dados internacionais de catalogação na publicação (cip) (câmara
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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
CARVALHO, Nilson Cardoso de, 1944-2001
Cronologia Indaiatubana / Nilson Cardoso de Carvalho. Indaiatuba, SP: Fundação Pró-Memória de
Indaiatuba, 2009.
ISBN xxxxxxxxxxxx
1.Indaiatuba-História.
2. História de Itu e região.
CDD - xxxxxxxxxxxx
Organização dos originais e edição
Adriana Carvalho Koyama
Celso do Lago Paiva
Revisão
Adriana Carvalho Koyama
Antônio Reginaldo Geiss
Imagens
Acervo do Arquivo Público Municipal - Fundação Pró-Memória de Indaiatuba
Capa: foto aérea do Instituto Geográfico e Cartográfico de São Paulo, 1939/1940
Todos os direitos desta edição reservados à
Fundação Pró-Memória de Indaiatuba
Indaiatuba - SP - Brasil
www.promemoria.indaiatuba.sp.gov.br
Cronologia Indaiatubana
Nilson Cardoso de Carvalho
Fundação Pró-Memória de Indaiatuba2009
ApresentaçãoMarcelo Alves Cerdan
Nilson Cardoso de Carvalho, autor dessa respeitável obra, dedicou os dez últimos anos de sua vida à árdua tarefa de coletar referências
históricas da cidade de Indaiatuba em vários arquivos da região e da Capital. Dessas pesquisas resultaram alguns frutos, dentre eles: a
Coleção de Documentos Nilson Cardoso de Carvalho, cuja guarda foi recentemente transferida à Fundação Pró-Memória de Indaiatuba,
o livro A Paróquia de Nossa Senhora da Candelária de Indaiatuba 1832-2000 e também a presente obra intitulada Cronologia Indaiatubana,
que tenho a honra de ora apresentar.
Como historiador compreendo bem o significado da publicação da cronologia de uma cidade para a pesquisa histórica. É muito
oportuna a publicação da cronologia de uma cidade que, dado ao processo sócio-cultural, presenciou mudanças drásticas em seu cotidiano
num curto intervalo de tempo, em especial na segunda metade do século XX. Tenho certeza que, além do auxílio aos pesquisadores,
estudiosos e amantes da memória, esta cronologia tem o potencial despertar novos interessados na história da cidade de Indaiatuba.
A publicação desta obra é um precioso presente para Indaiatuba e, de outra parte, uma singela homenagem da Fundação Pró-
Memória de Indaiatuba ao estudioso Nilson Cardoso de Carvalho, um de seus idealizadores, que lutou não só para preservar a memória de
nossa cidade, como também para resgatá-la onde for que estivesse.
A data para o lançamento não poderia ser mais oportuna, pois neste ano, em fevereiro, a Fundação Pró-Memória de Indaiatuba
alcança seus quinze anos de atividades, exercidas em prol da preservação, do resgate e da divulgação da memória indaiatubana.
Com a Cronologia Indaiatubana, Nilson Cardoso de Carvalho nos convida a quase três séculos de fatos presentes na história de
Indaiatuba, nos dando notícias de que, em 1846, em "vinte seis de março: Dom Pedro II, vindo de Itu em direção a Campinas, passa por
Indaiatuba" e de que no ano de 1899, uma epidemia de febre amarela ocorreu na cidade.
Nesta obra, podemos ter acesso, de forma fácil e direta, à informação de que Indaiatuba teve seu primeiro automóvel em 1913,
extraída do jornal Tribuna de Indaiá de 18 de outubro de 1959. Segundo consta, o automóvel era de fabricação européia, de cor vermelho
vivo, pertencente a um dentista chamado Odilon e que "coisa difícil era fazer funcionar o motor. Tinha que arranjar uma turma de criança
para empurrar o carro pela rua da Palha". A Cronologia nos relata que, já em 1939, tinhamos na cidade: "número de veículos. Automóvel
40; caminhões 25; bicicletas 22; jardineiras 2; carroças e troles 286".
Os exemplos acima são só uma pequena mostra do que o leitor poderá encontrar nesta valiosíssima obra que nos legou o brilhante
pesquisador Nilson Cardoso de Carvalho.
Em nome da Fundação Pró-Memória de Indaiatuba, os nossos sinceros agradecimentos a Nilson Cardoso de Carvalho, pelo empenho
e pioneirismo no resgate e sistematização dos fragmentos da memória de Indaiatuba, e a sua filha, Adriana Carvalho Koyama, por nos ter
confiado a missão de participar de algo tão importante.
Marcelo Alves Cerdan
Superintendente da Fundação
Pró-Memória de Indaiatuba
REGISTROS DE POVOADORES
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12001200120012001200Povos de cultura tupi-guaraniO antropólogo Professor Desidério Aytai da Universidade Católica de Campinas e a Doutora Nobue Myazaki (1974), pesquisadora do
Instituto de Pré-história da USP, em escavações realizadas em 1972 no sítio arqueológico denominado Tapajós, com mais de um quilômetro
de comprimento, situado do lado esquerdo do rio Capivari-Mirim, região próxima de Indaiatuba, encontraram numerosos cacos de
cerâmica, urnas e outros objetos com características tupi-guarani com idade de 800 anos determinada pelo método da termo-luminescência.
O engenheiro José Luiz Bicudo do Valle, colecionador de antiguidades e conservacionista, cujos ancestrais se fixaram em Indaiatuba
há mais de 200 anos, possui um machado de pedra polida de origem indígena, encontrado nos campos da fazenda Pau Preto, hoje área
urbana de Indaiatuba.
Quebra-coquinho,
Museu de Monte-Mor
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17231723172317231723Antonio Pires de Campos em ItaiciA presença de moradores nas imediações do Rio Jundiaí e de seus afluentes é bastante antiga, sendo uma das referências o sítio do
Coronel Antonio Pires de Campos, famoso bandeirante, que em 1723 alojou ali os seus índios Bororos, às margens do rio, onde hoje é a
fazenda Taipas junto ao seminário dos Jesuítas (NARDY, 1950).
Segundo Homem de Melo (1872),
A fazenda Itaici pertenceu outrora a Antonio Pires de Campos, o qual neste lugar chegou a ter de seu serviço
seiscentos bugres cativos. Receando-se
o governo português de tão grande
poder nas mãos de um só homem,
chamou-o à metrópole. Campos
assustando-se com essa medida, para
evitar os seus efeitos, internou-se pelos
sertões de Cuiabá, onde serviu de
capitão-mor de Mato Grosso. Os índios
o chamavam de Pai-pirá.
17401740174017401740BexigasEm 1740 sofre a vila ituana uma epidemia de varíola, ocasião
em que Pedro Gonçalves Meira, presidente da Câmara, em sessão
do dia 22 de junho, estabelece medidas para isolamento dos
doentes (NARDY, 1951). Este Pedro foi avô do homônimo Tenente Pedro Gonçalves Meira.
Fazenda Taipas
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17431743174317431743Nasce o Tenente Pedro Gonçalves MeiraTermo de Batismo do Livro da Paróquia de Itu:
Pedro: aos sete dias do mês de julho de 1743 anos batizei e pus os Santos óleos a Pedro, inocente filho de
Francisco Bicudo Chassin e sua mulher Ana de Godói Moreira, foram padrinhos Antonio Gomes de Escobar
casado e morador na freguesia de Nossa Senhora da Penha de Araritaguaba e Maria Pinheira de Moraes, sua
mulher, e fiz este asento.
Assinado o vigário Miguel Dias Ferreira.
Foram seus avós paternos Pedro Gonçalves Meira _ procurador da Vila de Itu em 1740, por ocasião de uma epidemia de "bexigas"_
e Maria de Godoy, com quem se casou em 1717. Esta última era filha de José de Godoy do Passo e de Faustina Aranha. Foram seus pais
Francisco Bicudo Chassim, casado em 1739 em Itu com Anna de Godoy Moreira, filha de João Gomes de Escobar e de Joanna de Godoy.
17651765176517651765Ordenanças de Itu
Censo de 1765. Lista de officiais e Soldados da Villa de Itu de que é captm Salvador Jorge Velho. Francisco
Bicudo Xacim cazado com Anna de Godoy. De idade 42 annos possue 160 mil réis. Filhos João de 16 añ Pedro de
14 añ Joachim 8 añ Joanna 23 añ Izabel de 20 añ Thereza de 20 añ Anna de 15 añ.
Salvador Jorge Velho foi capitão-mor de Itu quando era Governador da capitania de São Paulo Dom Luiz Antonio de Souza Botelho
Mourão, o Morgado de Mateus. Salvador exerceu o posto de capitão-mor (CARVALHO, em fase de elaboração). Em 1770 retirou-se para
as minas de São Pedro d'El Rei, onde faleceu em 1792. Foi substituído pelo Sargento Mor Antonio Pacheco Silva, que só foi provido no
posto de Capitão em 1792 com a morte de Salvador (NARDY, 1951).
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Pedro Gonçalves Meyra, procurador da Vila de ItuEx-procurador de Itu no tempo da epidemia de varíola de 1740, avô do Tenente homônimo, está com 71 anos de idade em 1765,
portanto nasceu em 1694. (Maços de População, Arquivo do Estado de São Paulo).
Antigos moradores de IndaiatubaNo maço de população do ano de 1765 consta que no fogo, ou seja, na casa número 320 mora Antonio Nunes de Oliveira, casado com
Maria Dominguez. Possui 200 mil réis em bens e tem os filhos Ludovico, de 22 anos, Cypriano, de 19 anos, Joaquim, de 17, Antonio de 2,
Maria de 16, Faustina de 3 e Luzia de 2 anos.
Em escritura de 1794 esta família vende terras na "paragem de Indaiatuva" para Joaquim Gonçalves Bicudo.
17661766176617661766População da vila de ItuHomens 1.397; mulheres 1.361; total 2.758 habitantes em 658 fogos.
17681768176817681768Ordenanças de Itu, Sexta Esquadra de IndaiatubaCabo: Ignacio Xavier Leme, 48 anos; soldados: José Bicudo da Costa, 36, Caetano Felis, 58, Gaspar de Anhaya, 46, Antonio Leite, 27,
Salvador Leite, 30, Gaspar Barreto, 54, José de Gois Barreto, 20, Ignacio Xavier de Passos Silveira, 19, Francisco Xavier Dias, 50, José
Gonçalves Costa, 41, Manoel da Costa, 24. (Maços de População, Arquivo do Estado de São Paulo)
17701770177017701770Oitava esquadra de SaltoCabo Vitorino de Almeyda Rego, 40 annos; Ignacio de Brito, 26, Lucas Muniz Garcia, 42, Marcos Leite de Barros, 44, Luiz Carvalho,
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64, Francisco Cabral, Miguel Lopes Castelhano, 42, João Lopes, 22, Pedro Bicudo Xassim, 20, Joaquim Bicudo Xassim, 18 (Maços de
População, Arquivo do Estado de São Paulo).
17721772177217721772CaminhosO Capitão General D.Luiz Antonio ordena ao sargento mor Antonio Pacheco da Silva abrir um caminho entre Araritaguaba e Jundiaí,
passando "por Indaiatuba" e saindo no Sitio de Manuel Vieira, empregando nesse serviço a gente das Ordenanças que for preciso (NARDY,
1951).
O Capitão-general está se referindo ao local chamado Indaiatuba existente entre Sorocaba e Porto Feliz. Augusto E. Zaluar pernoitou
aí no pouso "Indaiatuba" (ZALUAR, 1862/1952).
17731773177317731773População de ItuVila
Homens livres: 1725, mulheres livres: 2013, homens escravos: 430, mulheres escravas: 580. Total da população residente da vila: 4.748.
Sítios
Homens livres: 1830, mulheres livres: 1634, homens escravos: 1535, mulheres escravas: 993. Total de residentes nos sítios: 5.992.
Sabem ler: 2.422. Fogos na vila: 779. Nos sítios: 630. Total 1.409 fogos.
17741774177417741774Povoamento de Indaiatuba: Bairro de Jundiahi; açúcar, aguardenteEm 1774 existiam no "Bairro do Jundiahi" 48 fogos, isto é, 48 casas. Entre seus moradores, o soldado de cavalaria Manoel Alves de
Lima, que aos 33 anos possuía 6 escravos produzindo 200 arrobas de açúcar e 20 canadas de aguardente. (Maços de População, Arquivo do
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Estado de São Paulo)
17751775177517751775Joaquim Gonçalves BicudoRealiza-se o casamento de Joaquim Gonçalves Bicudo com d. Maria de Campos Penteado, filha de Manoel Frias Taveira e Maria
Garcia.
Joaquim Gonçalves Bicudo contraiu segundo matrimônio em 1786, em Itu, com d. Ana Maria de Campos, filha de Francisco Domin-
gos Pacheco; pode ser este ituano considerado como um dos primeiros povoadores de Indaiatuba, de cuja capela foi seu protetor; em
terras de Indaiatuba abriu sua lavoura de cana, sendo o primeiro que na capitania de S. Paulo construiu engenho com cilindros horizontais;
este povoador é tronco da família Bicudo (NARDY, 1951).
17761776177617761776Casamento de Pedro Gonçalves MeiraEm 1776 realiza-se o casamento de Pedro Gonçalves Meira com d. Ana de Campos Penteado, irmã de sua cunhada (esposa de
Joaquim Gonçalves Bicudo, seu irmão); residiu Pedro Meira algum tempo em Campinas, transferindo-se depois para Indaiatuba, onde teve
suas lavouras.
Passou depois a residir em Itu, sua terra natal, e aí desempenhou diversos cargos honrosos; viajou pelo sertão, tendo estado em Mato
Grosso; era versado na língua indígena (língua geral) e conhecedor das virtudes medicinais de grande número de plantas do país, segundo
Nardy (1951).
Ainda segundo o autor, Pedro faleceu em Itu em 1814. Aparentemente, há um engano na data: o correto é dezembro de 1813.
Pedro Gonçalves Meyra foi, como seu irmão Joaquim Gonçalves Bicudo, um dos primeiros povoadores de Indaiatuba. (NARDY,
1951).
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Engenhos em ItuEm 1776 Itu tem 26 engenhos de açúcar e aguardente (NARDY, 1950).
17851785178517851785Engenhos de ItuEm 1785 Itu tem 69 engenhos. Aumentou uma média de quase cinco novos engenhos por ano desde 1776.
17881788178817881788Posse de Bernardo José de Lorena como capitão-general da Capitania de São PauloSua remoção se dará em junho de 1797. Fica, portanto, no cargo, durante nove anos.
Em São Paulo atuou no calçamento das ruas, no aterro do Carmo, construiu a casa do Conselho e a nova Cadeia, na exploração do
Ygurey em Mato Grosso, na Estrada do Lorena, no Aterrado do Cubatão.
17911791179117911791Rybeirão IndayatubaEm 1791 Pedro Gonçalves Meyra comprou uma sorte de terras, que divisavam de um lado com sua própria fazenda e de outro com
terras devolutas, confinando junto ao "Rybeirão chamado Indayatuba", conforme traslado, autenticado, de escritura passada no Cartório da
Vila de Itu em 03.05.1791.
17921792179217921792Caminho Itu-CampinasEm 1792 foi aberto o primeiro caminho de Campinas a Itu, então Vila de grande produção açucareira. (PUPO, 1969).
17891789178917891789
Joaquim Silvériodos Reisdenuncia aInconfidênciaMineira aovisconde deBarbacena; emVila Rica sãopresos osarticuladores daconspiração,sendoTiradentescapturado noRio de Janeiro.
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17931793179317931793Pe. Joaquim Gomes de EscobarPedro Gonçalves Meira e sua mulher D. Ana de Campos Penteado fazem doação de uma sorte de terras, localizadas na paragem
Indayatuva [sic], para a constituição do patrimônio eclesiástico do Padre Joaquim Gomes de Escobar (Arquivo da Cúria Metropolitana de São
Paulo).
17941794179417941794Paragem de IndayatuvaEm documento de 1794 já existia "a paragem de Indayatuva" , isto é, local de parada para descanso ou pouso. Este documento é importante
porque mostra também que o nome Indaiatuba já existia, ao contrário do que se diz, ou seja, que Indaiatuba tenha recebido este nome ao virar
freguesia, em 1830.
O documento de 1794 é uma escritura de compra e venda de terras passada no cartório de Itu, em que os herdeiros de Antonio Nunes
Oliveira, vendem uma sorte de terras "na paragem chamada Indayatuva no Bairro de Jundiai" para Joaquim Gonçalves Bicudo. Os
herdeiros são
Lodo Bico [sic] Manoel de Oliveira e sua mulher Maria Nogueira= Ciprianno Rodrigues Pais e sua mulher Roza
gonçalves = Antonio Nunes e Joam Nunes = e Antonio Nunes gertrudes Nogueira Luzia de oliveira e Anna de
oliveira todos filhos legitimos Erdeiros do faleçido Antonio Nunes de Oliveira e de outra como comprador
Joaquim gonçalves Bicudo todos moradores do termo desta villa.
(Arquivo do Eng. José Luiz Bicudo do Valle).
17951795179517951795Pedro Gonçalves Meira é um dos novos moradoes de Campinas"Novos moradores" é uma relação organizada por Teodoro de Souza Campos Jr. de pessoas de famílias conhecidas e conceituadas
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Canada: antigamedida decapacidade,equivalente a2,622 litros.(SIMONSEN,1944).
que mudaram-se para Campinas no final do século XVIII. Nela consta o nome de Pedro Gonçalves Meira.
17971797179717971797Homens bons de Campinas19 de outubro: "Relação dos homens bons que podem servir os Cargos da República" é uma lista feita pelo Vigário Joaquim José
Gomes para ser remetida ao governador da Capitania de S. Paulo. O nome de Pedro Gonçalves Meira está entre os "homens bons".
17981798179817981798Engenhos de CampinasTem 37 engenhos e fabrica 15.139 arrobas de açúcar e 460 canadas de aguardente.
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José da Costa: nome lendário à espera de
documentação
“INDAIATUBA – Pequena povoação situada ao Noroeste da capital, na margem esquerda [sic] do rio Jundiaí,
em território outrora pertencente ao município de Itu.
Sobre sua fundação é tradição que, pelos fins do século XIII, ou princípio do atual, um José da Costa, morador
no lugar denominado Votura, encontrou na margem do dito rio uma velha imagem da Senhora da Candelária,
edificando no lugar em que está hoje a matriz desta povoação uma pequena capela, que conservou por todo o
tempo em que viveu, fazendo reunir nas sextas feiras os moradores de ao redor, para ai orarem. ...”
Esse texto de Azevedo Marques tem trazido muita confusão aos que se dedicam ao estudo das origens de Indaiatuba porque, como o
próprio autor diz, trata-se apenas de tradição, não havendo nenhuma comprovação documental sobre esse personagem que teria construído
a primitiva capela de pau-a-pique que precedeu a matriz atual.
Em que pese a boa vontade dos pesquisadores Francisco Nardy Filho e Dr. Scyllas Leite de Sampaio em apresentar fatos que transfor-
mem o personagem, até agora apenas supositício, em verdadeiro, aquele pesquisador só produziu sobre o assunto uma crônica, narrando
a surpresa de José da Costa, que ao procurar sua vaca perdida, encontrou no leito do ribeirão Votura a imagem de N. Sra. da Candelária,
edificando no local uma capela dedicada àquela santa - crônica esta classificada pelo Dr. Scyllas como sendo apenas uma “piedosa lenda”.
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De fato a história é semelhante às existentes em várias outras localidades, para explicar a escolha do santo(a) padroeiro(a) da povoação,
conforme constatou o historiador Wanderley dos Santos, quando arquivista chefe da Cúria Metropolitana de São Paulo.
Já o Dr. Scyllas, em “Indaiatuba e sua história”, confirma com documentação que os descendentes do fundador de Itu, Domingos
Fernandes, em 1687 herdaram dele uma sesmaria localizada às margens do Burú que, começando na foz deste ribeirão no rio Tietê e
“correndo da banda de Capivari”, abrangia - provavelmente - área do atual município de Indaiatuba. Não deixa bem claro, entretanto, nem
o local onde se fixou o português José da Costa Homem, e nem se este foi realmente o José da Costa edificador da capela de cocais, pois
pela transcrição de um documento, à página 36 de seu livro, ficamos sabendo que José da Costa Homem já era falecido no ano de 1687,
não podendo portanto ser o mesmo citado por Azevedo Marques, o qual informa que José da Costa teria edificado a capela pelos fins do
setecentos ou início do oitocentos.
Por ser um ponto importante para a história de Indaiatuba, ou seja, a sua própria origem como povoado, José da Costa também me
intriga e já andei investigando sua presença em documentos. Nos anos de 1984, 1996 e 1999 pesquisei em “maços de população”,
precioso acervo documental produzido pela administração colonial portuguesa e imperial brasileira, existente no Arquivo do Estado de
São Paulo, onde pode-se acompanhar os censos populacionais anualmente, com poucas falhas, pelo espaço de quase um século. Ali estão
anotados os números das moradas (fogos) com os dados de cada habitante, mencionando nomes, idades, estado civil, ligação com o chefe
do fogo, assim como atividades e a produção anual, quando se trata de propriedade rural.
Em “Lista de oficiais e soldados e mais pessoas que pertencem a V.a de Ytu ...” ano de 1765, encontramos:
de idade 51 annos Joseph da Costa Bicudo cazado com Thomazia Alz’ possue nada // de idade 35 annos Joseph
Bicudo da Costa cazado com Izabel Borges possue nada // de idade 25 Joseph da Costa Ribeiro solteiro possue
100 mil réis // de idade 48 annos Joseph da Costa cazado com Ma. de Lima possue 500 mil réis.
No ano de 1767 o recenseador anota o nome de Maria de Lima como cabeça do fogo porque José da Costa estava nas minas de
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Cuiabá.
Em 1768 o José Bicudo da Costa [casado com Izabel] era soldado da Sexta esquadra sediada em “Indayatyba” e contava 36 anos de
idade.
Em 1796, na lista referente a Indaiatuba1 , encontramos como morador do fogo número 65, José da Costa, de idade 50 anos, sua
mulher Ana de 40 anos e 6 “ospedes” (agregados); no fogo número 58 morava Joaquim Gonçalves Bicudo, com 41 anos de idade, sua
mulher Ana Maria, com 24 anos, 6 filhos e 7 escravos; no fogo número 92 morava o tenente Pedro Gonçalves Meira, sua mulher Ana de
Campos, 6 filhos, 4 agregados e 40 escravos.
Como se vê, na segunda metade do século dezoito, época em que teria sido erigida a primitiva capela, o nome José da Costa existia na
região de Itu onde hoje situa-se Indaiatuba, fato que torna a história tradicional merecedora de mais pesquisas para se determinar qual dos
José da Costa foi o iniciador do povoado.
1 Em 1794 Ludovico Manoel de Oliveira e demais herdeiros de Antônio Nunes de Oliveira venderam para Joaquim Gonçalves Bicudo “hú Citio na
paragem chamada Indayatuva Bairro de Jundiahi” . Esta escritura, lavrada no cartório de Itu, é um importante documento, pois todos esses herdeiros foram
seguidamente recenseados nas vizinhanças de Joaquim Gonçalves Bicudo e de seu irmão Pedro Gonçalves Meira, e sua presença é um sinal seguro para
localização de Indaiatuba nas listas anuais de recenseamento, as quais nem sempre idendificam o local.
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A PARÓQUIA,A FREGUESIA
E A VILA DE INDAIATUBA
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18091809180918091809Engenhos em IndaiatubaEm 1809 no "Mapa dos habitantes da Villa de Itu" os habitantes das margens do ribeirão Indaiatuba foram arrolados junto aos
habitantes do bairro de Jundiaí (habitantes das margens do Rio Jundiaí). Esta parte do território de Itu estava subordinada à 4a. Companhia
de Ordenanças da Vila, comandada pelo Capitão Manoel Pinto Ferraz.
O documento fornece dados interessantes sobre esses lugares que, 20 anos depois, junto com os bairros de Piraí e Mato Dentro,
viriam a constituir a freguesia de Indaiatuba.
Relaciona pelo nome, cor, idade e estado civil, cada um dos habitantes, assim como sua ocupação e condição social.
Número de fogos: 84; número de habitantes: 590; escravos: 211 (182 escravos de senhores de engenhos e 29 escravos de outros
proprietários); livres: 379 (15 agregados).
Ocupações dos chefes dos fogos: senhor ou senhora de engenho 9; vivem de suas lavouras 49; plantam mantimentos para o seu gasto
3; vivem de seu jornal 2; vivem de fiar 3; vive de fazer loiças 1; carpinteiros 2; vivem de suas tropas 2; feitor 1; vive de seus negócios 1;
ocupação não especificada 1; mendigos 3; vivem de esmolas 4.
Informa que existiam nove engenhos de açúcar que produziram 4836 arrobas de açúcar dos tipos alvo (71%), redondo (19%) e
mascavo (10%). Em quatro desses engenhos foram produzidas também 220 canadas de aguardente (586 litros).
Viviam nos engenhos 182 pessoas, de ambos o sexos e de várias idades, na condição de escravos. Destes, cerca de 43%, ou seja 78
pessoas - dados obtidos por amostragem - eram adultos masculinos, os quais, supondo serem todos aptos para o trabalho nos engenhos,
produziram as 4.836 arrobas de açúcar, média de 620 arrobas para cada 10 escravos. Estes números estão de acordo com os constatados
por Saint-Hilaire, quando esteve em Itu ao final de 1820 (SAINT-HILAIRE, 1851/1976). Enquanto em outros lugares 10 escravos
produziam 1000 arrobas de açúcar, em Itu se obtinha de 600 a 800.
Além dos 182 escravos residentes nos engenhos, havia mais 29, todos pertencentes a moradores que viviam de suas lavouras, com
exceção de 3, dos quais 2 eram escravos de um feitor e 1 pertencia a uma pessoa que vivia de seus negócios.
A presença de artesãs de fiar e fazer louças, jornaleiro, feitor, tropeiros, mendigos e negociante, indica já um aglomerado urbano em
formação.
18081808180818081808
Fugindo àstropasfrancesas, aCorteportuguesachega ao Brasile, depois depassar pelaBahia, instala-seno Rio deJaneiro.
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18111811181118111811Ouvidoria de ItuCriada a "ouvidoria" em 2 de dezembro. (NARDY, 1951).
18131813181318131813População de Itu5674 habitantes.
Paisagem rural de ItuAntes de chegar à cidade de Itu o terreno é todo cultivado e todos os campos são ornados com plantações de cana
e ao pé de cada rio encontram-se engenhos e alambiques, que são movidos por água. Os vales são cheios de gado
e satisfação e bem estar caracterizam tudo.
Descrição de Gustavo Beyer, viajante sueco que visitou Itu em março de 1813 (NARDY, 1951).
Capella de Nossa Senhora da Conceição dos CocaesEm 15 de outubro o escrivão da câmara episcopal de São Paulo registra no "Livro de Autos de Ereções e Patrimonios de Capellas" os
Auttos de Patrimônio da Capella de Nossa Senhora da Conceição dos Cocaes a favor do Tenente Pedro Gonçalvez Meira da Villa de Itu.
Na folha 205 deste livro está assentada a petição de Pedro Gonçalves Meira nestes termos:
Diz Pedro Glvz Meira do Termo da Villa de Itu d'este Bispado que elle Supplicante quer constituir Patrimônio para subsistencia de
húa capella que se propoem erigir no Bairro dos Cocaes Termo daquella Villa com a invocação de Nossa Senhora da Conceição por
authoridade do Exmo. Ordinario respectivo, em húas moradas de casas de hun lanço cada húa sitas na mencionada Villa em Beco, que vai
para as cazinhas as quaes são contigua hua a outra e ficão entre casas do Supplicante e as de Manoel Alves Lima, em cujos termos e na
18101810181018101810
Ipanema É fundado o
EstabelecimentoMontanístico de
Extração deFerro das Minas
de Sorocaba,que começa a
explorar minériode ferro em
Ipanema.
29
18151815181518151815
O Brasil éelevado acategoria deReino Unido aPortugal eAlgarves.
forma requerida
Pa. o Rmo. Sr. Dr. se sirva
admitti-lo constituir o referido Patrimonio, mandando que auttuada esta se sigam os termos do estyllo para o
effeito mencionado
E.R.Mce.
Morre Pedro GonçalvesLivro de registro de sepultamentos da Paroquia de Itú.:
Pedro Aos tres de Dezembro de mil oitocentos e treze faleceu o Tenente Pedro Gonsalves Meira de idade de
setenta e dois annos, com todos os sacramentos, casado com Anna de Campos, sepultado na Capela de Nossa
Senhora da Conceição dos Cocaes e recomendado por mim. (a) O Vigario Antonio Felis de Oliveira
(BRITO, 1957a)
18141814181418141814InventárioOs herdeiros de Luiz de Carvalho Banhos, de quem Pedro Gonçalves Meira havia comprado terras, são procurados para legalização
da compra.
O herdeiro do outro irmão, Paulo de Carvalho, já falecido nesta data, de nome João Batista de Lima e sua mulher Ifigênia Maria,
passam procuração para José Francisco de Paula e Joaquim Mello assinarem escritura de venda de uma sorte de terras "citas em o bairro
de Indayatuba termo da Villa de Itu" (Arquivo José Luiz Bicudo do Valle).
18151815181518151815População de Itu, na vila e municípioBrancos homens e mulheres: 3076; mulatos livres 621, negros livres 139, mulatos escravos 287, negros escravos 2914. Total da
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população de Itu: 7037. (NARDY,1951).
18161816181618161816Tráfico de escravos índiosO capitão-general governador Conde da Palma proíbe o tráfico de escravos índios.
18171817181718171817Prédio da Câmara de ItuDezessete de agosto: o Senado da Câmara de Itu realiza sua primeira sessão no prédio do largo da Matriz que nesse mesmo ano
adquiriu de Pedro Gonçalves Meira, do espólio ou de um herdeiro.
18181818181818181818População de Itu8906 habitantes.
Bens rústicos de ItuConstam 135 fazendas de cana, das quais 11 não possuíam engenho (Arquivo do Estado de São Paulo).
Engenhos de CampinasCampinas possui 60 engenhos e fabrica 100 mil arrobas de açúcar.
18161816181618161816
Morre, no Rio deJaneiro, D.
Maria I, mãe dopríncipe regente
D. João.
31
18191819181918191819Licença para levantar engenho
É concedida licença a João Evangelista do Amaral para levantar engenho em seu sítio do bairro do Pirai de baixo,
visto ter posses suficientes, serem essas terras próprias e não existir outro engenho em distância de meia légua do
seu sítio.
(NARDY,1951).
Capela de Indaiatuba já era curada: Capella do Santissimo Coração de Maria SantissimaCasamentos feitos por Despaxo na Capella de Indaiatuba
Fernando Paes de Barros e
Izabel de Campos Penteado
Aos vinte e dous de Abril de mil oito centos e dezanove nesta capella de Indaiatuba em minha presença e das
testemunhas por despaxo do Reverendo Parocho se receberão solemnemente por marido e mulher Fernando Pais
de Barros filho do Sargento Mor Francisco Ribeiro e sua mulher Custodia de Barros: e Izabel de Campos Pente-
ado viuva por falescimento do Alferes Antonio de Godoi e receberam a benção nupciaes, o referido he verdade
que juro aos Santos Evangelhos. O Capellam Curado Jose de Pinna e Vasconcellos, Jose de Godoi Penteado e
Baltazar de Godoi = nada mais se continha em o dito assento que me remetteu o dito Reverendo Capellam=
O Vigario Antonio Felis d' Oliveira.
Nota: Izabel de Campos Penteado era filha de Pedro Gonçalves Meira.
E também casaram-se:
Ignacio Manoel=
Jacinta de Godoi=
Aos oito de Maio de mil oito centos e dezanove nesta Capella do Santissimo Coração de Maria Santissima de
Indaiatuba por despaxo do Reverendo Vigario da Vara e licença do Reverendo Parocho se receberam solemnemente
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em minha prezença e das testemunhas abaixo assignadas Ignacio Manoel de Almeida viuvo por falescimento de
Rita barboza e Jacinta de Godoi - filha de pais incógnitos e receberão a benção. O Capellam Curado Jose de Pinna
= Baltazar Godois=Pedro Gonçalves Meira.
Nada mais tinha dito assento que me remetteu o dito Reverendo Capellam.
O Vigario Antonio Felis d' Oliveira.
[Livro 12, Batizados e Casamentos, 1819-1828, da Matriz de Itu. Casamentos em Indaiatuba e Itu, 1819-1828, fls 96 a 159, Batizados
em Indaiatuba, 1820, fls 12, Idem em Capivari.].
18201820182018201820Capela de Indaiatuba: Pe.Ignacio Francisco de MoraesEm 1820 a capela de Indaiatuba já era curada, pois em dois de setembro deste ano uma portaria do Bispado de São Paulo nomeia
capelão da capela de Indaiatuba o Padre Inácio Francisco de Moraes. (Arquivo da Cúria Metropolitana de São Paulo).
Condutores de gadoA maioria dos condutores de gado do sul para o Rio de Janeiro e outras partes do Brasil, tinha seu domicílio em Sorocaba. No "Livro
do Novo Imposto", constam 157 condutores, que em 1820 passaram pelo Registro de Sorocaba. Um dos condutores tinha seu domicílio
em Indaiatuba.(PETRONE, 1976).
Caminho de Jundiaí a PiracicabaEm 1820 foi Vergueiro incumbido de abrir o caminho de Jundiaí para Piracicaba, traçando-se então uma estrada entre Itu e o antigo
picadão para Campinas, deixando à direita o local chamado Capivari e o de Indaiatuba, e indo ter ao morro de Itupeva.
Também se construiu nesse tempo um caminho ligando Campinas e Piracicaba, sem a necessidade de se passar por Itu. (BRUNO,
1966).
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18221822182218221822População de Itu8563 habitantes.
18231823182318231823Câmara de ItuOfício da Câmara de Itu pede dispensa do serviço militar de Bento José Labre, soldado de regimento de Sertanejos, para as obras de
conserto e reedificação dos ranchos de Putrebu, Braga, Pirapitingui. Câmara: Candido Jozé da Motta, Salvador Pereira de Almeida,
Joaquim Jozé de Mello, João Leite de Sampaio Ferraz, Thomaz Joze Ferreira de Carvalho.
18241824182418241824Capela de Indaiatuba: Pe. Ignacio Francisco de MoraesPadre Ignácio ainda estava em Indaiatuba em novembro de 1824, quando pede permissão para expedir um atestado de pobreza, em
um ofício enviado ao vigário da Vara (Arquivo da Cúria Metropolitana de São Paulo).
Câmara de ItuNeste ano, a Câmara da Itu faz um “Plano para a organização do Correio que seja commum às vilas de Sorocaba Porto Feliz, São
Carlos". Camaristas: Joaquim de Almeida Sales, Bernardo Jose de Senna Motta, Joaquim Manoel Pax.o da Fonseca e Lourenço de Almeida
Leite. (Ofícios diversos de Itu, Arquivo do Estado de São Paulo).
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18261826182618261826Produção de açúcarEstanislao do Amaral Campos envia ao Porto de Santos 200 arrobas de açucar, produção de seu engenho, que era transportada por
tropas de burros numa viagem de 12 dias. Cada burro carregava 8 arrobas, quatro em cada jacá que tinha a forma quadrada. O açúcar era
acondicionado em sacos. O encarregado do transporte foi seu sobrinho Joaquim Ferreira que recebeu 72 mil reis pelo transporte, ou seja
360 reis por arroba, o que está conforme as informações de Saint Hilaire, que verificou que em Campinas nesta época se pagava de 300 a
400 reis por arroba de açúcar transportada para o Porto de Santos ([“Caderno de asentar tudo” de Estanislao do Amaral Campos, documento
do acervo Nilson C.Carvalho; SAINT-HILAIRE, 1851/1976).
