curso de especializaÇÃo em terapia luciana lopes … · a droga com maior probabilidade quando em...

30
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL LUCIANA LOPES AZEKA A TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL NO TRATAMENTO DO TABAGISMO NO BRASILuma revisão bibliográfica São Paulo 2016

Upload: truongkhuong

Post on 04-Dec-2018

213 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL

LUCIANA LOPES AZEKA

A TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL NO TRATAMENTO DO TABAGISMO NO BRASIL– uma revisão

bibliográfica

São Paulo 2016

LUCIANA LOPES AZEKA

A TERAPIA COMPORTAMENTAL COGNITIVA NO TRATAMENTO DO TABAGISMO NO BRASIL- uma revisão

bibliográfica

SÃO PAULO 2016

Trabalho de conclusão de curso de especialização Área de concentração: Terapia Cognitivo Comportamental Orientadora: Prof. Dra. Renata Trigueirinho Alarcon Coorientadora: Prof Msc. Eliana Melcher Martins

LUCIANA LOPES AZEKA A TERAPIA COMPORTAMENTAL COGNITIVA NO TRATAMENTO DO TABAGISMO NO BRASIL

BANCA EXAMINADORA

Parecer:_____________________________________ Prof. Título___________________________________ Parecer:_____________________________________ Prof. Título___________________________________

São Paulo, _____ de __________________de _____

Monografia apresentada ao Centro de Estudos em Terapia

Cognitivo- Comportamental como parte das exigências para

obtenção do título de Especialista em Terapia Cognitivo-

Comportamental

“Nada é bom ou mau, o pensamento é que faz as coisas assim”

(William Shakespeare)

AGRADECIMENTOS

A Eliana Melcher Martins pela oportunidade e incentivo em aprender sobre a

Terapia Comportamental Cognitiva que quanto mais eu conheço, mais me encanto.

A minha orientadora Renata Alarcon que com toda paciência e cuidado tornou

possível a realização deste trabalho.

Aos meus colegas de curso que compartilharam comigo as dificuldades e me

ajudaram a seguir em frente.

Aos meus pais por acreditarem em mim

Aos meus amigos que sempre estiveram juntos comigo me apoiando

A Deus pela vida e pelo dom de trabalhar com pessoas

RESUMO

O tabagismo causa dependência química, psicológica e comportamental. O

fumante se vicia pela nicotina, pelos efeitos psicológicos que o cigarro traz e

desenvolve associação do uso do cigarro com outros comportamentos como: beber

café, usar bebidas alcoólicas, entre outros. Por isto, o tratamento envolve tanto a

parte medicamentosa como a parte que inclui o desejo de parar, a motivação, a

mudança de comportamento, etc. Este trabalho teve como objetivo verificar, por

meio de revisão bibliográfica, como a TCC tem sido utilizada no Brasil no tratamento

do tabagismo, destacando a sua importância, as técnicas mais utilizadas e os

resultados obtidos. A pesquisa foi elaborada a partir do banco de dados Google

acadêmico, onde foram encontrados 309 artigos, sendo sete selecionados por

incluírem técnicas da TCC em seus estudos. Concluiu-se que a TCC possui várias

técnicas que auxiliam tanto na mudança de hábitos, quanto na prevenção da

recaída. Dos sete artigos pesquisados, seis citaram técnicas da TCC utilizadas e um

trouxe um estudo comparativo que demonstra a eficácia desta em relação a outras

abordagens. O estudo pode levar a concluir que o trabalho com dependência

química exige muita persistência e capacidade de enfrentamento da frustração por

parte do profissional, já que o índice de recuperação é pequeno. Mesmo assim, é

um trabalho que deve ser cada vez mais incentivado devido a sua importância,

possibilitando um alcance cada vez maior.

Palavras-chave: Terapia Cognitivo Comportamental, Tabagismo, Brasil.

ABSTRACT

Smoking causes chemical, psychological and behavioral dependence. The

smokerindulges by nicotine and by the psychological effects thatsmoking brings,

developing association between cigarette useswith other behaviors such as: coffee

drinking, use of alcoholics, among others. For that reason, the treatment involves

both medication parts as also parts that include the desire to stop, the motivation, the

behavior change, etc. This work has as objective verify, through literature review,

how the cognitive behavioral therapy (CBT) has been used in Brazil for smoking

cessation, highlighting its importance, the most used techniques and the results. The

CBT has a variety of techniques that helpchanging habits as also preventing

relapses. The research was elaborated from the Google Scholardatabase, finding

309 articles. From the researchedarticles, sixof them mentionedthe use of CBT

techniques and one broughtin a comparative study demonstrating the efficacy of CBT

against other approaches. The study may lead to the conclusion that the work with

chemical dependency demands a lot of persistence and the capacity of fighting the

professional frustration, since the recovery rate is small. Nevertheless, this therapy,

which should be increasingly encouraged due to its importance, allowing a bigger

reach.

Keywords: Cognitive Behavioral Therapy, Smoking, Brasil

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................7

1.1 O TABAGISMO NO MUNDO E NO BRASIL ............................................... 7

1.2 A TERAPIA COGNITIVO COMPORTAMENTAL ........................................ 9

1.3 TABAGISMO E TERAPIA COMPORTAMENTAL COGNITIVA ............. 13

2. OBJETIVO ................................................................................................... 15

3. METODOLOGIA ........................................................................................... 16

4. RESULTADOS .............................................................................................. 17

5. DISCUSSÃO ................................................................................................. 23

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................... 25

7

1 INTRODUÇÃO

1.1 O TABAGISMO NO MUNDO E NO BRASIL

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o tabagismo é

considerado a principal causa de morte evitável no mundo. Estima-se que um terço

da população mundial adulta, cerca de 1 bilhão e 200 milhões de pessoas sejam

fumantes (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2009).

