da escola pÚblica paranaense 2009 - … · poder do forte sobre o fraco, do rico sobre o pobre, do...
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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE
2009
Produção Didático-Pedagógica
Versão Online ISBN 978-85-8015-053-7Cadernos PDE
VOLU
ME I
I
A Produção Didático-Pedagógica, abaixo descrita sob os moldes de
Unidade Didática, versará sobre o conteúdo estruturante “Jogos e Brincadeiras”,
conteúdo apresentado pelo viés dos “jogos cooperativos”.
Esta Unidade Didática traz, à luz dos conhecimentos e da experiência dos
profissionais da Educação Física Escolar, uma reflexão acerca dos processos
competitivos, seletivos, exclusivos e agressivos que se apresentam na grande
maioria das aulas de Educação Física.
Sendo assim e na intenção de oferecer e de construir um novo caminhar
para as aulas de Educação Física, este estudo propõe reflexões e atividades
embasadas, fundamentalmente, na participação, na cooperação, na ajuda mútua,
na solidariedade, na inclusão, no respeito e na postura crítico-reflexiva e
construtiva acerca de valores e de comportamentos humanitários.
As atividades e ou as estratégias abaixo descritas têm por objetivo propor,
aos profissionais de Educação Física, alternativas diferenciadas para o trabalho
cotidiano de suas aulas, e serão apresentadas para atender momentos teórico-
práticos.
PLANO DE UNIDADE
DIDÁTICA
DISCIPLINA: Educação Física
TEMA: Jogos e Brincadeiras – jogos cooperativos
SÉRIE: 6ª
AUTORA: Sonia Maria Brustolin
ORIENTADOR: José Porfírio de Souza
APRESENTAÇÃO
Oferecer práticas pedagógicas diferenciadas para o futsal,
práticas essas inseridas numa contextualização teórico-prática pautada
dentro dos princípios e das estratégias dos jogos cooperativos, com a
intenção de se desenvolver e incorporar valores e comportamentos
humanitários.
OBJETIVO GERAL
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Propiciar, através de atividades pedagógicas, a compreensão, a
reflexão e a diferenciação dos jogos cooperativos e competitivos.
Possibilitar o conhecimento das possibilidades teórico-práticas do
futsal adaptado aos jogos cooperativos.
Apresentar conceitos que levem a uma reflexão compreensiva
teórico-prática referente aos conceitos da cooperação e da competição,
bem como aos valores e aos comportamentos humanitários.
Oportunizar ao aluno a construção prática de novas formas de se
praticar o futsal cooperativamente, num processo reflexivo e
contextualizado.
Na busca por compreender as várias formas de vida deste planeta,
podemos constatar que a espécie humana é a única que pode plantar e semear
os campos, compor músicas e poesias, buscar a verdade e a justiça, ensinar uma
criança a ler e escrever, a rir e chorar...
Somos parceiros da nossa própria evolução e por ela responsáveis, talvez
devido à nossa habilidade para imaginar realidades e para concretizá-las através
de tecnologias avançadas ou talvez por podermos interferir no mundo em que
vivemos através de nossas ações e julgamentos. Por vezes, contudo, as
consequências de nossos atos superam o que o nosso planeta pode suportar e
esta mesma espécie maravilhosa à qual pertencemos parece se dedicar a dar um
fim a tudo isso, ameaçando nosso planeta com uma catástrofe ecológica e social.
É inegável que nos aproximamos, cada vez mais, de uma encruzilhada na
evolução, e essa constatação nos remete à inquietação sobre qual direção se
deve tomar?
Socialistas e comunistas afirmam que a raiz de nossos problemas está no
capitalismo: capitalistas insistem em dizer que o socialismo e ou o comunismo
estão nos levando à ruína. Alguns estudiosos dizem que nossos problemas são
por conta do “paradigma industrial” e que a nossa “visão competitiva” do mundo é
culpada por tanta distorção.
Se, entretanto, olharmos verdadeiramente para nós mesmos e para tudo
isso, fica possível a visualização de que a espécie humana, como um todo, é a
grande responsável e ou promotora pelas irracionalidades que ameaçam a
própria espécie e o meio social e ambiental.
