da escola pÚblica paranaense 2009 · 6 com início previsto no mês de agosto e término no mês...
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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE
2009
Produção Didático-Pedagógica
Versão Online ISBN 978-85-8015-053-7Cadernos PDE
VOLU
ME I
I
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO
SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO
DIRETORIA DE POLÍTICAS PÚBLICAS E PROGRAMAS EDUCACI ONAIS
PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL - PDE
CADERNO PEDAGÓGICO
Proposta Didático-Pedagógica apresentada à coordenação do (PDE) Programa de Desenvolvimento Educacional, como exigência parcial para a participação no programa, sob a orientação do Prof. Dr. Gilberto Grassi Calil, professor da Universidade Estadual do Oeste do Paraná - Campus de Marechal Cândido Rondon.
GUAÍRA
2010
2
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO
SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO
DIRETORIA DE POLÍTICAS PÚBLICAS E PROGRAMAS EDUCACI ONAIS
PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL - PDE
DADOS DE IDENTIFICAÇÃO
Professora PDE: Judith Aparecida Ferreira Mendes
Área do conhecimento: História
Colégio : Estadual Mendes Gonçalves – Ensino Fundamental, Médio e Profissional.
Núcleo: Toledo – Paraná
Público Objeto da Implementação: 7ª Série – Ensino Fundamental
Conteúdo Estruturante: Relações de Poder e Cultura
Conteúdo Específico: Por que as pessoas migram?
Título: Migração: estudo sobre o êxodo rural e suas conseqüências no Município de Terra Roxa/Pr a partir da década de 1970/80.
Relação Interdisciplinar : 1 - Geografia
Relação Interdisciplinar: 2 - Língua Portuguesa
Relação Interdisciplinar: 3 – Matemática
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SUMÁRIO
1. Migração: estudo sobre o êxodo rural e suas consequências no Município de Terra Roxa Pr., a partir da década de 1970/80 ................................................. 04
1.1 Histórico do Município de Terra Roxa ......................................................... 06
1.2 Conhecendo o Município de Terra Roxa..................................................... 07
2. Mecanização do Campo nos anos de 1970/80 no Brasil .............................. 11
3. Êxodo Rural dos Anos de 1970/80 e Consequências no Paraná.................. 16
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................. 24
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1. Migração: estudo sobre o êxodo rural e suas cons equências no Município de Terra Roxa Pr., a partir da década de 1970/80
Apresentação
Estudar história é descobrir, situar-se no tempo e espaço e cabe a ela
analisar o passado, a partir do presente. O passado pode ser relido
continuamente como instrumento facilitador para a compreensão da realidade.
Schmidt/Cainelli (2004, p. 125) apontam que todos os homens são
determinados pela história vivida, todos são sujeitos da própria história; isso
equivale a entender que a história é feita por todos.
As relações humanas determinam os limites e as possibilidades das ações
dos sujeitos de modo a demarcar como estes podem transformar constantemente
as estruturas sócio-históricas. Mesmo condicionadas, as ações dos sujeitos
permitem espaços para escolhas e projetos de futuro. A investigação histórica
voltada para descoberta das relações humanas busca compreender e interpretar
os sentidos que os sujeitos atribuem às suas ações. (Diretrizes Curriculares da
Educação Básica-História, Seed-Paraná, 2008, p. 46).
É importante frisar que este trabalho faz parte das atividades realizadas
pelo Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE), que é uma política de
formação continuada da SEED e de valorização dos professores da rede pública
estadual de ensino do Estado do Paraná em parceria com o ensino superior,
objetivando a melhoria e qualidade da educação básica. Esta produção prevista
no Projeto de Intervenção Pedagógica como estratégia de ação do professor para
aplicação do projeto em sala de aula.
Com o propósito de formar cidadãos críticos e reflexivos, propõe-se o
ensino do conteúdo que visa à compreensão da realidade, favorecendo a
formação do estudante para que assuma forma de participação social, política e
atitudes críticas perante à sociedade. Levá-los a compreender e tomar
consciência de sua própria realidade social, utilizando o passado para politizar o
presente. Sentindo-se instigados pelas questões do cotidiano.
Nessa perspectiva, este material se refere a uma história local, como
possibilidade de escrita de história no contexto de uma historiografia, que prioriza
uma realidade muito próxima do aluno tornando-o capaz de compreender e sentir-
5
se sujeito da história, e, enquanto participante do processo de fazer conhecimento
histórico.
O tema em questão “Por que as pessoas migram?”, possibilita ao aluno
pensar, questionar, investigar, desenvolver o espírito critico e a capacidade de
interpretação. Portanto, o trabalho a ser desenvolvido com alunos de 7ª série,
recorre a estratégias que procuram enriquecer e revitalizar o ensino, tornando-o
vivo, desafiador.
A metodologia ser desenvolvida privilegia alunos e professora como
sujeitos produtores do conhecimento histórico. Consiste em fazer o aluno ver-se
como participante do processo histórico, que sua história individual faz parte
desse processo, e assim, compreender que também faz história. O envolvimento
da sociedade a ser estudada é fundamental, tendo em vista que o trabalho com
documentos proporciona a produção do conhecimento histórico, quando usado
como fonte em que se buscam respostas para as problematizações formuladas.
Assim, os documentos permitem a criação de conceitos sobre o passado e o
questionamento dos conceitos já construídos.
