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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 Versão Online ISBN 978-85-8015-054-4 Cadernos PDE VOLUME I

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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE

2009

Versão Online ISBN 978-85-8015-054-4Cadernos PDE

VOLU

ME I

A METODOLOGIA DE RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS COMO PROPOS TA DE

ENSINO PARA AUXILIAR O PROCESSO DE RESOLUÇÃO DOS PR OBLEMAS

DA OBMEP NA 5ª SÉRIE (OU 6º ANO) DO ENSINO FUNDAMEN TAL

Autor: Kátia Andreia Finatto Ansbach 1

Orientador: Rogério Luis Rizzi 2

Resumo

Este artigo apresenta um estudo sobre as dificuldades na resolução de problemas da OBMEP encontradas pelos alunos de 5ª série (6º ano) do Ensino Fundamental, na disciplina de Matemática. Foi realizada uma discussão sobre a atividade da resolução de problemas nessa disciplina no ensino fundamental, assim como foi questionada a relevância do emprego da metodologia de Resolução de Problemas no ensino de matemática. Após o emprego dessa metodologia foi possível verificar se existem mudanças no processo de resolução dos problemas da OBMEP pelos alunos. Os resultados sugerem que os participantes da implementação do projeto de intervenção pedagógica obtiveram progresso com relação à resolução de problemas da OBMEP, o que, consequentemente, contribui em muito para a inserção social dos estudantes, bem como para o seu desenvolvimento intelectual.

Palavras-chave : Resolução de problemas. OBMEP. Metodologia de Ensino de

Matemática.

1 Introdução

Este artigo tem como objetivo apresentar um projeto de intervenção

pedagógica que foi desenvolvido durante o ano de 2009 e primeiro semestre de

2010 e aplicado no segundo semestre de 2010 a estudantes de 5ª série (6º ano) do

Colégio Estadual "Wilson Joffre", na cidade de Cascavel, no Estado do Paraná.

Trata-se de um trabalho produzido para o Programa de Desenvolvimento

Educacional (PDE), que faz parte da política de formação continuada dos

professores da rede pública de ensino do Paraná, política essa proposta pela

Secretaria de Estado da Educação em parceria com a Secretaria de Estado da

1 Especialista em Matemática pela UEPG, Licenciada em Matemática pela UNIOESTE - campus

Cascavel, Professora do Colégio Estadual "Wilson Joffre". 2 Doutor em Ciência da Computação ela UFRGS, Mestre em Matemática pela UFRJ, Licenciado em

Matemática pela UNIOESTE – campus Cascavel, Professor Associado “A” na UNIOESTE – campus Cascavel.

2

Ciência, Tecnologia e Ensino Superior.

O projeto resultou em uma Unidade Didática direcionada ao ensino da

matemática através da metodologia da Resolução de Problemas, com foco na

resolução dos problemas propostos pela OBMEP3, a fim de servir como material de

apoio ao professor de Matemática. A intenção da Unidade Didática foi, pois, de

apresentar um roteiro que viesse a auxiliar os professores no estudo e na aplicação

da metodologia da Resolução de Problemas nas turmas de 5ª série do ensino

fundamental, envolvendo as questões da OBMEP.

A proposta se justifica diante do fato de que a prática docente mostra a

grande dificuldade dos alunos de 5ª série na resolução dos problemas propostos da

OBMEP e isso ficou evidente desde a primeira edição, em 2005, quando esta

pesquisadora era professora de uma turma de 5ª série. Todos os anos procurava

trabalhar com o banco de questões e preparar, de alguma forma, os alunos para

enfrentarem a prova com êxito. Ocorre que os resultados nem sempre foram os

esperados. Percebeu-se que os alunos tinham dificuldades de interpretação e de

construir uma estratégia de resolução para os problemas, ou seja, eles não

conseguiam “matematizar”4, dificuldade que gerava desconforto e frustração diante

do problema. Conversando com outros professores, concluiu-se que essa

dificuldade não era exclusiva de uma turma, nem ainda de uma única escola, e sim

fazia parte de uma realidade de maior abrangência regional, estadual e nacional.

Nesse contexto surgiu a questão: -- Será que a Metodologia de Resolução

de Problemas pode auxiliar na melhoria da aprendizagem de Matemática e nos

resultados obtidos na prova da OBMEP, pelos alunos de uma turma de 5ª série (6º

ano) do ensino fundamental?

Apresento, neste trabalho, o resultado de duas pesquisas realizadas para

analisar o impacto e a análise do custo-benefício da OBMEP em relação à melhoria

de qualidade da educação pública brasileira.

Neste artigo apresento também um retrato parcial do que encontrei em

minha busca pelo conhecimento das pesquisas já desenvolvidas no âmbito da

3 OBMEP (Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas). 4 Matematizar: construir (determinar) um modelo matemático para uma situação concreta, real ou

figurada.

3

chamada resolução de problemas. A revisão bibliográfica relacionada a esse tema

trouxe à tona alguns aspectos que procurarei destacar no item 3 deste trabalho.

Com a pesquisa logo se percebem, então, algumas diferentes formas de se

conceber a metodologia da resolução de problemas: como sendo um novo

conteúdo, ou seja, ensinar sobre resolução de problemas; como sendo aplicação de

conteúdos, ou seja, ensinar para a resolução de problemas; e como sendo um meio

de ensinar Matemática, ou seja, ensinar através da resolução de problemas.

Na sequência tratarei de algumas questões voltadas mais especificamente à

implementação da Unidade Didática em sala de aula, sobre a metodologia utilizada

e da importância dos trabalhos em grupo.

Por fim, nas considerações finais, teço alguns comentários a respeito do

trabalho desenvolvido, bem como apresento as conclusões a que se chegou a partir

desta pesquisa.

2 O impacto da OBMEP na Educação Matemática no Bras il

A Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (OBMEP) é

promovida pelo Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) e pelo Ministério da

Educação (MEC), com realização do Instituto de Matemática Pura e Aplicada (IMPA)

e a Sociedade Brasileira de Matemática (SBM).

Sua primeira edição foi em 2005 com pouco mais de 10,5 milhões de

inscritos e ,a cada ano, o número de inscritos é superado. Em 2010 alcançou um

pouco mais de 19,6 milhões de alunos inscritos, como vemos nas tabelas a seguir:

OBMEP 2010 - Inscrições 1ª fase

Escolas 44.717

Alunos 19.665.928

Municípios 99,16%

Tabela 1: Número de alunos inscritos em 2010 Fonte: Dados do site OBMEP 2010

4

OBMEP 2010 - Inscrições 2ª fase

Escolas 39.929

Alunos 863.000

Municípios 98,3%

Tabela 2: Número de alunos inscritos em 2010 Fonte: Dados do site OBMEP 2010

As metas da OBMEP são melhora da qualidade da educação pública,

especialmente no ensino de matemática, assim como, influenciar, de forma positiva,

o resultado médio das escolas públicas nas avaliações de larga escala promovidas

pelo governo para medir a qualidade da educação, como, por exemplo, a Prova

Brasil.

A OBMEP tem como principais objetivos5:

• Estimular e promover o estudo da matemática entre alunos das escolas

públicas.

• Contribuir para a melhoria da qualidade da Educação Básica.

• Identificar jovens talentos e incentivar seu ingresso nas áreas científicas e

tecnológicas.