TEXTO DE APOIO
COOPERAÇÃO... UMA REALIDADE POSSÍVEL
Sonia Maria Brustolin
Muito se tem escrito sobre a necessidade de uma grande transformação
cultural global, mas, em termos práticos, o que isso significa? Uma transformação
de que e em quê? Na nossa vida, e de nossos alunos, o que teria que ser
diferente? A mudança de conceito e de paradigmas sociais e pessoais é uma
possibilidade realista? O que precisaria mudar na estrutura social para tornar
possível essa transformação? Como nossa evolução nos citou até aqui? Evoluir
significa partir do pior e seguir para algo melhor? Ou evoluir é simplesmente
transformar?
Onde buscar as respostas para tantas perguntas?
Um resgate no passado...
O ser humano viveu, em sua história, vários momentos de dominação, de
competição, de supremacia de uma parte da humanidade sobre a outra. A luta e o
poder do forte sobre o fraco, do rico sobre o pobre, do masculino sobre o
feminino, da competição sobre a cooperação e por aí vai.
A grande e inquietante revelação é, porém, que, em algum momento
dessa mesma história, não houve supremacia e a diversidade foi devidamente
respeitada.
Assim como a descoberta de Colombo de que a superfície terrestre era
redonda trouxe a possibilidade de conhecer um mundo novo, algumas
descobertas arqueológicas têm revelado uma história surpreendente em nosso
próprio passado, tanto em seu modo de viver como em seu modo de se
relacionar, indicando um longo período de paz e de prosperidade, enquanto
prosseguia nossa evolução social, tecnológica e cultural.
Há vários indícios de que, na história antiga (inclusive na pré-história), a
relação de poder era diferente em muitas partes do mundo e a diversidade não
significava inferioridade ou superioridade.
Estudos indicam que, na pré-história, foi encontrado um esqueleto de
homem que, embora tenha nascido com defeito nas pernas, com poucas
condições para sobreviver sozinho, viveu mais do que a idade média da época,
indicando que foi protegido e cuidado pelo grupo social com que vivia,
caracterizando, assim, uma relação de cooperação social.
Ao longo da história, a cooperação aparece sob várias formas. Os
estudos de Orlick (1989) indicam que nossos ancestrais, principalmente os povos
pré-históricos, apresentavam muitas evidências de que viviam coletivamente, fato
esse que se caracterizava, em muitas estruturas sociais, por “[...] um mínimo de
destrutividade e o máximo de cooperação e partilha dos seus bens” (ORLICK,
1989, p. 17).
Paralelamente, e no caso específico da Educação Física Escolar e sua
história enquanto disciplina curricular, não é difícil observarmos que muito da sua
atuação foi motivada diretamente por questões políticas, sendo que chegou, em
determinado momento, segundo Gonzáles e Fernsterseifer (2005), a assumir um
caráter autoritário e doutrinador, período esse marcado pelo modelo de ginástica
calistênica.
Posteriormente, no século 20, ocorreu a incorporação do esporte à
Educação Física Escolar e essa incorporação passou a ser seu maior objeto de
estratégia e de intervenção pedagógica. Junto com o esporte veio também a
competição, haja vista considerações como “ganhar e perder é a alma do esporte”
ou “se há atividade esportiva na escola, algum grau de competição estará
presente” (LOVISOLO, 2001, p. 118), acentuando, com relevância, o valor da
competição para a prática pedagógica pelo viés do esporte.
Muitos pesquisadores buscam justificar a exacerbada valorização da
competição amparados em nossas raízes ancestrais, pautando suas justificativas
no fato de nossos ancestrais “lutarem” contra todas as adversidades para
poderem sobreviver.
Essa linha de raciocínio está sendo, contudo, muito questionada, haja
vista que estudos arqueológicos constatam que “[...] a destrutividade humana
aumentou proporcionalmente ao crescimento da civilização e ao papel do poder”
(ORLICK, 1989, p. 17). Ou seja, se reexaminarmos nosso passado livres dos
preconceitos construídos em nossa própria cultura, talvez possamos reconhecer a
nossa natureza mais cooperativa e encontrar respostas para construir nosso
futuro e, assim, talvez não seja tarde para restaurar a frágil teia de conexões que
nos une aos demais seres vivos, sobretudo à espécie humana.
Um olhar sobre o presente...