18281828182818281828Composição das CâmarasLei de 01.10.1828 muda a composição das câmaras. As câmaras das CIDADES passaram a contar com 9 vereadores com exercício de
4 anos. As câmaras das VILAS passaram a ter 7 vereadores dos quais o mais votado é o presidente, com exercício de 4 anos. Antes, no
Brasil Colônia eram compostas por 2 juizes ordinários, 3 vereadores e 1 procurador. O exercício era de 1 ano.
18291829182918291829Índios em IndaiatubaJosé de Campos Pacheco, juiz de paz de Indaiatuba, responsável pela manutenção da ordem no pequeno povoado manda prender
"um índio [que] estando bebado deu umas pancadas em outro que tão bem estava na mesma forma". Fez lavrar um termo de bom viver
com "cuminasão" [?] de pena e comunicou o fato ao vice-presidente da Província.
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18301830183018301830Padre Ignácio Francisco de Moraes ainda era o capelão da capela curada de IndaiatubaO Padre Ignacio Francisco de Moraes ainda é o capelão curado da Capela de Indaiatuba, conforme se se vê por este assento do Padre
Pedro Dias Paes Leme:
Aos dezaseis dias de Fevereiro de mil oitocentos e trinta na Matriz desta Freguezia de Indaiatuba quando Capella
Curada com licença do Reverendo Joaquim José Gomes então Vigario de São Carlos o Reverendo Ignacio Fran-
cisco de Morais baptizou e pos os Santos Oleos ao innocente Jose nascido a dez de Janeiro do mesmo anno filho
legitimo de Felis de Almeida Leite e de sua mulher Anna Mathildes. Forão padrinhos João de Arruda Penteado e
Dona Leonor de Almeida Leite freguez de São Carlos e os outros freguezes desta Freguezia. O Vgro Pedro Dias
Paes Leme.
(Arquivo da Cúria Metropolitana de Campinas).
Freguesia de IndaiatubaA área de abrangência da capela curada de Indaiatuba (Cocais) transforma-se em distrito, isto é fica criada uma nova unidade adminis-
trativa na Vila de Itu agrupando os bairros de Pirai, Jundiaí (isto é,"Bairro do Rio Jundiahi", atual Itaici) e Mato Dentro, tendo Indaiatuba
como sede da nova freguesia. O ato que a instituiu é um decreto imperial de 9 de dezembro de 1830, atendendo a uma resolução do
Conselho Geral da Província de São Paulo.
Com o mesmo decreto, além de Indaiatuba, criaram-se freguesias onde existiam também "capelas curadas", nas atuais cidades de
Cabreuva, Rio Claro, Tatui, Itatiba, Silveiras e Hyporanga.
18311831183118311831População de Itu
Bento Paes de Barros, capitão mor de Itu, mandou proceder ao recenseamento da Vila.
Total da população 8693. População livre 4093, escrava 4600.
18311831183118311831
O congressoaprova propostade criação daGuardaNacional. D.Pedro I abdica; aCâmara e oSenado formama Regência Trina.
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População livre: homens 2011, brancos 1306, mulatos 601, pretos 104.
Mulheres livres 2.082, brancas 1.629, mulatas 394 e pretas 59.
Profissões: militares 116, padres 6, frades 19, agricultores 467, negociantes72, artistas 47, jornaleiros 157 e vadios 31 (NARDY, 1950).
18321832183218321832Primeira eleiçãoSete de setembro de 1832: realiza-se a primeira eleição na Freguesia para se eleger os juizes de Paz que iriam governar o distrito num
período de quatro anos. Quatro juizes, cada um com mandato de um ano. Feita a apuração foram eleitos: Estanislao do Amaral Campos
(48 votos), Alferes Lourenço de Almeida Prado (39 votos), Alferes Antonio Galvão de França (24 votos), Francisco Pinto Leite (17 votos).
18331833183318331833Cartório de NotasO primeiro livro do Cartório de notas do Juizo de Paz da Freguesia de Indaiatuba tem seu termo de abertura assentado em 22 de
janeiro de 1833. Apresenta em sua abertura o texto seguinte:
Tem de servir este livro para notas do Escrivão do Juiso de Pas da Freguesia de Indayatuba e vai para isso
rubricado com a minha rubrica que hé Campos e numerado em conformidade a Lei. Itu 22 de Janeiro de 1833 -
Manoel de Campos Penteado e Mello veador da Camara Municipal desta Villa.
A primeira escritura é de "aprovação de venda" em 4 de março de 1833.
Jurados de IndaiatubaSegundo Nardy (1930),
Extintas as antigas ouvidorias em virtude da Lei que criou o Código do Processo Criminal, foi em 1833 para a
comarca de Itu nomeado Juiz de Direito o Dr. Fernando Pacheco Jordão. A 25 de abril desse mesmo ano de 1833
toma o Dr. Fernando Pacheco posse do cargo, comunicando a Camara Municipal. Em sessão de 26 desse mesmo
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mês a Câmara tomando conhecimento da posse desse magistrado e de acordo com as instruções do Código do
Processo e das determinações que recebera do governo Provincial, trata de organizar as listas dos jurados das
vilas e freguesias da comarca; e, como a Freguesia de Indaiatuba estivesse sem pároco e devesse essa autoridade
de tomar parte na junta de alistamento dos jurados dessa Freguesia, oficia a Câmara ao Sr. Bispo Diocesano
pedindo a nomeação de um pároco para essa Freguesia, ou ordenasse ao Vigário da Vila de Itu comissionar para
esse fim algum sacerdote ai residente.
Divisas da Freguesia de Indaiatuba: desacordo entre as vilas de São Carlos e Campinas.Criada a Freguesia de Indaiatuba a 9 de dezembro de 1830, a Câmara da vila de Itu demarcou as suas divisas estabelecendo que o limite
com a vila de São Carlos (Campinas) seria a estrada da vila da Constituição (Piracicaba) a Jundiaí, o que faria entrar o território da vila de
Itu duas léguas e meia nos terrenos de São Carlos. A Câmara de São Carlos não aprovou esta divisa alegando que a mesma ficaria longe da
sede da vila de Itu seis léguas e meia, o que ocasionaria muitos incômodos aos moradores em procurar recursos ordinários em Itu. Propôs
que a divisa fosse o rio Capivari-mirim. Tratando do assunto em 20-9-1832, o Conselho da Presidência da Província de São Paulo determi-
nou que ambas as Câmaras nomeassem representantes para estabelecerem os limites que julgassem convenientes. As comissões foram
nomeadas e como não houve entendimento o Conselho, em reunião de 29 de outubro de 1833, estabeleceu que a divisa seria pelo rio
Capivari-mirim.
18351835183518351835Matriz
O orago desta Paroquia é Nossa Senhora da Candelária: e foi creada Freguesia por Decreto de 9 de Dezembro de
1830, e foi em maior parte desmembrada da Villa de Itú em pequena parte de Sam Carlos, e ainda menor de
Jundiahy. Foi primeiramente capella sem ser curada, ao depois passou a ser curada, e depois deixou de ser curada,
os tempos em que estas alternativas tiveram o lugar não achei documento, nem pessoa que me pudesse informar,
contudo haverá mais ou menos 23 annos. Nesta paroquia existe só a Igreja Matriz, que se esta agora fazendo, no
18341834183418341834
Ato adicional àConstituição de1824: Entre outrasinovações,estabelece acriação dasAssembléiaslegislativasProvinciais, emsubstituição aosConselhosProvinciais, einstitui aRegência Una .
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mesmo lugar da capella antiga
Padre Pedro Dias Paes Leme.
(Padre Pedro Dias Paes Leme - Livro Tombo da Matriz, 1832-1876).
CensoPopulação da nova Freguesia:
...a Freguesia situada na estrada que segue de Itú a S. Carlos comprehende quatro Bairros a saber= Freguesia =
Mato Dentro = Jundiahy e = Pirahy. O Bairro da Freguesia contém 142 habitantes = Mato Dentro= 454 =
Jundiahy 625 = e Pirahy 805. Total = 2.026 habitantes em toda a Paroquia.
(Padre Pedro Dias Paes Leme - Livro Tombo da Matriz, 1832-1876).
18361836183618361836Testamento de Joaquim Gonçalves BicudoNo dia 10 de novembro de 1836 o Padre Pedro Dias Paes Leme, pároco de Indaiatuba, toma nota e assina as declarações de últimas
vontades, ou testamento, de Joaquim Gonçalves Bicudo. Esse documento esteve nas mãos do historiador Nardy Filho, que transcreve um
pequeno trecho dele, em artigo publicado na imprensa da Capital, onde diz que Joaquim Gonçalves Bicudo foi o fundador da Freguesia de
Indaiatuba
(Jornal pertencente ao Arquivo de José Luiz Bicudo do Valle).
Engenhos de CampinasCampinas tem 93 engenhos e fabrica 158.447 arrobas de açúcar, um terço da produção da Província, e já ultrapassou a produção de
Itu. Ano do apogeu desta cultura em Campinas.
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Map-1835.tif
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18371837183718371837Estanislao do Amaral CamposÉ eleito vereador da câmara de Itu para a legislatura 1837-1840
Escrava alforriadaA escrava Catarina recebe carta de libertação deixada em testamento por sua proprietária Gertrudes Maria Jacinto. A carta é assinada
pelo Padre Pedro Dias Paes Leme.
Pela prezente por mim feita e assignada como Testamenteiro da falecida Dona Gertrudes Maria Jacinto declaro
que em cumprimento averba testamentaria da dita falecida em que deixa forra sua escrava Catharina, por tanto
pode a mesma desde hoje em diante pode gozar livremente da liberdade que foi conferida por sua Senhora sem
mais onus algum na forma que já tem gozado desde que apareceo o testamento. Indaiatuba primeiro de dezembro
de mil oitocentos e trinta e seis.
O Vigário Pedro Dias Paes Leme.
18381838183818381838Estrada Itú-São PauloConsta no Relatório de Gavião Peixoto, presidente da Província de São Paulo, de1838: "Acha-se em andamento e confiada à inspeção
do prefeito de Itu a estrada que do respectivo município vem à mesma capital".
Sepultamento nas igrejasA Câmara de Itu aprova lei proibindo o "enterramento de corpos dentro do recinto dos templos". O vigário ou outra pessoa que tenha
as chaves do templo bem como a pessoa que por parte do defunto cuidar de seu enterro pagará a multa cada um de vinte mil reis.
(NARDY, 1951). Até então as pessoas importantes eram sepultadas dentro e os demais nos páteos em frente das igrejas.
Averbar:Declarar,
portanto "emcumprimento
averba" significaem cumprimento
à declaraçãotestamentária
da falecida.
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18391839183918391839Cemitério em Indaiatuba21 de outubro: Dom Manoel Joaquim Gonçalves, bispo de São Paulo, concede ao Rdo. Vig. da Igreja da Freguesia de Indaiatuba
faculdade para benzer um cemitério.
Trata-se do cemitério de São Benedito construído 100 braças (220 m) ao norte da Matriz.
O pastor norte americano Daniel P. Kidder passa por IndaiatubaNas palavras de Kidder,
Continuando nossa viagem, deixamos Campinas por um caminho que, em diversos lugares, apresentava aspectos
bastante singulares. Pela ação combinada do tráfego e das grandes chuvas, tão comuns nessa latitude, o leito da
estrada havia de tal forma corroído, que em alguns lugares apresentava depressões de 10 a 20 pés de profundidade
(de 3 a 6 metros). A passagem era tão estreita que dificilmente dava para dois animais, lado a lado. O solo da região
era bastante rico, deixando ver em certos lugares, profunda marga preta. O primeiro núcleo por que passamos
chamava-se Bairro da Boa Esperança. Sua aparência não era de molde a despertar entusiasmo. Algumas casinholas
mal tratadas e uns habitantes em iguais condições, eram tudo quanto compreendia esse núcleo, paupérrimo.
Como é comum ver-se o homem retribuir com indiferença e indolência as dádivas que a providência sobre ele
esparze em profusão!'
Mais ou menos ao meio de nosso percurso daquele dia, passamos por uma freguesia denominada Indaiatuba,
nome que, provém da abundância de certa palmeira de pequeno porte e que chama indaiá. A povoação provavel-
mente não compreendia mais de quinhentos habitantes, inclusive os escravos. Paramos numa vendazinha para
descansar um pouco e dar ração aos animais. Tendo o empregado nos dito que sabia ler 'alguma cousa', demo-lhe
uma publicação que, enquanto lá estivemos, ele pareceu ler com muita atenção.
(KIDDER, 1845/1980).
As Irmandadesde São José ede São Beneditode Indaiatubasão atuantesdesde meadosdo século XIX,Como ocorre emmuitas outrasvilas brasileirasdesse período,as Irmandadesleigas daquizelam por seusmembros e ecuidam docemitério de seuSanto dedevoção. [notade AdrianaCarvalhoKoyama].
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18401840184018401840Fazenda Pau PretoEm escritura de 1840 herdeiros de Joaquim Gonçalves Bicudo vendem a Fazenda Pau Preto para o capitão José de Almeida Prado, o
Jica. (Arquivo José Luiz Bicudo do Valle).
José Vasconcelos de Almeida PradoNasce José Vasconcelos de Almeida Prado, Convencional de Itu. Com o fito de se ilustrar visitou diversos países da Europa; espirito
liberal bem antes de 88 dera liberdade a seus escravos. Faleceu em São Paulo em 1926.
No livro de classificação dos escravos para serem libertados pelo fundo de emancipação no município de Indaiatuba consta o nome
de um escravo de José de Vasconcelos de Almeida Prado, pagem, mulato, chamado Cezário, casado com mulher livre.
18411841184118411841Padre Pedro Dias Paes Leme é substituído pelo Padre Antonio da Costa RorisDatado de Itu de 9 de fevereiro de 1841 ofício do escrivão da vara para o "Senhor Vigario Encomendado da Freguezia de Indaiatuba"
demitindo-o do "Emprego de Parocho" e informando a nomeação do Reverendo Antonio Casimiro da Costa para o cargo. Na Relação
dos Vigários da Paróquia de Nossa Senhora da Candelária o Padre Antonio Casemiro da Costa Roriz foi o pároco de 25 de setembro de
1841 a 1884. No livro de paróquias da Arquidiocese de São Paulo está escrito que foi apresentado por decreto de 22 e carta imperial de 26
de setembro de 1848. Em 23 de outubro de 1884 a paróquia de Indaiatuba foi anexada à de Jundiaí.
18431843184318431843Carlos Vasconcelos de Almeida PradoNasce Carlos Vasconcelos de Almeida Prado, filho do Capitão Francisco de Almeida Prado e Anna Joaquina de Vasconcelos Noronha.
Era Irmão de José de Vasconcelos de Almeida Prado. Casou-se com Olímpia da Fonseca filha do cronista ituano Antonio Augusto da
18411841184118411841
Antecipada amaioridade de D.
Pedro II, sendocoroado
Imperador doBrasil.
18421842184218421842
Revoltas liberaiseclodem em São
Paulo e MinasGerais, senhores
de algumascidades dointerior, os
revoltosos sãoderrotados porCaxias à frente
de tropas doexército e da
GuardaNacional.
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Fonseca. Foi um dos convencionais de 73, tendo sido em seu prédio em Itu que se realizou a convenção republicana. Faleceu em Paris em
5 de março de 1914. (NARDY, 1951). Sepultado no Cemitério da consolação, na capital paulista.
Carlos de Vasconcellos de Almeida Prado tem vários escravos inscritos no livro de classificação dos escravos para serem libertados
pelo fundo de emancipação em Indaiatuba: Manoela, Magdalena, Querubina e Aprígio, todos de serviços domésticos e de cor cabra, isto
é mestiço de mulato e negro.
18451845184518451845Preparos para a visita imperialEstanislao do Amaral Campos fica encarregado pela Câmara de Itu, em sessão, de providenciar consertos na estrada de Itu a Campi-
nas, como preparação para a visita de D. Pedro II, que aconteceria no ano seguinte.
18461846184618461846D. Pedro II passa por IndaiatubaVinte e seis de março: Dom Pedro II, vindo de Itu em direção a Campinas, passa por Indaiatuba onde faz uma parada e almoça na casa
de Agostinho Rodrigues Camargo. Este casarão ao lado direito da matriz, tinha seis janelas e porta dando para o lado direito da matriz e
porta e numerosas janelas dando para a rua Candelária. Ali funcionou durante muitos anos as Escolas Reunidas e o Grupo Escolar. Foi
demolido e em seu lugar construídos os blocos de salas de aula da Escola Comercial Candelária. D. Pedro II estava então com vinte anos
de idade e casado com Thereza Christina Maria de Bourbon. A Imperatriz Theresa Christina ficou em São Paulo enquanto o Imperador
fazia as visitas pelo interior.
É bom lembrar que o Império estava se consolidando após uma série de episódios militares, reprimidos pelas forças imperiais coman-
dadas por Caxias. Essa era uma visita de apaziguamento, feita pelo Imperador, que passou por São Paulo_ onde quatro anos antes tinha
acontecido a revolução liberal_ de volta de uma prolongada viagem ao Rio Grande do Sul, onde havia terminado recentemente a revolução
armada contra o império, conhecida como Guerra dos Farrapos.
Segundo Sodré (1950),
44
As nove léguas que separam Itú de Campinas, Dom Pedro II as cavalgou fazendo apenas uma parada para
almoçar na freguesia de Indaiatuba. No ribeiro de Capivari-mirim encontra o esquadrão de cavalaria de guardas
nacionais que ali o esperavam, e a pouco mais de uma légua da cidade é recebido pelo juiz de Direito Joaquim
Fernandes da Fonseca e diversos outros figurões, em número de 280 a 300 cavaleiros. A acolhida do Imperador
em Campinas é muito carinhosa e torna-se desnecessário dar-se pormenores.
Ainda outro texto sobre a passagem do Imperador:
O Imperador visitou Salto, pedreira, etc. e retirou-se a 26 de março para Campinas, onde chegou já noite por se
demorar até ao depois do jantar em a Freguesia de Indalhatuba (sic) pertencente a Itu .
(DUTRA, s/d).
O anfitrião:
Agostinho Rodrigues Camargo, que foi dono da sesmaria do Quilombo, foi o pai de Augusto de Oliveira Camargo, fundador do
Hospital de Indaiatuba. Filho de Maria Antonia Camargo e do Capitão Agostinho Rodrigues de Almeida, Agostinho Rodrigues Camargo
recebeu o Imperador em 1846.
Sua mãe, Maria Antonia Camargo, enviuvando, casou-se com João de Almeida Prado, o primeiro João Tibiriçá Piratininga. Portanto
Agostinho Rodrigues Camargo era irmão, por parte de mãe, do segundo João Tibiriçá Piratininga.
Início da cultura do café em IndaiatubaEmbora já em 1840 a fazenda Pau-Preto tenha 200 pés de café, o primeiro fazendeiro a fazer plantação intensiva foi Antonio Galvão
de França, o qual até 1846 era o único cafeicultor em Indaiatuba. Em 1855 surgiram 4 ou 5 novos "cafelistas". (GROFF, 1963.).
18471847184718471847Eleitores na Freguesia de IndaiatubaAtendendo ao que determinava a Lei Eleitoral 387 de 19 de agosto de 1846, foram qualificados em Indaiatuba no dia 18 de janeiro de
1847, 111 eleitores. Destes eleitores 39 vivem de seu engenho, 26 de suas lavouras, 10 de sua tropa e 6 de plantar canas; ou seja: 73% dos
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eleitores são dirigentes diretos da economia da freguesia.
18481848184818481848Incêndio do prédio da Câmara de ItuDoze de janeiro: um pavoroso incêndio consome a casa da Câmara, construída por Pedro Gonçalves Meira.
18521852185218521852CadeiasA cidade de Itu não tem cadeia. Recolhe-se os presos em quartos ou casas particulares (Relatório do Presidente da Província de São Paulo,
Nabuco de Araújo, 1852. Arquivo do Estado de São Paulo).
Patrimônio da MatrizNo dia 15 de março o fabriqueiro da Matriz Joaquim Gomes Melgaço responde a uma circular do Governo da Província, informando
sobre os bens e patrimônio da Matriz em que consta como patrimônio "humas moradas de casas em Itu", cujos aluguéis renderam no ano
de 1851 mil duzentos e vinte reis. No item "Resumo de informações sobre matrizes" do relatório do presidente da Província de São Paulo,
José Thomaz Nabuco de Araújo, de 1 de maio de 1852 diz-se:
Indaiatuba tem divisas incontestadas. Confina ao norte com Campinas, a leste com Jundiaí, ao oeste com Capivari
de cima. A matriz tem de bens de rais uma casinha que vale 100 mil réis e a fábrica rende 88 mil réis. Tem um
cemitério.
Engenhos de CampinasAgora são apenas 52 engenhos, quase a metade dos existentes em 1836. O cultivo do café já está suplantando o da cana.
18511851185118511851
É estabelecida aprimeira linha devapor entre oBrasil e aInglaterra.
O visconde deMauá organiza aCompanhia deNavegação aVapor do RioAmazonas.
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18541854185418541854Primeiro núcleo suíço, origem da Colônia HelvétiaNuma verdadeira odisséia 26 famílias do cantão de Obwalden, cerca de 150 pessoas, deixaram a Suíça embarcando no porto alemão
de Hamburgo, num barco a vela com destino ao Porto de Santos. A travessia do Atlântico durou 62 dias, morrendo em alto mar 35
pessoas, sendo a maioria crianças. Desembarcaram em meados de julho de 1854 e foram instalados, em sua maioria, na fazenda Sítio
Grande, propriedade de Antonio de Queiroz Telles, no município de Jundiaí, não muito distante da então Freguesia de Indaiatuba.
Foram os pioneiros de uma experiência nova, na substituição do trabalho escravo por trabalho livre chamado contrato de parceria,
introduzido pelo Senador Nicolau de Campos Vergueiro no Brasil, como opção ao sistema escravista então vigente. No Sítio Grande se
introduzia então um novo tipo de cultura: a do café. Destas famílias, vindas em 1854, sobressaíram os Von Zuben, os Sigrist, os Wolf, os
Burch, os Jakober, os Britschgi, os Fanger e Ifanger. Estas eram as únicas famílias de suíços existentes em 1880, quando teve início uma
onda imigratória iniciada por Ana Maria Amstalden que, tendo ficado viuva de Nicolau Von Zuben, resolveu mudar-se para a Suíça, mas,
não se acostumando mais com o clima e a vida lá, regressou ao Brasil acompanhada por um grupo de mais ou menos 50 pessoas, inclusive
seu irmão, o Padre Nicolau Amstalden, o "Kaplan", isto é, o "capelão", cargo que já exercia em Sarnen e trocou pelo de capelão da colônia
suíça que então se formava e que constituiu o embrião da futura Colônia Helvétia. Isto conta o Dr. Franz Weizinger (1935).
PopulaçãoPopulação da Freguesia de Indaiatuba: 3024 habitantes (NARDY, 1951).
Engenhos em CampinasDiminuindo ainda mais. Agora são 44, que fabricam 62.290 arrobas de açúcar.
Itu: produção de açúcarEstá no Relatório da Câmara de Itu:
O principal ramo da lavoura deste município é o açúcar que pode orçar em 800.000 arrobas. [...] Alguns principi-
am a plantar café que promete mais lucros, mas ainda não produz coisa de menção. [...] O chá pode-se orçar em
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200 arrobas. (NARDY, 1951).
18551855185518551855Sexta Câmara EclesiásticaEm Itu é instalada a sede da Sexta Câmara Eclesiástica. Paróquias: Cabreúva, Capivari, Capivari de Cima (Monte-Mor), Indaiatuba,
Porto Feliz, Pirapora, Araçariguama e Santa Bárbara.
18561856185618561856Estrada Itu-São PauloConsta no Relatório do presidente Antonio Roberto D' Almeida, de1856:
Reconhecendo-se que a estrada, que segue da capital para Itu, pela mata do Paiol e freguesia de Araçariguama, é
a melhor das quatro estradas existentes, por ser a que serve para Porto Feliz, Pirapora e São João de Capivari tem
sido aplicados os meios para melhorá-la (...) ficou franco o trânsito por esta estrada a carros e tropas.
ExportaçãoAinda segundo o Relatório do presidente Antonio Roberto D' Almeida, de 1856, a Província de São Paulo exportou no ano financeiro
1853-54, 11.868,44 arrobas de café e 2.616,48 arrobas de açúcar.
Freguesia de IndaiatubaSegundo o "Almanak Administrativo, Mercantil e Industrial da Província de São Paulo" do ano de 1857, a Freguesia de Nossa Senhora
da Candelária de Indaiatuba dista 23 ½ léguas da capital da Província, tem 1666 habitantes e 3 eleitores. Pertence ao termo da Cidade de
Itu, que é o terceiro da Comarca de Sorocaba (a Província de São Paulo está dividida em 10 comarcas e 36 termos, sendo 25 com juizes
municipais formados e 11 com juizes supplentes). Vigário colado: Antonio Cazimiro da Costa Roriz. Professores de primeiras letras:
Antonio Leite de Carvalho, interino e Angela Leopoldina da Silva, interina.
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Assassinato de Feitor"Auto de Corpo de delito que manda proceder o subdelegado Jose Manoel da Fonseca Leite no cadaver de Vicente do Amaral
Campos ex officio como a diante se segue":
Aos vinte e seis dias do mes de Julho do ano de Nosso Senhor Jesus Cristo de hum mil oitocentos e concoenta e
seis nesta Freguezia de Indaiatuba termo da Cidade de Itu em casas de residencia do subdelegado Jose Manoel da
Fonseca Leite (...) sendo ahi presente o cadaver de Vicente do Amaral Campos, passou o subdelegado a nomiar
para peritos na falta de facultativos no lugar a João de Campos Bicudo e Joaquim Jose Fiuza, aos quaes lhes
deferiu o juramento dos Santos Evangelhos (...) e passando os mesmos a ezaminarem o cadaver e declararam que
axaram hum gorpe de foice da nuca the o alto da cabeça com cinco polegadas e meia de comprido, e um outro
golpe atraveçando a cabeça de uma orelha a outra com sete polegadas de comprida a profundidade não se pode
saber por estar vazando muito o miollo, perguntou mais o subdelegado se quando o dito Vicente levou as foiçadas
se poderia durar algum tempo responderam que a vista dos golpes que levou que no mesmo momento devia
espirar, nada mais diserão e nem lhes foi perguntado.
(a) João de Campos Bicudo
Joaquim Jose Fiuza
Jose Manoel da Fonseca Leite
Interrogatório do réu, Manoel, escravo de José Estanislau do Amaral, feito pelo Juiz no Tribunal do Juri, em Itu a 16 de agosto de
1856:
"Onde estava ao tempo em que se diz aconteceu o crime?
Respondeo que estava na rossada em hua sexta feira, que amanhã tem quinze dias, rossando capoeirão e tinha
ficado para traz afim de cortar uhum pao e ahi o feitor Vicente do Amaral Campos, que já o tinha castigado nesse
dia, veio sobre elle interrogado, e danozo deo lhe hua relhada, que elle rebateo com a foice ahi o feitor tomou-lhe
a foice atirou no chão e continuou a dar-lhe com o relho, e depois que deu tornou a dar-lhe a foice, e virando as
costas elle interrogado aproveitou a ocasião deo-lhe uma foiçada na cabeça que o derrubou, e quando endireitou-
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se segundou-lhe outra foiçada com a qual acabou de matar, e ahi chegou Mathias que o agarrou e amarrou-o e ao
depois chegarão os mais parceiros que estavão no mesmo serviso, rodearam-lhe e fizeram conduzir prezo para a
Casa. Perguntado se não tinha mais algum motivo que o conduziua fazer a morte alem da surra que levou?
Respondeo que nenhum motivo o levou alem do que ja disse porque descorsoara com tanta surra d'esse dia.
Perguntado se conhece as pessoas que jurarão neste processo e desde que tempo?
Respondeo que so conhece Francisco Xavier, e que os mais so conhece de vista.
Tem algum motivo particular a que atribua a queixa ou denuncia?
Respondeo que estava prezo por ter feito a morte.
Tem factos a allegar ou provas que justifiquem, ou mostrem sua innocencia?
Respondeo que o que tinha a allegar hera que as pancadas que levava herão muitas.
E nada mais respondeo."
O Réu foi condenado a galés perpétuas.
18571857185718571857Preços de terras, produtos e custos na região de ItuPreço de terras superiores, 30 réis a braça, regulares, 20 réis e ordinária 1 real. Salário de trabalhadores: $500 réis a 2$000 réis. Com
115$000 réis pode alimentar-se, vestir e pagar casa por 1 ano. Para preparar 100 braças de terreno gasta-se 100$000 réis.
100 braças de terreno produzem: 320 alqueires de milho a $800 réis o alqueire, 140 alqueires de feijão a 1$000 réis o alqueire ou 210
alqueires de arroz a 1$000 réis o alqueire. Estes dados constam em resposta a uma circular contida no relatório do presidente Pereira de
Vasconcelos, de 22.01.1857.
Freguesia de IndaiatubaSegundo o Almanak Administrativo, Mercantil, e Industrial da Provincia de São Paulo de 1858, a freguesia de Indaiauba conta com:
Vigário: Antonio Cassemiro da Costa Roriz. Juizes de paz: 1o. Dr. Antonio de Queiroz Telles, 2o. Cândido Xavier
Galés. (Pl. degalé) S.m.pl.2.Trabalhosforçadosexecutados porpresos comcorrente aospés. DicionárioAurélio.
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de Quadros Araújo, 3o. Antonio Dias Bueno, 4o. João Bueno de Camargo Graminha. Subdelegado: José Manoel
da Fonseca Leite; suplentes: 1o. Francisco de Paula Campos, 2o. Francisco Leite de Campos, 3o. Joaquim Dias
Ferraz, 4o. Manoel Galvão de França Pacheco, 5o. Francisco de Paula Almeida Prado, 6o. Antonio Galvão de
França. Eleitores: José de Sampaio Góes, João de Campos Bicudo, João Leite de Sampaio Ferraz.
18591859185918591859Vinte e quatro de março: Villa de IndaiatubaAs freguesias de Cabreúva e Indaiatuba são elevadas à categoria de Vilas. (NARDY,1951).
Cabreúva: elevação a vilaA freguesia de Cabreúva, criada por decreto de 9 de dezembro de 1830, em território outrora pertencente ao Município de Nossa
Senhora da Candelária de Itu, assim como a de Nossa Senhora da Candelária de Indaiatuba, à margem direita do rio Jundiaí e criada pelo
mesmo decreto, são elevadas à categoria de vila.(RIBEIRO, 1899).
Escola Pública de primeiras letrasSegundo o Relatório do Presidente da Província, Fernandes Torres, de 2 de fevereiro de1860: “Escola de primeiras letras do sexo
masculino da Vila de Indaiatuba: professor contratado Francisco dos Santos Toledo. Alunos: 25. Inspetor de Distrito de Instrução Pública:
João Tybiriçá Piratininga.”
Cinco de julho: eleição da primeira CâmaraRealiza-se a primeira eleição para vereadores no recém fundado município de Indaiatuba. São 167 eleitores, dos quais 30 recebem
votos, elegendo-se 7. Compõe-se de sete vereadores, sendo presidida pelo mais votado, Vicente Ferrer do Amaral. Os demais são: José
Sampaio Bueno, Francisco Xavier de Almeida, Antonio Benedito de Castro, Antonio Almeida Campos, João Leite Sampaio Ferraz e José
do Amaral Campos. O mandato é de 4 anos.
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Instalação da CâmaraNo dia 31 de julho de 1859 foi instalada a primeira Câmara de Indaiatuba, com a celebração de missa solene pelo Padre Antonio
Casemiro da Costa Roris.
18601860186018601860CorreioCriada a Agência do Correio de Indaiatuba (NARDY, 1951).
Alinhamento do terreno para câmara e cadeiaAos 14 de julho de 1860 o arruador Joaquim da Costa Roriz, irmão do Pároco, fez o alinhamento da cadeia e da casa da câmara,
tirando o alinhamento pela casa de d. Maria de Almeida Prado por "ser o edifício de mais consideração", fincando as estacas na rua Nova,
fazendo face para a rua da Palma até a rua Nossa Senhora da Candelária, quarenta braças em quadra.
Escola PúblicaSegundo o Relatório do Presidente da província, Antonio José Henriques, de 1861: "Professor da escola masculina: Pedro Antunes da
Silva. Alunos matriculados: 40."
Cadeia em ItuDe acordo com o Relatório do Presidente Fernandes Torres, de 02.02.1860,
Não existe cadeia nesta cidade, onde os presos são conservados em quartinhos, para isso destinados mais pela
vigilância dos guardas, que pela segurança que oferecem os quartinhos.
Ainda em 1860, em Itu,
Em janeiro: realiza a Câmara a sua primeira sessão no novo edifício construído no largo do Carmo, para servir de
cadeia, foro e câmara; era esse prédio de arquitetura vulgar, contando 22 janelas, fazendo frente para o largo e
fundos para a rua do Comércio; em 1901 foi esse prédio demolido. (NARDY, 1951).
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Nasce Jesuino da Fonseca LeiteNasceu em Indaiatuba, em três de novembro, filho do major José Manoel da Fonseca Leite e de dona Thereza de Almeida Prado
Fonseca.
FerroviaSantos a São PauloEstá no Relatório do Presidente da Província de São Paulo, Conselheiro Antonio José Henriques, de 1861: "A via ferrea de Santos a
esta capital foi inaugurada naquela cidade no dia 15 de maio do ano passado".
18611861186118611861Produção do MunicípioIndaiatuba tem 45 "fábricas de assucar" e produz 75 mil arrobas de açúcar e 22 mil arrobas de café.
18631863186318631863ChafarizSegundo o relato do Dr. Sevá (1939), neste ano a Câmara aprova verba para conserto do chafariz onde a população se abastecia de
água. Em 1869 foi proposto novo serviço de águas, que era a construção de uma caixa d'água na fonte existente no pasto de Francisco de
Campos Toledo, coberta de tábuas, com paredes de pedras forradas de ladrilhos.
18631863186318631863
Questão Christieprovoca o
rompimento derelações
diplomáticasentre o Brasil e
Inglaterra;chamado a
arbitrar, o reiLeopoldo I da
Bélgica dáganho de causa
ao Brasil.
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Map-1865.tif
54
18641864186418641864Escola Pública de IndaiatubaConsta no Relatório do Presidente da Província de S. Paulo sobre Indaiatuba:
Professor: Cezário Lange Adrien. Alunos matriculados: 42; freqüentam: 34. Inspetor de Instrução Pública: João
Tibiriçá Piratininga.
18651865186518651865Escola Pública de IndaiatubaRelatório do Presidente Tavares Bastos de 1866 sobre Indaiatuba: "Professor José Benedito Rodrigues; alunos matriculados: 27;
freqüentam: 23. Inspetor: Dr. Bento José Labre."