• Incentivar o aperfeiçoamento dos professores das escolas públicas,

contribuindo para a sua valorização profissional.

• Contribuir para a integração das escolas públicas com as universidades

públicas, os institutos de pesquisa e sociedades científicas.

• Promover a inclusão social por meio da difusão do conhecimento.

Alves (2010) afirma que, para um estudante obter sucesso em um desafio

matemático, é necessário que tenha motivos para buscar soluções. Assim, portanto,

além de medalhas de ouro, prata, bronze e menções honrosas para os alunos, a

OBMEP incentiva os estudantes com dois programas de iniciação científica. São

eles:

5 Site oficial da OBMEP: <www.obmep.org.br>.

5

• Programa de Iniciação Científica Júnior (PIC), para os medalhistas da

OBMEP estudarem Matemática por 1 ano, com bolsa de estudos do

Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

• Programa de Iniciação Científica – Mestrado (PICME), para medalhistas

da OBMEP que estejam cursando graduação com bolsas do CNPq (IC) e

CAPES (Mestrado).

Com esses dois programas espera propiciar o acesso a uma sólida

formação matemática que enriqueça o desenvolvimento profissional desses

estudantes.

Para que os alunos possam se preparar para a OBMEP, todas as escolas

inscritas recebem um “Banco de Questões” e uma apostila com questões de

matemática e suas respectivas soluções elaboradas pela equipe do IMPA. Essa

apostila é encaminhada aos professores responsáveis pela OBMEP na escola e o

uso desse material é facultativo. Alves (2010) diz que:

Participar da olimpiada é um motivo de ordem social que é determinado pela história de vida de cada aluno e pelos momentos vivenciados na escola. O desenvolvimento pessoal, o bem-estar serve como motivo para o aluno aprender que pode ser explorado pela OBMEP estimulando-o por meio de suas premiações. Conforme Cedro (2008) aponta, os alunos não nasceram com o objetivo de querer aprender, mas necessitam ser mobilizados para que isso ocorra. (ALVES, 2010, p. 81).

A intenção dessa apostila é, portanto, que o uso, por parte dos professores e

dos alunos, incentive o estudo de matemática nas escolas inscritas e melhore o

desempenho dos alunos nas avaliações educacionais em larga escala.

Em relação à qualidade da educação no Brasil, as últimas avaliações

educacionais promovidas pelo INEP mostraram variações positivas nos testes de

proficiência. Não obstante esse avanço, o desempenho dos estudantes brasileiros

nas avaliações internacionais, como o PISA (Programme for International Student

Assessmet), evidencia a baixa qualidade do ensino no país. O Brasil ocupou o 53º

lugar geral entre os 65 países participantes do PISA 2009.

Mesmo com esse desempenho baixo no PISA, o Brasil aparece entre os três

países que mais evoluíram na educação nesta década. A informação foi extraída do

6

relatório de avaliação publicado em dezembro de 2010, pela OCDE6, em Paris, que

tornou público o resultado do PISA 2009. De 2006 para 2009, o Brasil subiu 16

pontos em Matemática, que valeu destaque por parte da OCDE, como vemos na

tabela abaixo:

PISA 2000 PISA 2003 PISA 2006 PISA 2009

Número de alunos participantes

4.893 4.452 9.295 20.127

Leitura 396 403 393 412

Matemática 334 356 370 386

Ciências 375 390 390 405

Tabela 3: Comparação das quatro aplicações do Pisa Fonte: www.inep.gov.br

As avaliações do PISA incluem cadernos de prova e questionários e

acontecem a cada três anos, com ênfases distintas em três áreas: leitura,

matemática e ciências. Em cada edição, o foco recai principalmente sobre uma

dessas áreas. Em 2000, o foco era na leitura. Em 2003, a área principal foi a

matemática. Em 2006, a avaliação teve ênfase em ciências. Em 2009, o foco foi

novamente em leitura.

Com o objetivo de melhorar a qualidade do ensino e dos resultados de

avaliações como a do PISA, foi encomendada uma pesquisa para analisar a

contribuição da OBMEP nas notas médias de matemática das escolas públicas na

Prova Brasil (Inep/MEC) analisando o custo-benefício do programa.

Biondi, Vasconcelos e Menezes (2007) mostraram, através da pesquisa, que

os estudantes do 9º ano do ensino fundamental que participaram da olimpíada

tiveram médias 2,14 pontos superiores no teste de matemática da Prova Brasil, que

avalia as habilidades em leitura e em solução de problemas matemáticos, em

relação a alunos de escolas que não aderiram à iniciativa. O impacto é mais

significativo nos colégios que participaram mais vezes das edições anuais da

olimpíada, assim como na fração de alunos com rendimento escolar mais elevado.

A análise de retorno econômico trouxe resultados positivos, o que os levou a

concluir que a realização da OBMEP proporciona benefícios para a qualidade da

6 Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico.

7

educação pública do país, com impacto direto nas avaliações educacionais e ganhos

futuros em termos de rendimento no mercado de trabalho dos participantes.

Alves (2010) conclui, após pesquisa, que há interesse do próprio estudante

em adquirir novos conhecimentos para participar da OBMEP, e a Olimpíada

representa um meio favorável para promover um ambiente de redescoberta dos

saberes matemáticos tanto para o estudande como para o professor.

Suely Druck, diretora acadêmica da OBMEP, diz que “[...] é importante ter

em mente que a OBMEP é apenas uma ferramenta para melhorar o ensino da

Matemática, e não a solução dessa questão tão dramática. O sucesso da OBMEP

tem feito que muitos confundam o lugar da OBMEP na educação".

Essas pesquisas positivas em relação à OBMEP nos dão argumentos mais

que suficientes para que os educadores, sejam eles professores, pedagogos ou

diretores, apoiem e incentivem essa proposta.

3 Algumas concepções sobre a resolução de problemas

Pode-se dizer que resolver problemas sempre foi um desafio tanto para

alunos quanto para professores. Onuchic (1999) cita que os problemas de

matemática têm ocupado um lugar central no currículo da matemática escolar desde

a Antiguidade, pois há registros de problemas matemáticos na história antiga do

Egito, da China, da Grécia, além de os problemas matemáticos serem encontrados

em livros-texto dos séculos XIX e XX.

Para muitos educadores, ensinar a resolver problema significa apresentar

um exemplo, resolver e, em seguida, passar uma lista de problemas parecidos para

serem resolvidos. Geralmente os métodos mais utilizados na resolução dos

problemas são os que enfatizam a repetição e a mecanização.

Não se quer aqui explicitar a história da “Resolução de Problemas”, mas,

sim, citar alguns fatos entendidos como essenciais para a discussão do tema, bem

como citar alguns autores e suas concepções.

George Polya lançou um livro sobre resolução de problemas intitulado “How

8

to Solve It”7 e isso ocorreu no ano de 1945. Esse livro muito influenciou professores

da época, como também influencia até hoje. O autor propõe, nesse livro, um método

em quatro etapas para a resolução de problemas: a primeira etapa consiste em

compreender o problema; a segunda, em elaborar um plano de resolução; na

terceira deve-se executar o plano elaborado; e, na quarta e última etapa, deve-se

fazer o retrospecto ou a verificação da solução do problema original.