Estamos testemunhando uma extensa reestruturação da sociedade
mundial, reestruturação movida sobremaneira pelos avanços tecnológicos e pela
globalização, mas, ao olharmos para as questões sociais, não é difícil identificar o
capitalismo estabelecendo as desigualdades sociais, desrespeitando as regras de
convivência e minando o respeito mútuo, e, principalmente, sobrepujando a
competição e minimizando a cooperação.
Paralelamente a essa realidade, estudos a respeito da biologia humana e
também da biologia de outras espécies, dão conta de que a maioria das
estruturas fundamentais para a vida funciona harmonicamente num sistema
cooperativo, chegando à conclusão de que o comportamento cooperativo e a
ajuda mútua exercem grande importância para a sobrevivência.
Brotto (2002) argumenta que a competição e a cooperação são processos
sociais e valores que se apresentam no jogo, no esporte e na vida. Sob seu ponto
de vista, “parece não existir uma „natureza competitiva‟ ou cooperativa que
determine o comportamento humano” (BROTTO, 2002, p. 29). O que existe é que
podemos ser educados e/ou condicionados para cooperar ou para competir.
Se uma sociedade alicerçada nos princípios da cooperação pode não ter
futuro se for esmagada pela lógica competitiva da sociedade capitalista, é ainda
mais incerto falar em futuro para uma sociedade que exclua do seu horizonte a
cooperação e a solidariedade.
Uma possibilidade de futuro...
Mesmo quando parece ser particularmente difícil de prever o futuro, tendo
que construir com tanta urgência a igualdade social, equilibrando
desenvolvimento econômico e social e respeitando a diversidade, é fundamental
que nos preparemos para todos os tipos de desafios que possam surgir.
Tradicionalmente, um grande número de professores e de pesquisadores
da Educação Física não se preocupa com os efeitos e o futuro da competição,
amparados, na grande maioria das vezes, por seu estreito relacionamento e
cumplicidade com os esportes e a sociedade capitalista.
Há, entretanto, outra linha de professores e de pesquisadores, tanto
sociais quanto pedagógicos, que se inquietam com os rumos que a competição
está tomando em nossa sociedade e, consequentemente, em nossas escolas e
alunos, pontuando, de acordo com Brotto (2002), que a competição, quando
explorada indistintamente, é capaz de criar feridas que somente com a
cooperação poderão ser sanadas.
Nessa linha de argumentação se apresentam os jogos chamados
cooperativos, pois podem constituir uma alternativa e possibilidade de
contrabalançar os efeitos dos jogos competitivos.
É inegável que a competição é um processo social que se apresenta
cotidianamente em nossa vida e, nesse sentido, não se argumenta, aqui, pela sua
total negação ou desvaloração. Argumenta-se, sim, pela minimização de seus
efeitos.
A proposta dos jogos cooperativos apresenta-se como uma alternativa de
se poder analisar, refletir, ampliar ou dispensar o que expomos com relação à
competição, acrescentando, inclusive, novas observações e novos conhecimentos
sociais e pedagógicos, uma vez que pode haver formas diversas de ver o mundo
e estar nele. Ocorre que, de tudo o que se aprende, vive e convive, nem tudo
pode ser sociabilizado como um processo pronto e acabado. Vivemos, sim, num
constante reaprender, repensar e reconsiderar, num processo de incertezas e
reconstruções, mas são, sobretudo, as incertezas que possibilitaram um novo
olhar, pois devemos estar abertos a novos conhecimentos, a novas expectativas e
a novas possibilidades.
A proposta, portanto, não é de negação, mas, sim, de mudança e, nesse
sentido, os jogos cooperativos podem ser utilizados como alternativa de ação e de
estratégia pedagógica.
É certo ser necessário, para os jogos cooperativos, um embasamento de
seus valores e princípios, pois carregam, dentro de si, nas suas estruturas e
ideologia, as chaves para seu próprio sucesso.
Construir um novo ser e um novo mundo a partir de uma nova relação
com seus pares é a chave da função social do educador e, quem sabe, assim
poderemos ver imagens refletidas de sonho e realidade em que é possível
transformar, construir, ser... sendo e convivendo.
Poeticamente, cabe dizer que a única certeza que tenho é que:
De tudo
Ficaram três coisas:
A certeza
De que [...] estava sempre
Começando,
A certeza de que é preciso continuar, e a certeza
De que podemos ser interrompidos
Antes de continuarmos.
