo de ensino-
aprendizagem de Geografia mediada pelo uso de recursos cartograacuteficos com alunos dos
anos iniciais do Ensino Fundamental o modo como fazemos o meacutetodo de pesquisa
nossa metodologia de trabalho muda consideravelmente Novos dados informaccedilotildees e
experiecircncias de pesquisa possibilitam (re) pensar estrateacutegias para a utilizaccedilatildeo dos mapas
mentais
Durante os anos de 2013 a 2014 realizamos diferentes pesquisas-piloto com
alunos dos anos iniciais principalmente no 5ordm ano tanto na Paraiacuteba como em Goiaacutes no
Coleacutegio de Aplicaccedilatildeo da Universidade Federal de Goiaacutes (UFG) Aleacutem disso houveram
experiecircncias de estaacutegio supervisionado no curso de Pedagogia da UFPB e propostas de
oficinas realizadas com estudantes do curso de Geografia a soma de todos estes
exerciacutecios resultou na produccedilatildeo de 128 mapas mentais
Com base nestas informaccedilotildees esclarecemos que as pesquisas supracitadas
viabilizaram o estudo realizado na Escola Municipal Luacutecia de Faacutetima Gayoso Meira
situado no bairro Lauritzen na cidade de Campina Grande - PB no ano de 2014 O
puacuteblico alvo foram estudantes do 4ordm e 5ordm ano do periacuteodo vespertino a caracterizaccedilatildeo da
escola estudada e dos sujeitos da pesquisa seraacute apresentada mais nitidamente no
segundo capiacutetulo
Esclarecemos que os anos iniciais do Ensino Fundamental correspondem a uma
nova nomenclatura o qual altera o termo seacuteries para anos conforme a Resoluccedilatildeo nordm 3
de 3 de agosto de 2005 do Conselho Nacional de Educaccedilatildeo (CNE) A medida
aumentou o periacuteodo de formaccedilatildeo para as crianccedilas e adolescentes que conforme o art 32
da Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional (LDB) constitui o Ensino
Fundamental obrigatoacuterio de nove anos a partir dos seis anos de idade Com o acreacutescimo
de mais um ano nesta primeira fase do Ensino fundamental podemos dividi-la em dois
ciclos o I ciclo ou ldquociclo da infacircnciardquo (1ordm ao 3ordm ano) e o II ciclo (4ordm e 5ordm ano)
Na atualidade haacute uma crescente preocupaccedilatildeo com a alfabetizaccedilatildeo da Liacutengua
portuguesa e da Matemaacutetica principalmente atraveacutes do Pacto Nacional pela
Alfabetizaccedilatildeo na Idade Certa em todo territoacuterio brasileiro A intenccedilatildeo eacute assegurar a
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todos os alunos ateacute os oito anos final do 3ordm ano uma alfabetizaccedilatildeo de qualidade Mas
acreditamos que nesta fase eacute possiacutevel uma alfabetizaccedilatildeo que evidencie a disciplina
escolar de Geografia
Autores como a Callai (2005) Lessan (2011) e Castrogiovanni amp Costella
(2006) apontam outro tipo de alfabetizaccedilatildeo tambeacutem necessaacuteria a formaccedilatildeo dos sujeitos
como a cartograacutefica Acreditamos que o mundo pode ser lido de diferentes formas entre
elas por intermeacutedio da linguagem cartograacutefica Seu potencial estaacute presente no uso de
mapas em livros didaacuteticos atlas escolar mapas murais maquetes globos terrestres
encontrados nas escolas e satildeo importantes enquanto portadores de uma educaccedilatildeo visual
do espaccedilo geograacutefico
Natildeo se trata de um tema inexplorado tampouco desconhecido no campo da
Geografia As pesquisas relacionadas agrave Cartografia Escolar campo consolidado no
ensino de Geografia investiga o uso da Cartografia para escolares Elas comeccedilam com
as pesquisas de Oliveira (1978) realizada a mais de 30 anos Na eacutepoca a autora jaacute
apresentava algumas criacuteticas relacionadas aos procedimentos do uso de mapas em sala
de aula
Os procedimentos didaacuteticos enfatizavam a coacutepia mecacircnica e a leitura dos
recursos cartograacuteficos geralmente em uma linguagem mais simplificada um recurso
visual quando comparado aos mapas utilizados pelos adultos com suas escalas
simbologias e convenccedilotildees cartograacuteficas Natildeo consideravam a perspectiva cognitiva de
aprendizagem das crianccedilas desenvolvida por Jean Piaget e seus colaboradores e
consequentemente o desenvolvimento mental da noccedilatildeo de espaccedilo (OLIVEIRA 1978)
Em sucessatildeo a esta pesquisa estudiosos sobre a questatildeo da Cartografia Escolar
como Passini (2012) observaram a necessidade de uma accedilatildeo didaacutetica uma proposta
metodoloacutegica procedimental para o estudo do mapa neste aspecto eacute visado agrave
alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica como uma metodologia que possibilita a construccedilatildeo de
conhecimentos procedimentais habilidades e conceitos que agrega significado a leitura
de mundo do aluno
Os estudos de Almeida amp Passini (2010) Castellar (2000) Lessan (2011) entre
outros enfatizam o uso da alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica afirmando a necessidade da
contextualizaccedilatildeo dos conteuacutedos de Geografia para o desenvolvimento de competecircncias
o aprender a apreender a mobilizar as habilidades como verbalizar observar registrar
ler comparar localizar e entender e ainda outras como a persuadir comunicar criar
trabalhar em equipe refletir e interagir
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Apostando no potencial da alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica enquanto uma continuaccedilatildeo
para o processo de ldquoleitura de mundordquo fundamentado por Callai (2005) privilegiamos
o desenvolvimento da produccedilatildeo cartograacutefica a proacuteprio punho com o mapa mental O
mapa eacute uma linguagem de comunicaccedilatildeo utilizada ao longo da histoacuteria por remotas
comunidades e grupos humanos onde se identifica o uso da representaccedilatildeo espacial
(TEIXEIRA 2001 GIRARDI 2005)
Quais as principais dificuldades com o trabalho do uso dos mapas existentes
baseados em uma concepccedilatildeo cartesiana nas salas de aula Os alunos ldquonatildeo gostamrdquo de
mapas acham complicados porque tecircm latitudes longitudes orientaccedilatildeo da rosa dos
ventos escala numeacuterica escala graacutefica matemaacutetica Quando o mapa se livra deste
rigor cientiacutefico o aluno comeccedila a ver o mapa como algo mais proacuteximo dele que pode
ser construiacutedo realizado a partir dos seus conhecimentos embora natildeo deva se restringir
a eles
As discussotildees estabelecidas por Teixeira (2001) indicam as particularidades da
percepccedilatildeo estabelecida por cada indiviacuteduo Enfatiza poreacutem que estas representaccedilotildees
baseadas na realidade ou idealizadas advecircm do campo do simboacutelico da apreensatildeo dos
significados que em muitos casos natildeo satildeo decifrados pela razatildeo As imagens espaciais
satildeo construiacutedas neste processo e foram denominados por mapas cognitivos mapas
conceituais e atualmente mapas mentais
Quando recorremos ao uso destes mapas mentais enquanto recurso didaacutetico para
o ensino de Geografia Richter (2010 p 27) esclarece que ele
[] eacute analisado como um recurso que permite a construccedilatildeo de uma expressatildeo
graacutefica mais livre tendo a perspectiva de que o estudante possa transpor para
esta representaccedilatildeo espacial os conteuacutedos geograacuteficos aprendidos ao longo da
educaccedilatildeo baacutesica Assim aleacutem de utilizar a fala a escrita a imagem ou o
proacuteprio mapa convencional tradicional o aluno teraacute a oportunidade de
apresentar num mapa mental suas interpretaccedilotildees a respeito de um
determinado lugar provenientes de leituras mais cientiacuteficas da realidade
Ao realizarmos nossas experiecircncias com as pesquisas-piloto desenvolvemos a
seguinte hipoacutetese o mapa mental pode auxiliar os alunos a desenvolver natildeo apenas uma
representaccedilatildeo do espaccedilo geograacutefico mas uma habilidade consciente do ato de mapear
aleacutem de uma leitura de mundo que desenvolva a compreensatildeo e reconhecimento do
aluno como sujeito soacutecio-histoacuterico e cultural
Estudamos propostas metodoloacutegicas que possibilitem a aprendizagem de
Geografia Aprendizagem que consideramos aqui como sinocircnimo da capacidade do
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ensinar-apreender entre os sujeitos baseado no diaacutelogo que estabelece a relaccedilatildeo entre os
conhecimentos cientiacuteficos e cotidianos como considera Vigotski (1998) e Bakhtin
(2012) Pensamos que aleacutem da aquisiccedilatildeo do conhecimento e habilidades os mapas
mentais possibilitam construir atitudes e valores virtudes assentadas na solidariedade
humana e toleracircncia ao proacuteximo constituindo sua identidade e a formaccedilatildeo da cidadania
Entendemos que a proposta da pesquisa eacute auxiliar o trabalho de professores na
praacutetica da docecircncia enfatizando a importacircncia dos conhecimentos geograacuteficos
construiacutedos pelos alunos dos anos iniciais do Ensino Fundamental consequentemente a
proposta auxilia o trabalho dos professores de Geografia que acolhem estes alunos nos
anos subsequentes a partir do 6ordm ano anos finais do Ensino Fundamental
Com base nessas ideias temos como principal objetivo investigar as
potencialidades e limitaccedilotildees do recurso mapa mental para o ensino-aprendizagem de
Geografia com alunos do 4ordm e 5ordm ano dos anos iniciais do Ensino Fundamental Nossos
objetivos especiacuteficos satildeo
Diagnosticar as dificuldades referentes ao domiacutenio de habilidades e noccedilotildees
cartograacuteficas dos alunos dos anos iniciais do Ensino Fundamental realizando
uma anaacutelise dessas dificuldades
Pesquisar o mapa mental mediante situaccedilotildees de ensino-aprendizagem que
conduzam a reflexatildeo sobre a espacialidade
Apresentar atividades que permitam desenvolver habilidades e noccedilotildees
conceituais para os alunos atraveacutes do desenvolvimento de mapas mentais e que
possam auxiliar as aulas de Geografia dos professores dos anos iniciais do
Ensino Fundamental
Propor orientaccedilotildees que auxiliem o professor desta fase a trabalharem com os
mapas mentais junto ao puacuteblico dos anos iniciais do Ensino Fundamental
Ao realizarmos nossos experimentos observamos a dificuldade em representar o
espaccedilo geograacutefico considerando elementos como agrave perspectiva do acircngulo de visatildeo
orientaccedilatildeo e localizaccedilatildeo espacial por exemplo Em virtude disso criamos estrateacutegias
metodoloacutegicas recursos de apoio e categorias de anaacutelise as quais consideramos
importantes para o processo de alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica Com a intenccedilatildeo de atingir os
objetivos propostos estruturamos essa pesquisa em cinco capiacutetulos
O primeiro capiacutetulo intitulado ldquoLeituras geograacuteficas de mundo histoacuterias de
alfabetizaccedilatildeo cartograacuteficardquo trata da pertinecircncia do ensino de Geografia nos anos
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iniciais do Ensino Fundamental indica os principais avanccedilos sobre a alfabetizaccedilatildeo e de
sua relaccedilatildeo com a Cartografia Escolar Procura aleacutem disso apresentar o surgimento das
praacuteticas com os mapas mentais e algumas propostas relacionadas ao seu uso para a
pesquisa e ensino da Geografia
O segundo capiacutetulo ldquoItineraacuterio da pesquisa e seus encaminhamentos
metodoloacutegicosrdquo esclarece os procedimentos para a realizaccedilatildeo da pesquisa ressaltando
sua metodologia (de caraacuteter qualitativo) caracterizando os espaccedilos e sujeitos da
pesquisa Apontamos ainda nossa revisatildeo bibliograacutefica para a construccedilatildeo da dissertaccedilatildeo
e os instrumentos para realizaccedilatildeo da pesquisa
No terceiro capiacutetulo ldquoPropostas e praacuteticas escolares anaacutelises dos mapas
mentais com os alunos do 4ordm anordquo e no quarto capiacutetulo ldquoPropostas e praacuteticas
escolares anaacutelises dos mapas mentais com os alunos do 5ordm anordquo satildeo apresentadas e
analisadas as praacuteticas desenvolvidas em forma de oficinas pedagoacutegicas e os mapas
mentais utilizados em cada uma das turmas Procuramos discutir a importacircncia do
ensino de Geografia e quais as relaccedilotildees encontradas na construccedilatildeo das representaccedilotildees
dos alunos
O quinto capiacutetulo ldquoMapas mentais e suas potencialidades e limitaccedilotildees para o
ensino de Geografiardquo analisamos as entrevistas efetivadas com os alunos do 4ordm e 5ordm
ano e a apresentaccedilatildeo da resposta dos questionaacuterios respondidos pelas professoras que
expotildeem suas concepccedilotildees sobre o uso dos mapas mentais e das oficinas para as
propostas de ensino de Geografia
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1 LEITURAS GEOGRAacuteFICAS DE MUNDO HISTOacuteRIAS DE
ALFABETIZACcedilAtildeO CARTOGRAacuteFICA
Este capiacutetulo estaacute dedicado agrave compreensatildeo sobre o que se entende atualmente
por anos iniciais do Ensino Fundamental (EF) para isso recorremos agraves leis que
alicerccedilam o sistema educativo no Brasil Prosseguimos com a apresentaccedilatildeo do ensino de
Geografia e sua importacircncia nos primeiros anos de escolarizaccedilatildeo
Em seguida o leitor eacute convidado a entender os contextos que influenciaram a
criaccedilatildeo do eixo de pesquisa e estudo chamado de Cartografia Escolar aleacutem disso suas
contribuiccedilotildees para a alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica e leitura de mundo dos alunos Mediante
estes apontamentos apresentamos recentes praacuteticas escolares que destacam o uso dos
mapas mentais enquanto um recurso didaacutetico que pode auxiliar as praacuteticas de ensino-
aprendizagem de Geografia
11 SISTEMA EDUCATIVO E ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL
Atualmente no Brasil a escolarizaccedilatildeo eacute obrigatoacuteria a partir dos seis anos de
idade O curriacuteculo escolar estaacute organizado em nove anos natildeo mais em oito seacuteries
Mudanccedilas no sistema educativo ocorrem desde 1930 quando se pensou pela primeira
vez um programa de poliacutetica educacional para o Brasil legitimado pela nova
Constituiccedilatildeo Federal do Brasil (1934)1 Mudanccedilas significativas para a compreensatildeo do
atual Ensino Fundamental ocorreram nas uacuteltimas deacutecadas as quais satildeo destacadas
Lei nordm 4024 de 20 de dezembro de 19612ndash estabeleceu quatro anos de Ensino
Fundamental
Lei nordm 5692 de 11 de agosto de 19713 - obrigatoriedade do Ensino Fundamental
de oito anos que ficou conhecido como 1ordm e 2ordm grau e posteriormente como
Ensino Fundamental I e II e
Art 32 da LDB (1996) firmada pela resoluccedilatildeo CNE CEB nordm de 0308 2005
oferece o Ensino Fundamental gratuito e obrigatoacuterio com duraccedilatildeo de nove anos
1Mais informaccedilotildees disponiacuteveis em
httpportalmecgovbroption=com_contentampview=articleampid=2ampItemid=171gt acesso em 22 01
2014 2 Disponiacutevel em httpwwwplanaltogovbrccivil_03leisl4024htmgt acesso em 22 01 2014 3 Disponiacutevel em httpwww010dataprevgovbrsislexpaginas4219715692htmgt acesso em 22 01
2014
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caracterizado por duas etapas anos iniciais do EF (1ordm ao 5ordm ano) e anos finais
do EF (6ordm ao 9ordm ano)
No seacuteculo XXI o sistema de ensino brasileiro tem como uma das preocupaccedilotildees
o mundo do trabalho e a praacutetica social4 A escolarizaccedilatildeo divide-se em duas etapas
Educaccedilatildeo Baacutesica ndash formada pela Educaccedilatildeo Infantil Ensino Fundamental e Ensino
Meacutedio ndash e Educaccedilatildeo Superior como consta na Lei de Diretrizes e Bases ndash LDB (1996)
nordm 9394 art 21 inciso I e II
De acordo com a LDB (1996) eacute evidente que o conhecimento dos discentes eacute
construiacutedo ao longo do tempo escolar durante a Educaccedilatildeo Baacutesica e possivelmente no
decorrer da Educaccedilatildeo Superior Ao ingressar nos anos iniciais do EF a crianccedila pode ter
passado ou natildeo por uma creche e ou uma escola de Ensino Infantil visto que natildeo satildeo
obrigatoacuterios para formaccedilatildeo escolar brasileira5 Qualquer que seja o caso o aluno possui
conhecimentos e desenvolveu algumas habilidades antes de iniciar os anos iniciais do
EF seja na Educaccedilatildeo Infantil ou junto agrave famiacutelia
Um dos avanccedilos mais recentes na compreensatildeo do iniacutecio do processo de
escolarizaccedilatildeo foi aumentar um ano letivo nos anos iniciais do EF Segundo o
documento ldquoEnsino Fundamental de nove anos passo a passo do processo de
ampliaccedilatildeordquo (BRASIL 2009 p 05) a justificativa para esse aumento no Ensino
Fundamental eacute relativa a trecircs objetivos
a) Melhorar as condiccedilotildees de equidade e de qualidade da Educaccedilatildeo Baacutesica
b) Estruturar um novo ensino fundamental para que as crianccedilas prossigam
nos estudos alcanccedilando maior niacutevel de escolaridade
c) Assegurar que ingressando mais cedo no sistema de ensino as crianccedilas
tenham um tempo mais longo para as aprendizagens da alfabetizaccedilatildeo e
do letramento (BRASIL 2009 p 05)
A primeira observaccedilatildeo a respeito dos trecircs objetivos expostos eacute considerar que a
equidade ou seja a idade correspondente para cada ano escolar esteja em acordo com
proposta da Resoluccedilatildeo CNE CEB nordm 3 03082005 evitando a retenccedilatildeo (reprovaccedilatildeo) do
aluno nos anos iniciais do EF O parecer CNECEB ndeg 7 de 09072007 explica que a
duraccedilatildeo do Ensino Fundamental de nove anos necessita ser pensada pelos educadores
como uma fase de adequaccedilatildeo do Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico para a busca do sucesso
4 Lei 9 394 de 20 de dezembro de 1996 Art 1ordm sect 2ordm 5Segundo a Seccedilatildeo II ldquoDa Educaccedilatildeo Infantilrdquo da LDB arts 29 a 30 eacute garantido pelo municiacutepio a primeira
etapa da educaccedilatildeo baacutesica natildeo obrigatoacuteria para crianccedilas de quatro a seis anos de idade A fase da
educaccedilatildeo infantil natildeo eacute constituiacuteda por uma avaliaccedilatildeo com objetivos de promoccedilatildeo mas do
desenvolvimento fiacutesico psicoloacutegico intelectual e social como consta na lei (BRASIL 2010)
26
escolar dito isso o mesmo documento aponta que reter o aluno durante os anos iniciais
do EF pode resultar na ideia de retrocesso fracasso escolar e gerar desistecircncias por
parte dos alunos (como observado na tabela 01)
TABELA 1 ESTRUTURA DA EDUCACcedilAtildeO BAacuteSICA NO BRASIL
EDUCACcedilAtildeO BAacuteSICA
Educaccedilatildeo
Infantil
Anos iniciais do Ensino Fundamental Anos
finais
do EF
Ensino
Meacutedio I ciclo ou ldquociclo da
infacircnciardquo
II ciclo
Etapa Inf 1 Inf 2 1ordm 2ordm 3ordm 4ordm 5ordm 6ordm ao 9ordm 1ordm ao 3ordm
Idade
4 5 6 7 8 9 10 11 aos
14
15 aos
17
Fonte Resoluccedilatildeo CNE CEB nordm 3 03082005 e CNECEB ndeg 7 de 09072007
Como observado na tabela 1 eacute facultado aos sistemas escolares estruturar os
anos iniciais do EF em ciclos de aprendizagem ndash I ciclo ou ldquociclo da infacircnciardquo (1ordm 2ordm e
3ordm ano) e II ciclo (4ordm e 5ordm ano) ndash utilizando a progressatildeo continuada (BRASIL 2009)
Estruturas como as do apoio pedagoacutegico no contra turno de estudo eacute uma das estrateacutegias
para reduccedilatildeo das dificuldades dos alunos e da sua progressatildeo
Outra estrateacutegia eacute o Pacto Nacional pela Alfabetizaccedilatildeo na Idade Certa6 ele eacute um
programa governamental que enfatiza os domiacutenios baacutesicos da leitura escrita e caacutelculo o
objetivo eacute alfabetizar todas as crianccedilas de seis a oito anos de idade periacuteodo relacionado
ao primeiro ciclo O plano tambeacutem investe na formaccedilatildeo continuada de professores que
atuam no primeiro ciclo (1ordm 2ordm e 3ordm ano) da rede baacutesica de ensino atraveacutes de uma
associaccedilatildeo com as universidades federais
Por fim eacute observado que as poliacuteticas educacionais entendem que o aluno de seis
anos jaacute estaacute apto para aprender os conceitos da alfabetizaccedilatildeo letramento7 do
conhecimento loacutegico-matemaacutetico da reflexatildeo e do desenvolvimento psicomotor
Garantir nove anos no Ensino Fundamental eacute possibilitar que o processo de ensino-
aprendizagem comece antes valorizando o processo de alfabetizaccedilatildeo e letramento
constituiacutedos por uma linguagem global que ultrapassa a escrita convencional
6 Para mais informaccedilotildees acessar httppactomecgovbrindexphplt acessado em 02032015 7Entendemos o letramento com uma praacutetica escolar correspondente a leitura e escrita da Liacutengua materna
(portuguesa) e estabelecimento dessa cultura na vida das crianccedilas ou seja do haacutebito do ler e escrever
27
(CALLAI 2005) Aleacutem disso possibilitar uma passagem tranquila entre a educaccedilatildeo
infantil e os anos iniciais do EF
Observa-se entretanto a inexistecircncia de uma poliacutetica nacional de alfabetizaccedilatildeo
para o segundo ciclo e do prosseguimento da linguagem aprendida Outros objetivos
para o Ensino Fundamental como ldquoa compreensatildeo do ambiente natural e social do
sistema poliacutetico da tecnologia das artes e dos valores que se fundamenta a sociedaderdquo
satildeo encontrados no Art 32 Inciso II da LDB (BRASIL 2010 p 47) Neste ponto
buscamos refletir sobre as contribuiccedilotildees do ensino de Geografia Procuramos apontar
alguns caminhos do ensino de Geografia no toacutepico a seguir aproximando-o de uma
concepccedilatildeo de alfabetizaccedilatildeo para aprendizagem do espaccedilo geograacutefico
12 GEOGRAFIA NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL
As praacuteticas escolares voltadas ao processo de ensino-aprendizagem de Geografia
nos anos iniciais do EF requerem pressupostos baacutesicos que auxiliam o professor nesta
etapa de ensino dessa forma a disciplina pode permitir o alcance dos objetivos
educacionais O processo de alfabetizaccedilatildeo e letramento da liacutengua portuguesa da crianccedila
a alfabetizaccedilatildeo geograacutefica (com os conceitos e princiacutepios da Geografia) alfabetizaccedilatildeo
cartograacutefica (por meio da Cartografia Escolar) e as tendecircncias do ensino (teorias
cognitivas) compotildeem os principais pressuposto para a Geografia
Refletir sobre o ensino-aprendizagem da Geografia nos anos iniciais do EF
tomando como referecircncia tais pressupostos possibilitaraacute a accedilatildeo do professor a mediar agrave
aprendizagem da construccedilatildeo de conceitos geograacuteficos Dessa forma a Geografia seraacute
um conhecimento uacutetil e contextualizado agraves praacuteticas cotidianas dos alunos
desenvolvendo habilidades como localizaccedilatildeo orientaccedilatildeo compreensatildeo da relaccedilatildeo entre
diferentes escalas geograacuteficas aspectos da sociedade e transformaccedilatildeo da natureza
construindo os fundamentos dessa disciplina
A alfabetizaccedilatildeo nos anos iniciais do EF deve considerar as experiecircncias
anteriores dos alunos tanto os conhecimentos adquiridos junto agrave famiacutelia como os
voltados a Educaccedilatildeo Infantil quando a tiver Mas eacute durante o Ensino Fundamental que
haveraacute o iniacutecio de outras teacutecnicas de interpretaccedilatildeo Explica Mendes (2010 p 47) que
ldquopor meio da leitura e da escrita a crianccedila comeccedila gradativamente a se apropriar dos
conhecimentos historicamente construiacutedos pela humanidaderdquo e eacute na escola na maioria
dos casos que a aprendizagem dessas teacutecnicas se realizaraacute
28
Lessan (2011 p 40) afirma que a alfabetizaccedilatildeo eacute um processo complexo longo
e contiacutenuo aleacutem disso a autora destaca que ldquoa tarefa essencial para o professor do
iniacutecio do Ensino Fundamental I eacute ajudaacute-lo [o aluno] a desenvolver o potencial de
expressatildeo oral e enriquecer o vocabulaacuterio antes de ensinar a escreverrdquo portanto a
alfabetizaccedilatildeo natildeo se limita aos primeiros anos do EF mas acompanha o curriacuteculo
escolar durante toda a Educaccedilatildeo Baacutesica
Acreditamos que a linguagem envolve um conteuacutedocontextotema que em
muitos casos eacute perdido pela natildeo compreensatildeo do significado das outras ciecircncias aleacutem
da liacutengua portuguesa no processo de alfabetizaccedilatildeo Borba amp Oliveira (2012 p 119 -
120) afirmam que entre os alunos do curso de Pedagogia eacute comum a compreensatildeo da
Geografia enquanto disciplina de memorizaccedilatildeo enumeraccedilatildeo classificatoacuteria e descritiva
ademais em muitos casos esses alunos ldquo[] apresentam dificuldades de entendimento
dos conceitos e procedimentos baacutesicos []rdquo da ciecircncia geograacutefica Perceber a Geografia
enquanto uma disciplina enciclopeacutedica diminui portanto a perspectiva de um trabalho
que agregue significado a palavra aprendida
Por outro lado natildeo eacute novidade para a educaccedilatildeo as contribuiccedilotildees da Geografia no
processo didaacutetico Os Paracircmetros Curriculares Nacionais (PCN) de Geografia para os
anos iniciais do EF contribuem para a compreensatildeo dessa ciecircncia realizando um resgate
histoacuterico epistemoloacutegico aleacutem de contribuir com orientaccedilotildees teoacuterico-metodoloacutegicas da
Geografia para o ensino explica Borba amp Oliveira (2012) Os PCN (BRASIL 1997 p
74) entendem que
A Geografia estuda as relaccedilotildees entre o processo histoacuterico que regula a
formaccedilatildeo das sociedades humanas e o funcionamento da natureza por meio
da leitura do espaccedilo geograacutefico e da paisagem [] a Geografia tem que
trabalhar com diferentes noccedilotildees espaciais e temporais bem como com os
fenocircmenos sociais culturais e naturais que satildeo caracteriacutesticos de cada
paisagem para permitir uma compreensatildeo processual e dinacircmica de sua
constituiccedilatildeo
Como parte do curriacuteculo escolar a Geografia pode auxiliar na alfabetizaccedilatildeo do
aluno pois de acordo com Straforini (2008 p 120)
[] eacute um meio de enriquecer o processo de alfabetizaccedilatildeo porque eacute no espaccedilo
geograacutefico que as crianccedilas tecircm as muacuteltiplas possibilidades da realidade Eacute
nele que a vida se faz Assim eacute no espaccedilo geograacutefico que as crianccedilas buscam
e encontram os siacutembolos e os seus significados
Autores como Straforini (2008) Mendes (2010) Lessan (2011) Castrogiovanni
amp Costella (2006) concordam que a alfabetizaccedilatildeo natildeo se limita a decifrar o coacutedigo da
liacutengua materna mas na possibilidade de relacionaacute-la a tomada de decisotildees referentes ao
29
espaccedilo geograacutefico A relaccedilatildeo entre a alfabetizaccedilatildeo e o ensino de Geografia eacute entendida
por diferentes sinocircnimos ldquoAlfabetizaccedilatildeo em Geografiardquo como destaca Castellar (2000)
ldquoAlfabetizaccedilatildeo espacialrdquo retratado por Callai (2005) ou ainda ldquoAlfabetizaccedilatildeo
Geograacuteficardquo explicado por Borba amp Oliveira (2012)
A alfabetizaccedilatildeo geograacutefica aproxima os conteuacutedos temas e conceitos da
Geografia com uma leitura que natildeo se restringe aos procedimentos de escrita e leitura
textual ldquo[] tem por objetivo formar para a cidadania a partir dos elementos proacuteximos
do aluno e das interfaces local-globalrdquo (BORBA amp OLIVEIRA 2012 p 128)
Jaacute a constituiccedilatildeo da Alfabetizaccedilatildeo Geograacutefica por sua vez surge como processo
de ldquoalfabetizaccedilatildeo cartograacuteficardquo que ldquo[] permite uma alfabetizaccedilatildeo geograacutefica mais
eficiente mediante o desenvolvimento das habilidades operatoacuterias tiacutepicas do trabalho de
representaccedilatildeo graacutefica [uso da linguagem cartograacutefica]rdquo (CASTELLAR 2000 p 29)
Quando relacionamos essas trecircs concepccedilotildees de Alfabetizaccedilatildeo (Alfabetizaccedilatildeo da
liacutengua alfabetizaccedilatildeo geograacutefica e alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica) nos anos iniciais do EF
ampliamos a possibilidade de uma aprendizagem que considera o mundo e seu contexto
geograacutefico e histoacuterico Isto por sua vez ultrapassa a ideia da leituraescrita como
habilidade mecacircnica a alfabetizaccedilatildeo do ler e escrever (inclusive por mapas) eacute um meio
para a desenvolvimento do espiacuterito de cidadania e na reflexatildeo sobre o quecirc por quecirc e
para que se lecirc e escreve
Como eixo de articulaccedilatildeo entre as concepccedilotildees destacadas no paraacutegrafo anterior
destacamos Callai (2005) que reflete sobre o exerciacutecio de alfabetizaccedilatildeo pelas crianccedilas
nomeando o processo de ldquoleitura de mundordquo Os estudos de Callai (2005 2013)
consideram a importacircncia da clareza do professor ao ensinar Geografia apontando trecircs
razotildees (1) corresponde ao conhecimento do mundo e as informaccedilotildees pertencentes a ele
(2) conhecer o espaccedilo produzido pelo homem e (3) contribuir para a formaccedilatildeo do
cidadatildeo
Entender a leitura de mundo eacute considerar que desde o nascimento a crianccedila
adquire experiecircncias espaciais e que elas possibilitam a superaccedilatildeo dos obstaacuteculos
desvendando pouco a pouco a visatildeo linear a respeito do mundo Por meio da realidade
vivida cotidianamente ela avanccedila no reconhecimento da percepccedilatildeo e complexidade do
mundo (CALLAI 2005)
No processo de leitura de mundo a crianccedila desenvolve tambeacutem representaccedilotildees
espaciais estas por conseguinte se aproximam da alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica Lessan
(2011 p 58) compreende que ldquorepresentar eacute essencial para adquirir conhecimentos
30
uma vez que qualquer conhecimento passa por uma representaccedilatildeo mental para que a
imagem mental possa ser assimiladardquo logo o espaccedilo vivido percebido imaginado e
concebido satildeo modos de pensar a vida cotidiana Katuta (2001 p 179) corrobora com
esta discussatildeo apontando que
A humanidade desde os seus primoacuterdios segundo consta em vaacuterios
documentos sempre representou seu espaccedilo vivido Por isso ao longo da
construccedilatildeo histoacuterica do que hoje denominamos grosso modo por
representaccedilotildees cartograacuteficas verificamos vaacuterias tentativas de se representar
saberes sobre os territoacuterios
Dentre as vaacuterias descobertas pelo homem sobre a representaccedilatildeo do espaccedilo
vivido citamos como exemplo os estudos de Claval (2011) que relatam que na Greacutecia
antiga por volta do seacuteculo V a C pensadores como Heroacutedoto Hiparco e Ptolomeu jaacute
recorriam aos campos da matemaacutetica astronomia e astrologia para estabelecer
representaccedilotildees da Terra calcular dimensotildees e registrar fenocircmenos geograacuteficos
observados Desse modo eacute niacutetido que as representaccedilotildees natildeo se apresentam de forma
linear tampouco desarticulada do mundo A dimensatildeo espacial histoacuterica e cultural
auxilia a construccedilatildeo dos significados sobre os lugares e as comunidades que nela
habitam
Contudo a educaccedilatildeo escolar natildeo pode basear-se apenas nas experiecircncias vividas
dos alunos Dessa forma segundo Cavalcanti (2014) o que se apresenta como proposta
para a praacutetica do ensino de Geografia eacute a reflexatildeo sobre a espacialidade explica a autora
que eacute papel desta ciecircncia
[] prover bases e meios de desenvolvimento e ampliaccedilatildeo da capacidade dos
alunos de apreensatildeo da realidade do ponto de vista da espacialidade ou seja
de compreensatildeo do papel do espaccedilo nas praacuteticas sociais e destas na
configuraccedilatildeo do espaccedilo [] o pensar geograacutefico contribui para a
contextualizaccedilatildeo do proacuteprio aluno como cidadatildeo do mundo em que vive
desde a escala local agrave regional nacional e mundial O conhecimento
geograacutefico eacute pois indispensaacutevel agrave formaccedilatildeo de indiviacuteduos participantes da
vida social agrave medida que propicia o entendimento do espaccedilo geograacutefico e do
papel desse espaccedilo nas praacuteticas sociais (CAVALCANTI 2014 p 11)
De acordo com a citaccedilatildeo apresentada compreendemos que o conhecimento
cientiacutefico de Geografia deve ser primordialmente ensinado no espaccedilo escolar
Conceitos geograacuteficos como espaccedilo territoacuterio regiatildeo lugar cotidiano paisagem entre
outros satildeo pautas do curriacuteculo escolar devendo estar articulados a temas e
metodologias de trabalho para que o aluno reflita e se identifique enquanto cidadatildeo
participando e construindo sua identidade
31
O conceito de lugar eacute uma das referecircncias para o ensino de Geografia nos anos
iniciais do EF Conforme os PCN o lugar consiste na dimensatildeo espacial mais proacutexima
do aluno onde constroacutei sua relaccedilatildeo de identidade O documento tambeacutem argumenta que
o ldquo[] lugar traduz os espaccedilos com os quais as pessoas tecircm viacutenculos mais afetivos e
subjetivos que racionais e objetivos []rdquo (BRASIL 1997 p 76)
Nessa mesma linha de raciociacutenio afirma Tuan (1983) que a experiecircncia constroacutei
a realidade segundo ele a praacutetica cotidiana permite aos sujeitos acumular informaccedilotildees
ao longo do tempo construindo memoacuterias estabelecendo laccedilos afetivos com o espaccedilo
Assim a experiecircncia implica a capacidade de aprender significa atuar sobre
o dado e criar a partir dele O dado natildeo pode ser construiacutedo em sua essecircncia
O que pode ser conhecido eacute uma realidade que eacute construto da experiecircncia
uma criaccedilatildeo de sentimento e pensamento (TUAN 1983 p 10)
Eacute necessaacuterio compreender que a praacutetica o contato direto com o espaccedilo permite
segundo os apontamentos de Tuan as possibilidades para construccedilatildeo do conceito de
lugar Diante disso Callai (2005 p 240) admite que ldquoler o mundo a partir do lugar eacute o
desafiordquo Mediante os apontamentos realizados por Tuan (1983) e Callai (2005)
reconhecemos a importacircncia da realidade concreta do espaccedilo vivido do aluno como
ponto de partida para a leitura de mundo Desta forma precisamos entender que o lugar
[] natildeo eacute apenas um quadro de vida mas um espaccedilo vivido isto eacute de
experiecircncia sempre renovada o que permite ao mesmo tempo a reavaliaccedilatildeo
das heranccedilas e a indagaccedilatildeo sobre o presente e o futuro A existecircncia naquele
espaccedilo exerce um papel revelador sobre o mundo (SANTOS 2006 p 114)
Em outro texto Santos (2009) esclarece que a discussatildeo do conceito de lugar
deve ser compreendida mediante o processo de globalizaccedilatildeo apontando que fenocircmenos
poliacuteticos econocircmicos e ou sociais contribuem para definir o contexto histoacuterico
espacial e cultural dos lugares Desta forma cabe ao professor compreender que natildeo haacute
dois lugares no mundo totalmente idecircnticos mas que podem conter traccedilos semelhantes
e que todo lugar faz parte de um contexto da totalidade espacial
Autores como Lessan (2011) Mendes (2010) e Campos amp Buitoni (2010)
relatam que eacute necessaacuterio que as atividades relacionadas agrave construccedilatildeo dos conceitos pelos
alunos tenham como ponto de partida o espaccedilo vivido e desenvolva exerciacutecios de
observaccedilatildeo descriccedilatildeo levantamento de hipoacuteteses e explicaccedilotildees comparaccedilatildeo
representaccedilatildeo interpretaccedilatildeo e pesquisa sobre o tema estudado Segundo Mendes (2010
p 52 - 53) eacute possiacutevel considerar que
32
[] nos anos iniciais do Ensino Fundamental eacute possiacutevel ldquolevar o mundordquo
para a sala de aula criando uma interaccedilatildeo do aluno com aspectos de outros
lugares e a observaccedilatildeo de diferentes paisagens do Planeta possibilitando a
ele perceber que a geografia estaacute inserida em vaacuterias situaccedilotildees do dia a dia
Argumenta Callai (2005) Straforini (2008) Mendes (2010) e Lessan (2011) que
mesmo sendo necessaacuterio iniciar o trabalho a partir do espaccedilo de vivencia do aluno (o
lugar) natildeo devemos nos reduzir a essa escala de anaacutelise Aleacutem disso os autores apontam
que a escala natildeo deveria se restringir a meacutetodos que organizem os conteuacutedos mediante
propostas dos ciacuterculos concecircntricos (que discutem as escalas casa ndash bairro ndash municiacutepio
ndash estado ndash paiacutes e mundo isoladamente) mas mediante o contexto dos conteuacutedos e
objetivos propostos pelo professor
Neste sentido o processo de construccedilatildeo de conceitos eacute para Straforini (2008 p
92) entender que o espaccedilo geograacutefico eacute composto por diferentes escalas que natildeo satildeo
uacutenicas ou isoladas pois ldquo[] eacute impossiacutevel esconder das crianccedilas o mundo quando as
informaccedilotildees lhes satildeo passadas no exato instante do seu acontecimentordquo8 Observamos
em nosso contexto de pesquisa que o professor apoacutes contextualizar a noccedilatildeo de lugar
com o aluno pode levantar outras provocaccedilotildees apresentando outras escalas geograacuteficas
como a regional questionando e mediando o aluno a pensar sobre o mundo construindo
uma reflexatildeo criacutetica do espaccedilo
Ao levarmos em consideraccedilatildeo este argumento observamos que as orientaccedilotildees
didaacuteticas nacionais tambeacutem indicam o trabalho com outros conceitos Os PCN destacam
entre seus objetivos comuns para as aulas de Geografia e Histoacuteria ldquoconhecer
caracteriacutesticas fundamentais do Brasil nas dimensotildees sociais materiais e culturais como
meio para construir progressivamente a noccedilatildeo de identidade nacional e pessoal e o
sentimento de pertinecircncia ao Paiacutesrdquo (BRASIL 1997 p 09)
Recorrer a outras escalas de compreensatildeo permite natildeo nos reduzirmos ao
imediato local entendendo que
A crianccedila faz parte do mundo e os lugares por mais distantes que sejam por
fazerem parte da histoacuteria familiar e cultural do aluno podem natildeo ser
abstratos [] desse modo ao observar uma foto ou ver televisatildeo uma
paisagem por exemplo mesmo sem conhecer fisicamente o lugar a crianccedila
pode identificar aspectos de sua organizaccedilatildeo espacial Trabalhando nesta
8 Em decorrecircncia das miacutedias como a televisatildeo o raacutedio e a internet as informaccedilotildees de diferentes partes
mundo satildeo dadas mas isso natildeo corresponde necessariamente a um conhecimento acerca de tal
fenocircmeno A escola pode contextualizar a notiacutecia e evidenciar as possibilidades de aprendizagem acerca
do fato
33
perspectiva o ensino de geografia possibilita ao educando sentir-se
pertencente a um lugar que eacute resultado das relaccedilotildees entre sociedade e
natureza formando um todo do qual ele proacuteprio faz parte e no qual suas
accedilotildees interferem (MENDES 2010 p 53)
Ao trabalhar com os princiacutepios do conceito de regiatildeo por exemplo o aluno pode
adquirir habilidades essenciais para o desenvolvimento de sua aprendizagem A este
respeito Campos amp Buitoni (2010 p 89) afirmam que
Pensar a regiatildeo [] implica raciocinar sobre ldquoum recorte uma porccedilatildeo do
espaccedilo terrestrerdquo um ldquosubespaccedilo de gestatildeo territorialrdquo ldquoum espaccedilo marcado
por relaccedilotildees cotidianasrdquo ldquoum espaccedilo vivido que se apoia em sua construccedilatildeo
material e nas relaccedilotildees com o entornordquo ou outras concepccedilotildees conforme o
objetivo do estudo (acadecircmico escolar ou planejamento) e os pressupostos
teoacuterico-metodoloacutegicos adotados
Entende-se desse modo a que o lugar tambeacutem eacute uma construccedilatildeo histoacuterica que
natildeo se restringe a sua escala de compreensatildeo dessa forma ao longo do percurso dos
anos iniciais do EF mais precisamente no segundo ciclo os alunos poderatildeo reconhecer
mudanccedilas e permanecircncias espaccedilo-temporais em escalas diversas permitindo construir
habilidades como ldquoentender a distribuiccedilatildeo espacial das principais elementos do espaccedilo
(regiotildees estado)rdquo (LESSAN 2011 p 79)
Ainda em se tratando desse assunto Campos amp Buitoni (2010) afirmam que a
construccedilatildeo da noccedilatildeo de conceitos como regiatildeo eacute um processo contiacutenuo que natildeo se
restringe aos anos iniciais do EF Deste modo o aluno constroacutei definiccedilotildees provisoacuterias
do conceito pensando o uso do conceito de lugar e regiatildeo de acordo com as
possibilidades cognitivas da situaccedilatildeo escolar e do contexto do tema discutido
Desse modo o ensino de Geografia nos anos iniciais do EF tem a possibilidade
de integrar trecircs concepccedilotildees de alfabetizaccedilatildeo (da liacutengua geograacutefica e cartograacutefica) cada
uma delas articulada a uma base comum que eacute a leitura de mundo Entendemos que
esse processo pode iniciar-se por qualquer um dos tipos de alfabetizaccedilatildeo destacado
Pretendemos no proacuteximo toacutepico esclarecer o que eacute a Cartografia Escolar e
posteriormente nossa compreensatildeo acerca da alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica e seu auxiacutelio
nas aulas de Geografia no intuito de promover um melhoramento qualitativo nos iacutendices
de aprendizagem dos educandos envolvidos no processo bem como refletir sobre o
papel do educador no mesmo
34
13 CARTOGRAFIA ESCOLAR E SEUS CONTEXTOS NO ENSINO DE
GEOGRAFIA
Desde os primeiros registros encontrados pelos historiadores sobre o
desenvolvimento humano vaacuterios foram os desenhos encontrados que remontam agrave
percepccedilatildeo sobre a representaccedilatildeo do espaccedilo geograacutefico Francischett (2004) comenta que
a arte de traccedilar mapas iniciou-se no seacuteculo VI a C com funccedilotildees voltadas a navegaccedilatildeo e
militar Jolly (1990) por sua vez argumenta por meio da definiccedilatildeo adotada pela
Associaccedilatildeo Cartograacutefica Internacional que a Cartografia eacute um conjunto de operaccedilotildees
cientiacuteficas artiacutesticas e teacutecnicas que possibilita a elaboraccedilatildeo de mapas planos e outros
meios de representaccedilatildeo da superfiacutecie terrestre
Jolly (1990) e Fitz (2008) consideram a Cartografia como uma ciecircncia de
seleccedilatildeo organizaccedilatildeo e sistematizaccedilatildeo de informaccedilotildees relacionadas ao espaccedilo
geograacutefico utilizada para diferentes fins Foram justamente estes avanccedilos tecnoloacutegicos
que permitiram ampliar os conhecimentos sobre a forma e dimensatildeo da Terra Aleacutem
disso percebemos que muitos princiacutepios baacutesicos satildeo utilizados ainda hoje a exemplo da
localizaccedilatildeo orientaccedilatildeo e escala (dimensatildeo) da representaccedilatildeo do espaccedilo real O mapa
demonstra uma das possiacuteveis imagens do terreno Em siacutentese ldquo[] eacute uma simplificaccedilatildeo
da realidaderdquo (JOLLY 1990 p 07)
Atualmente estaacute ciecircncia eacute um importante eixo de pesquisa e estudo relacionado
ao ensino de Geografia denominado de Cartografia Escolar Tambeacutem conhecida como
Cartografia para crianccedilas e escolares a Cartografia Escolar tecircm como diferencial a
constituiccedilatildeo de um saber que articula as aacutereas da Cartografia Educaccedilatildeo e Geografia
(ALMEIDA 2011) Eacute evidente sua presenccedila em livros didaacuteticos e paradidaacuteticos de
Geografia nos documentos e orientaccedilotildees pedagoacutegicas brasileiras como os Paracircmetros
Curriculares Nacionais ndash PCN (1997)
Uma das questotildees fundamentais para se compreender as propostas relacionadas
agrave Cartografia Escolar eacute identificar diferenccedilas correspondentes ao uso e interpretaccedilatildeo dos
mapas pelas crianccedilas e adultos De acordo com Oliveira (1978) haacute uma grande
importacircncia no desenvolvimento da Cartografia ao longo da histoacuteria humana aleacutem
disso indaga sobre a utilizaccedilatildeo dos mapas na escola e a realizaccedilatildeo de materiais
cartograacuteficos realizados por adultos para a interpretaccedilatildeo pelas crianccedilas
A tese de livre docecircncia de Oliveira (1978) ldquoEstudo metodoloacutegico e cognitivo do
mapardquo aproxima o puacuteblico da Teoria Cognitiva ou Epistemologia Geneacutetica de Piaget e
35
seus colaboradores contribui com estudos de autores norte - americanos e europeus que
em meados de 1980 natildeo eram acessiacuteveis a classe de professores brasileiros
Uma das grandes contribuiccedilotildees dos estudos de Oliveira (1978) encontra-se nos
mecanismos perceptivos e cognitivos das crianccedilas e aponta que o ato de mapear
possibilita a preparaccedilatildeo do aluno para compreensatildeo de mapas
Ao longo das uacuteltimas deacutecadas a Cartografia Escolar apresenta-se entre um dos
significativos nuacutecleos de pesquisa voltado ao Ensino de Geografia no Brasil A
investigaccedilatildeo de Pinheiro (2005) cataloga dissertaccedilotildees e teses relacionadas ao Ensino de
Geografia e demonstra as temaacuteticas de pesquisa entre o periacuteodo 1967 a 2003 As
representaccedilotildees espaciais (trabalhos correspondentes a Cartografia Escolar) constituem
no feixe temporal supramencionado um expressivo nuacutemero de trabalhos o maior
registrado A Figura 01 sintetiza esta informaccedilatildeo
FIGURA 01 - FOCOS TEMAacuteTICOS DE PESQUISAS REALIZADAS NA AacuteREA DE
GEOGRAFIA ESCOLAR (1967 ndash 2003)
Fonte PINHEIRO 2005 p 81
Observamos que dos 281 trabalhos apresentados entre dissertaccedilotildees e teses 49
correspondem agraves representaccedilotildees espaciais As pesquisas desenvolvidas referendam
teacutecnicas e metodologias como mapas graacuteficos atlas loacutegica de localizaccedilatildeo e orientaccedilatildeo
espacial que natildeo se restringem a educaccedilatildeo formal (escolar) Investigam as
representaccedilotildees e percepccedilotildees do espaccedilo geograacutefico por crianccedilas e jovens diferenciando-
se em seus meacutetodos de investigaccedilatildeo (PINHEIRO 2005)
39 4038
31 31
2119 20
14 15
910
52
6 53 2
04
2 1
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
Mestrado
Doutorado
36
Apontamos que a discussatildeo estabelecida por Oliveira (1978) contribuiu para esta
reflexatildeo do mapa natildeo como instrumento mnemocircnico (por meio do simples decalque
pintura e lista de nomes de cidades ou paiacuteses) permitindo que outros autores
progredissem na investigaccedilatildeo do ensino do mapa como recurso para o raciociacutenio
geograacutefico popularizando-o
O mapa dessa maneira ganha status como recurso didaacutetico nas atividades
relacionadas agrave Geografia em sala de aula Eacute inserido no curriacuteculo escolar assim como eacute
introduzido nos cursos de formaccedilatildeo de professores de Geografia e Pedagogia atribui-se
significantes avanccedilos no campo do ensino de Geografia (FRANCISCHETT 2004
ALMEIDA amp PASSINI 2010 RICHTER 2010)
Neste sentido questionamos por que utilizar os mapas no ensino-aprendizagem
de Geografia Em que estes estudos contribuem para esse processo Para Oliveira
(1978) o mapa deve ser compreendido atraveacutes de sua abordagem geograacutefica Nestas
condiccedilotildees eacute fundamental responder a questatildeo onde Que se desdobra em outras quatro
perguntas a saber O quecirc Quando Como E por quecirc
A geografia como toda ciecircncia tem por tarefa descrever analisar e predizer
os acontecimentos terrestres A descriccedilatildeo anaacutelise ou prediccedilatildeo geograacutefica dos
fenocircmenos eacute sempre realizada tendo em vista as suas coordenadas espaciais
Como o conceito geograacutefico de espaccedilo coincide com o de toda Terra o
geoacutegrafo teve necessidade de recorrer agrave representaccedilatildeo da superfiacutecie terrestre
para realizar seus estudos (OLIVEIRA 1978 p 17)
Sobre as finalidades do mapa satildeo destacados inuacutemeros usos os quais se destaca
o da localizaccedilatildeo a relaccedilatildeo espacial visto que ldquoa necessidade de localizar-se e orientar-se
se manifesta em termos de defesa seguranccedila e movimentaccedilatildeordquo (OLIVEIRA 1978 p
19) O mapa eacute tratado nesta perspectiva como uma forma de comunicaccedilatildeo graacutefica
constituiacutedo por uma linguagem proacutepria de comunicaccedilatildeo de expressatildeo espacial de
determinado objeto de estudo a linguagem cartograacutefica
Trabalhos posteriores a exemplo de Almeida amp Passini (2010) discutem o
desenvolvimento das garatujas rabiscos das crianccedilas para a representaccedilatildeo espacial O
reconhecimento dos traccedilados e formas geomeacutetricas (ciacuterculo quadrado retacircngulo e
triacircngulo) e espaciais (casa aacutervore praccedila figuras humanas etc) eacute interpretes da
percepccedilatildeo dos alunos Essa compreensatildeo eacute importante para o processo de
desenvolvimento metodoloacutegico do mapa Agora o aluno natildeo eacute visto apenas como um
leitor de mapas mas um produtor de mapa Considera-se o espaccedilo dialoacutegico em que o
conhecimento eacute produzido internalizado e socializado
37
Ao mapear o estudante desenvolve habilidades como o ato de observar
representar comparar sintetizar interpretar e verbalizar Estas seriam algumas
capacidades dos alunos em mobilizar suas habilidades (saber fazer) seus conhecimentos
geograacuteficos e suas atitudes (saber ser) para solucionar determinadas situaccedilotildees
problemas agrave qual poderemos entender por competecircncias (ANDREIS 1999)
A linguagem cartograacutefica como aponta os PCN (1997)
[] eacute uma forma de atender a diversas necessidades das mais cotidianas
(chegar a um lugar que natildeo se conhece entender o trajeto dos mananciais
por exemplo) agraves mais especiacuteficas (como delimitar aacutereas de plantio
compreender zonas de influecircncia do clima) A escola deve criar
oportunidades para que os alunos construam conhecimentos sobre essa
linguagem nos dois sentidos como pessoas que representam e codificam o
espaccedilo e como leitores das informaccedilotildees expressas por ela
Destarte fica niacutetida a importacircncia da articulaccedilatildeo dos conhecimentos de
Geografia apreendidos com a vivecircncia dos alunos representados por meio dos mapas
Aleacutem disso percebemos que as necessidades cotidianas natildeo se restringem aos
conhecimentos relacionados ao espaccedilo vivido mas de todas as relaccedilotildees estabelecidas
com o mundo enfatizando a relaccedilatildeo lugar - mundo em sua totalidade Ler representar e
codificar elementos do espaccedilo eacute um processo dialeacutetico para o desenvolvimento
cognitivo dos alunos como veremos no proacuteximo item
131As propostas de Piaget voltada a Cartografia Escolar
O desenvolvimento do trabalho de Piaget (2007) privilegiou estudos sobre o
processo de aprendizagem considerando a influecircncia do meio externo A progressatildeo de
suas pesquisas ocorre em uma eacutepoca em que as teorias associacionistas e empiristas
destacavam os estiacutemulos do ambiente como atitude do desenvolvimento da experiecircncia
humana Investigou a capacidade da construccedilatildeo do conhecimento cientiacutefico e como a
aprendizagem se altera no decorrer da vida humana
Em busca de suas respostas realiza trabalhos com diferentes colaboradores
desenvolvendo uma teoria cognitiva9 Estes trabalhos por sua vez reconhecem o papel
9Bock Furtado amp Teixeira (2008 p 134) consideram a cogniccedilatildeo enquanto um ldquoProcesso atraveacutes do qual
o mundo de significados tem origem Agrave medida que o ser se situa no mundo estabelece relaccedilotildees de
significaccedilotildees isto eacute atribui significados agrave realidade em que se encontra Esses significados natildeo satildeo
entidades estaacuteticas mas pontos de partida para a atribuiccedilatildeo de outros significados Tem origem entatildeo a
38
da organizaccedilatildeo proacutepria dos sujeitos a experiecircncia sensiacutevel onde os estiacutemulos do meio
conduziriam a atividade interna dos indiviacuteduos Nestes termos
[] a inteligecircncia eacute uma adaptaccedilatildeo ndash eacute assimilaccedilatildeo pois incorpora dados da
experiecircncia do indiviacuteduo e eacute ao mesmo tempo acomodaccedilatildeo uma vez que o
sujeito modifica suas estruturas mentais para incorporar os novos elementos
da experiecircncia (BOCK FURTADO amp TEIXEIRA 2008 p 134)
Percebe-se portanto que o saldo das trocas dialeacuteticas entre indiviacuteduo e ambiente
possibilitaria o desenvolvimento da inteligecircncia ao longo da vida Piaget (2007)
estabelece trecircs niacuteveis sensoriomotores ndash preacute-operatoacuterio operatoacuterio e operaccedilotildees formais
ndash indicando a adaptaccedilatildeo do sujeito inicialmente por seus instintos de sobrevivecircncia e
posteriormente pela construccedilatildeo gradual mediante a experiecircncia
Piaget (2007) desenvolve inuacutemeros estudos entre eles sobre a linguagem e
pensamento inteligecircncia raciociacutenio aprendizagem e conhecimento e construccedilatildeo do
espaccedilo Entre todas estas investigaccedilotildees a uacuteltima citada estaacute relacionada agrave gecircnese da
representaccedilatildeo espacial a partir de uma perspectiva matemaacutetica e geomeacutetrica do espaccedilo
O trabalho escrito por Piaget amp Inhelder (1993) consiste na principal base teoacuterica para
os estudos relacionados agrave Cartografia Escolar
Esta abordagem repercute ateacute hoje a exemplo dos estudos de Almeida amp Passini
(2010) e Ribeiro amp Marques (2001) para o processo de construccedilatildeo e compreensatildeo dos
mapas no Ensino Fundamental Foi por meio das relaccedilotildees espaciais tambeacutem conhecidas
por noccedilotildees espaciais topoloacutegicas projetivas e euclidianas que se propuseram
metodologias e didaacuteticas voltadas ao ensino-aprendizagem de Geografia
Em siacutentese a relaccedilatildeo topoloacutegica eacute desenvolvida quando haacute propostas para a
fundamentaccedilatildeo de atividade no que se refere agrave identificaccedilatildeo de posiccedilotildees e referenciais
elementares ou seja empregada uma das principais funccedilotildees da representaccedilatildeo
cartograacutefica a localizaccedilatildeo
Ribeiro amp Marques (2001 p 59) enfatizam que ldquoa princiacutepio o espaccedilo eacute para a
crianccedila apenas o espaccedilo da accedilatildeo um espaccedilo praacutetico que se manifesta atraveacutes de suas
accedilotildeesrdquo Normalmente desenvolve-se nesta fase atividades que exercite experiecircncias
corporais enfatizando relaccedilotildees como dentro fora perto longe agrave frente atraacutes etc10
estrutura cognitiva (os primeiros significados) constituindo-se nos lsquopontos baacutesicos de ancoragemrsquo dos
quais derivam outros significadosrdquo 10Castrogiovanni amp Costella (2006) Almeida amp Passini (2010) Passini (2010) propotildeem diferentes
atividades que auxiliam a construccedilatildeo destas noccedilotildees pelas crianccedilas
39
As propostas associadas agraves relaccedilotildees projetivas favoreceriam a percepccedilatildeo da
mudanccedila de perspectiva sobre o objeto observado influenciando a grafia do objeto
quando desenhado O mesmo objeto pode ser percebido em sua dimensatildeo (ou ponto de
vista) lateral vertical ou obliacutequo
Por convenccedilatildeo o mapa existente eacute geralmente representado verticalmente
Segundo Richter (2004 p 68) as ldquo[] noccedilotildees projetivas visa colaborar na compreensatildeo
das perspectivas e projeccedilotildees que o mapa possui demonstrando para o aluno que as
representaccedilotildees cartograacuteficas respeitam a perspectiva utilizadardquo Nestas condiccedilotildees a
proposta eacute que todos os elementos a serem representados obedeccedilam a uma soacute
perspectiva a vertical
Passini (2012) esclarece que as relaccedilotildees euclidianas correspondem agrave introduccedilatildeo
em medidas de tamanho e proporcionalidade No mapa corresponde agrave escala espacial e
numeacuterica ndash relaccedilatildeo entre o real (dimensatildeo espacial) e o abstrato (representaccedilatildeo)
Partindo do estudo de Almeida amp Passini (2010) podemos ainda concluir que para o
mapa esta relaccedilatildeo possibilita o envolvimento da perspectiva e coordenadas geograacuteficas
no plano espacial localizando e orientando por meio de referenciais abstratos
O processo metodoloacutegico de elaboraccedilatildeo do mapa pela crianccedila estaacute
contextualizado nas relaccedilotildees espaciais Segundo a perspectiva piagetiana elas
repercutem no processo metodoloacutegico de desenvolvimento de recursos cartograacuteficos
(croquis desenhos mapas e maquetes) Com a intenccedilatildeo de correlacionar as propostas
metodoloacutegicas para a construccedilatildeo do mapa ao ensino de Geografia elaboramos o Quadro
01 Ele sintetiza por meio da visatildeo de alguns autores a leitura piagetiana para cada
fase atividades relacionadas agrave Cartografia Escolar conteuacutedos e as relaccedilotildees espaciais
40
QUADRO 1 - OPERACcedilOtildeES MENTAIS PARA O DESENVOLVIMENTO DA LEITURA DE MAPAS
PERIacuteODOS DE DESENVOLVIMENTO COGNITIVO RELACcedilOtildeES ESPACIAIS ELEMENTOS
CARTOGRAacuteFICOS
ATIVIDADES RELACIONADAS Agrave
CARTOGRAFIA ESCOLAR
PREacute-OPERATOacuteRIO
Primeiras noccedilotildees espaciais
Construccedilatildeo via sentidos atraveacutes de um contato direto
com o objeto
RELACcedilAtildeO SIGNIFICANTE
SIGNIFICADO
Siacutembolos e legendas
Mapa do corpo (onde os alunos podem
mapear o proacuteprio corpo em uma folha de
papel)
Banho de papel
OPERATOacuteRIO
Iniacutecio do aparecimento da funccedilatildeo simboacutelica
Utilizaccedilatildeo de representaccedilotildees
Aparecircncia dos fenocircmenos
Representaccedilotildees estatiacutesticas (a crianccedila natildeo consegue
refazer a ordem inversa dos acontecimentos)
RELACcedilOtildeES TOPOLOacuteGICAS
Vizinhanccedila proximidade
separaccedilatildeo envolvimento
interioridade exterioridade
Limites e fronteiras
Realizaccedilatildeo de maquetes
Planta da sala de aula
Trajeto casa-escola Noccedilotildees de esquerda e direita satildeo consideradas apenas
do ponto de vista do observador
Representaccedilotildees dinacircmicas (representam tambeacutem em
ordem inversa)
OPERACcedilOtildeES FORMAIS
Localiza quando o objeto estaacute agrave sua direita ou agrave direita
do outro
Introduccedilatildeo da noccedilatildeo de perspectiva
RELACcedilOtildeES PROJETIVAS
Esquerda direita em cima
embaixo agrave frente atraacutes
Escala e coordenadas
geograacuteficas Orientaccedilatildeo espacial (A partir do sol ou
buacutessola)
Realizaccedilatildeo de plantas ndash mapas de grande
escala - mediante fita meacutetrica e reacutegua
Analise na completa ausecircncia do objeto
Passagem da accedilatildeo agrave operaccedilatildeo
Considera que os objetos estatildeo agrave esquerda - direita uns
dos outros
Superaccedilatildeo egocentrismo - descentralizaccedilatildeo
RELACcedilOtildeES EUCLIDIANAS
Relaccedilotildees meacutetricas comprimento
altura largura
Sistema de coordenadas
Projeccedilotildees cartograacuteficas e
orientaccedilatildeo geograacutefica
Fonte PASSINI apud RICHTER (2010) p 44 - 45 RIBEIRO amp MARQUES (2001) CASTROGIOVANNI amp COSTELLA (2006) ALMEIDA amp PASSINI (2010)
PASSINI (2012)
41
Eacute observado no quadro 01 (p 40) que para cada periacuteodo de desenvolvimento
cognitivo dos alunos haacute intenccedilotildees no que se refere ao desenvolvimento de relaccedilotildees
espaciais e elementos cartograacuteficos Passini apud Richter (2010) e Passini (2012)
destacam elementos cartograacuteficos e atividades didaacuteticas para a construccedilatildeo das relaccedilotildees
espaciais outros autores indicam atividades praacuteticas a exemplo do mapa do corpo
apresentado por Almeida amp Passini (2010) ou banho de papel por Castrogiovanni amp
Costella (2006)
No que se refere aos elementos apresentados no quadro 01 (p 40) o primeiro
periacuteodo de desenvolvimento cognitivo (preacute-operatoacuterio) indica a relaccedilatildeo entre a
representaccedilatildeo do corpo da crianccedila (significante - siacutembolo) e o corpo humano
(significado ndash o que o siacutembolo representa) possibilitando a construccedilatildeo de uma legenda
Aleacutem disso assim como na segunda atividade possibilita uma conexatildeo para as relaccedilotildees
topoloacutegicas
Posteriormente no periacuteodo operatoacuterio estas relaccedilotildees satildeo aprofundadas incluem-
se a discussatildeo dos limites e fronteiras bases na discussatildeo das escalas geograacuteficas ndash
municiacutepio estados regiatildeo paiacutes entre outras E finalmente as operaccedilotildees formais
quando as crianccedilas jaacute conseguem realizar uma descentralizaccedilatildeo de sua percepccedilatildeo
espacial contribuindo para o desenvolvimento da orientaccedilatildeo geograacutefica do uso de
escalas de reduccedilatildeo e coordenadas geograacuteficas
Como resultado foi desenvolvido propostas para o trabalho com mapas
existentes ou seja aqueles que possuem uma linguagem cartograacutefica composto por
ldquo[] um sistema de siacutembolos que envolvem proporcionalidade uso de signos ordenados
e teacutecnicas de projeccedilatildeordquo (PCN 1997 p 79) Esses envolvem tambeacutem discussotildees sobre
orientaccedilatildeo e localizaccedilatildeo espacial O princiacutepio eacute a capacitaccedilatildeo do aluno para a construccedilatildeo
do mapa e concomitantemente a leitura de produtos cartograacuteficos auxiliando a
ampliaccedilatildeo do conhecimento geograacutefico e soluccedilatildeo de problemas cotidianos
Com base nestas prerrogativas assinaladas no campo da Cartografia Escolar
seria possiacutevel a formaccedilatildeo de um ldquoleitor consciente da linguagem cartograacuteficardquo
(ALMEIDA amp PASSINI 2010 p 21) Agrave medida que o aluno realiza os mapas ele
participa do processo de construccedilatildeo de habilidades e conceitos referentes agrave elaboraccedilatildeo
de mapas possibilitando a leitura eficaz dos mapas existentes
Toda esta metodologia do desenvolvimento da aprendizagem do mapa que
enfatizamos anteriormente ficou conhecida como alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica Mediante
esses apontamentos Passini (2012 p 13) define
42
ldquoAlfabetizaccedilatildeo Cartograacuteficardquo eacute uma metodologia que estuda os processos de
construccedilatildeo de conhecimentos conceituais e procedimentais que desenvolvam
habilidades para que o aluno possa fazer as leituras do mundo por meio das
suas representaccedilotildees Eacute a inteligecircncia espacial e estrateacutegica que permite ao
sujeito ler o espaccedilo e pensar a sua Geografia O sujeito que desenvolve essas
habilidades para ser leitor eficiente de diferentes representaccedilotildees desenvolve o
domiacutenio espacial
Nestes termos conhecer a Cartografia Escolar eacute compreender as relaccedilotildees
existentes no espaccedilo e tempo permitindo ao aluno atender agraves necessidades que
apareceratildeo no seu cotidiano (natildeo restrita a realidade local) como traccedilar itineraacuterios
localizar lugares desenvolver formar conscientes de accedilatildeo no ambiente em que vive
dando-lhe por fim a possibilidade de planejar seu futuro
Sendo assim observamos que este processo de alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica
deveria iniciar-se desde os anos iniciais do EF tendo em vista que o fato de interpretar
e produzir mapas satildeo habilidades que se formam gradualmente Por meio dessa
alfabetizaccedilatildeo os alunos podem construir conceitos baacutesicos para interpretar e produzir
representaccedilotildees com proficiecircncia crescente
Natildeo haacute uma exclusividade da perspectiva piagetiana para a leitura e
metodologias para a realizaccedilatildeo de mapas Como expotildeem Richter (2010) estes estudos
atingem o ambiente escolar mediante os referenciais curriculares da produccedilatildeo de
materiais escolares (principalmente os livros didaacuteticos) Entretanto isso natildeo
corresponde necessariamente a uma mudanccedila desejada no trabalho docente e
conseguinte da compreensatildeo dos alunos acerca deste recurso Observa-se um limite
entre a proposta e sua execuccedilatildeo no trabalho docente
Em contrapartida outras propostas surgem voltadas para o ensino-aprendizagem
de Geografia nas escolas sem necessariamente desprivilegiar ou ldquosuperarrdquo os estudos
das relaccedilotildees espaciais Indubitavelmente com o avanccedilo da Cartografia surgem novas
sugestotildees para o trabalho docente Integra outras perspectivas epistemoloacutegicas e
metodoloacutegicas a respeito do desenvolvimento da aprendizagem dos sujeitos e da ciecircncia
cartograacutefica Verificaremos essas leituras e interpretaccedilotildees no toacutepico a seguir
14 A CARTOGRAFIA ESCOLAR E OUTRAS INTERPRETACcedilOtildeES PARA O
CONHECIMENTO DO ESPACcedilO
Apoacutes 30 anos de estudos o desenvolvimento relacionado a atividades com a
Cartografia Escolar possibilitaram pesquisadores como Oliveira (1978) Almeida amp
43
Passini (2010) Castrogiovanni amp Costella (2006) Castellar (2000) e Passini (2012)
afirmarem que mediante a alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica as crianccedilas estariam aptas ao
processo de leitura e interpretaccedilatildeo do mapa e consequentemente dos conhecimentos
relacionados agrave Geografia possibilitando desenvolver uma leitura de mundo
As pesquisas dos autores supracitados satildeo importantes pois valorizam e firmam
a posiccedilatildeo da representaccedilatildeo cartograacutefica nas praacuteticas escolares de Geografia ademais
parte de um mesmo vieacutes cartograacutefico o cartesiano Entretanto eacute importante lembrar que
ainda existem dificuldades no trabalho com essa perspectiva cartograacutefica na escola
principalmente nos anos iniciais do EF
A pesquisa de mestrado de Richter (2004) com alunos do uacuteltimo semestre do
curso de Pedagogia esclarece que muitos estudantes concluem o curso sem compreender
os processos metodoloacutegicos e cognitivos relacionados agrave alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica Os
discentes apontam e discutem a importacircncia do saber cartograacutefico nas praacuteticas escolares
muito embora quando interrogados natildeo consigam explicar os passos que possibilitaria
a accedilatildeo do ensino-aprendizagem da Cartografia Escolar
Mediante algumas experiecircncias no curso de Pedagogia da UFPB (ALMEIDA
2014) notamos que na maioria dos casos a leitura de orientaccedilotildees como os PCN (1997)
pelos professores estatildeo presentes apenas enquanto estudante universitaacuterio Visto a
obrigaccedilatildeo destas referecircncias pela academia Por outro lado haacute de se perceber que a
formaccedilatildeo presente nos cursos de Pedagogia eacute distinta a oferecida aos professores de
Geografia Os pedagogos tecircm apenas um semestre no maacuteximo um ano para
aprenderem tudo o que se refere ao ensino de Geografia inclusive as praacuteticas referentes
ao uso do mapa tornando essa relaccedilatildeo tecircnue quando eles se deparam com a sala de aula
Como resultado discute Pinheiro (2012) que as noccedilotildees espaciais satildeo trabalhadas
de forma descontextualizada do curriacuteculo escolar Os professores muitas vezes natildeo se
baseiam em um planejamento preacutevio ou apresentam um prosseguimento de uma
proposta para o ensino de Geografia A oportunidade de construir conceitos e de
relacionar a leitura de mundo eacute perdida em decorrecircncia de praacuteticas aleatoacuterias que natildeo se
baseiam em meacutetodos geograacuteficos
Pinheiro (2012) afirma que embora as noccedilotildees espaciais sejam trabalhadas em
sala de aula elas satildeo postas como parte da tradiccedilatildeo Satildeo usadas para disciplinar os
alunos as normas e regras escolares como a realizaccedilatildeo da fila a divisatildeo dos banheiros
para meninas e meninos e o lugar na sala de aula Opondo-se a esta praacutetica descrita
anteriormente julgamos necessaacuterio que a Cartografia Escolar deve estar atrelada a uma
44
tomada de consciecircncia do professor em relaccedilatildeo aos objetivos e ao posicionamento
metodoloacutegico do uso do mapa para as aulas de Geografia
Acreditamos que as praacuteticas da Cartografia tradicional no contexto escolar natildeo
podem se tornar a uacutenica referecircncia teoacuterico-metodoloacutegica Satildeo observados avanccedilos nessa
linha que permitiriam integrar outras praacuteticas para o ensino de Geografia Autores como
Teixeira11 (2001) Kozel (2002 2005) Katuta (2001) Girardi (2005) Raffestin (2007)
Lladoacute (2013) e Farinelli (2013) questionam e discutem a visatildeo de representaccedilatildeo espacial
em contextos tradicionais e progridem na avaliaccedilatildeo do mapa apontando novas
abordagens
A discussatildeo inicial estabelecida por Girardi (2005) destaca que a Cartografia
por anos eacute produzida mediante as regras da ordem da geometria e razatildeo positivista
Apresenta uma relaccedilatildeo entre a realidade e sua abstraccedilatildeo no papel O mapa enquanto
representaccedilatildeo permite compreender a dimensatildeo territorial por meio do proacuteprio
documento auxiliando na tomada de decisotildees e planejamento do espaccedilo urbano por
exemplo considerando a representaccedilatildeo como o proacuteprio objeto
Raffestin (2007 p 09 ndash 10) realiza criacuteticas em torno da Cartografia tradicional e
sua representaccedilatildeo por se constituir um significativo instrumento ideoloacutegico de poder
poliacutetico e militar ele menciona que
A representaccedilatildeo eacute triplamente uma moeda fiduciaacuteria12 em primeiro lugar ela
eacute a cristalizaccedilatildeo de um conjunto de valores e de normas de um sujeito
histoacuterico em seguida ela eacute o meio para se chegar a uma praacutetica e a um
conhecimento do real ou agrave praacutetica e a um conhecimento do imaginaacuterio e
enfim ela eacute um meio de acumulaccedilatildeo e de tesourizaccedilatildeo
Nas palavras do autor supracitado a carta (tipo de mapa geograacutefico de escala
meacutedia ou grande) tanto pode revelar verdades como mentiras sobre determinada
realidade espacial Nestas condiccedilotildees a representaccedilatildeo da superfiacutecie terrestre permite a
quem a detecircm e dela interpreta suas informaccedilotildees uma observaccedilatildeo geral do plano das
relaccedilotildees e organizaccedilotildees do territoacuterio e consequentemente uma accedilatildeo planejada sobre a
realidade apontando informaccedilotildees nem sempre verossiacutemeis mas um produto imaginaacuterio
intencional
Interpretando as palavras de Raffestin (2007) o ato de mapear natildeo eacute considerado
apenas no plano do conhecimento geograacutefico mas na posiccedilatildeo de organizaccedilatildeo espacial
11Uma observaccedilatildeo sobre a bibliografia deste trabalho eacute que Salete Kozel Teixeiraeacute citada durante esta
dissertaccedilatildeo de duas formas Teixeira e Kozel isso ocorre devido agrave mudanccedila do sobrenome da autora 12 Podemos considerar a expressatildeo ldquomoeda fiduciaacuteriardquo como um recurso de troca que garante seguranccedila
confianccedila na tomada de posiccedilatildeo do conhecimento para o sujeito
45
do domiacutenio do homem sobre o trabalho e o ambiente garantindo-lhe capital e poder As
caracteriacutesticas descritas segundo Lladoacute (2013) surgem com o advento da modernidade
e do Estado Naccedilatildeo ganhando prestiacutegio enquanto representaccedilatildeo espacial
O mapa nas condiccedilotildees a que se refere Raffestin (2007) e Lladoacute (2013) eacute
considerado legiacutetimo instrumento do governo Segundo Lladoacute (2013) poderiacuteamos
entender o mapa em dois momentos ideoloacutegicos distintos o primeiro destacaria o mapa
enquanto signo e o territoacuterio representado como significado O territoacuterio eacute um dado
original e o mapa uma abstraccedilatildeo uma imagem mais ou menos fiel do espaccedilo
Em um segundo momento Lladoacute (2013) e Farinelli (2013) demonstram que a
interpretaccedilatildeo sobre o mapa eacute transformada na modernidade pois haacute alteraccedilotildees culturais
Se antes o territoacuterio era a base para o mapeamento agora o mapa precede o territoacuterio
possibilitando a tomada de decisotildees planejamento criam-se inicialmente as fronteiras
fictiacutecias e depois as reais O Estado territorial moderno assume ldquo[] propriedades
geomeacutetricas e espaciais da projeccedilatildeo cartograacutefica algumas propriedades jaacute presentes na
definiccedilatildeo euclidiana de lsquoextensatildeorsquo espacialrdquo13 (LLADOacute 2013 p 242 ndash 243)
Segundo Lladoacute (2013 p 242 - 243) trecircs caracteriacutesticas estatildeo presentes no mapa
existente a ldquocontinuidaderdquo natildeo fragmentaccedilatildeo territorial ldquohomogeneidaderdquo o Estado e
consequentemente seu povo satildeo homogecircneos no que corresponde a cultura manipulam
os mesmo signos (liacutengua e consciecircncia histoacuterica) e ldquoisotropiardquo todos respondem ao
mesmo centro a capital do Estado14
Essa visatildeo eurocecircntrica do mundo da construccedilatildeo de mapas ocidentais
cientiacuteficos e contemporacircneo portanto ldquoverdadeirosrdquo haacute muito negligencia a confecccedilatildeo
de mapas primitivos histoacutericos e mentais por natildeo obedecerem a padrotildees de
normatizaccedilatildeo e leituras Girardi (2005 p 65) sintetiza esses fatores atraveacutes dos
seguintes pontos
1ordf ndash representaccedilatildeo cartograacuteficas verdadeiras satildeo aquelas construiacutedas com
rigor cientifico 2ordf ndash mapas satildeo produtos da evoluccedilatildeo histoacuterica da ciecircncia e da
13 [] propiedades geomeacutetricas y espaciales de La proyeccioacuten cartograacutefica unas propiedades presentes ya
em La definicioacuten euclidiana de laltltextensioacutengtgt espacial 14 Se os argumentos natildeo foram suficientes para convencer o leitor exemplos histoacutericos satildeo destacados
por Lladoacute (2013) e Farinelli (2013) os mapas utilizados por Benjamin Franklin George Washington e
Thomas Jeferson que promoveram a colonizaccedilatildeo das terras a Oeste dos Estados Unidos mediante a
divisatildeo territorial por meio da quadriacutecula cartograacutefica Outro exemplo mais proacuteximo historicamente e
geograficamente seria a construccedilatildeo de Brasiacutelia Cidade planejada na regiatildeo Centro-Oeste do Brasil
construiacuteda na deacutecada de 1950-60 durante o governo de Juscelino Kubitschek destaca-se aqui a realizaccedilatildeo
do plano piloto para a construccedilatildeo do Distrito Federal
46
tecnologia 3ordf ndash mapas soacute podem ser construiacutedos pelos que dominam todo
esse arcabouccedilo teacutecnico-cientiacutefico
Por outro lado a autora questiona
E os mapas das naccedilotildees indiacutegenas e de outras sociedades cujo referencial eacute
outro Natildeo satildeo mapas E os mapas turiacutesticos de propaganda imobiliaacuteria de
jornal A criacutetica corporativa resolveu essa questatildeo mudando o nome dessas
representaccedilotildees croquis mapa mental mapa ilustrativo Essa visatildeo
eurocecircntrica e elitista da cartografia em muito pouco contribuiacutea para avanccedilar
a discussatildeo sobre o mapa na Geografia (GIRARDI 2005 p 65)
A partir de Girardi (2005) questionamos no cenaacuterio contemporacircneo eacute possiacutevel
entender diferentes espacialidades de forma inteligente e humana em um mundo
globalizado regido por regras e direitos Haacute grupos ocupando distintas posiccedilotildees dentro
de uma mesma sociedade pessoas de diversas classes sociais etnias que residem em
diferentes lugares que possuem distintas profissotildees provenientes da imigraccedilatildeo e
comunidades tribais Natildeo seria equivocado afirmar que todos possuem a mesma leitura
de mundo Que satildeo todos iguais Ou ainda que expressatildeo a mesma relaccedilatildeo com o
ambiente
O que nos chama atenccedilatildeo natildeo eacute a aprendizagem do mapa em seu plano
cartesiano com normas e padrotildees pelo contraacuterio ressaltamos a importacircncia deste nas
atividades escolares visto sua forte expressatildeo e necessidade na vida contemporacircnea
Por outro lado eacute importante destacar que o mapa natildeo eacute um recurso neutro sua loacutegica eacute
composta por uma relaccedilatildeo que eacute historicamente e socialmente construiacuteda (KOZEL
2005)
Mediante o exposto Francischett (2012) relata uma mudanccedila epistemoloacutegica na
forma de interpretar a natureza da Cartografia correspondendo necessariamente a sua
didaacutetica metodologia do ensino de Geografia
Uma epistemologia com base na teoria social eacute mais apropriada para a
histoacuteria da Cartografia Ela mostraraacute que os mapas cientiacuteficos satildeo igualmente
produtos das regras da ordem da geometria e da razatildeo mas tambeacutem das
normas e valores da ordem social e da tradiccedilatildeo cultural (FRANCISCHETT
2012 p 93)
O mapa natildeo eacute uma ferramenta meramente teacutecnica ou mecacircnica Ela eacute carregada
de escolhas eacute portador de uma seleccedilatildeo das informaccedilotildees geograacuteficas Dito isto eacute
apresentada outra perspectiva do uso das representaccedilotildees geograacuteficas Kozel (2002) se
aventura em outras correntes epistemoloacutegicas oriundas da psicologia e discute o
conceito de representaccedilatildeo espacial para os estudos geograacuteficos Ela demonstra que
47
Caberia sobretudo agrave geografia das representaccedilotildees entender os processos que
submetem o comportamento humano tendo como premissa que este eacute
adquirido por meio de experiecircncias (temporal espacial e social) existindo
uma relaccedilatildeo direta e indireta entre essas representaccedilotildees e as accedilotildees humanas
ou seja entre as representaccedilotildees e o imaginaacuterio revolucionando a gecircnese do
conhecimento permitindo-nos compreender a diversidade inerente aacutes praacuteticas
sociais agraves mentalidades aos vividos (KOZEL 2002 p 215)
Partimos do princiacutepio que o mapa eacute um elemento da comunicaccedilatildeo logo este
recurso eacute portador de uma linguagem Eacute tambeacutem resultado de uma accedilatildeo colaborativa
visto que a aprendizagem ocorre por meio da participaccedilatildeo Neste caso eacute constatada uma
proximidade com linhas de estudo que discutem uma epistemologia do mapa voltada a
ldquoCartografia SocialCulturalrdquo (KOZEL 2002) que se relacionam com estudos de
pequenos grupos sociais e comunidades tradicionais brasileiras
Eacute de conhecimento de todos que no Brasil existem grupos indiacutegenas
quilombolas ciganos entre outros Dentre as caracteriacutesticas comuns das comunidades
grifadas estatildeo as condiccedilotildees econocircmicas de pobreza moradias distantes dos grandes
centros urbanos e dificuldades ao acesso a poliacuteticas governamentais Esses grupos
sociais o modo como eles lidam com a emoccedilatildeo e a razatildeo para mudar a realidade de vida
satildeo um dos desafios da ciecircncia para compreender essa realidade
Neste contexto experiecircncias com a Cartografia Social ganham cada vez mais
prestiacutegio entre as ciecircncias humanas A regiatildeo Norte do Brasil vem se destacando neste
campo de pesquisa O Projeto Nova Cartografia Social da Amazocircnia15 por exemplo
desenvolve pesquisas com o objetivo de proporcionar aos povos e comunidades
tradicionais na Amazocircnia agrave auto-cartografia oferecendo tecnologias que possibilitam a
delimitaccedilatildeo de seus territoacuterios de referecircncia os recursos naturais que utilizam para o
desenvolvimento dessas comunidades e sua cultura16
O projeto desenvolveu diferentes fasciacuteculos mediante a proposta supracitada
Entre eles o do Movimento Interestadual de Quebradeiras de Coco Babaccedilu (PROJETO
NOVA CARTOGRAFIA SOCIAL DA AMAZOcircNIA 2005) Este fasciacuteculo demonstra
a importacircncia da atividade da coleta da amecircndoa do coco babaccedilu como uma das poucas
15 Para mais informaccedilotildees sobre o Projeto Nova Cartografia Social da Amazocircnia e a produccedilatildeo de seus
materiais didaacuteticos e pesquisas acesse o link Disponiacutevel em
httpnovacartografiasocialcomapresentacaogt acessado em 03042015 16 Por meio projeto eacute possiacutevel a realizaccedilatildeo do georeferenciamento do territoacuterio Possibilita aleacutem disso a
formaccedilatildeo pedagoacutegica para essas comunidades aprendem a manusear GPS e outras teacutecnicas fundamentais
de cartografia possibilitando a escolha das informaccedilotildees que consideram relevantes para o seu modo de
vida e que devem ser representadas nos mapas Satildeo levantadas histoacuterias estoacuterias e experiecircncias cotidianas
a respeito das comunidades tradicionais com a intenccedilatildeo de preservar as praacuteticas e culturas regionais
48
alternativas econocircmicas Satildeo notoacuterios as ameaccedilas e conflitos com grandes proprietaacuterios
de terra para continuar essa cultura regional em estados como Maranhatildeo Paranaacute
Tocantins e Piauiacute
O espaccedilo enquanto referencial possibilita a estas comunidades principalmente
as mulheres responsaacuteveis pelo trabalho com o coco a consciecircncia de lutar por seus
direitos17 Haacute tambeacutem as dificuldades para a realizaccedilatildeo deste movimento resistecircncias e
crenccedilas a respeito do trabalho feminino A funccedilatildeo das cooperativas por exemplo satildeo
significativas para a mudanccedila de vida dessa populaccedilatildeo Produzem a exemplo sabonete
com oacuteleo de amecircndoas do babaccedilu tornando-se fonte de renda para muitas famiacutelias
(PROJETO NOVA CARTOGRAFIA SOCIAL DA AMAZOcircNIA 2005)
Esses apontamentos dialogam com os estudos de Teixeira (2001) que por sua
vez discute sobre o desenvolvimento da Geografia Cultural ao longo da histoacuteria Suas
consideraccedilotildees sobre a percepccedilatildeo geograacutefica reportam os enfoques do comportamento e
a cogniccedilatildeo O espaccedilo passa a ser apreendido pelos sentidos como resultado passa a ser
percebido sentido e representado tornando-se vivido Eacute dado creacutedito agraves experiecircncias
humanas a construccedilatildeo das imagens lembranccedilas significaccedilotildees e experiecircncias na
construccedilatildeo das relaccedilotildees sociais e ambientais
Os avanccedilos alcanccedilados pela Cartografia Social e as representaccedilotildees sociais
colaboram para a compreensatildeo dos mapas mentais enquanto um instrumento que
permitiria inserir na representaccedilatildeo dos alunos elementos subjetivos e sua compreensatildeo
da realidade Procuramos a seguir ilustrar alguns episoacutedios que aproximam agrave
interpretaccedilatildeo dos mapas mentais voltados as praacuteticas escolares para o Ensino de
Geografia
141 Percursos dos Mapas Mentais e suas praacuteticas na Educaccedilatildeo Geograacutefica
Por meio dos argumentos levantados sobre a Cartografia Social eacute observado que
a cogniccedilatildeo humana natildeo se restringe a um modelo de representaccedilatildeo espacial Para que
uma proposta de ensino-aprendizagem por meio do mapa seja sistematizada natildeo se daraacute
necessariamente em uma base cartesiana De acordo com Oliveira (2010) a proposta
17 O ldquodireito a palmeira livrerdquo a territoacuterios particulares para a coleta dos frutos satildeo accedilotildees garantidas por
leis municipais conquistadas a partir da organizaccedilatildeo do movimento das quebradeiras de coco babaccedilu
(exemplo lei municipal nordm 0012002 ndash Lago do Junco (MA) que dispotildeem sobre a proibiccedilatildeo da derrubada
de palmeiras de babaccedilu no municiacutepio e daacute outras providecircncias)
49
com o trabalho com o mapa dependeraacute dos objetivos a serem alcanccedilados pelos
professores em sala de aula
Natildeo satildeo recentes os estudos voltados agrave construccedilatildeo da imagem mental para a
percepccedilatildeo ambiental nos anos de 1960 ndash 1970 advertem Nogueira (2006) e Kozel
(2005) pesquisas de autores como William Kirk Peter Gould e White jaacute discutiam as
preferecircncias dos espaccedilos cotidianos e a escolha de itineraacuterios de estudantes
universitaacuterios norte-americanos
A reflexatildeo sobre a percepccedilatildeo ambiental nas cidades contribuiu para o
planejamento urbano e regional surgindo neste contexto agrave expressatildeo carta mental18 para
o mapeamento das preferecircncias das sociedades Nogueira ao estudar os trabalhos de
Gould e White destaca que
Esses autores consideram os ldquomapas mentaisrdquo as imagens espaciais que estatildeo
nas cabeccedilas dos homens natildeo soacute dos lugares vividos mas tambeacutem dos lugares
distantes construiacutedos pelas pessoas valendo-se de universos simboacutelicos
sendo produzidos por acontecimentos histoacutericos econocircmicos sociais e
econocircmicos divulgados (NOGUEIRA 2006 p 126)
Entre as obras citadas com frequecircncia nos estudos relacionados aos mapas
mentais estaacute o livro ldquoA imagem da cidaderdquo de Kelvin Lynch O autor reconstroacutei a
imagem do ambiente por meio da percepccedilatildeo de moradores das cidades norte-americanas
de Boston Jersey City e Los Angeles Lynch (2011) discute ainda o conceito de
legibilidade a clareza sobre a qual as pessoas percebem interpretam e organizam o seu
espaccedilo na cidade para nela sobreviver uma espeacutecie de sistematizaccedilatildeo cognitiva do
espaccedilo vivido ou seja seu mapa mental
Segundo os paracircmetros anteriormente destacados os mapas mentais possibilitam
destacar aspectos subjetivos e perceptivos de cada sujeito presentes na produccedilatildeo das
linguagens cartograacuteficas de espaccedilos e tempos proacuteximos ou distantes tal fato natildeo eacute
diferente quando relacionado agraves praacuteticas escolares Os PCN desde a deacutecada de 1990
apontam para os professores variados recursos didaacuteticos para o ensino de Geografia
eles explicam que
[] consultar diferentes fontes de informaccedilatildeo tais como obras literaacuterias
muacutesicas regionais fotografias entrevistas ou relatos torna-se essencial na
busca de novas informaccedilotildees que ampliem aquelas que jaacute se possui A
18 Teixeira (2001) adverte em sua tese que o mapa mental embora seja um termo corriqueiro na
atualidade eacute fruto de uma longa reflexatildeo Estudos anteriores podem identificar os mapas mentais pelos
seguintes sinocircnimos mapas cognitivos e ou cartas mentais
50
compreensatildeo geograacutefica das paisagens significa a construccedilatildeo de imagens
vivas dos lugares que passam a fazer parte do universo de conhecimentos dos
alunos tornando-se parte de sua cultura Os trabalhos praacuteticos com maquetes
mapas mentais e fotografias aeacutereas podem tambeacutem ser utilizados Grifo
nosso (BRASIL 1997 101)
As orientaccedilotildees dos PCN sublinham que diferentes praacuteticas e recursos escolares
podem ser utilizados nas aulas de Geografia entretanto na maioria dos casos recursos
como o desenho e os mapas mentais sofrem criacuteticas visto que satildeo tratados apenas como
instrumentos luacutedicos e ou descontextualizados a praacutetica pedagoacutegica
Miranda (2005) ao estudar o uso do desenho como recurso voltado ao ensino de
Geografia realizou uma pesquisa com alunos do atual 3ordm e 4ordm ano do EF Afirma o autor
que haacute o descaso relacionado agraves imagens manuais aleacutem de consideraacute-los como uma
possibilidade de transiccedilatildeo para os mapas existentes19 contexto que se aplica aos mapas
mentais
Miranda (2005 p 57) considera o ato de desenhar ldquo[] como meacutetodo de
abordagem e de anaacutelise como investigaccedilatildeo da paisagem atraveacutes de confrontaccedilotildees entre
o assunto observado (e natildeo o modelo) e os traccedilados que resultam da anaacuteliserdquo Aleacutem
disso ressalta que o desenho natildeo eacute portador de uma ldquoeducaccedilatildeo visualrdquo acabada sem
brechas para uma anaacutelise criacutetica da imagem
Portanto o foco do desenho eacute abranger ldquo[] a sua produccedilatildeo histoacuterica como
linguagem como uma forma de se pensar comunicar apresentar representarrdquo
(MIRANDA 2005 p 58) consideramos que os criteacuterios de educaccedilatildeo visual e
linguagem se aproximam das praacuteticas com os mapas mentais
Ao contraacuterio do desenho os mapas mentais satildeo recursos cartograacuteficos voltados agrave
anaacutelise espacial compostos por uma linguagem especiacutefica A seguir apresentamos
algumas experiecircncias do uso dos mapas mentais em contextos sociais e escolares a fim
de apontar algumas caracteriacutesticas e metodologias relacionadas ao ensino de Geografia
142 Os mapas mentais no ensino-aprendizagem de Geografia
Os trabalhos de Archela Gratatildeo amp Trostdorf (2004) e Santos (2011) embora natildeo
estejam relacionadas agrave educaccedilatildeo formal dispotildeem de algumas informaccedilotildees importantes
19 Esclarece Miranda (2005) que com o avanccedilo de novas teacutecnicas cartograacuteficas e de geoprocessamento a
ciecircncia geograacutefica deixou-se seduzir por estes novos instrumentos criando-se descaso pelas imagens
manuais A credibilidade do desenho eacute expressa com maior nitidez apoacutes o trabalho de Almeida amp Passini
(2010) muito embora como recurso de transiccedilatildeo que permitiria o desenvolvimento da crianccedila para a
chegada aos mapas existentes
51
sobre os mapas mentais A primeira autora utiliza os mapas mentais enquanto recurso
de avaliaccedilatildeo a respeito da aacuterea central da cidade de Cambeacute estado do Paranaacute A
pesquisa eacute realizada com crianccedilas e jovens deste espaccedilo urbano Articula a
representaccedilatildeo do lugar pelos jovens mostrando relaccedilotildees de topofilia (apego ao lugar) e
topofobia (medo do lugar)
Santos (2011) por sua vez expotildeem uma pesquisa realizada com pessoas de
faixa etaacuteria distintas em uma comunidade rural de Vilas Rurais Recanto Verde e Nova
Jerusaleacutem Paranaacute Os mapas mentais satildeo realizados pelos participantes de um projeto
social agriacutecola que busca reduzir as desigualdades sociais no interior do estado
Ambas as pesquisas discutem a relaccedilatildeo de lugar e trabalho e tambeacutem como os
signos (formas espaciais) expressam significados sociais Como exemplo eacute destacado a
igreja enquanto signo espacial nas representaccedilotildees dos mapas mentais Ela corresponde
aos significados das manifestaccedilotildees culturais e religiosas expressadas nos artigos de
Archela Gratatildeo amp Trostdorf (2004) e Santos (2011)
A discussatildeo teoacuterica a respeito do recurso mapa mental eacute realizada por diferentes
autores aleacutem dos supracitados Rocha (2007) Gomes amp Vargas (2011) e Kozel amp
Galvatildeo (2008) enfatizam que as questotildees subjetivas deste recurso (o valor simboacutelico do
mapa) satildeo uma construccedilatildeo dialoacutegica e social do espaccedilo representado O mapa mental
neste sentido revela os sentimentos e apreensotildees das pessoas em relaccedilatildeo ao espaccedilo
podendo estar relacionados agrave memoacuteria ou a imaginaccedilatildeo de espaccedilos natildeo vividos
fisicamente Aleacutem disso possibilita condiccedilotildees de aprendizagem escolar que
possivelmente poderia influenciar na construccedilatildeo da imagem mental
Para alcanccedilarmos trabalhos que se aproximassem com a investigaccedilatildeo da
produccedilatildeo de mapas mentais em contexto escolar pesquisamos experiecircncias relacionadas
a praacuteticas de ensino de Geografia nos primeiros anos de educaccedilatildeo escolar Apesar do
pouco sucesso encontramos uma experiecircncia na Educaccedilatildeo Infantil e outra realizada nos
anos iniciais do EF
O artigo de Lopes (2012) eacute resultado de suas pesquisas sobre a apropriaccedilatildeo dos
espaccedilos pelas crianccedilas ele discorre sobre a infacircncia e outras possibilidades do uso da
Cartografia Escolar O autor realiza investigaccedilotildees baseadas na teoria histoacuterico-cultural
de Vigotski Explica tambeacutem que suas pesquisas com ldquocrianccedilas pequenasrdquo (de zero a
seis anos de idade) vecircm ldquo[] buscando compreender suas linguagens seus
enamoramentos pelas coisas pelos objetos suas vivecircncias em seus contextos histoacuterico-
geograacuteficosrdquo (LOPES 2012 p 215 - 216)
52
O estudo de Lopes (2012) natildeo busca apenas uma cartografia para crianccedilas uma
visatildeo dos adultos sobre as representaccedilotildees realizadas mas enfatiza que os ldquopequenosrdquo
busquem suas proacuteprias referencias promovendo suas Geo-cartografias singularidades
localizem e pensem seu lugar no mundo O autor nomeou esta praacutetica cartograacutefica de
ldquoMapas vivenciaisrdquo eacute notada uma proximidade metodoloacutegica com a pesquisa de
Miranda (2005)
Eacute demonstrado ainda que o mapa vivencial tenha como referecircncia natildeo apenas o
mundo dos adultos mas a proacutepria percepccedilatildeo da crianccedila sobre o mundo Lopes (2012)
considera o exemplo de um mapa realizado por um garoto de quatro anos de idade que
representa o mapa dos cheiros de sua casa A crianccedila estabelece a relaccedilatildeo entre o signo
(cocircmodos de sua casa) e os significados (os cheiros encontrados nestes espaccedilos)
(observar a figura 02 p 52) Esta experiecircncia enfatiza o olfato como oacutergatildeo sensorial
que permite localizar organizar e diferenciar os cocircmodos da casa
FIGURA 02 - MAPA VIVENCIAL MAPA DOS CHEIROS
Fonte LOPES 2012 p 216
Em outro cenaacuterio eacute realizado o trabalho por Silva amp Bernadelli (2010) Eles
conduziram na Escola Estadual Cristoacutevatildeo Colombo Uberlacircndia ndash MG uma oficina
pedagoacutegica sobre mapas mentais com uma turma do 5ordm ano do EF O projeto havia
como intenccedilatildeo promover praacuteticas de ensino de Geografia na Educaccedilatildeo Infantil mediante
experiecircncia de Estaacutegio Supervisionado I realizados com alunos do curso de Geografia
da Universidade Federal de Uberlacircndia
53
A oficina discutiu o uso da Geografia nas atividades do dia a dia e aconteceu em
duas etapas A primeira correspondeu agrave produccedilatildeo de um texto que apresentava conceitos
voltados a cartografia escala orientaccedilatildeo espacial as toponiacutemias e outros levando em
consideraccedilatildeo relaccedilotildees espaciais de base piagetiana A segunda constituiu a realizaccedilatildeo de
mapas mentais que traccedilavam o percurso casa-escola seguindo orientaccedilotildees estabelecidas
por Nogueira (2006) discutindo a importacircncia dos pontos de referecircncia lugares
destacados nas representaccedilotildees experiecircncias pessoais atraveacutes de sentidos e atividades
socioculturais temas apresentados apoacutes a leitura dos mapas mentais com os alunos A
figura 03 (p 53) apresenta um dos mapas que retratam esta discussatildeo
FIGURA 3 - MAPA MENTAL DO TRAJETO CASA-ESCOLA
Fonte SILVA amp BERNADELLI 2010 p 05
Eacute observado que preocupaccedilotildees para um direcionamento teoacuterico ndash metodoloacutegico
com os mapas mentais para a Educaccedilatildeo Infantil e os anos iniciais do Ensino Infantil eacute
algo recente e pontual Em alguns casos estatildeo voltados a experiecircncias com os mapas
existentes (SILVA amp BERNADELLI 2010) entretanto buscam diversificar as
estrateacutegias inserindo a importacircncia do diaacutelogo e das experiecircncias cotidianas Aleacutem
disso fica evidente a pouca referecircncia sobre o uso de mapas mentais voltadas a
54
educaccedilatildeo escolar no que correspondem aos anos iniciais do EF20 que validem uma
proposta metodoloacutegica deste recurso a ser pensada e utilizada pelos pedagogos
Entre as teses que buscam um tratamento de uma construccedilatildeo metodoloacutegica para
o trabalho com os mapas mentais destacamos as teses de Teixeira (2001) e Richter
(2010) os quais daremos maior enfoque na anaacutelise de nosso trabalho
Teixeira (2001) discute como eacute materializado o discurso proferido pela miacutedia da
cidade de Curitiba Paranaacute enquanto ldquocapital ecoloacutegicardquo para isso diagnostica a
construccedilatildeo da imagem social recorrendo agrave percepccedilatildeo da populaccedilatildeo que a habita e a
frequenta Sua pesquisa envolve moradores (estudante do Ensino Fundamental Meacutedio e
Superior discentes e docentes) e natildeo-moradores (turistas) a diversidade de
participantes foi escolhida intencionalmente para responder se havia ou natildeo
divergecircncia dos grupos em relaccedilatildeo a esta imagem de Curitiba
Em busca de respostas para suas indagaccedilotildees Teixeira (2001) utilizou como
instrumento de anaacutelise os mapas mentais Aleacutem do mais discute por meio dos mapas as
representaccedilotildees sociais e espaciais avaliando as construccedilotildees siacutegnicas Por meio de uma
metodologia proacutepria desenvolve paracircmetros de anaacutelise para os mapas mentais fato
inexistente antes do seu trabalho
Como suporte teoacuterico de sua pesquisa resgatou os apontamentos realizados por
Bakhtin (2012) sobre a linguagem o uso do signo e do enunciado como elementos que
possibilitam a comunicaccedilatildeo (dialogismo) por meio da representaccedilatildeo espacial
encontradas nos mapas mentais Produziu estudos posteriores que discute
epistemologicamente e empiricamente o uso dos mapas mentais como recurso didaacutetico
para o ensino de Geografia em diferentes niacuteveis de ensino (KOZEL 2002 2008)
Kozel influenciou a realizaccedilatildeo de outros estudos Em um artigo Galvatildeo amp Kozel
(2008) discutem sobre os aspectos teoacutericos - metodoloacutegicos da Geografia enfatizando as
questotildees de representaccedilatildeo e ensino Reproduzem a metodologia utilizada por Teixeira
para os mapas mentais com um grupo de alunos do 7ordm ano Esse trabalho registra a
compreensatildeo e anaacutelises dos estudantes sobre a contribuiccedilatildeo da Geografia Eacute destacado
nos mapas a temaacutetica Brasil e seus desdobramentos (Relaccedilatildeo local-global identidade
nacional siacutembolos territoacuterio etnias entre outros)
20 Embora as pesquisas de Lopes (2012) discutam o uso de mapas com crianccedilas observamos algumas
divergecircncias A primeira corresponde agrave faixa etaacuteria das crianccedilas pois natildeo podemos comparar as
experiecircncias de vida entre alunos da Educaccedilatildeo Infantil (faixa com a qual trabalha) com os anos iniciais do
EF pois a leitura de mundo eacute distinta A segunda corresponde aos interesses e avanccedilos sobre a
aprendizagem ocorrida na escola lembrando que todos os alunos a partir dos seis anos devem ser
matriculados na rede regular de ensino como discutimos no iniacutecio deste capiacutetulo
55
Em outro caso semelhante Oliveira (2010) dispotildee da metodologia de Teixeira
para o desenvolvimento de sua dissertaccedilatildeo de mestrado Propotildee um estudo de caso em
duas escolas puacuteblicas estaduais em Madalena e Fortaleza ndash CE A pesquisa foi realizada
com alunos do 2ordm ano do Ensino Meacutedio e buscou discutir qual a relaccedilatildeo os estudantes
fazem entre o meio urbano e rural Oliveira (2010) sustenta a ideia que o mapa mental
deve estar direcionado a uma praacutetica pedagoacutegica para a consolidaccedilatildeo do conhecimento
geograacutefico e no reconhecimento e formaccedilatildeo do aluno enquanto um sujeito pertencente a
uma coletividade social
Em outra perspectiva Richter (2010) realiza uma investigaccedilatildeo com duas turmas
de alunos do 3ordm ano do Ensino Meacutedio na cidade de Presidente Prudente ndash Satildeo Paulo
uma escola puacuteblica e outra privada Enfatiza a importacircncia da aprendizagem de
Geografia como um conhecimento necessaacuterio para a Educaccedilatildeo Baacutesica O autor pondera
que a Geografia capacita o aluno a realizar uma interpretaccedilatildeo da realidade sob uma
perspectiva espacial auxiliando a interpretar o seu cotidiano considera isso de
raciociacutenio geograacutefico
Ao desenvolver sua proposta com os mapas mentais define temaacuteticas como os
problemas urbanos e o processo de globalizaccedilatildeo na cidade de Presidente Prudente para a
realizaccedilatildeo das representaccedilotildees Paralelamente resgata a Teoria Histoacuterico-cultural
desenvolvida por Vigotski (1998) e aproxima do desenvolvimento da Cartografia
Escolar Atraveacutes desta discussatildeo estabelece a importacircncia da linguagem para o
desenvolvimento humano a qual a cartograacutefica tambeacutem faz parte
Este pesquisador discute a importacircncia da construccedilatildeo dos conceitos espontacircneos
e cientiacuteficos pelos alunos Estes conceitos segundo o Richter (2010) possibilitam o
aluno compreender a sistematizaccedilatildeo do conhecimento geograacutefico e consequentemente
utilizar este saber em sua vida cotidiana No desenvolvimento da linguagem dos mapas
mentais seleciona os conceitos de legibilidade usada por Kevin Lynch e espaccedilo por
Milton Santos para a disposiccedilatildeo dos elementos retratados Ele considera tambeacutem as
experiecircncias vividas dos alunos assim como os conteuacutedos de Geografia como elos de
produccedilatildeo do raciociacutenio geograacutefico
Richter (2010) julga o mapa mental enquanto recurso didaacutetico que possibilita ao
aluno transpor para o papel sua compreensatildeo sobre a dinacircmica espacial articulando
seus conhecimentos sobre Geografia e ampliando seu conhecimento tornando o
estudante leitor e produtor de mapa Reconhece tambeacutem a importacircncia da criticidade na
56
elaboraccedilatildeo dos mapas mentais Observa em alguns casos que o aluno natildeo domina certos
conceitos da Geografia
Richter (2010) assim como Teixeira (2001) tambeacutem prossegue em seus estudos
sobre Cartografia Escolar Ele enfatiza a importacircncia dos mapas mentais nas praacuteticas
escolares sem perder o foco do ensino-aprendizagem de Geografia como fator
preponderante Nesta mesma linha jaacute apresentada desenvolve projetos de pesquisas em
escolas na regiatildeo norte da cidade de Goiacircnia ndash GO atraveacutes do Programa de
Financiamento de Bolsas para alunos de Licenciatura (PROLICEN) do curso de
Geografia da UFG (RICHTER 2013)
No desenvolvimento dos mapas mentais encontramos diversos fatores que
contribuem com a sua produccedilatildeo ora referem-se agrave percepccedilatildeo que cada indiviacuteduo tem
acerca do espaccedilo cotidiano ora essas leituras satildeo provenientes de um saber
sistematizado cientiacutefico orientado por uma educaccedilatildeo escolar em ambos os casos
carecem de habilidade para transcrever no papel as imagens mentais que o sujeito deteacutem
sobre o espaccedilo (TEIXEIRA 2001 RICHTER 2010) Portanto o mapa mental eacute
resultado de uma representaccedilatildeo dialeacutetica possuindo caracteriacutesticas individuais do
sujeito tal como a influecircncia sociocultural do mesmo
O desenvolvimento dos mapas mentais enquanto capacidade cartograacutefica
pressupotildee habilidade para abstrair e simbolizar eacute incontestaacutevel o poder de conceituar as
relaccedilotildees espaciais (TEIXEIRA 2001 GALVAtildeO amp KOZEL 2008 RICHTER 2010)
A ocasiatildeo mais comum de seu uso eacute quando eacute necessaacuterio transpor eficientemente para
o papel o conhecimento geograacutefico a outros sujeitos e como a linguagem verbal eacute mais
utilizada para narrar acontecimentos do que para descrever e explicar relaccedilotildees espaciais
simultacircneas os mapas mentais satildeo adotados para a alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica e
consequentemente para a leitura de mundo do aluno
15 AS CONTRIBUICcedilOtildeES DE VIGOTSKI E BAKHTIN PARA A COMPREENSAtildeO
METODOLOacuteGICA DOS MAPAS MENTAIS
Ao relacionarmos os mapas mentais enquanto portadores de uma comunicaccedilatildeo
afirmamos que eles possuem uma linguagem cartograacutefica Esta compreensatildeo tem como
base os estudos estabelecidos por Teixeira (2001) Kozel (2002 2005 2008) e Richter
(2010) Essa preocupaccedilatildeo sobre a visatildeo do mapa enquanto portador de uma linguagem
57
natildeo eacute ineacutedito Richter (2010) apresenta o trabalho acadecircmico de Simielli sobre a
reflexatildeo do mapa como possibilidade de um tratamento didaacutetico da linguagem espacial
Simielli (2008 p 71) foi uma das primeiras autoras a discutir ldquoo mapa como
elemento transmissor de informaccedilatildeordquo e avaliar sua ldquoeficaacuteciardquo A teoria da informaccedilatildeo
discutida pela autora embora natildeo aponte os mapas mentais compreende o aluno
enquanto mapeador possibilitando o desenvolvimento de habilidades como observaccedilatildeo
seleccedilatildeo e representaccedilatildeo do espaccedilo geograacutefico Constitui um modelo cognitivo de
apreensatildeo da realidade atraveacutes dos sentidos para a representaccedilatildeo do mapa Explica
Simielli (2008 p 78) que
Para se entender plenamente a linguagem cartograacutefica eacute preciso destacar aqui
a importacircncia da semioacutetica ciecircncia geral de todas as linguagens mais
especialmente dos signos O signo eacute algo que representa o seu proacuteprio objeto
Ele soacute eacute signo se tiver o poder de representar esse objeto de um certo modo e
com uma certa capacidade O signo soacute pode representar seu objeto para um
inteacuterprete produzindo na mente deste um outro signo considerando o fato de
que o significado de um signo eacute outro signo
O signo apresentado no mapa se divide em duas esferas o significante que
corresponde ao aspecto real (material) do signo e o significado que eacute o aspecto irreal
(representado) Segundo as orientaccedilotildees da autora supracitada o mapa constitui uma
relaccedilatildeo entre dois sujeitos o emissor (produtor do mapa) e o receptor (leitor do mapa)
Aleacutem disso satildeo empregadas teacutecnicas da alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica para a
construccedilatildeo do sentido dos mapas da relaccedilatildeo dos significados e significantes expressos
por meio de um alfabeto cartograacutefico (linha ponto e aacuterea) aparato da linguagem
cartograacutefica Simielli (2008 p 88) considera que ldquo[] o aluno interpreta os mapas
orienta-se e estabelece-se a correspondecircncia entre a representaccedilatildeo cartograacutefica e a
realidaderdquo21
O mapa diferentemente de outras teacutecnicas de informaccedilatildeo e conhecimento como
a liacutengua portuguesa ou a Matemaacutetica eacute portador de uma linguagem natildeo-verbal Traduz
um processo de aprendizagem natildeo sequencial de fenocircmenos que quando apresentados
na fala em texto ou operaccedilotildees matemaacuteticas naturalmente vatildeo apresentar uma
hierarquia disposiccedilatildeo sequencialidade que nem todas agraves vezes satildeo desejaacuteveis
A utilizaccedilatildeo dos mapas mentais sugere metodologias para interpretaacute-los e
existem diferentes formas de fazecirc-lo Para isso como meio de sistematizar
21 Podemos observar o uso deste alfabeto cartograacutefico na larga produccedilatildeo de mapas existentes (nos uso da
legenda) em nosso cotidiano nos mapas murais atlas escolares livros didaacuteticos etc
58
geograficamente as informaccedilotildees registradas nos mapas mentais elaborados pelos alunos
apresentamos dois processos metodoloacutegicos que consideramos satisfatoacuterios Eles se
completam e satildeo empregados como guias para a avaliaccedilatildeo dos mapas produzidos em
nossa pesquisa
O primeiro corresponde aos trabalhos de Richter (2010) que aproxima da teoria
histoacuterico-cultural de Vigostki (1998) e o segundo de Teixeira (2001) e Kozel (2002
2005 2008) ao referendar os estudos de Bakhtin para interpretaccedilatildeo dos mapas mentais
Consideramos que ambas as metodologias tem como foco a interpretaccedilatildeo das
informaccedilotildees contidas nos mapas mentais bem como o estabelecimento de relaccedilotildees entre
o espaccedilo geograacutefico e o representado Consideram os aspectos socioculturais como algo
imprescindiacutevel agrave compreensatildeo dos mapas mentais
Portanto escolhemos os dois autores russos Vigostki (1998) e Bakhtin (2012)
por eles promoverem uma discussatildeo acerca da linguagem no desenvolvimento da
aprendizagem humana e no estabelecimento do dialogo social Essa tese eacute sustentada
por Jobim e Souza (1994 p 93) ao considerar que embora Vigotski e Bakhtin tomem
diferentes caminhos para interpretaccedilatildeo deste ponto convergem em explicar ldquoa
linguagem como espaccedilo de recuperaccedilatildeo do sujeito histoacuterico e socialrdquo
Vigotski (1998) e Bakhtin (2012) provocaram importantes mudanccedilas sobre a
reflexatildeo hegemocircnica da condiccedilatildeo humana no seacuteculo XX Ambos os autores construiacuteram
suas perspectivas de estudo baseados no campo filosoacutefico do materialismo histoacuterico-
dialeacutetico indicando o campo cultural da sociabilidade humana como base para a
tematizaccedilatildeo da consciecircncia Se Vigotski por um lado contrapocircs agrave corrente objetivista e
subjetivista na Psicologia por outro Bakhtin os desafiou em seus estudos sobre a
linguagem
Bakhtin (2012) considera a linguagem como fenocircmeno socioideoloacutegico e
apreendido dialogicamente no contexto histoacuterico Critica a postura das grandes
correntes linguiacutesticas da deacutecada de 1920 por empregar teorias que natildeo considerava a
liacutengua como fenocircmeno social O objetivismo abstrato representado por Saussure e o
subjetivismo idealista empregado por Humboldt
Segundo Rego (1995) a perspectiva de aprendizagem para Vigotski eacute sempre
relativa agrave dimensatildeo social e natildeo exclusivamente a maturaccedilatildeo do organismo22 A
22 Durante o desenvolvimento de nossa pesquisa foi posto pela professora do 5ordm ano que alguns alunos
natildeo conseguiam desenvolver ou compreender determinadas propostas com os mapas mentais ou
relacionadas a conteuacutedo da Geografia Segundo sua explicaccedilatildeo isso ocorre porque natildeo estaria ldquomadurosrdquo
59
formaccedilatildeo humana eacute constituiacuteda em relaccedilatildeo coletiva A cultura torna-se parte da natureza
humana O desenvolvimento decorre da histoacuteria das funccedilotildees psicoloacutegicas superiores
caracterizadas por mudanccedilas qualitativas e quantitativas
As funccedilotildees psicoloacutegicas superiores (percepccedilatildeo memoacuteria pensamento)
transformam-se em contiguidade dando suporte aos processos elementares que se
tornam complexos Nestes termos inexiste um instrumento endoacutegeno23 para o
desenvolvimento humano Consequentemente
Os sistemas de signos (a linguagem a escrita o sistema de nuacutemeros) eacute
pensado como um sistema de instrumentos os quais foram criados pela
sociedade ao longo de sua histoacuteria Esse sistema muda a forma social e o
niacutevel de desenvolvimento cultural da humanidade A internalizaccedilatildeo desses
signos provoca mudanccedilas no homem Seguindo a tradiccedilatildeo marxista Vigotski
considera que as mudanccedilas que ocorrem em cada um de noacutes tem sua raiz na
sociedade e na cultura (BOCK FURTADO amp TEIXEIRA 2008 p 141)
A linguagem para Vigotski (1998) se torna o principal instrumento mediador
da interaccedilatildeo humana O ato da comunicaccedilatildeo para o desenvolvimento da humanidade eacute
incontestaacutevel Ao longo da histoacuteria ela contribuiu para o desenvolvimento das formas de
sobrevivecircncia no espaccedilo geograacutefico Pouco a pouco se tornou importante o legado das
experiecircncias atraveacutes das geraccedilotildees permitindo o avanccedilo da sociedade em termos sociais
evolutivos e adaptativos ao ambiente
Vigotski (1998) considera que o discurso egocecircntrico eacute ponto de partida para o
discurso interior Interior porque corresponde agrave internalizaccedilatildeo da linguagem Nestas
condiccedilotildees ao longo de nosso desenvolvimento passamos da fala socializada (a
comunicaccedilatildeo em contato social) a fala internalizada (instrumento de pensamento sem
vocalizaccedilatildeo) correspondente a um diaacutelogo consigo mesmo (REGO 1995)
Nessas conjunccedilotildees a questatildeo levanta por Vigotski (1998) eacute o planejamento de
uma teoria sociopsicoloacutegica que relaciona o pensamento a palavra como processo
dinacircmico E tambeacutem a necessidade da linguagem como fator constituinte para as
funccedilotildees psicoloacutegica superiores e da construccedilatildeo da subjetividade (JOBIM E SOUZA
1994) No campo da didaacutetica e do ensino-aprendizagem de Geografia especificamente
estudos sobre uma concepccedilatildeo socioconstrutivista enfatizam a educaccedilatildeo escolar como
o suficiente para progredir em seu desenvolvimento intelectual Observa que em muitos casos apenas o
fator ldquotempo de estudordquo o proporcionaria se desenvolver Posicionamo-nos de forma contraacuteria ao
entender por meio dos estudos de Vigotski (1998) que os fatores sociais e o processo de mediaccedilatildeo
contribuem para o progresso da aprendizagem do aluno 23 Relativo a algo originaacuterio ou desenvolvimento no interior do organismo
60
processo de conhecimento onde haacute a intervenccedilatildeo premeditada pelo professor a fim de
preparar o aluno para a construccedilatildeo de conceitos (CAVALCANTI 2014)
Na concepccedilatildeo de Vigotski (1998) o conhecimento natildeo eacute construiacutedo de forma
individual mas ao contraacuterio relata que pessoas mais experientes intervecircm na
construccedilatildeo do conhecimento elas satildeo denominadas mediadores A interaccedilatildeo ocorre
tambeacutem por meio de teacutecnicas materiais e instrumentos psicoloacutegicos oferecidos pela
cultura Para Vigotski (1998 p 112) a mediaccedilatildeo eacute explicada por meio do conceito de
Zona de Desenvolvimento Proximal que
[] eacute a distacircncia entre o niacutevel de desenvolvimento real que se costuma
determinar atraveacutes da soluccedilatildeo independente de problemas e o niacutevel de
desenvolvimento potencial determinado atraveacutes da soluccedilatildeo de problemas sob
a orientaccedilatildeo de um adulto ou em colaboraccedilatildeo com companheiro mais
capazes
Em outras palavras a Zona de Desenvolvimento Real eacute quando o aluno
consegue resolver determinado problema sozinho Zona de Desenvolvimento
Potencial eacute quando o aluno necessita de auxiacutelios mediadores para construir uma
compreensatildeo sobre algum conceito Jaacute a Zona de Desenvolvimento Proximal eacute o
estaacutegio intermediaacuterio com sucessivos avanccedilos e retrocessos ao longo do processo
educativo
Semelhante ao conceito de Zona de Desenvolvimento Proximal e os processos
de ensino-aprendizagem de Geografia nos anos iniciais do EF apontamos os
mediadores que nesse caso eacute representado pelo professor os colegas e os recursos
didaacuteticos24 (no caso desta pesquisa os mapas mentais) que podem influenciar na
educaccedilatildeo escolar O professor nesse processo ganha importacircncia significativa pois eacute
sua tarefa problematizar e criar situaccedilotildees de aprendizagem Os alunos por sua vez satildeo
motivados a interpretar analisar levantar hipoacuteteses propor soluccedilotildees e representar as
dinacircmicas do espaccedilo geograacutefico orientaccedilotildees expressas nos PCN (BRASIL 1997)
Portanto segundo Cavalcanti (2014) na relaccedilatildeo entre desenvolvimento e
aprendizagem os instrumentos mediadores e a situaccedilatildeo de ensino-aprendizagem
possibilita o desenvolvimento do pensamento nas praacuteticas escolares destacando-se
entre os instrumentos a linguagem De acordo com a interpretaccedilatildeo de Rego sobre o
24 Entendemos que satildeo diversos os recursos didaacuteticos (instrumentos mediadores) utilizados como aporte
para as aulas de Geografia Eles correspondem aos jaacute tradicionalmente conhecidos e utilizados no espaccedilo
escolar (livro didaacutetico atlas caderno) e outros utilizados no cotidiano dos alunos (raacutedio televisatildeo
jornais revistas computador internet etc) Apoiamos a diversidade desses recursos para a praacutetica de
ensino possibilitando diferentes caminhos para o professor atingir seus objetivos em sala de aula
61
trabalho de Vigotski a linguagem confere trecircs mudanccedilas essenciais nos processos
psiacutequicos do homem
A primeira relaciona-se ao fato de que a linguagem permite lidar com os
objetos do mundo exterior mesmo quando eles estatildeo ausentes [] A segunda
refere-se ao processo de abstraccedilatildeo e generalizaccedilatildeo que a linguagem
possibilita [] a linguagem natildeo somente designa os elementos presentes na
realidade mas tambeacutem fornece conceitos e modos de ordenar o real em
categorias conceituais [] A terceira estaacute associada agrave funccedilatildeo de
comunicaccedilatildeo entre os homens que garante como consequecircncia a preservar
transmissatildeo e assimilaccedilatildeo de informaccedilotildees e experiecircncias acumuladas pela
humanidade ao longo da histoacuteria (REGO 1995 p 53 ndash 54)
Aleacutem disso haacute outro pressuposto relativo ao estudo de Vigotski para aplicaccedilotildees
no contexto escolar Satildeo na interaccedilatildeo com o meio que o sujeito desenvolve conceitos
espontacircneos e depois na escola mediados pelo professor conceitos cientiacuteficos O
primeiro corresponde aos conhecimentos construiacutedos na experiecircncia pessoal cotidiana
concreta O conceito cientiacutefico eacute o conhecimento construiacutedo ao longo da histoacuteria que eacute
disponibilizado pela educaccedilatildeo escolar por meio de um ensino sistemaacutetico (REGO
1995)
Esclarecendo um pouco mais estes conceitos Rego (1995 p 77) afirma que
Os conceitos cotidianos referem-se agravequeles conceitos construiacutedos a partir da
observaccedilatildeo manipulaccedilatildeo e vivencia direta da crianccedila [] Os conceitos
cientiacuteficos se relacionam agravequeles eventos natildeo diretamente acessiacuteveis agrave
observaccedilatildeo ou accedilatildeo imediata da crianccedila satildeo os conhecimentos
sistematizados adquiridos nas interaccedilotildees escolarizadas
Richter (2010) discute a importacircncia da construccedilatildeo desses conceitos espontacircneos
e cientiacuteficos para o desenvolvimento do raciociacutenio geograacutefico Aleacutem disso relaciona os
estudos de Vigotski agrave compreensatildeo da linguagem cartograacutefica o desenvolvimento da
aprendizagem neste caso eacute mediado pelo uso do mapa mental Resgatamos
sumariamente as ideias de Vigotski a respeito da construccedilatildeo dos conceitos e como
entendemos esse processo para explicaccedilatildeo do uso das noccedilotildees para o ensino de
Geografia
Para Vigotski segundo expotildee Friedrich (2012) o desenvolvimento da
linguagem pela crianccedila eacute distinguido em trecircs fases no processo de formaccedilatildeo de
conceitos A primeira fase corresponde agrave formaccedilatildeo dos sincreacuteticos a segunda eacute a do
pensamento por complexos nessa fase haacute um momento chamado de pseudoconceito e
por uacuteltimo o verdadeiro conceito (conceito cientiacutefico)
Na formaccedilatildeo dos sincreacuteticos ldquo[] a crianccedila designa diferentes objetos
utilizando a mesma palavrardquo (FRIEDRICH 2012 p 91) Nesse processo de
62
desenvolvimento cognitivo da crianccedila ela pode utilizar a mesma palavra (entendida
aqui como imagem) para situaccedilotildees distintas em decorrecircncia de seu caraacuteter difuso e
aleatoacuterio O que haacute eacute uma utilizaccedilatildeo funcional da imagem independentemente do
contexto ao qual se encontra
Ao relacionar a formaccedilatildeo da imagem sincreacutetica as representaccedilotildees dos mapas
mentais Richter (2010 p 72) adverte que o aluno embora observe o meio ou em outro
caso jaacute tenha estudado outros modelos de representaccedilatildeo
[] natildeo consegue discernir os contextos que satildeo responsaacuteveis pela sua
configuraccedilatildeo [espacial] Ou seja produz um mapa em que todos os elementos
representados natildeo apresentam diferenccedilas Por exemplo natildeo entende que uma
aacutervore pode ser mais velha que um preacutedio abandonado Mas ao cruzar
determinadas informaccedilotildees como a localizaccedilatildeo de alguns objetos ou a anaacutelise
temporal transforma essa imagem complexa numa leitura mais criteriosa
Os complexos pensamento e linguagem satildeo desenvolvidos pelas crianccedilas
possibilitando a compreensatildeo de relaccedilotildees objetivas existentes entre o mapa mental e o
mundo real tomando a representaccedilatildeo como fonte de conhecimento do mundo (natildeo)
conhecido O mapa mental por exemplo eacute observado como aproximaccedilatildeo da
representaccedilatildeo espacial do mapa existente do Brasil Isso ocorre por conter criteacuterios
miacutenimos de comunicaccedilatildeo que podem ou natildeo ter alguma relaccedilatildeo aos modelos
tradicionalmente expressos pela ciecircncia geograacutefica (tema legenda tiacutetulo uso de signos
orientaccedilatildeo espacial) Devemos compreender que
A organizaccedilatildeo do pensamento por complexo ajuda a crianccedila na interpretaccedilatildeo
do mundo e assim na sua representaccedilatildeo Neste momento o mapa deixa de
ser um amontoado de objetos para representar fenocircmenos especiacuteficos que
mesmo tendo alguns niacuteveis de complexidade natildeo compatiacuteveis com a
cogniccedilatildeo da crianccedila ela jaacute eacute capaz de estabelecer criteacuterios de seleccedilatildeo Assim
o mapa construiacutedo comeccedila a ser analisado como um meio de comunicaccedilatildeo
entre o que a crianccedila observa no mundo no seu meio e no que eacute possiacutevel
expressar nele (RICHTER 2010 p 73)
Por meio dos complexos e do agrupamento de ligaccedilotildees entre os objetos e
fenocircmenos estudados surge no final da segunda fase o pseudoconceito Essa fase eacute
significativa visto que ele eacute o antecessor ao verdadeiro conceito correspondendo como
elo ao conceito cientiacutefico O pseudoconceito segundo as observaccedilotildees de Friedrich
(2012) ainda natildeo eacute o proacuteprio conceito muito embora as bases de abstraccedilatildeo da palavra
as possiacuteveis semelhanccedilas e agrupamentos sejam levados em consideraccedilatildeo pela crianccedila
O pseudoconceito quando relacionado agraves atividades voltadas aos mapas mentais
compreende em um estaacutegio onde as crianccedilas conseguem desenvolver interpretaccedilotildees e
representaccedilotildees proacuteximas a compreensatildeo dos adultos embora natildeo tenha desenvolvido
autonomia ou habilidade cognitiva suficiente para desenvolver o processo sem o auxiacutelio
63
da mediaccedilatildeo de outros sujeitos colegas ou professor (RICHTER 2010) A terceira fase
eacute a de formaccedilatildeo de conceito cientiacuteficos anteriormente explicados
Diferentemente de Richter (2010) que realiza sua pesquisa com alunos do
ensino meacutedio observamos que por diferentes razotildees (formaccedilatildeo do professor de
Pedagogia tempo de aula destinado a disciplina de Geografia metodologia e recursos
empregados etc) natildeo haacute o ensino-aprendizagem do conceito propriamente dito nos
anos iniciais do EF mas o de noccedilotildees referentes agrave ciecircncia geograacutefica Entendemos as
noccedilotildees de Geografia como o processo inicial de construccedilatildeo de conhecimentos baacutesicos
dessa ciecircncia na escola O quadro 2 sintetiza esse modelo
QUADRO 2 - AS NOCcedilOtildeES COMO PROCESSO DE FORMACcedilAtildeO DOS CONCEITOS
CIENTIacuteFICOS
Fonte Friedrich (2012) e Richter (2010)
Baseado nesse modelo eacute apontado que as noccedilotildees devem estar niacutetidas enquanto
conceitos cientiacuteficos na compreensatildeo dos professores Para os alunos as noccedilotildees de
Geografia se apresentam enquanto condiccedilotildees iniciais de raciociacutenio e abstraccedilatildeo dos
conhecimentos referentes a essa ciecircncia em outros termos ldquo[] natildeo significa apenas
generalizar colocar junto agraves coisas no mundo mas pensar o mundo o que pode
conduzir a ligaccedilotildees entre as coisas no mundo que natildeo satildeo ligaccedilotildees fatuaisrdquo
(FRIEDRICH 2012 p 95)
Desenvolve autonomia e
habilidade cognitiva para
uma interpretaccedilatildeo mais
aprofundada
Pensamento por
complexos
Caraacuteter difuso e aleatoacuterio
Conceitos cientiacuteficos
Sincreacuteticos
Des
envolv
imen
to d
as
noccedilotilde
es d
e
Geo
gra
fia n
os
an
os
inic
iais
do E
F
Pensamento linguagem ndash
representa fenocircmenos
especiacuteficos
Pseudoconceito
Aproxima-se da
compreensatildeo dos adultos
64
Portanto as noccedilotildees podem passar por todas as fases da construccedilatildeo do conceito
cientiacutefico (sincreacuteticos pensamento por complexos e pseudoconceitos) Entretanto natildeo
haacute a garantia da formaccedilatildeo de conceitos tampouco dos pseudoconceitos tendo em vista
que o conceito cientiacutefico na maioria das vezes natildeo eacute alcanccedilado nos anos iniciais do EF
As noccedilotildees auxiliam os fundamentos para compreensatildeo das relaccedilotildees espaciais e temas
geograacuteficos viabilizando o aluno a progredir em seus estudos
Entender a linguagem mediante as ideias expressas por Vigostki eacute observar que
ela eacute uma construccedilatildeo social e que se desenvolve ao longo da vida Adicionamos a esta
interpretaccedilatildeo a proposta de Bakhtin (2012) que entende a linguagem como um
fenocircmeno social da interaccedilatildeo verbal Buscamos nesse processo observar como as
noccedilotildees de Geografia expressam sentido na representaccedilatildeo por meio dos mapas mentais
Bakhtin (2012) contesta as teses empregadas sobre a linguagem a liacutengua com
influecircncia histoacuterica da filologia que desconsiderou o enunciado e o contexto
transformando-a em um monologo morto com enunciaccedilatildeo fechada isolada Esse autor
afirma que a liacutengua eacute viva e natildeo pertence a um sistema abstrato de normas possui um
contexto soacutecio-histoacuterico A linguagem eacute vista a partir da interaccedilatildeo entre os sujeitos
envolvidos numa praacutetica social Assim
A verdadeira substacircncia da liacutengua [] eacute constituiacuteda [] pelo fenocircmeno social
da interaccedilatildeo verbal realizada atraveacutes da enunciaccedilatildeo ou das enunciaccedilotildees A
interaccedilatildeo verbal constitui assim a realidade fundamental da liacutengua [] Mas
pode-se compreender a palavra ldquodiaacutelogordquo num sentido amplo isto eacute natildeo
apenas com a comunicaccedilatildeo em voz alta de pessoas colocadas face a face
mas toda comunicaccedilatildeo verbal de qualquer tipo que seja (BAKHTIN 2012
p127)
O conceito de dialogismo e interaccedilatildeo verbal estatildeo diretamente ligados pois se
apresentam enquanto sustentaccedilatildeo do processo de produccedilatildeo dos discursos em outras
palavras eacute agrave base da proacutepria linguagem Portanto para Bakhtin (2012) todos os
interlocutores envolvidos no processo apresentam o mesmo grau de importacircncia visto
que todo enunciado eacute uma reacuteplica uma resposta a enunciados passados e possiacuteveis
enunciados que venham a ser produzidos De modo simultacircneo a uma resposta todo o
enunciado se configura tambeacutem em uma indagaccedilatildeo em uma pergunta a outros
possiacuteveis enunciados25
25Para Bakhtin (2012) o enunciado eacute um diaacutelogo que se produz em um contexto que eacute sempre social entre
duas pessoas socialmente organizadas Estabelece relaccedilotildees com a realidade dialoacutegica entre o falante e o
ouvinte
65
Nessas condiccedilotildees Freitas (2000 p 135) entende que ldquotoda enunciaccedilatildeo tem pois
dois aspectos o linguumliacutestico [sic] que eacute reiterativo e se refere a um objeto preacute-existente e
o contextual que eacute uacutenico tendo como referecircncia novos enunciadosrdquo Portanto no caso
do uso dos mapas mentais entendemos que ele sempre seraacute relativo a um modelo preacute-
existente seja a imagem mental que o aluno tem do mundo ou uma construccedilatildeo jaacute
sistematiza atraveacutes dos mapas existentes possibilitando (re) significar sua compreensatildeo
acerca do espaccedilo geograacutefico26
Nesse sentido Jobim e Souza (1994) demonstram que a visatildeo bakhtiniana propotildee
que as relaccedilotildees dialoacutegicas satildeo particulares elas natildeo podem ser reduzidas agraves reacuteplicas de
um diaacutelogo real Decorre que estas relaccedilotildees dialoacutegicas satildeo amplas heterogecircneas e
complexas Dois enunciados de lugar e ou tempo diferente quando confrontados em
relaccedilatildeo ao seu sentido podem resultar em uma relaccedilatildeo dialoacutegica Estas constituem
relaccedilatildeo de sentido quer seja no discurso de um diaacutelogo real e especiacutefico (espaccedilo vivido)
como no acircmbito plural das ideias desenvolvidas pela ciecircncia em espaccedilos e tempos
distintos27
O tema e a construccedilatildeo das noccedilotildees geograacuteficas satildeo conforme a interpretaccedilatildeo dos
estudos de Bakhtin e Vigotski algo exterior ao sujeito O aluno natildeo eacute o criador por
excelecircncia do saber geograacutefico do produto cartograacutefico mas um (re) contextualizador
dessa histoacuteria (Re) contextualiza para compreender No ato da mediaccedilatildeo aprimora
suas teacutecnicas contextualiza novos conhecimentos memoriza esquece inventa
descobre deixa de acreditar em fantasias e estoacuterias como consequecircncia
Nenhum falante eacute o primeiro a falar sobre o toacutepico de seu discurso O falante
natildeo eacute o Adatildeo biacuteblico que nomeia o mundo pela primeira vez Cada um de noacutes
encontra um mundo que jaacute foi articulado elucidado avaliado de muitos
modos diferentes mdash jaacute-falado por algueacutem Ao usar as palavras para falar
sobre um determinado toacutepico encontramo-nos jaacute habitado por outras falas de
outras pessoas Para Bakhtin a linguagem nunca estaacute completa ela eacute uma
26 Compreendemos que os mapas mentais podem se aproximar em sua configuraccedilatildeo dos mapas
existentes mas isso natildeo eacute a intenccedilatildeo primeira O que procuramos explicar eacute que a imagem espacial acerca
do espaccedilo geograacutefico eacute apresentada ao aluno de diferentes formas seja ela a partir de suas proacuteprias
experiecircncias cotidianas assim como por abstraccedilotildees (mapas) utilizadas pelas diferentes esferas sociais
Isto influecircncia a percepccedilatildeo de mundo dos estudantes podendo ser re-significada na escola mediante o
processo de ensino-aprendizagem de Geografia 27
Haacute uma diferenccedila expressa que distingue significado e sentido nas obras de Bakhtin segundo Freitas
(2000 p 136) o ldquosignificado refere-se ao significado abstrato dicionarizado que eacute reconhecido pelos
linguumlistas [sic] [] O sentido exige uma compreensatildeo ativa mais complexa em que o ouvinte aleacutem de
decodificar relaciona o que estaacute sendo dito com o que ele estaacute presumindo e prepara uma resposta ao
enunciadordquo
66
tarefa um projeto sempre caminhando e sempre inacabado (JOBIM E
SOUZA 1994 p 99)
No contexto escolar o aluno ao produzir um mapa mental entendido por Kozel
(2005 2008) como enunciado sempre leva em consideraccedilatildeo o outro (colegas e
professor e a proacutepria condiccedilatildeo social ao que estaacute inserido) natildeo de forma passiva mas
sobretudo como sujeito que participa de maneira ativa Eacute a partir dessa corrente
comunicativa de enunciados concretos que a linguagem no sentido bakhtiniano se
define como dialoacutegica Um dos fatos que possibilita o uso da concepccedilatildeo bakhtiniana
para interpretaccedilatildeo dos mapas mentais eacute que
A especificidade das relaccedilotildees dialoacutegicas precisa de uma abordagem que
considere os aspectos metalinguumliacutesticos [sic] que constituem qualquer
enunciado e que natildeo satildeo redutiacuteveis agraves relaccedilotildees loacutegicas da liacutengua Embora as
relaccedilotildees loacutegicas na liacutengua sejam evidentes e necessaacuterias elas natildeo esgotam
toda a complexidade presente nas relaccedilotildees dialoacutegicas (JOBIM E SOUZA
1994 p 100)
Jobim e Souza oferece outras pistas para compreendermos a funccedilatildeo dos mapas
mentais a autora ao referir-se aos estudos de Bakhtin elucida que ldquoas relaccedilotildees
dialoacutegicas pressupotildeem a liacutengua como sistema mas natildeo existem propriamente no
sistema da liacutenguardquo (JOBIM E SOUZA 1994 p 101) portanto natildeo apenas a expressatildeo
verbal poderaacute constituir um sistema linguiacutestico mas tambeacutem as natildeo-verbais como a
libras desenho e os mapas mentais
Teixeira (2001) ao estudar os mapas mentais explica que eles constituem um
discurso que emprega uma variedade de signos expressos em forma de enunciado
constituindo novas formas de linguagem destaca que
Eacute atraveacutes de nossa capacidade de combinar signos que desenvolvemos nossa
capacidade semioacutetica pois os sistemas de signos satildeo sobretudo conjuntos
heterogecircneos Com base nessas consideraccedilotildees podemos entender a
importacircncia dessa abordagem para a anaacutelise das representaccedilotildees elaboradas
atraveacutes dos mapas mentais (TEIXEIRA 2001 p 273)
Como exemplo Teixeira (2001) estuda o slogan ldquoCuritiba Capital ecoloacutegicardquo
enquanto um signo de representaccedilatildeo social da cidade de Curitiba ndash PR Os mapas
mentais realizados em sua pesquisa observam a percepccedilatildeo da imagem ambiental de
Curitiba criada pela sociedade dividindo a interpretaccedilatildeo em duas esferas de um lado
como uma urbanizaccedilatildeo organizada e por outro com problemas como favelizaccedilatildeo
poluiccedilatildeo entre outros
67
O enunciado portanto pode se contradizer mas natildeo discordar Isto soacute eacute possiacutevel
quando ocorre as interaccedilotildees do sistema linguiacutestico com a realidade satildeo as interaccedilotildees
que datildeo o caraacuteter de verdadeiro falso belo etc O mapa mental enquanto um recurso
visual tambeacutem eacute carregado desta relaccedilatildeo dialoacutegica possui interaccedilotildees de signos que
dialogam com a realidade espacial vivida e ou conhecida pelo aluno durante suas
praacuteticas estudantis e sociais
Explica Barros (2012) que o signo eacute carregado de um conteuacutedo valor ideoloacutegico
ou vivencial possui tambeacutem caraacuteter mediador operador (realiza) e conversor (altera) as
relaccedilotildees sociais e percepccedilotildees A atividade do signo eacute para Vigotski e Bakhtin um
processo de mudanccedila do proacuteprio sujeito sobre outros e a cultura Admite Barros (2012)
que para Vigotski a palavra eacute sempre comando e Bakhtin desfaz a dicotomia entre
linguagem e praacutetica social Como conclusatildeo ao uso do signo nessa perspectiva
Os signos soacute podem existir onde os indiviacuteduos estejam socialmente
organizados formando grupos ou sociedades organizadas natildeo sendo possiacutevel
serem construiacutedos apenas na intermediaccedilatildeo entre dois elementos ou coisas
quaisquer Eacute necessaacuterio que exista a materialidade social para que haja a
exteriorizaccedilatildeo do signo tornando-o objeto concreto de estudo garantindo-lhe
sua convencionalizaccedilatildeo e garantindo sua utilizaccedilatildeo como signo (TEIXEIRA
2001 p 269)
Consideramos que o mapa mental ao se constituir em um fator de caracterizaccedilatildeo
para a linguagem cartograacutefica possui funccedilatildeo de enunciado da mesma forma como
Bakhtin valoriza a enunciaccedilatildeo na fala afirmando sua natureza social o mapa mental estaacute
relacionado agraves condiccedilotildees da comunicaccedilatildeo que por sua vez estatildeo sempre ligadas agraves
estruturas sociais Essa comunicaccedilatildeo envolve no miacutenimo dois sujeitos o sujeito
destinador (mapeador) e o destinataacuterio (leitor de mapa) mas
[] o vivido soacute se semiotiza quando eacute expresso em caso contraacuterio natildeo seraacute
uma experiecircncia humana mas uma mera resposta fisioloacutegica a um estiacutemulo
do meio que natildeo se diferenciaria do animal Portanto expressar externar um
enunciado eacute um produto das inter-relaccedilotildees sociais (KOZEL 2008 p 74)
Concluindo nossos apontamentos sobre as consideraccedilotildees de Bakhtin
ressaltamos que o mapa mental pode ser considerado mais que um veiacuteculo de
comunicaccedilatildeo entre os sujeitos a materializaccedilatildeo do proacuteprio conhecimento cientiacutefico
aprendido coletivamente em condiccedilotildees escolares Apresenta natildeo apenas sinais relativos
ao sujeito que aprende mas refletem sobre as ideologias criadas pela sociedade
contrapondo e ressignificando as experiecircncias cotidianas do sujeito que vive e do
conhecimento cientiacutefico que aprende com o auxiacutelio dos mediadores escolares
68
Dessa maneira com base nas reflexotildees acima entende-se o mapa mental como
um recurso didaacutetico para a comunicaccedilatildeo (carto)graacutefica dos espaccedilos que vivenciamos em
nosso dia a dia ou cartograficamente puacuteblicos como o mapa mundo Ao tornar possiacutevel
ensaiar comportamentos espaciais na mente torna-se um instrumento mnemocircnico
Quando expresso no papel os mapas mentais satildeo instrumentos para estruturar e
armazenar o conhecimento apreendido no processo de alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica
Desta forma buscamos nos proacuteximos capiacutetulos aprofundar a possibilidade de
uma alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica relacionada agrave linguagem por meio dos mapas mentais
pensando as praacuteticas de Ensino de Geografia nos anos iniciais do EF Aleacutem disso
descrevemos e explicamos o percurso metodoloacutegico da pesquisa a escola escolhida os
sujeitos e instrumentos de pesquisa que corroboram com nossa investigaccedilatildeo
69
2 ITINERAacuteRIO DA PESQUISA E SEUS ENCAMINHAMENTOS
METODOLOacuteGICOS
Antes de explicarmos os procedimentos de nossa pesquisa eacute necessaacuteria uma
ressalva a respeito de sua metodologia Ao iniciarmos nossa investigaccedilatildeo realizamos
duas pesquisas-piloto nos anos iniciais do EF uma na Escola Municipal Luacutecia de
Faacutetima Gayoso Meira Campina Grande ndash PB no ano de 2013 e a outra na Escola de
Aplicaccedilatildeo da Universidade Federal de Goiaacutes em Goiacircnia ndash GO em 2014 (ambas em
turmas do 5ordm ano) Nestas ocasiotildees a proposta metodoloacutegica para esta dissertaccedilatildeo era a
pesquisa-accedilatildeo
Durante a qualificaccedilatildeo desta pesquisa a metodologia pesquisa-accedilatildeo foi
questionada no que corresponde ao criteacuterio ldquotempordquo haja vista que a pesquisa-accedilatildeo
ldquo[] eacute singular e define-se por uma situaccedilatildeo precisa concernente a um lugar a pessoas
a um tempo a praacuteticas e a valores sociais e agrave esperanccedila de mudanccedilardquo (BARBIER 2007
p 119) Nossas pesquisas-piloto ateacute o momento haviam sido pontuais (dois meses em
meacutedia) e com puacuteblicos de realidade distintos o que natildeo resultaria em ldquoesperanccedila de
mudanccedilardquo ou seja das soluccedilotildees de problemas referentes agrave proposta de alfabetizaccedilatildeo
cartograacutefica
Buscamos outras propostas metodoloacutegicas que permitissem contribuir com o
desenvolvimento da investigaccedilatildeo realizando consequentemente uma uacuteltima pesquisa
a qual deu base para as anaacutelises registradas neste trabalho Consequentemente ao
estudarmos o artigo ldquoO que eacute um estudo de caso qualitativo em educaccedilatildeo28rdquo escrito por
Andreacute (2013) compreendemos as criacuteticas relacionadas a uma tipificaccedilatildeo da pesquisa em
educaccedilatildeo sem uma reflexatildeo aprofundada A respeito dessas consideraccedilotildees expotildeem
Andreacute (2013 p 96)
O que parece estar presente na cultura acadecircmica pelo menos para o poacutes-
graduando eacute uma convicccedilatildeo de que eacute necessaacuterio e obrigatoacuterio dar um nome a
sua pesquisa Acontece que nem sempre existe uma classe ndash ou tipificaccedilatildeo ndash
em que se pode enquadrar a pesquisa
A autora completa seus argumentos ressaltando que
28
ANDREacute Marli O que eacute um estudo de caso qualitativo em educaccedilatildeo Revista da FAEEBA - Educaccedilatildeo
e Contemporaneidade Salvador v 22 n 40 2013 p 95 ndash 103 Disponiacutevel em
lthttpwwwrevistasunebbrindexphpfaeebaarticleview753gt Acesso em 15102014
70
Na perspectiva das abordagens qualitativas natildeo eacute a atribuiccedilatildeo de um nome
que estabelece o rigor metodoloacutegico da pesquisa mas a explicitaccedilatildeo dos
passos seguidos na realizaccedilatildeo da pesquisa ou seja a descriccedilatildeo clara e
pormenorizada do caminho percorrido para alcanccedilar os objetivos com a
justificativa de cada opccedilatildeo feita Isso sim eacute importante porque revela a
preocupaccedilatildeo com o rigor cientiacutefico do trabalho ou seja se foram ou natildeo
tomadas as devidas cautelas na escolha dos sujeitos dos procedimentos de
coleta e anaacutelise de dados na elaboraccedilatildeo e validaccedilatildeo dos instrumentos no
tratamento dos dados (ANDREacute 2013 p 96)
Entendemos que uma pesquisa acadecircmica natildeo necessariamente deve estar
relacionada a uma tipificaccedilatildeo de pesquisa o que interessa satildeo os procedimentos que
conduziram a investigaccedilatildeo e a clareza para compreensatildeo do leitor Procurando natildeo
cometer os mesmos erros resolvemos entatildeo destacar a abordagem qualitativa
recorrendo a alguns procedimentos utilizados durante as pesquisas-piloto ao qual
daremos maior enfoque a seguir
21 CARACTERIZACcedilAtildeO DA METODOLOGIA DA PESQUISA
Segundo Gil (1999) uma investigaccedilatildeo cientiacutefica requer um processo formal e
sistemaacutetico de desenvolvimento do meacutetodo de investigaccedilatildeo Na busca por soluccedilotildees para
determinado problema o pesquisador adota uma seacuterie de procedimentos permitindo
colaborar com novos conhecimentos acerca do objeto pesquisado Quando nos
referimos as Ciecircncias Sociais fica claro que o comportamento humano eacute complexo
Tambeacutem mais mutaacutevel que os fenocircmenos fiacutesicos (rochas minerais etc) dessa forma
opccedilotildees metodoloacutegicas necessitam ser realizadas
Seguindo as observaccedilotildees do paraacutegrafo anterior concordamos com Oliveira
(2007 p 43) quando caracteriza a metodologia como
[] um processo que se inicia desde a disposiccedilatildeo inicial de se escolher um
determinado tema para pesquisar ateacute a anaacutelise dos dados com as
recomendaccedilotildees para minimizaccedilatildeo ou soluccedilatildeo do problema pesquisado
Portanto metodologia eacute um processo que engloba um conjunto de meacutetodos e
teacutecnicas para ensinar analisar conhecer a realidade e produzir novos
conhecimentos
Oliveira (2007) e Gil (1999) afirmam que a pesquisa eacute um processo de
desenvolvimento do conhecimento cientiacutefico e por meio dela novas descobertas e
avanccedilos na realidade social podem ser realizados Para Oliveira (2007) eacute indispensaacutevel
que o pesquisador tenha afinidade pelo tema investigado e que esteja relacionado agrave vida
e experiecircncias do cientista A proximidade com o tema possibilita o conhecimento da
71
gecircnese do problema crescimento pessoal e possiacuteveis contribuiccedilotildees Em virtude dessas
palavras eacute importante revelar as circunstacircncias que nos aproximam da aacuterea da
Cartografia Escolar
Durante a graduaccedilatildeo em licenciatura em Geografia os estudos relacionados agrave
Cartografia jaacute me despertava interesse levando-me a participar enquanto monitor da
disciplina ldquoCartografia Baacutesica Irdquo na Universidade Estadual da Paraiacuteba Campus
Campina Grande Outra experiecircncia em projeto de extensatildeo inquietou-me
pesquisaacutevamos o uso de recursos geotecnoloacutegicos nas praacuteticas de ensino de Geografia
Como resultado decidi investigar o uso das geotecnologias (entre elas a Cartografia
digital) com alunos dos anos iniciais do EF29
Portanto o interesse sobre ensino de Geografia e Cartografia Escolar se estende
ao desenvolvimento desta dissertaccedilatildeo Neste vieacutes eacute necessaacuterio identificar as opccedilotildees
realizadas principalmente ao que se refere aos paracircmetros metodoloacutegicos Escolhemos
enquanto orientaccedilatildeo de pesquisa a abordagem qualitativa que
[] pode ser caracterizada como sendo uma tentativa de explicar em
profundidade o significado e as caracteriacutesticas do resultado das informaccedilotildees
obtidas atraveacutes de entrevistas ou questotildees abertas sem a mensuraccedilatildeo
quantitativa de caracteriacutesticas ou comportamento (OLIVEIRA 2007 p 59)
Aleacutem disso eacute possiacutevel destacar outras caracteriacutesticas da pesquisa qualitativa
como descrever a complexidade de problemas e hipoacuteteses compreender e classificar
grupos sociais contribuir no processo de mudanccedila criar grupos com a finalidade de
interpretaccedilatildeo das particularidades e dos comportamentos e atitudes dos sujeitos (GIL
1999 OLIVEIRA 2007) Segundo as orientaccedilotildees de Oliveira (2007 p 59) e Godoy
apud Neves (1996 p 01) a abordagem qualitativa segue algumas situaccedilotildees de pesquisa
29 O projeto de extensatildeo intitulado ldquoPotencialidades da utilizaccedilatildeo de geotecnologias como recursos
didaacuteticos no ensino-aprendizagem de Geografiardquo foi coordenado pela Prof Drordf Josandra Arauacutejo Barreto
de Melo O projeto visava capacitar os alunos da Escola Normal de Campina Grande denominados de
formandos (profissionais formados para atuarem na Educaccedilatildeo Infantil e anos iniciais do Ensino
Fundamental) a utilizarem geotecnologias (sites e softwares como o google earth) atraveacutes da criaccedilatildeo de
situaccedilotildees de ensino-aprendizagem geograacuteficas Apoacutes essa experiecircncia no ano de 2012 realizei uma
investigaccedilatildeo sobre as potencialidades dos recursos geotecnoloacutegicos para as aulas de Geografia
especificamente com alunos do 5ordm ano da Escola Municipal Luacutecia de Faacutetima Gayoso Meira A monografia
eacute intitulada ldquoEnsino de Geografia no Ensino Fundamental I o uso de recursos geotecnoloacutegicos e de novas
metodologias de ensino-aprendizagemrdquo Em ambas as experiecircncias encontramos dificuldades na
execuccedilatildeo da proposta seja por falta do laboratoacuterio de informaacutetica desconhecimento sobre teacutecnicas da
informaacutetica (por professores e ou alunos) ou dos procedimentos metodoloacutegicos e conceituais da
Geografia
72
que se converge em cinco aspectos os quais relacionaram com as justificativas e
contextos desta dissertaccedilatildeo
1 Necessidade de substituir informaccedilotildees estatiacutesticas30 por quadros
qualitativos investigar fatos em novos contextos ou quando haacute pouca
informaccedilatildeo sobre determinado tema Esse dado justifica a intenccedilatildeo de
pesquisar o uso dos mapas mentais em contexto escolar com alunos dos anos
iniciais do EF em decorrecircncia do pouco referencial teoacuterico e uma proposta
metodoloacutegica sobre o uso de esboccedilos cartograacuteficos livres no referido periacuteodo de
escolarizaccedilatildeo
2 As observaccedilotildees qualitativas satildeo indicadores de estruturas sociais Ao
realizar a nossa pesquisa nas turmas de 4ordm e 5ordm ano do EF utilizamos como
estrateacutegia a observaccedilatildeo participante registrando fatos e fenocircmenos encontrados
em campo realizando descriccedilotildees acerca das aulas de Geografia ministradas
3 Compreender aspectos psicoloacutegicos cujos dados natildeo podem ser coletados
por outros meacutetodos de investigaccedilatildeo Neste quesito foi verificada a
complexidade do processo de ensino-aprendizagem de Geografia
especialmente das praacuteticas que envolvem a Cartografia Escolar necessitando de
uma compreensatildeo do contexto da escola das leituras de mundo dos alunos sobre
os mapas mentais produzidos e da apreensatildeo das professoras
4 O significado que as pessoas datildeo as coisas e a sua vida como preocupaccedilatildeo
para o investigador Valorizamos em nossa pesquisa natildeo apenas os mapas
mentais enquanto produto final mas o processo de produccedilatildeo das representaccedilotildees
pelos alunos Procuramos dialogar e observar os contextos em sala de aula
procurando buscar soluccedilotildees para o ensino-aprendizagem de Geografia com as
turmas com as quais trabalhamos Aleacutem disso procuramos ressaltar a
importacircncia da Geografia para o cotidiano dos alunos
5 Enfoque indutivo Partimos de uma realidade particular para o
desenvolvimento da pesquisa uma escola municipal a qual seraacute apresentada
posteriormente efetivando nesse processo (novas) propostas correspondentes a
30 Para Oliveira (2007 p 58) eacute possiacutevel ldquo[] utilizar dados quantitativos em uma pesquisa qualitativa
visto que face ao novo paradigma da ciecircncia contemporacircnea no processo de construccedilatildeo do conhecimento
(epistemologia) deve-se incluir a descriccedilatildeo de todos os fenocircmenos []rdquo
73
praacuteticas com os mapas mentais e ateacute mesmo observando seus (in) sucessos em
sala de aula
Tendo as situaccedilotildees descritas anteriormente como pontos norteadores do estudo
foi necessaacuterio tambeacutem recorremos a outros gecircneros de pesquisa com a intenccedilatildeo de (1)
empregar procedimentos utilizados em pesquisas-piloto anteriores os quais os
resultados demonstraram-se positivos e (2) Ampliar as fontes de dados relacionadas aos
resultados da investigaccedilatildeo Nestas condiccedilotildees os meacutetodos seguidos pela abordagem
qualitativa estudo de caso a pesquisa participativa e a pesquisa-accedilatildeo serviram como
guias para refinarmos outros procedimentos
Relata Gil (1999) e Oliveira (2007) que a pesquisa participativa requer
compromisso espiacuterito de solidariedade e comunhatildeo entre o pesquisador e a populaccedilatildeo
da comunidade em que eacute realizado o estudo De acordo com Oliveira (2007 p 75) a
pesquisa participativa eacute uma ldquo[] modalidade de pesquisa [que] eacute realizada em
comunidades carentes ou com grupos desfavorecidos como operaacuterios iacutendios e
camponeses entre outrosrdquo Aleacutem disso procura uma associaccedilatildeo entre uma accedilatildeo para
soluccedilatildeo de um problema coletivo desenvolvendo autonomia dos sujeitos pesquisados a
uma exterioridade poliacutetica econocircmica administrativa por exemplo (GIL 1999)
A pesquisa-accedilatildeo assim como a pesquisa participativa eacute caracterizada pela
participaccedilatildeo do pesquisador no contexto social investigado A metodologia eacute definida
por Engel (2000 p 182) como
[] um tipo de pesquisa participante engajada em oposiccedilatildeo agrave pesquisa
tradicional que eacute considerada como ldquoindependenterdquo ldquonatildeo-reativardquo e
ldquoobjetivardquo Como o proacuteprio nome jaacute diz a pesquisa-accedilatildeo procura unir a
pesquisa agrave accedilatildeo ou praacutetica isto eacute desenvolver o conhecimento e a
compreensatildeo como parte da praacutetica Eacute portanto uma maneira de se fazer
pesquisa em situaccedilotildees em que tambeacutem se eacute uma pessoa da praacutetica e se deseja
melhorar a compreensatildeo desta
No desenvolvimento da pesquisa-accedilatildeo assim como da pesquisa participativa se
busca a accedilatildeo efetiva dos membros para a realizaccedilatildeo de determinada atividade com o
objetivo da conscientizaccedilatildeo social trabalhista ou educacional por exemplo No caso da
Cartografia Social as investigaccedilotildees se valem da produccedilatildeo dos mapas mentais
considerando as experiecircncias dos grupos humanos Outro fator eacute que na pesquisa-accedilatildeo o
conhecimento eacute produto de uma praacutetica considera nesta modalidade a reflexatildeo que
ocorre durante todo o processo da pesquisa
74
Parte dos procedimentos adotados corresponde agraves pesquisas de gecircnero
participativa especialmente da pesquisa-accedilatildeo as quais satildeo caracterizadas a partir das
obras de Barbier (2007) e Morin (2004) Elas satildeo explicitadas nos seguintes toacutepicos
Realizaccedilatildeo de um ldquocontratordquo segundo Barbier (2007) e Morin (2004) eacute um
acordo realizado entre o pesquisador e o grupo de trabalho O contrato tem um
caraacuteter aberto formal e de preferecircncia natildeo-estruturado Para realizaccedilatildeo da
pesquisa tivemos que concordar com algumas condiccedilotildees dadas pelas
professoras entre elas que os assuntos abordados durante as aulas
correspondessem com os conteuacutedos ministrados no quarto bimestre (em ambas
as turmas) e que as aulas fossem ministradas durante um dia
(quinzenalmente)31
Participaccedilatildeo coletiva e cooperativa e de cogestatildeo A pesquisa-accedilatildeo
corresponde ao envolvimento dos sujeitos e do pesquisador que satildeo sujeitos da
praacutetica Desta forma nossa intenccedilatildeo natildeo era apenas aplicar os mapas mentais
com as turmas selecionadas (4ordm e 5ordm ano) mas participar e lecionar os assuntos
de Geografia visto que foi nos dada agrave oportunidade em ambas as turmas
muito embora as professoras tenham participado de todo o processo
Mudanccedila que leve a transformaccedilatildeo Inicialmente questionamos os alunos
acerca dos recursos cartograacuteficos (utilizaccedilatildeo dos mapas) a leitura dos recursos
e sua utilizaccedilatildeo no cotidiano Neste quesito realizamos atividades
direcionadas aos mapas mentais aleacutem de outras atividades com mapas
existentes e atividades luacutedicas para a soluccedilatildeo de duacutevidas e problemas
encontrados neste percurso O produto resultou em diferentes praacuteticas de
ensino entretanto assim como aponta a metodologia de pesquisa nem todas
as praacuteticas foram eficazes (como apresentaremos nos proacuteximos capiacutetulos)
Nestas condiccedilotildees Morin (2007) esclarece que os erros levam ao avanccedilo da
pesquisa e satildeo relevantes para a adaptaccedilatildeo do objeto investigado Neste contexto esses
procedimentos da pesquisa-accedilatildeo podem ser esclarecedores para o pesquisador pois o
31 Geralmente as aulas ocorriam uma vez por semana em periacuteodos equivalentes a uma hora (em meacutedia)
Ao dialogarmos com as professoras conseguimos um dia por semana durante todo o periacuteodo da tarde Em
entrevista os alunos se queixavam que as aulas de Geografia e Histoacuteria pouco ocorriam havendo
semanas que simplesmente natildeo aconteciam (principalmente no 5ordm ano) Voltaremos a abordar essas
questotildees no capiacutetulo III
75
faz debruccedilar natildeo apenas pelos resultados positivos mas situa a reflexatildeo global do
processo de ensino-aprendizagem no processo de aperfeiccediloamento As pesquisas
participativas consideram o conhecimento sempre provisoacuterio e dependente do contexto
histoacuterico e cultural observado e interpretado (MORIN 2004 BARBIER 2007
OLIVEIRA 2007)
Ademais com a intenccedilatildeo de estruturar as accedilotildees para realizaccedilatildeo da pesquisa
resgatamos criteacuterios do estudo de caso o qual segundo Oliveira (2007 p 55) eacute
caracterizado como ldquouma estrateacutegia metodoloacutegica do tipo exploratoacuterio descritivo e
interpretativordquo possui caracteriacutesticas holiacutesticas e significativas para desvendar fatos ou
fenocircmenos
Aleacutem disso procuramos ldquo[] focalizar um fenocircmeno particular levando em
conta seu contexto e suas muacuteltiplas dimensotildees Valoriza-se o aspecto unitaacuterio mas
ressalta-se a necessidade da anaacutelise situada e em profundidaderdquo (ANDREacute 2013 p 97)
Como estrateacutegia de pesquisa o estudo de caso eacute compreendida como uma metodologia
que considera uma loacutegica de planejamento teacutecnica e anaacutelises de coleta especifica
De acordo com esses argumentos procuramos organizar e construir as etapas de
nossa pesquisa para o desenvolvimento das aulas e anaacutelise dos mapas mentais
produzidos Sistematizamos os procedimentos da pesquisa ressaltando a importacircncia
metodoloacutegica para a realizaccedilatildeo desses passos revisatildeo bibliograacutefica escolha dos espaccedilos
e sujeitos da pesquisa instrumentos de pesquisa e resultados coletados
22 PROCEDIMENTOS DA PESQUISA
2 2 1 Referenciais teoacuterico-metodoloacutegicos
Na orientaccedilatildeo da pesquisa realizamos o levantamento do referencial teoacuterico-
metodoloacutegico que orienta o tema em questatildeo Pesquisamos autores e obras para
realizaccedilatildeo das etapas da pesquisa Os materiais utilizados pertencem a diferentes aacutereas
ensino de Geografia Pedagogia Psicologia Linguiacutestica e Cartografia Escolar estes
foram substanciais para a construccedilatildeo teoacuterica e da proposta metodoloacutegica Buscamos
analisar experiecircncias com os mapas mentais na discussatildeo de trecircs pontos
76
A) Ensino de Geografia
Propomos para este estudo destacar obras que em nossa compreensatildeo valorizam
o ensino-aprendizagem de Geografia especialmente nos anos iniciais do EF Elas
integram a discussatildeo acerca da alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica e a leitura de mundo
demarcado por temas voltados aos estudos geograacuteficos
Destacamos que as obras de Callai (2005 2013) Straforini (2008) Campos amp
Buitoni (2010) Lessan (2011) e Pinheiro (2012) foram fundamentais para se efetivar
uma proposta de pesquisa para o conjunto do ensino-aprendizagem de Geografia com
alunos e professores dos anos iniciais do EF O trabalho de Cavalcanti (2014) relaciona
os conceito e metodologias do trabalho docente para o ensino de Geografia contribuindo
com as propostas do que e como ensinar
Procuramos apoiar nossas escolhas tambeacutem mediante obras que fundamentam a
ciecircncia geograacutefica Partindo da proacutepria indicaccedilatildeo do referencial teoacuterico suas teorias e
conceitos das obras supramencionadas para auxiliar o desenvolvimento das praacuteticas
pedagoacutegicas assim como a compreensatildeo e anaacutelise dos mapas mentais produzidos
Desta forma o trabalho de Tuan (1983 2012) auxiliam na compreensatildeo dos conceitos
de espaccedilo geograacutefico e lugar Racine Raffestin amp Ruffy (1983) Silveira (2004) e
Castro (2008) para a compreensatildeo de escala geograacutefica Aleacutem desses as obras de Claval
(2006 2010 2011) que discute a importacircncia da localizaccedilatildeo e orientaccedilatildeo espacial
B) Alfabetizaccedilatildeo Cartograacutefica e mapas mentais
Este toacutepico que vem sendo composto desde a (re) elaboraccedilatildeo de nosso projeto
abarca a intenccedilatildeo principal desta pesquisa (que como discutido no capiacutetulo I) estaacute
relacionada ao uso de Cartografia para escolares Pontuamos mediante a realizaccedilatildeo de
nosso estudo leituras direcionadas a linguagem espacial no ensino-aprendizagem de
Geografia
Os estudos de Oliveira (1978) Castrogiovanni amp Costella (2006) Castellar
(2000) Almeida amp Passini (2010) Almeida (2010 2011) Richter (2011) e Passini
(2012) estatildeo presentes como a base para a construccedilatildeo e revisatildeo de nossa proposta de
pesquisa voltada agrave Cartografia Escolar
77
Resgatamos teoacutericos que discutem o uso da Cartografia e seus novos
direcionamentos a uma Cartografia Social mesmo que natildeo explicitamente como Katuta
(2001) Girardi (2005) Raffestin (2007) Farinelli (2013) e Lladoacute (2013)
Nossa proposta metodoloacutegica eacute baseada nos trabalhos de dissertaccedilatildeo de Richter
(2010) e Teixeira (2001) Recorremos tambeacutem a outras experiecircncias de trabalhos
relacionados a atividades proacuteximas aos mapas mentais como o uso do desenho discutido
por Miranda (2005) e mapas vivenciais apresentados no trabalho de Lopes (2012)
Contextualizamos aleacutem disso as experiecircncias com o uso dos mapas mentais
desenvolvidos nas pesquisas de Nogueira (2006) Kozel (2008) Galvatildeo amp Kozel
(2008) Oliveira (2010) Silva amp Bernardelli (2010) Santos (2011) e Archela Gratatildeo amp
Trostdorf (2004)
C) Teoria histoacuterico-cultural ou soacutecio histoacuterica
Nossa intenccedilatildeo ao nos referirmos agrave teoria histoacuterico-cultural corrente psicoloacutegica
que explica o desenvolvimento da mente humana atraveacutes de uma perspectiva dialeacutetica
natildeo eacute nos resumirmos a uma anaacutelise metoacutedica mas entendermos o processo das funccedilotildees
superiores no modo de funcionamento psicoloacutegico do sujeito o processo de cogniccedilatildeo
para a aprendizagem de Geografia
Entendemos o processo de ensino-aprendizagem em uma perspectiva histoacuterica e
social Ele eacute em sua natureza baseado na vivecircncia e no diaacutelogo existente em
comunidade resultando em uma cultura A linguagem constroacutei valores ideias e accedilotildees
sociais As representaccedilotildees espaciais neste contexto tambeacutem se constituem como uma
linguagem possibilitando a alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica
Nesta perspectiva destacamos as obras de Vigotski (1998) e de Bakhtin (2012)
fundamentalmente Para a compreensatildeo mais consistente das obras de Vigotski e
Bakhtin decidimos incorporar o debate dos seguintes autores Jobim e Souza (1994)
Freitas (2000) Rego (1995) Barros (2012) e Friedrich (2012)
2 2 2 Instrumentos de Pesquisa
Consideramos que o principal instrumento de estudo eacute o pesquisador Sua
funccedilatildeo ampla recorre ao observar e participar recriar estrateacutegias organizar
circunstacircncias para a aprendizagem motivar e coordenar as atividades em sala de aula
78
Ele atribui significados a um objetivo preacute-elaborado com a compreensatildeo que as
circunstacircncias podem se alterar a qualquer momento em seu percurso tanto na teoria
quanto na praacutetica Os criteacuterios para realizaccedilatildeo da pesquisa satildeo descritos pelos pontos a
seguir
A) A observaccedilatildeo
Ressalta Vianna (2007 p 12) ldquoAo observador natildeo basta simplesmente olhar
Deve certamente saber ver identificar e descrever diversos tipos de interaccedilotildees e
processos humanosrdquo Para tanto o pesquisador deveraacute estar preparado possuindo um
adequado treinamento identificando problemas (a partir de observaccedilotildees causais)
envolvendo os quatro sentidos baacutesicos aleacutem da visatildeo registrando dados accedilotildees e
emoccedilotildees das circunstacircncias verificadas
Em trabalhos onde o observador eacute tambeacutem participante alguns cuidados devem
estar em voga sobretudo no que diz respeito ao registro dos dados evitando o excesso
de sentimentalismo com os observados Tambeacutem deve prestar atenccedilatildeo ateacute onde suas
emoccedilotildees e sentimentos constituem dados e quando elas poderatildeo influenciar as accedilotildees dos
outros sujeitos (OLIVEIRA 2007)
Quando bem executada a observaccedilatildeo participante possibilita a investigaccedilatildeo de
contextos particulares desvendando situaccedilotildees cotidianas em virtude da abertura e
flexibilidade da pesquisa aleacutem do aprofundamento das questotildees referentes agrave
investigaccedilatildeo em processo
Criamos instrumentos de registro para cada oportunidade de pesquisa oferecida
nas escolas ou na universidade Adequamos os instrumentos para cada circunstacircncia
Utilizamos nos ambientes escolares trecircs principais instrumentos de coleta de dados
(jornal de pesquisa entrevistas e questionaacuterio)
B) Jornal de pesquisa
O jornal de pesquisa (tambeacutem conhecido como diaacuterio de campo) consiste
segundo Barbosa (2010) na possibilidade de ultrapassar a simples coacutepia mecacircnica e
produzir um conhecimento condizente com a realidade Natildeo aponta a pesquisa como
aprendizagem para si mesmo nestas circunstacircncias tem um caraacuteter puacuteblico que
pretende esclarecer os passos de determinada investigaccedilatildeo
79
Durante as pesquisas-piloto notamos que o uso de blocos de anotaccedilotildees era
inconveniente pois prejudicavam a observaccedilatildeo participante aleacutem de distrair os alunos
nas atividades estabelecidas em sala de aula Neste aspecto nos detemos na escrita do
jornal de pesquisa anotando nossos (in) sucessos relacionados agrave investigaccedilatildeo
Sendo assim trechos de diaacutelogos e reaccedilotildees ocorridas durante as aulas e
principalmente durante a realizaccedilatildeo dos mapas mentais foram registrados e se
encontram em apecircndice (Apecircndice I em CD)
C) Entrevistas
Segundo Oliveira (2007 p 86) ldquoa entrevista eacute um excelente instrumento de
pesquisa por permitir a interaccedilatildeo entre pesquisador (a) e entrevistado (a) e obtenccedilatildeo de
descriccedilotildees detalhadas sobre o que se estaacute pesquisandordquo Dessa forma apoacutes o termino
das atividades procuramos realizar um diagnoacutestico final sobre as possiacuteveis contribuiccedilotildees
das praacuteticas realizadas especialmente do uso dos mapas mentais na perspectiva dos
alunos Em decorrecircncia do tempo as entrevistas foram realizadas em grupos (de trecircs a
cinco alunos) com todos os estudantes do 4ordm e 5ordm ano salvo os faltosos As entrevistas
foram norteadas por questotildees semiestruturadas descritas abaixo
Questotildees para entrevista com os alunos
1 Qual das atividades realizadas vocecircs acharam mais interessante Por quecirc
2 Qual das atividades vocecircs menos gostaram de fazer Por quecirc
3 O que vocecircs acham que aprenderam com a realizaccedilatildeo dos mapas mentais
durante as aulas de Geografia
4 Vocecircs acham importante estudar Geografia Explique
Em outra ocasiatildeo estivemos em contato com a gestora da escola com a qual
realizamos uma entrevista focalizada Para Gil (1999 p 120) esse tipo de entrevista eacute
de caraacuteter ldquo[] livre todavia enfoca um tema bem especifico O entrevistador permite
ao entrevistado falar livremente sobre o assunto mas quando este se desvia do tema
original esforccedila-se para a sua retomadardquo
O tema em questatildeo foi o processo de ensino-aprendizagem no segundo ciclo dos
anos iniciais do EF (4ordm e 5ordm ano) surgindo questotildees referentes ao cumprimento da
legislaccedilatildeo na escola a estrutura fiacutesica da escola organizaccedilatildeo do trabalho escolar
80
(principalmente das professoras) desempenho escolar dos alunos do 4ordm e 5ordm ano Essas
temaacuteticas satildeo contextualizadas ao longo do capiacutetulo 3 e 4
D) Questionaacuterio de investigaccedilatildeo
Em decorrecircncia do tempo da pesquisa uacuteltimo bimestre de 2014 foi necessaacuterio
aplicar o recurso ldquoquestionaacuterio de investigaccedilatildeordquo com as docentes do 4ordm e 5ordm ano Nossa
intenccedilatildeo inicial foi o de registrar o perfil das professoras Tambeacutem o de discutir as
problemaacuteticas e estabelecer uma troca de experiecircncias das observaccedilotildees de cada
professora sobre a execuccedilatildeo e propostas da pesquisa
Para fins de registro o questionaacuterio foi construiacutedo possuindo treze (13) questotildees
divididas em cinco partes identificaccedilatildeo formaccedilatildeo experiecircncia profissional praacutetica
profissional e execuccedilatildeo da pesquisa (ver apecircndice II) Com base na leitura das respostas
das professoras tivemos condiccedilotildees de entender as dificuldades Entre elas a relaccedilatildeo ao
ensino de Geografia e suas sugestotildees para o trabalho com os mapas mentais e
metodologias auxiliares
E) Outros instrumentos para as praacuteticas com os alunos
Para a realizaccedilatildeo das atividades com mapas mentais confeccionamos dois
modelos de prancha para desenho O primeiro voltado agraves atividades realizadas
individualmente (em folha A4) constituiacuteda por cabeccedilalho com espaccedilo para nome e
idade o que auxiliou na identificaccedilatildeo dos sujeitos da pesquisa (Apecircndice III) A
segunda para uso em grupo (em folha A3)
Os outros recursos utilizados foram Atlas Geograacutefico mapa do Brasil32 Regiatildeo
Nordeste33 e Centro-Oeste34 Estado da Paraiacuteba35 Campina Grande ndash PB36 Atlas
Escolar da Paraiacuteba37
32 BRASIL Editora Globomapas Brasil poliacutetico- rodoviaacuterio[Satildeo Paulo] 2014 1 mapa 89 x 117 cm
Escala 15000000 33 BRASIL Editora Globomapas Brasil regiatildeo nordeste[Satildeo Paulo] 2014 1 mapa 89 x 117 cm Escala
12000000 34 BRASIL Editora Globomapas Brasil regiatildeo centro-oeste poliacutetico rodoviaacuterio regional e
turiacutestico[Satildeo Paulo] 2014 1 mapa 89 x 117 cm Escala 12000000 35 ESTADO DA PARAIacuteBA Editora Trieste Estado da Paraiacuteba poliacutetico rodoviaacuterio e escolar [Satildeo
Paulo] 2008 1 mapa 89 x 117 cm Escala 1 500 000 36 CAMPINA GRANDE Editora Trieste Campina Grande PB[Satildeo Paulo] 2008 1 mapa 89 x 117 cm
Escala 1 10 000 37 RODRIGUEZ Janete Lins Atlas Escolar da Paraiacuteba 3ordf Ed Joatildeo Pessoa GRAFSET 2002
81
Mediante termo de consentimento a gestatildeo escolar permitiu o uso da cacircmera
fotograacuteficacelular e da filmadora Isso auxiliou na percepccedilatildeo de elementos natildeo
identificados na accedilatildeo da pesquisa servindo como um registro de apoio As fotos
filmagens e gravaccedilotildees serviram para interpretaccedilatildeo das atividades com os mapas mentais
realizados Aleacutem desses se fez uso de material de papelaria laacutepis grafite e de cor
caneta hidrocor cola tesoura fita adesiva (durex) e borracha
Utilizamos o recurso do brinquedo didaacutetico ldquoBrincando de engenheirordquo38 para
construccedilatildeo de maquetes introduzindo a noccedilatildeo do luacutedico no trabalho pedagoacutegico com
mapa mental A maquete mental (mapa mental construiacutedo coletivamente o qual eacute
discutido na paacutegina 97 e 98) foi construiacuteda sob uma superfiacutecie de cartolinas (papel
cartatildeo)
2 2 3 Os espaccedilos e os sujeitos da pesquisa
O espaccedilo da pesquisa
Nosso estudo estaacute relacionado ao ensino de Geografia desta forma foi
necessaacuterio delimitarmos a escola como espaccedilo de pesquisa Justificamos esta escolha
natildeo apenas por consideraacute-la como um dos lugares onde se aprende o uso de um coacutedigo
cultural ou por sua influecircncia no imaginaacuterio das crianccedilas jovens e adultos que a
frequenta mas sobretudo pela influecircncia na comunidade a qual pertence
De acordo com objetivos e propostas deste estudo procuramos uma escola que
atendesse os anos iniciais do EF Tiacutenhamos como intenccedilatildeo realizar um trabalho que
contasse com a participaccedilatildeo dos alunos necessitando tempo e disposiccedilatildeo dos
professores e da coordenaccedilatildeo para realizaccedilatildeo da nossa pesquisa De acordo com estes
criteacuterios escolhemos a Escola Municipal Luacutecia de Faacutetima Gayoso Meira visto que jaacute
haviacuteamos realizado outras experiecircncias de investigaccedilatildeo incluindo nossa pesquisa-
piloto portanto aproveitamos essa relaccedilatildeo de proximidade e confianccedila com os sujeitos
Entre os motivos que nos condicionaram a continuar nessa escola enquanto
campo de pesquisa foi
Histoacuterico de retenccedilatildeo escolar principalmente dos alunos no 5ordm ano Isso nos
possibilitou realizar um diagnoacutestico das dificuldades referentes agraves habilidades
38 BRINCANDO DE ENGENHEIRO Xalingo brinquedos Fabricado no Brasil atestado pelo
INMETRO para crianccedilas acima de 3 anos de idade 4 brinquedo educativo 42 peccedilas
82
cartograacuteficas e a construccedilatildeo de noccedilotildees relativas a conceitos e temas da
Geografia
Matriacutecula e frequecircncia de alunos de faixa etaacuteria distinta as normas cronoloacutegicas
estabelecidas pelo Conselho Nacional de Educaccedilatildeo (CNE) e
O perfil socioeconocircmico e familiar dos alunos Suas famiacutelias sobrevivem
predominantemente com menos de dois salaacuterios miacutenimos A maioria dos pais
ou responsaacuteveis exercem atividades autocircnomas (encanador pedreiro pintor
diaristas comerciantes informais entre outros) nestes casos os alunos recebem
recurso do Governo Federal como Bolsa Famiacutelia39
Descriccedilotildees da localizaccedilatildeo geograacutefica escolar
O bairro do Lauritzen eacute localizado na Zona Norte da Cidade de Campina
Grande embora seja considerado um bairro oficial para a administraccedilatildeo poliacutetica do
municiacutepio natildeo chega a ser reconhecido pela populaccedilatildeo local nem mesmo pela Escola
Municipal Luacutecia de Faacutetima Gayoso Meira40 A identidade estaacute representada pelo bairro
vizinho o Alto Branco o qual deteacutem maior status social em decorrecircncia do mercado
imobiliaacuterio (ver figura 4 p 83)
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica - IBGE (2010)41
Campina Grande eacute um municiacutepio paraibano que surgiu como posto de reabastecimento
dos tropeiros Esse fato se deve a sua localizaccedilatildeo intermediaria entre o alto sertatildeo e a
capital litoracircnea atual Joatildeo Pessoa No censo do IBGE em 2010 foi registrada uma
populaccedilatildeo proacutexima aos 400 mil habitantes (exatamente 385213 habitantes) distribuiacuteda
em uma aacuterea de 594 182 km2
39
O programa Bolsa famiacutelia recurso do governo federal auxilia financeiramente famiacutelias em condiccedilotildees
de pobreza (valor de renda per capita familiar igual ou menor a 150 reais) e extrema pobreza (valor de
renda per capita igual ou menor a 77 reais) como consta no Decreto nordm 5209 de 17 de Setembro de 2004
Este recurso disponiacutevel as famiacutelias eacute realizado sob duas condiccedilotildees a primeira corresponde agrave renda per
capita familiar e a segunda o nuacutemero de crianccedilas ou adolescentes matriculados na rede baacutesica de ensino
ateacute os dezessete anos de idade variando o valor do auxiacutelio Para mais informaccedilotildees
httpwwwplanaltogovbrccivil_03_Ato2004-20062004DecretoD5209htmgt acessado em
29012014 40
O nome da escola eacute uma homenagem a filha de WaldecyVillarim Meira (na eacutepoca proprietaacuterio de uma
empresa campinense Irmatildeos Villarim Meira SA) e InaldaGayoso Meira A jovem estudou no coleacutegio
Imaculada Conceiccedilatildeo (Damas) na cidade de Campina Grande Viacutetima de atropelamento em 1974 faleceu
aos 15 anos de idade no municiacutepio de Joatildeo Pessoa cidade onde se encontra enterrada 41 Informaccedilotildees disponiacuteveis em
httpcidadesibgegovbrxtrasperfilphplang=ampcodmun=250400ampsearch=||infogrE1ficos-
informaE7F5es-completaslt acessado em 0204 2015
83
FIGURA 4 ndash MAPA DE LOCALIZACcedilAtildeO DA ESCOLA
Elaborado por Francisco Vilar Arauacutejo Segundo 2015
84
A maioria dos alunos matriculados na Escola Municipal Luacutecia de Faacutetima Gayoso
Meira satildeo moradores de bairros como Centro Conceiccedilatildeo e Lauritzen destacados na
figura 4 (p 83) em laranja Outros provecircm de bairros um pouco mais distantes a
exemplo do Alto Branco e Jardim Tavares localizados a norte e destacados no mapa em
amarelo (figura 4 p 83)
A Escola Luacutecia de Faacutetima Gayoso Meira construiacuteda na deacutecada de 1969 foi
fundada e autorizada pelo decreto de criaccedilatildeo nordm 195 de 08031981 segundo registros
escolares pesquisados42 A escola (ver figura 5 p 84) desde a sua inauguraccedilatildeo passou
por diversas ampliaccedilotildees e reformas relacionada ao seu espaccedilo fiacutesico Atualmente eacute
constituiacuteda por quatro salas de aula uma sala de Atendimento Especial (AE) um
laboratoacuterio de informaacutetica uma sala de leitura (biblioteca escolar) uma sala de
professores diretoria dois banheiros ndash um masculino e outro feminino ndash uma cantina
uma quadra de areia para esportes um playground e uma aacuterea de recreaccedilatildeo
razoavelmente extensa e arborizada
FIGURA 5 - FACHADA DA ESCOLA MUNICIPAL LUacuteCIA DE FAacuteTIMA GAYOSO MEIRA
Fonte Pesquisa de Campo (2014)
42 Durante nossa pesquisa natildeo fomos autorizados a retirar nenhuma documentaccedilatildeo da escola O projeto
poliacutetico pedagoacutegico da instituiccedilatildeo estava em atualizaccedilatildeo o que dificultou o acesso e consequentemente a
leitura do documento em sua integra
85
Hoje a escola atende a Educaccedilatildeo Infantil (I e II) e os anos iniciais do EF (1ordm ao
5ordm ano) Em decorrecircncia do seu espaccedilo fiacutesico no ano de 2014 atendeu alunos da
Educaccedilatildeo Infantil ao 3ordm ano no periacuteodo matutino e do 4ordm e 5ordm ano no periacuteodo vespertino
havendo nessa escola apenas uma turma para cada ano (seacuterie)
Os sujeitos da pesquisa ndash alunos e professoras
Apoacutes a definiccedilatildeo da escola necessitamos recorrer agraves justificativas sobre a
seleccedilatildeo das turmas as quais realizamos nossa investigaccedilatildeo Nestas condiccedilotildees
escolhemos trabalhar com alunos do segundo ciclo dos anos iniciais do EF ou seja uma
turma do 4ordm e outra do 5ordm ano
Optamos por estas turmas em decorrecircncia do Pacto Nacional pela Alfabetizaccedilatildeo
na Idade Certa (PNAIC) o qual promove accedilotildees para alfabetizaccedilatildeo da liacutengua portuguesa
de crianccedilas no primeiro ciclo dos anos iniciais do EF (1ordm ao 3ordm ano) muito embora natildeo
desenvolva poliacuteticas que garantam a progressatildeo do ato de alfabetizar no segundo ciclo
(4ordm e 5ordm ano)
Entendendo a problemaacutetica da alfabetizaccedilatildeo e aproximando dos contextos das
aulas de Geografia recorremos ao uso do mapa mental com as turmas do 4ordm e 5ordm por
compreendecirc-lo enquanto portador de uma linguagem de comunicaccedilatildeo visual Ele pode
auxiliar no desenvolvimento de estruturas cognitivas e habilidades para a leitura de
mapas ou seja alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica
Os estudantes que participaram desta pesquisa satildeo apresentados mediante um
coacutedigo de identificaccedilatildeo Consideramos a palavra ldquoalunordquo mais o nuacutemero correspondente
a lista de registro dos participantes Na turma do 4ordm ano teremos os seguintes discentes
ldquoAluno 01rdquo ao ldquoAluno 21rdquo Evitando a repeticcedilatildeo dos nuacutemeros foi decidido nomear os
estudantes do 5ordm ano de ldquoAluno 22rdquo ateacute ldquoAluno 51rdquo
No caso dos mapas produzidos coletivamente identificamos todos os sujeitos
que participaram do processo no ato da apresentaccedilatildeo do mapa mental Lembramos que
as anaacutelises dos mapas mentais satildeo realizadas em dois blocos distintos um do 4ordm e outro
do 5ordm ano Desse modo em ocasiotildees que necessitamos fazer comparaccedilotildees entre os
alunos das turmas pesquisadas identificamos cada estudante e seu respectivo niacutevel de
escolaridade
86
Com a turma do 4ordm ano contamos com a participaccedilatildeo da professora Marta43 64
anos A professora eacute formada em Pedagogia pela Universidade Regional do Nordeste
atual Universidade Estadual da Paraiacuteba possuiu especializaccedilatildeo em Educaccedilatildeo pela
Universidade Federal da Paraiacuteba atual UFCG campus Campina Grande Tem 46 anos
de experiecircncia profissional jaacute ministrou aulas nos anos iniciais do EF e em cursos
profissionalizantes no Serviccedilo Nacional de Aprendizagem Comercial (SENAC)
Durante o processo de pesquisa houve a participaccedilatildeo de 21 alunos do 4ordm ano a faixa
etaacuteria corresponde entre os 09 a 13 anos de idade
A docente responsaacutevel pelo 5ordm ano Beatriz 42 anos eacute professora formada pela
Universidade Estadual da Paraiacuteba no curso de licenciatura em Matemaacutetica e
especializaccedilatildeo em Ensino de Matemaacutetica (2009) na mesma universidade Possuiu
licenciatura em Pedagogia em modalidade regular pela Universidade Estadual Vale do
Acarauacute (UVA) trabalha na rede municipal de Campina Grande do 1ordm ao 5ordm haacute dez anos
Na rede estadual ministra aulas de matemaacutetica haacute 22 anos na cidade de Alagoa Grande
ndash PB44 lugar onde reside Na turma do 5ordm ano contamos com a participaccedilatildeo de 29
alunos com faixa etaacuteria entre 08 a 13 anos de idade45
O tempo e as etapas da pesquisa
O estudo realizado na Escola Municipal Luacutecia de Faacutetima Gayoso Meira no ano
de 2014 ocorre como conclusatildeo de nossas experiecircncias de pesquisa durante o
desenvolvimento do trabalho de mestrado em Geografia Em 2013 haviacuteamos realizado
uma pesquisa-piloto com a turma do 5ordm ano na mesma escola Apoacutes o desenvolvimento
de experiecircncias em outras escolas e oficinas ministradas em universidades
aperfeiccediloamos a metodologia considerando quesitos como conteuacutedo metodologia de
trabalho e recursos didaacuteticos de apoio
43 Os nomes aqui apresentados satildeo fictiacutecios com a finalidade de preservar a identidade dos sujeitos
participantes desta pesquisa Escolhemos nomes ao inveacutes de nuacutemeros em decorrecircncia da quantidade dos
docentes (duas apenas) 44 Cidade localizada no brejo paraibano acerca de 33 quilocircmetros de distacircncia de Campina Grande
Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica ndash IBGE a cidade possuiacutea em 2010 uma
populaccedilatildeo de 28479 tendo uma estimada de aproximadamente 28733 pessoas para o ano de 2013 A
aacuterea de extensatildeo territorial ultrapassa os 320 km2 Informaccedilotildees disponiacuteveis em
httpcidadesibgegovbrxtrasperfilphpcodmun=2500303Cgt acesso em 07072014 45 Havia na ocasiatildeo um aluno com 37 anos de idade neste caso afirma a gestora escolar que o estudante
apresenta dificuldades cognitivas as quais natildeo nos foram reveladas Sua permanecircncia na escola foi
justificada por dois motivos pedido da famiacutelia do estudante e da possiacutevel dificuldade de se adaptar a uma
turma de Educaccedilatildeo de Jovens e Adultos Ressaltamos poreacutem que este aluno natildeo elaborou nenhum mapa
mental visto que havia faltado nas ocasiotildees das atividades
87
O retorno a escola ocorreu no mecircs de setembro e a pesquisa ocorreu entre os
meses de outubro a dezembro de 2014 A execuccedilatildeo da proposta com o 4ordm ano durou seis
dias a do 5ordm ano aconteceu em sete dias visto que a turma era mais numerosa Este
periacuteodo correspondeu com o quarto bimestre escolar A pesquisa foi desenvolvida
quinzenalmente salvo problemas com feriados
A realizaccedilatildeo das aulas ocorreu durante o periacuteodo vespertino das 13h 00min agraves
17h 00min Dos seis dias de pesquisa realizado no 4ordm ano cinco voltaram-se as aulas e
mais dois de entrevista com os estudantes Por sua vez no 5ordm ano dos sete dias cinco
visavam o desenvolvimento das aulas e mais dois direcionados a entrevista com os
alunos Realizamos entrevista com a gestora escolar (a qual daremos o nome fictiacutecio de
Rosacircngela) nos dias 16 e 22 de dezembro e tambeacutem os questionaacuterios de investigaccedilatildeo
com as docentes (professora Marta 4ordm ano e Professora Beatriz 5ordm ano)
Durante este periacuteodo as aulas eram ministradas pelo pesquisador com a cogestatildeo
das professoras regentes de cada turma O que nos motivou a agir desta maneira foi agrave
oportunidade de experimentar e validar os procedimentos de trabalho com os mapas
mentais aperfeiccediloando concomitantemente possibilidades e observando suas
limitaccedilotildees Embora natildeo tiveacutessemos o objetivo de fornecer uma formaccedilatildeo docente para
as professoras estas participaram do processo das atividades desde o planejamento a
execuccedilatildeo das tarefas escolares
A escolha das atividades respeitou o curriacuteculo escolar e o planejamento das
professoras para os temas das aulas de Geografia Procuramos negociar em alguns
momentos a abrangecircncia dos conteuacutedos metodologias o tempo considerado agrave pesquisa
e sua relaccedilatildeo com as representaccedilotildees com os mapas mentais essas discussotildees foram
realizadas nos dias 17 18 e 26 de setembro de 2014 A seguir uma caracterizaccedilatildeo das
atividades organizadas em cada turma
Datas e atividades realizadas com o 4ordm ano
Temaacutetica das aulas ldquoGeografia da Paraiacuteba um estudo atraveacutes da produccedilatildeo e leitura de
mapas mentaisrdquo
14 de outubro ndash primeira aula com os alunos do 4ordm ano Introduccedilatildeo agraves noccedilotildees
baacutesicas de Cartografia e discussatildeo sobre o uso dos mapas no cotidiano
Representaccedilatildeo do mapa da sala de aula (atividade 1)
88
21 de outubro ndash discussatildeo sobre as mesorregiotildees da Paraiacuteba Iniacutecio de atividade
mapa mudo46 (atividade 2) enquanto proposta para a leitura de mundo
Importacircncia da orientaccedilatildeo e construccedilatildeo da legenda
04 de Novembro ndash continuaccedilatildeo da atividade mapa mudo Consideraccedilotildees sobre
zona urbana e zona rural e a organizaccedilatildeo das mesorregiotildees da Paraiacuteba
12 de Novembro ndash a terceira aula discutiu a influecircncia dos rios na vida da
populaccedilatildeo paraibana e as modificaccedilotildees espaciais A atividade 3 discutiu a
influecircncia dos rios e trabalho humano na transformaccedilatildeo da paisagem urbana e
rural
26 de Novembro ndash discutindo a importacircncia do Canal das Piabas desenvolvemos
a proposta da maquete mental (atividade 4) e posteriormente dos mapas mentais
(atividade 5) Entre o intervalo do dia 26 a 05 de Novembro a professora regente
executou uma avaliaccedilatildeo compondo as notas do quarto bimestre entre elas um
mapa mental das mesorregiotildees paraibanas (atividade 6)47
10 de Dezembro ndash Realizaccedilatildeo das entrevistas com alunos do 4ordm ano
Datas e atividades realizadas com o 5ordm ano
Temaacutetica das aulas ldquoSaberes cartograacuteficos discutindo a regionalizaccedilatildeo brasileirardquo
09 de outubro ndash primeira aula com alunos do 5ordm ano A escala mundial e
nacional noccedilotildees de leitura e interpretaccedilatildeo de mapas A importacircncia da escala e
da rosa dos ventos na comunicaccedilatildeo dos mapas
15 de outubro ndash discussatildeo sobre as regiotildees brasileiras Construccedilatildeo do mapa
mudo (atividade 1) Realizaccedilatildeo de atividade praacutetica sobre orientaccedilatildeo espacial
(baleada geograacutefica48)
05 de Novembro ndash Realizaccedilatildeo dos mapas mentais com o tiacutetulo ldquomapa da minha
vidardquo (atividade 2)
46O mapa mudo tambeacutem conhecido como mapa em branco eacute um tipo de esboccedilo cartograacutefico o qual
apresenta apenas a silhueta forma do mapa por exemplo o mapa mudo do Brasil que mostra o territoacuterio
nacional e os estados brasileiros Este tipo de mapa tem uma finalidade didaacutetica permite os alunos
destacarem os elementos geograacuteficos aleacutem da construccedilatildeo de novos saberes baseado nas orientaccedilotildees do
professor 47 A atividade foi elabora em conjunto com a professora regente e considerou os conteuacutedos estudados
durante a execuccedilatildeo da pesquisa 48 A baleada geograacutefica corresponde a uma atividade luacutedica para aprendizagem dos pontos cardeais
(norte sul leste e oeste) sua explicaccedilatildeo encontra-se no capiacutetulo 4 ver figura 24 p 141
89
13 de Novembro ndash discussatildeo sobre os mapas mentais realizados
Desenvolvimento de atividades que procuravam discutir o aspecto da
regionalizaccedilatildeo brasileira mediante evento da copa do mundo no Brasil (atividade
3)
24 de Novembro ndash aula teoacuterica sobre a regiatildeo centro-oeste e meio ambiente
Realizaccedilatildeo de mapas mentais em grupo (atividade 4)
05 e 10 de Dezembro ndash Realizaccedilatildeo de entrevista com alunos do 4ordm ano
23 A ANAacuteLISE DOS RESULTADOS
231 Da totalidade dos mapas mentais
Embora no decorrer deste trabalho tenhamos realizado atividades com os mapas
existentes (mapa mudos e leitura de mapas murais e atlas escolar) com a turma do 4ordm e
5ordm ano levamos em consideraccedilatildeo apenas a anaacutelise dos mapas mentais por ser nosso
objeto de estudo A quantidade final dos mapas eacute apresentada na tabela 2 nele satildeo
expressas as atividades realizadas individualmente e coletivamente pelo (s) grupo (s) de
estudantes do 4ordm e 5ordm ano da Escola Municipal Luacutecia de Faacutetima Gayoso Meira
TABELA 2 MAPAS MENTAIS PRODUZIDOS DURANTE A PESQUISA
Turma
Resultado
4ordm ano 5ordm ano
Mapa mental (individual) 30 22
Mapa maquete mental49
(coletivo grupo) 1 11
Subtotal 31 33
Total final 64 Fonte Pesquisa de campo (2014)
Os alunos do 4ordm ano realizaram duas atividades referentes aos mapas mentais
individualmente A primeira relacionada ao mapa do Canal das Piabas que resultou em
16 mapas mentais a segunda aos mapas das mesorregiotildees paraibanas com o nuacutemero de
49 A maquete mental eacute um tipo de representaccedilatildeo em trecircs dimensotildees realizada mediante o inventaacuterio de
informaccedilotildees dos alunos seja pela sua proacutepria vivencia espacial ou adquirida mediante outros meios de
comunicaccedilatildeo (TV raacutedio e internet) Tambeacutem pode ser fruto dos estudos realizados em acircmbito escolar
Essa definiccedilatildeo seraacute vista com mais detalhe no terceiro capiacutetulo
90
14 mapas (total de 30 mapas) Os alunos do 5ordm ano desenvolveram 22 mapas mentais
referentes agraves regiotildees brasileiras mediante o tema mapa da minha vida
Dos mapas mentais em grupo observamos que a turma do 4ordm realizou apenas
um Destacamos que este mapa mental eacute o resultado da atividade denominada de
maquete mental (tema Canal das Piabas) Os mapas mentais apresentados na turma do
5ordm ano (11 mapas) por sua vez foram desenvolvidos em grupos de dois a trecircs alunos
Levando em consideraccedilatildeo a quantidade de mapas apresentados na tabela 2
podemos notar a diferenccedila do nuacutemero de mapas produzidos para a quantidade de
participantes da pesquisa Isto se deve ao fato principalmente da ocorrecircncia de faltas
dos alunos durante os dias do desenvolvimento da pesquisa entretanto observamos que
para o nosso foco de estudo as representaccedilotildees (64 mapas mentais) realizadas pelos
alunos eacute considerado um universo significativo para a realizaccedilatildeo da leitura anaacutelise e
interpretaccedilatildeo
Apoacutes a elaboraccedilatildeo dos mapas mentais pelos alunos realizamos o escaneamento
dos arquivos transformando todas as representaccedilotildees realizadas em papel A4 e A3 em
arquivos digitais As ediccedilotildees dos mapas foram realizadas por meio do programa
Photoshop CS5 onde retiramos as informaccedilotildees que identificavam os sujeitos
participantes (cabeccedilalho) e algumas ediccedilotildees realizadas no Microsoft Office Word 2010
Para facilitar a leitura dos mapas mentais nos capiacutetulos que seguem decidimos
apresentar cada representaccedilatildeo por folha
24 AS HABILIDADES E CATEGORIAS DE ANAacuteLISE SELECIONADAS PARA A
PESQUISA
A imagem mental embora esteja relacionada a uma perspectiva individual sobre
o espaccedilo geograacutefico reflete condiccedilotildees e apreensotildees pertencentes agrave cultura e sociedade a
qual o sujeito estaacute inserido (VIGOTSKI 1998 BAKHTIN 2012) De todo modo
quando os mapas mentais satildeo utilizados como recursos didaacuteticos e visam fins
educacionais orientaccedilotildees sobre a realizaccedilatildeo destes mapas devem ser realizadas para que
atendam os objetivos da aula Por outro lado paracircmetros de leitura e avaliaccedilatildeo tambeacutem
precisam ser criados permitindo o professor diagnosticar os avanccedilos e limites com a
praacutetica dos mapas mentais
Neste sentido para o desenvolvimento da proposta de alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica
mediante o recurso didaacutetico mapa mental preocupamo-nos em ressaltar as experiecircncias
91
e condiccedilotildees de identidade das crianccedilas (sua origem gostos e experiecircncias) Estas natildeo
somente relacionados agraves condiccedilotildees do lugar mas as influecircncias culturais recorrentes a
outras escalas geograacuteficas como a regional
Com base nos autores citados anteriormente compreendemos que a
alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica eacute um dos caminhos que possibilita a leitura de mundo Esta
habilidade de criar esboccedilos cartograacuteficos livres ndash os mapas mentais ndash permite a
representaccedilatildeo do espaccedilo geograacutefico pelo aluno Ao mesmo tempo valoriza a autonomia
possibilitando a decodificaccedilatildeo dos siacutembolos encontrados em outros tipos de linguagem
cartograacutefica Nesse processo o aluno desenvolve competecircncias voltadas agrave dimensatildeo
cognitiva afetiva e pragmaacutetica (PASSINI 2012)
Nossas praacuteticas com o uso do mapa mental dialogou com um conjunto de
atividades voltadas agrave realizaccedilatildeo e interpretaccedilatildeo de mapas existentes e atividades luacutedicas
realizadas em forma de oficinas que ldquo[] satildeo formas encontradas por noacutes para mediar a
construccedilatildeo de conceitos e desenvolver habilidades atraveacutes de vivecircncias portanto
considerando essas e outras possiacuteveis particularidadesrdquo (CASTROGIOVANNI amp
COSTELLA 2006 p 50)
Durante o desenvolvimento das aulas o processo de aprendizagem esteve
relacionado ao emprego de habilidades-chave para o desenvolvimento das propostas
com os temas de Geografia o quadro 3 (p 91) apresenta estas habilidades-chave e seus
desdobramentos
QUADRO 3 HABILIDADES PARA O DESENVOLVIMENTO DOS MAPAS MENTAIS
HABILIDADES-
CHAVE OUTRAS HABILIDADES RELACIONADAS
Representar Observar comparar organizar sistematizar localizar e
orientar
Comunicar Verbalizar e questionar
Interagir Iniciativa trabalho em equipe e persuasatildeo
Refletir Capacidade criacutetica e aprendizagem e desenvolvimento
pessoal
Fonte Lessan (2011 p 69 - 75)
A funccedilatildeo do quadro 3 eacute demonstrar habilidades que se destacaram na execuccedilatildeo
desta pesquisa Compreendemos que as habilidades apresentadas natildeo abrangem todo
92
curriacuteculo tampouco esgota as possibilidades com as noccedilotildees (conceitos) fundamentais
para o ensino de Geografia As habilidades de representaccedilatildeo comunicaccedilatildeo interaccedilatildeo e
reflexatildeo natildeo devem ser compreendidas de forma hieraacuterquica no desenvolvimento do
trabalho pedagoacutegico pois seus desdobramentos podem ser expressos em maior ou
menor grau pelos alunos
Procurando atender criteacuterios estabelecidos pelos PCN (BRASIL 1997)
intermediamos a atividade exercida pelos alunos objetivando mobilizar as habilidades
anteriormente apresentadas Consequentemente buscamos o desenvolvimento de
competecircncias relacionadas agrave elaboraccedilatildeo dos mapas mentais a partir dos temas propostos
para cada turma dessa forma o 4ordm ano desenvolveu os mapas mentais o 1 Canal das
Piabas e 2 Mesorregiotildees geograacuteficas da Paraiacuteba jaacute o 5ordm ano realizou 1 Mapa da minha
vida e 2 Mapa da Regiatildeo Centro-Oeste
Esses procedimentos foram necessaacuterios por entendermos que
[] natildeo basta ter como conteuacutedo escolar as questotildees sociais atuais mas que eacute
necessaacuterio que se tenha domiacutenio de conhecimentos habilidades e
capacidades mais amplas para que os alunos possam interpretar suas
experiecircncias de vida e defender seus interesses de classe (BRASIL 1997 p
32)
Dessa forma assinalamos que nosso interesse natildeo eacute a formaccedilatildeo teacutecnica dos
alunos para a leitura e interpretaccedilatildeo de recursos cartograacuteficos muito menos em uma
anaacutelise restrita aos produtos finais (os mapas mentais) Mas ao contraacuterio em considerar
os mapas mentais como uma accedilatildeo consciente do ato de mapear ou seja todo o processo
metodoloacutegico observando a organizaccedilatildeo da sociedade a partir da sua espacialidade
geograacutefica (re) construindo sua leitura de mundo
241 As categorias de anaacutelise dos mapas mentais
Com base nos apontamentos apresentados no item anterior elaboramos um
mapa conceitual (quadro 4 p 93) com a intenccedilatildeo de possibilitar uma visualizaccedilatildeo geral
das orientaccedilotildees e os procedimentos descritos aleacutem disso indica as categorias de anaacutelise
(as noccedilotildees) selecionadas para anaacutelise dos mapas mentais realizados
93
QUADRO 4 PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAtildeO CARTOGRAacuteFICA POR MEIO DOS MAPAS
MENTAIS
Organizado por David L R de Almeida (2015)
Como apresentado no quadro 4 podemos identificar as categorias de anaacutelise
para metodologia do recurso didaacutetico mapas mentais A seleccedilatildeo das categorias as quais
seratildeo denominadas como noccedilotildees Elas indicam as operaccedilotildees cognitivas para realizaccedilatildeo
e interpretaccedilatildeo dos mapas mentais As noccedilotildees de percepccedilatildeo espacial localizaccedilatildeo e
orientaccedilatildeo o uso de toponiacutemias e a escala geograacutefica satildeo conceituados a seguir para que
o leitor tenha uma visatildeo geral do que se tratam cada uma delas
A Noccedilotildees de percepccedilatildeo espacial Correspondem agrave visualizaccedilatildeo do aluno a
respeito das formas dos elementos espaciais representados Observamos que a imagem
mental eacute um ponto de vista decorrente de diferentes condicionantes bioloacutegicos idade
cultura e gecircnero variando do morador ao visitante do lugar estes correspondem a
fatores da percepccedilatildeo humana (TUAN 2012)
Tuan (2012 p 18) conceitua a percepccedilatildeo espacial enquanto uma
[] resposta dos sentidos aos estiacutemulos externos como a atividade proposital
na qual certos fenocircmenos satildeo claramente registrados enquanto outros
retrocedem para a sombra ou satildeo bloqueados Muito do que percebemos tem
valor para noacutes para sobrevivecircncia bioloacutegica e para propiciar algumas
satisfaccedilotildees que estatildeo enraizadas na cultura
No ato da realizaccedilatildeo dos mapas mentais uma questatildeo eacute posta em jogo ldquo[] a
representaccedilatildeo bidimensional de uma realidade tridimensionalrdquo (PASSINI 2012 p 146)
94
isso significa que o aluno pontua em seus mapas a largura e comprimento dos elementos
espaciais entretanto necessita saber que o espaccedilo apresenta uma terceira dimensatildeo que
eacute a altura Esta eacute importante para entendermos assuntos como relevo e a constituiccedilatildeo das
redes hidrograacuteficas por exemplo
O meio ambiente transformado pela accedilatildeo do homem tambeacutem se caracteriza pelos
traccedilados que nos lembra as primeiras formas geomeacutetricas aprendidas na escola que satildeo
observadas na organizaccedilatildeo espacial Aponta Tuan (2012) que estas simetrias do espaccedilo
estiveram relacionadas a manifestaccedilotildees da organizaccedilatildeo de diferentes povos
Consideramos nas anaacutelises dos mapas mentais elementos representados na visatildeo lateral
obliacutequa e ou horizontal
Portanto considera-se aqui percepccedilatildeo espacial como a capacidade de avaliar
como se ordenam as coisas no espaccedilo e investigar as suas relaccedilotildees no ambiente Uma
boa noccedilatildeo de percepccedilatildeo espacial nos permite compreender a disposiccedilatildeo das formas que
compotildeem o espaccedilo geograacutefico e a nossa relaccedilatildeo com elas
B Uso de Toponiacutemias estaacute relacionada ao estudo dos nomes proacuteprios dos
lugares ou seja a onomaacutestica considerando a origem e evoluccedilatildeo da palavra apesar de
ser uma aacuterea relacionada agrave linguiacutestica estaacute diretamente associada agrave Histoacuteria e Geografia
Nas consideraccedilotildees de Claval (2011) desde o surgimento das Geografias
vernaculares conhecimento geograacutefico relativo ao senso comum a necessidade da
criaccedilatildeo de uma grade de toponiacutemia eacute fundamental visto que possibilita falar sobre o
lugar sem a necessidade de um contato direto Tambeacutem compartilha referecircncias
espaciais tornando esta rede de informaccedilotildees acessiacuteveis a todos socializando-a
O significado da toponiacutemia pode representar a percepccedilatildeo do grupo para
determinado espaccedilo Possibilitam revelar e ou alterar a dinacircmica social visto que todo
nome eacute um signo e todo signo possui um significado
Considerando os mapas mentais enquanto recurso didaacutetico que media a
aprendizagem entre os sujeitos como menciona Vigotski (1998) entendemos que ele
possibilita a siacutentese e comunicaccedilatildeo linguagem de informaccedilotildees geograacuteficas Atraveacutes
deste processo utilizamos o signo discutido por Bakhtin (2012) como instrumento de
significaccedilatildeo baseado na realidade social do aluno Ele corresponde agrave construccedilatildeo social
da ideia pois como afirma Bakhtin (2012 p 35) ldquoA consciecircncia individual eacute um fato
socioideoloacutegicordquo
Nos mapas mentais o uso das toponiacutemias permite apresentar os referenciais
espaciais (nomes de bairros regiotildees ou Estados) identificadas pela exposiccedilatildeo de
95
palavras ou iacutecones associada ou natildeo a legenda e a compreensatildeo dos signos e
significados
C Noccedilotildees de localizaccedilatildeo e orientaccedilatildeo Para Geografia eacute importante identificar
os lugares a partir da sua localizaccedilatildeo demarcar as posiccedilotildees relativas nestas condiccedilotildees
[] o trabalho do geoacutegrafo estaacute intimamente ligado ao do cartoacutegrafo pois
ambos partilham a preocupaccedilatildeo de localizar aquilo de que datildeo conta Para o
geoacutegrafo a apreensatildeo de uma pluralidade de lugares soacute se torna clara quando
eles figuram num documento que permita compreendecirc-los em conjunto
(CLAVAL 2006 p 19)
A localizaccedilatildeo constitui um dos princiacutepios do meacutetodo geograacutefico ela possibilita
apreender a manifestaccedilatildeo de determinado fenocircmeno e delimitaacute-lo Mas nomear e
localizar fenocircmenos no espaccedilo natildeo eacute suficiente Eacute necessaacuterio traccedilar itineraacuterios O que
caracteriza o sujeito enquanto pessoa eacute sua vida social Todo grupo humano necessita de
uma base territorial para manter suas relaccedilotildees de poder habitat frequentando e ou
conhecendo lugares proacuteximos ou longiacutenquos
Inicialmente nos orientamos no espaccedilo atraveacutes de referenciais topoloacutegicos o
nosso corpo estabelecemos o que eacute direita e esquerda frente e traacutes para o alto ou
abaixo etc Aos poucos relacionamos outros pontos de referecircncia que ultrapassam a
dimensatildeo do corpo utilizamos o relevo o coacuterrego ruas e monumentos histoacutericos para
traccedilarmos a direccedilatildeo (CLAVAL 2010) O cotidiano eacute cheio destes elementos que
permitem a orientaccedilatildeo espacial e por meio de experiecircncias e conhecimentos comuns
podendo assim estimular o desenvolvimento destas noccedilotildees com os alunos dos anos
inicias do EF Assim
Nosso corpo eacute orientado agrave nossa frente se estende aquilo que nosso olhar
descobre Apenas atraveacutes dos rumores e dos odores que nos chegam dali
aprendemos o que estaacute atraacutes Do lado direito e do lado esquerdo haacute zonas nas
quais os olhos detectam os movimentos mas captam mal as formas um
ligeiro movimento com a cabeccedila basta para descobri-las (CLAVAL 2010 p
15)
A orientaccedilatildeo nos mapas mentais foi analisada mediante a correlaccedilatildeo entre os
lugares ou fenocircmenos apresentados (toponiacutemias) como atraveacutes da rosa dos ventos na
organizaccedilatildeo do esboccedilo cartograacutefico o que correspondeu ao criteacuterio de localizaccedilatildeo
D Noccedilotildees de escala geograacutefica Destacamos as contribuiccedilotildees Racine Raffestin
amp Ruffy (1983) Silveira (2004) e Castro (2008) neste quesito Os autores apresentam
que a escala enquanto conceito cartograacutefico sempre foi considerado com uma fraccedilatildeo
96
entre a medida do real e abstrato mediante uma representaccedilatildeo50 Esta visatildeo cartesiana do
espaccedilo geomeacutetrico por muito tempo foi aceita e pouco discutida no modo do
desenvolvimento cientiacutefico da Geografia
Os estudos com a escala geograacutefica propotildeem que esta seja uma estrateacutegia de
aproximaccedilatildeo e identificaccedilatildeo de fenocircmenos espaciais sobre a superfiacutecie terrestre que se
apresentam por meio do conjunto de formas e eventos do espaccedilo Eacute a partir da escala
geograacutefica que os alunos tecircm a possibilidade de avaliar selecionar e representar a
dimensatildeo espacial do espaccedilo vivido e do mundo
Afirma Castro que ldquoA escala eacute na realidade agrave medida que confere visibilidade
ao fenocircmenordquo (CASTRO 2008 p 123) Pensamos que ela possibilita atraveacutes dos
mapas mentais dimensionar e mensurar determinado fenocircmeno comparar e distinguir
realidades e permite a tomada de decisatildeo consciente no lugar ao qual habita
Haacute de se deixar claro que o conjunto de noccedilotildees escolhidas para este estudo eacute
indissociaacutevel Observamos tambeacutem que estas correspondem a outras noccedilotildees e conceitos
e na possibilidade da construccedilatildeo de habilidades pelos alunos no desenvolvimento da
aprendizagem
As atividades seratildeo apresentadas seguindo a ordem de realizaccedilatildeo dos mapas
mentais Logo as praacuteticas e metodologias que auxiliaram a realizaccedilatildeo destes esboccedilos
cartograacuteficos natildeo necessariamente correspondem com a ordem cronoloacutegica das aulas
Dessa forma nos capiacutetulos seguintes apresentaremos algumas propostas de atividades
aleacutem de uma anaacutelise aprofundada dos mapas mentais inicialmente com a turma do 4ordm
ano no capiacutetulo 3 e posteriormente com a do 5ordm ano no capiacutetulo 4
50 Comumente apresentada nos mapas existentes por meio da escala numeacuterica 1 10 000 no exemplo do
mapa mural de Campina Grande onde o nuacutemero 1 representa o mapa e 10 000 a distacircncia em cm de cada
1 cm apresentado no mapa neste caso 1 cm = 100 m ou 010 km
97
3 PROPOSTAS E PRAacuteTICAS ESCOLARES ANAacuteLISES DOS MAPAS
MENTAIS COM OS ALUNOS DO 4ordm ANO
Observamos que o desenvolvimento de um recurso didaacutetico eacute precioso e
complexo Ele precisa ser adaptado as circunstacircncias do desenvolvimento cognitivo das
crianccedilas e tambeacutem as condiccedilotildees oferecidas pela escola para efetivaccedilatildeo do trabalho do
professor Diante disso este capiacutetulo apresenta as praacuteticas desenvolvidas com os alunos
do 4ordm ano
Temos por objetivo apresentar e avaliar propostas e praacuteticas luacutedicas para a
compreensatildeo espacial Para isso apresentamos estas experiecircncias em quatro itens (1)
Oficina 1 Maquete mental (2) Mapa mental 1 Canal das Piabas (3) Oficina 2 Praacuteticas
com mapa mudo e (4) Mapa mental 2 Mesorregiotildees da Paraiacuteba
As aulas de Geografia com a turma do 4ordm ano teve como temaacutetica das aulas
ldquoGeografia da Paraiacuteba um estudo atraveacutes da produccedilatildeo leitura de mapas mentaisrdquo Na
produccedilatildeo dos mapas mentais contextualizamos a discussatildeo sobre os principais rios da
Paraiacuteba e sua influecircncia no cotidiano dos paraibanos especialmente dos alunos Durante
o periacuteodo de trecircs aulas realizamos debates desenvolvemos propostas com mapas mudos
e outros exerciacutecios os quais seratildeo apresentados ao longo deste capiacutetulo
31 OFICINA 1 A MAQUETE MENTAL PRAacuteTICA COLETIVA DO ENSINO-
APRENDIZAGEM EM GEOGRAFIA
Apresentamos inicialmente uma proposta de ensino a qual intitulamos de
ldquomaquete mentalrdquo nossa compreensatildeo eacute que
O uso de maquetes favorece a passagem da representaccedilatildeo tridimensional para
a bidimensional por possibilitar domiacutenio visual do espaccedilo a partir do
modelo reduzido Na atividade proposta essa reduccedilatildeo apesar de natildeo
conservar as mesmas relaccedilotildees de comprimento aacuterea e volume do real (ou
seja apesar de natildeo seguir uma escala uacutenica) permite ao aluno ver o todo e
portanto refletir sobre ele Aleacutem disso as maquetes satildeo conhecidas das
crianccedilas acostumadas com brinquedos que satildeo miniaturas de objetos reais
(ALMEIDA 2010 p 77 ndash 78)
A maquete mental corresponde neste trabalho a uma representaccedilatildeo livre de uma
microescala (local) disposta em trecircs dimensotildees Ela eacute um recurso de transiccedilatildeo entre a
projeccedilatildeo da maquete (ver figura 6 - A p 98) para um mapa mental coletivo (figura 6 ndash
B) Aleacutem disso apresenta um tema que pode ou natildeo se referir ao cotidiano dos alunos
98
FIGURA 6 - A MAQUETE MAPA MENTAL CANAL DAS PIABAS
A - Maquete mental produzido pelos alunos do 4ordm ano
B- Mapa mental produzido pelos alunos do 4ordm ano Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
registrado por David L R de Almeida (2015)
A proposta executada a partir da interpretaccedilatildeo do texto ldquoProjeto de educaccedilatildeo
ambiental atraveacutes do estudo histoacuterico-geograacutefico e ecoloacutegico da bacia do Riacho das
Piabas (Canal) Campina Grande ndash Paraiacutebardquo51 apresentou noccedilotildees acerca das
51 Este projeto corresponde a uma accedilatildeo da comunidade local escolas e moradores da zona Sul de
Campina Grande que tem a intenccedilatildeo de realizar um levantamento histoacuterico e social da bacia do riacho
(mais conhecido como Canal) das Piabas Busca reconhecer o valor do referido recurso hiacutedrico aleacutem de
seu potencial Aleacutem disso a conscientizaccedilatildeo para preservar este recurso natural O texto esta disponiacutevel
no seguinte link httpwwwcdccuspbrbioeducarpb_camphtml gt acesso em 231115
99
toponiacutemias da orientaccedilatildeo e localizaccedilatildeo espacial e uso da aacutegua os quais
organizamos no quadro 5
QUADRO 5 SIacuteNTESE DO TEXTO SOBRE O CANAL DAS PIABAS
NOCcedilOtildeES PALAVRAS ENCONTRADAS NO TEXTO
Toponiacutemias
Cidade Campina Grande
Bairros Alto Branco Centro Santo Antonio e Joseacute
Pinheiro
Outros pontos de referecircncia natildeo oficiais para
administraccedilatildeo da prefeitura Rosa Miacutestica Ponto Cem
Reacuteis52 e Bairro do Cachoeira
Orientaccedilatildeo e localizaccedilatildeo Zona Norte
Uso da aacutegua
Recursos hiacutedricos aacutegua potaacutevel canal rios riacho e
cursos drsquoaacutegua
Problemas ambientais Lixo detritos e esgotos
Organizado por David L R de Almeida 2015
Apoacutes a explicaccedilatildeo de algumas palavras desconhecidas pelos alunos (entre elas
cursos drsquoaacutegua detritos e bifurcaccedilatildeo) realizamos uma reflexatildeo sobre a importacircncia dos
recursos hiacutedricos e qual influecircncia do Canal das Piabas53 no cotidiano dos estudantes A
discussatildeo sobre o tema surpreendeu os estudantes eles natildeo sabiam que se tratava do
canal que se encontra vizinho a escola o que motivou a curiosidade da maioria dos
alunos (ver figura 7 p 100)
Com base nesta interpretaccedilatildeo na aula seguinte desenvolvemos a proposta com a
maquete mental Para isso os alunos consideraram enquanto modelo de representaccedilatildeo
suas anotaccedilotildees sobre o texto discutido Aleacutem disso utilizamos recursos como imagens
de sateacutelite (disponiacuteveis pelo Google maps) e o mapa mural da cidade de Campina
Grande ndash PB como fontes de consulta
52 O Ponto Cem Reacuteis eacute localizado no bairro da Conceiccedilatildeo Este lugar eacute historicamente conhecido pela
populaccedilatildeo campinense como ponto de passagem para o Brejo paraibano a qual haacute deacutecadas atraacutes tinha a
funccedilatildeo de rodoviaacuteria e de comeacutercio para a populaccedilatildeo local e transeunte Natildeo se haacute um consenso da
origem da utilizaccedilatildeo da toponiacutemia mas alguns negam a referecircncia ao Ponto Cem Reacuteis encontrado na
atual capital paraibana Joatildeo Pessoa 53 A partir desse momento trataremos esse recurso hiacutedrico por Canal das Piabas visando facilitar a leitura
do texto e tambeacutem por ser uma referecircncia espacial mais comum para a populaccedilatildeo da cidade de Campina
Grande ndash PB
100
FIGURA 7 - CANAL DAS PIABAS EM PROXIMIDADE A ESCOLA
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014) registrado por David L R de Almeida (2015)
Entregamos aos alunos orientaccedilotildees para a realizaccedilatildeo da maquete mental que
tambeacutem serviram de base para a produccedilatildeo dos mapas mentais como veremos adiante
Os estudantes desenvolveram suas representaccedilotildees considerando as informaccedilotildees
presentes no texto devendo
1 Representar o curso do Riacho Canal das Piabas do seu ponto inicial (nascente)
ateacute o ponto final (jusante)
2 Localizar os bairros e ou pontos de referecircncia (comeacutercio serviccedilos escolas) em
seu mapa
3 Orientar seu mapa atraveacutes da rosa dos ventos
4 Construir a legenda do mapa mental
Com base nos pontos supracitados a maquete mental foi realizada pelos alunos
mediante os procedimentos enumerados a seguir
1 Observar e relacionar as informaccedilotildees do texto com as representaccedilotildees expressas
nos mapas existentes e nas imagens de sateacutelite
2 Refletir e comparar a proporccedilatildeo entre os elementos e representaacute-los na cartolina
101
3 Localizar os bairros e pontos de referecircncia Traccedilar os itineraacuterios (avenidas ruas
canal das Piabas)
4 Distribuir os elementos (casas e carros) na maquete relacionando com as
condiccedilotildees de cada bairro (comercial de moradia etc)
5 Orientar o mapa mediante a rosa dos ventos
Durante o processo descrito os alunos estabeleceram um diaacutelogo contiacutenuo para
resolver o problema da escala geograacutefica da disposiccedilatildeo da formas e da localizaccedilatildeo dos
bairros na maquete (ver figura 8 p 101)
Para Vigotski (1998) a aprendizagem e desenvolvimento do aluno necessitam da
participaccedilatildeo ativa caso contraacuterio a mesma aprendizagem pode ser condenada ao
fracasso Nestes termos observamos que a iniciativa e trabalho em equipe possibilitam
os alunos a abranger sua leitura de mundo especialmente do lugar representado
refletindo sobre as suas experiecircncias cotidianas
FIGURA 8 PROCESSO DE REALIZACcedilAtildeO DA MAQUETE MENTAL
A Estaacutegio inicial ndash alunos traccedilando os itineraacuterios na
maquete mental
B Estaacutegio final ndash atribuindo as formas espaciais na maquete
mental
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014) registrado por David L R de Almeida 2015
A maquete enquanto recurso didaacutetico possibilita o trabalho com temas de
elevado grau de dificuldade e abstraccedilatildeo Ressalta Mendes (2010 p 72) que ldquonos
processos de ensino e aprendizagem de geografia a utilizaccedilatildeo de modelos
tridimensionais permite ao educando simular observar descrever identificar e analisar
as dinacircmicas de determinados fenocircmenos geograacuteficosrdquo
Compreendemos que a maquete pode viabilizar a reflexatildeo sobre
102
A proporccedilatildeo entre os objetos
Reduccedilatildeo dos objetos
Localizaccedilatildeo das formas espaciais
Relaccedilotildees de orientaccedilatildeo frente atraacutes direita e esquerda ou mediante as
orientaccedilotildees espaciais (norte sul leste e oeste)
Sobre as diferenccedilas dos pontos de vista (lateral vertical e obliacutequo)
(ALMEIDA 2010 p 79)
De forma geral um dos primeiros criteacuterios relacionados ao uso da maquete eacute a
possibilidade de refletir sobre a percepccedilatildeo e a representaccedilatildeo do espaccedilo no mapa Na
perspectiva cartesiana os trabalhos de Almeida (2010) Almeida amp Passini (2010) e
Passini (2012) resgatam o debate sobre a relaccedilatildeo projetiva para anaacutelise mental Nessa
perspectiva encontramos na figura 9 o mesmo conjunto de objetos destacados em trecircs
pontos de vista diferente (lateral obliacutequo e vertical)
FIGURA 9 PERSPECTIVAS DE OBSERVACcedilAtildeO DAS FORMAS ESPACIAIS
A Visatildeo lateral B Visatildeo obliacutequa C Visatildeo vertical
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014) registrado por David L R de Almeida 2015
Autores como Almeida (2010) e Castrogiovanni amp Costella (2006) observam na
maquete a oportunidade para o professor construir as relaccedilotildees projetivas com os alunos
saindo de uma visatildeo estritamente lateral ou obliacutequa a qual corresponde ao campo de
observaccedilatildeo do aluno para a perspectiva vertical traccedilado comum nos mapas existentes
O uso da maquete mental enquanto portadora do luacutedico permite as crianccedilas
externalizar sua compreensatildeo sobre o mundo Para Tuan (2012) o significado do jogo
para a primeira infacircncia (ateacute os seis anos de idade) contribui mais com o
desenvolvimento da coordenaccedilatildeo motora da crianccedila Entretanto ressaltamos que as
ldquobrincadeirasrdquo e a efetivaccedilatildeo dos jogos escolares tecircm objetivos expressos e um tema
preacute-definido seja ele para a aprendizagem de conteuacutedo vinculado ao curriacuteculo escolar
como para os valores exigidos para a vida em sociedade como a participaccedilatildeo respeito e
solidariedade (REGO 1995)
103
Eacute importante frisar que apenas decalcar ou ler o mapa natildeo traz a motivaccedilatildeo
necessaacuteria ao estudante Segundo Tuan (2012 p 30) ldquoa percepccedilatildeo eacute uma atividade um
estender-se para o mundo Os oacutergatildeos dos sentidos satildeo pouco eficazes quando natildeo satildeo
ativamente usadosrdquo por isso eacute importante a participaccedilatildeo do aluno ao rabiscar
estabelecer a localizaccedilatildeo das casas na maquete e falar sobre suas experiecircncias neste
ambiente para os companheiros
Temos uma visatildeo limitada de mundo relata Yi-Fu Tuan (1983) nem mesmo para
um adulto eacute faacutecil a tarefa de transpor um ponto de vista A funccedilatildeo da maquete mental eacute
ampliar a leitura de mundo do aluno Esta atividade quando mediada pelo recurso
permite observar a mesma realidade de diversos pontos de vista decorrente natildeo apenas
das relaccedilotildees projetivas mas da estrutura social e ambiental
Finalizado o processo de elaboraccedilatildeo da maquete mental os alunos foram
chamados a realizar os mapas mentais individualmente A maquete eacute um paracircmetro de
representaccedilatildeo para os mapas mentais Para esta anaacutelise houve a comparaccedilatildeo entre os
mapas mentais dos alunos e a maquete Retiramos as peccedilas sobrepostas sobre a folha de
cartolina (maquete mental) como resultado eacute observado o mapa mental coletivo
(apresentado na figura 6 B p 98)
32 MAPA MENTAL 1 CANAL DAS PIABAS
A Noccedilotildees de percepccedilatildeo espacial
Entre os questionamentos realizados aos alunos do 4ordm ano destacamos a
pergunta ldquo- Como vocecircs imaginam que eacute realizado o mapardquo entre as respostas estava
ldquocom papel e laacutepisrdquo (aluno 08) ou ainda ldquoele eacute feito de uma visatildeo de cimardquo (aluno 17)
O fragmento extraiacutedo de nosso jornal de pesquisa sublinha o imaginaacuterio das crianccedilas
sobre a produccedilatildeo dos mapas Embora algumas respostas apresentem certa ldquoinocecircnciardquo
por parte dos alunos outros percebem a necessidade da mudanccedila da perspectiva na
produccedilatildeo cartograacutefica
Ao longo da anaacutelise e leitura dos mapas mentais constatamos que as
representaccedilotildees dos alunos assumiram diferentes perspectivas Os alunos tiveram
liberdade de escolha para o traccedilado dos mapas mentais Ao compararmos os 16
(dezesseis) mapas mentais com a maquete mental uma questatildeo se destaca a perspectiva
espacial dos elementos representados ou seja seu ponto de vista A tabela 3 (p 104)
104
apresenta as trecircs visotildees predominantes na representaccedilatildeo espacial lateral vertical e
mista (elemento na perspectiva lateral vertical e ou obliacutequa)
TABELA 3 PERSPECTIVAS ESPACIAIS APRESENTADAS NOS MAPAS MENTAIS
Perspectiva espacial Ocorrecircncia
Lateral 01
Vertical 05
Mista 10
Total 16
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
Inicialmente a nossa anaacutelise corresponde aos cinco mapas mentais que
apresentam uma perspectiva vertical das formas espaciais representadas (casas preacutedios
e igreja) Estes mapas apresentam semelhanccedila ao acircngulo de visatildeo encontrado nos mapas
existentes O mapa mental do aluno 04 (figura 10 p 105) por exemplo apresenta uma
projeccedilatildeo totalmente vertical Ao visualizarmos o mapa mental satildeo notados apenas
quadrados coloridos o que corresponderia ao telhado das casas encontrado no modelo
(a maquete mental)
Quando sistematizamos os dados referentes agrave noccedilatildeo da percepccedilatildeo espacial dos
alunos observamos que a maioria deles (dez mapas) transita entre o esboccedilo de objetos
representado entre a perspectiva vertical e obliacutequa (um mapa) e vertical e horizontal
(nove mapas) (figura 15 p 118 e figura 12 p 110 respectivamente) Mesmo
apresentando certa disparidade entre os elementos desenhados suas representaccedilotildees
estatildeo proacuteximas a outros modelos de mapas como os turiacutesticos os quais normalmente
apresentam gravuras dispostas em acircngulos obliacutequos ou laterais
105
FIGURA 10 MAPA MENTAL EM PERSPECTIVA VERTICAL REALIZADO PELO ALUNO 04
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
106
Segundo Tuan (1983) os adultos e principalmente as crianccedilas vivem no chatildeo e
notam os objetos lateralmente natildeo eacute comum a eles perceberem a paisagem por outro
acircngulo de vista Na maioria das vezes a experiecircncia de olhar a paisagem de outra
perspectiva estaacute relacionada apenas a viagens de aviatildeo ou a oportunidade de escalar
uma montanha No entanto o mesmo autor afirma que as crianccedilas
[] podem ldquolerrdquo fotografias aeacutereas verticais em branco e preto de povoados e
campos de cultivo com uma acuidade e seguranccedila inesperadas Podem
reconhecer casas caminhos e aacutervores nas fotografias aeacutereas ainda que estes
aspectos apareccedilam em uma escala muito reduzida e sejam vistos de um
acircngulo e posiccedilatildeo desconhecidos em sua experiecircncia Eacute possiacutevel que as
crianccedilas da cidade tenham tido a experiecircncia de olhar fotografias em revistas
ou na televisatildeo [] (TUAN 1983 p 31)
Notamos portanto que estaacute transposiccedilatildeo de um acircngulo de vista a outro eacute haacutebito
comum entre as crianccedilas Acostumadas a brincar com brinquedos experimentam uma
realidade social ldquosimuladardquo inventam estoacuterias e constroem ldquorelaccedilotildees espaciais atraveacutes
de um jogo de imaginaccedilatildeordquo onde em muitos casos se destacam enquanto ldquodeuses do
Olimpordquo diferentemente de sua situaccedilatildeo no mundo dos adultos (TUAN 1983 p 31)
Entretanto em algumas situaccedilotildees essa percepccedilatildeo apresenta-se totalmente
divergente eacute o caso do mapa mental aluno 05 (figura 11 p 111) esse esboccedilo apresenta
uma visatildeo lateral da realidade Eacute o uacutenico mapa mental a apresentar a sociedade seus
sujeitos (ldquobonecos de palitordquo) atribuindo-os funccedilotildees como pilotar uma moto ou
transitar entre o cenaacuterio urbano (casa preacutedio mercado ndash ideal ndash semaacuteforo e rua) que
segundo relatou o aluno localiza-se no Ponto Cem Reacuteis Aleacutem disso retrata o sol como
um dos elementos que constituem a paisagem expressa na folha (em laranja)
O que nos chama a atenccedilatildeo eacute que mesmo participando da produccedilatildeo da maquete
mental e recebendo orientaccedilotildees do pesquisador o aluno 05 natildeo consegue deslocar seu
ponto de vista do cenaacuterio urbano Para Vigotski (1998 p 36) quando uma crianccedila se
defronta com um problema ao qual natildeo pode solucionar individualmente recorre a um
adulto ou ldquodiante de tal desafio aumenta o uso emocional da linguagem pelas crianccedilas
assim como aumentam seus esforccedilos no sentido de atingir uma soluccedilatildeo mais inteligente
menos automaacuteticardquo
A representaccedilatildeo geograacutefica do mapa mental do aluno 05 sugeriu uma condiccedilatildeo
referente agrave percepccedilatildeo do espaccedilo a qual Tuan (1983) denomina de apinhamento
Segundo o autor o apinhamento pode ser uma condiccedilatildeo a qual nossa liberdade espacial
eacute privada em decorrecircncia da presenccedila de outras pessoas em outro caso tambeacutem pode
107
estar relacionada agrave necessidade do contato com o outro do sentimento de pertencer a
um coletivo a sociedade Nestas condiccedilotildees escreve Tuan
As pessoas nos restringem mas tambeacutem podem ampliar o nosso mundo O
coraccedilatildeo e a mente se expandem na presenccedila daqueles que admiramos e
amamos [] quando as pessoas trabalham juntas por uma causa comum um
homem natildeo tira espaccedilo do outro pelo contraacuterio ele aumenta o espaccedilo do
companheiro dando-lhe apoio (TUAN 1983 p 72 ndash 73)
Podemos considerar que o espaccedilo apresentado pelo aluno natildeo situa o Canal das
Piabas mas sim o lugar que vive cotidianamente Para o trabalho escolar o professor
deve estar atento a esta questatildeo e criar subsiacutedios para que o aluno amplie sua escala de
percepccedilatildeo O trabalho em equipe e o diaacutelogo com o professor pode auxiliar nesta tarefa
fazendo o aluno notar elementos espaciais como o canal das Piabas que fazem parte da
sua vida e da comunidade
108
FIGURA 11 MAPA MENTAL EM PERSPECTIVA LATERAL PELO ALUNO 05
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
109
B Uso de Toponiacutemias
O desafio para a constituiccedilatildeo de uma linguagem atraveacutes dos mapas mentais
ressaltou o conjunto dos nomes dos lugares ou seja as toponiacutemias que desenvolvem o
ldquotecido espacialrdquo e indica o trajeto do Canal das Piabas Estas palavras servem como
ponto de referecircncia e suporte do raciociacutenio geograacutefico por parte dos alunos Neste
quesito 15 (quinze) alunos destacaram o nome dos bairros pontos de referecircncia (a
escola) ou nome do Canal das Piabas e do Accedilude Velho em seus mapas mentais
Apenas um mapa natildeo realizou qualquer referecircncia deste tipo
Ao analisarmos o mapa mental aluno 14 (figura 12 p 109) eacute observado seu
caraacuteter difuso enquanto representaccedilatildeo espacial As toponiacutemias mais que fazer
referecircncia aos lugares estabelece as relaccedilotildees e a compreensatildeo do mapeador a respeito do