Antes do trabalho de Polya, existem registros de estudos e de experiências

enfatizando a resolução de problemas entre os anos de 1896 e 1904. Os mais

significativos são de autoria de Dewey, um renomado psicólogo que estava

preocupado em desenvolver o espírito crítico das crianças e em capacitá-las para

colaborar para o desenvolvimento de uma sociedade democrática, através de

projetos que reproduziam as situações socioeconômicas dos alunos.

Décadas depois, segundo Gazire (apud ONUCHIC, 1999), nos Estados

Unidos, nos anos 1950, foram realizados alguns estudos sobre Resolução de

Problemas, estudos os quais indicavam que a criança precisava exercitar-se na

resolução de uma grande quantidade de problemas para desenvolver a sua

capacidade de resolução. Essa pesquisa foi questionada na mesma década e o

questionamento recaiu sobre a ênfase que era dada aos produtos das soluções em

vez de valorizar os processos criativos da resolução.

Nas décadas de 1960 e 1970 houve um movimento chamado de Matemática

Moderna. Esse movimento apresentava uma matemática estruturada e apoiada nas

propriedades algébricas. Era complexa e usava muitos símbolos, o que comprometia

o aprendizado. Esse ensino se distanciou das questões práticas e se deteve no

formalismo matemático, deixando o ensino sem significado.

A proposta de Resolução de Problemas passou por várias modificações,

sendo que, nos anos 1980, o Conselho Nacional de Professores de Matemática

(NCTM), entidade norte-americana, apresentou um documento intitulado “An

Agenda for Action” (Uma Agenda para Ação), afirmando que a resolução de

problemas deveria ser o foco da matemática escolar naquela década.

Durante a década de 1980 foram desenvolvidos muitos recursos em

7 “How to Solve It” (1945) é um pequeno volume, escrito pelo matemático George Polya descrevendo os métodos de resolução de problemas.

9

resolução de problemas, como coleções de problemas (problemoteca), listas de

estratégias, sugestões de atividades, entre outros, todos com o intuito de auxiliar os

professores na sala de aula. Mesmo dando grande ênfase ao processo de solução

do problema, é importante ressaltar que o processo ficou preso à busca da solução

do problema.

Para Mendonça (1999), a Resolução de Problemas pode ser interpretada de

três maneiras diferentes:

1. Como um objetivo: Nesse caso a matemática é ensinada para resolver

problemas e a meta final é a resolução de problemas matemáticos.

2. Como um processo: Aqui a resolução de problemas é um meio para

desenvolver o potencial heurístico do aluno e trabalha-se para o

desempenho do indivíduo como resolvedor.

3. Como um ponto de partida: A resolução de problemas serve de elemento

que pode disparar um processo de construção do conhecimento

matemático.

Temos ainda três modos diferentes de abordar resolução de problemas,

como descrito por Schroeder e Lester (1989 apud ONUCHIC, 1999) e já explicitado

mais acima. São eles:

• Ensinar sobre resolução de problemas.

• Ensinar para a resolução de problemas.

• Ensinar através da resolução de problemas.

É pertinente a este trabalho apresentar e analisar as características de cada

uma delas, separadamente, para melhor compreensão.

3.1 Ensinar “sobre” a Resolução de Problemas

Nessa concepção, o professor trabalha com variações do modelo de Polya,

preocupa-se com as heurísticas, ou seja, com as estratégias de resolução.

George Polya, como já dito, é o autor How to Solve It (1945), livro que

exerceu grande influência sobre as orientações para a implementação da resolução

de problemas em sala de aula. O livro de Polya (1945) tornou-se referência nesse

10

tema e possui uma tradução em português, relativamente recente, intitulada A Arte

de Resolver Problemas (1994). Foi nesse trabalho que Polya apresentou seu

conhecido "roteiro" com orientações sobre como resolver um problema. Dividido em

quatro partes, ele indica que devem ser seguidas as seguintes etapas, assim

traduzidas para o nosso idioma: compreender o problema, estabelecer um plano,

executar o plano e fazer um retrospecto para examinar a solução obtida.

Thompsom (1989 apud ALLEVATO, 2005, p. 50) sugere que a resolução de

problemas deva ser mais um conteúdo a ser ensinado e que, para ter sucesso na

resolução de um problema, é preciso saber e lembrar o que fazer. Para saber e

lembrar o que fazer é preciso aprender antes a fazê-lo. Esse trabalho, entre outros

desenvolvidos e escritos nesse período, traz, em suas entrelinhas, a expressão da

frustração que resultou do ensino de Matemática nos moldes da Matemática

Moderna. Além disso, a orientação no sentido de fazer da resolução de problemas o

foco da Matemática (NCTM, 1980) escolar também não produziu os bons resultados

esperados.

Alevatto (2005) observa que o quadro de insucesso configurado levou

pesquisadores e educadores matemáticos a buscar alternativas para o ensino de

Matemática e, assim, foi sedimentada a crença de que era preciso ensinar os

estudantes a resolver problemas ou, o que é o mesmo, ensinar sobre resolução de

problemas.

Em seu livro, Dante (2000) afirma que "[...] ensinar a resolver problemas é

uma tarefa mais difícil do que ensinar conceitos, habilidades e algoritmos

matemáticos" (p. 30). Assim, considera que resolver problemas é uma das coisas,

entre outras, que o professor deve ensinar aos alunos, ou que os alunos devem

aprender. Essas outras coisas incluem ensinar conceitos, habilidades e algoritmos.

Com isso, o autor deixa claro que a habilidade de resolver problemas não se

fará presente nem se desenvolverá como consequência natural da aprendizagem de

conteúdos matemáticos, conforme muitos acreditam. Ou seja, o aluno que domina

os conteúdos não é, necessariamente, um bom resolvedor de problemas. Ele

ressalta essa crença acrescentando que a resolução de problemas não constitui "[...]

um mecanismo direto de ensino, mas uma variedade de processos de pensamento

que precisam ser cuidadosamente desenvolvidos".

11

Desse modo, a resolução de problemas foi considerada como algo peculiar a

ser ensinado, ou seja, que o professor deve também ensinar a resolver problemas.

E, dentro dessa linha, os autores de livros didáticos recomendam a adoção das

estratégias que devem ser ensinadas.

Um dos problemas que se observou no ensino de Matemática, em que a

resolução de problemas era baseada na adoção e domínio de estratégias, é o fato

de que muitos entenderam que esse domínio seria atingido somente pela repetição.

No ensino por repetição, o aluno é submetido a longas listas de problemas, estes

semelhantes uns aos outros, através dos quais o aluno treina uma determinada

técnica ou estratégia de resolução.

Allevato (2005) enfatiza que as listas são constituídas de problemas do

mesmo tipo e podem ser resolvidos de modo semelhante. têm por objetivo promover

a fixação do caminho adotado para se chegar à solução e, se o aluno repetir, nas

avaliações, o que o professor fez, conclui-se que o aluno aprendeu. Ainda sobre

esse aspecto, vale lembrar que a repetição de uma estratégia ou de uma técnica

operatória, mesmo que realizada corretamente, não garante a compreensão do

conceito ou do conteúdo matemático envolvido.

3.2 Ensinar “para” a Resolução de Problemas

Nessa concepção, o professor concentra-se no modo como a matemática

que está sendo ensinada pode ser aplicada na resolução de problemas. Ele se

preocupa com a habilidade dos alunos de transferirem o que aprenderam num

contexto para problemas em outros contextos, ou seja, ele ensina para a resolução

para o aluno resolver problemas.