De acordo com o Ministério da Saúde, 2009 o uso do tabaco está associado a

mais de 50 doenças sendo responsável à mortalidade por diversos tipos de câncer

(30%, boca, 90% pulmão) além de 25% das mortes por doença do coração, 85%

das mortes por bronquite e enfisema, 25% das mortes por derrame cerebral.

No país são 200 mil mortes por ano, sete mortes por fumo passivo ao dia e,

pelo menos, 338 milhões de reais gastos em tratamento de câncer ao ano pelo

Sistema Único de Saúde – SUS (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2001).

De acordo com o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos DSM-5

(2014), o Transtorno por uso de substância caracteriza-se pelo conjunto de sintomas

cognitivos, comportamentais e fisiológicos que se dá por meio de alterações

cerebrais causando efeitos no comportamento como fissura quando expostos a

estímulos que estejam relacionados a droga. O diagnóstico é baseado no padrão

patológico de comportamentos relacionados ao uso como: consumo da substância

em quantidades maiores ou durante um período de tempo maior que o pretendido,

desejo de reduzir o uso com esforços mal sucedidos, gasto de muito tempo para

obter a substância, usá-la ou recuperar-se de seus efeitos.

A fissura se manifesta por meio de um desejo ou necessidade intensa de usar

a droga com maior probabilidade quando em um ambiente onde a droga foi obtida

ou usada anteriormente. A fissura envolve condicionamento clássico e está

associada à ativação de estruturas específicas de recompensa no cérebro e é

caracterizada por uma necessidade intensa de consumir a droga a ponto de o

indivíduo não conseguir pensar em mais nada (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2001).

8

Em relação aos prejuízos sociais, não se observam muitos no uso do tabaco,

por ser uma droga socialmente aceita. Sobre o uso arriscado, este está mais

relacionado a riscos de longo prazo (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2001).

O uso do cigarro para o fumante proporciona aumento de energia,

relaxamento, aliviando a tensão, ansiedade, raiva ou frustração. A nicotina serve

como forma de enfrentamento às demandas da vida diária, trazendo a sensação de

bem estar temporário e eliminação dos efeitos da abstinência (KAPLAN, 1999).

Algumas pesquisas divulgadas pelo Ministério da Saúde (2001) mostram que

80% dos fumantes desejam parar de fumar. No entanto, apenas 3% conseguem

sucesso, o que demonstra a importância deste trabalho ser realizado com

profissionais especializados e técnicas eficazes.

A cessação do tabagismo traz muitos benefícios tanto para aqueles que já

possuem doenças relacionadas quanto para aqueles que ainda são sadios. A

expectativa de vida de um ex fumante é maior do que aqueles que continuam a

fumar. Parar de fumar reduz o risco de câncer, infarto do miocárdio, doenças

cerebrovasculares e pulmonares crônicas. Os benefícios para a saúde sempre

excedem os riscos relacionados ao ganho de peso médio de 2,3kg ou de seus

efeitos psicológicos adversos do abandono (KAPLAN,1999).

De acordo com o Ministério da Saúde (2009) os tratamentos mais eficazes

unem apoio medicamentoso com mudanças de hábitos. Esta combinação é

recomendada pelo tabaco gerar dependência tanto física, quanto psicológica e

comportamental, como será explicado a seguir:

Dependência física: Cada tragada possui 4730 substâncias, que com o

tempo, leva o organismo a depender do cigarro para funcionar,

levando-o a Síndrome da Abstinência quando o tabagista tenta cessar

o fumo,

Dependência psicológica: O cigarro funciona como uma “bengala”

emocional para o dependente, que sente a necessidade de fazer o uso

do cigarro quando está estressado, triste, sozinho,

Dependência comportamental: comportamentos associados com a

rotina como: depois da refeição, com o cafezinho, ao acordar.

9

Estudos sugerem que dentre os tratamentos não farmacológicos existentes, a

terapia cognitivo-comportamental (TCC) é eficaz no tratamento para cessação do

tabagismo e, também, em pacientes com comorbidades como: transtornos

depressivos e outros tipos de dependência, além de ajudar no controle do ganho de

peso associado ao período de abstinência. Todavia, os efeitos a longo prazo nesta

população ainda não foi estabelecida (PRESMAN, 2005).

De acordo com o Ministério da Saúde (2001) há duas grandes abordagens

que têm recebido apoio graças às evidências obtidas pelos estudos e publicações

sobre o grau de eficácia na cessação fumar: a abordagem cognitivo-comportamental

e o uso de alguns medicamentos.

O tabagismo é considerado um problema de saúde pública mundial, com alto

índice de morbi-mortalidade e, por isto, todos os estudos que auxiliem na melhora do

atendimento daqueles que querem parar de fumar são importantes (ISMAEL, 2007).

Por este motivo, nesse trabalho se propõe a estudar quais técnicas da TCC

são utilizadas no tratamento do tabagismo, procurando enfatizar e explicar a

importância desta abordagem como estratégia para o abandono de um hábito tão

nocivo e contribuindo para prevenção da primeira causa de morte evitável no

mundo.

1.2 A TERAPIA COGNITIVO COMPORTAMENTAL

A TCC se baseia em preceitos sobre a função da cognição no controle da

emoção e dos comportamentos, os quais foram traçados através de escritos de

filósofos desde a Antiguidade até os dias de hoje (WRIGHT, 2008).

