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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 Versão Online ISBN 978-85-8015-054-4 Cadernos PDE VOLUME I

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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE

2009

Versão Online ISBN 978-85-8015-054-4Cadernos PDE

VOLU

ME I

DANÇA FOLCLÓRICA: Contribuição e Socialização do Educando

Autora: Rosangela Braatz da Silva1

Orientadora: Vânia Rosczinieski Bondani2

Resumo

O PDE é um programa de formação continuada de docentes da SEED-PR no engajamento de Instituições Públicas de Ensino Superior, nas diversas áreas do conhecimento do Currículo Escolar. Este artigo procura mostrar os resultados da aplicação de uma proposta do Ensino de Educação Física, cujo objetivo foi analisar a influência das Danças Folclóricas Alemãs, Italianas e Tradicionais Gaúchas na formação cultural, verificar suas contribuições no processo de socialização do educando e apresentar possibilidades de intervenção pedagógica na Educação Física Escolar. A intervenção pedagógica foi aplicada na oitava série, turmas “C” e “D”, do Ensino Fundamental, regular, vespertino, do Colégio Estadual Tancredo Neves – Ensino Fundamental e Médio, no município de São João - PR. O trabalho teve como eixo estruturador a Dança Folclórica, um dos conteúdos específicos das Diretrizes Curriculares do Estado do Paraná, apresentado como forma de manifestação cultural e de reconhecimento de sua importância na memória da comunidade escolar, familiar e social. É relevante salientar que a valorização do tema torna possível a reflexão da memória como suporte da identidade de um povo e do enraizamento cultural, como elemento essencial para o desenvolvimento integral nos aspectos: afetivo, cognitivo, físico, cultural e social. Acreditamos que o resultado dessa proposta diferenciada de trabalho em sala de aula tenha sido positivo, uma vez que, percebemos o interesse pelo resgate cultural de valorização dos sujeitos. Nesta perspectiva, a dança possibilita aos alunos experiência de vida social, por ser praticada de modo prazeroso e que pode ser usada como mola propulsora para o seu desenvolvimento.

Palavras-chave: Dança Folclórica; Socialização; Educação Física.

1 Introdução

1 Professora da Rede Estadual de Ensino do Estado do Paraná, Pós - graduada em Educação Física

Escolar, concluinte do Programa de Desenvolvimento Educacional - PDE. 2 Professora da Universidade Estadual do Centro Oeste - UNICENTRO, Bacharel e Licenciada em

Educação Física; Mestre em Educação ; Orientadora do PDE - 2009 - Educação Física.

Dançar é uma das maneiras mais divertidas e propícias para ensinar, na

prática, todo o potencial de expressão do corpo humano. Na escola, contempla uma

proposta de ensino que abrange os fundamentos da educação. Aplicar a dança,

enquanto conteúdo escolar, visa proporcionar ao educando um contato efetivo e

intimista com a possibilidade de se educar e socializar criativamente através do

movimento.

O presente artigo intenta problematizar a dança folclórica com o objetivo de

analisar sua influência na formação cultural e verificar suas contribuições no

processo de socialização do educando. O trabalho desenvolvido teve por intuito

efetuar a socialização dos educandos através da dança. Pois, ensinar dança para

alunos de escola pública é como ensinar a arte de conhecer, respeitar e amar com

responsabilidade seu próprio corpo.

A dança pode ser uma possibilidade de afastar os educandos de desvios de

conduta, da ausência de desejos e, o que parece indispensável, aguçar a percepção

e a sensibilidade através de uma prática saudável, visto que, a dança é uma das

maiores catalisadoras da manifestação e expressão do movimento humano. No

âmbito educativo, é pedagógica e ensina tanto quanto os esportes, jogos e

brincadeiras.

O aluno pode ser compreendido como um sujeito que se constitui pela

interação com os outros, com o universo que o cerca e consigo mesmo. Ao

frequentar a escola, terá a ampliação de seu grupo social, portanto, suas

experiências podem ser enriquecidas, de modo a lhe proporcionar a convivência

com os outros em plenitude e assimilando novos valores, costumes e práticas, numa

constante troca.

Na prática, nem sempre é o que acontece em nossas escolas, frequentadas

por pessoas das mais diversas culturas, etnias e condições socioeconômicas. Esta

diversidade deveria ser uma ótima oportunidade de aprendizado, porém muitas

vezes, estes aspectos levam às divergências de pensamentos, ideias e opiniões,

gerando conflitos que acabam culminando em atitudes agressivas, desconforto,

isolamento, fugas diversas e, em casos extremos, produzindo a violência dentro da

escola. Muitos desses alunos trazem consigo as experiências e as marcas da

violência, acabando por demonstrá-las em palavras, gestos ou atitudes. Expondo na

escola o convívio com os atos violentos, muitas vezes de maneira contundente.

Nessa perspectiva de apaziguar, alterar, modificar e quiçá, poder eliminar

essas problemáticas do ambiente escolar, a dança se propõe como uma alternativa,

que pode permitir ao educando o acesso a um mundo diferente, em que possa

saborear a vida de modo pleno e em harmonia com seus pares.