Essa é a visão que considera a matemática como utilitária, de modo que,

embora a aquisição de conhecimento matemático seja de primordial importância, o

propósito principal do ensino é ser capaz de utilizá-lo e, nesse caso, para resolver

problemas. A maioria dos professores apresenta os problemas depois de

desenvolvida a parte teórica referente a um determinado tópico, como aplicação de

conteúdos.

O risco da adoção dessa concepção é configurar a resolução de problemas

12

como uma atividade que os alunos só poderão realizar após a introdução de um

novo conceito, ou após o treino de alguma habilidade de cálculo ou de algum

algoritmo (SCHROEDER e LESTER, 1989; GAZIRE, 1988 apud ALEVATTO, 2005,

p. 53).

Assim sendo, a Matemática passa a ser ensinada separada de suas

aplicações. Isso faz com que esse modelo seja mais bem aplicado a problemas

rotineiros, uma vez que problemas não rotineiros exigem mais do que um único

conceito, operação ou estratégia para a sua resolução. Eles, em geral, requerem

interpretação, transferência de conhecimentos e elaboração de conjecturas.

É possível perceber que a teoria que ora se descreve se refere à tendência

que Contreras e Carrillo (1998 apud ALLEVATO, 2005) denominaram tendência

tecnológica na resolução de problemas. Nela, os problemas apresentam-se como

questões propostas ao final dos temas e como aplicação da teoria desenvolvida, ou

seja, a resolução de problemas é utilizada para dotar a teoria de um significado

prático. Nesse contexto, o aluno capta, repete estilos e aceita processos e

resultados. Sua atividade se limita a tentar assimilar os conceitos teóricos aplicando-

os e reconstruindo processos. O professor propõe e contextualiza o problema,

espera e corrige as respostas dos alunos.

Nessa abordagem, o professor frequentemente inicia explicando um novo

conteúdo, mostrando, em seguida, algumas aplicações através de exemplos. Na

sequência, o aluno deverá aplicar o novo conhecimento resolvendo uma bateria de

exercícios, chamados exercícios de fixação.

Ao analisar o papel que os exercícios de manipulação desempenham na

resolução de problemas, podemos reconhecer que o manuseio eficiente de

expressões numéricas e símbolos favoreça a formação de hábitos mentais

desejáveis a quem faz Matemática. Tais exercícios são indispensáveis, entretanto

precisam ser, entre outras coisas, controlados e, sempre que possível, úteis ao

emprego posterior, ou seja, passíveis de aplicação.

Com certeza, os usos e as aplicações da Matemática merecem a atenção do

professor e dos alunos, entretanto a Matemática não pode ser ensinada como um

acessório e subordinada aos seus campos de aplicação. Os conceitos, as relações

entre eles e os princípios que os unificam devem ser compreendidos (ONUCHIC,

13

1999, 2003a; ONUCHIC e ALLEVATO, 2004).

Entende-se que essa forma de considerar a resolução de problemas torna o

ensino de Matemática mais interessante e dotado de sentido para os alunos. Pode,

porém, também favorecer, nos alunos, a formação de uma concepção de

Matemática limitada: a de que a Matemática é "utilitária", ou seja, de que ela sempre

tem aplicação imediata.

Allevato (2005) diz, em seu trabalho, que limitações dessa visão a respeito

da Matemática podem ocorrer por duas razões:

• Porque limita a atividade do aluno à resolução de problemas rotineiros,

uma vez que os problemas devem exigir a aplicação da teoria matemática

já supostamente aprendida pelos alunos.

• Porque ignora o potencial formador da Matemática, no tocante ao

desenvolvimento do raciocínio, da capacidade de abstrair, de relacionar,

de representar, de tomar decisões e, por que não, de criar.

Resumindo, nessa concepção os problemas são apresentados como

questões propostas ao final da explicação de cada conteúdo, ou seja, a resolução de

problemas é utilizada para dar à teoria um significado prático. O aluno capta, repete

estilos e aceita processos e resultados. Sua atividade se limita a tentar assimilar os

conceitos teóricos aplicando-os e reconstruindo os processos. O professor propõe e

contextualiza o problema, espera e corrige as respostas dos alunos e, finalmente,

expõe seu processo de resolução como o mais correto.

3.3 Ensinar “através” da Resolução de Problemas

Nessa metodologia, o problema é o ponto de partida e os professores,

através da resolução de problemas, devem fazer conexões entre os diferentes

ramos da matemática, gerando novos conceitos e novos conteúdos. Nesse sentido,

a aprendizagem será uma consequência do processo de resolução de problemas.

Essa metodologia tem por meta ajudar os alunos a se tornarem investigadores

diante de uma situação desafiadora, um problema, de forma a compreender e a

questionar os conceitos de que irão necessitar.

Abordando essa concepção de ensino, que chamam "ensino via resolução

14

de problemas" (SCHROEDER e LESTER, 1989 apud ALLEVATO, 2005) reforçam

que ela seja considerada não somente como um dos objetivos de se ensinar

Matemática, mas, principalmente, como um meio de fazê-lo.

Ao analisar os aspectos relevantes das diferentes maneiras de abordar esse

assunto, os autores ressaltam que o ensino via Resolução de Problemas é a

abordagem mais coerente com as recomendações do NCTM, segundo as quais as

habilidades e os conceitos matemáticos devem ser aprendidos no contexto da

Resolução de Problemas. Nessa abordagem, o desenvolvimento de processos de

pensamento de ordem superior deve ser estimulado através de experiências e o

ensino de Matemática deve ocorrer por investigação orientada.

Allevato (2005) cita, como exemplo típico, o das longas listas de problemas

propostas pelos professores aos alunos sobre um determinado assunto matemático.

Muitas vezes se verifica que os alunos automatizam procedimentos de tal modo que,

se, entre tantos, um determinado problema exigir deles um encaminhamento

diferente, eles não são capazes de perceber. Os alunos simplesmente repetem,

naquele problema, os mesmos procedimentos que vinham utilizando nos anteriores

e produzem resultados incorretos. Não param para pensar sobre cada problema

individualmente, não atribuem sentido ao que leem e ao que fazem.

Exercícios prévios de cálculo podem ser realizados a fim de que os alunos

desenvolvam competências necessárias à compreensão de certos conteúdos. O

problema é realizá-los tanto que se tornem um fim em si mesmos, a ponto de se

configurarem aos alunos como, verdadeiramente, sem sentido. Assim, portanto,

fazer Matemática é dar sentido às coisas, é tomar elementos e estruturas que, na

aparência, estão matematicamente separados e perceber como se relacionam.

Pensar matematicamente é um dos aspectos destacados também no estudo

apresentado por Schroeder e Lester (1989). O ensino para a Resolução de

Problemas, segundo entendem, limita a atividade matemática do aluno à resolução

de problemas, pois as soluções são encontradas simplesmente seguindo o modelo

de um problema resolvido como exemplo pelo professor. Vários problemas

semelhantes são resolvidos, na maior parte das vezes, corretamente, bastando,

para isso, que o aluno escolha os números no enunciado e aplique uma determinada

operação ou técnica operatória já conhecida. Esse tipo de atividade nem sempre

exige do aluno pensamento matemático.