Portanto, mobilizar os educandos para questões de extrema importância
para o resgate histórico de um povo se torna imprescindível nesta metodologia de
ensino-aprendizagem e para tanto, pretende se com esse trabalho propiciar a
produção do conhecimento, acerca do movimento migratório que esteve presente
na região oeste do Estado Paraná, o êxodo rural, em especial no Município de
Terra Roxa.
O movimento populacional está ligado diretamente a uma série de fatores
que perpassam a economia, política e sociedade, ou mesmo, interligadas entre si.
O estudo voltado para a investigação e/ou pesquisa científica sobre êxodo rural
em pequenas comunidades proporciona ao educando um “estudo de caso”, uma
produção do conhecimento sistematizado através da metodologia teórico-prático
e, dessa forma, possibilitando a compreensão dos fatores que motivaram a saída
do homem do campo em direção às cidades ou espaço urbano, praticamente para
quase todas as regiões brasileiras.
A implementação pedagógica, consoante às Diretrizes Curriculares da
Educação Básica para o ensino de História, Seed-Paraná, será desenvolvida no
terceiro período do Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE, ou seja,
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com início previsto no mês de agosto e término no mês de novembro de 2010.
Serão utilizadas 18 (dezoito) aulas para o desenvolvimento deste projeto.
1.1 Histórico do Município de Terra Roxa
Especificamente, apresenta-se a localidade de Terra Roxa do Oeste,
Município localizado na região oeste paranaense, a 650 km da capital. Sua
história1 teve início por meio da Fundação Paranaense de Terras que concedeu a
área atualmente de Terra Roxa a Oscar Martinez e outros. Em 20 de agosto de
1.955, a Companhia Ipiranga, posteriormente denominada de Companhia de
Colonização e Desenvolvimento Rural (CODAL), adquiriu a área de Oscar
Martinez, começou a dividi-la em lotes rurais, delimitando o perímetro urbano com
área de 3 km2, onde atualmente está a cidade de Terra Roxa. Para lotearem as
terras, a CODAL, firma radicada na cidade de Londrina deslocou seus
maquinários pelo rio Paraná, embarcando-os no Porto Epitácio – SP com destino
a Guaíra. Após o desembarque, vinham abrindo estradas até a atual sede do
Município onde foi erguido o acampamento da Companhia.
Em 03 de outubro de 1956, pela Lei Estadual n.º 45/56, criou-se o novo
Distrito no Município de Guaíra, denominando-se Terra Roxa d’Oeste. No dia 14
de dezembro de 1961, por meio da Lei Estadual n.º 220, criou-se o Município de
Terra Roxa. A denominação Terra Roxa tem sua origem devido à cor de seu solo
na maior parte do município, cujas terras de cor roxa são propícias ao
desenvolvimento agrícola, principalmente, a cultura do café.
Era o sonho das famílias que chegavam à nova terra, tudo era mata, muita
dificuldade, mas acreditavam no progresso e em um futuro promissor.
A população inicial do Município era de migrantes da região norte do
Estado, oriundos do Nordeste e Sudeste do Brasil, principalmente paulistas e
mineiros. Na década de 1960, também vieram migrantes da região Sul radicando-
se, principalmente, no Distrito Santa Rita d´Oeste.
1 Citação contida no texto Terra Roxa e sua História – Êxodo Rural, disposto no Portal da Prefeitura do Município de Terra Roxa: http://terraroxa.pr.gov.br/
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1.2 Conhecendo o Município de Terra Roxa
Nos primeiros anos de emancipação política do Município, anos de 1960, a
agricultura era a principal atividade econômica, sendo predominante a cultura
cafeeira. A partir da década de 1970, principalmente no ano de 1975 as fortes
geadas queimaram os cafezais, desestimulando os cafeicultores, que passaram
cultivar outras lavouras como o feijão, arroz, algodão, milho, trigo e soja. Um
novo produto agrícola passa dominar a economia paranaense e entrar na pauta
de exportação do país, a soja.
A lavoura cafeeira teve papel relevante para a economia do Município de
Terra Roxa, assim como outras culturas para o seu desenvolvimento.
Fotos: arquivo pessoal de Cloves P. Santana, cafezais dos anos de 1970. Sítio Minas Gerais - Estrada Tangará, Terra Roxa/PR.
Com a crise do café nas décadas de 1960/1970, aliada à emergência de
uma agricultura em moldes modernos e voltada à exportação, teve papel
fundamental no movimento de saída da população do campo paranaense,
especificamente no município de Terra Roxa.
Segundo dados apresentados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística - IBGE, a população no Município de Terra Roxa até 1970, contava
com 38.237 habitantes, sendo que desse total 32.100 eram moradores da zona
rural, ou seja pessoas que viviam e trabalhavam no campo e, 6.310 faziam parte
da população urbana, isto mostra que 83,95% da população vivia no campo e
apenas 16,05% vivia na cidade. Nitidamente, entre as décadas de 1970/80, houve
um decréscimo dessa população e dentre os diversos motivos, o êxodo rural foi
bastante significativo, aliado ao processo de industrialização no Brasil, a
mecanização do campo provocou o movimento migratório campo/cidade.
Os cafeicultores, descontentes com a chegada de modernas técnicas para
a agricultura, começam a mecanizar as lavouras. O uso de inseticidas próximas
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às residências; o auto custo da mecanização e fatores econômicos da época
levaram pequenos proprietários rurais a venderem suas terras e buscarem as
cidades até em outras regiões e também procuram outras fronteiras agrícolas.
