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Seja bem Vindo! Curso Saúde Bucal CursosOnlineSP.com.br Carga horária: 55hs

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Seja bem Vindo!

Curso

Saúde Bucal

CursosOnlineSP.com.br

Carga horária: 55hs

Conteúdo programático:

Boca, língua e dente

A saúde bucal das gestantes

Prevenção e fatores de doenças bucais

Os micro-organismos presentes na boca e a Halitose

O perigo das cáries

Câncer de boca

Doença periodontal

Educação em saúde bucal

A prática educativa

A prática da odontologia - Biossegurança

Processo higienização, produtos e utilitários

Bibliografia

Boca, língua e dente.

Neste tópico você vai conhecer a anatomia da boca, que

inclui língua e dente.

Boca

Boca ou cavidade oral é o orifício por onde o alimento entra

com o objetivo de atingir o estômago. É dentro da boca, portanto,

que estão os dentes e a língua, ambos com a função de preparar o

alimento para a digestão, por meio da mastigação. Na mastigação,

os dentes trituram os alimentos em pequenos pedaços que, com o

auxílio da saliva, facilitará a futura ação das enzimas.

A boca é revestida por uma membrana mucosa que protege

órgãos ocos, como o tubo digestivo. O palato é uma membrana que

separa a cavidade bucal das fossas nasais e é formado pelos

palatos duro e mole.

O palato duro, também conhecido como abóbada palatina,

tem uma forma arqueada e é constituído pela união dos ossos

maxilar superior e palatino.

O palato mole, também denominado véu palatino é uma

estrutura suave e parcialmente móvel, que separa a cavidade bucal

da faringe num estreitamento denominado istmo das fauces.

Enquanto que o palato duro serve para oferecer alguma

resistência à língua durante a mastigação e a deglutição, o palato

mole encarrega-se de bloquear a passagem dos alimentos para as

fossas nasais no momento de engoli-los. Segundo Thibodeau &

Patton, “a úvula e o palato mole impedem que qualquer alimento

ou líquido entre nas cavidades nasais situados superiormente à

boca”.

As glândulas salivares são um conjunto de glândulas

responsáveis pela produção de saliva. A saliva, por sua vez, é um

líquido alcalino, claro e viscoso, composto basicamente por água,

sais minerais, mucina, glóbulos brancos e enzimas.

Embora existam inúmeras glândulas produtoras de saliva

dentro da cavidade bucal, as principais são:

a) as glândulas parótidas, situadas em ambos os lados do

rosto, abaixo e em frente dos ouvidos;

b) as glândulas submaxilares, localizadas na parte

posterior do pavimento bucal, abaixo da maxila;

c) e as glândulas sublinguais, situadas na parte anterior

do pavimento bucal, debaixo da língua.

Segundo o portal Medipédia Beta, entre as patologias mais

comuns das glândulas salivares, destacam-se os processos

inflamatórios e infecciosos, como o produzido pelo vírus da

parotidite ou papeira. “Por vezes, formam-se uma concreção

sólida (ou cálculo) que obstrui o canal excretor, impedindo a saída

da saliva e provocando um inchaço doloroso da glândula.

Raramente aparecem tumores nas glândulas salivares, sendo por

norma de natureza benigna”.

Chamam-se lábios as dobras carnudas compostas por

fibras musculares, cobertas por pele na parte exterior e por mucosa

na parte interior. A cor avermelhada é em virtude da grande

vascularização da mucosa, que dispõe também de numerosas

terminações nervosas responsáveis pela sua grande

sensibilidade. Entre as diversas funções assumidas pelos lábios,

podemos destacar:

- participação na alimentação e na emissão dos sons;

- cumprem um destacado papel sensorial e erótico nas

relações humanas.

Língua

A língua é um músculo largo, em forma de cone e com um

leve achatamento na ponta, conforme Thibodeau & Patton, “a língua

se compõe de músculo esquelético coberto por membrana

mucosa”.

Os autores ainda afirmam que a língua está firmemente fixada

aos ossos no crânio e ao osso hioide do pescoço. Estas

características, somadas à espessura da língua, que é formada por

diversos músculos, determina a capacidade desse músculo em se

movimentar para todas as direções.

A membrana mucosa que cobre a língua é rica em vasos

sanguíneos e terminações nervosas. Na parte de baixo,

encontram-se milhares de pequenas estruturas responsáveis pela

percepção do gosto, que acontece com maior ou menor grau

dependendo da reação aos diferentes sabores.

O frênulo da língua, ou freio lingual, é uma pequena tira de

tecido que atua como uma prega de pele ou membrana mucosa,

que restringe o alcance de movimento da língua.

A glândula submandibular é uma glândula salivar localizada

abaixo da mandíbula. Produz a maior parte da saliva liberada na

boca.

As glândulas sublinguais são glândulas salivares que têm

forma de uma pequena amêndoa, situada entre o assoalho da boca

e o músculo milo- hioideo.

Dente

Os dentes são estruturas duras, calcificadas, presas ao

maxilar superior e à mandíbula. Além de ser o principal elemento na

mastigação, os dentes estão ligados diretamente na articulação da

fala.

Cada unidade de dente possui, em seu centro, nervos

sensitivos e vasos sanguíneos que são protegidos por várias

camadas de tecido. A camada mais externa, o esmalte, é a

substância mais dura.

Abaixo do esmalte, que circunda a polpa, da coroa até a raiz, está

situada uma camada de substância óssea chamada dentina.

Segundo Thibodeau Patton, “a dentina representa a maior parte

externa do dente”.

A cavidade pulpar é ocupada pela polpa dental, um tecido

conjuntivo frouxo, ricamente vascularizado e inervado.

Cemento é um tecido duro que separa a raiz do

ligamento periodontal que prende a raiz e liga o dente à gengiva e à

mandíbula, na estrutura e composição química assemelha-se ao

osso; dispõe-se como uma fina camada sobre as raízes dos dentes.

Através de um orifício aberto na extremidade da raiz, penetram

vasos sanguíneos, nervos e tecido conjuntivo.

Saúde bucal: da infância à terceira idade

Neste tópico, você vai aprender as características da saúde

bucal desde a infância até a terceira idade.

Infância

De um modo geral, atribuem-se os cuidados precoces à

saúde bucal graças ao trabalho da Odontologia, que difundiu uma

nova visão sobre a abordagem das doenças bucais, fundamentado

da promoção à prevenção.

Desta forma, o desenvolvimento da Cariologia, ciência que

estuda os processos que levam à cárie, espalhou a ideia do

tratamento da cárie enquanto doença infecciosa que deve ser

combatida o mais cedo possível.

A cárie pode ser evitada por meio de uma dieta controlada, e

deve ser praticada desde a vida intrauterina, especificamente a

partir do quarto mês de gestação, conforme orienta o Dr. Rafael

Amado Silva, mestre em dentística, “período em que se inicia o

desenvolvimento do paladar do bebê”. Dessa forma, os hábitos

alimentares da mãe proporcionam uma melhor condição de saúde

bucal para o bebê.

O Caderno de Atenção Básica - Saúde Bucal, do

Ministério da Saúde, afirma que “as ações de cuidado no primeiro

ano de vida devem ser realizadas no contexto do trabalho

multidisciplinar da equipe de saúde como um todo”, evitando a

criação de programas de saúde bucal específicos e isolados da

área médico-enfermagem.

No período de surgimento dos dentes, é comum o aparecimento de

alguns sintomas como salivação abundante, diarreia, aumento da

temperatura corporal (febre) e sono agitado, no entanto, tais

situações nem sempre são decorrentes deste processo, portanto

deve ser realizada uma investigação para se descobrir outras

causas que podem ser decorrentes de tais sintomas.

O uso excessivo de creme dental, principalmente os com flúor,

pode causar fluorose dentária.

Já nos primeiros meses de vida, o bebê deve ser induzido a

uma rotina adequada, isso quer dizer evitar amamentação noturna

com ausência de higiene bucal e estimulação para o uso de

chupetas. Conforme o módulo de Saúde Bucal por Ciclos de Vida,

produzido pela UFMS – Universidade Federal de Mato Grosso do

Sul, “Os hábitos da família, particularmente da mãe, determinam o

comportamento que os filhos adotarão”.

A amamentação natural durante o primeiro ano de vida é

fundamental para a saúde do bebê. Os benefícios para a criança

são:

- Correto padrão de respiração;

- Correto posicionamento da língua sobre as arcadas

dentárias, estimulando o vedamento labial, crescimento das

arcadas e a posição correta dos dentes sobre a arcada;

- Obtenção de um adequado tônus muscular orofacial,

crescimento das funções de mastigação, deglutição e fonação;

- Perfeita estimulação sensória, motora e oral dos órgãos

fono-articulatórios, propiciando o bom desenvolvimento da fala;

- Deglutição correta.

O aleitamento materno deve ser feito com exclusividade até

os 06 meses de idade. A partir disso, deve-se incentivar o uso

progressivo de alimentos em colheres e copos.

Um hábito inadequado dos adultos, muito comum, como,

por exemplo, beijar o bebê na boca pode contaminar precocemente

a criança. Além disso, talheres devem ser bem lavados e uma

chupeta nunca pode ser utilizada por outra pessoa, ainda mais se

for adulto.

O Caderno de Atenção Básica - Saúde Bucal, do Ministério

da Saúde orienta para um adequado hábito em relação à

sucção de chupeta ou mamadeira:

• Em situações adversas, nas quais necessite dar mamadeira

ao bebê, não aumentar o furo do bico do mamilo artificial, que serve

para o bebê fazer a sucção e aprender a deglutir.

• Quando a necessidade de sucção não for satisfeita com o

aleitamento materno, a chupeta deve ser usada racionalmente, não

sendo oferecida a qualquer sinal de desconforto. Utilizar

exclusivamente como complemento à sucção na fase em que o

bebê necessita deste exercício funcional. Não é recomendável que

o bebê durma todo o tempo com a chupeta.

A sucção do seio é um exercício importante para o

desenvolvimento da boca (arcos dentários) e para criar hábitos

corretos de deglutição (engolir). No primeiro semestre de vida do

bebê, o leite é essencial e o volume ideal é produzido pela mãe,

pois contém tudo o que o bebê e seus dentes precisam, na

medida e temperatura exatas, inclusive anticorpos responsáveis

pela defesa do organismo.

A amamentação ainda significa para a criança motivo de

satisfação, prazer e segurança, importantes para um bom equilíbrio

emocional no futuro.

Dos 2 aos 9 anos, é a idade ideal para desenvolver os

hábitos adequados à saúde bucal da criança, como escovar os

dentes, por exemplo. O comportamento familiar é importante, uma

vez que o aprendizado ocorre, também, por meio da observação e

da cultura que se vai criando dentro do lar.

No que diz respeito ao trabalho multiprofissional –

médicos e enfermeiros – o exame da cavidade bucal das

crianças deve ser uma atividade de rotina. O objetivo é localizar a

presença de lesões nos dentes ou tecidos moles bucais, durante os

exames, e consequentemente fazer o encaminhamento formal para

o serviço odontológico.

Deve-se evitar a extração precoce dos dentes decíduos, o

dente de leite, pois este procedimento pode alterar o tempo de

erupção do dente permanente, podendo provocar má oclusão.

O adolescente

A saúde bucal dos adolescentes tem uma grande

importância porque é nesse período que a cárie mais aparece.

Por ser uma fase marcante no processo do desenvolvimento

humano, médicos, enfermeiros, dentistas e a família devem levar

em consideração os principais problemas que afetam os

adolescentes, tais como: violência, problemas familiares,

depressão, drogas , álcool, gravidez, doenças sexualmente

transmissíveis e outros, para atuar de forma multiprofissional e fazer

os encaminhamentos necessários.

É muito comum o jovem não se importar com o

autocuidado, segundo o Manual técnico de educação em saúde

bucal, do SESI, “é frequente, principalmente no início da

adolescência, que os bons hábitos de higiene sejam colocados de

lado”, por se tratar de um período de descobertas e outras

urgências que consideram prioritárias.

É nessa fase, portanto, que o jovem começa a tomar

algumas decisões sem a interferência de um adulto, como, por

exemplo, ser responsável pela tarefa dos cuidados com a própria

boca.

Se por um lado o início da adolescência é um período de

poucos cuidados com a escovação dentária, por outro é uma fase

fundamental para se adquirir hábitos adequados de higiene

bucal. É nessa fase que se estabelece um aprendizado ligado à

saúde, estilo de vida e comportamento em sociedade.

Além da cárie, a gengivite é outra enfermidade muito comum

aos adolescentes. A gengivite é uma inflamação da gengiva

que provoca vermelhidão, sangramento e mau hálito. A gengivite é

uma infecção causada por bactérias quando não ocorre um

controle adequado através da escovação e do fio dental.

De um modo geral, a gengivite está associada à presença de

tártaro. Tártaro é a placa bacteriana que endurece na superfície dos

dentes, ele pode se formar sob a gengiva e irritar os tecidos

gengivais, provocando além de cárie, mau hálito também.