15

No ensino de Matemática através da resolução de problemas, os

conhecimentos estão em construção, isto é, novos conteúdos e processos

matemáticos estão sendo aprendidos ao mesmo tempo em que são confrontados

com conhecimentos já adquiridos. Nele, os alunos têm a oportunidade de

vivenciarem experiências mais ricas de aprendizagem da Matemática.

Santos (2002) explica que a estratégia consiste em colocar o aluno diante de

um obstáculo que gerará um conflito. Esse conflito, por sua vez, é gerado pela

constatação de insuficiência e/ou de contradições entre antigos conhecimentos e a

situação que lhe é apresentada, situação que chama situação-problema. Ele será

incentivado a criar mecanismos, a construir conhecimento para resolver a situação.

Assim, a responsabilidade pela construção de novos conhecimentos é também do

aluno.

Assim sendo, os alunos deveriam ser conduzidos a fazer Matemática, a

construir definições e resultados a partir de conhecimentos anteriores e das

discussões entre eles, ao invés de recebê-los prontos.

Tais considerações conduzem à compreensão de Onuchic (1999, p. 207) de

que a resolução de problemas deve ser adotada como uma metodologia de ensino,

onde o problema é visto como um elemento que pode disparar um processo de

construção do conhecimento. Sob esse enfoque, problemas são propostos ou

formulados de modo a contribuírem para a formação dos conceitos antes mesmo de

sua apresentação em linguagem matemática.

Allevato (2005) explica que o ensino de Matemática deve ocorrer em um

ambiente caracterizado pela investigação, e que essa investigação deve ser

orientada pela resolução de problemas. O ponto de partida das atividades

matemáticas deixa de ser a definição e passa a ser o problema, de forma que a

Resolução de Problemas não é uma atividade para ser desenvolvida em paralelo ou

como aplicação da aprendizagem, mas como orientação para a aprendizagem.

Além disso, favorecendo um trabalho mais autônomo, o conhecimento

construído fará mais sentido para o aluno. Ele perceberá, por si só, suas reais

condições e dificuldades. Isso aumenta a confiança em suas próprias capacidades

e, tanto por parte dos alunos como do professor, possibilita uma avaliação mais

efetiva e individualizada (ALLEVATO, 2005, p. 62).

16

4 Metodologia utilizada na implementação do projeto

Vale salientar, aqui, que a Resolução de Problemas como metodologia de

ensino não exclui as demais concepções. Isso significa que, quando o professor

adota essa metodologia, os alunos podem aprender tanto sobre resolução de

problemas, quanto aprendem Matemática para resolver novos problemas, enquanto

aprendem Matemática através da resolução de problemas.

Levando em consideração as concepções sobre a Resolução de Problemas,

percebemos que as três visões não se separam e, algumas vezes, se

complementam. Nosso desafio é utilizar as concepções aqui apresentadas e

estruturar atividades que levem ao aluno a aprender a resolver problemas, bem

como ter uma aprendizagem significativa em matemática.

Para que isso aconteça, aluno deve participar ativamente no processo de

ensino-aprendizagem. Só poderá haver sucesso se ele se envolver no processo

fazendo as atividades propostas, interagindo, aceitando as provocações e as

intervenções, porque o problema é o princípio para o “fazer matemática”.

O professor deverá interrogar o aluno, para ajudá-lo a buscar os possíveis

caminhos para organizar a solução do problema dado. Também deverá observar

com cuidado as diferentes propostas de resolução elaboradas pelos alunos, corretas

ou não, e realizar intervenções que auxiliem os alunos a justificá-las.

Desse modo, a participação, as atitudes, as estratégias e os procedimentos

utilizados são avaliados constantemente, pois é a partir da avaliação das ações dos

alunos e das dificuldades que eles apresentam que o professor conduz a aula,

apresentando os conteúdos, sempre que necessário, e colocando perguntas que

favoreçam o pensamento matemático (SECON, 2009).

George Polya, em seu citado livro “A Arte de Resolver Problemas”,

apresenta quatro passos necessários, como também já dito, para que haja sucesso

na resolução de problemas e cabe ao professor auxiliar os alunos nesse processo,

utilizando-se de diversas estratégias. O primeiro passo consiste em ler o problema e

entendê-lo, pois ninguém conseguiria aplicar qualquer processo de resolução de

problemas sem entender o problema, esse é o primeiro e fundamental passo para

que os demais sejam aplicados. O segundo passo é o estabelecimento de um plano,

17

ou seja, é a tradução do problema para a linguagem simbólica da matemática. O

terceiro passo é a execução do plano elaborado, os cálculos matemáticos, e o

quarto passo é examinar a solução obtida, ou seja, analisar, testar a solução, para

verificar se faz sentido ao problema. Assim sendo, os alunos devem conhecer os

passos para resolver um problema, segundo Polya, bem como devem ser orientados

a utilizá-los.

Segundo Pereira (2001), as etapas de resolução de problemas propostas

por Polya não se estabelecem numa ‘poção mágica’ para resolver todo e qualquer

problema matemático, mas podem ajudar bastante quem quer se tornar um bom

resolvedor de problemas. Esses passo auxiliam também no sentido de organizar as

ideias do aluno. Quando temos ideias organizadas, a solução de um problema se

torna uma tarefa mais simples em comparação a uma situação onde as ideias não

estão organizadas, ficando mais fácil ter criatividade para fazer novas descobertas.

A aprendizagem matemática pelos alunos ocorre quando interpretam e

internalizam os princípios associados à disciplina e reconhecem que, ao encontrar a

solução de um problema matemático, este se torna o ponto inicial para encontrar

outras soluções, extensões e generalizações de problemas.

O movimento ou dinâmica de trabalho exige que o professor atue como

mediador nas discussões dos alunos sobre os problemas, assim como intervenha

nas ideias apresentadas pelos alunos, ampliando a discussão.

Os estudantes precisam discutir suas ideias, negociar seus pontos de vista,

indagar sobre os possíveis resultados e usar diversos exemplos e contraexemplos

que ajudem a aprovar ou a ajustar as suas opiniões.

Schoenfeld (1987 apud SOUZA, ARAGÃO e PESSOA) recomenda que as

atividades sejam realizadas em pequenos grupos e justifica sua proposta com o fato

de que as discussões em grupos pequenos proporcionam uma oportunidade única

de intervenção do professor. Além disso, o ambiente de proximidade provoca

discussões sobre os vários caminhos para a resolução do problema, recurso

vantajoso em face da situação em que o estudante enfrenta um problema sozinho e

fica limitado às suas próprias estratégias.

Assim sendo, inicialmente, dividir a turma em grupos pequenos de dois ou

três alunos, lembrando sempre que deverão seguir os passos de Polya para resolver

18

os problemas propostos. Os problemas deverão ser resolvidos sem a ajuda do

professor. Este, ao passar pelos grupos, questionará sobre as maneiras que

estiverem desenvolvendo para lidar com o problema.

4.1 Problemas propostos durante intervenção

As atividades foram divididas em duas etapas. Na primeira, foram usados

problemas da OBMEP8 para ensinar um determinado conteúdo para os alunos, ou

seja, foi “ensinado” através da Metodologia de Resolução de Problemas. Na

segunda etapa, os alunos foram instigados a resolver problemas da OBMEP

seguindo os passos de Polya.