Entretanto podemos...
Fazer da interrupção
Um caminho novo,
Fazer da queda um passo de dança,
Do medo uma escada,
Do sonho uma ponte,
Da procura um encontro
(SABINO, 1998, p. 145).
A intencionalidade dos jogos cooperativos pode ser vista como um
movimento de tornar-se, não de terminar, pois mudanças de comportamentos, de
atitudes e de valores são processos cíclicos e contínuos que nunca atingem um
estado de perfeição e em que nunca se descansa satisfeito com o que se
realizou.
Os jogos cooperativos representam uma intencionalidade que está
sempre dividida entre o que a sua filosofia e os seus princípios sugerem e o que o
mundo contemporâneo exige e apregoa. Não existem, portanto, decisões
definitivas e completamente perfeitas, mas é na tomada de decisões que a
intencionalidade de seus princípios pode ser cumprida.
Constituir processos pedagógicos com os jogos cooperativos não é nem
fácil e, muito menos, simples, mas pode ser uma ótima alternativa, pois
Não estou construindo um caminho novo.
O que busco reconstruir é apenas e simplesmente,
O jeito de caminhar.
DESEJOS Sonia Maria Brustolin
Estava à toa, de boa Olhava pela janela despreocupada, desavisada, desocupada Caía uma garoa fina, tola Que negligente, paciente, insistentemente Olhava pelas brechas, frestas, arestas De uma vida sentida, encolhida, escondida Que pulsa dormente, latente, ardente Os meus ais Rituais tão banais, formais Procurando por um eu, só meu Atordoado, escaldado, recalcado, recolhido Perdido a passos largos, desritmados, desencontrados Na escuridão, solidão, multidão Não... Não... Não! Eu quero é diversão Mansidão, sofreguidão, afeição, paixão, cooperação E na mesma proporção atenção, superação, relação, ação, transformação A chuva agora grita, agita Balança bagunça revolta, insiste Transgride preceitos, conceitos, anseios, desejos Me debato, descompasso Os gritos são altos A postura ereta, sem pressa aberta Rasgada Despida de mitos conflitos Disposta, ansiosa, corajosa A mão estendida oferecida No olhar segurança, esperança, mudança No corpo acalento, aconchego No agir partilhar, somar, agregar, mudar Possuir ir Sair do meu eu e encontrar o teu Formar o nós Atar os nós Sem dó nem medo, tropeços Mas juntos, unidos, concisos Vivendo, experimentando Reformulando, recriando Ajudando, somando Transformando...
POEMA MOTIVADOR
1º MOMENTO
Apresentação do poema “Cooperação”, com utilização da TV Multimídia.
ATIVIDADE 1
Esta atividade busca favorecer reflexão a respeito de princípios cooperativos
e de valores humanitários.
DESENVOLVIMENTO
COOPERAÇÃO É AÇÃO Sonia Maria Brustolin
Refletindo sobre a vida Eu me pus a pensar Quais são realmente os valores Que devemos cultivar? Amizade, respeito, educação? Amor, companheirismo, afeição? É... todos esses, mas também não podemos esquecer a cooperação. Os valores que cultivo é que movem minha ação E são todos importantes pra ser de fato bom cidadão. A cooperação implica transformar nossas ideias em ação Mas pra que isso aconteça é preciso união. Eu sozinha, estou só Com você já somos mais E assim nós poderemos este mundo transformar Sei que alguns podem estar pensando... Hei! Isso não é comigo, não! Mas outros podem pensar... é, por que não? Talvez ela possa ter razão. Se propus o pensamento, a minha fala já é uma ação E tomara possamos juntos Fortalecer a união... Cooperação...Ação...Transformação.
SUGESTÕES DE ATIVIDADES
2º MOMENTO
Reflexão e diálogo para considerações acerca do tema proposto.
3º MOMENTO
Subdividir os escolares em grupos de três (3) alunos e propor a
construção de material para exposição, podendo ser: texto ilustrativo; frases de
efeito; desenhos; reconstrução do poema, e outros...
PARA PENSAR....