tema tratado Baseado na interpretaccedilatildeo vigotskiana de Friedrich (2012) podemos situar
que imagem mental construiacuteda pelo aluno encontra-se no estaacutegio sincreacutetico Outros
criteacuterios devem fazer parte da interpretaccedilatildeo dos mapas mentais No caso do mapa
mental do aluno 14 correspondem as necessidades ou dificuldades especiais do
estudante Em entrevista com a gestora escolar ela comenta que o aluno 14 apresenta
dificuldades ou necessidades especiais de ordem intelectual voltadas a aprendizagem54
Neste caso especiacutefico o trabalho pedagoacutegico na Escola Municipal Luacutecia de
Faacutetima Gayoso Meira eacute realizado na sala de atendimento especializado onde os alunos
desenvolvem atividades que estimulam sua coordenaccedilatildeo sensoacuterio-motora e cognitiva
Para Friedrich (2012) este auxiacutelio eacute imprescindiacutevel as atividades escolares em
decorrecircncia da maior necessidade da mediaccedilatildeo do professor caso contraacuterio o aluno
apresentaraacute dificuldade de abstrair seus conhecimentos acerca do assunto estudado
54 Embora coloque este ponto a gestora escolar confessa natildeo saber qual o diagnoacutestico meacutedico referente a
dificuldade do aluno Relata que na escola apenas um aluno com deficiecircncia (siacutendrome de Down) e que
os demais apresentariam outras deficiecircncias correspondentes a aprendizagem como dislexia Atualmente
a escola possui uma sala de Atendimento Especial e professora especializada no trabalhado pedagoacutegico
com pessoas com deficiecircncia embora natildeo tenha os recursos didaacuteticos disponibilizados pelo governo
(computadores jogos entre outros materiais didaacuteticos) O termo ldquopessoa com deficiecircnciardquo foi criado pelo
Conselho Nacional da Pessoa com Deficiecircncia definido atraveacutes da resoluccedilatildeo estabelecida pela portaria nordm
2344 de 3 de novembro de 2010 Para mais informaccedilotildees acessar Disponiacutevel em
httpwwwmpgompbrportalwebhp41docsparecer_-_mudanca_da_nomeclaturapdf lt acesso
20072014
110
FIGURA 12 MAPA MENTAL DO ALUNO 14 COM DESTAQUE A ELEMENTOS SINCRETICOS
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
111
Divergente do caso do mapa do aluno 14 outros esboccedilos cartograacuteficos
apresentam uma rede de palavras que vincula o tema discutido Canal das Piabas aos
lugares de travessia da rede hidrograacutefica A tabela 4 apresenta o nuacutemero de ocorrecircncia
de cada toponiacutemia utilizada nos mapas mentais
TABELA 4 USO DAS TOPONIacuteMIAS NOS MAPAS MENTAIS
Toponiacutemias utilizadas Ocorrecircncia
Bairro (s) 13
Accedilude Velho 13
Riacho Canal das Piabas 12
Escola 10
Outros 01 Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
A organizaccedilatildeo das toponiacutemias apresentadas nos mapas mentais aluno 01 e 03
(figura 13 p 114 e 14 p 115) exemplificam um raciociacutenio geograacutefico recorrente a
linguagem social Observando os mapas mentais do aluno 01 e 03 eacute possiacutevel destacar
uma coerecircncia na organizaccedilatildeo das toponiacutemias enquanto uma sequencialidade de nomes
que permite identificar e reconstruir uma abstraccedilatildeo do percurso real do Canal das
Piabas
Para que o processo de alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica ocorra eacute necessaacuterio que o
aluno esteja atento ao processo de codificaccedilatildeo do mapa para isso ldquoa codificaccedilatildeo seraacute
significativa se a crianccedila construir seus proacuteprios siacutembolos trabalhando do significado
para o coacutedigordquo (PASSINI 2012 p 46) Eacute necessaacuterio observar que o significado eacute
variaacutevel para cada indiviacuteduo mas tambeacutem corresponde a uma expressatildeo social O
ranking dos nomes referentes aos bairros eacute apresentado a seguir na tabela 5
TABELA 5 RANKING DAS TOPONIacuteMIAS RELACIONADOS AOS BAIRROS DE
CAMPINA GRANDE
Bairro Ocorrecircncia Bairro Ocorrecircncia
Conceiccedilatildeo 10 Joseacute Pinheiro 06
Centro 07 Louzeiro 06
Lauritzen 07 Alto Branco 02
Monte Castelo 07 Monte Santo 01
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
112
Na atividade de interpretaccedilatildeo dos bairros representados pelos alunos uma
importante observaccedilatildeo refere-se agrave escolha das toponiacutemias apresentadas e o contexto
social a qual corresponde agrave identidade Em experiecircncias anteriores (ALMEIDA 2012)
jaacute haviacuteamos percebido que os alunos assim como funcionaacuterios do coleacutegio relatam que
a escola localiza-se no bairro do Alto Branco entretanto para administraccedilatildeo poliacutetica do
municiacutepio de Campina Grande ela estaacute localizada no bairro Lauritzen
Segundo os estudos de Maia (2010) um dos fatores para valorizaccedilatildeo de bairros
como Alto Branco Jardim Tavares e Bairro das Naccedilotildees (todos localizados na Zona
Norte de Campina Grande) eacute a valorizaccedilatildeo imobiliaacuteria em decorrecircncia da presenccedila de
condomiacutenios fechados Ressaltamos que esta diferenccedila entre a identidade da populaccedilatildeo
e a organizaccedilatildeo administrativa do municiacutepio foi explicada aos alunos que Em sua
maioria os alunos fizeram mais referecircncias ao bairro Lauritzen (sete ocorrecircncias) que
ao Alto Branco (duas ocorrecircncias)
Essa diferenccedila entre o destaque dos bairros quando comparado a outros pontos
de referecircncia como Rosa Miacutestica e Ponto Cem Reacuteis eacute proveniente da percepccedilatildeo
referente agrave Zona Norte da cidade de Campina Grande Para explicar este fato
apresentamos um diaacutelogo realizado entre o aluno 15 o pesquisador e a professora
Marta a respeito da comunidade Rosa Miacutestica
Apoacutes compreender onde se localizava a comunidade Rosa Miacutestica o aluno 15
se levanta e fala - ldquoProfessor [pesquisador] eacute o BG55 natildeo eacute
Professora Marta - ldquoO que eacute BG meninordquo
Aluno 15 - ldquoSabe natildeo professora lsquoBuraco da Giarsquo professorardquo
Para entendermos o contexto social ao qual se refere o aluno algumas
observaccedilotildees devem ser realizadas visto que caracteriza relaccedilotildees de identidade e
percepccedilotildees espaciais natildeo apenas destas crianccedilas mas da populaccedilatildeo campinense Arauacutejo
amp Valverde (2013) discutem o surgimento e processo de urbanizaccedilatildeo de uma
comunidade localizada na Zona Norte de Campina Grande a Rosa Miacutestica
Relata os autores que a Rosa Miacutestica surge na deacutecada de 1940 conhecida como
ldquoBuraco da Jiardquo
Inicialmente houve o loteamento e arrendamento de uma aacuterea (antes ocupada
por mata subcaducifoacutelia de transiccedilatildeo e reservatoacuterios de aacutegua) que se
encontrava sob os cuidados de uma famiacutelia que residia nas proximidades O
antigo Buraco da Jia durante algumas deacutecadas de existecircncia foi considerado
55 O significado de BG para o aluno eacute relativo a Buraco da Jia observa-se aiacute uma alteraccedilatildeo da letra ldquoGrdquo e
ldquoJrdquo
113
pela Prefeitura Municipal de Campina Grande como favela (ARAUacuteJO amp
VALVERDE 2013 p 151)
O termo Buraco da Jia segundo os autores consiste em uma das toponiacutemias
condizentes a uma aacuterea de contato entre trecircs bairros (Alto Branco Louzeiro e
Conceiccedilatildeo) embora natildeo se tenha consenso a respeito da origem deste nome antigos
moradores atribuem o significado agraves condiccedilotildees ambientais do lugar Aleacutem disso carrega
estereoacutetipos sociais como violecircncia favelizaccedilatildeo drogas entre outros A toponiacutemia Rosa
Miacutestica soacute viria surgir anos mais tarde em decorrecircncia do movimento da igreja e de
seus moradores com o objetivo de diminuir a violecircncia presente na comunidade
(ARAUacuteJO amp VALVERDE 2013)
Consideramos que a percepccedilatildeo social e a escolha destas toponiacutemias natildeo satildeo
involuntaacuterias pois agrave medida que apresentam bairros considerados ldquobons seguros
organizadosrdquo negam aqueles espaccedilos percebidos como ldquomarginalizados inseguros
precaacuteriosrdquo Embora o aluno 15 natildeo estivesse presente no dia da realizaccedilatildeo destes mapas
mentais seus colegas natildeo fizeram nenhuma referecircncia mesmo os que conhecem e
vivem esta realidade
114
FIGURA 13 USO DAS TOPONIMIAS PELO ALUNO 01
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
115
FIGURA 14 USO DE TOPONIMIAS PELO ALUNO 03
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
116
C Noccedilotildees de localizaccedilatildeo e orientaccedilatildeo
Como expotildeem Claval (2010) localizar e orientar satildeo duas bases importantes no
posicionamento das toponiacutemias A pontuaccedilatildeo aleatoacuteria desses nomes pode resultar em
problemas na identificaccedilatildeo dos lugares e na comunicaccedilatildeo do mapa mental Durante o
desenvolvimento de atividades como a maquete mental houve praacuteticas e discussotildees a
respeito da importacircncia da localizaccedilatildeo dos fenocircmenos espaciais e da orientaccedilatildeo atraveacutes
dos pontos cardeais (norte sul leste e oeste)
Dessa forma a experiecircncia se repetiu no desenho dos mapas mentais os quais
deveriam ser orientados pela rosa dos ventos e seus pontos cardeais Ao analisarmos os
16 mapas encontramos em apenas seis o procedimento exigido Dos seis casos que
apontaram a rosa dos ventos apenas o mapa mental aluno 03 (figura 14 p 115)
consegue estabelecer com propriedade a orientaccedilatildeo espacial
Diferentemente do caso anterior os outros cinco mapas mentais (a exemplo do
aluno 01 ver figura 13 p 114) apresentam agrave rosa dos ventos muito embora o norte
referende a posiccedilatildeo superior da folha e natildeo a nascente do Canal das Piabas Este
problema de orientaccedilatildeo haacute muito jaacute vem sido discutido por especialistas da aacuterea da
Cartografia Escolar Passini (2012 p 96) menciona que embora os livros didaacuteticos dos
primeiros ciclos (1ordm ao 5ordm ano) abordem a questatildeo da orientaccedilatildeo espacial afirma que
O que temos visto [] satildeo explicaccedilotildees sobre a indicaccedilatildeo da nascente do Sol
como direccedilatildeo Leste muitas vezes com a figura de um menino de braccedilos
abertos com a matildeo direita apontando o Leste Essa forma de ldquoorientarrdquo pode
criar o equiacutevoco de que o lado Leste eacute determinado com a matildeo direita
O problema encontrado eacute que na compreensatildeo dos alunos os pontos cardeais satildeo
encarados como um criteacuterio estaacutetico quando na verdade seu posicionamento eacute relativo
Esse tipo de orientaccedilatildeo (pelos astros ndash sol lua etc) necessita de uma transposiccedilatildeo da
compreensatildeo da macroescala (dos planetas) para a microescala (dos bairros da Zona
Norte de Campina Grande)
Por outro lado podemos analisar que os mapas mentais como o aluno 01 pode
ter outro referencial de orientaccedilatildeo o do corpo Nesta linha de raciociacutenio os trabalhos de
Claval (2010) e Tuan (1983) afirmam que mediante a experiecircncia os nosso sentidos
(olfato audiccedilatildeo e ateacute mesmo o tato) nos auxilia na experiecircncia do espaccedilo permitindo
traccedilar itineraacuterios mediante a localizaccedilatildeo e orientaccedilatildeo
117
A pesquisa com alunos do curso de Geografia da Universidade Federal do
Paranaacute (UFPR) realizada por Kozel (2008) demonstra ser possiacutevel o trabalho da
representaccedilatildeo da cidade a partir das percepccedilotildees sensoacuterias A autora revela que a
linguagem pode ser construiacuteda a partir dos sentidos desde que desenvolva a construccedilatildeo
semioacutetica (expresse em signos os elementos sentidos como o cheiro) e possibilite sua
transformaccedilatildeo em enunciados Para a autora a imagem mental pode ser ldquoconstruiacutedas a
partir das sensaccedilotildees e percepccedilotildees assim como signos verbais ou natildeo-verbais tambeacutem se
constroem dentro desse processordquo (KOZEL 2008 p 74)
No caso dos mapas mentais dos alunos do 4ordm ano observamos que a ordem e
sequencialidade da orientaccedilatildeo e localizaccedilatildeo quando comparado agrave maquete mental
estiveram presentes em 50 dos casos (oito mapas) Nestes oito mapas como eacute o caso
do aluno 10 (Figura 15 p 118) as toponiacutemias foram localizadas de forma que
possibilita a compreensatildeo total do fenocircmeno estudado o Canal das Piabas pelo leitor
Aleacutem disso tal como eacute relatado no texto o curso drsquoaacutegua estabelece o limite e
localizaccedilatildeo entre os bairros ldquoacima do canalrdquo os bairros Centro Conceiccedilatildeo e Louzeiro e
ldquoabaixordquo o Joseacute Pinheiro (escrito como Satildeo Pinheiro) e Lauritzen (onde estaacute localizada
a escola)
Nos outros oito casos do uso da localizaccedilatildeo e orientaccedilatildeo espacial as noccedilotildees
ainda natildeo foram internalizadas Os alunos conseguem apenas desenvolver relaccedilotildees
topoloacutegicas (frente atraacutes direita e esquerda como discutido no capiacutetulo I p 39)
quando os elementos estatildeo em seu campo de visatildeo como a atividade em que os alunos
do 4ordm ano construiacuteram um mapa da sala de aula e destacaram atraveacutes da legenda a
localizaccedilatildeo de sua carteira Observaremos outros exemplos relacionados agrave localizaccedilatildeo e
orientaccedilatildeo espacial no toacutepico a seguir
118
FIGURA 15 MAPA MENTAL E A LOCALIZACcedilAtildeO DOS BAIRROS DE CAMPINA GRANDE PELO ALUNO 10
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
119
D Noccedilotildees de escala geograacutefica
Em trabalho com os mapas existentes a escala numeacuterica (matemaacutetica) eacute essencial
para o trabalho pedagoacutegico Permite ao aluno compreender a ldquogeneralizaccedilatildeo
cartograacuteficardquo a relaccedilatildeo entre a escala e a quantidade de elementos do mapa Dessa forma
ldquoquanto menor a escala menos detalhes (maior a generalizaccedilatildeo) quanto maior a escala
mais detalhes (menor generalizaccedilatildeo)rdquo (ALMEIDA 2010 p 92)
Todavia no que corresponde ao uso dos mapas mentais ela aparece enquanto
elemento secundaacuterio A escala meacutetrica eacute importante para a formaccedilatildeo do aluno
entretanto na transposiccedilatildeo da imagem mental ela natildeo aparece Isso se deve ao fato da
nossa percepccedilatildeo espacial natildeo ser decorrente da distacircncia fiacutesica entre os lugares mas da
afetiva (TUAN 1983)
A primeira vista a escala geograacutefica pode ser considerada banal e ateacute mesmo
desarticulada agraves praacuteticas do ensino de Geografia nos anos iniciais do EF Entretanto a
escala eacute um ldquoproblema metodoloacutegicordquo visto que se torna para noacutes um procedimento
praacutetico e ldquouma estrateacutegia de apreensatildeo da realidaderdquo ao discutir noccedilotildees de Geografia e
contextualizar o tema em estudo Aleacutem disso permite avaliar a compreensatildeo dos alunos
a respeito do assunto abordado (CASTRO 2008 p 120)
Montar a maquete mental necessita de habilidade para a compreensatildeo da
totalidade do fenocircmeno estudado e a reduccedilatildeo necessaacuteria para que nenhuma informaccedilatildeo
relevante seja perdida a transposiccedilatildeo dessas ideias para os mapas mentais segue a
mesma loacutegica
Percebemos que haacute diferenccedilas no trabalho pedagoacutegico com a escala numeacuterica e a
escala geograacutefica entretanto existe um ponto em comum entre elas ldquoeacute importante notar
que a escala natildeo eacute a mesma em todo o mapardquo (ALMEIDA 2010 p 91) Os sujeitos de
uma turma podem ter compreensotildees escalares distintas fato presente na produccedilatildeo dos
mapas mentais como eacute apresentado na tabela 6 que caracteriza as escalas geograacuteficas
TABELA 6 ESCALA GEOGRAacuteFICA EM DESTAQUE NOS MAPAS MENTAIS
ESCALA
GEOGRAacuteFICA OCORREcircNCIA
Bairro 11
Rua 03
Natildeo apresenta comunica 02 Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
120
Podemos observar na realizaccedilatildeo da maioria dos mapas mentais (11 mapas) a
presenccedila do raciociacutenio geograacutefico ao atribuir uma reduccedilatildeo dos objetos representados
sem a necessidade de recorrer agrave escala meacutetrica As representaccedilotildees apresentam a
compreensatildeo dos estudantes sobre a aacuterea estudada Na maioria dos casos observamos
que os alunos tiveram a preocupaccedilatildeo de indicar a reduccedilatildeo necessaacuteria para exposiccedilatildeo dos
fenocircmenos apresentados em seus esboccedilos (uso das toponiacutemias)
A maioria dos esboccedilos cartograacuteficos destaca o nome dos bairros o que contribui
para leitura das informaccedilotildees contidas em cada mapa (por exemplo o mapa mental do
aluno 04 figura 10 p 105) Em casos mais especiacuteficos houve uma reduccedilatildeo a uma
escala geograacutefica mais local a da rua a qual apresenta mais relaccedilotildees da experiecircncia
cotidiana do que com o resgate do tema estudado
Se considerarmos a escala geograacutefica enquanto procedimento do raciociacutenio
geograacutefico observaremos que nos trecircs casos onde a rua aparece como escala de
representaccedilatildeo (aluno 05 figura 11 p 111) e ainda nos outros dois que natildeo fazem
menccedilatildeo a qualquer tipo de reduccedilatildeo espacial (aluno 14 figura 12 p 110) podemos notar
dificuldades na sistematizaccedilatildeo da linguagem e da comunicaccedilatildeo do tema indicando a
necessidade de um papel mais ativo da mediaccedilatildeo do professor
Diante desta dificuldade expotildeem Vigotski (1998) que
A linguagem habilita as crianccedilas a providenciarem instrumentos auxiliares na
soluccedilatildeo de tarefas difiacuteceis a superar a accedilatildeo impulsiva a planejar uma soluccedilatildeo
para um problema antes de sua execuccedilatildeo e a controlar seu proacuteprio
comportamento Signos e palavras constituem para as crianccedilas primeiro e
acima de tudo um meio de contato social com outras pessoas As funccedilotildees
cognitivas e comunicativas da linguagem tornam-se entatildeo a base de uma
forma nova e superior de atividade nas crianccedilas distinguindo-as dos animais
(VIGOTSKI 1998 p 38)
Considerando as palavras da citaccedilatildeo anterior notamos que a praacutetica da
construccedilatildeo do pensamento se reproduz na execuccedilatildeo da atividade proposta ou seja dos
mapas mentais Entretanto observamos que mesmo a ldquoimitaccedilatildeordquo de um modelo
produzido pelos alunos (a maquete mental) enquanto elemento responsaacutevel por criar
uma zona de desenvolvimento potencial natildeo eacute em alguns casos o suficiente para
desenvolver habilidades como observaccedilatildeo e planejamento do trabalho a ser executado
pelo aluno
121
3 3 OFICINA 2 PRAacuteTICAS COM MAPA MUDO (RE) CONSTRUINDO O MAPA
MENTAL DA PARAIacuteBA
A Paraiacuteba foi o tema em pauta para as atividades do 4ordm ano no uacuteltimo bimestre
escolar Em minha primeira visita realizada a escola apoacutes o aceite para realizaccedilatildeo da
pesquisa perguntei a professora Marta quais eram as suas orientaccedilotildees para as aulas de
Geografia embora tenha exposto o tema ficou de apresentar seu planejamento
posteriormente
Quando retornamos agrave escola recebemos da professora duas folhas elas
realizavam uma caracterizaccedilatildeo geneacuterica da Paraiacuteba Com os papeacuteis em matildeos
percebemos que se tratava de trechos disponibilizados no site do Wikipeacutedia As
informaccedilotildees natildeo eram confiaacuteveis tampouco suficientes Resolvemos explorar os
recursos didaacuteticos disponibilizados pela escola e descobrimos que havia mapas murais
atlas escolares e livros didaacuteticos sobre o Estado da Paraiacuteba Sugerimos que as fontes e
recursos didaacuteticos disponibilizados pela escola fossem articulados a proposta das aulas
Natildeo foi encontrada nenhuma objeccedilatildeo da professora em utilizar estes materiais
O caso descrito no paraacutegrafo anterior natildeo eacute apenas uma anedota de pesquisa
para a gestora Rosacircngela as professoras desconhecem os materiais existentes na escola
Ela relata que o governo investe em recursos didaacuteticos como mapas atlas livros e aleacutem
disso DVD jogos entre outros materiais que poderiam ser utilizados em sala de aula
Apoacutes as mudanccedilas relatadas pensamos em atividades para os alunos do 4ordm ano
recapitulando alguns assuntos tratados pela professora regente no 3ordm bimestre como a
discussatildeo sobre a cidade de Campina Grande e a regiatildeo Nordeste Com esta intenccedilatildeo
realizamos mapas mudos da regiatildeo Nordeste (modelo em apecircndice V) e do Estado da
Paraiacuteba (modelo em apecircndice VI) situando as discussotildees sobre os temas discutidos (ver
figura 16 e 17 p 122)56
56 Procuramos realizar praacuteticas que possibilitassem o processo de regionalizaccedilatildeo com alunos do 4ordm ano
Aleacutem disso observamos e comparamos diferentes fotografias pertencentes agrave Paraiacuteba o que auxiliou na
produccedilatildeo de mapas mudos pretendendo desenvolver modelos para a internalizaccedilatildeo da noccedilatildeo de regiatildeo
122
FIGURA 16 MAPA MUDO REALIZADO BRASIL (REGIAtildeO NORDESTE) REALIZADO PELO
ALUNO 07
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
Em seguida temos outro mapa realizado pelo aluno 01 Podemos perceber como
ele se apropria dos conhecimentos necessaacuterios para preenchimento das informaccedilotildees de
forma praacutetica
FIGURA 17 MAPA MUDO DAS MESSOREGIOtildeES DA PARAIacuteBA REALIZADO PELO ALUNO
01
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
123
O mapa da regiatildeo Nordeste (figura 16 p 122) procurou discutir os
procedimentos para realizaccedilatildeo da leitura dos mapas existentes enfatizando a construccedilatildeo
da legenda por meio da construccedilatildeo do signo (significado - as cores - utilizado aos seus
significantes - estados representados) A rosa dos ventos tambeacutem fez parte destes
procedimentos pois buscamos substituir a associaccedilatildeo da orientaccedilatildeo do corpo pela
orientaccedilatildeo atraveacutes dos pontos cardeais
Se considerarmos que o mapa eacute uma forma de representaccedilatildeo do espaccedilo e que
representa uma linguagem com siacutembolos legendas escalas geograacuteficas e toponiacutemias
podemos concluir que eacute necessaacuterio fazer com que o aluno busque potencializar
habilidades e competecircncias para entendecirc-lo decifraacute-lo e utilizaacute-lo
Desse modo a praacutetica de produccedilatildeo de mapas eacute necessaacuteria pois permite aos
alunos atingir uma organizaccedilatildeo cognitiva da estrutura do espaccedilo Alem disso
desenvolver princiacutepios de organizaccedilatildeo sistematizaccedilatildeo e correspondecircncia com outros
mapas visualizados em seu cotidiano que em muitos casos natildeo fazem muito sentido
Para Almeida amp Passini (2010 p 13) o mapa soacute faz sentido enquanto recurso de
aprendizagem
[] se o aluno participou ativamente do processo de construccedilatildeo
(reconstruccedilatildeo) do conhecimento atraveacutes da praacutetica escolar orientada pelo
professor E quanto ao domiacutenio espacial envolve preacute-aprendizagens relativas
a referencias e categorias essenciais ao processo de concepccedilatildeo do espaccedilo
De acordo com esses apontamentos pretendemos analisar os mapas mentais
correlacionando com o mapa mudo elaborado pelos alunos A produccedilatildeo dos mapas
mentais que seratildeo apresentados a seguir foi uma sugestatildeo da professora regente para
compor a avaliaccedilatildeo final do 4ordm bimestre (ver apecircndice VII) Desta forma algumas
observaccedilotildees deveratildeo ser verificadas
1 A realizaccedilatildeo destes mapas ficou a cargo da professora regente Segundo ela
nenhum dos alunos teve acesso as informaccedilotildees presentes nos cadernos livros
ou outras fontes de consulta
2 A prova foi realizada individualmente
3 As atividades natildeo foram realizadas no mesmo dia pelos alunos A professora
Marta emprega como praacutetica que os alunos realizem as provas em dias
aleatoacuterios evitando a possibilidade de ldquocolardquo entre os alunos
4 Realizamos as orientaccedilotildees para o desenho dos mapas mentais considerando
os temas estudados em sala de aula
124
3 4 MAPA MENTAL 2 MESORREGIOtildeES DA PARAIacuteBA
A Noccedilotildees de percepccedilatildeo espacial
Durante esta fase foram elaborados 14 mapas mentais sobre as mesorregiotildees
Geograacuteficas da Paraiacuteba Todos os mapas apresentados a partir deste momento natildeo
apresentaram problemas em relaccedilatildeo ao ponto de vista (lateral vertical ou obliacutequa) dos
elementos representados Todos eles satildeo apresentados na perspectiva vertical
Os alunos progrediram na anaacutelise e construccedilatildeo dos mapas mentais e agora
consideram o procedimento dos pontos de vista Natildeo necessariamente O que ocorre eacute
que como discute Castro (2008) os fenocircmenos mudam de acordo com a escala
geograacutefica O tema pode ser um dos grandes influenciadores dessa mudanccedila de
perspectiva A escala regional e as orientaccedilotildees para a realizaccedilatildeo do mapa impotildeem outra
problemaacutetica que natildeo corresponde aos elementos representados na escala local como a
disposiccedilatildeo de preacutedios ou casas por exemplo
Desta forma natildeo seria conveniente tampouco realista considerar os mesmos
paracircmetros (pontos de vista) de anaacutelise do mapa mental do Canal das Piabas Outro fato
eacute que os modelos ou imagens mentais construiacutedas natildeo se baseiam em uma representaccedilatildeo
em trecircs mas em apenas duas dimensotildees
Se considerarmos a concepccedilatildeo de Tuan (2012 p 18) acerca da percepccedilatildeo
espacial eacute possiacutevel inferir que ela pode ser uma resposta a uma ldquoatividade propositalrdquo
escolar Neste aspecto se torna uma capacidade de avaliaccedilatildeo e ordenamento dos objetos
dispostos no espaccedilo Os mapas mentais podem corresponder agraves relaccedilotildees entre as formas
representadas
Os esboccedilos cartograacuteficos elaborados pelos alunos assumiram duas ldquoformasrdquo a
primeira de sequencialidade das Mesorregiotildees Geograacuteficas (dez mapas mentais) e a
segunda a circularidade (quatro mapas) Algumas observaccedilotildees devem ser feitas antes de
avanccedilarmos na anaacutelise destes mapas mentais
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) os estudos da
divisatildeo regional pelo IBGE originaram-se em 1941 sob a coordenaccedilatildeo do prof Faacutebio
Macedo Soares Guimaratildees Ateacute aquele momento diversas sistematizaccedilotildees para divisatildeo
regional do territoacuterio brasileiro havia sido proposta dessa forma o objetivo do oacutergatildeo foi
organizar um uacutenico modelo de divisatildeo regional do Brasil
125
Aleacutem disso eacute relatado no site do IBGE que entre os fatores que influenciaram a
divisatildeo das regiotildees em Mesorregiotildees Geograacuteficas foram a elaboraccedilatildeo de poliacuteticas
puacuteblicas locais localizaccedilatildeo de atividades econocircmicas sociais e tributaacuterias
planejamento urbano estudos de identificaccedilatildeo das regiotildees metropolitanas
aglomeraccedilotildees urbanas e rurais entre outros O IBGE conclui que
A Divisatildeo Regional do Brasil em mesorregiotildees partindo de determinaccedilotildees
mais amplas a niacutevel conjuntural buscou identificar aacutereas individualizadas em
cada uma das Unidades Federadas tomadas como universo de anaacutelise e
definiu as mesorregiotildees com base nas seguintes dimensotildees o processo social
como determinante o quadro natural como condicionante e a rede de
comunicaccedilatildeo e de lugares como elemento da articulaccedilatildeo espacial57
No tocante aos aspectos poliacuteticos econocircmicos sociais e naturais a Paraiacuteba estaacute
dividida em quatro Mesorregiotildees Geograacuteficas Mata Paraibana Agreste Paraibano
Borborema e Sertatildeo Paraibano (ver figura 17 p 122) cada uma delas apresenta
caracteriacutesticas proacuteprias De acordo com Carvalho Travassos amp Maciel (2002 p 33) ldquoA
distribuiccedilatildeo dos climas da Paraiacuteba estaacute relacionada com a localizaccedilatildeo geograacutefica ou
seja quanto mais proacuteximo do litoral mais uacutemido seraacute o clima quanto mais longe mais
secordquo Este traccedilado de sequencialidade eacute encontrado no mapa do aluno 08 (figura 18 p
126)
Por outro lado quatro alunos desenharam a silhueta da Paraiacuteba em formas
circulares (aluno 03 figura 19 p 127) distinguindo-se dos modelos preacute-elaborados
(mapa mudo) e trabalhados em classe atraveacutes do atlas escolar da Paraiacuteba Neste aspecto
Tuan (2012 p 63) comenta que ldquoo etnocentrismo casa bem com a ideia do cosmo
circularrdquo Perceber o seu mundo enquanto um paracircmetro circular daacute ao sujeito a
compreensatildeo que todos os espaccedilos estatildeo proacuteximos e acessiacuteveis
Desde que nascemos nossas experiecircncias espaciais se desenvolvem inicialmente
por relaccedilatildeo aos estiacutemulos do meio e posteriormente com nosso conviacutevio em sociedade
Tuan (1983) revela que para um bebecirc de seis meses de idade o simples fato de estar
sentado jaacute possibilita um novo campo de visatildeo a que tinha anteriormente quando
ficava apenas deitado Aleacutem disso ldquotoda pessoa estaacute no centro do seu mundo e o
espaccedilo circundante eacute diferenciado de acordo com o esquema de seu corpordquo (TUAN
1983 p 46) Outra justificativa que corresponde agrave representaccedilatildeo deste traccedilado circular
corresponderia agraves dificuldades dos alunos ao abstrair o princiacutepio da conexatildeo entre as
Mesorregiotildees Geograacuteficas Observaremos outros casos semelhantes no toacutepico a seguir
57 As informaccedilotildees pertinentes ao IBGE estatildeo disponiacuteveis no link a seguir
httpwwwibgegovbrhomegeocienciasgeografiadefault_div_intshtmlt acessado em 16 05 2015
126
FIGURA 18 PERCEPCcedilAtildeO SEQUENCIAL DAS MESORREGIOtildeES GEOGRAacuteFICAS DO ALUNO 08
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
127
FIGURA 19 PERCEPCcedilAtildeO CIRCULAR DAS MESORREGIOtildeES GEOGRAacuteFICAS DO ALUNO 03
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
128
B Uso de Toponiacutemias
Qual o processo de organizaccedilatildeo das toponiacutemias apresentadas pelos alunos
Encontramos duas respostas a primeira correspondente ao fragmento textual no
enunciado dos mapas mentais a segunda as paredes da sala de aula Como eacute de costume
nos anos iniciais do EF expomos os cartazes e atividades que haviacuteamos realizado sobre
o Canal das Piabas Este cartaz foi utilizado enquanto instrumento de coacutepia em alguns
casos
Em uma anaacutelise geral dos mapas mentais produzidos pelos alunos tendo como
objetivos identificar as toponiacutemias dos lugares representados encontrou a seguinte
configuraccedilatildeo (Tabela 7 p 128)
TABELA 7 OCORREcircNCIA DAS TOPONIMAS EXPRESSAS NOS MAPAS MENTAIS
TOPONIacuteMIA OCORREcircNCIA
Mesorregiotildees Geograacuteficas 8
Mesorregiotildees Geograacuteficas e bairros de Campina Grande 3
Bairros de Campina Grande 1
Outros 2
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
Para Vigotski (1998) o uso da palavra eacute de fundamental importacircncia para a
construccedilatildeo do conceito ela identifica os objetos e distingui-os de outros termos
semelhantes A palavra quando caracterizada enquanto toponiacutemia permite ao sujeito
nomear o espaccedilo geograacutefico segundo alguma caracteriacutestica social fiacutesica poliacutetica
econocircmica entre outras
Para Gomes (2008 p 53) ldquona linguagem do senso comum a noccedilatildeo de regiatildeo
parece existir relacionada a dois princiacutepios fundamentais o de localizaccedilatildeo e o de
extensatildeordquo Compreendemos que este processo envolve dois exerciacutecios O primeiro de
compreensatildeo identificaccedilatildeo e extensatildeo do fenocircmeno e o segundo metodoloacutegico quais os
criteacuterios que possibilitaram a organizaccedilatildeo das Mesorregiotildees Geograacuteficas da Paraiacuteba
Eacute complexo o desenvolvimento da noccedilatildeo geograacutefica de regiatildeo mas em seu
processo de ensino-aprendizagem outros elementos podem ser destacados Ao trabalhar
com este conceito com a turma do 4ordm ano associamos a discussatildeo das caracteriacutesticas
regionais com as suas paisagens realizando a leitura de imagens fotograacuteficas
129
disponibilizadas pelos livros didaacuteticos atlas escolar e outras desenvolvidas em forma de
atividades
Em mapas mentais como o do aluno 11 (figura 20 p 130) foi observado que o
uso das toponiacutemias permite uma compreensatildeo da organizaccedilatildeo regional pelos alunos Em
outros casos o excesso de informaccedilotildees demonstra que esta comunicaccedilatildeo ainda se
apresenta de forma confusa para os estudantes (aluno 08 figura 18 p 126) Por outro
lado seguindo as orientaccedilotildees de Richter (2010 p 71) para a anaacutelise sobre o uso da
palavra na construccedilatildeo dos mapas mentais destacamos que escrever a palavra ldquosertatildeordquo
ldquoagresterdquo ou ldquooceano atlacircnticordquo ldquo[] natildeo define ou estabelece que esse estudante tenha
uma compreensatildeo ampla sobre os termos ou ideias apresentadasrdquo
Outro fato que nos chama a atenccedilatildeo eacute a ecircnfase dada agrave temaacutetica dos mapas
mentais os rios da Paraiacuteba As expressotildees rio Paraiacuteba e Piranhas apresentam-se em 50
dos mapas mentais analisados (sete mapas) assim como a presenccedila do Oceano
Atlacircntico Em outros dois casos os alunos representam em seus mapas a presenccedila do
Accedilude Velho e Riacho das Piabas
Percebemos com essa avaliaccedilatildeo a dificuldade dos alunos para o entendimento do
significado das toponiacutemias e a construccedilatildeo desta imagem mental Longe de encerrar esta
compreensatildeo pelos alunos veremos a seguir algumas anaacutelises relacionadas as noccedilotildees de
localizaccedilatildeo e orientaccedilatildeo espacial
130
FIGURA 20 USO DAS TOPONIacuteMIAS NA CONSTRUCcedilAtildeO DAS MESORREGIOtildeES DA PARAIacuteBA DO ALUNO 11
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
131
C Noccedilotildees de localizaccedilatildeo e orientaccedilatildeo
A alfabetizaccedilatildeo da liacutengua materna corresponde a uma das primeiras formas de
comunicaccedilatildeo ensinadas na escola Escrever as primeiras letras do nome pode acontecer
antes dos seis anos de idade mas eacute a partir do 1ordm ano do EF que este aprendizado seraacute
mais niacutetido
No ocidente o processo da escrita das palavras ocorre geralmente em uma
ordem sequencial da esquerda para a direita Este procedimento tambeacutem eacute realizado
para a leitura de textos onde eacute expressa a liacutengua portuguesa Somos desde pequenos
ensinados e aos poucos nos habituamos a este processo de leitura e escrita Mas haacute
alguma relaccedilatildeo entre o raciociacutenio geograacutefico a imagem mental e a representaccedilatildeo dos
mapas mentais com o processo de leitura e escrita A anaacutelise dos mapas afirma que sim
No item noccedilotildees de percepccedilatildeo espacial identificamos a ocorrecircncia de dez mapas
mentais que distribuiacuteram as Mesorregiotildees Geograacuteficas em uma ordem sequencial Mais
que uma relevacircncia na percepccedilatildeo dos alunos ela revela uma teacutecnica de
desenvolvimento do coacutedigo da liacutengua Dos dez mapas mentais que apresentam esta
caracteriacutestica sete denotam uma ordem idecircntica agrave do enunciado da questatildeo O quadro 6
realiza uma comparaccedilatildeo das toponiacutemias utilizadas e sua relaccedilatildeo com os mapas
mentais58
QUADRO 6 ORDEM DAS TOPONIacuteMIAS ENCONTRADAS NOS MAPAS MENTAIS
Ocorrecircncia Toponiacutemia 1 Toponiacutemia 2 Toponiacutemia 3 Toponiacutemia 4
Enunciado Mata Paraibana Agreste Paraibano Borborema Sertatildeo Paraibano
07 mapas Mata Paraibana Agreste Paraibano Borborema Sertatildeo Paraibano
03 mapas Sertatildeo Paraibano Borborema Agreste Paraibano Mata Paraibana
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
Quando comparado a disposiccedilatildeo das mesorregiotildees no enunciado da questatildeo e a
localizaccedilatildeo sete dos dez mapas eacute niacutetido que a transposiccedilatildeo da imagem mental para o
papel seguiu a mesma loacutegica expressa no enunciado da questatildeo Mas o simples fato de
localizar as toponiacutemias da esquerda agrave direita e vice versa natildeo significa que o aluno
58O mapa diferentemente de outras teacutecnicas de informaccedilatildeo e conhecimento como a Liacutengua portuguesa ou
a Matemaacutetica eacute portador de uma linguagem natildeo-verbal Traduz um processo de aprendizagem natildeo
sequencial de fenocircmenos que quando apresentados na fala em texto ou operaccedilotildees matemaacuteticas
naturalmente vatildeo apresentar uma hierarquia disposiccedilatildeo sequencialidade que nem sempre eacute desejaacutevel
132
consegue abstrair a posiccedilatildeo dos lugares em escalas regionais Torna-se importante notar
outros referenciais
A orientaccedilatildeo de outras referecircncias como Oceano Atlacircntico servem como
correspondente entre os signos (mesorregiotildees) apresentados nos mapas mentais A
leitura realizada pelo aluno 11 localiza a mesorregiatildeo do Sertatildeo Paraibano vizinho ao
Oceano Atlacircntico (figura 20 p 130) este fato esteve presente em quatro mapas
mentais
Por meio do mapa mental realizado pelo aluno 15 (figura 21 p 133) eacute possiacutevel
afirmar que mesmo havendo semelhanccedila entre a sequencialidade do enunciado da
questatildeo e o mapa mental eacute possiacutevel estabelecer uma relaccedilatildeo de orientaccedilatildeo espacial
condizente com a realidade a partir do uso coerente da rosa dos ventos
Encontramos ainda no caso do mapa mental supracitado uma reordenaccedilatildeo dos
pontos cardeais que a primeira vista pode parecer estranha para um experiente leitor de
mapas existentes Eacute notado que o aluno altera a posiccedilatildeo L (leste) ndash O (oeste) do mapa
mental permitindo uma comunicaccedilatildeo entre a orientaccedilatildeo e localizaccedilatildeo real das
Mesorregiotildees Geograacuteficas
O caso citado acima eacute o uacutenico a realizar esse raciociacutenio da orientaccedilatildeo dos
elementos representados podemos notar que o aluno consegue articular a noccedilatildeo de
orientaccedilatildeo espacial o que nos leva a considerar a possibilidade de coincidecircncia Dos
quatorze (14) mapas mentais doze (12) apresentam a rosa dos ventos A tabela 8
demonstra a noccedilatildeo de orientaccedilatildeo espacial atraveacutes dos pontos cardeais pelos alunos
TABELA 8 OCORREcircNCIA DA UTILIZACcedilAtildeO DA ROSA DOS VENTOS NOS MAPAS
MENTAIS
USO DA ROSA DOS VENTOS OCORREcircNCIA
Apresenta coerecircncia 2
Natildeo apresenta coerecircncia 7
Natildeo corresponde a uma comunicaccedilatildeo 6
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
Eacute observado que o posicionamento mediado pelos pontos cardeais natildeo obteve
sucesso As atividades desenvolvidas natildeo foram suficientes para possibilitar a
compreensatildeo da orientaccedilatildeo espacial Embora sete alunos tracem a rosa dos ventos em
seus mapas mentais elas natildeo correspondem agraves toponiacutemias expressas ou outros pontos de
referecircncia como o oceano Outros seis alunos invertem o posicionamento dos pontos
cardeais ou simplesmente natildeo apresenta tais referenciais
133
FIGURA 21 ORIENTACcedilAtildeO E LOCALIZACcedilAtildeO DAS MESSOREGIOtildeES DA PARAacuteIBA ALUNO 15
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
134
D Noccedilotildees de escala geograacutefica
Todas as noccedilotildees discutidas acerca dos mapas mentais das mesorregiotildees
demonstram que na escala regional paraibana os alunos sentiram mais dificuldades na
realizaccedilatildeo dos elementos dos mapas Com isso a leitura dos esboccedilos apresentou alguns
contratempos como excesso ausecircncia ou desconexatildeo entre as toponiacutemias apresentadas
com a temaacutetica dos mapas
Sem instrumentos mediadores ou modelos os alunos tiveram diferentes
problemas Entre eles o que deve ser representado no mapa Os rios eram destaque no
enunciado da prova embora seus nomes estivessem em negrito poucos alunos
distinguiram as palavras enquanto regiotildees (Mata Paraibana) e rios Paraiacuteba e Piranhas
Os rios revelam o propoacutesito do mapa mas tambeacutem coincidem com a localizaccedilatildeo Estado
da Paraiacuteba
Se considerarmos as palavras de Callai (2005 p 239) sobre o retrato do tema
ldquo[] eacute importante perceber que os fenocircmenos da natureza se configuram em outra
escala que eacute da natureza mesmo e que vai pautar os acontecimentos ao contraacuterio de
uma escala histoacuterica intrinsecamente ligada ao tempo e ao espaccedilo de nossas vidasrdquo
O conjunto das Mesorregiotildees Geograacuteficas tinha como intenccedilatildeo localizar ordenar
e apresentar um panorama geral do Estado da Paraiacuteba O resultado da observaccedilatildeo da
escala geograacutefica (Tabela 9) revela que a maioria dos estudantes apresenta maior
acuidade para a escolha da escala
TABELA 9 ESCALA GEOGRAacuteFICA EM DESTAQUE NOS MAPAS MENTAIS
ESCALA GEOGRAacuteFICA OCORREcircNCIA
Estado da Paraiacuteba 11
Outra 2
Natildeo identificada 1 Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
O que demonstra estes dados eacute que os alunos tiveram o cuidado de reduzir os
objetos da escala real para a dimensatildeo do papel mas o motivo para essa reduccedilatildeo natildeo
corresponde com a proposta da atividade Observamos que os alunos tecircm na maioria
dos casos o cuidado de representar as mesorregiotildees entretanto os rios Paraiacuteba e
Piranhas satildeo observados como coisas distintas do territoacuterio Dos quatorze (14) mapas
135
mentais analisados nove apresentam os rios enquanto elemento externo os outros cinco
casos natildeo fazem qualquer menccedilatildeo ao tema
Se por um lado a ldquohomogeneidaderdquo e ldquoconcentraccedilatildeordquo satildeo traccedilos pertinentes a
escala da proposta dos mapas mentais por outro ldquocolocar o problema da escala eacute
tambeacutem colocar o problema da pertinecircncia da ligaccedilatildeo entre uma unidade de observaccedilatildeo
e o atributo que associamos a elardquo (RACINE RAFFESTIN amp RUFFY 1983 p 125) A
anaacutelise destas representaccedilotildees demonstra que os rios e o territoacuterio paraibano satildeo como
ldquoaacutegua e oacuteleordquo natildeo se misturam esta heterogeneidade fez os alunos observarem estes
elementos como distintos
A escala ainda segundo Racine Raffestin amp Ruffy (1983) eacute um processo de
esquecimento coerente visto que agrave medida que observamos um conjunto agraves
singularidades satildeo ldquoesquecidasrdquo Dito de outra forma agrave medida que avanccedilamos na
representaccedilatildeo das mesorregiotildees geograacuteficas da Paraiacuteba os bairros de Campina Grande
natildeo deveriam ter ecircnfase na produccedilatildeo dos mapas mentais como aconteceu na
representaccedilatildeo do aluno 09 (Figura 22 p 136)
Por fim observamos que a escala geograacutefica enquanto noccedilatildeo para os estudos de
Geografia contribui para observarmos a percepccedilatildeo e sistematizaccedilatildeo mental dos assuntos
abordados em sala de aula Ela possibilita avaliar os avanccedilos dos alunos aleacutem de
auxiliar o planejamento do professor para a progressatildeo de habilidades e noccedilotildees a serem
trabalhadas
Buscamos no proacuteximo capiacutetulo avanccedilar na discussatildeo acerca do uso dos mapas
mentais dessa forma apontamos as praacuteticas e estrateacutegias utilizadas que possibilitaram o
ensino de Geografia com uma turma do 5ordm ano Recorremos assim como na turma do 4ordm
ano a experiecircncias luacutedicas e teoacutericas que possibilitassem o desenvolvimento de
habilidades e uso das noccedilotildees para o desenvolvimento das representaccedilotildees cartograacuteficas e
da leitura de mundo desses alunos
136
FIGURA 22 USO INDISCRIMINADO DA ESCALA GEOGRAacuteFICA ALUNO 09
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
137
4 PROPOSTAS E PRAacuteTICAS ESCOLARES ANAacuteLISES DOS MAPAS
MENTAIS COM OS ALUNOS DO 5ordm ANO
No decorrer deste capiacutetulo temos como objetivo apresentar e analisar as
atividades realizadas com os alunos do 5ordm ano Nossas praacuteticas direcionadas ao recurso
didaacutetico mapa mental dialogaram com um conjunto de atividades de construccedilatildeo e
interpretaccedilatildeo de mapas existentes e atividade luacutedica
Empregamos os mapas existentes (mapas murais e mapa do Brasil regiotildees)
mapas mudos e o jogo de baleada para o desenvolvimento de habilidades relacionado
aos assuntos estudados nas aulas de Geografia Conforme seraacute apresentado dividimos
estas experiecircncias em quatro itens (1) Oficina 1 Uso dos mapas mudos e a ldquobaleada
geograacuteficardquo (2) Mapa mental 1 Mapa da minha vida (3) Oficina 2 Mapa mudo da
regiatildeo Centro-Oeste e (4) Mapa mental 2 Mapa da regiatildeo Centro-Oeste
51 OFICINA 1 USO DOS MAPAS MUDOS E A ldquoBALEADA GEOGRAacuteFICArdquo
NOCcedilOtildeES PRAacuteTICAS E TEOacuteRICAS DE GEOGRAFIA
Compreende-se que para a construccedilatildeo dos procedimentos de trabalho coordenar
e dirigir o pensamento atraveacutes da linguagem cartograacutefica eacute fundamental Necessita
aleacutem disso envolver atividades teoacutericas e luacutedicas como mostramos no capiacutetulo 1
(Quadro 1 p 40) Haacute diferentes condicionantes que despertam a motivaccedilatildeo ou
desmotivaccedilatildeo a positividade ou apatia acerca das atividades desenvolvidas entre os jaacute
destacados a atenccedilatildeo memoacuteria cogniccedilatildeo e emoccedilatildeo retrata Vigotski (1998)
Para Bock Furtado amp Teixeira (2008) a escola eacute o lugar privilegiado para o
desenvolvimento dos condicionantes citados no paraacutegrafo anterior por meio da
educaccedilatildeo formal Neste espaccedilo ocorre o contato com a cultura de forma sistemaacutetica
intencional e planejada visando o desenvolvimento cognitivo dos sujeitos Por outro
lado o aluno jaacute traz consigo necessidades curiosidades e um imaginaacuterio a respeito da
realidade espacial
A aprendizagem natildeo eacute equivalente a todos os sujeitos de uma turma Entretanto
enfatizamos a importacircncia do trabalho coletivo como meio para o progresso do
raciociacutenio espacial Dessa forma segundo Rego (1995) eacute necessaacuterio a intervenccedilatildeo do
professor nas zonas de desenvolvimento proximal dos alunos Acreditamos que o
138
diaacutelogo as atividades com recursos cartograacuteficos e atividades luacutedicas podem auxiliar
nesse quesito
A escolha do recurso didaacutetico a exemplo do mapa corresponde
necessariamente com a proposta da aula de Geografia Uma escolha equivocada pode
gerar problemas para o encaminhamento da aula Ao conversar com a professora
Beatriz sobre as aulas de Geografia perguntei quais os assuntos trabalhados nos
bimestres anteriores Empolgada ela fala sobre suas consideraccedilotildees sobre o mapa-
muacutendi localizaccedilatildeo dos paiacuteses e organizaccedilatildeo poliacutetica A professora pega seu livro
didaacutetico o abre e mostra um mapa das Ameacutericas Diante deste caso apontamos que o
professor e o aluno
[] natildeo alfabetizado para a leitura da linguagem cartograacutefica natildeo possui
habilidades suficientes para ldquoentrarrdquo em mapas de escala pequena com os
que representam o Brasil ou o mundo com siacutembolos abstratos e entender o
conteuacutedo neles apresentado (PASSINI 2012 p 31)
Natildeo procuramos julgar as praacuteticas da professora tampouco desprivilegiar o uso
do livro didaacutetico em sala de aula mas observamos a necessidade da correspondecircncia
entre tema e recurso empregado Ademais discordamos das palavras de Passini (2012 p
31) que apenas por meio da alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica que o aluno tem ldquohabilidade
suficienterdquo para entender um mapa Seraacute que esta afirmaccedilatildeo corresponde com as
praacuteticas cotidianas dos alunos E os mapas apresentados nos telejornais que
demonstram a previsatildeo do tempo ou o itineraacuterio dos ocircnibus localizaccedilatildeo de lojas eles
tambeacutem necessitam de uma alfabetizaccedilatildeo para ser compreendidos O professor eacute o
uacutenico sujeito a mediar agrave compreensatildeo da linguagem cartograacutefica
Acreditamos que a alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica deve ser um processo de
construccedilatildeo e leitura de mapas De acordo com Callai (2005) os alunos trazem os
conhecimentos de sua experiecircncia de vida e eacute a partir daiacute que podemos iniciar a alusatildeo
aos conhecimentos da Geografia Dito isto enfatizamos que no decorrer das duas
primeiras aulas realizamos leitura de mapas enfatizando a importacircncia da construccedilatildeo da
legenda e da correspondecircncia aos elementos do mapa trabalhados Outros fatores como
a importacircncia da rosa dos ventos e dos pontos cardeais tambeacutem estiveram presente
nestas aulas
As regiotildees brasileiras e o processo de regionalizaccedilatildeo foi o tema trabalhado em
Geografia com a professora regente no terceiro bimestre de 2014 Iniciamos o trabalho
revisando o assunto Os alunos construiacuteram mapas mudos na ocasiatildeo entregamos uma
lista com o nome dos estados (com suas respectivas siglas) e capitais (ver apecircndice
139
VIII) buscando construir um modelo mental para o desenvolvimento dos primeiros
mapas mentais Um exemplo de mapa mudo desenvolvido pelo aluno 29 (Figura 23 p
139) o modelo encontra-se em apecircndice (apecircndice IX)
A realizaccedilatildeo dos mapas mudos embora mediada natildeo foi trabalhada com a
consulta de mapas existentes Foi permitida a interaccedilatildeo entre os alunos para chegarem a
uma interpretaccedilatildeo proacutepria da localizaccedilatildeo dos estados e extensatildeo das cinco regiotildees
brasileiras59 (Nordeste Sul Sudeste Centro-Oeste e Norte) Na ocasiatildeo jaacute haviam
estudado o panorama geral da organizaccedilatildeo territorial do paiacutes aleacutem disso a Regiatildeo
Norte a qual demonstravam a maioria dos alunos mostrava interesse
FIGURA 23 MAPA MUDO DAS REGIOtildeES DO BRASIL REALIZADO PELO ALUNO 29
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
59 Eacute observado que os limites das regiotildees eacute estabelecido por linhas mais escuras o que deveria facilitar a
distinccedilatildeo entre elas mas em alguns casos como o do aluno 29 (figura 23) esta compreensatildeo ainda natildeo
estava clara
140
Outra questatildeo em pauta satildeo as consideraccedilotildees de Castrogionni amp Costella (2006)
Almeida amp Passini (2010) e Passini (2012) eles apontam que as noccedilotildees de localizaccedilatildeo e
orientaccedilatildeo espacial satildeo problemas complexos ao se desenvolver experiecircncias com
mapas O plano das relaccedilotildees de localizaccedilatildeo extensatildeo e vizinhanccedila eacute algo complicado
seja quando a referecircncia eacute o proacuteprio corpo (direita esquerda frente e atraacutes) ou os pontos
cardeais (norte sul leste e oeste)
Na anaacutelise das noccedilotildees de localizaccedilatildeo e orientaccedilatildeo espacial nos mapas mentais do
Canal das Piabas (p 116 terceiro paraacutegrafo) apresentamos o problema dos modelos de
orientaccedilatildeo espacial discutido por Passini (2012 p 112 ndash 117) Mediante algumas
atividades sugeridas pela autora como ldquoorientando-se na cidaderdquo ldquotrabalho com
sombrasrdquo e ldquoorientando-se com vizinhos e natildeo vizinhosrdquo desenvolvemos uma proposta
de atividade a qual intitulamos de ldquobaleada geograacuteficardquo
Para a realizaccedilatildeo da experiecircncia da baleada geograacutefica resgatamos as praacuteticas do
jogo conhecido como baleada ou queimada60 com os alunos do 5ordm ano Dessa forma
seguimos os passos descritos
1 Dividir os alunos em quatro grupos cada um representando um ponto cardeal
(Norte Sul Leste e Oeste)
2 Posicionar os grupos nas respectivas direccedilotildees neste caso eacute indicado que a
atividade seja realizada em um local aberto e os pontos cardeais sejam marcados
no chatildeo considerando o posicionamento do sol61
3 O grupo deve acertar com a bola um dos participantes do time oposto entretanto
a direccedilatildeo da bola deve seguir a orientaccedilatildeo falada pelo mediador (professor)
exemplo ldquogrupo Oeste acerte a bola no grupo Sulrdquo (Figura 24 p 141)
O objetivo do jogo foi localizar os grupos no plano espacial do paacutetio da escola
mostrando que as coisas e as pessoas estatildeo em determinado lugar Aleacutem disso os alunos
observaram a relaccedilatildeo existente entre o pocircr do sol e o posicionamento dos pontos
cardeais Tambeacutem a possibilidade de coordenar direccedilotildees atraveacutes deles
Na aula seguinte dialogamos sobre esta experiecircncia e realizamos uma atividade
teoacuterica sobre a ldquobaleada geograacuteficardquo (ver apecircndice X) Percebemos que alguns alunos
60 Nos Estados Unidos a brincadeira vem ganhando prestiacutegio principalmente apoacutes seu reconhecimento
enquanto esporte o ldquododgeballrdquo O esporte eacute composto por dois grupos onde cada equipe busca acertar
membros do time adversaacuterio quando um integrante eacute acertado ele eacute retirado do jogo Ganha quem tiver o
maior nuacutemero de integrantes no final da partida Para mais informaccedilotildees acesse
httpenwikipediaorgwikiDodgeball lt acessado em 26052015 61 Ressaltamos que esta atividade seja realizada no iniacutecio da manhatilde (para o turno matutino) ou final da
tarde (para o turno vespertino) em decorrecircncia da exposiccedilatildeo das crianccedilas ou jovens ao sol e ainda a
possibilidade de ver mais nitidamente o nascer ou o pocircr do sol (como foi o caso com a turma do 5ordm ano)
141
os que faltaram principalmente sentiram dificuldade na compreensatildeo da uacuteltima questatildeo
que se referia ao posicionamento atraveacutes da posiccedilatildeo aparente do sol Retornamos ao
paacutetio da escola e realizamos outra simulaccedilatildeo sobre a dinacircmica do jogo desta vez os
alunos explicavam como deveria ser realizado o jogo e suas regras62
FIGURA 24 DESENVOLVIMENTO DA ATIVIDADE LUacuteDICA BALEADA GEOGRAacuteFICA
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
Apoacutes a realizaccedilatildeo destas experiecircncias os alunos tiveram como desafio a
realizaccedilatildeo dos primeiros mapas mentais Contextualizamos a atividade das regiotildees do
Brasil atraveacutes da proposta ldquoMapa da minha vidardquo63 onde os alunos teriam que destacar
os procedimentos descritos a seguir
Desenhe um mapa mental do Brasil considerando as informaccedilotildees abaixo
1 Localizar em seus mapas mentais as seguintes informaccedilotildees
- Estado em que vocecirc nasceu
62 Nestes termos caracterizamos que as aulas ocorrem em atividades cineacuteticas articulando o
desenvolvimento das representaccedilotildees aos movimentos corpoacutereos descentralizando a atenccedilatildeo focal
(observaccedilatildeo) aos outros sentidos tato fala e audiccedilatildeo Afirmamos que isto ocorre em um processo que
avanccedila e regride ao longo das atividades escolares e que os resultados positivos nem sempre satildeo
alcanccedilados 63 A proposta de atividade com o tema ldquomapa da minha vidardquo eacute fruto de experiecircncia de pesquisa-piloto
realizada no Centro de Ensino Pesquisa Aplicada agrave Educaccedilatildeo (CEPAE) da Universidade Federal de Goiaacutes
(UFG) com alunos do 5ordm ano em 2014 A proposta desenvolvida pela Profordf Drordf Rusvecircnia Luiza para o
trabalho com mapas mudos foi incorporada ao desenvolvimento de mapas mentais em uma de suas
turmas de 5ordm ano Na ocasiatildeo o recurso possibilitou avaliar os conteuacutedos sobre regiatildeo e regionalizaccedilatildeo
brasileira ensinados pela referida professora
142
- Estado em que seus pais nasceram
- Estado que jaacute visitou e
- Estado que gostaria de visitar
2 Orientar seu mapa atraveacutes da rosa dos ventos
3 Construir a legenda do mapa mental
4 Baseado no tema apresentado decirc um tiacutetulo para o seu mapa mental
Inicialmente explicamos aos alunos qual era a proposta dos mapas mentais e que
estas representaccedilotildees natildeo iriam ser idecircnticas aos mapas estudados ateacute a ocasiatildeo Os
alunos se mostraram resistentes a proposta de trabalho De iniacutecio alguns se recusaram a
realizar a atividade alegando ldquonatildeo saber desenharrdquo outros alegavam a necessidade da
consulta aos mapas existentes Realizamos um acordo eles poderiam consultar a lista
com o nome dos estados entretanto natildeo seria permitida a consulta a outros materiais
Todos aceitaram este termo
Apoacutes o iniacutecio das atividades poucos alunos utilizaram a lista com o nome dos
estados Entretanto discutiam entre eles sobre a localizaccedilatildeo dos estados e pediam
auxiacutelio agrave professora e para o pesquisador para realizaccedilatildeo da proposta O proacuteximo item
corresponde agraves anaacutelises dos mapas mentais elaborados
42 MAPA MENTAL 1 MAPA DA MINHA VIDA
A Noccedilatildeo de percepccedilatildeo espacial
Como discutido no primeiro bloco de anaacutelise dos mapas mentais (alunos do 4ordm
ano) a percepccedilatildeo espacial eacute variante de sujeito para sujeito mesmo quando sua
experiecircncia ambiental valores e status social satildeo semelhantes Pinheiro (2005) assim
como Tuan (2012) percebe que a compreensatildeo espacial e a composiccedilatildeo da imagem
mental satildeo decorrentes de um ldquocircuito psicoloacutegicordquo
A imagem mental eacute um processo de ldquo[] apreensatildeo da informaccedilatildeo (sensaccedilatildeo
percepccedilatildeo) sua organizaccedilatildeo interna (percepccedilatildeo cogniccedilatildeo) armazenamento na memoacuteria
e resgate para utilizaccedilatildeo como accedilatildeordquo (PINHEIRO 2005 p 152) No ensino-
aprendizagem de Geografia os mesmos ldquoestiacutemulosrdquo ou imagens experimentadas (seja
pela vivecircncia nos lugares ou aprendizagens) natildeo seratildeo idecircnticos ao modelo expresso Os
ruiacutedos satildeo inevitaacuteveis na construccedilatildeo da imagem e na (re) produccedilatildeo dos mapas mentais
143
Os 21 mapas mentais produzidos com o tema ldquomapa da minha vidardquo retratam
diferentes modelos de percepccedilatildeo dos alunos acerca da silhueta do Brasil Agrupamos
estes mapas mentais em quatro grupos silhueta em forma proacutexima a do Brasil de balatildeo
e de triacircngulo e como apresentada na figura 25 A quarta categoria apresenta os mapas
mentais que natildeo se enquadraram nestes paracircmetros
FIGURA 25 PARAcircMETROS PARA ANAacuteLISE DAS SILHUETAS DOS MAPAS MENTAIS
A Forma proacutexima a do Brasil B Forma de um balatildeo C Forma de um triacircngulo
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014) Organizado por David L R de Almeida 2015
Como observamos na tabela 10 nove dos 21 alunos contornam os seus mapas
mentais e apresentam correlaccedilatildeo com o mapa mudo do Brasil Entre estes casos
apresentamos o mapa mental realizado pelo aluno 41 (figura 26 p 146) Observamos
que os traccedilos expressos nos mapas mentais aproximam-se da silhueta do mapa existente
do Brasil e conservaram a localizaccedilatildeo de alguns estados estrateacutegicos em suas
representaccedilotildees a Paraiacuteba (PB) na posiccedilatildeo nordeste o Acre (AC) proacutexima a uma
curvatura no norte do Brasil e o Rio Grande do Sul (RS) como o ponto mais extremo ao
sul do territoacuterio nacional64
TABELA 10 PERCEPCcedilOtildeES DA FORMA DO BRASIL DESTACADO NOS MAPAS
MENTAIS
FORMA OCORREcircNCIA
Brasil 9
Balatildeo 4
Triacircngulo 2
Outra forma 6
Total 21
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
64 Em virtude da ausecircncia dos pontos cardeais no mapa mental estamos considerando que a posiccedilatildeo Norte
esteja no lado superior da folha
Menor extensatildeo (L-O)
Ex
ten
satildeo
(N
-S)
Maior extensatildeo (L-O)
144
Os mapas em formato de balatildeo tambeacutem tiveram suas peculiaridades entre elas o
fator de concentricidade dos estados retratados em forma circulares ou de meia lua O
mapa mental do aluno 39 (figura 27 p 147) eacute composto por um agrupamento de feiccedilatildeo
circular o mais niacutetido eacute encontrado no centro da imagem relativo ao estado de Goiaacutes
(GO) Na regiatildeo nordeste o aluno situa a Paraiacuteba (em verde) seguido pela cidade
paraibana de Taperoaacute (em laranja) e um dos distritos de Campina Grande Galante (em
azul)
Jaacute haviacuteamos reparado o mesmo traccedilado circular em alguns mapas do Canal das
Piabas (p 125 quarto paraacutegrafo) e analisado que a esfericidade segundo Tuan (1983
2012) casa com a ideia de etnocentrismo Mas precisamos observar que diferentes
povos ao longo da histoacuteria tambeacutem utilizaram e ainda utilizam o paracircmetro esfeacuterico
para confecccedilatildeo de mapas existentes a exemplo dos chineses (com os mapas formados
por cinturotildees No centro do mapa localiza-se o impeacuterio nas bordas os baacuterbaros e
selvagens) gregos e europeus com os ldquomapas O-T (Orbis terrarum)rdquo Atualmente os
atlas escolares a exemplo do mapa-muacutendi ldquomostra todo o mundo em uma projeccedilatildeo que
estaacute centralizada no sul da Gratilde-Bretanha ou noroeste da Franccedilardquo (TUAN 2012 p 65 ndash
69)
O terceiro caso por exemplo aponta os mapas mentais em contornos relativos agrave
forma triangular Eles aproximaram-se ao formato do triacircngulo equilaacutetero (o qual possui
trecircs partes iguais e contecircm trecircs acircngulos de 60ordm)
No que se refere aos dois mapas mentais que apresentaram esta configuraccedilatildeo
observamos que os estados que ficam a norte da linha do equador como Roraima e
Amapaacute natildeo satildeo apresentados Ou ainda satildeo localizados em outros lugares como
observado no mapa mental do aluno 25 (Figura 28 p148)
Os exemplos anteriores indicam que para estes alunos a associaccedilatildeo a forma
geomeacutetrica triangular corresponde com uma estrateacutegia de memorizaccedilatildeo da imagem
mental do Brasil Recordemos que eacute comum a menccedilatildeo da forma arredondada do planeta
Terra nas aulas de Geografia entretanto relata Jolly (1990) que a muito se eacute estudado a
ldquoverdadeirardquo forma do planeta Terra suas formas e dimensotildees a qual hoje se denomina
de geoacuteide
Ao longo do desenvolvimento da Idade Meacutedia relata Jolly (1990) que houve o
aperfeiccediloamento das teacutecnicas de observaccedilatildeo instrumentos como a buacutessola sistemas de
medidas e intersecccedilatildeo a grandes distacircncias para o autor
145
A triangulaccedilatildeo tem como objetivo fixar sobre a superfiacutecie a ser
cartografada a posiccedilatildeo relativa em distacircncia e em direccedilatildeo de pontos
fundamentais ou ldquopontos geodeacutesicosrdquo sobre os quais se apoiara a rede de
quadriculas do mapa Consiste em cobrir a superfiacutecie estudada com uma rede
de referecircncias dispostas segundo os veacutertices de triacircngulos [] (JOLLY 1990
p 42)
Neste sentido eacute importante apontar que a forma triangular pode ser um caminho
para a construccedilatildeo dessa imagem mental entretanto o papel da mediaccedilatildeo do professor
deve propor anaacutelises mais aprofundadas sobre as irregularidades do traccedilado territorial
Por quais motivos haacute a irregularidade na silhueta do mapa mental do Brasil Por causa
das fronteiras poliacuteticas e econocircmicas Os acidentes geograacuteficos Esses satildeo alguns
elementos que podem ser discutidos
Seis dos 21 mapas mentais apresentaram formas distintas entre si e dos trecircs
grupos apresentados anteriormente Seus traccedilados irregulares apresentavam uma
compreensatildeo sincreacutetica da imagem do territoacuterio nacional natildeo apenas pelo traccedilado do
mapa mental mas pela associaccedilatildeo dos elementos destacados ao tema do mapa Em
alguns casos ocorreu o comprometimento da comunicaccedilatildeo do mapa para seu
destinataacuterio como destacaremos nos proacuteximos toacutepicos
146
FIGURA 26 MAPA MENTAL EM FORMATO PROacuteXIMO A REPRESENTACcedilAtildeO TRADICIONAL DO BRASIL DO ALUNO 41
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
147
FIGURA 27 MAPA MENTAL EM FORMA DE BALAtildeO ALUNO 39
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
148
FIGURA 28 MAPA MENTAL EM FORMA DE TRIAcircNGULO ALUNO 25
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
149
B Uso de toponiacutemias
As toponiacutemias permitem a apresentaccedilatildeo do tema nos mapas mentais As palavras
possibilitam a apreensatildeo do significado e a intenccedilatildeo do produtor de mapas para um
segundo sujeito o leitor de mapas viabilizando a interaccedilatildeo verbal entre eles
(BAKHTIN 2012)
Nos mapas mentais produzidos constatamos que 17 das 21 representaccedilotildees
apresentam o nome de estados brasileiros Um caso expotildee a classificaccedilatildeo atraveacutes das
regiotildees (Norte Nordeste Centro-Oeste e Sul) e outros trecircs natildeo demonstram
correspondecircncia com o tema (sendo que um deles natildeo apresenta nenhuma informaccedilatildeo)
Aleacutem disso na anaacutelise dos 17 mapas que expressam a relaccedilatildeo signo-significado
atraveacutes da legenda classificamos o grau de coerecircncia desta relaccedilatildeo em bom regular e
insuficiente para a proposta de interpretaccedilatildeo dos dados a tabela 11 apresenta o nuacutemero
destas ocorrecircncias
TABELA 11 COEREcircNCIA DAS TOPONIacuteMIAS EXPRESSAS NOS MAPAS MENTAIS
GRAU DE COEREcircNCIA OCORREcircNCIA
Bom 12
Regular 4
Insuficiente 1
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
Entre os casos onde podemos observar um bom desempenho em relaccedilatildeo a
construccedilatildeo da legenda e os significados expressos no mapa mental estaacute a representaccedilatildeo
do aluno 48 (figura 29 p 150) O esboccedilo cartograacutefico identifica o estado que o aluno e
seus pais nasceram (Paraiacuteba) outros estados conhecidos expressos na legenda na cor
laranja (o que significa que o estudante natildeo conhece outro estado aleacutem da Paraiacuteba) e
por fim os estados que gostaria de conhecer Amazonas e Rio Grande do Sul pintado
em azuis Nos casos semelhantes ao mapa mental da figura 29 podemos creditar sucesso
na realizaccedilatildeo da proposta
150
FIGURA 29 APRESENTACcedilAtildeO DAS INFORMACcedilOtildeES EM FORMA DE LEGENDA ALUNO 48
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
151
Entre os outros esboccedilos que apresentaram um grau regular na apresentaccedilatildeo dos
mapas mentais destacamos o mapa do aluno 24 (Figura 30 p 152) Observamos que o
mapa mental apresenta um excesso de informaccedilatildeo que prejudica a leitura Este foi um
entre os quatro casos em que o estudante utilizou a lista com o nome dos estados como
instrumento mediador para realizaccedilatildeo do mapa Podemos notar que a construccedilatildeo da
legenda do mapa natildeo atribuiu significado aos estados pintados em roacuteseo ou em
vermelhos deixando um sentido vago em relaccedilatildeo aos seus significados
O terceiro caso corresponde ao mapa mental produzido pelo aluno 38 (Figura 31
p 153) todas as informaccedilotildees expressas na legenda e em seu mapa utiliza a referecircncia da
cor laranja entretanto natildeo haacute um discernimento isto prejudica a comunicaccedilatildeo entre o
estado que o aluno conhece e natildeo conhece por exemplo Ademais as toponiacutemias
apresentadas no mapa satildeo quase imperceptiacuteveis para o leitor na interpretaccedilatildeo do mapa
identificamos apenas o estado de Satildeo Paulo (quadrado em laranja no centro do mapa)65
Outro fator que contribuiu para a anaacutelise dos mapas mentais foi a indicaccedilatildeo do
tiacutetulo pelos alunos Para a realizaccedilatildeo dos mapas mentais pedimos aos alunos que o nome
da representaccedilatildeo correspondesse com o tema da proposta Ao estudar os esboccedilos
produzidos observamos que mais de 50 dos alunos (ou seja 11 mapas) apontaram um
tiacutetulo para os seus mapas mentais como o do aluno 41 ldquoO mapa que fala da minha vidardquo
(Figura 26 p 146) Em apenas um caso o tiacutetulo apresentado ldquoMinha cidaderdquo (aluno 29
Figura 33 p 157) natildeo corresponde com a proposta do tema em questatildeo
65 Para anaacutelise do mapa da figura 31 utilizamos o recurso zoom com a imagem em arquivo digital certos
traccedilos deste mapa mental eacute incompreensiacutevel em uma visualizaccedilatildeo normal
152
FIGURA 30 MAPA MENTAL DO ALUNO 24 DESTAQUE AO EXCESSO DE TOPONIacuteMIAS
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
153
FIGURA 31 MAPA MENTAL DO ALUNO 38 DESTAQUE A EXPRESSAtildeO SINCREacuteTICA
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
154
C Noccedilotildees de localizaccedilatildeo e orientaccedilatildeo
As noccedilotildees de localizaccedilatildeo e orientaccedilatildeo espacial foram um dos fatores mais
difiacuteceis de serem analisados principalmente nas situaccedilotildees que envolveram o destaque a
um maior nuacutemero de toponiacutemias Como proposta para avaliaccedilatildeo da localizaccedilatildeo espacial
procuramos observar a totalidade da representaccedilatildeo e a orientaccedilatildeo dessas toponiacutemias em
seu contexto Dessa forma classificamos a localizaccedilatildeo dos estados em quatro
categorias Consideramos sua proximidade ao modelo dos mapas mudos anteriormente
apresentado Aleacutem disso enfatizamos o grau de vizinhanccedila entre os estados e sua
posiccedilatildeo relativa aos pontos cardeais a tabela 12 apresenta esta tentativa de siacutentese
TABELA 12 NIacuteVEL CORRESPONDENTE Agrave LOCALIZACcedilAtildeO ESPACIAL
NIacuteVEL OCORREcircNCIA
Corresponde 8
Natildeo corresponde 2
Corresponde em sua maioria 8
Natildeo corresponde em sua maioria 3
Total 21
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
Na leitura destes mapas mentais observamos que a maioria dos alunos (16 casos
quando somado os alunos que acertam ou apresentam o maior nuacutemero de
correspondecircncia) possui habilidade suficiente para localizar os estados apresentados
Conservam certo grau de conformidade com a estrutura territorial brasileira
Na anaacutelise da noccedilatildeo espacial de localizaccedilatildeo o mapa mental produzido pelo
aluno 48 identifica os estados de forma coerente situa o Amazonas ao Norte Paraiacuteba na
direccedilatildeo nordeste e o Rio Grande do Sul ao Sul do Brasil (Figura 29 p 150) Outros
alunos tambeacutem mostraram a mesma habilidade na localizaccedilatildeo dos estados a exemplo
do aluno 22 (Figura 32 p 155) O referido mapa mental apresenta o Amazonas com a
indicaccedilatildeo da regiatildeo ldquoNorterdquo apresenta o caraacuteter de vizinhanccedila com o Acre o estado de
Tocantins e o estado da Paraiacuteba conserva a localizaccedilatildeo e proporccedilatildeo entre estes estados
155
FIGURA 32 MAPA MENTAL DO ALUNO 22 COM DESTAQUE A LOCALIZACcedilAtildeO DA REGIAtildeO NORTE DO BRASIL
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
156
Outros cinco alunos por sua vez apresentaram dificuldades na localizaccedilatildeo dos
estados entre eles destaca-se o mapa mental do aluno 29 (Figura 33 p 158) O
mencionado mapa mental representa o estado da Paraiacuteba (PB) vizinho ao Paranaacute (PR)
enquanto Pernambuco (PE) se situa a esquerda da representaccedilatildeo Destaca outro
elemento um ldquoXrdquo no centro do mapa o que pode indicar a tentativa do traccedilado da rosa
dos ventos
Entender o uso dos pontos cardeais permite ao aluno a habilidade de agrupar os
estados brasileiros utilizar conscientemente a rosa dos ventos e atribuir significado no
processo de organizaccedilatildeo espacial O uso da rosa dos ventos esteve presente em oito dos
21 mapas mentais realizados sendo que apenas quatro casos permitiram um uso
significativo deste procedimento
O mapa do aluno 42 (figura 34 p 158) apresenta agrave rosa dos ventos e associa os
estados em suas regiotildees geograacuteficas (salvo algumas exceccedilotildees como o Paranaacute entre
outros) De todo modo orienta corretamente todos os estados destacados em sua
legenda (Acre na regiatildeo Norte Rio Grande do Norte e Paraiacuteba no Nordeste Satildeo Paulo
na regiatildeo Sudeste Distrito Federal no Centro-Oeste e Santa Catarina no Sul) Ao situar
os estado chave em seu mapa consegue atingir os objetivos das noccedilotildees geograacuteficas
discutidas neste toacutepico atribuindo sentido a proposta da atividade
Nos outros quatro casos onde haacute indicaccedilatildeo da rosa dos ventos ocorrem trecircs
circunstacircncias distintas (1) Ela natildeo indica a posiccedilatildeo dos pontos cardeais (2) Apresenta
os pontos cardeais opostos de forma errocircnea (Norte-Sul eacute apresentado por Sul-Leste
por exemplo ver figura 35 p 161) ou (3) Inverte o posicionamento dos pontos
cardeais Neste terceiro caso o mapa aluno 25 (figura 28 p 148) apresenta a silhueta do
mapa com a indicaccedilatildeo de estados (Paraiacuteba ndash PB Cearaacute ndash CE e Pernambuco ndash PE) ao
Nordeste indicando consequentemente que o Norte situar-se-ia no lado superior da
folha Entretanto altera o posicionamento do ldquoNorterdquo da rosa dos ventos apresentado no
lado esquerdo da folha haacute desse modo um desacordo entre o esboccedilo e a teacutecnica de
orientaccedilatildeo
157
FIGURA 33 MAPA MENTAL DO ALUNO 29 COM DISTORCcedilOtildeES RELACIONADAS A LOCALIZACcedilAtildeO E ORIENTACcedilAtildeO ESPACIAL
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
158
FIGURA 34 MAPA MENTAL DO ALUNO 42 DESTAQUE A LEGIBILIDADE DA LOCALIZACcedilAtildeO E ORIENTACcedilAtildeO ESPACIAL
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
159
D Noccedilotildees de escala geograacutefica
No que corresponde agrave proposta de representaccedilatildeo dos mapas mentais ldquoMapa da
minha vidardquo a maioria dos alunos apresentaram uma percepccedilatildeo relativa agrave apreensatildeo do
territoacuterio brasileiro ver siacutentese apresentada na tabela 13
TABELA 13 ESCALAS ENCONTRADAS NOS MAPAS MENTAIS
ESCALA GEOGRAacuteFICA OCORREcircNCIA
Brasil 18
Outra 2
Natildeo identificada 1
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
Observando a tabela 13 eacute niacutetida a ecircnfase a uma escala geograacutefica ndash Brasil Entre
os trecircs mapas mentais que dispersam da proposta escalar ldquoBrasilrdquo podemos destacar o
aluno 43 (Figura 35 p 161) que indica uma proximidade de vizinhanccedila entre os estados
brasileiros e paiacuteses como Itaacutelia Meacutexico e Japatildeo O aluno natildeo consegue diferenciar a
relaccedilatildeo entre estado (Paraiacuteba) e paiacutes (Argentina) este dado eacute confirmado quando
comparamos a legenda com as informaccedilotildees presentes em seu mapa
O grande problema no caso do mapa mental do aluno 43 eacute saber realizar o
processo de ldquoesquecimento coerenterdquo o qual se refere Racine Raffestin amp Ruffy (1983)
Em uma escala relativa ao Brasil natildeo haacute necessidade para o destaque de outros paiacuteses
muito menos quando natildeo fazem fronteira com este territoacuterio Outro problema eacute o da
compreensatildeo entre as escalas geograacutefica internacional (Itaacutelia) nacional (Brasil)
estaduais (Paraiacuteba por exemplo) municipal (Taperoaacute) e distrital (Galante) os dois
uacuteltimos expressos no mapa mental do aluno 39 (Figura 27 p 147)
Retomando o que foi discutido no primeiro capiacutetulo sobre a questatildeo da escala
nos estudos de geografia Santos apud Straforini (2008 p 88) verificou duas
abordagens teoacuterico-metodoloacutegicas em seus estudos sobre o ensino-aprendizagem em
Geografia O primeiro refere-se agrave abordagem ldquosinteacuteticardquo ndash onde se apresenta
inicialmente a escala de vivecircncia do aluno (bairro) ateacute a mais distante e ldquodesconhecidardquo
(mundo) ndash e a ldquoanaliacuteticardquo que seria o processo inverso
Segundo Straforini (2008 p 91) qualquer uma das abordagens (sinteacutetica ou
analiacutetica) ldquo[] na praacutetica pedagoacutegica dos professores eacute uma total hierarquizaccedilatildeo do
160
espaccedilo geograacutefico onde cada dimensatildeo espacial eacute ensinada de forma fragmentada e
independenterdquo O objetivo referente ao termino do 5ordm ano eacute que a crianccedila consiga
compreender a dimensatildeo mundo entretanto o que acontece na maioria dos casos eacute a
total desconexatildeo entre as escalas geograacuteficas
A escala geograacutefica corresponde agrave aacuterea abrangida pelo mapa e tem de apresentar
a informaccedilatildeo A proposta ldquomapa da minha vidardquo referente ao Brasil por exemplo
abrange uma escala geograacutefica maior que a do estado da Paraiacuteba entretanto seraacute ao
mesmo tempo menor que a do mundo
A noccedilatildeo de escala geograacutefica deve comeccedilar a ser abordada atraveacutes da ideia de
proporccedilatildeo reduccedilatildeo e ampliaccedilatildeo Satildeo nestes trecircs aspectos que observamos a
configuraccedilatildeo dos 18 mapas mentais que apontam o Brasil enquanto escala de apreensatildeo
Ao analisar o mapa mental aluno 42 (Figura 34 p 158) foi observado que natildeo haacute
proporccedilatildeo entre os estados ela acompanha a loacutegica de regionalizaccedilatildeo Os estados
encontrados a leste possuem menor extensatildeo territorial enquanto que os situados ao
oeste possuem maior aacuterea territorial estes fatos correspondem necessariamente agrave
estrutura histoacuterica e poliacutetica de divisatildeo territorial
161
FIGURA 35 MAPA MENTAL DO ALUNO 43 PROBLEMAS NA SELECcedilAtildeO DA ESCALA GEOGRAacuteFICA
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
162
Segundo Pinheiro (2006 p 164) ldquoas projeccedilotildees cartograacuteficas satildeo expressas
atraveacutes de foacutermulas matemaacuteticas ao passo que natildeo existe linguagem equivalente para
traduzir os lsquomapas mentaisrsquordquo No que corresponde ao trabalho desenvolvido pelos
alunos do 5ordm ano observamos que a escala Brasil pode ser organizada de diferentes
formas Entre elas a das regiotildees geograacuteficas como a apresentada pelo aluno 46 (figura
36 p 163) todavia eacute niacutetido que embora o aluno indique os estados da Paraiacuteba e Satildeo
Paulo em seu mapa natildeo consegue estabelecer uma comunicaccedilatildeo sobre o assunto
A turma tem de prestar atenccedilatildeo quanto maior a aacuterea do terreno a ser
representada (maior escala geograacutefica) maior a reduccedilatildeo necessaacuteria No caso dos mapas
mentais corresponde em apresentar o tema respeitando o espaccedilo determinado na folha
de papel Verificamos que dos 21 esboccedilos produzidos pelos alunos do 5ordm ano oito
ultrapassaram as margens da prancha de desenho este fato indica que a ideia de
reduccedilatildeo siacutentese e ordenamento das informaccedilotildees satildeo um problema natildeo apenas no que
corresponde ao tema estudado mas tambeacutem ao processo de representaccedilatildeo na folha de
papel
No desenvolvimento com a alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica autores como Ribeiro amp
Marques (2001) e Callai (2005) enfatizam que o processo de aprendizagem eacute complexo
e envolvem sistema e habilidades diversas inclusive motoras Geralmente a educaccedilatildeo
psicomotora eacute trabalhada na educaccedilatildeo infantil salienta a aprendizagem do esquema
corporal lateralidade organizaccedilatildeo espacial e temporal daiacute os creacuteditos as propostas
piagetianas
Estas habilidades psicomotoras auxiliam as trecircs alfabetizaccedilotildees (da liacutengua
materna geograacutefica e cartograacutefica) Dessa forma apontamos a necessidade de um
resgate deste trabalho quando necessaacuterio visto que um esquema corporal mal
construiacutedo resultaraacute em problema de coordenaccedilatildeo dos movimentos das crianccedilas
lentidatildeo para o raciociacutenio abstrato atraveacutes das noccedilotildees dificuldades em habilidade
manuais como a caligrafia leitura inexpressiva constituiccedilatildeo de uma linguagem
egocecircntrica e sem significado social
163
FIGURA 36 MAPA MENTAL DO ALUNO 46 COM DESTAQUE A ESCALA GEOGRAFICA DAS REGIOtildeES BRASILEIRAS
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
164
4 3 OFICINA 2 MAPA MUDO DA REGIAtildeO CENTRO-OESTE UMA PROPOSTA
DE APROXIMACcedilAtildeO
Para o desenvolvimento da segunda atividade sobre a regiatildeo Centro-Oeste
observamos a necessidade de aproximaacute-la dos contextos e experiecircncias dos alunos com
a regiatildeo Nordeste Realizamos um trabalho de comparaccedilatildeo e progressatildeo das noccedilotildees de
percepccedilatildeo organizaccedilatildeo dos signos e significados atraveacutes da legenda da localizaccedilatildeo e
orientaccedilatildeo espacial aleacutem da escala geograacutefica dos fenocircmenos estudados
No desenvolvimento dos primeiros mapas mentais atentamos que nenhum dos
alunos havia visitado a regiatildeo Centro-Oeste por isso resolvemos trabalhar com as
informaccedilotildees adquiridas durante a Copa do mundo de 2014 no Brasil A partir do mapa
de apresentaccedilatildeo dos estaacutedios onde aconteceram as partidas de futebol e outro das
cidades sedes dos jogos desenvolvemos um trabalho de comparaccedilatildeo e localizaccedilatildeo dos
estaacutedios da regiatildeo Nordeste e Centro-Oeste (ver apecircndice XI)
De acordo com Simielli (2006 p 95) a proposta de alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica
para o processo de ensino-aprendizagem nos anos iniciais do Ensino Fundamental deve
privilegiar trecircs criteacuterios
Localizaccedilatildeo e anaacutelise ndash envolve a anaacutelise da localizaccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de
fenocircmenos isoladamente
Correlaccedilatildeo ndash permite a combinaccedilatildeo de dados representados em duas ou
mais representaccedilotildees cartograacuteficas
Siacutentese ndash relaccedilatildeo entre duas ou mais representaccedilotildees cartograacuteficas
buscando uma siacutentese dos fenocircmenos geograacuteficos nelas representados
Em concordacircncia com os princiacutepios descritos na citaccedilatildeo acima os alunos
realizaram as correlaccedilotildees entre os dois mapas Discutidos tambeacutem acerca de quais
estaacutedios de futebol gostariam de visitar Encontramos no quadro 07 (p 165) as opccedilotildees
disponibilizadas na interpretaccedilatildeo dos mapas
165
QUADRO 07 SIacuteNTESE DOS DADOS ENCONTRADOS NOS MAPAS
REGIAtildeO NOME DO ESTAacuteDIO DE
FUTEBOL
LOCALIZACcedilAtildeO DA
CIDADE
Nordeste
Estaacutedio Castelatildeo Fortaleza ndash CE
Estaacutedio das Dunas Natal ndash RN
Arena Pernambuco Recife ndash PE
Arena Fonte Nova Salvador ndash BA
Centro-
Oeste
Arena Pantanal Cuiabaacute ndash MT
Estaacutedio Nacional Brasiacutelia ndash DF
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
Mais que a construccedilatildeo de um modelo o mapa tinha como proposta avaliar a
interpretaccedilatildeo dos alunos sobre a localizaccedilatildeo das cidades pertencentes agraves regiotildees
Nordeste e Centro-Oeste Ademais distinguir as escalas locais (cidades) regionais
(Nordeste e Centro-Oeste) internacionais (seleccedilotildees que realizaram partidas contra o
Brasil a exemplo de Camarotildees e Chile)
A discussatildeo sobre o evento da Copa do Mundo difundido em massa pela miacutedia
no ano de 2014 possibilitou que os alunos observassem que os conceitos cotidianos dos
lugares correspondem as suas praacuteticas Permitiu verificar que torcer pela seleccedilatildeo
brasileira corresponde a fatores aleacutem do esportivo como a identidade cultural e a
relaccedilatildeo de topofilia com o paiacutes e a possibilidade de refletir sobre as informaccedilotildees
experimentadas no cotidiano
Segundo Passini (2012) ldquoo pensamento proacuteprio e a autonomia intelectual
precisam ser vivenciados Eacute necessaacuterio que o trabalho na sala de aula seja
problematizador questionador que haja mais duacutevidas e menos frases prontas para
memorizaccedilatildeordquo De acordo com os apontamentos de Passini (2012) propomos que os
alunos considerassem a seguinte situaccedilatildeo
ldquoVocecirc foi convidado por um amigo para assistir trecircs partidas de futebol em
estaacutedios da regiatildeo Nordeste e Centro-Oeste Construa um mapa com as informaccedilotildees
desta viagem a partir da silhueta do Brasilrdquo
As informaccedilotildees referendadas foram A localizaccedilatildeo dos estaacutedios de futebol e a
respectiva cidade indicando a ordem da visita a estes lugares orientaccedilatildeo atraveacutes da rosa
dos ventos e a construccedilatildeo da legenda Na realizaccedilatildeo desta atividade a maioria dos
166
alunos pediu auxiacutelio ao pesquisador e a professora Beatriz Outros por sua vez
discutiam com os colegas identificando e selecionando os locais de sua preferecircncia
Invertemos o mapa mudo do Brasil indicando o Norte para o lado de baixo da
folha com a intenccedilatildeo de demonstrar que o posicionamento do Norte geograacutefico eacute fixo
entretanto sua representaccedilatildeo desde que obedeccedila a esse princiacutepio eacute relativa
possibilitando a reflexatildeo entre a orientaccedilatildeo espacial e o esboccedilo cartograacutefico
Apresentamos a seguir o mapa mudo desenvolvido pelo aluno 37 (figura 37 p 166)
FIGURA 37 MAPA MUDO DOS ESTAacuteDIOS BRASILEIRO VISITADO REALIZADO PELO
ALUNO 37
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
167
O mapa mudo desenvolvido aluno 37 (figura 37 p 166) seleciona dois Estados
da Regiatildeo Centro-Oeste e destaca as cidades sedes dos jogos ldquoCuiabaacuterdquo em verde
Distrito Federal - ldquoDFrdquo (Brasiacutelia) em vermelho e a cidade de ldquoFortalezardquo em amarelo
Observamos que utiliza agrave legenda correlacionando as cores encontradas no mapa mudo
com os estaacutedios de futebol Aleacutem disso a ordem das visitas que gostaria de realizar
Apoacutes o fim desta atividade da leitura sobre o segundo texto (apecircndice XI)
realizamos consideraccedilotildees sobre as caracteriacutesticas sociais e ambientais da regiatildeo Centro-
Oeste em comparaccedilatildeo com o Nordeste Estes procedimentos foram baseados nas
orientaccedilotildees de Cavalcanti (2002) ao indicar a necessidade da preparaccedilatildeo e introduccedilatildeo da
mateacuteria a ser estudada nas aulas de Geografia Segundo a autora
Esses momentos no ensino consistem na preparaccedilatildeo preacutevia do professor e dos
alunos para o trabalho quando eacute necessaacuterio mobilizar e suscitar o interesse
do aluno bem como organizar o ambiente Eacute fundamental nessas ocasiotildees
que o professor faccedila ligaccedilotildees do conteuacutedo com a mateacuteria anteriormente
estudada e com o conhecimento cotidiano do aluno Eacute preciso sobretudo
problematizar o conteuacutedo estudado (CAVALCANTI 2002 p 80)
Ao considerarmos como pertinente na anaacutelise o evento cultural da eacutepoca (copa
do mundo) discutimos os fenocircmenos fiacutesicos (clima e os biomas) e sua relaccedilatildeo para as
condiccedilotildees econocircmicas sociais e turiacutesticas Mediados pelo livro didaacutetico refletimos
sobre os principais biomas encontrados na regiatildeo Centro-Oeste pantanal e cerrado
Tambeacutem quais os problemas ambientais que eram apresentados como desmatamento
queimadas uso indevido de agrotoacutexicos mineraccedilatildeo entre outros
Consideramos nesta ocasiatildeo o desenvolvimento de atividades em grupo de dois
a trecircs alunos com a possibilidade de consulta ao livro didaacutetico A proposta era que os
alunos desenvolvessem um mapa mental sobre um dos biomas estudados Pantanal ou
Cerrado enfatizando os problemas ambientais e destacando as noccedilotildees trabalhadas de
perspectiva toponiacutemias localizaccedilatildeo e orientaccedilatildeo espacial e escala geograacutefica
As orientaccedilotildees expressas para a realizaccedilatildeo dos mapas mentais que tratavam
sobre as questotildees ambientais na Regiatildeo Centro-Oeste foram
1 Decirc um tiacutetulo ao seu mapa
2 Localize em seu mapa a localizaccedilatildeo (onde fica) e extensatildeo (ateacute onde eacute
encontrado) o bioma indicado pelo professor
3 Destaque os principais problemas ambientais referentes a este bioma
168
4 Identifique os lugares por pontos de referecircncia nome do Estado de rios cidades
ou outros
5 Oriente seu mapa por meio da rosa dos ventos (pontos cardeais norte sul leste
e oeste)
6 Construa uma legenda para identificaccedilatildeo dos problemas ambientais destacados
Mediante a realizaccedilatildeo dessa experiecircncia procuramos observar se a consulta a
modelos (mapas existentes) informaccedilotildees de livros didaacuteticos seriam o suficiente para o
cumprimento do desenvolvimento da proposta com os mapas mentais Aleacutem disso
procuramos saber se a mediaccedilatildeo do pesquisador e da professora regente tambeacutem
auxiliou este processo de confecccedilatildeo dos mapas Esses fatores seratildeo analisados a partir
do toacutepico a seguir
44 MAPA MENTAL 2 MAPA DA REGIAtildeO CENTRO-OESTE
A Noccedilotildees de percepccedilatildeo espacial
A consulta e visualizaccedilatildeo a modelos de mapas existentes podem alterar a
percepccedilatildeo espacial e a projeccedilatildeo cartograacutefica dos mapas mentais Natildeo necessariamente
Entre as projeccedilotildees destacadas no mapa da minha vida podemos identificar
algumas semelhanccedilas entre as 11 representaccedilotildees referentes ao tema regiatildeo Centro-Oeste
e meio ambiente classificamos esta percepccedilatildeo espacial na tabela 14
TABELA 14 PERCEPCcedilOtildeES DA FORMA DO BRASIL DESTACADO NOS MAPAS
MENTAIS
FORMA OCORREcircNCIA
Balatildeo 4
Brasil 3
Triacircngulo 2
Centro-Oeste 2
Total 11
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
169
Salientamos que natildeo pretendemos agora repetir o que jaacute foi discutido sobre a
percepccedilatildeo espacial entretanto necessitamos realizar outras consideraccedilotildees acerca dos
motivos destes condicionantes
Eacute necessaacuterio compreender que o mundo e suas diversas escalas natildeo se remetem
apenas ao mundo vivido mas tambeacutem ao percebido imaginado e concebido tal como
expotildeem Lessan (2011) Os mapas construiacutedos pelos alunos 22 39 e 41 Grupo 7 (figura
38 p 170) demonstra que o trabalho em equipe possibilita a mudanccedila de perspectiva
na construccedilatildeo da imagem mental quando comparado aos mapas mentais individuais
realizados pelos seus membros
Entre os trecircs estudantes o aluno 22 e 41 havia na primeira ocasiatildeo apresentado
uma percepccedilatildeo mais proacutexima a silhueta do Brasil (ver figura 32 p 155 e figura 26 p
146) o outro estudante aluno 39 (ver figura 27 p 147) por sua vez apresentou uma
percepccedilatildeo mais proacutexima a forma de balatildeo
Eacute sabido que natildeo haacute um estudante igual ao outro Habilidades noccedilotildees e
competecircncias satildeo distintas e construiacutedas por cada crianccedila em seu proacuteprio ritmo Essas
individualidades de percepccedilotildees por exemplo demonstram as particularidades dos
sujeitos o que a primeira vista pode ser um obstaacuteculo para identificaccedilatildeo das
dificuldades e habilidades para o professor mas atraveacutes do trabalho em equipe
acreditamos que eacute a oportunidade para a troca de experiecircncias entre os discentes
Seguindo este criteacuterio de aproximaccedilatildeo e tentativa de mediaccedilatildeo a professora e o
pesquisador procuraram selecionar as equipes sobretudo respeitando os criteacuterios de
niacutevel de conhecimento de cada aluno sugerindo os membros para a formaccedilatildeo dos
grupos66 Baseado nas propostas de Vigotski (1998) sobre a atuaccedilatildeo na Zona de
Desenvolvimento Proximal observou que a Zona de Desenvolvimento Real do aluno 39
mudou mas tambeacutem os alunos 22 e 41 incorporaram novas informaccedilotildees possibilitando
uma comunicaccedilatildeo mais rigorosa sobre o tema
66 Em pesquisa-piloto na escola Luacutecia de Faacutetima no ano de 2013 tambeacutem em uma turma de 5ordm ano
realizamos a divisatildeo das equipes previamente entretanto houve casos de rejeiccedilatildeo pelos alunos
principalmente no que se refere agraves relaccedilotildees meninos e meninas No caso desta pesquisa a maioria dos
alunos acatou as sugestotildees do pesquisador a respeito das equipes Salientamos que cabe ao professor
identificar quais as dificuldades dos alunos sobre determinado assunto e propor que a interaccedilatildeo possibilite
a assistecircncia e colaboraccedilatildeo entre os estudantes visando agrave aprendizagem do tema da aula
170
FIGURA 38 MAPA MENTAL COM SILHUETA PROacuteXIMA AO DO BRASIL (GRUPO 7)67
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014) Adaptado por David L R de Almeida 2015
67 Optamos por apresentar este mapa ampliado destacando a regiatildeo Centro-Oeste a intenccedilatildeo eacute proporcionar ao leitor a observaccedilatildeo dos detalhes expressos na representaccedilatildeo
171
Outro fator a ser observado segundo Rego (1995) eacute a referecircncia ao modelo
Divergente da reproduccedilatildeo da coacutepia mecacircnica a proposta de nossas atividades com os
mapas mentais eacute que os alunos internalizem atraveacutes da accedilatildeo da resposta ao problema
estrateacutegias e conhecimentos para a soluccedilatildeo da atividade Dessa relaccedilatildeo pode nascer agrave
autorregulaccedilatildeo que fundamenta o ato voluntaacuterio pensado planejado e executado da
imagem mental para sua expressatildeo cartograacutefica no papel O processo permite ao longo
prazo criar o funcionamento individual e instrumentos necessaacuterios para solucionar
problemas semelhantes para a vida aleacutem de desenvolver outras aprendizagens
Eacute necessaacuteria uma ressalva a respeito das atividades que faz o uso de modelos
principalmente a praacuteticas da coacutepia e o decalque de mapas (mental ou existente) Em um
dos casos notamos que o grupo 5 (aluno 29 e 38) apoacutes sua segunda tentativa de
representaccedilatildeo do mapa mental da regiatildeo Centro-Oeste realizou a coacutepia do mapa
encontrado no livro didaacutetico (Figura 39 p 172)
Oliveira (1978) e Passini (2012) haacute anos criticam o mero decalque do mapa
pelos alunos A este respeito podemos considerar que a atividade tinha por objetivo
incentivar a pesquisa a modelos para elaboraccedilatildeo de esboccedilos cartograacuteficos visto que nos
materiais disponibilizados para os alunos natildeo havia nenhum mapa existente pronto que
destacasse a proposta da atividade A intenccedilatildeo era a criaccedilatildeo e natildeo replicar outros mapas
Verificamos que o caso do mapa mental do grupo 5 foi isolado Veremos nos
proacuteximos itens que os outros mapas mentais tiveram traccedilados mais espontacircneos
criativos e autocircnomos nas representaccedilotildees realizadas pelos estudantes do 5ordm ano
172
FIGURA 39 COMPARACcedilAtildeO ENTRE MAPA EXISTENTE E MAPA MENTAL (GRUPO 05 )
Fonte A esquerda MAESTU Juliana Projeto Buriti geografia 2 Ed Satildeo Paulo Moderna 2011 p 68 Agrave direita pesquisa de Campo out nov (2014) Adaptado por David
L R de Almeida
173
B Uso de toponiacutemias
De acordo com Claval (2010) a memorizaccedilatildeo dos pontos de referecircncia garante a
locomoccedilatildeo do corpo no espaccedilo e sua orientaccedilatildeo espacial em outros contextos permite a
construccedilatildeo de uma imagem mental de paisagens ainda natildeo visitadas Mediante estas
informaccedilotildees e baseado no papel do enunciado discutido por Bakhtin (2012) observamos
que o mapa mental pode estabelecer a comunicaccedilatildeo entre o grupo de sujeitos de
mapeadores e leitores do mapa
As toponiacutemias apresentadas nos mapas mentais corresponderam agrave divisatildeo
poliacutetica do territoacuterio nacional ou da regiatildeo Centro-Oeste a tabela 15 apresenta a
ocorrecircncia destas caracteriacutesticas nos mapas mentais
TABELA 15 NUacuteMERO DE OCORREcircNCIA DE TOPONIacuteMIAS
TOPONIacuteMIA OCORREcircNCIA
Estados 11
Distrito Federal 05
Regiotildees 03
Outros 03
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
No tocante a referecircncia aos estados brasileiros seja restrita a regiatildeo Centro-Oeste
ou a escala nacional os alunos referendam os estados atraveacutes do uso da toponiacutemia
enquanto palavra por exemplo ldquoMato Grossordquo em cinco casos e nos outros seis casos
eacute apresentado o uso de siglas ldquoMTrdquo Essa mudanccedila da palavra as siglas segundo
Vigotski (1998) e Bakhtin (2012) se deve ao sentido que damos ao signo Ele eacute sempre
mutaacutevel pois incorporamos raciociacutenios interagimos socialmente e tornamos a
linguagem e a praacutetica escolar elos da corrente de significaccedilatildeo
Por meio da anaacutelise dos mapas mentais identificamos em oito dos 11 esboccedilos
cartograacuteficos uma tentativa de esquematizaccedilatildeo do raciociacutenio geograacutefico atraveacutes da
organizaccedilatildeo da legenda Segundo Oliveira (1978 p 23) a linguagem cartograacutefica ndash a
construccedilatildeo da legenda do mapa (relaccedilatildeo signo-significado) ndash pode ser apresentada
atraveacutes de trecircs variedades de signos cartograacuteficos satildeo eles
[] o iacutecone que representa por semelhanccedila entre significante e significado
(os mapas pictoacutericos de distribuiccedilatildeo de produtos agriacutecolas satildeo exemplos deste
tipo de representaccedilatildeo) o iacutendice que representa por contiguumlidade [sic] de fato
entre significante e significado (os mapas da superfiacutecie terrestre que atraveacutes
174
da cor ou sombreamento representam as formas do terreno reproduzindo o
relevo como um modelo tridimensional) e o siacutembolo que representa por
contiguumlidade [sic] instituiacuteda isto eacute por uma regra convencional entre o
significante e o significado
Analisando o mapa mental do grupo 10 (figura 40 p 175) constituiacutedo pelos
alunos 31 e 41 eacute possiacutevel notar a seleccedilatildeo de iacutecones os quais tem a intenccedilatildeo de destacar
alguns problemas ambientais encontrados na regiatildeo Centro-Oeste satildeo eles ldquoaacutervoresrdquo
que tecircm como significado a extraccedilatildeo de madeira o ldquomartelordquo correspondente a
mineraccedilatildeo de pedras preciosas e um ldquosaco de lixo no riordquo que indica a contaminaccedilatildeo
dos rios A intenccedilatildeo dos alunos neste caso eacute apresentar a ocorrecircncia e localizar os
estados onde ocorrem estes problemas ambientais
Prosseguindo nesta anaacutelise autores com Kozel (2002) e Richter (2010) ressaltam
a importacircncia da representaccedilatildeo dos conhecimentos geograacuteficos atraveacutes dos mapas
mentais Richter (2010) por exemplo destaca a necessidade da compreensatildeo da
proposta didaacutetico-pedagoacutegica pelo professor para valorizaccedilatildeo do uso das imagens
A associaccedilatildeo do uso das toponiacutemias e o destaque para os fenocircmenos ambientais
destacados permitem que o aluno caracterize em muitos casos pela primeira vez uma
estrutura cognitiva sobre um espaccedilo geograacutefico natildeo vivido experimentado Segundo
Claval (2010) a imaginaccedilatildeo eacute um dos aportes para construccedilatildeo da imagem mental
geograacutefica ela torna-se uma experiecircncia para se conhecer outros mundos Esclarece o
autor que
A experiecircncia geograacutefica nesse sentido vai muito aleacutem do real Os homens
tecircm a capacidade de falar de lugares que eles nunca viram e que talvez natildeo
existam Eles lhe atribuem propriedades que faltam aos espaccedilos conhecidos
O imaginaacuterio que eles constroem dessa forma (e que eacute proacuteprio de cada
cultura) daacute ao mundo uma dimensatildeo poeacutetica indica as regras a serem
respeitadas mostra para que direccedilatildeo deve tender a accedilatildeo humana e confere um
sentido de existecircncia dos indiviacuteduos e dos grupos (CLAVAL 2010 p 57)
Inuacutemeras formas do significado simboacutelico dado ao espaccedilo miacutetico imaginado
simboacutelico jaacute foram tratados por Tuan (1983) e Claval (2010) o que nos interessa eacute notar
que a escola tambeacutem possibilita o desenvolvimento de noccedilotildees geograacuteficas com a de
regiatildeo geograacutefica O ato de desenhar uma dimensatildeo espacial geograacutefica natildeo conhecida
pode contribuir com o processo de regionalizaccedilatildeo o que daacute origem agraves regiotildees
175
FIGURA 40 MAPA MENTAL COM A UTILIZACcedilAtildeO DE IacuteCONES (GRUPO 10)
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
176
Para Castrogiovanni et al (2011) embora a ciecircncia geograacutefica tenha diferentes
perspectivas sobre a compreensatildeo da conceituaccedilatildeo sobre regiatildeo em todos seus
seguimentos eacute possiacutevel traccedilar uma caracteriacutestica geral a seleccedilatildeo de elementos em
comum e seu agrupamento em determinada aacuterea Completa o autor supracitado que ldquoo
processo de regionalizar estaacute ligado agrave ideia de agrupar em um espaccedilo dessa forma
podemos agrupar pessoas vegetais animais paisagens habitaccedilotildees e outras variaacuteveis em
um determinado subespaccedilordquo Grifo do autor (CASTROGIOVANNI 2011 p 25)
Em nossa pesquisa o processo de regionalizaccedilatildeo se deu agrave medida que os alunos
estabeleceram um conjunto de objetivos e de criteacuterios segundo os quais caracterizariam
o bioma estudado No mapa mental do grupo 3 (figura 41 p 177) alunos 25 e 35 eacute
possiacutevel identificar as cinco regiotildees brasileiras destacadas cada qual por uma cor (signo
em forma de iacutendice) apresentando fenocircmenos naturais como os raios ou as queimadas
provocadas pela accedilatildeo humana (ambos apresentados em forma de iacutecones) tal exerciacutecio
demonstra que para o desenvolvimento do enunciado do mapa mental eacute necessaacuterio a
articulaccedilatildeo das noccedilotildees do uso das toponiacutemias e da regiatildeo
No que corresponde a informaccedilatildeo do tiacutetulo dos mapas mentais foi analisado que
ele esteve presente em oito representaccedilotildees Eacute necessaacuterio realizar uma ressalva sobre a
coerecircncia dos tiacutetulos em relaccedilatildeo agrave representaccedilatildeo dos desenhos produzidos observamos
que das oito representaccedilotildees seis transporaacute uma objetividade na interpretaccedilatildeo do aluno
sobre a anaacutelise regional (ver figura 40 p 175 e figura 37 p 166)
177
FIGURA 41 ARTICULACcedilAtildeO DO USO DE TOPONIacuteMIAS COM A APRESENTACcedilAtildeO DE IacuteCONES (GRUPO 3)
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
178
C Noccedilotildees de localizaccedilatildeo e orientaccedilatildeo espacial
As noccedilotildees de localizaccedilatildeo tornam-se mais fieacuteis aos modelos dos mapas existentes
quando a atividade tende a ser consultada O posicionamento das toponiacutemias
demonstra-se mais proacuteximas as representaccedilotildees cartograacuteficas habituais (mapas
existentes) Observamos isto apoacutes verificar que a localizaccedilatildeo dos estados Distrito
Federal e do posicionamento entre as regiotildees em alguns casos demonstra-se coerente e
possibilita a leitura
Todos os mapas mentais desenhados localizam algo relacionado ao meio
ambiente da regiatildeo Centro-Oeste seja ela voltada a proacutepria organizaccedilatildeo regional ao
bioma ou os seus problemas ambientais como podemos observar na tabela 16
TABELA 16 LOCALIZACcedilAtildeO DOS ELEMENTOS ENCONTRADOS NOS MAPAS MENTAIS
LOCALIZACcedilAtildeO OCORREcircNCIA
Regiatildeo 03
Bioma 04
Problemas ambientais 04
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
Ao analisarmos os mapas mentais os elementos apresentados e localizados neles
notamos que em oito das 11 representaccedilotildees os alunos apresentam caracteriacutesticas
relacionadas ao ambiente seja voltada a localizaccedilatildeo do bioma ldquoPantanalrdquo como
apresentado no mapa do grupo 7 (figura 38 p 170) ou aos problemas ambientais
observados no mapa mental do grupo 10 (figura 40 p 175) Observamos nos dois casos
que os alunos restringem suas anaacutelises a pontos especiacuteficos do territoacuterio
Em outro mapa mental realizado pelo grupo 6 (figura 42 p 179) aluno 28 37 e
48 eacute evidente a referecircncia ao bioma estudado A indicaccedilatildeo ocorre atraveacutes do signo
atraveacutes do iacutendice (uso da cor verde) e da indicaccedilatildeo da sentenccedila ldquoplaniacutecie do Pantanalrdquo
nestas condiccedilotildees observamos que sua localizaccedilatildeo relativa aos estados do Mato Grosso e
Mato Grosso do Sul torna-se coerente aleacutem disso marca um limite com Goiaacutes (GO)
onde prevalece o bioma de Cerrado
179
FIGURA 42 MAPA MENTAL COM DESTAQUE NA ORIENTACcedilAtildeO E LOCALIZACcedilAtildeO ESPACIAL DA REGIAtildeO CENTRO-OESTE (GRUPO 6)
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
180
Identificamos no mapa do grupo 6 (Figura 42 p 179) a indicaccedilatildeo da ldquoexpansatildeo
da atividade agropecuaacuteriardquo que eacute destacado no livro didaacutetico assim como o ldquouso
indevido de agrotoacutexicosrdquo como impactos ambientais referentes ao Pantanal A esse
respeito surgiram duacutevidas na realizaccedilatildeo da atividade principalmente sobre o significado
das palavras
Entre as palavras incompreensiacuteveis para alunos estava o termo ldquoagrotoacutexicordquo
Explicamos que esta palavra refere-se a um defensivo agriacutecola inseticida e aleacutem disso
que o contato com o produto pode provocar doenccedilas como cacircncer problemas funcionais
na musculatura do corpo e do ceacuterebro Posteriormente os alunos comentavam sobre
reportagens ou experiecircncias de parentes que eram fazendeiros mas natildeo faziam uso de
inseticidas Observamos que entender a informaccedilatildeo eacute uma ponte fundamental para a
seleccedilatildeo do fenocircmeno
No que corresponde agrave orientaccedilatildeo espacial apenas um grupo natildeo faz qualquer
referecircncia ao uso da rosa dos ventos os outros dez mapas apresentam o uso coerente
dos pontos cardeais para a orientaccedilatildeo dos mapas mentais Verificamos que os estados de
Mato Grosso situado a norte e Mato Grosso do Sul situado a sul correspondem
necessariamente com os pontos cardeais e aleacutem disso situam Goiaacutes e o Distrito Federal
a leste
D Noccedilotildees de escala geograacutefica
Dos mapas mentais jaacute apresentados observamos que quanto menor a escala
geograacutefica maior as chances de identificaccedilatildeo dos fenocircmenos e da captaccedilatildeo da
informaccedilatildeo da imagem pelo leitor do mapa Afirmamos entretanto que se engana
quem imagina que uma atividade mediada seja pela possibilidade da pesquisa auxiacutelio
de colegas ou professor pode gerar necessariamente resultados positivos
No que correspondem aos 11 mapas mentais produzidos pelos estudantes do 5ordm
ano sete alunos apresentam a escala regional do Centro-Oeste como enfoque de anaacutelise
para do tema estudado os outros quatro alunos apresentam a escala nacional como
proposta de representaccedilatildeo
O mapa mental desenvolvido pelo grupo 4 (figura 43 p 183) demonstra a
construccedilatildeo de uma imagem sincreacutetica desenvolvida pelos estudantes aluno 27 e 4568 Haacute
68 O aluno 45 faltou na primeira atividade relacionada ao desenvolvimento do mapa mental (mapa da
minha vida) o que dificultou nossa mediaccedilatildeo e estrateacutegia para o desenvolvimento na escolha desta dupla
181
uma discrepacircncia com relaccedilatildeo aos mapas produzidos pelos colegas suas estrateacutegias para
o desenvolvimento de comunicaccedilatildeo apresentam diferentes ruiacutedos entre eles uma
ldquotempestade de siglasrdquo (relacionadas aos estados brasileiros) cores aleatoacuterias sem um
significado explicito e a ausecircncia de elementos como tiacutetulo ou referecircncia ao tema do
mapa mental
O mapa do grupo 4 eacute um entre os quatro mapas mentais que escolhem a escala
geograacutefica ldquoBrasilrdquo como referencial Como jaacute demonstramos outras equipes a
exemplo do grupo 3 (figura 41 p 177) tambeacutem escolhe a escala Brasil todavia
estabelecem criteacuterios de seleccedilatildeo regional Eles utilizam criteriosamente as cores as
toponiacutemias e os iacutecones (fogueiras e raios) Aleacutem disso demonstra uma relaccedilatildeo entre os
trecircs estados da regiatildeo Centro-Oeste representado no qual observamos uma
diferenciaccedilatildeo no tamanho territorial69
De acordo com Jolly (1990 p 20) na cartografia cartesiana ldquoa escala de um
mapa eacute a relaccedilatildeo constante que existe entre as distacircncias lineares medidas sobre o mapa
e as distacircncias lineares correspondentes medidas sobre o terrenordquo O autor
anteriormente citado esclarece ainda que o grau da generalizaccedilatildeo expressa nos mapas eacute
fruto de uma generalizaccedilatildeo que corresponde a ldquoseleccedilatildeo dos detalhes apresentadosrdquo a
ldquoesquematizaccedilatildeo do desenhordquo e uma ldquoharmonizaccedilatildeo relativa dos elementosrdquo As
caracteriacutesticas discutidas por Fernand Jolly pode ser encontrada no mapa mental
realizado pelo grupo 10 (Figura 40 p 175)
De acordo com os paracircmetros expressos nos mapas mentais podemos destacar
uma observaccedilatildeo de Silveira (2004 p 89) a respeito da escala geograacutefica a autora
afirma que ldquoeacute o reconhecimento de subdivisotildees subespaccedilos regionalizaccedilotildees
produzidos na histoacuteria do territoacuterio que pareceria nos conduzir ao problema da escala
geograacuteficardquo
No ensino de Geografia a distacircncia da relaccedilatildeo sujeito e objeto estudado podem
limitar a compreensatildeo dos alunos a respeito da temaacutetica Entretanto para Castrogiovanni
amp Costella (2006 p 35) eacute importante que os alunos principalmente do 5ordm ano
ultrapassem o estudo do espaccedilo vivido possibilitando experiecircncias com o ldquo[] espaccedilo
O aluno 27 por exemplo havia realizado a atividade relacionada ao mapa mudo dos estaacutedios de futebol e
na ocasiatildeo mostrou resultados significativos o outro estudante todavia faltou na maioria das aulas que
desenvolvemos as atividades com os mapas (existentes e mentais) salvo a experiecircncia com a baleada
geograacutefica 69 Segundo o IBGE o estado com maior proporccedilatildeo territorial em quilocircmetros quadrado pertencente agrave
regiatildeo Centro-Oeste eacute o Mato Grosso (903378292 Km2) em seguida Mato Grosso do Sul (357145 534
Km2) Goiaacutes (340111376 Km2) e por uacuteltimo Distrito Federal (5779999 Km2) Fonte
httpwwwibgegovbrhomegeocienciasareaterritorialprincipalshtmgt acessado em 0705 2015
182
concebido onde se desenvolve o poder de representaccedilatildeo sem que necessariamente o
aluno tenha conhecido na praacutetica o espaccedilo representadordquo (Grifo dos autores)
Ao delimitarmos o tema propomos uma escala de anaacutelise selecionamos os
lugares e seus principais fenocircmenos O professor pode relacionar os saberes que os
alunos jaacute possuem As experiecircncias cotidianas dos discentes e os assuntos estudados em
sala de aula compotildeem o quadro de referecircncia para vida
Por fim esta leitura de mundo ao considerar diferentes escalas geograacuteficas
permite que o aluno compreenda que o espaccedilo eacute composto por um conjunto de
singularidades A busca de interpretaccedilotildees natildeo se limita agrave possibilidade de solucionar os
diferentes problemas que possam existir em cada escala mas em se aproveitar
experiecircncias da realidade cotidiana que se processam nessas diferentes escalas
Observamos portanto que as oficinas e mapas mentais produzidos pelos alunos
do 4ordm e 5ordm ano Buscou desenvolver habilidades e noccedilotildees relacionadas ao ensino-
aprendizagem de Geografia nos anos iniciais do EF Diante disso eacute tomado no capiacutetulo
5 o posicionamento dos estudantes (a partir das entrevistas realizadas) e professores (por
meio do uso de questionaacuterios) com a finalidade de avaliar as apreensotildees dos sujeitos
sobre essa pesquisa
Temos ainda o objetivo de revelar algumas incoacutegnitas ou seja circunstacircncias
que promoveram ou dificultaram a realizaccedilatildeo das atividades e que natildeo foram expressas
nos mapas mentais em decorrecircncia do seu valor subjetivo
183
FIGURA 43 MAPA MENTAL NA ESCALA GEOGRAFICA BRASIL (GRUPO 4)
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
184
5 MAPAS MENTAIS E SUAS POTENCIALIDADES E LIMITACcedilOtildeES PARA O
ENSINO DE GEOGRAFIA
Observamos que entre as representaccedilotildees e o diaacutelogo para produccedilatildeo dos mapas
mentais existem incoacutegnitas que se referem agraves experiecircncias de vida ao contexto escolar e
as apreensotildees sobre o processo de ensino-aprendizagem de Geografia Eles em alguns
casos estatildeo impliacutecitos nos mapas mentais
A representaccedilatildeo eacute por assim dizer um processo longo e complexo na formaccedilatildeo
do aluno Ao avaliarmos o mapa mental enquanto recurso didaacutetico-pedagoacutegico eacute
importante entender que
[] o ensino da geografia teria mais significado se priorizasse a pesquisa e
anaacutelise das representaccedilotildees construiacutedas pelas sociedades considerando ainda
o proacuteprio aluno como agente de representaccedilotildees e conhecimentos necessaacuterios
para entendimento das relaccedilotildees estabelecidas na organizaccedilatildeo espacial
(KOZEL 2002 p 216)
A partir da proposta metodoloacutegica realizada na citaccedilatildeo anterior buscamos
ampliar o universo de anaacutelise Indicamos o entendimento dos alunos e professoras a
respeito das potencialidades e limitaccedilotildees do recurso didaacutetico mapa mental para o
processo de ensino-aprendizagem de Geografia
De iniacutecio apresentamos o processo de ensino-aprendizagem de Geografia e sua
contextualizaccedilatildeo em nossas experiecircncias em sala de aula Posteriormente a realizaccedilatildeo
das oficinas e suas contribuiccedilotildees e por fim as possiacuteveis potencialidades e limitaccedilotildees do
uso do recurso mapa mental nas turmas de 4ordm e 5ordm ano
51 O PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM DE GEOGRAFIA
Mediante a anaacutelise dos questionaacuterios as professoras Marta e Beatriz reconhecem
a importacircncia do conhecimento preacutevio dos alunos para o direcionamento das aulas de
Geografia e os conhecimentos trabalhados na escola Para elas esses conhecimentos
tecircm por objetivo instruir os alunos Diante disso apresentamos a fala das docentes ao
esclarecem a importacircncia da ciecircncia geograacutefica nas praacuteticas escolares como as
seguintes falas
ldquoA Geografia possibilita a compreensatildeo do espaccedilo geograacutefico espaccedilo este
resultante da relaccedilatildeo natureza-sociedade como a materializaccedilatildeo dos tempos da vida
socialrdquo (Prof Marta 4ordm ano)
185
ldquoO ensino da Geografia possibilita por meio da compreensatildeo do espaccedilo
geograacutefico a formaccedilatildeo de um indiviacuteduordquo (Prof Beatriz 5ordm ano)
As respostas expressas pelas professoras satildeo condizentes com a proposta de
ensino de Geografia Entretanto satildeo aparentemente vagas quando confrontamos com as
propostas nacionais dos PCN (BRASIL 1997) ou ainda com as ideias de alfabetizaccedilatildeo
(cartograacutefica ou geograacutefica) mediante a construccedilatildeo de noccedilotildees geograacuteficas habilidades e
competecircncias expressas por autores como Callai (2005) Lessan (2011) e Passini
(2012)
Qual o propoacutesito de se estudar Geografia A maioria dos alunos entrevistados
de ambas as turmas afirmam que a expectativa corresponde agrave efetivaccedilatildeo das avaliaccedilotildees
escolares progressatildeo escolar ou ainda agrave educaccedilatildeo profissional visando assumir uma
futura condiccedilatildeo de trabalhador Em resumo ndash ldquoPorque eacute o futuro da genterdquo (Aluno 25
5ordm ano) Os alunos apontam que este valor disciplinar eacute agregado a todas as ldquomateacuteriasrdquo
escolares
Em muitos casos a importacircncia das crianccedilas aprenderem algo eacute condicionada a
posiccedilatildeo futura ao bom trabalho a moradia ao salaacuterio entre outros Canaacuterio (2006 p
103) chama essa perspectiva de escola do ldquotempo de promessasrdquo Eacute evidente que este
fato eacute uma construccedilatildeo histoacuterica a qual ainda na deacutecada de 1960 nos Estados Unidos
desenvolveram-se poliacuteticas de discriminaccedilatildeo positivas ou seja programas de
valorizaccedilatildeo das praacuteticas educacionais tendo em vista o progresso social Estas poliacuteticas
se espalharam pelo mundo e a escola das promessas tinha (e ainda tem) ldquotrecircs promessas
fundamentais desenvolvimento igualdade social e mobilidade social ascendenterdquo
(CANAacuteRIO 2006 p 103 ndash 105)
Sabemos que a principal atribuiccedilatildeo da escola eacute comunicar e instruir por meio dos
saberes socialmente construiacutedos ao longo da histoacuteria estas outras promessas satildeo (ou
natildeo) qualidades adicionais relativas a esta instituiccedilatildeo70 Ademais observamos que o
atributo sobre a importacircncia do conhecimento geograacutefico deve estar voltado as praacuteticas
presentes para que progridam e se valorizem em atividade futuras
Ao realizarmos a praacutetica com os mapas mentais observamos que os alunos
puderam atribuir sentido aos temas apreendidos Quando perguntamos a um grupo de
alunos do 4ordm e 5ordm ano sobre a importacircncia da Geografia especificamente dos mapas
(mentais) para suas vidas eles responderam
70 Como eacute o caso do Art 39 da LDB 9394 1996 que discute a importacircncia da educaccedilatildeo profissional e
tecnoloacutegica (BRASIL 2010)
186
Estudantes do 4ordm ano
Aluno 09 ndash Para a gente ver uma coisa e saber o que diz o mapa para a gente
natildeo se perder e Por exemplo Onde eacute que minha tia mora Ai eu fico
pensando onde minha tia mora em Lagoa Seca71 [e continua] Para a minha
vida Assim professor seu eu passar de ano todos os anos ai assim se eu
for algueacutem na vida ai assim se eu quiser construir se eu comprar um terreno
e quiser construir uma casa
Pesquisador ndash O que vocecircs acham que aprenderam com os mapas mentais
Aluno 13 ndash Eu aprendi Campina Grande as cidades dizendo um monte de
coisa o Accedilude Velho [risos] a escola o riacho das Piabas
Pesquisador ndash Antes da realizaccedilatildeo das atividades vocecircs jaacute sabiam disso
Aluno 13 ndash Eu natildeo sabia que isso era canal
Pesquisador ndash Mas o que vocecirc pensava que era
Aluno 17 ndash Um canal que passava esgoto
Aluno 13 ndash Um canalzinho simples
Estudantes do 5ordm ano
Pesquisador ndash Vocecirc acha importante estudar Geografia
Aluno 42 ndash Sim Para saber os estados Porque se for viajar vou saber onde eacute
Aluno 39 ndash Porque quando a pessoa for viajar jaacute sabe os lugares a regiatildeo
onde estaacute se tiver perdido
Aluno 46 ndash Sim para ir para casa para ir para escola para pegar o ocircnibus
(5ordm ano)
Observamos na fala destes alunos a importacircncia do conhecimento geograacutefico
para as praacuteticas presentes (saber onde a tia mora viajar tomar o ocircnibus todas as
competecircncias utilizadas em seus cotidianos) e a futuras atividades (como comprar um
terreno para construccedilatildeo de sua moradia) Para Callai (2005 p 240) eacute necessaacuterio ldquoler o
lugar para compreender o mundo que vivemos Pode-se partir de temaacuteticas de
problemas e a partir daiacute aguccedilar a curiosidade infantil traccedilando os caminhos a seguirrdquo
Qual o resultado desta accedilatildeo Desmistificar que o lugar ao qual habitamos eacute simploacuterio
constituiacutedo por ldquoum canalzinho simplesrdquo e que as coisas existentes no mundo tecircm sua
razatildeo e ultrapassam a loacutegica do perceber
Nesta concepccedilatildeo o mapa mental tem que estar a serviccedilo de um conhecimento
de um processo de ensino-aprendizagem propotildee uma reflexatildeo sobre o conhecimento
histoacuterico construiacutedo pela humanidade A escola deve propiciar a oportunidade da
apropriaccedilatildeo deste conhecimento e sua reelaboraccedilatildeo
52 PROPOSTAS DAS OFICINAS O LUacuteDICO E SUAS INTERVENCcedilOtildeES PARA
CONSTRUCcedilAtildeO DOS SABERES
Desenvolver propostas em condiccedilotildees de oficinas permite segundo
71 Lagoa Seca possuiacutea em 2010 uacuteltimo senso do IBGE uma populaccedilatildeo de 25 900 habitantes Sua aacuterea eacute
de 107 589 km2 Situado ao norte de Campina Grande foi ateacute 1964 um distrito campinense apoacutes essa
data foi elevado agrave categoria de municiacutepio Fonte httpcidadesibgegovbr lt acessado em 18 05 2015
187
Castrogiovanni amp Costella (2006) construir conhecimentos pela e para a praacutetica social
o quadro 08 (p 189) apresenta um resumo das oficinas desenvolvidas e nossa percepccedilatildeo
sobre seus resultados
Ao propormos a estrutura de oficinas de aprendizagem afirmamos ser possiacutevel
realizar a transiccedilatildeo entre os conhecimentos praacuteticos e teoacutericos relacionados ao processo
de ensino-aprendizagem de Geografia
Eacute necessaacuterio observar que tatildeo importante quanto os conteuacutedos trazidos pelo
curriacuteculo escolar satildeo as praacuteticas luacutedicas O espaccedilo geograacutefico tambeacutem educa alfabetiza
a crianccedila Eacute necessaacuterio mostrar que a famiacutelia a sociedade preferecircncias de lugares de
habitaccedilatildeo estudo e lazer relacionados agraves suas atividades cotidianas integram a leitura de
mundo dos estudantes
Para os alunos as atividades realizadas por meio da maquete mental ou dos
mapas mudos possibilitaram a construccedilatildeo de uma imagem mental em muitos casos
possibilitou um primeiro contato com assunto Em outras as atividades como a baleada
geograacutefica foi reconhecida da seguinte forma
A de baleada [] no modo de dizer eacute um jogo e uma atividade aiacute eacute um
jogo Como eacute que se diz professor Eacute uma tarefa [] A gente aprende na
praacutetica quais satildeo os pontos cardeais norte sul leste oeste e depois usa isso
na sala de aula (Aluno 45 5ordm ano)
Observamos que na efetivaccedilatildeo do saber compartilhado (enunciado coletivo) e da
realizaccedilatildeo de atividades que possibilite a capacidade de aprender a aprender a
motivaccedilatildeo para descobrir e o estiacutemulo a autonomia dos sujeitos compotildeem uma relaccedilatildeo
dialeacutetica entre a praacutetica e diaacutelogo72 Eles buscam interpretar e compreender um ao outro
ldquo[] a compreensatildeo eacute uma forma de diaacutelogo ela estaacute para a enunciaccedilatildeo assim como
uma reacuteplica estaacute para a outra no diaacutelogo Compreender eacute opor agrave palavra do locutor uma
contrapalavra []rdquo (BAKHTIN 2012 p 137)
As praacuteticas apresentadas no quadro 08 (p 188) compotildeem algumas sugestotildees de
como o professor pode utilizar tais estrateacutegias objetivando construir noccedilotildees habilidades
e competecircncias Natildeo satildeo receitas prontas pretendem auxiliar no processo de
observaccedilatildeo registro e avaliaccedilatildeo dos alunos Outra ressalva eacute que tais praacuteticas desafiem
os discentes e que estejam a serviccedilo do planejamento do professor
72 Segundo os alunos o uso do brinquedo (bola) e a atividade praacutetica do jogo auxiliaram no
desenvolvimento dos mapas pois como mencionado ldquoaprenderam maisrdquo porque foi uma atividade
diferente divertida O aluno aprende mais quando estaacute feliz motivado envolvido
188
QUADRO 08 PROPOSTA DAS OFICINAS PEDAGOGICAS PARA CONSTRUCcedilAtildeO DE NOCcedilOtildeES E HABILIDADES
OFICINA CONTEUacuteDOS NOCcedilOtildeES HABILIDADES
1 M
AQ
UE
TE
ME
NT
AL
A divisatildeo administrativa dos bairros encontrados em um municiacutepio
Recursos hiacutedricos na cidade
Meio Ambiente e poluiccedilatildeo
Identidade e cidadania
Desenvolver o trabalho em equipe para a realizaccedilatildeo
de uma atividade
Refletir sobre sua condiccedilatildeo de cidadatildeo que
participa e constroacutei a sociedade
2 M
AP
AS
MU
DO
S
4ordm
AN
O
Regionalizaccedilatildeo nordestina e das mesorregiotildees geograacuteficas da Paraiacuteba
Construccedilatildeo da legenda orientaccedilatildeo e localizaccedilatildeo das toponiacutemias Representar e refletir sobre a condiccedilatildeo da
regionalizaccedilatildeo estadual nacional
5 ordm
AN
O Regionalizaccedilatildeo brasileira
As praacuteticas desportivas no Brasil (futebol)
Construccedilatildeo da legenda orientaccedilatildeo e localizaccedilatildeo das toponiacutemias
3 B
AL
EA
DA
GE
OG
RAacute
FIC
A
Localizaccedilatildeo orientaccedilatildeo e direccedilatildeo espacial
Iniciativa coordenaccedilatildeo e cooperaccedilatildeo no trabalho
em equipe
Planejar e verbalizar as accedilotildees a serem executadas
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014) Organizado por David L R de Almeida
189
53 DOS MAPAS MENTAIS UTILIZADOS EM SALA DE AULA
Apoacutes analisarmos os mapas mentais das crianccedilas bem como sua relevacircncia no
processo de alfabetizaccedilatildeo geograacutefica e cartograacutefica veremos como estes podem auxiliar nos
processos de ensino-aprendizagem Para isto consideraremos o discurso das professoras Nas
palavras das docentes apoacutes a realizaccedilatildeo das oficinas pedagoacutegicas e do trabalho com os mapas
mentais foi avaliadas diferenccedilas com relaccedilatildeo agrave percepccedilatildeo da aprendizagem de Geografia
pelos alunos do 4ordm e 5ordm ano elas consideram que
ldquoAs mudanccedilas na aprendizagem dos alunos se deu com gostar da lsquomateacuteriarsquo ter
curiosidade em conhecer e pocircr em praacutetica o que aprenderam Por exemplo ler e
desenhar mapas mentais e pesquisar em livrosrdquo (Prof Marta 4ordm ano)
ldquoA leitura de mapas e suas legendas a rosa dos ventos O reconhecimento dos pontos
cardeais observar diferentes paisagens identificando suas transformaccedilotildeesrdquo (Prof
Beatriz 5ordm ano)
Eacute importante frisar que buscamos sintetizar as informaccedilotildees apresentadas na anaacutelise
dos mapas mentais sobre a forma de dois graacuteficos o primeiro correspondente as noccedilotildees
geograacuteficas utilizadas em nossas anaacutelises (quadro 09 p 189) e das habilidades utilizadas
pelos alunos durante estas atividades (quadro 10 p190)
O estaacutegio das noccedilotildees geograacuteficas analisadas nos mapas mentais tal como as
habilidades desenvolvidas pelos alunos foram classificadas com base em seu grau de
ocorrecircncia em cada uma das atividades soma-se a estas anaacutelises as observaccedilotildees e descriccedilotildees
dos alunos e professoras realizadas em cada turma Lembramos que os mapas apresentados
correspondem aos seguintes temas Mapa A Canal das Piabas mapa B Mesorregiotildees da
Paraiacuteba mapa C Mapa da minha vida e mapa D Regiatildeo Centro-oeste
QUADRO 9 GRAacuteFICO DAS NOCcedilOtildeES GEOGRAacuteFICAS ANALISADAS NOS MAPAS MENTAIS
Nos mapas mentais observa-se 4ordm ano 5 ordm ano
as noccedilotildees de Mapa A Mapa B Mapa C Mapa D
Percepccedilatildeo espacial
Uso de toponiacutemias
Localizaccedilatildeo e orientaccedilatildeo espacial
Escala geograacutefica
Legenda
Ausente
Pouca
Suficiente
Muita
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014) Organizado por David L R de Almeida
190
A seguir temos o quadro das habilidades destacada para o desenvolvimento dos
mapas mentais Podemos observar mais atentamente os mecanismos utilizados para
construccedilatildeo desses mapas bem como sua relevacircncia no processo de aprendizagem e
internalizaccedilatildeo do conhecimento
QUADRO 10 GRAacuteFICO DAS HABILIDADES DESTACADAS PARA O DESENVOLVIMENTO DOS
MAPAS MENTAIS
Nos mapas mentais observa-se 4ordm ano 5 ordm ano
as habilidades de Mapa A Mapa B Mapa C Mapa D
Representaccedilatildeo
Comunicaccedilatildeo
Interaccedilatildeo
Reflexatildeo
Legenda
Ausente
Pouca
Suficiente
Muita
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014) Organizado por David L R de Almeida
Em anaacutelise geral do quadro 09 da construccedilatildeo dos mapas mentais eacute verificado que as
atividades individuais que contaram com pouca ou nenhuma mediaccedilatildeo entre os alunos da
professora regente ou do pesquisador encontraram-se entre as representaccedilotildees com menores
rendimentos de desempenho pelos alunos principalmente no que corresponde aos temas do
mapa B e C
Eacute preciso ressaltar que embora o erro seja socialmente caracterizado como algo
negativo o mesmo tem seus fundamentos e satildeo passiacuteveis de serem identificados Ele eacute
indispensaacutevel para a conquista de novos saberes Segundo Lessan (2011 p 81) ldquonenhum erro
eacute devido ao acaso Todo erro eacute resultado de um raciociacutenio que falhou ou mesmo da falta de
raciociacutenio Uma resposta considerada lsquoerradarsquo pelo professor foi dada por um aluno cujo
pensamento loacutegico de algum modo desviou-se do esperadordquo
Um fator que merece destaque foi agrave ausecircncia da comunicaccedilatildeo e interaccedilatildeo entre os
alunos do 4ordm ano na realizaccedilatildeo do mapa B (ver quadro 09 p 189) por exemplo
Questionamo-nos se isto pode ter repercutido no desenvolvimento do raciociacutenio geograacutefico
acerca do tema proposto Em entrevista com os estudantes do 4ordm ano eacute ressaltada dificuldades
na realizaccedilatildeo da proposta Para eles o formato de prova mais prejudicou que auxiliou no
desenvolvimento da atividade O seguinte fragmento da entrevista esclarece alguns
posicionamentos dos alunos vejamos
191
Aluno 09 ndash Na hora eu achei difiacutecil mas daiacute eu fiquei assim olhando mesorregiatildeo
mesorregiatildeo daiacute quando natildeo podia colar eu fui e fiz na doida73 Eu natildeo sabia
mesmo Soacute faltava duas provas para eu terminar de ano
Aluno 11ndash A prova [] Porque era para desenhar o mapa desenhar as regiotildees ai
ficou complicado
Pesquisador ndash Mas vocecircs se lembram que jaacute haviacuteamos realizado uma atividade bem
parecida
Aluno 09 ndash Sim mas eles natildeo podiam pegar o caderno porque estavam bem
proacuteximos a professora
Aluno 18 ndash Mas a maioria estava consultando
Aluno 09 ndash Eacute professor quem acertou eacute porque colou Se eu errar assim eu tocirc
dizendo que eu fiz na doida
Aluno 18 ndash Eu tambeacutem meu coraccedilatildeo ficou tu tutututu
Entre as respostas apresentadas pelos alunos do 5ordm ano tambeacutem estiveram justificativas
semelhantes Quando qustionamos aos alunos sobre as atividades que menos gostaram de
realizar o aluno 39 aponta ndash ldquoA que eu menos gostei foi agrave primeira [mapa da minha vida] Foi
um pouquinho difiacutecil porque quando eu chamava a professora ela natildeo vinha Eu fiz tudo na
doidardquo
Supomos inicialmente que o problema se encontrava no enunciado das atividades
mas os alunos afirmaram que sabia qual era o objetivo dos exerciacutecios Entendemos que para
os alunos do 4ordm ano a ldquoconsultardquo forneceria um melhor desempenho nos resultados por sua
vez o estudante do 5ordm ano ressalta a mediaccedilatildeo da professora
Podemos perceber que os mapas anteriormente citados apontam que a ausecircncia do
uso de instrumentos mediadores ou do auxiacutelio de pessoas mais ldquocapacitadasrdquo resultou em
atividades realizadas na ldquodoidardquo ou seja por atividades mecacircnicas com alto grau de
sincretismo Em ambos os casos percebemos de forma niacutetida que a Zona de
Desenvolvimento Proximal se fez presente enquanto elo entre os conhecimentos antigos e os
receacutem construiacutedos tal como argumenta Rego (1995) Como consequecircncia deste fator a carga
emocional e possivelmente uma repressatildeo atraveacutes de notas cobranccedila dos colegas pais e
professora fizeram-se presente como nos faz acreditar o aluno 18 (4ordm ano)
Salientamos ainda que os mapas mentais possuem limites uma vez que satildeo apenas
mais um entre tantos outros recursos que podem ser utilizados nas aulas de Geografia Ao
utilizar o mapa mental enquanto prova na turma do 4ordm ano observamos que a tensatildeo
emocional prejudicou a execuccedilatildeo da proposta Outro fato decorre da compreensatildeo dos alunos
sobre o tema que por mais que tivesse sido trabalhado durante as aulas natildeo conseguiram
sistematizar esses conhecimentos em forma de imagens mentais coerentes sequer transpor
esses saberes para o papel
73 Para os alunos ldquofazer na doidardquo significa realizar uma tarefa sem muitos paracircmetros Realizar uma
determinada atividade e tentar por sorte resolver determinado problema
192
Observamos que estaacute tensatildeo entre certo e errado no sistema de ensino-aprendizagem
escolar adveacutem de outras situaccedilotildees de aprendizagem Ao questionarmos os alunos sobre seus
procedimentos de aprendizagem estudo a grande maioria recorre aos meacutetodos de coacutepia
leitura e recitaccedilatildeo oral em outros casos eles relatam o seguinte
Pesquisador ndash Como vocecircs fazem para estudar para uma prova por exemplo
Aluno 39 ndash Eu natildeo estudo natildeo
Aluno 22ndash Ela [a professora Beatriz] manda as questotildees que vatildeo cair na prova e a
gente estuda
Aluno 25ndash De vez em quando eu estudo em casa
Copiar repetir ler recitar oralmente o processo decorar as questotildees que vatildeo ldquocair na
provardquo ou simplesmente natildeo estudar Estes argumentos possivelmente justificam algumas
accedilotildees como a desenvolvida no mapa da regiatildeo Centro-Oeste pelo grupo 05 (figura 39 p 172)
ao copiar o mapa encontrado no livro didaacutetico A charge (figura 44 p 192) parece sintetizar
as situaccedilotildees vivenciadas O professor apoacutes explicar determinado assunto pergunta a seus
alunos - Perceberam E todos respondem - Sim Cada um agrave sua forma e distintas do
professor
FIGURA 44 RELACcedilAtildeO DE ENSINO E APRENDIZAGEM NA ESCOLA
Fonte CANAacuteRIO 2006 p 43
Segundo Canaacuterio (2006 p 42) o sistema escolar enfatiza ldquoa loacutegica da repeticcedilatildeo da
informaccedilatildeordquo Somos instruiacutedos desde a infacircncia a repetir a versatildeo apresentada pelo professor
esperando que nossas respostas se aproximem do que nos eacute exigido ldquoa escola condena-se agrave
entropiardquo e consequentemente eacute reduzido o tempo para repensarmos e criarmos novos
saberes
Outro limite que pode estar envolto nas praacuteticas com os mapas mentais eacute consideraacute-las
como uma ldquosimples atividade de desenhordquo Ao perguntarmos ao grupo de estudantes do 5ordm
193
ano sobre as dificuldades encontradas na realizaccedilatildeo dos mapas mentais e suas justificativas
eles apontam
Aluno 43ndash [] O que a gente teve que desenhar o mapa O mapa mental eacute esse aiacute
[] Porque eu natildeo sei desenhar Ah E soacute E porque dava preguiccedila
Aluno 24ndash Eu natildeo tenho paciecircncia de fazer desenho natildeo Eu sou mais escrever
ldquotudinhordquo e responder do que fazer desenho
Como expresso por esses estudantes o haacutebito voltado agraves ldquoatividades tradicionaisrdquo ateacute
mesmo nos anos iniciais do Ensino Fundamental fazem da praacutetica do ldquodesenhar o mapardquo algo
enfadonho caracterizado como infantil e atingem graus de preacute-conceitos pois se natildeo se
encontram na praacutetica da professora eacute ultrapassado Resultados proacuteximos as consideraccedilotildees
realizadas por Miranda (2005)
Observamos ainda que a cultura escolar natildeo corresponde apenas a resistecircncia dos
professores na utilizaccedilatildeo de uma metodologia ou recurso mas tambeacutem dos pais de alunos da
direccedilatildeo escolar e dos proacuteprios estudantes Eles acreditam muitas vezes que as didaacuteticas
tradicionais satildeo as mais eficazes ou que como afirma a gestora Rosacircngela o pilar dos anos
iniciais do Ensino Fundamental esteja nos componentes curriculares de Portuguecircs e
Matemaacutetica
Possivelmente as praacuteticas analisadas expliquem o alto iacutendice de reprovaccedilatildeo dos
alunos do 5ordm ano na Escola Municipal Luacutecia de Faacutetima Gayoso Meira no ano de 2014
Resgatando o que falaacutevamos sobre a equidade etaacuteria sucesso escolar e promoccedilatildeo dos
alunos74 com o posicionamento da gestora escolar eacute apontado que dos 21 alunos que
frequentavam o 5ordm ano em 2014 dez alunos foram retidos por natildeo adquirirem uma seacuterie de
capacidades consideradas suficiente para o 6ordm ano Alguns foram promovidos entretanto com
uma seacuterie de dificuldades ainda a superar75 Destacamos as competecircncias relacionadas agrave accedilatildeo
cognitiva (expressatildeo oral e escrita realizaccedilatildeo das tarefas entre outros) e habilidades
relacionadas agrave interaccedilatildeo social (relacionamento com colegas e adultos respeito agraves regras)76
Eacute importante acrescentar que para ldquosuperar essa situaccedilatildeo soacute eacute possiacutevel se as escolas
puderem estabelecer rupturas com a sua matriz organizacional histoacuterica evoluindo de
sistemas de repeticcedilatildeo de informaccedilotildees para sistemas de produccedilatildeo de saberesrdquo (CANAacuteRIO
74 Esta discussatildeo eacute encontrada no primeiro capiacutetulo paacuteginas 24 a 27 75 Os alunos retidos satildeo 22 24 25 29 33 34 37 40 44 e 51 Dos alunos que foram promovidos mas com
algumas dificuldades satildeo 23 26 27 30 38 43 e 49 Eacute valido observar que a maioria dos alunos retidos foram os
mesmos que apresentaram dificuldades na realizaccedilatildeo dos mapas mentais Isso nos leva a considerar o baixo
iacutendice de rendimento dos estudantes em outras disciplinas escolares visto que o ato da retenccedilatildeo eacute resultado de
uma accedilatildeo global do aluno em acircmbito escolar 76 O modelo da ficha de acompanhamento (com todos os preacute-requisitos relacionados agrave condiccedilatildeo de aprovaccedilatildeo ou
reprovaccedilatildeo) utilizada pelas professoras encontra-se em anexo (Anexo II)
194
2006 p 43) Em outras palavras eacute preciso relacionar as condiccedilotildees do descobrir criar errar e
aprender no processo escolar de aprendizagem
A proposta eacute incentivar os alunos a serem criativos e curiosos Nossa percepccedilatildeo sobre
a alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica eacute que ela aponte o trabalho em equipe (o que natildeo necessariamente
produziraacute resultados coletivos) desenvolver uma postura assertiva por parte dos professores e
alunos ou seja formar sujeitos confiantes que defendam suas ideias mas que saibam ouvir
lidar com a criacutetica e respeitar a opiniatildeo do outro como eacute observado no quadro 10 (p 190) os
criteacuterios de comunicaccedilatildeo e interaccedilatildeo nos mapas A B e C
As limitaccedilotildees que muitas vezes se apresentam nos mapas mentais podem servir como
indiacutecios das dificuldades encontradas pelos alunos como a compreensatildeo das noccedilotildees de
localizaccedilatildeo e orientaccedilatildeo espacial por exemplo (mapas A e C) Em alguns casos as limitaccedilotildees
poderatildeo estar relacionadas com as temaacuteticas trabalhadas em sala de aula como o processo de
regionalizaccedilatildeo estadual ou brasileiro
Como discutimos ao longo da interpretaccedilatildeo dos mapas mentais agrave medida que a escala
geograacutefica muda altera-se o enfoque de anaacutelise A maioria das crianccedilas e adolescentes pode
apresentar facilidades no uso e compreensatildeo de algumas noccedilotildees como a percepccedilatildeo espacial
Isso se evidencia ao selecionar agrupar e destacar estados e ou regiotildees (quadro 10 p 190
mapa C e D) como dificuldades para localizaccedilatildeo e orientaccedilatildeo espacial (mapa C)
Como discutem Almeida amp Passini (2010) alfabetizar cartograficamente eacute possibilitar
que os discentes realizem o exerciacutecio de codificaccedilatildeo e decodificaccedilatildeo dos mapas Percebemos
que ao realizar estas atividades eles podem ler e expressar mensagens impliacutecitas relacionadas
aos conhecimentos apreendidos na escola ampliando sua leitura de mundo vivido como foi o
caso do ldquoBuraco da Giardquo
O principal aspecto que devemos nos certificar ao trabalharmos os mapas mentais
com alunos dos anos iniciais do Ensino Fundamental eacute se haacute ou natildeo a formaccedilatildeo de uma
imagem mental preacutevia acerca do espaccedilo trabalhado Observamos que em muitos casos os
alunos do 4ordm e 5ordm ano destacam a importacircncia da apresentaccedilatildeo e fundamentaccedilatildeo do conteuacutedo
mediante as oficinas pedagoacutegicas antes da execuccedilatildeo das atividades A partir disso novas
descobertas podem ser realizadas como explica o discente do 4ordm ano
Pesquisador ndash O que vocecirc acha que aprendeu fazendo o mapa mental
Aluno 03 - Uma coisa que eu nunca iria imaginar que existissem as quatro
mesorregiotildees
Pesquisador ndash E como vocecirc entendia antes da gente realizar esta atividade
195
Aluno 03 ndash A uacutenica coisa que eu sabia sobre a Paraiacuteba era a populaccedilatildeo e os
223 municiacutepios77
Ao nos basearmos na proposta interacionista de Vigostki (1998) pressupomos que o
modelo de atividades (mapas existentes) natildeo expressa necessariamente um instrumento de
coacutepia mas um referencial para internalizaccedilatildeo do conhecimento trabalhado na escola praacutetica
semelhante agrave universitaacuteria Contudo muitas vezes a escola se limita em praacuteticas arcaicas de
repeticcedilatildeo e memorizaccedilatildeo do conhecimento como se isso fosse de fato efetivar os
conhecimentos algo perceptiacutevel no discurso do aluno 03 Infelizmente parece que a escola
promove um ensino segregado em que
Desencoraja-se a cooperaccedilatildeo incita-se ao trabalho individual e proiacutebe-se a
consulta de documentaccedilatildeo (para que natildeo seja copiada) Os exames
representam a situaccedilatildeo-limite em que tais caracteriacutesticas estatildeo mais
claramente acentuadas (CANAacuteRIO 2006 p 45)
Salientamos que natildeo queremos transmitir a ideia de desvalorizaccedilatildeo da escola mas
destacar que as informaccedilotildees satildeo externas a noacutes A proacutepria constituiccedilatildeo da linguagem apontada
por Bakhtin (2012) destaca o enunciado como o princiacutepio dialoacutegico produzido
propositalmente na direccedilatildeo do outro Ao enunciar buscamos agir sobre o outro reconstruir
experiecircncias natildeo apenas para responder a questotildees das provas a proposta eacute redimensionar o
sentido e ampliar nossa perspectiva de aprendizagem nossa leitura de mundo
De acordo com as nossas anaacutelises e interpretaccedilotildees relacionadas agrave construccedilatildeo e
interpretaccedilatildeo dos mapas mentais podemos considerar a importacircncia de cada uma das noccedilotildees
utilizadas percepccedilatildeo espacial uso das toponiacutemias localizaccedilatildeo e orientaccedilatildeo e a escala
geograacutefica que satildeo frutos de um saber sistematizado mas que considera a loacutegica da
organizaccedilatildeo espacial da realidade percebida concebida vivenciada e aprendida pelos alunos
das turmas as quais trabalhamos
Por fim de acordo com as propostas apresentas ao longo desse trabalho temos
condiccedilotildees de apontar algumas estrateacutegias Elas poderatildeo orientar o trabalho docente em
proposta de alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica Ressaltamos por fim a importacircncia dos mapas
mentais e suas praacuteticas auxiliares como um processo que possibilite o ensino-aprendizagem
de Geografia
77 Eacute veriacutedica a informaccedilatildeo sobre a quantidade de municiacutepios paraibanos apresentados pelo aluno Entretanto
como jaacute destacado nos paraacutegrafos anteriores seraacute que esta informaccedilatildeo contribui para a formaccedilatildeo de um
raciociacutenio geograacutefico Acreditamos que apenas o ato da memorizaccedilatildeo natildeo auxilia o desenvolvimento desse
raciociacutenio
196
CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Em nossa pesquisa procuramos aprofundar as discussotildees acerca da Cartografia
Escolar Valorizamos o recurso mapa mental enquanto uma praacutetica didaacutetico-pedagoacutegica nas
aulas de Geografia nos anos iniciais do Ensino Fundamental Para isso nos preocupamos em
construir junto com os alunos noccedilotildees e habilidades consideradas necessaacuterias para este estaacutegio
de formaccedilatildeo a partir de atividades praacuteticas e teoacutericas
Consideramos que nosso objetivo geral foi alcanccedilado ao investigar as potencialidades e
limitaccedilotildees do recurso mapa mental para o ensino-aprendizagem de Geografia com alunos do
4ordm e 5ordm ano dos anos iniciais do Ensino Fundamental tal como nossos objetivos especiacuteficos
que buscavam
Diagnosticar as dificuldades referentes ao domiacutenio de habilidades e noccedilotildees
cartograacuteficas dos alunos dos anos iniciais do Ensino Fundamental realizando uma
anaacutelise dessas dificuldades
Pesquisar o mapa mental mediante situaccedilotildees de ensino-aprendizagem que conduzam a
reflexatildeo sobre a espacialidade
Apresentar atividades que permitam desenvolver habilidades e noccedilotildees conceituais para
os alunos atraveacutes do desenvolvimento de mapas mentais e que possam auxiliar as
aulas de Geografia dos professores dos anos iniciais do Ensino Fundamental
Propor orientaccedilotildees que auxiliem o professor desta fase a trabalharem com os mapas
mentais junto ao puacuteblico dos anos iniciais do Ensino Fundamental
Pudemos notar com o desenvolvimento dos mapas mentais que modelos de ensino-
aprendizagem de Geografia que valorizam o ato de decorar a coacutepia mecacircnica e a recitaccedilatildeo ou
mesmo o fato de ldquonatildeo estudarrdquo caso da turma do 5ordm ano justificam possivelmente o alto
iacutendice de retenccedilatildeo na unidade escolar Fatos que natildeo se restringem agraves praacuteticas escolares de
Geografia na Escola Municipal Luacutecia de Faacutetima Gayoso Meira
Aleacutem disso chegamos agrave conclusatildeo que de acordo com o relato dos sujeitos participantes
da pesquisa que a escola principalmente entre o 1ordm ao 5ordm ano haacute um alto valor para as
disciplinas de Matemaacutetica e Portuguecircs Acreditamos que elas satildeo fundamentais para a
progressatildeo escolar e social dos alunos mas natildeo satildeo as uacutenicas Para Bakhtin (2012) eacute
197
necessaacuterio atribuir sentido a palavra apreendida e isso pode ser realizado a partir da
Geografia
Natildeo pretendemos assegurar os insucessos ou limitaccedilotildees das praacuteticas com os mapas
mentais apenas aos resultados supracitados visto que na maioria dos casos os alunos do 4ordm e
5ordm ano puderam demonstrar avanccedilos no que corresponde a percepccedilatildeo espacial do lugar e o
iniacutecio de uma estruturaccedilatildeo de imagens mentais e saberes acerca do (SEU) mundo
Vale ressaltar que nenhuma aprendizagem eacute inata e que aleacutem disso nem tudo que eacute
ensinado eacute apreendido ou expresso com o mesmo valor (CANAacuteRIO 2006) A imagem mental
construiacuteda cognitivamente pelos alunos passa por diferentes ruiacutedos pragmaacuteticos emocionais
sociais etc que podem resultar em diferentes expressotildees entre elas as representaccedilotildees
cartograacuteficas
Consideramos o valor da alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica enquanto uma proposta
metodoloacutegica para a construccedilatildeo de noccedilotildees e habilidades espaciais para isso as sugestotildees de
oficinas e suas praacuteticas luacutedicas e teoacutericas foram realizadas considerando o nosso puacuteblico pois
acreditamos que eacute possiacutevel ensinar-aprender brincando divertindo-se motivando Eacute
necessaacuterio deixar as crianccedilas e adolescentes serem o que satildeo
Por outro lado observamos que durante estas praacuteticas os alunos puderam desenvolver
raciociacutenios que ora se expressaram nos mapas mentais ora na verbalizaccedilatildeo destes saberes
Puderam tambeacutem construir sua identidade ao pensarem o seu cotidiano Como exemplo houve
a construccedilatildeo da maquete e mapas mentais sobre o Canal das Piabas (alunos do 4ordm ano) e os
alunos do 5ordm ano ao construiacuterem uma regionalizaccedilatildeo por meio do mapa da minha vida da
construccedilatildeo dos mapas mudos
As atividades promovidas buscaram atribuir sentido e coerecircncia aos assuntos
estudados nas aulas de Geografia Partimos da percepccedilatildeo habitual construindo uma anaacutelise
geograacutefica com os alunos ao propor o ato de observar comparar sistematizar refletir
representar e ler o espaccedilo em diferentes escalas Essas praacuteticas confirmam parcialmente
nossa hipoacutetese inicial sobre a potencialidade do mapa mental enquanto recurso que possibilita
uma habilidade consciente do ato de mapear Verificamos que ao relacionar experiecircncias e
informaccedilotildees trazidas pelos alunos a maioria deles pocircde atribuir sentido as atividades
cotidianas no espaccedilo geograacutefico
Nesse sentido as noccedilotildees escolhidas percepccedilatildeo espacial o uso de toponiacutemias
localizaccedilatildeo e orientaccedilatildeo e escala geograacutefica puderam servir de paracircmetros para representaccedilatildeo
e avaliaccedilatildeo dos mapas mentais Apontamos algumas consideraccedilotildees importantes que
possivelmente podem colaborar com o uso dos esboccedilos cartograacuteficos nas salas de aula
198
Desenvolver praacuteticas com os mapas mentais em escalas locais assim como
regionais Observamos que ao mudar a escala geograacutefica os alunos podem apresentar
aptidotildees ou deacuteficits de aprendizagem Entre os exemplos estaacute o da percepccedilatildeo espacial
retratada nos mapas mentais dos alunos do 4ordm ano o Canal das Piabas em que os
alunos divergiam ao representar o espaccedilo em perspectivas laterais verticais e ou
obliacutequas O mesmo natildeo ocorreu necessariamente no desenvolvimento do segundo
mapa mental sobre as mesorregiotildees da Paraiacuteba
A alfabetizaccedilatildeo da liacutengua materna pode e deve utilizar-se dos conhecimentos das
mais diversas aacutereas da ciecircncia tais como no nosso contexto de pesquisa os
geograacuteficos e vice-versa Observamos que em alguns casos a hierarquizaccedilatildeo
sequencialidade (da direita agrave esquerda) eacute utilizada na escrita e transposta ao mapa
resultando em equiacutevocos como localizar o Sertatildeo vizinho ao Oceano Atlacircntico
Tambeacutem foi expresso nos mapas mentais o que nos leva a ressaltar a importacircncia da
leitura de imagens (desenhos mapas fotos etc) como uma forma de comunicaccedilatildeo
essencial para a leitura de mundo
Incentivar a participaccedilatildeo do aluno individualmente ou em grupo possibilitando
o diaacutelogo entre os estudantes Instigar a mediaccedilatildeo entre os alunos aleacutem do auxiacutelio do
professor Zona de Desenvolvimento Proximal para o Real (VIGOTSKI 1998)
Lembrar que a realizaccedilatildeo das atividades eacute mais importante que o proacuteprio
resultado Estes momentos de construccedilatildeo natildeo devem estar desassociados dos
argumentos trazidos pelos alunos de modo que a avaliaccedilatildeo das noccedilotildees conceituais e
habilidades devem estar em acordo com a proposta da aula
Retomar sempre que necessaacuterio o desenvolvimento das noccedilotildees ainda natildeo
compreendidas No 5ordm ano por exemplo ao observarmos que o aluno 43 havia
apresentado no ldquoMapa da minha vidardquo paiacuteses como Itaacutelia e Japatildeo buscamos por meio
da oficina produzir mapas mudos sobre as partidas ocorridas nos estaacutedios de futebol
brasileiro Diferenciamos a escala de cidade (onde foi realizado o jogo) regiatildeo (qual a
regiatildeo se encontra) nacional (qual paiacutes a minha seleccedilatildeo representa) e internacional
(quais as seleccedilotildees jogaram contra o Brasil Quais paiacuteses elas representam)
Entendemos que a escola deva formar o sujeito para o mercado de trabalho
sonho de muitos alunos entrevistados mas tambeacutem favorecer e esclarecer a
importacircncia desses conhecimentos para o presente Os estudantes devem utilizar
199
cotidianamente os saberes aprendidos para estimular sua memoacuteria de longa duraccedilatildeo
aleacutem de motivaacute-los a busca de novos conhecimentos
Natildeo se pretende com esta dissertaccedilatildeo apresentar receitas prontas mas estimular
outras pesquisas acadecircmicas e praacuteticas escolares Para os estudantes e professores de
Geografia ressaltamos que estas praacuteticas natildeo se restringem aos anos iniciais do Ensino
Fundamental O que nos leva acreditar sobre a importacircncia de uma sistematizaccedilatildeo destes
saberes para a formaccedilatildeo universitaacuteria de professores de Geografia e Pedagogia
Convidamos tambeacutem o professor e sua equipe pedagoacutegica para uma reflexatildeo sobre os
objetivos conteuacutedos e metodologias pertinentes aos anos iniciais do Ensino Fundamental
Desse modo nenhuma das propostas apresentadas estaacute fechada acabada Acreditamos na
experiecircncia autonomia e criatividade dos docentes para dar novos contornos agraves sugestotildees
escritas possibilitando abrir novos caminhos para utilizaccedilatildeo dos mapas mentais nas escolas
200
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207
APEcircNDICES
208
APEcircNDICE I - JORNAL DE PESQUISA
ATIVIDADES ANTERIORES AO PROJETO DE PESQUISA
Dias 17 de setembro de 2014
Primeira visita a Escola Municipal Luacutecia de Faacutetima Gayoso Meira ndash solicitaccedilatildeo da
pesquisa de campo Vou ateacute a escola pelo periacuteodo da manhatilde conversar com a gestora escolar
Rosacircngela79 Ao entrar sou reconhecido pelo porteiro da escola em decorrecircncia da pesquisa-
piloto realizada com os alunos do 5ordm ano em 2013 Apoacutes uma raacutepida conversa ele me informa
que a gestora encontra-se na sua sala
Sigo ateacute a diretoria e apoacutes aguardar alguns minutos sou atendido Entrego e apresento
a gestora a proposta do projeto de dissertaccedilatildeo e pergunto sobre a disponibilidade da sua
execuccedilatildeo da pesquisa nas turmas de 4ordm e 5ordm ano A gestora me pede que retorne amanhatilde agrave
tarde visto que o horaacuterios de aulas das turmas de 4ordm e 5ordm ano satildeo no periacuteodo vespertino e
explica que necessita conversar com as professoras sobre o assunto
Dia 18 de setembro de 2014
Retorno a escola agora no periacuteodo da tarde a gestora jaacute me aguardava Me relata que
as professoras gostariam que explicasse o projeto para elas me pedindo para aguarda-las na
sala dos professores ateacute o horaacuterio do recreio
Chegado o horaacuterio do intervalo as professoras se dirigem ateacute o local onde eu as
aguardava Sou apresentado a professora Marta do 4ordm ano jaacute a professora Beatriz80 havia
conhecido no ano anterior em decorrecircncia da pesquisa piloto que havia realizado em sua
turma de 5ordm ano
Apresentei e entreguei o projeto para as docentes demonstrei algumas pesquisas-
pilotos realizadas anteriormente Ao iniciarmos a conversa a professora Beatriz relatou alguns
pontos positivos da proposta com os mapas mentais com a sua turma do ano passado Ambas
as professoras estavam preocupadas com o calendaacuterio escolar e perguntaram se poderiacuteamos
relacionar os mapas mentais com os temas a serem trabalhados na disciplina durante o 4ordm
bimestre Aceitei os termos das professoras e elas se prontificaram a auxiliar no
79 Nome fictiacutecio que adotamos para a gestora escolar 80 O nome atribuiacutedo as professoras satildeo fictiacutecios com a intenccedilatildeo de preservar sua identidade
209
desenvolvimento do planejamento das aulas Combinamos de realizar a delimitaccedilatildeo desse
planejamento no dia 26 de setembro
Dia 26 de setembro de 2014
Neste dia retorno a escola para conversar com as professoras inicialmente vou ateacute a
sala da professora Marta ela havia passado uma atividade para a sua turma e todos estavam
concentrados em sua liccedilatildeo Fui apresentado a turma e alguns estudantes me reconheceram
dizendo que jaacute haviam me visto pela nos corredores da escola
Conversei com a professora Marta durante meia hora ela me apresentou os conteuacutedos
a serem ministrados no 4ordm bimestre se trata da temaacutetica Paraiacuteba Ela me entregou duas folhas
havia nelas uma descriccedilatildeo geneacuterica do estado mais tarde em casa apoacutes uma pesquisa na
internet comprovei que se tratava de uma descriccedilatildeo retirada do site do Wikipeacutedia Perguntei a
professora se poderiacuteamos utilizar outras fontes de informaccedilatildeo como atlas escolares mapas
murais entre outros ela mencionou que haviam atlas na escola e se fosse necessaacuterio poderia
ser disponibilizados nas aulas
Em seguida fui a sala da professora Beatriz ela tambeacutem havia passado uma atividade
para os estudantes (que pareciam agitados) alguns jaacute se retiravam-se da sala e dirigiam-se ao
recreio em decorrecircncia do horaacuterio Durante o intervalo ela me explicou o que havia ministrado
durante o 1ordm ao 3ordm bimestre apresentou um mapa das Ameacutericas (mapa Ameacuterica colonizaccedilatildeo
europeia do seacuteculo XVII para ser mais exato disponibilizado no livro didaacutetico usado na
disciplina de Geografia) explicando que se tratava do mapa mundo Fiquei um pouco
pensativo seraacute que a professora natildeo sabe distinguir a relaccedilatildeo de escala Ela acrescenta que
natildeo segue a ordem do livro didaacutetico ensinando os assuntos que lhe parecem mais
apropriados
Prossegui a conversa e perguntei quais os uacuteltimos assuntos haviam sido tratados ela
responde que o processo de regionalizaccedilatildeo e as regiotildees do Brasil com ecircnfase no Norte e
Nordeste Explica que alguns alunos haviam tido certa dificuldade perguntei se poderia
resgatar alguns assuntos jaacute estudados ela responde que sim
No intervalo combino com as professoras o dia das aulas trocamos contatos de
telefone e e-mail dessa forma finalizamos e organizamos as aulas realizadas nas turmas do 4ordm
e 5ordm ano
TURMA DO 4ordm ANO
210
Dia 14 de outubro de 2014
A pesquisa realizada com os 21 alunos e a professora Marta na Escola Municipal
Luacutecia de Faacutetima Gayoso Meira iniciou-se nesta tarde de primavera Apoacutes o retorno do feriado
do dia das crianccedilas dos 150 anos de emancipaccedilatildeo da cidade de Campina Grande - PB e de
anteceder os festejos do dia do professor as aulas retornam prosseguindo o curriacuteculo escolar
habitual
A temaacutetica geral discutida com os alunos do 4ordm ano foi ldquoGeografia da Paraiacuteba um
estudo atraveacutes da produccedilatildeo e leitura de mapas mentaisrdquo Conversei com os alunos sobre a
importacircncia dos mapas em seu cotidiano se jaacute haviam usado este recurso dentro e fora da
escola quais assuntos os mapas tratavam recebi respostas como ldquoos continentesrdquo ldquoos
paiacutesesrdquo ldquoos bairrosrdquo ldquoos estados e capitaisrdquo entre outras Tentei relacionar a outros temas
como os mapas da previsatildeo do tempo apresentados no programas de TV
Nossa discussatildeo se baseou posteriormente na seguinte pergunta - Algueacutem sabe como
eacute realizado os mapas A turma indicou diferentes procedimentos o aluno 17 ressaltou - ldquoeacute
realizado a partir de uma visatildeo de cimardquo o aluno 11 por sua vez respondeu - ldquocom papel e
laacutepisrdquo entre outras respostas
Para conquistar os alunos e sua participaccedilatildeo nas aulas de Geografia propomos uma
representaccedilatildeo da sala de aula ressaltando algumas caracteriacutesticas dos mapas existentes Entre
os elementos destacados estava a lateralidade e distribuiccedilatildeo espacial dos moacuteveis na sala
Prestativos os alunos observavam com atenccedilatildeo as explicaccedilotildees dadas relacionando o espaccedilo
real da sala de aula com seu croqui Os estudantes eram agitados mas realizavam a atividade
com acircnimo
Iniciamos a atividade observando a sala de aula destacando o seu espaccedilo e os moacuteveis
presentes (carteiras mesa da professora estantes janelas e porta) Apoacutes listar os moacuteveis no
quadro alguns alunos foram chamados para mediar a dimensatildeo da sala a partir de passos
Relacionamos agrave quantidade de passos destes alunos a quantidade de quadrados presente na
folha de papel quadriculado entregue aos discentes Localizamos o lugar de cada aluno em
sala de aula aleacutem disso expliquei a importacircncia da escala geograacutefica e o motivo dos laacutepis e
livros natildeo fazerem parte desta representaccedilatildeo em consequecircncia dessa reduccedilatildeo
A professora regente jaacute havia usado mapas para discutir o tema sobre a cidade de
Campina Grande ndash PB isto facilitou consequentemente a construccedilatildeo destes croquis pelos
alunos A maioria dos estudantes apresentaram dificuldades com a identificaccedilatildeo de espaccedilos
211
em grande escala em alguns casos natildeo distinguiam a relaccedilatildeo de identidade (campinense
paraibano nordestino brasileiro) ou confundiam as escalas geograacuteficas
Partindo desta atividade realizamos uma atividade com o mapa mudo da regiatildeo
Nordeste do Brasil Este exerciacutecio tinha como objetivo revisar os assuntos jaacute trabalhados pela
professora Marta O mapa mudo foi utilizado enquanto recurso de avaliaccedilatildeo Observamos que
de iniacutecio os alunos tiveram ecircxito na distinccedilatildeo dos estados da regiatildeo Nordeste entretanto
houve dificuldades no que se refere a localizaccedilatildeo de alguns estados a exemplo do Piauiacute e
Pernambuco O que necessitaria de mais tempo para a discussatildeo deste trabalho A aula chega
ao fim e os alunos se preparam para ir para casa
Dia 21 de outubro de 2014
Esta aula foi iniciada com o teacutermino da atividade do dia 14 de outubro Os alunos por
meio de mapa mudo sobre a regiatildeo Nordeste do Brasil jaacute haviam identificado os estados e
capitais Aleacutem disso localizado a Regiatildeo Nordeste no mapa do Brasil apresentado na mesma
folha Neste momento os alunos foram questionados a respeito da localizaccedilatildeo das regiotildees
brasileiras
Durante a explicaccedilatildeo associei os pontos cardeais (Norte Sul Leste e Oeste) as regiotildees
brasileiras Os alunos aparentemente tinham noccedilotildees sobre o assunto Busquei apresentar para
os alunos que a orientaccedilatildeo por meio da rosa dos ventos possibilita evitar confusotildees como a
tomada de posiccedilatildeo do observador no que se refere agrave localizaccedilatildeo dos objetos representados e
que o uso de noccedilotildees espaciais como frente atraacutes direita e esquerda pode confundir a leitura
do mapa visto que satildeo paracircmetros relativos
As explicaccedilotildees durante o processo de localizaccedilatildeo foram trabalhadas por meio do uso
de um mapa mural da regiatildeo Nordeste do Brasil Para a visualizaccedilatildeo e acompanhamento das
minhas explicaccedilotildees logo apoacutes recolhi o mapa mural para continuaccedilatildeo da atividade
Os alunos pintavam os estados em seu mapa e atribuiacuteam a mesma cor na legenda do
mapa mudo eles ficaram livres para escolher as cores desde que natildeo distinguissem na relaccedilatildeo
estado-legenda No decorrer da atividade fui questionado sobre o uso de cores semelhantes
visto que os alunos haviam percebido isso no mapa mural Expliquei que embora o mapa
apresenta-se cores semelhantes a exemplo do roxo a tonalidade era diferente permitindo
diferenciar estados como o Piauiacute Sergipe e Alagoas
212
Atraveacutes desta duacutevida que pouco a pouco se tornava comum entre os discentes
expliquei que havia outras maneiras de diferenciar os estados pintados a teacutecnica de hachura81
era uma delas Alguns estudantes chegaram a traccedilar riscos em alguns estados em sentido
vertical ou horizontal destacando as informaccedilotildees equivalentes na legenda
Apoacutes a introduccedilatildeo destes princiacutepios baacutesicos da realizaccedilatildeo e leitura dos mapas
discutiacuteamos paralelamente o posicionamento da Paraiacuteba com os estados vizinhos comparando
o tamanho do territoacuterio a localizaccedilatildeo das praias populaccedilatildeo de alguns estados o que
possibilitaria a conexatildeo para o proacuteximo assunto
04 de Novembro de 2014
Iniciamos a terceira aula com uma introduccedilatildeo sobre o Estado da Paraiacuteba ressaltamos
algumas curiosidades sobre os aspectos fiacutesicos poliacuteticos e culturais Os alunos foram
indagados sobre os municiacutepios que jaacute conheciam desse modo relacionamos as mesorregiotildees
da Paraiacuteba que jaacute haviam visitado
Neste dia comeccedilamos a aula apoacutes a chamada realizada pela professora regente Apoacutes
alguns instantes pergunto aos alunos conceitos que haviacuteamos discutido na aula anterior e se
por ventura sabiam explicaacute-los Apoacutes realizar algumas consideraccedilotildees sobre os assuntos jaacute
abordados os alunos mostravam-se atentos
Durante as explicaccedilotildees realizava alguns desenhos no quadro o que consequentemente
chamava a atenccedilatildeo dos alunos No instante que escrevia no quadro branco algumas
explicaccedilotildees e noccedilotildees conceituais sobre as mesorregiotildees (Mata paraibana Borborema Agreste
paraibano e Sertatildeo paraibano) percebi que ato natildeo agradou a turma Este fato pode estar
relacionado ao uso excessivo do quadro pela professora Marta visto que segundos os alunos
a coacutepia era uma accedilatildeo comum nas aulas Apesar disso resolvi relacionar a escrita com a
produccedilatildeo de alguns desenhos o que despertou o interesse da maioria dos alunos Mais tarde
no horaacuterio do recreio a professora Marta relata - ldquoAh os alunos gostam quando tecircm uma
aula diferenterdquo
Aleacutem disso utilizamos o atlas escolar da Paraiacuteba os alunos foram chamados a localizar
as mesorregiotildees estudadas aleacutem de estudar sua orientaccedilatildeo espacial Mediante a associaccedilatildeo da
rosa dos ventos a maioria dos alunos conseguiu realizar a leitura dos mapas identificando a
mesorregiatildeo tratada e sua localizaccedilatildeo conseguindo aleacutem disso indicar as direccedilotildees de uma
em relaccedilatildeo a outra (ex Mata paraibana a leste do Agreste paraibano)
81 Eacute uma teacutecnica utilizada para criar efeitos de tons ou sombras a partir do desenho de linhas paralelas proacutexima eacute
usado comumente em mapas existentes para diferenciar as informaccedilotildees
213
Dadas agraves explicaccedilotildees partimos para a elaboraccedilatildeo de um novo mapa mudo desta vez
referente as mesorregiotildees da Paraiacuteba Os alunos realizaram a atividade destacando a
orientaccedilatildeo espacial por meio da rosa dos ventos destacaram o nome dos estados vizinhos (Rio
Grande do Norte Pernambuco e Cearaacute) aleacutem do Oceano Atlacircntico desenvolveram a legenda
e nomearam seus mapas com um tiacutetulo
Os alunos natildeo se utilizaram de modelos para realizaccedilatildeo dessa atividade entretanto
auxiliava-os sempre que necessaacuterio outros natildeo queriam auxiacutelio alguns pretendiam apenas
terminar a atividade contando os minutos de voltar para casa
No final da aula entregamos a cada um dos estudantes um mapa de localizaccedilatildeo da
Paraiacuteba com destaque as principais rodovias e rios da Paraiacuteba82 pedi aos alunos que colassem
esse material no caderno e que procurassem nele os principais rios da paraiacuteba visto que seria
o tema da proacutexima aula
10 de Novembro de 2014
Ao avaliarmos os mapas mudos produzidos pelos alunos na aula anterior notamos que
alguns confundiram os estado do Rio Grande do Norte com o Cearaacute outros por sua vez
esqueceram de indicar os pontos cardeais dessa forma devolvemos os mapas mudos das
mesorregiotildees da Paraiacuteba e auxiliamos a correccedilatildeo destas informaccedilotildees
Eventualmente realizamos as aulas na terccedila-feira mas por ventura de outras
atividades da escola alteramos para a segunda-feira Diante disso o nuacutemero de alunos que
participaram desta aula foi reduzido aleacutem disso outros participavam de atividades
extracurriculares realizada na escola trecircs alunas se ausentaram da sala
A terceira aula discutiu a influecircncia dos rios na vida da populaccedilatildeo paraibana e as
modificaccedilotildees espaciais Recorremos ao mapa entregue na aula anterior e expliquei a
influecircncia dos rios e o trabalho humano na transformaccedilatildeo da paisagem urbana e rural
Destacamos ainda a presenccedila dos dois principais rios da Paraiacuteba o Piranhas ou Accedilu e o Rio
Paraiacuteba o qual alimenta o Accedilude Epitaacutecio Pessoa (tambeacutem conhecido como accedilude de
Boqueiratildeo) localizado no municiacutepio de Boqueiratildeo O accedilude de Boqueiratildeo chamou a atenccedilatildeo
dos alunos visto que eacute de laacute que proveacutem o abastecimento de aacutegua em Campina Grande
Diante dessa dinacircmica realizamos a leitura de um texto que se referia ao Canal Riacho
das Piabas que fica a oeste da escola na Avenida Januacutencio Ferreira Foi oportuno relacionar
82 O mapa entregue aos alunos corresponde a uma representaccedilatildeo da Paraiacuteba indicada a alunos entre 7 a 12 anos
de idade disponiacutevel no site do IBGE lt http7a12ibgegovbrimages7a12estadosparaibapdf gt Acesso em
111114
214
uma accedilatildeo que outrora parecia abstrata imaginaria ao cotidiano dos alunos Muitos estudantes
natildeo sabiam que o canal que passava ao lado da escola era na verdade um curso drsquoaacutegua
enxergavam o canal das Piabas como um coacuterrego de esgoto Outros estudantes achavam
impossiacutevel haver rios dentro da cidade admitiam apenas a presenccedila de accediludes visto que entre
os cartotildees postais da cidade de Campina Grande estaacute o Accedilude Velho primeira fonte de
abastecimento da cidade
Apresentei fotos antigas da cidade e outras atuais que apresentavam o riacho das
Piabas questionei os alunos sobre a importacircncia do uso da aacutegua em seu cotidiano eles
responderam que usavam a aacutegua para o uso domeacutestico (lavar louccedila tomar banho preparar a
alimentaccedilatildeo etc) Mencionei que a aacutegua de riachos rios e accediludes poderiam ser utilizada para
a agricultura induacutestria e pecuaacuteria
Estudamos tambeacutem a importacircncia da preservaccedilatildeo das encostas dos percursos de aacutegua
dando exemplos reais de aacutereas de riscos em bairros proacuteximos a escola como a Conceiccedilatildeo e
Louzeiro explicando a influecircncia do solo e dos periacuteodos de cheia do riacho das Piabas em
determinadas estaccedilotildees do ano
Foi motivador o uso deste exemplo Quando falaacutevamos da comunidade da Rosa
Miacutestica e de algumas enchentes que jaacute haviam acontecido neste momento o aluno 12 se
levanta e fala - ldquoProfessor eacute o BG natildeo eacute Logo a professora Marta responde - ldquoO que eacute BG
meninordquo Aluno 12 - ldquoSabe natildeo professora Buraco da Gia professorardquo Achei cocircmica a
situaccedilatildeo adverti o aluno que a sigla seria BJ pois Jia se escrevia com a letra ldquoJrdquo e natildeo com
ldquoGrdquo Expliquei tambeacutem os motivos que levaram a mudanccedila de nome para Rosa Miacutestica Notei
que muitos alunos tinham preconceitos relacionados a este lugar estereoacutetipos como um lugar
violento desorganizado favelado entre outros Diante disso fiz algumas ressalvas sobre as
condiccedilotildees sociais do lugar Deste modo finaliza-se mais uma aula
26 de Novembro de 2014
Iniciamos a aula retomando a discussatildeo sobre o texto do Canal das Piabas dessa vez
havia um nuacutemero maior de alunos Apoacutes lermos o texto pedi que os estudantes grifassem as
palavras desconhecidas Entre as duacutevidas estava o conceito de riacho rio cachoeira e canal
Identifiquei e exemplifiquei cada um dos conceitos lembrando a diferenccedila entre os rios
(Paraiacuteba e Piranhas) ou o canal riacho das Piabas pedi tambeacutem que os alunos registrassem as
observaccedilotildees em seus cadernos
Expliquei aos alunos que a nossa atividade consistiria em uma representaccedilatildeo do trajeto
do canal das Piabas ateacute o Accedilude Velho mas que para isso deveriacuteamos inicialmente destacar
215
os principais referenciais geograacuteficos destacados no texto para localizarmos na maquete que
seria construiacuteda
Os estudantes atenderam todas as orientaccedilotildees Analisamos inicialmente o mapa mural
da cidade de Campina Grande que foi colocado em cima da mesa Localizamos os pontos de
referecircncia e realizamos a delimitaccedilatildeo da escala geograacutefica que utilizariacuteamos Em seguida
expomos o mapa mural na parede da sala de aula e distribui imagens de sateacutelite e mapas que
apresentavam o recorte espacial de nosso objeto de estudo Organizei os alunos em
subequipes que auxiliaram na montagem da maquete mental
Enquanto uns traccedilavam as ruas outros escreviam o nome dos bairros ou realizavam
alguma pinturas destacando aacutereas de mata ou a rede hidrograacutefica Com o termino desta etapa
coloquei as peccedilas do jogo ldquobrincando de engenheirordquo em cima da mesa todos se animaram
com a possibilidade de ldquocolocar as casinhasrdquo no lugar Pedi que olhassem mais uma vez para
as imagens de sateacutelite e contassem sobre o que percebiam da paisagem dos bairros sobre a
presenccedila de aacutereas mais verticalizadas (preacutedios) e mais horizontalizadas (casas e pequenos
comeacutercios como bodegas bares pequenos mercados) Distribuiacuteram tambeacutem carros de
brinquedo pelo trajeto simulando o tracircnsito da cidade
Aos poucos os alunos foram montando as casas disseram que no Accedilude Velho haveria
mais preacutedios e nos bairros mais perifeacutericos a presenccedila marcante seria de casas Logo apoacutes
pedi que colocassem alguns discos de orientaccedilatildeo com a rosa dos ventos Alguns confundiram-
se na orientaccedilatildeo espacial os lembrei que a nascente do Canal das Piabas situava-se ao norte
Quando terminamos esta fase pedi que os alunos comparassem o mapa mural as
imagens de sateacutelite e a maquete mental eles notaram diferenccedilas na presenccedila dos objetos como
os carros (relatei que geralmente os carros natildeo fazia parte das representaccedilotildees dos mapas em
decorrecircncia de serem elementos moveis no espaccedilo tal como as pessoas dificultando traccedilar sua
localizaccedilatildeo exata) Notaram em poucos casos a mudanccedila de perspectiva (lateral horizontal e
obliacutequa) entre os mapas e a maquete mental Em sequecircncia pedi que fosse realizado um mapa
mental individualmente e que para isso poderiam consultar a maquete mental Proacuteximo ao
final da aula realizei uma legenda para o mapa e expomos a atividade na parede expliquei que
a maquete seria agora um mapa mural realizado pela turma do 4ordm ano
10 de Dezembro de 2014
Neste meio tempo a professora pediu que desenvolvesse uma proposta para a
sua avaliaccedilatildeo final de Geografia entreguei a proposta da construccedilatildeo de um mapa mental que
apresentasse os principais rios do Estado da Paraiacuteba rio Piranhas e Paraiacuteba Neste dia foi
216
realizado entrevistas com os alunos do 4ordm ano Na ocasiatildeo foi entregue o questionaacuterio de
perguntas sobre o projeto e tambeacutem o termo de consentimento como sujeito da pesquisa para
a professora Marta
TURMA DO 5ordm ANO
09 de Outubro de 2014
A pesquisa realizada com alunos e a professora Beatriz do 5ordm ano eacute iniciada na semana
do dia das crianccedilas amanhatilde aconteceraacute um festejo com recitais danccedilas e cinema na escola
De todo forma as aulas prosseguem normalmente o que possibilitou o iniacutecio da pesquisa que
tecircm como temaacutetica ldquoSaberes cartograacuteficos discutindo a regionalizaccedilatildeo brasileirardquo
Comecei a aula perguntando quais eram os recursos cartograacuteficos conhecido pelos
alunos eles responderam os mapas o globo terrestre e a buacutessola Apresentei diferentes
mapas murais e mostrei que eles poderiam variar em decorrecircncia do seu tema (mapa do Brasil
poliacutetico ou fiacutesico) ou de sua escala (Mapa mundo mapa do continente americano) Os
estudantes apontavam as informaccedilotildees encontradas geralmente nestes mapas como o nome e
localizaccedilatildeo dos oceanos continentes paiacuteses etc Participativos ateacute mesmo os mais tiacutemidos
verbalizaram o assunto quando questionados
A professora Beatriz auxiliou e colaborou a todo o momento com as explicaccedilotildees
realizadas em sala de aula Recordamos assuntos ministrados pela professora regente como a
relaccedilatildeo da orientaccedilatildeo espacial e o movimento de rotaccedilatildeo do planeta Terra As observaccedilotildees
eram apresentadas mediante o uso de um globo terrestre e registradas no quadro branco os
alunos foram solicitados a anotarem em seus cadernos
Apresentamos alguns atlas escolares que apresentavam introduccedilotildees sobre o uso da
rosa dos ventos da importacircncia da legenda Os alunos pareciam aacutegeis na localizaccedilatildeo e leitura
das informaccedilotildees presentes no mapa mundo Em decorrecircncia das festividades da semana
tivemos que terminar a aula antes do horaacuterio normal mas informei aos alunos que na proacutexima
aula realizariacuteamos algumas atividades relacionadas as aulas de Geografia os alunos
demonstraram-se felizes
Dia 15 de outubro de 2014 - Dia dos professores
A escola adiou o feriado do dia dos professores contudo a professora Beatriz havia
marcado uma consulta ao meacutedico neste dia ela estava preocupada em adiar as atividades do
217
projeto em decorrecircncia da entrega do preacutedio (escola) agrave justiccedila eleitoral em decorrecircncia das
eleiccedilotildees deste ano Apoacutes conversarmos com a diretora tive a permissatildeo de substitui-la e
prosseguir com a execuccedilatildeo do projeto
Ao entrar na classe os alunos estavam realmente contentes e jaacute sabiam que a
professora natildeo viria neste dia Muitos queriam aproveitar a ocasiatildeo para fazer bagunccedila
entretanto com a permissatildeo da coordenadora pedagoacutegica e da diretora Rosacircngela pude
chamar atenccedilatildeo dos alunos o que foi necessaacuterio em alguns casos
A professora regente jaacute havia trabalhado os assuntos referentes ao processo de
regionalizaccedilatildeo e as regiotildees do Brasil (Norte e Nordeste) entretanto ao trabalhar o mapa
mudo das regiotildees brasileiras (mapa mudo) com os alunos observei que eles apresentavam
dificuldades para compreender a linguagem cartograacutefica e localizar as regiotildees Havia
entregado naquela ocasiatildeo uma lista com o nome dos Estados e capitais as respectivas siglas
e qual regiatildeo estes estados pertenciam
Notei que os alunos jaacute possuiacuteam informaccedilotildees baacutesicas sobre o tema ldquoO Brasil tecircm 26
estados e o Distrito Federalrdquo (Aluno 31) ldquoBrasiacutelia fica no Distrito Federal professorrdquo (Aluno
39) ldquoA gente mora na Paraiacutebardquo (Aluno 22) ldquoEu nasci em Satildeo Paulordquo (Aluno 46) etc
Entretanto apoacutes o iniacutecio da atividade a comoccedilatildeo foi geral ldquoprofessor essa tarefa eacute muito
difiacutecilrdquo Embora more na regiatildeo Nordeste e em sua maioria soubessem qual Estado
correspondiam agrave Paraiacuteba poucos apontavam os estados que faziam limite com este territoacuterio
Minha conclusatildeo foi que embora dominassem o nome dos lugares natildeo associavam o lugar agrave
regiatildeo pertencente por exemplo indicar que Piauiacute localiza-se no Nordeste ou que Satildeo Paulo
esteja a sudeste
Entendo que o processo de regionalizaccedilatildeo tecircm que ter algum significado sentido e
comeccedilo a perceber a importacircncia das ideias de Ausubel e Vigotski83 para o desenvolvimento
dessa missatildeo Talvez ao se utilizar pontos de ancoragem os estudantes possam resgatar e (re)
significar os conteuacutedos ministrados pela professora regente Os alunos jaacute dominavam com
certa astucia os estados da Regiatildeo Norte A professora jaacute havia ministrado este conteuacutedo nas
uacuteltimas aulas de Geografia Os alunos tecircm assim algumas noccedilotildees jaacute desenvolvidas mas esta
visatildeo geral dos estados a exemplo do Nordeste regiatildeo que habita deve ser reforccedilada por
outras propostas de atividades
Mediante estaacute dificuldade no final da tarde foi proposta a atividade de baleada
geograacutefica (semelhante ao jogo de queimado ou baleada tradicional) no paacutetio aberto da escola
83 Neste momento me refiro as ideias estudadas na seguinte obra bibliograacutefica BOCK Ana M B FURTADO
Odair TEIXEIRA Maria de L T Psicologias uma introduccedilatildeo ao estudo de psicologia 14ordf ed Satildeo Paulo
Saraiva 2008
218
Os alunos foram divididos em quatro grupos cada um correspondente a um ponto cardeal
(norte sul leste e oeste) Orientamos a localizaccedilatildeo dos grupos com o uso de um bussola
marcamos os pontos no chatildeo e iniciamos a brincadeira
Dava os comando da trajetoacuteria da bola indicando as direccedilotildees (ex grupo norte jogue a
bola no grupo oeste) Ao final da brincadeira observamos o pocircr do sol e entatildeo relacionamos
que a orientaccedilatildeo espacial poderia ser realizada a partir dele e que muitos lugares a exemplo
das regiotildees brasileiras referenciam esta orientaccedilatildeo espacial Mesmo apoacutes o uacuteltimo sinal alguns
alunos queriam continuar a brincadeira avisei que teriacuteamos que terminar pois a escola seria
fechada e alguns pais jaacute estavam a sua espera
05 de Novembro de 2014
A proposta da aula foi agrave realizaccedilatildeo dos mapas mentais levando considerando os
conhecimentos sobre regiatildeo e regionalizaccedilatildeo do Brasil Os alunos foram instruiacutedos a respeito
de quais informaccedilotildees deveriam relacionar ao mapa construiacutedo Com base em uma ficha sobre
informaccedilotildees sobre sua identidade (filiaccedilatildeo cidade natal entre outros) os alunos foram
chamados a representar o Brasil levantando questotildees como o nome dos estados e capitais
quando sabido a orientaccedilatildeo espacial e o uso da legenda
A atividade levava em conta a mobilizaccedilatildeo das habilidades voltadas a construccedilatildeo de
mapas das aulas anteriores por exemplo a dimensatildeo espacial dos estados o uso da legenda
como elemento agregador de significado e a importacircncia da orientaccedilatildeo espacial Todas as
etapas foram escritas no quadro Para os alunos que permaneciam com duacutevidas dava
orientaccedilotildees individuais tambeacutem acompanhei a confecccedilatildeo dos esboccedilos
Foi explicado aos alunos que neste momento eles deveriam realizar a atividade sem
nenhuma consulta disseram que natildeo seria possiacutevel desse modo concordamos que eles
poderiam utilizar apenas a lista de estados e capitais entregue na aula anterior
Inicialmente os alunos mostraram-se preocupados com a esteacutetica do mapa se iria
aproximar-se ou natildeo dos mapas existentes Expliquei que isto natildeo era o objetivo da
atividade mas demonstrar seus conhecimentos sobre a regionalizaccedilatildeo brasileira Frases como
ldquoNatildeo tocirc entendendo nadardquo (Aluno 24) ldquoNatildeo sei desenharrdquo (Aluno 27) ldquoNatildeo vou fazer isso
natildeordquo (Aluno 22) estiveram no processo do desenvolvimento do trabalho mas no final e com
um pouco de paciecircncia todos finalizaram seus mapas mentais
Outros estudantes procuravam aleacutem de representar verbalizar seus conhecimentos
acerca do mapa elaborado Os grupos se formavam voluntariamente os alunos discutiam
219
buscavam estrateacutegias em alguns casos chegavam a procurar os mapas desenvolvidos nas
aulas anteriores mesmo com o aviso de natildeo utilizaacute-los nestes casos pedi que o guardassem
Observavam e comparavam os seus mapas e se questionavam quem estaria mais
certo Houve o meu auxiacutelio e da professora Beatriz na confecccedilatildeo das representaccedilotildees o que
motivou o desenvolvimento da atividade em alguns casos
13 de Novembro de 2014
Alguns problemas foram observados mediante a anaacutelise dos mapas mentais Na ficha
entregue aos alunos para o desenvolvimento dos mapas mentais e na representaccedilatildeo do aluno
43 houve a confusatildeo entre o que seria os estados brasileiros e outros paiacuteses (Itaacutelia Japatildeo
Meacutexico entre outros) Alguns discentes pareciam se atrapalhar na referecircncia a escalas
geograacuteficas que variam do lugar ao contexto mundial
Como estrateacutegia para discutir esta questatildeo recorri a algo que acreditei que agradaria a
todos a realizaccedilatildeo da copa do mundo no Brasil Passando a distinguir o que eacute paiacutes estado e
Distrito Federal por meio dos estaacutedios e arenas dos jogos e as seleccedilotildees que participaram deste
evento
A atividade do dia apresentou dois esboccedilos cartograacuteficos O primeiro apresentava os
estaacutedios e arenas de futebol e a outra a localizaccedilatildeo das capitais brasileiras onde ocorreram as
partidas Comparamos e relacionamos este material com o objetivo de compreender a
distribuiccedilatildeo espacial dos estaacutedios a partir da anaacutelise regional dando enfoque agrave regiatildeo
Nordeste e Centro-Oeste
Expliquei aos alunos que era necessaacuterio distinguir as escalas geograacuteficas entatildeo
estruturamos da seguinte forma Onde se localiza os estaacutedios e arenas de futebol Nas
capitais cidades brasileiras Quais satildeo os estaacutedios encontrados na regiatildeo Nordeste e Centro-
Oeste Para qual seleccedilatildeo eles torceram durante a copa do mundo Quem jogou contra a
seleccedilatildeo brasileira e que paiacuteses eles representavam
Apoacutes esta atividade os alunos expressaram sua compreensatildeo da atividade com o mapa
mudo produzido sobre os estaacutedios arena que gostariam de visitar Os meninos apresentaram-
se mais motivados para a realizaccedilatildeo da atividade do que as meninas Uma das orientaccedilotildees era
que fosse escolhido apenas lugares relativos a regiatildeo Nordeste e Centro-Oeste A medida que
os alunos realizavam a leitura dos mapas existentes comparavam e traccedilavam o seu mapa
falando que um dia assistiria uma partida de futebol em algum desses campos
Mediante essa ponte introduzimos algumas consideraccedilotildees sobre a regiatildeo Centro-
Oeste principalmente dos biomas Cerrado e Pantanal em decorrecircncia da programaccedilatildeo
220
curricular e da cobranccedila da professora em ministrar tais conteuacutedo Para esta tarefa utilizamos
o livro didaacutetico fotografias aleacutem de um dos textos da atividade da copa do mundo realizar
esta ponte para discussatildeo
Aos poucos os alunos mostravam-se mais interessados pela temaacutetica o aluno 31 chega
a fazer o seguinte comentaacuterio - ldquoprofessor o pantanal parece um pacircntanordquo Sabiacuteamos que os
alunos nunca haviam visitado a regiatildeo Centro-Oeste em decorrecircncia do mapa da minha vida
realizado na aula anterior dessa forma tentamos realizar estas pontes entre os assuntos
24 de Novembro de 2014
Neste dia realizamos mais algumas consideraccedilotildees sobre o bioma pantanal e cerrado
explicando que eles assim como a caatinga (bioma nordestino) tem suas caracteriacutesticas e
problemas ambientais Em muitos casos em decorrecircncia da accedilatildeo do homem como a
agropecuaacuteria extensiva o uso de agrotoacutexicos poluiccedilatildeo de rios e nascentes caccedila predatoacuteria
entre outros
Os alunos contavam casos semelhantes presenciados em visita a familiares a outros
municiacutepios mais interioranos como o sertatildeo paraibano Eles contavam que seus tios ou avoacutes
natildeo usavam agrotoacutexicos em outros casos relatavam que o gado ficava dentro do cercado
Deste modo iniciamos a proposta relacionada ao mapa da regiatildeo Centro-Oeste os
alunos forma divididos em grupos eles escolheram as equipes mas em alguns casos sugeri os
integrantes do grupo com a finalidade de equilibrar os saberes de cada integrante
Durante o desenvolvimento da proposta foi permitido aos alunos realizarem pesquisas
ao livro didaacutetico84 Natildeo haviam mapas semelhantes a propostas dos mapas mentais pedidos
expliquei aos discentes que os mapas apresentados no livro didaacutetico poderiam servir como
modelo mas natildeo havia mapas prontos com a mesma temaacutetica
Mesmo com o referencial notei que alguns alunos tinham dificuldades em realizar
pesquisas selecionar as informaccedilotildees mais importantes e contextualiza-la com o objetivo da
aula Aleacutem disso muitos alunos me procuravam assim como a professora Beatriz para
esclarecer duacutevidas em certos casos desnecessaacuterias como com que cor pintar o estado de
Goiaacutes
Aos poucos senti que a turma ficava mais autocircnoma nas tomadas de decisotildees Em
alguns casos notei que as dificuldades se situavam natildeo na compreensatildeo dos temas estudados
na Geografia e sim a outras disciplinas escolares Observei que muitos estudantes tinham
84 Referecircncia do livro didaacutetico utilizado na escola MESTSU Juliana Projeto Buriti geografia 5ordm ano Satildeo
Paulo Moderna 2011
221
dificuldades na leitura e principalmente na interpretaccedilatildeo de textos No final da aula recolhi os
trabalhos e expliquei que voltaria para realizar uma entrevista com eles na proacutexima semana
05 e 10 de Dezembro de 2014
Nestas datas foram realizado entrevistas com os alunos do 5ordm ano Na ocasiatildeo foi
entregue o questionaacuterio de perguntas sobre o projeto e tambeacutem o termo de consentimento
como sujeito da pesquisa para a professora Beatriz Deixei duas coacutepias do termo de
consentimento com a gestora escolar Rosacircngela
ATIVIDADES POSTERIORES AO PROJETO DE PESQUISA
16 e 22 de dezembro de 2014
Recolhi os questionaacuterios e termos de consentimento da professora Marta e Beatriz
agradeci a elas e seus alunos por sua participaccedilatildeo na pesquisa Ainda no dia 16 de dezembro
iniciei a entrevista com a gestora escolar Rosacircngela entretanto tive que retornar no dia 22 de
dezembro para finalizar a nossa conversa No dia 22 de dezembro finalizei a pesquisa recolhi
o termo de consentimento e agradeci sua participaccedilatildeo na pesquisa
222
APEcircNDICE II ndash QUESTIONAacuteRIO DE PERGUNTAS PARA PROFESSORES
Universidade Federal da Paraiacuteba ndash UFPB
Centro de Ciecircncias Exatas e da Natureza ndash CCEN
Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Geografia
ldquoMapas mentais para o ensino de Geografia praacuteticas e reflexotildees em uma escola de
Campina Grande ndash PBrdquo
QUESTIONAacuteRIO DE PERGUNTAS PARA PROFESSORES
A IDENTIFICACcedilAtildeO
Nome______________________________________________ idade ____________
B FORMACcedilAtildeO
1 Universidade curso (s) de graduaccedilatildeo e ano que se formou
___________________________________________________________________________
_________________________________________________________________
2 Especializaccedilatildeo (otildees) e ano
___________________________________________________________________________
_________________________________________________________________
3 Qual foram os temas do seu trabalho na graduaccedilatildeo (otildees) e especializaccedilatildeo (otildees)
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
____________________________________________________________
C EXPERIEcircNCIA PROFISSIONAL
4 Quais as seacuteries anos que jaacute lecionou Em que aacuterea
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
____________________________________________________________
5 Qual o tempo de experiecircncia profissional como professora
223
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
____________________________________________________________
6 Fez algum curso de formaccedilatildeo continuada voltada para o curso de Geografia
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
____________________________________________________________
D PRAacuteTICA PROFISSIONAL
7 Qual a maior dificuldade que vocecirc observa para o ensino-aprendizagem de Geografia para
os alunos dos anos iniciais do ensino Fundamental Explique
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
__________________________________________________
8 Como vocecirc organiza o trabalho e efetiva sua praacutetica em sala de aula
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
__________________________________________________
E SOBRE A EXECUCcedilAtildeO DA PESQUISA
9 Em sua opiniatildeo qual a importacircncia de se ensinar Geografia Explique
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
__________________________________________________
10 Observou alguma mudanccedila na aprendizagem dos alunos durante e apoacutes a realizaccedilatildeo da
oficina sobre mapas mentais Quais Explique
224
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
____________________________________________
11 Qual o ponto positivo destacaria da proposta desta pesquisa E negativos
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
__________________________________________________
12 Quais suas sugestotildees para melhorar o trabalho com mapas mentais metodologicamente e
ou teoricamente com os alunos dos anos iniciais
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
Obrigado por sua participaccedilatildeo nesta pesquisa
David Luiz
225
APEcircNDICE III ndash PRANCHA PARA MAPA MENTAL
Universidade Federal da Paraiacuteba
Centro de Ciecircncias Exatas e da Natureza
Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Geografia ndash mestrado
Pesquisador David Luiz
Escola Municipal Luacutecia de Faacutetima Gayoso Meira
Campina Grande data___________________________________
Disciplina Geografia Turma ___ ano
Prof _________________________________________________
Nome_______________________________________________________________________________ Idade______________________
226
APEcircNDICE IV ndash TEXTO CANAL DAS PIABAS
Universidade Federal da Paraiacuteba
Centro de Ciecircncias Exatas e da Natureza
Programa de Poacutes- graduaccedilatildeo em Geografia ndash mestrado
Pesquisador David Luiz
Escola Municipal Luacutecia de Faacutetima Gayoso Meira
Campina Grande data___________________________________
Disciplina Geografia Turma 4ordm ano
Prof _________________________________________________
Nome________________________________________________
PROJETO DE EDUCACcedilAtildeO AMBIENTAL ATRAVEacuteS DO
ESTUDO HISTOacuteRICO-GEOGRAacuteFICO E ECOLOacuteGICO
DA BACIA DO RIACHO DAS PIABAS (CANAL)
Campina Grande ndash Paraiacuteba
A presenccedila de aacutegua potaacutevel em quantidade
suficiente para as necessidades humanas
tem sido a grande preocupaccedilatildeo de ecologistas
teacutecnicos e educadores que se preocupam com a
educaccedilatildeo ambiental nesta fase final do seacuteculo XX
Aacute aacutegua eacute primordial para o homem para o
atendimento de suas necessidades vitais
(alimentaccedilatildeo bebida higiene e limpeza)
por isso devemos preocupar-nos com a
preservaccedilatildeo de cursos daacutegua bem como com
os aspectos qualidade e quantidade e despoluiccedilatildeo
O Riacho das Piabas tem sua nascente no siacutetio
Covatildeo eacute represado nas granjas do Dr Mauriacutecio
Almeida apoacutes as represas eacute totalmente poluiacutedo
por lixo detritos diversos e esgotos indo em
seguida para o Canal (Canal das Piabas)
Percebe-se com o fato observado que aacuteguas que
227
poderiam ser utilizadas por um grande nuacutemero
de pessoas satildeo simplesmente desperdiccediladas
Do ponto de vista histoacuterico o Riacho das Piabas
teve seu papel no atendimento agraves necessidades da
populaccedilatildeo em eacutepocas em que Campina Grande
era simplesmente povoado e pequena cidade
geograficamente
O riacho estaacute localizado na parte norte de
Campina Grande passando pelas granjas do Dr
Mauriacutecio Almeida tendo continuidade no Canal
que comeccedila entre o Alto Branco e a Rosa Miacutestica
passando pelo Ponto Cem Reacuteis e separando o
Centro do Alto Branco Santo Antonio e Joseacute
Pinheiro havendo uma bifurcaccedilatildeo que vai para
o Accedilude Velho e outra parte para o bairro da
Cachoeira
Fonte httpeducarscuspbrbiologiapb_camphtml
Orientaccedilotildees para realizaccedilatildeo do mapa mental
Desenhe um mapa considerando as informaccedilotildees
presentes no texto para isto sua representaccedilatildeo
deveraacute conter
1 Representar o curso do Canal Riacho das
Piabas do seu ponto inicial ateacute o ponto
final relatado no texto
2 Localizar os bairros e lugares (comeacutercio
serviccedilos escolas) em seu mapa
3 Localizar onde podemos encontrar as
pontes e acessos entre os bairros relatados
4 Orientar seu mapa atraveacutes do uso da rosa-
dos-ventos
5 Construir a legenda
228
APEcircNDICE V ndash MAPA MUDO DA REGIAtildeO NORDESTE Universidade Federal da Paraiacuteba
Centro de Ciecircncias Exatas e da Natureza
Programa de Poacutes- graduaccedilatildeo em Geografia ndash mestrado
Pesquisador David Luiz
Escola Municipal Luacutecia de Faacutetima Gayoso Meira
Campina Grande data___________________________________
Disciplina Geografia Turma 4ordm ano
Prof _________________________________________________
Nome________________________________________________
COR ESTADO SIGLA DO ESTADO
Alagoas AL
Bahia BA
Cearaacute CE
Maranhatildeo MA
Paraiacuteba PB
Pernambuco PE
Piauiacute PI
Rio Grande do Norte RN
Sergipe SE
Legenda
229
APEcircNDICE VI ndash MAPA MUDO DAS MESORREGIOtildeES DA PARAIacuteBA
Tiacutetulo_________________________________________________________________
__
Rosa dos ventos
Universidade Federal da Paraiacuteba
Centro de Ciecircncias Exatas e da Natureza
Programa de Poacutes- graduaccedilatildeo em Geografia ndash mestrado
Pesquisador David Luiz
Escola Municipal Luacutecia de Faacutetima Gayoso Meira
Campina Grande
data___________________________________
Disciplina Geografia Turma 4ordm ano
Prof
______________________________________________
___
Nome_________________________________________
_______
Campina Grande data___________________________________
Disciplina Geografia Turma 4ordm ano
Prof _________________________________________________
Nome________________________________________________
LEGENDA
230
APEcircNDICE VIII ndash QUESTOtildeES DA PROVA
Universidade Federal da Paraiacuteba
Centro de Ciecircncias Exatas e da Natureza
Programa de Poacutes- graduaccedilatildeo em Geografia ndash mestrado
Pesquisador David Luiz
Escola Municipal Luacutecia de Faacutetima Gayoso Meira
Campina Grande data___________________________________
Disciplina Geografia Turma 4ordm ano
Prof _________________________________________________
Nome________________________________________________
EXERCIacuteCIO DE VERIFICACcedilAtildeO DE GEOGRAFIA
Leia o texto abaixo
Rio Piranhas e Paraiacuteba aacuteguas paraibanas
Os principais rios do estado da Paraiacuteba satildeo o rio Piranhas e o Paraiacuteba O
rio Piranhas eacute o maior rio da Paraiacuteba ele nasce na mesorregiatildeo do sertatildeo
paraibano e ldquocorrerdquo em direccedilatildeo ao Rio Grande do Norte O rio Paraiacuteba eacute
totalmente paraibano Nasce no municiacutepio de Monteiro na mesorregiatildeo da
Borborema A foz lugar onde o chega fica no municiacutepio de Cabedelo O
rio Paraiacuteba desaacutegua no oceano Atlacircntico
Represente as informaccedilotildees deste texto por meio de um mapa mental para
isto vocecirc deveraacute seguir os seguintes passos
1 Desenhar o estado da Paraiacuteba e suas quatro mesorregiotildees (Mata
paraibana Agreste paraibano Borborema e Sertatildeo paraibano)
2 Escrever o nome dos lugares que fazem limite com o estado da
Paraiacuteba (estados e o Oceano Atlacircntico)
3 Desenhar o percurso dos rios apresentados no texto (Piranhas e o
Paraiacuteba)
4 Orientar seu mapa atraveacutes da rosa dos ventos
231
APEcircNDICE VIII ndash LISTA DE CAPITAIS E ESTADOS
Universidade Federal da Paraiacuteba
Centro de Ciecircncias Exatas e da Natureza
Programa de Poacutes- graduaccedilatildeo em Geografia ndash mestrado
Pesquisador David Luiz
Escola Municipal Luacutecia de Faacutetima Gayoso Meira
Campina Grande data___________________________________
Disciplina Geografia Turma 4ordm ano
Prof _________________________________________________
Nome________________________________________________
LISTA DE ESTADOS E CAPITAIS
Estado Sigla Capital Regiatildeo
Distrito Federal DF Brasiacutelia Centro-Oeste
Goiaacutes GO Goiacircnia Centro-Oeste
Mato Grosso do Sul MS Campo Grande Centro-Oeste
Mato Grosso MT Cuiabaacute Centro-Oeste
Alagoas AL Maceioacute Nordeste
Bahia BA Salvador Nordeste
Cearaacute CE Fortaleza Nordeste
Maranhatildeo MA Satildeo Luiacutes Nordeste
Paraiacuteba PB Joatildeo Pessoa Nordeste
Pernambuco PE Recife Nordeste
Piauiacute PI Teresina Nordeste
Rio Grande do Norte RN Natal Nordeste
Sergipe SE Aracaju Nordeste
Acre AC Rio Branco Norte
Amazonas AM Manaus Norte
Amapaacute AP Macapaacute Norte
Paraacute PA Beleacutem Norte
Rondocircnia RO Porto Velho Norte
Roraima RR Boa Vista Norte
Tocantins TO Palmas Norte
Espiacuterito Santo ES Vitoacuteria Sudeste
Minas Gerais MG Belo Horizonte Sudeste
Rio de Janeiro RJ Rio de Janeiro Sudeste
Satildeo Paulo SP Satildeo Paulo Sudeste
Paranaacute PR Curitiba Sul
Rio Grande do Sul RS Porto Alegre Sul
Santa Catarina SC Florianoacutepolis Sul
232
APEcircNDICE IX ndash MAPA BRASIL REGIOtildeES
Escola Municipal Luacutecia de Faacutetima Gayoso Meira
Campina Grande ____de outubro de 2014
Professores David Luiz e Elane
Nome _________________________________________________________
233
APEcircNDICE X ndash ATIVIDADE BALEADA GEOGRAacuteFICA
Universidade Federal da Paraiacuteba
Centro de Ciecircncias Exatas e da Natureza
Programa de Poacutes- graduaccedilatildeo em Geografia ndash mestrado
Pesquisador David Luiz
Escola Municipal Luacutecia de Faacutetima Gayoso Meira
Campina Grande data___________________________________
Disciplina Geografia Turma 5ordm ano
Prof _________________________________________________
Nome________________________________________________
ATIVIDADE
Observe a foto e responda
1 Em qual dos grupos (Norte Sul Leste ou Oeste) vocecirc estava presente no dia desta
brincadeira Caso natildeo tenha participado indique um grupo que vocecirc gostaria de
participar
_______________________________________________________
2 Observe o mapa da baleada geograacutefica e responda
L
O
S N
234
A Em qual sentido a bola se direciona
_______________________________________________________
B Indique as trecircs proacuteximas direccedilotildees que a bola deveraacute tomar
1_____________________________________________________
2_____________________________________________________
3_____________________________________________________
3 Eacute um final de tarde vocecirc estaacute na rua de sua casa e natildeo tem uma buacutessola nem
tampouco um mapa como vocecirc poderia indicar os pontos cardeais (Norte Sul Leste e
Oeste) Explique
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
235
APEcircNDICE XI ndash MAPA MUDO DAS ARENAS E ESTAacuteDIOS DE FUTEBOL
Universidade Federal da Paraiacuteba
Centro de Ciecircncias Exatas e da Natureza
Programa de Poacutes- graduaccedilatildeo em Geografia ndash mestrado
Pesquisador David Luiz
Escola Municipal Luacutecia de Faacutetima Gayoso Meira
Campina Grande data___________________________________
Disciplina Geografia Turma 5ordm ano
Prof _________________________________________________
Nome________________________________________________
ATIVIDADE
Observe os mapas
Mapa 1 Estaacutedios da copa do mundo ndash Brasil 2014
Mapa 2 Capitais brasileiras onde se localizam os estaacutedios brasileiros
236
1 Quais destes estaacutedios ficam na regiatildeo Nordeste
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
2 Quais destes estaacutedios ficam na regiatildeo Centro-Oeste
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
3 Leia o texto abaixo
NEYMAR VENCE CAMAROtildeES COM GOL 100 E BRASIL PEGARAacute CHILE NAS
OITAVAS
Atacante compensa atuaccedilatildeo irregular da Seleccedilatildeo vira artilheiro da Copa vecirc fim do jejum de
Fred brilho de Fernandinho e desenha caminho do hexa
Neymar Mecacircnico Carrossel do Neymar Neymaacutequina Tiki-Neymar-Taka Haacute times que
entraram para a histoacuteria por seus estilos de jogo Essa Seleccedilatildeo poderaacute entrar para a histoacuteria por ter
Neymar Ateacute onde o Brasil chegaraacute na Copa do Mundo Ateacute onde Neymar permitir E daqui para
frente contra adversaacuterios mais poderosos exigir que o garoto leve um paiacutes nas costas eacute demais ateacute
para sua genialidade
Diante de Camarotildees e um puacuteblico de 69112 no Estaacutedio Nacional Maneacute Garrincha em Brasiacutelia
Neymar foi suficiente Ele venceu os africanos por 4 a 1 Sozinho Natildeo Luiz Gustavo se fez
gigante Felipatildeo ajudou muito ao trocar Paulinho por Fernandinho Fred voltou a marcar Mas na
hora da dificuldade do sofrimento foi o menino das mechas louras quem resolveu
Fonte Disponiacutevel em lt httpgloboesporteglobocomfutebolcopa-do-mundo gt Acesso em 01 11 15
2014 Eacute ANO DE COPA DO MUNDO DE FUTEBOL NO BRASIL
Brasiacutelia eacute uma cidade planejada localizada na regiatildeo Centro-Oeste do paiacutes que foi construiacuteda
para ser a Capital do Brasil O plano urbaniacutestico da capital conhecido como ldquoPlano Pilotordquo
foi elaborado pelo urbanista Luacutecio Costa Oscar Niemeyer foi o arquiteto
237
Considerada Patrimocircnio Mundial pela UNESCO devido ao seu conjunto arquitetocircnico e
urbaniacutestico
Com um veratildeo uacutemido e chuvoso e um inverno seco e relativamente frio com temperatura
meacutedia anual de 21ordmC
Brasiacutelia estaacute dentro do bioma Cerrado
Falando em futebol Os principais times satildeo o Brasiliense Futebol Clube e Sociedade
Esportiva do Gama
Brasiacutelia seraacute a sede que realizaraacute o jogo de Abertura da Copa de 2014
Fonte Disponiacutevel em lt httpamigasviajantescom20140313sedes-da-copa-2014braslia gt Acesso em 01
11 15
Vocecirc foi convidado por um amigo para assistir trecircs partidas de futebol em estaacutedios da regiatildeo
Nordeste e Centro-Oeste Construa um mapa com as informaccedilotildees desta viagem a partir da
silhueta do Brasil
ESTAacuteDIOS BRASILEIROS VISITADOS
238
Nome_________________________________________________________________
LEGENDA
239
ANEXOS
240
ANEXO I ndash FICHA DE ACOMPANHAMENTO DA ESCOLA MUNICIPAL LUacuteCIA
DE FAacuteTIMA GAYOSO MEIRA
Escola Municipal Luacutecia de Faacutetima Gayoso Meira
Endereccedilo
Aluno (a)______________________________________________________________
Ciclo__________________________Turno__________Semestre____________2014
Ficha de acompanhamento
Sim Natildeo Em desenvolvimento
Assiduidade e pontualidade
Interesse pelo estudo
Participaccedilatildeo nas aulas
Responsabilidade com o material escolar
Realizaccedilatildeo das tarefas de casa e classe
Expressatildeo oral
Expressatildeo escrita
Leitura
Comportamento na escola
Organizaccedilatildeo
Relacionamento com os colegas e Adultos
Respeito as regras e normas da escola
______________________________________________________________________
Assinatura do responsaacutevel
241
ANEXO II ndash TERMO DE CONSENTIMENTO
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAIBA
CENTRO DE CIEcircNCIAS EXATAS E DA NATUREZA
PROGRAMA DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO EM GEOGRAFIA
TERMO DE CONSENTIMENTO
O respeito agrave dignidade humana exige que toda pesquisa se processe apoacutes consentimento livre
e esclarecido dos sujeitos indiviacuteduos ou grupos que por si eou seus representantes legais
manifestem a sua concordacircncia agrave participaccedilatildeo Exige-se que o esclarecimento se faccedila em
linguagem acessiacutevel e que inclua os seguintes aspectos justificativa objetivos procedimentos
que seratildeo utilizados na pesquisa desconforto e riscos possiacuteveis que seratildeo utilizados na
pesquisa garantia de esclarecimentos ates e durante o curso da pesquisa sobre a
metodologia liberdade do sujeito em recusar-se a participar ou retirar seu consentimento em
qualquer fase da pesquisa sem penalidade alguma e sem prejuiacutezo ao seu cuidado garantia do
sigilo que assegure a privacidade dos sujeitos quanto aos dados confidenciais envolvidos na
pesquisa
CONSENTIMENTO DA PARTICIPACcedilAtildeO DA PESSOA COMO SUJEITO DA
PESQUISA
Vocecirc estaacute sendo convidado (a) para participar como voluntaacuterio em uma pesquisa Apoacutes ser
esclarecido (a) sobre as informaccedilotildees no caso de aceitar fazer parte do estudo assine ao final
deste documento que estaacute em duas vias Uma delas eacute sua e a outra eacute do pesquisador
responsaacutevel Em caso de recusa vocecirc natildeo seraacute penalizado de forma alguma
Eu__________________________________________________________RGnordm
____________________ CPF nordm_____________________concordo em participar do estudo
ldquoMapas mentais para o ensino de Geografia praacuteticas e reflexotildees em uma escola de
Campina Grande ndash PBrdquo como sujeito Fui devidamente informado e esclarecido pelo
pesquisador David Luiz Rodrigues de Almeida sobre a pesquisa os procedimentos nela
envolvidos assim como os possiacuteveis riscos e benefiacutecios decorrentes de minha participaccedilatildeo
242
Local e data___________________________________________________________
Nome da Escola_______________________________________________________
Assinatura do participante_______________________________________________
Assinatura do pesquisador_______________________________________________
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAIBA
CENTRO DE CIEcircNCIAS EXATAS E DA NATUREZA
DEPARTAMENTO DE GEOCIEcircNCIAS
PROGRAMA DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO EM GEOGRAFIA
DAVID LUIZ RODRIGUES DE ALMEIDA
MAPAS MENTAIS PARA O ENSINO DE GEOGRAFIA PRAacuteTICAS E
REFLEXOtildeES EM UMA ESCOLA DE CAMPINA GRANDE - PB
Dissertaccedilatildeo apresentada como requisito agrave obtenccedilatildeo do
tiacutetulo de Mestre em Geografia pelo Programa de Poacutes-
Graduaccedilatildeo em Geografia da Universidade Federal da
Paraiacuteba (PPGGUFPB) sob a orientaccedilatildeo do Professor Dr
Antonio Carlos Pinheiro
Aacuterea de Concentraccedilatildeo Territoacuterio Trabalho e Ambiente
Linha de Pesquisa Educaccedilatildeo Geograacutefica
JOAtildeO PESSOA - PB
2015
A447m Almeida David Luiz Rodrigues de Mapas mentais para o ensino de geografia praacuteticas e
reflexotildees em uma escola de Campina Grande-PB David Luiz Rodrigues de Almeida- Joatildeo Pessoa 2015
242f il Orientador Antonio Carlos Pinheiro Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - UFPBCCEN 1 Geografia - ensino 2 Cartografia escolar
3 Alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica 4 Mapas mentais 5 Ensino fundamental - anos iniciais
UFPBBC CDU 9137(043)
Aos meus avocircs paternos e padrinhos de batismo Alice Alves e Luiacutes
Laurindo (in memorian) por me ensinarem o valor do trabalho e
acreditarem no meu potencial
Dedico esta assim como as demais conquistas os meus pais Gerusa
Rodrigues e Davy Alves e a minha irmatilde Giovanna Mayda Obrigado
pela paciecircncia pelo incentivo pela forccedila e principalmente pelo
carinho
AGRADECIMENTOS
Agradeccedilo ao meu orientador professor Dr Antonio Carlos Pinheiro pelas cordiais
conversas as leituras sugeridas e correccedilotildees realizadas ao longo das etapas da pesquisa aleacutem
disso a sua amizade e auxiacutelio para a construccedilatildeo desse estudo liccedilotildees que levarei para o resto
da vida
Aos professores e alunos da (poacutes) graduaccedilatildeo em Geografia do Laboratoacuterio de Estudos
e Pesquisas em Educaccedilatildeo Geograacutefica (LEPEG) da Universidade Federal de Goiaacutes em
especial ao professor Denis Richter tutor durante minha estada em Goiacircnia e grande
motivador da pesquisa sobre os mapas mentais
Ao professor Vanilton Camilo pela acolhida em sua casa assim como agrave professora
Odiones de Faacutetima pela gentil recepccedilatildeo em terras goianas Agrave professora Rusvecircnia Luiza por
abrir a porta de sua sala de aula e permitir que aprendesse com ela as potencialidades do
ensino de Geografia nos anos iniciais do Ensino Fundamental
Sou grato tambeacutem as professoras e demais profissionais da escola Luacutecia de Faacutetima
que permitiram a efetivaccedilatildeo dessa pesquisa Aos alunos envolvidos pela alegria cordialidade
e peripeacutecias que deram outro tom as propostas nas aulas de Geografia sujeitos essenciais
desse estudo torccedilo pelo sucesso de cada um deles
Aos potiguaras Luiz Eduardo Djanniacute e Rute por me acolherem em seu apartamento
em algumas ocasiotildees de estudo pelos momentos de diversatildeo e sobretudo pela amizade
Aleacutem deles a turma do mestrado em Geografia da UFPB do ano de 2013 desde os antigos
companheiros de graduaccedilatildeo da UEPB (Jessica Lima Jamerson e Izabelle) aos mais novos
parceiros Um agradecimento especial a Mocircnica Aires ldquoMoniquinhardquo pelas conversas
aconselhamentos e sua disposiccedilatildeo em sempre ajudar
Ao Grupo de Estudos e Pesquisas em Educaccedilatildeo Geograacutefica (GEPEG) da UFPB ao
professor Marcelo de Moura exemplo de profissional e pessoa aos integrantes e amigos
Adeni Alisson as trecircs Anas (Cristina Neacuteri e Paula) David de Abreu Eliane Guibson e
Jilyane Rouse
Aos meus professores da graduaccedilatildeo e de outros momentos de estudo na UEPB
Antonio Albuquerque Arthur Valverde Angelina Maria Jackeline Joatildeo Damasceno e a
professora Josandra Arauacutejo minha primeira orientadora de pesquisa e incentivadora
Aos professores doutores da banca de qualificaccedilatildeo Rafael Straforini e Christianne
Maria que auxiliaram na identificaccedilatildeo das potencialidades e limitaccedilotildees do trabalho com suas
significativas contribuiccedilotildees
Agradeccedilo ao professor Aderson e aos companheiros da escola hulong de kung fu por
ensinar o significado das palavras respeito lealdade honestidade coragem e disciplina
Aos mais novos amigos de Campina Grande que tive o prazer de conhecer nos
uacuteltimos anos Aline Dione Erivaacutegna Gleydson Jessica Santos Mayara e Nemo Obrigado
pela companhia e amizade em especial a Daniella (Dani) por sua alegria contagiante
A minha famiacutelia ao tio Vando grande geoacutegrafo aos meus avocircs maternos Maria Leni
e Joatildeo e a nova geraccedilatildeo dos Rodrigues que aos poucos comeccedilam a seguir na vida acadecircmica
Aos meus amigos de infacircncia Adriel e Rafael agradeccedilo por compreender a minha
ausecircncia nos uacuteltimos tempos pela torcida pelo sucesso no mestrado Estamos juntos
A Capes pelo auxiacutelio financeiro concedido durante a realizaccedilatildeo desse curso А todos
vocecircs que fizeram dessa caminhada uma transiccedilatildeo mais agradaacutevel A palavra mestre nunca
faraacute justiccedila аоs professores e amigos que teratildeo os meus eternos agradecimentos
Se um homem natildeo for forte ele natildeo inspiraraacute respeito Se natildeo for
culto natildeo teraacute firmeza Lealdade e boa-feacute satildeo para ele e para os
amigos que escolhe valores fundamentais Quando erra natildeo hesita
em corrigir o erro
Confuacutecio (551 ndash 479 a C) filoacutesofo chinecircs
RESUMO
Atualmente no Brasil os anos iniciais do Ensino Fundamental eacute composto por cinco anos (1ordm
ao 5ordm ano) Isso resulta segundo a legislaccedilatildeo num maior periacuteodo para a alfabetizaccedilatildeo dos
sujeitos que desde os seis anos de idade devem ingressar na escola Muito se tecircm investido na
alfabetizaccedilatildeo da Liacutengua materna (Portuguecircs) e da Matemaacutetica para a formaccedilatildeo baacutesica dos
alunos ateacute o 3ordm ano Por outro lado pouco se tem discutido sobre a progressatildeo desta
alfabetizaccedilatildeo nos anos subsequente A presenccedila da Geografia no curriacuteculo escolar pode
auxiliar a formaccedilatildeo dos sujeitos sua leitura de mundo ao destacar a alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica
enquanto metodologia que busca pensar o espaccedilo geograacutefico desde o lugar ateacute outras escalas
espaciais Destacamos que a Cartografia Escolar que se dedica a investigar o uso dos mapas
nas praacuteticas de ensino de Geografia atribuem valor na produccedilatildeo e leitura dos mapas
realizados pelos proacuteprios alunos Este potencial eacute encontrado no uso dos mapas mentais
representaccedilotildees livres mas orientadas pelos docentes voltadas a inserccedilatildeo reflexatildeo e leituras
espaciais tratadas na escola Com base nesses apontamentos esta pesquisa objetiva investigar
as potencialidades e limitaccedilotildees do recurso mapa mental para o ensino-aprendizagem de
Geografia com alunos do 4ordm e 5ordm ano do Ensino Fundamental Para isso desenvolvemos a
nossa pesquisa na Escola Luacutecia de Faacutetima Gayoso Meira localizada na cidade de Campina
Grande ndash PB Paralelamente ao uso dos mapas mentais desenvolvemos atividades teoacutericas e
praacuteticas com a finalidade de motivar apresentar construir e refletir noccedilotildees conceituais e
habilidades com uma turma de 4ordm e outra de 5ordm ano Para realizaccedilatildeo desta pesquisa resgatamos
ainda as consideraccedilotildees da gestora escolar professoras e principalmente dos alunos
utilizando questionaacuterios e entrevistas Como resultados percebemos as leituras e
compreensotildees dos alunos em relaccedilatildeo a organizaccedilatildeo de diferentes escalas do espaccedilo
geograacutefico ora voltadas ao seu proacuteprio cotidiano ora aos conteuacutedos ministrados em sala de
aula Identificamos tambeacutem limites no que corresponde ao uso de conteuacutedos
descontextualizados e que se estes saberes natildeo estiverem relacionadas as praacuteticas cotidianas
natildeo haveraacute sentido em apreende-los o que consequentemente poderaacute resultar em retenccedilotildees ou
desmotivaccedilotildees acerca do se aprender Geografia nas escolas
Palavras- chave Ensino de Geografia Cartografia Escolar Alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica
Mapas mentais Anos Iniciais do Ensino Fundamental
ABSTRACT
Currently in Brazil the early years of primary education consists of five years (1st to 5th
grade) This results under the law a longer period for literacy of subjects from the age of six
should enter school Much has been invested in literacy Native language (Portuguese) and
mathematics for basic training of students to the 3rd year Moreover little has been discussed
about the progression of literacy in subsequent years The presence of Geography in the
school curriculum can aid the formation of the subjects their world of reading highlighting
the cartographic literacy as methodology to thinking the geographical space from the place up
other spatial scales We emphasize that the School Cartography which is dedicated to
investigate the use of maps in geography teaching practices attribute value in the production
and reading of maps made by the students themselves This potential is found in the use of
mind maps free representations but guided by teachers aimed at inclusion reflection and
spatial readings treated at school Based on these notes this research aims to investigate the
potential and limitations of the mental map resource for geography teaching and learning with
students of 4th and 5th year of elementary school For this we developed our research in the
School Lucia of Fatima Gayoso Meira in the city of Campina Grande - PB Parallel to the use
of mind maps developed theoretical and practical activities in order to motivate present build
and reflect conceptual notions and skills with a group of 4 and another 5 years For this
research also rescued the considerations of school management teachers and especially the
students using questionnaires and interviews As a result we see the readings and
understandings of the students regarding the organization of different scales of geographic
space now turned to their own daily life sometimes the contents taught in the classroom
Also identified limits corresponding to the use of decontextualized contents and that this
knowledge is not related daily practices there is no sense apprehends them which
consequently may result in withholding or discouragement about learning geography in
schools
Key words Geography Teaching School Cartography Cartographic literacy Mind maps
Years Elementary School Initials
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 - FOCOS TEMAacuteTICOS DE PESQUISAS REALIZADAS NA AacuteREA DE
GEOGRAFIA ESCOLAR (1967 ndash 2003)
35
FIGURA 2 - MAPA VIVENCIAL MAPA DOS CHEIROS 52
FIGURA 3 - MAPA MENTAL DO TRAJETO CASA-ESCOLA 53
FIGURA 4 - MAPA DE LOCALIZACcedilAtildeO DA ESCOLA 83
FIGURA 5 - FACHADA DA ESCOLA MUNICIPAL LUacuteCIA DE FAacuteTIMA
GAYOSO MEIRA
84
FIGURA 6 - MAQUETE MAPA MENTAL CANAL DAS PIABAS 98
FIGURA 7 - CANAL DAS PIABAS EM PROXIMIDADE A ESCOLA 100
FIGURA 8 - PROCESSO DE REALIZACcedilAtildeO DA MAQUETE MENTAL 101
FIGURA 9 - PERSPECTIVAS DE OBSERVACcedilAtildeO DAS FORMAS ESPACIAIS 102
FIGURA 10 - MAPA MENTAL EM PERSPECTIVA VERTICAL REALIZADO
PELO ALUNO 04
105
FIGURA 11 - MAPA MENTAL EM PERSPECTIVA LATERAL REALIZADO
PELO ALUNO 05
111
FIGURA 12 - MAPA MENTAL DO ALUNO 14 COM DESTAQUE A ELEMENTOS
SINCRETICOS
110
FIGURA 13 - USO DAS TOPONIMIAS PELO ALUNO 01 114
FIGURA 14 - USO DE TOPONIMIAS PELO ALUNO 03 115
FIGURA 15 - MAPA MENTAL E A LOCALIZACcedilAtildeO DOS BAIRROS DECAMPINA
GRANDE PELO ALUNO 10
118
FIGURA 16 - MAPA MUDO REALIZADO BRASIL (REGIAtildeO NORDESTE)
REALIZADO PELO ALUNO 07
122
FIGURA 17 - MAPA MUDO DAS MESSOREGIOtildeES DA PARAIacuteBA REALIZADO
PELO ALUNO 01
122
FIGURA 18 - PERCEPCcedilAtildeO SEQUENCIAL DAS MESORREGIOtildeES
GEOGRAacuteFICAS DO ALUNO 08
126
FIGURA 19 - PERCEPCcedilAtildeO CIRCULAR DAS MESORREGIOtildeES GEOGRAacuteFICAS
DO ALUNO 03
127
FIGURA 20 - USO DAS TOPONIacuteMIAS NA CONSTRUCcedilAtildeO DAS MESORREGIOtildeES
DA PARAIacuteBA DO ALUNO 11
130
FIGURA 21 - ORIENTACcedilAtildeO E LOCALIZACcedilAtildeO DAS MESSOREGIOtildeES DA
PARAacuteIBA ALUNO 15
133
FIGURA 22 - USO INDISCRIMINADO DA ESCALA GEOGRAacuteFICA ALUNO 09 136
FIGURA 23 - MAPA MUDO DAS REGIOtildeES DO BRASIL REALIZADO PELO
ALUNO 29
139
FIGURA 24 - DESENVOLVIMENTO DA ATIVIDADE LUacuteDICA BALEADA
GEOGRAacuteFICA
141
FIGURA 25 - PARAcircMETROS PARA ANAacuteLISE DAS SILHUETAS DOS MAPAS
MENTAIS
143
FIGURA 26 - MAPA MENTAL EM FORMATO PROacuteXIMO A REPRESENTACcedilAtildeO
TRADICIONAL DO BRASIL DO ALUNO 41
146
FIGURA 27 - MAPA MENTAL EM FORMA DE BALAtildeO ALUNO 39 147
FIGURA 28 - MAPA MENTAL EM FORMA DE TRIAcircNGULO ALUNO 25 148
FIGURA 29 - APRESENTACcedilAtildeO DAS INFORMACcedilOtildeES EM FORMA DE
LEGENDA ALUNO 48
150
FIGURA 30 - MAPA MENTAL DO ALUNO 24 DESTAQUE AO EXCESSO DE
TOPONIMIAS
152
FIGURA 31 - MAPA MENTAL DO ALUNO 38 DESTAQUE A EXPRESSAtildeO
SINCREacuteTICA
153
FIGURA 32 - MAPA MENTAL DO ALUNO 22 COM DESTAQUE A
LOCALIZACcedilAtildeO DA REGIAtildeO NORTE DO BRASIL
155
FIGURA 33 - MAPA MENTAL DO ALUNO 29 COM DISTORCcedilOtildeES
RELACIONADAS A LOCALIZACcedilAtildeO E ORIENTACcedilAtildeO ESPACIAL
157
FIGURA 34 - MAPA MENTAL DO ALUNO 42 DESTAQUE A LEGIBILIDADE DA
LOCALIZACcedilAtildeO E ORIENTACcedilAtildeO ESPACIAL
158
FIGURA 35 -
MAPA MENTAL DO ALUNO 43 PROBLEMAS NA SELECcedilAtildeO DA
ESCALA GEOGRAFICA
161
FIGURA 36 - MAPA MENTAL DO ALUNO 46 COM DESTAQUE A ESCALA
GEOGRAFICA DAS REGIOtildeES BRASILEIRAS
163
FIGURA 37 - MAPA MUDO DOS ESTAacuteDIOS BRASILEIRO VISITADO
REALIZADO PELO ALUNO 39
166
FIGURA 38 - MAPA MENTAL COM SILHUETA PROacuteXIMA AO DO BRASIL
(GRUPO 7)
170
FIGURA 39 - COMPARACcedilAtildeO ENTRE MAPA EXISTENTE E MAPA MENTAL
(GRUPO 05)
172
FIGURA 40 - MAPA MENTAL COM A UTILIZACcedilAtildeO DE IacuteCONES (GRUPO 10) 175
FIGURA 41 - ARTICULACcedilAtildeO DO USO DE TOPONIacuteMIAS COM A
APRESENTACcedilAtildeO DE IacuteCONES (GRUPO 3)
177
FIGURA 42 - MAPA MENTAL COM DESTAQUE NA ORIENTACcedilAtildeO E
LOCALIZACcedilAtildeO ESPACIAL DA REGIAtildeO CENTRO-OESTE
(GRUPO 6)
179
FIGURA 43 - MAPA MENTAL NA ESCALA GEOGRAacuteFICA BRASIL (GRUPO 4) 183
FIGURA 44 - RELACcedilAtildeO DE ENSINO E APRENDIZAGEM NA ESCOLA 192
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 - ESTRUTURA DA EDUCACcedilAtildeO BAacuteSICA NO BRASIL 26
TABELA 2 - MAPAS MENTAIS PRODUZIDOS DURANTE A PESQUISA 89
TABELA 3 - PERSPECTIVAS ESPACIAIS APRESENTADAS NOS MAPAS
MENTAIS
104
TABELA 4 - USO DAS TOPONIacuteMIAS NOS MAPAS MENTAIS 111
TABELA 5 - RANKING DAS TOPONIacuteMIAS RELACIONADOS AOS BAIRROS DE
CAMPINA GRANDE
111
TABELA 6 - ESCALA GEOGRAacuteFICA EM DESTAQUE NOS MAPAS MENTAIS 119
TABELA 7 - OCORREcircNCIA DAS TOPONIacuteMIAS EXPRESSAS NOS MAPAS
MENTAIS
128
TABELA 8 - OCORREcircNCIA DA UTILIZACcedilAtildeO DA ROSA DOS VENTOS NOS
MAPAS MENTAIS
132
TABELA 9 - ESCALA GEOGRAacuteFICA EM DESTAQUE NOS MAPAS MENTAIS 134
TABELA 10 - PERCEPCcedilOtildeES DA FORMA DO BRASIL DESTACADO NOS MAPAS
MENTAIS
143
TABELA 11 - COEREcircNCIA DAS TOPONIacuteMIAS EXPRESSAS NOS MAPAS
MENTAIS
149
TABELA 12 - NIacuteVEL CORRESPONDENTE Agrave LOCALIZACcedilAtildeO ESPACIAL 154
TABELA 13 - ESCALAS ENCONTRADAS NOS MAPAS MENTAIS 159
TABELA 14 - PERCEPCcedilOtildeES DA FORMA DO BRASIL DESTACADO NOS MAPAS
MENTAIS
168
TABELA 15 - NUacuteMERO DE OCORREcircNCIA DE TOPONIacuteMIAS 173
TABELA 16 - LOCALIZACcedilAtildeO DOS ELEMENTOS ENCONTRADOS NOS MAPAS
MENTAIS
178
LISTA DE QUADROS
QUADRO 1 - OPERACcedilOtildeES MENTAIS PARA O DESENVOLVIMENTO DA
LEITURA DE MAPAS
40
QUADRO 2 - AS NOCcedilOtildeES COMO PROCESSO DE FORMACcedilAtildeO DOS
CONCEITOS CIENTIacuteFICOS
63
QUADRO 3 - HABILIDADES PARA O DESENVOLVIMENTO DOS MAPAS
MENTAIS
91
QUADRO 4 - PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAtildeO CARTOGRAacuteFICA POR MEIO
DOS MAPAS MENTAIS
93
QUADRO 5 - SIacuteNTESE DO TEXTO SOBRE O CANAL DAS PIABAS 99
QUADRO 6 - ORDEM DAS TOPONIacuteMIAS ENCONTRADAS NOS MAPAS
MENTAIS
131
QUADRO 7 - SIacuteNTESE DOS DADOS ENCONTRADOS NOS MAPAS 165
QUADRO 8 - PROPOSTA DAS OFICINAS PEDAGOGICAS PARA CONSTRUCcedilAtildeO
DE NOCcedilOtildeES E HABILIDADES
188
QUADRO 9 - GRAacuteFICO DAS NOCcedilOtildeES GEOGRAacuteFICAS ANALISADAS NOS
MAPAS MENTAIS
189
QUADRO 10 - GRAacuteFICO DAS HABILIDADES DESTACADAS PARA O
DESENVOLVIMENTO DOS MAPAS MENTAIS
190
LISTA DE SIGLAS
CEB Cacircmara de Educaccedilatildeo Baacutesica
CNE Conselho Nacional de Educaccedilatildeo
EF Ensino Fundamental
GO Estado de Goiaacutes
LDB Lei de Diretrizes e Bases
PCN Paracircmetros Curriculares Nacionais
PB Estado da Paraiacuteba
PNAIC Plano Nacional de Educaccedilatildeo na Idade Certa
UFG Universidade Federal de Goiaacutes