4.2 Primeira etapa

Problema 1

Objetivos:

• Diferenciar perímetro de área.

• Calcular área de quadrados.

• Resolver problemas matemáticos que envolvam o cálculo de área de quadrados.

Duração da Atividade:

• Previsão de 3 aulas.

Conteúdos Programáticos:

• Área do quadrado.

Materiais e Métodos de Ensino:

• Distribuir as folhas da Atividade 1 para os alunos organizados em trios.

• Acompanhar as discussões sobre as perguntas apresentadas.

• Fazer perguntas para auxiliar no desenvolvimento das questões.

8 Todos os problemas utilizados neste trabalho estão disponíveis em: <http://www.obmep.org.br>.

19

• Solicitar que cada grupo construa um quadrado de 10 cm de lado,

quadriculando e recortando os 100 quadradinhos de 1 cm2 para fazer as

comparações necessárias.

• Utilizar o material quadriculado para demonstrar aos alunos as construções e

as conclusões do grupo.

Em grupos de 2 ou 3 colegas, leia com atenção o problema e responda as

seguintes questões:

A figura é formada por três quadrados, um deles com área de 25 cm2 e o outro com 9 cm2. Qual é o perímetro da figura? (A) 20 cm

(B) 22 cm

(C) 24 cm

(D) 26 cm

(E) 38 cm

a) Converse, discuta com seus colegas e escreva o que você acha que é perímetro e área.

b) O que é um quadrado? O que é necessário acontecer para ter um quadrado? c) Sabendo que 1 cm2 é um quadradinho com 1 cm em cada lado, desenhe a

figura do problema em tamanho real (no verso da folha) e quadricule-o. d) Quantos cm tem cada lado do quadrado maior? e) Quantos cm tem cada lado do quadrado médio? f) Quantos cm tem cada lado do quadrado menor? g) Desenhe cada quadrado em tamanho real separadamente e compare suas

áreas e seus perímetros. Qual é o perímetro de cada quadrado? h) Agora, responda à questão do problema proposto.

Avaliação:

• Análise dos registros efetuados pelos alunos durante as aulas.

Relatório da execução do plano de aula:

• Desde o início os alunos estavam agitados e, ao mesmo tempo, entusiasmados com a atividade.

20

• Falam alto e se dispersam do assunto principal com muita facilidade, conversando sobre outros assuntos. Em todo tempo, tive que intervir e fazê-los voltar ao objetivo principal.

• Apresentaram dificuldade em diferenciar área de perímetro. Só conseguiram visualizar essa diferença quando solicitei que construíssem um quadrado usando 25 quadradinhos de 1 cm2 cada.

• Quando fizeram essa construção, automaticamente identificaram perímetro e área.

• Muitos alunos apresentam dificuldade em registrar as descobertas realizadas e precisam de auxílio para fazê-lo.

• Foram necessárias três aulas para finalizar a atividade.

• Na última aula realizamos um fechamento, discutindo e organizando as conclusões, que foram registradas no caderno.

Problema 2

Objetivos:

• Calcular a área de retângulos.

• Criar estratégia para resolução do problema.

Duração da Atividade:

• Previsão de 2 aulas.

Conteúdos Programáticos:

• Área do retângulo.

Materiais e Métodos de Ensino:

• Distribuir as folhas da Atividade 2 para os alunos organizados em trios.

• Acompanhar as discussões sobre as perguntas apresentadas.

• Fazer perguntas para auxiliar no desenvolvimento das questões e mediar as possíveis descobertas.

Em grupos de 2 ou 3 alunos, encontre e descreva uma estratégia para

resolver o seguinte problema. Não esqueça de detalhar a solução, pois vocês irão

apresentá-la para a sala.

Priscila tem uma folha de papel quadrada de 20 cm de lado, branca de um lado e cinza do outro. Ela dobrou essa folha duas vezes, como indicado abaixo. Qual foi a área da parte branca que ficou visível? A) 18 cm2

21

B) 32 cm2

C) 36 cm2

D) 72 cm2

E) 84 cm2

Avaliação:

• Análise dos registros efetuados pelos alunos durante as aulas.

Relatório da execução do plano de aula:

• Desde o início os alunos estavam entusiasmados com a atividade em grupo e se organizaram rapidamente.

• Quase todos os grupos usaram a estratégia de construir um quadrado de 20 cm de lado para fazer as dobraduras necessárias e obter o resultado esperado.

• Como na atividade anterior, os alunos apresentam dificuldade em registrar detalhadamente as descobertas realizadas e precisaram de auxílio para fazê-lo.

• Foram necessárias duas aulas para finalizar a atividade.

• Na última aula, os grupos apresentaram suas descobertas e conclusões, que foram organizadas e registradas no caderno.

Problema 3

Objetivos:

• Concluir que a área do triângulo é a metade da área do retângulo.

• Calcular a área de triângulos.

• Criar estratégia para a resolução do problema.

Duração da Atividade:

• Previsão de 2 aulas.

Conteúdos Programáticos:

• Área do triângulo.

• Frações equivalentes.

Materiais e Métodos de Ensino:

• Distribuir as folhas da Atividade 3 para os alunos organizados em trios.

• Acompanhar as discussões sobre as perguntas apresentadas.

• Fazer perguntas para auxiliar no desenvolvimento das questões e mediar as possíveis descobertas.

22

Antes de resolver o problema, responda às questões abaixo:

a) O que é um triângulo? b) Desenhe um quadrado numa folha e recorte-o. c) Trace uma diagonal desse quadrado. d) Agora dobre o quadrado na linha da diagonal. O que aconteceu? O que você

observou? e) A que conclusão se pode chegar sobre a área do triângulo em relação à área

do quadrado? f) Experimente recortar um retângulo e fazer a mesma experiência que foi feita

com o quadrado. O que você observou? Chegou a alguma conclusão? g) Agora, observe a figura do problema. Quantos triângulos pretos há no

desenho? Quantos quadradinhos é possível formar com esses triângulos? h) Resolva o problema dado.

A figura mostra um quadrado dividido em 16 quadradinhos iguais. A área em preto corresponde a que fração da área do quadrado? A) 1/2

B) 1/3

C) 1/4

D) 1/8

E) 1/16

Avaliação:

• Analise dos registros efetuados pelos alunos durante as aulas.

• Observação das discussões realizadas nos grupos.

Relatório da execução do plano de aula:

• Os alunos estavam menos agitados e um pouco mais organizados. Compor os grupos foi mais fácil do que nas outras aulas.

• Alguns alunos não tinham certeza do que era diagonal, então a intervenção foi necessária.

• Logo na primeira dobradura, os alunos perceberam que a área do triângulo equivale à metade da área do quadrado inicial.

• Foram necessárias duas aulas para finalizar a atividade.

• Na última aula realizamos um fechamento discutindo e organizando as conclusões que foram registradas no caderno.

23

4.3 Segunda etapa

Lembra-se que, na segunda etapa, os alunos serão incentivados a resolver

os problemas utilizando as etapas de Polya, que deverão ser previamente

trabalhadas. São elas:

1. Ler o problema e entendê-lo,

2. Estabelecer um plano de resolução.

3. Executar o plano elaborado.

4. Examinar a solução obtida.

Problema 1

O quadriculado da figura é feito com quadradinhos de 1 cm de lado. Qual é a área da região sombreada? A) 16 cm2

B) 18 cm2

C) 20 cm2

D) 24 cm2

E) 30 cm2

Existem várias maneiras de apresentar a solução para este problema.