Nos anos de 1974/75, inicia-se no Município de Terra Roxa, a mecanização
do campo. Muitos sitiantes médios e alguns pequenos produtores modernizam
suas propriedades, adquirindo modernos instrumentos para preparação da terra e
colheita. Tratores e tratoristas disputam, trabalham dia e noite na destoca
preparação do campo para o plantio do trigo, da soja.
A partir dos anos finais de 1970 e início da década de 1980, segundo o
censo desse ano, a população terrarroxense decai. No campo constam apenas
14.518 pessoas, mais da metade da população do meio rural até os anos de
1970, ou seja, 17.506 pessoas deixam de trabalhar no campo. A cidade passou
contar com 10.707 habitantes, aumentando a população urbana, mas não
acolhendo a todos muitos vão à busca de outros centros urbanos ou procuram
outras regiões agrícola. O total da população passa ser de 25.225 habitantes,
portanto 13.012 pessoas deixam de morar no Município de Terra Roxa até início
dos anos de 1980.
O censo demográfico de 1991, segundo o IBGE, aponta uma população de
19.820 habitantes, sendo 11.797 na área urbana e 8.023 habitantes do campo.
Continua o êxodo rural e, consequentemente diminuição da população.
No censo 2000, a população é de 16. 300 habitantes, desses apenas 5.258
vivem na zona rural. A partir dos anos de 1996 a 2007, a população oscila entre
16.813 a 16.208 habitantes. Até o início do século XXI, a população rural no
Município de Terra Roxa era de 32,26% e a população urbana de 67,74%,
segundo dados estatísticos do IBGE.
De acordo com dados pesquisados o Município de Terra Roxa até os anos
de 1970, contava com 4.142 estabelecimentos rurais 66.083 hectares de terras.
Na condição de produtor estavam assim distribuídos os estabelecimentos: 2.250
proprietários, 656 arrendatários, 955 parceiros e 326 ocupantes. O censo
agropecuário de 1985 apresenta redução desses estabelecimentos, contando
apenas 2.535 unidades.
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Dados estatísticos do IPARDES (Instituto Paranaense de Desenvolvimento
Econômico e Social), 2007, apontam uma redução ainda mais, dessas
propriedades no Município, constando apenas 1.425 estabelecimentos
agropecuários, segundo a condição do produtor, assim distribuídos; proprietários
1.167, arrendatários 160 ocupantes 40, parceiros 38, assentado sem titulação 20.
Observa-se então a concentração de terras a um menor número de proprietários,
diminuindo pequenas propriedades e proprietários.
Assim, verifica-se que a migração na década de 1970/80, no Município
terrarroxense foi intensa, o êxodo rural bastante acentuado. A população do
campo não mais se refez, perde o campo e a cidade.
Muitos trabalhadores deixam de viver no campo, passam a fazer parte de
outra realidade nas grandes cidades, violência, desemprego. O aproveitamento
desses trabalhadores se deu muitas vezes em subempregos, nos serviços
domésticos e na construção civil, muitos migrantes se sujeitam às péssimas
condições de vida, outros que procuraram novas fronteiras agrícolas também
acabaram encontrando dificuldades para adquirir outras terras proporcionadas
pela insegurança da política agrícola, especialmente para aqueles produtores
que se dedicam às culturas de subsistência; a falta de incentivos agrícolas; os
baixos preços dos produtos.
A conjuntura política, econômica e social dos anos 70 no Brasil ocasionou
uma série de transformações no espaço rural e urbano em todo país e, os
fenômenos climáticos, apressaram essas mudanças com a saída em massa dos
trabalhadores e população do meio rural.
FIRKOWISKI, 2005, p.312, acrescenta que o resultado imediato dessa
conjunção de fatores foi o acelerado movimento de expulsão de trabalhadores
rurais que passaram a se deslocar não só para as áreas de fronteiras agrícola do
país, como também para as cidades. Desse período, o mais expressivo
crescimento das cidades paranaenses, sobretudo Curitiba, Londrina e Maringá.
Foi o período de maior êxodo rural já registrado no país.
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Dentre os fatores que contribuíram para mudanças na população
terraroxense a partir do ano de 1970, não podemos descartar a interferência das
medidas governamentais do regime militar que o país estava atravessando.
Em Terra Roxa com o êxodo rural, houve mudanças2 e, durante uma
década (de 1980 a 1990), a agricultura ainda predominava na economia
terraroxense, sendo bastante diversificada. A partir dos anos 1990, Terra Roxa
começou a se destacar pelas diversas indústrias de Confecção Infantil –“Moda
Bebê”.
Atualmente, o Município se destaca como Pólo Nacional do Vestuário
Infantil, tendo concentradas cerca de 50 empresas neste ramo, gerando 3.500
empregos diretos e indiretos.
Não chega a ser economia predominante, pois a agricultura continua
significativa em decorrência da extensão territorial do Município, mas as indústrias
têm mudado a história de êxodo populacional com a forte demanda de empregos.
ATIVIDADE 1
Objetivo da atividade:
Despertar o aluno para a leitura e o interesse pelo tema ser estudado.
Neste momento, se propõe ao aluno, conhecer a orige m e organização da comunidade
estudada.
Procure responder as seguintes questões:
1- Qual é a justificativa para o nome do Município de Terra Roxa?
2- Os primeiros habitantes do Município de Terra Roxa vieram de onde? Observe no mapa.