Aaron T. Beck e Albert Ellis desenvolveram a partir dos anos 1960, a terapia

que mais tarde se transformou na TCC. Beck, que tinha formação em psicanálise,

insatisfeito pela falta de empirismo da teoria Freudiana, deu início a um trabalho com

indivíduos com depressão e acabou descobrindo que esses pacientes tinham em

comum um fluxo de pensamentos negativos que pareciam surgir espontaneamente

(HOFMANN, 2014).

10

Beck denominou essas cognições de pensamentos automáticos. Tais

pensamentos são baseados em crenças centrais, denominadas esquemas, que a

pessoa tem sobre si mesma, o mundo e o futuro criando a TCC, uma abordagem

que se baseia em dois princípios centrais (WRIGHT, 2008):

1. a influência das nossas cognições sobre as emoções e comportamento; e

2. nossas ações e comportamentos podem afetar nossos padrões de

pensamentos e emoções.

O ser humano continuamente avalia os acontecimentos como: eventos

estressores, comentários ou ausência de comentários dos outros, memórias de

eventos passado, tarefas a serem feitas, sensações corporais e às reações

emocionais dependerão das cognições associadas a esses acontecimentos

(WRIGHT, 2008).

O princípio fundamental da TCC é que a maneira como os indivíduos

percebem e processam a realidade influenciará na maneira como eles se sentem e

se comportam. Este tipo de abordagem tem como objetivo reestruturar e corrigir os

pensamentos distorcidos e desenvolver soluções pragmáticas para produzir

mudança e melhorar os transtornos emocionais (KNAPP, 2008).

Os pensamentos automáticos contribuem para uma avaliação cognitiva mal-

adaptativa da situação e leva a uma resposta emocional. Com base nesse modelo,

Beck desenvolveu um método de tratamento para ajudar pacientes a identificar e

avaliar esses pensamentos e crenças com o objetivo de ajudá-los a pensarem de

forma mais realista, comportando-se de maneira mais funcional e a sentirem-se

melhor psicologicamente (HOFMANN, 2014).

Entre as técnicas cognitivas que podem ser utilizadas encontram-se:

identificação, questionamento e correção de pensamentos automáticos, reatribuição

e reestruturação cognitiva, ensaio cognitivo e outros procedimentos terapêuticos.

Entre as técnicas comportamentais estão: agendamento de atividades, avaliações

de prazer e habilidade, prescrições comportamentais de tarefas graduais,

experimentos de teste de realidade, role-plays, treinamento de habilidades sociais e

técnicas de solução de problemas (KNAPP, 2008).

11

Os princípios básicos da terapia cognitivo-comportamental são os seguintes

(BECK, 2013):

Princípio número 1: “A terapia cognitivo-comportamental está baseada

em uma formulação em desenvolvimento contínuo dos problemas dos

pacientes e em uma conceituação individual de cada paciente em termos

cognitivos”

Em primeiro lugar, Judith considera as dificuldades de seu paciente a partir de

três estruturas: pensamento atual que contribui com a forma de se sentir e se

comportar. Os comportamentos problemáticos, por sua vez, reforçam o pensamento

disfuncional. Em segundo, identifica os fatores precipitantes que influenciam as

percepções e, por último, levanta hipóteses a respeito dos eventos-chave do

desenvolvimento e os padrões constantes de interpretação dos eventos.

Princípio número 2: “A terapia cognitivo-comportamental requer uma

aliança terapêutica sólida.”

Consiste em demonstrar interesse pelo paciente, fazendo comentários

empáticos, ouvir atenta e cuidadosamente e resumir de forma adequada seus

pensamentos e sentimentos, além de assinalar os sucessos e manter um ponto de

vista otimista e bem humorado.

Princípio número 3: “A terapia cognitivo-comportamental enfatiza a

colaboração e a participação ativa”.

Significa demonstrar para o paciente que a terapia é como um trabalho em

equipe onde juntos será decidido os tópicos de casa sessão, a frequência dos

encontros e que fazer entre as sessões como os exercícios a serem realizados em

casa.

Princípio número 4: “A terapia cognitivo-comportamental é orientada

para os objetivos e focada nos problemas.”

Durante a primeira sessão, o paciente enumera seus problemas e estabelece

objetivos específicos. O terapeuta compartilha com o paciente a direção do

tratamento, define uma forma objetiva e direta de solucionar os problemas.

12

Princípio número 5: “A terapia cognitivo-comportamental enfatiza

inicialmente o presente.”

O tratamento em TCC inclui o foco nos problemas atuais e em situações

específicas que geram angústia. A terapia inicia com o exame dos problemas no

aqui e agora e a visão para o passado ocorre em duas circunstâncias: quando o

paciente prefere fazer assim e o terapeuta concorda para não colocar em risco a

aliança terapêutica e em segundo, quando os pacientes não conseguem trabalhar

seus pensamentos disfuncionais e o entendimento da sua história pode ajudar a

modificar suas ideias mais rígidas.

Princípio número 6: “A terapia cognitivo-comportamental é educativa,

tem como objetivo ensinar o paciente a ser seu próprio terapeuta e enfatiza a

prevenção de recaída.”