Assim, é possível que os alunos utilizem uma das duas apresentadas a seguir:

a) A figura pode ser decomposta em 20 quadradinhos e 8 triângulos, de

acordo com o quadriculado. Juntando dois desses pequenos triângulos

formamos um quadradinho. Temos, assim, um total de 20+8/2=20+4 = 24

quadradinhos.

b) Outra maneira de resolver a questão é mover os quatro triângulos

destacados como indicado na figura. A área sombreada permanece a

mesma e podemos contar diretamente 24 quadradinhos sombreados, à

direita. Alternativamente, temos dois quadrados, um de lado 7 cm e outro

de lado 5 cm, e a área da região sombreada é a diferença entre as áreas

24

desses quadrados, ou seja, 72 – 52 = 49 – 25 = 24 cm.

Além de ensinar os passos para a resolução de problemas e aplicá-los, o

professor precisa também incentivar constantemente seus alunos, questionando-os

a fim de ajudá-los a buscar os possíveis caminhos para elaborar a solução do

problema dado.

Secon (2009) comenta que toda ação do docente deve ser no sentido de

fazer o aluno “pensar matematicamente”, ou seja, propor atividades que sirvam

como convites para ler, compreender, selecionar informações, levantar hipóteses,

testá-las e refutá-las.

Problema 2

O jogo de dominó tem 28 peças diferentes. As peças são retangulares e cada uma é

dividida em dois quadrados, e em cada quadrado aparecem de 0 a 6 bolinhas. Em

quantas peças o numero total de bolinhas é impar?

(A) 9

(B) 10

(C) 12

(D) 21

(E) 24

A turma, dividida em grupos pequenos de dois ou três alunos, deverá

apresentar duas propostas de resolução para esse problema. Lembra-se sempre

que as respostas devem ser justificadas, isto é, os alunos devem ser incentivados a

redigir as respostas explicando a solução ou a proposta de solução.

O professor deve, de antemão, ter elaborado as possíveis soluções e

analisar quais os possíveis conteúdos que poderão ser abordados com esse

problema. Nesse caso, as possíveis soluções apresentadas podem ser:

a) O número total de bolinhas de uma peça é ímpar quando um dos

quadrados tiver um número ímpar de bolinhas e o outro tiver um número

25

par de bolinhas. São 3 possibilidades para números ímpares (1, 3 e 5) e 4

possibilidades (0, 2, 4 e 6) para números pares. Logo o número de peças

que apresentam um número ímpar de bolinhas é 3×4=12.

Observação: Nesse problema pode ser abordado o conteúdo do Princípio

Multiplicativo.

b) Outra solução é fazer uma listagem ordenada de todas as peças,

marcando aquelas que têm um número ímpar de bolinhas:

0-0 0-1 1-1 0-2 1-2 2-2 0-3 1-3 2-3 3-3 0-4 1-4 2-4 3-4 4-4 0-5 1-5 2-5 3-5 4-5 5-5 0-6 1-6 2-6 3-6 4-6 5-5 6-6

Problema 3

Um quadrado de lado 3 cm é cortado ao longo de uma diagonal em dois triângulos,

como na figura. Com esses triângulos formamos as figuras dos itens (a), (b) e (c),

nas quais destacamos, em cinza, a região em que um triângulo fica sobre o outro.

Em cada item, calcule a área da região cinza.

a)

26

b)

c)

Que conteúdos podemos abordar através da resolução desse problema?

Possivelmente, os conteúdos que precisam ser ensinados ou retomados são:

• Geometria plana.

• Medida de comprimento.

• Área do quadrado e do triângulo.

• Semelhança de triângulos.

Os alunos devem estar organizados em pequenos grupos e o professor

apresenta o problema. Em seguida, o professor faz algumas perguntas pertinentes

que possam ajudar o aluno a resolver o problema.

a) Provavelmente os alunos irão perceber que, se completarmos na primeira

figura, formará um quadrado, vejam:

Completando o quadrado, podemos observar que a região cinza representa 1/4 da região total.

27

Temos que A = L x L. Então = 3 cm x 3 cm, logo A = 9 cm2.

Então, a área da região cinza é ¼ de 9 cm2, isto é, 9/4 cm2.

b) No segundo item, os alunos podem observar que a região cinza é um

triângulo de base 1 cm e podemos também formar um quadrado de lado igual

a 1 cm. Caso os alunos não consigam sozinhos enxergar essa opção, o

professor poderá auxiliar fazendo perguntas que medeiam o processo.

c) Como AB = CD = 3 cm e AD = 5 cm, vemos que BC = 1 cm, e podemos então

marcar os comprimentos indicados na figura.

A região cinza é a união de um retângulo de base 1 cm e altura 2 cm com um

triângulo cuja área já foi calculada no item anterior. Logo a área da região cinza é a

área do retângulo mais a área do triângulo. Ou seja, A = (2 x 1) + 0,25 = 2,25 cm2.

Problema 4

Joãozinho coleciona números naturais cujo algarismo das unidades é a soma dos

outros algarismos. Por exemplo, ele colecionou 10023, pois 1+0+0+2 = 3

A área da região cinza é exatamente ¼ da área

do quadrado. A área do quadrado é 1 cm2,

portanto:

A = ¼ x1cm2 = 0,25 cm2.

28

(a) Na coleção de Joãozinho há um numero que tem 4 algarismos e cujo algarismo

das unidades é 1. Que número é esse?

Aqui, nesse problema, o professor deve fazer perguntas que encaminhem o

pensamento do aluno a chegar à conclusão correta. Por exemplo: -- Quais são os

números que, somados, resultam 1? -- Que algarismos vamos utilizar então?

O professor deve ficar atento às conversar e aos comentários dos alunos,

pois pode surgir a dúvida de qual seja a diferença entre número e algarismo. Todas

as dúvidas que surgem durante a resolução são ótimas oportunidades para construir

ou reconstruir o conhecimento.

Há apenas três maneiras de escrever 1 como soma de três números

naturais:

1 = 1+ 0 + 0, 1 = 0 + 1+ 0 e 1 = 0 + 0 + 1, que nos dão as possibilidades 1001, 0101

e 0011. Os números 0101 e 0011 devem ser descartados, pois não têm quatro

algarismos significativos. Logo, na coleção do Joãozinho aparece o número 1001.

(b) Qual é o maior número sem o algarismo 0 que pode aparecer na coleção?

Primeiro notamos que, se um número com algarismos não nulos está na

coleção, então ele tem no máximo 10 algarismos. De fato, se ele tivesse 11 ou mais

algarismos não nulos, então a soma de todos os seus algarismos, exceto o das

unidades, seria, no mínimo 10, o que não é possível, pois o maior algarismo é o 9.

Logo todos os números com algarismos não nulos na coleção têm no

máximo 10 algarismos, o que mostra que existe um maior número sem o 0 na

coleção.

Vamos supor que a coleção do Joãozinho está completa. O número 2316

está na coleção. Trocando o 3 por 111 obtemos 211116, que também está na

coleção e é maior que 2316, pois tem mais algarismos. Em geral, se um número

sem o algarismo 0 está na coleção e tem algum algarismo que não o das unidades

diferente de 1, podemos “espichar” o número, trocando esse algarismo por uma

sequência de 1s e obtendo um novo número, que está na coleção e é maior que o

primeiro.