UEPB Universidade Estadual da Paraiacuteba
UFPB Universidade Federal da Paraiacuteba
SUMAacuteRIO
INTRODUCcedilAtildeO 18
1 LEITURAS GEOGRAacuteFICAS DE MUNDO HISTOacuteRIAS DE
ALFABETIZACcedilAtildeO CARTOGRAacuteFICA
24
11 SISTEMA EDUCATIVO E ANOS INICIAIS DO ENSINO
FUNDAMENTAL
24
12 GEOGRAFIA NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL 27
13 CARTOGRAFIA ESCOLAR E SEUS CONTEXTOS NO ENSINO DE
GEOGRAFIA
34
131 As propostas de Piaget voltada a Cartografia Escolar 37
14 A CARTOGRAFIA ESCOLAR E OUTRAS INTERPRETACcedilOtildeES PARA O
CONHECIMENTO DO ESPACcedilO
42
141 Percursos dos Mapas Mentais e suas praacuteticas na Educaccedilatildeo Geograacutefica 48
142 Os mapa mentais no ensino-aprendizagem de Geografia 50
2 ITINERAacuteRIO DA PESQUISA E SEUS ENCAMINHAMENTOS
METODOLOacuteGICOS
69
21 CARACTERIZACcedilAtildeO DA METODOLOGIA DA PESQUISA 71
22 PROCEDIMENTOS DA PESQUISA 76
221 Referenciais teoacuterico-metodoloacutegicos 76
222 Instrumentos de Pesquisa 77
223 Os espaccedilos e os sujeitos da pesquisa 81
23 A ANAacuteLISE DOS RESULTADOS 88
231 Da totalidade dos mapas mentais 88
24 AS HABILIDADES E CATEGORIAS DE ANAacuteLISE SELECIONADAS
PARA A PESQUISA
90
241 As categorias de anaacutelise dos mapas mentais 92
3 PROPOSTAS E PRAacuteTICAS ESCOLARES ANAacuteLISES DOS MAPAS
MENTAIS COM OS ALUNOS DO 4ordm ANO
96
31 OFICINA 1 A MAQUETE MENTAL PRAacuteTICA COLETIVA DO
ENSINO-APRENDIZAGEM EM GEOGRAFIA
96
32 MAPA MENTAL 1 CANAL DAS PIABAS 102
33 OFICINA 2 PRAacuteTICAS COM MAPA MUDO (RE) CONSTRUINDO O
MAPA MENTAL DA PARAIacuteBA
120
34 MAPA MENTAL 2 MESORREGIOtildeES DA PARAIacuteBA 123
4 PROPOSTAS E PRAacuteTICAS ESCOLARES ANAacuteLISES DOS MAPAS
MENTAIS COM OS ALUNOS DO 5ordm ANO
137
41 OFICINA 1 USO DOS MAPAS MUDOS E A ldquoBALEADA
GEOGRAacuteFICArdquo NOCcedilOtildeES PRAacuteTICAS E TEOacuteRICAS DE GEOGRAFIA
138
42 MAPA MENTAL 1 MAPA DA MINHA VIDA 142
43 OFICINA 2 MAPA MUDO DA REGIAtildeO CENTRO-OESTE UMA
PROPOSTA DE APROXIMACcedilAtildeO
164
44 MAPA MENTAL 2 MAPA DA REGIAtildeO CENTRO-OESTE 168
5 MAPAS MENTAIS E SUAS POTENCIALIDADES E LIMITACcedilOtildeES
PARA O ENSINO DE GEOGRAFIA
184
51 O PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM DE GEOGRAFIA 184
52 PROPOSTAS DAS OFICINAS O LUacuteDICO E SUAS INTERVENCcedilOtildeES
PARA CONSTRUCcedilAtildeO DOS SABERES
187
53 DOS MAPAS MENTAIS UTILIZADOS EM SALA DE AULA 190
6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 198
REFEREcircNCIAS 202
APEcircNDICES 207
APEcircNDICE I - JORNAL DE PESQUISA 208
APEcircNDICE II ndash QUESTIONAacuteRIO DE PERGUNTAS PARA PROFESSORES 222
APEcircNDICE III ndash PRANCHA PARA MAPA MENTAL 225
APEcircNDICE IV ndash TEXTO CANAL DAS PIABAS 226
APEcircNDICE V ndash MAPA MUDO DA REGIAtildeO NORDESTE 228
APEcircNDICE VI ndash MAPA MUDO DAS MESORREGIOtildeES DA PARAIacuteBA 229
APEcircNDICE VII ndash QUESTOtildeES DA PROVA 230
APEcircNDICE VIII ndash LISTA DE CAPITAIS E ESTADOS 231
APEcircNDICE IX ndash MAPA BRASIL REGIOtildeES 232
APEcircNDICE X ndash ATIVIDADE BALEADA GEOGRAacuteFICA 233
APEcircNDICE XI ndash MAPA MUDO DAS ARENAS E ESTAacuteDIOS DE FUTEBOL 235
ANEXOS 239
ANEXO I ndash FICHA DE ACOMPANHAMENTO DA ESCOLA MUNICIPAL
LUacuteCIA DE FAacuteTIMA GAYOSO MEIRA
240
ANEXO II ndash TERMO DE CONSENTIMENTO 241
18
INTRODUCcedilAtildeO
Para realizar uma pesquisa acadecircmica acredito na necessidade das justificativas
planejamento encaminhamentos obstaacuteculos que potildeem agrave prova a investigaccedilatildeo cientiacutefica
Eacute relevante expor algumas questotildees relacionadas ao percurso do desenvolvimento desta
dissertaccedilatildeo situando o leitor a respeito dos contextos e acontecimentos que levaram a
realizaccedilatildeo desta pesquisa
Meu primeiro contato com os anos iniciais do Ensino Fundamental ocorreu
enquanto professor de atividades luacutedicas (jogo de xadrez) em uma escola municipal por
meio do Programa Mais Educaccedilatildeo no ano de 2010 Nesta eacutepoca se iniciava a construccedilatildeo
de uma agenda de educaccedilatildeo integral nas escolas municipais e estaduais de Campina
Grande ndash PB
Soma-se a esta experiecircncia as atividades desenvolvidas no curso de licenciatura
em Geografia na Universidade Estadual da Paraiacuteba - UEPB campus Campina Grande
No ano de 2011 fui convidado pela Professora Doutora Josandra Arauacutejo Barreto de
Melo a participar de um projeto voltado a formaccedilatildeo de alunos do magisteacuterio na escola
Normal em Campina Grande mediante o uso de recursos geotecnoloacutegicos novas
tecnologias (sites e ou softwares) relacionadas a geociecircncias ou correlatas que auxiliam
estudar a estrutura do espaccedilo geograacutefico
Naquela eacutepoca os estudantes estavam em processo de formaccedilatildeo docente para
ministrar aulas na Educaccedilatildeo Infantil e anos iniciais do Ensino Fundamental Entre as
dificuldades encontradas estava agrave compreensatildeo de conceitos e das propostas do recurso
geotecnoloacutegico para o ensino de Geografia
Diante destes resultados decido organizar uma investigaccedilatildeo sobre o uso do
recurso geotecnoloacutegico para o ensino-aprendizagem de Geografia com alunos dos anos
iniciais do Ensino Fundamental particularmente o 5ordm ano no trabalho de conclusatildeo de
curso Trabalhamos com fotografias desenhos e construccedilatildeo de mapas digitais e
impressos Como resultado foi observado dificuldades no desenvolvimento e leitura dos
recursos cartograacuteficos pelos alunos e a sua pouca utilizaccedilatildeo nas aulas de Geografia
Com o teacutermino da graduaccedilatildeo apresento ao Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em
Geografia da Universidade Federal da Paraiacuteba - UFPB um projeto sobre a importacircncia
da Cartografia Escolar nos anos iniciais do Ensino Fundamental visto que o trabalho
da graduaccedilatildeo demonstrava a necessidade em avanccedilar nessa perspectiva e articulaacute-lo ao
desenvolvimento do ensino de Geografia
19
Ao ingressar no programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Geografia jaacute havia o interesse
em realizar uma pesquisa relacionada agrave Cartografia Escolar entretanto a possibilidade
do uso do mapa mental foi apresentada pelo Professor Doutor Antonio Carlos Pinheiro
orientador deste estudo
Senti-me interessado e sobretudo desafiado em estudar este recurso
aparentemente mais acessiacutevel a alunos e professores O processo de ensino-
aprendizagem de Geografia mediada pelo uso de recursos cartograacuteficos com alunos dos
anos iniciais do Ensino Fundamental o modo como fazemos o meacutetodo de pesquisa
nossa metodologia de trabalho muda consideravelmente Novos dados informaccedilotildees e
experiecircncias de pesquisa possibilitam (re) pensar estrateacutegias para a utilizaccedilatildeo dos mapas
mentais
Durante os anos de 2013 a 2014 realizamos diferentes pesquisas-piloto com
alunos dos anos iniciais principalmente no 5ordm ano tanto na Paraiacuteba como em Goiaacutes no
Coleacutegio de Aplicaccedilatildeo da Universidade Federal de Goiaacutes (UFG) Aleacutem disso houveram
experiecircncias de estaacutegio supervisionado no curso de Pedagogia da UFPB e propostas de
oficinas realizadas com estudantes do curso de Geografia a soma de todos estes
exerciacutecios resultou na produccedilatildeo de 128 mapas mentais
Com base nestas informaccedilotildees esclarecemos que as pesquisas supracitadas
viabilizaram o estudo realizado na Escola Municipal Luacutecia de Faacutetima Gayoso Meira
situado no bairro Lauritzen na cidade de Campina Grande - PB no ano de 2014 O
puacuteblico alvo foram estudantes do 4ordm e 5ordm ano do periacuteodo vespertino a caracterizaccedilatildeo da
escola estudada e dos sujeitos da pesquisa seraacute apresentada mais nitidamente no
segundo capiacutetulo
Esclarecemos que os anos iniciais do Ensino Fundamental correspondem a uma
nova nomenclatura o qual altera o termo seacuteries para anos conforme a Resoluccedilatildeo nordm 3
de 3 de agosto de 2005 do Conselho Nacional de Educaccedilatildeo (CNE) A medida
aumentou o periacuteodo de formaccedilatildeo para as crianccedilas e adolescentes que conforme o art 32
da Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional (LDB) constitui o Ensino
Fundamental obrigatoacuterio de nove anos a partir dos seis anos de idade Com o acreacutescimo
de mais um ano nesta primeira fase do Ensino fundamental podemos dividi-la em dois
ciclos o I ciclo ou ldquociclo da infacircnciardquo (1ordm ao 3ordm ano) e o II ciclo (4ordm e 5ordm ano)
Na atualidade haacute uma crescente preocupaccedilatildeo com a alfabetizaccedilatildeo da Liacutengua
portuguesa e da Matemaacutetica principalmente atraveacutes do Pacto Nacional pela
Alfabetizaccedilatildeo na Idade Certa em todo territoacuterio brasileiro A intenccedilatildeo eacute assegurar a
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todos os alunos ateacute os oito anos final do 3ordm ano uma alfabetizaccedilatildeo de qualidade Mas
acreditamos que nesta fase eacute possiacutevel uma alfabetizaccedilatildeo que evidencie a disciplina
escolar de Geografia
Autores como a Callai (2005) Lessan (2011) e Castrogiovanni amp Costella
(2006) apontam outro tipo de alfabetizaccedilatildeo tambeacutem necessaacuteria a formaccedilatildeo dos sujeitos
como a cartograacutefica Acreditamos que o mundo pode ser lido de diferentes formas entre
elas por intermeacutedio da linguagem cartograacutefica Seu potencial estaacute presente no uso de
mapas em livros didaacuteticos atlas escolar mapas murais maquetes globos terrestres
encontrados nas escolas e satildeo importantes enquanto portadores de uma educaccedilatildeo visual
do espaccedilo geograacutefico
Natildeo se trata de um tema inexplorado tampouco desconhecido no campo da
Geografia As pesquisas relacionadas agrave Cartografia Escolar campo consolidado no
ensino de Geografia investiga o uso da Cartografia para escolares Elas comeccedilam com
as pesquisas de Oliveira (1978) realizada a mais de 30 anos Na eacutepoca a autora jaacute
apresentava algumas criacuteticas relacionadas aos procedimentos do uso de mapas em sala
de aula
Os procedimentos didaacuteticos enfatizavam a coacutepia mecacircnica e a leitura dos
recursos cartograacuteficos geralmente em uma linguagem mais simplificada um recurso
visual quando comparado aos mapas utilizados pelos adultos com suas escalas
simbologias e convenccedilotildees cartograacuteficas Natildeo consideravam a perspectiva cognitiva de
aprendizagem das crianccedilas desenvolvida por Jean Piaget e seus colaboradores e
consequentemente o desenvolvimento mental da noccedilatildeo de espaccedilo (OLIVEIRA 1978)
Em sucessatildeo a esta pesquisa estudiosos sobre a questatildeo da Cartografia Escolar
como Passini (2012) observaram a necessidade de uma accedilatildeo didaacutetica uma proposta
metodoloacutegica procedimental para o estudo do mapa neste aspecto eacute visado agrave
alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica como uma metodologia que possibilita a construccedilatildeo de
conhecimentos procedimentais habilidades e conceitos que agrega significado a leitura
de mundo do aluno
Os estudos de Almeida amp Passini (2010) Castellar (2000) Lessan (2011) entre
outros enfatizam o uso da alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica afirmando a necessidade da
contextualizaccedilatildeo dos conteuacutedos de Geografia para o desenvolvimento de competecircncias
o aprender a apreender a mobilizar as habilidades como verbalizar observar registrar
ler comparar localizar e entender e ainda outras como a persuadir comunicar criar
trabalhar em equipe refletir e interagir
21
Apostando no potencial da alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica enquanto uma continuaccedilatildeo
para o processo de ldquoleitura de mundordquo fundamentado por Callai (2005) privilegiamos
o desenvolvimento da produccedilatildeo cartograacutefica a proacuteprio punho com o mapa mental O
mapa eacute uma linguagem de comunicaccedilatildeo utilizada ao longo da histoacuteria por remotas
comunidades e grupos humanos onde se identifica o uso da representaccedilatildeo espacial
(TEIXEIRA 2001 GIRARDI 2005)
Quais as principais dificuldades com o trabalho do uso dos mapas existentes
baseados em uma concepccedilatildeo cartesiana nas salas de aula Os alunos ldquonatildeo gostamrdquo de
mapas acham complicados porque tecircm latitudes longitudes orientaccedilatildeo da rosa dos
ventos escala numeacuterica escala graacutefica matemaacutetica Quando o mapa se livra deste
rigor cientiacutefico o aluno comeccedila a ver o mapa como algo mais proacuteximo dele que pode
ser construiacutedo realizado a partir dos seus conhecimentos embora natildeo deva se restringir
a eles
As discussotildees estabelecidas por Teixeira (2001) indicam as particularidades da
percepccedilatildeo estabelecida por cada indiviacuteduo Enfatiza poreacutem que estas representaccedilotildees
baseadas na realidade ou idealizadas advecircm do campo do simboacutelico da apreensatildeo dos
significados que em muitos casos natildeo satildeo decifrados pela razatildeo As imagens espaciais
satildeo construiacutedas neste processo e foram denominados por mapas cognitivos mapas
conceituais e atualmente mapas mentais
Quando recorremos ao uso destes mapas mentais enquanto recurso didaacutetico para
o ensino de Geografia Richter (2010 p 27) esclarece que ele
[] eacute analisado como um recurso que permite a construccedilatildeo de uma expressatildeo
graacutefica mais livre tendo a perspectiva de que o estudante possa transpor para
esta representaccedilatildeo espacial os conteuacutedos geograacuteficos aprendidos ao longo da
educaccedilatildeo baacutesica Assim aleacutem de utilizar a fala a escrita a imagem ou o
proacuteprio mapa convencional tradicional o aluno teraacute a oportunidade de
apresentar num mapa mental suas interpretaccedilotildees a respeito de um
determinado lugar provenientes de leituras mais cientiacuteficas da realidade
Ao realizarmos nossas experiecircncias com as pesquisas-piloto desenvolvemos a
seguinte hipoacutetese o mapa mental pode auxiliar os alunos a desenvolver natildeo apenas uma
representaccedilatildeo do espaccedilo geograacutefico mas uma habilidade consciente do ato de mapear
aleacutem de uma leitura de mundo que desenvolva a compreensatildeo e reconhecimento do
aluno como sujeito soacutecio-histoacuterico e cultural
Estudamos propostas metodoloacutegicas que possibilitem a aprendizagem de
Geografia Aprendizagem que consideramos aqui como sinocircnimo da capacidade do
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ensinar-apreender entre os sujeitos baseado no diaacutelogo que estabelece a relaccedilatildeo entre os
conhecimentos cientiacuteficos e cotidianos como considera Vigotski (1998) e Bakhtin
(2012) Pensamos que aleacutem da aquisiccedilatildeo do conhecimento e habilidades os mapas
mentais possibilitam construir atitudes e valores virtudes assentadas na solidariedade
humana e toleracircncia ao proacuteximo constituindo sua identidade e a formaccedilatildeo da cidadania
Entendemos que a proposta da pesquisa eacute auxiliar o trabalho de professores na
praacutetica da docecircncia enfatizando a importacircncia dos conhecimentos geograacuteficos
construiacutedos pelos alunos dos anos iniciais do Ensino Fundamental consequentemente a
proposta auxilia o trabalho dos professores de Geografia que acolhem estes alunos nos
anos subsequentes a partir do 6ordm ano anos finais do Ensino Fundamental
Com base nessas ideias temos como principal objetivo investigar as
potencialidades e limitaccedilotildees do recurso mapa mental para o ensino-aprendizagem de
Geografia com alunos do 4ordm e 5ordm ano dos anos iniciais do Ensino Fundamental Nossos
objetivos especiacuteficos satildeo
Diagnosticar as dificuldades referentes ao domiacutenio de habilidades e noccedilotildees
cartograacuteficas dos alunos dos anos iniciais do Ensino Fundamental realizando
uma anaacutelise dessas dificuldades
Pesquisar o mapa mental mediante situaccedilotildees de ensino-aprendizagem que
conduzam a reflexatildeo sobre a espacialidade
Apresentar atividades que permitam desenvolver habilidades e noccedilotildees
conceituais para os alunos atraveacutes do desenvolvimento de mapas mentais e que
possam auxiliar as aulas de Geografia dos professores dos anos iniciais do
Ensino Fundamental
Propor orientaccedilotildees que auxiliem o professor desta fase a trabalharem com os
mapas mentais junto ao puacuteblico dos anos iniciais do Ensino Fundamental
Ao realizarmos nossos experimentos observamos a dificuldade em representar o
espaccedilo geograacutefico considerando elementos como agrave perspectiva do acircngulo de visatildeo
orientaccedilatildeo e localizaccedilatildeo espacial por exemplo Em virtude disso criamos estrateacutegias
metodoloacutegicas recursos de apoio e categorias de anaacutelise as quais consideramos
importantes para o processo de alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica Com a intenccedilatildeo de atingir os
objetivos propostos estruturamos essa pesquisa em cinco capiacutetulos
O primeiro capiacutetulo intitulado ldquoLeituras geograacuteficas de mundo histoacuterias de
alfabetizaccedilatildeo cartograacuteficardquo trata da pertinecircncia do ensino de Geografia nos anos
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iniciais do Ensino Fundamental indica os principais avanccedilos sobre a alfabetizaccedilatildeo e de
sua relaccedilatildeo com a Cartografia Escolar Procura aleacutem disso apresentar o surgimento das
praacuteticas com os mapas mentais e algumas propostas relacionadas ao seu uso para a
pesquisa e ensino da Geografia
O segundo capiacutetulo ldquoItineraacuterio da pesquisa e seus encaminhamentos
metodoloacutegicosrdquo esclarece os procedimentos para a realizaccedilatildeo da pesquisa ressaltando
sua metodologia (de caraacuteter qualitativo) caracterizando os espaccedilos e sujeitos da
pesquisa Apontamos ainda nossa revisatildeo bibliograacutefica para a construccedilatildeo da dissertaccedilatildeo
e os instrumentos para realizaccedilatildeo da pesquisa
No terceiro capiacutetulo ldquoPropostas e praacuteticas escolares anaacutelises dos mapas
mentais com os alunos do 4ordm anordquo e no quarto capiacutetulo ldquoPropostas e praacuteticas
escolares anaacutelises dos mapas mentais com os alunos do 5ordm anordquo satildeo apresentadas e
analisadas as praacuteticas desenvolvidas em forma de oficinas pedagoacutegicas e os mapas
mentais utilizados em cada uma das turmas Procuramos discutir a importacircncia do
ensino de Geografia e quais as relaccedilotildees encontradas na construccedilatildeo das representaccedilotildees
dos alunos
O quinto capiacutetulo ldquoMapas mentais e suas potencialidades e limitaccedilotildees para o
ensino de Geografiardquo analisamos as entrevistas efetivadas com os alunos do 4ordm e 5ordm
ano e a apresentaccedilatildeo da resposta dos questionaacuterios respondidos pelas professoras que
expotildeem suas concepccedilotildees sobre o uso dos mapas mentais e das oficinas para as
propostas de ensino de Geografia
24
1 LEITURAS GEOGRAacuteFICAS DE MUNDO HISTOacuteRIAS DE
ALFABETIZACcedilAtildeO CARTOGRAacuteFICA
Este capiacutetulo estaacute dedicado agrave compreensatildeo sobre o que se entende atualmente
por anos iniciais do Ensino Fundamental (EF) para isso recorremos agraves leis que
alicerccedilam o sistema educativo no Brasil Prosseguimos com a apresentaccedilatildeo do ensino de
Geografia e sua importacircncia nos primeiros anos de escolarizaccedilatildeo
Em seguida o leitor eacute convidado a entender os contextos que influenciaram a
criaccedilatildeo do eixo de pesquisa e estudo chamado de Cartografia Escolar aleacutem disso suas
contribuiccedilotildees para a alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica e leitura de mundo dos alunos Mediante
estes apontamentos apresentamos recentes praacuteticas escolares que destacam o uso dos
mapas mentais enquanto um recurso didaacutetico que pode auxiliar as praacuteticas de ensino-
aprendizagem de Geografia
11 SISTEMA EDUCATIVO E ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL
Atualmente no Brasil a escolarizaccedilatildeo eacute obrigatoacuteria a partir dos seis anos de
idade O curriacuteculo escolar estaacute organizado em nove anos natildeo mais em oito seacuteries
Mudanccedilas no sistema educativo ocorrem desde 1930 quando se pensou pela primeira
vez um programa de poliacutetica educacional para o Brasil legitimado pela nova
Constituiccedilatildeo Federal do Brasil (1934)1 Mudanccedilas significativas para a compreensatildeo do
atual Ensino Fundamental ocorreram nas uacuteltimas deacutecadas as quais satildeo destacadas
Lei nordm 4024 de 20 de dezembro de 19612ndash estabeleceu quatro anos de Ensino
Fundamental
Lei nordm 5692 de 11 de agosto de 19713 - obrigatoriedade do Ensino Fundamental
de oito anos que ficou conhecido como 1ordm e 2ordm grau e posteriormente como
Ensino Fundamental I e II e
Art 32 da LDB (1996) firmada pela resoluccedilatildeo CNE CEB nordm de 0308 2005
oferece o Ensino Fundamental gratuito e obrigatoacuterio com duraccedilatildeo de nove anos
1Mais informaccedilotildees disponiacuteveis em
httpportalmecgovbroption=com_contentampview=articleampid=2ampItemid=171gt acesso em 22 01
2014 2 Disponiacutevel em httpwwwplanaltogovbrccivil_03leisl4024htmgt acesso em 22 01 2014 3 Disponiacutevel em httpwww010dataprevgovbrsislexpaginas4219715692htmgt acesso em 22 01
2014
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caracterizado por duas etapas anos iniciais do EF (1ordm ao 5ordm ano) e anos finais
do EF (6ordm ao 9ordm ano)
No seacuteculo XXI o sistema de ensino brasileiro tem como uma das preocupaccedilotildees
o mundo do trabalho e a praacutetica social4 A escolarizaccedilatildeo divide-se em duas etapas
Educaccedilatildeo Baacutesica ndash formada pela Educaccedilatildeo Infantil Ensino Fundamental e Ensino
Meacutedio ndash e Educaccedilatildeo Superior como consta na Lei de Diretrizes e Bases ndash LDB (1996)
nordm 9394 art 21 inciso I e II
De acordo com a LDB (1996) eacute evidente que o conhecimento dos discentes eacute
construiacutedo ao longo do tempo escolar durante a Educaccedilatildeo Baacutesica e possivelmente no
decorrer da Educaccedilatildeo Superior Ao ingressar nos anos iniciais do EF a crianccedila pode ter
passado ou natildeo por uma creche e ou uma escola de Ensino Infantil visto que natildeo satildeo
obrigatoacuterios para formaccedilatildeo escolar brasileira5 Qualquer que seja o caso o aluno possui
conhecimentos e desenvolveu algumas habilidades antes de iniciar os anos iniciais do
EF seja na Educaccedilatildeo Infantil ou junto agrave famiacutelia
Um dos avanccedilos mais recentes na compreensatildeo do iniacutecio do processo de
escolarizaccedilatildeo foi aumentar um ano letivo nos anos iniciais do EF Segundo o
documento ldquoEnsino Fundamental de nove anos passo a passo do processo de
ampliaccedilatildeordquo (BRASIL 2009 p 05) a justificativa para esse aumento no Ensino
Fundamental eacute relativa a trecircs objetivos
a) Melhorar as condiccedilotildees de equidade e de qualidade da Educaccedilatildeo Baacutesica
b) Estruturar um novo ensino fundamental para que as crianccedilas prossigam
nos estudos alcanccedilando maior niacutevel de escolaridade
c) Assegurar que ingressando mais cedo no sistema de ensino as crianccedilas
tenham um tempo mais longo para as aprendizagens da alfabetizaccedilatildeo e
do letramento (BRASIL 2009 p 05)
A primeira observaccedilatildeo a respeito dos trecircs objetivos expostos eacute considerar que a
equidade ou seja a idade correspondente para cada ano escolar esteja em acordo com
proposta da Resoluccedilatildeo CNE CEB nordm 3 03082005 evitando a retenccedilatildeo (reprovaccedilatildeo) do
aluno nos anos iniciais do EF O parecer CNECEB ndeg 7 de 09072007 explica que a
duraccedilatildeo do Ensino Fundamental de nove anos necessita ser pensada pelos educadores
como uma fase de adequaccedilatildeo do Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico para a busca do sucesso
4 Lei 9 394 de 20 de dezembro de 1996 Art 1ordm sect 2ordm 5Segundo a Seccedilatildeo II ldquoDa Educaccedilatildeo Infantilrdquo da LDB arts 29 a 30 eacute garantido pelo municiacutepio a primeira
etapa da educaccedilatildeo baacutesica natildeo obrigatoacuteria para crianccedilas de quatro a seis anos de idade A fase da
educaccedilatildeo infantil natildeo eacute constituiacuteda por uma avaliaccedilatildeo com objetivos de promoccedilatildeo mas do
desenvolvimento fiacutesico psicoloacutegico intelectual e social como consta na lei (BRASIL 2010)
26
escolar dito isso o mesmo documento aponta que reter o aluno durante os anos iniciais
do EF pode resultar na ideia de retrocesso fracasso escolar e gerar desistecircncias por
parte dos alunos (como observado na tabela 01)
TABELA 1 ESTRUTURA DA EDUCACcedilAtildeO BAacuteSICA NO BRASIL
EDUCACcedilAtildeO BAacuteSICA
Educaccedilatildeo
Infantil
Anos iniciais do Ensino Fundamental Anos
finais
do EF
Ensino
Meacutedio I ciclo ou ldquociclo da
infacircnciardquo
II ciclo
Etapa Inf 1 Inf 2 1ordm 2ordm 3ordm 4ordm 5ordm 6ordm ao 9ordm 1ordm ao 3ordm
Idade
4 5 6 7 8 9 10 11 aos
14
15 aos
17
Fonte Resoluccedilatildeo CNE CEB nordm 3 03082005 e CNECEB ndeg 7 de 09072007
Como observado na tabela 1 eacute facultado aos sistemas escolares estruturar os
anos iniciais do EF em ciclos de aprendizagem ndash I ciclo ou ldquociclo da infacircnciardquo (1ordm 2ordm e
3ordm ano) e II ciclo (4ordm e 5ordm ano) ndash utilizando a progressatildeo continuada (BRASIL 2009)
Estruturas como as do apoio pedagoacutegico no contra turno de estudo eacute uma das estrateacutegias
para reduccedilatildeo das dificuldades dos alunos e da sua progressatildeo
Outra estrateacutegia eacute o Pacto Nacional pela Alfabetizaccedilatildeo na Idade Certa6 ele eacute um
programa governamental que enfatiza os domiacutenios baacutesicos da leitura escrita e caacutelculo o
objetivo eacute alfabetizar todas as crianccedilas de seis a oito anos de idade periacuteodo relacionado
ao primeiro ciclo O plano tambeacutem investe na formaccedilatildeo continuada de professores que
atuam no primeiro ciclo (1ordm 2ordm e 3ordm ano) da rede baacutesica de ensino atraveacutes de uma
associaccedilatildeo com as universidades federais
Por fim eacute observado que as poliacuteticas educacionais entendem que o aluno de seis
anos jaacute estaacute apto para aprender os conceitos da alfabetizaccedilatildeo letramento7 do
conhecimento loacutegico-matemaacutetico da reflexatildeo e do desenvolvimento psicomotor
Garantir nove anos no Ensino Fundamental eacute possibilitar que o processo de ensino-
aprendizagem comece antes valorizando o processo de alfabetizaccedilatildeo e letramento
constituiacutedos por uma linguagem global que ultrapassa a escrita convencional
6 Para mais informaccedilotildees acessar httppactomecgovbrindexphplt acessado em 02032015 7Entendemos o letramento com uma praacutetica escolar correspondente a leitura e escrita da Liacutengua materna
(portuguesa) e estabelecimento dessa cultura na vida das crianccedilas ou seja do haacutebito do ler e escrever
27
(CALLAI 2005) Aleacutem disso possibilitar uma passagem tranquila entre a educaccedilatildeo
infantil e os anos iniciais do EF
Observa-se entretanto a inexistecircncia de uma poliacutetica nacional de alfabetizaccedilatildeo
para o segundo ciclo e do prosseguimento da linguagem aprendida Outros objetivos
para o Ensino Fundamental como ldquoa compreensatildeo do ambiente natural e social do
sistema poliacutetico da tecnologia das artes e dos valores que se fundamenta a sociedaderdquo
satildeo encontrados no Art 32 Inciso II da LDB (BRASIL 2010 p 47) Neste ponto
buscamos refletir sobre as contribuiccedilotildees do ensino de Geografia Procuramos apontar
alguns caminhos do ensino de Geografia no toacutepico a seguir aproximando-o de uma
concepccedilatildeo de alfabetizaccedilatildeo para aprendizagem do espaccedilo geograacutefico
12 GEOGRAFIA NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL
As praacuteticas escolares voltadas ao processo de ensino-aprendizagem de Geografia
nos anos iniciais do EF requerem pressupostos baacutesicos que auxiliam o professor nesta
etapa de ensino dessa forma a disciplina pode permitir o alcance dos objetivos
educacionais O processo de alfabetizaccedilatildeo e letramento da liacutengua portuguesa da crianccedila
a alfabetizaccedilatildeo geograacutefica (com os conceitos e princiacutepios da Geografia) alfabetizaccedilatildeo
cartograacutefica (por meio da Cartografia Escolar) e as tendecircncias do ensino (teorias
cognitivas) compotildeem os principais pressuposto para a Geografia
Refletir sobre o ensino-aprendizagem da Geografia nos anos iniciais do EF
tomando como referecircncia tais pressupostos possibilitaraacute a accedilatildeo do professor a mediar agrave
aprendizagem da construccedilatildeo de conceitos geograacuteficos Dessa forma a Geografia seraacute
um conhecimento uacutetil e contextualizado agraves praacuteticas cotidianas dos alunos
desenvolvendo habilidades como localizaccedilatildeo orientaccedilatildeo compreensatildeo da relaccedilatildeo entre
diferentes escalas geograacuteficas aspectos da sociedade e transformaccedilatildeo da natureza
construindo os fundamentos dessa disciplina
A alfabetizaccedilatildeo nos anos iniciais do EF deve considerar as experiecircncias
anteriores dos alunos tanto os conhecimentos adquiridos junto agrave famiacutelia como os
voltados a Educaccedilatildeo Infantil quando a tiver Mas eacute durante o Ensino Fundamental que
haveraacute o iniacutecio de outras teacutecnicas de interpretaccedilatildeo Explica Mendes (2010 p 47) que
ldquopor meio da leitura e da escrita a crianccedila comeccedila gradativamente a se apropriar dos
conhecimentos historicamente construiacutedos pela humanidaderdquo e eacute na escola na maioria
dos casos que a aprendizagem dessas teacutecnicas se realizaraacute
28
Lessan (2011 p 40) afirma que a alfabetizaccedilatildeo eacute um processo complexo longo
e contiacutenuo aleacutem disso a autora destaca que ldquoa tarefa essencial para o professor do
iniacutecio do Ensino Fundamental I eacute ajudaacute-lo [o aluno] a desenvolver o potencial de
expressatildeo oral e enriquecer o vocabulaacuterio antes de ensinar a escreverrdquo portanto a
alfabetizaccedilatildeo natildeo se limita aos primeiros anos do EF mas acompanha o curriacuteculo
escolar durante toda a Educaccedilatildeo Baacutesica
Acreditamos que a linguagem envolve um conteuacutedocontextotema que em
muitos casos eacute perdido pela natildeo compreensatildeo do significado das outras ciecircncias aleacutem
da liacutengua portuguesa no processo de alfabetizaccedilatildeo Borba amp Oliveira (2012 p 119 -
120) afirmam que entre os alunos do curso de Pedagogia eacute comum a compreensatildeo da
Geografia enquanto disciplina de memorizaccedilatildeo enumeraccedilatildeo classificatoacuteria e descritiva
ademais em muitos casos esses alunos ldquo[] apresentam dificuldades de entendimento
dos conceitos e procedimentos baacutesicos []rdquo da ciecircncia geograacutefica Perceber a Geografia
enquanto uma disciplina enciclopeacutedica diminui portanto a perspectiva de um trabalho
que agregue significado a palavra aprendida
Por outro lado natildeo eacute novidade para a educaccedilatildeo as contribuiccedilotildees da Geografia no
processo didaacutetico Os Paracircmetros Curriculares Nacionais (PCN) de Geografia para os
anos iniciais do EF contribuem para a compreensatildeo dessa ciecircncia realizando um resgate
histoacuterico epistemoloacutegico aleacutem de contribuir com orientaccedilotildees teoacuterico-metodoloacutegicas da
Geografia para o ensino explica Borba amp Oliveira (2012) Os PCN (BRASIL 1997 p
74) entendem que
A Geografia estuda as relaccedilotildees entre o processo histoacuterico que regula a
formaccedilatildeo das sociedades humanas e o funcionamento da natureza por meio
da leitura do espaccedilo geograacutefico e da paisagem [] a Geografia tem que
trabalhar com diferentes noccedilotildees espaciais e temporais bem como com os
fenocircmenos sociais culturais e naturais que satildeo caracteriacutesticos de cada
paisagem para permitir uma compreensatildeo processual e dinacircmica de sua
constituiccedilatildeo
Como parte do curriacuteculo escolar a Geografia pode auxiliar na alfabetizaccedilatildeo do
aluno pois de acordo com Straforini (2008 p 120)
[] eacute um meio de enriquecer o processo de alfabetizaccedilatildeo porque eacute no espaccedilo
geograacutefico que as crianccedilas tecircm as muacuteltiplas possibilidades da realidade Eacute
nele que a vida se faz Assim eacute no espaccedilo geograacutefico que as crianccedilas buscam
e encontram os siacutembolos e os seus significados
Autores como Straforini (2008) Mendes (2010) Lessan (2011) Castrogiovanni
amp Costella (2006) concordam que a alfabetizaccedilatildeo natildeo se limita a decifrar o coacutedigo da
liacutengua materna mas na possibilidade de relacionaacute-la a tomada de decisotildees referentes ao
29
espaccedilo geograacutefico A relaccedilatildeo entre a alfabetizaccedilatildeo e o ensino de Geografia eacute entendida
por diferentes sinocircnimos ldquoAlfabetizaccedilatildeo em Geografiardquo como destaca Castellar (2000)
ldquoAlfabetizaccedilatildeo espacialrdquo retratado por Callai (2005) ou ainda ldquoAlfabetizaccedilatildeo
Geograacuteficardquo explicado por Borba amp Oliveira (2012)
A alfabetizaccedilatildeo geograacutefica aproxima os conteuacutedos temas e conceitos da
Geografia com uma leitura que natildeo se restringe aos procedimentos de escrita e leitura
textual ldquo[] tem por objetivo formar para a cidadania a partir dos elementos proacuteximos
do aluno e das interfaces local-globalrdquo (BORBA amp OLIVEIRA 2012 p 128)
Jaacute a constituiccedilatildeo da Alfabetizaccedilatildeo Geograacutefica por sua vez surge como processo
de ldquoalfabetizaccedilatildeo cartograacuteficardquo que ldquo[] permite uma alfabetizaccedilatildeo geograacutefica mais
eficiente mediante o desenvolvimento das habilidades operatoacuterias tiacutepicas do trabalho de
representaccedilatildeo graacutefica [uso da linguagem cartograacutefica]rdquo (CASTELLAR 2000 p 29)
Quando relacionamos essas trecircs concepccedilotildees de Alfabetizaccedilatildeo (Alfabetizaccedilatildeo da
liacutengua alfabetizaccedilatildeo geograacutefica e alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica) nos anos iniciais do EF
ampliamos a possibilidade de uma aprendizagem que considera o mundo e seu contexto
geograacutefico e histoacuterico Isto por sua vez ultrapassa a ideia da leituraescrita como
habilidade mecacircnica a alfabetizaccedilatildeo do ler e escrever (inclusive por mapas) eacute um meio
para a desenvolvimento do espiacuterito de cidadania e na reflexatildeo sobre o quecirc por quecirc e
para que se lecirc e escreve
Como eixo de articulaccedilatildeo entre as concepccedilotildees destacadas no paraacutegrafo anterior
destacamos Callai (2005) que reflete sobre o exerciacutecio de alfabetizaccedilatildeo pelas crianccedilas
nomeando o processo de ldquoleitura de mundordquo Os estudos de Callai (2005 2013)
consideram a importacircncia da clareza do professor ao ensinar Geografia apontando trecircs
razotildees (1) corresponde ao conhecimento do mundo e as informaccedilotildees pertencentes a ele
(2) conhecer o espaccedilo produzido pelo homem e (3) contribuir para a formaccedilatildeo do
cidadatildeo
Entender a leitura de mundo eacute considerar que desde o nascimento a crianccedila
adquire experiecircncias espaciais e que elas possibilitam a superaccedilatildeo dos obstaacuteculos
desvendando pouco a pouco a visatildeo linear a respeito do mundo Por meio da realidade
vivida cotidianamente ela avanccedila no reconhecimento da percepccedilatildeo e complexidade do
mundo (CALLAI 2005)
No processo de leitura de mundo a crianccedila desenvolve tambeacutem representaccedilotildees
espaciais estas por conseguinte se aproximam da alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica Lessan
(2011 p 58) compreende que ldquorepresentar eacute essencial para adquirir conhecimentos
30
uma vez que qualquer conhecimento passa por uma representaccedilatildeo mental para que a
imagem mental possa ser assimiladardquo logo o espaccedilo vivido percebido imaginado e
concebido satildeo modos de pensar a vida cotidiana Katuta (2001 p 179) corrobora com
esta discussatildeo apontando que
A humanidade desde os seus primoacuterdios segundo consta em vaacuterios
documentos sempre representou seu espaccedilo vivido Por isso ao longo da
construccedilatildeo histoacuterica do que hoje denominamos grosso modo por
representaccedilotildees cartograacuteficas verificamos vaacuterias tentativas de se representar
saberes sobre os territoacuterios
Dentre as vaacuterias descobertas pelo homem sobre a representaccedilatildeo do espaccedilo
vivido citamos como exemplo os estudos de Claval (2011) que relatam que na Greacutecia
antiga por volta do seacuteculo V a C pensadores como Heroacutedoto Hiparco e Ptolomeu jaacute
recorriam aos campos da matemaacutetica astronomia e astrologia para estabelecer
representaccedilotildees da Terra calcular dimensotildees e registrar fenocircmenos geograacuteficos
observados Desse modo eacute niacutetido que as representaccedilotildees natildeo se apresentam de forma
linear tampouco desarticulada do mundo A dimensatildeo espacial histoacuterica e cultural
auxilia a construccedilatildeo dos significados sobre os lugares e as comunidades que nela
habitam
Contudo a educaccedilatildeo escolar natildeo pode basear-se apenas nas experiecircncias vividas
dos alunos Dessa forma segundo Cavalcanti (2014) o que se apresenta como proposta
para a praacutetica do ensino de Geografia eacute a reflexatildeo sobre a espacialidade explica a autora
que eacute papel desta ciecircncia
[] prover bases e meios de desenvolvimento e ampliaccedilatildeo da capacidade dos
alunos de apreensatildeo da realidade do ponto de vista da espacialidade ou seja
de compreensatildeo do papel do espaccedilo nas praacuteticas sociais e destas na
configuraccedilatildeo do espaccedilo [] o pensar geograacutefico contribui para a
contextualizaccedilatildeo do proacuteprio aluno como cidadatildeo do mundo em que vive
desde a escala local agrave regional nacional e mundial O conhecimento
geograacutefico eacute pois indispensaacutevel agrave formaccedilatildeo de indiviacuteduos participantes da
vida social agrave medida que propicia o entendimento do espaccedilo geograacutefico e do
papel desse espaccedilo nas praacuteticas sociais (CAVALCANTI 2014 p 11)
De acordo com a citaccedilatildeo apresentada compreendemos que o conhecimento
cientiacutefico de Geografia deve ser primordialmente ensinado no espaccedilo escolar
Conceitos geograacuteficos como espaccedilo territoacuterio regiatildeo lugar cotidiano paisagem entre
outros satildeo pautas do curriacuteculo escolar devendo estar articulados a temas e
metodologias de trabalho para que o aluno reflita e se identifique enquanto cidadatildeo
participando e construindo sua identidade
31
O conceito de lugar eacute uma das referecircncias para o ensino de Geografia nos anos
iniciais do EF Conforme os PCN o lugar consiste na dimensatildeo espacial mais proacutexima
do aluno onde constroacutei sua relaccedilatildeo de identidade O documento tambeacutem argumenta que
o ldquo[] lugar traduz os espaccedilos com os quais as pessoas tecircm viacutenculos mais afetivos e
subjetivos que racionais e objetivos []rdquo (BRASIL 1997 p 76)
Nessa mesma linha de raciociacutenio afirma Tuan (1983) que a experiecircncia constroacutei
a realidade segundo ele a praacutetica cotidiana permite aos sujeitos acumular informaccedilotildees
ao longo do tempo construindo memoacuterias estabelecendo laccedilos afetivos com o espaccedilo
Assim a experiecircncia implica a capacidade de aprender significa atuar sobre
o dado e criar a partir dele O dado natildeo pode ser construiacutedo em sua essecircncia
O que pode ser conhecido eacute uma realidade que eacute construto da experiecircncia
uma criaccedilatildeo de sentimento e pensamento (TUAN 1983 p 10)
Eacute necessaacuterio compreender que a praacutetica o contato direto com o espaccedilo permite
segundo os apontamentos de Tuan as possibilidades para construccedilatildeo do conceito de
lugar Diante disso Callai (2005 p 240) admite que ldquoler o mundo a partir do lugar eacute o
desafiordquo Mediante os apontamentos realizados por Tuan (1983) e Callai (2005)
reconhecemos a importacircncia da realidade concreta do espaccedilo vivido do aluno como
ponto de partida para a leitura de mundo Desta forma precisamos entender que o lugar
[] natildeo eacute apenas um quadro de vida mas um espaccedilo vivido isto eacute de
experiecircncia sempre renovada o que permite ao mesmo tempo a reavaliaccedilatildeo
das heranccedilas e a indagaccedilatildeo sobre o presente e o futuro A existecircncia naquele
espaccedilo exerce um papel revelador sobre o mundo (SANTOS 2006 p 114)
Em outro texto Santos (2009) esclarece que a discussatildeo do conceito de lugar
deve ser compreendida mediante o processo de globalizaccedilatildeo apontando que fenocircmenos
poliacuteticos econocircmicos e ou sociais contribuem para definir o contexto histoacuterico
espacial e cultural dos lugares Desta forma cabe ao professor compreender que natildeo haacute
dois lugares no mundo totalmente idecircnticos mas que podem conter traccedilos semelhantes
e que todo lugar faz parte de um contexto da totalidade espacial
Autores como Lessan (2011) Mendes (2010) e Campos amp Buitoni (2010)
relatam que eacute necessaacuterio que as atividades relacionadas agrave construccedilatildeo dos conceitos pelos
alunos tenham como ponto de partida o espaccedilo vivido e desenvolva exerciacutecios de
observaccedilatildeo descriccedilatildeo levantamento de hipoacuteteses e explicaccedilotildees comparaccedilatildeo
representaccedilatildeo interpretaccedilatildeo e pesquisa sobre o tema estudado Segundo Mendes (2010
p 52 - 53) eacute possiacutevel considerar que
32
[] nos anos iniciais do Ensino Fundamental eacute possiacutevel ldquolevar o mundordquo
para a sala de aula criando uma interaccedilatildeo do aluno com aspectos de outros
lugares e a observaccedilatildeo de diferentes paisagens do Planeta possibilitando a
ele perceber que a geografia estaacute inserida em vaacuterias situaccedilotildees do dia a dia
Argumenta Callai (2005) Straforini (2008) Mendes (2010) e Lessan (2011) que
mesmo sendo necessaacuterio iniciar o trabalho a partir do espaccedilo de vivencia do aluno (o
lugar) natildeo devemos nos reduzir a essa escala de anaacutelise Aleacutem disso os autores apontam
que a escala natildeo deveria se restringir a meacutetodos que organizem os conteuacutedos mediante
propostas dos ciacuterculos concecircntricos (que discutem as escalas casa ndash bairro ndash municiacutepio
ndash estado ndash paiacutes e mundo isoladamente) mas mediante o contexto dos conteuacutedos e
objetivos propostos pelo professor
Neste sentido o processo de construccedilatildeo de conceitos eacute para Straforini (2008 p
92) entender que o espaccedilo geograacutefico eacute composto por diferentes escalas que natildeo satildeo
uacutenicas ou isoladas pois ldquo[] eacute impossiacutevel esconder das crianccedilas o mundo quando as
informaccedilotildees lhes satildeo passadas no exato instante do seu acontecimentordquo8 Observamos
em nosso contexto de pesquisa que o professor apoacutes contextualizar a noccedilatildeo de lugar
com o aluno pode levantar outras provocaccedilotildees apresentando outras escalas geograacuteficas
como a regional questionando e mediando o aluno a pensar sobre o mundo construindo
uma reflexatildeo criacutetica do espaccedilo
Ao levarmos em consideraccedilatildeo este argumento observamos que as orientaccedilotildees
didaacuteticas nacionais tambeacutem indicam o trabalho com outros conceitos Os PCN destacam
entre seus objetivos comuns para as aulas de Geografia e Histoacuteria ldquoconhecer
caracteriacutesticas fundamentais do Brasil nas dimensotildees sociais materiais e culturais como
meio para construir progressivamente a noccedilatildeo de identidade nacional e pessoal e o
sentimento de pertinecircncia ao Paiacutesrdquo (BRASIL 1997 p 09)
Recorrer a outras escalas de compreensatildeo permite natildeo nos reduzirmos ao
imediato local entendendo que
A crianccedila faz parte do mundo e os lugares por mais distantes que sejam por
fazerem parte da histoacuteria familiar e cultural do aluno podem natildeo ser
abstratos [] desse modo ao observar uma foto ou ver televisatildeo uma
paisagem por exemplo mesmo sem conhecer fisicamente o lugar a crianccedila
pode identificar aspectos de sua organizaccedilatildeo espacial Trabalhando nesta
8 Em decorrecircncia das miacutedias como a televisatildeo o raacutedio e a internet as informaccedilotildees de diferentes partes
mundo satildeo dadas mas isso natildeo corresponde necessariamente a um conhecimento acerca de tal
fenocircmeno A escola pode contextualizar a notiacutecia e evidenciar as possibilidades de aprendizagem acerca
do fato
33
perspectiva o ensino de geografia possibilita ao educando sentir-se
pertencente a um lugar que eacute resultado das relaccedilotildees entre sociedade e
natureza formando um todo do qual ele proacuteprio faz parte e no qual suas
accedilotildees interferem (MENDES 2010 p 53)
Ao trabalhar com os princiacutepios do conceito de regiatildeo por exemplo o aluno pode
adquirir habilidades essenciais para o desenvolvimento de sua aprendizagem A este
respeito Campos amp Buitoni (2010 p 89) afirmam que
Pensar a regiatildeo [] implica raciocinar sobre ldquoum recorte uma porccedilatildeo do
espaccedilo terrestrerdquo um ldquosubespaccedilo de gestatildeo territorialrdquo ldquoum espaccedilo marcado
por relaccedilotildees cotidianasrdquo ldquoum espaccedilo vivido que se apoia em sua construccedilatildeo
material e nas relaccedilotildees com o entornordquo ou outras concepccedilotildees conforme o
objetivo do estudo (acadecircmico escolar ou planejamento) e os pressupostos
teoacuterico-metodoloacutegicos adotados
Entende-se desse modo a que o lugar tambeacutem eacute uma construccedilatildeo histoacuterica que
natildeo se restringe a sua escala de compreensatildeo dessa forma ao longo do percurso dos
anos iniciais do EF mais precisamente no segundo ciclo os alunos poderatildeo reconhecer
mudanccedilas e permanecircncias espaccedilo-temporais em escalas diversas permitindo construir
habilidades como ldquoentender a distribuiccedilatildeo espacial das principais elementos do espaccedilo
(regiotildees estado)rdquo (LESSAN 2011 p 79)
Ainda em se tratando desse assunto Campos amp Buitoni (2010) afirmam que a
construccedilatildeo da noccedilatildeo de conceitos como regiatildeo eacute um processo contiacutenuo que natildeo se
restringe aos anos iniciais do EF Deste modo o aluno constroacutei definiccedilotildees provisoacuterias
do conceito pensando o uso do conceito de lugar e regiatildeo de acordo com as
possibilidades cognitivas da situaccedilatildeo escolar e do contexto do tema discutido
Desse modo o ensino de Geografia nos anos iniciais do EF tem a possibilidade
de integrar trecircs concepccedilotildees de alfabetizaccedilatildeo (da liacutengua geograacutefica e cartograacutefica) cada
uma delas articulada a uma base comum que eacute a leitura de mundo Entendemos que
esse processo pode iniciar-se por qualquer um dos tipos de alfabetizaccedilatildeo destacado
Pretendemos no proacuteximo toacutepico esclarecer o que eacute a Cartografia Escolar e
posteriormente nossa compreensatildeo acerca da alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica e seu auxiacutelio
nas aulas de Geografia no intuito de promover um melhoramento qualitativo nos iacutendices
de aprendizagem dos educandos envolvidos no processo bem como refletir sobre o
papel do educador no mesmo
34
13 CARTOGRAFIA ESCOLAR E SEUS CONTEXTOS NO ENSINO DE
GEOGRAFIA
Desde os primeiros registros encontrados pelos historiadores sobre o
desenvolvimento humano vaacuterios foram os desenhos encontrados que remontam agrave
percepccedilatildeo sobre a representaccedilatildeo do espaccedilo geograacutefico Francischett (2004) comenta que
a arte de traccedilar mapas iniciou-se no seacuteculo VI a C com funccedilotildees voltadas a navegaccedilatildeo e
militar Jolly (1990) por sua vez argumenta por meio da definiccedilatildeo adotada pela
Associaccedilatildeo Cartograacutefica Internacional que a Cartografia eacute um conjunto de operaccedilotildees
cientiacuteficas artiacutesticas e teacutecnicas que possibilita a elaboraccedilatildeo de mapas planos e outros
meios de representaccedilatildeo da superfiacutecie terrestre
Jolly (1990) e Fitz (2008) consideram a Cartografia como uma ciecircncia de
seleccedilatildeo organizaccedilatildeo e sistematizaccedilatildeo de informaccedilotildees relacionadas ao espaccedilo
geograacutefico utilizada para diferentes fins Foram justamente estes avanccedilos tecnoloacutegicos
que permitiram ampliar os conhecimentos sobre a forma e dimensatildeo da Terra Aleacutem
disso percebemos que muitos princiacutepios baacutesicos satildeo utilizados ainda hoje a exemplo da
localizaccedilatildeo orientaccedilatildeo e escala (dimensatildeo) da representaccedilatildeo do espaccedilo real O mapa
demonstra uma das possiacuteveis imagens do terreno Em siacutentese ldquo[] eacute uma simplificaccedilatildeo
da realidaderdquo (JOLLY 1990 p 07)
Atualmente estaacute ciecircncia eacute um importante eixo de pesquisa e estudo relacionado
ao ensino de Geografia denominado de Cartografia Escolar Tambeacutem conhecida como
Cartografia para crianccedilas e escolares a Cartografia Escolar tecircm como diferencial a
constituiccedilatildeo de um saber que articula as aacutereas da Cartografia Educaccedilatildeo e Geografia
(ALMEIDA 2011) Eacute evidente sua presenccedila em livros didaacuteticos e paradidaacuteticos de
Geografia nos documentos e orientaccedilotildees pedagoacutegicas brasileiras como os Paracircmetros
Curriculares Nacionais ndash PCN (1997)
Uma das questotildees fundamentais para se compreender as propostas relacionadas
agrave Cartografia Escolar eacute identificar diferenccedilas correspondentes ao uso e interpretaccedilatildeo dos
mapas pelas crianccedilas e adultos De acordo com Oliveira (1978) haacute uma grande
importacircncia no desenvolvimento da Cartografia ao longo da histoacuteria humana aleacutem
disso indaga sobre a utilizaccedilatildeo dos mapas na escola e a realizaccedilatildeo de materiais
cartograacuteficos realizados por adultos para a interpretaccedilatildeo pelas crianccedilas
A tese de livre docecircncia de Oliveira (1978) ldquoEstudo metodoloacutegico e cognitivo do
mapardquo aproxima o puacuteblico da Teoria Cognitiva ou Epistemologia Geneacutetica de Piaget e
35
seus colaboradores contribui com estudos de autores norte - americanos e europeus que
em meados de 1980 natildeo eram acessiacuteveis a classe de professores brasileiros
Uma das grandes contribuiccedilotildees dos estudos de Oliveira (1978) encontra-se nos
mecanismos perceptivos e cognitivos das crianccedilas e aponta que o ato de mapear
possibilita a preparaccedilatildeo do aluno para compreensatildeo de mapas
Ao longo das uacuteltimas deacutecadas a Cartografia Escolar apresenta-se entre um dos
significativos nuacutecleos de pesquisa voltado ao Ensino de Geografia no Brasil A
investigaccedilatildeo de Pinheiro (2005) cataloga dissertaccedilotildees e teses relacionadas ao Ensino de
Geografia e demonstra as temaacuteticas de pesquisa entre o periacuteodo 1967 a 2003 As
representaccedilotildees espaciais (trabalhos correspondentes a Cartografia Escolar) constituem
no feixe temporal supramencionado um expressivo nuacutemero de trabalhos o maior
registrado A Figura 01 sintetiza esta informaccedilatildeo
FIGURA 01 - FOCOS TEMAacuteTICOS DE PESQUISAS REALIZADAS NA AacuteREA DE
GEOGRAFIA ESCOLAR (1967 ndash 2003)
Fonte PINHEIRO 2005 p 81
Observamos que dos 281 trabalhos apresentados entre dissertaccedilotildees e teses 49
correspondem agraves representaccedilotildees espaciais As pesquisas desenvolvidas referendam
teacutecnicas e metodologias como mapas graacuteficos atlas loacutegica de localizaccedilatildeo e orientaccedilatildeo
espacial que natildeo se restringem a educaccedilatildeo formal (escolar) Investigam as
representaccedilotildees e percepccedilotildees do espaccedilo geograacutefico por crianccedilas e jovens diferenciando-
se em seus meacutetodos de investigaccedilatildeo (PINHEIRO 2005)
39 4038
31 31
2119 20
14 15
910
52
6 53 2
04
2 1
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
Mestrado
Doutorado
36
Apontamos que a discussatildeo estabelecida por Oliveira (1978) contribuiu para esta
reflexatildeo do mapa natildeo como instrumento mnemocircnico (por meio do simples decalque
pintura e lista de nomes de cidades ou paiacuteses) permitindo que outros autores
progredissem na investigaccedilatildeo do ensino do mapa como recurso para o raciociacutenio
geograacutefico popularizando-o
O mapa dessa maneira ganha status como recurso didaacutetico nas atividades
relacionadas agrave Geografia em sala de aula Eacute inserido no curriacuteculo escolar assim como eacute
introduzido nos cursos de formaccedilatildeo de professores de Geografia e Pedagogia atribui-se
significantes avanccedilos no campo do ensino de Geografia (FRANCISCHETT 2004
ALMEIDA amp PASSINI 2010 RICHTER 2010)
Neste sentido questionamos por que utilizar os mapas no ensino-aprendizagem
de Geografia Em que estes estudos contribuem para esse processo Para Oliveira
(1978) o mapa deve ser compreendido atraveacutes de sua abordagem geograacutefica Nestas
condiccedilotildees eacute fundamental responder a questatildeo onde Que se desdobra em outras quatro
perguntas a saber O quecirc Quando Como E por quecirc
A geografia como toda ciecircncia tem por tarefa descrever analisar e predizer
os acontecimentos terrestres A descriccedilatildeo anaacutelise ou prediccedilatildeo geograacutefica dos
fenocircmenos eacute sempre realizada tendo em vista as suas coordenadas espaciais
Como o conceito geograacutefico de espaccedilo coincide com o de toda Terra o
geoacutegrafo teve necessidade de recorrer agrave representaccedilatildeo da superfiacutecie terrestre
para realizar seus estudos (OLIVEIRA 1978 p 17)
Sobre as finalidades do mapa satildeo destacados inuacutemeros usos os quais se destaca
o da localizaccedilatildeo a relaccedilatildeo espacial visto que ldquoa necessidade de localizar-se e orientar-se
se manifesta em termos de defesa seguranccedila e movimentaccedilatildeordquo (OLIVEIRA 1978 p
19) O mapa eacute tratado nesta perspectiva como uma forma de comunicaccedilatildeo graacutefica
constituiacutedo por uma linguagem proacutepria de comunicaccedilatildeo de expressatildeo espacial de
determinado objeto de estudo a linguagem cartograacutefica
Trabalhos posteriores a exemplo de Almeida amp Passini (2010) discutem o
desenvolvimento das garatujas rabiscos das crianccedilas para a representaccedilatildeo espacial O
reconhecimento dos traccedilados e formas geomeacutetricas (ciacuterculo quadrado retacircngulo e
triacircngulo) e espaciais (casa aacutervore praccedila figuras humanas etc) eacute interpretes da
percepccedilatildeo dos alunos Essa compreensatildeo eacute importante para o processo de
desenvolvimento metodoloacutegico do mapa Agora o aluno natildeo eacute visto apenas como um
leitor de mapas mas um produtor de mapa Considera-se o espaccedilo dialoacutegico em que o
conhecimento eacute produzido internalizado e socializado
37
Ao mapear o estudante desenvolve habilidades como o ato de observar
representar comparar sintetizar interpretar e verbalizar Estas seriam algumas
capacidades dos alunos em mobilizar suas habilidades (saber fazer) seus conhecimentos
geograacuteficos e suas atitudes (saber ser) para solucionar determinadas situaccedilotildees
problemas agrave qual poderemos entender por competecircncias (ANDREIS 1999)
A linguagem cartograacutefica como aponta os PCN (1997)
[] eacute uma forma de atender a diversas necessidades das mais cotidianas
(chegar a um lugar que natildeo se conhece entender o trajeto dos mananciais
por exemplo) agraves mais especiacuteficas (como delimitar aacutereas de plantio
compreender zonas de influecircncia do clima) A escola deve criar
oportunidades para que os alunos construam conhecimentos sobre essa
linguagem nos dois sentidos como pessoas que representam e codificam o
espaccedilo e como leitores das informaccedilotildees expressas por ela
Destarte fica niacutetida a importacircncia da articulaccedilatildeo dos conhecimentos de
Geografia apreendidos com a vivecircncia dos alunos representados por meio dos mapas
Aleacutem disso percebemos que as necessidades cotidianas natildeo se restringem aos
conhecimentos relacionados ao espaccedilo vivido mas de todas as relaccedilotildees estabelecidas
com o mundo enfatizando a relaccedilatildeo lugar - mundo em sua totalidade Ler representar e
codificar elementos do espaccedilo eacute um processo dialeacutetico para o desenvolvimento
cognitivo dos alunos como veremos no proacuteximo item
131As propostas de Piaget voltada a Cartografia Escolar
O desenvolvimento do trabalho de Piaget (2007) privilegiou estudos sobre o
processo de aprendizagem considerando a influecircncia do meio externo A progressatildeo de
suas pesquisas ocorre em uma eacutepoca em que as teorias associacionistas e empiristas
destacavam os estiacutemulos do ambiente como atitude do desenvolvimento da experiecircncia
humana Investigou a capacidade da construccedilatildeo do conhecimento cientiacutefico e como a
aprendizagem se altera no decorrer da vida humana
Em busca de suas respostas realiza trabalhos com diferentes colaboradores
desenvolvendo uma teoria cognitiva9 Estes trabalhos por sua vez reconhecem o papel
9Bock Furtado amp Teixeira (2008 p 134) consideram a cogniccedilatildeo enquanto um ldquoProcesso atraveacutes do qual
o mundo de significados tem origem Agrave medida que o ser se situa no mundo estabelece relaccedilotildees de
significaccedilotildees isto eacute atribui significados agrave realidade em que se encontra Esses significados natildeo satildeo
entidades estaacuteticas mas pontos de partida para a atribuiccedilatildeo de outros significados Tem origem entatildeo a
38
da organizaccedilatildeo proacutepria dos sujeitos a experiecircncia sensiacutevel onde os estiacutemulos do meio
conduziriam a atividade interna dos indiviacuteduos Nestes termos
[] a inteligecircncia eacute uma adaptaccedilatildeo ndash eacute assimilaccedilatildeo pois incorpora dados da
experiecircncia do indiviacuteduo e eacute ao mesmo tempo acomodaccedilatildeo uma vez que o
sujeito modifica suas estruturas mentais para incorporar os novos elementos
da experiecircncia (BOCK FURTADO amp TEIXEIRA 2008 p 134)
Percebe-se portanto que o saldo das trocas dialeacuteticas entre indiviacuteduo e ambiente
possibilitaria o desenvolvimento da inteligecircncia ao longo da vida Piaget (2007)
estabelece trecircs niacuteveis sensoriomotores ndash preacute-operatoacuterio operatoacuterio e operaccedilotildees formais
ndash indicando a adaptaccedilatildeo do sujeito inicialmente por seus instintos de sobrevivecircncia e
posteriormente pela construccedilatildeo gradual mediante a experiecircncia
Piaget (2007) desenvolve inuacutemeros estudos entre eles sobre a linguagem e
pensamento inteligecircncia raciociacutenio aprendizagem e conhecimento e construccedilatildeo do
espaccedilo Entre todas estas investigaccedilotildees a uacuteltima citada estaacute relacionada agrave gecircnese da
representaccedilatildeo espacial a partir de uma perspectiva matemaacutetica e geomeacutetrica do espaccedilo
O trabalho escrito por Piaget amp Inhelder (1993) consiste na principal base teoacuterica para
os estudos relacionados agrave Cartografia Escolar
Esta abordagem repercute ateacute hoje a exemplo dos estudos de Almeida amp Passini
(2010) e Ribeiro amp Marques (2001) para o processo de construccedilatildeo e compreensatildeo dos
mapas no Ensino Fundamental Foi por meio das relaccedilotildees espaciais tambeacutem conhecidas
por noccedilotildees espaciais topoloacutegicas projetivas e euclidianas que se propuseram
metodologias e didaacuteticas voltadas ao ensino-aprendizagem de Geografia
Em siacutentese a relaccedilatildeo topoloacutegica eacute desenvolvida quando haacute propostas para a
fundamentaccedilatildeo de atividade no que se refere agrave identificaccedilatildeo de posiccedilotildees e referenciais
elementares ou seja empregada uma das principais funccedilotildees da representaccedilatildeo
cartograacutefica a localizaccedilatildeo
Ribeiro amp Marques (2001 p 59) enfatizam que ldquoa princiacutepio o espaccedilo eacute para a
crianccedila apenas o espaccedilo da accedilatildeo um espaccedilo praacutetico que se manifesta atraveacutes de suas
accedilotildeesrdquo Normalmente desenvolve-se nesta fase atividades que exercite experiecircncias
corporais enfatizando relaccedilotildees como dentro fora perto longe agrave frente atraacutes etc10
estrutura cognitiva (os primeiros significados) constituindo-se nos lsquopontos baacutesicos de ancoragemrsquo dos
quais derivam outros significadosrdquo 10Castrogiovanni amp Costella (2006) Almeida amp Passini (2010) Passini (2010) propotildeem diferentes
atividades que auxiliam a construccedilatildeo destas noccedilotildees pelas crianccedilas
39
As propostas associadas agraves relaccedilotildees projetivas favoreceriam a percepccedilatildeo da
mudanccedila de perspectiva sobre o objeto observado influenciando a grafia do objeto
quando desenhado O mesmo objeto pode ser percebido em sua dimensatildeo (ou ponto de
vista) lateral vertical ou obliacutequo
Por convenccedilatildeo o mapa existente eacute geralmente representado verticalmente
Segundo Richter (2004 p 68) as ldquo[] noccedilotildees projetivas visa colaborar na compreensatildeo
das perspectivas e projeccedilotildees que o mapa possui demonstrando para o aluno que as
representaccedilotildees cartograacuteficas respeitam a perspectiva utilizadardquo Nestas condiccedilotildees a
proposta eacute que todos os elementos a serem representados obedeccedilam a uma soacute
perspectiva a vertical
Passini (2012) esclarece que as relaccedilotildees euclidianas correspondem agrave introduccedilatildeo
em medidas de tamanho e proporcionalidade No mapa corresponde agrave escala espacial e
numeacuterica ndash relaccedilatildeo entre o real (dimensatildeo espacial) e o abstrato (representaccedilatildeo)
Partindo do estudo de Almeida amp Passini (2010) podemos ainda concluir que para o
mapa esta relaccedilatildeo possibilita o envolvimento da perspectiva e coordenadas geograacuteficas
no plano espacial localizando e orientando por meio de referenciais abstratos
O processo metodoloacutegico de elaboraccedilatildeo do mapa pela crianccedila estaacute
contextualizado nas relaccedilotildees espaciais Segundo a perspectiva piagetiana elas
repercutem no processo metodoloacutegico de desenvolvimento de recursos cartograacuteficos
(croquis desenhos mapas e maquetes) Com a intenccedilatildeo de correlacionar as propostas
metodoloacutegicas para a construccedilatildeo do mapa ao ensino de Geografia elaboramos o Quadro
01 Ele sintetiza por meio da visatildeo de alguns autores a leitura piagetiana para cada
fase atividades relacionadas agrave Cartografia Escolar conteuacutedos e as relaccedilotildees espaciais
40
QUADRO 1 - OPERACcedilOtildeES MENTAIS PARA O DESENVOLVIMENTO DA LEITURA DE MAPAS
PERIacuteODOS DE DESENVOLVIMENTO COGNITIVO RELACcedilOtildeES ESPACIAIS ELEMENTOS
CARTOGRAacuteFICOS
ATIVIDADES RELACIONADAS Agrave
CARTOGRAFIA ESCOLAR
PREacute-OPERATOacuteRIO
Primeiras noccedilotildees espaciais
Construccedilatildeo via sentidos atraveacutes de um contato direto
com o objeto
RELACcedilAtildeO SIGNIFICANTE
SIGNIFICADO
Siacutembolos e legendas
Mapa do corpo (onde os alunos podem
mapear o proacuteprio corpo em uma folha de
papel)
Banho de papel
OPERATOacuteRIO
Iniacutecio do aparecimento da funccedilatildeo simboacutelica
Utilizaccedilatildeo de representaccedilotildees
Aparecircncia dos fenocircmenos
Representaccedilotildees estatiacutesticas (a crianccedila natildeo consegue
refazer a ordem inversa dos acontecimentos)
RELACcedilOtildeES TOPOLOacuteGICAS
Vizinhanccedila proximidade
separaccedilatildeo envolvimento
interioridade exterioridade
Limites e fronteiras
Realizaccedilatildeo de maquetes
Planta da sala de aula
Trajeto casa-escola Noccedilotildees de esquerda e direita satildeo consideradas apenas
do ponto de vista do observador
Representaccedilotildees dinacircmicas (representam tambeacutem em
ordem inversa)
OPERACcedilOtildeES FORMAIS
Localiza quando o objeto estaacute agrave sua direita ou agrave direita
do outro
Introduccedilatildeo da noccedilatildeo de perspectiva
RELACcedilOtildeES PROJETIVAS
Esquerda direita em cima
embaixo agrave frente atraacutes
Escala e coordenadas
geograacuteficas Orientaccedilatildeo espacial (A partir do sol ou
buacutessola)
Realizaccedilatildeo de plantas ndash mapas de grande
escala - mediante fita meacutetrica e reacutegua
Analise na completa ausecircncia do objeto
Passagem da accedilatildeo agrave operaccedilatildeo
Considera que os objetos estatildeo agrave esquerda - direita uns
dos outros
Superaccedilatildeo egocentrismo - descentralizaccedilatildeo
RELACcedilOtildeES EUCLIDIANAS
Relaccedilotildees meacutetricas comprimento
altura largura
Sistema de coordenadas
Projeccedilotildees cartograacuteficas e
orientaccedilatildeo geograacutefica
Fonte PASSINI apud RICHTER (2010) p 44 - 45 RIBEIRO amp MARQUES (2001) CASTROGIOVANNI amp COSTELLA (2006) ALMEIDA amp PASSINI (2010)
PASSINI (2012)
41
Eacute observado no quadro 01 (p 40) que para cada periacuteodo de desenvolvimento
cognitivo dos alunos haacute intenccedilotildees no que se refere ao desenvolvimento de relaccedilotildees
espaciais e elementos cartograacuteficos Passini apud Richter (2010) e Passini (2012)
destacam elementos cartograacuteficos e atividades didaacuteticas para a construccedilatildeo das relaccedilotildees
espaciais outros autores indicam atividades praacuteticas a exemplo do mapa do corpo
apresentado por Almeida amp Passini (2010) ou banho de papel por Castrogiovanni amp
Costella (2006)
No que se refere aos elementos apresentados no quadro 01 (p 40) o primeiro
periacuteodo de desenvolvimento cognitivo (preacute-operatoacuterio) indica a relaccedilatildeo entre a
representaccedilatildeo do corpo da crianccedila (significante - siacutembolo) e o corpo humano
(significado ndash o que o siacutembolo representa) possibilitando a construccedilatildeo de uma legenda
Aleacutem disso assim como na segunda atividade possibilita uma conexatildeo para as relaccedilotildees
topoloacutegicas
Posteriormente no periacuteodo operatoacuterio estas relaccedilotildees satildeo aprofundadas incluem-
se a discussatildeo dos limites e fronteiras bases na discussatildeo das escalas geograacuteficas ndash
municiacutepio estados regiatildeo paiacutes entre outras E finalmente as operaccedilotildees formais
quando as crianccedilas jaacute conseguem realizar uma descentralizaccedilatildeo de sua percepccedilatildeo
espacial contribuindo para o desenvolvimento da orientaccedilatildeo geograacutefica do uso de
escalas de reduccedilatildeo e coordenadas geograacuteficas
Como resultado foi desenvolvido propostas para o trabalho com mapas
existentes ou seja aqueles que possuem uma linguagem cartograacutefica composto por
ldquo[] um sistema de siacutembolos que envolvem proporcionalidade uso de signos ordenados
e teacutecnicas de projeccedilatildeordquo (PCN 1997 p 79) Esses envolvem tambeacutem discussotildees sobre
orientaccedilatildeo e localizaccedilatildeo espacial O princiacutepio eacute a capacitaccedilatildeo do aluno para a construccedilatildeo
do mapa e concomitantemente a leitura de produtos cartograacuteficos auxiliando a
ampliaccedilatildeo do conhecimento geograacutefico e soluccedilatildeo de problemas cotidianos
Com base nestas prerrogativas assinaladas no campo da Cartografia Escolar
seria possiacutevel a formaccedilatildeo de um ldquoleitor consciente da linguagem cartograacuteficardquo
(ALMEIDA amp PASSINI 2010 p 21) Agrave medida que o aluno realiza os mapas ele
participa do processo de construccedilatildeo de habilidades e conceitos referentes agrave elaboraccedilatildeo
de mapas possibilitando a leitura eficaz dos mapas existentes
Toda esta metodologia do desenvolvimento da aprendizagem do mapa que
enfatizamos anteriormente ficou conhecida como alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica Mediante
esses apontamentos Passini (2012 p 13) define
42
ldquoAlfabetizaccedilatildeo Cartograacuteficardquo eacute uma metodologia que estuda os processos de
construccedilatildeo de conhecimentos conceituais e procedimentais que desenvolvam
habilidades para que o aluno possa fazer as leituras do mundo por meio das
suas representaccedilotildees Eacute a inteligecircncia espacial e estrateacutegica que permite ao
sujeito ler o espaccedilo e pensar a sua Geografia O sujeito que desenvolve essas
habilidades para ser leitor eficiente de diferentes representaccedilotildees desenvolve o
domiacutenio espacial
Nestes termos conhecer a Cartografia Escolar eacute compreender as relaccedilotildees
existentes no espaccedilo e tempo permitindo ao aluno atender agraves necessidades que
apareceratildeo no seu cotidiano (natildeo restrita a realidade local) como traccedilar itineraacuterios
localizar lugares desenvolver formar conscientes de accedilatildeo no ambiente em que vive
dando-lhe por fim a possibilidade de planejar seu futuro
Sendo assim observamos que este processo de alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica
deveria iniciar-se desde os anos iniciais do EF tendo em vista que o fato de interpretar
e produzir mapas satildeo habilidades que se formam gradualmente Por meio dessa
alfabetizaccedilatildeo os alunos podem construir conceitos baacutesicos para interpretar e produzir
representaccedilotildees com proficiecircncia crescente
Natildeo haacute uma exclusividade da perspectiva piagetiana para a leitura e
metodologias para a realizaccedilatildeo de mapas Como expotildeem Richter (2010) estes estudos
atingem o ambiente escolar mediante os referenciais curriculares da produccedilatildeo de
materiais escolares (principalmente os livros didaacuteticos) Entretanto isso natildeo
corresponde necessariamente a uma mudanccedila desejada no trabalho docente e
conseguinte da compreensatildeo dos alunos acerca deste recurso Observa-se um limite
entre a proposta e sua execuccedilatildeo no trabalho docente
Em contrapartida outras propostas surgem voltadas para o ensino-aprendizagem
de Geografia nas escolas sem necessariamente desprivilegiar ou ldquosuperarrdquo os estudos
das relaccedilotildees espaciais Indubitavelmente com o avanccedilo da Cartografia surgem novas
sugestotildees para o trabalho docente Integra outras perspectivas epistemoloacutegicas e
metodoloacutegicas a respeito do desenvolvimento da aprendizagem dos sujeitos e da ciecircncia
cartograacutefica Verificaremos essas leituras e interpretaccedilotildees no toacutepico a seguir
14 A CARTOGRAFIA ESCOLAR E OUTRAS INTERPRETACcedilOtildeES PARA O
CONHECIMENTO DO ESPACcedilO
Apoacutes 30 anos de estudos o desenvolvimento relacionado a atividades com a
Cartografia Escolar possibilitaram pesquisadores como Oliveira (1978) Almeida amp
43
Passini (2010) Castrogiovanni amp Costella (2006) Castellar (2000) e Passini (2012)
afirmarem que mediante a alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica as crianccedilas estariam aptas ao
processo de leitura e interpretaccedilatildeo do mapa e consequentemente dos conhecimentos
relacionados agrave Geografia possibilitando desenvolver uma leitura de mundo
As pesquisas dos autores supracitados satildeo importantes pois valorizam e firmam
a posiccedilatildeo da representaccedilatildeo cartograacutefica nas praacuteticas escolares de Geografia ademais
parte de um mesmo vieacutes cartograacutefico o cartesiano Entretanto eacute importante lembrar que
ainda existem dificuldades no trabalho com essa perspectiva cartograacutefica na escola
principalmente nos anos iniciais do EF
A pesquisa de mestrado de Richter (2004) com alunos do uacuteltimo semestre do
curso de Pedagogia esclarece que muitos estudantes concluem o curso sem compreender
os processos metodoloacutegicos e cognitivos relacionados agrave alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica Os
discentes apontam e discutem a importacircncia do saber cartograacutefico nas praacuteticas escolares
muito embora quando interrogados natildeo consigam explicar os passos que possibilitaria
a accedilatildeo do ensino-aprendizagem da Cartografia Escolar
Mediante algumas experiecircncias no curso de Pedagogia da UFPB (ALMEIDA
2014) notamos que na maioria dos casos a leitura de orientaccedilotildees como os PCN (1997)
pelos professores estatildeo presentes apenas enquanto estudante universitaacuterio Visto a
obrigaccedilatildeo destas referecircncias pela academia Por outro lado haacute de se perceber que a
formaccedilatildeo presente nos cursos de Pedagogia eacute distinta a oferecida aos professores de
Geografia Os pedagogos tecircm apenas um semestre no maacuteximo um ano para
aprenderem tudo o que se refere ao ensino de Geografia inclusive as praacuteticas referentes
ao uso do mapa tornando essa relaccedilatildeo tecircnue quando eles se deparam com a sala de aula
Como resultado discute Pinheiro (2012) que as noccedilotildees espaciais satildeo trabalhadas
de forma descontextualizada do curriacuteculo escolar Os professores muitas vezes natildeo se
baseiam em um planejamento preacutevio ou apresentam um prosseguimento de uma
proposta para o ensino de Geografia A oportunidade de construir conceitos e de
relacionar a leitura de mundo eacute perdida em decorrecircncia de praacuteticas aleatoacuterias que natildeo se
baseiam em meacutetodos geograacuteficos
Pinheiro (2012) afirma que embora as noccedilotildees espaciais sejam trabalhadas em
sala de aula elas satildeo postas como parte da tradiccedilatildeo Satildeo usadas para disciplinar os
alunos as normas e regras escolares como a realizaccedilatildeo da fila a divisatildeo dos banheiros
para meninas e meninos e o lugar na sala de aula Opondo-se a esta praacutetica descrita
anteriormente julgamos necessaacuterio que a Cartografia Escolar deve estar atrelada a uma
44
tomada de consciecircncia do professor em relaccedilatildeo aos objetivos e ao posicionamento
metodoloacutegico do uso do mapa para as aulas de Geografia
Acreditamos que as praacuteticas da Cartografia tradicional no contexto escolar natildeo
podem se tornar a uacutenica referecircncia teoacuterico-metodoloacutegica Satildeo observados avanccedilos nessa
linha que permitiriam integrar outras praacuteticas para o ensino de Geografia Autores como
Teixeira11 (2001) Kozel (2002 2005) Katuta (2001) Girardi (2005) Raffestin (2007)
Lladoacute (2013) e Farinelli (2013) questionam e discutem a visatildeo de representaccedilatildeo espacial
em contextos tradicionais e progridem na avaliaccedilatildeo do mapa apontando novas
abordagens
A discussatildeo inicial estabelecida por Girardi (2005) destaca que a Cartografia
por anos eacute produzida mediante as regras da ordem da geometria e razatildeo positivista
Apresenta uma relaccedilatildeo entre a realidade e sua abstraccedilatildeo no papel O mapa enquanto
representaccedilatildeo permite compreender a dimensatildeo territorial por meio do proacuteprio
documento auxiliando na tomada de decisotildees e planejamento do espaccedilo urbano por
exemplo considerando a representaccedilatildeo como o proacuteprio objeto
Raffestin (2007 p 09 ndash 10) realiza criacuteticas em torno da Cartografia tradicional e
sua representaccedilatildeo por se constituir um significativo instrumento ideoloacutegico de poder
poliacutetico e militar ele menciona que
A representaccedilatildeo eacute triplamente uma moeda fiduciaacuteria12 em primeiro lugar ela
eacute a cristalizaccedilatildeo de um conjunto de valores e de normas de um sujeito
histoacuterico em seguida ela eacute o meio para se chegar a uma praacutetica e a um
conhecimento do real ou agrave praacutetica e a um conhecimento do imaginaacuterio e
enfim ela eacute um meio de acumulaccedilatildeo e de tesourizaccedilatildeo
Nas palavras do autor supracitado a carta (tipo de mapa geograacutefico de escala
meacutedia ou grande) tanto pode revelar verdades como mentiras sobre determinada
realidade espacial Nestas condiccedilotildees a representaccedilatildeo da superfiacutecie terrestre permite a
quem a detecircm e dela interpreta suas informaccedilotildees uma observaccedilatildeo geral do plano das
relaccedilotildees e organizaccedilotildees do territoacuterio e consequentemente uma accedilatildeo planejada sobre a
realidade apontando informaccedilotildees nem sempre verossiacutemeis mas um produto imaginaacuterio
intencional
Interpretando as palavras de Raffestin (2007) o ato de mapear natildeo eacute considerado
apenas no plano do conhecimento geograacutefico mas na posiccedilatildeo de organizaccedilatildeo espacial
11Uma observaccedilatildeo sobre a bibliografia deste trabalho eacute que Salete Kozel Teixeiraeacute citada durante esta
dissertaccedilatildeo de duas formas Teixeira e Kozel isso ocorre devido agrave mudanccedila do sobrenome da autora 12 Podemos considerar a expressatildeo ldquomoeda fiduciaacuteriardquo como um recurso de troca que garante seguranccedila
confianccedila na tomada de posiccedilatildeo do conhecimento para o sujeito
45
do domiacutenio do homem sobre o trabalho e o ambiente garantindo-lhe capital e poder As
caracteriacutesticas descritas segundo Lladoacute (2013) surgem com o advento da modernidade
e do Estado Naccedilatildeo ganhando prestiacutegio enquanto representaccedilatildeo espacial
O mapa nas condiccedilotildees a que se refere Raffestin (2007) e Lladoacute (2013) eacute
considerado legiacutetimo instrumento do governo Segundo Lladoacute (2013) poderiacuteamos
entender o mapa em dois momentos ideoloacutegicos distintos o primeiro destacaria o mapa
enquanto signo e o territoacuterio representado como significado O territoacuterio eacute um dado
original e o mapa uma abstraccedilatildeo uma imagem mais ou menos fiel do espaccedilo
Em um segundo momento Lladoacute (2013) e Farinelli (2013) demonstram que a
interpretaccedilatildeo sobre o mapa eacute transformada na modernidade pois haacute alteraccedilotildees culturais
Se antes o territoacuterio era a base para o mapeamento agora o mapa precede o territoacuterio
possibilitando a tomada de decisotildees planejamento criam-se inicialmente as fronteiras
fictiacutecias e depois as reais O Estado territorial moderno assume ldquo[] propriedades
geomeacutetricas e espaciais da projeccedilatildeo cartograacutefica algumas propriedades jaacute presentes na
definiccedilatildeo euclidiana de lsquoextensatildeorsquo espacialrdquo13 (LLADOacute 2013 p 242 ndash 243)
Segundo Lladoacute (2013 p 242 - 243) trecircs caracteriacutesticas estatildeo presentes no mapa
existente a ldquocontinuidaderdquo natildeo fragmentaccedilatildeo territorial ldquohomogeneidaderdquo o Estado e
consequentemente seu povo satildeo homogecircneos no que corresponde a cultura manipulam
os mesmo signos (liacutengua e consciecircncia histoacuterica) e ldquoisotropiardquo todos respondem ao
mesmo centro a capital do Estado14
Essa visatildeo eurocecircntrica do mundo da construccedilatildeo de mapas ocidentais
cientiacuteficos e contemporacircneo portanto ldquoverdadeirosrdquo haacute muito negligencia a confecccedilatildeo
de mapas primitivos histoacutericos e mentais por natildeo obedecerem a padrotildees de
normatizaccedilatildeo e leituras Girardi (2005 p 65) sintetiza esses fatores atraveacutes dos
seguintes pontos
1ordf ndash representaccedilatildeo cartograacuteficas verdadeiras satildeo aquelas construiacutedas com
rigor cientifico 2ordf ndash mapas satildeo produtos da evoluccedilatildeo histoacuterica da ciecircncia e da
13 [] propiedades geomeacutetricas y espaciales de La proyeccioacuten cartograacutefica unas propiedades presentes ya
em La definicioacuten euclidiana de laltltextensioacutengtgt espacial 14 Se os argumentos natildeo foram suficientes para convencer o leitor exemplos histoacutericos satildeo destacados
por Lladoacute (2013) e Farinelli (2013) os mapas utilizados por Benjamin Franklin George Washington e
Thomas Jeferson que promoveram a colonizaccedilatildeo das terras a Oeste dos Estados Unidos mediante a
divisatildeo territorial por meio da quadriacutecula cartograacutefica Outro exemplo mais proacuteximo historicamente e
geograficamente seria a construccedilatildeo de Brasiacutelia Cidade planejada na regiatildeo Centro-Oeste do Brasil
construiacuteda na deacutecada de 1950-60 durante o governo de Juscelino Kubitschek destaca-se aqui a realizaccedilatildeo
do plano piloto para a construccedilatildeo do Distrito Federal
46
tecnologia 3ordf ndash mapas soacute podem ser construiacutedos pelos que dominam todo
esse arcabouccedilo teacutecnico-cientiacutefico
Por outro lado a autora questiona
E os mapas das naccedilotildees indiacutegenas e de outras sociedades cujo referencial eacute
outro Natildeo satildeo mapas E os mapas turiacutesticos de propaganda imobiliaacuteria de
jornal A criacutetica corporativa resolveu essa questatildeo mudando o nome dessas
representaccedilotildees croquis mapa mental mapa ilustrativo Essa visatildeo
eurocecircntrica e elitista da cartografia em muito pouco contribuiacutea para avanccedilar
a discussatildeo sobre o mapa na Geografia (GIRARDI 2005 p 65)
A partir de Girardi (2005) questionamos no cenaacuterio contemporacircneo eacute possiacutevel
entender diferentes espacialidades de forma inteligente e humana em um mundo
globalizado regido por regras e direitos Haacute grupos ocupando distintas posiccedilotildees dentro
de uma mesma sociedade pessoas de diversas classes sociais etnias que residem em
diferentes lugares que possuem distintas profissotildees provenientes da imigraccedilatildeo e
comunidades tribais Natildeo seria equivocado afirmar que todos possuem a mesma leitura
de mundo Que satildeo todos iguais Ou ainda que expressatildeo a mesma relaccedilatildeo com o
ambiente
O que nos chama atenccedilatildeo natildeo eacute a aprendizagem do mapa em seu plano
cartesiano com normas e padrotildees pelo contraacuterio ressaltamos a importacircncia deste nas
atividades escolares visto sua forte expressatildeo e necessidade na vida contemporacircnea
Por outro lado eacute importante destacar que o mapa natildeo eacute um recurso neutro sua loacutegica eacute
composta por uma relaccedilatildeo que eacute historicamente e socialmente construiacuteda (KOZEL
2005)
Mediante o exposto Francischett (2012) relata uma mudanccedila epistemoloacutegica na
forma de interpretar a natureza da Cartografia correspondendo necessariamente a sua
didaacutetica metodologia do ensino de Geografia
Uma epistemologia com base na teoria social eacute mais apropriada para a
histoacuteria da Cartografia Ela mostraraacute que os mapas cientiacuteficos satildeo igualmente
produtos das regras da ordem da geometria e da razatildeo mas tambeacutem das
normas e valores da ordem social e da tradiccedilatildeo cultural (FRANCISCHETT
2012 p 93)
O mapa natildeo eacute uma ferramenta meramente teacutecnica ou mecacircnica Ela eacute carregada
de escolhas eacute portador de uma seleccedilatildeo das informaccedilotildees geograacuteficas Dito isto eacute
apresentada outra perspectiva do uso das representaccedilotildees geograacuteficas Kozel (2002) se
aventura em outras correntes epistemoloacutegicas oriundas da psicologia e discute o
conceito de representaccedilatildeo espacial para os estudos geograacuteficos Ela demonstra que
47
Caberia sobretudo agrave geografia das representaccedilotildees entender os processos que
submetem o comportamento humano tendo como premissa que este eacute
adquirido por meio de experiecircncias (temporal espacial e social) existindo
uma relaccedilatildeo direta e indireta entre essas representaccedilotildees e as accedilotildees humanas
ou seja entre as representaccedilotildees e o imaginaacuterio revolucionando a gecircnese do
conhecimento permitindo-nos compreender a diversidade inerente aacutes praacuteticas
sociais agraves mentalidades aos vividos (KOZEL 2002 p 215)
Partimos do princiacutepio que o mapa eacute um elemento da comunicaccedilatildeo logo este
recurso eacute portador de uma linguagem Eacute tambeacutem resultado de uma accedilatildeo colaborativa
visto que a aprendizagem ocorre por meio da participaccedilatildeo Neste caso eacute constatada uma
proximidade com linhas de estudo que discutem uma epistemologia do mapa voltada a
ldquoCartografia SocialCulturalrdquo (KOZEL 2002) que se relacionam com estudos de
pequenos grupos sociais e comunidades tradicionais brasileiras
Eacute de conhecimento de todos que no Brasil existem grupos indiacutegenas
quilombolas ciganos entre outros Dentre as caracteriacutesticas comuns das comunidades
grifadas estatildeo as condiccedilotildees econocircmicas de pobreza moradias distantes dos grandes
centros urbanos e dificuldades ao acesso a poliacuteticas governamentais Esses grupos
sociais o modo como eles lidam com a emoccedilatildeo e a razatildeo para mudar a realidade de vida
satildeo um dos desafios da ciecircncia para compreender essa realidade
Neste contexto experiecircncias com a Cartografia Social ganham cada vez mais
prestiacutegio entre as ciecircncias humanas A regiatildeo Norte do Brasil vem se destacando neste
campo de pesquisa O Projeto Nova Cartografia Social da Amazocircnia15 por exemplo
desenvolve pesquisas com o objetivo de proporcionar aos povos e comunidades
tradicionais na Amazocircnia agrave auto-cartografia oferecendo tecnologias que possibilitam a
delimitaccedilatildeo de seus territoacuterios de referecircncia os recursos naturais que utilizam para o
desenvolvimento dessas comunidades e sua cultura16
O projeto desenvolveu diferentes fasciacuteculos mediante a proposta supracitada
Entre eles o do Movimento Interestadual de Quebradeiras de Coco Babaccedilu (PROJETO
NOVA CARTOGRAFIA SOCIAL DA AMAZOcircNIA 2005) Este fasciacuteculo demonstra
a importacircncia da atividade da coleta da amecircndoa do coco babaccedilu como uma das poucas
15 Para mais informaccedilotildees sobre o Projeto Nova Cartografia Social da Amazocircnia e a produccedilatildeo de seus
materiais didaacuteticos e pesquisas acesse o link Disponiacutevel em
httpnovacartografiasocialcomapresentacaogt acessado em 03042015 16 Por meio projeto eacute possiacutevel a realizaccedilatildeo do georeferenciamento do territoacuterio Possibilita aleacutem disso a
formaccedilatildeo pedagoacutegica para essas comunidades aprendem a manusear GPS e outras teacutecnicas fundamentais
de cartografia possibilitando a escolha das informaccedilotildees que consideram relevantes para o seu modo de
vida e que devem ser representadas nos mapas Satildeo levantadas histoacuterias estoacuterias e experiecircncias cotidianas
a respeito das comunidades tradicionais com a intenccedilatildeo de preservar as praacuteticas e culturas regionais
48
alternativas econocircmicas Satildeo notoacuterios as ameaccedilas e conflitos com grandes proprietaacuterios
de terra para continuar essa cultura regional em estados como Maranhatildeo Paranaacute
Tocantins e Piauiacute
O espaccedilo enquanto referencial possibilita a estas comunidades principalmente
as mulheres responsaacuteveis pelo trabalho com o coco a consciecircncia de lutar por seus
direitos17 Haacute tambeacutem as dificuldades para a realizaccedilatildeo deste movimento resistecircncias e
crenccedilas a respeito do trabalho feminino A funccedilatildeo das cooperativas por exemplo satildeo
significativas para a mudanccedila de vida dessa populaccedilatildeo Produzem a exemplo sabonete
com oacuteleo de amecircndoas do babaccedilu tornando-se fonte de renda para muitas famiacutelias
(PROJETO NOVA CARTOGRAFIA SOCIAL DA AMAZOcircNIA 2005)
Esses apontamentos dialogam com os estudos de Teixeira (2001) que por sua
vez discute sobre o desenvolvimento da Geografia Cultural ao longo da histoacuteria Suas
consideraccedilotildees sobre a percepccedilatildeo geograacutefica reportam os enfoques do comportamento e
a cogniccedilatildeo O espaccedilo passa a ser apreendido pelos sentidos como resultado passa a ser
percebido sentido e representado tornando-se vivido Eacute dado creacutedito agraves experiecircncias
humanas a construccedilatildeo das imagens lembranccedilas significaccedilotildees e experiecircncias na
construccedilatildeo das relaccedilotildees sociais e ambientais
Os avanccedilos alcanccedilados pela Cartografia Social e as representaccedilotildees sociais
colaboram para a compreensatildeo dos mapas mentais enquanto um instrumento que
permitiria inserir na representaccedilatildeo dos alunos elementos subjetivos e sua compreensatildeo
da realidade Procuramos a seguir ilustrar alguns episoacutedios que aproximam agrave
interpretaccedilatildeo dos mapas mentais voltados as praacuteticas escolares para o Ensino de
Geografia
141 Percursos dos Mapas Mentais e suas praacuteticas na Educaccedilatildeo Geograacutefica
Por meio dos argumentos levantados sobre a Cartografia Social eacute observado que
a cogniccedilatildeo humana natildeo se restringe a um modelo de representaccedilatildeo espacial Para que
uma proposta de ensino-aprendizagem por meio do mapa seja sistematizada natildeo se daraacute
necessariamente em uma base cartesiana De acordo com Oliveira (2010) a proposta
17 O ldquodireito a palmeira livrerdquo a territoacuterios particulares para a coleta dos frutos satildeo accedilotildees garantidas por
leis municipais conquistadas a partir da organizaccedilatildeo do movimento das quebradeiras de coco babaccedilu
(exemplo lei municipal nordm 0012002 ndash Lago do Junco (MA) que dispotildeem sobre a proibiccedilatildeo da derrubada
de palmeiras de babaccedilu no municiacutepio e daacute outras providecircncias)
49
com o trabalho com o mapa dependeraacute dos objetivos a serem alcanccedilados pelos
professores em sala de aula
Natildeo satildeo recentes os estudos voltados agrave construccedilatildeo da imagem mental para a
percepccedilatildeo ambiental nos anos de 1960 ndash 1970 advertem Nogueira (2006) e Kozel
(2005) pesquisas de autores como William Kirk Peter Gould e White jaacute discutiam as
preferecircncias dos espaccedilos cotidianos e a escolha de itineraacuterios de estudantes
universitaacuterios norte-americanos
A reflexatildeo sobre a percepccedilatildeo ambiental nas cidades contribuiu para o
planejamento urbano e regional surgindo neste contexto agrave expressatildeo carta mental18 para
o mapeamento das preferecircncias das sociedades Nogueira ao estudar os trabalhos de
Gould e White destaca que
Esses autores consideram os ldquomapas mentaisrdquo as imagens espaciais que estatildeo
nas cabeccedilas dos homens natildeo soacute dos lugares vividos mas tambeacutem dos lugares
distantes construiacutedos pelas pessoas valendo-se de universos simboacutelicos
sendo produzidos por acontecimentos histoacutericos econocircmicos sociais e
econocircmicos divulgados (NOGUEIRA 2006 p 126)
Entre as obras citadas com frequecircncia nos estudos relacionados aos mapas
mentais estaacute o livro ldquoA imagem da cidaderdquo de Kelvin Lynch O autor reconstroacutei a
imagem do ambiente por meio da percepccedilatildeo de moradores das cidades norte-americanas
de Boston Jersey City e Los Angeles Lynch (2011) discute ainda o conceito de
legibilidade a clareza sobre a qual as pessoas percebem interpretam e organizam o seu
espaccedilo na cidade para nela sobreviver uma espeacutecie de sistematizaccedilatildeo cognitiva do
espaccedilo vivido ou seja seu mapa mental
Segundo os paracircmetros anteriormente destacados os mapas mentais possibilitam
destacar aspectos subjetivos e perceptivos de cada sujeito presentes na produccedilatildeo das
linguagens cartograacuteficas de espaccedilos e tempos proacuteximos ou distantes tal fato natildeo eacute
diferente quando relacionado agraves praacuteticas escolares Os PCN desde a deacutecada de 1990
apontam para os professores variados recursos didaacuteticos para o ensino de Geografia
eles explicam que
[] consultar diferentes fontes de informaccedilatildeo tais como obras literaacuterias
muacutesicas regionais fotografias entrevistas ou relatos torna-se essencial na
busca de novas informaccedilotildees que ampliem aquelas que jaacute se possui A
18 Teixeira (2001) adverte em sua tese que o mapa mental embora seja um termo corriqueiro na
atualidade eacute fruto de uma longa reflexatildeo Estudos anteriores podem identificar os mapas mentais pelos
seguintes sinocircnimos mapas cognitivos e ou cartas mentais
50
compreensatildeo geograacutefica das paisagens significa a construccedilatildeo de imagens
vivas dos lugares que passam a fazer parte do universo de conhecimentos dos
alunos tornando-se parte de sua cultura Os trabalhos praacuteticos com maquetes
mapas mentais e fotografias aeacutereas podem tambeacutem ser utilizados Grifo
nosso (BRASIL 1997 101)
As orientaccedilotildees dos PCN sublinham que diferentes praacuteticas e recursos escolares
podem ser utilizados nas aulas de Geografia entretanto na maioria dos casos recursos
como o desenho e os mapas mentais sofrem criacuteticas visto que satildeo tratados apenas como
instrumentos luacutedicos e ou descontextualizados a praacutetica pedagoacutegica
Miranda (2005) ao estudar o uso do desenho como recurso voltado ao ensino de
Geografia realizou uma pesquisa com alunos do atual 3ordm e 4ordm ano do EF Afirma o autor
que haacute o descaso relacionado agraves imagens manuais aleacutem de consideraacute-los como uma
possibilidade de transiccedilatildeo para os mapas existentes19 contexto que se aplica aos mapas
mentais
Miranda (2005 p 57) considera o ato de desenhar ldquo[] como meacutetodo de
abordagem e de anaacutelise como investigaccedilatildeo da paisagem atraveacutes de confrontaccedilotildees entre
o assunto observado (e natildeo o modelo) e os traccedilados que resultam da anaacuteliserdquo Aleacutem
disso ressalta que o desenho natildeo eacute portador de uma ldquoeducaccedilatildeo visualrdquo acabada sem
brechas para uma anaacutelise criacutetica da imagem
Portanto o foco do desenho eacute abranger ldquo[] a sua produccedilatildeo histoacuterica como
linguagem como uma forma de se pensar comunicar apresentar representarrdquo
(MIRANDA 2005 p 58) consideramos que os criteacuterios de educaccedilatildeo visual e
linguagem se aproximam das praacuteticas com os mapas mentais
Ao contraacuterio do desenho os mapas mentais satildeo recursos cartograacuteficos voltados agrave
anaacutelise espacial compostos por uma linguagem especiacutefica A seguir apresentamos
algumas experiecircncias do uso dos mapas mentais em contextos sociais e escolares a fim
de apontar algumas caracteriacutesticas e metodologias relacionadas ao ensino de Geografia
142 Os mapas mentais no ensino-aprendizagem de Geografia
Os trabalhos de Archela Gratatildeo amp Trostdorf (2004) e Santos (2011) embora natildeo
estejam relacionadas agrave educaccedilatildeo formal dispotildeem de algumas informaccedilotildees importantes
19 Esclarece Miranda (2005) que com o avanccedilo de novas teacutecnicas cartograacuteficas e de geoprocessamento a
ciecircncia geograacutefica deixou-se seduzir por estes novos instrumentos criando-se descaso pelas imagens
manuais A credibilidade do desenho eacute expressa com maior nitidez apoacutes o trabalho de Almeida amp Passini
(2010) muito embora como recurso de transiccedilatildeo que permitiria o desenvolvimento da crianccedila para a
chegada aos mapas existentes
51
sobre os mapas mentais A primeira autora utiliza os mapas mentais enquanto recurso
de avaliaccedilatildeo a respeito da aacuterea central da cidade de Cambeacute estado do Paranaacute A
pesquisa eacute realizada com crianccedilas e jovens deste espaccedilo urbano Articula a
representaccedilatildeo do lugar pelos jovens mostrando relaccedilotildees de topofilia (apego ao lugar) e
topofobia (medo do lugar)
Santos (2011) por sua vez expotildeem uma pesquisa realizada com pessoas de
faixa etaacuteria distintas em uma comunidade rural de Vilas Rurais Recanto Verde e Nova
Jerusaleacutem Paranaacute Os mapas mentais satildeo realizados pelos participantes de um projeto
social agriacutecola que busca reduzir as desigualdades sociais no interior do estado
Ambas as pesquisas discutem a relaccedilatildeo de lugar e trabalho e tambeacutem como os
signos (formas espaciais) expressam significados sociais Como exemplo eacute destacado a
igreja enquanto signo espacial nas representaccedilotildees dos mapas mentais Ela corresponde
aos significados das manifestaccedilotildees culturais e religiosas expressadas nos artigos de
Archela Gratatildeo amp Trostdorf (2004) e Santos (2011)
A discussatildeo teoacuterica a respeito do recurso mapa mental eacute realizada por diferentes
autores aleacutem dos supracitados Rocha (2007) Gomes amp Vargas (2011) e Kozel amp
Galvatildeo (2008) enfatizam que as questotildees subjetivas deste recurso (o valor simboacutelico do
mapa) satildeo uma construccedilatildeo dialoacutegica e social do espaccedilo representado O mapa mental
neste sentido revela os sentimentos e apreensotildees das pessoas em relaccedilatildeo ao espaccedilo
podendo estar relacionados agrave memoacuteria ou a imaginaccedilatildeo de espaccedilos natildeo vividos
fisicamente Aleacutem disso possibilita condiccedilotildees de aprendizagem escolar que
possivelmente poderia influenciar na construccedilatildeo da imagem mental
Para alcanccedilarmos trabalhos que se aproximassem com a investigaccedilatildeo da
produccedilatildeo de mapas mentais em contexto escolar pesquisamos experiecircncias relacionadas
a praacuteticas de ensino de Geografia nos primeiros anos de educaccedilatildeo escolar Apesar do
pouco sucesso encontramos uma experiecircncia na Educaccedilatildeo Infantil e outra realizada nos
anos iniciais do EF
O artigo de Lopes (2012) eacute resultado de suas pesquisas sobre a apropriaccedilatildeo dos
espaccedilos pelas crianccedilas ele discorre sobre a infacircncia e outras possibilidades do uso da
Cartografia Escolar O autor realiza investigaccedilotildees baseadas na teoria histoacuterico-cultural
de Vigotski Explica tambeacutem que suas pesquisas com ldquocrianccedilas pequenasrdquo (de zero a
seis anos de idade) vecircm ldquo[] buscando compreender suas linguagens seus
enamoramentos pelas coisas pelos objetos suas vivecircncias em seus contextos histoacuterico-
geograacuteficosrdquo (LOPES 2012 p 215 - 216)
52
O estudo de Lopes (2012) natildeo busca apenas uma cartografia para crianccedilas uma
visatildeo dos adultos sobre as representaccedilotildees realizadas mas enfatiza que os ldquopequenosrdquo
busquem suas proacuteprias referencias promovendo suas Geo-cartografias singularidades
localizem e pensem seu lugar no mundo O autor nomeou esta praacutetica cartograacutefica de
ldquoMapas vivenciaisrdquo eacute notada uma proximidade metodoloacutegica com a pesquisa de
Miranda (2005)
Eacute demonstrado ainda que o mapa vivencial tenha como referecircncia natildeo apenas o
mundo dos adultos mas a proacutepria percepccedilatildeo da crianccedila sobre o mundo Lopes (2012)
considera o exemplo de um mapa realizado por um garoto de quatro anos de idade que
representa o mapa dos cheiros de sua casa A crianccedila estabelece a relaccedilatildeo entre o signo
(cocircmodos de sua casa) e os significados (os cheiros encontrados nestes espaccedilos)
(observar a figura 02 p 52) Esta experiecircncia enfatiza o olfato como oacutergatildeo sensorial
que permite localizar organizar e diferenciar os cocircmodos da casa
FIGURA 02 - MAPA VIVENCIAL MAPA DOS CHEIROS
Fonte LOPES 2012 p 216
Em outro cenaacuterio eacute realizado o trabalho por Silva amp Bernadelli (2010) Eles
conduziram na Escola Estadual Cristoacutevatildeo Colombo Uberlacircndia ndash MG uma oficina
pedagoacutegica sobre mapas mentais com uma turma do 5ordm ano do EF O projeto havia
como intenccedilatildeo promover praacuteticas de ensino de Geografia na Educaccedilatildeo Infantil mediante
experiecircncia de Estaacutegio Supervisionado I realizados com alunos do curso de Geografia
da Universidade Federal de Uberlacircndia
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A oficina discutiu o uso da Geografia nas atividades do dia a dia e aconteceu em
duas etapas A primeira correspondeu agrave produccedilatildeo de um texto que apresentava conceitos
voltados a cartografia escala orientaccedilatildeo espacial as toponiacutemias e outros levando em
consideraccedilatildeo relaccedilotildees espaciais de base piagetiana A segunda constituiu a realizaccedilatildeo de
mapas mentais que traccedilavam o percurso casa-escola seguindo orientaccedilotildees estabelecidas
por Nogueira (2006) discutindo a importacircncia dos pontos de referecircncia lugares
destacados nas representaccedilotildees experiecircncias pessoais atraveacutes de sentidos e atividades
socioculturais temas apresentados apoacutes a leitura dos mapas mentais com os alunos A
figura 03 (p 53) apresenta um dos mapas que retratam esta discussatildeo
FIGURA 3 - MAPA MENTAL DO TRAJETO CASA-ESCOLA
Fonte SILVA amp BERNADELLI 2010 p 05
Eacute observado que preocupaccedilotildees para um direcionamento teoacuterico ndash metodoloacutegico
com os mapas mentais para a Educaccedilatildeo Infantil e os anos iniciais do Ensino Infantil eacute
algo recente e pontual Em alguns casos estatildeo voltados a experiecircncias com os mapas
existentes (SILVA amp BERNADELLI 2010) entretanto buscam diversificar as
estrateacutegias inserindo a importacircncia do diaacutelogo e das experiecircncias cotidianas Aleacutem
disso fica evidente a pouca referecircncia sobre o uso de mapas mentais voltadas a
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educaccedilatildeo escolar no que correspondem aos anos iniciais do EF20 que validem uma
proposta metodoloacutegica deste recurso a ser pensada e utilizada pelos pedagogos
Entre as teses que buscam um tratamento de uma construccedilatildeo metodoloacutegica para
o trabalho com os mapas mentais destacamos as teses de Teixeira (2001) e Richter
(2010) os quais daremos maior enfoque na anaacutelise de nosso trabalho
Teixeira (2001) discute como eacute materializado o discurso proferido pela miacutedia da
cidade de Curitiba Paranaacute enquanto ldquocapital ecoloacutegicardquo para isso diagnostica a
construccedilatildeo da imagem social recorrendo agrave percepccedilatildeo da populaccedilatildeo que a habita e a
frequenta Sua pesquisa envolve moradores (estudante do Ensino Fundamental Meacutedio e
Superior discentes e docentes) e natildeo-moradores (turistas) a diversidade de
participantes foi escolhida intencionalmente para responder se havia ou natildeo
divergecircncia dos grupos em relaccedilatildeo a esta imagem de Curitiba
Em busca de respostas para suas indagaccedilotildees Teixeira (2001) utilizou como
instrumento de anaacutelise os mapas mentais Aleacutem do mais discute por meio dos mapas as
representaccedilotildees sociais e espaciais avaliando as construccedilotildees siacutegnicas Por meio de uma
metodologia proacutepria desenvolve paracircmetros de anaacutelise para os mapas mentais fato
inexistente antes do seu trabalho
Como suporte teoacuterico de sua pesquisa resgatou os apontamentos realizados por
Bakhtin (2012) sobre a linguagem o uso do signo e do enunciado como elementos que
possibilitam a comunicaccedilatildeo (dialogismo) por meio da representaccedilatildeo espacial
encontradas nos mapas mentais Produziu estudos posteriores que discute
epistemologicamente e empiricamente o uso dos mapas mentais como recurso didaacutetico
para o ensino de Geografia em diferentes niacuteveis de ensino (KOZEL 2002 2008)
Kozel influenciou a realizaccedilatildeo de outros estudos Em um artigo Galvatildeo amp Kozel
(2008) discutem sobre os aspectos teoacutericos - metodoloacutegicos da Geografia enfatizando as
questotildees de representaccedilatildeo e ensino Reproduzem a metodologia utilizada por Teixeira
para os mapas mentais com um grupo de alunos do 7ordm ano Esse trabalho registra a
compreensatildeo e anaacutelises dos estudantes sobre a contribuiccedilatildeo da Geografia Eacute destacado
nos mapas a temaacutetica Brasil e seus desdobramentos (Relaccedilatildeo local-global identidade
nacional siacutembolos territoacuterio etnias entre outros)
20 Embora as pesquisas de Lopes (2012) discutam o uso de mapas com crianccedilas observamos algumas
divergecircncias A primeira corresponde agrave faixa etaacuteria das crianccedilas pois natildeo podemos comparar as
experiecircncias de vida entre alunos da Educaccedilatildeo Infantil (faixa com a qual trabalha) com os anos iniciais do
EF pois a leitura de mundo eacute distinta A segunda corresponde aos interesses e avanccedilos sobre a
aprendizagem ocorrida na escola lembrando que todos os alunos a partir dos seis anos devem ser
matriculados na rede regular de ensino como discutimos no iniacutecio deste capiacutetulo
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Em outro caso semelhante Oliveira (2010) dispotildee da metodologia de Teixeira
para o desenvolvimento de sua dissertaccedilatildeo de mestrado Propotildee um estudo de caso em
duas escolas puacuteblicas estaduais em Madalena e Fortaleza ndash CE A pesquisa foi realizada
com alunos do 2ordm ano do Ensino Meacutedio e buscou discutir qual a relaccedilatildeo os estudantes
fazem entre o meio urbano e rural Oliveira (2010) sustenta a ideia que o mapa mental
deve estar direcionado a uma praacutetica pedagoacutegica para a consolidaccedilatildeo do conhecimento
geograacutefico e no reconhecimento e formaccedilatildeo do aluno enquanto um sujeito pertencente a
uma coletividade social
Em outra perspectiva Richter (2010) realiza uma investigaccedilatildeo com duas turmas
de alunos do 3ordm ano do Ensino Meacutedio na cidade de Presidente Prudente ndash Satildeo Paulo
uma escola puacuteblica e outra privada Enfatiza a importacircncia da aprendizagem de
Geografia como um conhecimento necessaacuterio para a Educaccedilatildeo Baacutesica O autor pondera
que a Geografia capacita o aluno a realizar uma interpretaccedilatildeo da realidade sob uma
perspectiva espacial auxiliando a interpretar o seu cotidiano considera isso de
raciociacutenio geograacutefico
Ao desenvolver sua proposta com os mapas mentais define temaacuteticas como os
problemas urbanos e o processo de globalizaccedilatildeo na cidade de Presidente Prudente para a
realizaccedilatildeo das representaccedilotildees Paralelamente resgata a Teoria Histoacuterico-cultural
desenvolvida por Vigotski (1998) e aproxima do desenvolvimento da Cartografia
Escolar Atraveacutes desta discussatildeo estabelece a importacircncia da linguagem para o
desenvolvimento humano a qual a cartograacutefica tambeacutem faz parte
Este pesquisador discute a importacircncia da construccedilatildeo dos conceitos espontacircneos
e cientiacuteficos pelos alunos Estes conceitos segundo o Richter (2010) possibilitam o
aluno compreender a sistematizaccedilatildeo do conhecimento geograacutefico e consequentemente
utilizar este saber em sua vida cotidiana No desenvolvimento da linguagem dos mapas
mentais seleciona os conceitos de legibilidade usada por Kevin Lynch e espaccedilo por
Milton Santos para a disposiccedilatildeo dos elementos retratados Ele considera tambeacutem as
experiecircncias vividas dos alunos assim como os conteuacutedos de Geografia como elos de
produccedilatildeo do raciociacutenio geograacutefico
Richter (2010) julga o mapa mental enquanto recurso didaacutetico que possibilita ao
aluno transpor para o papel sua compreensatildeo sobre a dinacircmica espacial articulando
seus conhecimentos sobre Geografia e ampliando seu conhecimento tornando o
estudante leitor e produtor de mapa Reconhece tambeacutem a importacircncia da criticidade na
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elaboraccedilatildeo dos mapas mentais Observa em alguns casos que o aluno natildeo domina certos
conceitos da Geografia
Richter (2010) assim como Teixeira (2001) tambeacutem prossegue em seus estudos
sobre Cartografia Escolar Ele enfatiza a importacircncia dos mapas mentais nas praacuteticas
escolares sem perder o foco do ensino-aprendizagem de Geografia como fator
preponderante Nesta mesma linha jaacute apresentada desenvolve projetos de pesquisas em
escolas na regiatildeo norte da cidade de Goiacircnia ndash GO atraveacutes do Programa de
Financiamento de Bolsas para alunos de Licenciatura (PROLICEN) do curso de
Geografia da UFG (RICHTER 2013)
No desenvolvimento dos mapas mentais encontramos diversos fatores que
contribuem com a sua produccedilatildeo ora referem-se agrave percepccedilatildeo que cada indiviacuteduo tem
acerca do espaccedilo cotidiano ora essas leituras satildeo provenientes de um saber
sistematizado cientiacutefico orientado por uma educaccedilatildeo escolar em ambos os casos
carecem de habilidade para transcrever no papel as imagens mentais que o sujeito deteacutem
sobre o espaccedilo (TEIXEIRA 2001 RICHTER 2010) Portanto o mapa mental eacute
resultado de uma representaccedilatildeo dialeacutetica possuindo caracteriacutesticas individuais do
sujeito tal como a influecircncia sociocultural do mesmo
O desenvolvimento dos mapas mentais enquanto capacidade cartograacutefica
pressupotildee habilidade para abstrair e simbolizar eacute incontestaacutevel o poder de conceituar as
relaccedilotildees espaciais (TEIXEIRA 2001 GALVAtildeO amp KOZEL 2008 RICHTER 2010)
A ocasiatildeo mais comum de seu uso eacute quando eacute necessaacuterio transpor eficientemente para
o papel o conhecimento geograacutefico a outros sujeitos e como a linguagem verbal eacute mais
utilizada para narrar acontecimentos do que para descrever e explicar relaccedilotildees espaciais
simultacircneas os mapas mentais satildeo adotados para a alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica e
consequentemente para a leitura de mundo do aluno
15 AS CONTRIBUICcedilOtildeES DE VIGOTSKI E BAKHTIN PARA A COMPREENSAtildeO
METODOLOacuteGICA DOS MAPAS MENTAIS
Ao relacionarmos os mapas mentais enquanto portadores de uma comunicaccedilatildeo
afirmamos que eles possuem uma linguagem cartograacutefica Esta compreensatildeo tem como
base os estudos estabelecidos por Teixeira (2001) Kozel (2002 2005 2008) e Richter
(2010) Essa preocupaccedilatildeo sobre a visatildeo do mapa enquanto portador de uma linguagem
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natildeo eacute ineacutedito Richter (2010) apresenta o trabalho acadecircmico de Simielli sobre a
reflexatildeo do mapa como possibilidade de um tratamento didaacutetico da linguagem espacial
Simielli (2008 p 71) foi uma das primeiras autoras a discutir ldquoo mapa como
elemento transmissor de informaccedilatildeordquo e avaliar sua ldquoeficaacuteciardquo A teoria da informaccedilatildeo
discutida pela autora embora natildeo aponte os mapas mentais compreende o aluno
enquanto mapeador possibilitando o desenvolvimento de habilidades como observaccedilatildeo
seleccedilatildeo e representaccedilatildeo do espaccedilo geograacutefico Constitui um modelo cognitivo de
apreensatildeo da realidade atraveacutes dos sentidos para a representaccedilatildeo do mapa Explica
Simielli (2008 p 78) que
Para se entender plenamente a linguagem cartograacutefica eacute preciso destacar aqui
a importacircncia da semioacutetica ciecircncia geral de todas as linguagens mais
especialmente dos signos O signo eacute algo que representa o seu proacuteprio objeto
Ele soacute eacute signo se tiver o poder de representar esse objeto de um certo modo e
com uma certa capacidade O signo soacute pode representar seu objeto para um
inteacuterprete produzindo na mente deste um outro signo considerando o fato de
que o significado de um signo eacute outro signo
O signo apresentado no mapa se divide em duas esferas o significante que
corresponde ao aspecto real (material) do signo e o significado que eacute o aspecto irreal
(representado) Segundo as orientaccedilotildees da autora supracitada o mapa constitui uma
relaccedilatildeo entre dois sujeitos o emissor (produtor do mapa) e o receptor (leitor do mapa)
Aleacutem disso satildeo empregadas teacutecnicas da alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica para a
construccedilatildeo do sentido dos mapas da relaccedilatildeo dos significados e significantes expressos
por meio de um alfabeto cartograacutefico (linha ponto e aacuterea) aparato da linguagem
cartograacutefica Simielli (2008 p 88) considera que ldquo[] o aluno interpreta os mapas
orienta-se e estabelece-se a correspondecircncia entre a representaccedilatildeo cartograacutefica e a
realidaderdquo21
O mapa diferentemente de outras teacutecnicas de informaccedilatildeo e conhecimento como
a liacutengua portuguesa ou a Matemaacutetica eacute portador de uma linguagem natildeo-verbal Traduz
um processo de aprendizagem natildeo sequencial de fenocircmenos que quando apresentados
na fala em texto ou operaccedilotildees matemaacuteticas naturalmente vatildeo apresentar uma
hierarquia disposiccedilatildeo sequencialidade que nem todas agraves vezes satildeo desejaacuteveis
A utilizaccedilatildeo dos mapas mentais sugere metodologias para interpretaacute-los e
existem diferentes formas de fazecirc-lo Para isso como meio de sistematizar
21 Podemos observar o uso deste alfabeto cartograacutefico na larga produccedilatildeo de mapas existentes (nos uso da
legenda) em nosso cotidiano nos mapas murais atlas escolares livros didaacuteticos etc
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geograficamente as informaccedilotildees registradas nos mapas mentais elaborados pelos alunos
apresentamos dois processos metodoloacutegicos que consideramos satisfatoacuterios Eles se
completam e satildeo empregados como guias para a avaliaccedilatildeo dos mapas produzidos em
nossa pesquisa
O primeiro corresponde aos trabalhos de Richter (2010) que aproxima da teoria
histoacuterico-cultural de Vigostki (1998) e o segundo de Teixeira (2001) e Kozel (2002
2005 2008) ao referendar os estudos de Bakhtin para interpretaccedilatildeo dos mapas mentais
Consideramos que ambas as metodologias tem como foco a interpretaccedilatildeo das
informaccedilotildees contidas nos mapas mentais bem como o estabelecimento de relaccedilotildees entre
o espaccedilo geograacutefico e o representado Consideram os aspectos socioculturais como algo
imprescindiacutevel agrave compreensatildeo dos mapas mentais
Portanto escolhemos os dois autores russos Vigostki (1998) e Bakhtin (2012)
por eles promoverem uma discussatildeo acerca da linguagem no desenvolvimento da
aprendizagem humana e no estabelecimento do dialogo social Essa tese eacute sustentada
por Jobim e Souza (1994 p 93) ao considerar que embora Vigotski e Bakhtin tomem
diferentes caminhos para interpretaccedilatildeo deste ponto convergem em explicar ldquoa
linguagem como espaccedilo de recuperaccedilatildeo do sujeito histoacuterico e socialrdquo
Vigotski (1998) e Bakhtin (2012) provocaram importantes mudanccedilas sobre a
reflexatildeo hegemocircnica da condiccedilatildeo humana no seacuteculo XX Ambos os autores construiacuteram
suas perspectivas de estudo baseados no campo filosoacutefico do materialismo histoacuterico-
dialeacutetico indicando o campo cultural da sociabilidade humana como base para a
tematizaccedilatildeo da consciecircncia Se Vigotski por um lado contrapocircs agrave corrente objetivista e
subjetivista na Psicologia por outro Bakhtin os desafiou em seus estudos sobre a
linguagem
Bakhtin (2012) considera a linguagem como fenocircmeno socioideoloacutegico e
apreendido dialogicamente no contexto histoacuterico Critica a postura das grandes
correntes linguiacutesticas da deacutecada de 1920 por empregar teorias que natildeo considerava a
liacutengua como fenocircmeno social O objetivismo abstrato representado por Saussure e o
subjetivismo idealista empregado por Humboldt
Segundo Rego (1995) a perspectiva de aprendizagem para Vigotski eacute sempre
relativa agrave dimensatildeo social e natildeo exclusivamente a maturaccedilatildeo do organismo22 A
22 Durante o desenvolvimento de nossa pesquisa foi posto pela professora do 5ordm ano que alguns alunos
natildeo conseguiam desenvolver ou compreender determinadas propostas com os mapas mentais ou
relacionadas a conteuacutedo da Geografia Segundo sua explicaccedilatildeo isso ocorre porque natildeo estaria ldquomadurosrdquo
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formaccedilatildeo humana eacute constituiacuteda em relaccedilatildeo coletiva A cultura torna-se parte da natureza
humana O desenvolvimento decorre da histoacuteria das funccedilotildees psicoloacutegicas superiores
caracterizadas por mudanccedilas qualitativas e quantitativas
As funccedilotildees psicoloacutegicas superiores (percepccedilatildeo memoacuteria pensamento)
transformam-se em contiguidade dando suporte aos processos elementares que se
tornam complexos Nestes termos inexiste um instrumento endoacutegeno23 para o
desenvolvimento humano Consequentemente
Os sistemas de signos (a linguagem a escrita o sistema de nuacutemeros) eacute
pensado como um sistema de instrumentos os quais foram criados pela
sociedade ao longo de sua histoacuteria Esse sistema muda a forma social e o
niacutevel de desenvolvimento cultural da humanidade A internalizaccedilatildeo desses
signos provoca mudanccedilas no homem Seguindo a tradiccedilatildeo marxista Vigotski
considera que as mudanccedilas que ocorrem em cada um de noacutes tem sua raiz na
sociedade e na cultura (BOCK FURTADO amp TEIXEIRA 2008 p 141)
A linguagem para Vigotski (1998) se torna o principal instrumento mediador
da interaccedilatildeo humana O ato da comunicaccedilatildeo para o desenvolvimento da humanidade eacute
incontestaacutevel Ao longo da histoacuteria ela contribuiu para o desenvolvimento das formas de
sobrevivecircncia no espaccedilo geograacutefico Pouco a pouco se tornou importante o legado das
experiecircncias atraveacutes das geraccedilotildees permitindo o avanccedilo da sociedade em termos sociais
evolutivos e adaptativos ao ambiente
Vigotski (1998) considera que o discurso egocecircntrico eacute ponto de partida para o
discurso interior Interior porque corresponde agrave internalizaccedilatildeo da linguagem Nestas
condiccedilotildees ao longo de nosso desenvolvimento passamos da fala socializada (a
comunicaccedilatildeo em contato social) a fala internalizada (instrumento de pensamento sem
vocalizaccedilatildeo) correspondente a um diaacutelogo consigo mesmo (REGO 1995)
Nessas conjunccedilotildees a questatildeo levanta por Vigotski (1998) eacute o planejamento de
uma teoria sociopsicoloacutegica que relaciona o pensamento a palavra como processo
dinacircmico E tambeacutem a necessidade da linguagem como fator constituinte para as
funccedilotildees psicoloacutegica superiores e da construccedilatildeo da subjetividade (JOBIM E SOUZA
1994) No campo da didaacutetica e do ensino-aprendizagem de Geografia especificamente
estudos sobre uma concepccedilatildeo socioconstrutivista enfatizam a educaccedilatildeo escolar como
o suficiente para progredir em seu desenvolvimento intelectual Observa que em muitos casos apenas o
fator ldquotempo de estudordquo o proporcionaria se desenvolver Posicionamo-nos de forma contraacuteria ao
entender por meio dos estudos de Vigotski (1998) que os fatores sociais e o processo de mediaccedilatildeo
contribuem para o progresso da aprendizagem do aluno 23 Relativo a algo originaacuterio ou desenvolvimento no interior do organismo
60
processo de conhecimento onde haacute a intervenccedilatildeo premeditada pelo professor a fim de
preparar o aluno para a construccedilatildeo de conceitos (CAVALCANTI 2014)
Na concepccedilatildeo de Vigotski (1998) o conhecimento natildeo eacute construiacutedo de forma
individual mas ao contraacuterio relata que pessoas mais experientes intervecircm na
construccedilatildeo do conhecimento elas satildeo denominadas mediadores A interaccedilatildeo ocorre
tambeacutem por meio de teacutecnicas materiais e instrumentos psicoloacutegicos oferecidos pela
cultura Para Vigotski (1998 p 112) a mediaccedilatildeo eacute explicada por meio do conceito de
Zona de Desenvolvimento Proximal que
[] eacute a distacircncia entre o niacutevel de desenvolvimento real que se costuma
determinar atraveacutes da soluccedilatildeo independente de problemas e o niacutevel de
desenvolvimento potencial determinado atraveacutes da soluccedilatildeo de problemas sob
a orientaccedilatildeo de um adulto ou em colaboraccedilatildeo com companheiro mais
capazes
Em outras palavras a Zona de Desenvolvimento Real eacute quando o aluno
consegue resolver determinado problema sozinho Zona de Desenvolvimento
Potencial eacute quando o aluno necessita de auxiacutelios mediadores para construir uma
compreensatildeo sobre algum conceito Jaacute a Zona de Desenvolvimento Proximal eacute o
estaacutegio intermediaacuterio com sucessivos avanccedilos e retrocessos ao longo do processo
educativo
Semelhante ao conceito de Zona de Desenvolvimento Proximal e os processos
de ensino-aprendizagem de Geografia nos anos iniciais do EF apontamos os
mediadores que nesse caso eacute representado pelo professor os colegas e os recursos
didaacuteticos24 (no caso desta pesquisa os mapas mentais) que podem influenciar na
educaccedilatildeo escolar O professor nesse processo ganha importacircncia significativa pois eacute
sua tarefa problematizar e criar situaccedilotildees de aprendizagem Os alunos por sua vez satildeo
motivados a interpretar analisar levantar hipoacuteteses propor soluccedilotildees e representar as
dinacircmicas do espaccedilo geograacutefico orientaccedilotildees expressas nos PCN (BRASIL 1997)
Portanto segundo Cavalcanti (2014) na relaccedilatildeo entre desenvolvimento e
aprendizagem os instrumentos mediadores e a situaccedilatildeo de ensino-aprendizagem
possibilita o desenvolvimento do pensamento nas praacuteticas escolares destacando-se
entre os instrumentos a linguagem De acordo com a interpretaccedilatildeo de Rego sobre o
24 Entendemos que satildeo diversos os recursos didaacuteticos (instrumentos mediadores) utilizados como aporte
para as aulas de Geografia Eles correspondem aos jaacute tradicionalmente conhecidos e utilizados no espaccedilo
escolar (livro didaacutetico atlas caderno) e outros utilizados no cotidiano dos alunos (raacutedio televisatildeo
jornais revistas computador internet etc) Apoiamos a diversidade desses recursos para a praacutetica de
ensino possibilitando diferentes caminhos para o professor atingir seus objetivos em sala de aula
61
trabalho de Vigotski a linguagem confere trecircs mudanccedilas essenciais nos processos
psiacutequicos do homem
A primeira relaciona-se ao fato de que a linguagem permite lidar com os
objetos do mundo exterior mesmo quando eles estatildeo ausentes [] A segunda
refere-se ao processo de abstraccedilatildeo e generalizaccedilatildeo que a linguagem
possibilita [] a linguagem natildeo somente designa os elementos presentes na
realidade mas tambeacutem fornece conceitos e modos de ordenar o real em
categorias conceituais [] A terceira estaacute associada agrave funccedilatildeo de
comunicaccedilatildeo entre os homens que garante como consequecircncia a preservar
transmissatildeo e assimilaccedilatildeo de informaccedilotildees e experiecircncias acumuladas pela
humanidade ao longo da histoacuteria (REGO 1995 p 53 ndash 54)
Aleacutem disso haacute outro pressuposto relativo ao estudo de Vigotski para aplicaccedilotildees
no contexto escolar Satildeo na interaccedilatildeo com o meio que o sujeito desenvolve conceitos
espontacircneos e depois na escola mediados pelo professor conceitos cientiacuteficos O
primeiro corresponde aos conhecimentos construiacutedos na experiecircncia pessoal cotidiana
concreta O conceito cientiacutefico eacute o conhecimento construiacutedo ao longo da histoacuteria que eacute
disponibilizado pela educaccedilatildeo escolar por meio de um ensino sistemaacutetico (REGO
1995)
Esclarecendo um pouco mais estes conceitos Rego (1995 p 77) afirma que
Os conceitos cotidianos referem-se agravequeles conceitos construiacutedos a partir da
observaccedilatildeo manipulaccedilatildeo e vivencia direta da crianccedila [] Os conceitos
cientiacuteficos se relacionam agravequeles eventos natildeo diretamente acessiacuteveis agrave
observaccedilatildeo ou accedilatildeo imediata da crianccedila satildeo os conhecimentos
sistematizados adquiridos nas interaccedilotildees escolarizadas
Richter (2010) discute a importacircncia da construccedilatildeo desses conceitos espontacircneos
e cientiacuteficos para o desenvolvimento do raciociacutenio geograacutefico Aleacutem disso relaciona os
estudos de Vigotski agrave compreensatildeo da linguagem cartograacutefica o desenvolvimento da
aprendizagem neste caso eacute mediado pelo uso do mapa mental Resgatamos
sumariamente as ideias de Vigotski a respeito da construccedilatildeo dos conceitos e como
entendemos esse processo para explicaccedilatildeo do uso das noccedilotildees para o ensino de
Geografia
Para Vigotski segundo expotildee Friedrich (2012) o desenvolvimento da
linguagem pela crianccedila eacute distinguido em trecircs fases no processo de formaccedilatildeo de
conceitos A primeira fase corresponde agrave formaccedilatildeo dos sincreacuteticos a segunda eacute a do
pensamento por complexos nessa fase haacute um momento chamado de pseudoconceito e
por uacuteltimo o verdadeiro conceito (conceito cientiacutefico)
Na formaccedilatildeo dos sincreacuteticos ldquo[] a crianccedila designa diferentes objetos
utilizando a mesma palavrardquo (FRIEDRICH 2012 p 91) Nesse processo de
62
desenvolvimento cognitivo da crianccedila ela pode utilizar a mesma palavra (entendida
aqui como imagem) para situaccedilotildees distintas em decorrecircncia de seu caraacuteter difuso e
aleatoacuterio O que haacute eacute uma utilizaccedilatildeo funcional da imagem independentemente do
contexto ao qual se encontra
Ao relacionar a formaccedilatildeo da imagem sincreacutetica as representaccedilotildees dos mapas
mentais Richter (2010 p 72) adverte que o aluno embora observe o meio ou em outro
caso jaacute tenha estudado outros modelos de representaccedilatildeo
[] natildeo consegue discernir os contextos que satildeo responsaacuteveis pela sua
configuraccedilatildeo [espacial] Ou seja produz um mapa em que todos os elementos
representados natildeo apresentam diferenccedilas Por exemplo natildeo entende que uma
aacutervore pode ser mais velha que um preacutedio abandonado Mas ao cruzar
determinadas informaccedilotildees como a localizaccedilatildeo de alguns objetos ou a anaacutelise
temporal transforma essa imagem complexa numa leitura mais criteriosa
Os complexos pensamento e linguagem satildeo desenvolvidos pelas crianccedilas
possibilitando a compreensatildeo de relaccedilotildees objetivas existentes entre o mapa mental e o
mundo real tomando a representaccedilatildeo como fonte de conhecimento do mundo (natildeo)
conhecido O mapa mental por exemplo eacute observado como aproximaccedilatildeo da
representaccedilatildeo espacial do mapa existente do Brasil Isso ocorre por conter criteacuterios
miacutenimos de comunicaccedilatildeo que podem ou natildeo ter alguma relaccedilatildeo aos modelos
tradicionalmente expressos pela ciecircncia geograacutefica (tema legenda tiacutetulo uso de signos
orientaccedilatildeo espacial) Devemos compreender que
A organizaccedilatildeo do pensamento por complexo ajuda a crianccedila na interpretaccedilatildeo
do mundo e assim na sua representaccedilatildeo Neste momento o mapa deixa de
ser um amontoado de objetos para representar fenocircmenos especiacuteficos que
mesmo tendo alguns niacuteveis de complexidade natildeo compatiacuteveis com a
cogniccedilatildeo da crianccedila ela jaacute eacute capaz de estabelecer criteacuterios de seleccedilatildeo Assim
o mapa construiacutedo comeccedila a ser analisado como um meio de comunicaccedilatildeo
entre o que a crianccedila observa no mundo no seu meio e no que eacute possiacutevel
expressar nele (RICHTER 2010 p 73)
Por meio dos complexos e do agrupamento de ligaccedilotildees entre os objetos e
fenocircmenos estudados surge no final da segunda fase o pseudoconceito Essa fase eacute
significativa visto que ele eacute o antecessor ao verdadeiro conceito correspondendo como
elo ao conceito cientiacutefico O pseudoconceito segundo as observaccedilotildees de Friedrich
(2012) ainda natildeo eacute o proacuteprio conceito muito embora as bases de abstraccedilatildeo da palavra
as possiacuteveis semelhanccedilas e agrupamentos sejam levados em consideraccedilatildeo pela crianccedila
O pseudoconceito quando relacionado agraves atividades voltadas aos mapas mentais
compreende em um estaacutegio onde as crianccedilas conseguem desenvolver interpretaccedilotildees e
representaccedilotildees proacuteximas a compreensatildeo dos adultos embora natildeo tenha desenvolvido
autonomia ou habilidade cognitiva suficiente para desenvolver o processo sem o auxiacutelio
63
da mediaccedilatildeo de outros sujeitos colegas ou professor (RICHTER 2010) A terceira fase
eacute a de formaccedilatildeo de conceito cientiacuteficos anteriormente explicados
Diferentemente de Richter (2010) que realiza sua pesquisa com alunos do
ensino meacutedio observamos que por diferentes razotildees (formaccedilatildeo do professor de
Pedagogia tempo de aula destinado a disciplina de Geografia metodologia e recursos
empregados etc) natildeo haacute o ensino-aprendizagem do conceito propriamente dito nos
anos iniciais do EF mas o de noccedilotildees referentes agrave ciecircncia geograacutefica Entendemos as
noccedilotildees de Geografia como o processo inicial de construccedilatildeo de conhecimentos baacutesicos
dessa ciecircncia na escola O quadro 2 sintetiza esse modelo
QUADRO 2 - AS NOCcedilOtildeES COMO PROCESSO DE FORMACcedilAtildeO DOS CONCEITOS
CIENTIacuteFICOS
Fonte Friedrich (2012) e Richter (2010)
Baseado nesse modelo eacute apontado que as noccedilotildees devem estar niacutetidas enquanto
conceitos cientiacuteficos na compreensatildeo dos professores Para os alunos as noccedilotildees de
Geografia se apresentam enquanto condiccedilotildees iniciais de raciociacutenio e abstraccedilatildeo dos
conhecimentos referentes a essa ciecircncia em outros termos ldquo[] natildeo significa apenas
generalizar colocar junto agraves coisas no mundo mas pensar o mundo o que pode
conduzir a ligaccedilotildees entre as coisas no mundo que natildeo satildeo ligaccedilotildees fatuaisrdquo
(FRIEDRICH 2012 p 95)
Desenvolve autonomia e
habilidade cognitiva para
uma interpretaccedilatildeo mais
aprofundada
Pensamento por
complexos
Caraacuteter difuso e aleatoacuterio
Conceitos cientiacuteficos
Sincreacuteticos
Des
envolv
imen
to d
as
noccedilotilde
es d
e
Geo
gra
fia n
os
an
os
inic
iais
do E
F
Pensamento linguagem ndash
representa fenocircmenos
especiacuteficos
Pseudoconceito
Aproxima-se da
compreensatildeo dos adultos
64
Portanto as noccedilotildees podem passar por todas as fases da construccedilatildeo do conceito
cientiacutefico (sincreacuteticos pensamento por complexos e pseudoconceitos) Entretanto natildeo
haacute a garantia da formaccedilatildeo de conceitos tampouco dos pseudoconceitos tendo em vista
que o conceito cientiacutefico na maioria das vezes natildeo eacute alcanccedilado nos anos iniciais do EF
As noccedilotildees auxiliam os fundamentos para compreensatildeo das relaccedilotildees espaciais e temas
geograacuteficos viabilizando o aluno a progredir em seus estudos
Entender a linguagem mediante as ideias expressas por Vigostki eacute observar que
ela eacute uma construccedilatildeo social e que se desenvolve ao longo da vida Adicionamos a esta
interpretaccedilatildeo a proposta de Bakhtin (2012) que entende a linguagem como um
fenocircmeno social da interaccedilatildeo verbal Buscamos nesse processo observar como as
noccedilotildees de Geografia expressam sentido na representaccedilatildeo por meio dos mapas mentais
Bakhtin (2012) contesta as teses empregadas sobre a linguagem a liacutengua com
influecircncia histoacuterica da filologia que desconsiderou o enunciado e o contexto
transformando-a em um monologo morto com enunciaccedilatildeo fechada isolada Esse autor
afirma que a liacutengua eacute viva e natildeo pertence a um sistema abstrato de normas possui um
contexto soacutecio-histoacuterico A linguagem eacute vista a partir da interaccedilatildeo entre os sujeitos
envolvidos numa praacutetica social Assim
A verdadeira substacircncia da liacutengua [] eacute constituiacuteda [] pelo fenocircmeno social
da interaccedilatildeo verbal realizada atraveacutes da enunciaccedilatildeo ou das enunciaccedilotildees A
interaccedilatildeo verbal constitui assim a realidade fundamental da liacutengua [] Mas
pode-se compreender a palavra ldquodiaacutelogordquo num sentido amplo isto eacute natildeo
apenas com a comunicaccedilatildeo em voz alta de pessoas colocadas face a face
mas toda comunicaccedilatildeo verbal de qualquer tipo que seja (BAKHTIN 2012
p127)
O conceito de dialogismo e interaccedilatildeo verbal estatildeo diretamente ligados pois se
apresentam enquanto sustentaccedilatildeo do processo de produccedilatildeo dos discursos em outras
palavras eacute agrave base da proacutepria linguagem Portanto para Bakhtin (2012) todos os
interlocutores envolvidos no processo apresentam o mesmo grau de importacircncia visto
que todo enunciado eacute uma reacuteplica uma resposta a enunciados passados e possiacuteveis
enunciados que venham a ser produzidos De modo simultacircneo a uma resposta todo o
enunciado se configura tambeacutem em uma indagaccedilatildeo em uma pergunta a outros
possiacuteveis enunciados25
25Para Bakhtin (2012) o enunciado eacute um diaacutelogo que se produz em um contexto que eacute sempre social entre
duas pessoas socialmente organizadas Estabelece relaccedilotildees com a realidade dialoacutegica entre o falante e o
ouvinte
65
Nessas condiccedilotildees Freitas (2000 p 135) entende que ldquotoda enunciaccedilatildeo tem pois
dois aspectos o linguumliacutestico [sic] que eacute reiterativo e se refere a um objeto preacute-existente e
o contextual que eacute uacutenico tendo como referecircncia novos enunciadosrdquo Portanto no caso
do uso dos mapas mentais entendemos que ele sempre seraacute relativo a um modelo preacute-
existente seja a imagem mental que o aluno tem do mundo ou uma construccedilatildeo jaacute
sistematiza atraveacutes dos mapas existentes possibilitando (re) significar sua compreensatildeo
acerca do espaccedilo geograacutefico26
Nesse sentido Jobim e Souza (1994) demonstram que a visatildeo bakhtiniana propotildee
que as relaccedilotildees dialoacutegicas satildeo particulares elas natildeo podem ser reduzidas agraves reacuteplicas de
um diaacutelogo real Decorre que estas relaccedilotildees dialoacutegicas satildeo amplas heterogecircneas e
complexas Dois enunciados de lugar e ou tempo diferente quando confrontados em
relaccedilatildeo ao seu sentido podem resultar em uma relaccedilatildeo dialoacutegica Estas constituem
relaccedilatildeo de sentido quer seja no discurso de um diaacutelogo real e especiacutefico (espaccedilo vivido)
como no acircmbito plural das ideias desenvolvidas pela ciecircncia em espaccedilos e tempos
distintos27
O tema e a construccedilatildeo das noccedilotildees geograacuteficas satildeo conforme a interpretaccedilatildeo dos
estudos de Bakhtin e Vigotski algo exterior ao sujeito O aluno natildeo eacute o criador por
excelecircncia do saber geograacutefico do produto cartograacutefico mas um (re) contextualizador
dessa histoacuteria (Re) contextualiza para compreender No ato da mediaccedilatildeo aprimora
suas teacutecnicas contextualiza novos conhecimentos memoriza esquece inventa
descobre deixa de acreditar em fantasias e estoacuterias como consequecircncia
Nenhum falante eacute o primeiro a falar sobre o toacutepico de seu discurso O falante
natildeo eacute o Adatildeo biacuteblico que nomeia o mundo pela primeira vez Cada um de noacutes
encontra um mundo que jaacute foi articulado elucidado avaliado de muitos
modos diferentes mdash jaacute-falado por algueacutem Ao usar as palavras para falar
sobre um determinado toacutepico encontramo-nos jaacute habitado por outras falas de
outras pessoas Para Bakhtin a linguagem nunca estaacute completa ela eacute uma
26 Compreendemos que os mapas mentais podem se aproximar em sua configuraccedilatildeo dos mapas
existentes mas isso natildeo eacute a intenccedilatildeo primeira O que procuramos explicar eacute que a imagem espacial acerca
do espaccedilo geograacutefico eacute apresentada ao aluno de diferentes formas seja ela a partir de suas proacuteprias
experiecircncias cotidianas assim como por abstraccedilotildees (mapas) utilizadas pelas diferentes esferas sociais
Isto influecircncia a percepccedilatildeo de mundo dos estudantes podendo ser re-significada na escola mediante o
processo de ensino-aprendizagem de Geografia 27
Haacute uma diferenccedila expressa que distingue significado e sentido nas obras de Bakhtin segundo Freitas
(2000 p 136) o ldquosignificado refere-se ao significado abstrato dicionarizado que eacute reconhecido pelos
linguumlistas [sic] [] O sentido exige uma compreensatildeo ativa mais complexa em que o ouvinte aleacutem de
decodificar relaciona o que estaacute sendo dito com o que ele estaacute presumindo e prepara uma resposta ao
enunciadordquo
66
tarefa um projeto sempre caminhando e sempre inacabado (JOBIM E
SOUZA 1994 p 99)
No contexto escolar o aluno ao produzir um mapa mental entendido por Kozel
(2005 2008) como enunciado sempre leva em consideraccedilatildeo o outro (colegas e
professor e a proacutepria condiccedilatildeo social ao que estaacute inserido) natildeo de forma passiva mas
sobretudo como sujeito que participa de maneira ativa Eacute a partir dessa corrente
comunicativa de enunciados concretos que a linguagem no sentido bakhtiniano se
define como dialoacutegica Um dos fatos que possibilita o uso da concepccedilatildeo bakhtiniana
para interpretaccedilatildeo dos mapas mentais eacute que
A especificidade das relaccedilotildees dialoacutegicas precisa de uma abordagem que
considere os aspectos metalinguumliacutesticos [sic] que constituem qualquer
enunciado e que natildeo satildeo redutiacuteveis agraves relaccedilotildees loacutegicas da liacutengua Embora as
relaccedilotildees loacutegicas na liacutengua sejam evidentes e necessaacuterias elas natildeo esgotam
toda a complexidade presente nas relaccedilotildees dialoacutegicas (JOBIM E SOUZA
1994 p 100)
Jobim e Souza oferece outras pistas para compreendermos a funccedilatildeo dos mapas
mentais a autora ao referir-se aos estudos de Bakhtin elucida que ldquoas relaccedilotildees
dialoacutegicas pressupotildeem a liacutengua como sistema mas natildeo existem propriamente no
sistema da liacutenguardquo (JOBIM E SOUZA 1994 p 101) portanto natildeo apenas a expressatildeo
verbal poderaacute constituir um sistema linguiacutestico mas tambeacutem as natildeo-verbais como a
libras desenho e os mapas mentais
Teixeira (2001) ao estudar os mapas mentais explica que eles constituem um
discurso que emprega uma variedade de signos expressos em forma de enunciado
constituindo novas formas de linguagem destaca que
Eacute atraveacutes de nossa capacidade de combinar signos que desenvolvemos nossa
capacidade semioacutetica pois os sistemas de signos satildeo sobretudo conjuntos
heterogecircneos Com base nessas consideraccedilotildees podemos entender a
importacircncia dessa abordagem para a anaacutelise das representaccedilotildees elaboradas
atraveacutes dos mapas mentais (TEIXEIRA 2001 p 273)
Como exemplo Teixeira (2001) estuda o slogan ldquoCuritiba Capital ecoloacutegicardquo
enquanto um signo de representaccedilatildeo social da cidade de Curitiba ndash PR Os mapas
mentais realizados em sua pesquisa observam a percepccedilatildeo da imagem ambiental de
Curitiba criada pela sociedade dividindo a interpretaccedilatildeo em duas esferas de um lado
como uma urbanizaccedilatildeo organizada e por outro com problemas como favelizaccedilatildeo
poluiccedilatildeo entre outros
67
O enunciado portanto pode se contradizer mas natildeo discordar Isto soacute eacute possiacutevel
quando ocorre as interaccedilotildees do sistema linguiacutestico com a realidade satildeo as interaccedilotildees
que datildeo o caraacuteter de verdadeiro falso belo etc O mapa mental enquanto um recurso
visual tambeacutem eacute carregado desta relaccedilatildeo dialoacutegica possui interaccedilotildees de signos que
dialogam com a realidade espacial vivida e ou conhecida pelo aluno durante suas
praacuteticas estudantis e sociais
Explica Barros (2012) que o signo eacute carregado de um conteuacutedo valor ideoloacutegico
ou vivencial possui tambeacutem caraacuteter mediador operador (realiza) e conversor (altera) as
relaccedilotildees sociais e percepccedilotildees A atividade do signo eacute para Vigotski e Bakhtin um
processo de mudanccedila do proacuteprio sujeito sobre outros e a cultura Admite Barros (2012)
que para Vigotski a palavra eacute sempre comando e Bakhtin desfaz a dicotomia entre
linguagem e praacutetica social Como conclusatildeo ao uso do signo nessa perspectiva
Os signos soacute podem existir onde os indiviacuteduos estejam socialmente
organizados formando grupos ou sociedades organizadas natildeo sendo possiacutevel
serem construiacutedos apenas na intermediaccedilatildeo entre dois elementos ou coisas
quaisquer Eacute necessaacuterio que exista a materialidade social para que haja a
exteriorizaccedilatildeo do signo tornando-o objeto concreto de estudo garantindo-lhe
sua convencionalizaccedilatildeo e garantindo sua utilizaccedilatildeo como signo (TEIXEIRA
2001 p 269)
Consideramos que o mapa mental ao se constituir em um fator de caracterizaccedilatildeo
para a linguagem cartograacutefica possui funccedilatildeo de enunciado da mesma forma como
Bakhtin valoriza a enunciaccedilatildeo na fala afirmando sua natureza social o mapa mental estaacute
relacionado agraves condiccedilotildees da comunicaccedilatildeo que por sua vez estatildeo sempre ligadas agraves
estruturas sociais Essa comunicaccedilatildeo envolve no miacutenimo dois sujeitos o sujeito
destinador (mapeador) e o destinataacuterio (leitor de mapa) mas
[] o vivido soacute se semiotiza quando eacute expresso em caso contraacuterio natildeo seraacute
uma experiecircncia humana mas uma mera resposta fisioloacutegica a um estiacutemulo
do meio que natildeo se diferenciaria do animal Portanto expressar externar um
enunciado eacute um produto das inter-relaccedilotildees sociais (KOZEL 2008 p 74)
Concluindo nossos apontamentos sobre as consideraccedilotildees de Bakhtin
ressaltamos que o mapa mental pode ser considerado mais que um veiacuteculo de
comunicaccedilatildeo entre os sujeitos a materializaccedilatildeo do proacuteprio conhecimento cientiacutefico
aprendido coletivamente em condiccedilotildees escolares Apresenta natildeo apenas sinais relativos
ao sujeito que aprende mas refletem sobre as ideologias criadas pela sociedade
contrapondo e ressignificando as experiecircncias cotidianas do sujeito que vive e do
conhecimento cientiacutefico que aprende com o auxiacutelio dos mediadores escolares
68
Dessa maneira com base nas reflexotildees acima entende-se o mapa mental como
um recurso didaacutetico para a comunicaccedilatildeo (carto)graacutefica dos espaccedilos que vivenciamos em
nosso dia a dia ou cartograficamente puacuteblicos como o mapa mundo Ao tornar possiacutevel
ensaiar comportamentos espaciais na mente torna-se um instrumento mnemocircnico
Quando expresso no papel os mapas mentais satildeo instrumentos para estruturar e
armazenar o conhecimento apreendido no processo de alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica
Desta forma buscamos nos proacuteximos capiacutetulos aprofundar a possibilidade de
uma alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica relacionada agrave linguagem por meio dos mapas mentais
pensando as praacuteticas de Ensino de Geografia nos anos iniciais do EF Aleacutem disso
descrevemos e explicamos o percurso metodoloacutegico da pesquisa a escola escolhida os
sujeitos e instrumentos de pesquisa que corroboram com nossa investigaccedilatildeo
69
2 ITINERAacuteRIO DA PESQUISA E SEUS ENCAMINHAMENTOS
METODOLOacuteGICOS
Antes de explicarmos os procedimentos de nossa pesquisa eacute necessaacuteria uma
ressalva a respeito de sua metodologia Ao iniciarmos nossa investigaccedilatildeo realizamos
duas pesquisas-piloto nos anos iniciais do EF uma na Escola Municipal Luacutecia de
Faacutetima Gayoso Meira Campina Grande ndash PB no ano de 2013 e a outra na Escola de
Aplicaccedilatildeo da Universidade Federal de Goiaacutes em Goiacircnia ndash GO em 2014 (ambas em
turmas do 5ordm ano) Nestas ocasiotildees a proposta metodoloacutegica para esta dissertaccedilatildeo era a
pesquisa-accedilatildeo
Durante a qualificaccedilatildeo desta pesquisa a metodologia pesquisa-accedilatildeo foi
questionada no que corresponde ao criteacuterio ldquotempordquo haja vista que a pesquisa-accedilatildeo
ldquo[] eacute singular e define-se por uma situaccedilatildeo precisa concernente a um lugar a pessoas
a um tempo a praacuteticas e a valores sociais e agrave esperanccedila de mudanccedilardquo (BARBIER 2007
p 119) Nossas pesquisas-piloto ateacute o momento haviam sido pontuais (dois meses em
meacutedia) e com puacuteblicos de realidade distintos o que natildeo resultaria em ldquoesperanccedila de
mudanccedilardquo ou seja das soluccedilotildees de problemas referentes agrave proposta de alfabetizaccedilatildeo
cartograacutefica
Buscamos outras propostas metodoloacutegicas que permitissem contribuir com o
desenvolvimento da investigaccedilatildeo realizando consequentemente uma uacuteltima pesquisa
a qual deu base para as anaacutelises registradas neste trabalho Consequentemente ao
estudarmos o artigo ldquoO que eacute um estudo de caso qualitativo em educaccedilatildeo28rdquo escrito por
Andreacute (2013) compreendemos as criacuteticas relacionadas a uma tipificaccedilatildeo da pesquisa em
educaccedilatildeo sem uma reflexatildeo aprofundada A respeito dessas consideraccedilotildees expotildeem
Andreacute (2013 p 96)
O que parece estar presente na cultura acadecircmica pelo menos para o poacutes-
graduando eacute uma convicccedilatildeo de que eacute necessaacuterio e obrigatoacuterio dar um nome a
sua pesquisa Acontece que nem sempre existe uma classe ndash ou tipificaccedilatildeo ndash
em que se pode enquadrar a pesquisa
A autora completa seus argumentos ressaltando que
28
ANDREacute Marli O que eacute um estudo de caso qualitativo em educaccedilatildeo Revista da FAEEBA - Educaccedilatildeo
e Contemporaneidade Salvador v 22 n 40 2013 p 95 ndash 103 Disponiacutevel em
lthttpwwwrevistasunebbrindexphpfaeebaarticleview753gt Acesso em 15102014
70
Na perspectiva das abordagens qualitativas natildeo eacute a atribuiccedilatildeo de um nome
que estabelece o rigor metodoloacutegico da pesquisa mas a explicitaccedilatildeo dos
passos seguidos na realizaccedilatildeo da pesquisa ou seja a descriccedilatildeo clara e
pormenorizada do caminho percorrido para alcanccedilar os objetivos com a
justificativa de cada opccedilatildeo feita Isso sim eacute importante porque revela a
preocupaccedilatildeo com o rigor cientiacutefico do trabalho ou seja se foram ou natildeo
tomadas as devidas cautelas na escolha dos sujeitos dos procedimentos de
coleta e anaacutelise de dados na elaboraccedilatildeo e validaccedilatildeo dos instrumentos no
tratamento dos dados (ANDREacute 2013 p 96)
Entendemos que uma pesquisa acadecircmica natildeo necessariamente deve estar
relacionada a uma tipificaccedilatildeo de pesquisa o que interessa satildeo os procedimentos que
conduziram a investigaccedilatildeo e a clareza para compreensatildeo do leitor Procurando natildeo
cometer os mesmos erros resolvemos entatildeo destacar a abordagem qualitativa
recorrendo a alguns procedimentos utilizados durante as pesquisas-piloto ao qual
daremos maior enfoque a seguir
21 CARACTERIZACcedilAtildeO DA METODOLOGIA DA PESQUISA
Segundo Gil (1999) uma investigaccedilatildeo cientiacutefica requer um processo formal e
sistemaacutetico de desenvolvimento do meacutetodo de investigaccedilatildeo Na busca por soluccedilotildees para
determinado problema o pesquisador adota uma seacuterie de procedimentos permitindo
colaborar com novos conhecimentos acerca do objeto pesquisado Quando nos
referimos as Ciecircncias Sociais fica claro que o comportamento humano eacute complexo
Tambeacutem mais mutaacutevel que os fenocircmenos fiacutesicos (rochas minerais etc) dessa forma
opccedilotildees metodoloacutegicas necessitam ser realizadas
Seguindo as observaccedilotildees do paraacutegrafo anterior concordamos com Oliveira
(2007 p 43) quando caracteriza a metodologia como
[] um processo que se inicia desde a disposiccedilatildeo inicial de se escolher um
determinado tema para pesquisar ateacute a anaacutelise dos dados com as
recomendaccedilotildees para minimizaccedilatildeo ou soluccedilatildeo do problema pesquisado
Portanto metodologia eacute um processo que engloba um conjunto de meacutetodos e
teacutecnicas para ensinar analisar conhecer a realidade e produzir novos
conhecimentos
Oliveira (2007) e Gil (1999) afirmam que a pesquisa eacute um processo de
desenvolvimento do conhecimento cientiacutefico e por meio dela novas descobertas e
avanccedilos na realidade social podem ser realizados Para Oliveira (2007) eacute indispensaacutevel
que o pesquisador tenha afinidade pelo tema investigado e que esteja relacionado agrave vida
e experiecircncias do cientista A proximidade com o tema possibilita o conhecimento da
71
gecircnese do problema crescimento pessoal e possiacuteveis contribuiccedilotildees Em virtude dessas
palavras eacute importante revelar as circunstacircncias que nos aproximam da aacuterea da
Cartografia Escolar
Durante a graduaccedilatildeo em licenciatura em Geografia os estudos relacionados agrave
Cartografia jaacute me despertava interesse levando-me a participar enquanto monitor da
disciplina ldquoCartografia Baacutesica Irdquo na Universidade Estadual da Paraiacuteba Campus
Campina Grande Outra experiecircncia em projeto de extensatildeo inquietou-me
pesquisaacutevamos o uso de recursos geotecnoloacutegicos nas praacuteticas de ensino de Geografia
Como resultado decidi investigar o uso das geotecnologias (entre elas a Cartografia
digital) com alunos dos anos iniciais do EF29
Portanto o interesse sobre ensino de Geografia e Cartografia Escolar se estende
ao desenvolvimento desta dissertaccedilatildeo Neste vieacutes eacute necessaacuterio identificar as opccedilotildees
realizadas principalmente ao que se refere aos paracircmetros metodoloacutegicos Escolhemos
enquanto orientaccedilatildeo de pesquisa a abordagem qualitativa que
[] pode ser caracterizada como sendo uma tentativa de explicar em
profundidade o significado e as caracteriacutesticas do resultado das informaccedilotildees
obtidas atraveacutes de entrevistas ou questotildees abertas sem a mensuraccedilatildeo
quantitativa de caracteriacutesticas ou comportamento (OLIVEIRA 2007 p 59)
Aleacutem disso eacute possiacutevel destacar outras caracteriacutesticas da pesquisa qualitativa
como descrever a complexidade de problemas e hipoacuteteses compreender e classificar
grupos sociais contribuir no processo de mudanccedila criar grupos com a finalidade de
interpretaccedilatildeo das particularidades e dos comportamentos e atitudes dos sujeitos (GIL
1999 OLIVEIRA 2007) Segundo as orientaccedilotildees de Oliveira (2007 p 59) e Godoy
apud Neves (1996 p 01) a abordagem qualitativa segue algumas situaccedilotildees de pesquisa
29 O projeto de extensatildeo intitulado ldquoPotencialidades da utilizaccedilatildeo de geotecnologias como recursos
didaacuteticos no ensino-aprendizagem de Geografiardquo foi coordenado pela Prof Drordf Josandra Arauacutejo Barreto
de Melo O projeto visava capacitar os alunos da Escola Normal de Campina Grande denominados de
formandos (profissionais formados para atuarem na Educaccedilatildeo Infantil e anos iniciais do Ensino
Fundamental) a utilizarem geotecnologias (sites e softwares como o google earth) atraveacutes da criaccedilatildeo de
situaccedilotildees de ensino-aprendizagem geograacuteficas Apoacutes essa experiecircncia no ano de 2012 realizei uma
investigaccedilatildeo sobre as potencialidades dos recursos geotecnoloacutegicos para as aulas de Geografia
especificamente com alunos do 5ordm ano da Escola Municipal Luacutecia de Faacutetima Gayoso Meira A monografia
eacute intitulada ldquoEnsino de Geografia no Ensino Fundamental I o uso de recursos geotecnoloacutegicos e de novas
metodologias de ensino-aprendizagemrdquo Em ambas as experiecircncias encontramos dificuldades na
execuccedilatildeo da proposta seja por falta do laboratoacuterio de informaacutetica desconhecimento sobre teacutecnicas da
informaacutetica (por professores e ou alunos) ou dos procedimentos metodoloacutegicos e conceituais da
Geografia
72
que se converge em cinco aspectos os quais relacionaram com as justificativas e
contextos desta dissertaccedilatildeo
1 Necessidade de substituir informaccedilotildees estatiacutesticas30 por quadros
qualitativos investigar fatos em novos contextos ou quando haacute pouca
informaccedilatildeo sobre determinado tema Esse dado justifica a intenccedilatildeo de
pesquisar o uso dos mapas mentais em contexto escolar com alunos dos anos
iniciais do EF em decorrecircncia do pouco referencial teoacuterico e uma proposta
metodoloacutegica sobre o uso de esboccedilos cartograacuteficos livres no referido periacuteodo de
escolarizaccedilatildeo
2 As observaccedilotildees qualitativas satildeo indicadores de estruturas sociais Ao
realizar a nossa pesquisa nas turmas de 4ordm e 5ordm ano do EF utilizamos como
estrateacutegia a observaccedilatildeo participante registrando fatos e fenocircmenos encontrados
em campo realizando descriccedilotildees acerca das aulas de Geografia ministradas
3 Compreender aspectos psicoloacutegicos cujos dados natildeo podem ser coletados
por outros meacutetodos de investigaccedilatildeo Neste quesito foi verificada a
complexidade do processo de ensino-aprendizagem de Geografia
especialmente das praacuteticas que envolvem a Cartografia Escolar necessitando de
uma compreensatildeo do contexto da escola das leituras de mundo dos alunos sobre
os mapas mentais produzidos e da apreensatildeo das professoras
4 O significado que as pessoas datildeo as coisas e a sua vida como preocupaccedilatildeo
para o investigador Valorizamos em nossa pesquisa natildeo apenas os mapas
mentais enquanto produto final mas o processo de produccedilatildeo das representaccedilotildees
pelos alunos Procuramos dialogar e observar os contextos em sala de aula
procurando buscar soluccedilotildees para o ensino-aprendizagem de Geografia com as
turmas com as quais trabalhamos Aleacutem disso procuramos ressaltar a
importacircncia da Geografia para o cotidiano dos alunos
5 Enfoque indutivo Partimos de uma realidade particular para o
desenvolvimento da pesquisa uma escola municipal a qual seraacute apresentada
posteriormente efetivando nesse processo (novas) propostas correspondentes a
30 Para Oliveira (2007 p 58) eacute possiacutevel ldquo[] utilizar dados quantitativos em uma pesquisa qualitativa
visto que face ao novo paradigma da ciecircncia contemporacircnea no processo de construccedilatildeo do conhecimento
(epistemologia) deve-se incluir a descriccedilatildeo de todos os fenocircmenos []rdquo
73
praacuteticas com os mapas mentais e ateacute mesmo observando seus (in) sucessos em
sala de aula
Tendo as situaccedilotildees descritas anteriormente como pontos norteadores do estudo
foi necessaacuterio tambeacutem recorremos a outros gecircneros de pesquisa com a intenccedilatildeo de (1)
empregar procedimentos utilizados em pesquisas-piloto anteriores os quais os
resultados demonstraram-se positivos e (2) Ampliar as fontes de dados relacionadas aos
resultados da investigaccedilatildeo Nestas condiccedilotildees os meacutetodos seguidos pela abordagem
qualitativa estudo de caso a pesquisa participativa e a pesquisa-accedilatildeo serviram como
guias para refinarmos outros procedimentos
Relata Gil (1999) e Oliveira (2007) que a pesquisa participativa requer
compromisso espiacuterito de solidariedade e comunhatildeo entre o pesquisador e a populaccedilatildeo
da comunidade em que eacute realizado o estudo De acordo com Oliveira (2007 p 75) a
pesquisa participativa eacute uma ldquo[] modalidade de pesquisa [que] eacute realizada em
comunidades carentes ou com grupos desfavorecidos como operaacuterios iacutendios e
camponeses entre outrosrdquo Aleacutem disso procura uma associaccedilatildeo entre uma accedilatildeo para
soluccedilatildeo de um problema coletivo desenvolvendo autonomia dos sujeitos pesquisados a
uma exterioridade poliacutetica econocircmica administrativa por exemplo (GIL 1999)
A pesquisa-accedilatildeo assim como a pesquisa participativa eacute caracterizada pela
participaccedilatildeo do pesquisador no contexto social investigado A metodologia eacute definida
por Engel (2000 p 182) como
[] um tipo de pesquisa participante engajada em oposiccedilatildeo agrave pesquisa
tradicional que eacute considerada como ldquoindependenterdquo ldquonatildeo-reativardquo e
ldquoobjetivardquo Como o proacuteprio nome jaacute diz a pesquisa-accedilatildeo procura unir a
pesquisa agrave accedilatildeo ou praacutetica isto eacute desenvolver o conhecimento e a
compreensatildeo como parte da praacutetica Eacute portanto uma maneira de se fazer
pesquisa em situaccedilotildees em que tambeacutem se eacute uma pessoa da praacutetica e se deseja
melhorar a compreensatildeo desta
No desenvolvimento da pesquisa-accedilatildeo assim como da pesquisa participativa se
busca a accedilatildeo efetiva dos membros para a realizaccedilatildeo de determinada atividade com o
objetivo da conscientizaccedilatildeo social trabalhista ou educacional por exemplo No caso da
Cartografia Social as investigaccedilotildees se valem da produccedilatildeo dos mapas mentais
considerando as experiecircncias dos grupos humanos Outro fator eacute que na pesquisa-accedilatildeo o
conhecimento eacute produto de uma praacutetica considera nesta modalidade a reflexatildeo que
ocorre durante todo o processo da pesquisa
74
Parte dos procedimentos adotados corresponde agraves pesquisas de gecircnero
participativa especialmente da pesquisa-accedilatildeo as quais satildeo caracterizadas a partir das
obras de Barbier (2007) e Morin (2004) Elas satildeo explicitadas nos seguintes toacutepicos
Realizaccedilatildeo de um ldquocontratordquo segundo Barbier (2007) e Morin (2004) eacute um
acordo realizado entre o pesquisador e o grupo de trabalho O contrato tem um
caraacuteter aberto formal e de preferecircncia natildeo-estruturado Para realizaccedilatildeo da
pesquisa tivemos que concordar com algumas condiccedilotildees dadas pelas
professoras entre elas que os assuntos abordados durante as aulas
correspondessem com os conteuacutedos ministrados no quarto bimestre (em ambas
as turmas) e que as aulas fossem ministradas durante um dia
(quinzenalmente)31
Participaccedilatildeo coletiva e cooperativa e de cogestatildeo A pesquisa-accedilatildeo
corresponde ao envolvimento dos sujeitos e do pesquisador que satildeo sujeitos da
praacutetica Desta forma nossa intenccedilatildeo natildeo era apenas aplicar os mapas mentais
com as turmas selecionadas (4ordm e 5ordm ano) mas participar e lecionar os assuntos
de Geografia visto que foi nos dada agrave oportunidade em ambas as turmas
muito embora as professoras tenham participado de todo o processo
Mudanccedila que leve a transformaccedilatildeo Inicialmente questionamos os alunos
acerca dos recursos cartograacuteficos (utilizaccedilatildeo dos mapas) a leitura dos recursos
e sua utilizaccedilatildeo no cotidiano Neste quesito realizamos atividades
direcionadas aos mapas mentais aleacutem de outras atividades com mapas
existentes e atividades luacutedicas para a soluccedilatildeo de duacutevidas e problemas
encontrados neste percurso O produto resultou em diferentes praacuteticas de
ensino entretanto assim como aponta a metodologia de pesquisa nem todas
as praacuteticas foram eficazes (como apresentaremos nos proacuteximos capiacutetulos)
Nestas condiccedilotildees Morin (2007) esclarece que os erros levam ao avanccedilo da
pesquisa e satildeo relevantes para a adaptaccedilatildeo do objeto investigado Neste contexto esses
procedimentos da pesquisa-accedilatildeo podem ser esclarecedores para o pesquisador pois o
31 Geralmente as aulas ocorriam uma vez por semana em periacuteodos equivalentes a uma hora (em meacutedia)
Ao dialogarmos com as professoras conseguimos um dia por semana durante todo o periacuteodo da tarde Em
entrevista os alunos se queixavam que as aulas de Geografia e Histoacuteria pouco ocorriam havendo
semanas que simplesmente natildeo aconteciam (principalmente no 5ordm ano) Voltaremos a abordar essas
questotildees no capiacutetulo III
75
faz debruccedilar natildeo apenas pelos resultados positivos mas situa a reflexatildeo global do
processo de ensino-aprendizagem no processo de aperfeiccediloamento As pesquisas
participativas consideram o conhecimento sempre provisoacuterio e dependente do contexto
histoacuterico e cultural observado e interpretado (MORIN 2004 BARBIER 2007
OLIVEIRA 2007)
Ademais com a intenccedilatildeo de estruturar as accedilotildees para realizaccedilatildeo da pesquisa
resgatamos criteacuterios do estudo de caso o qual segundo Oliveira (2007 p 55) eacute
caracterizado como ldquouma estrateacutegia metodoloacutegica do tipo exploratoacuterio descritivo e
interpretativordquo possui caracteriacutesticas holiacutesticas e significativas para desvendar fatos ou
fenocircmenos
Aleacutem disso procuramos ldquo[] focalizar um fenocircmeno particular levando em
conta seu contexto e suas muacuteltiplas dimensotildees Valoriza-se o aspecto unitaacuterio mas
ressalta-se a necessidade da anaacutelise situada e em profundidaderdquo (ANDREacute 2013 p 97)
Como estrateacutegia de pesquisa o estudo de caso eacute compreendida como uma metodologia
que considera uma loacutegica de planejamento teacutecnica e anaacutelises de coleta especifica
De acordo com esses argumentos procuramos organizar e construir as etapas de
nossa pesquisa para o desenvolvimento das aulas e anaacutelise dos mapas mentais
produzidos Sistematizamos os procedimentos da pesquisa ressaltando a importacircncia
metodoloacutegica para a realizaccedilatildeo desses passos revisatildeo bibliograacutefica escolha dos espaccedilos
e sujeitos da pesquisa instrumentos de pesquisa e resultados coletados
22 PROCEDIMENTOS DA PESQUISA
2 2 1 Referenciais teoacuterico-metodoloacutegicos
Na orientaccedilatildeo da pesquisa realizamos o levantamento do referencial teoacuterico-
metodoloacutegico que orienta o tema em questatildeo Pesquisamos autores e obras para
realizaccedilatildeo das etapas da pesquisa Os materiais utilizados pertencem a diferentes aacutereas
ensino de Geografia Pedagogia Psicologia Linguiacutestica e Cartografia Escolar estes
foram substanciais para a construccedilatildeo teoacuterica e da proposta metodoloacutegica Buscamos
analisar experiecircncias com os mapas mentais na discussatildeo de trecircs pontos
76
A) Ensino de Geografia
Propomos para este estudo destacar obras que em nossa compreensatildeo valorizam
o ensino-aprendizagem de Geografia especialmente nos anos iniciais do EF Elas
integram a discussatildeo acerca da alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica e a leitura de mundo
demarcado por temas voltados aos estudos geograacuteficos
Destacamos que as obras de Callai (2005 2013) Straforini (2008) Campos amp
Buitoni (2010) Lessan (2011) e Pinheiro (2012) foram fundamentais para se efetivar
uma proposta de pesquisa para o conjunto do ensino-aprendizagem de Geografia com
alunos e professores dos anos iniciais do EF O trabalho de Cavalcanti (2014) relaciona
os conceito e metodologias do trabalho docente para o ensino de Geografia contribuindo
com as propostas do que e como ensinar
Procuramos apoiar nossas escolhas tambeacutem mediante obras que fundamentam a
ciecircncia geograacutefica Partindo da proacutepria indicaccedilatildeo do referencial teoacuterico suas teorias e
conceitos das obras supramencionadas para auxiliar o desenvolvimento das praacuteticas
pedagoacutegicas assim como a compreensatildeo e anaacutelise dos mapas mentais produzidos
Desta forma o trabalho de Tuan (1983 2012) auxiliam na compreensatildeo dos conceitos
de espaccedilo geograacutefico e lugar Racine Raffestin amp Ruffy (1983) Silveira (2004) e
Castro (2008) para a compreensatildeo de escala geograacutefica Aleacutem desses as obras de Claval
(2006 2010 2011) que discute a importacircncia da localizaccedilatildeo e orientaccedilatildeo espacial
B) Alfabetizaccedilatildeo Cartograacutefica e mapas mentais
Este toacutepico que vem sendo composto desde a (re) elaboraccedilatildeo de nosso projeto
abarca a intenccedilatildeo principal desta pesquisa (que como discutido no capiacutetulo I) estaacute
relacionada ao uso de Cartografia para escolares Pontuamos mediante a realizaccedilatildeo de
nosso estudo leituras direcionadas a linguagem espacial no ensino-aprendizagem de
Geografia
Os estudos de Oliveira (1978) Castrogiovanni amp Costella (2006) Castellar
(2000) Almeida amp Passini (2010) Almeida (2010 2011) Richter (2011) e Passini
(2012) estatildeo presentes como a base para a construccedilatildeo e revisatildeo de nossa proposta de
pesquisa voltada agrave Cartografia Escolar
77
Resgatamos teoacutericos que discutem o uso da Cartografia e seus novos
direcionamentos a uma Cartografia Social mesmo que natildeo explicitamente como Katuta
(2001) Girardi (2005) Raffestin (2007) Farinelli (2013) e Lladoacute (2013)
Nossa proposta metodoloacutegica eacute baseada nos trabalhos de dissertaccedilatildeo de Richter
(2010) e Teixeira (2001) Recorremos tambeacutem a outras experiecircncias de trabalhos
relacionados a atividades proacuteximas aos mapas mentais como o uso do desenho discutido
por Miranda (2005) e mapas vivenciais apresentados no trabalho de Lopes (2012)
Contextualizamos aleacutem disso as experiecircncias com o uso dos mapas mentais
desenvolvidos nas pesquisas de Nogueira (2006) Kozel (2008) Galvatildeo amp Kozel
(2008) Oliveira (2010) Silva amp Bernardelli (2010) Santos (2011) e Archela Gratatildeo amp
Trostdorf (2004)
C) Teoria histoacuterico-cultural ou soacutecio histoacuterica
Nossa intenccedilatildeo ao nos referirmos agrave teoria histoacuterico-cultural corrente psicoloacutegica
que explica o desenvolvimento da mente humana atraveacutes de uma perspectiva dialeacutetica
natildeo eacute nos resumirmos a uma anaacutelise metoacutedica mas entendermos o processo das funccedilotildees
superiores no modo de funcionamento psicoloacutegico do sujeito o processo de cogniccedilatildeo
para a aprendizagem de Geografia
Entendemos o processo de ensino-aprendizagem em uma perspectiva histoacuterica e
social Ele eacute em sua natureza baseado na vivecircncia e no diaacutelogo existente em
comunidade resultando em uma cultura A linguagem constroacutei valores ideias e accedilotildees
sociais As representaccedilotildees espaciais neste contexto tambeacutem se constituem como uma
linguagem possibilitando a alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica
Nesta perspectiva destacamos as obras de Vigotski (1998) e de Bakhtin (2012)
fundamentalmente Para a compreensatildeo mais consistente das obras de Vigotski e
Bakhtin decidimos incorporar o debate dos seguintes autores Jobim e Souza (1994)
Freitas (2000) Rego (1995) Barros (2012) e Friedrich (2012)
2 2 2 Instrumentos de Pesquisa
Consideramos que o principal instrumento de estudo eacute o pesquisador Sua
funccedilatildeo ampla recorre ao observar e participar recriar estrateacutegias organizar
circunstacircncias para a aprendizagem motivar e coordenar as atividades em sala de aula
78
Ele atribui significados a um objetivo preacute-elaborado com a compreensatildeo que as
circunstacircncias podem se alterar a qualquer momento em seu percurso tanto na teoria
quanto na praacutetica Os criteacuterios para realizaccedilatildeo da pesquisa satildeo descritos pelos pontos a
seguir
A) A observaccedilatildeo
Ressalta Vianna (2007 p 12) ldquoAo observador natildeo basta simplesmente olhar
Deve certamente saber ver identificar e descrever diversos tipos de interaccedilotildees e
processos humanosrdquo Para tanto o pesquisador deveraacute estar preparado possuindo um
adequado treinamento identificando problemas (a partir de observaccedilotildees causais)
envolvendo os quatro sentidos baacutesicos aleacutem da visatildeo registrando dados accedilotildees e
emoccedilotildees das circunstacircncias verificadas
Em trabalhos onde o observador eacute tambeacutem participante alguns cuidados devem
estar em voga sobretudo no que diz respeito ao registro dos dados evitando o excesso
de sentimentalismo com os observados Tambeacutem deve prestar atenccedilatildeo ateacute onde suas
emoccedilotildees e sentimentos constituem dados e quando elas poderatildeo influenciar as accedilotildees dos
outros sujeitos (OLIVEIRA 2007)
Quando bem executada a observaccedilatildeo participante possibilita a investigaccedilatildeo de
contextos particulares desvendando situaccedilotildees cotidianas em virtude da abertura e
flexibilidade da pesquisa aleacutem do aprofundamento das questotildees referentes agrave
investigaccedilatildeo em processo
Criamos instrumentos de registro para cada oportunidade de pesquisa oferecida
nas escolas ou na universidade Adequamos os instrumentos para cada circunstacircncia
Utilizamos nos ambientes escolares trecircs principais instrumentos de coleta de dados
(jornal de pesquisa entrevistas e questionaacuterio)
B) Jornal de pesquisa
O jornal de pesquisa (tambeacutem conhecido como diaacuterio de campo) consiste
segundo Barbosa (2010) na possibilidade de ultrapassar a simples coacutepia mecacircnica e
produzir um conhecimento condizente com a realidade Natildeo aponta a pesquisa como
aprendizagem para si mesmo nestas circunstacircncias tem um caraacuteter puacuteblico que
pretende esclarecer os passos de determinada investigaccedilatildeo
79
Durante as pesquisas-piloto notamos que o uso de blocos de anotaccedilotildees era
inconveniente pois prejudicavam a observaccedilatildeo participante aleacutem de distrair os alunos
nas atividades estabelecidas em sala de aula Neste aspecto nos detemos na escrita do
jornal de pesquisa anotando nossos (in) sucessos relacionados agrave investigaccedilatildeo
Sendo assim trechos de diaacutelogos e reaccedilotildees ocorridas durante as aulas e
principalmente durante a realizaccedilatildeo dos mapas mentais foram registrados e se
encontram em apecircndice (Apecircndice I em CD)
C) Entrevistas
Segundo Oliveira (2007 p 86) ldquoa entrevista eacute um excelente instrumento de
pesquisa por permitir a interaccedilatildeo entre pesquisador (a) e entrevistado (a) e obtenccedilatildeo de
descriccedilotildees detalhadas sobre o que se estaacute pesquisandordquo Dessa forma apoacutes o termino
das atividades procuramos realizar um diagnoacutestico final sobre as possiacuteveis contribuiccedilotildees
das praacuteticas realizadas especialmente do uso dos mapas mentais na perspectiva dos
alunos Em decorrecircncia do tempo as entrevistas foram realizadas em grupos (de trecircs a
cinco alunos) com todos os estudantes do 4ordm e 5ordm ano salvo os faltosos As entrevistas
foram norteadas por questotildees semiestruturadas descritas abaixo
Questotildees para entrevista com os alunos
1 Qual das atividades realizadas vocecircs acharam mais interessante Por quecirc
2 Qual das atividades vocecircs menos gostaram de fazer Por quecirc
3 O que vocecircs acham que aprenderam com a realizaccedilatildeo dos mapas mentais
durante as aulas de Geografia
4 Vocecircs acham importante estudar Geografia Explique
Em outra ocasiatildeo estivemos em contato com a gestora da escola com a qual
realizamos uma entrevista focalizada Para Gil (1999 p 120) esse tipo de entrevista eacute
de caraacuteter ldquo[] livre todavia enfoca um tema bem especifico O entrevistador permite
ao entrevistado falar livremente sobre o assunto mas quando este se desvia do tema
original esforccedila-se para a sua retomadardquo
O tema em questatildeo foi o processo de ensino-aprendizagem no segundo ciclo dos
anos iniciais do EF (4ordm e 5ordm ano) surgindo questotildees referentes ao cumprimento da
legislaccedilatildeo na escola a estrutura fiacutesica da escola organizaccedilatildeo do trabalho escolar
80
(principalmente das professoras) desempenho escolar dos alunos do 4ordm e 5ordm ano Essas
temaacuteticas satildeo contextualizadas ao longo do capiacutetulo 3 e 4
D) Questionaacuterio de investigaccedilatildeo
Em decorrecircncia do tempo da pesquisa uacuteltimo bimestre de 2014 foi necessaacuterio
aplicar o recurso ldquoquestionaacuterio de investigaccedilatildeordquo com as docentes do 4ordm e 5ordm ano Nossa
intenccedilatildeo inicial foi o de registrar o perfil das professoras Tambeacutem o de discutir as
problemaacuteticas e estabelecer uma troca de experiecircncias das observaccedilotildees de cada
professora sobre a execuccedilatildeo e propostas da pesquisa
Para fins de registro o questionaacuterio foi construiacutedo possuindo treze (13) questotildees
divididas em cinco partes identificaccedilatildeo formaccedilatildeo experiecircncia profissional praacutetica
profissional e execuccedilatildeo da pesquisa (ver apecircndice II) Com base na leitura das respostas
das professoras tivemos condiccedilotildees de entender as dificuldades Entre elas a relaccedilatildeo ao
ensino de Geografia e suas sugestotildees para o trabalho com os mapas mentais e
metodologias auxiliares
E) Outros instrumentos para as praacuteticas com os alunos
Para a realizaccedilatildeo das atividades com mapas mentais confeccionamos dois
modelos de prancha para desenho O primeiro voltado agraves atividades realizadas
individualmente (em folha A4) constituiacuteda por cabeccedilalho com espaccedilo para nome e
idade o que auxiliou na identificaccedilatildeo dos sujeitos da pesquisa (Apecircndice III) A
segunda para uso em grupo (em folha A3)
Os outros recursos utilizados foram Atlas Geograacutefico mapa do Brasil32 Regiatildeo
Nordeste33 e Centro-Oeste34 Estado da Paraiacuteba35 Campina Grande ndash PB36 Atlas
Escolar da Paraiacuteba37
32 BRASIL Editora Globomapas Brasil poliacutetico- rodoviaacuterio[Satildeo Paulo] 2014 1 mapa 89 x 117 cm
Escala 15000000 33 BRASIL Editora Globomapas Brasil regiatildeo nordeste[Satildeo Paulo] 2014 1 mapa 89 x 117 cm Escala
12000000 34 BRASIL Editora Globomapas Brasil regiatildeo centro-oeste poliacutetico rodoviaacuterio regional e
turiacutestico[Satildeo Paulo] 2014 1 mapa 89 x 117 cm Escala 12000000 35 ESTADO DA PARAIacuteBA Editora Trieste Estado da Paraiacuteba poliacutetico rodoviaacuterio e escolar [Satildeo
Paulo] 2008 1 mapa 89 x 117 cm Escala 1 500 000 36 CAMPINA GRANDE Editora Trieste Campina Grande PB[Satildeo Paulo] 2008 1 mapa 89 x 117 cm
Escala 1 10 000 37 RODRIGUEZ Janete Lins Atlas Escolar da Paraiacuteba 3ordf Ed Joatildeo Pessoa GRAFSET 2002
81
Mediante termo de consentimento a gestatildeo escolar permitiu o uso da cacircmera
fotograacuteficacelular e da filmadora Isso auxiliou na percepccedilatildeo de elementos natildeo
identificados na accedilatildeo da pesquisa servindo como um registro de apoio As fotos
filmagens e gravaccedilotildees serviram para interpretaccedilatildeo das atividades com os mapas mentais
realizados Aleacutem desses se fez uso de material de papelaria laacutepis grafite e de cor
caneta hidrocor cola tesoura fita adesiva (durex) e borracha
Utilizamos o recurso do brinquedo didaacutetico ldquoBrincando de engenheirordquo38 para
construccedilatildeo de maquetes introduzindo a noccedilatildeo do luacutedico no trabalho pedagoacutegico com
mapa mental A maquete mental (mapa mental construiacutedo coletivamente o qual eacute
discutido na paacutegina 97 e 98) foi construiacuteda sob uma superfiacutecie de cartolinas (papel
cartatildeo)
2 2 3 Os espaccedilos e os sujeitos da pesquisa
O espaccedilo da pesquisa
Nosso estudo estaacute relacionado ao ensino de Geografia desta forma foi
necessaacuterio delimitarmos a escola como espaccedilo de pesquisa Justificamos esta escolha
natildeo apenas por consideraacute-la como um dos lugares onde se aprende o uso de um coacutedigo
cultural ou por sua influecircncia no imaginaacuterio das crianccedilas jovens e adultos que a
frequenta mas sobretudo pela influecircncia na comunidade a qual pertence
De acordo com objetivos e propostas deste estudo procuramos uma escola que
atendesse os anos iniciais do EF Tiacutenhamos como intenccedilatildeo realizar um trabalho que
contasse com a participaccedilatildeo dos alunos necessitando tempo e disposiccedilatildeo dos
professores e da coordenaccedilatildeo para realizaccedilatildeo da nossa pesquisa De acordo com estes
criteacuterios escolhemos a Escola Municipal Luacutecia de Faacutetima Gayoso Meira visto que jaacute
haviacuteamos realizado outras experiecircncias de investigaccedilatildeo incluindo nossa pesquisa-
piloto portanto aproveitamos essa relaccedilatildeo de proximidade e confianccedila com os sujeitos
Entre os motivos que nos condicionaram a continuar nessa escola enquanto
campo de pesquisa foi
Histoacuterico de retenccedilatildeo escolar principalmente dos alunos no 5ordm ano Isso nos
possibilitou realizar um diagnoacutestico das dificuldades referentes agraves habilidades
38 BRINCANDO DE ENGENHEIRO Xalingo brinquedos Fabricado no Brasil atestado pelo
INMETRO para crianccedilas acima de 3 anos de idade 4 brinquedo educativo 42 peccedilas
82
cartograacuteficas e a construccedilatildeo de noccedilotildees relativas a conceitos e temas da
Geografia
Matriacutecula e frequecircncia de alunos de faixa etaacuteria distinta as normas cronoloacutegicas
estabelecidas pelo Conselho Nacional de Educaccedilatildeo (CNE) e
O perfil socioeconocircmico e familiar dos alunos Suas famiacutelias sobrevivem
predominantemente com menos de dois salaacuterios miacutenimos A maioria dos pais
ou responsaacuteveis exercem atividades autocircnomas (encanador pedreiro pintor
diaristas comerciantes informais entre outros) nestes casos os alunos recebem
recurso do Governo Federal como Bolsa Famiacutelia39
Descriccedilotildees da localizaccedilatildeo geograacutefica escolar
O bairro do Lauritzen eacute localizado na Zona Norte da Cidade de Campina
Grande embora seja considerado um bairro oficial para a administraccedilatildeo poliacutetica do
municiacutepio natildeo chega a ser reconhecido pela populaccedilatildeo local nem mesmo pela Escola
Municipal Luacutecia de Faacutetima Gayoso Meira40 A identidade estaacute representada pelo bairro
vizinho o Alto Branco o qual deteacutem maior status social em decorrecircncia do mercado
imobiliaacuterio (ver figura 4 p 83)
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica - IBGE (2010)41
Campina Grande eacute um municiacutepio paraibano que surgiu como posto de reabastecimento
dos tropeiros Esse fato se deve a sua localizaccedilatildeo intermediaria entre o alto sertatildeo e a
capital litoracircnea atual Joatildeo Pessoa No censo do IBGE em 2010 foi registrada uma
populaccedilatildeo proacutexima aos 400 mil habitantes (exatamente 385213 habitantes) distribuiacuteda
em uma aacuterea de 594 182 km2
39
O programa Bolsa famiacutelia recurso do governo federal auxilia financeiramente famiacutelias em condiccedilotildees
de pobreza (valor de renda per capita familiar igual ou menor a 150 reais) e extrema pobreza (valor de
renda per capita igual ou menor a 77 reais) como consta no Decreto nordm 5209 de 17 de Setembro de 2004
Este recurso disponiacutevel as famiacutelias eacute realizado sob duas condiccedilotildees a primeira corresponde agrave renda per
capita familiar e a segunda o nuacutemero de crianccedilas ou adolescentes matriculados na rede baacutesica de ensino
ateacute os dezessete anos de idade variando o valor do auxiacutelio Para mais informaccedilotildees
httpwwwplanaltogovbrccivil_03_Ato2004-20062004DecretoD5209htmgt acessado em
29012014 40
O nome da escola eacute uma homenagem a filha de WaldecyVillarim Meira (na eacutepoca proprietaacuterio de uma
empresa campinense Irmatildeos Villarim Meira SA) e InaldaGayoso Meira A jovem estudou no coleacutegio
Imaculada Conceiccedilatildeo (Damas) na cidade de Campina Grande Viacutetima de atropelamento em 1974 faleceu
aos 15 anos de idade no municiacutepio de Joatildeo Pessoa cidade onde se encontra enterrada 41 Informaccedilotildees disponiacuteveis em
httpcidadesibgegovbrxtrasperfilphplang=ampcodmun=250400ampsearch=||infogrE1ficos-
informaE7F5es-completaslt acessado em 0204 2015
83
FIGURA 4 ndash MAPA DE LOCALIZACcedilAtildeO DA ESCOLA
Elaborado por Francisco Vilar Arauacutejo Segundo 2015
84
A maioria dos alunos matriculados na Escola Municipal Luacutecia de Faacutetima Gayoso
Meira satildeo moradores de bairros como Centro Conceiccedilatildeo e Lauritzen destacados na
figura 4 (p 83) em laranja Outros provecircm de bairros um pouco mais distantes a
exemplo do Alto Branco e Jardim Tavares localizados a norte e destacados no mapa em
amarelo (figura 4 p 83)
A Escola Luacutecia de Faacutetima Gayoso Meira construiacuteda na deacutecada de 1969 foi
fundada e autorizada pelo decreto de criaccedilatildeo nordm 195 de 08031981 segundo registros
escolares pesquisados42 A escola (ver figura 5 p 84) desde a sua inauguraccedilatildeo passou
por diversas ampliaccedilotildees e reformas relacionada ao seu espaccedilo fiacutesico Atualmente eacute
constituiacuteda por quatro salas de aula uma sala de Atendimento Especial (AE) um
laboratoacuterio de informaacutetica uma sala de leitura (biblioteca escolar) uma sala de
professores diretoria dois banheiros ndash um masculino e outro feminino ndash uma cantina
uma quadra de areia para esportes um playground e uma aacuterea de recreaccedilatildeo
razoavelmente extensa e arborizada
FIGURA 5 - FACHADA DA ESCOLA MUNICIPAL LUacuteCIA DE FAacuteTIMA GAYOSO MEIRA
Fonte Pesquisa de Campo (2014)
42 Durante nossa pesquisa natildeo fomos autorizados a retirar nenhuma documentaccedilatildeo da escola O projeto
poliacutetico pedagoacutegico da instituiccedilatildeo estava em atualizaccedilatildeo o que dificultou o acesso e consequentemente a
leitura do documento em sua integra
85
Hoje a escola atende a Educaccedilatildeo Infantil (I e II) e os anos iniciais do EF (1ordm ao
5ordm ano) Em decorrecircncia do seu espaccedilo fiacutesico no ano de 2014 atendeu alunos da
Educaccedilatildeo Infantil ao 3ordm ano no periacuteodo matutino e do 4ordm e 5ordm ano no periacuteodo vespertino
havendo nessa escola apenas uma turma para cada ano (seacuterie)
Os sujeitos da pesquisa ndash alunos e professoras
Apoacutes a definiccedilatildeo da escola necessitamos recorrer agraves justificativas sobre a
seleccedilatildeo das turmas as quais realizamos nossa investigaccedilatildeo Nestas condiccedilotildees
escolhemos trabalhar com alunos do segundo ciclo dos anos iniciais do EF ou seja uma
turma do 4ordm e outra do 5ordm ano
Optamos por estas turmas em decorrecircncia do Pacto Nacional pela Alfabetizaccedilatildeo
na Idade Certa (PNAIC) o qual promove accedilotildees para alfabetizaccedilatildeo da liacutengua portuguesa
de crianccedilas no primeiro ciclo dos anos iniciais do EF (1ordm ao 3ordm ano) muito embora natildeo
desenvolva poliacuteticas que garantam a progressatildeo do ato de alfabetizar no segundo ciclo
(4ordm e 5ordm ano)
Entendendo a problemaacutetica da alfabetizaccedilatildeo e aproximando dos contextos das
aulas de Geografia recorremos ao uso do mapa mental com as turmas do 4ordm e 5ordm por
compreendecirc-lo enquanto portador de uma linguagem de comunicaccedilatildeo visual Ele pode
auxiliar no desenvolvimento de estruturas cognitivas e habilidades para a leitura de
mapas ou seja alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica
Os estudantes que participaram desta pesquisa satildeo apresentados mediante um
coacutedigo de identificaccedilatildeo Consideramos a palavra ldquoalunordquo mais o nuacutemero correspondente
a lista de registro dos participantes Na turma do 4ordm ano teremos os seguintes discentes
ldquoAluno 01rdquo ao ldquoAluno 21rdquo Evitando a repeticcedilatildeo dos nuacutemeros foi decidido nomear os
estudantes do 5ordm ano de ldquoAluno 22rdquo ateacute ldquoAluno 51rdquo
No caso dos mapas produzidos coletivamente identificamos todos os sujeitos
que participaram do processo no ato da apresentaccedilatildeo do mapa mental Lembramos que
as anaacutelises dos mapas mentais satildeo realizadas em dois blocos distintos um do 4ordm e outro
do 5ordm ano Desse modo em ocasiotildees que necessitamos fazer comparaccedilotildees entre os
alunos das turmas pesquisadas identificamos cada estudante e seu respectivo niacutevel de
escolaridade
86
Com a turma do 4ordm ano contamos com a participaccedilatildeo da professora Marta43 64
anos A professora eacute formada em Pedagogia pela Universidade Regional do Nordeste
atual Universidade Estadual da Paraiacuteba possuiu especializaccedilatildeo em Educaccedilatildeo pela
Universidade Federal da Paraiacuteba atual UFCG campus Campina Grande Tem 46 anos
de experiecircncia profissional jaacute ministrou aulas nos anos iniciais do EF e em cursos
profissionalizantes no Serviccedilo Nacional de Aprendizagem Comercial (SENAC)
Durante o processo de pesquisa houve a participaccedilatildeo de 21 alunos do 4ordm ano a faixa
etaacuteria corresponde entre os 09 a 13 anos de idade
A docente responsaacutevel pelo 5ordm ano Beatriz 42 anos eacute professora formada pela
Universidade Estadual da Paraiacuteba no curso de licenciatura em Matemaacutetica e
especializaccedilatildeo em Ensino de Matemaacutetica (2009) na mesma universidade Possuiu
licenciatura em Pedagogia em modalidade regular pela Universidade Estadual Vale do
Acarauacute (UVA) trabalha na rede municipal de Campina Grande do 1ordm ao 5ordm haacute dez anos
Na rede estadual ministra aulas de matemaacutetica haacute 22 anos na cidade de Alagoa Grande
ndash PB44 lugar onde reside Na turma do 5ordm ano contamos com a participaccedilatildeo de 29
alunos com faixa etaacuteria entre 08 a 13 anos de idade45
O tempo e as etapas da pesquisa
O estudo realizado na Escola Municipal Luacutecia de Faacutetima Gayoso Meira no ano
de 2014 ocorre como conclusatildeo de nossas experiecircncias de pesquisa durante o
desenvolvimento do trabalho de mestrado em Geografia Em 2013 haviacuteamos realizado
uma pesquisa-piloto com a turma do 5ordm ano na mesma escola Apoacutes o desenvolvimento
de experiecircncias em outras escolas e oficinas ministradas em universidades
aperfeiccediloamos a metodologia considerando quesitos como conteuacutedo metodologia de
trabalho e recursos didaacuteticos de apoio
43 Os nomes aqui apresentados satildeo fictiacutecios com a finalidade de preservar a identidade dos sujeitos
participantes desta pesquisa Escolhemos nomes ao inveacutes de nuacutemeros em decorrecircncia da quantidade dos
docentes (duas apenas) 44 Cidade localizada no brejo paraibano acerca de 33 quilocircmetros de distacircncia de Campina Grande
Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica ndash IBGE a cidade possuiacutea em 2010 uma
populaccedilatildeo de 28479 tendo uma estimada de aproximadamente 28733 pessoas para o ano de 2013 A
aacuterea de extensatildeo territorial ultrapassa os 320 km2 Informaccedilotildees disponiacuteveis em
httpcidadesibgegovbrxtrasperfilphpcodmun=2500303Cgt acesso em 07072014 45 Havia na ocasiatildeo um aluno com 37 anos de idade neste caso afirma a gestora escolar que o estudante
apresenta dificuldades cognitivas as quais natildeo nos foram reveladas Sua permanecircncia na escola foi
justificada por dois motivos pedido da famiacutelia do estudante e da possiacutevel dificuldade de se adaptar a uma
turma de Educaccedilatildeo de Jovens e Adultos Ressaltamos poreacutem que este aluno natildeo elaborou nenhum mapa
mental visto que havia faltado nas ocasiotildees das atividades
87
O retorno a escola ocorreu no mecircs de setembro e a pesquisa ocorreu entre os
meses de outubro a dezembro de 2014 A execuccedilatildeo da proposta com o 4ordm ano durou seis
dias a do 5ordm ano aconteceu em sete dias visto que a turma era mais numerosa Este
periacuteodo correspondeu com o quarto bimestre escolar A pesquisa foi desenvolvida
quinzenalmente salvo problemas com feriados
A realizaccedilatildeo das aulas ocorreu durante o periacuteodo vespertino das 13h 00min agraves
17h 00min Dos seis dias de pesquisa realizado no 4ordm ano cinco voltaram-se as aulas e
mais dois de entrevista com os estudantes Por sua vez no 5ordm ano dos sete dias cinco
visavam o desenvolvimento das aulas e mais dois direcionados a entrevista com os
alunos Realizamos entrevista com a gestora escolar (a qual daremos o nome fictiacutecio de
Rosacircngela) nos dias 16 e 22 de dezembro e tambeacutem os questionaacuterios de investigaccedilatildeo
com as docentes (professora Marta 4ordm ano e Professora Beatriz 5ordm ano)
Durante este periacuteodo as aulas eram ministradas pelo pesquisador com a cogestatildeo
das professoras regentes de cada turma O que nos motivou a agir desta maneira foi agrave
oportunidade de experimentar e validar os procedimentos de trabalho com os mapas
mentais aperfeiccediloando concomitantemente possibilidades e observando suas
limitaccedilotildees Embora natildeo tiveacutessemos o objetivo de fornecer uma formaccedilatildeo docente para
as professoras estas participaram do processo das atividades desde o planejamento a
execuccedilatildeo das tarefas escolares
A escolha das atividades respeitou o curriacuteculo escolar e o planejamento das
professoras para os temas das aulas de Geografia Procuramos negociar em alguns
momentos a abrangecircncia dos conteuacutedos metodologias o tempo considerado agrave pesquisa
e sua relaccedilatildeo com as representaccedilotildees com os mapas mentais essas discussotildees foram
realizadas nos dias 17 18 e 26 de setembro de 2014 A seguir uma caracterizaccedilatildeo das
atividades organizadas em cada turma
Datas e atividades realizadas com o 4ordm ano
Temaacutetica das aulas ldquoGeografia da Paraiacuteba um estudo atraveacutes da produccedilatildeo e leitura de
mapas mentaisrdquo
14 de outubro ndash primeira aula com os alunos do 4ordm ano Introduccedilatildeo agraves noccedilotildees
baacutesicas de Cartografia e discussatildeo sobre o uso dos mapas no cotidiano
Representaccedilatildeo do mapa da sala de aula (atividade 1)
88
21 de outubro ndash discussatildeo sobre as mesorregiotildees da Paraiacuteba Iniacutecio de atividade
mapa mudo46 (atividade 2) enquanto proposta para a leitura de mundo
Importacircncia da orientaccedilatildeo e construccedilatildeo da legenda
04 de Novembro ndash continuaccedilatildeo da atividade mapa mudo Consideraccedilotildees sobre
zona urbana e zona rural e a organizaccedilatildeo das mesorregiotildees da Paraiacuteba
12 de Novembro ndash a terceira aula discutiu a influecircncia dos rios na vida da
populaccedilatildeo paraibana e as modificaccedilotildees espaciais A atividade 3 discutiu a
influecircncia dos rios e trabalho humano na transformaccedilatildeo da paisagem urbana e
rural
26 de Novembro ndash discutindo a importacircncia do Canal das Piabas desenvolvemos
a proposta da maquete mental (atividade 4) e posteriormente dos mapas mentais
(atividade 5) Entre o intervalo do dia 26 a 05 de Novembro a professora regente
executou uma avaliaccedilatildeo compondo as notas do quarto bimestre entre elas um
mapa mental das mesorregiotildees paraibanas (atividade 6)47
10 de Dezembro ndash Realizaccedilatildeo das entrevistas com alunos do 4ordm ano
Datas e atividades realizadas com o 5ordm ano
Temaacutetica das aulas ldquoSaberes cartograacuteficos discutindo a regionalizaccedilatildeo brasileirardquo
09 de outubro ndash primeira aula com alunos do 5ordm ano A escala mundial e
nacional noccedilotildees de leitura e interpretaccedilatildeo de mapas A importacircncia da escala e
da rosa dos ventos na comunicaccedilatildeo dos mapas
15 de outubro ndash discussatildeo sobre as regiotildees brasileiras Construccedilatildeo do mapa
mudo (atividade 1) Realizaccedilatildeo de atividade praacutetica sobre orientaccedilatildeo espacial
(baleada geograacutefica48)
05 de Novembro ndash Realizaccedilatildeo dos mapas mentais com o tiacutetulo ldquomapa da minha
vidardquo (atividade 2)
46O mapa mudo tambeacutem conhecido como mapa em branco eacute um tipo de esboccedilo cartograacutefico o qual
apresenta apenas a silhueta forma do mapa por exemplo o mapa mudo do Brasil que mostra o territoacuterio
nacional e os estados brasileiros Este tipo de mapa tem uma finalidade didaacutetica permite os alunos
destacarem os elementos geograacuteficos aleacutem da construccedilatildeo de novos saberes baseado nas orientaccedilotildees do
professor 47 A atividade foi elabora em conjunto com a professora regente e considerou os conteuacutedos estudados
durante a execuccedilatildeo da pesquisa 48 A baleada geograacutefica corresponde a uma atividade luacutedica para aprendizagem dos pontos cardeais
(norte sul leste e oeste) sua explicaccedilatildeo encontra-se no capiacutetulo 4 ver figura 24 p 141
89
13 de Novembro ndash discussatildeo sobre os mapas mentais realizados
Desenvolvimento de atividades que procuravam discutir o aspecto da
regionalizaccedilatildeo brasileira mediante evento da copa do mundo no Brasil (atividade
3)
24 de Novembro ndash aula teoacuterica sobre a regiatildeo centro-oeste e meio ambiente
Realizaccedilatildeo de mapas mentais em grupo (atividade 4)
05 e 10 de Dezembro ndash Realizaccedilatildeo de entrevista com alunos do 4ordm ano
23 A ANAacuteLISE DOS RESULTADOS
231 Da totalidade dos mapas mentais
Embora no decorrer deste trabalho tenhamos realizado atividades com os mapas
existentes (mapa mudos e leitura de mapas murais e atlas escolar) com a turma do 4ordm e
5ordm ano levamos em consideraccedilatildeo apenas a anaacutelise dos mapas mentais por ser nosso
objeto de estudo A quantidade final dos mapas eacute apresentada na tabela 2 nele satildeo
expressas as atividades realizadas individualmente e coletivamente pelo (s) grupo (s) de
estudantes do 4ordm e 5ordm ano da Escola Municipal Luacutecia de Faacutetima Gayoso Meira
TABELA 2 MAPAS MENTAIS PRODUZIDOS DURANTE A PESQUISA
Turma
Resultado
4ordm ano 5ordm ano
Mapa mental (individual) 30 22
Mapa maquete mental49
(coletivo grupo) 1 11
Subtotal 31 33
Total final 64 Fonte Pesquisa de campo (2014)
Os alunos do 4ordm ano realizaram duas atividades referentes aos mapas mentais
individualmente A primeira relacionada ao mapa do Canal das Piabas que resultou em
16 mapas mentais a segunda aos mapas das mesorregiotildees paraibanas com o nuacutemero de
49 A maquete mental eacute um tipo de representaccedilatildeo em trecircs dimensotildees realizada mediante o inventaacuterio de
informaccedilotildees dos alunos seja pela sua proacutepria vivencia espacial ou adquirida mediante outros meios de
comunicaccedilatildeo (TV raacutedio e internet) Tambeacutem pode ser fruto dos estudos realizados em acircmbito escolar
Essa definiccedilatildeo seraacute vista com mais detalhe no terceiro capiacutetulo
90
14 mapas (total de 30 mapas) Os alunos do 5ordm ano desenvolveram 22 mapas mentais
referentes agraves regiotildees brasileiras mediante o tema mapa da minha vida
Dos mapas mentais em grupo observamos que a turma do 4ordm realizou apenas
um Destacamos que este mapa mental eacute o resultado da atividade denominada de
maquete mental (tema Canal das Piabas) Os mapas mentais apresentados na turma do
5ordm ano (11 mapas) por sua vez foram desenvolvidos em grupos de dois a trecircs alunos
Levando em consideraccedilatildeo a quantidade de mapas apresentados na tabela 2
podemos notar a diferenccedila do nuacutemero de mapas produzidos para a quantidade de
participantes da pesquisa Isto se deve ao fato principalmente da ocorrecircncia de faltas
dos alunos durante os dias do desenvolvimento da pesquisa entretanto observamos que
para o nosso foco de estudo as representaccedilotildees (64 mapas mentais) realizadas pelos
alunos eacute considerado um universo significativo para a realizaccedilatildeo da leitura anaacutelise e
interpretaccedilatildeo
Apoacutes a elaboraccedilatildeo dos mapas mentais pelos alunos realizamos o escaneamento
dos arquivos transformando todas as representaccedilotildees realizadas em papel A4 e A3 em
arquivos digitais As ediccedilotildees dos mapas foram realizadas por meio do programa
Photoshop CS5 onde retiramos as informaccedilotildees que identificavam os sujeitos
participantes (cabeccedilalho) e algumas ediccedilotildees realizadas no Microsoft Office Word 2010
Para facilitar a leitura dos mapas mentais nos capiacutetulos que seguem decidimos
apresentar cada representaccedilatildeo por folha
24 AS HABILIDADES E CATEGORIAS DE ANAacuteLISE SELECIONADAS PARA A
PESQUISA
A imagem mental embora esteja relacionada a uma perspectiva individual sobre
o espaccedilo geograacutefico reflete condiccedilotildees e apreensotildees pertencentes agrave cultura e sociedade a
qual o sujeito estaacute inserido (VIGOTSKI 1998 BAKHTIN 2012) De todo modo
quando os mapas mentais satildeo utilizados como recursos didaacuteticos e visam fins
educacionais orientaccedilotildees sobre a realizaccedilatildeo destes mapas devem ser realizadas para que
atendam os objetivos da aula Por outro lado paracircmetros de leitura e avaliaccedilatildeo tambeacutem
precisam ser criados permitindo o professor diagnosticar os avanccedilos e limites com a
praacutetica dos mapas mentais
Neste sentido para o desenvolvimento da proposta de alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica
mediante o recurso didaacutetico mapa mental preocupamo-nos em ressaltar as experiecircncias
91
e condiccedilotildees de identidade das crianccedilas (sua origem gostos e experiecircncias) Estas natildeo
somente relacionados agraves condiccedilotildees do lugar mas as influecircncias culturais recorrentes a
outras escalas geograacuteficas como a regional
Com base nos autores citados anteriormente compreendemos que a
alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica eacute um dos caminhos que possibilita a leitura de mundo Esta
habilidade de criar esboccedilos cartograacuteficos livres ndash os mapas mentais ndash permite a
representaccedilatildeo do espaccedilo geograacutefico pelo aluno Ao mesmo tempo valoriza a autonomia
possibilitando a decodificaccedilatildeo dos siacutembolos encontrados em outros tipos de linguagem
cartograacutefica Nesse processo o aluno desenvolve competecircncias voltadas agrave dimensatildeo
cognitiva afetiva e pragmaacutetica (PASSINI 2012)
Nossas praacuteticas com o uso do mapa mental dialogou com um conjunto de
atividades voltadas agrave realizaccedilatildeo e interpretaccedilatildeo de mapas existentes e atividades luacutedicas
realizadas em forma de oficinas que ldquo[] satildeo formas encontradas por noacutes para mediar a
construccedilatildeo de conceitos e desenvolver habilidades atraveacutes de vivecircncias portanto
considerando essas e outras possiacuteveis particularidadesrdquo (CASTROGIOVANNI amp
COSTELLA 2006 p 50)
Durante o desenvolvimento das aulas o processo de aprendizagem esteve
relacionado ao emprego de habilidades-chave para o desenvolvimento das propostas
com os temas de Geografia o quadro 3 (p 91) apresenta estas habilidades-chave e seus
desdobramentos
QUADRO 3 HABILIDADES PARA O DESENVOLVIMENTO DOS MAPAS MENTAIS
HABILIDADES-
CHAVE OUTRAS HABILIDADES RELACIONADAS
Representar Observar comparar organizar sistematizar localizar e
orientar
Comunicar Verbalizar e questionar
Interagir Iniciativa trabalho em equipe e persuasatildeo
Refletir Capacidade criacutetica e aprendizagem e desenvolvimento
pessoal
Fonte Lessan (2011 p 69 - 75)
A funccedilatildeo do quadro 3 eacute demonstrar habilidades que se destacaram na execuccedilatildeo
desta pesquisa Compreendemos que as habilidades apresentadas natildeo abrangem todo
92
curriacuteculo tampouco esgota as possibilidades com as noccedilotildees (conceitos) fundamentais
para o ensino de Geografia As habilidades de representaccedilatildeo comunicaccedilatildeo interaccedilatildeo e
reflexatildeo natildeo devem ser compreendidas de forma hieraacuterquica no desenvolvimento do
trabalho pedagoacutegico pois seus desdobramentos podem ser expressos em maior ou
menor grau pelos alunos
Procurando atender criteacuterios estabelecidos pelos PCN (BRASIL 1997)
intermediamos a atividade exercida pelos alunos objetivando mobilizar as habilidades
anteriormente apresentadas Consequentemente buscamos o desenvolvimento de
competecircncias relacionadas agrave elaboraccedilatildeo dos mapas mentais a partir dos temas propostos
para cada turma dessa forma o 4ordm ano desenvolveu os mapas mentais o 1 Canal das
Piabas e 2 Mesorregiotildees geograacuteficas da Paraiacuteba jaacute o 5ordm ano realizou 1 Mapa da minha
vida e 2 Mapa da Regiatildeo Centro-Oeste
Esses procedimentos foram necessaacuterios por entendermos que
[] natildeo basta ter como conteuacutedo escolar as questotildees sociais atuais mas que eacute
necessaacuterio que se tenha domiacutenio de conhecimentos habilidades e
capacidades mais amplas para que os alunos possam interpretar suas
experiecircncias de vida e defender seus interesses de classe (BRASIL 1997 p
32)
Dessa forma assinalamos que nosso interesse natildeo eacute a formaccedilatildeo teacutecnica dos
alunos para a leitura e interpretaccedilatildeo de recursos cartograacuteficos muito menos em uma
anaacutelise restrita aos produtos finais (os mapas mentais) Mas ao contraacuterio em considerar
os mapas mentais como uma accedilatildeo consciente do ato de mapear ou seja todo o processo
metodoloacutegico observando a organizaccedilatildeo da sociedade a partir da sua espacialidade
geograacutefica (re) construindo sua leitura de mundo
241 As categorias de anaacutelise dos mapas mentais
Com base nos apontamentos apresentados no item anterior elaboramos um
mapa conceitual (quadro 4 p 93) com a intenccedilatildeo de possibilitar uma visualizaccedilatildeo geral
das orientaccedilotildees e os procedimentos descritos aleacutem disso indica as categorias de anaacutelise
(as noccedilotildees) selecionadas para anaacutelise dos mapas mentais realizados
93
QUADRO 4 PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAtildeO CARTOGRAacuteFICA POR MEIO DOS MAPAS
MENTAIS
Organizado por David L R de Almeida (2015)
Como apresentado no quadro 4 podemos identificar as categorias de anaacutelise
para metodologia do recurso didaacutetico mapas mentais A seleccedilatildeo das categorias as quais
seratildeo denominadas como noccedilotildees Elas indicam as operaccedilotildees cognitivas para realizaccedilatildeo
e interpretaccedilatildeo dos mapas mentais As noccedilotildees de percepccedilatildeo espacial localizaccedilatildeo e
orientaccedilatildeo o uso de toponiacutemias e a escala geograacutefica satildeo conceituados a seguir para que
o leitor tenha uma visatildeo geral do que se tratam cada uma delas
A Noccedilotildees de percepccedilatildeo espacial Correspondem agrave visualizaccedilatildeo do aluno a
respeito das formas dos elementos espaciais representados Observamos que a imagem
mental eacute um ponto de vista decorrente de diferentes condicionantes bioloacutegicos idade
cultura e gecircnero variando do morador ao visitante do lugar estes correspondem a
fatores da percepccedilatildeo humana (TUAN 2012)
Tuan (2012 p 18) conceitua a percepccedilatildeo espacial enquanto uma
[] resposta dos sentidos aos estiacutemulos externos como a atividade proposital
na qual certos fenocircmenos satildeo claramente registrados enquanto outros
retrocedem para a sombra ou satildeo bloqueados Muito do que percebemos tem
valor para noacutes para sobrevivecircncia bioloacutegica e para propiciar algumas
satisfaccedilotildees que estatildeo enraizadas na cultura
No ato da realizaccedilatildeo dos mapas mentais uma questatildeo eacute posta em jogo ldquo[] a
representaccedilatildeo bidimensional de uma realidade tridimensionalrdquo (PASSINI 2012 p 146)
94
isso significa que o aluno pontua em seus mapas a largura e comprimento dos elementos
espaciais entretanto necessita saber que o espaccedilo apresenta uma terceira dimensatildeo que
eacute a altura Esta eacute importante para entendermos assuntos como relevo e a constituiccedilatildeo das
redes hidrograacuteficas por exemplo
O meio ambiente transformado pela accedilatildeo do homem tambeacutem se caracteriza pelos
traccedilados que nos lembra as primeiras formas geomeacutetricas aprendidas na escola que satildeo
observadas na organizaccedilatildeo espacial Aponta Tuan (2012) que estas simetrias do espaccedilo
estiveram relacionadas a manifestaccedilotildees da organizaccedilatildeo de diferentes povos
Consideramos nas anaacutelises dos mapas mentais elementos representados na visatildeo lateral
obliacutequa e ou horizontal
Portanto considera-se aqui percepccedilatildeo espacial como a capacidade de avaliar
como se ordenam as coisas no espaccedilo e investigar as suas relaccedilotildees no ambiente Uma
boa noccedilatildeo de percepccedilatildeo espacial nos permite compreender a disposiccedilatildeo das formas que
compotildeem o espaccedilo geograacutefico e a nossa relaccedilatildeo com elas
B Uso de Toponiacutemias estaacute relacionada ao estudo dos nomes proacuteprios dos
lugares ou seja a onomaacutestica considerando a origem e evoluccedilatildeo da palavra apesar de
ser uma aacuterea relacionada agrave linguiacutestica estaacute diretamente associada agrave Histoacuteria e Geografia
Nas consideraccedilotildees de Claval (2011) desde o surgimento das Geografias
vernaculares conhecimento geograacutefico relativo ao senso comum a necessidade da
criaccedilatildeo de uma grade de toponiacutemia eacute fundamental visto que possibilita falar sobre o
lugar sem a necessidade de um contato direto Tambeacutem compartilha referecircncias
espaciais tornando esta rede de informaccedilotildees acessiacuteveis a todos socializando-a
O significado da toponiacutemia pode representar a percepccedilatildeo do grupo para
determinado espaccedilo Possibilitam revelar e ou alterar a dinacircmica social visto que todo
nome eacute um signo e todo signo possui um significado
Considerando os mapas mentais enquanto recurso didaacutetico que media a
aprendizagem entre os sujeitos como menciona Vigotski (1998) entendemos que ele
possibilita a siacutentese e comunicaccedilatildeo linguagem de informaccedilotildees geograacuteficas Atraveacutes
deste processo utilizamos o signo discutido por Bakhtin (2012) como instrumento de
significaccedilatildeo baseado na realidade social do aluno Ele corresponde agrave construccedilatildeo social
da ideia pois como afirma Bakhtin (2012 p 35) ldquoA consciecircncia individual eacute um fato
socioideoloacutegicordquo
Nos mapas mentais o uso das toponiacutemias permite apresentar os referenciais
espaciais (nomes de bairros regiotildees ou Estados) identificadas pela exposiccedilatildeo de
95
palavras ou iacutecones associada ou natildeo a legenda e a compreensatildeo dos signos e
significados
C Noccedilotildees de localizaccedilatildeo e orientaccedilatildeo Para Geografia eacute importante identificar
os lugares a partir da sua localizaccedilatildeo demarcar as posiccedilotildees relativas nestas condiccedilotildees
[] o trabalho do geoacutegrafo estaacute intimamente ligado ao do cartoacutegrafo pois
ambos partilham a preocupaccedilatildeo de localizar aquilo de que datildeo conta Para o
geoacutegrafo a apreensatildeo de uma pluralidade de lugares soacute se torna clara quando
eles figuram num documento que permita compreendecirc-los em conjunto
(CLAVAL 2006 p 19)
A localizaccedilatildeo constitui um dos princiacutepios do meacutetodo geograacutefico ela possibilita
apreender a manifestaccedilatildeo de determinado fenocircmeno e delimitaacute-lo Mas nomear e
localizar fenocircmenos no espaccedilo natildeo eacute suficiente Eacute necessaacuterio traccedilar itineraacuterios O que
caracteriza o sujeito enquanto pessoa eacute sua vida social Todo grupo humano necessita de
uma base territorial para manter suas relaccedilotildees de poder habitat frequentando e ou
conhecendo lugares proacuteximos ou longiacutenquos
Inicialmente nos orientamos no espaccedilo atraveacutes de referenciais topoloacutegicos o
nosso corpo estabelecemos o que eacute direita e esquerda frente e traacutes para o alto ou
abaixo etc Aos poucos relacionamos outros pontos de referecircncia que ultrapassam a
dimensatildeo do corpo utilizamos o relevo o coacuterrego ruas e monumentos histoacutericos para
traccedilarmos a direccedilatildeo (CLAVAL 2010) O cotidiano eacute cheio destes elementos que
permitem a orientaccedilatildeo espacial e por meio de experiecircncias e conhecimentos comuns
podendo assim estimular o desenvolvimento destas noccedilotildees com os alunos dos anos
inicias do EF Assim
Nosso corpo eacute orientado agrave nossa frente se estende aquilo que nosso olhar
descobre Apenas atraveacutes dos rumores e dos odores que nos chegam dali
aprendemos o que estaacute atraacutes Do lado direito e do lado esquerdo haacute zonas nas
quais os olhos detectam os movimentos mas captam mal as formas um
ligeiro movimento com a cabeccedila basta para descobri-las (CLAVAL 2010 p
15)
A orientaccedilatildeo nos mapas mentais foi analisada mediante a correlaccedilatildeo entre os
lugares ou fenocircmenos apresentados (toponiacutemias) como atraveacutes da rosa dos ventos na
organizaccedilatildeo do esboccedilo cartograacutefico o que correspondeu ao criteacuterio de localizaccedilatildeo
D Noccedilotildees de escala geograacutefica Destacamos as contribuiccedilotildees Racine Raffestin
amp Ruffy (1983) Silveira (2004) e Castro (2008) neste quesito Os autores apresentam
que a escala enquanto conceito cartograacutefico sempre foi considerado com uma fraccedilatildeo
96
entre a medida do real e abstrato mediante uma representaccedilatildeo50 Esta visatildeo cartesiana do
espaccedilo geomeacutetrico por muito tempo foi aceita e pouco discutida no modo do
desenvolvimento cientiacutefico da Geografia
Os estudos com a escala geograacutefica propotildeem que esta seja uma estrateacutegia de
aproximaccedilatildeo e identificaccedilatildeo de fenocircmenos espaciais sobre a superfiacutecie terrestre que se
apresentam por meio do conjunto de formas e eventos do espaccedilo Eacute a partir da escala
geograacutefica que os alunos tecircm a possibilidade de avaliar selecionar e representar a
dimensatildeo espacial do espaccedilo vivido e do mundo
Afirma Castro que ldquoA escala eacute na realidade agrave medida que confere visibilidade
ao fenocircmenordquo (CASTRO 2008 p 123) Pensamos que ela possibilita atraveacutes dos
mapas mentais dimensionar e mensurar determinado fenocircmeno comparar e distinguir
realidades e permite a tomada de decisatildeo consciente no lugar ao qual habita
Haacute de se deixar claro que o conjunto de noccedilotildees escolhidas para este estudo eacute
indissociaacutevel Observamos tambeacutem que estas correspondem a outras noccedilotildees e conceitos
e na possibilidade da construccedilatildeo de habilidades pelos alunos no desenvolvimento da
aprendizagem
As atividades seratildeo apresentadas seguindo a ordem de realizaccedilatildeo dos mapas
mentais Logo as praacuteticas e metodologias que auxiliaram a realizaccedilatildeo destes esboccedilos
cartograacuteficos natildeo necessariamente correspondem com a ordem cronoloacutegica das aulas
Dessa forma nos capiacutetulos seguintes apresentaremos algumas propostas de atividades
aleacutem de uma anaacutelise aprofundada dos mapas mentais inicialmente com a turma do 4ordm
ano no capiacutetulo 3 e posteriormente com a do 5ordm ano no capiacutetulo 4
50 Comumente apresentada nos mapas existentes por meio da escala numeacuterica 1 10 000 no exemplo do
mapa mural de Campina Grande onde o nuacutemero 1 representa o mapa e 10 000 a distacircncia em cm de cada
1 cm apresentado no mapa neste caso 1 cm = 100 m ou 010 km
97
3 PROPOSTAS E PRAacuteTICAS ESCOLARES ANAacuteLISES DOS MAPAS
MENTAIS COM OS ALUNOS DO 4ordm ANO
Observamos que o desenvolvimento de um recurso didaacutetico eacute precioso e
complexo Ele precisa ser adaptado as circunstacircncias do desenvolvimento cognitivo das
crianccedilas e tambeacutem as condiccedilotildees oferecidas pela escola para efetivaccedilatildeo do trabalho do
professor Diante disso este capiacutetulo apresenta as praacuteticas desenvolvidas com os alunos
do 4ordm ano
Temos por objetivo apresentar e avaliar propostas e praacuteticas luacutedicas para a
compreensatildeo espacial Para isso apresentamos estas experiecircncias em quatro itens (1)
Oficina 1 Maquete mental (2) Mapa mental 1 Canal das Piabas (3) Oficina 2 Praacuteticas
com mapa mudo e (4) Mapa mental 2 Mesorregiotildees da Paraiacuteba
As aulas de Geografia com a turma do 4ordm ano teve como temaacutetica das aulas
ldquoGeografia da Paraiacuteba um estudo atraveacutes da produccedilatildeo leitura de mapas mentaisrdquo Na
produccedilatildeo dos mapas mentais contextualizamos a discussatildeo sobre os principais rios da
Paraiacuteba e sua influecircncia no cotidiano dos paraibanos especialmente dos alunos Durante
o periacuteodo de trecircs aulas realizamos debates desenvolvemos propostas com mapas mudos
e outros exerciacutecios os quais seratildeo apresentados ao longo deste capiacutetulo
31 OFICINA 1 A MAQUETE MENTAL PRAacuteTICA COLETIVA DO ENSINO-
APRENDIZAGEM EM GEOGRAFIA
Apresentamos inicialmente uma proposta de ensino a qual intitulamos de
ldquomaquete mentalrdquo nossa compreensatildeo eacute que
O uso de maquetes favorece a passagem da representaccedilatildeo tridimensional para
a bidimensional por possibilitar domiacutenio visual do espaccedilo a partir do
modelo reduzido Na atividade proposta essa reduccedilatildeo apesar de natildeo
conservar as mesmas relaccedilotildees de comprimento aacuterea e volume do real (ou
seja apesar de natildeo seguir uma escala uacutenica) permite ao aluno ver o todo e
portanto refletir sobre ele Aleacutem disso as maquetes satildeo conhecidas das
crianccedilas acostumadas com brinquedos que satildeo miniaturas de objetos reais
(ALMEIDA 2010 p 77 ndash 78)
A maquete mental corresponde neste trabalho a uma representaccedilatildeo livre de uma
microescala (local) disposta em trecircs dimensotildees Ela eacute um recurso de transiccedilatildeo entre a
projeccedilatildeo da maquete (ver figura 6 - A p 98) para um mapa mental coletivo (figura 6 ndash
B) Aleacutem disso apresenta um tema que pode ou natildeo se referir ao cotidiano dos alunos
98
FIGURA 6 - A MAQUETE MAPA MENTAL CANAL DAS PIABAS
A - Maquete mental produzido pelos alunos do 4ordm ano
B- Mapa mental produzido pelos alunos do 4ordm ano Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
registrado por David L R de Almeida (2015)
A proposta executada a partir da interpretaccedilatildeo do texto ldquoProjeto de educaccedilatildeo
ambiental atraveacutes do estudo histoacuterico-geograacutefico e ecoloacutegico da bacia do Riacho das
Piabas (Canal) Campina Grande ndash Paraiacutebardquo51 apresentou noccedilotildees acerca das
51 Este projeto corresponde a uma accedilatildeo da comunidade local escolas e moradores da zona Sul de
Campina Grande que tem a intenccedilatildeo de realizar um levantamento histoacuterico e social da bacia do riacho
(mais conhecido como Canal) das Piabas Busca reconhecer o valor do referido recurso hiacutedrico aleacutem de
seu potencial Aleacutem disso a conscientizaccedilatildeo para preservar este recurso natural O texto esta disponiacutevel
no seguinte link httpwwwcdccuspbrbioeducarpb_camphtml gt acesso em 231115
99
toponiacutemias da orientaccedilatildeo e localizaccedilatildeo espacial e uso da aacutegua os quais
organizamos no quadro 5
QUADRO 5 SIacuteNTESE DO TEXTO SOBRE O CANAL DAS PIABAS
NOCcedilOtildeES PALAVRAS ENCONTRADAS NO TEXTO
Toponiacutemias
Cidade Campina Grande
Bairros Alto Branco Centro Santo Antonio e Joseacute
Pinheiro
Outros pontos de referecircncia natildeo oficiais para
administraccedilatildeo da prefeitura Rosa Miacutestica Ponto Cem
Reacuteis52 e Bairro do Cachoeira
Orientaccedilatildeo e localizaccedilatildeo Zona Norte
Uso da aacutegua
Recursos hiacutedricos aacutegua potaacutevel canal rios riacho e
cursos drsquoaacutegua
Problemas ambientais Lixo detritos e esgotos
Organizado por David L R de Almeida 2015
Apoacutes a explicaccedilatildeo de algumas palavras desconhecidas pelos alunos (entre elas
cursos drsquoaacutegua detritos e bifurcaccedilatildeo) realizamos uma reflexatildeo sobre a importacircncia dos
recursos hiacutedricos e qual influecircncia do Canal das Piabas53 no cotidiano dos estudantes A
discussatildeo sobre o tema surpreendeu os estudantes eles natildeo sabiam que se tratava do
canal que se encontra vizinho a escola o que motivou a curiosidade da maioria dos
alunos (ver figura 7 p 100)
Com base nesta interpretaccedilatildeo na aula seguinte desenvolvemos a proposta com a
maquete mental Para isso os alunos consideraram enquanto modelo de representaccedilatildeo
suas anotaccedilotildees sobre o texto discutido Aleacutem disso utilizamos recursos como imagens
de sateacutelite (disponiacuteveis pelo Google maps) e o mapa mural da cidade de Campina
Grande ndash PB como fontes de consulta
52 O Ponto Cem Reacuteis eacute localizado no bairro da Conceiccedilatildeo Este lugar eacute historicamente conhecido pela
populaccedilatildeo campinense como ponto de passagem para o Brejo paraibano a qual haacute deacutecadas atraacutes tinha a
funccedilatildeo de rodoviaacuteria e de comeacutercio para a populaccedilatildeo local e transeunte Natildeo se haacute um consenso da
origem da utilizaccedilatildeo da toponiacutemia mas alguns negam a referecircncia ao Ponto Cem Reacuteis encontrado na
atual capital paraibana Joatildeo Pessoa 53 A partir desse momento trataremos esse recurso hiacutedrico por Canal das Piabas visando facilitar a leitura
do texto e tambeacutem por ser uma referecircncia espacial mais comum para a populaccedilatildeo da cidade de Campina
Grande ndash PB
100
FIGURA 7 - CANAL DAS PIABAS EM PROXIMIDADE A ESCOLA
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014) registrado por David L R de Almeida (2015)
Entregamos aos alunos orientaccedilotildees para a realizaccedilatildeo da maquete mental que
tambeacutem serviram de base para a produccedilatildeo dos mapas mentais como veremos adiante
Os estudantes desenvolveram suas representaccedilotildees considerando as informaccedilotildees
presentes no texto devendo
1 Representar o curso do Riacho Canal das Piabas do seu ponto inicial (nascente)
ateacute o ponto final (jusante)
2 Localizar os bairros e ou pontos de referecircncia (comeacutercio serviccedilos escolas) em
seu mapa
3 Orientar seu mapa atraveacutes da rosa dos ventos
4 Construir a legenda do mapa mental
Com base nos pontos supracitados a maquete mental foi realizada pelos alunos
mediante os procedimentos enumerados a seguir
1 Observar e relacionar as informaccedilotildees do texto com as representaccedilotildees expressas
nos mapas existentes e nas imagens de sateacutelite
2 Refletir e comparar a proporccedilatildeo entre os elementos e representaacute-los na cartolina
101
3 Localizar os bairros e pontos de referecircncia Traccedilar os itineraacuterios (avenidas ruas
canal das Piabas)
4 Distribuir os elementos (casas e carros) na maquete relacionando com as
condiccedilotildees de cada bairro (comercial de moradia etc)
5 Orientar o mapa mediante a rosa dos ventos
Durante o processo descrito os alunos estabeleceram um diaacutelogo contiacutenuo para
resolver o problema da escala geograacutefica da disposiccedilatildeo da formas e da localizaccedilatildeo dos
bairros na maquete (ver figura 8 p 101)
Para Vigotski (1998) a aprendizagem e desenvolvimento do aluno necessitam da
participaccedilatildeo ativa caso contraacuterio a mesma aprendizagem pode ser condenada ao
fracasso Nestes termos observamos que a iniciativa e trabalho em equipe possibilitam
os alunos a abranger sua leitura de mundo especialmente do lugar representado
refletindo sobre as suas experiecircncias cotidianas
FIGURA 8 PROCESSO DE REALIZACcedilAtildeO DA MAQUETE MENTAL
A Estaacutegio inicial ndash alunos traccedilando os itineraacuterios na
maquete mental
B Estaacutegio final ndash atribuindo as formas espaciais na maquete
mental
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014) registrado por David L R de Almeida 2015
A maquete enquanto recurso didaacutetico possibilita o trabalho com temas de
elevado grau de dificuldade e abstraccedilatildeo Ressalta Mendes (2010 p 72) que ldquonos
processos de ensino e aprendizagem de geografia a utilizaccedilatildeo de modelos
tridimensionais permite ao educando simular observar descrever identificar e analisar
as dinacircmicas de determinados fenocircmenos geograacuteficosrdquo
Compreendemos que a maquete pode viabilizar a reflexatildeo sobre
102
A proporccedilatildeo entre os objetos
Reduccedilatildeo dos objetos
Localizaccedilatildeo das formas espaciais
Relaccedilotildees de orientaccedilatildeo frente atraacutes direita e esquerda ou mediante as
orientaccedilotildees espaciais (norte sul leste e oeste)
Sobre as diferenccedilas dos pontos de vista (lateral vertical e obliacutequo)
(ALMEIDA 2010 p 79)
De forma geral um dos primeiros criteacuterios relacionados ao uso da maquete eacute a
possibilidade de refletir sobre a percepccedilatildeo e a representaccedilatildeo do espaccedilo no mapa Na
perspectiva cartesiana os trabalhos de Almeida (2010) Almeida amp Passini (2010) e
Passini (2012) resgatam o debate sobre a relaccedilatildeo projetiva para anaacutelise mental Nessa
perspectiva encontramos na figura 9 o mesmo conjunto de objetos destacados em trecircs
pontos de vista diferente (lateral obliacutequo e vertical)
FIGURA 9 PERSPECTIVAS DE OBSERVACcedilAtildeO DAS FORMAS ESPACIAIS
A Visatildeo lateral B Visatildeo obliacutequa C Visatildeo vertical
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014) registrado por David L R de Almeida 2015
Autores como Almeida (2010) e Castrogiovanni amp Costella (2006) observam na
maquete a oportunidade para o professor construir as relaccedilotildees projetivas com os alunos
saindo de uma visatildeo estritamente lateral ou obliacutequa a qual corresponde ao campo de
observaccedilatildeo do aluno para a perspectiva vertical traccedilado comum nos mapas existentes
O uso da maquete mental enquanto portadora do luacutedico permite as crianccedilas
externalizar sua compreensatildeo sobre o mundo Para Tuan (2012) o significado do jogo
para a primeira infacircncia (ateacute os seis anos de idade) contribui mais com o
desenvolvimento da coordenaccedilatildeo motora da crianccedila Entretanto ressaltamos que as
ldquobrincadeirasrdquo e a efetivaccedilatildeo dos jogos escolares tecircm objetivos expressos e um tema
preacute-definido seja ele para a aprendizagem de conteuacutedo vinculado ao curriacuteculo escolar
como para os valores exigidos para a vida em sociedade como a participaccedilatildeo respeito e
solidariedade (REGO 1995)
103
Eacute importante frisar que apenas decalcar ou ler o mapa natildeo traz a motivaccedilatildeo
necessaacuteria ao estudante Segundo Tuan (2012 p 30) ldquoa percepccedilatildeo eacute uma atividade um
estender-se para o mundo Os oacutergatildeos dos sentidos satildeo pouco eficazes quando natildeo satildeo
ativamente usadosrdquo por isso eacute importante a participaccedilatildeo do aluno ao rabiscar
estabelecer a localizaccedilatildeo das casas na maquete e falar sobre suas experiecircncias neste
ambiente para os companheiros
Temos uma visatildeo limitada de mundo relata Yi-Fu Tuan (1983) nem mesmo para
um adulto eacute faacutecil a tarefa de transpor um ponto de vista A funccedilatildeo da maquete mental eacute
ampliar a leitura de mundo do aluno Esta atividade quando mediada pelo recurso
permite observar a mesma realidade de diversos pontos de vista decorrente natildeo apenas
das relaccedilotildees projetivas mas da estrutura social e ambiental
Finalizado o processo de elaboraccedilatildeo da maquete mental os alunos foram
chamados a realizar os mapas mentais individualmente A maquete eacute um paracircmetro de
representaccedilatildeo para os mapas mentais Para esta anaacutelise houve a comparaccedilatildeo entre os
mapas mentais dos alunos e a maquete Retiramos as peccedilas sobrepostas sobre a folha de
cartolina (maquete mental) como resultado eacute observado o mapa mental coletivo
(apresentado na figura 6 B p 98)
32 MAPA MENTAL 1 CANAL DAS PIABAS
A Noccedilotildees de percepccedilatildeo espacial
Entre os questionamentos realizados aos alunos do 4ordm ano destacamos a
pergunta ldquo- Como vocecircs imaginam que eacute realizado o mapardquo entre as respostas estava
ldquocom papel e laacutepisrdquo (aluno 08) ou ainda ldquoele eacute feito de uma visatildeo de cimardquo (aluno 17)
O fragmento extraiacutedo de nosso jornal de pesquisa sublinha o imaginaacuterio das crianccedilas
sobre a produccedilatildeo dos mapas Embora algumas respostas apresentem certa ldquoinocecircnciardquo
por parte dos alunos outros percebem a necessidade da mudanccedila da perspectiva na
produccedilatildeo cartograacutefica
Ao longo da anaacutelise e leitura dos mapas mentais constatamos que as
representaccedilotildees dos alunos assumiram diferentes perspectivas Os alunos tiveram
liberdade de escolha para o traccedilado dos mapas mentais Ao compararmos os 16
(dezesseis) mapas mentais com a maquete mental uma questatildeo se destaca a perspectiva
espacial dos elementos representados ou seja seu ponto de vista A tabela 3 (p 104)
104
apresenta as trecircs visotildees predominantes na representaccedilatildeo espacial lateral vertical e