Podemos trabalhar, pedagogicamente falando, de forma que a cooperação
possa ser vivenciada e evidenciada, agindo como pensa Barbosa (1997, p. 54 e 55),
na referência de que o professor de Educação Física:
Ao invés de tentar se diferenciar, deve cada vez mais
se identificar como educador, engajando-se dentro do
aparelho escolar aos demais professores.. ... só assim
ele compreenderá que seu espaço de ação é todo e
qualquer lugar - principalmente a sala de aula - onde
ele possa realmente trabalhar conteúdos específicos
da educação física... .visando sempre à formação do
ser crítico, autônomo e consciente de seus atos.
1º MOMENTO
Conversa com os escolares na intenção de resgate prévio do
conhecimento e da concepção deste, a respeito de ações cooperativas sociais.
Exemplo: mutirões, campanha do agasalho e demais.
2º MOMENTO
Apresentação do vídeo “Cooperar... Sós, nada podemos fazer! Unidos,
assim podemos vencer!”. Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=Soy
XXt5SmRo>.
3º MOMENTO
Espaço livre para diálogo e considerações dos escolares referentes à
apresentação, direcionando essas considerações para o viés das ações
cooperativas.
4º MOMENTO
Subdividir os escolares em equipes de quatro (4) alunos e propor a
criação de representação teatral onde possa ser evidenciado algum tipo de ação
cooperativa, podendo ser no âmbito social, familiar e ou escolar.
ATIVIDADE 2
O objetivo desta atividade é propiciar a reflexão crítico-construtiva
com relação à ação cooperativa.
DESENVOLVIMENTO
PARA PENSAR...
De que adianta uma sociedade constituída por cidadãos dotados de
inteligência, se esses cidadãos não souberem viver em sociedade, respeitar
e serem respeitados e, mais ainda, usar essa inteligência para o bem-estar
pessoal e coletivo...
1º MOMENTO
Lançar questionamentos na referência de valores e de comportamentos
humanitários, para a instigação e a constatação acerca do que “pensam” os
escolares.
2º MOMENTO
Atividade prática de futsal, onde os escolares serão subdivididos em três
(3) grupos com igual número de participantes. Enquanto dois (2) grupos estiverem
jogando, sem a interferência do professor, o terceiro grupo deve ficar junto ao
professor. O professor instigará para que o grupo observador se atente a
perceber como os demais escolares estão “jogando”, observar se estão passando
a bola, observar se estão respeitando os colegas e o outro grupo, observar qual é
valor que está se apresentando (competição ou cooperação), observar se existe
solidariedade, ajuda mútua, dentre outros valores.
Esse processo será cíclico, até que os três (3) grupos tenham realizado a
observação do jogo.
3º MOMENTO
Conversa grupal, intitulada a “roda da conversa”, onde os grupos poderão
expor o que experimentaram e vivenciaram enquanto estavam jogando, e o que
observaram enquanto expectadores.
ATIVIDADE 3
Esta atividade versará a respeito de valores e de comportamentos
humanitários, numa abordagem mais específica pelo viés da Educação Física e sua
função educativa.
DESENVOLVIMENTO
4º MOMENTO
Apresentação do vídeo “Educação Física e Virtudes Morais”. Disponível
em: <http://www.youtube.com/watch?v=nxoDSAwvEpE>.
Em seguida, retomada de “roda da conversa”, focando a respeito dos
valores que podemos apresentar nas aulas de Educação Física e nos jogos –
esporte.
PARA REFLETIR...
Palavras de George Sauer ao anunciar sua demissão da Liga de Futebol
Americano, “não deveríamos entrar no campo para tentar destruir uns aos outros,
mas algumas pessoas o fazem e efetivamente o conseguem... ( ) Acho que quando
as pessoas saem por aí ensinando a odiar, apenas para vencer um jogo de bola,
estão na realidade alienando-se umas das outras e de si mesmas, e estão sendo
levadas a lutar por falsos valores”. (ORLICK, 1989, p. 79).
1º MOMENTO
Dividir os escolares em duas equipes, utilizando a estratégia de divisão
por cartões de cores.
2º MOMENTO
As equipes deverão ocupar o espaço da quadra de futsal, subdivididas
em quatro (4) grupos, sendo dois (2) grupos para cada equipe. Os grupos
deverão estar de mãos dadas e permanecer assim durante todo o jogo. Cada
equipe deverá ocupar um espaço de ataque e outro de defesa, correspondendo
ao seu campo de ataque e defesa. O mesmo procedimento para a outra equipe.