3- Qual foi o principal produto agrícola cultivado no Município, até os anos de 1970?
4- Com as mudanças ocorridas no campo qual foi a principal conseqüência para o Município?
5- Que fatores contribuíram para a decadência dos cafezais no Município de Terra Roxa?
6- Até a década de 1970 a maioria da população terrarroxense vivia no (a)_________________
7- Atualmente, além da agricultura, qual é a outra atividade econômica que se destaca no Município?
2 Citação contida no texto Terra Roxa e sua história-economia do Município, disposto no Portal da
Prefeitura do Município de Terra Roxa: http://terraroxa.pr.gov.br/
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8- Observar no mapa do Estado e descrever os Municípios vizinhos do Município de Terra Roxa.
Mapa – fonte: 200.189.113.52/ftp/Mapas/municipios.pdf
2. Mecanização do Campo nos anos de 1970/80 no Bras il
Até o século XVIII, a atividade econômica mais importante para a
humanidade era a agricultura, a maioria da população até então vivia no campo.
Com o surgimento das primeiras máquinas, a industrialização teve início na
Inglaterra, continente europeu, século XVIII. Neste período, muitas cidades
inglesas atraíram camponeses que haviam perdido suas terras em conseqüência
da política de cercamentos no campo.
A indústria corresponde à atividade de transformação de recursos, a partir
do emprego de instrumentos, com o objetivo de produzir outra coisa (ou
mercadoria). As indústrias foram incorporando o desenvolvimento tecnológico à
produção ao longo do tempo, transformando o próprio ato de transformar as
mercadorias. A esse processo de agregação de novas técnicas e tecnologias ao
processo produtivo, que transformaram também o espaço e as relações sociais e
econômicas entre os homens chamamos de Revolução industrial. (Ciências
Humanas e suas Tecnologias, 2005, p. 305).
O processo de mudanças vivenciadas pelos ingleses possibilitou e
contribuiu para a consolidação de uma nova organização econômica, social e
política, o capitalismo industrial.
As máquinas já em funcionamento eram aperfeiçoadas, aumenta as
invenções e a utilização de novas fontes de energia. O crescimento urbano
industrial do século XIX só foi possível graças ao conjunto de transformações que
levaram ao aumento da produção agrícola. A Revolução agrícola foi um fato
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surpreendente na Europa em processo de industrialização, mas ocorreu em
ritmos e intensidades diferentes em diversos países.
Oliveira, em seu livro “Urbanização e Industrialização no Paraná”, comenta:
A revolução industrial proporcionou à economia a oportunidade de incrementar
cada vez mais a produtividade de um vasto número de atividades. O progressivo
rompimento dos laços jurídicos, políticos e sociais que ligavam o homem à
economia agrícola e à sociedade rural, bem como a substituição de agricultura, do
extrativismo e da pecuária pela indústria, como principal setor da atividade
econômica, marcam o início da sociedade contemporânea, industrial e urbana.
(OLIVEIRA, 2001, p 12, 13).
A industrialização brasileira se processou num quadro conflitivo entre o setor urbano industrial e o setor agroexportador. Daí, entretanto não surgiram “dois Brasis”, ou uma estrutura dual, mas um compromisso (Oliveira, 1976) segundo o qual a exportação de produtos agrícolas garantiria a entrada de divisas estrangeiras, com as quais poderia adquirir máquinas e equipamentos no exterior para implantação e manutenção do parque industrial. Conservar a produção agroexportadora era uma das condições para a industrialização, porém sem estimulá-la como núcleo central da economia, desviando os recursos nela gerados para o setor urbano-industrial (via confisco cambial). Em contrapartida, o fortalecimento do parque traria ao setor agroexportador a construção e modernização de vias de aceso, do sistema de transportes e de comunicações, em suma facilidades para o escoamento de sua produção. Além disso, as oligarquias rurais contavam com o apoio industrial, no sentido de manter intocada a estrutura da terra e do trabalhão no meio rural. (MENDONÇA, 2006, p.7-8).
Até o início do século XX, as indústrias brasileiras voltaram-se
principalmente à produção de bens de consumo não-duráveis, como tecidos e
produtos alimentícios, como não havia produção interna de bens de capital a
indústria nacional se organizou dependente de tecnologia estrangeira. Até o final
dos anos de 1950, sem poder contar com o capital privado nacional, nem com o
multinacional, o desenvolvimento industrial se deu mediante a intervenção do
capital estatal. A partir da segunda metade da década de 1950, ocorreu o
chamado processo de modernização da sociedade brasileira, caracterizado,
principalmente, pelo desenvolvimento da indústria de bens de consumo, pelo
aceleramento da urbanização e aumento das pessoas que deixaram de viver no
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espaço rural para viverem na cidade. (História Ensino Médio, Seed, Pr., 2006, p.
119,123,125).
A conseqüência da industrialização brasileira nas últimas décadas dos
anos de 1950, período de governo de Juscelino Kubitschek foi a grande
concentração de renda. Isso ocorre em função da tecnologia moderna, o trabalho
industrial tornou-se mais produtivo, os lucros da produtividade eram apenas dos
empresários, aos trabalhadores nada era cedido nem com barateamento dos
preços nem através dos salários. Poucas pessoas passaram ganhar cada vez
mais, crescendo também as desigualdades sociais. (MENDONÇA,1995, p. 63).