Uma gengivite mal cuidada pode agravar a situação e

transformar-se em uma doença mais grave: a Periodontite Juvenil.

A doença periodontal ataca os tecidos em torno dos dentes

(gengiva, osso e ligamentos) sem que a pessoa, muitas vezes, sinta

qualquer manifestação de dor.

As principais características das periodontites são:

- Formas localizadas e generalizadas;

- Na maioria dos casos, o paciente tem um aspecto

periodontal saudável;

- A quantidade de placa bacteriana é incompatível com a

severa destruição periodontal;

- Podem ser caracterizadas por uma tendência familiar;

- Possuem progressão rápida.

O adulto

Na vida adulta, a atenção maior em relação à saúde bucal se

refere à identificação precoce de determinadas patologias como

o diabetes, a hipertensão e o câncer bucal, sendo importante que

a educação em saúde envolva ações voltadas para a

instrumentalização, prevenção, tratamento e controle dos fatores de

risco que levam a tais doenças.

O diabete

O Diabetes Mellitus é uma doença que normalmente se

manifesta em pessoas acima dos 45 anos. Trata-se de uma

insuficiência absoluta ou relativa de insulina, causada pelas

alterações metabólicas dos carboidratos, lipídios e das proteínas.

Essa insuficiência de insulina é provocada pelo pâncreas,

conforme o Manual técnico de educação em saúde bucal, do

SESI, “as pessoas portadoras de diabetes frequentemente

apresentam secura na boca pela diminuição na saliva,

sensibilidade dolorosa na língua e distúrbios de gustação”.

Devido aos altos níveis de glicose (açúcar) no sangue, o

indivíduo diabético tem maior chance de desenvolver doença

gengival avançada, além de contribuir para a perda de dentes.

A hipertensão

A Hipertensão Arterial Sistêmica é o mais comum e

importante fator de risco para a doença cardiovascular e tem,

com esta, uma relação contínua e progressiva. O tratamento

farmacológico pode acarretar efeitos colaterais no meio bucal.

Além disso, a terapia diversificada usada no tratamento dessa

doença pode interferir direta ou indiretamente nos

procedimentos odontológicos, devido a interações

medicamentosas, a indução da hipotensão postural e a alteração

de humor.

Tanto no caso do diabetes quanto no caso da hipertensão arterial, é

importante que as pessoas sejam informadas sobre os serviços

públicos de referência para tratamento dessas patologias.

O câncer bucal

O Câncer Bucal é um termo que inclui os cânceres de lábio e

de cavidade oral (mucosa bucal, gengivas, palato duro, língua oral e

assoalho da boca). O diagnóstico precoce é fundamental para

um tratamento adequado, pois, na fase inicial, a expectativa de

cura é de 80 a 100%.

No entanto, a proporção de diagnóstico em fase inicial é de

apenas 10% dos casos e nos cânceres de língua esta taxa cai para

5%. Daí a importância de que a programação de educação em

saúde bucal contemple ações que instrumentalizem as pessoas

para realizarem o autoexame da boca, a fim de identificar os sinais

primários do câncer. A forma adequada de fazer este autoexame

será explicada com maiores detalhes no próximo capítulo.

O câncer de boca tem seu desenvolvimento estimulado por

fatores ambientais e fatores próprios do indivíduo:

- Idade superior a 40 anos;

- Sexo masculino;

- Tabagismo;

- Alcoolismo;

- Má higiene bucal;

- Desnutrição e imunodepressão;

- Uso de próteses mal ajustadas;

- Irritação crônica da mucosa bucal;

- Consumo excessivo e prolongado de chimarrão.

Esta doença pode ser detectada após o aparecimento de feridas na

boca que demoram a cicatrizar. Outros sintomas são ulcerações

superficiais com menos de 2 cm de diâmetro e indolores, podendo

sangrar, e manchas esbranquiçadas ou avermelhadas nos lábios ou

na mucosa bucal.

O idoso

De acordo com o Manual técnico de educação em saúde

bucal, do SESI, “estudos sugerem que 70% dos idosos necessitam

de algum tipo de tratamento odontológico”.

Apesar disso, atitude diante dos cuidados com a boca segue

de maneira lenta, estima-se que desse número apenas 20% a 35%

dos idosos procuram algum tratamento.

Entre os maiores argumentos para justificar a falta de

cuidados com a saúde bucal estão: condição socioeconômica,

dependência funcional ou estado de saúde extremamente

debilitado.

Ao atender o idoso, é preciso considerar os fatores e

características próprias desta faixa etária, tais como:

- consumo de medicação contínua;

- estado físico e emocional;

- insegurança;

- estilo de vida;

- maior risco a algumas patologias bucais, como o câncer

bucal.

O melhor tratamento médico ou odontológico, no caso do

idoso, terá que basear seu prognóstico levando em conta o forte

caráter psicológico e emocional da pessoa de mais idade.

A equipe de saúde bucal deve procurar prestar um

atendimento educado e atencioso, mas chamar o idoso pelo

nome (evitando as expressões “vovô” ou “titio”). Se caso o idoso

estiver com um acompanhante, as informações devem ser

passadas para o próprio paciente e não seu acompanhante, a não

ser em casos especiais.

No que diz respeito à saúde bucal, as pessoas idosas

costumam apresentar “edentulismo” (ausência de dentes), “doença

periodonta”, “cárie de raiz”, “xerostomia” (diminuição de produção

da saliva/secura na boca), atrição/abrasão e lesões da mucosa

bucal.

O envelhecimento ao longo da vida é o responsável natural

dos agravos que ocorrem na boca.

A saliva tem a função de limpar, e proteger toda boca. Como o

idoso tem menos capacidade de produzir saliva, a limpeza da língua

se torna uma grande preocupação dos dentistas na orientação

quanto à higienização.

Essa é uma fase em que os familiares devem ter preparo para

cuidar do idoso.

Pesquisas apontam que as alterações salivares, na

maioria das vezes, estão associadas principalmente ao uso de

medicamentos para tratamento de doenças sistêmicas, ou seja,

aquelas que atacam todo o organismo como hipertensão e

diabetes, por exemplo.

Estima-se que cerca de 70% dos remédios ingeridos pelos

idosos têm efeitos colaterais na cavidade bucal e interferem no

equilíbrio das bactérias presentes na boca.

Esse é um aspecto importante a ser considerado na condução

do tratamento, não só no sentido de evitar a sobreposição de

medicação, mas também no que diz respeito a uma

compreensão mais integral das dificuldades pelas quais passa a

pessoa idosa, procurando auxiliá-la no seu quadro geral de saúde.

A constatação de que as doenças bucais podem ocasionar

complicações sistêmicas e diminuição da qualidade de vida

determina decisões relativas ao encaminhamento do atendimento

integral à saúde do idoso.

Explicar ao idoso e a seus familiares os fatores que favorecem

as condições de bem-estar, como a alimentação, por exemplo, é

fundamental na condução do tratamento.

Ações educativas que elabore cardápios balanceados,

atraentes e adequados aos idosos são essenciais para superar

problemas como:

- perda do paladar;

- rejeição ao consumo de nutrientes.

O resultado é o favorecimento da ingestão de menos

medicamentos e, consequentemente, a diminuição dos efeitos

colaterais que tanto prejudica o funcionamento das próteses totais,

por exemplo.

Chama-se Anamnese a entrevista realizada pelo

profissional de saúde ao seu paciente, que tem a objetivo de

ser um ponto inicial no diagnóstico de uma doença.

Desta forma, deve haver uma preocupação maior na

elaboração de uma anamnese do idoso, pois geralmente com o

avanço da idade há também um maior uso de remédios em

comparação com a população adulta.

De acordo com o Manual técnico de educação em saúde

bucal, do SESI, “para auxiliar no quadro geral de saúde do idoso o

programa deve incluir orientações e apoios voltados para o estímulo

e a viabilidade da prática de atividade física, considerando os

benefícios do exercício físico para melhora da capacidade

fisiológica em portadores de doenças crônicas, redução do número

de medicamentos prescritos, prevenção do declínio cognitivo,

manutenção do status funcional mais elevado, redução da

frequência de quedas e incidência de fraturas e benefícios

psicológicos, como melhora na autoestima”.

A higienização das próteses evita odores desagradáveis e

manchas nas peças, além de prevenir a colonização de bactérias,

que podem injuriar a mucosa e provocar doenças sistêmicas.

Hábitos incorretos, como a utilização das próteses totais

durante a noite e a higiene inadequada, têm sido associados à

prevalência de estomatite relacionada ao uso de próteses totais.

Discutindo os pontos positivos e as dificuldades

encontradas na adaptação à prótese de acompanhamento devem

incluir instruções sobre ajustes iniciais e cuidados, orientação com

relação aos procedimentos de reembasamento e explicação quanto

à necessidade de um novo par de próteses totais após cinco anos

de uso, ou conforme se faça necessário em função de episódios

intercorrentes, como perda excessiva de peso, por exemplo.

Atenção especial deve ser dada ao aparecimento de lesões.

Com o passar do tempo, os tecidos se modificam e esses

aparelhos não acompanham essas alterações. A tendência é que

eles se tornem instáveis e soltos. A movimentação dessas próteses

sobre a mucosa bucal leva à lesões e crescimentos teciduais que

são potencialmente cancerígenos. É importante a visita ao

dentista pelo menos uma vez ao ano para, se necessário, fazer

os ajustes ou troca das próteses.

Estética, harmonia facial, desgaste dos dentes,

envelhecimento precoce, falta de retenção, reabsorção óssea,

dores em algumas áreas são alguns itens importantes para

indicação ou não de uma nova dentadura.

A dentadura inferior leva quatro vezes mais tempo para se

acostumar do que a superior. Quanto mais tempo a pessoa

empregar na mastigação, melhor será a adaptação.

Para tal, orienta-se não comer porções grandes de

alimentos a princípio, dividindo-os em pequenas porções.

É natural sentir dor e desconforto no começo, e se

aparecerem pontos dolorosos ou calos, deve-se procurar o dentista

para que sejam tomadas as providências indicadas.

Nos primeiros dias, deve-se comer alimentos macios e

cremosos e, à medida que for progredindo, pode-se passar aos

alimentos sólidos, mastigando vagarosamente e por igual, a fim de

controlar a dentadura e a pressão das gengivas ao morder.

A saúde bucal das gestantes

Cada mulher se relaciona com a gestação de maneira

diferente. A característica particular de cada gestação interfere no

seu desenvolvimento, bem como na relação que a mulher

estabelece com a família e com a criança, desde as primeiras

horas no ventre. Influencia, também, no processo de

amamentação e nos cuidados com a criança e com a mulher.

É possível aprender detalhes sobre questões

relacionadas à saúde bucal da gestante, no entanto, nossa função é

apresentar os conceitos para fins de conhecimento. Somente um

profissional de saúde é capacitado para compreender os múltiplos

significados da gestação.

Uma gestante sente a necessidade de ser ouvida. Poder

expressar seus medos e suas inseguranças fortalece a gestante no

seu caminho até o parto. É o momento em que a grávida passa a

construir um conceito de si mesma, contribuindo para um parto

tranquilo e saudável.

Conforme o Manual técnico de educação em saúde bucal, do SESI,

“o estado de saúde bucal apresentado durante a gestação tem

íntima relação com a saúde geral da gestante, podendo influenciar

diretamente na saúde geral e bucal do bebê.”

Durante o período de gestação pode ocorrer uma série de

alterações no organismo da gestante que facilitam o surgimento de

problemas bucais:

- Aumento da acidez bucal: existem relatos de alterações no

pH da saliva (tornando-a mais ácida) como sendo um dos fatores

que predispõem e podem levar ao surgimento de cárie dentária

nas gestantes. Esta hiperacidez pode ser controlada com a

escovação após as refeições.

- Alterações hormonais e aumento da vascularização

gengival: a gengiva também passa por alterações durante a

gestação, onde pode existir uma resposta exagerada dos tecidos

moles gengivais aos fatores locais, que se deve ao aumento da

vascularização da gengiva durante a gravidez. Além disso, pode

ocorrer aumento da mobilidade dentária, que pode estar

associada a alterações dos hormônios estrógeno e progesterona.

- Náuseas, vômitos, aumento na produção de saliva ou

sialorreia: existem hipóteses de hipersecreção das glândulas

salivares no início da gravidez, que costuma cessar por volta do

terceiro mês e coincide com o desaparecimento da emese

gravídica, ou seja, dos enjoos, regurgitações e ânsias de vômito,

frequentes na gestação.

Cada tipo de gestação é que determina o período de enjoo,

pode ser três ou mais meses, mas é possível adotar alguns

cuidados para não se desnutrir:

– Comer várias vezes por dia, um pouco por vez;

– Dar preferência aos alimentos com os quais se sentir bem;

– Logo cedo, antes de se levantar, comer três a quatro bolachas

tipo cream cracker, em jejum.