Cultura do algodão em IndaiatubaA produção do município sofreu diversificação com a introdução do plantio de algodão em larga escala, a partir de 1865. Estimulados
pelo alto preço do produto decorrente da Guerra da Secessão nos Estados Unidos, os fazendeiros substituíram suas lavouras de cana pela
de algodão, cuja produção em 1867 foi de 53 mil arrobas, enquanto a de açúcar foi de 46 mil arrobas (quase 30 mil a menos que em 1861)
e a de café 30 mil arrobas (A Gazeta do Povo , 9-12-1930; Ofícios diversos de Indaiatuba,, Arquivo Público do Estado de São Paulo; CANABRAVA,
1984).
18671867186718671867DivisasConforme publicação do Arquivo do Estado de 1915, da Divisão administrativa e Divisas Municipaes do E. de S. Paulo, em 13 de
junho de 1867 uma lei especificou que as divisas deste município de Indaiatuba com a cidade de Jundiaí, na parte que divide com o sítio do
18671867186718671867
É inaugurada aEstrada de
Ferro Santos-Jundiaí..
18641864186418641864
Forçasparaguaiasinvadem a
Província deMato Grosso,dando início à
Guerra doParaguai.
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comendador Antonio de Queirós Telles com os de José Estanislau do Amaral e Agostinho Rodrigues de Camargo, são as linhas divisórias
dos terrenos pertencentes a estes cidadãos.
Produção do município: açúcar, café e algodãoA economia agrícola neste ano baseou-se no plantio de cana de açúcar, milho, café, algodão e derivados: álcool, aguardente, açúcar,
fubá, farinha de milho, e de mandioca. (GROFF, 1963). A produção se destinava ao consumo local e à exportação em larga escala, como
ocorreu em 1867, quando se exportou 30.160 arrobas de café, 46.400 arrobas de açúcar, 53.320 arrobas de algodão, 4.630 cargueiros de
aguardente, tudo no valor de mais de 600 contos de reis. Estes dados foram retirados de um ofício da Câmara de Indaiatuba ao presidente
da Província.
A cultura da cana era básica na economia de Indaiatuba, havendo nesta época mais de 40 engenhos para a fabricação de açúcar e
aguardente, localizados às margens de córregos e ribeirões. Os engenhos maiores eram movidos a roda d'água com cilindros de ferro
fundido. A antiga cultura da cana ainda predominava sobre a do café, cem anos após serem determinados os primeiros incentivos para sua
cultura, pelo Morgado de Mateus.
Algodão: seu cultivo em Indaiatuba teve um surto marcante durante a guerra de secessão nos Estados Unidos. A exportação de 53.320
arrobas era feita, principalmente, para a Inglaterra, que não mais o recebia do sul dos Estados Unidos. Nesse período a Câmara de
Indaiatuba incentivava o cultivo do algodão, distribuindo sementes aos fazendeiros; sementes essas fornecidas pelo Governo da Província.
Segundo o Professor Jonas Soares de Sousa, "nessa época os ingleses estavam distribuindo sementes de algodão na região".
18681868186818681868Palmeira IndayáFrancisco Inácio Homem de Melo em fins de 1868 fez uma visita a São Paulo, percorrendo alguns pontos da Província. Saiu da cidade
de São Paulo no dia 16 à tarde pela linha férrea e duas horas depois chegou a Jundiaí, onde pernoitou. No dia 17 de manhã a cavalo seguiu
para Campinas percorrendo cerca de 40 km. No dia 20, deixando Campinas, pernoitou na fazenda Sete Quedas, propriedade do comendador
Joaquim Bonifácio do Amaral, na estrada para Itu.
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A 21 chegamos à villa de Indayatuba, a 24 kilometros de distancia de Campinas, e 20 kilometros de Itu. O
povoado assenta em uma vistosa planicie, cuja vegetação quase exclusiva é a palmeira Indayá. É esta uma árvore
rasteira, e produz excellente côco, de que os naturaes fazem doces, com o mesmo processo que se emprega para
o côco da Bahia. Esta planta de si só, indica esterilidade do solo; só dá em terra seca, e arêenta. O cacho dá junto
ao chão, e tem ordinariamente de trinta a quarenta frutos.
(MELO, 1872)
Fazenda Itaici de João Tibiriçá PiratiningaVindo de Campinas, após pernoitar na fazenda Sete Quedas e passar pela vila de Indaiatuba, Francisco Inácio Homem de Melo foi
pernoitar na fazenda Itaici, propriedade de João Tibiriçá Piratininga. Anota em seu diário:
A fazenda Itaici pertenceu outr'ora à Antonio Pires de Campos, o qual neste lugar chegou a ter do seu serviço
seiscentos bugres captivos. Receiando-se o governo portuguez de tão grande poder nas mãos de um só homem,
chamou-o à metropoli. Campos, assustando-se com essa medida, para evitar os seus effeitos, internou-se pelos
sertões de Cuyabá, onde serviu de capitão-mor de Matto-Grosso. Os indios o chamavam Pai-Pirá.
O Sr. Tebiriçá seguiu na Europa, durante seis anos, o curso de sciencias physicas e naturaes, com aplicação à
agricultura, e possue d'estas materias uma copiosa bibliotheca. Este notavel paulista, dotado de vocação especial
para os estudos das sciencias naturaes, possue todos os conhecimentos accessorios, necessarios ao agricultor ,
taes como a chimica a physica, a geologia, etc.
Em sua fazenda, quer na preparação da terra, quer na fabricação dos productos, aplicam-se os processos que a
sciencia aconselha, e empregam-se as machinas mais aperfeiçoadas.
O assucar e o algodão são productos da sua lavoura. Segue o systema da cultura alterna, recebendo o mesmo
terreno o algodão, a cana, e o milho, em periodos sucessivos, ou afolhamentos. O plantio da cana e do feijão faz-
se no mesmo terreno, e simultaneamente. O terreno é cuidadosamente destocado, e arado à charrua para receber
semente. Depois de cortada a terra pelo arado, passa sobre ella o rolo, depois a grade, e em seguida o rolo; e deste
modo fica o chão fôfo e adaptado ao maior desenvolvimento das raizes.
IndaiáIndaiáIndaiáIndaiáIndaiá
A palmeiraIndaiá, outroraabundante em
todas as áreasde cerrado de
São Paulo, temo nome científico
de Attaleahumilis Barb.
RoDr. E éparente próxima
das palmeirasbabaçu epiaçava.
Normalmente acaule (as folhas
parecendo surgirdo solo), podechegar a ter
estipe de maisde dois metrosde altura, como
exemplarexistente no
terreno doHospital
Augusto deOliveira
Camargo. [ Notado engenheiro
agrônomo CelsoLago Paiva]
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As roças de Algodão e as de canna estão magnificas.
O estabelecimento de fabricação do assucar está montado em grande escala. Ahi funciona a machina conhecida
pelo nome de Turbina, a qual opéra a perfeita separação do mel dos crystaes de assucar, em um movimento de mil
a mil e duzentas rotações por minuto. D'este modo, em cinco a seis minutos, fica o assucar perfeitamente expur-
gado; e exposto logo ao sol, secca promptamente. Esta machina substitue o tendal, ou todo apparelho antigo de
expurgar o assucar em fôrmas de barro: processo empirico e imperfeito, que só opéra a segregação no espaço de
quarenta dias.
(MELO, 1872).
Fazenda PimentaFrancisco Ignacio Homem de Melo, acompanhado por Dr. Américo Brasiliense Almeida Melo e por João Tibiriçá Piratininga, pernoi-
tou na fazenda Pimenta, propriedade de D. Maria Antonia de Camargo: "No dia 22 à tarde, seguimos, e fomos pousar na fazenda da
respeitavel mãi do Sr. Tebireça, em companhia e por convite d' este" (MELO, 1872).
SaltoContinuando sua viagem, anota Melo (1872):
No dia 23 cedo seguimos viagem, e às 7 horas da manhã chegamos ao Salto, à margem direita do rio Tiété. Este
pequeno povoado compõe-se de 40 à 50 casas terreas, algumas pintadas, envidraçadas, e forradas de papel. A
respectiva capella, da invocação da Senhora de Mont-serrate, foi fundada em 1695 por Antonio Vieira Tavares: é
uma igreja decente, com trez altares bem trabalhados, e está reconstruida de fresco.
Dentro da povoação, existe uma fabrica de velas de cêra.
Passa-se o rio n'este lugar sobre uma extensa e bem construida ponte de madeira. Pouco abaixo d'esta fica a
grande cachoeira, ou queda d'água, conhecida pelo nome de Salto de Itu.
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CemitérioBispo Dom Joaquim Manoel Gonçalves de Andrade concedeu ao M.to Rvmo. Vigário da Paróquia de Indaiatuba faculdade para
"benzer cemitério construído pela Irmandade do Glorioso São José" (1o. livro de Tombo da Matriz de Indaiatuba).
Estradas, cadeias e escolas na ProvínciaRelatório do Presidente da Província Borges Monteiro em 1869 diz que em 1868 foram reparadas as estradas da capital a Itú, de
Jundiai a Salto de Itu e de Campinas à Constituição pela freguesia de Santa Bárbara. Há na Província 36 cadeias e 28 casas que servem de
prisão. Existem na Província 275 escolas públicas, sendo 165 para sexo masculino e 110 para o feminino.
Estrada de Indaiatuba a JundiaíEstá no Relatório do Presidente Antonio Joaquim Rosa de 1869:
A câmara municipal de Indaiatuba representou ao Exmo. governo em 19 de maio p.p. pedindo a abertura de uma
estrada que atravessando a fazenda da Cachoeira, do Sr. José de Almeida Prado, viesse entroncar-se na estrada que
de Itu vem a Jundiai. Em fins do dito mes e ano o ex-inspetor desta repartição explorou os terrenos por onde a
Câmara queria a estrada, e deu seu parecer a respeito, dizendo entretanto que era mister levantar uma planta e
fazer o respectivo orçamento.
Escola Pública de IndaiatubaConsta no Relatório do Presidente Antonio Joaquim Rosa, de 1869:
"Inspetor de Indaiatuba: Dr. Bento José Labre. Professor: José Benedito Rodrigues".
18691869186918691869Escolas Públicas de IndaiatubaSegundo o Relatório da Secretaria Geral da Instrução Pública datado de 31 de dezembro de 1869:
Escolas Públicas de primeiras letras da vila de Indaiatuba. Sexo masculino; professor interino José Benedito
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Rodrigues. Alunos matriculados: 35; freqüentam: 30.
Pela primeira vez os relatórios dos presidentes da Província mencionam Escola de primeiras letras do sexo feminino em Indaiatuba:
Professora, definitiva (D), D. Maria das Dores de Oliveira. Alunas matriculadas: 26; freqüentam: 24. Inspetor: Dr.
Bento José Labre.
Casa da CâmaraSete de junho: adquirido o prédio para funcionamento da Câmara. Localizava-se na Rua das Flores entre a do Comércio, atual Sete de
Setembro e a da Quitanda, atual Siqueira Campos.
ChafarizEm Indaiatuba existia um chafariz onde a população se abastecia de água. Diz o Dr. Sevá (1939) que no ano de 1869 foi proposto
"novo serviço de águas", isto é, a construção de uma caixa d'água na fonte existente no pasto de Francisco de Campos Toledo, coberta de
tábuas, com paredes de pedras forradas de ladrilho.
Segundo o engenheiro agrônomo Celso Lago Paiva, estes ladrilhos são tijolos largamente empregados no século XIX nas Províncias
de São Paulo e Minas Gerais para aparelhar os terreiros de café, e, eventualmente, substituir paredes de taipa-de-mão; podiam formar arcos
sobre portas e janelas e forrar o piso de cômodos internos de edificações; tinham alguns centímetros de espessura e dimensões iguais na
largura e comprimento.
Antonio Estanislau do AmaralSete de agosto: nasce no Largo da Matriz de Indaiatuba Antonio Estanislau do Amaral, filho de José Estanislau do Amaral e Thereza
de Jesus Aguirre, neto do primeiro Juiz de Paz de Indaiatuba Estanislau do Amaral Campos. Passou a infância na Fazenda Sertão, de seus
pais; fez seus estudos no Colégio São Luiz dos Jesuítas em Itu, aperfeiçoando-os na França, onde estudou pintura. Foi amante das artes e
da natureza. Músico, deixou várias partituras; poeta , cantou em versos a natureza, os pássaros, os campos e as florestas, tratando as árvores
com especial interesse.
Tornou-se silvicultor renomado, sendo notável o seu Horto Itatuba, na fazenda Capim Fino de sua propriedade. Visitado por especi-
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alistas e admiradores deste empreendimento, ou seja, do trabalho de semear uma grande área de terras, de mais de vinte alqueires, com
sementes de árvores nativas brasileiras e deixá-las crescer naturalmente, apenasformando uma imensa floresta, registrando seu desenvol-
vimento em um livro especial; formando uma imensa floresta.
Esse projeto tem hoje mais de cem anos e lá estão as árvores plantadas por Antonio do Amaral Campos, Estanislau do Amaral, que se
correspondia na área de silvicultura com as Universidades de Paris e da Califórnia. Em 1935, a pedido da Prefeitura Municipal de São
Paulo, colaborou no projeto de arborização do Parque Ibirapuera.
Faleceu em 8 de setembro de 1938. Apesar de as prefeituras de São Paulo e Indaiatuba terem-no homenageado dando seu nome,
àquela a uma escola municipal, e esta a uma via pública,pública no caminho de Itaici, a obra de Antonio Estanislau do Amaral é pouco
conhecida, não se fazendo jus a esta figura, um dos primeiros ecologistas de que se tem notícias no Brasil.
18701870187018701870Estrada de São Paulo a Itu perde importânciaReferindo-se a essa estrada o presidente da Província, Antonio Cândido da Rocha, diz em seu Relatório de 1870: "Esta estrada apezar
de hoje não ter a importância de outrora...". No relatório são mencionados melhoramentos nas estradas de Itu a Jundiaí e de Jundiaí a
Indaiatuba.
Ferrovias na ProvínciaAinda no relatório desse ano do Presidente Antonio Cândido da Rocha, há uma descrição pormenorizada do andamento das constru-
ções das ferrovias Paulista, Ituana e Sorocabana.
Livro do cartório de Notas: primeiro nome italianoO primeiro nome italiano aparece nos livros do Cartório de Notas de Indaiatuba: Francesco Schettino, naturalizado brasileiro.
Cadeia de ItuFinalmente Itu tem seu prédio para abrigar Câmara e Cadeia, sem o qual permaneceu desde 1848, quando pegou fogo no edifício
61
comprado de Pedro Gonçalves Meira em 1817. Está no Relatório do Presidente Antonio José da Costa Pinto Silva, de 1871:
A cadeia desta cidade é um edifício novo e espaçoso. No pavimento superior tem os necessarios cômodos para a
Câmara, o juri e audiências.
Há uma contradição entre este documento e a Cronologia Ituana. Nardy (1951) escreve:
1860 - janeiro - Realiza a Câmara a sua primeira sessão no novo edifício construido no largo do Carmo para servir
de cadeia, foro e câmara; era esse prédio de arquitetura vulgar, contando 22 janelas à roda , fazendo frente para o
largo e fundos para a rua do Comércio; em 1901 foi esse prédio demolido.
Deve ter havido troca de datas: 1870 foi trocado para 1860.
Doze de outubro: Professor PúblicoSegundo o Dr. Scyllas Leite de Sampaio (1998) está nas Atas da Câmara Municipal de Indaiatuba:
Manoel Fermino Barbosa apresentou à Câmara seu título de Professor Público de primeiras letras desta Villa na
qual o Sr. Presidente passou o visto.
Escola Pública de IndaiatubaConsta no Relatório do Presidente da Província sobre Indaiatuba:
Professor interino: Manoel Firmino Barbosa. Alunos matriculados: 24; freqüentam: 24. Professora D. Maria das
Dores Oliveira. Alunas matriculadas: 19; freqüentam: 17.
EstradasDe acordo com o Relatório de 1871, é inspetor da estrada de Jundiaí a Indaiatuba Joaquim Augusto Certin. Estradas consertadas:
Jundiaí a Itu e Capital a Jundiaí.
62
18711871187118711871EstradaSalto de Itu a Capivari recebe conserto nesse ano (Relatório do Presidente da Província de São Paulo, 1872).
Ferrovia Ituana IDiz o Relatório do Presidente da Província, Antonio da Costa Pinto Silva, de1871:
320 operários trabalham nas obras de construção da Companhia Ituana. O pessoal técnico da Companhia ainda
se acha ocupado com os estudos dos 29 quilômetros que restam para completar a linha até a cidade de Itu.
Ferrovia Ituana IIEstão já em Jundiaí funcionando no assentamento dos trilhos, uma locomotiva e seis carros de aterro. O resto do material rodante, a
saber: 4 locomotivas, 8 carros para passageiros, 3 para bagagens e 49 de diferentes categorias, está, parte comprada em Londres e parte já
encomendada. Está no Relatório Costa Pereira, de 1872.
Cadeia, carcereiro e subdelegado em IndaiatubaIndaiatuba e Cabreúva. Segundo o Relatório Costa Pereira, de 1872, nestas vilas não há cadeias; servem pequenas casas alugadas por
conta da Província. Carcereiro da cadeia de Indaiatuba: em 15 janeiro de 1872, este cargo acha-se vago. No Relatório de 1872, no Mapa
dos delegados e subdelegados, o cargo de Subdelegado em Indaiatuba é do Alferes Ignácio de Paula Leite, nomeado a 28.02.1871.
Escravos fugidosDe acordo com o Relatório do Presidente da Província de 1872, o número de escravos fugidos, na Província de São Paulo, durante
esse ano, foi de 271.
Província de São Paulo: ImigraçãoFundada em 1871 a Associação Auxiliadora da Colonização e Imigração para a Província de São Paulo, entidade que recebia subven-
63
ção do governo para promover a vinda de trabalhadores livres para a Província de São Paulo. A ação dessa sociedade, junto com a
Sociedade promotora de imigração fundada em 1886, concentrava-se na península Ibérica, Alemanha e Itália. No início os italianos
imigrantes eram originários principalmente do norte, onde encontravam-se milhares e milhares de desocupados, camponeses que haviam
sido expropriados de suas terras e que a incipiente indústria nacional ainda não conseguia empregar.
Escola Pública em IndaiatubaEstá no Relatório de 1872 do Presidente da Província, sobre Indaiatuba:
Professor: Manoel Firmino Barbosa. Alunos: 48 matriculados; frequentam: 42. Professora D. Maria das Dores
Oliveira. Alunas: 26 matriculadas; freqüentam: 20.
18721872187218721872CensoPopulação de Indaiatuba: livres e escravos, somam 3.749 (NARDY, 1951).
Estação PimentaA estação Pimenta da Estrada de Ferro Ituana ficou pronta neste ano; a linha foi aberta ao tráfego em 17.04.1873. Pimenta está a 19
quilômetros de Itu. (Jornal Votura, 1993).
Clube Republicano10 de setembro: é fundado o Clube Republicano em Itu. Presidente: João Tibiriçá Piratininga. Este clube foi um dos mais fortes
centros republicanos da Província. (NARDY, 1951).
Escola Pública de IndaiatubaRelatório do Dr. João Theodoro, de 1872:
Professor Manoel Firmino Barbosa. Alunos matriculados: 50; freqüentam: 44. Professora D. Maria das Dores de
18721872187218721872
É fundado oPartidoRepublicanoPaulista.
QuestãoReligiosa (I)A altahierarquiacatólica resolvesuspender asirmandadescujos membrosfaçam parte damaçonaria, teminício a QuestãoReligiosa.
64
Oliveira. Alunas matriculadas: 26, freqüentam: 20
18731873187318731873DivisasA Lei 41 de 3 de abril de 1873 desanexou do município de Itu, para anexar ao de Indaiatuba, a fazenda de José Vascocellos de Almeida
Prado. A Lei 83 do mesmo mês e ano declarou ficar pertencente a Indaiatuba o sítio de José Vasconcellos de Almeida Prado (PRADO,
1928).
Ferrovia ItuanaDezesete de abril: Inauguração da Estrada de Ferro Ituana ligando Itu a Jundiaí (SAMPAIO C. C., 1993).
Segundo matéria do Jornal Votura (1993), é esta a relação das estações e ano de inauguração:
Pimenta 1872, Elias Fausto, Itu, Itupeva, Jundiaí, Monte Serrate, Quilombo e Salto, 1873, Capivari 1875, Mombuca
e Rio das Pedras 1876, Itaici 1879, Indaiatuba 1880, Rafard 1903, Cardeal 1919 e Ermida 1927.
Em 1892 era a Ituana incorporada à Sorocabana, formando-se a Cia. União Sorocaba e Ytuana, que em 1903 foi levada à falência,
sendo adquirida em 1904 pelo Governo da União, que em 1905 a transferiu ao Governo do Estado de São Paulo. Em 1907 foi arrendada
por um sindicato americano, passando a denominar-se "Sorocabana Railway" e nesta situação permaneceu até 1919.
Dezoito de abril: Convenção de ItuReunião do Partido Republicano Paulista, em convenção conhecida como Convenção de Itu (NARDY, 1951).
Assinaram presença como representantes de Indaiatuba: Diogo do Amaral Campos, João Tibiriçá Piratininga, José de Almeida Prado
Neto, José do Amaral Campos, José Vasconcellos de Almeida Prado, Ladislau do Amaral Campos, Luiz Augusto da Fonseca, Manoel José
Ferreira de Carvalho e Theophilo de Oliveira Camargo. Este último se arrependeu e riscou seu nome na ata. (CARVALHO, 1999; SAMPAIO,
C. C., 1973).
18731873187318731873
QuestãoReligiosa (II)
A altahierarquia
católicadesobedece às
ordens dogoverno
relativas àsirmandades;
como pelaConstituição
imperial, a Igrejaestá
subordinada aoEstado, essa
desobediência éinterpretada
como violaçãoda lei; em
conseqüência osbispos de Olindae Belém do Pará
são julgadospelo Supremo
Tribunal deJustiça e
condenados aquatro anos de
prisão comtrabalhosforçados.
65
Escola Pública de IndaiatubaEstá no Relatório do Presidente Província 1874 e no Almanaque Luné de 1873:
Professor Manoel Firmino Barbosa (interino). Alunos matriculados: 55; alunos que freqüentam: 48. Professora
Maria das Dores de Oliveira (definitiva). Alunas matriculadas: 46; freqüentam: 35.
Varíola em IndaiatubaO presidente da Província de São Paulo, em seu relatório de 1874, relata uma epidemia de varíola que ocorreu na Província, mencio-
nando várias localidades, entre as quais Indaiatuba, sobre a qual diz:
Indaiatuba: - o terror de que se possuiu a população desta Vila com o aparecimento do mal, até então desconhe-
cido, produziu aqui o abandono do lugar por aqueles que tinham meios de passarem a outras localidades, e as
notícias foram as mais tristes, comunicadas até pela imprensa da capital.
Tratei logo de pedir as informações ao respectivo Delegado. Esta autoridade declarou-me que se tinham dado
sete casos, mas em pessoas de uma só família e com recursos, de modo que não havia necessidade de socorros.
Pouco tempo depois foram afetadas duas pessoas desvalidas e estas encontraram tratamento em um pequeno
lazareto, montado às custas de alguns cidadãos, que entenderam dever prescindir de auxílio estranho. Foi esta a
razão que me deu o Delegado, quando por vezes procurei informar-me do estado sanitário da Vila.
18741874187418741874Modificações na Escola Pública de IndaiatubaRelatório do Presidente da Província de 1875: O professor Manoel Firmino Barbosa estava com 63 alunos matriculados, freqüentando
60. Esta cadeira vagou ao final de 1874.
A professora Maria das Dores Oliveira se removeu passando a ocupar a segunda cadeira na Vila de Amparo e seu lugar em Indaiatuba
foi ocupado pela professora interina Maria Joaquina do Carmo com 35 alunas matriculadas e 30 freqüentando.
66
População de IndaiatubaSegundo Manuel E. de A. Marques, em 1874 a população de Indaiatuba era a seguinte:
Livres 2.041, escravos: 1.708, total: 3749.
Primeiro de fevereiro: Jornal "O Ituano"Inicia sua publicação "O Ituano", semanário, tendo como seu redator o Dr. Antonio Augusto Bitencourt e editor
João Batista Leme (NARDY, 1951).
Custas judiciaisInocêncio do Amaral Campos como escrivão e João Bueno de Camargo Graminha como advogado de defesa pedem à Câmara
pagamentos de metade das custas a que foi condenada no julgamento de José Camanero (Atas da Câmara Municipal de Indaiatuba, citado
por SAMPAIO, S. L. e SAMPAIO, C. C., 1998).
Referem-se ao julgamento pelo tribunal do júri, quando Indaiatuba era "Termo", de José Camanero, italiano que assassinou uma
escrava e foi condenado, tendo o juiz condenado a Câmara de Indaiatuba a pagar as custas do processo, pois esta subvencionava o
funcionamento do "Termo".
18751875187518751875Fabriqueiro da MatrizCatorze de fevereiro: João Bueno de Camargo Graminha é nomeado Fabriqueiro, ocupando o cargo até 7 de junho de 1895. (Arquivo
da Cúria Metropolitana de São Paulo).
Joaquim EmígdioRealiza-se em Indaiatuba o casamento de Joaquim Emígdio de Campos Bicudo com Escolástica Angélica da Fonseca, filha de José
Manoel da Fonseca Leite; deste casal descende a estimada e distinta família Fonseca Bicudo, de Itu.
Joaquim Emigdio de Campos Bicudo nasceu a 5 de novembro de 1843, neto de Joaquim Gonçalves Bicudo e filho do Vereador João
18751875187518751875
QuestãoReligiosa (III)
O governoanistia os
bispos de Olindae Belém, pondofim à Questão
Religiosa.
67
de Campos Bicudo. Joaquim Emigdio foi uma das figuras mais importantes da Vila de Indaiatuba na segunda metade do século passado.
Seu nome está presente em todas as atividades de interesse relevante para a comunidade da época. Foi Agente Coletor de rendas gerais e
provinciais e comerciante. Joaquim Emygdio consta no Almanaque da Pro-víncia de São Paulo de 1873 como "negociante de fazendas".
Segundo Fábio Ferraz Bicudo, em depoimento de abril de 1982,
"era um rapaz esperto, muito bom comerciante. Ia buscar suas
fazendas no Rio de Janeiro"; era também fazendeiro cafeicultor
(CARVALHO, 1984) e industrial. Sua "machina de beneficiar café"
foi provavelmente a primeira indústria de Indaiatuba.
Exerceu os cargos de vereador na época do Império e de
subdelegado. De acordo com documento de 30 de novembro de
1889, do Palácio do Governo Provisório, assinado por Prudente
de Moraes, é nomeado pelo governo provisório do Estado de São
Paulo 1o. suplente de subdelegado na República, quinze dias após
sua proclamação.
Fazia parte das mesas paroquiais da Vila de Indaiatuba. As
reuniões eram realizadas no "Corpo da Matriz", e sua função era
organizar e proceder as eleições para os cargos públicos de vere-
ador, juiz de paz, deputados provinciais e federais.
Entre outras atividades de mérito de Joaquim Emígdio pode-
mos citar sua atuação como organizador de subscrição pública
para construção do prédio da estação de estrada de ferro. Segun-
do Maria Angélica Groff (1963), "Os indaiatubanos se cotizaram
e, por uma subscrição, angariaram fundos com os quais se cons-
truiu a pequena estação", muito importante, pois o trem já passa-
Joaquim Emigdio de Campos Bicudo
68
va por Indaiatuba e não dispunha ainda de uma estação, parando em frente às casas da turma de conservação da estrada.
Segundo consta no Livro de Procurações do Cartório de notas de Indaiatuba, em 1882 Joaquim Emígdio foi responsável pela constru-
ção da Casa da Câmara e Cadeia, presidindo uma comissão nomeada pelo Presidente da Província de São Paulo.
Participou do movimento anti-escravista, gerindo o "Fundo para emancipação dos Escravos".
De acordo com texto da Gazeta do Povo de 9/12/1930, J. Emígdio fundou, juntamente com outros Indaiatubanos ilustres, o Partido
Republicano de Indaiatuba em 7 de maio de 1887.
Estes são apenas alguns exemplos de trabalho público dos que realizou Joaquim Emígdio. Viveu apenas 48 anos. Faleceu em 16 de
abril de 1892, deixando oito filhos e viúva sua esposa Escolástica da Fonseca, filha do abastado fazendeiro de Indaiatuba José Manoel da
Fonseca Leite, de quem o casal havia recebido a Fazenda Pau Preto como dote de casamento. Escolástica, continuando as atividades
empresariais do marido, dirigindo a fazenda e a "machina" de beneficiar café, criou todos os filhos com dedicação e firmeza, impondo-se
como pessoa de destaque e respeito perante a comunidade de Indaiatuba (CARVALHO, 1998).
Antonio de Almeida Sampaio (Totó)Dezoito de maio: Realiza-se o casamento de
Antonio de Almeida Sampaio com Escolástica
de Almeida Sampaio, filha de João de Almeida
Prado Sobrinho.
Nasceu o coronel Antonio de Almeida
Sampaio, o Totó Sampaio, como era chamado, a
18 de setembro de 1852; foram seus pais Vicente
de Sampaio Góes e Da. Gertrudes de Almeida
Taques. Dedicando-se desde sua mocidade à
lavoura, tornou-se um dos mais importantes e
adiantados fazendeiros de Itu, sendo proprietário
das grandes fazendas Pimenta, Grama, Santa Rita, Ingamirim e Sitio Grande, tendo esta última sido a sede da grande propriedade agrícola
Fazenda Pimenta, de Totó Sampaio (foto sem data).
69
do seu avô materno, Capitão-mor João de Almeida Prado. Faleceu em sua fazenda Pimenta a 3 de novembro de 1910 (NARDY, 1951).
Itu-CapivaryVinte e um de outubro: É aberto o tráfego da Estrada de Ferro Ituana ligando Itu a Capivari (NARDY, 1951).
18761876187618761876Itu-PiracicabaVinte de fevereiro: Inaugurado o ramal da Ituana ligando Itu a Piracicaba (NARDY, 1951).
Vinte e três de julho:D. Pedro II passa por IndaiatubaDe acordo com Nardy Filho (1951),
Procedendo de Indaiatuba chegam a Itu às 5 ½ da tarde o Imperador e a Imperatriz, sendo hospedados em casa
do Dr. Antonio de Queiroz Telles; no dia seguinte visitam a Fábrica S. Luiz, a Santa Casa, os colégios de S. Luiz
e Patrocínio, as escolas públicas, o Hospital dos Lázaros e a plantação de chá do major José Egídio; à tarde foram
E s t r a d a d e f e r ro I t u a n a - H o rá r io I d a V o lt a E s t a ç ã o c h e g a p a r t e E s t a ç ã o c h e g a p a r t e C a p iv a r y T e m . M ó r I n d a ia t u b a I t a ic y Q u ilo m b o I t u p e v a J u n d ia h y
- - 7 - 1 5 8 - 1 3 8 - 3 0 9 - - 2 9 - 3 1 1 0 - 2 0
6 - 3 0 8 - 1 5 8 - 3 7 9 - - 6 9 - 3 3 -
J u n d ia h y I t u p e v a Q u ilo m b o I t a ic y I n d a ia t u b a M t e .M ó r C a p iv a r y
- 3 - 2 2 3 - 4 9 4 - 1 8 4 - 4 0 5 - 3 6 6 - 2 5
2 - 3 5 3 - 2 4 3 - 5 3 4 - 2 5 4 - 4 2 5 - 4 0 -
70
até o Salto; nesse mesmo dia, pela manhã, tendo estado na igreja Matriz, deu ao vigário Padre Miguel a quantia de
um conto de réis para ser distribuida aos pobres; no dia 25 partiram para Campinas.
18771877187718771877João Tibiriçá PiratiningaCinco de janeiro: Na cidade de Campinas realiza-se uma grande reunião do Partido Republicano. Além de vários cidadãos comparece
João Tibiriçá Piratininga como representante dos eleitores de Indaiatuba (RIBEIRO, 1899).ItuanaEstá no Almanaque Literário de São Paulo de José Maria Lisboa, de 1877:
Esta estrada já funciona até o Rio das Pedras e dentro em pouco chegará à Piracicaba, estação terminal da linha.
DivisasLei de 11 maio 1877 incorporou a este município de Indaiatubaa fazenda denominada São Borges, de Carlos de Vasconcellos Almeida
Prado. Esta disposição foi revogada pela Lei de 26 fev. 1881, que revogou também a Lei de 3 de abril de 1873 que havia dito pertencer a
Indaiatuba o sítio de José de Vasconcellos de Almeida Prado (PRADO, 1928).
18791879187918791879JicaNove de setembro: falece José de Almeida Prado, o "Jica" (NARDY, 1951).
18801880188018801880EscravosJoaquim Emígdio de Campos Bicudo propõe ao Fundo de Emancipação da Província de São Paulo a libertação de seus escravos
18771877187718771877
A primeiragrande leva de
imigrantesitalianos chegou
ao Brasil em1877: eram
13582 pessoas,das quais cerca
de 2000 sedestinavam aos
cafezais daProvíncia de São
Paulo.
71
Henriqueta, preta de 22 anos, que trabalha na roça e tem moralidade regular e é casada com homem livre; a libertação de Felippe, mulato
de 33 anos casado, pagem com filhos e moralidade superior. Em 1880 tinha proposto a libertação da menina Luisa, fula (Segundo o
Aurélio, antiga designação dum grupo de negros originários da Guiné. Diz-se hoje do mestiço de negro e mulato; pardo.) de 11 anos,
pagem, de moralidade superior e preço de 809$497 reis. Isto tudo consta do Livro-Classificação dos Escravos para serem libertados pelo
fundo de Emancipação, pertencente ao Arquivo Público de Indaiatuba.
Estação em Indaiatuba da Estrada de Ferro YtuanaA 21 outubro de 1875 a ponta dos trilhos já havia alcançado Capivari e Indaiatuba continuava sem a estação, apesar dos apelos
dirigidos ao diretor da Cia José Elias Pacheco Jordão. Os comboios paravam em frente das casas de conserva, mantendo a estrada de ferro
um só funcionário, o Estevão Santana, que acumulava as funções de vendedor de passagens, manobrista, carregador etc. Resolveram então
os moradores da vila, liderados pelo cidadão Joaquim Emígdio de Campos Bicudo, construí-la por meio de subscrição pública, o que foi
realmente feito (SAMPAIO, C.C., 1993).
Estação velha de IndaiatubaÉ inaugurado o pequeno prédio que serviria para a Estação
da Companhia Ituana em Indaiatuba. Esse prédio foi utilizado
posteriormente, com a construção da "estação nova", como
armazém.
Jorge TibiriçáDez de abril: casa-se Jorge Tibiriçá com D. Ana de Queiroz
Telles, filha do Barão de Parnaíba e de Rita Mboy. Jorge Tibiriçá
nasceu em Paris em 1855 e faleceu em São Paulo em 29 de
setembro de 1928. Foi Presidente do Estado de São Paulo de
1904 a 1908.
Estação de1880: oprédiooriginal aindaexiste, àesquerda daestação "nova".[Nota de C. L.Paiva.]
Em primeiro plano, a Estação Indaiatuba de 1880.
72
18821882188218821882CadeiaUma comissão nomeada pelo presidente da Província, constituída por Joaquim Emígdio de Campos Bicudo, Antonio Joaquim de
Freitas e Júlio Cezar de Moraes Fernandes, passa procuração para Francisco de Sampaio Moreira receber no Tesouro Provincial a quantia
de dois contos de reis para "erigir as obras da Cadeia nesta vila de Indaiatuba" (Cartório de Notas de Indaiatuba, Livro de Procurações).