mista (elemento na perspectiva lateral vertical e ou obliacutequa)
TABELA 3 PERSPECTIVAS ESPACIAIS APRESENTADAS NOS MAPAS MENTAIS
Perspectiva espacial Ocorrecircncia
Lateral 01
Vertical 05
Mista 10
Total 16
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
Inicialmente a nossa anaacutelise corresponde aos cinco mapas mentais que
apresentam uma perspectiva vertical das formas espaciais representadas (casas preacutedios
e igreja) Estes mapas apresentam semelhanccedila ao acircngulo de visatildeo encontrado nos mapas
existentes O mapa mental do aluno 04 (figura 10 p 105) por exemplo apresenta uma
projeccedilatildeo totalmente vertical Ao visualizarmos o mapa mental satildeo notados apenas
quadrados coloridos o que corresponderia ao telhado das casas encontrado no modelo
(a maquete mental)
Quando sistematizamos os dados referentes agrave noccedilatildeo da percepccedilatildeo espacial dos
alunos observamos que a maioria deles (dez mapas) transita entre o esboccedilo de objetos
representado entre a perspectiva vertical e obliacutequa (um mapa) e vertical e horizontal
(nove mapas) (figura 15 p 118 e figura 12 p 110 respectivamente) Mesmo
apresentando certa disparidade entre os elementos desenhados suas representaccedilotildees
estatildeo proacuteximas a outros modelos de mapas como os turiacutesticos os quais normalmente
apresentam gravuras dispostas em acircngulos obliacutequos ou laterais
105
FIGURA 10 MAPA MENTAL EM PERSPECTIVA VERTICAL REALIZADO PELO ALUNO 04
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
106
Segundo Tuan (1983) os adultos e principalmente as crianccedilas vivem no chatildeo e
notam os objetos lateralmente natildeo eacute comum a eles perceberem a paisagem por outro
acircngulo de vista Na maioria das vezes a experiecircncia de olhar a paisagem de outra
perspectiva estaacute relacionada apenas a viagens de aviatildeo ou a oportunidade de escalar
uma montanha No entanto o mesmo autor afirma que as crianccedilas
[] podem ldquolerrdquo fotografias aeacutereas verticais em branco e preto de povoados e
campos de cultivo com uma acuidade e seguranccedila inesperadas Podem
reconhecer casas caminhos e aacutervores nas fotografias aeacutereas ainda que estes
aspectos apareccedilam em uma escala muito reduzida e sejam vistos de um
acircngulo e posiccedilatildeo desconhecidos em sua experiecircncia Eacute possiacutevel que as
crianccedilas da cidade tenham tido a experiecircncia de olhar fotografias em revistas
ou na televisatildeo [] (TUAN 1983 p 31)
Notamos portanto que estaacute transposiccedilatildeo de um acircngulo de vista a outro eacute haacutebito
comum entre as crianccedilas Acostumadas a brincar com brinquedos experimentam uma
realidade social ldquosimuladardquo inventam estoacuterias e constroem ldquorelaccedilotildees espaciais atraveacutes
de um jogo de imaginaccedilatildeordquo onde em muitos casos se destacam enquanto ldquodeuses do
Olimpordquo diferentemente de sua situaccedilatildeo no mundo dos adultos (TUAN 1983 p 31)
Entretanto em algumas situaccedilotildees essa percepccedilatildeo apresenta-se totalmente
divergente eacute o caso do mapa mental aluno 05 (figura 11 p 111) esse esboccedilo apresenta
uma visatildeo lateral da realidade Eacute o uacutenico mapa mental a apresentar a sociedade seus
sujeitos (ldquobonecos de palitordquo) atribuindo-os funccedilotildees como pilotar uma moto ou
transitar entre o cenaacuterio urbano (casa preacutedio mercado ndash ideal ndash semaacuteforo e rua) que
segundo relatou o aluno localiza-se no Ponto Cem Reacuteis Aleacutem disso retrata o sol como
um dos elementos que constituem a paisagem expressa na folha (em laranja)
O que nos chama a atenccedilatildeo eacute que mesmo participando da produccedilatildeo da maquete
mental e recebendo orientaccedilotildees do pesquisador o aluno 05 natildeo consegue deslocar seu
ponto de vista do cenaacuterio urbano Para Vigotski (1998 p 36) quando uma crianccedila se
defronta com um problema ao qual natildeo pode solucionar individualmente recorre a um
adulto ou ldquodiante de tal desafio aumenta o uso emocional da linguagem pelas crianccedilas
assim como aumentam seus esforccedilos no sentido de atingir uma soluccedilatildeo mais inteligente
menos automaacuteticardquo
A representaccedilatildeo geograacutefica do mapa mental do aluno 05 sugeriu uma condiccedilatildeo
referente agrave percepccedilatildeo do espaccedilo a qual Tuan (1983) denomina de apinhamento
Segundo o autor o apinhamento pode ser uma condiccedilatildeo a qual nossa liberdade espacial
eacute privada em decorrecircncia da presenccedila de outras pessoas em outro caso tambeacutem pode
107
estar relacionada agrave necessidade do contato com o outro do sentimento de pertencer a
um coletivo a sociedade Nestas condiccedilotildees escreve Tuan
As pessoas nos restringem mas tambeacutem podem ampliar o nosso mundo O
coraccedilatildeo e a mente se expandem na presenccedila daqueles que admiramos e
amamos [] quando as pessoas trabalham juntas por uma causa comum um
homem natildeo tira espaccedilo do outro pelo contraacuterio ele aumenta o espaccedilo do
companheiro dando-lhe apoio (TUAN 1983 p 72 ndash 73)
Podemos considerar que o espaccedilo apresentado pelo aluno natildeo situa o Canal das
Piabas mas sim o lugar que vive cotidianamente Para o trabalho escolar o professor
deve estar atento a esta questatildeo e criar subsiacutedios para que o aluno amplie sua escala de
percepccedilatildeo O trabalho em equipe e o diaacutelogo com o professor pode auxiliar nesta tarefa
fazendo o aluno notar elementos espaciais como o canal das Piabas que fazem parte da
sua vida e da comunidade
108
FIGURA 11 MAPA MENTAL EM PERSPECTIVA LATERAL PELO ALUNO 05
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
109
B Uso de Toponiacutemias
O desafio para a constituiccedilatildeo de uma linguagem atraveacutes dos mapas mentais
ressaltou o conjunto dos nomes dos lugares ou seja as toponiacutemias que desenvolvem o
ldquotecido espacialrdquo e indica o trajeto do Canal das Piabas Estas palavras servem como
ponto de referecircncia e suporte do raciociacutenio geograacutefico por parte dos alunos Neste
quesito 15 (quinze) alunos destacaram o nome dos bairros pontos de referecircncia (a
escola) ou nome do Canal das Piabas e do Accedilude Velho em seus mapas mentais
Apenas um mapa natildeo realizou qualquer referecircncia deste tipo
Ao analisarmos o mapa mental aluno 14 (figura 12 p 109) eacute observado seu
caraacuteter difuso enquanto representaccedilatildeo espacial As toponiacutemias mais que fazer
referecircncia aos lugares estabelece as relaccedilotildees e a compreensatildeo do mapeador a respeito do
tema tratado Baseado na interpretaccedilatildeo vigotskiana de Friedrich (2012) podemos situar
que imagem mental construiacuteda pelo aluno encontra-se no estaacutegio sincreacutetico Outros
criteacuterios devem fazer parte da interpretaccedilatildeo dos mapas mentais No caso do mapa
mental do aluno 14 correspondem as necessidades ou dificuldades especiais do
estudante Em entrevista com a gestora escolar ela comenta que o aluno 14 apresenta
dificuldades ou necessidades especiais de ordem intelectual voltadas a aprendizagem54
Neste caso especiacutefico o trabalho pedagoacutegico na Escola Municipal Luacutecia de
Faacutetima Gayoso Meira eacute realizado na sala de atendimento especializado onde os alunos
desenvolvem atividades que estimulam sua coordenaccedilatildeo sensoacuterio-motora e cognitiva
Para Friedrich (2012) este auxiacutelio eacute imprescindiacutevel as atividades escolares em
decorrecircncia da maior necessidade da mediaccedilatildeo do professor caso contraacuterio o aluno
apresentaraacute dificuldade de abstrair seus conhecimentos acerca do assunto estudado
54 Embora coloque este ponto a gestora escolar confessa natildeo saber qual o diagnoacutestico meacutedico referente a
dificuldade do aluno Relata que na escola apenas um aluno com deficiecircncia (siacutendrome de Down) e que
os demais apresentariam outras deficiecircncias correspondentes a aprendizagem como dislexia Atualmente
a escola possui uma sala de Atendimento Especial e professora especializada no trabalhado pedagoacutegico
com pessoas com deficiecircncia embora natildeo tenha os recursos didaacuteticos disponibilizados pelo governo
(computadores jogos entre outros materiais didaacuteticos) O termo ldquopessoa com deficiecircnciardquo foi criado pelo
Conselho Nacional da Pessoa com Deficiecircncia definido atraveacutes da resoluccedilatildeo estabelecida pela portaria nordm
2344 de 3 de novembro de 2010 Para mais informaccedilotildees acessar Disponiacutevel em
httpwwwmpgompbrportalwebhp41docsparecer_-_mudanca_da_nomeclaturapdf lt acesso
20072014
110
FIGURA 12 MAPA MENTAL DO ALUNO 14 COM DESTAQUE A ELEMENTOS SINCRETICOS
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
111
Divergente do caso do mapa do aluno 14 outros esboccedilos cartograacuteficos
apresentam uma rede de palavras que vincula o tema discutido Canal das Piabas aos
lugares de travessia da rede hidrograacutefica A tabela 4 apresenta o nuacutemero de ocorrecircncia
de cada toponiacutemia utilizada nos mapas mentais
TABELA 4 USO DAS TOPONIacuteMIAS NOS MAPAS MENTAIS
Toponiacutemias utilizadas Ocorrecircncia
Bairro (s) 13
Accedilude Velho 13
Riacho Canal das Piabas 12
Escola 10
Outros 01 Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
A organizaccedilatildeo das toponiacutemias apresentadas nos mapas mentais aluno 01 e 03
(figura 13 p 114 e 14 p 115) exemplificam um raciociacutenio geograacutefico recorrente a
linguagem social Observando os mapas mentais do aluno 01 e 03 eacute possiacutevel destacar
uma coerecircncia na organizaccedilatildeo das toponiacutemias enquanto uma sequencialidade de nomes
que permite identificar e reconstruir uma abstraccedilatildeo do percurso real do Canal das
Piabas
Para que o processo de alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica ocorra eacute necessaacuterio que o
aluno esteja atento ao processo de codificaccedilatildeo do mapa para isso ldquoa codificaccedilatildeo seraacute
significativa se a crianccedila construir seus proacuteprios siacutembolos trabalhando do significado
para o coacutedigordquo (PASSINI 2012 p 46) Eacute necessaacuterio observar que o significado eacute
variaacutevel para cada indiviacuteduo mas tambeacutem corresponde a uma expressatildeo social O
ranking dos nomes referentes aos bairros eacute apresentado a seguir na tabela 5
TABELA 5 RANKING DAS TOPONIacuteMIAS RELACIONADOS AOS BAIRROS DE
CAMPINA GRANDE
Bairro Ocorrecircncia Bairro Ocorrecircncia
Conceiccedilatildeo 10 Joseacute Pinheiro 06
Centro 07 Louzeiro 06
Lauritzen 07 Alto Branco 02
Monte Castelo 07 Monte Santo 01
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
112
Na atividade de interpretaccedilatildeo dos bairros representados pelos alunos uma
importante observaccedilatildeo refere-se agrave escolha das toponiacutemias apresentadas e o contexto
social a qual corresponde agrave identidade Em experiecircncias anteriores (ALMEIDA 2012)
jaacute haviacuteamos percebido que os alunos assim como funcionaacuterios do coleacutegio relatam que
a escola localiza-se no bairro do Alto Branco entretanto para administraccedilatildeo poliacutetica do
municiacutepio de Campina Grande ela estaacute localizada no bairro Lauritzen
Segundo os estudos de Maia (2010) um dos fatores para valorizaccedilatildeo de bairros
como Alto Branco Jardim Tavares e Bairro das Naccedilotildees (todos localizados na Zona
Norte de Campina Grande) eacute a valorizaccedilatildeo imobiliaacuteria em decorrecircncia da presenccedila de
condomiacutenios fechados Ressaltamos que esta diferenccedila entre a identidade da populaccedilatildeo
e a organizaccedilatildeo administrativa do municiacutepio foi explicada aos alunos que Em sua
maioria os alunos fizeram mais referecircncias ao bairro Lauritzen (sete ocorrecircncias) que
ao Alto Branco (duas ocorrecircncias)
Essa diferenccedila entre o destaque dos bairros quando comparado a outros pontos
de referecircncia como Rosa Miacutestica e Ponto Cem Reacuteis eacute proveniente da percepccedilatildeo
referente agrave Zona Norte da cidade de Campina Grande Para explicar este fato
apresentamos um diaacutelogo realizado entre o aluno 15 o pesquisador e a professora
Marta a respeito da comunidade Rosa Miacutestica
Apoacutes compreender onde se localizava a comunidade Rosa Miacutestica o aluno 15
se levanta e fala - ldquoProfessor [pesquisador] eacute o BG55 natildeo eacute
Professora Marta - ldquoO que eacute BG meninordquo
Aluno 15 - ldquoSabe natildeo professora lsquoBuraco da Giarsquo professorardquo
Para entendermos o contexto social ao qual se refere o aluno algumas
observaccedilotildees devem ser realizadas visto que caracteriza relaccedilotildees de identidade e
percepccedilotildees espaciais natildeo apenas destas crianccedilas mas da populaccedilatildeo campinense Arauacutejo
amp Valverde (2013) discutem o surgimento e processo de urbanizaccedilatildeo de uma
comunidade localizada na Zona Norte de Campina Grande a Rosa Miacutestica
Relata os autores que a Rosa Miacutestica surge na deacutecada de 1940 conhecida como
ldquoBuraco da Jiardquo
Inicialmente houve o loteamento e arrendamento de uma aacuterea (antes ocupada
por mata subcaducifoacutelia de transiccedilatildeo e reservatoacuterios de aacutegua) que se
encontrava sob os cuidados de uma famiacutelia que residia nas proximidades O
antigo Buraco da Jia durante algumas deacutecadas de existecircncia foi considerado
55 O significado de BG para o aluno eacute relativo a Buraco da Jia observa-se aiacute uma alteraccedilatildeo da letra ldquoGrdquo e
ldquoJrdquo
113
pela Prefeitura Municipal de Campina Grande como favela (ARAUacuteJO amp
VALVERDE 2013 p 151)
O termo Buraco da Jia segundo os autores consiste em uma das toponiacutemias
condizentes a uma aacuterea de contato entre trecircs bairros (Alto Branco Louzeiro e
Conceiccedilatildeo) embora natildeo se tenha consenso a respeito da origem deste nome antigos
moradores atribuem o significado agraves condiccedilotildees ambientais do lugar Aleacutem disso carrega
estereoacutetipos sociais como violecircncia favelizaccedilatildeo drogas entre outros A toponiacutemia Rosa
Miacutestica soacute viria surgir anos mais tarde em decorrecircncia do movimento da igreja e de
seus moradores com o objetivo de diminuir a violecircncia presente na comunidade
(ARAUacuteJO amp VALVERDE 2013)
Consideramos que a percepccedilatildeo social e a escolha destas toponiacutemias natildeo satildeo
involuntaacuterias pois agrave medida que apresentam bairros considerados ldquobons seguros
organizadosrdquo negam aqueles espaccedilos percebidos como ldquomarginalizados inseguros
precaacuteriosrdquo Embora o aluno 15 natildeo estivesse presente no dia da realizaccedilatildeo destes mapas
mentais seus colegas natildeo fizeram nenhuma referecircncia mesmo os que conhecem e
vivem esta realidade
114
FIGURA 13 USO DAS TOPONIMIAS PELO ALUNO 01
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
115
FIGURA 14 USO DE TOPONIMIAS PELO ALUNO 03
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
116
C Noccedilotildees de localizaccedilatildeo e orientaccedilatildeo
Como expotildeem Claval (2010) localizar e orientar satildeo duas bases importantes no
posicionamento das toponiacutemias A pontuaccedilatildeo aleatoacuteria desses nomes pode resultar em
problemas na identificaccedilatildeo dos lugares e na comunicaccedilatildeo do mapa mental Durante o
desenvolvimento de atividades como a maquete mental houve praacuteticas e discussotildees a
respeito da importacircncia da localizaccedilatildeo dos fenocircmenos espaciais e da orientaccedilatildeo atraveacutes
dos pontos cardeais (norte sul leste e oeste)
Dessa forma a experiecircncia se repetiu no desenho dos mapas mentais os quais
deveriam ser orientados pela rosa dos ventos e seus pontos cardeais Ao analisarmos os
16 mapas encontramos em apenas seis o procedimento exigido Dos seis casos que
apontaram a rosa dos ventos apenas o mapa mental aluno 03 (figura 14 p 115)
consegue estabelecer com propriedade a orientaccedilatildeo espacial
Diferentemente do caso anterior os outros cinco mapas mentais (a exemplo do
aluno 01 ver figura 13 p 114) apresentam agrave rosa dos ventos muito embora o norte
referende a posiccedilatildeo superior da folha e natildeo a nascente do Canal das Piabas Este
problema de orientaccedilatildeo haacute muito jaacute vem sido discutido por especialistas da aacuterea da
Cartografia Escolar Passini (2012 p 96) menciona que embora os livros didaacuteticos dos
primeiros ciclos (1ordm ao 5ordm ano) abordem a questatildeo da orientaccedilatildeo espacial afirma que
O que temos visto [] satildeo explicaccedilotildees sobre a indicaccedilatildeo da nascente do Sol
como direccedilatildeo Leste muitas vezes com a figura de um menino de braccedilos
abertos com a matildeo direita apontando o Leste Essa forma de ldquoorientarrdquo pode
criar o equiacutevoco de que o lado Leste eacute determinado com a matildeo direita
O problema encontrado eacute que na compreensatildeo dos alunos os pontos cardeais satildeo
encarados como um criteacuterio estaacutetico quando na verdade seu posicionamento eacute relativo
Esse tipo de orientaccedilatildeo (pelos astros ndash sol lua etc) necessita de uma transposiccedilatildeo da
compreensatildeo da macroescala (dos planetas) para a microescala (dos bairros da Zona
Norte de Campina Grande)
Por outro lado podemos analisar que os mapas mentais como o aluno 01 pode
ter outro referencial de orientaccedilatildeo o do corpo Nesta linha de raciociacutenio os trabalhos de
Claval (2010) e Tuan (1983) afirmam que mediante a experiecircncia os nosso sentidos
(olfato audiccedilatildeo e ateacute mesmo o tato) nos auxilia na experiecircncia do espaccedilo permitindo
traccedilar itineraacuterios mediante a localizaccedilatildeo e orientaccedilatildeo
117
A pesquisa com alunos do curso de Geografia da Universidade Federal do
Paranaacute (UFPR) realizada por Kozel (2008) demonstra ser possiacutevel o trabalho da
representaccedilatildeo da cidade a partir das percepccedilotildees sensoacuterias A autora revela que a
linguagem pode ser construiacuteda a partir dos sentidos desde que desenvolva a construccedilatildeo
semioacutetica (expresse em signos os elementos sentidos como o cheiro) e possibilite sua
transformaccedilatildeo em enunciados Para a autora a imagem mental pode ser ldquoconstruiacutedas a
partir das sensaccedilotildees e percepccedilotildees assim como signos verbais ou natildeo-verbais tambeacutem se
constroem dentro desse processordquo (KOZEL 2008 p 74)
No caso dos mapas mentais dos alunos do 4ordm ano observamos que a ordem e
sequencialidade da orientaccedilatildeo e localizaccedilatildeo quando comparado agrave maquete mental
estiveram presentes em 50 dos casos (oito mapas) Nestes oito mapas como eacute o caso
do aluno 10 (Figura 15 p 118) as toponiacutemias foram localizadas de forma que
possibilita a compreensatildeo total do fenocircmeno estudado o Canal das Piabas pelo leitor
Aleacutem disso tal como eacute relatado no texto o curso drsquoaacutegua estabelece o limite e
localizaccedilatildeo entre os bairros ldquoacima do canalrdquo os bairros Centro Conceiccedilatildeo e Louzeiro e
ldquoabaixordquo o Joseacute Pinheiro (escrito como Satildeo Pinheiro) e Lauritzen (onde estaacute localizada
a escola)
Nos outros oito casos do uso da localizaccedilatildeo e orientaccedilatildeo espacial as noccedilotildees
ainda natildeo foram internalizadas Os alunos conseguem apenas desenvolver relaccedilotildees
topoloacutegicas (frente atraacutes direita e esquerda como discutido no capiacutetulo I p 39)
quando os elementos estatildeo em seu campo de visatildeo como a atividade em que os alunos
do 4ordm ano construiacuteram um mapa da sala de aula e destacaram atraveacutes da legenda a
localizaccedilatildeo de sua carteira Observaremos outros exemplos relacionados agrave localizaccedilatildeo e
orientaccedilatildeo espacial no toacutepico a seguir
118
FIGURA 15 MAPA MENTAL E A LOCALIZACcedilAtildeO DOS BAIRROS DE CAMPINA GRANDE PELO ALUNO 10
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
119
D Noccedilotildees de escala geograacutefica
Em trabalho com os mapas existentes a escala numeacuterica (matemaacutetica) eacute essencial
para o trabalho pedagoacutegico Permite ao aluno compreender a ldquogeneralizaccedilatildeo
cartograacuteficardquo a relaccedilatildeo entre a escala e a quantidade de elementos do mapa Dessa forma
ldquoquanto menor a escala menos detalhes (maior a generalizaccedilatildeo) quanto maior a escala
mais detalhes (menor generalizaccedilatildeo)rdquo (ALMEIDA 2010 p 92)
Todavia no que corresponde ao uso dos mapas mentais ela aparece enquanto
elemento secundaacuterio A escala meacutetrica eacute importante para a formaccedilatildeo do aluno
entretanto na transposiccedilatildeo da imagem mental ela natildeo aparece Isso se deve ao fato da
nossa percepccedilatildeo espacial natildeo ser decorrente da distacircncia fiacutesica entre os lugares mas da
afetiva (TUAN 1983)
A primeira vista a escala geograacutefica pode ser considerada banal e ateacute mesmo
desarticulada agraves praacuteticas do ensino de Geografia nos anos iniciais do EF Entretanto a
escala eacute um ldquoproblema metodoloacutegicordquo visto que se torna para noacutes um procedimento
praacutetico e ldquouma estrateacutegia de apreensatildeo da realidaderdquo ao discutir noccedilotildees de Geografia e
contextualizar o tema em estudo Aleacutem disso permite avaliar a compreensatildeo dos alunos
a respeito do assunto abordado (CASTRO 2008 p 120)
Montar a maquete mental necessita de habilidade para a compreensatildeo da
totalidade do fenocircmeno estudado e a reduccedilatildeo necessaacuteria para que nenhuma informaccedilatildeo
relevante seja perdida a transposiccedilatildeo dessas ideias para os mapas mentais segue a
mesma loacutegica
Percebemos que haacute diferenccedilas no trabalho pedagoacutegico com a escala numeacuterica e a
escala geograacutefica entretanto existe um ponto em comum entre elas ldquoeacute importante notar
que a escala natildeo eacute a mesma em todo o mapardquo (ALMEIDA 2010 p 91) Os sujeitos de
uma turma podem ter compreensotildees escalares distintas fato presente na produccedilatildeo dos
mapas mentais como eacute apresentado na tabela 6 que caracteriza as escalas geograacuteficas
TABELA 6 ESCALA GEOGRAacuteFICA EM DESTAQUE NOS MAPAS MENTAIS
ESCALA
GEOGRAacuteFICA OCORREcircNCIA
Bairro 11
Rua 03
Natildeo apresenta comunica 02 Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
120
Podemos observar na realizaccedilatildeo da maioria dos mapas mentais (11 mapas) a
presenccedila do raciociacutenio geograacutefico ao atribuir uma reduccedilatildeo dos objetos representados
sem a necessidade de recorrer agrave escala meacutetrica As representaccedilotildees apresentam a
compreensatildeo dos estudantes sobre a aacuterea estudada Na maioria dos casos observamos
que os alunos tiveram a preocupaccedilatildeo de indicar a reduccedilatildeo necessaacuteria para exposiccedilatildeo dos
fenocircmenos apresentados em seus esboccedilos (uso das toponiacutemias)
A maioria dos esboccedilos cartograacuteficos destaca o nome dos bairros o que contribui
para leitura das informaccedilotildees contidas em cada mapa (por exemplo o mapa mental do
aluno 04 figura 10 p 105) Em casos mais especiacuteficos houve uma reduccedilatildeo a uma
escala geograacutefica mais local a da rua a qual apresenta mais relaccedilotildees da experiecircncia
cotidiana do que com o resgate do tema estudado
Se considerarmos a escala geograacutefica enquanto procedimento do raciociacutenio
geograacutefico observaremos que nos trecircs casos onde a rua aparece como escala de
representaccedilatildeo (aluno 05 figura 11 p 111) e ainda nos outros dois que natildeo fazem
menccedilatildeo a qualquer tipo de reduccedilatildeo espacial (aluno 14 figura 12 p 110) podemos notar
dificuldades na sistematizaccedilatildeo da linguagem e da comunicaccedilatildeo do tema indicando a
necessidade de um papel mais ativo da mediaccedilatildeo do professor
Diante desta dificuldade expotildeem Vigotski (1998) que
A linguagem habilita as crianccedilas a providenciarem instrumentos auxiliares na
soluccedilatildeo de tarefas difiacuteceis a superar a accedilatildeo impulsiva a planejar uma soluccedilatildeo
para um problema antes de sua execuccedilatildeo e a controlar seu proacuteprio
comportamento Signos e palavras constituem para as crianccedilas primeiro e
acima de tudo um meio de contato social com outras pessoas As funccedilotildees
cognitivas e comunicativas da linguagem tornam-se entatildeo a base de uma
forma nova e superior de atividade nas crianccedilas distinguindo-as dos animais
(VIGOTSKI 1998 p 38)
Considerando as palavras da citaccedilatildeo anterior notamos que a praacutetica da
construccedilatildeo do pensamento se reproduz na execuccedilatildeo da atividade proposta ou seja dos
mapas mentais Entretanto observamos que mesmo a ldquoimitaccedilatildeordquo de um modelo
produzido pelos alunos (a maquete mental) enquanto elemento responsaacutevel por criar
uma zona de desenvolvimento potencial natildeo eacute em alguns casos o suficiente para
desenvolver habilidades como observaccedilatildeo e planejamento do trabalho a ser executado
pelo aluno
121
3 3 OFICINA 2 PRAacuteTICAS COM MAPA MUDO (RE) CONSTRUINDO O MAPA
MENTAL DA PARAIacuteBA
A Paraiacuteba foi o tema em pauta para as atividades do 4ordm ano no uacuteltimo bimestre
escolar Em minha primeira visita realizada a escola apoacutes o aceite para realizaccedilatildeo da
pesquisa perguntei a professora Marta quais eram as suas orientaccedilotildees para as aulas de
Geografia embora tenha exposto o tema ficou de apresentar seu planejamento
posteriormente
Quando retornamos agrave escola recebemos da professora duas folhas elas
realizavam uma caracterizaccedilatildeo geneacuterica da Paraiacuteba Com os papeacuteis em matildeos
percebemos que se tratava de trechos disponibilizados no site do Wikipeacutedia As
informaccedilotildees natildeo eram confiaacuteveis tampouco suficientes Resolvemos explorar os
recursos didaacuteticos disponibilizados pela escola e descobrimos que havia mapas murais
atlas escolares e livros didaacuteticos sobre o Estado da Paraiacuteba Sugerimos que as fontes e
recursos didaacuteticos disponibilizados pela escola fossem articulados a proposta das aulas
Natildeo foi encontrada nenhuma objeccedilatildeo da professora em utilizar estes materiais
O caso descrito no paraacutegrafo anterior natildeo eacute apenas uma anedota de pesquisa
para a gestora Rosacircngela as professoras desconhecem os materiais existentes na escola
Ela relata que o governo investe em recursos didaacuteticos como mapas atlas livros e aleacutem
disso DVD jogos entre outros materiais que poderiam ser utilizados em sala de aula
Apoacutes as mudanccedilas relatadas pensamos em atividades para os alunos do 4ordm ano
recapitulando alguns assuntos tratados pela professora regente no 3ordm bimestre como a
discussatildeo sobre a cidade de Campina Grande e a regiatildeo Nordeste Com esta intenccedilatildeo
realizamos mapas mudos da regiatildeo Nordeste (modelo em apecircndice V) e do Estado da
Paraiacuteba (modelo em apecircndice VI) situando as discussotildees sobre os temas discutidos (ver
figura 16 e 17 p 122)56
56 Procuramos realizar praacuteticas que possibilitassem o processo de regionalizaccedilatildeo com alunos do 4ordm ano
Aleacutem disso observamos e comparamos diferentes fotografias pertencentes agrave Paraiacuteba o que auxiliou na
produccedilatildeo de mapas mudos pretendendo desenvolver modelos para a internalizaccedilatildeo da noccedilatildeo de regiatildeo
122
FIGURA 16 MAPA MUDO REALIZADO BRASIL (REGIAtildeO NORDESTE) REALIZADO PELO
ALUNO 07
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
Em seguida temos outro mapa realizado pelo aluno 01 Podemos perceber como
ele se apropria dos conhecimentos necessaacuterios para preenchimento das informaccedilotildees de
forma praacutetica
FIGURA 17 MAPA MUDO DAS MESSOREGIOtildeES DA PARAIacuteBA REALIZADO PELO ALUNO
01
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
123
O mapa da regiatildeo Nordeste (figura 16 p 122) procurou discutir os
procedimentos para realizaccedilatildeo da leitura dos mapas existentes enfatizando a construccedilatildeo
da legenda por meio da construccedilatildeo do signo (significado - as cores - utilizado aos seus
significantes - estados representados) A rosa dos ventos tambeacutem fez parte destes
procedimentos pois buscamos substituir a associaccedilatildeo da orientaccedilatildeo do corpo pela
orientaccedilatildeo atraveacutes dos pontos cardeais
Se considerarmos que o mapa eacute uma forma de representaccedilatildeo do espaccedilo e que
representa uma linguagem com siacutembolos legendas escalas geograacuteficas e toponiacutemias
podemos concluir que eacute necessaacuterio fazer com que o aluno busque potencializar
habilidades e competecircncias para entendecirc-lo decifraacute-lo e utilizaacute-lo
Desse modo a praacutetica de produccedilatildeo de mapas eacute necessaacuteria pois permite aos
alunos atingir uma organizaccedilatildeo cognitiva da estrutura do espaccedilo Alem disso
desenvolver princiacutepios de organizaccedilatildeo sistematizaccedilatildeo e correspondecircncia com outros
mapas visualizados em seu cotidiano que em muitos casos natildeo fazem muito sentido
Para Almeida amp Passini (2010 p 13) o mapa soacute faz sentido enquanto recurso de
aprendizagem
[] se o aluno participou ativamente do processo de construccedilatildeo
(reconstruccedilatildeo) do conhecimento atraveacutes da praacutetica escolar orientada pelo
professor E quanto ao domiacutenio espacial envolve preacute-aprendizagens relativas
a referencias e categorias essenciais ao processo de concepccedilatildeo do espaccedilo
De acordo com esses apontamentos pretendemos analisar os mapas mentais
correlacionando com o mapa mudo elaborado pelos alunos A produccedilatildeo dos mapas
mentais que seratildeo apresentados a seguir foi uma sugestatildeo da professora regente para
compor a avaliaccedilatildeo final do 4ordm bimestre (ver apecircndice VII) Desta forma algumas
observaccedilotildees deveratildeo ser verificadas
1 A realizaccedilatildeo destes mapas ficou a cargo da professora regente Segundo ela
nenhum dos alunos teve acesso as informaccedilotildees presentes nos cadernos livros
ou outras fontes de consulta
2 A prova foi realizada individualmente
3 As atividades natildeo foram realizadas no mesmo dia pelos alunos A professora
Marta emprega como praacutetica que os alunos realizem as provas em dias
aleatoacuterios evitando a possibilidade de ldquocolardquo entre os alunos
4 Realizamos as orientaccedilotildees para o desenho dos mapas mentais considerando
os temas estudados em sala de aula
124
3 4 MAPA MENTAL 2 MESORREGIOtildeES DA PARAIacuteBA
A Noccedilotildees de percepccedilatildeo espacial
Durante esta fase foram elaborados 14 mapas mentais sobre as mesorregiotildees
Geograacuteficas da Paraiacuteba Todos os mapas apresentados a partir deste momento natildeo
apresentaram problemas em relaccedilatildeo ao ponto de vista (lateral vertical ou obliacutequa) dos
elementos representados Todos eles satildeo apresentados na perspectiva vertical
Os alunos progrediram na anaacutelise e construccedilatildeo dos mapas mentais e agora
consideram o procedimento dos pontos de vista Natildeo necessariamente O que ocorre eacute
que como discute Castro (2008) os fenocircmenos mudam de acordo com a escala
geograacutefica O tema pode ser um dos grandes influenciadores dessa mudanccedila de
perspectiva A escala regional e as orientaccedilotildees para a realizaccedilatildeo do mapa impotildeem outra
problemaacutetica que natildeo corresponde aos elementos representados na escala local como a
disposiccedilatildeo de preacutedios ou casas por exemplo
Desta forma natildeo seria conveniente tampouco realista considerar os mesmos
paracircmetros (pontos de vista) de anaacutelise do mapa mental do Canal das Piabas Outro fato
eacute que os modelos ou imagens mentais construiacutedas natildeo se baseiam em uma representaccedilatildeo
em trecircs mas em apenas duas dimensotildees
Se considerarmos a concepccedilatildeo de Tuan (2012 p 18) acerca da percepccedilatildeo
espacial eacute possiacutevel inferir que ela pode ser uma resposta a uma ldquoatividade propositalrdquo
escolar Neste aspecto se torna uma capacidade de avaliaccedilatildeo e ordenamento dos objetos
dispostos no espaccedilo Os mapas mentais podem corresponder agraves relaccedilotildees entre as formas
representadas
Os esboccedilos cartograacuteficos elaborados pelos alunos assumiram duas ldquoformasrdquo a
primeira de sequencialidade das Mesorregiotildees Geograacuteficas (dez mapas mentais) e a
segunda a circularidade (quatro mapas) Algumas observaccedilotildees devem ser feitas antes de
avanccedilarmos na anaacutelise destes mapas mentais
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) os estudos da
divisatildeo regional pelo IBGE originaram-se em 1941 sob a coordenaccedilatildeo do prof Faacutebio
Macedo Soares Guimaratildees Ateacute aquele momento diversas sistematizaccedilotildees para divisatildeo
regional do territoacuterio brasileiro havia sido proposta dessa forma o objetivo do oacutergatildeo foi
organizar um uacutenico modelo de divisatildeo regional do Brasil
125
Aleacutem disso eacute relatado no site do IBGE que entre os fatores que influenciaram a
divisatildeo das regiotildees em Mesorregiotildees Geograacuteficas foram a elaboraccedilatildeo de poliacuteticas
puacuteblicas locais localizaccedilatildeo de atividades econocircmicas sociais e tributaacuterias
planejamento urbano estudos de identificaccedilatildeo das regiotildees metropolitanas
aglomeraccedilotildees urbanas e rurais entre outros O IBGE conclui que
A Divisatildeo Regional do Brasil em mesorregiotildees partindo de determinaccedilotildees
mais amplas a niacutevel conjuntural buscou identificar aacutereas individualizadas em
cada uma das Unidades Federadas tomadas como universo de anaacutelise e
definiu as mesorregiotildees com base nas seguintes dimensotildees o processo social
como determinante o quadro natural como condicionante e a rede de
comunicaccedilatildeo e de lugares como elemento da articulaccedilatildeo espacial57
No tocante aos aspectos poliacuteticos econocircmicos sociais e naturais a Paraiacuteba estaacute
dividida em quatro Mesorregiotildees Geograacuteficas Mata Paraibana Agreste Paraibano
Borborema e Sertatildeo Paraibano (ver figura 17 p 122) cada uma delas apresenta
caracteriacutesticas proacuteprias De acordo com Carvalho Travassos amp Maciel (2002 p 33) ldquoA
distribuiccedilatildeo dos climas da Paraiacuteba estaacute relacionada com a localizaccedilatildeo geograacutefica ou
seja quanto mais proacuteximo do litoral mais uacutemido seraacute o clima quanto mais longe mais
secordquo Este traccedilado de sequencialidade eacute encontrado no mapa do aluno 08 (figura 18 p
126)
Por outro lado quatro alunos desenharam a silhueta da Paraiacuteba em formas
circulares (aluno 03 figura 19 p 127) distinguindo-se dos modelos preacute-elaborados
(mapa mudo) e trabalhados em classe atraveacutes do atlas escolar da Paraiacuteba Neste aspecto
Tuan (2012 p 63) comenta que ldquoo etnocentrismo casa bem com a ideia do cosmo
circularrdquo Perceber o seu mundo enquanto um paracircmetro circular daacute ao sujeito a
compreensatildeo que todos os espaccedilos estatildeo proacuteximos e acessiacuteveis
Desde que nascemos nossas experiecircncias espaciais se desenvolvem inicialmente
por relaccedilatildeo aos estiacutemulos do meio e posteriormente com nosso conviacutevio em sociedade
Tuan (1983) revela que para um bebecirc de seis meses de idade o simples fato de estar
sentado jaacute possibilita um novo campo de visatildeo a que tinha anteriormente quando
ficava apenas deitado Aleacutem disso ldquotoda pessoa estaacute no centro do seu mundo e o
espaccedilo circundante eacute diferenciado de acordo com o esquema de seu corpordquo (TUAN
1983 p 46) Outra justificativa que corresponde agrave representaccedilatildeo deste traccedilado circular
corresponderia agraves dificuldades dos alunos ao abstrair o princiacutepio da conexatildeo entre as
Mesorregiotildees Geograacuteficas Observaremos outros casos semelhantes no toacutepico a seguir
57 As informaccedilotildees pertinentes ao IBGE estatildeo disponiacuteveis no link a seguir
httpwwwibgegovbrhomegeocienciasgeografiadefault_div_intshtmlt acessado em 16 05 2015
126
FIGURA 18 PERCEPCcedilAtildeO SEQUENCIAL DAS MESORREGIOtildeES GEOGRAacuteFICAS DO ALUNO 08
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
127
FIGURA 19 PERCEPCcedilAtildeO CIRCULAR DAS MESORREGIOtildeES GEOGRAacuteFICAS DO ALUNO 03
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
128
B Uso de Toponiacutemias
Qual o processo de organizaccedilatildeo das toponiacutemias apresentadas pelos alunos
Encontramos duas respostas a primeira correspondente ao fragmento textual no
enunciado dos mapas mentais a segunda as paredes da sala de aula Como eacute de costume
nos anos iniciais do EF expomos os cartazes e atividades que haviacuteamos realizado sobre
o Canal das Piabas Este cartaz foi utilizado enquanto instrumento de coacutepia em alguns
casos
Em uma anaacutelise geral dos mapas mentais produzidos pelos alunos tendo como
objetivos identificar as toponiacutemias dos lugares representados encontrou a seguinte
configuraccedilatildeo (Tabela 7 p 128)
TABELA 7 OCORREcircNCIA DAS TOPONIMAS EXPRESSAS NOS MAPAS MENTAIS
TOPONIacuteMIA OCORREcircNCIA
Mesorregiotildees Geograacuteficas 8
Mesorregiotildees Geograacuteficas e bairros de Campina Grande 3
Bairros de Campina Grande 1
Outros 2
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
Para Vigotski (1998) o uso da palavra eacute de fundamental importacircncia para a
construccedilatildeo do conceito ela identifica os objetos e distingui-os de outros termos
semelhantes A palavra quando caracterizada enquanto toponiacutemia permite ao sujeito
nomear o espaccedilo geograacutefico segundo alguma caracteriacutestica social fiacutesica poliacutetica
econocircmica entre outras
Para Gomes (2008 p 53) ldquona linguagem do senso comum a noccedilatildeo de regiatildeo
parece existir relacionada a dois princiacutepios fundamentais o de localizaccedilatildeo e o de
extensatildeordquo Compreendemos que este processo envolve dois exerciacutecios O primeiro de
compreensatildeo identificaccedilatildeo e extensatildeo do fenocircmeno e o segundo metodoloacutegico quais os
criteacuterios que possibilitaram a organizaccedilatildeo das Mesorregiotildees Geograacuteficas da Paraiacuteba
Eacute complexo o desenvolvimento da noccedilatildeo geograacutefica de regiatildeo mas em seu
processo de ensino-aprendizagem outros elementos podem ser destacados Ao trabalhar
com este conceito com a turma do 4ordm ano associamos a discussatildeo das caracteriacutesticas
regionais com as suas paisagens realizando a leitura de imagens fotograacuteficas
129
disponibilizadas pelos livros didaacuteticos atlas escolar e outras desenvolvidas em forma de
atividades
Em mapas mentais como o do aluno 11 (figura 20 p 130) foi observado que o
uso das toponiacutemias permite uma compreensatildeo da organizaccedilatildeo regional pelos alunos Em
outros casos o excesso de informaccedilotildees demonstra que esta comunicaccedilatildeo ainda se
apresenta de forma confusa para os estudantes (aluno 08 figura 18 p 126) Por outro
lado seguindo as orientaccedilotildees de Richter (2010 p 71) para a anaacutelise sobre o uso da
palavra na construccedilatildeo dos mapas mentais destacamos que escrever a palavra ldquosertatildeordquo
ldquoagresterdquo ou ldquooceano atlacircnticordquo ldquo[] natildeo define ou estabelece que esse estudante tenha
uma compreensatildeo ampla sobre os termos ou ideias apresentadasrdquo
Outro fato que nos chama a atenccedilatildeo eacute a ecircnfase dada agrave temaacutetica dos mapas
mentais os rios da Paraiacuteba As expressotildees rio Paraiacuteba e Piranhas apresentam-se em 50
dos mapas mentais analisados (sete mapas) assim como a presenccedila do Oceano
Atlacircntico Em outros dois casos os alunos representam em seus mapas a presenccedila do
Accedilude Velho e Riacho das Piabas
Percebemos com essa avaliaccedilatildeo a dificuldade dos alunos para o entendimento do
significado das toponiacutemias e a construccedilatildeo desta imagem mental Longe de encerrar esta
compreensatildeo pelos alunos veremos a seguir algumas anaacutelises relacionadas as noccedilotildees de
localizaccedilatildeo e orientaccedilatildeo espacial
130
FIGURA 20 USO DAS TOPONIacuteMIAS NA CONSTRUCcedilAtildeO DAS MESORREGIOtildeES DA PARAIacuteBA DO ALUNO 11
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
131
C Noccedilotildees de localizaccedilatildeo e orientaccedilatildeo
A alfabetizaccedilatildeo da liacutengua materna corresponde a uma das primeiras formas de
comunicaccedilatildeo ensinadas na escola Escrever as primeiras letras do nome pode acontecer
antes dos seis anos de idade mas eacute a partir do 1ordm ano do EF que este aprendizado seraacute
mais niacutetido
No ocidente o processo da escrita das palavras ocorre geralmente em uma
ordem sequencial da esquerda para a direita Este procedimento tambeacutem eacute realizado
para a leitura de textos onde eacute expressa a liacutengua portuguesa Somos desde pequenos
ensinados e aos poucos nos habituamos a este processo de leitura e escrita Mas haacute
alguma relaccedilatildeo entre o raciociacutenio geograacutefico a imagem mental e a representaccedilatildeo dos
mapas mentais com o processo de leitura e escrita A anaacutelise dos mapas afirma que sim
No item noccedilotildees de percepccedilatildeo espacial identificamos a ocorrecircncia de dez mapas
mentais que distribuiacuteram as Mesorregiotildees Geograacuteficas em uma ordem sequencial Mais
que uma relevacircncia na percepccedilatildeo dos alunos ela revela uma teacutecnica de
desenvolvimento do coacutedigo da liacutengua Dos dez mapas mentais que apresentam esta
caracteriacutestica sete denotam uma ordem idecircntica agrave do enunciado da questatildeo O quadro 6
realiza uma comparaccedilatildeo das toponiacutemias utilizadas e sua relaccedilatildeo com os mapas
mentais58
QUADRO 6 ORDEM DAS TOPONIacuteMIAS ENCONTRADAS NOS MAPAS MENTAIS
Ocorrecircncia Toponiacutemia 1 Toponiacutemia 2 Toponiacutemia 3 Toponiacutemia 4
Enunciado Mata Paraibana Agreste Paraibano Borborema Sertatildeo Paraibano
07 mapas Mata Paraibana Agreste Paraibano Borborema Sertatildeo Paraibano
03 mapas Sertatildeo Paraibano Borborema Agreste Paraibano Mata Paraibana
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
Quando comparado a disposiccedilatildeo das mesorregiotildees no enunciado da questatildeo e a
localizaccedilatildeo sete dos dez mapas eacute niacutetido que a transposiccedilatildeo da imagem mental para o
papel seguiu a mesma loacutegica expressa no enunciado da questatildeo Mas o simples fato de
localizar as toponiacutemias da esquerda agrave direita e vice versa natildeo significa que o aluno
58O mapa diferentemente de outras teacutecnicas de informaccedilatildeo e conhecimento como a Liacutengua portuguesa ou
a Matemaacutetica eacute portador de uma linguagem natildeo-verbal Traduz um processo de aprendizagem natildeo
sequencial de fenocircmenos que quando apresentados na fala em texto ou operaccedilotildees matemaacuteticas
naturalmente vatildeo apresentar uma hierarquia disposiccedilatildeo sequencialidade que nem sempre eacute desejaacutevel
132
consegue abstrair a posiccedilatildeo dos lugares em escalas regionais Torna-se importante notar
outros referenciais
A orientaccedilatildeo de outras referecircncias como Oceano Atlacircntico servem como
correspondente entre os signos (mesorregiotildees) apresentados nos mapas mentais A
leitura realizada pelo aluno 11 localiza a mesorregiatildeo do Sertatildeo Paraibano vizinho ao
Oceano Atlacircntico (figura 20 p 130) este fato esteve presente em quatro mapas
mentais
Por meio do mapa mental realizado pelo aluno 15 (figura 21 p 133) eacute possiacutevel
afirmar que mesmo havendo semelhanccedila entre a sequencialidade do enunciado da
questatildeo e o mapa mental eacute possiacutevel estabelecer uma relaccedilatildeo de orientaccedilatildeo espacial
condizente com a realidade a partir do uso coerente da rosa dos ventos
Encontramos ainda no caso do mapa mental supracitado uma reordenaccedilatildeo dos
pontos cardeais que a primeira vista pode parecer estranha para um experiente leitor de
mapas existentes Eacute notado que o aluno altera a posiccedilatildeo L (leste) ndash O (oeste) do mapa
mental permitindo uma comunicaccedilatildeo entre a orientaccedilatildeo e localizaccedilatildeo real das
Mesorregiotildees Geograacuteficas
O caso citado acima eacute o uacutenico a realizar esse raciociacutenio da orientaccedilatildeo dos
elementos representados podemos notar que o aluno consegue articular a noccedilatildeo de
orientaccedilatildeo espacial o que nos leva a considerar a possibilidade de coincidecircncia Dos
quatorze (14) mapas mentais doze (12) apresentam a rosa dos ventos A tabela 8
demonstra a noccedilatildeo de orientaccedilatildeo espacial atraveacutes dos pontos cardeais pelos alunos
TABELA 8 OCORREcircNCIA DA UTILIZACcedilAtildeO DA ROSA DOS VENTOS NOS MAPAS
MENTAIS
USO DA ROSA DOS VENTOS OCORREcircNCIA
Apresenta coerecircncia 2
Natildeo apresenta coerecircncia 7
Natildeo corresponde a uma comunicaccedilatildeo 6
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
Eacute observado que o posicionamento mediado pelos pontos cardeais natildeo obteve
sucesso As atividades desenvolvidas natildeo foram suficientes para possibilitar a
compreensatildeo da orientaccedilatildeo espacial Embora sete alunos tracem a rosa dos ventos em
seus mapas mentais elas natildeo correspondem agraves toponiacutemias expressas ou outros pontos de
referecircncia como o oceano Outros seis alunos invertem o posicionamento dos pontos
cardeais ou simplesmente natildeo apresenta tais referenciais
133
FIGURA 21 ORIENTACcedilAtildeO E LOCALIZACcedilAtildeO DAS MESSOREGIOtildeES DA PARAacuteIBA ALUNO 15
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
134
D Noccedilotildees de escala geograacutefica
Todas as noccedilotildees discutidas acerca dos mapas mentais das mesorregiotildees
demonstram que na escala regional paraibana os alunos sentiram mais dificuldades na
realizaccedilatildeo dos elementos dos mapas Com isso a leitura dos esboccedilos apresentou alguns
contratempos como excesso ausecircncia ou desconexatildeo entre as toponiacutemias apresentadas
com a temaacutetica dos mapas
Sem instrumentos mediadores ou modelos os alunos tiveram diferentes
problemas Entre eles o que deve ser representado no mapa Os rios eram destaque no
enunciado da prova embora seus nomes estivessem em negrito poucos alunos
distinguiram as palavras enquanto regiotildees (Mata Paraibana) e rios Paraiacuteba e Piranhas
Os rios revelam o propoacutesito do mapa mas tambeacutem coincidem com a localizaccedilatildeo Estado
da Paraiacuteba
Se considerarmos as palavras de Callai (2005 p 239) sobre o retrato do tema
ldquo[] eacute importante perceber que os fenocircmenos da natureza se configuram em outra
escala que eacute da natureza mesmo e que vai pautar os acontecimentos ao contraacuterio de
uma escala histoacuterica intrinsecamente ligada ao tempo e ao espaccedilo de nossas vidasrdquo
O conjunto das Mesorregiotildees Geograacuteficas tinha como intenccedilatildeo localizar ordenar
e apresentar um panorama geral do Estado da Paraiacuteba O resultado da observaccedilatildeo da
escala geograacutefica (Tabela 9) revela que a maioria dos estudantes apresenta maior
acuidade para a escolha da escala
TABELA 9 ESCALA GEOGRAacuteFICA EM DESTAQUE NOS MAPAS MENTAIS
ESCALA GEOGRAacuteFICA OCORREcircNCIA
Estado da Paraiacuteba 11
Outra 2
Natildeo identificada 1 Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
O que demonstra estes dados eacute que os alunos tiveram o cuidado de reduzir os
objetos da escala real para a dimensatildeo do papel mas o motivo para essa reduccedilatildeo natildeo
corresponde com a proposta da atividade Observamos que os alunos tecircm na maioria
dos casos o cuidado de representar as mesorregiotildees entretanto os rios Paraiacuteba e
Piranhas satildeo observados como coisas distintas do territoacuterio Dos quatorze (14) mapas
135
mentais analisados nove apresentam os rios enquanto elemento externo os outros cinco
casos natildeo fazem qualquer menccedilatildeo ao tema
Se por um lado a ldquohomogeneidaderdquo e ldquoconcentraccedilatildeordquo satildeo traccedilos pertinentes a
escala da proposta dos mapas mentais por outro ldquocolocar o problema da escala eacute
tambeacutem colocar o problema da pertinecircncia da ligaccedilatildeo entre uma unidade de observaccedilatildeo
e o atributo que associamos a elardquo (RACINE RAFFESTIN amp RUFFY 1983 p 125) A
anaacutelise destas representaccedilotildees demonstra que os rios e o territoacuterio paraibano satildeo como
ldquoaacutegua e oacuteleordquo natildeo se misturam esta heterogeneidade fez os alunos observarem estes
elementos como distintos
A escala ainda segundo Racine Raffestin amp Ruffy (1983) eacute um processo de
esquecimento coerente visto que agrave medida que observamos um conjunto agraves
singularidades satildeo ldquoesquecidasrdquo Dito de outra forma agrave medida que avanccedilamos na
representaccedilatildeo das mesorregiotildees geograacuteficas da Paraiacuteba os bairros de Campina Grande
natildeo deveriam ter ecircnfase na produccedilatildeo dos mapas mentais como aconteceu na
representaccedilatildeo do aluno 09 (Figura 22 p 136)
Por fim observamos que a escala geograacutefica enquanto noccedilatildeo para os estudos de
Geografia contribui para observarmos a percepccedilatildeo e sistematizaccedilatildeo mental dos assuntos
abordados em sala de aula Ela possibilita avaliar os avanccedilos dos alunos aleacutem de
auxiliar o planejamento do professor para a progressatildeo de habilidades e noccedilotildees a serem
trabalhadas
Buscamos no proacuteximo capiacutetulo avanccedilar na discussatildeo acerca do uso dos mapas
mentais dessa forma apontamos as praacuteticas e estrateacutegias utilizadas que possibilitaram o
ensino de Geografia com uma turma do 5ordm ano Recorremos assim como na turma do 4ordm
ano a experiecircncias luacutedicas e teoacutericas que possibilitassem o desenvolvimento de
habilidades e uso das noccedilotildees para o desenvolvimento das representaccedilotildees cartograacuteficas e
da leitura de mundo desses alunos
136
FIGURA 22 USO INDISCRIMINADO DA ESCALA GEOGRAacuteFICA ALUNO 09
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
137
4 PROPOSTAS E PRAacuteTICAS ESCOLARES ANAacuteLISES DOS MAPAS
MENTAIS COM OS ALUNOS DO 5ordm ANO
No decorrer deste capiacutetulo temos como objetivo apresentar e analisar as
atividades realizadas com os alunos do 5ordm ano Nossas praacuteticas direcionadas ao recurso
didaacutetico mapa mental dialogaram com um conjunto de atividades de construccedilatildeo e
interpretaccedilatildeo de mapas existentes e atividade luacutedica
Empregamos os mapas existentes (mapas murais e mapa do Brasil regiotildees)
mapas mudos e o jogo de baleada para o desenvolvimento de habilidades relacionado
aos assuntos estudados nas aulas de Geografia Conforme seraacute apresentado dividimos
estas experiecircncias em quatro itens (1) Oficina 1 Uso dos mapas mudos e a ldquobaleada
geograacuteficardquo (2) Mapa mental 1 Mapa da minha vida (3) Oficina 2 Mapa mudo da
regiatildeo Centro-Oeste e (4) Mapa mental 2 Mapa da regiatildeo Centro-Oeste
51 OFICINA 1 USO DOS MAPAS MUDOS E A ldquoBALEADA GEOGRAacuteFICArdquo
NOCcedilOtildeES PRAacuteTICAS E TEOacuteRICAS DE GEOGRAFIA
Compreende-se que para a construccedilatildeo dos procedimentos de trabalho coordenar
e dirigir o pensamento atraveacutes da linguagem cartograacutefica eacute fundamental Necessita
aleacutem disso envolver atividades teoacutericas e luacutedicas como mostramos no capiacutetulo 1
(Quadro 1 p 40) Haacute diferentes condicionantes que despertam a motivaccedilatildeo ou
desmotivaccedilatildeo a positividade ou apatia acerca das atividades desenvolvidas entre os jaacute
destacados a atenccedilatildeo memoacuteria cogniccedilatildeo e emoccedilatildeo retrata Vigotski (1998)
Para Bock Furtado amp Teixeira (2008) a escola eacute o lugar privilegiado para o
desenvolvimento dos condicionantes citados no paraacutegrafo anterior por meio da
educaccedilatildeo formal Neste espaccedilo ocorre o contato com a cultura de forma sistemaacutetica
intencional e planejada visando o desenvolvimento cognitivo dos sujeitos Por outro
lado o aluno jaacute traz consigo necessidades curiosidades e um imaginaacuterio a respeito da
realidade espacial
A aprendizagem natildeo eacute equivalente a todos os sujeitos de uma turma Entretanto
enfatizamos a importacircncia do trabalho coletivo como meio para o progresso do
raciociacutenio espacial Dessa forma segundo Rego (1995) eacute necessaacuterio a intervenccedilatildeo do
professor nas zonas de desenvolvimento proximal dos alunos Acreditamos que o
138
diaacutelogo as atividades com recursos cartograacuteficos e atividades luacutedicas podem auxiliar
nesse quesito
A escolha do recurso didaacutetico a exemplo do mapa corresponde
necessariamente com a proposta da aula de Geografia Uma escolha equivocada pode
gerar problemas para o encaminhamento da aula Ao conversar com a professora
Beatriz sobre as aulas de Geografia perguntei quais os assuntos trabalhados nos
bimestres anteriores Empolgada ela fala sobre suas consideraccedilotildees sobre o mapa-
muacutendi localizaccedilatildeo dos paiacuteses e organizaccedilatildeo poliacutetica A professora pega seu livro
didaacutetico o abre e mostra um mapa das Ameacutericas Diante deste caso apontamos que o
professor e o aluno
[] natildeo alfabetizado para a leitura da linguagem cartograacutefica natildeo possui
habilidades suficientes para ldquoentrarrdquo em mapas de escala pequena com os
que representam o Brasil ou o mundo com siacutembolos abstratos e entender o
conteuacutedo neles apresentado (PASSINI 2012 p 31)
Natildeo procuramos julgar as praacuteticas da professora tampouco desprivilegiar o uso
do livro didaacutetico em sala de aula mas observamos a necessidade da correspondecircncia
entre tema e recurso empregado Ademais discordamos das palavras de Passini (2012 p
31) que apenas por meio da alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica que o aluno tem ldquohabilidade
suficienterdquo para entender um mapa Seraacute que esta afirmaccedilatildeo corresponde com as
praacuteticas cotidianas dos alunos E os mapas apresentados nos telejornais que
demonstram a previsatildeo do tempo ou o itineraacuterio dos ocircnibus localizaccedilatildeo de lojas eles
tambeacutem necessitam de uma alfabetizaccedilatildeo para ser compreendidos O professor eacute o
uacutenico sujeito a mediar agrave compreensatildeo da linguagem cartograacutefica
Acreditamos que a alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica deve ser um processo de
construccedilatildeo e leitura de mapas De acordo com Callai (2005) os alunos trazem os
conhecimentos de sua experiecircncia de vida e eacute a partir daiacute que podemos iniciar a alusatildeo
aos conhecimentos da Geografia Dito isto enfatizamos que no decorrer das duas
primeiras aulas realizamos leitura de mapas enfatizando a importacircncia da construccedilatildeo da
legenda e da correspondecircncia aos elementos do mapa trabalhados Outros fatores como
a importacircncia da rosa dos ventos e dos pontos cardeais tambeacutem estiveram presente
nestas aulas
As regiotildees brasileiras e o processo de regionalizaccedilatildeo foi o tema trabalhado em
Geografia com a professora regente no terceiro bimestre de 2014 Iniciamos o trabalho
revisando o assunto Os alunos construiacuteram mapas mudos na ocasiatildeo entregamos uma
lista com o nome dos estados (com suas respectivas siglas) e capitais (ver apecircndice
139
VIII) buscando construir um modelo mental para o desenvolvimento dos primeiros
mapas mentais Um exemplo de mapa mudo desenvolvido pelo aluno 29 (Figura 23 p
139) o modelo encontra-se em apecircndice (apecircndice IX)
A realizaccedilatildeo dos mapas mudos embora mediada natildeo foi trabalhada com a
consulta de mapas existentes Foi permitida a interaccedilatildeo entre os alunos para chegarem a
uma interpretaccedilatildeo proacutepria da localizaccedilatildeo dos estados e extensatildeo das cinco regiotildees
brasileiras59 (Nordeste Sul Sudeste Centro-Oeste e Norte) Na ocasiatildeo jaacute haviam
estudado o panorama geral da organizaccedilatildeo territorial do paiacutes aleacutem disso a Regiatildeo
Norte a qual demonstravam a maioria dos alunos mostrava interesse
FIGURA 23 MAPA MUDO DAS REGIOtildeES DO BRASIL REALIZADO PELO ALUNO 29
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
59 Eacute observado que os limites das regiotildees eacute estabelecido por linhas mais escuras o que deveria facilitar a
distinccedilatildeo entre elas mas em alguns casos como o do aluno 29 (figura 23) esta compreensatildeo ainda natildeo
estava clara
140
Outra questatildeo em pauta satildeo as consideraccedilotildees de Castrogionni amp Costella (2006)
Almeida amp Passini (2010) e Passini (2012) eles apontam que as noccedilotildees de localizaccedilatildeo e
orientaccedilatildeo espacial satildeo problemas complexos ao se desenvolver experiecircncias com
mapas O plano das relaccedilotildees de localizaccedilatildeo extensatildeo e vizinhanccedila eacute algo complicado
seja quando a referecircncia eacute o proacuteprio corpo (direita esquerda frente e atraacutes) ou os pontos
cardeais (norte sul leste e oeste)
Na anaacutelise das noccedilotildees de localizaccedilatildeo e orientaccedilatildeo espacial nos mapas mentais do
Canal das Piabas (p 116 terceiro paraacutegrafo) apresentamos o problema dos modelos de
orientaccedilatildeo espacial discutido por Passini (2012 p 112 ndash 117) Mediante algumas
atividades sugeridas pela autora como ldquoorientando-se na cidaderdquo ldquotrabalho com
sombrasrdquo e ldquoorientando-se com vizinhos e natildeo vizinhosrdquo desenvolvemos uma proposta
de atividade a qual intitulamos de ldquobaleada geograacuteficardquo
Para a realizaccedilatildeo da experiecircncia da baleada geograacutefica resgatamos as praacuteticas do
jogo conhecido como baleada ou queimada60 com os alunos do 5ordm ano Dessa forma
seguimos os passos descritos
1 Dividir os alunos em quatro grupos cada um representando um ponto cardeal
(Norte Sul Leste e Oeste)
2 Posicionar os grupos nas respectivas direccedilotildees neste caso eacute indicado que a
atividade seja realizada em um local aberto e os pontos cardeais sejam marcados
no chatildeo considerando o posicionamento do sol61
3 O grupo deve acertar com a bola um dos participantes do time oposto entretanto
a direccedilatildeo da bola deve seguir a orientaccedilatildeo falada pelo mediador (professor)
exemplo ldquogrupo Oeste acerte a bola no grupo Sulrdquo (Figura 24 p 141)
O objetivo do jogo foi localizar os grupos no plano espacial do paacutetio da escola
mostrando que as coisas e as pessoas estatildeo em determinado lugar Aleacutem disso os alunos
observaram a relaccedilatildeo existente entre o pocircr do sol e o posicionamento dos pontos
cardeais Tambeacutem a possibilidade de coordenar direccedilotildees atraveacutes deles
Na aula seguinte dialogamos sobre esta experiecircncia e realizamos uma atividade
teoacuterica sobre a ldquobaleada geograacuteficardquo (ver apecircndice X) Percebemos que alguns alunos
60 Nos Estados Unidos a brincadeira vem ganhando prestiacutegio principalmente apoacutes seu reconhecimento
enquanto esporte o ldquododgeballrdquo O esporte eacute composto por dois grupos onde cada equipe busca acertar
membros do time adversaacuterio quando um integrante eacute acertado ele eacute retirado do jogo Ganha quem tiver o
maior nuacutemero de integrantes no final da partida Para mais informaccedilotildees acesse
httpenwikipediaorgwikiDodgeball lt acessado em 26052015 61 Ressaltamos que esta atividade seja realizada no iniacutecio da manhatilde (para o turno matutino) ou final da
tarde (para o turno vespertino) em decorrecircncia da exposiccedilatildeo das crianccedilas ou jovens ao sol e ainda a
possibilidade de ver mais nitidamente o nascer ou o pocircr do sol (como foi o caso com a turma do 5ordm ano)
141
os que faltaram principalmente sentiram dificuldade na compreensatildeo da uacuteltima questatildeo
que se referia ao posicionamento atraveacutes da posiccedilatildeo aparente do sol Retornamos ao
paacutetio da escola e realizamos outra simulaccedilatildeo sobre a dinacircmica do jogo desta vez os
alunos explicavam como deveria ser realizado o jogo e suas regras62
FIGURA 24 DESENVOLVIMENTO DA ATIVIDADE LUacuteDICA BALEADA GEOGRAacuteFICA
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
Apoacutes a realizaccedilatildeo destas experiecircncias os alunos tiveram como desafio a
realizaccedilatildeo dos primeiros mapas mentais Contextualizamos a atividade das regiotildees do
Brasil atraveacutes da proposta ldquoMapa da minha vidardquo63 onde os alunos teriam que destacar
os procedimentos descritos a seguir
Desenhe um mapa mental do Brasil considerando as informaccedilotildees abaixo
1 Localizar em seus mapas mentais as seguintes informaccedilotildees
- Estado em que vocecirc nasceu
62 Nestes termos caracterizamos que as aulas ocorrem em atividades cineacuteticas articulando o
desenvolvimento das representaccedilotildees aos movimentos corpoacutereos descentralizando a atenccedilatildeo focal
(observaccedilatildeo) aos outros sentidos tato fala e audiccedilatildeo Afirmamos que isto ocorre em um processo que
avanccedila e regride ao longo das atividades escolares e que os resultados positivos nem sempre satildeo
alcanccedilados 63 A proposta de atividade com o tema ldquomapa da minha vidardquo eacute fruto de experiecircncia de pesquisa-piloto
realizada no Centro de Ensino Pesquisa Aplicada agrave Educaccedilatildeo (CEPAE) da Universidade Federal de Goiaacutes
(UFG) com alunos do 5ordm ano em 2014 A proposta desenvolvida pela Profordf Drordf Rusvecircnia Luiza para o
trabalho com mapas mudos foi incorporada ao desenvolvimento de mapas mentais em uma de suas
turmas de 5ordm ano Na ocasiatildeo o recurso possibilitou avaliar os conteuacutedos sobre regiatildeo e regionalizaccedilatildeo
brasileira ensinados pela referida professora
142
- Estado em que seus pais nasceram
- Estado que jaacute visitou e
- Estado que gostaria de visitar
2 Orientar seu mapa atraveacutes da rosa dos ventos
3 Construir a legenda do mapa mental
4 Baseado no tema apresentado decirc um tiacutetulo para o seu mapa mental
Inicialmente explicamos aos alunos qual era a proposta dos mapas mentais e que
estas representaccedilotildees natildeo iriam ser idecircnticas aos mapas estudados ateacute a ocasiatildeo Os
alunos se mostraram resistentes a proposta de trabalho De iniacutecio alguns se recusaram a
realizar a atividade alegando ldquonatildeo saber desenharrdquo outros alegavam a necessidade da
consulta aos mapas existentes Realizamos um acordo eles poderiam consultar a lista
com o nome dos estados entretanto natildeo seria permitida a consulta a outros materiais
Todos aceitaram este termo
Apoacutes o iniacutecio das atividades poucos alunos utilizaram a lista com o nome dos
estados Entretanto discutiam entre eles sobre a localizaccedilatildeo dos estados e pediam
auxiacutelio agrave professora e para o pesquisador para realizaccedilatildeo da proposta O proacuteximo item
corresponde agraves anaacutelises dos mapas mentais elaborados
42 MAPA MENTAL 1 MAPA DA MINHA VIDA
A Noccedilatildeo de percepccedilatildeo espacial
Como discutido no primeiro bloco de anaacutelise dos mapas mentais (alunos do 4ordm
ano) a percepccedilatildeo espacial eacute variante de sujeito para sujeito mesmo quando sua
experiecircncia ambiental valores e status social satildeo semelhantes Pinheiro (2005) assim
como Tuan (2012) percebe que a compreensatildeo espacial e a composiccedilatildeo da imagem
mental satildeo decorrentes de um ldquocircuito psicoloacutegicordquo
A imagem mental eacute um processo de ldquo[] apreensatildeo da informaccedilatildeo (sensaccedilatildeo
percepccedilatildeo) sua organizaccedilatildeo interna (percepccedilatildeo cogniccedilatildeo) armazenamento na memoacuteria
e resgate para utilizaccedilatildeo como accedilatildeordquo (PINHEIRO 2005 p 152) No ensino-
aprendizagem de Geografia os mesmos ldquoestiacutemulosrdquo ou imagens experimentadas (seja
pela vivecircncia nos lugares ou aprendizagens) natildeo seratildeo idecircnticos ao modelo expresso Os
ruiacutedos satildeo inevitaacuteveis na construccedilatildeo da imagem e na (re) produccedilatildeo dos mapas mentais
143
Os 21 mapas mentais produzidos com o tema ldquomapa da minha vidardquo retratam
diferentes modelos de percepccedilatildeo dos alunos acerca da silhueta do Brasil Agrupamos
estes mapas mentais em quatro grupos silhueta em forma proacutexima a do Brasil de balatildeo
e de triacircngulo e como apresentada na figura 25 A quarta categoria apresenta os mapas
mentais que natildeo se enquadraram nestes paracircmetros
FIGURA 25 PARAcircMETROS PARA ANAacuteLISE DAS SILHUETAS DOS MAPAS MENTAIS
A Forma proacutexima a do Brasil B Forma de um balatildeo C Forma de um triacircngulo
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014) Organizado por David L R de Almeida 2015
Como observamos na tabela 10 nove dos 21 alunos contornam os seus mapas
mentais e apresentam correlaccedilatildeo com o mapa mudo do Brasil Entre estes casos
apresentamos o mapa mental realizado pelo aluno 41 (figura 26 p 146) Observamos
que os traccedilos expressos nos mapas mentais aproximam-se da silhueta do mapa existente
do Brasil e conservaram a localizaccedilatildeo de alguns estados estrateacutegicos em suas
representaccedilotildees a Paraiacuteba (PB) na posiccedilatildeo nordeste o Acre (AC) proacutexima a uma
curvatura no norte do Brasil e o Rio Grande do Sul (RS) como o ponto mais extremo ao
sul do territoacuterio nacional64
TABELA 10 PERCEPCcedilOtildeES DA FORMA DO BRASIL DESTACADO NOS MAPAS
MENTAIS
FORMA OCORREcircNCIA
Brasil 9
Balatildeo 4
Triacircngulo 2
Outra forma 6
Total 21
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
64 Em virtude da ausecircncia dos pontos cardeais no mapa mental estamos considerando que a posiccedilatildeo Norte
esteja no lado superior da folha
Menor extensatildeo (L-O)
Ex
ten
satildeo
(N
-S)
Maior extensatildeo (L-O)
144
Os mapas em formato de balatildeo tambeacutem tiveram suas peculiaridades entre elas o
fator de concentricidade dos estados retratados em forma circulares ou de meia lua O
mapa mental do aluno 39 (figura 27 p 147) eacute composto por um agrupamento de feiccedilatildeo
circular o mais niacutetido eacute encontrado no centro da imagem relativo ao estado de Goiaacutes
(GO) Na regiatildeo nordeste o aluno situa a Paraiacuteba (em verde) seguido pela cidade
paraibana de Taperoaacute (em laranja) e um dos distritos de Campina Grande Galante (em
azul)
Jaacute haviacuteamos reparado o mesmo traccedilado circular em alguns mapas do Canal das
Piabas (p 125 quarto paraacutegrafo) e analisado que a esfericidade segundo Tuan (1983
2012) casa com a ideia de etnocentrismo Mas precisamos observar que diferentes
povos ao longo da histoacuteria tambeacutem utilizaram e ainda utilizam o paracircmetro esfeacuterico
para confecccedilatildeo de mapas existentes a exemplo dos chineses (com os mapas formados
por cinturotildees No centro do mapa localiza-se o impeacuterio nas bordas os baacuterbaros e
selvagens) gregos e europeus com os ldquomapas O-T (Orbis terrarum)rdquo Atualmente os
atlas escolares a exemplo do mapa-muacutendi ldquomostra todo o mundo em uma projeccedilatildeo que
estaacute centralizada no sul da Gratilde-Bretanha ou noroeste da Franccedilardquo (TUAN 2012 p 65 ndash
69)
O terceiro caso por exemplo aponta os mapas mentais em contornos relativos agrave
forma triangular Eles aproximaram-se ao formato do triacircngulo equilaacutetero (o qual possui
trecircs partes iguais e contecircm trecircs acircngulos de 60ordm)
No que se refere aos dois mapas mentais que apresentaram esta configuraccedilatildeo
observamos que os estados que ficam a norte da linha do equador como Roraima e
Amapaacute natildeo satildeo apresentados Ou ainda satildeo localizados em outros lugares como
observado no mapa mental do aluno 25 (Figura 28 p148)
Os exemplos anteriores indicam que para estes alunos a associaccedilatildeo a forma
geomeacutetrica triangular corresponde com uma estrateacutegia de memorizaccedilatildeo da imagem
mental do Brasil Recordemos que eacute comum a menccedilatildeo da forma arredondada do planeta
Terra nas aulas de Geografia entretanto relata Jolly (1990) que a muito se eacute estudado a
ldquoverdadeirardquo forma do planeta Terra suas formas e dimensotildees a qual hoje se denomina
de geoacuteide
Ao longo do desenvolvimento da Idade Meacutedia relata Jolly (1990) que houve o
aperfeiccediloamento das teacutecnicas de observaccedilatildeo instrumentos como a buacutessola sistemas de
medidas e intersecccedilatildeo a grandes distacircncias para o autor
145
A triangulaccedilatildeo tem como objetivo fixar sobre a superfiacutecie a ser
cartografada a posiccedilatildeo relativa em distacircncia e em direccedilatildeo de pontos
fundamentais ou ldquopontos geodeacutesicosrdquo sobre os quais se apoiara a rede de
quadriculas do mapa Consiste em cobrir a superfiacutecie estudada com uma rede
de referecircncias dispostas segundo os veacutertices de triacircngulos [] (JOLLY 1990
p 42)
Neste sentido eacute importante apontar que a forma triangular pode ser um caminho
para a construccedilatildeo dessa imagem mental entretanto o papel da mediaccedilatildeo do professor
deve propor anaacutelises mais aprofundadas sobre as irregularidades do traccedilado territorial
Por quais motivos haacute a irregularidade na silhueta do mapa mental do Brasil Por causa
das fronteiras poliacuteticas e econocircmicas Os acidentes geograacuteficos Esses satildeo alguns
elementos que podem ser discutidos
Seis dos 21 mapas mentais apresentaram formas distintas entre si e dos trecircs
grupos apresentados anteriormente Seus traccedilados irregulares apresentavam uma
compreensatildeo sincreacutetica da imagem do territoacuterio nacional natildeo apenas pelo traccedilado do
mapa mental mas pela associaccedilatildeo dos elementos destacados ao tema do mapa Em
alguns casos ocorreu o comprometimento da comunicaccedilatildeo do mapa para seu
destinataacuterio como destacaremos nos proacuteximos toacutepicos
146
FIGURA 26 MAPA MENTAL EM FORMATO PROacuteXIMO A REPRESENTACcedilAtildeO TRADICIONAL DO BRASIL DO ALUNO 41
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
147
FIGURA 27 MAPA MENTAL EM FORMA DE BALAtildeO ALUNO 39
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
148
FIGURA 28 MAPA MENTAL EM FORMA DE TRIAcircNGULO ALUNO 25
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
149
B Uso de toponiacutemias
As toponiacutemias permitem a apresentaccedilatildeo do tema nos mapas mentais As palavras
possibilitam a apreensatildeo do significado e a intenccedilatildeo do produtor de mapas para um
segundo sujeito o leitor de mapas viabilizando a interaccedilatildeo verbal entre eles
(BAKHTIN 2012)
Nos mapas mentais produzidos constatamos que 17 das 21 representaccedilotildees
apresentam o nome de estados brasileiros Um caso expotildee a classificaccedilatildeo atraveacutes das
regiotildees (Norte Nordeste Centro-Oeste e Sul) e outros trecircs natildeo demonstram
correspondecircncia com o tema (sendo que um deles natildeo apresenta nenhuma informaccedilatildeo)
Aleacutem disso na anaacutelise dos 17 mapas que expressam a relaccedilatildeo signo-significado
atraveacutes da legenda classificamos o grau de coerecircncia desta relaccedilatildeo em bom regular e
insuficiente para a proposta de interpretaccedilatildeo dos dados a tabela 11 apresenta o nuacutemero
destas ocorrecircncias
TABELA 11 COEREcircNCIA DAS TOPONIacuteMIAS EXPRESSAS NOS MAPAS MENTAIS
GRAU DE COEREcircNCIA OCORREcircNCIA
Bom 12
Regular 4
Insuficiente 1
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
Entre os casos onde podemos observar um bom desempenho em relaccedilatildeo a
construccedilatildeo da legenda e os significados expressos no mapa mental estaacute a representaccedilatildeo
do aluno 48 (figura 29 p 150) O esboccedilo cartograacutefico identifica o estado que o aluno e
seus pais nasceram (Paraiacuteba) outros estados conhecidos expressos na legenda na cor
laranja (o que significa que o estudante natildeo conhece outro estado aleacutem da Paraiacuteba) e
por fim os estados que gostaria de conhecer Amazonas e Rio Grande do Sul pintado
em azuis Nos casos semelhantes ao mapa mental da figura 29 podemos creditar sucesso
na realizaccedilatildeo da proposta
150
FIGURA 29 APRESENTACcedilAtildeO DAS INFORMACcedilOtildeES EM FORMA DE LEGENDA ALUNO 48
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
151
Entre os outros esboccedilos que apresentaram um grau regular na apresentaccedilatildeo dos
mapas mentais destacamos o mapa do aluno 24 (Figura 30 p 152) Observamos que o
mapa mental apresenta um excesso de informaccedilatildeo que prejudica a leitura Este foi um
entre os quatro casos em que o estudante utilizou a lista com o nome dos estados como
instrumento mediador para realizaccedilatildeo do mapa Podemos notar que a construccedilatildeo da
legenda do mapa natildeo atribuiu significado aos estados pintados em roacuteseo ou em
vermelhos deixando um sentido vago em relaccedilatildeo aos seus significados
O terceiro caso corresponde ao mapa mental produzido pelo aluno 38 (Figura 31
p 153) todas as informaccedilotildees expressas na legenda e em seu mapa utiliza a referecircncia da
cor laranja entretanto natildeo haacute um discernimento isto prejudica a comunicaccedilatildeo entre o
estado que o aluno conhece e natildeo conhece por exemplo Ademais as toponiacutemias
apresentadas no mapa satildeo quase imperceptiacuteveis para o leitor na interpretaccedilatildeo do mapa
identificamos apenas o estado de Satildeo Paulo (quadrado em laranja no centro do mapa)65
Outro fator que contribuiu para a anaacutelise dos mapas mentais foi a indicaccedilatildeo do
tiacutetulo pelos alunos Para a realizaccedilatildeo dos mapas mentais pedimos aos alunos que o nome
da representaccedilatildeo correspondesse com o tema da proposta Ao estudar os esboccedilos
produzidos observamos que mais de 50 dos alunos (ou seja 11 mapas) apontaram um
tiacutetulo para os seus mapas mentais como o do aluno 41 ldquoO mapa que fala da minha vidardquo
(Figura 26 p 146) Em apenas um caso o tiacutetulo apresentado ldquoMinha cidaderdquo (aluno 29
Figura 33 p 157) natildeo corresponde com a proposta do tema em questatildeo
65 Para anaacutelise do mapa da figura 31 utilizamos o recurso zoom com a imagem em arquivo digital certos
traccedilos deste mapa mental eacute incompreensiacutevel em uma visualizaccedilatildeo normal
152
FIGURA 30 MAPA MENTAL DO ALUNO 24 DESTAQUE AO EXCESSO DE TOPONIacuteMIAS
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
153
FIGURA 31 MAPA MENTAL DO ALUNO 38 DESTAQUE A EXPRESSAtildeO SINCREacuteTICA
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
154
C Noccedilotildees de localizaccedilatildeo e orientaccedilatildeo
As noccedilotildees de localizaccedilatildeo e orientaccedilatildeo espacial foram um dos fatores mais
difiacuteceis de serem analisados principalmente nas situaccedilotildees que envolveram o destaque a
um maior nuacutemero de toponiacutemias Como proposta para avaliaccedilatildeo da localizaccedilatildeo espacial
procuramos observar a totalidade da representaccedilatildeo e a orientaccedilatildeo dessas toponiacutemias em
seu contexto Dessa forma classificamos a localizaccedilatildeo dos estados em quatro
categorias Consideramos sua proximidade ao modelo dos mapas mudos anteriormente
apresentado Aleacutem disso enfatizamos o grau de vizinhanccedila entre os estados e sua
posiccedilatildeo relativa aos pontos cardeais a tabela 12 apresenta esta tentativa de siacutentese
TABELA 12 NIacuteVEL CORRESPONDENTE Agrave LOCALIZACcedilAtildeO ESPACIAL
NIacuteVEL OCORREcircNCIA
Corresponde 8
Natildeo corresponde 2
Corresponde em sua maioria 8
Natildeo corresponde em sua maioria 3
Total 21
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
Na leitura destes mapas mentais observamos que a maioria dos alunos (16 casos
quando somado os alunos que acertam ou apresentam o maior nuacutemero de
correspondecircncia) possui habilidade suficiente para localizar os estados apresentados
Conservam certo grau de conformidade com a estrutura territorial brasileira
Na anaacutelise da noccedilatildeo espacial de localizaccedilatildeo o mapa mental produzido pelo
aluno 48 identifica os estados de forma coerente situa o Amazonas ao Norte Paraiacuteba na
direccedilatildeo nordeste e o Rio Grande do Sul ao Sul do Brasil (Figura 29 p 150) Outros
alunos tambeacutem mostraram a mesma habilidade na localizaccedilatildeo dos estados a exemplo
do aluno 22 (Figura 32 p 155) O referido mapa mental apresenta o Amazonas com a
indicaccedilatildeo da regiatildeo ldquoNorterdquo apresenta o caraacuteter de vizinhanccedila com o Acre o estado de
Tocantins e o estado da Paraiacuteba conserva a localizaccedilatildeo e proporccedilatildeo entre estes estados
155
FIGURA 32 MAPA MENTAL DO ALUNO 22 COM DESTAQUE A LOCALIZACcedilAtildeO DA REGIAtildeO NORTE DO BRASIL
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
156
Outros cinco alunos por sua vez apresentaram dificuldades na localizaccedilatildeo dos
estados entre eles destaca-se o mapa mental do aluno 29 (Figura 33 p 158) O
mencionado mapa mental representa o estado da Paraiacuteba (PB) vizinho ao Paranaacute (PR)
enquanto Pernambuco (PE) se situa a esquerda da representaccedilatildeo Destaca outro
elemento um ldquoXrdquo no centro do mapa o que pode indicar a tentativa do traccedilado da rosa
dos ventos
Entender o uso dos pontos cardeais permite ao aluno a habilidade de agrupar os
estados brasileiros utilizar conscientemente a rosa dos ventos e atribuir significado no
processo de organizaccedilatildeo espacial O uso da rosa dos ventos esteve presente em oito dos
21 mapas mentais realizados sendo que apenas quatro casos permitiram um uso
significativo deste procedimento
O mapa do aluno 42 (figura 34 p 158) apresenta agrave rosa dos ventos e associa os
estados em suas regiotildees geograacuteficas (salvo algumas exceccedilotildees como o Paranaacute entre
outros) De todo modo orienta corretamente todos os estados destacados em sua
legenda (Acre na regiatildeo Norte Rio Grande do Norte e Paraiacuteba no Nordeste Satildeo Paulo
na regiatildeo Sudeste Distrito Federal no Centro-Oeste e Santa Catarina no Sul) Ao situar
os estado chave em seu mapa consegue atingir os objetivos das noccedilotildees geograacuteficas
discutidas neste toacutepico atribuindo sentido a proposta da atividade
Nos outros quatro casos onde haacute indicaccedilatildeo da rosa dos ventos ocorrem trecircs
circunstacircncias distintas (1) Ela natildeo indica a posiccedilatildeo dos pontos cardeais (2) Apresenta
os pontos cardeais opostos de forma errocircnea (Norte-Sul eacute apresentado por Sul-Leste
por exemplo ver figura 35 p 161) ou (3) Inverte o posicionamento dos pontos
cardeais Neste terceiro caso o mapa aluno 25 (figura 28 p 148) apresenta a silhueta do
mapa com a indicaccedilatildeo de estados (Paraiacuteba ndash PB Cearaacute ndash CE e Pernambuco ndash PE) ao
Nordeste indicando consequentemente que o Norte situar-se-ia no lado superior da
folha Entretanto altera o posicionamento do ldquoNorterdquo da rosa dos ventos apresentado no
lado esquerdo da folha haacute desse modo um desacordo entre o esboccedilo e a teacutecnica de
orientaccedilatildeo
157
FIGURA 33 MAPA MENTAL DO ALUNO 29 COM DISTORCcedilOtildeES RELACIONADAS A LOCALIZACcedilAtildeO E ORIENTACcedilAtildeO ESPACIAL
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
158
FIGURA 34 MAPA MENTAL DO ALUNO 42 DESTAQUE A LEGIBILIDADE DA LOCALIZACcedilAtildeO E ORIENTACcedilAtildeO ESPACIAL
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
159
D Noccedilotildees de escala geograacutefica
No que corresponde agrave proposta de representaccedilatildeo dos mapas mentais ldquoMapa da
minha vidardquo a maioria dos alunos apresentaram uma percepccedilatildeo relativa agrave apreensatildeo do
territoacuterio brasileiro ver siacutentese apresentada na tabela 13
TABELA 13 ESCALAS ENCONTRADAS NOS MAPAS MENTAIS
ESCALA GEOGRAacuteFICA OCORREcircNCIA
Brasil 18
Outra 2
Natildeo identificada 1
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
Observando a tabela 13 eacute niacutetida a ecircnfase a uma escala geograacutefica ndash Brasil Entre
os trecircs mapas mentais que dispersam da proposta escalar ldquoBrasilrdquo podemos destacar o
aluno 43 (Figura 35 p 161) que indica uma proximidade de vizinhanccedila entre os estados
brasileiros e paiacuteses como Itaacutelia Meacutexico e Japatildeo O aluno natildeo consegue diferenciar a
relaccedilatildeo entre estado (Paraiacuteba) e paiacutes (Argentina) este dado eacute confirmado quando
comparamos a legenda com as informaccedilotildees presentes em seu mapa
O grande problema no caso do mapa mental do aluno 43 eacute saber realizar o
processo de ldquoesquecimento coerenterdquo o qual se refere Racine Raffestin amp Ruffy (1983)
Em uma escala relativa ao Brasil natildeo haacute necessidade para o destaque de outros paiacuteses
muito menos quando natildeo fazem fronteira com este territoacuterio Outro problema eacute o da
compreensatildeo entre as escalas geograacutefica internacional (Itaacutelia) nacional (Brasil)
estaduais (Paraiacuteba por exemplo) municipal (Taperoaacute) e distrital (Galante) os dois
uacuteltimos expressos no mapa mental do aluno 39 (Figura 27 p 147)
Retomando o que foi discutido no primeiro capiacutetulo sobre a questatildeo da escala
nos estudos de geografia Santos apud Straforini (2008 p 88) verificou duas
abordagens teoacuterico-metodoloacutegicas em seus estudos sobre o ensino-aprendizagem em
Geografia O primeiro refere-se agrave abordagem ldquosinteacuteticardquo ndash onde se apresenta
inicialmente a escala de vivecircncia do aluno (bairro) ateacute a mais distante e ldquodesconhecidardquo
(mundo) ndash e a ldquoanaliacuteticardquo que seria o processo inverso
Segundo Straforini (2008 p 91) qualquer uma das abordagens (sinteacutetica ou
analiacutetica) ldquo[] na praacutetica pedagoacutegica dos professores eacute uma total hierarquizaccedilatildeo do
160
espaccedilo geograacutefico onde cada dimensatildeo espacial eacute ensinada de forma fragmentada e
independenterdquo O objetivo referente ao termino do 5ordm ano eacute que a crianccedila consiga
compreender a dimensatildeo mundo entretanto o que acontece na maioria dos casos eacute a
total desconexatildeo entre as escalas geograacuteficas
A escala geograacutefica corresponde agrave aacuterea abrangida pelo mapa e tem de apresentar
a informaccedilatildeo A proposta ldquomapa da minha vidardquo referente ao Brasil por exemplo
abrange uma escala geograacutefica maior que a do estado da Paraiacuteba entretanto seraacute ao
mesmo tempo menor que a do mundo
A noccedilatildeo de escala geograacutefica deve comeccedilar a ser abordada atraveacutes da ideia de
proporccedilatildeo reduccedilatildeo e ampliaccedilatildeo Satildeo nestes trecircs aspectos que observamos a
configuraccedilatildeo dos 18 mapas mentais que apontam o Brasil enquanto escala de apreensatildeo
Ao analisar o mapa mental aluno 42 (Figura 34 p 158) foi observado que natildeo haacute
proporccedilatildeo entre os estados ela acompanha a loacutegica de regionalizaccedilatildeo Os estados
encontrados a leste possuem menor extensatildeo territorial enquanto que os situados ao
oeste possuem maior aacuterea territorial estes fatos correspondem necessariamente agrave
estrutura histoacuterica e poliacutetica de divisatildeo territorial
161
FIGURA 35 MAPA MENTAL DO ALUNO 43 PROBLEMAS NA SELECcedilAtildeO DA ESCALA GEOGRAacuteFICA
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
162
Segundo Pinheiro (2006 p 164) ldquoas projeccedilotildees cartograacuteficas satildeo expressas
atraveacutes de foacutermulas matemaacuteticas ao passo que natildeo existe linguagem equivalente para
traduzir os lsquomapas mentaisrsquordquo No que corresponde ao trabalho desenvolvido pelos
alunos do 5ordm ano observamos que a escala Brasil pode ser organizada de diferentes
formas Entre elas a das regiotildees geograacuteficas como a apresentada pelo aluno 46 (figura
36 p 163) todavia eacute niacutetido que embora o aluno indique os estados da Paraiacuteba e Satildeo
Paulo em seu mapa natildeo consegue estabelecer uma comunicaccedilatildeo sobre o assunto
A turma tem de prestar atenccedilatildeo quanto maior a aacuterea do terreno a ser
representada (maior escala geograacutefica) maior a reduccedilatildeo necessaacuteria No caso dos mapas
mentais corresponde em apresentar o tema respeitando o espaccedilo determinado na folha
de papel Verificamos que dos 21 esboccedilos produzidos pelos alunos do 5ordm ano oito
ultrapassaram as margens da prancha de desenho este fato indica que a ideia de
reduccedilatildeo siacutentese e ordenamento das informaccedilotildees satildeo um problema natildeo apenas no que
corresponde ao tema estudado mas tambeacutem ao processo de representaccedilatildeo na folha de
papel
No desenvolvimento com a alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica autores como Ribeiro amp
Marques (2001) e Callai (2005) enfatizam que o processo de aprendizagem eacute complexo
e envolvem sistema e habilidades diversas inclusive motoras Geralmente a educaccedilatildeo
psicomotora eacute trabalhada na educaccedilatildeo infantil salienta a aprendizagem do esquema
corporal lateralidade organizaccedilatildeo espacial e temporal daiacute os creacuteditos as propostas
piagetianas
Estas habilidades psicomotoras auxiliam as trecircs alfabetizaccedilotildees (da liacutengua
materna geograacutefica e cartograacutefica) Dessa forma apontamos a necessidade de um
resgate deste trabalho quando necessaacuterio visto que um esquema corporal mal
construiacutedo resultaraacute em problema de coordenaccedilatildeo dos movimentos das crianccedilas
lentidatildeo para o raciociacutenio abstrato atraveacutes das noccedilotildees dificuldades em habilidade
manuais como a caligrafia leitura inexpressiva constituiccedilatildeo de uma linguagem
egocecircntrica e sem significado social
163
FIGURA 36 MAPA MENTAL DO ALUNO 46 COM DESTAQUE A ESCALA GEOGRAFICA DAS REGIOtildeES BRASILEIRAS
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
164
4 3 OFICINA 2 MAPA MUDO DA REGIAtildeO CENTRO-OESTE UMA PROPOSTA
DE APROXIMACcedilAtildeO
Para o desenvolvimento da segunda atividade sobre a regiatildeo Centro-Oeste
observamos a necessidade de aproximaacute-la dos contextos e experiecircncias dos alunos com
a regiatildeo Nordeste Realizamos um trabalho de comparaccedilatildeo e progressatildeo das noccedilotildees de
percepccedilatildeo organizaccedilatildeo dos signos e significados atraveacutes da legenda da localizaccedilatildeo e
orientaccedilatildeo espacial aleacutem da escala geograacutefica dos fenocircmenos estudados
No desenvolvimento dos primeiros mapas mentais atentamos que nenhum dos
alunos havia visitado a regiatildeo Centro-Oeste por isso resolvemos trabalhar com as
informaccedilotildees adquiridas durante a Copa do mundo de 2014 no Brasil A partir do mapa
de apresentaccedilatildeo dos estaacutedios onde aconteceram as partidas de futebol e outro das
cidades sedes dos jogos desenvolvemos um trabalho de comparaccedilatildeo e localizaccedilatildeo dos
estaacutedios da regiatildeo Nordeste e Centro-Oeste (ver apecircndice XI)
De acordo com Simielli (2006 p 95) a proposta de alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica
para o processo de ensino-aprendizagem nos anos iniciais do Ensino Fundamental deve
privilegiar trecircs criteacuterios
Localizaccedilatildeo e anaacutelise ndash envolve a anaacutelise da localizaccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de
fenocircmenos isoladamente
Correlaccedilatildeo ndash permite a combinaccedilatildeo de dados representados em duas ou
mais representaccedilotildees cartograacuteficas
Siacutentese ndash relaccedilatildeo entre duas ou mais representaccedilotildees cartograacuteficas
buscando uma siacutentese dos fenocircmenos geograacuteficos nelas representados
Em concordacircncia com os princiacutepios descritos na citaccedilatildeo acima os alunos
realizaram as correlaccedilotildees entre os dois mapas Discutidos tambeacutem acerca de quais
estaacutedios de futebol gostariam de visitar Encontramos no quadro 07 (p 165) as opccedilotildees
disponibilizadas na interpretaccedilatildeo dos mapas
165
QUADRO 07 SIacuteNTESE DOS DADOS ENCONTRADOS NOS MAPAS
REGIAtildeO NOME DO ESTAacuteDIO DE
FUTEBOL
LOCALIZACcedilAtildeO DA
CIDADE
Nordeste
Estaacutedio Castelatildeo Fortaleza ndash CE
Estaacutedio das Dunas Natal ndash RN
Arena Pernambuco Recife ndash PE
Arena Fonte Nova Salvador ndash BA
Centro-
Oeste
Arena Pantanal Cuiabaacute ndash MT
Estaacutedio Nacional Brasiacutelia ndash DF
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
Mais que a construccedilatildeo de um modelo o mapa tinha como proposta avaliar a
interpretaccedilatildeo dos alunos sobre a localizaccedilatildeo das cidades pertencentes agraves regiotildees
Nordeste e Centro-Oeste Ademais distinguir as escalas locais (cidades) regionais
(Nordeste e Centro-Oeste) internacionais (seleccedilotildees que realizaram partidas contra o
Brasil a exemplo de Camarotildees e Chile)
A discussatildeo sobre o evento da Copa do Mundo difundido em massa pela miacutedia
no ano de 2014 possibilitou que os alunos observassem que os conceitos cotidianos dos
lugares correspondem as suas praacuteticas Permitiu verificar que torcer pela seleccedilatildeo
brasileira corresponde a fatores aleacutem do esportivo como a identidade cultural e a
relaccedilatildeo de topofilia com o paiacutes e a possibilidade de refletir sobre as informaccedilotildees
experimentadas no cotidiano
Segundo Passini (2012) ldquoo pensamento proacuteprio e a autonomia intelectual
precisam ser vivenciados Eacute necessaacuterio que o trabalho na sala de aula seja
problematizador questionador que haja mais duacutevidas e menos frases prontas para
memorizaccedilatildeordquo De acordo com os apontamentos de Passini (2012) propomos que os
alunos considerassem a seguinte situaccedilatildeo
ldquoVocecirc foi convidado por um amigo para assistir trecircs partidas de futebol em
estaacutedios da regiatildeo Nordeste e Centro-Oeste Construa um mapa com as informaccedilotildees
desta viagem a partir da silhueta do Brasilrdquo
As informaccedilotildees referendadas foram A localizaccedilatildeo dos estaacutedios de futebol e a
respectiva cidade indicando a ordem da visita a estes lugares orientaccedilatildeo atraveacutes da rosa
dos ventos e a construccedilatildeo da legenda Na realizaccedilatildeo desta atividade a maioria dos
166
alunos pediu auxiacutelio ao pesquisador e a professora Beatriz Outros por sua vez
discutiam com os colegas identificando e selecionando os locais de sua preferecircncia
Invertemos o mapa mudo do Brasil indicando o Norte para o lado de baixo da
folha com a intenccedilatildeo de demonstrar que o posicionamento do Norte geograacutefico eacute fixo
entretanto sua representaccedilatildeo desde que obedeccedila a esse princiacutepio eacute relativa
possibilitando a reflexatildeo entre a orientaccedilatildeo espacial e o esboccedilo cartograacutefico
Apresentamos a seguir o mapa mudo desenvolvido pelo aluno 37 (figura 37 p 166)
FIGURA 37 MAPA MUDO DOS ESTAacuteDIOS BRASILEIRO VISITADO REALIZADO PELO
ALUNO 37
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
167
O mapa mudo desenvolvido aluno 37 (figura 37 p 166) seleciona dois Estados
da Regiatildeo Centro-Oeste e destaca as cidades sedes dos jogos ldquoCuiabaacuterdquo em verde
Distrito Federal - ldquoDFrdquo (Brasiacutelia) em vermelho e a cidade de ldquoFortalezardquo em amarelo
Observamos que utiliza agrave legenda correlacionando as cores encontradas no mapa mudo
com os estaacutedios de futebol Aleacutem disso a ordem das visitas que gostaria de realizar
Apoacutes o fim desta atividade da leitura sobre o segundo texto (apecircndice XI)
realizamos consideraccedilotildees sobre as caracteriacutesticas sociais e ambientais da regiatildeo Centro-
Oeste em comparaccedilatildeo com o Nordeste Estes procedimentos foram baseados nas
orientaccedilotildees de Cavalcanti (2002) ao indicar a necessidade da preparaccedilatildeo e introduccedilatildeo da
mateacuteria a ser estudada nas aulas de Geografia Segundo a autora
Esses momentos no ensino consistem na preparaccedilatildeo preacutevia do professor e dos
alunos para o trabalho quando eacute necessaacuterio mobilizar e suscitar o interesse
do aluno bem como organizar o ambiente Eacute fundamental nessas ocasiotildees
que o professor faccedila ligaccedilotildees do conteuacutedo com a mateacuteria anteriormente
estudada e com o conhecimento cotidiano do aluno Eacute preciso sobretudo
problematizar o conteuacutedo estudado (CAVALCANTI 2002 p 80)
Ao considerarmos como pertinente na anaacutelise o evento cultural da eacutepoca (copa
do mundo) discutimos os fenocircmenos fiacutesicos (clima e os biomas) e sua relaccedilatildeo para as
condiccedilotildees econocircmicas sociais e turiacutesticas Mediados pelo livro didaacutetico refletimos
sobre os principais biomas encontrados na regiatildeo Centro-Oeste pantanal e cerrado
Tambeacutem quais os problemas ambientais que eram apresentados como desmatamento
queimadas uso indevido de agrotoacutexicos mineraccedilatildeo entre outros
Consideramos nesta ocasiatildeo o desenvolvimento de atividades em grupo de dois
a trecircs alunos com a possibilidade de consulta ao livro didaacutetico A proposta era que os
alunos desenvolvessem um mapa mental sobre um dos biomas estudados Pantanal ou
Cerrado enfatizando os problemas ambientais e destacando as noccedilotildees trabalhadas de
perspectiva toponiacutemias localizaccedilatildeo e orientaccedilatildeo espacial e escala geograacutefica
As orientaccedilotildees expressas para a realizaccedilatildeo dos mapas mentais que tratavam
sobre as questotildees ambientais na Regiatildeo Centro-Oeste foram
1 Decirc um tiacutetulo ao seu mapa
2 Localize em seu mapa a localizaccedilatildeo (onde fica) e extensatildeo (ateacute onde eacute
encontrado) o bioma indicado pelo professor
3 Destaque os principais problemas ambientais referentes a este bioma
168
4 Identifique os lugares por pontos de referecircncia nome do Estado de rios cidades
ou outros
5 Oriente seu mapa por meio da rosa dos ventos (pontos cardeais norte sul leste
e oeste)
6 Construa uma legenda para identificaccedilatildeo dos problemas ambientais destacados
Mediante a realizaccedilatildeo dessa experiecircncia procuramos observar se a consulta a
modelos (mapas existentes) informaccedilotildees de livros didaacuteticos seriam o suficiente para o
cumprimento do desenvolvimento da proposta com os mapas mentais Aleacutem disso
procuramos saber se a mediaccedilatildeo do pesquisador e da professora regente tambeacutem
auxiliou este processo de confecccedilatildeo dos mapas Esses fatores seratildeo analisados a partir
do toacutepico a seguir
44 MAPA MENTAL 2 MAPA DA REGIAtildeO CENTRO-OESTE
A Noccedilotildees de percepccedilatildeo espacial
A consulta e visualizaccedilatildeo a modelos de mapas existentes podem alterar a
percepccedilatildeo espacial e a projeccedilatildeo cartograacutefica dos mapas mentais Natildeo necessariamente
Entre as projeccedilotildees destacadas no mapa da minha vida podemos identificar
algumas semelhanccedilas entre as 11 representaccedilotildees referentes ao tema regiatildeo Centro-Oeste
e meio ambiente classificamos esta percepccedilatildeo espacial na tabela 14
TABELA 14 PERCEPCcedilOtildeES DA FORMA DO BRASIL DESTACADO NOS MAPAS
MENTAIS
FORMA OCORREcircNCIA
Balatildeo 4
Brasil 3
Triacircngulo 2
Centro-Oeste 2
Total 11
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
169
Salientamos que natildeo pretendemos agora repetir o que jaacute foi discutido sobre a
percepccedilatildeo espacial entretanto necessitamos realizar outras consideraccedilotildees acerca dos
motivos destes condicionantes
Eacute necessaacuterio compreender que o mundo e suas diversas escalas natildeo se remetem
apenas ao mundo vivido mas tambeacutem ao percebido imaginado e concebido tal como
expotildeem Lessan (2011) Os mapas construiacutedos pelos alunos 22 39 e 41 Grupo 7 (figura
38 p 170) demonstra que o trabalho em equipe possibilita a mudanccedila de perspectiva
na construccedilatildeo da imagem mental quando comparado aos mapas mentais individuais
realizados pelos seus membros
Entre os trecircs estudantes o aluno 22 e 41 havia na primeira ocasiatildeo apresentado
uma percepccedilatildeo mais proacutexima a silhueta do Brasil (ver figura 32 p 155 e figura 26 p
146) o outro estudante aluno 39 (ver figura 27 p 147) por sua vez apresentou uma
percepccedilatildeo mais proacutexima a forma de balatildeo
Eacute sabido que natildeo haacute um estudante igual ao outro Habilidades noccedilotildees e
competecircncias satildeo distintas e construiacutedas por cada crianccedila em seu proacuteprio ritmo Essas
individualidades de percepccedilotildees por exemplo demonstram as particularidades dos
sujeitos o que a primeira vista pode ser um obstaacuteculo para identificaccedilatildeo das
dificuldades e habilidades para o professor mas atraveacutes do trabalho em equipe
acreditamos que eacute a oportunidade para a troca de experiecircncias entre os discentes
Seguindo este criteacuterio de aproximaccedilatildeo e tentativa de mediaccedilatildeo a professora e o
pesquisador procuraram selecionar as equipes sobretudo respeitando os criteacuterios de
niacutevel de conhecimento de cada aluno sugerindo os membros para a formaccedilatildeo dos
grupos66 Baseado nas propostas de Vigotski (1998) sobre a atuaccedilatildeo na Zona de
Desenvolvimento Proximal observou que a Zona de Desenvolvimento Real do aluno 39
mudou mas tambeacutem os alunos 22 e 41 incorporaram novas informaccedilotildees possibilitando
uma comunicaccedilatildeo mais rigorosa sobre o tema
66 Em pesquisa-piloto na escola Luacutecia de Faacutetima no ano de 2013 tambeacutem em uma turma de 5ordm ano
realizamos a divisatildeo das equipes previamente entretanto houve casos de rejeiccedilatildeo pelos alunos
principalmente no que se refere agraves relaccedilotildees meninos e meninas No caso desta pesquisa a maioria dos
alunos acatou as sugestotildees do pesquisador a respeito das equipes Salientamos que cabe ao professor
identificar quais as dificuldades dos alunos sobre determinado assunto e propor que a interaccedilatildeo possibilite
a assistecircncia e colaboraccedilatildeo entre os estudantes visando agrave aprendizagem do tema da aula
170
FIGURA 38 MAPA MENTAL COM SILHUETA PROacuteXIMA AO DO BRASIL (GRUPO 7)67
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014) Adaptado por David L R de Almeida 2015
67 Optamos por apresentar este mapa ampliado destacando a regiatildeo Centro-Oeste a intenccedilatildeo eacute proporcionar ao leitor a observaccedilatildeo dos detalhes expressos na representaccedilatildeo
171
Outro fator a ser observado segundo Rego (1995) eacute a referecircncia ao modelo
Divergente da reproduccedilatildeo da coacutepia mecacircnica a proposta de nossas atividades com os
mapas mentais eacute que os alunos internalizem atraveacutes da accedilatildeo da resposta ao problema
estrateacutegias e conhecimentos para a soluccedilatildeo da atividade Dessa relaccedilatildeo pode nascer agrave
autorregulaccedilatildeo que fundamenta o ato voluntaacuterio pensado planejado e executado da
imagem mental para sua expressatildeo cartograacutefica no papel O processo permite ao longo
prazo criar o funcionamento individual e instrumentos necessaacuterios para solucionar
problemas semelhantes para a vida aleacutem de desenvolver outras aprendizagens
Eacute necessaacuteria uma ressalva a respeito das atividades que faz o uso de modelos
principalmente a praacuteticas da coacutepia e o decalque de mapas (mental ou existente) Em um
dos casos notamos que o grupo 5 (aluno 29 e 38) apoacutes sua segunda tentativa de
representaccedilatildeo do mapa mental da regiatildeo Centro-Oeste realizou a coacutepia do mapa
encontrado no livro didaacutetico (Figura 39 p 172)
Oliveira (1978) e Passini (2012) haacute anos criticam o mero decalque do mapa
pelos alunos A este respeito podemos considerar que a atividade tinha por objetivo
incentivar a pesquisa a modelos para elaboraccedilatildeo de esboccedilos cartograacuteficos visto que nos
materiais disponibilizados para os alunos natildeo havia nenhum mapa existente pronto que
destacasse a proposta da atividade A intenccedilatildeo era a criaccedilatildeo e natildeo replicar outros mapas
Verificamos que o caso do mapa mental do grupo 5 foi isolado Veremos nos
proacuteximos itens que os outros mapas mentais tiveram traccedilados mais espontacircneos
criativos e autocircnomos nas representaccedilotildees realizadas pelos estudantes do 5ordm ano
172
FIGURA 39 COMPARACcedilAtildeO ENTRE MAPA EXISTENTE E MAPA MENTAL (GRUPO 05 )
Fonte A esquerda MAESTU Juliana Projeto Buriti geografia 2 Ed Satildeo Paulo Moderna 2011 p 68 Agrave direita pesquisa de Campo out nov (2014) Adaptado por David
L R de Almeida
173
B Uso de toponiacutemias
De acordo com Claval (2010) a memorizaccedilatildeo dos pontos de referecircncia garante a
locomoccedilatildeo do corpo no espaccedilo e sua orientaccedilatildeo espacial em outros contextos permite a
construccedilatildeo de uma imagem mental de paisagens ainda natildeo visitadas Mediante estas
informaccedilotildees e baseado no papel do enunciado discutido por Bakhtin (2012) observamos
que o mapa mental pode estabelecer a comunicaccedilatildeo entre o grupo de sujeitos de
mapeadores e leitores do mapa
As toponiacutemias apresentadas nos mapas mentais corresponderam agrave divisatildeo
poliacutetica do territoacuterio nacional ou da regiatildeo Centro-Oeste a tabela 15 apresenta a
ocorrecircncia destas caracteriacutesticas nos mapas mentais
TABELA 15 NUacuteMERO DE OCORREcircNCIA DE TOPONIacuteMIAS
TOPONIacuteMIA OCORREcircNCIA
Estados 11
Distrito Federal 05
Regiotildees 03
Outros 03
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
No tocante a referecircncia aos estados brasileiros seja restrita a regiatildeo Centro-Oeste
ou a escala nacional os alunos referendam os estados atraveacutes do uso da toponiacutemia
enquanto palavra por exemplo ldquoMato Grossordquo em cinco casos e nos outros seis casos
eacute apresentado o uso de siglas ldquoMTrdquo Essa mudanccedila da palavra as siglas segundo
Vigotski (1998) e Bakhtin (2012) se deve ao sentido que damos ao signo Ele eacute sempre
mutaacutevel pois incorporamos raciociacutenios interagimos socialmente e tornamos a
linguagem e a praacutetica escolar elos da corrente de significaccedilatildeo
Por meio da anaacutelise dos mapas mentais identificamos em oito dos 11 esboccedilos
cartograacuteficos uma tentativa de esquematizaccedilatildeo do raciociacutenio geograacutefico atraveacutes da
organizaccedilatildeo da legenda Segundo Oliveira (1978 p 23) a linguagem cartograacutefica ndash a
construccedilatildeo da legenda do mapa (relaccedilatildeo signo-significado) ndash pode ser apresentada
atraveacutes de trecircs variedades de signos cartograacuteficos satildeo eles
[] o iacutecone que representa por semelhanccedila entre significante e significado
(os mapas pictoacutericos de distribuiccedilatildeo de produtos agriacutecolas satildeo exemplos deste
tipo de representaccedilatildeo) o iacutendice que representa por contiguumlidade [sic] de fato
entre significante e significado (os mapas da superfiacutecie terrestre que atraveacutes
174
da cor ou sombreamento representam as formas do terreno reproduzindo o
relevo como um modelo tridimensional) e o siacutembolo que representa por
contiguumlidade [sic] instituiacuteda isto eacute por uma regra convencional entre o
significante e o significado
Analisando o mapa mental do grupo 10 (figura 40 p 175) constituiacutedo pelos
alunos 31 e 41 eacute possiacutevel notar a seleccedilatildeo de iacutecones os quais tem a intenccedilatildeo de destacar
alguns problemas ambientais encontrados na regiatildeo Centro-Oeste satildeo eles ldquoaacutervoresrdquo
que tecircm como significado a extraccedilatildeo de madeira o ldquomartelordquo correspondente a
mineraccedilatildeo de pedras preciosas e um ldquosaco de lixo no riordquo que indica a contaminaccedilatildeo
dos rios A intenccedilatildeo dos alunos neste caso eacute apresentar a ocorrecircncia e localizar os
estados onde ocorrem estes problemas ambientais
Prosseguindo nesta anaacutelise autores com Kozel (2002) e Richter (2010) ressaltam
a importacircncia da representaccedilatildeo dos conhecimentos geograacuteficos atraveacutes dos mapas
mentais Richter (2010) por exemplo destaca a necessidade da compreensatildeo da
proposta didaacutetico-pedagoacutegica pelo professor para valorizaccedilatildeo do uso das imagens
A associaccedilatildeo do uso das toponiacutemias e o destaque para os fenocircmenos ambientais
destacados permitem que o aluno caracterize em muitos casos pela primeira vez uma
estrutura cognitiva sobre um espaccedilo geograacutefico natildeo vivido experimentado Segundo
Claval (2010) a imaginaccedilatildeo eacute um dos aportes para construccedilatildeo da imagem mental
geograacutefica ela torna-se uma experiecircncia para se conhecer outros mundos Esclarece o
autor que
A experiecircncia geograacutefica nesse sentido vai muito aleacutem do real Os homens
tecircm a capacidade de falar de lugares que eles nunca viram e que talvez natildeo
existam Eles lhe atribuem propriedades que faltam aos espaccedilos conhecidos
O imaginaacuterio que eles constroem dessa forma (e que eacute proacuteprio de cada
cultura) daacute ao mundo uma dimensatildeo poeacutetica indica as regras a serem
respeitadas mostra para que direccedilatildeo deve tender a accedilatildeo humana e confere um
sentido de existecircncia dos indiviacuteduos e dos grupos (CLAVAL 2010 p 57)
Inuacutemeras formas do significado simboacutelico dado ao espaccedilo miacutetico imaginado
simboacutelico jaacute foram tratados por Tuan (1983) e Claval (2010) o que nos interessa eacute notar
que a escola tambeacutem possibilita o desenvolvimento de noccedilotildees geograacuteficas com a de
regiatildeo geograacutefica O ato de desenhar uma dimensatildeo espacial geograacutefica natildeo conhecida
pode contribuir com o processo de regionalizaccedilatildeo o que daacute origem agraves regiotildees
175
FIGURA 40 MAPA MENTAL COM A UTILIZACcedilAtildeO DE IacuteCONES (GRUPO 10)
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
176
Para Castrogiovanni et al (2011) embora a ciecircncia geograacutefica tenha diferentes
perspectivas sobre a compreensatildeo da conceituaccedilatildeo sobre regiatildeo em todos seus
seguimentos eacute possiacutevel traccedilar uma caracteriacutestica geral a seleccedilatildeo de elementos em
comum e seu agrupamento em determinada aacuterea Completa o autor supracitado que ldquoo
processo de regionalizar estaacute ligado agrave ideia de agrupar em um espaccedilo dessa forma
podemos agrupar pessoas vegetais animais paisagens habitaccedilotildees e outras variaacuteveis em
um determinado subespaccedilordquo Grifo do autor (CASTROGIOVANNI 2011 p 25)
Em nossa pesquisa o processo de regionalizaccedilatildeo se deu agrave medida que os alunos
estabeleceram um conjunto de objetivos e de criteacuterios segundo os quais caracterizariam
o bioma estudado No mapa mental do grupo 3 (figura 41 p 177) alunos 25 e 35 eacute
possiacutevel identificar as cinco regiotildees brasileiras destacadas cada qual por uma cor (signo
em forma de iacutendice) apresentando fenocircmenos naturais como os raios ou as queimadas
provocadas pela accedilatildeo humana (ambos apresentados em forma de iacutecones) tal exerciacutecio
demonstra que para o desenvolvimento do enunciado do mapa mental eacute necessaacuterio a
articulaccedilatildeo das noccedilotildees do uso das toponiacutemias e da regiatildeo
No que corresponde a informaccedilatildeo do tiacutetulo dos mapas mentais foi analisado que
ele esteve presente em oito representaccedilotildees Eacute necessaacuterio realizar uma ressalva sobre a
coerecircncia dos tiacutetulos em relaccedilatildeo agrave representaccedilatildeo dos desenhos produzidos observamos
que das oito representaccedilotildees seis transporaacute uma objetividade na interpretaccedilatildeo do aluno
sobre a anaacutelise regional (ver figura 40 p 175 e figura 37 p 166)
177
FIGURA 41 ARTICULACcedilAtildeO DO USO DE TOPONIacuteMIAS COM A APRESENTACcedilAtildeO DE IacuteCONES (GRUPO 3)
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
178
C Noccedilotildees de localizaccedilatildeo e orientaccedilatildeo espacial
As noccedilotildees de localizaccedilatildeo tornam-se mais fieacuteis aos modelos dos mapas existentes
quando a atividade tende a ser consultada O posicionamento das toponiacutemias
demonstra-se mais proacuteximas as representaccedilotildees cartograacuteficas habituais (mapas
existentes) Observamos isto apoacutes verificar que a localizaccedilatildeo dos estados Distrito
Federal e do posicionamento entre as regiotildees em alguns casos demonstra-se coerente e
possibilita a leitura
Todos os mapas mentais desenhados localizam algo relacionado ao meio
ambiente da regiatildeo Centro-Oeste seja ela voltada a proacutepria organizaccedilatildeo regional ao
bioma ou os seus problemas ambientais como podemos observar na tabela 16
TABELA 16 LOCALIZACcedilAtildeO DOS ELEMENTOS ENCONTRADOS NOS MAPAS MENTAIS
LOCALIZACcedilAtildeO OCORREcircNCIA
Regiatildeo 03
Bioma 04
Problemas ambientais 04
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
Ao analisarmos os mapas mentais os elementos apresentados e localizados neles
notamos que em oito das 11 representaccedilotildees os alunos apresentam caracteriacutesticas
relacionadas ao ambiente seja voltada a localizaccedilatildeo do bioma ldquoPantanalrdquo como
apresentado no mapa do grupo 7 (figura 38 p 170) ou aos problemas ambientais
observados no mapa mental do grupo 10 (figura 40 p 175) Observamos nos dois casos
que os alunos restringem suas anaacutelises a pontos especiacuteficos do territoacuterio
Em outro mapa mental realizado pelo grupo 6 (figura 42 p 179) aluno 28 37 e
48 eacute evidente a referecircncia ao bioma estudado A indicaccedilatildeo ocorre atraveacutes do signo
atraveacutes do iacutendice (uso da cor verde) e da indicaccedilatildeo da sentenccedila ldquoplaniacutecie do Pantanalrdquo
nestas condiccedilotildees observamos que sua localizaccedilatildeo relativa aos estados do Mato Grosso e
Mato Grosso do Sul torna-se coerente aleacutem disso marca um limite com Goiaacutes (GO)
onde prevalece o bioma de Cerrado
179
FIGURA 42 MAPA MENTAL COM DESTAQUE NA ORIENTACcedilAtildeO E LOCALIZACcedilAtildeO ESPACIAL DA REGIAtildeO CENTRO-OESTE (GRUPO 6)
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
180
Identificamos no mapa do grupo 6 (Figura 42 p 179) a indicaccedilatildeo da ldquoexpansatildeo
da atividade agropecuaacuteriardquo que eacute destacado no livro didaacutetico assim como o ldquouso
indevido de agrotoacutexicosrdquo como impactos ambientais referentes ao Pantanal A esse
respeito surgiram duacutevidas na realizaccedilatildeo da atividade principalmente sobre o significado
das palavras
Entre as palavras incompreensiacuteveis para alunos estava o termo ldquoagrotoacutexicordquo
Explicamos que esta palavra refere-se a um defensivo agriacutecola inseticida e aleacutem disso
que o contato com o produto pode provocar doenccedilas como cacircncer problemas funcionais
na musculatura do corpo e do ceacuterebro Posteriormente os alunos comentavam sobre
reportagens ou experiecircncias de parentes que eram fazendeiros mas natildeo faziam uso de
inseticidas Observamos que entender a informaccedilatildeo eacute uma ponte fundamental para a
seleccedilatildeo do fenocircmeno
No que corresponde agrave orientaccedilatildeo espacial apenas um grupo natildeo faz qualquer
referecircncia ao uso da rosa dos ventos os outros dez mapas apresentam o uso coerente
dos pontos cardeais para a orientaccedilatildeo dos mapas mentais Verificamos que os estados de
Mato Grosso situado a norte e Mato Grosso do Sul situado a sul correspondem
necessariamente com os pontos cardeais e aleacutem disso situam Goiaacutes e o Distrito Federal
a leste
D Noccedilotildees de escala geograacutefica
Dos mapas mentais jaacute apresentados observamos que quanto menor a escala
geograacutefica maior as chances de identificaccedilatildeo dos fenocircmenos e da captaccedilatildeo da
informaccedilatildeo da imagem pelo leitor do mapa Afirmamos entretanto que se engana
quem imagina que uma atividade mediada seja pela possibilidade da pesquisa auxiacutelio
de colegas ou professor pode gerar necessariamente resultados positivos
No que correspondem aos 11 mapas mentais produzidos pelos estudantes do 5ordm
ano sete alunos apresentam a escala regional do Centro-Oeste como enfoque de anaacutelise
para do tema estudado os outros quatro alunos apresentam a escala nacional como
proposta de representaccedilatildeo
O mapa mental desenvolvido pelo grupo 4 (figura 43 p 183) demonstra a
construccedilatildeo de uma imagem sincreacutetica desenvolvida pelos estudantes aluno 27 e 4568 Haacute
68 O aluno 45 faltou na primeira atividade relacionada ao desenvolvimento do mapa mental (mapa da
minha vida) o que dificultou nossa mediaccedilatildeo e estrateacutegia para o desenvolvimento na escolha desta dupla
181
uma discrepacircncia com relaccedilatildeo aos mapas produzidos pelos colegas suas estrateacutegias para
o desenvolvimento de comunicaccedilatildeo apresentam diferentes ruiacutedos entre eles uma
ldquotempestade de siglasrdquo (relacionadas aos estados brasileiros) cores aleatoacuterias sem um
significado explicito e a ausecircncia de elementos como tiacutetulo ou referecircncia ao tema do
mapa mental
O mapa do grupo 4 eacute um entre os quatro mapas mentais que escolhem a escala
geograacutefica ldquoBrasilrdquo como referencial Como jaacute demonstramos outras equipes a
exemplo do grupo 3 (figura 41 p 177) tambeacutem escolhe a escala Brasil todavia
estabelecem criteacuterios de seleccedilatildeo regional Eles utilizam criteriosamente as cores as
toponiacutemias e os iacutecones (fogueiras e raios) Aleacutem disso demonstra uma relaccedilatildeo entre os
trecircs estados da regiatildeo Centro-Oeste representado no qual observamos uma
diferenciaccedilatildeo no tamanho territorial69
De acordo com Jolly (1990 p 20) na cartografia cartesiana ldquoa escala de um
mapa eacute a relaccedilatildeo constante que existe entre as distacircncias lineares medidas sobre o mapa
e as distacircncias lineares correspondentes medidas sobre o terrenordquo O autor
anteriormente citado esclarece ainda que o grau da generalizaccedilatildeo expressa nos mapas eacute
fruto de uma generalizaccedilatildeo que corresponde a ldquoseleccedilatildeo dos detalhes apresentadosrdquo a
ldquoesquematizaccedilatildeo do desenhordquo e uma ldquoharmonizaccedilatildeo relativa dos elementosrdquo As
caracteriacutesticas discutidas por Fernand Jolly pode ser encontrada no mapa mental
realizado pelo grupo 10 (Figura 40 p 175)
De acordo com os paracircmetros expressos nos mapas mentais podemos destacar
uma observaccedilatildeo de Silveira (2004 p 89) a respeito da escala geograacutefica a autora
afirma que ldquoeacute o reconhecimento de subdivisotildees subespaccedilos regionalizaccedilotildees
produzidos na histoacuteria do territoacuterio que pareceria nos conduzir ao problema da escala
geograacuteficardquo
No ensino de Geografia a distacircncia da relaccedilatildeo sujeito e objeto estudado podem
limitar a compreensatildeo dos alunos a respeito da temaacutetica Entretanto para Castrogiovanni
amp Costella (2006 p 35) eacute importante que os alunos principalmente do 5ordm ano
ultrapassem o estudo do espaccedilo vivido possibilitando experiecircncias com o ldquo[] espaccedilo
O aluno 27 por exemplo havia realizado a atividade relacionada ao mapa mudo dos estaacutedios de futebol e
na ocasiatildeo mostrou resultados significativos o outro estudante todavia faltou na maioria das aulas que
desenvolvemos as atividades com os mapas (existentes e mentais) salvo a experiecircncia com a baleada
geograacutefica 69 Segundo o IBGE o estado com maior proporccedilatildeo territorial em quilocircmetros quadrado pertencente agrave
regiatildeo Centro-Oeste eacute o Mato Grosso (903378292 Km2) em seguida Mato Grosso do Sul (357145 534
Km2) Goiaacutes (340111376 Km2) e por uacuteltimo Distrito Federal (5779999 Km2) Fonte
httpwwwibgegovbrhomegeocienciasareaterritorialprincipalshtmgt acessado em 0705 2015
182
concebido onde se desenvolve o poder de representaccedilatildeo sem que necessariamente o
aluno tenha conhecido na praacutetica o espaccedilo representadordquo (Grifo dos autores)
Ao delimitarmos o tema propomos uma escala de anaacutelise selecionamos os
lugares e seus principais fenocircmenos O professor pode relacionar os saberes que os
alunos jaacute possuem As experiecircncias cotidianas dos discentes e os assuntos estudados em
sala de aula compotildeem o quadro de referecircncia para vida
Por fim esta leitura de mundo ao considerar diferentes escalas geograacuteficas
permite que o aluno compreenda que o espaccedilo eacute composto por um conjunto de
singularidades A busca de interpretaccedilotildees natildeo se limita agrave possibilidade de solucionar os
diferentes problemas que possam existir em cada escala mas em se aproveitar
experiecircncias da realidade cotidiana que se processam nessas diferentes escalas
Observamos portanto que as oficinas e mapas mentais produzidos pelos alunos
do 4ordm e 5ordm ano Buscou desenvolver habilidades e noccedilotildees relacionadas ao ensino-
aprendizagem de Geografia nos anos iniciais do EF Diante disso eacute tomado no capiacutetulo
5 o posicionamento dos estudantes (a partir das entrevistas realizadas) e professores (por
meio do uso de questionaacuterios) com a finalidade de avaliar as apreensotildees dos sujeitos
sobre essa pesquisa
Temos ainda o objetivo de revelar algumas incoacutegnitas ou seja circunstacircncias
que promoveram ou dificultaram a realizaccedilatildeo das atividades e que natildeo foram expressas
nos mapas mentais em decorrecircncia do seu valor subjetivo
183
FIGURA 43 MAPA MENTAL NA ESCALA GEOGRAFICA BRASIL (GRUPO 4)
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
184
5 MAPAS MENTAIS E SUAS POTENCIALIDADES E LIMITACcedilOtildeES PARA O
ENSINO DE GEOGRAFIA
Observamos que entre as representaccedilotildees e o diaacutelogo para produccedilatildeo dos mapas
mentais existem incoacutegnitas que se referem agraves experiecircncias de vida ao contexto escolar e
as apreensotildees sobre o processo de ensino-aprendizagem de Geografia Eles em alguns
casos estatildeo impliacutecitos nos mapas mentais
A representaccedilatildeo eacute por assim dizer um processo longo e complexo na formaccedilatildeo
do aluno Ao avaliarmos o mapa mental enquanto recurso didaacutetico-pedagoacutegico eacute
importante entender que
[] o ensino da geografia teria mais significado se priorizasse a pesquisa e
anaacutelise das representaccedilotildees construiacutedas pelas sociedades considerando ainda
o proacuteprio aluno como agente de representaccedilotildees e conhecimentos necessaacuterios
para entendimento das relaccedilotildees estabelecidas na organizaccedilatildeo espacial
(KOZEL 2002 p 216)
A partir da proposta metodoloacutegica realizada na citaccedilatildeo anterior buscamos
ampliar o universo de anaacutelise Indicamos o entendimento dos alunos e professoras a
respeito das potencialidades e limitaccedilotildees do recurso didaacutetico mapa mental para o
processo de ensino-aprendizagem de Geografia
De iniacutecio apresentamos o processo de ensino-aprendizagem de Geografia e sua
contextualizaccedilatildeo em nossas experiecircncias em sala de aula Posteriormente a realizaccedilatildeo
das oficinas e suas contribuiccedilotildees e por fim as possiacuteveis potencialidades e limitaccedilotildees do
uso do recurso mapa mental nas turmas de 4ordm e 5ordm ano
51 O PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM DE GEOGRAFIA
Mediante a anaacutelise dos questionaacuterios as professoras Marta e Beatriz reconhecem
a importacircncia do conhecimento preacutevio dos alunos para o direcionamento das aulas de
Geografia e os conhecimentos trabalhados na escola Para elas esses conhecimentos
tecircm por objetivo instruir os alunos Diante disso apresentamos a fala das docentes ao
esclarecem a importacircncia da ciecircncia geograacutefica nas praacuteticas escolares como as
seguintes falas
ldquoA Geografia possibilita a compreensatildeo do espaccedilo geograacutefico espaccedilo este
resultante da relaccedilatildeo natureza-sociedade como a materializaccedilatildeo dos tempos da vida
socialrdquo (Prof Marta 4ordm ano)
185
ldquoO ensino da Geografia possibilita por meio da compreensatildeo do espaccedilo
geograacutefico a formaccedilatildeo de um indiviacuteduordquo (Prof Beatriz 5ordm ano)
As respostas expressas pelas professoras satildeo condizentes com a proposta de
ensino de Geografia Entretanto satildeo aparentemente vagas quando confrontamos com as
propostas nacionais dos PCN (BRASIL 1997) ou ainda com as ideias de alfabetizaccedilatildeo
(cartograacutefica ou geograacutefica) mediante a construccedilatildeo de noccedilotildees geograacuteficas habilidades e
competecircncias expressas por autores como Callai (2005) Lessan (2011) e Passini
(2012)
Qual o propoacutesito de se estudar Geografia A maioria dos alunos entrevistados
de ambas as turmas afirmam que a expectativa corresponde agrave efetivaccedilatildeo das avaliaccedilotildees
escolares progressatildeo escolar ou ainda agrave educaccedilatildeo profissional visando assumir uma
futura condiccedilatildeo de trabalhador Em resumo ndash ldquoPorque eacute o futuro da genterdquo (Aluno 25
5ordm ano) Os alunos apontam que este valor disciplinar eacute agregado a todas as ldquomateacuteriasrdquo
escolares
Em muitos casos a importacircncia das crianccedilas aprenderem algo eacute condicionada a
posiccedilatildeo futura ao bom trabalho a moradia ao salaacuterio entre outros Canaacuterio (2006 p
103) chama essa perspectiva de escola do ldquotempo de promessasrdquo Eacute evidente que este
fato eacute uma construccedilatildeo histoacuterica a qual ainda na deacutecada de 1960 nos Estados Unidos
desenvolveram-se poliacuteticas de discriminaccedilatildeo positivas ou seja programas de
valorizaccedilatildeo das praacuteticas educacionais tendo em vista o progresso social Estas poliacuteticas
se espalharam pelo mundo e a escola das promessas tinha (e ainda tem) ldquotrecircs promessas
fundamentais desenvolvimento igualdade social e mobilidade social ascendenterdquo
(CANAacuteRIO 2006 p 103 ndash 105)
Sabemos que a principal atribuiccedilatildeo da escola eacute comunicar e instruir por meio dos
saberes socialmente construiacutedos ao longo da histoacuteria estas outras promessas satildeo (ou
natildeo) qualidades adicionais relativas a esta instituiccedilatildeo70 Ademais observamos que o
atributo sobre a importacircncia do conhecimento geograacutefico deve estar voltado as praacuteticas
presentes para que progridam e se valorizem em atividade futuras
Ao realizarmos a praacutetica com os mapas mentais observamos que os alunos
puderam atribuir sentido aos temas apreendidos Quando perguntamos a um grupo de
alunos do 4ordm e 5ordm ano sobre a importacircncia da Geografia especificamente dos mapas
(mentais) para suas vidas eles responderam
70 Como eacute o caso do Art 39 da LDB 9394 1996 que discute a importacircncia da educaccedilatildeo profissional e
tecnoloacutegica (BRASIL 2010)
186
Estudantes do 4ordm ano
Aluno 09 ndash Para a gente ver uma coisa e saber o que diz o mapa para a gente
natildeo se perder e Por exemplo Onde eacute que minha tia mora Ai eu fico
pensando onde minha tia mora em Lagoa Seca71 [e continua] Para a minha
vida Assim professor seu eu passar de ano todos os anos ai assim se eu
for algueacutem na vida ai assim se eu quiser construir se eu comprar um terreno
e quiser construir uma casa
Pesquisador ndash O que vocecircs acham que aprenderam com os mapas mentais
Aluno 13 ndash Eu aprendi Campina Grande as cidades dizendo um monte de
coisa o Accedilude Velho [risos] a escola o riacho das Piabas
Pesquisador ndash Antes da realizaccedilatildeo das atividades vocecircs jaacute sabiam disso
Aluno 13 ndash Eu natildeo sabia que isso era canal
Pesquisador ndash Mas o que vocecirc pensava que era
Aluno 17 ndash Um canal que passava esgoto
Aluno 13 ndash Um canalzinho simples
Estudantes do 5ordm ano
Pesquisador ndash Vocecirc acha importante estudar Geografia
Aluno 42 ndash Sim Para saber os estados Porque se for viajar vou saber onde eacute
Aluno 39 ndash Porque quando a pessoa for viajar jaacute sabe os lugares a regiatildeo
onde estaacute se tiver perdido
Aluno 46 ndash Sim para ir para casa para ir para escola para pegar o ocircnibus
(5ordm ano)
Observamos na fala destes alunos a importacircncia do conhecimento geograacutefico
para as praacuteticas presentes (saber onde a tia mora viajar tomar o ocircnibus todas as
competecircncias utilizadas em seus cotidianos) e a futuras atividades (como comprar um
terreno para construccedilatildeo de sua moradia) Para Callai (2005 p 240) eacute necessaacuterio ldquoler o
lugar para compreender o mundo que vivemos Pode-se partir de temaacuteticas de
problemas e a partir daiacute aguccedilar a curiosidade infantil traccedilando os caminhos a seguirrdquo
Qual o resultado desta accedilatildeo Desmistificar que o lugar ao qual habitamos eacute simploacuterio
constituiacutedo por ldquoum canalzinho simplesrdquo e que as coisas existentes no mundo tecircm sua
razatildeo e ultrapassam a loacutegica do perceber
Nesta concepccedilatildeo o mapa mental tem que estar a serviccedilo de um conhecimento
de um processo de ensino-aprendizagem propotildee uma reflexatildeo sobre o conhecimento
histoacuterico construiacutedo pela humanidade A escola deve propiciar a oportunidade da
apropriaccedilatildeo deste conhecimento e sua reelaboraccedilatildeo
52 PROPOSTAS DAS OFICINAS O LUacuteDICO E SUAS INTERVENCcedilOtildeES PARA
CONSTRUCcedilAtildeO DOS SABERES
Desenvolver propostas em condiccedilotildees de oficinas permite segundo
71 Lagoa Seca possuiacutea em 2010 uacuteltimo senso do IBGE uma populaccedilatildeo de 25 900 habitantes Sua aacuterea eacute
de 107 589 km2 Situado ao norte de Campina Grande foi ateacute 1964 um distrito campinense apoacutes essa
data foi elevado agrave categoria de municiacutepio Fonte httpcidadesibgegovbr lt acessado em 18 05 2015
187
Castrogiovanni amp Costella (2006) construir conhecimentos pela e para a praacutetica social
o quadro 08 (p 189) apresenta um resumo das oficinas desenvolvidas e nossa percepccedilatildeo
sobre seus resultados
Ao propormos a estrutura de oficinas de aprendizagem afirmamos ser possiacutevel
realizar a transiccedilatildeo entre os conhecimentos praacuteticos e teoacutericos relacionados ao processo
de ensino-aprendizagem de Geografia
Eacute necessaacuterio observar que tatildeo importante quanto os conteuacutedos trazidos pelo
curriacuteculo escolar satildeo as praacuteticas luacutedicas O espaccedilo geograacutefico tambeacutem educa alfabetiza
a crianccedila Eacute necessaacuterio mostrar que a famiacutelia a sociedade preferecircncias de lugares de
habitaccedilatildeo estudo e lazer relacionados agraves suas atividades cotidianas integram a leitura de
mundo dos estudantes
Para os alunos as atividades realizadas por meio da maquete mental ou dos
mapas mudos possibilitaram a construccedilatildeo de uma imagem mental em muitos casos
possibilitou um primeiro contato com assunto Em outras as atividades como a baleada
geograacutefica foi reconhecida da seguinte forma
A de baleada [] no modo de dizer eacute um jogo e uma atividade aiacute eacute um
jogo Como eacute que se diz professor Eacute uma tarefa [] A gente aprende na
praacutetica quais satildeo os pontos cardeais norte sul leste oeste e depois usa isso
na sala de aula (Aluno 45 5ordm ano)
Observamos que na efetivaccedilatildeo do saber compartilhado (enunciado coletivo) e da
realizaccedilatildeo de atividades que possibilite a capacidade de aprender a aprender a
motivaccedilatildeo para descobrir e o estiacutemulo a autonomia dos sujeitos compotildeem uma relaccedilatildeo
dialeacutetica entre a praacutetica e diaacutelogo72 Eles buscam interpretar e compreender um ao outro
ldquo[] a compreensatildeo eacute uma forma de diaacutelogo ela estaacute para a enunciaccedilatildeo assim como
uma reacuteplica estaacute para a outra no diaacutelogo Compreender eacute opor agrave palavra do locutor uma
contrapalavra []rdquo (BAKHTIN 2012 p 137)
As praacuteticas apresentadas no quadro 08 (p 188) compotildeem algumas sugestotildees de
como o professor pode utilizar tais estrateacutegias objetivando construir noccedilotildees habilidades
e competecircncias Natildeo satildeo receitas prontas pretendem auxiliar no processo de
observaccedilatildeo registro e avaliaccedilatildeo dos alunos Outra ressalva eacute que tais praacuteticas desafiem
os discentes e que estejam a serviccedilo do planejamento do professor
72 Segundo os alunos o uso do brinquedo (bola) e a atividade praacutetica do jogo auxiliaram no
desenvolvimento dos mapas pois como mencionado ldquoaprenderam maisrdquo porque foi uma atividade
diferente divertida O aluno aprende mais quando estaacute feliz motivado envolvido
188
QUADRO 08 PROPOSTA DAS OFICINAS PEDAGOGICAS PARA CONSTRUCcedilAtildeO DE NOCcedilOtildeES E HABILIDADES
OFICINA CONTEUacuteDOS NOCcedilOtildeES HABILIDADES
1 M
AQ
UE
TE
ME
NT
AL
A divisatildeo administrativa dos bairros encontrados em um municiacutepio
Recursos hiacutedricos na cidade
Meio Ambiente e poluiccedilatildeo
Identidade e cidadania
Desenvolver o trabalho em equipe para a realizaccedilatildeo
de uma atividade
Refletir sobre sua condiccedilatildeo de cidadatildeo que
participa e constroacutei a sociedade
2 M
AP
AS
MU
DO
S
4ordm
AN
O
Regionalizaccedilatildeo nordestina e das mesorregiotildees geograacuteficas da Paraiacuteba
Construccedilatildeo da legenda orientaccedilatildeo e localizaccedilatildeo das toponiacutemias Representar e refletir sobre a condiccedilatildeo da
regionalizaccedilatildeo estadual nacional
5 ordm
AN
O Regionalizaccedilatildeo brasileira
As praacuteticas desportivas no Brasil (futebol)
Construccedilatildeo da legenda orientaccedilatildeo e localizaccedilatildeo das toponiacutemias
3 B
AL
EA
DA
GE
OG
RAacute
FIC
A
Localizaccedilatildeo orientaccedilatildeo e direccedilatildeo espacial
Iniciativa coordenaccedilatildeo e cooperaccedilatildeo no trabalho
em equipe
Planejar e verbalizar as accedilotildees a serem executadas
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014) Organizado por David L R de Almeida
189
53 DOS MAPAS MENTAIS UTILIZADOS EM SALA DE AULA
Apoacutes analisarmos os mapas mentais das crianccedilas bem como sua relevacircncia no
processo de alfabetizaccedilatildeo geograacutefica e cartograacutefica veremos como estes podem auxiliar nos
processos de ensino-aprendizagem Para isto consideraremos o discurso das professoras Nas
palavras das docentes apoacutes a realizaccedilatildeo das oficinas pedagoacutegicas e do trabalho com os mapas
mentais foi avaliadas diferenccedilas com relaccedilatildeo agrave percepccedilatildeo da aprendizagem de Geografia
pelos alunos do 4ordm e 5ordm ano elas consideram que
ldquoAs mudanccedilas na aprendizagem dos alunos se deu com gostar da lsquomateacuteriarsquo ter
curiosidade em conhecer e pocircr em praacutetica o que aprenderam Por exemplo ler e
desenhar mapas mentais e pesquisar em livrosrdquo (Prof Marta 4ordm ano)
ldquoA leitura de mapas e suas legendas a rosa dos ventos O reconhecimento dos pontos
cardeais observar diferentes paisagens identificando suas transformaccedilotildeesrdquo (Prof
Beatriz 5ordm ano)
Eacute importante frisar que buscamos sintetizar as informaccedilotildees apresentadas na anaacutelise
dos mapas mentais sobre a forma de dois graacuteficos o primeiro correspondente as noccedilotildees
geograacuteficas utilizadas em nossas anaacutelises (quadro 09 p 189) e das habilidades utilizadas
pelos alunos durante estas atividades (quadro 10 p190)
O estaacutegio das noccedilotildees geograacuteficas analisadas nos mapas mentais tal como as
habilidades desenvolvidas pelos alunos foram classificadas com base em seu grau de
ocorrecircncia em cada uma das atividades soma-se a estas anaacutelises as observaccedilotildees e descriccedilotildees
dos alunos e professoras realizadas em cada turma Lembramos que os mapas apresentados
correspondem aos seguintes temas Mapa A Canal das Piabas mapa B Mesorregiotildees da
Paraiacuteba mapa C Mapa da minha vida e mapa D Regiatildeo Centro-oeste
QUADRO 9 GRAacuteFICO DAS NOCcedilOtildeES GEOGRAacuteFICAS ANALISADAS NOS MAPAS MENTAIS
Nos mapas mentais observa-se 4ordm ano 5 ordm ano
as noccedilotildees de Mapa A Mapa B Mapa C Mapa D
Percepccedilatildeo espacial
Uso de toponiacutemias
Localizaccedilatildeo e orientaccedilatildeo espacial
Escala geograacutefica
Legenda
Ausente
Pouca
Suficiente
Muita
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014) Organizado por David L R de Almeida
190
A seguir temos o quadro das habilidades destacada para o desenvolvimento dos
mapas mentais Podemos observar mais atentamente os mecanismos utilizados para
construccedilatildeo desses mapas bem como sua relevacircncia no processo de aprendizagem e
internalizaccedilatildeo do conhecimento
QUADRO 10 GRAacuteFICO DAS HABILIDADES DESTACADAS PARA O DESENVOLVIMENTO DOS
MAPAS MENTAIS
Nos mapas mentais observa-se 4ordm ano 5 ordm ano
as habilidades de Mapa A Mapa B Mapa C Mapa D
Representaccedilatildeo
Comunicaccedilatildeo
Interaccedilatildeo
Reflexatildeo
Legenda
Ausente
Pouca
Suficiente
Muita
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014) Organizado por David L R de Almeida
Em anaacutelise geral do quadro 09 da construccedilatildeo dos mapas mentais eacute verificado que as
atividades individuais que contaram com pouca ou nenhuma mediaccedilatildeo entre os alunos da
professora regente ou do pesquisador encontraram-se entre as representaccedilotildees com menores
rendimentos de desempenho pelos alunos principalmente no que corresponde aos temas do
mapa B e C
Eacute preciso ressaltar que embora o erro seja socialmente caracterizado como algo
negativo o mesmo tem seus fundamentos e satildeo passiacuteveis de serem identificados Ele eacute
indispensaacutevel para a conquista de novos saberes Segundo Lessan (2011 p 81) ldquonenhum erro
eacute devido ao acaso Todo erro eacute resultado de um raciociacutenio que falhou ou mesmo da falta de
raciociacutenio Uma resposta considerada lsquoerradarsquo pelo professor foi dada por um aluno cujo
pensamento loacutegico de algum modo desviou-se do esperadordquo
Um fator que merece destaque foi agrave ausecircncia da comunicaccedilatildeo e interaccedilatildeo entre os
alunos do 4ordm ano na realizaccedilatildeo do mapa B (ver quadro 09 p 189) por exemplo
Questionamo-nos se isto pode ter repercutido no desenvolvimento do raciociacutenio geograacutefico
acerca do tema proposto Em entrevista com os estudantes do 4ordm ano eacute ressaltada dificuldades
na realizaccedilatildeo da proposta Para eles o formato de prova mais prejudicou que auxiliou no
desenvolvimento da atividade O seguinte fragmento da entrevista esclarece alguns
posicionamentos dos alunos vejamos
191
Aluno 09 ndash Na hora eu achei difiacutecil mas daiacute eu fiquei assim olhando mesorregiatildeo
mesorregiatildeo daiacute quando natildeo podia colar eu fui e fiz na doida73 Eu natildeo sabia
mesmo Soacute faltava duas provas para eu terminar de ano
Aluno 11ndash A prova [] Porque era para desenhar o mapa desenhar as regiotildees ai
ficou complicado
Pesquisador ndash Mas vocecircs se lembram que jaacute haviacuteamos realizado uma atividade bem
parecida
Aluno 09 ndash Sim mas eles natildeo podiam pegar o caderno porque estavam bem
proacuteximos a professora
Aluno 18 ndash Mas a maioria estava consultando
Aluno 09 ndash Eacute professor quem acertou eacute porque colou Se eu errar assim eu tocirc
dizendo que eu fiz na doida
Aluno 18 ndash Eu tambeacutem meu coraccedilatildeo ficou tu tutututu
Entre as respostas apresentadas pelos alunos do 5ordm ano tambeacutem estiveram justificativas
semelhantes Quando qustionamos aos alunos sobre as atividades que menos gostaram de
realizar o aluno 39 aponta ndash ldquoA que eu menos gostei foi agrave primeira [mapa da minha vida] Foi
um pouquinho difiacutecil porque quando eu chamava a professora ela natildeo vinha Eu fiz tudo na
doidardquo
Supomos inicialmente que o problema se encontrava no enunciado das atividades
mas os alunos afirmaram que sabia qual era o objetivo dos exerciacutecios Entendemos que para
os alunos do 4ordm ano a ldquoconsultardquo forneceria um melhor desempenho nos resultados por sua
vez o estudante do 5ordm ano ressalta a mediaccedilatildeo da professora
Podemos perceber que os mapas anteriormente citados apontam que a ausecircncia do
uso de instrumentos mediadores ou do auxiacutelio de pessoas mais ldquocapacitadasrdquo resultou em
atividades realizadas na ldquodoidardquo ou seja por atividades mecacircnicas com alto grau de
sincretismo Em ambos os casos percebemos de forma niacutetida que a Zona de
Desenvolvimento Proximal se fez presente enquanto elo entre os conhecimentos antigos e os
receacutem construiacutedos tal como argumenta Rego (1995) Como consequecircncia deste fator a carga
emocional e possivelmente uma repressatildeo atraveacutes de notas cobranccedila dos colegas pais e
professora fizeram-se presente como nos faz acreditar o aluno 18 (4ordm ano)
Salientamos ainda que os mapas mentais possuem limites uma vez que satildeo apenas
mais um entre tantos outros recursos que podem ser utilizados nas aulas de Geografia Ao
utilizar o mapa mental enquanto prova na turma do 4ordm ano observamos que a tensatildeo
emocional prejudicou a execuccedilatildeo da proposta Outro fato decorre da compreensatildeo dos alunos
sobre o tema que por mais que tivesse sido trabalhado durante as aulas natildeo conseguiram
sistematizar esses conhecimentos em forma de imagens mentais coerentes sequer transpor
esses saberes para o papel
73 Para os alunos ldquofazer na doidardquo significa realizar uma tarefa sem muitos paracircmetros Realizar uma
determinada atividade e tentar por sorte resolver determinado problema
192
Observamos que estaacute tensatildeo entre certo e errado no sistema de ensino-aprendizagem
escolar adveacutem de outras situaccedilotildees de aprendizagem Ao questionarmos os alunos sobre seus
procedimentos de aprendizagem estudo a grande maioria recorre aos meacutetodos de coacutepia
leitura e recitaccedilatildeo oral em outros casos eles relatam o seguinte
Pesquisador ndash Como vocecircs fazem para estudar para uma prova por exemplo
Aluno 39 ndash Eu natildeo estudo natildeo
Aluno 22ndash Ela [a professora Beatriz] manda as questotildees que vatildeo cair na prova e a
gente estuda
Aluno 25ndash De vez em quando eu estudo em casa
Copiar repetir ler recitar oralmente o processo decorar as questotildees que vatildeo ldquocair na
provardquo ou simplesmente natildeo estudar Estes argumentos possivelmente justificam algumas
accedilotildees como a desenvolvida no mapa da regiatildeo Centro-Oeste pelo grupo 05 (figura 39 p 172)
ao copiar o mapa encontrado no livro didaacutetico A charge (figura 44 p 192) parece sintetizar
as situaccedilotildees vivenciadas O professor apoacutes explicar determinado assunto pergunta a seus
alunos - Perceberam E todos respondem - Sim Cada um agrave sua forma e distintas do
professor
FIGURA 44 RELACcedilAtildeO DE ENSINO E APRENDIZAGEM NA ESCOLA
Fonte CANAacuteRIO 2006 p 43
Segundo Canaacuterio (2006 p 42) o sistema escolar enfatiza ldquoa loacutegica da repeticcedilatildeo da
informaccedilatildeordquo Somos instruiacutedos desde a infacircncia a repetir a versatildeo apresentada pelo professor
esperando que nossas respostas se aproximem do que nos eacute exigido ldquoa escola condena-se agrave
entropiardquo e consequentemente eacute reduzido o tempo para repensarmos e criarmos novos
saberes
Outro limite que pode estar envolto nas praacuteticas com os mapas mentais eacute consideraacute-las
como uma ldquosimples atividade de desenhordquo Ao perguntarmos ao grupo de estudantes do 5ordm
193
ano sobre as dificuldades encontradas na realizaccedilatildeo dos mapas mentais e suas justificativas
eles apontam
Aluno 43ndash [] O que a gente teve que desenhar o mapa O mapa mental eacute esse aiacute
[] Porque eu natildeo sei desenhar Ah E soacute E porque dava preguiccedila
Aluno 24ndash Eu natildeo tenho paciecircncia de fazer desenho natildeo Eu sou mais escrever
ldquotudinhordquo e responder do que fazer desenho
Como expresso por esses estudantes o haacutebito voltado agraves ldquoatividades tradicionaisrdquo ateacute
mesmo nos anos iniciais do Ensino Fundamental fazem da praacutetica do ldquodesenhar o mapardquo algo
enfadonho caracterizado como infantil e atingem graus de preacute-conceitos pois se natildeo se
encontram na praacutetica da professora eacute ultrapassado Resultados proacuteximos as consideraccedilotildees
realizadas por Miranda (2005)
Observamos ainda que a cultura escolar natildeo corresponde apenas a resistecircncia dos
professores na utilizaccedilatildeo de uma metodologia ou recurso mas tambeacutem dos pais de alunos da
direccedilatildeo escolar e dos proacuteprios estudantes Eles acreditam muitas vezes que as didaacuteticas
tradicionais satildeo as mais eficazes ou que como afirma a gestora Rosacircngela o pilar dos anos
iniciais do Ensino Fundamental esteja nos componentes curriculares de Portuguecircs e
Matemaacutetica
Possivelmente as praacuteticas analisadas expliquem o alto iacutendice de reprovaccedilatildeo dos
alunos do 5ordm ano na Escola Municipal Luacutecia de Faacutetima Gayoso Meira no ano de 2014
Resgatando o que falaacutevamos sobre a equidade etaacuteria sucesso escolar e promoccedilatildeo dos
alunos74 com o posicionamento da gestora escolar eacute apontado que dos 21 alunos que
frequentavam o 5ordm ano em 2014 dez alunos foram retidos por natildeo adquirirem uma seacuterie de
capacidades consideradas suficiente para o 6ordm ano Alguns foram promovidos entretanto com
uma seacuterie de dificuldades ainda a superar75 Destacamos as competecircncias relacionadas agrave accedilatildeo
cognitiva (expressatildeo oral e escrita realizaccedilatildeo das tarefas entre outros) e habilidades
relacionadas agrave interaccedilatildeo social (relacionamento com colegas e adultos respeito agraves regras)76
Eacute importante acrescentar que para ldquosuperar essa situaccedilatildeo soacute eacute possiacutevel se as escolas
puderem estabelecer rupturas com a sua matriz organizacional histoacuterica evoluindo de
sistemas de repeticcedilatildeo de informaccedilotildees para sistemas de produccedilatildeo de saberesrdquo (CANAacuteRIO
74 Esta discussatildeo eacute encontrada no primeiro capiacutetulo paacuteginas 24 a 27 75 Os alunos retidos satildeo 22 24 25 29 33 34 37 40 44 e 51 Dos alunos que foram promovidos mas com
algumas dificuldades satildeo 23 26 27 30 38 43 e 49 Eacute valido observar que a maioria dos alunos retidos foram os
mesmos que apresentaram dificuldades na realizaccedilatildeo dos mapas mentais Isso nos leva a considerar o baixo
iacutendice de rendimento dos estudantes em outras disciplinas escolares visto que o ato da retenccedilatildeo eacute resultado de
uma accedilatildeo global do aluno em acircmbito escolar 76 O modelo da ficha de acompanhamento (com todos os preacute-requisitos relacionados agrave condiccedilatildeo de aprovaccedilatildeo ou
reprovaccedilatildeo) utilizada pelas professoras encontra-se em anexo (Anexo II)
194
2006 p 43) Em outras palavras eacute preciso relacionar as condiccedilotildees do descobrir criar errar e
aprender no processo escolar de aprendizagem
A proposta eacute incentivar os alunos a serem criativos e curiosos Nossa percepccedilatildeo sobre
a alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica eacute que ela aponte o trabalho em equipe (o que natildeo necessariamente
produziraacute resultados coletivos) desenvolver uma postura assertiva por parte dos professores e
alunos ou seja formar sujeitos confiantes que defendam suas ideias mas que saibam ouvir
lidar com a criacutetica e respeitar a opiniatildeo do outro como eacute observado no quadro 10 (p 190) os
criteacuterios de comunicaccedilatildeo e interaccedilatildeo nos mapas A B e C
As limitaccedilotildees que muitas vezes se apresentam nos mapas mentais podem servir como
indiacutecios das dificuldades encontradas pelos alunos como a compreensatildeo das noccedilotildees de
localizaccedilatildeo e orientaccedilatildeo espacial por exemplo (mapas A e C) Em alguns casos as limitaccedilotildees
poderatildeo estar relacionadas com as temaacuteticas trabalhadas em sala de aula como o processo de
regionalizaccedilatildeo estadual ou brasileiro
Como discutimos ao longo da interpretaccedilatildeo dos mapas mentais agrave medida que a escala
geograacutefica muda altera-se o enfoque de anaacutelise A maioria das crianccedilas e adolescentes pode
apresentar facilidades no uso e compreensatildeo de algumas noccedilotildees como a percepccedilatildeo espacial
Isso se evidencia ao selecionar agrupar e destacar estados e ou regiotildees (quadro 10 p 190
mapa C e D) como dificuldades para localizaccedilatildeo e orientaccedilatildeo espacial (mapa C)
Como discutem Almeida amp Passini (2010) alfabetizar cartograficamente eacute possibilitar
que os discentes realizem o exerciacutecio de codificaccedilatildeo e decodificaccedilatildeo dos mapas Percebemos
que ao realizar estas atividades eles podem ler e expressar mensagens impliacutecitas relacionadas
aos conhecimentos apreendidos na escola ampliando sua leitura de mundo vivido como foi o
caso do ldquoBuraco da Giardquo
O principal aspecto que devemos nos certificar ao trabalharmos os mapas mentais
com alunos dos anos iniciais do Ensino Fundamental eacute se haacute ou natildeo a formaccedilatildeo de uma
imagem mental preacutevia acerca do espaccedilo trabalhado Observamos que em muitos casos os
alunos do 4ordm e 5ordm ano destacam a importacircncia da apresentaccedilatildeo e fundamentaccedilatildeo do conteuacutedo
mediante as oficinas pedagoacutegicas antes da execuccedilatildeo das atividades A partir disso novas
descobertas podem ser realizadas como explica o discente do 4ordm ano
Pesquisador ndash O que vocecirc acha que aprendeu fazendo o mapa mental
Aluno 03 - Uma coisa que eu nunca iria imaginar que existissem as quatro
mesorregiotildees
Pesquisador ndash E como vocecirc entendia antes da gente realizar esta atividade
195
Aluno 03 ndash A uacutenica coisa que eu sabia sobre a Paraiacuteba era a populaccedilatildeo e os
223 municiacutepios77
Ao nos basearmos na proposta interacionista de Vigostki (1998) pressupomos que o
modelo de atividades (mapas existentes) natildeo expressa necessariamente um instrumento de
coacutepia mas um referencial para internalizaccedilatildeo do conhecimento trabalhado na escola praacutetica
semelhante agrave universitaacuteria Contudo muitas vezes a escola se limita em praacuteticas arcaicas de
repeticcedilatildeo e memorizaccedilatildeo do conhecimento como se isso fosse de fato efetivar os
conhecimentos algo perceptiacutevel no discurso do aluno 03 Infelizmente parece que a escola
promove um ensino segregado em que
Desencoraja-se a cooperaccedilatildeo incita-se ao trabalho individual e proiacutebe-se a
consulta de documentaccedilatildeo (para que natildeo seja copiada) Os exames
representam a situaccedilatildeo-limite em que tais caracteriacutesticas estatildeo mais
claramente acentuadas (CANAacuteRIO 2006 p 45)
Salientamos que natildeo queremos transmitir a ideia de desvalorizaccedilatildeo da escola mas
destacar que as informaccedilotildees satildeo externas a noacutes A proacutepria constituiccedilatildeo da linguagem apontada
por Bakhtin (2012) destaca o enunciado como o princiacutepio dialoacutegico produzido
propositalmente na direccedilatildeo do outro Ao enunciar buscamos agir sobre o outro reconstruir
experiecircncias natildeo apenas para responder a questotildees das provas a proposta eacute redimensionar o
sentido e ampliar nossa perspectiva de aprendizagem nossa leitura de mundo
De acordo com as nossas anaacutelises e interpretaccedilotildees relacionadas agrave construccedilatildeo e
interpretaccedilatildeo dos mapas mentais podemos considerar a importacircncia de cada uma das noccedilotildees
utilizadas percepccedilatildeo espacial uso das toponiacutemias localizaccedilatildeo e orientaccedilatildeo e a escala
geograacutefica que satildeo frutos de um saber sistematizado mas que considera a loacutegica da
organizaccedilatildeo espacial da realidade percebida concebida vivenciada e aprendida pelos alunos
das turmas as quais trabalhamos
Por fim de acordo com as propostas apresentas ao longo desse trabalho temos
condiccedilotildees de apontar algumas estrateacutegias Elas poderatildeo orientar o trabalho docente em
proposta de alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica Ressaltamos por fim a importacircncia dos mapas
mentais e suas praacuteticas auxiliares como um processo que possibilite o ensino-aprendizagem
de Geografia
77 Eacute veriacutedica a informaccedilatildeo sobre a quantidade de municiacutepios paraibanos apresentados pelo aluno Entretanto
como jaacute destacado nos paraacutegrafos anteriores seraacute que esta informaccedilatildeo contribui para a formaccedilatildeo de um
raciociacutenio geograacutefico Acreditamos que apenas o ato da memorizaccedilatildeo natildeo auxilia o desenvolvimento desse
raciociacutenio
196
CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Em nossa pesquisa procuramos aprofundar as discussotildees acerca da Cartografia
Escolar Valorizamos o recurso mapa mental enquanto uma praacutetica didaacutetico-pedagoacutegica nas
aulas de Geografia nos anos iniciais do Ensino Fundamental Para isso nos preocupamos em
construir junto com os alunos noccedilotildees e habilidades consideradas necessaacuterias para este estaacutegio
de formaccedilatildeo a partir de atividades praacuteticas e teoacutericas
Consideramos que nosso objetivo geral foi alcanccedilado ao investigar as potencialidades e
limitaccedilotildees do recurso mapa mental para o ensino-aprendizagem de Geografia com alunos do
4ordm e 5ordm ano dos anos iniciais do Ensino Fundamental tal como nossos objetivos especiacuteficos
que buscavam
Diagnosticar as dificuldades referentes ao domiacutenio de habilidades e noccedilotildees
cartograacuteficas dos alunos dos anos iniciais do Ensino Fundamental realizando uma
anaacutelise dessas dificuldades
Pesquisar o mapa mental mediante situaccedilotildees de ensino-aprendizagem que conduzam a
reflexatildeo sobre a espacialidade
Apresentar atividades que permitam desenvolver habilidades e noccedilotildees conceituais para
os alunos atraveacutes do desenvolvimento de mapas mentais e que possam auxiliar as
aulas de Geografia dos professores dos anos iniciais do Ensino Fundamental
Propor orientaccedilotildees que auxiliem o professor desta fase a trabalharem com os mapas
mentais junto ao puacuteblico dos anos iniciais do Ensino Fundamental
Pudemos notar com o desenvolvimento dos mapas mentais que modelos de ensino-
aprendizagem de Geografia que valorizam o ato de decorar a coacutepia mecacircnica e a recitaccedilatildeo ou
mesmo o fato de ldquonatildeo estudarrdquo caso da turma do 5ordm ano justificam possivelmente o alto
iacutendice de retenccedilatildeo na unidade escolar Fatos que natildeo se restringem agraves praacuteticas escolares de
Geografia na Escola Municipal Luacutecia de Faacutetima Gayoso Meira
Aleacutem disso chegamos agrave conclusatildeo que de acordo com o relato dos sujeitos participantes
da pesquisa que a escola principalmente entre o 1ordm ao 5ordm ano haacute um alto valor para as
disciplinas de Matemaacutetica e Portuguecircs Acreditamos que elas satildeo fundamentais para a
progressatildeo escolar e social dos alunos mas natildeo satildeo as uacutenicas Para Bakhtin (2012) eacute
197
necessaacuterio atribuir sentido a palavra apreendida e isso pode ser realizado a partir da
Geografia
Natildeo pretendemos assegurar os insucessos ou limitaccedilotildees das praacuteticas com os mapas
mentais apenas aos resultados supracitados visto que na maioria dos casos os alunos do 4ordm e
5ordm ano puderam demonstrar avanccedilos no que corresponde a percepccedilatildeo espacial do lugar e o
iniacutecio de uma estruturaccedilatildeo de imagens mentais e saberes acerca do (SEU) mundo
Vale ressaltar que nenhuma aprendizagem eacute inata e que aleacutem disso nem tudo que eacute
ensinado eacute apreendido ou expresso com o mesmo valor (CANAacuteRIO 2006) A imagem mental
construiacuteda cognitivamente pelos alunos passa por diferentes ruiacutedos pragmaacuteticos emocionais
sociais etc que podem resultar em diferentes expressotildees entre elas as representaccedilotildees
cartograacuteficas
Consideramos o valor da alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica enquanto uma proposta
metodoloacutegica para a construccedilatildeo de noccedilotildees e habilidades espaciais para isso as sugestotildees de
oficinas e suas praacuteticas luacutedicas e teoacutericas foram realizadas considerando o nosso puacuteblico pois
acreditamos que eacute possiacutevel ensinar-aprender brincando divertindo-se motivando Eacute
necessaacuterio deixar as crianccedilas e adolescentes serem o que satildeo
Por outro lado observamos que durante estas praacuteticas os alunos puderam desenvolver
raciociacutenios que ora se expressaram nos mapas mentais ora na verbalizaccedilatildeo destes saberes
Puderam tambeacutem construir sua identidade ao pensarem o seu cotidiano Como exemplo houve
a construccedilatildeo da maquete e mapas mentais sobre o Canal das Piabas (alunos do 4ordm ano) e os
alunos do 5ordm ano ao construiacuterem uma regionalizaccedilatildeo por meio do mapa da minha vida da
construccedilatildeo dos mapas mudos
As atividades promovidas buscaram atribuir sentido e coerecircncia aos assuntos
estudados nas aulas de Geografia Partimos da percepccedilatildeo habitual construindo uma anaacutelise
geograacutefica com os alunos ao propor o ato de observar comparar sistematizar refletir
representar e ler o espaccedilo em diferentes escalas Essas praacuteticas confirmam parcialmente
nossa hipoacutetese inicial sobre a potencialidade do mapa mental enquanto recurso que possibilita
uma habilidade consciente do ato de mapear Verificamos que ao relacionar experiecircncias e
informaccedilotildees trazidas pelos alunos a maioria deles pocircde atribuir sentido as atividades
cotidianas no espaccedilo geograacutefico
Nesse sentido as noccedilotildees escolhidas percepccedilatildeo espacial o uso de toponiacutemias
localizaccedilatildeo e orientaccedilatildeo e escala geograacutefica puderam servir de paracircmetros para representaccedilatildeo
e avaliaccedilatildeo dos mapas mentais Apontamos algumas consideraccedilotildees importantes que
possivelmente podem colaborar com o uso dos esboccedilos cartograacuteficos nas salas de aula
198
Desenvolver praacuteticas com os mapas mentais em escalas locais assim como
regionais Observamos que ao mudar a escala geograacutefica os alunos podem apresentar
aptidotildees ou deacuteficits de aprendizagem Entre os exemplos estaacute o da percepccedilatildeo espacial
retratada nos mapas mentais dos alunos do 4ordm ano o Canal das Piabas em que os
alunos divergiam ao representar o espaccedilo em perspectivas laterais verticais e ou
obliacutequas O mesmo natildeo ocorreu necessariamente no desenvolvimento do segundo
mapa mental sobre as mesorregiotildees da Paraiacuteba
A alfabetizaccedilatildeo da liacutengua materna pode e deve utilizar-se dos conhecimentos das
mais diversas aacutereas da ciecircncia tais como no nosso contexto de pesquisa os
geograacuteficos e vice-versa Observamos que em alguns casos a hierarquizaccedilatildeo
sequencialidade (da direita agrave esquerda) eacute utilizada na escrita e transposta ao mapa
resultando em equiacutevocos como localizar o Sertatildeo vizinho ao Oceano Atlacircntico
Tambeacutem foi expresso nos mapas mentais o que nos leva a ressaltar a importacircncia da
leitura de imagens (desenhos mapas fotos etc) como uma forma de comunicaccedilatildeo
essencial para a leitura de mundo
Incentivar a participaccedilatildeo do aluno individualmente ou em grupo possibilitando
o diaacutelogo entre os estudantes Instigar a mediaccedilatildeo entre os alunos aleacutem do auxiacutelio do
professor Zona de Desenvolvimento Proximal para o Real (VIGOTSKI 1998)
Lembrar que a realizaccedilatildeo das atividades eacute mais importante que o proacuteprio
resultado Estes momentos de construccedilatildeo natildeo devem estar desassociados dos
argumentos trazidos pelos alunos de modo que a avaliaccedilatildeo das noccedilotildees conceituais e
habilidades devem estar em acordo com a proposta da aula
Retomar sempre que necessaacuterio o desenvolvimento das noccedilotildees ainda natildeo
compreendidas No 5ordm ano por exemplo ao observarmos que o aluno 43 havia
apresentado no ldquoMapa da minha vidardquo paiacuteses como Itaacutelia e Japatildeo buscamos por meio
da oficina produzir mapas mudos sobre as partidas ocorridas nos estaacutedios de futebol
brasileiro Diferenciamos a escala de cidade (onde foi realizado o jogo) regiatildeo (qual a
regiatildeo se encontra) nacional (qual paiacutes a minha seleccedilatildeo representa) e internacional
(quais as seleccedilotildees jogaram contra o Brasil Quais paiacuteses elas representam)
Entendemos que a escola deva formar o sujeito para o mercado de trabalho
sonho de muitos alunos entrevistados mas tambeacutem favorecer e esclarecer a
importacircncia desses conhecimentos para o presente Os estudantes devem utilizar
199
cotidianamente os saberes aprendidos para estimular sua memoacuteria de longa duraccedilatildeo
aleacutem de motivaacute-los a busca de novos conhecimentos
Natildeo se pretende com esta dissertaccedilatildeo apresentar receitas prontas mas estimular
outras pesquisas acadecircmicas e praacuteticas escolares Para os estudantes e professores de
Geografia ressaltamos que estas praacuteticas natildeo se restringem aos anos iniciais do Ensino
Fundamental O que nos leva acreditar sobre a importacircncia de uma sistematizaccedilatildeo destes
saberes para a formaccedilatildeo universitaacuteria de professores de Geografia e Pedagogia
Convidamos tambeacutem o professor e sua equipe pedagoacutegica para uma reflexatildeo sobre os
objetivos conteuacutedos e metodologias pertinentes aos anos iniciais do Ensino Fundamental
Desse modo nenhuma das propostas apresentadas estaacute fechada acabada Acreditamos na
experiecircncia autonomia e criatividade dos docentes para dar novos contornos agraves sugestotildees
escritas possibilitando abrir novos caminhos para utilizaccedilatildeo dos mapas mentais nas escolas
200
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207
APEcircNDICES
208
APEcircNDICE I - JORNAL DE PESQUISA
ATIVIDADES ANTERIORES AO PROJETO DE PESQUISA
Dias 17 de setembro de 2014
Primeira visita a Escola Municipal Luacutecia de Faacutetima Gayoso Meira ndash solicitaccedilatildeo da
pesquisa de campo Vou ateacute a escola pelo periacuteodo da manhatilde conversar com a gestora escolar
Rosacircngela79 Ao entrar sou reconhecido pelo porteiro da escola em decorrecircncia da pesquisa-
piloto realizada com os alunos do 5ordm ano em 2013 Apoacutes uma raacutepida conversa ele me informa
que a gestora encontra-se na sua sala
Sigo ateacute a diretoria e apoacutes aguardar alguns minutos sou atendido Entrego e apresento
a gestora a proposta do projeto de dissertaccedilatildeo e pergunto sobre a disponibilidade da sua
execuccedilatildeo da pesquisa nas turmas de 4ordm e 5ordm ano A gestora me pede que retorne amanhatilde agrave
tarde visto que o horaacuterios de aulas das turmas de 4ordm e 5ordm ano satildeo no periacuteodo vespertino e
explica que necessita conversar com as professoras sobre o assunto
Dia 18 de setembro de 2014
Retorno a escola agora no periacuteodo da tarde a gestora jaacute me aguardava Me relata que
as professoras gostariam que explicasse o projeto para elas me pedindo para aguarda-las na
sala dos professores ateacute o horaacuterio do recreio
Chegado o horaacuterio do intervalo as professoras se dirigem ateacute o local onde eu as
aguardava Sou apresentado a professora Marta do 4ordm ano jaacute a professora Beatriz80 havia
conhecido no ano anterior em decorrecircncia da pesquisa piloto que havia realizado em sua
turma de 5ordm ano
Apresentei e entreguei o projeto para as docentes demonstrei algumas pesquisas-
pilotos realizadas anteriormente Ao iniciarmos a conversa a professora Beatriz relatou alguns
pontos positivos da proposta com os mapas mentais com a sua turma do ano passado Ambas
as professoras estavam preocupadas com o calendaacuterio escolar e perguntaram se poderiacuteamos
relacionar os mapas mentais com os temas a serem trabalhados na disciplina durante o 4ordm
bimestre Aceitei os termos das professoras e elas se prontificaram a auxiliar no
79 Nome fictiacutecio que adotamos para a gestora escolar 80 O nome atribuiacutedo as professoras satildeo fictiacutecios com a intenccedilatildeo de preservar sua identidade
209
desenvolvimento do planejamento das aulas Combinamos de realizar a delimitaccedilatildeo desse
planejamento no dia 26 de setembro
Dia 26 de setembro de 2014
Neste dia retorno a escola para conversar com as professoras inicialmente vou ateacute a
sala da professora Marta ela havia passado uma atividade para a sua turma e todos estavam
concentrados em sua liccedilatildeo Fui apresentado a turma e alguns estudantes me reconheceram
dizendo que jaacute haviam me visto pela nos corredores da escola
Conversei com a professora Marta durante meia hora ela me apresentou os conteuacutedos
a serem ministrados no 4ordm bimestre se trata da temaacutetica Paraiacuteba Ela me entregou duas folhas
havia nelas uma descriccedilatildeo geneacuterica do estado mais tarde em casa apoacutes uma pesquisa na
internet comprovei que se tratava de uma descriccedilatildeo retirada do site do Wikipeacutedia Perguntei a
professora se poderiacuteamos utilizar outras fontes de informaccedilatildeo como atlas escolares mapas
murais entre outros ela mencionou que haviam atlas na escola e se fosse necessaacuterio poderia
ser disponibilizados nas aulas
Em seguida fui a sala da professora Beatriz ela tambeacutem havia passado uma atividade
para os estudantes (que pareciam agitados) alguns jaacute se retiravam-se da sala e dirigiam-se ao
recreio em decorrecircncia do horaacuterio Durante o intervalo ela me explicou o que havia ministrado
durante o 1ordm ao 3ordm bimestre apresentou um mapa das Ameacutericas (mapa Ameacuterica colonizaccedilatildeo
europeia do seacuteculo XVII para ser mais exato disponibilizado no livro didaacutetico usado na
disciplina de Geografia) explicando que se tratava do mapa mundo Fiquei um pouco
pensativo seraacute que a professora natildeo sabe distinguir a relaccedilatildeo de escala Ela acrescenta que
natildeo segue a ordem do livro didaacutetico ensinando os assuntos que lhe parecem mais
apropriados
Prossegui a conversa e perguntei quais os uacuteltimos assuntos haviam sido tratados ela
responde que o processo de regionalizaccedilatildeo e as regiotildees do Brasil com ecircnfase no Norte e
Nordeste Explica que alguns alunos haviam tido certa dificuldade perguntei se poderia
resgatar alguns assuntos jaacute estudados ela responde que sim
No intervalo combino com as professoras o dia das aulas trocamos contatos de
telefone e e-mail dessa forma finalizamos e organizamos as aulas realizadas nas turmas do 4ordm
e 5ordm ano
TURMA DO 4ordm ANO
210
Dia 14 de outubro de 2014
A pesquisa realizada com os 21 alunos e a professora Marta na Escola Municipal
Luacutecia de Faacutetima Gayoso Meira iniciou-se nesta tarde de primavera Apoacutes o retorno do feriado
do dia das crianccedilas dos 150 anos de emancipaccedilatildeo da cidade de Campina Grande - PB e de
anteceder os festejos do dia do professor as aulas retornam prosseguindo o curriacuteculo escolar
habitual
A temaacutetica geral discutida com os alunos do 4ordm ano foi ldquoGeografia da Paraiacuteba um
estudo atraveacutes da produccedilatildeo e leitura de mapas mentaisrdquo Conversei com os alunos sobre a
importacircncia dos mapas em seu cotidiano se jaacute haviam usado este recurso dentro e fora da
escola quais assuntos os mapas tratavam recebi respostas como ldquoos continentesrdquo ldquoos
paiacutesesrdquo ldquoos bairrosrdquo ldquoos estados e capitaisrdquo entre outras Tentei relacionar a outros temas
como os mapas da previsatildeo do tempo apresentados no programas de TV
Nossa discussatildeo se baseou posteriormente na seguinte pergunta - Algueacutem sabe como
eacute realizado os mapas A turma indicou diferentes procedimentos o aluno 17 ressaltou - ldquoeacute
realizado a partir de uma visatildeo de cimardquo o aluno 11 por sua vez respondeu - ldquocom papel e
laacutepisrdquo entre outras respostas
Para conquistar os alunos e sua participaccedilatildeo nas aulas de Geografia propomos uma
representaccedilatildeo da sala de aula ressaltando algumas caracteriacutesticas dos mapas existentes Entre
os elementos destacados estava a lateralidade e distribuiccedilatildeo espacial dos moacuteveis na sala
Prestativos os alunos observavam com atenccedilatildeo as explicaccedilotildees dadas relacionando o espaccedilo
real da sala de aula com seu croqui Os estudantes eram agitados mas realizavam a atividade
com acircnimo
Iniciamos a atividade observando a sala de aula destacando o seu espaccedilo e os moacuteveis
presentes (carteiras mesa da professora estantes janelas e porta) Apoacutes listar os moacuteveis no
quadro alguns alunos foram chamados para mediar a dimensatildeo da sala a partir de passos
Relacionamos agrave quantidade de passos destes alunos a quantidade de quadrados presente na
folha de papel quadriculado entregue aos discentes Localizamos o lugar de cada aluno em
sala de aula aleacutem disso expliquei a importacircncia da escala geograacutefica e o motivo dos laacutepis e
livros natildeo fazerem parte desta representaccedilatildeo em consequecircncia dessa reduccedilatildeo
A professora regente jaacute havia usado mapas para discutir o tema sobre a cidade de
Campina Grande ndash PB isto facilitou consequentemente a construccedilatildeo destes croquis pelos
alunos A maioria dos estudantes apresentaram dificuldades com a identificaccedilatildeo de espaccedilos
211
em grande escala em alguns casos natildeo distinguiam a relaccedilatildeo de identidade (campinense
paraibano nordestino brasileiro) ou confundiam as escalas geograacuteficas
Partindo desta atividade realizamos uma atividade com o mapa mudo da regiatildeo
Nordeste do Brasil Este exerciacutecio tinha como objetivo revisar os assuntos jaacute trabalhados pela
professora Marta O mapa mudo foi utilizado enquanto recurso de avaliaccedilatildeo Observamos que
de iniacutecio os alunos tiveram ecircxito na distinccedilatildeo dos estados da regiatildeo Nordeste entretanto
houve dificuldades no que se refere a localizaccedilatildeo de alguns estados a exemplo do Piauiacute e
Pernambuco O que necessitaria de mais tempo para a discussatildeo deste trabalho A aula chega
ao fim e os alunos se preparam para ir para casa
Dia 21 de outubro de 2014
Esta aula foi iniciada com o teacutermino da atividade do dia 14 de outubro Os alunos por
meio de mapa mudo sobre a regiatildeo Nordeste do Brasil jaacute haviam identificado os estados e
capitais Aleacutem disso localizado a Regiatildeo Nordeste no mapa do Brasil apresentado na mesma
folha Neste momento os alunos foram questionados a respeito da localizaccedilatildeo das regiotildees
brasileiras
Durante a explicaccedilatildeo associei os pontos cardeais (Norte Sul Leste e Oeste) as regiotildees
brasileiras Os alunos aparentemente tinham noccedilotildees sobre o assunto Busquei apresentar para
os alunos que a orientaccedilatildeo por meio da rosa dos ventos possibilita evitar confusotildees como a
tomada de posiccedilatildeo do observador no que se refere agrave localizaccedilatildeo dos objetos representados e
que o uso de noccedilotildees espaciais como frente atraacutes direita e esquerda pode confundir a leitura
do mapa visto que satildeo paracircmetros relativos
As explicaccedilotildees durante o processo de localizaccedilatildeo foram trabalhadas por meio do uso
de um mapa mural da regiatildeo Nordeste do Brasil Para a visualizaccedilatildeo e acompanhamento das
minhas explicaccedilotildees logo apoacutes recolhi o mapa mural para continuaccedilatildeo da atividade
Os alunos pintavam os estados em seu mapa e atribuiacuteam a mesma cor na legenda do
mapa mudo eles ficaram livres para escolher as cores desde que natildeo distinguissem na relaccedilatildeo
estado-legenda No decorrer da atividade fui questionado sobre o uso de cores semelhantes
visto que os alunos haviam percebido isso no mapa mural Expliquei que embora o mapa
apresenta-se cores semelhantes a exemplo do roxo a tonalidade era diferente permitindo
diferenciar estados como o Piauiacute Sergipe e Alagoas
212
Atraveacutes desta duacutevida que pouco a pouco se tornava comum entre os discentes
expliquei que havia outras maneiras de diferenciar os estados pintados a teacutecnica de hachura81
era uma delas Alguns estudantes chegaram a traccedilar riscos em alguns estados em sentido
vertical ou horizontal destacando as informaccedilotildees equivalentes na legenda
Apoacutes a introduccedilatildeo destes princiacutepios baacutesicos da realizaccedilatildeo e leitura dos mapas
discutiacuteamos paralelamente o posicionamento da Paraiacuteba com os estados vizinhos comparando
o tamanho do territoacuterio a localizaccedilatildeo das praias populaccedilatildeo de alguns estados o que
possibilitaria a conexatildeo para o proacuteximo assunto
04 de Novembro de 2014
Iniciamos a terceira aula com uma introduccedilatildeo sobre o Estado da Paraiacuteba ressaltamos
algumas curiosidades sobre os aspectos fiacutesicos poliacuteticos e culturais Os alunos foram
indagados sobre os municiacutepios que jaacute conheciam desse modo relacionamos as mesorregiotildees
da Paraiacuteba que jaacute haviam visitado
Neste dia comeccedilamos a aula apoacutes a chamada realizada pela professora regente Apoacutes
alguns instantes pergunto aos alunos conceitos que haviacuteamos discutido na aula anterior e se
por ventura sabiam explicaacute-los Apoacutes realizar algumas consideraccedilotildees sobre os assuntos jaacute
abordados os alunos mostravam-se atentos
Durante as explicaccedilotildees realizava alguns desenhos no quadro o que consequentemente
chamava a atenccedilatildeo dos alunos No instante que escrevia no quadro branco algumas
explicaccedilotildees e noccedilotildees conceituais sobre as mesorregiotildees (Mata paraibana Borborema Agreste
paraibano e Sertatildeo paraibano) percebi que ato natildeo agradou a turma Este fato pode estar
relacionado ao uso excessivo do quadro pela professora Marta visto que segundos os alunos
a coacutepia era uma accedilatildeo comum nas aulas Apesar disso resolvi relacionar a escrita com a
produccedilatildeo de alguns desenhos o que despertou o interesse da maioria dos alunos Mais tarde
no horaacuterio do recreio a professora Marta relata - ldquoAh os alunos gostam quando tecircm uma
aula diferenterdquo
Aleacutem disso utilizamos o atlas escolar da Paraiacuteba os alunos foram chamados a localizar
as mesorregiotildees estudadas aleacutem de estudar sua orientaccedilatildeo espacial Mediante a associaccedilatildeo da
rosa dos ventos a maioria dos alunos conseguiu realizar a leitura dos mapas identificando a
mesorregiatildeo tratada e sua localizaccedilatildeo conseguindo aleacutem disso indicar as direccedilotildees de uma
em relaccedilatildeo a outra (ex Mata paraibana a leste do Agreste paraibano)
81 Eacute uma teacutecnica utilizada para criar efeitos de tons ou sombras a partir do desenho de linhas paralelas proacutexima eacute
usado comumente em mapas existentes para diferenciar as informaccedilotildees
213
Dadas agraves explicaccedilotildees partimos para a elaboraccedilatildeo de um novo mapa mudo desta vez
referente as mesorregiotildees da Paraiacuteba Os alunos realizaram a atividade destacando a
orientaccedilatildeo espacial por meio da rosa dos ventos destacaram o nome dos estados vizinhos (Rio
Grande do Norte Pernambuco e Cearaacute) aleacutem do Oceano Atlacircntico desenvolveram a legenda
e nomearam seus mapas com um tiacutetulo
Os alunos natildeo se utilizaram de modelos para realizaccedilatildeo dessa atividade entretanto
auxiliava-os sempre que necessaacuterio outros natildeo queriam auxiacutelio alguns pretendiam apenas
terminar a atividade contando os minutos de voltar para casa
No final da aula entregamos a cada um dos estudantes um mapa de localizaccedilatildeo da
Paraiacuteba com destaque as principais rodovias e rios da Paraiacuteba82 pedi aos alunos que colassem
esse material no caderno e que procurassem nele os principais rios da paraiacuteba visto que seria
o tema da proacutexima aula
10 de Novembro de 2014
Ao avaliarmos os mapas mudos produzidos pelos alunos na aula anterior notamos que
alguns confundiram os estado do Rio Grande do Norte com o Cearaacute outros por sua vez
esqueceram de indicar os pontos cardeais dessa forma devolvemos os mapas mudos das
mesorregiotildees da Paraiacuteba e auxiliamos a correccedilatildeo destas informaccedilotildees
Eventualmente realizamos as aulas na terccedila-feira mas por ventura de outras
atividades da escola alteramos para a segunda-feira Diante disso o nuacutemero de alunos que
participaram desta aula foi reduzido aleacutem disso outros participavam de atividades
extracurriculares realizada na escola trecircs alunas se ausentaram da sala
A terceira aula discutiu a influecircncia dos rios na vida da populaccedilatildeo paraibana e as
modificaccedilotildees espaciais Recorremos ao mapa entregue na aula anterior e expliquei a
influecircncia dos rios e o trabalho humano na transformaccedilatildeo da paisagem urbana e rural
Destacamos ainda a presenccedila dos dois principais rios da Paraiacuteba o Piranhas ou Accedilu e o Rio
Paraiacuteba o qual alimenta o Accedilude Epitaacutecio Pessoa (tambeacutem conhecido como accedilude de
Boqueiratildeo) localizado no municiacutepio de Boqueiratildeo O accedilude de Boqueiratildeo chamou a atenccedilatildeo
dos alunos visto que eacute de laacute que proveacutem o abastecimento de aacutegua em Campina Grande
Diante dessa dinacircmica realizamos a leitura de um texto que se referia ao Canal Riacho
das Piabas que fica a oeste da escola na Avenida Januacutencio Ferreira Foi oportuno relacionar
82 O mapa entregue aos alunos corresponde a uma representaccedilatildeo da Paraiacuteba indicada a alunos entre 7 a 12 anos
de idade disponiacutevel no site do IBGE lt http7a12ibgegovbrimages7a12estadosparaibapdf gt Acesso em
111114
214
uma accedilatildeo que outrora parecia abstrata imaginaria ao cotidiano dos alunos Muitos estudantes
natildeo sabiam que o canal que passava ao lado da escola era na verdade um curso drsquoaacutegua
enxergavam o canal das Piabas como um coacuterrego de esgoto Outros estudantes achavam
impossiacutevel haver rios dentro da cidade admitiam apenas a presenccedila de accediludes visto que entre
os cartotildees postais da cidade de Campina Grande estaacute o Accedilude Velho primeira fonte de
abastecimento da cidade
Apresentei fotos antigas da cidade e outras atuais que apresentavam o riacho das
Piabas questionei os alunos sobre a importacircncia do uso da aacutegua em seu cotidiano eles
responderam que usavam a aacutegua para o uso domeacutestico (lavar louccedila tomar banho preparar a
alimentaccedilatildeo etc) Mencionei que a aacutegua de riachos rios e accediludes poderiam ser utilizada para
a agricultura induacutestria e pecuaacuteria
Estudamos tambeacutem a importacircncia da preservaccedilatildeo das encostas dos percursos de aacutegua
dando exemplos reais de aacutereas de riscos em bairros proacuteximos a escola como a Conceiccedilatildeo e
Louzeiro explicando a influecircncia do solo e dos periacuteodos de cheia do riacho das Piabas em
determinadas estaccedilotildees do ano
Foi motivador o uso deste exemplo Quando falaacutevamos da comunidade da Rosa
Miacutestica e de algumas enchentes que jaacute haviam acontecido neste momento o aluno 12 se
levanta e fala - ldquoProfessor eacute o BG natildeo eacute Logo a professora Marta responde - ldquoO que eacute BG
meninordquo Aluno 12 - ldquoSabe natildeo professora Buraco da Gia professorardquo Achei cocircmica a
situaccedilatildeo adverti o aluno que a sigla seria BJ pois Jia se escrevia com a letra ldquoJrdquo e natildeo com
ldquoGrdquo Expliquei tambeacutem os motivos que levaram a mudanccedila de nome para Rosa Miacutestica Notei
que muitos alunos tinham preconceitos relacionados a este lugar estereoacutetipos como um lugar
violento desorganizado favelado entre outros Diante disso fiz algumas ressalvas sobre as
condiccedilotildees sociais do lugar Deste modo finaliza-se mais uma aula
26 de Novembro de 2014
Iniciamos a aula retomando a discussatildeo sobre o texto do Canal das Piabas dessa vez
havia um nuacutemero maior de alunos Apoacutes lermos o texto pedi que os estudantes grifassem as
palavras desconhecidas Entre as duacutevidas estava o conceito de riacho rio cachoeira e canal
Identifiquei e exemplifiquei cada um dos conceitos lembrando a diferenccedila entre os rios
(Paraiacuteba e Piranhas) ou o canal riacho das Piabas pedi tambeacutem que os alunos registrassem as
observaccedilotildees em seus cadernos
Expliquei aos alunos que a nossa atividade consistiria em uma representaccedilatildeo do trajeto
do canal das Piabas ateacute o Accedilude Velho mas que para isso deveriacuteamos inicialmente destacar
215
os principais referenciais geograacuteficos destacados no texto para localizarmos na maquete que
seria construiacuteda
Os estudantes atenderam todas as orientaccedilotildees Analisamos inicialmente o mapa mural
da cidade de Campina Grande que foi colocado em cima da mesa Localizamos os pontos de
referecircncia e realizamos a delimitaccedilatildeo da escala geograacutefica que utilizariacuteamos Em seguida
expomos o mapa mural na parede da sala de aula e distribui imagens de sateacutelite e mapas que
apresentavam o recorte espacial de nosso objeto de estudo Organizei os alunos em
subequipes que auxiliaram na montagem da maquete mental
Enquanto uns traccedilavam as ruas outros escreviam o nome dos bairros ou realizavam
alguma pinturas destacando aacutereas de mata ou a rede hidrograacutefica Com o termino desta etapa
coloquei as peccedilas do jogo ldquobrincando de engenheirordquo em cima da mesa todos se animaram
com a possibilidade de ldquocolocar as casinhasrdquo no lugar Pedi que olhassem mais uma vez para
as imagens de sateacutelite e contassem sobre o que percebiam da paisagem dos bairros sobre a
presenccedila de aacutereas mais verticalizadas (preacutedios) e mais horizontalizadas (casas e pequenos
comeacutercios como bodegas bares pequenos mercados) Distribuiacuteram tambeacutem carros de
brinquedo pelo trajeto simulando o tracircnsito da cidade
Aos poucos os alunos foram montando as casas disseram que no Accedilude Velho haveria
mais preacutedios e nos bairros mais perifeacutericos a presenccedila marcante seria de casas Logo apoacutes
pedi que colocassem alguns discos de orientaccedilatildeo com a rosa dos ventos Alguns confundiram-
se na orientaccedilatildeo espacial os lembrei que a nascente do Canal das Piabas situava-se ao norte
Quando terminamos esta fase pedi que os alunos comparassem o mapa mural as
imagens de sateacutelite e a maquete mental eles notaram diferenccedilas na presenccedila dos objetos como
os carros (relatei que geralmente os carros natildeo fazia parte das representaccedilotildees dos mapas em
decorrecircncia de serem elementos moveis no espaccedilo tal como as pessoas dificultando traccedilar sua
localizaccedilatildeo exata) Notaram em poucos casos a mudanccedila de perspectiva (lateral horizontal e
obliacutequa) entre os mapas e a maquete mental Em sequecircncia pedi que fosse realizado um mapa
mental individualmente e que para isso poderiam consultar a maquete mental Proacuteximo ao
final da aula realizei uma legenda para o mapa e expomos a atividade na parede expliquei que
a maquete seria agora um mapa mural realizado pela turma do 4ordm ano
10 de Dezembro de 2014
Neste meio tempo a professora pediu que desenvolvesse uma proposta para a
sua avaliaccedilatildeo final de Geografia entreguei a proposta da construccedilatildeo de um mapa mental que
apresentasse os principais rios do Estado da Paraiacuteba rio Piranhas e Paraiacuteba Neste dia foi
216
realizado entrevistas com os alunos do 4ordm ano Na ocasiatildeo foi entregue o questionaacuterio de
perguntas sobre o projeto e tambeacutem o termo de consentimento como sujeito da pesquisa para
a professora Marta
TURMA DO 5ordm ANO
09 de Outubro de 2014
A pesquisa realizada com alunos e a professora Beatriz do 5ordm ano eacute iniciada na semana
do dia das crianccedilas amanhatilde aconteceraacute um festejo com recitais danccedilas e cinema na escola
De todo forma as aulas prosseguem normalmente o que possibilitou o iniacutecio da pesquisa que
tecircm como temaacutetica ldquoSaberes cartograacuteficos discutindo a regionalizaccedilatildeo brasileirardquo
Comecei a aula perguntando quais eram os recursos cartograacuteficos conhecido pelos
alunos eles responderam os mapas o globo terrestre e a buacutessola Apresentei diferentes
mapas murais e mostrei que eles poderiam variar em decorrecircncia do seu tema (mapa do Brasil
poliacutetico ou fiacutesico) ou de sua escala (Mapa mundo mapa do continente americano) Os
estudantes apontavam as informaccedilotildees encontradas geralmente nestes mapas como o nome e
localizaccedilatildeo dos oceanos continentes paiacuteses etc Participativos ateacute mesmo os mais tiacutemidos
verbalizaram o assunto quando questionados
A professora Beatriz auxiliou e colaborou a todo o momento com as explicaccedilotildees
realizadas em sala de aula Recordamos assuntos ministrados pela professora regente como a
relaccedilatildeo da orientaccedilatildeo espacial e o movimento de rotaccedilatildeo do planeta Terra As observaccedilotildees
eram apresentadas mediante o uso de um globo terrestre e registradas no quadro branco os
alunos foram solicitados a anotarem em seus cadernos
Apresentamos alguns atlas escolares que apresentavam introduccedilotildees sobre o uso da
rosa dos ventos da importacircncia da legenda Os alunos pareciam aacutegeis na localizaccedilatildeo e leitura
das informaccedilotildees presentes no mapa mundo Em decorrecircncia das festividades da semana
tivemos que terminar a aula antes do horaacuterio normal mas informei aos alunos que na proacutexima
aula realizariacuteamos algumas atividades relacionadas as aulas de Geografia os alunos
demonstraram-se felizes
Dia 15 de outubro de 2014 - Dia dos professores
A escola adiou o feriado do dia dos professores contudo a professora Beatriz havia
marcado uma consulta ao meacutedico neste dia ela estava preocupada em adiar as atividades do
217
projeto em decorrecircncia da entrega do preacutedio (escola) agrave justiccedila eleitoral em decorrecircncia das
eleiccedilotildees deste ano Apoacutes conversarmos com a diretora tive a permissatildeo de substitui-la e
prosseguir com a execuccedilatildeo do projeto
Ao entrar na classe os alunos estavam realmente contentes e jaacute sabiam que a
professora natildeo viria neste dia Muitos queriam aproveitar a ocasiatildeo para fazer bagunccedila
entretanto com a permissatildeo da coordenadora pedagoacutegica e da diretora Rosacircngela pude
chamar atenccedilatildeo dos alunos o que foi necessaacuterio em alguns casos
A professora regente jaacute havia trabalhado os assuntos referentes ao processo de
regionalizaccedilatildeo e as regiotildees do Brasil (Norte e Nordeste) entretanto ao trabalhar o mapa
mudo das regiotildees brasileiras (mapa mudo) com os alunos observei que eles apresentavam
dificuldades para compreender a linguagem cartograacutefica e localizar as regiotildees Havia
entregado naquela ocasiatildeo uma lista com o nome dos Estados e capitais as respectivas siglas
e qual regiatildeo estes estados pertenciam
Notei que os alunos jaacute possuiacuteam informaccedilotildees baacutesicas sobre o tema ldquoO Brasil tecircm 26
estados e o Distrito Federalrdquo (Aluno 31) ldquoBrasiacutelia fica no Distrito Federal professorrdquo (Aluno
39) ldquoA gente mora na Paraiacutebardquo (Aluno 22) ldquoEu nasci em Satildeo Paulordquo (Aluno 46) etc
Entretanto apoacutes o iniacutecio da atividade a comoccedilatildeo foi geral ldquoprofessor essa tarefa eacute muito
difiacutecilrdquo Embora more na regiatildeo Nordeste e em sua maioria soubessem qual Estado
correspondiam agrave Paraiacuteba poucos apontavam os estados que faziam limite com este territoacuterio
Minha conclusatildeo foi que embora dominassem o nome dos lugares natildeo associavam o lugar agrave
regiatildeo pertencente por exemplo indicar que Piauiacute localiza-se no Nordeste ou que Satildeo Paulo
esteja a sudeste
Entendo que o processo de regionalizaccedilatildeo tecircm que ter algum significado sentido e
comeccedilo a perceber a importacircncia das ideias de Ausubel e Vigotski83 para o desenvolvimento
dessa missatildeo Talvez ao se utilizar pontos de ancoragem os estudantes possam resgatar e (re)
significar os conteuacutedos ministrados pela professora regente Os alunos jaacute dominavam com
certa astucia os estados da Regiatildeo Norte A professora jaacute havia ministrado este conteuacutedo nas
uacuteltimas aulas de Geografia Os alunos tecircm assim algumas noccedilotildees jaacute desenvolvidas mas esta
visatildeo geral dos estados a exemplo do Nordeste regiatildeo que habita deve ser reforccedilada por
outras propostas de atividades
Mediante estaacute dificuldade no final da tarde foi proposta a atividade de baleada
geograacutefica (semelhante ao jogo de queimado ou baleada tradicional) no paacutetio aberto da escola
83 Neste momento me refiro as ideias estudadas na seguinte obra bibliograacutefica BOCK Ana M B FURTADO
Odair TEIXEIRA Maria de L T Psicologias uma introduccedilatildeo ao estudo de psicologia 14ordf ed Satildeo Paulo
Saraiva 2008
218
Os alunos foram divididos em quatro grupos cada um correspondente a um ponto cardeal
(norte sul leste e oeste) Orientamos a localizaccedilatildeo dos grupos com o uso de um bussola
marcamos os pontos no chatildeo e iniciamos a brincadeira
Dava os comando da trajetoacuteria da bola indicando as direccedilotildees (ex grupo norte jogue a
bola no grupo oeste) Ao final da brincadeira observamos o pocircr do sol e entatildeo relacionamos
que a orientaccedilatildeo espacial poderia ser realizada a partir dele e que muitos lugares a exemplo
das regiotildees brasileiras referenciam esta orientaccedilatildeo espacial Mesmo apoacutes o uacuteltimo sinal alguns
alunos queriam continuar a brincadeira avisei que teriacuteamos que terminar pois a escola seria
fechada e alguns pais jaacute estavam a sua espera
05 de Novembro de 2014
A proposta da aula foi agrave realizaccedilatildeo dos mapas mentais levando considerando os
conhecimentos sobre regiatildeo e regionalizaccedilatildeo do Brasil Os alunos foram instruiacutedos a respeito
de quais informaccedilotildees deveriam relacionar ao mapa construiacutedo Com base em uma ficha sobre
informaccedilotildees sobre sua identidade (filiaccedilatildeo cidade natal entre outros) os alunos foram
chamados a representar o Brasil levantando questotildees como o nome dos estados e capitais
quando sabido a orientaccedilatildeo espacial e o uso da legenda
A atividade levava em conta a mobilizaccedilatildeo das habilidades voltadas a construccedilatildeo de
mapas das aulas anteriores por exemplo a dimensatildeo espacial dos estados o uso da legenda
como elemento agregador de significado e a importacircncia da orientaccedilatildeo espacial Todas as
etapas foram escritas no quadro Para os alunos que permaneciam com duacutevidas dava
orientaccedilotildees individuais tambeacutem acompanhei a confecccedilatildeo dos esboccedilos
Foi explicado aos alunos que neste momento eles deveriam realizar a atividade sem
nenhuma consulta disseram que natildeo seria possiacutevel desse modo concordamos que eles
poderiam utilizar apenas a lista de estados e capitais entregue na aula anterior
Inicialmente os alunos mostraram-se preocupados com a esteacutetica do mapa se iria
aproximar-se ou natildeo dos mapas existentes Expliquei que isto natildeo era o objetivo da
atividade mas demonstrar seus conhecimentos sobre a regionalizaccedilatildeo brasileira Frases como
ldquoNatildeo tocirc entendendo nadardquo (Aluno 24) ldquoNatildeo sei desenharrdquo (Aluno 27) ldquoNatildeo vou fazer isso
natildeordquo (Aluno 22) estiveram no processo do desenvolvimento do trabalho mas no final e com
um pouco de paciecircncia todos finalizaram seus mapas mentais
Outros estudantes procuravam aleacutem de representar verbalizar seus conhecimentos
acerca do mapa elaborado Os grupos se formavam voluntariamente os alunos discutiam
219
buscavam estrateacutegias em alguns casos chegavam a procurar os mapas desenvolvidos nas
aulas anteriores mesmo com o aviso de natildeo utilizaacute-los nestes casos pedi que o guardassem
Observavam e comparavam os seus mapas e se questionavam quem estaria mais
certo Houve o meu auxiacutelio e da professora Beatriz na confecccedilatildeo das representaccedilotildees o que
motivou o desenvolvimento da atividade em alguns casos
13 de Novembro de 2014
Alguns problemas foram observados mediante a anaacutelise dos mapas mentais Na ficha
entregue aos alunos para o desenvolvimento dos mapas mentais e na representaccedilatildeo do aluno
43 houve a confusatildeo entre o que seria os estados brasileiros e outros paiacuteses (Itaacutelia Japatildeo
Meacutexico entre outros) Alguns discentes pareciam se atrapalhar na referecircncia a escalas
geograacuteficas que variam do lugar ao contexto mundial
Como estrateacutegia para discutir esta questatildeo recorri a algo que acreditei que agradaria a
todos a realizaccedilatildeo da copa do mundo no Brasil Passando a distinguir o que eacute paiacutes estado e
Distrito Federal por meio dos estaacutedios e arenas dos jogos e as seleccedilotildees que participaram deste
evento
A atividade do dia apresentou dois esboccedilos cartograacuteficos O primeiro apresentava os
estaacutedios e arenas de futebol e a outra a localizaccedilatildeo das capitais brasileiras onde ocorreram as
partidas Comparamos e relacionamos este material com o objetivo de compreender a
distribuiccedilatildeo espacial dos estaacutedios a partir da anaacutelise regional dando enfoque agrave regiatildeo
Nordeste e Centro-Oeste
Expliquei aos alunos que era necessaacuterio distinguir as escalas geograacuteficas entatildeo
estruturamos da seguinte forma Onde se localiza os estaacutedios e arenas de futebol Nas
capitais cidades brasileiras Quais satildeo os estaacutedios encontrados na regiatildeo Nordeste e Centro-
Oeste Para qual seleccedilatildeo eles torceram durante a copa do mundo Quem jogou contra a
seleccedilatildeo brasileira e que paiacuteses eles representavam
Apoacutes esta atividade os alunos expressaram sua compreensatildeo da atividade com o mapa
mudo produzido sobre os estaacutedios arena que gostariam de visitar Os meninos apresentaram-
se mais motivados para a realizaccedilatildeo da atividade do que as meninas Uma das orientaccedilotildees era
que fosse escolhido apenas lugares relativos a regiatildeo Nordeste e Centro-Oeste A medida que
os alunos realizavam a leitura dos mapas existentes comparavam e traccedilavam o seu mapa
falando que um dia assistiria uma partida de futebol em algum desses campos
Mediante essa ponte introduzimos algumas consideraccedilotildees sobre a regiatildeo Centro-
Oeste principalmente dos biomas Cerrado e Pantanal em decorrecircncia da programaccedilatildeo
220
curricular e da cobranccedila da professora em ministrar tais conteuacutedo Para esta tarefa utilizamos
o livro didaacutetico fotografias aleacutem de um dos textos da atividade da copa do mundo realizar
esta ponte para discussatildeo
Aos poucos os alunos mostravam-se mais interessados pela temaacutetica o aluno 31 chega
a fazer o seguinte comentaacuterio - ldquoprofessor o pantanal parece um pacircntanordquo Sabiacuteamos que os
alunos nunca haviam visitado a regiatildeo Centro-Oeste em decorrecircncia do mapa da minha vida
realizado na aula anterior dessa forma tentamos realizar estas pontes entre os assuntos
24 de Novembro de 2014
Neste dia realizamos mais algumas consideraccedilotildees sobre o bioma pantanal e cerrado
explicando que eles assim como a caatinga (bioma nordestino) tem suas caracteriacutesticas e
problemas ambientais Em muitos casos em decorrecircncia da accedilatildeo do homem como a
agropecuaacuteria extensiva o uso de agrotoacutexicos poluiccedilatildeo de rios e nascentes caccedila predatoacuteria
entre outros
Os alunos contavam casos semelhantes presenciados em visita a familiares a outros
municiacutepios mais interioranos como o sertatildeo paraibano Eles contavam que seus tios ou avoacutes
natildeo usavam agrotoacutexicos em outros casos relatavam que o gado ficava dentro do cercado
Deste modo iniciamos a proposta relacionada ao mapa da regiatildeo Centro-Oeste os
alunos forma divididos em grupos eles escolheram as equipes mas em alguns casos sugeri os
integrantes do grupo com a finalidade de equilibrar os saberes de cada integrante
Durante o desenvolvimento da proposta foi permitido aos alunos realizarem pesquisas
ao livro didaacutetico84 Natildeo haviam mapas semelhantes a propostas dos mapas mentais pedidos
expliquei aos discentes que os mapas apresentados no livro didaacutetico poderiam servir como
modelo mas natildeo havia mapas prontos com a mesma temaacutetica
Mesmo com o referencial notei que alguns alunos tinham dificuldades em realizar
pesquisas selecionar as informaccedilotildees mais importantes e contextualiza-la com o objetivo da
aula Aleacutem disso muitos alunos me procuravam assim como a professora Beatriz para
esclarecer duacutevidas em certos casos desnecessaacuterias como com que cor pintar o estado de
Goiaacutes
Aos poucos senti que a turma ficava mais autocircnoma nas tomadas de decisotildees Em
alguns casos notei que as dificuldades se situavam natildeo na compreensatildeo dos temas estudados
na Geografia e sim a outras disciplinas escolares Observei que muitos estudantes tinham
84 Referecircncia do livro didaacutetico utilizado na escola MESTSU Juliana Projeto Buriti geografia 5ordm ano Satildeo
Paulo Moderna 2011
221
dificuldades na leitura e principalmente na interpretaccedilatildeo de textos No final da aula recolhi os
trabalhos e expliquei que voltaria para realizar uma entrevista com eles na proacutexima semana
05 e 10 de Dezembro de 2014
Nestas datas foram realizado entrevistas com os alunos do 5ordm ano Na ocasiatildeo foi
entregue o questionaacuterio de perguntas sobre o projeto e tambeacutem o termo de consentimento
como sujeito da pesquisa para a professora Beatriz Deixei duas coacutepias do termo de
consentimento com a gestora escolar Rosacircngela
ATIVIDADES POSTERIORES AO PROJETO DE PESQUISA
16 e 22 de dezembro de 2014
Recolhi os questionaacuterios e termos de consentimento da professora Marta e Beatriz
agradeci a elas e seus alunos por sua participaccedilatildeo na pesquisa Ainda no dia 16 de dezembro
iniciei a entrevista com a gestora escolar Rosacircngela entretanto tive que retornar no dia 22 de
dezembro para finalizar a nossa conversa No dia 22 de dezembro finalizei a pesquisa recolhi
o termo de consentimento e agradeci sua participaccedilatildeo na pesquisa
222
APEcircNDICE II ndash QUESTIONAacuteRIO DE PERGUNTAS PARA PROFESSORES
Universidade Federal da Paraiacuteba ndash UFPB
Centro de Ciecircncias Exatas e da Natureza ndash CCEN
Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Geografia
ldquoMapas mentais para o ensino de Geografia praacuteticas e reflexotildees em uma escola de
Campina Grande ndash PBrdquo
QUESTIONAacuteRIO DE PERGUNTAS PARA PROFESSORES
A IDENTIFICACcedilAtildeO
Nome______________________________________________ idade ____________
B FORMACcedilAtildeO
1 Universidade curso (s) de graduaccedilatildeo e ano que se formou
___________________________________________________________________________
_________________________________________________________________
2 Especializaccedilatildeo (otildees) e ano
___________________________________________________________________________
_________________________________________________________________
3 Qual foram os temas do seu trabalho na graduaccedilatildeo (otildees) e especializaccedilatildeo (otildees)
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
____________________________________________________________
C EXPERIEcircNCIA PROFISSIONAL
4 Quais as seacuteries anos que jaacute lecionou Em que aacuterea
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
____________________________________________________________
5 Qual o tempo de experiecircncia profissional como professora
223
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
____________________________________________________________
6 Fez algum curso de formaccedilatildeo continuada voltada para o curso de Geografia
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
____________________________________________________________
D PRAacuteTICA PROFISSIONAL
7 Qual a maior dificuldade que vocecirc observa para o ensino-aprendizagem de Geografia para
os alunos dos anos iniciais do ensino Fundamental Explique
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
__________________________________________________
8 Como vocecirc organiza o trabalho e efetiva sua praacutetica em sala de aula
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
__________________________________________________
E SOBRE A EXECUCcedilAtildeO DA PESQUISA
9 Em sua opiniatildeo qual a importacircncia de se ensinar Geografia Explique
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
__________________________________________________
10 Observou alguma mudanccedila na aprendizagem dos alunos durante e apoacutes a realizaccedilatildeo da
oficina sobre mapas mentais Quais Explique
224
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
____________________________________________
11 Qual o ponto positivo destacaria da proposta desta pesquisa E negativos
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
__________________________________________________
12 Quais suas sugestotildees para melhorar o trabalho com mapas mentais metodologicamente e
ou teoricamente com os alunos dos anos iniciais
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
Obrigado por sua participaccedilatildeo nesta pesquisa
David Luiz
225
APEcircNDICE III ndash PRANCHA PARA MAPA MENTAL
Universidade Federal da Paraiacuteba
Centro de Ciecircncias Exatas e da Natureza
Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Geografia ndash mestrado
Pesquisador David Luiz
Escola Municipal Luacutecia de Faacutetima Gayoso Meira
Campina Grande data___________________________________
Disciplina Geografia Turma ___ ano
Prof _________________________________________________
Nome_______________________________________________________________________________ Idade______________________
226
APEcircNDICE IV ndash TEXTO CANAL DAS PIABAS
Universidade Federal da Paraiacuteba
Centro de Ciecircncias Exatas e da Natureza
Programa de Poacutes- graduaccedilatildeo em Geografia ndash mestrado
Pesquisador David Luiz
Escola Municipal Luacutecia de Faacutetima Gayoso Meira
Campina Grande data___________________________________
Disciplina Geografia Turma 4ordm ano
Prof _________________________________________________
Nome________________________________________________
PROJETO DE EDUCACcedilAtildeO AMBIENTAL ATRAVEacuteS DO
ESTUDO HISTOacuteRICO-GEOGRAacuteFICO E ECOLOacuteGICO
DA BACIA DO RIACHO DAS PIABAS (CANAL)
Campina Grande ndash Paraiacuteba
A presenccedila de aacutegua potaacutevel em quantidade
suficiente para as necessidades humanas
tem sido a grande preocupaccedilatildeo de ecologistas
teacutecnicos e educadores que se preocupam com a
educaccedilatildeo ambiental nesta fase final do seacuteculo XX
Aacute aacutegua eacute primordial para o homem para o
atendimento de suas necessidades vitais
(alimentaccedilatildeo bebida higiene e limpeza)
por isso devemos preocupar-nos com a
preservaccedilatildeo de cursos daacutegua bem como com
os aspectos qualidade e quantidade e despoluiccedilatildeo
O Riacho das Piabas tem sua nascente no siacutetio
Covatildeo eacute represado nas granjas do Dr Mauriacutecio
Almeida apoacutes as represas eacute totalmente poluiacutedo
por lixo detritos diversos e esgotos indo em
seguida para o Canal (Canal das Piabas)
Percebe-se com o fato observado que aacuteguas que
227
poderiam ser utilizadas por um grande nuacutemero
de pessoas satildeo simplesmente desperdiccediladas
Do ponto de vista histoacuterico o Riacho das Piabas
teve seu papel no atendimento agraves necessidades da
populaccedilatildeo em eacutepocas em que Campina Grande
era simplesmente povoado e pequena cidade
geograficamente
O riacho estaacute localizado na parte norte de
Campina Grande passando pelas granjas do Dr
Mauriacutecio Almeida tendo continuidade no Canal
que comeccedila entre o Alto Branco e a Rosa Miacutestica
passando pelo Ponto Cem Reacuteis e separando o
Centro do Alto Branco Santo Antonio e Joseacute
Pinheiro havendo uma bifurcaccedilatildeo que vai para
o Accedilude Velho e outra parte para o bairro da
Cachoeira
Fonte httpeducarscuspbrbiologiapb_camphtml
Orientaccedilotildees para realizaccedilatildeo do mapa mental
Desenhe um mapa considerando as informaccedilotildees
presentes no texto para isto sua representaccedilatildeo
deveraacute conter
1 Representar o curso do Canal Riacho das
Piabas do seu ponto inicial ateacute o ponto
final relatado no texto
2 Localizar os bairros e lugares (comeacutercio
serviccedilos escolas) em seu mapa
3 Localizar onde podemos encontrar as
pontes e acessos entre os bairros relatados
4 Orientar seu mapa atraveacutes do uso da rosa-
dos-ventos
5 Construir a legenda
228
APEcircNDICE V ndash MAPA MUDO DA REGIAtildeO NORDESTE Universidade Federal da Paraiacuteba
Centro de Ciecircncias Exatas e da Natureza
Programa de Poacutes- graduaccedilatildeo em Geografia ndash mestrado
Pesquisador David Luiz
Escola Municipal Luacutecia de Faacutetima Gayoso Meira
Campina Grande data___________________________________
Disciplina Geografia Turma 4ordm ano
Prof _________________________________________________
Nome________________________________________________
COR ESTADO SIGLA DO ESTADO
Alagoas AL
Bahia BA
Cearaacute CE
Maranhatildeo MA
Paraiacuteba PB
Pernambuco PE
Piauiacute PI
Rio Grande do Norte RN
Sergipe SE
Legenda
229
APEcircNDICE VI ndash MAPA MUDO DAS MESORREGIOtildeES DA PARAIacuteBA
Tiacutetulo_________________________________________________________________
__
Rosa dos ventos
Universidade Federal da Paraiacuteba
Centro de Ciecircncias Exatas e da Natureza
Programa de Poacutes- graduaccedilatildeo em Geografia ndash mestrado
Pesquisador David Luiz
Escola Municipal Luacutecia de Faacutetima Gayoso Meira
Campina Grande
data___________________________________
Disciplina Geografia Turma 4ordm ano
Prof
______________________________________________
___
Nome_________________________________________
_______
Campina Grande data___________________________________
Disciplina Geografia Turma 4ordm ano
Prof _________________________________________________
Nome________________________________________________
LEGENDA
230
APEcircNDICE VIII ndash QUESTOtildeES DA PROVA
Universidade Federal da Paraiacuteba
Centro de Ciecircncias Exatas e da Natureza
Programa de Poacutes- graduaccedilatildeo em Geografia ndash mestrado
Pesquisador David Luiz
Escola Municipal Luacutecia de Faacutetima Gayoso Meira
Campina Grande data___________________________________
Disciplina Geografia Turma 4ordm ano
Prof _________________________________________________
Nome________________________________________________
EXERCIacuteCIO DE VERIFICACcedilAtildeO DE GEOGRAFIA
Leia o texto abaixo
Rio Piranhas e Paraiacuteba aacuteguas paraibanas
Os principais rios do estado da Paraiacuteba satildeo o rio Piranhas e o Paraiacuteba O
rio Piranhas eacute o maior rio da Paraiacuteba ele nasce na mesorregiatildeo do sertatildeo
paraibano e ldquocorrerdquo em direccedilatildeo ao Rio Grande do Norte O rio Paraiacuteba eacute
totalmente paraibano Nasce no municiacutepio de Monteiro na mesorregiatildeo da
Borborema A foz lugar onde o chega fica no municiacutepio de Cabedelo O
rio Paraiacuteba desaacutegua no oceano Atlacircntico
Represente as informaccedilotildees deste texto por meio de um mapa mental para
isto vocecirc deveraacute seguir os seguintes passos
1 Desenhar o estado da Paraiacuteba e suas quatro mesorregiotildees (Mata
paraibana Agreste paraibano Borborema e Sertatildeo paraibano)
2 Escrever o nome dos lugares que fazem limite com o estado da
Paraiacuteba (estados e o Oceano Atlacircntico)
3 Desenhar o percurso dos rios apresentados no texto (Piranhas e o
Paraiacuteba)
4 Orientar seu mapa atraveacutes da rosa dos ventos
231
APEcircNDICE VIII ndash LISTA DE CAPITAIS E ESTADOS
Universidade Federal da Paraiacuteba
Centro de Ciecircncias Exatas e da Natureza
Programa de Poacutes- graduaccedilatildeo em Geografia ndash mestrado
Pesquisador David Luiz
Escola Municipal Luacutecia de Faacutetima Gayoso Meira
Campina Grande data___________________________________
Disciplina Geografia Turma 4ordm ano
Prof _________________________________________________
Nome________________________________________________
LISTA DE ESTADOS E CAPITAIS
Estado Sigla Capital Regiatildeo
Distrito Federal DF Brasiacutelia Centro-Oeste
Goiaacutes GO Goiacircnia Centro-Oeste
Mato Grosso do Sul MS Campo Grande Centro-Oeste
Mato Grosso MT Cuiabaacute Centro-Oeste
Alagoas AL Maceioacute Nordeste
Bahia BA Salvador Nordeste
Cearaacute CE Fortaleza Nordeste
Maranhatildeo MA Satildeo Luiacutes Nordeste
Paraiacuteba PB Joatildeo Pessoa Nordeste
Pernambuco PE Recife Nordeste
Piauiacute PI Teresina Nordeste
Rio Grande do Norte RN Natal Nordeste
Sergipe SE Aracaju Nordeste
Acre AC Rio Branco Norte
Amazonas AM Manaus Norte
Amapaacute AP Macapaacute Norte
Paraacute PA Beleacutem Norte
Rondocircnia RO Porto Velho Norte
Roraima RR Boa Vista Norte
Tocantins TO Palmas Norte
Espiacuterito Santo ES Vitoacuteria Sudeste
Minas Gerais MG Belo Horizonte Sudeste
Rio de Janeiro RJ Rio de Janeiro Sudeste
Satildeo Paulo SP Satildeo Paulo Sudeste
Paranaacute PR Curitiba Sul
Rio Grande do Sul RS Porto Alegre Sul
Santa Catarina SC Florianoacutepolis Sul
232
APEcircNDICE IX ndash MAPA BRASIL REGIOtildeES
Escola Municipal Luacutecia de Faacutetima Gayoso Meira
Campina Grande ____de outubro de 2014
Professores David Luiz e Elane
Nome _________________________________________________________
233
APEcircNDICE X ndash ATIVIDADE BALEADA GEOGRAacuteFICA
Universidade Federal da Paraiacuteba
Centro de Ciecircncias Exatas e da Natureza
Programa de Poacutes- graduaccedilatildeo em Geografia ndash mestrado
Pesquisador David Luiz
Escola Municipal Luacutecia de Faacutetima Gayoso Meira
Campina Grande data___________________________________
Disciplina Geografia Turma 5ordm ano
Prof _________________________________________________
Nome________________________________________________
ATIVIDADE
Observe a foto e responda
1 Em qual dos grupos (Norte Sul Leste ou Oeste) vocecirc estava presente no dia desta
brincadeira Caso natildeo tenha participado indique um grupo que vocecirc gostaria de
participar
_______________________________________________________
2 Observe o mapa da baleada geograacutefica e responda
L
O
S N
234
A Em qual sentido a bola se direciona
_______________________________________________________
B Indique as trecircs proacuteximas direccedilotildees que a bola deveraacute tomar
1_____________________________________________________
2_____________________________________________________
3_____________________________________________________
3 Eacute um final de tarde vocecirc estaacute na rua de sua casa e natildeo tem uma buacutessola nem
tampouco um mapa como vocecirc poderia indicar os pontos cardeais (Norte Sul Leste e
Oeste) Explique
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
235
APEcircNDICE XI ndash MAPA MUDO DAS ARENAS E ESTAacuteDIOS DE FUTEBOL
Universidade Federal da Paraiacuteba
Centro de Ciecircncias Exatas e da Natureza
Programa de Poacutes- graduaccedilatildeo em Geografia ndash mestrado
Pesquisador David Luiz
Escola Municipal Luacutecia de Faacutetima Gayoso Meira
Campina Grande data___________________________________
Disciplina Geografia Turma 5ordm ano
Prof _________________________________________________
Nome________________________________________________
ATIVIDADE
Observe os mapas
Mapa 1 Estaacutedios da copa do mundo ndash Brasil 2014
Mapa 2 Capitais brasileiras onde se localizam os estaacutedios brasileiros
236
1 Quais destes estaacutedios ficam na regiatildeo Nordeste
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
2 Quais destes estaacutedios ficam na regiatildeo Centro-Oeste
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
3 Leia o texto abaixo
NEYMAR VENCE CAMAROtildeES COM GOL 100 E BRASIL PEGARAacute CHILE NAS
OITAVAS
Atacante compensa atuaccedilatildeo irregular da Seleccedilatildeo vira artilheiro da Copa vecirc fim do jejum de
Fred brilho de Fernandinho e desenha caminho do hexa
Neymar Mecacircnico Carrossel do Neymar Neymaacutequina Tiki-Neymar-Taka Haacute times que
entraram para a histoacuteria por seus estilos de jogo Essa Seleccedilatildeo poderaacute entrar para a histoacuteria por ter
Neymar Ateacute onde o Brasil chegaraacute na Copa do Mundo Ateacute onde Neymar permitir E daqui para
frente contra adversaacuterios mais poderosos exigir que o garoto leve um paiacutes nas costas eacute demais ateacute
para sua genialidade
Diante de Camarotildees e um puacuteblico de 69112 no Estaacutedio Nacional Maneacute Garrincha em Brasiacutelia
Neymar foi suficiente Ele venceu os africanos por 4 a 1 Sozinho Natildeo Luiz Gustavo se fez
gigante Felipatildeo ajudou muito ao trocar Paulinho por Fernandinho Fred voltou a marcar Mas na
hora da dificuldade do sofrimento foi o menino das mechas louras quem resolveu
Fonte Disponiacutevel em lt httpgloboesporteglobocomfutebolcopa-do-mundo gt Acesso em 01 11 15
2014 Eacute ANO DE COPA DO MUNDO DE FUTEBOL NO BRASIL
Brasiacutelia eacute uma cidade planejada localizada na regiatildeo Centro-Oeste do paiacutes que foi construiacuteda
para ser a Capital do Brasil O plano urbaniacutestico da capital conhecido como ldquoPlano Pilotordquo
foi elaborado pelo urbanista Luacutecio Costa Oscar Niemeyer foi o arquiteto
237
Considerada Patrimocircnio Mundial pela UNESCO devido ao seu conjunto arquitetocircnico e
urbaniacutestico
Com um veratildeo uacutemido e chuvoso e um inverno seco e relativamente frio com temperatura
meacutedia anual de 21ordmC
Brasiacutelia estaacute dentro do bioma Cerrado
Falando em futebol Os principais times satildeo o Brasiliense Futebol Clube e Sociedade
Esportiva do Gama
Brasiacutelia seraacute a sede que realizaraacute o jogo de Abertura da Copa de 2014
Fonte Disponiacutevel em lt httpamigasviajantescom20140313sedes-da-copa-2014braslia gt Acesso em 01
11 15
Vocecirc foi convidado por um amigo para assistir trecircs partidas de futebol em estaacutedios da regiatildeo
Nordeste e Centro-Oeste Construa um mapa com as informaccedilotildees desta viagem a partir da
silhueta do Brasil
ESTAacuteDIOS BRASILEIROS VISITADOS
238
Nome_________________________________________________________________
LEGENDA
239
ANEXOS
240
ANEXO I ndash FICHA DE ACOMPANHAMENTO DA ESCOLA MUNICIPAL LUacuteCIA
DE FAacuteTIMA GAYOSO MEIRA
Escola Municipal Luacutecia de Faacutetima Gayoso Meira
Endereccedilo
Aluno (a)______________________________________________________________
Ciclo__________________________Turno__________Semestre____________2014
Ficha de acompanhamento
Sim Natildeo Em desenvolvimento
Assiduidade e pontualidade
Interesse pelo estudo
Participaccedilatildeo nas aulas
Responsabilidade com o material escolar
Realizaccedilatildeo das tarefas de casa e classe
Expressatildeo oral
Expressatildeo escrita
Leitura
Comportamento na escola
Organizaccedilatildeo
Relacionamento com os colegas e Adultos
Respeito as regras e normas da escola
______________________________________________________________________
Assinatura do responsaacutevel
241
ANEXO II ndash TERMO DE CONSENTIMENTO
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAIBA
CENTRO DE CIEcircNCIAS EXATAS E DA NATUREZA
PROGRAMA DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO EM GEOGRAFIA
TERMO DE CONSENTIMENTO
O respeito agrave dignidade humana exige que toda pesquisa se processe apoacutes consentimento livre
e esclarecido dos sujeitos indiviacuteduos ou grupos que por si eou seus representantes legais
manifestem a sua concordacircncia agrave participaccedilatildeo Exige-se que o esclarecimento se faccedila em
linguagem acessiacutevel e que inclua os seguintes aspectos justificativa objetivos procedimentos
que seratildeo utilizados na pesquisa desconforto e riscos possiacuteveis que seratildeo utilizados na
pesquisa garantia de esclarecimentos ates e durante o curso da pesquisa sobre a
metodologia liberdade do sujeito em recusar-se a participar ou retirar seu consentimento em
qualquer fase da pesquisa sem penalidade alguma e sem prejuiacutezo ao seu cuidado garantia do
sigilo que assegure a privacidade dos sujeitos quanto aos dados confidenciais envolvidos na
pesquisa
CONSENTIMENTO DA PARTICIPACcedilAtildeO DA PESSOA COMO SUJEITO DA
PESQUISA
Vocecirc estaacute sendo convidado (a) para participar como voluntaacuterio em uma pesquisa Apoacutes ser
esclarecido (a) sobre as informaccedilotildees no caso de aceitar fazer parte do estudo assine ao final
deste documento que estaacute em duas vias Uma delas eacute sua e a outra eacute do pesquisador
responsaacutevel Em caso de recusa vocecirc natildeo seraacute penalizado de forma alguma
Eu__________________________________________________________RGnordm
____________________ CPF nordm_____________________concordo em participar do estudo
ldquoMapas mentais para o ensino de Geografia praacuteticas e reflexotildees em uma escola de
Campina Grande ndash PBrdquo como sujeito Fui devidamente informado e esclarecido pelo
pesquisador David Luiz Rodrigues de Almeida sobre a pesquisa os procedimentos nela
envolvidos assim como os possiacuteveis riscos e benefiacutecios decorrentes de minha participaccedilatildeo
242
Local e data___________________________________________________________
Nome da Escola_______________________________________________________
Assinatura do participante_______________________________________________
Assinatura do pesquisador_______________________________________________
A447m Almeida David Luiz Rodrigues de Mapas mentais para o ensino de geografia praacuteticas e
reflexotildees em uma escola de Campina Grande-PB David Luiz Rodrigues de Almeida- Joatildeo Pessoa 2015
242f il Orientador Antonio Carlos Pinheiro Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - UFPBCCEN 1 Geografia - ensino 2 Cartografia escolar
3 Alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica 4 Mapas mentais 5 Ensino fundamental - anos iniciais
UFPBBC CDU 9137(043)
Aos meus avocircs paternos e padrinhos de batismo Alice Alves e Luiacutes
Laurindo (in memorian) por me ensinarem o valor do trabalho e
acreditarem no meu potencial
Dedico esta assim como as demais conquistas os meus pais Gerusa
Rodrigues e Davy Alves e a minha irmatilde Giovanna Mayda Obrigado
pela paciecircncia pelo incentivo pela forccedila e principalmente pelo
carinho
AGRADECIMENTOS
Agradeccedilo ao meu orientador professor Dr Antonio Carlos Pinheiro pelas cordiais
conversas as leituras sugeridas e correccedilotildees realizadas ao longo das etapas da pesquisa aleacutem
disso a sua amizade e auxiacutelio para a construccedilatildeo desse estudo liccedilotildees que levarei para o resto
da vida
Aos professores e alunos da (poacutes) graduaccedilatildeo em Geografia do Laboratoacuterio de Estudos
e Pesquisas em Educaccedilatildeo Geograacutefica (LEPEG) da Universidade Federal de Goiaacutes em
especial ao professor Denis Richter tutor durante minha estada em Goiacircnia e grande
motivador da pesquisa sobre os mapas mentais
Ao professor Vanilton Camilo pela acolhida em sua casa assim como agrave professora
Odiones de Faacutetima pela gentil recepccedilatildeo em terras goianas Agrave professora Rusvecircnia Luiza por
abrir a porta de sua sala de aula e permitir que aprendesse com ela as potencialidades do
ensino de Geografia nos anos iniciais do Ensino Fundamental
Sou grato tambeacutem as professoras e demais profissionais da escola Luacutecia de Faacutetima
que permitiram a efetivaccedilatildeo dessa pesquisa Aos alunos envolvidos pela alegria cordialidade
e peripeacutecias que deram outro tom as propostas nas aulas de Geografia sujeitos essenciais
desse estudo torccedilo pelo sucesso de cada um deles
Aos potiguaras Luiz Eduardo Djanniacute e Rute por me acolherem em seu apartamento
em algumas ocasiotildees de estudo pelos momentos de diversatildeo e sobretudo pela amizade
Aleacutem deles a turma do mestrado em Geografia da UFPB do ano de 2013 desde os antigos
companheiros de graduaccedilatildeo da UEPB (Jessica Lima Jamerson e Izabelle) aos mais novos
parceiros Um agradecimento especial a Mocircnica Aires ldquoMoniquinhardquo pelas conversas
aconselhamentos e sua disposiccedilatildeo em sempre ajudar
Ao Grupo de Estudos e Pesquisas em Educaccedilatildeo Geograacutefica (GEPEG) da UFPB ao
professor Marcelo de Moura exemplo de profissional e pessoa aos integrantes e amigos
Adeni Alisson as trecircs Anas (Cristina Neacuteri e Paula) David de Abreu Eliane Guibson e
Jilyane Rouse
Aos meus professores da graduaccedilatildeo e de outros momentos de estudo na UEPB
Antonio Albuquerque Arthur Valverde Angelina Maria Jackeline Joatildeo Damasceno e a
professora Josandra Arauacutejo minha primeira orientadora de pesquisa e incentivadora
Aos professores doutores da banca de qualificaccedilatildeo Rafael Straforini e Christianne
Maria que auxiliaram na identificaccedilatildeo das potencialidades e limitaccedilotildees do trabalho com suas
significativas contribuiccedilotildees
Agradeccedilo ao professor Aderson e aos companheiros da escola hulong de kung fu por
ensinar o significado das palavras respeito lealdade honestidade coragem e disciplina
Aos mais novos amigos de Campina Grande que tive o prazer de conhecer nos
uacuteltimos anos Aline Dione Erivaacutegna Gleydson Jessica Santos Mayara e Nemo Obrigado
pela companhia e amizade em especial a Daniella (Dani) por sua alegria contagiante
A minha famiacutelia ao tio Vando grande geoacutegrafo aos meus avocircs maternos Maria Leni
e Joatildeo e a nova geraccedilatildeo dos Rodrigues que aos poucos comeccedilam a seguir na vida acadecircmica
Aos meus amigos de infacircncia Adriel e Rafael agradeccedilo por compreender a minha
ausecircncia nos uacuteltimos tempos pela torcida pelo sucesso no mestrado Estamos juntos
A Capes pelo auxiacutelio financeiro concedido durante a realizaccedilatildeo desse curso А todos
vocecircs que fizeram dessa caminhada uma transiccedilatildeo mais agradaacutevel A palavra mestre nunca
faraacute justiccedila аоs professores e amigos que teratildeo os meus eternos agradecimentos
Se um homem natildeo for forte ele natildeo inspiraraacute respeito Se natildeo for
culto natildeo teraacute firmeza Lealdade e boa-feacute satildeo para ele e para os
amigos que escolhe valores fundamentais Quando erra natildeo hesita
em corrigir o erro
Confuacutecio (551 ndash 479 a C) filoacutesofo chinecircs
RESUMO
Atualmente no Brasil os anos iniciais do Ensino Fundamental eacute composto por cinco anos (1ordm
ao 5ordm ano) Isso resulta segundo a legislaccedilatildeo num maior periacuteodo para a alfabetizaccedilatildeo dos
sujeitos que desde os seis anos de idade devem ingressar na escola Muito se tecircm investido na
alfabetizaccedilatildeo da Liacutengua materna (Portuguecircs) e da Matemaacutetica para a formaccedilatildeo baacutesica dos
alunos ateacute o 3ordm ano Por outro lado pouco se tem discutido sobre a progressatildeo desta
alfabetizaccedilatildeo nos anos subsequente A presenccedila da Geografia no curriacuteculo escolar pode
auxiliar a formaccedilatildeo dos sujeitos sua leitura de mundo ao destacar a alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica
enquanto metodologia que busca pensar o espaccedilo geograacutefico desde o lugar ateacute outras escalas
espaciais Destacamos que a Cartografia Escolar que se dedica a investigar o uso dos mapas
nas praacuteticas de ensino de Geografia atribuem valor na produccedilatildeo e leitura dos mapas
realizados pelos proacuteprios alunos Este potencial eacute encontrado no uso dos mapas mentais
representaccedilotildees livres mas orientadas pelos docentes voltadas a inserccedilatildeo reflexatildeo e leituras
espaciais tratadas na escola Com base nesses apontamentos esta pesquisa objetiva investigar
as potencialidades e limitaccedilotildees do recurso mapa mental para o ensino-aprendizagem de
Geografia com alunos do 4ordm e 5ordm ano do Ensino Fundamental Para isso desenvolvemos a
nossa pesquisa na Escola Luacutecia de Faacutetima Gayoso Meira localizada na cidade de Campina
Grande ndash PB Paralelamente ao uso dos mapas mentais desenvolvemos atividades teoacutericas e
praacuteticas com a finalidade de motivar apresentar construir e refletir noccedilotildees conceituais e
habilidades com uma turma de 4ordm e outra de 5ordm ano Para realizaccedilatildeo desta pesquisa resgatamos
ainda as consideraccedilotildees da gestora escolar professoras e principalmente dos alunos
utilizando questionaacuterios e entrevistas Como resultados percebemos as leituras e
compreensotildees dos alunos em relaccedilatildeo a organizaccedilatildeo de diferentes escalas do espaccedilo
geograacutefico ora voltadas ao seu proacuteprio cotidiano ora aos conteuacutedos ministrados em sala de
aula Identificamos tambeacutem limites no que corresponde ao uso de conteuacutedos
descontextualizados e que se estes saberes natildeo estiverem relacionadas as praacuteticas cotidianas
natildeo haveraacute sentido em apreende-los o que consequentemente poderaacute resultar em retenccedilotildees ou
desmotivaccedilotildees acerca do se aprender Geografia nas escolas
Palavras- chave Ensino de Geografia Cartografia Escolar Alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica
Mapas mentais Anos Iniciais do Ensino Fundamental
ABSTRACT
Currently in Brazil the early years of primary education consists of five years (1st to 5th
grade) This results under the law a longer period for literacy of subjects from the age of six
should enter school Much has been invested in literacy Native language (Portuguese) and
mathematics for basic training of students to the 3rd year Moreover little has been discussed
about the progression of literacy in subsequent years The presence of Geography in the
school curriculum can aid the formation of the subjects their world of reading highlighting
the cartographic literacy as methodology to thinking the geographical space from the place up
other spatial scales We emphasize that the School Cartography which is dedicated to
investigate the use of maps in geography teaching practices attribute value in the production
and reading of maps made by the students themselves This potential is found in the use of
mind maps free representations but guided by teachers aimed at inclusion reflection and
spatial readings treated at school Based on these notes this research aims to investigate the
potential and limitations of the mental map resource for geography teaching and learning with
students of 4th and 5th year of elementary school For this we developed our research in the
School Lucia of Fatima Gayoso Meira in the city of Campina Grande - PB Parallel to the use
of mind maps developed theoretical and practical activities in order to motivate present build
and reflect conceptual notions and skills with a group of 4 and another 5 years For this
research also rescued the considerations of school management teachers and especially the
students using questionnaires and interviews As a result we see the readings and
understandings of the students regarding the organization of different scales of geographic
space now turned to their own daily life sometimes the contents taught in the classroom
Also identified limits corresponding to the use of decontextualized contents and that this
knowledge is not related daily practices there is no sense apprehends them which
consequently may result in withholding or discouragement about learning geography in
schools
Key words Geography Teaching School Cartography Cartographic literacy Mind maps
Years Elementary School Initials
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 - FOCOS TEMAacuteTICOS DE PESQUISAS REALIZADAS NA AacuteREA DE
GEOGRAFIA ESCOLAR (1967 ndash 2003)
35
FIGURA 2 - MAPA VIVENCIAL MAPA DOS CHEIROS 52
FIGURA 3 - MAPA MENTAL DO TRAJETO CASA-ESCOLA 53
FIGURA 4 - MAPA DE LOCALIZACcedilAtildeO DA ESCOLA 83
