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Histria da Cultura e das Artes

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Mdulo 3 A Cultura do MosteiroO CONCEITO DE IDADE MDIA Perodo conturbado da histria que se inicia com a desagregao das estruturas romanas scs. V e VI.

Iniciou-se com o fim do Imprio Romano do Ocidente, no sculo V (476), e terminou com a Queda de Constantinopla, no sculo XV (em 1453).

Prolongou-se do sc. IX ao sc. XV

Os grandes acontecimentos 476 Tomada da cidade de Roma e simbolicamente queda do imprio romano, causada pelas invases brbaras

Os Brbaros povos que invadiram o imprio romano. Suevos, Alanos, Vndalos, Visigodos, Ostrogodos...

Sucessivas vagas de invases Europa: muulmanos (sc. VII), normandos, eslavos e magiares, aps o sc. IX.

ALTERAES CAUSADAS PELO EMBATE ENTRE O MUNDO ROMANO E BRBARO: Enfraquecimento da economia mercantil: dando origem a uma economia de carcter agrrio, dependente da Natureza, na qual a moeda perdeu poder ou chega a rarear.

Declnio e reduo dos centros urbanos: pela importncia econmica e politica que tinham, as cidades eram alvos preferidos dos ataques dos brbaros.

Desorganizao da administrao pblica: desapareceram as instituies do imprio, enfraqueceu o poder central, desapareceu o exrcito e o poder pulverizou-se em mltiplos poderes locais.

Houve uma grande depresso econmica: a vida econmica entrou em declnio, as guerras e o receio de novos conflitos, a insegurana ameaavam o crescimento normal das populaes.

Nasceu o feudalismo: marcado pela ruralidade da vida econmica, por uma sociedade guerreira e rural, rude e cavaleiresca, que os jograis e trovadores foram cantando nas suas cantigas de amigo.

Neste mundo feudal, violento, arcaico e rural uma nica fora se manteve ao longo dos tempos o Cristianismo cuja f foi um elemento aglutinador e ordenador de uma Europa dividida e decadente.O cristianismo Nasceu no Imprio Romano,

Conheceu a sua grande expanso no sc. II e II,

Oficializou-se e foi religio oficial do imprio romano, atravs do Concilio de Constantinopla, 381, com o imperador Teodsio,

Partilharam ideais de fraternidade, pacifismo e centralizao.

O termo Cristandade: significa a comunidade de povos e naes que professam a mesma f crist.

Papel da IgrejaOs bispos cristos aproveitam a desorganizao e decadncia do imprio para:

Congregarem e organizarem as comunidades de fiis.

Cristianizarem, baptizando os brbaros

Manter uma autoridade junto das populaes.

Desenvolver uma importante aco civilizadora: interferiram ao nvel das tcnicas agrcolas, desenvolvimento das artes e letras.

Os Mosteiros foram os centros difusores dessa nova cultura promovida pela Igreja.

Ano Mil:Mostra a inverso das tendncias depressivas que se viviam desde a queda do imprio romano.

Desde o sc. XI acabaram as invases,

desenvolveu-se um clima de segurana e estabilidade,

Aplicam-se novas tcnicas agrcolas, novos arroteamentos,

Reaparece a agricultura excedentria,

lentamente a populao volta a crescer

renasce o comrcio.

No sc. XII

Os Burgos: Tornaram-se smbolos do renascer na Europa sua volta: desenvolvem-se as feiras e mercados prsperos,as universidades e Colegiadas. A Igreja: lanou a Trguas e a Paz de Deus, Incentivou as peregrinaes a lugares santos Organizou as Cruzadas.

Foi neste ambiente de reabertura econmica e renovao cultural que surgiu a Arte Romnica.

O MONAQUISMO

OrigemSc IV - no Oriente- Egipto, Sria, sia Menor

- Anterior ao Cristianismo

- Nasceu ligado ao desejo de isolamento do mundo profano o ascetismo

- Nasceu de iniciativas individuais depois surgiram comunidades de monges/monjas que seguiam o seu mestre.

No Ocidente: - sc.V, surgiu por iniciativa de bispos

- Scs VI e VII apareceram os primeiros legisladores S.Bento de Nrsia

S.Bento Em 529, escreveu os primeiros Regulamentos, na abadia de Montecassino Esta Regra serviu de modelo para a maioria da vida dos mosteiros at ao sc.XII

Foi recomendada por reis (Lus, o Piedoso, filho de Carlos Magno)

Foi aplicada em Cluny, Cister, Dijon e s ordens militares

O mosteiro era uma escola ao servio do Senhor.