Depois de um tempinho, tomar o café da manhã normalmente;

– Os vômitos da gestante, embora incômodos, não a

impedem de comer novamente, tão logo se sinta bem;

– Caso os enjoos e vômitos persistam, tornando-se um

empecilho para a mulher, ela deve conversar com o obstetra se há

necessidade de receber alguma medicação.

Mudanças nos hábitos alimentares: no terceiro trimestre, a

gestante apresenta uma diminuição na capacidade fisiológica do

estômago e pode ingerir menos quantidade de alimentos, porém

com maior frequência.

Associada à falta de cuidados com sua higiene bucal, pode

haver um aumento no risco de cárie dentária devido à tendência

que há de se fazer pequenas e numerosas refeições.

Diminuição dos cuidados com a higiene bucal: pesquisas

demonstram que ocorrem alterações nos hábitos de higiene bucal

durante a gestação, existindo ainda o enjoo ao creme dental, o que

compromete a escovação.

Embora ocorram alterações na frequência de alimentação,

estas não refletem na escovação, ou seja, aumenta-se o número de

refeições, o que não é acompanhado pelo aumento no número de

escovações.

Além disso, depois do nascimento do bebê existe a tendência

da mãe esquecer-se de si mesma, o que pode prejudicar os devidos

cuidados com a sua saúde bucal, não vista nesse momento como

prioridade.

A gravidez não é responsável pelo aparecimento de cárie e

nem pela perda de minerais (como o cálcio) dos dentes da mãe

para formar as estruturas calcificadas (ossos) dos bebês.

O aumento da atividade cariogênica está relacionado com

alterações da dieta e presença de placa bacteriana devido à higiene

inadequada dos dentes. Também se observa a diminuição do pH

bucal, tornando-se mais ácido, o que requer uma melhor e maior

frequência na higienização bucal para neutralizar esse pH.

A melhor maneira de se evitar as cáries durante a gravidez é

evitar o consumo frequente de alimentos açucarados (mantendo-se

uma alimentação saudável, em horários regulares, de forma a

também facilitar o controle do peso na gravidez), exercer uma

adequada higiene bucal com o uso correto de escova, fio dental

e creme dental com flúor, pois este elemento é o principal fator

responsável pela prevenção das cáries.

Sangramento na gravidez não é normal, pois significa que a

gengiva está inflamada (gengivite) devido à placa bacteriana que

não foi removida completamente.

Os hormônios associados à gravidez promovem uma maior

vascularização do periodonto (tecido que envolve o dente),

afetando as áreas já inflamadas. Se houver sangramento da

gengiva, deverá haver maior higienização desse local e,

persistindo o problema, a gestante deverá procurar um

profissional para avaliação, orientação e tratamento.

O sangramento gengival durante a gravidez pode ser um

indicador de risco a problemas de parto prematuro e bebês de

baixo peso.

Para a gestante receber tratamento odontológico, ela deve

procurar pela equipe de saúde bucal para participar das atividades

de educação em saúde e atendimento clínico programado.

Ao longo da gestação, realiza-se o acompanhamento

quanto aos cuidados com a saúde, controle de dieta e cuidados

especiais com a higiene bucal, além de avaliação sobre a

continuidade dos cuidados no período puerperal (pós-parto).

É possível a utilização de anestesia local em gestantes,

porém é necessária a avaliação do médico responsável, somente

ele poderá informar ao dentista o tipo de anestésico mais

indicado, principalmente quando houver elevações da pressão

arterial.

Não é preciso evitar a radiografia odontológica durante a

gravidez, trata-se de um instrumento muito importante para

auxiliar o dentista a detectar cáries e outros problemas que não

estejam visíveis.

O dentista poderá decidir juntamente com a gestante quando

as radiografias são indispensáveis e a melhor época para realizá-

las. Alguns fatores garantem a segurança da gestante e do bebê:

– A quantidade e o tempo de radiação são pequenos;

– O raio-X está normalmente dirigido à boca, distante da barriga;

– Sempre deverá ser utilizado um avental de chumbo para proteger

a gestante e o bebê.

Existem alguns fortificantes que promovem uma boa dentição

para o bebê, eles podem ser encontrados numa alimentação

balanceada, constituída por diferentes grupos de alimentos

(carnes, peixes, frutas, legumes e verduras, cereais, leite e

derivados).

As carências de vitaminas podem comprometer o

desenvolvimento normal dos dentes. Durante o pré-natal, o

médico poderá avaliar a necessidade de complementação

vitamínica.

Nos bebês, os dentes decíduos (dente de leite) começam

a se formar a partir da sexta semana de gestação, já os dentes

permanentes a partir do quinto mês de vida. Por isso que condições

desfavoráveis durante a gestação, como o uso de medicamentos,

infecções, deficiências nutricionais, entre outros, podem acarretar

problemas.

Os alimentos que a grávida consome afetam os dentes do

bebê. A ingestão de uma dieta balanceada nutre a mãe e o bebê,

assegurando uma boa estrutura dental à criança.

Não é possível afirmar com segurança que o uso de

medicamentos durante a gestação pode prejudicar os dentes

do bebê. No entanto, aconselha-se evitar o uso de

medicamentos, principalmente no primeiro trimestre da gestação.

No período da formação dos dentes, alguns cuidados devem

ser tomados no que diz respeito a um grupo específico de

substâncias químicas, como as tetraciclinas, que são depositadas

com cálcio nos ossos e dentes, durante sua calcificação,

provocando manchas permanentes nos dentes (outros

antibióticos como as penicilinas, cefalosporinas, eritromicinas e

espiramicinas podem ser administradas em qualquer período da

gestação sem danos aos dentes do bebê).

Até pouco tempo era comum acreditar que o uso do

flúor pelas gestantes teria uma grande importância na saúde dos

dentes dos bebês. Atualmente, sabe-se que o principal efeito

preventivo do flúor ocorre localmente nos dentes que estão

sofrendo o ataque carioso. Assim sendo, o flúor ingerido pela

gestante tem pouca importância.

Para a criança, apenas o flúor contido na água é, em geral,

suficiente para ser utilizada.

O melhor que a gestante pode fazer pelo seu bebê é cuidar da

sua própria saúde. O nível de saúde bucal da mãe tem relação com

a saúde bucal do bebê.

Hábitos familiares saudáveis serão assimilados pelas crianças

e as consequências serão mais favoráveis a uma saúde bucal

desejável. Alimentação saudável, higiene adequada, amamentação

natural, evitando o uso de chupetas e, em casos onde isso não

seja possível, o uso de mamadeiras e chupetas com bicos

ortodônticos, que poderão amenizar os problemas de má oclusão

dentária.

Prevenção e fatores de doenças bucais

Os micro-organismos presentes na boca e a Halitose

Neste tópico, você vai conhecer as características dos

micro-organismos presentes na boca e como eles influenciam

na formação e desenvolvimento da halitose.

Os micro-organismos da cavidade bucal

A boca é composta por um sistema de alta complexidade e

contém milhares de micro-organismos, ou seja, minúsculos seres

vivos. O primeiro a fazer esta afirmação foi o holandês Antony Van

Leeuwenhoek, no século XVII, segundo Dr. Dráuzio Varella, “um

dono de armarinho, hoje considerado o pai da bacteriologia – cuja

distração principal era explorar os recursos de uma engenhoca

recém-descoberta: o microscópio”.

Os cientistas da época passaram a usar o microscópio para

estudar asas de inseto e grãos de pólen, mas Antony Leeuwenhoek

foi mais longe: utilizou o aparelho para estudar a água da chuva,

observando pequenos seres vivos, 10 mil vezes menor do que uma

pulga.

Empolgado com as diversas possibilidades, em 1683

Leeuwenhoek examinou sua própria boca, só nos dentes da frente

encontrou milhares de micro-organismos que desapareciam quando

o exame era feito depois de tomar café bem quente.

Na década de 1960, pesquisadores americanos verificaram

que, nas placas dentárias, havia populações distintas de

bactérias, conforme Dr. Dráuzio Varella, foi quando confirmaram

que a mucosa da boca e a superfície dos dentes eram

revestidas por micro-organismos dispostos em camadas finas,

denominadas biofilmes.

Atualmente, após a evolução das pesquisas microscópicas, já

foram detectadas mais de 700 espécies diferentes de germes

vivendo na cavidade oral humana. Os micro-organismos que vão

viver na boca mostram preferência por determinadas regiões:

alguns preferem a superfície da língua, uns as gengivas e outros

os dentes.

Em seu site oficial, o Dr. Dráuzio Varella explica que a

bactéria Streptococcus mutans que se alimenta de açúcar, destrói o

esmalte dos dentes e provoca as cáries, vivendo exclusivamente na

superfície dentária.

Na língua é possível encontrar mais de 92 espécies

de micro-organismos, alguns dos quais responsáveis pelo mau

hálito. Quando estes são eliminados por raspagem ou gargarejos

com soluções bactericidas, a halitose diminui de intensidade ou

desaparece.

Denominam-se biofilmes as comunidades biológicas com um

elevado grau de organização, onde as bactérias formam

comunidades estruturadas, coordenadas e funcionais.

Na região da boca, existe uma cooperação entre as

bactérias contidas nos biofilmes, como, por exemplo, a bactéria

Streptococcus gordonii, que possui proteínas em sua superfície e

atraem outras bactérias, como a Porphiromonas gingivalis, que

envolve e infecciona a gengiva.

A bactéria Streptococcus gordonii produz cerca de 220 proteínas

Desde 2004, o Instituto de Pesquisas Dentárias e

Craniofaciais, de Rockville, Estados Unidos, vem procurando

catalogar todos os genes, ou seja, a definição genética, dos

germes existentes na cavidade oral. O objetivo é identificar

mais de 40 mil genes característicos das populações de saprófitas,

simbiontes e parasitas que se instalam e convivem nas diversas

regiões da boca.

Os estudos do Instituto permitem identificar as

fragilidades dos germes que causam doenças e aqueles que

oferecem proteção à mucosa oral e aos dentes.

A halitose

De acordo com Nelson Passarelli e Silvio Gurfinkel,

pesquisadores da Faculdade de Medicina da Universidade Federal

do Rio de Janeiro, “a halitose pode ser definida como odor

desagradável, eventualmente repulsivo, emitido pela cavidade

bucal, seja durante a fala, seja quando da respiração”.

Este “odor desagradável” da cavidade bucal é popularmente

conhecido como mau hálito e relatos históricos apontam que sua

ocorrência existe desde a antiguidade. Segundo Passarelli e

Gurfinkel, “em relatos pré-bíblicos, as consequências sociais do

problema eram já reconhecidas como nos dias atuais”.

Conta a história que o filósofo Hipócrates reconhecia no hálito

uma importante fonte para se detectar possíveis doenças. O filósofo

considerava o nariz uma ferramenta eficaz para o diagnóstico de

doenças.

Uma pessoa que carrega intensa halitose encontra-se em

uma situação social delicada, pois todos a evitam e, por mais

sensível ou educado que sejam as pessoas ao redor, o mau hálito

sempre incomoda.

No entanto, a maioria dos portadores de halitose não

consegue perceber o problema sozinho, normalmente o alerta sobre

a questão surge da família ou de alguns verdadeiros amigos.

A pessoa que desenvolve mau hálito acaba desenvolvendo

também ansiedade e comportamentos antissociais. De um modo

geral, todos se preocupam com a halitose, é só observar a enorme

quantidade de produtos purificadores do hálito disponíveis no

mercado.

Testar o próprio hálito expirando contra a palma da mão

é uma técnica muito conhecida, porém insuficiente para avaliar o

odor de forma efetiva. Os odores da boca variam em intensidade e

qualidade.

A intensidade dos odores bucais pode ser detectada por

aparelhos denominados osmoscepios. A qualidade do hálito

determina o grau de aceitação social, no entanto a exata

descrição da qualidade do hálito não é tarefa fácil, sendo,

geralmente, imprecisa e vaga.

Termos como pútrido, azedo ou doce admitem uma ampla

margem de variações e superposições e não definem de maneira

efetiva a qualidade do hálito.

O hálito tem origem tanto na boca como nos pulmões. Os

odores bucais formam-se no interior da cavidade oral, enquanto que

os pulmonares geralmente têm origem sistêmica.

Além destes aspectos, é fundamental considerar que o ar

expelido pelos pulmões deve passar ainda através da nasofaringe,

nariz e seios paranasais, recebendo substâncias odoríferas que vão

sendo produzidas.

Desta forma, o hálito resulta na verdade, da interação de

todas estas estruturas.

Nem todo mau hálito é anormal ou indicativo de doença. O

hálito humano varia consideravelmente com a hora do dia, fome ou

idade, as crianças, por exemplo, geralmente têm um hálito

adocicado e agradável.

É na adolescência que o hálito vai progressivamente ficando

mais pesado e intenso, na meia-idade torna-se menos suportável e

na velhice costuma ser definitivamente desagradável.

O hálito sofre também alterações conforme o período do dia.

De um modo geral, todas as pessoas, logo após o despertar,

tem um hálito desagradável.