Relógio da MatrizFoi inaugurado o relógio da Matriz adquirido por seiscentos mil reis, emprestados por José Manoel
da Fonseca Leite à Câmara. A construção da matriz, iniciada em 1807 somente foi terminada em 1863.
DivisasLei de 23 março de 1882 transferiu do município de Indaiatuba para o de Jundiaí a fazenda São
Bento, de Francisco de Moraes Campos.
18831883188318831883CensoPopulação escrava da Comarca de Itu:
Itu: 2.873, Indaiatuba: 1.664 e Cabreúva 616. Total, 5.141 (NARDY, 1951).
18841884188418841884José TanclerAtas da Câmara: apresentada uma carta de naturalização de José Tancler, nascido Giuseppi Tancredi. Tenente José Tancler
73
Em 8 de outubro de 1884 "prestou juramento para o cargo de fiscal, em vista de sua carta de naturalização".
Falece o Pe. Antonio Casimiro da Costa RorisDezenove de outubro: falece nesta cidade com 71 anos o vigário colado da Paroquia de Indaiatuba, cargo que exerceu por 43 anos,
desde 25 de setembro de 1841. Nascido em Porto Feliz, foi cônego, depois padre, apresentado por decreto de 22 e carta Imperial de 26 de
setembro de 1848; colado a 21 de outubro e empossado como vigário colado em 5 de outubro de 1848. Seu corpo foi velado durante 38
horas e depois sepultado no centro da capela-mor da Matriz de Indaiatuba (CARVALHO, 2004).
18851885188518851885Chácara do Padre RorizEm 1885 Joaquim Emígdio de Campos Bicudo
arrematou, em praça pública, a chácara que tinha sido
do Vigário Antonio Casemiro da Costa Roriz, a qual
tinha como sede o casarão situado nas imediações da
Igreja Matriz. Juntando esta chácara a uma outra que
já possuía, ligou ambas às terras da fazenda Pau Preto,
cuja sede transferiu para o casarão. Ali Joaquim
Emígdio construiu, ligado ao casarão, um edifício, onde
instalou uma máquina de beneficiar café movida a
vapor. Esta foi, provavelmente, a primeira indústria
movida a vapor instalada na área urbana de Indaiatuba.
Funcionou durante muitos anos, constando, em 1910
como a única máquina de beneficiar café na cidade.
(CARVALHO, 1998).
Terreiro de café do Casarão do Pau Preto, com caixa d’água e edifíco de beneficiamento do
café, em foto sem data.
74
18851885188518851885DivisasLei de 22 de abril de 1885 desanexou de Indaiatuba para Itu, a fazenda Água Branca de Joaquim Rodrigues de Barros. Lei de 27 de
março transferiu de Indaiatuba para Jundiaí as fazendas Quilombo e Rio das Pedras de José Estanislau do Amaral (PRADO, 1928).
Sociedade do Tiro ao Alvo"Para os suiços não há organização social e esportiva mais acatada do que o tiro ao alvo", por isso a 24 de agosto de 1885, foi realizada
a primeira festa de tiro ao alvo na colônia suíça da fazenda do Sítio Grande, propriedade de Francisco de Queiroz Telles. Esta primeira
festa, a "Schutzenfest", que é comemorada anualmente até os dias de hoje, assinalou a fundação da "Sociedade de Tiro ao Alvo" da
Helvétia. Isto contam o Dr. Franz Weizinger (1935) e o Padre Polycarpo Amstalden (1989).
18861886188618861886CensoPopulação de Indaiatuba: 4.655 habitantes na vila e município (NARDY, 1951).
D.Pedro II1886 - 1 de novembro. Recebe Itu, pela terceira vez a grata visita de S. Majestade o Imperador, o qual foi hospe-
dado em casa do Conde de Parnaíba. (NARDY, 1951)
Em fins de 1886 o Imperador Pedro II passou de trem por Indaiatuba a caminho de Piracicaba. Na estação, para saudá-lo, entre as
autoridades locais, pessoas gradas, povo e a banda de música dirigida pelo maestro José Mico, lá estava o padre Luiz Del Giudice coman-
dando a queima de fogos, subvencionados pela Câmara. (SAMPAIO, S. L.; SAMPAIO, C. C., 1998)
75
18871887188718871887Partido Republicano em IndaiatubaSegundo texto da Gazeta do Povo de 9 de dezembro de1930, no dia 7 de maio de 1887, em casa de José Tancler na rua Sete de
Setembro esquina com a Quinze de Novembro, foi fundado o Partido Republicano em Indaiatuba, tendo como presidente Luiz Augusto
da Fonseca e secretário Joaquim Emigdio de Campos Bicudo. Assinam a ata de fundação vinte e duas pessoas.
Congresso Republicano em São PauloEm 29 de maio de 1887 reuniram-se na capital delegados municipais e constituiram o "Congresso Republicano", sendo aclamados
representantes legítimos ao mesmo
congresso os cidadãos nomeados
em extensa lista. O representante de
Indaiatuba chamava-se Dr. Alonso
da Fonseca. Em discussão
propostas para que os republicanos
da Província de São Paulo
libertassem seus escravos até 14 de
julho de 1889, e também proposta
para que o partido se manifestasse
a respeito do "movimento
separatista que desenvolve-se na
Província". (RIBEIRO, 1899).
Os lampiõesAté 1887 as ruas de Indaiatuba
Armazém e residência de José Tancler, onde funciona hoje a “Foto Hugo”.
76
permaneceram às escuras, não
ocorrendo aos vereadores a idéia de
dotar a povoação com lampiões que
viessem afastar as trevas das nossas
vias públicas. A lembrança dos
combustores a querosene partiu do
Governo da Província e está registrada
na ata sessão de 27 de março de 1887,
quando foi lido um ofício do
Presidente da Província "lembrando
à Câmara a coveniência de se instalar
lampiões a querosene nas esquinas".
Diante da "lembrança" que era quase
uma ordem, tomaram os vereadores
providências a fim de se dotar a cidade
de iluminação pública.
Os lampiões foram adquiridos de
Vicente Tancler ao preço de 28$000
(vinte e oito mil réis) cada, com o poste em madeira de lei inclusive, idênticos aos lampiões usados em Itu e foram colocados não só nas
esquinas mas também no meio das quadras, distantes uns dos outros aproximadamente 40 metros. Ao lado da Matriz foram colocados
modelos mais artísticos, diferentes dos demais. A 25 de novembro do mesmo ano foram os lampiões inaugurados com festas, banda de
música e os clássicos rojões, tendo sido gastos cinco dúzias deles. Os lampiões eram abastecidos, acesos ao escurecer e assim permaneciam
até se acabar o combustível, sendo que se procedia dessa forma apenas durante vinte dias por mês, por medida de economia, não se
acendendo durante o período de lua cheia, quando a luz do luar era, por sua vez, mais eficiente que a dos lampiões. (SAMPAIO, S. L.;
SAMPAIO, C. C., 1998)
Lampiões da Rua XV de Novwembro
77
Casamento de Augusto de Oliveira Camargo e Leonor de Barros CamargoLeonor de Barros Camargo nasceu em Itu a 22 de março de 1865, filha do Tenente Coronel Francisco de Paula Leite de Barros e de
Maria de Almeida Sampaio, parentes em segundo grau e casados aos 17 de janeiro de 1854.
Aos dez anos de idade entrou para o Colégio do Patrocínio dirigido pelas irmãs de São José, cursando as lições de humanidades e a arte
musical do piano, sendo os exercícios escolares entremeados com diversões próprias da sua idade. Dos labores de agulha preferia rendas
de crivo. Em 1875, por ocasião da visita que suas majestades imperiais, D. Pedro II e Dona Theresa Cristina, fizeram a Itu, foram até o
colégio, sendo recebidos com entusiásticas expansões de júbilo e respeito, ocasião em que Leonor, integrando um grupo de dez meninas,
com braçadas de flores cobriram os imperiais visitantes de pétalas. Em 1880 deixa o Colégio do Patrocínio e se integra à vida em família
que residia em Itu. Ajudava a mãe, excelente dona de casa, a dirigir os trabalhos domésticos, entretendo-se também com suas rendas de
crivo e com seu piano. Não deixava de comparecer, juntamente com sua família, às festividades religiosas que se realizavam com extraor-
dinário esplendor nas igrejas Matriz e do Bom Jesus.
A 29 de outubro de 1887 casa-se com Augusto de Oliveira Camargo. Seu esposo, nascido aos 27 de junho de 1851, era o 3º filho de
Agostinho Rodrigues de Camargo, grande senhor de escravos, opulento fazendeiro em Indaiatuba e pertencente à aristocracia da terra.
Augusto fez seus estudos no antigo Colégio Joaquim Mariano, em Itu. Iniciou-se muito moço na vida da lavoura, tendo fundado em
Indaiatuba a Fazenda Itaoca, considerada, pela excelente orientação agrícola de seu proprietário, uma das melhores fazendas de café,
equiparando-se às das zonas mais produtivas do Estado. Foi um enlace feliz, sob as bênçãos do céu duas almas benfazejas orientadas na
prática fecunda de altruísmo cristão. Em satisfação íntima de suas consciências libertaram logo após seu matrimônio 15 escravos. A partir
de 1897 o casal passou a residir em São Paulo à Rua Vitória e antes, alternativamente, em Itu, à Rua da Palma, e na Fazenda Itaoca.
Nos anos de 1895 e 1905 o casal visita as repúblicas do Rio da Prata e em 1913 fazem uma extensa viagem pelos Estados Unidos,
visitando Nova Yorke, Boston, Filadélfia, Whashington, Chicago etc., inclusive as Cataratas de Niagara. Na Europa percorrem Inglaterra,
França, Portugal e Espanha. Em 1915 inauguram seu belo palacete localizado na Avenida Higienópolis 860, em frente ao Colégio Sion.
Este palacete é hoje a sede da Cúria Metropolitana de São Paulo, e há em suas dependências um Oratório dedicado à Sagrada Família,
padroeira da devoção do casal.
No ano de 1921 dona Leonor experimentou a mais dolorosa das provações quando seu marido foi acometido de uma embolia
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cerebral que o deixou em completa letargia, recuperando-se aos poucos; com sua ajuda e dedicação passou a mover os membros do lado
esquerdo e não podendo falar externava-se por gestos.
Muito antes deste episódio tinha o casal planos de construir um Hospital para atendimento da pobreza. Agora dona Leonor passou a
empregar todos os seus esforços para a realização deste plano, tendo que enfrentar dificuldades, principalmente de ordem jurídica. Final-
mente ao final do ano de 1928 teve início a construção da obra memorável do casal, que não teve filhos: o Hospital Augusto de Oliveira
Camargo, onde foi gasto boa parte de sua fortuna. A escolha do local foi feita por dona Leonor, que optou por Indaiatuba, terra onde
nasceu Augusto, e sua inauguração se deu aos 27 de junho de 1933, data em que Augusto de Oliveira Camargo completava 82 anos
(DAUNT, 1937).
18881888188818881888Colônia HelvétiaO período que antecedeu a abolição dos escravos foi de grande instabilidade para a lavoura, pairando um clima de estagnação e ruína
sobre os fazendeiros, levando muitos deles a venderem suas fazendas, o que fez abaixar muito o preço das terras, possibilitando aos
colonos suíços do Sítio Grande comprar, dos herdeiros de Vicente Sampaio Góis, o sítio Capivary-Mirim e uma parte da fazenda Serra
d'Água, origem da Colônia Helvétia. A escritura foi passada em Itu no dia 14 de abril de 1888, ficando esta data como marco da fundação
da Helvétia. As terras foram adquiridas pelas famílias Ambiel, Amstalden, Bannwart e Wolf, que reuniram seus haveres para a compra de
468 alqueires e meio, que foram divididos em quatro partes iguais. Estas famílias com o passar do tempo foram adquirindo mais terras e
a elas foram se juntando mais proprietários de origem suíça, até que em 1910, segundo cálculo do Dr. Franz Weizinger (1935), estas
propriedades somavam 1800 alqueires. No Almanach da Comarca de Ytu deste ano de 1910, editado por Francelino Cintra, referindo-se
a Indaiatuba diz-se:
O município produz café, algodão, fumo, cana de açúcar, vinho, cereais etc.; sendo notável a Colônia Helvétia,
núcleo de laboriosíssimos suiços, que tem como chefe o prestante senhor Antonio Ambiel. A colônia Helvétia é
uma república em miniatura. Para o ano estudá-la-emos detidamente.
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Prédio da Câmara e CadeiaAntonio Zoppi em texto publicado na Tribuna de Indaiá de 01.03.1959, conta que
A 6 de agosto de 1888 a Câmara Municipal contratou com Constantino Cassabuona a construção de um prédio
para a Cadeia Pública e Câmara Municipal. O pagamento seria feito em três vezes à razão de 4:740$000. Isto há
setenta anos e o prédio ainda ergue-se majestoso em pleno jardim da Praça Prudente de Moraes. A construção foi
feita com todo o rigor, obedecendo às leis da higiene, ou seja 0,8 m de porão e 5,0 m de pé direito e as quatro
fachadas com abundância de iluminação e ventilação. A entrada principal era a da Cadeia , onde havia o gabinete
do delegado, o alojamento dos praças e as celas com enormes grades de ferro. Ao lado do prédio existia a entrada
da Câmara que era separada da Cadeia por uma parede central. Após a entrada havia um salão para os funcioná-
rios e o gabinete do prefeito.
18891889188918891889Salto27 de março: a Freguesia de Salto é elevada a Vila (NARDY, 1951).
18901890189018901890CensoPopulação: Itu, 13.790, Indaiatuba, 4.221, Cabreuva, 6.732 e Salto 2.260 habitantes. (NARDY, 1951).
Conselho de Intendência MunicipalNo dia 15 de janeiro, o
Governo do Estado considerando que a tutela administrativa exercida durante mais de meio século sobre os
municípios só tem produzido o entorpecimento e a penúria na sua vida econômica e sendo de urgente necessida-
18891889188918891889
A quinze denovembro, omarechalDeodoro daFonseca, àfrente de umgrupo demilitares e civis,proclama aRepública.
18881888188818881888
Em 1888, anoda libertação daescravatura,104.353italianoschegaram aoBrasil dos quais80.759 foramencaminhados àProvíncia de SãoPaulo.
80
de emancipá-los, dando-lhes a faculdade de promoverem os seus próprios negócios, segundo o regime proclama-
do e garantindo-lhes os inestimáveis benefícios da autonomia municipal: decreta que o poder ou governo muni-
cipal seja exercido por Conselhos de Intendência Municipal, nomeados pelo Governador e dá aos mesmos Con-
selhos as competentes attribuições (RIBEIRO, 1899).
De acordo com as Atas da Câmara, o primeiro Conselho de Intendência nomeado em Indaiatuba era constituído por Francisco dos
Santos Toledo, presidente, e Ignacio de Paula Leite Barros, vice-presidente, ex-membros da Câmara dissolvida. Estes dois intendentes
nomearam cidadãos particulares para membros de comissões que então se formaram. Obras públicas: Querubim de Campos Bicudo e
18911891189118911891
Depois depromulgar a
Constituição, aAssembléia
Constituinteelege os
marechaisDeodoro daFonseca e
Floriano Peixotopara os cargosde presidente evice-presidente
da República,respectivamente.
A 3 denovembro,
Deodoro daFonseca dissolve
o Congresso. A23 de novembro
Deodororenuncia,
passando apresidência ao
marechalFloriano.
Em 1891chegaram ao
Brasil 215.239trabalhadoresestrangeiros.
Primeiro prédio construído para sediar a Câmara e a Cadeia de Indaiatuba. A partir da proclamação da República, também tornou-se sede da Prefeitura.
81
José Tancler; Contas: Joaquim Francisco Pereira e João Fermiano de Souza.
Prédio da Câmara13 de maio: é inaugurado sem festas o prédio da Câmara e Cadeia na Praça Prudente de Moraes, após 30 anos de esforços dos
vereadores. Conforme texto da Gazeta do Povo (9/12/1930) o edifício foi construído em comum com o Estado, isto é, enquanto o
Município pagou os custos da construção da Câmara a Província pagou os da Cadeia. Este prédio foi demolido na gestão do prefeito
Odilon Ferreira, sendo em seu lugar feita uma fonte luminosa.
RuasEstá nas Atas da Câmara: a rua das Flores passou a chamar-se rua 13 de Maio e a rua da Palma virou XV de Novembro.
Casamento CivilRealiza-se o primeiro casamento civil em Itu no dia 5 de julho. Os nubentes eram filhos de famílias italianas (NARDY, 1951).
18921892189218921892Febre amarelaEm Itu terrível epidemia ceifou preciosas vidas, a primeira das quais foi a do Padre Miguel Corrêa Pacheco (NARDY, 1951).
Primeira Câmara eleita da RepúblicaForam eleitos Francisco José de Araújo, José Tancler, Telesphoro Campos Almeida, Benjamin Constant Almeida Coelho, José Schettino
e Alfredo de Camargo Fonseca. Juizes de Paz: Joaquim Pedroso de Alvarenga, Ignácio de Paula Leite de Barros e Lourenço Tibiriçá.
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18931893189318931893DivisasLei de 29 de abril de 1893 declarou ficar novamente pertencendo ao município de Itu as fazendas Ingá-Mirim, do Dr. João Thomaz de
Mello Alves, e São Borges, de João de Almeida Prado, ora anexas a Indaiatuba (PRADO, 1928).
Pharmacia CandeláriaEm 18 de julho de 1893 foi fundada a Farmácia Candelária, instalada inicialmente na rua Quinze de Novembro, esquina com a Sete de
Setembro, em frente à loja do Tenente José Tancler. Mudou-se em vários prédios até estabelecer-se definitivamente onde está até hoje: à
rua Candelária, esquina com Siqueira Campos. FOTO Seu fundador foi Francisco Xavier da Costa, farmacêutico que teve atuação desta-
cada em 1899, quando Indaiatuba sofreu uma epidemia de febre amarela, motivo pelo qual esta farmácia foi considerada de utilidade
pública por decreto Municipal de 17 de julho de 1943.
Escola São Nicolau de FlüeFoi construída esta escola e no mesmo ano veio da Suíça o primeiro mestre, João von Deschwanden, que nela permaneceu até 1897,
quando regressou à Suíça, após casar-se com uma filha de Christiano Fanger. Em 24 de julho de 1904 criou-se uma instituição só para
cuidar da escola, a Sociedade Escolar São Nicolau de Flüe. Desde 1905 recebia subvenções do município de Indaiatuba e do governo do
Estado de São Paulo (WEIZINGER, 1935).
18941894189418941894Jesuítas compram a Fazenda TaipasPropriedade de Jorge Tibiriçá Piratininga, então Secretário do Governo de São Paulo; foram adquiridos, em 1894, 250 alqueires desta
fazenda, por quantia irrisória, pelo Colégio São Luiz de Itu dos Padres Jesuítas.
Segundo Rodrigo Soares (1958), Jorge Tibiriçá vendeu a fazenda Taipas a um comprador que a revendeu aos Jesuítas.
18941894189418941894
Prudente deMoraes foi eleito
presidente daRepública com
276.583 votos.
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18951895189518951895Fabriqueiro da MatrizFelipe Nery de Camargo Thebas é nomeado fabriqueiro da Matriz em 7-6-1895 (Arquivo da Cúria Metropolitana de São Paulo).
Ruas e LargosRua de São José, Candelária, General Glicério, Direita, Quinze de Novembro, Treze de Maio, do Comércio, da Boa Vista, Alegre,
Nova, das Tropas, de Santa Cruz, Araújo e da Palha. Largos: Largo da Matriz, Largo Municipal (atual Praça Prudente de Moraes) e Largo
Santa Cruz (Largo das Caneleiras, atual Praça Rui Barbosa). Isto de acordo com o Almanaque Canuto Thorman para 1895.
Lyra IndaiatubanaTambém de acordo com o Almanaque Canuto Thorman para 1895, esta banda tinha como maestro o professor José Luiz de Moraes.
Grupo Escolar chamado Alfredo C. FonsecaSegundo o Almanach da Comarca de Ytu do ano de 1910,
Em Indaiatuba existiu já no ano de 1895 ou 1896 um grupo escolar sob denominação Alfredo Fonseca, e parece-
nos que foi o segundo criado no Estado; e não sabemos porque foi dissolvido, após pequeno funcionamento.
O Professor Galdino Chagas lecionou no Grupo Escolar Alfredo Camargo Fonseca em 1896 (GEISS, 1986).
Major Fonseca, o onipresenteEstá no Almanaque Canuto Thorman para 1895:
Presidente da Câmara Municipal de Indaiatuba, Benjamin Constant de Almeida Coelho, vice presidente, Francis-
co José d' Araujo, Intendente, Alfredo de Camargo Fonseca. Vereadores: Telesphoro de Almeida Campos, José
Schettino e José Tancler. Presidente da banda de música Lyra Indaiatubana: Major Alfredo de Camargo Fonseca.
Presidente do diretório do Partido Republicano: Major Alfredo de Camargo Fonseca.
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1898 1898 1898 1898 1898Capela Nossa Senhora de LourdesFoi neste ano que ficou terminada a igreja de Nossa
Senhora de Lourdes da Helvétia. Seu arquiteto foi
Francisco Amstalden, que veio da Suíça em 1895 com
Benedito Amstalden. (WEIZINGER, 1935). Para sua
construção organizou-se uma comissão, que em 9 de
julho de 1899 se transformou em sociedade.
18991899189918991899Epidemia de febre amarela em Indaiatuba
O surto de febre amarela que assolou Indaiatuba no
final do século passado foi tão forte que até a Câmara
Municipal teve que ser transferida para Itaici. Tão
implacável foi a violência do surto amarílico que o governo
estadual enviou à Indaiatuba uma comissão de médicos
notáveis como Emílio Ribas, Paulo Bourroul, Evaristo
Bacelar, Luiz de França, Assis Brasil Mineiro da
Campanha, além de outros, segundo texto do Jornal
Votura de 18-7-93. De acordo com A. Zoppi (23-3-1957)
Helvetia, com Igreja ao fundo, em foto sem data.
18971897189718971897
Depois de onzemeses de luta, o
Arraial deCanudos é
ocupado pelasforças do
governo. AntônioConselheiro, liderda comunidade,
é encontradomorto.
18981898189818981898
Campos Sales(420.286
votos) eFrancisco Rosae Silva (412.074
votos) sãoeleitos
respectivamentepresidente e
vice-presidenteda República.
Primeira sede da Escola São Nicolau de Flüe
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"Com a epidemia de febre amarela construíram um isolamento atrás do cemitério".
O jornal "O Estado de São Paulo" noticiou no dia 22 de abril de 1899:
"Indaiatuba - A febre amarella tem-se alastrado de um modo assustador nestes ultimos dias. No Hospital de
isolamento existem 14 enfermos e em casas particulares outros tantos. Já se está sentindo a falta de recursos em
muitos lares. O commercio, quasi todo fechado, difficulta horrivelmente o meio de subsistencia. Nestes dias
retiraram-se desta villa trinta e tantas famílias."
No dia 6 de julho de 1899 voltava a informar:
"Indaiatuba - No dia 30 do passado retiraram-se desta villa os inspectores sanitarios que felizmente deram por
existencia a epidemia, e durante tres mezes devastou este logar. Durante esses tres mezes em que reinou aqui a
febre amarella, falleceram desse mal 64 pessôas, na sua maioria de 30 anos para cima. O estado sanitario é
satisfactorio, não constando haver uma só pessôa doente."
Eleitores italianosA 5 de outubro de 1899 procedeu-se no recinto da Câmara Municipal de Indaiatuba à eleição para preencher os cargos vagos de dois
vereadores que haviam renunciado. Dos eleitores que compunham o colégio eleitoral compareceram 99, dos quais 30 eram italianos
naturalizados brasileiros.
Embora a votação fosse dirigida pelo "voto de cabresto", a presença de um terço de italianos entre os que escolhiam os dirigentes do
município já demonstra a força que adquiria a colônia peninsular em Indaiatuba ao final do século dezenove.
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87
Escravos e escravidão em Indaiatuba
(1766-1860)
Menciona-se com freqüência, não sei se procedente ou não, o esforço de Rui Barbosa quando ministro da fazenda, para eliminar a
documentação relativa à escravidão no Brasil, tida por ele como uma mancha na nossa História. Se o fato é procedente, a atuação do
inteligente baiano não conseguiu apagar a grande mancha, pois a quantidade de documentos existentes nos mais diversos arquivos é tanta
que a toda hora estamos nos deparando com eles. É o que acontece, por exemplo, ao examinarmos o acervo documental de Indaiatuba
existente nos cartórios judiciais, de notas, eclesiásticos e arquivos diversos. Graças a essa documentação é possível termos algum conheci-
mento, embora superficial, sobre esse tema que tentaremos abordar de maneira sucinta neste artigo.
T r a f i c a n t e sCom a descoberta do ouro em Minas Gerais e do grande fluxo de mineradores para aquela região, aumentou extraordinariamente a
procura por escravos africanos que passaram a ser comprados a peso de ouro para a exploração das minas.
Até então os fornecedores de escravos eram traficantes ingleses, franceses, holandeses, suecos e portugueses, passando nessa época a
aparecer, principalmente no Rio de Janeiro, traficantes brasileiros.
Era esse um negócio muito lucrativo, pois rendia a cada quatro meses cerca de 50% do capital empregado, ou seja, aproximadamente
150% ao ano, quando nessa mesma época a renda de aplicação a juros era de 10% ao ano.
A v i a g e m d o n a v i o n e g r e i r oO traficante no Rio de Janeiro carregava seu navio basicamente com fumo e cachaça que eram as moedas de troca preferidas pelos
fornecedores de escravos na África.
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Existia um ponto na costa africana para onde convergiam os traficantes; era um entreposto de compra e venda de escravos trazidos de
várias partes do continente para a venda aos capitães dos navios negreiros europeus e brasileiros. Os europeus levavam todo tipo de
mercadoria para troca: seda e especiarias do oriente, tecidos ingleses, armas, ferramentas, pólvora etc., e os traficantes do Brasil como foi
dito levavam fumo e cachaça.
Lá os capitães brasileiros trocavam metade da carga de fumo e cachaça que haviam levado por mercadorias trazidas pelos europeus e
estes trocavam fumo e cachaça, a moeda corrente, com escravos que levavam para o Caribe e América do Norte.
A outra metade da carga dos navios negreiros brasileiros, era trocada por escravos trazidos para o Rio de Janeiro. As embarcações
eram de 200 a 250 toneladas e traziam de 400 a 500 escravos.(1 ) A viagem de ida e volta demorava quatro meses e, na volta, devido ao
excessivo número de passageiros amontoados no porão, acorrentados juntos, e a parca alimentação constituída por farinha de mandioca
cozida com feijão, uma parte deles morria, sendo 10% uma quantidade considerada normal. Não era raro o naufrágio desses barcos e os
que sobreviviam, não esqueceriam nunca mais esta viagem, tão cheia de horrores que os escravos celebravam, por meio de cantos e
palmas, a entrada do navio no porto de desembarque.
O d e s e m b a r q u e n o B r a s i l e a v i a g e m p a r a I n d a i a t u b aChegando ao Rio de Janeiro os escravos desembarcavam tão debilitados que mal conseguiam andar. Eram então levados a um local
para sua recuperação e em seguida levados para a rua do Valongo, onde os traficantes estabeleceram seus negócios. Era o ponto de venda
de escravos, e para lá se dirigiam os compradores, que os adquiriam, geralmente em lotes, conforme as encomendas.
Os escravos vindos para a capitania ou província de São Paulo vinham por via marítima até Santos, porto de desembarque de escravos
e embarque de açúcar, cachaça, fumo e outras mercadorias.
Os escravos vindos para Indaiatuba eram importados por traficantes residentes na vila de Itu que ai tinham a sede de seu negócio.
J o a q u i m D u a r t e d o R e g o “n e g o c i a n t e d e a ç ú c a r e n e g r o s”Ao final do século dezoito um dos mais prestigiados desses traficantes era Joaquim Duarte do Rego (2 ), capitão de uma das companhi-
as do regimento de Itu e também familiar do Santo Ofício, isto é, agente da Santa Inquisição, com a função de vigiar os habitantes da Vila,
denunciando os que, a seu juízo, poderiam ser considerados hereges. Além de negociante era proprietário de terras, inclusive em Indaiatuba,
às margens do ribeirão do mesmo nome, atualmente denominado córrego Barnabé.(3 )
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Joaquim Duarte recebia os lotes de escravos e os vendia aos senhores de engenho da região. A venda era a prazo, com juros, para
pagamento na safra seguinte, ocasião em que o senhor de engenho pagava não em dinheiro, mas em açúcar e aguardente, mercadorias que
Joaquim Duarte remetia ao Rio de Janeiro como pagamento de novas levas de escravos.
Com esse tipo de operação, Joaquim Duarte ganhava três vezes: na venda do escravo, nos juros de mora que recebia, e ainda, na
compra do açúcar e aguardente a preços favoráveis. Foi assim que amealhou grande fortuna, para si e seus descendentes.
“Q u e m t e m e s c r a v o s d e G u i n é q u e o s b a t i z e m”Quando os escravos chegavam nas fazendas, geralmente em lotes, o senhor os recebia e, a primeira medida era levá-los à igreja para
batizá-los, obrigação que não deixavam de cumprir porque a lei então vigente determinava que todos os escravos africanos deveriam ser
batizados. Isto era feito também por razão de ordem prática, pois na certidão de batismo do escravo constava também o nome de seu
senhor, sendo, portanto um verdadeiro certificado de propriedade.
Os padrinhos, na cerimônia de batismo, eram também escravos pertencentes ao mesmo senhor ou a seus parentes, também senhores
de engenho. Raramente se vê, nos registros, escravos tendo como padrinhos pessoas brancas, havendo, entretanto exceção para os escra-
vos domésticos e de estimação; seus filhos com freqüência eram apadrinhados por familiares do senhor.
O r i g e m d o s e s c r a v o s v i n d o s p a r a I n d a i a t u b aEm Indaiatuba temos registros de escravos vindos das mais diversas nações africanas (4 ) principalmente (pela ordem): Banguela ou
Benguela, Guenguela ou Ganguela, Congo, Songo, Angola, Monjolo, Mina, Caçanga ou Caçange, Camunda e Muumbi, entre outros, a
maioria deles pertencentes à etnia dos bantos. (5 )
A e s c o l h a: – a d a p t a ç ã o, r e b e l d i a, s u i c í d i o o u f u g aOs escravos ou escravas, geralmente jovens, chegados da extensa viagem desde a África, eram levados para os engenhos, um mundo
completamente desconhecido para eles, iniciando ali um aprendizado de novos costumes, nova religião e nova língua; língua esta que não
conseguiriam falar fluentemente até o resto de seus dias. Mesmo a comunicação com seus companheiros africanos nem sempre era
possível, por causa da diversidade dos idiomas falados pelas diversas tribos e povos a que pertenciam.
Muitos não se adaptavam ao novo universo e se rebelavam tornando-se vítimas de toda sorte de represálias; outros apelavam para o
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suicídio, que segundo uma crença corrente entre eles, era uma forma de regressar à África, regressar ao berço; outros escolhiam um
caminho mais criativo: a fuga para as matas e lugares ermos, onde tentariam reproduzir o ambiente que deixaram na África.
Q u i l o m b oA palavra “quilombo” pertence ao idioma “quimbundo” e tem o significado de “união” e foi o nome que os próprios escravos deram
ao local onde se refugiavam ao fugirem de seus senhores.
Em Indaiatuba existe a fazenda e estação do Quilombo, em área da antiga sesmaria deste nome, que tinha mais de mil alqueires e era
recoberta por extensa mata virgem.(6 )
Foi dividida judicialmente em 1795 e recebeu este nome porque, alguns anos antes, negros fugidos das fazendas vizinhas, formaram
um quilombo no seu interior.
Esse quilombo foi depois abandonado pelos negros seus fundadores, quando tropas vindas da vila de Jundiaí para prendê-los, come-
çaram a penetrar na mata. Esta era tão fechada que os soldados levaram dois meses para chegar ao local do quilombo, encontrando-o já
abandonado.
P r e ç o s d o s e s c r a v o sOs filhos de pais africanos que nasciam no Brasil eram chamados “crioulos”, os quais sendo criados nos costumes da terra, adapta-
vam-se às mais diversas tarefas e se ajustavam aos hábitos e relações sociais vigentes tanto nas fazendas como nas cidades, e, dependendo
de sua robustez e habilidades, eram cotados a um preço superior aos “gentios de guiné”, como eram chamados os trazidos da África.
Na avaliação do preço do escravo levavam-se em consideração alguns parâmetros, principalmente a idade, condição física, habilidades
para execução de tarefas, inclusive as de ofício e, naturalmente, o seu comportamento. Não havia em certas circunstâncias a distinção de
sexo. Tanto escrava como escravo, sendo produtivos nos serviços do engenho ou do cafezal, tinham a mesma cotação.
Andei comparando os preços registrados em inventários e outros documentos e constatei que um escravo adulto ou escrava custava
mais ou menos o equivalente ao preço médio de uma casa comum edificada na vila.(7 ) Portanto, ter e manter escravos não saia barato, pois
além do alto custo, seu sustento exigia dispêndio com alimentação, vestuário e cuidados especiais quando doentes.
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O c o t i d i a n o n a s f a z e n d a sA vida diária do escravo no engenho ou no cafezal era muito exaustiva. O trabalho começava com o toque do sino da fazenda de
madrugada e encerrava ao anoitecer. Era de sol a sol, com intervalo às 10 horas para o almoço, que consistia basicamente em feijão,
toucinho, angu, farinha de mandioca e abóbora. Café adoçado com açúcar mascavo ou rapadura no meio da tarde e o jantar às 4 horas feito
com o que restou do almoço. À noite na senzala comia-se alguma coisa colhida no quintal, fruta ou verdura, cultivadas pelo próprio
escravo, ou carne de alguma caça, obtida por ele nos campos e matas.
O e s c r a v o “c o i s a”Desde a sua compra na África o escravo não era considerado gente e sim apenas uma “coisa”, um “bem” ou “mercadoria”, e como tal
pagava imposto de importação ao entrar na alfândega do Rio de Janeiro. Mesmo depois de receber o batismo, o que teoricamente o
tornaria cristão, era esse o tratamento que recebia, inclusive por parte da legislação.
Muitos documentos demonstram a condição de “coisa” a que era submetido o escravo. Dos mais ilustrativos dos que tenho visto
estão num processo de justificação (8 ) proposto por um senhor de escravos de Indaiatuba (9 ), ao juízo municipal da comarca de Itu. Este
processo encontra-se hoje sob custódia no arquivo do Museu Republicano Convenção de Itu, pertencente à Universidade de São Paulo.
Em julho de 1860, o proprietário da fazenda Sertão no município de Indaiatuba, comprou de um traficante da cidade de São Paulo,
chamado Romão Teixeira Leomil, um lote de cinco escravos por nove contos de réis. Entre eles havia um de nome André com trinta anos
de idade, portador de uma doença que o impossibilitava de trabalhar na lavoura. Passados dois meses da chegada daquele lote de escravos
à fazenda, o proprietário levou André a Itu, sede da comarca, e o apresentou ao juiz, requerendo que ele fosse examinado por um médico
que atestasse sua doença e sua incapacidade para o trabalho. O juiz determinou que o escravo fosse examinado pelo Dr. Kellin, o qual
constatou ser ele portador de uma inflamação crônica do baço e anemia acentuada que o impedia de trabalhar na lavoura. Cópia desse
processo foi fornecida ao senhor, livrando-o de pagar a Teixeira Leomil uma parcela referente ao escravo enjeitado.