O corpo que brinca e aprende, estabelece conexões entre o imaginário e o

real, um diálogo com as diferentes expressões, proporcionado pela dança. A qual

possibilita a articulação, integrando e interligando as práticas corporais, como a

criatividade, a expressão, a manifestação social, diante de situações vivenciadas no

cotidiano escolar.

Este foi o caminho que motivou e permeou o projeto de intervenção

pedagógica, com o intuito de contribuir para o processo de socialização e

valorização da cultura pertinente aos alunos e sua comunidade escolar.

O foco da intervenção foi trabalhar com o educando para ter consciência de

suas atitudes, gestos, ações cotidianas e postura, perante si e os outros, e então,

contribuir para o desenvolvimento de possibilidades de socialização, constituindo-se

em um sujeito emancipado que possa interatuar na sociedade.

Com base nos estudos realizados quanto às danças folclóricas e sua

contribuição para a socialização do aluno de Ensino Fundamental, a pretensão foi

reproduzir, criar e recriar coreografias coletivas com os alunos. Tendo como

condição primordial o envolvimento da família e da sociedade em que estão

inseridos.

Cabe a ressalva de que a proposta fundamentou-se em reflexões sobre os

diversos aspectos culturais das etnias alemãs e italianas, acrescida da influência da

cultura gauchesca. As quais formam o substrato social do município de atuação,

fazendo-se presentes em eventos municipais e podendo fazer parte da vida

comunitária dos educandos.

Num contexto escolar de tantas complicações afetivas, problemáticas de

relacionamento, tanto de alunos entre si, como de alunos com docentes, doenças

psicológicas, entre outros aspectos que dificultam a qualidade do ensino público

paranaense, o projeto pretendeu ser uma contribuição. Por isso, a presença de

possibilidades de se educar e socializar criativamente através do movimento.

Acreditamos também que estas reflexões servirão de substrato para futuras práticas

dos profissionais da área de Educação Física.

2 Desenvolvimento

2.1 A dança e sua contextualização histórica

Desde a antiguidade os povos cultivavam formas de expressões, tais como

as danças, os jogos e as lutas. Com o passar dos tempos a dança, como forma de

organização social, sofreu influências do desenvolvimento sócio-cultural e

econômico dos povos.

Independente da região geográfica ou da época na história em que veio a

aparecer, a dança se traduz para todas as civilizações como forma de expressar

sentimentos, desejos e emoções. Ou ainda, como um meio através do qual o

homem, desde os primórdios do seu surgimento sobre a face da terra, externou seu

estado espiritual.

Assinala Nanni (2003, p. 7), “como toda atividade humana, a dança sofreu o

destino das formas e das instituições sociais”. É possível estabelecer, pois, em

épocas primitivas que a dança era utilizada por motivos diversos. Como nas

manifestações religiosas, para mostrar as relações entre deuses e a natureza, para

demonstrar os fenômenos naturais, para agradecer por alguma graça alcançada, a

colheita, por exemplo, para trazer paz, saúde, religião, fertilidade, felicidade, vigor

físico e sexual, ou ainda em acontecimentos importantes, tais como nascimento e

morte.

A dança era uma das expressões corporais mais utilizadas em

manifestações sociais, sempre foi de grande importância na sociedade, como forma

de expressão artística, objeto de culto aos deuses ou como entretenimento.

Na história da humanidade, verificou-se que cada povo desenvolveu a dança

segundo suas particularidades, em conformidade com seu estilo de vida e

significância, exteriorizando de uma ou de outra forma aquilo que lhes era tido como

fundamental para as ações comunitárias.

Na civilização chinesa, as danças antigas, graves e lentas tinham a

finalidade de ensinar e educar o espectador a amar o bom e o belo. A dança era um

meio de moralização.

Na civilização indiana, a dança assume a postura religiosa, inclusive com o

surgimento das bailarinas sagradas consideradas servas de deus, as mesmas

tinham uma casta retentora de privilégios e liberdades que as outras mulheres de

casta diferente não tinham.

Na civilização japonesa, a dança era uma conexão entre o homem e os

deuses, mostrava um grande amor e valorização pela terra, os pés deslizavam pelo

solo e o golpeavam fortemente, também revela a beleza da idade avançada.

Na civilização egípcia, a dança significava alegria, atraídos especialmente

pela mímica, em razão de não conhecerem a ação dramática. Estava separada em

dois tipos: a dança dancística e a dança mímica, a primeira constituída de exercícios

de graça e flexibilidade, um tipo de ginástica, a segunda, de atração e diversão dos

nobres e poderosos.

Na civilização grega, a dança sempre assumiu relevância indiscutível, posto

que se manifestasse de modo compulsório como elemento formativo do homem

(cerimônias, lendas, literatura), a perfeição dos movimentos e a beleza corporal

enfatizavam os estilos, representando uma parte integradora, a dança era de cunho

educacional e desencadeava um processo emocional, de grande importância na

formação e educação das crianças e dos jovens.

Na civilização romana, a dança também aparece como instrumento da ação

educativa, dividiu-se em etapas, primeiramente era representada por sacerdotes, de

cunho religioso, em segundo plano, praticada pela classe alta, dança social como

forma de diversão, em terceiro, dança a serviço da arte dramática e por último, a

dança artística, independente de ser realizada por profissionais, representada nos

circos ou em festas das classes privilegiadas.