O mau hálito matinal é provavelmente resultante da

putrefação de restos alimentares, epiteliais e saliva estagnada,

acumulados durante o sono.

Se por um lado, a inatividade bucal impede a ingestão de

açúcar durante o sono e determina a proliferação das bactérias, por

outro lado, a redução do fluxo de saliva facilita a multiplicação de

germes e valoriza as substâncias produzidas a partir de restos

alimentares.

Diversos trabalhos experimentais têm demonstrado uma

relação direta entre a intensidade do hálito e as substâncias

adquiridas através do ar, no ato da expiração, principalmente ácido

sulfídrico e metilmercaptan.

O mau hálito matinal é especialmente mais intenso em

indivíduos desidratados, de maus hábitos higiênicos, doença

crônica nos dentes, e nas pessoas que respiram pela boca.

A halitose patológica

A halitose patológica pode ter várias origens:

a) Bucal;

b) Nasofaringe;

c) Pulmões e brônquios;

d)Tubo digestivo;

e) Sistêmica.

Odores de origem bucal:

A importância relativa da cavidade bucal na produção de

halitose patológica ainda é incerta. Diversos trabalhos com

resultados contraditórios têm surgido na ciência.

O mais prudente é admitir que tanto a boca quanto as

alterações sistêmicas participam objetivamente na produção da

halitose patológica. Podemos ter como causas bucais:

- Retenção de restos alimentares;

- Putrefação da saliva;

- Paradentose, gengivite e cáries;

- Papel da língua;

- Respiração bucal;

- Halitose do fumante.

- Retenção de restos alimentares:

Restos alimentares retidos em áreas intermediárias, dentárias,

nas próteses, na língua e sob a gengiva dos dentes em erupção,

por tempo suficientemente longo podem sofrer putrefação e originar

odor desagradável.

A observação de que escovar os dentes com o uso de

antissépticos reduz de 30 a 70% o mau hálito de diversos indivíduos

reforça o papel da boca na formação da halitose patológica.

A putrefação da saliva é a segunda causa bucal:

A saliva recém-produzida é normalmente inodora ou

discretamente adocicada. Sua estagnação por cerca de uma hora

determina, entretanto, o aparecimento de forte e característico odor.

As paradentoses, gengivites e cáries são mecanismos bucais

fontes de halitose. Na paradentose a saliva se putrefaz mais

rapidamente. A gengivite de Vincent apresenta intenso e

desagradável odor. A gengivite crônica apresenta também aroma

ruim, provavelmente oriundo da putrefação de restos de sangue

acumulados, pelo sangramento fácil destas lesões.

O papel da língua:

Em grande número de indivíduos portadores de mau hálito, a

fonte, ou uma das fontes parece ser a região posterior da língua.

Neste local, possivelmente em função do mau uso pelo homem

moderno do aparelho mastigador, acumulam-se restos alimentares

e células descamadas.

Em sua higiene, fica evidente que o simples escovar de

sua superfície, sem o uso de qualquer antisséptico é o melhor meio

isolado de controle do mau hálito matinal.

A respiração bucal:

O hábito de respirar pela boca está frequentemente associado

ao aparecimento de halitose, provavelmente por determinar

ressecamento da boca e, consequentemente, facilitar a proliferação

de bactérias.

A halitose do fumante:

O mau hálito dos fumantes é uma entidade perfeitamente

estabelecida no mundo moderno. O desagradável odor é

particularmente mais intenso com o uso de charutos. A fonte parece

ser tanto bucal quanto respiratória.

Odores originários da região da nasofaringe:

As sinusites e rinites crônicas determinam a intensidade e

desagradável mau hálito. Provavelmente secundário a proliferação

bacteriana e consequente produção de metabólicos aromatizantes.

As amigdalites crônicas possibilitam o acúmulo de alimentos

nas criptas, constituindo uma causa comum de halitose.

Odores originários dos pulmões e brônquios:

Bronquites crônicas, abscessos pulmonares, gangrena de

pulmão tuberculose e epidemias pulmonares são fontes de intensa

halitose.

Odores originários do tubo digestivo:

Doenças esofagianas que permitam o acúmulo e

consequente putrefação de alimentos são fontes de mau hálito.

Dentre estas, vale citar os divertículos, as estenoses e os

megaesôfagos.

O estômago não parece ter qualquer participação, exceto

quando houver refluxo ou vômitos. Em condições normais as

substâncias presentes no órgão não atingem a boca.

A constipação foi considerada por muito tempo, por

leigos e médicos, como causa de halitose. Não há, entretanto,

qualquer evidência experimental que suporte tal afirmativa.

Odores de origem sistêmica (excretados pelos pulmões):

Uma halitose de origem sistêmica decorre do fato de que

substâncias aromáticas, resultantes dos alimentos, produtos da

digestão ou do metabolismo celular, são eliminados do sangue

pelos pulmões.

Exemplo é o hálito alcoólico ou com odor de alho,

devido a problemas renais ou de fundo hepático.

Os odores de origem sistêmica tendem a ter uma

qualidade característica e uma intensidade maior que os de origem

bucal. Ao se estudar os odores sistêmicos, deve-se considerar a

relação entre a halitose e os alimentos odoríficos.

O exemplo mais usual é o que resulta do uso do alho.

Embora parte do odor se deva a fixação da substância às estruturas

da boca, a principal fonte é o ar oriundo do pulmão.

Isto fica claro quando se observa o aroma característico do

vegetal, após sua ingestão. Nestas condições, não só o odor tinge

fortemente o hálito, como permanece por um tempo muito maior do

que quando apenas mastigado e não deglutido, chegando a atingir

setenta e duas horas.

A comprovação definitiva do mecanismo em questão é a

presença do aroma do alho no hálito do recém-nascido, cuja

mãe fez uso do condimento antes do parto.

Também como odores sistêmicos temos halitose da fome e do

jejum.

A eliminação de substâncias voláteis pelos pulmões, de modo

a determinar hálitos característicos, e de determinados processos

patológicos metabólicos como os ácidos oriundo da diabetes e a

insuficiência renal.

Sobre o tratamento:

A boca e os pulmões devem ser testados separadamente. O

pulmão pode ser investigado através da expiração forçada pelas

narinas, com os lábios cerrados. O ar assim obtido poderá estar

contaminado por substâncias provenientes da nasofaringe e nariz,

mas não da boca.

Já o hálito de origem exclusivamente bucal, recomenda-

se ao paciente que encha a cavidade oral de ar, adie um pouco

respiração e, finalmente, o libere lentamente pela boca.

A comparação dos aromas obtidos separadamente pelas

duas técnicas permite identificar a origem da halitose. Entretanto,

de modo muito frequente, ambas as fontes participam em um

mesmo paciente.

Se a origem for detectada que é claramente oral, um

exame cuidadoso deverá ser feito das gengivas, dentes, língua e

orofaringe. Deve-se colher amostras de materiais localizados nestas

estruturas, bem como de saliva, e compará-los com o hálito do

paciente para estabelecer a sua semelhança e assim localizar a

fonte real do odor.

Finalmente, o material colhido poderá ser examinado ao

microscópio, visando determinar alterações de flora bacteriana,

presença de pus, sangue, entre outros.

No tratamento da halitose de origem bucal, sabemos

que o tratamento das diversas doenças orais é indispensável para

a profilaxia da afecção. Paralelamente, os odores de origem bucal

podem ser rapidamente eliminados, por um período médio de

duas horas, pelo uso correto de escovas, dentifrícios e

antissépticos.

Da mesma forma deve-se sempre tentar induzir o

paciente a abandonar o hábito de fumar. No tratamento da halitose

de origem em outros órgãos temos que a halitose de origem

orofaríngea, pulmonar ou esofagiana, deverá receber tratamento

especializado.

No tratamento da halitose de origem sistêmica

consideraremos em primeiro lugar, os hábitos alimentares. Os

hábitos alimentares do paciente deverão ser cuidadosamente

estudados por um período mínimo de uma semana.

Alimentos de alto teor odorífico, tais como o alho e cebola

serão abolidos. Alguns médicos defendem ainda a restrição de

lipídios.

Quanto à halitose da fome, diremos que os pacientes

portadores de halitose de fome muito intensa serão orientados

no sentido de fazer frequentes e pequenas refeições.

O perigo das cáries

Neste tópico, você vai aprender o que é cárie dentária e como

ela prejudica a saúde bucal. Além disso, terá dicas de como

evitar tal enfermidade.

De um modo geral, define-se cárie dentária como uma

destruição localizada dos tecidos dentais causada pela ação de

bactérias. Segundo alguns estudos, a cárie é uma

descalcificação de uma parte do dente provocada por ácidos

orgânicos.

A perda dos tecidos dentais, ou seja, do esmalte,

dentina ou cemento, é causada por ácidos que são produzidos

pela fermentação bacteriana dos carboidratos, principalmente da

sacarose, mais conhecido como açúcar.

Ao ingerir a comida, principalmente doces, uma bactéria

bucal chamada Streptococcus se alimenta dos restos de comida

que ficam na boca. A consequência disso é a produção de uma

substância chamada Glucan que funciona como um adesivo

fixando a bactéria aos dentes formando a tão famosa placa

bacteriana.

Os doces possuem grandes quantidades de carboidrato e são

os principais alimentos que contribuem para o aumento da

cárie.

Quando a placa bacteriana não é eliminada mediante uma

rotina de cuidados orais constantes, que inclui a limpeza com uma

escova adequada e a utilização diária do fio dental, os dentes ficam

mais vulneráveis ao desenvolvimento de cáries dentárias.

Nem todas as cáries são iguais, somente um dentista

poderá classificar qual o tipo de cárie que está se desenvolvendo

em uma boca mal cuidada. O reconhecimento desses tipos de

cáries só é possível mediante exames específicos com a ajuda

de instrumentos dentários e uma radiografia dos dentes para

confirmar as zonas cariadas.

Os três tipos de cáries que existem são os seguintes:

- Cáries radiculares

Este tipo de cárie é o mais comum entre os idosos, que são

mais susceptíveis a sofrer de recessão das gengivas. Esta cárie

desenvolve-se sobre a superfície das raízes dos dentes.

Cáries recorrentes.

Este tipo de cárie desenvolve-se sobre as superfícies de

mastigação dos dentes de trás. Uma limpeza com uma escova

adequada pode evitar este tipo de cárie; contudo, se não tiver uma

higiene oral regular, este tipo de cárie pode agravar-se

rapidamente.

Cáries coronárias.

Este tipo de cárie desenvolve-se sobre a face exterior plana

dos dentes, quando as bactérias não são eliminadas e a placa

bacteriana se acumula. Este tipo de cárie é o menos grave e pode,

em determinados casos, ser tratado com flúor. É conveniente

também saber que a utilização correta e regular do fio dentário

pode ter uma influência positiva na eliminação desse tipo de

cárie.

A cárie é uma doença transmissível e infecciosa.

Agora observe a evolução da cárie dentária, resultado da falta

de cuidados com a higiene bucal.

Em sua estrutura, o dente é formado por três camadas:

esmalte, dentina e polpa.

ESMALTE

É o tecido dental mais resistente sendo o mais próximo da

cavidade bucal, aproximadamente 96% do esmalte é composto

de minerais, o restante é composto de água e materiais orgânicos.

A coloração usual do esmalte dentário varia de amarelo claro

ao branco acinzentado. Nas bordas dentárias, onde não há dentina

subjacente ao esmalte, a cor às vezes pode ser levemente azulada.

O esmalte é um tecido transparente e a cor da dentina

reparadora afeta significativamente sua aparência. Sua espessura

varia ao longo da superfície dentária e frequentemente é mais

espessa entre o dente a gengiva. O esmalte não contém

colágeno em sua composição.

DENTINA

A dentina é um tecido conjuntivo avascular, mineralizado,

especializado, que forma o corpo do dente, suportando e

compensando a fragilidade do esmalte. A dentina é recoberta pelo

esmalte na sua porção coronária e pelo cemento na porção

radicular.

Sua superfície interna delimita a cavidade pulpar onde se

aloja a polpa dentária. Por ser um tecido vivo, contém

prolongamentos de células especializadas e substância

intercelular. Dentina e polpa formam um complexo em íntima

relação topográfica, embriológica e funcional, por isso têm

características biológicas comuns.

POLPA

Constitui a parte viva do dente, onde estão localizados os

nervos e os vasos sanguíneos.

A Cárie se inicia quando os restos de alimentos que ingerimos

se depositam na superfície dos dentes, devido à falta de escovação.

Esses restos servem de alimento para as bactérias que existem no

meio bucal, e como consequência, produzem ácidos. Esses

ácidos em contato com o Esmalte o danifica, gerando o inicio da

cárie. Conforme a mancha branca indicada na figura abaixo.

Com o tempo, este dano vai avançando cada vez mais,

atingindo a dentina, gerando sensibilidade e dor.

Se não for tratada, a cárie vai progredindo cada vez mais e

atinge a polpa, gerando uma inflamação que pode levar até a morte

do dente. Neste caso faz-se necessário o tratamento Endodôntico,

que é o tratamento dos Canais do dente.