Esse direito à devolução da mercadoria defeituosa estava assegurada ao fazendeiro num antigo código de leis que dizia: “Qualquer
pessoa que comprar algum escravo doente de tal enfermidade, que lhe tolha servir-se dele, o poderá enjeitar a quem lho vendeu, provando
que já era doente em seu poder de tal enfermidade, com tanto que cite ao vendedor dentro de seis meses do dia em que o escravo lhe for
entregue”.(10 )
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O e s c r a v o “g e n t e”Havia, entretanto, situações em que o escravo “coisa” virava escravo “gente”; isto ocorria quando ele assassinava brancos ou quando
empreendia fugas freqüentes. Estes dois crimes eram passíveis da pena de morte na forca para servir de exemplo e dissuadir aos demais
escravos porventura imbuídos das mesmas intenções. Praticado o crime o escravo deixava de ser coisa e adquiria sua identidade como
“pessoa” a fim de receber a punição.
O assassinato de feitores era episódio dos mais freqüentes no Brasil todo e em Indaiatuba também ocorreram. Vou abordar um desses
assassinatos, o ocorrido no ano de 1856, também na fazenda Sertão, quando Indaiatuba era ainda um distrito da cidade de Itu.(11 )
No dia 25 de julho de 1856, uma sexta feira, por volta das onze horas da manhã, na citada fazenda a pouca distância da casa grande,
estava uma turma de escravos roçando um capoeirão, isto é, roçando um local onde havia uma vegetação densa, comandados pelo feitor
Vicente do Amaral Campos.
Iam todos roçando em linha no eito, mais ou menos juntos, menos o escravo Manoel que ficou para trás por levar mais tempo
cortando um pau, mais grosso, difícil de ser abatido.
Por estar demorando, o feitor dirigiu-se ao seu encontro esbravejando e, empunhando um relho deu-lhe uma relhada da qual ele
desvencilhou-se levantando a foice como anteparo; ai o feitor retirou a foice das mãos dele, atirou-a ao chão e começou a surra-lo. Depois
de dar-lhe a última relhada, pegou a foice do chão e deu-a na mão do escravo para que continuasse o serviço. Quando o feitor virou as
costas o escravo deu-lhe uma foiçada na cabeça que o derrubou, e quando tentou levantar-se deu outra foiçada com a qual acabou de mata-
lo.
Seus companheiros de eito só perceberam o que ocorrera, quando se estabeleceu um silêncio após o esbravejar do feitor. Matias,
africano de 40 anos de idade, chegou ao local primeiro e vendo que o feitor estava morto e o assassino ao lado, amarrou o escravo Manoel
e, quando chegaram os demais companheiros, o conduziram para o quadrado da casa grande. No caminho encontraram o proprietário da
fazenda acompanhado de várias pessoas, seus companheiros, os quais no momento em que aconteceu a tragédia estavam caçando numa
mata próxima.
Levado para Indaiatuba, o corpo do feitor foi encaminhado à casa do subdelegado José Manoel da Fonseca, onde foi feito o exame de
93
corpo de delito, constatando-se que havia “um golpe de foice da nuca até o alto da cabeça com cinco polegadas e meia de comprido e um
outro golpe atravessando a cabeça de uma orelha a outra com sete polegadas de comprido e profundidade que não se pode saber por estar
vazando muito miolo”.
A 16 de agosto de 1856, o escravo Manoel foi submetido a um tribunal de júri em Itu, composto de 11 jurados, a maioria deles
senhores de engenho. Não foi condenado à forca, como era o esperado, mas condenado a galés perpétuas, isto é, prisão perpétua com
trabalhos forçados, com os pés acorrentados.
Manoel era filho de pais africanos, brasileiro, natural de Ouro Fino, Minas Gerais e tinha apenas 16 anos de idade!
Tal como Rui Barbosa, também nós nos sentimos incomodados com essa mancha que é um borrão na nossa História; mas ao invés
de tentar esquecê-la e apagá-la, não seria mais positivo relembrá-la e reaviva-la para servir de contraponto e nos ajudar a construir uma
sociedade mais justa, fraterna e civilizada?
A documentação utilizada na elaboração deste trabalho foi obtida em grande parte no Arquivo do Museu Republicano Convenção de
Itu, a cujos funcionários agradecemos, especialmente a arquivista Prof.a Anicleide Zequini.
Tendo Indaiatuba pertencido ao território de Itu até o ano de 1859 o título deste artigo também poderia ser “ Escravos e escravidão
em Itu”
Notas. (1) TOLLENARE, L. F.. Notas dominicais tomadas durante uma viagem em Portugal e no Brasil em 1816, 1817 e 1818. Tradução de Alfredo Mesquita. - Cidade do Salvador, BA: Livraria Progresso Editora, 1956.(2) Está no Mapa dos habitantes da vila de Itu de 1798:
Bairro de Indayatuba, Comp.a do Capitam Joze de Goiz da Ribeira e Morais
Fogo 51 Joaq.m Duarte do Rego Cap.m Aux. de idade 46 / Izabel Novais de Mag.es m de idade 45 / F.os / Joaq.m de idade 20 / J.e de idade 20 / Anna de idade 18 / M.a de idade 12 / Izabel de idade 11 / Antonia de idade 7 /
Escravos: 11 // Vive de seu Negocio de escravos, q’ traz do Rio de Janeiro e acçucar, q’compra e vende na prassa de S.tos, e no Rio / Planta mantim.to p.a seu gasto.
(3) Cartório de Notas de Itu, ano de 1791.
(4) Lista retirada da relação dos escravos do capitão Felipe de Campos Almeida, senhor de engenho no bairro de Pirai de baixo - “1801 / Mappa Geral dos Habitantes da Villa de Itú” / Inventário do tenente Pedro Gonçalves Meira; Cartório de Órfãos de Itu.
(5) Está no Aurélio:
Banto.[Do Cafre ba-ntu, ‘homens’ ‘pessoas’] S. m. 1. Indivíduo dos bantos, raça negra sul africana à qual pertenciam, entre outros, os negros escravos chamados no Brasil angolas, cabindas, benguelas, congos, moçambiques.
(6) Abrangia áreas das atuais fazendas do Quilombo, Itaoca, Sertão, Santa Maria, Itaguassu e outras.
(7) Uma das primeiras escrituras lavradas no primeiro livro de notas do cartório da freguesia de Indaiatuba , em 1833, referia-se à troca de uma escrava por uma casa.
(8) Auto de depósito em que são: José Estanisláo do Amaral Camargo Supplicante / Romão Teixeira Leomil Supplicado; Cartório do Primeiro Ofício da Comarca de Itu /1860.
(9) José Estanislau do Amaral, grande fazendeiro em Indaiatuba, proprietário, entre outras, das fazendas Sertão, Santa Maria, Cachoeira e Quilombo. Era dotado de uma disposição extraordinária para o trabalho e desde os 16 anos, quando pediu a seu pai para ser emancipado,
geria seus próprios negócios, chegando a ser uma das pessoas mais ricas da província de São Paulo ao final do século XIX.(10) Ordenações Filipinas, Edição de Cândido Mendes de Almeida, Rio de Janeiro, 1870, vol. 4.(11) Summario Crime ex-officio, pela morte de Vicente do Amaral Campos, em que são A Justiça Autora / Manoel, escravo de José Estanisláu do Amaral Réo; Cartório do Primeiro Ofício de Itu / 1856.
O SÉCULO XX
96
Largo da Igreja da Candelária em dia de festa, 1908.
97
19011901190119011901Crise do caféO jornal "O Estado de São Paulo" a 19 de maio de 1901 diz que
É fora de dúvida que o motivo das aperturas da lavoura é a acentuada e duradoura baixa do preço do café, por isso
todo esforço tendente a melhorar a situação angustiosa, em que nos achamos, deve ser encaminhada para a
valorização dessa mercadoria.
No dia seguinte publicou uma matéria com o título "A crise do café" em que diz
Se os que dispõem de capital procurassem collocal-o de preferencia em mãos dos agricultores a crise actual que
affecta a todas as classes da sociedade, teria sido, senão conjurada, ao menos de effeitos muito mais benigninos.
Os capitalistas, entretanto, assim não procedem. Temos lido
annuncios de ofertas de dinheiro a juros, nos quaes vem a clausula,
é inutil proporem garantia de hypotheca de fazendas. Um lavrador
procura obter vinte contos de réis por empréstimo, sob real garantia
de cem contos e não encontra.
19021902190219021902Helvétia
A capela de Nossa Senhora de Lourdes da Colônia Helvétia
obtém Provisão quinquenal em 28 de agosto de 1902, a
requerimento de Antonio Ambiel (Arquivo da Cúria Metropolitana
de São Paulo). Em 1903 o Padre Nicolau Amstalden, o "Kaplan"
assume a direção da igreja. Faleceu em 12 de dezembro de 1919 e
seu corpo foi sepultado diante do altar de São José na igreja
19021902190219021902
Eleitos emmarço,Rodrigues Alvese SilvianoBrandão são osnovos presidentee vice-presidenteda República. Oprimeiro recebe592.039 votose o segundo563.734.
Terreiros de café da Fazenda Capim Fino, sem data.
98
paroquial. (WEIZINGER, 1935).
Fabriqueiro da MatrizPor portaria de 16 de janeiro foi nomeado Luiz Teixeira de Camargo, que até 3 de outubro de 1906 estava provisionado neste cargo
(Arquivo da Cúria Metropolitana de São Paulo).
"Agente executivo da Câmara"Francisco José de Araújo era presidente da Câmara Municipal de Indaiatuba em 1902 e Luiz Gonzaga Bicudo era Agente executivo,
visto não haver em Indaiatuba, nesta gestão, sido preenchido o cargo de Intendente. Luiz Gonzaga Bicudo morava na rua do Comércio
(Doc. Itu: 93, 7).
19031903190319031903Sorocabana RailwayCom a falência da Cia União Sorocaba -Ytuana a Estrada de Ferro passa para o Governo Federal, depois para o Estado e em 1903 é
arrendada a um sindicato americano, arrendamento este em vigor até 1919. Informações de artigo no Jornal Votura de 06.06.93.
19051905190519051905Prefeito Major Alfredo de Camargo FonsecaAssumiu o cargo de Prefeito em 07/01/1905 e deixou em 25/10/1930, porém reassumiu no dia seguinte 26/10/1930 e deixou em
19/12/30. Voltou a assumir em 05/05/1931 só deixando em 04/09/1934. Com o golpe de Estado de Getúlio ele reassumiu em 14/05/
1938, governando até 12 de julho de 1939. Foi prefeito durante praticamente trinta anos.
CemitérioNeste ano foi construído o cemitério "novo" ou "de pedras" como é chamado pelos indaiatubanos. Foi construído com pedras de
99
granito, sendo os muros do cemitério "velho" feito de taipas de pilão. Para quem sobe a Candelária vindo da Matriz o cemitério de pedras
fica à direita e o de taipas fica à esquerda.
19061906190619061906PrimaveraA primeira equipe de futebol de Indaiatuba chamava-se Primavera e apareceu em 1906; o largo das Caneleiras foi transformado pelos
aficionados em campo de futebol. Diz A. Zoppi, na Gazeta de Indaiatuba de julho de 1955, que
O jogo praticado era muito brusco, onde a força e a marreta decidiam a partida. Somente os fanáticos se locomoviam
até lá para presenciarem o jogo. O fim era agitado, pois a briga era iminente.
19071907190719071907O Crime do poçoNa tarde do dia 5 de dezembro Domênico De Luca, jovem italiano de 16 anos, foi morto em Indaiatuba por três indivíduos da cidade
que cometeram o crime para roubar. O fato ocorreu dentro de uma casa na Rua Candelária nas imediações da igreja Matriz, para onde
Domênico foi atraído por um dos criminosos, Adão Ripabello, com a desculpa de que iria lhe mostrar o milho que tinha para vender, pois
o rapaz, que morava em São Paulo e era filho de um comerciante de cereais, tinha vindo a Indaiatuba para comprar milho e feijão.
Impressionados com a grande soma em dinheiro que Domênico trazia, os três assassinos combinaram o crime: Adão o atraiu para o
interior da casa onde Antonio Nugnesi desferiu-lhe uma brutal paulada na cabeça que o fez prostar-se ao chão ensangüentado, quando o
terceiro criminoso Eugênio Cardinalli desferiu-lhe facadas na garganta. Vasculharam então os bolsos e sapatos do infeliz, dividiram o
dinheiro encontrado e em seguida jogaram o cadáver num velho poço no fundo do quintal e o aterraram. Oito dias depois os assassinos
foram descobertos, contribuindo para isso um sonho que o pai de Domênico tivera, vendo-o morto dentro de uma casa, a qual ao chegar
à Indaiatuba reconheceu: era a casa de Ripabello.
Este crime teve uma repercussão muito grande fora de Indaiatuba, a ponto de prejudicar a imagem da cidade durante vários anos,
enquanto o crime do poço esteve ligado a Indaiatuba na memória das pessoas; e comoveu de tal maneira os moradores da cidade que até
19061906190619061906
Tendo recebido288.285 votos,Afonso Penaassume apresidência daRepública. Parao cargo de vice-presidente éeleito NiloPeçanha
100
hoje seu túmulo no Cemitério de Pedras [parte do Cemitério da Candelária] é visitado com muita freqüência por pessoas que acreditam
que Domênico De Luca faz milagres. O episódio foi descrito em dezembro de 1960 por Raffaello Fantelli e Judith Giomi Fantelli no jornal
Tribuna de Indaiá.
O casarão de Agostinho Rodrigues de CamargoEste casarão, de arquitetura simples mas imponente, tinha 6 janelas e 1 porta dando para o lado direito da matriz (20 m) e 1 porta com
numerosas janelas dando para a rua Candelária. Segundo consta na ata da sessão da Câmara Municipal de Indaiatuba de 09/11/1907,
presidida por Antonio Estanislau do Amaral, foi aprovada por unanimidade a doação do prédio municipal sito à rua Candelária 17 para a
instalação das Escolas Públicas Reunidas do Estado, englobando todas as escolas que funcionavam então na sede do município.
19081908190819081908Escolas Reunidas13/04/1908: Decreto estadual desta data cria as Escolas Reunidas de Indaiatuba.
19101910191019101910Escolas Reunidas de IndaiatubaHenrique, José e João Ifanger começam a freqüentar a escola em Indaiatuba.
No ano de 1910 comecei a freqüentar a escola Reunidas desta cidade, que funcionava e era mantida pela prefeitu-
ra e dirigida pelo diretor professor Sr. Galdino Chagas, e meu primeiro professor foi o Sr. Carlos Tancler, filho do
Tenente José Tancler, representante do consulado Italiano nesta cidade. No ano seguinte passou a Grupo Escolar
N. S. da Candelária de Indaiatuba, daí em diante foram nomeados professores Estaduais. Lembro-me das
professoras: Dona Esmeralda, Dona Olímpia, Dona Esther e quando passei para o 3o. ano tive o professor José
Nogueira, Nestor Pereira Leite, Wenceslau Arco e Flecha, era descendente de índio. O servente da escola era o Sr.
19101910191019101910
Derrotando RuiBarbosa,
Hermes daFonseca é eleito
presidente daRepública, com
403.867 votos.Venceslau Brás,
seu companheirode chapa, recebe406.o12 votos e
é o novo vice-presidente.
101
Nho Sampaio.
Nesta época as aulas não eram
mistas, os meninos tinham aula no
período da manhã e as meninas no
período da tarde (IFANGER,
1986).Código de Posturas
Em 20 de janeiro de 1910 o
Prefeito Alfredo de Camargo
Fonseca promulga o Código de
Posturas. É um conjunto de normas
a que os munícipes ficaram sujeitos,
para se manter um mínimo de
convívio civilizado na comunidade.
A legislação abrangia tudo:
alinhamento, aformoseamento e
asseio das ruas, segurança pública,
higiene e salubridade pública,
normas de convívio entre os
vizinhos na área rural, incêndios e queimadas, estradas públicas (estas serão consertadas de abril a maio pelos moradores dos bairros e,
para quem não acatar a convocação, a pena poderá ser até de 4 dias de prisão), cemitério e enterramentos. Dispõe também sobre terrenos
municipais, terrenos abandonados, comércio, indústria e profissões, sobre o secretário da câmara e zelador do relógio, fiscal, coletor
municipal, porteiro da câmara, arruador, zelador dos lampiões e impostos. Ficava absolutamente tudo sob controle do Prefeito.
O casarão de Agostinho Rodrigues de Camargo, transformado em sede do Grupo Escolar.
102
Cometa HalleyDe seu sítio, de onde se podia avistar a vila, Henrique viu às 4 horas da manhã o cometa de Halley:
A casa construída por meu pai era bem melhor e bem localizada, de onde se podia avistar a vila. Moramos ali dois
anos. E foi dali que pude ver a olho nu o cometa de Halley. Meu pai como era assinante do jornal O Estado de São
Paulo, estava a par deste acontecimento, e nos acordou para ver o cometa, que estava bem visível, na forma de um
leque semi aberto, em posição perpendicular, com uma parte mais clara. Isto às quatro horas da manhã mais ou
menos, e do ano de 1910 (IFANGER, 1986).
Coronel Antonio de Almeida SampaioFalece em sua fazenda Pimenta a 2 de novembro, presidente da câmara de Itu (NARDY, 1951)
TaipasDiz o artigo de E.J.L. na Tribuna de Indaiá de 01/05/57:
Em 1910 ainda se construíam paredes e muros de taipas e como razão pertinente existia a classe dos taipeiros.
Entre eles havia o Zé Taipeiro, o Chico Taipeiro e outros. curiosa era da maneira com que os taipeiros, peitos
desnudos, na sua faina verdadeiramente árdua, colocavam os enxameis e batiam o barro com grandes macetas de
madeira. Esse trabalho, por vezes pitoresco, processava-se em cadência quase militar, entremeado pelo coro dos
taipeiros, uma espécie de cantoria mais ou menos entoada, mistura de afro e brasílico. O coro dos taipeiros e o
"bam, bam" característico das macetas difundiam nos ares de tal maneira que se concretizavam em eco soturno na
quietude tumular de nossa Indaiatuba primitiva.
19111911191119111911Grupo EscolarDe acordo com o texto da Publicação comemorativa do Grupo Escolar Randolfo Moreira Fernandes, de 1986, o Decreto Estadual de
103
06/03/1911 cria o Grupo Escolar de Indaiatuba, instalado em 15/03/1911, sendo seu primeiro diretor o Professor Galdino Lopes
Chagas, que o dirigiu até 1915, quando foi removido para São Paulo.
E.F. SorocabanaDeu na Gazeta de Capivary de 15/10/1911, citado por Guedes de Oliveira (1992):
Em Indaiatuba trabalham atualmente os operários da E.F. Sorocabana na construção de uma estação férrea, de
estilo moderno e que, com certeza, satisfará os interesses dos habitantes daquele município.
Na narrativa de A. Zoppi,
Em 1911 a Sorocabana mandou construir uma estação nova, sendo Indaiatuba de então uma vila muito pobre.
Não sei se foi milagre mas construíram um prédio majestoso, com materiais de primeira qualidade e fino acaba-
mento. As telhas por exemplo são
genuínas vindas de Marselha na
França; daí o nome de telhas
francesas ou telhas de Marselha como
diziam antigamente. (...) a estação era
bela mas havia só dois trens por dia.
Um passava às 11:30 para São Paulo
e o outro ao meio dia para Piracicaba.
Igreja PresbiterianaO presbiterianismo iniciou-se em
Indaiatuba em 1911, por meio de
membros da congregação de Monte
Mor, reunidos na residência deFachada da Estação Indaiatuba em foto recente.
104
Pedrina Soares Wolf, em Mato Dentro. Em 20 de agosto de 1911 o Reverendo James Peter Smith, juntamente com Benedito Silva, fizeram
cultos em casa de Aprigio Alves Ferreira. Benedito Silva continuou a visitar o pequeno grupo que ali se formou. Também eram realizadas
reuniões em casa de Isabel Sauer, na rua Pedro de Toledo. Em 22 de dezembro o reverendo James Smith inaugurou o trabalho presbiteriano
em Mato Dentro na casa de Luiz Stahl. Em 1929 os núcleos da cidade de Indaiatuba e do Bairro do Mato Dentro são transformados em
Congregação Presbiterial. Isto conta a Professora Marta Marinho no Jornal Votura de 12/08/95.
Padre Francisco Eduardo Pais MoreiraO Padre Francisco Eduardo Pais Moreira inicia o seu paroquiato em Indaiatuba exercendo-o de 1911 a 1920. (CARVALHO, 2004).
ÓbitosNa rua 13 de Maio, antiga rua das Flores e atual Pedro de Toledo, foi onde ocorreram mais óbitos neste ano, seguida da rua da Palha,
a qual, segundo Dilermando Pedroso de Barros (1997), recebeu este nome por causa da quantidade de casas cobertas de palha_ capim-
sapé. Surpreendente é a quantidade de óbitos em Quilombo, antiga estação da Ituana, bairro de onde vieram 41 pessoas, ou seja 20,1%
mais que a Cidade, com 35 pessoas, ou 17,4% do total de óbitos.
Sabemos que a população do município em 1900 era de 7.137 habitantes e que em 1920 havia subido para 9.944 (SEVÁ, 1939). Pela
média, em 1911 haveria em torno de 8.540 habitantes no município. Supondo que a população de 1911 estivesse perto desse número,
teríamos em torno de 1.486 pessoas morando na área urbana, incluindo o Bairro Santa Cruz, e 7.044 pessoas morando nos sítios e
fazendas. O maior número de óbitos ocorre na faixa etária de 1 dia a 3 anos: 68,2%. As causas mais freqüentes das mortes são: gastroenterite
e verminoses, 27,9%, bronquite, coqueluche e sarampo, 30,3% e tétano umbilical, 8,5%. Estes dados foram colhidos a partir do Livro do
Cemitério de Indaiatuba - 1911 a 1919 (Arquivo Público Municipal de Indaiatuba, FPMI).
19121912191219121912Primeiro cinemaDiz Antonio Zoppi, em texto publicado na "Tribuna de Indaiá" de 02/11/1958:
O Largo da Cadeia começou a melhorar quando meu pai construiu o primeiro cinema de Indaiatuba: o salão
105
"Recreio" em 1912, onde hoje situa-se a sede do Primavera. Mais tarde o saudoso Domingos Gazinatto construiu
um salão de zinco e mandou meu pai fazer a fachada colocando o nome de "Cine Teatro Íris".
O Cine Teatro Íris, segundo A. R. Geiss, ficava na Rua Candelária, ao lado de onde hoje está a agência do Bradesco.
Plantação de batatasEm 1912 Indaiatuba foi o maior produtor de batatas de todos os municípios, pois a colheita rendeu 262.100 litros (SOUZA, 1915).
Produção de caféNo ano agrícola de 1912-1913 o município de Indaiatuba tinha 2.365.300 pés de café produzindo. A produção total foi de 90.430
arrobas, com média de produção de 38,2 arrobas para cada mil pés. Média baixa comparada com a média de Cravinhos, que foi de 105,6
arrobas para cada mil pés. Por isso a lavoura cafeeira se
deslocava para aquela região (SOUZA, 1915).
Receita/DespesaA receita do Município de Indaiatuba em 1912 foi de
21:716$100 vinte e um contos _setecentos e dezesseis mil e
quinhentos réis. A despesa foi de 16:770$020 _ dezesseis
contos, setecentos e setenta mil e vinte réis. (SOUZA, 1915).
19131913191319131913Paisagem
Segundo diz Antonio Zoppi, em texto de 28/02/1960
publicado na Tribuna de Indaiá,
Na segunda dezena deste século, lá pelo ano de 1913,
Indaiatuba era uma cidadezinha com poucas ruas, sendo a parteTransporte de mercadorias
106
central, a esquina da rua XV de Novembro com a rua do Comércio, hoje Siqueira Campos. Existiam alguns
armazéns de secos e molhados, e algumas lojas de armarinhos, e BAR era completamente desconhecido; diziam
- botequim, onde abriram um na esquina da rua Candelária com a praça Prudente de Moraes e não durou muito
tempo. Devido que os armazéns vendiam bebidas e o horário de abrir o comércio era: abrir a hora que quisesse e
fechar obrigatoriamente às 21 horas, quando o sino da cadeia batia o sinal de silêncio.
O primeiro automóvelAntônio Zoppi, em texto na Tribuna de Indaiá de 18.10.59, conta que
Pelo ano de 1913 apareceu em Indaiatuba um moço dentista cujo nome era Odilon.
Morava em um velho prédio, onde atualmente se acha o Hotel Candelária. Este
dentista tinha um automóvel e esta foi a primeira vez que nós vimos esse tipo de
veículo. Aquele belo carro era de fabricação européia e pintado em vistosa cor
vermelho vivo. O sistema de direção era na direita e o câmbio ficava por fora.
Coisa difícil era fazer funcionar o motor. Tinha que se arranjar uma turma de
crianças para empurrar o carro pela rua da Palha.
Primeiro jornal:"O Indaiatubano"Fundado em 17 de agosto deste ano de 1913 é o primeiro jornal, que se tem
notícia até o momento, a circular em Indaiatuba. Foi fundado por G. Miguel Bosio,
pessoa trazida para Indaiatuba pelo Professor Galdino Chagas, e que ficou na
direção do jornal por quase dois anos. Para a sobrevivência de "O Indaiatubano",
Bosio contou com o apoio do Prefeito Major Fonseca, dos proprietários dos cinemas
da cidade, do Professor Carlos Tancler e de Benedito Taborda, para quem depois
desses dois anos Bosio transferiu "O Indaiatubano". A partir daí, o redator do
jornal passou a ser o advogado C. P. Sampaio Neto e o jornal, assim como o
107
escritório do advogado, funcionavam na Rua Quinze
de Novembro, número 10. Dos poucos exemplares
que ainda restam dessa época, o de número 182, de
29 de abril de 1917, em seu quarto ano de circulação,
consta como seu redator proprietário , o Sr. Deodato
Ferreira Neves, que mantinha a redação na Rua Boa
Vista número 17, atual Bernardino de Campos.
Estas informaçãoes constam no caderno especial
do Jornal Votura de 10 de setembro de 1987 - dia
da Imprensa, e também em texto de A. Zoppi na
Tribuna de Indaiá de 28/06/1959.
Luz ElétricaSegundo a Gazeta do Povo de 9/12/1930
Desde o dia 10 de maio de 1913 Indaiatuba,
iluminada antes com luz de lampiões a querosene,
passa a ser iluminada a energia elétrica, fornecida
pela Empresa de Luz e Força de Jundiahy.
Segundo Ifanger (1986),
Em 15 de maio de 1913 foi inaugurada a instalação de luz e força em Indaiatuba, com grande festa. De nossa casa
via-se bem a luz. Antes a luz era fraca por ser de lampeão de querozene em coluna de ferro. O responsável pelos
lampeões era o Sr. João B. T. Pedroso de Barros.
A Empresa de Luz e Força de Jundiaí já fornecia energia para Jundiaí por meio de uma usina construída nas proximidades da estação
de Monte Serrat, hoje município de Itupeva. Com o início dos trabalhos em Indaiatuba, houve necessidade de construir uma nova usina,
em Quilombo, e as duas unidades passaram a trabalhar de forma integrada. Ambas usavam usavam desníveis das águas do rio
19141914191419141914
As eleições parapresidente evice-presidenteda República sãovencidas porVenceslau Bráse UrbanoSantos daCosta Araújo,que recebemrespectivamente532.107 votos e556.127 votos.
Esquina da Praça Pudente de Moraes, no momento em que a iluminação elétrica está sendo instalada.
108
Jundiaí.(SCACHETTI, 2000/2001)
19141914191419141914Casa ParoquialO Padre Francisco Eduardo Pais Moreira encomenda a construção da casa paroquial ao construtor italiano Cezari Zoppi. O trabalho
tem início com a derrubada da casa antiga feita de
barrotes e em estado precário. A casa não estava
rebocada ainda e acabou o dinheiro disponível, sendo
daí para frente terminada aos poucos. Cezari Zoppi
recebia do Padre pequenas parcelas de dez a quinze
mil reis, provenientes das esmolas dadas durante as
missas. Estas informações estão em "Reminiscências
de Antonio Zoppi", na Tribuna de Indaiá de 01/01/
1959.
Criada a paróquia de Nossa Senhora deLourdesParóquia Nossa Senhora de Lourdes, da Helvétia,
criada em 14 de janeiro de 1914.
PaisagemO largo da Cadeia era o
ponto de reunião para os
jogos de bolinha, pião e outros, isto porque era um terreno duro. Nas esquinas havia algumas árvores de carvário
(sic) e de magnólias desde o tempo em que o largo foi feito. Depois apareceu o eucalipto, novidade naquele
Largo da Cadeia, hoje Praça Prudente de Moraes, em foto sem data.
109
tempo; e a prefeitura mandou plantar algumas mudas atrás da cadeia, onde mais tarde tornaram-se árvores enormes,
perigando mesmo os prédios vizinhos.
O largo da Cadeia era fora do comércio.
O centro da cidade era a rua do
Comércio, hoje rua Siqueira Campos
entre as esquinas das ruas Quinze de
Novembro e Candelária (ZOPPI, 1958/
1998).
19151915191519151915Torres da Matriz
A fachada da nossa igreja defronte ao
largo era lisa. Onde agora tem as torres
havia apenas quatro efeitos de cimento
em forma de pião. O sino ficava mais
abaixo, na janela ao lado. No limiar de
1915 veio para aqui afim de passar uns
dias em sua terra natal, um indaiatubano
muito rico e católico de nome João
Bueno de Camargo. Hospedou-se no
Hotel União, situado à rua Sete de
Setembro. O nosso padre então teve a
idéia de ir pedir um auxílio para a
paróquia. A nobre pessoa inteirou-se deIgreja da Candelária, ainda sem suas torres.
110
tudo que faltava e às suas expensas mandou meu pai construir as torres da igreja; esse serviço muito melhorou a
fachada do templo católico que até hoje, há mais de quarenta anos, desafia o
tempo. (ZOPPI, 1959/1998)
Abastecimento de água para a CidadeSegundo informações de Antonio Zoppi (1955/1998) e do Dr. Sevá (1939),
o sistema de abastecimento de água era o seguinte: diversas fontes existentes
abaixo da Estação da Estrada de Ferro formaram um açude, de onde a água,
após a passagem por um filtro de cascalho, areia e carvão, era bombeada para
um reservatório a 80 metros de distância. Este reservatório abastecia a parte
baixa da cidade. Para as partes altas foi construída uma caixa de 10 mil litros,
Uma das torneiras públicas
111
sobre seis pilares, onde está a Prefeitura hoje [Praça Prudente de
Moraes], em frente ao largo da Cadeia. Para esta caixa a água era bombeada e distribuída, em canos de 2 polegadas, para cinco ou seis
torneiras espalhadas pela cidade. Custou esse serviço 10:859$640, ou seja, quase onze contos de réis.
19161916191619161916Companhia Telefônica de IndaiatubaEm seu livro de memórias o músico Nabor Pires Camargo conta que seu primeiro emprego foi na Companhia Telefônica de
Indaiatuba, onde era ao mesmo tempo telefonista, mensageiro e inspetor das linhas. Tinha catorrze anos na época. A Telefônica certamente
tinha inaugurado seus trabalhos recentemente, pois em 1915 a Câmara havia registrou o recebimento de ofício com um pedido de
autorização para a criação do serviço.
Caixa d’água ao fundo da foto do Bloco carnavalescoMeninos vendedores de água, cerca de 1910.
112
Autoridades MunicipaisO jornal "O Indaiatubano" de 22 de outubro de 1916, na seção
informações anota:
Câmara Municipal: Prefeito Major Alfredo Fonseca, Juiz de Paz: Tte. José
Tancler, Secretário Municipal: José Firmiano, Fiscal Municipal: Domingos
Schittini, Official do Registro civil: Luiz Teixeira de Camargo, Colector
Federal: Celestino Guimarães, Collector Estadual em comissão: José da
Silveira Campos, Collector municipal: Antonio Soares Rodrigues, Grupo
Escolar: Director Octavio A. Bueno, Advogado: C. P. Sampaio Neto, Vigário:
Francisco Eduardo Moreira, Agente da Estação: Elpidio Medeiros, Agente
do Correio: d. Angelina Thomasi, Dentista: Álvaro de Moraes , Pharmacia
Candelária: Francisco Xavier da Costa, Pharmacia Internacional: De
Benedectis, Força e Luz: encarregado José Malavazzi. Typografia d'O Indaiatubano: Rua Quinze de Novembro n.
10.
Neste momento Indaiatuba não tem médico, mas tem ótimo dentista, de acordo com a propaganda de Álvaro Moraes, de que é
"diplomado pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro".
19171917191719171917Filme seriado
O maior sucesso foi em 1917 quando foi exibido o primeiro filme em série: "Os estranguladores de Nova Iorque".
O povo não falava em outro assunto; cada esquina tinha um grupo de rapazes discutindo a respeito do homem
misterioso Pierre La Ruy, no final dos últimos episódios (ZOPPI, 1958/1998).
Consultório de Álvaro Moraes, em foto sem data.
19171917191719171917
O navio Macau éafundado pelos
alemães, levandoo Brasil a
declarar guerraao Império
Alemão.
19181918191819181918
O ex-presidenteRodrigues Alves
é novamenteeleito para a
presidência daRepública com
386.467 votos.Seu companheirode chapa DelfimMoreira, recebe
382.491sufrágios.
Afetado pelagripe espanhola,Rodrigues Alves
não assume apresidência, que
é ocupadainterinamente
pelo vice-presidente
Delfim Moreira.
113
19181918191819181918Geada
"Houve uma grande geada que atingiu muitos cafezais em áreas baixas."
(IFANGER, 1986).
"A Gazeta do Povo"Fundado por José Augusto da Silva, este jornal funcionou de 1918 a
1936 e tinha sua redação à Rua da Candelária, em prédio já demolido que
ficava onde é hoje o estacionamento das Casas Bahia, segundo informações
de Oscar Steffen. Em 1932 a direção foi mudada para Gustavo Ribeiro
Escobar. Em 1935 três pessoas passaram por sua direção: Edgar Bruni,
José de Paula Leite de Barros e Christiano J. Martinho Steffen, que assumiu
em época política. A Gazeta do Povo era jornal situacionista, ligado ao
grupo do Major Fonseca (Jornal Votura, 1987).
O "Indaiatubano Futebol Clube"Segundo texto da Tribuna de Indaiá, de 28/05/1983, o Indatubano
Futebol Clube tinha seu campo no quadrilátero formado pelas ruas Onze
de Junho, Vinte e Quatro de Maio, Candelária e Pedro Gonçalves. Os dois
craques do time eram João Nunes Becari (Nunes) e Lofredo Laurenciano
(Dinho). O Indaiatubano fundiu-se com o Corinthians Futebol Clube formando o Esporte Clube Primavera em 1927.
Prédio do MatadouroFoi construído por Pedro Filetti (ZOPPI, 1998) em 1918, em terreno de Henrique de Araújo Campos, trocado por outro com a
Prefeitura, segundo pesquisa no Arquivo Municipal feita por Antonio Reginaldo Geiss. No local foram plantados eucaliptos, como consta
19181918191819181918
Rodrigues Alvesmorre no Rio deJaneiro.Realizam-se,então, novaseleiçõespresidenciais;Rui Barbosacandidata-senovamente, masé derrotado porEpitácioPesssoa, querecebe 286.373votos.8.000 pessoasmorremvitimadas pelagripe espanhola.A doençaespalha-se paraoutras regiões.