Na Idade Média, o cristianismo continuou se expandindo e a dança

continuou tendo importância nos cultos. Fiéis dançavam para honrar a Deus. Ritos

pagãos foram agregados às cerimônias, com isso, paródias grosseiras e profanas

invadiram os templos, e consequentemente, a dança e as formas teatrais acabaram

sendo banidas dos cultos religiosos. Houve a não permissão da dança motivada

pela interferência da Igreja e seus ditames eclesiásticos. Exceção era feita pelo

emprego da dança como instrumento místico.

Na China e na Índia, a dança se apresentava de muitas formas, como a

adoração de divindades, os dançarinos vestiam trajes coloridos e máscaras para

acentuar o poder de representação e de abstração. Executavam movimentos que

eram registrados como um método para ser seguido pelas futuras gerações. Para

louvar os deuses e por ocasião das colheitas, dançavam durante o ano novo lunar.

Com o passar do tempo incluíram mágicas e acrobacias representando seus

costumes e crenças. Com o advento da corte provençal, é estabelecido um código

de comportamento social, onde a dança de corte passa a ter características

especiais, ficando nítida a diferença da dança do povo.

No período renascentista, a dança permanece um longo intervalo de tempo,

desvalorizada e em desuso, até o seu surgimento mediante a inclusão no teatro

religioso-educativo.

Ocorre, além disso, uma influência humanística (corpo e espírito em

harmonia) e a dança passa a fazer parte da educação da nobreza, distinta da dança

camponesa. Ela sofreu profundas alterações e começou a ter um sentido social,

surgiram as expressões teatrais com o objetivo de educar o povo por intermédio da

religião.

Logo após, aparece o ballet, que teve seu apogeu na Rússia, e apresentou

papel significativo durante o reinado de Luís XV (Bailes de Máscaras).

A dança no século XIX é mascarada pelo início de um movimento

desfavorável a formalização do ensino da dança, sendo perceptível o antagonismo

entre duas correntes: a tradicional e a moderna.

No século XX, os princípios filosóficos introduziram na dança novas

características, isto é, atitudes e valores diversos. A dança passou por

transformações, tornou-se acessível a todas as classes sociais, até as menos

privilegiadas, que já haviam desenvolvido um tipo de dança específica: as danças

populares.

No Brasil, a dança já preexistia à chegada dos portugueses e africanos,

pelos indígenas, que tinham a dança como uma das características primordiais da

cultura. Mais tarde, a dança passa a fazer parte da cultura do povo, as quadrilhas e

valsas foram amplamente empregadas no Império de Dom Pedro I, com influência

de danças européias (polca, polanese, mazurca) e, também, das danças africanas

(batuque, maxixe, baião).

A dança sempre permitiu ao homem demonstrar sua pretensão em busca da

felicidade, do autoconhecimento e do aperfeiçoamento dos gestos expressados.

As danças, em todas as épocas da história e/ ou espaço geográfico, para todos os povos é representação de suas manifestações, de seus 'estados de espírito', permeio de emoções, de expressão e comunicação do ser e de suas características culturais (NANNI, 2003, p.7).

A dança se caracterizou por ser o modo de expressão mais antigo do ser

humano. Assim sendo, acompanhou seu processo evolutivo, de tal forma que se

traduz numa linguagem transmitida universalmente, isto é, o corpo humano em

movimento ritmado é instrumento para que a cultura histórica de uma nação possa

ser veiculada e reconhecida no mundo inteiro.

Neste sentido, deixa de se configurar em um privilégio das elites e passa a

ser instrumento útil e interessante para o aprimoramento, de modo integral, da

pessoa.

2.2 A Dança na Escola

Por razões historicamente determinadas, a educação escolar tem

privilegiado valores intelectuais em relação a valores corporais. Giffoni (1973, p.15)

afirma que os problemas educacionais "(...) quase sempre são considerados pelo

lado intelectual, constituindo uma das faltas da educação".

A prática da dança na escola não pode ser concebida como uma

desaprendizagem ou como uma mera forma de ocupar o tempo empregado na

escola, e até mesmo como um modo de afastamento dos objetivos gerais da

educação, mas ser reconhecida e relevada em conformidade com seu valor

histórico, na formação de diversas culturas.

Freire (2001) questiona por que as crianças não aprendem dança nas

escolas, pois é clara a influência desta na formação cultural da sociedade. O ensino

da dança tem a vantagem de estimular o potencial dos educandos, e é algo tão

cultural em nosso país, quando se trata de espaços não escolares.

Ferreira (2005) diz que a dança, quando aplicada na escola, pode contribuir

na aceitação de atitudes de valorização e apreciação das manifestações expressivas

e culturais. Pois trabalha a propriocepção, elemento indispensável à aquisição das

habilidades e na melhoria da aprendizagem dos educandos. Possibilita uma

ampliação na capacidade de interação social fazendo o educando conhecer e

respeitar a diversidade A dança auxilia no desenvolvimento cognitivo, motor, afetivo

e social.

Para Gaspari (2005 apud Assis; Simões; Gaio, 2009) a dança pode ser

adaptada à escola de acordo com as necessidades, características, e pressupostos

educacionais de cada instituição.