No início da década de 1960, o Brasil vive uma crise, a diminuição da
oferta de empregos e a desvalorização dos salários, provocada pela inflação. Os
problemas gerados pelo “modelo” nacional desenvolvimentista vieram à tona,
promovendo uma grande diminuição do ritmo de crescimento do país.
Os trabalhadores, descontentes com a política econômica, desencadeam
intensa mobilização política popular, com greves, manifestações pelas ruas e as
tensões aumentam nos grandes centros urbanos.
O golpe de 1964 ocorreu num momento de crise da economia brasileira e de grandes mobilizações operárias, estudantis e camponesas em torno de reformas políticas e institucionais de cunho nacionalista, defendidas pelo governo Jango, chamadas “reformas de base”. Os militares, associados aos interesses da grande burguesia nacional e internacional, incentivados e respaldados pelo governo norte americano, justificaram o golpe como “defesa da ordem e das instituições contra o período comunista”. O golpe foi uma reação das classes dominantes ao crescimento dos movimentos sociais mesmo tendo estes um caráter predominantemente nacional-reformista. (HABERT, 1996, p. 8).
O golpe de 1964, sob o ponto de vista estritamente econômico, não
representou nenhuma mudança radical, sendo responsável pelo aprimoramento e
consolidação do modelo implantado desde 1955. O milagre econômico veio a ser
o resultado. (MENDONÇA, 2006, p. 21).
Ao burocratizar a gestão econômica e priorizar o desenvolvimento
escorado no consumo de bens duráveis, pouco acessíveis à maioria da
população, o regime militar conseguiu, por um lado, desenvolver o capitalismo
brasileiro, mas, por outro, acabou agravando uma tendência histórica: a
concentração de renda. A expansão industrial se concentrou no setor de bens de
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consumo duráveis, tais como eletrodomésticos e automóveis, e foi sustentada
pelo crédito fácil, a juros baixos, criando um clima de euforia entre os setores
médios da sociedade, transformados agora em vorazes consumidores.
(NAPOLITANO, 1998, P. 18, 40).
A industrialização brasileira nesse período acontece com apoio de grandes
empresas monopolistas de capital internacional. Os baixos salários e recursos
estrangeiros garantiram a expansão industrial, mas aumentaram a dívida externa.
Multinacionais instalaram-se no país, passaram a produzir, com mão de obra
barata, produtos modernos e sofisticados a preços acessíveis.
No setor agropecuário, a estratégia do governo era promover mediante
subsídios fiscais e empréstimos a juros baixos, a mecanização das grandes
propriedades, sem alteração da estrutura fundiária do país. Com isso, os
economistas do regime acreditavam ser possíveis produzir mais alimentos
(diminuindo o custo da cesta básica do trabalhador urbano), utilizando menos
trabalhadores agrícolas. A adoção dessa política gerou um excedente de mão-de-
obra agrícola que migrou em massa para as cidades, em busca de emprego na
indústria. (NAPOLITANO, 1995, p. 42).
Consolidou-se a grande empresa capitalista favorecida pela política de
financiamento, na esteira do slogan “Exportar é Solução”, imensas regiões foram
ocupadas com programas de expansão agropecuária para exportação. Além dos
produtos tradicionais como café, algodão e açúcar, outros produtos encabeçaram
a lista das exportações, a exemplo da soja que, em poucos anos, tomou conta de
vastos territórios da região sudeste, ocupando terras antes destinadas à produção
de alimentos básicos para o mercado interno, como arroz, feijão e milho. O
processo de capitalização no campo, com a mecanização da produção, o
predomínio do trabalho assalariado e a concentração da propriedade da terra, foi
acompanhado por violenta expropriação e expulsão de milhões de pequenos
proprietários e trabalhadores rurais das terras e das fazendas e pelo intenso
êxodo rural para as cidades. Nos moldes em que a economia brasileira estava
inserida no sistema capitalista mundial, o chamado “milagre” estava intimamente
ligado à entrada maciça de capitais estrangeiros, crescendo o endividamento
externo. (HABERT, 1996, p.16-17).
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Assim, a política econômica adotada neste período, década dos anos de
1970, fez com que muitos pequenos agricultores, proprietários ou arrendatários
da comunidade estudada e por que não dizer da região oeste paranaense não
resistiu, sem condições financeiras para investimentos em maquinários,
tecnologias, a produção diminui. Muitos tentam, mas em vão, restando apenas
dívidas por empréstimos feitos junto a bancos e, sem outras alternativas vendem
suas terras, outros entregam as terras, maquinários como forma de pagamento a
instituições financeiras.
A agricultura mecanizada e o produtor passam se integrar ao mercado com
produção voltada ao excedente e ao lucro, desenvolvendo a monocultura,
inviabilizando a pequena propriedade e pequenos produtores, ampliou latifúndios
e aquisição de maquinários agrícola.
A rápida modernização do campo com à aquisição de tratores,
colheitadeiras por produtores dispostos a enfrentar as mudanças e a substituição
da mão-de-obra pelas máquinas, também contribui para a alteração da população
do meio rural. Não sendo diferente no Município de Terra Roxa que perdeu entre
1970/80 metade de seus habitantes do campo.
ATIVIDADE 2
Objetivo da atividade
Proporcionar ao aluno compreender o processo da industrialização no Brasil e conseqüências
para o campo nos anos de 1970/80.