114
em relatório do Major Fonseca.
19191919191919191919Reforma na capela-morO Padre Eduardo Pais Moreira, em 1919, mandou fazer uma grande reforma na capela-mor , tirando todo o assoalho e degraus de
tábuas velhas, trocando-os por degraus de mármore de Carrara e por mosaicos de diversas cores feitos em São Paulo (ZOPPI, 1959/
1998).
Estação Francisco Quirino (Sorocabana)A ESTAÇÃO: Originalmente chamada de "chave de ligação", foi instalada em 1919 mas ganhou o nome definitivo somente em 1922.
Ficava no entroncamento das linhas que vinham de Jundiaí, da Ituana original, e da que vinha de Campinas, construída posteriormente
pela Sorocabana. De acordo com moradores da vila de Quilombo, era uma parada, uma construção pequena. Foi desativada nos anos 70,
com a desativação, nessa época, do ramal de Jundiaí, ou seja, a linha que unia essa parada a Jundiaí e que originalmente foi parte da linha-
tronco da Ituana. Não consegui localizar sua posição original, nem comprovar se ainda existe a construção, não tendo, por isto, tirado fotos
do local.
Relatório do Major FonsecaEm relatório das atividades da câmara no ano de 1919:
Estatística escolar: crianças em idade escolar 618. Destas não recebem instrução alguma: 103. A Praça Prudente de Moraes não é
ajardinada porque no centro dela funciona a cadeia. Segundo o relatório, procuraram nos papeis do arquivo da Câmara e concluíram que
o prédio é de Indaiatuba, e não do Estado como se pensava, e portanto o Major vai pedir a transferência da cadeia para outro lugar. Há um
documento de 1882 provando que a cadeia era do Estado [ver entrada a respeito em “1882 Cadeia”].
Na Praça Prudente de Moraes e matadouro plantaram eucaliptos, antes de 1919.
A cidade passará a exigir atestado de óbito para sepultar os mortos, que tinham apenas uma guia do escrivão do registro civil, escrito
"morte natural".
19191919191919191919
Rodrigues Alvesmorre no Rio de
Janeiro.Realizam-se,então, novas
eleiçõespresidenciais;Rui Barbosa
candidata-se ,mas é derrotado
por EpitácioPesssoa, que
recebe 286.373votos.
115
Foi feito em 1919 o "regulamento sobre
vehículos". O major mandou este relatório para
a "Gazeta de Capivary", que o publicou em
25/01/1920.
Regulamento sobre "vehiculos"A partir de 9 de março está em vigor a Lei
n. 2, e "todos os vehiculos quer de particular
ou aluguel ficam obrigados às suas disposi-
ções". Esta lei, que regulamenta o uso de
veículos a tração animal e automóveis, assinala
já a presença de automóveis na cidade. Cartas
de "chauffeurs" e de carroceiros, depois do
pretendente ter prestado o "competente
exame", eram expedidas pelo Prefeito.
19201920192019201920Automóvel
Dia 11 de maio de
1920 meus pais comemoraram Bodas de Prata. Foi servido um lauto jantar, regado com boas bebidas. Naquele
dia havia um único carro de aluguel, que também era particular e pertencia ao jovem Felipe Almeida, um colega
meu de escola. Ele fez um bom movimento de ida e volta, em toda a parte da tarde (IFANGER, 1986).
Broca do caféEm 1920 apareceu a broca do café. Um besouro que atacava o grão de café e com a desova danificava o fruto
Da esquerda para a direita: em pé, os vereadores Ambrósio Lisoni e Christiano Steffen; sentados,
vereadores Antonio Pinheiro, Joaquim Pedroso de Alvarenga e o prefeito Alfredo de Camargo
Fonseca, em foto de 1920 _ feita em frente ao Jardim Municipal, que era chamado pelo povo de “o
Redondo”, pela disposição de suas árvores..
116
antes de secar. Para combater a praga o Instituto do Café descobriu um meio de eliminá-la, utilizando estufas. O
governo criou uma lei que obrigava todos os produtores de café do Estado de São Paulo a construir uma estufa.
O que foi publicado e desenhado no jornal, dando explicações de como deveria ser construído. Era para levantar
quatro paredes de tijolo de espessura , uma só porta, guarnecidas com fitas de borracha, seis parafusos com porca
tipo borboleta, teto de lajotas, tudo com bom acabamento, para que não escapasse o gás venenoso, que exalava de
um líquido, chamado formicida, colocado interiormente em uma latinha aberta, dependurada no teto. O café é
posto na estufa à tarde, quando chega da roça. Quando tudo dentro, fecha-se a porta parafusando bem, permane-
cendo assim até o dia seguinte, uma duração de doze horas. De manhã é retirado e esparramado para secagem,
depois lavado.
Em nossa propriedade eu é que fiz a estufa, que foi a primeira do município. Diversos vizinhos que tinham café
e sabiam que eram obrigados a construir a sua estufa, vieram ver como foi construída a nossa. O modelo que eu
já tinha visto no jornal O Estado de São Paulo. E assim foi fácil de construir e dar as informações necessárias aos
que vieram ver a estufa (IFANGER, 1986).
Morre o Padre Francisco Eduardo Pais MoreiraEm julho de 1920 o Padre Moreira deixa Indaiatuba em viagem para Portugal, sua terra natal, onde ia se submeter a uma cirurgia de
estômago, mas em meio da viagem veio a falecer, sendo sepultado no mar (ZOPPI, 1959/1998).
Padre Alberto MotzEm julho inicia este padre o seu paroquiato em Indaiatuba onde permanece até 1923.
Fazenda Morro TortoNessa época, meu pai e mais três proprietários que possuíam sítio nessa região resolveram comprar a fazenda
Morro Torto, que era de Antonio Ferreira do Amaral. As condições que foram acertadas para a compra entre
estes quatro proprietários eram dividir em partes iguais, porque todos eles eram vizinhos com limites na fazenda
117
Morro Torto. Eram eles João Ifanger Júnior, Luís Von Ah, Carlos Linder, e João Fanger. A área do Morro Torto
era mais ou menos de duzentos alqueires entre matas e pastos. Não havia benfeitorias, a não ser ranchos, mangueirões
e uma cocheira. A fazenda era de criação de eqüinos. Tinha os seguintes animais: 60 éguas de cria, 2 garanhões,
um jumento. O negócio foi fechado por trinta e seis contos de réis. Os animais foram divididos. Meu pai ficou
com 12 éguas e dois burros. As éguas meu Pai deu de presente para empregados e amigos pobres. As terras foram
anexadas às terras dos sócios. Meu pai ficou com pasto, que vendeu para terceiros, por serem um pouco distantes
de nossa propriedade. Na primeira roça que fizemos foi preciso derrubar um alqueire de matas. O curioso foi
quando nós pusemos fogo para limpar o terreno para cultivar milho. As primeiras vegetações que nasceram
foram mamona e gengibre, aquela plantinha que produz a raiz com que se faz quentão nas festas juninas. O solo
era todo ondulado. Acreditamos que houve o cultivo de cana de açúcar anteriormente. Encontramos pedaços de
cerâmica, louças, vidros, troncos de madeira junto a um córrego que ali existia, sinal de que naquele local tinha
sido instalado um engenho de cana. Era o que parecia (IFANGER, 1986).
19211921192119211921Hotel Bella Jardineira“Havia os seguintes hotéis: Hotel União, de
Merita Bertolloti, Hotel Bella Vista, de Hemetério
Rodrigues e, em 1921, Francisco Boselli mandou
meu pai construir um prédio novo, para instalar o
Hotel Bella Jardineira.” (ZOPPI, 1998).
Este hotel ficava no largo da Matriz, esquina
com a rua Direita, atual Augusto de Oliveira
Camargo.
Largo da Candelária, com Hotel Bella Jardineira à esquerda, em foto sem data.
118
Primeiro avião visto na CidadeDiz a crônica "lembrada por Antonio Zoppi e redigida por Nazareth Pimentel", publicada em "A Gazeta de Indaiatuba" em maio de
1955 que
Outro fato pitoresco foi o aparecimento do primeiro avião em Indaiatuba, lá pelo ano de 1921. Atraído pelo
barulho do motor o povo saiu à rua ansioso por ver a grande novidade. Para sua felicidade e infelicidade do piloto,
o minúsculo teco-teco, por um desarranjo qualquer foi obrigado a aterrisar no terreno onde hoje se ergue o
Hospital Augusto de Oliveira Camargo. No mesmo instante, como que acionados por uma mola, saíram todos
correndo em demanda do local; pedreiros abandonaram seus instrumentos de trabalho, um padeiro deixou o pão
no forno a queimar, tendo sido até... despedido do emprego; mulheres calçadas com tamancos num ruído ensur-
decedor corriam pela rua Francisco de Paula Leite, naquele tempo rua Araújo, em busca da grande maravilha. O
avião ao cair teve a hélice partida, sendo preciso buscar outra em Campinas, o que se daria só no dia seguinte, pois
o último trem já havia passado e não existia estrada de rodagem.
Por incrível que pareça, o povo permaneceu três dias, tempo que levou para os reparos, em volta do avião, não
saindo nem para tomar água; saciava a sede com as laranjas do pomar de uma chácara vizinha; um doceiro da
cidade instalou seu tabuleiro no local, fazendo grandes negócios. Reparado o teco-teco foi marcada a hora da
partida. Ao movimentar-se a hélice foi tal o deslocamento de ar que o tabuleiro de doces, inclusive o doceiro,
voaram longe, juntamente com o chapéu de muita gente que caiu de susto.
Há dúvidas quanto à data do aparecimento do primeiro avião em Indaiatuba. Segundo Caio Sampaio o defeito foi no platinado do
motor do avião, o qual foi consertado por seu pai, Scyllas, com instrumentos de dentista.
19231923192319231923Padre Lázaro SampaioEm 10 de maio de 1923 inicia o seu paroquiato em Indaiatuba permanecendo até 1925.
19221922192219221922
Apesar de forteoposição nos
meios militares,Artur Bernardes é
eleito presidenteda República, com
466.877 votos.Seu companheirode chapa, Urbano
Santos, recebe447.595 votos.
Os revoltosos doforte de
Copacabana(dezoito militares
aos quais seincorpora um civil)
realizam umamarcha pela
avenida Atlânticasob fuzilaria das
tropas dogoverno.Apenas
dois delessobrevivem:
Eduardo Gomes eSiqueira Campos.
O Levante doForte de
Copacabanamarca o início do
movimentotenentista.
119
Reforma da MatrizEm reunião "na sala nobre da matriz" realizada a 2 de julho de 1923, foi designada uma comissão para tratar da reforma externa da
matriz. Presidente: Antonio Estanislau do Amaral, tesoureiro: João da Fonseca Bicudo. Procuradores João Ifanger Jr., Arthur Pedroso de
Barros, José Banwart, Joaquim Pedroso de Alvarenga e Arnaldo Sigrist. Esta informação foi retirada de artigo da Gazeta do Povo de 8 de
julho de 1923, que informa ainda que João da Fonseca Bicudo é neto de José de Almeida Prado, ao qual, segundo o jornal,
deve-se a construção do bellissimo altar mor da Matriz: foi esse generoso e bom catholico que tomou a iniciativa
de dirigir até a conclusão este importante e artístico trabalho que foi iniciado em abril de 1868 e terminado em
Maio de 1875.
19241924192419241924Informações sobre IndaiatubaO município tem 292,5 km²; está a 156
km de São Paulo pela "Sorocabana", tem
46 km de estradas de rodagem, sendo 34
km especialmente construídas para
automóveis. Estas estradas tem as direções
de Campinas (uma por Helvétia e outra
por Vira Copos [sic]), Salto e Itaicy.
Confronta-se com Salto, Itú, Jundiahy,
Campinas, Monte Mór e Capivary. Tem
9.944 habitantes e pertence à Comarca de
Itú. Delegacia de Policia quarta classe.
Instrucção: um grupo escolar e quatro
escolas isoladas, representando 12 classes
19241924192419241924
A 5 de julho de1924, eclode emSão Paulo umlevantetenentistaliderado pelogeneral IsidoroDias Lopes. Osrebeldes tomama cidade,colocando emfuga ogovernador.Após 22 dias deluta, osrevolucionáriosfogem para oParaná,comandados porMiguel Costa.
Esquina da praça Prudente de Moraes e bomba de gasolina, em foto de 1924.
120
com 517 alunos e uma particular. A cidade tem 258 prédios, abastecimento d'água por chafarizes e serviços de luz
e força elétricas. Entre os vehiculos registrados na Prefeitura contam-se 6 automóveis. Estabelecimentos comerciais:
46; Estabelecimentos industriais principais: 2 fábricas de artefatos de folhas, 3 alfaiatarias, 4 oficinas de sapateiro,
4 padarias, 2 fábricas de carros
e carroças, 9 açougues, 2
garagens, 5 ferrarias, 6 olarias,
1 selaria, 3 torrefações de café,
1 tipografia, 1 serraria, uma
fábrica de tecidos etc. Café: são
95 os lavradores; 34,7 % dos
cafeeiros pertencem a 67
lavradores estrangeiros: 32
italianos com 314.900 cafeeiros;
9 alemães com 48.000, 4
espahoes com 35.000 e 22 de
outras nacionalidades com
491.000. O município tinha, em
1922, 2.636.000 cafeeiros
produzindo 130.000 arrobas
com média de 49,4 arrobas por
mil pés [ média de
produtividade baixa,
comparada à regiões mais novas de plantio. N.C. ]. Outras culturas: 7.600 sacas de arroz, havendo duas maquinas
de beneficiar; 6.700 sacas de feijão, 50.000 sacas de milho, 10.000 arrobas de algodão, 7.500 arrobas de cebolas,
Vinha: 70.000 videiras, 500 hectolitros de vinho e 8.200 arrobas de uvas, 25.000 hectolitros de batatinhas, 600
121
arrobas de tomates; cana principal-
mente para aguardente; frutas:
laranjas, figos, mangas etc; fumo,
mandioca, alfafa etc. Criação: 5.312
bovinos, sendo 3.251 vacas, 545
equinos, 1.364 asininos, e muares,
9.280 suinos, 185 ovinos e 1.151
caprinos. Há no município extração
de granito, de madeiras e de cascas
para curtume. Superfície da lavoura:
9.522 alqueires, sendo 4.009 em
pastos e campos. As terras são
brancas, arenosas e misturadas,
havendo também massapé. A
metade da superfície do município
é de terras boas e o resto de
regulares e inferiores. Valem, em
média, 2 contos de réis por alqueire,
as mais próximas da cidade. Fora
dessa zona valem 500 mil réis a 1 conto de réis. São 240 as propriedades agrícolas e pastoris recenseadas, no valor
total de 7.576:605$000, sendo 114 de menos de 41 hectares, 58 de 41 a 100 hecteres, 15 de 101 a 200 hectares, 10
de 201 a 400 hectares, 12 de 401 a 1.000 hectares e 4 de mais de 1.000 hectares. 115 no valor de 4.304:535$000
pertencem a nacionais e 111 no valor de 1.695:640$000 pertencem a estrangeiros e 14 a pessoas não discriminadas.
A superfície total dessas propriedades é de 23.829 hectares. Entre os pequenos lavradores predominam os italianos.
Nucleo colonial particular Nova Helvétia é servido pela estação Itaicy (PIZA, 1924).
122
Prédio da Empresa de Força e Luz de JundiaíNo ano de 1924 quando meu pai construiu o prédio para a Empresa de Força e Luz de Jundiaí, o engenheiro quis
que a calçada, defronte ao prédio fosse feita com ladrilhos de cimento de doze quadros e assentados com arga-
massa mista (ZOPPI, 1960/1998).
A Revolução de 24 e o prefeito major Alfredo FonsecaEm 1924 houve um movimento militar em São Paulo, provocado pelo General Izidoro Dias Lopes, e o Tenente
Cabanas. Era presidente do Estado de São Paulo Arthur Bernardes. O movimento armado estava no vigésimo dia
quando houve um bombardeio pelos federais sobre São Paulo, provocando pequenas destruições e algumas
vítimas. Quando os rebeldes começaram a fugir em direção ao norte do Estado de São Paulo, como acontece
sempre, surgiram os boateiros dizendo que uma coluna de fugitivos ia passar por nossa cidade em um trem da
Sorocabana, em direção de Piracicaba, cometendo desordens, roubos, quebra-quebras. Enquanto os boatos cor-
riam, nosso prefeito, que era o Sr. Alfredo Camargo Fonseca fugiu para sua fazenda Santa Maria, ficando três dias
oculto. A cidade tinha cinco vereadores, nomeados pelo prefeito, aparentemente -conforme lei municipal. Eram
eles Antonio Fermiano de Souza, Antonio Ambiel, Luís Cupini, João Ifanger Júnior e Antonio Pinheiro, que
exercia o cargo de delegado de polícia, sendo o destacamento de quatro soldados. No final nada aconteceu de
anormal por aqui. (IFANGER, 1986).
Uma correção: neste momento Arthur Bernardes era o presidente da República. O presidente do Estado de São Paulo era Carlos de
Campos.
19251925192519251925CâmaraSegundo a A Gazeta do Povo de 6 de setembro de 1925
Vereadores presentes à sessão de 3 de agosto: Joaquim Pedroso de Alvarenga, Arthur Pedroso de Barros, Luiz
123
Coppini, Jacob Krahenbuhl, João Ifanger Júnior e Alfredo de Camargo Fonseca.
Informações de Eugênio Egas sobre IndaiatubaAspecto geral: O município é em geral plano, notando-se porém ao norte algumas elevações consideráveis.
Rios: Jundiahy e Capivary-mirim. Ribeirões: Caldeira, Santa Rita, Burú e Joatuba.
Topografia: O município,
situado a N.O. da Capital
acha-se a 601 metros acima
do nível do mar. A cidade
está edificada em pitoresco
planalto. Possui 14 ruas e três
praças. Seus principais
edifícios são: câmara
municipal, grupo escolar,
cadeia, salão Recreio etc. A
cidade é servida por luz e
força elétricas e de telefones.
A água é fornecida ao
público por meio de
chafarizes nas ruas.
População: 9.994 habitantes.
Superfície: 292,5 km².
Agricultura. A superfície da
lavoura é de 9.522 alqueires,
sendo 4.009 em pastos eBanda Municipal em frente ao coreto da Praça Prudente de Moraes, em foto de1923.
124
campos. Conta com 2.365 pés de café com a média
de 52 arrobas por mil pés. São 86 os lavradores do
município. A cultura da batatinha inglesa é feita em
larga escala.
Comércio: 32 casas de negócio que exploram o
comércio de fazendas, armarinhos, secos e
molhados, modas, calçados, drogas, ferragens,
gêneros da terra e outros artigos.
Indústria: A indústria local é assim representada:
máquinas de beneficiar café, maquinas de beneficiar
arroz, fábrica de farinha de milho, torrefações de
café, moinhos para fubá, fábrica de cerveja, bebidas, Casa Feres e automóvel, em foto sem data.
Cafezal, Fazenda Santa Rita, década de 1920.
125
carros e carroças.
Rendas públicas: municipais:
55:579$000, Estaduais: 57:106$947
e Federaes: 40:851$560.
Instrução. A instrução primária é
ministrada pelo Estado da seguinte
forma: Grupo escolar na sede 1,
Escolas localizadas 3, Escolas
distritais e rurais 6. Divisão
Eclesiástica - Existe uma paróquia
sob invocação de Nossa Senhora da
Candelária. Pertence à Diocese de Campinas. Divisão Judiciária:
Indaiatuba, criado município por lei número 12 de 24 de março de
1859, pertence à comarca de Itú e tem um distrito de paz: Indaiatuba
criado por decreto de 9 de dezembro de 1830. Divisão Policial: Há
no município uma delegacia de carreira e uma sub-delegacia.
Pertence à Delegacia Regional de Sorocaba. [...] Viação. As estações
que servem o município são: Indaiatuba - sede - na Sorocabana,
secção Ituana. Descampado, Helvétia e Sete Quedas na Sorocabana,
secção Ituana, ramal de Itaicy. Itaicy, Pimenta e Posto Cardeal, no
ramal de Jundiahy (EGAS, 1925).
Sede da Fazenda Cruz Alta, em foto sem data.
Sede da Fazenda Pau Preto, em foto sem data.
126
Padre Felix das Dores OrtegaEm 25/09/1925 inicia seu paroquiato em
Indaiatuba permanecendo até 1930. (CARVALHO,
2004).
19261926192619261926Fábrica GryschekDe acordo com texto do jornalista Sérgio
Squilante, no Jornal Votura de 7 e 16 de maio de 1993,
com 25 funcionários foi instalada em Indaiatuba a
Fábrica Gryschek, de cadeiras e cabos de guarda-
chuvas, do alemão José Gryschek. A fábrica funcionava
no centro da cidade. O barulho das serras incomodava
os vizinhos, razão porque a Prefeitura doou uma área
de 8 alqueires para Gryschek, onde é hoje o Parque
Boa Esperança e, a partir de 1929, a fábrica passou a
funcionar em um grande prédio de dois pavimentos,
especialmente construído para tal fim. Gryschek nesta
época tinha um contrato com a Antártica de
fornecimento de 100 mil cadeiras, e por volta de 1930-
31, tendo entregue quase toda quantia encomendada,
abandona a fábrica e Indaiatuba, levando a firma à
19261926192619261926
Setoresdissidentes do
PartidoRepublicano
Paulista fundamo Partido
Democrático.Em março
Washington Luísé eleito
presidente daRepública, com
688.528 votos.Seu companheiro
de chapa éFernando de
Melo Viana, querecebe 685.754
votos. Emnovembro ambos
tomam posse. Trabalhadores da Gryschek, em foto sem data.
Fábrica Gryschek, década de 1930
127
falência. A área de 8 alqueires e terreno de 10 mil metros onde estava edificada a fábrica foi resgatada por Jorge Steffen, detentor de
hipotecas sobre a mesma, e as vendeu ao imigrante alemão Henrique Lins, que ali instalou sua famosa "Fábrica de Harmônios e Órgãos
Lins".
19271927192719271927PrimaveraEsporte Clube Primavera foi
fundado em 1927. Possui estádio
próprio e ginásio de esportes.
Representa Indaiatuba a nível pro-
fissional nesta modalidade esportiva.
19281928192819281928PopulaçãoIndaiatuba tinha 342 casas na
área urbana, onde viviam 2.052
pessoas, com a média de 6
moradores em cada casa. Esses
dados estão contidos no "Projecto
do Abastecimento de Água para a
Cidade de Indaiatuba" feito pela Companhia de Saneamento e Construções, com sede em São Paulo, encomendado pelo prefeito Major
Alfredo de Camargo Fonseca, com data de agosto de 1928. É interessante notar que a população urbana é idêntica ao que foi a população
total da Freguesia de Indaiatuba, há um século atrás, em 1830.
Esporte Clube Primavera
128
129
O referido trabalho menciona as ruas seguintes em 1928:
Candelária, Quinze de Novembro, Alfredo Fonseca, Rua Alegre, Sete
de Setembro, Rua Araújo, Treze de Maio, Pedro Gonçalves, Rua 02,
Rua 03, Onze de Junho, Padre Bento, Cerqueira Cesar, Bernardino de
Campos, do Commércio, Rua São José, Rua Direita e Rio Branco.
19291929192919291929Banco AgrícolaInaugurado o primeiro banco da cidade. Foi organizado neste
ano em forma de sociedade cooperativa o Banco Agrícola de
Indaiatuba.
PaisagemIndaiatuba era uma cidade pequena, poucas ruas,
de terra, e ao redor ainda existia mato, capoeiras e
muitas palmeiras espalhadas pelos campos - os
indaiás. Apesar de elevada a cidade, os moradores
ainda tinham o hábito de falar em "vila". As ruas
eram desertas e em algumas esquinas se cruzavam
passeios de pedra, para não enlamear as barras dos
vestidos na época das chuvas. O número de casas
poderia ser contado pelos dedos, bem como o
nome dos moradores. As ruas em geral desertasRua da Candelária em 1928.
Padaria de Sylvio Talli, 1930.
130
só aos domingos e feriados apresentavam movimento, na parte da manhã quando os moradores
cumpriam seus deveres religiosos e à noite para passeios na Praça Prudente, de terra batida em
torno da retreta onde a corporação musical animava o povo com suas músicas. No Largo da
Matriz havia algumas palmeiras e por ocasião das festas especiais, como feriados nacionais, na
alvorada do dia e entre as palmeiras eram espocados morteiros, com salvas de tiros e toques dos
sinos provocando revoada das andorinhas, que então havia em grande número. A banda iniciava
seu desfile pelas ruas, tocando músicas alusivas ao dia, com sua garbosa farda branca toda
engomada e os
i n s t r u m e n t o s
musicais cuidados e
polidos na
v é s p e r a . . .
(STEFFEN, 1982)
Jesuino da Fonseca LeiteFaleceu em São Paulo, onde era
Pau de Sebo, sem data.
Hugo Lisoni em foto no Largo das Caneleiras, sem data.
131
19301930193019301930
Antecedentes:1929 - MinasGerais e RioGrande do Sulfazem acordocriando a AliançaLiberal, que lançaa candidatura deGetúlio Vargaspara a presidênciada República. Asconvenções dospartidos queapoiavamWashington Luísindicam JúlioPrestes, de SãoPaulo, comocandidato àpresidência .A 29 de outubrode 1929,desencadeia-se agrande quebra daBolsa de Valôresde Vova Yorque,dando início àmaior criseeconômica dahistória docapitalismo.Em 1930 JúlioPrestes vence aseleiçõespresidenciais,obtendo 1.091.709votos.
domiciliado, no dia 2-11-1929 e no dia 4 do mesmo mês e ano foi apresentado ao Juiz seu testamento feito em 16-6-1929, ocasião em que
"estando enfermo mas em pleno gozo de suas faculdades mentais", fez seu testamento, deixando uma fortuna avaliada por ele em 10 mil
contos de reis. Como era solteiro a fortuna foi destinada a seus sobrinhos, aos seus criados, aos ex-escravos de seu pai ainda vivos, aos
pobres de Itu e Indaiatuba, à Santa Casa
de São Paulo, à Santa Casa de Itu etc.
Deixo sete contos de reis para serem
aplicados em reformas e consertos da
Igreja Matriz de Indaiatuba, deste Estado,
a Juízo exclusivo do meu testamenteiro.
O testamenteiro foi seu sobrinho João
da Fonseca Bicudo, que executou
minuciosamente as últimas vontades do tio,
noticiando A Gazeta do Povo, jornal de
Indaiatuba, em seu número de 4 de maio
de 1930 que
o respeitável e
dedicado Sr. João
da Fonseca
B i c u d o ,
testamenteiro do
f a l l e c i d o ,
percorreu infatigável as moradas dos necessitados de Indaiatuba distribuindo esmolas em dinheiro num total de
quatro contos de reis que coube em graça aos pobres desta cidade pela caridade do fallecido Sr. Jesuino da
Fonseca Leite.
Rua Candelária, Igreja e Casa número 1, 1934.
132
19301930193019301930Divisas, perímetro urbano e horto florestal
Está na Gazeta do Povo de 9/12/1930:
Divisas de Indaiatuba em 1930; norte: Campinas, sul: Salto:
leste: Jundiaí, e oeste: Monte Mor.
Existiam 20 ruas: ia da Rua da Bica até a Tuiuti e da 24 de
Maio à Dom José, Ex- São José.
Horto florestal: possuía 12.000 árvores e era atravessado por
uma avenida de 1 quilômetro de extensão, a atual presidente
Vargas, que era a saída para Campinas. FOTO (e mapa urbano?)
da avenida Essa avenida nascia junto com a "Avenida da Villa
Industrial", a atual rua Araújo, início da estrada de Itaicy, com
extensão de 15 quilômetros, no município, ligando Indaiatuba a
Jundiaí.
Prefeito Francisco Xavier da CostaPor um breve período, após a Revolução de 1930, Francisco
Xavier da Costa foi prefeito de Indaiatuba, nomeado pelas forças
revolucionárias que assumiram o poder na República. Governou
Indaiatuba durante pouco mais de 3 meses, de 20/12/1930 a 04/
05/1931 (STEIN, 1980).
19301930193019301930
A 26 de julho,João Pessoa, que
havia sidocandidato a vice-
presidente nachapa da Aliança
Liberal, éassassinado em
Recife.A 3 de outubro,
os partidospolíticos do RioGrande do Sul,apoiados pelos
tenentes, tomamos quartéis dePorto Alegre.
Proclamando aliderança de
Getúlio Vargas, osrebeldes marcham
para São Paulo,recebendo aadesão da
Paraíba e deMinas Gerais. A
24 de outubroWashington édeposto pelos
comandantes dasForças Armadas e
Getúlio Vargasnomeado chefe dogoverno provisório.
133
19311931193119311931Padre Luiz SorianoInicia o seu paroquiato que vai de 1931 a 1936 (CARVALHO, 2004).
"O Município"O primeiro número deste jornal circulou em 31 de Maio de 1931 e após esta data não deixou de circular uma semana sequer, até cessar
suas atividades em 10 de Novembro de 1937, com o golpe do Estado Novo de Getúlio Vargas, chegando em seu sétimo ano no número
323. Seu proprietário foi o Dr. Scyllas Leite de Sampaio e durante sua existência foi dirigido pelas seguintes pessoas: até o número 162, que
saiu em 26/08/1934, foi dirigido por seu proprietário, que deixou a direção para assumir o cargo de Prefeito Municipal. Theodoro de
Araújo Campos ficou na direção até o número 229 em 29/12/1935. A partir do número 230 até o seu fechamento, em 7/11/1937, foi
dirigido por Gustavo Ribeiro Escobar. Foi um período de muita agitação política e realização de muitas obras na cidade, como o abasteci-
mento de água e a construção do prédio do Grupo Escolar Randolfo Moreira Fernandes, obras estas financiadas com o aval do casal
Augusto e Leonor de Camargo Barros, como também das obras do Hospital. Neste período sobressaíram os nomes dos Prefeitos Dr.
Scyllas Leite de Sampaio e Dr. José Pedro Cardoso da Silva. O equipamento gráfico de O Município foi vendido para financiar a constru-
ção da erma a Dom José de Camargo Barros erigida na Praça Leonor de Camargo Barros (NUNES, 1987).
19321932193219321932Voluntário João dos SantosNa manhã do dia 11 de setembro de 1932 a gare e as imediações da Estação da Sorocabana estavam abarrotadas de gente, que afluiu
de todos os cantos da cidade, onde o comércio tinha cerrado suas portas; lá estavam o prefeito, o delegado, o pároco e demais pessoas
gradas, para receber o seu herói, o voluntário João dos Santos, que no ardor de seus 20 anos morrera em combate, em pleno desenrolar da
Revolução Constitucionalista de 1932, quando o Estado de São Paulo se levantou em armas contra o arbítrio do poder central, exigindo
uma constituição para o país. A imensa aglomeração de gente viu chegar o trem especial com uma escolta militar trazendo o corpo de João
dos Santos, que foi entregue às autoridades e ao povo para as últimas homenagens. Levado para o edifício da Câmara, lá foi velado e, em
134
seguida,
formando longo cortejo rumou para a matriz, à frente abrindo alas caminhavam cerca de 600 senhoras e senho-
ritas, atrás o caixão, em continuação a guarda de honra, a corporação musical Sete de Setembro, em seguida a
massa do povo calculada em número superior a mil.
Saindo da matriz o cortejo subiu
a Candelária e após discursos das
autoridades o herói foi sepultado, sob
salvas de 21 tiros, num terreno doado
pela Prefeitura, onde futuramente
deveria ser construído o seu mausoléu.
Esta narrativa está na Gazeta do Povo
de 18 de setembro de 1932.
"João Bomba", como era chamado
pelos amigos, nasceu na cidade de
Beltrão, MG, e veio para Indaiatuba
ainda muito jovem, juntamente com
seu irmão Aristóteles.(...) Ao todo 17
jovens da cidade partiram em 12 de
lulho de 1932 como voluntários da
revolução, dentre eles Nabor Pires de
Camargo, renomado músico e
maestro, autor do 'Hino Indaiatubano', que não esteve na linha de combate, mas que atuou como maestro da
banda militar, e João Pereira dos Santos, que na época trabalhava na construção do Hospital Augusto Oliveira
Camargo. (...)
Foi a falta de munição que levou à morte o soldado João dos Santos em 10 de setembro de 1932. Com uma
19321932193219321932
Em São Paulocerca de 100 milpessoas reúnem-
se na praça daSé, exigindo a
convocação deuma Assembléia
NacionalConstituinte e
pleiteando aautonomia dos
Estados. OPartido
Democrático, oPartido
RepublicanoPaulista e a Liga
de DefesaPaulista decidem
unificar-seconstituindo a
Frente ÚnicaPaulista, hostil aogoverno de Getúlio
Vargas.É nomeado
interventor emSão Paulo o
paulista Pedro deToledo, numatentativa deamenizar astensões no
Estado.Grandes
manifestaçõespopulares contra
o governo deVargas agitam
São Paulo.
Estação em 1932
135
posição privilegiada e avançando frente ao
exército de Getúlio Vargas, os paulistas tiveram
que se retirar pela falta de munição, e um grupo
de 10 homens foi escolhido para dar-lhes
cobertura, dentre eles o soldado João. Após a
retirada da tropa, os 10 homesn foram, um a
um, recuando também. O oitavo deles era João
dos Santos, que tendo rastejado por 50 metros,
foi atingido por um projétil inimigo, morrendo
instantaneamente. No dia 12 do mesmo mês o
corpo do soldado chegou a cidade, e foi
enterrado com honras militares.
Como parte das comemorações do jubileu de
prata da revolução, os ossos do soldado João
dos Santos foram levados, em 9 de dezembro de 1957, juntamente com os de outros heróis mortos no combate,
ao Mausoléu da Revolução de 32, no Parque do Ibirapuera, em São Paulo. Em Indaiatuba, um busto erguido na
Praça Prudente de Moraes rende homenagem ao soldado.
Como resultado da revolução, o Estado de São Paulo foi derrotado, atribuindo o fato a supostos 'traidores'
(qualquer um que trouxesse notícias negativas do front de batalha era considerado um traidor) e Getúlio conti-
nuou no poder ditador até 1945 (MAX, 2000).
19331933193319331933Inauguração do Hospital Augusto de Oliveira CamargoCom a presença de numerosos convidados vindos de São Paulo em vagão especial da estrada de ferro Sorocabana, convidados das
A 23 de maio de1932 são mortospelos tenentistasda LegiãoRevolucionária osjovens Martins,Miragaia, Dráusioe Camargo, cujasiniciais - MMDC -se transformamem símbolo domovimentoconstitucionalista.O coronel EuclidesFigueiredo e osgenerais IsidoroDias Lopes eBertoldo Klingerconstituem, emSão Paulo umcomando militarcontra o governocentral. A 9 dejulho tem início ainsurreiçãoconstitucionalistae a guerra civilentre paulistas eas forças leais aGetúlio Vargas.A 29 de setembrode 1932 termina aguerra civil emSão Paulo, com aderrota dosconstitucionalistas.
136
cidades vizinhas e autoridades e povo de
Indaiatuba foi inaugurado o magnífico
prédio, no dia do aniversário de seu
patrono. As festividades constaram de
missa campal rezada no páteo interno
em frente à capela com presença do coral
da Matriz, dirigido pela Sra. Maria
Bicudo, Banda Sete de Setembro, que
executou o Hino Nacional, ao som do
qual espocaram dez rojões. Em seguida
o Padre Luiz Soriano, pároco de
Indaiatuba, benzeu o Hospital
aspergindo todas as suas dependências.