É importante que a escola conceba o início da prática da dança com

objetivos educacionais, como pode se verificar em Steinhilber (2000, p.8): "Uma

criança que participa de aulas de dança (...) se adapta melhor aos colegas e

encontra mais facilidade no processo de alfabetização."

(...) a dança é um conteúdo fundamental a ser trabalhado na escola: com ela, podem-se levar os alunos a conhecerem a si próprios e/com os outros; a explorarem o mundo da emoção e da imaginação; a criarem; a explorarem novos sentidos, movimentos livres (...). Verifica-se assim, as infinitas possibilidades de trabalho do/ para o aluno com sua corporeidade por meio dessa atividade. (PEREIRA (et al) 2001, citado por GARIBA, 2005, p 3).

Cunha (1992, p. 13) ressalta o quanto a dança é importante no processo de

escolarização: “Acredito que somente a escola, através do emprego de um trabalho

consciente de dança, terá condições de fazer emergir e formar um indivíduo com

conhecimento de suas possibilidades corporal-expressivas”.

Vargas (2003, p.13) complementa que a dança na escola “(...) engloba a

sensibilização e conscientização dos alunos tanto para suas posturas, atitudes,

gestos e ações cotidianas como para as necessidades de expressar, comunicar,

criar, compartilhar e interatuar na sociedade”.

A dança deve ser aprendida, compreendida, experimentada e explorada,

numa tentativa de levar o educando a vivenciar o seu corpo nas diversas dimensões,

através da relação consigo, com os outros e com o mundo. A respeito dos

conteúdos, estes visam uma educação do movimento e pelo movimento, para

compreensão da dança, auxiliando e acrescentando ao processo de ensino-

aprendizagem aspectos relacionados à dança, ao corpo, à pluralidade cultural,

levando a uma (re)leitura de mundo totalmente voltada à realidade histórica e social.

Pereira destaca que:

(...) a dança é um conteúdo fundamental a ser trabalhado na escola: com ela, pode-se levar os alunos a conhecerem a si próprios e/com os outros; a explorarem o mundo da emoção e da imaginação; a criarem; a explorarem novos sentidos, movimentos livres (...). Verifica-se assim, as infinitas possibilidades de trabalho do/para o aluno com sua corporeidade por meio dessa atividade. (PEREIRA, 2001, p.61)

A escola pode estar aberta aos valores e vivências corporais que o

educando traz consigo, assim tornando mais significativos os conteúdos

trabalhados.

Marques (2003, p. 32) cita que, para se fazer escolhas significativas “(...)

seria interessante levarmos em consideração o contexto dos alunos”, respeitando

suas próprias escolhas, opiniões e criações.

Na dança, além da importância exercida em relação às capacidades de

movimentação, contribui principalmente para a formação das pessoas. Apesar de

participarem muito mais fora, que dentro da escola, das atividades de dança, ficando

na escola, essa atividade restrita às datas comemorativas.

Assim, a educação através da dança possibilita conceber cidadãos com uma

visão mais crítica, autônoma e participativa da sociedade em que estão inseridos.

2.3 A Dança na Educação Física

A Educação Física é uma disciplina considerada como um grande projeto de

formação de cidadania, por meio do qual o homem tem conhecimento dos direitos

que lhe garantem a vida, nas condições de produção de vida social e individual.

Pensar o ensino da Educação Física, significa voltar o pensamento para

uma realidade que permeia os atos cotidianos da expressão do ser humano. A

disciplina acompanha onde quer que esteja e serve para articular não apenas as

relações que estabelece com o mundo, como também a visão que constrói sobre o

mundo.

Nas Diretrizes Curriculares do Estado do Paraná, a disciplina de Educação

Física tem como objeto de ensino e de estudo a Cultura Corporal e tem como função

social a contribuição do reconhecimento do próprio corpo, a aquisição de

expressividade cultural consciente e a reflexão crítica sobre as práticas corporais.

Todos estes quesitos estão propostos a serem trabalhados por meio dos conteúdos

estruturantes, danças, esportes, jogos, ginásticas, lutas, brinquedos e brincadeiras.

A Cultura Corporal, sendo o objeto de estudo, pode enriquecer os conteúdos

com experiências corporais de diferentes culturas, dando prioridade às

particularidades de cada comunidade, visando à articulação dos aspectos políticos,

históricos, sociais, econômicos e culturais.

Sendo a escola um local de construção e socialização de conhecimento, de

aplicação de cultura e de valorização das relações sociais, a dança, como conteúdo

de Educação Física, pode ser abordado como elemento significativo. Posto que

contribua para desenvolver a criatividade, a sensibilidade, a expressão corporal, a

cooperação, entre outros aspectos.

É na interação que a criança se exercita na atividade construtiva da

expressão através da dança e nela, aprende a interagir com os outros em seu meio.

Para Giffoni (1973 apud Gariba, 2005, p. 5), a prática da Educação Física

"(...) completa e equilibra o processo educativo" e acrescenta como opção nesta

área "(...) a dança em todas as suas formas de exercício", destacando que a mesma

se apresenta como uma das atividades mais completa, além de concorrer de forma

acentuada para o desenvolvimento integral do ser humano. (...) “a dança e a

Educação Física se completam”, em que "a Educação Física necessita de

estratégias de conhecimento do corpo e a dança das bases teóricas da Educação

Física” (CLARO, 1988 apud GARIBA, 2005, p.5).