A pulpite é a inflamação da polpa dentária, o tecido

ricamente vascularizado e inervado que está situado no interior dos

dentes.

A causa mais comum da pulpite é a cárie dentária extensa

que fica próxima à polpa ou que atinge e contamina diretamente

os dentes. Os acidentes com pancadas e fraturas nos dentes

também podem causar pulpite e necrose da polpa.

Observe agora, algumas dicas fundamentais para combater a cárie:

- Após a ingestão de qualquer alimento ou líquido, faça

bochechos com água durante trinta segundos;

- Escove os dentes pelo menos duas vezes ao dia após as

refeições;

- Escovar a língua é tão importante quando escovar os

dentes;

- Se não puder escovar os dentes após o almoço, faça

uma escovação caprichada à noite;

- Passe o fio dental entre os dentes logo após a escovação

pelo menos uma vez ao dia preferencialmente à noite;

- Após escovar os dentes e passar o fio dental, enxágue a

boca duas ou três vezes com água para remover o resto de

resíduos de comida e pasta de dentes;

- Após o enxágue com água, repita o procedimento com

antisséptico bucal;

- Troque sua escova dental de dois em dois meses;

- Embora não se encontre mais pastas de dente sem flúor,

lembre-se de verificar na hora da compra se o creme dental que

está comprando tem flúor;

- Evite comer doces e refrigerantes entre as refeições e

principalmente antes de dormir;

- Uma dieta alimentar rica em fibras encontradas em legumes,

frutas e verduras diminui a acidez da boca e ajuda a combater as

cáries;

- Visite seu dentista regularmente, de seis em seis meses.

Câncer de Boca

Neste tópico você aprenderá sobre o câncer de boca, como

surge tal doença e como adquirir hábitos de prevenção.

Conforme definição do INCA – Instituto Nacional do

Câncer – “câncer de boca é uma denominação que inclui os

cânceres de lábio e de cavidade oral (mucosa bucal, gengivas,

palato duro, língua oral e assoalho da boca)”.

De um modo geral, estudos apontam que o câncer de lábio é

mais frequente em pessoas brancas, e registra maior ocorrência no

lábio inferior em relação ao superior.

A exposição excessiva ao sol, como o trabalho dos

agricultores, por exemplo, é um fator que pode levar ao

desenvolvimento do câncer na região dos lábios. A falta de higiene

bucal e a alimentação pobre em Vitaminas e Minerais,

principalmente em vitamina C, também favorecem o surgimento

dessa doença.

Este tipo de câncer inicialmente se manifesta como uma

simples lesão ou ferida que não cicatriza após 15 dias.

Para evitar o câncer labial, é preciso tomar alguns cuidados:

- Usar um chapéu de bordas largas quando em exposição ao sol;

- Usar protetor solar e labial que protegem contra a luz ultravioleta;

- Não fumar e evitar a ingestão de bebidas alcoólicas.

O câncer de boca atinge normalmente pessoas com idade

superior a 40 anos de idade e o uso inadequado de próteses

dentárias mal ajustadas também favorecem o surgimento e o

desenvolvimento da doença.

Os principais sintomas deste tipo de câncer são:

- O aparecimento de feridas na boca que não cicatrizam no

período de uma semana;

- Feridas superficiais, com menos de 2 cm de diâmetro,

indolores, podendo sangrar ou não;

- Manchas esbranquiçadas ou avermelhadas nos lábios ou na

mucosa bucal;

- Dificuldade para falar, mastigar e engolir;

- Emagrecimento acentuado, dor e presença de caroço no

pescoço, que podem significar estágio avançado de câncer de

boca.

Para prevenir este tipo de doença é fundamental um

diagnóstico precoce, por meio de consultas periódicas ao

dentista, principalmente pessoas com mais de 40 anos de idade,

ainda mais aqueles que possuem dentes fraturados, com próteses

mal ajustadas e que tenha o hábito de fumar e consumir bebida

alcoólica. Além disso, é recomendada uma dieta saudável, rica em

vegetais e frutas.

O autoexame da boca é simples, qualquer pessoa pode fazer

para identificar possíveis anormalidades, como mudanças na

aparência dos lábios e da parte interna da boca,

endurecimentos, caroços, feridas e inchaços.

Esse exame não substitui o exame clínico realizado por

profissional de saúde treinado.

Para a realização do autoexame são necessários um espelho

e um ambiente bem iluminado. Observe a sequência abaixo:

De maneira geral, a cirurgia e a radioterapia, juntas ou

separadas, são os métodos terapêuticos mais utilizados para o

tratamento do câncer de boca.

Para lesões iniciais, que normalmente ocorrem na língua

ou no assoalho da boca, tanto a cirurgia quanto a radioterapia

apresentam bons resultados e sua indicação vai depender da

localização do tumor e das alterações funcionais provocadas pelo

tratamento, com chance de cura em 80% dos casos.

A cirurgia radical do câncer de boca evoluiu com a

incorporação de técnicas de reconstrução imediata, que permitiu

largas excisões, ou seja, a extração de uma parte enferma do corpo

e uma melhor recuperação do paciente.

A quimioterapia associada à radioterapia é utilizada nos

casos mais avançados, quando a cirurgia não é possível.

Doença periodontal

Neste tópico você aprenderá com um pouco mais de detalhe o

que é doença periodontal. Conforme Newman Carranza, em seu

livro Periodontia Clínica, a periodontite é uma doença inflamatória

dos tecidos de suporte dos dentes, causada por micro-organismo

específico ou grupos deles, resultando em uma destruição

progressiva do ligamento periodontal e osso alveolar, com formação

de bolsa, retração, ou ambas.

É muito comum confundir a periodontite com a gengivite, pois

as duas doenças atingem o mesmo local. No entanto a

gengivite é uma inflamação apenas da gengiva, enquanto a

periodontite também afeta os tecidos dos dentes e leva à

reabsorção do osso alveolar, ou seja, a camada que circunda os

dentes, o que pode resultar na perda dentária.

Em nosso curso, vamos apresentar alguns tipos de

doenças periodontais:

a) A gengivite;

b) A periodontite crônica;

c) A periodontite agressiva;

d) A periodontite agressiva localizada;

e) A periodontite agressiva generalizada.

Gengivite

Conforme o Dr. Eduardo Geraldo Rubio, a Gengivite tem

como aspecto clínico de doença: gengiva vermelha e inchada,

sangramento espontâneo ou provocado ao leve toque, gengiva

brilhante e contorno gengival irregular. Quando detectada a tempo,

é reversível.

Paciente com gengiva clinicamente normal:

Paciente com gengiva doente:

Gengiva com pigmentação melânica:

Periodontite crônica

A periodontite crônica manifesta-se em pacientes adultos com

mais de 35 anos de idade. É uma doença que tem influência direta

de diversos fatores:

- Indivíduos com distúrbios psicossomáticos e estresse;

- Indivíduos com distúrbios sistêmicos como diabetes mellitus,

leucemia, infecções por HIV, deficiências nutricionais e/ou

disfunções metabólicas, reações a medicamentos e indivíduos

fumantes são mais suscetíveis à doença.

De acordo com o Dr. Dalton J.B. Nercolini, “recentes

investigações renovaram interesse na associação entre a doença

periodontal e certas doenças sistêmicas. Esta associação baseia-

se no fato de que certas bactérias bem como seus produtos

podem entrar na corrente sanguínea.”

A bacteremia bucal é decorrente de atos de higiene bucal

(escovação, fio dental, palitos e irrigadores gengivais), mastigação,

e de procedimentos odontológicos. Várias condições cardíacas e

vasculares podem ser afetadas pela bacteremia de origem bucal,

dentre elas estão a endocardite bacteriana, arteriosclerose e infarto

agudo do miocárdio.

Periodontite agressiva

Trata-se de uma alteração inflamatória do periodonto,

considerada rara e que se instala durante ou imediatamente

após a erupção dos dentes decíduos, conhecidos como dentes

de leite, entretanto essa inflamação pode se estender até o

periodonto dos dentes permanentes.

Levando em consideração diferenças metodológicas que podem

influenciar nos achados obtidos, estudos diversos relataram que a

prevalência da periodontite agressiva oscila entre 0,84% a 26,9%

na faixa etária entre 5 a 11 anos de idade

Outro achado importante é que a alteração é

consideravelmente mais comum entre meninas do que entre

meninos. A periodontite agressiva possui duas variantes, a forma

localizada e a forma generalizada, que se distinguem

principalmente pelo grau de inflamação, pela velocidade de

destruição gengival e pela quantidade de elementos dentais

afetados.

Periodontite Agressiva Localizada

Estudos realizados nos Estados Unidos em crianças com

idade entre 5 e 17 anos de idade demonstrou uma prevalência de

0,53% para a forma localizada e 0,13% para a forma generalizada.

A periodontite agressiva localizada tem seu início

caracteristicamente por volta dos 12 anos de idade e possui uma

forte tendência familiar. A Academia Americana de Periodontia

determinou certas características à periodontite agressiva

localizada.

Essa se caracteriza por afetar alguns dentes, normalmente

primeiros molares e incisivos, com envolvimento de não mais do

que dois dentes. Além disso, ela acarreta uma inflamação menor ou

até mesmo inexistente e uma perda óssea mais lenta quando

comparada com a variante generalizada.

Tipicamente, observa-se quantidade mínima de placa e

cálculo, no entanto placa subgengival está presente em todas as

raízes afetadas. A forma localizada afeta apenas os tecidos

periodontais em um ou mais dos dentes decíduos, mostrando, por

vezes, apenas sinais clínicos moderados de inflamação, mas em

associação com bolsas profundas e perda óssea localizada.

O Actinobacillus actinomycetemcomitans parece ser o

patógeno mais comumente encontrado na periodontite agressiva

localizada, pois se encontra em mais de 90% dos casos.

Radiograficamente, a região dos primeiros molares revela

reabsorção óssea vertical que frequentemente é bilateral e

simétrica. Nos casos clássicos, uma zona radiolúcida em forma de

arco é observada desde a face distal do segundo pré-molar até a

face mesial do segundo molar.

É comum que se ocorra mobilidade e migração de dentes.

Caso o tratamento não seja adequado, o processo inflamatório

progride até a perda do dente e, em cerca de um terço dos casos,

ocorre progressão para a doença mais generalizada.

Periodontite Agressiva Generalizada

Essa alteração pode representar não somente uma entidade

distinta, mas também uma coleção de adultos jovens com

doença periodontal avançada. Além disso, ela pode ser resultado

da evolução de uma forma localizada que se tornou mais

generalizada com o tempo, assim como pode ser considerada como

uma doença inicial.

A maioria dos pacientes afetados se encontra na faixa etária

que vai de 12 a 32 anos, mas pode ocorrer em qualquer idade. Ao

contrário da variante localizada, pode ser observada grande

quantidade de placa e cálculo, e considerável inflamação

gengival, proliferação de tecido gengival, retração gengival ou

formação de fendas e destruição difusa e seguida do osso alveolar.

A destruição óssea é rápida, não é restrita aos

maxilares e é acompanhada por reabsorção patológica das raízes.

No caso de periodontite agressiva generalizada, os pacientes

possuem alterações do sistema imune caracterizados por intensos

defeitos dos neutrófilos e monócitos na circulação periférica e

ausência de neutrófilos nos tecidos gengivais.

Além disso, uma característica comum a todos os casos

é o acometimento de no mínimo três dentes, além dos primeiros

molares e incisivos.

Embora a forma localizada se caracterize por

predominância da bactéria Actinobacillus actinomycetemcomitans,

a variante generalizada possui patógenos ativos com caráter

mais complexos, associados mais intimamente com a periodontite

crônica, também envolvendo micro-organismos como P. forsythus,

F. nucleatum e Campylobacter rectus.

É importante abordar o fato de que a forma localizada que

progrediu para a generalizada possui patógenos cada vez mais

diversificados com a idade do paciente e a doença torna-se mais

disseminada.

Entre as inúmeras formas de enfermidade periodontal,

encontra-se a gengivite ulcerativa necrosante (GUN), um tipo de

doença periodontal necrosante.

Embora não seja tão frequente, quando comparada a outras

morbidades do periodonto suas condições periodontais não deixam

de ser clinicamente significativas, haja vista que sua agressividade,

aguda, rápida e deliberante, torna-a uma das doenças mais graves

provocadas pela placa bacteriana.

Referências a essa patologia na história humana são

bastante antigas, e ela pode ser identificada por meio das

seguintes sinonímias: Doença de Vincent’s, gengivite

fusoespiroqueta, boca de trincheira, gengivite ulcerativa aguda,

gengivite necrosante e gengivite ulcerativa necrosante aguda

(GUNA).

Tal enfermidade apresenta como principais características

clínicas: dor, necrose gengival limitada em sua margem e/ou nas

papilas interdentais e sangramento da gengiva. Pode-se

encontrar ainda mau odor, febre, linfoadenopatia e mal estar e

uma pseudomembrana de cor branco-amarelada ou cinza

cobrindo as úlceras gengivais.