3º MOMENTO
O jogo será desenvolvido dentro dos procedimentos de um jogo de futsal
tradicional, contudo só poderá fazer “gol” o grupo que está no ataque e vice-versa
para defender. Os grupos deverão se movimentar em conjunto, sem soltar as
mãos. Após a realização de um gol, os grupos invertem de posição, ou seja,
quem era defesa passa a ser ataque e assim sucessivamente.
4º MOMENTO
Resgate dos valores presentes na atividade, como solidariedade, ajuda
mútua, respeito, confiança, cooperação... Dentre outros.
ATIVIDADE 4
Atividade prática de futsal, adaptada dentro dos princípios e das estratégias
dos jogos cooperativos, no viés de jogo semicooperativo.
DESENVOLVIMENTO
1º MOMENTO
Subdividir os escolares em duas equipes, sendo que cada equipe deverá
ser composta por duplas dentro da respectiva equipe a que pertence. Para
subdividir as equipes, sugere-se a utilização da estratégia de divisão por cartões
de frutas coloridas.
2º MOMENTO
As equipes deverão ocupar o espaço da quadra de futsal, subdivididas
em duplas, preferencialmente que as duplas sejam compostas de meninos e
meninas. As duplas deverão estar de mãos dadas e permanecer assim durante
todo o jogo. Cada equipe deverá obedecer a e desenvolver o jogo dentro das
regras do futsal propriamente dito.
3º MOMENTO
Durante o desenvolvimento do jogo, para cada gol que uma equipe faça,
terá direito a eliminar uma dupla da outra equipe ou pode trazer novamente ao
jogo uma dupla de sua equipe que tenha sido eliminada. E ir assim se
desenvolvendo normalmente.
4º MOMENTO
Ao final da atividade, procura-se fazer um debate com os alunos sobre as
duas situações bem antagônicas (eliminar uma dupla ao fazer o gol ou salvar seu
ATIVIDADE 5
Atividade prática de futsal adaptada no recorte de jogo semicooperativo, e
objetivando a reflexão a respeito de valores.
DESENVOLVIMENTO
companheiro). Qual é a diferença entre os dois sentimentos? Qual dá mais prazer
e sentido de valorização humana: eliminar ou salvar?
A grande essência pode estar no fato de que, apesar de estimular o jogo,
ele causa um efeito muito grande de proteção e de ajuda aos companheiros, pois,
na grande maioria das vezes, a equipe busca fazer gols para salvar seus
companheiros.
Sinopse: Coach Carter – Treino para a Vida (136 minutos) traz a história
real de um treinador que busca mostrar os diferentes aspectos dos valores da
vida a partir do momento em que decide suspender seu time campeão por conta
do fraco desempenho acadêmico de seus atletas. Por causa dessa atitude, Ken
Carter recebe elogios e críticas, além de sofrer muita pressão para levar o time de
volta às quadras. É aí que ele luta para superar os obstáculos de seu ambiente e
busca mostrar aos jovens um futuro que vai além de gangues, de prisão e até
mesmo do basquete.
OUTRAS SUGESTÕES
Na intenção de contemplar o desenvolvimento de estratégias
pedagógicas para atender as dificuldades diagnosticadas pelo
professor em seu espaço especifico de trabalho - a escola, e buscando
constituir, com seus pares, um grupo de suporte, com o objetivo de
potencializar as atividades pedagógicas, apresento a sugestão de
filmes que poderão subsidiar, auxiliar e enriquecer o processo de
incorporação de conhecimento.
Ressalto que os professores deverão orientar seus escolares
para que realizem uma leitura textual e pedagógica dos filmes
sugeridos, e também que procurem serem observados os valores
presentes nesses filmes.
FILME 1
COACH CARTER – TREINO PARA A VIDA
Sinopse: Invictus (134 minutos) nos traz a inspiradora história de como
Nelson Mandela decidiu unir forças com o capitão da equipe de rúgbi da África do
Sul, François Pienaar, para ajudar a unir a nação. Quando é eleito, o presidente
Mandela sabe que seu país, a África do Sul, continua dividido racial e
economicamente, mesmo após o fim do apartheid. Ele, contudo, acredita ser
capaz de unificar a população por meio da linguagem universal do esporte e,
nessa luta, Mandela apoia o desacreditado time da África do Sul na Copa Mundial
de Rúgbi de 1995, que faz uma incrível campanha até as finais.