A dança pode ser uma ferramenta preciosa para o educando lidar com seus

desejos, expectativas, necessidades e também pode ser um importante instrumento

para o desenvolvimento individual e social.

Para que esses objetivos sejam alcançados em aulas de dança na escola, o conteúdo desenvolvido deve caracterizar-se por uma lógica didática com relação a seus objetivos, à organização dos conteúdos, à escolha metodológica, aos procedimentos a serem tomados. Sobretudo, todas essas decisões devem ser tomadas sob uma concepção de educação e, portanto, de Educação Física, para que efetivamente o professor venha a escolher o caminho correto para a consecução dos seus objetivos educacionais. (PEREIRA et al 2001, p.60 apud GARIBA, 2005 p. 5)

Ensinar dança é uma tarefa altamente gratificante pelo fato de educar

através do movimento corporal expressivo, pois se um movimento é vivenciado

profunda e conscientemente, passa a ser percebido e identificado.

A dança na Educação Física deve estar voltada, não só para a recreação ou o treino de habilidades motoras, mas também para o equilíbrio psíquico, a expressão criativa e espontânea, assegurando aos alunos/as a possibilidade de reconhecimento e compreensão do universo simbólico, possibilitando também o resgate da cultura brasileira por meio da tematização das origens culturais, seja do índio, do branco ou do negro, como forma de despertar a identidade social do/a aluno/a no projeto de construção da cidadania. (FERREIRA, 2005 citado por ASSIS; SIMÕES;GAIO,2009,P.301)

2.4 A Dança Folclórica

O corpo em movimento permite aos sujeitos agirem no mundo, é através

dele que se possibilita a comunicação, a aprendizagem, o trabalho e a sensação de

ser sentido e de constatar o que os rodeia.

A dança, quando trabalhada com sentido educativo, promove melhorias:

desenvolvimento integral dos indivíduos, desenvolvimento da noção corporal,

aperfeiçoamento das capacidades físicas (coordenação, equilíbrio, resistência, força

e velocidade), melhoria no desenvolvimento cognitivo, aprimorando capacidades

reflexivas (raciocínio, concentração, atenção, criatividade e senso crítico) divulgação

de conhecimentos a partir de experiências vindas dos educandos, possibilitando

assim uma relação harmônica entre os sujeitos (corpo, mente, movimento,

indivíduo), conteúdos da dança e história de vida, num contexto que poderá ser

trabalhado, compreendido, problematizado e transformado.

O significado e a importância do ensino da dança, em todas as épocas da

história ou espaço geográfico, para todos os povos é a representação de suas

manifestações, de seu estado de espírito, de sua emoção, expressão e

comunicação das características culturais.

A dança pode refletir os diversos aspectos culturais dos povos e ser

abordada sob inúmeras possibilidades, como nas danças típicas, tradicionais e

folclóricas nacionais, regionais e mundiais, ou ainda, aquelas voltadas à composição

técnica. Em todas as abordagens, considerando o ponto de vista cultural, a

contribuição para a saúde e a manifestação social.

Sem dúvidas existem várias formas culturais de se compreender a dança, formas estas construídas ao longo dos tempos e específica de cada local, mas não existe sentido em estudar tais manifestações desvinculadas de seu contexto social, político, histórico. É necessário ir além do movimento por si só e com fins em si mesmo. A dança, como outras manifestações da cultura corporal, é capaz de inserir o seu aluno ao mundo em que vive de forma crítica e reconhecendo-se como agente de possível transformação, mas, para tal é necessário não apenas contemplar estes conteúdos e sim identificá-los, vivenciá-los e interpretá-los corporalmente. (EHRENBERG; GALLARDO, 2005, p. 114, apud ASSIS; SIMÕES; GAIO, 2009, p.302)

A Dança Folclórica traduz as características das comunidades, expressando

seu modo de viver e cultivando, pelos grupos sociais, o meio ambiente, também

trazem como consequência seus impulsos vitais, como os aspectos funcionais do

sentir, pensar e agir.

Para Gaio; Góis (2006 citado por Assis; Simões; Gaio, 2009, p. 303) “(...) a

dança é isto: educação, arte e múltiplos outros papéis que ela vem assumindo em

diferentes momentos históricos, sociais, políticos e culturais.”

A base das danças folclóricas brasileiras deu-se com os brasileiros nativos e

grupos étnicos que imigraram para o Brasil. Eles trouxeram em sua bagagem a

tradição e a cultura, dando ampla e importante contribuição.

As danças folclóricas brasileiras possuem características regionais, o que

define estas características são as influências étnicas. Cada região tem seus

aspectos: a região norte, foi influenciada pela cultura indígena, a região nordeste e

parte da sudeste pela cultura africana e a região sul pelos europeus.

A dança folclórica é um tipo de dança que tem como mais forte característica

a exteriorização do nacionalismo, espelhando a alma do povo.