Logo na primeira sessão o paciente é educado sobre as características de

seu transtorno, sobre como funciona a TCC e sobre o modelo cognitivo (como seus

pensamentos influenciam suas emoções e comportamento). O terapeuta, além de

definir os objetivos, identificar e avaliar pensamentos e crenças e planejar a

mudança comportamental é ensinado, também, a como fazer tudo isso. A cada

sessão ele deve fazer anotações de tudo que aprendeu com a terapia para que

possa utilizar este conhecimento nas semanas seguintes e depois que terminar o

tratamento.

Princípio número 7: “A terapia cognitivo-comportamental visa ser

limitada no tempo.”

Os objetivos do terapeuta em TCC são: promover o alívio dos sintomas,

facilitar a remissão do transtorno, ajudar o paciente a resolver seus problemas e

ensinar habilidades para evitar a recaída. Em pacientes com depressão e transtorno

de ansiedade, tudo isto é feito entre 6 e 14 sessões, porém, nem todos os pacientes

conseguem ter o sucesso necessário em poucos meses. Alguns deles precisam de

um ou dois anos de terapia, ou mais para modificarem suas crenças disfuncionais e

padrões de comportamento. Pacientes com doença mental grave, podem precisar

de tratamento periódico por um tempo muito longo.

Princípio número 8: “As sessões de terapia cognitivo-comportamental

são estruturadas.”

Seja qual for o diagnóstico ou o estágio em que o tratamento se encontra,

seguir uma estrutura de sessão maximiza a eficiência e eficácia do tratamento. Essa

13

estrutura consiste em iniciar com a verificação do humor, checagem da semana e

definição da pauta da sessão, logo após, examina-se o exercício de casa, discute-se

os problemas da pauta e passa-se um novo exercício de casa e finaliza com um

feedback. Esse formato torna o processo da terapia mais compreensível.

Princípio número 9: “A terapia cognitivo-comportamental ensina os

pacientes a identificar, avaliar e responder aos seus pensamentos e crenças

disfuncionais.”

O papel do terapeuta é o de ajudar o paciente a identificar os pensamentos

disfuncionais e adotar percepções mais adaptativas levando-o a se sentir melhor e

ter comportamentos mais funcionais. Tudo isto é feito através da descoberta guiada,

usando o questionamento socrático para avaliar seu pensamento. O terapeuta

também pode criar experimentos comportamentais, para que o paciente teste

diretamente seu pensamento. O terapeuta, em geral, não sabe de antemão se o

pensamento automático de um paciente é válido ou não, mas juntos eles testam

esse pensamento a fim de desenvolver respostas mais úteis e adequadas.

Princípio número 10: “A terapia cognitivo-comportamental usa uma

variedade de técnicas para mudar o pensamento, o humor e o

comportamento.”

Assim como as estratégias cognitivas como o questionamento socrático e a

descoberta guiada são essenciais para terapia cognitiva-comportamental, as

técnicas comportamentais de solução de problemas também tem sua importância

como as outras que são utilizadas dentro da estrutura cognitiva.

Todos esses princípios básicos se aplicam a todos pacientes o que não

significa que a terapia não varie de acordo com cada paciente, a natureza de suas

dificuldades e seu momento de vida. O tratamento também irá depender dos

objetivos do paciente, da sua capacidade em desenvolver vínculo com o terapeuta,

da sua disposição para mudança, experiências prévias com terapias, entre outros

fatores. A ênfase no tratamento dependerá, também, do transtorno específico do

paciente.

1.3 TABAGISMO E TERAPIA COMPORTAMENTAL COGNITIVA

A abordagem cognitiva comportamental que combina intervenções cognitivas

com treinamento de habilidades comportamentais muito utilizada para o tratamento

14

das dependências. Os componentes principais dessa abordagem envolvem: a

detecção de risco de recaída e o desenvolvimento de estratégias de enfrentamento

(INCA, 2001).

Dentre as estratégias utilizadas temos: a automonitoração, o controle de

estímulos, o emprego de técnicas de relaxamento, procedimentos aversivos. Através

do incentivo ao auto-controle o indivíduo aprende a escapar do ciclo vicioso da

dependência e se torna uma agente de mudança de seu próprio comportamento

(INCA, 2001).

Em relação aos fumantes, de acordo com Ismael (2007), o que se observa é

que eles são, em geral, muitos ansiosos e quando experimentam uma adversidade,

subestimam seus recursos pessoais para lidar com estas situações e o fumar vira

uma alternativa devido ao efeito da nicotina que gera uma sensação de

tranqüilidade, auxiliando o indivíduo a aumentar sua confiança ou a adiar uma

situação problemática.

Hoffman acrescenta que de acordo com a teoria da dissonância cognitiva a

alteração de um comportamento dependerá da frequência e da importância das

cognições consoantes e dissonantes e cita como exemplo que, apesar de ser

público e notório que o tabagismo faz mal a saúde todos querem ter uma vida longa

e saudável, sendo assim, são pensamentos destoantes.

De acordo com Cordeiro (2013), o modelo cognitivo-comportamental no

tratamento para dependência química busca ressaltar a importância dos processos

mentais sobre os comportamentos. Este modelo procura entender as expectativas

dos indivíduos sobre os efeitos das substâncias onde expectativas positivas podem

levar a consumos maiores. O aprendizado de que o consumo traz alívio diante de

situações estressantes, as chances da manutenção do comportamento aumentam.

15

2. OBJETIVO

Verificar, por meio de revisão bibliográfica, como a TCC tem sido utilizada no

Brasil no tratamento do tabagismo, destacando a sua importância, as técnicas mais

utilizadas e os resultados obtidos.