FIGURA 5 - FACHADA DA ESCOLA MUNICIPAL LUacuteCIA DE FAacuteTIMA
GAYOSO MEIRA
84
FIGURA 6 - MAQUETE MAPA MENTAL CANAL DAS PIABAS 98
FIGURA 7 - CANAL DAS PIABAS EM PROXIMIDADE A ESCOLA 100
FIGURA 8 - PROCESSO DE REALIZACcedilAtildeO DA MAQUETE MENTAL 101
FIGURA 9 - PERSPECTIVAS DE OBSERVACcedilAtildeO DAS FORMAS ESPACIAIS 102
FIGURA 10 - MAPA MENTAL EM PERSPECTIVA VERTICAL REALIZADO
PELO ALUNO 04
105
FIGURA 11 - MAPA MENTAL EM PERSPECTIVA LATERAL REALIZADO
PELO ALUNO 05
111
FIGURA 12 - MAPA MENTAL DO ALUNO 14 COM DESTAQUE A ELEMENTOS
SINCRETICOS
110
FIGURA 13 - USO DAS TOPONIMIAS PELO ALUNO 01 114
FIGURA 14 - USO DE TOPONIMIAS PELO ALUNO 03 115
FIGURA 15 - MAPA MENTAL E A LOCALIZACcedilAtildeO DOS BAIRROS DECAMPINA
GRANDE PELO ALUNO 10
118
FIGURA 16 - MAPA MUDO REALIZADO BRASIL (REGIAtildeO NORDESTE)
REALIZADO PELO ALUNO 07
122
FIGURA 17 - MAPA MUDO DAS MESSOREGIOtildeES DA PARAIacuteBA REALIZADO
PELO ALUNO 01
122
FIGURA 18 - PERCEPCcedilAtildeO SEQUENCIAL DAS MESORREGIOtildeES
GEOGRAacuteFICAS DO ALUNO 08
126
FIGURA 19 - PERCEPCcedilAtildeO CIRCULAR DAS MESORREGIOtildeES GEOGRAacuteFICAS
DO ALUNO 03
127
FIGURA 20 - USO DAS TOPONIacuteMIAS NA CONSTRUCcedilAtildeO DAS MESORREGIOtildeES
DA PARAIacuteBA DO ALUNO 11
130
FIGURA 21 - ORIENTACcedilAtildeO E LOCALIZACcedilAtildeO DAS MESSOREGIOtildeES DA
PARAacuteIBA ALUNO 15
133
FIGURA 22 - USO INDISCRIMINADO DA ESCALA GEOGRAacuteFICA ALUNO 09 136
FIGURA 23 - MAPA MUDO DAS REGIOtildeES DO BRASIL REALIZADO PELO
ALUNO 29
139
FIGURA 24 - DESENVOLVIMENTO DA ATIVIDADE LUacuteDICA BALEADA
GEOGRAacuteFICA
141
FIGURA 25 - PARAcircMETROS PARA ANAacuteLISE DAS SILHUETAS DOS MAPAS
MENTAIS
143
FIGURA 26 - MAPA MENTAL EM FORMATO PROacuteXIMO A REPRESENTACcedilAtildeO
TRADICIONAL DO BRASIL DO ALUNO 41
146
FIGURA 27 - MAPA MENTAL EM FORMA DE BALAtildeO ALUNO 39 147
FIGURA 28 - MAPA MENTAL EM FORMA DE TRIAcircNGULO ALUNO 25 148
FIGURA 29 - APRESENTACcedilAtildeO DAS INFORMACcedilOtildeES EM FORMA DE
LEGENDA ALUNO 48
150
FIGURA 30 - MAPA MENTAL DO ALUNO 24 DESTAQUE AO EXCESSO DE
TOPONIMIAS
152
FIGURA 31 - MAPA MENTAL DO ALUNO 38 DESTAQUE A EXPRESSAtildeO
SINCREacuteTICA
153
FIGURA 32 - MAPA MENTAL DO ALUNO 22 COM DESTAQUE A
LOCALIZACcedilAtildeO DA REGIAtildeO NORTE DO BRASIL
155
FIGURA 33 - MAPA MENTAL DO ALUNO 29 COM DISTORCcedilOtildeES
RELACIONADAS A LOCALIZACcedilAtildeO E ORIENTACcedilAtildeO ESPACIAL
157
FIGURA 34 - MAPA MENTAL DO ALUNO 42 DESTAQUE A LEGIBILIDADE DA
LOCALIZACcedilAtildeO E ORIENTACcedilAtildeO ESPACIAL
158
FIGURA 35 -
MAPA MENTAL DO ALUNO 43 PROBLEMAS NA SELECcedilAtildeO DA
ESCALA GEOGRAFICA
161
FIGURA 36 - MAPA MENTAL DO ALUNO 46 COM DESTAQUE A ESCALA
GEOGRAFICA DAS REGIOtildeES BRASILEIRAS
163
FIGURA 37 - MAPA MUDO DOS ESTAacuteDIOS BRASILEIRO VISITADO
REALIZADO PELO ALUNO 39
166
FIGURA 38 - MAPA MENTAL COM SILHUETA PROacuteXIMA AO DO BRASIL
(GRUPO 7)
170
FIGURA 39 - COMPARACcedilAtildeO ENTRE MAPA EXISTENTE E MAPA MENTAL
(GRUPO 05)
172
FIGURA 40 - MAPA MENTAL COM A UTILIZACcedilAtildeO DE IacuteCONES (GRUPO 10) 175
FIGURA 41 - ARTICULACcedilAtildeO DO USO DE TOPONIacuteMIAS COM A
APRESENTACcedilAtildeO DE IacuteCONES (GRUPO 3)
177
FIGURA 42 - MAPA MENTAL COM DESTAQUE NA ORIENTACcedilAtildeO E
LOCALIZACcedilAtildeO ESPACIAL DA REGIAtildeO CENTRO-OESTE
(GRUPO 6)
179
FIGURA 43 - MAPA MENTAL NA ESCALA GEOGRAacuteFICA BRASIL (GRUPO 4) 183
FIGURA 44 - RELACcedilAtildeO DE ENSINO E APRENDIZAGEM NA ESCOLA 192
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 - ESTRUTURA DA EDUCACcedilAtildeO BAacuteSICA NO BRASIL 26
TABELA 2 - MAPAS MENTAIS PRODUZIDOS DURANTE A PESQUISA 89
TABELA 3 - PERSPECTIVAS ESPACIAIS APRESENTADAS NOS MAPAS
MENTAIS
104
TABELA 4 - USO DAS TOPONIacuteMIAS NOS MAPAS MENTAIS 111
TABELA 5 - RANKING DAS TOPONIacuteMIAS RELACIONADOS AOS BAIRROS DE
CAMPINA GRANDE
111
TABELA 6 - ESCALA GEOGRAacuteFICA EM DESTAQUE NOS MAPAS MENTAIS 119
TABELA 7 - OCORREcircNCIA DAS TOPONIacuteMIAS EXPRESSAS NOS MAPAS
MENTAIS
128
TABELA 8 - OCORREcircNCIA DA UTILIZACcedilAtildeO DA ROSA DOS VENTOS NOS
MAPAS MENTAIS
132
TABELA 9 - ESCALA GEOGRAacuteFICA EM DESTAQUE NOS MAPAS MENTAIS 134
TABELA 10 - PERCEPCcedilOtildeES DA FORMA DO BRASIL DESTACADO NOS MAPAS
MENTAIS
143
TABELA 11 - COEREcircNCIA DAS TOPONIacuteMIAS EXPRESSAS NOS MAPAS
MENTAIS
149
TABELA 12 - NIacuteVEL CORRESPONDENTE Agrave LOCALIZACcedilAtildeO ESPACIAL 154
TABELA 13 - ESCALAS ENCONTRADAS NOS MAPAS MENTAIS 159
TABELA 14 - PERCEPCcedilOtildeES DA FORMA DO BRASIL DESTACADO NOS MAPAS
MENTAIS
168
TABELA 15 - NUacuteMERO DE OCORREcircNCIA DE TOPONIacuteMIAS 173
TABELA 16 - LOCALIZACcedilAtildeO DOS ELEMENTOS ENCONTRADOS NOS MAPAS
MENTAIS
178
LISTA DE QUADROS
QUADRO 1 - OPERACcedilOtildeES MENTAIS PARA O DESENVOLVIMENTO DA
LEITURA DE MAPAS
40
QUADRO 2 - AS NOCcedilOtildeES COMO PROCESSO DE FORMACcedilAtildeO DOS
CONCEITOS CIENTIacuteFICOS
63
QUADRO 3 - HABILIDADES PARA O DESENVOLVIMENTO DOS MAPAS
MENTAIS
91
QUADRO 4 - PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAtildeO CARTOGRAacuteFICA POR MEIO
DOS MAPAS MENTAIS
93
QUADRO 5 - SIacuteNTESE DO TEXTO SOBRE O CANAL DAS PIABAS 99
QUADRO 6 - ORDEM DAS TOPONIacuteMIAS ENCONTRADAS NOS MAPAS
MENTAIS
131
QUADRO 7 - SIacuteNTESE DOS DADOS ENCONTRADOS NOS MAPAS 165
QUADRO 8 - PROPOSTA DAS OFICINAS PEDAGOGICAS PARA CONSTRUCcedilAtildeO
DE NOCcedilOtildeES E HABILIDADES
188
QUADRO 9 - GRAacuteFICO DAS NOCcedilOtildeES GEOGRAacuteFICAS ANALISADAS NOS
MAPAS MENTAIS
189
QUADRO 10 - GRAacuteFICO DAS HABILIDADES DESTACADAS PARA O
DESENVOLVIMENTO DOS MAPAS MENTAIS
190
LISTA DE SIGLAS
CEB Cacircmara de Educaccedilatildeo Baacutesica
CNE Conselho Nacional de Educaccedilatildeo
EF Ensino Fundamental
GO Estado de Goiaacutes
LDB Lei de Diretrizes e Bases
PCN Paracircmetros Curriculares Nacionais
PB Estado da Paraiacuteba
PNAIC Plano Nacional de Educaccedilatildeo na Idade Certa
UFG Universidade Federal de Goiaacutes
UEPB Universidade Estadual da Paraiacuteba
UFPB Universidade Federal da Paraiacuteba
SUMAacuteRIO
INTRODUCcedilAtildeO 18
1 LEITURAS GEOGRAacuteFICAS DE MUNDO HISTOacuteRIAS DE
ALFABETIZACcedilAtildeO CARTOGRAacuteFICA
24
11 SISTEMA EDUCATIVO E ANOS INICIAIS DO ENSINO
FUNDAMENTAL
24
12 GEOGRAFIA NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL 27
13 CARTOGRAFIA ESCOLAR E SEUS CONTEXTOS NO ENSINO DE
GEOGRAFIA
34
131 As propostas de Piaget voltada a Cartografia Escolar 37
14 A CARTOGRAFIA ESCOLAR E OUTRAS INTERPRETACcedilOtildeES PARA O
CONHECIMENTO DO ESPACcedilO
42
141 Percursos dos Mapas Mentais e suas praacuteticas na Educaccedilatildeo Geograacutefica 48
142 Os mapa mentais no ensino-aprendizagem de Geografia 50
2 ITINERAacuteRIO DA PESQUISA E SEUS ENCAMINHAMENTOS
METODOLOacuteGICOS
69
21 CARACTERIZACcedilAtildeO DA METODOLOGIA DA PESQUISA 71
22 PROCEDIMENTOS DA PESQUISA 76
221 Referenciais teoacuterico-metodoloacutegicos 76
222 Instrumentos de Pesquisa 77
223 Os espaccedilos e os sujeitos da pesquisa 81
23 A ANAacuteLISE DOS RESULTADOS 88
231 Da totalidade dos mapas mentais 88
24 AS HABILIDADES E CATEGORIAS DE ANAacuteLISE SELECIONADAS
PARA A PESQUISA
90
241 As categorias de anaacutelise dos mapas mentais 92
3 PROPOSTAS E PRAacuteTICAS ESCOLARES ANAacuteLISES DOS MAPAS
MENTAIS COM OS ALUNOS DO 4ordm ANO
96
31 OFICINA 1 A MAQUETE MENTAL PRAacuteTICA COLETIVA DO
ENSINO-APRENDIZAGEM EM GEOGRAFIA
96
32 MAPA MENTAL 1 CANAL DAS PIABAS 102
33 OFICINA 2 PRAacuteTICAS COM MAPA MUDO (RE) CONSTRUINDO O
MAPA MENTAL DA PARAIacuteBA
120
34 MAPA MENTAL 2 MESORREGIOtildeES DA PARAIacuteBA 123
4 PROPOSTAS E PRAacuteTICAS ESCOLARES ANAacuteLISES DOS MAPAS
MENTAIS COM OS ALUNOS DO 5ordm ANO
137
41 OFICINA 1 USO DOS MAPAS MUDOS E A ldquoBALEADA
GEOGRAacuteFICArdquo NOCcedilOtildeES PRAacuteTICAS E TEOacuteRICAS DE GEOGRAFIA
138
42 MAPA MENTAL 1 MAPA DA MINHA VIDA 142
43 OFICINA 2 MAPA MUDO DA REGIAtildeO CENTRO-OESTE UMA
PROPOSTA DE APROXIMACcedilAtildeO
164
44 MAPA MENTAL 2 MAPA DA REGIAtildeO CENTRO-OESTE 168
5 MAPAS MENTAIS E SUAS POTENCIALIDADES E LIMITACcedilOtildeES
PARA O ENSINO DE GEOGRAFIA
184
51 O PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM DE GEOGRAFIA 184
52 PROPOSTAS DAS OFICINAS O LUacuteDICO E SUAS INTERVENCcedilOtildeES
PARA CONSTRUCcedilAtildeO DOS SABERES
187
53 DOS MAPAS MENTAIS UTILIZADOS EM SALA DE AULA 190
6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 198
REFEREcircNCIAS 202
APEcircNDICES 207
APEcircNDICE I - JORNAL DE PESQUISA 208
APEcircNDICE II ndash QUESTIONAacuteRIO DE PERGUNTAS PARA PROFESSORES 222
APEcircNDICE III ndash PRANCHA PARA MAPA MENTAL 225
APEcircNDICE IV ndash TEXTO CANAL DAS PIABAS 226
APEcircNDICE V ndash MAPA MUDO DA REGIAtildeO NORDESTE 228
APEcircNDICE VI ndash MAPA MUDO DAS MESORREGIOtildeES DA PARAIacuteBA 229
APEcircNDICE VII ndash QUESTOtildeES DA PROVA 230
APEcircNDICE VIII ndash LISTA DE CAPITAIS E ESTADOS 231
APEcircNDICE IX ndash MAPA BRASIL REGIOtildeES 232
APEcircNDICE X ndash ATIVIDADE BALEADA GEOGRAacuteFICA 233
APEcircNDICE XI ndash MAPA MUDO DAS ARENAS E ESTAacuteDIOS DE FUTEBOL 235
ANEXOS 239
ANEXO I ndash FICHA DE ACOMPANHAMENTO DA ESCOLA MUNICIPAL
LUacuteCIA DE FAacuteTIMA GAYOSO MEIRA
240
ANEXO II ndash TERMO DE CONSENTIMENTO 241
18
INTRODUCcedilAtildeO
Para realizar uma pesquisa acadecircmica acredito na necessidade das justificativas
planejamento encaminhamentos obstaacuteculos que potildeem agrave prova a investigaccedilatildeo cientiacutefica
Eacute relevante expor algumas questotildees relacionadas ao percurso do desenvolvimento desta
dissertaccedilatildeo situando o leitor a respeito dos contextos e acontecimentos que levaram a
realizaccedilatildeo desta pesquisa
Meu primeiro contato com os anos iniciais do Ensino Fundamental ocorreu
enquanto professor de atividades luacutedicas (jogo de xadrez) em uma escola municipal por
meio do Programa Mais Educaccedilatildeo no ano de 2010 Nesta eacutepoca se iniciava a construccedilatildeo
de uma agenda de educaccedilatildeo integral nas escolas municipais e estaduais de Campina
Grande ndash PB
Soma-se a esta experiecircncia as atividades desenvolvidas no curso de licenciatura
em Geografia na Universidade Estadual da Paraiacuteba - UEPB campus Campina Grande
No ano de 2011 fui convidado pela Professora Doutora Josandra Arauacutejo Barreto de
Melo a participar de um projeto voltado a formaccedilatildeo de alunos do magisteacuterio na escola
Normal em Campina Grande mediante o uso de recursos geotecnoloacutegicos novas
tecnologias (sites e ou softwares) relacionadas a geociecircncias ou correlatas que auxiliam
estudar a estrutura do espaccedilo geograacutefico
Naquela eacutepoca os estudantes estavam em processo de formaccedilatildeo docente para
ministrar aulas na Educaccedilatildeo Infantil e anos iniciais do Ensino Fundamental Entre as
dificuldades encontradas estava agrave compreensatildeo de conceitos e das propostas do recurso
geotecnoloacutegico para o ensino de Geografia
Diante destes resultados decido organizar uma investigaccedilatildeo sobre o uso do
recurso geotecnoloacutegico para o ensino-aprendizagem de Geografia com alunos dos anos
iniciais do Ensino Fundamental particularmente o 5ordm ano no trabalho de conclusatildeo de
curso Trabalhamos com fotografias desenhos e construccedilatildeo de mapas digitais e
impressos Como resultado foi observado dificuldades no desenvolvimento e leitura dos
recursos cartograacuteficos pelos alunos e a sua pouca utilizaccedilatildeo nas aulas de Geografia
Com o teacutermino da graduaccedilatildeo apresento ao Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em
Geografia da Universidade Federal da Paraiacuteba - UFPB um projeto sobre a importacircncia
da Cartografia Escolar nos anos iniciais do Ensino Fundamental visto que o trabalho
da graduaccedilatildeo demonstrava a necessidade em avanccedilar nessa perspectiva e articulaacute-lo ao
desenvolvimento do ensino de Geografia
19
Ao ingressar no programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Geografia jaacute havia o interesse
em realizar uma pesquisa relacionada agrave Cartografia Escolar entretanto a possibilidade
do uso do mapa mental foi apresentada pelo Professor Doutor Antonio Carlos Pinheiro
orientador deste estudo
Senti-me interessado e sobretudo desafiado em estudar este recurso
aparentemente mais acessiacutevel a alunos e professores O processo de ensino-
aprendizagem de Geografia mediada pelo uso de recursos cartograacuteficos com alunos dos
anos iniciais do Ensino Fundamental o modo como fazemos o meacutetodo de pesquisa
nossa metodologia de trabalho muda consideravelmente Novos dados informaccedilotildees e
experiecircncias de pesquisa possibilitam (re) pensar estrateacutegias para a utilizaccedilatildeo dos mapas
mentais
Durante os anos de 2013 a 2014 realizamos diferentes pesquisas-piloto com
alunos dos anos iniciais principalmente no 5ordm ano tanto na Paraiacuteba como em Goiaacutes no
Coleacutegio de Aplicaccedilatildeo da Universidade Federal de Goiaacutes (UFG) Aleacutem disso houveram
experiecircncias de estaacutegio supervisionado no curso de Pedagogia da UFPB e propostas de
oficinas realizadas com estudantes do curso de Geografia a soma de todos estes
exerciacutecios resultou na produccedilatildeo de 128 mapas mentais
Com base nestas informaccedilotildees esclarecemos que as pesquisas supracitadas
viabilizaram o estudo realizado na Escola Municipal Luacutecia de Faacutetima Gayoso Meira
situado no bairro Lauritzen na cidade de Campina Grande - PB no ano de 2014 O
puacuteblico alvo foram estudantes do 4ordm e 5ordm ano do periacuteodo vespertino a caracterizaccedilatildeo da
escola estudada e dos sujeitos da pesquisa seraacute apresentada mais nitidamente no
segundo capiacutetulo
Esclarecemos que os anos iniciais do Ensino Fundamental correspondem a uma
nova nomenclatura o qual altera o termo seacuteries para anos conforme a Resoluccedilatildeo nordm 3
de 3 de agosto de 2005 do Conselho Nacional de Educaccedilatildeo (CNE) A medida
aumentou o periacuteodo de formaccedilatildeo para as crianccedilas e adolescentes que conforme o art 32
da Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional (LDB) constitui o Ensino
Fundamental obrigatoacuterio de nove anos a partir dos seis anos de idade Com o acreacutescimo
de mais um ano nesta primeira fase do Ensino fundamental podemos dividi-la em dois
ciclos o I ciclo ou ldquociclo da infacircnciardquo (1ordm ao 3ordm ano) e o II ciclo (4ordm e 5ordm ano)
Na atualidade haacute uma crescente preocupaccedilatildeo com a alfabetizaccedilatildeo da Liacutengua
portuguesa e da Matemaacutetica principalmente atraveacutes do Pacto Nacional pela
Alfabetizaccedilatildeo na Idade Certa em todo territoacuterio brasileiro A intenccedilatildeo eacute assegurar a
20
todos os alunos ateacute os oito anos final do 3ordm ano uma alfabetizaccedilatildeo de qualidade Mas
acreditamos que nesta fase eacute possiacutevel uma alfabetizaccedilatildeo que evidencie a disciplina
escolar de Geografia
Autores como a Callai (2005) Lessan (2011) e Castrogiovanni amp Costella
(2006) apontam outro tipo de alfabetizaccedilatildeo tambeacutem necessaacuteria a formaccedilatildeo dos sujeitos
como a cartograacutefica Acreditamos que o mundo pode ser lido de diferentes formas entre
elas por intermeacutedio da linguagem cartograacutefica Seu potencial estaacute presente no uso de
mapas em livros didaacuteticos atlas escolar mapas murais maquetes globos terrestres
encontrados nas escolas e satildeo importantes enquanto portadores de uma educaccedilatildeo visual
do espaccedilo geograacutefico
Natildeo se trata de um tema inexplorado tampouco desconhecido no campo da
Geografia As pesquisas relacionadas agrave Cartografia Escolar campo consolidado no
ensino de Geografia investiga o uso da Cartografia para escolares Elas comeccedilam com
as pesquisas de Oliveira (1978) realizada a mais de 30 anos Na eacutepoca a autora jaacute
apresentava algumas criacuteticas relacionadas aos procedimentos do uso de mapas em sala
de aula
Os procedimentos didaacuteticos enfatizavam a coacutepia mecacircnica e a leitura dos
recursos cartograacuteficos geralmente em uma linguagem mais simplificada um recurso
visual quando comparado aos mapas utilizados pelos adultos com suas escalas
simbologias e convenccedilotildees cartograacuteficas Natildeo consideravam a perspectiva cognitiva de
aprendizagem das crianccedilas desenvolvida por Jean Piaget e seus colaboradores e
consequentemente o desenvolvimento mental da noccedilatildeo de espaccedilo (OLIVEIRA 1978)
Em sucessatildeo a esta pesquisa estudiosos sobre a questatildeo da Cartografia Escolar
como Passini (2012) observaram a necessidade de uma accedilatildeo didaacutetica uma proposta
metodoloacutegica procedimental para o estudo do mapa neste aspecto eacute visado agrave
alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica como uma metodologia que possibilita a construccedilatildeo de
conhecimentos procedimentais habilidades e conceitos que agrega significado a leitura
de mundo do aluno
Os estudos de Almeida amp Passini (2010) Castellar (2000) Lessan (2011) entre
outros enfatizam o uso da alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica afirmando a necessidade da
contextualizaccedilatildeo dos conteuacutedos de Geografia para o desenvolvimento de competecircncias
o aprender a apreender a mobilizar as habilidades como verbalizar observar registrar
ler comparar localizar e entender e ainda outras como a persuadir comunicar criar
trabalhar em equipe refletir e interagir
21
Apostando no potencial da alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica enquanto uma continuaccedilatildeo
para o processo de ldquoleitura de mundordquo fundamentado por Callai (2005) privilegiamos
o desenvolvimento da produccedilatildeo cartograacutefica a proacuteprio punho com o mapa mental O
mapa eacute uma linguagem de comunicaccedilatildeo utilizada ao longo da histoacuteria por remotas
comunidades e grupos humanos onde se identifica o uso da representaccedilatildeo espacial
(TEIXEIRA 2001 GIRARDI 2005)
Quais as principais dificuldades com o trabalho do uso dos mapas existentes
baseados em uma concepccedilatildeo cartesiana nas salas de aula Os alunos ldquonatildeo gostamrdquo de
mapas acham complicados porque tecircm latitudes longitudes orientaccedilatildeo da rosa dos
ventos escala numeacuterica escala graacutefica matemaacutetica Quando o mapa se livra deste
rigor cientiacutefico o aluno comeccedila a ver o mapa como algo mais proacuteximo dele que pode
ser construiacutedo realizado a partir dos seus conhecimentos embora natildeo deva se restringir
a eles
As discussotildees estabelecidas por Teixeira (2001) indicam as particularidades da
percepccedilatildeo estabelecida por cada indiviacuteduo Enfatiza poreacutem que estas representaccedilotildees
baseadas na realidade ou idealizadas advecircm do campo do simboacutelico da apreensatildeo dos
significados que em muitos casos natildeo satildeo decifrados pela razatildeo As imagens espaciais
satildeo construiacutedas neste processo e foram denominados por mapas cognitivos mapas
conceituais e atualmente mapas mentais
Quando recorremos ao uso destes mapas mentais enquanto recurso didaacutetico para
o ensino de Geografia Richter (2010 p 27) esclarece que ele
[] eacute analisado como um recurso que permite a construccedilatildeo de uma expressatildeo
graacutefica mais livre tendo a perspectiva de que o estudante possa transpor para
esta representaccedilatildeo espacial os conteuacutedos geograacuteficos aprendidos ao longo da
educaccedilatildeo baacutesica Assim aleacutem de utilizar a fala a escrita a imagem ou o
proacuteprio mapa convencional tradicional o aluno teraacute a oportunidade de
apresentar num mapa mental suas interpretaccedilotildees a respeito de um
determinado lugar provenientes de leituras mais cientiacuteficas da realidade
Ao realizarmos nossas experiecircncias com as pesquisas-piloto desenvolvemos a
seguinte hipoacutetese o mapa mental pode auxiliar os alunos a desenvolver natildeo apenas uma
representaccedilatildeo do espaccedilo geograacutefico mas uma habilidade consciente do ato de mapear
aleacutem de uma leitura de mundo que desenvolva a compreensatildeo e reconhecimento do
aluno como sujeito soacutecio-histoacuterico e cultural
Estudamos propostas metodoloacutegicas que possibilitem a aprendizagem de
Geografia Aprendizagem que consideramos aqui como sinocircnimo da capacidade do
22
ensinar-apreender entre os sujeitos baseado no diaacutelogo que estabelece a relaccedilatildeo entre os
conhecimentos cientiacuteficos e cotidianos como considera Vigotski (1998) e Bakhtin
(2012) Pensamos que aleacutem da aquisiccedilatildeo do conhecimento e habilidades os mapas
mentais possibilitam construir atitudes e valores virtudes assentadas na solidariedade
humana e toleracircncia ao proacuteximo constituindo sua identidade e a formaccedilatildeo da cidadania
Entendemos que a proposta da pesquisa eacute auxiliar o trabalho de professores na
praacutetica da docecircncia enfatizando a importacircncia dos conhecimentos geograacuteficos
construiacutedos pelos alunos dos anos iniciais do Ensino Fundamental consequentemente a
proposta auxilia o trabalho dos professores de Geografia que acolhem estes alunos nos
anos subsequentes a partir do 6ordm ano anos finais do Ensino Fundamental
Com base nessas ideias temos como principal objetivo investigar as
potencialidades e limitaccedilotildees do recurso mapa mental para o ensino-aprendizagem de
Geografia com alunos do 4ordm e 5ordm ano dos anos iniciais do Ensino Fundamental Nossos
objetivos especiacuteficos satildeo
Diagnosticar as dificuldades referentes ao domiacutenio de habilidades e noccedilotildees
cartograacuteficas dos alunos dos anos iniciais do Ensino Fundamental realizando
uma anaacutelise dessas dificuldades
Pesquisar o mapa mental mediante situaccedilotildees de ensino-aprendizagem que
conduzam a reflexatildeo sobre a espacialidade
Apresentar atividades que permitam desenvolver habilidades e noccedilotildees
conceituais para os alunos atraveacutes do desenvolvimento de mapas mentais e que
possam auxiliar as aulas de Geografia dos professores dos anos iniciais do
Ensino Fundamental
Propor orientaccedilotildees que auxiliem o professor desta fase a trabalharem com os
mapas mentais junto ao puacuteblico dos anos iniciais do Ensino Fundamental
Ao realizarmos nossos experimentos observamos a dificuldade em representar o
espaccedilo geograacutefico considerando elementos como agrave perspectiva do acircngulo de visatildeo
orientaccedilatildeo e localizaccedilatildeo espacial por exemplo Em virtude disso criamos estrateacutegias
metodoloacutegicas recursos de apoio e categorias de anaacutelise as quais consideramos
importantes para o processo de alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica Com a intenccedilatildeo de atingir os
objetivos propostos estruturamos essa pesquisa em cinco capiacutetulos
O primeiro capiacutetulo intitulado ldquoLeituras geograacuteficas de mundo histoacuterias de
alfabetizaccedilatildeo cartograacuteficardquo trata da pertinecircncia do ensino de Geografia nos anos
23
iniciais do Ensino Fundamental indica os principais avanccedilos sobre a alfabetizaccedilatildeo e de
sua relaccedilatildeo com a Cartografia Escolar Procura aleacutem disso apresentar o surgimento das
praacuteticas com os mapas mentais e algumas propostas relacionadas ao seu uso para a
pesquisa e ensino da Geografia
O segundo capiacutetulo ldquoItineraacuterio da pesquisa e seus encaminhamentos
metodoloacutegicosrdquo esclarece os procedimentos para a realizaccedilatildeo da pesquisa ressaltando
sua metodologia (de caraacuteter qualitativo) caracterizando os espaccedilos e sujeitos da
pesquisa Apontamos ainda nossa revisatildeo bibliograacutefica para a construccedilatildeo da dissertaccedilatildeo
e os instrumentos para realizaccedilatildeo da pesquisa
No terceiro capiacutetulo ldquoPropostas e praacuteticas escolares anaacutelises dos mapas
mentais com os alunos do 4ordm anordquo e no quarto capiacutetulo ldquoPropostas e praacuteticas
escolares anaacutelises dos mapas mentais com os alunos do 5ordm anordquo satildeo apresentadas e
analisadas as praacuteticas desenvolvidas em forma de oficinas pedagoacutegicas e os mapas
mentais utilizados em cada uma das turmas Procuramos discutir a importacircncia do
ensino de Geografia e quais as relaccedilotildees encontradas na construccedilatildeo das representaccedilotildees
dos alunos
O quinto capiacutetulo ldquoMapas mentais e suas potencialidades e limitaccedilotildees para o
ensino de Geografiardquo analisamos as entrevistas efetivadas com os alunos do 4ordm e 5ordm
ano e a apresentaccedilatildeo da resposta dos questionaacuterios respondidos pelas professoras que
expotildeem suas concepccedilotildees sobre o uso dos mapas mentais e das oficinas para as
propostas de ensino de Geografia
24
1 LEITURAS GEOGRAacuteFICAS DE MUNDO HISTOacuteRIAS DE
ALFABETIZACcedilAtildeO CARTOGRAacuteFICA
Este capiacutetulo estaacute dedicado agrave compreensatildeo sobre o que se entende atualmente
por anos iniciais do Ensino Fundamental (EF) para isso recorremos agraves leis que
alicerccedilam o sistema educativo no Brasil Prosseguimos com a apresentaccedilatildeo do ensino de
Geografia e sua importacircncia nos primeiros anos de escolarizaccedilatildeo
Em seguida o leitor eacute convidado a entender os contextos que influenciaram a
criaccedilatildeo do eixo de pesquisa e estudo chamado de Cartografia Escolar aleacutem disso suas
contribuiccedilotildees para a alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica e leitura de mundo dos alunos Mediante
estes apontamentos apresentamos recentes praacuteticas escolares que destacam o uso dos
mapas mentais enquanto um recurso didaacutetico que pode auxiliar as praacuteticas de ensino-
aprendizagem de Geografia
11 SISTEMA EDUCATIVO E ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL
Atualmente no Brasil a escolarizaccedilatildeo eacute obrigatoacuteria a partir dos seis anos de
idade O curriacuteculo escolar estaacute organizado em nove anos natildeo mais em oito seacuteries
Mudanccedilas no sistema educativo ocorrem desde 1930 quando se pensou pela primeira
vez um programa de poliacutetica educacional para o Brasil legitimado pela nova
Constituiccedilatildeo Federal do Brasil (1934)1 Mudanccedilas significativas para a compreensatildeo do
atual Ensino Fundamental ocorreram nas uacuteltimas deacutecadas as quais satildeo destacadas
Lei nordm 4024 de 20 de dezembro de 19612ndash estabeleceu quatro anos de Ensino
Fundamental
Lei nordm 5692 de 11 de agosto de 19713 - obrigatoriedade do Ensino Fundamental
de oito anos que ficou conhecido como 1ordm e 2ordm grau e posteriormente como
Ensino Fundamental I e II e
Art 32 da LDB (1996) firmada pela resoluccedilatildeo CNE CEB nordm de 0308 2005
oferece o Ensino Fundamental gratuito e obrigatoacuterio com duraccedilatildeo de nove anos
1Mais informaccedilotildees disponiacuteveis em
httpportalmecgovbroption=com_contentampview=articleampid=2ampItemid=171gt acesso em 22 01
2014 2 Disponiacutevel em httpwwwplanaltogovbrccivil_03leisl4024htmgt acesso em 22 01 2014 3 Disponiacutevel em httpwww010dataprevgovbrsislexpaginas4219715692htmgt acesso em 22 01
2014
25
caracterizado por duas etapas anos iniciais do EF (1ordm ao 5ordm ano) e anos finais
do EF (6ordm ao 9ordm ano)
No seacuteculo XXI o sistema de ensino brasileiro tem como uma das preocupaccedilotildees
o mundo do trabalho e a praacutetica social4 A escolarizaccedilatildeo divide-se em duas etapas
Educaccedilatildeo Baacutesica ndash formada pela Educaccedilatildeo Infantil Ensino Fundamental e Ensino
Meacutedio ndash e Educaccedilatildeo Superior como consta na Lei de Diretrizes e Bases ndash LDB (1996)
nordm 9394 art 21 inciso I e II
De acordo com a LDB (1996) eacute evidente que o conhecimento dos discentes eacute
construiacutedo ao longo do tempo escolar durante a Educaccedilatildeo Baacutesica e possivelmente no
decorrer da Educaccedilatildeo Superior Ao ingressar nos anos iniciais do EF a crianccedila pode ter
passado ou natildeo por uma creche e ou uma escola de Ensino Infantil visto que natildeo satildeo
obrigatoacuterios para formaccedilatildeo escolar brasileira5 Qualquer que seja o caso o aluno possui
conhecimentos e desenvolveu algumas habilidades antes de iniciar os anos iniciais do
EF seja na Educaccedilatildeo Infantil ou junto agrave famiacutelia
Um dos avanccedilos mais recentes na compreensatildeo do iniacutecio do processo de
escolarizaccedilatildeo foi aumentar um ano letivo nos anos iniciais do EF Segundo o
documento ldquoEnsino Fundamental de nove anos passo a passo do processo de
ampliaccedilatildeordquo (BRASIL 2009 p 05) a justificativa para esse aumento no Ensino
Fundamental eacute relativa a trecircs objetivos
a) Melhorar as condiccedilotildees de equidade e de qualidade da Educaccedilatildeo Baacutesica
b) Estruturar um novo ensino fundamental para que as crianccedilas prossigam
nos estudos alcanccedilando maior niacutevel de escolaridade
c) Assegurar que ingressando mais cedo no sistema de ensino as crianccedilas
tenham um tempo mais longo para as aprendizagens da alfabetizaccedilatildeo e
do letramento (BRASIL 2009 p 05)
A primeira observaccedilatildeo a respeito dos trecircs objetivos expostos eacute considerar que a
equidade ou seja a idade correspondente para cada ano escolar esteja em acordo com
proposta da Resoluccedilatildeo CNE CEB nordm 3 03082005 evitando a retenccedilatildeo (reprovaccedilatildeo) do
aluno nos anos iniciais do EF O parecer CNECEB ndeg 7 de 09072007 explica que a
duraccedilatildeo do Ensino Fundamental de nove anos necessita ser pensada pelos educadores
como uma fase de adequaccedilatildeo do Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico para a busca do sucesso
4 Lei 9 394 de 20 de dezembro de 1996 Art 1ordm sect 2ordm 5Segundo a Seccedilatildeo II ldquoDa Educaccedilatildeo Infantilrdquo da LDB arts 29 a 30 eacute garantido pelo municiacutepio a primeira
etapa da educaccedilatildeo baacutesica natildeo obrigatoacuteria para crianccedilas de quatro a seis anos de idade A fase da
educaccedilatildeo infantil natildeo eacute constituiacuteda por uma avaliaccedilatildeo com objetivos de promoccedilatildeo mas do
desenvolvimento fiacutesico psicoloacutegico intelectual e social como consta na lei (BRASIL 2010)
26
escolar dito isso o mesmo documento aponta que reter o aluno durante os anos iniciais
do EF pode resultar na ideia de retrocesso fracasso escolar e gerar desistecircncias por
parte dos alunos (como observado na tabela 01)
TABELA 1 ESTRUTURA DA EDUCACcedilAtildeO BAacuteSICA NO BRASIL
EDUCACcedilAtildeO BAacuteSICA
Educaccedilatildeo
Infantil
Anos iniciais do Ensino Fundamental Anos
finais
do EF
Ensino
Meacutedio I ciclo ou ldquociclo da
infacircnciardquo
II ciclo
Etapa Inf 1 Inf 2 1ordm 2ordm 3ordm 4ordm 5ordm 6ordm ao 9ordm 1ordm ao 3ordm
Idade
4 5 6 7 8 9 10 11 aos
14
15 aos
17
Fonte Resoluccedilatildeo CNE CEB nordm 3 03082005 e CNECEB ndeg 7 de 09072007
Como observado na tabela 1 eacute facultado aos sistemas escolares estruturar os
anos iniciais do EF em ciclos de aprendizagem ndash I ciclo ou ldquociclo da infacircnciardquo (1ordm 2ordm e
3ordm ano) e II ciclo (4ordm e 5ordm ano) ndash utilizando a progressatildeo continuada (BRASIL 2009)
Estruturas como as do apoio pedagoacutegico no contra turno de estudo eacute uma das estrateacutegias
para reduccedilatildeo das dificuldades dos alunos e da sua progressatildeo
Outra estrateacutegia eacute o Pacto Nacional pela Alfabetizaccedilatildeo na Idade Certa6 ele eacute um
programa governamental que enfatiza os domiacutenios baacutesicos da leitura escrita e caacutelculo o
objetivo eacute alfabetizar todas as crianccedilas de seis a oito anos de idade periacuteodo relacionado
ao primeiro ciclo O plano tambeacutem investe na formaccedilatildeo continuada de professores que
atuam no primeiro ciclo (1ordm 2ordm e 3ordm ano) da rede baacutesica de ensino atraveacutes de uma
associaccedilatildeo com as universidades federais
Por fim eacute observado que as poliacuteticas educacionais entendem que o aluno de seis
anos jaacute estaacute apto para aprender os conceitos da alfabetizaccedilatildeo letramento7 do
conhecimento loacutegico-matemaacutetico da reflexatildeo e do desenvolvimento psicomotor
Garantir nove anos no Ensino Fundamental eacute possibilitar que o processo de ensino-
aprendizagem comece antes valorizando o processo de alfabetizaccedilatildeo e letramento
constituiacutedos por uma linguagem global que ultrapassa a escrita convencional
6 Para mais informaccedilotildees acessar httppactomecgovbrindexphplt acessado em 02032015 7Entendemos o letramento com uma praacutetica escolar correspondente a leitura e escrita da Liacutengua materna
(portuguesa) e estabelecimento dessa cultura na vida das crianccedilas ou seja do haacutebito do ler e escrever
27
(CALLAI 2005) Aleacutem disso possibilitar uma passagem tranquila entre a educaccedilatildeo
infantil e os anos iniciais do EF
Observa-se entretanto a inexistecircncia de uma poliacutetica nacional de alfabetizaccedilatildeo
para o segundo ciclo e do prosseguimento da linguagem aprendida Outros objetivos
para o Ensino Fundamental como ldquoa compreensatildeo do ambiente natural e social do
sistema poliacutetico da tecnologia das artes e dos valores que se fundamenta a sociedaderdquo
satildeo encontrados no Art 32 Inciso II da LDB (BRASIL 2010 p 47) Neste ponto
buscamos refletir sobre as contribuiccedilotildees do ensino de Geografia Procuramos apontar
alguns caminhos do ensino de Geografia no toacutepico a seguir aproximando-o de uma
concepccedilatildeo de alfabetizaccedilatildeo para aprendizagem do espaccedilo geograacutefico
12 GEOGRAFIA NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL
As praacuteticas escolares voltadas ao processo de ensino-aprendizagem de Geografia
nos anos iniciais do EF requerem pressupostos baacutesicos que auxiliam o professor nesta
etapa de ensino dessa forma a disciplina pode permitir o alcance dos objetivos
educacionais O processo de alfabetizaccedilatildeo e letramento da liacutengua portuguesa da crianccedila
a alfabetizaccedilatildeo geograacutefica (com os conceitos e princiacutepios da Geografia) alfabetizaccedilatildeo
cartograacutefica (por meio da Cartografia Escolar) e as tendecircncias do ensino (teorias
cognitivas) compotildeem os principais pressuposto para a Geografia
Refletir sobre o ensino-aprendizagem da Geografia nos anos iniciais do EF
tomando como referecircncia tais pressupostos possibilitaraacute a accedilatildeo do professor a mediar agrave
aprendizagem da construccedilatildeo de conceitos geograacuteficos Dessa forma a Geografia seraacute
um conhecimento uacutetil e contextualizado agraves praacuteticas cotidianas dos alunos
desenvolvendo habilidades como localizaccedilatildeo orientaccedilatildeo compreensatildeo da relaccedilatildeo entre
diferentes escalas geograacuteficas aspectos da sociedade e transformaccedilatildeo da natureza
construindo os fundamentos dessa disciplina
A alfabetizaccedilatildeo nos anos iniciais do EF deve considerar as experiecircncias
anteriores dos alunos tanto os conhecimentos adquiridos junto agrave famiacutelia como os
voltados a Educaccedilatildeo Infantil quando a tiver Mas eacute durante o Ensino Fundamental que
haveraacute o iniacutecio de outras teacutecnicas de interpretaccedilatildeo Explica Mendes (2010 p 47) que
ldquopor meio da leitura e da escrita a crianccedila comeccedila gradativamente a se apropriar dos
conhecimentos historicamente construiacutedos pela humanidaderdquo e eacute na escola na maioria
dos casos que a aprendizagem dessas teacutecnicas se realizaraacute
28
Lessan (2011 p 40) afirma que a alfabetizaccedilatildeo eacute um processo complexo longo
e contiacutenuo aleacutem disso a autora destaca que ldquoa tarefa essencial para o professor do
iniacutecio do Ensino Fundamental I eacute ajudaacute-lo [o aluno] a desenvolver o potencial de
expressatildeo oral e enriquecer o vocabulaacuterio antes de ensinar a escreverrdquo portanto a
alfabetizaccedilatildeo natildeo se limita aos primeiros anos do EF mas acompanha o curriacuteculo
escolar durante toda a Educaccedilatildeo Baacutesica
Acreditamos que a linguagem envolve um conteuacutedocontextotema que em
muitos casos eacute perdido pela natildeo compreensatildeo do significado das outras ciecircncias aleacutem
da liacutengua portuguesa no processo de alfabetizaccedilatildeo Borba amp Oliveira (2012 p 119 -
120) afirmam que entre os alunos do curso de Pedagogia eacute comum a compreensatildeo da
Geografia enquanto disciplina de memorizaccedilatildeo enumeraccedilatildeo classificatoacuteria e descritiva
ademais em muitos casos esses alunos ldquo[] apresentam dificuldades de entendimento
dos conceitos e procedimentos baacutesicos []rdquo da ciecircncia geograacutefica Perceber a Geografia
enquanto uma disciplina enciclopeacutedica diminui portanto a perspectiva de um trabalho
que agregue significado a palavra aprendida
Por outro lado natildeo eacute novidade para a educaccedilatildeo as contribuiccedilotildees da Geografia no
processo didaacutetico Os Paracircmetros Curriculares Nacionais (PCN) de Geografia para os
anos iniciais do EF contribuem para a compreensatildeo dessa ciecircncia realizando um resgate
histoacuterico epistemoloacutegico aleacutem de contribuir com orientaccedilotildees teoacuterico-metodoloacutegicas da
Geografia para o ensino explica Borba amp Oliveira (2012) Os PCN (BRASIL 1997 p
74) entendem que
A Geografia estuda as relaccedilotildees entre o processo histoacuterico que regula a
formaccedilatildeo das sociedades humanas e o funcionamento da natureza por meio
da leitura do espaccedilo geograacutefico e da paisagem [] a Geografia tem que
trabalhar com diferentes noccedilotildees espaciais e temporais bem como com os
fenocircmenos sociais culturais e naturais que satildeo caracteriacutesticos de cada
paisagem para permitir uma compreensatildeo processual e dinacircmica de sua
constituiccedilatildeo
Como parte do curriacuteculo escolar a Geografia pode auxiliar na alfabetizaccedilatildeo do
aluno pois de acordo com Straforini (2008 p 120)
[] eacute um meio de enriquecer o processo de alfabetizaccedilatildeo porque eacute no espaccedilo
geograacutefico que as crianccedilas tecircm as muacuteltiplas possibilidades da realidade Eacute
nele que a vida se faz Assim eacute no espaccedilo geograacutefico que as crianccedilas buscam
e encontram os siacutembolos e os seus significados
Autores como Straforini (2008) Mendes (2010) Lessan (2011) Castrogiovanni
amp Costella (2006) concordam que a alfabetizaccedilatildeo natildeo se limita a decifrar o coacutedigo da
liacutengua materna mas na possibilidade de relacionaacute-la a tomada de decisotildees referentes ao
29
espaccedilo geograacutefico A relaccedilatildeo entre a alfabetizaccedilatildeo e o ensino de Geografia eacute entendida
por diferentes sinocircnimos ldquoAlfabetizaccedilatildeo em Geografiardquo como destaca Castellar (2000)
ldquoAlfabetizaccedilatildeo espacialrdquo retratado por Callai (2005) ou ainda ldquoAlfabetizaccedilatildeo
Geograacuteficardquo explicado por Borba amp Oliveira (2012)
A alfabetizaccedilatildeo geograacutefica aproxima os conteuacutedos temas e conceitos da
Geografia com uma leitura que natildeo se restringe aos procedimentos de escrita e leitura
textual ldquo[] tem por objetivo formar para a cidadania a partir dos elementos proacuteximos
do aluno e das interfaces local-globalrdquo (BORBA amp OLIVEIRA 2012 p 128)
Jaacute a constituiccedilatildeo da Alfabetizaccedilatildeo Geograacutefica por sua vez surge como processo
de ldquoalfabetizaccedilatildeo cartograacuteficardquo que ldquo[] permite uma alfabetizaccedilatildeo geograacutefica mais
eficiente mediante o desenvolvimento das habilidades operatoacuterias tiacutepicas do trabalho de
representaccedilatildeo graacutefica [uso da linguagem cartograacutefica]rdquo (CASTELLAR 2000 p 29)
Quando relacionamos essas trecircs concepccedilotildees de Alfabetizaccedilatildeo (Alfabetizaccedilatildeo da
liacutengua alfabetizaccedilatildeo geograacutefica e alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica) nos anos iniciais do EF
ampliamos a possibilidade de uma aprendizagem que considera o mundo e seu contexto
geograacutefico e histoacuterico Isto por sua vez ultrapassa a ideia da leituraescrita como
habilidade mecacircnica a alfabetizaccedilatildeo do ler e escrever (inclusive por mapas) eacute um meio
para a desenvolvimento do espiacuterito de cidadania e na reflexatildeo sobre o quecirc por quecirc e
para que se lecirc e escreve
Como eixo de articulaccedilatildeo entre as concepccedilotildees destacadas no paraacutegrafo anterior
destacamos Callai (2005) que reflete sobre o exerciacutecio de alfabetizaccedilatildeo pelas crianccedilas
nomeando o processo de ldquoleitura de mundordquo Os estudos de Callai (2005 2013)
consideram a importacircncia da clareza do professor ao ensinar Geografia apontando trecircs
razotildees (1) corresponde ao conhecimento do mundo e as informaccedilotildees pertencentes a ele
(2) conhecer o espaccedilo produzido pelo homem e (3) contribuir para a formaccedilatildeo do
cidadatildeo
Entender a leitura de mundo eacute considerar que desde o nascimento a crianccedila
adquire experiecircncias espaciais e que elas possibilitam a superaccedilatildeo dos obstaacuteculos
desvendando pouco a pouco a visatildeo linear a respeito do mundo Por meio da realidade
vivida cotidianamente ela avanccedila no reconhecimento da percepccedilatildeo e complexidade do
mundo (CALLAI 2005)
No processo de leitura de mundo a crianccedila desenvolve tambeacutem representaccedilotildees
espaciais estas por conseguinte se aproximam da alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica Lessan
(2011 p 58) compreende que ldquorepresentar eacute essencial para adquirir conhecimentos
30
uma vez que qualquer conhecimento passa por uma representaccedilatildeo mental para que a
imagem mental possa ser assimiladardquo logo o espaccedilo vivido percebido imaginado e
concebido satildeo modos de pensar a vida cotidiana Katuta (2001 p 179) corrobora com
esta discussatildeo apontando que
A humanidade desde os seus primoacuterdios segundo consta em vaacuterios
documentos sempre representou seu espaccedilo vivido Por isso ao longo da
construccedilatildeo histoacuterica do que hoje denominamos grosso modo por
representaccedilotildees cartograacuteficas verificamos vaacuterias tentativas de se representar
saberes sobre os territoacuterios
Dentre as vaacuterias descobertas pelo homem sobre a representaccedilatildeo do espaccedilo
vivido citamos como exemplo os estudos de Claval (2011) que relatam que na Greacutecia
antiga por volta do seacuteculo V a C pensadores como Heroacutedoto Hiparco e Ptolomeu jaacute
recorriam aos campos da matemaacutetica astronomia e astrologia para estabelecer
representaccedilotildees da Terra calcular dimensotildees e registrar fenocircmenos geograacuteficos
observados Desse modo eacute niacutetido que as representaccedilotildees natildeo se apresentam de forma
linear tampouco desarticulada do mundo A dimensatildeo espacial histoacuterica e cultural
auxilia a construccedilatildeo dos significados sobre os lugares e as comunidades que nela
habitam
Contudo a educaccedilatildeo escolar natildeo pode basear-se apenas nas experiecircncias vividas
dos alunos Dessa forma segundo Cavalcanti (2014) o que se apresenta como proposta
para a praacutetica do ensino de Geografia eacute a reflexatildeo sobre a espacialidade explica a autora
que eacute papel desta ciecircncia
[] prover bases e meios de desenvolvimento e ampliaccedilatildeo da capacidade dos
alunos de apreensatildeo da realidade do ponto de vista da espacialidade ou seja
de compreensatildeo do papel do espaccedilo nas praacuteticas sociais e destas na
configuraccedilatildeo do espaccedilo [] o pensar geograacutefico contribui para a
contextualizaccedilatildeo do proacuteprio aluno como cidadatildeo do mundo em que vive
desde a escala local agrave regional nacional e mundial O conhecimento
geograacutefico eacute pois indispensaacutevel agrave formaccedilatildeo de indiviacuteduos participantes da
vida social agrave medida que propicia o entendimento do espaccedilo geograacutefico e do
papel desse espaccedilo nas praacuteticas sociais (CAVALCANTI 2014 p 11)
De acordo com a citaccedilatildeo apresentada compreendemos que o conhecimento
cientiacutefico de Geografia deve ser primordialmente ensinado no espaccedilo escolar
Conceitos geograacuteficos como espaccedilo territoacuterio regiatildeo lugar cotidiano paisagem entre
outros satildeo pautas do curriacuteculo escolar devendo estar articulados a temas e
metodologias de trabalho para que o aluno reflita e se identifique enquanto cidadatildeo
participando e construindo sua identidade
31
O conceito de lugar eacute uma das referecircncias para o ensino de Geografia nos anos
iniciais do EF Conforme os PCN o lugar consiste na dimensatildeo espacial mais proacutexima
do aluno onde constroacutei sua relaccedilatildeo de identidade O documento tambeacutem argumenta que
o ldquo[] lugar traduz os espaccedilos com os quais as pessoas tecircm viacutenculos mais afetivos e
subjetivos que racionais e objetivos []rdquo (BRASIL 1997 p 76)
Nessa mesma linha de raciociacutenio afirma Tuan (1983) que a experiecircncia constroacutei
a realidade segundo ele a praacutetica cotidiana permite aos sujeitos acumular informaccedilotildees
ao longo do tempo construindo memoacuterias estabelecendo laccedilos afetivos com o espaccedilo
Assim a experiecircncia implica a capacidade de aprender significa atuar sobre
o dado e criar a partir dele O dado natildeo pode ser construiacutedo em sua essecircncia
O que pode ser conhecido eacute uma realidade que eacute construto da experiecircncia
uma criaccedilatildeo de sentimento e pensamento (TUAN 1983 p 10)
Eacute necessaacuterio compreender que a praacutetica o contato direto com o espaccedilo permite
segundo os apontamentos de Tuan as possibilidades para construccedilatildeo do conceito de
lugar Diante disso Callai (2005 p 240) admite que ldquoler o mundo a partir do lugar eacute o
desafiordquo Mediante os apontamentos realizados por Tuan (1983) e Callai (2005)
reconhecemos a importacircncia da realidade concreta do espaccedilo vivido do aluno como
ponto de partida para a leitura de mundo Desta forma precisamos entender que o lugar
[] natildeo eacute apenas um quadro de vida mas um espaccedilo vivido isto eacute de
experiecircncia sempre renovada o que permite ao mesmo tempo a reavaliaccedilatildeo
das heranccedilas e a indagaccedilatildeo sobre o presente e o futuro A existecircncia naquele
espaccedilo exerce um papel revelador sobre o mundo (SANTOS 2006 p 114)
Em outro texto Santos (2009) esclarece que a discussatildeo do conceito de lugar
deve ser compreendida mediante o processo de globalizaccedilatildeo apontando que fenocircmenos
poliacuteticos econocircmicos e ou sociais contribuem para definir o contexto histoacuterico
espacial e cultural dos lugares Desta forma cabe ao professor compreender que natildeo haacute
dois lugares no mundo totalmente idecircnticos mas que podem conter traccedilos semelhantes
e que todo lugar faz parte de um contexto da totalidade espacial
Autores como Lessan (2011) Mendes (2010) e Campos amp Buitoni (2010)
relatam que eacute necessaacuterio que as atividades relacionadas agrave construccedilatildeo dos conceitos pelos
alunos tenham como ponto de partida o espaccedilo vivido e desenvolva exerciacutecios de
observaccedilatildeo descriccedilatildeo levantamento de hipoacuteteses e explicaccedilotildees comparaccedilatildeo
representaccedilatildeo interpretaccedilatildeo e pesquisa sobre o tema estudado Segundo Mendes (2010
p 52 - 53) eacute possiacutevel considerar que
32
[] nos anos iniciais do Ensino Fundamental eacute possiacutevel ldquolevar o mundordquo
para a sala de aula criando uma interaccedilatildeo do aluno com aspectos de outros
lugares e a observaccedilatildeo de diferentes paisagens do Planeta possibilitando a
ele perceber que a geografia estaacute inserida em vaacuterias situaccedilotildees do dia a dia
Argumenta Callai (2005) Straforini (2008) Mendes (2010) e Lessan (2011) que
mesmo sendo necessaacuterio iniciar o trabalho a partir do espaccedilo de vivencia do aluno (o
lugar) natildeo devemos nos reduzir a essa escala de anaacutelise Aleacutem disso os autores apontam
que a escala natildeo deveria se restringir a meacutetodos que organizem os conteuacutedos mediante
propostas dos ciacuterculos concecircntricos (que discutem as escalas casa ndash bairro ndash municiacutepio
ndash estado ndash paiacutes e mundo isoladamente) mas mediante o contexto dos conteuacutedos e
objetivos propostos pelo professor
Neste sentido o processo de construccedilatildeo de conceitos eacute para Straforini (2008 p
92) entender que o espaccedilo geograacutefico eacute composto por diferentes escalas que natildeo satildeo
uacutenicas ou isoladas pois ldquo[] eacute impossiacutevel esconder das crianccedilas o mundo quando as
informaccedilotildees lhes satildeo passadas no exato instante do seu acontecimentordquo8 Observamos
em nosso contexto de pesquisa que o professor apoacutes contextualizar a noccedilatildeo de lugar
com o aluno pode levantar outras provocaccedilotildees apresentando outras escalas geograacuteficas
como a regional questionando e mediando o aluno a pensar sobre o mundo construindo
uma reflexatildeo criacutetica do espaccedilo
Ao levarmos em consideraccedilatildeo este argumento observamos que as orientaccedilotildees
didaacuteticas nacionais tambeacutem indicam o trabalho com outros conceitos Os PCN destacam
entre seus objetivos comuns para as aulas de Geografia e Histoacuteria ldquoconhecer
caracteriacutesticas fundamentais do Brasil nas dimensotildees sociais materiais e culturais como
meio para construir progressivamente a noccedilatildeo de identidade nacional e pessoal e o
sentimento de pertinecircncia ao Paiacutesrdquo (BRASIL 1997 p 09)
Recorrer a outras escalas de compreensatildeo permite natildeo nos reduzirmos ao
imediato local entendendo que
A crianccedila faz parte do mundo e os lugares por mais distantes que sejam por
fazerem parte da histoacuteria familiar e cultural do aluno podem natildeo ser
abstratos [] desse modo ao observar uma foto ou ver televisatildeo uma
paisagem por exemplo mesmo sem conhecer fisicamente o lugar a crianccedila
pode identificar aspectos de sua organizaccedilatildeo espacial Trabalhando nesta
8 Em decorrecircncia das miacutedias como a televisatildeo o raacutedio e a internet as informaccedilotildees de diferentes partes
mundo satildeo dadas mas isso natildeo corresponde necessariamente a um conhecimento acerca de tal
fenocircmeno A escola pode contextualizar a notiacutecia e evidenciar as possibilidades de aprendizagem acerca
do fato
33
perspectiva o ensino de geografia possibilita ao educando sentir-se
pertencente a um lugar que eacute resultado das relaccedilotildees entre sociedade e
natureza formando um todo do qual ele proacuteprio faz parte e no qual suas
accedilotildees interferem (MENDES 2010 p 53)
Ao trabalhar com os princiacutepios do conceito de regiatildeo por exemplo o aluno pode
adquirir habilidades essenciais para o desenvolvimento de sua aprendizagem A este
respeito Campos amp Buitoni (2010 p 89) afirmam que
Pensar a regiatildeo [] implica raciocinar sobre ldquoum recorte uma porccedilatildeo do
espaccedilo terrestrerdquo um ldquosubespaccedilo de gestatildeo territorialrdquo ldquoum espaccedilo marcado
por relaccedilotildees cotidianasrdquo ldquoum espaccedilo vivido que se apoia em sua construccedilatildeo
material e nas relaccedilotildees com o entornordquo ou outras concepccedilotildees conforme o
objetivo do estudo (acadecircmico escolar ou planejamento) e os pressupostos
teoacuterico-metodoloacutegicos adotados
Entende-se desse modo a que o lugar tambeacutem eacute uma construccedilatildeo histoacuterica que
natildeo se restringe a sua escala de compreensatildeo dessa forma ao longo do percurso dos
anos iniciais do EF mais precisamente no segundo ciclo os alunos poderatildeo reconhecer
mudanccedilas e permanecircncias espaccedilo-temporais em escalas diversas permitindo construir
habilidades como ldquoentender a distribuiccedilatildeo espacial das principais elementos do espaccedilo
(regiotildees estado)rdquo (LESSAN 2011 p 79)
Ainda em se tratando desse assunto Campos amp Buitoni (2010) afirmam que a
construccedilatildeo da noccedilatildeo de conceitos como regiatildeo eacute um processo contiacutenuo que natildeo se
restringe aos anos iniciais do EF Deste modo o aluno constroacutei definiccedilotildees provisoacuterias
do conceito pensando o uso do conceito de lugar e regiatildeo de acordo com as
possibilidades cognitivas da situaccedilatildeo escolar e do contexto do tema discutido
Desse modo o ensino de Geografia nos anos iniciais do EF tem a possibilidade
de integrar trecircs concepccedilotildees de alfabetizaccedilatildeo (da liacutengua geograacutefica e cartograacutefica) cada
uma delas articulada a uma base comum que eacute a leitura de mundo Entendemos que
esse processo pode iniciar-se por qualquer um dos tipos de alfabetizaccedilatildeo destacado
Pretendemos no proacuteximo toacutepico esclarecer o que eacute a Cartografia Escolar e
posteriormente nossa compreensatildeo acerca da alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica e seu auxiacutelio
nas aulas de Geografia no intuito de promover um melhoramento qualitativo nos iacutendices
de aprendizagem dos educandos envolvidos no processo bem como refletir sobre o
papel do educador no mesmo
34
13 CARTOGRAFIA ESCOLAR E SEUS CONTEXTOS NO ENSINO DE
GEOGRAFIA
Desde os primeiros registros encontrados pelos historiadores sobre o
desenvolvimento humano vaacuterios foram os desenhos encontrados que remontam agrave
percepccedilatildeo sobre a representaccedilatildeo do espaccedilo geograacutefico Francischett (2004) comenta que
a arte de traccedilar mapas iniciou-se no seacuteculo VI a C com funccedilotildees voltadas a navegaccedilatildeo e
militar Jolly (1990) por sua vez argumenta por meio da definiccedilatildeo adotada pela
Associaccedilatildeo Cartograacutefica Internacional que a Cartografia eacute um conjunto de operaccedilotildees
cientiacuteficas artiacutesticas e teacutecnicas que possibilita a elaboraccedilatildeo de mapas planos e outros
meios de representaccedilatildeo da superfiacutecie terrestre
Jolly (1990) e Fitz (2008) consideram a Cartografia como uma ciecircncia de
seleccedilatildeo organizaccedilatildeo e sistematizaccedilatildeo de informaccedilotildees relacionadas ao espaccedilo
geograacutefico utilizada para diferentes fins Foram justamente estes avanccedilos tecnoloacutegicos
que permitiram ampliar os conhecimentos sobre a forma e dimensatildeo da Terra Aleacutem
disso percebemos que muitos princiacutepios baacutesicos satildeo utilizados ainda hoje a exemplo da
localizaccedilatildeo orientaccedilatildeo e escala (dimensatildeo) da representaccedilatildeo do espaccedilo real O mapa
demonstra uma das possiacuteveis imagens do terreno Em siacutentese ldquo[] eacute uma simplificaccedilatildeo
da realidaderdquo (JOLLY 1990 p 07)
Atualmente estaacute ciecircncia eacute um importante eixo de pesquisa e estudo relacionado
ao ensino de Geografia denominado de Cartografia Escolar Tambeacutem conhecida como
Cartografia para crianccedilas e escolares a Cartografia Escolar tecircm como diferencial a
constituiccedilatildeo de um saber que articula as aacutereas da Cartografia Educaccedilatildeo e Geografia
(ALMEIDA 2011) Eacute evidente sua presenccedila em livros didaacuteticos e paradidaacuteticos de
Geografia nos documentos e orientaccedilotildees pedagoacutegicas brasileiras como os Paracircmetros
Curriculares Nacionais ndash PCN (1997)
Uma das questotildees fundamentais para se compreender as propostas relacionadas
agrave Cartografia Escolar eacute identificar diferenccedilas correspondentes ao uso e interpretaccedilatildeo dos
mapas pelas crianccedilas e adultos De acordo com Oliveira (1978) haacute uma grande
importacircncia no desenvolvimento da Cartografia ao longo da histoacuteria humana aleacutem
disso indaga sobre a utilizaccedilatildeo dos mapas na escola e a realizaccedilatildeo de materiais
cartograacuteficos realizados por adultos para a interpretaccedilatildeo pelas crianccedilas
A tese de livre docecircncia de Oliveira (1978) ldquoEstudo metodoloacutegico e cognitivo do
mapardquo aproxima o puacuteblico da Teoria Cognitiva ou Epistemologia Geneacutetica de Piaget e
35
seus colaboradores contribui com estudos de autores norte - americanos e europeus que
em meados de 1980 natildeo eram acessiacuteveis a classe de professores brasileiros
Uma das grandes contribuiccedilotildees dos estudos de Oliveira (1978) encontra-se nos
mecanismos perceptivos e cognitivos das crianccedilas e aponta que o ato de mapear
possibilita a preparaccedilatildeo do aluno para compreensatildeo de mapas
Ao longo das uacuteltimas deacutecadas a Cartografia Escolar apresenta-se entre um dos
significativos nuacutecleos de pesquisa voltado ao Ensino de Geografia no Brasil A
investigaccedilatildeo de Pinheiro (2005) cataloga dissertaccedilotildees e teses relacionadas ao Ensino de
Geografia e demonstra as temaacuteticas de pesquisa entre o periacuteodo 1967 a 2003 As
representaccedilotildees espaciais (trabalhos correspondentes a Cartografia Escolar) constituem
no feixe temporal supramencionado um expressivo nuacutemero de trabalhos o maior
registrado A Figura 01 sintetiza esta informaccedilatildeo
FIGURA 01 - FOCOS TEMAacuteTICOS DE PESQUISAS REALIZADAS NA AacuteREA DE
GEOGRAFIA ESCOLAR (1967 ndash 2003)
Fonte PINHEIRO 2005 p 81
Observamos que dos 281 trabalhos apresentados entre dissertaccedilotildees e teses 49
correspondem agraves representaccedilotildees espaciais As pesquisas desenvolvidas referendam
teacutecnicas e metodologias como mapas graacuteficos atlas loacutegica de localizaccedilatildeo e orientaccedilatildeo
espacial que natildeo se restringem a educaccedilatildeo formal (escolar) Investigam as
representaccedilotildees e percepccedilotildees do espaccedilo geograacutefico por crianccedilas e jovens diferenciando-
se em seus meacutetodos de investigaccedilatildeo (PINHEIRO 2005)
39 4038
31 31
2119 20
14 15
910
52
6 53 2
04
2 1
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
Mestrado
Doutorado
36
Apontamos que a discussatildeo estabelecida por Oliveira (1978) contribuiu para esta
reflexatildeo do mapa natildeo como instrumento mnemocircnico (por meio do simples decalque
pintura e lista de nomes de cidades ou paiacuteses) permitindo que outros autores
progredissem na investigaccedilatildeo do ensino do mapa como recurso para o raciociacutenio
geograacutefico popularizando-o
O mapa dessa maneira ganha status como recurso didaacutetico nas atividades
relacionadas agrave Geografia em sala de aula Eacute inserido no curriacuteculo escolar assim como eacute
introduzido nos cursos de formaccedilatildeo de professores de Geografia e Pedagogia atribui-se
significantes avanccedilos no campo do ensino de Geografia (FRANCISCHETT 2004
ALMEIDA amp PASSINI 2010 RICHTER 2010)
Neste sentido questionamos por que utilizar os mapas no ensino-aprendizagem
de Geografia Em que estes estudos contribuem para esse processo Para Oliveira
(1978) o mapa deve ser compreendido atraveacutes de sua abordagem geograacutefica Nestas
condiccedilotildees eacute fundamental responder a questatildeo onde Que se desdobra em outras quatro
perguntas a saber O quecirc Quando Como E por quecirc
A geografia como toda ciecircncia tem por tarefa descrever analisar e predizer
os acontecimentos terrestres A descriccedilatildeo anaacutelise ou prediccedilatildeo geograacutefica dos
fenocircmenos eacute sempre realizada tendo em vista as suas coordenadas espaciais
Como o conceito geograacutefico de espaccedilo coincide com o de toda Terra o
geoacutegrafo teve necessidade de recorrer agrave representaccedilatildeo da superfiacutecie terrestre
para realizar seus estudos (OLIVEIRA 1978 p 17)
Sobre as finalidades do mapa satildeo destacados inuacutemeros usos os quais se destaca
o da localizaccedilatildeo a relaccedilatildeo espacial visto que ldquoa necessidade de localizar-se e orientar-se
se manifesta em termos de defesa seguranccedila e movimentaccedilatildeordquo (OLIVEIRA 1978 p
19) O mapa eacute tratado nesta perspectiva como uma forma de comunicaccedilatildeo graacutefica
constituiacutedo por uma linguagem proacutepria de comunicaccedilatildeo de expressatildeo espacial de
determinado objeto de estudo a linguagem cartograacutefica
Trabalhos posteriores a exemplo de Almeida amp Passini (2010) discutem o
desenvolvimento das garatujas rabiscos das crianccedilas para a representaccedilatildeo espacial O
reconhecimento dos traccedilados e formas geomeacutetricas (ciacuterculo quadrado retacircngulo e
triacircngulo) e espaciais (casa aacutervore praccedila figuras humanas etc) eacute interpretes da
percepccedilatildeo dos alunos Essa compreensatildeo eacute importante para o processo de
desenvolvimento metodoloacutegico do mapa Agora o aluno natildeo eacute visto apenas como um
leitor de mapas mas um produtor de mapa Considera-se o espaccedilo dialoacutegico em que o
conhecimento eacute produzido internalizado e socializado
37
Ao mapear o estudante desenvolve habilidades como o ato de observar
representar comparar sintetizar interpretar e verbalizar Estas seriam algumas
capacidades dos alunos em mobilizar suas habilidades (saber fazer) seus conhecimentos
geograacuteficos e suas atitudes (saber ser) para solucionar determinadas situaccedilotildees
problemas agrave qual poderemos entender por competecircncias (ANDREIS 1999)
A linguagem cartograacutefica como aponta os PCN (1997)
[] eacute uma forma de atender a diversas necessidades das mais cotidianas
(chegar a um lugar que natildeo se conhece entender o trajeto dos mananciais
por exemplo) agraves mais especiacuteficas (como delimitar aacutereas de plantio
compreender zonas de influecircncia do clima) A escola deve criar
oportunidades para que os alunos construam conhecimentos sobre essa
linguagem nos dois sentidos como pessoas que representam e codificam o
espaccedilo e como leitores das informaccedilotildees expressas por ela
Destarte fica niacutetida a importacircncia da articulaccedilatildeo dos conhecimentos de
Geografia apreendidos com a vivecircncia dos alunos representados por meio dos mapas
Aleacutem disso percebemos que as necessidades cotidianas natildeo se restringem aos
conhecimentos relacionados ao espaccedilo vivido mas de todas as relaccedilotildees estabelecidas
com o mundo enfatizando a relaccedilatildeo lugar - mundo em sua totalidade Ler representar e
codificar elementos do espaccedilo eacute um processo dialeacutetico para o desenvolvimento
cognitivo dos alunos como veremos no proacuteximo item
131As propostas de Piaget voltada a Cartografia Escolar
O desenvolvimento do trabalho de Piaget (2007) privilegiou estudos sobre o
processo de aprendizagem considerando a influecircncia do meio externo A progressatildeo de
suas pesquisas ocorre em uma eacutepoca em que as teorias associacionistas e empiristas
destacavam os estiacutemulos do ambiente como atitude do desenvolvimento da experiecircncia
humana Investigou a capacidade da construccedilatildeo do conhecimento cientiacutefico e como a
aprendizagem se altera no decorrer da vida humana
Em busca de suas respostas realiza trabalhos com diferentes colaboradores
desenvolvendo uma teoria cognitiva9 Estes trabalhos por sua vez reconhecem o papel
9Bock Furtado amp Teixeira (2008 p 134) consideram a cogniccedilatildeo enquanto um ldquoProcesso atraveacutes do qual
o mundo de significados tem origem Agrave medida que o ser se situa no mundo estabelece relaccedilotildees de
significaccedilotildees isto eacute atribui significados agrave realidade em que se encontra Esses significados natildeo satildeo
entidades estaacuteticas mas pontos de partida para a atribuiccedilatildeo de outros significados Tem origem entatildeo a
38
da organizaccedilatildeo proacutepria dos sujeitos a experiecircncia sensiacutevel onde os estiacutemulos do meio
conduziriam a atividade interna dos indiviacuteduos Nestes termos
[] a inteligecircncia eacute uma adaptaccedilatildeo ndash eacute assimilaccedilatildeo pois incorpora dados da
experiecircncia do indiviacuteduo e eacute ao mesmo tempo acomodaccedilatildeo uma vez que o
sujeito modifica suas estruturas mentais para incorporar os novos elementos
da experiecircncia (BOCK FURTADO amp TEIXEIRA 2008 p 134)
Percebe-se portanto que o saldo das trocas dialeacuteticas entre indiviacuteduo e ambiente
possibilitaria o desenvolvimento da inteligecircncia ao longo da vida Piaget (2007)
estabelece trecircs niacuteveis sensoriomotores ndash preacute-operatoacuterio operatoacuterio e operaccedilotildees formais
ndash indicando a adaptaccedilatildeo do sujeito inicialmente por seus instintos de sobrevivecircncia e
posteriormente pela construccedilatildeo gradual mediante a experiecircncia
Piaget (2007) desenvolve inuacutemeros estudos entre eles sobre a linguagem e
pensamento inteligecircncia raciociacutenio aprendizagem e conhecimento e construccedilatildeo do
espaccedilo Entre todas estas investigaccedilotildees a uacuteltima citada estaacute relacionada agrave gecircnese da
representaccedilatildeo espacial a partir de uma perspectiva matemaacutetica e geomeacutetrica do espaccedilo
O trabalho escrito por Piaget amp Inhelder (1993) consiste na principal base teoacuterica para
os estudos relacionados agrave Cartografia Escolar
Esta abordagem repercute ateacute hoje a exemplo dos estudos de Almeida amp Passini
(2010) e Ribeiro amp Marques (2001) para o processo de construccedilatildeo e compreensatildeo dos
mapas no Ensino Fundamental Foi por meio das relaccedilotildees espaciais tambeacutem conhecidas
por noccedilotildees espaciais topoloacutegicas projetivas e euclidianas que se propuseram
metodologias e didaacuteticas voltadas ao ensino-aprendizagem de Geografia
Em siacutentese a relaccedilatildeo topoloacutegica eacute desenvolvida quando haacute propostas para a
fundamentaccedilatildeo de atividade no que se refere agrave identificaccedilatildeo de posiccedilotildees e referenciais
elementares ou seja empregada uma das principais funccedilotildees da representaccedilatildeo
cartograacutefica a localizaccedilatildeo
Ribeiro amp Marques (2001 p 59) enfatizam que ldquoa princiacutepio o espaccedilo eacute para a
crianccedila apenas o espaccedilo da accedilatildeo um espaccedilo praacutetico que se manifesta atraveacutes de suas
accedilotildeesrdquo Normalmente desenvolve-se nesta fase atividades que exercite experiecircncias
corporais enfatizando relaccedilotildees como dentro fora perto longe agrave frente atraacutes etc10
estrutura cognitiva (os primeiros significados) constituindo-se nos lsquopontos baacutesicos de ancoragemrsquo dos
quais derivam outros significadosrdquo 10Castrogiovanni amp Costella (2006) Almeida amp Passini (2010) Passini (2010) propotildeem diferentes
atividades que auxiliam a construccedilatildeo destas noccedilotildees pelas crianccedilas
39
As propostas associadas agraves relaccedilotildees projetivas favoreceriam a percepccedilatildeo da
mudanccedila de perspectiva sobre o objeto observado influenciando a grafia do objeto
quando desenhado O mesmo objeto pode ser percebido em sua dimensatildeo (ou ponto de
vista) lateral vertical ou obliacutequo
Por convenccedilatildeo o mapa existente eacute geralmente representado verticalmente
Segundo Richter (2004 p 68) as ldquo[] noccedilotildees projetivas visa colaborar na compreensatildeo
das perspectivas e projeccedilotildees que o mapa possui demonstrando para o aluno que as
representaccedilotildees cartograacuteficas respeitam a perspectiva utilizadardquo Nestas condiccedilotildees a
proposta eacute que todos os elementos a serem representados obedeccedilam a uma soacute
perspectiva a vertical
Passini (2012) esclarece que as relaccedilotildees euclidianas correspondem agrave introduccedilatildeo
em medidas de tamanho e proporcionalidade No mapa corresponde agrave escala espacial e
numeacuterica ndash relaccedilatildeo entre o real (dimensatildeo espacial) e o abstrato (representaccedilatildeo)
Partindo do estudo de Almeida amp Passini (2010) podemos ainda concluir que para o
mapa esta relaccedilatildeo possibilita o envolvimento da perspectiva e coordenadas geograacuteficas
no plano espacial localizando e orientando por meio de referenciais abstratos
O processo metodoloacutegico de elaboraccedilatildeo do mapa pela crianccedila estaacute
contextualizado nas relaccedilotildees espaciais Segundo a perspectiva piagetiana elas
repercutem no processo metodoloacutegico de desenvolvimento de recursos cartograacuteficos
(croquis desenhos mapas e maquetes) Com a intenccedilatildeo de correlacionar as propostas
metodoloacutegicas para a construccedilatildeo do mapa ao ensino de Geografia elaboramos o Quadro
01 Ele sintetiza por meio da visatildeo de alguns autores a leitura piagetiana para cada
fase atividades relacionadas agrave Cartografia Escolar conteuacutedos e as relaccedilotildees espaciais
40
QUADRO 1 - OPERACcedilOtildeES MENTAIS PARA O DESENVOLVIMENTO DA LEITURA DE MAPAS
PERIacuteODOS DE DESENVOLVIMENTO COGNITIVO RELACcedilOtildeES ESPACIAIS ELEMENTOS
CARTOGRAacuteFICOS
ATIVIDADES RELACIONADAS Agrave
CARTOGRAFIA ESCOLAR
PREacute-OPERATOacuteRIO
Primeiras noccedilotildees espaciais
Construccedilatildeo via sentidos atraveacutes de um contato direto
com o objeto
RELACcedilAtildeO SIGNIFICANTE
SIGNIFICADO
Siacutembolos e legendas
Mapa do corpo (onde os alunos podem
mapear o proacuteprio corpo em uma folha de
papel)
Banho de papel
OPERATOacuteRIO
Iniacutecio do aparecimento da funccedilatildeo simboacutelica
Utilizaccedilatildeo de representaccedilotildees
Aparecircncia dos fenocircmenos
Representaccedilotildees estatiacutesticas (a crianccedila natildeo consegue
refazer a ordem inversa dos acontecimentos)
RELACcedilOtildeES TOPOLOacuteGICAS
Vizinhanccedila proximidade
separaccedilatildeo envolvimento
interioridade exterioridade
Limites e fronteiras
Realizaccedilatildeo de maquetes
Planta da sala de aula
Trajeto casa-escola Noccedilotildees de esquerda e direita satildeo consideradas apenas
do ponto de vista do observador
Representaccedilotildees dinacircmicas (representam tambeacutem em
ordem inversa)
OPERACcedilOtildeES FORMAIS
Localiza quando o objeto estaacute agrave sua direita ou agrave direita
do outro
Introduccedilatildeo da noccedilatildeo de perspectiva
RELACcedilOtildeES PROJETIVAS
Esquerda direita em cima
embaixo agrave frente atraacutes
Escala e coordenadas
geograacuteficas Orientaccedilatildeo espacial (A partir do sol ou
buacutessola)
Realizaccedilatildeo de plantas ndash mapas de grande
escala - mediante fita meacutetrica e reacutegua
Analise na completa ausecircncia do objeto
Passagem da accedilatildeo agrave operaccedilatildeo
Considera que os objetos estatildeo agrave esquerda - direita uns
dos outros
Superaccedilatildeo egocentrismo - descentralizaccedilatildeo
RELACcedilOtildeES EUCLIDIANAS
Relaccedilotildees meacutetricas comprimento
altura largura
Sistema de coordenadas
Projeccedilotildees cartograacuteficas e
orientaccedilatildeo geograacutefica
Fonte PASSINI apud RICHTER (2010) p 44 - 45 RIBEIRO amp MARQUES (2001) CASTROGIOVANNI amp COSTELLA (2006) ALMEIDA amp PASSINI (2010)
PASSINI (2012)
41
Eacute observado no quadro 01 (p 40) que para cada periacuteodo de desenvolvimento
cognitivo dos alunos haacute intenccedilotildees no que se refere ao desenvolvimento de relaccedilotildees
espaciais e elementos cartograacuteficos Passini apud Richter (2010) e Passini (2012)
destacam elementos cartograacuteficos e atividades didaacuteticas para a construccedilatildeo das relaccedilotildees
espaciais outros autores indicam atividades praacuteticas a exemplo do mapa do corpo
apresentado por Almeida amp Passini (2010) ou banho de papel por Castrogiovanni amp
Costella (2006)
No que se refere aos elementos apresentados no quadro 01 (p 40) o primeiro
periacuteodo de desenvolvimento cognitivo (preacute-operatoacuterio) indica a relaccedilatildeo entre a
representaccedilatildeo do corpo da crianccedila (significante - siacutembolo) e o corpo humano
(significado ndash o que o siacutembolo representa) possibilitando a construccedilatildeo de uma legenda
Aleacutem disso assim como na segunda atividade possibilita uma conexatildeo para as relaccedilotildees
topoloacutegicas
Posteriormente no periacuteodo operatoacuterio estas relaccedilotildees satildeo aprofundadas incluem-
se a discussatildeo dos limites e fronteiras bases na discussatildeo das escalas geograacuteficas ndash
municiacutepio estados regiatildeo paiacutes entre outras E finalmente as operaccedilotildees formais
quando as crianccedilas jaacute conseguem realizar uma descentralizaccedilatildeo de sua percepccedilatildeo
espacial contribuindo para o desenvolvimento da orientaccedilatildeo geograacutefica do uso de
escalas de reduccedilatildeo e coordenadas geograacuteficas
Como resultado foi desenvolvido propostas para o trabalho com mapas
existentes ou seja aqueles que possuem uma linguagem cartograacutefica composto por
ldquo[] um sistema de siacutembolos que envolvem proporcionalidade uso de signos ordenados
e teacutecnicas de projeccedilatildeordquo (PCN 1997 p 79) Esses envolvem tambeacutem discussotildees sobre
orientaccedilatildeo e localizaccedilatildeo espacial O princiacutepio eacute a capacitaccedilatildeo do aluno para a construccedilatildeo
do mapa e concomitantemente a leitura de produtos cartograacuteficos auxiliando a
ampliaccedilatildeo do conhecimento geograacutefico e soluccedilatildeo de problemas cotidianos
Com base nestas prerrogativas assinaladas no campo da Cartografia Escolar
seria possiacutevel a formaccedilatildeo de um ldquoleitor consciente da linguagem cartograacuteficardquo
(ALMEIDA amp PASSINI 2010 p 21) Agrave medida que o aluno realiza os mapas ele
participa do processo de construccedilatildeo de habilidades e conceitos referentes agrave elaboraccedilatildeo
de mapas possibilitando a leitura eficaz dos mapas existentes
Toda esta metodologia do desenvolvimento da aprendizagem do mapa que
enfatizamos anteriormente ficou conhecida como alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica Mediante
esses apontamentos Passini (2012 p 13) define
42
ldquoAlfabetizaccedilatildeo Cartograacuteficardquo eacute uma metodologia que estuda os processos de
construccedilatildeo de conhecimentos conceituais e procedimentais que desenvolvam
habilidades para que o aluno possa fazer as leituras do mundo por meio das
suas representaccedilotildees Eacute a inteligecircncia espacial e estrateacutegica que permite ao
sujeito ler o espaccedilo e pensar a sua Geografia O sujeito que desenvolve essas
habilidades para ser leitor eficiente de diferentes representaccedilotildees desenvolve o
domiacutenio espacial
Nestes termos conhecer a Cartografia Escolar eacute compreender as relaccedilotildees
existentes no espaccedilo e tempo permitindo ao aluno atender agraves necessidades que
apareceratildeo no seu cotidiano (natildeo restrita a realidade local) como traccedilar itineraacuterios
localizar lugares desenvolver formar conscientes de accedilatildeo no ambiente em que vive
dando-lhe por fim a possibilidade de planejar seu futuro
Sendo assim observamos que este processo de alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica
deveria iniciar-se desde os anos iniciais do EF tendo em vista que o fato de interpretar
e produzir mapas satildeo habilidades que se formam gradualmente Por meio dessa
alfabetizaccedilatildeo os alunos podem construir conceitos baacutesicos para interpretar e produzir
representaccedilotildees com proficiecircncia crescente
Natildeo haacute uma exclusividade da perspectiva piagetiana para a leitura e
metodologias para a realizaccedilatildeo de mapas Como expotildeem Richter (2010) estes estudos
atingem o ambiente escolar mediante os referenciais curriculares da produccedilatildeo de
materiais escolares (principalmente os livros didaacuteticos) Entretanto isso natildeo
corresponde necessariamente a uma mudanccedila desejada no trabalho docente e
conseguinte da compreensatildeo dos alunos acerca deste recurso Observa-se um limite
entre a proposta e sua execuccedilatildeo no trabalho docente
Em contrapartida outras propostas surgem voltadas para o ensino-aprendizagem
de Geografia nas escolas sem necessariamente desprivilegiar ou ldquosuperarrdquo os estudos
das relaccedilotildees espaciais Indubitavelmente com o avanccedilo da Cartografia surgem novas
sugestotildees para o trabalho docente Integra outras perspectivas epistemoloacutegicas e
metodoloacutegicas a respeito do desenvolvimento da aprendizagem dos sujeitos e da ciecircncia
cartograacutefica Verificaremos essas leituras e interpretaccedilotildees no toacutepico a seguir
14 A CARTOGRAFIA ESCOLAR E OUTRAS INTERPRETACcedilOtildeES PARA O
CONHECIMENTO DO ESPACcedilO
Apoacutes 30 anos de estudos o desenvolvimento relacionado a atividades com a
Cartografia Escolar possibilitaram pesquisadores como Oliveira (1978) Almeida amp
43
Passini (2010) Castrogiovanni amp Costella (2006) Castellar (2000) e Passini (2012)
afirmarem que mediante a alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica as crianccedilas estariam aptas ao
processo de leitura e interpretaccedilatildeo do mapa e consequentemente dos conhecimentos
relacionados agrave Geografia possibilitando desenvolver uma leitura de mundo
As pesquisas dos autores supracitados satildeo importantes pois valorizam e firmam
a posiccedilatildeo da representaccedilatildeo cartograacutefica nas praacuteticas escolares de Geografia ademais
parte de um mesmo vieacutes cartograacutefico o cartesiano Entretanto eacute importante lembrar que
ainda existem dificuldades no trabalho com essa perspectiva cartograacutefica na escola
principalmente nos anos iniciais do EF
A pesquisa de mestrado de Richter (2004) com alunos do uacuteltimo semestre do
curso de Pedagogia esclarece que muitos estudantes concluem o curso sem compreender
os processos metodoloacutegicos e cognitivos relacionados agrave alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica Os
discentes apontam e discutem a importacircncia do saber cartograacutefico nas praacuteticas escolares
muito embora quando interrogados natildeo consigam explicar os passos que possibilitaria
a accedilatildeo do ensino-aprendizagem da Cartografia Escolar
Mediante algumas experiecircncias no curso de Pedagogia da UFPB (ALMEIDA
2014) notamos que na maioria dos casos a leitura de orientaccedilotildees como os PCN (1997)
pelos professores estatildeo presentes apenas enquanto estudante universitaacuterio Visto a
obrigaccedilatildeo destas referecircncias pela academia Por outro lado haacute de se perceber que a
formaccedilatildeo presente nos cursos de Pedagogia eacute distinta a oferecida aos professores de
Geografia Os pedagogos tecircm apenas um semestre no maacuteximo um ano para
aprenderem tudo o que se refere ao ensino de Geografia inclusive as praacuteticas referentes
ao uso do mapa tornando essa relaccedilatildeo tecircnue quando eles se deparam com a sala de aula
Como resultado discute Pinheiro (2012) que as noccedilotildees espaciais satildeo trabalhadas
de forma descontextualizada do curriacuteculo escolar Os professores muitas vezes natildeo se
baseiam em um planejamento preacutevio ou apresentam um prosseguimento de uma
proposta para o ensino de Geografia A oportunidade de construir conceitos e de
relacionar a leitura de mundo eacute perdida em decorrecircncia de praacuteticas aleatoacuterias que natildeo se
baseiam em meacutetodos geograacuteficos
Pinheiro (2012) afirma que embora as noccedilotildees espaciais sejam trabalhadas em
sala de aula elas satildeo postas como parte da tradiccedilatildeo Satildeo usadas para disciplinar os
alunos as normas e regras escolares como a realizaccedilatildeo da fila a divisatildeo dos banheiros
para meninas e meninos e o lugar na sala de aula Opondo-se a esta praacutetica descrita
anteriormente julgamos necessaacuterio que a Cartografia Escolar deve estar atrelada a uma
44
tomada de consciecircncia do professor em relaccedilatildeo aos objetivos e ao posicionamento
metodoloacutegico do uso do mapa para as aulas de Geografia
Acreditamos que as praacuteticas da Cartografia tradicional no contexto escolar natildeo
podem se tornar a uacutenica referecircncia teoacuterico-metodoloacutegica Satildeo observados avanccedilos nessa
linha que permitiriam integrar outras praacuteticas para o ensino de Geografia Autores como
Teixeira11 (2001) Kozel (2002 2005) Katuta (2001) Girardi (2005) Raffestin (2007)
Lladoacute (2013) e Farinelli (2013) questionam e discutem a visatildeo de representaccedilatildeo espacial
em contextos tradicionais e progridem na avaliaccedilatildeo do mapa apontando novas
abordagens
A discussatildeo inicial estabelecida por Girardi (2005) destaca que a Cartografia
por anos eacute produzida mediante as regras da ordem da geometria e razatildeo positivista
Apresenta uma relaccedilatildeo entre a realidade e sua abstraccedilatildeo no papel O mapa enquanto
representaccedilatildeo permite compreender a dimensatildeo territorial por meio do proacuteprio
documento auxiliando na tomada de decisotildees e planejamento do espaccedilo urbano por
exemplo considerando a representaccedilatildeo como o proacuteprio objeto
Raffestin (2007 p 09 ndash 10) realiza criacuteticas em torno da Cartografia tradicional e
sua representaccedilatildeo por se constituir um significativo instrumento ideoloacutegico de poder
poliacutetico e militar ele menciona que
A representaccedilatildeo eacute triplamente uma moeda fiduciaacuteria12 em primeiro lugar ela
eacute a cristalizaccedilatildeo de um conjunto de valores e de normas de um sujeito
histoacuterico em seguida ela eacute o meio para se chegar a uma praacutetica e a um
conhecimento do real ou agrave praacutetica e a um conhecimento do imaginaacuterio e
enfim ela eacute um meio de acumulaccedilatildeo e de tesourizaccedilatildeo
Nas palavras do autor supracitado a carta (tipo de mapa geograacutefico de escala
meacutedia ou grande) tanto pode revelar verdades como mentiras sobre determinada
realidade espacial Nestas condiccedilotildees a representaccedilatildeo da superfiacutecie terrestre permite a
quem a detecircm e dela interpreta suas informaccedilotildees uma observaccedilatildeo geral do plano das
relaccedilotildees e organizaccedilotildees do territoacuterio e consequentemente uma accedilatildeo planejada sobre a
realidade apontando informaccedilotildees nem sempre verossiacutemeis mas um produto imaginaacuterio
intencional
Interpretando as palavras de Raffestin (2007) o ato de mapear natildeo eacute considerado
apenas no plano do conhecimento geograacutefico mas na posiccedilatildeo de organizaccedilatildeo espacial
11Uma observaccedilatildeo sobre a bibliografia deste trabalho eacute que Salete Kozel Teixeiraeacute citada durante esta
dissertaccedilatildeo de duas formas Teixeira e Kozel isso ocorre devido agrave mudanccedila do sobrenome da autora 12 Podemos considerar a expressatildeo ldquomoeda fiduciaacuteriardquo como um recurso de troca que garante seguranccedila
confianccedila na tomada de posiccedilatildeo do conhecimento para o sujeito
45
do domiacutenio do homem sobre o trabalho e o ambiente garantindo-lhe capital e poder As
caracteriacutesticas descritas segundo Lladoacute (2013) surgem com o advento da modernidade
e do Estado Naccedilatildeo ganhando prestiacutegio enquanto representaccedilatildeo espacial
O mapa nas condiccedilotildees a que se refere Raffestin (2007) e Lladoacute (2013) eacute
considerado legiacutetimo instrumento do governo Segundo Lladoacute (2013) poderiacuteamos
entender o mapa em dois momentos ideoloacutegicos distintos o primeiro destacaria o mapa
enquanto signo e o territoacuterio representado como significado O territoacuterio eacute um dado
original e o mapa uma abstraccedilatildeo uma imagem mais ou menos fiel do espaccedilo
Em um segundo momento Lladoacute (2013) e Farinelli (2013) demonstram que a
interpretaccedilatildeo sobre o mapa eacute transformada na modernidade pois haacute alteraccedilotildees culturais
Se antes o territoacuterio era a base para o mapeamento agora o mapa precede o territoacuterio
possibilitando a tomada de decisotildees planejamento criam-se inicialmente as fronteiras
fictiacutecias e depois as reais O Estado territorial moderno assume ldquo[] propriedades
geomeacutetricas e espaciais da projeccedilatildeo cartograacutefica algumas propriedades jaacute presentes na
definiccedilatildeo euclidiana de lsquoextensatildeorsquo espacialrdquo13 (LLADOacute 2013 p 242 ndash 243)
Segundo Lladoacute (2013 p 242 - 243) trecircs caracteriacutesticas estatildeo presentes no mapa
existente a ldquocontinuidaderdquo natildeo fragmentaccedilatildeo territorial ldquohomogeneidaderdquo o Estado e
consequentemente seu povo satildeo homogecircneos no que corresponde a cultura manipulam
os mesmo signos (liacutengua e consciecircncia histoacuterica) e ldquoisotropiardquo todos respondem ao
mesmo centro a capital do Estado14
Essa visatildeo eurocecircntrica do mundo da construccedilatildeo de mapas ocidentais
cientiacuteficos e contemporacircneo portanto ldquoverdadeirosrdquo haacute muito negligencia a confecccedilatildeo
de mapas primitivos histoacutericos e mentais por natildeo obedecerem a padrotildees de
normatizaccedilatildeo e leituras Girardi (2005 p 65) sintetiza esses fatores atraveacutes dos
seguintes pontos
1ordf ndash representaccedilatildeo cartograacuteficas verdadeiras satildeo aquelas construiacutedas com
rigor cientifico 2ordf ndash mapas satildeo produtos da evoluccedilatildeo histoacuterica da ciecircncia e da
13 [] propiedades geomeacutetricas y espaciales de La proyeccioacuten cartograacutefica unas propiedades presentes ya
em La definicioacuten euclidiana de laltltextensioacutengtgt espacial 14 Se os argumentos natildeo foram suficientes para convencer o leitor exemplos histoacutericos satildeo destacados
por Lladoacute (2013) e Farinelli (2013) os mapas utilizados por Benjamin Franklin George Washington e
Thomas Jeferson que promoveram a colonizaccedilatildeo das terras a Oeste dos Estados Unidos mediante a
divisatildeo territorial por meio da quadriacutecula cartograacutefica Outro exemplo mais proacuteximo historicamente e
geograficamente seria a construccedilatildeo de Brasiacutelia Cidade planejada na regiatildeo Centro-Oeste do Brasil
construiacuteda na deacutecada de 1950-60 durante o governo de Juscelino Kubitschek destaca-se aqui a realizaccedilatildeo
do plano piloto para a construccedilatildeo do Distrito Federal
46
tecnologia 3ordf ndash mapas soacute podem ser construiacutedos pelos que dominam todo
esse arcabouccedilo teacutecnico-cientiacutefico
Por outro lado a autora questiona
E os mapas das naccedilotildees indiacutegenas e de outras sociedades cujo referencial eacute
outro Natildeo satildeo mapas E os mapas turiacutesticos de propaganda imobiliaacuteria de
jornal A criacutetica corporativa resolveu essa questatildeo mudando o nome dessas
representaccedilotildees croquis mapa mental mapa ilustrativo Essa visatildeo
eurocecircntrica e elitista da cartografia em muito pouco contribuiacutea para avanccedilar
a discussatildeo sobre o mapa na Geografia (GIRARDI 2005 p 65)
A partir de Girardi (2005) questionamos no cenaacuterio contemporacircneo eacute possiacutevel
entender diferentes espacialidades de forma inteligente e humana em um mundo
globalizado regido por regras e direitos Haacute grupos ocupando distintas posiccedilotildees dentro
de uma mesma sociedade pessoas de diversas classes sociais etnias que residem em
diferentes lugares que possuem distintas profissotildees provenientes da imigraccedilatildeo e
comunidades tribais Natildeo seria equivocado afirmar que todos possuem a mesma leitura
de mundo Que satildeo todos iguais Ou ainda que expressatildeo a mesma relaccedilatildeo com o
ambiente
O que nos chama atenccedilatildeo natildeo eacute a aprendizagem do mapa em seu plano
cartesiano com normas e padrotildees pelo contraacuterio ressaltamos a importacircncia deste nas
atividades escolares visto sua forte expressatildeo e necessidade na vida contemporacircnea
Por outro lado eacute importante destacar que o mapa natildeo eacute um recurso neutro sua loacutegica eacute
composta por uma relaccedilatildeo que eacute historicamente e socialmente construiacuteda (KOZEL
2005)
Mediante o exposto Francischett (2012) relata uma mudanccedila epistemoloacutegica na
forma de interpretar a natureza da Cartografia correspondendo necessariamente a sua
didaacutetica metodologia do ensino de Geografia
Uma epistemologia com base na teoria social eacute mais apropriada para a
histoacuteria da Cartografia Ela mostraraacute que os mapas cientiacuteficos satildeo igualmente
produtos das regras da ordem da geometria e da razatildeo mas tambeacutem das
normas e valores da ordem social e da tradiccedilatildeo cultural (FRANCISCHETT
2012 p 93)
O mapa natildeo eacute uma ferramenta meramente teacutecnica ou mecacircnica Ela eacute carregada
de escolhas eacute portador de uma seleccedilatildeo das informaccedilotildees geograacuteficas Dito isto eacute
apresentada outra perspectiva do uso das representaccedilotildees geograacuteficas Kozel (2002) se
aventura em outras correntes epistemoloacutegicas oriundas da psicologia e discute o
conceito de representaccedilatildeo espacial para os estudos geograacuteficos Ela demonstra que
47
Caberia sobretudo agrave geografia das representaccedilotildees entender os processos que
submetem o comportamento humano tendo como premissa que este eacute
adquirido por meio de experiecircncias (temporal espacial e social) existindo
uma relaccedilatildeo direta e indireta entre essas representaccedilotildees e as accedilotildees humanas
ou seja entre as representaccedilotildees e o imaginaacuterio revolucionando a gecircnese do
conhecimento permitindo-nos compreender a diversidade inerente aacutes praacuteticas
sociais agraves mentalidades aos vividos (KOZEL 2002 p 215)
Partimos do princiacutepio que o mapa eacute um elemento da comunicaccedilatildeo logo este
recurso eacute portador de uma linguagem Eacute tambeacutem resultado de uma accedilatildeo colaborativa
visto que a aprendizagem ocorre por meio da participaccedilatildeo Neste caso eacute constatada uma
proximidade com linhas de estudo que discutem uma epistemologia do mapa voltada a
ldquoCartografia SocialCulturalrdquo (KOZEL 2002) que se relacionam com estudos de
pequenos grupos sociais e comunidades tradicionais brasileiras
Eacute de conhecimento de todos que no Brasil existem grupos indiacutegenas
quilombolas ciganos entre outros Dentre as caracteriacutesticas comuns das comunidades
grifadas estatildeo as condiccedilotildees econocircmicas de pobreza moradias distantes dos grandes
centros urbanos e dificuldades ao acesso a poliacuteticas governamentais Esses grupos
sociais o modo como eles lidam com a emoccedilatildeo e a razatildeo para mudar a realidade de vida
satildeo um dos desafios da ciecircncia para compreender essa realidade
Neste contexto experiecircncias com a Cartografia Social ganham cada vez mais
prestiacutegio entre as ciecircncias humanas A regiatildeo Norte do Brasil vem se destacando neste
campo de pesquisa O Projeto Nova Cartografia Social da Amazocircnia15 por exemplo
desenvolve pesquisas com o objetivo de proporcionar aos povos e comunidades
tradicionais na Amazocircnia agrave auto-cartografia oferecendo tecnologias que possibilitam a
delimitaccedilatildeo de seus territoacuterios de referecircncia os recursos naturais que utilizam para o
desenvolvimento dessas comunidades e sua cultura16
O projeto desenvolveu diferentes fasciacuteculos mediante a proposta supracitada
Entre eles o do Movimento Interestadual de Quebradeiras de Coco Babaccedilu (PROJETO
NOVA CARTOGRAFIA SOCIAL DA AMAZOcircNIA 2005) Este fasciacuteculo demonstra
a importacircncia da atividade da coleta da amecircndoa do coco babaccedilu como uma das poucas
15 Para mais informaccedilotildees sobre o Projeto Nova Cartografia Social da Amazocircnia e a produccedilatildeo de seus
materiais didaacuteticos e pesquisas acesse o link Disponiacutevel em
httpnovacartografiasocialcomapresentacaogt acessado em 03042015 16 Por meio projeto eacute possiacutevel a realizaccedilatildeo do georeferenciamento do territoacuterio Possibilita aleacutem disso a
formaccedilatildeo pedagoacutegica para essas comunidades aprendem a manusear GPS e outras teacutecnicas fundamentais
de cartografia possibilitando a escolha das informaccedilotildees que consideram relevantes para o seu modo de
vida e que devem ser representadas nos mapas Satildeo levantadas histoacuterias estoacuterias e experiecircncias cotidianas
a respeito das comunidades tradicionais com a intenccedilatildeo de preservar as praacuteticas e culturas regionais
48
alternativas econocircmicas Satildeo notoacuterios as ameaccedilas e conflitos com grandes proprietaacuterios
de terra para continuar essa cultura regional em estados como Maranhatildeo Paranaacute
Tocantins e Piauiacute
O espaccedilo enquanto referencial possibilita a estas comunidades principalmente
as mulheres responsaacuteveis pelo trabalho com o coco a consciecircncia de lutar por seus
direitos17 Haacute tambeacutem as dificuldades para a realizaccedilatildeo deste movimento resistecircncias e
crenccedilas a respeito do trabalho feminino A funccedilatildeo das cooperativas por exemplo satildeo
significativas para a mudanccedila de vida dessa populaccedilatildeo Produzem a exemplo sabonete
com oacuteleo de amecircndoas do babaccedilu tornando-se fonte de renda para muitas famiacutelias
(PROJETO NOVA CARTOGRAFIA SOCIAL DA AMAZOcircNIA 2005)
Esses apontamentos dialogam com os estudos de Teixeira (2001) que por sua
vez discute sobre o desenvolvimento da Geografia Cultural ao longo da histoacuteria Suas
consideraccedilotildees sobre a percepccedilatildeo geograacutefica reportam os enfoques do comportamento e
a cogniccedilatildeo O espaccedilo passa a ser apreendido pelos sentidos como resultado passa a ser
percebido sentido e representado tornando-se vivido Eacute dado creacutedito agraves experiecircncias
humanas a construccedilatildeo das imagens lembranccedilas significaccedilotildees e experiecircncias na
construccedilatildeo das relaccedilotildees sociais e ambientais
Os avanccedilos alcanccedilados pela Cartografia Social e as representaccedilotildees sociais
colaboram para a compreensatildeo dos mapas mentais enquanto um instrumento que
permitiria inserir na representaccedilatildeo dos alunos elementos subjetivos e sua compreensatildeo
da realidade Procuramos a seguir ilustrar alguns episoacutedios que aproximam agrave
interpretaccedilatildeo dos mapas mentais voltados as praacuteticas escolares para o Ensino de
Geografia
141 Percursos dos Mapas Mentais e suas praacuteticas na Educaccedilatildeo Geograacutefica
Por meio dos argumentos levantados sobre a Cartografia Social eacute observado que
a cogniccedilatildeo humana natildeo se restringe a um modelo de representaccedilatildeo espacial Para que
uma proposta de ensino-aprendizagem por meio do mapa seja sistematizada natildeo se daraacute
necessariamente em uma base cartesiana De acordo com Oliveira (2010) a proposta
17 O ldquodireito a palmeira livrerdquo a territoacuterios particulares para a coleta dos frutos satildeo accedilotildees garantidas por
leis municipais conquistadas a partir da organizaccedilatildeo do movimento das quebradeiras de coco babaccedilu
(exemplo lei municipal nordm 0012002 ndash Lago do Junco (MA) que dispotildeem sobre a proibiccedilatildeo da derrubada
de palmeiras de babaccedilu no municiacutepio e daacute outras providecircncias)
49
com o trabalho com o mapa dependeraacute dos objetivos a serem alcanccedilados pelos
professores em sala de aula
Natildeo satildeo recentes os estudos voltados agrave construccedilatildeo da imagem mental para a
percepccedilatildeo ambiental nos anos de 1960 ndash 1970 advertem Nogueira (2006) e Kozel
(2005) pesquisas de autores como William Kirk Peter Gould e White jaacute discutiam as
preferecircncias dos espaccedilos cotidianos e a escolha de itineraacuterios de estudantes
universitaacuterios norte-americanos
A reflexatildeo sobre a percepccedilatildeo ambiental nas cidades contribuiu para o
planejamento urbano e regional surgindo neste contexto agrave expressatildeo carta mental18 para
o mapeamento das preferecircncias das sociedades Nogueira ao estudar os trabalhos de
Gould e White destaca que
Esses autores consideram os ldquomapas mentaisrdquo as imagens espaciais que estatildeo
nas cabeccedilas dos homens natildeo soacute dos lugares vividos mas tambeacutem dos lugares
distantes construiacutedos pelas pessoas valendo-se de universos simboacutelicos
sendo produzidos por acontecimentos histoacutericos econocircmicos sociais e
econocircmicos divulgados (NOGUEIRA 2006 p 126)
Entre as obras citadas com frequecircncia nos estudos relacionados aos mapas
mentais estaacute o livro ldquoA imagem da cidaderdquo de Kelvin Lynch O autor reconstroacutei a
imagem do ambiente por meio da percepccedilatildeo de moradores das cidades norte-americanas
de Boston Jersey City e Los Angeles Lynch (2011) discute ainda o conceito de
legibilidade a clareza sobre a qual as pessoas percebem interpretam e organizam o seu
espaccedilo na cidade para nela sobreviver uma espeacutecie de sistematizaccedilatildeo cognitiva do
espaccedilo vivido ou seja seu mapa mental
Segundo os paracircmetros anteriormente destacados os mapas mentais possibilitam
destacar aspectos subjetivos e perceptivos de cada sujeito presentes na produccedilatildeo das
linguagens cartograacuteficas de espaccedilos e tempos proacuteximos ou distantes tal fato natildeo eacute
diferente quando relacionado agraves praacuteticas escolares Os PCN desde a deacutecada de 1990
apontam para os professores variados recursos didaacuteticos para o ensino de Geografia
eles explicam que
[] consultar diferentes fontes de informaccedilatildeo tais como obras literaacuterias
muacutesicas regionais fotografias entrevistas ou relatos torna-se essencial na
busca de novas informaccedilotildees que ampliem aquelas que jaacute se possui A
18 Teixeira (2001) adverte em sua tese que o mapa mental embora seja um termo corriqueiro na
atualidade eacute fruto de uma longa reflexatildeo Estudos anteriores podem identificar os mapas mentais pelos
seguintes sinocircnimos mapas cognitivos e ou cartas mentais
50
compreensatildeo geograacutefica das paisagens significa a construccedilatildeo de imagens
vivas dos lugares que passam a fazer parte do universo de conhecimentos dos
alunos tornando-se parte de sua cultura Os trabalhos praacuteticos com maquetes
mapas mentais e fotografias aeacutereas podem tambeacutem ser utilizados Grifo
nosso (BRASIL 1997 101)
As orientaccedilotildees dos PCN sublinham que diferentes praacuteticas e recursos escolares
podem ser utilizados nas aulas de Geografia entretanto na maioria dos casos recursos
como o desenho e os mapas mentais sofrem criacuteticas visto que satildeo tratados apenas como
instrumentos luacutedicos e ou descontextualizados a praacutetica pedagoacutegica
Miranda (2005) ao estudar o uso do desenho como recurso voltado ao ensino de
Geografia realizou uma pesquisa com alunos do atual 3ordm e 4ordm ano do EF Afirma o autor
que haacute o descaso relacionado agraves imagens manuais aleacutem de consideraacute-los como uma
possibilidade de transiccedilatildeo para os mapas existentes19 contexto que se aplica aos mapas
mentais
Miranda (2005 p 57) considera o ato de desenhar ldquo[] como meacutetodo de
abordagem e de anaacutelise como investigaccedilatildeo da paisagem atraveacutes de confrontaccedilotildees entre
o assunto observado (e natildeo o modelo) e os traccedilados que resultam da anaacuteliserdquo Aleacutem
disso ressalta que o desenho natildeo eacute portador de uma ldquoeducaccedilatildeo visualrdquo acabada sem
brechas para uma anaacutelise criacutetica da imagem
Portanto o foco do desenho eacute abranger ldquo[] a sua produccedilatildeo histoacuterica como
linguagem como uma forma de se pensar comunicar apresentar representarrdquo
(MIRANDA 2005 p 58) consideramos que os criteacuterios de educaccedilatildeo visual e
linguagem se aproximam das praacuteticas com os mapas mentais
Ao contraacuterio do desenho os mapas mentais satildeo recursos cartograacuteficos voltados agrave
anaacutelise espacial compostos por uma linguagem especiacutefica A seguir apresentamos
algumas experiecircncias do uso dos mapas mentais em contextos sociais e escolares a fim
de apontar algumas caracteriacutesticas e metodologias relacionadas ao ensino de Geografia
142 Os mapas mentais no ensino-aprendizagem de Geografia
Os trabalhos de Archela Gratatildeo amp Trostdorf (2004) e Santos (2011) embora natildeo
estejam relacionadas agrave educaccedilatildeo formal dispotildeem de algumas informaccedilotildees importantes
19 Esclarece Miranda (2005) que com o avanccedilo de novas teacutecnicas cartograacuteficas e de geoprocessamento a
ciecircncia geograacutefica deixou-se seduzir por estes novos instrumentos criando-se descaso pelas imagens
manuais A credibilidade do desenho eacute expressa com maior nitidez apoacutes o trabalho de Almeida amp Passini
(2010) muito embora como recurso de transiccedilatildeo que permitiria o desenvolvimento da crianccedila para a
chegada aos mapas existentes
51
sobre os mapas mentais A primeira autora utiliza os mapas mentais enquanto recurso
de avaliaccedilatildeo a respeito da aacuterea central da cidade de Cambeacute estado do Paranaacute A
pesquisa eacute realizada com crianccedilas e jovens deste espaccedilo urbano Articula a
representaccedilatildeo do lugar pelos jovens mostrando relaccedilotildees de topofilia (apego ao lugar) e
topofobia (medo do lugar)
Santos (2011) por sua vez expotildeem uma pesquisa realizada com pessoas de
faixa etaacuteria distintas em uma comunidade rural de Vilas Rurais Recanto Verde e Nova
Jerusaleacutem Paranaacute Os mapas mentais satildeo realizados pelos participantes de um projeto
social agriacutecola que busca reduzir as desigualdades sociais no interior do estado
Ambas as pesquisas discutem a relaccedilatildeo de lugar e trabalho e tambeacutem como os
signos (formas espaciais) expressam significados sociais Como exemplo eacute destacado a
igreja enquanto signo espacial nas representaccedilotildees dos mapas mentais Ela corresponde
aos significados das manifestaccedilotildees culturais e religiosas expressadas nos artigos de
Archela Gratatildeo amp Trostdorf (2004) e Santos (2011)
A discussatildeo teoacuterica a respeito do recurso mapa mental eacute realizada por diferentes
autores aleacutem dos supracitados Rocha (2007) Gomes amp Vargas (2011) e Kozel amp
Galvatildeo (2008) enfatizam que as questotildees subjetivas deste recurso (o valor simboacutelico do
mapa) satildeo uma construccedilatildeo dialoacutegica e social do espaccedilo representado O mapa mental
neste sentido revela os sentimentos e apreensotildees das pessoas em relaccedilatildeo ao espaccedilo
podendo estar relacionados agrave memoacuteria ou a imaginaccedilatildeo de espaccedilos natildeo vividos
fisicamente Aleacutem disso possibilita condiccedilotildees de aprendizagem escolar que
possivelmente poderia influenciar na construccedilatildeo da imagem mental
Para alcanccedilarmos trabalhos que se aproximassem com a investigaccedilatildeo da
produccedilatildeo de mapas mentais em contexto escolar pesquisamos experiecircncias relacionadas
a praacuteticas de ensino de Geografia nos primeiros anos de educaccedilatildeo escolar Apesar do
pouco sucesso encontramos uma experiecircncia na Educaccedilatildeo Infantil e outra realizada nos
anos iniciais do EF
O artigo de Lopes (2012) eacute resultado de suas pesquisas sobre a apropriaccedilatildeo dos
espaccedilos pelas crianccedilas ele discorre sobre a infacircncia e outras possibilidades do uso da
Cartografia Escolar O autor realiza investigaccedilotildees baseadas na teoria histoacuterico-cultural
de Vigotski Explica tambeacutem que suas pesquisas com ldquocrianccedilas pequenasrdquo (de zero a
seis anos de idade) vecircm ldquo[] buscando compreender suas linguagens seus
enamoramentos pelas coisas pelos objetos suas vivecircncias em seus contextos histoacuterico-
geograacuteficosrdquo (LOPES 2012 p 215 - 216)
52
O estudo de Lopes (2012) natildeo busca apenas uma cartografia para crianccedilas uma
visatildeo dos adultos sobre as representaccedilotildees realizadas mas enfatiza que os ldquopequenosrdquo
busquem suas proacuteprias referencias promovendo suas Geo-cartografias singularidades
localizem e pensem seu lugar no mundo O autor nomeou esta praacutetica cartograacutefica de
ldquoMapas vivenciaisrdquo eacute notada uma proximidade metodoloacutegica com a pesquisa de
Miranda (2005)
Eacute demonstrado ainda que o mapa vivencial tenha como referecircncia natildeo apenas o
mundo dos adultos mas a proacutepria percepccedilatildeo da crianccedila sobre o mundo Lopes (2012)
considera o exemplo de um mapa realizado por um garoto de quatro anos de idade que
representa o mapa dos cheiros de sua casa A crianccedila estabelece a relaccedilatildeo entre o signo
(cocircmodos de sua casa) e os significados (os cheiros encontrados nestes espaccedilos)
(observar a figura 02 p 52) Esta experiecircncia enfatiza o olfato como oacutergatildeo sensorial
que permite localizar organizar e diferenciar os cocircmodos da casa
FIGURA 02 - MAPA VIVENCIAL MAPA DOS CHEIROS
Fonte LOPES 2012 p 216
Em outro cenaacuterio eacute realizado o trabalho por Silva amp Bernadelli (2010) Eles
conduziram na Escola Estadual Cristoacutevatildeo Colombo Uberlacircndia ndash MG uma oficina
pedagoacutegica sobre mapas mentais com uma turma do 5ordm ano do EF O projeto havia
como intenccedilatildeo promover praacuteticas de ensino de Geografia na Educaccedilatildeo Infantil mediante
experiecircncia de Estaacutegio Supervisionado I realizados com alunos do curso de Geografia
da Universidade Federal de Uberlacircndia
53
A oficina discutiu o uso da Geografia nas atividades do dia a dia e aconteceu em
duas etapas A primeira correspondeu agrave produccedilatildeo de um texto que apresentava conceitos
voltados a cartografia escala orientaccedilatildeo espacial as toponiacutemias e outros levando em
consideraccedilatildeo relaccedilotildees espaciais de base piagetiana A segunda constituiu a realizaccedilatildeo de
mapas mentais que traccedilavam o percurso casa-escola seguindo orientaccedilotildees estabelecidas
por Nogueira (2006) discutindo a importacircncia dos pontos de referecircncia lugares
destacados nas representaccedilotildees experiecircncias pessoais atraveacutes de sentidos e atividades
socioculturais temas apresentados apoacutes a leitura dos mapas mentais com os alunos A
figura 03 (p 53) apresenta um dos mapas que retratam esta discussatildeo
FIGURA 3 - MAPA MENTAL DO TRAJETO CASA-ESCOLA
Fonte SILVA amp BERNADELLI 2010 p 05
Eacute observado que preocupaccedilotildees para um direcionamento teoacuterico ndash metodoloacutegico
com os mapas mentais para a Educaccedilatildeo Infantil e os anos iniciais do Ensino Infantil eacute
algo recente e pontual Em alguns casos estatildeo voltados a experiecircncias com os mapas
existentes (SILVA amp BERNADELLI 2010) entretanto buscam diversificar as
estrateacutegias inserindo a importacircncia do diaacutelogo e das experiecircncias cotidianas Aleacutem
disso fica evidente a pouca referecircncia sobre o uso de mapas mentais voltadas a
54
educaccedilatildeo escolar no que correspondem aos anos iniciais do EF20 que validem uma
proposta metodoloacutegica deste recurso a ser pensada e utilizada pelos pedagogos
Entre as teses que buscam um tratamento de uma construccedilatildeo metodoloacutegica para
o trabalho com os mapas mentais destacamos as teses de Teixeira (2001) e Richter
(2010) os quais daremos maior enfoque na anaacutelise de nosso trabalho
Teixeira (2001) discute como eacute materializado o discurso proferido pela miacutedia da
cidade de Curitiba Paranaacute enquanto ldquocapital ecoloacutegicardquo para isso diagnostica a
construccedilatildeo da imagem social recorrendo agrave percepccedilatildeo da populaccedilatildeo que a habita e a
frequenta Sua pesquisa envolve moradores (estudante do Ensino Fundamental Meacutedio e
Superior discentes e docentes) e natildeo-moradores (turistas) a diversidade de
participantes foi escolhida intencionalmente para responder se havia ou natildeo
divergecircncia dos grupos em relaccedilatildeo a esta imagem de Curitiba
Em busca de respostas para suas indagaccedilotildees Teixeira (2001) utilizou como
instrumento de anaacutelise os mapas mentais Aleacutem do mais discute por meio dos mapas as
representaccedilotildees sociais e espaciais avaliando as construccedilotildees siacutegnicas Por meio de uma
metodologia proacutepria desenvolve paracircmetros de anaacutelise para os mapas mentais fato
inexistente antes do seu trabalho
Como suporte teoacuterico de sua pesquisa resgatou os apontamentos realizados por
Bakhtin (2012) sobre a linguagem o uso do signo e do enunciado como elementos que
possibilitam a comunicaccedilatildeo (dialogismo) por meio da representaccedilatildeo espacial
encontradas nos mapas mentais Produziu estudos posteriores que discute
epistemologicamente e empiricamente o uso dos mapas mentais como recurso didaacutetico
para o ensino de Geografia em diferentes niacuteveis de ensino (KOZEL 2002 2008)
Kozel influenciou a realizaccedilatildeo de outros estudos Em um artigo Galvatildeo amp Kozel
(2008) discutem sobre os aspectos teoacutericos - metodoloacutegicos da Geografia enfatizando as
questotildees de representaccedilatildeo e ensino Reproduzem a metodologia utilizada por Teixeira
para os mapas mentais com um grupo de alunos do 7ordm ano Esse trabalho registra a
compreensatildeo e anaacutelises dos estudantes sobre a contribuiccedilatildeo da Geografia Eacute destacado
nos mapas a temaacutetica Brasil e seus desdobramentos (Relaccedilatildeo local-global identidade
nacional siacutembolos territoacuterio etnias entre outros)
20 Embora as pesquisas de Lopes (2012) discutam o uso de mapas com crianccedilas observamos algumas
divergecircncias A primeira corresponde agrave faixa etaacuteria das crianccedilas pois natildeo podemos comparar as
experiecircncias de vida entre alunos da Educaccedilatildeo Infantil (faixa com a qual trabalha) com os anos iniciais do
EF pois a leitura de mundo eacute distinta A segunda corresponde aos interesses e avanccedilos sobre a
aprendizagem ocorrida na escola lembrando que todos os alunos a partir dos seis anos devem ser
matriculados na rede regular de ensino como discutimos no iniacutecio deste capiacutetulo
55
Em outro caso semelhante Oliveira (2010) dispotildee da metodologia de Teixeira
para o desenvolvimento de sua dissertaccedilatildeo de mestrado Propotildee um estudo de caso em
duas escolas puacuteblicas estaduais em Madalena e Fortaleza ndash CE A pesquisa foi realizada
com alunos do 2ordm ano do Ensino Meacutedio e buscou discutir qual a relaccedilatildeo os estudantes
fazem entre o meio urbano e rural Oliveira (2010) sustenta a ideia que o mapa mental
deve estar direcionado a uma praacutetica pedagoacutegica para a consolidaccedilatildeo do conhecimento
geograacutefico e no reconhecimento e formaccedilatildeo do aluno enquanto um sujeito pertencente a
uma coletividade social
Em outra perspectiva Richter (2010) realiza uma investigaccedilatildeo com duas turmas
de alunos do 3ordm ano do Ensino Meacutedio na cidade de Presidente Prudente ndash Satildeo Paulo
uma escola puacuteblica e outra privada Enfatiza a importacircncia da aprendizagem de
Geografia como um conhecimento necessaacuterio para a Educaccedilatildeo Baacutesica O autor pondera
que a Geografia capacita o aluno a realizar uma interpretaccedilatildeo da realidade sob uma
perspectiva espacial auxiliando a interpretar o seu cotidiano considera isso de
raciociacutenio geograacutefico
Ao desenvolver sua proposta com os mapas mentais define temaacuteticas como os
problemas urbanos e o processo de globalizaccedilatildeo na cidade de Presidente Prudente para a
realizaccedilatildeo das representaccedilotildees Paralelamente resgata a Teoria Histoacuterico-cultural
desenvolvida por Vigotski (1998) e aproxima do desenvolvimento da Cartografia
Escolar Atraveacutes desta discussatildeo estabelece a importacircncia da linguagem para o
desenvolvimento humano a qual a cartograacutefica tambeacutem faz parte
Este pesquisador discute a importacircncia da construccedilatildeo dos conceitos espontacircneos
e cientiacuteficos pelos alunos Estes conceitos segundo o Richter (2010) possibilitam o
aluno compreender a sistematizaccedilatildeo do conhecimento geograacutefico e consequentemente
utilizar este saber em sua vida cotidiana No desenvolvimento da linguagem dos mapas
mentais seleciona os conceitos de legibilidade usada por Kevin Lynch e espaccedilo por
Milton Santos para a disposiccedilatildeo dos elementos retratados Ele considera tambeacutem as
experiecircncias vividas dos alunos assim como os conteuacutedos de Geografia como elos de
produccedilatildeo do raciociacutenio geograacutefico
Richter (2010) julga o mapa mental enquanto recurso didaacutetico que possibilita ao
aluno transpor para o papel sua compreensatildeo sobre a dinacircmica espacial articulando
seus conhecimentos sobre Geografia e ampliando seu conhecimento tornando o
estudante leitor e produtor de mapa Reconhece tambeacutem a importacircncia da criticidade na
56
elaboraccedilatildeo dos mapas mentais Observa em alguns casos que o aluno natildeo domina certos
conceitos da Geografia
Richter (2010) assim como Teixeira (2001) tambeacutem prossegue em seus estudos
sobre Cartografia Escolar Ele enfatiza a importacircncia dos mapas mentais nas praacuteticas
escolares sem perder o foco do ensino-aprendizagem de Geografia como fator
preponderante Nesta mesma linha jaacute apresentada desenvolve projetos de pesquisas em
escolas na regiatildeo norte da cidade de Goiacircnia ndash GO atraveacutes do Programa de
Financiamento de Bolsas para alunos de Licenciatura (PROLICEN) do curso de
Geografia da UFG (RICHTER 2013)
No desenvolvimento dos mapas mentais encontramos diversos fatores que
contribuem com a sua produccedilatildeo ora referem-se agrave percepccedilatildeo que cada indiviacuteduo tem
acerca do espaccedilo cotidiano ora essas leituras satildeo provenientes de um saber
sistematizado cientiacutefico orientado por uma educaccedilatildeo escolar em ambos os casos
carecem de habilidade para transcrever no papel as imagens mentais que o sujeito deteacutem
sobre o espaccedilo (TEIXEIRA 2001 RICHTER 2010) Portanto o mapa mental eacute
resultado de uma representaccedilatildeo dialeacutetica possuindo caracteriacutesticas individuais do
sujeito tal como a influecircncia sociocultural do mesmo
O desenvolvimento dos mapas mentais enquanto capacidade cartograacutefica
pressupotildee habilidade para abstrair e simbolizar eacute incontestaacutevel o poder de conceituar as
relaccedilotildees espaciais (TEIXEIRA 2001 GALVAtildeO amp KOZEL 2008 RICHTER 2010)
A ocasiatildeo mais comum de seu uso eacute quando eacute necessaacuterio transpor eficientemente para
o papel o conhecimento geograacutefico a outros sujeitos e como a linguagem verbal eacute mais
utilizada para narrar acontecimentos do que para descrever e explicar relaccedilotildees espaciais
simultacircneas os mapas mentais satildeo adotados para a alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica e
consequentemente para a leitura de mundo do aluno
15 AS CONTRIBUICcedilOtildeES DE VIGOTSKI E BAKHTIN PARA A COMPREENSAtildeO
METODOLOacuteGICA DOS MAPAS MENTAIS
Ao relacionarmos os mapas mentais enquanto portadores de uma comunicaccedilatildeo
afirmamos que eles possuem uma linguagem cartograacutefica Esta compreensatildeo tem como
base os estudos estabelecidos por Teixeira (2001) Kozel (2002 2005 2008) e Richter
(2010) Essa preocupaccedilatildeo sobre a visatildeo do mapa enquanto portador de uma linguagem
57
natildeo eacute ineacutedito Richter (2010) apresenta o trabalho acadecircmico de Simielli sobre a
reflexatildeo do mapa como possibilidade de um tratamento didaacutetico da linguagem espacial
Simielli (2008 p 71) foi uma das primeiras autoras a discutir ldquoo mapa como
elemento transmissor de informaccedilatildeordquo e avaliar sua ldquoeficaacuteciardquo A teoria da informaccedilatildeo
discutida pela autora embora natildeo aponte os mapas mentais compreende o aluno
enquanto mapeador possibilitando o desenvolvimento de habilidades como observaccedilatildeo
seleccedilatildeo e representaccedilatildeo do espaccedilo geograacutefico Constitui um modelo cognitivo de
apreensatildeo da realidade atraveacutes dos sentidos para a representaccedilatildeo do mapa Explica
Simielli (2008 p 78) que
Para se entender plenamente a linguagem cartograacutefica eacute preciso destacar aqui
a importacircncia da semioacutetica ciecircncia geral de todas as linguagens mais
especialmente dos signos O signo eacute algo que representa o seu proacuteprio objeto
Ele soacute eacute signo se tiver o poder de representar esse objeto de um certo modo e
com uma certa capacidade O signo soacute pode representar seu objeto para um
inteacuterprete produzindo na mente deste um outro signo considerando o fato de
que o significado de um signo eacute outro signo
O signo apresentado no mapa se divide em duas esferas o significante que
corresponde ao aspecto real (material) do signo e o significado que eacute o aspecto irreal
(representado) Segundo as orientaccedilotildees da autora supracitada o mapa constitui uma
relaccedilatildeo entre dois sujeitos o emissor (produtor do mapa) e o receptor (leitor do mapa)
Aleacutem disso satildeo empregadas teacutecnicas da alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica para a
construccedilatildeo do sentido dos mapas da relaccedilatildeo dos significados e significantes expressos
por meio de um alfabeto cartograacutefico (linha ponto e aacuterea) aparato da linguagem
cartograacutefica Simielli (2008 p 88) considera que ldquo[] o aluno interpreta os mapas
orienta-se e estabelece-se a correspondecircncia entre a representaccedilatildeo cartograacutefica e a
realidaderdquo21
O mapa diferentemente de outras teacutecnicas de informaccedilatildeo e conhecimento como
a liacutengua portuguesa ou a Matemaacutetica eacute portador de uma linguagem natildeo-verbal Traduz
um processo de aprendizagem natildeo sequencial de fenocircmenos que quando apresentados
na fala em texto ou operaccedilotildees matemaacuteticas naturalmente vatildeo apresentar uma
hierarquia disposiccedilatildeo sequencialidade que nem todas agraves vezes satildeo desejaacuteveis
A utilizaccedilatildeo dos mapas mentais sugere metodologias para interpretaacute-los e
existem diferentes formas de fazecirc-lo Para isso como meio de sistematizar
21 Podemos observar o uso deste alfabeto cartograacutefico na larga produccedilatildeo de mapas existentes (nos uso da
legenda) em nosso cotidiano nos mapas murais atlas escolares livros didaacuteticos etc
58
geograficamente as informaccedilotildees registradas nos mapas mentais elaborados pelos alunos
apresentamos dois processos metodoloacutegicos que consideramos satisfatoacuterios Eles se
completam e satildeo empregados como guias para a avaliaccedilatildeo dos mapas produzidos em
nossa pesquisa
O primeiro corresponde aos trabalhos de Richter (2010) que aproxima da teoria
histoacuterico-cultural de Vigostki (1998) e o segundo de Teixeira (2001) e Kozel (2002
2005 2008) ao referendar os estudos de Bakhtin para interpretaccedilatildeo dos mapas mentais
Consideramos que ambas as metodologias tem como foco a interpretaccedilatildeo das
informaccedilotildees contidas nos mapas mentais bem como o estabelecimento de relaccedilotildees entre
o espaccedilo geograacutefico e o representado Consideram os aspectos socioculturais como algo
imprescindiacutevel agrave compreensatildeo dos mapas mentais
Portanto escolhemos os dois autores russos Vigostki (1998) e Bakhtin (2012)
por eles promoverem uma discussatildeo acerca da linguagem no desenvolvimento da
aprendizagem humana e no estabelecimento do dialogo social Essa tese eacute sustentada
por Jobim e Souza (1994 p 93) ao considerar que embora Vigotski e Bakhtin tomem
diferentes caminhos para interpretaccedilatildeo deste ponto convergem em explicar ldquoa
linguagem como espaccedilo de recuperaccedilatildeo do sujeito histoacuterico e socialrdquo
Vigotski (1998) e Bakhtin (2012) provocaram importantes mudanccedilas sobre a
reflexatildeo hegemocircnica da condiccedilatildeo humana no seacuteculo XX Ambos os autores construiacuteram
suas perspectivas de estudo baseados no campo filosoacutefico do materialismo histoacuterico-
dialeacutetico indicando o campo cultural da sociabilidade humana como base para a
tematizaccedilatildeo da consciecircncia Se Vigotski por um lado contrapocircs agrave corrente objetivista e
subjetivista na Psicologia por outro Bakhtin os desafiou em seus estudos sobre a
linguagem
Bakhtin (2012) considera a linguagem como fenocircmeno socioideoloacutegico e
apreendido dialogicamente no contexto histoacuterico Critica a postura das grandes
correntes linguiacutesticas da deacutecada de 1920 por empregar teorias que natildeo considerava a
liacutengua como fenocircmeno social O objetivismo abstrato representado por Saussure e o
subjetivismo idealista empregado por Humboldt
Segundo Rego (1995) a perspectiva de aprendizagem para Vigotski eacute sempre
relativa agrave dimensatildeo social e natildeo exclusivamente a maturaccedilatildeo do organismo22 A
22 Durante o desenvolvimento de nossa pesquisa foi posto pela professora do 5ordm ano que alguns alunos
natildeo conseguiam desenvolver ou compreender determinadas propostas com os mapas mentais ou
relacionadas a conteuacutedo da Geografia Segundo sua explicaccedilatildeo isso ocorre porque natildeo estaria ldquomadurosrdquo
59
formaccedilatildeo humana eacute constituiacuteda em relaccedilatildeo coletiva A cultura torna-se parte da natureza
humana O desenvolvimento decorre da histoacuteria das funccedilotildees psicoloacutegicas superiores
caracterizadas por mudanccedilas qualitativas e quantitativas
As funccedilotildees psicoloacutegicas superiores (percepccedilatildeo memoacuteria pensamento)
transformam-se em contiguidade dando suporte aos processos elementares que se
tornam complexos Nestes termos inexiste um instrumento endoacutegeno23 para o
desenvolvimento humano Consequentemente
Os sistemas de signos (a linguagem a escrita o sistema de nuacutemeros) eacute
pensado como um sistema de instrumentos os quais foram criados pela
sociedade ao longo de sua histoacuteria Esse sistema muda a forma social e o
niacutevel de desenvolvimento cultural da humanidade A internalizaccedilatildeo desses
signos provoca mudanccedilas no homem Seguindo a tradiccedilatildeo marxista Vigotski
considera que as mudanccedilas que ocorrem em cada um de noacutes tem sua raiz na
sociedade e na cultura (BOCK FURTADO amp TEIXEIRA 2008 p 141)
A linguagem para Vigotski (1998) se torna o principal instrumento mediador
da interaccedilatildeo humana O ato da comunicaccedilatildeo para o desenvolvimento da humanidade eacute
incontestaacutevel Ao longo da histoacuteria ela contribuiu para o desenvolvimento das formas de
sobrevivecircncia no espaccedilo geograacutefico Pouco a pouco se tornou importante o legado das
experiecircncias atraveacutes das geraccedilotildees permitindo o avanccedilo da sociedade em termos sociais
evolutivos e adaptativos ao ambiente
Vigotski (1998) considera que o discurso egocecircntrico eacute ponto de partida para o
discurso interior Interior porque corresponde agrave internalizaccedilatildeo da linguagem Nestas
condiccedilotildees ao longo de nosso desenvolvimento passamos da fala socializada (a
comunicaccedilatildeo em contato social) a fala internalizada (instrumento de pensamento sem
vocalizaccedilatildeo) correspondente a um diaacutelogo consigo mesmo (REGO 1995)
Nessas conjunccedilotildees a questatildeo levanta por Vigotski (1998) eacute o planejamento de
uma teoria sociopsicoloacutegica que relaciona o pensamento a palavra como processo
dinacircmico E tambeacutem a necessidade da linguagem como fator constituinte para as
funccedilotildees psicoloacutegica superiores e da construccedilatildeo da subjetividade (JOBIM E SOUZA
1994) No campo da didaacutetica e do ensino-aprendizagem de Geografia especificamente
estudos sobre uma concepccedilatildeo socioconstrutivista enfatizam a educaccedilatildeo escolar como
o suficiente para progredir em seu desenvolvimento intelectual Observa que em muitos casos apenas o
fator ldquotempo de estudordquo o proporcionaria se desenvolver Posicionamo-nos de forma contraacuteria ao
entender por meio dos estudos de Vigotski (1998) que os fatores sociais e o processo de mediaccedilatildeo
contribuem para o progresso da aprendizagem do aluno 23 Relativo a algo originaacuterio ou desenvolvimento no interior do organismo
60
processo de conhecimento onde haacute a intervenccedilatildeo premeditada pelo professor a fim de
preparar o aluno para a construccedilatildeo de conceitos (CAVALCANTI 2014)
Na concepccedilatildeo de Vigotski (1998) o conhecimento natildeo eacute construiacutedo de forma
individual mas ao contraacuterio relata que pessoas mais experientes intervecircm na
construccedilatildeo do conhecimento elas satildeo denominadas mediadores A interaccedilatildeo ocorre
tambeacutem por meio de teacutecnicas materiais e instrumentos psicoloacutegicos oferecidos pela
cultura Para Vigotski (1998 p 112) a mediaccedilatildeo eacute explicada por meio do conceito de
Zona de Desenvolvimento Proximal que
[] eacute a distacircncia entre o niacutevel de desenvolvimento real que se costuma
determinar atraveacutes da soluccedilatildeo independente de problemas e o niacutevel de
desenvolvimento potencial determinado atraveacutes da soluccedilatildeo de problemas sob
a orientaccedilatildeo de um adulto ou em colaboraccedilatildeo com companheiro mais
capazes
Em outras palavras a Zona de Desenvolvimento Real eacute quando o aluno
consegue resolver determinado problema sozinho Zona de Desenvolvimento
Potencial eacute quando o aluno necessita de auxiacutelios mediadores para construir uma
compreensatildeo sobre algum conceito Jaacute a Zona de Desenvolvimento Proximal eacute o
estaacutegio intermediaacuterio com sucessivos avanccedilos e retrocessos ao longo do processo
educativo
Semelhante ao conceito de Zona de Desenvolvimento Proximal e os processos
de ensino-aprendizagem de Geografia nos anos iniciais do EF apontamos os
mediadores que nesse caso eacute representado pelo professor os colegas e os recursos
didaacuteticos24 (no caso desta pesquisa os mapas mentais) que podem influenciar na
educaccedilatildeo escolar O professor nesse processo ganha importacircncia significativa pois eacute
sua tarefa problematizar e criar situaccedilotildees de aprendizagem Os alunos por sua vez satildeo
motivados a interpretar analisar levantar hipoacuteteses propor soluccedilotildees e representar as
dinacircmicas do espaccedilo geograacutefico orientaccedilotildees expressas nos PCN (BRASIL 1997)
Portanto segundo Cavalcanti (2014) na relaccedilatildeo entre desenvolvimento e
aprendizagem os instrumentos mediadores e a situaccedilatildeo de ensino-aprendizagem
possibilita o desenvolvimento do pensamento nas praacuteticas escolares destacando-se
entre os instrumentos a linguagem De acordo com a interpretaccedilatildeo de Rego sobre o
24 Entendemos que satildeo diversos os recursos didaacuteticos (instrumentos mediadores) utilizados como aporte
para as aulas de Geografia Eles correspondem aos jaacute tradicionalmente conhecidos e utilizados no espaccedilo
escolar (livro didaacutetico atlas caderno) e outros utilizados no cotidiano dos alunos (raacutedio televisatildeo
jornais revistas computador internet etc) Apoiamos a diversidade desses recursos para a praacutetica de
ensino possibilitando diferentes caminhos para o professor atingir seus objetivos em sala de aula
61
trabalho de Vigotski a linguagem confere trecircs mudanccedilas essenciais nos processos
psiacutequicos do homem
A primeira relaciona-se ao fato de que a linguagem permite lidar com os
objetos do mundo exterior mesmo quando eles estatildeo ausentes [] A segunda
refere-se ao processo de abstraccedilatildeo e generalizaccedilatildeo que a linguagem
possibilita [] a linguagem natildeo somente designa os elementos presentes na
realidade mas tambeacutem fornece conceitos e modos de ordenar o real em
categorias conceituais [] A terceira estaacute associada agrave funccedilatildeo de
comunicaccedilatildeo entre os homens que garante como consequecircncia a preservar
transmissatildeo e assimilaccedilatildeo de informaccedilotildees e experiecircncias acumuladas pela
humanidade ao longo da histoacuteria (REGO 1995 p 53 ndash 54)
Aleacutem disso haacute outro pressuposto relativo ao estudo de Vigotski para aplicaccedilotildees
no contexto escolar Satildeo na interaccedilatildeo com o meio que o sujeito desenvolve conceitos
espontacircneos e depois na escola mediados pelo professor conceitos cientiacuteficos O
primeiro corresponde aos conhecimentos construiacutedos na experiecircncia pessoal cotidiana
concreta O conceito cientiacutefico eacute o conhecimento construiacutedo ao longo da histoacuteria que eacute
disponibilizado pela educaccedilatildeo escolar por meio de um ensino sistemaacutetico (REGO
1995)
Esclarecendo um pouco mais estes conceitos Rego (1995 p 77) afirma que
Os conceitos cotidianos referem-se agravequeles conceitos construiacutedos a partir da
observaccedilatildeo manipulaccedilatildeo e vivencia direta da crianccedila [] Os conceitos
cientiacuteficos se relacionam agravequeles eventos natildeo diretamente acessiacuteveis agrave
observaccedilatildeo ou accedilatildeo imediata da crianccedila satildeo os conhecimentos
sistematizados adquiridos nas interaccedilotildees escolarizadas
Richter (2010) discute a importacircncia da construccedilatildeo desses conceitos espontacircneos
e cientiacuteficos para o desenvolvimento do raciociacutenio geograacutefico Aleacutem disso relaciona os
estudos de Vigotski agrave compreensatildeo da linguagem cartograacutefica o desenvolvimento da
aprendizagem neste caso eacute mediado pelo uso do mapa mental Resgatamos
sumariamente as ideias de Vigotski a respeito da construccedilatildeo dos conceitos e como
entendemos esse processo para explicaccedilatildeo do uso das noccedilotildees para o ensino de
Geografia
Para Vigotski segundo expotildee Friedrich (2012) o desenvolvimento da
linguagem pela crianccedila eacute distinguido em trecircs fases no processo de formaccedilatildeo de
conceitos A primeira fase corresponde agrave formaccedilatildeo dos sincreacuteticos a segunda eacute a do
pensamento por complexos nessa fase haacute um momento chamado de pseudoconceito e
por uacuteltimo o verdadeiro conceito (conceito cientiacutefico)
Na formaccedilatildeo dos sincreacuteticos ldquo[] a crianccedila designa diferentes objetos
utilizando a mesma palavrardquo (FRIEDRICH 2012 p 91) Nesse processo de
62
desenvolvimento cognitivo da crianccedila ela pode utilizar a mesma palavra (entendida
aqui como imagem) para situaccedilotildees distintas em decorrecircncia de seu caraacuteter difuso e
aleatoacuterio O que haacute eacute uma utilizaccedilatildeo funcional da imagem independentemente do
contexto ao qual se encontra
Ao relacionar a formaccedilatildeo da imagem sincreacutetica as representaccedilotildees dos mapas
mentais Richter (2010 p 72) adverte que o aluno embora observe o meio ou em outro
caso jaacute tenha estudado outros modelos de representaccedilatildeo
[] natildeo consegue discernir os contextos que satildeo responsaacuteveis pela sua
configuraccedilatildeo [espacial] Ou seja produz um mapa em que todos os elementos
representados natildeo apresentam diferenccedilas Por exemplo natildeo entende que uma
aacutervore pode ser mais velha que um preacutedio abandonado Mas ao cruzar
determinadas informaccedilotildees como a localizaccedilatildeo de alguns objetos ou a anaacutelise
temporal transforma essa imagem complexa numa leitura mais criteriosa
Os complexos pensamento e linguagem satildeo desenvolvidos pelas crianccedilas
possibilitando a compreensatildeo de relaccedilotildees objetivas existentes entre o mapa mental e o
mundo real tomando a representaccedilatildeo como fonte de conhecimento do mundo (natildeo)
conhecido O mapa mental por exemplo eacute observado como aproximaccedilatildeo da
representaccedilatildeo espacial do mapa existente do Brasil Isso ocorre por conter criteacuterios
miacutenimos de comunicaccedilatildeo que podem ou natildeo ter alguma relaccedilatildeo aos modelos
tradicionalmente expressos pela ciecircncia geograacutefica (tema legenda tiacutetulo uso de signos
orientaccedilatildeo espacial) Devemos compreender que
A organizaccedilatildeo do pensamento por complexo ajuda a crianccedila na interpretaccedilatildeo
do mundo e assim na sua representaccedilatildeo Neste momento o mapa deixa de
ser um amontoado de objetos para representar fenocircmenos especiacuteficos que
mesmo tendo alguns niacuteveis de complexidade natildeo compatiacuteveis com a
cogniccedilatildeo da crianccedila ela jaacute eacute capaz de estabelecer criteacuterios de seleccedilatildeo Assim
o mapa construiacutedo comeccedila a ser analisado como um meio de comunicaccedilatildeo
entre o que a crianccedila observa no mundo no seu meio e no que eacute possiacutevel
expressar nele (RICHTER 2010 p 73)
Por meio dos complexos e do agrupamento de ligaccedilotildees entre os objetos e
fenocircmenos estudados surge no final da segunda fase o pseudoconceito Essa fase eacute
significativa visto que ele eacute o antecessor ao verdadeiro conceito correspondendo como
elo ao conceito cientiacutefico O pseudoconceito segundo as observaccedilotildees de Friedrich
(2012) ainda natildeo eacute o proacuteprio conceito muito embora as bases de abstraccedilatildeo da palavra
as possiacuteveis semelhanccedilas e agrupamentos sejam levados em consideraccedilatildeo pela crianccedila
O pseudoconceito quando relacionado agraves atividades voltadas aos mapas mentais
compreende em um estaacutegio onde as crianccedilas conseguem desenvolver interpretaccedilotildees e
representaccedilotildees proacuteximas a compreensatildeo dos adultos embora natildeo tenha desenvolvido
autonomia ou habilidade cognitiva suficiente para desenvolver o processo sem o auxiacutelio
63
da mediaccedilatildeo de outros sujeitos colegas ou professor (RICHTER 2010) A terceira fase
eacute a de formaccedilatildeo de conceito cientiacuteficos anteriormente explicados
Diferentemente de Richter (2010) que realiza sua pesquisa com alunos do
ensino meacutedio observamos que por diferentes razotildees (formaccedilatildeo do professor de
Pedagogia tempo de aula destinado a disciplina de Geografia metodologia e recursos
empregados etc) natildeo haacute o ensino-aprendizagem do conceito propriamente dito nos
anos iniciais do EF mas o de noccedilotildees referentes agrave ciecircncia geograacutefica Entendemos as
noccedilotildees de Geografia como o processo inicial de construccedilatildeo de conhecimentos baacutesicos
dessa ciecircncia na escola O quadro 2 sintetiza esse modelo
QUADRO 2 - AS NOCcedilOtildeES COMO PROCESSO DE FORMACcedilAtildeO DOS CONCEITOS
CIENTIacuteFICOS
Fonte Friedrich (2012) e Richter (2010)
Baseado nesse modelo eacute apontado que as noccedilotildees devem estar niacutetidas enquanto
conceitos cientiacuteficos na compreensatildeo dos professores Para os alunos as noccedilotildees de
Geografia se apresentam enquanto condiccedilotildees iniciais de raciociacutenio e abstraccedilatildeo dos
conhecimentos referentes a essa ciecircncia em outros termos ldquo[] natildeo significa apenas
generalizar colocar junto agraves coisas no mundo mas pensar o mundo o que pode
conduzir a ligaccedilotildees entre as coisas no mundo que natildeo satildeo ligaccedilotildees fatuaisrdquo
(FRIEDRICH 2012 p 95)
Desenvolve autonomia e
habilidade cognitiva para
uma interpretaccedilatildeo mais
aprofundada
Pensamento por
complexos
Caraacuteter difuso e aleatoacuterio
Conceitos cientiacuteficos
Sincreacuteticos
Des
envolv
imen
to d
as
noccedilotilde
es d
e
Geo
gra
fia n
os
an
os
inic
iais
do E
F
Pensamento linguagem ndash
representa fenocircmenos
especiacuteficos
Pseudoconceito
Aproxima-se da
compreensatildeo dos adultos
64
Portanto as noccedilotildees podem passar por todas as fases da construccedilatildeo do conceito
cientiacutefico (sincreacuteticos pensamento por complexos e pseudoconceitos) Entretanto natildeo
haacute a garantia da formaccedilatildeo de conceitos tampouco dos pseudoconceitos tendo em vista
que o conceito cientiacutefico na maioria das vezes natildeo eacute alcanccedilado nos anos iniciais do EF
As noccedilotildees auxiliam os fundamentos para compreensatildeo das relaccedilotildees espaciais e temas
geograacuteficos viabilizando o aluno a progredir em seus estudos
Entender a linguagem mediante as ideias expressas por Vigostki eacute observar que
ela eacute uma construccedilatildeo social e que se desenvolve ao longo da vida Adicionamos a esta
interpretaccedilatildeo a proposta de Bakhtin (2012) que entende a linguagem como um
fenocircmeno social da interaccedilatildeo verbal Buscamos nesse processo observar como as
noccedilotildees de Geografia expressam sentido na representaccedilatildeo por meio dos mapas mentais
Bakhtin (2012) contesta as teses empregadas sobre a linguagem a liacutengua com
influecircncia histoacuterica da filologia que desconsiderou o enunciado e o contexto
transformando-a em um monologo morto com enunciaccedilatildeo fechada isolada Esse autor
afirma que a liacutengua eacute viva e natildeo pertence a um sistema abstrato de normas possui um
contexto soacutecio-histoacuterico A linguagem eacute vista a partir da interaccedilatildeo entre os sujeitos
envolvidos numa praacutetica social Assim
A verdadeira substacircncia da liacutengua [] eacute constituiacuteda [] pelo fenocircmeno social
da interaccedilatildeo verbal realizada atraveacutes da enunciaccedilatildeo ou das enunciaccedilotildees A
interaccedilatildeo verbal constitui assim a realidade fundamental da liacutengua [] Mas
pode-se compreender a palavra ldquodiaacutelogordquo num sentido amplo isto eacute natildeo
apenas com a comunicaccedilatildeo em voz alta de pessoas colocadas face a face
mas toda comunicaccedilatildeo verbal de qualquer tipo que seja (BAKHTIN 2012
p127)
O conceito de dialogismo e interaccedilatildeo verbal estatildeo diretamente ligados pois se
apresentam enquanto sustentaccedilatildeo do processo de produccedilatildeo dos discursos em outras
palavras eacute agrave base da proacutepria linguagem Portanto para Bakhtin (2012) todos os
interlocutores envolvidos no processo apresentam o mesmo grau de importacircncia visto
que todo enunciado eacute uma reacuteplica uma resposta a enunciados passados e possiacuteveis
enunciados que venham a ser produzidos De modo simultacircneo a uma resposta todo o
enunciado se configura tambeacutem em uma indagaccedilatildeo em uma pergunta a outros
possiacuteveis enunciados25
25Para Bakhtin (2012) o enunciado eacute um diaacutelogo que se produz em um contexto que eacute sempre social entre
duas pessoas socialmente organizadas Estabelece relaccedilotildees com a realidade dialoacutegica entre o falante e o
ouvinte
65
Nessas condiccedilotildees Freitas (2000 p 135) entende que ldquotoda enunciaccedilatildeo tem pois
dois aspectos o linguumliacutestico [sic] que eacute reiterativo e se refere a um objeto preacute-existente e
o contextual que eacute uacutenico tendo como referecircncia novos enunciadosrdquo Portanto no caso
do uso dos mapas mentais entendemos que ele sempre seraacute relativo a um modelo preacute-
existente seja a imagem mental que o aluno tem do mundo ou uma construccedilatildeo jaacute
sistematiza atraveacutes dos mapas existentes possibilitando (re) significar sua compreensatildeo
acerca do espaccedilo geograacutefico26
Nesse sentido Jobim e Souza (1994) demonstram que a visatildeo bakhtiniana propotildee
que as relaccedilotildees dialoacutegicas satildeo particulares elas natildeo podem ser reduzidas agraves reacuteplicas de
um diaacutelogo real Decorre que estas relaccedilotildees dialoacutegicas satildeo amplas heterogecircneas e
complexas Dois enunciados de lugar e ou tempo diferente quando confrontados em
relaccedilatildeo ao seu sentido podem resultar em uma relaccedilatildeo dialoacutegica Estas constituem
relaccedilatildeo de sentido quer seja no discurso de um diaacutelogo real e especiacutefico (espaccedilo vivido)
como no acircmbito plural das ideias desenvolvidas pela ciecircncia em espaccedilos e tempos
distintos27
O tema e a construccedilatildeo das noccedilotildees geograacuteficas satildeo conforme a interpretaccedilatildeo dos
estudos de Bakhtin e Vigotski algo exterior ao sujeito O aluno natildeo eacute o criador por
excelecircncia do saber geograacutefico do produto cartograacutefico mas um (re) contextualizador
dessa histoacuteria (Re) contextualiza para compreender No ato da mediaccedilatildeo aprimora
suas teacutecnicas contextualiza novos conhecimentos memoriza esquece inventa
descobre deixa de acreditar em fantasias e estoacuterias como consequecircncia
Nenhum falante eacute o primeiro a falar sobre o toacutepico de seu discurso O falante
natildeo eacute o Adatildeo biacuteblico que nomeia o mundo pela primeira vez Cada um de noacutes
encontra um mundo que jaacute foi articulado elucidado avaliado de muitos
modos diferentes mdash jaacute-falado por algueacutem Ao usar as palavras para falar
sobre um determinado toacutepico encontramo-nos jaacute habitado por outras falas de
outras pessoas Para Bakhtin a linguagem nunca estaacute completa ela eacute uma
26 Compreendemos que os mapas mentais podem se aproximar em sua configuraccedilatildeo dos mapas
existentes mas isso natildeo eacute a intenccedilatildeo primeira O que procuramos explicar eacute que a imagem espacial acerca
do espaccedilo geograacutefico eacute apresentada ao aluno de diferentes formas seja ela a partir de suas proacuteprias
experiecircncias cotidianas assim como por abstraccedilotildees (mapas) utilizadas pelas diferentes esferas sociais
Isto influecircncia a percepccedilatildeo de mundo dos estudantes podendo ser re-significada na escola mediante o
processo de ensino-aprendizagem de Geografia 27
Haacute uma diferenccedila expressa que distingue significado e sentido nas obras de Bakhtin segundo Freitas
(2000 p 136) o ldquosignificado refere-se ao significado abstrato dicionarizado que eacute reconhecido pelos
linguumlistas [sic] [] O sentido exige uma compreensatildeo ativa mais complexa em que o ouvinte aleacutem de
decodificar relaciona o que estaacute sendo dito com o que ele estaacute presumindo e prepara uma resposta ao
enunciadordquo
66
tarefa um projeto sempre caminhando e sempre inacabado (JOBIM E
SOUZA 1994 p 99)
No contexto escolar o aluno ao produzir um mapa mental entendido por Kozel
(2005 2008) como enunciado sempre leva em consideraccedilatildeo o outro (colegas e
professor e a proacutepria condiccedilatildeo social ao que estaacute inserido) natildeo de forma passiva mas
sobretudo como sujeito que participa de maneira ativa Eacute a partir dessa corrente
comunicativa de enunciados concretos que a linguagem no sentido bakhtiniano se
define como dialoacutegica Um dos fatos que possibilita o uso da concepccedilatildeo bakhtiniana
para interpretaccedilatildeo dos mapas mentais eacute que
A especificidade das relaccedilotildees dialoacutegicas precisa de uma abordagem que
considere os aspectos metalinguumliacutesticos [sic] que constituem qualquer
enunciado e que natildeo satildeo redutiacuteveis agraves relaccedilotildees loacutegicas da liacutengua Embora as
relaccedilotildees loacutegicas na liacutengua sejam evidentes e necessaacuterias elas natildeo esgotam
toda a complexidade presente nas relaccedilotildees dialoacutegicas (JOBIM E SOUZA
1994 p 100)
Jobim e Souza oferece outras pistas para compreendermos a funccedilatildeo dos mapas
mentais a autora ao referir-se aos estudos de Bakhtin elucida que ldquoas relaccedilotildees
dialoacutegicas pressupotildeem a liacutengua como sistema mas natildeo existem propriamente no
sistema da liacutenguardquo (JOBIM E SOUZA 1994 p 101) portanto natildeo apenas a expressatildeo
verbal poderaacute constituir um sistema linguiacutestico mas tambeacutem as natildeo-verbais como a
libras desenho e os mapas mentais
Teixeira (2001) ao estudar os mapas mentais explica que eles constituem um
discurso que emprega uma variedade de signos expressos em forma de enunciado
constituindo novas formas de linguagem destaca que
Eacute atraveacutes de nossa capacidade de combinar signos que desenvolvemos nossa
capacidade semioacutetica pois os sistemas de signos satildeo sobretudo conjuntos
heterogecircneos Com base nessas consideraccedilotildees podemos entender a
importacircncia dessa abordagem para a anaacutelise das representaccedilotildees elaboradas
atraveacutes dos mapas mentais (TEIXEIRA 2001 p 273)
Como exemplo Teixeira (2001) estuda o slogan ldquoCuritiba Capital ecoloacutegicardquo
enquanto um signo de representaccedilatildeo social da cidade de Curitiba ndash PR Os mapas
mentais realizados em sua pesquisa observam a percepccedilatildeo da imagem ambiental de
Curitiba criada pela sociedade dividindo a interpretaccedilatildeo em duas esferas de um lado
como uma urbanizaccedilatildeo organizada e por outro com problemas como favelizaccedilatildeo
poluiccedilatildeo entre outros
67
O enunciado portanto pode se contradizer mas natildeo discordar Isto soacute eacute possiacutevel
quando ocorre as interaccedilotildees do sistema linguiacutestico com a realidade satildeo as interaccedilotildees
que datildeo o caraacuteter de verdadeiro falso belo etc O mapa mental enquanto um recurso
visual tambeacutem eacute carregado desta relaccedilatildeo dialoacutegica possui interaccedilotildees de signos que
dialogam com a realidade espacial vivida e ou conhecida pelo aluno durante suas
praacuteticas estudantis e sociais
Explica Barros (2012) que o signo eacute carregado de um conteuacutedo valor ideoloacutegico
ou vivencial possui tambeacutem caraacuteter mediador operador (realiza) e conversor (altera) as
relaccedilotildees sociais e percepccedilotildees A atividade do signo eacute para Vigotski e Bakhtin um
processo de mudanccedila do proacuteprio sujeito sobre outros e a cultura Admite Barros (2012)
que para Vigotski a palavra eacute sempre comando e Bakhtin desfaz a dicotomia entre
linguagem e praacutetica social Como conclusatildeo ao uso do signo nessa perspectiva
Os signos soacute podem existir onde os indiviacuteduos estejam socialmente
organizados formando grupos ou sociedades organizadas natildeo sendo possiacutevel
serem construiacutedos apenas na intermediaccedilatildeo entre dois elementos ou coisas
quaisquer Eacute necessaacuterio que exista a materialidade social para que haja a
exteriorizaccedilatildeo do signo tornando-o objeto concreto de estudo garantindo-lhe
sua convencionalizaccedilatildeo e garantindo sua utilizaccedilatildeo como signo (TEIXEIRA
2001 p 269)
Consideramos que o mapa mental ao se constituir em um fator de caracterizaccedilatildeo
para a linguagem cartograacutefica possui funccedilatildeo de enunciado da mesma forma como
Bakhtin valoriza a enunciaccedilatildeo na fala afirmando sua natureza social o mapa mental estaacute
relacionado agraves condiccedilotildees da comunicaccedilatildeo que por sua vez estatildeo sempre ligadas agraves
estruturas sociais Essa comunicaccedilatildeo envolve no miacutenimo dois sujeitos o sujeito
destinador (mapeador) e o destinataacuterio (leitor de mapa) mas
[] o vivido soacute se semiotiza quando eacute expresso em caso contraacuterio natildeo seraacute
uma experiecircncia humana mas uma mera resposta fisioloacutegica a um estiacutemulo
do meio que natildeo se diferenciaria do animal Portanto expressar externar um
enunciado eacute um produto das inter-relaccedilotildees sociais (KOZEL 2008 p 74)
Concluindo nossos apontamentos sobre as consideraccedilotildees de Bakhtin
ressaltamos que o mapa mental pode ser considerado mais que um veiacuteculo de
comunicaccedilatildeo entre os sujeitos a materializaccedilatildeo do proacuteprio conhecimento cientiacutefico
aprendido coletivamente em condiccedilotildees escolares Apresenta natildeo apenas sinais relativos
ao sujeito que aprende mas refletem sobre as ideologias criadas pela sociedade
contrapondo e ressignificando as experiecircncias cotidianas do sujeito que vive e do
conhecimento cientiacutefico que aprende com o auxiacutelio dos mediadores escolares
68
Dessa maneira com base nas reflexotildees acima entende-se o mapa mental como
um recurso didaacutetico para a comunicaccedilatildeo (carto)graacutefica dos espaccedilos que vivenciamos em
nosso dia a dia ou cartograficamente puacuteblicos como o mapa mundo Ao tornar possiacutevel
ensaiar comportamentos espaciais na mente torna-se um instrumento mnemocircnico
Quando expresso no papel os mapas mentais satildeo instrumentos para estruturar e
armazenar o conhecimento apreendido no processo de alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica
Desta forma buscamos nos proacuteximos capiacutetulos aprofundar a possibilidade de
uma alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica relacionada agrave linguagem por meio dos mapas mentais
pensando as praacuteticas de Ensino de Geografia nos anos iniciais do EF Aleacutem disso
descrevemos e explicamos o percurso metodoloacutegico da pesquisa a escola escolhida os
sujeitos e instrumentos de pesquisa que corroboram com nossa investigaccedilatildeo
69
2 ITINERAacuteRIO DA PESQUISA E SEUS ENCAMINHAMENTOS
METODOLOacuteGICOS
Antes de explicarmos os procedimentos de nossa pesquisa eacute necessaacuteria uma
ressalva a respeito de sua metodologia Ao iniciarmos nossa investigaccedilatildeo realizamos
duas pesquisas-piloto nos anos iniciais do EF uma na Escola Municipal Luacutecia de
Faacutetima Gayoso Meira Campina Grande ndash PB no ano de 2013 e a outra na Escola de
Aplicaccedilatildeo da Universidade Federal de Goiaacutes em Goiacircnia ndash GO em 2014 (ambas em
turmas do 5ordm ano) Nestas ocasiotildees a proposta metodoloacutegica para esta dissertaccedilatildeo era a
pesquisa-accedilatildeo
Durante a qualificaccedilatildeo desta pesquisa a metodologia pesquisa-accedilatildeo foi
questionada no que corresponde ao criteacuterio ldquotempordquo haja vista que a pesquisa-accedilatildeo
ldquo[] eacute singular e define-se por uma situaccedilatildeo precisa concernente a um lugar a pessoas
a um tempo a praacuteticas e a valores sociais e agrave esperanccedila de mudanccedilardquo (BARBIER 2007
p 119) Nossas pesquisas-piloto ateacute o momento haviam sido pontuais (dois meses em
meacutedia) e com puacuteblicos de realidade distintos o que natildeo resultaria em ldquoesperanccedila de
mudanccedilardquo ou seja das soluccedilotildees de problemas referentes agrave proposta de alfabetizaccedilatildeo
cartograacutefica
Buscamos outras propostas metodoloacutegicas que permitissem contribuir com o
desenvolvimento da investigaccedilatildeo realizando consequentemente uma uacuteltima pesquisa
a qual deu base para as anaacutelises registradas neste trabalho Consequentemente ao
estudarmos o artigo ldquoO que eacute um estudo de caso qualitativo em educaccedilatildeo28rdquo escrito por
Andreacute (2013) compreendemos as criacuteticas relacionadas a uma tipificaccedilatildeo da pesquisa em
educaccedilatildeo sem uma reflexatildeo aprofundada A respeito dessas consideraccedilotildees expotildeem
Andreacute (2013 p 96)
O que parece estar presente na cultura acadecircmica pelo menos para o poacutes-
graduando eacute uma convicccedilatildeo de que eacute necessaacuterio e obrigatoacuterio dar um nome a
sua pesquisa Acontece que nem sempre existe uma classe ndash ou tipificaccedilatildeo ndash
em que se pode enquadrar a pesquisa
A autora completa seus argumentos ressaltando que
28
ANDREacute Marli O que eacute um estudo de caso qualitativo em educaccedilatildeo Revista da FAEEBA - Educaccedilatildeo
e Contemporaneidade Salvador v 22 n 40 2013 p 95 ndash 103 Disponiacutevel em
lthttpwwwrevistasunebbrindexphpfaeebaarticleview753gt Acesso em 15102014
70
Na perspectiva das abordagens qualitativas natildeo eacute a atribuiccedilatildeo de um nome
que estabelece o rigor metodoloacutegico da pesquisa mas a explicitaccedilatildeo dos
passos seguidos na realizaccedilatildeo da pesquisa ou seja a descriccedilatildeo clara e
pormenorizada do caminho percorrido para alcanccedilar os objetivos com a
justificativa de cada opccedilatildeo feita Isso sim eacute importante porque revela a
preocupaccedilatildeo com o rigor cientiacutefico do trabalho ou seja se foram ou natildeo
tomadas as devidas cautelas na escolha dos sujeitos dos procedimentos de
coleta e anaacutelise de dados na elaboraccedilatildeo e validaccedilatildeo dos instrumentos no
tratamento dos dados (ANDREacute 2013 p 96)
Entendemos que uma pesquisa acadecircmica natildeo necessariamente deve estar
relacionada a uma tipificaccedilatildeo de pesquisa o que interessa satildeo os procedimentos que
conduziram a investigaccedilatildeo e a clareza para compreensatildeo do leitor Procurando natildeo
cometer os mesmos erros resolvemos entatildeo destacar a abordagem qualitativa
recorrendo a alguns procedimentos utilizados durante as pesquisas-piloto ao qual
daremos maior enfoque a seguir
21 CARACTERIZACcedilAtildeO DA METODOLOGIA DA PESQUISA
Segundo Gil (1999) uma investigaccedilatildeo cientiacutefica requer um processo formal e
sistemaacutetico de desenvolvimento do meacutetodo de investigaccedilatildeo Na busca por soluccedilotildees para
determinado problema o pesquisador adota uma seacuterie de procedimentos permitindo
colaborar com novos conhecimentos acerca do objeto pesquisado Quando nos
referimos as Ciecircncias Sociais fica claro que o comportamento humano eacute complexo
Tambeacutem mais mutaacutevel que os fenocircmenos fiacutesicos (rochas minerais etc) dessa forma
opccedilotildees metodoloacutegicas necessitam ser realizadas
Seguindo as observaccedilotildees do paraacutegrafo anterior concordamos com Oliveira
(2007 p 43) quando caracteriza a metodologia como
[] um processo que se inicia desde a disposiccedilatildeo inicial de se escolher um
determinado tema para pesquisar ateacute a anaacutelise dos dados com as
recomendaccedilotildees para minimizaccedilatildeo ou soluccedilatildeo do problema pesquisado
Portanto metodologia eacute um processo que engloba um conjunto de meacutetodos e
teacutecnicas para ensinar analisar conhecer a realidade e produzir novos
conhecimentos
Oliveira (2007) e Gil (1999) afirmam que a pesquisa eacute um processo de
desenvolvimento do conhecimento cientiacutefico e por meio dela novas descobertas e
avanccedilos na realidade social podem ser realizados Para Oliveira (2007) eacute indispensaacutevel
que o pesquisador tenha afinidade pelo tema investigado e que esteja relacionado agrave vida
e experiecircncias do cientista A proximidade com o tema possibilita o conhecimento da
71
gecircnese do problema crescimento pessoal e possiacuteveis contribuiccedilotildees Em virtude dessas
palavras eacute importante revelar as circunstacircncias que nos aproximam da aacuterea da
Cartografia Escolar
Durante a graduaccedilatildeo em licenciatura em Geografia os estudos relacionados agrave
Cartografia jaacute me despertava interesse levando-me a participar enquanto monitor da
disciplina ldquoCartografia Baacutesica Irdquo na Universidade Estadual da Paraiacuteba Campus
Campina Grande Outra experiecircncia em projeto de extensatildeo inquietou-me
pesquisaacutevamos o uso de recursos geotecnoloacutegicos nas praacuteticas de ensino de Geografia
Como resultado decidi investigar o uso das geotecnologias (entre elas a Cartografia
digital) com alunos dos anos iniciais do EF29
Portanto o interesse sobre ensino de Geografia e Cartografia Escolar se estende
ao desenvolvimento desta dissertaccedilatildeo Neste vieacutes eacute necessaacuterio identificar as opccedilotildees
realizadas principalmente ao que se refere aos paracircmetros metodoloacutegicos Escolhemos
enquanto orientaccedilatildeo de pesquisa a abordagem qualitativa que
[] pode ser caracterizada como sendo uma tentativa de explicar em
profundidade o significado e as caracteriacutesticas do resultado das informaccedilotildees
obtidas atraveacutes de entrevistas ou questotildees abertas sem a mensuraccedilatildeo
quantitativa de caracteriacutesticas ou comportamento (OLIVEIRA 2007 p 59)
Aleacutem disso eacute possiacutevel destacar outras caracteriacutesticas da pesquisa qualitativa
como descrever a complexidade de problemas e hipoacuteteses compreender e classificar
grupos sociais contribuir no processo de mudanccedila criar grupos com a finalidade de
interpretaccedilatildeo das particularidades e dos comportamentos e atitudes dos sujeitos (GIL
1999 OLIVEIRA 2007) Segundo as orientaccedilotildees de Oliveira (2007 p 59) e Godoy
apud Neves (1996 p 01) a abordagem qualitativa segue algumas situaccedilotildees de pesquisa
29 O projeto de extensatildeo intitulado ldquoPotencialidades da utilizaccedilatildeo de geotecnologias como recursos
didaacuteticos no ensino-aprendizagem de Geografiardquo foi coordenado pela Prof Drordf Josandra Arauacutejo Barreto
de Melo O projeto visava capacitar os alunos da Escola Normal de Campina Grande denominados de
formandos (profissionais formados para atuarem na Educaccedilatildeo Infantil e anos iniciais do Ensino
Fundamental) a utilizarem geotecnologias (sites e softwares como o google earth) atraveacutes da criaccedilatildeo de
situaccedilotildees de ensino-aprendizagem geograacuteficas Apoacutes essa experiecircncia no ano de 2012 realizei uma
investigaccedilatildeo sobre as potencialidades dos recursos geotecnoloacutegicos para as aulas de Geografia
especificamente com alunos do 5ordm ano da Escola Municipal Luacutecia de Faacutetima Gayoso Meira A monografia
eacute intitulada ldquoEnsino de Geografia no Ensino Fundamental I o uso de recursos geotecnoloacutegicos e de novas
metodologias de ensino-aprendizagemrdquo Em ambas as experiecircncias encontramos dificuldades na
execuccedilatildeo da proposta seja por falta do laboratoacuterio de informaacutetica desconhecimento sobre teacutecnicas da
informaacutetica (por professores e ou alunos) ou dos procedimentos metodoloacutegicos e conceituais da
Geografia
72
que se converge em cinco aspectos os quais relacionaram com as justificativas e
contextos desta dissertaccedilatildeo
1 Necessidade de substituir informaccedilotildees estatiacutesticas30 por quadros
qualitativos investigar fatos em novos contextos ou quando haacute pouca
informaccedilatildeo sobre determinado tema Esse dado justifica a intenccedilatildeo de
pesquisar o uso dos mapas mentais em contexto escolar com alunos dos anos
iniciais do EF em decorrecircncia do pouco referencial teoacuterico e uma proposta
metodoloacutegica sobre o uso de esboccedilos cartograacuteficos livres no referido periacuteodo de
escolarizaccedilatildeo
2 As observaccedilotildees qualitativas satildeo indicadores de estruturas sociais Ao
realizar a nossa pesquisa nas turmas de 4ordm e 5ordm ano do EF utilizamos como
estrateacutegia a observaccedilatildeo participante registrando fatos e fenocircmenos encontrados
em campo realizando descriccedilotildees acerca das aulas de Geografia ministradas
3 Compreender aspectos psicoloacutegicos cujos dados natildeo podem ser coletados
por outros meacutetodos de investigaccedilatildeo Neste quesito foi verificada a
complexidade do processo de ensino-aprendizagem de Geografia
especialmente das praacuteticas que envolvem a Cartografia Escolar necessitando de
uma compreensatildeo do contexto da escola das leituras de mundo dos alunos sobre
os mapas mentais produzidos e da apreensatildeo das professoras
4 O significado que as pessoas datildeo as coisas e a sua vida como preocupaccedilatildeo
para o investigador Valorizamos em nossa pesquisa natildeo apenas os mapas
mentais enquanto produto final mas o processo de produccedilatildeo das representaccedilotildees
pelos alunos Procuramos dialogar e observar os contextos em sala de aula
procurando buscar soluccedilotildees para o ensino-aprendizagem de Geografia com as
turmas com as quais trabalhamos Aleacutem disso procuramos ressaltar a
importacircncia da Geografia para o cotidiano dos alunos
5 Enfoque indutivo Partimos de uma realidade particular para o
desenvolvimento da pesquisa uma escola municipal a qual seraacute apresentada
posteriormente efetivando nesse processo (novas) propostas correspondentes a
30 Para Oliveira (2007 p 58) eacute possiacutevel ldquo[] utilizar dados quantitativos em uma pesquisa qualitativa
visto que face ao novo paradigma da ciecircncia contemporacircnea no processo de construccedilatildeo do conhecimento
(epistemologia) deve-se incluir a descriccedilatildeo de todos os fenocircmenos []rdquo
73
praacuteticas com os mapas mentais e ateacute mesmo observando seus (in) sucessos em
sala de aula
Tendo as situaccedilotildees descritas anteriormente como pontos norteadores do estudo
foi necessaacuterio tambeacutem recorremos a outros gecircneros de pesquisa com a intenccedilatildeo de (1)
empregar procedimentos utilizados em pesquisas-piloto anteriores os quais os
resultados demonstraram-se positivos e (2) Ampliar as fontes de dados relacionadas aos
resultados da investigaccedilatildeo Nestas condiccedilotildees os meacutetodos seguidos pela abordagem
qualitativa estudo de caso a pesquisa participativa e a pesquisa-accedilatildeo serviram como
guias para refinarmos outros procedimentos
Relata Gil (1999) e Oliveira (2007) que a pesquisa participativa requer
compromisso espiacuterito de solidariedade e comunhatildeo entre o pesquisador e a populaccedilatildeo
da comunidade em que eacute realizado o estudo De acordo com Oliveira (2007 p 75) a
pesquisa participativa eacute uma ldquo[] modalidade de pesquisa [que] eacute realizada em
comunidades carentes ou com grupos desfavorecidos como operaacuterios iacutendios e
camponeses entre outrosrdquo Aleacutem disso procura uma associaccedilatildeo entre uma accedilatildeo para
soluccedilatildeo de um problema coletivo desenvolvendo autonomia dos sujeitos pesquisados a
uma exterioridade poliacutetica econocircmica administrativa por exemplo (GIL 1999)
A pesquisa-accedilatildeo assim como a pesquisa participativa eacute caracterizada pela
participaccedilatildeo do pesquisador no contexto social investigado A metodologia eacute definida
por Engel (2000 p 182) como
[] um tipo de pesquisa participante engajada em oposiccedilatildeo agrave pesquisa
tradicional que eacute considerada como ldquoindependenterdquo ldquonatildeo-reativardquo e
ldquoobjetivardquo Como o proacuteprio nome jaacute diz a pesquisa-accedilatildeo procura unir a
pesquisa agrave accedilatildeo ou praacutetica isto eacute desenvolver o conhecimento e a
compreensatildeo como parte da praacutetica Eacute portanto uma maneira de se fazer
pesquisa em situaccedilotildees em que tambeacutem se eacute uma pessoa da praacutetica e se deseja
melhorar a compreensatildeo desta
No desenvolvimento da pesquisa-accedilatildeo assim como da pesquisa participativa se
busca a accedilatildeo efetiva dos membros para a realizaccedilatildeo de determinada atividade com o
objetivo da conscientizaccedilatildeo social trabalhista ou educacional por exemplo No caso da
Cartografia Social as investigaccedilotildees se valem da produccedilatildeo dos mapas mentais
considerando as experiecircncias dos grupos humanos Outro fator eacute que na pesquisa-accedilatildeo o
conhecimento eacute produto de uma praacutetica considera nesta modalidade a reflexatildeo que
ocorre durante todo o processo da pesquisa
74
Parte dos procedimentos adotados corresponde agraves pesquisas de gecircnero
participativa especialmente da pesquisa-accedilatildeo as quais satildeo caracterizadas a partir das
obras de Barbier (2007) e Morin (2004) Elas satildeo explicitadas nos seguintes toacutepicos
Realizaccedilatildeo de um ldquocontratordquo segundo Barbier (2007) e Morin (2004) eacute um
acordo realizado entre o pesquisador e o grupo de trabalho O contrato tem um
caraacuteter aberto formal e de preferecircncia natildeo-estruturado Para realizaccedilatildeo da
pesquisa tivemos que concordar com algumas condiccedilotildees dadas pelas
professoras entre elas que os assuntos abordados durante as aulas
correspondessem com os conteuacutedos ministrados no quarto bimestre (em ambas
as turmas) e que as aulas fossem ministradas durante um dia
(quinzenalmente)31
Participaccedilatildeo coletiva e cooperativa e de cogestatildeo A pesquisa-accedilatildeo
corresponde ao envolvimento dos sujeitos e do pesquisador que satildeo sujeitos da
praacutetica Desta forma nossa intenccedilatildeo natildeo era apenas aplicar os mapas mentais
com as turmas selecionadas (4ordm e 5ordm ano) mas participar e lecionar os assuntos
de Geografia visto que foi nos dada agrave oportunidade em ambas as turmas
muito embora as professoras tenham participado de todo o processo
Mudanccedila que leve a transformaccedilatildeo Inicialmente questionamos os alunos
acerca dos recursos cartograacuteficos (utilizaccedilatildeo dos mapas) a leitura dos recursos
e sua utilizaccedilatildeo no cotidiano Neste quesito realizamos atividades
direcionadas aos mapas mentais aleacutem de outras atividades com mapas
existentes e atividades luacutedicas para a soluccedilatildeo de duacutevidas e problemas
encontrados neste percurso O produto resultou em diferentes praacuteticas de
ensino entretanto assim como aponta a metodologia de pesquisa nem todas
as praacuteticas foram eficazes (como apresentaremos nos proacuteximos capiacutetulos)
Nestas condiccedilotildees Morin (2007) esclarece que os erros levam ao avanccedilo da
pesquisa e satildeo relevantes para a adaptaccedilatildeo do objeto investigado Neste contexto esses
procedimentos da pesquisa-accedilatildeo podem ser esclarecedores para o pesquisador pois o
31 Geralmente as aulas ocorriam uma vez por semana em periacuteodos equivalentes a uma hora (em meacutedia)
Ao dialogarmos com as professoras conseguimos um dia por semana durante todo o periacuteodo da tarde Em
entrevista os alunos se queixavam que as aulas de Geografia e Histoacuteria pouco ocorriam havendo
semanas que simplesmente natildeo aconteciam (principalmente no 5ordm ano) Voltaremos a abordar essas
questotildees no capiacutetulo III
75
faz debruccedilar natildeo apenas pelos resultados positivos mas situa a reflexatildeo global do
processo de ensino-aprendizagem no processo de aperfeiccediloamento As pesquisas
participativas consideram o conhecimento sempre provisoacuterio e dependente do contexto
histoacuterico e cultural observado e interpretado (MORIN 2004 BARBIER 2007
OLIVEIRA 2007)
Ademais com a intenccedilatildeo de estruturar as accedilotildees para realizaccedilatildeo da pesquisa
resgatamos criteacuterios do estudo de caso o qual segundo Oliveira (2007 p 55) eacute
caracterizado como ldquouma estrateacutegia metodoloacutegica do tipo exploratoacuterio descritivo e
interpretativordquo possui caracteriacutesticas holiacutesticas e significativas para desvendar fatos ou
fenocircmenos
Aleacutem disso procuramos ldquo[] focalizar um fenocircmeno particular levando em
conta seu contexto e suas muacuteltiplas dimensotildees Valoriza-se o aspecto unitaacuterio mas
ressalta-se a necessidade da anaacutelise situada e em profundidaderdquo (ANDREacute 2013 p 97)
Como estrateacutegia de pesquisa o estudo de caso eacute compreendida como uma metodologia
que considera uma loacutegica de planejamento teacutecnica e anaacutelises de coleta especifica
De acordo com esses argumentos procuramos organizar e construir as etapas de
nossa pesquisa para o desenvolvimento das aulas e anaacutelise dos mapas mentais
produzidos Sistematizamos os procedimentos da pesquisa ressaltando a importacircncia
metodoloacutegica para a realizaccedilatildeo desses passos revisatildeo bibliograacutefica escolha dos espaccedilos
e sujeitos da pesquisa instrumentos de pesquisa e resultados coletados
22 PROCEDIMENTOS DA PESQUISA
2 2 1 Referenciais teoacuterico-metodoloacutegicos
Na orientaccedilatildeo da pesquisa realizamos o levantamento do referencial teoacuterico-
metodoloacutegico que orienta o tema em questatildeo Pesquisamos autores e obras para
realizaccedilatildeo das etapas da pesquisa Os materiais utilizados pertencem a diferentes aacutereas
ensino de Geografia Pedagogia Psicologia Linguiacutestica e Cartografia Escolar estes
foram substanciais para a construccedilatildeo teoacuterica e da proposta metodoloacutegica Buscamos
analisar experiecircncias com os mapas mentais na discussatildeo de trecircs pontos
76
A) Ensino de Geografia
Propomos para este estudo destacar obras que em nossa compreensatildeo valorizam
o ensino-aprendizagem de Geografia especialmente nos anos iniciais do EF Elas
integram a discussatildeo acerca da alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica e a leitura de mundo
demarcado por temas voltados aos estudos geograacuteficos
Destacamos que as obras de Callai (2005 2013) Straforini (2008) Campos amp
Buitoni (2010) Lessan (2011) e Pinheiro (2012) foram fundamentais para se efetivar
uma proposta de pesquisa para o conjunto do ensino-aprendizagem de Geografia com
alunos e professores dos anos iniciais do EF O trabalho de Cavalcanti (2014) relaciona
os conceito e metodologias do trabalho docente para o ensino de Geografia contribuindo
com as propostas do que e como ensinar
Procuramos apoiar nossas escolhas tambeacutem mediante obras que fundamentam a
ciecircncia geograacutefica Partindo da proacutepria indicaccedilatildeo do referencial teoacuterico suas teorias e
conceitos das obras supramencionadas para auxiliar o desenvolvimento das praacuteticas
pedagoacutegicas assim como a compreensatildeo e anaacutelise dos mapas mentais produzidos
Desta forma o trabalho de Tuan (1983 2012) auxiliam na compreensatildeo dos conceitos
de espaccedilo geograacutefico e lugar Racine Raffestin amp Ruffy (1983) Silveira (2004) e
Castro (2008) para a compreensatildeo de escala geograacutefica Aleacutem desses as obras de Claval
(2006 2010 2011) que discute a importacircncia da localizaccedilatildeo e orientaccedilatildeo espacial
B) Alfabetizaccedilatildeo Cartograacutefica e mapas mentais
Este toacutepico que vem sendo composto desde a (re) elaboraccedilatildeo de nosso projeto
abarca a intenccedilatildeo principal desta pesquisa (que como discutido no capiacutetulo I) estaacute
relacionada ao uso de Cartografia para escolares Pontuamos mediante a realizaccedilatildeo de
nosso estudo leituras direcionadas a linguagem espacial no ensino-aprendizagem de
Geografia
Os estudos de Oliveira (1978) Castrogiovanni amp Costella (2006) Castellar
(2000) Almeida amp Passini (2010) Almeida (2010 2011) Richter (2011) e Passini
(2012) estatildeo presentes como a base para a construccedilatildeo e revisatildeo de nossa proposta de
pesquisa voltada agrave Cartografia Escolar
77
Resgatamos teoacutericos que discutem o uso da Cartografia e seus novos
direcionamentos a uma Cartografia Social mesmo que natildeo explicitamente como Katuta
(2001) Girardi (2005) Raffestin (2007) Farinelli (2013) e Lladoacute (2013)
Nossa proposta metodoloacutegica eacute baseada nos trabalhos de dissertaccedilatildeo de Richter
(2010) e Teixeira (2001) Recorremos tambeacutem a outras experiecircncias de trabalhos
relacionados a atividades proacuteximas aos mapas mentais como o uso do desenho discutido
por Miranda (2005) e mapas vivenciais apresentados no trabalho de Lopes (2012)
Contextualizamos aleacutem disso as experiecircncias com o uso dos mapas mentais
desenvolvidos nas pesquisas de Nogueira (2006) Kozel (2008) Galvatildeo amp Kozel
(2008) Oliveira (2010) Silva amp Bernardelli (2010) Santos (2011) e Archela Gratatildeo amp
Trostdorf (2004)
C) Teoria histoacuterico-cultural ou soacutecio histoacuterica
Nossa intenccedilatildeo ao nos referirmos agrave teoria histoacuterico-cultural corrente psicoloacutegica
que explica o desenvolvimento da mente humana atraveacutes de uma perspectiva dialeacutetica
natildeo eacute nos resumirmos a uma anaacutelise metoacutedica mas entendermos o processo das funccedilotildees
superiores no modo de funcionamento psicoloacutegico do sujeito o processo de cogniccedilatildeo
para a aprendizagem de Geografia
Entendemos o processo de ensino-aprendizagem em uma perspectiva histoacuterica e
social Ele eacute em sua natureza baseado na vivecircncia e no diaacutelogo existente em
comunidade resultando em uma cultura A linguagem constroacutei valores ideias e accedilotildees
sociais As representaccedilotildees espaciais neste contexto tambeacutem se constituem como uma
linguagem possibilitando a alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica
Nesta perspectiva destacamos as obras de Vigotski (1998) e de Bakhtin (2012)
fundamentalmente Para a compreensatildeo mais consistente das obras de Vigotski e
Bakhtin decidimos incorporar o debate dos seguintes autores Jobim e Souza (1994)
Freitas (2000) Rego (1995) Barros (2012) e Friedrich (2012)
2 2 2 Instrumentos de Pesquisa
Consideramos que o principal instrumento de estudo eacute o pesquisador Sua
funccedilatildeo ampla recorre ao observar e participar recriar estrateacutegias organizar
circunstacircncias para a aprendizagem motivar e coordenar as atividades em sala de aula
78
Ele atribui significados a um objetivo preacute-elaborado com a compreensatildeo que as
circunstacircncias podem se alterar a qualquer momento em seu percurso tanto na teoria
quanto na praacutetica Os criteacuterios para realizaccedilatildeo da pesquisa satildeo descritos pelos pontos a
seguir
A) A observaccedilatildeo
Ressalta Vianna (2007 p 12) ldquoAo observador natildeo basta simplesmente olhar
Deve certamente saber ver identificar e descrever diversos tipos de interaccedilotildees e
processos humanosrdquo Para tanto o pesquisador deveraacute estar preparado possuindo um
adequado treinamento identificando problemas (a partir de observaccedilotildees causais)
envolvendo os quatro sentidos baacutesicos aleacutem da visatildeo registrando dados accedilotildees e
emoccedilotildees das circunstacircncias verificadas
Em trabalhos onde o observador eacute tambeacutem participante alguns cuidados devem
estar em voga sobretudo no que diz respeito ao registro dos dados evitando o excesso
de sentimentalismo com os observados Tambeacutem deve prestar atenccedilatildeo ateacute onde suas
emoccedilotildees e sentimentos constituem dados e quando elas poderatildeo influenciar as accedilotildees dos
outros sujeitos (OLIVEIRA 2007)
Quando bem executada a observaccedilatildeo participante possibilita a investigaccedilatildeo de
contextos particulares desvendando situaccedilotildees cotidianas em virtude da abertura e
flexibilidade da pesquisa aleacutem do aprofundamento das questotildees referentes agrave
investigaccedilatildeo em processo
Criamos instrumentos de registro para cada oportunidade de pesquisa oferecida
nas escolas ou na universidade Adequamos os instrumentos para cada circunstacircncia
Utilizamos nos ambientes escolares trecircs principais instrumentos de coleta de dados
(jornal de pesquisa entrevistas e questionaacuterio)
B) Jornal de pesquisa
O jornal de pesquisa (tambeacutem conhecido como diaacuterio de campo) consiste
segundo Barbosa (2010) na possibilidade de ultrapassar a simples coacutepia mecacircnica e
produzir um conhecimento condizente com a realidade Natildeo aponta a pesquisa como
aprendizagem para si mesmo nestas circunstacircncias tem um caraacuteter puacuteblico que
pretende esclarecer os passos de determinada investigaccedilatildeo
79
Durante as pesquisas-piloto notamos que o uso de blocos de anotaccedilotildees era
inconveniente pois prejudicavam a observaccedilatildeo participante aleacutem de distrair os alunos
nas atividades estabelecidas em sala de aula Neste aspecto nos detemos na escrita do
jornal de pesquisa anotando nossos (in) sucessos relacionados agrave investigaccedilatildeo
Sendo assim trechos de diaacutelogos e reaccedilotildees ocorridas durante as aulas e
principalmente durante a realizaccedilatildeo dos mapas mentais foram registrados e se
encontram em apecircndice (Apecircndice I em CD)
C) Entrevistas
Segundo Oliveira (2007 p 86) ldquoa entrevista eacute um excelente instrumento de
pesquisa por permitir a interaccedilatildeo entre pesquisador (a) e entrevistado (a) e obtenccedilatildeo de
descriccedilotildees detalhadas sobre o que se estaacute pesquisandordquo Dessa forma apoacutes o termino
das atividades procuramos realizar um diagnoacutestico final sobre as possiacuteveis contribuiccedilotildees
das praacuteticas realizadas especialmente do uso dos mapas mentais na perspectiva dos
alunos Em decorrecircncia do tempo as entrevistas foram realizadas em grupos (de trecircs a
cinco alunos) com todos os estudantes do 4ordm e 5ordm ano salvo os faltosos As entrevistas
foram norteadas por questotildees semiestruturadas descritas abaixo
Questotildees para entrevista com os alunos
1 Qual das atividades realizadas vocecircs acharam mais interessante Por quecirc
2 Qual das atividades vocecircs menos gostaram de fazer Por quecirc
3 O que vocecircs acham que aprenderam com a realizaccedilatildeo dos mapas mentais
durante as aulas de Geografia
4 Vocecircs acham importante estudar Geografia Explique
Em outra ocasiatildeo estivemos em contato com a gestora da escola com a qual
realizamos uma entrevista focalizada Para Gil (1999 p 120) esse tipo de entrevista eacute
de caraacuteter ldquo[] livre todavia enfoca um tema bem especifico O entrevistador permite
ao entrevistado falar livremente sobre o assunto mas quando este se desvia do tema
original esforccedila-se para a sua retomadardquo
O tema em questatildeo foi o processo de ensino-aprendizagem no segundo ciclo dos
anos iniciais do EF (4ordm e 5ordm ano) surgindo questotildees referentes ao cumprimento da
legislaccedilatildeo na escola a estrutura fiacutesica da escola organizaccedilatildeo do trabalho escolar
80
(principalmente das professoras) desempenho escolar dos alunos do 4ordm e 5ordm ano Essas
temaacuteticas satildeo contextualizadas ao longo do capiacutetulo 3 e 4
D) Questionaacuterio de investigaccedilatildeo
Em decorrecircncia do tempo da pesquisa uacuteltimo bimestre de 2014 foi necessaacuterio
aplicar o recurso ldquoquestionaacuterio de investigaccedilatildeordquo com as docentes do 4ordm e 5ordm ano Nossa
intenccedilatildeo inicial foi o de registrar o perfil das professoras Tambeacutem o de discutir as
problemaacuteticas e estabelecer uma troca de experiecircncias das observaccedilotildees de cada
professora sobre a execuccedilatildeo e propostas da pesquisa
Para fins de registro o questionaacuterio foi construiacutedo possuindo treze (13) questotildees
divididas em cinco partes identificaccedilatildeo formaccedilatildeo experiecircncia profissional praacutetica
profissional e execuccedilatildeo da pesquisa (ver apecircndice II) Com base na leitura das respostas
das professoras tivemos condiccedilotildees de entender as dificuldades Entre elas a relaccedilatildeo ao
ensino de Geografia e suas sugestotildees para o trabalho com os mapas mentais e
metodologias auxiliares
E) Outros instrumentos para as praacuteticas com os alunos
Para a realizaccedilatildeo das atividades com mapas mentais confeccionamos dois
modelos de prancha para desenho O primeiro voltado agraves atividades realizadas
individualmente (em folha A4) constituiacuteda por cabeccedilalho com espaccedilo para nome e
idade o que auxiliou na identificaccedilatildeo dos sujeitos da pesquisa (Apecircndice III) A
segunda para uso em grupo (em folha A3)
Os outros recursos utilizados foram Atlas Geograacutefico mapa do Brasil32 Regiatildeo
Nordeste33 e Centro-Oeste34 Estado da Paraiacuteba35 Campina Grande ndash PB36 Atlas
Escolar da Paraiacuteba37
32 BRASIL Editora Globomapas Brasil poliacutetico- rodoviaacuterio[Satildeo Paulo] 2014 1 mapa 89 x 117 cm
Escala 15000000 33 BRASIL Editora Globomapas Brasil regiatildeo nordeste[Satildeo Paulo] 2014 1 mapa 89 x 117 cm Escala
12000000 34 BRASIL Editora Globomapas Brasil regiatildeo centro-oeste poliacutetico rodoviaacuterio regional e
turiacutestico[Satildeo Paulo] 2014 1 mapa 89 x 117 cm Escala 12000000 35 ESTADO DA PARAIacuteBA Editora Trieste Estado da Paraiacuteba poliacutetico rodoviaacuterio e escolar [Satildeo
Paulo] 2008 1 mapa 89 x 117 cm Escala 1 500 000 36 CAMPINA GRANDE Editora Trieste Campina Grande PB[Satildeo Paulo] 2008 1 mapa 89 x 117 cm
Escala 1 10 000 37 RODRIGUEZ Janete Lins Atlas Escolar da Paraiacuteba 3ordf Ed Joatildeo Pessoa GRAFSET 2002
81
Mediante termo de consentimento a gestatildeo escolar permitiu o uso da cacircmera
fotograacuteficacelular e da filmadora Isso auxiliou na percepccedilatildeo de elementos natildeo
identificados na accedilatildeo da pesquisa servindo como um registro de apoio As fotos
filmagens e gravaccedilotildees serviram para interpretaccedilatildeo das atividades com os mapas mentais
realizados Aleacutem desses se fez uso de material de papelaria laacutepis grafite e de cor
caneta hidrocor cola tesoura fita adesiva (durex) e borracha
Utilizamos o recurso do brinquedo didaacutetico ldquoBrincando de engenheirordquo38 para
construccedilatildeo de maquetes introduzindo a noccedilatildeo do luacutedico no trabalho pedagoacutegico com
mapa mental A maquete mental (mapa mental construiacutedo coletivamente o qual eacute
discutido na paacutegina 97 e 98) foi construiacuteda sob uma superfiacutecie de cartolinas (papel
cartatildeo)
2 2 3 Os espaccedilos e os sujeitos da pesquisa
O espaccedilo da pesquisa
Nosso estudo estaacute relacionado ao ensino de Geografia desta forma foi
necessaacuterio delimitarmos a escola como espaccedilo de pesquisa Justificamos esta escolha
natildeo apenas por consideraacute-la como um dos lugares onde se aprende o uso de um coacutedigo
cultural ou por sua influecircncia no imaginaacuterio das crianccedilas jovens e adultos que a
frequenta mas sobretudo pela influecircncia na comunidade a qual pertence
De acordo com objetivos e propostas deste estudo procuramos uma escola que
atendesse os anos iniciais do EF Tiacutenhamos como intenccedilatildeo realizar um trabalho que
contasse com a participaccedilatildeo dos alunos necessitando tempo e disposiccedilatildeo dos
professores e da coordenaccedilatildeo para realizaccedilatildeo da nossa pesquisa De acordo com estes
criteacuterios escolhemos a Escola Municipal Luacutecia de Faacutetima Gayoso Meira visto que jaacute
haviacuteamos realizado outras experiecircncias de investigaccedilatildeo incluindo nossa pesquisa-
piloto portanto aproveitamos essa relaccedilatildeo de proximidade e confianccedila com os sujeitos
Entre os motivos que nos condicionaram a continuar nessa escola enquanto
campo de pesquisa foi
Histoacuterico de retenccedilatildeo escolar principalmente dos alunos no 5ordm ano Isso nos
possibilitou realizar um diagnoacutestico das dificuldades referentes agraves habilidades
38 BRINCANDO DE ENGENHEIRO Xalingo brinquedos Fabricado no Brasil atestado pelo
INMETRO para crianccedilas acima de 3 anos de idade 4 brinquedo educativo 42 peccedilas
82
cartograacuteficas e a construccedilatildeo de noccedilotildees relativas a conceitos e temas da
Geografia
Matriacutecula e frequecircncia de alunos de faixa etaacuteria distinta as normas cronoloacutegicas
estabelecidas pelo Conselho Nacional de Educaccedilatildeo (CNE) e
O perfil socioeconocircmico e familiar dos alunos Suas famiacutelias sobrevivem
predominantemente com menos de dois salaacuterios miacutenimos A maioria dos pais
ou responsaacuteveis exercem atividades autocircnomas (encanador pedreiro pintor
diaristas comerciantes informais entre outros) nestes casos os alunos recebem
recurso do Governo Federal como Bolsa Famiacutelia39
Descriccedilotildees da localizaccedilatildeo geograacutefica escolar
O bairro do Lauritzen eacute localizado na Zona Norte da Cidade de Campina
Grande embora seja considerado um bairro oficial para a administraccedilatildeo poliacutetica do
municiacutepio natildeo chega a ser reconhecido pela populaccedilatildeo local nem mesmo pela Escola
Municipal Luacutecia de Faacutetima Gayoso Meira40 A identidade estaacute representada pelo bairro
vizinho o Alto Branco o qual deteacutem maior status social em decorrecircncia do mercado
imobiliaacuterio (ver figura 4 p 83)
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica - IBGE (2010)41
Campina Grande eacute um municiacutepio paraibano que surgiu como posto de reabastecimento
dos tropeiros Esse fato se deve a sua localizaccedilatildeo intermediaria entre o alto sertatildeo e a
capital litoracircnea atual Joatildeo Pessoa No censo do IBGE em 2010 foi registrada uma
populaccedilatildeo proacutexima aos 400 mil habitantes (exatamente 385213 habitantes) distribuiacuteda
em uma aacuterea de 594 182 km2
39
O programa Bolsa famiacutelia recurso do governo federal auxilia financeiramente famiacutelias em condiccedilotildees
de pobreza (valor de renda per capita familiar igual ou menor a 150 reais) e extrema pobreza (valor de
renda per capita igual ou menor a 77 reais) como consta no Decreto nordm 5209 de 17 de Setembro de 2004
Este recurso disponiacutevel as famiacutelias eacute realizado sob duas condiccedilotildees a primeira corresponde agrave renda per
capita familiar e a segunda o nuacutemero de crianccedilas ou adolescentes matriculados na rede baacutesica de ensino
ateacute os dezessete anos de idade variando o valor do auxiacutelio Para mais informaccedilotildees
httpwwwplanaltogovbrccivil_03_Ato2004-20062004DecretoD5209htmgt acessado em
29012014 40
O nome da escola eacute uma homenagem a filha de WaldecyVillarim Meira (na eacutepoca proprietaacuterio de uma
empresa campinense Irmatildeos Villarim Meira SA) e InaldaGayoso Meira A jovem estudou no coleacutegio
Imaculada Conceiccedilatildeo (Damas) na cidade de Campina Grande Viacutetima de atropelamento em 1974 faleceu
aos 15 anos de idade no municiacutepio de Joatildeo Pessoa cidade onde se encontra enterrada 41 Informaccedilotildees disponiacuteveis em
httpcidadesibgegovbrxtrasperfilphplang=ampcodmun=250400ampsearch=||infogrE1ficos-
informaE7F5es-completaslt acessado em 0204 2015
83
FIGURA 4 ndash MAPA DE LOCALIZACcedilAtildeO DA ESCOLA
Elaborado por Francisco Vilar Arauacutejo Segundo 2015
84
A maioria dos alunos matriculados na Escola Municipal Luacutecia de Faacutetima Gayoso
Meira satildeo moradores de bairros como Centro Conceiccedilatildeo e Lauritzen destacados na
figura 4 (p 83) em laranja Outros provecircm de bairros um pouco mais distantes a
exemplo do Alto Branco e Jardim Tavares localizados a norte e destacados no mapa em
amarelo (figura 4 p 83)
A Escola Luacutecia de Faacutetima Gayoso Meira construiacuteda na deacutecada de 1969 foi
fundada e autorizada pelo decreto de criaccedilatildeo nordm 195 de 08031981 segundo registros
escolares pesquisados42 A escola (ver figura 5 p 84) desde a sua inauguraccedilatildeo passou
por diversas ampliaccedilotildees e reformas relacionada ao seu espaccedilo fiacutesico Atualmente eacute
constituiacuteda por quatro salas de aula uma sala de Atendimento Especial (AE) um
laboratoacuterio de informaacutetica uma sala de leitura (biblioteca escolar) uma sala de
professores diretoria dois banheiros ndash um masculino e outro feminino ndash uma cantina
uma quadra de areia para esportes um playground e uma aacuterea de recreaccedilatildeo
razoavelmente extensa e arborizada
FIGURA 5 - FACHADA DA ESCOLA MUNICIPAL LUacuteCIA DE FAacuteTIMA GAYOSO MEIRA
Fonte Pesquisa de Campo (2014)
42 Durante nossa pesquisa natildeo fomos autorizados a retirar nenhuma documentaccedilatildeo da escola O projeto
poliacutetico pedagoacutegico da instituiccedilatildeo estava em atualizaccedilatildeo o que dificultou o acesso e consequentemente a
leitura do documento em sua integra
85
Hoje a escola atende a Educaccedilatildeo Infantil (I e II) e os anos iniciais do EF (1ordm ao
5ordm ano) Em decorrecircncia do seu espaccedilo fiacutesico no ano de 2014 atendeu alunos da
Educaccedilatildeo Infantil ao 3ordm ano no periacuteodo matutino e do 4ordm e 5ordm ano no periacuteodo vespertino
havendo nessa escola apenas uma turma para cada ano (seacuterie)
Os sujeitos da pesquisa ndash alunos e professoras
Apoacutes a definiccedilatildeo da escola necessitamos recorrer agraves justificativas sobre a
seleccedilatildeo das turmas as quais realizamos nossa investigaccedilatildeo Nestas condiccedilotildees
escolhemos trabalhar com alunos do segundo ciclo dos anos iniciais do EF ou seja uma
turma do 4ordm e outra do 5ordm ano
Optamos por estas turmas em decorrecircncia do Pacto Nacional pela Alfabetizaccedilatildeo
na Idade Certa (PNAIC) o qual promove accedilotildees para alfabetizaccedilatildeo da liacutengua portuguesa
de crianccedilas no primeiro ciclo dos anos iniciais do EF (1ordm ao 3ordm ano) muito embora natildeo
desenvolva poliacuteticas que garantam a progressatildeo do ato de alfabetizar no segundo ciclo
(4ordm e 5ordm ano)
Entendendo a problemaacutetica da alfabetizaccedilatildeo e aproximando dos contextos das
aulas de Geografia recorremos ao uso do mapa mental com as turmas do 4ordm e 5ordm por
compreendecirc-lo enquanto portador de uma linguagem de comunicaccedilatildeo visual Ele pode
auxiliar no desenvolvimento de estruturas cognitivas e habilidades para a leitura de
mapas ou seja alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica
Os estudantes que participaram desta pesquisa satildeo apresentados mediante um
coacutedigo de identificaccedilatildeo Consideramos a palavra ldquoalunordquo mais o nuacutemero correspondente
a lista de registro dos participantes Na turma do 4ordm ano teremos os seguintes discentes
ldquoAluno 01rdquo ao ldquoAluno 21rdquo Evitando a repeticcedilatildeo dos nuacutemeros foi decidido nomear os
estudantes do 5ordm ano de ldquoAluno 22rdquo ateacute ldquoAluno 51rdquo
No caso dos mapas produzidos coletivamente identificamos todos os sujeitos
que participaram do processo no ato da apresentaccedilatildeo do mapa mental Lembramos que
as anaacutelises dos mapas mentais satildeo realizadas em dois blocos distintos um do 4ordm e outro
do 5ordm ano Desse modo em ocasiotildees que necessitamos fazer comparaccedilotildees entre os
alunos das turmas pesquisadas identificamos cada estudante e seu respectivo niacutevel de
escolaridade
86
Com a turma do 4ordm ano contamos com a participaccedilatildeo da professora Marta43 64
anos A professora eacute formada em Pedagogia pela Universidade Regional do Nordeste
atual Universidade Estadual da Paraiacuteba possuiu especializaccedilatildeo em Educaccedilatildeo pela
Universidade Federal da Paraiacuteba atual UFCG campus Campina Grande Tem 46 anos
de experiecircncia profissional jaacute ministrou aulas nos anos iniciais do EF e em cursos
profissionalizantes no Serviccedilo Nacional de Aprendizagem Comercial (SENAC)
Durante o processo de pesquisa houve a participaccedilatildeo de 21 alunos do 4ordm ano a faixa
etaacuteria corresponde entre os 09 a 13 anos de idade
A docente responsaacutevel pelo 5ordm ano Beatriz 42 anos eacute professora formada pela
Universidade Estadual da Paraiacuteba no curso de licenciatura em Matemaacutetica e
especializaccedilatildeo em Ensino de Matemaacutetica (2009) na mesma universidade Possuiu
licenciatura em Pedagogia em modalidade regular pela Universidade Estadual Vale do
Acarauacute (UVA) trabalha na rede municipal de Campina Grande do 1ordm ao 5ordm haacute dez anos
Na rede estadual ministra aulas de matemaacutetica haacute 22 anos na cidade de Alagoa Grande
ndash PB44 lugar onde reside Na turma do 5ordm ano contamos com a participaccedilatildeo de 29
alunos com faixa etaacuteria entre 08 a 13 anos de idade45
O tempo e as etapas da pesquisa
O estudo realizado na Escola Municipal Luacutecia de Faacutetima Gayoso Meira no ano
de 2014 ocorre como conclusatildeo de nossas experiecircncias de pesquisa durante o
desenvolvimento do trabalho de mestrado em Geografia Em 2013 haviacuteamos realizado
uma pesquisa-piloto com a turma do 5ordm ano na mesma escola Apoacutes o desenvolvimento
de experiecircncias em outras escolas e oficinas ministradas em universidades
aperfeiccediloamos a metodologia considerando quesitos como conteuacutedo metodologia de
trabalho e recursos didaacuteticos de apoio
43 Os nomes aqui apresentados satildeo fictiacutecios com a finalidade de preservar a identidade dos sujeitos
participantes desta pesquisa Escolhemos nomes ao inveacutes de nuacutemeros em decorrecircncia da quantidade dos
docentes (duas apenas) 44 Cidade localizada no brejo paraibano acerca de 33 quilocircmetros de distacircncia de Campina Grande
Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica ndash IBGE a cidade possuiacutea em 2010 uma
populaccedilatildeo de 28479 tendo uma estimada de aproximadamente 28733 pessoas para o ano de 2013 A
aacuterea de extensatildeo territorial ultrapassa os 320 km2 Informaccedilotildees disponiacuteveis em
httpcidadesibgegovbrxtrasperfilphpcodmun=2500303Cgt acesso em 07072014 45 Havia na ocasiatildeo um aluno com 37 anos de idade neste caso afirma a gestora escolar que o estudante
apresenta dificuldades cognitivas as quais natildeo nos foram reveladas Sua permanecircncia na escola foi
justificada por dois motivos pedido da famiacutelia do estudante e da possiacutevel dificuldade de se adaptar a uma
turma de Educaccedilatildeo de Jovens e Adultos Ressaltamos poreacutem que este aluno natildeo elaborou nenhum mapa
mental visto que havia faltado nas ocasiotildees das atividades
87
O retorno a escola ocorreu no mecircs de setembro e a pesquisa ocorreu entre os
meses de outubro a dezembro de 2014 A execuccedilatildeo da proposta com o 4ordm ano durou seis
dias a do 5ordm ano aconteceu em sete dias visto que a turma era mais numerosa Este
periacuteodo correspondeu com o quarto bimestre escolar A pesquisa foi desenvolvida
quinzenalmente salvo problemas com feriados
A realizaccedilatildeo das aulas ocorreu durante o periacuteodo vespertino das 13h 00min agraves
17h 00min Dos seis dias de pesquisa realizado no 4ordm ano cinco voltaram-se as aulas e
mais dois de entrevista com os estudantes Por sua vez no 5ordm ano dos sete dias cinco
visavam o desenvolvimento das aulas e mais dois direcionados a entrevista com os
alunos Realizamos entrevista com a gestora escolar (a qual daremos o nome fictiacutecio de
Rosacircngela) nos dias 16 e 22 de dezembro e tambeacutem os questionaacuterios de investigaccedilatildeo
com as docentes (professora Marta 4ordm ano e Professora Beatriz 5ordm ano)
Durante este periacuteodo as aulas eram ministradas pelo pesquisador com a cogestatildeo
das professoras regentes de cada turma O que nos motivou a agir desta maneira foi agrave
oportunidade de experimentar e validar os procedimentos de trabalho com os mapas
mentais aperfeiccediloando concomitantemente possibilidades e observando suas
limitaccedilotildees Embora natildeo tiveacutessemos o objetivo de fornecer uma formaccedilatildeo docente para
as professoras estas participaram do processo das atividades desde o planejamento a
execuccedilatildeo das tarefas escolares
A escolha das atividades respeitou o curriacuteculo escolar e o planejamento das
professoras para os temas das aulas de Geografia Procuramos negociar em alguns
momentos a abrangecircncia dos conteuacutedos metodologias o tempo considerado agrave pesquisa
e sua relaccedilatildeo com as representaccedilotildees com os mapas mentais essas discussotildees foram
realizadas nos dias 17 18 e 26 de setembro de 2014 A seguir uma caracterizaccedilatildeo das
atividades organizadas em cada turma
Datas e atividades realizadas com o 4ordm ano
Temaacutetica das aulas ldquoGeografia da Paraiacuteba um estudo atraveacutes da produccedilatildeo e leitura de
mapas mentaisrdquo
14 de outubro ndash primeira aula com os alunos do 4ordm ano Introduccedilatildeo agraves noccedilotildees
baacutesicas de Cartografia e discussatildeo sobre o uso dos mapas no cotidiano
Representaccedilatildeo do mapa da sala de aula (atividade 1)
88
21 de outubro ndash discussatildeo sobre as mesorregiotildees da Paraiacuteba Iniacutecio de atividade
mapa mudo46 (atividade 2) enquanto proposta para a leitura de mundo
Importacircncia da orientaccedilatildeo e construccedilatildeo da legenda
04 de Novembro ndash continuaccedilatildeo da atividade mapa mudo Consideraccedilotildees sobre
zona urbana e zona rural e a organizaccedilatildeo das mesorregiotildees da Paraiacuteba
12 de Novembro ndash a terceira aula discutiu a influecircncia dos rios na vida da
populaccedilatildeo paraibana e as modificaccedilotildees espaciais A atividade 3 discutiu a
influecircncia dos rios e trabalho humano na transformaccedilatildeo da paisagem urbana e
rural
26 de Novembro ndash discutindo a importacircncia do Canal das Piabas desenvolvemos
a proposta da maquete mental (atividade 4) e posteriormente dos mapas mentais
(atividade 5) Entre o intervalo do dia 26 a 05 de Novembro a professora regente
executou uma avaliaccedilatildeo compondo as notas do quarto bimestre entre elas um
mapa mental das mesorregiotildees paraibanas (atividade 6)47
10 de Dezembro ndash Realizaccedilatildeo das entrevistas com alunos do 4ordm ano
Datas e atividades realizadas com o 5ordm ano
Temaacutetica das aulas ldquoSaberes cartograacuteficos discutindo a regionalizaccedilatildeo brasileirardquo
09 de outubro ndash primeira aula com alunos do 5ordm ano A escala mundial e
nacional noccedilotildees de leitura e interpretaccedilatildeo de mapas A importacircncia da escala e
da rosa dos ventos na comunicaccedilatildeo dos mapas
15 de outubro ndash discussatildeo sobre as regiotildees brasileiras Construccedilatildeo do mapa
mudo (atividade 1) Realizaccedilatildeo de atividade praacutetica sobre orientaccedilatildeo espacial
(baleada geograacutefica48)
05 de Novembro ndash Realizaccedilatildeo dos mapas mentais com o tiacutetulo ldquomapa da minha
vidardquo (atividade 2)
46O mapa mudo tambeacutem conhecido como mapa em branco eacute um tipo de esboccedilo cartograacutefico o qual
apresenta apenas a silhueta forma do mapa por exemplo o mapa mudo do Brasil que mostra o territoacuterio
nacional e os estados brasileiros Este tipo de mapa tem uma finalidade didaacutetica permite os alunos
destacarem os elementos geograacuteficos aleacutem da construccedilatildeo de novos saberes baseado nas orientaccedilotildees do
professor 47 A atividade foi elabora em conjunto com a professora regente e considerou os conteuacutedos estudados
durante a execuccedilatildeo da pesquisa 48 A baleada geograacutefica corresponde a uma atividade luacutedica para aprendizagem dos pontos cardeais
(norte sul leste e oeste) sua explicaccedilatildeo encontra-se no capiacutetulo 4 ver figura 24 p 141
89
13 de Novembro ndash discussatildeo sobre os mapas mentais realizados
Desenvolvimento de atividades que procuravam discutir o aspecto da
regionalizaccedilatildeo brasileira mediante evento da copa do mundo no Brasil (atividade
3)
24 de Novembro ndash aula teoacuterica sobre a regiatildeo centro-oeste e meio ambiente
Realizaccedilatildeo de mapas mentais em grupo (atividade 4)
05 e 10 de Dezembro ndash Realizaccedilatildeo de entrevista com alunos do 4ordm ano
23 A ANAacuteLISE DOS RESULTADOS
231 Da totalidade dos mapas mentais
Embora no decorrer deste trabalho tenhamos realizado atividades com os mapas
existentes (mapa mudos e leitura de mapas murais e atlas escolar) com a turma do 4ordm e
5ordm ano levamos em consideraccedilatildeo apenas a anaacutelise dos mapas mentais por ser nosso
objeto de estudo A quantidade final dos mapas eacute apresentada na tabela 2 nele satildeo
expressas as atividades realizadas individualmente e coletivamente pelo (s) grupo (s) de
estudantes do 4ordm e 5ordm ano da Escola Municipal Luacutecia de Faacutetima Gayoso Meira
TABELA 2 MAPAS MENTAIS PRODUZIDOS DURANTE A PESQUISA
Turma
Resultado
4ordm ano 5ordm ano
Mapa mental (individual) 30 22
Mapa maquete mental49
(coletivo grupo) 1 11
Subtotal 31 33
Total final 64 Fonte Pesquisa de campo (2014)
Os alunos do 4ordm ano realizaram duas atividades referentes aos mapas mentais
individualmente A primeira relacionada ao mapa do Canal das Piabas que resultou em
16 mapas mentais a segunda aos mapas das mesorregiotildees paraibanas com o nuacutemero de
49 A maquete mental eacute um tipo de representaccedilatildeo em trecircs dimensotildees realizada mediante o inventaacuterio de
informaccedilotildees dos alunos seja pela sua proacutepria vivencia espacial ou adquirida mediante outros meios de
comunicaccedilatildeo (TV raacutedio e internet) Tambeacutem pode ser fruto dos estudos realizados em acircmbito escolar
Essa definiccedilatildeo seraacute vista com mais detalhe no terceiro capiacutetulo
90
14 mapas (total de 30 mapas) Os alunos do 5ordm ano desenvolveram 22 mapas mentais
referentes agraves regiotildees brasileiras mediante o tema mapa da minha vida
Dos mapas mentais em grupo observamos que a turma do 4ordm realizou apenas
um Destacamos que este mapa mental eacute o resultado da atividade denominada de
maquete mental (tema Canal das Piabas) Os mapas mentais apresentados na turma do
5ordm ano (11 mapas) por sua vez foram desenvolvidos em grupos de dois a trecircs alunos
Levando em consideraccedilatildeo a quantidade de mapas apresentados na tabela 2
podemos notar a diferenccedila do nuacutemero de mapas produzidos para a quantidade de
participantes da pesquisa Isto se deve ao fato principalmente da ocorrecircncia de faltas
dos alunos durante os dias do desenvolvimento da pesquisa entretanto observamos que
para o nosso foco de estudo as representaccedilotildees (64 mapas mentais) realizadas pelos
alunos eacute considerado um universo significativo para a realizaccedilatildeo da leitura anaacutelise e
interpretaccedilatildeo
Apoacutes a elaboraccedilatildeo dos mapas mentais pelos alunos realizamos o escaneamento
dos arquivos transformando todas as representaccedilotildees realizadas em papel A4 e A3 em
arquivos digitais As ediccedilotildees dos mapas foram realizadas por meio do programa
Photoshop CS5 onde retiramos as informaccedilotildees que identificavam os sujeitos
participantes (cabeccedilalho) e algumas ediccedilotildees realizadas no Microsoft Office Word 2010
Para facilitar a leitura dos mapas mentais nos capiacutetulos que seguem decidimos
apresentar cada representaccedilatildeo por folha
24 AS HABILIDADES E CATEGORIAS DE ANAacuteLISE SELECIONADAS PARA A
PESQUISA
A imagem mental embora esteja relacionada a uma perspectiva individual sobre
o espaccedilo geograacutefico reflete condiccedilotildees e apreensotildees pertencentes agrave cultura e sociedade a
qual o sujeito estaacute inserido (VIGOTSKI 1998 BAKHTIN 2012) De todo modo
quando os mapas mentais satildeo utilizados como recursos didaacuteticos e visam fins
educacionais orientaccedilotildees sobre a realizaccedilatildeo destes mapas devem ser realizadas para que
atendam os objetivos da aula Por outro lado paracircmetros de leitura e avaliaccedilatildeo tambeacutem
precisam ser criados permitindo o professor diagnosticar os avanccedilos e limites com a
praacutetica dos mapas mentais
Neste sentido para o desenvolvimento da proposta de alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica
mediante o recurso didaacutetico mapa mental preocupamo-nos em ressaltar as experiecircncias
91
e condiccedilotildees de identidade das crianccedilas (sua origem gostos e experiecircncias) Estas natildeo
somente relacionados agraves condiccedilotildees do lugar mas as influecircncias culturais recorrentes a
outras escalas geograacuteficas como a regional
Com base nos autores citados anteriormente compreendemos que a
alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica eacute um dos caminhos que possibilita a leitura de mundo Esta
habilidade de criar esboccedilos cartograacuteficos livres ndash os mapas mentais ndash permite a
representaccedilatildeo do espaccedilo geograacutefico pelo aluno Ao mesmo tempo valoriza a autonomia
possibilitando a decodificaccedilatildeo dos siacutembolos encontrados em outros tipos de linguagem
cartograacutefica Nesse processo o aluno desenvolve competecircncias voltadas agrave dimensatildeo
cognitiva afetiva e pragmaacutetica (PASSINI 2012)
Nossas praacuteticas com o uso do mapa mental dialogou com um conjunto de
atividades voltadas agrave realizaccedilatildeo e interpretaccedilatildeo de mapas existentes e atividades luacutedicas
realizadas em forma de oficinas que ldquo[] satildeo formas encontradas por noacutes para mediar a
construccedilatildeo de conceitos e desenvolver habilidades atraveacutes de vivecircncias portanto
considerando essas e outras possiacuteveis particularidadesrdquo (CASTROGIOVANNI amp
COSTELLA 2006 p 50)
Durante o desenvolvimento das aulas o processo de aprendizagem esteve
relacionado ao emprego de habilidades-chave para o desenvolvimento das propostas
com os temas de Geografia o quadro 3 (p 91) apresenta estas habilidades-chave e seus
desdobramentos
QUADRO 3 HABILIDADES PARA O DESENVOLVIMENTO DOS MAPAS MENTAIS
HABILIDADES-
CHAVE OUTRAS HABILIDADES RELACIONADAS
Representar Observar comparar organizar sistematizar localizar e
orientar
Comunicar Verbalizar e questionar
Interagir Iniciativa trabalho em equipe e persuasatildeo
Refletir Capacidade criacutetica e aprendizagem e desenvolvimento
pessoal
Fonte Lessan (2011 p 69 - 75)
A funccedilatildeo do quadro 3 eacute demonstrar habilidades que se destacaram na execuccedilatildeo
desta pesquisa Compreendemos que as habilidades apresentadas natildeo abrangem todo
92
curriacuteculo tampouco esgota as possibilidades com as noccedilotildees (conceitos) fundamentais
para o ensino de Geografia As habilidades de representaccedilatildeo comunicaccedilatildeo interaccedilatildeo e
reflexatildeo natildeo devem ser compreendidas de forma hieraacuterquica no desenvolvimento do
trabalho pedagoacutegico pois seus desdobramentos podem ser expressos em maior ou
menor grau pelos alunos
Procurando atender criteacuterios estabelecidos pelos PCN (BRASIL 1997)
intermediamos a atividade exercida pelos alunos objetivando mobilizar as habilidades
anteriormente apresentadas Consequentemente buscamos o desenvolvimento de
competecircncias relacionadas agrave elaboraccedilatildeo dos mapas mentais a partir dos temas propostos
para cada turma dessa forma o 4ordm ano desenvolveu os mapas mentais o 1 Canal das
Piabas e 2 Mesorregiotildees geograacuteficas da Paraiacuteba jaacute o 5ordm ano realizou 1 Mapa da minha
vida e 2 Mapa da Regiatildeo Centro-Oeste
Esses procedimentos foram necessaacuterios por entendermos que
[] natildeo basta ter como conteuacutedo escolar as questotildees sociais atuais mas que eacute
necessaacuterio que se tenha domiacutenio de conhecimentos habilidades e
capacidades mais amplas para que os alunos possam interpretar suas
experiecircncias de vida e defender seus interesses de classe (BRASIL 1997 p
32)
Dessa forma assinalamos que nosso interesse natildeo eacute a formaccedilatildeo teacutecnica dos
alunos para a leitura e interpretaccedilatildeo de recursos cartograacuteficos muito menos em uma
anaacutelise restrita aos produtos finais (os mapas mentais) Mas ao contraacuterio em considerar
os mapas mentais como uma accedilatildeo consciente do ato de mapear ou seja todo o processo
metodoloacutegico observando a organizaccedilatildeo da sociedade a partir da sua espacialidade
geograacutefica (re) construindo sua leitura de mundo
241 As categorias de anaacutelise dos mapas mentais
Com base nos apontamentos apresentados no item anterior elaboramos um
mapa conceitual (quadro 4 p 93) com a intenccedilatildeo de possibilitar uma visualizaccedilatildeo geral
das orientaccedilotildees e os procedimentos descritos aleacutem disso indica as categorias de anaacutelise
(as noccedilotildees) selecionadas para anaacutelise dos mapas mentais realizados
93
QUADRO 4 PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAtildeO CARTOGRAacuteFICA POR MEIO DOS MAPAS
MENTAIS
Organizado por David L R de Almeida (2015)
Como apresentado no quadro 4 podemos identificar as categorias de anaacutelise
para metodologia do recurso didaacutetico mapas mentais A seleccedilatildeo das categorias as quais
seratildeo denominadas como noccedilotildees Elas indicam as operaccedilotildees cognitivas para realizaccedilatildeo
e interpretaccedilatildeo dos mapas mentais As noccedilotildees de percepccedilatildeo espacial localizaccedilatildeo e
orientaccedilatildeo o uso de toponiacutemias e a escala geograacutefica satildeo conceituados a seguir para que
o leitor tenha uma visatildeo geral do que se tratam cada uma delas
A Noccedilotildees de percepccedilatildeo espacial Correspondem agrave visualizaccedilatildeo do aluno a
respeito das formas dos elementos espaciais representados Observamos que a imagem
mental eacute um ponto de vista decorrente de diferentes condicionantes bioloacutegicos idade
cultura e gecircnero variando do morador ao visitante do lugar estes correspondem a
fatores da percepccedilatildeo humana (TUAN 2012)
Tuan (2012 p 18) conceitua a percepccedilatildeo espacial enquanto uma
[] resposta dos sentidos aos estiacutemulos externos como a atividade proposital
na qual certos fenocircmenos satildeo claramente registrados enquanto outros
retrocedem para a sombra ou satildeo bloqueados Muito do que percebemos tem
valor para noacutes para sobrevivecircncia bioloacutegica e para propiciar algumas
satisfaccedilotildees que estatildeo enraizadas na cultura
No ato da realizaccedilatildeo dos mapas mentais uma questatildeo eacute posta em jogo ldquo[] a
representaccedilatildeo bidimensional de uma realidade tridimensionalrdquo (PASSINI 2012 p 146)
94
isso significa que o aluno pontua em seus mapas a largura e comprimento dos elementos
espaciais entretanto necessita saber que o espaccedilo apresenta uma terceira dimensatildeo que
eacute a altura Esta eacute importante para entendermos assuntos como relevo e a constituiccedilatildeo das
redes hidrograacuteficas por exemplo
O meio ambiente transformado pela accedilatildeo do homem tambeacutem se caracteriza pelos
traccedilados que nos lembra as primeiras formas geomeacutetricas aprendidas na escola que satildeo
observadas na organizaccedilatildeo espacial Aponta Tuan (2012) que estas simetrias do espaccedilo
estiveram relacionadas a manifestaccedilotildees da organizaccedilatildeo de diferentes povos
Consideramos nas anaacutelises dos mapas mentais elementos representados na visatildeo lateral
obliacutequa e ou horizontal
Portanto considera-se aqui percepccedilatildeo espacial como a capacidade de avaliar
como se ordenam as coisas no espaccedilo e investigar as suas relaccedilotildees no ambiente Uma
boa noccedilatildeo de percepccedilatildeo espacial nos permite compreender a disposiccedilatildeo das formas que
compotildeem o espaccedilo geograacutefico e a nossa relaccedilatildeo com elas
B Uso de Toponiacutemias estaacute relacionada ao estudo dos nomes proacuteprios dos
lugares ou seja a onomaacutestica considerando a origem e evoluccedilatildeo da palavra apesar de
ser uma aacuterea relacionada agrave linguiacutestica estaacute diretamente associada agrave Histoacuteria e Geografia
Nas consideraccedilotildees de Claval (2011) desde o surgimento das Geografias
vernaculares conhecimento geograacutefico relativo ao senso comum a necessidade da
criaccedilatildeo de uma grade de toponiacutemia eacute fundamental visto que possibilita falar sobre o
lugar sem a necessidade de um contato direto Tambeacutem compartilha referecircncias
espaciais tornando esta rede de informaccedilotildees acessiacuteveis a todos socializando-a
O significado da toponiacutemia pode representar a percepccedilatildeo do grupo para
determinado espaccedilo Possibilitam revelar e ou alterar a dinacircmica social visto que todo
nome eacute um signo e todo signo possui um significado
Considerando os mapas mentais enquanto recurso didaacutetico que media a
aprendizagem entre os sujeitos como menciona Vigotski (1998) entendemos que ele
possibilita a siacutentese e comunicaccedilatildeo linguagem de informaccedilotildees geograacuteficas Atraveacutes
deste processo utilizamos o signo discutido por Bakhtin (2012) como instrumento de
significaccedilatildeo baseado na realidade social do aluno Ele corresponde agrave construccedilatildeo social
da ideia pois como afirma Bakhtin (2012 p 35) ldquoA consciecircncia individual eacute um fato
socioideoloacutegicordquo
Nos mapas mentais o uso das toponiacutemias permite apresentar os referenciais
espaciais (nomes de bairros regiotildees ou Estados) identificadas pela exposiccedilatildeo de
95
palavras ou iacutecones associada ou natildeo a legenda e a compreensatildeo dos signos e
significados
C Noccedilotildees de localizaccedilatildeo e orientaccedilatildeo Para Geografia eacute importante identificar
os lugares a partir da sua localizaccedilatildeo demarcar as posiccedilotildees relativas nestas condiccedilotildees
[] o trabalho do geoacutegrafo estaacute intimamente ligado ao do cartoacutegrafo pois
ambos partilham a preocupaccedilatildeo de localizar aquilo de que datildeo conta Para o
geoacutegrafo a apreensatildeo de uma pluralidade de lugares soacute se torna clara quando
eles figuram num documento que permita compreendecirc-los em conjunto
(CLAVAL 2006 p 19)
A localizaccedilatildeo constitui um dos princiacutepios do meacutetodo geograacutefico ela possibilita
apreender a manifestaccedilatildeo de determinado fenocircmeno e delimitaacute-lo Mas nomear e
localizar fenocircmenos no espaccedilo natildeo eacute suficiente Eacute necessaacuterio traccedilar itineraacuterios O que
caracteriza o sujeito enquanto pessoa eacute sua vida social Todo grupo humano necessita de
uma base territorial para manter suas relaccedilotildees de poder habitat frequentando e ou
conhecendo lugares proacuteximos ou longiacutenquos
Inicialmente nos orientamos no espaccedilo atraveacutes de referenciais topoloacutegicos o
nosso corpo estabelecemos o que eacute direita e esquerda frente e traacutes para o alto ou
abaixo etc Aos poucos relacionamos outros pontos de referecircncia que ultrapassam a
dimensatildeo do corpo utilizamos o relevo o coacuterrego ruas e monumentos histoacutericos para
traccedilarmos a direccedilatildeo (CLAVAL 2010) O cotidiano eacute cheio destes elementos que
permitem a orientaccedilatildeo espacial e por meio de experiecircncias e conhecimentos comuns
podendo assim estimular o desenvolvimento destas noccedilotildees com os alunos dos anos
inicias do EF Assim
Nosso corpo eacute orientado agrave nossa frente se estende aquilo que nosso olhar
descobre Apenas atraveacutes dos rumores e dos odores que nos chegam dali
aprendemos o que estaacute atraacutes Do lado direito e do lado esquerdo haacute zonas nas
quais os olhos detectam os movimentos mas captam mal as formas um
ligeiro movimento com a cabeccedila basta para descobri-las (CLAVAL 2010 p
15)
A orientaccedilatildeo nos mapas mentais foi analisada mediante a correlaccedilatildeo entre os
lugares ou fenocircmenos apresentados (toponiacutemias) como atraveacutes da rosa dos ventos na
organizaccedilatildeo do esboccedilo cartograacutefico o que correspondeu ao criteacuterio de localizaccedilatildeo
D Noccedilotildees de escala geograacutefica Destacamos as contribuiccedilotildees Racine Raffestin
amp Ruffy (1983) Silveira (2004) e Castro (2008) neste quesito Os autores apresentam
que a escala enquanto conceito cartograacutefico sempre foi considerado com uma fraccedilatildeo
96
entre a medida do real e abstrato mediante uma representaccedilatildeo50 Esta visatildeo cartesiana do
espaccedilo geomeacutetrico por muito tempo foi aceita e pouco discutida no modo do
desenvolvimento cientiacutefico da Geografia
Os estudos com a escala geograacutefica propotildeem que esta seja uma estrateacutegia de
aproximaccedilatildeo e identificaccedilatildeo de fenocircmenos espaciais sobre a superfiacutecie terrestre que se
apresentam por meio do conjunto de formas e eventos do espaccedilo Eacute a partir da escala
geograacutefica que os alunos tecircm a possibilidade de avaliar selecionar e representar a
dimensatildeo espacial do espaccedilo vivido e do mundo
Afirma Castro que ldquoA escala eacute na realidade agrave medida que confere visibilidade
ao fenocircmenordquo (CASTRO 2008 p 123) Pensamos que ela possibilita atraveacutes dos
mapas mentais dimensionar e mensurar determinado fenocircmeno comparar e distinguir
realidades e permite a tomada de decisatildeo consciente no lugar ao qual habita
Haacute de se deixar claro que o conjunto de noccedilotildees escolhidas para este estudo eacute
indissociaacutevel Observamos tambeacutem que estas correspondem a outras noccedilotildees e conceitos
e na possibilidade da construccedilatildeo de habilidades pelos alunos no desenvolvimento da
aprendizagem
As atividades seratildeo apresentadas seguindo a ordem de realizaccedilatildeo dos mapas
mentais Logo as praacuteticas e metodologias que auxiliaram a realizaccedilatildeo destes esboccedilos
cartograacuteficos natildeo necessariamente correspondem com a ordem cronoloacutegica das aulas
Dessa forma nos capiacutetulos seguintes apresentaremos algumas propostas de atividades
aleacutem de uma anaacutelise aprofundada dos mapas mentais inicialmente com a turma do 4ordm
ano no capiacutetulo 3 e posteriormente com a do 5ordm ano no capiacutetulo 4
50 Comumente apresentada nos mapas existentes por meio da escala numeacuterica 1 10 000 no exemplo do
mapa mural de Campina Grande onde o nuacutemero 1 representa o mapa e 10 000 a distacircncia em cm de cada
1 cm apresentado no mapa neste caso 1 cm = 100 m ou 010 km
97
3 PROPOSTAS E PRAacuteTICAS ESCOLARES ANAacuteLISES DOS MAPAS
MENTAIS COM OS ALUNOS DO 4ordm ANO
Observamos que o desenvolvimento de um recurso didaacutetico eacute precioso e
complexo Ele precisa ser adaptado as circunstacircncias do desenvolvimento cognitivo das
crianccedilas e tambeacutem as condiccedilotildees oferecidas pela escola para efetivaccedilatildeo do trabalho do
professor Diante disso este capiacutetulo apresenta as praacuteticas desenvolvidas com os alunos
do 4ordm ano
Temos por objetivo apresentar e avaliar propostas e praacuteticas luacutedicas para a
compreensatildeo espacial Para isso apresentamos estas experiecircncias em quatro itens (1)
Oficina 1 Maquete mental (2) Mapa mental 1 Canal das Piabas (3) Oficina 2 Praacuteticas
com mapa mudo e (4) Mapa mental 2 Mesorregiotildees da Paraiacuteba
As aulas de Geografia com a turma do 4ordm ano teve como temaacutetica das aulas
ldquoGeografia da Paraiacuteba um estudo atraveacutes da produccedilatildeo leitura de mapas mentaisrdquo Na
produccedilatildeo dos mapas mentais contextualizamos a discussatildeo sobre os principais rios da
Paraiacuteba e sua influecircncia no cotidiano dos paraibanos especialmente dos alunos Durante
o periacuteodo de trecircs aulas realizamos debates desenvolvemos propostas com mapas mudos
e outros exerciacutecios os quais seratildeo apresentados ao longo deste capiacutetulo
31 OFICINA 1 A MAQUETE MENTAL PRAacuteTICA COLETIVA DO ENSINO-
APRENDIZAGEM EM GEOGRAFIA
Apresentamos inicialmente uma proposta de ensino a qual intitulamos de
ldquomaquete mentalrdquo nossa compreensatildeo eacute que
O uso de maquetes favorece a passagem da representaccedilatildeo tridimensional para
a bidimensional por possibilitar domiacutenio visual do espaccedilo a partir do
modelo reduzido Na atividade proposta essa reduccedilatildeo apesar de natildeo
conservar as mesmas relaccedilotildees de comprimento aacuterea e volume do real (ou
seja apesar de natildeo seguir uma escala uacutenica) permite ao aluno ver o todo e
portanto refletir sobre ele Aleacutem disso as maquetes satildeo conhecidas das
crianccedilas acostumadas com brinquedos que satildeo miniaturas de objetos reais
(ALMEIDA 2010 p 77 ndash 78)
A maquete mental corresponde neste trabalho a uma representaccedilatildeo livre de uma
microescala (local) disposta em trecircs dimensotildees Ela eacute um recurso de transiccedilatildeo entre a
projeccedilatildeo da maquete (ver figura 6 - A p 98) para um mapa mental coletivo (figura 6 ndash
B) Aleacutem disso apresenta um tema que pode ou natildeo se referir ao cotidiano dos alunos
98
FIGURA 6 - A MAQUETE MAPA MENTAL CANAL DAS PIABAS
A - Maquete mental produzido pelos alunos do 4ordm ano
B- Mapa mental produzido pelos alunos do 4ordm ano Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
registrado por David L R de Almeida (2015)
A proposta executada a partir da interpretaccedilatildeo do texto ldquoProjeto de educaccedilatildeo
ambiental atraveacutes do estudo histoacuterico-geograacutefico e ecoloacutegico da bacia do Riacho das
Piabas (Canal) Campina Grande ndash Paraiacutebardquo51 apresentou noccedilotildees acerca das
51 Este projeto corresponde a uma accedilatildeo da comunidade local escolas e moradores da zona Sul de
Campina Grande que tem a intenccedilatildeo de realizar um levantamento histoacuterico e social da bacia do riacho
(mais conhecido como Canal) das Piabas Busca reconhecer o valor do referido recurso hiacutedrico aleacutem de
seu potencial Aleacutem disso a conscientizaccedilatildeo para preservar este recurso natural O texto esta disponiacutevel
no seguinte link httpwwwcdccuspbrbioeducarpb_camphtml gt acesso em 231115
99
toponiacutemias da orientaccedilatildeo e localizaccedilatildeo espacial e uso da aacutegua os quais
organizamos no quadro 5
QUADRO 5 SIacuteNTESE DO TEXTO SOBRE O CANAL DAS PIABAS
NOCcedilOtildeES PALAVRAS ENCONTRADAS NO TEXTO
Toponiacutemias
Cidade Campina Grande
Bairros Alto Branco Centro Santo Antonio e Joseacute
Pinheiro
Outros pontos de referecircncia natildeo oficiais para
administraccedilatildeo da prefeitura Rosa Miacutestica Ponto Cem
Reacuteis52 e Bairro do Cachoeira
Orientaccedilatildeo e localizaccedilatildeo Zona Norte
Uso da aacutegua
Recursos hiacutedricos aacutegua potaacutevel canal rios riacho e
cursos drsquoaacutegua
Problemas ambientais Lixo detritos e esgotos
Organizado por David L R de Almeida 2015
Apoacutes a explicaccedilatildeo de algumas palavras desconhecidas pelos alunos (entre elas
cursos drsquoaacutegua detritos e bifurcaccedilatildeo) realizamos uma reflexatildeo sobre a importacircncia dos
recursos hiacutedricos e qual influecircncia do Canal das Piabas53 no cotidiano dos estudantes A
discussatildeo sobre o tema surpreendeu os estudantes eles natildeo sabiam que se tratava do
canal que se encontra vizinho a escola o que motivou a curiosidade da maioria dos
alunos (ver figura 7 p 100)
Com base nesta interpretaccedilatildeo na aula seguinte desenvolvemos a proposta com a
maquete mental Para isso os alunos consideraram enquanto modelo de representaccedilatildeo
suas anotaccedilotildees sobre o texto discutido Aleacutem disso utilizamos recursos como imagens
de sateacutelite (disponiacuteveis pelo Google maps) e o mapa mural da cidade de Campina
Grande ndash PB como fontes de consulta
52 O Ponto Cem Reacuteis eacute localizado no bairro da Conceiccedilatildeo Este lugar eacute historicamente conhecido pela
populaccedilatildeo campinense como ponto de passagem para o Brejo paraibano a qual haacute deacutecadas atraacutes tinha a
funccedilatildeo de rodoviaacuteria e de comeacutercio para a populaccedilatildeo local e transeunte Natildeo se haacute um consenso da
origem da utilizaccedilatildeo da toponiacutemia mas alguns negam a referecircncia ao Ponto Cem Reacuteis encontrado na
atual capital paraibana Joatildeo Pessoa 53 A partir desse momento trataremos esse recurso hiacutedrico por Canal das Piabas visando facilitar a leitura
do texto e tambeacutem por ser uma referecircncia espacial mais comum para a populaccedilatildeo da cidade de Campina
Grande ndash PB
100
FIGURA 7 - CANAL DAS PIABAS EM PROXIMIDADE A ESCOLA
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014) registrado por David L R de Almeida (2015)
Entregamos aos alunos orientaccedilotildees para a realizaccedilatildeo da maquete mental que
tambeacutem serviram de base para a produccedilatildeo dos mapas mentais como veremos adiante
Os estudantes desenvolveram suas representaccedilotildees considerando as informaccedilotildees
presentes no texto devendo
1 Representar o curso do Riacho Canal das Piabas do seu ponto inicial (nascente)
ateacute o ponto final (jusante)
2 Localizar os bairros e ou pontos de referecircncia (comeacutercio serviccedilos escolas) em
seu mapa
3 Orientar seu mapa atraveacutes da rosa dos ventos
4 Construir a legenda do mapa mental
Com base nos pontos supracitados a maquete mental foi realizada pelos alunos
mediante os procedimentos enumerados a seguir
1 Observar e relacionar as informaccedilotildees do texto com as representaccedilotildees expressas
nos mapas existentes e nas imagens de sateacutelite
2 Refletir e comparar a proporccedilatildeo entre os elementos e representaacute-los na cartolina
101
3 Localizar os bairros e pontos de referecircncia Traccedilar os itineraacuterios (avenidas ruas
canal das Piabas)
4 Distribuir os elementos (casas e carros) na maquete relacionando com as
condiccedilotildees de cada bairro (comercial de moradia etc)
5 Orientar o mapa mediante a rosa dos ventos
Durante o processo descrito os alunos estabeleceram um diaacutelogo contiacutenuo para
resolver o problema da escala geograacutefica da disposiccedilatildeo da formas e da localizaccedilatildeo dos
bairros na maquete (ver figura 8 p 101)
Para Vigotski (1998) a aprendizagem e desenvolvimento do aluno necessitam da
participaccedilatildeo ativa caso contraacuterio a mesma aprendizagem pode ser condenada ao
fracasso Nestes termos observamos que a iniciativa e trabalho em equipe possibilitam
os alunos a abranger sua leitura de mundo especialmente do lugar representado
refletindo sobre as suas experiecircncias cotidianas
FIGURA 8 PROCESSO DE REALIZACcedilAtildeO DA MAQUETE MENTAL
A Estaacutegio inicial ndash alunos traccedilando os itineraacuterios na
maquete mental
B Estaacutegio final ndash atribuindo as formas espaciais na maquete
mental
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014) registrado por David L R de Almeida 2015