3 O caminho da Pesquisa

3.1 Dançando na Escola

A intervenção do projeto foi realizada no Colégio Estadual Tancredo Neves –

Ensino Fundamental e Médio, no município de São João, com alunos das oitavas

séries “C” e “D” do turno vespertino. O projeto foi realizado nas aulas de Educação

Física, entre os meses de agosto a dezembro de 2010, de uma a duas aulas

semanais.

O projeto foi realizado procurando contribuir para a socialização dos

educandos no conhecimento e na prática das danças folclóricas e tradicionais

gaúchas, atuando no desenvolvimento intrapessoal e interpessoal.

No decorrer do projeto coletamos informações sobre os aspectos culturais

das etnias alemãs, italianas e acrescidas da tradição gaúcha, o que foi comprovado

pela pesquisa com os educandos, que as mesmas formam o substrato social do

município de ação. O resultado da pesquisa apresentou que 38% dos familiares dos

educandos envolvidos no projeto são provenientes da etnia alemã, 31% da etnia

italiana, 20% brasileiros e 12% de outras etnias. Entre estes, 60% dos familiares

são provenientes do estado do Rio Grande do Sul, 23% são nascidos em nosso

estado, o Paraná e 17 % são provenientes de Santa Catarina. Devido aos números,

privilegiaram-se as danças folclóricas alemãs, italianas e as de tradição gaúcha.

Foi realizada uma investigação a fim de averiguar o conhecimento dos

educandos a respeito do conteúdo “dança”, para isso foi utilizado o seguinte

questionamento: Você sabe dançar? Quais ritmos? O que você pensa sobre a

dança? Qual o valor da dança em sua vida? Você acha importante aprender a

dançar na escola? As respostas deveriam ser justificadas através da produção de

um texto, que foi colocado dentro de uma caixinha de música com uma bailarina

dançando.

O conteúdo teórico de dança foi apresentado aos alunos através de slides,

vídeos, filmes e textos. O slide com o tema “Dançar faz bem” apresentou

explicações sobre o desenvolvimento que a dança possibilita ao ser como um todo,

de forma integral, mostrando os benefícios que propicia ao físico e ao intelecto. O

slide “Por que dançar na escola?” deu ênfase à importância da dança no âmbito

escolar, mostrando ao educando que a dança é o conteúdo responsável por

apresentar as possibilidades de superação dos limites e das diferenças corporais e

pode ser realizada por qualquer pessoa, independente de sua forma física. A dança

na escola não deve ser vista como “a arte do espetáculo” e sim como “a educação

através da arte”.

Após a leitura, análise e reflexão dos slides foi desenvolvido um debate entre

dois grupos, onde um apresentou os pontos positivos e o outro, expôs argumentos

contra a dança na escola e quanto aos benefícios que as danças podem nos trazer

no convívio social.

Foi apresentado um texto sobre os benefícios da dança para a saúde, que

foi lido, analisado, refletido, e a partir dos resultados, confeccionaram-se cartazes,

possibilitando a socialização dos conhecimentos.

Através de vídeo e filme, a dança foi trabalhada com temas variados como a

discriminação racial, econômica, sócio-cultural e física (inclusão). Para este trabalho

foi utilizado o vídeo “hand in hand”, que apresenta um casal de bailarinos portadores

de necessidades especiais, a moça não possui o membro superior direito e o rapaz

não possui o membro inferior esquerdo. Então, foi sugerida a seguinte reflexão: A

dança pode ser realizada por todas as pessoas? A dança discrimina as pessoas ou

as pessoas que se discriminam? Dentre as respostas dadas, destacamos: “Nós

temos duas pernas e dois braços e não nos esforçamos para fazer as coisas.” (C. S.

O. 14 anos). “Somos normais e muitas vezes não queremos aprender coisas novas,

como a dança.” (G. A. S. 14 anos).

Trabalhar com o cinema em sala de aula é ajudar a escola a reencontrar a

cultura, ao mesmo tempo cotidiana e elevada, pois o cinema é o campo onde a

estética, o lazer, a ideologia e os valores sociais mais amplos são sintetizados numa

mesma obra de arte. Neste contexto trabalhamos a obra cinematográfica “Billy Elliot”

que apresenta uma história de discriminação quanto à prática da dança clássica

pelos homens. Desta forma, provocando nos educandos a discussão sobre a

discriminação apresentada no filme em relação à família, comunidade e escolha do

menino, com os questionamentos: A dança é uma atividade somente para meninas?

A dança pode auxiliar na socialização das pessoas? Como?

Ao dançar, realizamos vários tipos de expressões, entre elas as corporais,

faciais, e em algumas danças, como nas tradicionais gaúchas, as expressões orais.

Através de um texto explicativo sobre cada uma delas, realizou-se uma brincadeira

utilizando os “Smiles” (caretinhas) dos sites da internet, dos quais os alunos

possuem grande conhecimento.

Um pouco da história da dança pôde ser resgatada pelo texto “Algumas

considerações sobre a longa trajetória da dança” (Movimento Tradicionalista

Gaúcho). Estabelece-se então, um comparativo entre as danças da antiguidade,

folclóricas e atuais, pelos seguintes questionamentos: Qual dança expõe mais o

corpo? Para a sociedade, qual dança é de melhor índole, vista como de melhor

influência para os jovens? Quais são os conhecimentos que as danças folclóricas

trazem a seus participantes?