Sinopse: Desafiando Gigantes (111 minutos) é capaz de nos ensinar o
poder da perseverança, o poder da fé e, sobretudo, o poder e a confiança de que
a crença proporciona a habilidade de vencer. Apesar de todo o seu empenho e de
toda a sua dedicação como técnico de futebol americano em uma escola, Grant
Taylor nunca conseguiu levar seu time, Shiloh Eagles, a uma temporada vitoriosa.
Ao se deparar com crises profissionais e pessoais aparentemente insuperáveis, a
opção por desistir lhe pareceu a mais atraente. Ao receber, porém, uma visita
inesperada, esta o desafia a acreditar no poder da fé e é aí que ele descobre a
força da perseverança para vencer.
FILME 2
INVICTUS
FILME 3
DESAFIANDO GIGANTES
Sinopse: Ali (167 minutos) nos proporciona o conhecimento da história
real de um grande lutador. Neste filme veremos que Cassius Clay, além de ser
um grande lutador nos ringues de boxe, era principalmente uma pessoa
inteligente fora deles, haja vista que impressionava pelo seu fácil palavreado.
Cassius Clay se tornou um ícone mundial do esporte, sendo referenciado como
uma das principais personalidades do esporte mundial nos anos 1960,
principalmente depois que se converteu ao islamismo (quando também trocou seu
nome para Muhammad Ali) e, inegavelmente, após sua extrema coragem ao se
recusar a lutar na Guerra do Vietnã.
FILME 4
ALI
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao apresentar esta Produção Didático-Pedagógica, sua proposição e
objetivos decorreram da necessidade de cumprir as normativas exigidas pelo
Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE), bem como buscar
socializar conhecimentos e possibilidades de estratégias pedagógicas para
os profissionais da Educação Física Escolar.
As atividades aqui apresentadas intencionam redimensionar a prática
da Educação Física escolar, pelo viés do conteúdo estruturante de Jogos e
Brincadeiras – Jogos Cooperativos, ao mesmo tempo em que busca
estabelecer relação com o conteúdo estruturante Esporte, numa abordagem
pelo futsal.
Para terminar, na intenção de repassar, aos profissionais da
Educação Física Escolar, minhas proposições e ideologia a respeito da
função e importância do professor, descreverei isso em forma de
pensamento.
Ao analisar as muitas profissões existentes, e todas têm seu merecido destaque e valor, faço uma referência e estabeleço um paralelo entre o médico e o professor. O médico trabalha incansavelmente e faz com que a essência de seu trabalho seja a luta incessante pela prevenção e pela cura das doenças, e sua felicidade consiste na recuperação de seu paciente. Assim, o professor, quando comprometido com sua prática pedagógica e sabedor de suas possibilidades e consequências, deve pensar e agir na profundidade do “ensinar” e contribuir para a construção do conhecimento e a evolução da espécie humana, e, principalmente, para o sucesso desta... Sua felicidade deve fundamentar-se em ver o progresso gradual de todos seus alunos, seja no aspecto físico, intelectual e social, caso contrário não haveria necessidade de escola, de sistema educacional e, muito menos, de professores.
Sonia Maria Brustolin
REFERÊNCIAS
BARBOSA, C. Educação física escolar: da alienação à libertação. Petrópolis, RJ: Vozes, 1997.
BRASIL. Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=SoyXXt5SmRo>. Acesso
em: 22 fev. 2010, 16:30.
BRASIL. Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=nxoDSAwvEpE>. Acesso
em: 23 fev. 2010, 14:00.
BROTTO, F. O. Jogos cooperativos: o jogo e o esporte como um exercício de convivência. Santos, SP: Projeto Cooperação, 2002. GONZÁLES, J. F.; FENSTERSEIFER, P. E. (Orgs.). Dicionário crítico de educação física. Ijuí, RS: Ed. da Unijuí, 2005. LOVISOLO, H. Meditação: esporte rendimento e esporte da escola. Porto Alegre: Revista Movimento no15. 2001. pp 107 – 117. ORLICK, T. Vencendo a competição. São Paulo: Círculo do Livro, 1989.
SABINO, F. O encontro marcado. 68. ed. Rio de Janeiro: Record, 1998. p. 145.