Tem uma apresentação clínica aguda, com características

inconfundíveis. Contudo apresenta diagnóstico diferencial com a

gengivoestomatite herpética primária (GHP), gengivite descamativa,

pênfigo benigno das membranas mucosas, eritema multiforme

exsudativo, gengivite estreptocócica, gengivite gonocócica e

leucemia aguda.

Os estudos epidemiológicos demonstram que essa doença é

rara, ocorre em adultos jovens, numa faixa etária entre 15 e 35

anos, nos países desenvolvidos e em crianças nos países pobres.

Em muitos estudos, essa enfermidade vem sendo

relacionada com indivíduos portadores do vírus HIV. Ocorre,

provavelmente, de forma mais frequente nesses pacientes

especiais, embora com prevalência também baixa.

Sua etiologia bacteriana foi proposta inicialmente por Plaut no

ano de 1894 e Vincent em 1896. Sabe-se hoje, por intermédio

de amostras microbianas, que a flora bacteriana dessa patologia

pode ser constante ou variável.

A flora constante contém Treponema sp., Selenomonas sp.,

Fusobacterium sp., Prevotela intermedia. Já a flora variável consiste

num conjunto heterogêneo de tipos bacteriano.

Assim, os microrganismos ocupam um papel determinante no

surgimento da doença, mas ela está condicionada à presença de

outros fatores como estresse psicológico, má nutrição, entre outros.

Doença Periodontal em Diabéticos

É estimado que cerca de 170 milhões de pessoas sejam

portadoras de Diabetes Mellitus, das quais, aproximadamente 10

milhões de pessoas estejam no Brasil. Destes, mais de 50%

desconhecem que tem a doença que pode levá-los à morte.

O paciente diabético apresenta falta de insulina ou

incapacidade desta de exercer suas funções, caracterizada por

hiperglicemia crônica (altas taxas de açúcar no sangue) e

distúrbios de metabolismos dos carboidratos, lipídios e proteínas

(ocorre o espessamento da parede dos vasos sanguíneos,

dificultando a ação das células de defesa do organismo).

O pâncreas quando deixada de produzir insulina, hormônio

responsável por controlar o açúcar no sangue, prejudica os rins e

aumenta a pressão arterial.

- Tipo l (insulino-dependente): deve-se à destruição das

células do pâncreas, produtoras de insulina, o que predispõe o

indivíduo à cetoacidose metabólica.

- Tipo ll (não insulino-dependente): resulta de uma

combinação de resistência à insulina e deficiência na secreção

desta.

Manifestações na boca

A doença periodontal no paciente diabético não controlado,

ou seja, que não controla o nível de açúcar no sangue é mais

agressiva e ocorre uma maior dificuldade no tratamento, na

cicatrização e resposta para a cura. O aspecto de boca seca

(xerostomia) é muito importante sendo desconfortável e pode

aumentar o número de cáries e inflamações gengivais.

Algumas considerações são importantes aos pacientes

diabéticos:

a) Controle da sua glicemia;

b) Consultar seu periodontista regularmente de 3 em 3 meses;

c) Reduzir fumo, álcool e alimentos muito ácidos;

d) Redobrar sua higiene oral.

Exemplos de dentes prejudicados pela diabetes:

A prática educativa

Neste tópico, você aprenderá sobre a prática educativa em

saúde bucal, desde seu conceito à ação política.

Ao se abordar o tema saúde, normalmente as pessoas logo

pensam em ausência de doença. O senso comum entende que

para uma condição saudável é preciso que o corpo esteja

funcionando perfeitamente, ou seja, cuidar da saúde é tão somente

uma forma de manter o corpo humano como uma máquina em boa

condição de funcionamento.

Embora este conceito não esteja totalmente errado, não

basta somente acreditar que o corpo é uma máquina em que as

pessoas devam desenvolver habilidades mecânicas para que

mantenham o controle da boa saúde.

Se assim fosse, caberia apenas aos técnicos e aos serviços

de saúde a reparação da máquina corporal, não cabendo, portanto,

à clientela outro lugar que o de “pacientes” neste processo.

No entanto, a definição do corpo como máquina passa a

ser questionada a partir do momento em que se considera a

dimensão complexa do agir e pensar que compõe cada ser

humano.

Psicossomática é a ciência que integra medicina e psicologia

para estudar os efeitos de fatores sociais e psicológicos sobre

processos orgânicos do corpo e sobre o bem-estar das pessoas.

Estudos dessa ciência comprovam uma relação entre o que se

passa na cabeça das pessoas e o funcionamento de seus corpos.

Desta forma, é possível afirmar que existem doenças que

são desencadeadas por uma situação afetiva difícil, por uma

espécie de impacto psíquico. Um exemplo disso, é a relação do

estresse e da ansiedade no progresso da doença periodontal, na

determinação das disfunções como a halitose, que é o mau hálito,

por exemplo.

A partir desse ponto de vista, ao abordar o tema saúde,

fundamental reconhecer que existem formas diferentes de lidar

com as opções e valores que se referem à saúde e que os

cuidados partem de decisões pessoais, alterando sua intensidade e

frequência na dependência de tantos outros fatores bons e ruins,

próprios da dinâmica da vida.

Um exemplo disso é a relação que as pessoas têm com a

saúde bucal, pois normalmente não se prioriza as condutas de

autocuidado, além daquelas tradicionais que se adota como hábito.

Um comportamento bucal saudável como dinâmica das

escolhas pessoais não segue uma lógica constante e linear.

Portanto, é acertivo considerar o termo saúde muito mais do

que cuidar do corpo como se fizesse a manutenção de uma

máquina. A complexidade humana leva a formulação de questões

fundamentais para a prática educativa em saúde bucal. Questões

estas que procuram desenvolver motivação para as pessoas

cuidarem da saúde da própria boca.

O desafio da educação em saúde bucal é encontrar um

motivo-padrão, ou seja, uma razão comum a todos para que cuide

da própria boca, uma vez que um indivíduo é diferente do outro.

As recomendações para uma saúde bucal adequada deve

considerar os diferentes fatores que envolvem a vida das pessoas

como sua histórias de vida, composição familiar e demais aspectos

de sua trajetória humana.

De acordo com Cláudia Márcia Santos, em o Manual Técnico

de Educação em Saúde Bucal “trata-se de escutar a si próprio, mas

também aos outros: a possibilidade de compartilhar informações e

conhecimentos com outros ( que podem ser dentistas, técnicos de

higiene dental, enfermeiros, médicos, mas também outras

pessoas que têm o mesmo problema, vizinhos, familiares, outros

etc. ) E, mais que informações, trata-se de partilhar sentidos:

partilhar um contexto comum, uma cultura, uma história, uma

experiência, entre outros”

Diante da complexidade humana, os cuidados com a saúde

da boca passam a ter fundamental importância na vida cotidiana da

sociedade. Por esse motivo, ações que contribuam para a

educação passam a ser foco principal na gestão da área de

educação na saúde pública.

Pensando nisso, o Ministério da Saúde elaborou um

documento que procura orientar a gestão em educação na área da

saúde. A Série Pacto pela Saúde, preparado pelo Departamento

de Gestão da Educação na Saúde (DEGES), da Secretaria de

Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde (SGTES), do

Ministério da Saúde, aborda as responsabilidades das três esferas

de gestão do Sistema Único de Saúde (SUS), relativas à gestão da

Educação na Saúde.

O objetivo do documento é orientar a construção e o

acompanhamento dos Termos de Compromisso de Gestão dos

Estados, dos Municípios e do Distrito Federal.

De acordo com o documento, a proposta “não é avaliar a

ação das esferas de gestão na área da Educação na Saúde, nem

impor processos, mecanismos e estratégias para o seu

desenvolvimento. Não pretende ser prescritiva, nem oferecer um

modelo para a gestão da educação na saúde nas demais esferas

de gestão do SUS”.

Assim, a série Pacto pela Saúde pretende ser uma

cooperação técnica para os gestores do SUS na execução da

Política Nacional de Educação Permanente em Saúde. Com o

objetivo de ser um instrumento orientador do trabalho dos

Estados, Distrito Federal e Municípios na construção e

acompanhamento dos seus termos de compromisso de gestão e

planos de saúde.

Para Maria Cristina Davini, uma das consultoras que

compõem o documento, o primeiro problema em saúde pública

é a capacitação profissional, “a capacitação é uma das

estratégias mais usadas para enfrentar os problemas de

desenvolvimento dos serviços de saúde. Grande parte do esforço

para alcançar a aprendizagem ocorre por meio da capacitação,

isto é, de ações intencionais e planejadas que têm como

missão fortalecer conhecimentos, habilidades, atitudes e

práticas que a dinâmica das organizações não oferece por outros

meios, pelo menos em escala suficiente”.

Tal capacitação desenvolve-se sob a influência de uma

grande variedade de condições institucionais, políticas ideológicas e

culturais, que antecipam e determinam o espaço dentro do qual a

capacitação pode operar seus limites e possibilidades.

A Série Pacto pela Saúde apresenta um estudo recente que

mostra como se operacionalizam estas condições. Segundo o

documento é a primeira condição para evitar desvios frequentes,

tais como:

• a simplificação, que reduz o problema da educação de pessoal a

uma questão de aplicação de métodos e técnicas

pedagógicas, sem a compreensão substancial de seus enfoques e

sem estratégica do contexto político institucional de realização;

• a visão instrumental da educação, que pensa os processos

educativos apenas enquanto meio de alcançar um objetivo pontual

e não como parte substancial de uma estratégia de mudança

institucional;

• o imediatismo, que acredita na possibilidade de grandes efeitos de

um programa educativo de aplicação rápida, quase como em

passe de mágica;

• a baixa discriminação de problemas a superar, cuja solução não

depende de capacitação e sim de outros fatores;

• a tendência em atuar por meio de programas e projetos, cuja

lógica é de começo e fim, além de sua dependência de fontes

específicas de financiamento, ao invés de fortalecer a

sustentabilidade e a permanência das estratégias educativas ao

longo do tempo.

Reconhecendo estes problemas, outro trabalho recentemente

publicado, agrega novas questões, tais como:

• a formação de grupos para a gestão de projetos que entram

frequentemente em colisão com as linhas de estrutura do setor,

desafiando o poder ou as lógicas distributivas;

• programas de capacitação acordados com instituições

intermediárias alheias às necessidades reais dos serviços locais,

particularmente sob a forma de “produtos enlatados”;

• a inexistência de avaliações e memórias institucionais que

permitam absorver a experiência, analisar os obstáculos e os

resultados, servindo de base para futuras experiências.

Além da ação educacional propriamente dita, portanto,

espera-se que os componentes da capacitação sejam parte

essencial da estratégia de mudança institucional. Entretanto,

poucas vezes se instala uma estratégia global e sustentável que dê

lugar à conquista progressiva e sistemática desses propósitos.

A partir de alguns estudos e análises, o documento levanta

três questões principais, associadas à capacitação e à educação

permanente do pessoal de saúde, neste primeiro esboço do

problema:

• nem toda ação de capacitação implica um processo de educação

permanente. Embora toda capacitação vise à melhoria do

desempenho do pessoal, nem todas estas ações representam

parte substantiva de uma estratégia de mudança institucional,

orientação essencial nos processos de educação permanente;

• a educação permanente, como estratégia sistemática e

global, pode abranger em seu processo diversas ações específicas

de capacitação e não o inverso. No âmbito de uma estratégia

sustentável maior, podem ter um começo e um serem dirigidas a

grupos específicos de trabalhadores, desde que estejam articuladas

à estratégia geral de mudança institucional;

• finalmente, todo processo de educação permanente requer

elaboração, desenho e execução a partir de uma análise estratégica

e da cultura institucional dos serviços de saúde em que se insere.

Vários novos programas de capacitação significaram um

importante avanço em seus enfoques e experiências, considerando

estas questões. A maioria, entretanto, mantém um atraso

significativo nos estilos e práticas de capacitação, repetindo sempre

a mesma fórmula.

O objetivo da série Pacto pela Saúde é revisar os vários

enfoques de capacitação e educação permanente do pessoal da

saúde, analisar os conceito para seu desenvolvimento e

recuperar lições de experiências recentes, expondo-lhe as

fortalezas e obstáculos nos processos de transformação do setor

da Saúde.

Além disso, o documento pretende-se contribuir para o

desenvolvimento de uma estratégia educativa integral orientada

para a transformação dos serviços de saúde e comprometida com

o desenvolvimento permanente de seus recursos humanos.

A prática da odontologia - Biossegurança

Neste tópico, você vai aprender alguns conceitos

fundamentais para se entender a prática odontológica,

principalmente aquelas sugeridas pela Biossegurança.

Na prática odontológica, alguns fatores importantes

devem ser considerados no que se refere ao tratamento de

pacientes que fazem uso de medicamentos específicos.