16

3. METODOLOGIA

Este trabalho de revisão bibliográfica foi elaborado a partir de uma pesquisa

nos bancos de dados Google acadêmico, com as seguintes palavras-chave

combinadas: “tabagismo e terapia cognitivo-comportamental, tabagismo e TCC,

tabagismo e terapia cognitiva e tabagismo e tratamento”.

Na base de dados do Google acadêmico foram encontrados 309 artigos,

sendo que apenas 7 foram selecionados para a pesquisa por incluírem técnicas da

TCC e tabagismo em seus estudos.

Critérios de inclusão, trabalhos em português que tinham em seu escopo

técnicas da TCC para tratamento do tabagismo.

Critérios de exclusão: trabalhos em outras línguas.

17

4. RESULTADOS

Apenas sete estudos foram selecionados para esta pesquisa por tratarem do

tema: tabagismo e terapia comportamental-cognitiva. A tabela abaixo descreve o

título, autores, ano e periódicos em que estes estudos foram publicados.

Tabela 1. Artigos abordados na Revisão Bibliográfica

TÍTULO AUTORES PERÍODICO ANO

1.Intervenção cognitivo-

comportamental com grupos

para o abandono do cigarro

SARDINHA, Aline

et

Revista brasileira

em.Terapia .

Cognitiva

2005

2.Programa Multiprofissional de

Controle do Tabagismo:

aspectos relacionados à

abstinência de longo prazo.

COSTA, A. A. et al Revista Socerj 2006

3.Fatores associados à

cessação do tabagismo.

DAS NEVES, Ana

Ligian Feitosa et al

Revista de Saúde

Pública

2015

4.Diretrizes para Cessação do

Tabagismo.

ARAUJO, Alberto

José de et al .

Jornal Brasileiro de

Pneumologia

2004

5. Efetividade da terapia

cognitivo-comportamental na

terapêutica do tabagista.

ISAMEL, Sílvia

Maria Cury

Tese de Doutorado -

USP

2007

6.Depressão, ansiedade,

estresse e motivação em

fumantes durante o tratamento

para a cessação do tabagismo.

PAWLINA, Maritza

Muzzi Cardozo et

al.

Jornal Brasileiro de

Pneumologia

2015

7.Tratamento do tabagismo. SILVA, Luiz Carlos

Corrêa

Revista da AMRIGS 2010

A abordagem cognitivo-comportamental é muito utilizada no tratamento das

dependências químicas com a combinação de intervenções cognitivas e treinamento

de habilidades comportamentais, auxiliando na detecção de situações de risco de

recaída e no desenvolvimento de estratégias de enfrentamento (SARDINHA, 2005).

18

A autora realizou um estudo sobre “Intervenção cognitivo-comportamental

com grupos para abandono do cigarro” que foi realizado no Programa de Controle

do Tabagismo do Hospital Universitário Pedro Hernesto (HUPE) e desenvolvido por

uma equipe de psicologia, baseando-se na abordagem cognitivo-comportamental. O

objetivo da intervenção era de produzir uma redução gradual do uso da nicotina e

posterior parada e desenvolver estratégias de enfrentamento diante das situações

de risco que levavam a fumar, sem o uso de terapia farmacológica específica.

Foram estudadas ao longo de 2003, 30 pessoas em três grupos, sendo que,

destas dez desistiram no início do tratamento, sete não pararam e treze pararam de

fumar. O percentual das pessoas que pararam de fumar, desconsiderando os que

desistiram no início do tratamento, foi de 65%. Em 2004 foi feito um Grupo de

Parada composto por cinco pessoas e todas do sexo feminino por um período de

seis semanas, sendo uma sessão de preparação e as restantes de parada. O

resultado foi de 60% de eficácia, com isto, a autora conclui que as técnicas

cognitivo-comportamentais tiveram um papel importante no processo de cessação

do tabagismo (SARDINHA, 2005).

É considerada como um importante pilar do tratamento a mudança

comportamental gerada pela reestruturação cognitiva. Costa (2006) realizou um

estudo descrito no artigo: “Programa Multiprofissional de Controle do Tabagismo:

aspectos relacionados à abstinência de longo prazo” com 91 fumantes no Programa

de Controle do Tabagismo do Total Care (centro de tratamento da Amil para

pacientes cardiopatas e diabéticos de alto risco), no período de 2004-2005. Os

indivíduos foram avaliados por um equipe multidisciplinar composta por médico,

nutricionista, psicólogo e educador físico.

Os resultados parciais mostraram que 43% pararam de fumar (17% com

abstinência de 1 ano). Dos que pararam de fumar: 41% apresentaram melhora dos

hábitos alimentares, 37% adotaram atividade física regular; 46% dos hipertensos

alcançaram melhor controle da pressão arterial, 63% não necessitaram de

atendimento em serviço de emergência em seis meses de abstinência do cigarro.

Em relação ao tratamento, 76% do grupo estudado necessitou de apoio

medicamentoso. Todo o trabalho enfatizou a modificação comportamental dos

participantes da pesquisa (COSTA, 2006).

O autor conclui que esta abordagem contribui de forma positiva para a

abstinência prolongada da nicotina utilizando além da terapia medicamentosa, à

19

atuação na mudança comportamental através do preparo para enfrentamento de

situações de risco para o tabagismo além do controle da ansiedade, redução do

sedentarismo (COSTA, 2006).

Enfatiza, também, o trabalho psicológico no apoio aos pacientes, no controle

do estresse, nas modificações comportamentais geradas pela reestruturação

cognitiva necessárias no processo de abandono do tabagismo além da adoção de

um estilo mais saudável de vida com reeducação alimentar e atividade física regular

(COSTA, 2006).

