criticam os movimentos sociais
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Criticam os movimentos sociais LGBT, mas não participam de nada!
Gilmaro Nogueira
No penúltimo semestre de minha graduação, em 2009, fiz uma pesquisa, juntamente com um
amigo, sobre o Movimento Social LGBT e, para minha surpresa, mais de 70% das pessoas
pesquisadas não se identificavam com nenhuma ONG, mas também não as acompanhavam.
Um dos grandes questionamentos de muitos sujeitos era principalmente quanto à parada gay,
pois a consideravam pouco política. Tenho observado também nas redes sociais muitas críticas
à atuação desses grupos que lutam por direitos humanos, e algumas vezes concordo com
algumas dessas críticas, mas o que ainda não vejo, na mesma proporção, é o envolvimento
efetivo dessas pessoas em algum tipo de movimento ou até mesmo para mudar o que
criticam.
Fico surpreso com a grande quantidade de pessoas que compartilham protestos nas redes
sociais, mas que não participam dos protestos off-line (nas ruas, por exemplo!). Não estou
desconsiderando a importância desse ativismo online, pois existem vários casos em que,
através da internet, as pessoas chamam atenção da mídia e constroem fatos que pressionam
por determinadas decisões. No entanto, isso não pode substituir a ida às ruas em protestos.
Pois bem, estamos diante de uma situação que requer mais que um “curtir/compartilhar” no
facebook. A tomada da Comissão de Direitos Humanos da Câmara de Deputados por grupos
fundamentalistas aponta para o perigo de retrocedermos em questões que dizem respeito à
dignidade humana.
E se o governo da Presidenta Dilma já era omisso na promoção de políticas públicas, corremos
agora o risco de sairmos da omissão para a destruição do que já foi construído e discutido com
muito esforço. E não se trata de um perigo a cidadania de LGBT’s, mas também a outros
grupos, tais como: mulheres, negros, índios, divorciados, heterossexuais, etc.
Para ter uma ideia de como essa comissão pode interferir na vida de pessoas heterossexuais,
por exemplo, é importante ressaltar que tais deputados querem restringir o número de
divórcios para um. O fundamentalismo religioso quer governar a vida das pessoas, mediante
suas crenças e interpretações equivocadas da Bíblia.
Mais do que nunca precisamos nos unir e sair às ruas, independente da identidade sexual e de
gênero, classe ou etnia. Na primeira manifestação que realizamos contra Marco Feliciano,
diversas pessoas: cristãs, heterossexuais e de variadas gerações pediam a saída do pastor,
sendo aplaudidas por onde passavam. Palavras de ordem e cartazes expressavam a
diversidade das pessoas envolvidas.
Não podemos nos calar, nem desanimar diante das batalhas, pois a força de nossa luta pode
servir de inspiração para outros momentos da história e, melhor ainda, podemos conquistar
uma aliança com outras minorais, mas, sobretudo, com heterossexuais e cristãos que
discordam do modo excludente, preconceituoso e pouco ético de como essas lideranças têm
conquistado tais posições.
Nossos aliados históricos fazem de conta que nada acontece, pois enquanto deputados
cearenses do PSB e PV fizeram notas de repúdio, o PT da Bahia e de outros Estados se cala, faz-
se de morto, ou como diz uma gíria gay, faz a egípcia! Aliás, me intriga que um deputado do PT
cearense tenha retirado sua moção de repúdio contra o tal pastor, após pressões do PSC. Será
que é um fato isolado?
Pergunto-me também, diante da manifestação de tantas personalidades, o que aconteceu
com a voz de Daniela Mercury, Ivete Sangalo, Márcio Vitor, entre outros baianos envolvidos
com as minorias? Nem vou falar de Cláudia Leite e Margareth Menezes, pois acho que o
silêncio das duas é um ganho. E os grupos afros? Por que não se fizeram presentes nessa
manifestação de domingo passado?
É chegada a hora. Não adianta fazermos como várias pessoas que criticam as paradas por não
serem políticas, mas nunca participam de uma discussão, evento ou qualquer outro ato
político. Não adianta ativismo apenas online, precisamos aumentar nosso grito, vamos às ruas!
Todas no Campo Grande, nesse sábado (16/03), às 14 h!
Obs. Não deixem de ver o vídeo da deputada Érika Kokay sobre a CDH e o que significa a
eleição do Pastor Feliciano.
http://www.youtube.com/watch?v=wEU1TdWrNag