Cada alteração médica deve ser descrita de acordo com

os possíveis problemas relacionados com o tratamento

odontológico, complicações sobre o planejamento do tratamento:

Sistema cardiovascular

- Angina do peito;

- Arritmia;

- Aterosclerose;

- Acidente Vascular Cerebral – AVC;

- Bradicardia;

- Hipertensão arterial sistêmica – HAS;

- Infarto do miocárdio;

- Endocardite bacteriana.

Sistema hematológico

- Distúrbios hemorrágicos;

- Anemia.

Sistema endócrino

- Diabete;

- Hepatite.

Sistema respiratório

- Tuberculose.

Condições específicas:

- Doenças Sexualmente Transmissíveis – DST;

- Artrite;

- Gestantes (lactantes).

Para melhor compreensão da relação entre a alteração

fisiológica, atendimento e procedimento odontológicos a serem

realizados, o módulo de Saúde Bucal por Ciclos de Vida,

produzido pela UFMS – Universidade Federal de Mato Grosso do

Sul, apresenta uma classificação dos tratamentos quanto ao tipo de

procedimentos, assim como as sugestões para sedação

medicamentosa a pacientes ansiosos, como forma de

preparação prévia ao atendimento clínico.

Classificação dos tratamentos:

Tipo Procedimentos

I Exame/radiografia, instruçõessobre higiene bucal, modelos de estudo

II Restauraçõessimples, profilaxia (supragengjval), ortodontia

III Restauraçõesmais complexas, raspageme polimentoradicular subgengival), endodontia

IV Exodontiassimples, curetagem (gengivoplastia)

V Exodontìas múltiplas, cirurgia comretalhoou gengivoplastia,exodontiade elemento incluso, apicetomia, colocação de implantes simples

VI Exodontia de toda uma arcada ou da boca inteira, ou ctrurgia com retalho, extração de dentesincluso, mültiplos, cirurgia crtognátka, colocaçãode implantes mültìplo

São atendidas no programa todas as pessoas com

necessidades especiais, física ou mental, sindrômicos em geral,

pacientes de risco (hipertensos, cardiopatas, que tiveram acidente

vascular cerebral - AVC, hemofílicos e outros).

A equipe de saúde bucal é responsável pelo

acolhimento do paciente com necessidades especiais. As

unidades de saúde com ESF fazem também a busca ativa em

domicílios.

Realiza educação em saúde bucal aos familiares e/ou

responsáveis, cuidadores e professores das instituições

(mantenedoras e escolas especiais). Faz o atendimento

ambulatorial normal dos pacientes colaboradores na clínica

odontológica.

A manutenção clínica desses pacientes colaboradores é

realizada pelas equipes que fizeram tratamento clínico na unidade

de saúde.

Se o paciente não for colaborador, a equipe de saúde bucal

da unidade de saúde faz o encaminhamento para setor de

pacientes especiais do Centro de Especialidades Odontológicas

(CEO).

O paciente que não permite o atendimento clínico

ambulatorial convencional é chamado de paciente não

colaborador, por apresentar movimentos involuntários que

coloquem em risco a sua integridade física, ou então aquele cuja

história médica e condições físicas complexas exigem uma atenção

especializada e conhecimento específico para atuar com

segurança nestes casos:

- Paciente que necessite de contenção física e/ou química;

- Paciente com definição mental moderada e/ou profunda;

- Paciente que necessite de anestesia geral;

- Referenciar para o CEO – Centro de Especialidades

Odontológico.

Os Centros de Especialidades Odontológicas (CEO) são

estabelecimentos de saúde, participantes do Cadastro nacional de

Estabelecimento de Saúde – CNE, classificadas como Clínica

Especializada ou Ambulatório de Especialidade.

É esperado que os Centros de Especialidades

Odontológicas estejam preparados para oferecer à população os

seguintes serviços:

- Diagnóstico bucal, com ênfase no diagnóstico e detecção do

câncer de boca;

- Periodontia especializada;

- Cirurgia oral menor dos tecidos moles e duros;

- Endodontia;

- Atendimento a portadores de necessidades especiais.

Os centros são uma das frentes de atuação do Brasil

Sorridente. O tratamento oferecido nos Centros de Especialidades

Odontológicas é uma continuidade do trabalho realizado pela rede

de atenção básica e no caso dos municípios que estão na

Estratégia Saúde da Família, pelas equipes de saúde bucal.

O Brasil Sorridente é um programa do governo federal que

busca ampliar o atendimento e melhorar as condições de

saúde bucal da população brasileira. É o primeiro projeto que o

governo federal desenvolve visando uma política nacional de saúde

bucal.

Em relação ao atendimento ambulatorial, o módulo de Saúde

Bucal por Ciclos de Vida aponta as seguintes orientações:

- Inicia-se com procedimentos mais simples para os de maior

complexidade, fazendo adequação do meio bucal e controle da

atividade das doenças antes de iniciar o tratamento clínico

restaurador, com a colaboração da família.

- O atendimento à urgência deve ser realizado o mais breve

possível, dentro das medidas de segurança. Para alguns pacientes

pode ser utilizado o equipamento de contenção mecânica ou física.

- A definição do modelo de atenção – ambulatorial ou hospitalar - é

feita pelo cirurgião-dentista responsável pelo paciente do CEO.

- Ao terminar o tratamento, o cirurgião-dentista reavalia se a

manutenção da saúde bucal deve ser feita no CEO ou se pode ser

realizada na unidade básica de saúde. Em qualquer dos casos,

deve ser enviada a contra referência para a unidade de saúde de

origem.

- A periodicidade da manutenção também é definida pelo cirurgião-

dentista ao terminar o tratamento.

Em relação ao atendimento hospitalar sob anestesia geral, o

módulo de Saúde Bucal por Ciclos de Vida aponta as seguintes

orientações:

- Realizado em paciente com risco de acidentes durante

os procedimentos, mesmo com a contenção, ou quando há

complexidade dos procedimentos a serem realizados.

- A educação em saúde bucal para a família e/ou responsável

é muito importante nesses casos, pois o objetivo da equipe é

fazer a manutenção desse pacientes no CEO,

ambulatorialmente, evitando ou protelando, o mais possível, uma

nova intervenção sob anestesia geral.

- No retorno para avaliação após a cirurgia, no CEO, o

cirurgião-dentista reforça as orientações de dieta e higiene bucal em

domicílio e informa a família ou responsáveis sobre o retorno

para manutenção no ambulatório do CEO.

Biossegurança

Com objetivo de manter os Consultórios Dentários dentro das

normas universais de Biossegurança, o Conselho Federal de

Odontologia é responsável por divulgar tais normas por todo Brasil.

Estas regras estão resumidas a seguir:

Sobre os procedimentos

Todo instrumental reutilizável empregado nos serviços de

saúde deve ser rigorosamente limpo e desinfetado ou esterilizado

antes do uso em cada paciente.

O processamento dos artigos e superfícies deve seguir

uma sequencia de passos visando o seu pleno aproveitamento,

dependendo da natureza do material e da maneira como é

utilizado, garantindo-se a qualidade para o reuso e a segurança

dos trabalhadores envolvidos.

A escolha do processamento a ser realizado depende da

avaliação do risco potencial de infecção no reuso, conforme se trate

de artigo crítico, semi-crítico ou não crítico.

Na escolha do processo de Desinfecção e Esterilização

devem ser considerados, além da eficácia do processo, a

resistência e adequação do artigo ao método.

Só podem ser utilizados processos químicos de Esterilização

ou Desinfecção quando se puder garantir a concentração e

atividade apropriada do produto químico e somente devem ser

utilizados para artigos que não tenham resistência ao calor.

Soluções de Hipoclorito de Sódio, Peróxido de Hidrogênio

e Polivinilpirrolidona iodada (PVP) são contraindicados para artigos

metálicos devido à sua ação corrosiva sobre os mesmos.

A sequencia de passos no reprocessamento deve ser a

descontaminação (opcional), limpeza (opcional), enxágue (após a

limpeza e/ou descontaminação), secagem (para evitar a umidade),

armazenagem (de acordo com a natureza do produto), esterilização

(artigos críticos) ou desinfecção (artigos semicríticos) e

armazenagem (produtos submetidos à desinfecção ou

esterilização).

Sobre a descontaminação

A descontaminação dos artigos é opcional e deve ser

realizada nos artigos que apresentem restos de matéria orgânica ou

sujidade, através de uma das seguintes alternativas, conforme a

natureza do artigo em processamento:

I - fricção mecânica com esponja, pano ou escova embebido com

produto adequado para esta etapa;

II - imersão completa do artigo em solução desinfetante

acompanhada ou não de fricção com escova ou esponja;

II - pressão de jatos d'água com temperatura entre 60 e 90 graus

centígrados, durante 15 minutos (máquinas lavadoras sanitizadoras,

esterilizadoras de alta pressão, termodesinfetadoras e similares);

IV - imersão do artigo em água em ebulição por 30 minutos;

V - autoclavagem prévia do artigo ainda contaminado, sem o ciclo

de secagem.

Sobre a Limpeza

A limpeza, que é opcional, de acordo com a natureza do

artigo, deve ser rigorosa e realizada através de uma das seguintes

alternativas:

I - fricção mecânica, com água e sabão, auxiliada por esponja, pano

ou escova;

II - máquina de limpeza com jatos de água quente ou detergente;

III - máquinas de ultrassom com detergentes e desencrostantes.

Sobre o enxague e secagem

O enxague, posterior à limpeza e/ou descontaminação, deve

ser feito com água potável e corrente.

A secagem dos artigos tem por objetivo aumentar a

eficácia do processo, e deve ser feita após a lavagem, através de

uma das seguintes alternativas:

I - pano limpo e seco;

II - secadora de ar quente/frio;

III - estufa, corretamente regulada;

IV - ar comprimido medicinal.

Sobre a estocagem

A estocagem pode ser feita após a realização dos passos

descritos acima, de acordo com a natureza do artigo (se não-

críticos) ou então após a realização das outras etapas do

processamento. Deve-se utilizar área separada, limpa, livre de

poeiras, em armários fechados.

Os artigos esterilizados por meio físico podem ser estocados

até uma semana em prateleira aberta ou até um mês se colocados

sob cobertura plástica ou bolsa selada.

Sobre a esterilização

Todo artigo crítico deve ser submetido à esterilização ou

substituído por artigo de uso único, ou seja, descartável.

A esterilização de artigos por meio físico deve ser realizada

mediante utilização de calor úmido (autoclave), conforme as

orientações do fabricante, cujo equipamento deve ser registrado no

Ministério da Saúde, ou mediante o uso de calor seco, através de

estufa a 170º C por duas horas.

A embalagem dos artigos deve ser realizada de acordo

com o tamanho, forma, meio de esterilização e utilização do

material. Podem ser usadas embalagens de algodão cru duplo,

papel grau cirúrgico e caixas metálicas.

O tamanho dos pacotes não deve ultrapassar 50 x 30 x 30 cm

e o peso máximo de 5 kg. Os pacotes devem ser identificados com

o nome do material, data de esterilização, validade, número do lote

e nome de quem preparou o material.

A esterilização por meio químico deve ser realizada mediante

imersão do artigo em solução de Glutaraldeído a 2% por 10

horas ou em Formaldeído por 18 horas na concentração de 10%

para a solução aquosa e 8% para solução alcoólica.

Após a esterilização o instrumental deve ser submetido a

rigoroso enxágue com água estéril, de acordo com a técnica

adequada.

Sobre a desinfecção

Todo artigo semicrítico deve ser submetido à desinfecção

ou substituído por artigo de uso único.

A desinfecção de artigos por meio físico deve ser realizada

mediante fervura (água em ebulição) por 20 minutos.

A desinfecção de artigos por meio químico deve ser realizada

por uma das seguintes formas:

I - Glutaraldeído a 2% em solução, mantendo-se o instrumental em

imersão por 30 minutos;

II - Formaldeído a 4%;

III - Peróxido de Hidrogênio a 6%;

IV - Hipoclorito de Sódio a 0,5%;

V - Álcool Etílico a 70%, fazendo-se fricção através de técnica

adequada, durante 10 minutos.

Após a desinfecção por meio químico, deve ser feito rigoroso

enxague com água tratada, de acordo com a técnica adequada,

com exceção dos instrumentais que tiverem sido desinfetados com

álcool.

Sobre o armazenamento

Pode ser feito o armazenamento de um artigo, dependendo

do tipo de processamento ao qual este foi submetido,

respeitando-se o prazo de validade do processo e as condições

de estocagem.

A área destinada à guarda do material esterilizado deve ser

fechada e possuir sistema de renovação de ar. A temperatura

ambiente deve ser mantida abaixo de 25º C. e a umidade relativa

entre 30 e 60%.

Não deve haver cruzamento de material estéril com material

contaminado.

Biossegurança

Toda pessoa envolvida nestes procedimentos deverá utilizar

Equipamentos de Proteção Individual - EPI, conforme a técnica

utilizada para o processamento e de acordo com o

estabelecido pela legislação vigente.