A maquete enquanto recurso didaacutetico possibilita o trabalho com temas de
elevado grau de dificuldade e abstraccedilatildeo Ressalta Mendes (2010 p 72) que ldquonos
processos de ensino e aprendizagem de geografia a utilizaccedilatildeo de modelos
tridimensionais permite ao educando simular observar descrever identificar e analisar
as dinacircmicas de determinados fenocircmenos geograacuteficosrdquo
Compreendemos que a maquete pode viabilizar a reflexatildeo sobre
102
A proporccedilatildeo entre os objetos
Reduccedilatildeo dos objetos
Localizaccedilatildeo das formas espaciais
Relaccedilotildees de orientaccedilatildeo frente atraacutes direita e esquerda ou mediante as
orientaccedilotildees espaciais (norte sul leste e oeste)
Sobre as diferenccedilas dos pontos de vista (lateral vertical e obliacutequo)
(ALMEIDA 2010 p 79)
De forma geral um dos primeiros criteacuterios relacionados ao uso da maquete eacute a
possibilidade de refletir sobre a percepccedilatildeo e a representaccedilatildeo do espaccedilo no mapa Na
perspectiva cartesiana os trabalhos de Almeida (2010) Almeida amp Passini (2010) e
Passini (2012) resgatam o debate sobre a relaccedilatildeo projetiva para anaacutelise mental Nessa
perspectiva encontramos na figura 9 o mesmo conjunto de objetos destacados em trecircs
pontos de vista diferente (lateral obliacutequo e vertical)
FIGURA 9 PERSPECTIVAS DE OBSERVACcedilAtildeO DAS FORMAS ESPACIAIS
A Visatildeo lateral B Visatildeo obliacutequa C Visatildeo vertical
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014) registrado por David L R de Almeida 2015
Autores como Almeida (2010) e Castrogiovanni amp Costella (2006) observam na
maquete a oportunidade para o professor construir as relaccedilotildees projetivas com os alunos
saindo de uma visatildeo estritamente lateral ou obliacutequa a qual corresponde ao campo de
observaccedilatildeo do aluno para a perspectiva vertical traccedilado comum nos mapas existentes
O uso da maquete mental enquanto portadora do luacutedico permite as crianccedilas
externalizar sua compreensatildeo sobre o mundo Para Tuan (2012) o significado do jogo
para a primeira infacircncia (ateacute os seis anos de idade) contribui mais com o
desenvolvimento da coordenaccedilatildeo motora da crianccedila Entretanto ressaltamos que as
ldquobrincadeirasrdquo e a efetivaccedilatildeo dos jogos escolares tecircm objetivos expressos e um tema
preacute-definido seja ele para a aprendizagem de conteuacutedo vinculado ao curriacuteculo escolar
como para os valores exigidos para a vida em sociedade como a participaccedilatildeo respeito e
solidariedade (REGO 1995)
103
Eacute importante frisar que apenas decalcar ou ler o mapa natildeo traz a motivaccedilatildeo
necessaacuteria ao estudante Segundo Tuan (2012 p 30) ldquoa percepccedilatildeo eacute uma atividade um
estender-se para o mundo Os oacutergatildeos dos sentidos satildeo pouco eficazes quando natildeo satildeo
ativamente usadosrdquo por isso eacute importante a participaccedilatildeo do aluno ao rabiscar
estabelecer a localizaccedilatildeo das casas na maquete e falar sobre suas experiecircncias neste
ambiente para os companheiros
Temos uma visatildeo limitada de mundo relata Yi-Fu Tuan (1983) nem mesmo para
um adulto eacute faacutecil a tarefa de transpor um ponto de vista A funccedilatildeo da maquete mental eacute
ampliar a leitura de mundo do aluno Esta atividade quando mediada pelo recurso
permite observar a mesma realidade de diversos pontos de vista decorrente natildeo apenas
das relaccedilotildees projetivas mas da estrutura social e ambiental
Finalizado o processo de elaboraccedilatildeo da maquete mental os alunos foram
chamados a realizar os mapas mentais individualmente A maquete eacute um paracircmetro de
representaccedilatildeo para os mapas mentais Para esta anaacutelise houve a comparaccedilatildeo entre os
mapas mentais dos alunos e a maquete Retiramos as peccedilas sobrepostas sobre a folha de
cartolina (maquete mental) como resultado eacute observado o mapa mental coletivo
(apresentado na figura 6 B p 98)
32 MAPA MENTAL 1 CANAL DAS PIABAS
A Noccedilotildees de percepccedilatildeo espacial
Entre os questionamentos realizados aos alunos do 4ordm ano destacamos a
pergunta ldquo- Como vocecircs imaginam que eacute realizado o mapardquo entre as respostas estava
ldquocom papel e laacutepisrdquo (aluno 08) ou ainda ldquoele eacute feito de uma visatildeo de cimardquo (aluno 17)
O fragmento extraiacutedo de nosso jornal de pesquisa sublinha o imaginaacuterio das crianccedilas
sobre a produccedilatildeo dos mapas Embora algumas respostas apresentem certa ldquoinocecircnciardquo
por parte dos alunos outros percebem a necessidade da mudanccedila da perspectiva na
produccedilatildeo cartograacutefica
Ao longo da anaacutelise e leitura dos mapas mentais constatamos que as
representaccedilotildees dos alunos assumiram diferentes perspectivas Os alunos tiveram
liberdade de escolha para o traccedilado dos mapas mentais Ao compararmos os 16
(dezesseis) mapas mentais com a maquete mental uma questatildeo se destaca a perspectiva
espacial dos elementos representados ou seja seu ponto de vista A tabela 3 (p 104)
104
apresenta as trecircs visotildees predominantes na representaccedilatildeo espacial lateral vertical e
mista (elemento na perspectiva lateral vertical e ou obliacutequa)
TABELA 3 PERSPECTIVAS ESPACIAIS APRESENTADAS NOS MAPAS MENTAIS
Perspectiva espacial Ocorrecircncia
Lateral 01
Vertical 05
Mista 10
Total 16
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
Inicialmente a nossa anaacutelise corresponde aos cinco mapas mentais que
apresentam uma perspectiva vertical das formas espaciais representadas (casas preacutedios
e igreja) Estes mapas apresentam semelhanccedila ao acircngulo de visatildeo encontrado nos mapas
existentes O mapa mental do aluno 04 (figura 10 p 105) por exemplo apresenta uma
projeccedilatildeo totalmente vertical Ao visualizarmos o mapa mental satildeo notados apenas
quadrados coloridos o que corresponderia ao telhado das casas encontrado no modelo
(a maquete mental)
Quando sistematizamos os dados referentes agrave noccedilatildeo da percepccedilatildeo espacial dos
alunos observamos que a maioria deles (dez mapas) transita entre o esboccedilo de objetos
representado entre a perspectiva vertical e obliacutequa (um mapa) e vertical e horizontal
(nove mapas) (figura 15 p 118 e figura 12 p 110 respectivamente) Mesmo
apresentando certa disparidade entre os elementos desenhados suas representaccedilotildees
estatildeo proacuteximas a outros modelos de mapas como os turiacutesticos os quais normalmente
apresentam gravuras dispostas em acircngulos obliacutequos ou laterais
105
FIGURA 10 MAPA MENTAL EM PERSPECTIVA VERTICAL REALIZADO PELO ALUNO 04
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
106
Segundo Tuan (1983) os adultos e principalmente as crianccedilas vivem no chatildeo e
notam os objetos lateralmente natildeo eacute comum a eles perceberem a paisagem por outro
acircngulo de vista Na maioria das vezes a experiecircncia de olhar a paisagem de outra
perspectiva estaacute relacionada apenas a viagens de aviatildeo ou a oportunidade de escalar
uma montanha No entanto o mesmo autor afirma que as crianccedilas
[] podem ldquolerrdquo fotografias aeacutereas verticais em branco e preto de povoados e
campos de cultivo com uma acuidade e seguranccedila inesperadas Podem
reconhecer casas caminhos e aacutervores nas fotografias aeacutereas ainda que estes
aspectos apareccedilam em uma escala muito reduzida e sejam vistos de um
acircngulo e posiccedilatildeo desconhecidos em sua experiecircncia Eacute possiacutevel que as
crianccedilas da cidade tenham tido a experiecircncia de olhar fotografias em revistas
ou na televisatildeo [] (TUAN 1983 p 31)
Notamos portanto que estaacute transposiccedilatildeo de um acircngulo de vista a outro eacute haacutebito
comum entre as crianccedilas Acostumadas a brincar com brinquedos experimentam uma
realidade social ldquosimuladardquo inventam estoacuterias e constroem ldquorelaccedilotildees espaciais atraveacutes
de um jogo de imaginaccedilatildeordquo onde em muitos casos se destacam enquanto ldquodeuses do
Olimpordquo diferentemente de sua situaccedilatildeo no mundo dos adultos (TUAN 1983 p 31)
Entretanto em algumas situaccedilotildees essa percepccedilatildeo apresenta-se totalmente
divergente eacute o caso do mapa mental aluno 05 (figura 11 p 111) esse esboccedilo apresenta
uma visatildeo lateral da realidade Eacute o uacutenico mapa mental a apresentar a sociedade seus
sujeitos (ldquobonecos de palitordquo) atribuindo-os funccedilotildees como pilotar uma moto ou
transitar entre o cenaacuterio urbano (casa preacutedio mercado ndash ideal ndash semaacuteforo e rua) que
segundo relatou o aluno localiza-se no Ponto Cem Reacuteis Aleacutem disso retrata o sol como
um dos elementos que constituem a paisagem expressa na folha (em laranja)
O que nos chama a atenccedilatildeo eacute que mesmo participando da produccedilatildeo da maquete
mental e recebendo orientaccedilotildees do pesquisador o aluno 05 natildeo consegue deslocar seu
ponto de vista do cenaacuterio urbano Para Vigotski (1998 p 36) quando uma crianccedila se
defronta com um problema ao qual natildeo pode solucionar individualmente recorre a um
adulto ou ldquodiante de tal desafio aumenta o uso emocional da linguagem pelas crianccedilas
assim como aumentam seus esforccedilos no sentido de atingir uma soluccedilatildeo mais inteligente
menos automaacuteticardquo
A representaccedilatildeo geograacutefica do mapa mental do aluno 05 sugeriu uma condiccedilatildeo
referente agrave percepccedilatildeo do espaccedilo a qual Tuan (1983) denomina de apinhamento
Segundo o autor o apinhamento pode ser uma condiccedilatildeo a qual nossa liberdade espacial
eacute privada em decorrecircncia da presenccedila de outras pessoas em outro caso tambeacutem pode
107
estar relacionada agrave necessidade do contato com o outro do sentimento de pertencer a
um coletivo a sociedade Nestas condiccedilotildees escreve Tuan
As pessoas nos restringem mas tambeacutem podem ampliar o nosso mundo O
coraccedilatildeo e a mente se expandem na presenccedila daqueles que admiramos e
amamos [] quando as pessoas trabalham juntas por uma causa comum um
homem natildeo tira espaccedilo do outro pelo contraacuterio ele aumenta o espaccedilo do
companheiro dando-lhe apoio (TUAN 1983 p 72 ndash 73)
Podemos considerar que o espaccedilo apresentado pelo aluno natildeo situa o Canal das
Piabas mas sim o lugar que vive cotidianamente Para o trabalho escolar o professor
deve estar atento a esta questatildeo e criar subsiacutedios para que o aluno amplie sua escala de
percepccedilatildeo O trabalho em equipe e o diaacutelogo com o professor pode auxiliar nesta tarefa
fazendo o aluno notar elementos espaciais como o canal das Piabas que fazem parte da
sua vida e da comunidade
108
FIGURA 11 MAPA MENTAL EM PERSPECTIVA LATERAL PELO ALUNO 05
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
109
B Uso de Toponiacutemias
O desafio para a constituiccedilatildeo de uma linguagem atraveacutes dos mapas mentais
ressaltou o conjunto dos nomes dos lugares ou seja as toponiacutemias que desenvolvem o
ldquotecido espacialrdquo e indica o trajeto do Canal das Piabas Estas palavras servem como
ponto de referecircncia e suporte do raciociacutenio geograacutefico por parte dos alunos Neste
quesito 15 (quinze) alunos destacaram o nome dos bairros pontos de referecircncia (a
escola) ou nome do Canal das Piabas e do Accedilude Velho em seus mapas mentais
Apenas um mapa natildeo realizou qualquer referecircncia deste tipo
Ao analisarmos o mapa mental aluno 14 (figura 12 p 109) eacute observado seu
caraacuteter difuso enquanto representaccedilatildeo espacial As toponiacutemias mais que fazer
referecircncia aos lugares estabelece as relaccedilotildees e a compreensatildeo do mapeador a respeito do
tema tratado Baseado na interpretaccedilatildeo vigotskiana de Friedrich (2012) podemos situar
que imagem mental construiacuteda pelo aluno encontra-se no estaacutegio sincreacutetico Outros
criteacuterios devem fazer parte da interpretaccedilatildeo dos mapas mentais No caso do mapa
mental do aluno 14 correspondem as necessidades ou dificuldades especiais do
estudante Em entrevista com a gestora escolar ela comenta que o aluno 14 apresenta
dificuldades ou necessidades especiais de ordem intelectual voltadas a aprendizagem54
Neste caso especiacutefico o trabalho pedagoacutegico na Escola Municipal Luacutecia de
Faacutetima Gayoso Meira eacute realizado na sala de atendimento especializado onde os alunos
desenvolvem atividades que estimulam sua coordenaccedilatildeo sensoacuterio-motora e cognitiva
Para Friedrich (2012) este auxiacutelio eacute imprescindiacutevel as atividades escolares em
decorrecircncia da maior necessidade da mediaccedilatildeo do professor caso contraacuterio o aluno
apresentaraacute dificuldade de abstrair seus conhecimentos acerca do assunto estudado
54 Embora coloque este ponto a gestora escolar confessa natildeo saber qual o diagnoacutestico meacutedico referente a
dificuldade do aluno Relata que na escola apenas um aluno com deficiecircncia (siacutendrome de Down) e que
os demais apresentariam outras deficiecircncias correspondentes a aprendizagem como dislexia Atualmente
a escola possui uma sala de Atendimento Especial e professora especializada no trabalhado pedagoacutegico
com pessoas com deficiecircncia embora natildeo tenha os recursos didaacuteticos disponibilizados pelo governo
(computadores jogos entre outros materiais didaacuteticos) O termo ldquopessoa com deficiecircnciardquo foi criado pelo
Conselho Nacional da Pessoa com Deficiecircncia definido atraveacutes da resoluccedilatildeo estabelecida pela portaria nordm
2344 de 3 de novembro de 2010 Para mais informaccedilotildees acessar Disponiacutevel em
httpwwwmpgompbrportalwebhp41docsparecer_-_mudanca_da_nomeclaturapdf lt acesso
20072014
110
FIGURA 12 MAPA MENTAL DO ALUNO 14 COM DESTAQUE A ELEMENTOS SINCRETICOS
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
111
Divergente do caso do mapa do aluno 14 outros esboccedilos cartograacuteficos
apresentam uma rede de palavras que vincula o tema discutido Canal das Piabas aos
lugares de travessia da rede hidrograacutefica A tabela 4 apresenta o nuacutemero de ocorrecircncia
de cada toponiacutemia utilizada nos mapas mentais
TABELA 4 USO DAS TOPONIacuteMIAS NOS MAPAS MENTAIS
Toponiacutemias utilizadas Ocorrecircncia
Bairro (s) 13
Accedilude Velho 13
Riacho Canal das Piabas 12
Escola 10
Outros 01 Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
A organizaccedilatildeo das toponiacutemias apresentadas nos mapas mentais aluno 01 e 03
(figura 13 p 114 e 14 p 115) exemplificam um raciociacutenio geograacutefico recorrente a
linguagem social Observando os mapas mentais do aluno 01 e 03 eacute possiacutevel destacar
uma coerecircncia na organizaccedilatildeo das toponiacutemias enquanto uma sequencialidade de nomes
que permite identificar e reconstruir uma abstraccedilatildeo do percurso real do Canal das
Piabas
Para que o processo de alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica ocorra eacute necessaacuterio que o
aluno esteja atento ao processo de codificaccedilatildeo do mapa para isso ldquoa codificaccedilatildeo seraacute
significativa se a crianccedila construir seus proacuteprios siacutembolos trabalhando do significado
para o coacutedigordquo (PASSINI 2012 p 46) Eacute necessaacuterio observar que o significado eacute
variaacutevel para cada indiviacuteduo mas tambeacutem corresponde a uma expressatildeo social O
ranking dos nomes referentes aos bairros eacute apresentado a seguir na tabela 5
TABELA 5 RANKING DAS TOPONIacuteMIAS RELACIONADOS AOS BAIRROS DE
CAMPINA GRANDE
Bairro Ocorrecircncia Bairro Ocorrecircncia
Conceiccedilatildeo 10 Joseacute Pinheiro 06
Centro 07 Louzeiro 06
Lauritzen 07 Alto Branco 02
Monte Castelo 07 Monte Santo 01
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
112
Na atividade de interpretaccedilatildeo dos bairros representados pelos alunos uma
importante observaccedilatildeo refere-se agrave escolha das toponiacutemias apresentadas e o contexto
social a qual corresponde agrave identidade Em experiecircncias anteriores (ALMEIDA 2012)
jaacute haviacuteamos percebido que os alunos assim como funcionaacuterios do coleacutegio relatam que
a escola localiza-se no bairro do Alto Branco entretanto para administraccedilatildeo poliacutetica do
municiacutepio de Campina Grande ela estaacute localizada no bairro Lauritzen
Segundo os estudos de Maia (2010) um dos fatores para valorizaccedilatildeo de bairros
como Alto Branco Jardim Tavares e Bairro das Naccedilotildees (todos localizados na Zona
Norte de Campina Grande) eacute a valorizaccedilatildeo imobiliaacuteria em decorrecircncia da presenccedila de
condomiacutenios fechados Ressaltamos que esta diferenccedila entre a identidade da populaccedilatildeo
e a organizaccedilatildeo administrativa do municiacutepio foi explicada aos alunos que Em sua
maioria os alunos fizeram mais referecircncias ao bairro Lauritzen (sete ocorrecircncias) que
ao Alto Branco (duas ocorrecircncias)
Essa diferenccedila entre o destaque dos bairros quando comparado a outros pontos
de referecircncia como Rosa Miacutestica e Ponto Cem Reacuteis eacute proveniente da percepccedilatildeo
referente agrave Zona Norte da cidade de Campina Grande Para explicar este fato
apresentamos um diaacutelogo realizado entre o aluno 15 o pesquisador e a professora
Marta a respeito da comunidade Rosa Miacutestica
Apoacutes compreender onde se localizava a comunidade Rosa Miacutestica o aluno 15
se levanta e fala - ldquoProfessor [pesquisador] eacute o BG55 natildeo eacute
Professora Marta - ldquoO que eacute BG meninordquo
Aluno 15 - ldquoSabe natildeo professora lsquoBuraco da Giarsquo professorardquo
Para entendermos o contexto social ao qual se refere o aluno algumas
observaccedilotildees devem ser realizadas visto que caracteriza relaccedilotildees de identidade e
percepccedilotildees espaciais natildeo apenas destas crianccedilas mas da populaccedilatildeo campinense Arauacutejo
amp Valverde (2013) discutem o surgimento e processo de urbanizaccedilatildeo de uma
comunidade localizada na Zona Norte de Campina Grande a Rosa Miacutestica
Relata os autores que a Rosa Miacutestica surge na deacutecada de 1940 conhecida como
ldquoBuraco da Jiardquo
Inicialmente houve o loteamento e arrendamento de uma aacuterea (antes ocupada
por mata subcaducifoacutelia de transiccedilatildeo e reservatoacuterios de aacutegua) que se
encontrava sob os cuidados de uma famiacutelia que residia nas proximidades O
antigo Buraco da Jia durante algumas deacutecadas de existecircncia foi considerado
55 O significado de BG para o aluno eacute relativo a Buraco da Jia observa-se aiacute uma alteraccedilatildeo da letra ldquoGrdquo e
ldquoJrdquo
113
pela Prefeitura Municipal de Campina Grande como favela (ARAUacuteJO amp
VALVERDE 2013 p 151)
O termo Buraco da Jia segundo os autores consiste em uma das toponiacutemias
condizentes a uma aacuterea de contato entre trecircs bairros (Alto Branco Louzeiro e
Conceiccedilatildeo) embora natildeo se tenha consenso a respeito da origem deste nome antigos
moradores atribuem o significado agraves condiccedilotildees ambientais do lugar Aleacutem disso carrega
estereoacutetipos sociais como violecircncia favelizaccedilatildeo drogas entre outros A toponiacutemia Rosa
Miacutestica soacute viria surgir anos mais tarde em decorrecircncia do movimento da igreja e de
seus moradores com o objetivo de diminuir a violecircncia presente na comunidade
(ARAUacuteJO amp VALVERDE 2013)
Consideramos que a percepccedilatildeo social e a escolha destas toponiacutemias natildeo satildeo
involuntaacuterias pois agrave medida que apresentam bairros considerados ldquobons seguros
organizadosrdquo negam aqueles espaccedilos percebidos como ldquomarginalizados inseguros
precaacuteriosrdquo Embora o aluno 15 natildeo estivesse presente no dia da realizaccedilatildeo destes mapas
mentais seus colegas natildeo fizeram nenhuma referecircncia mesmo os que conhecem e
vivem esta realidade
114
FIGURA 13 USO DAS TOPONIMIAS PELO ALUNO 01
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
115
FIGURA 14 USO DE TOPONIMIAS PELO ALUNO 03
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
116
C Noccedilotildees de localizaccedilatildeo e orientaccedilatildeo
Como expotildeem Claval (2010) localizar e orientar satildeo duas bases importantes no
posicionamento das toponiacutemias A pontuaccedilatildeo aleatoacuteria desses nomes pode resultar em
problemas na identificaccedilatildeo dos lugares e na comunicaccedilatildeo do mapa mental Durante o
desenvolvimento de atividades como a maquete mental houve praacuteticas e discussotildees a
respeito da importacircncia da localizaccedilatildeo dos fenocircmenos espaciais e da orientaccedilatildeo atraveacutes
dos pontos cardeais (norte sul leste e oeste)
Dessa forma a experiecircncia se repetiu no desenho dos mapas mentais os quais
deveriam ser orientados pela rosa dos ventos e seus pontos cardeais Ao analisarmos os
16 mapas encontramos em apenas seis o procedimento exigido Dos seis casos que
apontaram a rosa dos ventos apenas o mapa mental aluno 03 (figura 14 p 115)
consegue estabelecer com propriedade a orientaccedilatildeo espacial
Diferentemente do caso anterior os outros cinco mapas mentais (a exemplo do
aluno 01 ver figura 13 p 114) apresentam agrave rosa dos ventos muito embora o norte
referende a posiccedilatildeo superior da folha e natildeo a nascente do Canal das Piabas Este
problema de orientaccedilatildeo haacute muito jaacute vem sido discutido por especialistas da aacuterea da
Cartografia Escolar Passini (2012 p 96) menciona que embora os livros didaacuteticos dos
primeiros ciclos (1ordm ao 5ordm ano) abordem a questatildeo da orientaccedilatildeo espacial afirma que
O que temos visto [] satildeo explicaccedilotildees sobre a indicaccedilatildeo da nascente do Sol
como direccedilatildeo Leste muitas vezes com a figura de um menino de braccedilos
abertos com a matildeo direita apontando o Leste Essa forma de ldquoorientarrdquo pode
criar o equiacutevoco de que o lado Leste eacute determinado com a matildeo direita
O problema encontrado eacute que na compreensatildeo dos alunos os pontos cardeais satildeo
encarados como um criteacuterio estaacutetico quando na verdade seu posicionamento eacute relativo
Esse tipo de orientaccedilatildeo (pelos astros ndash sol lua etc) necessita de uma transposiccedilatildeo da
compreensatildeo da macroescala (dos planetas) para a microescala (dos bairros da Zona
Norte de Campina Grande)
Por outro lado podemos analisar que os mapas mentais como o aluno 01 pode
ter outro referencial de orientaccedilatildeo o do corpo Nesta linha de raciociacutenio os trabalhos de
Claval (2010) e Tuan (1983) afirmam que mediante a experiecircncia os nosso sentidos
(olfato audiccedilatildeo e ateacute mesmo o tato) nos auxilia na experiecircncia do espaccedilo permitindo
traccedilar itineraacuterios mediante a localizaccedilatildeo e orientaccedilatildeo
117
A pesquisa com alunos do curso de Geografia da Universidade Federal do
Paranaacute (UFPR) realizada por Kozel (2008) demonstra ser possiacutevel o trabalho da
representaccedilatildeo da cidade a partir das percepccedilotildees sensoacuterias A autora revela que a
linguagem pode ser construiacuteda a partir dos sentidos desde que desenvolva a construccedilatildeo
semioacutetica (expresse em signos os elementos sentidos como o cheiro) e possibilite sua
transformaccedilatildeo em enunciados Para a autora a imagem mental pode ser ldquoconstruiacutedas a
partir das sensaccedilotildees e percepccedilotildees assim como signos verbais ou natildeo-verbais tambeacutem se
constroem dentro desse processordquo (KOZEL 2008 p 74)
No caso dos mapas mentais dos alunos do 4ordm ano observamos que a ordem e
sequencialidade da orientaccedilatildeo e localizaccedilatildeo quando comparado agrave maquete mental
estiveram presentes em 50 dos casos (oito mapas) Nestes oito mapas como eacute o caso
do aluno 10 (Figura 15 p 118) as toponiacutemias foram localizadas de forma que
possibilita a compreensatildeo total do fenocircmeno estudado o Canal das Piabas pelo leitor
Aleacutem disso tal como eacute relatado no texto o curso drsquoaacutegua estabelece o limite e
localizaccedilatildeo entre os bairros ldquoacima do canalrdquo os bairros Centro Conceiccedilatildeo e Louzeiro e
ldquoabaixordquo o Joseacute Pinheiro (escrito como Satildeo Pinheiro) e Lauritzen (onde estaacute localizada
a escola)
Nos outros oito casos do uso da localizaccedilatildeo e orientaccedilatildeo espacial as noccedilotildees
ainda natildeo foram internalizadas Os alunos conseguem apenas desenvolver relaccedilotildees
topoloacutegicas (frente atraacutes direita e esquerda como discutido no capiacutetulo I p 39)
quando os elementos estatildeo em seu campo de visatildeo como a atividade em que os alunos
do 4ordm ano construiacuteram um mapa da sala de aula e destacaram atraveacutes da legenda a
localizaccedilatildeo de sua carteira Observaremos outros exemplos relacionados agrave localizaccedilatildeo e
orientaccedilatildeo espacial no toacutepico a seguir
118
FIGURA 15 MAPA MENTAL E A LOCALIZACcedilAtildeO DOS BAIRROS DE CAMPINA GRANDE PELO ALUNO 10
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
119
D Noccedilotildees de escala geograacutefica
Em trabalho com os mapas existentes a escala numeacuterica (matemaacutetica) eacute essencial
para o trabalho pedagoacutegico Permite ao aluno compreender a ldquogeneralizaccedilatildeo
cartograacuteficardquo a relaccedilatildeo entre a escala e a quantidade de elementos do mapa Dessa forma
ldquoquanto menor a escala menos detalhes (maior a generalizaccedilatildeo) quanto maior a escala
mais detalhes (menor generalizaccedilatildeo)rdquo (ALMEIDA 2010 p 92)
Todavia no que corresponde ao uso dos mapas mentais ela aparece enquanto
elemento secundaacuterio A escala meacutetrica eacute importante para a formaccedilatildeo do aluno
entretanto na transposiccedilatildeo da imagem mental ela natildeo aparece Isso se deve ao fato da
nossa percepccedilatildeo espacial natildeo ser decorrente da distacircncia fiacutesica entre os lugares mas da
afetiva (TUAN 1983)
A primeira vista a escala geograacutefica pode ser considerada banal e ateacute mesmo
desarticulada agraves praacuteticas do ensino de Geografia nos anos iniciais do EF Entretanto a
escala eacute um ldquoproblema metodoloacutegicordquo visto que se torna para noacutes um procedimento
praacutetico e ldquouma estrateacutegia de apreensatildeo da realidaderdquo ao discutir noccedilotildees de Geografia e
contextualizar o tema em estudo Aleacutem disso permite avaliar a compreensatildeo dos alunos
a respeito do assunto abordado (CASTRO 2008 p 120)
Montar a maquete mental necessita de habilidade para a compreensatildeo da
totalidade do fenocircmeno estudado e a reduccedilatildeo necessaacuteria para que nenhuma informaccedilatildeo
relevante seja perdida a transposiccedilatildeo dessas ideias para os mapas mentais segue a
mesma loacutegica
Percebemos que haacute diferenccedilas no trabalho pedagoacutegico com a escala numeacuterica e a
escala geograacutefica entretanto existe um ponto em comum entre elas ldquoeacute importante notar
que a escala natildeo eacute a mesma em todo o mapardquo (ALMEIDA 2010 p 91) Os sujeitos de
uma turma podem ter compreensotildees escalares distintas fato presente na produccedilatildeo dos
mapas mentais como eacute apresentado na tabela 6 que caracteriza as escalas geograacuteficas
TABELA 6 ESCALA GEOGRAacuteFICA EM DESTAQUE NOS MAPAS MENTAIS
ESCALA
GEOGRAacuteFICA OCORREcircNCIA
Bairro 11
Rua 03
Natildeo apresenta comunica 02 Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
120
Podemos observar na realizaccedilatildeo da maioria dos mapas mentais (11 mapas) a
presenccedila do raciociacutenio geograacutefico ao atribuir uma reduccedilatildeo dos objetos representados
sem a necessidade de recorrer agrave escala meacutetrica As representaccedilotildees apresentam a
compreensatildeo dos estudantes sobre a aacuterea estudada Na maioria dos casos observamos
que os alunos tiveram a preocupaccedilatildeo de indicar a reduccedilatildeo necessaacuteria para exposiccedilatildeo dos
fenocircmenos apresentados em seus esboccedilos (uso das toponiacutemias)
A maioria dos esboccedilos cartograacuteficos destaca o nome dos bairros o que contribui
para leitura das informaccedilotildees contidas em cada mapa (por exemplo o mapa mental do
aluno 04 figura 10 p 105) Em casos mais especiacuteficos houve uma reduccedilatildeo a uma
escala geograacutefica mais local a da rua a qual apresenta mais relaccedilotildees da experiecircncia
cotidiana do que com o resgate do tema estudado
Se considerarmos a escala geograacutefica enquanto procedimento do raciociacutenio
geograacutefico observaremos que nos trecircs casos onde a rua aparece como escala de
representaccedilatildeo (aluno 05 figura 11 p 111) e ainda nos outros dois que natildeo fazem
menccedilatildeo a qualquer tipo de reduccedilatildeo espacial (aluno 14 figura 12 p 110) podemos notar
dificuldades na sistematizaccedilatildeo da linguagem e da comunicaccedilatildeo do tema indicando a
necessidade de um papel mais ativo da mediaccedilatildeo do professor
Diante desta dificuldade expotildeem Vigotski (1998) que
A linguagem habilita as crianccedilas a providenciarem instrumentos auxiliares na
soluccedilatildeo de tarefas difiacuteceis a superar a accedilatildeo impulsiva a planejar uma soluccedilatildeo
para um problema antes de sua execuccedilatildeo e a controlar seu proacuteprio
comportamento Signos e palavras constituem para as crianccedilas primeiro e
acima de tudo um meio de contato social com outras pessoas As funccedilotildees
cognitivas e comunicativas da linguagem tornam-se entatildeo a base de uma
forma nova e superior de atividade nas crianccedilas distinguindo-as dos animais
(VIGOTSKI 1998 p 38)
Considerando as palavras da citaccedilatildeo anterior notamos que a praacutetica da
construccedilatildeo do pensamento se reproduz na execuccedilatildeo da atividade proposta ou seja dos
mapas mentais Entretanto observamos que mesmo a ldquoimitaccedilatildeordquo de um modelo
produzido pelos alunos (a maquete mental) enquanto elemento responsaacutevel por criar
uma zona de desenvolvimento potencial natildeo eacute em alguns casos o suficiente para
desenvolver habilidades como observaccedilatildeo e planejamento do trabalho a ser executado
pelo aluno
121
3 3 OFICINA 2 PRAacuteTICAS COM MAPA MUDO (RE) CONSTRUINDO O MAPA
MENTAL DA PARAIacuteBA
A Paraiacuteba foi o tema em pauta para as atividades do 4ordm ano no uacuteltimo bimestre
escolar Em minha primeira visita realizada a escola apoacutes o aceite para realizaccedilatildeo da
pesquisa perguntei a professora Marta quais eram as suas orientaccedilotildees para as aulas de
Geografia embora tenha exposto o tema ficou de apresentar seu planejamento
posteriormente
Quando retornamos agrave escola recebemos da professora duas folhas elas
realizavam uma caracterizaccedilatildeo geneacuterica da Paraiacuteba Com os papeacuteis em matildeos
percebemos que se tratava de trechos disponibilizados no site do Wikipeacutedia As
informaccedilotildees natildeo eram confiaacuteveis tampouco suficientes Resolvemos explorar os
recursos didaacuteticos disponibilizados pela escola e descobrimos que havia mapas murais
atlas escolares e livros didaacuteticos sobre o Estado da Paraiacuteba Sugerimos que as fontes e
recursos didaacuteticos disponibilizados pela escola fossem articulados a proposta das aulas
Natildeo foi encontrada nenhuma objeccedilatildeo da professora em utilizar estes materiais
O caso descrito no paraacutegrafo anterior natildeo eacute apenas uma anedota de pesquisa
para a gestora Rosacircngela as professoras desconhecem os materiais existentes na escola
Ela relata que o governo investe em recursos didaacuteticos como mapas atlas livros e aleacutem
disso DVD jogos entre outros materiais que poderiam ser utilizados em sala de aula
Apoacutes as mudanccedilas relatadas pensamos em atividades para os alunos do 4ordm ano
recapitulando alguns assuntos tratados pela professora regente no 3ordm bimestre como a
discussatildeo sobre a cidade de Campina Grande e a regiatildeo Nordeste Com esta intenccedilatildeo
realizamos mapas mudos da regiatildeo Nordeste (modelo em apecircndice V) e do Estado da
Paraiacuteba (modelo em apecircndice VI) situando as discussotildees sobre os temas discutidos (ver
figura 16 e 17 p 122)56
56 Procuramos realizar praacuteticas que possibilitassem o processo de regionalizaccedilatildeo com alunos do 4ordm ano
Aleacutem disso observamos e comparamos diferentes fotografias pertencentes agrave Paraiacuteba o que auxiliou na
produccedilatildeo de mapas mudos pretendendo desenvolver modelos para a internalizaccedilatildeo da noccedilatildeo de regiatildeo
122
FIGURA 16 MAPA MUDO REALIZADO BRASIL (REGIAtildeO NORDESTE) REALIZADO PELO
ALUNO 07
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
Em seguida temos outro mapa realizado pelo aluno 01 Podemos perceber como
ele se apropria dos conhecimentos necessaacuterios para preenchimento das informaccedilotildees de
forma praacutetica
FIGURA 17 MAPA MUDO DAS MESSOREGIOtildeES DA PARAIacuteBA REALIZADO PELO ALUNO
01
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
123
O mapa da regiatildeo Nordeste (figura 16 p 122) procurou discutir os
procedimentos para realizaccedilatildeo da leitura dos mapas existentes enfatizando a construccedilatildeo
da legenda por meio da construccedilatildeo do signo (significado - as cores - utilizado aos seus
significantes - estados representados) A rosa dos ventos tambeacutem fez parte destes
procedimentos pois buscamos substituir a associaccedilatildeo da orientaccedilatildeo do corpo pela
orientaccedilatildeo atraveacutes dos pontos cardeais
Se considerarmos que o mapa eacute uma forma de representaccedilatildeo do espaccedilo e que
representa uma linguagem com siacutembolos legendas escalas geograacuteficas e toponiacutemias
podemos concluir que eacute necessaacuterio fazer com que o aluno busque potencializar
habilidades e competecircncias para entendecirc-lo decifraacute-lo e utilizaacute-lo
Desse modo a praacutetica de produccedilatildeo de mapas eacute necessaacuteria pois permite aos
alunos atingir uma organizaccedilatildeo cognitiva da estrutura do espaccedilo Alem disso
desenvolver princiacutepios de organizaccedilatildeo sistematizaccedilatildeo e correspondecircncia com outros
mapas visualizados em seu cotidiano que em muitos casos natildeo fazem muito sentido
Para Almeida amp Passini (2010 p 13) o mapa soacute faz sentido enquanto recurso de
aprendizagem
[] se o aluno participou ativamente do processo de construccedilatildeo
(reconstruccedilatildeo) do conhecimento atraveacutes da praacutetica escolar orientada pelo
professor E quanto ao domiacutenio espacial envolve preacute-aprendizagens relativas
a referencias e categorias essenciais ao processo de concepccedilatildeo do espaccedilo
De acordo com esses apontamentos pretendemos analisar os mapas mentais
correlacionando com o mapa mudo elaborado pelos alunos A produccedilatildeo dos mapas
mentais que seratildeo apresentados a seguir foi uma sugestatildeo da professora regente para
compor a avaliaccedilatildeo final do 4ordm bimestre (ver apecircndice VII) Desta forma algumas
observaccedilotildees deveratildeo ser verificadas
1 A realizaccedilatildeo destes mapas ficou a cargo da professora regente Segundo ela
nenhum dos alunos teve acesso as informaccedilotildees presentes nos cadernos livros
ou outras fontes de consulta
2 A prova foi realizada individualmente
3 As atividades natildeo foram realizadas no mesmo dia pelos alunos A professora
Marta emprega como praacutetica que os alunos realizem as provas em dias
aleatoacuterios evitando a possibilidade de ldquocolardquo entre os alunos
4 Realizamos as orientaccedilotildees para o desenho dos mapas mentais considerando
os temas estudados em sala de aula
124
3 4 MAPA MENTAL 2 MESORREGIOtildeES DA PARAIacuteBA
A Noccedilotildees de percepccedilatildeo espacial
Durante esta fase foram elaborados 14 mapas mentais sobre as mesorregiotildees
Geograacuteficas da Paraiacuteba Todos os mapas apresentados a partir deste momento natildeo
apresentaram problemas em relaccedilatildeo ao ponto de vista (lateral vertical ou obliacutequa) dos
elementos representados Todos eles satildeo apresentados na perspectiva vertical
Os alunos progrediram na anaacutelise e construccedilatildeo dos mapas mentais e agora
consideram o procedimento dos pontos de vista Natildeo necessariamente O que ocorre eacute
que como discute Castro (2008) os fenocircmenos mudam de acordo com a escala
geograacutefica O tema pode ser um dos grandes influenciadores dessa mudanccedila de
perspectiva A escala regional e as orientaccedilotildees para a realizaccedilatildeo do mapa impotildeem outra
problemaacutetica que natildeo corresponde aos elementos representados na escala local como a
disposiccedilatildeo de preacutedios ou casas por exemplo
Desta forma natildeo seria conveniente tampouco realista considerar os mesmos
paracircmetros (pontos de vista) de anaacutelise do mapa mental do Canal das Piabas Outro fato
eacute que os modelos ou imagens mentais construiacutedas natildeo se baseiam em uma representaccedilatildeo
em trecircs mas em apenas duas dimensotildees
Se considerarmos a concepccedilatildeo de Tuan (2012 p 18) acerca da percepccedilatildeo
espacial eacute possiacutevel inferir que ela pode ser uma resposta a uma ldquoatividade propositalrdquo
escolar Neste aspecto se torna uma capacidade de avaliaccedilatildeo e ordenamento dos objetos
dispostos no espaccedilo Os mapas mentais podem corresponder agraves relaccedilotildees entre as formas
representadas
Os esboccedilos cartograacuteficos elaborados pelos alunos assumiram duas ldquoformasrdquo a
primeira de sequencialidade das Mesorregiotildees Geograacuteficas (dez mapas mentais) e a
segunda a circularidade (quatro mapas) Algumas observaccedilotildees devem ser feitas antes de
avanccedilarmos na anaacutelise destes mapas mentais
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) os estudos da
divisatildeo regional pelo IBGE originaram-se em 1941 sob a coordenaccedilatildeo do prof Faacutebio
Macedo Soares Guimaratildees Ateacute aquele momento diversas sistematizaccedilotildees para divisatildeo
regional do territoacuterio brasileiro havia sido proposta dessa forma o objetivo do oacutergatildeo foi
organizar um uacutenico modelo de divisatildeo regional do Brasil
125
Aleacutem disso eacute relatado no site do IBGE que entre os fatores que influenciaram a
divisatildeo das regiotildees em Mesorregiotildees Geograacuteficas foram a elaboraccedilatildeo de poliacuteticas
puacuteblicas locais localizaccedilatildeo de atividades econocircmicas sociais e tributaacuterias
planejamento urbano estudos de identificaccedilatildeo das regiotildees metropolitanas
aglomeraccedilotildees urbanas e rurais entre outros O IBGE conclui que
A Divisatildeo Regional do Brasil em mesorregiotildees partindo de determinaccedilotildees
mais amplas a niacutevel conjuntural buscou identificar aacutereas individualizadas em
cada uma das Unidades Federadas tomadas como universo de anaacutelise e
definiu as mesorregiotildees com base nas seguintes dimensotildees o processo social
como determinante o quadro natural como condicionante e a rede de
comunicaccedilatildeo e de lugares como elemento da articulaccedilatildeo espacial57
No tocante aos aspectos poliacuteticos econocircmicos sociais e naturais a Paraiacuteba estaacute
dividida em quatro Mesorregiotildees Geograacuteficas Mata Paraibana Agreste Paraibano
Borborema e Sertatildeo Paraibano (ver figura 17 p 122) cada uma delas apresenta
caracteriacutesticas proacuteprias De acordo com Carvalho Travassos amp Maciel (2002 p 33) ldquoA
distribuiccedilatildeo dos climas da Paraiacuteba estaacute relacionada com a localizaccedilatildeo geograacutefica ou
seja quanto mais proacuteximo do litoral mais uacutemido seraacute o clima quanto mais longe mais
secordquo Este traccedilado de sequencialidade eacute encontrado no mapa do aluno 08 (figura 18 p
126)
Por outro lado quatro alunos desenharam a silhueta da Paraiacuteba em formas
circulares (aluno 03 figura 19 p 127) distinguindo-se dos modelos preacute-elaborados
(mapa mudo) e trabalhados em classe atraveacutes do atlas escolar da Paraiacuteba Neste aspecto
Tuan (2012 p 63) comenta que ldquoo etnocentrismo casa bem com a ideia do cosmo
circularrdquo Perceber o seu mundo enquanto um paracircmetro circular daacute ao sujeito a
compreensatildeo que todos os espaccedilos estatildeo proacuteximos e acessiacuteveis
Desde que nascemos nossas experiecircncias espaciais se desenvolvem inicialmente
por relaccedilatildeo aos estiacutemulos do meio e posteriormente com nosso conviacutevio em sociedade
Tuan (1983) revela que para um bebecirc de seis meses de idade o simples fato de estar
sentado jaacute possibilita um novo campo de visatildeo a que tinha anteriormente quando
ficava apenas deitado Aleacutem disso ldquotoda pessoa estaacute no centro do seu mundo e o
espaccedilo circundante eacute diferenciado de acordo com o esquema de seu corpordquo (TUAN
1983 p 46) Outra justificativa que corresponde agrave representaccedilatildeo deste traccedilado circular
corresponderia agraves dificuldades dos alunos ao abstrair o princiacutepio da conexatildeo entre as
Mesorregiotildees Geograacuteficas Observaremos outros casos semelhantes no toacutepico a seguir
57 As informaccedilotildees pertinentes ao IBGE estatildeo disponiacuteveis no link a seguir
httpwwwibgegovbrhomegeocienciasgeografiadefault_div_intshtmlt acessado em 16 05 2015
126
FIGURA 18 PERCEPCcedilAtildeO SEQUENCIAL DAS MESORREGIOtildeES GEOGRAacuteFICAS DO ALUNO 08
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
127
FIGURA 19 PERCEPCcedilAtildeO CIRCULAR DAS MESORREGIOtildeES GEOGRAacuteFICAS DO ALUNO 03
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
128
B Uso de Toponiacutemias
Qual o processo de organizaccedilatildeo das toponiacutemias apresentadas pelos alunos
Encontramos duas respostas a primeira correspondente ao fragmento textual no
enunciado dos mapas mentais a segunda as paredes da sala de aula Como eacute de costume
nos anos iniciais do EF expomos os cartazes e atividades que haviacuteamos realizado sobre
o Canal das Piabas Este cartaz foi utilizado enquanto instrumento de coacutepia em alguns
casos
Em uma anaacutelise geral dos mapas mentais produzidos pelos alunos tendo como
objetivos identificar as toponiacutemias dos lugares representados encontrou a seguinte
configuraccedilatildeo (Tabela 7 p 128)
TABELA 7 OCORREcircNCIA DAS TOPONIMAS EXPRESSAS NOS MAPAS MENTAIS
TOPONIacuteMIA OCORREcircNCIA
Mesorregiotildees Geograacuteficas 8
Mesorregiotildees Geograacuteficas e bairros de Campina Grande 3
Bairros de Campina Grande 1
Outros 2
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
Para Vigotski (1998) o uso da palavra eacute de fundamental importacircncia para a
construccedilatildeo do conceito ela identifica os objetos e distingui-os de outros termos
semelhantes A palavra quando caracterizada enquanto toponiacutemia permite ao sujeito
nomear o espaccedilo geograacutefico segundo alguma caracteriacutestica social fiacutesica poliacutetica
econocircmica entre outras
Para Gomes (2008 p 53) ldquona linguagem do senso comum a noccedilatildeo de regiatildeo
parece existir relacionada a dois princiacutepios fundamentais o de localizaccedilatildeo e o de
extensatildeordquo Compreendemos que este processo envolve dois exerciacutecios O primeiro de
compreensatildeo identificaccedilatildeo e extensatildeo do fenocircmeno e o segundo metodoloacutegico quais os
criteacuterios que possibilitaram a organizaccedilatildeo das Mesorregiotildees Geograacuteficas da Paraiacuteba
Eacute complexo o desenvolvimento da noccedilatildeo geograacutefica de regiatildeo mas em seu
processo de ensino-aprendizagem outros elementos podem ser destacados Ao trabalhar
com este conceito com a turma do 4ordm ano associamos a discussatildeo das caracteriacutesticas
regionais com as suas paisagens realizando a leitura de imagens fotograacuteficas
129
disponibilizadas pelos livros didaacuteticos atlas escolar e outras desenvolvidas em forma de
atividades
Em mapas mentais como o do aluno 11 (figura 20 p 130) foi observado que o
uso das toponiacutemias permite uma compreensatildeo da organizaccedilatildeo regional pelos alunos Em
outros casos o excesso de informaccedilotildees demonstra que esta comunicaccedilatildeo ainda se
apresenta de forma confusa para os estudantes (aluno 08 figura 18 p 126) Por outro
lado seguindo as orientaccedilotildees de Richter (2010 p 71) para a anaacutelise sobre o uso da
palavra na construccedilatildeo dos mapas mentais destacamos que escrever a palavra ldquosertatildeordquo
ldquoagresterdquo ou ldquooceano atlacircnticordquo ldquo[] natildeo define ou estabelece que esse estudante tenha
uma compreensatildeo ampla sobre os termos ou ideias apresentadasrdquo
Outro fato que nos chama a atenccedilatildeo eacute a ecircnfase dada agrave temaacutetica dos mapas
mentais os rios da Paraiacuteba As expressotildees rio Paraiacuteba e Piranhas apresentam-se em 50
dos mapas mentais analisados (sete mapas) assim como a presenccedila do Oceano
Atlacircntico Em outros dois casos os alunos representam em seus mapas a presenccedila do
Accedilude Velho e Riacho das Piabas
Percebemos com essa avaliaccedilatildeo a dificuldade dos alunos para o entendimento do
significado das toponiacutemias e a construccedilatildeo desta imagem mental Longe de encerrar esta
compreensatildeo pelos alunos veremos a seguir algumas anaacutelises relacionadas as noccedilotildees de
localizaccedilatildeo e orientaccedilatildeo espacial
130
FIGURA 20 USO DAS TOPONIacuteMIAS NA CONSTRUCcedilAtildeO DAS MESORREGIOtildeES DA PARAIacuteBA DO ALUNO 11
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
131
C Noccedilotildees de localizaccedilatildeo e orientaccedilatildeo
A alfabetizaccedilatildeo da liacutengua materna corresponde a uma das primeiras formas de
comunicaccedilatildeo ensinadas na escola Escrever as primeiras letras do nome pode acontecer
antes dos seis anos de idade mas eacute a partir do 1ordm ano do EF que este aprendizado seraacute
mais niacutetido
No ocidente o processo da escrita das palavras ocorre geralmente em uma
ordem sequencial da esquerda para a direita Este procedimento tambeacutem eacute realizado
para a leitura de textos onde eacute expressa a liacutengua portuguesa Somos desde pequenos
ensinados e aos poucos nos habituamos a este processo de leitura e escrita Mas haacute
alguma relaccedilatildeo entre o raciociacutenio geograacutefico a imagem mental e a representaccedilatildeo dos
mapas mentais com o processo de leitura e escrita A anaacutelise dos mapas afirma que sim
No item noccedilotildees de percepccedilatildeo espacial identificamos a ocorrecircncia de dez mapas
mentais que distribuiacuteram as Mesorregiotildees Geograacuteficas em uma ordem sequencial Mais
que uma relevacircncia na percepccedilatildeo dos alunos ela revela uma teacutecnica de
desenvolvimento do coacutedigo da liacutengua Dos dez mapas mentais que apresentam esta
caracteriacutestica sete denotam uma ordem idecircntica agrave do enunciado da questatildeo O quadro 6
realiza uma comparaccedilatildeo das toponiacutemias utilizadas e sua relaccedilatildeo com os mapas
mentais58
QUADRO 6 ORDEM DAS TOPONIacuteMIAS ENCONTRADAS NOS MAPAS MENTAIS
Ocorrecircncia Toponiacutemia 1 Toponiacutemia 2 Toponiacutemia 3 Toponiacutemia 4
Enunciado Mata Paraibana Agreste Paraibano Borborema Sertatildeo Paraibano
07 mapas Mata Paraibana Agreste Paraibano Borborema Sertatildeo Paraibano
03 mapas Sertatildeo Paraibano Borborema Agreste Paraibano Mata Paraibana
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
Quando comparado a disposiccedilatildeo das mesorregiotildees no enunciado da questatildeo e a
localizaccedilatildeo sete dos dez mapas eacute niacutetido que a transposiccedilatildeo da imagem mental para o
papel seguiu a mesma loacutegica expressa no enunciado da questatildeo Mas o simples fato de
localizar as toponiacutemias da esquerda agrave direita e vice versa natildeo significa que o aluno
58O mapa diferentemente de outras teacutecnicas de informaccedilatildeo e conhecimento como a Liacutengua portuguesa ou
a Matemaacutetica eacute portador de uma linguagem natildeo-verbal Traduz um processo de aprendizagem natildeo
sequencial de fenocircmenos que quando apresentados na fala em texto ou operaccedilotildees matemaacuteticas
naturalmente vatildeo apresentar uma hierarquia disposiccedilatildeo sequencialidade que nem sempre eacute desejaacutevel
132
consegue abstrair a posiccedilatildeo dos lugares em escalas regionais Torna-se importante notar
outros referenciais
A orientaccedilatildeo de outras referecircncias como Oceano Atlacircntico servem como
correspondente entre os signos (mesorregiotildees) apresentados nos mapas mentais A
leitura realizada pelo aluno 11 localiza a mesorregiatildeo do Sertatildeo Paraibano vizinho ao
Oceano Atlacircntico (figura 20 p 130) este fato esteve presente em quatro mapas
mentais
Por meio do mapa mental realizado pelo aluno 15 (figura 21 p 133) eacute possiacutevel
afirmar que mesmo havendo semelhanccedila entre a sequencialidade do enunciado da
questatildeo e o mapa mental eacute possiacutevel estabelecer uma relaccedilatildeo de orientaccedilatildeo espacial
condizente com a realidade a partir do uso coerente da rosa dos ventos
Encontramos ainda no caso do mapa mental supracitado uma reordenaccedilatildeo dos
pontos cardeais que a primeira vista pode parecer estranha para um experiente leitor de
mapas existentes Eacute notado que o aluno altera a posiccedilatildeo L (leste) ndash O (oeste) do mapa
mental permitindo uma comunicaccedilatildeo entre a orientaccedilatildeo e localizaccedilatildeo real das
Mesorregiotildees Geograacuteficas
O caso citado acima eacute o uacutenico a realizar esse raciociacutenio da orientaccedilatildeo dos
elementos representados podemos notar que o aluno consegue articular a noccedilatildeo de
orientaccedilatildeo espacial o que nos leva a considerar a possibilidade de coincidecircncia Dos
quatorze (14) mapas mentais doze (12) apresentam a rosa dos ventos A tabela 8
demonstra a noccedilatildeo de orientaccedilatildeo espacial atraveacutes dos pontos cardeais pelos alunos
TABELA 8 OCORREcircNCIA DA UTILIZACcedilAtildeO DA ROSA DOS VENTOS NOS MAPAS
MENTAIS
USO DA ROSA DOS VENTOS OCORREcircNCIA
Apresenta coerecircncia 2
Natildeo apresenta coerecircncia 7
Natildeo corresponde a uma comunicaccedilatildeo 6
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
Eacute observado que o posicionamento mediado pelos pontos cardeais natildeo obteve
sucesso As atividades desenvolvidas natildeo foram suficientes para possibilitar a
compreensatildeo da orientaccedilatildeo espacial Embora sete alunos tracem a rosa dos ventos em
seus mapas mentais elas natildeo correspondem agraves toponiacutemias expressas ou outros pontos de
referecircncia como o oceano Outros seis alunos invertem o posicionamento dos pontos
cardeais ou simplesmente natildeo apresenta tais referenciais
133
FIGURA 21 ORIENTACcedilAtildeO E LOCALIZACcedilAtildeO DAS MESSOREGIOtildeES DA PARAacuteIBA ALUNO 15
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
134
D Noccedilotildees de escala geograacutefica
Todas as noccedilotildees discutidas acerca dos mapas mentais das mesorregiotildees
demonstram que na escala regional paraibana os alunos sentiram mais dificuldades na
realizaccedilatildeo dos elementos dos mapas Com isso a leitura dos esboccedilos apresentou alguns
contratempos como excesso ausecircncia ou desconexatildeo entre as toponiacutemias apresentadas
com a temaacutetica dos mapas
Sem instrumentos mediadores ou modelos os alunos tiveram diferentes
problemas Entre eles o que deve ser representado no mapa Os rios eram destaque no
enunciado da prova embora seus nomes estivessem em negrito poucos alunos
distinguiram as palavras enquanto regiotildees (Mata Paraibana) e rios Paraiacuteba e Piranhas
Os rios revelam o propoacutesito do mapa mas tambeacutem coincidem com a localizaccedilatildeo Estado
da Paraiacuteba
Se considerarmos as palavras de Callai (2005 p 239) sobre o retrato do tema
ldquo[] eacute importante perceber que os fenocircmenos da natureza se configuram em outra
escala que eacute da natureza mesmo e que vai pautar os acontecimentos ao contraacuterio de
uma escala histoacuterica intrinsecamente ligada ao tempo e ao espaccedilo de nossas vidasrdquo
O conjunto das Mesorregiotildees Geograacuteficas tinha como intenccedilatildeo localizar ordenar
e apresentar um panorama geral do Estado da Paraiacuteba O resultado da observaccedilatildeo da
escala geograacutefica (Tabela 9) revela que a maioria dos estudantes apresenta maior
acuidade para a escolha da escala
TABELA 9 ESCALA GEOGRAacuteFICA EM DESTAQUE NOS MAPAS MENTAIS
ESCALA GEOGRAacuteFICA OCORREcircNCIA
Estado da Paraiacuteba 11
Outra 2
Natildeo identificada 1 Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
O que demonstra estes dados eacute que os alunos tiveram o cuidado de reduzir os
objetos da escala real para a dimensatildeo do papel mas o motivo para essa reduccedilatildeo natildeo
corresponde com a proposta da atividade Observamos que os alunos tecircm na maioria
dos casos o cuidado de representar as mesorregiotildees entretanto os rios Paraiacuteba e
Piranhas satildeo observados como coisas distintas do territoacuterio Dos quatorze (14) mapas
135
mentais analisados nove apresentam os rios enquanto elemento externo os outros cinco
casos natildeo fazem qualquer menccedilatildeo ao tema
Se por um lado a ldquohomogeneidaderdquo e ldquoconcentraccedilatildeordquo satildeo traccedilos pertinentes a
escala da proposta dos mapas mentais por outro ldquocolocar o problema da escala eacute
tambeacutem colocar o problema da pertinecircncia da ligaccedilatildeo entre uma unidade de observaccedilatildeo
e o atributo que associamos a elardquo (RACINE RAFFESTIN amp RUFFY 1983 p 125) A
anaacutelise destas representaccedilotildees demonstra que os rios e o territoacuterio paraibano satildeo como
ldquoaacutegua e oacuteleordquo natildeo se misturam esta heterogeneidade fez os alunos observarem estes
elementos como distintos
A escala ainda segundo Racine Raffestin amp Ruffy (1983) eacute um processo de
esquecimento coerente visto que agrave medida que observamos um conjunto agraves
singularidades satildeo ldquoesquecidasrdquo Dito de outra forma agrave medida que avanccedilamos na
representaccedilatildeo das mesorregiotildees geograacuteficas da Paraiacuteba os bairros de Campina Grande
natildeo deveriam ter ecircnfase na produccedilatildeo dos mapas mentais como aconteceu na
representaccedilatildeo do aluno 09 (Figura 22 p 136)
Por fim observamos que a escala geograacutefica enquanto noccedilatildeo para os estudos de
Geografia contribui para observarmos a percepccedilatildeo e sistematizaccedilatildeo mental dos assuntos
abordados em sala de aula Ela possibilita avaliar os avanccedilos dos alunos aleacutem de
auxiliar o planejamento do professor para a progressatildeo de habilidades e noccedilotildees a serem
trabalhadas
Buscamos no proacuteximo capiacutetulo avanccedilar na discussatildeo acerca do uso dos mapas
mentais dessa forma apontamos as praacuteticas e estrateacutegias utilizadas que possibilitaram o
ensino de Geografia com uma turma do 5ordm ano Recorremos assim como na turma do 4ordm
ano a experiecircncias luacutedicas e teoacutericas que possibilitassem o desenvolvimento de
habilidades e uso das noccedilotildees para o desenvolvimento das representaccedilotildees cartograacuteficas e
da leitura de mundo desses alunos
136
FIGURA 22 USO INDISCRIMINADO DA ESCALA GEOGRAacuteFICA ALUNO 09
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
137
4 PROPOSTAS E PRAacuteTICAS ESCOLARES ANAacuteLISES DOS MAPAS
MENTAIS COM OS ALUNOS DO 5ordm ANO
No decorrer deste capiacutetulo temos como objetivo apresentar e analisar as
atividades realizadas com os alunos do 5ordm ano Nossas praacuteticas direcionadas ao recurso
didaacutetico mapa mental dialogaram com um conjunto de atividades de construccedilatildeo e
interpretaccedilatildeo de mapas existentes e atividade luacutedica
Empregamos os mapas existentes (mapas murais e mapa do Brasil regiotildees)
mapas mudos e o jogo de baleada para o desenvolvimento de habilidades relacionado
aos assuntos estudados nas aulas de Geografia Conforme seraacute apresentado dividimos
estas experiecircncias em quatro itens (1) Oficina 1 Uso dos mapas mudos e a ldquobaleada
geograacuteficardquo (2) Mapa mental 1 Mapa da minha vida (3) Oficina 2 Mapa mudo da
regiatildeo Centro-Oeste e (4) Mapa mental 2 Mapa da regiatildeo Centro-Oeste
51 OFICINA 1 USO DOS MAPAS MUDOS E A ldquoBALEADA GEOGRAacuteFICArdquo
NOCcedilOtildeES PRAacuteTICAS E TEOacuteRICAS DE GEOGRAFIA
Compreende-se que para a construccedilatildeo dos procedimentos de trabalho coordenar
e dirigir o pensamento atraveacutes da linguagem cartograacutefica eacute fundamental Necessita
aleacutem disso envolver atividades teoacutericas e luacutedicas como mostramos no capiacutetulo 1
(Quadro 1 p 40) Haacute diferentes condicionantes que despertam a motivaccedilatildeo ou
desmotivaccedilatildeo a positividade ou apatia acerca das atividades desenvolvidas entre os jaacute
destacados a atenccedilatildeo memoacuteria cogniccedilatildeo e emoccedilatildeo retrata Vigotski (1998)
Para Bock Furtado amp Teixeira (2008) a escola eacute o lugar privilegiado para o
desenvolvimento dos condicionantes citados no paraacutegrafo anterior por meio da
educaccedilatildeo formal Neste espaccedilo ocorre o contato com a cultura de forma sistemaacutetica
intencional e planejada visando o desenvolvimento cognitivo dos sujeitos Por outro
lado o aluno jaacute traz consigo necessidades curiosidades e um imaginaacuterio a respeito da
realidade espacial
A aprendizagem natildeo eacute equivalente a todos os sujeitos de uma turma Entretanto
enfatizamos a importacircncia do trabalho coletivo como meio para o progresso do
raciociacutenio espacial Dessa forma segundo Rego (1995) eacute necessaacuterio a intervenccedilatildeo do
professor nas zonas de desenvolvimento proximal dos alunos Acreditamos que o
138
diaacutelogo as atividades com recursos cartograacuteficos e atividades luacutedicas podem auxiliar
nesse quesito
A escolha do recurso didaacutetico a exemplo do mapa corresponde
necessariamente com a proposta da aula de Geografia Uma escolha equivocada pode
gerar problemas para o encaminhamento da aula Ao conversar com a professora
Beatriz sobre as aulas de Geografia perguntei quais os assuntos trabalhados nos
bimestres anteriores Empolgada ela fala sobre suas consideraccedilotildees sobre o mapa-
muacutendi localizaccedilatildeo dos paiacuteses e organizaccedilatildeo poliacutetica A professora pega seu livro
didaacutetico o abre e mostra um mapa das Ameacutericas Diante deste caso apontamos que o
professor e o aluno
[] natildeo alfabetizado para a leitura da linguagem cartograacutefica natildeo possui
habilidades suficientes para ldquoentrarrdquo em mapas de escala pequena com os
que representam o Brasil ou o mundo com siacutembolos abstratos e entender o
conteuacutedo neles apresentado (PASSINI 2012 p 31)
Natildeo procuramos julgar as praacuteticas da professora tampouco desprivilegiar o uso
do livro didaacutetico em sala de aula mas observamos a necessidade da correspondecircncia
entre tema e recurso empregado Ademais discordamos das palavras de Passini (2012 p
31) que apenas por meio da alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica que o aluno tem ldquohabilidade
suficienterdquo para entender um mapa Seraacute que esta afirmaccedilatildeo corresponde com as
praacuteticas cotidianas dos alunos E os mapas apresentados nos telejornais que
demonstram a previsatildeo do tempo ou o itineraacuterio dos ocircnibus localizaccedilatildeo de lojas eles
tambeacutem necessitam de uma alfabetizaccedilatildeo para ser compreendidos O professor eacute o
uacutenico sujeito a mediar agrave compreensatildeo da linguagem cartograacutefica
Acreditamos que a alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica deve ser um processo de
construccedilatildeo e leitura de mapas De acordo com Callai (2005) os alunos trazem os
conhecimentos de sua experiecircncia de vida e eacute a partir daiacute que podemos iniciar a alusatildeo
aos conhecimentos da Geografia Dito isto enfatizamos que no decorrer das duas
primeiras aulas realizamos leitura de mapas enfatizando a importacircncia da construccedilatildeo da
legenda e da correspondecircncia aos elementos do mapa trabalhados Outros fatores como
a importacircncia da rosa dos ventos e dos pontos cardeais tambeacutem estiveram presente
nestas aulas
As regiotildees brasileiras e o processo de regionalizaccedilatildeo foi o tema trabalhado em
Geografia com a professora regente no terceiro bimestre de 2014 Iniciamos o trabalho
revisando o assunto Os alunos construiacuteram mapas mudos na ocasiatildeo entregamos uma
lista com o nome dos estados (com suas respectivas siglas) e capitais (ver apecircndice
139
VIII) buscando construir um modelo mental para o desenvolvimento dos primeiros
mapas mentais Um exemplo de mapa mudo desenvolvido pelo aluno 29 (Figura 23 p
139) o modelo encontra-se em apecircndice (apecircndice IX)
A realizaccedilatildeo dos mapas mudos embora mediada natildeo foi trabalhada com a
consulta de mapas existentes Foi permitida a interaccedilatildeo entre os alunos para chegarem a
uma interpretaccedilatildeo proacutepria da localizaccedilatildeo dos estados e extensatildeo das cinco regiotildees
brasileiras59 (Nordeste Sul Sudeste Centro-Oeste e Norte) Na ocasiatildeo jaacute haviam
estudado o panorama geral da organizaccedilatildeo territorial do paiacutes aleacutem disso a Regiatildeo
Norte a qual demonstravam a maioria dos alunos mostrava interesse
FIGURA 23 MAPA MUDO DAS REGIOtildeES DO BRASIL REALIZADO PELO ALUNO 29
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
59 Eacute observado que os limites das regiotildees eacute estabelecido por linhas mais escuras o que deveria facilitar a
distinccedilatildeo entre elas mas em alguns casos como o do aluno 29 (figura 23) esta compreensatildeo ainda natildeo
estava clara
140
Outra questatildeo em pauta satildeo as consideraccedilotildees de Castrogionni amp Costella (2006)
Almeida amp Passini (2010) e Passini (2012) eles apontam que as noccedilotildees de localizaccedilatildeo e
orientaccedilatildeo espacial satildeo problemas complexos ao se desenvolver experiecircncias com
mapas O plano das relaccedilotildees de localizaccedilatildeo extensatildeo e vizinhanccedila eacute algo complicado
seja quando a referecircncia eacute o proacuteprio corpo (direita esquerda frente e atraacutes) ou os pontos
cardeais (norte sul leste e oeste)
Na anaacutelise das noccedilotildees de localizaccedilatildeo e orientaccedilatildeo espacial nos mapas mentais do
Canal das Piabas (p 116 terceiro paraacutegrafo) apresentamos o problema dos modelos de
orientaccedilatildeo espacial discutido por Passini (2012 p 112 ndash 117) Mediante algumas
atividades sugeridas pela autora como ldquoorientando-se na cidaderdquo ldquotrabalho com
sombrasrdquo e ldquoorientando-se com vizinhos e natildeo vizinhosrdquo desenvolvemos uma proposta
de atividade a qual intitulamos de ldquobaleada geograacuteficardquo
Para a realizaccedilatildeo da experiecircncia da baleada geograacutefica resgatamos as praacuteticas do
jogo conhecido como baleada ou queimada60 com os alunos do 5ordm ano Dessa forma
seguimos os passos descritos
1 Dividir os alunos em quatro grupos cada um representando um ponto cardeal
(Norte Sul Leste e Oeste)
2 Posicionar os grupos nas respectivas direccedilotildees neste caso eacute indicado que a
atividade seja realizada em um local aberto e os pontos cardeais sejam marcados
no chatildeo considerando o posicionamento do sol61
3 O grupo deve acertar com a bola um dos participantes do time oposto entretanto
a direccedilatildeo da bola deve seguir a orientaccedilatildeo falada pelo mediador (professor)
exemplo ldquogrupo Oeste acerte a bola no grupo Sulrdquo (Figura 24 p 141)
O objetivo do jogo foi localizar os grupos no plano espacial do paacutetio da escola
mostrando que as coisas e as pessoas estatildeo em determinado lugar Aleacutem disso os alunos
observaram a relaccedilatildeo existente entre o pocircr do sol e o posicionamento dos pontos
cardeais Tambeacutem a possibilidade de coordenar direccedilotildees atraveacutes deles
Na aula seguinte dialogamos sobre esta experiecircncia e realizamos uma atividade
teoacuterica sobre a ldquobaleada geograacuteficardquo (ver apecircndice X) Percebemos que alguns alunos
60 Nos Estados Unidos a brincadeira vem ganhando prestiacutegio principalmente apoacutes seu reconhecimento
enquanto esporte o ldquododgeballrdquo O esporte eacute composto por dois grupos onde cada equipe busca acertar
membros do time adversaacuterio quando um integrante eacute acertado ele eacute retirado do jogo Ganha quem tiver o
maior nuacutemero de integrantes no final da partida Para mais informaccedilotildees acesse
httpenwikipediaorgwikiDodgeball lt acessado em 26052015 61 Ressaltamos que esta atividade seja realizada no iniacutecio da manhatilde (para o turno matutino) ou final da
tarde (para o turno vespertino) em decorrecircncia da exposiccedilatildeo das crianccedilas ou jovens ao sol e ainda a
possibilidade de ver mais nitidamente o nascer ou o pocircr do sol (como foi o caso com a turma do 5ordm ano)
141
os que faltaram principalmente sentiram dificuldade na compreensatildeo da uacuteltima questatildeo
que se referia ao posicionamento atraveacutes da posiccedilatildeo aparente do sol Retornamos ao
paacutetio da escola e realizamos outra simulaccedilatildeo sobre a dinacircmica do jogo desta vez os
alunos explicavam como deveria ser realizado o jogo e suas regras62
FIGURA 24 DESENVOLVIMENTO DA ATIVIDADE LUacuteDICA BALEADA GEOGRAacuteFICA
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
Apoacutes a realizaccedilatildeo destas experiecircncias os alunos tiveram como desafio a
realizaccedilatildeo dos primeiros mapas mentais Contextualizamos a atividade das regiotildees do
Brasil atraveacutes da proposta ldquoMapa da minha vidardquo63 onde os alunos teriam que destacar
os procedimentos descritos a seguir
Desenhe um mapa mental do Brasil considerando as informaccedilotildees abaixo
1 Localizar em seus mapas mentais as seguintes informaccedilotildees
- Estado em que vocecirc nasceu
62 Nestes termos caracterizamos que as aulas ocorrem em atividades cineacuteticas articulando o
desenvolvimento das representaccedilotildees aos movimentos corpoacutereos descentralizando a atenccedilatildeo focal
(observaccedilatildeo) aos outros sentidos tato fala e audiccedilatildeo Afirmamos que isto ocorre em um processo que
avanccedila e regride ao longo das atividades escolares e que os resultados positivos nem sempre satildeo
alcanccedilados 63 A proposta de atividade com o tema ldquomapa da minha vidardquo eacute fruto de experiecircncia de pesquisa-piloto
realizada no Centro de Ensino Pesquisa Aplicada agrave Educaccedilatildeo (CEPAE) da Universidade Federal de Goiaacutes
(UFG) com alunos do 5ordm ano em 2014 A proposta desenvolvida pela Profordf Drordf Rusvecircnia Luiza para o
trabalho com mapas mudos foi incorporada ao desenvolvimento de mapas mentais em uma de suas
turmas de 5ordm ano Na ocasiatildeo o recurso possibilitou avaliar os conteuacutedos sobre regiatildeo e regionalizaccedilatildeo
brasileira ensinados pela referida professora
142
- Estado em que seus pais nasceram
- Estado que jaacute visitou e
- Estado que gostaria de visitar
2 Orientar seu mapa atraveacutes da rosa dos ventos
3 Construir a legenda do mapa mental
4 Baseado no tema apresentado decirc um tiacutetulo para o seu mapa mental
Inicialmente explicamos aos alunos qual era a proposta dos mapas mentais e que
estas representaccedilotildees natildeo iriam ser idecircnticas aos mapas estudados ateacute a ocasiatildeo Os
alunos se mostraram resistentes a proposta de trabalho De iniacutecio alguns se recusaram a
realizar a atividade alegando ldquonatildeo saber desenharrdquo outros alegavam a necessidade da
consulta aos mapas existentes Realizamos um acordo eles poderiam consultar a lista
com o nome dos estados entretanto natildeo seria permitida a consulta a outros materiais
Todos aceitaram este termo
Apoacutes o iniacutecio das atividades poucos alunos utilizaram a lista com o nome dos
estados Entretanto discutiam entre eles sobre a localizaccedilatildeo dos estados e pediam
auxiacutelio agrave professora e para o pesquisador para realizaccedilatildeo da proposta O proacuteximo item
corresponde agraves anaacutelises dos mapas mentais elaborados
42 MAPA MENTAL 1 MAPA DA MINHA VIDA
A Noccedilatildeo de percepccedilatildeo espacial
Como discutido no primeiro bloco de anaacutelise dos mapas mentais (alunos do 4ordm
ano) a percepccedilatildeo espacial eacute variante de sujeito para sujeito mesmo quando sua
experiecircncia ambiental valores e status social satildeo semelhantes Pinheiro (2005) assim
como Tuan (2012) percebe que a compreensatildeo espacial e a composiccedilatildeo da imagem
mental satildeo decorrentes de um ldquocircuito psicoloacutegicordquo
A imagem mental eacute um processo de ldquo[] apreensatildeo da informaccedilatildeo (sensaccedilatildeo
percepccedilatildeo) sua organizaccedilatildeo interna (percepccedilatildeo cogniccedilatildeo) armazenamento na memoacuteria
e resgate para utilizaccedilatildeo como accedilatildeordquo (PINHEIRO 2005 p 152) No ensino-
aprendizagem de Geografia os mesmos ldquoestiacutemulosrdquo ou imagens experimentadas (seja
pela vivecircncia nos lugares ou aprendizagens) natildeo seratildeo idecircnticos ao modelo expresso Os
ruiacutedos satildeo inevitaacuteveis na construccedilatildeo da imagem e na (re) produccedilatildeo dos mapas mentais
143
Os 21 mapas mentais produzidos com o tema ldquomapa da minha vidardquo retratam
diferentes modelos de percepccedilatildeo dos alunos acerca da silhueta do Brasil Agrupamos
estes mapas mentais em quatro grupos silhueta em forma proacutexima a do Brasil de balatildeo
e de triacircngulo e como apresentada na figura 25 A quarta categoria apresenta os mapas
mentais que natildeo se enquadraram nestes paracircmetros
FIGURA 25 PARAcircMETROS PARA ANAacuteLISE DAS SILHUETAS DOS MAPAS MENTAIS
A Forma proacutexima a do Brasil B Forma de um balatildeo C Forma de um triacircngulo
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014) Organizado por David L R de Almeida 2015
Como observamos na tabela 10 nove dos 21 alunos contornam os seus mapas
mentais e apresentam correlaccedilatildeo com o mapa mudo do Brasil Entre estes casos
apresentamos o mapa mental realizado pelo aluno 41 (figura 26 p 146) Observamos
que os traccedilos expressos nos mapas mentais aproximam-se da silhueta do mapa existente
do Brasil e conservaram a localizaccedilatildeo de alguns estados estrateacutegicos em suas
representaccedilotildees a Paraiacuteba (PB) na posiccedilatildeo nordeste o Acre (AC) proacutexima a uma
curvatura no norte do Brasil e o Rio Grande do Sul (RS) como o ponto mais extremo ao
sul do territoacuterio nacional64
TABELA 10 PERCEPCcedilOtildeES DA FORMA DO BRASIL DESTACADO NOS MAPAS
MENTAIS
FORMA OCORREcircNCIA
Brasil 9
Balatildeo 4
Triacircngulo 2
Outra forma 6
Total 21
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
64 Em virtude da ausecircncia dos pontos cardeais no mapa mental estamos considerando que a posiccedilatildeo Norte
esteja no lado superior da folha
Menor extensatildeo (L-O)
Ex
ten
satildeo
(N
-S)
Maior extensatildeo (L-O)
144
Os mapas em formato de balatildeo tambeacutem tiveram suas peculiaridades entre elas o
fator de concentricidade dos estados retratados em forma circulares ou de meia lua O
mapa mental do aluno 39 (figura 27 p 147) eacute composto por um agrupamento de feiccedilatildeo
circular o mais niacutetido eacute encontrado no centro da imagem relativo ao estado de Goiaacutes
(GO) Na regiatildeo nordeste o aluno situa a Paraiacuteba (em verde) seguido pela cidade
paraibana de Taperoaacute (em laranja) e um dos distritos de Campina Grande Galante (em
azul)
Jaacute haviacuteamos reparado o mesmo traccedilado circular em alguns mapas do Canal das
Piabas (p 125 quarto paraacutegrafo) e analisado que a esfericidade segundo Tuan (1983
2012) casa com a ideia de etnocentrismo Mas precisamos observar que diferentes
povos ao longo da histoacuteria tambeacutem utilizaram e ainda utilizam o paracircmetro esfeacuterico
para confecccedilatildeo de mapas existentes a exemplo dos chineses (com os mapas formados
por cinturotildees No centro do mapa localiza-se o impeacuterio nas bordas os baacuterbaros e
selvagens) gregos e europeus com os ldquomapas O-T (Orbis terrarum)rdquo Atualmente os
atlas escolares a exemplo do mapa-muacutendi ldquomostra todo o mundo em uma projeccedilatildeo que
estaacute centralizada no sul da Gratilde-Bretanha ou noroeste da Franccedilardquo (TUAN 2012 p 65 ndash
69)
O terceiro caso por exemplo aponta os mapas mentais em contornos relativos agrave
forma triangular Eles aproximaram-se ao formato do triacircngulo equilaacutetero (o qual possui
trecircs partes iguais e contecircm trecircs acircngulos de 60ordm)
No que se refere aos dois mapas mentais que apresentaram esta configuraccedilatildeo
observamos que os estados que ficam a norte da linha do equador como Roraima e
Amapaacute natildeo satildeo apresentados Ou ainda satildeo localizados em outros lugares como
observado no mapa mental do aluno 25 (Figura 28 p148)
Os exemplos anteriores indicam que para estes alunos a associaccedilatildeo a forma
geomeacutetrica triangular corresponde com uma estrateacutegia de memorizaccedilatildeo da imagem
mental do Brasil Recordemos que eacute comum a menccedilatildeo da forma arredondada do planeta
Terra nas aulas de Geografia entretanto relata Jolly (1990) que a muito se eacute estudado a
ldquoverdadeirardquo forma do planeta Terra suas formas e dimensotildees a qual hoje se denomina
de geoacuteide
Ao longo do desenvolvimento da Idade Meacutedia relata Jolly (1990) que houve o
aperfeiccediloamento das teacutecnicas de observaccedilatildeo instrumentos como a buacutessola sistemas de
medidas e intersecccedilatildeo a grandes distacircncias para o autor
145
A triangulaccedilatildeo tem como objetivo fixar sobre a superfiacutecie a ser
cartografada a posiccedilatildeo relativa em distacircncia e em direccedilatildeo de pontos
fundamentais ou ldquopontos geodeacutesicosrdquo sobre os quais se apoiara a rede de
quadriculas do mapa Consiste em cobrir a superfiacutecie estudada com uma rede
de referecircncias dispostas segundo os veacutertices de triacircngulos [] (JOLLY 1990
p 42)
Neste sentido eacute importante apontar que a forma triangular pode ser um caminho
para a construccedilatildeo dessa imagem mental entretanto o papel da mediaccedilatildeo do professor
deve propor anaacutelises mais aprofundadas sobre as irregularidades do traccedilado territorial
Por quais motivos haacute a irregularidade na silhueta do mapa mental do Brasil Por causa
das fronteiras poliacuteticas e econocircmicas Os acidentes geograacuteficos Esses satildeo alguns
elementos que podem ser discutidos
Seis dos 21 mapas mentais apresentaram formas distintas entre si e dos trecircs
grupos apresentados anteriormente Seus traccedilados irregulares apresentavam uma
compreensatildeo sincreacutetica da imagem do territoacuterio nacional natildeo apenas pelo traccedilado do
mapa mental mas pela associaccedilatildeo dos elementos destacados ao tema do mapa Em
alguns casos ocorreu o comprometimento da comunicaccedilatildeo do mapa para seu
destinataacuterio como destacaremos nos proacuteximos toacutepicos
146
FIGURA 26 MAPA MENTAL EM FORMATO PROacuteXIMO A REPRESENTACcedilAtildeO TRADICIONAL DO BRASIL DO ALUNO 41
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
147
FIGURA 27 MAPA MENTAL EM FORMA DE BALAtildeO ALUNO 39
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
148
FIGURA 28 MAPA MENTAL EM FORMA DE TRIAcircNGULO ALUNO 25
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
149
B Uso de toponiacutemias
As toponiacutemias permitem a apresentaccedilatildeo do tema nos mapas mentais As palavras
possibilitam a apreensatildeo do significado e a intenccedilatildeo do produtor de mapas para um
segundo sujeito o leitor de mapas viabilizando a interaccedilatildeo verbal entre eles
(BAKHTIN 2012)
Nos mapas mentais produzidos constatamos que 17 das 21 representaccedilotildees
apresentam o nome de estados brasileiros Um caso expotildee a classificaccedilatildeo atraveacutes das
regiotildees (Norte Nordeste Centro-Oeste e Sul) e outros trecircs natildeo demonstram
correspondecircncia com o tema (sendo que um deles natildeo apresenta nenhuma informaccedilatildeo)
Aleacutem disso na anaacutelise dos 17 mapas que expressam a relaccedilatildeo signo-significado
atraveacutes da legenda classificamos o grau de coerecircncia desta relaccedilatildeo em bom regular e
insuficiente para a proposta de interpretaccedilatildeo dos dados a tabela 11 apresenta o nuacutemero
destas ocorrecircncias
TABELA 11 COEREcircNCIA DAS TOPONIacuteMIAS EXPRESSAS NOS MAPAS MENTAIS
GRAU DE COEREcircNCIA OCORREcircNCIA
Bom 12
Regular 4
Insuficiente 1
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
Entre os casos onde podemos observar um bom desempenho em relaccedilatildeo a
construccedilatildeo da legenda e os significados expressos no mapa mental estaacute a representaccedilatildeo
do aluno 48 (figura 29 p 150) O esboccedilo cartograacutefico identifica o estado que o aluno e
seus pais nasceram (Paraiacuteba) outros estados conhecidos expressos na legenda na cor
laranja (o que significa que o estudante natildeo conhece outro estado aleacutem da Paraiacuteba) e
por fim os estados que gostaria de conhecer Amazonas e Rio Grande do Sul pintado
em azuis Nos casos semelhantes ao mapa mental da figura 29 podemos creditar sucesso
na realizaccedilatildeo da proposta
150
FIGURA 29 APRESENTACcedilAtildeO DAS INFORMACcedilOtildeES EM FORMA DE LEGENDA ALUNO 48
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
151
Entre os outros esboccedilos que apresentaram um grau regular na apresentaccedilatildeo dos
mapas mentais destacamos o mapa do aluno 24 (Figura 30 p 152) Observamos que o
mapa mental apresenta um excesso de informaccedilatildeo que prejudica a leitura Este foi um
entre os quatro casos em que o estudante utilizou a lista com o nome dos estados como
instrumento mediador para realizaccedilatildeo do mapa Podemos notar que a construccedilatildeo da
legenda do mapa natildeo atribuiu significado aos estados pintados em roacuteseo ou em
vermelhos deixando um sentido vago em relaccedilatildeo aos seus significados
O terceiro caso corresponde ao mapa mental produzido pelo aluno 38 (Figura 31
p 153) todas as informaccedilotildees expressas na legenda e em seu mapa utiliza a referecircncia da
cor laranja entretanto natildeo haacute um discernimento isto prejudica a comunicaccedilatildeo entre o
estado que o aluno conhece e natildeo conhece por exemplo Ademais as toponiacutemias
apresentadas no mapa satildeo quase imperceptiacuteveis para o leitor na interpretaccedilatildeo do mapa
identificamos apenas o estado de Satildeo Paulo (quadrado em laranja no centro do mapa)65
Outro fator que contribuiu para a anaacutelise dos mapas mentais foi a indicaccedilatildeo do
tiacutetulo pelos alunos Para a realizaccedilatildeo dos mapas mentais pedimos aos alunos que o nome
da representaccedilatildeo correspondesse com o tema da proposta Ao estudar os esboccedilos
produzidos observamos que mais de 50 dos alunos (ou seja 11 mapas) apontaram um
tiacutetulo para os seus mapas mentais como o do aluno 41 ldquoO mapa que fala da minha vidardquo
(Figura 26 p 146) Em apenas um caso o tiacutetulo apresentado ldquoMinha cidaderdquo (aluno 29
Figura 33 p 157) natildeo corresponde com a proposta do tema em questatildeo
65 Para anaacutelise do mapa da figura 31 utilizamos o recurso zoom com a imagem em arquivo digital certos
traccedilos deste mapa mental eacute incompreensiacutevel em uma visualizaccedilatildeo normal
152
FIGURA 30 MAPA MENTAL DO ALUNO 24 DESTAQUE AO EXCESSO DE TOPONIacuteMIAS
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
153
FIGURA 31 MAPA MENTAL DO ALUNO 38 DESTAQUE A EXPRESSAtildeO SINCREacuteTICA
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
154
C Noccedilotildees de localizaccedilatildeo e orientaccedilatildeo
As noccedilotildees de localizaccedilatildeo e orientaccedilatildeo espacial foram um dos fatores mais
difiacuteceis de serem analisados principalmente nas situaccedilotildees que envolveram o destaque a
um maior nuacutemero de toponiacutemias Como proposta para avaliaccedilatildeo da localizaccedilatildeo espacial
procuramos observar a totalidade da representaccedilatildeo e a orientaccedilatildeo dessas toponiacutemias em
seu contexto Dessa forma classificamos a localizaccedilatildeo dos estados em quatro
categorias Consideramos sua proximidade ao modelo dos mapas mudos anteriormente
apresentado Aleacutem disso enfatizamos o grau de vizinhanccedila entre os estados e sua
posiccedilatildeo relativa aos pontos cardeais a tabela 12 apresenta esta tentativa de siacutentese
TABELA 12 NIacuteVEL CORRESPONDENTE Agrave LOCALIZACcedilAtildeO ESPACIAL
NIacuteVEL OCORREcircNCIA
Corresponde 8
Natildeo corresponde 2
Corresponde em sua maioria 8
Natildeo corresponde em sua maioria 3
Total 21
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
Na leitura destes mapas mentais observamos que a maioria dos alunos (16 casos
quando somado os alunos que acertam ou apresentam o maior nuacutemero de
correspondecircncia) possui habilidade suficiente para localizar os estados apresentados
Conservam certo grau de conformidade com a estrutura territorial brasileira
Na anaacutelise da noccedilatildeo espacial de localizaccedilatildeo o mapa mental produzido pelo
aluno 48 identifica os estados de forma coerente situa o Amazonas ao Norte Paraiacuteba na
direccedilatildeo nordeste e o Rio Grande do Sul ao Sul do Brasil (Figura 29 p 150) Outros
alunos tambeacutem mostraram a mesma habilidade na localizaccedilatildeo dos estados a exemplo
do aluno 22 (Figura 32 p 155) O referido mapa mental apresenta o Amazonas com a
indicaccedilatildeo da regiatildeo ldquoNorterdquo apresenta o caraacuteter de vizinhanccedila com o Acre o estado de
Tocantins e o estado da Paraiacuteba conserva a localizaccedilatildeo e proporccedilatildeo entre estes estados
155
FIGURA 32 MAPA MENTAL DO ALUNO 22 COM DESTAQUE A LOCALIZACcedilAtildeO DA REGIAtildeO NORTE DO BRASIL
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
156
Outros cinco alunos por sua vez apresentaram dificuldades na localizaccedilatildeo dos
estados entre eles destaca-se o mapa mental do aluno 29 (Figura 33 p 158) O
mencionado mapa mental representa o estado da Paraiacuteba (PB) vizinho ao Paranaacute (PR)
enquanto Pernambuco (PE) se situa a esquerda da representaccedilatildeo Destaca outro
elemento um ldquoXrdquo no centro do mapa o que pode indicar a tentativa do traccedilado da rosa
dos ventos
Entender o uso dos pontos cardeais permite ao aluno a habilidade de agrupar os
estados brasileiros utilizar conscientemente a rosa dos ventos e atribuir significado no
processo de organizaccedilatildeo espacial O uso da rosa dos ventos esteve presente em oito dos
21 mapas mentais realizados sendo que apenas quatro casos permitiram um uso
significativo deste procedimento
O mapa do aluno 42 (figura 34 p 158) apresenta agrave rosa dos ventos e associa os
estados em suas regiotildees geograacuteficas (salvo algumas exceccedilotildees como o Paranaacute entre
outros) De todo modo orienta corretamente todos os estados destacados em sua
legenda (Acre na regiatildeo Norte Rio Grande do Norte e Paraiacuteba no Nordeste Satildeo Paulo
na regiatildeo Sudeste Distrito Federal no Centro-Oeste e Santa Catarina no Sul) Ao situar
os estado chave em seu mapa consegue atingir os objetivos das noccedilotildees geograacuteficas
discutidas neste toacutepico atribuindo sentido a proposta da atividade
Nos outros quatro casos onde haacute indicaccedilatildeo da rosa dos ventos ocorrem trecircs
circunstacircncias distintas (1) Ela natildeo indica a posiccedilatildeo dos pontos cardeais (2) Apresenta
os pontos cardeais opostos de forma errocircnea (Norte-Sul eacute apresentado por Sul-Leste
por exemplo ver figura 35 p 161) ou (3) Inverte o posicionamento dos pontos
cardeais Neste terceiro caso o mapa aluno 25 (figura 28 p 148) apresenta a silhueta do
mapa com a indicaccedilatildeo de estados (Paraiacuteba ndash PB Cearaacute ndash CE e Pernambuco ndash PE) ao
Nordeste indicando consequentemente que o Norte situar-se-ia no lado superior da
folha Entretanto altera o posicionamento do ldquoNorterdquo da rosa dos ventos apresentado no
lado esquerdo da folha haacute desse modo um desacordo entre o esboccedilo e a teacutecnica de
orientaccedilatildeo
157
FIGURA 33 MAPA MENTAL DO ALUNO 29 COM DISTORCcedilOtildeES RELACIONADAS A LOCALIZACcedilAtildeO E ORIENTACcedilAtildeO ESPACIAL
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
158
FIGURA 34 MAPA MENTAL DO ALUNO 42 DESTAQUE A LEGIBILIDADE DA LOCALIZACcedilAtildeO E ORIENTACcedilAtildeO ESPACIAL
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
159
D Noccedilotildees de escala geograacutefica
No que corresponde agrave proposta de representaccedilatildeo dos mapas mentais ldquoMapa da
minha vidardquo a maioria dos alunos apresentaram uma percepccedilatildeo relativa agrave apreensatildeo do
territoacuterio brasileiro ver siacutentese apresentada na tabela 13
TABELA 13 ESCALAS ENCONTRADAS NOS MAPAS MENTAIS
ESCALA GEOGRAacuteFICA OCORREcircNCIA
Brasil 18
Outra 2
Natildeo identificada 1
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
Observando a tabela 13 eacute niacutetida a ecircnfase a uma escala geograacutefica ndash Brasil Entre
os trecircs mapas mentais que dispersam da proposta escalar ldquoBrasilrdquo podemos destacar o
aluno 43 (Figura 35 p 161) que indica uma proximidade de vizinhanccedila entre os estados
brasileiros e paiacuteses como Itaacutelia Meacutexico e Japatildeo O aluno natildeo consegue diferenciar a
relaccedilatildeo entre estado (Paraiacuteba) e paiacutes (Argentina) este dado eacute confirmado quando
comparamos a legenda com as informaccedilotildees presentes em seu mapa
O grande problema no caso do mapa mental do aluno 43 eacute saber realizar o
processo de ldquoesquecimento coerenterdquo o qual se refere Racine Raffestin amp Ruffy (1983)
Em uma escala relativa ao Brasil natildeo haacute necessidade para o destaque de outros paiacuteses
muito menos quando natildeo fazem fronteira com este territoacuterio Outro problema eacute o da
compreensatildeo entre as escalas geograacutefica internacional (Itaacutelia) nacional (Brasil)
estaduais (Paraiacuteba por exemplo) municipal (Taperoaacute) e distrital (Galante) os dois
uacuteltimos expressos no mapa mental do aluno 39 (Figura 27 p 147)
Retomando o que foi discutido no primeiro capiacutetulo sobre a questatildeo da escala
nos estudos de geografia Santos apud Straforini (2008 p 88) verificou duas
abordagens teoacuterico-metodoloacutegicas em seus estudos sobre o ensino-aprendizagem em
Geografia O primeiro refere-se agrave abordagem ldquosinteacuteticardquo ndash onde se apresenta
inicialmente a escala de vivecircncia do aluno (bairro) ateacute a mais distante e ldquodesconhecidardquo
(mundo) ndash e a ldquoanaliacuteticardquo que seria o processo inverso
Segundo Straforini (2008 p 91) qualquer uma das abordagens (sinteacutetica ou
analiacutetica) ldquo[] na praacutetica pedagoacutegica dos professores eacute uma total hierarquizaccedilatildeo do
160
espaccedilo geograacutefico onde cada dimensatildeo espacial eacute ensinada de forma fragmentada e
independenterdquo O objetivo referente ao termino do 5ordm ano eacute que a crianccedila consiga
compreender a dimensatildeo mundo entretanto o que acontece na maioria dos casos eacute a
total desconexatildeo entre as escalas geograacuteficas
A escala geograacutefica corresponde agrave aacuterea abrangida pelo mapa e tem de apresentar
a informaccedilatildeo A proposta ldquomapa da minha vidardquo referente ao Brasil por exemplo
abrange uma escala geograacutefica maior que a do estado da Paraiacuteba entretanto seraacute ao
mesmo tempo menor que a do mundo
A noccedilatildeo de escala geograacutefica deve comeccedilar a ser abordada atraveacutes da ideia de
proporccedilatildeo reduccedilatildeo e ampliaccedilatildeo Satildeo nestes trecircs aspectos que observamos a
configuraccedilatildeo dos 18 mapas mentais que apontam o Brasil enquanto escala de apreensatildeo
Ao analisar o mapa mental aluno 42 (Figura 34 p 158) foi observado que natildeo haacute
proporccedilatildeo entre os estados ela acompanha a loacutegica de regionalizaccedilatildeo Os estados
encontrados a leste possuem menor extensatildeo territorial enquanto que os situados ao
oeste possuem maior aacuterea territorial estes fatos correspondem necessariamente agrave
estrutura histoacuterica e poliacutetica de divisatildeo territorial
161
FIGURA 35 MAPA MENTAL DO ALUNO 43 PROBLEMAS NA SELECcedilAtildeO DA ESCALA GEOGRAacuteFICA
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
162
Segundo Pinheiro (2006 p 164) ldquoas projeccedilotildees cartograacuteficas satildeo expressas
atraveacutes de foacutermulas matemaacuteticas ao passo que natildeo existe linguagem equivalente para
traduzir os lsquomapas mentaisrsquordquo No que corresponde ao trabalho desenvolvido pelos
alunos do 5ordm ano observamos que a escala Brasil pode ser organizada de diferentes
formas Entre elas a das regiotildees geograacuteficas como a apresentada pelo aluno 46 (figura
36 p 163) todavia eacute niacutetido que embora o aluno indique os estados da Paraiacuteba e Satildeo
Paulo em seu mapa natildeo consegue estabelecer uma comunicaccedilatildeo sobre o assunto
A turma tem de prestar atenccedilatildeo quanto maior a aacuterea do terreno a ser
representada (maior escala geograacutefica) maior a reduccedilatildeo necessaacuteria No caso dos mapas
mentais corresponde em apresentar o tema respeitando o espaccedilo determinado na folha
de papel Verificamos que dos 21 esboccedilos produzidos pelos alunos do 5ordm ano oito
ultrapassaram as margens da prancha de desenho este fato indica que a ideia de
reduccedilatildeo siacutentese e ordenamento das informaccedilotildees satildeo um problema natildeo apenas no que
corresponde ao tema estudado mas tambeacutem ao processo de representaccedilatildeo na folha de
papel
No desenvolvimento com a alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica autores como Ribeiro amp
Marques (2001) e Callai (2005) enfatizam que o processo de aprendizagem eacute complexo
e envolvem sistema e habilidades diversas inclusive motoras Geralmente a educaccedilatildeo
psicomotora eacute trabalhada na educaccedilatildeo infantil salienta a aprendizagem do esquema
corporal lateralidade organizaccedilatildeo espacial e temporal daiacute os creacuteditos as propostas
piagetianas
Estas habilidades psicomotoras auxiliam as trecircs alfabetizaccedilotildees (da liacutengua
materna geograacutefica e cartograacutefica) Dessa forma apontamos a necessidade de um
resgate deste trabalho quando necessaacuterio visto que um esquema corporal mal
construiacutedo resultaraacute em problema de coordenaccedilatildeo dos movimentos das crianccedilas
lentidatildeo para o raciociacutenio abstrato atraveacutes das noccedilotildees dificuldades em habilidade
manuais como a caligrafia leitura inexpressiva constituiccedilatildeo de uma linguagem
egocecircntrica e sem significado social
163
FIGURA 36 MAPA MENTAL DO ALUNO 46 COM DESTAQUE A ESCALA GEOGRAFICA DAS REGIOtildeES BRASILEIRAS
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
164
4 3 OFICINA 2 MAPA MUDO DA REGIAtildeO CENTRO-OESTE UMA PROPOSTA
DE APROXIMACcedilAtildeO
Para o desenvolvimento da segunda atividade sobre a regiatildeo Centro-Oeste
observamos a necessidade de aproximaacute-la dos contextos e experiecircncias dos alunos com
a regiatildeo Nordeste Realizamos um trabalho de comparaccedilatildeo e progressatildeo das noccedilotildees de
percepccedilatildeo organizaccedilatildeo dos signos e significados atraveacutes da legenda da localizaccedilatildeo e
orientaccedilatildeo espacial aleacutem da escala geograacutefica dos fenocircmenos estudados
No desenvolvimento dos primeiros mapas mentais atentamos que nenhum dos
alunos havia visitado a regiatildeo Centro-Oeste por isso resolvemos trabalhar com as
informaccedilotildees adquiridas durante a Copa do mundo de 2014 no Brasil A partir do mapa
de apresentaccedilatildeo dos estaacutedios onde aconteceram as partidas de futebol e outro das
cidades sedes dos jogos desenvolvemos um trabalho de comparaccedilatildeo e localizaccedilatildeo dos
estaacutedios da regiatildeo Nordeste e Centro-Oeste (ver apecircndice XI)
De acordo com Simielli (2006 p 95) a proposta de alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica
para o processo de ensino-aprendizagem nos anos iniciais do Ensino Fundamental deve
privilegiar trecircs criteacuterios
Localizaccedilatildeo e anaacutelise ndash envolve a anaacutelise da localizaccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de
fenocircmenos isoladamente
Correlaccedilatildeo ndash permite a combinaccedilatildeo de dados representados em duas ou
mais representaccedilotildees cartograacuteficas
Siacutentese ndash relaccedilatildeo entre duas ou mais representaccedilotildees cartograacuteficas
buscando uma siacutentese dos fenocircmenos geograacuteficos nelas representados
Em concordacircncia com os princiacutepios descritos na citaccedilatildeo acima os alunos
realizaram as correlaccedilotildees entre os dois mapas Discutidos tambeacutem acerca de quais
estaacutedios de futebol gostariam de visitar Encontramos no quadro 07 (p 165) as opccedilotildees
disponibilizadas na interpretaccedilatildeo dos mapas
165
QUADRO 07 SIacuteNTESE DOS DADOS ENCONTRADOS NOS MAPAS
REGIAtildeO NOME DO ESTAacuteDIO DE
FUTEBOL
LOCALIZACcedilAtildeO DA
CIDADE
Nordeste
Estaacutedio Castelatildeo Fortaleza ndash CE
Estaacutedio das Dunas Natal ndash RN
Arena Pernambuco Recife ndash PE
Arena Fonte Nova Salvador ndash BA
Centro-
Oeste
Arena Pantanal Cuiabaacute ndash MT
Estaacutedio Nacional Brasiacutelia ndash DF
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
Mais que a construccedilatildeo de um modelo o mapa tinha como proposta avaliar a
interpretaccedilatildeo dos alunos sobre a localizaccedilatildeo das cidades pertencentes agraves regiotildees
Nordeste e Centro-Oeste Ademais distinguir as escalas locais (cidades) regionais
(Nordeste e Centro-Oeste) internacionais (seleccedilotildees que realizaram partidas contra o
Brasil a exemplo de Camarotildees e Chile)
A discussatildeo sobre o evento da Copa do Mundo difundido em massa pela miacutedia
no ano de 2014 possibilitou que os alunos observassem que os conceitos cotidianos dos
lugares correspondem as suas praacuteticas Permitiu verificar que torcer pela seleccedilatildeo
brasileira corresponde a fatores aleacutem do esportivo como a identidade cultural e a
relaccedilatildeo de topofilia com o paiacutes e a possibilidade de refletir sobre as informaccedilotildees
experimentadas no cotidiano
Segundo Passini (2012) ldquoo pensamento proacuteprio e a autonomia intelectual
precisam ser vivenciados Eacute necessaacuterio que o trabalho na sala de aula seja
problematizador questionador que haja mais duacutevidas e menos frases prontas para
memorizaccedilatildeordquo De acordo com os apontamentos de Passini (2012) propomos que os
alunos considerassem a seguinte situaccedilatildeo
ldquoVocecirc foi convidado por um amigo para assistir trecircs partidas de futebol em
estaacutedios da regiatildeo Nordeste e Centro-Oeste Construa um mapa com as informaccedilotildees
desta viagem a partir da silhueta do Brasilrdquo
As informaccedilotildees referendadas foram A localizaccedilatildeo dos estaacutedios de futebol e a
respectiva cidade indicando a ordem da visita a estes lugares orientaccedilatildeo atraveacutes da rosa
dos ventos e a construccedilatildeo da legenda Na realizaccedilatildeo desta atividade a maioria dos
166
alunos pediu auxiacutelio ao pesquisador e a professora Beatriz Outros por sua vez
discutiam com os colegas identificando e selecionando os locais de sua preferecircncia
Invertemos o mapa mudo do Brasil indicando o Norte para o lado de baixo da
folha com a intenccedilatildeo de demonstrar que o posicionamento do Norte geograacutefico eacute fixo
entretanto sua representaccedilatildeo desde que obedeccedila a esse princiacutepio eacute relativa
possibilitando a reflexatildeo entre a orientaccedilatildeo espacial e o esboccedilo cartograacutefico
Apresentamos a seguir o mapa mudo desenvolvido pelo aluno 37 (figura 37 p 166)
FIGURA 37 MAPA MUDO DOS ESTAacuteDIOS BRASILEIRO VISITADO REALIZADO PELO
ALUNO 37
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
167
O mapa mudo desenvolvido aluno 37 (figura 37 p 166) seleciona dois Estados
da Regiatildeo Centro-Oeste e destaca as cidades sedes dos jogos ldquoCuiabaacuterdquo em verde
Distrito Federal - ldquoDFrdquo (Brasiacutelia) em vermelho e a cidade de ldquoFortalezardquo em amarelo
Observamos que utiliza agrave legenda correlacionando as cores encontradas no mapa mudo
com os estaacutedios de futebol Aleacutem disso a ordem das visitas que gostaria de realizar
Apoacutes o fim desta atividade da leitura sobre o segundo texto (apecircndice XI)
realizamos consideraccedilotildees sobre as caracteriacutesticas sociais e ambientais da regiatildeo Centro-
Oeste em comparaccedilatildeo com o Nordeste Estes procedimentos foram baseados nas
orientaccedilotildees de Cavalcanti (2002) ao indicar a necessidade da preparaccedilatildeo e introduccedilatildeo da
mateacuteria a ser estudada nas aulas de Geografia Segundo a autora
Esses momentos no ensino consistem na preparaccedilatildeo preacutevia do professor e dos
alunos para o trabalho quando eacute necessaacuterio mobilizar e suscitar o interesse
do aluno bem como organizar o ambiente Eacute fundamental nessas ocasiotildees
que o professor faccedila ligaccedilotildees do conteuacutedo com a mateacuteria anteriormente
estudada e com o conhecimento cotidiano do aluno Eacute preciso sobretudo
problematizar o conteuacutedo estudado (CAVALCANTI 2002 p 80)
Ao considerarmos como pertinente na anaacutelise o evento cultural da eacutepoca (copa
do mundo) discutimos os fenocircmenos fiacutesicos (clima e os biomas) e sua relaccedilatildeo para as
condiccedilotildees econocircmicas sociais e turiacutesticas Mediados pelo livro didaacutetico refletimos
sobre os principais biomas encontrados na regiatildeo Centro-Oeste pantanal e cerrado
Tambeacutem quais os problemas ambientais que eram apresentados como desmatamento
queimadas uso indevido de agrotoacutexicos mineraccedilatildeo entre outros
Consideramos nesta ocasiatildeo o desenvolvimento de atividades em grupo de dois
a trecircs alunos com a possibilidade de consulta ao livro didaacutetico A proposta era que os
alunos desenvolvessem um mapa mental sobre um dos biomas estudados Pantanal ou
Cerrado enfatizando os problemas ambientais e destacando as noccedilotildees trabalhadas de
perspectiva toponiacutemias localizaccedilatildeo e orientaccedilatildeo espacial e escala geograacutefica
As orientaccedilotildees expressas para a realizaccedilatildeo dos mapas mentais que tratavam
sobre as questotildees ambientais na Regiatildeo Centro-Oeste foram
1 Decirc um tiacutetulo ao seu mapa
2 Localize em seu mapa a localizaccedilatildeo (onde fica) e extensatildeo (ateacute onde eacute
encontrado) o bioma indicado pelo professor
3 Destaque os principais problemas ambientais referentes a este bioma
168
4 Identifique os lugares por pontos de referecircncia nome do Estado de rios cidades
ou outros
5 Oriente seu mapa por meio da rosa dos ventos (pontos cardeais norte sul leste
e oeste)
6 Construa uma legenda para identificaccedilatildeo dos problemas ambientais destacados
Mediante a realizaccedilatildeo dessa experiecircncia procuramos observar se a consulta a
modelos (mapas existentes) informaccedilotildees de livros didaacuteticos seriam o suficiente para o
cumprimento do desenvolvimento da proposta com os mapas mentais Aleacutem disso
procuramos saber se a mediaccedilatildeo do pesquisador e da professora regente tambeacutem
auxiliou este processo de confecccedilatildeo dos mapas Esses fatores seratildeo analisados a partir
do toacutepico a seguir
44 MAPA MENTAL 2 MAPA DA REGIAtildeO CENTRO-OESTE
A Noccedilotildees de percepccedilatildeo espacial
A consulta e visualizaccedilatildeo a modelos de mapas existentes podem alterar a
percepccedilatildeo espacial e a projeccedilatildeo cartograacutefica dos mapas mentais Natildeo necessariamente
Entre as projeccedilotildees destacadas no mapa da minha vida podemos identificar
algumas semelhanccedilas entre as 11 representaccedilotildees referentes ao tema regiatildeo Centro-Oeste
e meio ambiente classificamos esta percepccedilatildeo espacial na tabela 14
TABELA 14 PERCEPCcedilOtildeES DA FORMA DO BRASIL DESTACADO NOS MAPAS
MENTAIS
FORMA OCORREcircNCIA
Balatildeo 4
Brasil 3
Triacircngulo 2
Centro-Oeste 2
Total 11
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
169
Salientamos que natildeo pretendemos agora repetir o que jaacute foi discutido sobre a
percepccedilatildeo espacial entretanto necessitamos realizar outras consideraccedilotildees acerca dos
motivos destes condicionantes
Eacute necessaacuterio compreender que o mundo e suas diversas escalas natildeo se remetem
apenas ao mundo vivido mas tambeacutem ao percebido imaginado e concebido tal como
expotildeem Lessan (2011) Os mapas construiacutedos pelos alunos 22 39 e 41 Grupo 7 (figura
38 p 170) demonstra que o trabalho em equipe possibilita a mudanccedila de perspectiva
na construccedilatildeo da imagem mental quando comparado aos mapas mentais individuais
realizados pelos seus membros
Entre os trecircs estudantes o aluno 22 e 41 havia na primeira ocasiatildeo apresentado
uma percepccedilatildeo mais proacutexima a silhueta do Brasil (ver figura 32 p 155 e figura 26 p
146) o outro estudante aluno 39 (ver figura 27 p 147) por sua vez apresentou uma
percepccedilatildeo mais proacutexima a forma de balatildeo
Eacute sabido que natildeo haacute um estudante igual ao outro Habilidades noccedilotildees e
competecircncias satildeo distintas e construiacutedas por cada crianccedila em seu proacuteprio ritmo Essas
individualidades de percepccedilotildees por exemplo demonstram as particularidades dos
sujeitos o que a primeira vista pode ser um obstaacuteculo para identificaccedilatildeo das
dificuldades e habilidades para o professor mas atraveacutes do trabalho em equipe
acreditamos que eacute a oportunidade para a troca de experiecircncias entre os discentes
Seguindo este criteacuterio de aproximaccedilatildeo e tentativa de mediaccedilatildeo a professora e o
pesquisador procuraram selecionar as equipes sobretudo respeitando os criteacuterios de
niacutevel de conhecimento de cada aluno sugerindo os membros para a formaccedilatildeo dos
grupos66 Baseado nas propostas de Vigotski (1998) sobre a atuaccedilatildeo na Zona de
Desenvolvimento Proximal observou que a Zona de Desenvolvimento Real do aluno 39
mudou mas tambeacutem os alunos 22 e 41 incorporaram novas informaccedilotildees possibilitando
uma comunicaccedilatildeo mais rigorosa sobre o tema
66 Em pesquisa-piloto na escola Luacutecia de Faacutetima no ano de 2013 tambeacutem em uma turma de 5ordm ano
realizamos a divisatildeo das equipes previamente entretanto houve casos de rejeiccedilatildeo pelos alunos
principalmente no que se refere agraves relaccedilotildees meninos e meninas No caso desta pesquisa a maioria dos
alunos acatou as sugestotildees do pesquisador a respeito das equipes Salientamos que cabe ao professor
identificar quais as dificuldades dos alunos sobre determinado assunto e propor que a interaccedilatildeo possibilite
a assistecircncia e colaboraccedilatildeo entre os estudantes visando agrave aprendizagem do tema da aula
170
FIGURA 38 MAPA MENTAL COM SILHUETA PROacuteXIMA AO DO BRASIL (GRUPO 7)67
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014) Adaptado por David L R de Almeida 2015
67 Optamos por apresentar este mapa ampliado destacando a regiatildeo Centro-Oeste a intenccedilatildeo eacute proporcionar ao leitor a observaccedilatildeo dos detalhes expressos na representaccedilatildeo
171
Outro fator a ser observado segundo Rego (1995) eacute a referecircncia ao modelo
Divergente da reproduccedilatildeo da coacutepia mecacircnica a proposta de nossas atividades com os
mapas mentais eacute que os alunos internalizem atraveacutes da accedilatildeo da resposta ao problema
estrateacutegias e conhecimentos para a soluccedilatildeo da atividade Dessa relaccedilatildeo pode nascer agrave
autorregulaccedilatildeo que fundamenta o ato voluntaacuterio pensado planejado e executado da
imagem mental para sua expressatildeo cartograacutefica no papel O processo permite ao longo
prazo criar o funcionamento individual e instrumentos necessaacuterios para solucionar
problemas semelhantes para a vida aleacutem de desenvolver outras aprendizagens
Eacute necessaacuteria uma ressalva a respeito das atividades que faz o uso de modelos
principalmente a praacuteticas da coacutepia e o decalque de mapas (mental ou existente) Em um
dos casos notamos que o grupo 5 (aluno 29 e 38) apoacutes sua segunda tentativa de
representaccedilatildeo do mapa mental da regiatildeo Centro-Oeste realizou a coacutepia do mapa
encontrado no livro didaacutetico (Figura 39 p 172)
Oliveira (1978) e Passini (2012) haacute anos criticam o mero decalque do mapa
pelos alunos A este respeito podemos considerar que a atividade tinha por objetivo
incentivar a pesquisa a modelos para elaboraccedilatildeo de esboccedilos cartograacuteficos visto que nos
materiais disponibilizados para os alunos natildeo havia nenhum mapa existente pronto que
destacasse a proposta da atividade A intenccedilatildeo era a criaccedilatildeo e natildeo replicar outros mapas
Verificamos que o caso do mapa mental do grupo 5 foi isolado Veremos nos
proacuteximos itens que os outros mapas mentais tiveram traccedilados mais espontacircneos
criativos e autocircnomos nas representaccedilotildees realizadas pelos estudantes do 5ordm ano
172
FIGURA 39 COMPARACcedilAtildeO ENTRE MAPA EXISTENTE E MAPA MENTAL (GRUPO 05 )
Fonte A esquerda MAESTU Juliana Projeto Buriti geografia 2 Ed Satildeo Paulo Moderna 2011 p 68 Agrave direita pesquisa de Campo out nov (2014) Adaptado por David
L R de Almeida
173
B Uso de toponiacutemias
De acordo com Claval (2010) a memorizaccedilatildeo dos pontos de referecircncia garante a
locomoccedilatildeo do corpo no espaccedilo e sua orientaccedilatildeo espacial em outros contextos permite a
construccedilatildeo de uma imagem mental de paisagens ainda natildeo visitadas Mediante estas
informaccedilotildees e baseado no papel do enunciado discutido por Bakhtin (2012) observamos
que o mapa mental pode estabelecer a comunicaccedilatildeo entre o grupo de sujeitos de
mapeadores e leitores do mapa
As toponiacutemias apresentadas nos mapas mentais corresponderam agrave divisatildeo
poliacutetica do territoacuterio nacional ou da regiatildeo Centro-Oeste a tabela 15 apresenta a
ocorrecircncia destas caracteriacutesticas nos mapas mentais
TABELA 15 NUacuteMERO DE OCORREcircNCIA DE TOPONIacuteMIAS
TOPONIacuteMIA OCORREcircNCIA
Estados 11
Distrito Federal 05
Regiotildees 03
Outros 03
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
No tocante a referecircncia aos estados brasileiros seja restrita a regiatildeo Centro-Oeste
ou a escala nacional os alunos referendam os estados atraveacutes do uso da toponiacutemia
enquanto palavra por exemplo ldquoMato Grossordquo em cinco casos e nos outros seis casos
eacute apresentado o uso de siglas ldquoMTrdquo Essa mudanccedila da palavra as siglas segundo
Vigotski (1998) e Bakhtin (2012) se deve ao sentido que damos ao signo Ele eacute sempre
mutaacutevel pois incorporamos raciociacutenios interagimos socialmente e tornamos a
linguagem e a praacutetica escolar elos da corrente de significaccedilatildeo
Por meio da anaacutelise dos mapas mentais identificamos em oito dos 11 esboccedilos
cartograacuteficos uma tentativa de esquematizaccedilatildeo do raciociacutenio geograacutefico atraveacutes da
organizaccedilatildeo da legenda Segundo Oliveira (1978 p 23) a linguagem cartograacutefica ndash a
construccedilatildeo da legenda do mapa (relaccedilatildeo signo-significado) ndash pode ser apresentada
atraveacutes de trecircs variedades de signos cartograacuteficos satildeo eles
[] o iacutecone que representa por semelhanccedila entre significante e significado
(os mapas pictoacutericos de distribuiccedilatildeo de produtos agriacutecolas satildeo exemplos deste
tipo de representaccedilatildeo) o iacutendice que representa por contiguumlidade [sic] de fato
entre significante e significado (os mapas da superfiacutecie terrestre que atraveacutes
174
da cor ou sombreamento representam as formas do terreno reproduzindo o
relevo como um modelo tridimensional) e o siacutembolo que representa por
contiguumlidade [sic] instituiacuteda isto eacute por uma regra convencional entre o
significante e o significado
Analisando o mapa mental do grupo 10 (figura 40 p 175) constituiacutedo pelos
alunos 31 e 41 eacute possiacutevel notar a seleccedilatildeo de iacutecones os quais tem a intenccedilatildeo de destacar
alguns problemas ambientais encontrados na regiatildeo Centro-Oeste satildeo eles ldquoaacutervoresrdquo
que tecircm como significado a extraccedilatildeo de madeira o ldquomartelordquo correspondente a
mineraccedilatildeo de pedras preciosas e um ldquosaco de lixo no riordquo que indica a contaminaccedilatildeo
dos rios A intenccedilatildeo dos alunos neste caso eacute apresentar a ocorrecircncia e localizar os
estados onde ocorrem estes problemas ambientais
Prosseguindo nesta anaacutelise autores com Kozel (2002) e Richter (2010) ressaltam
a importacircncia da representaccedilatildeo dos conhecimentos geograacuteficos atraveacutes dos mapas
mentais Richter (2010) por exemplo destaca a necessidade da compreensatildeo da
proposta didaacutetico-pedagoacutegica pelo professor para valorizaccedilatildeo do uso das imagens
A associaccedilatildeo do uso das toponiacutemias e o destaque para os fenocircmenos ambientais
destacados permitem que o aluno caracterize em muitos casos pela primeira vez uma
estrutura cognitiva sobre um espaccedilo geograacutefico natildeo vivido experimentado Segundo
Claval (2010) a imaginaccedilatildeo eacute um dos aportes para construccedilatildeo da imagem mental
geograacutefica ela torna-se uma experiecircncia para se conhecer outros mundos Esclarece o
autor que
A experiecircncia geograacutefica nesse sentido vai muito aleacutem do real Os homens
tecircm a capacidade de falar de lugares que eles nunca viram e que talvez natildeo
existam Eles lhe atribuem propriedades que faltam aos espaccedilos conhecidos
O imaginaacuterio que eles constroem dessa forma (e que eacute proacuteprio de cada
cultura) daacute ao mundo uma dimensatildeo poeacutetica indica as regras a serem
respeitadas mostra para que direccedilatildeo deve tender a accedilatildeo humana e confere um
sentido de existecircncia dos indiviacuteduos e dos grupos (CLAVAL 2010 p 57)
Inuacutemeras formas do significado simboacutelico dado ao espaccedilo miacutetico imaginado
simboacutelico jaacute foram tratados por Tuan (1983) e Claval (2010) o que nos interessa eacute notar
que a escola tambeacutem possibilita o desenvolvimento de noccedilotildees geograacuteficas com a de
regiatildeo geograacutefica O ato de desenhar uma dimensatildeo espacial geograacutefica natildeo conhecida
pode contribuir com o processo de regionalizaccedilatildeo o que daacute origem agraves regiotildees
175
FIGURA 40 MAPA MENTAL COM A UTILIZACcedilAtildeO DE IacuteCONES (GRUPO 10)
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
176
Para Castrogiovanni et al (2011) embora a ciecircncia geograacutefica tenha diferentes
perspectivas sobre a compreensatildeo da conceituaccedilatildeo sobre regiatildeo em todos seus
seguimentos eacute possiacutevel traccedilar uma caracteriacutestica geral a seleccedilatildeo de elementos em
comum e seu agrupamento em determinada aacuterea Completa o autor supracitado que ldquoo
processo de regionalizar estaacute ligado agrave ideia de agrupar em um espaccedilo dessa forma
podemos agrupar pessoas vegetais animais paisagens habitaccedilotildees e outras variaacuteveis em
um determinado subespaccedilordquo Grifo do autor (CASTROGIOVANNI 2011 p 25)
Em nossa pesquisa o processo de regionalizaccedilatildeo se deu agrave medida que os alunos
estabeleceram um conjunto de objetivos e de criteacuterios segundo os quais caracterizariam
o bioma estudado No mapa mental do grupo 3 (figura 41 p 177) alunos 25 e 35 eacute
possiacutevel identificar as cinco regiotildees brasileiras destacadas cada qual por uma cor (signo
em forma de iacutendice) apresentando fenocircmenos naturais como os raios ou as queimadas
provocadas pela accedilatildeo humana (ambos apresentados em forma de iacutecones) tal exerciacutecio
demonstra que para o desenvolvimento do enunciado do mapa mental eacute necessaacuterio a
articulaccedilatildeo das noccedilotildees do uso das toponiacutemias e da regiatildeo
No que corresponde a informaccedilatildeo do tiacutetulo dos mapas mentais foi analisado que
ele esteve presente em oito representaccedilotildees Eacute necessaacuterio realizar uma ressalva sobre a
coerecircncia dos tiacutetulos em relaccedilatildeo agrave representaccedilatildeo dos desenhos produzidos observamos
que das oito representaccedilotildees seis transporaacute uma objetividade na interpretaccedilatildeo do aluno
sobre a anaacutelise regional (ver figura 40 p 175 e figura 37 p 166)
177
FIGURA 41 ARTICULACcedilAtildeO DO USO DE TOPONIacuteMIAS COM A APRESENTACcedilAtildeO DE IacuteCONES (GRUPO 3)
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
178
C Noccedilotildees de localizaccedilatildeo e orientaccedilatildeo espacial
As noccedilotildees de localizaccedilatildeo tornam-se mais fieacuteis aos modelos dos mapas existentes
quando a atividade tende a ser consultada O posicionamento das toponiacutemias
demonstra-se mais proacuteximas as representaccedilotildees cartograacuteficas habituais (mapas
existentes) Observamos isto apoacutes verificar que a localizaccedilatildeo dos estados Distrito
Federal e do posicionamento entre as regiotildees em alguns casos demonstra-se coerente e
possibilita a leitura
Todos os mapas mentais desenhados localizam algo relacionado ao meio
ambiente da regiatildeo Centro-Oeste seja ela voltada a proacutepria organizaccedilatildeo regional ao
bioma ou os seus problemas ambientais como podemos observar na tabela 16
TABELA 16 LOCALIZACcedilAtildeO DOS ELEMENTOS ENCONTRADOS NOS MAPAS MENTAIS
LOCALIZACcedilAtildeO OCORREcircNCIA
Regiatildeo 03
Bioma 04
Problemas ambientais 04
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
Ao analisarmos os mapas mentais os elementos apresentados e localizados neles
notamos que em oito das 11 representaccedilotildees os alunos apresentam caracteriacutesticas
relacionadas ao ambiente seja voltada a localizaccedilatildeo do bioma ldquoPantanalrdquo como
apresentado no mapa do grupo 7 (figura 38 p 170) ou aos problemas ambientais
observados no mapa mental do grupo 10 (figura 40 p 175) Observamos nos dois casos
que os alunos restringem suas anaacutelises a pontos especiacuteficos do territoacuterio
Em outro mapa mental realizado pelo grupo 6 (figura 42 p 179) aluno 28 37 e
48 eacute evidente a referecircncia ao bioma estudado A indicaccedilatildeo ocorre atraveacutes do signo
atraveacutes do iacutendice (uso da cor verde) e da indicaccedilatildeo da sentenccedila ldquoplaniacutecie do Pantanalrdquo
nestas condiccedilotildees observamos que sua localizaccedilatildeo relativa aos estados do Mato Grosso e
Mato Grosso do Sul torna-se coerente aleacutem disso marca um limite com Goiaacutes (GO)
onde prevalece o bioma de Cerrado
179
FIGURA 42 MAPA MENTAL COM DESTAQUE NA ORIENTACcedilAtildeO E LOCALIZACcedilAtildeO ESPACIAL DA REGIAtildeO CENTRO-OESTE (GRUPO 6)
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
180
Identificamos no mapa do grupo 6 (Figura 42 p 179) a indicaccedilatildeo da ldquoexpansatildeo
da atividade agropecuaacuteriardquo que eacute destacado no livro didaacutetico assim como o ldquouso
indevido de agrotoacutexicosrdquo como impactos ambientais referentes ao Pantanal A esse
respeito surgiram duacutevidas na realizaccedilatildeo da atividade principalmente sobre o significado
das palavras
Entre as palavras incompreensiacuteveis para alunos estava o termo ldquoagrotoacutexicordquo
Explicamos que esta palavra refere-se a um defensivo agriacutecola inseticida e aleacutem disso
que o contato com o produto pode provocar doenccedilas como cacircncer problemas funcionais
na musculatura do corpo e do ceacuterebro Posteriormente os alunos comentavam sobre
reportagens ou experiecircncias de parentes que eram fazendeiros mas natildeo faziam uso de
inseticidas Observamos que entender a informaccedilatildeo eacute uma ponte fundamental para a
seleccedilatildeo do fenocircmeno
No que corresponde agrave orientaccedilatildeo espacial apenas um grupo natildeo faz qualquer
referecircncia ao uso da rosa dos ventos os outros dez mapas apresentam o uso coerente
dos pontos cardeais para a orientaccedilatildeo dos mapas mentais Verificamos que os estados de
Mato Grosso situado a norte e Mato Grosso do Sul situado a sul correspondem
necessariamente com os pontos cardeais e aleacutem disso situam Goiaacutes e o Distrito Federal
a leste
D Noccedilotildees de escala geograacutefica
Dos mapas mentais jaacute apresentados observamos que quanto menor a escala
geograacutefica maior as chances de identificaccedilatildeo dos fenocircmenos e da captaccedilatildeo da
informaccedilatildeo da imagem pelo leitor do mapa Afirmamos entretanto que se engana
quem imagina que uma atividade mediada seja pela possibilidade da pesquisa auxiacutelio
de colegas ou professor pode gerar necessariamente resultados positivos
No que correspondem aos 11 mapas mentais produzidos pelos estudantes do 5ordm
ano sete alunos apresentam a escala regional do Centro-Oeste como enfoque de anaacutelise
para do tema estudado os outros quatro alunos apresentam a escala nacional como
proposta de representaccedilatildeo
O mapa mental desenvolvido pelo grupo 4 (figura 43 p 183) demonstra a
construccedilatildeo de uma imagem sincreacutetica desenvolvida pelos estudantes aluno 27 e 4568 Haacute
68 O aluno 45 faltou na primeira atividade relacionada ao desenvolvimento do mapa mental (mapa da
minha vida) o que dificultou nossa mediaccedilatildeo e estrateacutegia para o desenvolvimento na escolha desta dupla
181
uma discrepacircncia com relaccedilatildeo aos mapas produzidos pelos colegas suas estrateacutegias para
o desenvolvimento de comunicaccedilatildeo apresentam diferentes ruiacutedos entre eles uma
ldquotempestade de siglasrdquo (relacionadas aos estados brasileiros) cores aleatoacuterias sem um
significado explicito e a ausecircncia de elementos como tiacutetulo ou referecircncia ao tema do
mapa mental
O mapa do grupo 4 eacute um entre os quatro mapas mentais que escolhem a escala
geograacutefica ldquoBrasilrdquo como referencial Como jaacute demonstramos outras equipes a
exemplo do grupo 3 (figura 41 p 177) tambeacutem escolhe a escala Brasil todavia
estabelecem criteacuterios de seleccedilatildeo regional Eles utilizam criteriosamente as cores as
toponiacutemias e os iacutecones (fogueiras e raios) Aleacutem disso demonstra uma relaccedilatildeo entre os
trecircs estados da regiatildeo Centro-Oeste representado no qual observamos uma
diferenciaccedilatildeo no tamanho territorial69
De acordo com Jolly (1990 p 20) na cartografia cartesiana ldquoa escala de um
mapa eacute a relaccedilatildeo constante que existe entre as distacircncias lineares medidas sobre o mapa
e as distacircncias lineares correspondentes medidas sobre o terrenordquo O autor
anteriormente citado esclarece ainda que o grau da generalizaccedilatildeo expressa nos mapas eacute
fruto de uma generalizaccedilatildeo que corresponde a ldquoseleccedilatildeo dos detalhes apresentadosrdquo a
ldquoesquematizaccedilatildeo do desenhordquo e uma ldquoharmonizaccedilatildeo relativa dos elementosrdquo As
caracteriacutesticas discutidas por Fernand Jolly pode ser encontrada no mapa mental
realizado pelo grupo 10 (Figura 40 p 175)
De acordo com os paracircmetros expressos nos mapas mentais podemos destacar
uma observaccedilatildeo de Silveira (2004 p 89) a respeito da escala geograacutefica a autora
afirma que ldquoeacute o reconhecimento de subdivisotildees subespaccedilos regionalizaccedilotildees
produzidos na histoacuteria do territoacuterio que pareceria nos conduzir ao problema da escala
geograacuteficardquo
No ensino de Geografia a distacircncia da relaccedilatildeo sujeito e objeto estudado podem
limitar a compreensatildeo dos alunos a respeito da temaacutetica Entretanto para Castrogiovanni
amp Costella (2006 p 35) eacute importante que os alunos principalmente do 5ordm ano
ultrapassem o estudo do espaccedilo vivido possibilitando experiecircncias com o ldquo[] espaccedilo
O aluno 27 por exemplo havia realizado a atividade relacionada ao mapa mudo dos estaacutedios de futebol e
na ocasiatildeo mostrou resultados significativos o outro estudante todavia faltou na maioria das aulas que
desenvolvemos as atividades com os mapas (existentes e mentais) salvo a experiecircncia com a baleada
geograacutefica 69 Segundo o IBGE o estado com maior proporccedilatildeo territorial em quilocircmetros quadrado pertencente agrave
regiatildeo Centro-Oeste eacute o Mato Grosso (903378292 Km2) em seguida Mato Grosso do Sul (357145 534
Km2) Goiaacutes (340111376 Km2) e por uacuteltimo Distrito Federal (5779999 Km2) Fonte
httpwwwibgegovbrhomegeocienciasareaterritorialprincipalshtmgt acessado em 0705 2015
182
concebido onde se desenvolve o poder de representaccedilatildeo sem que necessariamente o
aluno tenha conhecido na praacutetica o espaccedilo representadordquo (Grifo dos autores)
Ao delimitarmos o tema propomos uma escala de anaacutelise selecionamos os
lugares e seus principais fenocircmenos O professor pode relacionar os saberes que os
alunos jaacute possuem As experiecircncias cotidianas dos discentes e os assuntos estudados em
sala de aula compotildeem o quadro de referecircncia para vida
Por fim esta leitura de mundo ao considerar diferentes escalas geograacuteficas
permite que o aluno compreenda que o espaccedilo eacute composto por um conjunto de
singularidades A busca de interpretaccedilotildees natildeo se limita agrave possibilidade de solucionar os
diferentes problemas que possam existir em cada escala mas em se aproveitar
experiecircncias da realidade cotidiana que se processam nessas diferentes escalas
Observamos portanto que as oficinas e mapas mentais produzidos pelos alunos
do 4ordm e 5ordm ano Buscou desenvolver habilidades e noccedilotildees relacionadas ao ensino-
aprendizagem de Geografia nos anos iniciais do EF Diante disso eacute tomado no capiacutetulo
5 o posicionamento dos estudantes (a partir das entrevistas realizadas) e professores (por
meio do uso de questionaacuterios) com a finalidade de avaliar as apreensotildees dos sujeitos
sobre essa pesquisa
Temos ainda o objetivo de revelar algumas incoacutegnitas ou seja circunstacircncias
que promoveram ou dificultaram a realizaccedilatildeo das atividades e que natildeo foram expressas
nos mapas mentais em decorrecircncia do seu valor subjetivo
183
FIGURA 43 MAPA MENTAL NA ESCALA GEOGRAFICA BRASIL (GRUPO 4)
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
184
5 MAPAS MENTAIS E SUAS POTENCIALIDADES E LIMITACcedilOtildeES PARA O
ENSINO DE GEOGRAFIA
Observamos que entre as representaccedilotildees e o diaacutelogo para produccedilatildeo dos mapas
mentais existem incoacutegnitas que se referem agraves experiecircncias de vida ao contexto escolar e
as apreensotildees sobre o processo de ensino-aprendizagem de Geografia Eles em alguns
casos estatildeo impliacutecitos nos mapas mentais
A representaccedilatildeo eacute por assim dizer um processo longo e complexo na formaccedilatildeo
do aluno Ao avaliarmos o mapa mental enquanto recurso didaacutetico-pedagoacutegico eacute
importante entender que
[] o ensino da geografia teria mais significado se priorizasse a pesquisa e
anaacutelise das representaccedilotildees construiacutedas pelas sociedades considerando ainda
o proacuteprio aluno como agente de representaccedilotildees e conhecimentos necessaacuterios
para entendimento das relaccedilotildees estabelecidas na organizaccedilatildeo espacial
(KOZEL 2002 p 216)
A partir da proposta metodoloacutegica realizada na citaccedilatildeo anterior buscamos
ampliar o universo de anaacutelise Indicamos o entendimento dos alunos e professoras a
respeito das potencialidades e limitaccedilotildees do recurso didaacutetico mapa mental para o
processo de ensino-aprendizagem de Geografia
De iniacutecio apresentamos o processo de ensino-aprendizagem de Geografia e sua
contextualizaccedilatildeo em nossas experiecircncias em sala de aula Posteriormente a realizaccedilatildeo
das oficinas e suas contribuiccedilotildees e por fim as possiacuteveis potencialidades e limitaccedilotildees do
uso do recurso mapa mental nas turmas de 4ordm e 5ordm ano
51 O PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM DE GEOGRAFIA
Mediante a anaacutelise dos questionaacuterios as professoras Marta e Beatriz reconhecem
a importacircncia do conhecimento preacutevio dos alunos para o direcionamento das aulas de
Geografia e os conhecimentos trabalhados na escola Para elas esses conhecimentos
tecircm por objetivo instruir os alunos Diante disso apresentamos a fala das docentes ao
esclarecem a importacircncia da ciecircncia geograacutefica nas praacuteticas escolares como as
seguintes falas
ldquoA Geografia possibilita a compreensatildeo do espaccedilo geograacutefico espaccedilo este
resultante da relaccedilatildeo natureza-sociedade como a materializaccedilatildeo dos tempos da vida
socialrdquo (Prof Marta 4ordm ano)
185
ldquoO ensino da Geografia possibilita por meio da compreensatildeo do espaccedilo
geograacutefico a formaccedilatildeo de um indiviacuteduordquo (Prof Beatriz 5ordm ano)
As respostas expressas pelas professoras satildeo condizentes com a proposta de
ensino de Geografia Entretanto satildeo aparentemente vagas quando confrontamos com as
propostas nacionais dos PCN (BRASIL 1997) ou ainda com as ideias de alfabetizaccedilatildeo
(cartograacutefica ou geograacutefica) mediante a construccedilatildeo de noccedilotildees geograacuteficas habilidades e
competecircncias expressas por autores como Callai (2005) Lessan (2011) e Passini
(2012)
Qual o propoacutesito de se estudar Geografia A maioria dos alunos entrevistados
de ambas as turmas afirmam que a expectativa corresponde agrave efetivaccedilatildeo das avaliaccedilotildees
escolares progressatildeo escolar ou ainda agrave educaccedilatildeo profissional visando assumir uma
futura condiccedilatildeo de trabalhador Em resumo ndash ldquoPorque eacute o futuro da genterdquo (Aluno 25
5ordm ano) Os alunos apontam que este valor disciplinar eacute agregado a todas as ldquomateacuteriasrdquo
escolares
Em muitos casos a importacircncia das crianccedilas aprenderem algo eacute condicionada a
posiccedilatildeo futura ao bom trabalho a moradia ao salaacuterio entre outros Canaacuterio (2006 p
103) chama essa perspectiva de escola do ldquotempo de promessasrdquo Eacute evidente que este
fato eacute uma construccedilatildeo histoacuterica a qual ainda na deacutecada de 1960 nos Estados Unidos
desenvolveram-se poliacuteticas de discriminaccedilatildeo positivas ou seja programas de
valorizaccedilatildeo das praacuteticas educacionais tendo em vista o progresso social Estas poliacuteticas
se espalharam pelo mundo e a escola das promessas tinha (e ainda tem) ldquotrecircs promessas
fundamentais desenvolvimento igualdade social e mobilidade social ascendenterdquo
(CANAacuteRIO 2006 p 103 ndash 105)
Sabemos que a principal atribuiccedilatildeo da escola eacute comunicar e instruir por meio dos
saberes socialmente construiacutedos ao longo da histoacuteria estas outras promessas satildeo (ou
natildeo) qualidades adicionais relativas a esta instituiccedilatildeo70 Ademais observamos que o
atributo sobre a importacircncia do conhecimento geograacutefico deve estar voltado as praacuteticas
presentes para que progridam e se valorizem em atividade futuras
Ao realizarmos a praacutetica com os mapas mentais observamos que os alunos
puderam atribuir sentido aos temas apreendidos Quando perguntamos a um grupo de
alunos do 4ordm e 5ordm ano sobre a importacircncia da Geografia especificamente dos mapas
(mentais) para suas vidas eles responderam
70 Como eacute o caso do Art 39 da LDB 9394 1996 que discute a importacircncia da educaccedilatildeo profissional e
tecnoloacutegica (BRASIL 2010)
186
Estudantes do 4ordm ano
Aluno 09 ndash Para a gente ver uma coisa e saber o que diz o mapa para a gente
natildeo se perder e Por exemplo Onde eacute que minha tia mora Ai eu fico
pensando onde minha tia mora em Lagoa Seca71 [e continua] Para a minha
vida Assim professor seu eu passar de ano todos os anos ai assim se eu
for algueacutem na vida ai assim se eu quiser construir se eu comprar um terreno
e quiser construir uma casa
Pesquisador ndash O que vocecircs acham que aprenderam com os mapas mentais
Aluno 13 ndash Eu aprendi Campina Grande as cidades dizendo um monte de
coisa o Accedilude Velho [risos] a escola o riacho das Piabas
Pesquisador ndash Antes da realizaccedilatildeo das atividades vocecircs jaacute sabiam disso
Aluno 13 ndash Eu natildeo sabia que isso era canal
Pesquisador ndash Mas o que vocecirc pensava que era
Aluno 17 ndash Um canal que passava esgoto
Aluno 13 ndash Um canalzinho simples
Estudantes do 5ordm ano
Pesquisador ndash Vocecirc acha importante estudar Geografia
Aluno 42 ndash Sim Para saber os estados Porque se for viajar vou saber onde eacute
Aluno 39 ndash Porque quando a pessoa for viajar jaacute sabe os lugares a regiatildeo
onde estaacute se tiver perdido
Aluno 46 ndash Sim para ir para casa para ir para escola para pegar o ocircnibus
(5ordm ano)
Observamos na fala destes alunos a importacircncia do conhecimento geograacutefico
para as praacuteticas presentes (saber onde a tia mora viajar tomar o ocircnibus todas as
competecircncias utilizadas em seus cotidianos) e a futuras atividades (como comprar um
terreno para construccedilatildeo de sua moradia) Para Callai (2005 p 240) eacute necessaacuterio ldquoler o
lugar para compreender o mundo que vivemos Pode-se partir de temaacuteticas de
problemas e a partir daiacute aguccedilar a curiosidade infantil traccedilando os caminhos a seguirrdquo
Qual o resultado desta accedilatildeo Desmistificar que o lugar ao qual habitamos eacute simploacuterio
constituiacutedo por ldquoum canalzinho simplesrdquo e que as coisas existentes no mundo tecircm sua
razatildeo e ultrapassam a loacutegica do perceber
Nesta concepccedilatildeo o mapa mental tem que estar a serviccedilo de um conhecimento
de um processo de ensino-aprendizagem propotildee uma reflexatildeo sobre o conhecimento
histoacuterico construiacutedo pela humanidade A escola deve propiciar a oportunidade da
apropriaccedilatildeo deste conhecimento e sua reelaboraccedilatildeo
52 PROPOSTAS DAS OFICINAS O LUacuteDICO E SUAS INTERVENCcedilOtildeES PARA
CONSTRUCcedilAtildeO DOS SABERES
Desenvolver propostas em condiccedilotildees de oficinas permite segundo
71 Lagoa Seca possuiacutea em 2010 uacuteltimo senso do IBGE uma populaccedilatildeo de 25 900 habitantes Sua aacuterea eacute
de 107 589 km2 Situado ao norte de Campina Grande foi ateacute 1964 um distrito campinense apoacutes essa
data foi elevado agrave categoria de municiacutepio Fonte httpcidadesibgegovbr lt acessado em 18 05 2015
187
Castrogiovanni amp Costella (2006) construir conhecimentos pela e para a praacutetica social
o quadro 08 (p 189) apresenta um resumo das oficinas desenvolvidas e nossa percepccedilatildeo
sobre seus resultados
Ao propormos a estrutura de oficinas de aprendizagem afirmamos ser possiacutevel
realizar a transiccedilatildeo entre os conhecimentos praacuteticos e teoacutericos relacionados ao processo
de ensino-aprendizagem de Geografia
Eacute necessaacuterio observar que tatildeo importante quanto os conteuacutedos trazidos pelo
curriacuteculo escolar satildeo as praacuteticas luacutedicas O espaccedilo geograacutefico tambeacutem educa alfabetiza
a crianccedila Eacute necessaacuterio mostrar que a famiacutelia a sociedade preferecircncias de lugares de
habitaccedilatildeo estudo e lazer relacionados agraves suas atividades cotidianas integram a leitura de
mundo dos estudantes
Para os alunos as atividades realizadas por meio da maquete mental ou dos
mapas mudos possibilitaram a construccedilatildeo de uma imagem mental em muitos casos
possibilitou um primeiro contato com assunto Em outras as atividades como a baleada
geograacutefica foi reconhecida da seguinte forma
A de baleada [] no modo de dizer eacute um jogo e uma atividade aiacute eacute um
jogo Como eacute que se diz professor Eacute uma tarefa [] A gente aprende na
praacutetica quais satildeo os pontos cardeais norte sul leste oeste e depois usa isso
na sala de aula (Aluno 45 5ordm ano)
Observamos que na efetivaccedilatildeo do saber compartilhado (enunciado coletivo) e da
realizaccedilatildeo de atividades que possibilite a capacidade de aprender a aprender a
motivaccedilatildeo para descobrir e o estiacutemulo a autonomia dos sujeitos compotildeem uma relaccedilatildeo
dialeacutetica entre a praacutetica e diaacutelogo72 Eles buscam interpretar e compreender um ao outro
ldquo[] a compreensatildeo eacute uma forma de diaacutelogo ela estaacute para a enunciaccedilatildeo assim como
uma reacuteplica estaacute para a outra no diaacutelogo Compreender eacute opor agrave palavra do locutor uma
contrapalavra []rdquo (BAKHTIN 2012 p 137)
As praacuteticas apresentadas no quadro 08 (p 188) compotildeem algumas sugestotildees de
como o professor pode utilizar tais estrateacutegias objetivando construir noccedilotildees habilidades
e competecircncias Natildeo satildeo receitas prontas pretendem auxiliar no processo de
observaccedilatildeo registro e avaliaccedilatildeo dos alunos Outra ressalva eacute que tais praacuteticas desafiem
os discentes e que estejam a serviccedilo do planejamento do professor
72 Segundo os alunos o uso do brinquedo (bola) e a atividade praacutetica do jogo auxiliaram no
desenvolvimento dos mapas pois como mencionado ldquoaprenderam maisrdquo porque foi uma atividade
diferente divertida O aluno aprende mais quando estaacute feliz motivado envolvido
188
QUADRO 08 PROPOSTA DAS OFICINAS PEDAGOGICAS PARA CONSTRUCcedilAtildeO DE NOCcedilOtildeES E HABILIDADES
OFICINA CONTEUacuteDOS NOCcedilOtildeES HABILIDADES
1 M
AQ
UE
TE
ME
NT
AL
A divisatildeo administrativa dos bairros encontrados em um municiacutepio
Recursos hiacutedricos na cidade
Meio Ambiente e poluiccedilatildeo
Identidade e cidadania
Desenvolver o trabalho em equipe para a realizaccedilatildeo
de uma atividade
Refletir sobre sua condiccedilatildeo de cidadatildeo que
participa e constroacutei a sociedade
2 M
AP
AS
MU
DO
S
4ordm
AN
O
Regionalizaccedilatildeo nordestina e das mesorregiotildees geograacuteficas da Paraiacuteba
Construccedilatildeo da legenda orientaccedilatildeo e localizaccedilatildeo das toponiacutemias Representar e refletir sobre a condiccedilatildeo da
regionalizaccedilatildeo estadual nacional
5 ordm
AN
O Regionalizaccedilatildeo brasileira
As praacuteticas desportivas no Brasil (futebol)
Construccedilatildeo da legenda orientaccedilatildeo e localizaccedilatildeo das toponiacutemias
3 B
AL
EA
DA
GE
OG
RAacute
FIC
A
Localizaccedilatildeo orientaccedilatildeo e direccedilatildeo espacial
Iniciativa coordenaccedilatildeo e cooperaccedilatildeo no trabalho
em equipe
Planejar e verbalizar as accedilotildees a serem executadas
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014) Organizado por David L R de Almeida
189
53 DOS MAPAS MENTAIS UTILIZADOS EM SALA DE AULA
Apoacutes analisarmos os mapas mentais das crianccedilas bem como sua relevacircncia no
processo de alfabetizaccedilatildeo geograacutefica e cartograacutefica veremos como estes podem auxiliar nos
processos de ensino-aprendizagem Para isto consideraremos o discurso das professoras Nas
palavras das docentes apoacutes a realizaccedilatildeo das oficinas pedagoacutegicas e do trabalho com os mapas
mentais foi avaliadas diferenccedilas com relaccedilatildeo agrave percepccedilatildeo da aprendizagem de Geografia
pelos alunos do 4ordm e 5ordm ano elas consideram que
ldquoAs mudanccedilas na aprendizagem dos alunos se deu com gostar da lsquomateacuteriarsquo ter
curiosidade em conhecer e pocircr em praacutetica o que aprenderam Por exemplo ler e
desenhar mapas mentais e pesquisar em livrosrdquo (Prof Marta 4ordm ano)
ldquoA leitura de mapas e suas legendas a rosa dos ventos O reconhecimento dos pontos
cardeais observar diferentes paisagens identificando suas transformaccedilotildeesrdquo (Prof
Beatriz 5ordm ano)
Eacute importante frisar que buscamos sintetizar as informaccedilotildees apresentadas na anaacutelise
dos mapas mentais sobre a forma de dois graacuteficos o primeiro correspondente as noccedilotildees
geograacuteficas utilizadas em nossas anaacutelises (quadro 09 p 189) e das habilidades utilizadas
pelos alunos durante estas atividades (quadro 10 p190)
O estaacutegio das noccedilotildees geograacuteficas analisadas nos mapas mentais tal como as
habilidades desenvolvidas pelos alunos foram classificadas com base em seu grau de
ocorrecircncia em cada uma das atividades soma-se a estas anaacutelises as observaccedilotildees e descriccedilotildees
dos alunos e professoras realizadas em cada turma Lembramos que os mapas apresentados
correspondem aos seguintes temas Mapa A Canal das Piabas mapa B Mesorregiotildees da
Paraiacuteba mapa C Mapa da minha vida e mapa D Regiatildeo Centro-oeste
QUADRO 9 GRAacuteFICO DAS NOCcedilOtildeES GEOGRAacuteFICAS ANALISADAS NOS MAPAS MENTAIS
Nos mapas mentais observa-se 4ordm ano 5 ordm ano
as noccedilotildees de Mapa A Mapa B Mapa C Mapa D
Percepccedilatildeo espacial
Uso de toponiacutemias
Localizaccedilatildeo e orientaccedilatildeo espacial
Escala geograacutefica
Legenda
Ausente
Pouca
Suficiente
Muita
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014) Organizado por David L R de Almeida
190
A seguir temos o quadro das habilidades destacada para o desenvolvimento dos
mapas mentais Podemos observar mais atentamente os mecanismos utilizados para
construccedilatildeo desses mapas bem como sua relevacircncia no processo de aprendizagem e
internalizaccedilatildeo do conhecimento
QUADRO 10 GRAacuteFICO DAS HABILIDADES DESTACADAS PARA O DESENVOLVIMENTO DOS
MAPAS MENTAIS
Nos mapas mentais observa-se 4ordm ano 5 ordm ano
as habilidades de Mapa A Mapa B Mapa C Mapa D
Representaccedilatildeo
Comunicaccedilatildeo
Interaccedilatildeo
Reflexatildeo
Legenda
Ausente
Pouca
Suficiente
Muita
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014) Organizado por David L R de Almeida
Em anaacutelise geral do quadro 09 da construccedilatildeo dos mapas mentais eacute verificado que as
atividades individuais que contaram com pouca ou nenhuma mediaccedilatildeo entre os alunos da
professora regente ou do pesquisador encontraram-se entre as representaccedilotildees com menores
rendimentos de desempenho pelos alunos principalmente no que corresponde aos temas do
mapa B e C
Eacute preciso ressaltar que embora o erro seja socialmente caracterizado como algo
negativo o mesmo tem seus fundamentos e satildeo passiacuteveis de serem identificados Ele eacute
indispensaacutevel para a conquista de novos saberes Segundo Lessan (2011 p 81) ldquonenhum erro
eacute devido ao acaso Todo erro eacute resultado de um raciociacutenio que falhou ou mesmo da falta de
raciociacutenio Uma resposta considerada lsquoerradarsquo pelo professor foi dada por um aluno cujo
pensamento loacutegico de algum modo desviou-se do esperadordquo
Um fator que merece destaque foi agrave ausecircncia da comunicaccedilatildeo e interaccedilatildeo entre os
alunos do 4ordm ano na realizaccedilatildeo do mapa B (ver quadro 09 p 189) por exemplo
Questionamo-nos se isto pode ter repercutido no desenvolvimento do raciociacutenio geograacutefico
acerca do tema proposto Em entrevista com os estudantes do 4ordm ano eacute ressaltada dificuldades
na realizaccedilatildeo da proposta Para eles o formato de prova mais prejudicou que auxiliou no
desenvolvimento da atividade O seguinte fragmento da entrevista esclarece alguns
posicionamentos dos alunos vejamos
191
Aluno 09 ndash Na hora eu achei difiacutecil mas daiacute eu fiquei assim olhando mesorregiatildeo
mesorregiatildeo daiacute quando natildeo podia colar eu fui e fiz na doida73 Eu natildeo sabia
mesmo Soacute faltava duas provas para eu terminar de ano
Aluno 11ndash A prova [] Porque era para desenhar o mapa desenhar as regiotildees ai
ficou complicado
Pesquisador ndash Mas vocecircs se lembram que jaacute haviacuteamos realizado uma atividade bem
parecida
Aluno 09 ndash Sim mas eles natildeo podiam pegar o caderno porque estavam bem
proacuteximos a professora
Aluno 18 ndash Mas a maioria estava consultando
Aluno 09 ndash Eacute professor quem acertou eacute porque colou Se eu errar assim eu tocirc
dizendo que eu fiz na doida
Aluno 18 ndash Eu tambeacutem meu coraccedilatildeo ficou tu tutututu
Entre as respostas apresentadas pelos alunos do 5ordm ano tambeacutem estiveram justificativas
semelhantes Quando qustionamos aos alunos sobre as atividades que menos gostaram de
realizar o aluno 39 aponta ndash ldquoA que eu menos gostei foi agrave primeira [mapa da minha vida] Foi
um pouquinho difiacutecil porque quando eu chamava a professora ela natildeo vinha Eu fiz tudo na
doidardquo
Supomos inicialmente que o problema se encontrava no enunciado das atividades
mas os alunos afirmaram que sabia qual era o objetivo dos exerciacutecios Entendemos que para
os alunos do 4ordm ano a ldquoconsultardquo forneceria um melhor desempenho nos resultados por sua
vez o estudante do 5ordm ano ressalta a mediaccedilatildeo da professora
Podemos perceber que os mapas anteriormente citados apontam que a ausecircncia do
uso de instrumentos mediadores ou do auxiacutelio de pessoas mais ldquocapacitadasrdquo resultou em
atividades realizadas na ldquodoidardquo ou seja por atividades mecacircnicas com alto grau de
sincretismo Em ambos os casos percebemos de forma niacutetida que a Zona de
Desenvolvimento Proximal se fez presente enquanto elo entre os conhecimentos antigos e os
receacutem construiacutedos tal como argumenta Rego (1995) Como consequecircncia deste fator a carga
emocional e possivelmente uma repressatildeo atraveacutes de notas cobranccedila dos colegas pais e
professora fizeram-se presente como nos faz acreditar o aluno 18 (4ordm ano)
Salientamos ainda que os mapas mentais possuem limites uma vez que satildeo apenas
mais um entre tantos outros recursos que podem ser utilizados nas aulas de Geografia Ao
utilizar o mapa mental enquanto prova na turma do 4ordm ano observamos que a tensatildeo
emocional prejudicou a execuccedilatildeo da proposta Outro fato decorre da compreensatildeo dos alunos
sobre o tema que por mais que tivesse sido trabalhado durante as aulas natildeo conseguiram
sistematizar esses conhecimentos em forma de imagens mentais coerentes sequer transpor
esses saberes para o papel
73 Para os alunos ldquofazer na doidardquo significa realizar uma tarefa sem muitos paracircmetros Realizar uma
determinada atividade e tentar por sorte resolver determinado problema
192
Observamos que estaacute tensatildeo entre certo e errado no sistema de ensino-aprendizagem
escolar adveacutem de outras situaccedilotildees de aprendizagem Ao questionarmos os alunos sobre seus
procedimentos de aprendizagem estudo a grande maioria recorre aos meacutetodos de coacutepia
leitura e recitaccedilatildeo oral em outros casos eles relatam o seguinte
Pesquisador ndash Como vocecircs fazem para estudar para uma prova por exemplo
Aluno 39 ndash Eu natildeo estudo natildeo
Aluno 22ndash Ela [a professora Beatriz] manda as questotildees que vatildeo cair na prova e a
gente estuda
Aluno 25ndash De vez em quando eu estudo em casa
Copiar repetir ler recitar oralmente o processo decorar as questotildees que vatildeo ldquocair na
provardquo ou simplesmente natildeo estudar Estes argumentos possivelmente justificam algumas
accedilotildees como a desenvolvida no mapa da regiatildeo Centro-Oeste pelo grupo 05 (figura 39 p 172)
ao copiar o mapa encontrado no livro didaacutetico A charge (figura 44 p 192) parece sintetizar
as situaccedilotildees vivenciadas O professor apoacutes explicar determinado assunto pergunta a seus
alunos - Perceberam E todos respondem - Sim Cada um agrave sua forma e distintas do
professor
FIGURA 44 RELACcedilAtildeO DE ENSINO E APRENDIZAGEM NA ESCOLA
Fonte CANAacuteRIO 2006 p 43
Segundo Canaacuterio (2006 p 42) o sistema escolar enfatiza ldquoa loacutegica da repeticcedilatildeo da
informaccedilatildeordquo Somos instruiacutedos desde a infacircncia a repetir a versatildeo apresentada pelo professor
esperando que nossas respostas se aproximem do que nos eacute exigido ldquoa escola condena-se agrave
entropiardquo e consequentemente eacute reduzido o tempo para repensarmos e criarmos novos
saberes
Outro limite que pode estar envolto nas praacuteticas com os mapas mentais eacute consideraacute-las
como uma ldquosimples atividade de desenhordquo Ao perguntarmos ao grupo de estudantes do 5ordm
193
ano sobre as dificuldades encontradas na realizaccedilatildeo dos mapas mentais e suas justificativas
eles apontam
Aluno 43ndash [] O que a gente teve que desenhar o mapa O mapa mental eacute esse aiacute
[] Porque eu natildeo sei desenhar Ah E soacute E porque dava preguiccedila
Aluno 24ndash Eu natildeo tenho paciecircncia de fazer desenho natildeo Eu sou mais escrever
ldquotudinhordquo e responder do que fazer desenho
Como expresso por esses estudantes o haacutebito voltado agraves ldquoatividades tradicionaisrdquo ateacute
mesmo nos anos iniciais do Ensino Fundamental fazem da praacutetica do ldquodesenhar o mapardquo algo
enfadonho caracterizado como infantil e atingem graus de preacute-conceitos pois se natildeo se
encontram na praacutetica da professora eacute ultrapassado Resultados proacuteximos as consideraccedilotildees
realizadas por Miranda (2005)
Observamos ainda que a cultura escolar natildeo corresponde apenas a resistecircncia dos
professores na utilizaccedilatildeo de uma metodologia ou recurso mas tambeacutem dos pais de alunos da
direccedilatildeo escolar e dos proacuteprios estudantes Eles acreditam muitas vezes que as didaacuteticas
tradicionais satildeo as mais eficazes ou que como afirma a gestora Rosacircngela o pilar dos anos
iniciais do Ensino Fundamental esteja nos componentes curriculares de Portuguecircs e
Matemaacutetica
Possivelmente as praacuteticas analisadas expliquem o alto iacutendice de reprovaccedilatildeo dos
alunos do 5ordm ano na Escola Municipal Luacutecia de Faacutetima Gayoso Meira no ano de 2014
Resgatando o que falaacutevamos sobre a equidade etaacuteria sucesso escolar e promoccedilatildeo dos
alunos74 com o posicionamento da gestora escolar eacute apontado que dos 21 alunos que
frequentavam o 5ordm ano em 2014 dez alunos foram retidos por natildeo adquirirem uma seacuterie de
capacidades consideradas suficiente para o 6ordm ano Alguns foram promovidos entretanto com
uma seacuterie de dificuldades ainda a superar75 Destacamos as competecircncias relacionadas agrave accedilatildeo
cognitiva (expressatildeo oral e escrita realizaccedilatildeo das tarefas entre outros) e habilidades
relacionadas agrave interaccedilatildeo social (relacionamento com colegas e adultos respeito agraves regras)76
Eacute importante acrescentar que para ldquosuperar essa situaccedilatildeo soacute eacute possiacutevel se as escolas
puderem estabelecer rupturas com a sua matriz organizacional histoacuterica evoluindo de
sistemas de repeticcedilatildeo de informaccedilotildees para sistemas de produccedilatildeo de saberesrdquo (CANAacuteRIO
74 Esta discussatildeo eacute encontrada no primeiro capiacutetulo paacuteginas 24 a 27 75 Os alunos retidos satildeo 22 24 25 29 33 34 37 40 44 e 51 Dos alunos que foram promovidos mas com
algumas dificuldades satildeo 23 26 27 30 38 43 e 49 Eacute valido observar que a maioria dos alunos retidos foram os
mesmos que apresentaram dificuldades na realizaccedilatildeo dos mapas mentais Isso nos leva a considerar o baixo
iacutendice de rendimento dos estudantes em outras disciplinas escolares visto que o ato da retenccedilatildeo eacute resultado de
uma accedilatildeo global do aluno em acircmbito escolar 76 O modelo da ficha de acompanhamento (com todos os preacute-requisitos relacionados agrave condiccedilatildeo de aprovaccedilatildeo ou
reprovaccedilatildeo) utilizada pelas professoras encontra-se em anexo (Anexo II)
194
2006 p 43) Em outras palavras eacute preciso relacionar as condiccedilotildees do descobrir criar errar e
aprender no processo escolar de aprendizagem
A proposta eacute incentivar os alunos a serem criativos e curiosos Nossa percepccedilatildeo sobre
a alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica eacute que ela aponte o trabalho em equipe (o que natildeo necessariamente
produziraacute resultados coletivos) desenvolver uma postura assertiva por parte dos professores e
alunos ou seja formar sujeitos confiantes que defendam suas ideias mas que saibam ouvir
lidar com a criacutetica e respeitar a opiniatildeo do outro como eacute observado no quadro 10 (p 190) os
criteacuterios de comunicaccedilatildeo e interaccedilatildeo nos mapas A B e C
As limitaccedilotildees que muitas vezes se apresentam nos mapas mentais podem servir como
indiacutecios das dificuldades encontradas pelos alunos como a compreensatildeo das noccedilotildees de
localizaccedilatildeo e orientaccedilatildeo espacial por exemplo (mapas A e C) Em alguns casos as limitaccedilotildees
poderatildeo estar relacionadas com as temaacuteticas trabalhadas em sala de aula como o processo de
regionalizaccedilatildeo estadual ou brasileiro
Como discutimos ao longo da interpretaccedilatildeo dos mapas mentais agrave medida que a escala
geograacutefica muda altera-se o enfoque de anaacutelise A maioria das crianccedilas e adolescentes pode
apresentar facilidades no uso e compreensatildeo de algumas noccedilotildees como a percepccedilatildeo espacial
Isso se evidencia ao selecionar agrupar e destacar estados e ou regiotildees (quadro 10 p 190
mapa C e D) como dificuldades para localizaccedilatildeo e orientaccedilatildeo espacial (mapa C)
Como discutem Almeida amp Passini (2010) alfabetizar cartograficamente eacute possibilitar
que os discentes realizem o exerciacutecio de codificaccedilatildeo e decodificaccedilatildeo dos mapas Percebemos
que ao realizar estas atividades eles podem ler e expressar mensagens impliacutecitas relacionadas
aos conhecimentos apreendidos na escola ampliando sua leitura de mundo vivido como foi o
caso do ldquoBuraco da Giardquo
O principal aspecto que devemos nos certificar ao trabalharmos os mapas mentais
com alunos dos anos iniciais do Ensino Fundamental eacute se haacute ou natildeo a formaccedilatildeo de uma
imagem mental preacutevia acerca do espaccedilo trabalhado Observamos que em muitos casos os
alunos do 4ordm e 5ordm ano destacam a importacircncia da apresentaccedilatildeo e fundamentaccedilatildeo do conteuacutedo
mediante as oficinas pedagoacutegicas antes da execuccedilatildeo das atividades A partir disso novas
descobertas podem ser realizadas como explica o discente do 4ordm ano
Pesquisador ndash O que vocecirc acha que aprendeu fazendo o mapa mental
Aluno 03 - Uma coisa que eu nunca iria imaginar que existissem as quatro
mesorregiotildees
Pesquisador ndash E como vocecirc entendia antes da gente realizar esta atividade
195
Aluno 03 ndash A uacutenica coisa que eu sabia sobre a Paraiacuteba era a populaccedilatildeo e os
223 municiacutepios77
Ao nos basearmos na proposta interacionista de Vigostki (1998) pressupomos que o
modelo de atividades (mapas existentes) natildeo expressa necessariamente um instrumento de
coacutepia mas um referencial para internalizaccedilatildeo do conhecimento trabalhado na escola praacutetica
semelhante agrave universitaacuteria Contudo muitas vezes a escola se limita em praacuteticas arcaicas de
repeticcedilatildeo e memorizaccedilatildeo do conhecimento como se isso fosse de fato efetivar os
conhecimentos algo perceptiacutevel no discurso do aluno 03 Infelizmente parece que a escola
promove um ensino segregado em que
Desencoraja-se a cooperaccedilatildeo incita-se ao trabalho individual e proiacutebe-se a
consulta de documentaccedilatildeo (para que natildeo seja copiada) Os exames
representam a situaccedilatildeo-limite em que tais caracteriacutesticas estatildeo mais
claramente acentuadas (CANAacuteRIO 2006 p 45)
Salientamos que natildeo queremos transmitir a ideia de desvalorizaccedilatildeo da escola mas
destacar que as informaccedilotildees satildeo externas a noacutes A proacutepria constituiccedilatildeo da linguagem apontada
por Bakhtin (2012) destaca o enunciado como o princiacutepio dialoacutegico produzido
propositalmente na direccedilatildeo do outro Ao enunciar buscamos agir sobre o outro reconstruir
experiecircncias natildeo apenas para responder a questotildees das provas a proposta eacute redimensionar o
sentido e ampliar nossa perspectiva de aprendizagem nossa leitura de mundo
De acordo com as nossas anaacutelises e interpretaccedilotildees relacionadas agrave construccedilatildeo e
interpretaccedilatildeo dos mapas mentais podemos considerar a importacircncia de cada uma das noccedilotildees
utilizadas percepccedilatildeo espacial uso das toponiacutemias localizaccedilatildeo e orientaccedilatildeo e a escala
geograacutefica que satildeo frutos de um saber sistematizado mas que considera a loacutegica da
organizaccedilatildeo espacial da realidade percebida concebida vivenciada e aprendida pelos alunos
das turmas as quais trabalhamos
Por fim de acordo com as propostas apresentas ao longo desse trabalho temos
condiccedilotildees de apontar algumas estrateacutegias Elas poderatildeo orientar o trabalho docente em
proposta de alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica Ressaltamos por fim a importacircncia dos mapas
mentais e suas praacuteticas auxiliares como um processo que possibilite o ensino-aprendizagem
de Geografia
77 Eacute veriacutedica a informaccedilatildeo sobre a quantidade de municiacutepios paraibanos apresentados pelo aluno Entretanto
como jaacute destacado nos paraacutegrafos anteriores seraacute que esta informaccedilatildeo contribui para a formaccedilatildeo de um
raciociacutenio geograacutefico Acreditamos que apenas o ato da memorizaccedilatildeo natildeo auxilia o desenvolvimento desse
raciociacutenio
196
CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Em nossa pesquisa procuramos aprofundar as discussotildees acerca da Cartografia
Escolar Valorizamos o recurso mapa mental enquanto uma praacutetica didaacutetico-pedagoacutegica nas
aulas de Geografia nos anos iniciais do Ensino Fundamental Para isso nos preocupamos em
construir junto com os alunos noccedilotildees e habilidades consideradas necessaacuterias para este estaacutegio
de formaccedilatildeo a partir de atividades praacuteticas e teoacutericas
Consideramos que nosso objetivo geral foi alcanccedilado ao investigar as potencialidades e
limitaccedilotildees do recurso mapa mental para o ensino-aprendizagem de Geografia com alunos do
4ordm e 5ordm ano dos anos iniciais do Ensino Fundamental tal como nossos objetivos especiacuteficos
que buscavam
Diagnosticar as dificuldades referentes ao domiacutenio de habilidades e noccedilotildees
cartograacuteficas dos alunos dos anos iniciais do Ensino Fundamental realizando uma
anaacutelise dessas dificuldades
Pesquisar o mapa mental mediante situaccedilotildees de ensino-aprendizagem que conduzam a
reflexatildeo sobre a espacialidade
Apresentar atividades que permitam desenvolver habilidades e noccedilotildees conceituais para
os alunos atraveacutes do desenvolvimento de mapas mentais e que possam auxiliar as
aulas de Geografia dos professores dos anos iniciais do Ensino Fundamental
Propor orientaccedilotildees que auxiliem o professor desta fase a trabalharem com os mapas
mentais junto ao puacuteblico dos anos iniciais do Ensino Fundamental
Pudemos notar com o desenvolvimento dos mapas mentais que modelos de ensino-
aprendizagem de Geografia que valorizam o ato de decorar a coacutepia mecacircnica e a recitaccedilatildeo ou
mesmo o fato de ldquonatildeo estudarrdquo caso da turma do 5ordm ano justificam possivelmente o alto
iacutendice de retenccedilatildeo na unidade escolar Fatos que natildeo se restringem agraves praacuteticas escolares de
Geografia na Escola Municipal Luacutecia de Faacutetima Gayoso Meira
Aleacutem disso chegamos agrave conclusatildeo que de acordo com o relato dos sujeitos participantes
da pesquisa que a escola principalmente entre o 1ordm ao 5ordm ano haacute um alto valor para as
disciplinas de Matemaacutetica e Portuguecircs Acreditamos que elas satildeo fundamentais para a
progressatildeo escolar e social dos alunos mas natildeo satildeo as uacutenicas Para Bakhtin (2012) eacute
197
necessaacuterio atribuir sentido a palavra apreendida e isso pode ser realizado a partir da
Geografia
Natildeo pretendemos assegurar os insucessos ou limitaccedilotildees das praacuteticas com os mapas
mentais apenas aos resultados supracitados visto que na maioria dos casos os alunos do 4ordm e
5ordm ano puderam demonstrar avanccedilos no que corresponde a percepccedilatildeo espacial do lugar e o
iniacutecio de uma estruturaccedilatildeo de imagens mentais e saberes acerca do (SEU) mundo
Vale ressaltar que nenhuma aprendizagem eacute inata e que aleacutem disso nem tudo que eacute
ensinado eacute apreendido ou expresso com o mesmo valor (CANAacuteRIO 2006) A imagem mental
construiacuteda cognitivamente pelos alunos passa por diferentes ruiacutedos pragmaacuteticos emocionais
sociais etc que podem resultar em diferentes expressotildees entre elas as representaccedilotildees
cartograacuteficas
Consideramos o valor da alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica enquanto uma proposta
metodoloacutegica para a construccedilatildeo de noccedilotildees e habilidades espaciais para isso as sugestotildees de
oficinas e suas praacuteticas luacutedicas e teoacutericas foram realizadas considerando o nosso puacuteblico pois
acreditamos que eacute possiacutevel ensinar-aprender brincando divertindo-se motivando Eacute
necessaacuterio deixar as crianccedilas e adolescentes serem o que satildeo
Por outro lado observamos que durante estas praacuteticas os alunos puderam desenvolver
raciociacutenios que ora se expressaram nos mapas mentais ora na verbalizaccedilatildeo destes saberes
Puderam tambeacutem construir sua identidade ao pensarem o seu cotidiano Como exemplo houve
a construccedilatildeo da maquete e mapas mentais sobre o Canal das Piabas (alunos do 4ordm ano) e os
alunos do 5ordm ano ao construiacuterem uma regionalizaccedilatildeo por meio do mapa da minha vida da
construccedilatildeo dos mapas mudos
As atividades promovidas buscaram atribuir sentido e coerecircncia aos assuntos
estudados nas aulas de Geografia Partimos da percepccedilatildeo habitual construindo uma anaacutelise
geograacutefica com os alunos ao propor o ato de observar comparar sistematizar refletir
representar e ler o espaccedilo em diferentes escalas Essas praacuteticas confirmam parcialmente
nossa hipoacutetese inicial sobre a potencialidade do mapa mental enquanto recurso que possibilita
uma habilidade consciente do ato de mapear Verificamos que ao relacionar experiecircncias e
informaccedilotildees trazidas pelos alunos a maioria deles pocircde atribuir sentido as atividades
cotidianas no espaccedilo geograacutefico
Nesse sentido as noccedilotildees escolhidas percepccedilatildeo espacial o uso de toponiacutemias
localizaccedilatildeo e orientaccedilatildeo e escala geograacutefica puderam servir de paracircmetros para representaccedilatildeo
e avaliaccedilatildeo dos mapas mentais Apontamos algumas consideraccedilotildees importantes que
possivelmente podem colaborar com o uso dos esboccedilos cartograacuteficos nas salas de aula
198
Desenvolver praacuteticas com os mapas mentais em escalas locais assim como
regionais Observamos que ao mudar a escala geograacutefica os alunos podem apresentar
aptidotildees ou deacuteficits de aprendizagem Entre os exemplos estaacute o da percepccedilatildeo espacial
retratada nos mapas mentais dos alunos do 4ordm ano o Canal das Piabas em que os
alunos divergiam ao representar o espaccedilo em perspectivas laterais verticais e ou
obliacutequas O mesmo natildeo ocorreu necessariamente no desenvolvimento do segundo
mapa mental sobre as mesorregiotildees da Paraiacuteba
A alfabetizaccedilatildeo da liacutengua materna pode e deve utilizar-se dos conhecimentos das
mais diversas aacutereas da ciecircncia tais como no nosso contexto de pesquisa os
geograacuteficos e vice-versa Observamos que em alguns casos a hierarquizaccedilatildeo
sequencialidade (da direita agrave esquerda) eacute utilizada na escrita e transposta ao mapa
resultando em equiacutevocos como localizar o Sertatildeo vizinho ao Oceano Atlacircntico
Tambeacutem foi expresso nos mapas mentais o que nos leva a ressaltar a importacircncia da
leitura de imagens (desenhos mapas fotos etc) como uma forma de comunicaccedilatildeo
essencial para a leitura de mundo
Incentivar a participaccedilatildeo do aluno individualmente ou em grupo possibilitando
o diaacutelogo entre os estudantes Instigar a mediaccedilatildeo entre os alunos aleacutem do auxiacutelio do
professor Zona de Desenvolvimento Proximal para o Real (VIGOTSKI 1998)
Lembrar que a realizaccedilatildeo das atividades eacute mais importante que o proacuteprio
resultado Estes momentos de construccedilatildeo natildeo devem estar desassociados dos
argumentos trazidos pelos alunos de modo que a avaliaccedilatildeo das noccedilotildees conceituais e
habilidades devem estar em acordo com a proposta da aula
Retomar sempre que necessaacuterio o desenvolvimento das noccedilotildees ainda natildeo
compreendidas No 5ordm ano por exemplo ao observarmos que o aluno 43 havia
apresentado no ldquoMapa da minha vidardquo paiacuteses como Itaacutelia e Japatildeo buscamos por meio
da oficina produzir mapas mudos sobre as partidas ocorridas nos estaacutedios de futebol
brasileiro Diferenciamos a escala de cidade (onde foi realizado o jogo) regiatildeo (qual a
regiatildeo se encontra) nacional (qual paiacutes a minha seleccedilatildeo representa) e internacional
(quais as seleccedilotildees jogaram contra o Brasil Quais paiacuteses elas representam)
Entendemos que a escola deva formar o sujeito para o mercado de trabalho
sonho de muitos alunos entrevistados mas tambeacutem favorecer e esclarecer a
importacircncia desses conhecimentos para o presente Os estudantes devem utilizar
199
cotidianamente os saberes aprendidos para estimular sua memoacuteria de longa duraccedilatildeo
aleacutem de motivaacute-los a busca de novos conhecimentos
Natildeo se pretende com esta dissertaccedilatildeo apresentar receitas prontas mas estimular
outras pesquisas acadecircmicas e praacuteticas escolares Para os estudantes e professores de
Geografia ressaltamos que estas praacuteticas natildeo se restringem aos anos iniciais do Ensino
Fundamental O que nos leva acreditar sobre a importacircncia de uma sistematizaccedilatildeo destes
saberes para a formaccedilatildeo universitaacuteria de professores de Geografia e Pedagogia
Convidamos tambeacutem o professor e sua equipe pedagoacutegica para uma reflexatildeo sobre os
objetivos conteuacutedos e metodologias pertinentes aos anos iniciais do Ensino Fundamental
Desse modo nenhuma das propostas apresentadas estaacute fechada acabada Acreditamos na
experiecircncia autonomia e criatividade dos docentes para dar novos contornos agraves sugestotildees
escritas possibilitando abrir novos caminhos para utilizaccedilatildeo dos mapas mentais nas escolas
200
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207
APEcircNDICES
208
APEcircNDICE I - JORNAL DE PESQUISA
ATIVIDADES ANTERIORES AO PROJETO DE PESQUISA
Dias 17 de setembro de 2014
Primeira visita a Escola Municipal Luacutecia de Faacutetima Gayoso Meira ndash solicitaccedilatildeo da
pesquisa de campo Vou ateacute a escola pelo periacuteodo da manhatilde conversar com a gestora escolar
Rosacircngela79 Ao entrar sou reconhecido pelo porteiro da escola em decorrecircncia da pesquisa-
piloto realizada com os alunos do 5ordm ano em 2013 Apoacutes uma raacutepida conversa ele me informa
que a gestora encontra-se na sua sala
Sigo ateacute a diretoria e apoacutes aguardar alguns minutos sou atendido Entrego e apresento
a gestora a proposta do projeto de dissertaccedilatildeo e pergunto sobre a disponibilidade da sua
execuccedilatildeo da pesquisa nas turmas de 4ordm e 5ordm ano A gestora me pede que retorne amanhatilde agrave
tarde visto que o horaacuterios de aulas das turmas de 4ordm e 5ordm ano satildeo no periacuteodo vespertino e
explica que necessita conversar com as professoras sobre o assunto
Dia 18 de setembro de 2014
Retorno a escola agora no periacuteodo da tarde a gestora jaacute me aguardava Me relata que
as professoras gostariam que explicasse o projeto para elas me pedindo para aguarda-las na
sala dos professores ateacute o horaacuterio do recreio
Chegado o horaacuterio do intervalo as professoras se dirigem ateacute o local onde eu as
aguardava Sou apresentado a professora Marta do 4ordm ano jaacute a professora Beatriz80 havia
conhecido no ano anterior em decorrecircncia da pesquisa piloto que havia realizado em sua
turma de 5ordm ano
Apresentei e entreguei o projeto para as docentes demonstrei algumas pesquisas-
pilotos realizadas anteriormente Ao iniciarmos a conversa a professora Beatriz relatou alguns
pontos positivos da proposta com os mapas mentais com a sua turma do ano passado Ambas
as professoras estavam preocupadas com o calendaacuterio escolar e perguntaram se poderiacuteamos
relacionar os mapas mentais com os temas a serem trabalhados na disciplina durante o 4ordm
bimestre Aceitei os termos das professoras e elas se prontificaram a auxiliar no
79 Nome fictiacutecio que adotamos para a gestora escolar 80 O nome atribuiacutedo as professoras satildeo fictiacutecios com a intenccedilatildeo de preservar sua identidade
209
desenvolvimento do planejamento das aulas Combinamos de realizar a delimitaccedilatildeo desse
planejamento no dia 26 de setembro
Dia 26 de setembro de 2014
Neste dia retorno a escola para conversar com as professoras inicialmente vou ateacute a
sala da professora Marta ela havia passado uma atividade para a sua turma e todos estavam
concentrados em sua liccedilatildeo Fui apresentado a turma e alguns estudantes me reconheceram
dizendo que jaacute haviam me visto pela nos corredores da escola
Conversei com a professora Marta durante meia hora ela me apresentou os conteuacutedos
a serem ministrados no 4ordm bimestre se trata da temaacutetica Paraiacuteba Ela me entregou duas folhas
havia nelas uma descriccedilatildeo geneacuterica do estado mais tarde em casa apoacutes uma pesquisa na
internet comprovei que se tratava de uma descriccedilatildeo retirada do site do Wikipeacutedia Perguntei a
professora se poderiacuteamos utilizar outras fontes de informaccedilatildeo como atlas escolares mapas
murais entre outros ela mencionou que haviam atlas na escola e se fosse necessaacuterio poderia
ser disponibilizados nas aulas
Em seguida fui a sala da professora Beatriz ela tambeacutem havia passado uma atividade
para os estudantes (que pareciam agitados) alguns jaacute se retiravam-se da sala e dirigiam-se ao
recreio em decorrecircncia do horaacuterio Durante o intervalo ela me explicou o que havia ministrado
durante o 1ordm ao 3ordm bimestre apresentou um mapa das Ameacutericas (mapa Ameacuterica colonizaccedilatildeo
europeia do seacuteculo XVII para ser mais exato disponibilizado no livro didaacutetico usado na
disciplina de Geografia) explicando que se tratava do mapa mundo Fiquei um pouco
pensativo seraacute que a professora natildeo sabe distinguir a relaccedilatildeo de escala Ela acrescenta que
natildeo segue a ordem do livro didaacutetico ensinando os assuntos que lhe parecem mais
apropriados
Prossegui a conversa e perguntei quais os uacuteltimos assuntos haviam sido tratados ela
responde que o processo de regionalizaccedilatildeo e as regiotildees do Brasil com ecircnfase no Norte e
Nordeste Explica que alguns alunos haviam tido certa dificuldade perguntei se poderia
resgatar alguns assuntos jaacute estudados ela responde que sim
No intervalo combino com as professoras o dia das aulas trocamos contatos de
telefone e e-mail dessa forma finalizamos e organizamos as aulas realizadas nas turmas do 4ordm
e 5ordm ano
TURMA DO 4ordm ANO
210
Dia 14 de outubro de 2014
A pesquisa realizada com os 21 alunos e a professora Marta na Escola Municipal
Luacutecia de Faacutetima Gayoso Meira iniciou-se nesta tarde de primavera Apoacutes o retorno do feriado
do dia das crianccedilas dos 150 anos de emancipaccedilatildeo da cidade de Campina Grande - PB e de
anteceder os festejos do dia do professor as aulas retornam prosseguindo o curriacuteculo escolar
habitual
A temaacutetica geral discutida com os alunos do 4ordm ano foi ldquoGeografia da Paraiacuteba um
estudo atraveacutes da produccedilatildeo e leitura de mapas mentaisrdquo Conversei com os alunos sobre a
importacircncia dos mapas em seu cotidiano se jaacute haviam usado este recurso dentro e fora da
escola quais assuntos os mapas tratavam recebi respostas como ldquoos continentesrdquo ldquoos
paiacutesesrdquo ldquoos bairrosrdquo ldquoos estados e capitaisrdquo entre outras Tentei relacionar a outros temas
como os mapas da previsatildeo do tempo apresentados no programas de TV
Nossa discussatildeo se baseou posteriormente na seguinte pergunta - Algueacutem sabe como
eacute realizado os mapas A turma indicou diferentes procedimentos o aluno 17 ressaltou - ldquoeacute
realizado a partir de uma visatildeo de cimardquo o aluno 11 por sua vez respondeu - ldquocom papel e
laacutepisrdquo entre outras respostas
Para conquistar os alunos e sua participaccedilatildeo nas aulas de Geografia propomos uma
representaccedilatildeo da sala de aula ressaltando algumas caracteriacutesticas dos mapas existentes Entre
os elementos destacados estava a lateralidade e distribuiccedilatildeo espacial dos moacuteveis na sala
Prestativos os alunos observavam com atenccedilatildeo as explicaccedilotildees dadas relacionando o espaccedilo
real da sala de aula com seu croqui Os estudantes eram agitados mas realizavam a atividade
com acircnimo
Iniciamos a atividade observando a sala de aula destacando o seu espaccedilo e os moacuteveis
presentes (carteiras mesa da professora estantes janelas e porta) Apoacutes listar os moacuteveis no
quadro alguns alunos foram chamados para mediar a dimensatildeo da sala a partir de passos
Relacionamos agrave quantidade de passos destes alunos a quantidade de quadrados presente na
folha de papel quadriculado entregue aos discentes Localizamos o lugar de cada aluno em
sala de aula aleacutem disso expliquei a importacircncia da escala geograacutefica e o motivo dos laacutepis e
livros natildeo fazerem parte desta representaccedilatildeo em consequecircncia dessa reduccedilatildeo
A professora regente jaacute havia usado mapas para discutir o tema sobre a cidade de
Campina Grande ndash PB isto facilitou consequentemente a construccedilatildeo destes croquis pelos
alunos A maioria dos estudantes apresentaram dificuldades com a identificaccedilatildeo de espaccedilos
211
em grande escala em alguns casos natildeo distinguiam a relaccedilatildeo de identidade (campinense
paraibano nordestino brasileiro) ou confundiam as escalas geograacuteficas
Partindo desta atividade realizamos uma atividade com o mapa mudo da regiatildeo
Nordeste do Brasil Este exerciacutecio tinha como objetivo revisar os assuntos jaacute trabalhados pela
professora Marta O mapa mudo foi utilizado enquanto recurso de avaliaccedilatildeo Observamos que
de iniacutecio os alunos tiveram ecircxito na distinccedilatildeo dos estados da regiatildeo Nordeste entretanto
houve dificuldades no que se refere a localizaccedilatildeo de alguns estados a exemplo do Piauiacute e
Pernambuco O que necessitaria de mais tempo para a discussatildeo deste trabalho A aula chega
ao fim e os alunos se preparam para ir para casa
Dia 21 de outubro de 2014
Esta aula foi iniciada com o teacutermino da atividade do dia 14 de outubro Os alunos por
meio de mapa mudo sobre a regiatildeo Nordeste do Brasil jaacute haviam identificado os estados e
capitais Aleacutem disso localizado a Regiatildeo Nordeste no mapa do Brasil apresentado na mesma
folha Neste momento os alunos foram questionados a respeito da localizaccedilatildeo das regiotildees
brasileiras
Durante a explicaccedilatildeo associei os pontos cardeais (Norte Sul Leste e Oeste) as regiotildees
brasileiras Os alunos aparentemente tinham noccedilotildees sobre o assunto Busquei apresentar para
os alunos que a orientaccedilatildeo por meio da rosa dos ventos possibilita evitar confusotildees como a
tomada de posiccedilatildeo do observador no que se refere agrave localizaccedilatildeo dos objetos representados e
que o uso de noccedilotildees espaciais como frente atraacutes direita e esquerda pode confundir a leitura
do mapa visto que satildeo paracircmetros relativos
As explicaccedilotildees durante o processo de localizaccedilatildeo foram trabalhadas por meio do uso
de um mapa mural da regiatildeo Nordeste do Brasil Para a visualizaccedilatildeo e acompanhamento das
minhas explicaccedilotildees logo apoacutes recolhi o mapa mural para continuaccedilatildeo da atividade
Os alunos pintavam os estados em seu mapa e atribuiacuteam a mesma cor na legenda do
mapa mudo eles ficaram livres para escolher as cores desde que natildeo distinguissem na relaccedilatildeo
estado-legenda No decorrer da atividade fui questionado sobre o uso de cores semelhantes
visto que os alunos haviam percebido isso no mapa mural Expliquei que embora o mapa
apresenta-se cores semelhantes a exemplo do roxo a tonalidade era diferente permitindo
diferenciar estados como o Piauiacute Sergipe e Alagoas
212
Atraveacutes desta duacutevida que pouco a pouco se tornava comum entre os discentes
expliquei que havia outras maneiras de diferenciar os estados pintados a teacutecnica de hachura81
era uma delas Alguns estudantes chegaram a traccedilar riscos em alguns estados em sentido
vertical ou horizontal destacando as informaccedilotildees equivalentes na legenda
Apoacutes a introduccedilatildeo destes princiacutepios baacutesicos da realizaccedilatildeo e leitura dos mapas
discutiacuteamos paralelamente o posicionamento da Paraiacuteba com os estados vizinhos comparando
o tamanho do territoacuterio a localizaccedilatildeo das praias populaccedilatildeo de alguns estados o que
possibilitaria a conexatildeo para o proacuteximo assunto
04 de Novembro de 2014
Iniciamos a terceira aula com uma introduccedilatildeo sobre o Estado da Paraiacuteba ressaltamos
algumas curiosidades sobre os aspectos fiacutesicos poliacuteticos e culturais Os alunos foram
indagados sobre os municiacutepios que jaacute conheciam desse modo relacionamos as mesorregiotildees
da Paraiacuteba que jaacute haviam visitado
Neste dia comeccedilamos a aula apoacutes a chamada realizada pela professora regente Apoacutes
alguns instantes pergunto aos alunos conceitos que haviacuteamos discutido na aula anterior e se
por ventura sabiam explicaacute-los Apoacutes realizar algumas consideraccedilotildees sobre os assuntos jaacute
abordados os alunos mostravam-se atentos
Durante as explicaccedilotildees realizava alguns desenhos no quadro o que consequentemente
chamava a atenccedilatildeo dos alunos No instante que escrevia no quadro branco algumas
explicaccedilotildees e noccedilotildees conceituais sobre as mesorregiotildees (Mata paraibana Borborema Agreste
paraibano e Sertatildeo paraibano) percebi que ato natildeo agradou a turma Este fato pode estar
relacionado ao uso excessivo do quadro pela professora Marta visto que segundos os alunos
a coacutepia era uma accedilatildeo comum nas aulas Apesar disso resolvi relacionar a escrita com a
produccedilatildeo de alguns desenhos o que despertou o interesse da maioria dos alunos Mais tarde
no horaacuterio do recreio a professora Marta relata - ldquoAh os alunos gostam quando tecircm uma
aula diferenterdquo
Aleacutem disso utilizamos o atlas escolar da Paraiacuteba os alunos foram chamados a localizar
as mesorregiotildees estudadas aleacutem de estudar sua orientaccedilatildeo espacial Mediante a associaccedilatildeo da
rosa dos ventos a maioria dos alunos conseguiu realizar a leitura dos mapas identificando a
mesorregiatildeo tratada e sua localizaccedilatildeo conseguindo aleacutem disso indicar as direccedilotildees de uma
em relaccedilatildeo a outra (ex Mata paraibana a leste do Agreste paraibano)
81 Eacute uma teacutecnica utilizada para criar efeitos de tons ou sombras a partir do desenho de linhas paralelas proacutexima eacute
usado comumente em mapas existentes para diferenciar as informaccedilotildees
213
Dadas agraves explicaccedilotildees partimos para a elaboraccedilatildeo de um novo mapa mudo desta vez
referente as mesorregiotildees da Paraiacuteba Os alunos realizaram a atividade destacando a
orientaccedilatildeo espacial por meio da rosa dos ventos destacaram o nome dos estados vizinhos (Rio
Grande do Norte Pernambuco e Cearaacute) aleacutem do Oceano Atlacircntico desenvolveram a legenda
e nomearam seus mapas com um tiacutetulo
Os alunos natildeo se utilizaram de modelos para realizaccedilatildeo dessa atividade entretanto
auxiliava-os sempre que necessaacuterio outros natildeo queriam auxiacutelio alguns pretendiam apenas
terminar a atividade contando os minutos de voltar para casa
No final da aula entregamos a cada um dos estudantes um mapa de localizaccedilatildeo da
Paraiacuteba com destaque as principais rodovias e rios da Paraiacuteba82 pedi aos alunos que colassem
esse material no caderno e que procurassem nele os principais rios da paraiacuteba visto que seria
o tema da proacutexima aula
10 de Novembro de 2014
Ao avaliarmos os mapas mudos produzidos pelos alunos na aula anterior notamos que
alguns confundiram os estado do Rio Grande do Norte com o Cearaacute outros por sua vez
esqueceram de indicar os pontos cardeais dessa forma devolvemos os mapas mudos das
mesorregiotildees da Paraiacuteba e auxiliamos a correccedilatildeo destas informaccedilotildees
Eventualmente realizamos as aulas na terccedila-feira mas por ventura de outras
atividades da escola alteramos para a segunda-feira Diante disso o nuacutemero de alunos que
participaram desta aula foi reduzido aleacutem disso outros participavam de atividades
extracurriculares realizada na escola trecircs alunas se ausentaram da sala
A terceira aula discutiu a influecircncia dos rios na vida da populaccedilatildeo paraibana e as
modificaccedilotildees espaciais Recorremos ao mapa entregue na aula anterior e expliquei a
influecircncia dos rios e o trabalho humano na transformaccedilatildeo da paisagem urbana e rural
Destacamos ainda a presenccedila dos dois principais rios da Paraiacuteba o Piranhas ou Accedilu e o Rio
Paraiacuteba o qual alimenta o Accedilude Epitaacutecio Pessoa (tambeacutem conhecido como accedilude de
Boqueiratildeo) localizado no municiacutepio de Boqueiratildeo O accedilude de Boqueiratildeo chamou a atenccedilatildeo
dos alunos visto que eacute de laacute que proveacutem o abastecimento de aacutegua em Campina Grande
Diante dessa dinacircmica realizamos a leitura de um texto que se referia ao Canal Riacho
das Piabas que fica a oeste da escola na Avenida Januacutencio Ferreira Foi oportuno relacionar
82 O mapa entregue aos alunos corresponde a uma representaccedilatildeo da Paraiacuteba indicada a alunos entre 7 a 12 anos
de idade disponiacutevel no site do IBGE lt http7a12ibgegovbrimages7a12estadosparaibapdf gt Acesso em
111114
214
uma accedilatildeo que outrora parecia abstrata imaginaria ao cotidiano dos alunos Muitos estudantes
natildeo sabiam que o canal que passava ao lado da escola era na verdade um curso drsquoaacutegua
enxergavam o canal das Piabas como um coacuterrego de esgoto Outros estudantes achavam
impossiacutevel haver rios dentro da cidade admitiam apenas a presenccedila de accediludes visto que entre
os cartotildees postais da cidade de Campina Grande estaacute o Accedilude Velho primeira fonte de
abastecimento da cidade
Apresentei fotos antigas da cidade e outras atuais que apresentavam o riacho das
Piabas questionei os alunos sobre a importacircncia do uso da aacutegua em seu cotidiano eles
responderam que usavam a aacutegua para o uso domeacutestico (lavar louccedila tomar banho preparar a
alimentaccedilatildeo etc) Mencionei que a aacutegua de riachos rios e accediludes poderiam ser utilizada para
a agricultura induacutestria e pecuaacuteria
Estudamos tambeacutem a importacircncia da preservaccedilatildeo das encostas dos percursos de aacutegua
dando exemplos reais de aacutereas de riscos em bairros proacuteximos a escola como a Conceiccedilatildeo e
Louzeiro explicando a influecircncia do solo e dos periacuteodos de cheia do riacho das Piabas em
determinadas estaccedilotildees do ano
Foi motivador o uso deste exemplo Quando falaacutevamos da comunidade da Rosa
Miacutestica e de algumas enchentes que jaacute haviam acontecido neste momento o aluno 12 se
levanta e fala - ldquoProfessor eacute o BG natildeo eacute Logo a professora Marta responde - ldquoO que eacute BG
meninordquo Aluno 12 - ldquoSabe natildeo professora Buraco da Gia professorardquo Achei cocircmica a
situaccedilatildeo adverti o aluno que a sigla seria BJ pois Jia se escrevia com a letra ldquoJrdquo e natildeo com
ldquoGrdquo Expliquei tambeacutem os motivos que levaram a mudanccedila de nome para Rosa Miacutestica Notei
que muitos alunos tinham preconceitos relacionados a este lugar estereoacutetipos como um lugar
violento desorganizado favelado entre outros Diante disso fiz algumas ressalvas sobre as
condiccedilotildees sociais do lugar Deste modo finaliza-se mais uma aula
26 de Novembro de 2014
Iniciamos a aula retomando a discussatildeo sobre o texto do Canal das Piabas dessa vez
havia um nuacutemero maior de alunos Apoacutes lermos o texto pedi que os estudantes grifassem as
palavras desconhecidas Entre as duacutevidas estava o conceito de riacho rio cachoeira e canal
Identifiquei e exemplifiquei cada um dos conceitos lembrando a diferenccedila entre os rios
(Paraiacuteba e Piranhas) ou o canal riacho das Piabas pedi tambeacutem que os alunos registrassem as
observaccedilotildees em seus cadernos
Expliquei aos alunos que a nossa atividade consistiria em uma representaccedilatildeo do trajeto
do canal das Piabas ateacute o Accedilude Velho mas que para isso deveriacuteamos inicialmente destacar
215
os principais referenciais geograacuteficos destacados no texto para localizarmos na maquete que
seria construiacuteda
Os estudantes atenderam todas as orientaccedilotildees Analisamos inicialmente o mapa mural
da cidade de Campina Grande que foi colocado em cima da mesa Localizamos os pontos de
referecircncia e realizamos a delimitaccedilatildeo da escala geograacutefica que utilizariacuteamos Em seguida
expomos o mapa mural na parede da sala de aula e distribui imagens de sateacutelite e mapas que
apresentavam o recorte espacial de nosso objeto de estudo Organizei os alunos em
subequipes que auxiliaram na montagem da maquete mental
Enquanto uns traccedilavam as ruas outros escreviam o nome dos bairros ou realizavam
alguma pinturas destacando aacutereas de mata ou a rede hidrograacutefica Com o termino desta etapa
coloquei as peccedilas do jogo ldquobrincando de engenheirordquo em cima da mesa todos se animaram
com a possibilidade de ldquocolocar as casinhasrdquo no lugar Pedi que olhassem mais uma vez para
as imagens de sateacutelite e contassem sobre o que percebiam da paisagem dos bairros sobre a
presenccedila de aacutereas mais verticalizadas (preacutedios) e mais horizontalizadas (casas e pequenos
comeacutercios como bodegas bares pequenos mercados) Distribuiacuteram tambeacutem carros de
brinquedo pelo trajeto simulando o tracircnsito da cidade
Aos poucos os alunos foram montando as casas disseram que no Accedilude Velho haveria
mais preacutedios e nos bairros mais perifeacutericos a presenccedila marcante seria de casas Logo apoacutes
pedi que colocassem alguns discos de orientaccedilatildeo com a rosa dos ventos Alguns confundiram-
se na orientaccedilatildeo espacial os lembrei que a nascente do Canal das Piabas situava-se ao norte
Quando terminamos esta fase pedi que os alunos comparassem o mapa mural as
imagens de sateacutelite e a maquete mental eles notaram diferenccedilas na presenccedila dos objetos como
os carros (relatei que geralmente os carros natildeo fazia parte das representaccedilotildees dos mapas em
decorrecircncia de serem elementos moveis no espaccedilo tal como as pessoas dificultando traccedilar sua
localizaccedilatildeo exata) Notaram em poucos casos a mudanccedila de perspectiva (lateral horizontal e
obliacutequa) entre os mapas e a maquete mental Em sequecircncia pedi que fosse realizado um mapa
mental individualmente e que para isso poderiam consultar a maquete mental Proacuteximo ao
final da aula realizei uma legenda para o mapa e expomos a atividade na parede expliquei que
a maquete seria agora um mapa mural realizado pela turma do 4ordm ano
10 de Dezembro de 2014
Neste meio tempo a professora pediu que desenvolvesse uma proposta para a
sua avaliaccedilatildeo final de Geografia entreguei a proposta da construccedilatildeo de um mapa mental que
apresentasse os principais rios do Estado da Paraiacuteba rio Piranhas e Paraiacuteba Neste dia foi
216
realizado entrevistas com os alunos do 4ordm ano Na ocasiatildeo foi entregue o questionaacuterio de
perguntas sobre o projeto e tambeacutem o termo de consentimento como sujeito da pesquisa para
a professora Marta
TURMA DO 5ordm ANO
09 de Outubro de 2014
A pesquisa realizada com alunos e a professora Beatriz do 5ordm ano eacute iniciada na semana
do dia das crianccedilas amanhatilde aconteceraacute um festejo com recitais danccedilas e cinema na escola
De todo forma as aulas prosseguem normalmente o que possibilitou o iniacutecio da pesquisa que
tecircm como temaacutetica ldquoSaberes cartograacuteficos discutindo a regionalizaccedilatildeo brasileirardquo
Comecei a aula perguntando quais eram os recursos cartograacuteficos conhecido pelos
alunos eles responderam os mapas o globo terrestre e a buacutessola Apresentei diferentes
mapas murais e mostrei que eles poderiam variar em decorrecircncia do seu tema (mapa do Brasil
poliacutetico ou fiacutesico) ou de sua escala (Mapa mundo mapa do continente americano) Os
estudantes apontavam as informaccedilotildees encontradas geralmente nestes mapas como o nome e
localizaccedilatildeo dos oceanos continentes paiacuteses etc Participativos ateacute mesmo os mais tiacutemidos
verbalizaram o assunto quando questionados
A professora Beatriz auxiliou e colaborou a todo o momento com as explicaccedilotildees
realizadas em sala de aula Recordamos assuntos ministrados pela professora regente como a
relaccedilatildeo da orientaccedilatildeo espacial e o movimento de rotaccedilatildeo do planeta Terra As observaccedilotildees
eram apresentadas mediante o uso de um globo terrestre e registradas no quadro branco os
alunos foram solicitados a anotarem em seus cadernos
Apresentamos alguns atlas escolares que apresentavam introduccedilotildees sobre o uso da
rosa dos ventos da importacircncia da legenda Os alunos pareciam aacutegeis na localizaccedilatildeo e leitura
das informaccedilotildees presentes no mapa mundo Em decorrecircncia das festividades da semana
tivemos que terminar a aula antes do horaacuterio normal mas informei aos alunos que na proacutexima
aula realizariacuteamos algumas atividades relacionadas as aulas de Geografia os alunos
demonstraram-se felizes
Dia 15 de outubro de 2014 - Dia dos professores
A escola adiou o feriado do dia dos professores contudo a professora Beatriz havia
marcado uma consulta ao meacutedico neste dia ela estava preocupada em adiar as atividades do
217
projeto em decorrecircncia da entrega do preacutedio (escola) agrave justiccedila eleitoral em decorrecircncia das
eleiccedilotildees deste ano Apoacutes conversarmos com a diretora tive a permissatildeo de substitui-la e
prosseguir com a execuccedilatildeo do projeto
Ao entrar na classe os alunos estavam realmente contentes e jaacute sabiam que a
professora natildeo viria neste dia Muitos queriam aproveitar a ocasiatildeo para fazer bagunccedila
entretanto com a permissatildeo da coordenadora pedagoacutegica e da diretora Rosacircngela pude
chamar atenccedilatildeo dos alunos o que foi necessaacuterio em alguns casos
A professora regente jaacute havia trabalhado os assuntos referentes ao processo de
regionalizaccedilatildeo e as regiotildees do Brasil (Norte e Nordeste) entretanto ao trabalhar o mapa
mudo das regiotildees brasileiras (mapa mudo) com os alunos observei que eles apresentavam
dificuldades para compreender a linguagem cartograacutefica e localizar as regiotildees Havia
entregado naquela ocasiatildeo uma lista com o nome dos Estados e capitais as respectivas siglas
e qual regiatildeo estes estados pertenciam
Notei que os alunos jaacute possuiacuteam informaccedilotildees baacutesicas sobre o tema ldquoO Brasil tecircm 26
estados e o Distrito Federalrdquo (Aluno 31) ldquoBrasiacutelia fica no Distrito Federal professorrdquo (Aluno
39) ldquoA gente mora na Paraiacutebardquo (Aluno 22) ldquoEu nasci em Satildeo Paulordquo (Aluno 46) etc
Entretanto apoacutes o iniacutecio da atividade a comoccedilatildeo foi geral ldquoprofessor essa tarefa eacute muito
difiacutecilrdquo Embora more na regiatildeo Nordeste e em sua maioria soubessem qual Estado
correspondiam agrave Paraiacuteba poucos apontavam os estados que faziam limite com este territoacuterio
Minha conclusatildeo foi que embora dominassem o nome dos lugares natildeo associavam o lugar agrave
regiatildeo pertencente por exemplo indicar que Piauiacute localiza-se no Nordeste ou que Satildeo Paulo
esteja a sudeste
Entendo que o processo de regionalizaccedilatildeo tecircm que ter algum significado sentido e
comeccedilo a perceber a importacircncia das ideias de Ausubel e Vigotski83 para o desenvolvimento
dessa missatildeo Talvez ao se utilizar pontos de ancoragem os estudantes possam resgatar e (re)
significar os conteuacutedos ministrados pela professora regente Os alunos jaacute dominavam com
certa astucia os estados da Regiatildeo Norte A professora jaacute havia ministrado este conteuacutedo nas
uacuteltimas aulas de Geografia Os alunos tecircm assim algumas noccedilotildees jaacute desenvolvidas mas esta
visatildeo geral dos estados a exemplo do Nordeste regiatildeo que habita deve ser reforccedilada por
outras propostas de atividades
Mediante estaacute dificuldade no final da tarde foi proposta a atividade de baleada
geograacutefica (semelhante ao jogo de queimado ou baleada tradicional) no paacutetio aberto da escola
83 Neste momento me refiro as ideias estudadas na seguinte obra bibliograacutefica BOCK Ana M B FURTADO
Odair TEIXEIRA Maria de L T Psicologias uma introduccedilatildeo ao estudo de psicologia 14ordf ed Satildeo Paulo
Saraiva 2008
218
Os alunos foram divididos em quatro grupos cada um correspondente a um ponto cardeal
(norte sul leste e oeste) Orientamos a localizaccedilatildeo dos grupos com o uso de um bussola
marcamos os pontos no chatildeo e iniciamos a brincadeira
Dava os comando da trajetoacuteria da bola indicando as direccedilotildees (ex grupo norte jogue a
bola no grupo oeste) Ao final da brincadeira observamos o pocircr do sol e entatildeo relacionamos
que a orientaccedilatildeo espacial poderia ser realizada a partir dele e que muitos lugares a exemplo
das regiotildees brasileiras referenciam esta orientaccedilatildeo espacial Mesmo apoacutes o uacuteltimo sinal alguns
alunos queriam continuar a brincadeira avisei que teriacuteamos que terminar pois a escola seria
fechada e alguns pais jaacute estavam a sua espera
05 de Novembro de 2014
A proposta da aula foi agrave realizaccedilatildeo dos mapas mentais levando considerando os
conhecimentos sobre regiatildeo e regionalizaccedilatildeo do Brasil Os alunos foram instruiacutedos a respeito
de quais informaccedilotildees deveriam relacionar ao mapa construiacutedo Com base em uma ficha sobre
informaccedilotildees sobre sua identidade (filiaccedilatildeo cidade natal entre outros) os alunos foram
chamados a representar o Brasil levantando questotildees como o nome dos estados e capitais
quando sabido a orientaccedilatildeo espacial e o uso da legenda
A atividade levava em conta a mobilizaccedilatildeo das habilidades voltadas a construccedilatildeo de
mapas das aulas anteriores por exemplo a dimensatildeo espacial dos estados o uso da legenda
como elemento agregador de significado e a importacircncia da orientaccedilatildeo espacial Todas as
etapas foram escritas no quadro Para os alunos que permaneciam com duacutevidas dava
orientaccedilotildees individuais tambeacutem acompanhei a confecccedilatildeo dos esboccedilos
Foi explicado aos alunos que neste momento eles deveriam realizar a atividade sem
nenhuma consulta disseram que natildeo seria possiacutevel desse modo concordamos que eles
poderiam utilizar apenas a lista de estados e capitais entregue na aula anterior
Inicialmente os alunos mostraram-se preocupados com a esteacutetica do mapa se iria
aproximar-se ou natildeo dos mapas existentes Expliquei que isto natildeo era o objetivo da
atividade mas demonstrar seus conhecimentos sobre a regionalizaccedilatildeo brasileira Frases como
ldquoNatildeo tocirc entendendo nadardquo (Aluno 24) ldquoNatildeo sei desenharrdquo (Aluno 27) ldquoNatildeo vou fazer isso
natildeordquo (Aluno 22) estiveram no processo do desenvolvimento do trabalho mas no final e com
um pouco de paciecircncia todos finalizaram seus mapas mentais
Outros estudantes procuravam aleacutem de representar verbalizar seus conhecimentos
acerca do mapa elaborado Os grupos se formavam voluntariamente os alunos discutiam
219
buscavam estrateacutegias em alguns casos chegavam a procurar os mapas desenvolvidos nas
aulas anteriores mesmo com o aviso de natildeo utilizaacute-los nestes casos pedi que o guardassem
Observavam e comparavam os seus mapas e se questionavam quem estaria mais
certo Houve o meu auxiacutelio e da professora Beatriz na confecccedilatildeo das representaccedilotildees o que
motivou o desenvolvimento da atividade em alguns casos
13 de Novembro de 2014
Alguns problemas foram observados mediante a anaacutelise dos mapas mentais Na ficha
entregue aos alunos para o desenvolvimento dos mapas mentais e na representaccedilatildeo do aluno
43 houve a confusatildeo entre o que seria os estados brasileiros e outros paiacuteses (Itaacutelia Japatildeo
Meacutexico entre outros) Alguns discentes pareciam se atrapalhar na referecircncia a escalas
geograacuteficas que variam do lugar ao contexto mundial
Como estrateacutegia para discutir esta questatildeo recorri a algo que acreditei que agradaria a
todos a realizaccedilatildeo da copa do mundo no Brasil Passando a distinguir o que eacute paiacutes estado e
Distrito Federal por meio dos estaacutedios e arenas dos jogos e as seleccedilotildees que participaram deste
evento
A atividade do dia apresentou dois esboccedilos cartograacuteficos O primeiro apresentava os
estaacutedios e arenas de futebol e a outra a localizaccedilatildeo das capitais brasileiras onde ocorreram as
partidas Comparamos e relacionamos este material com o objetivo de compreender a
distribuiccedilatildeo espacial dos estaacutedios a partir da anaacutelise regional dando enfoque agrave regiatildeo
Nordeste e Centro-Oeste
Expliquei aos alunos que era necessaacuterio distinguir as escalas geograacuteficas entatildeo
estruturamos da seguinte forma Onde se localiza os estaacutedios e arenas de futebol Nas
capitais cidades brasileiras Quais satildeo os estaacutedios encontrados na regiatildeo Nordeste e Centro-
Oeste Para qual seleccedilatildeo eles torceram durante a copa do mundo Quem jogou contra a
seleccedilatildeo brasileira e que paiacuteses eles representavam
Apoacutes esta atividade os alunos expressaram sua compreensatildeo da atividade com o mapa
mudo produzido sobre os estaacutedios arena que gostariam de visitar Os meninos apresentaram-
se mais motivados para a realizaccedilatildeo da atividade do que as meninas Uma das orientaccedilotildees era
que fosse escolhido apenas lugares relativos a regiatildeo Nordeste e Centro-Oeste A medida que
os alunos realizavam a leitura dos mapas existentes comparavam e traccedilavam o seu mapa
falando que um dia assistiria uma partida de futebol em algum desses campos
Mediante essa ponte introduzimos algumas consideraccedilotildees sobre a regiatildeo Centro-
Oeste principalmente dos biomas Cerrado e Pantanal em decorrecircncia da programaccedilatildeo
220
curricular e da cobranccedila da professora em ministrar tais conteuacutedo Para esta tarefa utilizamos
o livro didaacutetico fotografias aleacutem de um dos textos da atividade da copa do mundo realizar
esta ponte para discussatildeo
Aos poucos os alunos mostravam-se mais interessados pela temaacutetica o aluno 31 chega
a fazer o seguinte comentaacuterio - ldquoprofessor o pantanal parece um pacircntanordquo Sabiacuteamos que os
alunos nunca haviam visitado a regiatildeo Centro-Oeste em decorrecircncia do mapa da minha vida
realizado na aula anterior dessa forma tentamos realizar estas pontes entre os assuntos
24 de Novembro de 2014
Neste dia realizamos mais algumas consideraccedilotildees sobre o bioma pantanal e cerrado
explicando que eles assim como a caatinga (bioma nordestino) tem suas caracteriacutesticas e
problemas ambientais Em muitos casos em decorrecircncia da accedilatildeo do homem como a
agropecuaacuteria extensiva o uso de agrotoacutexicos poluiccedilatildeo de rios e nascentes caccedila predatoacuteria
entre outros
Os alunos contavam casos semelhantes presenciados em visita a familiares a outros
municiacutepios mais interioranos como o sertatildeo paraibano Eles contavam que seus tios ou avoacutes
natildeo usavam agrotoacutexicos em outros casos relatavam que o gado ficava dentro do cercado
Deste modo iniciamos a proposta relacionada ao mapa da regiatildeo Centro-Oeste os
alunos forma divididos em grupos eles escolheram as equipes mas em alguns casos sugeri os
integrantes do grupo com a finalidade de equilibrar os saberes de cada integrante
Durante o desenvolvimento da proposta foi permitido aos alunos realizarem pesquisas
ao livro didaacutetico84 Natildeo haviam mapas semelhantes a propostas dos mapas mentais pedidos
expliquei aos discentes que os mapas apresentados no livro didaacutetico poderiam servir como
modelo mas natildeo havia mapas prontos com a mesma temaacutetica
Mesmo com o referencial notei que alguns alunos tinham dificuldades em realizar
pesquisas selecionar as informaccedilotildees mais importantes e contextualiza-la com o objetivo da
aula Aleacutem disso muitos alunos me procuravam assim como a professora Beatriz para
esclarecer duacutevidas em certos casos desnecessaacuterias como com que cor pintar o estado de
Goiaacutes
Aos poucos senti que a turma ficava mais autocircnoma nas tomadas de decisotildees Em
alguns casos notei que as dificuldades se situavam natildeo na compreensatildeo dos temas estudados
na Geografia e sim a outras disciplinas escolares Observei que muitos estudantes tinham
84 Referecircncia do livro didaacutetico utilizado na escola MESTSU Juliana Projeto Buriti geografia 5ordm ano Satildeo
Paulo Moderna 2011
221
dificuldades na leitura e principalmente na interpretaccedilatildeo de textos No final da aula recolhi os
trabalhos e expliquei que voltaria para realizar uma entrevista com eles na proacutexima semana
05 e 10 de Dezembro de 2014
Nestas datas foram realizado entrevistas com os alunos do 5ordm ano Na ocasiatildeo foi
entregue o questionaacuterio de perguntas sobre o projeto e tambeacutem o termo de consentimento
como sujeito da pesquisa para a professora Beatriz Deixei duas coacutepias do termo de
consentimento com a gestora escolar Rosacircngela
ATIVIDADES POSTERIORES AO PROJETO DE PESQUISA
16 e 22 de dezembro de 2014
Recolhi os questionaacuterios e termos de consentimento da professora Marta e Beatriz
agradeci a elas e seus alunos por sua participaccedilatildeo na pesquisa Ainda no dia 16 de dezembro
iniciei a entrevista com a gestora escolar Rosacircngela entretanto tive que retornar no dia 22 de
dezembro para finalizar a nossa conversa No dia 22 de dezembro finalizei a pesquisa recolhi
o termo de consentimento e agradeci sua participaccedilatildeo na pesquisa
222
APEcircNDICE II ndash QUESTIONAacuteRIO DE PERGUNTAS PARA PROFESSORES
Universidade Federal da Paraiacuteba ndash UFPB
Centro de Ciecircncias Exatas e da Natureza ndash CCEN
Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Geografia
ldquoMapas mentais para o ensino de Geografia praacuteticas e reflexotildees em uma escola de
Campina Grande ndash PBrdquo
QUESTIONAacuteRIO DE PERGUNTAS PARA PROFESSORES
A IDENTIFICACcedilAtildeO
Nome______________________________________________ idade ____________
B FORMACcedilAtildeO
1 Universidade curso (s) de graduaccedilatildeo e ano que se formou
___________________________________________________________________________
_________________________________________________________________
2 Especializaccedilatildeo (otildees) e ano
___________________________________________________________________________
_________________________________________________________________
3 Qual foram os temas do seu trabalho na graduaccedilatildeo (otildees) e especializaccedilatildeo (otildees)
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
____________________________________________________________
C EXPERIEcircNCIA PROFISSIONAL
4 Quais as seacuteries anos que jaacute lecionou Em que aacuterea
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
____________________________________________________________
5 Qual o tempo de experiecircncia profissional como professora
223
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
____________________________________________________________
6 Fez algum curso de formaccedilatildeo continuada voltada para o curso de Geografia
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
____________________________________________________________
D PRAacuteTICA PROFISSIONAL
7 Qual a maior dificuldade que vocecirc observa para o ensino-aprendizagem de Geografia para
os alunos dos anos iniciais do ensino Fundamental Explique
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
__________________________________________________
8 Como vocecirc organiza o trabalho e efetiva sua praacutetica em sala de aula
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
__________________________________________________
E SOBRE A EXECUCcedilAtildeO DA PESQUISA
9 Em sua opiniatildeo qual a importacircncia de se ensinar Geografia Explique
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
__________________________________________________
10 Observou alguma mudanccedila na aprendizagem dos alunos durante e apoacutes a realizaccedilatildeo da
oficina sobre mapas mentais Quais Explique
224
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
____________________________________________
11 Qual o ponto positivo destacaria da proposta desta pesquisa E negativos
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
__________________________________________________
12 Quais suas sugestotildees para melhorar o trabalho com mapas mentais metodologicamente e
ou teoricamente com os alunos dos anos iniciais
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
Obrigado por sua participaccedilatildeo nesta pesquisa
David Luiz
225
APEcircNDICE III ndash PRANCHA PARA MAPA MENTAL
Universidade Federal da Paraiacuteba
Centro de Ciecircncias Exatas e da Natureza
Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Geografia ndash mestrado
Pesquisador David Luiz
Escola Municipal Luacutecia de Faacutetima Gayoso Meira
Campina Grande data___________________________________
Disciplina Geografia Turma ___ ano
Prof _________________________________________________
Nome_______________________________________________________________________________ Idade______________________
226
APEcircNDICE IV ndash TEXTO CANAL DAS PIABAS
Universidade Federal da Paraiacuteba
Centro de Ciecircncias Exatas e da Natureza
Programa de Poacutes- graduaccedilatildeo em Geografia ndash mestrado
Pesquisador David Luiz
Escola Municipal Luacutecia de Faacutetima Gayoso Meira
Campina Grande data___________________________________
Disciplina Geografia Turma 4ordm ano
Prof _________________________________________________
Nome________________________________________________
PROJETO DE EDUCACcedilAtildeO AMBIENTAL ATRAVEacuteS DO
ESTUDO HISTOacuteRICO-GEOGRAacuteFICO E ECOLOacuteGICO
DA BACIA DO RIACHO DAS PIABAS (CANAL)
Campina Grande ndash Paraiacuteba
A presenccedila de aacutegua potaacutevel em quantidade
suficiente para as necessidades humanas
tem sido a grande preocupaccedilatildeo de ecologistas
teacutecnicos e educadores que se preocupam com a
educaccedilatildeo ambiental nesta fase final do seacuteculo XX
Aacute aacutegua eacute primordial para o homem para o
atendimento de suas necessidades vitais
(alimentaccedilatildeo bebida higiene e limpeza)
por isso devemos preocupar-nos com a
preservaccedilatildeo de cursos daacutegua bem como com
os aspectos qualidade e quantidade e despoluiccedilatildeo
O Riacho das Piabas tem sua nascente no siacutetio
Covatildeo eacute represado nas granjas do Dr Mauriacutecio
Almeida apoacutes as represas eacute totalmente poluiacutedo
por lixo detritos diversos e esgotos indo em
seguida para o Canal (Canal das Piabas)
Percebe-se com o fato observado que aacuteguas que
227
poderiam ser utilizadas por um grande nuacutemero
de pessoas satildeo simplesmente desperdiccediladas
Do ponto de vista histoacuterico o Riacho das Piabas
teve seu papel no atendimento agraves necessidades da
populaccedilatildeo em eacutepocas em que Campina Grande
era simplesmente povoado e pequena cidade
geograficamente
O riacho estaacute localizado na parte norte de
Campina Grande passando pelas granjas do Dr
Mauriacutecio Almeida tendo continuidade no Canal
que comeccedila entre o Alto Branco e a Rosa Miacutestica
passando pelo Ponto Cem Reacuteis e separando o
Centro do Alto Branco Santo Antonio e Joseacute
Pinheiro havendo uma bifurcaccedilatildeo que vai para
o Accedilude Velho e outra parte para o bairro da
Cachoeira
Fonte httpeducarscuspbrbiologiapb_camphtml
Orientaccedilotildees para realizaccedilatildeo do mapa mental
Desenhe um mapa considerando as informaccedilotildees
presentes no texto para isto sua representaccedilatildeo
deveraacute conter
1 Representar o curso do Canal Riacho das
Piabas do seu ponto inicial ateacute o ponto
final relatado no texto
2 Localizar os bairros e lugares (comeacutercio
serviccedilos escolas) em seu mapa
3 Localizar onde podemos encontrar as
pontes e acessos entre os bairros relatados
4 Orientar seu mapa atraveacutes do uso da rosa-
dos-ventos
5 Construir a legenda
228
APEcircNDICE V ndash MAPA MUDO DA REGIAtildeO NORDESTE Universidade Federal da Paraiacuteba
Centro de Ciecircncias Exatas e da Natureza
Programa de Poacutes- graduaccedilatildeo em Geografia ndash mestrado
Pesquisador David Luiz
Escola Municipal Luacutecia de Faacutetima Gayoso Meira
Campina Grande data___________________________________
Disciplina Geografia Turma 4ordm ano
Prof _________________________________________________
Nome________________________________________________
COR ESTADO SIGLA DO ESTADO
Alagoas AL
Bahia BA
Cearaacute CE
Maranhatildeo MA
Paraiacuteba PB
Pernambuco PE
Piauiacute PI
Rio Grande do Norte RN
Sergipe SE
Legenda
229
APEcircNDICE VI ndash MAPA MUDO DAS MESORREGIOtildeES DA PARAIacuteBA
Tiacutetulo_________________________________________________________________
__
Rosa dos ventos
Universidade Federal da Paraiacuteba
Centro de Ciecircncias Exatas e da Natureza
Programa de Poacutes- graduaccedilatildeo em Geografia ndash mestrado
Pesquisador David Luiz
Escola Municipal Luacutecia de Faacutetima Gayoso Meira
Campina Grande
data___________________________________
Disciplina Geografia Turma 4ordm ano
Prof
______________________________________________
___
Nome_________________________________________
_______
Campina Grande data___________________________________
Disciplina Geografia Turma 4ordm ano
Prof _________________________________________________
Nome________________________________________________
LEGENDA
230
APEcircNDICE VIII ndash QUESTOtildeES DA PROVA
Universidade Federal da Paraiacuteba
Centro de Ciecircncias Exatas e da Natureza
Programa de Poacutes- graduaccedilatildeo em Geografia ndash mestrado
Pesquisador David Luiz
Escola Municipal Luacutecia de Faacutetima Gayoso Meira
Campina Grande data___________________________________
Disciplina Geografia Turma 4ordm ano
Prof _________________________________________________
Nome________________________________________________
EXERCIacuteCIO DE VERIFICACcedilAtildeO DE GEOGRAFIA
Leia o texto abaixo
Rio Piranhas e Paraiacuteba aacuteguas paraibanas
Os principais rios do estado da Paraiacuteba satildeo o rio Piranhas e o Paraiacuteba O
rio Piranhas eacute o maior rio da Paraiacuteba ele nasce na mesorregiatildeo do sertatildeo
paraibano e ldquocorrerdquo em direccedilatildeo ao Rio Grande do Norte O rio Paraiacuteba eacute
totalmente paraibano Nasce no municiacutepio de Monteiro na mesorregiatildeo da
Borborema A foz lugar onde o chega fica no municiacutepio de Cabedelo O
rio Paraiacuteba desaacutegua no oceano Atlacircntico
Represente as informaccedilotildees deste texto por meio de um mapa mental para
isto vocecirc deveraacute seguir os seguintes passos
1 Desenhar o estado da Paraiacuteba e suas quatro mesorregiotildees (Mata
paraibana Agreste paraibano Borborema e Sertatildeo paraibano)
2 Escrever o nome dos lugares que fazem limite com o estado da
Paraiacuteba (estados e o Oceano Atlacircntico)
3 Desenhar o percurso dos rios apresentados no texto (Piranhas e o
Paraiacuteba)
4 Orientar seu mapa atraveacutes da rosa dos ventos
231
APEcircNDICE VIII ndash LISTA DE CAPITAIS E ESTADOS
Universidade Federal da Paraiacuteba
Centro de Ciecircncias Exatas e da Natureza
Programa de Poacutes- graduaccedilatildeo em Geografia ndash mestrado
Pesquisador David Luiz
Escola Municipal Luacutecia de Faacutetima Gayoso Meira
Campina Grande data___________________________________
Disciplina Geografia Turma 4ordm ano
Prof _________________________________________________
Nome________________________________________________
LISTA DE ESTADOS E CAPITAIS
Estado Sigla Capital Regiatildeo
Distrito Federal DF Brasiacutelia Centro-Oeste
Goiaacutes GO Goiacircnia Centro-Oeste
Mato Grosso do Sul MS Campo Grande Centro-Oeste
Mato Grosso MT Cuiabaacute Centro-Oeste
Alagoas AL Maceioacute Nordeste
Bahia BA Salvador Nordeste
Cearaacute CE Fortaleza Nordeste
Maranhatildeo MA Satildeo Luiacutes Nordeste
Paraiacuteba PB Joatildeo Pessoa Nordeste
Pernambuco PE Recife Nordeste
Piauiacute PI Teresina Nordeste
Rio Grande do Norte RN Natal Nordeste
Sergipe SE Aracaju Nordeste
Acre AC Rio Branco Norte
Amazonas AM Manaus Norte
Amapaacute AP Macapaacute Norte
Paraacute PA Beleacutem Norte
Rondocircnia RO Porto Velho Norte
Roraima RR Boa Vista Norte
Tocantins TO Palmas Norte
Espiacuterito Santo ES Vitoacuteria Sudeste
Minas Gerais MG Belo Horizonte Sudeste
Rio de Janeiro RJ Rio de Janeiro Sudeste
Satildeo Paulo SP Satildeo Paulo Sudeste
Paranaacute PR Curitiba Sul
Rio Grande do Sul RS Porto Alegre Sul
Santa Catarina SC Florianoacutepolis Sul
232
APEcircNDICE IX ndash MAPA BRASIL REGIOtildeES
Escola Municipal Luacutecia de Faacutetima Gayoso Meira
Campina Grande ____de outubro de 2014
Professores David Luiz e Elane
Nome _________________________________________________________
233
APEcircNDICE X ndash ATIVIDADE BALEADA GEOGRAacuteFICA
Universidade Federal da Paraiacuteba
Centro de Ciecircncias Exatas e da Natureza
Programa de Poacutes- graduaccedilatildeo em Geografia ndash mestrado
Pesquisador David Luiz
Escola Municipal Luacutecia de Faacutetima Gayoso Meira
Campina Grande data___________________________________
Disciplina Geografia Turma 5ordm ano
Prof _________________________________________________
Nome________________________________________________
ATIVIDADE
Observe a foto e responda
1 Em qual dos grupos (Norte Sul Leste ou Oeste) vocecirc estava presente no dia desta
brincadeira Caso natildeo tenha participado indique um grupo que vocecirc gostaria de
participar
_______________________________________________________
2 Observe o mapa da baleada geograacutefica e responda
L
O
S N
234
A Em qual sentido a bola se direciona
_______________________________________________________
B Indique as trecircs proacuteximas direccedilotildees que a bola deveraacute tomar
1_____________________________________________________
2_____________________________________________________
3_____________________________________________________
3 Eacute um final de tarde vocecirc estaacute na rua de sua casa e natildeo tem uma buacutessola nem
tampouco um mapa como vocecirc poderia indicar os pontos cardeais (Norte Sul Leste e
Oeste) Explique
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
235
APEcircNDICE XI ndash MAPA MUDO DAS ARENAS E ESTAacuteDIOS DE FUTEBOL
Universidade Federal da Paraiacuteba
Centro de Ciecircncias Exatas e da Natureza
Programa de Poacutes- graduaccedilatildeo em Geografia ndash mestrado
Pesquisador David Luiz
Escola Municipal Luacutecia de Faacutetima Gayoso Meira
Campina Grande data___________________________________
Disciplina Geografia Turma 5ordm ano
Prof _________________________________________________
Nome________________________________________________
ATIVIDADE
Observe os mapas
Mapa 1 Estaacutedios da copa do mundo ndash Brasil 2014
Mapa 2 Capitais brasileiras onde se localizam os estaacutedios brasileiros
236
1 Quais destes estaacutedios ficam na regiatildeo Nordeste
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
2 Quais destes estaacutedios ficam na regiatildeo Centro-Oeste
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
3 Leia o texto abaixo
NEYMAR VENCE CAMAROtildeES COM GOL 100 E BRASIL PEGARAacute CHILE NAS
OITAVAS
Atacante compensa atuaccedilatildeo irregular da Seleccedilatildeo vira artilheiro da Copa vecirc fim do jejum de
Fred brilho de Fernandinho e desenha caminho do hexa
Neymar Mecacircnico Carrossel do Neymar Neymaacutequina Tiki-Neymar-Taka Haacute times que
entraram para a histoacuteria por seus estilos de jogo Essa Seleccedilatildeo poderaacute entrar para a histoacuteria por ter
Neymar Ateacute onde o Brasil chegaraacute na Copa do Mundo Ateacute onde Neymar permitir E daqui para
frente contra adversaacuterios mais poderosos exigir que o garoto leve um paiacutes nas costas eacute demais ateacute
para sua genialidade
Diante de Camarotildees e um puacuteblico de 69112 no Estaacutedio Nacional Maneacute Garrincha em Brasiacutelia
Neymar foi suficiente Ele venceu os africanos por 4 a 1 Sozinho Natildeo Luiz Gustavo se fez
gigante Felipatildeo ajudou muito ao trocar Paulinho por Fernandinho Fred voltou a marcar Mas na
hora da dificuldade do sofrimento foi o menino das mechas louras quem resolveu
Fonte Disponiacutevel em lt httpgloboesporteglobocomfutebolcopa-do-mundo gt Acesso em 01 11 15
2014 Eacute ANO DE COPA DO MUNDO DE FUTEBOL NO BRASIL
Brasiacutelia eacute uma cidade planejada localizada na regiatildeo Centro-Oeste do paiacutes que foi construiacuteda
para ser a Capital do Brasil O plano urbaniacutestico da capital conhecido como ldquoPlano Pilotordquo
foi elaborado pelo urbanista Luacutecio Costa Oscar Niemeyer foi o arquiteto
237
Considerada Patrimocircnio Mundial pela UNESCO devido ao seu conjunto arquitetocircnico e
urbaniacutestico
Com um veratildeo uacutemido e chuvoso e um inverno seco e relativamente frio com temperatura
meacutedia anual de 21ordmC
Brasiacutelia estaacute dentro do bioma Cerrado
Falando em futebol Os principais times satildeo o Brasiliense Futebol Clube e Sociedade
Esportiva do Gama
Brasiacutelia seraacute a sede que realizaraacute o jogo de Abertura da Copa de 2014
Fonte Disponiacutevel em lt httpamigasviajantescom20140313sedes-da-copa-2014braslia gt Acesso em 01
11 15
Vocecirc foi convidado por um amigo para assistir trecircs partidas de futebol em estaacutedios da regiatildeo
Nordeste e Centro-Oeste Construa um mapa com as informaccedilotildees desta viagem a partir da
silhueta do Brasil
ESTAacuteDIOS BRASILEIROS VISITADOS
238
Nome_________________________________________________________________
LEGENDA
239
ANEXOS
240
ANEXO I ndash FICHA DE ACOMPANHAMENTO DA ESCOLA MUNICIPAL LUacuteCIA
DE FAacuteTIMA GAYOSO MEIRA
Escola Municipal Luacutecia de Faacutetima Gayoso Meira
Endereccedilo
Aluno (a)______________________________________________________________
Ciclo__________________________Turno__________Semestre____________2014
Ficha de acompanhamento
Sim Natildeo Em desenvolvimento
Assiduidade e pontualidade
Interesse pelo estudo
Participaccedilatildeo nas aulas
Responsabilidade com o material escolar
Realizaccedilatildeo das tarefas de casa e classe
Expressatildeo oral
Expressatildeo escrita
Leitura
Comportamento na escola
Organizaccedilatildeo
Relacionamento com os colegas e Adultos
Respeito as regras e normas da escola
______________________________________________________________________
Assinatura do responsaacutevel
241
ANEXO II ndash TERMO DE CONSENTIMENTO
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAIBA
CENTRO DE CIEcircNCIAS EXATAS E DA NATUREZA
PROGRAMA DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO EM GEOGRAFIA
TERMO DE CONSENTIMENTO
O respeito agrave dignidade humana exige que toda pesquisa se processe apoacutes consentimento livre
e esclarecido dos sujeitos indiviacuteduos ou grupos que por si eou seus representantes legais
manifestem a sua concordacircncia agrave participaccedilatildeo Exige-se que o esclarecimento se faccedila em
linguagem acessiacutevel e que inclua os seguintes aspectos justificativa objetivos procedimentos
que seratildeo utilizados na pesquisa desconforto e riscos possiacuteveis que seratildeo utilizados na
pesquisa garantia de esclarecimentos ates e durante o curso da pesquisa sobre a
metodologia liberdade do sujeito em recusar-se a participar ou retirar seu consentimento em
qualquer fase da pesquisa sem penalidade alguma e sem prejuiacutezo ao seu cuidado garantia do
sigilo que assegure a privacidade dos sujeitos quanto aos dados confidenciais envolvidos na
pesquisa
CONSENTIMENTO DA PARTICIPACcedilAtildeO DA PESSOA COMO SUJEITO DA
PESQUISA
Vocecirc estaacute sendo convidado (a) para participar como voluntaacuterio em uma pesquisa Apoacutes ser
esclarecido (a) sobre as informaccedilotildees no caso de aceitar fazer parte do estudo assine ao final
deste documento que estaacute em duas vias Uma delas eacute sua e a outra eacute do pesquisador
responsaacutevel Em caso de recusa vocecirc natildeo seraacute penalizado de forma alguma
Eu__________________________________________________________RGnordm
____________________ CPF nordm_____________________concordo em participar do estudo
ldquoMapas mentais para o ensino de Geografia praacuteticas e reflexotildees em uma escola de
Campina Grande ndash PBrdquo como sujeito Fui devidamente informado e esclarecido pelo
pesquisador David Luiz Rodrigues de Almeida sobre a pesquisa os procedimentos nela
envolvidos assim como os possiacuteveis riscos e benefiacutecios decorrentes de minha participaccedilatildeo
242
Local e data___________________________________________________________
Nome da Escola_______________________________________________________
Assinatura do participante_______________________________________________
Assinatura do pesquisador_______________________________________________
Aos meus avocircs paternos e padrinhos de batismo Alice Alves e Luiacutes
Laurindo (in memorian) por me ensinarem o valor do trabalho e
acreditarem no meu potencial
Dedico esta assim como as demais conquistas os meus pais Gerusa
Rodrigues e Davy Alves e a minha irmatilde Giovanna Mayda Obrigado
pela paciecircncia pelo incentivo pela forccedila e principalmente pelo
carinho
AGRADECIMENTOS
Agradeccedilo ao meu orientador professor Dr Antonio Carlos Pinheiro pelas cordiais
conversas as leituras sugeridas e correccedilotildees realizadas ao longo das etapas da pesquisa aleacutem
disso a sua amizade e auxiacutelio para a construccedilatildeo desse estudo liccedilotildees que levarei para o resto
da vida
Aos professores e alunos da (poacutes) graduaccedilatildeo em Geografia do Laboratoacuterio de Estudos
e Pesquisas em Educaccedilatildeo Geograacutefica (LEPEG) da Universidade Federal de Goiaacutes em
especial ao professor Denis Richter tutor durante minha estada em Goiacircnia e grande
motivador da pesquisa sobre os mapas mentais
Ao professor Vanilton Camilo pela acolhida em sua casa assim como agrave professora
Odiones de Faacutetima pela gentil recepccedilatildeo em terras goianas Agrave professora Rusvecircnia Luiza por
abrir a porta de sua sala de aula e permitir que aprendesse com ela as potencialidades do
ensino de Geografia nos anos iniciais do Ensino Fundamental
Sou grato tambeacutem as professoras e demais profissionais da escola Luacutecia de Faacutetima
que permitiram a efetivaccedilatildeo dessa pesquisa Aos alunos envolvidos pela alegria cordialidade
e peripeacutecias que deram outro tom as propostas nas aulas de Geografia sujeitos essenciais
desse estudo torccedilo pelo sucesso de cada um deles
Aos potiguaras Luiz Eduardo Djanniacute e Rute por me acolherem em seu apartamento
em algumas ocasiotildees de estudo pelos momentos de diversatildeo e sobretudo pela amizade
Aleacutem deles a turma do mestrado em Geografia da UFPB do ano de 2013 desde os antigos
companheiros de graduaccedilatildeo da UEPB (Jessica Lima Jamerson e Izabelle) aos mais novos
parceiros Um agradecimento especial a Mocircnica Aires ldquoMoniquinhardquo pelas conversas
aconselhamentos e sua disposiccedilatildeo em sempre ajudar
Ao Grupo de Estudos e Pesquisas em Educaccedilatildeo Geograacutefica (GEPEG) da UFPB ao
professor Marcelo de Moura exemplo de profissional e pessoa aos integrantes e amigos
Adeni Alisson as trecircs Anas (Cristina Neacuteri e Paula) David de Abreu Eliane Guibson e
Jilyane Rouse
Aos meus professores da graduaccedilatildeo e de outros momentos de estudo na UEPB
Antonio Albuquerque Arthur Valverde Angelina Maria Jackeline Joatildeo Damasceno e a
professora Josandra Arauacutejo minha primeira orientadora de pesquisa e incentivadora
Aos professores doutores da banca de qualificaccedilatildeo Rafael Straforini e Christianne
Maria que auxiliaram na identificaccedilatildeo das potencialidades e limitaccedilotildees do trabalho com suas
significativas contribuiccedilotildees
Agradeccedilo ao professor Aderson e aos companheiros da escola hulong de kung fu por
ensinar o significado das palavras respeito lealdade honestidade coragem e disciplina
Aos mais novos amigos de Campina Grande que tive o prazer de conhecer nos
uacuteltimos anos Aline Dione Erivaacutegna Gleydson Jessica Santos Mayara e Nemo Obrigado
pela companhia e amizade em especial a Daniella (Dani) por sua alegria contagiante
A minha famiacutelia ao tio Vando grande geoacutegrafo aos meus avocircs maternos Maria Leni
e Joatildeo e a nova geraccedilatildeo dos Rodrigues que aos poucos comeccedilam a seguir na vida acadecircmica
Aos meus amigos de infacircncia Adriel e Rafael agradeccedilo por compreender a minha
ausecircncia nos uacuteltimos tempos pela torcida pelo sucesso no mestrado Estamos juntos
A Capes pelo auxiacutelio financeiro concedido durante a realizaccedilatildeo desse curso А todos
vocecircs que fizeram dessa caminhada uma transiccedilatildeo mais agradaacutevel A palavra mestre nunca
faraacute justiccedila аоs professores e amigos que teratildeo os meus eternos agradecimentos
Se um homem natildeo for forte ele natildeo inspiraraacute respeito Se natildeo for
culto natildeo teraacute firmeza Lealdade e boa-feacute satildeo para ele e para os
amigos que escolhe valores fundamentais Quando erra natildeo hesita
em corrigir o erro
Confuacutecio (551 ndash 479 a C) filoacutesofo chinecircs
RESUMO
Atualmente no Brasil os anos iniciais do Ensino Fundamental eacute composto por cinco anos (1ordm
ao 5ordm ano) Isso resulta segundo a legislaccedilatildeo num maior periacuteodo para a alfabetizaccedilatildeo dos
sujeitos que desde os seis anos de idade devem ingressar na escola Muito se tecircm investido na
alfabetizaccedilatildeo da Liacutengua materna (Portuguecircs) e da Matemaacutetica para a formaccedilatildeo baacutesica dos
alunos ateacute o 3ordm ano Por outro lado pouco se tem discutido sobre a progressatildeo desta
alfabetizaccedilatildeo nos anos subsequente A presenccedila da Geografia no curriacuteculo escolar pode