Ao apresentar a parte prática do projeto, alguns alunos receberam com

grande entusiasmo, por apreciarem a dança, outros demonstraram não gostar,

especialmente os do sexo masculino, por pensarem que a dança não faz parte dos

conteúdos escolares da disciplina de Educação Física, como o aluno que exclamou:

“Lá vem esta professora com essas danças!” (D. J. B. 14 anos).

Com o decorrer das aulas práticas, os alunos tiveram boa participação e

passaram a aceitar melhor, chegando a pedir para que dançássemos mais vezes

por semana. O mesmo aluno que se posicionou contra a dança nas aulas de

Educação Física, mais adiante teceu outro comentário: “Professora, ao invés de nós

irmos para a quadra jogar, a partir de hoje vamos só dançar.” (D. J. B. 14 anos).

A parte prática da dança foi iniciada com as Danças Tradicionais Gaúchas,

quando a oitava série “C” aprendeu a dançar Chimarrita e Pau de Fitas Gaúcho e a

oitava série “D” aprendeu o Chote de Quatro Passi e Roseira. Como a turma da

oitava “C” era composta pelo dobro de meninos, alguns deles se propuseram a

dançar sozinhos e entre eles, para aprenderem os passos, até que houvesse a troca

de pares, quando os que dançavam com meninas cediam o lugar ao outro que

estava sozinho. Já a oitava série “D” era composta pelo dobro de meninas, e as que

ficavam sem par masculino dançavam entre si, até haver a troca de pares. Ao

aprender a dança do Pau de Fitas, os próprios alunos o confeccionaram utilizando

fitas escuras para os homens e fitas claras para as mulheres. A oitava série “C” ao

aprender o Chote de Quatro Passi, foi à comunidade pesquisar com um cidadão

descendente de italiano a tradução da letra da música, que acompanha a dança

aprendida. Pesquisaram também sobre as pilchas (roupas e adereços gaúchos) e

indumentárias das danças folclóricas.

Uma pesquisa foi desenvolvida para saber em qual das turmas havia mais

descendentes de alemãs e de italianos. Constatou-se, pelo resultado, que na turma

“C” havia mais italianos, por isso aprenderam danças folclóricas italianas, como a

Tarantella Siciliana Sciacca. Na turma “D”, havia mais descendentes de alemãs e

aprenderam danças do folclore alemão, como a dança Untirsteirer Ländler.

Pesquisaram-se os históricos do folclore italiano e alemão, a respeito da tradição

gauchesca e os costumes de cada cultura. Com o conhecimento adquirido houve o

“Dia da Socialização”, quando os alunos compartilharam os conhecimentos práticos

e teóricos, entre eles e com a comunidade escolar.

Dando sequência, assistiram ao vídeo “Só os vencedores possuem”, para

demonstrar que quando o educando está disposto a aprender e socializar o

aprendizado consegue superar as limitações impostas pela vida. Podemos entender

que o cinema é uma ferramenta de trabalho motivadora e inovadora, um instrumento

capaz de abranger várias disciplinas e conteúdos programáticos num mesmo

momento. De acordo com Napolitano (apud ARAÚJO, 2007, p. 3) “A utilização do

cinema na escola pode ser inserida, em linhas gerais, num grande campo de

atuação pedagógica”.

Por fim, produziram textos partindo dos mesmos questionamentos sobre a

dança, realizados no início da aplicação do projeto: Você sabe dançar? Que ritmos?

O que você pensa sobre a dança? Qual o valor da dança para sua vida? Você acha

importante aprender a dançar na escola? Este, no final, serviu para verificar se os

alunos mudaram de opinião em relação ao conteúdo “dança”.

4 Análise dos resultados

Com a coleta de dados concluída, os resultados serão apresentados com

porcentagens. Primeiramente, analisou-se o grupo étnico, a origem dos familiares

(pais e avós) dos educandos das 8ª Série “C” e “D”. Para isso utilizou-se o

questionamento: Qual sua origem étnica?

Na figura 01 podem ser verificados os resultados, que influenciaram na

decisão de trabalhar com as Danças Folclóricas Alemãs e Italianas, pois são as

etnias que mais se acentuaram na pesquisa, desta forma, permitem afirmar que são

as que formam o substrato social do município de atuação.

Figura 1 – Etnias dos familiares dos educandos das oitavas séries “C” e “D”.

Fonte: Coleta de dados - alunos da 8ª Série, Turmas C e D. Organização: Professora Pesquisadora Rosângela Braatz da Silva.

Em relação aos resultados do questionamento realizado com os pais e avós

dos alunos: “Qual cidade e estado de sua origem?”

12% outras etnias

20% brasileiros

31% italianos

37% alemãs

Na figura 02, podemos observar pelos resultados, de que a maioria dos

familiares é nascida no Estado do Rio Grande do Sul, devido a isso, foram

acrescentados aos conteúdos ensinados, a Dança Tradicional Gaúcha.

Abaixo, é mostrada a porcentagem dos familiares dos educandos das 8ª

Séries “C” e “D” oriundos de cada Estado apontado na pesquisa:

Figura 02 – Estado de procedência dos familiares dos educandos.