Foi servido então aos convidados um
lauto lanche com finas iguarias e uma
mesa de doces regada com ótimos vinhos e águas minerais; enquanto para os demais era franqueado um bufet no amplo galpão exterior.
Conduzido para o salão nobre do edifício, onde foi recebido por prolongadas palmas, e ao champagne, o casal
Oliveira Camargo recebeu aí uma tocante homenagem dos presentes.
Esta festa foi noticiada pelos jornais de São Paulo e pelo "O Município" jornal local que desde o início da construção acompanhou a
realização das obras registrando todas as fases.
Havia motivos para comemoração pois o Hospital excedia a todas as expectativas: o sítio escolhido, uma bela colina defronte a outra
onde está assentada a igreja matriz de Indaiatuba, cujo frontispício dá em linha reta com o frontispício do Hospital. A área onde está
localizado é uma propriedade de 20 alqueires aproximadamente. A área construída é de 4.500 metros quadrados, servido por captação de
água própria com vazão de 300 mil litros/24 horas, linha de força, luz e telefone particulares. Os pontos de iluminação têm 500 lâmpadas,
sendo o triplo da iluminação de toda a Cidade.
Irmandades Religiosas na inauguração do
137
Foi supervisor das obras Francisco de Paula Leite, irmão de D. Leonor, que tendo estudado medicina na Universidade da Filadélfia,
voltou aos Estados Unidos afim de observar a organização dos sanatórios americanos e de lá trouxe o padrão pelo qual se erigiu o
Hospital. O arquiteto e construtor foi Arnaldo de Maia Lello e custou 6.600 contos de reis, parte da fortuna do casal.
Dados sobre o município deIndaiatuba
Estradas: Estrada de Ferro
Sorocabana, por ela Indaiatuba
dista da capital 153 Km. Estrada
de rodagem: Indaiatuba-São
Paulo: 122 Km. O município tem
20 Km de estradas estaduais e 53
municipais, ligando-o a
Campinas, Salto e Monte Mor.
Linhas de ônibus ligando
Indaiatuba a Campinas e Itu.
Indústrias: Máquinas de
beneficiar café, 3, de arroz, 2,
fábrica de farinha, 1.
Comércio: secos e molhados, 23,
fazendas e armarinho, 8, artigos
de automóveis, 1, bombas de
gasolina, 3, tipografias, 2, hotel,
1, bares e restaurantes, 5, alfaiatarias, 4, padarias, 3, açougues, 6, farmácias, 3, agências bancárias, 2.
Profissionais: médicos, 3, dentistas, 3, farmacêuticos, 3, advogado, 1.
138
Oficinas: mecânica, 3, marcenaria, 1, carpintaria, 2, ferraria, 3.
Instrução primária: 1 escola particular, 8 rurais, 1 grupo escolar.
Entidades esportivas: E.C. Primavera e Corinthians F.C.
Alimentação pública: anualmente são abatidas 786 rezes, sendo a carne vendida a 1$000 réis o quilo. O leite custa $500 réis o litro.
Economia pública: Orçamento Municipal, receita e despesa 98:500$000. Taxa predial 8%, arrecadação anual 37:587$000. Imposto de
cafeeiros 2$000 por mil pés, arrecadação 5:200$000. Imposto de Indústria e Profissões 27:000$000.
Urbanismo: não tem abastecimento de água. A cidade conta com 423 prédios e 74 automóveis registrados. Tem centro telefônico ligado
à rede geral. Tem iluminação elétrica.
Religião: 1 templo católico e 2 protestantes.
Produção agrícola em 1931- 1932:
Café 206.810 arrobas, arroz 8.904
sacos, feijão 8.490 sacos, milho 41.906
sacos, batatas 120.649 arrobas, algodão
15.458 arrobas. Área em pastos e
campos 3.521 alqueires.
Principais produtores agrícolas:
Cássio Ferreira Camargo, Antenor
Barnabé, João Fonseca Bicudo, Dr.
Milton Estanislau do Amaral, Manoel
Pereira Neto, Renato Barnabé, Alipio
de Souza Ferreira, Sombrini & Irmãos,
Primo Fornale, Jorge Stipha, Celso
Rezende, Antonio Rezende, Antonio
G. Soares, Dr. Estanislau do Amaral,
Antonio Estanislau do Amaral, Dona
E. C.Primavera
Correção:segundoAntonio
Reginaldo Geiss,estes dados
publicados nãocorrespondem à
realidade. Nadécada de 1920
haviam doisclubes, o
Indaiatubano e oCorinthians, quese fundiram em1927, criando o
Primavera. Essenovo clube
homenageia, comseu nome, um
clube de mesmonome que
existira no iníciodo século XX.
Armazém da família Lisoni, em foto sem data.
139
19341934193419341934
Em 1933realizam-seeleições em todoo país para aAssembléiaConstituinte.Em 1934 aAssembléiaConstituintepromulga umanovaConstituiçãobrasileira; aseguir elegeGetúlio Vargaspara apresidência daRepública.
Armando deSales Oliveira,governadornomeado de SãoPaulo, funda aUniversidade deSão Paulo.
Theodora de Campos & Filhos, Vital Barnabé, Paulo Barnabé, João Martine, Frederico Magnusso, Thiago Mazagão, Albino Creato,
José Amstalden, João Amstalden, Luiz Copini, Antonio Amaral Campos, Maximo Scaqueti & Irmãos e Colégio São Luiz. (ARANTES;
QUEIROZ, 1933).
19341934193419341934Prefeito Scyllas Leite SampaioFoi prefeito interino de Indaiatuba de 05/09/1934 a 18/01/1936, e novamente interino no período de 20/10/36 a 22/09/37. O
Dr. Scyllas Leite Sampaio foi nomeado prefeito de Indaiatuba no dia 30 de agosto de 1934, pelo Dr. Armando de Salles Oliveira,
governador, também nomeado,
do Estado de São Paulo (STEIN,
1980); (COLÉGIO
MONTEIRO LOBATO;
FUNDAÇÃO PRÓ-MEMÓRIA
DE INDAIATUBA, 1995).
19351935193519351935Indústria TorcetexFoi fundada em 1935 pelo
Dr. José Pedro Cardoso da Silva.
Passou esta indústria por várias
fases e, em 1957, sob direção de
Carlos Eduardo Cardoso,Fazenda Capim Fino, sem data.
140
fabricava os mais variados tipos de fios, possuindo também
tinturaria para tingimento de fios de algodão, raion e nylon.
A indústria funciona à rua 11 de Junho esquina com a 9 de
Julho, segundo texto publicado pela Tribuna de Indaiá de
01/05/1957.
CadeiaA Cadeia, que funcionava junto com a Câmara na Praça
Prudente de Moraes, é transferida para uma casa da Rua
Candelária, esquina com a Sete de Setembro.
Colônia JaponesaData de 1935 a vinda dos primeiros japoneses para o Município. Eram
umas poucas famílias, dentre elas a do Sr. Nakaji Gomassako, que se
dedicavam ao cultivo do algodão e tomate na Fazenda Pimenta.
Em 1941 outra leva de japoneses fixa-se na Fazenda Pimenta para cuidar
do algodão: as famílias Takahara, Tsumoto, Tamotsu, Fujiwara, Kuwahara e
Maruyama. Levados por forte sentimento de cooperação e agrupamento,
que é aliás, uma das características da cultura japonesa, esses pioneiros
resolveram unir-se em uma associação. Assim escolheram o dia 29 de abril de 1947, dia do aniversário do Imperador Hiroito do Japão, para
realizar a primeira reunião em que discutiram as possibilidades de fundar uma associação. Essa reunião foi realizada no armazém do Sr.
Nakaji Gomassako na Fazenda Pimenta, uma vez que era nessa fazenda que os japoneses se concentravam. Foi fundada em Sete de
Setembro de 1947 a primeira Associação japonesa, com 18 membros e sede na Fazenda Pimenta, reunindo japoneses residentes ao longo
da Estrada de Ferro Sorocabana.
Largo da Caneleiras em foto sem data.
Cadeia, em foto sem data.
141
Aos poucos outras famílias vem juntar-se às já existentes: Shimomuro,
Furukawa, Minamioca, Hayashida, Minamide, Suetake, Ueda e Guiboshi. Em
1952 a Associação passou a chamar-se Associação Japonesa de Indaiatuba, então
com 32 sócios, e em dezembro de 1960 foi inaugurada a sede do Esporte Clube
Nipo-Brasileiro, à Rua Humaitá, 1462. Esta entidade, que é um exemplo de
harmonia e espírito comunitário, mantém viva a tradição cultural japonesa, com
sua Escola de Japonês, intercâmbios com entidades nisseis, reuniões de "Hai-
Ku" que é uma modalidade de poesia japonesa, beisebol, futebol etc. Destacam-
se nas atividades do Clube a Associação das Senhoras com seus bazares
beneficentes, seus apreciados pratos típicos e as sempre concorridas
apresentações de dança tradicional japonesa. Desde 1960 a Colônia se faz
representar na Câmara Municipal de Indaiatuba elegendo sempre um vereador.
19361936193619361936Prefeito Dr. José Pedro Cardoso da SilvaExerceu o cargo de Prefeito por dois períodos: o primeiro período vai de
19 de janeiro de 1936 a 20 de outubro de 1936. O segundo período vai de 22 de
setembro de 1937 a 14 de maio de 1938, quando foi sucedido pelo Major
Fonseca, após o Golpe de 38.
19371937193719371937Abastecimento de ÁguaDois de fevereiro: inaugurada com festejos a primeira rede de abastecimento d'água em Indaiatuba. Até então a água era recolhida
num chafariz da Rua Siqueira Campos. A obra foi realizada nas gestões do Dr. Scyllas Leite Sampaio e do Dr. José Cardoso da Silva,
19351935193519351935
Em novembro de1935 civis emilitares daAliança NacionalLibertadora,lideram rebeliãoem Natal e emRecife para atomada dopoder. Apesar dofracasso dessasações o PartidoComunistaresolve sublevaralgumasunidadesmilitares no Riode Janeiro, masapenas o 3o. RIobedece ao seucomando. Olevante éesmagado horasdepois e ogoverno decretao estado desítio, lançando arepressãocontra todos ossuspeitos deligação com aAliança NacionalLibertadora.
Festa em 1947
142
financiada com o aval do
casal Augusto Oliveira
Camargo e Leonor de
Barros Camargo, tendo
custado mais de
quatrocentos contos.
Neste dia o Dr. Scyllas
publica em "O
Município" dados
históricos referentes ao
problema da água em
Indaiatuba, desde o
chafariz de 1863,
passando pelas soluções
paliativas das torneiras
em alguns pontos da
cidade, obra do major
Fonseca, que alegava ser
o Município muito pobre
para custear uma obra do
vulto da que se inaugurava neste dia.
Os estudos para aproveitamento do manancial do Cupini tiveram início em setembro de 1935; em agosto o projeto e o financiamento
de 475 contos foram aprovados pelo Governo do Estado e, em dois de fevereiro de 1936 tem início a construção do sistema de captação,
inaugurado exatamente um ano depois.
A represa tinha vazão de 21 litros por segundo. Um motor de 25 HP movimenta as bombas, cada uma com capacidade de recalque de
19371937193719371937
Em setembro de1937 as
emissoras derádio noticiam aexistência de umplano comunista
de assalto aopoder. É o plano
Cohen forjadopelo capitãointegralista
Olímpio MourãoFilho. O
documento servede pretexto para
que o governoobrigue o
Congresso aaprovar oestado de
guerra,suspendendo os
direitosconstitucionais.
A 10 denovembro o
Congresso édissolvido e
Vargas decretao Estado Novo,
outorgando umaCarta
constitucionalde inspiração
facista. A seguirtodos ospartidos
políticos sãoextintos.
143
12 litros por segundo, levando água ao reservatório de 400 metros cúbicos, suspenso sobre colunas a 22 metros de altura na Avenida
Presidente Vargas.
A energia elétrica para o motor que acionava as bombas era fornecida pela Empresa de Luz e Força de Jundiaí através de uma extensão
de 260 metros de fio. A rede de distribuição é de tubos de ferro fundido e o estudo previu abastecimento para 20 anos, ou seja, para o
dobro da população da época. Dados extraídos de O Município.
Prédio novo do Grupo EscolarEm um casarão situado no lado direito da igreja matriz, funcionavam as "Escolas Reunidas de Indaiatuba", entidade criada em 1908.
Ali funcionava desde 15/03/1911,
transformando-se mais tarde em "Grupo
Escolar de Indaiatuba". No dia 18 de outubro
de 1937 a sede do Grupo Escolar foi
transferida para o prédio localizado na Praça
D. Pedro II, construído especialmente para
abrigar esta escola, que por decreto Estadual
de 21/04/1932 recebeu o nome de um
antigo professor que lecionou em Indaiatuba:
"Randolfo Moreira Fernandes". Tudo isto
consta no Jornal do Randolfo, edição
comemorativa do jubileu de diamantes, em
1986.
Padre Vicente RizzoEm 07/02/1937 inicia seu paroquiato que vai até 1945 (CARVALHO, 2004).
144
Foto aérea de Indaiatuba, 1939/1940, Instituto Geográfico e Cartográfico de São Paulo..
145
Caixa Econômica EstadualAnúncio Publicado em "O Município" de 02/02/1937:
CAIXA ECONÔMICA ESTADUAL - Garantida pelo Governo Estadual, será inaugurada hoje e funcionará
junto à Collectoria Estadual desta cidade, onde estará prompta a attender qualquer pessoa e a receber suas econo-
mias em deposito, pagando juros de 5% ao anno, capitalizando-os semestralmente.
"O Indaiatubano"Em 28 de Novembro de 1937 Athayde Puccinelli, juntamente com seu pai,
imprime e faz circular um jornal com o mesmo nome daquele anterior, fundado em
1913. Esse novo jornal manteve uma seqüência semanal de publicações até a década
de 40. Depois desta época consta que foram publicados alguns números esparsos e
que até a data de 25/12/1957 existiam exemplares.
19391939193919391939Número de veículosAutomóveis 40, caminhões 25, bicicletas 22, jardineiras 2, carroças e troles
286.(SEVÁ, 1939)
Ligações de águaRuas e números de casas: Siqueira Campos 26, XV de Novembro 35, Cerqueira
César 30, Candelária 64, Rio Branco 4, Onze de Junho 27, Sete de Setembro 21,
Augusto de Oliveira Camargo 13, Padre Bento Pacheco 28, Francisco de Paula
Leite 4, Treze de Maio 8. Isto consta no Livro de Registro Diário dos Consumidores
de Água, de 1939, pertencente ao Arquivo Público Municipal de Indaiatuba.
146
Grupo Escolar Randolfo Moreira Fernandes. Formandos de 1941.
Profissionais liberaisIndaiatuba tinha 3 médicos: Dr. Cardoso,
Dr. Jácomo e Dr. Cunha Campos. Tinha neste
momento 1 advogado: é ele o gerente do
Banco Agrícola, proprietário do Jornal "O
Indaiatubano", sendo que seu escritório, a
redação e oficinas do jornal, assim como a sede
do Banco localizam-se em uma única sala
(SEVÁ, 1939).
FamíliasFamílias que pagaram a taxa de água em
junho de 1939:
Almeida, Ambiel, Aun, Agostinho,
Amaral, Abdala, Antunes, Azsal, Bérgamo,
Boselli, Bicudo, Bernardinetti, Buhl, Becari,
Bertin, Bento, Barnabé, Bonito, Baldi,
Civolani, Camargo, Costa, Curti, Cantarelli,
Claus, Candello, Curciolli, Conceição, Cruz,
Caldeira, Capovilla, Dercoli, Dutra, Escodro,
Feres, Ferraz, Ferrari, Fonseca, Fracarolli, Fangher, Freitas, Genaro, Góes, Gonstardi, Guimarães, Gazziquatti, Gaspar, Ingles, Kraembühl,
Leite, Lyra, Lopes, Martins, Magnusson, Moreira, Mazzoni, Munhoz, Mantovarini, Nicolau, Paratello, Patrocinio, Pecht, Penteado, Perez,
Perucci, Petrilli, Pimentel, Pires, Pistoni, Polleto, Prado, Rasyn, Ribeiro, Rodrigues, Rosa, Rossi, Rossignatti, Rypabello, Salla, Santelli,
Santos, Scachetti, Schoeder, Sfeir, Sibertini, Silva, Stefen, Stein, Stahl, Talli, Tancler, Teixeira, Toledo, Ventura, Zoppi.
147
Prefeito Sebastião NicolauFoi Prefeito de Indaiatuba de 12 de julho de 1939 a 7 de maio de 1943.
19401940194019401940População
Segundo o IBGE, a população urbana em 1940 era de 2.641 habitantes e a rural de 7.649. Total: 10.290 habitantes no Município
de Indaiatuba.
Principais resultados censitários do IBGE em 01/09/1940:
POPULAÇÃO DE FATO
Localização:
Urbana e suburbana: 2.641, rural: 7.649, total:
10.290;
Sexo:
Homens: 5.288, mulheres: 5.002
Idade:
0-6 anos: 2.027, 7-14 anos: 2.244, 15-19 anos:
1.187, 20-59 anos: 4.348, 60 e mais anos: 452,
idade ignorada: 32.
Estado conjugal:
Solteiros: 6.504, Casados: 3.413, Separados,
desquitados, divorciados: 9, Viúvos: 355,
Estado conjugal não declarado: 9.
Nacionalidade:
Brasileiros natos: 9.464, Brasileiros Escola rural, sem data.
148
naturalizados: 98, Estrangeiros: 713, Nacionalidade não declarada: 15.
Instrução (população de 5 anos e mais):
Sabem ler e escrever: 4.491. Não sabem ler nem escrever: 4.334. Instrução não declarada: 11
Religião
Católicos romanos: 9.882. Outras religiões: 387. Sem religião: 5. Religião não declarada: 16
Atividades Principais:
Agricultura, pecuária, silvicultura: 2.991
Indústrias extrativas: 48
Indústrias de transformação: 414
Comércio de mercadorias: 144
Comércio de imóveis e valores mobiliários, crédito, seguros e capitalização: 5
Transportes e comunicações: 169
Administração pública, justiça, ensino público: 50
Defesa nacional, segurança pública: 8
Profissões liberais, culto, ensino
particular, administração privada: 19
Serviços, atividades sociais: 143
Atividades domésticas, atividades escolares: 2.721
Condições inativas, mal definidas ou não declaradas: 713 (INSTITUTO
BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 1948).
19421942194219421942Romaria a PiraporaEm 1942 foi feita a primeira romaria a Pirapora, participando 30 cavaleiros. Pirapora, 1952.
Projeto da Fábrica Mazzoni, 1936.
149
A primeira diretoria era constituída por Odilon Amaral (presidente),
Odilon Cordeiro (secretário), Afonso Valente e Sebastião Nicolau,
então Prefeito de Indaiatuba.
Heitor Zacolan, o único dos primeiros 30 romeiros ainda vivo
em 1993, em uma entrevista a Sérgio Squilante e a A. C. Penna
publicada no Jornal Votura, em 12/06/93, diz que em 1938 foi
sozinho à romaria de Jundiaí a Pirapora e gostou tanto que no ano
seguinte levou seis novos companheiros de Indaiatuba para participar.
"Todo o ano o número de pessoas ia aumentando até que em 1942
resolvemos fazer a nossa própria romaria".
"O Popular"Surgiu neste ano um jornal com o nome de "O Popular", de
propriedade do Padre Vicente Rizzo, fundado com autorização da
Autoridade diocesana. A redação funcionava à Rua Candelária número
1 e o redator chamava-se Pedro de Toledo. "O Popular" era registrado
no famoso DIP, Departamento de Imprensa e Propaganda, órgão da
ditadura Vargas encarregado da censura. Além das notícias da paróquia
o jornal publicou, no número de 05 de dezembro de 1943, longa
matéria laudatória das virtudes do Sr. Getúlio Vargas.
19431943194319431943Prefeito Dr. Jácomo NazárioExerceu o cargo de 7 de maio de 1943 a 28 de junho de 1944, de
Há notícias deromeiros deIndaiatuba paraPirapora desde oséculo XIX, nosarquivos daIgreja daCandelária, e noinício do séculoXX, no livro dememórias deNabor PiresCamargo. [Notade AdrianaCarvalhoKoyama]
150
26 de setembro de 1944 a 23 de novembro de 1944, de 18 de janeiro de 1945 a 21 de outubro de 1945, de 17 de dezembro de 1945 a 2 de
janeiro de 1946 e finalmente de 19 de fevereiro de 1946 a 25 de março de 1947.
Nos intervalos de ausência do Dr. Jácomo várias pessoas exerceram interinamente o cargo de prefeito, que pela ordem cronológica
são as seguintes: Sylvio Talli -1ª
vez, Sylvio Talli - 2ª vez, Dr.
Olavo Lima Guimarães, Benedito
Soares Siqueira, João Walsh da
Costa, Helena Tomasi (de 25/03/
47 a 10/06/47) e Jacob Lyra (de
10/06/47 a 31/12/47).
19451945194519451945Veículos no município deIndaiatuba
Transporte rodoviário: veículos a
motor, 50; veículos a força
animada, 588.
Transporte ferroviário - 5
estações (Estrada de ferro
Sorocabana): Indaiatuba, Itaici,
Pimenta, Helvétia e Francisco
Quirino.
Cine RexNeste ano o projetista-construtor Antonio Zoppi constrói o prédio do Cine Rex.
151
IBGE - Sinopse estatística do município de Indaiatuba, 1948.Correios e Telégrafos - Agências postais: 4
Melhoramentos urbanos da sede municipal:
Logradouros públicos: 34, dos quais 31 iluminados a eletricidade
Iluminação Domiciliária a Eletricidade (Ligações Domiciliares): 565
Abastecimento d'água (Prédios Abastecidos): 496
Esgotos Sanitários (Prédios Esgotados): 00
Ensino Primário Fundamental Comum: Unidades escolares: 15, Corpo docente: 28.
Matrícula geral: 1.264. Matrícula efetiva: 1.062
Freqüência: 969
Aprovações em geral: 792
Conclusões do curso: 229
Bibliotecas Públicas e Semi-Públicas: 0
Jornais e outros periódicos: 1
Cinemas, Teatros e Cine-teatros: 1
Estabelecimentos de Crédito: Banco do Brasil: 0,
Caixa Econômica Federal: 0, Caixa Econômica Estadual: 1.
Finanças Municipais
Receita: 312$500, Despesa 312$500, isto é, trezentos e doze
contos e quinhentos mil réis (IBGE, 1948).
Incêndio da fábrica MazzoniEm 18 de janeiro de 1945 uma explosão de tambores contendo
tiner, na fábrica de cabos de guarda-chuvas Mazzoni, matou seis
19451945194519451945
Em 29 deoutubro de1945, oscomandantesdas ForçasArmadasdepõem GetúlioVargas.
Armazém da Estação de Itaici, 1945.
Estação Itaici, 1947.
152
funcionárias e também a Athos Mazzoni, um dos cinco proprietários da indústria, de acordo com texto publicado no Jornal Votura de 23/
05/1993.
Padre Antonio JanoniFoi o pároco de abril de 1945 a outubro de 1956.
PopulaçãoPopulação estimada para 31/12/1945: 11.443 habitantes (IBGE, 1948).
19461946194619461946FamíliasPagaram a taxa de água em junho de 1946 as famílias:
Almeida, Aun, Amaral, Araújo, Antonio, Agostinho, Artuzo, Amstalden, Ambiel, Antunes, Azsal, Alter, André, Artoni, Brossi, Barnabé,
Baroni, Bühl, Bicudo, Boselli, Beccari, Bento, Bernardinetti, Bertelli, Bertini, Bergamo, Bastemberg, Boscatti, Bannwart, Barreto, Benedetti,
Borghezani, Bimonti, Cantelli, Carnieri, Camargo, Campos, Calonga, Carvalho, Castro, Clemente, Curti, Civolani, Cainelli, Carli, Clauss,
Cordeiro, Campi, Corral, Costa, Capovilla, Ciciliato, Casagrande, Curcioli, Caloneo, Cirelli, Conceição, Coppini, Coraine, Candello, Caldei-
ra, Camilo, Cantarelli, D'Alessandro, Deltregia, Dércoli, Denny, Dias, Danuncio, Delconte, Dutra, Delboni, Dores, De Genaro, Escodro,
Farinello, Ferrari, Ferraz, Fomazari, Freitas, Feijão, Fiori, Fonseca, Ferreira, Fahl, Frizarini, Fanger, Fracaroli, Franklin, Filleto, Godoy,
Gramito, Girardelli, Guimarães, Gadotti, Gaspar, Gazignati, Giordani, Gotardi, Gonçalves, Garcia, Gerena, Genaro, Góes, Gemin, Gozzo,
Germano, Hernandez, Hubert, João, Kraembühl, Linder, Linhares, Leite, Lui, Lizoni, Lisboa, Lopes, Leocádio, Laurenciano, Lanzi, Leme,
Lima, Lins, Lanzoni, Limongi, Lizoni, Mazzoni, Montarini, Martins, Messias, Munhoz, Martini, Magnusson, Mattioni, Moreira, Montalti,
Massini, Moraes, Milani, Mezzanotti, Martinez, Mauritz, Miglioli, Minioli, Melecardi, Mantoanelli, Nicolau, Nassin, Nolli, Oliva, Ortega,
Pecht, Prado, Pioli, Prandini, Puccinelli, Pinto, Pericci, Petrilli, Pozzon, Pulsoni, Pompeo, Pernambuco, Polleto, Pedroso, Peroni, Pinheiro,
Pacheco, Paula, Pereira, Paratello, Passioni, Penteado, Pachelli, Paulino, Pistoni, Peteyam, Quitzau, Rossignatti, Ribeiro, Rubin, Razori,
Ribeira, Rossi, Roque, Rizetto, Rizzo, Rampin, Ripabello, Rosa, Rezende, Romão, Rodrigues, Rossin, Stein, Stahl, Sander, Scarton, Schoeder,
153
Salvador, Scachetti, Steffen, Schettini, Silvestre, Simão, Sampaio, Scupien, Stocco, Salmairaghi, Sabro, Sanazzaro, Silva, Santos, Sorain,
Scodro, Soares, Sotano, Stahl, Squilanti, Socoloan, Salla, Talli, Tomasi, Tancler, Thebas, Thieli, Tomaz, Teixeira, Toledo, Tachinardi, Ulitska,
Varotti, Ventura, Vilanova, Von Ah, Vicentina, Wolf, Wolzhe, Waner, Xavier, Zoppi.
Ligações de águaRuas e número de casas: Francisco de Paula Leite 11, Rio Branco 8, Treze de Maio 17, Nove de Julho 28, Pedro de Toledo 68, XV de
Novembro 68, Candelária 81, Pedro Gonçalves 39, Cinco de Julho 14, Voluntário João dos Santos 9, Três 17, Dom José 6, Augusto de
Oliveira Camargo 13, Praça Leonor de Barros Camargo 5, Sete de Setembro 25, Siqueira Campos 44, Bernardino de Campos 64, Cerqueira
Cesar 50, Araújo 17, Padre Bento Pacheco 43, Onze de Junho 47, Vinte e Quatro de Maio 25 e Tuiuti 15.
19481948194819481948Guaianazes ClubeEstá na Tribuna de 4/6/78: o Guaianazes tinha a melhor
equipe de volei feminino que já houve em Indaiatuba. A quadra
era no local onde funciona a Escola de Comércio Candelária. A
professora de Educação Física Lúcia Steffen foi quem preparou
a seleção, tornando-a conhecida em toda a região. Entre as
"craques" brilhavam: Diva Ribeiro de Barros, Odete Saviolli,
Vanda D'Ercole, Haydée Campos Bueno, Virgínia Curti, Glória
Boscatti e Sarah Boscatti.
Prefeito Luiz Teixeira de Camargo JúniorExerceu o cargo de 1 de janeiro de 1948 a 31 de dezembro
de 1950. Lauro Bueno de Camargo foi o prefeito de 1/1/51 a
31/12/51.Time de voleibol do Guaianazes Clube
154
19501950195019501950"A Folha de Indaiá"O primeiro número deste jornal saiu em 01/10/1950. Propriedade de José Machado de Campos, com redação e oficinas na Rua
Siqueira Campos, 524 - telefone 82. Circulava quinzenalmente, aos domingos, e era jornal bem impresso com matérias bem distribuídas. O
primeiro número tratou quase que exclusivamente das eleições que se realizariam dois dias depois, com instruções de como votar, propagandas
eleitorais e avisos aos eleitores. Concorriam à Presidência da República Getúlio Vargas, Eduardo Gomes, Christiano Machado e João
Mangabeira. Em Indaiatuba ganhou Getúlio com 1254 votos. Posteriormente o jornal passou a ser propriedade de Luiz Carlos Sannazzaro,
mudando sua redação e administração para a Rua Siqueira Campos, 608, fone 71. Até seu ano IV, 14 de fevereiro, só tinham sido publicados
11 números desse jornal. Dados do suplemento especial do Jornal Votura de 10/09/1987.
Indústria Textil JudithSegundo texto da Tribuna de Indaiá de 3/9/83, a Têxtil Judith foi fundada por Domingos Giomi em 1934, em São Paulo, e se instalou
em Indaiatuba em 1949, começando a funcionar no novo local no início de 1950. Especialização em tecidos leves para decoração e
vestuário, tecidos técnicos para fins industriais, tecidos para velames e paraquedas. em 1983 empregava 962 funcionários e seu patrimônio
superava 6 bilhões de cruzeiros, equivalente a 6 milhões de dólares na época, com uma área fabril de 19 mil metros, além de uma outra
empresa coligada à Indaiatuba Textil, instalada numa área de 30 mil metros quadrados, e ainda um terreno cedido em comodato para a
Associação Esportiva Tejusa de 8.000 m².
Colégio EstadualLei Estadual 613 de 02/01/1950 cria o Ginásio Estadual de Indaiatuba, instalado no dia 08 de junho de 1950 no prédio do Grupo
Escolar Randolfo Moreira Fernandes, sob a direção do professor Mário Macedo Júnior. No final do ano seguinte 6 alunos concluem o
curso ginasial. Em 17/02/1957 o Ginásio é instalado num prédio provisório adaptado, situado na Rua Alberto Santos Dumont 1195, que
posteriormente foi usado pelo Ginásio Hélio Cerqueira Leite, e atualmente pela FIEC. Pela lei estadual 4495 de 24/12/1957, com a
155
criação do curso colegial o ginásio passa a chamar-se
Colégio Estadual de Indaiatuba; finalmente, pela lei 4875
de 05/09/58 passa a chamar-se Colégio Estadual Dom
José de Camargo Barros. Informações do professor
Sálvio A. Martins em "Jubileu de Prata- 1975",
publicação desta escola.
Seminário dos Jesuítas na Fazenda TaipasSegundo texto do Boa Vida Magazine, Itu, de
setembro de 1990, a sede da fazenda Taipas era usada,
nos anos 40, para férias dos padres, irmãos veteranos e
noviços escolásticos. Em 1950 o Reitor Provincial da
Companhia de Jesus resolveu transferir o noviciado de
Nova Friburgo no Rio de Janeiro para Itaici, tendo então
início neste mesmo ano as obras de construção do
seminário, as quais duraram 12 anos. O projeto foi
inspirado no conjunto arquitetônico da Universidade
Rural do Rio de Janeiro e foi executado com tijolos,
ladrilhos, janelas e móveis produzidos pelos próprios jesuítas. O conjunto se constitui de três alas com mais de cem metros cada e três
pavimentos, num total de 230 quartos, quatro salões, um auditório, uma igreja, cinco capelas, um refeitório e cozinha. Em 1989 acrescentou-
se um novo auditório para 650 pessoas, com 13 salas para reuniões e uma sala de imprensa. Em 1968 os seminaristas foram transferidos
para o noviciado de Campinas e, neste mesmo ano, aqui se realizou a Assembléia da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, evento
que vem ocorrendo todos os anos até hoje. Em 1989 a Vila Kostka, como é conhecido o local, tornou-se um CEI, Centro de Espiritualidade
Inaciana, que promove cursos, seminários e encontros enfocando a espiritualidade. Em 1989 cerca de 10 mil pessoas passaram pela Casa.
Prédio do “Posto de Puericultura”, que foi adaptado para abrigar o Ginásio Estadual
156
Provas ciclísticasTiveram início neste ano as tradicionais provas ciclísticas da Cidade de Indaiatuba, disputadas por pedalistas de todo o Estado e
supervisionadas pela Federação Paulista de Ciclismo e realizadas anualmente no dia primeiro de maio. O ciclismo foi sempre cultivado em
Indaiatuba e, antes do uso generalizado de carros e não existindo ainda as linhas circulares de ônibus, era o meio de transporte preferido
pela população.
PopulaçãoUrbana: 5.856 habitantes, rural: 5.697. Total: 11.253 habitantes no Município de Indaiatuba(GROFF, 1963).
AsfaltoEm 1950 é iniciada a pavimentação asfáltica da cidade. (STEIN, 1980).
19521952195219521952Prefeito Jacob LyraExerceu o cargo por 4 anos completos : de 01/01/1952 a 31/12/1955. Em 1947 tinha sido prefeito de junho a dezembro.
EsgotoInaugurada a primeira rede de esgotos sanitários em Indaiatuba. O primeiro emissário de esgotos até o Rio Jundiaí foi construído em
1960.
Trigo em IndaiatubaEstá na Gazeta de Indaiatuba de maio de 1955: Os pioneiros na plantação de trigo em Indaiatuba foram Guilherme Magnusson
Sobrinho e Irmãos Waldemarin, na fazenda Cruz Alta, em 1952.
19511951195119511951
Getúlio Vargastoma possecomo presidenteda República epropõe aoCoingresso acriação daPetróleoBrasileiro S.A_Petrobrás.
157
19531953195319531953Mesa da Câmara para 1953Presidente: Ataide Puccinelli, do PSP; vice presidente: Medaldo Wolf, do PTN; primeiro secretário: Oswaldo Stein, do PSP; segundo
secretário: Teodoro Mantoanelli, do PSP. Comissões:
Justiça _ Oswaldo Stein, presidente, Dr. Adib Pedro, membro, Teodoro Mantoanelli, relator. Finança e orçamento _ Dr. José Cardeal,
presidente, Ângelo Stocco, membro, Primo Venturini, relator. Higiene _ Dr. Mário Paulo, presidente, Medaldo Wolf, membro, Oswaldo
Stein, relator.