Após leitura e explicação pela professora sobre o texto: Mecanização do campo no Brasil nos
anos de 1970/80, responder as questões:
a) Em que país teve início a industrialização? A industrialização ocorreu igual em todos os países
e continentes? Por quê?
b) Por que o autor Dennilson de Oliveira, em seu livro “Urbanização e Industrialização no Paraná
descreve que a industrialização foi importante?
c) No Brasil, até início do século XX, quais eram os tipos de indústrias que aqui se encontravam?
E o que significa essa produção?
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ATIVIDADE 3
PESQUISAR EM LIVROS OU INTERNET
a) Conceito de Revolução Industrial.
b) Como se chamava o projeto de desenvolvimento proposto pelo presidente Juscelino
Kubitschek, colocado em prática entre 1956 e 1961, e em que se baseava?
c) Conceito de multinacionais.
d) Diferencie bens de consumo duráveis e bens de consumo não duráveis no decorrer do
desenvolvimento da indústria brasileira.
f) Após a realização das atividades acima citadas a professora deverá fazer um comentário
questionando os alunos sobre a importância da industrialização e também conseqüências para a
sociedade.
3. Êxodo Rural dos Anos de 1970/80 e Consequências no Paraná
O Paraná assiste na década de 70 a um processo de transformações no
campo, marcado pela modernização agrícola e pelo despovoamento rural. Esse
processo está inserido num quadro mais amplo de transformações econômicas e
sociais em nível nacional e internacional, com impacto imediato na agricultura e
na industrialização brasileira. (NEVES, 2006, p. 31).
A modernização da agricultura paranaense na década de 1.970 é
comandada pela cultura da soja, responsável pela introdução de novas
tecnologias, que exigem um alto padrão de investimento de capital, incluindo a
aquisição de terras e levando a uma maior concentração fundiária. Este fato
determina o desaparecimento entre 1970 – 75 de 82.000 estabelecimentos de
médios e pequenos proprietários rurais. (CNBB,1987, p. 23 e NEVES Et ROLIM,
1981). No Estado do Paraná, a região oeste foi uma das regiões mais atingida na
década de 1970. Com o desmatamento para o plantio de café, o clima deixou de
ser estável nesta região e com isso as grandes geadas queimam as lavouras de
café que, aliados ao processo de industrialização no Brasil, a mecanização do
campo, provocou o movimento migratório campo/cidade.
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Para vários autores, dentre eles MORO (1998) e Gusmão e Magalhães
(1984), a década de 1970 apresenta-se como um importante marco do ponto de
vista da dinâmica populacional, não apenas pelo fato de que nos anos de 1970 o
Paraná atraía população e a partir de então passou a expulsar população para
outros Estados, mas também pelo fato de que, concomitante com essa maior
expulsão de população, incrementaram-se os deslocamentos cujo destino são os
maiores centros urbanos do país e do próprio Estado. (FIRKOWISKI, 2005, p.
311).
O Paraná foi o Estado onde esse processo de modernização agrícola
trouxe as maiores conseqüências sociais, entre elas está o desemprego rural. Os
dados de censo agropecuário de 1970 e demográfico de 1980 registram ínfimo
crescimento do emprego rural. (NEVES, 2006, p.34)
O censo demográfico de 1980 traz como dado revelador desse processo
de modernização a queda brusca do crescimento populacional, registrando uma
taxa de apenas 11,5% no período de 1970/80, enquanto a população brasileira
teve um crescimento de 25% no mesmo período. Isto significou a perda de
1.250.000 pessoas no campo paranaense, totalizando em torno de 250.000
famílias, considerando a média de cinco pessoas por família. (GERMER,1982,
P.64). Desse total de 1.102.000 habitantes deixaram o Paraná. São Paulo
recebeu 53% dessa população. A Amazônia e Mato Grosso do Sul absorveram
em torno de 150.000 pessoas. Dos países limítrofes ao Paraná, o Paraguai foi o
que mais recebeu migrantes, cerca de 400.000 pessoas. (IPARDES, 1983, p. 12-
3).
MARTINS descreve, em seu livro “Os Camponeses e a Política no Brasil”
que,
O censo agropecuário de 1975 revelou que 52% dos estabelecimentos rurais tinham menos de 10 ha. e abrangiam apenas 2,8% da área total. Ao mesmo tempo, 0,8% tinha mais de 1000 ha. E compreendia 43% da área total. O mesmo censo revelou que entre 1970 -1975 aumentou muito mais a área controlada pelos grandes proprietários do que a área controlada pelos pequenos, esta última praticamente estacionada em tempos relativos. Além de revelar maior concentração de propriedade, o mesmo censo mostrou que o regime de propriedade se fortaleceu em detrimento dos lavradores sem terra. Enquanto houve um ligeiro decréscimo no número de estabelecimentos dirigidos pelos próprios proprietários a sua área cresceu mais de 10%. Mas o número de estabelecimentos organizados em terras arrendadas mediante várias
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formas de pagamento de aluguel caiu em 10%. Por sua vez, a área arrendada diminuiu em 19%. Em termos práticos isso significa a expulsão de lavradores das terras em que trabalhavam. Acrescenta-se transformações ocorridas na organização interna das grandes fazendas lançaram um grande número de trabalhadores para fora da terra. Lavradores e trabalhadores expulsos dirigiam-se em parte para as cidades, à procura de emprego, para constituir o chamado exército industrial de reserva-a massa de trabalhadores disponíveis no mercado de trabalho, à procura de emprego, cuja função, pelo excesso de oferta em relação a procura, e a de rebaixar os salários (MARTINS, 1981, p. 45).