Fonte: Coleta de dados - alunos da 8ª Série, Turmas C e D. Organização: Professora Pesquisadora Rosângela Braatz da Silva

Na figura 03, estão dispostos os questionamentos em relação ao saber

dançar: Você sabe dançar? Que ritmos? A partir deles, está apresentado o

percentual de educandos que possuíam algum conhecimento, os que tinham pouco

conhecimento, e aqueles que não tinham conhecimento a respeito do assunto.

Já na figura 04 está apresentada a porcentagem dos alunos em relação à

questão do gostar de dançar.

Estados de procedência

60% Rio Grande do Sul

23% Paraná

17% Santa Catarina

Figura 03 – Relação ao saber dançar

Fonte: Coleta de dados - alunos da 8ª Série, Turmas C e D. Organização: Professora Pesquisadora Rosângela Braatz da Silva

Figura 04 – Relação ao gostar de dançar

Fonte: Coleta de dados dos alunos da 8ª Série, Turmas C e D. Organização: Professora Pesquisadora Rosângela Braatz da Silva

36% Não sabiam dançar

23% Sabiam dançar poucos

ritmos

41% Sabiam dançar vários

ritmos.

Relação ao

saber dançar

36% Não gostavam de dançar

23% Neutro em relação ao gosto pela

dança

41% Gostavam de dançar vários ritmos

Ao analisar o gosto pela dança e o conhecimento que tinham a respeito da

mesma, observou-se que a porcentagem de alunos que gostam de dançar é o

mesmo dos que possuem conhecimento de ritmos de danças, a porcentagem dos

que não gostam é a mesma dos que não tem nenhum conhecimento sobre dança e

a porcentagem dos que são neutros é a mesma dos que sabem pouco sobre dança.

Na figura 05 pode-se verificar a quantidade de educandos que mudou a

opinião sobre a dança, passando a gostar de dançar, após os conhecimentos

adquiridos.

Figura 05 – Alunos que passaram a gostar de dança após o aprendizado.

Fonte: Coleta de dados dos alunos da 8ª Série, Turmas C e D. Organização: Professora Pesquisadora Rosângela Braatz da Silva.

2% não dançam (religião)

12% não gostam de dança

86% gostam de dançar

5 Considerações Finais

Após os estudos teóricos sobre a dança, com ênfase em vários aspectos,

tais como a discriminação, a importância de se dançar como atividade física,

qualidade de vida, saúde e principalmente a relevância que a dança possui no

âmbito escolar para o desenvolvimento do educando, estudos práticos como o ato

de dançar as danças folclóricas alemã, italiana e tradicional gaúcha, observou-se

que houve melhoria do relacionamento interpessoal, com mudanças

comportamentais dos educandos, dentro da comunidade escolar e

consequentemente em sua vida social, visto que a dança proporciona ao aluno um

aprendizado de forma lúdica desenvolvendo assim suas capacidades físicas e

intelectuais.

Ao estruturar o trabalho e planejar os recursos utilizados, havia uma grande

preocupação em motivar os alunos à dança em seu aspecto criativo e

transformador. Em função destes aspectos, os educandos passaram a olhar os

colegas sem discriminação, começaram a auxiliar nas dificuldades, melhorando o

relacionamento e tendo maior colaboração entre os mesmos, proporcionando um

ambiente tranquilo e de amizade.

Tais constatações demonstram que a dança, entre elas a dança folclórica, é

um dos conteúdos que propicia ao educando a melhora do convívio social,

respeitando as diferenças econômicas, raciais e corporais.

A propósito destas afirmações, acreditamos que o educador, sua disciplina e

a escola são os principais agentes de transformação social dos educandos,

possibilitando as mudanças, comportamentais, transformando-os, assim em

cidadãos atuantes no meio em que vivem.

No conteúdo de dança os objetivos e as estratégias metodológicas devem

ser direcionados em busca de uma formação integral, fomentando vivência de

sucesso, prevendo atividades que contribuam na busca da socialização do ser.

Ressaltamos, ainda que, a aplicação do conteúdo de dança folclórica no

contexto escolar possibilita o resgate da história de um povo ou de uma sociedade

dando ênfase ao substrato social do município de ação.

As aulas de dança na Educação Física oferecem princípios básicos de

ensino que proporcionam a garantia do respeito e da participação de todos, com isso

contribuem para a construção, a formação de valores morais e sociais dos

educandos.

Considerando o desenvolvimento do projeto, observamos que a

porcentagem de alunos que gostam de dançar é a mesma dos que possuem

conhecimentos de ritmos de danças. O índice dos que não gostam é o mesmo dos

que não tem nenhum conhecimento sobre dança. E ainda, a porcentagem dos que

são neutros é igual a dos que sabem pouco sobre dança. Concluímos então, que o

saber dançar influencia no gostar ou não de danças. Assim, quem não sabia dançar,

mas acompanhou os conteúdos teóricos e práticos, vivenciou a dança e seus

conhecimentos, trocou de opinião, tornando-se favorável à dança. As pessoas não

gostam de dançar por que não conhecem, após o conhecimento passam a gostar,

ressignificando seus conceitos e a forma de pensar.

Referências

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