A TCC também é citada por Araujo (2004) com o método PAAPA que

consiste em Perguntar, Avaliar, Aconselhar, Preparar e Acompanhar.

Perguntar: Todo paciente deve ter sua história tabágica investigada pelo

médico em sua rotina de atendimento.

Avaliar: Após as perguntas terem sido realizadas, deve-se avaliá-las e

identificar o grau de dependência nicotínica do paciente além do grau de

motivação para a parada.

Aconselhar: Todos os pacientes devem ser aconselhados a pararem o fumo.

O aconselhamento deve ser personalizado e adaptado a fase em o fumante

se encontra no momento da consulta.

Preparar: Aqueles que estiverem prontos para deixar de fumar, devem ser

estimulados a marcar uma data de parada e, posteriormente, um plano de

ação com os motivos que o leva a fumar para que sejam traçadas estratégias

que o auxiliem a resistir à vontade, Após todas as informações, o fumante

deve conhecer os métodos de cessação do tabagismo: parada abrupta e

gradual.

Acompanhar: É realizado a partir da data do abandono onde serão discutidos

os progressos e as dificuldades. Este passo é fundamental para a prevenção

da recaída.

No caso de uma recaída, deve ser aceita sem crítica, porém, estimulando o

paciente a tentar de novo, avaliando as causas do insucesso, situações que o

fizeram recair e utilizando esta experiência como aprendizado (ARAUJO, 2004).

Entre as técnicas da TCC utilizadas, encontram-se: auto-monitoramento,

controle de estímulos, técnicas de relaxamento, avaliação do papel das crenças e

das emoções no hábito de fumar. Para que o indivíduo aprenda a vencer o ciclo

20

vicioso da dependência esse tipo de abordagem trabalha visando melhorar o auto-

controle, facilitando, assim, a mudança de comportamento (SARDINHA, 2005).

Uma outra utilidade da TCC no tratamento seria o de trabalhar com as

cognições disfuncionais que geram ansiedade e estresse observados, de maneira

geral, em pacientes fumantes por Ismael (2007). Segundo a autora, quando

experimentam uma sensação com maior possibilidade de perigo, subestimam os

recursos pessoais para lidar com as situações, recorrendo ao fumo como alternativa.

A TCC trabalha para produzir promover mudanças emocionais e

comportamentais através de mudanças no pensamento e no sistema de crenças do

paciente, processo conhecido como: reestruturação cognitiva.

Ismael (2007) em seu estudo: “Efetividade da terapia cognitivo

comportamental na terapêutica do tabagista” realizado entre janeiro de 2005 e

março de 2006 com 65 participantes entre 18 e 60 anos do PAIF (Programa de

Abordagem Integral ao Fumante) do Hospital do Coração de São Paulo utilizou

alguns princípios desta abordagem, nos grupos de tratamento realizados com

fumantes, que serão citados a seguir:

Aliança Terapêutica: o terapeuta deve ser respeitoso, cordial e compreensivo

em relação ao problema do participante;

Estilo Colaborativo: participante e terapeuta trabalham juntos;

Participante como seu próprio Terapeuta: processo de conscientização e

conhecimento do mesmo em relação à sua dependência;

Método Socrático: utilizado para conduzir o participante a pensar em soluções

para suas questões e para que ele possa avaliar sozinho as suas crenças

disfuncionais;

Identificação de Pensamentos Disfuncionais: que trazem sentimentos ruins;

Auto-Observação: dos comportamentos relacionados ao hábito de fumar

Reatribuição: treinar o paciente a mudar a forma como ele atribui significado

do fumar a determinadas situações;

Descatastrofização: ensinar ao participante como lidar em determinadas

situações e mostrar que a ansiedade é temporária;

Técnicas de Relaxamento: exercício de respiração profunda e relaxamento

muscular progressivo para aprender a lidar com a ansiedade e estresse;

21

Adiamento: postergar a cada momento antes de acender o cigarro, como

forma de autocontrole;

Treino de Assertividade: para enfrentar situações onde é tentado a fumar. Ou

mesmo procurar dizer, da forma mais adequada, algo o incomode, como

forma de não aumentar sua ansiedade e estresse;

Quebra de Condicionamento: sair do local ao qual associou o cigarro;

Auto-Instrução: orienta o participante a argumentar consigo mesmo sobre a

situação que o induz a fumar;

Solução de Problemas: ensinar sobre formas adequadas de resolver uma

situação problemática (onde antes a resposta seria fumar);

Exposição e Prevenção de Respostas: treinar a encontrar resposta alternativa

para não fumar em situações que o levariam a fazê-lo.

De acordo com Silva (2010), o fumante deve viver situações rotineiras em que

normalmente fumaria e pelo aprendizado da TCC passaria a aprender a resistir às

tentações, sendo estimulado a ser agente de mudança de seu próprio

comportamento. Desta forma, seria fundamental que entendesse:

- Conceitos básicos da dependência à nicotina e a abstinência

- Lidar com frustrações

- Técnicas de enfrentamento nas situações de lapsos e recaídas

- Mudança de Hábitos

- Gatilhos: situações que desencadeiam o fumo

- Condicionamentos: mecanismos de automatismos e formas de controle

- Técnicas de reforço para fortalecimento da decisão de parar de fumar

- Auto-Confiança: reforçar a idéia de estar fazendo o que é certo

Pawlina (2015) em seus estudos indicou que a associação da terapia

medicamentosa (diminuindo os sintomas de abstinência) com a TCC e as técnicas

de mudança (que não foram detalhadas em seu trabalho) no comportamento dos

fumantes são decisivas para o sucesso ou fracasso do tratamento para a cessação

do tabagismo.