19551955195519551955"Tribuna de Indaiá"Esse jornal que viria a marcar época em Indaiatuba como o principal veículo de comunicação da comunidade indaiatubana nasceu nos
corredores da Faculdade de Direito da PUCC com o nome de "Gazeta de Indaiatuba", idealizado pelos acadêmicos Rafael Elias José Aun
e Renato Laércio Talli. Em 1957 seus proprietários mudaram o nome para "Tribuna de Indaiá" e apesar das dificuldades de impressão,
continuou circulando normalmente até o número 127, em janeiro de 1961, quando passou às mãos do Sr. Gabino Ferreira de Miranda,
dono da gráfica que o imprimia. Em 30 de agosto de 1963 Gabino Ferreira de Miranda faleceu prematuramente deixando o jornal para
seus filhos, que apesar de muito jovens não esmoreceram, não deixando de publicar nem a edição do dia seguinte, noticiando o triste
acontecimento. Contando com a ajuda de Rafael Elias José Aun tocaram o jornal, que em abril de 1978 era instalado em sede própria à Rua
Hércules Mazzoni 873. A Tribuna de Indaiá vem participando ativamente de todos os acontecimentos em Indaiatuba nas últimas quatro
décadas, sendo a sua coleção uma ótima fonte para a pesquisa da história do Município. O jornal está instalado em sede própria, é impresso
em "off set", com duas edições por semana. No dia 15 de abril de 1995 a Tribuna comemorou condignamente seus 40 anos de existência
em solenidade na Câmara Municipal, ocasião em que foram homenageados seus fundadores, Rafael Elias José Aun e Renato Laércio Talli,
e seus proprietários Belmira, Manoel e José Luiz Ferreira de Miranda. Dados extraídos de um Suplemento do Jornal Votura escrito por
João Nunes Júnior em 1987 e do Suplemento da Tribuna de 15 de abril de 1995.
19541954195419541954
Politicamenteisolado, eassediado porum ultimato dasForçasArmadas, queexigem suarenúncia, opresidenteVargas suicida-se na manhã de24 de agosto de1954.
158
GeadaNúmero do mês de julho do jornal "Gazeta de Indaiatuba" informa que a geada castigou a lavoura do município: a plantação de
tomates da fazenda Pau Preto apresenta aspecto desolador, as lavouras de café e batata também foram muito castigadas.
Fundado o Rotary Club de IndaiatubaEstá na Gazeta de Indaiatuba de agosto de 1955:
No dia 1° de julho foi fundado o Rotary Club de Indaiatuba com 23 sócios fundadores. Presidente Nelson de
Almeida Domingues, Vice José da Costa Mesquita, 1° secretário José Machado de Campos, 2° secretário Odilon
Ferreira, 1° tesoureiro Luiz Teixeira de Camargo Jr., 2° tesoureiro Waldemar Giomi, diretor de protocolo Sinézio
Martini. Outros sócios: Guerino Lui, Eduardo Faysano, Henrique Shulz, José Teixeira de Camargo, Júlio Nicolau,
Lauro Magnusson, Oreste Mazzoni, Scyllas Leite Sampaio, Mário Paulo, Vitório Prandini, Rafaello Fantelli,
Vitantonio Scisci, Frederico
Quitzau, Ângelo Pedrina, Jácomo
Nazário e Caio da Costa Sampaio.
Eleição MunicipalEm 3 de outubro é eleito prefeito para a gestão 56-60
Lauro Bueno de Camargo. Os vereadores mais votados
foram Sinézio Martini, Romeu Zerbini, Domacyr Stocco,
Oswaldo Stein e Dr. Adib Pedro. Notícia da Gazeta de
Indaiatuba de 10/1955.
Praça Prudente de Moraes, sem data.
159
19561956195619561956Prefeito Lauro Bueno de Camargo
Exerceu o cargo durante 4 anos completos, de 01/01/1956 a
31/12/1959. Em 1951 já tinha sido prefeito durante um ano inteiro,
de 01/01/51 a 31/12/51. Transcrevo abaixo algumas declarações
de Lauro Bueno de Camargo numa Gincana realizada no Colégio
Monteiro Lobato em outubro de 1985:
Em 1946, quando vim para cá, Indaiatuba era só terra. Para a
iluminação pública existiam apenas 123 bicos de luz. Asfalto na cidade
e continuação do serviço de esgoto iniciado por meu antecessor
[Luiz Teixeira de Camargo Jr.]. O poço
artesiano de lá estava secando e eu levei
água até o hospital.
Calçamos com paralelepípedo a Vila
Nova, a Vila Santo Antonio e outros.
Mas a maior realização foi trazer a
Escola de Comércio para Indaiatuba,
com a ajuda do Padre Carlos
Menegazzi.
19561956195619561956
A 31 de janeiroJuscelinoKubitschek tomaposse comopresidente daRepública.
Praça Prudente de Moraes e Cine Rex, sem data.
Cine Rex, sem data.
160
Padre Carlos MenegazziFoi o Pároco de Indaiatuba de outubro de 1956 a junho
de 1960.
19571957195719571957Indaiatuba ClubeEm 1957 Indaiatuba, com pouco mais de 15 mil
habitantes não possuía um clube social. Os moços quando
queriam promover um baile tinham de solicitar emprestado
os salões anexos ao Bar Central e ao Hotel Candelária, onde
eram feitos alguns bailes durante o ano. Sentia-se necessidade
de um clube social onde as famílias e a mocidade pudessem
se reunir organizadamente sob um estatuto ou regimento
interno. Interpretando este sentimento generalizado um grupo de rotarianos, após uma reunião de clube deliberou fundar um clube social,
na acepção da palavra, dando-lhe personalidade jurídica própria com um quadro social expressivo. Em 1° de julho de 1957 em uma
reunião com caráter de assembléia estava criado o Indaiatuba Clube. Instalado em um casarão na Praça Leonor de Camargo Barros,
reformado especialmente para a sede, o Clube foi inaugurado com solenidades e um baile em 14 de novembro de 1957. Desta data em
diante, o evento é comemorado com o tradicional "Baile de Aniversário" do Indaiatuba Clube. Isto contam Ademir Barnabé e Antonio M.
V. Prado na Edição histórica do Indaiatuba Clube de 1957.
João dos Santos é transladado para São PauloSeu corpo foi exumado e trasladado para o Mausoléu dos mortos da Revolução Cosntitucionalista de 32 no Parque Ibirapuera. No ano
seguinte seu busto seria erigido na Praça Prudente de Moraes, em Indaiatuba.
Segundo anotações do padre Carlos Menegazzi,
1957 - Julho - dia 6. Trasladação dos despojos do Voluntário João dos Santos - herói da Revolução de 1932, para
Fachada do Indaiatuba Clube no dia da inauguração do Clube 9 de Julho
161
o túmulo dos Voluntários em São Paulo. Dia 5 à tarde, em tocante cerimônia, foram retirados os restos mortais do
voluntário indaiatubano e sua urna transportada para a Praça Prudente de Moraes. Defronte à Prefeitura, em altar
liturgicamente armado, o Revmo. Vigário fez as exéquias solenes, celebrando a Sta. Missa o Revmo. Padre Sebas-
tião Pescatori, S. J. do Colégio de Itaici. Foi uma cerimônia comovente pela piedade do povo. Em seguida, benze-
mos a pedra fundamental do monumento que se erguerá em homenagem ao heroi voluntário (CARVALHO,
2004).
19591959195919591959YanmarA Câmara aprova lei, sancionada pelo Prefeito Lauro Bueno de Camargo, vendendo ao preço simbólico de 5 mil cruzeiros à indústria
japonesa Yanmar uma área de 184.288 m² (7,6 alqueires, na área urbana de Indaiatuba, com toda infraestrutura), com a promessa de
geração de empregos e riquezas no
município. Esta lei previa que no terreno
deveria ser reservada uma área de 90 mil
m² para a construção da fábrica, 23 mil
m² para residências de funcionários, 16
mil m² para fábricas coligadas e
residências e 55 mil m² para praças de
recreação.
19601960196019601960Prefeito Alberto BrizolaExerceu o cargo de 1 de janeiro de
1960 até 11 de abril de 1962.
19601960196019601960
Construída emtempo recorde,Brasília éinaugurada pelopresidenteJuscelinoKubitschek a 21de abril
Comício da vitória de Brizola, 1959.
162
PopulaçãoTotal de 19.414 habitantes no Município de Indaiatuba. Região urbana: 13.382 habitantes, rural: 6.032. (GROFF, 1963).
Padre Claret R. Toledo PizzaFoi o pároco de Indaiatuba de novembro de 1960 a outubro de 1966.
19611961196119611961Antonio ZoppiFalece o cronista de Indaiatuba Antonio Zoppi, filho de Cezari Zoppi e Teodora Cerqueira Leite.
19621962196219621962CassaçãoA cidade é agitada politicamente com a cassação do mandato do
prefeito Alberto Brizola, pela Câmara Municipal, através de um processo
de "impeachment". Alberto Brizola era correligionário de Jânio Quadros,
que renunciou à presidência da República em 1961.
Prefeito Odilon FerreiraExerceu o cargo de 11 de abril de 1962 até 31 de dezembro de 1963,
completando o período do mandato de Alberto Brizola. Odilon Ferreira
foi substituído durante um breve espaço de tempo por Sinésio Martini, de
30/08/63 a 07/10/63. (STEIN, 1980).
19611961196119611961
Após um governoagitado e polêmico
de sete meses,Jânio Quadros
renuncia àpresidência da
República, no dia24 de agosto,
numa manobrapolítica
objetivandoretornar com
poderesditatoriais, por
imposição popular.O ato gerou uma
crise, com arecusa dos chefes
militares empermitir a posse
do vice-presidenteJoão Goulart. O
impasse foiresolvido pelo
Congresso,transformando o
país numaRepública
parlamentarista eJoão Goulartnuma figura
decorativa com otítulo de
presidente.
Casa que abrigou a primeira sede do Judiciário em Indaiatuba
163
19631963196319631963Criada a Comarca de IndaiatubaEm 1963, pela lei 8.050 de 31 de dezembro, é criada a Comarca de Indaiatuba, desmembrada de Itu, sendo instalada em 1965 e elevada
à categoria de Comarca de 2ª Entrância em 1969 (STEIN, 1980). Indaiatuba levou mais de 100 anos, depois da independência política, para
adquirir independência jurídica de Itu, e assim mesmo após uma extraordinária campanha de seus munícipes. Campanha liderada pelo
Rotary Club, sob a presidência de Antonio Reginaldo Geiss.
A Casa da Câmara e Cadeia de Indaiatuba é demolida“Inaugurada a 13 de maio de 1890 no
centro da Praça Muncipal, hoje Prudente
de Moraes, esse prédio foi demolido em
1963, na gestão do prefeito Odilon Ferreira
e no local foi construído um belo chafariz”
(SAMPAIO, S. L.; SAMPAIO, C. C., 1998).
19641964196419641964Prefeito Ivan Corrêa de ToledoFoi prefeito de Indaiatuba de 1 de
janeiro de 1964 a 13 de junho de 1964,
quando foi cassado pelo golpe militar que
assumiu o poder em 31 de março deste ano.
19641964196419641964
A 31 de março, ogeneral MourãoFilho deflagra olevante militarem MinasGerais,marchando comsuas tropas emdireção ao Riode Janeiro. Nodia seguinte,quase todos oscomandosmilitares aderemao movimento. Opoder é ocupadopor uma juntamilitar e ogeneral CasteloBranco indicadopara apresidência daRepública.
A 9 de abril éeditado o AtoInstitucional n.o1, suspendendopor dez anos osdireitos políticosde centenas depessoas, entreas quais váriosgovernadores,parlamentares,líderes sindicaise estudantis,intelectuais efuncionáriospúblicos.
Festa do Tomate, 1964.
164
Prefeito Romeu ZerbiniCompletou o mandato para o qual tinha sido eleito Ivan Correa de Toledo. Governou nesta primeira vez de 13/06/64 a 31/06/69.
População A "SD Consultoria de planejamento Ltda." calcula, baseada em censo escolar realizado por esta firma para elaboração do plano
diretor, que Indaiatuba tem um total de 22.928 habitantes, sendo 16.130 na área urbana e 6.798 na área rural.
19661966196619661966Dr Scyllas1° de julho: falece o Dr. Scyllas Leite de Sampaio, historiador de Indaiatuba,
havendo deixado redigida uma monografia, a mais fiel e completa possível sobre o nosso município; desde seus
primórdios até a proclamação da república. Apenas a investidura de um diletante apaixonado pelo seu torrão
natal, delegou ao autor intelectual desse trabalho, Scyllas Leite de Sampaio a pertinácia de um pesquisador na
busca de documentos e elementos que fixassem com a maior exatidão possível as origens históricas de Indaiatuba,
até então inexistentes (SAMPAIO, C. C., 1972).
Padre Francisco de Paula VasconcellosFoi vigário da Paróquia de Nossa Senhora da Candelária de 10 de outubro de 1966 a fevereiro de 1967, transferindo-se para a Paróquia
de Santa Rita, recém criada.
BrasãoPor iniciativa do Rotary Club, o Brasão de Armas da Cidade e Município de Indaiatuba foi criado em 17 de abril de 1966, através da
lei municipal 930.
165
19671967196719671967Padre Hermínio BernasconiFoi o vigário da Paróquia de Nossa Senhora da Candelária de fevereiro de 1967 a fevereiro de 1970, ocasião em que realizou radicais
reformas na igreja matriz, despojando-a de seus altares laterais e removendo do altar mor o famoso trabalho de entalhe em madeira
executado pelo escultor Monsieur Bernard (CARVALHO,
2004).
Criada a paróquia de Santa Terezinha emItaiciA Paróquia Santa Teresinha em Itaici foi criada em
16 de setembro de 1967.
19681968196819681968Bandeira MunicipalFoi criada pela Lei Municipal número 1024 de 20 de
agosto.
Plano DiretorObjetivando "assegurar uma trajetória de progresso
sem descontinuidade ao longo do tempo" a SD Consultoria de Planejamento Ltda, consorciada com a firma Jorge Wilheim Arquitetos
Associados, elaborou o primeiro plano diretor da Cidade.
Estudantes desfilam com o símbolo criado por Wilheim para Indaiatuba
166
19691969196919691969Prefeito Mário Araldo CandelloExerceu o cargo de prefeito de 01/02/69 até 31/01/73. Em sua administração foi construída a obra mais importante do período, a
Estação de Tratamento de Água. De acordo com o relatório do exercício de 1972 de Mário Araldo Candello, as obras iniciadas em
dezembro de 1971 estavam concluídas em dezembro de 1972, faltando apenas a instalação dos equipamentos para o início de funciona-
mento.
19701970197019701970PopulaçãoUrbana, 22.359 habitantes; população rural, 8.196; total: 30.555 (STEIN, 1980).
Padre Álvaro Augusto AmbielFoi vigário da paróquia de Nossa Senhora da Candelária de 12/04/70 até 10/09/78 e de 01/12/79 a 05/02/81. Padre Álvaro nasceu
em 1936 e foi ordenado em Campinas em 1962. Pertencente a uma das famílias que fundaram Helvétia, foi o primeiro Pároco de Indaiatuba
nascido no Município. (AMSTALDEN, 1989; CARVALHO, 2004).
SAAENeste ano foi instalado o Serviço Autônomo de Água e Esgoto, autarquia criada em 1968. Seu primeiro superintendente foi Raphael
Elias José Aun.
19721972197219721972UNIMEDA 21 de janeiro de 1972, médicos e empresários de Indaiatuba se reuniram no Hospital Augusto de Oliveira Camargo, com o superin-
167
tendente e fundador da
UNIMED-Campinas, Dr.
Jeber Juabre, para tratar da
extensão dos serviços desta
cooperativa de serviços
médicos para Indaiatuba.
Presentes representantes da
Textil Judith, Singer do Brasil,
Yanmar do Brasil, Puriar,
Cerâmica Indaiatuba,
Cotonifício Indaiatuba e
Alfredo Vilanova.
19731973197319731973Romeu Zerbininovamente prefeitoExerceu o cargo pela
segunda vez de 01 de fevereiro
de 1973 até 31 de jeneiro de
1977.
Distrito IndustrialFoi criado neste ano o Distrito Industrial, após a saturação da ZPI, Zona de Predominância Industrial, criada em 1969. Estes dados
estão em texto de Ademir Barnabé na Tribuna de Indaiá, dezembro de 1982.
Vista aérea da cidade na década de 1970
168
19741974197419741974ETAEm 10/11/74 foi inaugurada a primeira estação de tratamento de água em Indaiatuba, com capacidade de 240 litros por segundo para
uma população prevista de 64.000 habitantes. Antes a água não era tratada; vinha "in natura" para a torneira do consumidor. O sistema
inaugurado fornece 12.000 metros cúbicos de por dia, com três pontos de captação: Cupini, Morungaba e Capivari Mirim. (Indaiá Rotário,
n. 23 , 1977-78).
Campo de Provas da GMFoi neste ano inaugurado o Campo de
Provas da Cruz Alta , que viria a ser um
dos maiores do mundo, com a execução
do seu projeto de expansão, que
acompanhava o Plano Diretor, orientado
no sentido do aproveitamento racional da
área de 465 alqueires. Dados de "O
Democrata" de 24.12.81.
Hino Indaiatubano oficializadoCriado pela lei municipal 1344, no dia
08 de dezembro de 1974.
19751975197519751975"O Democrata"Fundado por Pedro Castilho, o Prefeitura, 1977.
169
primeiro número circulou em 2 de agosto de 1975, estampando matéria que anunciava a visita de Orestes Quércia a Indaiatuba para
inaugurar o Diretório Municipal do MDB, Movimento Democrático Brasileiro, partido que deu origem ao P.M.D.B. Os jornalistas eram
Álvaro Feijó, Ademir Barnabé e o advogado Dr. Flávio F. Pigatto. A partir de 1978 o jornal criou o troféu "O Democrata" que premiava
todos os anos as pessoas que se destacavam nas diversas áreas da sociedade indaiatubana. O Democrata circulou até janeiro de 1983,
quando estava em seu oitavo ano de circulação.
19771977197719771977Prefeito Clain FerrariExerceu o cargo neste primeiro mandato de 01 de fevereiro de 1977 a 31 de janeiro de 1983, com 2 anos de prorrogação de mandato.
Obras de maior importância: Rodoviária, Centro Espotivo do Trabalhador, Ginásio Municipal de Esportes, Cemitério Parque dos Indaiás
e o início da construção do edifício da Câmara. Compunham a Câmara Municipal no período: Caio da Costa Sampaio, Antonio Trinca,
Maçaki Umeda, Oswaldo Groff Júnior, Antonio José da Silva
Maciel, Valfrido Miguel Carotti, na oposição, José Maria Wolf,
Maurílio Gonçalves Pinto, Hissao Fujiwara, Argemiro Barnabé,
Pedro Castilho, Goliardo Soliani e Hermes Cotafava. Dados
da Tribuna de Indaiá de 17/05/81.
19801980198019801980IndústriaIndaiatuba possuía 422 indústrias empregando cerca de
12.000 pessoas. (STEIN, 1980)
Igreja Matriz, sem data.
170
19811981198119811981Padre Luiz Antonio GuedesFoi vigário da Paróquia de Nossa Senhora da Candelária de 15/02/81 a 23/09/84.
Migrantes em IndaiatubaEstatística baseada em proclamas de casamento publicadas em jornal local indicam que 70% das pessoas que se casam na cidade neste
momento são nascidas fora de Indaiatuba.
Padre João Augusto PiazzaÉ o vigário da Matriz de Nossa Senhora da Candelária de 23/09/1984 até hoje [nota escrita em novembro de 1995], com breves intervalos
de substituição.
19821982198219821982Casarão da Fazenda Pau PretoClain Ferrari, com o decreto Municipal número 2394 de 20 de abril de 1982, declara de Utilidade Pública a fim de ser adquirido
mediante desapropriação, o casarão e sua área de 9.810 metros quadrados, com a finalidade de instalação de Museu Histórico, Centro
Cultural e Parque de Lazer. No dia 14/12/1982 Clain revoga este mesmo decreto. Estava no final de seu mandato. (CARVALHO, 1984).
Igreja Presbiteriana de IndaiatubaComemora seu Jubileu de Ouro.
Despoluição do Rio JundiaíEstá na Tribuna de 06/11/82:
Em 27 de outubro de 1982 realizou-se em Jundiaí a primeira reunião com o objetivo de estabelecer metas para a
171
despoluição da bacia do Rio Jundiaí.
Participaram os coordenadores do plano de
governo de Franco Montoro_ entre os quais o
jornalista Jaime Martins, especialistas em
recursos hídricos e saneamento, prefeitos e
candidatos a prefeitos de Campo Limpo, Várzea
Paulista, Jundiaí e Indaiatuba, representada pelo
candidato a prefeito, Eng. José Carlos Tonin.
19831983198319831983Prefeito José Carlos Tonin
Em 1 de fevereiro inicia o seu mandato de
Prefeito; Vice Roberto Sfeir. Vereadores: Flávio
Tonin, Carlos Olímpio Pires da Cunha, Wilson
Luchini, Henrique Furlan, Wilson Moraes
Sampaio Júnior, Henrique Lopes Cruz, Helen
Castilho, Gilberto Narezzi, Maurílio Gonçalves
Pinto, Jorge Ribeiro da Silva Júnior, Orlando Spoliante, Algemiro Elotarco Barnabé, e Noraldino Antonio Tonolli.
"Jornal Votura"Tendo adquirido o equipamento gráfico do jornal "O Democrata", o vereador Oswaldo Groff Júnior funda o "Jornal Votura" que
teve seu primeiro número circulando em 11 de novembro de 1983. A partir de 1984 Maria Teresa Groff assumiu a direção do jornal,
montando uma equipe de trabalho que dinamizou a atuação do jornal até 1987, quando assumiu a direção João Nunes Júnior, jornalista
que fez uma ótima resenha da Imprensa em Indaiatuba em um suplemento que estamos utilizando como fonte para esta cronologia. João
Década de 1980: início da verticalização do centro urbano.
172
Nunes Jr. continuou o trabalho de Maria Teresa Groff e, em setembro de 1987, o jornal era um semanário, circulando às sextas-feiras com
vinte páginas.
Casarão da Fazenda Pau PretoO novo prefeito, José Carlos Tonin, no dia 24/02/83, declara de utilidade pública a fim de ser adquirido mediante desapropriação o
casarão e uma área, agora não mais de 9.810 metros quadrados, mas 4.500,90 metros quadrados, ou seja, um pouco menos da metade da
área original.
Gessy LeverFrans Van den Hoven, um dos presidentes mundiais da Unilever, inaugura a fábrica da Gessy Lever em Indaiatuba. Conforme texto
da Tribuna de Indaiá,
Com a inauguração desta nova unidade industrial a empresa cumpre uma nova etapa do processo de descentralização de sua atividades
fabris.
19891989198919891989Prefeito Clain FerrariAssume novamente a Prefeitura. Vereadores: Paulo
Vieira, Flávio Tonin, João Neto, Nelson Laturraghe, Wilson
Luchini, Pedro Castilho, Walter Ferrarezi, Luiz G. Lacerda,
Tadao Toyama, Antônio Bicudo, Luiz Alberto Pereira,
Marcos A. Pereira, Joviniano Seleguim, Milton Quintino,
Rubeneuton Oliveira Lima, Pedro Ferrari e José Aristéia.
173
19901990199019901990Reforma na MatrizSegundo a Tribuna de Indaiá, o leilão da Festa da Padroeira de 1990 rendeu 100 mil cruzeiros. A renda, junto com o lucro da
quermesse, seria usada para reforma na Matriz: pintura externa da igreja e
troca das telhas e do forro.
19911991199119911991Censo do IBGEIBGE divulga o censo realizado em 1991. Resultado: Indaiatuba tem 92.700
habitantes. Esse resultado foi contestado pelas autoridades municipais, tendo
como argumento o fato de que nas eleições em 1989 havia 60 mil eleitores no
município. Informações da Tribuna de Indaiá.
19921992199219921992Impeachment de CollorManifestação pública comemorou o impeachment do presidente. Deu na
Tribuna:
Na última Terça feira 29 dia da votação do impeachiment do presidente Fernando Collor de Mello o PT organi-
zou vigília cívica na Praça Prudente de Moraes onde foram instalados aparelhos de TV e microfones abertos para
o público.
Flávio Tonin eleito prefeitoFlávio Tonin foi eleito prefeito de Indaiatuba com 16.141 votos, dia 3 de outubro de 1992.
Foto de documentos públicos deteriorados, que passaram em
1994 à custódia do Arquivo Público Municipal para a recuperação,
guarda e preservação desse patrimônio público, possibilitando
pesquisas e garantindo direitos dos cidadãos.
174
19941994199419941994Fundação Pró-Memória de IndaiatubaEm fevereiro de 1994 iniciam-se as atividades da Fundação Pró-Memória de Indaiatuba, com as atribuições de gerir o Casarão do Pau
Preto, o Museu, o Arquivo Público
Municipal, a Biblioteca Municipal
e zelar pela preservação do
patrimônio histórico e cultural
municipal.
19961996199619961996Censo do IBGEIndaiatuba, 1/8/1996:
121.906 habitantes.
19971997199719971997Prefeito ReinaldoNogueiraInicia nesse ano seu primeiro
mandato de Prefeito; Vice:
Antonio Jorge Trinca. Presidente
da Câmara: Vivaldo Francisco
Oliveira. Vereadores: Antonio
Bicudo de Almeida, Carlos Alberto
Parque Ecológico, parte fundamental do Plano Diretor feito por Ruy Ohtake para Indaiatuba. Seu projeto
urbanístico ordenou a expansão urbana a partir da década de 1990.
175
Rezende Lopes, Edison Minoru Motoaka Takahashi, José Ferreira Filho, Maurílio Gonçalves Pinto, Nelson Laturraghi, Núncio Lobo
Costa, Paulo Donizeti Canova, Rita Francisca Gonçalves, Roberto Sfeir, Rosana de Souza Magalhães, Rubeneuton Oliveira Lima, Waldemar
Batista, Willian Alves dos Santos, Wilson Tomaseto e Wladimir Soares.
20002000200020002000Censo do IBGE 1Indaiatuba, 1/8/2000: 146.829 habitantes. Cresceu mais de 20% nos últimos 4 anos.
Homens: 73.365
Mulheres: 73.464
Urbana: 144.528
Rural: 2.301
Taxa de crescimento anual: 4,76%. Comparando: o Brasil cresceu 1,6%, Itu 2,51%, Elias Fausto 2,68% e Campinas 1,59%.
Censo do IBGE 2A Tribuna de Indaiá publica declarações do secretário de planejamento, Sérgio Andreotti de Campos, que informa: Em 1991, segundo
o IBGE Indaiatuba tinha 28.664 casas e em 2001 tem 48.305. Em 1993 o município tinha 30.914 unidades edificadas e 22.331 terrenos
vagos. Os números apurados em 30 de abril de 2001 são de 49.533 edifícios e 20.896 lotes vagos.
NÚMEROS DO CENSO EM INDAIATUBA
1991 - população total 100.948.
2000 - população total 146.829 (variação: +47,4%).
1991 - população rural 9.099 (9,01%).
2000 - população rural 2.301 (1,55%) (variação: -74,7%)
176
177
Anexo
INSTRUÇÃO PÚBLICA EM INDAIATUBA QUADRO CRONOLÓGICO
18561856185618561856Freguezia de Indaiatuba: A Freguesia de Nossa Senhora da Candelária de Indaiatuba dista 23 ½ léguas da capital da Província, tem
1.666 habitantes e 3 eleitores. Pertence ao termo da Cidade de Itu, que é o terceiro da Comarca de Sorocaba [a Província de São Paulo está
dividida em 10 comarcas e 36 termos, sendo 25 com juizes municipais formados e 11 com juizes supplentes]. Vigário colado: Antonio
Cazimiro da Costa Roriz. Professores de primeiras letras: Antonio Leite de Carvalho, interino e Angela Leopoldina da Silva, interina.Almanak Administrativo, Mercantil e Industrial da Província de São Paulo para o anno de 1857 organizado e dirigido por Marques & Irmão 1° anno. S.
Paulo, Tip. Imparcial de J.R.de Azevedo Marques, 1856.
18591859185918591859Escola Pública de primeiras letras Escola de Primeiras letras do sexo masculino da Vila de Indaiatuba: Professor (contratado) Francisco
dos Santos Toledo. Alunos: 25. Inspetor de Distrito de Instrução Pública: João Tybiriçá Piratininga.Relatório do Presidente da Província Fernades Torres de 02.02.1860
18601860186018601860Escola Pública: Professor da escola masculina: Pedro Antunes da Silva. Alunos matriculados: 40.
Relatório do Pres. Antonio José Henriques - 1861
178
18641864186418641864Escola Pública de Indaiatuba: Professor: Cezário Lange Adrien. Alunos matriculados: 42, frequentam: 34. Inspetor de Instrução
Pública: João Tibiriçá PiratiningaRelatório do Presidente da Província de SP
18651865186518651865Escola Pública de Indaiatuba: Professor José Benedito Rodrigues; alunos matriculados: 27, frequentam: 23. Inspetor: Dr. Bento José
Labre. Rel. Pres. Tavares Bastos- 1866
18681868186818681868Estradas, cadeias e escolas na Província Relatório do Presidente da Província Borges Monteiro em 1869 diz que em 1868 foram
reparadas as estradas: da capital a Itú, de Jundiai a Salto de Itu e de Campinas à Constituição pela freguesia de Santa Bárbara. Há na
Província: 36 cadeias e 28 casas que servem de prisão. Existem na Província 275 escolas públicas, sendo 165 para sexo masculino e 110
para o feminino.
Escola Pública de Indaiatuba: Inspetor de Indaiatuba: Dr. Bento José Labre. Professor: José Benedito Rodrigues.Rel. Pres. Tavares Bastos
18691869186918691869Escolas Públicas de Indaiatuba: Escolas Públicas de primeiras letras da vila de Indaiatuva. Sexo masculino; professor interino José
Benedito Rodrigues. Alunos matriculados: 35, freqüentam: 30. E pela primeira vez os relatórios dos presidentes da Província mencionam
Escola de primeiras letras do sexo feminino em Indaiatuba. Professora , definitiva (D), D. Maria das Dores de Oliveira. Alunas matriculadas:
179
26. Freqüentam: 24. Inspetor: Dr. Bento José Labre.Relatório da Secretaria Geral da Instrução Pública datado de 31 de dezembro de 1869
18701870187018701870Escola Pública de Indaiatuba: Professor interino: Manoel Firmino Barbosa. Alunos matriculados: 24, freqüentam: 24. Professora D.
Maria das Dores Oliveira. Alunas matriculadas: 19, freqüentam: 17.
18711871187118711871Escola Pública em Indaiatuba: Professor: Manoel Firmino Barbosa. Alunos: 48 matriculados, frequentam: 42. Professora D. Maria
das Dores Oliveira. Alunas: 26 matriculadas, freqüentam: 20.Relatório de 1872
18721872187218721872Escola Pública de Indaiatuba: Professor Manoel Firmino Barbosa. Alunos matriculados: 50, frequentam: 44. Professora D. Maria das
Dores de Oliveira. Alunas matriculadas: 26, freqüentam: 20.Relatório Dr. João Theodoro - 1872.
18731873187318731873Escola Pública de Indaiatuba: Professor Manoel Firmino Barbosa (interino). Alunos matriculados: 55, alunos que frequentam: 48.
Professora D. Maria das Dores de Oliveira (definitiva). Alunas matriculadas: 46, alunas que frequentam: 35.Relatório do Presidente da Província - 1874 e Almanaque Luné de 1873
180
18741874187418741874Modificações na Escola Pública de Indaiatuba: O professor Manoel Firmino Barbosa estava com 63 alunos matriculados, frequentando
60. Esta cadeira vagou ao final de 1874.
A professora Maria das Dores Oliveira se removeu passando a ocupar a segunda cadeira na Vila de Amparo e seu lugar em Indaiatuba
foi ocupado pela professora interina Maria Joaquina do Carmo com 35 alunas matriculadas e 30 frequentando.
Relatório do Presidente da Província -1875.
18951895189518951895Grupo Escolar chamado Alfredo C. Fonseca: em 1895 existiu um grupo escolar chamado Alfredo Camargo Fonseca [parece-me] foi
o segundo criado no Estado. [anotar fonte]. O Professor Galdino Chagas lecionou no Grupo Escolar Alfredo Camargo Fonseca em 1895.
19081908190819081908Escolas Reunidas: 13.04.1908. Decreto [ Estadual] desta data cria as Escolas Reunidas em Indaiatuba.
19101910191019101910Escolas Reunidas de Indaiatuba Henrique , José e João Ifanger começam a freqüentar a escola em Indaiatuba.
No ano de 1910 comecei a freqüentar a escola Reunidas desta cidade, que funcionava e era mantida pela prefeitura e dirigida pelo
diretor professor Sr. Galdino Chagas, e meu primeiro professor foi o Sr. Carlos Tancler, filho do Tenente José Tancler, representante do
consulado Italiano nesta cidade. No ano seguinte passou a Grupo Escolar N.S. da Candelária de Indaiatuba, daí em diante foram nomeados
professores Estaduais.
Lembro-me das professoras: Dona Esmeralda, Dona Olímpia, Dona Esther e quando passei para o 3o ano tive o professor José
181
Nogueira, Nestor Pereira Leite, Wenceslau Arco e Flecha, era descendente de índio. O servente da escola era o Sr. Nho Sampaio. Nesta
época as aulas não eram mistas, os meninos tinham aula no período da manhã e as meninas no período da tarde.Ifanger, Henrique, Memórias
de Henrique Ifanger, manuscrito,
Indaiatuba 1986, Fundação Pró
Memória de Indaiatuba.
19111911191119111911Grupo Escolar: decreto
Estadual de 06.03.1911 cria o
Grupo Escolar de Indaiatuba,
instalado em 15.03.1911, sendo
seu primeiro diretor o Professor
Galdino Lopes Chagas, que o
dirigiu até 1915, quando foi
removido para São PauloPublicação comemorativa do
Randolfo Moreira Fernandes, -
1986.
19241924192419241924Informações sobre
Indaiatuba: Instrucção: um
grupo escolar e quatro escolas isoladas, representando 12 classes com 517 alunos e uma particular. A cidade tem 258 prédios, abastecimento
Meninos na escola, cerca de 1910.
182
d'água por chafarizes e serviços de luz e força elétricas."Os municípios do Estado de São Paulo" Informações interessantes coligidas por Marcelo Piza, S. Paulo 1924.
19371937193719371937Prédio novo do Grupo Escolar
Em um casarão situado no lado direito da igreja matriz, funcionava as "Escolas Reunidas de Indaiatuba", entidade criada em 1908, e
que se transformou em "Grupo Escolar de Indaiatuba" e ali funcionava desde 15.03.1911. No dia 18 de outubro de 1937 a sede do Grupo
Escolar foi transferida para o prédio localizado na Praça D. Pedro II, construído especialmente para abrigar esta escola, que por decreto
Estadual de 21.04.1932 recebeu o nome de um antigo professor que lecionou em Indaiatuba: "Randolfo Moreira Fernandes".Jornal do Randolfo, edição comemorativa do jubileu de diamantes - 1986.
19501950195019501950Colégio Estadual
Lei Estadual 613 de 02.01.1950 cria o Ginásio Estadual de Indaiatuba , instalado no dia 08 de junho de 1950 no prédio do Grupo
Escolar Randolfo Moreira Fernandes, sob a direção do professor Mário Macedo Júnior. No final do ano seguinte 6 alunos concluem o
curso ginasial. Em 17.02.1957 o Ginásio é instalado num prédio provisório adaptado (pois fora construído para uma maternidade, situado
na Rua Alberto Santos Dumont 1195, que posteriormente foi usado pelo Ginásio Hélio Cerqueira Leite, e atualmente pela FIEC). Pela lei
estadual 4495 de 24.12.1957, com a criação do curso colegial o ginásio passa a chamar-se Colégio Estadual de Indaiatuba; e pela lei 4875
de 05.09.58 passa a chamar-se "Colégio Estadual Dom José de Camargo Barros".Resumo do Prof. Sálvio A. Martins em "Jubileu de Prata- 1975"
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Ginásio Estadual de Indaiatuba, sem data.
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