Logo o maior número com algarismos não nulos na coleção deve ter todos

29

os seus algarismos iguais a 1, com exceção do algarismo das unidades, que é igual

ao número de 1s que o precedem. Como o maior algarismo das unidades possível é

9, segue que o número procurado é 1111111119, pois 1+1+ 1+1+ 1+1+ 1+1+ 1 = 9.

Notamos que a coleção pode ter números arbitrariamente grandes com o

algarismo 0, como (por exemplo) 101, 1001, 10001 e assim por diante.

(c) Qual é o maior número sem algarismos repetidos que pode aparecer na coleção?

Um número da coleção não pode ter seis algarismos distintos, pois, nesse

caso, a soma dos cinco algarismos à esquerda do algarismo das unidades seria, no

mínimo, 0 + 1+ 2 + 3 + 4 = 10. Por outro lado, a coleção pode ter números de cinco

algarismos distintos, como, por exemplo, 25108. Se um desses números tem o

algarismo das unidades diferente de 9, podemos “aumentá-lo”, adicionando 1 ao

algarismo das unidades e 1 ao algarismo das dezenas de milhares (que, claramente,

não pode ser 9), sem sair da coleção. Por exemplo, o número 43108 pode ser

“aumentado” para 53109, que também está na coleção.

Logo o maior número de cinco algarismos distintos na coleção deve ter 9

como algarismo das unidades. Basta agora escrever 9 como soma de quatro

parcelas distintas em ordem decrescente para “montar“ nosso número. Segue

imediatamente que a decomposição procurada é 9 = 6 + 2 + 1+ 0 e obtemos o

número 62109.

O professor deve ter sempre em mente quais os conteúdos que poderão ser

abordados ou revisados com a resolução do problema. O problema deve ser

escolhido criteriosamente, sempre de acordo com a necessidade atual dos alunos

e/ou do conteúdo a ser trabalhado.

A avaliação teve caráter formativo, diagnóstico e contínuo e os alunos forão

avaliados da seguinte forma:

• Desempenho na resolução dos problemas propostos.

• Discussão em sala de aula sobre os problemas propostos, assim como o

envolvimento na resolução desses problemas.

• Apresentação para a turma das soluções encontradas pelos grupos.

30

5 Considerações finais

Ensinar Matemática exige do professor, além de esforço, também

planejamento. Uma aula bem planejada envolve vários fatores, como, por exemplo,

a metodologia, os recursos utilizados, como será organizado o ambiente, etc. As

tarefas, os exercícios complementares e as avaliações precisam ser planejados ou

selecionados de forma contínua, considerando a compreensão dos alunos e as

necessidades do currículo escolar.

Já sabemos que trabalhar com resolução de problemas em sala de aula não

é uma tarefa fácil, e não seria diferente durante a implementação do projeto. Os

alunos ficam agitados quando fazem trabalho em grupos, se exaltam e falam alto.

Antes de iniciar a atividade e fazer os grupos, é necessário expor aos alunos a

metodologia utilizada para que eles saibam a dinâmica da aula e fiquem menos

ansiosos.

Entretanto, observou-se que os alunos sentiam-se instigados e motivados a

querer resolver os problemas, já que, segundo Dante:

[...] buscar a solução de um problema que os desafia é mais dinâmica e motivadora do que a que segue o clássico esquema de explicar e repetir. O real prazer de estudar matemática está na satisfação que surge quando o aluno por si só resolve um problema. Quanto mais difícil, maior a satisfação em resolvê-lo. Um bom problema sucinta a curiosidade e desencadeia no aluno um comportamento de pesquisa, diminuindo sua passividade e conformismo. (DANTE, 2000, p.13 e 14).

Lorenzato (2006a, p. 01 apud Alves, 2010, p. 12) destaca que o sucesso dos

estudantes diante dos desafios matemáticos depende da relação estabelecida entre

a matemática e o aluno. Essa relação pode ser gerada com a mediação do

professor, pois o papel que o professor desempenha é fundamental na

aprendizagem e a metodologia de ensino adotada é determinante para o

comportamento dos estudantes. E o ambiente mais adequado para a discussão de

conhecimentos e de descobertas dos saberes para o desenvolvimento de desafios

matemáticos é a sala de aula.

Assim sendo, entende-se que a resolução de problemas constitui-se em um

conjunto de processos de pensamentos que devem ser desenvolvidos pelos alunos

31

com o auxílio do professor. E foi exatamente o que aconteceu com os alunos

participantes das aulas no decorrer da implementação, já que se podem observar

resultados significativos, uma vez que houve progresso dos alunos no que se refere

à resolução de problemas, pois que, depois de algumas aulas, os alunos já tinham

condições de interpretar por si próprios, bem como de criar maneiras e estratégias

para a resolução das questões apresentadas.

Quanto às concepções que envolvem a resolução de problemas, cito:

Ensinar sobre Resolução de Problemas, Ensinar para Resolver Problemas e Ensinar

através da Resolução de Problemas. Percebe-se que não há uma única proposta

correta, ou que seja a mais eficiente. As três concepções são aplicáveis e

necessárias e até mesmo se completam: "[...] embora na teoria as três concepções

de ensinar resolução de problemas matemáticos possam ser separadas, na prática

elas se superpõem e acontecem em várias combinações e seqüências” (ONUCHIC,

1999, p. 207).

Um professor que se utiliza de várias metodologias tem maior chance de

atingir o objetivo principal da educação, pois consegue provocar mudanças no saber

dos estudantes.

Durante minha caminhada acadêmica e profissional, sempre fui favorável e

adepta dos trabalhos em grupos, trabalhos tais como resolver problemas em duplas

ou em trios. Durante o processo, isso ficou evidente. O trabalho em grupo colabora

para a interpretação e a discussão do problema proposto, bem como para as suas

estratégias de resolução. Assim, os alunos não ficam limitados às suas próprias

interpretações e estratégias.

Embora não tendo muito material de estudo a respeito da OBMEP, pelas

pesquisas analisadas e pela entrevista da Professora Suely Druck, ficou clara a

importância da Olimpíada e do impacto causado por ela nas avaliações de larga

escala promovidas pelo governo para medir a qualidade do ensino público no Brasil.

Por esse motivo, é de bom senso, por parte dos professores, promover um ambiente

de redescoberta dos saberes matemáticos por parte dos alunos e incentivá-los a

participar desse evento.

32

6 Referências

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DANTE, L. R. Didática da resolução de problemas de matemática . 12. ed. São Paulo: Ática, 2000.

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ONUCHIC, L. de la R. Ensino-aprendizagem de matemática através da resolução de problemas. In: BICUDO, M. A. V. (Org.). Pesquisa em educação matemática: concepções e perspectivas. São Paulo: Editora UNESP, 1999. p. 199-218.

ONUCHIC, L. R.; ALLEVATO, N. S. G. Novas reflexões sobre o ensino-aprendizagem de matemática através da resolução de problemas. In: BICUDO, M. A. V.; BORBA, M. C. (Org.). Educação matemática - pesquisa em movimento. São Paulo: Cortez, 2004. p. 213-231.

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33

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