Das Neves (2015) em seu estudo transversal: “Fatores associados à

cessação do tabagismo” analisou 532 prontuários de pacientes atendidos em

unidades de referência para cessação do tabagismo na cidade de Belém, PA entre

janeiro de 2010 e junho de 2012 relacionando os fatores associados à cessação do

22

tabagismo, demonstrou que os pacientes que realizaram terapia comportamental

apresentaram 27 vezes mais chances de abstinência se comparados com aqueles

que realizaram a terapia cognitiva comportamental.

23

5. DISCUSSÃO

Este trabalho teve como objetivo verificar como a TCC tem sido utilizada no

tratamento do tabagismo no Brasil através da revisão bibliográfica. No decorrer da

busca por artigos, verificou-se que apesar da relevância do tema, há poucas

pesquisas direcionadas para métodos e formas de tratamentos realizados no Brasil.

Vale salientar a limitação desse trabalho que, utilizou em sua confecção,

somente artigos publicados em português, o que contribui para redução de artigos

encontrados, visto que muitos trabalhos são publicados em revistas internacionais,

preferencialmente em inglês. Também, a limitação de ter utilizado somente a base

de dados Google Acadêmico para a seleção de artigos.

A pesquisa não se propôs a esgotar o assunto e essa escolha por artigos

publicados em português, se deu pela autora pelo limite do tempo de dedicação à

pesquisa, já que para explorar uma maior abrangência de artigos teria que haver

uma maior disponibilidade temporal, o que infelizmente não foi possível neste

trabalho. Sugere-se que outras pesquisas continuem a serem feitas de maneira mais

profunda e que o assunto seja cada vez mais explorado.

No que se refere de maneira específica à aplicação da TCC foram encontrados

7 artigos. No primeiro artigo estudado: “Intervenção cognitivo-comportamental com

grupos para abandono do cigarro” a autora não especifica o papel da TCC no

processo de parada e reconhece que os resultados foram limitados, devendo ser

considerados preliminares e provisórios.

Costa, 2006, cita a importância da mudança comportamental através da

reestruturação cognitiva como um importante pilar do tratamento nas modificações

comportamentais e psicológicas necessárias ao processo de abandono do

tabagismo, porém, seu estudo não compara o grupo estudado com outros que não

utilizaram as técnicas da TCC a fim de sabermos a eficácia desta em relação a

outras abordagens.

Já o estudo de Araújo, 2004, apenas descreve o método PAPPA que utiliza a

TCC como fundamento e não faz menção a aplicação da técnica em pacientes

impossibilitando, assim, nosso objetivo de averiguar os resultados desta técnica em

comparação a outras, na cessação do uso do cigarro.

24

Sardinha, 2005, utiliza como técnicas da TCC o auto-monitoramento, controle

de estímulos, técnicas de relaxamento, avaliação do papel das crenças e das

emoções no hábito de fumar.

Utiliza como técnicas: Aliança Terapêutica, Estilo Colaborativo, Participante

como seu próprio Terapeuta, Método Socrático, Identificação de Pensamentos

Disfuncionais, Auto-Observação, Reatribuição, Descatastrofização, Técnicas de

Relaxamento, Adiamento, Treino de Assertividade, Quebra de Condicionamento,

Auto-Instrução, Solução de Problemas, Exposição e Prevenção de Respostas o

estudo feito por Ismael (2007).

A TCC também auxilia no tratamento do Tabagismo com: Técnicas de

enfrentamento nas situações de lapsos e recaídas, Mudança de Hábitos, Gatilhos:

conhecer as situações que desencadeiam o fumo, Mecanismos de automatismos e

formas de controle, Técnicas de reforço para fortalecimento da decisão de parar de

fumar e Auto-Confiança como aponta o estudo de Silva (2010), que também utiliza

técnicas comportamentais.

Pawlina (2015), em sua pesquisa, indica a importância da TCC na mudança

de comportamento dos fumantes como sendo decisiva para o sucesso ou fracasso

do tratamento para a cessação do tabagismo.

Das Neves (2015) em seu estudo transversal demonstrou que os pacientes que

realizaram terapia comportamental apresentaram 27 vezes mais chances de

abstinência se comparados com aqueles que realizaram a terapia cognitiva

comportamental.

A amostra de estudos utilizada demonstrou a importância do uso da TCC no

tratamento do tabagismo possibilitando a mudança de comportamento, formas de

auto-controle, reconhecimento das situações desencadeadoras, auxiliando com

técnicas de enfrentamento para prevenção da recaída, entre outros o que enfatiza

sua eficácia.

A partir dos dados publicados pode-se perceber que tal abordagem possui

reconhecimento científico no tratamento da dependência a nicotina e que há muito a

ser explorado tendo a vista a pequena quantidade de estudos encontrados que

comparados com a amplitude de possibilidades de intervenções, do que se

encontrou, ainda há muito mais a ser pesquisado.

25

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O tabagismo causa dependência química, psicológica e comportamental. O

fumante se vicia pela nicotina, pelos efeitos psicológicos que o cigarro traz e

desenvolve associação do uso do cigarro com outros comportamentos como: beber

café, usar bebidas alcoólicas, entre outros. Por isto, o tratamento envolve tanto a

parte medicamentosa como a parte que inclui o desejo de parar, a motivação, a

mudança de comportamento etc.