Obrigaes- Oficio do culto

-orao e trabalho no scriptorium

-definia cargos e tarefas de cada um, muito hierarquizadas

-estabelecia um cdigo penal para faltosos (flajelamentos, isolamentos, jejum, abstinncia, meditao)

Localizao

dos

Mosteiros Localizados em zonas isoladas

Eram centros de meditao, orao e ascese.

Eram concebidos como pequenos mundos autnomos auto-suficientes.

Virados para o interior, rodeados de muralhas, vigiados.

Havia cargos prprios.

As entradas eram limitadas a horrios rgidos.

Havia uma hierarquia: nem todos os que entravam no mosteiro tinham o mesmo tratamento social: os nobres eram privilegiados, podiam ter alojamento; outros no passavam da hospedaria.

Plano arquitectnico do mosteiroDefinido por S.Bento era uma organizao complexa.

-No corao do complexo: a Igreja, de planta basilical (juno do Cu e da Terra)

- Sul o claustrum, de acesso reservado

-Ala nascente (junto cabeceira da igreja):

. destinada s funes espirituais: sala do Captulo, escola, escritrio . residncia da Irmandade (o abade teve residncia parte at ao sc.XII)

-Ala Sul do Claustrum:

. dependncias funcionais; refeitrio, cozinha, despensa, adega, banhos, latrinas, estbulos, pomares, horta, vinhas, jardins)

-Oeste (junto entrada) os que se iniciam na vida religiosa, os hspedes, doentes, velhos e o cemitrio

RendimentosViviam custa de rendimentos dos dzimos, doaes, rendas fundirias, corveias

Importncia cultural e religiosa Foram centros de dinamizao econmica (tcnicas agrcolas, artesanato e comrcio)

Centros de produo cultural: teologia, letras, cincia e escolas.

A VIDA NOS MOSTEIROS

Nos mosteiros beneditinos de toda a Europa medieval, os monges eram arrancados ao minguado conforto dos seus colches de palha e speros cobertores pelos sineiros, que os despertavam s 2 horas da madrugada. Momentos depois, dirigiam-se apressadamente, ao longo dos frios corredores de pedra, para o primeiro dos seis servios dirios na enorme igreja (havia uma em cada mosteiro), cujo altar, esplendoroso na sua ornamentao de ouro e prata, resplandecia luz de centenas de velas. Esperava-os um dia igual a todos os outros, com uma rotina invarivel de quatro horas de servios religiosos, outras quatro de meditao individual e seis de trabalhos braais nos campos ou nas oficinas. As horas de orao e de trabalho eram alternadas com perodos de meditao; os monges deitavam-se geralmente pelas 6.30 horas da tarde. Durante o Vero era-lhes servida apenas uma refeio diria, sem carne; no Inverno, havia uma segunda refeio para os ajudar a resistir ao frio.Era esta a vida segundo a Regra de S. Bento, estabelecida no sculo VI por Bento de Nrsia, o italiano fundador da Ordem dos Beneditinos, canonizado mais tarde. S. Bento prescrevia para os monges uma vida de pobreza, castidade e obedincia, sob a orientao monstica de um abade, cuja palavra era lei. Lus, o Piedoso, imperador carolngio entre 814 e 840, encorajou os monges a adoptarem a Regra de S. Bento.

E, por volta do ano 1000, a regra seguida praticamente em todos os mosteiros da Europa Ocidental inspirava-se na dos Beneditinos, tal como muitos dos edifcios se baseavam no "modelo" delineado para o Mosteiro de St. Gallen, na Sua, em 820.

A Regra de S. Bento foi formulada quando este era abade de Monte Cassino (no Sul de Itlia), abadia fundada em 529 e que continua a ser um dos grandes mosteiros do Mundo. Bento foi o seu primeiro abade, e foi ele quem estabeleceu o modelo de auto-suficincia advogado pelas primitivas regras monsticas dependncia total dos prprios campos e oficinas que orientou durante sculos os mosteiros da cristandade ocidental.