A concentração fundiária a partir dos anos de 1970/80 aponta o
desaparecimento de muitos pequenos proprietários trabalhadores rurais
arrendatários e parceiros e, entre as conseqüências que levaram ao êxodo rural
estão o desemprego no campo, o endividamento dos pequenos proprietários a
mecanização e reorganização dos grandes latifúndios. A máquina substituiu o
trabalhador rural.
O êxodo rural, impulsionado pela modernização da economia, fez com que
milhares de trabalhadores do campo corressem para os grandes centros urbanos
industrializados, em função de uma industrialização excludente, muitos migrantes
permanecem à margem do mercado de trabalho, discriminados e excluídos.
Com a expectativa de rápida inserção no mercado de trabalho na cidade
depara-se com triste realidade. Trabalho com baixa remuneração e o desemprego
levou muito desses trabalhadores a viverem em cortiços, favelas. Ocorre uma
expansão urbana caótica, as cidades crescem desordenadamente e sem poder
oferecer condições básicas de vida a seus ocupantes, provocando um grande
contraste: de um lado o moderno, a riqueza caracterizada por grandes e belos
condomínios, shoppings centers, carrões; por outro a pobreza. “Os trabalhadores”
não podem comprar moradias, crescem as favelas, bairros e vilas com problemas
de infra-estrutura e equipamentos como escolas, transporte, hospitais,
saneamento básico, ruas sem asfalto, trabalho sem vínculo empregatício e dos
serviços públicos de saúde e assistência social. As conseqüências são
desanimadoras, subempregos, violência, mendicância e criminalidade.
Assim, muitos trabalhadores rurais proprietários, parceiros ou arrendatários
nos anos de 1970/80 obrigados a deixar o campo para viverem nas cidades em
busca de novos trabalhos ou em outras fronteiras agrícolas conseguem se
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organizar e ter vida digna para si e sua família. Para outros, viver, trabalhar ficou
ainda mais difícil.
As transformações ocorridas com êxodo rural de 1970/80 contribuíram para
a enorme redução no número de pequenas propriedades e, consequentemente, a
ampliação do poder dos grandes latifundiários, maiores beneficiados com a
aquisição das pequenas propriedades e assim, iniciando o processo de
concentração de terras e por outro, aumentando a desigualdade social e as lutas
no campo.
ATIVIDADE 4
ENTREVISTA COM A FAMÍLIA
Objetivos da Atividade:
Proporcionar ao aluno melhor compreensão sobre o êx odo rural dos anos de 1970/80.
Promover um espaço de debate, onde o aluno possa ex pressar seus conhecimentos sobre
sua realidade, da família e o meio onde vive.
Tarefa individual, cada aluno fará entrevista com sua família para levantamento de dados
e conhecimento da realidade de cada família. Com as informações colhidas serão analisadas
pelas professoras de história/ matemática e um grupo de quatro alunos para elaboração de
gráficos e apresentação à turma.
Após a conclusão dos resultados questionar os alunos quanto aos problemas levantados,
perguntando se possui alguma relação com a “migração” dos anos de 1970/80.
O resultado da pesquisa será colocado em exposição pelos alunos na escola para apreciação da
comunidade escolar.
Nome do Colégio ----------------------------------- ----------------------------------
Data_____________________________
Aluno/entrevistador (a)____________________________ __Série____
Professora_________________________________________ __
Disciplina_________________________________________ ___
1- Alguém da família é ou foi agricultor, mora ou já morou no campo ( sítio, fazenda)?
a) ( ) pais b) ( ) avós c) ( ) todos
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2- Se moravam no campo, em que Município, Estado estava localizado as suas terras?
3- Que motivo levou vir morar na cidade?
a) ( ) Vendeu a terra
b) ( ) perdeu o trabalho
c) ( ) ainda tem e trabalha na terra
d) ( ) violência
e) ( ) para os filhos estudarem
f) ( ) outros
4- E que ano vieram morar na cidade?
5- Vindo morar na cidade, encontrou emprego, trabalho digno, facilmente?
a) ( ) Sim
b) ( ) Não
5- O senhor (a) era:
a) ( ) dono da terra
b) ( ) arrendatário
c) ( ) parceiro
d) ( ) empregado
e) ( ) Outros
6- O que produziam mais no campo
a) ( ) agricultura para sobrevivência
b) ( ) agricultura para comercialização
c) ( ) as duas: sobreviver e comercializar
7- Por que vieram morar nesta cidade?
8- Você mora:
a) ( ) próximo ao centro da cidade
b) ( ) vila ou bairro
9- Seu avô estudou até a _______ série. Sua avó estudou até a _____série.
10- Seu pai estudou até a ________série. Sua mãe estudou até ______série.
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TEXTO: A Reforma Agrária.
O processo de expansão das fronteiras agrícolas e concentração da estrutura fundiária geram conflitos permanentes e crescentes pela posse da terra. Tais conflitos vêem se avolumando nas últimas décadas, configurando o panorama de uma guerra aberta no campo brasileiro.
Em 1964, logo após o golpe militar que instituiu o regime ditatorial, o Marechal presidente Castelo Branco, editou o Estatuto da Terra. Com ele, desenhavam-se os contornos da reforma Agrária dos militares. O Estatuto era uma resposta ao crescimento dos movimentos rurais pela reforma agrária, especialmente as Ligas Camponesas, organizações de camponeses pobres do Nordeste.