A TCC possui várias técnicas que auxiliam tanto na mudança de hábitos

necessária, quanto na prevenção da recaída. Dos 7 artigos pesquisados, 5 citaram

técnicas da TCC utilizadas e 1 trouxe um estudo comparativo que demonstra a

eficácia desta em relação a outras abordagens.

O trabalho pode esclarecer como a TCC vem ser aplicada neste tipo de

tratamento e, mais do que isto, demonstra ser uma abordagem altamente eficaz, o

que reforça a importância de se realizar os estudos nesta área, para que mais

pessoas possam ser beneficiadas.

Apesar da dificuldade em se encontrar maior quantidade de artigos de

pesquisas realizadas no Brasil, o trabalho com dependência química exige muita

persistência e capacidade de enfrentamento da frustração por parte do profissional,

já que o índice de recuperação é pequeno. Mesmo assim, é um trabalho muito

gratificante que deve ser cada vez mais incentivado devido a sua importância,

possibilitando o alcance de cada vez maior.

26

REFERÊNCIAS

American Psychological Association: Practice guideline for the treatment of

patients with nicotine dependence, APA, 1996 Disponível via URL: www.apa.org

ARAUJO, Alberto José de et al . Diretrizes para Cessação do Tabagismo. J. bras. pneumol., São Paulo, v. 30, supl. 2, p. S1-S76, Ago. 2004 . BECK, Judith S. Terapia Cognitivo Comportamental ed 2 Porto Alegre: Artmed, 2013.

Brasil Ministério da Saúde Instituto Nacional do Câncer-INCA Abordagem e Tratamento do Fumante Rio de Janeiro: INCA 2001

COSTA, A. A. et al. Programa Multiprofissional de Controle do Tabagismo:

aspectos relacionados à abstinência de longo prazo. Rev Socerj, v. 19, n. 5, p. 397-403, 2006.

DAS NEVES, Ana Ligian Feitosa et al. Fatores associados à cessação do

tabagismo. Rev Saúde Pública, v. 49, n. 1, p. 1-8, 2015. DSM-V-Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais 5 ed. 2

Porto Alegre: Artmed, 2014. Hoffman, Stefan G.Introdução à terapia cognitivo-comportamental

contemporânea Porto Alegre: Artmed, 2014. ISMAEL, Sílvia Maria Cury. Efetividade da terapia cognitivo-

comportamental na terapêutica do tabagista. 2007. Tese de Doutorado. Universidade de São Paulo.

KAPLAN, Harold I e SADOCK, Benjamin J. Tratado de Psiquiatria 6 ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1999.

KNAPP, Paulo; BECK, Aaron T. Fundamentos, modelos conceituais,

aplicações e pesquisa da terapia cognitiva Cognitive therapy: foundations, conceptual models, applications and research. Rev Bras Psiquiatr, v. 30, n. Supl II, p. S54-64, 2008.

Manual para Agentes de Saúde: Prevenção, caminho para saúde/ Aliança

de controle do Tabagismo. Rio de Janeiro: ACT, 2010. Ministério da Saúde Instituto Nacional do Câncer (INCA) Abordagem e

Tratamento do fumante: consenso Rio de Janeiro, INCA, 2001. Disponível via URL: www.inca.gov.br/tabagismo/parar/consenso.htm

Ministério da Saúde Portal Brasil Saúde Tabagismo, 2009. Disponível via

URLhttp://www.brasil.gov.br/saude/2009/11/tabagismo1

27

PAWLINA, Maritza Muzzi Cardozo et al. Depressão, ansiedade, estresse e motivação em fumantes durante o tratamento para a cessação do tabagismo. J Bras Pneumol, v. 41, n. 5, p. 433-439, 2015.

PRESMAN,Sabrina;CARNEIRO,Elizabeth;GIGLIOTTI,Analice.Tratamentos

não farmacológicos para o tabagismo. Rev. de Psiquiatria Clínica,2005. SARDINHA, Aline et al . Intervenção cognitivo-comportamental com grupos

para o abandono do cigarro. Rev. bras.ter. cogn., Rio de Janeiro , v. 1, n. 1, p. 83-90, jun. 2005 .

SILVA, Luiz Carlos Corrêa. Tratamento do tabagismo. Revista da AMRIGS,

v. 54, n. 2, p. 232-239, 2010. TEMPORAO, José Gomes. Saúde Pública e controle do tabagismo no

Brasil. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro , v. 21, n. 3, p. 670-671, June 2005. WRIGHT, Jesse H. Aprendendo a terapia cognitivo-comportamental: uma guia ilustrado Porto Alegre: Artmed, 2008.

28

ANEXO

Termo de Responsabilidade Autoral

Eu Luciana Lopes Azeka, afirmo que o presente trabalho e suas devidas

partes são de minha autoria e que fui devidamente informado da responsabilidade

autoral sobre seu conteúdo.

Responsabilizo-me pela monografia apresentada como Trabalho de

Conclusão de Curso de Especialização em Terapia Cognitivo Comportamental, sob

o título “A terapia cognitivo comportamental no tratamento do tabagismo no

Brasil – uma revisão bibliográfica”, isentando, mediante o presente termo, o

Centro de Estudos em Terapia Cognitivo-Comportamental (CETCC), meu orientador

e coorientador de quaisquer ônus consequentes de ações atentatórias à

"Propriedade Intelectual", por mim praticadas, assumindo, assim, as

responsabilidades civis e criminais decorrentes das ações realizadas para a

confecção da monografia.

São Paulo, __________de ___________________de______.

_______________________

Assinatura do (a) Aluno (a)