auxiliar a formaccedilatildeo dos sujeitos sua leitura de mundo ao destacar a alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica
enquanto metodologia que busca pensar o espaccedilo geograacutefico desde o lugar ateacute outras escalas
espaciais Destacamos que a Cartografia Escolar que se dedica a investigar o uso dos mapas
nas praacuteticas de ensino de Geografia atribuem valor na produccedilatildeo e leitura dos mapas
realizados pelos proacuteprios alunos Este potencial eacute encontrado no uso dos mapas mentais
representaccedilotildees livres mas orientadas pelos docentes voltadas a inserccedilatildeo reflexatildeo e leituras
espaciais tratadas na escola Com base nesses apontamentos esta pesquisa objetiva investigar
as potencialidades e limitaccedilotildees do recurso mapa mental para o ensino-aprendizagem de
Geografia com alunos do 4ordm e 5ordm ano do Ensino Fundamental Para isso desenvolvemos a
nossa pesquisa na Escola Luacutecia de Faacutetima Gayoso Meira localizada na cidade de Campina
Grande ndash PB Paralelamente ao uso dos mapas mentais desenvolvemos atividades teoacutericas e
praacuteticas com a finalidade de motivar apresentar construir e refletir noccedilotildees conceituais e
habilidades com uma turma de 4ordm e outra de 5ordm ano Para realizaccedilatildeo desta pesquisa resgatamos
ainda as consideraccedilotildees da gestora escolar professoras e principalmente dos alunos
utilizando questionaacuterios e entrevistas Como resultados percebemos as leituras e
compreensotildees dos alunos em relaccedilatildeo a organizaccedilatildeo de diferentes escalas do espaccedilo
geograacutefico ora voltadas ao seu proacuteprio cotidiano ora aos conteuacutedos ministrados em sala de
aula Identificamos tambeacutem limites no que corresponde ao uso de conteuacutedos
descontextualizados e que se estes saberes natildeo estiverem relacionadas as praacuteticas cotidianas
natildeo haveraacute sentido em apreende-los o que consequentemente poderaacute resultar em retenccedilotildees ou
desmotivaccedilotildees acerca do se aprender Geografia nas escolas
Palavras- chave Ensino de Geografia Cartografia Escolar Alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica
Mapas mentais Anos Iniciais do Ensino Fundamental
ABSTRACT
Currently in Brazil the early years of primary education consists of five years (1st to 5th
grade) This results under the law a longer period for literacy of subjects from the age of six
should enter school Much has been invested in literacy Native language (Portuguese) and
mathematics for basic training of students to the 3rd year Moreover little has been discussed
about the progression of literacy in subsequent years The presence of Geography in the
school curriculum can aid the formation of the subjects their world of reading highlighting
the cartographic literacy as methodology to thinking the geographical space from the place up
other spatial scales We emphasize that the School Cartography which is dedicated to
investigate the use of maps in geography teaching practices attribute value in the production
and reading of maps made by the students themselves This potential is found in the use of
mind maps free representations but guided by teachers aimed at inclusion reflection and
spatial readings treated at school Based on these notes this research aims to investigate the
potential and limitations of the mental map resource for geography teaching and learning with
students of 4th and 5th year of elementary school For this we developed our research in the
School Lucia of Fatima Gayoso Meira in the city of Campina Grande - PB Parallel to the use
of mind maps developed theoretical and practical activities in order to motivate present build
and reflect conceptual notions and skills with a group of 4 and another 5 years For this
research also rescued the considerations of school management teachers and especially the
students using questionnaires and interviews As a result we see the readings and
understandings of the students regarding the organization of different scales of geographic
space now turned to their own daily life sometimes the contents taught in the classroom
Also identified limits corresponding to the use of decontextualized contents and that this
knowledge is not related daily practices there is no sense apprehends them which
consequently may result in withholding or discouragement about learning geography in
schools
Key words Geography Teaching School Cartography Cartographic literacy Mind maps
Years Elementary School Initials
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 - FOCOS TEMAacuteTICOS DE PESQUISAS REALIZADAS NA AacuteREA DE
GEOGRAFIA ESCOLAR (1967 ndash 2003)
35
FIGURA 2 - MAPA VIVENCIAL MAPA DOS CHEIROS 52
FIGURA 3 - MAPA MENTAL DO TRAJETO CASA-ESCOLA 53
FIGURA 4 - MAPA DE LOCALIZACcedilAtildeO DA ESCOLA 83
FIGURA 5 - FACHADA DA ESCOLA MUNICIPAL LUacuteCIA DE FAacuteTIMA
GAYOSO MEIRA
84
FIGURA 6 - MAQUETE MAPA MENTAL CANAL DAS PIABAS 98
FIGURA 7 - CANAL DAS PIABAS EM PROXIMIDADE A ESCOLA 100
FIGURA 8 - PROCESSO DE REALIZACcedilAtildeO DA MAQUETE MENTAL 101
FIGURA 9 - PERSPECTIVAS DE OBSERVACcedilAtildeO DAS FORMAS ESPACIAIS 102
FIGURA 10 - MAPA MENTAL EM PERSPECTIVA VERTICAL REALIZADO
PELO ALUNO 04
105
FIGURA 11 - MAPA MENTAL EM PERSPECTIVA LATERAL REALIZADO
PELO ALUNO 05
111
FIGURA 12 - MAPA MENTAL DO ALUNO 14 COM DESTAQUE A ELEMENTOS
SINCRETICOS
110
FIGURA 13 - USO DAS TOPONIMIAS PELO ALUNO 01 114
FIGURA 14 - USO DE TOPONIMIAS PELO ALUNO 03 115
FIGURA 15 - MAPA MENTAL E A LOCALIZACcedilAtildeO DOS BAIRROS DECAMPINA
GRANDE PELO ALUNO 10
118
FIGURA 16 - MAPA MUDO REALIZADO BRASIL (REGIAtildeO NORDESTE)
REALIZADO PELO ALUNO 07
122
FIGURA 17 - MAPA MUDO DAS MESSOREGIOtildeES DA PARAIacuteBA REALIZADO
PELO ALUNO 01
122
FIGURA 18 - PERCEPCcedilAtildeO SEQUENCIAL DAS MESORREGIOtildeES
GEOGRAacuteFICAS DO ALUNO 08
126
FIGURA 19 - PERCEPCcedilAtildeO CIRCULAR DAS MESORREGIOtildeES GEOGRAacuteFICAS
DO ALUNO 03
127
FIGURA 20 - USO DAS TOPONIacuteMIAS NA CONSTRUCcedilAtildeO DAS MESORREGIOtildeES
DA PARAIacuteBA DO ALUNO 11
130
FIGURA 21 - ORIENTACcedilAtildeO E LOCALIZACcedilAtildeO DAS MESSOREGIOtildeES DA
PARAacuteIBA ALUNO 15
133
FIGURA 22 - USO INDISCRIMINADO DA ESCALA GEOGRAacuteFICA ALUNO 09 136
FIGURA 23 - MAPA MUDO DAS REGIOtildeES DO BRASIL REALIZADO PELO
ALUNO 29
139
FIGURA 24 - DESENVOLVIMENTO DA ATIVIDADE LUacuteDICA BALEADA
GEOGRAacuteFICA
141
FIGURA 25 - PARAcircMETROS PARA ANAacuteLISE DAS SILHUETAS DOS MAPAS
MENTAIS
143
FIGURA 26 - MAPA MENTAL EM FORMATO PROacuteXIMO A REPRESENTACcedilAtildeO
TRADICIONAL DO BRASIL DO ALUNO 41
146
FIGURA 27 - MAPA MENTAL EM FORMA DE BALAtildeO ALUNO 39 147
FIGURA 28 - MAPA MENTAL EM FORMA DE TRIAcircNGULO ALUNO 25 148
FIGURA 29 - APRESENTACcedilAtildeO DAS INFORMACcedilOtildeES EM FORMA DE
LEGENDA ALUNO 48
150
FIGURA 30 - MAPA MENTAL DO ALUNO 24 DESTAQUE AO EXCESSO DE
TOPONIMIAS
152
FIGURA 31 - MAPA MENTAL DO ALUNO 38 DESTAQUE A EXPRESSAtildeO
SINCREacuteTICA
153
FIGURA 32 - MAPA MENTAL DO ALUNO 22 COM DESTAQUE A
LOCALIZACcedilAtildeO DA REGIAtildeO NORTE DO BRASIL
155
FIGURA 33 - MAPA MENTAL DO ALUNO 29 COM DISTORCcedilOtildeES
RELACIONADAS A LOCALIZACcedilAtildeO E ORIENTACcedilAtildeO ESPACIAL
157
FIGURA 34 - MAPA MENTAL DO ALUNO 42 DESTAQUE A LEGIBILIDADE DA
LOCALIZACcedilAtildeO E ORIENTACcedilAtildeO ESPACIAL
158
FIGURA 35 -
MAPA MENTAL DO ALUNO 43 PROBLEMAS NA SELECcedilAtildeO DA
ESCALA GEOGRAFICA
161
FIGURA 36 - MAPA MENTAL DO ALUNO 46 COM DESTAQUE A ESCALA
GEOGRAFICA DAS REGIOtildeES BRASILEIRAS
163
FIGURA 37 - MAPA MUDO DOS ESTAacuteDIOS BRASILEIRO VISITADO
REALIZADO PELO ALUNO 39
166
FIGURA 38 - MAPA MENTAL COM SILHUETA PROacuteXIMA AO DO BRASIL
(GRUPO 7)
170
FIGURA 39 - COMPARACcedilAtildeO ENTRE MAPA EXISTENTE E MAPA MENTAL
(GRUPO 05)
172
FIGURA 40 - MAPA MENTAL COM A UTILIZACcedilAtildeO DE IacuteCONES (GRUPO 10) 175
FIGURA 41 - ARTICULACcedilAtildeO DO USO DE TOPONIacuteMIAS COM A
APRESENTACcedilAtildeO DE IacuteCONES (GRUPO 3)
177
FIGURA 42 - MAPA MENTAL COM DESTAQUE NA ORIENTACcedilAtildeO E
LOCALIZACcedilAtildeO ESPACIAL DA REGIAtildeO CENTRO-OESTE
(GRUPO 6)
179
FIGURA 43 - MAPA MENTAL NA ESCALA GEOGRAacuteFICA BRASIL (GRUPO 4) 183
FIGURA 44 - RELACcedilAtildeO DE ENSINO E APRENDIZAGEM NA ESCOLA 192
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 - ESTRUTURA DA EDUCACcedilAtildeO BAacuteSICA NO BRASIL 26
TABELA 2 - MAPAS MENTAIS PRODUZIDOS DURANTE A PESQUISA 89
TABELA 3 - PERSPECTIVAS ESPACIAIS APRESENTADAS NOS MAPAS
MENTAIS
104
TABELA 4 - USO DAS TOPONIacuteMIAS NOS MAPAS MENTAIS 111
TABELA 5 - RANKING DAS TOPONIacuteMIAS RELACIONADOS AOS BAIRROS DE
CAMPINA GRANDE
111
TABELA 6 - ESCALA GEOGRAacuteFICA EM DESTAQUE NOS MAPAS MENTAIS 119
TABELA 7 - OCORREcircNCIA DAS TOPONIacuteMIAS EXPRESSAS NOS MAPAS
MENTAIS
128
TABELA 8 - OCORREcircNCIA DA UTILIZACcedilAtildeO DA ROSA DOS VENTOS NOS
MAPAS MENTAIS
132
TABELA 9 - ESCALA GEOGRAacuteFICA EM DESTAQUE NOS MAPAS MENTAIS 134
TABELA 10 - PERCEPCcedilOtildeES DA FORMA DO BRASIL DESTACADO NOS MAPAS
MENTAIS
143
TABELA 11 - COEREcircNCIA DAS TOPONIacuteMIAS EXPRESSAS NOS MAPAS
MENTAIS
149
TABELA 12 - NIacuteVEL CORRESPONDENTE Agrave LOCALIZACcedilAtildeO ESPACIAL 154
TABELA 13 - ESCALAS ENCONTRADAS NOS MAPAS MENTAIS 159
TABELA 14 - PERCEPCcedilOtildeES DA FORMA DO BRASIL DESTACADO NOS MAPAS
MENTAIS
168
TABELA 15 - NUacuteMERO DE OCORREcircNCIA DE TOPONIacuteMIAS 173
TABELA 16 - LOCALIZACcedilAtildeO DOS ELEMENTOS ENCONTRADOS NOS MAPAS
MENTAIS
178
LISTA DE QUADROS
QUADRO 1 - OPERACcedilOtildeES MENTAIS PARA O DESENVOLVIMENTO DA
LEITURA DE MAPAS
40
QUADRO 2 - AS NOCcedilOtildeES COMO PROCESSO DE FORMACcedilAtildeO DOS
CONCEITOS CIENTIacuteFICOS
63
QUADRO 3 - HABILIDADES PARA O DESENVOLVIMENTO DOS MAPAS
MENTAIS
91
QUADRO 4 - PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAtildeO CARTOGRAacuteFICA POR MEIO
DOS MAPAS MENTAIS
93
QUADRO 5 - SIacuteNTESE DO TEXTO SOBRE O CANAL DAS PIABAS 99
QUADRO 6 - ORDEM DAS TOPONIacuteMIAS ENCONTRADAS NOS MAPAS
MENTAIS
131
QUADRO 7 - SIacuteNTESE DOS DADOS ENCONTRADOS NOS MAPAS 165
QUADRO 8 - PROPOSTA DAS OFICINAS PEDAGOGICAS PARA CONSTRUCcedilAtildeO
DE NOCcedilOtildeES E HABILIDADES
188
QUADRO 9 - GRAacuteFICO DAS NOCcedilOtildeES GEOGRAacuteFICAS ANALISADAS NOS
MAPAS MENTAIS
189
QUADRO 10 - GRAacuteFICO DAS HABILIDADES DESTACADAS PARA O
DESENVOLVIMENTO DOS MAPAS MENTAIS
190
LISTA DE SIGLAS
CEB Cacircmara de Educaccedilatildeo Baacutesica
CNE Conselho Nacional de Educaccedilatildeo
EF Ensino Fundamental
GO Estado de Goiaacutes
LDB Lei de Diretrizes e Bases
PCN Paracircmetros Curriculares Nacionais
PB Estado da Paraiacuteba
PNAIC Plano Nacional de Educaccedilatildeo na Idade Certa
UFG Universidade Federal de Goiaacutes
UEPB Universidade Estadual da Paraiacuteba
UFPB Universidade Federal da Paraiacuteba
SUMAacuteRIO
INTRODUCcedilAtildeO 18
1 LEITURAS GEOGRAacuteFICAS DE MUNDO HISTOacuteRIAS DE
ALFABETIZACcedilAtildeO CARTOGRAacuteFICA
24
11 SISTEMA EDUCATIVO E ANOS INICIAIS DO ENSINO
FUNDAMENTAL
24
12 GEOGRAFIA NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL 27
13 CARTOGRAFIA ESCOLAR E SEUS CONTEXTOS NO ENSINO DE
GEOGRAFIA
34
131 As propostas de Piaget voltada a Cartografia Escolar 37
14 A CARTOGRAFIA ESCOLAR E OUTRAS INTERPRETACcedilOtildeES PARA O
CONHECIMENTO DO ESPACcedilO
42
141 Percursos dos Mapas Mentais e suas praacuteticas na Educaccedilatildeo Geograacutefica 48
142 Os mapa mentais no ensino-aprendizagem de Geografia 50
2 ITINERAacuteRIO DA PESQUISA E SEUS ENCAMINHAMENTOS
METODOLOacuteGICOS
69
21 CARACTERIZACcedilAtildeO DA METODOLOGIA DA PESQUISA 71
22 PROCEDIMENTOS DA PESQUISA 76
221 Referenciais teoacuterico-metodoloacutegicos 76
222 Instrumentos de Pesquisa 77
223 Os espaccedilos e os sujeitos da pesquisa 81
23 A ANAacuteLISE DOS RESULTADOS 88
231 Da totalidade dos mapas mentais 88
24 AS HABILIDADES E CATEGORIAS DE ANAacuteLISE SELECIONADAS
PARA A PESQUISA
90
241 As categorias de anaacutelise dos mapas mentais 92
3 PROPOSTAS E PRAacuteTICAS ESCOLARES ANAacuteLISES DOS MAPAS
MENTAIS COM OS ALUNOS DO 4ordm ANO
96
31 OFICINA 1 A MAQUETE MENTAL PRAacuteTICA COLETIVA DO
ENSINO-APRENDIZAGEM EM GEOGRAFIA
96
32 MAPA MENTAL 1 CANAL DAS PIABAS 102
33 OFICINA 2 PRAacuteTICAS COM MAPA MUDO (RE) CONSTRUINDO O
MAPA MENTAL DA PARAIacuteBA
120
34 MAPA MENTAL 2 MESORREGIOtildeES DA PARAIacuteBA 123
4 PROPOSTAS E PRAacuteTICAS ESCOLARES ANAacuteLISES DOS MAPAS
MENTAIS COM OS ALUNOS DO 5ordm ANO
137
41 OFICINA 1 USO DOS MAPAS MUDOS E A ldquoBALEADA
GEOGRAacuteFICArdquo NOCcedilOtildeES PRAacuteTICAS E TEOacuteRICAS DE GEOGRAFIA
138
42 MAPA MENTAL 1 MAPA DA MINHA VIDA 142
43 OFICINA 2 MAPA MUDO DA REGIAtildeO CENTRO-OESTE UMA
PROPOSTA DE APROXIMACcedilAtildeO
164
44 MAPA MENTAL 2 MAPA DA REGIAtildeO CENTRO-OESTE 168
5 MAPAS MENTAIS E SUAS POTENCIALIDADES E LIMITACcedilOtildeES
PARA O ENSINO DE GEOGRAFIA
184
51 O PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM DE GEOGRAFIA 184
52 PROPOSTAS DAS OFICINAS O LUacuteDICO E SUAS INTERVENCcedilOtildeES
PARA CONSTRUCcedilAtildeO DOS SABERES
187
53 DOS MAPAS MENTAIS UTILIZADOS EM SALA DE AULA 190
6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 198
REFEREcircNCIAS 202
APEcircNDICES 207
APEcircNDICE I - JORNAL DE PESQUISA 208
APEcircNDICE II ndash QUESTIONAacuteRIO DE PERGUNTAS PARA PROFESSORES 222
APEcircNDICE III ndash PRANCHA PARA MAPA MENTAL 225
APEcircNDICE IV ndash TEXTO CANAL DAS PIABAS 226
APEcircNDICE V ndash MAPA MUDO DA REGIAtildeO NORDESTE 228
APEcircNDICE VI ndash MAPA MUDO DAS MESORREGIOtildeES DA PARAIacuteBA 229
APEcircNDICE VII ndash QUESTOtildeES DA PROVA 230
APEcircNDICE VIII ndash LISTA DE CAPITAIS E ESTADOS 231
APEcircNDICE IX ndash MAPA BRASIL REGIOtildeES 232
APEcircNDICE X ndash ATIVIDADE BALEADA GEOGRAacuteFICA 233
APEcircNDICE XI ndash MAPA MUDO DAS ARENAS E ESTAacuteDIOS DE FUTEBOL 235
ANEXOS 239
ANEXO I ndash FICHA DE ACOMPANHAMENTO DA ESCOLA MUNICIPAL
LUacuteCIA DE FAacuteTIMA GAYOSO MEIRA
240
ANEXO II ndash TERMO DE CONSENTIMENTO 241
18
INTRODUCcedilAtildeO
Para realizar uma pesquisa acadecircmica acredito na necessidade das justificativas
planejamento encaminhamentos obstaacuteculos que potildeem agrave prova a investigaccedilatildeo cientiacutefica
Eacute relevante expor algumas questotildees relacionadas ao percurso do desenvolvimento desta
dissertaccedilatildeo situando o leitor a respeito dos contextos e acontecimentos que levaram a
realizaccedilatildeo desta pesquisa
Meu primeiro contato com os anos iniciais do Ensino Fundamental ocorreu
enquanto professor de atividades luacutedicas (jogo de xadrez) em uma escola municipal por
meio do Programa Mais Educaccedilatildeo no ano de 2010 Nesta eacutepoca se iniciava a construccedilatildeo
de uma agenda de educaccedilatildeo integral nas escolas municipais e estaduais de Campina
Grande ndash PB
Soma-se a esta experiecircncia as atividades desenvolvidas no curso de licenciatura
em Geografia na Universidade Estadual da Paraiacuteba - UEPB campus Campina Grande
No ano de 2011 fui convidado pela Professora Doutora Josandra Arauacutejo Barreto de
Melo a participar de um projeto voltado a formaccedilatildeo de alunos do magisteacuterio na escola
Normal em Campina Grande mediante o uso de recursos geotecnoloacutegicos novas
tecnologias (sites e ou softwares) relacionadas a geociecircncias ou correlatas que auxiliam
estudar a estrutura do espaccedilo geograacutefico
Naquela eacutepoca os estudantes estavam em processo de formaccedilatildeo docente para
ministrar aulas na Educaccedilatildeo Infantil e anos iniciais do Ensino Fundamental Entre as
dificuldades encontradas estava agrave compreensatildeo de conceitos e das propostas do recurso
geotecnoloacutegico para o ensino de Geografia
Diante destes resultados decido organizar uma investigaccedilatildeo sobre o uso do
recurso geotecnoloacutegico para o ensino-aprendizagem de Geografia com alunos dos anos
iniciais do Ensino Fundamental particularmente o 5ordm ano no trabalho de conclusatildeo de
curso Trabalhamos com fotografias desenhos e construccedilatildeo de mapas digitais e
impressos Como resultado foi observado dificuldades no desenvolvimento e leitura dos
recursos cartograacuteficos pelos alunos e a sua pouca utilizaccedilatildeo nas aulas de Geografia
Com o teacutermino da graduaccedilatildeo apresento ao Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em
Geografia da Universidade Federal da Paraiacuteba - UFPB um projeto sobre a importacircncia
da Cartografia Escolar nos anos iniciais do Ensino Fundamental visto que o trabalho
da graduaccedilatildeo demonstrava a necessidade em avanccedilar nessa perspectiva e articulaacute-lo ao
desenvolvimento do ensino de Geografia
19
Ao ingressar no programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Geografia jaacute havia o interesse
em realizar uma pesquisa relacionada agrave Cartografia Escolar entretanto a possibilidade
do uso do mapa mental foi apresentada pelo Professor Doutor Antonio Carlos Pinheiro
orientador deste estudo
Senti-me interessado e sobretudo desafiado em estudar este recurso
aparentemente mais acessiacutevel a alunos e professores O processo de ensino-
aprendizagem de Geografia mediada pelo uso de recursos cartograacuteficos com alunos dos
anos iniciais do Ensino Fundamental o modo como fazemos o meacutetodo de pesquisa
nossa metodologia de trabalho muda consideravelmente Novos dados informaccedilotildees e
experiecircncias de pesquisa possibilitam (re) pensar estrateacutegias para a utilizaccedilatildeo dos mapas
mentais
Durante os anos de 2013 a 2014 realizamos diferentes pesquisas-piloto com
alunos dos anos iniciais principalmente no 5ordm ano tanto na Paraiacuteba como em Goiaacutes no
Coleacutegio de Aplicaccedilatildeo da Universidade Federal de Goiaacutes (UFG) Aleacutem disso houveram
experiecircncias de estaacutegio supervisionado no curso de Pedagogia da UFPB e propostas de
oficinas realizadas com estudantes do curso de Geografia a soma de todos estes
exerciacutecios resultou na produccedilatildeo de 128 mapas mentais
Com base nestas informaccedilotildees esclarecemos que as pesquisas supracitadas
viabilizaram o estudo realizado na Escola Municipal Luacutecia de Faacutetima Gayoso Meira
situado no bairro Lauritzen na cidade de Campina Grande - PB no ano de 2014 O
puacuteblico alvo foram estudantes do 4ordm e 5ordm ano do periacuteodo vespertino a caracterizaccedilatildeo da
escola estudada e dos sujeitos da pesquisa seraacute apresentada mais nitidamente no
segundo capiacutetulo
Esclarecemos que os anos iniciais do Ensino Fundamental correspondem a uma
nova nomenclatura o qual altera o termo seacuteries para anos conforme a Resoluccedilatildeo nordm 3
de 3 de agosto de 2005 do Conselho Nacional de Educaccedilatildeo (CNE) A medida
aumentou o periacuteodo de formaccedilatildeo para as crianccedilas e adolescentes que conforme o art 32
da Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional (LDB) constitui o Ensino
Fundamental obrigatoacuterio de nove anos a partir dos seis anos de idade Com o acreacutescimo
de mais um ano nesta primeira fase do Ensino fundamental podemos dividi-la em dois
ciclos o I ciclo ou ldquociclo da infacircnciardquo (1ordm ao 3ordm ano) e o II ciclo (4ordm e 5ordm ano)
Na atualidade haacute uma crescente preocupaccedilatildeo com a alfabetizaccedilatildeo da Liacutengua
portuguesa e da Matemaacutetica principalmente atraveacutes do Pacto Nacional pela
Alfabetizaccedilatildeo na Idade Certa em todo territoacuterio brasileiro A intenccedilatildeo eacute assegurar a
20
todos os alunos ateacute os oito anos final do 3ordm ano uma alfabetizaccedilatildeo de qualidade Mas
acreditamos que nesta fase eacute possiacutevel uma alfabetizaccedilatildeo que evidencie a disciplina
escolar de Geografia
Autores como a Callai (2005) Lessan (2011) e Castrogiovanni amp Costella
(2006) apontam outro tipo de alfabetizaccedilatildeo tambeacutem necessaacuteria a formaccedilatildeo dos sujeitos
como a cartograacutefica Acreditamos que o mundo pode ser lido de diferentes formas entre
elas por intermeacutedio da linguagem cartograacutefica Seu potencial estaacute presente no uso de
mapas em livros didaacuteticos atlas escolar mapas murais maquetes globos terrestres
encontrados nas escolas e satildeo importantes enquanto portadores de uma educaccedilatildeo visual
do espaccedilo geograacutefico
Natildeo se trata de um tema inexplorado tampouco desconhecido no campo da
Geografia As pesquisas relacionadas agrave Cartografia Escolar campo consolidado no
ensino de Geografia investiga o uso da Cartografia para escolares Elas comeccedilam com
as pesquisas de Oliveira (1978) realizada a mais de 30 anos Na eacutepoca a autora jaacute
apresentava algumas criacuteticas relacionadas aos procedimentos do uso de mapas em sala
de aula
Os procedimentos didaacuteticos enfatizavam a coacutepia mecacircnica e a leitura dos
recursos cartograacuteficos geralmente em uma linguagem mais simplificada um recurso
visual quando comparado aos mapas utilizados pelos adultos com suas escalas
simbologias e convenccedilotildees cartograacuteficas Natildeo consideravam a perspectiva cognitiva de
aprendizagem das crianccedilas desenvolvida por Jean Piaget e seus colaboradores e
consequentemente o desenvolvimento mental da noccedilatildeo de espaccedilo (OLIVEIRA 1978)
Em sucessatildeo a esta pesquisa estudiosos sobre a questatildeo da Cartografia Escolar
como Passini (2012) observaram a necessidade de uma accedilatildeo didaacutetica uma proposta
metodoloacutegica procedimental para o estudo do mapa neste aspecto eacute visado agrave
alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica como uma metodologia que possibilita a construccedilatildeo de
conhecimentos procedimentais habilidades e conceitos que agrega significado a leitura
de mundo do aluno
Os estudos de Almeida amp Passini (2010) Castellar (2000) Lessan (2011) entre
outros enfatizam o uso da alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica afirmando a necessidade da
contextualizaccedilatildeo dos conteuacutedos de Geografia para o desenvolvimento de competecircncias
o aprender a apreender a mobilizar as habilidades como verbalizar observar registrar
ler comparar localizar e entender e ainda outras como a persuadir comunicar criar
trabalhar em equipe refletir e interagir
21
Apostando no potencial da alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica enquanto uma continuaccedilatildeo
para o processo de ldquoleitura de mundordquo fundamentado por Callai (2005) privilegiamos
o desenvolvimento da produccedilatildeo cartograacutefica a proacuteprio punho com o mapa mental O
mapa eacute uma linguagem de comunicaccedilatildeo utilizada ao longo da histoacuteria por remotas
comunidades e grupos humanos onde se identifica o uso da representaccedilatildeo espacial
(TEIXEIRA 2001 GIRARDI 2005)
Quais as principais dificuldades com o trabalho do uso dos mapas existentes
baseados em uma concepccedilatildeo cartesiana nas salas de aula Os alunos ldquonatildeo gostamrdquo de
mapas acham complicados porque tecircm latitudes longitudes orientaccedilatildeo da rosa dos
ventos escala numeacuterica escala graacutefica matemaacutetica Quando o mapa se livra deste
rigor cientiacutefico o aluno comeccedila a ver o mapa como algo mais proacuteximo dele que pode
ser construiacutedo realizado a partir dos seus conhecimentos embora natildeo deva se restringir
a eles
As discussotildees estabelecidas por Teixeira (2001) indicam as particularidades da
percepccedilatildeo estabelecida por cada indiviacuteduo Enfatiza poreacutem que estas representaccedilotildees
baseadas na realidade ou idealizadas advecircm do campo do simboacutelico da apreensatildeo dos
significados que em muitos casos natildeo satildeo decifrados pela razatildeo As imagens espaciais
satildeo construiacutedas neste processo e foram denominados por mapas cognitivos mapas
conceituais e atualmente mapas mentais
Quando recorremos ao uso destes mapas mentais enquanto recurso didaacutetico para
o ensino de Geografia Richter (2010 p 27) esclarece que ele
[] eacute analisado como um recurso que permite a construccedilatildeo de uma expressatildeo
graacutefica mais livre tendo a perspectiva de que o estudante possa transpor para
esta representaccedilatildeo espacial os conteuacutedos geograacuteficos aprendidos ao longo da
educaccedilatildeo baacutesica Assim aleacutem de utilizar a fala a escrita a imagem ou o
proacuteprio mapa convencional tradicional o aluno teraacute a oportunidade de
apresentar num mapa mental suas interpretaccedilotildees a respeito de um
determinado lugar provenientes de leituras mais cientiacuteficas da realidade
Ao realizarmos nossas experiecircncias com as pesquisas-piloto desenvolvemos a
seguinte hipoacutetese o mapa mental pode auxiliar os alunos a desenvolver natildeo apenas uma
representaccedilatildeo do espaccedilo geograacutefico mas uma habilidade consciente do ato de mapear
aleacutem de uma leitura de mundo que desenvolva a compreensatildeo e reconhecimento do
aluno como sujeito soacutecio-histoacuterico e cultural
Estudamos propostas metodoloacutegicas que possibilitem a aprendizagem de
Geografia Aprendizagem que consideramos aqui como sinocircnimo da capacidade do
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ensinar-apreender entre os sujeitos baseado no diaacutelogo que estabelece a relaccedilatildeo entre os
conhecimentos cientiacuteficos e cotidianos como considera Vigotski (1998) e Bakhtin
(2012) Pensamos que aleacutem da aquisiccedilatildeo do conhecimento e habilidades os mapas
mentais possibilitam construir atitudes e valores virtudes assentadas na solidariedade
humana e toleracircncia ao proacuteximo constituindo sua identidade e a formaccedilatildeo da cidadania
Entendemos que a proposta da pesquisa eacute auxiliar o trabalho de professores na
praacutetica da docecircncia enfatizando a importacircncia dos conhecimentos geograacuteficos
construiacutedos pelos alunos dos anos iniciais do Ensino Fundamental consequentemente a
proposta auxilia o trabalho dos professores de Geografia que acolhem estes alunos nos
anos subsequentes a partir do 6ordm ano anos finais do Ensino Fundamental
Com base nessas ideias temos como principal objetivo investigar as
potencialidades e limitaccedilotildees do recurso mapa mental para o ensino-aprendizagem de
Geografia com alunos do 4ordm e 5ordm ano dos anos iniciais do Ensino Fundamental Nossos
objetivos especiacuteficos satildeo
Diagnosticar as dificuldades referentes ao domiacutenio de habilidades e noccedilotildees
cartograacuteficas dos alunos dos anos iniciais do Ensino Fundamental realizando
uma anaacutelise dessas dificuldades
Pesquisar o mapa mental mediante situaccedilotildees de ensino-aprendizagem que
conduzam a reflexatildeo sobre a espacialidade
Apresentar atividades que permitam desenvolver habilidades e noccedilotildees
conceituais para os alunos atraveacutes do desenvolvimento de mapas mentais e que
possam auxiliar as aulas de Geografia dos professores dos anos iniciais do
Ensino Fundamental
Propor orientaccedilotildees que auxiliem o professor desta fase a trabalharem com os
mapas mentais junto ao puacuteblico dos anos iniciais do Ensino Fundamental
Ao realizarmos nossos experimentos observamos a dificuldade em representar o
espaccedilo geograacutefico considerando elementos como agrave perspectiva do acircngulo de visatildeo
orientaccedilatildeo e localizaccedilatildeo espacial por exemplo Em virtude disso criamos estrateacutegias
metodoloacutegicas recursos de apoio e categorias de anaacutelise as quais consideramos
importantes para o processo de alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica Com a intenccedilatildeo de atingir os
objetivos propostos estruturamos essa pesquisa em cinco capiacutetulos
O primeiro capiacutetulo intitulado ldquoLeituras geograacuteficas de mundo histoacuterias de
alfabetizaccedilatildeo cartograacuteficardquo trata da pertinecircncia do ensino de Geografia nos anos
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iniciais do Ensino Fundamental indica os principais avanccedilos sobre a alfabetizaccedilatildeo e de
sua relaccedilatildeo com a Cartografia Escolar Procura aleacutem disso apresentar o surgimento das
praacuteticas com os mapas mentais e algumas propostas relacionadas ao seu uso para a
pesquisa e ensino da Geografia
O segundo capiacutetulo ldquoItineraacuterio da pesquisa e seus encaminhamentos
metodoloacutegicosrdquo esclarece os procedimentos para a realizaccedilatildeo da pesquisa ressaltando
sua metodologia (de caraacuteter qualitativo) caracterizando os espaccedilos e sujeitos da
pesquisa Apontamos ainda nossa revisatildeo bibliograacutefica para a construccedilatildeo da dissertaccedilatildeo
e os instrumentos para realizaccedilatildeo da pesquisa
No terceiro capiacutetulo ldquoPropostas e praacuteticas escolares anaacutelises dos mapas
mentais com os alunos do 4ordm anordquo e no quarto capiacutetulo ldquoPropostas e praacuteticas
escolares anaacutelises dos mapas mentais com os alunos do 5ordm anordquo satildeo apresentadas e
analisadas as praacuteticas desenvolvidas em forma de oficinas pedagoacutegicas e os mapas
mentais utilizados em cada uma das turmas Procuramos discutir a importacircncia do
ensino de Geografia e quais as relaccedilotildees encontradas na construccedilatildeo das representaccedilotildees
dos alunos
O quinto capiacutetulo ldquoMapas mentais e suas potencialidades e limitaccedilotildees para o
ensino de Geografiardquo analisamos as entrevistas efetivadas com os alunos do 4ordm e 5ordm
ano e a apresentaccedilatildeo da resposta dos questionaacuterios respondidos pelas professoras que
expotildeem suas concepccedilotildees sobre o uso dos mapas mentais e das oficinas para as
propostas de ensino de Geografia
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1 LEITURAS GEOGRAacuteFICAS DE MUNDO HISTOacuteRIAS DE
ALFABETIZACcedilAtildeO CARTOGRAacuteFICA
Este capiacutetulo estaacute dedicado agrave compreensatildeo sobre o que se entende atualmente
por anos iniciais do Ensino Fundamental (EF) para isso recorremos agraves leis que
alicerccedilam o sistema educativo no Brasil Prosseguimos com a apresentaccedilatildeo do ensino de
Geografia e sua importacircncia nos primeiros anos de escolarizaccedilatildeo
Em seguida o leitor eacute convidado a entender os contextos que influenciaram a
criaccedilatildeo do eixo de pesquisa e estudo chamado de Cartografia Escolar aleacutem disso suas
contribuiccedilotildees para a alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica e leitura de mundo dos alunos Mediante
estes apontamentos apresentamos recentes praacuteticas escolares que destacam o uso dos
mapas mentais enquanto um recurso didaacutetico que pode auxiliar as praacuteticas de ensino-
aprendizagem de Geografia
11 SISTEMA EDUCATIVO E ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL
Atualmente no Brasil a escolarizaccedilatildeo eacute obrigatoacuteria a partir dos seis anos de
idade O curriacuteculo escolar estaacute organizado em nove anos natildeo mais em oito seacuteries
Mudanccedilas no sistema educativo ocorrem desde 1930 quando se pensou pela primeira
vez um programa de poliacutetica educacional para o Brasil legitimado pela nova
Constituiccedilatildeo Federal do Brasil (1934)1 Mudanccedilas significativas para a compreensatildeo do
atual Ensino Fundamental ocorreram nas uacuteltimas deacutecadas as quais satildeo destacadas
Lei nordm 4024 de 20 de dezembro de 19612ndash estabeleceu quatro anos de Ensino
Fundamental
Lei nordm 5692 de 11 de agosto de 19713 - obrigatoriedade do Ensino Fundamental
de oito anos que ficou conhecido como 1ordm e 2ordm grau e posteriormente como
Ensino Fundamental I e II e
Art 32 da LDB (1996) firmada pela resoluccedilatildeo CNE CEB nordm de 0308 2005
oferece o Ensino Fundamental gratuito e obrigatoacuterio com duraccedilatildeo de nove anos
1Mais informaccedilotildees disponiacuteveis em
httpportalmecgovbroption=com_contentampview=articleampid=2ampItemid=171gt acesso em 22 01
2014 2 Disponiacutevel em httpwwwplanaltogovbrccivil_03leisl4024htmgt acesso em 22 01 2014 3 Disponiacutevel em httpwww010dataprevgovbrsislexpaginas4219715692htmgt acesso em 22 01
2014
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caracterizado por duas etapas anos iniciais do EF (1ordm ao 5ordm ano) e anos finais
do EF (6ordm ao 9ordm ano)
No seacuteculo XXI o sistema de ensino brasileiro tem como uma das preocupaccedilotildees
o mundo do trabalho e a praacutetica social4 A escolarizaccedilatildeo divide-se em duas etapas
Educaccedilatildeo Baacutesica ndash formada pela Educaccedilatildeo Infantil Ensino Fundamental e Ensino
Meacutedio ndash e Educaccedilatildeo Superior como consta na Lei de Diretrizes e Bases ndash LDB (1996)
nordm 9394 art 21 inciso I e II
De acordo com a LDB (1996) eacute evidente que o conhecimento dos discentes eacute
construiacutedo ao longo do tempo escolar durante a Educaccedilatildeo Baacutesica e possivelmente no
decorrer da Educaccedilatildeo Superior Ao ingressar nos anos iniciais do EF a crianccedila pode ter
passado ou natildeo por uma creche e ou uma escola de Ensino Infantil visto que natildeo satildeo
obrigatoacuterios para formaccedilatildeo escolar brasileira5 Qualquer que seja o caso o aluno possui
conhecimentos e desenvolveu algumas habilidades antes de iniciar os anos iniciais do
EF seja na Educaccedilatildeo Infantil ou junto agrave famiacutelia
Um dos avanccedilos mais recentes na compreensatildeo do iniacutecio do processo de
escolarizaccedilatildeo foi aumentar um ano letivo nos anos iniciais do EF Segundo o
documento ldquoEnsino Fundamental de nove anos passo a passo do processo de
ampliaccedilatildeordquo (BRASIL 2009 p 05) a justificativa para esse aumento no Ensino
Fundamental eacute relativa a trecircs objetivos
a) Melhorar as condiccedilotildees de equidade e de qualidade da Educaccedilatildeo Baacutesica
b) Estruturar um novo ensino fundamental para que as crianccedilas prossigam
nos estudos alcanccedilando maior niacutevel de escolaridade
c) Assegurar que ingressando mais cedo no sistema de ensino as crianccedilas
tenham um tempo mais longo para as aprendizagens da alfabetizaccedilatildeo e
do letramento (BRASIL 2009 p 05)
A primeira observaccedilatildeo a respeito dos trecircs objetivos expostos eacute considerar que a
equidade ou seja a idade correspondente para cada ano escolar esteja em acordo com
proposta da Resoluccedilatildeo CNE CEB nordm 3 03082005 evitando a retenccedilatildeo (reprovaccedilatildeo) do
aluno nos anos iniciais do EF O parecer CNECEB ndeg 7 de 09072007 explica que a
duraccedilatildeo do Ensino Fundamental de nove anos necessita ser pensada pelos educadores
como uma fase de adequaccedilatildeo do Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico para a busca do sucesso
4 Lei 9 394 de 20 de dezembro de 1996 Art 1ordm sect 2ordm 5Segundo a Seccedilatildeo II ldquoDa Educaccedilatildeo Infantilrdquo da LDB arts 29 a 30 eacute garantido pelo municiacutepio a primeira
etapa da educaccedilatildeo baacutesica natildeo obrigatoacuteria para crianccedilas de quatro a seis anos de idade A fase da
educaccedilatildeo infantil natildeo eacute constituiacuteda por uma avaliaccedilatildeo com objetivos de promoccedilatildeo mas do
desenvolvimento fiacutesico psicoloacutegico intelectual e social como consta na lei (BRASIL 2010)
26
escolar dito isso o mesmo documento aponta que reter o aluno durante os anos iniciais
do EF pode resultar na ideia de retrocesso fracasso escolar e gerar desistecircncias por
parte dos alunos (como observado na tabela 01)
TABELA 1 ESTRUTURA DA EDUCACcedilAtildeO BAacuteSICA NO BRASIL
EDUCACcedilAtildeO BAacuteSICA
Educaccedilatildeo
Infantil
Anos iniciais do Ensino Fundamental Anos
finais
do EF
Ensino
Meacutedio I ciclo ou ldquociclo da
infacircnciardquo
II ciclo
Etapa Inf 1 Inf 2 1ordm 2ordm 3ordm 4ordm 5ordm 6ordm ao 9ordm 1ordm ao 3ordm
Idade
4 5 6 7 8 9 10 11 aos
14
15 aos
17
Fonte Resoluccedilatildeo CNE CEB nordm 3 03082005 e CNECEB ndeg 7 de 09072007
Como observado na tabela 1 eacute facultado aos sistemas escolares estruturar os
anos iniciais do EF em ciclos de aprendizagem ndash I ciclo ou ldquociclo da infacircnciardquo (1ordm 2ordm e
3ordm ano) e II ciclo (4ordm e 5ordm ano) ndash utilizando a progressatildeo continuada (BRASIL 2009)
Estruturas como as do apoio pedagoacutegico no contra turno de estudo eacute uma das estrateacutegias
para reduccedilatildeo das dificuldades dos alunos e da sua progressatildeo
Outra estrateacutegia eacute o Pacto Nacional pela Alfabetizaccedilatildeo na Idade Certa6 ele eacute um
programa governamental que enfatiza os domiacutenios baacutesicos da leitura escrita e caacutelculo o
objetivo eacute alfabetizar todas as crianccedilas de seis a oito anos de idade periacuteodo relacionado
ao primeiro ciclo O plano tambeacutem investe na formaccedilatildeo continuada de professores que
atuam no primeiro ciclo (1ordm 2ordm e 3ordm ano) da rede baacutesica de ensino atraveacutes de uma
associaccedilatildeo com as universidades federais
Por fim eacute observado que as poliacuteticas educacionais entendem que o aluno de seis
anos jaacute estaacute apto para aprender os conceitos da alfabetizaccedilatildeo letramento7 do
conhecimento loacutegico-matemaacutetico da reflexatildeo e do desenvolvimento psicomotor
Garantir nove anos no Ensino Fundamental eacute possibilitar que o processo de ensino-
aprendizagem comece antes valorizando o processo de alfabetizaccedilatildeo e letramento
constituiacutedos por uma linguagem global que ultrapassa a escrita convencional
6 Para mais informaccedilotildees acessar httppactomecgovbrindexphplt acessado em 02032015 7Entendemos o letramento com uma praacutetica escolar correspondente a leitura e escrita da Liacutengua materna
(portuguesa) e estabelecimento dessa cultura na vida das crianccedilas ou seja do haacutebito do ler e escrever
27
(CALLAI 2005) Aleacutem disso possibilitar uma passagem tranquila entre a educaccedilatildeo
infantil e os anos iniciais do EF
Observa-se entretanto a inexistecircncia de uma poliacutetica nacional de alfabetizaccedilatildeo
para o segundo ciclo e do prosseguimento da linguagem aprendida Outros objetivos
para o Ensino Fundamental como ldquoa compreensatildeo do ambiente natural e social do
sistema poliacutetico da tecnologia das artes e dos valores que se fundamenta a sociedaderdquo
satildeo encontrados no Art 32 Inciso II da LDB (BRASIL 2010 p 47) Neste ponto
buscamos refletir sobre as contribuiccedilotildees do ensino de Geografia Procuramos apontar
alguns caminhos do ensino de Geografia no toacutepico a seguir aproximando-o de uma
concepccedilatildeo de alfabetizaccedilatildeo para aprendizagem do espaccedilo geograacutefico
12 GEOGRAFIA NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL
As praacuteticas escolares voltadas ao processo de ensino-aprendizagem de Geografia
nos anos iniciais do EF requerem pressupostos baacutesicos que auxiliam o professor nesta
etapa de ensino dessa forma a disciplina pode permitir o alcance dos objetivos
educacionais O processo de alfabetizaccedilatildeo e letramento da liacutengua portuguesa da crianccedila
a alfabetizaccedilatildeo geograacutefica (com os conceitos e princiacutepios da Geografia) alfabetizaccedilatildeo
cartograacutefica (por meio da Cartografia Escolar) e as tendecircncias do ensino (teorias
cognitivas) compotildeem os principais pressuposto para a Geografia
Refletir sobre o ensino-aprendizagem da Geografia nos anos iniciais do EF
tomando como referecircncia tais pressupostos possibilitaraacute a accedilatildeo do professor a mediar agrave
aprendizagem da construccedilatildeo de conceitos geograacuteficos Dessa forma a Geografia seraacute
um conhecimento uacutetil e contextualizado agraves praacuteticas cotidianas dos alunos
desenvolvendo habilidades como localizaccedilatildeo orientaccedilatildeo compreensatildeo da relaccedilatildeo entre
diferentes escalas geograacuteficas aspectos da sociedade e transformaccedilatildeo da natureza
construindo os fundamentos dessa disciplina
A alfabetizaccedilatildeo nos anos iniciais do EF deve considerar as experiecircncias
anteriores dos alunos tanto os conhecimentos adquiridos junto agrave famiacutelia como os
voltados a Educaccedilatildeo Infantil quando a tiver Mas eacute durante o Ensino Fundamental que
haveraacute o iniacutecio de outras teacutecnicas de interpretaccedilatildeo Explica Mendes (2010 p 47) que
ldquopor meio da leitura e da escrita a crianccedila comeccedila gradativamente a se apropriar dos
conhecimentos historicamente construiacutedos pela humanidaderdquo e eacute na escola na maioria
dos casos que a aprendizagem dessas teacutecnicas se realizaraacute
28
Lessan (2011 p 40) afirma que a alfabetizaccedilatildeo eacute um processo complexo longo
e contiacutenuo aleacutem disso a autora destaca que ldquoa tarefa essencial para o professor do
iniacutecio do Ensino Fundamental I eacute ajudaacute-lo [o aluno] a desenvolver o potencial de
expressatildeo oral e enriquecer o vocabulaacuterio antes de ensinar a escreverrdquo portanto a
alfabetizaccedilatildeo natildeo se limita aos primeiros anos do EF mas acompanha o curriacuteculo
escolar durante toda a Educaccedilatildeo Baacutesica
Acreditamos que a linguagem envolve um conteuacutedocontextotema que em
muitos casos eacute perdido pela natildeo compreensatildeo do significado das outras ciecircncias aleacutem
da liacutengua portuguesa no processo de alfabetizaccedilatildeo Borba amp Oliveira (2012 p 119 -
120) afirmam que entre os alunos do curso de Pedagogia eacute comum a compreensatildeo da
Geografia enquanto disciplina de memorizaccedilatildeo enumeraccedilatildeo classificatoacuteria e descritiva
ademais em muitos casos esses alunos ldquo[] apresentam dificuldades de entendimento
dos conceitos e procedimentos baacutesicos []rdquo da ciecircncia geograacutefica Perceber a Geografia
enquanto uma disciplina enciclopeacutedica diminui portanto a perspectiva de um trabalho
que agregue significado a palavra aprendida
Por outro lado natildeo eacute novidade para a educaccedilatildeo as contribuiccedilotildees da Geografia no
processo didaacutetico Os Paracircmetros Curriculares Nacionais (PCN) de Geografia para os
anos iniciais do EF contribuem para a compreensatildeo dessa ciecircncia realizando um resgate
histoacuterico epistemoloacutegico aleacutem de contribuir com orientaccedilotildees teoacuterico-metodoloacutegicas da
Geografia para o ensino explica Borba amp Oliveira (2012) Os PCN (BRASIL 1997 p
74) entendem que
A Geografia estuda as relaccedilotildees entre o processo histoacuterico que regula a
formaccedilatildeo das sociedades humanas e o funcionamento da natureza por meio
da leitura do espaccedilo geograacutefico e da paisagem [] a Geografia tem que
trabalhar com diferentes noccedilotildees espaciais e temporais bem como com os
fenocircmenos sociais culturais e naturais que satildeo caracteriacutesticos de cada
paisagem para permitir uma compreensatildeo processual e dinacircmica de sua
constituiccedilatildeo
Como parte do curriacuteculo escolar a Geografia pode auxiliar na alfabetizaccedilatildeo do
aluno pois de acordo com Straforini (2008 p 120)
[] eacute um meio de enriquecer o processo de alfabetizaccedilatildeo porque eacute no espaccedilo
geograacutefico que as crianccedilas tecircm as muacuteltiplas possibilidades da realidade Eacute
nele que a vida se faz Assim eacute no espaccedilo geograacutefico que as crianccedilas buscam
e encontram os siacutembolos e os seus significados
Autores como Straforini (2008) Mendes (2010) Lessan (2011) Castrogiovanni
amp Costella (2006) concordam que a alfabetizaccedilatildeo natildeo se limita a decifrar o coacutedigo da
liacutengua materna mas na possibilidade de relacionaacute-la a tomada de decisotildees referentes ao
29
espaccedilo geograacutefico A relaccedilatildeo entre a alfabetizaccedilatildeo e o ensino de Geografia eacute entendida
por diferentes sinocircnimos ldquoAlfabetizaccedilatildeo em Geografiardquo como destaca Castellar (2000)
ldquoAlfabetizaccedilatildeo espacialrdquo retratado por Callai (2005) ou ainda ldquoAlfabetizaccedilatildeo
Geograacuteficardquo explicado por Borba amp Oliveira (2012)
A alfabetizaccedilatildeo geograacutefica aproxima os conteuacutedos temas e conceitos da
Geografia com uma leitura que natildeo se restringe aos procedimentos de escrita e leitura
textual ldquo[] tem por objetivo formar para a cidadania a partir dos elementos proacuteximos
do aluno e das interfaces local-globalrdquo (BORBA amp OLIVEIRA 2012 p 128)
Jaacute a constituiccedilatildeo da Alfabetizaccedilatildeo Geograacutefica por sua vez surge como processo
de ldquoalfabetizaccedilatildeo cartograacuteficardquo que ldquo[] permite uma alfabetizaccedilatildeo geograacutefica mais
eficiente mediante o desenvolvimento das habilidades operatoacuterias tiacutepicas do trabalho de
representaccedilatildeo graacutefica [uso da linguagem cartograacutefica]rdquo (CASTELLAR 2000 p 29)
Quando relacionamos essas trecircs concepccedilotildees de Alfabetizaccedilatildeo (Alfabetizaccedilatildeo da
liacutengua alfabetizaccedilatildeo geograacutefica e alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica) nos anos iniciais do EF
ampliamos a possibilidade de uma aprendizagem que considera o mundo e seu contexto
geograacutefico e histoacuterico Isto por sua vez ultrapassa a ideia da leituraescrita como
habilidade mecacircnica a alfabetizaccedilatildeo do ler e escrever (inclusive por mapas) eacute um meio
para a desenvolvimento do espiacuterito de cidadania e na reflexatildeo sobre o quecirc por quecirc e
para que se lecirc e escreve
Como eixo de articulaccedilatildeo entre as concepccedilotildees destacadas no paraacutegrafo anterior
destacamos Callai (2005) que reflete sobre o exerciacutecio de alfabetizaccedilatildeo pelas crianccedilas
nomeando o processo de ldquoleitura de mundordquo Os estudos de Callai (2005 2013)
consideram a importacircncia da clareza do professor ao ensinar Geografia apontando trecircs
razotildees (1) corresponde ao conhecimento do mundo e as informaccedilotildees pertencentes a ele
(2) conhecer o espaccedilo produzido pelo homem e (3) contribuir para a formaccedilatildeo do
cidadatildeo
Entender a leitura de mundo eacute considerar que desde o nascimento a crianccedila
adquire experiecircncias espaciais e que elas possibilitam a superaccedilatildeo dos obstaacuteculos
desvendando pouco a pouco a visatildeo linear a respeito do mundo Por meio da realidade
vivida cotidianamente ela avanccedila no reconhecimento da percepccedilatildeo e complexidade do
mundo (CALLAI 2005)
No processo de leitura de mundo a crianccedila desenvolve tambeacutem representaccedilotildees
espaciais estas por conseguinte se aproximam da alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica Lessan
(2011 p 58) compreende que ldquorepresentar eacute essencial para adquirir conhecimentos
30
uma vez que qualquer conhecimento passa por uma representaccedilatildeo mental para que a
imagem mental possa ser assimiladardquo logo o espaccedilo vivido percebido imaginado e
concebido satildeo modos de pensar a vida cotidiana Katuta (2001 p 179) corrobora com
esta discussatildeo apontando que
A humanidade desde os seus primoacuterdios segundo consta em vaacuterios
documentos sempre representou seu espaccedilo vivido Por isso ao longo da
construccedilatildeo histoacuterica do que hoje denominamos grosso modo por
representaccedilotildees cartograacuteficas verificamos vaacuterias tentativas de se representar
saberes sobre os territoacuterios
Dentre as vaacuterias descobertas pelo homem sobre a representaccedilatildeo do espaccedilo
vivido citamos como exemplo os estudos de Claval (2011) que relatam que na Greacutecia
antiga por volta do seacuteculo V a C pensadores como Heroacutedoto Hiparco e Ptolomeu jaacute
recorriam aos campos da matemaacutetica astronomia e astrologia para estabelecer
representaccedilotildees da Terra calcular dimensotildees e registrar fenocircmenos geograacuteficos
observados Desse modo eacute niacutetido que as representaccedilotildees natildeo se apresentam de forma
linear tampouco desarticulada do mundo A dimensatildeo espacial histoacuterica e cultural
auxilia a construccedilatildeo dos significados sobre os lugares e as comunidades que nela
habitam
Contudo a educaccedilatildeo escolar natildeo pode basear-se apenas nas experiecircncias vividas
dos alunos Dessa forma segundo Cavalcanti (2014) o que se apresenta como proposta
para a praacutetica do ensino de Geografia eacute a reflexatildeo sobre a espacialidade explica a autora
que eacute papel desta ciecircncia
[] prover bases e meios de desenvolvimento e ampliaccedilatildeo da capacidade dos
alunos de apreensatildeo da realidade do ponto de vista da espacialidade ou seja
de compreensatildeo do papel do espaccedilo nas praacuteticas sociais e destas na
configuraccedilatildeo do espaccedilo [] o pensar geograacutefico contribui para a
contextualizaccedilatildeo do proacuteprio aluno como cidadatildeo do mundo em que vive
desde a escala local agrave regional nacional e mundial O conhecimento
geograacutefico eacute pois indispensaacutevel agrave formaccedilatildeo de indiviacuteduos participantes da
vida social agrave medida que propicia o entendimento do espaccedilo geograacutefico e do
papel desse espaccedilo nas praacuteticas sociais (CAVALCANTI 2014 p 11)
De acordo com a citaccedilatildeo apresentada compreendemos que o conhecimento
cientiacutefico de Geografia deve ser primordialmente ensinado no espaccedilo escolar
Conceitos geograacuteficos como espaccedilo territoacuterio regiatildeo lugar cotidiano paisagem entre
outros satildeo pautas do curriacuteculo escolar devendo estar articulados a temas e
metodologias de trabalho para que o aluno reflita e se identifique enquanto cidadatildeo
participando e construindo sua identidade
31
O conceito de lugar eacute uma das referecircncias para o ensino de Geografia nos anos
iniciais do EF Conforme os PCN o lugar consiste na dimensatildeo espacial mais proacutexima
do aluno onde constroacutei sua relaccedilatildeo de identidade O documento tambeacutem argumenta que
o ldquo[] lugar traduz os espaccedilos com os quais as pessoas tecircm viacutenculos mais afetivos e
subjetivos que racionais e objetivos []rdquo (BRASIL 1997 p 76)
Nessa mesma linha de raciociacutenio afirma Tuan (1983) que a experiecircncia constroacutei
a realidade segundo ele a praacutetica cotidiana permite aos sujeitos acumular informaccedilotildees
ao longo do tempo construindo memoacuterias estabelecendo laccedilos afetivos com o espaccedilo
Assim a experiecircncia implica a capacidade de aprender significa atuar sobre
o dado e criar a partir dele O dado natildeo pode ser construiacutedo em sua essecircncia
O que pode ser conhecido eacute uma realidade que eacute construto da experiecircncia
uma criaccedilatildeo de sentimento e pensamento (TUAN 1983 p 10)
Eacute necessaacuterio compreender que a praacutetica o contato direto com o espaccedilo permite
segundo os apontamentos de Tuan as possibilidades para construccedilatildeo do conceito de
lugar Diante disso Callai (2005 p 240) admite que ldquoler o mundo a partir do lugar eacute o
desafiordquo Mediante os apontamentos realizados por Tuan (1983) e Callai (2005)
reconhecemos a importacircncia da realidade concreta do espaccedilo vivido do aluno como
ponto de partida para a leitura de mundo Desta forma precisamos entender que o lugar
[] natildeo eacute apenas um quadro de vida mas um espaccedilo vivido isto eacute de
experiecircncia sempre renovada o que permite ao mesmo tempo a reavaliaccedilatildeo
das heranccedilas e a indagaccedilatildeo sobre o presente e o futuro A existecircncia naquele
espaccedilo exerce um papel revelador sobre o mundo (SANTOS 2006 p 114)
Em outro texto Santos (2009) esclarece que a discussatildeo do conceito de lugar
deve ser compreendida mediante o processo de globalizaccedilatildeo apontando que fenocircmenos
poliacuteticos econocircmicos e ou sociais contribuem para definir o contexto histoacuterico
espacial e cultural dos lugares Desta forma cabe ao professor compreender que natildeo haacute
dois lugares no mundo totalmente idecircnticos mas que podem conter traccedilos semelhantes
e que todo lugar faz parte de um contexto da totalidade espacial
Autores como Lessan (2011) Mendes (2010) e Campos amp Buitoni (2010)
relatam que eacute necessaacuterio que as atividades relacionadas agrave construccedilatildeo dos conceitos pelos
alunos tenham como ponto de partida o espaccedilo vivido e desenvolva exerciacutecios de
observaccedilatildeo descriccedilatildeo levantamento de hipoacuteteses e explicaccedilotildees comparaccedilatildeo
representaccedilatildeo interpretaccedilatildeo e pesquisa sobre o tema estudado Segundo Mendes (2010
p 52 - 53) eacute possiacutevel considerar que
32
[] nos anos iniciais do Ensino Fundamental eacute possiacutevel ldquolevar o mundordquo
para a sala de aula criando uma interaccedilatildeo do aluno com aspectos de outros
lugares e a observaccedilatildeo de diferentes paisagens do Planeta possibilitando a
ele perceber que a geografia estaacute inserida em vaacuterias situaccedilotildees do dia a dia
Argumenta Callai (2005) Straforini (2008) Mendes (2010) e Lessan (2011) que
mesmo sendo necessaacuterio iniciar o trabalho a partir do espaccedilo de vivencia do aluno (o
lugar) natildeo devemos nos reduzir a essa escala de anaacutelise Aleacutem disso os autores apontam
que a escala natildeo deveria se restringir a meacutetodos que organizem os conteuacutedos mediante
propostas dos ciacuterculos concecircntricos (que discutem as escalas casa ndash bairro ndash municiacutepio
ndash estado ndash paiacutes e mundo isoladamente) mas mediante o contexto dos conteuacutedos e
objetivos propostos pelo professor
Neste sentido o processo de construccedilatildeo de conceitos eacute para Straforini (2008 p
92) entender que o espaccedilo geograacutefico eacute composto por diferentes escalas que natildeo satildeo
uacutenicas ou isoladas pois ldquo[] eacute impossiacutevel esconder das crianccedilas o mundo quando as
informaccedilotildees lhes satildeo passadas no exato instante do seu acontecimentordquo8 Observamos
em nosso contexto de pesquisa que o professor apoacutes contextualizar a noccedilatildeo de lugar
com o aluno pode levantar outras provocaccedilotildees apresentando outras escalas geograacuteficas
como a regional questionando e mediando o aluno a pensar sobre o mundo construindo
uma reflexatildeo criacutetica do espaccedilo
Ao levarmos em consideraccedilatildeo este argumento observamos que as orientaccedilotildees
didaacuteticas nacionais tambeacutem indicam o trabalho com outros conceitos Os PCN destacam
entre seus objetivos comuns para as aulas de Geografia e Histoacuteria ldquoconhecer
caracteriacutesticas fundamentais do Brasil nas dimensotildees sociais materiais e culturais como
meio para construir progressivamente a noccedilatildeo de identidade nacional e pessoal e o
sentimento de pertinecircncia ao Paiacutesrdquo (BRASIL 1997 p 09)
Recorrer a outras escalas de compreensatildeo permite natildeo nos reduzirmos ao
imediato local entendendo que
A crianccedila faz parte do mundo e os lugares por mais distantes que sejam por
fazerem parte da histoacuteria familiar e cultural do aluno podem natildeo ser
abstratos [] desse modo ao observar uma foto ou ver televisatildeo uma
paisagem por exemplo mesmo sem conhecer fisicamente o lugar a crianccedila
pode identificar aspectos de sua organizaccedilatildeo espacial Trabalhando nesta
8 Em decorrecircncia das miacutedias como a televisatildeo o raacutedio e a internet as informaccedilotildees de diferentes partes
mundo satildeo dadas mas isso natildeo corresponde necessariamente a um conhecimento acerca de tal
fenocircmeno A escola pode contextualizar a notiacutecia e evidenciar as possibilidades de aprendizagem acerca
do fato
33
perspectiva o ensino de geografia possibilita ao educando sentir-se
pertencente a um lugar que eacute resultado das relaccedilotildees entre sociedade e
natureza formando um todo do qual ele proacuteprio faz parte e no qual suas
accedilotildees interferem (MENDES 2010 p 53)
Ao trabalhar com os princiacutepios do conceito de regiatildeo por exemplo o aluno pode
adquirir habilidades essenciais para o desenvolvimento de sua aprendizagem A este
respeito Campos amp Buitoni (2010 p 89) afirmam que
Pensar a regiatildeo [] implica raciocinar sobre ldquoum recorte uma porccedilatildeo do
espaccedilo terrestrerdquo um ldquosubespaccedilo de gestatildeo territorialrdquo ldquoum espaccedilo marcado
por relaccedilotildees cotidianasrdquo ldquoum espaccedilo vivido que se apoia em sua construccedilatildeo
material e nas relaccedilotildees com o entornordquo ou outras concepccedilotildees conforme o
objetivo do estudo (acadecircmico escolar ou planejamento) e os pressupostos
teoacuterico-metodoloacutegicos adotados
Entende-se desse modo a que o lugar tambeacutem eacute uma construccedilatildeo histoacuterica que
natildeo se restringe a sua escala de compreensatildeo dessa forma ao longo do percurso dos
anos iniciais do EF mais precisamente no segundo ciclo os alunos poderatildeo reconhecer
mudanccedilas e permanecircncias espaccedilo-temporais em escalas diversas permitindo construir
habilidades como ldquoentender a distribuiccedilatildeo espacial das principais elementos do espaccedilo
(regiotildees estado)rdquo (LESSAN 2011 p 79)
Ainda em se tratando desse assunto Campos amp Buitoni (2010) afirmam que a
construccedilatildeo da noccedilatildeo de conceitos como regiatildeo eacute um processo contiacutenuo que natildeo se
restringe aos anos iniciais do EF Deste modo o aluno constroacutei definiccedilotildees provisoacuterias
do conceito pensando o uso do conceito de lugar e regiatildeo de acordo com as
possibilidades cognitivas da situaccedilatildeo escolar e do contexto do tema discutido
Desse modo o ensino de Geografia nos anos iniciais do EF tem a possibilidade
de integrar trecircs concepccedilotildees de alfabetizaccedilatildeo (da liacutengua geograacutefica e cartograacutefica) cada
uma delas articulada a uma base comum que eacute a leitura de mundo Entendemos que
esse processo pode iniciar-se por qualquer um dos tipos de alfabetizaccedilatildeo destacado
Pretendemos no proacuteximo toacutepico esclarecer o que eacute a Cartografia Escolar e
posteriormente nossa compreensatildeo acerca da alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica e seu auxiacutelio
nas aulas de Geografia no intuito de promover um melhoramento qualitativo nos iacutendices
de aprendizagem dos educandos envolvidos no processo bem como refletir sobre o
papel do educador no mesmo
34
13 CARTOGRAFIA ESCOLAR E SEUS CONTEXTOS NO ENSINO DE
GEOGRAFIA
Desde os primeiros registros encontrados pelos historiadores sobre o
desenvolvimento humano vaacuterios foram os desenhos encontrados que remontam agrave
percepccedilatildeo sobre a representaccedilatildeo do espaccedilo geograacutefico Francischett (2004) comenta que
a arte de traccedilar mapas iniciou-se no seacuteculo VI a C com funccedilotildees voltadas a navegaccedilatildeo e
militar Jolly (1990) por sua vez argumenta por meio da definiccedilatildeo adotada pela
Associaccedilatildeo Cartograacutefica Internacional que a Cartografia eacute um conjunto de operaccedilotildees
cientiacuteficas artiacutesticas e teacutecnicas que possibilita a elaboraccedilatildeo de mapas planos e outros
meios de representaccedilatildeo da superfiacutecie terrestre
Jolly (1990) e Fitz (2008) consideram a Cartografia como uma ciecircncia de
seleccedilatildeo organizaccedilatildeo e sistematizaccedilatildeo de informaccedilotildees relacionadas ao espaccedilo
geograacutefico utilizada para diferentes fins Foram justamente estes avanccedilos tecnoloacutegicos
que permitiram ampliar os conhecimentos sobre a forma e dimensatildeo da Terra Aleacutem
disso percebemos que muitos princiacutepios baacutesicos satildeo utilizados ainda hoje a exemplo da
localizaccedilatildeo orientaccedilatildeo e escala (dimensatildeo) da representaccedilatildeo do espaccedilo real O mapa
demonstra uma das possiacuteveis imagens do terreno Em siacutentese ldquo[] eacute uma simplificaccedilatildeo
da realidaderdquo (JOLLY 1990 p 07)
Atualmente estaacute ciecircncia eacute um importante eixo de pesquisa e estudo relacionado
ao ensino de Geografia denominado de Cartografia Escolar Tambeacutem conhecida como
Cartografia para crianccedilas e escolares a Cartografia Escolar tecircm como diferencial a
constituiccedilatildeo de um saber que articula as aacutereas da Cartografia Educaccedilatildeo e Geografia
(ALMEIDA 2011) Eacute evidente sua presenccedila em livros didaacuteticos e paradidaacuteticos de
Geografia nos documentos e orientaccedilotildees pedagoacutegicas brasileiras como os Paracircmetros
Curriculares Nacionais ndash PCN (1997)
Uma das questotildees fundamentais para se compreender as propostas relacionadas
agrave Cartografia Escolar eacute identificar diferenccedilas correspondentes ao uso e interpretaccedilatildeo dos
mapas pelas crianccedilas e adultos De acordo com Oliveira (1978) haacute uma grande
importacircncia no desenvolvimento da Cartografia ao longo da histoacuteria humana aleacutem
disso indaga sobre a utilizaccedilatildeo dos mapas na escola e a realizaccedilatildeo de materiais
cartograacuteficos realizados por adultos para a interpretaccedilatildeo pelas crianccedilas
A tese de livre docecircncia de Oliveira (1978) ldquoEstudo metodoloacutegico e cognitivo do
mapardquo aproxima o puacuteblico da Teoria Cognitiva ou Epistemologia Geneacutetica de Piaget e
35
seus colaboradores contribui com estudos de autores norte - americanos e europeus que
em meados de 1980 natildeo eram acessiacuteveis a classe de professores brasileiros
Uma das grandes contribuiccedilotildees dos estudos de Oliveira (1978) encontra-se nos
mecanismos perceptivos e cognitivos das crianccedilas e aponta que o ato de mapear
possibilita a preparaccedilatildeo do aluno para compreensatildeo de mapas
Ao longo das uacuteltimas deacutecadas a Cartografia Escolar apresenta-se entre um dos
significativos nuacutecleos de pesquisa voltado ao Ensino de Geografia no Brasil A
investigaccedilatildeo de Pinheiro (2005) cataloga dissertaccedilotildees e teses relacionadas ao Ensino de
Geografia e demonstra as temaacuteticas de pesquisa entre o periacuteodo 1967 a 2003 As
representaccedilotildees espaciais (trabalhos correspondentes a Cartografia Escolar) constituem
no feixe temporal supramencionado um expressivo nuacutemero de trabalhos o maior
registrado A Figura 01 sintetiza esta informaccedilatildeo
FIGURA 01 - FOCOS TEMAacuteTICOS DE PESQUISAS REALIZADAS NA AacuteREA DE
GEOGRAFIA ESCOLAR (1967 ndash 2003)
Fonte PINHEIRO 2005 p 81
Observamos que dos 281 trabalhos apresentados entre dissertaccedilotildees e teses 49
correspondem agraves representaccedilotildees espaciais As pesquisas desenvolvidas referendam
teacutecnicas e metodologias como mapas graacuteficos atlas loacutegica de localizaccedilatildeo e orientaccedilatildeo
espacial que natildeo se restringem a educaccedilatildeo formal (escolar) Investigam as
representaccedilotildees e percepccedilotildees do espaccedilo geograacutefico por crianccedilas e jovens diferenciando-
se em seus meacutetodos de investigaccedilatildeo (PINHEIRO 2005)
39 4038
31 31
2119 20
14 15
910
52
6 53 2
04
2 1
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
Mestrado
Doutorado
36
Apontamos que a discussatildeo estabelecida por Oliveira (1978) contribuiu para esta
reflexatildeo do mapa natildeo como instrumento mnemocircnico (por meio do simples decalque
pintura e lista de nomes de cidades ou paiacuteses) permitindo que outros autores
progredissem na investigaccedilatildeo do ensino do mapa como recurso para o raciociacutenio
geograacutefico popularizando-o
O mapa dessa maneira ganha status como recurso didaacutetico nas atividades
relacionadas agrave Geografia em sala de aula Eacute inserido no curriacuteculo escolar assim como eacute
introduzido nos cursos de formaccedilatildeo de professores de Geografia e Pedagogia atribui-se
significantes avanccedilos no campo do ensino de Geografia (FRANCISCHETT 2004
ALMEIDA amp PASSINI 2010 RICHTER 2010)
Neste sentido questionamos por que utilizar os mapas no ensino-aprendizagem
de Geografia Em que estes estudos contribuem para esse processo Para Oliveira
(1978) o mapa deve ser compreendido atraveacutes de sua abordagem geograacutefica Nestas
condiccedilotildees eacute fundamental responder a questatildeo onde Que se desdobra em outras quatro
perguntas a saber O quecirc Quando Como E por quecirc
A geografia como toda ciecircncia tem por tarefa descrever analisar e predizer
os acontecimentos terrestres A descriccedilatildeo anaacutelise ou prediccedilatildeo geograacutefica dos
fenocircmenos eacute sempre realizada tendo em vista as suas coordenadas espaciais
Como o conceito geograacutefico de espaccedilo coincide com o de toda Terra o
geoacutegrafo teve necessidade de recorrer agrave representaccedilatildeo da superfiacutecie terrestre
para realizar seus estudos (OLIVEIRA 1978 p 17)
Sobre as finalidades do mapa satildeo destacados inuacutemeros usos os quais se destaca
o da localizaccedilatildeo a relaccedilatildeo espacial visto que ldquoa necessidade de localizar-se e orientar-se
se manifesta em termos de defesa seguranccedila e movimentaccedilatildeordquo (OLIVEIRA 1978 p
19) O mapa eacute tratado nesta perspectiva como uma forma de comunicaccedilatildeo graacutefica
constituiacutedo por uma linguagem proacutepria de comunicaccedilatildeo de expressatildeo espacial de
determinado objeto de estudo a linguagem cartograacutefica
Trabalhos posteriores a exemplo de Almeida amp Passini (2010) discutem o
desenvolvimento das garatujas rabiscos das crianccedilas para a representaccedilatildeo espacial O
reconhecimento dos traccedilados e formas geomeacutetricas (ciacuterculo quadrado retacircngulo e
triacircngulo) e espaciais (casa aacutervore praccedila figuras humanas etc) eacute interpretes da
percepccedilatildeo dos alunos Essa compreensatildeo eacute importante para o processo de
desenvolvimento metodoloacutegico do mapa Agora o aluno natildeo eacute visto apenas como um
leitor de mapas mas um produtor de mapa Considera-se o espaccedilo dialoacutegico em que o
conhecimento eacute produzido internalizado e socializado
37
Ao mapear o estudante desenvolve habilidades como o ato de observar
representar comparar sintetizar interpretar e verbalizar Estas seriam algumas
capacidades dos alunos em mobilizar suas habilidades (saber fazer) seus conhecimentos
geograacuteficos e suas atitudes (saber ser) para solucionar determinadas situaccedilotildees
problemas agrave qual poderemos entender por competecircncias (ANDREIS 1999)
A linguagem cartograacutefica como aponta os PCN (1997)
[] eacute uma forma de atender a diversas necessidades das mais cotidianas
(chegar a um lugar que natildeo se conhece entender o trajeto dos mananciais
por exemplo) agraves mais especiacuteficas (como delimitar aacutereas de plantio
compreender zonas de influecircncia do clima) A escola deve criar
oportunidades para que os alunos construam conhecimentos sobre essa
linguagem nos dois sentidos como pessoas que representam e codificam o
espaccedilo e como leitores das informaccedilotildees expressas por ela
Destarte fica niacutetida a importacircncia da articulaccedilatildeo dos conhecimentos de
Geografia apreendidos com a vivecircncia dos alunos representados por meio dos mapas
Aleacutem disso percebemos que as necessidades cotidianas natildeo se restringem aos
conhecimentos relacionados ao espaccedilo vivido mas de todas as relaccedilotildees estabelecidas
com o mundo enfatizando a relaccedilatildeo lugar - mundo em sua totalidade Ler representar e
codificar elementos do espaccedilo eacute um processo dialeacutetico para o desenvolvimento
cognitivo dos alunos como veremos no proacuteximo item
131As propostas de Piaget voltada a Cartografia Escolar
O desenvolvimento do trabalho de Piaget (2007) privilegiou estudos sobre o
processo de aprendizagem considerando a influecircncia do meio externo A progressatildeo de
suas pesquisas ocorre em uma eacutepoca em que as teorias associacionistas e empiristas
destacavam os estiacutemulos do ambiente como atitude do desenvolvimento da experiecircncia
humana Investigou a capacidade da construccedilatildeo do conhecimento cientiacutefico e como a
aprendizagem se altera no decorrer da vida humana
Em busca de suas respostas realiza trabalhos com diferentes colaboradores
desenvolvendo uma teoria cognitiva9 Estes trabalhos por sua vez reconhecem o papel
9Bock Furtado amp Teixeira (2008 p 134) consideram a cogniccedilatildeo enquanto um ldquoProcesso atraveacutes do qual
o mundo de significados tem origem Agrave medida que o ser se situa no mundo estabelece relaccedilotildees de
significaccedilotildees isto eacute atribui significados agrave realidade em que se encontra Esses significados natildeo satildeo
entidades estaacuteticas mas pontos de partida para a atribuiccedilatildeo de outros significados Tem origem entatildeo a
38
da organizaccedilatildeo proacutepria dos sujeitos a experiecircncia sensiacutevel onde os estiacutemulos do meio
conduziriam a atividade interna dos indiviacuteduos Nestes termos
[] a inteligecircncia eacute uma adaptaccedilatildeo ndash eacute assimilaccedilatildeo pois incorpora dados da
experiecircncia do indiviacuteduo e eacute ao mesmo tempo acomodaccedilatildeo uma vez que o
sujeito modifica suas estruturas mentais para incorporar os novos elementos
da experiecircncia (BOCK FURTADO amp TEIXEIRA 2008 p 134)
Percebe-se portanto que o saldo das trocas dialeacuteticas entre indiviacuteduo e ambiente
possibilitaria o desenvolvimento da inteligecircncia ao longo da vida Piaget (2007)
estabelece trecircs niacuteveis sensoriomotores ndash preacute-operatoacuterio operatoacuterio e operaccedilotildees formais
ndash indicando a adaptaccedilatildeo do sujeito inicialmente por seus instintos de sobrevivecircncia e
posteriormente pela construccedilatildeo gradual mediante a experiecircncia
Piaget (2007) desenvolve inuacutemeros estudos entre eles sobre a linguagem e
pensamento inteligecircncia raciociacutenio aprendizagem e conhecimento e construccedilatildeo do
espaccedilo Entre todas estas investigaccedilotildees a uacuteltima citada estaacute relacionada agrave gecircnese da
representaccedilatildeo espacial a partir de uma perspectiva matemaacutetica e geomeacutetrica do espaccedilo
O trabalho escrito por Piaget amp Inhelder (1993) consiste na principal base teoacuterica para
os estudos relacionados agrave Cartografia Escolar
Esta abordagem repercute ateacute hoje a exemplo dos estudos de Almeida amp Passini
(2010) e Ribeiro amp Marques (2001) para o processo de construccedilatildeo e compreensatildeo dos
mapas no Ensino Fundamental Foi por meio das relaccedilotildees espaciais tambeacutem conhecidas
por noccedilotildees espaciais topoloacutegicas projetivas e euclidianas que se propuseram
metodologias e didaacuteticas voltadas ao ensino-aprendizagem de Geografia
Em siacutentese a relaccedilatildeo topoloacutegica eacute desenvolvida quando haacute propostas para a
fundamentaccedilatildeo de atividade no que se refere agrave identificaccedilatildeo de posiccedilotildees e referenciais
elementares ou seja empregada uma das principais funccedilotildees da representaccedilatildeo
cartograacutefica a localizaccedilatildeo
Ribeiro amp Marques (2001 p 59) enfatizam que ldquoa princiacutepio o espaccedilo eacute para a
crianccedila apenas o espaccedilo da accedilatildeo um espaccedilo praacutetico que se manifesta atraveacutes de suas
accedilotildeesrdquo Normalmente desenvolve-se nesta fase atividades que exercite experiecircncias
corporais enfatizando relaccedilotildees como dentro fora perto longe agrave frente atraacutes etc10
estrutura cognitiva (os primeiros significados) constituindo-se nos lsquopontos baacutesicos de ancoragemrsquo dos
quais derivam outros significadosrdquo 10Castrogiovanni amp Costella (2006) Almeida amp Passini (2010) Passini (2010) propotildeem diferentes
atividades que auxiliam a construccedilatildeo destas noccedilotildees pelas crianccedilas
39
As propostas associadas agraves relaccedilotildees projetivas favoreceriam a percepccedilatildeo da
mudanccedila de perspectiva sobre o objeto observado influenciando a grafia do objeto
quando desenhado O mesmo objeto pode ser percebido em sua dimensatildeo (ou ponto de
vista) lateral vertical ou obliacutequo
Por convenccedilatildeo o mapa existente eacute geralmente representado verticalmente
Segundo Richter (2004 p 68) as ldquo[] noccedilotildees projetivas visa colaborar na compreensatildeo
das perspectivas e projeccedilotildees que o mapa possui demonstrando para o aluno que as
representaccedilotildees cartograacuteficas respeitam a perspectiva utilizadardquo Nestas condiccedilotildees a
proposta eacute que todos os elementos a serem representados obedeccedilam a uma soacute
perspectiva a vertical
Passini (2012) esclarece que as relaccedilotildees euclidianas correspondem agrave introduccedilatildeo
em medidas de tamanho e proporcionalidade No mapa corresponde agrave escala espacial e
numeacuterica ndash relaccedilatildeo entre o real (dimensatildeo espacial) e o abstrato (representaccedilatildeo)
Partindo do estudo de Almeida amp Passini (2010) podemos ainda concluir que para o
mapa esta relaccedilatildeo possibilita o envolvimento da perspectiva e coordenadas geograacuteficas
no plano espacial localizando e orientando por meio de referenciais abstratos
O processo metodoloacutegico de elaboraccedilatildeo do mapa pela crianccedila estaacute
contextualizado nas relaccedilotildees espaciais Segundo a perspectiva piagetiana elas
repercutem no processo metodoloacutegico de desenvolvimento de recursos cartograacuteficos
(croquis desenhos mapas e maquetes) Com a intenccedilatildeo de correlacionar as propostas
metodoloacutegicas para a construccedilatildeo do mapa ao ensino de Geografia elaboramos o Quadro
01 Ele sintetiza por meio da visatildeo de alguns autores a leitura piagetiana para cada
fase atividades relacionadas agrave Cartografia Escolar conteuacutedos e as relaccedilotildees espaciais
40
QUADRO 1 - OPERACcedilOtildeES MENTAIS PARA O DESENVOLVIMENTO DA LEITURA DE MAPAS
PERIacuteODOS DE DESENVOLVIMENTO COGNITIVO RELACcedilOtildeES ESPACIAIS ELEMENTOS
CARTOGRAacuteFICOS
ATIVIDADES RELACIONADAS Agrave
CARTOGRAFIA ESCOLAR
PREacute-OPERATOacuteRIO
Primeiras noccedilotildees espaciais
Construccedilatildeo via sentidos atraveacutes de um contato direto
com o objeto
RELACcedilAtildeO SIGNIFICANTE
SIGNIFICADO
Siacutembolos e legendas
Mapa do corpo (onde os alunos podem
mapear o proacuteprio corpo em uma folha de
papel)
Banho de papel
OPERATOacuteRIO
Iniacutecio do aparecimento da funccedilatildeo simboacutelica
Utilizaccedilatildeo de representaccedilotildees
Aparecircncia dos fenocircmenos
Representaccedilotildees estatiacutesticas (a crianccedila natildeo consegue
refazer a ordem inversa dos acontecimentos)
RELACcedilOtildeES TOPOLOacuteGICAS
Vizinhanccedila proximidade
separaccedilatildeo envolvimento
interioridade exterioridade
Limites e fronteiras
Realizaccedilatildeo de maquetes
Planta da sala de aula
Trajeto casa-escola Noccedilotildees de esquerda e direita satildeo consideradas apenas
do ponto de vista do observador
Representaccedilotildees dinacircmicas (representam tambeacutem em
ordem inversa)
OPERACcedilOtildeES FORMAIS
Localiza quando o objeto estaacute agrave sua direita ou agrave direita
do outro
Introduccedilatildeo da noccedilatildeo de perspectiva
RELACcedilOtildeES PROJETIVAS
Esquerda direita em cima
embaixo agrave frente atraacutes
Escala e coordenadas
geograacuteficas Orientaccedilatildeo espacial (A partir do sol ou
buacutessola)
Realizaccedilatildeo de plantas ndash mapas de grande
escala - mediante fita meacutetrica e reacutegua
Analise na completa ausecircncia do objeto
Passagem da accedilatildeo agrave operaccedilatildeo
Considera que os objetos estatildeo agrave esquerda - direita uns
dos outros
Superaccedilatildeo egocentrismo - descentralizaccedilatildeo
RELACcedilOtildeES EUCLIDIANAS
Relaccedilotildees meacutetricas comprimento
altura largura
Sistema de coordenadas
Projeccedilotildees cartograacuteficas e
orientaccedilatildeo geograacutefica
Fonte PASSINI apud RICHTER (2010) p 44 - 45 RIBEIRO amp MARQUES (2001) CASTROGIOVANNI amp COSTELLA (2006) ALMEIDA amp PASSINI (2010)
PASSINI (2012)
41
Eacute observado no quadro 01 (p 40) que para cada periacuteodo de desenvolvimento
cognitivo dos alunos haacute intenccedilotildees no que se refere ao desenvolvimento de relaccedilotildees
espaciais e elementos cartograacuteficos Passini apud Richter (2010) e Passini (2012)
destacam elementos cartograacuteficos e atividades didaacuteticas para a construccedilatildeo das relaccedilotildees
espaciais outros autores indicam atividades praacuteticas a exemplo do mapa do corpo
apresentado por Almeida amp Passini (2010) ou banho de papel por Castrogiovanni amp
Costella (2006)
No que se refere aos elementos apresentados no quadro 01 (p 40) o primeiro
periacuteodo de desenvolvimento cognitivo (preacute-operatoacuterio) indica a relaccedilatildeo entre a
representaccedilatildeo do corpo da crianccedila (significante - siacutembolo) e o corpo humano
(significado ndash o que o siacutembolo representa) possibilitando a construccedilatildeo de uma legenda
Aleacutem disso assim como na segunda atividade possibilita uma conexatildeo para as relaccedilotildees
topoloacutegicas
Posteriormente no periacuteodo operatoacuterio estas relaccedilotildees satildeo aprofundadas incluem-
se a discussatildeo dos limites e fronteiras bases na discussatildeo das escalas geograacuteficas ndash
municiacutepio estados regiatildeo paiacutes entre outras E finalmente as operaccedilotildees formais
quando as crianccedilas jaacute conseguem realizar uma descentralizaccedilatildeo de sua percepccedilatildeo
espacial contribuindo para o desenvolvimento da orientaccedilatildeo geograacutefica do uso de
escalas de reduccedilatildeo e coordenadas geograacuteficas
Como resultado foi desenvolvido propostas para o trabalho com mapas
existentes ou seja aqueles que possuem uma linguagem cartograacutefica composto por
ldquo[] um sistema de siacutembolos que envolvem proporcionalidade uso de signos ordenados
e teacutecnicas de projeccedilatildeordquo (PCN 1997 p 79) Esses envolvem tambeacutem discussotildees sobre
orientaccedilatildeo e localizaccedilatildeo espacial O princiacutepio eacute a capacitaccedilatildeo do aluno para a construccedilatildeo
do mapa e concomitantemente a leitura de produtos cartograacuteficos auxiliando a
ampliaccedilatildeo do conhecimento geograacutefico e soluccedilatildeo de problemas cotidianos
Com base nestas prerrogativas assinaladas no campo da Cartografia Escolar
seria possiacutevel a formaccedilatildeo de um ldquoleitor consciente da linguagem cartograacuteficardquo
(ALMEIDA amp PASSINI 2010 p 21) Agrave medida que o aluno realiza os mapas ele
participa do processo de construccedilatildeo de habilidades e conceitos referentes agrave elaboraccedilatildeo
de mapas possibilitando a leitura eficaz dos mapas existentes
Toda esta metodologia do desenvolvimento da aprendizagem do mapa que
enfatizamos anteriormente ficou conhecida como alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica Mediante
esses apontamentos Passini (2012 p 13) define
42
ldquoAlfabetizaccedilatildeo Cartograacuteficardquo eacute uma metodologia que estuda os processos de
construccedilatildeo de conhecimentos conceituais e procedimentais que desenvolvam
habilidades para que o aluno possa fazer as leituras do mundo por meio das
suas representaccedilotildees Eacute a inteligecircncia espacial e estrateacutegica que permite ao
sujeito ler o espaccedilo e pensar a sua Geografia O sujeito que desenvolve essas
habilidades para ser leitor eficiente de diferentes representaccedilotildees desenvolve o
domiacutenio espacial
Nestes termos conhecer a Cartografia Escolar eacute compreender as relaccedilotildees
existentes no espaccedilo e tempo permitindo ao aluno atender agraves necessidades que
apareceratildeo no seu cotidiano (natildeo restrita a realidade local) como traccedilar itineraacuterios
localizar lugares desenvolver formar conscientes de accedilatildeo no ambiente em que vive
dando-lhe por fim a possibilidade de planejar seu futuro
Sendo assim observamos que este processo de alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica
deveria iniciar-se desde os anos iniciais do EF tendo em vista que o fato de interpretar
e produzir mapas satildeo habilidades que se formam gradualmente Por meio dessa
alfabetizaccedilatildeo os alunos podem construir conceitos baacutesicos para interpretar e produzir
representaccedilotildees com proficiecircncia crescente
Natildeo haacute uma exclusividade da perspectiva piagetiana para a leitura e
metodologias para a realizaccedilatildeo de mapas Como expotildeem Richter (2010) estes estudos
atingem o ambiente escolar mediante os referenciais curriculares da produccedilatildeo de
materiais escolares (principalmente os livros didaacuteticos) Entretanto isso natildeo
corresponde necessariamente a uma mudanccedila desejada no trabalho docente e
conseguinte da compreensatildeo dos alunos acerca deste recurso Observa-se um limite
entre a proposta e sua execuccedilatildeo no trabalho docente
Em contrapartida outras propostas surgem voltadas para o ensino-aprendizagem
de Geografia nas escolas sem necessariamente desprivilegiar ou ldquosuperarrdquo os estudos
das relaccedilotildees espaciais Indubitavelmente com o avanccedilo da Cartografia surgem novas
sugestotildees para o trabalho docente Integra outras perspectivas epistemoloacutegicas e
metodoloacutegicas a respeito do desenvolvimento da aprendizagem dos sujeitos e da ciecircncia
cartograacutefica Verificaremos essas leituras e interpretaccedilotildees no toacutepico a seguir
14 A CARTOGRAFIA ESCOLAR E OUTRAS INTERPRETACcedilOtildeES PARA O
CONHECIMENTO DO ESPACcedilO
Apoacutes 30 anos de estudos o desenvolvimento relacionado a atividades com a
Cartografia Escolar possibilitaram pesquisadores como Oliveira (1978) Almeida amp
43
Passini (2010) Castrogiovanni amp Costella (2006) Castellar (2000) e Passini (2012)
afirmarem que mediante a alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica as crianccedilas estariam aptas ao
processo de leitura e interpretaccedilatildeo do mapa e consequentemente dos conhecimentos
relacionados agrave Geografia possibilitando desenvolver uma leitura de mundo
As pesquisas dos autores supracitados satildeo importantes pois valorizam e firmam
a posiccedilatildeo da representaccedilatildeo cartograacutefica nas praacuteticas escolares de Geografia ademais
parte de um mesmo vieacutes cartograacutefico o cartesiano Entretanto eacute importante lembrar que
ainda existem dificuldades no trabalho com essa perspectiva cartograacutefica na escola
principalmente nos anos iniciais do EF
A pesquisa de mestrado de Richter (2004) com alunos do uacuteltimo semestre do
curso de Pedagogia esclarece que muitos estudantes concluem o curso sem compreender
os processos metodoloacutegicos e cognitivos relacionados agrave alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica Os
discentes apontam e discutem a importacircncia do saber cartograacutefico nas praacuteticas escolares
muito embora quando interrogados natildeo consigam explicar os passos que possibilitaria
a accedilatildeo do ensino-aprendizagem da Cartografia Escolar
Mediante algumas experiecircncias no curso de Pedagogia da UFPB (ALMEIDA
2014) notamos que na maioria dos casos a leitura de orientaccedilotildees como os PCN (1997)
pelos professores estatildeo presentes apenas enquanto estudante universitaacuterio Visto a
obrigaccedilatildeo destas referecircncias pela academia Por outro lado haacute de se perceber que a
formaccedilatildeo presente nos cursos de Pedagogia eacute distinta a oferecida aos professores de
Geografia Os pedagogos tecircm apenas um semestre no maacuteximo um ano para
aprenderem tudo o que se refere ao ensino de Geografia inclusive as praacuteticas referentes
ao uso do mapa tornando essa relaccedilatildeo tecircnue quando eles se deparam com a sala de aula
Como resultado discute Pinheiro (2012) que as noccedilotildees espaciais satildeo trabalhadas
de forma descontextualizada do curriacuteculo escolar Os professores muitas vezes natildeo se
baseiam em um planejamento preacutevio ou apresentam um prosseguimento de uma
proposta para o ensino de Geografia A oportunidade de construir conceitos e de
relacionar a leitura de mundo eacute perdida em decorrecircncia de praacuteticas aleatoacuterias que natildeo se
baseiam em meacutetodos geograacuteficos
Pinheiro (2012) afirma que embora as noccedilotildees espaciais sejam trabalhadas em
sala de aula elas satildeo postas como parte da tradiccedilatildeo Satildeo usadas para disciplinar os
alunos as normas e regras escolares como a realizaccedilatildeo da fila a divisatildeo dos banheiros
para meninas e meninos e o lugar na sala de aula Opondo-se a esta praacutetica descrita
anteriormente julgamos necessaacuterio que a Cartografia Escolar deve estar atrelada a uma
44
tomada de consciecircncia do professor em relaccedilatildeo aos objetivos e ao posicionamento
metodoloacutegico do uso do mapa para as aulas de Geografia
Acreditamos que as praacuteticas da Cartografia tradicional no contexto escolar natildeo
podem se tornar a uacutenica referecircncia teoacuterico-metodoloacutegica Satildeo observados avanccedilos nessa
linha que permitiriam integrar outras praacuteticas para o ensino de Geografia Autores como
Teixeira11 (2001) Kozel (2002 2005) Katuta (2001) Girardi (2005) Raffestin (2007)
Lladoacute (2013) e Farinelli (2013) questionam e discutem a visatildeo de representaccedilatildeo espacial
em contextos tradicionais e progridem na avaliaccedilatildeo do mapa apontando novas
abordagens
A discussatildeo inicial estabelecida por Girardi (2005) destaca que a Cartografia
por anos eacute produzida mediante as regras da ordem da geometria e razatildeo positivista
Apresenta uma relaccedilatildeo entre a realidade e sua abstraccedilatildeo no papel O mapa enquanto
representaccedilatildeo permite compreender a dimensatildeo territorial por meio do proacuteprio
documento auxiliando na tomada de decisotildees e planejamento do espaccedilo urbano por
exemplo considerando a representaccedilatildeo como o proacuteprio objeto
Raffestin (2007 p 09 ndash 10) realiza criacuteticas em torno da Cartografia tradicional e
sua representaccedilatildeo por se constituir um significativo instrumento ideoloacutegico de poder
poliacutetico e militar ele menciona que
A representaccedilatildeo eacute triplamente uma moeda fiduciaacuteria12 em primeiro lugar ela
eacute a cristalizaccedilatildeo de um conjunto de valores e de normas de um sujeito
histoacuterico em seguida ela eacute o meio para se chegar a uma praacutetica e a um
conhecimento do real ou agrave praacutetica e a um conhecimento do imaginaacuterio e
enfim ela eacute um meio de acumulaccedilatildeo e de tesourizaccedilatildeo
Nas palavras do autor supracitado a carta (tipo de mapa geograacutefico de escala
meacutedia ou grande) tanto pode revelar verdades como mentiras sobre determinada
realidade espacial Nestas condiccedilotildees a representaccedilatildeo da superfiacutecie terrestre permite a
quem a detecircm e dela interpreta suas informaccedilotildees uma observaccedilatildeo geral do plano das
relaccedilotildees e organizaccedilotildees do territoacuterio e consequentemente uma accedilatildeo planejada sobre a
realidade apontando informaccedilotildees nem sempre verossiacutemeis mas um produto imaginaacuterio
intencional
Interpretando as palavras de Raffestin (2007) o ato de mapear natildeo eacute considerado
apenas no plano do conhecimento geograacutefico mas na posiccedilatildeo de organizaccedilatildeo espacial
11Uma observaccedilatildeo sobre a bibliografia deste trabalho eacute que Salete Kozel Teixeiraeacute citada durante esta
dissertaccedilatildeo de duas formas Teixeira e Kozel isso ocorre devido agrave mudanccedila do sobrenome da autora 12 Podemos considerar a expressatildeo ldquomoeda fiduciaacuteriardquo como um recurso de troca que garante seguranccedila
confianccedila na tomada de posiccedilatildeo do conhecimento para o sujeito
45
do domiacutenio do homem sobre o trabalho e o ambiente garantindo-lhe capital e poder As
caracteriacutesticas descritas segundo Lladoacute (2013) surgem com o advento da modernidade
e do Estado Naccedilatildeo ganhando prestiacutegio enquanto representaccedilatildeo espacial
O mapa nas condiccedilotildees a que se refere Raffestin (2007) e Lladoacute (2013) eacute
considerado legiacutetimo instrumento do governo Segundo Lladoacute (2013) poderiacuteamos
entender o mapa em dois momentos ideoloacutegicos distintos o primeiro destacaria o mapa
enquanto signo e o territoacuterio representado como significado O territoacuterio eacute um dado
original e o mapa uma abstraccedilatildeo uma imagem mais ou menos fiel do espaccedilo
Em um segundo momento Lladoacute (2013) e Farinelli (2013) demonstram que a
interpretaccedilatildeo sobre o mapa eacute transformada na modernidade pois haacute alteraccedilotildees culturais
Se antes o territoacuterio era a base para o mapeamento agora o mapa precede o territoacuterio
possibilitando a tomada de decisotildees planejamento criam-se inicialmente as fronteiras
fictiacutecias e depois as reais O Estado territorial moderno assume ldquo[] propriedades
geomeacutetricas e espaciais da projeccedilatildeo cartograacutefica algumas propriedades jaacute presentes na
definiccedilatildeo euclidiana de lsquoextensatildeorsquo espacialrdquo13 (LLADOacute 2013 p 242 ndash 243)
Segundo Lladoacute (2013 p 242 - 243) trecircs caracteriacutesticas estatildeo presentes no mapa
existente a ldquocontinuidaderdquo natildeo fragmentaccedilatildeo territorial ldquohomogeneidaderdquo o Estado e
consequentemente seu povo satildeo homogecircneos no que corresponde a cultura manipulam
os mesmo signos (liacutengua e consciecircncia histoacuterica) e ldquoisotropiardquo todos respondem ao
mesmo centro a capital do Estado14
Essa visatildeo eurocecircntrica do mundo da construccedilatildeo de mapas ocidentais
cientiacuteficos e contemporacircneo portanto ldquoverdadeirosrdquo haacute muito negligencia a confecccedilatildeo
de mapas primitivos histoacutericos e mentais por natildeo obedecerem a padrotildees de
normatizaccedilatildeo e leituras Girardi (2005 p 65) sintetiza esses fatores atraveacutes dos
seguintes pontos
1ordf ndash representaccedilatildeo cartograacuteficas verdadeiras satildeo aquelas construiacutedas com
rigor cientifico 2ordf ndash mapas satildeo produtos da evoluccedilatildeo histoacuterica da ciecircncia e da
13 [] propiedades geomeacutetricas y espaciales de La proyeccioacuten cartograacutefica unas propiedades presentes ya
em La definicioacuten euclidiana de laltltextensioacutengtgt espacial 14 Se os argumentos natildeo foram suficientes para convencer o leitor exemplos histoacutericos satildeo destacados
por Lladoacute (2013) e Farinelli (2013) os mapas utilizados por Benjamin Franklin George Washington e
Thomas Jeferson que promoveram a colonizaccedilatildeo das terras a Oeste dos Estados Unidos mediante a
divisatildeo territorial por meio da quadriacutecula cartograacutefica Outro exemplo mais proacuteximo historicamente e
geograficamente seria a construccedilatildeo de Brasiacutelia Cidade planejada na regiatildeo Centro-Oeste do Brasil
construiacuteda na deacutecada de 1950-60 durante o governo de Juscelino Kubitschek destaca-se aqui a realizaccedilatildeo
do plano piloto para a construccedilatildeo do Distrito Federal
46
tecnologia 3ordf ndash mapas soacute podem ser construiacutedos pelos que dominam todo
esse arcabouccedilo teacutecnico-cientiacutefico
Por outro lado a autora questiona
E os mapas das naccedilotildees indiacutegenas e de outras sociedades cujo referencial eacute
outro Natildeo satildeo mapas E os mapas turiacutesticos de propaganda imobiliaacuteria de
jornal A criacutetica corporativa resolveu essa questatildeo mudando o nome dessas
representaccedilotildees croquis mapa mental mapa ilustrativo Essa visatildeo
eurocecircntrica e elitista da cartografia em muito pouco contribuiacutea para avanccedilar
a discussatildeo sobre o mapa na Geografia (GIRARDI 2005 p 65)
A partir de Girardi (2005) questionamos no cenaacuterio contemporacircneo eacute possiacutevel
entender diferentes espacialidades de forma inteligente e humana em um mundo
globalizado regido por regras e direitos Haacute grupos ocupando distintas posiccedilotildees dentro
de uma mesma sociedade pessoas de diversas classes sociais etnias que residem em
diferentes lugares que possuem distintas profissotildees provenientes da imigraccedilatildeo e
comunidades tribais Natildeo seria equivocado afirmar que todos possuem a mesma leitura
de mundo Que satildeo todos iguais Ou ainda que expressatildeo a mesma relaccedilatildeo com o
ambiente
O que nos chama atenccedilatildeo natildeo eacute a aprendizagem do mapa em seu plano
cartesiano com normas e padrotildees pelo contraacuterio ressaltamos a importacircncia deste nas
atividades escolares visto sua forte expressatildeo e necessidade na vida contemporacircnea
Por outro lado eacute importante destacar que o mapa natildeo eacute um recurso neutro sua loacutegica eacute
composta por uma relaccedilatildeo que eacute historicamente e socialmente construiacuteda (KOZEL
2005)
Mediante o exposto Francischett (2012) relata uma mudanccedila epistemoloacutegica na
forma de interpretar a natureza da Cartografia correspondendo necessariamente a sua
didaacutetica metodologia do ensino de Geografia
Uma epistemologia com base na teoria social eacute mais apropriada para a
histoacuteria da Cartografia Ela mostraraacute que os mapas cientiacuteficos satildeo igualmente
produtos das regras da ordem da geometria e da razatildeo mas tambeacutem das
normas e valores da ordem social e da tradiccedilatildeo cultural (FRANCISCHETT
2012 p 93)
O mapa natildeo eacute uma ferramenta meramente teacutecnica ou mecacircnica Ela eacute carregada
de escolhas eacute portador de uma seleccedilatildeo das informaccedilotildees geograacuteficas Dito isto eacute
apresentada outra perspectiva do uso das representaccedilotildees geograacuteficas Kozel (2002) se
aventura em outras correntes epistemoloacutegicas oriundas da psicologia e discute o
conceito de representaccedilatildeo espacial para os estudos geograacuteficos Ela demonstra que
47
Caberia sobretudo agrave geografia das representaccedilotildees entender os processos que
submetem o comportamento humano tendo como premissa que este eacute
adquirido por meio de experiecircncias (temporal espacial e social) existindo
uma relaccedilatildeo direta e indireta entre essas representaccedilotildees e as accedilotildees humanas
ou seja entre as representaccedilotildees e o imaginaacuterio revolucionando a gecircnese do
conhecimento permitindo-nos compreender a diversidade inerente aacutes praacuteticas
sociais agraves mentalidades aos vividos (KOZEL 2002 p 215)
Partimos do princiacutepio que o mapa eacute um elemento da comunicaccedilatildeo logo este
recurso eacute portador de uma linguagem Eacute tambeacutem resultado de uma accedilatildeo colaborativa
visto que a aprendizagem ocorre por meio da participaccedilatildeo Neste caso eacute constatada uma
proximidade com linhas de estudo que discutem uma epistemologia do mapa voltada a
ldquoCartografia SocialCulturalrdquo (KOZEL 2002) que se relacionam com estudos de
pequenos grupos sociais e comunidades tradicionais brasileiras
Eacute de conhecimento de todos que no Brasil existem grupos indiacutegenas
quilombolas ciganos entre outros Dentre as caracteriacutesticas comuns das comunidades
grifadas estatildeo as condiccedilotildees econocircmicas de pobreza moradias distantes dos grandes
centros urbanos e dificuldades ao acesso a poliacuteticas governamentais Esses grupos
sociais o modo como eles lidam com a emoccedilatildeo e a razatildeo para mudar a realidade de vida
satildeo um dos desafios da ciecircncia para compreender essa realidade
Neste contexto experiecircncias com a Cartografia Social ganham cada vez mais
prestiacutegio entre as ciecircncias humanas A regiatildeo Norte do Brasil vem se destacando neste
campo de pesquisa O Projeto Nova Cartografia Social da Amazocircnia15 por exemplo
desenvolve pesquisas com o objetivo de proporcionar aos povos e comunidades
tradicionais na Amazocircnia agrave auto-cartografia oferecendo tecnologias que possibilitam a
delimitaccedilatildeo de seus territoacuterios de referecircncia os recursos naturais que utilizam para o
desenvolvimento dessas comunidades e sua cultura16
O projeto desenvolveu diferentes fasciacuteculos mediante a proposta supracitada
Entre eles o do Movimento Interestadual de Quebradeiras de Coco Babaccedilu (PROJETO
NOVA CARTOGRAFIA SOCIAL DA AMAZOcircNIA 2005) Este fasciacuteculo demonstra
a importacircncia da atividade da coleta da amecircndoa do coco babaccedilu como uma das poucas
15 Para mais informaccedilotildees sobre o Projeto Nova Cartografia Social da Amazocircnia e a produccedilatildeo de seus
materiais didaacuteticos e pesquisas acesse o link Disponiacutevel em
httpnovacartografiasocialcomapresentacaogt acessado em 03042015 16 Por meio projeto eacute possiacutevel a realizaccedilatildeo do georeferenciamento do territoacuterio Possibilita aleacutem disso a
formaccedilatildeo pedagoacutegica para essas comunidades aprendem a manusear GPS e outras teacutecnicas fundamentais
de cartografia possibilitando a escolha das informaccedilotildees que consideram relevantes para o seu modo de
vida e que devem ser representadas nos mapas Satildeo levantadas histoacuterias estoacuterias e experiecircncias cotidianas
a respeito das comunidades tradicionais com a intenccedilatildeo de preservar as praacuteticas e culturas regionais
48
alternativas econocircmicas Satildeo notoacuterios as ameaccedilas e conflitos com grandes proprietaacuterios
de terra para continuar essa cultura regional em estados como Maranhatildeo Paranaacute
Tocantins e Piauiacute
O espaccedilo enquanto referencial possibilita a estas comunidades principalmente
as mulheres responsaacuteveis pelo trabalho com o coco a consciecircncia de lutar por seus
direitos17 Haacute tambeacutem as dificuldades para a realizaccedilatildeo deste movimento resistecircncias e
crenccedilas a respeito do trabalho feminino A funccedilatildeo das cooperativas por exemplo satildeo
significativas para a mudanccedila de vida dessa populaccedilatildeo Produzem a exemplo sabonete
com oacuteleo de amecircndoas do babaccedilu tornando-se fonte de renda para muitas famiacutelias
(PROJETO NOVA CARTOGRAFIA SOCIAL DA AMAZOcircNIA 2005)
Esses apontamentos dialogam com os estudos de Teixeira (2001) que por sua
vez discute sobre o desenvolvimento da Geografia Cultural ao longo da histoacuteria Suas
consideraccedilotildees sobre a percepccedilatildeo geograacutefica reportam os enfoques do comportamento e
a cogniccedilatildeo O espaccedilo passa a ser apreendido pelos sentidos como resultado passa a ser
percebido sentido e representado tornando-se vivido Eacute dado creacutedito agraves experiecircncias
humanas a construccedilatildeo das imagens lembranccedilas significaccedilotildees e experiecircncias na
construccedilatildeo das relaccedilotildees sociais e ambientais
Os avanccedilos alcanccedilados pela Cartografia Social e as representaccedilotildees sociais
colaboram para a compreensatildeo dos mapas mentais enquanto um instrumento que
permitiria inserir na representaccedilatildeo dos alunos elementos subjetivos e sua compreensatildeo
da realidade Procuramos a seguir ilustrar alguns episoacutedios que aproximam agrave
interpretaccedilatildeo dos mapas mentais voltados as praacuteticas escolares para o Ensino de
Geografia
141 Percursos dos Mapas Mentais e suas praacuteticas na Educaccedilatildeo Geograacutefica
Por meio dos argumentos levantados sobre a Cartografia Social eacute observado que
a cogniccedilatildeo humana natildeo se restringe a um modelo de representaccedilatildeo espacial Para que
uma proposta de ensino-aprendizagem por meio do mapa seja sistematizada natildeo se daraacute
necessariamente em uma base cartesiana De acordo com Oliveira (2010) a proposta
17 O ldquodireito a palmeira livrerdquo a territoacuterios particulares para a coleta dos frutos satildeo accedilotildees garantidas por
leis municipais conquistadas a partir da organizaccedilatildeo do movimento das quebradeiras de coco babaccedilu
(exemplo lei municipal nordm 0012002 ndash Lago do Junco (MA) que dispotildeem sobre a proibiccedilatildeo da derrubada
de palmeiras de babaccedilu no municiacutepio e daacute outras providecircncias)
49
com o trabalho com o mapa dependeraacute dos objetivos a serem alcanccedilados pelos
professores em sala de aula
Natildeo satildeo recentes os estudos voltados agrave construccedilatildeo da imagem mental para a
percepccedilatildeo ambiental nos anos de 1960 ndash 1970 advertem Nogueira (2006) e Kozel
(2005) pesquisas de autores como William Kirk Peter Gould e White jaacute discutiam as
preferecircncias dos espaccedilos cotidianos e a escolha de itineraacuterios de estudantes
universitaacuterios norte-americanos
A reflexatildeo sobre a percepccedilatildeo ambiental nas cidades contribuiu para o
planejamento urbano e regional surgindo neste contexto agrave expressatildeo carta mental18 para
o mapeamento das preferecircncias das sociedades Nogueira ao estudar os trabalhos de
Gould e White destaca que
Esses autores consideram os ldquomapas mentaisrdquo as imagens espaciais que estatildeo
nas cabeccedilas dos homens natildeo soacute dos lugares vividos mas tambeacutem dos lugares
distantes construiacutedos pelas pessoas valendo-se de universos simboacutelicos
sendo produzidos por acontecimentos histoacutericos econocircmicos sociais e
econocircmicos divulgados (NOGUEIRA 2006 p 126)
Entre as obras citadas com frequecircncia nos estudos relacionados aos mapas
mentais estaacute o livro ldquoA imagem da cidaderdquo de Kelvin Lynch O autor reconstroacutei a
imagem do ambiente por meio da percepccedilatildeo de moradores das cidades norte-americanas
de Boston Jersey City e Los Angeles Lynch (2011) discute ainda o conceito de
legibilidade a clareza sobre a qual as pessoas percebem interpretam e organizam o seu
espaccedilo na cidade para nela sobreviver uma espeacutecie de sistematizaccedilatildeo cognitiva do
espaccedilo vivido ou seja seu mapa mental
Segundo os paracircmetros anteriormente destacados os mapas mentais possibilitam
destacar aspectos subjetivos e perceptivos de cada sujeito presentes na produccedilatildeo das
linguagens cartograacuteficas de espaccedilos e tempos proacuteximos ou distantes tal fato natildeo eacute
diferente quando relacionado agraves praacuteticas escolares Os PCN desde a deacutecada de 1990
apontam para os professores variados recursos didaacuteticos para o ensino de Geografia
eles explicam que
[] consultar diferentes fontes de informaccedilatildeo tais como obras literaacuterias
muacutesicas regionais fotografias entrevistas ou relatos torna-se essencial na
busca de novas informaccedilotildees que ampliem aquelas que jaacute se possui A
18 Teixeira (2001) adverte em sua tese que o mapa mental embora seja um termo corriqueiro na
atualidade eacute fruto de uma longa reflexatildeo Estudos anteriores podem identificar os mapas mentais pelos
seguintes sinocircnimos mapas cognitivos e ou cartas mentais
50
compreensatildeo geograacutefica das paisagens significa a construccedilatildeo de imagens
vivas dos lugares que passam a fazer parte do universo de conhecimentos dos
alunos tornando-se parte de sua cultura Os trabalhos praacuteticos com maquetes
mapas mentais e fotografias aeacutereas podem tambeacutem ser utilizados Grifo
nosso (BRASIL 1997 101)
As orientaccedilotildees dos PCN sublinham que diferentes praacuteticas e recursos escolares
podem ser utilizados nas aulas de Geografia entretanto na maioria dos casos recursos
como o desenho e os mapas mentais sofrem criacuteticas visto que satildeo tratados apenas como
instrumentos luacutedicos e ou descontextualizados a praacutetica pedagoacutegica
Miranda (2005) ao estudar o uso do desenho como recurso voltado ao ensino de
Geografia realizou uma pesquisa com alunos do atual 3ordm e 4ordm ano do EF Afirma o autor
que haacute o descaso relacionado agraves imagens manuais aleacutem de consideraacute-los como uma
possibilidade de transiccedilatildeo para os mapas existentes19 contexto que se aplica aos mapas
mentais
Miranda (2005 p 57) considera o ato de desenhar ldquo[] como meacutetodo de
abordagem e de anaacutelise como investigaccedilatildeo da paisagem atraveacutes de confrontaccedilotildees entre
o assunto observado (e natildeo o modelo) e os traccedilados que resultam da anaacuteliserdquo Aleacutem
disso ressalta que o desenho natildeo eacute portador de uma ldquoeducaccedilatildeo visualrdquo acabada sem
brechas para uma anaacutelise criacutetica da imagem
Portanto o foco do desenho eacute abranger ldquo[] a sua produccedilatildeo histoacuterica como
linguagem como uma forma de se pensar comunicar apresentar representarrdquo
(MIRANDA 2005 p 58) consideramos que os criteacuterios de educaccedilatildeo visual e
linguagem se aproximam das praacuteticas com os mapas mentais
Ao contraacuterio do desenho os mapas mentais satildeo recursos cartograacuteficos voltados agrave
anaacutelise espacial compostos por uma linguagem especiacutefica A seguir apresentamos
algumas experiecircncias do uso dos mapas mentais em contextos sociais e escolares a fim
de apontar algumas caracteriacutesticas e metodologias relacionadas ao ensino de Geografia
142 Os mapas mentais no ensino-aprendizagem de Geografia
Os trabalhos de Archela Gratatildeo amp Trostdorf (2004) e Santos (2011) embora natildeo
estejam relacionadas agrave educaccedilatildeo formal dispotildeem de algumas informaccedilotildees importantes
19 Esclarece Miranda (2005) que com o avanccedilo de novas teacutecnicas cartograacuteficas e de geoprocessamento a
ciecircncia geograacutefica deixou-se seduzir por estes novos instrumentos criando-se descaso pelas imagens
manuais A credibilidade do desenho eacute expressa com maior nitidez apoacutes o trabalho de Almeida amp Passini
(2010) muito embora como recurso de transiccedilatildeo que permitiria o desenvolvimento da crianccedila para a
chegada aos mapas existentes
51
sobre os mapas mentais A primeira autora utiliza os mapas mentais enquanto recurso
de avaliaccedilatildeo a respeito da aacuterea central da cidade de Cambeacute estado do Paranaacute A
pesquisa eacute realizada com crianccedilas e jovens deste espaccedilo urbano Articula a
representaccedilatildeo do lugar pelos jovens mostrando relaccedilotildees de topofilia (apego ao lugar) e
topofobia (medo do lugar)
Santos (2011) por sua vez expotildeem uma pesquisa realizada com pessoas de
faixa etaacuteria distintas em uma comunidade rural de Vilas Rurais Recanto Verde e Nova
Jerusaleacutem Paranaacute Os mapas mentais satildeo realizados pelos participantes de um projeto
social agriacutecola que busca reduzir as desigualdades sociais no interior do estado
Ambas as pesquisas discutem a relaccedilatildeo de lugar e trabalho e tambeacutem como os
signos (formas espaciais) expressam significados sociais Como exemplo eacute destacado a
igreja enquanto signo espacial nas representaccedilotildees dos mapas mentais Ela corresponde
aos significados das manifestaccedilotildees culturais e religiosas expressadas nos artigos de
Archela Gratatildeo amp Trostdorf (2004) e Santos (2011)
A discussatildeo teoacuterica a respeito do recurso mapa mental eacute realizada por diferentes
autores aleacutem dos supracitados Rocha (2007) Gomes amp Vargas (2011) e Kozel amp
Galvatildeo (2008) enfatizam que as questotildees subjetivas deste recurso (o valor simboacutelico do
mapa) satildeo uma construccedilatildeo dialoacutegica e social do espaccedilo representado O mapa mental
neste sentido revela os sentimentos e apreensotildees das pessoas em relaccedilatildeo ao espaccedilo
podendo estar relacionados agrave memoacuteria ou a imaginaccedilatildeo de espaccedilos natildeo vividos
fisicamente Aleacutem disso possibilita condiccedilotildees de aprendizagem escolar que
possivelmente poderia influenciar na construccedilatildeo da imagem mental
Para alcanccedilarmos trabalhos que se aproximassem com a investigaccedilatildeo da
produccedilatildeo de mapas mentais em contexto escolar pesquisamos experiecircncias relacionadas
a praacuteticas de ensino de Geografia nos primeiros anos de educaccedilatildeo escolar Apesar do
pouco sucesso encontramos uma experiecircncia na Educaccedilatildeo Infantil e outra realizada nos
anos iniciais do EF
O artigo de Lopes (2012) eacute resultado de suas pesquisas sobre a apropriaccedilatildeo dos
espaccedilos pelas crianccedilas ele discorre sobre a infacircncia e outras possibilidades do uso da
Cartografia Escolar O autor realiza investigaccedilotildees baseadas na teoria histoacuterico-cultural
de Vigotski Explica tambeacutem que suas pesquisas com ldquocrianccedilas pequenasrdquo (de zero a
seis anos de idade) vecircm ldquo[] buscando compreender suas linguagens seus
enamoramentos pelas coisas pelos objetos suas vivecircncias em seus contextos histoacuterico-
geograacuteficosrdquo (LOPES 2012 p 215 - 216)
52
O estudo de Lopes (2012) natildeo busca apenas uma cartografia para crianccedilas uma
visatildeo dos adultos sobre as representaccedilotildees realizadas mas enfatiza que os ldquopequenosrdquo
busquem suas proacuteprias referencias promovendo suas Geo-cartografias singularidades
localizem e pensem seu lugar no mundo O autor nomeou esta praacutetica cartograacutefica de
ldquoMapas vivenciaisrdquo eacute notada uma proximidade metodoloacutegica com a pesquisa de
Miranda (2005)
Eacute demonstrado ainda que o mapa vivencial tenha como referecircncia natildeo apenas o
mundo dos adultos mas a proacutepria percepccedilatildeo da crianccedila sobre o mundo Lopes (2012)
considera o exemplo de um mapa realizado por um garoto de quatro anos de idade que
representa o mapa dos cheiros de sua casa A crianccedila estabelece a relaccedilatildeo entre o signo
(cocircmodos de sua casa) e os significados (os cheiros encontrados nestes espaccedilos)
(observar a figura 02 p 52) Esta experiecircncia enfatiza o olfato como oacutergatildeo sensorial
que permite localizar organizar e diferenciar os cocircmodos da casa
FIGURA 02 - MAPA VIVENCIAL MAPA DOS CHEIROS
Fonte LOPES 2012 p 216
Em outro cenaacuterio eacute realizado o trabalho por Silva amp Bernadelli (2010) Eles
conduziram na Escola Estadual Cristoacutevatildeo Colombo Uberlacircndia ndash MG uma oficina
pedagoacutegica sobre mapas mentais com uma turma do 5ordm ano do EF O projeto havia
como intenccedilatildeo promover praacuteticas de ensino de Geografia na Educaccedilatildeo Infantil mediante
experiecircncia de Estaacutegio Supervisionado I realizados com alunos do curso de Geografia
da Universidade Federal de Uberlacircndia
53
A oficina discutiu o uso da Geografia nas atividades do dia a dia e aconteceu em
duas etapas A primeira correspondeu agrave produccedilatildeo de um texto que apresentava conceitos
voltados a cartografia escala orientaccedilatildeo espacial as toponiacutemias e outros levando em
consideraccedilatildeo relaccedilotildees espaciais de base piagetiana A segunda constituiu a realizaccedilatildeo de
mapas mentais que traccedilavam o percurso casa-escola seguindo orientaccedilotildees estabelecidas
por Nogueira (2006) discutindo a importacircncia dos pontos de referecircncia lugares
destacados nas representaccedilotildees experiecircncias pessoais atraveacutes de sentidos e atividades
socioculturais temas apresentados apoacutes a leitura dos mapas mentais com os alunos A
figura 03 (p 53) apresenta um dos mapas que retratam esta discussatildeo
FIGURA 3 - MAPA MENTAL DO TRAJETO CASA-ESCOLA
Fonte SILVA amp BERNADELLI 2010 p 05
Eacute observado que preocupaccedilotildees para um direcionamento teoacuterico ndash metodoloacutegico
com os mapas mentais para a Educaccedilatildeo Infantil e os anos iniciais do Ensino Infantil eacute
algo recente e pontual Em alguns casos estatildeo voltados a experiecircncias com os mapas
existentes (SILVA amp BERNADELLI 2010) entretanto buscam diversificar as
estrateacutegias inserindo a importacircncia do diaacutelogo e das experiecircncias cotidianas Aleacutem
disso fica evidente a pouca referecircncia sobre o uso de mapas mentais voltadas a
54
educaccedilatildeo escolar no que correspondem aos anos iniciais do EF20 que validem uma
proposta metodoloacutegica deste recurso a ser pensada e utilizada pelos pedagogos
Entre as teses que buscam um tratamento de uma construccedilatildeo metodoloacutegica para
o trabalho com os mapas mentais destacamos as teses de Teixeira (2001) e Richter
(2010) os quais daremos maior enfoque na anaacutelise de nosso trabalho
Teixeira (2001) discute como eacute materializado o discurso proferido pela miacutedia da
cidade de Curitiba Paranaacute enquanto ldquocapital ecoloacutegicardquo para isso diagnostica a
construccedilatildeo da imagem social recorrendo agrave percepccedilatildeo da populaccedilatildeo que a habita e a
frequenta Sua pesquisa envolve moradores (estudante do Ensino Fundamental Meacutedio e
Superior discentes e docentes) e natildeo-moradores (turistas) a diversidade de
participantes foi escolhida intencionalmente para responder se havia ou natildeo
divergecircncia dos grupos em relaccedilatildeo a esta imagem de Curitiba
Em busca de respostas para suas indagaccedilotildees Teixeira (2001) utilizou como
instrumento de anaacutelise os mapas mentais Aleacutem do mais discute por meio dos mapas as
representaccedilotildees sociais e espaciais avaliando as construccedilotildees siacutegnicas Por meio de uma
metodologia proacutepria desenvolve paracircmetros de anaacutelise para os mapas mentais fato
inexistente antes do seu trabalho
Como suporte teoacuterico de sua pesquisa resgatou os apontamentos realizados por
Bakhtin (2012) sobre a linguagem o uso do signo e do enunciado como elementos que
possibilitam a comunicaccedilatildeo (dialogismo) por meio da representaccedilatildeo espacial
encontradas nos mapas mentais Produziu estudos posteriores que discute
epistemologicamente e empiricamente o uso dos mapas mentais como recurso didaacutetico
para o ensino de Geografia em diferentes niacuteveis de ensino (KOZEL 2002 2008)
Kozel influenciou a realizaccedilatildeo de outros estudos Em um artigo Galvatildeo amp Kozel
(2008) discutem sobre os aspectos teoacutericos - metodoloacutegicos da Geografia enfatizando as
questotildees de representaccedilatildeo e ensino Reproduzem a metodologia utilizada por Teixeira
para os mapas mentais com um grupo de alunos do 7ordm ano Esse trabalho registra a
compreensatildeo e anaacutelises dos estudantes sobre a contribuiccedilatildeo da Geografia Eacute destacado
nos mapas a temaacutetica Brasil e seus desdobramentos (Relaccedilatildeo local-global identidade
nacional siacutembolos territoacuterio etnias entre outros)
20 Embora as pesquisas de Lopes (2012) discutam o uso de mapas com crianccedilas observamos algumas
divergecircncias A primeira corresponde agrave faixa etaacuteria das crianccedilas pois natildeo podemos comparar as
experiecircncias de vida entre alunos da Educaccedilatildeo Infantil (faixa com a qual trabalha) com os anos iniciais do
EF pois a leitura de mundo eacute distinta A segunda corresponde aos interesses e avanccedilos sobre a
aprendizagem ocorrida na escola lembrando que todos os alunos a partir dos seis anos devem ser
matriculados na rede regular de ensino como discutimos no iniacutecio deste capiacutetulo
55
Em outro caso semelhante Oliveira (2010) dispotildee da metodologia de Teixeira
para o desenvolvimento de sua dissertaccedilatildeo de mestrado Propotildee um estudo de caso em
duas escolas puacuteblicas estaduais em Madalena e Fortaleza ndash CE A pesquisa foi realizada
com alunos do 2ordm ano do Ensino Meacutedio e buscou discutir qual a relaccedilatildeo os estudantes
fazem entre o meio urbano e rural Oliveira (2010) sustenta a ideia que o mapa mental
deve estar direcionado a uma praacutetica pedagoacutegica para a consolidaccedilatildeo do conhecimento
geograacutefico e no reconhecimento e formaccedilatildeo do aluno enquanto um sujeito pertencente a
uma coletividade social
Em outra perspectiva Richter (2010) realiza uma investigaccedilatildeo com duas turmas
de alunos do 3ordm ano do Ensino Meacutedio na cidade de Presidente Prudente ndash Satildeo Paulo
uma escola puacuteblica e outra privada Enfatiza a importacircncia da aprendizagem de
Geografia como um conhecimento necessaacuterio para a Educaccedilatildeo Baacutesica O autor pondera
que a Geografia capacita o aluno a realizar uma interpretaccedilatildeo da realidade sob uma
perspectiva espacial auxiliando a interpretar o seu cotidiano considera isso de
raciociacutenio geograacutefico
Ao desenvolver sua proposta com os mapas mentais define temaacuteticas como os
problemas urbanos e o processo de globalizaccedilatildeo na cidade de Presidente Prudente para a
realizaccedilatildeo das representaccedilotildees Paralelamente resgata a Teoria Histoacuterico-cultural
desenvolvida por Vigotski (1998) e aproxima do desenvolvimento da Cartografia
Escolar Atraveacutes desta discussatildeo estabelece a importacircncia da linguagem para o
desenvolvimento humano a qual a cartograacutefica tambeacutem faz parte
Este pesquisador discute a importacircncia da construccedilatildeo dos conceitos espontacircneos
e cientiacuteficos pelos alunos Estes conceitos segundo o Richter (2010) possibilitam o
aluno compreender a sistematizaccedilatildeo do conhecimento geograacutefico e consequentemente
utilizar este saber em sua vida cotidiana No desenvolvimento da linguagem dos mapas
mentais seleciona os conceitos de legibilidade usada por Kevin Lynch e espaccedilo por
Milton Santos para a disposiccedilatildeo dos elementos retratados Ele considera tambeacutem as
experiecircncias vividas dos alunos assim como os conteuacutedos de Geografia como elos de
produccedilatildeo do raciociacutenio geograacutefico
Richter (2010) julga o mapa mental enquanto recurso didaacutetico que possibilita ao
aluno transpor para o papel sua compreensatildeo sobre a dinacircmica espacial articulando
seus conhecimentos sobre Geografia e ampliando seu conhecimento tornando o
estudante leitor e produtor de mapa Reconhece tambeacutem a importacircncia da criticidade na
56
elaboraccedilatildeo dos mapas mentais Observa em alguns casos que o aluno natildeo domina certos
conceitos da Geografia
Richter (2010) assim como Teixeira (2001) tambeacutem prossegue em seus estudos
sobre Cartografia Escolar Ele enfatiza a importacircncia dos mapas mentais nas praacuteticas
escolares sem perder o foco do ensino-aprendizagem de Geografia como fator
preponderante Nesta mesma linha jaacute apresentada desenvolve projetos de pesquisas em
escolas na regiatildeo norte da cidade de Goiacircnia ndash GO atraveacutes do Programa de
Financiamento de Bolsas para alunos de Licenciatura (PROLICEN) do curso de
Geografia da UFG (RICHTER 2013)
No desenvolvimento dos mapas mentais encontramos diversos fatores que
contribuem com a sua produccedilatildeo ora referem-se agrave percepccedilatildeo que cada indiviacuteduo tem
acerca do espaccedilo cotidiano ora essas leituras satildeo provenientes de um saber
sistematizado cientiacutefico orientado por uma educaccedilatildeo escolar em ambos os casos
carecem de habilidade para transcrever no papel as imagens mentais que o sujeito deteacutem
sobre o espaccedilo (TEIXEIRA 2001 RICHTER 2010) Portanto o mapa mental eacute
resultado de uma representaccedilatildeo dialeacutetica possuindo caracteriacutesticas individuais do
sujeito tal como a influecircncia sociocultural do mesmo
O desenvolvimento dos mapas mentais enquanto capacidade cartograacutefica
pressupotildee habilidade para abstrair e simbolizar eacute incontestaacutevel o poder de conceituar as
relaccedilotildees espaciais (TEIXEIRA 2001 GALVAtildeO amp KOZEL 2008 RICHTER 2010)
A ocasiatildeo mais comum de seu uso eacute quando eacute necessaacuterio transpor eficientemente para
o papel o conhecimento geograacutefico a outros sujeitos e como a linguagem verbal eacute mais
utilizada para narrar acontecimentos do que para descrever e explicar relaccedilotildees espaciais
simultacircneas os mapas mentais satildeo adotados para a alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica e
consequentemente para a leitura de mundo do aluno
15 AS CONTRIBUICcedilOtildeES DE VIGOTSKI E BAKHTIN PARA A COMPREENSAtildeO
METODOLOacuteGICA DOS MAPAS MENTAIS
Ao relacionarmos os mapas mentais enquanto portadores de uma comunicaccedilatildeo
afirmamos que eles possuem uma linguagem cartograacutefica Esta compreensatildeo tem como
base os estudos estabelecidos por Teixeira (2001) Kozel (2002 2005 2008) e Richter
(2010) Essa preocupaccedilatildeo sobre a visatildeo do mapa enquanto portador de uma linguagem
57
natildeo eacute ineacutedito Richter (2010) apresenta o trabalho acadecircmico de Simielli sobre a
reflexatildeo do mapa como possibilidade de um tratamento didaacutetico da linguagem espacial
Simielli (2008 p 71) foi uma das primeiras autoras a discutir ldquoo mapa como
elemento transmissor de informaccedilatildeordquo e avaliar sua ldquoeficaacuteciardquo A teoria da informaccedilatildeo
discutida pela autora embora natildeo aponte os mapas mentais compreende o aluno
enquanto mapeador possibilitando o desenvolvimento de habilidades como observaccedilatildeo
seleccedilatildeo e representaccedilatildeo do espaccedilo geograacutefico Constitui um modelo cognitivo de
apreensatildeo da realidade atraveacutes dos sentidos para a representaccedilatildeo do mapa Explica
Simielli (2008 p 78) que
Para se entender plenamente a linguagem cartograacutefica eacute preciso destacar aqui
a importacircncia da semioacutetica ciecircncia geral de todas as linguagens mais
especialmente dos signos O signo eacute algo que representa o seu proacuteprio objeto
Ele soacute eacute signo se tiver o poder de representar esse objeto de um certo modo e
com uma certa capacidade O signo soacute pode representar seu objeto para um
inteacuterprete produzindo na mente deste um outro signo considerando o fato de
que o significado de um signo eacute outro signo
O signo apresentado no mapa se divide em duas esferas o significante que
corresponde ao aspecto real (material) do signo e o significado que eacute o aspecto irreal
(representado) Segundo as orientaccedilotildees da autora supracitada o mapa constitui uma
relaccedilatildeo entre dois sujeitos o emissor (produtor do mapa) e o receptor (leitor do mapa)
Aleacutem disso satildeo empregadas teacutecnicas da alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica para a
construccedilatildeo do sentido dos mapas da relaccedilatildeo dos significados e significantes expressos
por meio de um alfabeto cartograacutefico (linha ponto e aacuterea) aparato da linguagem
cartograacutefica Simielli (2008 p 88) considera que ldquo[] o aluno interpreta os mapas
orienta-se e estabelece-se a correspondecircncia entre a representaccedilatildeo cartograacutefica e a
realidaderdquo21
O mapa diferentemente de outras teacutecnicas de informaccedilatildeo e conhecimento como
a liacutengua portuguesa ou a Matemaacutetica eacute portador de uma linguagem natildeo-verbal Traduz
um processo de aprendizagem natildeo sequencial de fenocircmenos que quando apresentados
na fala em texto ou operaccedilotildees matemaacuteticas naturalmente vatildeo apresentar uma
hierarquia disposiccedilatildeo sequencialidade que nem todas agraves vezes satildeo desejaacuteveis
A utilizaccedilatildeo dos mapas mentais sugere metodologias para interpretaacute-los e
existem diferentes formas de fazecirc-lo Para isso como meio de sistematizar
21 Podemos observar o uso deste alfabeto cartograacutefico na larga produccedilatildeo de mapas existentes (nos uso da
legenda) em nosso cotidiano nos mapas murais atlas escolares livros didaacuteticos etc
58
geograficamente as informaccedilotildees registradas nos mapas mentais elaborados pelos alunos
apresentamos dois processos metodoloacutegicos que consideramos satisfatoacuterios Eles se
completam e satildeo empregados como guias para a avaliaccedilatildeo dos mapas produzidos em
nossa pesquisa
O primeiro corresponde aos trabalhos de Richter (2010) que aproxima da teoria
histoacuterico-cultural de Vigostki (1998) e o segundo de Teixeira (2001) e Kozel (2002
2005 2008) ao referendar os estudos de Bakhtin para interpretaccedilatildeo dos mapas mentais
Consideramos que ambas as metodologias tem como foco a interpretaccedilatildeo das
informaccedilotildees contidas nos mapas mentais bem como o estabelecimento de relaccedilotildees entre
o espaccedilo geograacutefico e o representado Consideram os aspectos socioculturais como algo
imprescindiacutevel agrave compreensatildeo dos mapas mentais
Portanto escolhemos os dois autores russos Vigostki (1998) e Bakhtin (2012)
por eles promoverem uma discussatildeo acerca da linguagem no desenvolvimento da
aprendizagem humana e no estabelecimento do dialogo social Essa tese eacute sustentada
por Jobim e Souza (1994 p 93) ao considerar que embora Vigotski e Bakhtin tomem
diferentes caminhos para interpretaccedilatildeo deste ponto convergem em explicar ldquoa
linguagem como espaccedilo de recuperaccedilatildeo do sujeito histoacuterico e socialrdquo
Vigotski (1998) e Bakhtin (2012) provocaram importantes mudanccedilas sobre a
reflexatildeo hegemocircnica da condiccedilatildeo humana no seacuteculo XX Ambos os autores construiacuteram
suas perspectivas de estudo baseados no campo filosoacutefico do materialismo histoacuterico-
dialeacutetico indicando o campo cultural da sociabilidade humana como base para a
tematizaccedilatildeo da consciecircncia Se Vigotski por um lado contrapocircs agrave corrente objetivista e
subjetivista na Psicologia por outro Bakhtin os desafiou em seus estudos sobre a
linguagem
Bakhtin (2012) considera a linguagem como fenocircmeno socioideoloacutegico e
apreendido dialogicamente no contexto histoacuterico Critica a postura das grandes
correntes linguiacutesticas da deacutecada de 1920 por empregar teorias que natildeo considerava a
liacutengua como fenocircmeno social O objetivismo abstrato representado por Saussure e o
subjetivismo idealista empregado por Humboldt
Segundo Rego (1995) a perspectiva de aprendizagem para Vigotski eacute sempre
relativa agrave dimensatildeo social e natildeo exclusivamente a maturaccedilatildeo do organismo22 A
22 Durante o desenvolvimento de nossa pesquisa foi posto pela professora do 5ordm ano que alguns alunos
natildeo conseguiam desenvolver ou compreender determinadas propostas com os mapas mentais ou
relacionadas a conteuacutedo da Geografia Segundo sua explicaccedilatildeo isso ocorre porque natildeo estaria ldquomadurosrdquo
59
formaccedilatildeo humana eacute constituiacuteda em relaccedilatildeo coletiva A cultura torna-se parte da natureza
humana O desenvolvimento decorre da histoacuteria das funccedilotildees psicoloacutegicas superiores
caracterizadas por mudanccedilas qualitativas e quantitativas
As funccedilotildees psicoloacutegicas superiores (percepccedilatildeo memoacuteria pensamento)
transformam-se em contiguidade dando suporte aos processos elementares que se
tornam complexos Nestes termos inexiste um instrumento endoacutegeno23 para o
desenvolvimento humano Consequentemente
Os sistemas de signos (a linguagem a escrita o sistema de nuacutemeros) eacute
pensado como um sistema de instrumentos os quais foram criados pela
sociedade ao longo de sua histoacuteria Esse sistema muda a forma social e o
niacutevel de desenvolvimento cultural da humanidade A internalizaccedilatildeo desses
signos provoca mudanccedilas no homem Seguindo a tradiccedilatildeo marxista Vigotski
considera que as mudanccedilas que ocorrem em cada um de noacutes tem sua raiz na
sociedade e na cultura (BOCK FURTADO amp TEIXEIRA 2008 p 141)
A linguagem para Vigotski (1998) se torna o principal instrumento mediador
da interaccedilatildeo humana O ato da comunicaccedilatildeo para o desenvolvimento da humanidade eacute
incontestaacutevel Ao longo da histoacuteria ela contribuiu para o desenvolvimento das formas de
sobrevivecircncia no espaccedilo geograacutefico Pouco a pouco se tornou importante o legado das
experiecircncias atraveacutes das geraccedilotildees permitindo o avanccedilo da sociedade em termos sociais
evolutivos e adaptativos ao ambiente
Vigotski (1998) considera que o discurso egocecircntrico eacute ponto de partida para o
discurso interior Interior porque corresponde agrave internalizaccedilatildeo da linguagem Nestas
condiccedilotildees ao longo de nosso desenvolvimento passamos da fala socializada (a
comunicaccedilatildeo em contato social) a fala internalizada (instrumento de pensamento sem
vocalizaccedilatildeo) correspondente a um diaacutelogo consigo mesmo (REGO 1995)
Nessas conjunccedilotildees a questatildeo levanta por Vigotski (1998) eacute o planejamento de
uma teoria sociopsicoloacutegica que relaciona o pensamento a palavra como processo
dinacircmico E tambeacutem a necessidade da linguagem como fator constituinte para as
funccedilotildees psicoloacutegica superiores e da construccedilatildeo da subjetividade (JOBIM E SOUZA
1994) No campo da didaacutetica e do ensino-aprendizagem de Geografia especificamente
estudos sobre uma concepccedilatildeo socioconstrutivista enfatizam a educaccedilatildeo escolar como
o suficiente para progredir em seu desenvolvimento intelectual Observa que em muitos casos apenas o
fator ldquotempo de estudordquo o proporcionaria se desenvolver Posicionamo-nos de forma contraacuteria ao
entender por meio dos estudos de Vigotski (1998) que os fatores sociais e o processo de mediaccedilatildeo
contribuem para o progresso da aprendizagem do aluno 23 Relativo a algo originaacuterio ou desenvolvimento no interior do organismo
60
processo de conhecimento onde haacute a intervenccedilatildeo premeditada pelo professor a fim de
preparar o aluno para a construccedilatildeo de conceitos (CAVALCANTI 2014)
Na concepccedilatildeo de Vigotski (1998) o conhecimento natildeo eacute construiacutedo de forma
individual mas ao contraacuterio relata que pessoas mais experientes intervecircm na
construccedilatildeo do conhecimento elas satildeo denominadas mediadores A interaccedilatildeo ocorre
tambeacutem por meio de teacutecnicas materiais e instrumentos psicoloacutegicos oferecidos pela
cultura Para Vigotski (1998 p 112) a mediaccedilatildeo eacute explicada por meio do conceito de
Zona de Desenvolvimento Proximal que
[] eacute a distacircncia entre o niacutevel de desenvolvimento real que se costuma
determinar atraveacutes da soluccedilatildeo independente de problemas e o niacutevel de
desenvolvimento potencial determinado atraveacutes da soluccedilatildeo de problemas sob
a orientaccedilatildeo de um adulto ou em colaboraccedilatildeo com companheiro mais
capazes
Em outras palavras a Zona de Desenvolvimento Real eacute quando o aluno
consegue resolver determinado problema sozinho Zona de Desenvolvimento
Potencial eacute quando o aluno necessita de auxiacutelios mediadores para construir uma
compreensatildeo sobre algum conceito Jaacute a Zona de Desenvolvimento Proximal eacute o
estaacutegio intermediaacuterio com sucessivos avanccedilos e retrocessos ao longo do processo
educativo
Semelhante ao conceito de Zona de Desenvolvimento Proximal e os processos
de ensino-aprendizagem de Geografia nos anos iniciais do EF apontamos os
mediadores que nesse caso eacute representado pelo professor os colegas e os recursos
didaacuteticos24 (no caso desta pesquisa os mapas mentais) que podem influenciar na
educaccedilatildeo escolar O professor nesse processo ganha importacircncia significativa pois eacute
sua tarefa problematizar e criar situaccedilotildees de aprendizagem Os alunos por sua vez satildeo
motivados a interpretar analisar levantar hipoacuteteses propor soluccedilotildees e representar as
dinacircmicas do espaccedilo geograacutefico orientaccedilotildees expressas nos PCN (BRASIL 1997)
Portanto segundo Cavalcanti (2014) na relaccedilatildeo entre desenvolvimento e
aprendizagem os instrumentos mediadores e a situaccedilatildeo de ensino-aprendizagem
possibilita o desenvolvimento do pensamento nas praacuteticas escolares destacando-se
entre os instrumentos a linguagem De acordo com a interpretaccedilatildeo de Rego sobre o
24 Entendemos que satildeo diversos os recursos didaacuteticos (instrumentos mediadores) utilizados como aporte
para as aulas de Geografia Eles correspondem aos jaacute tradicionalmente conhecidos e utilizados no espaccedilo
escolar (livro didaacutetico atlas caderno) e outros utilizados no cotidiano dos alunos (raacutedio televisatildeo
jornais revistas computador internet etc) Apoiamos a diversidade desses recursos para a praacutetica de
ensino possibilitando diferentes caminhos para o professor atingir seus objetivos em sala de aula
61
trabalho de Vigotski a linguagem confere trecircs mudanccedilas essenciais nos processos
psiacutequicos do homem
A primeira relaciona-se ao fato de que a linguagem permite lidar com os
objetos do mundo exterior mesmo quando eles estatildeo ausentes [] A segunda
refere-se ao processo de abstraccedilatildeo e generalizaccedilatildeo que a linguagem
possibilita [] a linguagem natildeo somente designa os elementos presentes na
realidade mas tambeacutem fornece conceitos e modos de ordenar o real em
categorias conceituais [] A terceira estaacute associada agrave funccedilatildeo de
comunicaccedilatildeo entre os homens que garante como consequecircncia a preservar
transmissatildeo e assimilaccedilatildeo de informaccedilotildees e experiecircncias acumuladas pela
humanidade ao longo da histoacuteria (REGO 1995 p 53 ndash 54)
Aleacutem disso haacute outro pressuposto relativo ao estudo de Vigotski para aplicaccedilotildees
no contexto escolar Satildeo na interaccedilatildeo com o meio que o sujeito desenvolve conceitos
espontacircneos e depois na escola mediados pelo professor conceitos cientiacuteficos O
primeiro corresponde aos conhecimentos construiacutedos na experiecircncia pessoal cotidiana
concreta O conceito cientiacutefico eacute o conhecimento construiacutedo ao longo da histoacuteria que eacute
disponibilizado pela educaccedilatildeo escolar por meio de um ensino sistemaacutetico (REGO
1995)
Esclarecendo um pouco mais estes conceitos Rego (1995 p 77) afirma que
Os conceitos cotidianos referem-se agravequeles conceitos construiacutedos a partir da
observaccedilatildeo manipulaccedilatildeo e vivencia direta da crianccedila [] Os conceitos
cientiacuteficos se relacionam agravequeles eventos natildeo diretamente acessiacuteveis agrave
observaccedilatildeo ou accedilatildeo imediata da crianccedila satildeo os conhecimentos
sistematizados adquiridos nas interaccedilotildees escolarizadas
Richter (2010) discute a importacircncia da construccedilatildeo desses conceitos espontacircneos
e cientiacuteficos para o desenvolvimento do raciociacutenio geograacutefico Aleacutem disso relaciona os
estudos de Vigotski agrave compreensatildeo da linguagem cartograacutefica o desenvolvimento da
aprendizagem neste caso eacute mediado pelo uso do mapa mental Resgatamos
sumariamente as ideias de Vigotski a respeito da construccedilatildeo dos conceitos e como
entendemos esse processo para explicaccedilatildeo do uso das noccedilotildees para o ensino de
Geografia
Para Vigotski segundo expotildee Friedrich (2012) o desenvolvimento da
linguagem pela crianccedila eacute distinguido em trecircs fases no processo de formaccedilatildeo de
conceitos A primeira fase corresponde agrave formaccedilatildeo dos sincreacuteticos a segunda eacute a do
pensamento por complexos nessa fase haacute um momento chamado de pseudoconceito e
por uacuteltimo o verdadeiro conceito (conceito cientiacutefico)
Na formaccedilatildeo dos sincreacuteticos ldquo[] a crianccedila designa diferentes objetos
utilizando a mesma palavrardquo (FRIEDRICH 2012 p 91) Nesse processo de
62
desenvolvimento cognitivo da crianccedila ela pode utilizar a mesma palavra (entendida
aqui como imagem) para situaccedilotildees distintas em decorrecircncia de seu caraacuteter difuso e
aleatoacuterio O que haacute eacute uma utilizaccedilatildeo funcional da imagem independentemente do
contexto ao qual se encontra
Ao relacionar a formaccedilatildeo da imagem sincreacutetica as representaccedilotildees dos mapas
mentais Richter (2010 p 72) adverte que o aluno embora observe o meio ou em outro
caso jaacute tenha estudado outros modelos de representaccedilatildeo
[] natildeo consegue discernir os contextos que satildeo responsaacuteveis pela sua
configuraccedilatildeo [espacial] Ou seja produz um mapa em que todos os elementos
representados natildeo apresentam diferenccedilas Por exemplo natildeo entende que uma
aacutervore pode ser mais velha que um preacutedio abandonado Mas ao cruzar
determinadas informaccedilotildees como a localizaccedilatildeo de alguns objetos ou a anaacutelise
temporal transforma essa imagem complexa numa leitura mais criteriosa
Os complexos pensamento e linguagem satildeo desenvolvidos pelas crianccedilas
possibilitando a compreensatildeo de relaccedilotildees objetivas existentes entre o mapa mental e o
mundo real tomando a representaccedilatildeo como fonte de conhecimento do mundo (natildeo)
conhecido O mapa mental por exemplo eacute observado como aproximaccedilatildeo da
representaccedilatildeo espacial do mapa existente do Brasil Isso ocorre por conter criteacuterios
miacutenimos de comunicaccedilatildeo que podem ou natildeo ter alguma relaccedilatildeo aos modelos
tradicionalmente expressos pela ciecircncia geograacutefica (tema legenda tiacutetulo uso de signos
orientaccedilatildeo espacial) Devemos compreender que
A organizaccedilatildeo do pensamento por complexo ajuda a crianccedila na interpretaccedilatildeo
do mundo e assim na sua representaccedilatildeo Neste momento o mapa deixa de
ser um amontoado de objetos para representar fenocircmenos especiacuteficos que
mesmo tendo alguns niacuteveis de complexidade natildeo compatiacuteveis com a
cogniccedilatildeo da crianccedila ela jaacute eacute capaz de estabelecer criteacuterios de seleccedilatildeo Assim
o mapa construiacutedo comeccedila a ser analisado como um meio de comunicaccedilatildeo
entre o que a crianccedila observa no mundo no seu meio e no que eacute possiacutevel
expressar nele (RICHTER 2010 p 73)
Por meio dos complexos e do agrupamento de ligaccedilotildees entre os objetos e
fenocircmenos estudados surge no final da segunda fase o pseudoconceito Essa fase eacute
significativa visto que ele eacute o antecessor ao verdadeiro conceito correspondendo como
elo ao conceito cientiacutefico O pseudoconceito segundo as observaccedilotildees de Friedrich
(2012) ainda natildeo eacute o proacuteprio conceito muito embora as bases de abstraccedilatildeo da palavra
as possiacuteveis semelhanccedilas e agrupamentos sejam levados em consideraccedilatildeo pela crianccedila
O pseudoconceito quando relacionado agraves atividades voltadas aos mapas mentais
compreende em um estaacutegio onde as crianccedilas conseguem desenvolver interpretaccedilotildees e
representaccedilotildees proacuteximas a compreensatildeo dos adultos embora natildeo tenha desenvolvido
autonomia ou habilidade cognitiva suficiente para desenvolver o processo sem o auxiacutelio
63
da mediaccedilatildeo de outros sujeitos colegas ou professor (RICHTER 2010) A terceira fase
eacute a de formaccedilatildeo de conceito cientiacuteficos anteriormente explicados
Diferentemente de Richter (2010) que realiza sua pesquisa com alunos do
ensino meacutedio observamos que por diferentes razotildees (formaccedilatildeo do professor de
Pedagogia tempo de aula destinado a disciplina de Geografia metodologia e recursos
empregados etc) natildeo haacute o ensino-aprendizagem do conceito propriamente dito nos
anos iniciais do EF mas o de noccedilotildees referentes agrave ciecircncia geograacutefica Entendemos as
noccedilotildees de Geografia como o processo inicial de construccedilatildeo de conhecimentos baacutesicos
dessa ciecircncia na escola O quadro 2 sintetiza esse modelo
QUADRO 2 - AS NOCcedilOtildeES COMO PROCESSO DE FORMACcedilAtildeO DOS CONCEITOS
CIENTIacuteFICOS
Fonte Friedrich (2012) e Richter (2010)
Baseado nesse modelo eacute apontado que as noccedilotildees devem estar niacutetidas enquanto
conceitos cientiacuteficos na compreensatildeo dos professores Para os alunos as noccedilotildees de
Geografia se apresentam enquanto condiccedilotildees iniciais de raciociacutenio e abstraccedilatildeo dos
conhecimentos referentes a essa ciecircncia em outros termos ldquo[] natildeo significa apenas
generalizar colocar junto agraves coisas no mundo mas pensar o mundo o que pode
conduzir a ligaccedilotildees entre as coisas no mundo que natildeo satildeo ligaccedilotildees fatuaisrdquo
(FRIEDRICH 2012 p 95)
Desenvolve autonomia e
habilidade cognitiva para
uma interpretaccedilatildeo mais
aprofundada
Pensamento por
complexos
Caraacuteter difuso e aleatoacuterio
Conceitos cientiacuteficos
Sincreacuteticos
Des
envolv
imen
to d
as
noccedilotilde
es d
e
Geo
gra
fia n
os
an
os
inic
iais
do E
F
Pensamento linguagem ndash
representa fenocircmenos
especiacuteficos
Pseudoconceito
Aproxima-se da
compreensatildeo dos adultos
64
Portanto as noccedilotildees podem passar por todas as fases da construccedilatildeo do conceito
cientiacutefico (sincreacuteticos pensamento por complexos e pseudoconceitos) Entretanto natildeo
haacute a garantia da formaccedilatildeo de conceitos tampouco dos pseudoconceitos tendo em vista
que o conceito cientiacutefico na maioria das vezes natildeo eacute alcanccedilado nos anos iniciais do EF
As noccedilotildees auxiliam os fundamentos para compreensatildeo das relaccedilotildees espaciais e temas
geograacuteficos viabilizando o aluno a progredir em seus estudos
Entender a linguagem mediante as ideias expressas por Vigostki eacute observar que
ela eacute uma construccedilatildeo social e que se desenvolve ao longo da vida Adicionamos a esta
interpretaccedilatildeo a proposta de Bakhtin (2012) que entende a linguagem como um
fenocircmeno social da interaccedilatildeo verbal Buscamos nesse processo observar como as
noccedilotildees de Geografia expressam sentido na representaccedilatildeo por meio dos mapas mentais
Bakhtin (2012) contesta as teses empregadas sobre a linguagem a liacutengua com
influecircncia histoacuterica da filologia que desconsiderou o enunciado e o contexto
transformando-a em um monologo morto com enunciaccedilatildeo fechada isolada Esse autor
afirma que a liacutengua eacute viva e natildeo pertence a um sistema abstrato de normas possui um
contexto soacutecio-histoacuterico A linguagem eacute vista a partir da interaccedilatildeo entre os sujeitos
envolvidos numa praacutetica social Assim
A verdadeira substacircncia da liacutengua [] eacute constituiacuteda [] pelo fenocircmeno social
da interaccedilatildeo verbal realizada atraveacutes da enunciaccedilatildeo ou das enunciaccedilotildees A
interaccedilatildeo verbal constitui assim a realidade fundamental da liacutengua [] Mas
pode-se compreender a palavra ldquodiaacutelogordquo num sentido amplo isto eacute natildeo
apenas com a comunicaccedilatildeo em voz alta de pessoas colocadas face a face
mas toda comunicaccedilatildeo verbal de qualquer tipo que seja (BAKHTIN 2012
p127)
O conceito de dialogismo e interaccedilatildeo verbal estatildeo diretamente ligados pois se
apresentam enquanto sustentaccedilatildeo do processo de produccedilatildeo dos discursos em outras
palavras eacute agrave base da proacutepria linguagem Portanto para Bakhtin (2012) todos os
interlocutores envolvidos no processo apresentam o mesmo grau de importacircncia visto
que todo enunciado eacute uma reacuteplica uma resposta a enunciados passados e possiacuteveis
enunciados que venham a ser produzidos De modo simultacircneo a uma resposta todo o
enunciado se configura tambeacutem em uma indagaccedilatildeo em uma pergunta a outros
possiacuteveis enunciados25
25Para Bakhtin (2012) o enunciado eacute um diaacutelogo que se produz em um contexto que eacute sempre social entre
duas pessoas socialmente organizadas Estabelece relaccedilotildees com a realidade dialoacutegica entre o falante e o
ouvinte
65
Nessas condiccedilotildees Freitas (2000 p 135) entende que ldquotoda enunciaccedilatildeo tem pois
dois aspectos o linguumliacutestico [sic] que eacute reiterativo e se refere a um objeto preacute-existente e
o contextual que eacute uacutenico tendo como referecircncia novos enunciadosrdquo Portanto no caso
do uso dos mapas mentais entendemos que ele sempre seraacute relativo a um modelo preacute-
existente seja a imagem mental que o aluno tem do mundo ou uma construccedilatildeo jaacute
sistematiza atraveacutes dos mapas existentes possibilitando (re) significar sua compreensatildeo
acerca do espaccedilo geograacutefico26
Nesse sentido Jobim e Souza (1994) demonstram que a visatildeo bakhtiniana propotildee
que as relaccedilotildees dialoacutegicas satildeo particulares elas natildeo podem ser reduzidas agraves reacuteplicas de
um diaacutelogo real Decorre que estas relaccedilotildees dialoacutegicas satildeo amplas heterogecircneas e
complexas Dois enunciados de lugar e ou tempo diferente quando confrontados em
relaccedilatildeo ao seu sentido podem resultar em uma relaccedilatildeo dialoacutegica Estas constituem
relaccedilatildeo de sentido quer seja no discurso de um diaacutelogo real e especiacutefico (espaccedilo vivido)
como no acircmbito plural das ideias desenvolvidas pela ciecircncia em espaccedilos e tempos
distintos27
O tema e a construccedilatildeo das noccedilotildees geograacuteficas satildeo conforme a interpretaccedilatildeo dos
estudos de Bakhtin e Vigotski algo exterior ao sujeito O aluno natildeo eacute o criador por
excelecircncia do saber geograacutefico do produto cartograacutefico mas um (re) contextualizador
dessa histoacuteria (Re) contextualiza para compreender No ato da mediaccedilatildeo aprimora
suas teacutecnicas contextualiza novos conhecimentos memoriza esquece inventa
descobre deixa de acreditar em fantasias e estoacuterias como consequecircncia
Nenhum falante eacute o primeiro a falar sobre o toacutepico de seu discurso O falante
natildeo eacute o Adatildeo biacuteblico que nomeia o mundo pela primeira vez Cada um de noacutes
encontra um mundo que jaacute foi articulado elucidado avaliado de muitos
modos diferentes mdash jaacute-falado por algueacutem Ao usar as palavras para falar
sobre um determinado toacutepico encontramo-nos jaacute habitado por outras falas de
outras pessoas Para Bakhtin a linguagem nunca estaacute completa ela eacute uma
26 Compreendemos que os mapas mentais podem se aproximar em sua configuraccedilatildeo dos mapas
existentes mas isso natildeo eacute a intenccedilatildeo primeira O que procuramos explicar eacute que a imagem espacial acerca
do espaccedilo geograacutefico eacute apresentada ao aluno de diferentes formas seja ela a partir de suas proacuteprias
experiecircncias cotidianas assim como por abstraccedilotildees (mapas) utilizadas pelas diferentes esferas sociais
Isto influecircncia a percepccedilatildeo de mundo dos estudantes podendo ser re-significada na escola mediante o
processo de ensino-aprendizagem de Geografia 27
Haacute uma diferenccedila expressa que distingue significado e sentido nas obras de Bakhtin segundo Freitas
(2000 p 136) o ldquosignificado refere-se ao significado abstrato dicionarizado que eacute reconhecido pelos
linguumlistas [sic] [] O sentido exige uma compreensatildeo ativa mais complexa em que o ouvinte aleacutem de
decodificar relaciona o que estaacute sendo dito com o que ele estaacute presumindo e prepara uma resposta ao
enunciadordquo
66
tarefa um projeto sempre caminhando e sempre inacabado (JOBIM E
SOUZA 1994 p 99)
No contexto escolar o aluno ao produzir um mapa mental entendido por Kozel
(2005 2008) como enunciado sempre leva em consideraccedilatildeo o outro (colegas e
professor e a proacutepria condiccedilatildeo social ao que estaacute inserido) natildeo de forma passiva mas
sobretudo como sujeito que participa de maneira ativa Eacute a partir dessa corrente
comunicativa de enunciados concretos que a linguagem no sentido bakhtiniano se
define como dialoacutegica Um dos fatos que possibilita o uso da concepccedilatildeo bakhtiniana
para interpretaccedilatildeo dos mapas mentais eacute que
A especificidade das relaccedilotildees dialoacutegicas precisa de uma abordagem que
considere os aspectos metalinguumliacutesticos [sic] que constituem qualquer
enunciado e que natildeo satildeo redutiacuteveis agraves relaccedilotildees loacutegicas da liacutengua Embora as
relaccedilotildees loacutegicas na liacutengua sejam evidentes e necessaacuterias elas natildeo esgotam
toda a complexidade presente nas relaccedilotildees dialoacutegicas (JOBIM E SOUZA
1994 p 100)
Jobim e Souza oferece outras pistas para compreendermos a funccedilatildeo dos mapas
mentais a autora ao referir-se aos estudos de Bakhtin elucida que ldquoas relaccedilotildees
dialoacutegicas pressupotildeem a liacutengua como sistema mas natildeo existem propriamente no
sistema da liacutenguardquo (JOBIM E SOUZA 1994 p 101) portanto natildeo apenas a expressatildeo
verbal poderaacute constituir um sistema linguiacutestico mas tambeacutem as natildeo-verbais como a
libras desenho e os mapas mentais
Teixeira (2001) ao estudar os mapas mentais explica que eles constituem um
discurso que emprega uma variedade de signos expressos em forma de enunciado
constituindo novas formas de linguagem destaca que
Eacute atraveacutes de nossa capacidade de combinar signos que desenvolvemos nossa
capacidade semioacutetica pois os sistemas de signos satildeo sobretudo conjuntos
heterogecircneos Com base nessas consideraccedilotildees podemos entender a
importacircncia dessa abordagem para a anaacutelise das representaccedilotildees elaboradas
atraveacutes dos mapas mentais (TEIXEIRA 2001 p 273)
Como exemplo Teixeira (2001) estuda o slogan ldquoCuritiba Capital ecoloacutegicardquo
enquanto um signo de representaccedilatildeo social da cidade de Curitiba ndash PR Os mapas
mentais realizados em sua pesquisa observam a percepccedilatildeo da imagem ambiental de
Curitiba criada pela sociedade dividindo a interpretaccedilatildeo em duas esferas de um lado
como uma urbanizaccedilatildeo organizada e por outro com problemas como favelizaccedilatildeo
poluiccedilatildeo entre outros
67
O enunciado portanto pode se contradizer mas natildeo discordar Isto soacute eacute possiacutevel
quando ocorre as interaccedilotildees do sistema linguiacutestico com a realidade satildeo as interaccedilotildees
que datildeo o caraacuteter de verdadeiro falso belo etc O mapa mental enquanto um recurso
visual tambeacutem eacute carregado desta relaccedilatildeo dialoacutegica possui interaccedilotildees de signos que
dialogam com a realidade espacial vivida e ou conhecida pelo aluno durante suas
praacuteticas estudantis e sociais
Explica Barros (2012) que o signo eacute carregado de um conteuacutedo valor ideoloacutegico
ou vivencial possui tambeacutem caraacuteter mediador operador (realiza) e conversor (altera) as
relaccedilotildees sociais e percepccedilotildees A atividade do signo eacute para Vigotski e Bakhtin um
processo de mudanccedila do proacuteprio sujeito sobre outros e a cultura Admite Barros (2012)
que para Vigotski a palavra eacute sempre comando e Bakhtin desfaz a dicotomia entre
linguagem e praacutetica social Como conclusatildeo ao uso do signo nessa perspectiva
Os signos soacute podem existir onde os indiviacuteduos estejam socialmente
organizados formando grupos ou sociedades organizadas natildeo sendo possiacutevel
serem construiacutedos apenas na intermediaccedilatildeo entre dois elementos ou coisas
quaisquer Eacute necessaacuterio que exista a materialidade social para que haja a
exteriorizaccedilatildeo do signo tornando-o objeto concreto de estudo garantindo-lhe
sua convencionalizaccedilatildeo e garantindo sua utilizaccedilatildeo como signo (TEIXEIRA
2001 p 269)
Consideramos que o mapa mental ao se constituir em um fator de caracterizaccedilatildeo
para a linguagem cartograacutefica possui funccedilatildeo de enunciado da mesma forma como
Bakhtin valoriza a enunciaccedilatildeo na fala afirmando sua natureza social o mapa mental estaacute
relacionado agraves condiccedilotildees da comunicaccedilatildeo que por sua vez estatildeo sempre ligadas agraves
estruturas sociais Essa comunicaccedilatildeo envolve no miacutenimo dois sujeitos o sujeito
destinador (mapeador) e o destinataacuterio (leitor de mapa) mas
[] o vivido soacute se semiotiza quando eacute expresso em caso contraacuterio natildeo seraacute
uma experiecircncia humana mas uma mera resposta fisioloacutegica a um estiacutemulo
do meio que natildeo se diferenciaria do animal Portanto expressar externar um
enunciado eacute um produto das inter-relaccedilotildees sociais (KOZEL 2008 p 74)
Concluindo nossos apontamentos sobre as consideraccedilotildees de Bakhtin
ressaltamos que o mapa mental pode ser considerado mais que um veiacuteculo de
comunicaccedilatildeo entre os sujeitos a materializaccedilatildeo do proacuteprio conhecimento cientiacutefico
aprendido coletivamente em condiccedilotildees escolares Apresenta natildeo apenas sinais relativos
ao sujeito que aprende mas refletem sobre as ideologias criadas pela sociedade
contrapondo e ressignificando as experiecircncias cotidianas do sujeito que vive e do
conhecimento cientiacutefico que aprende com o auxiacutelio dos mediadores escolares
68
Dessa maneira com base nas reflexotildees acima entende-se o mapa mental como
um recurso didaacutetico para a comunicaccedilatildeo (carto)graacutefica dos espaccedilos que vivenciamos em
nosso dia a dia ou cartograficamente puacuteblicos como o mapa mundo Ao tornar possiacutevel
ensaiar comportamentos espaciais na mente torna-se um instrumento mnemocircnico
Quando expresso no papel os mapas mentais satildeo instrumentos para estruturar e
armazenar o conhecimento apreendido no processo de alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica
Desta forma buscamos nos proacuteximos capiacutetulos aprofundar a possibilidade de
uma alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica relacionada agrave linguagem por meio dos mapas mentais
pensando as praacuteticas de Ensino de Geografia nos anos iniciais do EF Aleacutem disso
descrevemos e explicamos o percurso metodoloacutegico da pesquisa a escola escolhida os
sujeitos e instrumentos de pesquisa que corroboram com nossa investigaccedilatildeo
69
2 ITINERAacuteRIO DA PESQUISA E SEUS ENCAMINHAMENTOS
METODOLOacuteGICOS
Antes de explicarmos os procedimentos de nossa pesquisa eacute necessaacuteria uma
ressalva a respeito de sua metodologia Ao iniciarmos nossa investigaccedilatildeo realizamos
duas pesquisas-piloto nos anos iniciais do EF uma na Escola Municipal Luacutecia de
Faacutetima Gayoso Meira Campina Grande ndash PB no ano de 2013 e a outra na Escola de
Aplicaccedilatildeo da Universidade Federal de Goiaacutes em Goiacircnia ndash GO em 2014 (ambas em
turmas do 5ordm ano) Nestas ocasiotildees a proposta metodoloacutegica para esta dissertaccedilatildeo era a
pesquisa-accedilatildeo
Durante a qualificaccedilatildeo desta pesquisa a metodologia pesquisa-accedilatildeo foi
questionada no que corresponde ao criteacuterio ldquotempordquo haja vista que a pesquisa-accedilatildeo
ldquo[] eacute singular e define-se por uma situaccedilatildeo precisa concernente a um lugar a pessoas
a um tempo a praacuteticas e a valores sociais e agrave esperanccedila de mudanccedilardquo (BARBIER 2007
p 119) Nossas pesquisas-piloto ateacute o momento haviam sido pontuais (dois meses em
meacutedia) e com puacuteblicos de realidade distintos o que natildeo resultaria em ldquoesperanccedila de
mudanccedilardquo ou seja das soluccedilotildees de problemas referentes agrave proposta de alfabetizaccedilatildeo
cartograacutefica
Buscamos outras propostas metodoloacutegicas que permitissem contribuir com o
desenvolvimento da investigaccedilatildeo realizando consequentemente uma uacuteltima pesquisa
a qual deu base para as anaacutelises registradas neste trabalho Consequentemente ao
estudarmos o artigo ldquoO que eacute um estudo de caso qualitativo em educaccedilatildeo28rdquo escrito por
Andreacute (2013) compreendemos as criacuteticas relacionadas a uma tipificaccedilatildeo da pesquisa em
educaccedilatildeo sem uma reflexatildeo aprofundada A respeito dessas consideraccedilotildees expotildeem
Andreacute (2013 p 96)
O que parece estar presente na cultura acadecircmica pelo menos para o poacutes-
graduando eacute uma convicccedilatildeo de que eacute necessaacuterio e obrigatoacuterio dar um nome a
sua pesquisa Acontece que nem sempre existe uma classe ndash ou tipificaccedilatildeo ndash
em que se pode enquadrar a pesquisa
A autora completa seus argumentos ressaltando que
28
ANDREacute Marli O que eacute um estudo de caso qualitativo em educaccedilatildeo Revista da FAEEBA - Educaccedilatildeo
e Contemporaneidade Salvador v 22 n 40 2013 p 95 ndash 103 Disponiacutevel em
lthttpwwwrevistasunebbrindexphpfaeebaarticleview753gt Acesso em 15102014
70
Na perspectiva das abordagens qualitativas natildeo eacute a atribuiccedilatildeo de um nome
que estabelece o rigor metodoloacutegico da pesquisa mas a explicitaccedilatildeo dos
passos seguidos na realizaccedilatildeo da pesquisa ou seja a descriccedilatildeo clara e
pormenorizada do caminho percorrido para alcanccedilar os objetivos com a
justificativa de cada opccedilatildeo feita Isso sim eacute importante porque revela a
preocupaccedilatildeo com o rigor cientiacutefico do trabalho ou seja se foram ou natildeo
tomadas as devidas cautelas na escolha dos sujeitos dos procedimentos de
coleta e anaacutelise de dados na elaboraccedilatildeo e validaccedilatildeo dos instrumentos no
tratamento dos dados (ANDREacute 2013 p 96)
Entendemos que uma pesquisa acadecircmica natildeo necessariamente deve estar
relacionada a uma tipificaccedilatildeo de pesquisa o que interessa satildeo os procedimentos que
conduziram a investigaccedilatildeo e a clareza para compreensatildeo do leitor Procurando natildeo
cometer os mesmos erros resolvemos entatildeo destacar a abordagem qualitativa
recorrendo a alguns procedimentos utilizados durante as pesquisas-piloto ao qual
daremos maior enfoque a seguir
21 CARACTERIZACcedilAtildeO DA METODOLOGIA DA PESQUISA
Segundo Gil (1999) uma investigaccedilatildeo cientiacutefica requer um processo formal e
sistemaacutetico de desenvolvimento do meacutetodo de investigaccedilatildeo Na busca por soluccedilotildees para
determinado problema o pesquisador adota uma seacuterie de procedimentos permitindo
colaborar com novos conhecimentos acerca do objeto pesquisado Quando nos
referimos as Ciecircncias Sociais fica claro que o comportamento humano eacute complexo
Tambeacutem mais mutaacutevel que os fenocircmenos fiacutesicos (rochas minerais etc) dessa forma
opccedilotildees metodoloacutegicas necessitam ser realizadas
Seguindo as observaccedilotildees do paraacutegrafo anterior concordamos com Oliveira
(2007 p 43) quando caracteriza a metodologia como
[] um processo que se inicia desde a disposiccedilatildeo inicial de se escolher um
determinado tema para pesquisar ateacute a anaacutelise dos dados com as
recomendaccedilotildees para minimizaccedilatildeo ou soluccedilatildeo do problema pesquisado
Portanto metodologia eacute um processo que engloba um conjunto de meacutetodos e
teacutecnicas para ensinar analisar conhecer a realidade e produzir novos
conhecimentos
Oliveira (2007) e Gil (1999) afirmam que a pesquisa eacute um processo de
desenvolvimento do conhecimento cientiacutefico e por meio dela novas descobertas e
avanccedilos na realidade social podem ser realizados Para Oliveira (2007) eacute indispensaacutevel
que o pesquisador tenha afinidade pelo tema investigado e que esteja relacionado agrave vida
e experiecircncias do cientista A proximidade com o tema possibilita o conhecimento da
71
gecircnese do problema crescimento pessoal e possiacuteveis contribuiccedilotildees Em virtude dessas
palavras eacute importante revelar as circunstacircncias que nos aproximam da aacuterea da
Cartografia Escolar
Durante a graduaccedilatildeo em licenciatura em Geografia os estudos relacionados agrave
Cartografia jaacute me despertava interesse levando-me a participar enquanto monitor da
disciplina ldquoCartografia Baacutesica Irdquo na Universidade Estadual da Paraiacuteba Campus
Campina Grande Outra experiecircncia em projeto de extensatildeo inquietou-me
pesquisaacutevamos o uso de recursos geotecnoloacutegicos nas praacuteticas de ensino de Geografia
Como resultado decidi investigar o uso das geotecnologias (entre elas a Cartografia
digital) com alunos dos anos iniciais do EF29
Portanto o interesse sobre ensino de Geografia e Cartografia Escolar se estende
ao desenvolvimento desta dissertaccedilatildeo Neste vieacutes eacute necessaacuterio identificar as opccedilotildees
realizadas principalmente ao que se refere aos paracircmetros metodoloacutegicos Escolhemos
enquanto orientaccedilatildeo de pesquisa a abordagem qualitativa que
[] pode ser caracterizada como sendo uma tentativa de explicar em
profundidade o significado e as caracteriacutesticas do resultado das informaccedilotildees
obtidas atraveacutes de entrevistas ou questotildees abertas sem a mensuraccedilatildeo
quantitativa de caracteriacutesticas ou comportamento (OLIVEIRA 2007 p 59)
Aleacutem disso eacute possiacutevel destacar outras caracteriacutesticas da pesquisa qualitativa
como descrever a complexidade de problemas e hipoacuteteses compreender e classificar
grupos sociais contribuir no processo de mudanccedila criar grupos com a finalidade de
interpretaccedilatildeo das particularidades e dos comportamentos e atitudes dos sujeitos (GIL
1999 OLIVEIRA 2007) Segundo as orientaccedilotildees de Oliveira (2007 p 59) e Godoy
apud Neves (1996 p 01) a abordagem qualitativa segue algumas situaccedilotildees de pesquisa
29 O projeto de extensatildeo intitulado ldquoPotencialidades da utilizaccedilatildeo de geotecnologias como recursos
didaacuteticos no ensino-aprendizagem de Geografiardquo foi coordenado pela Prof Drordf Josandra Arauacutejo Barreto
de Melo O projeto visava capacitar os alunos da Escola Normal de Campina Grande denominados de
formandos (profissionais formados para atuarem na Educaccedilatildeo Infantil e anos iniciais do Ensino
Fundamental) a utilizarem geotecnologias (sites e softwares como o google earth) atraveacutes da criaccedilatildeo de
situaccedilotildees de ensino-aprendizagem geograacuteficas Apoacutes essa experiecircncia no ano de 2012 realizei uma
investigaccedilatildeo sobre as potencialidades dos recursos geotecnoloacutegicos para as aulas de Geografia
especificamente com alunos do 5ordm ano da Escola Municipal Luacutecia de Faacutetima Gayoso Meira A monografia
eacute intitulada ldquoEnsino de Geografia no Ensino Fundamental I o uso de recursos geotecnoloacutegicos e de novas
metodologias de ensino-aprendizagemrdquo Em ambas as experiecircncias encontramos dificuldades na
execuccedilatildeo da proposta seja por falta do laboratoacuterio de informaacutetica desconhecimento sobre teacutecnicas da
informaacutetica (por professores e ou alunos) ou dos procedimentos metodoloacutegicos e conceituais da
Geografia
72
que se converge em cinco aspectos os quais relacionaram com as justificativas e
contextos desta dissertaccedilatildeo
1 Necessidade de substituir informaccedilotildees estatiacutesticas30 por quadros
qualitativos investigar fatos em novos contextos ou quando haacute pouca
informaccedilatildeo sobre determinado tema Esse dado justifica a intenccedilatildeo de
pesquisar o uso dos mapas mentais em contexto escolar com alunos dos anos
iniciais do EF em decorrecircncia do pouco referencial teoacuterico e uma proposta
metodoloacutegica sobre o uso de esboccedilos cartograacuteficos livres no referido periacuteodo de
escolarizaccedilatildeo
2 As observaccedilotildees qualitativas satildeo indicadores de estruturas sociais Ao
realizar a nossa pesquisa nas turmas de 4ordm e 5ordm ano do EF utilizamos como
estrateacutegia a observaccedilatildeo participante registrando fatos e fenocircmenos encontrados
em campo realizando descriccedilotildees acerca das aulas de Geografia ministradas
3 Compreender aspectos psicoloacutegicos cujos dados natildeo podem ser coletados
por outros meacutetodos de investigaccedilatildeo Neste quesito foi verificada a
complexidade do processo de ensino-aprendizagem de Geografia
especialmente das praacuteticas que envolvem a Cartografia Escolar necessitando de
uma compreensatildeo do contexto da escola das leituras de mundo dos alunos sobre
os mapas mentais produzidos e da apreensatildeo das professoras
4 O significado que as pessoas datildeo as coisas e a sua vida como preocupaccedilatildeo
para o investigador Valorizamos em nossa pesquisa natildeo apenas os mapas
mentais enquanto produto final mas o processo de produccedilatildeo das representaccedilotildees
pelos alunos Procuramos dialogar e observar os contextos em sala de aula
procurando buscar soluccedilotildees para o ensino-aprendizagem de Geografia com as
turmas com as quais trabalhamos Aleacutem disso procuramos ressaltar a
importacircncia da Geografia para o cotidiano dos alunos
5 Enfoque indutivo Partimos de uma realidade particular para o
desenvolvimento da pesquisa uma escola municipal a qual seraacute apresentada
posteriormente efetivando nesse processo (novas) propostas correspondentes a
30 Para Oliveira (2007 p 58) eacute possiacutevel ldquo[] utilizar dados quantitativos em uma pesquisa qualitativa
visto que face ao novo paradigma da ciecircncia contemporacircnea no processo de construccedilatildeo do conhecimento
(epistemologia) deve-se incluir a descriccedilatildeo de todos os fenocircmenos []rdquo
73
praacuteticas com os mapas mentais e ateacute mesmo observando seus (in) sucessos em
sala de aula
Tendo as situaccedilotildees descritas anteriormente como pontos norteadores do estudo
foi necessaacuterio tambeacutem recorremos a outros gecircneros de pesquisa com a intenccedilatildeo de (1)
empregar procedimentos utilizados em pesquisas-piloto anteriores os quais os
resultados demonstraram-se positivos e (2) Ampliar as fontes de dados relacionadas aos
resultados da investigaccedilatildeo Nestas condiccedilotildees os meacutetodos seguidos pela abordagem
qualitativa estudo de caso a pesquisa participativa e a pesquisa-accedilatildeo serviram como
guias para refinarmos outros procedimentos
Relata Gil (1999) e Oliveira (2007) que a pesquisa participativa requer
compromisso espiacuterito de solidariedade e comunhatildeo entre o pesquisador e a populaccedilatildeo
da comunidade em que eacute realizado o estudo De acordo com Oliveira (2007 p 75) a
pesquisa participativa eacute uma ldquo[] modalidade de pesquisa [que] eacute realizada em
comunidades carentes ou com grupos desfavorecidos como operaacuterios iacutendios e
camponeses entre outrosrdquo Aleacutem disso procura uma associaccedilatildeo entre uma accedilatildeo para
soluccedilatildeo de um problema coletivo desenvolvendo autonomia dos sujeitos pesquisados a
uma exterioridade poliacutetica econocircmica administrativa por exemplo (GIL 1999)
A pesquisa-accedilatildeo assim como a pesquisa participativa eacute caracterizada pela
participaccedilatildeo do pesquisador no contexto social investigado A metodologia eacute definida
por Engel (2000 p 182) como
[] um tipo de pesquisa participante engajada em oposiccedilatildeo agrave pesquisa
tradicional que eacute considerada como ldquoindependenterdquo ldquonatildeo-reativardquo e
ldquoobjetivardquo Como o proacuteprio nome jaacute diz a pesquisa-accedilatildeo procura unir a
pesquisa agrave accedilatildeo ou praacutetica isto eacute desenvolver o conhecimento e a
compreensatildeo como parte da praacutetica Eacute portanto uma maneira de se fazer
pesquisa em situaccedilotildees em que tambeacutem se eacute uma pessoa da praacutetica e se deseja
melhorar a compreensatildeo desta
No desenvolvimento da pesquisa-accedilatildeo assim como da pesquisa participativa se
busca a accedilatildeo efetiva dos membros para a realizaccedilatildeo de determinada atividade com o
objetivo da conscientizaccedilatildeo social trabalhista ou educacional por exemplo No caso da
Cartografia Social as investigaccedilotildees se valem da produccedilatildeo dos mapas mentais
considerando as experiecircncias dos grupos humanos Outro fator eacute que na pesquisa-accedilatildeo o
conhecimento eacute produto de uma praacutetica considera nesta modalidade a reflexatildeo que
ocorre durante todo o processo da pesquisa
74
Parte dos procedimentos adotados corresponde agraves pesquisas de gecircnero
participativa especialmente da pesquisa-accedilatildeo as quais satildeo caracterizadas a partir das
obras de Barbier (2007) e Morin (2004) Elas satildeo explicitadas nos seguintes toacutepicos
Realizaccedilatildeo de um ldquocontratordquo segundo Barbier (2007) e Morin (2004) eacute um
acordo realizado entre o pesquisador e o grupo de trabalho O contrato tem um
caraacuteter aberto formal e de preferecircncia natildeo-estruturado Para realizaccedilatildeo da
pesquisa tivemos que concordar com algumas condiccedilotildees dadas pelas
professoras entre elas que os assuntos abordados durante as aulas
correspondessem com os conteuacutedos ministrados no quarto bimestre (em ambas
as turmas) e que as aulas fossem ministradas durante um dia
(quinzenalmente)31
Participaccedilatildeo coletiva e cooperativa e de cogestatildeo A pesquisa-accedilatildeo
corresponde ao envolvimento dos sujeitos e do pesquisador que satildeo sujeitos da
praacutetica Desta forma nossa intenccedilatildeo natildeo era apenas aplicar os mapas mentais
com as turmas selecionadas (4ordm e 5ordm ano) mas participar e lecionar os assuntos
de Geografia visto que foi nos dada agrave oportunidade em ambas as turmas
muito embora as professoras tenham participado de todo o processo
Mudanccedila que leve a transformaccedilatildeo Inicialmente questionamos os alunos
acerca dos recursos cartograacuteficos (utilizaccedilatildeo dos mapas) a leitura dos recursos
e sua utilizaccedilatildeo no cotidiano Neste quesito realizamos atividades
direcionadas aos mapas mentais aleacutem de outras atividades com mapas
existentes e atividades luacutedicas para a soluccedilatildeo de duacutevidas e problemas
encontrados neste percurso O produto resultou em diferentes praacuteticas de
ensino entretanto assim como aponta a metodologia de pesquisa nem todas
as praacuteticas foram eficazes (como apresentaremos nos proacuteximos capiacutetulos)
Nestas condiccedilotildees Morin (2007) esclarece que os erros levam ao avanccedilo da
pesquisa e satildeo relevantes para a adaptaccedilatildeo do objeto investigado Neste contexto esses
procedimentos da pesquisa-accedilatildeo podem ser esclarecedores para o pesquisador pois o
31 Geralmente as aulas ocorriam uma vez por semana em periacuteodos equivalentes a uma hora (em meacutedia)
Ao dialogarmos com as professoras conseguimos um dia por semana durante todo o periacuteodo da tarde Em
entrevista os alunos se queixavam que as aulas de Geografia e Histoacuteria pouco ocorriam havendo
semanas que simplesmente natildeo aconteciam (principalmente no 5ordm ano) Voltaremos a abordar essas
questotildees no capiacutetulo III
75
faz debruccedilar natildeo apenas pelos resultados positivos mas situa a reflexatildeo global do
processo de ensino-aprendizagem no processo de aperfeiccediloamento As pesquisas
participativas consideram o conhecimento sempre provisoacuterio e dependente do contexto
histoacuterico e cultural observado e interpretado (MORIN 2004 BARBIER 2007
OLIVEIRA 2007)
Ademais com a intenccedilatildeo de estruturar as accedilotildees para realizaccedilatildeo da pesquisa
resgatamos criteacuterios do estudo de caso o qual segundo Oliveira (2007 p 55) eacute
caracterizado como ldquouma estrateacutegia metodoloacutegica do tipo exploratoacuterio descritivo e
interpretativordquo possui caracteriacutesticas holiacutesticas e significativas para desvendar fatos ou
fenocircmenos
Aleacutem disso procuramos ldquo[] focalizar um fenocircmeno particular levando em
conta seu contexto e suas muacuteltiplas dimensotildees Valoriza-se o aspecto unitaacuterio mas
ressalta-se a necessidade da anaacutelise situada e em profundidaderdquo (ANDREacute 2013 p 97)
Como estrateacutegia de pesquisa o estudo de caso eacute compreendida como uma metodologia
que considera uma loacutegica de planejamento teacutecnica e anaacutelises de coleta especifica
De acordo com esses argumentos procuramos organizar e construir as etapas de
nossa pesquisa para o desenvolvimento das aulas e anaacutelise dos mapas mentais
produzidos Sistematizamos os procedimentos da pesquisa ressaltando a importacircncia
metodoloacutegica para a realizaccedilatildeo desses passos revisatildeo bibliograacutefica escolha dos espaccedilos
e sujeitos da pesquisa instrumentos de pesquisa e resultados coletados
22 PROCEDIMENTOS DA PESQUISA
2 2 1 Referenciais teoacuterico-metodoloacutegicos
Na orientaccedilatildeo da pesquisa realizamos o levantamento do referencial teoacuterico-
metodoloacutegico que orienta o tema em questatildeo Pesquisamos autores e obras para
realizaccedilatildeo das etapas da pesquisa Os materiais utilizados pertencem a diferentes aacutereas
ensino de Geografia Pedagogia Psicologia Linguiacutestica e Cartografia Escolar estes
foram substanciais para a construccedilatildeo teoacuterica e da proposta metodoloacutegica Buscamos
analisar experiecircncias com os mapas mentais na discussatildeo de trecircs pontos
76
A) Ensino de Geografia
Propomos para este estudo destacar obras que em nossa compreensatildeo valorizam
o ensino-aprendizagem de Geografia especialmente nos anos iniciais do EF Elas
integram a discussatildeo acerca da alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica e a leitura de mundo
demarcado por temas voltados aos estudos geograacuteficos
Destacamos que as obras de Callai (2005 2013) Straforini (2008) Campos amp
Buitoni (2010) Lessan (2011) e Pinheiro (2012) foram fundamentais para se efetivar
uma proposta de pesquisa para o conjunto do ensino-aprendizagem de Geografia com
alunos e professores dos anos iniciais do EF O trabalho de Cavalcanti (2014) relaciona
os conceito e metodologias do trabalho docente para o ensino de Geografia contribuindo
com as propostas do que e como ensinar
Procuramos apoiar nossas escolhas tambeacutem mediante obras que fundamentam a
ciecircncia geograacutefica Partindo da proacutepria indicaccedilatildeo do referencial teoacuterico suas teorias e
conceitos das obras supramencionadas para auxiliar o desenvolvimento das praacuteticas
pedagoacutegicas assim como a compreensatildeo e anaacutelise dos mapas mentais produzidos
Desta forma o trabalho de Tuan (1983 2012) auxiliam na compreensatildeo dos conceitos
de espaccedilo geograacutefico e lugar Racine Raffestin amp Ruffy (1983) Silveira (2004) e
Castro (2008) para a compreensatildeo de escala geograacutefica Aleacutem desses as obras de Claval
(2006 2010 2011) que discute a importacircncia da localizaccedilatildeo e orientaccedilatildeo espacial
B) Alfabetizaccedilatildeo Cartograacutefica e mapas mentais
Este toacutepico que vem sendo composto desde a (re) elaboraccedilatildeo de nosso projeto
abarca a intenccedilatildeo principal desta pesquisa (que como discutido no capiacutetulo I) estaacute
relacionada ao uso de Cartografia para escolares Pontuamos mediante a realizaccedilatildeo de
nosso estudo leituras direcionadas a linguagem espacial no ensino-aprendizagem de
Geografia
Os estudos de Oliveira (1978) Castrogiovanni amp Costella (2006) Castellar
(2000) Almeida amp Passini (2010) Almeida (2010 2011) Richter (2011) e Passini
(2012) estatildeo presentes como a base para a construccedilatildeo e revisatildeo de nossa proposta de
pesquisa voltada agrave Cartografia Escolar
77
Resgatamos teoacutericos que discutem o uso da Cartografia e seus novos
direcionamentos a uma Cartografia Social mesmo que natildeo explicitamente como Katuta
(2001) Girardi (2005) Raffestin (2007) Farinelli (2013) e Lladoacute (2013)
Nossa proposta metodoloacutegica eacute baseada nos trabalhos de dissertaccedilatildeo de Richter
(2010) e Teixeira (2001) Recorremos tambeacutem a outras experiecircncias de trabalhos
relacionados a atividades proacuteximas aos mapas mentais como o uso do desenho discutido
por Miranda (2005) e mapas vivenciais apresentados no trabalho de Lopes (2012)
Contextualizamos aleacutem disso as experiecircncias com o uso dos mapas mentais
desenvolvidos nas pesquisas de Nogueira (2006) Kozel (2008) Galvatildeo amp Kozel
(2008) Oliveira (2010) Silva amp Bernardelli (2010) Santos (2011) e Archela Gratatildeo amp
Trostdorf (2004)
C) Teoria histoacuterico-cultural ou soacutecio histoacuterica
Nossa intenccedilatildeo ao nos referirmos agrave teoria histoacuterico-cultural corrente psicoloacutegica
que explica o desenvolvimento da mente humana atraveacutes de uma perspectiva dialeacutetica
natildeo eacute nos resumirmos a uma anaacutelise metoacutedica mas entendermos o processo das funccedilotildees
superiores no modo de funcionamento psicoloacutegico do sujeito o processo de cogniccedilatildeo
para a aprendizagem de Geografia
Entendemos o processo de ensino-aprendizagem em uma perspectiva histoacuterica e
social Ele eacute em sua natureza baseado na vivecircncia e no diaacutelogo existente em
comunidade resultando em uma cultura A linguagem constroacutei valores ideias e accedilotildees
sociais As representaccedilotildees espaciais neste contexto tambeacutem se constituem como uma
linguagem possibilitando a alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica
Nesta perspectiva destacamos as obras de Vigotski (1998) e de Bakhtin (2012)
fundamentalmente Para a compreensatildeo mais consistente das obras de Vigotski e
Bakhtin decidimos incorporar o debate dos seguintes autores Jobim e Souza (1994)
Freitas (2000) Rego (1995) Barros (2012) e Friedrich (2012)
2 2 2 Instrumentos de Pesquisa
Consideramos que o principal instrumento de estudo eacute o pesquisador Sua
funccedilatildeo ampla recorre ao observar e participar recriar estrateacutegias organizar
circunstacircncias para a aprendizagem motivar e coordenar as atividades em sala de aula
78
Ele atribui significados a um objetivo preacute-elaborado com a compreensatildeo que as
circunstacircncias podem se alterar a qualquer momento em seu percurso tanto na teoria
quanto na praacutetica Os criteacuterios para realizaccedilatildeo da pesquisa satildeo descritos pelos pontos a
seguir
A) A observaccedilatildeo
Ressalta Vianna (2007 p 12) ldquoAo observador natildeo basta simplesmente olhar
Deve certamente saber ver identificar e descrever diversos tipos de interaccedilotildees e
processos humanosrdquo Para tanto o pesquisador deveraacute estar preparado possuindo um
adequado treinamento identificando problemas (a partir de observaccedilotildees causais)
envolvendo os quatro sentidos baacutesicos aleacutem da visatildeo registrando dados accedilotildees e
emoccedilotildees das circunstacircncias verificadas
Em trabalhos onde o observador eacute tambeacutem participante alguns cuidados devem
estar em voga sobretudo no que diz respeito ao registro dos dados evitando o excesso
de sentimentalismo com os observados Tambeacutem deve prestar atenccedilatildeo ateacute onde suas
emoccedilotildees e sentimentos constituem dados e quando elas poderatildeo influenciar as accedilotildees dos
outros sujeitos (OLIVEIRA 2007)
Quando bem executada a observaccedilatildeo participante possibilita a investigaccedilatildeo de
contextos particulares desvendando situaccedilotildees cotidianas em virtude da abertura e
flexibilidade da pesquisa aleacutem do aprofundamento das questotildees referentes agrave
investigaccedilatildeo em processo
Criamos instrumentos de registro para cada oportunidade de pesquisa oferecida
nas escolas ou na universidade Adequamos os instrumentos para cada circunstacircncia
Utilizamos nos ambientes escolares trecircs principais instrumentos de coleta de dados
(jornal de pesquisa entrevistas e questionaacuterio)
B) Jornal de pesquisa
O jornal de pesquisa (tambeacutem conhecido como diaacuterio de campo) consiste
segundo Barbosa (2010) na possibilidade de ultrapassar a simples coacutepia mecacircnica e
produzir um conhecimento condizente com a realidade Natildeo aponta a pesquisa como
aprendizagem para si mesmo nestas circunstacircncias tem um caraacuteter puacuteblico que
pretende esclarecer os passos de determinada investigaccedilatildeo
79
Durante as pesquisas-piloto notamos que o uso de blocos de anotaccedilotildees era
inconveniente pois prejudicavam a observaccedilatildeo participante aleacutem de distrair os alunos
nas atividades estabelecidas em sala de aula Neste aspecto nos detemos na escrita do
jornal de pesquisa anotando nossos (in) sucessos relacionados agrave investigaccedilatildeo
Sendo assim trechos de diaacutelogos e reaccedilotildees ocorridas durante as aulas e
principalmente durante a realizaccedilatildeo dos mapas mentais foram registrados e se
encontram em apecircndice (Apecircndice I em CD)
C) Entrevistas
Segundo Oliveira (2007 p 86) ldquoa entrevista eacute um excelente instrumento de
pesquisa por permitir a interaccedilatildeo entre pesquisador (a) e entrevistado (a) e obtenccedilatildeo de
descriccedilotildees detalhadas sobre o que se estaacute pesquisandordquo Dessa forma apoacutes o termino
das atividades procuramos realizar um diagnoacutestico final sobre as possiacuteveis contribuiccedilotildees
das praacuteticas realizadas especialmente do uso dos mapas mentais na perspectiva dos
alunos Em decorrecircncia do tempo as entrevistas foram realizadas em grupos (de trecircs a
cinco alunos) com todos os estudantes do 4ordm e 5ordm ano salvo os faltosos As entrevistas
foram norteadas por questotildees semiestruturadas descritas abaixo
Questotildees para entrevista com os alunos
1 Qual das atividades realizadas vocecircs acharam mais interessante Por quecirc
2 Qual das atividades vocecircs menos gostaram de fazer Por quecirc
3 O que vocecircs acham que aprenderam com a realizaccedilatildeo dos mapas mentais
durante as aulas de Geografia
4 Vocecircs acham importante estudar Geografia Explique
Em outra ocasiatildeo estivemos em contato com a gestora da escola com a qual
realizamos uma entrevista focalizada Para Gil (1999 p 120) esse tipo de entrevista eacute
de caraacuteter ldquo[] livre todavia enfoca um tema bem especifico O entrevistador permite
ao entrevistado falar livremente sobre o assunto mas quando este se desvia do tema
original esforccedila-se para a sua retomadardquo
O tema em questatildeo foi o processo de ensino-aprendizagem no segundo ciclo dos
anos iniciais do EF (4ordm e 5ordm ano) surgindo questotildees referentes ao cumprimento da
legislaccedilatildeo na escola a estrutura fiacutesica da escola organizaccedilatildeo do trabalho escolar
80
(principalmente das professoras) desempenho escolar dos alunos do 4ordm e 5ordm ano Essas
temaacuteticas satildeo contextualizadas ao longo do capiacutetulo 3 e 4
D) Questionaacuterio de investigaccedilatildeo
Em decorrecircncia do tempo da pesquisa uacuteltimo bimestre de 2014 foi necessaacuterio
aplicar o recurso ldquoquestionaacuterio de investigaccedilatildeordquo com as docentes do 4ordm e 5ordm ano Nossa
intenccedilatildeo inicial foi o de registrar o perfil das professoras Tambeacutem o de discutir as
problemaacuteticas e estabelecer uma troca de experiecircncias das observaccedilotildees de cada
professora sobre a execuccedilatildeo e propostas da pesquisa
Para fins de registro o questionaacuterio foi construiacutedo possuindo treze (13) questotildees
divididas em cinco partes identificaccedilatildeo formaccedilatildeo experiecircncia profissional praacutetica
profissional e execuccedilatildeo da pesquisa (ver apecircndice II) Com base na leitura das respostas
das professoras tivemos condiccedilotildees de entender as dificuldades Entre elas a relaccedilatildeo ao
ensino de Geografia e suas sugestotildees para o trabalho com os mapas mentais e
metodologias auxiliares
E) Outros instrumentos para as praacuteticas com os alunos
Para a realizaccedilatildeo das atividades com mapas mentais confeccionamos dois
modelos de prancha para desenho O primeiro voltado agraves atividades realizadas
individualmente (em folha A4) constituiacuteda por cabeccedilalho com espaccedilo para nome e
idade o que auxiliou na identificaccedilatildeo dos sujeitos da pesquisa (Apecircndice III) A
segunda para uso em grupo (em folha A3)
Os outros recursos utilizados foram Atlas Geograacutefico mapa do Brasil32 Regiatildeo
Nordeste33 e Centro-Oeste34 Estado da Paraiacuteba35 Campina Grande ndash PB36 Atlas
Escolar da Paraiacuteba37
32 BRASIL Editora Globomapas Brasil poliacutetico- rodoviaacuterio[Satildeo Paulo] 2014 1 mapa 89 x 117 cm
Escala 15000000 33 BRASIL Editora Globomapas Brasil regiatildeo nordeste[Satildeo Paulo] 2014 1 mapa 89 x 117 cm Escala
12000000 34 BRASIL Editora Globomapas Brasil regiatildeo centro-oeste poliacutetico rodoviaacuterio regional e
turiacutestico[Satildeo Paulo] 2014 1 mapa 89 x 117 cm Escala 12000000 35 ESTADO DA PARAIacuteBA Editora Trieste Estado da Paraiacuteba poliacutetico rodoviaacuterio e escolar [Satildeo
Paulo] 2008 1 mapa 89 x 117 cm Escala 1 500 000 36 CAMPINA GRANDE Editora Trieste Campina Grande PB[Satildeo Paulo] 2008 1 mapa 89 x 117 cm
Escala 1 10 000 37 RODRIGUEZ Janete Lins Atlas Escolar da Paraiacuteba 3ordf Ed Joatildeo Pessoa GRAFSET 2002
81
Mediante termo de consentimento a gestatildeo escolar permitiu o uso da cacircmera
fotograacuteficacelular e da filmadora Isso auxiliou na percepccedilatildeo de elementos natildeo
identificados na accedilatildeo da pesquisa servindo como um registro de apoio As fotos
filmagens e gravaccedilotildees serviram para interpretaccedilatildeo das atividades com os mapas mentais
realizados Aleacutem desses se fez uso de material de papelaria laacutepis grafite e de cor
caneta hidrocor cola tesoura fita adesiva (durex) e borracha
Utilizamos o recurso do brinquedo didaacutetico ldquoBrincando de engenheirordquo38 para
construccedilatildeo de maquetes introduzindo a noccedilatildeo do luacutedico no trabalho pedagoacutegico com
mapa mental A maquete mental (mapa mental construiacutedo coletivamente o qual eacute
discutido na paacutegina 97 e 98) foi construiacuteda sob uma superfiacutecie de cartolinas (papel
cartatildeo)
2 2 3 Os espaccedilos e os sujeitos da pesquisa
O espaccedilo da pesquisa
Nosso estudo estaacute relacionado ao ensino de Geografia desta forma foi
necessaacuterio delimitarmos a escola como espaccedilo de pesquisa Justificamos esta escolha
natildeo apenas por consideraacute-la como um dos lugares onde se aprende o uso de um coacutedigo
cultural ou por sua influecircncia no imaginaacuterio das crianccedilas jovens e adultos que a
frequenta mas sobretudo pela influecircncia na comunidade a qual pertence
De acordo com objetivos e propostas deste estudo procuramos uma escola que
atendesse os anos iniciais do EF Tiacutenhamos como intenccedilatildeo realizar um trabalho que
contasse com a participaccedilatildeo dos alunos necessitando tempo e disposiccedilatildeo dos
professores e da coordenaccedilatildeo para realizaccedilatildeo da nossa pesquisa De acordo com estes
criteacuterios escolhemos a Escola Municipal Luacutecia de Faacutetima Gayoso Meira visto que jaacute
haviacuteamos realizado outras experiecircncias de investigaccedilatildeo incluindo nossa pesquisa-
piloto portanto aproveitamos essa relaccedilatildeo de proximidade e confianccedila com os sujeitos
Entre os motivos que nos condicionaram a continuar nessa escola enquanto
campo de pesquisa foi
Histoacuterico de retenccedilatildeo escolar principalmente dos alunos no 5ordm ano Isso nos
possibilitou realizar um diagnoacutestico das dificuldades referentes agraves habilidades
38 BRINCANDO DE ENGENHEIRO Xalingo brinquedos Fabricado no Brasil atestado pelo
INMETRO para crianccedilas acima de 3 anos de idade 4 brinquedo educativo 42 peccedilas
82
cartograacuteficas e a construccedilatildeo de noccedilotildees relativas a conceitos e temas da
Geografia
Matriacutecula e frequecircncia de alunos de faixa etaacuteria distinta as normas cronoloacutegicas
estabelecidas pelo Conselho Nacional de Educaccedilatildeo (CNE) e
O perfil socioeconocircmico e familiar dos alunos Suas famiacutelias sobrevivem
predominantemente com menos de dois salaacuterios miacutenimos A maioria dos pais
ou responsaacuteveis exercem atividades autocircnomas (encanador pedreiro pintor
diaristas comerciantes informais entre outros) nestes casos os alunos recebem
recurso do Governo Federal como Bolsa Famiacutelia39
Descriccedilotildees da localizaccedilatildeo geograacutefica escolar
O bairro do Lauritzen eacute localizado na Zona Norte da Cidade de Campina
Grande embora seja considerado um bairro oficial para a administraccedilatildeo poliacutetica do
municiacutepio natildeo chega a ser reconhecido pela populaccedilatildeo local nem mesmo pela Escola
Municipal Luacutecia de Faacutetima Gayoso Meira40 A identidade estaacute representada pelo bairro
vizinho o Alto Branco o qual deteacutem maior status social em decorrecircncia do mercado
imobiliaacuterio (ver figura 4 p 83)
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica - IBGE (2010)41
Campina Grande eacute um municiacutepio paraibano que surgiu como posto de reabastecimento
dos tropeiros Esse fato se deve a sua localizaccedilatildeo intermediaria entre o alto sertatildeo e a
capital litoracircnea atual Joatildeo Pessoa No censo do IBGE em 2010 foi registrada uma
populaccedilatildeo proacutexima aos 400 mil habitantes (exatamente 385213 habitantes) distribuiacuteda
em uma aacuterea de 594 182 km2
39
O programa Bolsa famiacutelia recurso do governo federal auxilia financeiramente famiacutelias em condiccedilotildees
de pobreza (valor de renda per capita familiar igual ou menor a 150 reais) e extrema pobreza (valor de
renda per capita igual ou menor a 77 reais) como consta no Decreto nordm 5209 de 17 de Setembro de 2004
Este recurso disponiacutevel as famiacutelias eacute realizado sob duas condiccedilotildees a primeira corresponde agrave renda per
capita familiar e a segunda o nuacutemero de crianccedilas ou adolescentes matriculados na rede baacutesica de ensino
ateacute os dezessete anos de idade variando o valor do auxiacutelio Para mais informaccedilotildees
httpwwwplanaltogovbrccivil_03_Ato2004-20062004DecretoD5209htmgt acessado em
29012014 40
O nome da escola eacute uma homenagem a filha de WaldecyVillarim Meira (na eacutepoca proprietaacuterio de uma
empresa campinense Irmatildeos Villarim Meira SA) e InaldaGayoso Meira A jovem estudou no coleacutegio
Imaculada Conceiccedilatildeo (Damas) na cidade de Campina Grande Viacutetima de atropelamento em 1974 faleceu
aos 15 anos de idade no municiacutepio de Joatildeo Pessoa cidade onde se encontra enterrada 41 Informaccedilotildees disponiacuteveis em
httpcidadesibgegovbrxtrasperfilphplang=ampcodmun=250400ampsearch=||infogrE1ficos-
informaE7F5es-completaslt acessado em 0204 2015
83
FIGURA 4 ndash MAPA DE LOCALIZACcedilAtildeO DA ESCOLA
Elaborado por Francisco Vilar Arauacutejo Segundo 2015
84
A maioria dos alunos matriculados na Escola Municipal Luacutecia de Faacutetima Gayoso
Meira satildeo moradores de bairros como Centro Conceiccedilatildeo e Lauritzen destacados na
figura 4 (p 83) em laranja Outros provecircm de bairros um pouco mais distantes a
exemplo do Alto Branco e Jardim Tavares localizados a norte e destacados no mapa em
amarelo (figura 4 p 83)
A Escola Luacutecia de Faacutetima Gayoso Meira construiacuteda na deacutecada de 1969 foi
fundada e autorizada pelo decreto de criaccedilatildeo nordm 195 de 08031981 segundo registros
escolares pesquisados42 A escola (ver figura 5 p 84) desde a sua inauguraccedilatildeo passou
por diversas ampliaccedilotildees e reformas relacionada ao seu espaccedilo fiacutesico Atualmente eacute
constituiacuteda por quatro salas de aula uma sala de Atendimento Especial (AE) um
laboratoacuterio de informaacutetica uma sala de leitura (biblioteca escolar) uma sala de
professores diretoria dois banheiros ndash um masculino e outro feminino ndash uma cantina
uma quadra de areia para esportes um playground e uma aacuterea de recreaccedilatildeo
razoavelmente extensa e arborizada
FIGURA 5 - FACHADA DA ESCOLA MUNICIPAL LUacuteCIA DE FAacuteTIMA GAYOSO MEIRA
Fonte Pesquisa de Campo (2014)
42 Durante nossa pesquisa natildeo fomos autorizados a retirar nenhuma documentaccedilatildeo da escola O projeto
poliacutetico pedagoacutegico da instituiccedilatildeo estava em atualizaccedilatildeo o que dificultou o acesso e consequentemente a
leitura do documento em sua integra
85
Hoje a escola atende a Educaccedilatildeo Infantil (I e II) e os anos iniciais do EF (1ordm ao
5ordm ano) Em decorrecircncia do seu espaccedilo fiacutesico no ano de 2014 atendeu alunos da
Educaccedilatildeo Infantil ao 3ordm ano no periacuteodo matutino e do 4ordm e 5ordm ano no periacuteodo vespertino
havendo nessa escola apenas uma turma para cada ano (seacuterie)
Os sujeitos da pesquisa ndash alunos e professoras
Apoacutes a definiccedilatildeo da escola necessitamos recorrer agraves justificativas sobre a
seleccedilatildeo das turmas as quais realizamos nossa investigaccedilatildeo Nestas condiccedilotildees
escolhemos trabalhar com alunos do segundo ciclo dos anos iniciais do EF ou seja uma
turma do 4ordm e outra do 5ordm ano
Optamos por estas turmas em decorrecircncia do Pacto Nacional pela Alfabetizaccedilatildeo
na Idade Certa (PNAIC) o qual promove accedilotildees para alfabetizaccedilatildeo da liacutengua portuguesa
de crianccedilas no primeiro ciclo dos anos iniciais do EF (1ordm ao 3ordm ano) muito embora natildeo
desenvolva poliacuteticas que garantam a progressatildeo do ato de alfabetizar no segundo ciclo
(4ordm e 5ordm ano)
Entendendo a problemaacutetica da alfabetizaccedilatildeo e aproximando dos contextos das
aulas de Geografia recorremos ao uso do mapa mental com as turmas do 4ordm e 5ordm por
compreendecirc-lo enquanto portador de uma linguagem de comunicaccedilatildeo visual Ele pode
auxiliar no desenvolvimento de estruturas cognitivas e habilidades para a leitura de
mapas ou seja alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica
Os estudantes que participaram desta pesquisa satildeo apresentados mediante um
coacutedigo de identificaccedilatildeo Consideramos a palavra ldquoalunordquo mais o nuacutemero correspondente
a lista de registro dos participantes Na turma do 4ordm ano teremos os seguintes discentes
ldquoAluno 01rdquo ao ldquoAluno 21rdquo Evitando a repeticcedilatildeo dos nuacutemeros foi decidido nomear os
estudantes do 5ordm ano de ldquoAluno 22rdquo ateacute ldquoAluno 51rdquo
No caso dos mapas produzidos coletivamente identificamos todos os sujeitos
que participaram do processo no ato da apresentaccedilatildeo do mapa mental Lembramos que
as anaacutelises dos mapas mentais satildeo realizadas em dois blocos distintos um do 4ordm e outro
do 5ordm ano Desse modo em ocasiotildees que necessitamos fazer comparaccedilotildees entre os
alunos das turmas pesquisadas identificamos cada estudante e seu respectivo niacutevel de
escolaridade
86
Com a turma do 4ordm ano contamos com a participaccedilatildeo da professora Marta43 64
anos A professora eacute formada em Pedagogia pela Universidade Regional do Nordeste
atual Universidade Estadual da Paraiacuteba possuiu especializaccedilatildeo em Educaccedilatildeo pela
Universidade Federal da Paraiacuteba atual UFCG campus Campina Grande Tem 46 anos
de experiecircncia profissional jaacute ministrou aulas nos anos iniciais do EF e em cursos
profissionalizantes no Serviccedilo Nacional de Aprendizagem Comercial (SENAC)
Durante o processo de pesquisa houve a participaccedilatildeo de 21 alunos do 4ordm ano a faixa
etaacuteria corresponde entre os 09 a 13 anos de idade
A docente responsaacutevel pelo 5ordm ano Beatriz 42 anos eacute professora formada pela
Universidade Estadual da Paraiacuteba no curso de licenciatura em Matemaacutetica e
especializaccedilatildeo em Ensino de Matemaacutetica (2009) na mesma universidade Possuiu
licenciatura em Pedagogia em modalidade regular pela Universidade Estadual Vale do
Acarauacute (UVA) trabalha na rede municipal de Campina Grande do 1ordm ao 5ordm haacute dez anos
Na rede estadual ministra aulas de matemaacutetica haacute 22 anos na cidade de Alagoa Grande
ndash PB44 lugar onde reside Na turma do 5ordm ano contamos com a participaccedilatildeo de 29
alunos com faixa etaacuteria entre 08 a 13 anos de idade45
O tempo e as etapas da pesquisa
O estudo realizado na Escola Municipal Luacutecia de Faacutetima Gayoso Meira no ano
de 2014 ocorre como conclusatildeo de nossas experiecircncias de pesquisa durante o
desenvolvimento do trabalho de mestrado em Geografia Em 2013 haviacuteamos realizado
uma pesquisa-piloto com a turma do 5ordm ano na mesma escola Apoacutes o desenvolvimento
de experiecircncias em outras escolas e oficinas ministradas em universidades
aperfeiccediloamos a metodologia considerando quesitos como conteuacutedo metodologia de
trabalho e recursos didaacuteticos de apoio
43 Os nomes aqui apresentados satildeo fictiacutecios com a finalidade de preservar a identidade dos sujeitos
participantes desta pesquisa Escolhemos nomes ao inveacutes de nuacutemeros em decorrecircncia da quantidade dos
docentes (duas apenas) 44 Cidade localizada no brejo paraibano acerca de 33 quilocircmetros de distacircncia de Campina Grande
Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica ndash IBGE a cidade possuiacutea em 2010 uma
populaccedilatildeo de 28479 tendo uma estimada de aproximadamente 28733 pessoas para o ano de 2013 A
aacuterea de extensatildeo territorial ultrapassa os 320 km2 Informaccedilotildees disponiacuteveis em
httpcidadesibgegovbrxtrasperfilphpcodmun=2500303Cgt acesso em 07072014 45 Havia na ocasiatildeo um aluno com 37 anos de idade neste caso afirma a gestora escolar que o estudante
apresenta dificuldades cognitivas as quais natildeo nos foram reveladas Sua permanecircncia na escola foi
justificada por dois motivos pedido da famiacutelia do estudante e da possiacutevel dificuldade de se adaptar a uma
turma de Educaccedilatildeo de Jovens e Adultos Ressaltamos poreacutem que este aluno natildeo elaborou nenhum mapa
mental visto que havia faltado nas ocasiotildees das atividades
87
O retorno a escola ocorreu no mecircs de setembro e a pesquisa ocorreu entre os
meses de outubro a dezembro de 2014 A execuccedilatildeo da proposta com o 4ordm ano durou seis
dias a do 5ordm ano aconteceu em sete dias visto que a turma era mais numerosa Este
periacuteodo correspondeu com o quarto bimestre escolar A pesquisa foi desenvolvida
quinzenalmente salvo problemas com feriados
A realizaccedilatildeo das aulas ocorreu durante o periacuteodo vespertino das 13h 00min agraves
17h 00min Dos seis dias de pesquisa realizado no 4ordm ano cinco voltaram-se as aulas e
mais dois de entrevista com os estudantes Por sua vez no 5ordm ano dos sete dias cinco
visavam o desenvolvimento das aulas e mais dois direcionados a entrevista com os
alunos Realizamos entrevista com a gestora escolar (a qual daremos o nome fictiacutecio de
Rosacircngela) nos dias 16 e 22 de dezembro e tambeacutem os questionaacuterios de investigaccedilatildeo
com as docentes (professora Marta 4ordm ano e Professora Beatriz 5ordm ano)
Durante este periacuteodo as aulas eram ministradas pelo pesquisador com a cogestatildeo
das professoras regentes de cada turma O que nos motivou a agir desta maneira foi agrave
oportunidade de experimentar e validar os procedimentos de trabalho com os mapas
mentais aperfeiccediloando concomitantemente possibilidades e observando suas
limitaccedilotildees Embora natildeo tiveacutessemos o objetivo de fornecer uma formaccedilatildeo docente para
as professoras estas participaram do processo das atividades desde o planejamento a
execuccedilatildeo das tarefas escolares
A escolha das atividades respeitou o curriacuteculo escolar e o planejamento das
professoras para os temas das aulas de Geografia Procuramos negociar em alguns
momentos a abrangecircncia dos conteuacutedos metodologias o tempo considerado agrave pesquisa
e sua relaccedilatildeo com as representaccedilotildees com os mapas mentais essas discussotildees foram
realizadas nos dias 17 18 e 26 de setembro de 2014 A seguir uma caracterizaccedilatildeo das
atividades organizadas em cada turma
Datas e atividades realizadas com o 4ordm ano
Temaacutetica das aulas ldquoGeografia da Paraiacuteba um estudo atraveacutes da produccedilatildeo e leitura de
mapas mentaisrdquo
14 de outubro ndash primeira aula com os alunos do 4ordm ano Introduccedilatildeo agraves noccedilotildees
baacutesicas de Cartografia e discussatildeo sobre o uso dos mapas no cotidiano
Representaccedilatildeo do mapa da sala de aula (atividade 1)
88
21 de outubro ndash discussatildeo sobre as mesorregiotildees da Paraiacuteba Iniacutecio de atividade
mapa mudo46 (atividade 2) enquanto proposta para a leitura de mundo
Importacircncia da orientaccedilatildeo e construccedilatildeo da legenda
04 de Novembro ndash continuaccedilatildeo da atividade mapa mudo Consideraccedilotildees sobre
zona urbana e zona rural e a organizaccedilatildeo das mesorregiotildees da Paraiacuteba
12 de Novembro ndash a terceira aula discutiu a influecircncia dos rios na vida da
populaccedilatildeo paraibana e as modificaccedilotildees espaciais A atividade 3 discutiu a
influecircncia dos rios e trabalho humano na transformaccedilatildeo da paisagem urbana e
rural
26 de Novembro ndash discutindo a importacircncia do Canal das Piabas desenvolvemos
a proposta da maquete mental (atividade 4) e posteriormente dos mapas mentais
(atividade 5) Entre o intervalo do dia 26 a 05 de Novembro a professora regente
executou uma avaliaccedilatildeo compondo as notas do quarto bimestre entre elas um
mapa mental das mesorregiotildees paraibanas (atividade 6)47
10 de Dezembro ndash Realizaccedilatildeo das entrevistas com alunos do 4ordm ano
Datas e atividades realizadas com o 5ordm ano
Temaacutetica das aulas ldquoSaberes cartograacuteficos discutindo a regionalizaccedilatildeo brasileirardquo
09 de outubro ndash primeira aula com alunos do 5ordm ano A escala mundial e
nacional noccedilotildees de leitura e interpretaccedilatildeo de mapas A importacircncia da escala e
da rosa dos ventos na comunicaccedilatildeo dos mapas
15 de outubro ndash discussatildeo sobre as regiotildees brasileiras Construccedilatildeo do mapa
mudo (atividade 1) Realizaccedilatildeo de atividade praacutetica sobre orientaccedilatildeo espacial
(baleada geograacutefica48)
05 de Novembro ndash Realizaccedilatildeo dos mapas mentais com o tiacutetulo ldquomapa da minha
vidardquo (atividade 2)
46O mapa mudo tambeacutem conhecido como mapa em branco eacute um tipo de esboccedilo cartograacutefico o qual
apresenta apenas a silhueta forma do mapa por exemplo o mapa mudo do Brasil que mostra o territoacuterio
nacional e os estados brasileiros Este tipo de mapa tem uma finalidade didaacutetica permite os alunos
destacarem os elementos geograacuteficos aleacutem da construccedilatildeo de novos saberes baseado nas orientaccedilotildees do
professor 47 A atividade foi elabora em conjunto com a professora regente e considerou os conteuacutedos estudados
durante a execuccedilatildeo da pesquisa 48 A baleada geograacutefica corresponde a uma atividade luacutedica para aprendizagem dos pontos cardeais
(norte sul leste e oeste) sua explicaccedilatildeo encontra-se no capiacutetulo 4 ver figura 24 p 141
89
13 de Novembro ndash discussatildeo sobre os mapas mentais realizados
Desenvolvimento de atividades que procuravam discutir o aspecto da
regionalizaccedilatildeo brasileira mediante evento da copa do mundo no Brasil (atividade
3)
24 de Novembro ndash aula teoacuterica sobre a regiatildeo centro-oeste e meio ambiente
Realizaccedilatildeo de mapas mentais em grupo (atividade 4)
05 e 10 de Dezembro ndash Realizaccedilatildeo de entrevista com alunos do 4ordm ano
23 A ANAacuteLISE DOS RESULTADOS
231 Da totalidade dos mapas mentais
Embora no decorrer deste trabalho tenhamos realizado atividades com os mapas
existentes (mapa mudos e leitura de mapas murais e atlas escolar) com a turma do 4ordm e
5ordm ano levamos em consideraccedilatildeo apenas a anaacutelise dos mapas mentais por ser nosso
objeto de estudo A quantidade final dos mapas eacute apresentada na tabela 2 nele satildeo
expressas as atividades realizadas individualmente e coletivamente pelo (s) grupo (s) de
estudantes do 4ordm e 5ordm ano da Escola Municipal Luacutecia de Faacutetima Gayoso Meira
TABELA 2 MAPAS MENTAIS PRODUZIDOS DURANTE A PESQUISA
Turma
Resultado
4ordm ano 5ordm ano
Mapa mental (individual) 30 22
Mapa maquete mental49
(coletivo grupo) 1 11
Subtotal 31 33
Total final 64 Fonte Pesquisa de campo (2014)
Os alunos do 4ordm ano realizaram duas atividades referentes aos mapas mentais
individualmente A primeira relacionada ao mapa do Canal das Piabas que resultou em
16 mapas mentais a segunda aos mapas das mesorregiotildees paraibanas com o nuacutemero de
49 A maquete mental eacute um tipo de representaccedilatildeo em trecircs dimensotildees realizada mediante o inventaacuterio de
informaccedilotildees dos alunos seja pela sua proacutepria vivencia espacial ou adquirida mediante outros meios de
comunicaccedilatildeo (TV raacutedio e internet) Tambeacutem pode ser fruto dos estudos realizados em acircmbito escolar
Essa definiccedilatildeo seraacute vista com mais detalhe no terceiro capiacutetulo
90
14 mapas (total de 30 mapas) Os alunos do 5ordm ano desenvolveram 22 mapas mentais
referentes agraves regiotildees brasileiras mediante o tema mapa da minha vida
Dos mapas mentais em grupo observamos que a turma do 4ordm realizou apenas
um Destacamos que este mapa mental eacute o resultado da atividade denominada de
maquete mental (tema Canal das Piabas) Os mapas mentais apresentados na turma do
5ordm ano (11 mapas) por sua vez foram desenvolvidos em grupos de dois a trecircs alunos
Levando em consideraccedilatildeo a quantidade de mapas apresentados na tabela 2
podemos notar a diferenccedila do nuacutemero de mapas produzidos para a quantidade de
participantes da pesquisa Isto se deve ao fato principalmente da ocorrecircncia de faltas
dos alunos durante os dias do desenvolvimento da pesquisa entretanto observamos que
para o nosso foco de estudo as representaccedilotildees (64 mapas mentais) realizadas pelos
alunos eacute considerado um universo significativo para a realizaccedilatildeo da leitura anaacutelise e
interpretaccedilatildeo
Apoacutes a elaboraccedilatildeo dos mapas mentais pelos alunos realizamos o escaneamento
dos arquivos transformando todas as representaccedilotildees realizadas em papel A4 e A3 em
arquivos digitais As ediccedilotildees dos mapas foram realizadas por meio do programa
Photoshop CS5 onde retiramos as informaccedilotildees que identificavam os sujeitos
participantes (cabeccedilalho) e algumas ediccedilotildees realizadas no Microsoft Office Word 2010
Para facilitar a leitura dos mapas mentais nos capiacutetulos que seguem decidimos
apresentar cada representaccedilatildeo por folha
24 AS HABILIDADES E CATEGORIAS DE ANAacuteLISE SELECIONADAS PARA A
PESQUISA
A imagem mental embora esteja relacionada a uma perspectiva individual sobre
o espaccedilo geograacutefico reflete condiccedilotildees e apreensotildees pertencentes agrave cultura e sociedade a
qual o sujeito estaacute inserido (VIGOTSKI 1998 BAKHTIN 2012) De todo modo
quando os mapas mentais satildeo utilizados como recursos didaacuteticos e visam fins
educacionais orientaccedilotildees sobre a realizaccedilatildeo destes mapas devem ser realizadas para que
atendam os objetivos da aula Por outro lado paracircmetros de leitura e avaliaccedilatildeo tambeacutem
precisam ser criados permitindo o professor diagnosticar os avanccedilos e limites com a
praacutetica dos mapas mentais
Neste sentido para o desenvolvimento da proposta de alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica
mediante o recurso didaacutetico mapa mental preocupamo-nos em ressaltar as experiecircncias
91
e condiccedilotildees de identidade das crianccedilas (sua origem gostos e experiecircncias) Estas natildeo
somente relacionados agraves condiccedilotildees do lugar mas as influecircncias culturais recorrentes a
outras escalas geograacuteficas como a regional
Com base nos autores citados anteriormente compreendemos que a
alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica eacute um dos caminhos que possibilita a leitura de mundo Esta
habilidade de criar esboccedilos cartograacuteficos livres ndash os mapas mentais ndash permite a
representaccedilatildeo do espaccedilo geograacutefico pelo aluno Ao mesmo tempo valoriza a autonomia
possibilitando a decodificaccedilatildeo dos siacutembolos encontrados em outros tipos de linguagem
cartograacutefica Nesse processo o aluno desenvolve competecircncias voltadas agrave dimensatildeo
cognitiva afetiva e pragmaacutetica (PASSINI 2012)
Nossas praacuteticas com o uso do mapa mental dialogou com um conjunto de
atividades voltadas agrave realizaccedilatildeo e interpretaccedilatildeo de mapas existentes e atividades luacutedicas
realizadas em forma de oficinas que ldquo[] satildeo formas encontradas por noacutes para mediar a
construccedilatildeo de conceitos e desenvolver habilidades atraveacutes de vivecircncias portanto
considerando essas e outras possiacuteveis particularidadesrdquo (CASTROGIOVANNI amp
COSTELLA 2006 p 50)
Durante o desenvolvimento das aulas o processo de aprendizagem esteve
relacionado ao emprego de habilidades-chave para o desenvolvimento das propostas
com os temas de Geografia o quadro 3 (p 91) apresenta estas habilidades-chave e seus
desdobramentos
QUADRO 3 HABILIDADES PARA O DESENVOLVIMENTO DOS MAPAS MENTAIS
HABILIDADES-
CHAVE OUTRAS HABILIDADES RELACIONADAS
Representar Observar comparar organizar sistematizar localizar e
orientar
Comunicar Verbalizar e questionar
Interagir Iniciativa trabalho em equipe e persuasatildeo
Refletir Capacidade criacutetica e aprendizagem e desenvolvimento
pessoal
Fonte Lessan (2011 p 69 - 75)
A funccedilatildeo do quadro 3 eacute demonstrar habilidades que se destacaram na execuccedilatildeo
desta pesquisa Compreendemos que as habilidades apresentadas natildeo abrangem todo
92
curriacuteculo tampouco esgota as possibilidades com as noccedilotildees (conceitos) fundamentais
para o ensino de Geografia As habilidades de representaccedilatildeo comunicaccedilatildeo interaccedilatildeo e
reflexatildeo natildeo devem ser compreendidas de forma hieraacuterquica no desenvolvimento do
trabalho pedagoacutegico pois seus desdobramentos podem ser expressos em maior ou
menor grau pelos alunos
Procurando atender criteacuterios estabelecidos pelos PCN (BRASIL 1997)
intermediamos a atividade exercida pelos alunos objetivando mobilizar as habilidades
anteriormente apresentadas Consequentemente buscamos o desenvolvimento de
competecircncias relacionadas agrave elaboraccedilatildeo dos mapas mentais a partir dos temas propostos
para cada turma dessa forma o 4ordm ano desenvolveu os mapas mentais o 1 Canal das
Piabas e 2 Mesorregiotildees geograacuteficas da Paraiacuteba jaacute o 5ordm ano realizou 1 Mapa da minha
vida e 2 Mapa da Regiatildeo Centro-Oeste
Esses procedimentos foram necessaacuterios por entendermos que
[] natildeo basta ter como conteuacutedo escolar as questotildees sociais atuais mas que eacute
necessaacuterio que se tenha domiacutenio de conhecimentos habilidades e
capacidades mais amplas para que os alunos possam interpretar suas
experiecircncias de vida e defender seus interesses de classe (BRASIL 1997 p
32)
Dessa forma assinalamos que nosso interesse natildeo eacute a formaccedilatildeo teacutecnica dos
alunos para a leitura e interpretaccedilatildeo de recursos cartograacuteficos muito menos em uma
anaacutelise restrita aos produtos finais (os mapas mentais) Mas ao contraacuterio em considerar
os mapas mentais como uma accedilatildeo consciente do ato de mapear ou seja todo o processo
metodoloacutegico observando a organizaccedilatildeo da sociedade a partir da sua espacialidade
geograacutefica (re) construindo sua leitura de mundo
241 As categorias de anaacutelise dos mapas mentais
Com base nos apontamentos apresentados no item anterior elaboramos um
mapa conceitual (quadro 4 p 93) com a intenccedilatildeo de possibilitar uma visualizaccedilatildeo geral
das orientaccedilotildees e os procedimentos descritos aleacutem disso indica as categorias de anaacutelise
(as noccedilotildees) selecionadas para anaacutelise dos mapas mentais realizados
93
QUADRO 4 PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAtildeO CARTOGRAacuteFICA POR MEIO DOS MAPAS
MENTAIS
Organizado por David L R de Almeida (2015)
Como apresentado no quadro 4 podemos identificar as categorias de anaacutelise
para metodologia do recurso didaacutetico mapas mentais A seleccedilatildeo das categorias as quais
seratildeo denominadas como noccedilotildees Elas indicam as operaccedilotildees cognitivas para realizaccedilatildeo
e interpretaccedilatildeo dos mapas mentais As noccedilotildees de percepccedilatildeo espacial localizaccedilatildeo e
orientaccedilatildeo o uso de toponiacutemias e a escala geograacutefica satildeo conceituados a seguir para que
o leitor tenha uma visatildeo geral do que se tratam cada uma delas
A Noccedilotildees de percepccedilatildeo espacial Correspondem agrave visualizaccedilatildeo do aluno a
respeito das formas dos elementos espaciais representados Observamos que a imagem
mental eacute um ponto de vista decorrente de diferentes condicionantes bioloacutegicos idade
cultura e gecircnero variando do morador ao visitante do lugar estes correspondem a
fatores da percepccedilatildeo humana (TUAN 2012)
Tuan (2012 p 18) conceitua a percepccedilatildeo espacial enquanto uma
[] resposta dos sentidos aos estiacutemulos externos como a atividade proposital
na qual certos fenocircmenos satildeo claramente registrados enquanto outros
retrocedem para a sombra ou satildeo bloqueados Muito do que percebemos tem
valor para noacutes para sobrevivecircncia bioloacutegica e para propiciar algumas
satisfaccedilotildees que estatildeo enraizadas na cultura
No ato da realizaccedilatildeo dos mapas mentais uma questatildeo eacute posta em jogo ldquo[] a
representaccedilatildeo bidimensional de uma realidade tridimensionalrdquo (PASSINI 2012 p 146)
94
isso significa que o aluno pontua em seus mapas a largura e comprimento dos elementos
espaciais entretanto necessita saber que o espaccedilo apresenta uma terceira dimensatildeo que
eacute a altura Esta eacute importante para entendermos assuntos como relevo e a constituiccedilatildeo das
redes hidrograacuteficas por exemplo
O meio ambiente transformado pela accedilatildeo do homem tambeacutem se caracteriza pelos
traccedilados que nos lembra as primeiras formas geomeacutetricas aprendidas na escola que satildeo
observadas na organizaccedilatildeo espacial Aponta Tuan (2012) que estas simetrias do espaccedilo
estiveram relacionadas a manifestaccedilotildees da organizaccedilatildeo de diferentes povos
Consideramos nas anaacutelises dos mapas mentais elementos representados na visatildeo lateral
obliacutequa e ou horizontal
Portanto considera-se aqui percepccedilatildeo espacial como a capacidade de avaliar
como se ordenam as coisas no espaccedilo e investigar as suas relaccedilotildees no ambiente Uma
boa noccedilatildeo de percepccedilatildeo espacial nos permite compreender a disposiccedilatildeo das formas que
compotildeem o espaccedilo geograacutefico e a nossa relaccedilatildeo com elas
B Uso de Toponiacutemias estaacute relacionada ao estudo dos nomes proacuteprios dos
lugares ou seja a onomaacutestica considerando a origem e evoluccedilatildeo da palavra apesar de
ser uma aacuterea relacionada agrave linguiacutestica estaacute diretamente associada agrave Histoacuteria e Geografia
Nas consideraccedilotildees de Claval (2011) desde o surgimento das Geografias
vernaculares conhecimento geograacutefico relativo ao senso comum a necessidade da
criaccedilatildeo de uma grade de toponiacutemia eacute fundamental visto que possibilita falar sobre o
lugar sem a necessidade de um contato direto Tambeacutem compartilha referecircncias
espaciais tornando esta rede de informaccedilotildees acessiacuteveis a todos socializando-a
O significado da toponiacutemia pode representar a percepccedilatildeo do grupo para
determinado espaccedilo Possibilitam revelar e ou alterar a dinacircmica social visto que todo
nome eacute um signo e todo signo possui um significado
Considerando os mapas mentais enquanto recurso didaacutetico que media a
aprendizagem entre os sujeitos como menciona Vigotski (1998) entendemos que ele
possibilita a siacutentese e comunicaccedilatildeo linguagem de informaccedilotildees geograacuteficas Atraveacutes
deste processo utilizamos o signo discutido por Bakhtin (2012) como instrumento de
significaccedilatildeo baseado na realidade social do aluno Ele corresponde agrave construccedilatildeo social
da ideia pois como afirma Bakhtin (2012 p 35) ldquoA consciecircncia individual eacute um fato
socioideoloacutegicordquo
Nos mapas mentais o uso das toponiacutemias permite apresentar os referenciais
espaciais (nomes de bairros regiotildees ou Estados) identificadas pela exposiccedilatildeo de
95
palavras ou iacutecones associada ou natildeo a legenda e a compreensatildeo dos signos e
significados
C Noccedilotildees de localizaccedilatildeo e orientaccedilatildeo Para Geografia eacute importante identificar
os lugares a partir da sua localizaccedilatildeo demarcar as posiccedilotildees relativas nestas condiccedilotildees
[] o trabalho do geoacutegrafo estaacute intimamente ligado ao do cartoacutegrafo pois
ambos partilham a preocupaccedilatildeo de localizar aquilo de que datildeo conta Para o
geoacutegrafo a apreensatildeo de uma pluralidade de lugares soacute se torna clara quando
eles figuram num documento que permita compreendecirc-los em conjunto
(CLAVAL 2006 p 19)
A localizaccedilatildeo constitui um dos princiacutepios do meacutetodo geograacutefico ela possibilita
apreender a manifestaccedilatildeo de determinado fenocircmeno e delimitaacute-lo Mas nomear e
localizar fenocircmenos no espaccedilo natildeo eacute suficiente Eacute necessaacuterio traccedilar itineraacuterios O que
caracteriza o sujeito enquanto pessoa eacute sua vida social Todo grupo humano necessita de
uma base territorial para manter suas relaccedilotildees de poder habitat frequentando e ou
conhecendo lugares proacuteximos ou longiacutenquos
Inicialmente nos orientamos no espaccedilo atraveacutes de referenciais topoloacutegicos o
nosso corpo estabelecemos o que eacute direita e esquerda frente e traacutes para o alto ou
abaixo etc Aos poucos relacionamos outros pontos de referecircncia que ultrapassam a
dimensatildeo do corpo utilizamos o relevo o coacuterrego ruas e monumentos histoacutericos para
traccedilarmos a direccedilatildeo (CLAVAL 2010) O cotidiano eacute cheio destes elementos que
permitem a orientaccedilatildeo espacial e por meio de experiecircncias e conhecimentos comuns
podendo assim estimular o desenvolvimento destas noccedilotildees com os alunos dos anos
inicias do EF Assim
Nosso corpo eacute orientado agrave nossa frente se estende aquilo que nosso olhar
descobre Apenas atraveacutes dos rumores e dos odores que nos chegam dali
aprendemos o que estaacute atraacutes Do lado direito e do lado esquerdo haacute zonas nas
quais os olhos detectam os movimentos mas captam mal as formas um
ligeiro movimento com a cabeccedila basta para descobri-las (CLAVAL 2010 p
15)
A orientaccedilatildeo nos mapas mentais foi analisada mediante a correlaccedilatildeo entre os
lugares ou fenocircmenos apresentados (toponiacutemias) como atraveacutes da rosa dos ventos na
organizaccedilatildeo do esboccedilo cartograacutefico o que correspondeu ao criteacuterio de localizaccedilatildeo
D Noccedilotildees de escala geograacutefica Destacamos as contribuiccedilotildees Racine Raffestin
amp Ruffy (1983) Silveira (2004) e Castro (2008) neste quesito Os autores apresentam
que a escala enquanto conceito cartograacutefico sempre foi considerado com uma fraccedilatildeo
96
entre a medida do real e abstrato mediante uma representaccedilatildeo50 Esta visatildeo cartesiana do
espaccedilo geomeacutetrico por muito tempo foi aceita e pouco discutida no modo do
desenvolvimento cientiacutefico da Geografia
Os estudos com a escala geograacutefica propotildeem que esta seja uma estrateacutegia de
aproximaccedilatildeo e identificaccedilatildeo de fenocircmenos espaciais sobre a superfiacutecie terrestre que se
apresentam por meio do conjunto de formas e eventos do espaccedilo Eacute a partir da escala
geograacutefica que os alunos tecircm a possibilidade de avaliar selecionar e representar a
dimensatildeo espacial do espaccedilo vivido e do mundo
Afirma Castro que ldquoA escala eacute na realidade agrave medida que confere visibilidade
ao fenocircmenordquo (CASTRO 2008 p 123) Pensamos que ela possibilita atraveacutes dos
mapas mentais dimensionar e mensurar determinado fenocircmeno comparar e distinguir
realidades e permite a tomada de decisatildeo consciente no lugar ao qual habita
Haacute de se deixar claro que o conjunto de noccedilotildees escolhidas para este estudo eacute
indissociaacutevel Observamos tambeacutem que estas correspondem a outras noccedilotildees e conceitos
e na possibilidade da construccedilatildeo de habilidades pelos alunos no desenvolvimento da
aprendizagem
As atividades seratildeo apresentadas seguindo a ordem de realizaccedilatildeo dos mapas
mentais Logo as praacuteticas e metodologias que auxiliaram a realizaccedilatildeo destes esboccedilos
cartograacuteficos natildeo necessariamente correspondem com a ordem cronoloacutegica das aulas
Dessa forma nos capiacutetulos seguintes apresentaremos algumas propostas de atividades
aleacutem de uma anaacutelise aprofundada dos mapas mentais inicialmente com a turma do 4ordm
ano no capiacutetulo 3 e posteriormente com a do 5ordm ano no capiacutetulo 4
50 Comumente apresentada nos mapas existentes por meio da escala numeacuterica 1 10 000 no exemplo do
mapa mural de Campina Grande onde o nuacutemero 1 representa o mapa e 10 000 a distacircncia em cm de cada
1 cm apresentado no mapa neste caso 1 cm = 100 m ou 010 km
97
3 PROPOSTAS E PRAacuteTICAS ESCOLARES ANAacuteLISES DOS MAPAS
MENTAIS COM OS ALUNOS DO 4ordm ANO
Observamos que o desenvolvimento de um recurso didaacutetico eacute precioso e
complexo Ele precisa ser adaptado as circunstacircncias do desenvolvimento cognitivo das
crianccedilas e tambeacutem as condiccedilotildees oferecidas pela escola para efetivaccedilatildeo do trabalho do
professor Diante disso este capiacutetulo apresenta as praacuteticas desenvolvidas com os alunos
do 4ordm ano
Temos por objetivo apresentar e avaliar propostas e praacuteticas luacutedicas para a
compreensatildeo espacial Para isso apresentamos estas experiecircncias em quatro itens (1)
Oficina 1 Maquete mental (2) Mapa mental 1 Canal das Piabas (3) Oficina 2 Praacuteticas
com mapa mudo e (4) Mapa mental 2 Mesorregiotildees da Paraiacuteba
As aulas de Geografia com a turma do 4ordm ano teve como temaacutetica das aulas
ldquoGeografia da Paraiacuteba um estudo atraveacutes da produccedilatildeo leitura de mapas mentaisrdquo Na
produccedilatildeo dos mapas mentais contextualizamos a discussatildeo sobre os principais rios da
Paraiacuteba e sua influecircncia no cotidiano dos paraibanos especialmente dos alunos Durante
o periacuteodo de trecircs aulas realizamos debates desenvolvemos propostas com mapas mudos
e outros exerciacutecios os quais seratildeo apresentados ao longo deste capiacutetulo
31 OFICINA 1 A MAQUETE MENTAL PRAacuteTICA COLETIVA DO ENSINO-
APRENDIZAGEM EM GEOGRAFIA
Apresentamos inicialmente uma proposta de ensino a qual intitulamos de
ldquomaquete mentalrdquo nossa compreensatildeo eacute que
O uso de maquetes favorece a passagem da representaccedilatildeo tridimensional para
a bidimensional por possibilitar domiacutenio visual do espaccedilo a partir do
modelo reduzido Na atividade proposta essa reduccedilatildeo apesar de natildeo
conservar as mesmas relaccedilotildees de comprimento aacuterea e volume do real (ou
seja apesar de natildeo seguir uma escala uacutenica) permite ao aluno ver o todo e
portanto refletir sobre ele Aleacutem disso as maquetes satildeo conhecidas das
crianccedilas acostumadas com brinquedos que satildeo miniaturas de objetos reais
(ALMEIDA 2010 p 77 ndash 78)
A maquete mental corresponde neste trabalho a uma representaccedilatildeo livre de uma
microescala (local) disposta em trecircs dimensotildees Ela eacute um recurso de transiccedilatildeo entre a
projeccedilatildeo da maquete (ver figura 6 - A p 98) para um mapa mental coletivo (figura 6 ndash
B) Aleacutem disso apresenta um tema que pode ou natildeo se referir ao cotidiano dos alunos
98
FIGURA 6 - A MAQUETE MAPA MENTAL CANAL DAS PIABAS
A - Maquete mental produzido pelos alunos do 4ordm ano
B- Mapa mental produzido pelos alunos do 4ordm ano Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
registrado por David L R de Almeida (2015)
A proposta executada a partir da interpretaccedilatildeo do texto ldquoProjeto de educaccedilatildeo
ambiental atraveacutes do estudo histoacuterico-geograacutefico e ecoloacutegico da bacia do Riacho das
Piabas (Canal) Campina Grande ndash Paraiacutebardquo51 apresentou noccedilotildees acerca das
51 Este projeto corresponde a uma accedilatildeo da comunidade local escolas e moradores da zona Sul de
Campina Grande que tem a intenccedilatildeo de realizar um levantamento histoacuterico e social da bacia do riacho
(mais conhecido como Canal) das Piabas Busca reconhecer o valor do referido recurso hiacutedrico aleacutem de