Controle de qualidade

Os serviços de saúde devem garantir a eficácia do processo

adotado em todas as suas etapas, de descontaminação e/ou

limpeza, desinfecção ou esterilização até o armazenamento,

mediante o controle de qualidade e monitoramento dos

procedimentos, equipamentos e produtos utilizados, a fim de evitar

riscos à saúde de seus pacientes, agentes e circunstantes.

Todos os equipamentos produtores de calor seco ou úmido

utilizados na Esterilização e Desinfecção de artigos devem ser

mantidos em condições adequadas de funcionamento, submetidos

à aferição e manutenção preventiva regularmente, assim como à

manutenção corretiva sempre que necessário.

Os equipamentos produtores de calor seco para Esterilização

devem dispor de termômetros, devidamente aferidos, para o

monitoramento diário da temperatura da estufa.

Processo de higienização, produtos e utilitários

Neste tópico você vai aprender as técnicas para uso do fio

dental, escova de dente e antisséptico bucal.

Técnicas para uso da escova de dente

Para manter um hálito puro e sorriso saudável é fundamental

uma higiene bucal adequada. O resultado são dentes limpos e livres

de resíduos alimentares.

A gengiva não sangra nem dói durante a escovação e o uso

do fio dental.

Caso as gengivas apresentem dor ou sangramento, um

dentista deve ser consultado, principalmente se estiver com um

problema de mau hálito. Essas manifestações podem ser a

indicação da existência de um problema mais grave.

Dentes saudáveis contribuem para uma boa aparência,

além de proporcionar uma mastigação correta dos alimentos.

Manter uma boca saudável é importante para o bem-estar geral

das pessoas.

Os cuidados diários preventivos, tais como uma boa

escovação e o uso correto do fio dental, ajudam a evitar que os

problemas dentários se tornem mais graves.

A prevenção é a maneira mais econômica e menos dolorida,

além de evitar o tratamento de problemas que se tornariam graves.

Existem algumas medidas simples que nós podemos tomar

para diminuir significativamente o risco do desenvolvimento de

cáries, gengivite e outros problemas bucais.

Técnicas corretas de escovação:

- Coloque a escova em um ângulo de 45 graus em

relação à gengiva. Movimente a escova, afastando-a da gengiva.

- Escove delicadamente as partes internas, externas de

mastigação de cada dente com movimentos curtos de trás para

frente.

- Com cuidado, escove a língua para remover bactérias e

purificar o hálito.

Posicione a escova em um ângulo da linha da gengiva.

Faça movimentos vibratórios. Repita o movimento para cada dente.

Escove a superfície interna de cada dente, usando o

movimento descrito na etapa anterior.

Escove a superfície de mastigação de cada dente.

Use a ponta das cerdas para escovar a parte detrás de cada dente.

A língua deve ser escovada também.

Técnicas de uso do fio dental

O fio dental remove a placa bacteriana e os resíduos de

alimentos das áreas onde a escova dental não tem acesso fácil, no

entanto é preciso usá-lo corretamente:

- Enrole aproximadamente 40 centímetros do fio ao redor de

cada dedo médio, deixando uns dez centímetros entre os dedos.

- Segurando o fio dental entre o polegar e indicador das duas

mãos, deslize-o levemente para cima e para baixo entre os dentes.

- Passe cuidadosamente o fio ao redor da base de cada

dente, ultrapassando a linha de junção do dente com a gengiva.

Nunca force o fio contra a gengiva, pois ele pode cortar ou

machucar o frágil tecido gengival.

- Utilize uma parte nova do pedaço de fio dental para cada

dente a ser limpo.

- Para remover o fio, use movimentos de trás para frente,

retirando-o do meio dos dentes.

Há dois tipos de fio dental:

- Fio de nylon (ou multifilamento)

- Fio PTFE (monofilamento)

Existem no mercado fios dentais de nylon, encerados ou não,

com uma grande variedade de sabores. Como esse tipo de fio é

composto de muitas fibras de nylon, ele pode, às vezes, rasgar-se

ou desfiar, especialmente se os dentes estiverem muito juntos.

Embora mais caro, o fio de filamento único (PTFE) desliza

facilmente entre os dentes, mesmo com pouco espaço, e não se

rompe. Usados de maneira adequada os dois tipos de fio removem

a placa bacteriana e os resíduos de alimentos.

Use aproximadamente 40 centímetros de fio, deixando um pedaço

livre dos dedos.

Siga, com cuidado, as curvas dos dentes.

Assegure-se de limpar além da linha da gengiva, mas

não force demasiado o fio contra a gengiva.

Os benefícios da utilização dos Enxaguatórios Bucais

Complementando a escovação dentária e o uso do fio

dental, o enxaguatório bucal com flúor é muito importante,

principalmente à noite, pois é nesse período que as bactérias

atacam a superfícies dos dentes causando cárie dentária e

problemas gengivais.

Os benefícios dos enxaguatórios são muitos:

- evita a gengivite;

- impede a formação da placa bacteriana;

- combate o mau hálito;

- previne o surgimento da cárie dentária;

- atua onde a escova dentária e o fio dental não alcançam;

- permanece por mais tempo na boca.

Existem diversos enxaguatórios bucais no mercado com

diversas formulações e diversos sabores, mas é importante que o

mesmo contenha flúor para ajudar a reduzir o risco de cárie

dentária.

Em caso de dúvidas, um dentista deve ser consultado.

O enxaguatório bucal é um complemento importante na

escovação dentária, devendo ser utilizado pelo menos uma vez ao

dia.

Acompanhe agora uma matéria interessante sobre

enxaguatório bucal publicada em 2009 em um jornal de grande

circulação.

Enxaguante bucal favorece câncer de boca

O uso de enxaguatórios bucais no Brasil cresceu 2.277% de 1992 a

2007, mostra um levantamento realizado pelo cirurgião-dentista

Marco Antônio Manfredini, pesquisador da Faculdade de Saúde

Pública da USP (Universidade de São Paulo), baseado em

informações da Associação Brasileira da Indústria de Higiene

Pessoal, Perfumaria e Cosméticos. De 2002 a 2007, o aumento foi

de 190%.

Para Manfredini, o incentivo ao consumo indiscriminado de

enxaguatórios deve ser criticado. "Observamos um grande

investimento na indução ao uso do produto. E é importante dizer

que, ao contrário da pasta, da escova e do fio dental, o colutório

não tem indicação universal. É preciso concentrar a utilização para

casos específicos."

Além de não ser essencial à saúde oral, o uso frequente de

enxaguatórios bucais com álcool aumenta os riscos de câncer de

boca e da faringe.

Não essencial à higiene oral, enxaguante é indicado para pessoas

com muitas cáries e doenças de gengiva e após cirurgias na boca.

Uma revisão científica publicada no fim de 2008 na revista da

Academia Dental Australiana compilou estudos do mundo todo

que encontraram essa relação.

De acordo com os pesquisadores, há evidências suficientes para

aceitar a ideia de que enxaguatórios bucais com álcool contribuem

para aumentar a taxa de câncer oral.

Grande parte dos produtos comercializados no Brasil contém álcool.

Um estudo brasileiro realizado com 309 pacientes e publicado

no ano passado na "Revista de Saúde Pública" também

encontrou a mesma associação.

"Algumas marcas chegam a ter 26% de álcool, e há pessoas que

usam todos os dias. Hoje existem produtos no mercado sem álcool,

que devem ser os escolhidos", diz o oncologista Luiz Paulo

Kowalski, diretor do Departamento de Cirurgia de Cabeça e

Pescoço do Hospital A. C. Camargo e um dos autores do trabalho.

De acordo com a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária),

fabricantes são obrigados a informar na embalagem a presença de

álcool na composição.

O álcool presente nos enxaguantes contribui para o aumento das

taxas de câncer oral de forma similar às bebidas alcoólicas -- e

sabe-se que o álcool é o segundo fator de risco para a doença,

depois do tabagismo, aumentando de cinco a nove vezes os riscos.

"Brinco que a pessoa bebe sem usufruir da parte boa da bebida. O

produto tem álcool não porque é um antisséptico, mas porque é um

veículo muito eficiente, industrialmente conveniente e muito

barato. Por isso as versões sem álcool tendem a ser mais caras",

explica o dentista Alberto Consolaro, professor de patologia da

Faculdade de Odontologia de Bauru da USP.

O álcool não é um agente causador de câncer isoladamente, mas

uma enzima do organismo o transforma em acetaldeído, substância

que pode alterar as células da boca e causar tumores na região.

"O problema é usar diariamente o produto, pois o dano constante

não dá tempo de as células se repararem. O uso de enxaguatórios

bucais [com álcool] precisa ser mais estudado, mas é algo parecido

com o que ocorre com o cigarro: quanto mais exposição, maior o

risco", diz Kowalski.

Por isso, dentistas recomendam o uso do produto sem álcool, seja

manipulado, seja de marca.

"O produto é um bom auxiliar na limpeza da boca, mas não deve

conter álcool. As pessoas acham que um enxágue que queima a

boca é melhor, mas produto bom não precisa dar essa sensação. A

substância antisséptica não é o álcool", diz Consolaro.

Indicações

Dentistas recomendam o uso de enxaguatórios após cirurgias,

raspagem de dente, casos de alta incidência de cárie, doenças da

gengiva e para pessoas que não têm coordenação motora para

realizar uma boa escovação.

Para o restante da população, o uso é opcional, apesar de boa

parte da publicidade desse tipo de produto sugerir que ele combate

mau hálito.

"Do ponto de vista da higiene bucal, não é necessário. Quem tem

boa higiene bucal geralmente não tem halitose -- e, se tiver, não

será o enxaguatório que vai resolver o problema", afirma Manfredini.

Especialistas ouvidos pela Folha criticam a falta de controle desse

tipo de produto por parte da vigilância sanitária. Os

enxaguatórios são registrados como cosméticos na Anvisa, e

fabricantes de produtos que não contêm flúor, ação antiplaca nem

antisséptica não são obrigados a registrá-los -- somente notificá-los

à agência.

Modelos de escovas de dente

Escolher uma boa escova de dente é fundamental para uma

higiene bucal efetiva e com sucesso.

Limpadores de língua

A maioria está nas costas da cabeça da escova. Serve para

remover a sujeira depositada na língua, responsável 90% das

queixas de mau hálito. Limpar a língua é tão importante quanto

escovar os dentes e passar o fio dental.

Rugoso emborrachado

Evita que o polegar escorregue e facilita a pegada. Pode ser

considerado grosso demais para mãos pequenas.

Arco emborrachado

O arco dá segurança à escovação. É o tipo de cabo mais

comum entre as escovas à venda no mercado.

Perfurado e rugoso

É uma forma criativa de mobilizar o polegar. É pouco comum

entre as escovas, mas é tão eficiente quanto as demais.

Pontos de borracha

Eles são suaves e confortáveis. Mas é preciso outra escova para

limpá-las.

Arcos plásticos

São um pouco mais agressivos ao toque, mas dão a

sensação de que a limpeza foi melhor.

Bolsa em fila

O formato é anatômico, mas em algumas pessoas pode

causar náusea e até vômito.

Tipos de escovas

Versáteis

São escovas de cerdas planas. Elas podem remover a

placa e lustrar os dentes, vai depender da escovação.

A cabeça pode ter forma retangular, a mais comum, em

forma de cone ou até pontiaguda, de tamanho pequeno, médio e

grande. A cabeça perfeita é aquela que se ajusta ao tamanho da

arcada e ao gosto do usuário.

Johnson Reach Eco

Feita de material que seria descartado é uma das mais baratas.

Curaprox ultra solft

A escova suíça ultramacia tem 5.460 cerdas, o dobro das nacionais.

Penetrantes

Colgate deep clean

Elas são ultrafinas e penetram entre os dentes sem ferir a gengiva.

Oral B indicador interdental

As cerdas da borda facilitam o trabalho do fio dental

Johnson Professional extreme

A cabeça afundida (engolida) e as cerdas extra macias

limpam de forma eficiente.

Antiplaca

Colgate 360º Actiflex

As cerdas estão presas a uma base flexível que se movimenta

Oral B Pró-saúde antibacteriana

O tufo alcança os dentes do fundo. As cerdas do meio são mais

duras.

Johnson reach one

Cerdas afuniladas e polidas em desnível removem a placa

bacteriana.

Bibliografia

CARRANZA, Newmam T. K. Periodontia Clínica. 10º ed. São

Paulo. Elsevier. Editora Ltda. 2007.

THIBODEAU & PATTON. Estrutura e Funções do corpo humano.

11ª Ed. São Paulo. Editora Manole. 2002.

COEB – Centro Ortodôntico e Estética Bucal. Dúvidas Frequentes.

Disponível em http://www.coeb.odo.br/perguntas_resp008.html

INCA – Instituto Nacional do Câncer – Ministério da Saúde. Câncer

de boca. Disponível em:

http://www.inca.gov.br/conteudo_view.asp?id=324

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câncer de boca. Disponível em:

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em Saúde. Disponível em:

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RUBIO, Eduardo, G. Periodontite. Disponível

em:http://www.eduardorubioodo.br/periodontite.asp