A reforma agrária dos militares não visava a alteração da estrutura fundiária concentradora, mas a sua manutenção. O Estatuto classificava as propriedades rurais e criava mecanismos para desapropriação dos latifúndios e dos imóveis improdutivos. Mas, principalmente, apontavam o caminho da colonização de novas terras como estratégia para desafogar as áreas de conflitos rurais. Dessa forma, representava um instrumento de intervenção do Estado em pontos localizados e não um projeto de transformação global da estrutura fundiária do país. (A Nova Geografia do Brasil, 1992, p. 135,136)
Com a industrialização, mecanização do campo e o êxodo rural nos anos de 1970, muitos
trabalhadores rurais que perderam ou tiveram que deixar sua terra ou trabalho no campo
organizam o movimento da luta pela Reforma Agrária, ou seja, a reivindicação de seus direitos
com a esperança de ter um pedaço de terra.
Reforma Agrária é a redistribuição de terras. Terras desapropriadas seriam subdivididas
em lotes e distribuídas entre agricultores e trabalhadores rurais sem terra, organizando os
chamados assentamentos.
A partir dos anos finais da década de 80, cresce o movimento dos trabalhadores sem
terras (MST) no país, pressionando governo e tendo como tática a invasão e ocupação das
terras que não estivessem produzindo. Os fazendeiros reagem de forma violenta contra os
trabalhadores que promovem a invasão ou ocupação de terras.
ATIVIDADE 5
Objetivo da Atividade:
Provocar o aluno perceber as conseqüências do êxodo rural a organização e a luta dos trabalhadores rurais pela Reforma Agrária.
a) Solicitar aos alunos fazer uma redação, mostrando o que entendeu sobre Migração (êxodo rural) nos anos de 1970/80 e a luta pela reforma agrária.
b) Pesquisar o significado de INCRA.
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c) o Que quer dizer concentração da terra?
OBS: Para melhor compreensão sobre as conseqüências do êxodo rural de 1970/80 e a luta pela reforma agrária, sugestão do filme: Terra para Rose. Direção Tetê Morais, 1989 ou outros documentários disponívels na Internet que retratam a concentração de terras movimento pela reforma agrária no país.
ATIVIDADE 6
PESQUISA/ENTREVISTA COM MORADORES DA COMUNIDADE TER RARROXENSE. (HISTÓRIA ORAL)
Objetivo da atividade:
Despertar no aluno o interesse pela pesquisa, colocando-se à frente de pessoas (moradores) da comunidade estudada buscando informações sobre os motivos que transformaram a sociedade e atividades econômicas com a migração dos anos de 1970/80.
Os alunos serão organizados em grupos de 4 pessoas para uma entrevista sempre auxiliados pela professora.
Apresentação do aluno (a) ao entrevistado
Sou_________________________________________________________ da 7ª Série do Colégio
Estadual Mendes Gonçalves-Guaíra-Paraná.
1-Entrevistado nome________________________________________________________________
Idade__________________ Sexo______________________Idade________anos.
2- Em que ano o (a) senhor (a) sua família veio morar neste município?
3- De onde vieram?
4- Que motivo levou o senhor (a) comprar terras, vir morar em Terra Roxa?
5- Como foram os primeiros tempos?
6- O senhor (a) tinha ou tem terras no Município? Pode dizer a quantidade? Quanto? Ou era arrendatário? Parceiro?
7- Em suas terras quais foram os principais produtos agrícolas cultivados até o final dos anos de 1970?
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8- O senhor (a) morou no campo? O que levou vir morar na cidade?
9- A partir dos anos de 1970 o senhor adquiriu mais terras? Ou deixou de ter terras?
10- Hoje, quais são os principais produtos agrícolas cultivados em sua terra? Usa maquinários para produzir?
11- O senhor tem empregados que moram no campo? Por quê?
ATIVIDADE 7
O processo de industrialização tr ouxe a modernização da agricultura brasileira, a partir dos anos de 1970. Essa modernização veio a centuar a concentração de terra e o êxodo rural, intensificou as migrações para outras regiões do país como Centro-Oeste e Norte, em busca de terras e trabalho, as chamadas “ fronteiras agrícolas” do momento.
Objetivo da Atividade:
Compreender a dinâmica do movimento migratório.
1- Em dupla os alunos deverão ler o texto abaixo com atenção, refletir e fazer comentário sobre o que entendeu, fazendo comparação com o tema estudado “Migração”.
(...) Tem gente que vem e quer voltar Tem gente que vai, quer ficar Tem gente que veio só olhar Tem gente a sorrir e a chorar E assim chegar e partir... (...)
Fragmentos da canção Encontros e Despedidas, Milton Nascimento. CD NOVO MILLENNIUM, UNIVERSAL MUSIC LTDA, 2005.
2- Responder a questão: Por que as pessoas migram?
ATIVIDADE 8
Encerramento: Seminário.
Objetivo do Seminário:
Promover o encontro de educandos e pioneiros, prior izando relato de vivências que justificam o êxodo rural a partir da década de 70 .
Os alunos serão conduzidos até a Casa da Cultura Ademir Antonelli (Terra Roxa-PR) onde terão oportunidade de ouvir depoimentos e perguntar aos trabalhadores rural sendo um proprietário,
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um que perdeu (vendeu) as terras e outro que perdeu o trabalho no campo.
Duração: 60 minutos.
Será gravado para possível transcrição no Artigo final.
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