seu potencial Aleacutem disso a conscientizaccedilatildeo para preservar este recurso natural O texto esta disponiacutevel
no seguinte link httpwwwcdccuspbrbioeducarpb_camphtml gt acesso em 231115
99
toponiacutemias da orientaccedilatildeo e localizaccedilatildeo espacial e uso da aacutegua os quais
organizamos no quadro 5
QUADRO 5 SIacuteNTESE DO TEXTO SOBRE O CANAL DAS PIABAS
NOCcedilOtildeES PALAVRAS ENCONTRADAS NO TEXTO
Toponiacutemias
Cidade Campina Grande
Bairros Alto Branco Centro Santo Antonio e Joseacute
Pinheiro
Outros pontos de referecircncia natildeo oficiais para
administraccedilatildeo da prefeitura Rosa Miacutestica Ponto Cem
Reacuteis52 e Bairro do Cachoeira
Orientaccedilatildeo e localizaccedilatildeo Zona Norte
Uso da aacutegua
Recursos hiacutedricos aacutegua potaacutevel canal rios riacho e
cursos drsquoaacutegua
Problemas ambientais Lixo detritos e esgotos
Organizado por David L R de Almeida 2015
Apoacutes a explicaccedilatildeo de algumas palavras desconhecidas pelos alunos (entre elas
cursos drsquoaacutegua detritos e bifurcaccedilatildeo) realizamos uma reflexatildeo sobre a importacircncia dos
recursos hiacutedricos e qual influecircncia do Canal das Piabas53 no cotidiano dos estudantes A
discussatildeo sobre o tema surpreendeu os estudantes eles natildeo sabiam que se tratava do
canal que se encontra vizinho a escola o que motivou a curiosidade da maioria dos
alunos (ver figura 7 p 100)
Com base nesta interpretaccedilatildeo na aula seguinte desenvolvemos a proposta com a
maquete mental Para isso os alunos consideraram enquanto modelo de representaccedilatildeo
suas anotaccedilotildees sobre o texto discutido Aleacutem disso utilizamos recursos como imagens
de sateacutelite (disponiacuteveis pelo Google maps) e o mapa mural da cidade de Campina
Grande ndash PB como fontes de consulta
52 O Ponto Cem Reacuteis eacute localizado no bairro da Conceiccedilatildeo Este lugar eacute historicamente conhecido pela
populaccedilatildeo campinense como ponto de passagem para o Brejo paraibano a qual haacute deacutecadas atraacutes tinha a
funccedilatildeo de rodoviaacuteria e de comeacutercio para a populaccedilatildeo local e transeunte Natildeo se haacute um consenso da
origem da utilizaccedilatildeo da toponiacutemia mas alguns negam a referecircncia ao Ponto Cem Reacuteis encontrado na
atual capital paraibana Joatildeo Pessoa 53 A partir desse momento trataremos esse recurso hiacutedrico por Canal das Piabas visando facilitar a leitura
do texto e tambeacutem por ser uma referecircncia espacial mais comum para a populaccedilatildeo da cidade de Campina
Grande ndash PB
100
FIGURA 7 - CANAL DAS PIABAS EM PROXIMIDADE A ESCOLA
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014) registrado por David L R de Almeida (2015)
Entregamos aos alunos orientaccedilotildees para a realizaccedilatildeo da maquete mental que
tambeacutem serviram de base para a produccedilatildeo dos mapas mentais como veremos adiante
Os estudantes desenvolveram suas representaccedilotildees considerando as informaccedilotildees
presentes no texto devendo
1 Representar o curso do Riacho Canal das Piabas do seu ponto inicial (nascente)
ateacute o ponto final (jusante)
2 Localizar os bairros e ou pontos de referecircncia (comeacutercio serviccedilos escolas) em
seu mapa
3 Orientar seu mapa atraveacutes da rosa dos ventos
4 Construir a legenda do mapa mental
Com base nos pontos supracitados a maquete mental foi realizada pelos alunos
mediante os procedimentos enumerados a seguir
1 Observar e relacionar as informaccedilotildees do texto com as representaccedilotildees expressas
nos mapas existentes e nas imagens de sateacutelite
2 Refletir e comparar a proporccedilatildeo entre os elementos e representaacute-los na cartolina
101
3 Localizar os bairros e pontos de referecircncia Traccedilar os itineraacuterios (avenidas ruas
canal das Piabas)
4 Distribuir os elementos (casas e carros) na maquete relacionando com as
condiccedilotildees de cada bairro (comercial de moradia etc)
5 Orientar o mapa mediante a rosa dos ventos
Durante o processo descrito os alunos estabeleceram um diaacutelogo contiacutenuo para
resolver o problema da escala geograacutefica da disposiccedilatildeo da formas e da localizaccedilatildeo dos
bairros na maquete (ver figura 8 p 101)
Para Vigotski (1998) a aprendizagem e desenvolvimento do aluno necessitam da
participaccedilatildeo ativa caso contraacuterio a mesma aprendizagem pode ser condenada ao
fracasso Nestes termos observamos que a iniciativa e trabalho em equipe possibilitam
os alunos a abranger sua leitura de mundo especialmente do lugar representado
refletindo sobre as suas experiecircncias cotidianas
FIGURA 8 PROCESSO DE REALIZACcedilAtildeO DA MAQUETE MENTAL
A Estaacutegio inicial ndash alunos traccedilando os itineraacuterios na
maquete mental
B Estaacutegio final ndash atribuindo as formas espaciais na maquete
mental
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014) registrado por David L R de Almeida 2015
A maquete enquanto recurso didaacutetico possibilita o trabalho com temas de
elevado grau de dificuldade e abstraccedilatildeo Ressalta Mendes (2010 p 72) que ldquonos
processos de ensino e aprendizagem de geografia a utilizaccedilatildeo de modelos
tridimensionais permite ao educando simular observar descrever identificar e analisar
as dinacircmicas de determinados fenocircmenos geograacuteficosrdquo
Compreendemos que a maquete pode viabilizar a reflexatildeo sobre
102
A proporccedilatildeo entre os objetos
Reduccedilatildeo dos objetos
Localizaccedilatildeo das formas espaciais
Relaccedilotildees de orientaccedilatildeo frente atraacutes direita e esquerda ou mediante as
orientaccedilotildees espaciais (norte sul leste e oeste)
Sobre as diferenccedilas dos pontos de vista (lateral vertical e obliacutequo)
(ALMEIDA 2010 p 79)
De forma geral um dos primeiros criteacuterios relacionados ao uso da maquete eacute a
possibilidade de refletir sobre a percepccedilatildeo e a representaccedilatildeo do espaccedilo no mapa Na
perspectiva cartesiana os trabalhos de Almeida (2010) Almeida amp Passini (2010) e
Passini (2012) resgatam o debate sobre a relaccedilatildeo projetiva para anaacutelise mental Nessa
perspectiva encontramos na figura 9 o mesmo conjunto de objetos destacados em trecircs
pontos de vista diferente (lateral obliacutequo e vertical)
FIGURA 9 PERSPECTIVAS DE OBSERVACcedilAtildeO DAS FORMAS ESPACIAIS
A Visatildeo lateral B Visatildeo obliacutequa C Visatildeo vertical
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014) registrado por David L R de Almeida 2015
Autores como Almeida (2010) e Castrogiovanni amp Costella (2006) observam na
maquete a oportunidade para o professor construir as relaccedilotildees projetivas com os alunos
saindo de uma visatildeo estritamente lateral ou obliacutequa a qual corresponde ao campo de
observaccedilatildeo do aluno para a perspectiva vertical traccedilado comum nos mapas existentes
O uso da maquete mental enquanto portadora do luacutedico permite as crianccedilas
externalizar sua compreensatildeo sobre o mundo Para Tuan (2012) o significado do jogo
para a primeira infacircncia (ateacute os seis anos de idade) contribui mais com o
desenvolvimento da coordenaccedilatildeo motora da crianccedila Entretanto ressaltamos que as
ldquobrincadeirasrdquo e a efetivaccedilatildeo dos jogos escolares tecircm objetivos expressos e um tema
preacute-definido seja ele para a aprendizagem de conteuacutedo vinculado ao curriacuteculo escolar
como para os valores exigidos para a vida em sociedade como a participaccedilatildeo respeito e
solidariedade (REGO 1995)
103
Eacute importante frisar que apenas decalcar ou ler o mapa natildeo traz a motivaccedilatildeo
necessaacuteria ao estudante Segundo Tuan (2012 p 30) ldquoa percepccedilatildeo eacute uma atividade um
estender-se para o mundo Os oacutergatildeos dos sentidos satildeo pouco eficazes quando natildeo satildeo
ativamente usadosrdquo por isso eacute importante a participaccedilatildeo do aluno ao rabiscar
estabelecer a localizaccedilatildeo das casas na maquete e falar sobre suas experiecircncias neste
ambiente para os companheiros
Temos uma visatildeo limitada de mundo relata Yi-Fu Tuan (1983) nem mesmo para
um adulto eacute faacutecil a tarefa de transpor um ponto de vista A funccedilatildeo da maquete mental eacute
ampliar a leitura de mundo do aluno Esta atividade quando mediada pelo recurso
permite observar a mesma realidade de diversos pontos de vista decorrente natildeo apenas
das relaccedilotildees projetivas mas da estrutura social e ambiental
Finalizado o processo de elaboraccedilatildeo da maquete mental os alunos foram
chamados a realizar os mapas mentais individualmente A maquete eacute um paracircmetro de
representaccedilatildeo para os mapas mentais Para esta anaacutelise houve a comparaccedilatildeo entre os
mapas mentais dos alunos e a maquete Retiramos as peccedilas sobrepostas sobre a folha de
cartolina (maquete mental) como resultado eacute observado o mapa mental coletivo
(apresentado na figura 6 B p 98)
32 MAPA MENTAL 1 CANAL DAS PIABAS
A Noccedilotildees de percepccedilatildeo espacial
Entre os questionamentos realizados aos alunos do 4ordm ano destacamos a
pergunta ldquo- Como vocecircs imaginam que eacute realizado o mapardquo entre as respostas estava
ldquocom papel e laacutepisrdquo (aluno 08) ou ainda ldquoele eacute feito de uma visatildeo de cimardquo (aluno 17)
O fragmento extraiacutedo de nosso jornal de pesquisa sublinha o imaginaacuterio das crianccedilas
sobre a produccedilatildeo dos mapas Embora algumas respostas apresentem certa ldquoinocecircnciardquo
por parte dos alunos outros percebem a necessidade da mudanccedila da perspectiva na
produccedilatildeo cartograacutefica
Ao longo da anaacutelise e leitura dos mapas mentais constatamos que as
representaccedilotildees dos alunos assumiram diferentes perspectivas Os alunos tiveram
liberdade de escolha para o traccedilado dos mapas mentais Ao compararmos os 16
(dezesseis) mapas mentais com a maquete mental uma questatildeo se destaca a perspectiva
espacial dos elementos representados ou seja seu ponto de vista A tabela 3 (p 104)
104
apresenta as trecircs visotildees predominantes na representaccedilatildeo espacial lateral vertical e
mista (elemento na perspectiva lateral vertical e ou obliacutequa)
TABELA 3 PERSPECTIVAS ESPACIAIS APRESENTADAS NOS MAPAS MENTAIS
Perspectiva espacial Ocorrecircncia
Lateral 01
Vertical 05
Mista 10
Total 16
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
Inicialmente a nossa anaacutelise corresponde aos cinco mapas mentais que
apresentam uma perspectiva vertical das formas espaciais representadas (casas preacutedios
e igreja) Estes mapas apresentam semelhanccedila ao acircngulo de visatildeo encontrado nos mapas
existentes O mapa mental do aluno 04 (figura 10 p 105) por exemplo apresenta uma
projeccedilatildeo totalmente vertical Ao visualizarmos o mapa mental satildeo notados apenas
quadrados coloridos o que corresponderia ao telhado das casas encontrado no modelo
(a maquete mental)
Quando sistematizamos os dados referentes agrave noccedilatildeo da percepccedilatildeo espacial dos
alunos observamos que a maioria deles (dez mapas) transita entre o esboccedilo de objetos
representado entre a perspectiva vertical e obliacutequa (um mapa) e vertical e horizontal
(nove mapas) (figura 15 p 118 e figura 12 p 110 respectivamente) Mesmo
apresentando certa disparidade entre os elementos desenhados suas representaccedilotildees
estatildeo proacuteximas a outros modelos de mapas como os turiacutesticos os quais normalmente
apresentam gravuras dispostas em acircngulos obliacutequos ou laterais
105
FIGURA 10 MAPA MENTAL EM PERSPECTIVA VERTICAL REALIZADO PELO ALUNO 04
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
106
Segundo Tuan (1983) os adultos e principalmente as crianccedilas vivem no chatildeo e
notam os objetos lateralmente natildeo eacute comum a eles perceberem a paisagem por outro
acircngulo de vista Na maioria das vezes a experiecircncia de olhar a paisagem de outra
perspectiva estaacute relacionada apenas a viagens de aviatildeo ou a oportunidade de escalar
uma montanha No entanto o mesmo autor afirma que as crianccedilas
[] podem ldquolerrdquo fotografias aeacutereas verticais em branco e preto de povoados e
campos de cultivo com uma acuidade e seguranccedila inesperadas Podem
reconhecer casas caminhos e aacutervores nas fotografias aeacutereas ainda que estes
aspectos apareccedilam em uma escala muito reduzida e sejam vistos de um
acircngulo e posiccedilatildeo desconhecidos em sua experiecircncia Eacute possiacutevel que as
crianccedilas da cidade tenham tido a experiecircncia de olhar fotografias em revistas
ou na televisatildeo [] (TUAN 1983 p 31)
Notamos portanto que estaacute transposiccedilatildeo de um acircngulo de vista a outro eacute haacutebito
comum entre as crianccedilas Acostumadas a brincar com brinquedos experimentam uma
realidade social ldquosimuladardquo inventam estoacuterias e constroem ldquorelaccedilotildees espaciais atraveacutes
de um jogo de imaginaccedilatildeordquo onde em muitos casos se destacam enquanto ldquodeuses do
Olimpordquo diferentemente de sua situaccedilatildeo no mundo dos adultos (TUAN 1983 p 31)
Entretanto em algumas situaccedilotildees essa percepccedilatildeo apresenta-se totalmente
divergente eacute o caso do mapa mental aluno 05 (figura 11 p 111) esse esboccedilo apresenta
uma visatildeo lateral da realidade Eacute o uacutenico mapa mental a apresentar a sociedade seus
sujeitos (ldquobonecos de palitordquo) atribuindo-os funccedilotildees como pilotar uma moto ou
transitar entre o cenaacuterio urbano (casa preacutedio mercado ndash ideal ndash semaacuteforo e rua) que
segundo relatou o aluno localiza-se no Ponto Cem Reacuteis Aleacutem disso retrata o sol como
um dos elementos que constituem a paisagem expressa na folha (em laranja)
O que nos chama a atenccedilatildeo eacute que mesmo participando da produccedilatildeo da maquete
mental e recebendo orientaccedilotildees do pesquisador o aluno 05 natildeo consegue deslocar seu
ponto de vista do cenaacuterio urbano Para Vigotski (1998 p 36) quando uma crianccedila se
defronta com um problema ao qual natildeo pode solucionar individualmente recorre a um
adulto ou ldquodiante de tal desafio aumenta o uso emocional da linguagem pelas crianccedilas
assim como aumentam seus esforccedilos no sentido de atingir uma soluccedilatildeo mais inteligente
menos automaacuteticardquo
A representaccedilatildeo geograacutefica do mapa mental do aluno 05 sugeriu uma condiccedilatildeo
referente agrave percepccedilatildeo do espaccedilo a qual Tuan (1983) denomina de apinhamento
Segundo o autor o apinhamento pode ser uma condiccedilatildeo a qual nossa liberdade espacial
eacute privada em decorrecircncia da presenccedila de outras pessoas em outro caso tambeacutem pode
107
estar relacionada agrave necessidade do contato com o outro do sentimento de pertencer a
um coletivo a sociedade Nestas condiccedilotildees escreve Tuan
As pessoas nos restringem mas tambeacutem podem ampliar o nosso mundo O
coraccedilatildeo e a mente se expandem na presenccedila daqueles que admiramos e
amamos [] quando as pessoas trabalham juntas por uma causa comum um
homem natildeo tira espaccedilo do outro pelo contraacuterio ele aumenta o espaccedilo do
companheiro dando-lhe apoio (TUAN 1983 p 72 ndash 73)
Podemos considerar que o espaccedilo apresentado pelo aluno natildeo situa o Canal das
Piabas mas sim o lugar que vive cotidianamente Para o trabalho escolar o professor
deve estar atento a esta questatildeo e criar subsiacutedios para que o aluno amplie sua escala de
percepccedilatildeo O trabalho em equipe e o diaacutelogo com o professor pode auxiliar nesta tarefa
fazendo o aluno notar elementos espaciais como o canal das Piabas que fazem parte da
sua vida e da comunidade
108
FIGURA 11 MAPA MENTAL EM PERSPECTIVA LATERAL PELO ALUNO 05
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
109
B Uso de Toponiacutemias
O desafio para a constituiccedilatildeo de uma linguagem atraveacutes dos mapas mentais
ressaltou o conjunto dos nomes dos lugares ou seja as toponiacutemias que desenvolvem o
ldquotecido espacialrdquo e indica o trajeto do Canal das Piabas Estas palavras servem como
ponto de referecircncia e suporte do raciociacutenio geograacutefico por parte dos alunos Neste
quesito 15 (quinze) alunos destacaram o nome dos bairros pontos de referecircncia (a
escola) ou nome do Canal das Piabas e do Accedilude Velho em seus mapas mentais
Apenas um mapa natildeo realizou qualquer referecircncia deste tipo
Ao analisarmos o mapa mental aluno 14 (figura 12 p 109) eacute observado seu
caraacuteter difuso enquanto representaccedilatildeo espacial As toponiacutemias mais que fazer
referecircncia aos lugares estabelece as relaccedilotildees e a compreensatildeo do mapeador a respeito do
tema tratado Baseado na interpretaccedilatildeo vigotskiana de Friedrich (2012) podemos situar
que imagem mental construiacuteda pelo aluno encontra-se no estaacutegio sincreacutetico Outros
criteacuterios devem fazer parte da interpretaccedilatildeo dos mapas mentais No caso do mapa
mental do aluno 14 correspondem as necessidades ou dificuldades especiais do
estudante Em entrevista com a gestora escolar ela comenta que o aluno 14 apresenta
dificuldades ou necessidades especiais de ordem intelectual voltadas a aprendizagem54
Neste caso especiacutefico o trabalho pedagoacutegico na Escola Municipal Luacutecia de
Faacutetima Gayoso Meira eacute realizado na sala de atendimento especializado onde os alunos
desenvolvem atividades que estimulam sua coordenaccedilatildeo sensoacuterio-motora e cognitiva
Para Friedrich (2012) este auxiacutelio eacute imprescindiacutevel as atividades escolares em
decorrecircncia da maior necessidade da mediaccedilatildeo do professor caso contraacuterio o aluno
apresentaraacute dificuldade de abstrair seus conhecimentos acerca do assunto estudado
54 Embora coloque este ponto a gestora escolar confessa natildeo saber qual o diagnoacutestico meacutedico referente a
dificuldade do aluno Relata que na escola apenas um aluno com deficiecircncia (siacutendrome de Down) e que
os demais apresentariam outras deficiecircncias correspondentes a aprendizagem como dislexia Atualmente
a escola possui uma sala de Atendimento Especial e professora especializada no trabalhado pedagoacutegico
com pessoas com deficiecircncia embora natildeo tenha os recursos didaacuteticos disponibilizados pelo governo
(computadores jogos entre outros materiais didaacuteticos) O termo ldquopessoa com deficiecircnciardquo foi criado pelo
Conselho Nacional da Pessoa com Deficiecircncia definido atraveacutes da resoluccedilatildeo estabelecida pela portaria nordm
2344 de 3 de novembro de 2010 Para mais informaccedilotildees acessar Disponiacutevel em
httpwwwmpgompbrportalwebhp41docsparecer_-_mudanca_da_nomeclaturapdf lt acesso
20072014
110
FIGURA 12 MAPA MENTAL DO ALUNO 14 COM DESTAQUE A ELEMENTOS SINCRETICOS
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
111
Divergente do caso do mapa do aluno 14 outros esboccedilos cartograacuteficos
apresentam uma rede de palavras que vincula o tema discutido Canal das Piabas aos
lugares de travessia da rede hidrograacutefica A tabela 4 apresenta o nuacutemero de ocorrecircncia
de cada toponiacutemia utilizada nos mapas mentais
TABELA 4 USO DAS TOPONIacuteMIAS NOS MAPAS MENTAIS
Toponiacutemias utilizadas Ocorrecircncia
Bairro (s) 13
Accedilude Velho 13
Riacho Canal das Piabas 12
Escola 10
Outros 01 Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
A organizaccedilatildeo das toponiacutemias apresentadas nos mapas mentais aluno 01 e 03
(figura 13 p 114 e 14 p 115) exemplificam um raciociacutenio geograacutefico recorrente a
linguagem social Observando os mapas mentais do aluno 01 e 03 eacute possiacutevel destacar
uma coerecircncia na organizaccedilatildeo das toponiacutemias enquanto uma sequencialidade de nomes
que permite identificar e reconstruir uma abstraccedilatildeo do percurso real do Canal das
Piabas
Para que o processo de alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica ocorra eacute necessaacuterio que o
aluno esteja atento ao processo de codificaccedilatildeo do mapa para isso ldquoa codificaccedilatildeo seraacute
significativa se a crianccedila construir seus proacuteprios siacutembolos trabalhando do significado
para o coacutedigordquo (PASSINI 2012 p 46) Eacute necessaacuterio observar que o significado eacute
variaacutevel para cada indiviacuteduo mas tambeacutem corresponde a uma expressatildeo social O
ranking dos nomes referentes aos bairros eacute apresentado a seguir na tabela 5
TABELA 5 RANKING DAS TOPONIacuteMIAS RELACIONADOS AOS BAIRROS DE
CAMPINA GRANDE
Bairro Ocorrecircncia Bairro Ocorrecircncia
Conceiccedilatildeo 10 Joseacute Pinheiro 06
Centro 07 Louzeiro 06
Lauritzen 07 Alto Branco 02
Monte Castelo 07 Monte Santo 01
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
112
Na atividade de interpretaccedilatildeo dos bairros representados pelos alunos uma
importante observaccedilatildeo refere-se agrave escolha das toponiacutemias apresentadas e o contexto
social a qual corresponde agrave identidade Em experiecircncias anteriores (ALMEIDA 2012)
jaacute haviacuteamos percebido que os alunos assim como funcionaacuterios do coleacutegio relatam que
a escola localiza-se no bairro do Alto Branco entretanto para administraccedilatildeo poliacutetica do
municiacutepio de Campina Grande ela estaacute localizada no bairro Lauritzen
Segundo os estudos de Maia (2010) um dos fatores para valorizaccedilatildeo de bairros
como Alto Branco Jardim Tavares e Bairro das Naccedilotildees (todos localizados na Zona
Norte de Campina Grande) eacute a valorizaccedilatildeo imobiliaacuteria em decorrecircncia da presenccedila de
condomiacutenios fechados Ressaltamos que esta diferenccedila entre a identidade da populaccedilatildeo
e a organizaccedilatildeo administrativa do municiacutepio foi explicada aos alunos que Em sua
maioria os alunos fizeram mais referecircncias ao bairro Lauritzen (sete ocorrecircncias) que
ao Alto Branco (duas ocorrecircncias)
Essa diferenccedila entre o destaque dos bairros quando comparado a outros pontos
de referecircncia como Rosa Miacutestica e Ponto Cem Reacuteis eacute proveniente da percepccedilatildeo
referente agrave Zona Norte da cidade de Campina Grande Para explicar este fato
apresentamos um diaacutelogo realizado entre o aluno 15 o pesquisador e a professora
Marta a respeito da comunidade Rosa Miacutestica
Apoacutes compreender onde se localizava a comunidade Rosa Miacutestica o aluno 15
se levanta e fala - ldquoProfessor [pesquisador] eacute o BG55 natildeo eacute
Professora Marta - ldquoO que eacute BG meninordquo
Aluno 15 - ldquoSabe natildeo professora lsquoBuraco da Giarsquo professorardquo
Para entendermos o contexto social ao qual se refere o aluno algumas
observaccedilotildees devem ser realizadas visto que caracteriza relaccedilotildees de identidade e
percepccedilotildees espaciais natildeo apenas destas crianccedilas mas da populaccedilatildeo campinense Arauacutejo
amp Valverde (2013) discutem o surgimento e processo de urbanizaccedilatildeo de uma
comunidade localizada na Zona Norte de Campina Grande a Rosa Miacutestica
Relata os autores que a Rosa Miacutestica surge na deacutecada de 1940 conhecida como
ldquoBuraco da Jiardquo
Inicialmente houve o loteamento e arrendamento de uma aacuterea (antes ocupada
por mata subcaducifoacutelia de transiccedilatildeo e reservatoacuterios de aacutegua) que se
encontrava sob os cuidados de uma famiacutelia que residia nas proximidades O
antigo Buraco da Jia durante algumas deacutecadas de existecircncia foi considerado
55 O significado de BG para o aluno eacute relativo a Buraco da Jia observa-se aiacute uma alteraccedilatildeo da letra ldquoGrdquo e
ldquoJrdquo
113
pela Prefeitura Municipal de Campina Grande como favela (ARAUacuteJO amp
VALVERDE 2013 p 151)
O termo Buraco da Jia segundo os autores consiste em uma das toponiacutemias
condizentes a uma aacuterea de contato entre trecircs bairros (Alto Branco Louzeiro e
Conceiccedilatildeo) embora natildeo se tenha consenso a respeito da origem deste nome antigos
moradores atribuem o significado agraves condiccedilotildees ambientais do lugar Aleacutem disso carrega
estereoacutetipos sociais como violecircncia favelizaccedilatildeo drogas entre outros A toponiacutemia Rosa
Miacutestica soacute viria surgir anos mais tarde em decorrecircncia do movimento da igreja e de
seus moradores com o objetivo de diminuir a violecircncia presente na comunidade
(ARAUacuteJO amp VALVERDE 2013)
Consideramos que a percepccedilatildeo social e a escolha destas toponiacutemias natildeo satildeo
involuntaacuterias pois agrave medida que apresentam bairros considerados ldquobons seguros
organizadosrdquo negam aqueles espaccedilos percebidos como ldquomarginalizados inseguros
precaacuteriosrdquo Embora o aluno 15 natildeo estivesse presente no dia da realizaccedilatildeo destes mapas
mentais seus colegas natildeo fizeram nenhuma referecircncia mesmo os que conhecem e
vivem esta realidade
114
FIGURA 13 USO DAS TOPONIMIAS PELO ALUNO 01
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
115
FIGURA 14 USO DE TOPONIMIAS PELO ALUNO 03
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
116
C Noccedilotildees de localizaccedilatildeo e orientaccedilatildeo
Como expotildeem Claval (2010) localizar e orientar satildeo duas bases importantes no
posicionamento das toponiacutemias A pontuaccedilatildeo aleatoacuteria desses nomes pode resultar em
problemas na identificaccedilatildeo dos lugares e na comunicaccedilatildeo do mapa mental Durante o
desenvolvimento de atividades como a maquete mental houve praacuteticas e discussotildees a
respeito da importacircncia da localizaccedilatildeo dos fenocircmenos espaciais e da orientaccedilatildeo atraveacutes
dos pontos cardeais (norte sul leste e oeste)
Dessa forma a experiecircncia se repetiu no desenho dos mapas mentais os quais
deveriam ser orientados pela rosa dos ventos e seus pontos cardeais Ao analisarmos os
16 mapas encontramos em apenas seis o procedimento exigido Dos seis casos que
apontaram a rosa dos ventos apenas o mapa mental aluno 03 (figura 14 p 115)
consegue estabelecer com propriedade a orientaccedilatildeo espacial
Diferentemente do caso anterior os outros cinco mapas mentais (a exemplo do
aluno 01 ver figura 13 p 114) apresentam agrave rosa dos ventos muito embora o norte
referende a posiccedilatildeo superior da folha e natildeo a nascente do Canal das Piabas Este
problema de orientaccedilatildeo haacute muito jaacute vem sido discutido por especialistas da aacuterea da
Cartografia Escolar Passini (2012 p 96) menciona que embora os livros didaacuteticos dos
primeiros ciclos (1ordm ao 5ordm ano) abordem a questatildeo da orientaccedilatildeo espacial afirma que
O que temos visto [] satildeo explicaccedilotildees sobre a indicaccedilatildeo da nascente do Sol
como direccedilatildeo Leste muitas vezes com a figura de um menino de braccedilos
abertos com a matildeo direita apontando o Leste Essa forma de ldquoorientarrdquo pode
criar o equiacutevoco de que o lado Leste eacute determinado com a matildeo direita
O problema encontrado eacute que na compreensatildeo dos alunos os pontos cardeais satildeo
encarados como um criteacuterio estaacutetico quando na verdade seu posicionamento eacute relativo
Esse tipo de orientaccedilatildeo (pelos astros ndash sol lua etc) necessita de uma transposiccedilatildeo da
compreensatildeo da macroescala (dos planetas) para a microescala (dos bairros da Zona
Norte de Campina Grande)
Por outro lado podemos analisar que os mapas mentais como o aluno 01 pode
ter outro referencial de orientaccedilatildeo o do corpo Nesta linha de raciociacutenio os trabalhos de
Claval (2010) e Tuan (1983) afirmam que mediante a experiecircncia os nosso sentidos
(olfato audiccedilatildeo e ateacute mesmo o tato) nos auxilia na experiecircncia do espaccedilo permitindo
traccedilar itineraacuterios mediante a localizaccedilatildeo e orientaccedilatildeo
117
A pesquisa com alunos do curso de Geografia da Universidade Federal do
Paranaacute (UFPR) realizada por Kozel (2008) demonstra ser possiacutevel o trabalho da
representaccedilatildeo da cidade a partir das percepccedilotildees sensoacuterias A autora revela que a
linguagem pode ser construiacuteda a partir dos sentidos desde que desenvolva a construccedilatildeo
semioacutetica (expresse em signos os elementos sentidos como o cheiro) e possibilite sua
transformaccedilatildeo em enunciados Para a autora a imagem mental pode ser ldquoconstruiacutedas a
partir das sensaccedilotildees e percepccedilotildees assim como signos verbais ou natildeo-verbais tambeacutem se
constroem dentro desse processordquo (KOZEL 2008 p 74)
No caso dos mapas mentais dos alunos do 4ordm ano observamos que a ordem e
sequencialidade da orientaccedilatildeo e localizaccedilatildeo quando comparado agrave maquete mental
estiveram presentes em 50 dos casos (oito mapas) Nestes oito mapas como eacute o caso
do aluno 10 (Figura 15 p 118) as toponiacutemias foram localizadas de forma que
possibilita a compreensatildeo total do fenocircmeno estudado o Canal das Piabas pelo leitor
Aleacutem disso tal como eacute relatado no texto o curso drsquoaacutegua estabelece o limite e
localizaccedilatildeo entre os bairros ldquoacima do canalrdquo os bairros Centro Conceiccedilatildeo e Louzeiro e
ldquoabaixordquo o Joseacute Pinheiro (escrito como Satildeo Pinheiro) e Lauritzen (onde estaacute localizada
a escola)
Nos outros oito casos do uso da localizaccedilatildeo e orientaccedilatildeo espacial as noccedilotildees
ainda natildeo foram internalizadas Os alunos conseguem apenas desenvolver relaccedilotildees
topoloacutegicas (frente atraacutes direita e esquerda como discutido no capiacutetulo I p 39)
quando os elementos estatildeo em seu campo de visatildeo como a atividade em que os alunos
do 4ordm ano construiacuteram um mapa da sala de aula e destacaram atraveacutes da legenda a
localizaccedilatildeo de sua carteira Observaremos outros exemplos relacionados agrave localizaccedilatildeo e
orientaccedilatildeo espacial no toacutepico a seguir
118
FIGURA 15 MAPA MENTAL E A LOCALIZACcedilAtildeO DOS BAIRROS DE CAMPINA GRANDE PELO ALUNO 10
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
119
D Noccedilotildees de escala geograacutefica
Em trabalho com os mapas existentes a escala numeacuterica (matemaacutetica) eacute essencial
para o trabalho pedagoacutegico Permite ao aluno compreender a ldquogeneralizaccedilatildeo
cartograacuteficardquo a relaccedilatildeo entre a escala e a quantidade de elementos do mapa Dessa forma
ldquoquanto menor a escala menos detalhes (maior a generalizaccedilatildeo) quanto maior a escala
mais detalhes (menor generalizaccedilatildeo)rdquo (ALMEIDA 2010 p 92)
Todavia no que corresponde ao uso dos mapas mentais ela aparece enquanto
elemento secundaacuterio A escala meacutetrica eacute importante para a formaccedilatildeo do aluno
entretanto na transposiccedilatildeo da imagem mental ela natildeo aparece Isso se deve ao fato da
nossa percepccedilatildeo espacial natildeo ser decorrente da distacircncia fiacutesica entre os lugares mas da
afetiva (TUAN 1983)
A primeira vista a escala geograacutefica pode ser considerada banal e ateacute mesmo
desarticulada agraves praacuteticas do ensino de Geografia nos anos iniciais do EF Entretanto a
escala eacute um ldquoproblema metodoloacutegicordquo visto que se torna para noacutes um procedimento
praacutetico e ldquouma estrateacutegia de apreensatildeo da realidaderdquo ao discutir noccedilotildees de Geografia e
contextualizar o tema em estudo Aleacutem disso permite avaliar a compreensatildeo dos alunos
a respeito do assunto abordado (CASTRO 2008 p 120)
Montar a maquete mental necessita de habilidade para a compreensatildeo da
totalidade do fenocircmeno estudado e a reduccedilatildeo necessaacuteria para que nenhuma informaccedilatildeo
relevante seja perdida a transposiccedilatildeo dessas ideias para os mapas mentais segue a
mesma loacutegica
Percebemos que haacute diferenccedilas no trabalho pedagoacutegico com a escala numeacuterica e a
escala geograacutefica entretanto existe um ponto em comum entre elas ldquoeacute importante notar
que a escala natildeo eacute a mesma em todo o mapardquo (ALMEIDA 2010 p 91) Os sujeitos de
uma turma podem ter compreensotildees escalares distintas fato presente na produccedilatildeo dos
mapas mentais como eacute apresentado na tabela 6 que caracteriza as escalas geograacuteficas
TABELA 6 ESCALA GEOGRAacuteFICA EM DESTAQUE NOS MAPAS MENTAIS
ESCALA
GEOGRAacuteFICA OCORREcircNCIA
Bairro 11
Rua 03
Natildeo apresenta comunica 02 Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
120
Podemos observar na realizaccedilatildeo da maioria dos mapas mentais (11 mapas) a
presenccedila do raciociacutenio geograacutefico ao atribuir uma reduccedilatildeo dos objetos representados
sem a necessidade de recorrer agrave escala meacutetrica As representaccedilotildees apresentam a
compreensatildeo dos estudantes sobre a aacuterea estudada Na maioria dos casos observamos
que os alunos tiveram a preocupaccedilatildeo de indicar a reduccedilatildeo necessaacuteria para exposiccedilatildeo dos
fenocircmenos apresentados em seus esboccedilos (uso das toponiacutemias)
A maioria dos esboccedilos cartograacuteficos destaca o nome dos bairros o que contribui
para leitura das informaccedilotildees contidas em cada mapa (por exemplo o mapa mental do
aluno 04 figura 10 p 105) Em casos mais especiacuteficos houve uma reduccedilatildeo a uma
escala geograacutefica mais local a da rua a qual apresenta mais relaccedilotildees da experiecircncia
cotidiana do que com o resgate do tema estudado
Se considerarmos a escala geograacutefica enquanto procedimento do raciociacutenio
geograacutefico observaremos que nos trecircs casos onde a rua aparece como escala de
representaccedilatildeo (aluno 05 figura 11 p 111) e ainda nos outros dois que natildeo fazem
menccedilatildeo a qualquer tipo de reduccedilatildeo espacial (aluno 14 figura 12 p 110) podemos notar
dificuldades na sistematizaccedilatildeo da linguagem e da comunicaccedilatildeo do tema indicando a
necessidade de um papel mais ativo da mediaccedilatildeo do professor
Diante desta dificuldade expotildeem Vigotski (1998) que
A linguagem habilita as crianccedilas a providenciarem instrumentos auxiliares na
soluccedilatildeo de tarefas difiacuteceis a superar a accedilatildeo impulsiva a planejar uma soluccedilatildeo
para um problema antes de sua execuccedilatildeo e a controlar seu proacuteprio
comportamento Signos e palavras constituem para as crianccedilas primeiro e
acima de tudo um meio de contato social com outras pessoas As funccedilotildees
cognitivas e comunicativas da linguagem tornam-se entatildeo a base de uma
forma nova e superior de atividade nas crianccedilas distinguindo-as dos animais
(VIGOTSKI 1998 p 38)
Considerando as palavras da citaccedilatildeo anterior notamos que a praacutetica da
construccedilatildeo do pensamento se reproduz na execuccedilatildeo da atividade proposta ou seja dos
mapas mentais Entretanto observamos que mesmo a ldquoimitaccedilatildeordquo de um modelo
produzido pelos alunos (a maquete mental) enquanto elemento responsaacutevel por criar
uma zona de desenvolvimento potencial natildeo eacute em alguns casos o suficiente para
desenvolver habilidades como observaccedilatildeo e planejamento do trabalho a ser executado
pelo aluno
121
3 3 OFICINA 2 PRAacuteTICAS COM MAPA MUDO (RE) CONSTRUINDO O MAPA
MENTAL DA PARAIacuteBA
A Paraiacuteba foi o tema em pauta para as atividades do 4ordm ano no uacuteltimo bimestre
escolar Em minha primeira visita realizada a escola apoacutes o aceite para realizaccedilatildeo da
pesquisa perguntei a professora Marta quais eram as suas orientaccedilotildees para as aulas de
Geografia embora tenha exposto o tema ficou de apresentar seu planejamento
posteriormente
Quando retornamos agrave escola recebemos da professora duas folhas elas
realizavam uma caracterizaccedilatildeo geneacuterica da Paraiacuteba Com os papeacuteis em matildeos
percebemos que se tratava de trechos disponibilizados no site do Wikipeacutedia As
informaccedilotildees natildeo eram confiaacuteveis tampouco suficientes Resolvemos explorar os
recursos didaacuteticos disponibilizados pela escola e descobrimos que havia mapas murais
atlas escolares e livros didaacuteticos sobre o Estado da Paraiacuteba Sugerimos que as fontes e
recursos didaacuteticos disponibilizados pela escola fossem articulados a proposta das aulas
Natildeo foi encontrada nenhuma objeccedilatildeo da professora em utilizar estes materiais
O caso descrito no paraacutegrafo anterior natildeo eacute apenas uma anedota de pesquisa
para a gestora Rosacircngela as professoras desconhecem os materiais existentes na escola
Ela relata que o governo investe em recursos didaacuteticos como mapas atlas livros e aleacutem
disso DVD jogos entre outros materiais que poderiam ser utilizados em sala de aula
Apoacutes as mudanccedilas relatadas pensamos em atividades para os alunos do 4ordm ano
recapitulando alguns assuntos tratados pela professora regente no 3ordm bimestre como a
discussatildeo sobre a cidade de Campina Grande e a regiatildeo Nordeste Com esta intenccedilatildeo
realizamos mapas mudos da regiatildeo Nordeste (modelo em apecircndice V) e do Estado da
Paraiacuteba (modelo em apecircndice VI) situando as discussotildees sobre os temas discutidos (ver
figura 16 e 17 p 122)56
56 Procuramos realizar praacuteticas que possibilitassem o processo de regionalizaccedilatildeo com alunos do 4ordm ano
Aleacutem disso observamos e comparamos diferentes fotografias pertencentes agrave Paraiacuteba o que auxiliou na
produccedilatildeo de mapas mudos pretendendo desenvolver modelos para a internalizaccedilatildeo da noccedilatildeo de regiatildeo
122
FIGURA 16 MAPA MUDO REALIZADO BRASIL (REGIAtildeO NORDESTE) REALIZADO PELO
ALUNO 07
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
Em seguida temos outro mapa realizado pelo aluno 01 Podemos perceber como
ele se apropria dos conhecimentos necessaacuterios para preenchimento das informaccedilotildees de
forma praacutetica
FIGURA 17 MAPA MUDO DAS MESSOREGIOtildeES DA PARAIacuteBA REALIZADO PELO ALUNO
01
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
123
O mapa da regiatildeo Nordeste (figura 16 p 122) procurou discutir os
procedimentos para realizaccedilatildeo da leitura dos mapas existentes enfatizando a construccedilatildeo
da legenda por meio da construccedilatildeo do signo (significado - as cores - utilizado aos seus
significantes - estados representados) A rosa dos ventos tambeacutem fez parte destes
procedimentos pois buscamos substituir a associaccedilatildeo da orientaccedilatildeo do corpo pela
orientaccedilatildeo atraveacutes dos pontos cardeais
Se considerarmos que o mapa eacute uma forma de representaccedilatildeo do espaccedilo e que
representa uma linguagem com siacutembolos legendas escalas geograacuteficas e toponiacutemias
podemos concluir que eacute necessaacuterio fazer com que o aluno busque potencializar
habilidades e competecircncias para entendecirc-lo decifraacute-lo e utilizaacute-lo
Desse modo a praacutetica de produccedilatildeo de mapas eacute necessaacuteria pois permite aos
alunos atingir uma organizaccedilatildeo cognitiva da estrutura do espaccedilo Alem disso
desenvolver princiacutepios de organizaccedilatildeo sistematizaccedilatildeo e correspondecircncia com outros
mapas visualizados em seu cotidiano que em muitos casos natildeo fazem muito sentido
Para Almeida amp Passini (2010 p 13) o mapa soacute faz sentido enquanto recurso de
aprendizagem
[] se o aluno participou ativamente do processo de construccedilatildeo
(reconstruccedilatildeo) do conhecimento atraveacutes da praacutetica escolar orientada pelo
professor E quanto ao domiacutenio espacial envolve preacute-aprendizagens relativas
a referencias e categorias essenciais ao processo de concepccedilatildeo do espaccedilo
De acordo com esses apontamentos pretendemos analisar os mapas mentais
correlacionando com o mapa mudo elaborado pelos alunos A produccedilatildeo dos mapas
mentais que seratildeo apresentados a seguir foi uma sugestatildeo da professora regente para
compor a avaliaccedilatildeo final do 4ordm bimestre (ver apecircndice VII) Desta forma algumas
observaccedilotildees deveratildeo ser verificadas
1 A realizaccedilatildeo destes mapas ficou a cargo da professora regente Segundo ela
nenhum dos alunos teve acesso as informaccedilotildees presentes nos cadernos livros
ou outras fontes de consulta
2 A prova foi realizada individualmente
3 As atividades natildeo foram realizadas no mesmo dia pelos alunos A professora
Marta emprega como praacutetica que os alunos realizem as provas em dias
aleatoacuterios evitando a possibilidade de ldquocolardquo entre os alunos
4 Realizamos as orientaccedilotildees para o desenho dos mapas mentais considerando
os temas estudados em sala de aula
124
3 4 MAPA MENTAL 2 MESORREGIOtildeES DA PARAIacuteBA
A Noccedilotildees de percepccedilatildeo espacial
Durante esta fase foram elaborados 14 mapas mentais sobre as mesorregiotildees
Geograacuteficas da Paraiacuteba Todos os mapas apresentados a partir deste momento natildeo
apresentaram problemas em relaccedilatildeo ao ponto de vista (lateral vertical ou obliacutequa) dos
elementos representados Todos eles satildeo apresentados na perspectiva vertical
Os alunos progrediram na anaacutelise e construccedilatildeo dos mapas mentais e agora
consideram o procedimento dos pontos de vista Natildeo necessariamente O que ocorre eacute
que como discute Castro (2008) os fenocircmenos mudam de acordo com a escala
geograacutefica O tema pode ser um dos grandes influenciadores dessa mudanccedila de
perspectiva A escala regional e as orientaccedilotildees para a realizaccedilatildeo do mapa impotildeem outra
problemaacutetica que natildeo corresponde aos elementos representados na escala local como a
disposiccedilatildeo de preacutedios ou casas por exemplo
Desta forma natildeo seria conveniente tampouco realista considerar os mesmos
paracircmetros (pontos de vista) de anaacutelise do mapa mental do Canal das Piabas Outro fato
eacute que os modelos ou imagens mentais construiacutedas natildeo se baseiam em uma representaccedilatildeo
em trecircs mas em apenas duas dimensotildees
Se considerarmos a concepccedilatildeo de Tuan (2012 p 18) acerca da percepccedilatildeo
espacial eacute possiacutevel inferir que ela pode ser uma resposta a uma ldquoatividade propositalrdquo
escolar Neste aspecto se torna uma capacidade de avaliaccedilatildeo e ordenamento dos objetos
dispostos no espaccedilo Os mapas mentais podem corresponder agraves relaccedilotildees entre as formas
representadas
Os esboccedilos cartograacuteficos elaborados pelos alunos assumiram duas ldquoformasrdquo a
primeira de sequencialidade das Mesorregiotildees Geograacuteficas (dez mapas mentais) e a
segunda a circularidade (quatro mapas) Algumas observaccedilotildees devem ser feitas antes de
avanccedilarmos na anaacutelise destes mapas mentais
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) os estudos da
divisatildeo regional pelo IBGE originaram-se em 1941 sob a coordenaccedilatildeo do prof Faacutebio
Macedo Soares Guimaratildees Ateacute aquele momento diversas sistematizaccedilotildees para divisatildeo
regional do territoacuterio brasileiro havia sido proposta dessa forma o objetivo do oacutergatildeo foi
organizar um uacutenico modelo de divisatildeo regional do Brasil
125
Aleacutem disso eacute relatado no site do IBGE que entre os fatores que influenciaram a
divisatildeo das regiotildees em Mesorregiotildees Geograacuteficas foram a elaboraccedilatildeo de poliacuteticas
puacuteblicas locais localizaccedilatildeo de atividades econocircmicas sociais e tributaacuterias
planejamento urbano estudos de identificaccedilatildeo das regiotildees metropolitanas
aglomeraccedilotildees urbanas e rurais entre outros O IBGE conclui que
A Divisatildeo Regional do Brasil em mesorregiotildees partindo de determinaccedilotildees
mais amplas a niacutevel conjuntural buscou identificar aacutereas individualizadas em
cada uma das Unidades Federadas tomadas como universo de anaacutelise e
definiu as mesorregiotildees com base nas seguintes dimensotildees o processo social
como determinante o quadro natural como condicionante e a rede de
comunicaccedilatildeo e de lugares como elemento da articulaccedilatildeo espacial57
No tocante aos aspectos poliacuteticos econocircmicos sociais e naturais a Paraiacuteba estaacute
dividida em quatro Mesorregiotildees Geograacuteficas Mata Paraibana Agreste Paraibano
Borborema e Sertatildeo Paraibano (ver figura 17 p 122) cada uma delas apresenta
caracteriacutesticas proacuteprias De acordo com Carvalho Travassos amp Maciel (2002 p 33) ldquoA
distribuiccedilatildeo dos climas da Paraiacuteba estaacute relacionada com a localizaccedilatildeo geograacutefica ou
seja quanto mais proacuteximo do litoral mais uacutemido seraacute o clima quanto mais longe mais
secordquo Este traccedilado de sequencialidade eacute encontrado no mapa do aluno 08 (figura 18 p
126)
Por outro lado quatro alunos desenharam a silhueta da Paraiacuteba em formas
circulares (aluno 03 figura 19 p 127) distinguindo-se dos modelos preacute-elaborados
(mapa mudo) e trabalhados em classe atraveacutes do atlas escolar da Paraiacuteba Neste aspecto
Tuan (2012 p 63) comenta que ldquoo etnocentrismo casa bem com a ideia do cosmo
circularrdquo Perceber o seu mundo enquanto um paracircmetro circular daacute ao sujeito a
compreensatildeo que todos os espaccedilos estatildeo proacuteximos e acessiacuteveis
Desde que nascemos nossas experiecircncias espaciais se desenvolvem inicialmente
por relaccedilatildeo aos estiacutemulos do meio e posteriormente com nosso conviacutevio em sociedade
Tuan (1983) revela que para um bebecirc de seis meses de idade o simples fato de estar
sentado jaacute possibilita um novo campo de visatildeo a que tinha anteriormente quando
ficava apenas deitado Aleacutem disso ldquotoda pessoa estaacute no centro do seu mundo e o
espaccedilo circundante eacute diferenciado de acordo com o esquema de seu corpordquo (TUAN
1983 p 46) Outra justificativa que corresponde agrave representaccedilatildeo deste traccedilado circular
corresponderia agraves dificuldades dos alunos ao abstrair o princiacutepio da conexatildeo entre as
Mesorregiotildees Geograacuteficas Observaremos outros casos semelhantes no toacutepico a seguir
57 As informaccedilotildees pertinentes ao IBGE estatildeo disponiacuteveis no link a seguir
httpwwwibgegovbrhomegeocienciasgeografiadefault_div_intshtmlt acessado em 16 05 2015
126
FIGURA 18 PERCEPCcedilAtildeO SEQUENCIAL DAS MESORREGIOtildeES GEOGRAacuteFICAS DO ALUNO 08
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
127
FIGURA 19 PERCEPCcedilAtildeO CIRCULAR DAS MESORREGIOtildeES GEOGRAacuteFICAS DO ALUNO 03
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
128
B Uso de Toponiacutemias
Qual o processo de organizaccedilatildeo das toponiacutemias apresentadas pelos alunos
Encontramos duas respostas a primeira correspondente ao fragmento textual no
enunciado dos mapas mentais a segunda as paredes da sala de aula Como eacute de costume
nos anos iniciais do EF expomos os cartazes e atividades que haviacuteamos realizado sobre
o Canal das Piabas Este cartaz foi utilizado enquanto instrumento de coacutepia em alguns
casos
Em uma anaacutelise geral dos mapas mentais produzidos pelos alunos tendo como
objetivos identificar as toponiacutemias dos lugares representados encontrou a seguinte
configuraccedilatildeo (Tabela 7 p 128)
TABELA 7 OCORREcircNCIA DAS TOPONIMAS EXPRESSAS NOS MAPAS MENTAIS
TOPONIacuteMIA OCORREcircNCIA
Mesorregiotildees Geograacuteficas 8
Mesorregiotildees Geograacuteficas e bairros de Campina Grande 3
Bairros de Campina Grande 1
Outros 2
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
Para Vigotski (1998) o uso da palavra eacute de fundamental importacircncia para a
construccedilatildeo do conceito ela identifica os objetos e distingui-os de outros termos
semelhantes A palavra quando caracterizada enquanto toponiacutemia permite ao sujeito
nomear o espaccedilo geograacutefico segundo alguma caracteriacutestica social fiacutesica poliacutetica
econocircmica entre outras
Para Gomes (2008 p 53) ldquona linguagem do senso comum a noccedilatildeo de regiatildeo
parece existir relacionada a dois princiacutepios fundamentais o de localizaccedilatildeo e o de
extensatildeordquo Compreendemos que este processo envolve dois exerciacutecios O primeiro de
compreensatildeo identificaccedilatildeo e extensatildeo do fenocircmeno e o segundo metodoloacutegico quais os
criteacuterios que possibilitaram a organizaccedilatildeo das Mesorregiotildees Geograacuteficas da Paraiacuteba
Eacute complexo o desenvolvimento da noccedilatildeo geograacutefica de regiatildeo mas em seu
processo de ensino-aprendizagem outros elementos podem ser destacados Ao trabalhar
com este conceito com a turma do 4ordm ano associamos a discussatildeo das caracteriacutesticas
regionais com as suas paisagens realizando a leitura de imagens fotograacuteficas
129
disponibilizadas pelos livros didaacuteticos atlas escolar e outras desenvolvidas em forma de
atividades
Em mapas mentais como o do aluno 11 (figura 20 p 130) foi observado que o
uso das toponiacutemias permite uma compreensatildeo da organizaccedilatildeo regional pelos alunos Em
outros casos o excesso de informaccedilotildees demonstra que esta comunicaccedilatildeo ainda se
apresenta de forma confusa para os estudantes (aluno 08 figura 18 p 126) Por outro
lado seguindo as orientaccedilotildees de Richter (2010 p 71) para a anaacutelise sobre o uso da
palavra na construccedilatildeo dos mapas mentais destacamos que escrever a palavra ldquosertatildeordquo
ldquoagresterdquo ou ldquooceano atlacircnticordquo ldquo[] natildeo define ou estabelece que esse estudante tenha
uma compreensatildeo ampla sobre os termos ou ideias apresentadasrdquo
Outro fato que nos chama a atenccedilatildeo eacute a ecircnfase dada agrave temaacutetica dos mapas
mentais os rios da Paraiacuteba As expressotildees rio Paraiacuteba e Piranhas apresentam-se em 50
dos mapas mentais analisados (sete mapas) assim como a presenccedila do Oceano
Atlacircntico Em outros dois casos os alunos representam em seus mapas a presenccedila do
Accedilude Velho e Riacho das Piabas
Percebemos com essa avaliaccedilatildeo a dificuldade dos alunos para o entendimento do
significado das toponiacutemias e a construccedilatildeo desta imagem mental Longe de encerrar esta
compreensatildeo pelos alunos veremos a seguir algumas anaacutelises relacionadas as noccedilotildees de
localizaccedilatildeo e orientaccedilatildeo espacial
130
FIGURA 20 USO DAS TOPONIacuteMIAS NA CONSTRUCcedilAtildeO DAS MESORREGIOtildeES DA PARAIacuteBA DO ALUNO 11
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
131
C Noccedilotildees de localizaccedilatildeo e orientaccedilatildeo
A alfabetizaccedilatildeo da liacutengua materna corresponde a uma das primeiras formas de
comunicaccedilatildeo ensinadas na escola Escrever as primeiras letras do nome pode acontecer
antes dos seis anos de idade mas eacute a partir do 1ordm ano do EF que este aprendizado seraacute
mais niacutetido
No ocidente o processo da escrita das palavras ocorre geralmente em uma
ordem sequencial da esquerda para a direita Este procedimento tambeacutem eacute realizado
para a leitura de textos onde eacute expressa a liacutengua portuguesa Somos desde pequenos
ensinados e aos poucos nos habituamos a este processo de leitura e escrita Mas haacute
alguma relaccedilatildeo entre o raciociacutenio geograacutefico a imagem mental e a representaccedilatildeo dos
mapas mentais com o processo de leitura e escrita A anaacutelise dos mapas afirma que sim
No item noccedilotildees de percepccedilatildeo espacial identificamos a ocorrecircncia de dez mapas
mentais que distribuiacuteram as Mesorregiotildees Geograacuteficas em uma ordem sequencial Mais
que uma relevacircncia na percepccedilatildeo dos alunos ela revela uma teacutecnica de
desenvolvimento do coacutedigo da liacutengua Dos dez mapas mentais que apresentam esta
caracteriacutestica sete denotam uma ordem idecircntica agrave do enunciado da questatildeo O quadro 6
realiza uma comparaccedilatildeo das toponiacutemias utilizadas e sua relaccedilatildeo com os mapas
mentais58
QUADRO 6 ORDEM DAS TOPONIacuteMIAS ENCONTRADAS NOS MAPAS MENTAIS
Ocorrecircncia Toponiacutemia 1 Toponiacutemia 2 Toponiacutemia 3 Toponiacutemia 4
Enunciado Mata Paraibana Agreste Paraibano Borborema Sertatildeo Paraibano
07 mapas Mata Paraibana Agreste Paraibano Borborema Sertatildeo Paraibano
03 mapas Sertatildeo Paraibano Borborema Agreste Paraibano Mata Paraibana
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
Quando comparado a disposiccedilatildeo das mesorregiotildees no enunciado da questatildeo e a
localizaccedilatildeo sete dos dez mapas eacute niacutetido que a transposiccedilatildeo da imagem mental para o
papel seguiu a mesma loacutegica expressa no enunciado da questatildeo Mas o simples fato de
localizar as toponiacutemias da esquerda agrave direita e vice versa natildeo significa que o aluno
58O mapa diferentemente de outras teacutecnicas de informaccedilatildeo e conhecimento como a Liacutengua portuguesa ou
a Matemaacutetica eacute portador de uma linguagem natildeo-verbal Traduz um processo de aprendizagem natildeo
sequencial de fenocircmenos que quando apresentados na fala em texto ou operaccedilotildees matemaacuteticas
naturalmente vatildeo apresentar uma hierarquia disposiccedilatildeo sequencialidade que nem sempre eacute desejaacutevel
132
consegue abstrair a posiccedilatildeo dos lugares em escalas regionais Torna-se importante notar
outros referenciais
A orientaccedilatildeo de outras referecircncias como Oceano Atlacircntico servem como
correspondente entre os signos (mesorregiotildees) apresentados nos mapas mentais A
leitura realizada pelo aluno 11 localiza a mesorregiatildeo do Sertatildeo Paraibano vizinho ao
Oceano Atlacircntico (figura 20 p 130) este fato esteve presente em quatro mapas
mentais
Por meio do mapa mental realizado pelo aluno 15 (figura 21 p 133) eacute possiacutevel
afirmar que mesmo havendo semelhanccedila entre a sequencialidade do enunciado da
questatildeo e o mapa mental eacute possiacutevel estabelecer uma relaccedilatildeo de orientaccedilatildeo espacial
condizente com a realidade a partir do uso coerente da rosa dos ventos
Encontramos ainda no caso do mapa mental supracitado uma reordenaccedilatildeo dos
pontos cardeais que a primeira vista pode parecer estranha para um experiente leitor de
mapas existentes Eacute notado que o aluno altera a posiccedilatildeo L (leste) ndash O (oeste) do mapa
mental permitindo uma comunicaccedilatildeo entre a orientaccedilatildeo e localizaccedilatildeo real das
Mesorregiotildees Geograacuteficas
O caso citado acima eacute o uacutenico a realizar esse raciociacutenio da orientaccedilatildeo dos
elementos representados podemos notar que o aluno consegue articular a noccedilatildeo de
orientaccedilatildeo espacial o que nos leva a considerar a possibilidade de coincidecircncia Dos
quatorze (14) mapas mentais doze (12) apresentam a rosa dos ventos A tabela 8
demonstra a noccedilatildeo de orientaccedilatildeo espacial atraveacutes dos pontos cardeais pelos alunos
TABELA 8 OCORREcircNCIA DA UTILIZACcedilAtildeO DA ROSA DOS VENTOS NOS MAPAS
MENTAIS
USO DA ROSA DOS VENTOS OCORREcircNCIA
Apresenta coerecircncia 2
Natildeo apresenta coerecircncia 7
Natildeo corresponde a uma comunicaccedilatildeo 6
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
Eacute observado que o posicionamento mediado pelos pontos cardeais natildeo obteve
sucesso As atividades desenvolvidas natildeo foram suficientes para possibilitar a
compreensatildeo da orientaccedilatildeo espacial Embora sete alunos tracem a rosa dos ventos em
seus mapas mentais elas natildeo correspondem agraves toponiacutemias expressas ou outros pontos de
referecircncia como o oceano Outros seis alunos invertem o posicionamento dos pontos
cardeais ou simplesmente natildeo apresenta tais referenciais
133
FIGURA 21 ORIENTACcedilAtildeO E LOCALIZACcedilAtildeO DAS MESSOREGIOtildeES DA PARAacuteIBA ALUNO 15
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
134
D Noccedilotildees de escala geograacutefica
Todas as noccedilotildees discutidas acerca dos mapas mentais das mesorregiotildees
demonstram que na escala regional paraibana os alunos sentiram mais dificuldades na
realizaccedilatildeo dos elementos dos mapas Com isso a leitura dos esboccedilos apresentou alguns
contratempos como excesso ausecircncia ou desconexatildeo entre as toponiacutemias apresentadas
com a temaacutetica dos mapas
Sem instrumentos mediadores ou modelos os alunos tiveram diferentes
problemas Entre eles o que deve ser representado no mapa Os rios eram destaque no
enunciado da prova embora seus nomes estivessem em negrito poucos alunos
distinguiram as palavras enquanto regiotildees (Mata Paraibana) e rios Paraiacuteba e Piranhas
Os rios revelam o propoacutesito do mapa mas tambeacutem coincidem com a localizaccedilatildeo Estado
da Paraiacuteba
Se considerarmos as palavras de Callai (2005 p 239) sobre o retrato do tema
ldquo[] eacute importante perceber que os fenocircmenos da natureza se configuram em outra
escala que eacute da natureza mesmo e que vai pautar os acontecimentos ao contraacuterio de
uma escala histoacuterica intrinsecamente ligada ao tempo e ao espaccedilo de nossas vidasrdquo
O conjunto das Mesorregiotildees Geograacuteficas tinha como intenccedilatildeo localizar ordenar
e apresentar um panorama geral do Estado da Paraiacuteba O resultado da observaccedilatildeo da
escala geograacutefica (Tabela 9) revela que a maioria dos estudantes apresenta maior
acuidade para a escolha da escala
TABELA 9 ESCALA GEOGRAacuteFICA EM DESTAQUE NOS MAPAS MENTAIS
ESCALA GEOGRAacuteFICA OCORREcircNCIA
Estado da Paraiacuteba 11
Outra 2
Natildeo identificada 1 Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
O que demonstra estes dados eacute que os alunos tiveram o cuidado de reduzir os
objetos da escala real para a dimensatildeo do papel mas o motivo para essa reduccedilatildeo natildeo
corresponde com a proposta da atividade Observamos que os alunos tecircm na maioria
dos casos o cuidado de representar as mesorregiotildees entretanto os rios Paraiacuteba e
Piranhas satildeo observados como coisas distintas do territoacuterio Dos quatorze (14) mapas
135
mentais analisados nove apresentam os rios enquanto elemento externo os outros cinco
casos natildeo fazem qualquer menccedilatildeo ao tema
Se por um lado a ldquohomogeneidaderdquo e ldquoconcentraccedilatildeordquo satildeo traccedilos pertinentes a
escala da proposta dos mapas mentais por outro ldquocolocar o problema da escala eacute
tambeacutem colocar o problema da pertinecircncia da ligaccedilatildeo entre uma unidade de observaccedilatildeo
e o atributo que associamos a elardquo (RACINE RAFFESTIN amp RUFFY 1983 p 125) A
anaacutelise destas representaccedilotildees demonstra que os rios e o territoacuterio paraibano satildeo como
ldquoaacutegua e oacuteleordquo natildeo se misturam esta heterogeneidade fez os alunos observarem estes
elementos como distintos
A escala ainda segundo Racine Raffestin amp Ruffy (1983) eacute um processo de
esquecimento coerente visto que agrave medida que observamos um conjunto agraves
singularidades satildeo ldquoesquecidasrdquo Dito de outra forma agrave medida que avanccedilamos na
representaccedilatildeo das mesorregiotildees geograacuteficas da Paraiacuteba os bairros de Campina Grande
natildeo deveriam ter ecircnfase na produccedilatildeo dos mapas mentais como aconteceu na
representaccedilatildeo do aluno 09 (Figura 22 p 136)
Por fim observamos que a escala geograacutefica enquanto noccedilatildeo para os estudos de
Geografia contribui para observarmos a percepccedilatildeo e sistematizaccedilatildeo mental dos assuntos
abordados em sala de aula Ela possibilita avaliar os avanccedilos dos alunos aleacutem de
auxiliar o planejamento do professor para a progressatildeo de habilidades e noccedilotildees a serem
trabalhadas
Buscamos no proacuteximo capiacutetulo avanccedilar na discussatildeo acerca do uso dos mapas
mentais dessa forma apontamos as praacuteticas e estrateacutegias utilizadas que possibilitaram o
ensino de Geografia com uma turma do 5ordm ano Recorremos assim como na turma do 4ordm
ano a experiecircncias luacutedicas e teoacutericas que possibilitassem o desenvolvimento de
habilidades e uso das noccedilotildees para o desenvolvimento das representaccedilotildees cartograacuteficas e
da leitura de mundo desses alunos
136
FIGURA 22 USO INDISCRIMINADO DA ESCALA GEOGRAacuteFICA ALUNO 09
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
137
4 PROPOSTAS E PRAacuteTICAS ESCOLARES ANAacuteLISES DOS MAPAS
MENTAIS COM OS ALUNOS DO 5ordm ANO
No decorrer deste capiacutetulo temos como objetivo apresentar e analisar as
atividades realizadas com os alunos do 5ordm ano Nossas praacuteticas direcionadas ao recurso
didaacutetico mapa mental dialogaram com um conjunto de atividades de construccedilatildeo e
interpretaccedilatildeo de mapas existentes e atividade luacutedica
Empregamos os mapas existentes (mapas murais e mapa do Brasil regiotildees)
mapas mudos e o jogo de baleada para o desenvolvimento de habilidades relacionado
aos assuntos estudados nas aulas de Geografia Conforme seraacute apresentado dividimos
estas experiecircncias em quatro itens (1) Oficina 1 Uso dos mapas mudos e a ldquobaleada
geograacuteficardquo (2) Mapa mental 1 Mapa da minha vida (3) Oficina 2 Mapa mudo da
regiatildeo Centro-Oeste e (4) Mapa mental 2 Mapa da regiatildeo Centro-Oeste
51 OFICINA 1 USO DOS MAPAS MUDOS E A ldquoBALEADA GEOGRAacuteFICArdquo
NOCcedilOtildeES PRAacuteTICAS E TEOacuteRICAS DE GEOGRAFIA
Compreende-se que para a construccedilatildeo dos procedimentos de trabalho coordenar
e dirigir o pensamento atraveacutes da linguagem cartograacutefica eacute fundamental Necessita
aleacutem disso envolver atividades teoacutericas e luacutedicas como mostramos no capiacutetulo 1
(Quadro 1 p 40) Haacute diferentes condicionantes que despertam a motivaccedilatildeo ou
desmotivaccedilatildeo a positividade ou apatia acerca das atividades desenvolvidas entre os jaacute
destacados a atenccedilatildeo memoacuteria cogniccedilatildeo e emoccedilatildeo retrata Vigotski (1998)
Para Bock Furtado amp Teixeira (2008) a escola eacute o lugar privilegiado para o
desenvolvimento dos condicionantes citados no paraacutegrafo anterior por meio da
educaccedilatildeo formal Neste espaccedilo ocorre o contato com a cultura de forma sistemaacutetica
intencional e planejada visando o desenvolvimento cognitivo dos sujeitos Por outro
lado o aluno jaacute traz consigo necessidades curiosidades e um imaginaacuterio a respeito da
realidade espacial
A aprendizagem natildeo eacute equivalente a todos os sujeitos de uma turma Entretanto
enfatizamos a importacircncia do trabalho coletivo como meio para o progresso do
raciociacutenio espacial Dessa forma segundo Rego (1995) eacute necessaacuterio a intervenccedilatildeo do
professor nas zonas de desenvolvimento proximal dos alunos Acreditamos que o
138
diaacutelogo as atividades com recursos cartograacuteficos e atividades luacutedicas podem auxiliar
nesse quesito
A escolha do recurso didaacutetico a exemplo do mapa corresponde
necessariamente com a proposta da aula de Geografia Uma escolha equivocada pode
gerar problemas para o encaminhamento da aula Ao conversar com a professora
Beatriz sobre as aulas de Geografia perguntei quais os assuntos trabalhados nos
bimestres anteriores Empolgada ela fala sobre suas consideraccedilotildees sobre o mapa-
muacutendi localizaccedilatildeo dos paiacuteses e organizaccedilatildeo poliacutetica A professora pega seu livro
didaacutetico o abre e mostra um mapa das Ameacutericas Diante deste caso apontamos que o
professor e o aluno
[] natildeo alfabetizado para a leitura da linguagem cartograacutefica natildeo possui
habilidades suficientes para ldquoentrarrdquo em mapas de escala pequena com os
que representam o Brasil ou o mundo com siacutembolos abstratos e entender o
conteuacutedo neles apresentado (PASSINI 2012 p 31)
Natildeo procuramos julgar as praacuteticas da professora tampouco desprivilegiar o uso
do livro didaacutetico em sala de aula mas observamos a necessidade da correspondecircncia
entre tema e recurso empregado Ademais discordamos das palavras de Passini (2012 p
31) que apenas por meio da alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica que o aluno tem ldquohabilidade
suficienterdquo para entender um mapa Seraacute que esta afirmaccedilatildeo corresponde com as
praacuteticas cotidianas dos alunos E os mapas apresentados nos telejornais que
demonstram a previsatildeo do tempo ou o itineraacuterio dos ocircnibus localizaccedilatildeo de lojas eles
tambeacutem necessitam de uma alfabetizaccedilatildeo para ser compreendidos O professor eacute o
uacutenico sujeito a mediar agrave compreensatildeo da linguagem cartograacutefica
Acreditamos que a alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica deve ser um processo de
construccedilatildeo e leitura de mapas De acordo com Callai (2005) os alunos trazem os
conhecimentos de sua experiecircncia de vida e eacute a partir daiacute que podemos iniciar a alusatildeo
aos conhecimentos da Geografia Dito isto enfatizamos que no decorrer das duas
primeiras aulas realizamos leitura de mapas enfatizando a importacircncia da construccedilatildeo da
legenda e da correspondecircncia aos elementos do mapa trabalhados Outros fatores como
a importacircncia da rosa dos ventos e dos pontos cardeais tambeacutem estiveram presente
nestas aulas
As regiotildees brasileiras e o processo de regionalizaccedilatildeo foi o tema trabalhado em
Geografia com a professora regente no terceiro bimestre de 2014 Iniciamos o trabalho
revisando o assunto Os alunos construiacuteram mapas mudos na ocasiatildeo entregamos uma
lista com o nome dos estados (com suas respectivas siglas) e capitais (ver apecircndice
139
VIII) buscando construir um modelo mental para o desenvolvimento dos primeiros
mapas mentais Um exemplo de mapa mudo desenvolvido pelo aluno 29 (Figura 23 p
139) o modelo encontra-se em apecircndice (apecircndice IX)
A realizaccedilatildeo dos mapas mudos embora mediada natildeo foi trabalhada com a
consulta de mapas existentes Foi permitida a interaccedilatildeo entre os alunos para chegarem a
uma interpretaccedilatildeo proacutepria da localizaccedilatildeo dos estados e extensatildeo das cinco regiotildees
brasileiras59 (Nordeste Sul Sudeste Centro-Oeste e Norte) Na ocasiatildeo jaacute haviam
estudado o panorama geral da organizaccedilatildeo territorial do paiacutes aleacutem disso a Regiatildeo
Norte a qual demonstravam a maioria dos alunos mostrava interesse
FIGURA 23 MAPA MUDO DAS REGIOtildeES DO BRASIL REALIZADO PELO ALUNO 29
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
59 Eacute observado que os limites das regiotildees eacute estabelecido por linhas mais escuras o que deveria facilitar a
distinccedilatildeo entre elas mas em alguns casos como o do aluno 29 (figura 23) esta compreensatildeo ainda natildeo
estava clara
140
Outra questatildeo em pauta satildeo as consideraccedilotildees de Castrogionni amp Costella (2006)
Almeida amp Passini (2010) e Passini (2012) eles apontam que as noccedilotildees de localizaccedilatildeo e
orientaccedilatildeo espacial satildeo problemas complexos ao se desenvolver experiecircncias com
mapas O plano das relaccedilotildees de localizaccedilatildeo extensatildeo e vizinhanccedila eacute algo complicado
seja quando a referecircncia eacute o proacuteprio corpo (direita esquerda frente e atraacutes) ou os pontos
cardeais (norte sul leste e oeste)
Na anaacutelise das noccedilotildees de localizaccedilatildeo e orientaccedilatildeo espacial nos mapas mentais do
Canal das Piabas (p 116 terceiro paraacutegrafo) apresentamos o problema dos modelos de
orientaccedilatildeo espacial discutido por Passini (2012 p 112 ndash 117) Mediante algumas
atividades sugeridas pela autora como ldquoorientando-se na cidaderdquo ldquotrabalho com
sombrasrdquo e ldquoorientando-se com vizinhos e natildeo vizinhosrdquo desenvolvemos uma proposta
de atividade a qual intitulamos de ldquobaleada geograacuteficardquo
Para a realizaccedilatildeo da experiecircncia da baleada geograacutefica resgatamos as praacuteticas do
jogo conhecido como baleada ou queimada60 com os alunos do 5ordm ano Dessa forma
seguimos os passos descritos
1 Dividir os alunos em quatro grupos cada um representando um ponto cardeal
(Norte Sul Leste e Oeste)
2 Posicionar os grupos nas respectivas direccedilotildees neste caso eacute indicado que a
atividade seja realizada em um local aberto e os pontos cardeais sejam marcados
no chatildeo considerando o posicionamento do sol61
3 O grupo deve acertar com a bola um dos participantes do time oposto entretanto
a direccedilatildeo da bola deve seguir a orientaccedilatildeo falada pelo mediador (professor)
exemplo ldquogrupo Oeste acerte a bola no grupo Sulrdquo (Figura 24 p 141)
O objetivo do jogo foi localizar os grupos no plano espacial do paacutetio da escola
mostrando que as coisas e as pessoas estatildeo em determinado lugar Aleacutem disso os alunos
observaram a relaccedilatildeo existente entre o pocircr do sol e o posicionamento dos pontos
cardeais Tambeacutem a possibilidade de coordenar direccedilotildees atraveacutes deles
Na aula seguinte dialogamos sobre esta experiecircncia e realizamos uma atividade
teoacuterica sobre a ldquobaleada geograacuteficardquo (ver apecircndice X) Percebemos que alguns alunos
60 Nos Estados Unidos a brincadeira vem ganhando prestiacutegio principalmente apoacutes seu reconhecimento
enquanto esporte o ldquododgeballrdquo O esporte eacute composto por dois grupos onde cada equipe busca acertar
membros do time adversaacuterio quando um integrante eacute acertado ele eacute retirado do jogo Ganha quem tiver o
maior nuacutemero de integrantes no final da partida Para mais informaccedilotildees acesse
httpenwikipediaorgwikiDodgeball lt acessado em 26052015 61 Ressaltamos que esta atividade seja realizada no iniacutecio da manhatilde (para o turno matutino) ou final da
tarde (para o turno vespertino) em decorrecircncia da exposiccedilatildeo das crianccedilas ou jovens ao sol e ainda a
possibilidade de ver mais nitidamente o nascer ou o pocircr do sol (como foi o caso com a turma do 5ordm ano)
141
os que faltaram principalmente sentiram dificuldade na compreensatildeo da uacuteltima questatildeo
que se referia ao posicionamento atraveacutes da posiccedilatildeo aparente do sol Retornamos ao
paacutetio da escola e realizamos outra simulaccedilatildeo sobre a dinacircmica do jogo desta vez os
alunos explicavam como deveria ser realizado o jogo e suas regras62
FIGURA 24 DESENVOLVIMENTO DA ATIVIDADE LUacuteDICA BALEADA GEOGRAacuteFICA
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
Apoacutes a realizaccedilatildeo destas experiecircncias os alunos tiveram como desafio a
realizaccedilatildeo dos primeiros mapas mentais Contextualizamos a atividade das regiotildees do
Brasil atraveacutes da proposta ldquoMapa da minha vidardquo63 onde os alunos teriam que destacar
os procedimentos descritos a seguir
Desenhe um mapa mental do Brasil considerando as informaccedilotildees abaixo
1 Localizar em seus mapas mentais as seguintes informaccedilotildees
- Estado em que vocecirc nasceu
62 Nestes termos caracterizamos que as aulas ocorrem em atividades cineacuteticas articulando o
desenvolvimento das representaccedilotildees aos movimentos corpoacutereos descentralizando a atenccedilatildeo focal
(observaccedilatildeo) aos outros sentidos tato fala e audiccedilatildeo Afirmamos que isto ocorre em um processo que
avanccedila e regride ao longo das atividades escolares e que os resultados positivos nem sempre satildeo
alcanccedilados 63 A proposta de atividade com o tema ldquomapa da minha vidardquo eacute fruto de experiecircncia de pesquisa-piloto
realizada no Centro de Ensino Pesquisa Aplicada agrave Educaccedilatildeo (CEPAE) da Universidade Federal de Goiaacutes
(UFG) com alunos do 5ordm ano em 2014 A proposta desenvolvida pela Profordf Drordf Rusvecircnia Luiza para o
trabalho com mapas mudos foi incorporada ao desenvolvimento de mapas mentais em uma de suas
turmas de 5ordm ano Na ocasiatildeo o recurso possibilitou avaliar os conteuacutedos sobre regiatildeo e regionalizaccedilatildeo
brasileira ensinados pela referida professora
142
- Estado em que seus pais nasceram
- Estado que jaacute visitou e
- Estado que gostaria de visitar
2 Orientar seu mapa atraveacutes da rosa dos ventos
3 Construir a legenda do mapa mental
4 Baseado no tema apresentado decirc um tiacutetulo para o seu mapa mental
Inicialmente explicamos aos alunos qual era a proposta dos mapas mentais e que
estas representaccedilotildees natildeo iriam ser idecircnticas aos mapas estudados ateacute a ocasiatildeo Os
alunos se mostraram resistentes a proposta de trabalho De iniacutecio alguns se recusaram a
realizar a atividade alegando ldquonatildeo saber desenharrdquo outros alegavam a necessidade da
consulta aos mapas existentes Realizamos um acordo eles poderiam consultar a lista
com o nome dos estados entretanto natildeo seria permitida a consulta a outros materiais
Todos aceitaram este termo
Apoacutes o iniacutecio das atividades poucos alunos utilizaram a lista com o nome dos
estados Entretanto discutiam entre eles sobre a localizaccedilatildeo dos estados e pediam
auxiacutelio agrave professora e para o pesquisador para realizaccedilatildeo da proposta O proacuteximo item
corresponde agraves anaacutelises dos mapas mentais elaborados
42 MAPA MENTAL 1 MAPA DA MINHA VIDA
A Noccedilatildeo de percepccedilatildeo espacial
Como discutido no primeiro bloco de anaacutelise dos mapas mentais (alunos do 4ordm
ano) a percepccedilatildeo espacial eacute variante de sujeito para sujeito mesmo quando sua
experiecircncia ambiental valores e status social satildeo semelhantes Pinheiro (2005) assim
como Tuan (2012) percebe que a compreensatildeo espacial e a composiccedilatildeo da imagem
mental satildeo decorrentes de um ldquocircuito psicoloacutegicordquo
A imagem mental eacute um processo de ldquo[] apreensatildeo da informaccedilatildeo (sensaccedilatildeo
percepccedilatildeo) sua organizaccedilatildeo interna (percepccedilatildeo cogniccedilatildeo) armazenamento na memoacuteria
e resgate para utilizaccedilatildeo como accedilatildeordquo (PINHEIRO 2005 p 152) No ensino-
aprendizagem de Geografia os mesmos ldquoestiacutemulosrdquo ou imagens experimentadas (seja
pela vivecircncia nos lugares ou aprendizagens) natildeo seratildeo idecircnticos ao modelo expresso Os
ruiacutedos satildeo inevitaacuteveis na construccedilatildeo da imagem e na (re) produccedilatildeo dos mapas mentais
143
Os 21 mapas mentais produzidos com o tema ldquomapa da minha vidardquo retratam
diferentes modelos de percepccedilatildeo dos alunos acerca da silhueta do Brasil Agrupamos
estes mapas mentais em quatro grupos silhueta em forma proacutexima a do Brasil de balatildeo
e de triacircngulo e como apresentada na figura 25 A quarta categoria apresenta os mapas
mentais que natildeo se enquadraram nestes paracircmetros
FIGURA 25 PARAcircMETROS PARA ANAacuteLISE DAS SILHUETAS DOS MAPAS MENTAIS
A Forma proacutexima a do Brasil B Forma de um balatildeo C Forma de um triacircngulo
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014) Organizado por David L R de Almeida 2015
Como observamos na tabela 10 nove dos 21 alunos contornam os seus mapas
mentais e apresentam correlaccedilatildeo com o mapa mudo do Brasil Entre estes casos
apresentamos o mapa mental realizado pelo aluno 41 (figura 26 p 146) Observamos
que os traccedilos expressos nos mapas mentais aproximam-se da silhueta do mapa existente
do Brasil e conservaram a localizaccedilatildeo de alguns estados estrateacutegicos em suas
representaccedilotildees a Paraiacuteba (PB) na posiccedilatildeo nordeste o Acre (AC) proacutexima a uma
curvatura no norte do Brasil e o Rio Grande do Sul (RS) como o ponto mais extremo ao
sul do territoacuterio nacional64
TABELA 10 PERCEPCcedilOtildeES DA FORMA DO BRASIL DESTACADO NOS MAPAS
MENTAIS
FORMA OCORREcircNCIA
Brasil 9
Balatildeo 4
Triacircngulo 2
Outra forma 6
Total 21
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
64 Em virtude da ausecircncia dos pontos cardeais no mapa mental estamos considerando que a posiccedilatildeo Norte
esteja no lado superior da folha
Menor extensatildeo (L-O)
Ex
ten
satildeo
(N
-S)
Maior extensatildeo (L-O)
144
Os mapas em formato de balatildeo tambeacutem tiveram suas peculiaridades entre elas o
fator de concentricidade dos estados retratados em forma circulares ou de meia lua O
mapa mental do aluno 39 (figura 27 p 147) eacute composto por um agrupamento de feiccedilatildeo
circular o mais niacutetido eacute encontrado no centro da imagem relativo ao estado de Goiaacutes
(GO) Na regiatildeo nordeste o aluno situa a Paraiacuteba (em verde) seguido pela cidade
paraibana de Taperoaacute (em laranja) e um dos distritos de Campina Grande Galante (em
azul)
Jaacute haviacuteamos reparado o mesmo traccedilado circular em alguns mapas do Canal das
Piabas (p 125 quarto paraacutegrafo) e analisado que a esfericidade segundo Tuan (1983
2012) casa com a ideia de etnocentrismo Mas precisamos observar que diferentes
povos ao longo da histoacuteria tambeacutem utilizaram e ainda utilizam o paracircmetro esfeacuterico
para confecccedilatildeo de mapas existentes a exemplo dos chineses (com os mapas formados
por cinturotildees No centro do mapa localiza-se o impeacuterio nas bordas os baacuterbaros e
selvagens) gregos e europeus com os ldquomapas O-T (Orbis terrarum)rdquo Atualmente os
atlas escolares a exemplo do mapa-muacutendi ldquomostra todo o mundo em uma projeccedilatildeo que
estaacute centralizada no sul da Gratilde-Bretanha ou noroeste da Franccedilardquo (TUAN 2012 p 65 ndash
69)
O terceiro caso por exemplo aponta os mapas mentais em contornos relativos agrave
forma triangular Eles aproximaram-se ao formato do triacircngulo equilaacutetero (o qual possui
trecircs partes iguais e contecircm trecircs acircngulos de 60ordm)
No que se refere aos dois mapas mentais que apresentaram esta configuraccedilatildeo
observamos que os estados que ficam a norte da linha do equador como Roraima e
Amapaacute natildeo satildeo apresentados Ou ainda satildeo localizados em outros lugares como
observado no mapa mental do aluno 25 (Figura 28 p148)
Os exemplos anteriores indicam que para estes alunos a associaccedilatildeo a forma
geomeacutetrica triangular corresponde com uma estrateacutegia de memorizaccedilatildeo da imagem
mental do Brasil Recordemos que eacute comum a menccedilatildeo da forma arredondada do planeta
Terra nas aulas de Geografia entretanto relata Jolly (1990) que a muito se eacute estudado a
ldquoverdadeirardquo forma do planeta Terra suas formas e dimensotildees a qual hoje se denomina
de geoacuteide
Ao longo do desenvolvimento da Idade Meacutedia relata Jolly (1990) que houve o
aperfeiccediloamento das teacutecnicas de observaccedilatildeo instrumentos como a buacutessola sistemas de
medidas e intersecccedilatildeo a grandes distacircncias para o autor
145
A triangulaccedilatildeo tem como objetivo fixar sobre a superfiacutecie a ser
cartografada a posiccedilatildeo relativa em distacircncia e em direccedilatildeo de pontos
fundamentais ou ldquopontos geodeacutesicosrdquo sobre os quais se apoiara a rede de
quadriculas do mapa Consiste em cobrir a superfiacutecie estudada com uma rede
de referecircncias dispostas segundo os veacutertices de triacircngulos [] (JOLLY 1990
p 42)
Neste sentido eacute importante apontar que a forma triangular pode ser um caminho
para a construccedilatildeo dessa imagem mental entretanto o papel da mediaccedilatildeo do professor
deve propor anaacutelises mais aprofundadas sobre as irregularidades do traccedilado territorial
Por quais motivos haacute a irregularidade na silhueta do mapa mental do Brasil Por causa
das fronteiras poliacuteticas e econocircmicas Os acidentes geograacuteficos Esses satildeo alguns
elementos que podem ser discutidos
Seis dos 21 mapas mentais apresentaram formas distintas entre si e dos trecircs
grupos apresentados anteriormente Seus traccedilados irregulares apresentavam uma
compreensatildeo sincreacutetica da imagem do territoacuterio nacional natildeo apenas pelo traccedilado do
mapa mental mas pela associaccedilatildeo dos elementos destacados ao tema do mapa Em
alguns casos ocorreu o comprometimento da comunicaccedilatildeo do mapa para seu
destinataacuterio como destacaremos nos proacuteximos toacutepicos
146
FIGURA 26 MAPA MENTAL EM FORMATO PROacuteXIMO A REPRESENTACcedilAtildeO TRADICIONAL DO BRASIL DO ALUNO 41
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
147
FIGURA 27 MAPA MENTAL EM FORMA DE BALAtildeO ALUNO 39
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
148
FIGURA 28 MAPA MENTAL EM FORMA DE TRIAcircNGULO ALUNO 25
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
149
B Uso de toponiacutemias
As toponiacutemias permitem a apresentaccedilatildeo do tema nos mapas mentais As palavras
possibilitam a apreensatildeo do significado e a intenccedilatildeo do produtor de mapas para um
segundo sujeito o leitor de mapas viabilizando a interaccedilatildeo verbal entre eles
(BAKHTIN 2012)
Nos mapas mentais produzidos constatamos que 17 das 21 representaccedilotildees
apresentam o nome de estados brasileiros Um caso expotildee a classificaccedilatildeo atraveacutes das
regiotildees (Norte Nordeste Centro-Oeste e Sul) e outros trecircs natildeo demonstram
correspondecircncia com o tema (sendo que um deles natildeo apresenta nenhuma informaccedilatildeo)
Aleacutem disso na anaacutelise dos 17 mapas que expressam a relaccedilatildeo signo-significado
atraveacutes da legenda classificamos o grau de coerecircncia desta relaccedilatildeo em bom regular e
insuficiente para a proposta de interpretaccedilatildeo dos dados a tabela 11 apresenta o nuacutemero
destas ocorrecircncias
TABELA 11 COEREcircNCIA DAS TOPONIacuteMIAS EXPRESSAS NOS MAPAS MENTAIS
GRAU DE COEREcircNCIA OCORREcircNCIA
Bom 12
Regular 4
Insuficiente 1
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
Entre os casos onde podemos observar um bom desempenho em relaccedilatildeo a
construccedilatildeo da legenda e os significados expressos no mapa mental estaacute a representaccedilatildeo
do aluno 48 (figura 29 p 150) O esboccedilo cartograacutefico identifica o estado que o aluno e
seus pais nasceram (Paraiacuteba) outros estados conhecidos expressos na legenda na cor
laranja (o que significa que o estudante natildeo conhece outro estado aleacutem da Paraiacuteba) e
por fim os estados que gostaria de conhecer Amazonas e Rio Grande do Sul pintado
em azuis Nos casos semelhantes ao mapa mental da figura 29 podemos creditar sucesso
na realizaccedilatildeo da proposta
150
FIGURA 29 APRESENTACcedilAtildeO DAS INFORMACcedilOtildeES EM FORMA DE LEGENDA ALUNO 48
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
151
Entre os outros esboccedilos que apresentaram um grau regular na apresentaccedilatildeo dos
mapas mentais destacamos o mapa do aluno 24 (Figura 30 p 152) Observamos que o
mapa mental apresenta um excesso de informaccedilatildeo que prejudica a leitura Este foi um
entre os quatro casos em que o estudante utilizou a lista com o nome dos estados como
instrumento mediador para realizaccedilatildeo do mapa Podemos notar que a construccedilatildeo da
legenda do mapa natildeo atribuiu significado aos estados pintados em roacuteseo ou em
vermelhos deixando um sentido vago em relaccedilatildeo aos seus significados
O terceiro caso corresponde ao mapa mental produzido pelo aluno 38 (Figura 31
p 153) todas as informaccedilotildees expressas na legenda e em seu mapa utiliza a referecircncia da
cor laranja entretanto natildeo haacute um discernimento isto prejudica a comunicaccedilatildeo entre o
estado que o aluno conhece e natildeo conhece por exemplo Ademais as toponiacutemias
apresentadas no mapa satildeo quase imperceptiacuteveis para o leitor na interpretaccedilatildeo do mapa
identificamos apenas o estado de Satildeo Paulo (quadrado em laranja no centro do mapa)65
Outro fator que contribuiu para a anaacutelise dos mapas mentais foi a indicaccedilatildeo do
tiacutetulo pelos alunos Para a realizaccedilatildeo dos mapas mentais pedimos aos alunos que o nome
da representaccedilatildeo correspondesse com o tema da proposta Ao estudar os esboccedilos
produzidos observamos que mais de 50 dos alunos (ou seja 11 mapas) apontaram um
tiacutetulo para os seus mapas mentais como o do aluno 41 ldquoO mapa que fala da minha vidardquo
(Figura 26 p 146) Em apenas um caso o tiacutetulo apresentado ldquoMinha cidaderdquo (aluno 29
Figura 33 p 157) natildeo corresponde com a proposta do tema em questatildeo
65 Para anaacutelise do mapa da figura 31 utilizamos o recurso zoom com a imagem em arquivo digital certos
traccedilos deste mapa mental eacute incompreensiacutevel em uma visualizaccedilatildeo normal
152
FIGURA 30 MAPA MENTAL DO ALUNO 24 DESTAQUE AO EXCESSO DE TOPONIacuteMIAS
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
153
FIGURA 31 MAPA MENTAL DO ALUNO 38 DESTAQUE A EXPRESSAtildeO SINCREacuteTICA
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
154
C Noccedilotildees de localizaccedilatildeo e orientaccedilatildeo
As noccedilotildees de localizaccedilatildeo e orientaccedilatildeo espacial foram um dos fatores mais
difiacuteceis de serem analisados principalmente nas situaccedilotildees que envolveram o destaque a
um maior nuacutemero de toponiacutemias Como proposta para avaliaccedilatildeo da localizaccedilatildeo espacial
procuramos observar a totalidade da representaccedilatildeo e a orientaccedilatildeo dessas toponiacutemias em
seu contexto Dessa forma classificamos a localizaccedilatildeo dos estados em quatro
categorias Consideramos sua proximidade ao modelo dos mapas mudos anteriormente
apresentado Aleacutem disso enfatizamos o grau de vizinhanccedila entre os estados e sua
posiccedilatildeo relativa aos pontos cardeais a tabela 12 apresenta esta tentativa de siacutentese
TABELA 12 NIacuteVEL CORRESPONDENTE Agrave LOCALIZACcedilAtildeO ESPACIAL
NIacuteVEL OCORREcircNCIA
Corresponde 8
Natildeo corresponde 2
Corresponde em sua maioria 8
Natildeo corresponde em sua maioria 3
Total 21
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
Na leitura destes mapas mentais observamos que a maioria dos alunos (16 casos
quando somado os alunos que acertam ou apresentam o maior nuacutemero de
correspondecircncia) possui habilidade suficiente para localizar os estados apresentados
Conservam certo grau de conformidade com a estrutura territorial brasileira
Na anaacutelise da noccedilatildeo espacial de localizaccedilatildeo o mapa mental produzido pelo
aluno 48 identifica os estados de forma coerente situa o Amazonas ao Norte Paraiacuteba na
direccedilatildeo nordeste e o Rio Grande do Sul ao Sul do Brasil (Figura 29 p 150) Outros
alunos tambeacutem mostraram a mesma habilidade na localizaccedilatildeo dos estados a exemplo
do aluno 22 (Figura 32 p 155) O referido mapa mental apresenta o Amazonas com a
indicaccedilatildeo da regiatildeo ldquoNorterdquo apresenta o caraacuteter de vizinhanccedila com o Acre o estado de
Tocantins e o estado da Paraiacuteba conserva a localizaccedilatildeo e proporccedilatildeo entre estes estados
155
FIGURA 32 MAPA MENTAL DO ALUNO 22 COM DESTAQUE A LOCALIZACcedilAtildeO DA REGIAtildeO NORTE DO BRASIL
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
156
Outros cinco alunos por sua vez apresentaram dificuldades na localizaccedilatildeo dos
estados entre eles destaca-se o mapa mental do aluno 29 (Figura 33 p 158) O
mencionado mapa mental representa o estado da Paraiacuteba (PB) vizinho ao Paranaacute (PR)
enquanto Pernambuco (PE) se situa a esquerda da representaccedilatildeo Destaca outro
elemento um ldquoXrdquo no centro do mapa o que pode indicar a tentativa do traccedilado da rosa
dos ventos
Entender o uso dos pontos cardeais permite ao aluno a habilidade de agrupar os
estados brasileiros utilizar conscientemente a rosa dos ventos e atribuir significado no
processo de organizaccedilatildeo espacial O uso da rosa dos ventos esteve presente em oito dos
21 mapas mentais realizados sendo que apenas quatro casos permitiram um uso
significativo deste procedimento
O mapa do aluno 42 (figura 34 p 158) apresenta agrave rosa dos ventos e associa os
estados em suas regiotildees geograacuteficas (salvo algumas exceccedilotildees como o Paranaacute entre
outros) De todo modo orienta corretamente todos os estados destacados em sua
legenda (Acre na regiatildeo Norte Rio Grande do Norte e Paraiacuteba no Nordeste Satildeo Paulo
na regiatildeo Sudeste Distrito Federal no Centro-Oeste e Santa Catarina no Sul) Ao situar
os estado chave em seu mapa consegue atingir os objetivos das noccedilotildees geograacuteficas
discutidas neste toacutepico atribuindo sentido a proposta da atividade
Nos outros quatro casos onde haacute indicaccedilatildeo da rosa dos ventos ocorrem trecircs
circunstacircncias distintas (1) Ela natildeo indica a posiccedilatildeo dos pontos cardeais (2) Apresenta
os pontos cardeais opostos de forma errocircnea (Norte-Sul eacute apresentado por Sul-Leste
por exemplo ver figura 35 p 161) ou (3) Inverte o posicionamento dos pontos
cardeais Neste terceiro caso o mapa aluno 25 (figura 28 p 148) apresenta a silhueta do
mapa com a indicaccedilatildeo de estados (Paraiacuteba ndash PB Cearaacute ndash CE e Pernambuco ndash PE) ao
Nordeste indicando consequentemente que o Norte situar-se-ia no lado superior da
folha Entretanto altera o posicionamento do ldquoNorterdquo da rosa dos ventos apresentado no
lado esquerdo da folha haacute desse modo um desacordo entre o esboccedilo e a teacutecnica de
orientaccedilatildeo
157
FIGURA 33 MAPA MENTAL DO ALUNO 29 COM DISTORCcedilOtildeES RELACIONADAS A LOCALIZACcedilAtildeO E ORIENTACcedilAtildeO ESPACIAL
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
158
FIGURA 34 MAPA MENTAL DO ALUNO 42 DESTAQUE A LEGIBILIDADE DA LOCALIZACcedilAtildeO E ORIENTACcedilAtildeO ESPACIAL
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
159
D Noccedilotildees de escala geograacutefica
No que corresponde agrave proposta de representaccedilatildeo dos mapas mentais ldquoMapa da
minha vidardquo a maioria dos alunos apresentaram uma percepccedilatildeo relativa agrave apreensatildeo do
territoacuterio brasileiro ver siacutentese apresentada na tabela 13
TABELA 13 ESCALAS ENCONTRADAS NOS MAPAS MENTAIS
ESCALA GEOGRAacuteFICA OCORREcircNCIA
Brasil 18
Outra 2
Natildeo identificada 1
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
Observando a tabela 13 eacute niacutetida a ecircnfase a uma escala geograacutefica ndash Brasil Entre
os trecircs mapas mentais que dispersam da proposta escalar ldquoBrasilrdquo podemos destacar o
aluno 43 (Figura 35 p 161) que indica uma proximidade de vizinhanccedila entre os estados
brasileiros e paiacuteses como Itaacutelia Meacutexico e Japatildeo O aluno natildeo consegue diferenciar a
relaccedilatildeo entre estado (Paraiacuteba) e paiacutes (Argentina) este dado eacute confirmado quando
comparamos a legenda com as informaccedilotildees presentes em seu mapa
O grande problema no caso do mapa mental do aluno 43 eacute saber realizar o
processo de ldquoesquecimento coerenterdquo o qual se refere Racine Raffestin amp Ruffy (1983)
Em uma escala relativa ao Brasil natildeo haacute necessidade para o destaque de outros paiacuteses
muito menos quando natildeo fazem fronteira com este territoacuterio Outro problema eacute o da
compreensatildeo entre as escalas geograacutefica internacional (Itaacutelia) nacional (Brasil)
estaduais (Paraiacuteba por exemplo) municipal (Taperoaacute) e distrital (Galante) os dois
uacuteltimos expressos no mapa mental do aluno 39 (Figura 27 p 147)
Retomando o que foi discutido no primeiro capiacutetulo sobre a questatildeo da escala
nos estudos de geografia Santos apud Straforini (2008 p 88) verificou duas
abordagens teoacuterico-metodoloacutegicas em seus estudos sobre o ensino-aprendizagem em
Geografia O primeiro refere-se agrave abordagem ldquosinteacuteticardquo ndash onde se apresenta
inicialmente a escala de vivecircncia do aluno (bairro) ateacute a mais distante e ldquodesconhecidardquo
(mundo) ndash e a ldquoanaliacuteticardquo que seria o processo inverso
Segundo Straforini (2008 p 91) qualquer uma das abordagens (sinteacutetica ou
analiacutetica) ldquo[] na praacutetica pedagoacutegica dos professores eacute uma total hierarquizaccedilatildeo do
160
espaccedilo geograacutefico onde cada dimensatildeo espacial eacute ensinada de forma fragmentada e
independenterdquo O objetivo referente ao termino do 5ordm ano eacute que a crianccedila consiga
compreender a dimensatildeo mundo entretanto o que acontece na maioria dos casos eacute a
total desconexatildeo entre as escalas geograacuteficas
A escala geograacutefica corresponde agrave aacuterea abrangida pelo mapa e tem de apresentar
a informaccedilatildeo A proposta ldquomapa da minha vidardquo referente ao Brasil por exemplo
abrange uma escala geograacutefica maior que a do estado da Paraiacuteba entretanto seraacute ao
mesmo tempo menor que a do mundo
A noccedilatildeo de escala geograacutefica deve comeccedilar a ser abordada atraveacutes da ideia de
proporccedilatildeo reduccedilatildeo e ampliaccedilatildeo Satildeo nestes trecircs aspectos que observamos a
configuraccedilatildeo dos 18 mapas mentais que apontam o Brasil enquanto escala de apreensatildeo
Ao analisar o mapa mental aluno 42 (Figura 34 p 158) foi observado que natildeo haacute
proporccedilatildeo entre os estados ela acompanha a loacutegica de regionalizaccedilatildeo Os estados
encontrados a leste possuem menor extensatildeo territorial enquanto que os situados ao
oeste possuem maior aacuterea territorial estes fatos correspondem necessariamente agrave
estrutura histoacuterica e poliacutetica de divisatildeo territorial
161
FIGURA 35 MAPA MENTAL DO ALUNO 43 PROBLEMAS NA SELECcedilAtildeO DA ESCALA GEOGRAacuteFICA
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
162
Segundo Pinheiro (2006 p 164) ldquoas projeccedilotildees cartograacuteficas satildeo expressas
atraveacutes de foacutermulas matemaacuteticas ao passo que natildeo existe linguagem equivalente para
traduzir os lsquomapas mentaisrsquordquo No que corresponde ao trabalho desenvolvido pelos
alunos do 5ordm ano observamos que a escala Brasil pode ser organizada de diferentes
formas Entre elas a das regiotildees geograacuteficas como a apresentada pelo aluno 46 (figura
36 p 163) todavia eacute niacutetido que embora o aluno indique os estados da Paraiacuteba e Satildeo
Paulo em seu mapa natildeo consegue estabelecer uma comunicaccedilatildeo sobre o assunto
A turma tem de prestar atenccedilatildeo quanto maior a aacuterea do terreno a ser
representada (maior escala geograacutefica) maior a reduccedilatildeo necessaacuteria No caso dos mapas
mentais corresponde em apresentar o tema respeitando o espaccedilo determinado na folha
de papel Verificamos que dos 21 esboccedilos produzidos pelos alunos do 5ordm ano oito
ultrapassaram as margens da prancha de desenho este fato indica que a ideia de
reduccedilatildeo siacutentese e ordenamento das informaccedilotildees satildeo um problema natildeo apenas no que
corresponde ao tema estudado mas tambeacutem ao processo de representaccedilatildeo na folha de
papel
No desenvolvimento com a alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica autores como Ribeiro amp
Marques (2001) e Callai (2005) enfatizam que o processo de aprendizagem eacute complexo
e envolvem sistema e habilidades diversas inclusive motoras Geralmente a educaccedilatildeo
psicomotora eacute trabalhada na educaccedilatildeo infantil salienta a aprendizagem do esquema
corporal lateralidade organizaccedilatildeo espacial e temporal daiacute os creacuteditos as propostas
piagetianas
Estas habilidades psicomotoras auxiliam as trecircs alfabetizaccedilotildees (da liacutengua
materna geograacutefica e cartograacutefica) Dessa forma apontamos a necessidade de um
resgate deste trabalho quando necessaacuterio visto que um esquema corporal mal
construiacutedo resultaraacute em problema de coordenaccedilatildeo dos movimentos das crianccedilas
lentidatildeo para o raciociacutenio abstrato atraveacutes das noccedilotildees dificuldades em habilidade
manuais como a caligrafia leitura inexpressiva constituiccedilatildeo de uma linguagem
egocecircntrica e sem significado social
163
FIGURA 36 MAPA MENTAL DO ALUNO 46 COM DESTAQUE A ESCALA GEOGRAFICA DAS REGIOtildeES BRASILEIRAS
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
164
4 3 OFICINA 2 MAPA MUDO DA REGIAtildeO CENTRO-OESTE UMA PROPOSTA
DE APROXIMACcedilAtildeO
Para o desenvolvimento da segunda atividade sobre a regiatildeo Centro-Oeste
observamos a necessidade de aproximaacute-la dos contextos e experiecircncias dos alunos com
a regiatildeo Nordeste Realizamos um trabalho de comparaccedilatildeo e progressatildeo das noccedilotildees de
percepccedilatildeo organizaccedilatildeo dos signos e significados atraveacutes da legenda da localizaccedilatildeo e
orientaccedilatildeo espacial aleacutem da escala geograacutefica dos fenocircmenos estudados
No desenvolvimento dos primeiros mapas mentais atentamos que nenhum dos
alunos havia visitado a regiatildeo Centro-Oeste por isso resolvemos trabalhar com as
informaccedilotildees adquiridas durante a Copa do mundo de 2014 no Brasil A partir do mapa
de apresentaccedilatildeo dos estaacutedios onde aconteceram as partidas de futebol e outro das
cidades sedes dos jogos desenvolvemos um trabalho de comparaccedilatildeo e localizaccedilatildeo dos
estaacutedios da regiatildeo Nordeste e Centro-Oeste (ver apecircndice XI)
De acordo com Simielli (2006 p 95) a proposta de alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica
para o processo de ensino-aprendizagem nos anos iniciais do Ensino Fundamental deve
privilegiar trecircs criteacuterios
Localizaccedilatildeo e anaacutelise ndash envolve a anaacutelise da localizaccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de
fenocircmenos isoladamente
Correlaccedilatildeo ndash permite a combinaccedilatildeo de dados representados em duas ou
mais representaccedilotildees cartograacuteficas
Siacutentese ndash relaccedilatildeo entre duas ou mais representaccedilotildees cartograacuteficas
buscando uma siacutentese dos fenocircmenos geograacuteficos nelas representados
Em concordacircncia com os princiacutepios descritos na citaccedilatildeo acima os alunos
realizaram as correlaccedilotildees entre os dois mapas Discutidos tambeacutem acerca de quais
estaacutedios de futebol gostariam de visitar Encontramos no quadro 07 (p 165) as opccedilotildees
disponibilizadas na interpretaccedilatildeo dos mapas
165
QUADRO 07 SIacuteNTESE DOS DADOS ENCONTRADOS NOS MAPAS
REGIAtildeO NOME DO ESTAacuteDIO DE
FUTEBOL
LOCALIZACcedilAtildeO DA
CIDADE
Nordeste
Estaacutedio Castelatildeo Fortaleza ndash CE
Estaacutedio das Dunas Natal ndash RN
Arena Pernambuco Recife ndash PE
Arena Fonte Nova Salvador ndash BA
Centro-
Oeste
Arena Pantanal Cuiabaacute ndash MT
Estaacutedio Nacional Brasiacutelia ndash DF
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
Mais que a construccedilatildeo de um modelo o mapa tinha como proposta avaliar a
interpretaccedilatildeo dos alunos sobre a localizaccedilatildeo das cidades pertencentes agraves regiotildees
Nordeste e Centro-Oeste Ademais distinguir as escalas locais (cidades) regionais
(Nordeste e Centro-Oeste) internacionais (seleccedilotildees que realizaram partidas contra o
Brasil a exemplo de Camarotildees e Chile)
A discussatildeo sobre o evento da Copa do Mundo difundido em massa pela miacutedia
no ano de 2014 possibilitou que os alunos observassem que os conceitos cotidianos dos
lugares correspondem as suas praacuteticas Permitiu verificar que torcer pela seleccedilatildeo
brasileira corresponde a fatores aleacutem do esportivo como a identidade cultural e a
relaccedilatildeo de topofilia com o paiacutes e a possibilidade de refletir sobre as informaccedilotildees
experimentadas no cotidiano
Segundo Passini (2012) ldquoo pensamento proacuteprio e a autonomia intelectual
precisam ser vivenciados Eacute necessaacuterio que o trabalho na sala de aula seja
problematizador questionador que haja mais duacutevidas e menos frases prontas para
memorizaccedilatildeordquo De acordo com os apontamentos de Passini (2012) propomos que os
alunos considerassem a seguinte situaccedilatildeo
ldquoVocecirc foi convidado por um amigo para assistir trecircs partidas de futebol em
estaacutedios da regiatildeo Nordeste e Centro-Oeste Construa um mapa com as informaccedilotildees
desta viagem a partir da silhueta do Brasilrdquo
As informaccedilotildees referendadas foram A localizaccedilatildeo dos estaacutedios de futebol e a
respectiva cidade indicando a ordem da visita a estes lugares orientaccedilatildeo atraveacutes da rosa
dos ventos e a construccedilatildeo da legenda Na realizaccedilatildeo desta atividade a maioria dos
166
alunos pediu auxiacutelio ao pesquisador e a professora Beatriz Outros por sua vez
discutiam com os colegas identificando e selecionando os locais de sua preferecircncia
Invertemos o mapa mudo do Brasil indicando o Norte para o lado de baixo da
folha com a intenccedilatildeo de demonstrar que o posicionamento do Norte geograacutefico eacute fixo
entretanto sua representaccedilatildeo desde que obedeccedila a esse princiacutepio eacute relativa
possibilitando a reflexatildeo entre a orientaccedilatildeo espacial e o esboccedilo cartograacutefico
Apresentamos a seguir o mapa mudo desenvolvido pelo aluno 37 (figura 37 p 166)
FIGURA 37 MAPA MUDO DOS ESTAacuteDIOS BRASILEIRO VISITADO REALIZADO PELO
ALUNO 37
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
167
O mapa mudo desenvolvido aluno 37 (figura 37 p 166) seleciona dois Estados
da Regiatildeo Centro-Oeste e destaca as cidades sedes dos jogos ldquoCuiabaacuterdquo em verde
Distrito Federal - ldquoDFrdquo (Brasiacutelia) em vermelho e a cidade de ldquoFortalezardquo em amarelo
Observamos que utiliza agrave legenda correlacionando as cores encontradas no mapa mudo
com os estaacutedios de futebol Aleacutem disso a ordem das visitas que gostaria de realizar
Apoacutes o fim desta atividade da leitura sobre o segundo texto (apecircndice XI)
realizamos consideraccedilotildees sobre as caracteriacutesticas sociais e ambientais da regiatildeo Centro-
Oeste em comparaccedilatildeo com o Nordeste Estes procedimentos foram baseados nas
orientaccedilotildees de Cavalcanti (2002) ao indicar a necessidade da preparaccedilatildeo e introduccedilatildeo da
mateacuteria a ser estudada nas aulas de Geografia Segundo a autora
Esses momentos no ensino consistem na preparaccedilatildeo preacutevia do professor e dos
alunos para o trabalho quando eacute necessaacuterio mobilizar e suscitar o interesse
do aluno bem como organizar o ambiente Eacute fundamental nessas ocasiotildees
que o professor faccedila ligaccedilotildees do conteuacutedo com a mateacuteria anteriormente
estudada e com o conhecimento cotidiano do aluno Eacute preciso sobretudo
problematizar o conteuacutedo estudado (CAVALCANTI 2002 p 80)
Ao considerarmos como pertinente na anaacutelise o evento cultural da eacutepoca (copa
do mundo) discutimos os fenocircmenos fiacutesicos (clima e os biomas) e sua relaccedilatildeo para as
condiccedilotildees econocircmicas sociais e turiacutesticas Mediados pelo livro didaacutetico refletimos
sobre os principais biomas encontrados na regiatildeo Centro-Oeste pantanal e cerrado
Tambeacutem quais os problemas ambientais que eram apresentados como desmatamento
queimadas uso indevido de agrotoacutexicos mineraccedilatildeo entre outros
Consideramos nesta ocasiatildeo o desenvolvimento de atividades em grupo de dois
a trecircs alunos com a possibilidade de consulta ao livro didaacutetico A proposta era que os
alunos desenvolvessem um mapa mental sobre um dos biomas estudados Pantanal ou
Cerrado enfatizando os problemas ambientais e destacando as noccedilotildees trabalhadas de
perspectiva toponiacutemias localizaccedilatildeo e orientaccedilatildeo espacial e escala geograacutefica
As orientaccedilotildees expressas para a realizaccedilatildeo dos mapas mentais que tratavam
sobre as questotildees ambientais na Regiatildeo Centro-Oeste foram
1 Decirc um tiacutetulo ao seu mapa
2 Localize em seu mapa a localizaccedilatildeo (onde fica) e extensatildeo (ateacute onde eacute
encontrado) o bioma indicado pelo professor
3 Destaque os principais problemas ambientais referentes a este bioma
168
4 Identifique os lugares por pontos de referecircncia nome do Estado de rios cidades
ou outros
5 Oriente seu mapa por meio da rosa dos ventos (pontos cardeais norte sul leste
e oeste)
6 Construa uma legenda para identificaccedilatildeo dos problemas ambientais destacados
Mediante a realizaccedilatildeo dessa experiecircncia procuramos observar se a consulta a
modelos (mapas existentes) informaccedilotildees de livros didaacuteticos seriam o suficiente para o
cumprimento do desenvolvimento da proposta com os mapas mentais Aleacutem disso
procuramos saber se a mediaccedilatildeo do pesquisador e da professora regente tambeacutem
auxiliou este processo de confecccedilatildeo dos mapas Esses fatores seratildeo analisados a partir
do toacutepico a seguir
44 MAPA MENTAL 2 MAPA DA REGIAtildeO CENTRO-OESTE
A Noccedilotildees de percepccedilatildeo espacial
A consulta e visualizaccedilatildeo a modelos de mapas existentes podem alterar a
percepccedilatildeo espacial e a projeccedilatildeo cartograacutefica dos mapas mentais Natildeo necessariamente
Entre as projeccedilotildees destacadas no mapa da minha vida podemos identificar
algumas semelhanccedilas entre as 11 representaccedilotildees referentes ao tema regiatildeo Centro-Oeste
e meio ambiente classificamos esta percepccedilatildeo espacial na tabela 14
TABELA 14 PERCEPCcedilOtildeES DA FORMA DO BRASIL DESTACADO NOS MAPAS
MENTAIS
FORMA OCORREcircNCIA
Balatildeo 4
Brasil 3
Triacircngulo 2
Centro-Oeste 2
Total 11
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
169
Salientamos que natildeo pretendemos agora repetir o que jaacute foi discutido sobre a
percepccedilatildeo espacial entretanto necessitamos realizar outras consideraccedilotildees acerca dos
motivos destes condicionantes
Eacute necessaacuterio compreender que o mundo e suas diversas escalas natildeo se remetem
apenas ao mundo vivido mas tambeacutem ao percebido imaginado e concebido tal como
expotildeem Lessan (2011) Os mapas construiacutedos pelos alunos 22 39 e 41 Grupo 7 (figura
38 p 170) demonstra que o trabalho em equipe possibilita a mudanccedila de perspectiva
na construccedilatildeo da imagem mental quando comparado aos mapas mentais individuais
realizados pelos seus membros
Entre os trecircs estudantes o aluno 22 e 41 havia na primeira ocasiatildeo apresentado
uma percepccedilatildeo mais proacutexima a silhueta do Brasil (ver figura 32 p 155 e figura 26 p
146) o outro estudante aluno 39 (ver figura 27 p 147) por sua vez apresentou uma
percepccedilatildeo mais proacutexima a forma de balatildeo
Eacute sabido que natildeo haacute um estudante igual ao outro Habilidades noccedilotildees e
competecircncias satildeo distintas e construiacutedas por cada crianccedila em seu proacuteprio ritmo Essas
individualidades de percepccedilotildees por exemplo demonstram as particularidades dos
sujeitos o que a primeira vista pode ser um obstaacuteculo para identificaccedilatildeo das
dificuldades e habilidades para o professor mas atraveacutes do trabalho em equipe
acreditamos que eacute a oportunidade para a troca de experiecircncias entre os discentes
Seguindo este criteacuterio de aproximaccedilatildeo e tentativa de mediaccedilatildeo a professora e o
pesquisador procuraram selecionar as equipes sobretudo respeitando os criteacuterios de
niacutevel de conhecimento de cada aluno sugerindo os membros para a formaccedilatildeo dos
grupos66 Baseado nas propostas de Vigotski (1998) sobre a atuaccedilatildeo na Zona de
Desenvolvimento Proximal observou que a Zona de Desenvolvimento Real do aluno 39
mudou mas tambeacutem os alunos 22 e 41 incorporaram novas informaccedilotildees possibilitando
uma comunicaccedilatildeo mais rigorosa sobre o tema
66 Em pesquisa-piloto na escola Luacutecia de Faacutetima no ano de 2013 tambeacutem em uma turma de 5ordm ano
realizamos a divisatildeo das equipes previamente entretanto houve casos de rejeiccedilatildeo pelos alunos
principalmente no que se refere agraves relaccedilotildees meninos e meninas No caso desta pesquisa a maioria dos
alunos acatou as sugestotildees do pesquisador a respeito das equipes Salientamos que cabe ao professor
identificar quais as dificuldades dos alunos sobre determinado assunto e propor que a interaccedilatildeo possibilite
a assistecircncia e colaboraccedilatildeo entre os estudantes visando agrave aprendizagem do tema da aula
170
FIGURA 38 MAPA MENTAL COM SILHUETA PROacuteXIMA AO DO BRASIL (GRUPO 7)67
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014) Adaptado por David L R de Almeida 2015
67 Optamos por apresentar este mapa ampliado destacando a regiatildeo Centro-Oeste a intenccedilatildeo eacute proporcionar ao leitor a observaccedilatildeo dos detalhes expressos na representaccedilatildeo
171
Outro fator a ser observado segundo Rego (1995) eacute a referecircncia ao modelo
Divergente da reproduccedilatildeo da coacutepia mecacircnica a proposta de nossas atividades com os
mapas mentais eacute que os alunos internalizem atraveacutes da accedilatildeo da resposta ao problema
estrateacutegias e conhecimentos para a soluccedilatildeo da atividade Dessa relaccedilatildeo pode nascer agrave
autorregulaccedilatildeo que fundamenta o ato voluntaacuterio pensado planejado e executado da
imagem mental para sua expressatildeo cartograacutefica no papel O processo permite ao longo
prazo criar o funcionamento individual e instrumentos necessaacuterios para solucionar
problemas semelhantes para a vida aleacutem de desenvolver outras aprendizagens
Eacute necessaacuteria uma ressalva a respeito das atividades que faz o uso de modelos
principalmente a praacuteticas da coacutepia e o decalque de mapas (mental ou existente) Em um
dos casos notamos que o grupo 5 (aluno 29 e 38) apoacutes sua segunda tentativa de
representaccedilatildeo do mapa mental da regiatildeo Centro-Oeste realizou a coacutepia do mapa
encontrado no livro didaacutetico (Figura 39 p 172)
Oliveira (1978) e Passini (2012) haacute anos criticam o mero decalque do mapa
pelos alunos A este respeito podemos considerar que a atividade tinha por objetivo
incentivar a pesquisa a modelos para elaboraccedilatildeo de esboccedilos cartograacuteficos visto que nos
materiais disponibilizados para os alunos natildeo havia nenhum mapa existente pronto que
destacasse a proposta da atividade A intenccedilatildeo era a criaccedilatildeo e natildeo replicar outros mapas
Verificamos que o caso do mapa mental do grupo 5 foi isolado Veremos nos
proacuteximos itens que os outros mapas mentais tiveram traccedilados mais espontacircneos
criativos e autocircnomos nas representaccedilotildees realizadas pelos estudantes do 5ordm ano
172
FIGURA 39 COMPARACcedilAtildeO ENTRE MAPA EXISTENTE E MAPA MENTAL (GRUPO 05 )
Fonte A esquerda MAESTU Juliana Projeto Buriti geografia 2 Ed Satildeo Paulo Moderna 2011 p 68 Agrave direita pesquisa de Campo out nov (2014) Adaptado por David
L R de Almeida
173
B Uso de toponiacutemias
De acordo com Claval (2010) a memorizaccedilatildeo dos pontos de referecircncia garante a
locomoccedilatildeo do corpo no espaccedilo e sua orientaccedilatildeo espacial em outros contextos permite a
construccedilatildeo de uma imagem mental de paisagens ainda natildeo visitadas Mediante estas
informaccedilotildees e baseado no papel do enunciado discutido por Bakhtin (2012) observamos
que o mapa mental pode estabelecer a comunicaccedilatildeo entre o grupo de sujeitos de
mapeadores e leitores do mapa
As toponiacutemias apresentadas nos mapas mentais corresponderam agrave divisatildeo
poliacutetica do territoacuterio nacional ou da regiatildeo Centro-Oeste a tabela 15 apresenta a
ocorrecircncia destas caracteriacutesticas nos mapas mentais
TABELA 15 NUacuteMERO DE OCORREcircNCIA DE TOPONIacuteMIAS
TOPONIacuteMIA OCORREcircNCIA
Estados 11
Distrito Federal 05
Regiotildees 03
Outros 03
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
No tocante a referecircncia aos estados brasileiros seja restrita a regiatildeo Centro-Oeste
ou a escala nacional os alunos referendam os estados atraveacutes do uso da toponiacutemia
enquanto palavra por exemplo ldquoMato Grossordquo em cinco casos e nos outros seis casos
eacute apresentado o uso de siglas ldquoMTrdquo Essa mudanccedila da palavra as siglas segundo
Vigotski (1998) e Bakhtin (2012) se deve ao sentido que damos ao signo Ele eacute sempre
mutaacutevel pois incorporamos raciociacutenios interagimos socialmente e tornamos a
linguagem e a praacutetica escolar elos da corrente de significaccedilatildeo
Por meio da anaacutelise dos mapas mentais identificamos em oito dos 11 esboccedilos
cartograacuteficos uma tentativa de esquematizaccedilatildeo do raciociacutenio geograacutefico atraveacutes da
organizaccedilatildeo da legenda Segundo Oliveira (1978 p 23) a linguagem cartograacutefica ndash a
construccedilatildeo da legenda do mapa (relaccedilatildeo signo-significado) ndash pode ser apresentada
atraveacutes de trecircs variedades de signos cartograacuteficos satildeo eles
[] o iacutecone que representa por semelhanccedila entre significante e significado
(os mapas pictoacutericos de distribuiccedilatildeo de produtos agriacutecolas satildeo exemplos deste
tipo de representaccedilatildeo) o iacutendice que representa por contiguumlidade [sic] de fato
entre significante e significado (os mapas da superfiacutecie terrestre que atraveacutes
174
da cor ou sombreamento representam as formas do terreno reproduzindo o
relevo como um modelo tridimensional) e o siacutembolo que representa por
contiguumlidade [sic] instituiacuteda isto eacute por uma regra convencional entre o
significante e o significado
Analisando o mapa mental do grupo 10 (figura 40 p 175) constituiacutedo pelos
alunos 31 e 41 eacute possiacutevel notar a seleccedilatildeo de iacutecones os quais tem a intenccedilatildeo de destacar
alguns problemas ambientais encontrados na regiatildeo Centro-Oeste satildeo eles ldquoaacutervoresrdquo
que tecircm como significado a extraccedilatildeo de madeira o ldquomartelordquo correspondente a
mineraccedilatildeo de pedras preciosas e um ldquosaco de lixo no riordquo que indica a contaminaccedilatildeo
dos rios A intenccedilatildeo dos alunos neste caso eacute apresentar a ocorrecircncia e localizar os
estados onde ocorrem estes problemas ambientais
Prosseguindo nesta anaacutelise autores com Kozel (2002) e Richter (2010) ressaltam
a importacircncia da representaccedilatildeo dos conhecimentos geograacuteficos atraveacutes dos mapas
mentais Richter (2010) por exemplo destaca a necessidade da compreensatildeo da
proposta didaacutetico-pedagoacutegica pelo professor para valorizaccedilatildeo do uso das imagens
A associaccedilatildeo do uso das toponiacutemias e o destaque para os fenocircmenos ambientais
destacados permitem que o aluno caracterize em muitos casos pela primeira vez uma
estrutura cognitiva sobre um espaccedilo geograacutefico natildeo vivido experimentado Segundo
Claval (2010) a imaginaccedilatildeo eacute um dos aportes para construccedilatildeo da imagem mental
geograacutefica ela torna-se uma experiecircncia para se conhecer outros mundos Esclarece o
autor que
A experiecircncia geograacutefica nesse sentido vai muito aleacutem do real Os homens
tecircm a capacidade de falar de lugares que eles nunca viram e que talvez natildeo
existam Eles lhe atribuem propriedades que faltam aos espaccedilos conhecidos
O imaginaacuterio que eles constroem dessa forma (e que eacute proacuteprio de cada
cultura) daacute ao mundo uma dimensatildeo poeacutetica indica as regras a serem
respeitadas mostra para que direccedilatildeo deve tender a accedilatildeo humana e confere um
sentido de existecircncia dos indiviacuteduos e dos grupos (CLAVAL 2010 p 57)
Inuacutemeras formas do significado simboacutelico dado ao espaccedilo miacutetico imaginado
simboacutelico jaacute foram tratados por Tuan (1983) e Claval (2010) o que nos interessa eacute notar
que a escola tambeacutem possibilita o desenvolvimento de noccedilotildees geograacuteficas com a de
regiatildeo geograacutefica O ato de desenhar uma dimensatildeo espacial geograacutefica natildeo conhecida
pode contribuir com o processo de regionalizaccedilatildeo o que daacute origem agraves regiotildees
175
FIGURA 40 MAPA MENTAL COM A UTILIZACcedilAtildeO DE IacuteCONES (GRUPO 10)
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
176
Para Castrogiovanni et al (2011) embora a ciecircncia geograacutefica tenha diferentes
perspectivas sobre a compreensatildeo da conceituaccedilatildeo sobre regiatildeo em todos seus
seguimentos eacute possiacutevel traccedilar uma caracteriacutestica geral a seleccedilatildeo de elementos em
comum e seu agrupamento em determinada aacuterea Completa o autor supracitado que ldquoo
processo de regionalizar estaacute ligado agrave ideia de agrupar em um espaccedilo dessa forma
podemos agrupar pessoas vegetais animais paisagens habitaccedilotildees e outras variaacuteveis em
um determinado subespaccedilordquo Grifo do autor (CASTROGIOVANNI 2011 p 25)
Em nossa pesquisa o processo de regionalizaccedilatildeo se deu agrave medida que os alunos
estabeleceram um conjunto de objetivos e de criteacuterios segundo os quais caracterizariam
o bioma estudado No mapa mental do grupo 3 (figura 41 p 177) alunos 25 e 35 eacute
possiacutevel identificar as cinco regiotildees brasileiras destacadas cada qual por uma cor (signo
em forma de iacutendice) apresentando fenocircmenos naturais como os raios ou as queimadas
provocadas pela accedilatildeo humana (ambos apresentados em forma de iacutecones) tal exerciacutecio
demonstra que para o desenvolvimento do enunciado do mapa mental eacute necessaacuterio a
articulaccedilatildeo das noccedilotildees do uso das toponiacutemias e da regiatildeo
No que corresponde a informaccedilatildeo do tiacutetulo dos mapas mentais foi analisado que
ele esteve presente em oito representaccedilotildees Eacute necessaacuterio realizar uma ressalva sobre a
coerecircncia dos tiacutetulos em relaccedilatildeo agrave representaccedilatildeo dos desenhos produzidos observamos
que das oito representaccedilotildees seis transporaacute uma objetividade na interpretaccedilatildeo do aluno
sobre a anaacutelise regional (ver figura 40 p 175 e figura 37 p 166)
177
FIGURA 41 ARTICULACcedilAtildeO DO USO DE TOPONIacuteMIAS COM A APRESENTACcedilAtildeO DE IacuteCONES (GRUPO 3)
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
178
C Noccedilotildees de localizaccedilatildeo e orientaccedilatildeo espacial
As noccedilotildees de localizaccedilatildeo tornam-se mais fieacuteis aos modelos dos mapas existentes
quando a atividade tende a ser consultada O posicionamento das toponiacutemias
demonstra-se mais proacuteximas as representaccedilotildees cartograacuteficas habituais (mapas
existentes) Observamos isto apoacutes verificar que a localizaccedilatildeo dos estados Distrito
Federal e do posicionamento entre as regiotildees em alguns casos demonstra-se coerente e
possibilita a leitura
Todos os mapas mentais desenhados localizam algo relacionado ao meio
ambiente da regiatildeo Centro-Oeste seja ela voltada a proacutepria organizaccedilatildeo regional ao
bioma ou os seus problemas ambientais como podemos observar na tabela 16
TABELA 16 LOCALIZACcedilAtildeO DOS ELEMENTOS ENCONTRADOS NOS MAPAS MENTAIS
LOCALIZACcedilAtildeO OCORREcircNCIA
Regiatildeo 03
Bioma 04
Problemas ambientais 04
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
Ao analisarmos os mapas mentais os elementos apresentados e localizados neles
notamos que em oito das 11 representaccedilotildees os alunos apresentam caracteriacutesticas
relacionadas ao ambiente seja voltada a localizaccedilatildeo do bioma ldquoPantanalrdquo como
apresentado no mapa do grupo 7 (figura 38 p 170) ou aos problemas ambientais
observados no mapa mental do grupo 10 (figura 40 p 175) Observamos nos dois casos
que os alunos restringem suas anaacutelises a pontos especiacuteficos do territoacuterio
Em outro mapa mental realizado pelo grupo 6 (figura 42 p 179) aluno 28 37 e
48 eacute evidente a referecircncia ao bioma estudado A indicaccedilatildeo ocorre atraveacutes do signo
atraveacutes do iacutendice (uso da cor verde) e da indicaccedilatildeo da sentenccedila ldquoplaniacutecie do Pantanalrdquo
nestas condiccedilotildees observamos que sua localizaccedilatildeo relativa aos estados do Mato Grosso e
Mato Grosso do Sul torna-se coerente aleacutem disso marca um limite com Goiaacutes (GO)
onde prevalece o bioma de Cerrado
179
FIGURA 42 MAPA MENTAL COM DESTAQUE NA ORIENTACcedilAtildeO E LOCALIZACcedilAtildeO ESPACIAL DA REGIAtildeO CENTRO-OESTE (GRUPO 6)
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
180
Identificamos no mapa do grupo 6 (Figura 42 p 179) a indicaccedilatildeo da ldquoexpansatildeo
da atividade agropecuaacuteriardquo que eacute destacado no livro didaacutetico assim como o ldquouso
indevido de agrotoacutexicosrdquo como impactos ambientais referentes ao Pantanal A esse
respeito surgiram duacutevidas na realizaccedilatildeo da atividade principalmente sobre o significado
das palavras
Entre as palavras incompreensiacuteveis para alunos estava o termo ldquoagrotoacutexicordquo
Explicamos que esta palavra refere-se a um defensivo agriacutecola inseticida e aleacutem disso
que o contato com o produto pode provocar doenccedilas como cacircncer problemas funcionais
na musculatura do corpo e do ceacuterebro Posteriormente os alunos comentavam sobre
reportagens ou experiecircncias de parentes que eram fazendeiros mas natildeo faziam uso de
inseticidas Observamos que entender a informaccedilatildeo eacute uma ponte fundamental para a
seleccedilatildeo do fenocircmeno
No que corresponde agrave orientaccedilatildeo espacial apenas um grupo natildeo faz qualquer
referecircncia ao uso da rosa dos ventos os outros dez mapas apresentam o uso coerente
dos pontos cardeais para a orientaccedilatildeo dos mapas mentais Verificamos que os estados de
Mato Grosso situado a norte e Mato Grosso do Sul situado a sul correspondem
necessariamente com os pontos cardeais e aleacutem disso situam Goiaacutes e o Distrito Federal
a leste
D Noccedilotildees de escala geograacutefica
Dos mapas mentais jaacute apresentados observamos que quanto menor a escala
geograacutefica maior as chances de identificaccedilatildeo dos fenocircmenos e da captaccedilatildeo da
informaccedilatildeo da imagem pelo leitor do mapa Afirmamos entretanto que se engana
quem imagina que uma atividade mediada seja pela possibilidade da pesquisa auxiacutelio
de colegas ou professor pode gerar necessariamente resultados positivos
No que correspondem aos 11 mapas mentais produzidos pelos estudantes do 5ordm
ano sete alunos apresentam a escala regional do Centro-Oeste como enfoque de anaacutelise
para do tema estudado os outros quatro alunos apresentam a escala nacional como
proposta de representaccedilatildeo
O mapa mental desenvolvido pelo grupo 4 (figura 43 p 183) demonstra a
construccedilatildeo de uma imagem sincreacutetica desenvolvida pelos estudantes aluno 27 e 4568 Haacute
68 O aluno 45 faltou na primeira atividade relacionada ao desenvolvimento do mapa mental (mapa da
minha vida) o que dificultou nossa mediaccedilatildeo e estrateacutegia para o desenvolvimento na escolha desta dupla
181
uma discrepacircncia com relaccedilatildeo aos mapas produzidos pelos colegas suas estrateacutegias para
o desenvolvimento de comunicaccedilatildeo apresentam diferentes ruiacutedos entre eles uma
ldquotempestade de siglasrdquo (relacionadas aos estados brasileiros) cores aleatoacuterias sem um
significado explicito e a ausecircncia de elementos como tiacutetulo ou referecircncia ao tema do
mapa mental
O mapa do grupo 4 eacute um entre os quatro mapas mentais que escolhem a escala
geograacutefica ldquoBrasilrdquo como referencial Como jaacute demonstramos outras equipes a
exemplo do grupo 3 (figura 41 p 177) tambeacutem escolhe a escala Brasil todavia
estabelecem criteacuterios de seleccedilatildeo regional Eles utilizam criteriosamente as cores as
toponiacutemias e os iacutecones (fogueiras e raios) Aleacutem disso demonstra uma relaccedilatildeo entre os
trecircs estados da regiatildeo Centro-Oeste representado no qual observamos uma
diferenciaccedilatildeo no tamanho territorial69
De acordo com Jolly (1990 p 20) na cartografia cartesiana ldquoa escala de um
mapa eacute a relaccedilatildeo constante que existe entre as distacircncias lineares medidas sobre o mapa
e as distacircncias lineares correspondentes medidas sobre o terrenordquo O autor
anteriormente citado esclarece ainda que o grau da generalizaccedilatildeo expressa nos mapas eacute
fruto de uma generalizaccedilatildeo que corresponde a ldquoseleccedilatildeo dos detalhes apresentadosrdquo a
ldquoesquematizaccedilatildeo do desenhordquo e uma ldquoharmonizaccedilatildeo relativa dos elementosrdquo As
caracteriacutesticas discutidas por Fernand Jolly pode ser encontrada no mapa mental
realizado pelo grupo 10 (Figura 40 p 175)
De acordo com os paracircmetros expressos nos mapas mentais podemos destacar
uma observaccedilatildeo de Silveira (2004 p 89) a respeito da escala geograacutefica a autora
afirma que ldquoeacute o reconhecimento de subdivisotildees subespaccedilos regionalizaccedilotildees
produzidos na histoacuteria do territoacuterio que pareceria nos conduzir ao problema da escala
geograacuteficardquo
No ensino de Geografia a distacircncia da relaccedilatildeo sujeito e objeto estudado podem
limitar a compreensatildeo dos alunos a respeito da temaacutetica Entretanto para Castrogiovanni
amp Costella (2006 p 35) eacute importante que os alunos principalmente do 5ordm ano
ultrapassem o estudo do espaccedilo vivido possibilitando experiecircncias com o ldquo[] espaccedilo
O aluno 27 por exemplo havia realizado a atividade relacionada ao mapa mudo dos estaacutedios de futebol e
na ocasiatildeo mostrou resultados significativos o outro estudante todavia faltou na maioria das aulas que
desenvolvemos as atividades com os mapas (existentes e mentais) salvo a experiecircncia com a baleada
geograacutefica 69 Segundo o IBGE o estado com maior proporccedilatildeo territorial em quilocircmetros quadrado pertencente agrave
regiatildeo Centro-Oeste eacute o Mato Grosso (903378292 Km2) em seguida Mato Grosso do Sul (357145 534
Km2) Goiaacutes (340111376 Km2) e por uacuteltimo Distrito Federal (5779999 Km2) Fonte
httpwwwibgegovbrhomegeocienciasareaterritorialprincipalshtmgt acessado em 0705 2015
182
concebido onde se desenvolve o poder de representaccedilatildeo sem que necessariamente o
aluno tenha conhecido na praacutetica o espaccedilo representadordquo (Grifo dos autores)
Ao delimitarmos o tema propomos uma escala de anaacutelise selecionamos os
lugares e seus principais fenocircmenos O professor pode relacionar os saberes que os
alunos jaacute possuem As experiecircncias cotidianas dos discentes e os assuntos estudados em
sala de aula compotildeem o quadro de referecircncia para vida
Por fim esta leitura de mundo ao considerar diferentes escalas geograacuteficas
permite que o aluno compreenda que o espaccedilo eacute composto por um conjunto de
singularidades A busca de interpretaccedilotildees natildeo se limita agrave possibilidade de solucionar os
diferentes problemas que possam existir em cada escala mas em se aproveitar
experiecircncias da realidade cotidiana que se processam nessas diferentes escalas
Observamos portanto que as oficinas e mapas mentais produzidos pelos alunos
do 4ordm e 5ordm ano Buscou desenvolver habilidades e noccedilotildees relacionadas ao ensino-
aprendizagem de Geografia nos anos iniciais do EF Diante disso eacute tomado no capiacutetulo
5 o posicionamento dos estudantes (a partir das entrevistas realizadas) e professores (por
meio do uso de questionaacuterios) com a finalidade de avaliar as apreensotildees dos sujeitos
sobre essa pesquisa
Temos ainda o objetivo de revelar algumas incoacutegnitas ou seja circunstacircncias
que promoveram ou dificultaram a realizaccedilatildeo das atividades e que natildeo foram expressas
nos mapas mentais em decorrecircncia do seu valor subjetivo
183
FIGURA 43 MAPA MENTAL NA ESCALA GEOGRAFICA BRASIL (GRUPO 4)
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)
184
5 MAPAS MENTAIS E SUAS POTENCIALIDADES E LIMITACcedilOtildeES PARA O
ENSINO DE GEOGRAFIA
Observamos que entre as representaccedilotildees e o diaacutelogo para produccedilatildeo dos mapas
mentais existem incoacutegnitas que se referem agraves experiecircncias de vida ao contexto escolar e
as apreensotildees sobre o processo de ensino-aprendizagem de Geografia Eles em alguns
casos estatildeo impliacutecitos nos mapas mentais
A representaccedilatildeo eacute por assim dizer um processo longo e complexo na formaccedilatildeo
do aluno Ao avaliarmos o mapa mental enquanto recurso didaacutetico-pedagoacutegico eacute
importante entender que
[] o ensino da geografia teria mais significado se priorizasse a pesquisa e
anaacutelise das representaccedilotildees construiacutedas pelas sociedades considerando ainda
o proacuteprio aluno como agente de representaccedilotildees e conhecimentos necessaacuterios
para entendimento das relaccedilotildees estabelecidas na organizaccedilatildeo espacial
(KOZEL 2002 p 216)
A partir da proposta metodoloacutegica realizada na citaccedilatildeo anterior buscamos
ampliar o universo de anaacutelise Indicamos o entendimento dos alunos e professoras a
respeito das potencialidades e limitaccedilotildees do recurso didaacutetico mapa mental para o
processo de ensino-aprendizagem de Geografia
De iniacutecio apresentamos o processo de ensino-aprendizagem de Geografia e sua
contextualizaccedilatildeo em nossas experiecircncias em sala de aula Posteriormente a realizaccedilatildeo
das oficinas e suas contribuiccedilotildees e por fim as possiacuteveis potencialidades e limitaccedilotildees do
uso do recurso mapa mental nas turmas de 4ordm e 5ordm ano
51 O PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM DE GEOGRAFIA
Mediante a anaacutelise dos questionaacuterios as professoras Marta e Beatriz reconhecem
a importacircncia do conhecimento preacutevio dos alunos para o direcionamento das aulas de
Geografia e os conhecimentos trabalhados na escola Para elas esses conhecimentos
tecircm por objetivo instruir os alunos Diante disso apresentamos a fala das docentes ao
esclarecem a importacircncia da ciecircncia geograacutefica nas praacuteticas escolares como as
seguintes falas
ldquoA Geografia possibilita a compreensatildeo do espaccedilo geograacutefico espaccedilo este
resultante da relaccedilatildeo natureza-sociedade como a materializaccedilatildeo dos tempos da vida
socialrdquo (Prof Marta 4ordm ano)
185
ldquoO ensino da Geografia possibilita por meio da compreensatildeo do espaccedilo
geograacutefico a formaccedilatildeo de um indiviacuteduordquo (Prof Beatriz 5ordm ano)
As respostas expressas pelas professoras satildeo condizentes com a proposta de
ensino de Geografia Entretanto satildeo aparentemente vagas quando confrontamos com as
propostas nacionais dos PCN (BRASIL 1997) ou ainda com as ideias de alfabetizaccedilatildeo
(cartograacutefica ou geograacutefica) mediante a construccedilatildeo de noccedilotildees geograacuteficas habilidades e
competecircncias expressas por autores como Callai (2005) Lessan (2011) e Passini
(2012)
Qual o propoacutesito de se estudar Geografia A maioria dos alunos entrevistados
de ambas as turmas afirmam que a expectativa corresponde agrave efetivaccedilatildeo das avaliaccedilotildees
escolares progressatildeo escolar ou ainda agrave educaccedilatildeo profissional visando assumir uma
futura condiccedilatildeo de trabalhador Em resumo ndash ldquoPorque eacute o futuro da genterdquo (Aluno 25
5ordm ano) Os alunos apontam que este valor disciplinar eacute agregado a todas as ldquomateacuteriasrdquo
escolares
Em muitos casos a importacircncia das crianccedilas aprenderem algo eacute condicionada a
posiccedilatildeo futura ao bom trabalho a moradia ao salaacuterio entre outros Canaacuterio (2006 p
103) chama essa perspectiva de escola do ldquotempo de promessasrdquo Eacute evidente que este
fato eacute uma construccedilatildeo histoacuterica a qual ainda na deacutecada de 1960 nos Estados Unidos
desenvolveram-se poliacuteticas de discriminaccedilatildeo positivas ou seja programas de
valorizaccedilatildeo das praacuteticas educacionais tendo em vista o progresso social Estas poliacuteticas
se espalharam pelo mundo e a escola das promessas tinha (e ainda tem) ldquotrecircs promessas
fundamentais desenvolvimento igualdade social e mobilidade social ascendenterdquo
(CANAacuteRIO 2006 p 103 ndash 105)
Sabemos que a principal atribuiccedilatildeo da escola eacute comunicar e instruir por meio dos
saberes socialmente construiacutedos ao longo da histoacuteria estas outras promessas satildeo (ou
natildeo) qualidades adicionais relativas a esta instituiccedilatildeo70 Ademais observamos que o
atributo sobre a importacircncia do conhecimento geograacutefico deve estar voltado as praacuteticas
presentes para que progridam e se valorizem em atividade futuras
Ao realizarmos a praacutetica com os mapas mentais observamos que os alunos
puderam atribuir sentido aos temas apreendidos Quando perguntamos a um grupo de
alunos do 4ordm e 5ordm ano sobre a importacircncia da Geografia especificamente dos mapas
(mentais) para suas vidas eles responderam
70 Como eacute o caso do Art 39 da LDB 9394 1996 que discute a importacircncia da educaccedilatildeo profissional e
tecnoloacutegica (BRASIL 2010)
186
Estudantes do 4ordm ano
Aluno 09 ndash Para a gente ver uma coisa e saber o que diz o mapa para a gente
natildeo se perder e Por exemplo Onde eacute que minha tia mora Ai eu fico
pensando onde minha tia mora em Lagoa Seca71 [e continua] Para a minha
vida Assim professor seu eu passar de ano todos os anos ai assim se eu
for algueacutem na vida ai assim se eu quiser construir se eu comprar um terreno
e quiser construir uma casa
Pesquisador ndash O que vocecircs acham que aprenderam com os mapas mentais
Aluno 13 ndash Eu aprendi Campina Grande as cidades dizendo um monte de
coisa o Accedilude Velho [risos] a escola o riacho das Piabas
Pesquisador ndash Antes da realizaccedilatildeo das atividades vocecircs jaacute sabiam disso
Aluno 13 ndash Eu natildeo sabia que isso era canal
Pesquisador ndash Mas o que vocecirc pensava que era
Aluno 17 ndash Um canal que passava esgoto
Aluno 13 ndash Um canalzinho simples
Estudantes do 5ordm ano
Pesquisador ndash Vocecirc acha importante estudar Geografia
Aluno 42 ndash Sim Para saber os estados Porque se for viajar vou saber onde eacute
Aluno 39 ndash Porque quando a pessoa for viajar jaacute sabe os lugares a regiatildeo
onde estaacute se tiver perdido
Aluno 46 ndash Sim para ir para casa para ir para escola para pegar o ocircnibus
(5ordm ano)
Observamos na fala destes alunos a importacircncia do conhecimento geograacutefico
para as praacuteticas presentes (saber onde a tia mora viajar tomar o ocircnibus todas as
competecircncias utilizadas em seus cotidianos) e a futuras atividades (como comprar um
terreno para construccedilatildeo de sua moradia) Para Callai (2005 p 240) eacute necessaacuterio ldquoler o
lugar para compreender o mundo que vivemos Pode-se partir de temaacuteticas de
problemas e a partir daiacute aguccedilar a curiosidade infantil traccedilando os caminhos a seguirrdquo
Qual o resultado desta accedilatildeo Desmistificar que o lugar ao qual habitamos eacute simploacuterio
constituiacutedo por ldquoum canalzinho simplesrdquo e que as coisas existentes no mundo tecircm sua
razatildeo e ultrapassam a loacutegica do perceber
Nesta concepccedilatildeo o mapa mental tem que estar a serviccedilo de um conhecimento
de um processo de ensino-aprendizagem propotildee uma reflexatildeo sobre o conhecimento
histoacuterico construiacutedo pela humanidade A escola deve propiciar a oportunidade da
apropriaccedilatildeo deste conhecimento e sua reelaboraccedilatildeo
52 PROPOSTAS DAS OFICINAS O LUacuteDICO E SUAS INTERVENCcedilOtildeES PARA
CONSTRUCcedilAtildeO DOS SABERES
Desenvolver propostas em condiccedilotildees de oficinas permite segundo
71 Lagoa Seca possuiacutea em 2010 uacuteltimo senso do IBGE uma populaccedilatildeo de 25 900 habitantes Sua aacuterea eacute
de 107 589 km2 Situado ao norte de Campina Grande foi ateacute 1964 um distrito campinense apoacutes essa
data foi elevado agrave categoria de municiacutepio Fonte httpcidadesibgegovbr lt acessado em 18 05 2015
187
Castrogiovanni amp Costella (2006) construir conhecimentos pela e para a praacutetica social
o quadro 08 (p 189) apresenta um resumo das oficinas desenvolvidas e nossa percepccedilatildeo
sobre seus resultados
Ao propormos a estrutura de oficinas de aprendizagem afirmamos ser possiacutevel
realizar a transiccedilatildeo entre os conhecimentos praacuteticos e teoacutericos relacionados ao processo
de ensino-aprendizagem de Geografia
Eacute necessaacuterio observar que tatildeo importante quanto os conteuacutedos trazidos pelo
curriacuteculo escolar satildeo as praacuteticas luacutedicas O espaccedilo geograacutefico tambeacutem educa alfabetiza
a crianccedila Eacute necessaacuterio mostrar que a famiacutelia a sociedade preferecircncias de lugares de
habitaccedilatildeo estudo e lazer relacionados agraves suas atividades cotidianas integram a leitura de
mundo dos estudantes
Para os alunos as atividades realizadas por meio da maquete mental ou dos
mapas mudos possibilitaram a construccedilatildeo de uma imagem mental em muitos casos
possibilitou um primeiro contato com assunto Em outras as atividades como a baleada
geograacutefica foi reconhecida da seguinte forma
A de baleada [] no modo de dizer eacute um jogo e uma atividade aiacute eacute um
jogo Como eacute que se diz professor Eacute uma tarefa [] A gente aprende na
praacutetica quais satildeo os pontos cardeais norte sul leste oeste e depois usa isso
na sala de aula (Aluno 45 5ordm ano)
Observamos que na efetivaccedilatildeo do saber compartilhado (enunciado coletivo) e da
realizaccedilatildeo de atividades que possibilite a capacidade de aprender a aprender a
motivaccedilatildeo para descobrir e o estiacutemulo a autonomia dos sujeitos compotildeem uma relaccedilatildeo
dialeacutetica entre a praacutetica e diaacutelogo72 Eles buscam interpretar e compreender um ao outro
ldquo[] a compreensatildeo eacute uma forma de diaacutelogo ela estaacute para a enunciaccedilatildeo assim como
uma reacuteplica estaacute para a outra no diaacutelogo Compreender eacute opor agrave palavra do locutor uma
contrapalavra []rdquo (BAKHTIN 2012 p 137)
As praacuteticas apresentadas no quadro 08 (p 188) compotildeem algumas sugestotildees de
como o professor pode utilizar tais estrateacutegias objetivando construir noccedilotildees habilidades
e competecircncias Natildeo satildeo receitas prontas pretendem auxiliar no processo de
observaccedilatildeo registro e avaliaccedilatildeo dos alunos Outra ressalva eacute que tais praacuteticas desafiem
os discentes e que estejam a serviccedilo do planejamento do professor
72 Segundo os alunos o uso do brinquedo (bola) e a atividade praacutetica do jogo auxiliaram no
desenvolvimento dos mapas pois como mencionado ldquoaprenderam maisrdquo porque foi uma atividade
diferente divertida O aluno aprende mais quando estaacute feliz motivado envolvido
188
QUADRO 08 PROPOSTA DAS OFICINAS PEDAGOGICAS PARA CONSTRUCcedilAtildeO DE NOCcedilOtildeES E HABILIDADES
OFICINA CONTEUacuteDOS NOCcedilOtildeES HABILIDADES
1 M
AQ
UE
TE
ME
NT
AL
A divisatildeo administrativa dos bairros encontrados em um municiacutepio
Recursos hiacutedricos na cidade
Meio Ambiente e poluiccedilatildeo
Identidade e cidadania
Desenvolver o trabalho em equipe para a realizaccedilatildeo
de uma atividade
Refletir sobre sua condiccedilatildeo de cidadatildeo que
participa e constroacutei a sociedade
2 M
AP
AS
MU
DO
S
4ordm
AN
O
Regionalizaccedilatildeo nordestina e das mesorregiotildees geograacuteficas da Paraiacuteba
Construccedilatildeo da legenda orientaccedilatildeo e localizaccedilatildeo das toponiacutemias Representar e refletir sobre a condiccedilatildeo da
regionalizaccedilatildeo estadual nacional
5 ordm
AN
O Regionalizaccedilatildeo brasileira
As praacuteticas desportivas no Brasil (futebol)
Construccedilatildeo da legenda orientaccedilatildeo e localizaccedilatildeo das toponiacutemias
3 B
AL
EA
DA
GE
OG
RAacute
FIC
A
Localizaccedilatildeo orientaccedilatildeo e direccedilatildeo espacial
Iniciativa coordenaccedilatildeo e cooperaccedilatildeo no trabalho
em equipe
Planejar e verbalizar as accedilotildees a serem executadas
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014) Organizado por David L R de Almeida
189
53 DOS MAPAS MENTAIS UTILIZADOS EM SALA DE AULA
Apoacutes analisarmos os mapas mentais das crianccedilas bem como sua relevacircncia no
processo de alfabetizaccedilatildeo geograacutefica e cartograacutefica veremos como estes podem auxiliar nos
processos de ensino-aprendizagem Para isto consideraremos o discurso das professoras Nas
palavras das docentes apoacutes a realizaccedilatildeo das oficinas pedagoacutegicas e do trabalho com os mapas
mentais foi avaliadas diferenccedilas com relaccedilatildeo agrave percepccedilatildeo da aprendizagem de Geografia
pelos alunos do 4ordm e 5ordm ano elas consideram que
ldquoAs mudanccedilas na aprendizagem dos alunos se deu com gostar da lsquomateacuteriarsquo ter
curiosidade em conhecer e pocircr em praacutetica o que aprenderam Por exemplo ler e
desenhar mapas mentais e pesquisar em livrosrdquo (Prof Marta 4ordm ano)
ldquoA leitura de mapas e suas legendas a rosa dos ventos O reconhecimento dos pontos
cardeais observar diferentes paisagens identificando suas transformaccedilotildeesrdquo (Prof
Beatriz 5ordm ano)
Eacute importante frisar que buscamos sintetizar as informaccedilotildees apresentadas na anaacutelise
dos mapas mentais sobre a forma de dois graacuteficos o primeiro correspondente as noccedilotildees
geograacuteficas utilizadas em nossas anaacutelises (quadro 09 p 189) e das habilidades utilizadas
pelos alunos durante estas atividades (quadro 10 p190)
O estaacutegio das noccedilotildees geograacuteficas analisadas nos mapas mentais tal como as
habilidades desenvolvidas pelos alunos foram classificadas com base em seu grau de
ocorrecircncia em cada uma das atividades soma-se a estas anaacutelises as observaccedilotildees e descriccedilotildees
dos alunos e professoras realizadas em cada turma Lembramos que os mapas apresentados
correspondem aos seguintes temas Mapa A Canal das Piabas mapa B Mesorregiotildees da
Paraiacuteba mapa C Mapa da minha vida e mapa D Regiatildeo Centro-oeste
QUADRO 9 GRAacuteFICO DAS NOCcedilOtildeES GEOGRAacuteFICAS ANALISADAS NOS MAPAS MENTAIS
Nos mapas mentais observa-se 4ordm ano 5 ordm ano
as noccedilotildees de Mapa A Mapa B Mapa C Mapa D
Percepccedilatildeo espacial
Uso de toponiacutemias
Localizaccedilatildeo e orientaccedilatildeo espacial
Escala geograacutefica
Legenda
Ausente
Pouca
Suficiente
Muita
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014) Organizado por David L R de Almeida
190
A seguir temos o quadro das habilidades destacada para o desenvolvimento dos
mapas mentais Podemos observar mais atentamente os mecanismos utilizados para
construccedilatildeo desses mapas bem como sua relevacircncia no processo de aprendizagem e
internalizaccedilatildeo do conhecimento
QUADRO 10 GRAacuteFICO DAS HABILIDADES DESTACADAS PARA O DESENVOLVIMENTO DOS
MAPAS MENTAIS
Nos mapas mentais observa-se 4ordm ano 5 ordm ano
as habilidades de Mapa A Mapa B Mapa C Mapa D
Representaccedilatildeo
Comunicaccedilatildeo
Interaccedilatildeo
Reflexatildeo
Legenda
Ausente
Pouca
Suficiente
Muita
Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014) Organizado por David L R de Almeida
Em anaacutelise geral do quadro 09 da construccedilatildeo dos mapas mentais eacute verificado que as
atividades individuais que contaram com pouca ou nenhuma mediaccedilatildeo entre os alunos da
professora regente ou do pesquisador encontraram-se entre as representaccedilotildees com menores
rendimentos de desempenho pelos alunos principalmente no que corresponde aos temas do
mapa B e C
Eacute preciso ressaltar que embora o erro seja socialmente caracterizado como algo
negativo o mesmo tem seus fundamentos e satildeo passiacuteveis de serem identificados Ele eacute
indispensaacutevel para a conquista de novos saberes Segundo Lessan (2011 p 81) ldquonenhum erro
eacute devido ao acaso Todo erro eacute resultado de um raciociacutenio que falhou ou mesmo da falta de
raciociacutenio Uma resposta considerada lsquoerradarsquo pelo professor foi dada por um aluno cujo
pensamento loacutegico de algum modo desviou-se do esperadordquo
Um fator que merece destaque foi agrave ausecircncia da comunicaccedilatildeo e interaccedilatildeo entre os
alunos do 4ordm ano na realizaccedilatildeo do mapa B (ver quadro 09 p 189) por exemplo
Questionamo-nos se isto pode ter repercutido no desenvolvimento do raciociacutenio geograacutefico
acerca do tema proposto Em entrevista com os estudantes do 4ordm ano eacute ressaltada dificuldades
na realizaccedilatildeo da proposta Para eles o formato de prova mais prejudicou que auxiliou no
desenvolvimento da atividade O seguinte fragmento da entrevista esclarece alguns
posicionamentos dos alunos vejamos
191
Aluno 09 ndash Na hora eu achei difiacutecil mas daiacute eu fiquei assim olhando mesorregiatildeo
mesorregiatildeo daiacute quando natildeo podia colar eu fui e fiz na doida73 Eu natildeo sabia
mesmo Soacute faltava duas provas para eu terminar de ano
Aluno 11ndash A prova [] Porque era para desenhar o mapa desenhar as regiotildees ai
ficou complicado
Pesquisador ndash Mas vocecircs se lembram que jaacute haviacuteamos realizado uma atividade bem
parecida
Aluno 09 ndash Sim mas eles natildeo podiam pegar o caderno porque estavam bem
proacuteximos a professora
Aluno 18 ndash Mas a maioria estava consultando
Aluno 09 ndash Eacute professor quem acertou eacute porque colou Se eu errar assim eu tocirc
dizendo que eu fiz na doida
Aluno 18 ndash Eu tambeacutem meu coraccedilatildeo ficou tu tutututu
Entre as respostas apresentadas pelos alunos do 5ordm ano tambeacutem estiveram justificativas
semelhantes Quando qustionamos aos alunos sobre as atividades que menos gostaram de
realizar o aluno 39 aponta ndash ldquoA que eu menos gostei foi agrave primeira [mapa da minha vida] Foi
um pouquinho difiacutecil porque quando eu chamava a professora ela natildeo vinha Eu fiz tudo na
doidardquo
Supomos inicialmente que o problema se encontrava no enunciado das atividades
mas os alunos afirmaram que sabia qual era o objetivo dos exerciacutecios Entendemos que para
os alunos do 4ordm ano a ldquoconsultardquo forneceria um melhor desempenho nos resultados por sua
vez o estudante do 5ordm ano ressalta a mediaccedilatildeo da professora
Podemos perceber que os mapas anteriormente citados apontam que a ausecircncia do
uso de instrumentos mediadores ou do auxiacutelio de pessoas mais ldquocapacitadasrdquo resultou em
atividades realizadas na ldquodoidardquo ou seja por atividades mecacircnicas com alto grau de
sincretismo Em ambos os casos percebemos de forma niacutetida que a Zona de
Desenvolvimento Proximal se fez presente enquanto elo entre os conhecimentos antigos e os
receacutem construiacutedos tal como argumenta Rego (1995) Como consequecircncia deste fator a carga
emocional e possivelmente uma repressatildeo atraveacutes de notas cobranccedila dos colegas pais e
professora fizeram-se presente como nos faz acreditar o aluno 18 (4ordm ano)
Salientamos ainda que os mapas mentais possuem limites uma vez que satildeo apenas
mais um entre tantos outros recursos que podem ser utilizados nas aulas de Geografia Ao
utilizar o mapa mental enquanto prova na turma do 4ordm ano observamos que a tensatildeo
emocional prejudicou a execuccedilatildeo da proposta Outro fato decorre da compreensatildeo dos alunos
sobre o tema que por mais que tivesse sido trabalhado durante as aulas natildeo conseguiram
sistematizar esses conhecimentos em forma de imagens mentais coerentes sequer transpor
esses saberes para o papel
73 Para os alunos ldquofazer na doidardquo significa realizar uma tarefa sem muitos paracircmetros Realizar uma
determinada atividade e tentar por sorte resolver determinado problema
192
Observamos que estaacute tensatildeo entre certo e errado no sistema de ensino-aprendizagem
escolar adveacutem de outras situaccedilotildees de aprendizagem Ao questionarmos os alunos sobre seus
procedimentos de aprendizagem estudo a grande maioria recorre aos meacutetodos de coacutepia
leitura e recitaccedilatildeo oral em outros casos eles relatam o seguinte
Pesquisador ndash Como vocecircs fazem para estudar para uma prova por exemplo
Aluno 39 ndash Eu natildeo estudo natildeo
Aluno 22ndash Ela [a professora Beatriz] manda as questotildees que vatildeo cair na prova e a
gente estuda
Aluno 25ndash De vez em quando eu estudo em casa
Copiar repetir ler recitar oralmente o processo decorar as questotildees que vatildeo ldquocair na
provardquo ou simplesmente natildeo estudar Estes argumentos possivelmente justificam algumas
accedilotildees como a desenvolvida no mapa da regiatildeo Centro-Oeste pelo grupo 05 (figura 39 p 172)
ao copiar o mapa encontrado no livro didaacutetico A charge (figura 44 p 192) parece sintetizar
as situaccedilotildees vivenciadas O professor apoacutes explicar determinado assunto pergunta a seus
alunos - Perceberam E todos respondem - Sim Cada um agrave sua forma e distintas do
professor
FIGURA 44 RELACcedilAtildeO DE ENSINO E APRENDIZAGEM NA ESCOLA
Fonte CANAacuteRIO 2006 p 43
Segundo Canaacuterio (2006 p 42) o sistema escolar enfatiza ldquoa loacutegica da repeticcedilatildeo da
informaccedilatildeordquo Somos instruiacutedos desde a infacircncia a repetir a versatildeo apresentada pelo professor
esperando que nossas respostas se aproximem do que nos eacute exigido ldquoa escola condena-se agrave
entropiardquo e consequentemente eacute reduzido o tempo para repensarmos e criarmos novos
saberes
Outro limite que pode estar envolto nas praacuteticas com os mapas mentais eacute consideraacute-las
como uma ldquosimples atividade de desenhordquo Ao perguntarmos ao grupo de estudantes do 5ordm
193
ano sobre as dificuldades encontradas na realizaccedilatildeo dos mapas mentais e suas justificativas
eles apontam
Aluno 43ndash [] O que a gente teve que desenhar o mapa O mapa mental eacute esse aiacute
[] Porque eu natildeo sei desenhar Ah E soacute E porque dava preguiccedila
Aluno 24ndash Eu natildeo tenho paciecircncia de fazer desenho natildeo Eu sou mais escrever
ldquotudinhordquo e responder do que fazer desenho
Como expresso por esses estudantes o haacutebito voltado agraves ldquoatividades tradicionaisrdquo ateacute
mesmo nos anos iniciais do Ensino Fundamental fazem da praacutetica do ldquodesenhar o mapardquo algo
enfadonho caracterizado como infantil e atingem graus de preacute-conceitos pois se natildeo se
encontram na praacutetica da professora eacute ultrapassado Resultados proacuteximos as consideraccedilotildees
realizadas por Miranda (2005)
Observamos ainda que a cultura escolar natildeo corresponde apenas a resistecircncia dos
professores na utilizaccedilatildeo de uma metodologia ou recurso mas tambeacutem dos pais de alunos da
direccedilatildeo escolar e dos proacuteprios estudantes Eles acreditam muitas vezes que as didaacuteticas
tradicionais satildeo as mais eficazes ou que como afirma a gestora Rosacircngela o pilar dos anos
iniciais do Ensino Fundamental esteja nos componentes curriculares de Portuguecircs e
Matemaacutetica
Possivelmente as praacuteticas analisadas expliquem o alto iacutendice de reprovaccedilatildeo dos
alunos do 5ordm ano na Escola Municipal Luacutecia de Faacutetima Gayoso Meira no ano de 2014
Resgatando o que falaacutevamos sobre a equidade etaacuteria sucesso escolar e promoccedilatildeo dos
alunos74 com o posicionamento da gestora escolar eacute apontado que dos 21 alunos que
frequentavam o 5ordm ano em 2014 dez alunos foram retidos por natildeo adquirirem uma seacuterie de
capacidades consideradas suficiente para o 6ordm ano Alguns foram promovidos entretanto com
uma seacuterie de dificuldades ainda a superar75 Destacamos as competecircncias relacionadas agrave accedilatildeo
cognitiva (expressatildeo oral e escrita realizaccedilatildeo das tarefas entre outros) e habilidades
relacionadas agrave interaccedilatildeo social (relacionamento com colegas e adultos respeito agraves regras)76
Eacute importante acrescentar que para ldquosuperar essa situaccedilatildeo soacute eacute possiacutevel se as escolas
puderem estabelecer rupturas com a sua matriz organizacional histoacuterica evoluindo de
sistemas de repeticcedilatildeo de informaccedilotildees para sistemas de produccedilatildeo de saberesrdquo (CANAacuteRIO
74 Esta discussatildeo eacute encontrada no primeiro capiacutetulo paacuteginas 24 a 27 75 Os alunos retidos satildeo 22 24 25 29 33 34 37 40 44 e 51 Dos alunos que foram promovidos mas com
algumas dificuldades satildeo 23 26 27 30 38 43 e 49 Eacute valido observar que a maioria dos alunos retidos foram os
mesmos que apresentaram dificuldades na realizaccedilatildeo dos mapas mentais Isso nos leva a considerar o baixo
iacutendice de rendimento dos estudantes em outras disciplinas escolares visto que o ato da retenccedilatildeo eacute resultado de
uma accedilatildeo global do aluno em acircmbito escolar 76 O modelo da ficha de acompanhamento (com todos os preacute-requisitos relacionados agrave condiccedilatildeo de aprovaccedilatildeo ou
reprovaccedilatildeo) utilizada pelas professoras encontra-se em anexo (Anexo II)
194
2006 p 43) Em outras palavras eacute preciso relacionar as condiccedilotildees do descobrir criar errar e
aprender no processo escolar de aprendizagem
A proposta eacute incentivar os alunos a serem criativos e curiosos Nossa percepccedilatildeo sobre
a alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica eacute que ela aponte o trabalho em equipe (o que natildeo necessariamente
produziraacute resultados coletivos) desenvolver uma postura assertiva por parte dos professores e
alunos ou seja formar sujeitos confiantes que defendam suas ideias mas que saibam ouvir
lidar com a criacutetica e respeitar a opiniatildeo do outro como eacute observado no quadro 10 (p 190) os
criteacuterios de comunicaccedilatildeo e interaccedilatildeo nos mapas A B e C
As limitaccedilotildees que muitas vezes se apresentam nos mapas mentais podem servir como
indiacutecios das dificuldades encontradas pelos alunos como a compreensatildeo das noccedilotildees de
localizaccedilatildeo e orientaccedilatildeo espacial por exemplo (mapas A e C) Em alguns casos as limitaccedilotildees
poderatildeo estar relacionadas com as temaacuteticas trabalhadas em sala de aula como o processo de
regionalizaccedilatildeo estadual ou brasileiro
Como discutimos ao longo da interpretaccedilatildeo dos mapas mentais agrave medida que a escala
geograacutefica muda altera-se o enfoque de anaacutelise A maioria das crianccedilas e adolescentes pode
apresentar facilidades no uso e compreensatildeo de algumas noccedilotildees como a percepccedilatildeo espacial
Isso se evidencia ao selecionar agrupar e destacar estados e ou regiotildees (quadro 10 p 190
mapa C e D) como dificuldades para localizaccedilatildeo e orientaccedilatildeo espacial (mapa C)
Como discutem Almeida amp Passini (2010) alfabetizar cartograficamente eacute possibilitar
que os discentes realizem o exerciacutecio de codificaccedilatildeo e decodificaccedilatildeo dos mapas Percebemos
que ao realizar estas atividades eles podem ler e expressar mensagens impliacutecitas relacionadas
aos conhecimentos apreendidos na escola ampliando sua leitura de mundo vivido como foi o
caso do ldquoBuraco da Giardquo
O principal aspecto que devemos nos certificar ao trabalharmos os mapas mentais
com alunos dos anos iniciais do Ensino Fundamental eacute se haacute ou natildeo a formaccedilatildeo de uma
imagem mental preacutevia acerca do espaccedilo trabalhado Observamos que em muitos casos os
alunos do 4ordm e 5ordm ano destacam a importacircncia da apresentaccedilatildeo e fundamentaccedilatildeo do conteuacutedo
mediante as oficinas pedagoacutegicas antes da execuccedilatildeo das atividades A partir disso novas
descobertas podem ser realizadas como explica o discente do 4ordm ano
Pesquisador ndash O que vocecirc acha que aprendeu fazendo o mapa mental
Aluno 03 - Uma coisa que eu nunca iria imaginar que existissem as quatro
mesorregiotildees
Pesquisador ndash E como vocecirc entendia antes da gente realizar esta atividade
195
Aluno 03 ndash A uacutenica coisa que eu sabia sobre a Paraiacuteba era a populaccedilatildeo e os
223 municiacutepios77
Ao nos basearmos na proposta interacionista de Vigostki (1998) pressupomos que o
modelo de atividades (mapas existentes) natildeo expressa necessariamente um instrumento de
coacutepia mas um referencial para internalizaccedilatildeo do conhecimento trabalhado na escola praacutetica
semelhante agrave universitaacuteria Contudo muitas vezes a escola se limita em praacuteticas arcaicas de
repeticcedilatildeo e memorizaccedilatildeo do conhecimento como se isso fosse de fato efetivar os
conhecimentos algo perceptiacutevel no discurso do aluno 03 Infelizmente parece que a escola
promove um ensino segregado em que
Desencoraja-se a cooperaccedilatildeo incita-se ao trabalho individual e proiacutebe-se a
consulta de documentaccedilatildeo (para que natildeo seja copiada) Os exames
representam a situaccedilatildeo-limite em que tais caracteriacutesticas estatildeo mais
claramente acentuadas (CANAacuteRIO 2006 p 45)
Salientamos que natildeo queremos transmitir a ideia de desvalorizaccedilatildeo da escola mas
destacar que as informaccedilotildees satildeo externas a noacutes A proacutepria constituiccedilatildeo da linguagem apontada
por Bakhtin (2012) destaca o enunciado como o princiacutepio dialoacutegico produzido
propositalmente na direccedilatildeo do outro Ao enunciar buscamos agir sobre o outro reconstruir
experiecircncias natildeo apenas para responder a questotildees das provas a proposta eacute redimensionar o
sentido e ampliar nossa perspectiva de aprendizagem nossa leitura de mundo
De acordo com as nossas anaacutelises e interpretaccedilotildees relacionadas agrave construccedilatildeo e
interpretaccedilatildeo dos mapas mentais podemos considerar a importacircncia de cada uma das noccedilotildees
utilizadas percepccedilatildeo espacial uso das toponiacutemias localizaccedilatildeo e orientaccedilatildeo e a escala
geograacutefica que satildeo frutos de um saber sistematizado mas que considera a loacutegica da
organizaccedilatildeo espacial da realidade percebida concebida vivenciada e aprendida pelos alunos
das turmas as quais trabalhamos
Por fim de acordo com as propostas apresentas ao longo desse trabalho temos
condiccedilotildees de apontar algumas estrateacutegias Elas poderatildeo orientar o trabalho docente em
proposta de alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica Ressaltamos por fim a importacircncia dos mapas
mentais e suas praacuteticas auxiliares como um processo que possibilite o ensino-aprendizagem
de Geografia
77 Eacute veriacutedica a informaccedilatildeo sobre a quantidade de municiacutepios paraibanos apresentados pelo aluno Entretanto
como jaacute destacado nos paraacutegrafos anteriores seraacute que esta informaccedilatildeo contribui para a formaccedilatildeo de um
raciociacutenio geograacutefico Acreditamos que apenas o ato da memorizaccedilatildeo natildeo auxilia o desenvolvimento desse
raciociacutenio
196
CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Em nossa pesquisa procuramos aprofundar as discussotildees acerca da Cartografia
Escolar Valorizamos o recurso mapa mental enquanto uma praacutetica didaacutetico-pedagoacutegica nas
aulas de Geografia nos anos iniciais do Ensino Fundamental Para isso nos preocupamos em
construir junto com os alunos noccedilotildees e habilidades consideradas necessaacuterias para este estaacutegio
de formaccedilatildeo a partir de atividades praacuteticas e teoacutericas
Consideramos que nosso objetivo geral foi alcanccedilado ao investigar as potencialidades e
limitaccedilotildees do recurso mapa mental para o ensino-aprendizagem de Geografia com alunos do
4ordm e 5ordm ano dos anos iniciais do Ensino Fundamental tal como nossos objetivos especiacuteficos
que buscavam
Diagnosticar as dificuldades referentes ao domiacutenio de habilidades e noccedilotildees
cartograacuteficas dos alunos dos anos iniciais do Ensino Fundamental realizando uma
anaacutelise dessas dificuldades
Pesquisar o mapa mental mediante situaccedilotildees de ensino-aprendizagem que conduzam a
reflexatildeo sobre a espacialidade
Apresentar atividades que permitam desenvolver habilidades e noccedilotildees conceituais para
os alunos atraveacutes do desenvolvimento de mapas mentais e que possam auxiliar as
aulas de Geografia dos professores dos anos iniciais do Ensino Fundamental
Propor orientaccedilotildees que auxiliem o professor desta fase a trabalharem com os mapas
mentais junto ao puacuteblico dos anos iniciais do Ensino Fundamental
Pudemos notar com o desenvolvimento dos mapas mentais que modelos de ensino-
aprendizagem de Geografia que valorizam o ato de decorar a coacutepia mecacircnica e a recitaccedilatildeo ou
mesmo o fato de ldquonatildeo estudarrdquo caso da turma do 5ordm ano justificam possivelmente o alto
iacutendice de retenccedilatildeo na unidade escolar Fatos que natildeo se restringem agraves praacuteticas escolares de
Geografia na Escola Municipal Luacutecia de Faacutetima Gayoso Meira
Aleacutem disso chegamos agrave conclusatildeo que de acordo com o relato dos sujeitos participantes
da pesquisa que a escola principalmente entre o 1ordm ao 5ordm ano haacute um alto valor para as
disciplinas de Matemaacutetica e Portuguecircs Acreditamos que elas satildeo fundamentais para a
progressatildeo escolar e social dos alunos mas natildeo satildeo as uacutenicas Para Bakhtin (2012) eacute
197
necessaacuterio atribuir sentido a palavra apreendida e isso pode ser realizado a partir da
Geografia
Natildeo pretendemos assegurar os insucessos ou limitaccedilotildees das praacuteticas com os mapas
mentais apenas aos resultados supracitados visto que na maioria dos casos os alunos do 4ordm e
5ordm ano puderam demonstrar avanccedilos no que corresponde a percepccedilatildeo espacial do lugar e o
iniacutecio de uma estruturaccedilatildeo de imagens mentais e saberes acerca do (SEU) mundo
Vale ressaltar que nenhuma aprendizagem eacute inata e que aleacutem disso nem tudo que eacute
ensinado eacute apreendido ou expresso com o mesmo valor (CANAacuteRIO 2006) A imagem mental
construiacuteda cognitivamente pelos alunos passa por diferentes ruiacutedos pragmaacuteticos emocionais
sociais etc que podem resultar em diferentes expressotildees entre elas as representaccedilotildees
cartograacuteficas
Consideramos o valor da alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica enquanto uma proposta
metodoloacutegica para a construccedilatildeo de noccedilotildees e habilidades espaciais para isso as sugestotildees de
oficinas e suas praacuteticas luacutedicas e teoacutericas foram realizadas considerando o nosso puacuteblico pois
acreditamos que eacute possiacutevel ensinar-aprender brincando divertindo-se motivando Eacute
necessaacuterio deixar as crianccedilas e adolescentes serem o que satildeo
Por outro lado observamos que durante estas praacuteticas os alunos puderam desenvolver
raciociacutenios que ora se expressaram nos mapas mentais ora na verbalizaccedilatildeo destes saberes
Puderam tambeacutem construir sua identidade ao pensarem o seu cotidiano Como exemplo houve
a construccedilatildeo da maquete e mapas mentais sobre o Canal das Piabas (alunos do 4ordm ano) e os
alunos do 5ordm ano ao construiacuterem uma regionalizaccedilatildeo por meio do mapa da minha vida da
construccedilatildeo dos mapas mudos
As atividades promovidas buscaram atribuir sentido e coerecircncia aos assuntos
estudados nas aulas de Geografia Partimos da percepccedilatildeo habitual construindo uma anaacutelise
geograacutefica com os alunos ao propor o ato de observar comparar sistematizar refletir
representar e ler o espaccedilo em diferentes escalas Essas praacuteticas confirmam parcialmente
nossa hipoacutetese inicial sobre a potencialidade do mapa mental enquanto recurso que possibilita
uma habilidade consciente do ato de mapear Verificamos que ao relacionar experiecircncias e
informaccedilotildees trazidas pelos alunos a maioria deles pocircde atribuir sentido as atividades
cotidianas no espaccedilo geograacutefico
Nesse sentido as noccedilotildees escolhidas percepccedilatildeo espacial o uso de toponiacutemias
localizaccedilatildeo e orientaccedilatildeo e escala geograacutefica puderam servir de paracircmetros para representaccedilatildeo
e avaliaccedilatildeo dos mapas mentais Apontamos algumas consideraccedilotildees importantes que
possivelmente podem colaborar com o uso dos esboccedilos cartograacuteficos nas salas de aula
198
Desenvolver praacuteticas com os mapas mentais em escalas locais assim como
regionais Observamos que ao mudar a escala geograacutefica os alunos podem apresentar
aptidotildees ou deacuteficits de aprendizagem Entre os exemplos estaacute o da percepccedilatildeo espacial
retratada nos mapas mentais dos alunos do 4ordm ano o Canal das Piabas em que os
alunos divergiam ao representar o espaccedilo em perspectivas laterais verticais e ou
obliacutequas O mesmo natildeo ocorreu necessariamente no desenvolvimento do segundo
mapa mental sobre as mesorregiotildees da Paraiacuteba
A alfabetizaccedilatildeo da liacutengua materna pode e deve utilizar-se dos conhecimentos das
mais diversas aacutereas da ciecircncia tais como no nosso contexto de pesquisa os
geograacuteficos e vice-versa Observamos que em alguns casos a hierarquizaccedilatildeo
sequencialidade (da direita agrave esquerda) eacute utilizada na escrita e transposta ao mapa
resultando em equiacutevocos como localizar o Sertatildeo vizinho ao Oceano Atlacircntico
Tambeacutem foi expresso nos mapas mentais o que nos leva a ressaltar a importacircncia da
leitura de imagens (desenhos mapas fotos etc) como uma forma de comunicaccedilatildeo
essencial para a leitura de mundo
Incentivar a participaccedilatildeo do aluno individualmente ou em grupo possibilitando
o diaacutelogo entre os estudantes Instigar a mediaccedilatildeo entre os alunos aleacutem do auxiacutelio do
professor Zona de Desenvolvimento Proximal para o Real (VIGOTSKI 1998)
Lembrar que a realizaccedilatildeo das atividades eacute mais importante que o proacuteprio
resultado Estes momentos de construccedilatildeo natildeo devem estar desassociados dos
argumentos trazidos pelos alunos de modo que a avaliaccedilatildeo das noccedilotildees conceituais e
habilidades devem estar em acordo com a proposta da aula
Retomar sempre que necessaacuterio o desenvolvimento das noccedilotildees ainda natildeo
compreendidas No 5ordm ano por exemplo ao observarmos que o aluno 43 havia
apresentado no ldquoMapa da minha vidardquo paiacuteses como Itaacutelia e Japatildeo buscamos por meio
da oficina produzir mapas mudos sobre as partidas ocorridas nos estaacutedios de futebol
brasileiro Diferenciamos a escala de cidade (onde foi realizado o jogo) regiatildeo (qual a
regiatildeo se encontra) nacional (qual paiacutes a minha seleccedilatildeo representa) e internacional
(quais as seleccedilotildees jogaram contra o Brasil Quais paiacuteses elas representam)
Entendemos que a escola deva formar o sujeito para o mercado de trabalho
sonho de muitos alunos entrevistados mas tambeacutem favorecer e esclarecer a
importacircncia desses conhecimentos para o presente Os estudantes devem utilizar
199
cotidianamente os saberes aprendidos para estimular sua memoacuteria de longa duraccedilatildeo
aleacutem de motivaacute-los a busca de novos conhecimentos
Natildeo se pretende com esta dissertaccedilatildeo apresentar receitas prontas mas estimular
outras pesquisas acadecircmicas e praacuteticas escolares Para os estudantes e professores de
Geografia ressaltamos que estas praacuteticas natildeo se restringem aos anos iniciais do Ensino
Fundamental O que nos leva acreditar sobre a importacircncia de uma sistematizaccedilatildeo destes
saberes para a formaccedilatildeo universitaacuteria de professores de Geografia e Pedagogia
Convidamos tambeacutem o professor e sua equipe pedagoacutegica para uma reflexatildeo sobre os
objetivos conteuacutedos e metodologias pertinentes aos anos iniciais do Ensino Fundamental
Desse modo nenhuma das propostas apresentadas estaacute fechada acabada Acreditamos na
experiecircncia autonomia e criatividade dos docentes para dar novos contornos agraves sugestotildees
escritas possibilitando abrir novos caminhos para utilizaccedilatildeo dos mapas mentais nas escolas
200
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207
APEcircNDICES
208
APEcircNDICE I - JORNAL DE PESQUISA
ATIVIDADES ANTERIORES AO PROJETO DE PESQUISA
Dias 17 de setembro de 2014
Primeira visita a Escola Municipal Luacutecia de Faacutetima Gayoso Meira ndash solicitaccedilatildeo da
pesquisa de campo Vou ateacute a escola pelo periacuteodo da manhatilde conversar com a gestora escolar
Rosacircngela79 Ao entrar sou reconhecido pelo porteiro da escola em decorrecircncia da pesquisa-
piloto realizada com os alunos do 5ordm ano em 2013 Apoacutes uma raacutepida conversa ele me informa
que a gestora encontra-se na sua sala
Sigo ateacute a diretoria e apoacutes aguardar alguns minutos sou atendido Entrego e apresento
a gestora a proposta do projeto de dissertaccedilatildeo e pergunto sobre a disponibilidade da sua
execuccedilatildeo da pesquisa nas turmas de 4ordm e 5ordm ano A gestora me pede que retorne amanhatilde agrave
tarde visto que o horaacuterios de aulas das turmas de 4ordm e 5ordm ano satildeo no periacuteodo vespertino e
explica que necessita conversar com as professoras sobre o assunto
Dia 18 de setembro de 2014
Retorno a escola agora no periacuteodo da tarde a gestora jaacute me aguardava Me relata que
as professoras gostariam que explicasse o projeto para elas me pedindo para aguarda-las na
sala dos professores ateacute o horaacuterio do recreio
Chegado o horaacuterio do intervalo as professoras se dirigem ateacute o local onde eu as
aguardava Sou apresentado a professora Marta do 4ordm ano jaacute a professora Beatriz80 havia
conhecido no ano anterior em decorrecircncia da pesquisa piloto que havia realizado em sua
turma de 5ordm ano
Apresentei e entreguei o projeto para as docentes demonstrei algumas pesquisas-
pilotos realizadas anteriormente Ao iniciarmos a conversa a professora Beatriz relatou alguns
pontos positivos da proposta com os mapas mentais com a sua turma do ano passado Ambas
as professoras estavam preocupadas com o calendaacuterio escolar e perguntaram se poderiacuteamos
relacionar os mapas mentais com os temas a serem trabalhados na disciplina durante o 4ordm
bimestre Aceitei os termos das professoras e elas se prontificaram a auxiliar no
79 Nome fictiacutecio que adotamos para a gestora escolar 80 O nome atribuiacutedo as professoras satildeo fictiacutecios com a intenccedilatildeo de preservar sua identidade
209
desenvolvimento do planejamento das aulas Combinamos de realizar a delimitaccedilatildeo desse
planejamento no dia 26 de setembro
Dia 26 de setembro de 2014
Neste dia retorno a escola para conversar com as professoras inicialmente vou ateacute a
sala da professora Marta ela havia passado uma atividade para a sua turma e todos estavam
concentrados em sua liccedilatildeo Fui apresentado a turma e alguns estudantes me reconheceram
dizendo que jaacute haviam me visto pela nos corredores da escola
Conversei com a professora Marta durante meia hora ela me apresentou os conteuacutedos
a serem ministrados no 4ordm bimestre se trata da temaacutetica Paraiacuteba Ela me entregou duas folhas
havia nelas uma descriccedilatildeo geneacuterica do estado mais tarde em casa apoacutes uma pesquisa na
internet comprovei que se tratava de uma descriccedilatildeo retirada do site do Wikipeacutedia Perguntei a
professora se poderiacuteamos utilizar outras fontes de informaccedilatildeo como atlas escolares mapas
murais entre outros ela mencionou que haviam atlas na escola e se fosse necessaacuterio poderia
ser disponibilizados nas aulas
Em seguida fui a sala da professora Beatriz ela tambeacutem havia passado uma atividade
para os estudantes (que pareciam agitados) alguns jaacute se retiravam-se da sala e dirigiam-se ao
recreio em decorrecircncia do horaacuterio Durante o intervalo ela me explicou o que havia ministrado
durante o 1ordm ao 3ordm bimestre apresentou um mapa das Ameacutericas (mapa Ameacuterica colonizaccedilatildeo
europeia do seacuteculo XVII para ser mais exato disponibilizado no livro didaacutetico usado na
disciplina de Geografia) explicando que se tratava do mapa mundo Fiquei um pouco
pensativo seraacute que a professora natildeo sabe distinguir a relaccedilatildeo de escala Ela acrescenta que
natildeo segue a ordem do livro didaacutetico ensinando os assuntos que lhe parecem mais
apropriados
Prossegui a conversa e perguntei quais os uacuteltimos assuntos haviam sido tratados ela
responde que o processo de regionalizaccedilatildeo e as regiotildees do Brasil com ecircnfase no Norte e
Nordeste Explica que alguns alunos haviam tido certa dificuldade perguntei se poderia
resgatar alguns assuntos jaacute estudados ela responde que sim
No intervalo combino com as professoras o dia das aulas trocamos contatos de
telefone e e-mail dessa forma finalizamos e organizamos as aulas realizadas nas turmas do 4ordm
e 5ordm ano
TURMA DO 4ordm ANO
210
Dia 14 de outubro de 2014
A pesquisa realizada com os 21 alunos e a professora Marta na Escola Municipal
Luacutecia de Faacutetima Gayoso Meira iniciou-se nesta tarde de primavera Apoacutes o retorno do feriado
do dia das crianccedilas dos 150 anos de emancipaccedilatildeo da cidade de Campina Grande - PB e de
anteceder os festejos do dia do professor as aulas retornam prosseguindo o curriacuteculo escolar
habitual
A temaacutetica geral discutida com os alunos do 4ordm ano foi ldquoGeografia da Paraiacuteba um
estudo atraveacutes da produccedilatildeo e leitura de mapas mentaisrdquo Conversei com os alunos sobre a
importacircncia dos mapas em seu cotidiano se jaacute haviam usado este recurso dentro e fora da
escola quais assuntos os mapas tratavam recebi respostas como ldquoos continentesrdquo ldquoos
paiacutesesrdquo ldquoos bairrosrdquo ldquoos estados e capitaisrdquo entre outras Tentei relacionar a outros temas
como os mapas da previsatildeo do tempo apresentados no programas de TV
Nossa discussatildeo se baseou posteriormente na seguinte pergunta - Algueacutem sabe como
eacute realizado os mapas A turma indicou diferentes procedimentos o aluno 17 ressaltou - ldquoeacute
realizado a partir de uma visatildeo de cimardquo o aluno 11 por sua vez respondeu - ldquocom papel e
laacutepisrdquo entre outras respostas
Para conquistar os alunos e sua participaccedilatildeo nas aulas de Geografia propomos uma
representaccedilatildeo da sala de aula ressaltando algumas caracteriacutesticas dos mapas existentes Entre
os elementos destacados estava a lateralidade e distribuiccedilatildeo espacial dos moacuteveis na sala
Prestativos os alunos observavam com atenccedilatildeo as explicaccedilotildees dadas relacionando o espaccedilo
real da sala de aula com seu croqui Os estudantes eram agitados mas realizavam a atividade
com acircnimo
Iniciamos a atividade observando a sala de aula destacando o seu espaccedilo e os moacuteveis
presentes (carteiras mesa da professora estantes janelas e porta) Apoacutes listar os moacuteveis no
quadro alguns alunos foram chamados para mediar a dimensatildeo da sala a partir de passos
Relacionamos agrave quantidade de passos destes alunos a quantidade de quadrados presente na
folha de papel quadriculado entregue aos discentes Localizamos o lugar de cada aluno em
sala de aula aleacutem disso expliquei a importacircncia da escala geograacutefica e o motivo dos laacutepis e
livros natildeo fazerem parte desta representaccedilatildeo em consequecircncia dessa reduccedilatildeo
A professora regente jaacute havia usado mapas para discutir o tema sobre a cidade de
Campina Grande ndash PB isto facilitou consequentemente a construccedilatildeo destes croquis pelos
alunos A maioria dos estudantes apresentaram dificuldades com a identificaccedilatildeo de espaccedilos
211
em grande escala em alguns casos natildeo distinguiam a relaccedilatildeo de identidade (campinense
paraibano nordestino brasileiro) ou confundiam as escalas geograacuteficas
Partindo desta atividade realizamos uma atividade com o mapa mudo da regiatildeo
Nordeste do Brasil Este exerciacutecio tinha como objetivo revisar os assuntos jaacute trabalhados pela
professora Marta O mapa mudo foi utilizado enquanto recurso de avaliaccedilatildeo Observamos que
de iniacutecio os alunos tiveram ecircxito na distinccedilatildeo dos estados da regiatildeo Nordeste entretanto
houve dificuldades no que se refere a localizaccedilatildeo de alguns estados a exemplo do Piauiacute e
Pernambuco O que necessitaria de mais tempo para a discussatildeo deste trabalho A aula chega
ao fim e os alunos se preparam para ir para casa
Dia 21 de outubro de 2014
Esta aula foi iniciada com o teacutermino da atividade do dia 14 de outubro Os alunos por
meio de mapa mudo sobre a regiatildeo Nordeste do Brasil jaacute haviam identificado os estados e
capitais Aleacutem disso localizado a Regiatildeo Nordeste no mapa do Brasil apresentado na mesma
folha Neste momento os alunos foram questionados a respeito da localizaccedilatildeo das regiotildees
brasileiras
Durante a explicaccedilatildeo associei os pontos cardeais (Norte Sul Leste e Oeste) as regiotildees
brasileiras Os alunos aparentemente tinham noccedilotildees sobre o assunto Busquei apresentar para
os alunos que a orientaccedilatildeo por meio da rosa dos ventos possibilita evitar confusotildees como a
tomada de posiccedilatildeo do observador no que se refere agrave localizaccedilatildeo dos objetos representados e
que o uso de noccedilotildees espaciais como frente atraacutes direita e esquerda pode confundir a leitura
do mapa visto que satildeo paracircmetros relativos
As explicaccedilotildees durante o processo de localizaccedilatildeo foram trabalhadas por meio do uso
de um mapa mural da regiatildeo Nordeste do Brasil Para a visualizaccedilatildeo e acompanhamento das
minhas explicaccedilotildees logo apoacutes recolhi o mapa mural para continuaccedilatildeo da atividade
Os alunos pintavam os estados em seu mapa e atribuiacuteam a mesma cor na legenda do
mapa mudo eles ficaram livres para escolher as cores desde que natildeo distinguissem na relaccedilatildeo
estado-legenda No decorrer da atividade fui questionado sobre o uso de cores semelhantes
visto que os alunos haviam percebido isso no mapa mural Expliquei que embora o mapa
apresenta-se cores semelhantes a exemplo do roxo a tonalidade era diferente permitindo
diferenciar estados como o Piauiacute Sergipe e Alagoas
212
Atraveacutes desta duacutevida que pouco a pouco se tornava comum entre os discentes
expliquei que havia outras maneiras de diferenciar os estados pintados a teacutecnica de hachura81
era uma delas Alguns estudantes chegaram a traccedilar riscos em alguns estados em sentido
vertical ou horizontal destacando as informaccedilotildees equivalentes na legenda
Apoacutes a introduccedilatildeo destes princiacutepios baacutesicos da realizaccedilatildeo e leitura dos mapas
discutiacuteamos paralelamente o posicionamento da Paraiacuteba com os estados vizinhos comparando
o tamanho do territoacuterio a localizaccedilatildeo das praias populaccedilatildeo de alguns estados o que
possibilitaria a conexatildeo para o proacuteximo assunto
04 de Novembro de 2014
Iniciamos a terceira aula com uma introduccedilatildeo sobre o Estado da Paraiacuteba ressaltamos
algumas curiosidades sobre os aspectos fiacutesicos poliacuteticos e culturais Os alunos foram
indagados sobre os municiacutepios que jaacute conheciam desse modo relacionamos as mesorregiotildees
da Paraiacuteba que jaacute haviam visitado
Neste dia comeccedilamos a aula apoacutes a chamada realizada pela professora regente Apoacutes
alguns instantes pergunto aos alunos conceitos que haviacuteamos discutido na aula anterior e se
por ventura sabiam explicaacute-los Apoacutes realizar algumas consideraccedilotildees sobre os assuntos jaacute
abordados os alunos mostravam-se atentos
Durante as explicaccedilotildees realizava alguns desenhos no quadro o que consequentemente
chamava a atenccedilatildeo dos alunos No instante que escrevia no quadro branco algumas
explicaccedilotildees e noccedilotildees conceituais sobre as mesorregiotildees (Mata paraibana Borborema Agreste
paraibano e Sertatildeo paraibano) percebi que ato natildeo agradou a turma Este fato pode estar
relacionado ao uso excessivo do quadro pela professora Marta visto que segundos os alunos
a coacutepia era uma accedilatildeo comum nas aulas Apesar disso resolvi relacionar a escrita com a
produccedilatildeo de alguns desenhos o que despertou o interesse da maioria dos alunos Mais tarde
no horaacuterio do recreio a professora Marta relata - ldquoAh os alunos gostam quando tecircm uma
aula diferenterdquo
Aleacutem disso utilizamos o atlas escolar da Paraiacuteba os alunos foram chamados a localizar
as mesorregiotildees estudadas aleacutem de estudar sua orientaccedilatildeo espacial Mediante a associaccedilatildeo da
rosa dos ventos a maioria dos alunos conseguiu realizar a leitura dos mapas identificando a
mesorregiatildeo tratada e sua localizaccedilatildeo conseguindo aleacutem disso indicar as direccedilotildees de uma
em relaccedilatildeo a outra (ex Mata paraibana a leste do Agreste paraibano)
81 Eacute uma teacutecnica utilizada para criar efeitos de tons ou sombras a partir do desenho de linhas paralelas proacutexima eacute
usado comumente em mapas existentes para diferenciar as informaccedilotildees
213
Dadas agraves explicaccedilotildees partimos para a elaboraccedilatildeo de um novo mapa mudo desta vez
referente as mesorregiotildees da Paraiacuteba Os alunos realizaram a atividade destacando a
orientaccedilatildeo espacial por meio da rosa dos ventos destacaram o nome dos estados vizinhos (Rio
Grande do Norte Pernambuco e Cearaacute) aleacutem do Oceano Atlacircntico desenvolveram a legenda
e nomearam seus mapas com um tiacutetulo
Os alunos natildeo se utilizaram de modelos para realizaccedilatildeo dessa atividade entretanto
auxiliava-os sempre que necessaacuterio outros natildeo queriam auxiacutelio alguns pretendiam apenas
terminar a atividade contando os minutos de voltar para casa
No final da aula entregamos a cada um dos estudantes um mapa de localizaccedilatildeo da
Paraiacuteba com destaque as principais rodovias e rios da Paraiacuteba82 pedi aos alunos que colassem
esse material no caderno e que procurassem nele os principais rios da paraiacuteba visto que seria
o tema da proacutexima aula
10 de Novembro de 2014
Ao avaliarmos os mapas mudos produzidos pelos alunos na aula anterior notamos que
alguns confundiram os estado do Rio Grande do Norte com o Cearaacute outros por sua vez
esqueceram de indicar os pontos cardeais dessa forma devolvemos os mapas mudos das
mesorregiotildees da Paraiacuteba e auxiliamos a correccedilatildeo destas informaccedilotildees
Eventualmente realizamos as aulas na terccedila-feira mas por ventura de outras
atividades da escola alteramos para a segunda-feira Diante disso o nuacutemero de alunos que
participaram desta aula foi reduzido aleacutem disso outros participavam de atividades
extracurriculares realizada na escola trecircs alunas se ausentaram da sala
A terceira aula discutiu a influecircncia dos rios na vida da populaccedilatildeo paraibana e as
modificaccedilotildees espaciais Recorremos ao mapa entregue na aula anterior e expliquei a
influecircncia dos rios e o trabalho humano na transformaccedilatildeo da paisagem urbana e rural
Destacamos ainda a presenccedila dos dois principais rios da Paraiacuteba o Piranhas ou Accedilu e o Rio
Paraiacuteba o qual alimenta o Accedilude Epitaacutecio Pessoa (tambeacutem conhecido como accedilude de
Boqueiratildeo) localizado no municiacutepio de Boqueiratildeo O accedilude de Boqueiratildeo chamou a atenccedilatildeo
dos alunos visto que eacute de laacute que proveacutem o abastecimento de aacutegua em Campina Grande
Diante dessa dinacircmica realizamos a leitura de um texto que se referia ao Canal Riacho
das Piabas que fica a oeste da escola na Avenida Januacutencio Ferreira Foi oportuno relacionar
82 O mapa entregue aos alunos corresponde a uma representaccedilatildeo da Paraiacuteba indicada a alunos entre 7 a 12 anos
de idade disponiacutevel no site do IBGE lt http7a12ibgegovbrimages7a12estadosparaibapdf gt Acesso em
111114
214
uma accedilatildeo que outrora parecia abstrata imaginaria ao cotidiano dos alunos Muitos estudantes
natildeo sabiam que o canal que passava ao lado da escola era na verdade um curso drsquoaacutegua
enxergavam o canal das Piabas como um coacuterrego de esgoto Outros estudantes achavam
impossiacutevel haver rios dentro da cidade admitiam apenas a presenccedila de accediludes visto que entre
os cartotildees postais da cidade de Campina Grande estaacute o Accedilude Velho primeira fonte de
abastecimento da cidade
Apresentei fotos antigas da cidade e outras atuais que apresentavam o riacho das
Piabas questionei os alunos sobre a importacircncia do uso da aacutegua em seu cotidiano eles
responderam que usavam a aacutegua para o uso domeacutestico (lavar louccedila tomar banho preparar a
alimentaccedilatildeo etc) Mencionei que a aacutegua de riachos rios e accediludes poderiam ser utilizada para
a agricultura induacutestria e pecuaacuteria
Estudamos tambeacutem a importacircncia da preservaccedilatildeo das encostas dos percursos de aacutegua
dando exemplos reais de aacutereas de riscos em bairros proacuteximos a escola como a Conceiccedilatildeo e
Louzeiro explicando a influecircncia do solo e dos periacuteodos de cheia do riacho das Piabas em
determinadas estaccedilotildees do ano
Foi motivador o uso deste exemplo Quando falaacutevamos da comunidade da Rosa
Miacutestica e de algumas enchentes que jaacute haviam acontecido neste momento o aluno 12 se
levanta e fala - ldquoProfessor eacute o BG natildeo eacute Logo a professora Marta responde - ldquoO que eacute BG
meninordquo Aluno 12 - ldquoSabe natildeo professora Buraco da Gia professorardquo Achei cocircmica a
situaccedilatildeo adverti o aluno que a sigla seria BJ pois Jia se escrevia com a letra ldquoJrdquo e natildeo com
ldquoGrdquo Expliquei tambeacutem os motivos que levaram a mudanccedila de nome para Rosa Miacutestica Notei
que muitos alunos tinham preconceitos relacionados a este lugar estereoacutetipos como um lugar
violento desorganizado favelado entre outros Diante disso fiz algumas ressalvas sobre as
condiccedilotildees sociais do lugar Deste modo finaliza-se mais uma aula
26 de Novembro de 2014
Iniciamos a aula retomando a discussatildeo sobre o texto do Canal das Piabas dessa vez
havia um nuacutemero maior de alunos Apoacutes lermos o texto pedi que os estudantes grifassem as
palavras desconhecidas Entre as duacutevidas estava o conceito de riacho rio cachoeira e canal
Identifiquei e exemplifiquei cada um dos conceitos lembrando a diferenccedila entre os rios
(Paraiacuteba e Piranhas) ou o canal riacho das Piabas pedi tambeacutem que os alunos registrassem as
observaccedilotildees em seus cadernos
Expliquei aos alunos que a nossa atividade consistiria em uma representaccedilatildeo do trajeto
do canal das Piabas ateacute o Accedilude Velho mas que para isso deveriacuteamos inicialmente destacar
215
os principais referenciais geograacuteficos destacados no texto para localizarmos na maquete que
seria construiacuteda
Os estudantes atenderam todas as orientaccedilotildees Analisamos inicialmente o mapa mural
da cidade de Campina Grande que foi colocado em cima da mesa Localizamos os pontos de
referecircncia e realizamos a delimitaccedilatildeo da escala geograacutefica que utilizariacuteamos Em seguida
expomos o mapa mural na parede da sala de aula e distribui imagens de sateacutelite e mapas que
apresentavam o recorte espacial de nosso objeto de estudo Organizei os alunos em
subequipes que auxiliaram na montagem da maquete mental
Enquanto uns traccedilavam as ruas outros escreviam o nome dos bairros ou realizavam
alguma pinturas destacando aacutereas de mata ou a rede hidrograacutefica Com o termino desta etapa
coloquei as peccedilas do jogo ldquobrincando de engenheirordquo em cima da mesa todos se animaram
com a possibilidade de ldquocolocar as casinhasrdquo no lugar Pedi que olhassem mais uma vez para
as imagens de sateacutelite e contassem sobre o que percebiam da paisagem dos bairros sobre a
presenccedila de aacutereas mais verticalizadas (preacutedios) e mais horizontalizadas (casas e pequenos
comeacutercios como bodegas bares pequenos mercados) Distribuiacuteram tambeacutem carros de
brinquedo pelo trajeto simulando o tracircnsito da cidade
Aos poucos os alunos foram montando as casas disseram que no Accedilude Velho haveria
mais preacutedios e nos bairros mais perifeacutericos a presenccedila marcante seria de casas Logo apoacutes
pedi que colocassem alguns discos de orientaccedilatildeo com a rosa dos ventos Alguns confundiram-
se na orientaccedilatildeo espacial os lembrei que a nascente do Canal das Piabas situava-se ao norte
Quando terminamos esta fase pedi que os alunos comparassem o mapa mural as
imagens de sateacutelite e a maquete mental eles notaram diferenccedilas na presenccedila dos objetos como
os carros (relatei que geralmente os carros natildeo fazia parte das representaccedilotildees dos mapas em
decorrecircncia de serem elementos moveis no espaccedilo tal como as pessoas dificultando traccedilar sua
localizaccedilatildeo exata) Notaram em poucos casos a mudanccedila de perspectiva (lateral horizontal e
obliacutequa) entre os mapas e a maquete mental Em sequecircncia pedi que fosse realizado um mapa
mental individualmente e que para isso poderiam consultar a maquete mental Proacuteximo ao
final da aula realizei uma legenda para o mapa e expomos a atividade na parede expliquei que
a maquete seria agora um mapa mural realizado pela turma do 4ordm ano
10 de Dezembro de 2014
Neste meio tempo a professora pediu que desenvolvesse uma proposta para a
sua avaliaccedilatildeo final de Geografia entreguei a proposta da construccedilatildeo de um mapa mental que
apresentasse os principais rios do Estado da Paraiacuteba rio Piranhas e Paraiacuteba Neste dia foi
216
realizado entrevistas com os alunos do 4ordm ano Na ocasiatildeo foi entregue o questionaacuterio de
perguntas sobre o projeto e tambeacutem o termo de consentimento como sujeito da pesquisa para
a professora Marta
TURMA DO 5ordm ANO
09 de Outubro de 2014
A pesquisa realizada com alunos e a professora Beatriz do 5ordm ano eacute iniciada na semana
do dia das crianccedilas amanhatilde aconteceraacute um festejo com recitais danccedilas e cinema na escola
De todo forma as aulas prosseguem normalmente o que possibilitou o iniacutecio da pesquisa que
tecircm como temaacutetica ldquoSaberes cartograacuteficos discutindo a regionalizaccedilatildeo brasileirardquo
Comecei a aula perguntando quais eram os recursos cartograacuteficos conhecido pelos
alunos eles responderam os mapas o globo terrestre e a buacutessola Apresentei diferentes
mapas murais e mostrei que eles poderiam variar em decorrecircncia do seu tema (mapa do Brasil
poliacutetico ou fiacutesico) ou de sua escala (Mapa mundo mapa do continente americano) Os
estudantes apontavam as informaccedilotildees encontradas geralmente nestes mapas como o nome e
localizaccedilatildeo dos oceanos continentes paiacuteses etc Participativos ateacute mesmo os mais tiacutemidos
verbalizaram o assunto quando questionados
A professora Beatriz auxiliou e colaborou a todo o momento com as explicaccedilotildees
realizadas em sala de aula Recordamos assuntos ministrados pela professora regente como a
relaccedilatildeo da orientaccedilatildeo espacial e o movimento de rotaccedilatildeo do planeta Terra As observaccedilotildees
eram apresentadas mediante o uso de um globo terrestre e registradas no quadro branco os
alunos foram solicitados a anotarem em seus cadernos
Apresentamos alguns atlas escolares que apresentavam introduccedilotildees sobre o uso da
rosa dos ventos da importacircncia da legenda Os alunos pareciam aacutegeis na localizaccedilatildeo e leitura
das informaccedilotildees presentes no mapa mundo Em decorrecircncia das festividades da semana
tivemos que terminar a aula antes do horaacuterio normal mas informei aos alunos que na proacutexima
aula realizariacuteamos algumas atividades relacionadas as aulas de Geografia os alunos
demonstraram-se felizes
Dia 15 de outubro de 2014 - Dia dos professores
A escola adiou o feriado do dia dos professores contudo a professora Beatriz havia
marcado uma consulta ao meacutedico neste dia ela estava preocupada em adiar as atividades do
217
projeto em decorrecircncia da entrega do preacutedio (escola) agrave justiccedila eleitoral em decorrecircncia das
eleiccedilotildees deste ano Apoacutes conversarmos com a diretora tive a permissatildeo de substitui-la e
prosseguir com a execuccedilatildeo do projeto
Ao entrar na classe os alunos estavam realmente contentes e jaacute sabiam que a
professora natildeo viria neste dia Muitos queriam aproveitar a ocasiatildeo para fazer bagunccedila
entretanto com a permissatildeo da coordenadora pedagoacutegica e da diretora Rosacircngela pude
chamar atenccedilatildeo dos alunos o que foi necessaacuterio em alguns casos
A professora regente jaacute havia trabalhado os assuntos referentes ao processo de
regionalizaccedilatildeo e as regiotildees do Brasil (Norte e Nordeste) entretanto ao trabalhar o mapa
mudo das regiotildees brasileiras (mapa mudo) com os alunos observei que eles apresentavam
dificuldades para compreender a linguagem cartograacutefica e localizar as regiotildees Havia
entregado naquela ocasiatildeo uma lista com o nome dos Estados e capitais as respectivas siglas
e qual regiatildeo estes estados pertenciam
Notei que os alunos jaacute possuiacuteam informaccedilotildees baacutesicas sobre o tema ldquoO Brasil tecircm 26
estados e o Distrito Federalrdquo (Aluno 31) ldquoBrasiacutelia fica no Distrito Federal professorrdquo (Aluno
39) ldquoA gente mora na Paraiacutebardquo (Aluno 22) ldquoEu nasci em Satildeo Paulordquo (Aluno 46) etc
Entretanto apoacutes o iniacutecio da atividade a comoccedilatildeo foi geral ldquoprofessor essa tarefa eacute muito
difiacutecilrdquo Embora more na regiatildeo Nordeste e em sua maioria soubessem qual Estado
correspondiam agrave Paraiacuteba poucos apontavam os estados que faziam limite com este territoacuterio
Minha conclusatildeo foi que embora dominassem o nome dos lugares natildeo associavam o lugar agrave
regiatildeo pertencente por exemplo indicar que Piauiacute localiza-se no Nordeste ou que Satildeo Paulo
esteja a sudeste
Entendo que o processo de regionalizaccedilatildeo tecircm que ter algum significado sentido e
comeccedilo a perceber a importacircncia das ideias de Ausubel e Vigotski83 para o desenvolvimento
dessa missatildeo Talvez ao se utilizar pontos de ancoragem os estudantes possam resgatar e (re)
significar os conteuacutedos ministrados pela professora regente Os alunos jaacute dominavam com
certa astucia os estados da Regiatildeo Norte A professora jaacute havia ministrado este conteuacutedo nas
uacuteltimas aulas de Geografia Os alunos tecircm assim algumas noccedilotildees jaacute desenvolvidas mas esta
visatildeo geral dos estados a exemplo do Nordeste regiatildeo que habita deve ser reforccedilada por
outras propostas de atividades
Mediante estaacute dificuldade no final da tarde foi proposta a atividade de baleada
geograacutefica (semelhante ao jogo de queimado ou baleada tradicional) no paacutetio aberto da escola
83 Neste momento me refiro as ideias estudadas na seguinte obra bibliograacutefica BOCK Ana M B FURTADO
Odair TEIXEIRA Maria de L T Psicologias uma introduccedilatildeo ao estudo de psicologia 14ordf ed Satildeo Paulo
Saraiva 2008
218
Os alunos foram divididos em quatro grupos cada um correspondente a um ponto cardeal
(norte sul leste e oeste) Orientamos a localizaccedilatildeo dos grupos com o uso de um bussola
marcamos os pontos no chatildeo e iniciamos a brincadeira
Dava os comando da trajetoacuteria da bola indicando as direccedilotildees (ex grupo norte jogue a
bola no grupo oeste) Ao final da brincadeira observamos o pocircr do sol e entatildeo relacionamos
que a orientaccedilatildeo espacial poderia ser realizada a partir dele e que muitos lugares a exemplo
das regiotildees brasileiras referenciam esta orientaccedilatildeo espacial Mesmo apoacutes o uacuteltimo sinal alguns
alunos queriam continuar a brincadeira avisei que teriacuteamos que terminar pois a escola seria
fechada e alguns pais jaacute estavam a sua espera
05 de Novembro de 2014
A proposta da aula foi agrave realizaccedilatildeo dos mapas mentais levando considerando os
conhecimentos sobre regiatildeo e regionalizaccedilatildeo do Brasil Os alunos foram instruiacutedos a respeito
de quais informaccedilotildees deveriam relacionar ao mapa construiacutedo Com base em uma ficha sobre
informaccedilotildees sobre sua identidade (filiaccedilatildeo cidade natal entre outros) os alunos foram
chamados a representar o Brasil levantando questotildees como o nome dos estados e capitais
quando sabido a orientaccedilatildeo espacial e o uso da legenda
A atividade levava em conta a mobilizaccedilatildeo das habilidades voltadas a construccedilatildeo de
mapas das aulas anteriores por exemplo a dimensatildeo espacial dos estados o uso da legenda
como elemento agregador de significado e a importacircncia da orientaccedilatildeo espacial Todas as
etapas foram escritas no quadro Para os alunos que permaneciam com duacutevidas dava
orientaccedilotildees individuais tambeacutem acompanhei a confecccedilatildeo dos esboccedilos
Foi explicado aos alunos que neste momento eles deveriam realizar a atividade sem
nenhuma consulta disseram que natildeo seria possiacutevel desse modo concordamos que eles
poderiam utilizar apenas a lista de estados e capitais entregue na aula anterior
Inicialmente os alunos mostraram-se preocupados com a esteacutetica do mapa se iria
aproximar-se ou natildeo dos mapas existentes Expliquei que isto natildeo era o objetivo da
atividade mas demonstrar seus conhecimentos sobre a regionalizaccedilatildeo brasileira Frases como
ldquoNatildeo tocirc entendendo nadardquo (Aluno 24) ldquoNatildeo sei desenharrdquo (Aluno 27) ldquoNatildeo vou fazer isso
natildeordquo (Aluno 22) estiveram no processo do desenvolvimento do trabalho mas no final e com
um pouco de paciecircncia todos finalizaram seus mapas mentais
Outros estudantes procuravam aleacutem de representar verbalizar seus conhecimentos
acerca do mapa elaborado Os grupos se formavam voluntariamente os alunos discutiam
219
buscavam estrateacutegias em alguns casos chegavam a procurar os mapas desenvolvidos nas
aulas anteriores mesmo com o aviso de natildeo utilizaacute-los nestes casos pedi que o guardassem
Observavam e comparavam os seus mapas e se questionavam quem estaria mais
certo Houve o meu auxiacutelio e da professora Beatriz na confecccedilatildeo das representaccedilotildees o que
motivou o desenvolvimento da atividade em alguns casos
13 de Novembro de 2014
Alguns problemas foram observados mediante a anaacutelise dos mapas mentais Na ficha
entregue aos alunos para o desenvolvimento dos mapas mentais e na representaccedilatildeo do aluno
43 houve a confusatildeo entre o que seria os estados brasileiros e outros paiacuteses (Itaacutelia Japatildeo
Meacutexico entre outros) Alguns discentes pareciam se atrapalhar na referecircncia a escalas
geograacuteficas que variam do lugar ao contexto mundial
Como estrateacutegia para discutir esta questatildeo recorri a algo que acreditei que agradaria a
todos a realizaccedilatildeo da copa do mundo no Brasil Passando a distinguir o que eacute paiacutes estado e
Distrito Federal por meio dos estaacutedios e arenas dos jogos e as seleccedilotildees que participaram deste
evento
A atividade do dia apresentou dois esboccedilos cartograacuteficos O primeiro apresentava os
estaacutedios e arenas de futebol e a outra a localizaccedilatildeo das capitais brasileiras onde ocorreram as
partidas Comparamos e relacionamos este material com o objetivo de compreender a
distribuiccedilatildeo espacial dos estaacutedios a partir da anaacutelise regional dando enfoque agrave regiatildeo
Nordeste e Centro-Oeste
Expliquei aos alunos que era necessaacuterio distinguir as escalas geograacuteficas entatildeo
estruturamos da seguinte forma Onde se localiza os estaacutedios e arenas de futebol Nas
capitais cidades brasileiras Quais satildeo os estaacutedios encontrados na regiatildeo Nordeste e Centro-
Oeste Para qual seleccedilatildeo eles torceram durante a copa do mundo Quem jogou contra a
seleccedilatildeo brasileira e que paiacuteses eles representavam
Apoacutes esta atividade os alunos expressaram sua compreensatildeo da atividade com o mapa
mudo produzido sobre os estaacutedios arena que gostariam de visitar Os meninos apresentaram-
se mais motivados para a realizaccedilatildeo da atividade do que as meninas Uma das orientaccedilotildees era
que fosse escolhido apenas lugares relativos a regiatildeo Nordeste e Centro-Oeste A medida que
os alunos realizavam a leitura dos mapas existentes comparavam e traccedilavam o seu mapa
falando que um dia assistiria uma partida de futebol em algum desses campos
Mediante essa ponte introduzimos algumas consideraccedilotildees sobre a regiatildeo Centro-
Oeste principalmente dos biomas Cerrado e Pantanal em decorrecircncia da programaccedilatildeo
220
curricular e da cobranccedila da professora em ministrar tais conteuacutedo Para esta tarefa utilizamos
o livro didaacutetico fotografias aleacutem de um dos textos da atividade da copa do mundo realizar
esta ponte para discussatildeo
Aos poucos os alunos mostravam-se mais interessados pela temaacutetica o aluno 31 chega
a fazer o seguinte comentaacuterio - ldquoprofessor o pantanal parece um pacircntanordquo Sabiacuteamos que os
alunos nunca haviam visitado a regiatildeo Centro-Oeste em decorrecircncia do mapa da minha vida
realizado na aula anterior dessa forma tentamos realizar estas pontes entre os assuntos
24 de Novembro de 2014
Neste dia realizamos mais algumas consideraccedilotildees sobre o bioma pantanal e cerrado
explicando que eles assim como a caatinga (bioma nordestino) tem suas caracteriacutesticas e
problemas ambientais Em muitos casos em decorrecircncia da accedilatildeo do homem como a
agropecuaacuteria extensiva o uso de agrotoacutexicos poluiccedilatildeo de rios e nascentes caccedila predatoacuteria
entre outros
Os alunos contavam casos semelhantes presenciados em visita a familiares a outros
municiacutepios mais interioranos como o sertatildeo paraibano Eles contavam que seus tios ou avoacutes
natildeo usavam agrotoacutexicos em outros casos relatavam que o gado ficava dentro do cercado
Deste modo iniciamos a proposta relacionada ao mapa da regiatildeo Centro-Oeste os
alunos forma divididos em grupos eles escolheram as equipes mas em alguns casos sugeri os
integrantes do grupo com a finalidade de equilibrar os saberes de cada integrante
Durante o desenvolvimento da proposta foi permitido aos alunos realizarem pesquisas
ao livro didaacutetico84 Natildeo haviam mapas semelhantes a propostas dos mapas mentais pedidos
expliquei aos discentes que os mapas apresentados no livro didaacutetico poderiam servir como
modelo mas natildeo havia mapas prontos com a mesma temaacutetica
Mesmo com o referencial notei que alguns alunos tinham dificuldades em realizar
pesquisas selecionar as informaccedilotildees mais importantes e contextualiza-la com o objetivo da
aula Aleacutem disso muitos alunos me procuravam assim como a professora Beatriz para
esclarecer duacutevidas em certos casos desnecessaacuterias como com que cor pintar o estado de
Goiaacutes
Aos poucos senti que a turma ficava mais autocircnoma nas tomadas de decisotildees Em
alguns casos notei que as dificuldades se situavam natildeo na compreensatildeo dos temas estudados
na Geografia e sim a outras disciplinas escolares Observei que muitos estudantes tinham
84 Referecircncia do livro didaacutetico utilizado na escola MESTSU Juliana Projeto Buriti geografia 5ordm ano Satildeo
Paulo Moderna 2011
221
dificuldades na leitura e principalmente na interpretaccedilatildeo de textos No final da aula recolhi os
trabalhos e expliquei que voltaria para realizar uma entrevista com eles na proacutexima semana
05 e 10 de Dezembro de 2014
Nestas datas foram realizado entrevistas com os alunos do 5ordm ano Na ocasiatildeo foi
entregue o questionaacuterio de perguntas sobre o projeto e tambeacutem o termo de consentimento
como sujeito da pesquisa para a professora Beatriz Deixei duas coacutepias do termo de
consentimento com a gestora escolar Rosacircngela
ATIVIDADES POSTERIORES AO PROJETO DE PESQUISA
16 e 22 de dezembro de 2014
Recolhi os questionaacuterios e termos de consentimento da professora Marta e Beatriz
agradeci a elas e seus alunos por sua participaccedilatildeo na pesquisa Ainda no dia 16 de dezembro
iniciei a entrevista com a gestora escolar Rosacircngela entretanto tive que retornar no dia 22 de
dezembro para finalizar a nossa conversa No dia 22 de dezembro finalizei a pesquisa recolhi
o termo de consentimento e agradeci sua participaccedilatildeo na pesquisa
222
APEcircNDICE II ndash QUESTIONAacuteRIO DE PERGUNTAS PARA PROFESSORES
Universidade Federal da Paraiacuteba ndash UFPB
Centro de Ciecircncias Exatas e da Natureza ndash CCEN
Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Geografia
ldquoMapas mentais para o ensino de Geografia praacuteticas e reflexotildees em uma escola de
Campina Grande ndash PBrdquo
QUESTIONAacuteRIO DE PERGUNTAS PARA PROFESSORES
A IDENTIFICACcedilAtildeO
Nome______________________________________________ idade ____________
B FORMACcedilAtildeO
1 Universidade curso (s) de graduaccedilatildeo e ano que se formou
___________________________________________________________________________
_________________________________________________________________
2 Especializaccedilatildeo (otildees) e ano
___________________________________________________________________________
_________________________________________________________________
3 Qual foram os temas do seu trabalho na graduaccedilatildeo (otildees) e especializaccedilatildeo (otildees)
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
____________________________________________________________
C EXPERIEcircNCIA PROFISSIONAL
4 Quais as seacuteries anos que jaacute lecionou Em que aacuterea
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
____________________________________________________________
5 Qual o tempo de experiecircncia profissional como professora
223
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
____________________________________________________________
6 Fez algum curso de formaccedilatildeo continuada voltada para o curso de Geografia
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
____________________________________________________________
D PRAacuteTICA PROFISSIONAL
7 Qual a maior dificuldade que vocecirc observa para o ensino-aprendizagem de Geografia para
os alunos dos anos iniciais do ensino Fundamental Explique
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
__________________________________________________
8 Como vocecirc organiza o trabalho e efetiva sua praacutetica em sala de aula
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
__________________________________________________
E SOBRE A EXECUCcedilAtildeO DA PESQUISA
9 Em sua opiniatildeo qual a importacircncia de se ensinar Geografia Explique
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
__________________________________________________
10 Observou alguma mudanccedila na aprendizagem dos alunos durante e apoacutes a realizaccedilatildeo da
oficina sobre mapas mentais Quais Explique
224
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
____________________________________________
11 Qual o ponto positivo destacaria da proposta desta pesquisa E negativos
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
__________________________________________________
12 Quais suas sugestotildees para melhorar o trabalho com mapas mentais metodologicamente e
ou teoricamente com os alunos dos anos iniciais
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
Obrigado por sua participaccedilatildeo nesta pesquisa
David Luiz
225
APEcircNDICE III ndash PRANCHA PARA MAPA MENTAL
Universidade Federal da Paraiacuteba
Centro de Ciecircncias Exatas e da Natureza
Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Geografia ndash mestrado
Pesquisador David Luiz
Escola Municipal Luacutecia de Faacutetima Gayoso Meira
Campina Grande data___________________________________
Disciplina Geografia Turma ___ ano
Prof _________________________________________________
Nome_______________________________________________________________________________ Idade______________________
226
APEcircNDICE IV ndash TEXTO CANAL DAS PIABAS
Universidade Federal da Paraiacuteba
Centro de Ciecircncias Exatas e da Natureza
Programa de Poacutes- graduaccedilatildeo em Geografia ndash mestrado
Pesquisador David Luiz
Escola Municipal Luacutecia de Faacutetima Gayoso Meira
Campina Grande data___________________________________
Disciplina Geografia Turma 4ordm ano
Prof _________________________________________________
Nome________________________________________________
PROJETO DE EDUCACcedilAtildeO AMBIENTAL ATRAVEacuteS DO
ESTUDO HISTOacuteRICO-GEOGRAacuteFICO E ECOLOacuteGICO
DA BACIA DO RIACHO DAS PIABAS (CANAL)
Campina Grande ndash Paraiacuteba
A presenccedila de aacutegua potaacutevel em quantidade
suficiente para as necessidades humanas
tem sido a grande preocupaccedilatildeo de ecologistas
teacutecnicos e educadores que se preocupam com a
educaccedilatildeo ambiental nesta fase final do seacuteculo XX
Aacute aacutegua eacute primordial para o homem para o
atendimento de suas necessidades vitais
(alimentaccedilatildeo bebida higiene e limpeza)
por isso devemos preocupar-nos com a
preservaccedilatildeo de cursos daacutegua bem como com
os aspectos qualidade e quantidade e despoluiccedilatildeo
O Riacho das Piabas tem sua nascente no siacutetio
Covatildeo eacute represado nas granjas do Dr Mauriacutecio
Almeida apoacutes as represas eacute totalmente poluiacutedo
por lixo detritos diversos e esgotos indo em
seguida para o Canal (Canal das Piabas)
Percebe-se com o fato observado que aacuteguas que
227
poderiam ser utilizadas por um grande nuacutemero
de pessoas satildeo simplesmente desperdiccediladas
Do ponto de vista histoacuterico o Riacho das Piabas
teve seu papel no atendimento agraves necessidades da
populaccedilatildeo em eacutepocas em que Campina Grande
era simplesmente povoado e pequena cidade
geograficamente
O riacho estaacute localizado na parte norte de
Campina Grande passando pelas granjas do Dr
Mauriacutecio Almeida tendo continuidade no Canal
que comeccedila entre o Alto Branco e a Rosa Miacutestica
passando pelo Ponto Cem Reacuteis e separando o
Centro do Alto Branco Santo Antonio e Joseacute
Pinheiro havendo uma bifurcaccedilatildeo que vai para
o Accedilude Velho e outra parte para o bairro da
Cachoeira
Fonte httpeducarscuspbrbiologiapb_camphtml
Orientaccedilotildees para realizaccedilatildeo do mapa mental
Desenhe um mapa considerando as informaccedilotildees
presentes no texto para isto sua representaccedilatildeo
deveraacute conter
1 Representar o curso do Canal Riacho das
Piabas do seu ponto inicial ateacute o ponto
final relatado no texto
2 Localizar os bairros e lugares (comeacutercio
serviccedilos escolas) em seu mapa
3 Localizar onde podemos encontrar as
pontes e acessos entre os bairros relatados
4 Orientar seu mapa atraveacutes do uso da rosa-
dos-ventos
5 Construir a legenda
228
APEcircNDICE V ndash MAPA MUDO DA REGIAtildeO NORDESTE Universidade Federal da Paraiacuteba
Centro de Ciecircncias Exatas e da Natureza
Programa de Poacutes- graduaccedilatildeo em Geografia ndash mestrado
Pesquisador David Luiz
Escola Municipal Luacutecia de Faacutetima Gayoso Meira
Campina Grande data___________________________________
Disciplina Geografia Turma 4ordm ano
Prof _________________________________________________
Nome________________________________________________
COR ESTADO SIGLA DO ESTADO
Alagoas AL
Bahia BA
Cearaacute CE
Maranhatildeo MA
Paraiacuteba PB
Pernambuco PE
Piauiacute PI
Rio Grande do Norte RN
Sergipe SE
Legenda
229
APEcircNDICE VI ndash MAPA MUDO DAS MESORREGIOtildeES DA PARAIacuteBA
Tiacutetulo_________________________________________________________________
__
Rosa dos ventos
Universidade Federal da Paraiacuteba
Centro de Ciecircncias Exatas e da Natureza
Programa de Poacutes- graduaccedilatildeo em Geografia ndash mestrado
Pesquisador David Luiz
Escola Municipal Luacutecia de Faacutetima Gayoso Meira
Campina Grande
data___________________________________
Disciplina Geografia Turma 4ordm ano
Prof
______________________________________________
___
Nome_________________________________________
_______
Campina Grande data___________________________________
Disciplina Geografia Turma 4ordm ano
Prof _________________________________________________
Nome________________________________________________
LEGENDA
230
APEcircNDICE VIII ndash QUESTOtildeES DA PROVA
Universidade Federal da Paraiacuteba
Centro de Ciecircncias Exatas e da Natureza
Programa de Poacutes- graduaccedilatildeo em Geografia ndash mestrado
Pesquisador David Luiz
Escola Municipal Luacutecia de Faacutetima Gayoso Meira
Campina Grande data___________________________________
Disciplina Geografia Turma 4ordm ano
Prof _________________________________________________
Nome________________________________________________
EXERCIacuteCIO DE VERIFICACcedilAtildeO DE GEOGRAFIA
Leia o texto abaixo
Rio Piranhas e Paraiacuteba aacuteguas paraibanas
Os principais rios do estado da Paraiacuteba satildeo o rio Piranhas e o Paraiacuteba O
rio Piranhas eacute o maior rio da Paraiacuteba ele nasce na mesorregiatildeo do sertatildeo
paraibano e ldquocorrerdquo em direccedilatildeo ao Rio Grande do Norte O rio Paraiacuteba eacute
totalmente paraibano Nasce no municiacutepio de Monteiro na mesorregiatildeo da
Borborema A foz lugar onde o chega fica no municiacutepio de Cabedelo O
rio Paraiacuteba desaacutegua no oceano Atlacircntico
Represente as informaccedilotildees deste texto por meio de um mapa mental para
isto vocecirc deveraacute seguir os seguintes passos
1 Desenhar o estado da Paraiacuteba e suas quatro mesorregiotildees (Mata
paraibana Agreste paraibano Borborema e Sertatildeo paraibano)
2 Escrever o nome dos lugares que fazem limite com o estado da
Paraiacuteba (estados e o Oceano Atlacircntico)
3 Desenhar o percurso dos rios apresentados no texto (Piranhas e o
Paraiacuteba)
4 Orientar seu mapa atraveacutes da rosa dos ventos
231
APEcircNDICE VIII ndash LISTA DE CAPITAIS E ESTADOS
Universidade Federal da Paraiacuteba
Centro de Ciecircncias Exatas e da Natureza
Programa de Poacutes- graduaccedilatildeo em Geografia ndash mestrado
Pesquisador David Luiz
Escola Municipal Luacutecia de Faacutetima Gayoso Meira
Campina Grande data___________________________________
Disciplina Geografia Turma 4ordm ano
Prof _________________________________________________
Nome________________________________________________
LISTA DE ESTADOS E CAPITAIS
Estado Sigla Capital Regiatildeo
Distrito Federal DF Brasiacutelia Centro-Oeste
Goiaacutes GO Goiacircnia Centro-Oeste
Mato Grosso do Sul MS Campo Grande Centro-Oeste
Mato Grosso MT Cuiabaacute Centro-Oeste
Alagoas AL Maceioacute Nordeste
Bahia BA Salvador Nordeste
Cearaacute CE Fortaleza Nordeste
Maranhatildeo MA Satildeo Luiacutes Nordeste
Paraiacuteba PB Joatildeo Pessoa Nordeste
Pernambuco PE Recife Nordeste
Piauiacute PI Teresina Nordeste
Rio Grande do Norte RN Natal Nordeste
Sergipe SE Aracaju Nordeste
Acre AC Rio Branco Norte
Amazonas AM Manaus Norte
Amapaacute AP Macapaacute Norte
Paraacute PA Beleacutem Norte
Rondocircnia RO Porto Velho Norte
Roraima RR Boa Vista Norte
Tocantins TO Palmas Norte
Espiacuterito Santo ES Vitoacuteria Sudeste
Minas Gerais MG Belo Horizonte Sudeste
Rio de Janeiro RJ Rio de Janeiro Sudeste
Satildeo Paulo SP Satildeo Paulo Sudeste
Paranaacute PR Curitiba Sul
Rio Grande do Sul RS Porto Alegre Sul
Santa Catarina SC Florianoacutepolis Sul
232
APEcircNDICE IX ndash MAPA BRASIL REGIOtildeES
Escola Municipal Luacutecia de Faacutetima Gayoso Meira
Campina Grande ____de outubro de 2014
Professores David Luiz e Elane
Nome _________________________________________________________
233
APEcircNDICE X ndash ATIVIDADE BALEADA GEOGRAacuteFICA
Universidade Federal da Paraiacuteba
Centro de Ciecircncias Exatas e da Natureza
Programa de Poacutes- graduaccedilatildeo em Geografia ndash mestrado
Pesquisador David Luiz
Escola Municipal Luacutecia de Faacutetima Gayoso Meira
Campina Grande data___________________________________
Disciplina Geografia Turma 5ordm ano
Prof _________________________________________________
Nome________________________________________________
ATIVIDADE
Observe a foto e responda
1 Em qual dos grupos (Norte Sul Leste ou Oeste) vocecirc estava presente no dia desta
brincadeira Caso natildeo tenha participado indique um grupo que vocecirc gostaria de
participar
_______________________________________________________
2 Observe o mapa da baleada geograacutefica e responda
L
O
S N
234
A Em qual sentido a bola se direciona
_______________________________________________________
B Indique as trecircs proacuteximas direccedilotildees que a bola deveraacute tomar
1_____________________________________________________
2_____________________________________________________
3_____________________________________________________
3 Eacute um final de tarde vocecirc estaacute na rua de sua casa e natildeo tem uma buacutessola nem
tampouco um mapa como vocecirc poderia indicar os pontos cardeais (Norte Sul Leste e
Oeste) Explique
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
235
APEcircNDICE XI ndash MAPA MUDO DAS ARENAS E ESTAacuteDIOS DE FUTEBOL
Universidade Federal da Paraiacuteba
Centro de Ciecircncias Exatas e da Natureza
Programa de Poacutes- graduaccedilatildeo em Geografia ndash mestrado
Pesquisador David Luiz
Escola Municipal Luacutecia de Faacutetima Gayoso Meira
Campina Grande data___________________________________
Disciplina Geografia Turma 5ordm ano
Prof _________________________________________________
Nome________________________________________________
ATIVIDADE
Observe os mapas
Mapa 1 Estaacutedios da copa do mundo ndash Brasil 2014
Mapa 2 Capitais brasileiras onde se localizam os estaacutedios brasileiros
236
1 Quais destes estaacutedios ficam na regiatildeo Nordeste
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
2 Quais destes estaacutedios ficam na regiatildeo Centro-Oeste
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
3 Leia o texto abaixo
NEYMAR VENCE CAMAROtildeES COM GOL 100 E BRASIL PEGARAacute CHILE NAS
OITAVAS
Atacante compensa atuaccedilatildeo irregular da Seleccedilatildeo vira artilheiro da Copa vecirc fim do jejum de
Fred brilho de Fernandinho e desenha caminho do hexa
Neymar Mecacircnico Carrossel do Neymar Neymaacutequina Tiki-Neymar-Taka Haacute times que
entraram para a histoacuteria por seus estilos de jogo Essa Seleccedilatildeo poderaacute entrar para a histoacuteria por ter
Neymar Ateacute onde o Brasil chegaraacute na Copa do Mundo Ateacute onde Neymar permitir E daqui para
frente contra adversaacuterios mais poderosos exigir que o garoto leve um paiacutes nas costas eacute demais ateacute
para sua genialidade
Diante de Camarotildees e um puacuteblico de 69112 no Estaacutedio Nacional Maneacute Garrincha em Brasiacutelia
Neymar foi suficiente Ele venceu os africanos por 4 a 1 Sozinho Natildeo Luiz Gustavo se fez
gigante Felipatildeo ajudou muito ao trocar Paulinho por Fernandinho Fred voltou a marcar Mas na
hora da dificuldade do sofrimento foi o menino das mechas louras quem resolveu
Fonte Disponiacutevel em lt httpgloboesporteglobocomfutebolcopa-do-mundo gt Acesso em 01 11 15
2014 Eacute ANO DE COPA DO MUNDO DE FUTEBOL NO BRASIL
Brasiacutelia eacute uma cidade planejada localizada na regiatildeo Centro-Oeste do paiacutes que foi construiacuteda
para ser a Capital do Brasil O plano urbaniacutestico da capital conhecido como ldquoPlano Pilotordquo
foi elaborado pelo urbanista Luacutecio Costa Oscar Niemeyer foi o arquiteto
237
Considerada Patrimocircnio Mundial pela UNESCO devido ao seu conjunto arquitetocircnico e
urbaniacutestico
Com um veratildeo uacutemido e chuvoso e um inverno seco e relativamente frio com temperatura
meacutedia anual de 21ordmC
Brasiacutelia estaacute dentro do bioma Cerrado
Falando em futebol Os principais times satildeo o Brasiliense Futebol Clube e Sociedade
Esportiva do Gama
Brasiacutelia seraacute a sede que realizaraacute o jogo de Abertura da Copa de 2014
Fonte Disponiacutevel em lt httpamigasviajantescom20140313sedes-da-copa-2014braslia gt Acesso em 01
11 15
Vocecirc foi convidado por um amigo para assistir trecircs partidas de futebol em estaacutedios da regiatildeo
Nordeste e Centro-Oeste Construa um mapa com as informaccedilotildees desta viagem a partir da
silhueta do Brasil
ESTAacuteDIOS BRASILEIROS VISITADOS
238
Nome_________________________________________________________________
LEGENDA
239
ANEXOS
240
ANEXO I ndash FICHA DE ACOMPANHAMENTO DA ESCOLA MUNICIPAL LUacuteCIA
DE FAacuteTIMA GAYOSO MEIRA
Escola Municipal Luacutecia de Faacutetima Gayoso Meira
Endereccedilo
Aluno (a)______________________________________________________________
Ciclo__________________________Turno__________Semestre____________2014
Ficha de acompanhamento
Sim Natildeo Em desenvolvimento
Assiduidade e pontualidade
Interesse pelo estudo
Participaccedilatildeo nas aulas
Responsabilidade com o material escolar
Realizaccedilatildeo das tarefas de casa e classe
Expressatildeo oral
Expressatildeo escrita
Leitura
Comportamento na escola
Organizaccedilatildeo
Relacionamento com os colegas e Adultos
Respeito as regras e normas da escola
______________________________________________________________________
Assinatura do responsaacutevel
241
ANEXO II ndash TERMO DE CONSENTIMENTO
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAIBA
CENTRO DE CIEcircNCIAS EXATAS E DA NATUREZA
PROGRAMA DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO EM GEOGRAFIA
TERMO DE CONSENTIMENTO
O respeito agrave dignidade humana exige que toda pesquisa se processe apoacutes consentimento livre
e esclarecido dos sujeitos indiviacuteduos ou grupos que por si eou seus representantes legais
manifestem a sua concordacircncia agrave participaccedilatildeo Exige-se que o esclarecimento se faccedila em
linguagem acessiacutevel e que inclua os seguintes aspectos justificativa objetivos procedimentos
que seratildeo utilizados na pesquisa desconforto e riscos possiacuteveis que seratildeo utilizados na
pesquisa garantia de esclarecimentos ates e durante o curso da pesquisa sobre a
metodologia liberdade do sujeito em recusar-se a participar ou retirar seu consentimento em
qualquer fase da pesquisa sem penalidade alguma e sem prejuiacutezo ao seu cuidado garantia do
sigilo que assegure a privacidade dos sujeitos quanto aos dados confidenciais envolvidos na
pesquisa
CONSENTIMENTO DA PARTICIPACcedilAtildeO DA PESSOA COMO SUJEITO DA
PESQUISA
Vocecirc estaacute sendo convidado (a) para participar como voluntaacuterio em uma pesquisa Apoacutes ser
esclarecido (a) sobre as informaccedilotildees no caso de aceitar fazer parte do estudo assine ao final
deste documento que estaacute em duas vias Uma delas eacute sua e a outra eacute do pesquisador
responsaacutevel Em caso de recusa vocecirc natildeo seraacute penalizado de forma alguma
Eu__________________________________________________________RGnordm
____________________ CPF nordm_____________________concordo em participar do estudo
ldquoMapas mentais para o ensino de Geografia praacuteticas e reflexotildees em uma escola de
Campina Grande ndash PBrdquo como sujeito Fui devidamente informado e esclarecido pelo
pesquisador David Luiz Rodrigues de Almeida sobre a pesquisa os procedimentos nela
envolvidos assim como os possiacuteveis riscos e benefiacutecios decorrentes de minha participaccedilatildeo
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Local e data___________________________________________________________
Nome da Escola_______________________________________________________
Assinatura do participante_______________________________________________
Assinatura do pesquisador_______________________________________________