Em todos os antigos mosteiros beneditinos, a vida era totalmente comunitria. A rotina diria centrava-se naquilo a que S. Bento chamava "trabalho de Deus" demorados ofcios de complexidade crescente. O trabalho manual que a regra estipulava existia no s para fornecer aos frades alimentao e vesturio, como tambm para evitar a sua ociosidade e lhes alimentar a alma mediante a disciplina do corpo. Posteriormente, quando as abadias enriqueceram, sobretudo atravs de doaes de fiis devotos, os dormitrios comunitrios foram substitudos por celas individuais; e foram contratados trabalhadores para cuidarem dos campos, o que permitiu a muitos monges dedicarem-se a outras actividades, nomeadamente o estudo, graas ao qual a Ordem de S. Bento viria a ser to justamente clebre.

Nos seus jardins murados, os monges cultivavam ervas medicinais; num dado momento ningum sabe quando , ocorreu-lhes a ideia de adicionar algumas ervas aguardente, inventando assim o licor beneditino. Pode parecer estranha esta associao da vida monstica com o luxo das bebidas alcolicas, mas o vinho foi sempre uma bebida permitida aos Beneditinos. Ligava bem com as suas refeies simples, constitudas essencialmente por po, ovos, queijo e peixe. Embora a carne fosse proibida nos primeiros sculos, posteriormente algumas abadias adicionaram aos alimentos consumidos as aves de capoeira e de caa, uma vez que o fundador no as mencionara expressamente entre as vitualhas (mantimentos) proibidas. Em todas as refeies, porm, reinava o silncio. Deste modo, a Regra de S. Bento, posto que severa sob muitos aspectos, conseguiu atingir um certo equilbrio entre a ascese e o comprazimento.

Bento, obviamente, conhecia a natureza humana. Embora os monges fossem obrigados a levantar-se muito cedo, aconselhava-os a "encorajarem-se uns aos outros com indulgncia e a atenderem s desculpas dos dorminhocos" e autorizava a sesta durante o Vero. Alm disso, o primeiro salmo do dia devia ser recitado lentamente, a fim de permitir que os retardatrios apanhassem os companheiros. Recomendava-se o silncio, mas em termos de "esprito de taciturnidade", e no de completa mudez; de facto, existia uma sala especial, com uma lareira acesa no Inverno, onde os monges conversavam. Igual considerao para com os monges se verificava no fornecimento do vesturio, simples mas limpo, que inclua uma muda do hbito e da tnica interior. S. Bento no desejava imitar o ascetismo extremo das sociedades monsticas do Egipto ou da Sria. No entanto, os banhos, excepto para os doentes, eram desaconselhados como luxo exagerado. De acordo com a sua imutvel rotina, os Beneditinos viviam e trabalhavam em obedincia absoluta ao seu abade. Eram eles que o elegiam, mas a partir de ento a sua autoridade era total e vitalcia. Era o abade quem deliberava sobre a faceta privilegiada do mosteiro se este deveria primar pela santidade austera, pela cozinha ou pela erudio. No interior das suas paredes macias, que nenhum cristo ousaria atacar, os mosteiros possuam bibliotecas nas quais se conservou intacta grande parte da herana literria da Antiguidade durante os sculos em que a Europa foi assolada por invases e guerras intestinas.Na realidade, a segurana, tanto econmica como fsica, que os mosteiros ofereciam s respectivas irmandades deve ter constitudo um dos seus principais atractivos. Sculos aps sculo, tanto os Beneditinos como os monges de outras ordens religiosas viveram sem temer a fome, a guerra ou o desamparo. E reconfortava-os sempre a ideia de que, no fim, tinham maiores probabilidades de salvao do que os camponeses ou os cavaleiros, que viviam apegados s coisas mundanas.

Texto retirado da Enciclopdia Ao Encontro do Passado.

O PODER DA ESCRITA

Mundo romano: era alfabetizado, com escolas e bibliotecas em todas as cidades.

Adquiriram um forte dinamismo devido aos filsofos, academias, sbios e professores.

A cultura e um saber prprio circulavam entre o Ocidente e o Oriente.

Entre os scs. V e VIII devido s invases brbaras, desapareceu este cenrio cultural, no Ocidente.

Muitas escolas fecharam, desapareceu um poder forte e centralizado dinamizador da actividade das instituies, destruram escolas e teatros.

A populao fugiu para os campos, ruralizando o seu modo de vida.

A instabilidade e insegurana conduziu o mundo ocidental a uma depresso cultural as crianas no iam escola, desenvolveu-se o analfabetismo e uma cultura popular no escolarizada, no escrita baseada na tradio oral.